Degustaçao de Cursos UANE

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Aproximando Conectando Transformando

Degustação de Cursos Formação de Mediadores de Leitura Práticas Sociais de Leitura Literatura Cearense Formação de Mediadores de Educação para Patrimônio Capacitação de Agentes Culturais: estratégias de cultura e arte para o futuro Sala de Aula digital


FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente

Luciana Dummar Diretor Administrativo-Financeiro

André Avelino de Azevedo Gerente-Geral

Marcos Tardin Gerente Editorial

Lia Leite

Gerente de Marketing e Design

Andréa Araújo Designers

Kamilla Damasceno e Welton Travassos Social Media

Letícia Frota Analista de Marketing

Henri Dias

Gerente de Audiovisual

Chico Marinho

Gerente de Projetos

Raymundo Netto Analistas de Projetos

Aurelino Freitas e Fabrícia Góis Analista de Contas

Narcez Bessa

UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerente Educacional

Prof. Dr. Deglaucy Jorge Teixeira Coordenadora Pedagógica

Profa. Ms. Jôsy Braga Cavalcante Coordenadora de Cursos e Secretária Escolar

Esp. Marisa Ferreira

Desenvolvedora Front-End

Isabela Marques

Estagiárias em Mídias e Tecnologias para Educação

Stefany Ribeiro e Rebeca Azevedo

Estagiária em Pedagogia (Secretaria Escolar)

Arielly Ribeiro

Estagiários em Letras

Lucas Gomes Gonçalves Matheus Coutinho Dias Wesley Militão Fernandes Mendes

Todos os direitos desta edição reservados à:

EDITORIAL Nos últimos anos, o cenário educacional testemunhou um aumento significativo na procura por cursos a distância, especialmente após 2020, em decorrência dos lockdowns impostos pela pandemia de covid-19. Nesse contexto, a Universidade Aberta do Nordeste (UANE), com uma trajetória de mais de 40 anos como braço especializado em Educação a Distância (EaD) da Fundação Demócrito Rocha, desponta como pioneira no Brasil em educação aberta, promovendo a democratização do conhecimento para todos. Atualmente, a UANE opera em três modalidades distintas: cursos de extensão, cursos técnicos e cursos livres. Além disso, oferece programas com momentos presenciais, adotando uma abordagem híbrida de ensino que compreende aulas síncronas e assíncronas, proporcionando uma ampla gama de produtos e serviços educacionais. Um dos diferenciais marcantes da UANE reside na abordagem de temáticas contemporâneas e inovadoras que trazem aspectos sociais, culturais, tecnológicos e, sobretudo, educacionais. Estas discussões visam não somente à transformação do indivíduo, mas também ao impacto positivo na sociedade ao seu redor. Estes conteúdos oferecidos pela UANE abrangem avanços provenientes da pedagogia, psicologia da aprendizagem, tecnologia digital, recursos e ferramentas específicas de EaD em diversas plataformas, otimizando consideravelmente o processo de ensino-aprendizagem. Destaca-se, ainda, que a produção desses conteúdos é enriquecida pela valiosa contribuição de grandes profissionais e pesquisadores de diversas instituições de ensino superior do Brasil. Ao explorar este material informativo, você terá a oportunidade de dar o primeiro passo para um mergulho no universo do conhecimento disseminado pela UANE. Continue, vá até o fim, aproveite, inscreva-se e certifique-se porque conhecimento é liberdade, progresso e transformação e a UANE está com você nesta jornada.

SUMÁRIO 4 Formação de Mediadores de Leitura 7 Práticas Sociais de Leitura 9 Literatura Cearense

Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6006 - 3255.6276 fdr.org.br fundacao@fdr.org.br

12 Formação de Mediadores de Educação para Patrimônio 14 Capacitação de Agentes Culturais 16 Sala de Aula Digital

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Fundação Demócrito Rocha

Divulgação

EXPEDIENTE

Deglaucy Jorge Gerente educacional da Universidade Aberta do Nordeste


ALCANCE EM TODOS OS ESTADOS

+150

TUTORES ATUARAM EM ATENDIMENTO DE SUPORTE E ACOMPANHAMENTO PEDAGÓGICO DOS CURSOS

+90 31

POLOS DE APOIO PRESENCIAL NOS MUNICÍPIOS

+35 +30 TURMAS DO CURSO NOVOS TALENTOS PARA O JORNALISMO

TURMAS DE CURSOS TÉCNICOS SECRETARIA ESCOLAR

CURSOS DE EXTENSÃO

+1,6 MILHÃO DE ALUNOS CURSISTAS EM TODO O BRASIL

+60

CURSOS LIVRES

Universidade Aberta do Nordeste - UANE

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COORDENADORES: RAYMUNDO NETTO E LÍDIA EUGÊNIA CAVALCANTE

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curso Formação de Mediadores de Leitura é composto de ações destinadas ao fomento da prática adequada da leitura em ambiente escolar, nas bibliotecas (escolares, oficiais e comunitárias) e em espaços públicos e equipamentos culturais.

 160 Horas  12 Módulos  100% A Distância EM QUE ÁREAS VOCÊ PODERÁ ATUAR COM ESTE APRENDIZADO ESTÍMULO À LEITURA Práticas que ajudarão a realizar ações de estímulo à leitura, aproximando pessoas e livros.

PRÁTICAS LEITORAS Diferentes práticas de leituras e como fazer uso delas sem escolarizar o deleite.

ACESSIBILIDADE Propostas de inclusão de pessoas com deficiências em mediações de leitura.

CONECTIVIDADE A utilização de novos mecanismos de leitura, incorporados às tecnologias para novos textos apresentados em diferentes linguagens.

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Fundação Demócrito Rocha

LEITURA NA INFÂNCIA Mostramos a importância da leitura na infância e como abordar essa prática com as crianças.

O PAPEL DA BIBLIOTECA Conceitos e características acerca dos tipos de bibliotecas, tendo em vista a relevância das mesmas no processo de promoção da leitura e na formação de leitores.

