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Artigo
MOTIVAÇÕES, CONTRADIÇÕES E PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA SOCIAL DAS PROSTITUTAS JUDIAS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO NO INÍCIO DO SÉCULO XX. Por João Paulo Carneiro Resumo: Este artigo propõe discutir os mecanismos de autopreservação identitária das imigrantes judias que aportaram na cidade do Rio de Janeiro no início do século XX. Não pretendemos discorrer amplamente sobre a prostituição no qual foram submetidas e também passa ao largo as demandas e processos políticos referentes às questões imigratórias. Deter-nos-emos especificamente nas relações de solidariedades entre as prostitutas denominadas de forma estigmatizada como as polacas, suas estratégias de sobrevivência as exclusões sociais e como saltaram do anonimato para protagonizarem de forma a atingirem a preservação da memória social do grupo. Palavras-chave: Memória social; Preservação identitária; Polacas: Prostituição
Introdução
pano de fundo do comércio denominado “tráfico da
A
escravidão branca”. Entretanto, a saída fora às
s polacas, termo designado para todas as prostitutas estrangeiras e que se tornou processualmente
um
rótulo
que
estigmatizava especificamente as mulheres judias. Oriundas do Leste Europeu que buscavam nas Américas a tão sonhada dignidade, devido os conflitos de perseguições étnicas e as condições de miserabilidade. Portanto, as judias que imigram para o Brasil nesse período são pertencentes às camadas despossuídas economicamente, traçando assim, o
criações de associações de ajuda mútua para suprirem as necessidades de reafirmações de identidade étnicas e religiosas. Nasce a Associação Beneficente Funerária e Religiosa Israelita (ABFRI), instituída em dez de outubro de 1906, construção de uma Sinagoga própria e um cemitério – Cemitério Israelita
de
Inhaúma,
como
estratégia
de
sobrevivência e preservação da memória social as exclusões sofridas.
Gnarus Revista de História - VOLUME IX - Nº 9 - SETEMBRO - 2018