Jornal da FMB nº 12

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Solenidade de 46 anos: emoção e reconhecimento aos novos eméritos Dr Dr.. André Balbi passa a chefiar direção clínica

A chapa do professor Emílio Curcelli e da professora Irma de Godoy, que se apresentou para a disputa pela Superintendência do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) recebeu apoio da maioria dos votantes. A consulta foi feita aos

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Departamento de P atologia Patologia tem nova chefia Página 3

GAC oferece mais conforto ao renovar frota Página 2

três segmentos que compõem o complexo FMB/HC: docentes, alunos e servidores técnico-administrativos. Dos 289 docentes, por exemplo, 201 opinaram e 168 se manifestaram favoráveis a única chapa inscrita - 83,5% (foram 14 votos brancos e 19 nulos). Página 3

RETIFICAÇÃO- Na matéria publicada dia 24 de abril, no site da FMB, o texto cita que chapa teve 46% de aprovação, mas o correto é frisar que o apoio entre os votantes foi de: 83% - docentes, 93% - servidores e 92% - alunos.

Serra autoriza novas unidades de saúde

Aluno da 2ª turma colabora com a história da FMB Campanha da V oz tem foco Voz na prevenção

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Curcelli tem ampla aprovação em consulta para superintendência do HC

Com 153 votos (55%) a chapa composta pelos médicos André Luís Balbi, nefrologista do Departamento de Clínica Médica e Marcone Lima Sobreira, do Serviço de Cirurgia Vascular, venceu a eleição para a Direção Clínica do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina de Botucatu. A apuração foi realizada dia 24 de abril. Os concorrentes ao mesmo cargo, professores Celso Vieira Souza Leite, atual vice-superintendente do HC e José Souza Trindade Filho, conquistaram 113 votos (40,6%). Do total de 278 votos, houve seis brancos e seis nulos. Página 3

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Faculdade de Medicina de Botucatu comemora aniversário em meio a memórias da 2ª turma de médicos formados pela instituição.

Curso tem se mostrado como um dos destaques na Unesp

Enfermagem: duas décadas de excelência em ensino O curso de graduação em Enfermagem, mantido pela Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) completou, dia 8 de maio, duas décadas de atividades acadêmicas marcadas pelo rápido desenvolvimento, reconhecimento educacional e, principalmente, inserido em um

Em visita a Botucatu dia 17 de abril, o governador do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB) anunciou que está autorizada a construção de um AME (Ambulatório Médico de Especialidades) na cidade, para 2010; além de um Centro de Reabilitação Física; o Hospital Geral Secundário; a nova UTI

(Unidade de Terapia Intensiva) para o Prontossocorro do Hospital das Clínicas (HC) – com 12 leitos - além de equipamentos de urgência e emergência. Serra enfatizou a importância da parceria do Estado com a Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) e seu HC. Página 2

novo perfil para o profissional desta área. O desenvolvimento do curso se mostra pelos resultados. Em 20 anos de existência foram formados 377 enfermeiros e 100 aprimorandos (desde 1992). Desde 2006, 25 mestres em enfermagem tiveram sua preparação realizaPágina 8 da na FMB.

Prof Prof.. Saad defende criação da F aculdade de Enfermagem Faculdade Página 2

Serra ao lado do prefeito João Cury e deputado Milton Flávio


2 S AÚDE P ÚBLICA

Serra autoriza AME, Hospital Secundário e Centro de Reabilitação Em visita a Botucatu dia 17 de abril, o governador do Estado de São Paulo, José Serra (PSDB) anunciou que está autorizada a construção de um AME (Ambulatório Médico de Especialidades) na cidade, para 2010; além de um Centro de Reabilitação Física; o Hospital Geral Secundário; a nova UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para o Prontossocorro do Hospital das Clínicas (HC) – com 12 leitos - além de equipamentos de urgência e emergência. Serra enfatizou a importância da parceria do Estado com a Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) e seu HC. Para o Hospital Geral, que será construído na área onde localizase o Hospital Estadual Cantídio de Moura Campos, deverão ser destinados R$ 10 milhões. O novo hospital, com capacidade para 60 leitos, deve ser destinado a casos de média complexidade como procedimentos cirúrgicos simples e partos. A expectativa é atender 6 mil pessoas, em média, anualmente. A administração da unidade será da FMB/Unesp e a assistência ao usuário será em sistema de concordância entre o Hospital das Clínicas e a nova unidade de saúde.