PARA QUEM ESTE CURSO É INDICADO? ▶ Professores ou Bibliotecários ▶ Agente de Leitura ou Contadores de História ▶ Público em Geral

Apresentação O conteúdo desta introdução do curso Formação de mediadores de leitura é um pouco dos conceitos de mediação da leitura e às práticas exploradas neste curso. A leitura está presente em nossas vidas, no cotidiano, desde as situações mais habituais, como tomar um ônibus observando o seu itinerário, preparar uma receita de bolo de chocolate ou mesmo lendo uma bula de

remédio, às mais complexas, a exemplo das pesquisas científicas e terminológicas, leituras filosóficas etc. Podemos afirmar que a vida é mediada pela palavra, seja ela dita, vivida, narrada, contada, lida, cantada ou escrita. Vivemos a observar aquilo que está em nosso entorno, com o que interagimos, interrogamos, concordando ou discordando, a partir das condições de inserção no mundo social e cultural do qual fazemos parte. As possibilidades de leitura são amplas. Fazemos leituras de jornais, romances, poesias, músicas, revistas em quadrinhos, mensagens em redes sociais, lemos fotografias, imagens em movimento, obras de arte, esculturas, partituras, leituras técnicas ou escolares... Lemos por distração e lazer, para adquirir conhecimento, obter informação, para tomada de decisão. Fazemos leituras despretensiosas ou mesmo com objetivos definidos. A leitura, portanto, é um ato de simbolização e representação do mundo. O objetivo do nosso curso é, portanto, pensar a leitura em suas diferentes vertentes como práticas sociais de inserção no mundo por meio da mediação para a formação de leitores. Formar leitores críticos que compreendam o papel da leitura no dia a dia representa um desafio para educadores, bibliotecários, agentes de leitura, pais, mães e uma gama de profissionais e pessoas que chamam para si essa importante ação. Assim, começamos por lançar um questionamento: De que depende o incentivo à leitura? O que podem fazer os mediadores de leitura para contribuir na formação de leitores críticos? No decorrer deste texto, pedimos que você reflita sobre essas questões.


Esperamos, ao longo desse nosso diálogo, acender uma fagulha nessa discussão coletiva, de modo a envolver mediadores e mediadoras desse trabalho instigante que é contribuir na formação de leitores e, consequentemente, na construção de um mundo melhor. E você, leitor(a), pode também fazer parte disso. Inscreva-se já! Lidia Eugenia Cavalcante

1. MEDIAR A LEITURA: EXERCÍCIO DE SI E DO OUTRO Começamos aqui por relembrar a primeira questão apresentada anteriormente: De que depende o incentivo à leitura? Ao aprofundarmos essa reflexão, cabe-nos refletir sobre as condições que levam uma pessoa a se tornar leitora, especialmente em nosso contexto, diante da complexidade e diferenças existentes no Brasil. Você, por exemplo, se considera um(a) leitor(a)? Na pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro, de mapeamento do comportamento leitor dos brasileiros, em sua 4ª edição (2016), identificamos uma realidade que vale a pena uma reflexão. Sobre a pergunta referente a presença de uma pessoa que influenciou o gosto pela leitura dos pesquisados, os dados apresentados indicam que isso é mais marcante entre as crianças até 13 anos, ao revelarem a presença dos pais e professores como mediadores. Já para os entrevistados a partir de 25 anos, fica evidente a pequena presença de pessoas que tiveram ou têm efetiva participação nessa influência. Concluímos, assim, que é na infância, por meio da escola, da família ou na biblioteca onde aparecem as oportunidades de práticas e ações mediacionais, como as rodas de leitura, contação de história ou indicação de livros.

Por outro lado, pensar a mediação da leitura para promover a formação de leitores deve levar em consideração os diferentes públicos e pessoas de diversas idades e níveis de alfabetização e letramento. O leitor se constrói ao longo da vida. Para tal, é necessário que se desenvolvam práticas leitoras educativas, críticas literárias e poéticas que tragam as memórias afetivas e que os indivíduos se reconheçam nessas leituras, evocando liberdade e autonomia. Quando revisitamos nossas memórias, é possível reconhecer que o que construímos criticamente em relação ao conhecimento que possuímos está envolto no que somos e naquilo que experimentamos ao longo da vida.

No Brasil, ainda é pequena a parcela da população que tem acesso a bibliotecas, ao livro e à leitura em suas formas tradicionais ou não. Além disso, o exercício crítico, pedagógico, dialógico e mediador da leitura parece não ser bem compreendido e a leitura acontece desconectada com a realidade do cotidiano e dos interesses do leitor. No processo de mudança que nós educadores buscamos, sem dúvida nenhuma está o desejo de acesso ao livro e à leitura para todos, nas residências, escolas, bibliotecas, terminais de ônibus, centros culturais, praças, condomínios, canteiros de obras, fábricas, hospitais, presídios etc.

Dialógico: relativo a diálogo, em forma de diálogo.

PARA ALÉM DO TEXTO A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil considera leitor aquele que leu pelo menos um livro nos três meses anteriores à pesquisa, inteiro ou em partes. Leva em consideração fatores como escolaridade, renda familiar, classe social, faixa etária, gênero, ocupação, atividade e região. Você pode ter acesso à pesquisa completa no link: https://www.prolivro.org.br/pesquisasretratos-da-leitura/as-pesquisas-2/

PUXANDO PROSA E você, qual a sua primeira lembrança de leitura? Como foi? O que o(a) atraiu? Que gosto isso teve para você?

Mas, é importante saber que não adianta somente o acesso ao livro se não houver um convite à leitura, especialmente para os iniciantes dessa aventura, independentemente da faixa etária ou classe social. E é desse convite, que denominamos mediação, que trataremos a seguir. Refletir sobre o conceito de mediação nos apresenta diferentes possibilidades, algumas abordagens mais simples, outras complexas, dependendo do contexto e do lugar de fala dos sujeitos envolvidos. Por ora, o que nos interessa aqui é especialmente a mediação da leitura. Na memorável obra de Paulo Freire, A importância do ato de ler, publicada originalmente em 1982, o autor “relê” momentos de sua prática pedagógica, guardados na memória e vividos desde a infância, destacando que é necessário “[...] uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo.” (FREIRE, 1989, p.9) A leitura, em suas diferentes linguagens, verbais e não verbais, é fundamental para a construção do conhecimento, desde que seja valorizada a compreensão crítica do leitor e o seu conhecimento de mundo, podendo ser visto em uma das afirmações mais conhecidas e citadas de Freire: A leitura de mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura

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daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. (FREIRE, 1989, p.9) Na perspectiva da dialogicidade, uma das principais categorias das teorias de Paulo Freire, nascem as práticas sociais e culturais de mediação da leitura. Assim, o diálogo apresenta-se como essencial à construção e à apropriação do conhecimento, numa ação libertadora e autônoma, na qual todas as pessoas envolvidas encontram-se inseridas e precisam se sentir valorizadas. Do interesse em aprender, surge o desejo de ler e de conhecer. Dessa forma, quando as leituras propostas estão relacionadas às experiências, o processo de construção do leitor não tem apenas a relevância teórica do discurso pedagógico, situa-se, também, no lugar social dos envolvidos, reconhecendo aspectos da vida que são fundamentais para a compreensão da realidade apresentada nas argumentações, nos exemplos e nas linguagens do texto lido mediado. A leitura, portanto, faz parte do processo de comunicação cotidiana que ocorre entre os sujeitos e que envolve interações sociais e trocas, fomentadas em situações diversas, expressas pela memória, cultura, tradições e contextos sociais. No desafio de mediar a leitura, não podemos esquecer a importância das linguagens, pois a mediação é um ato de comunicação entre os sujeitos e de partilha entre interlocutores.

