Emaranhado

Ano 01 - Edição 01 - Julho de 2019

O São João maranhense invadindo novos espaços

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São Luís na rota do turismo junino

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e muito mais!

EDITORIAL Esta revista-experimento foi produzida coletivamente, por estudantes da disciplina Design da Notícia, que diagramaram os textos produzidos por estudantes da disciplina de Teoria e técnicas da narrativa. A atividade

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aconteceu no primeiro semestre de 2019 no curso de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

COORDENAÇÃO Bruno Ferreira EDIÇÃO DE TEXTOS Letícia Cardoso ILUSTRAÇÃO

DIAGRAMAÇÃO Glaucilene Oliveira Larissa Baia Luísa Nunes Natália Diniz Rebeca Lobo Sâmia Martins Victória Sakamoto

Giovana Silva REPÓRTERES Rosi de Carvalho Darlene Santos Lorena Marques Clícia Santos Davi Rocha Jéssica Nascimento Dyego Amorim Felipe Reis João Batista Kelly Rayane

EDIÇÃO DE IMAGENS Ana Beatriz Gomes Maria Clara Nunes Talita Farias FOTOGRAFIA Bruno Ferreira Maria Clara Nunes Victória Sakamoto

SUMÁRIO

O São João Maranhense invadindo novos espaços

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O colorido que acendeu a chama do São João e a curiosidade dos visitantes

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“Fazendo conexão com a farinha e camarão, meu selo é o Maranhão” 16

São Luís na rota do turismo junino

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Inclusão cultural: O acesso de pessoas

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Foto: Victória Sakamoto.

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O SÃO JOÃO MARANHENSE INVADINDO NOVOS ESPAÇOS Rosi de Carvalho Darlene Santos

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andeiras grandes no teto com estampas floridas e coloridas, animadores de festas interagindo com crianças, três barracas de comidas, jogo das argolas, bola na lata, pescaria, touro mecânico, barraca do beijo, muitas cores, barulho concentrado durante as apresentações, espaços “instagramáveis”, pessoas com celulares a postos para fotografar, grande circulação de pessoas e objetos, compras, prêmios, lojas, idosos, crianças de colo, grávidas, jovens, homens e mulheres. Exatamente assim. Tudo no mesmo lugar. Tudo junto.

Se ainda não percebeu, estou falando do São João. Não somente. O São João, que de tão forte, foi inserido nos shoppings.

Sua história tem origens antes mesmo do que posso imaginar. Antes de Cristo, os pa-

gãos comemoravam o início do verão que ocorre no mês junino. Já outros povos da Antiguidade, faziam rituais para pedir farturas nas colheitas. A Igreja, no séc. X, não conseguiu impedir que as pessoas se manifestassem pedindo por fertilidade, então, achou por bem cristianizar e criar os três dias de homenagem aos santos: São João, o Santo que batizou Jesus Cristo nas águas do rio Jordão; Santo Antônio, conhecido por ser o Santo casamenteiro; e finalmente São Pedro, o primeiro a professar a fé em Cristo.

No Brasil, os índios faziam alguns rituais em junho celebrando a agricultura. Quando os Jesuítas chegaram, misturou-se então os rituais pagãos aos cristãos. No Nordeste, a festa alcançou ainda mais expressão por conta das secas. Foi assim

que, o São João passou a ser um ritual de agradecimento às chuvas, além da força do catolicismo nos estados nordestinos.

Em meu estado, o São João é marcado pela dança mais popular, o Bumba Meu Boi, com a famosa história de Catirina e Pai Chico, que, para satisfazer os desejos de sua amada, matou o boi mais formoso de seu patrão. Contudo, numa história cheia de mitologia, o Boi ressuscitou. Além dessa, o Cacuriá e Tambor de Crioula são manifestações culturais de muito peso nos nossos arraiais. Outro santo além dos já citados - é prestigiado com muita paixão no último dia de junho: São Marçal. A festa que leva seu nome, há mais de 90 anos arrasta multidões em para brincar bumba meu boi. Hoje essa prática cultural é muito significativa, mas assim como muitas manifestações, já sofreu o peso de ser marginalizado.

jar, por isso, defino o shopping como primeira opção para minha família no São João”.

Como nem tudo são flores, ao conversar com dois receptivos dançarinos de dança portuguesa, Carlos Augusto e Adriana Maranhão, ouvi um pouco do lado negativo desse novo tipo de arraial. Relataram que no shopping não há flexibilidade de horário, as danças costumam ser desvalorizadas porque os dançarinos trabalham e estudam, e os horários costumam ser ainda durante à tarde.

Os arraiais de rua tendem a ser à noite, dando mais flexibilidade e oportunidade. Também houve críticas em relação ao público.

Segundo os dançarinos, nos arraiais tradicionais há uma interação maior com os brincantes. Além disso, o espaço do palco tende a ser menor, que pode acabar prejudicando certas apresentações.

