Catalogo Edições Democrito Rocha

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LEITURAS PARA UM PRESENTE COMUM


EXPEDIENTE FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente

EDITORIAL Leituras para um Presente Comum

Luciana Dummar Diretor Administrativo-Financeiro

André Avelino de Azevedo Gerente-Geral

Marcos Tardin Gerente Editorial

Lia Leite

Gerente de Marketing e Design

Andréa Araújo Designers

Kamilla Damasceno e Welton Travassos Social Media

Letícia Frota Analista de Marketing

Henri Dias

Gerente de Audiovisual

Chico Marinho

Gerente de Projetos

Raymundo Netto Analistas de Projetos

Aurelino Freitas e Fabrícia Góis Analista de Contas

Narcez Bessa

CADERNO ESPECIAL EDR Coordenação editorial: Paula Lima Textos: Letícia do Vale e Lucas Casemiro

único momento em que podemos agir é agora. Portanto, ao refletirmos sobre o trabalho com livros que contemplam leituras de um mundo comum, ou seja, a vida em comunidade, O POVO, o tempo correspondente só pode ser o presente. Contemplamos a maravilhosa estrada percorrida ao longo de 35 anos e as diversas possibilidades para a linguagem dos metaversos à frente, mas nossos pés estão firmemente ancorados no presente. Estamos focados nos trabalhos editoriais que podem continuar beneficiando a cultura e a educação brasileira por meio da leitura. Nestes cadernos, reunimos entrevistas que narram a trajetória da editora, como a voz da presidente da Fundação Demócrito Rocha, Luciana Dummar. Preservamos a memória de editoras que deixaram sua marca na história da casa, como Albanisa Dummar e Regina Ribeiro. Destacamos publicações importantes, como a coleção Terra Bárbara e o Anuário do Ceará. Apresentamos também os olhares perspicazes de escritores e escritoras, além das bandeiras das Edições Demócrito Rocha, que indicam e posicionam os rumos da editora. Por fim, os artigos das escritoras e pesquisadoras Brenda Marques Pena, Vanessa Passos e Valéria Hernandorena confirmam e demonstram a relevância e a força do livro para a sociedade brasileira.

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Lia Leite Gerente editorial das Edições Demócrito Rocha

Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6006 - 3255.6276 fdr.org.br fundacao@fdr.org.br

3 Livros para a informação e o afeto 4 35 anos de histórias, pioneirismo e reinvenção 6 Sob os olhares dos escritores 9 Guardiã da memória cearense 11 O Ceará no centro do mundo 13 Fome de palavra 14 Livros e infância: percursos possíveis 15 Leitura como Pilar do Desenvolvimento

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Fundação Demócrito Rocha

SUMÁRIO

Todos os direitos desta edição reservados à:


Luciana Dummar, Presidente da Fundação Demócrito Rocha (FDR)

Livros para a Informação e o Afeto EDR - Comemorando três décadas e meia em 2023, as EDR têm um histórico rico e diversificado. Como a empresa planeja celebrar essa trajetória e, ao mesmo tempo, olhar para o futuro do mercado editorial? Luciana Dummar - Como um braço editorial da Fundação Demócrito Rocha e com mais de 500 títulos em seu catálogo em diversos gêneros e várias áreas do conhecimento, temos muito o que celebrar nestas décadas. Fizemos muito até aqui, ressaltando autores locais, projetando talentos e estimulando a leitura. Mais do que isso: temos muito a produzir. O mercado editorial é um espaço amplo e rico que nos permite conectarmos com as pessoas com informação e afeto. E isso temos feito com maestria. EDR - Qual é a importância das Edições Demócrito Rocha para o Ceará? LD - Ao incentivar a produção literária e consequentemente a leitura, produzimos constantemente um legado literário e de acesso ao conhecimento no nosso Estado. Reconhecemos autores já consagrados e promovemos outros até então menos conhecidos. Isso já é muito, mas não se restringe ao Ce-

ará. Sabemos que os livros das Edições Demócrito Rocha alcançam todo o País, porque são feitos com qualidade, por uma equipe comprometida e competente. EDR - Ao longo dos 35 anos, as EDR demonstraram um compromisso com a educação, como evidenciado por sua participação em programas governamentais. Como a senhora vê o papel da literatura na formação educacional e cultural da sociedade? LD - É a educação que transforma este País. É a educação que eleva o Ceará a uma categoria de excelência diante dos demais estados, destacando nossos alunos e ressaltando o trabalho dos nossos professores. A literatura, como termômetro de uma conjuntura social, econômica e política, é um instrumento capaz de formar opiniões críticas e levar à reflexão. Esse é um dos principais objetivos dos livros que produzimos nas Edições Demócrito Rocha. Estamos certos de que somos responsáveis por incentivar e valorizar a educação no nosso Estado. EDR - O reconhecimento das Edições Demócrito Rocha é evidente por meio de prêmios prestigiosos e programas de adoção de li-

