FAZENDO 6

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11 DEZEMBRO 2008 Quinta-feira Edição nº 6 | Quinzenal Agenda Cultural Faialense DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

FAZENDO Boletim do que por cá se faz.

O Natal não precisa de luz eléctrica.


#2

COISAS... compostas FICHA TÉCNICA

A cronicazinha... Por uma noção de cultura ou dos perigos das “políticas culturais” De que falamos nós quando falamos de cultura? Recorro a Vitorino Nemésio que foi pioneiro, em Portugal, do interdisciplinar: “Cultura é uma perspectiva convergente e unitária de vários ramos do saber”. Está bem presente nesta afirmação uma ideia de cultura como diálogo e confronto. Isto é, uma noção de cultura que implica cruzar saberes e campos de pesquisa. Reflectir sobre a cultura é fazê-la, construí-la, interpretá-la e torná-la viva – não é a mera ostentação de saberes. Porque em tempo de Internet, CD-Rom, imagem virtual e outras tecnologias da informação e da comunicação, o nosso conceito de cultura não pode ficar cristalizado em valores do passado. Refiro-me à cultura prestígio, erudição, “bric-a-brac” de ideias feitas, sucessão de datas e nomes para esquecer ou para lembrar apenas quando for necessário. E, quanto a mim, a questão põe-se nestes termos: queremos, de facto, que a cultura nos traga uma mudança? Ocorre-me aqui a conhecida frase do escritor Lampedusa: “É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma”, dita pelo príncipe Di

Salina no filme O leopardo. Nos tempos que correm, cultura deverá ser entendida como factor de liberdade individual e motor de desenvolvimento colectivo. O conceito novo de cultura tem a ver com o que somos e com o modo de o ser, com a forma de estar no mundo, com o sentido que trazemos da beleza e da justiça, com a maneira por que exprimimos os nossos sentimentos de alegria ou tristeza, com o que comemos e com o que vestimos, com os cuidados que prestamos ao nosso jardim ou à casa que habitamos. Uma perspectiva de cultura que tem a ver também com a paisagem que nos cerca, com os lugares que amamos ou que escolhemos para viver. Por conseguinte, uma ideia de democracia cultural que pressupõe que todos somos portadores de cultura, fazedores de cultura. É por isso que sempre desconfiei das chamadas “políticas culturais”… Os estados autoritários e as ditaduras é que costumam ter uma “política cultural”. As democracias felizmente não. Estaline tinha uma “política cultural” e através dela mandou matar todos os seus inimigos… Hitler tinha uma “política cultural” e ordenava aos artistas que exaltassem os méritos da juventude hitleriana, os malefícios do judaísmo e a supremacia do nacional-socialismo. Salazar também teve uma “política cultural” (via António Ferro); a celebrada “política do espírito”, que deu no que deu… Da “revolução cultural” chinesa é melhor nem falar…

Aqui há uns anos atrás, países como a união Soviética também tinham “políticas culturais” bem definidas: mandavam os escritores escrever sobre barragens ou sobre a necessidade de se aumentar a produção de trigo, ou sobre os triunfos espaciais soviéticos como prova da bondade do comunismo… É assim nos regimes de força. Nas democracias, quem faz a cultura são os indivíduos, de sua livre iniciativa. A cultura de uma sociedade livre não é planificada nem dirigida pelos gestores estatais, nem regionais: a cultura de uma sociedade livre e saudavelmente democrática é aquela que fazem, livremente, os seus cidadãos. Mas atenção: cultura não deve ser confundida com animação e diversão, conforme se vai vendo por aí… Por conseguinte, na minha opinião, não deve o governo ter aquela “política cultural” que as ditaduras acham essencial que se tenha. É óbvio que o governo deve apoiar a cultura, mas discretamente, sem dirigismos e sem paternalismos. Aprendamos com os erros do passado. E também com os do presente – pois que, em Portugal, continuamos a fazer da cultura uma actividade subsidiária…

Victor Rui Dores

FAZENDO Isento de registo na ERC ao abrigo da lei de imprensa 2/99 de 13 de Janeiro, art. 9º, nº2. DIRECÇÃO GERAL Jácome Armas DIRECÇÃO EDITORIAL Pedro Lucas COORDENADORES TEMÁTICOS Catarina Azevedo Luís Menezes Luís Pereira Pedro Gaspar Ricardo Serrão Rosa Dart COLABORADORES Albino Ana Correia Aurora Ribeiro Fernando Tempera Ilídia Quadrado Tomás Silva Victor Rui Dores GRAFISMO E PAGINAÇÃO Vera Goulart veragoulart.design@gmail.com ILUSTRAÇÃO CAPA Ana Correia

Gatafunhos e Mata Borrões

PROPRIEDADE Jácome Armas Pedro Lucas SEDE Rua Rogério Gonçalves, nº18, 9900-Horta PERIODICIDADE Quinzenal Tiragem_400

Tomás Silva http://ilhascook.no.sapo.pt

Chegadas, Arrivals, Arrivées... Veio porque...

Vim por causa do negócio. Esta loja já estava aberta. Era do meu marido. Também estive em Lisboa. Mas como estava grávida vim para cá que era menos trabalho. Lá mais trabalho. Só conheci o Faial em Lisboa, antes não conhecia.

Ficou porque...

Eu conheço já mais a Horta do que Lisboa. E também por causa da língua. Antes trabalhava num restaurante por isso aprendi a língua e agora cá aprendo mais rápido. Tenho duas filhas. Uma na escola e outra na ama portuguesa. Precisava de ama chinesa para aprender chinês. Muitas crianças chinesas agora não sabem falar chinês.

NOME: Shen Jian Guo IDADE: 28 ORIGEM:Wenzhou, China DATA DE CHEGADA: 7Abril2006 Até quando? P R O F I S S Ã O : C o m e r c i a n t e Se tiver negócio quero ficar sempre. CASA:Alugada

A coisa que mais gosta no Faial...

