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Artigo
A HISTORIOGRAFIA E SUAS DESCONTINUIDADES: CRIANDO PONTES ENTRE PETER BURKE E MICHEL FOUCAULT Por Odenício Junior Marques de Melo
Introdução
ciência. Rüsen entende a Teoria da História como
A
“sendo aquela reflexão mediante à qual o
s reflexões em torno dos conceitos de História, Historiografia e Teoria da História são partes importantes na
construção de uma perspectiva sobre as maneiras de olhar para o passado. Pois o passado se constitui de um conjunto de fatos, todavia, a forma como o compreendemos mostra se produzimos História (em termos da ciência História) ou não. Jenkins diz que o conceito de História “constitui um dentre uma série de discursos a respeito do mundo.” (2007, p.23). Ao pensar no termo História, surgem inúmeras possibilidades semânticas. Óbvio, trata-se de um termo que carrega consigo a força de algo que faz parte da condição existencial do ser humano: o passado. É necessário arriscar uma delimitação sobre os conceitos de História, Historiografia e Teoria da História, e assim tentar estabelecer uma base metodológica sobre essa área do conhecimento. E, dessa forma, pensar no saber histórico como
pensamento
histórico
se
constitui
como
especialidade científica.” (2001, p. 26). Segundo Barros a Teoria da História é “o encontro entre historiografia e ciência.” (2001, p.85, v.1). Essa discussão é bem ampla, porque a reflexão sobre História é mais que um reconhecimento da mesma como uma ciência que estuda o passado. Há uma pergunta gritante de Marc Bloch, que ultrapassa a linha do tempo e continua a reverberar em nossos dias: “Como, sem uma decantação prévia, poderíamos fazer, de fenômenos que não tem outra característica comum a não ser não terem sido contemporâneos, matéria de um conhecimento racional?” (2001, p. 52). Com esse questionamento, Bloch
nos
mostra
um
personagem
muito
importante na construção do saber historiográfico, deixado de lado por outras correntes teóricas da história: o historiador, com seus questionamentos e intuições. Não é uma produção neutra, o