Revista Inclusão nas Escolas

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Inclusão na escola

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“Inclusão parece uma palavra difícil, um movimento grande que cabe a grandes esferas e se ensina em livros complicados. Mas, na verdade, é uma mudança que mora em cada um de nós. Precisa mos mudar o ponto de vista. Entender que lugares são deficientes, ideias são deficientes, a educação, o esporte… E não as pessoas.”

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Lau Patrón

Inclusão na escola

Desafios, dúvidas, conscientização e como ajudar

inclusiva é aquela que abre espaço para todas as crian ças, incluindo as que apresentam necessidades especiais. As crianças com deficiência têm direito à Educação em escola regular. No conví vio com todos os alunos, a criança com deficiência deixa de ser “se gregada” e sua acolhida pode contribuir muito para a construção de uma visão inclusiva. Garantir que o processo de inclusão possa fluir da melhor maneira é responsabilidade da equipe diretiva – formada pelo diretor, coordenador pedagógico, orientador e vice-diretor, quando houver – e para isso é importante que tenham conhecimento e condições para aplicá-lo no dia a dia da escola.

Aescola

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“Por ser inovador e diferente em sua concepção da Educação Especial, o Atendimento Educacional Especia lizado (AEE) tem sido motivo de dúvidas e interpretações”, afirma Maria Teresa Eglés Mantoan, coor denadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diferença (Leped), na Universidade Estadual de Campinas Unicamp). Segundo ela, com a compreensão correta do que é o AEEE e o entendimento dos demais documentos, o gestor tem à sua disposição toda informação necessária para fazer o devido aco lhimento ao aluno com deficiência. “O que não se pode fazer é basear esse acolhimento nos conhecimentos anteriores sobre Educação Espe cial”, diz ela. “Porque aí é como tirar um óculos e colocar outro. É preci so ler com rigor e responsabilidade, ou seja, trocar de óculos”.

Outro ponto que consta da política educacional de inclusão é a criação de salas de recursos multifuncionais, que não pode ser confundida com uma sala qualquer de recursos. As salas multifuncionais são pensadas para complementar ou suplementar a aprendizagem dos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Mas o que tem pesado, em algumas escolas, é a in terpretação de que é preciso laudo médico para que a escola receba o Fundeb em dobro.

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Como se deve incluir...

Osprofessores podem conversar com suas turmas sobre a chegada de um aluno com deficiência para reforçar a visão inclusiva. Sendo um estudante com deficiência de locomoção, que talvez precise de uma carteira adaptada, pode-se orientar os alunos como proceder (evitar correrias, empurra-empurra etc). Se o aluno apresentar comportamento agressivo, é importante analisar a origem do problema junto a professores, especia listas e familiares. Caso ocorra um incidente, é importante convidar as famílias para uma conversa. E ao menor indicativo de bullying, a equipe diretiva e os professores podem conversar sobre ações que envolvam to dos os alunos para reforçar a formação de valores.

Todas as crianças são capazes de aprender: esse processo é individual e o professor deve estar atento para as necessidades dos alunos. Crianças com deficiência visual e auditiva desenvolvem a linguagem e pensamento con ceitual. Alunos com deficiência mental podem enfrentar mais dificuldade no processo de alfabetização, mas são capazes de desenvolver oralidade e reconhecer sinais gráficos. É importante valorizar a diversidade e esti mular as crianças a apresentar seu melhor desempenho, sem fazer uso de um único nivelador. A avaliação deve ser feita em relação ao avanço do próprio aluno, sem usar critérios comparativos.

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Alguns professores nunca trabalharam com alunos com deficiência e/ou com necessidades especiais e isso pode ser um grande desafio. Os educa dores precisam coordenar esforços e compreender as necessidades de todos os seus alunos para realizar um planejamento adequado que promova o desenvolvimento de sua habilidades.

A inclusão escolar pressupõem que todos os alunos sejam incluídos nas atividades realizadas em sala de aula. Os professores precisam conhecer as potencialidades e dificuldades dos alunos com necessidades especiais, para que possa buscar o apoio e os recursos necessários para incluí-lo nas tarefas.