vros. Como as EDR mantêm a qualidade e a relevância de seu catálogo em um mercado editorial em constante evolução? LD - Por meio de pesquisas constantes de mercado, de buscas de autores que dialoguem de forma responsável com o público e, sobretudo, de profissionais talentosos e atualizados que fazem as Edições Demócrito Rocha. São eles os principais responsáveis por associar texto, imagem e forma com habilidade, conhecimento e modernidade, sem perder a qualidade. Meu respeito e minha admiração por todos que fazem as EDR. EDR - Considerando a tradição e a credibilidade de 35 anos no mercado editorial, como as EDR abordam a responsabilidade social? LD - A democratização do acesso ao livro, por meio de constantes promoções, é um caminho para viabilizar que o material chegue a cada vez mais pessoas. Como negócio, precisamos manter os valores para custear todo o processo. Como responsabilidade social, estamos sempre atentos a novas formas de promover o acesso ao livro, promovendo a leitura e incentivando a educação.

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35 Anos de histórias, pioneirismo e reinvenção ANIVERSÁRIO DAS EDIÇÕES DEMÓCRITO ROCHA MARCA A TRAJETÓRIA DE DESAFIOS E SUPERAÇÕES DA EDITORA QUE INOVOU AO DIVULGAR O CEARÁ AO MUNDO

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a altura 282 da Avenida Aguanambi, em Fortaleza, situam-se as EDR, uma sigla que se escreve, se lê e se constrói no plural, em referência às Edições Demócrito Rocha. Em três décadas e meia de existência completadas em 2023, é ali que a editora de livros faz história. Contada seja nas variadas categorias, formatos e gêneros das publicações que compõem seu catálogo; ou no pioneirismo em áreas estratégicas do mercado editorial, ou ainda nos momentos-chave de reinvenção que precisou atravessar ao longo do tempo, o que fica, em essência, é a expansão da cultura do Ceará, com o lançamento de livros que dialogam com o Nordeste, com o Brasil e com o mundo inteiro. “De alguma forma, as Edições Demócrito Rocha têm esse papel importante aqui no Ceará, de ter descoberto, inclusive, profissionais criativos da cadeia do livro. A editora é ativa em participação de editais nacionais com livros escolhidos e que fazem parte do acervo de bibliotecas de muitas escolas Brasil afora”, diz Regina Ribeiro, ex-editora-executiva das EDR. Estabelecida como um selo editorial vinculado à Fundação Demócrito Rocha (FDR), as EDR foram, com o tempo, descobrindo o seu lugar no mercado editorial. “Procuramos nos situar no Brasil junto a editoras vinculadas às universidades, fundações de institutos sem fins lucrativos”, conta Albanisa Dummar, a mulher que sugeriu ao então presidente da FDR, Demócrito Dummar, a criação das EDR. De lá para cá, o selo editorial já lançou quase 600 títulos.

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Albanisa Dummar, ex-diretora executiva da FDR.

Mas se hoje impera a perenidade de ações bem-sucedidas, a história da editora nem sempre foi assim, tranquila. Albanisa Dummar, à época diretora-executiva da FDR, destaca o risco do negócio estar localizado distante do eixo sudeste do País, onde a maioria das editoras estão localizadas. “Uma

editora requer muito foco e você não sobrevive se não for em direção ao profissionalismo”, explica. Ela conta que o gargalo inicial – e que ainda resiste –, é o da distribuição. A estratégia inicial foi se filiar à Associação Brasileira de Editoras Universitárias (Abeu) e estabelecer parcerias com outras editoras também livreiras, que mantinham lojas de vendas diretas ao leitor, lembra Ao mesmo tempo, as Edições Demócrito Rocha buscavam preencher lacunas que as editoras universitárias não preenchiam, uma vez que a produção acadêmica é muito maior do que as editoras universitárias podiam atender. A ideia era favorecer a publicização de teses acadêmicas reescritas, acessíveis a um maior público leitor. A editora, via Fundação, proporcionou uma aproximação ainda maior do grupo O POVO com a comunidade acadêmica, em parte graças à visão do Demócrito Dummar. “Surgiram propostas de coleção de livros escrita por professores como Tião Ponte, José Borzacchiello da Silva, Irlys Barreira, César Barreira, e muitos outros tão importantes quanto os aqui citados sobre Fortaleza”, relata Albanisa.