PARA ALÉM DO TEXTO A importância do ato de ler, de Paulo Freire: https://educacaointegral.org.br/ wp-content/uploads/2014/10/ importancia_ato_ler.pdf

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Fundação Demócrito Rocha

2. AS DIMENSÕES DIALÓGICAS DA MEDIAÇÃO DA LEITURA

Inscreva-se e continue o Curso Formação de Mediadores de Leitura

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mediação da leitura caracteriza-se pelas relações dialógicas entre os sujeitos, o texto mediado e o ato mediador. É um diálogo constituído de múltiplas vozes e narrativas, de natureza dinâmica, flexível e crítica. Em forma de diálogo, a mediação pode ocorrer em diferentes formatos para públicos diversos em ambiências como bibliotecas públicas, escolares e comunitárias, centros culturais, livrarias, museus e teatros, apenas alguns dos espaços tradicionais de promoção da leitura. Ou mesmo em locais improvisados ou públicos como varandas, calçadas, condomínios, garagens, praças e parques. Na dialogicidade da mediação da leitura para conectar pessoas e textos, devemos levar em consideração também a participação efetiva e a história de vida do leitor, por meio de outras dimensões como aquelas que Vincent Jouve (2002) nos apresenta e nas quais acrescentamos a leitura crítica. Vamos conhecer essas dimensões? São elas:

a) Afetiva; b) Simbólica; c) Argumentativa; d) Cognitiva; e) Crítica. Ezequiel Theodoro da Silva ressalta que um leitor crítico adentra um texto desejando compreender as circunstâncias, as razões e os desafios sociais permitidos ou não por este texto (SILVA, 2002). A leitura, além de crítica, deve ser prazerosa. O ato de ler destrói certezas, pois a pessoa que lê questiona, se inquieta, analisa, pondera, processa, identifica-se.

Tive a oportunidade de fazer o curso de Mediadores de Leituras oferecido pela Fundação Demócrito Rocha no ano de 2018. Foi uma experiência singular. Eles têm um conteúdo de ótima qualidade e atendem aos estudantes das mais variadas formas.

Vanessa Vieira Aluna

Além de ajudar em sua formação como indivíduo. Este curso tem contribuído para meu desenvolvimento pessoal e social. Tem amplo conhecimento e seus fascículos são de excelência em suas estruturas.

Marciano Vieira Aluno


PRÁTICAS SOCIAIS DE LEITURA: ENTRELAÇANDO O ATO DE LER, VIDA E COTIDIANO COORDENADORA: LÍDIA EUGÊNIA CAVALCANTE

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curso apresenta em seu conteúdo as temáticas: Letramento e Literacia: problematizações conceituais e aplicabilidade. Entre os temas: Práticas sociais, saberes e vivências por meio da literatura e suas diferentes linguagens; Leitura e escrita literária e seus entremeios com o cotidiano; Práticas de leitura em comunidades; Estratégias para a criação e implementação de projetos de mediação de leitura em contextos sociais.

 3 MÓDULOS  90 HORAS  100 % A DISTÂNCIA

Sumário 1.

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O Que Lemos? 1.1. Letramentos: onde se encontram nossas leituras Somos Feitos de Palavras...Nem Sempre Escritas 2.1. Minha Vida Daria um Livro Leitura e escuta sensível em comunidade 3.1. As bibliotecas comunitárias Mediação da leitura: “me ajuda a olhar!” 4.1. Sobre mediadoras/es e a generosidade em mediar a leitura

Leitura e Escrita Literária: entremeios com o A partir deste conhecimento cotidiano Lidia Eugenia Cavalcante você será capaz de: Refletir sobre a importância do desenvolvimento de práticas sociais de leitura e escrita no cotidiano. Promover o diálogo sobre as práticas sociais da leitura e da escrita literária na vida das pessoas, seja em família, no trabalho, no lazer ou em quaisquer outras ações do dia a dia. Compreender como leitura e escrita podem contribuir para o diálogo e a inclusão em comunidade; propor a criação de redes sociais comunitárias de promoção da leitura: bibliotecas comunitárias, clubes de leitura, encontros com autores, rodas de conversas, contação de histórias etc. Elaborar projetos de mediação da leitura em contextos sociais que proporcionem o encontro entre o leitor(a) e a leitura, de forma solidária e compartilhada.

Para quem este curso é indicado • • • • • •

Educadores(as) sociais Bibliotecários(as) Agentes educacionais, culturais e sociais Agentes de leitura Contadores de histórias Público em geral interessado pelo tema

Apresentação do curso Na improvisação confusa do primeiro encontro, já se pode ler o possível futuro de uma convivência.

Ítalo Calvino Você já parou para pensar o quanto aquilo que lemos pode estar relacionado, de alguma forma, com nossas práticas e vivências sociais, políticas e culturais? Todos os dias, nos deparamos com situações, as mais diversas possíveis, que nos obrigam a uma análise para a tomada de uma decisão, não é mesmo? Pois bem, o que fazemos é uma leitura da realidade, seja por meio de um acontecimento, notícia de jornal, bate-papo com um amigo, por uma mídia social ou pela leitura de um texto escrito. Mesmo se costumamos ouvir que a leitura é um ato solitário, muitas vezes queremos ler e partilhar o que lemos com outras pessoas. Com esse pensamento é que nascem muitas ideias bacanas de criar projetos de leitura em comunidades. Observe como tornou-se cada vez mais comum a presença de espaços de leitura nos bairros, a exemplo das bibliotecas comunitárias, ou encontros entre

os jovens através dos slams, cuja promoção de atividades literárias começa a fazer parte do entorno. Diante dessa reflexão, nos reunimos para oferecer um curso que possa dialogar com cada uma e com cada um que vê a leitura como possibilidade para compreender criticamente o nosso lugar no mundo, cujas diferentes linguagens despertam os nossos sentidos, desejos e pertencimento (sem amarras e com liberdade). Nós queremos ajudá-lo(a) a implementar aquele projeto de leitura que é o seu sonho, e você não sabe por onde começar. Assim, o curso Práticas Sociais de Leitura: entrelaçando o ato de ler, vida e cotidiano tem o objetivo de promover o diálogo sobre as práticas sociais da leitura e da escrita literária na vida das pessoas, seja em família, no trabalho, no lazer ou em quaisquer outras ações do dia a dia, cujo ato de ler se faz presente e, às vezes, não percebemos. Sabemos que há muitas ofertas de cursos sobre leitura e escrita, voltados principalmente para educadores. Sentimos, entretanto, a falta de um diálogo mais próximo com a leitura que percorre os entremeios da vida em comunidade, sempre tão potente. Diante

