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Na passada terça-feira, 16 de maio, celebrou-se o Dia Nacional dos Cientistas! A Fábrica assinalou esta data ao longo de todo o dia, com um programa gratuito de atividades. Este dia celebra o trabalho da comunidade científica portuguesa e assinala a homenagem ao legado de José Mariano Gago.

Um exoplaneta devastado por tempestades

O instrumento GRAVITY montado no Interferómetro do Very Large Telescope (VLTI) do ESO obteve a sua primeira observação direta de um exoplaneta, utilizando interferometria ótica. Este método revelou uma atmosfera exoplanetária complexa com nuvens de ferro e silicatos no seio de uma tempestade que engloba todo o planeta. Esta técnica apresenta possibilidades únicas para caracterizar muitos dos exoplanetas que se conhecem atualmente.

Este resultado foi anunciado numa carta à revista Astronomy & Astrophysics pela Colaboração GRAVITY, na qual foram apresentadas observações do exoplaneta HR 8799e, usando interferometria ótica. Este exoplaneta foi descoberto em 2010 em órbita de uma estrela jovem de sequência principal, HR 8799e, situada a cerca de 129 anos-luz de distância da Terra na constelação do Pégaso.

Os resultados que revelam novas características do HR 8799e, necessitaram de um instrumento de muito alta resolução e sensibilidade. O GRAVITY pode usar os quatro Telescópios Principais do VLT do ESO em uníssono como se de um único telescópio enorme se tratassem, utilizando uma técnica conhecida por interferometria.

Este supertelescópio - o VLTI - coleta e separa de forma precisa a radiação emitida pela atmosfera do HR 8799e e a radiação emitida pela sua estrela progenitora.

O HR 8799e é um exoplaneta do tipo “super-Júpiter”, um mundo diferente de qualquer um dos planetas existentes no Sistema Solar, já que é mais massivo e muito mais jovem do que qualquer dos planetas que orbita o nosso Sol. Com apenas 30 milhões de anos de idade, este exoplaneta bebé é suficientemente jovem para dar aos astrónomos pistas sobre a formação de planetas e sistemas planetários.

O exoplaneta é completamente inóspito - a energia que restou da sua formação e um forte efeito de estufa fazem com que o HR 8799e apresente uma temperatura de cerca de 1000 º C à sua superfície.

Esta é a primeira vez que interferometria ótica é utilizada para revelar detalhes sobre um exoplaneta e a nova técnica deu-nos um espectro extremamente detalhado com uma qualidade sem precedentes - dez vezes mais detalhado do que observações anteriores. As medições levadas a cabo pela equipa revelaram a composição da atmosfera do HR 8799e - a qual contém algumas surpresas. A interferometria é uma técnica que permite aos astrónomos criar um supertelescópio ao combinar vários telescópios mais pequenos.

O VLTI do ESO é um telescópio interferométrico criado a partir da combinação de dois ou mais Telescópios Principais do Very Large Telescope ou dos quatro Telescópios Auxiliares da mesma infraestrutura. Como cada

Telescópio Principal tem um espelho primário de 8,2 metros de diâmetro, ao combiná-los criamos um telescópio com 25 vezes mais poder resolvente do que se tivéssemos um único telescópio a observar sozinho.

“A nossa análise mostrou que o HR 8799e tem uma atmosfera que contém muito mais monóxido de carbono do que metano - algo que não se espera do equilíbrio químico,” explica o líder da equipa Sylvestre Lacour, investigador do CNRS no Observatório de Paris - PSL e no Instituto Max Planck de Física Extraterrestre. “A melhor maneira de explicar este resultado surpreendente é com elevados ventos verticais no seio da atmosfera, os quais impedem o monóxido de carbono de reagir com o hidrogénio para formar metano.”

A equipa descobriu que a atmosfera contém igualmente nuvens de poeira de ferro e silicatos. Quando combinado com o excesso de monóxido de carbono, este facto sugere-nos que a atmosfera do HR 8799e esteja a sofrer os efeitos de uma enorme e violenta tempestade.

“As nossas observações sugerem uma bola de gás iluminada do interior, com raios de luz quente em movimento nas nuvens escuras tempestuosas,” explica Lacour. “A convecção faz movimentar as nuvens de partículas de ferro e silicatos, que se desagregam provocando chuva no interior. Este cenário mostra-nos uma atmosfera dinâmica num

exoplaneta gigante acabado de formar, onde ocorrem processos físicos e químicos altamente complexos.”