A primeira publicação O livro “História do Ceará” inaugurou as Edições Demócrito Rocha como a primeira publicação da editora. Diferenciava-se ao oferecer uma narrativa da historiografia local


por meio de autores profundamente ligados à região. Organizado por Simone de Souza, a confiabilidade das informações é garantida pela abordagem acadêmica, servindo de fonte para entender a evolução histórica do Ceará. A releitura da obra, “Uma nova história do Ceará”, está hoje em sua 4ª edição (2007). A chegada dos didáticos e da literatura infantojuvenil Outra estratégia rumo à inovação foi dar origem a publicações diversificadas, desde obras didáticas até ficcionais, contribuindo para ampliar o acesso à história do Estado. “Imaginávamos que estudar História do Ceará apenas na universidade era privilégio de poucos, pois a escrita acadêmica se direcionava aos universitários e leitores já formados. E, até chegar lá, os menos leitores tinham acesso a apostilas mal escritas, que no lugar de criar afeto pelo lugar, o distanciavam”, relembra a ex-diretora executiva da FDR, Albanisa Dummar. Foi assim que as EDR tornaram-se marca conhecida pelo pioneirismo em privilegiar os profissionais cearenses ou radicados no Ceará, além de pioneiras na produção literária infantil e infantojuvenil no Estado. Publicações didáticas, paradidáticas, ficção, ensaios e de outros gêneros passaram então a resgatar clássicos da literatura cearense, construindo também perfis biográficos de grandes personagens locais. “Desafiamos os autores acadêmicos a escrever a história do Ceará para crianças

e fomos aprimorando, com consultorias e ilustradores que focaram em formar e cativar leitores. Nasceram então os didáticos Construindo o Ceará, Construindo Fortaleza, entre outros”, conta. Com o passar dos anos, as EDR lançaram autores que são referência nacionais e internacionais, como Tércia Montenegro, Klévisson Viana, entre tantos outros. “Nós temos muitos escritores e escritoras premiadas, que foram contemplados por prêmios como o Prêmio Jabuti. Publicamos Socorro Acioli e Ana Miranda, por exemplo. Temos a Rachel de Queiroz, que foi a primeira mulher a participar da Academia Brasileira de Letras. Temos a alegria de ter publicado Patativa do Assaré, com inúmeras congratulações e prêmios pela sua contribuição enquanto grande poeta da nossa cultura popular”, lembra Lia Leite, atual gerente editorial das EDR. A ênfase na literatura infantil fortaleceu ainda mais o legado da editora, recebendo reconhecimento e selos de qualidade, como a inclusão no Catálogo da Feira de Bolonha e o prestigiado “Altamente Recomendável” da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Uma das histórias curiosas de autores editados pelas EDR é a de Rachel de Queiroz. Um dia, a então diretora-executiva da Fundação Demócrito Rocha, Albanisa Dummar, topou com a escritora pelo jornal O POVO, quando a convidou para lançar um livro pela editora. “Foi lá e trouxe ‘O Nosso Ceará’. Publicamos”, conta Albanisa. “Quando os livros ficaram prontos, levei-os para casa da Rachel, no Leblon (Rio de Janeiro). Ela, muito linda, sentada numa cadeira de balanço, me disse: – Só vocês sabem fazer livro bem feito. Essas editoras daqui não sabem de nada! “Rimos muito desse comentário. Maravilhosa!”, lembra Albanisa Dummar.

em mente: esse livro vai poder ser lido por qualquer pessoa que tenha acesso a ele, e isso é justamente o milagre da linguagem, da arte, da escrita artística, da literatura”, opina. Para cumprir essa missão, alguns desafios continuam os mesmos, como o tamanho diminuto da comunidade de leitores do Brasil. “Para mim, o mais importante dessa relação é fazer o livro chegar ao leitor, e isso no Brasil é também um grande, imenso desafio”, diz a ex-editora-executiva das EDR. Desse modo, as EDR conseguiram inverter a logística até então existente. Hoje, autores cearenses editados pelas EDR são lidos em bibliotecas e escolas de São Paulo, Rio de Janeiro e dos estados Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do País. Esses livros participaram da formação de incontáveis brasileiros, sejam didáticos, paradidáticos ou de literatura em geral. Sempre ampliando acessos, as EDR passaram a alcançar ainda mais leitores ao construir um acervo de livros em e-book, que são comercializados por editoras e livrarias virtuais. “As EDR sempre tiveram essa preocupação de colocar o livro nas plataformas que os leitores têm interesse, e cada vez mais isso é uma realidade das EDR, como é também uma realidade do mercado editorial brasileiro”, conta.

Regina Ribeiro, foi editora-executiva das Edições Demócrito Rocha.

A inversão de uma lógica A literatura cearense não é aquela que fica entre as fronteiras do Estado, mas é aquela literatura que, embora produzida no Ceará, consegue alcançar qualquer pessoa, em qualquer lugar que os nossos livros possam chegar”, diz Regina Ribeiro. “Isso é, talvez, a coisa que tem de mais bonita em fazer um livro. É fazê-lo tendo isso

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Sob os olhares dos escritores AS EDR SÃO LEMBRADAS PELA TRADIÇÃO NO ESTADO, FUNÇÃO EDUCACIONAL E VALORIZAÇÃO DA CULTURA POR SEUS AUTORES E AUTORAS o longo de 35 anos, a Edições Demócrito Rocha (EDR) construiu uma história de tradição, reputação e credibilidade no mercado editorial, se transformando em uma referência no Estado. O catálogo de cerca de 500 títulos nos mais diversos gêneros contribui para o lazer necessário e a prática pedagógica, atendendo desde o público infantil até o adulto.