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disso, decidimos oferecer algo endereçado a todas e a todos que se dedicam (ou desejam se dedicar) à mediação da leitura em contextos, como: associações de moradores, igrejas, praças, bibliotecas comunitárias, centros culturais e tantos outros espaços, caracterizados pela diversidade de pessoas e pluralidade de vozes. E, claro, esperamos contar também com a participação de professoras e professores, tendo em vista que a escola também faz parte da comunidade, não é mesmo? Quem sabe você se anima e põe em prática o seu desejo de promover atividades literárias em sua comunidade? Para esta proposta, este curso é composto por três módulos, com as seguintes temáticas: Módulo 1: Leitura e escrita literária: entremeios com o cotidiano Módulo 2: Práticas sociais de leitura e escrita na comunidade Módulo 3: Elaboração de projetos de mediação da leitura Nossa ideia é, portanto, trazer discussões, reflexões e ações acerca da leitura e da escrita no cotidiano, e promover práticas sociais para a formação leitora. Por fim, apresentar possibilidades de realização de projetos de incentivo à leitura nos diversos espaços da comunidade, que promovam a autonomia em relação à leitura e à escrita. Que tal embarcar conosco nessa aventura? Neste primeiro módulo, nos propomos a dialogar com você, leitora e leitor, sobre a presença do ato de ler em nossas vidas, nos aspectos pessoais e/ou sociais, que se entrelaçam com saberes, vivências e experiências produzidas no cotidiano. Vamos começar?

Percebendo a sua profundidade e, ao mesmo tempo, a sua aplicabilidade no desenvolvimento de projetos que podem trazer benefícios reais à sociedade. Juntos podemos mais.

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Fundação Demócrito Rocha

O QUE LEMOS? Você se considera leitor(a)? Lembre-se: não estamos falando apenas de leitura de livros... Aqui, explicaremos que a leitura pode ir muito mais longe do que você imagina. Queremos ampliar o olhar sobre o ato de ler, ok? Para isso, vamos falar de produção de sentido e da força criadora e promotora de mudanças sociais que a leitura nos permite. Você sabia que nós lemos muito mais do que palavras escritas! Isso mesmo! Todos os dias, nos deparamos com diferentes formas de leitura e linguagens. Olhamos para o céu e vemos (“lemos”) se vai chover; Ouvimos a música que toca no rádio e buscamos compreender (“ler”) o que ela nos diz; Observamos (“lemos”) uma fotografia antiga e analisamos cada detalhe das marcas do tempo e do espaço; Vemos (“lemos”) nos rostos das pessoas que passam por nós o que expressam pelos seus traços: cansaço, alegria, tristeza, indignação, preocupação... É desse jeito! O mundo está repleto de linguagens para serem lidas. E elas nos apresentam diferentes formas de leitura. Essa afirmação nos faz lembrar Paulo Freire, quando ele nos conta sobre suas memórias leitoras da infância, ao discorrer acerca da importância do ato de ler, ainda criança, na casa onde morava no Recife. Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto se encarnavam no canto dos pássaros – o do sanhaçu, o do olha-pro-caminho-quem-vem, o do bem-te-vi, o do sabiá; na dança das copas das árvores sopra-

Raymundo Netto Gerente de Projetos

das por fortes ventanias que anunciavam tempestades, trovões, relâmpagos; as águas da chuva brincando de geografia: inventando lagos, ilhas, rios, riachos. [...] se encarnavam também no assobio do vento, nas nuvens do céu, nas suas cores, nos seus movimentos; na cor das folhagens, na forma das folhas, no cheiro das flores – das rosas, dos jasmins –, no corpo das árvores, na casca dos frutos. [...] Daquele contexto – o do meu mundo imediato – fazia parte, por outro lado, o universo da linguagem dos mais velhos, expressando as suas crenças, os seus gostos, os seus receios, os seus valores. Tudo isso ligado a contextos mais amplos que o do meu mundo imediato e de cuja existência eu não podia sequer suspeitar. (FREIRE, 1992, p.10) Paulo Freire nos ajuda a compreender que o ato de ler não está somente na palavra escrita e não se esgota nela. Ele está mesmo é na compreensão da “palavramundo”, nas nossas experiências e saberes vividos no cotidiano, desde a infância. Especialmente no modo como reagimos a cada texto lido, seja por meio de palavras ou de outras linguagens. Nossa compreensão daquilo que lemos nos torna diversos, sem opressão ou julgamentos. Curioso é que podemos ler o mesmo livro, mas cada uma e cada um interpreta e se apropria do que é lido de forma diferente, de acordo com a sua visão de mundo.

Inscreva-se e continue o Curso Práticas Sociais de Leitura


Literatura Cearense COORDENADORES: RAYMUNDO NETTO E LÍLIAN MARTINS O curso Literatura Cearense é uma ação que que visa promover, de forma geral e para todo o país, o interesse, a pesquisa e a leitura da literatura produzida no Ceará, desde o século XIX à contemporaneidade, através de alguns de seus autores(as), grupos/agremiações literárias e obras referenciais, em consonância com os estudos da Literatura Brasileira.

 12 MÓDULOS  140 HORAS  100 % A DISTÂNCIA A partir deste conhecimento você será capaz de: · Desenvolverá subsídios teóricos acerca da produção literária no estado do Ceará; · Conhecer a Literatura Cearense em seu aspecto histórico-sociocultural de maneira mais profunda e sistematizada; . Abrir campo para a renovação de estudos, temas, obras e autores mediante o uso da Literatura Cearense no panorama artístico nacional; . Integrar o conhecimento da Literatura Cearense entre as literaturas dos demais estados brasileiros.

PARA QUEM ESTE CURSO É INDICADO • Estudantes • Professores • Pesquisadores • e demais interessados

SUMÁRIO 1. LITERATURA CEARENSE: NOTAS INTRODUTÓRIAS 2. SOB AS ASAS DA JANDAIA: ROMANTISMO Parte I 3. POEMAS PARA A LIBERDADE: ROMANTISMO Parte II

APROCHEGUE-SE!

4. MULHERES ESCRITORAS: AS PIONEIRAS NO SÉCULO XIX 5. JUNTOU A FOME COM A VONTADE DE LER: REALISMO/NATURALISMO 6. À ESPERA DO PÃO: A PADARIA ESPIRITUAL E O SIMBOLISMO 7. O CANTO NOVO DE UMA RAÇA: PRÉMODERNISMO E MODERNISMO 8. LITERATURA E ARTES PLÁSTICAS: GRUPOS CLÃ E SCAP 9. DA VANGUARDA À DITADURA: LITERATURA EM ENCRUZILHADAS 10. ESCRITOS DO IGNOTO: A LITERATURA FANTÁSTICA 11. MALA DE ROMANCES: A LITERATURA DE CORDEL 12. ITINERÁRIOS DE LEITURA: UM PASSEIO PELA LITERATURA DO CEARÁ