Assim como outras festas ou qualquer grande fenômeno, tudo é passível a mudanças. É fato que esse espaço tem se tornado cada Com o passar dos anos é notável que alguvez mais legítimo na nossa sociedade quanmas coisas se perdem no meio do caminho do começa a fazer parte do nosso cotidiano. e ao mesmo tempo, encontram-se muitas É um ambiente agradável que tenta escapar outras. As indumentárias das imprevisibilidades do não são mais as mesmas, “A consolidação capitalista mundo lá fora. “Ter fralas coreografias sofrem desenvolveu estratégias que dário, estacionamento cotransformações, fazem- trazem elementos da cultura berto, banheiros limpos -se grandes palcos, as local, afinal, não há como propor e amplos contam como músicas se misturam aos somente conteúdos globais. É vantagens. Vejo também novos ritmos, há muita necessário interagir com o local. que muitos pais e mães se publicidade e alterações Interagir é também apropriar- sentem seguros e à vontainclusive nas formas de se dessas culturas populares” de para deixar seus filhos consumir as brincadeiras. soltos, correndo pelos corredores. Em duas palavras, os motivos parePor muito tempo, arraiais tradicionais, sejam cem ser conforto e sensação de segurança”, eles de bairros ou em locais como os clubes argumentou a antropóloga Rejane Valvano e praças, dominaram a programação junina Silva. A inserção de manifestações culturais de São Luís, porém, vivendo na era de monum espaço que tem ganhado bastante força dernidade, o período junino vem ocupando as nos últimos anos, seja pela modernidade ou praças de eventos dos centros comerciais, pela violência das ruas, nos faz pensar tamainda que no início poucos oferecessem esse bém nas novas estratégias de mercado gloespaço às festas juninas. Inicialmente aconbal para atrair cada vez mais novos públicos, teciam nos estacionamentos. Segurança, é o “se reinventar” para enfrentar a crise. praticidade, conforto e comodidade são alguns dos fatores para que esse tipo de even“A consolidação capitalista desenvolveu to seja bem recepcionado nos shoppings da estratégias que trazem elementos da cultu“Cidade dos Azulejos”. Enquanto procurava ra local, afinal, não há como propor somenpor entrevistados, avistei Dona Rosana Barte conteúdos globais. É necessário interagir reto, que olhava os netos brincando enquancom o local. Interagir é também apropriarto ouvia e via de longe as apresentações, -se dessas culturas populares”, avaliou a ao ser questionada, disse que “A segurança pesquisadora em cultura, Letícia Cardoso. dos arraiais mais tradicionais deixa a deseAcrescenta ainda “que essa estratégia não

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Apresentação do Boi Pirilampo na Praça de eventos do Shopping da Ilha. Foto: Victória Sakamoto.

é exclusivamente do São João, a exemplo disso temos também o carnaval, as escolas de samba, o Festival Folclórico de Parintins, dentre outras práticas culturais que se relacionam com a indústria cultural e o capitalismo, num jogo de trocas e disputas”.

anterior e que os espectadores estão mais participativos, até mesmo pelas iniciativas das lojas em premiar os brincantes. “O Maranhão para e respira durante um mês inteiro essa festa”, destacou Ramira Teixeira, que é paraense e trabalha no marketing do evento.

Evidentemente esse movimento altera também as dinâmicas culturais, como tempo de exposição das danças, estética de apresentação, disputa entre grupos e a interação com o público.

O São João do Maranhão é um evento atrativo para todos os estados brasileiros tendo em vista sua tradicionalidade. O investimento público é fundamental para movimentar o turismo e por consequência, a economia.

Desse modo, me atento ao fato de que o espetáculo nos shoppings é uma iniciativa privada. Milena Polary, que trabalha há quase dois anos em um dos centros comerciais, enfatizou que qualquer período festivo é muito bom para as vendas, mas o mês de festas juninas é ainda mais especial, pois fica entre o dia dos namorados e as férias.

Num bate-papo rápido com a jornalista e apresentadora de um dos arraiais, Cíntia Araújo, que estava totalmente no espírito junino acompanhada de um belo cocar de índia, reitera o fato de que todo arraial tem sua identidade, a existência de um não anula o outro. Em tom de brincadeira, ela afirma que foi a trabalho, mas que comprou alguns produtos e ao mesmo tempo se divertiu. Destacou ainda que houve um aumento de 30 a 40% do público do shopping comparado ao ano

Além do setor de moda, que se adapta exibindo em suas vitrines muitas roupas estampadas e xadrez, outros setores também têm

alcances significativos nesse período, como a agricultura familiar, a indústria de fogos de artifício, empresas de bebidas, economia criativa, os serviços de turismo etc. Para além disso, percebemos que aqueles que trabalham mais próximos à praça de eventos, têm a oportunidade de se divertir enquanto trabalham, o que é louvável visto que os horários são muito fechados e muitos não têm tempo para prestigiar os arraiais tradicionais. O paulista, Bruno Marotta, que trabalha num quiosque em frente ao local de apresentações, por exemplo, demonstra muito interesse por toda a movimentação, diz sempre aprender alguma coisa nova sobre a cultura maranhense e que quando não conhece algo pergunta à colega de trabalho ludovicense.