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Esse sucesso não poderia existir sem a colaboração de grandes autores cearenses, que confiam à editora não só obras, mas sonhos e ideais. A seguir, escritores da casa compartilham um pouco dessa parceria e discorrem sobre o impacto das EDR no Ceará.

Tércia Montenegro: a editora do coração cearense “As EDR são, sem dúvida, uma referência em Fortaleza nas publicações cearenses”, define a escritora Tércia Montenegro. A também professora salienta o trabalho de resgate feito pela editora com obras de importantes autores do Estado. “Lembro o caso de Juarez Barroso, que teve a obra reunida e publicada pela Demócrito Rocha. Antes dessa publicação era muito difícil encontrar os livros dele, e as EDR criaram essa acessibilidade”, descreve. Além disso, Tércia cita como autores contemporâneos podem encontrar nas EDR a possibilidade de começar a carreira com uma editora de seriedade, profissionalismo, qualidade marcante e distribuição regional. A primeira obra da professora publicada pelas EDR foi o livro de contos “O Vendedor de Judas”. Em seguida vieram o livro infanto-juvenil “Rachel: o mundo por escrito”, biografia de Rachel de Queiroz feita no formato de diário; e o livro de crônicas “Os Espantos”. “É uma editora que está no coração do cearense, e esperamos que siga por muitas décadas. Tenho muito orgulho de ter livros nesse catálogo”, evidencia.

Fabiano Piúba: literatura também é conhecimento Com um conjunto de obras publicadas pelas EDR, o escritor e Secretário de Formação, Livro e Leitura do Ministério da Cultura (MinC), Fabiano Piúba, destaca a honra que teve de participar da “Coleção Terra Mágica”, que reuniu diversos escritores e artistas visuais. O objetivo da série de publicações era falar sobre o Ceará para crianças e jovens do Estado, de maneira cultural e educacional. Na visão de Fabiano, a coleção é fundamental para valorizar a literatura relacionada ao povo e à diversidade cultural e territorial do Ceará.

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Fabiano Piúba, autor de “Patativa do Assaré: o poeta passarinho” e “As Cores de Bandeira”.

Outro livro de Fabiano publicado pela editora foi o “Patativa do Assaré: o poeta passarinho”, produzido com ilustrações de Marisa Viana. A ideia da pequena biografia é fazer uma ponte para que crianças possam chegar ao conjunto de obras do poeta cearense. O escritor ressalta, ainda, os títulos infantojuvenis “As Cores de Bandeira”, que homenageia o pintor brasileiro Antônio Bandeira, e “A Noite e o Maracatu”.

Klevisson Viana: um catálogo com nosso sotaque A relação de Klevisson Viana com as EDR é de longa data. Antes de ter obras publicadas pela editora, o escritor, poeta e ilustrador trabalhou por cinco anos no Jornal O POVO. Atuando como autor há 36 anos, Klevisson ressalta a tradição das EDR no Estado e a contribuição da editora na divulgação de diversos gêneros literários. Algumas de suas obras publicadas pelas EDR são “ABC da Natureza”, que apresenta a função e importância de vários elementos do meio ambiente em um gênero poético; “João e o Pé de Feijão”, adaptação do clássico da literatura infantil em cordel; “A Princesa Encantada de Jericoacoara” e “O Tesouro da

Klevisson Viana, autor de “ABC da Natureza” “O Tesouro da Felicidade” e “A Princesa Encantada de Jericoacoara”.

Marília Lovatel, autora de “A memória das coisas”e “Coração de Mosaico”.

"As Edições Demócrito Felicidade”, livros infantojuvenis que contam histórias de fantasia e aventura. Rocha promovem para o “As Edições Demócrito Rocha têm uma pegada, um sotaque todo nosso, uma Estado e para o Brasil um maneira de enxergar o mundo pelo prisma valor político-institucional cearense. Então é interessante estar em uma casa editorial com um perfil que agrega a muito importante. Foi cultura do Ceará no catálogo, e é por essa rauma grande felicidade ter zão que essa parceria tem contribuído muito para o meu trabalho”, salienta o autor. minhas obras publicadas pela Demócrito Rocha, que tem tido um papel relevante Marília Lovatel: oportunidade que no desenvolvimento e transcende autores locais na difusão da produção “A memória das coisas” foi a primeira de quatro acadêmica e literária publicações de Marília Lovatel pelas EDR, em 2015. Para a escritora, foi emocionante ser rececearense” bida em uma editora onde era possível sentir a FABIANO PIÚBA

presença de Rachel de Queiroz, sua maior inspiração, nas paredes e estantes do ambiente. Além disso, participar do processo editorial com profissionais como Regina Ribeiro, Raymundo Netto, Sergio Falcão, e artistas como Kalrson Gracie, Rafael Limaverde e demais ilustradores tornou tudo ainda mais especial.

