Ditadura da Beleza

As jovens brasileiras não se encanam quando o assunto é estética e não se preocupam com a opinião dos outros. No que diz respeito à beleza, esta nova geração (também chamada de “nativa digital”) entende que há di ferentes padrões do que é belo. Para essas meninas, o “feio” vem do olhar do outro: do preconceito, do insulto, do conflito entre padrões de beleza externos. O feio do outro pode ser o lindo para elas.
Sem se preocupar com padrões, as meninas da geração Z têm o ideal de liberdade. São fluidas: preferem não seguir modelos: gostam de mudar a aparência, os cabelos, as roupas e o estilo para não enjoar de si mesmas. Esses dados fazem parte do estudo “A flor deste botão: a novíssima ge ração das mulheres brasileiras”, conduzido pelo Instituto QualiBest, que mostra como as jovens da geração Z, nascidas depois de 1995, se sentem em relação à beleza e faz ainda um contraponto com as mulheres da gera ção X.
A liberdade de expressão, para elas, é muito importante: trata-se de um valor profundo desta geração, que acredita verdadeiramente que “lugar de mulher é onde ela quiser”. Elas curtem experimentar e não temem mudar de visual, principalmente, a cor dos cabelos: 49% adoram mechas e cabe los coloridos, enquanto 36% deixariam loiros. Para essas jovens não existe um cabelo ideal e sim vários. Mais livres em relação à aparência, essas jovens fazem apenas o que têm vontade e não se sentem presas a padrões sociais.
Efetivamente 25% das meninas já pintam os cabelos e a idade média que começaram é de 14 anos. Como se sentem livres, não fazem estas expe rimentações para confrontar: apenas 22% das meninas disseram pintar/ colorir os cabelos para romper padrões, radicalizar, enquanto para 78% o
objetivo é inovar e mudar o visual.
Essas garotas, portanto, não querem ser aprisionadas em bandeiras. Embora valorizem todas as formas de beleza na diversidade, tal como o cabelo afro, não querem se sentir enquadradas. Assim, confrontadas com três possíveis atitudes em relação ao cabelo, 91% disseram que cada um deve arrumar o cabelo do jeito que se sinta bem, enquanto 8% acreditam que a mulher deve assumir o cabelo crespo, que é lindo, e apenas 1% acha que alisar o cabelo é importante para ser melhor aceita na sociedade.
Mais fluidas que a Geração X
Comparativamente, o estudo levantou que as mulheres da geração X são mais apegadas ao imperativo da beleza: 70% das entrevistadas ficariam tristes se alguém dissesse que são feias ou que estão acima do peso. Na geração Z, 53% se sentiriam ofendidas com isso. As gerações se diferem também em outra questões ligadas à beleza.
Como adoram experimentar, as transformações na aparência começam mais cedo, com maior acesso a tratamentos de beleza do que a geração de suas mães. Por exemplo, 67% das entrevistadas fazem design de sobran celha, tendo começado a fazer este procedimento aos 14 anos em média. Na geração X, a média foi 23 anos. De acordo com a pesquisa, 45% come çaram a fazer design de sobrancelha com 15-17 anos e 29% começou com 11-12 anos (na X, 1%). Manicure, limpeza de pele e depilação com cera também foram procedimentos iniciados mais cedo.
Tratamentos para o cabelo também se iniciam mais cedo que a geração de suas mães: 43% das meninas fazem hidratação e botox capilar, sendo que a idade média em que começam a fazer esses procedimentos é de 12 anos. Na geração X (das mães), as mulheres começaram com 21 anos em média.
Isso também se aplica à escova progressiva: 28% das meninas fazem esses procedimentos e começaram com 13 anos em média. E por qual razão essas jovens desejam alisar os cabelos? A resposta de 46% delas é porque acham que combinam mais com elas, enquanto 29% da geração X decla raram este motivo. As mulheres da geração X têm mais poder aquisitivo do que as meninas da Z, mesmo assim, o gasto com beleza não é pouco.
O levantamento do Instituto Qualibest teve como objetivo compreender os comportamentos, as atitudes e os valores da jovem brasileira. Além do contraste entre as gerações, o estudo quis entender como esse olhar perpassa as classes ABC, em todas as regiões do Brasil, permitindo des cobrir as mudanças em relação à beleza e às tendências que permeiam o universo feminino. Ao total, na etapa quantitativa foram entrevistadas 692 brasileiras com 13 a 20 anos; e 635 mulheres nascidas a partir de 1970.
A pesquisa dispôs de um mix de metodologias qualitativas e quantita tivas, todas digitais, para estabelecer um diálogo e trazer a perspectiva dessas gerações a respeito dos assuntos tratados. Foram utilizadas aborda gem por meio de blogs, diários digitais, netnografia no Facebook, vídeos, WhatsApp, análise semiótica complementar e questionários quantitativos online.