Gosto das pessoas. Porque aqui é muito parecido com a minha zona da China, que é um sítio muito pequeno e onde se conhece muitas pessoas. Em Lisboa não se conhece muitas pessoas. Pessoas daqui gostam de fazer ajuda para as outras pessoas. Conheço também os outros chineses do Faial. Somos todos da mesma zona da China, quase todos os chineses em Portugal são de Wenzhou.

IMPRESSÃO Gráfica O Telegrafo, De Maria M.C. Rosa CONTACTOS Vai.se.fazendo@gmail.com http://fazendofazendo.blogspot. com DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Aurora Ribeiro http://ilhascook.no.sapo.pt

Re-flectido


Cinema e Teatro

DESCULPA PÁ PIPOCA

A Fronteira do Amanhecer La Frontière de l’Aube Um filme Intimista, convulsivo, para quem gosta de bom cinema

Chegou recentemente às salas portuguesas o último filme de Philippe Garrel. Uma produção francesa de 2008, que teve estreia mundial em 8 de Outubro deste ano. O elenco é prometedor, conta com Louis Garrel, (filho do realizador) que já vimos em os

“Amantes Regulares” e mais recentemente em “As Canções de Amor”, Clémentine Poidatz e ainda Laura Smet, entre outros. O filme aborda de uma forma muito inteligente duas personagens, Carole uma estrela de cinema que vive sozinha porque o seu marido foi para Hollywood e abandonou-a. Há também um fotógrafo, François que vai a casa dela fazer uma reportagem para um jornal. Tornam-se amantes. A reportagem dura duas semanas, tempo em que vivem os dois no hotel. De vez em quando passam pelo apartamento dela... “Sabes, o que dizem nas canções é verdade?” Philippe Garrel, o realizador deste filme, usa frequentemente os grandes planos; rostos, o amor concentrado, as peripécias do sentimento, o ciúme, as cartas, as camas, o castigo do amor e até o choro. Para quem conhece o mestre Griffith, poder-se-á dizer que é um melodrama que está à altura dos seus filmes. Em “A Fronteira do Amanhecer”, Philippe Garrel, trabalha a aura. Será ele um cineasta da aura? Há que o afirme que sim. Garrel, neste seu último trabalho cinematográfico, mostra-nos pessoas diferentes de uma certa realidade. Pessoas que dormem e sonham e que não vivem o presente. “Nós somos as pessoas que dormem. As que fazem história são muito mais numerosas.” Há também duas mortes que o realizador quer levar para longe do espectador. O que não se quer ou não se pode dizer, não é dito, seria redundante. Uma referência especial à forma como o realizador trabalha a luz nos rostos das personagens e a forma como a voz surge em certas imagens. A abordagem do amor, os problemas da passagem de um outro amor que chama em forma de fantasma ou na fronteira da sombra, e que é conseguida de uma forma brilhante. Nota final para a excelência da fotografia de William Lubtschansky. Para quem não sabe, Lubtschansky, participou em filmes de Jean-Luc Godard e Jacques Rivette, entre outros. Uma obra poética do sobrenatural. Uma película obrigatória, uma das mais surpreendentes estreias dos últimos tempos feitas em Portugal. Luís Pereira

Já foi visto...

À VISTA

“Do Fundo do Coração” “Quatro Noites com Anna” “O Primeiro Choro” Uma película de Gilles de Maistre

Uma produção francesa que acabou de chegar às salas de cinema em Portugal e que fez parte da Programação da 9ª Festa do Cinema Francês. Num intervalo de 48 horas, na Terra, o destino de várias personagens reais desenrola-se e cruza-se num momento único e universal: a vinda ao mundo de uma criança. É a história deslumbrante e real de todos os primeiros gritos pela vida, aqueles que nós demos quando nascemos e que selam a nossa vinda ao mundo. Contraste de terras, contraste de povos, contraste de culturas para a mais bela e insólita das viagens. O nascimento, no grande ecrã, à escala planetária. Mais informação em www.disney.fr/FilmsDisney/lepremiercri L.P.

Uma película de Gilles de Maistre

Uma produção Franca-Polaca, que abriu a Quinzena dos Realizadores na mais recente edição do festival de Cannes e marca também o regresso à realização de Jerzy Skolimowski que já não rodava um filme à 20 anos. Trata-se de um drama com traços de thriller: Léon Okrasa trabalha no crematório de um hospital, numa pequena cidade da Polónia. No passado foi testemunha de uma brutal violação. A vítima, Anna, é uma jovem enfermeira que trabalha no mesmo hospital. Léon gosta de passar o tempo a espiar Anna, nas ruas durante o dia e à espreita pela janela durante a noite. Mas ele quer mais. Uma noite, esgueira-se para dentro do quarto e passa a noite sentado na cama, a olhar para Anna, iluminada apenas pelo luar. A obsessão cresce e as visitas nocturnas sucedem-se. Pouco a pouco, Léon começa a influenciar a vida de Anna - cose um botão, arranja o relógio partido, retira do frigorífico a comida estragada. Anna começa a notar que estranhas coisas acontecem. Mas até onde irá a obsessão, ou o amor, de Léon? Uma das mais tristes histórias de amor, platónicas de 2008. Para ver e instigar a curiosidade à filmografia de Jerzy Skolimowski. L.P.

Um filme de Francis Ford Coppola Todos temos os Realizado em 1982, foi o filme marcante de Francis Ford Coppola e igualmente para alguns espectadores. Com este filme, a American Zoetrope, a empresa cinematográfica de Copplola, entrou praticamente em processo de falência. Apesar de ter despertado pouco interesse no grande público, quanto a mim, será sem dúvida, a sua melhor película. Foi Inteiramente filmado em estúdio, com cenários fabulosos e iluminação artificial, conta uma história simples de amor entre Hank e Frannie, cujo romance parece estar a chegar ao fim após cinco anos de vida em comum. Os dois mergulham então numa noite interminável de sonho e fantasia numa cidade imaginária onde ninguém dorme... O ambiente é feito de luzes psicadélicas e som que faz lembrar Las Vegas. Mas no fundo, aquela cidade não existe. Tudo é artificial... A Banda Sonora foi escolhida a dedo. A música inesquecível de Tom Waits, dá pujança ao filme: Is there any way out of this dream, Old boyfriends, I beg your pardon... E é assim o cinema. Este filme é Cinema. Há sonho e muita magia. L.P.