Ao encerrar as reportagem, parei para usufruir um pouco das delícias do capitalismo: fast-food. É verdade que havia comidas típicas, mas como era para mim a primeira experiência com os arraiais neste espaço, justamente por sempre tê-lo julgado como “nutella” (expressão que representa a flexibilização ou gourmetização de algo, nesse caso, das festas juninas), me dou essa oportunidade. Ao retornar, não há espaços para assistir as apresentações, os dois pisos estão completamente cheios.

Após um tempo, encontro uma brecha, me sinto numa condução em horário de pico quando tem aquele

momento em que se você tirar o pé de um lugar, perde o espaço.

Talvez seja um exagero meu.

No entanto, quando os olhos vão ao encontro do palco, há uma espécie de hipnose. Algo me atingiu. As lágrimas teimam em rolar sob o meu rosto.

Está tudo ali. Nesse momento me dou conta de todas as respostas que ouvi. A maioria não fez exatamente uma predileção, apenas um balanço dos pontos positivos e negativos de um e de outro tipo de arraial.

Apesar da música abafada pelo local fechado, o barulho do tambor onça ainda consegue me arrepiar e mesmo vendo de longe, continuo achando essa a festa mais bonita que poderíamos ter, independente do local.

Os shoppings em qualquer canto do mundo, são mais um centro comercial, em São Luís, não. E se por um acaso, me perguntassem quais os defeitos dos arraiais de shopping, visto que foi minha primeira vez, eu responderia a “falta das bombinhas”. Pois o que seria de uma festa junina no Maranhão sem as tradicionalíssimas bombinhas? Espanta-moscas, traques, chuveirinhos e outros diversos tipos de brincadeiras com fogos de artifício de pequeno porte devem estar presentes nos arraiais espalhados pela cidade, porém, devido ao ambiente fechado, isso se torna inviável. É isso. Faltou a nostalgia.

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“OLHA PRO CÉU, MEU AMOR! VÊ COMO ELE ESTÁ LINDO” O COLORIDO DAS BANDEIRINHAS QUE ACENDEU A CHAMA DO SÃO JOÃO E A CURIOSIDADE DOS VISITANTES Por Clícia Raquel e Jéssica Nascimento

A decoração junina localizada no Centro Histórico vem chamando a atenção da mídia e dos visitantes e rendendo um mar de selfies no local.

Aurineide Magalhães, 48 anos, está sentada em um dos bancos da praça ao lado da Casa do Maranhão, na rua Portugal, olhando para o gigantesco painel de mosaico com os escritos “São João do Maranhão, o melhor do Brasil – Governo do Maranhão”. Ela observa várias pessoas com celulares em mãos fazendo selfies. Grande é a empolgação de todos diante da decoração. Aurineide é moradora de São Luís, mas nunca havia ido ao Centro Histórico, bairro da Praia Grande; no entanto, no domingo (16) foi sua primeira vez. “Eu estava um pouco curiosa, o pessoal sempre passava e falava. Aí eu vim ver por curiosidade!”.

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Em entrevista ao Hora 1, da Rede Globo, o decorador João Carlos Leite, responsável pela assinatura do projeto, revelou que a inspiração para a confecção das bandeirinhas veio da sua mãe que realizava ponto de cruz; o filho decidiu dar continuidade ao trabalho da mãe utilizando-se das bandeirinhas. O visual forma algumas figuras importantes do São João e do folclore, como Mãe Catirina, o Boi e o Cazumbá.

Mãe Catirina, Pai Francisco e o Boi - site: Viajento.com O enredo do Bumba-meu-boi conta a história de Pai Francisco, um escravo que, para saciar o desejo de sua esposa grávida, mãe Catirina, por uma língua de boi, mata o gado de estimação do senhor da fazenda. Percebendo a morte do boi, o senhor convoca pajés e curandeiras para ressuscitar o animal.

O boi volta à vida e a comunidade festeja.

– fonte: site Bumba- meu – boi,

Cazumbá - Maria Mazzillo No bumba-meu-boi do Maranhão, o cazumbá assume características próprias e ganha grande dimensão. Nem homem, nem animal, nem macho, fêmea. É personagem híbrido, misterioso e cercado de magia. No auto tradicional da brincadeira - a comédia -, em meio a um enredo de temática rural, que mistura boi, amo, vaqueiros, rapazes e índios, situa-se como um ser fantástico que assusta Pai Francisco quando este rouba o boi para lhe tirar a língua e satisfazer o desejo de grávida de sua mulher, Catirina. – Fonte: Dicionarioinformal.com.br.