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Na minha terra, as estradas são tortuosas e tristes como o destino de seu povo errante. Jáder de Carvalho*

lá! Seja muito bem-vindo(a) ao curso Literatura Cearense da Fundação Demócrito Rocha (FDR). Originalmente, um curso em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), para todos os estados do país, por meio de nosso Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). Os fãs e estudiosos da nossa Literatura Brasileira terão, agora, a possibilidade de ampliar seu repertório de saberes, conhecendo um pouco mais sobre a literatura produzida no estado cearense, seja por autores nascidos no Ceará ou que nele deixaram seu maior legado literário. Além de nomes como o de José de Alencar, figuram neste curso, outros pertencentes a escolas, academias, movimentos e agremiações literárias que conhecemos e/ou estamos familiarizados desde a escola. Porém, aqui, também evidenciamos a presença de autores e autoras que, por motivos outros, ainda são pouco conhecidos do grande público, a despeito de seu talento ou produção, proporcionando, assim, a alegria da descoberta, o fomento a novos estudos e pesquisas, a ampliação da crítica literária de alto teor epistemológico e, quem sabe, o seu interesse leitor e/ou editorial. No curso, percorreremos 12 módulos que vão desde o século XIX à Contemporaneidade, abrangendo ainda escritores independentes e agremiações de maior relevo em consonância com diferentes estudos nas Artes e, sobretudo,

em Literatura Brasileira. Dessa forma, pretendemos desenvolver subsídios teóricos para a formação de estudantes, professores, pesquisadores e demais interessados acerca da Literatura Cearense, sistematizando e aprofundando esses conhecimentos em seu aspecto histórico-cultural. Parafraseando o pensamento do filósofo norte-americano Richard Rorty: “A literatura não faz progresso por tornar-se mais rigorosa, porém, por tornar-se mais criativa.” Neste sentido, este curso inova ao criar um novo compêndio de estudos para a nossa formação em Literatura Brasileira às cores de nossos “verdes mares bravios”. Nosso objetivo é ampliar, criar possibilidades diferentes de análise para o campo literário, propiciando instâncias significativas de interação mediante o uso da Literatura Cearense no panorama artístico nacional, abrindo campo para a renovação de estudos, temas, obras e autores, e promovendo a integração e o conhecimento desta literatura entre as demais literaturas de estados brasileiros participantes. Vamos juntos aprender para transformar! Pois, como já nos ensinava Paulo Freire: “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca.” Busquemos, então, conhecer mais e aprender cada vez mais sobre este tesouro que é a literatura de um país, o nosso país, e que nos sintamos felizes ao nos reconhecer parte dele através do contato com diferentes obras e autores. Quem sabe assim, aprendamos a valorizar a diversidade cultural brasileira por meio da contribuição artística e intelectual de seus escritores de todas as suas regiões. Acesse agora o nosso site, se inscreva e compartilhe o nosso curso. Bom aprendizado!

Lílian Martins Coordenadora de Conteúdo

* Trecho do poema “Terra Bárbara”, publicado em livro homônimo (1965).

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O PIONEIRISMO ARTÍSTICO-CULTURAL CEARENSE Aprochegar-se Chegar bem perto; aproximar-se, achegar-se, abeirar-se.

Epistemologia Estudo dos postulados, conclusões e métodos dos diferentes ramos do saber científico, ou das teorias e práticas em geral, avaliadas em sua validade cognitiva, ou descritas em suas trajetórias evolutivas, seus paradigmas estruturais ou suas relações com a sociedade e a história; teoria da ciência.

Eu sou de uma terra que o povo padece / Mas nunca esmorece, procura vencê,/ Da terra adorada, que a bela caboca/ De riso na boca zomba no sofrê./ Não nego meu sangue, não nego meu nome,/ Olho para fome e pergunto: o que há?/ Eu sou brasilêro fio do Nordeste,/ Sou cabra da peste, sou do Ceará. [...] Patativa do Assaré em Cante lá que eu canto cá.

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poema “Sou cabra da peste”, do qual destacamos um trecho acima, é um dos mais conhecidos de autoria de Patativa do Assaré. Publicado no livro Cante lá que eu canto cá, o poema expressa a condição sofrida do homem cearense que, apesar das dificuldades do meio em que vive, não esmorece e tem resiliência para vencer. Ele é definido como “cabra da peste”, expressão nordestina que designa homem valente, corajoso e batalhador. Desta forma, o poeta situa sua condição expressando-a de modo múltiplo. Ele se identifica como o sujeito do tipo cabra da peste, o cearense, nordestino e brasileiro.

SABATINA Patativa do Assaré (1909-2002) foi um poeta e repentista brasileiro, considerado um dos principais representantes da arte popular nordestina do século XX. O seu poema “Triste partida”, em 1964, foi musicado e gravado por Luiz Gonzaga (1912-1989), o que lhe rendeu projeção nacional. Seus versos, traduzidos em vários idiomas, são temas de estudos em diversas universidades pelo mundo, a exemplo da Universidade de Sorbonne, na França, em sua disciplina “Literatura popular universal”. Estudaremos mais sobre ele adiante. Por ora, aproveite para assistir o poeta declamando “Sou cabra da peste” no link a seguir, do canal do Museu de Arte Kariri: https://www. youtube.com/watch?v=FNZTn6w8cXQ

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CONFEITOS Neste curso, pretendemos dar voz aos pesquisadores e críticos de literatura, lançando nesse espaço de construção de conhecimento os seus conflitos teóricos e/ou conceituais, cabendo as cursistas pesquisá-los, estudá-los, compará-los, ler a obra em questão, claro, e tirar as suas próprias conclusões. Por exemplo, enquanto alguns estudiosos como Constância Lima Duarte e Otacílio Colares concordam ser A rainha do ignoto – que em sua primeira edição trazia o subtítulo “romance psicológico – o primeiro romance fantástico brasileiro, Sânzio de Azevedo e Almeida Fischer defendem que o romance romântico é, à luz de Todorov, maravilhoso e não fantástico.

Em outros trechos, Patativa descreve várias imagens do Ceará, considerando, desta vez, não apenas a sua condição de um sequioso topônimo, mas como terra fértil do vaqueiro e do jangadeiro, e, o mais interessante, uma terra de escritores, pois cita o poeta Juvenal Galeno e o romancista José de Alencar. Logo, percebemos que o poeta tem consciência do lugar a que pertence e da tradição literária que veio antes dele. Esse conhecimento literário, também o impulsiona na criação da sua própria poesia de expressão matuta, gênero da poesia popular, cearense e brasileira. Mas, com isso, você deve estar se perguntando: de onde vem essa tradição literária cearense? Desde o início do século XIX, o Ceará tem-se mostrado pleno de atividades literárias. Berço de José de Alencar (1829-1877), romancista mais representativo do Romantismo brasileiro e o responsável pelo projeto de identidade nacional da Literatura Brasileira. No início da década de 1870, fomos um dos estados pioneiros na divulgação da filo-

Tradição É oriundo do termo latino traditio/onis, “ato de entregar”, um derivado do verbo tradere, “entregar, passar adiante”. A palavra significa “passar algo a alguém”, como costumes, cerimônias, hábitos, características de um grupo. No sentido antropológico, é herança cultural, mas também o reaprendizado das relações de vivências profundas entre os homens e o seu meio, permitindo, portanto, a consciência do pertencimento.