É desta!


#4

COMICHÃO NO OUVIDO

Música

Entrevista a Carlos Guerreiro

Carlos Guerreiro é dos músicos mais influentes da música portuguesa contemporânea, não só pelo seu percurso artístico, como também pelo seu espírito inventivo e experimental na música, quer por intermédio da construção de instrumentos inovadores, quer pela própria busca incessante de novas sonoridades. É um dos mentores do grupo “Gaiteiros de Lisboa”, e esteve de novo no Faial, desta vez para compor a coordenar a parte musical da peça “E nós aqui no meio de não saber nada”, produzida pelo Teatro de Giz. Aproveitámos para falar com ele, tendo resultado esta entrevista:

Fausto - Um dia despertaste para a música ou um dia a música despertou dentro de ti? E que dia foi esse?

CARLOS GUERREIRO - A música sempre esteve muito presente na minha vida. Apesar de não haver mais músicos na família, lá em casa havia uma pequena telefonia que estava sempre ligada, e eu desde sempre gostei de cantar as cantigas da Rádio. Depois ofereceram-me uma viola quando eu passei para o 3º ano do Liceu, e a partir daí foi um caminho natural de aprendizagem e partilha com os meus colegas. Toquei em grupos de baile de Almada, mas do que eu gostava mesmo era de compor e cantar canções subversivas. Cantava em festas clandestinas as “baladas contestatárias”da época, do Adriano, do Zeca ou do Manuel Freire. Aos 16 anos estava proibido de cantar nas festas do Liceu, o que muito me orgulhava. A seguir ao 25 de Abril foi o GAC, onde tive a honra e a alegria de trabalhar com um dos meus maiores ídolos, o José Mário Branco. A partir daí tive a sorte de trabalhar com o Zeca, o Fausto, o Sérgio, o Pedro Caldeira Cabral, o Rui Veloso, a Sétima Legião, até à formação dos Gaiteiros de Lisboa, em 92.

F - Sempre tiveste vontade de criar, compor, construir, desconstruir, inventar, ou isso aconteceu depois de adquirires experiência e conhecimento na música?

CG - Mal comecei a aprender os primeiros acordes de viola, começou-me logo a apetecer compor os meus temas. Eu vivia fascinado com o fenómeno da composição. Interrogava-me bastante sobre a questão do talento. Porque é que as min-

has músicas, por mais que eu me esforçasse, nunca me soavam tão bem como as dos meus ídolos? Talvez eu tivesse a fasquia muito alta. O que é verdade é que as canções do Sérgio Godinho, do Zé Mário ou do Zeca eram tão simples e tão belas, que não parecia que eles fizessem algum esforço para as compor. Mais tarde vim a trabalhar com eles, e percebi que era talento mesmo. E isso é algo que uns têm e outros não... Até à criação dos Gaiteiros de Lisboa, não compus muita coisa. Para alem de dois ou três temas para o GAC (1975/1978), compunha esporadicamente algumas coisas envergonhadas que ia guardando na gaveta. Simultaneamente estava a fazer o meu curso de Educação pela Arte, no Conservatório de Lisboa, onde comecei a interessar-me a sério pela construção de objectos sonoros, pela produção de som e pelas fontes sonoras elementares. Enquanto isso, fui-me interessando cada vez mais pela música tradicional, com tudo o que ela implicava, fosse a nível melódico, poético ou instrumental, bem como do seu contexto etnográfico. As recolhas do Michel Giacometti foram determinantes para a minha formação enquanto músico, enquanto que o livro “Instrumentos Musicais Populares Portugueses” de Ernesto Veiga de Oliveira também o foi, na parte que diz respeito ao conhecimento do panorama instrumental do país. Foi também determinante o contacto que fui mantendo com Ernesto Veiga de Oliveira e Benjamim Pereira no Museu de Etnologia, com quem colaborei pontualmente em alguns projectos sobre música tradicional. Estes contactos, que se mantiveram com alguma intensidade entre 75 e 79 foram fundamentais para o meu conhecimento da cultura tradicional portuguesa. Foi a partir dessa altura que me comecei a interessar pela construção de flautas de cana. Primeiro na Juventude Musical Portuguesa com uma senhora chamada Matilde Taveira Santos, uma ilustre desconhecida que, pela sua força e entusiasmo conseguiu ser uma personagem fundamental na formação de muitos músicos da minha geração, que começávamos por construir flautas de bambu, e acabávamos por formar pequenos grupos em que tocávamos sobretudo repertório medieval. Mais tarde veio a construção de flautas tradicionais e instrumentos de palheta. O meu primeiro contacto com um construtor de instrumentos foi em Vila Franca do Campo, em S.Miguel. Foi com o velho e simpático construtor Miguel Charuto, já então reformado que aprendi a construir o meu primeiro cordofone: uma Viola daTerra. Em 1980 fundei em S. Miguel o grupo Rimanço, conjuntamente com Luís Bettencourt, Aníbal Raposo, José Borges de Sousa e Ana Paula Proença. Este foi verdadeiramente o meu primeiro projecto musical, aquele em que eu considero que tive um papel determinante na definição de um estilo de reinterpretação da música tradicional.

F - Como é fazer parte dos Gaiteiros de Lisboa?

