SAÚDE, IMUNIDADE E ACESSO PRINCIPAIS INGREDIENTES PARA A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

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1 SAÚDE, IMUNIDADE E ACESSO PRINCIPAIS INGREDIENTES PARA A INDÚSTRIA DE ALIMENTOS Conteúdo produzido por: Realização Q&A COM ESPECIALISTAS EM 15 DE DEZEMBRO

Brunno Falcão / Gerente de projeto

CEO do Grupo HQ•Content / Fundador da Science Play e WE Nutrition Conference / Autor do livro “O Fim do Consultório”

Vicente Ramos / Redator

Redator Publicitário e Pós-Graduado em Leitura e Produção de Textos. Já trabalhou como Social Media e Assessor no Governo de Brasília, possui experiência em agências de comunicação do DF e escreve poemas nas horas livres. Para ele, palavras são sementes que frutificam a vida.

Caroline Romeiro / Nutricionista

Nutricionista e Mestre em Nutrição Humana (UnB), Doutorado em andamento em Ciências da Saúde na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Integrante do Grupo de Pesquisa em Fisiologia, Nutrição e Treinamento Desportivo aplicado ao Fitness Funcional. Docente de graduação e pós-graduação desde 2010, nas áreas de Nutrição Clínica, Nutrição Materno-Infantil e adolescente e Nutrição Esportiva.

Omar de Faria / Nutricionista

Bacharelado em Nutrição pela Universidade Católica de Brasília 2011, Pós-Graduado em Nutrição Clínica e em Estética pela IPGS 2013, Pós-Graduado em Nutrição Esportiva Funcional pelo Instituto VP 2015, Pós-Graduando em Fitoterapia pela Pratiensino 2021, Sócio-Proprietário da Clínica Omar de Faria, Escritor, Palestrante na área da Nutrição desde 2017, Consultor para desenvolvimento de suplementos e produtos nutricionais.

Júlia Coutinho / Nutricionista

Nutricionista especialista em vigilância sanitária, tecnologia industrial farmacêutica e regulatório de alimentos, ingredientes e bebidas – Sócia e Fundadora da Regularium.

Pedro Perim / Nutricionista

Mestrando pela Faculdade de Medicina da USP, Membro do American College of Sports Medicine, Coordenador Científico da HQ Content e Science Play.

Máisa Neves / Nutricionista

Nutricionista e Advogada, especialista em vigilância sanitária de alimentos, ingredientes e bebidas – Sócia e Fundadora da Regularium.

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EDITORIAL

INTRODUÇÃO

Viver com qualidade de vida, mais bem-estar e ter uma alimentação saudável são desejos recorrentes e atuais. Todos nós buscamos aumentar a imunidade para evitar doenças e aprimorar nosso desempenho no cotidiano ou em atividades físicas. Como consumidores, há tempos percebe-se uma mudança de comportamento, especialmente envolvendo a alimentação. O consumidor redefiniu suas prioridades e busca por produtos que atendam aos seus maiores anseios, sobretudo em relação à saúde e à imunidade.

A pandemia de covid-19 nos mostrou que esses temas estão mais em evidência a cada dia. Dentre outros fatores, a melhor qualidade de vida está atrelada a uma boa alimentação. Acompanhando as mudanças, há um crescimento de novos alimentos e bebidas focados em saúde e sustentabilidade nos últimos anos. Assim, cuidar da saúde do consumidor e do meio ambiente, utilizando embalagens sustentáveis e menos ingredientes como açúcar, gordura e sódio, estão em pauta.

A crescente onda acompanha as novas demandas do consumidor por alimentos sustentáveis. Isso se observa no crescimento acelerado de startups com esse propósito, motivando as indústrias de alimentos a inovarem. Uma dessas inovações, por exemplo, é a utilização de produtos à base de planta (plant based) para simular carnes e produtos lácteos de origem animal.