Campo do Poder Para o sociólogo francês Pierre Bourdieu (1996), “o campo do poder é o espaço das relações de força entre agentes ou instituições que têm em comum possuir o capital necessário para ocupar posições dominantes nos diferentes campos (econômico ou cultural, especialmente)”. Portanto, no campo do poder existem sujeitos pertencentes às classes dominantes, pessoas reais possuidoras de capital econômico, detentoras de poder material, que interferem na sociedade em prol de seus interesses.

sofia positivista no Brasil, por meio da Academia Francesa (1873-1875). O primeiro estado brasileiro a abolir a escravidão, em 1884. Somos também pioneiros na divulgação da estética simbolista por meio da irreverente Padaria Espiritual (1892-1898). Antecedemos, em dois anos, a criação de uma Academia de Letras no Brasil, com a Academia Cearense, em 1894. Veio de uma cearense, Emília Freitas, em 1899, a primeira publicação de um romance de fantasia científica, ou, como preferem afirmar pesquisadores a exemplo de Constância Lima Duarte, o primeiro romance fantástico brasileiro, A rainha do ignoto. E foi também uma cearense, Rachel de Queiroz, em 1977, a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e a primeira a mulher a receber o Prêmio Camões, o maior da Língua Portuguesa, em 1993. Embora esses diferentes marcos históricos demonstrem o pioneirismo artístico-cultural cearense, a literatura produzida nestas plagas ainda margeia o espaço do campo do poder destinado à Literatura Brasileira. Uma das respostas para se entender este fenômeno pode estar na própria concepção e formação do Estado brasileiro, que, desde o início de seu Período Colonial, demonstrou ser um país continental, com múltiplas culturas e expressões. A dificuldade de acesso dos grandes centros urbanos e políticos nacionais, concentrados majoritariamente nas regiões sul e sudeste do país, a essas diferentes culturas e expressões oriundas de regiões menos prestigiadas socioeconomicamente, e vice-versa, além de, mais tardiamente e especialmente no século XIX, a própria dinâmica editorial no Brasil, também em efervescência nesses eixos no referido período, podem nos fornecer pistas que nos conduzam a pontos de reflexão sobre o país e a sua histórica política cultural. Daí podemos nos questionar: culturalmente, é possível crer em uma unidade nacional? Para uma maior reflexão, precisamos nos debruçar na História. Em, 1926, Gilberto Freyre lançou o seu Manifesto Regionalista, em que desenvolve basicamente dois temas interligados: (1) a defesa da região enquanto unidade de organização nacional e (2) a conservação dos valores regionais e tradicionais do Brasil, em geral, e do Nordeste, em particular.

O que Freyre afirma é que o único modo de ser nacional no Brasil é ser primeiro regional. Qual seria, então, o nosso propósito: procurar entender a diversidade brasileira ou defender uma homogeneidade talvez idealizada? E se levarmos essa questão para o campo dos estudos literários, será que estamos dispostos a trazer as “literaturas periféricas” para o centro do cânone literário nacional, ocupando, assim, o espaço invisibilizado a elas durante um século e meio em seus manuais didáticos e pela própria crítica tida como especializada? Afinal, como diz Wilson Martins, a história literária “é feita de exclusões e se define tanto pelo que recusa e ignora, quanto pelo que aceita e consagra.” Claro que estas perguntas e esse debate ainda estão longe de alcançar um consenso, mas esperamos provocar em você, cursista, interesse em repensar o lugar da literatura produzida na cidade/estado em que mora, e o espaço que dizem a ela pertencer ou não nos estudos da denominada Literatura Brasileira.

Cânone Literário É um conjunto e seleção de obras que permanecem com o tempo e se destinam ao estudo por sua suposta qualidade estética superior. Essa seleção, enquanto favorece a algumas obras, invisibiliza muitas outras, a partir de critérios considerados por vezes controversos, questionados por sua ligação com o poder representado por uma classe dominante.

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Formação de Mediadores de Educação para Patrimônio COORDENADORES: RAYMUNDO NETTO E CRISTIANA HOLANDA

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curso Formação de Mediadores de Educação para Patrimônio, é uma ação que visa a descentralização de ações formativas, expandindo para todos os distritos culturais a oferta de formação em cultura, articulando outras instituições e agentes sociais, como OSCs, coletivos, associações, academias, escolas públicas municipais, estimulando ações em espaços e equipamentos públicos.

 160 HORAS  12 MÓDULOS  100% A DISTÂNCIA

Em que áreas você poderá atuar com este aprendizado atuar como mediador Explorar as possibilidades e o potencial de conscientizar a população sobre os seus conceitos; e aprofundamento do conhecimento a partir do seu contexto sociocultural e ambiental de seu entorno.

Inclusão social Desenvolver propostas de inclusão através do acesso à informação e do diálogo.

Descentralização de ações formativas Expandir para todos os distritos culturais a oferta de formação em cultura, articulando outras instituições e agentes sociais, estimulando ações em espaços e equipamentos públicos.

Fundação Demócrito Rocha

Conhecer as várias noções de patrimônio é fundamental para quem já atua ou pretende atuar em processos educativos formais e não formais que têm como foco o patrimônio cultural.

Turismo e patrimônio Refletir sobre a atividade turística e seu potencial de impacto com as ligações entre o patrimônio cultural, a memória social, as identidades culturais.

Para quem este curso é indicado Sociólogos ou educadores sociais Profissionais do trade de turismo ou historiadores Integrantes de movimento Social Professores do ensino básico das redes pública e privada, estudantes, profissionais dos campos da memória e do patrimônio (museus, arquivos, bibliotecas, centros de memória etc Público em geral

Afinal, o que é patrimônio? conceitos e suas trajetórias Antonio Gilberto Ramos Nogueira Vagner Silva Ramos Filho

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1. APRESENTAÇÃO

SE LIGA! Processos educativos formais (ocorrem no interior dos sistemas de ensino convencionais, como a escola) e não formais (ocorrem fora de estabelecimentos de ensino, como na família, entre grupos de amigos, em museus etc).

No módulo inicial, discutiremos os sentidos básicos de patrimônio: seus principais itinerários no âmbito das políticas culturais; as práticas para sua preservação, como o tombamento, o registro e os inventários de referências culturais; as arenas em que suas atribuições de valor encontram-se em disputa; as propostas de educação para o patrimônio, com seus desafios e possibilidades para um efetivo exercício de cidadania. Lembramos a você: mesmo que evidentemente parcial, o conteúdo apresentado contribui para abrir o debate de modo que cada um construa novos sentidos de patri-


Memória Faculdade psíquica presente em cada pessoa. Também pode ser entendida socialmente como um suporte (que armazena informações, como um livro, fotografia e música); uma prática (ato que evoca a lembrança, como a comemoração de algo ou alguém); e uma representação (imagem construída com esse ato).

mônio. Assim, a ideia é fomentar a expansão das redes de colaboração, atuação e intervenção que circundam o tema do patrimônio cultural. Você está curioso? Pode ter a certeza de que nós oferecemos o melhor. Inscreva-se no curso, convide seus amigos, compartilhe essa ideia. Vamos começar? cursos.fdr.org.br

além da simples nostalgia, significa interrogá-los em prol de um passado e um futuro sempre em construção, de modo justo, democrático e ético.