Governador discursa entre autoridades regionais quando autorizou serviços em saúde Conforme explica prof. Sérgio Müller, diretor da FMB/Unesp, a instalação desta nova unidade de saúde tende a suprir uma carência regional no atendimento a casos de média complexidade. Com isto, a expectativa é desafogar o fluxo de atendimentos no Hospital das Clínicas. Somente em 2007 o HC contabilizou um número superior a 100 mil procedimentos. “Este Hospital Geral deverá oferecer o atendimento secundário à população na região, algo que não

agenda FMB 15/05/ 2 0 09- EVENTO III ENCONTRO DE EX -AL UNOS E AMIGOS D A FMB EX-AL -ALUNOS DA Local: Teatro Municipal Camilo Fernandez Dinucci- Botucatu Horário Horário: 21 horas 15/05/ 2 0 09- EVENTO CARCINOMA HEP A TOCEL ULAR - ATU ALID ADES HEPA TOCELULAR ATUALID ALIDADES Local: Salão Nobre da FMB Horário Horário: 20 horas 15/05/ 2 0 09- SIMPÓSIO SIMPÓSIO NACIONAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA OCULAR, VIAS LACRIMAIS E ÓRBITA Local: Salão Nobre da Faculdade de Medicina de Botucatu Horário Horário: 8 horas 16/05/ 2 0 09- SIMPÓSIO 2º SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO EM NEFROLOGIA Local: Anfiteatro da Patologia da FMB Horário Horário: 7h30 25/05/ 2 0 09- DEFESA DE TESE ANDREIA FRESNEDA GASP AR PA EFEITOS DA EXPOSIÇÃO PERINATAL AO CHUMBO SOBRE A PRESSÃO ARTERIAL E A REA TIVID ADE V ASCULAR DE RA TOS RECÉM-DESMAMADOS E ADUL TOS, TRA TADOS OU REATIVID TIVIDADE VASCULAR RATOS ADULTOS, TRAT NÃO COM DMSA -ARGININA E/OU ENALAPRIL DMSA,, L L-ARGININA Local: Salão Nobre da FM de Botucatu - UNESP Horário Horário: 14 horas 2 5/ 0 5/ 2 0 0 9 - DISSERTAÇÃO DE MESTRADO MÁRCIA CAMARGO P P.. C. F F.. VASQUES A ARTETERAPIA COMO INSTRUMENTO DE PROMOÇÃO HUMANA NA SAÚDE MENTAL: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E ESTUDO DE CASO Local: Anfiteatro do Departamento de Saúde Pública da FMB Horário Horário: 14 horas

existia de forma adequada em Botucatu. Vamos poder direcionar os atendimentos do HC a casos mais complexos”, declara. Centro de Reabilitação - O Centro de Reabilitação Física fará parte da Rede Luci Montoro. “Fiz apenas uma exigência: que o projeto do centro contenha uma secretaria ou departamento para cuidar dos portadores de necessidades especiais. Não adianta apenas termos vários hospitais, precisamos conscientizar a sociedade”, declarou o

governador. A unidade, que será administrada pelo Hospital das Clínicas, estará focada no atendimento a pacientes com problemas motoros, visuais e auditivos, deverá receber pacientes da região. O DRS 6 (Departamento Regional de Saúde) – Região de Bauru realizará um levantamento para identificar qual é a demanda de pessoas com deficiências motoras, visuais ou auditivas na região. Paralelamente, o HC também fará essa pesquisa.

