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Que delícia celebrar o Dia da Mãe na Fábrica! A Fábrica assinalou este dia tão especial com um programa em que mães e filhos (e pais também!) divertiram-se juntos com ciência. Precioso domingo assim!

A Fábrica Centro Ciência Viva e o Departamento de Ciências Médicas da Universidade de Aveiro coorganizam a quinta e última sessão do ciclo de conversas do Projeto “Vamos Aprender sobre Cancro” “Diagnóstico e tratamento do cancro: do convencional ao inovador” será o tema apresentado por um painel de especialistas na área, no próximo sábado, 20 de maio, pelas 15h00. Destina-se a público jovem e adulto e tem entrada livre.

mais informações em www.ua.pt/fabrica Ciência na Agenda

ABC dos Cientistas

Maria de Sousa (1939-2020)

Nascida em Lisboa, em 1939, Professora Emérita da Universidade do Porto e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), Maria de Sousa notabilizou-se pela sua brilhante carreira académica e científica, nomeadamente na sua contribuição para a definição da estrutura funcional dos órgãos que constituem o sistema imunitário.

Formou-se em Medicina em 1963, pela Faculdade de Medicina de Lisboa, começando aqui uma carreira dedicada à investigação científica, que fez História, tendo passado por países como: Inglaterra, Escócia, Estados Unidos e Portugal.

Entre outros cargos, foi Professora Assistente na Universidade de Glasgow (Escócia) e na Cornell Medical College (Nova Iorque), foi também Membro Associado e Diretora do Laboratório de Ecologia Celular no Instituto Sloan Kettering de Investigação em Cancro. Em 1984, regressa a Portugal.

Enquanto bolseira da FCG em Londres, publicou dois artigos, em 1966, em duas das mais conceituadas revistas científicas: “Journal of Experimental Medicine” e “Nature” descrevendo avanços fundamentais na área da Imunologia. Ainda em Londres fez uma grande descoberta: até 1964, pensava-se que todos os tipos de linfócitos – células do sistema imunitário fundamentais no combate a doenças e infeções – vinham do timo, glândula situada no peito, entre o esterno e o coração. Considerava-se que, depois de nascermos, os linfócitos migravam do timo e iam proliferar e amadurecer nos órgãos linfáticos periféricos, como os gânglios linfáticos e o baço. No entanto, as investigações de Maria de Sousa comprovaram que esta teoria estava errada. Ao realizar experiências em ratos, aos quais foi removido o timo logo a seguir ao nascimento, comprovou que estes continuavam, afinal, a ter linfócitos nos

órgãos linfáticos periféricos. Concluiu também que nestes órgãos linfáticos periféricos existiam espaços vazios, ou seja, havia áreas para os linfócitos que migravam do timo (os linfócitos T, Área T, como hoje é conhecida) e áreas para outro tipo de linfócitos, que estavam ocupadas por eles. Em 1971, a investigadora designou de “ecotaxis” o fenómeno de migração dos linfócitos de diferentes origens – tanto do timo como da medula óssea, onde se forma outro tipo de linfócitos – com destino a microambientes específicos nos órgãos linfáticos periféricos.

Maria de Sousa foi uma das primeiras mulheres portuguesas a ver o seu trabalho reconhecido internacionalmente. É uma fonte de inspiração, para uma nova geração de cientistas portugueses. Elogiada também pela sua excecional dimensão humana, fez um percurso vasto, e diversificado como cidadã, sempre comprometida com a vida cultural e social do país.

Foi poeta e autora de variadíssimos textos literários. Era membro do júri do Prémio Pessoa. Sem dúvida uma das Grandes Mulheres na História do nosso país, Maria de Sousa ficará para sempre ligada ao progresso da Ciência em Portugal. Faleceu, em Lisboa, a 14 de abril de 2020, ironicamente vítima de Covid-19, doença que o seu sistema imunitário não conseguiu vencer.

Vence a Mulher, o Nome, o Legado!

Escreveu, como despedida, uma bela carta de amor à vida, de que ficam alguns versos: “Antes de morrer/ Quero que saibam/ Quanto gostava de vocês/ Quanto me recordava dos momentos partilhados e estimados/ Momentos então/ Eternidade agora/ Poesia/ Riso/ Mar/ Por do Sol/ A pena que a gaivota levou para a nossa mesa/ Pequeno-almoço (…) Tudo momentos então/ Eternidade agora (…) Na vossa sobrevivência/ a esperança da minha duração”. ■

Quanto melhor for o diagnóstico de cancro, ou seja, quanto mais precoce e preciso, maior a probabilidade de sucesso do tratamento. Os avanços tecnológicos nas diferentes especialidades envolvidas no diagnóstico de cancro têm permitido a deteção de, por exemplo, alterações subtis em exames imagiológicos, dificilmente detetadas pelos nossos olhos, ou até de material genético do tumor na corrente sanguínea. A ciência tem também revolucionado os tratamentos anti-cancro, com o aparecimento de terapias personalizadas, ou seja, adaptadas às características do tumor de cada doente. Em particular, a imunoterapia é um tratamento inovador, que promove a ativação do

sistema imunitário no sentido de destruir as células tumorais. Por exemplo, a imunoterapia com células “CAR-T”, disponível em Portugal desde 2019, pressupõe a modificação genética das células imunitárias do doente. A segurança e eficácia de novos tratamentos são avaliados em estudos denominados ensaios clínicos, que contam com a participação voluntária dos doentes.

Esta rubrica surge no âmbito do Projeto de Literacia em Saúde “Vamos Aprender sobre Cancro”, um projeto do Departamento de Ciências Médicas da Universidade de Aveiro em parceria com a Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

21 mai 11h00 > 12h00

Domingo de manhã na barriga do caracol, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro.

Exposição “O cancro aos olhos de um cientista”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 3ª dom

Exposição Coletiva de Fotografias Científicas “O Cancro visto ao microscópio”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. 3ª dom

Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro 2023 Rua dos Santos Mártires, 3810-171 Aveiro tel. 234 427 053 www.ua.pt/fabrica www.facebook.com/fccva fabrica.cienciaviva@ua.pt 840
Há esperança nas novas formas de diagnóstico e tratamento do cancro?
20
21 mai
DE MANHÃ
DO CARACOL
“Diagnóstico e tratamento do cancro: do convencional ao inovador” no âmbito do Projeto “Vamos Aprender sobre Cancro”, na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro. mai 15h00 > 16h30
DOMINGO
NA BARRIGA
Foto da semana A não perder!

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