Revista Combustíveis & Conveniência - Ed. 165

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ENTREVISTA

FRANK CHEN | PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GÁS NATURAL VEICULAR

antecipar que já estão sendo feitas experiências com uso de gás natural em caminhões. Todas essas experiências visam economizar o consumo de óleo diesel, que tem paridade internacional. C&C: Um dos principais entraves para a expansão do gás natural no país é a falta de gasodutos e a sua dependência de importação. Como podemos expandir o uso do gás natural se a rede de gasodutos requer expansão e investimentos? FC: Só vejo uma possibilidade de isso acontecer, seria a privatização de certas linhas, facilitando ao investidor privado essa opção. Se essas linhas de gasoduto da Petrobras forem vendidas para a iniciativa privada, com certeza, deverá haver derivações dela para uso privado, principalmente em

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empresas, que servirão para ampliar essa rede. Sempre lembrando que um prolongamento dessa rede, necessariamente traz outras possibilidades de uso. C&C: Uma das possibilidades de destravar esse nó seria o governo abolir os leilões, que nunca ocorreram, e passar a autorizar a construção de gasodutos a investidores. Caso o governo realmente opte por essa medida, como podemos atrair investidores com a atual crise? FC: Acredito que as próprias empresas que fazem uso desse gás seriam as primeiras interessadas. Quando você leva o gás para esse polo de uso, você deixa um rastro que pode ser bifurcado para outras empresas ou outros usos. Então, nessa mesma linha que vai entrar para um determinado investimen-

to privado, necessariamente vão surgir postos de abastecimento ao longo delas porque o investimento principal já terá sido feito. C&C: Qual é sua avaliação sobre o programa Gás para Crescer para o GNV, considerando que o governo já sinalizou que não haverá nenhuma iniciativa específica para o combustível? FC: O governo não está enxergando o que é esse mercado e o que ele representa, inclusive pelo investimento que já foi feito pelos players do mercado, através dos postos, dos equipamentos totalmente nacionalizados e da cadeia produtiva envolvida neste processo. Atualmente, por exemplo, os governos estaduais veem a matriz do GNV e o mercado do GNV apenas como arrecadador de impostos. Recentemente, devido à movimentação muito mais política do que técnica, houve uma mudança no cálculo do ICMS em cima do GNV, em que era utilizado um valor do gás hipotético e que não era o valor do gás na bomba; e o posto pagava sobre o valor teórico, consequentemente, pagava mais do que a realidade. Mas isso vem tirando todo o capital de giro porque esse valor tem que ser considerado dentro do seu dia a dia do comércio. Então, a gente percebe nitidamente que não há nenhum incentivo de crescimento. No entanto, o que eu compartilho também é que existe uma falta nossa de enxergar que os veículos pesados, talvez, possam ser mote de interes-


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