Os perfis das redes sociais do Governo têm sido um dos grandes divulgadores da nova decoração, além dos visitantes que utilizam as seguintes tags: #centrohistoricosaoluis, #saojoaodomarannhao e #sãojoãodomaranhão, que somadas resultam no número de 29.996 marcações. Outro recurso adotado foi a plataforma audiovisual produzida pela empresa “Sobre o Tatame”, que mostra a decoração em um plano aberto, assim, impulsionando um grande fluxo de visitas ao local, atraindo vários curiosos. A decoração e a divulgação vêm trazendo benefícios para o setor econômico da região. De acordo com o post no perfil oficial no instagram do governo do Maranhão (@governoma) houve o aumento de 150% no comercio do Centro Histórico. O Secretário de Estado da Cultura Diego Galdino, em entrevista à TV Assembleia, pontuou que o crescimento do público, poderá ser 40% maior que o público do ano passado, ocasionando o aumento de consumo.

O vendedor ambulante Talison Bruno, 23 anos, confirma o aumento econômico divulgado pelo governo em suas vendas nesse período. Ele acredita que a decoração foi um fator crucial para o acréscimo nas vendas: “É um atrativo a mais pra os turistas, né? É um investimento que traz mais turismo pra cidade. Não só repercutiu estadualmente como nacionalmente", aprovou o vendedor. Talison acrescentou que o destino do dinheiro arrecadado nas vendas vai para um projeto de ocupação cultural realizado na Rua da Paz chamado de Resistência 151, espaço ocupado por jovens com o intuito de proliferar a cultura do hip-hop, o grafite, a capoeira e teatro.

Apesar do aumento positivo no setor econômico, alguns visitantes e artistas de rua da região, questionam sobre a desvalorização do Centro Histórico em outras épocas do ano. “Eu sinceramente não imaginei que ia haver esse retorno só por conta disso [bandeirinhas]. É muito legal, é ótimo, é maravilhoso! Mas, eu imaginei que as pessoas poderiam vir mais aqui, não somente por conta disso [decoração], mas por conta do que é realmente, do que representa[o patrimônio histórico]”, criticou Luciano, 38 anos, que produz desenhos realistas no projeto Reviver.

Ele acrescenta que está admirado com o efeito da decoração que está fazendo a diferença e trazendo mais consumidores para o local.

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Da mesma forma pensam as três amigas, Vera Fontes, (50), Ana Gabriela, (32), e Camila, (31).

Elas argumentam que já visitam o projeto Reviver há mais tempos, antes da decoração. Estão lá rotineiramente, e se denominam “reviver raiz”.

Essa expressão se refere a uma apropriação mais tradicional do espaço, em uma oposição ao que seria chamado de “Reviver Nutella”. No entanto, Vera acredita que “a decoração influencia na visitação do ponto turístico”.

PROJETO REVIVER (ou Revis) - Área de preservação do Patrimônio Histórico de São Luís. Iniciado em 1987 pelo Governo do Maranhão, o Projeto Reviver buscou recuperar e revitalizar o conjunto arquitetônico do Centro Histórico de São Luís. Embora amplo e com ações integradas, o Reviver teve duas fases distintas: A primeira, compreendendo os anos de 1987 e 1988, dedicou-se às obras consideradas prioritárias ou emergenciais, tais como a reforma e estruturação do prédio destinado ao funcionamento do Centro de Criatividade Odylo Costa Filho, a restauração das fachadas da Igreja da Sé e do Palácio Episcopal, a reforma dos Armazéns do Estado, entre outras. Fonte: Projeto Reviver - São Luís.

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Em contraste com o céu nublado,o azul celeste em conjunto com o colorido das bandeirinhas iluminam a vista de quem chega na Rua do Comércio. Um mar de pessoas caminham pelo local, as conversas disputam com o barulho do vento passando pelas bandeirinhas. Alguns desaceleram o passo e aproveitam para manter a pose, esperando o “click” ou para observar os desenhos realistas de Luciano.

Contemplar a beleza da nova decoração dá sede, um casal aproveita e compra uma bebida no Talison Bruno, e continuam seguindo o percurso que as bandeirinhas fazem. Caminhando mais um pouco, na parede da Casa do Maranhão, um painel gigante de mosaico com a frase “São João do Maranhão, o melhor do Brasil – Governo do Maranhão”, as cores vermelhas são o destaque, sendo a grande atração para as selfies entre amigos e familiares.

Faça sol ou faça chuva, não há nada que impeça o calor e a chama dos brincantes durante o momento.

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“FAZENDO CONEXÃO COM FARINHA E CAMARÃO, MEU SELO É O DO MARANHÃO” Referência em música da banda ‘Criolina’, a culinária maranhense é valorizada e consumida, com mais frequência, no período junino

Fellipe Reis Dyego Amorim aí, pequenos? Estão aproveitando o São João para se deliciar com a comida típica maranhense? O período junino é a época do ano em que a religiosidade, as brincadeiras e as danças estão na “boca do povo”. Com a culinária não é diferente! Quem não gosta de uma boa peixada guarnecida de um arroz de cuxá e um bobó de vinagreira? Deu até água na boca! Prepara o paladar! Vamos saber de que forma a culinária maranhense está ligada ao São João e como relacionar hábitos saudáveis à ela.