C OMUNIDADE

Campanha da V oz atende 180 pessoas Voz No início da manhã do dia 16 de abril, os corredores do Centro de Saúde Escola (CSE) estavam lotados de pessoas. A maioria estava interessada em passar por exames na Campanha Nacional da Voz, promovida em Botucatu pela Disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp. Aproximadamente meia hora após o início dos trabalhos, 40 senhas já haviam sido distribuídas. No total, 180 pessoas foram atendidas. Os interessados passavam, primeiramente, por uma sala onde a voz

era gravada através de um programa de computador capaz de oferecer um diagnóstico detalhado das condições das cordas vocais. Em seguida, passavam pelo exame médico e antes de irem embora recebiam orientações fonoaudiológicas, além de assistirem a um vídeo educativo sobre o tema. A professora do ensino fundamental Doraci Pompiani Panhozzi (64), que há quatro décadas utiliza a voz como instrumento de trabalho, participou da campanha com intuito preventivo. É o terceiro ano que ela passa pelo exame com a equipe da

Exames para a população foram realizados gratuitamente

2 5/ 0 5/ 2 0 0 9 - DISSERTAÇÃO DE MESTRADO SCHEILLA MARIA F A F.. C O S T TA O TRABALHO COM GRUPOS NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA NA PERCEPÇÃO DOS PACIENTES PARTICIP ANTES: CRIANDO PARTICIPANTES: REDES DE AJUDA E CONSTRUINDO CIDADANIA Local: Anfiteatro do Departamento de Saúde Pública da FMB Horário Horário: 9h30 26/05/ 2 0 09- DEFESA DE TESE FLÁVIA CILENE MACIEL D A CRUZ AL VES DA ALVES AL TERAÇÕES EPIGENÉTICAS EM ADENOCARCINOMAS DE PRÓST ATA ALTERAÇÕES PRÓSTA Local: Sala de Reuniões do Depto. de Patologia Horário Horário: 9 horas 26/05/ 2 0 09- DEFESA DE TESE JOELMA GONÇAL VES MARTIN LV INTERLEUCINA 12, PROCALCITONINA E PROTEÍNA C REATIVA EM CRIANÇAS COM SEPSE E CHOQUE SÉPTICO Local: Salão Nobre da FM de Botucatu - UNESP Horário Horário: 9 horas 2 6/ 0 5/ 2 0 0 9 - DISSERTAÇÃO DE MESTRADO CAMILA CESAR WINCKLER DIAZ BAPTISTA PERFIL DE UTILIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE SÁUDE, NO MUNICIPIO DE BOTUCATU - SP - 2001-2002. Local: Anfiteatro do Departamento de Saúde Pública Horário Horário: 14 horas 29/05/ 2 0 09- DEFESA DE TESE ADRIANA POLACHINI DO VALLE COMPORTAMENTO DOS NÍVEIS PLASMÁTICOS DO PEPTÍDEO NATRIURÉTICO TIPO-B EM IDOSOS COM FUNÇÃO SISTÓLICA DO VENTRÍCULO ESQUERDO PRESERVADA Local: Salão Nobre da FM de Botucatu - UNESP Horário Horário: 14h00 02/06/ 2 0 09- EVENTO IV CONGRESSO DAS LIGAS ACADÊMICAS Local: Salão Nobre da FMB Horário Horário: 19 horas 02/06/2009 - CURSO CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM REUMATOLOGIA Local: Salão Nobre da Faculdade de Medicina Horário Horário: não divulgado 02/06/2009 - EVENTO IV CONGRESSO DAS LIGAS ACADÊMICAS Local: Salão Nobre da Faculdade de Medicina Horário Horário: 19 horas