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“Ao longo de 35 anos, as EDR tem sido importante referência no mercado editorial, com um selo que chancela o que publica e aumenta a visibilidade nas páginas do jornal O POVO. Sou muito feliz nessa casa”, destaca. Para ela, a longevidade da editora em meio ao cenário nacional, por si só, é motivo de comemoração. Ela classifica as EDR como uma instituição de fomento à leitura, à produção literária e à transformação social, com um catálogo de ampla diversidade de gêneros, temas e obras que abraçam o público infantil e juvenil. “Cada autor que ganha voz e vê seu livro chegar ao leitor ajuda a enriquecer o mosaico da nossa cultura. E, no caso das EDR, a valorização transcende uma oportunidade aos narradores e poetas locais para alçá-los a escritores brasileiros”, declara.

Ana Miranda: editoras são heroínas no Brasi “As editoras são a garrafa em que os escritores enviam suas mensagens pelos mares a destinos desconhecidos”, define Ana Miranda. E é por meio das EDR que obras da escritora têm alcançado o público. Uma delas é a peça de teatro infantil “Como nasceu o Ceará”. “Ela ganhou uma edição muito linda e me traz imensas alegrias quando fico sabendo que em alguma escola no sertão ou nas cidades foi feita a montagem da peça. Fico imaginando as crianças a declamar os versos que contam um pouco de nossa história. Sinto-me realizada”, reflete Ana. Outro trabalho da autora publicado pela Demócrito Rocha é “Histórias contadas pelo vento”, coletânea de crônicas escritas por Ana para o jornal O POVO. Além de transmitir as mensagens da escritora para a região, a EDR também impactou a profissional. Segundo Ana, foi por meio de livros da editora que ela pôde conhecer grande parte dos autores cearenses. “As editoras são um dos mais importantes eixos do sistema literário, e ser editor no Brasil é quase um ato de heroísmo, sobretudo as pequenas editoras. Sem elas não haveria livros, e a Demócrito Rocha tem grande importância na produção literária do Ceará”, declara.

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Ana Miranda, autora de “Histórias contadas pelo vento” e “Como nasceu o Ceará”.

“As editoras são um dos mais importantes eixos do sistema literário, e ser editor no Brasil é quase um ato de heroísmo” ANA MIRANDA


Guardiã da memória cearense CONHEÇA AS BANDEIRAS DEFENDIDAS PELAS EDIÇÕES DEMÓCRITO ROCHA

brangendo desde a democratização do acesso à leitura à valorização da diversidade cultural, as ações e escolhas editoriais das Edições Demócrito Rocha (EDR) são orientadas pelas chamadas bandeiras – uma série de princípios, valores ou causas que a editora defende e promove enquanto pilares fundamentais de sua existência. Uma delas é o posicionamento enquanto guardiã da memória cearense, valorizando não só a cultura local, como todas as pessoas envolvidas na cadeia produtiva de suas pu-

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blicações. Esse olhar das EDR, atento para a identidade e história do povo cearense, contribui para o resgate e revitalização da memória, tornando-a viva e presente em cada página de seus livros. As bandeiras, longe de conceitos isolados, são fios que se entrecruzam, formando um tecido coeso e robusto que molda a identidade das EDR e refletem seu compromisso com valores que se complementam e se fortalecem. A seguir, confira cada uma das bandeiras das Edições Demócrito Rocha.

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As bandeiras da EDR

concebidos considerando o impacto subjetivo e social das pessoas envolvidas na cadeia produtiva das publicações. “O cenário geral brasileiro não é otimista, mas a nossa missão é resistir e ir cuidando das pessoas nesse caminho”. O cuidado transcende para o desenvolvimento de conteúdos que promovem autoconhecimento e reconhecimento integral, abordando aspectos físicos, mentais e espirituais. Além disso, as EDR oferecem obras dedicadas à saúde mental, incluindo psicanálise, terapias holísticas e arteterapia. “Um ponto muito importante dentro das EDR é considerar leitores enquanto sujeitos. Sujeitos que devem ser abraçados nas suas necessidades sociais, culturais, mas também espirituais, afetivas e esse tipo de cuidado, de acolhimento, você também encontra dentro do nosso acervo”, diz a gerente editorial.