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Foto: Maria Clara Nunes A culinária, em especial, tem forte ligação com a história das festividades juninas. Ela faz parte de uma importante tradição histórica, que teve início em festividades pagãs realizadas no Hemisfério Norte. Com o fim da primavera, era celebrado o solstício de verão.

Os povos adeptos a estas celebrações, como os egípcios e celtas, agradeciam e pediam fartura nas colheitas, além de afastamento dos maus espíritos ou qualquer praga que pudesse atingir a plantação.

Com a consolidação do Cristianismo, no Ocidente, as festas, originalmente pagãs, foram incorporadas ao calendário festivo do catolicismo.

No Maranhão, os índios, antes mesmo da chegada dos portugueses, já celebravam este período. O antropólogo Adalberto Oliveira, professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Maranhão, apontou que “no processo de colonização, o colonizador além de usar e explorar os índios, também se apropriou dos seus saberes”.

O antropólogo sustentou que parte das habilidades e itens culinários usados por nós são derivados do saber indígena. “Foi através dos indígenas que nós pudemos conhecer a mandioca, o milho e a tapioca, por exemplo”. É justo agradecer aos índios por estas delícias, não acha?

Com o passar dos anos, a tradição de celebrar o período junino não foi perdida. Em todo o Brasil, é possível perceber essas festividades, mas, é na região Nordeste que elas se intensificam.

As cidades de Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba, são famosas por ter o São João mais “arretado” do Brasil. Porém, o Maranhão não fica em desvantagem. O período junino, aqui, compreende uma época de alta temporada turística.

Os visitantes, em sua maioria, são atraídos pelas danças, brincadeiras, pontos turísticos, mas, com certeza, a culinária é um dos atrativos mais ricos que o Maranhão possui.

Comida é pertencimento No Centro Histórico de São Luís, durante o período de São João, a procura e a venda de comidas típicas maranhenses são destacadas. O público de turistas e o público local, ao visitar o Centro e participar das brincadeiras e danças juninas, aproveitam para apreciar a gastronomia.

Matheus do Beiju, responsável pelo estabelecimento “O Rei do Beiju”, conta que as vendas aumentam bastante no período junino porque a população do Maranhão, e os turistas, procuram com mais frequência. “As vendas sempre melhoram no São João. O pessoal pede muito o beiju de camarão e camarão fresco ao leite coco”, explicou Matheus.

Para ele, há outra característica marcante na gastronomia local: ela estimula aproximação e pertencimento à cultura maranhense. “Nesse período, é interessante vender a nossa comida típica, porque é como se fosse o cartaz do Maranhão, de São Luís.

É interessante mostrar a nossa cultura aos turistas, que vêm conhecer, e até mesmo à população maranhense, que vem visitar o Centro Histórico”, defende o empresário. A surpresa da vez foi a grande procura dos turistas por uma cerveja local produzida com mandioca, a Magnífica.

Fernanda Bastos veio de Brasília com o objetivo de aproveitar o São João e provar esta bebida “Eu fiquei três dias procurando a cerveja de mandioca e valeu a pena!”, exclamou a turista.

Os moradores de São Luís, assim como os turistas, aproveitam as festividades juninas para comerem as iguarias de sua terra. Numa enquete realizada com 17 pessoas que nasceram e moram em São Luís, 14 disseram que é no período junino que mais consomem a culinária, genuinamente, maranhense. Arroz de cuxá, camarão, vatapá e bobó são os pratos preferidos deles.

Foto: Maria Clara Nunes

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Típico Fitness

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Você já se perguntou se todas essas delícias que compõem o cardápio da culinária maranhense são saudáveis? Não adianta ser delicioso, se não houver preocupação com a saúde. De acordo com a nutricionista, pós-graduada em Clínica, Funcional e Fitoterapia, Tatiana Almeida, “Podemos, sim, considerar saudável. Na medida certa!”, assegurou.

Por apresentar um baixo nível de calorias, a vinagreira e o arroz de cuxá também podem ser usados como fortes aliados para a perda de peso. A nutricionista elucida que, tanto a folha de vinagreira, quanto o arroz de cuxá são elementos importantes em dietas para emagrecimento e colaboram para o bom trânsito intestinal.

Algumas pessoas, como a turista Mariana Reis, percebem a culinária maranhense como “pesada”. “[...] não acredito que seja má alimentação, é só o estilo”, considerou. Segundo a nutricionista Tatiana: “O tempero que usamos é diferenciado. Usamos alguns ingredientes como cheiro-verde, que é coentro e cebolinha verde, e pimenta-do-reino. O segredo é não exagerar na porção.”, esclareceu.

Além disso, de acordo com a nutricionista, ainda é possível transformar a gastronomia maranhense em versões fit ou veganas. “É possível adaptar a nossa culinária para pratos fitness, deixando-os com pouca ou quase nenhuma caloria, com um baixo teor de açúcar, sal e outros derivados que muitos querem passar longe ou são adeptos de outras dietas”, ensina a profissional.

