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Ensino de História

PERSPECTIVAS PARA O ENSINO DE HISTÓRIA NO BRASIL: À SOMBRA DO CAOS Por Lincoln Mansur Coelho e Adílio Jorge Marques Resumo: Das Ciências Sociais, a História é talvez a que mais tenha sofrido mutações, ao longo dos séculos XX e XXI. Seu interesse deixou de ser somente voltado aos grandes feitos dos grandes homens, passando para a análise de processos históricos, até ser declarado que tudo é história, logo, passível de análise.

Introdução

História, ela hoje, ao menos nas escolas, luta e

C

resiste nos estertores da morte.

lio, a musa grega inspiradora da história, foi despedaçada, fragmentada em várias

A discussão pela criação da Base Nacional

partes e divisões do conhecimento

Curricular Comum deu o primeiro golpe: o ensino

historiográfico. Não há mais o conceito generalista,

da História antiga, onde os alicerces da sociedade

não há mais a pretensão iluminista de reunir todo

ocidental foram idealizados, foi riscado do ensino.

conhecimento historiográfico, em um conjunto

Com muita luta, mobilizando um exército de

limitado de livros. Os historiadores aceitaram o fato

professores

de que o fazer história é somente um clarão, no

conseguimos defender esse golpe. Mal sabíamos o

meio da noite escura, onde podemos ver somente

que ainda estaria por vir. Agora, o segundo golpe

os elementos mais destacados, mais próximos de

foi desferido ao ensino de História: na reforma do

nós. Na crise da modernidade, sua morte foi

Ensino Médio, o ensino de História deixou de ser

decretada1, especialmente em uma sociedade cada

obrigatório, deixando a cargo do aluno escolher

vez mais tecnológica, onde o papel, o documento,

quais disciplinas ele quer cursar, dentro de quatro

fonte principal da escrita historiográfica, está

linhas temáticas pré-definidas: Ensino de Humanas,

sendo cada vez mais deixado de lado, sendo

Exatas ou Biológicas e Formação Técnica.

substituído por algo mais etéreo:

tempos de

arquivamento em “nuvem”. Mas a história persiste, continua viva. Contudo, em nosso país, devido aos recentes atos governamentais sobre o ensino de

1

Para maiores informações, ver FUKUYAMA, Francis. O fim da

de

História

em

sua

defesa,

Essa divisão territorial entre linhas formativas fica evidente, a partir da análise de Snow (2015), em seu trabalho “As duas culturas e uma segunda leitura”, onde ele descreve a formação de uma cultura, de história e o último homem. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.

Gnarus Revista de História - VOLUME IX - Nº 9 - SETEMBRO - 2018


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