Democratização. As Edições Demócrito Rocha têm como compromisso a democratização do acesso ao livro, da leitura e da literatura, visando fortalecer a educação e a cultura brasileira, em especial a cearense. Com ações de acesso durante todo o ano, essa missão se manifesta na busca por preços reduzidos nas publicações, que são mais acessíveis, e nos esforços para colocar seus livros nas escolas públicas. “Na realidade brasileira, a escola ainda é o espaço mais estruturado para a maioria das pessoas desenvolverem a cultura leitora. Então nós temos um olhar cuidadoso em relação à educação e à nossa contribuição na sociedade enquanto agentes de impacto social.”, diz Lia Leite. Pluralidade. O direcionamento para as narrativas e poéticas diversas, demonstram a pluralidade de vozes, de linguagens e de leitores, formando um dos pilares da bandeira de defesa da democratização do acesso ao livro. As publicações das EDR incluem, por exemplo, as poéticas do sertão; a ficção de autoria feminina; ensaios sociais sobre o feminismo negro; ensaios sobre a cultura popular nordestina, narrativas da tradição indígena, como as dos Tremembé, entre muitos outros. Valorização da cultura local. Valorizando a voz do povo cearense, as EDR busca não apenas facilitar o acesso ao livro, mas fazer uso de uma linguagem democrática que ressoe, represente e gere identificação com a comunidade. “Nós deslocamos a produção literária do eixo sul-sudeste, e contribuímos para a resistência a um hegemonia que é a raiz de muita desigualdade em nosso país”. Esta abordagem se estende à valorização dos escritores locais, contribuindo para a representatividade cultural. “A linguagem, o conteúdo desse livro também tem que ser democrático, tem que falar a linguagem desse povo. Então nós estamos sempre valorizando os escritores e escritoras da nossa terra, que falam da nossa gente para todo mundo”, informa Lia Leite. Cuidado. Dentro desse movimento, surge a bandeira do cuidado. Os textos são

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Um futuro ainda mais acessível Os planos das Edições Demócrito Rocha para 2024 estão focados no fortalecimento dessas bandeiras, antecipa Lia Leite, gerente editorial das EDR. Isso solidifica a posição desse selo editorial como uma organização comprometida com o benefício da sociedade através da cultura e da literatura. Nesse sentido, a agenda está ligada a eventos e projetos editoriais voltados à culturas e à oralidade. A acessibilidade ganhará foco, com programas e projetos de audiolivros para o público cego, além de versões em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e acessibilidade de textos em braille. “Nós já estamos escrevendo projetos editoriais que, de saída, já pensam na publicação concomitante de versões acessíveis às várias linguagens dentro das demandas dos nossos múltiplos leitores. Então, democracia e inclusão são temas debatidos diariamente dentro da Editora e decisivos dentro das nossas escolhas editoriais”, adianta Lia Leite.

Presentificação da memória. As EDR assumem o papel de guardiãs da memória, não apenas como algo do passado, mas como um elemento vivo e presente na identidade individual e coletiva do povo cearense. O resgate de publicações relevantes na história da literatura brasileira produzida no Ceará e a reedição de obras emblemáticas no contexto nordestino, são ações basilares das suas linhas editoriais. “As EDR são um espaço em que a literatura valoriza a memória, a vida, em que a linguagem valoriza a gente – e a nossa gente”, reforça Lia. Valorização da arte e da liberdade. Essa bandeira parte do princípio de que nem toda leitura precisa ter um compromisso estrito, mas destina-se a ampliação das experiências sensíveis. “Às vezes, tudo o que um livro proporciona é o prazer da leitura. Esse prazer que a arte pode proporcionar, além de qualquer sentido utilitarista, é essencial para o bem viver”, diz Lia Leite. É aí que a excelência artística entra como elemento que origina livros destinados a oferecer o verdadeiro prazer da leitura. “O fato de muitos de nossos autores e autoras serem agraciados por prêmios nacionais de altas exigências em critérios estéticos demonstram que a valorização do fazer literário e da liberdade artística também são bandeiras das EDR”, justifica.


O Ceará no centro do mundo nuário do Ceará e Coleção Terra Bárbara Premium, duas das publicações mais longevas das EDR, são referência de pesquisa e memória do Estado As Edições Demócrito Rocha (EDR), ao dispor em seu portfólio de publicações que priorizam o Ceará, valorizam a cultura local ao contribuir para a produção de conhecimentos relevantes e confiáveis sobre o Estado. Isso é, de alguma maneira, colocar o Ceará no centro do mundo do nosso povo. Não por acaso, a valorização da cultura cearense é içada como uma bandeira defendida pelas EDR. Nesse contexto, duas publicações se destacam como verdadeiras odes ao Ceará. A primeira é o volumoso Anuário do Ceará, a mais antiga publicação impressa em circulação no Estado – também o mais completo guia sobre o Ceará. Dividido em 14 capítulos e totalizando 680 páginas na última edição (2023-2024), o Anuário reúne informações sobre os 184 municípios cearenses, apresentando estatísticas, gráficos e tabelas que, como sugere o próprio título, são anualmente atualizadas. A publicação destaca-se como uma ferramenta de compreensão do contexto local, trazendo também um ranking das marcas mais lembradas pelos cearenses na pesquisa Anuário-Datafolha Top of Mind. Diversos outros aspectos do Estado são ainda abordados, desde a administração política até setores econômicos, de infraestrutura e de educação superior. Destaques incluem o Índice Comparativo de Gestão Municipal (ICGM-Anuário do Ceará-Ipece) e os rankings dos parlamentares mais influentes do Ceará, oferecendo informações valiosas para a governança pública e integração entre governo e população. Jocélio Leal, editor-geral do Anuário do Ceará, lembra que a publicação se estende além do livro físico, abrangendo, seja em que plataforma for, temas relacionados a política, economia, cultura e sociedade. “Trazemos conteúdos para cada uma dessas dimensões em forma de livro, site, programas de TV e podcasts. Tudo feito em linguagem acessível e projeto gráfico funcional, amigáveis aos diferentes perfis de públicos a quem nos dirigimos”, afirma.