A preocupação com o consumo de produtos funcionais (que oferecem, além da saciedade ou prazer, benefícios à saúde) é forte nos dias atuais. Afinal, o consumidor deseja um produto agradável em sabor, forma e apresentação e que também contribua para o fortalecimento do sistema imunológico. Isso pode se concretizar pela oferta de produtos com alto teor de nutrientes, como cálcio, proteínas e outras vitaminas, o que deve proporcionar aumento na imunidade e dar mais disposição a quem consome.

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Segundo pesquisa realizada pela Tetra Pak Index, que ouviu 2,3 mil brasileiros em 2021, 58% dos entrevistados passaram a consumir mais produtos funcionais e 39% desejam aumentar o consumo desses alimentos no futuro. Enquanto buscam por estes produtos, os consumidores também estão atentos aos impactos (sociais e ambientais) causados pela produção e distribuição de um produto, seus ingredientes e as possibilidades de reaproveitamento.

Novas tendências surgem para a indústria com os novos hábitos dos consumidores. Isso representa uma ótima oportunidade para fabricantes de alimentos e bebidas explorarem novas opções, ampliando seus portfólios e oferecendo mais variedades. O perfil do consumidor moderno em todo mundo, inclusive de grande parte dos brasileiros, é de um público mais atento e exigente com a composição do que estão consumindo, observando com mais critério o volume de conservantes, corantes e ingredientes artificiais. Uma preocupação válida, uma vez que estudos comprovam o impacto que o excesso destes ingredientes pode causar na saúde.

Ainda sobre a pesquisa Tetra Pak Index, destacam-se as bebidas funcionais. 50% dos brasileiros preferem os sucos; 37%, produtos lácteos fermentados; e 31% optam por bebidas lácteas com alto valor de proteína, vitaminas e/ ou cálcio. Um ponto de destaque da pesquisa

para o qual devemos atentar são os atributos que o consumidor busca em um produto ideal. Segundo os entrevistados, o produto ideal para a sua saúde e imunidade deve ser rico em vitaminas e outros nutrientes (como fibras, zinco etc.), ser benéfico para a saúde e possuir clareza em suas informações no rótulo da embalagem. Além disso, é preferível que não contenha (ou em pouca quantidade) sal, açúcar e adoçantes. Também são considerados seus atributos ecológicos, ou seja, se sua embalagem é sustentável, reciclável e se o processo de produção foi o de menor impacto ambiental possível. Assim, conseguimos enxergar uma oportunidade para a indústria de alimentos e bebidas, uma vez que se entende o que o consumidor deseja e que é possível ofertar produtos que entreguem atributos funcionais.

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SAÚDE COMO ESTILO DE VIDA

Com a busca por mais saúde e bemestar sendo uma prioridade mundial, é importante que a indústria esteja atenta ao comportamento do consumidor sobre o tema, a fim de identificar tendências e oportunidades. Segundo matéria publicada no portal UOL, 91% dos brasileiros pretendem priorizar o seu bem-estar e 40% afirmaram investir na perda de peso em 2022. Os dados são da Pesquisa Global de Sentimento do Consumidor, realizada pela WW, em parceria com o Instituto Kantar. Foram ouvidas 14.506 pessoas, entre 18 e 69 anos, em 15 países. Seu objetivo foi compreender quais as tendências de comportamentos das pessoas em relação a hábitos saudáveis. Outro dado interessante é que, dentre os brasileiros, 91% estão focados em manter e/ou melhorar sua saúde e bem-estar, enquanto em todo o mundo o percentual é de 78%.

Em um setor tão concorrido como o de alimentos, é importante observar e compreender estes dados para desenvolver estratégias na oferta de produtos que consigam atender às demandas. O consumidor adota um estilo de vida mais saudável a cada ano, revendo suas prioridades e dando preferência a marcas que atendam às suas necessidades.

Uma marca que consiga oferecer um produto funcional e nutritivo, com responsabilidade ambiental e social, caminha para conquistar o consumidor moderno. Assim também é

preciso pensar numa comunicação assertiva e transparente com mercado e consumidores, deixando claro todo o processo, desde a obtenção de matéria-prima, à distribuição e ao consumo dos produtos.