Assim como as jovens, as mulheres mais maduras também têm um jeito especial e peculiar de encarar a beleza. Para entender quais são as deman das deste público, o Mundo do Marketing em parceria com a eCGlobal e a Reds realizaram a pesquisa “Beleza na Terceira Idade”, que aponta que traz insights para quem quer se comunicar com as mulheres mais experientes.
Semana passada estive em um programa de televisão falando sobre este tema, e achei muito importante trazer estas informações aos nossos leitores.
Os padrões de beleza estão cada vez mais presentes em nossa sociedade, com o cres cimento das redes sociais (como uma forma de comunicação), o acesso e a busca por “padrões” têm se tornado frequente.
Celebridades expõe corpos esculturais, magros, definidos, musculosos, induzindo uma forma de padronizar o significado de beleza, influenciando na forma de cada pessoa se ver e se sentir com o seu próprio corpo.
A “ditadura da beleza” está concentrada mais para as mulheres, porém cada vez mais, homens tem se preocupado com o seu corpo, e tendo uma busca constante de uma satisfação de sua autoestima focando no corpo de outra pessoa.
A cobrança social é mais pesada para as mulheres do que para os homens, pois se analisarmos em um contexto sócio-histórico-cultural, a mulher é identificada pela sua vaidade e cuidados com sua aparência. Para os homens esta cobrança não é tão intensa, mesmo estando presente.
Não podemos generalizar, mas facilmente encontramos pessoas que não estão satis feitas com o seu corpo, que acabam sendo prisioneiras dessa insatisfação e buscando excessivamente alternativas que prejudicam a saúde orgânica e emocional.
A não-aceitação do seu corpo pode provocar um sofrimento emocional, refletindo em diversos contextos na vida da pessoa. Não digo que devemos aceitar nosso corpo da forma que ele é, sem fazer absolutamente nada quando estamos insatisfeitos, mas como tudo, devemos ter um limite, e este limite se distingue para cada indivíduo. Se estamos insatisfeitos, devemos identificar qual é essa insatisfação, se ela é real (ou seja, se a forma como vejo meu corpo é como ele realmente é), o que eu posso fazer para modifica-lo, quais serão as consequências positivas e negativas dessa busca, qual o peso de cada consequência em minha vida, e se quer ou não que ela aconteça.
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São muitos questionamentos, mas relevantes quando direcionamos uma importância a nossa saúde. A busca em se conhecer, ou seja, olhar para si, ajuda a pessoa a responder estas questões, e possibilita identificar o que realmente está incomodando, ou o que começou a incomodar quando percebe que a outra pessoa não é da mesma forma. Muitas vezes estamos concentrados ao outro, e esquecemos de nós:
. Quem sou?
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Como me sinto?
Como eu penso?
Como me comporto?
. Como quero ser?
E com essas respostas, identificar o que podemos mudar, buscando uma melhor qualidade de vida, com uma alimentação saudável e atividade fí sica, dando atenção ao bem-estar emocional, não apenas a uma aparência física.
Este autoconhecimento é possível desenvolvê-lo, com uma percepção de si. A psicoterapia auxilia neste processo de se conhecer e responder as perguntas citadas acima.
Também nos conhecemos interagindo com o outro, identificando aspec tos positivos e negativos em outra pessoa, nas relações e interações. O ponto favorável do que o outro expõe, pode nos proporcionar uma identi ficação com algo, e isto é bom. Mas não podemos nos perder nesse cami nho, nos deixando de lado, e “sugando” apenas o que o outro nos oferece ou o que acreditamos que aquilo será o melhor para nós, o que na verdade pode não ser.
Buscas incessantes por esses padrões de beleza atuais têm levado as pesso as a utilizarem métodos e recursos perigosos, como por exemplo ingestão de drogas, suplementos em excesso, cirurgias estéticas sem necessidade ou excessivas, podendo trazer para o futuro desta pessoa graves prejuízos.
Portanto, buscar se conhecer, se tornando presente com o seu corpo, com percepções e sensações, pode não ser uma tarefa fácil, mas necessá ria quando não estamos satisfeitos e queremos alguma mudança. Neste processo, a ajuda de um profissional especializado pode ser muito impor tante, para que depois não haja arrependimentos na forma como isto foi
buscado.
Uma rejeição do próprio corpo desestrutura o emocional da pessoa, refletindo em diversos papéis, incluindo a sexualidade, ocasionando uma baixa autoestima, ansiedade, angústia, mau humor por não conseguir se sentir bonita (o), queda do desejo sexual, desconforto no ato sexual, procurando desesperadamente o corpo que não têm e querendo ser o que não são.