Este resultado junta-se ao já impressionante conjunto de descobertas feitas com o auxílio do GRAVITY, as quais incluem a observação de gás a espiralar com uma velocidade de 30% da velocidade da luz na região logo a seguir ao horizonte de acontecimentos do buraco negro supermassivo que se situa no Centro Galáctico. Este novo resultado adiciona mais uma maneira de observar exoplanetas ao já extenso arsenal de métodos disponíveis aos telescópios e instrumentos do ESO. Os exoplanetas têm sido observados usando muitos métodos diferentes.

Alguns destes métodos são indiretos, como o método das velocidades radiais que é usado pelo HARPS, o instrumento caçador de exoplanetas do ESO, que mede a atração que a gravidade de um planeta exerce sobre a sua estrela progenitora. Os métodos diretos, tais como a técnica pioneira usada para a obtenção deste resultado, envolvem a observação do planeta propriamente dito em vez do efeito que ele exerce sobre a sua estrela.

Este novo método direto vem abrir novos caminhos a muitas outras descobertas impressionantes. ■

ESO Portugal

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ABC dos Alimentos

“O Cancro visto ao Microscópio” é uma exposição de fotografia que pretende ilustrar, através de imagens de microscopia, alguns exemplos de técnicas e modelos que os cientistas usam para estudar as diferentes capacidades funcionais adquiridas pelas células tumorais, a que se chamam Marcas do Cancro (em inglês, Hallmarks of Cancer). Surgiu no âmbito do projeto “Vamos aprender sobre Cancro” e destina-se a público em geral. Esta exposição encontra-se patente na Fábrica e tem entrada livre.

Nome comum: Araçá

Nome científico: Psidium cattleyanum

O araçá (Psidium cattleyanum), pertence à família Myrtaceae, e é uma planta endémica do Brasil, sendo popularmente conhecido como araçá-vermelho ou araçá-amarelo, recebendo também nomes como araçá-rosa, araçá do mato e araçá do campo. Embora este fruto seja nativo do Brasil, ele pode ser cultivado nas mais diversas regiões do mundo, inclusive em Portugal. No nosso país, o seu cultivo é comum na Madeira e nos Açores, onde já prospera espontaneamente.

O araçá é uma fruta pequena e redonda; quando madura, a casca pode ser vermelha, amarela ou verde, de acordo com a espécie. A parte comestível possui sabor ácido, mucilaginoso e aromático. Este fruto possui um valor energético de 62 Kcal/100 g.

Na sua composição centesimal apresenta 14,3 g de carboidratos, 5,2 g de fibras alimentares, 0,6 g de lípidos e 1,5 g de proteínas. As suas sementes oferecem altos níveis de ácidos graxos polinsaturados e presença de ácidos graxos monoinsaturados. Apresenta também na sua constituição cálcio (48 mg/100g), ferro (6,3 mg/100g), potássio (33 mg/100g) e pode conter entre quatro a sete vezes mais vitamina C que frutas cítricas. O araçá é popularmente conhecido pela sua ação hipoglicemiante, antibacteriana, anti- inflamatória e atividade no sistema nervoso central. O seu consumo, e de frutas em geral, relaciona-se com a redução de doenças crónicas devido à presença de compostos bioativos, que são substâncias derivadas do metabolismo secundário dos vegetais, tais como antocianinas, flavonoides e ácidos fenólicos.

A Fábrica vai... com o show de ciência “Física Viva”, a Vouzela.

jun

Exposição “O cancro aos olhos de um cientista”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 3ª dom

Exposição Coletiva de Fotografias Científicas “O Cancro visto ao microscópio”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 3ª dom

Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2023 Rua dos Santos Mártires, 3810-171 Aveiro tel. 234 427 053 www.ua.pt/fabrica www.facebook.com/fccva fabrica.cienciaviva@ua.pt 841
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A Fábrica vai... com o show de ciência “Química por Tabela”, a Santa Cruz da Trapa. 30 mai
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mais informações em www.ua.pt/fabrica
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Creditos: NASA, ESA 01 jun
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