TRABALHO PROJETO - PORTUGUÊS

Fernando Pessoa: O Poeta dos Muitos Rostos

TRABALHO DE PROJETO

O MEU OLHAR SOBRE O POEMA “Ó SINO DA MINHA ALDEIA” DE FERNANDO PESSOA

Agrupamento de Escolas Gil Paes Disciplina: Português Profª Ana Catarina Craveiro Trabalho realizado por Inês Santos, nº … / Concluído em …./…./2020

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Fernando Pessoa: O Poeta dos Muitos Rostos

Índice - Introdução

pág. 3

- Vida e Obra

pág. 3 - 4

- Temáticas abordadas por Fernando Pessoa

pág.4

- Poema “Ó Sino da Minha aldeia”

pág. 5

- Análise temática

pág. 6

- Análise formal

pág. 7

- Conclusão

pág. 8

- Bibliografia/Webgrafia

pág. 9

Introdução Agrupamento de Escolas Gil Paes Disciplina: Português Profª Ana Catarina Craveiro Trabalho realizado por Inês Santos, nº … / Concluído em …./…./2020

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Fernando Pessoa: O Poeta dos Muitos Rostos Pretendo com este trabalho dar a conhecer um pouco da vida e da obra de Fernando Pessoa. Quando digo um pouco da sua vida e da sua obra é porque este poeta tem uma vida “dupla/tripla” (ortónimo, heterónimos, semiheterónimo) e uma vasta obra da qual seria impossível falar sem esquecer algo…

Vida e Obra Em 1888 nasceu Fernando António Nogueira Pessoa em Lisboa, onde viria a falecer em 1935. Passou nove anos da sua infância em Durban, na colónia britânica da África do Sul, onde o seu padrasto era o cônsul Português.

Quando o seu pai morreu, Fernando Pessoa tornou-se um rapaz tímido e cheio de imaginação, e um estudante brilhante.

Quando completou 17 anos, voltou a Lisboa para entrar no Curso Superior de Letras, que abandonou depois de dois anos, Tornou-se um “autodidática” optando por estudar na Biblioteca Nacional, onde leu livros de filosofia, de religião, de sociologia e de literatura (portuguesa em particular) por forma a engrandecer a sua educação Publicou o seu primeiro ensaio de crítica literária em 1912, o primeiro texto de prosa criativa (um trecho do Livro do Desassossego) em 1913, e os primeiros poemas de adulto em 1914.

Era um solitário por natureza, com uma vida social limitada e quase sem vida amorosa, foi um dos líderes da corrente modernista em Portugal, na década de 1910, e criou alguns movimentos literários: «Interseccionismo» inspiração cubista; «Sensacionismo» - semi-futurista.

Entre a década de 90 do séc. XIX e a primeira Guerra Mundial (191418), surge o Modernismo, resultante da inquietude de uma época muito agitada socialmente. Diversas correntes estéticas procuram a novidade contra o estabelecido, reação contra os valores políticos, sociais e filosóficos em vigor.

As

novas

experiências

estéticas

são

chamadas

de

Vanguarda

ou

Vanguardismo e são elas que irão constituir o Modernismo, movimento estético onde a literatura surge associada às artes plásticas e abrange vários –ismos:

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Fernando Pessoa: O Poeta dos Muitos Rostos Futurismo,

Cubismo,

Intersecionismo,

Sensacionismo,

Paulismo

e

Abstracionismo Fernando Pessoa exerceu a sua influência através da escrita e das tertúlias com algumas das mais notáveis figuras literárias portuguesas.

Foi respeitado em Lisboa como intelectual e como poeta, e publicou regularmente o seu trabalho em revistas (umas que ajudou a fundar e a dirigir.

Vivia em função da sua escrita. Embora não tivesse pressa em publicar, tinha planos grandiosos para edições da sua obra completa em português e inglês.

Pessoa escrevia em cadernos de notas, em folhas soltas, no verso de cartas, em anúncios e panfletos, no papel timbrado das firmas para as quais trabalhava e dos cafés que frequentava, em sobrescritos, em sobras de papel e nas margens dos seus textos antigos. Para aumentar a confusão, escreveu sob dezenas de nomes, uma prática – ou compulsão – que começou na infância.

Foi um poeta e outros em simultâneo, isto é, criou vários “Eus” – Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e o seu «semi-heterónimo» Bernardo Soares. Chamou heterónimos aos mais importantes destes «outros eus», dotando-os de biografias, características físicas, personalidades, visões políticas, atitudes religiosas e atividades literárias próprias.

O seu génio literário só foi plenamente reconhecido após a sua morte.