A pesquisa demonstra que o cenário da pandemia alterou o comportamento do consumidor brasileiro: 21% afirmaram que desejam um estilo de vida mais equilibrado. Por outro lado, 51% dos entrevistados apontam falta de dinheiro para concretizar seus objetivos nesse período. Esse último dado nos leva a questionar um tema que veremos adiante: o acesso aos produtos. A pesquisa também revela que 73% dos entrevistados buscam praticar hábitos alimentares saudáveis, enquanto 33% pretendem minimizar o risco de outros problemas de saúde associados ao ganho de peso. Além do Brasil, a pesquisa da WW e Kantar também foi realizada na Austrália, Bélgica, Holanda, Estados Unidos, Nova Zelândia, Canadá, Suécia, França, Suíça, Alemanha, Reino Unido, China, África do Sul e Índia.

Com base nos resultados da pesquisa, é possível inferir que um dos papéis fundamentais da indústria é oferecer opções para que o consumidor possa ter a melhor experiência na transição de hábitos. Isso significa preservação de sabor, texturas e qualidade. Também é imprescindível que as pessoas possam ter condições de comprar esses alimentos

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A BUSCA POR IMUNIDADE PELA ALIMENTAÇÃO

Os alimentos são fonte de nutrientes essenciais para a prevenção e o tratamento de doenças ao longo de toda a história. Nos últimos anos, eles também se tornaram sinônimo de maior qualidade de vida, bemestar e disposição. Hoje, o consumidor não se alimenta apenas para repor nutrientes ou manter seu corpo saudável, mas também para ter mais disposição, apreciar sabores e sentir-se bem.

A Organização Mundial da Saúde orienta que sejam feitas pelo menos cinco refeições por dia, incluindo saladas, frutas e legumes na dieta. Podemos dizer que o aumento do consumo de alimentos saudáveis foi acelerado pela pandemia, principalmente entre os brasileiros. Claro que já havia um crescimento constante antes, mas o novo cenário impulsionou a busca por alimentos saudáveis e funcionais.

Reforçando a tendência de busca por mais saúde e imunidade, o mais recente estudo Consumer Insights, da Kantar (2021), demonstra que, no 2º trimestre de 2021, houve um aumento na busca por alimentos mais nutritivos e saudáveis, especialmente nas horas do lanche, retomando níveis constatados no período prépandemia. O estudo também reforça que as ocasiões com necessidade de saudabilidade cresceram 15% entre os brasileiros em relação ao mesmo período em 2020.

Essa tendência pode ser explicada pela necessidade de consumo mais saudável, ou seja, de alimentos mais nutritivos. Lares com crianças e adolescentes de até 18 anos registraram um aumento de 9,1% em ocasiões de consumo. O consumidor brasileiro é consciente e prefere uma alimentação mais saudável. Porém o acesso a esses alimentos ainda é um desafio. Existem variáveis que afetam a velocidade e o crescimento na escolha de alimentos saudáveis, como o preço. Veremos mais a respeito adiante.

Segundo a Euromonitor Internacional (2021), em 2020, as vendas de produtos saudáveis, que incluem de produtos sem glúten ou com menor teor de sódio a orgânicos certificados, atingiram R$ 100 bilhões no país. É considerada a maior cifra para essa categoria desde 2006, quando o segmento de alimentos começou a ser monitorado pela consultoria.

Segundo dados do Natural Marketing Institute, um dos principais motivos para que os consumidores valorizem uma alimentação mais saudável é o desejo de prevenir doenças, ou seja, aumentar sua imunidade. A pesquisa relata que 70% dos norte-americanos percebem ter carências nutricionais, principalmente em relação ao consumo insuficiente de determinados produtos e ingredientes.