CG - Posso dizer que os Gaiteiros são o grupo onde eu tenho tido a oportunidade de concretizar todos os sonhos musicais que ao longo de alguns anos tenho vindo a acumular. Para mim, os Gaiteiros não são simplesmente música. São sobretudo som. E esse som é fruto de uma certa desconstrução de valores tidos num certo momento com sagrados: A descontextualização de temas rurais, assumidos com uma estética estritamente urbana, mas com um profundo respeito por aquilo que consideramos

fundamental na sua forma mais primária, a descontextualização e transformação de alguns instrumentos tradicionais, a utilização da voz e da palavra como linguagem instrumental, a composição de temas com influências da música tradicional de outras culturas, etc. Só então compreendi que para me sentir bem num projecto musical, ele tinha que ter um estilo único, criado pela confluência das vontades de todos os seus membros, nos quais eu também me incluía. Assim, partimos todos, com a preciosa participação do José Mário Branco para um período de quase pesquisa laboratorial daquilo que viriam a ser as bases do nosso som. Para mim, esse foi o período mais rico da vida dos Gaiteiros. O período em que tudo ficou definido. Fazer parte dos Gaiteiros hoje, é tentar manter o mesmo espírito aberto e explorador do início, ter-se sempre a sensação de que ainda não se atingiu a plenitude, mas sentirmos que estamos no caminho certo para lá chegar, mesmo que nunca lá cheguemos. No fundo, creio que é a insatisfação que me move.

F - Do vasto leque de grandes músicos e compositores com quem já partilhaste sons, diz-nos um ou outro que para ti tenha sido especial ou singular.

CG - Pelo facto de nunca me ter considerado um músico profissional, já que a minha outra actividade tem sido a de professor do Ensino Especial, sempre me dei ao luxo de tocar só com quem achava que valia a pena. Tive a suprema sorte de ter trabalhado com todos os meus ídolos da música portuguesa. Acho que sobretudo tive sorte, uma vez que na altura eu não era, nem de longe, nem de perto aquilo a que se pode chamar um excelente músico (ainda hoje não sou). Havia na altura muita gente a tocar muito melhor do que eu, só que eu tinha a meu favor o facto de ser polivalente. Para alem de fazer coros também tocava cavaquinho, braguesa, violão, flautas, percussões, enfim, num periodo em que os espectáculos eram muito mal pagos, um músico polivalente representava uma importante economia de meios. Foi precisamente assim que fui tocar com o Zeca Afonso. Um dia, depois de um concerto no Teatro Maria Matos, em que participava o meu grupo da altura, o GAC, e o Zeca, ele chegou junto de nós, e dirigindo-se ao grupo, gritou: _ preciso de um gajo polivalente para fazer uma tournée por Espanha, alguém quer? E eu aceitei! Posso dizer que a forma como hoje vejo a música, bem como a estética musical que assumo, têm a ver com a formação que fui fazendo ao longo do tempo que fui tocando com diversos compositores. Considero-os sobretudo os meus mestres, e nenhum foi mais importante do que outro. Se me perguntarem ao certo o que aprendi com cada um deles, acho que não sei responder, no entanto, cada vez que entro num processo criativo sinto que é uma espécie de digestão de tudo o que tenho vindo a apreender ao longo do tempo, não apenas com eles, mas com todos os músicos que eu admiro por esse mundo fora. É evidente que, por todas as razões que não vale a pena inumerar, o Zeca Afonso ocupará sempre um lugar muito especial na minha vida. Ele foi o mestre, o amigo, o camarada solidário, o cúmplice, o confidente e, apesar de ter exactamente a idade do meu pai, nunca senti que me olhasse com paternalismo ou condescendência. O Zeca era o gajo mais despistado do mundo, mas musicalmente sabia muito bem o que queria, e sabia muito bem transmiti-lo aos músicos. (continua no próximo número do Fazendo) Fausto

Já foi ouvido...

À DESCOBERTA

MACAREU

Gaiteiros de Lisboa 2oo2

ENFANTS D’HIVER Jane Birkin 2008

É curioso que um conceito musical tão interessante quanto é o Dead Combo tenha nascido de uma casualidade. Nem mesmo Tó Trips e Pedro Gonçalves imaginavam que a coisa assumiria as proporções que hoje tem, a ponto de a crítica especializada muitas vezes os considerar como um dos projectos com maior potencial exportador da música lusa. Dead Combo é um som incomum, um misto de portugalidade nostálgica através da guitarra portuguesa, e de sabores “morriconianos” com western e blues. Guitarra, contrabaixo e genuinidade, definiram o início de um trajecto consequente a cruzar latitudes musicais, sem perder o tino e a raiz portuguesa. Lusitânia Playboys, terceiro disco da dupla, destaca-se dos anteriores sobretudo pelo cuidado nos arranjos. Se até aqui a musicalidade dos Dead Combo respiravam um minimalismo quase claustrofóbico e nascido das exóticas depressões e do cosmopolitismo da Lisboa moderna, invocando as faces menos iluminadas da alma lusa (a tal alusão pouco purista ao fado como inspiração), o novo trabalho parece apostado em dar cor aos ambientes. Não é que o disco modifique substancialmente as premissas musicais dos Dead Combo, mas sente-se nestas composições um fôlego optimista e festivo. Lusitânia Playboys está aí para provar que um pouco de boémia é o melhor expediente para afugentar sombras da alma e merece ser celebrado por isso, e por ser o melhor conjunto de composições dos Dead Combo. Essencial!

F.

Rituals expressa a busca do autor por sonoridades de jazz para além das suas fronteiras geográficas (Itália), através da presença de alguns convidados americanos como Greg Osby e Michael Pinto, assim como alguns da Europa, como Till Bronner, Timo Lassy e Teppo Makkinen. Tal como anteriormente tem caracterizado os trabalhos de Conte, este album acentua a admiração pelo jazz dos anos 60, mas confirma sobretudo o encontro bem sucedido entre a tradição e a expressão contemporânea. Nicola Conte é um dos mais consagrados músicos de jazz do panorama actual italiano, e este álbum marca, segundo os críticos, um passo largo no crescimento artístico do autor, sobretudo pelo facto de todos os textos serem da sua autoria. Recentemente Conte deu um concerto em Lisboa, o qual, segundo algumas críticas recolhidas, foi soberbo no aspecto técnico, mas algo desprovido de emoção e de calor, explorando mais a vertente laboratorial do jazz. Ainda assim, um bom disco de se ouvir, fechar os olhos, viajar, regressar, desligar e guardar, o disco na capa, e a viagem nas gavetas da mente.

