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Artigo
TRADIÇÃO OU INVENÇÃO: A RELAÇÃO DOS MARACATUS DE “NAÇÃO” COM OS XANGÔS DE PERNAMBUCO Por Rafael Eiras
O
maracatu denominado de “nação” ou de baque virado é, de acordo com a obra de
Guerra
Peixe(1980),
uma
manifestação da cultura popular pernambucana que tem suas origens no séc. XVII. Ele nasce das cerimônias de coroações dos reis negros no momento em que a Coroa Portuguesa autorizava os negros, escravos ou libertos, a elegerem seus reis e rainhas de acordo com as diferentes etnias africanas trazidas ao Brasil, como forma de comemoração. Estas coroações, que eram um conjunto de atividades, acabam por se manter somente como um cortejo. Este cortejo dá origem ao maracatu, onde uma orquestra formada de elementos de percussão toca “toadas” e dança a coroação do rei de congo. O que a principio parecia ser uma completa dominação cultural dos valores europeus e também uma submissão à fé católica pode ser lido como um ato de resistência cultural.
Gnarus Revista de História - VOLUME VIII - Nº 8 - SETEMBRO - 2017