Inscreva-se e continue o Curso Mediadores de Educação para Patrimônio

PARA REFLETIR Antes de continuar esta leitura, pense: se um turista perguntasse hoje para você quais os importantes patrimônios culturais do seu estado, de sua cidade ou de seu bairro, o que você responderia? Anote suas respostas. Guarde-as até o final deste conteúdo. Depois, continue seus estudos.

2. SENTIDOS DO PATRIMÔNIO (...) “Por “lugar” não designam um ponto no espaço, mas um ponto no tempo. Não é nostalgia, é quase saudade. Um olhar para trás de banda de olho. (Cidadão Instigado, relise do álbum Fortaleza, 2015). As palavras em torno do álbum Fortaleza, produzido pela banda Cidadão Instigado, bem podem ser uma partida para pensar os sentidos presentes no âmbito dos patrimônios que nos cercam, marcam e demarcam. Não somente como um ponto no espaço a ser preservado da perda, mas como um ponto no tempo que ao ser valorado como patrimônio indica múltiplas vivências. O olhar carregado de suspeitas que é lançado, para

Além dos temas que eu já tinha contato serem apresentados com um outro olhar, o que possibilitou maior alargamento do conhecimento, fui introduzido a outros temas aos quais não tinha tido oportunidade de conhecer. Os professores e seus saberes, a ampla bibliografia e o material didático ricamente ilustrativo, me proporcionou ampliar horizontes, chancelando minha gratidão em ter participado deste grande curso. Obrigado! César Rodrigues Aluno A troca de informações foi de extrema relevância para a dinâmica de meu aprendizado. Somente agradecer a oportunidade é gostaria muito de ser notificado sobre novos cursos.

Identidade É a imagem de si, que construímos para si e para os outros nas interações sociais, geralmente associada ao sentimento de pertença de um indivíduo a um determinado grupo social ou nação. Particularmente, um esforço importante tem sido problematizar a construção do patrimônio cultural como prática social formadora de um campo de conflito material e simbólico no processo de institucionalização da memória-histórica de diferentes países e grupos sociais. Porque, a partir do conceito de patrimônio cultural e das políticas de preservação a ele relacionadas, é possível compreender os múltiplos sentidos e valores que nortearam a seleção dos bens culturais, de natureza material ou imaterial, nas sociedades.

Charles Rocha Aluno

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COORDENADORES: RAYMUNDO NETTO E DANIELE TORRES

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ste curso visa capacitar gestores(as), produtores(as) e trabalhadores(a) da cultura de todos os estados brasileiros, unindo consistente formação acadêmica com intensa proximidade com o mercado. Espera-se que o conteúdo do curso oferecido possibilite a capacitação e uma maior profissionalização dos indivíduos e organizações ligadas ao setor cultural e criativo (agentes culturais), bem como uma multiplicação dos projetos e empreendimentos.

 160 HORAS  4 MÓDULOS (12 fascículos)  100% A DISTÂNCIA

Objetivo Fornecer subsídios necessários para a qualificação plena e profissional dos trabalhadores e trabalhadoras da cultura, visando a geração de emprego e renda, por meio de instrumentalização sobre a melhor elaboração e execução de projetos culturais, não apenas na sua escrita, mas na sua gestão e promoção, incluindo o conhecimento básico legal, a compreensão dos mecanismos e leis de incentivo, o estímulo à inovação e conhecimento de mercado/negócios e ao cooperativismo, a captação de recursos e a prestação de contas.

Público Artistas/artesãos; produtores; técnicos (diversos); curadores; oficineiros; contadores de histórias; humoristas; fotógrafos; produtores de cinema e audiovisual; artistas plásticos; músicos/cantores; dançarinos/coreógrafos; gestores e integrantes de escolas de artes (música, dança, capoeira, teatro, moda etc.); de asso-

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ciações, academias e coletivos; de cineclubes; de circos; de centros culturais, museus e bibliotecas comunitárias afrodescendentes, indígenas, quilombolas ou não); de espaços de cultura tradicional popular; de teatros de rua, grafitagem e saraus; de ateliês e galerias de arte; entre outros. Além de professores, educadores sociais, historiadores, pesquisadores, gestores da Cultura, bibliotecários, editores (independentes ou não), servidores públicos, integrantes das organizações da Sociedade Civil (OSCs) e de movimentos comunitários e demais interessados pelo tema.

1. APRESENTAÇÃO A escrita de um projeto é como contar uma história: tem começo, meio e fim, e passa uma mensagem para um público específico, sendo que o conteúdo e gênero é você que escolhe. Pode ser história de terror, de amor e romance, ou documentário histórico, e você pode comunicá-la por meio de livro, espetáculo de dança, show de música, peça de teatro, web série, entre tantas outras possibilidades. Outro ponto importante é que a elaboração de uma ideia em forma de texto também pode ter diferentes motivações e/ou finalidades: o lançamento de um edital para sua área artística, a inscrição em uma lei de incentivo fiscal, a comemoração de 5 anos de um coletivo artístico na qual haverá um festival celebratório, um novo número circense a ser criado, a necessidade de conferir expressão a um grupo de artistas ou a um grande artesão de uma comunidade em situação de vulnerabilidade social ou somente porque esta ideia, esta história acabou de “aparecer” e agora precisa sair do mundo dos pensamentos e materializar-se em papel.

Agora, independentemente do seu porquê, está na boa elaboração de um projeto a base para o sucesso de sua posterior execução e suas chances de continuidade. E todas realizações de ideias, todas as contações de histórias, vão gerar um impacto, pois têm um propósito. As execuções de projetos devem trazer resultados, devem ter força para mudar o cenário, a realidade, devem impactar positivamente a sociedade. Com isso em mente, o nosso convite para você é o seguinte: nas próximas páginas poderá encontrar um roteiro básico, uma série de passos práticos, para poder contar a sua história, ou seja, elaborar o seu projeto, chamando-lhe a atenção para pontos específicos da sua narrativa, como a importância de escrever de forma objetiva e coerente com o contexto, e ter sempre em mente para quem você quer contar a sua história, ou seja, quem é o seu público. Claro que não existe um padrão único para escrita da sua ideia, mas o intuito do primeiro fascículo é preparar um caminho, mostrar coordenadas e dicas básicas para que seja possível seguir em frente com a elaboração de maneira equilibrada, com organização e tempo. Este é apenas um conteúdo introdutório, pois escrever projetos implica seguir estudando sobre a produção e a gestão cultural, os mecanismos de financiamento, a captação de recursos e contrapartidas, relatórios e prestação de contas, e assim por diante. Quem começa nessa área tem sempre a sede do saber, do buscar mais, de experimentar, de se qualificar sempre e, importante, de trocar ideias e estar antenado com o que os colegas, independentemente da linguagem artística, estão aprontando por aí.