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Dentre os produtos considerados importantes para a saúde e que previnem doenças estão: ômega 3, aveia, óleo de peixe, grãos integrais, chocolate amargo, soja, produtos fortificados com vitaminas, sais minerais, fibras e outros. Saladas e frutas também são consideradas pelo consumidor como saudáveis, principalmente por sua origem orgânica e por serem “produtos frescos”.

Há também a preocupação com doenças contagiosas, como a covid-19, o que amplia a busca por produtos probióticos e com antioxidantes, que possuem apelo de aumento do sistema imunológico.

para a indústria. Por exemplo, consumidores com restrições alimentares ou mesmo aqueles que desejam alimentos com menos aditivos, estão sempre em busca de novidades oferecidas pela indústria. Entre as possibilidades estão os alimentos livres de glúten, proteína encontrada no trigo, no centeio, na aveia, na cevada e no malte. Tais alimentos são procurados, geralmente, por pessoas diagnosticadas com a doença celíaca. Porém, é cada vez mais comum que nutricionistas prescrevam dietas que restrinjam o consumo de glúten, gerando uma grande demanda das opções sem a proteína. Com a alta demanda, a indústria pode aproveitar o maior desafio desses consumidores, que está em encontrar alimentos que consigam substituir os produtos que possuem trigo em sua composição. Oferecer novos produtos como alternativa é uma oportunidade que deve ser aproveitada.

A indústria deve estar atenta sobre como utilizar ingredientes naturais e informar os benefícios para a saúde em suas embalagens para ganhar a confiança do consumidor. Utilizar produtos orgânicos e naturais pode ser uma alternativa, uma vez que um estudo da Innova aponta que, diante do ceticismo dos consumidores em relação aos benefícios efetivos dos produtos funcionais, há um crescimento do consumo de frutas e outros ingredientes que oferecem naturalmente os mesmos princípios ativos. Assim, os consumidores escolhem produtos que vão ao encontro do seu desejo de consumir algo “mais natural” e atenda às suas expectativas.

Como já dito, compreender o crescimento do setor de alimentos saudáveis e a vontade do consumidor proporciona oportunidades

Quando falamos em alimentação saudável e busca pela melhora da imunidade, devemos ter em mente o crescimento do público vegetariano e vegano. No Brasil, 14% da população se declara vegetariana, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) Inteligência, conduzida em abril de 2018. Em sintonia a esse resultado, a pesquisa do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) de 2021 (antigo Ibope), 46% dos brasileiros já deixaram de comer carne, por vontade própria, pelo menos uma vez na semana.

Nas regiões metropolitanas de São Paulo, Curitiba, Recife e Rio de Janeiro, o percentual de pessoas vegetarianas sobe para 16%, segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) . Porém, é preciso ressaltar que a demanda existe em todo o país e o público consumidor nesse nicho é muito maior, pois há grande parte da população que busca por alimentos vegetarianos como uma opção saudável, mas não se consideram adeptos do vegetarianismo, por exemplo.

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O consumidor associa o fato de um alimento ser vegetariano ou vegano a um alimento mais saudável, natural e com responsabilidade ambiental. Tratase, portanto, de uma oportunidade para a indústria investir em opções mais diversificadas e com foco nesses atributos, oferecendo variedade e qualidade como atrativos.

Existem outras oportunidades a serem exploradas para o público vegano, com um estilo de vida mais restrito que o vegetariano. Além de não comer carne, esse público não consome nenhum produto de origem animal, inclusive fora do âmbito alimentar. Assim como os vegetarianos e flexitarianos, as pessoas que optam pelo veganismo são em número crescente. Porém, há ainda dificuldades de encontrar produtos que atendam às suas expectativas e necessidades.

A alimentação orgânica também merece destaque, uma vez que os consumidores desejam preservar o meio ambiente e evitar o consumo de alimentos com excesso de agrotóxicos e conservantes. Existem também incentivos governamentais para agricultores, principalmente os pequenos e

médios, que desejam ser fornecedores para grandes indústrias. Ainda assim, a produção atual ainda não é o suficiente para suprir toda a demanda de produtos orgânicos.

