Praça Marechal Floriano Peixoto, Itaboraí-RJ

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Mas, em contraponto a essa escala da monumentalidade, a praça satisfaz, também, um uso mais local, como o lazer recreativo e contemplativo, além de seu uso noturno.Esta vida cotidiana está contemplada na proposta, trazendo para este espaço as interações inesperadas, o debate, a polêmica, que são características da urbanidade e construtores da cidadania. A proposta, para trabalhar essa complexidade de usos e significados, surge a partir de planos que acompanham a topografia natural do terreno, definindo áreas com características específicas. A comunicação desses espaços se dá por trajetos, em rampas ou escadas, que produzem um grande número de visadas, em uma concepção de jardim inglês, que pareceu de acordo com o desejo dos usuários. Além disso, procurou-se a maior permeabilidade possível, em termos de fluxos que atravessam a praça e a integra com o entorno imediato. Neste mesmo traçado, foram também contemplados os portadores de dificuldade de locomoção, para que possam se integrar a comunidade nas ocasiões cívicas e no cotidiano da cidade. Na tentativa de criar um diálogo positivo com o existente, além do próprio desenho da praça, com seus eixos e visadas que contemplam as edificações representativas, procurou-se uma linguagem e uma materialidade apropriadas. A proposta é trabalhar com traços claramente contemporâneos, para marcar a intervenção que aponta para uma nova Itaboraí. Mas, por outro lado, optou-se por cores e materiais que tenham uma boa relação com a arquitetura preservada, como a madeira, o aço e a cobertura vegetal. Além disso, as construções que foram necessárias na praça seguem sempre uma volumetria horizontal -como as linhas da própria praça- para destacar os volumes que devem realmente marcar a paisagem e que são a memória da cidade.

Hoje, a vocação cívica da Praça Marechal Floriano é inquestionável. Mas, se por um lado a praça funciona como um espaço de rememoração coletiva, sua vitalidade também aponta para uma Itaboraí moderna e plural. E é exatamente nesse diálogo que se insere a intervenção presente, buscando uma tensão positiva entre passado e presente. O desenho atual da praça, que data da década de 50, não apresenta o mesmo valor que a ambiência urbana em que está inserido, de modo que não deve ser preservado na proposta de intervenção. Isso porque, além de não apresentar um paisagismo de valor específico, o desenho atual não dialoga com as edificações do entorno e não resolve plenamente os problemas que são colocados pelo atual programa da praça. Assim, o novo desenho surge a partir de duas vontades principais. A primeira, é valorizar as edificações mais interessantes do perímetro, através de eixos e visadas específicas. Esses eixos foram definidos a partir da dominância arquitetônica e simbólica da Igreja Matriz, da Casa de Cultura, da Câmara e da Prefeitura, e suas relações com as viasde acesso mais importantes - Rua Doutor Pereira dos Santos e Rua Fidelis Alves. Mas, além das visadas, os eixos também procuram respeitar os percursos da praça, que já estão cristalizados, retirando apenas as árvores que os comprometam, pois, apesar de exóticas, essas árvores qualificam a ambiência da praça. A segunda vontade é marcar o caráter cívico da praça, através da criação/adaptação de espaços mais condizentes com o significado desta praça para a cidade de Itaboraí. Isso significou realocar a quadra de esporte para outra localidade, definir um espaço aberto de múltiplo uso, pontuado por um coreto, e organizar o espaço dos quiosques, visto como um forte fator de atração.

RETIFICAÇÂO CURVAS DE NÍVEL

A cidade de Itaboraí é, atualmente, um lugar de contrastes. Agregando traçados e monumentos, que retratam um percurso histórico desde o Brasil Colônia, Itaboraí apresenta uma diversidade de usos, escalas e situações urbanas que conferem grande vitalidade para o município. De fato, o contraste e a diversidade podem ser elementos-força para a estruturação urbana de uma cidade, se houver uma regulação, em termos de preservação de bens culturais e planejamento territorial, que equilibre a força de cada agente social. Assim, notase que as ruínas do Convento de São Boa Ventura não serão prejudicadas pelos novos empreendimentos petroquímicos da Petrobrás, ou os novos vetores de crescimento não comprometerão as áreas de interesse ambiental. Essa questão, no entanto, toma outra proporção quando o contraste habita um mesmo espaço físico. É o caso da Praça Marechal Floriano Peixoto, no centro de Itaboraí. Essa Praça se encontra em uma situação bastante particular, tanto no que diz respeito aos edifícios que a delimitam, como na sua própria forma e escala. Os edifícios são dos mais representativos de Itaboraí: A prefeitura, a Igreja Matriz, a Câmara Municipal e a Casa de Cultura Heloisa Torres, além de serem fundamentais na cultura da cidade, representam uma arquitetura de grande valor. Outros edifícios, como o Teatro João Caetano, a secretaria de educação e cultura e a biblioteca municipal, apesar de menos expressivos, do ponto de vista arquitetônico, fazem parte da memória da cidade e de sua dinâmica contemporânea. Trata-se, portanto, de uma praça que articula diversos setores da sociedade de Itaboraí. Em relação a sua forma e escala, a praça também apresenta uma situação particular. De tamanho excessivamente grande para a época de seu desenho em função do uso original como acampamento de tropas no trajeto Rio/Campos-, ela pôde comportar, ao longo dos anos, usos de maior abrangência, como feiras, festas e paradas.

CONFIGURAÇÃO ATUAL

01/06

LEGENDA CURVAS DE NÍVEL REDESENHO DAS CURVAS DE NÍVEL EIXO IGREJA - CÂMARA MUNICIPAL

IGREJA

EIXO CÂMARA - CASA DE CULTURA EIXO RUA DR. P. DOS SANTOS - IGREJA ÁRVORES A SEREM MANTIDAS

CASA DE CULTURA

PREFEITURA / ER ÍVIO Z LA NV CO

ALVES RUA FIDELIS

S

ANTO

DOS S

10m

REIRA

5

R. PE

RUA D

01

USOS EM PLANOS

EIXOS DE CIRCULAÇÃO

ACESSO RESTRITIVO


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