Devemos identificar o que está ao nosso alcance para esta mudança cor poral acontecer, e não ficarmos doentes, com uma infelicidade constante, pois estamos presos a este “cárcere” de padrões que não são nossos, inten sificando problemas como a depressão, anorexia nervosa, bulimia nervo sa, baixa autoestima, insatisfação sexual, problemas de relacionamento entre muitos outros…
Mudar é saudável, todos podemos, mas dentro do limite de cada um. Não podemos ser negligentes a nós mesmos. O que é superficial pode nos limitar a esta prisão e a este sofrimento.
Antes de dar mais importância ao externo, ao que vem do outro, olhar e se perceber, dando uma maior importância em como se sente, valori zando seus sentimentos, vontades, percepções, só assim essa beleza física pode ser percebida.
A beleza de todos é única e singular, não queira ter a beleza do outro, queira ter a sua beleza!
Busque o seu autoconhecimento.
Sinta-se, permita-se e viva!
Quem nunca se olhou no espelho para checar se tinha aquela ruguinha ao redor dos olhos?
Uma ação tão simples revela um padrão de beleza que valoriza a juventu de – e que, inconscientemente, nos sentimos obrigados a seguir. Sem falar em outras imposições estéticas que vemos na mídia, como ter um deter minado peso, formato de corpo e tipo de cabelo.
E quando não seguimos essas normas estéticas? É muito provável que vamos nos sentir intimidados e até rejeitados pelas outras pessoas.
Esse é o sentimento de metade dos brasileiros, que associa a aparência física ao sucesso e à felicidade. A conclusão é de uma pesquisa da Opinion Box com 2147 pessoas de todo o Brasil, realizada em janeiro de 2022.
E as consequências não param por aí. A seguir, você vai conhecer os prejuízos que a imposição de um padrão de beleza traz para a sociedade. Confira:
A formação dos padrões de beleza Um padrão de beleza é um conjunto de normas estéticas que formatam o corpo de um indivíduo, de acordo com processos culturais localizados em um determinado espaço e tempo histórico. É uma construção social, ou seja, não é algo que sempre existiu na natureza, não é universal nem imutável.
Cada cultura tem a própria definição do que é belo, estabelecendo asso ciações entre determinadas partes do corpo a atributos positivos ou nega tivos. Esses parâmetros acabam por qualificar e desqualificar as pessoas, que constroem suas identidades a partir dessas regras.
Vamos pegar como exemplo o padrão de beleza brasileiro dos anos 2000.
Para uma pessoa ser considerada bonita, ela deveria ser alta e ter a menor porcentagem de gordura corporal possível, músculos definidos e lábios grossos. A pele deveria ser bronzeada e não ter sinais que revelassem a idade, como manchas, rugas e cicatrizes.
Se voltarmos para o início do século 20, o tipo físico ideal era um corpo esguio, mas sem músculos aparentes. A pele deveria ser alva e os cabelos, lisos. O envelhecimento não era considerado um problema, tanto que era um elogio aparentar a idade que tinha. A velhice passou a ser associada à feiura na década de 1960, mesmo período em que se pesar e fazer regimes se tornaram um hábito no país.
Apesar de geralmente pensarmos em figuras femininas quando falamos em padrões de beleza, pessoas do sexo masculino também são enquadra das em parâmetros estéticos.
As consequências da imposição de padrões de beleza
A imposição de um padrão de beleza coloca em risco a saúde das pessoas.
A pesquisa da Opinion Box mostrou que 41% dos brasileiros já tiveram problemas psicológicos ligados à aparência e à baixa autoestima.
Há ainda os riscos decorrentes de intervenções cirúrgicas desnecessárias, do uso de esteroides anabolizantes e da exposição prolongada ao sol ou à radiação do bronzeamento artificial.
>>> Modelo biopsicossocial: dê adeus à separação entre saúde física e mental
A cobrança interna e externa pelo corpo perfeito é chamada de pressão estética, que impacta em especial as mulheres.
Listamos alguns dos efeitos nocivos dessa pressão, com a ressalva de que os padrões de beleza não são a única causa dos problemas abaixo. Transtornos alimentares
Os transtornos alimentares englobam todo comportamento disfuncio nal relacionado à comida. São distúrbios multifatoriais, ou seja, que têm múltiplas causas. Além da pressão estética, o bullying e outros traumas de infância podem desencadeá-los.