Outra tendência que devemos observar é a do mercado fitness. Na busca por hábitos mais saudáveis, exercícios físicos e dietas, a população brasileira adere a produtos que ofereçam mais energia, nutrientes e colabore na otimização de resultados.

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Figura 1 – Cresce o número de vegetarianos no Brasil
Fonte: IBOPE Inteligência (2018)
Segundo a International Health, Racquet & Sportsclub Association (IHRSA), o mercado fitness brasileiro faturou US$ 2,1 bilhões em 2019. Isso o posiciona como o terceiro maior das Américas, atrás apenas dos Estados Unidos da América (EUA) e do Canadá.

O aumento de interesse no setor está relacionado diretamente aos benefícios de atividade física para a saúde, à busca por bem-estar e à promoção da beleza. Assim, a procura por novidades é constante. Isso representa uma oportunidade para a indústria, seja oferecendo mais sabor em produtos já conhecidos, como energéticos e suplementos, seja desenvolvendo novos produtos para esse público.

ACESSO E A IMPORTÂNCIA DO ALIMENTO PARA TODOS

Falar sobre acesso alimentar é discutir sobre o oferecimento de alimentos seguros, saudáveis e com preço acessível. Embora não seja o único fator, um dos desafios para a indústria é garantir que a população tenha acesso aos alimentos produzidos.

Em todo o processo de desenvolvimento, produção e distribuição de um produto, existem dificuldades logísticas, de matériasprimas e referentes à realidade econômica dos consumidores. São preocupações recorrentes, que se estendem ao fato de que o acesso a alimentos influencia na segurança alimentar. É preciso garantir que alimentos nutritivos, saudáveis e seguros estejam disponíveis às pessoas e que elas possam, de alguma forma, comprá-los.

Esses aspectos passam pelas estratégias que a indústria adota ao oferecer seus produtos no mercado. Com as transformações que ocorrem no mundo, seja pela pandemia, e/ou por questões econômicas ou políticas, é necessário ter um olhar dedicado ao tema.

O acesso deve ser pensado pela indústria sob inúmeras particularidades, como o tamanho das porções, a facilidade de consumo e a atenção às dietas restritas. Mas todas elas devem ter o foco em oferecer produtos de qualidade, opções com preços acessíveis e com informações claras. Esse acesso também se relaciona à qualidade e à quantidade do produto, ou seja, ele deve estar tanto próximo ao consumidor quanto alinhado às suas necessidades, a seus desejo e poder aquisitivo.

Identificar a melhor maneira do consumidor utilizar o alimento também é importante. A indústria já tem adotado formatos diferentes para lanches e petiscos que podem ser consumidos durante o dia ou em momentos de deslocamento, auxiliando aqueles que precisam se alimentar ao longo do dia de maneira prática e rápida. Essas alternativas também podem estar associadas à saudabilidade, ou seja, ao oferecimento de nutrientes como proteínas, vitaminas etc.

Quando não há acesso, vidas são impactadas. A dificuldade de obter alimentos saudáveis contribui para problemas de saúde, como a obesidade, segundo matéria do portal R7.

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Outro ponto a ser observado é o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados. De acordo com matéria da Folha (2022), um estudo de pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/ USP) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), recentemente publicado na Revista de Saúde Pública , aponta para maior presença de ultraprocessados na vida dos brasileiros, levantando uma preocupação.

Esses alimentos possuem grande apelo de marketing e/ou marcam presença nos supermercados. Além disso, os produtos são de fácil acesso à grande parte da população, ou seja, segundo o estudo, estão diretamente relacionados ao fator financeiro. Conforme a renda aumenta, há redução nos produtos in natura ou minimamente processados. Isso começou a se estabilizar recentemente, o que pode indicar uma mudança de comportamento do consumidor, ao entender os riscos de uma alimentação prejudicial à saúde. Já em famílias cuja renda é menor, os alimentos ultraprocessados são mais acessíveis, uma vez que os alimentos naturais ou minimamente processados tendem a ser mais caros.