Após três discos de peso, dois de inéditos (Invasões Bárbaras e Bocas do Inferno), e um gravado ao vivo no final de 2000 (Dança Chamas), Os Gaiteiros surgiram em 2002 com mais um excelente trabalho, para muitos o mais emblemático. “Macareu” era então apresentado ao vivo nesse ano, na Aula Magna em Lisboa. Neste disco o grupo experimenta novos instrumentos, como é o caso do clarinete e do Trompete e apresenta criações originais (invenções mesmo), nomeadamente os “Tubarões”, um instrumento de percussão fabricado com tubos de PVC, e o “Tambor de Cordas”, adaptado a partir de um instrumento medieval. Este último, a par da sanfona, passa a ser o segundo instrumento de cordas utilizado pelo grupo. Com letras de Carlos Guerreiro, José Salgueiro e Amélia Muge e textos musicados retirados da poesia popular e de autores como Fernando Pessoa e Alexandre O’Neil, este trabalho contou então com a participação especial de Pacman, dos Da Weasel. Grande parte dos temas de “Macareu” são originais, tendo naturalmente algumas influências na música de raiz tradicional portuguesa, e o disco foi totalmente produzido pelos Gaiteiros de Lisboa. Trata-se já de um clássico da música portuguesa, sendo de consumo obrigatório para os amantes da música em geral.

F.

F.

RITUALS

Nicola Conte 2008


Artes Plásticas

Mário Silva

PVC

no Bar do Teatro Desde o dia 1 do mês corrente que se encontram expostos nas paredes do Bar do Teatro alguns quadros do pintor Mário Alexandre Silva. Esta é a segunda exposição individual do jovem artista faialense, e a primeira fora do contexto académico. Mário Silva, apesar de desde cedo ter manifestado interesse pelo desenho, nunca pensou em ser pintor. O facto de não haver um agrupamento de artes quando transitou para o ensino secundário encaminhou-o para o curso de Gestão de Empresas, que veio mais tarde a trocar por uma licenciatura em Artes Plásticas na Universidade de Évora. Após algum trabalho como designer, o desemprego forçado leva-o a “pegar nos pincéis” novamente. O corpo humano surge como o objecto principal desta exposição, tema que sempre foi de eleição para o pintor. Em geral gosta de representar as figuras humanas de forma bastante realista contrastando com cenários mais abstractos, sendo que os corpos surgem geralmente descentralizados e bastante definidos sobre fundos etéreos e quase oníricos. Como base para os estudos de desenho e cor, e como forma de construção dos seus modelos, recorre a imagens tiradas da internet, que utiliza posteriormente em fotomontagens criadas a partir de recortes e colagens digitais. Ao nível técnico, todas as pinturas são feitas a óleo e, aparte duas telas de maiores dimensões, todos os quadros foram construídos com papel reciclado recortado e depois colado sobre contraplacado, o que lhes confere bastante textura. Esta exposição estará patente até ao dia 6 de Janeiro.

Pedro Lucas

Já foi usado...

João Correia Rebelo João Correia Rebelo era um homem de convicções. Como muitos arquitectos da sua geração acreditava que a arquitectura e o urbanismo propostos pelo Movimento Moderno haveriam de mudar o Mundo para melhor. Não concebia nem aceitava uma arquitectura que não recorresse às possibilidades técnicas e materiais do seu tempo, que não fosse a expressão inequívoca desses recursos, das funções a que se destinava, de um desígnio social. Distinguiu-se pelo modo particularmente aguerrido e intransigente com que defendeu aqueles ideais e por ter tentado fazê-lo não só através dos seus projectos mas também, caso único no Portugal dos anos 50, pela publicação de verdadeiros manifestos. Nascido em Ponta Delgada em 1923 e formado pela Escola de Belas Artes de Lisboa, João Rebelo – filho do consagrado Pintor Domingos Rebelo – estabeleceu-se na sua cidade natal após a obtenção do diploma de arquitecto. A dificuldade em exercer plenamente a profissão segundo os princípios em que acreditava levou-o de novo ao Continente, de onde, em 1969, emigrou para o Canadá.

Recorde-se:

A Estalagem da Serreta é uma das obras arquitectónicas mais emblemáticas dos Açores e é particularmente conhecida por ter sido o ponto de encontro entre Marcelo Caetano pelo governo Portruguês, Georges Pompidou, por França e de Richard Nixon na representação dos EUA, aquando da cimeira Pompidou/Nixon que se realizou na ilha Terceira em Dezembro de 1971 (faz-nos recordar uma vez mais um tempo bem próximo, com os requintes possíveis de uma pista de aeroporto, em contraste com a referida Estalagem – contemporâneos encontros!). Trata-se de uma obra do arquitecto João

Correia Rebelo e é marcante do Movimento Moderno em Portugal. Um imóvel, actualmente propriedade privada e votado ao abandono. Esta obra caracteriza-se essencialmente por uma distinta e complexa articulação dos espaços, dos materiais e das formas entre si e com a paisagem. Localizase junto à Mata da Serreta, uma zona de forte implatação Florestal na freguesia da Serreta.