Os principais transtornos alimentares são:
Anorexia: caracterizado pela visão distorcida sobre o próprio corpo. A pessoa tem medo intenso de ganhar peso e obsessão por emagrecer; Bulimia: compulsão alimentar seguida por métodos para evitar ganho de peso, como expurgos, excesso de exercícios físicos e jejum;
Compulsão alimentar: ingestão exarada de alimentos, sem que haja sensa ção de fome ou necessidade física; Ortorexia: preocupação exagerada com o que se come, levando a uma obsessão para sempre comer de forma certa, com alimentos saudáveis e extremo controle de calorias e qualidade.
Estima-se que 70 milhões de pessoas são afetadas por algum tipo de transtorno alimentar em todo o mundo. Geralmente, os distúrbios come çam a se manifestar no final da infância e início da adolescência.
Também chamada de transtorno dismórfico corporal (TDC), a dismorfia corporal se caracteriza pela preocupação exagerada com algum defeito imaginário na aparência física. Estima-se que atinja mais de 4 milhões de brasileiros, com igual proporção entre homens e mulheres.
Quem sofre com o TDC tem dificuldades de sair de casa, por medo de ser julgado pela aparência, e acaba se isolando. Há quem recorra a procedi mentos estéticos e intervenções cirúrgicas para tentar corrigir a suposta imperfeição, o que não garante que o sofrimento vai passar. Geralmente, a pessoa torna-se obsessiva com outra parte do corpo.
A gordofobia é a aversão a pessoas que estão acima do peso considerado ideal pelos padrões de beleza. Geralmente, é acompanhada por piadas, comentários pejorativos ou desmerecimento.
É um preconceito a um determinado tipo físico, tido como anormal por não estar de acordo com parâmetros estéticos. O caráter do indivíduo passa a ser definido pelo tamanho do seu corpo, o que acaba prejudicando sua saúde mental.
Falando especificamente de padrões de beleza impostos na sociedade, o racismo estético se manifesta na negação ou em ataques a traços físicos de pessoas negras, como o formato do nariz e da boca, a estrutura óssea e os cabelos.
A forma mais óbvia de pressão estética é o body shaming, expressão em inglês para se referir a agressões verbais relacionadas à aparência física de uma pessoa.
A noção de aparência aqui é ampla, abrangendo formato do corpo, cor da
pele e dos cabelos, doenças que deixam marcas físicas, cicatrizes e inter venções como tatuagens e piercings.
Em resposta ao body shaming, o movimento Body Positivity defende que todo indivíduo tem o direito de ter uma imagem positiva sobre o próprio corpo, independentemente dos padrões de beleza vigentes.
Entre os objetivos do Body Positivity estão:
Contestar os padrões de beleza corporal da sociedade, construídos a par tir de vieses de raça, gênero, sexualidade e deficiência;
Promover a aceitação de todos os corpos, ajudando as pessoas a construí rem uma relação mais saudável e realista com os próprios corpos; Mostrar como a mídia afeta na relação que as pessoas têm com os seus corpos, incluindo como elas sentem-se em relação à comida, atividade física, moda, saúda, identidade e autocuidado. Fazer as pessoas aproveitarem processos de mudança no corpo, como o envelhecimento e a gravidez, em vez de temê-los. Denunciar padrões de beleza inalcançáveis. O movimento se originou na década de 1960, tendo como expoente a National Association to Advance Fat Acceptance (NAAFA). Ele ganhou o nome que tem hoje em 1996, quando a executiva escritora Connie So bczak e a psicóloga Elizabeth Scott fundaram a The Body Positive, orga nização sem fins lucrativos que ajuda pessoas a lidaram com a imagem negativa que têm dos seus corpos.
O ano de 2012 também foi importante para o movimento, que ganhou popularidade com perfis no Instagram que questionavam padrões de beleza inalcançáveis.
O Body Positivity oferece algumas pistas de como podemos lidar com os padrões de beleza em nosso dia a dia.
Mas é preciso tomar cuidado para que ele não se torne mais uma pressão estética. Sentir a obrigação de ter uma visão positiva sobre nossa aparência também pode levar à vergonha e culpa, não é mesmo?
Um caminho indicado pela psicóloga Kendra Cherry, que contribui para o portal de saúde mental Verywell Mind, é substituir pensamentos negativos por padrões mais realistas, sem negar que existe um padrão de beleza dominante na televisão, no streaming e nas redes sociais.
Não precisamos amar todas as partes do nosso corpo, mas temos que ter em mente que a aparência não determina nosso valor como seres humanos. Por isso devemos focar em outras características nossas para desenvolver o nosso autoconceito.
O processo não é simples nem acontece do dia para a noite. É um esforço contínuo de evitar pensamentos que prejudicam nossa imagem corporal.