Informações detalhadas no site www .fmb.unesp.br www.fmb.unesp.br ABRIL 2009

AME - Sobre o Ambulatório Médico de Especialidades, Serra disse estar bastante satisfeito com os resultados obtidos nas unidades já instaladas, como é o caso de Votuporanga, por exemplo. “O AME vai resolver o sistema de saúde do Estado”, colocou. A FMB/ Unesp será a gestora do futuro ambulatório. Em Botucatu, o investimento para o AME deve ser de R$ 4 milhões entre construção e aquisição de equipamentos. A parceria é reforçada pelo superintendente do HC, prof. Antônio Rugolo Júnior. “Pretendemos que o AME seja parceiro na assistência. Além de dividir a alta complexidade o Hospital das Clínicas pode ser referência na complementação para esse ambulatório”, declarou. Os AMEs são unidades de alta resolutividade para uma determinada região, com modernos equipamentos, como eletrocardiograma, teste ergométrico, raio-x, ultrasom, mamografia, densitometria óssea e eletroneuromiografia, entre outros. O paciente passará por consulta e exames no mesmo dia, podendo, se necessário, ser encaminhado para tratamento especializado na mesma data.

I MP ACTO MPACTO

Departamento de Cirurgia e Ortopedia oferece curso de videocirurgia Será realizado entre 18 e 20 de junho de 2009 o 10º Curso Continuado de Videocirurgia e 3º Curso Avançado em Videocirurgia do Fígado, promovido pela Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp e organizado por docentes do Departamento de Cirurgia e Ortopedia da disciplina de Cirurgia geral. O curso será Teórico – Prático e terá módulos de Vesícula Biliar, Hérnia Hiatal e Fígado. Nos dias 19 e

20, os alunos deverão participar de treinamentos no laboratório de cirurgia experimental da faculdade, com a utilização de animais (suínos). Mais informações poderão ser obtidas na Sociedade para o Desenvolvimento da Videocirurgia, em Botucatu, pelos fones (14) 3814 2434, ou pelo e-mail videobotucatu @bol. com.br. O site do curso é o www. videocirurgia. fmb.unesp. br.

FMB/Unesp. “Eu já tive um calo nas cordas vocais uma vez, mas não era nada grave, nem precisou de tratamento. Mas de qualquer forma venho sempre para prevenir, pois uso muito a voz”, afirma. Doraci lembra que antes de conhecer a Campanha da Voz, não sabia sobre os cuidados que deveria tomar para não desgastar suas cordas vocais. “Hoje tomo bastante água durante as aulas, procuro falar baixo e menos”, destaca.

CÂMPUS

GAC melhora frota e compra novo ônibus O GAC (Grupo Administrativo do Campus) da Unesp de Botucatu investiu recentemente na melhoria de sua frota de ônibus. Atualmente, são quatro modelos convencionais e três micro-ônibus a disposição dos alunos, docentes e servidores técnico-administrativos. Há algumas semanas foi adquirido o mais novo, tamanho normal, com 36 lugares. O supervisor da Seção de Transportes, Marcos Tamelini, explica que devido a constante demanda de viagens, era necessário proporcionar mais conforto aos usuários.As viagens geralmente são realizadas com destino a congressos, compromissos convocados pela Reitoria ou até mesmo aulas práticas em outras cidades. São, em média, 100 deslocamentos por mês. Além do veículo que foi comprado, foram reformados um dos micro-ônibus e um outro carro convencional de 44 lugares. Estes, ainda estão na oficina. No total foram investidos R$ 430 mil.


3 HOSPITAL

DAS

C LÍNICAS

D IREÇÃO

Chapa do prof prof.. Emílio Curcelli tem 46% de aprovação em consulta A chapa do professor Emílio Curcelli e da professora Irma de Godoy, que se apresentou para a disputa pela Superintendência do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB) recebeu apoio da maioria dos votantes. A consulta foi feita aos três segmentos que compõem o complexo FMB/HC: docentes, alunos e servidores técnico-administrativos. Dos 289 docentes, 201 opinaram e 168 se manifestaram favoráveis a única chapa inscrita - 83,5% (foram 14 votos brancos e 19 nulos). Entre os servidores técnico-administrativos, dos 1.425, 447 participaram da consulta e 417 apoiaram a chapa do professor Emílio - 93,2% (19 brancos e 11 nulos). Já em relação aos alunos, de 872, 80 compareceram ao processo eleitoral e 74 aprovaram os postulantes à comandar a Superintendência - 92,5% (foram três votos brancos e três nulos). Os pesos são divididos da seguinte maneira: docentes - 70%; servidores técnicos e administrativos e alunos - 15%. Tiveram direito a voto os docentes, pesquisadores e professores substitutos; todos os servidores; alunos do 3º ao 6º ano