Muitas vezes, os professores precisam de um apoio em sala de aula, um professor assistente ou um acompanhante terapêutico. Como as salas de aula podem ter muitos alunos, a presença de um professor auxiliar possi bilita que o professor dê atenção especial aos seus alunos com deficiências quando precisarem.

Superar as barreiras e os desafios na inclusão escolar de alunos com defi ciência, exige esforço contínuo, estudo e trabalho multidisciplinar. Além disso, é preciso mudar crenças antigas e extinguir o preconceito. É importante que a família dos alunos com deficiência estejam presentes na elaboração de estratégias educacionais, assim como os profissionais que os atendam fora da escola.

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Na diversidade, equilíbrio Por que incluir? Por que conhecer? Aceitar a diferença E dela desfrutar o amor Incluir é a nossa missão E aceitar é o nosso desafio!

Autêntico compromisso entre pessoas Que num entrelaçar de mãos Fortalecem o encontro e a comunhão Vida digna para todos!

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Incluir para sentir

A paixão e o coração Motivos da alma Grandeza da aproximação Sensibilidade à flor da pele Basta escutar, enxergar, sentir Para isso é necessário olhar, tocar, ouvir Despir-se das amarras e incluir!

Vania de Castro

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Necessidades educacionais especiais

AConstituição

brasileira propõe a obrigatoriedade do Estado sobre a educação. Não cabe às instituições edu cativas fazer nenhum tipo de distinção. Seja de etnia, raça, credo, gênero, condição social ou quaisquer outras formas de discriminação.

A educação especial é compreendida como uma modalidade de ensino e um instrumento de inclusão de alunos. Alunos portadores de necessidades especiais podem ter acesso a ser viços voltados às suas especifi cidades. Entretanto, estudos mostram que a melhor maneira de inte grar pessoas com necessidades especiais é dentro do ensino regular. Sendo assim, o atendi-

mento especializado deve ocor rer paralelamente às aulas.

Muitos são os desafios da in clusão escolar. Dessa forma, al gumas ferramentas são criadas para superar o desafio de educar a todos de forma integral e efetiva e reduzir o número de excluídos e marginalizados pe los sistemas educativos.

A ideia é possibilitar a convi vência de todos de maneira igualitária, respeitando a diferenças entre os indivíduos.

Com isso, não se deve criar es paços completamente separa dos que possam servir como forma de segregação e exclusão dos portadores de necessidades especiais.

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O que fazer para melhorar?

Apesar de a inclusão não receber a devida atenção no âmbito das políticas públicas, inclusive quando se trata da formação dos docentes, é importante que os profissionais da Educação en tendam que é possível tornar o processo de inclusão mais digno, mais respeitoso e mais eficaz para os alunos e as suas famílias. Nesse sentido, o primeiro consenso que deve ser construído na escola é que a inclusão é uma ação institucional e de responsabi lidade coletiva.

Ainda que isso seja desejável, nem todas as escolas contam com a figura do PAEE. Isso não significa que o processo de inclusão está totalmente inviabilizado. Além de continuar exigindo melhores condições de trabalho, um quadro de pessoal satisfatório e qualificado e uma política de formação consistente para os educado res, as unidades educacionais.

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Por fim, é importante lembrar que a política de inclusão dos alu nos com deficiência é de responsabilidade de vários atores sociais, principalmente dos formuladores e dos gestores de políticas pú blicas, mas isso não significa que a falha de um justifica a omissão ou a negligencia dos demais, principalmente daqueles que estão na ponta do processo e atendem diretamente esses estudantes.

O que a experiência tem mostrado é que os bons exemplos de inclusão no Brasil vêm de profissionais e instituições que reconhe cem o direito à Educação das crianças e jovens com deficiência, ainda que isso não exima a responsabilidade do poder público de criar as condições adequadas para a política de inclusão nas escolas.