(Trabalho de Mário Silva -Sem Título)

À PROCURA

Paulo Damião (Estalagem da Serrena) Sobre a Estalagem da Serreta e a obra de arquitectura em geral da autoria de João Correia Rebelo, o Governo da Região Autónoma dos Açores decreta o seguinte: ASSEMBLEIA LEGISLATIVA REGIONAL DOS AÇORES, Resolução da Assembleia Legislativa Regional dos Açores n.º 4/2007/A de 1 de Março de 2007 Resolução da Assembleia Legislativa n.º 4/2007/A de 1 de Março. Classificação da obra de João Correia Rebelo. Refira-se também que o IAC – Instituto Açoriano de Cultura em parceria com a Sociedade Nacional de Belas Artes levaram a efeito uma exposição intitulada “João Correia Rebelo – Um Arquitecto Moderno nos Açores” que esteve patente em diversas cidades portuguesas e em Montreal no Canada, cidade onde reside o arquitecto.

Albino

Nos dias que correm, a pintura que nos rodeia segue caminhos determinados por este tempo, por este espaço, por estas linguagens. E mesmo com uma incrível diversidade onde todos os artistas cabem, a arte contemporânea chega a sofrer de uma certa fragilidade, escondida num universo onde tudo é permitido. Deste modo, quase de forma espontânea, apercebemonos quando alguma diferença nos toca de uma forma singular. Paulo Damião é um desses artistas emergentes que se eleva numa atmosfera muito própria. Na sua pintura encontramo-nos e sentimo-nos vivos por dentro. Com uma boa capacidade de desenho e uma utilização muito sóbria da cor, estas obras são dotadas de um conteúdo sensitivo, utilizando a figura humana como meio expressivo. Dá-nos acesso a uma alma que nos é distante, mas que ao mesmo tempo nos parece tão conhecida. Nasceu em Pilar – Bretanha, na ilha de S. Miguel, em 1975. Licenciou-se em Pintura e desde então percorre a sua linha pictórica como se já a tivesse desenhada há anos.

O Fazendo encontra-se agora a zeros e uns e com milhões de cores em:

http://fazendofazendo.blogspot.com Ana Correia

(Paulo Damião - “1963, Um Verão que começa com poucas palavras” - 2006)


#6

- ENDOS, - ANDOS, - INDOS Literatura

As Horas de Michael Cunningham

“As Horas”

Vencedor de um “Pulitzer”, As Horas, de Michael Cunningham, permite-nos redescobrir Virginia Woolf e o seu Mrs.Dalloway através de várias histórias: a da própria Virginia Woolf, passada nos anos vinte (e esta teve, sem dúvida, uma vida conturbada - dividida entre o que a sociedade da época exigia de qualquer mulher e as suas paixões e vontade de independência, que a classificaram aos olhos de todos como uma rebelde. Uma vida assolada por um desespero latente que a levou ao suicídio); a de uma jovem mãe e esposa dos

anos quarenta, Laura, marcada pelo desejo de se evadir da sua vida e de um casamento que a sufoca (e que, de alguma forma, lembra Sylvia Plath, a autora de Campânula de Vidro, e é um alter ego da própria Virginia Woolf e de Mrs Dalloway) e a de uma nova-iorquina dos anos noventa, Clarissa, que enfrenta o flagelo da SIDA na pessoa do seu melhor amigo, um poeta premiado. O movimento pendular entre uma história e outra, marcado pela presença subjacente da figura de Mrs.Dalloway, permite-nos constatar que, para além da distância no tempo e no espaço, estas mulheres partilham anseios e medos, são movidas pelo desejo de se afirmarem e de construírem vidas que possam considerar verdadeiramente significativas, que não estejam limitadas pela sua condição de mulheres, esposas ou mães. Vidas estruturada pela colisão entre o amor, o desespero, a morte e a esperança, que as tornam o prolongamento uma da outra como se todos fossem a mesma mulher. Três personagens, três mulheres do seu tempo,

Mãe, não tenho nada para ler...

três vidas e um único romance que as entrelaça e que é, na realidade, não só uma reflexão sobre a condição feminina, o amor e a loucura mas também sobre a vida artística, o desvelo e o egoísmo que esta exige, e o confronto com o fracasso e a incompreensão do outro. Inspirado na obra e na vida de Virginia Woolf, Cunnigham atravessa o espaço – de Inglaterra à América – e o tempo – o século XX - para nos revelar, através das suas personagens, o sofrimento que envolve a criação literária e a estranha relação que se estabelece entre o autor e o seu leitor.

Catarina Azevedo

“O Menino Nicolau” De certeza que na tua escola ou no teu bairro há um menino que toda a gente conhece porque está sempre pronto a fazer traquinices e é capaz de enlouquecer qualquer pai ou professor com as coisas de que se lembra. Se tens sentido de humor, de certeza que vais gostar de O Menino Nicolau, de Sempé e Goscinny (o “pai” do Astérix), um conjunto de pequenas histórias (lêem-se em minutos!) que contam o que Nicolau e os seus inseparáveis amigos inventam todos os dias.

À CONQUISTA

C.A.

Já foi lido...

“Os pequenos mundos do Edíficio Yacoubian” de Alaa El Aswany

Passado no Cairo, este romance do egípcio Alaa El Aswany, tornou-se no romance em língua árabe mais vendido de sempre. Recorrendo ao mesmo artifício que Émile Zola em Pot-Bouille, Alaa El Aswany usa o edifício como uma metáfora da sociedade egípcia, da sua evolução e das contradições que a marcam, abordando, através das personagens que aí circulam ou habitam, temas incómodos como o fundamentalismo islâmico ou a sexualidade. Cada personagem torna-se uma porta para um universo diferente, revelando-nos aspectos e particularidades do Cairo moderno.

C.A.

“O Ano da Morte de Ricardo Reis” de José Saramago

Esta obra, marcada pela intertextualidade com a obra de Fernando Pessoa, pretende retratar um dos momentos mais asfixiantes da sociedade portuguesa – a ditadura de Salazar. Criando uma obra ficcional a partir de uma identidade já fictícia, o autor reconstitui os últimos meses da vida de Ricardo Reis, entrelaçando o seu regresso a Lisboa com a consolidação do regime fascista e com encontros irreais com o seu criador, já falecido entretanto. São páginas de uma irrealidade real que nos fascinam.