Mas existem atitudes mais concretas que você pode tomar:
Compre e use roupas que valorizam o corpo que você tem agora, não o que você espera ter amanhã; Doe as roupas que estão muito pequenas ou muito grandes para seu tipo físico. O objetivo é ficar confortável e se sentir bem; Busque por contas que promovam o Body Positivity ou abordem assuntos que te fazem se sentir bem no Instagram, no TikTok e no YouTube; Encontre uma atividade física que te dá prazer e comece aos poucos. O mais importante é fazer algo que fortaleça seu corpo do que o modelar para seguir um padrão; Coma alimentos saudáveis no seu dia a dia por eles fazerem bem para você – e não para alcançar o peso ideal.
Padrões que vão vindo e indo a contemplar, o padrão de sua beleza, que a todos fazem desejar.
Uma virtude de repente apareceu, como em um céu límpido e bonito, como sempre prometeu.
Tal virtude trouxe sinais de poesia, como em um vento caloroso que é trazido na maresia.
Olhe agora para trás, você sente o meu amor? Será que um dia no futu ro, serei os versos do teu clamor?
No balanceio deste amor, me lembro que dizia, você é azul celeste no limiar azul piscina.
Grão de areia, Grão de areia! Como consegue tantos ao seu redor e pro duzir esse calor em uma constância que só de pisar já sinto ardor. Será que é assim, da mesma espécie de dor, os espinhos do amor?
Os padrões de beleza, jovialidade e fictícia perfeição atualmente cultua dos são criações mentais de uma mente tão alienada, que comparo à de Hitler. Sei que é pesado, mas ele também tentou padronizar uma raça pura, os Arianos. E não é isso o que a Sociedade, implicitamente (nem tanto) nos impõe?
- Seja Magro! Tenha tais medidas! Tenha cabelos lisos! - grita as massas.
- Aceita-te!- clama sua consciência, que quase nunca é ouvida.Priscila Arantes
Dizem que as mulheres são mais infelizes do que os homens. E a explica ção para isso está no “desejo” constante delas em se limitarem ao padrão de beleza imposto pela sociedade. As mulheres estão sempre tentando ser bem-sucedidas na vida pessoal, no trabalho, seguindo as tendências estéticas que aparecem a cada instante.
Nós, do Incrível.club, acreditamos que a coisa mais importante em uma mulher é o desejo ardente de viver uma vida plena. Os padrões de beleza impostos pela sociedade apagam as características individuais de qualquer garota, então você não deveria se prender a eles. Confira!
Muitas mulheres admitiram que a barriguinha saliente é uma das suas maiores fontes de insegurança. E para se livrar da odiada “pochete”, se desgastam com dietas restritivas e atividade física intensa. Mas os médicos afirmam que ter uma pequena porcentagem de gordura subcutânea nessa região não é um problema, mas sim um indicador de que o corpo está funcionando bem.
Outra tendência do momento é ter os lábios carnudos. Além disso, existe uma percepção de que os lábios finos são indicadores de envelhecimento.
Por isso, é até compreensível o desejo das mulheres modernas em dar vo lume à boca. Atualmente, o método mais comum para aumentar os lábios é o preenchimento à base de ácido hialurônico.
No entanto, os médicos alertam que fazer procedimentos frequentes de preenchimento nos lábios pode ser prejudicial. O tecido da pele vai esticar e ficar flácido devido ao peso da droga injetada, podendo causar proble mas.
O tipo de silhueta ideal se tornou o corpo em formato de ampulheta. A cintura estreita entre os quadris e os ombros esteticamente iguais é o que chama atenção. Enquanto isso, muitas garotas só conseguem culpar a genética e invejar mulheres com o “formato perfeito”.
No entanto, os estilistas acreditam que qualquer corpo pode ter uma forma bonita com ajuda da silhueta correta. As mulheres com os qua dris largos podem enfatizar os ombros e as costas. Já quem tem o corpo em formato “maçã” pode se sentir mais confiante se enfatizar a cintura e chamar a atenção para umas das suas principais vantagens — as pernas longas.
Embora a simetria do rosto seja uma característica natural de cada pessoa, algumas mulheres ainda se importam com isso. Especialistas e esteticis tas começaram a promover ativamente exercícios capazes de ajudar na simetria “ideal” do rosto. Apesar de tais exercícios mostrarem alguns re sultados positivos, é totalmente desnecessário se prender em ter um rosto simétrico, já que as pessoas ao seu redor não irão nem perceber.