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Coleção Terra Bárbara utra publicação relevante é a Coleção Terra Bárbara Premium, que desempenha o importante papel de preservar a história e a cultura locais. A Coleção, ao condensar títulos de suas duas edições precedentes e acrescentar novos, é resultado de anos de esforços dedicados à representação de figuras emblemáticas na formação da identidade local. Quatorze personagens são destacados, proporcionando um panorama da cultura, costumes e história do povo cearense em áreas como economia, política, urbanismo, cultura, música e literatura. Exemplos como Bárbara de Alencar, primeira presa política do Brasil, e Francisco José do Nascimento, o abolicionista negro Dragão do Mar, ganham visibilidade em um trabalho que envolve jornalistas, historiadores, sociólogos e outros profissionais, unidos por uma identidade visual arrojada.

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“A Terra Bárbara, enquanto coleção, proporciona um panorama do que é a nossa cultura, do que são os autores e a história do povo cearense, pensando sempre que a história é feita de gente. Essa união de pessoas dá um rosto ao povo e à memória cearense”, acrescenta Lia Leite, editora de projetos das Edições Demócrito Rocha.

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Fome de palavra erta vez eu li um texto de Lygia Bojunga que dizia que livro era tijolo, casa, morada. Eu concordo com a autora, porque os livros foram os meus primeiros melhores amigos quando eu ainda era uma garota tímida que me escondia na biblioteca da escola. Foram eles que me permitiram, num primeiro momento, a sensação de habitar e existir no mundo quando eu ainda me sentia completamente inadequada. Tzvetan Todorov, linguísta e pesquisador francês, disse que a literatura é uma das artes que mais possibilita a alteridade, o se colocar no lugar do outro – tanto para quem lê quanto para quem escreve. Por essa razão, é tão importante que a literatura seja plural no que se refere a uma diversidade de personagens, histórias, linguagens. Isso a torna mais rica e diversa, menos excludente. Eu poderia dizer que a leitura estimula o raciocínio, ativa o cérebro, aumenta a imaginação, melhora o vocabulário, desenvolve o pensamento crítico, amplia criatividade, estimula a capacidade de concentração e pode ainda levar o leitor para diferentes lugares, mesmo dentro de casa, e tudo isso estaria correto. Mas eu quero contar uma história que diz muito sobre a importância do livro na formação humana. A relevância do livro e da literatura na sociedade pode não ser algo tão direto e pragmático, mas tem um valor inestimável na formação do ser humano. Nunca vou me esquecer da minha participação como autora num projeto de leitura presencial, em Porto Alegre, com jovens da escola pública. Muitos deles estavam lendo um livro completo pela primeira vez e eu tive a honra de ser A filha primitiva, o romance que eu havia escrito e publicado pela José Olympio. No momento das perguntas, uma jovem levantou a mão e disse que não tinha uma pergunta, mas um comentário a fazer. Ela queria agradecer, porque, lendo meu romance, tinha descoberto que a mãe a amava. Eu completamente confusa perguntei como e ela me respondeu que a mãe não a abraçava nem dizia que a amava, mas acordava cedo todos os dias e, antes de trabalhar, comprava o pão que ela gostava na padaria, depois deixava em cima da mesa. Assim como as personagens do livro, o afeto era demonstrado por meio da comida. Foi então que eu me dei conta de que todos nós temos fome de palavra. E é exatamente isso que o livro nos possibilita, ele nos alimenta. E a cada nova leitura, a fome só aumenta, nos tornando insaciáveis.

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Vanessa Passos, escritora premiada, professora de escrita e pós-doutora em escrita criativa