Ilídia Quadrado


Ciência e Ambiente APAGA

Trabalhos do ROV Luso em montes submarinos dos Açores

A LUZ

E que tal uma prenda ao Planeta neste Natal? Que tal, um Natal com menos desperdício este ano? Muitas coisas podem ser feitas para diminuir o consumo desnecessário próprio das épocas de festa. Podemos começar pelo plástico. Anualmente, são usados quase um trilião de sacos de plástico! Muitos dos quais vão contribuir para o crescimento da, já gigantesca, “ilha de lixo” flutuante no Norte do Oceano Pacífico. Este ano, a China, juntando-se a muitos outros países, anunciou que tenciona banir o uso do saco de plástico. Ficando assim proibida a oferta de sacos grátis nos supermercados e outras lojas. O Tibete ainda vai mais longe e proibiu a entrega destes sacos mesmo que o cliente esteja disposto a pagar por eles. Em vez de chegarmos a casa, com meia dúzia de sacos de plástico para juntar às dezenas que já lá temos, podemos levar o nosso próprio saco de compras e o mesmo se aplica aos embrulhos de presentes. Para estes, podem ser utilizados todo o tipo de materiais: pode reutilizar o papel das prendas de anos anteriores, de jornais ou revistas antigos ou até mesmo usar sacos de plástico ou de papel que estão na gaveta. Tudo é permitido, até tecidos podem fazer um embrulho bonito e personalizado. Nos dias 18 e 19, integrado no “Dezembro em Festa”, a Ecoteca dinamizará na BPARH, ateliers de brinquedos - feitos com a reutilização de resíduos - reciclagem para os mais pequenos, dos 6 aos 12 anos de idade. Nos dias 22 e 23 deste mês, também integrado na programação do “Dezembro em Festa”, a Ecoteca vai realizar uma oficina criativa com soluções ambientais para a reutilização dos seus sacos de plástico e tecidos na criação de sacos ecológicos reutilizáveis. Na BPARH João José da Graça. Dos 12 aos 16 anos. Inscreve-te através do email ecoteca.faial@azores.gov.pt ou dos telefones 292392389 e/ou 964692550!

Entre os dias 4 e 21 de Novembro estiveram embarcados no NRP Almirante Gago Coutinho investigadores do DOP/UAç na área do mapeamento e caracterização de comunidades biológicas de fundo. Esta participação pretendeu cobrir do ponto de vista biológico os trabalhos do projecto SEAHMA na crista da Serreta, junto à Terceira, e os mergulhos programados pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC) para montes submarinos do complexo Cruiser-Meteor. Os resultados dos levantamentos biológicos na Serreta evidenciaram uma notória pobreza faunística a nível dos fundos, provavelmente consequência da erupção submarina que afectou a área entre 1998 e 2001. Para além da criação de novos fundos marinhos absolutamente virgens, a deposição das plumas de sedimento associadas ao fenómeno vulcânico terá estendido a destruição aos fundos circundantes, por asfixia da fauna que os colonizava. Desde então, as taxas de colonização e desenvolvimento relativamente lento, que tendem a caracterizar as espécies de profundidade de maiores dimensões, terá limitado a recuperação da exuberância biológica que se conhece doutras elevações submarinas com profundidades idênticas mas menos sujeitas a catástrofes geológicas. No monte submarino Irving, situado a mais de 700 km para sul do porto da Horta, a fauna observada foi mais exuberante, apesar de as densidades não serem muito elevadas. Num mergulho efectuado a 2550m de profundidade – onde foi estabelecido um novo recorde de profundidade atingida pelo ROV Luso – destacou-se a ocorrência de esponjas-de-vidro, algumas com quase um metro de altura. Em jeito de balanço dos trabalhos de estreia do ROV Luso nos Açores, ficam provados tanto a operacionalidade desta nova plataforma como o elevado valor da informação que está a ser recolhida no oceano profundo, o qual constitui 99% da área de Zona Económica Exclusiva anexa ao arquipélago.

Fernando Tempera

Ecoteca do Faial

AQUELA DICA QUER UMA IDEIA BRILHANTE? MUDE PARA LÂMPADAS ECONÓMICAS! Nas casas portuguesas os custos de iluminação representam cerca de 15% da factura de electricidade. A escolha da iluminação correcta para cada divisão, tendo em conta o tipo de actividades que se realizam em cada espaço, é muito importante para um maior conforto e um consumo mais racional de energia, traduzindo-se numa redução da factura de energia. As lâmpadas fluorescentes compactas consomem menos energia que as lâmpadas incandescentes e produzem o mesmo nível de iluminação porque funcionam de forma diferente das incandescentes. São lâmpadas de descarga de gás, pelo que a corrente eléctrica passa através de um gás e não de um filamento (como nas incandescentes). Apesar de serem inicialmente mais caras, como duram dez vezes mais e consomem cinco vezes menos, acabam por se tornar mais económicas e por poluir muito menos o ambiente.