O arroz de cuxá é o “queridinho” da culinária maranhense. O ingrediente principal para a realização deste prato é a folha de vinagreira, trazida para o Brasil no período colonial pelos africanos e hoje é encontrada com fartura nos solos maranhenses. Segundo Tatiana Almeida, a folha é rica em ferro e não possui muitas calorias. “A vinagreira é considerada uma das maiores fontes de ferro do reino vegetal. É uma boa fonte de fibras, vitamina C e apresenta baixo teor calórico”, atesta a nutricionista.

Tatiana Almeida conta que , no período junino, ela consome com mais frequência as comidas típicas maranhenses “[...] gosto de todos os pratos típicos. Hoje, porém, vou no arroz de cuxá, com peixada maranhense e farinha d’ água”, confidencia a nutricionista. “É possível adaptar a nossa culinária para pratos fitness, deixando-os com pouca ou quase nenhuma caloria, com um baixo teor de açúcar, sal e outros [...]”

Arroz de cuxá integral e vegano Ingredientes 1 xícara de arroz (pode ser o cateto integral) 2 a 3 colheres (sopa) de azeite de oliva ou óleo vegetal (pode ser o óleo de coco babaçu) Sal 1 maço de vinagreira 1 cebola picada 1 pimentão cortado em tiras (pode ser o vermelho, o amarelo ou o verde) 1 xícara de tomates cereja (ou 1 tomate sem as sementes e picado) Pimenta de cheiro sem as sementes, picada (opcional) 3 colheres (sopa) de molho de tomate 3 colheres (sopa) de cebolinha verde picada (opcional) 3 colheres (chá) de gergelim claro (opcional)

Modo de preparo

Enxague o arroz em água corrente. Se tiver um tempo, deixe de molho na água; ele vai cozinhar mais rápido.

Refogue o arroz em 1 colher de sopa de azeite, junte sal e 3 xícaras de água. Cozinhe até a água secar, ou o arroz ficar macio.

Refogue as folhas de vinagreira com um pouco de água até que murchem. Retire do fogo, escorra e pique grosseiramente.

Aqueça o restante do azeite e refogue a cebola até ficar translúcida. Junte o pimentão, o tomate e a pimenta de cheiro (se for usar). Refogue por mais alguns minutos.

Acrescente o molho de tomate, a cebolinha e o gergelim. Misture e junte a vinagreira e o arroz. Mexa até incorporar todos os ingredientes. Sirva em seguida.

Gastronomia Maranhense no Museu Já deu para perceber que a culinária do Maranhão é “massa”! Além de gostosa, é saudável e querida por todos que provam e aprovam.

Nada melhor do que ter um espaço no estado que mostre essa culinária, atrelada aos fatos históricos e recheada de influências ancestrais.

O Museu da Gastronomia Maranhense é o mais novo espaço da cidade, que foi inaugurado dia 13 de junho de 2019 e servirá de equipamento turístico para todo o Maranhão.

O Museu conta com ambientes temáticos e representações de pratos típicos maranhenses, bem como iguarias, cachaças, frutos do mar, entre outros.

Segundo Bruna Santos, técnica em Turismo e guia do Museu: “O espaço tem um intuito tanto educacional, quanto científico, porque vai proporcionar às pessoas um conhecimento, e sentimento de pertencimento”, avalia a técnica.

Ela explica, ainda: “A pessoas podem vir para conhecer um pouco sobre a história, como se formalizou, os povos que influenciaram, os instrumentos que foram utilizados, como foram feitos, ou seja, tudo que gerou a nossa culinária”.

O espaço é importante para a memória maranhense. “O fluxo de visitantes é, sempre, muito grande, todos os dias, desde a inauguração.

Este período está sendo muito legal, pois estamos recebendo muitos turistas e a própria população ludovicense”, comemora Bruna Santos.

A técnica em Turismo afirma que o público pode esperar que o Museu sirva de equipamento turístico e esteja de portas abertas para pesquisas, acompanhamentos e visitas de todos os que estiverem interessados.

Endereço: rua da Estrela, 82, Praia Grande, Centro Histórico de São Luís/MA. Funcionamento: segunda à sexta, das 8h às 19h, e aos sábados, das 8h às 12h.

Foto: Maria Clara Nunes

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SÃO LUÍS NA ROTA DO TURISMO JUNINO Estratégias conjuntas do Governo do Estado para a cultura e turismo atraem cada vez 21 mais visitantes à cidade durante o São João João Batista Kelly Rayane

L

onge da antológica disputa de Campina Grande e Caruaru para ver quem tem o “maior São João do mundo”, ou até mesmo da tradicional guerra de espadas de fogo da cidade de Cruz das Almas na Bahia, turistas do Brasil e do mundo redescobriram a cidade de São Luís como palco não só dos grandes poetas que a consagraram como a “Atenas Brasileira” como também do reggae que a transformou em “Jamaica Brasileira”, mas daquela que é uma das maiores manifestações culturais da região Nordeste: o São João.