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Livros e infância: percursos possíveis faz de conta é essencial para o desenvolvimento humano. A criança naturalmente explora o que está além de si, nas brincadeiras e nos jogos físicos que permeiam seu mundo de invenções. O imaginário é um caminho para a alteridade e essa é uma porta que precisa ser aberta ainda na infância, na construção de um percurso de conhecimento fundamentado no entendimento das pluralidades, não na tomada de atalhos posteriores como pequenas ramificações daquilo que se considera via principal. A leitura continua sendo uma rota vagarosa, que possibilita uma fenda no tempo entre o que somos e o que desejamos ser. Isso porque o anseio por trajetos mais justos e solidários, menos destruidores, habita primeiro um mundo imaginativo, evidentemente por não ser o que encontramos de forma objetiva no contato com a realidade. O pensamento literário caracteriza-se, portanto, como uma forma de conhecimento fundamental para a mudança. A expressão figurativa do mundo, das coisas e das pessoas, por estabelecer-se na subjetividade, provê possibilidades de explorarmos nuances para além da automatização do real estanque nos hábitos e nas obrigações engessadas; é chave de significação do passado, interpretação do presente e projeção de futuros. Cruzar a ponte entre o palpável e o imaginado é enxergar que o nosso mundo atual não é o da estabilidade, mas da decrepitude. Com toda certeza não é isso o que queremos ofertar às crianças que estão chegando ao lodaçal ao qual chamamos herança. O todo sofre enquanto vislumbramos soluções paliativas para muito poucos. Dessa forma, a literatura não pode ser mais um escape elitista, outra nave que leva os afortunados da primeira classe a uma nova antiga possibilidade que começará a ser explorada em 3, 2, 1. A literatura deve levar ao outro e, nesse caminho, fazer perceber quem somos e, principalmente, o que não queremos mais ser. Qual literatura tem esse poder? Serão os livros que propagam preconceitos e não apenas refletem, mas amplificam desigualdades sociais, levando os leitores aos antiquados bailes dos privilegiados? É necessário ler o que nos põe em contato com o outro, justamente porque temos urgência desses saberes e não podemos mais negá-los à formação de novas gerações. Precisamos ler para nós mesmos e para as crianças a expressão das mulheres, dos africanos e dos afro-brasileiros, dos indígenas, da comunidade LGBTQIA+, de pessoas em vulnerabilidade social. Não como parte, mas como expressão de um todo, como resgate de formas de sabedoria que se fundam em um novo tipo de combustível e em um novo tipo de nave que nos leve a algo mais possível e mais humano, bem aqui.

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Fundação Demócrito Rocha

Valéria Hernandorena mestre em Literatura pela Universidade de São Paulo e professora de Literatura na Faculdade Sesc Educação de São Paulo.


Leitura como Pilar do Desenvolvimento promoção da leitura enriquece culturalmente uma sociedade e impulsiona o desenvolvimento econômico, sendo uma ferramenta crucial na formação educacional. À medida que o Brasil avança, é essencial olhar para iniciativas bem-sucedidas na América Latina e globalmente. Projetos que unem incentivo à leitura e educação apontam o caminho para sociedades mais conscientes e preparadas para o século XXI. Ler transcende a decifração de palavras; é a força propulsora que forja mentes críticas e interconectadas. Na educação, a leitura é um caminho vital para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, emocionais e sociais. Como alicerce da educação, é respaldada por teóricos que enxergam nela uma ferramenta crucial para o desenvolvimento integral dos indivíduos. O educador e filósofo brasileiro Paulo Freire destaca a leitura como compreensão crítica do mundo, enquanto o psicólogo russo Lev Vygotsky enfatiza a interação social na leitura para aprimorar a compreensão. O Brasil pode extrair lições valiosas de projetos inovadores que entrelaçam incentivo à leitura e educação pavimentando o caminho para sociedades mais instruídas, resilientes e equitativas. Países que priorizam a leitura, como Finlândia, Cuba e Singapura, alcançam altos níveis de desenvolvimento humano e econômico. Projetos como “Ler Es Mi Cuento” na Colômbia, “Ler é Viver” no Brasil e “Leer para Crecer” no México são exemplos inspiradores de como ações locais impactam positivamente.

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Desafios e Caminhos Futuros Os desafios na cultura da leitura são permanentes no Brasil O percentual de analfabetismo funcional no país em 2012 foi de 17,7% e a meta é reduzir o analfabetismo funcional a 9,8% até 2024. Comparativamente, projetos inovadores em toda a América Latina mostram que ações locais têm impacto significativo. O programa educacional “Ler é Viver” em Minas Gerais, Brasil, combate o analfabetismo funcional. Ao fornecer livros e promover a leitura, estimula crianças a ler e interpretar, com resultados mensurados por avaliações pedagógicas. O projeto “Santa Leitura” que nasceu em território brasileiro há mais de dez anos e já foi replicado nos Estados Unidos, distribui livros e promove a leitura em praças públicas. O “Leer para Crecer” no México fortalece bibliotecas infantis em comunidades marginalizadas, promovendo leitura e inclusão. Editoras como a Demócrito Rocha, com 35 anos de atividade no Ceará, desempenham papel crucial no desenvolvimento cultural e educacional. Essas iniciativas comprovam que indivíduos proficientes na leitura participam ativamente na sociedade, tomando decisões informadas. Obras literárias nutrem a imaginação e desenvolvem habilidades cognitivas superiores. A leitura é inestimável na formação acadêmica e pessoal, preparando indivíduos para enfrentar os desafios do mundo e portanto, deve sempre ser incentivada.

Brenda Marques Pena é jornalista, mestre em Estudos Literários pela UFMG e fundadora do Instituto Imersão Latina.

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