O novo relatório Consumer Insights 2022 da Kantar demonstra que a alta dos preços influenciou no acesso aos alimentos. Assim, o consumo foi o menor desde o começo da pandemia. Nesse novo cenário, o consumidor vem optando por embalagens menores. Esse movimento gerou consumo de refrigerantes em lata de até 355 ml (+23% unidades) e queda em embalagens de mais de 1L (-22%) na comparação do primeiro trimestre de 2021 com o mesmo período do ano anterior. Há opção maior também pela praticidade, o que levou ao aumento do consumo de lanches em casa para 47,1%. Na divisão por classe social, houve incremento de refrigerante em 17% na classe C; de iogurte em 18% nas classes DE; e de biscoitos em 9%, nas classes AB.

O relatório Who cares? Who does? 2020, da Kantar aponta que o preço ainda é uma barreira ao consumo desse segmento para 35% dos consumidores. Isso significa que, por mais que haja vontade e necessidade, o consumidor ainda considera alguns alimentos caros para o orçamento.

Acesso a alimentos funcionais

A alimentação funcional é uma tendência, principalmente pelos benefícios que oferece para a saúde, como o aumento da imunidade, atrelados a hábitos mais saudáveis adotados pelo consumidor. Os alimentos funcionais, além de proteger e nutrir o organismo, não têm conservantes e priorizam ingredientes naturais.

Para quem possui alguma restrição ou intolerância alimentar, por exemplo, o acesso a esses alimentos é importante, pois é possível selecionar nutrientes que fazem bem ou não para cada organismo. Existe ainda a dificuldade de se encontrar um alimento funcional em restaurantes, padarias ou deliverys, por exemplo.

Uma opção que a indústria pode oferecer é o desenvolvimento de alimentos tradicionais, como bolos, pães de queijo e tantos outros, sem ingredientes restritivos (glúten, queijo e derivados de leite), com formato, textura, aroma e sabor já conhecidos. Assim, o consumidor, com restrições ou não, terá acesso a uma variedade ainda maior de alimentos que incrementem sua saúde, com nutrientes diversos e que respeitem suas vontades.

Acesso e embalagens

Conhecer os consumidores e desenvolver as melhores formas de satisfazer suas necessidades é papel da indústria de alimentos. No momento da escolha do produto, a embalagem deve informar sobre os atributos de saudabilidade que

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oferece, bem como restrições e informações importantes sobre sua produção.

Essas informações fazem parte do acesso, pois é por elas que o consumidor consegue identificar alimentos e produtos que o beneficiem. Há grupos, como o de idosos, que podem apresentar dificuldades na escolha de produtos por algum tipo de restrição (como problemas de leitura, por exemplo), que podem atrapalhar a identificação e a leitura dos rótulos. Para tais situações, os selos de qualidade conferidos por sociedades ligadas a diferentes áreas da saúde são uma ferramenta importante, pois são de fácil entendimento e representam um parecer sobre a saudabilidade.

O Brasil Trend Foods 2020 classificou os selos como uma tendência importante no setor, não apenas pela função de informar, mas também pela segurança que proporciona. Na busca por alimentos que tragam algum benefício à saúde, o consumidor está atento aos selos de qualidade e a outras informações sobre a origem dos alimentos. Um produto que, por exemplo, tenha o selo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), auxilia na prevenção de doenças cardiovasculares.

Figura 2 – Exemplos de selos e certificações associados à qualidade e segurança dos alimentos

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Fonte:
Foods 2020
Brasil Trend

Outras ações que podem facilitar a vida de quem possui alguma dificuldade de ler rótulos é aumentar fonte das letras nas embalagens ou usar símbolos que representem o conteúdo do produto/alimento.