Ecoteca do Faial


#8

FAZENDUS

Durante a Época Lectiva 08/09

Projecto Teatral Infantil orientado por Anabela Morais Atelier “O Jogo Dramático”. Terças e quintas-feiras das 17 às 18 horas. Para crianças dos 6 aos 12 anos. Atelier “Leitura de Textos Teatrais”. Segundas e quartas – feiras, das 18 às 19 horas. Para jovens dos 10 aos 12 anos. Teatro Faialense

Até 15 de Dezembro

Exposição de Lomografia: “Lomo!” Imagens de Lomografia Portugal Igreja de São Francisco, 15h00-17h00

Agenda Hora do Conto (Avós convidados contam histórias a crianças de todas as idades) Centro do Mar – Antiga Fábrica da Baleia, 15h00 DJ Set com Sakamora Taberna do Pim, 23h00 Concerto: The Silver Coals Bar do Teatro, 23h30

16 de Dezembro

Até 21 de Dezembro

“Cantinho Mágico”: Espaço Infantil com jogos e desenhos alusivos ao mar Feira do Livro Segundo a Sexta das 9h30 às 19h00 e Sábados, Domingos e Feriados das 14h00 às 20h00 Centro do Mar – Antiga Fábrica da Baleia

Até 31 de Dezembro

Exposicão de pintura “Sete Mares” de António Domingos Teatro Faialense Exposicão “Trabalhos no Papel” de Ken Donald Sala Polivalente da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça Exposição de “Thiago Romão de Sousa: Um Fotógrafo dos Açores” Museu da Horta

Até 6 de Janeiro

Exposição de pintura de Mário Silva Bar do Teatro

11 de Dezembro

“O Livro e a Leitura” Encontro de Crianças com a escritora Eduarda Rosa Biblioteca Pública e A.R. João José da Graça, 14h30

12 de Dezembro

Cinema: “Tempestade Tropical” Auditório do Teatro Faialense, 21h30 (repete dias 13 e 14) Seminário: “LabHorta – Estudos fisiológicos dos organismos hidrotermais. O mexilhão Bathymodiolus azoricus como modelo” Pela Doutora Ana Colaço DOP, 16h30 DJ Set: “Motha’ Funky Pim” com Septimus www.myspace.com/septimuswsmith

Taberna do Pim, 23h00

13 de Dezembro

Prova de Orientação Diurna Actividades Familiares Desportivas de Natal Parque da Alagoa, 14h30 (Inscrições até dia 12 de Dezembro na Piscina Municipal)

Cinema: “Angel – Encanto e Sedução”

Realizado por François Ozon. Como actores, destaque para Romola Garai, Sam Neill, Lucy Russell, Michael Fassbender, Charlotte Rampling. O filme retrata uma Inglaterra de 1905 e foca uma personagem que dá pelo nome de Angel Deverell, uma jovem escritora dotada que sonha com o sucesso, a fama e o amor. Mas o que acontecerá se todos os seus sonhos se concretizarem? A resposta é? Terão que ver este filme!... No entanto, posso adiantar que bem à boa maneira de Ozon, é filmado com contenção outras vezes com desmesura.

Mini Auditório do Teatro Faialense, 21h30

17 de Dezembro

Hora do Conto com Nuno Fraião Biblioteca Infantil, Ludoteca, 14h00-15h00 (de 17 a 19 e de 22 a 23)

18 de Dezembro

Cinanima 2008 Extensão do Festival Internacional de Cinema e Animação Auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça Atelier de Reutilazação de Resíduos “Natal Ecológico” Criação de brinquedos e enfeites de Natal a partir de resíduos Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, 14h00 (inscrições na Ecoteca do Faial para o período de 2 dias) Cinemanimado Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça, 16h00 (dias 18, 19, 22 a 24, e 29 a 31) Oficina de Cinema “Hora de Filmar” Biblioteca Pública e Arquivo Regional João José da Graça (inscrições através do Cineclube da Horta)

19 de Dezembro

Torneio Gerações 2008 Pavilhão Desportivo da Horta (a decorrer de 19 a 21) Seminário: “A bio-telemetria aplicada à gestão dos recursos marinhos: das reservas costeiras aos viajantes oceânicos” Pelo Doutor Pedro Afonso DOP, 16h30 Cinema: “Destruir Depois de Ler”

Auditório do Teatro Faialense, 21h30 (repete dias 20 e 21) “Noite Africana” com Alexandre Delgado

No dia 19 deste mês o cantor cabo-verdiano Alexandre Delgado apresenta mais uma vez o seu espectáculo numa noite dedicada à música africana organizada pelo Bar Azul. O músico residente no Faial há mais de 20 anos lançou recentemente um disco - “M’nininha de São Nicolau” composto quase na integra por originais. Do alinhamento deste concerto farão parte não só alguns temas do álbum de estreia como também canções populares de Cabo-Verde e outras canções originais do músico. www.myspace.com/alexandredelgado

Bar Azul, 23h00

20 de Dezembro

Pentatlo Familiar de Natal Rampa junto ao Clube Naval, 14h30 (inscrições na Piscina Municipal) Hora do Conto (Avós convidados contam histórias a crianças de todas as idades) Centro do Mar – Antiga Fábrica da Baleia, 15h00 Concerto: The Wicked Jamaica

O rojecto de música electrónica The Wicked Jamaica apresenta-se no Bar Azul. O grupo lançou recentamente no seu sítio do myspace a demo “Welcome to the Wicked Jamaica” composta por 5 temas. www.myspace.com/thewickedjamaica

Bar Azul, 24h00

22 de Dezembro

Oficinas Criativas “Sacos Ecológicos” Soluções ambientais para o consumo de plástico. (inscrições na Ecoteca do Faial)

23 de Dezembro

Concerto de Natal pela Filarmónica Unânime Praiense Igreja da Matriz, 21h00 Cinema: “A Rapariga Cortada em Dois”

Película realizada pelo grande cineasta francês e mestre dos filmes de mistério Claude Chabrol, que começou a sua carreira com a “Nouvelle Vague”. É a história de uma jovem e sensual mulher (Ludivine Sagnier) que ambiciona o sucesso e cuja luminosidade seduz todos os que a rodeiam. Apaixona-se por um escritor famoso e perverso mas acabará por casar com um jovem multimilionário desequilibrado. Uma comédia negra, vencedora de um prémio da crítica em Veneza. Registo para a brilhante direcção de fotografia do português Eduardo Serra.

Mini Auditório do Teatro Faialense, 21h30

25 de Dezembro

Concerto: BabudJah - “Música Não-Tradicional Açoriana” www.myspace.com/BabudJah

Bar Azul, 24h00

O Fazendo encontra-se agora a zeros e uns e com milhões de cores em: http://fazendofazendo.blogspot.com


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