Quase todos os rostos são um pouco assimétricos. Nossos olhos estão tão acostumados a isso que nem notamos. Portanto, muito provavelmente, ninguém notará se seu rosto for assimétrico e, se notar, não se importará. © Mary Krupka / Quora Se você estiver conversando cara a cara com uma pessoa pode ser que ela note que seu rosto é assimétrico. Mas ninguém dará importância a isso, porque antes de tudo estamos engajados em um diálogo com uma pessoa, e não examinando uma pintura. © Donald Bodey / Quora
Um tom de pele uniforme é o sonho de toda garota. As lojas oferecem uma variedade infinita de bases e corretivos, e os esteticistas promovem procedimentos de fototerapia e peelings profissionais. Tudo isso pode aju dar as mulheres a esconder quaisquer imperfeições e uniformizar a pele.
No entanto, deve-se entender que às vezes é impossível se livrar da pig mentação na pele, pois muitas vezes isso não é influenciado pelo ambiente externo, mas por fatores internos: genética, estrutura celular e hormônios.
Os famosos “pés de galinha” ao redor dos olhos, rugas e os primeiros fios grisalhos são um pesadelo para muitas mulheres. No entanto, os cientistas aconselham a não dar muita importância a isso, já que o poder de influen ciar o curso do relógio biológico do corpo humano é mínimo.
O fato é que o processo de envelhecimento não depende apenas do am biente externo e do quanto você se cuida, mas também da genética e da saúde geral. As celebridades mostram que é possível envelhecer de dife rentes maneiras e ainda assim continuarem igualmente belas.
Nesta década, a tendência de sobrancelhas grossas e naturais ganhou força. Entretanto, nem todas as mulheres foram abençoadas com sobran celhas arqueadas e expressivas. A indústria da beleza tem diversos proce dimentos para ajudar as mulheres “sem sobrancelhas”, como maquiagem, design de sobrancelhas e até tatuagem.
Enquanto algumas são obcecadas no formato das sobrancelhas, outras pessoas não veem nada de atraente.
Acho uma perda de tempo. As mulheres pensam que moldar as sobrance lhas as tornam mais atraentes, mas, na verdade, o efeito disso é o oposto. © Mohamd Selowe / Quora
As sobrancelhas com as quais você nasceu são adequadas para o seu rosto. Você nunca deve tentar mudar a forma, apenas limpar os fios. © Despoina Tziouma / Quora
Algumas mulheres acham que as rugas envelhecem sua aparência. E, para se livrar das marcas de envelhecimento, não poupam gastos com preenchimentos e botox. No entanto, tudo isso tira algo muito especial da mulher: sua beleza natural e singularidade.
Cameron Diaz admitiu que, na busca da juventude, ela quase se perdeu. “Prefiro ver meu rosto envelhecido do que um rosto que não me perten ce”, a atriz compartilhou isso com os fãs em seu livro quando falava sobre questões de aparência.
O nariz perfeito, conquistado através de cirurgia plástica, é um sonho de consumo para muitas mulheres. E isso acontece porque muitas acreditam cegamente no estereótipo imposto pela sociedade e esquecem que um nariz fora do padrão não é um defeito, mas uma característica única de cada um de nós.
A atriz Lea Michele é um excelente exemplo de aceitação. Ela admite ter orgulho de cada centímetro do seu corpo, incluindo seu nariz.
Corpo exuberante
Ter um corpo exuberante se tornou um padrão para muitas mulheres mo dernas. Na busca de um corpo como o de Jennifer Lopez, elas se esque cem que o shape perfeito não é resultado apenas de exercícios físicos, mas também da estrutura muscular e da genética.
Segundo fisioterapeutas, uma “silhueta plana” não é uma característica de mulheres que não fazem atividade física, mas uma consequência dos chamados músculos adormecidos, que dificultam o processo de hipertro fia das mulheres. Especialistas aconselham a focar mais em alongamentos e caminhadas para tonificar os músculos.
Algumas pessoas até acreditam que as mulheres não precisam se preocu par com isso.
A maioria das pessoas observa o corpo como um todo, e não uma par te isolada. Apenas alguns examinam partes individuais do corpo de seu parceiro para se certificar de que são perfeitas. © Sarah Lynn Johnson / Quora
Na sua opinião, em quais outros estereótipos as mulheres modernas não precisam mais se prender? Conte para a gente na seção de comentários.
Desde a Idade Média, os padrões de beleza vêm passando por notáveis mudanças, mas foi no final dos anos 80, com a explosão do mundo da moda, que os padrões disseminados até hoje se tornaram famosos.
Modelos brancas, magras, com cabelos lisos e medidas corporais enqua dradas numa tabela ditaram, indiretamente, nos meios midiáticos uma forma de padronização que aprisionou (e aprisiona) milhares de mulhe res, em uma constante busca por corpos e medidas irreais.