É importante que todo o setor tenha essa preocupação, pois a população idosa cresce a cada ano, com melhorias na qualidade de vida e aumento do poder econômico. O segmento de produtos voltados para a terceira idade, que ainda é pouco explorado, pode ser uma grande oportunidade para a indústria, com alimentos e produtos voltados às necessidades dessas pessoas e as ajude a atingir uma vida com mais qualidade e longevidade.

Ainda sobre os rótulos, matéria publicada na Carta Capital (2022) mostra que a rotulagem nutricional frontal apresentou benefícios na América Latina. O Chile foi o primeiro país a adotar esse tipo de rotulagem, em 2016. A rotulagem identifica alimentos e bebidas com excesso de açúcar, sódio, gordura saturada e calorias. No país, a Lei de Alimentos também restringiu a publicidade e removeu personagens infantis das embalagens de produtos que tivessem algum selo, além de proibir que os produtos fossem vendidos nas escolas.

Segundo a matéria, após seis meses da implementação da lei, o Ministério da Saúde do país conduziu uma pesquisa que mostrou que 92% dos entrevistados afirmaram valorizar a presença da rotulagem frontal nas embalagens. Também demonstrou que 91% das mães de crianças pré-escolares, além de 81% dos adolescentes, associaram os selos de alerta a alimentos não saudáveis.

Os rótulos na parte da frente da embalagem (no formato de octógonos) também são utilizados em outros países além do Chile, como Uruguai, México, Peru e Argentina, com resultados positivos. Em pesquisa feita após dez dias da implementação da rotulagem frontal no Uruguai, 50% das pessoas entrevistadas afirmaram que se encorajaram a mudar sua opção de compra graças aos novos rótulos.

Diferentemente do Chile e de outros países da América Latina, a norma aprovada no Brasil não inclui medidas regulatórias, como a restrição da publicidade e a proibição da venda de produtos com rótulo frontal em escolas. Em 9 de outubro deste ano, começou a ser implementado o novo modelo de rotulagem de alimentos no Brasil, que deve indicar, na parte frontal do rótulo, por meio de um selo em formato de lupa, quando houver excesso de açúcar adicionado, sódio e/ou gordura saturada no produto.

A norma é parte de um conjunto de estratégias que buscam reduzir o impacto do consumo de alimentos não saudáveis e prevenir as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como obesidade, diabetes, alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares etc.

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É importante lembrar que a rotulagem nutricional frontal é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização PanAmericana da Saúde (Opas), que consideram uma medida eficaz nas escolhas alimentares mais saudáveis.

O símbolo deverá ser aplicado nas partes frontal e superior da embalagem, por serem áreas facilmente capturadas pelo olhar (figuras 4 e 5). A Anvisa ainda determina que a veiculação do símbolo de lupa com indicação de um ou mais nutrientes é obrigatória quando os alimentos apresentarem as quantidades de nutrientes expostas na figura 5.

Figura 3 – Exemplo do rótulo frontal no Brasil

Figura 4 – Novos modelos de teor nutricional

Figura 5 – Quantidade de nutrientes dos alimentos

Alto conteúdo deAlimentos sólidos e semissólidos

Alimentos líquidos açúcar adicionado 15g ou mais por 100g de alimento7,5g ou mais por 100ml de alimento Gordura saturada6g ou mais por 100g de alimento3g ou mais por 100ml de alimento Sódio 60mg ou mais por 100g de alimento300mg ou mais por 100ml de alimento

Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa,

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Fonte: Carta Capital (2022) Fonte: Anvisa/Arte por CNN Brasil

CONCLUSÃO

Diretamente relacionada à mudança de hábitos alimentares e à busca por melhor qualidade de vida, a saudabilidade vem ganhando força nos últimos anos. Isso se dá pela preocupação com os elevados níveis de doenças relacionadas ao sedentarismo, à obesidade, aos maus hábitos e também estão ligados aos efeitos da pandemia.