Se décadas atrás os brincantes de bumba meu boi eram discriminados e não podiam atravessar a linha imaginária entre

o quartel do Exército, no Areal do João Paulo, e as residências da então área nobre do Monte Castelo na capital, com o pretexto de “manter a ordem pública”, hoje são uma das peças principais na divulgação do Estado do Maranhão nas campanhas publicitárias dos governos estadual e municipal para o período junino. Além de o São João ser um atrativo para que os visitantes fiquem mais um pouco e aproveitem outros destinos carimbados do roteiro turístico durante o período de férias, a festividade junina agrega valor à cidade de São Luís e todo o seu patrimônio histórico, às chapadas do interior do estado, aos Lençóis Maranhenses, entre outros atrativos

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Público assiste brincadeiras juninas na Praça Nauro Machado, Centro Histórico de São Luís. Foto por: João Batista Pinto

digital Thaynara OG, notável pelo seu Seguramente, você deve engajamento nas redes sociais, e que estar pensando que isso não nos últimos anos também chegou a acontece desde hoje, e é verdade. promover seu próprio evento junino Ao longo dos anos, os roteiros turísticos – o São João da Thay –, foi escolhida do Maranhão já foram explorados diversas para ser a garota propaganda da vezes nas telenovelas nacionais, e mais campanha estadual, cujo slogan era recentemente, um deles foi até cenário “Coloque o Maranhão no seu mapa”. de um planeta longínquo no desfecho da A campanha foi divulgada massivamente franquia de filmes Vingadores, que bateu em emissoras de televisão do Nordeste recordes de bilheteria nos cinemas. (colocando o São Porém, nós também podemos observar “O povo é muito caloroso, muito João local no páreo umanova estratégia atencioso, e a gente escolheu vir com as festas dos de trabalho para oito estados), pra São Luís porque já tinha uma outros canais de televisão o setor, que surgiu viagem programada pra cá, por em 2015, a partir da assinatura sempre teve curiosidade [...] e a com fusão das Secretarias alcance cultura do reggae é muito forte” Estaduais de Cultura nacional e outdoors e Turismo na gestão nos principais do governador Flávio Dino. aeroportos do país. O trabalho coordenado Além de uma simples economia no também se estendeu para a esfera orçamento público, a fusão das duas municipal, tornando-se comum a parceria pastas convergiu as ações que as entre Prefeitura de São Luís e o Governo norteavam, dentre elas a divulgação Estadual, para que se promovessem dos atrativos nas feiras e eventos os festejos e arraiais historicamente internacionais, e a propaganda nas existentes ao redor da cidade, bem mídias de radiodifusão e redes sociais. como a mesclagem dos seus calendários Em 2019, por exemplo, a influenciadora de eventos e atrativos para o turismo.

As ações conjuntas têm surtido efeito, e no fim de 2018, o número de turistas brasileiros que procuraram o Maranhão como destino, teve um crescimento de 106% em relação ao ano anterior, de acordo com dados do site de passagens aéreas Viajala. O aumento no fluxo beneficia não só o São João, mas também o Carnaval e as festas de fim de ano.

No Centro Histórico de São Luís milhares de visitantes como a paraense Márcia Moraes ressaltam a receptividade do povo local aos turistas: “O povo é muito caloroso, muito atencioso, e a gente escolheu vir pra São Luís porque já tinha uma viagem programada pra cá, sempre teve curiosidade [...] e a cultura do reggae é muito forte”, destacou.

“Eu gosto muito, já vi passar na televisão e acho muito lindo o São João daqui, e eu já moro aqui praticamente, e eu nunca deixei de prestigiar, [estou] sempre aqui”, também relatou a turista Cristiane da Silva Nascimento. O alemão Kjell, por sua vez, fala que o motivo principal para prestigiar o período junino em São Luís foi visitar a terra natal de sua esposa, que o acompanhava durante a entrevista: “A minha mulher nasceu aqui, e eu quero conhecer a vida dela antes. Agora a gente mora na Alemanha e a vida é outra”, explicou.

Os comerciantes da região também

estão satisfeitos com o crescimento nas vendas, sobretudo por ser um período de alta temporada. A vendedora Talita Lindoso destaca que além de levarem as peças de cerâmica da sua loja, os turistas também têm ótimas reações à cultura local: “Eles ficam deslumbrados com as brincadeiras, com a decoração também [citando o mosaico de bandeirinhas montado para a festa nas ruas do Reviver]”, observa. Já o artesão Inaldo Vaz, que há 25 anos trabalha na venda de itens como miniaturas dos símbolos locais e a confecção de azulejos e outros itens em sua loja, diz que dentre os itens mais comprados pelos turistas, estão as placas personalizadas, chegando inclusive a presentear a nossa equipe de reportagem com uma de suas obras: “Alguns levam modelos de azulejos portugueses, outros dos nossos casarões. O turista vem em busca disso, de conhecer as nossas belezas, as nossas praias, os nossos encantos”, conta.