Atualmente, as escolas da rede municipal de São Paulo contam mais diretamente com o apoio do Centro de Formação e Acompanhamento à Inclusão (CEFAI), que disponibiliza estagiários remunerados para acompanhar crianças com mobilidade redu zida, e com o/a Professor/a de Atendimento Educacional Espe cializado (PAEE), a quem compete propiciar a participação efetiva das crianças com deficiência na escola.

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Convívio Inclusivo

Quando eu abri os teus olhos Para a importância da inclusão

Era meu próprio coração Acreditando em você Querendo fazer De mim cidadão... Meus ouvidos sentiram Sua voz dizer

Queria aprender Meu jeito de ouvir E falar com você

E quando eu pensei Que tinha uma dificuldade intelectual,

Por que eu não sei Você me tratava legal

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A inclusão na escola favore ce a quebra de preconceitos sociais, bem como estimula a aprendizagem de modo mais colaborativo. Além do mais, os estudantes com necessidades especiais pas sam a se sentir acolhidos e motivados a desenvolver seu potencial ao máximo.

Quando a escola atua de modo a favorecer a in clusão, os benefícios impactam, a curto e a longo prazo, toda a comunidade. Apesar disso, a inclusão na escola ainda é um desafio.

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Se queremos que a inclusão se mantenha e seja ativa, o primeiro passo é repensar as nossas atitudes.

E um bom começo para isso é ser respeitando os direitos reservados a elas: como não usar banheiros e outros espaços destinados, como vagas de estaciona mento, assentos especiais em ônibus, trens e metrôs.

A abordagem da defi ciência caminhou de um modelo médico, no qual a deficiência é entendida como uma limitação do indiví duo, para um modelo social.

A deficiência como resultado das limitações e estruturas do corpo, mas também da influência de fatores sociais e ambientais do meio no qual está inserida.

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A QUEM SE DESTINA

O curso de Pós-Graduação em Educação e Ensino com ênfase em Educação Inclusiva é destinado a licen ciados e graduados de qualquer área que trabalhem na área de Educação ou queiram trabalhar.

CONTEÚDO DO CURSO

História da Educação no Brasil: fundamentos para a Educação

Psicologia Aplicada à Educação

Metodologias Ativas e Tecnologias da Informação e Comunicação Aplicadas ao Ensino Didática e Metodologia de Ensino

Práticas de Letramento e Ensino: uma proposta so ciointeracionista

Educação e Diversidade: Direitos Humanos e Cidada nia

Metodologia Científica

Fundamentos e História da Educação Inclusiva Bioética e educação inclusiva Educação e Tecnologia Assistiva: acessibilidade educa cional

Transtornos de Comportamento/desenvolvimento e deficiência intelectual Deficiência Auditiva/surdez e o Ensino de LIBRAS Deficiência Visual Deficiência Física

CORPO DOCENTE

Gilberto Braga Pereira - Doutor em Psicologia (UFMG)

Priscila S. V. Penna - Doutora em Psicologia (IP/USP)

Diogo Luna Moureira - Doutor e mestre em Direito (PUC Minas)

Ricardo Shitsuka - Doutorado em Ensino de Ciências e Matemática (Universidade Cruzeiro do Sul, UNIC SUL)

Shirlei Luana Chaves e Sousa Pereira - Mestre e douto randa em Linguística (PUC Minas)

Leonardo Rodrigues de Oliveira - Mestre em Educa ção (UFV)

Patrícia Carla de Brito Neves - Mestre em Modelagem Matemática e Computacional (CEFET)

Sven Schafers Delgado - Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos Ana Elisa Araújo Maia Campos - Mestre em Educação (UFV)

Simone de Oliveira e Silva - Especialista em Educação Especial (Dom Bosco)

Éfato

para todos que a Educação edifica e muda o ser humano e o seu com portamento. Não se pensa em Educação como mera prática escolar, mas como um meio de integração e socialização por meio do qual os indivíduos tornam-se capazes de se desenvolver e crescer frente à sociedade, sem pre conceito, discriminação ou indiferença.

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