Muito além de informar sobre os benefícios de um alimento ou produto, a indústria precisa entender o que o consumidor compreende sobre saudabilidade e as soluções que espera sobre o tema. Segundo a Kantar (2022), a percepção do conceito de saudabilidade difere entre as classes sociais. Para as classes AB, a busca por uma alimentação saudável inclui consumo de frutas, saladas, legumes, nuts, granola e iogurte, enquanto nas classes C, D e E, abrange arroz, feijão, cereais infantis, leite em pó e sucos/vitaminas caseiras.

Compreendendo essa tendência, a indústria de alimentos assume a responsabilidade, com ações como diminuir o uso de corantes, sódio, aditivos químicos e a quantidade de gordura trans em seus produtos. Afinal, por muito tempo as refeições dos brasileiros foram ricas em sódio e gordura, principalmente nas principais refeições do dia (café da manhã e almoço). Com o aumento da conscientização e da divulgação de informações sobre a importância de uma alimentação saudável, os consumidores começam a escolher alimentos menos processados e mais saudáveis. A mudança pode parecer uma tendência passageira, mas a realidade é que a preocupação com a saúde expandiu

seu alcance e não se restringe mais a uma determinada parcela da sociedade.

Por isso, a indústria deve avaliar todas as possibilidades, conhecer seu público e tomar decisões pensando na saudabilidade. Realizar pesquisas de como seu produto é recebido pelo público, compreender quais são suas necessidades e seus desejos devem nortear o desenvolvimento de produtos que ofereçam novas alternativas.

Ao desenvolver um novo produto ou mudar a receita de um já criado, é importante que sejam incluídos componentes naturais e que o uso de conservantes, gorduras e outros ingredientes prejudiciais à saúde sejam eliminados ou diminuídos. Informar ao consumidor o motivo da mudança e deixar explícitos os benefícios que aquele alimento/ produto oferece também é importante para o entendimento do que está sendo feito e pensado para beneficiar a saúde.

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Com dietas mais balanceadas e focadas em produtos naturais, a missão da indústria está em proporcionar produtos com foco na saúde e bem-estar. Um destes focos é a saúde intestinal, que possui forte conexão com a imunidade.

Segundo a ADM (2020), 57% dos consumidores em todo o mundo relataram estar mais preocupados com sua imunidade, resultado da pandemia de covid-19. Os consumidores buscam entender ainda mais como a alimentação afeta a imunidade e como a microbiota intestinal está relacionada ao bem-estar. Incluir receitas com ingredientes nutracêuticos, probióticos, prebióticos e pósbióticos, que ajudam no microbioma humano, é uma opção.

Reduzir o açúcar de alimentos e bebidas também é uma alternativa para mais saudabilidade, como publicado pela Mintel (2020). Na América Latina, por exemplo, marcas de sucos estão optando por sucos naturalmente doces ou trocando o açúcar por alternativas mais naturais, como a stevia. Com a nova rotulagem de advertência, é importante deixar claro que o produto que o consumidor está escolhendo se preocupa com a sua saúde e oferece ingredientes saudáveis.

Um dos desafios da saudabilidade é ser não apenas saudável, mas também agradar

o paladar. Por isso, é necessário ter cuidado na substituição de produtos tradicionais por ingredientes saudáveis, preservando o sabor, a textura, a experiência do consumidor e o impacto dos novos ingredientes no metabolismo. Também é preciso deixar claro em qual categoria o produto/alimento se encontra (funcional, natural ou com algum benefício específico). E, é claro, atentar para questões regulatórias, verificando as limitações em termos de ingredientes e aditivos.

A indústria tem no horizonte grandes oportunidades para aproveitar as tendências de saúde, procurando associar matériasprimas de qualidade à responsabilidade ambiental e social. O acesso deverá ser garantido, para que o consumidor se sinta compreendido e valorizado; ele deve enxergar que a preocupação com novos hábitos e estilo de vida mais saudável estão contemplados nas prateleiras dos supermercados, restaurantes, lanchonetes e em toda a indústria de alimentos e bebidas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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