Em cada canto da cidade os turistas se juntam a nós nesta época de grande alegria, e muito mais do que o fascínio com as brincadeiras ou a curiosidade com algo antes desconhecido, eles seguramente carregam a certeza de terem feito uma nova descoberta. .

“Alguns levam modelos de azulejos portugueses, outros dos nossos casarões.

O turista vem em busca disso, de conhecer as nossas belezas, as nossas praias, os nossos encantos”

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INCLUSÃO CULTURAL: 24

O ACESSO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO SÃO JOÃO DO MARANHÃO Davi Rocha e Lorena Marques

O

Maranhão respira cultura o ano inteiro, em especial no mês de junho quando ocorrem as festividades do São João. Contudo, acessar os ambientes reservados à pessoa com deficiência tem

se tornado uma tarefa árdua, principalmente na época do ano que carrega grandes atrativos para os moradores locais e turistas. De acordo com pesquisa realizada em 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de geografia e Estatística), mais de 44% da população maranhense possui algum tipo de deficiência variando de baixo até alto grau.

Transformar os arraiais em lugares acessíveis a essas pessoas é dever e obrigação do Governo de Estado garantido por Lei na Constituição Federal. De acordo com a presidente da Secretaria Adjunta de Promoção dos Direitos Humanos de Pessoa com Deficiência, Beatriz Carvalho, o governo do estadual propõe-se a fazer em 2019 um São João mais abrangente em São Luís e no restante do estado. Para tanto, algumas políticas públicas que visam facilitar o acesso de pessoas com necessidades especiais estão sendo efetuadas, tendo como exemplo espaços especiais reservados em shows, intérpretes de Libras e parte do plano orçamentário da cultura destinado a tornar as programações mais acessíveis.

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Foto: Lorena Marques

26 Ana Júlia na rua do Centro Histórico de São Luís.

No entanto, quem vive com as dificuldades pela falta de rampas, principalmente no Centro Histórico da cidade, assegura que ainda há muito o que fazer. “Bom, eu acho que poderiam existir rampas para facilitar o acesso”, explica Ana Júlia, de 13 anos, que é cadeirante. “Às vezes, quando eu chego aqui [no Centro Histórico] preciso que me carreguem sem a cadeira para podermos entrar e essa é uma das maiores dificuldades”,desabafa. Ana ainda apela para que a administração pública tome providências para tornar o São João mais acessível.

de Elvis Silva que necessita de uma cadeira de rodas para se locomover.

“A dificuldade que a gente tem, principalmente na época do São João, são as ruas e seus buracos, ‘tem que

Às vezes, quando eu chego aqui [no Centro Histórico] preciso que me carreguem [...]

As complicações se estendem a quem acompanha a pessoa com deficiência, como explica Luciane Silva, cunhada

ter’ mais um pouco de atenção a eles [pessoas com deficiência]”.

A jovem ainda ressalta que por conta dos obstáculos constantes que estão presentes ao longo dos percursos já ocorreram quedas e transtornos.

Rampa, piso tátil e corrimão são alguns dos meios que podem facilitar o acesso aos arraiais. Mas é importante lembrar que não se trata de uma via de mão única, o restante da população também é responsável por garantir que esses direitos sejam cumpridos, obedecendo as leis.

Foto: Lorena Marques

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Elvis tentando assistir a atração do momento, mas sendo impedido pelas pessoas a sua frente.

Rampa, piso tátil e corrimão são alguns dos meios que podem facilitar o acesso aos arraiais. Mas é importante lembrar que não se trata de uma via de mão única, o restante da população também é responsável por garantir que esses direitos sejam cumpridos, obedecendo as leis.

Entretanto, não é o que se percebe quando o assunto é o cumprimento de deveres.

Há espaços reservados para cidadãos com deficiência nas atrações durante todo o período festivo, porém, parte da população negligencia a oferta de equidade cultural conquistada na Declaração Universal de Direitos Humanos (1940).

Projetos foram instalados pelas secretarias municipais e estaduais, a exemplo, o MOB (Mobilidade Urbana do Maranhão) que disponibiliza o serviço de travessia que funciona com agendamento de viagens para

cadeirantes e seus acompanhantes.

Existe também os Carrinhos Elétricos de acessibilidade que aproximam a população com algum tipo de dificuldade dos ambientes históricos e culturais da cidade. Melhorias ainda estão sendo feitas, já que as políticas públicas caminham para a maior visibilidade do assunto.

Parte da responsabilidade de promover a inclusão cultural das pessoas com deficiência é da administração pública em contrapartida a outra parcela da população precisam se tornar conscientes de que acessibilidade não apenas um conceito físico, mas também moral.

A abertura oficial do São João do Maranhão ocorre no dia 19 de junho de 2019, lembrando que prestigiar também é se colocar no lugar do outro. A promoção de acessibilidade é dever de todos nós.

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