Temáticas abordadas por Fernando Pessoa ortónimo As temáticas abordadas por Fernando Pessoa ortónimo são: - O fingimento poético - processo de criação poética – uma nova conceção de arte; - A dor de pensar; - O ser fragmentado; - O sonho, a evasão, a angústia, o tédio, a frustração; - A nostalgia da infância perdida.

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O poema

“Ó Sino da Minha aldeia” integra a última temática – A

nostalgia da infância perdida. Para o poeta a infância corresponde à vida passada, durante a qual era alegre e feliz. Este tempo é um tempo em que não havia deveres, tudo parecia possível. Representa um estado de inocência, de pureza, instintivo e de libertação do intelecto. A época presente é, para ele, desinteressante e é marcada pela tomada de consciência da felicidade de outrora. “Ó sino da minha aldeia” “Ó sino da minha aldeia, Dolente na tarde calma, Cada tua badalada Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar, Tão como triste da vida, Que já a primeira pancada Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto Quando passo, sempre errante, És para mim como um sonho.

Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua Vibrante no céu aberto, Sinto mais longe o passado, Sinto a saudade mais perto.

PESSOA, Fernando, Poesias (s. d.)

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Análise temática: - Neste poema encontramos dois tempos: o presente e o passado. É no tempo presente que o sujeito poético (“sempre errante” v.10) ouve a badalada de um sino que desperta nele sentimentos tais como a saudade da sua infância feliz “És para mim como um sonho,/Soas-me na alma distante.” vv.11-12).

O som do sino relembra-lhe o sino da sua aldeia que desperta nele a lembrança e, em simultâneo, o desejo de regressar ao passado - tempo da sua infância (“Sinto mais longe o passado” v. 15). É um tempo que contrasta com o presente no qual o sujeito poético se encontra marcado pelo desinteresse e pela indiferença.

Está também presente no poema o desejo do sujeito poético em voltar ao tempo e ao espaço da infância considerado um espaço de intimidade e de inocência.

No primeiro verso existe uma apóstrofe (“Ó sino” v.1) que remete para uma aproximação entre o sujeito poético e o sino ao qual se dirige (“Ó sino da minha aldeia” v.1). É a badalada ouvida no presente pelo sujeito poético que vai despertar nele a saudade de um tempo passado – a infância e dificilmente recuperável (“Sinto mais longe o passado / Sinto a saudade mais perto.” vv. 1516). Esta antítese remete para a inconsciência e felicidade que o sujeito poético viveu na sua infância que não voltarão.

O sujeito poético refere que o sino é o símbolo da passagem do tempo (“Que a primeira pancada / Tem o som de repetida” vv.7-8) e acentua a saudade dos tempos passados. O som do sino provoca no sujeito poético melancolia e tristeza.

Quando o sujeito poético diz “És para mim como um sonho” v.11, existe aqui uma comparação entre o presente que existe e um passado que não voltará jamais – nostalgia da infância perdida.

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Análise formal: O poema é composto por quatro quadras, nas quais todos os versos apresentam sete sílabas métricas (redondilha maior).

Nesta composição poética encontram-se um vocabulário e uma construção frásica simples.

O poema tem uma grande componente de musicalidade - aliteração (“Sinto mais longe o passado/ Sinto a saudade […] “) e do ritmo muito marcado – alternado com o som e a pausa decorrentes das badaladas.

Existem neste poema várias características da vertente tradicional de Fernando Pessoa como o predomínio da quadra, a sintaxe simples, o ritmo melodioso, o verso curto (sete sílabas métricas) e o vocabulário acessível.

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Conclusão Neste poema, o sujeito poético recorda com muita saudade e tristeza os tempos da sua infância na aldeia onde nasceu e viveu. Sente uma grande saudade, nostalgia desse tempo recordando-o como um bem perdido.

O sujeito poético quer tornar o presente no passado perdido para, dessa forma, recuperar a infância, a alegria de viver, a inocência e a ingenuidade.

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Nota: Recomenda-se a audição deste poema cantado por António Zambujo https://www.youtube.com/watch?v=Fv0CU2ewz_A

Bibliografia/Webgrafia - PAIS, Pinto Amélia, Para Compreender Fernando Pessoa, Col. A Paixão de Aprender, Areal Editores, Porto:1996.

- MARTINS, Filomena e Moura, Graça, Página Seguinte 12º ano, Texto Editora, Lisboa: 2012.

- https://aulaportugues.no.sapo.pt/analisapoema.htm - https://www.casafernandopessoa.pt/pt/fernando-pessoa/vida

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