Minas Faz Ciência 68

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prévia. Neste caso, trata-se de lentes usadas para correção de erros refrativos relativamente elevados, como miopia alta. A maioria dos estudos desenvolvidos no laboratório relaciona-se a lentes implantadas após cirurgia de catarata, mas os pesquisadores também trabalham com implantes em outras áreas da Oftalmologia, como glaucoma. Para a fabricação das lentes, recorre-se a biomateriais (polímeros) que podem ser divididos em dois grupos gerais: acrílicos e silicones. “Lentes acrílicas podem ser divididas em dois tipos: rígidas – fabricadas a partir de polimetilmetacrilato (PMMA) – e dobráveis, feitas com materiais acrílicos hidrofóbicos ou hidrofílicos”, detalha Liliana, ao explicar que as lentes de silicone são também dobráveis, e, por isso, podem ser inseridas dentro do olho a partir de incisões muito pequenas, de aproximadamente 2.8 mm, sem necessidade de suturas para o fechamento. “Para que funcionem bem dentro do olho humano, essas lentes devem ter qualidade ótica apropriada, além de serem fabricadas a partir de materiais purificados, em desenhos apropriados para os diferentes sítios de fixação dentro do olho. Assim, apesar de representarem um corpo estranho, elas induzirão apenas reações inflamatórias mínimas no período pós-operatório. E permanecerão transparentes em longo prazo”, explica.

Jovens pesquisadores

Abraçar a carreira internacional é um dos grandes sonhos de pesquisadores em início de carreira. A tarefa, contudo, não se revela fácil. Os caminhos nem sempre são claros, e, como demonstra a trajetória de Liliana, podem ser marcados por coincidências e fatalidades fora do controle e do planejamento dos indivíduos. Para quem almeja uma carreira internacional, a pesquisadora orienta que é preciso estar preparado para as oportunidades, mesmo que não se saiba quando vão aparecer. “Primeiramente, é vital estudar línguas estrangeiras o mais cedo possível. O mundo é globalizado, e falar inglês bem já amplia automaticamente os horizontes. No entanto, em um país como a França, é imperativo aprender a língua local, para fazer um

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curso ou uma tese nas universidades, já que os franceses não se sentem à vontade com outro idioma no dia a dia”, pontua. Outra orientação para quem ainda está na Universidade é começar a pesquisar as instituições em que sua área de estudo mostra-se bem desenvolvida, e, então, entrar em contato diretamente com os programas, de maneira a expressar interesse e a indagar sobre possíveis oportunidades para cursos ou estágios de aperfeiçoamento. “É importante, também, perguntar sobre suporte financeiro, já que, muitas vezes, existem programas de cooperação entre universidades internacionais, bolsas, ou suporte financeiro para projeto especifico, que o estudante pode pleitear”. A participação em congressos e eventos acadêmicos internacionais não deve ser menosprezada. “Se é possível encontrar-se com profissionais internacionais, não perca a oportunidade de falar pessoalmente com alguém que trabalha em sua área de interesse. Quando analiso minha trajetória, nem passava pela minha cabeça, ao estudar Medicina em Belo Horizonte, que um dia eu iria me estabelecer como pesquisadora de implantes oculares nos Estados Unidos. No entanto, isso, hoje, me proporciona uma satisfação e um senso de propósito incomensuráveis”, conclui.

Para todos os casos Múltiplas linhas de pesquisa indicam o caminho dos estudos em biomateriais e lentes intraoculares. Confira!

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Lentes modulares têm duas peças separadas, que se conectam dentro do olho. Se há necessidade de explantar a lente, por qualquer motivo, no pós-operatório, apenas a ótica é removida e a base fica no olho – o que é mais fácil do que remover, inteira, uma lente tradicional.

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Lentes fabricadas a partir de materiais especiais podem ter seu poder refrativo modificado dentro do olho no período pós-operatório sem cirurgia, mas apenas com a aplicação de luz de comprimento de onda específico.

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Lentes que podem ser introduzidas dentro do olho, por meio de incisões de tamanho mínimo.

MINAS FAZ CIÊNCIA • DEZ 2016/JAN/FEV 2017

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Lentes com propriedade de liberação lenta de drogas diferentes dentro do olho, no período pós-operatório, como anti-inflamatórios ou antibióticos. Desse modo, o paciente não precisaria usar colírios após a cirurgia de catarata.

7 Lentes que podem proporcionar vi-

são para perto e longe, como as multifocais. No entanto, sua qualidade ótica, em geral, não é tão boa quanto a das monofocais. Há vários projetos de lentes ditas acomodativas, que proporcionam visão boa de perto e de longe, por meio de mecanismo que simula a acomodação natural do olho humano.


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