Na atualidade, entretanto, diversas mulheres consideradas exemplos de beleza decidiram expor suas opiniões e traumas passados para ensinar novas gerações que não há um padrão “correto” a ser seguido, ressaltando que todas as garotas são belas e únicas do jeito que são, não importando o peso mostrado na balança ou o tipo de curvatura do cabelo.
O padrão de beleza mudou ao longo dos anos. | Foto: Reprodução.
A cantora norte-americana Lizzo, por exemplo, sempre trouxe à tona como seu peso ou a cor de sua pele não foram mediadores de seu suces so, uma vez que seu talento sempre fora muito além do exterior. Em uma entrevista dada à Rolling Stones, quando foi convidada para ser capa da revista, Lizzo deu um show de amor próprio, evidenciando que já foi ex cluída por ser uma mulher negra, mas não deixou isso abalar sua perseve rança e confiança.
A cantora Selena Gomez, que luta contra o lúpus e combate os padrões de beleza, reafirma que mulheres não devem se sentir na obrigação de se encaixar em medidas que não as pertencem, devendo, assim, respeitar a história, importância e o limite de cada corpo.
“As mulheres deveriam se aceitar da maneira que são e os outros precisam nos aceitar também. Nós merecemos respeito!”, disse a cantora em uma entrevista durante a turnê de divulgação de seu álbum Revival, em 2015.
Ainda nos EUA, a modelo plus size Ashley Graham encara ganhar peso
como algo natural e que não deve influenciar no modo como garotas amam a si mesmas.
“Eu ganhei ainda mais peso e não fiz disso um problema: você nunca vai ser feliz se você tentar entrar em categorias que exigem de você ser algo que não cabe no seu perfil”, revelou a modelo para a revista italiana D la Repubblica, em 2017. Ashley ressalta, também, que o melhor é lutar pela saúde e não por atingir medidas irreais e doentias que são impostas à cabeça de meninas desde a infância.
No Brasil, uma das atrizes mais influentes da modernidade, Taís Araújo, ressalta que o caminho para o amor próprio nunca é sem obstáculos, mas que temos que aprender a amar o corpo que nos proporciona estar viva. Taís também evidencia a importância da representatividade nas mídias, uma vez que, como mulher negra, não teve tantas inspirações quanto gostaria.
Adoro ser um ícone para outras meninas negras. Quando eu era mais nova, era carente de ícones. Você só via aquelas bonecas loiras e de olhos azuis no mercado e esse era um padrão de beleza impossível de alcançar. Isso é cruel. Sinto-me orgulhosa em ser uma referência.
De maneira geral, os padrões de beleza estão enfrentando muitas transfor mações na atualidade, sendo elas, muitas vezes, progressistas e que visam a diversidade, como visto nos exemplos acima. Além disso, a busca por corpos perfeitos na geração moderna é um grande problema que deve ser combatido, uma vez que a procura por figuras perfeitas (e irreais) afeta não somente o exterior, mas também o interior.
A melhor influência a ser disseminada para crianças e adolescentes é estimulá-los a serem eles mesmos, sem o medo de não pertencer a um grupo ou comunidade específica. Cada pessoa é perfeita do jeito que tem que ser, não é um padrão de beleza midiático que torna um corpo “me nos bonito” ou “mais bonito”. A beleza principal está no interior, está nas pequenas coisas que tornam você: você!
A beleza requer sacrifícios. Mas isso não significa que tudo que lemos em revistas é a mais pura verdade. Alguns procedimentos relacionados com a estética nem sempre são necessários. Para falar a verdade, além de caros e demorados, eles podem fazer muito mal para a nossa saúde.
Hoje, o Incrível.club vai te ajudar a entender quais são os procedimentos que você não deve seguir na luta pela beleza.
Mito № 1: a maquiagem diária faz mal para a pele
Na realidade, o que prejudica a pele não é a maquiagem, e sim não tirá-la antes de dormir. Durante a noite a pele deve respirar. Durante o dia, os cosméticos modernos, muitos com filtro UV e outras propriedades hidra tantes, podem proteger a pele de impactos agressivos, principalmente se você mora em uma grande cidade.
Mito № 2: se na embalagem estiver escrito ’hipoalérgico’, o produto é ade quado para qualquer tipo de pele Os cosméticos marcados como hipoalérgicos não apresentam alguns componentes comuns, como o álcool. A única substância que nenhuma pele reclama é a água destilada. Portanto, sempre que comprar um pro duto olhe para a composição, até mesmo quando o produto se apresentar como ’hipoalérgico’. Até mesmo produtos naturais podem fazer mal.
Mito № 3: o hidratante não ajuda a prevenir o surgimento de rugas
Na verdade, hoje em dia muitos cremes hidratantes ajudam contra o surgimento de rugas. O importante é verificar se a composição do creme inclui filtro UV e vitaminas.