Consulta ratificou nome de Curcelli para superintendência no caso do curso de Medicina e do 2º ao 4º para os alunos de Enfermagem. Os médicos também participaram da consulta. Essa decisão precisa ser homo-

logada pela Congregação da Faculdade de Medicina em sessão que será realizada dia 8 de maio. Os novos superintendente e vice assumem dia 9 de junho de 2009.

Com 153 votos (55%) a chapa composta pelos médicos André Luís Balbi, nefrologista do Departamento de Clínica Médica e Marcone Lima Sobreira, do Serviço de Cirurgia Vascular, venceu a eleição para a Direção Clínica do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina de Botucatu. A apuração foi realizada dia 24 de abril. Os concorrentes ao mesmo cargo, professores Celso Vieira Souza Leite, atual vice-superintendente do HC e José Souza Trindade Filho, conquistaram 113 votos (40,6%). Do total de 278 votos, houve seis brancos e seis nulos. A comissão eleitoral que acompanhou a votação foi composta pelos médicos Maria Regina Bentlin, Regina Helena Garcia Martins, Norma Sueli Pinheiro Módolo e José Carlos Cristhovan. Balbi e Sobreira, diretor clínico e vice, respectivamente, ocuparão as funções que hoje são ocupadas pelos médicos Sumaia Inaty Smaira e José Carlos Christovan. A chapa eleita assume o mandato pelo período de dois anos (2009/2011) a

Dr Dr.. Balbi assume mandato para o biênio 2009/11 partir do dia 9 junho. Prof. Balbi ressalta que sua gestão deve centrar-se na participação do corpo clínico e adoção do método gerencial de administração com foco na prevenção dos problemas que um hospital do porte do HC enfrenta. “Essa eleição expressou a renovação de quadros. A ideia é termos uma gestão com foco no gerenciamento e prevenção de problemas. Também focaremos a participação do corpo clínico através de comissões, trabalhos e principalmente, no contato direto com a direção”, declara.

H OMENAGEM

A DMINISTRAÇÃO

Profª Mariângela Marques assume chefia do Departamento de P atologia Patologia O Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) conta, desde o dia 6 de abril, com nova chefia. A professora Mariângela Esther Alencar Marques assume o mandato de dois anos à frente do setor e tem como vice, Maria Aparecida Marcheson Rodrigues Kobayasi. A docente substitui os professores Júlio Defaveri e Maria Aparecida Custódio Domingues no comando de um dos departamentos mais antigos e representativos da FMB. A sonelidade de transmissão de cargo ocorreu na sala de reuniões do departamento, com a presença do diretor da faculdade, prof. Sérgio Swain Muller. Profª Mariângela ressalta que a consolidação do departamento, aprimoramento e atualização de docentes e funcionários devem ser alguns

Dr Dr.. André Balbi será o novo diretor clínico do HC

Prof. Sérgio Müller (ao centro) recebe nova chefia do Departamento juntamente com professor Júlio Defaveri (à esq) dos pontos a serem trabalhados com ênfase em sua gestão. “Os avanços na área da patologia, nos últimos anos, foram significativos. Nossa meta é incorporar o conhecimento, amenizar a carência de pessoal e atualizar os colaboradores e equipamentos para a melhoria de nossa atu-

ação dentro da faculdade”, declarou a chefe. Atualmente, o departamento conta com 11 docentes e oferece, além de disciplinas de graduação ligadas à área de Patologia, programas de residência médica, aprimoramento profissional e pós-graduação.