O estudo e compreensão de uma parte significa a revisão e potencial melhoria do todo, e isso se aplica à escrita. Assim, retorne ao primeiro fascículo sempre que necessário, e se atente às notificações de continuidade de temas que seguirão. Desejamos a você uma ótima leitura, bons estudos e sucesso, pois a sua jornada começa aqui!

PARA REFLETIR Todo projeto tem que apresentar os resultados esperados, ou seja, os benefícios concretos após a sua realização. Esses resultados são consequências diretas e tangíveis das atividades de seu projeto e são relacionados diretamente a seus objetivos específicos.

2. O QUE SÃO PROJETOS Diferentes autores sugerem que a palavra projeto deriva do latim projectus, que significa “projetar para frente, lançar para frente”. Em Aurélio, encontramos que é “a ideia que se forma de executar algo no futuro, um plano, um empreendimento”. É possível definir que projetos são instrumentos técnicos, pensados para ter começo, meio e fim, e que são a projeção de ações que devem acontecer em um tempo futuro. São ideias que serão executadas a partir de um ponto de vista, cumprirão com objetivos em um prazo determinado, e que, portanto, tem um custo específico. O projeto é uma ferramenta de comunicação da sua ideia a se realizar, é uma maneira de contar sua ideia mostrando ao leitor da sua história como e por que você pretende colocá-la em prática. Assim, a elaboração de planos futuros não é algo apenas do mercado (ou indústria) cultural, mas, sim, das mais diversas indústrias, como a automobilística, que pode desenvolver um projeto de um carro elétrico; da indústria farmacêutica, que pode ter a ideia de pesquisar um novo medicamento

para doenças cardíacas; da construção civil, que pretende construir um prédio energeticamente autossustentável etc. O que todas essas indústrias têm em comum é o intuito de comunicar uma ideia de um empreendimento futuro, um planejamento de algo que se busca realizar. Projetar ideias para o futuro e pretender que elas se realizem é algo inerente ao ser humano, que encontrou na forma de projetos a condição de comunicar essas ideias. Há uma nomenclatura referente à escrita no mercado cultural de leis de incentivo, editais e prêmios que normalmente se repete. São as palavras: objetivos, justificativa, cronograma, ficha técnica, orçamento, público-alvo e contrapartidas. Isso, porque para traçar o “começo, meio, fim” da ideia (a sua história) a ser executada existe uma organização, um roteiro. E esse roteiro quer respostas às seguintes perguntas: O que será realizado? Quando acontecerá? Quem são os responsáveis pela execução? Quanto custa realizar essa ideia? Que tipo de benefícios a concretização dessa ideia oferecerá para as pessoas e para a sociedade? Saber que existe um roteiro básico de perguntas que cria uma organização da sua ideia é o 1º passo da escrita, e a palavra-chave aqui é organização.

PARA REFLETIR Não existe modelo único de projeto cultural. Os projetos, conforme diversos fatores ou fins, dependerão de muitos aspectos, entre eles, do produto, do serviço ou do bem a ser produzido, além de seu tamanho, extensão, complexidade e do público que será beneficiado por ele. Bom mesmo é você aprender o conceito, pois assim estará preparado para preencher qualquer formulário, independentemente de sua origem. Por isso, estamos aqui.

PARA REFLETIR Você já elaborou um projeto alguma vez? Se sim, faça o teste: leia o texto de seu projeto e veja se nele você respondeu às perguntas do roteiro: O que será realizado? Quando acontecerá? Quem executará? Quanto custa? Quem serão os beneficiados?

SAIBA MAIS A Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo difere Proposta de Projeto Cultural. Para que você, usuário e proponente, possa receber os benefícios da Lei Federal de Incentivo à Cultura, deverá apresentar uma proposta cultural. Ela será encaminhada para a fase de admissibilidade e poderá receber diligências solicitando esclarecimentos sobre ela. Apenas quando essa fase é concluída e sua proposta receber o número de registro no Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), é que ela é convertida em projeto cultural.

Inscreva-se e continue o Curso Capacitação de Agentes Culturais: Estratégias de cultura e arte para o futuro

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SALA DE AULA DIGITAL AUTOR: PROF. JOÃO PAULO GURGEL

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O que você vai aprender com este curso? • Desenvolver a habilidade de produzir vídeo aulas. • Aprender técnicas de oratória de alto impacto.

Existe uma grande oportunidade para você produzir cursos online e vendê-los na internet. Muitos já estão fazendo isso e se você não está, pode estar ficando para trás.

• Dominar a arte de fazer apresentações que encantam os alunos. • Eliminar o medo e a timidez diante das câmeras. • Comunicar-se com técnicas usadas pelos maiores palestrantes da atualidade. • Descobrir todas as ferramentas para transformar suas páginas comuns em extraordinárias. • Produzir cursos online de alto valor para a internet. • Desenvolver técnicas, postura e habilidades de oratória para apresentações, vídeos, palestras, reuniões e conferências.

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O Método Professor Digital foi desenvolvido de professor para professor, oferecendo todas as habilidades necessárias para dominar a produção de conteúdo para a internet e transformá-la em uma fonte significativa de renda.

Por que produzir para a internet? Os professores já sabem que há muito tempo alguns conteúdos são disponibilizados online. Algumas escolas e alunos têm acesso a portais de educação, certo? Começou com bancos de questões, exercícios, resumos de aulas e explicações breves, até animações explicativas. Atualmente, com a internet disponível 24 horas por dia na vida dos alunos, onde praticamente tudo está acessível via celular, o professor tornou-se a estrela principal da aula. Mesmo que recursos audiovisuais sejam fornecidos por portais externos à escola, os alunos desejam a presença do professor.

Os alunos de hoje convivem com a tecnologia, carregam seus celulares, dormem com eles; ou seja, faz parte de suas vidas. Eles seguem canais, youtubers, pessoas influentes e artistas admirados. Se todos eles estão online, por que o professor não deveria estar também? Entretanto, isso não significa que o professor deva abandonar a sala de aula presencial. Este curso existe para ser uma ferramenta que auxilia o professor a produzir suas aulas, compreender o processo de criação de aulas no meio digital, criar conteúdo, planejar aulas, enfrentar uma câmera, interagir com o aluno e, sobretudo, diminuir a distância e fortalecer o vínculo com o estudante por meio do vídeo. Com este curso, você descobrirá e dominará técnicas para se aproximar cada vez mais dos seus alunos e exercer com maestria o papel de professor.

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