Mito № 4: os cremes devem ser trocados com frequência porque a pele se acostuma a eles A realidade não é bem assim. Mudar de creme pode ser estressante para a pele. O importante é saber que a maneira de cuidar da pele muda em cada estação do ano. Se no verão basta usar um creme para manter o nível de pH, com o frio vem a necessidade de proteger a pele do vento; portanto é importante acrescentar novos elementos hidratantes.
Mito № 5: o creme facial deve ser aplicado de baixo para cima
Muitas pessoas pensam que existem regras em relação à maneira como devemos aplicar o creme no rosto e que os movimentos circulares aumen tam a sua eficiência. Na realidade, as regras realmente existem, mas os movimentos das mãos não têm importância nesse sentido.
O mito de que a água ajuda a retardar o envelhecimento da pele é muito conhecido, mas não é correto. As células da camada superior da epiderme já estão mortas e não absorvem a hidratação.
Mito № 7: fazer ginástica facial regularmente é uma maneira de eliminar as rugas
O rosto é a única parte do corpo onde os músculos estão juntos da pele. O alongamento constante e os exercícios não fazem nada em relação às rugas já existentes.
O sol realmente resseca a pele, mas a reação dela é justamente a maior produção de gordura, que leva à obstrução dos poros. Além disso, a longa exposição ao sol sem proteção pode causar reações alérgicas, cobrindo a pele de espinhass.
O bronzeado é uma reação de proteção da pele. Um bonito bronzeado significa apenas que a pele está machucada por tentar se proteger do sol.
Uma pinta é uma formação de pigmento sobre a pele. As pintas podem ter diferentes cores e tamanhos. A maioria não é perigosa, mas algumas são. O ideal é sempre conversar com o seu médico dermatologista para saber o melhor a fazer.
Esfregar gelo no rosto não faz bem para todo mundo. A temperatura bai xa demais pode machucar a pele. O processo pode alterar o fluxo sanguí neo e dar lugar a manchas e a varizes. Além disso, a diminuição da função das glândulas sebáceas leva a uma perda de elasticidade. As pessoas não devem abusar deste procedimento, e as com a pele seca devem evitá-lo. Existem muitos produtos que oferecem os mesmos benefícios que o gelo.
Escovar os dentes logo após comer não apenas não traz benefícios como pode ser perjudicial. O ácido que penetra na cavidade oral com os ali mentos fica impregnado no esmalte e contribui para a seu desgaste. Se você costuma escovar os dentes logo após comer, o seu esmalte vai estra gar muito mais rapidamente.
O cabelo sempre cresce no mesmo ritmo, aproximadamente um centíme tro por mês, independente da frequência com que é cortado.
Mito № 14: o esmalte prejudica as unhas porque não as deixa respirar
As unhas são células mortas. Se as unhas respirassem, o esmalte não iria se fixar por causa da umidade. As unhas não precisam de oxigênio; elas se alimentam através dos capilares na parte embaixo da cutícula.
No filme “O mínimo para viver” é retratada a condição de uma jovem lidando com a anorexia, problema este que é bastante comum aos dias de hoje. É notória a falta de preocupação do Governo com sua população neste tema. Vale ressaltar a ajuda que a mídia fornece ao corroborar esse padrão desgastante e desnecessário de beleza.
Em primeiro lugar, o Estado não provém as devidas informações sobre a saúde pública, a qual leva à urgência social de se atingir o padrão de beleza. O pensador brasileiro Paulo Freire disse: “Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é virar opressor”, trazendo para o âmbito da estética, pode-se perceber que as escolas e instituições no geral não dão dados sobre as cirurgias plásticas e dietas milagrosas, que causam impacto negativo quando feitas por profissionais questionáveis.
Por outro lado, existe o conceito de indústria cultural, atribuído por Theodor Adorno, o qual diz que a mídia é responsável por con trolar as massas de forma a obter lucro. Deste modo, os canais de TV, assim como sites da internet, são encarregados de promover o padrão de beleza em suas propagandas que valorizam os corpos magros, atingindo negativamente pessoas acima do peso para o padrão.
Portanto, é imprescindível a participação do poder público e da mídia tanto na divulgação de dados que melhorem a compreensão da população sobre o assunto, quanto na qualificação dos profissionais que atuam no setor das cirurgias e dietas. Também vale ressaltar a beleza da miscigenação brasileira e o quão negativo é a ‘plastificação’ da esfera social. Ademais, as mudanças devem ocorrer de forma gradual. Somente assim, poder-se-á preservar a beleza natural do ser humano, notadamente os brasileiros.