Prof. Willian Saad recebe Título Dr Dr.. Honoris Causa da 1ª Faculdade de Medicina do Brasil Dia 30 de março provavelmente entrou para a lista dos mais especiais da vida do professor emérito da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp, William Saad Hossne (82). Ele receberá, em Salvador (BA), como parte das comemorações ao bicentenário da instituição, o Título Doutor Honoris Causa, oferecido pela Universidade Federal da Bahia através de sua Faculdade de Medicina, que foi a primeira do Brasil, fundada em 1808 pelo príncipe regente D. João VI. Em dois séculos de existência, apenas três pessoas receberam o título, sendo que Saad foi o primeiro brasileiro a ter esta honraria. Professor Saad também foi homenageado dia 25 de março, no Club Homs, em São Paulo, junto com outros cinco profissionais reconhecidos pelo desem-

penho de excelência em suas respectivas áreas. Professor Saad, que é presidente do Núcleo de Bioética Médica em Situação Clínica e da Comissão de Ética da Unesp foi lembrado por seus trabalhos e estudos nesta área, que têm abrangência nacional. Graduado em Medicina pela USP (1951), é professor Titular de Cirurgia da FMB, atualmente professor emérito, coordenador do Curso de Pós Graduação Mestrado em Bioética do Centro Universitário São Camilo. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Cirurgia Gastroenterologia. Coordenou a elaboração das Resoluções sobre Ética na Pesquisa. Foi Coordenador da Comissão Nacional de Etica em Pesquisa - CONEP de 1996 a 2007. Atualmente atua no Campo da Bioética.

J ORNAL

DA

FMB

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Reitor: Herman Jacobus Cornelis Voorwald Vice-reitor: Julio Cezar Durigan Faculdade de Medicina de Botucatu (www.fmb.unesp.br) Diretor: Sérgio Swain Müller Vice-diretora: Silvana Artioli Schellini Superintendente do HC HC: Antonio Rugolo Junior Vice-superintendente: Celso Vieira de Sousa Leite Presidente da Famesp: Pasqual Barretti Vice-presidente: Shoiti Kobayasi

O Jornal FMB é uma publicação mensal dirigida ao público interno da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp e das fundações, unidades médico-hospitalares e de pesquisas a ela vinculadas. Sugestões, comentários e colaborações devem ser encaminhadas à Assessoria de Comunicação e Imprensa da FMB/Unesp pelo endereço aci@fmb.unesp.br. Assessoria de Comunicação e Imprensa- Leandro Rocha (MTB-50357) Reportagens: Flávio Fogueral (MTB- 34927) e Leandro Rocha (MTB-50357) Fotografia: Flávio Fogueral, Leandro Rocha, Fotografia AG e Arquivo ACI/FMB Diagramação: Flávio Fogueral Pré-impressão e Impressão: Diagrama – Comunicação, Gráfica e Editora Rua Curuzu 205A – Fone (14) 3815-5339 - Botucatu (SP)

Prof. Saad (ao centro) com os demais homenageados ABRIL 2009


4 FMB 46 A NOS

Homenagens à 2ª turma e novos eméritos marcam celebração dos 46 anos da FMB/Unesp 26 de abril de 1963. Nesta data, era instalada, sob a direção do prof. João Alves Meira, com assessoria e coordenação do prof. Mário Rubens Guimarães Montenegro, a Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB), onde a Faculdade de Medicina de Botucatu era parte integrante. A aula inaugural foi proferida pelo professor Nicanor Letti, com o título: “Tendências Atuais do Ensino de Anatomia”. 24 de abril de 2009. A FMB, integrante da Unesp (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”), celebrou seus 46 anos de criação em sessão solene marcada por homenagens à segunda turma de médicos formados pela instituição e a entrega do título de professor emérito a duas personalidades marcantes de sua história: Arthur Roquete de Macedo e Augusto Cezar Montelli. O evento, marcado por reunir médicos formados da 2ª turma da FCMBB, contou com a presença de membros da Congregação, familiares dos homenageados, da direção da FMB/Unesp, da superintendência do Hospital das Clínicas e autoridades políticas, como o deputado estadual e docente da faculdade, Milton Flávio (PSDB), do prefeito de Botucatu, João Cury e o presidente da Câmara Municipal, vereador Reinaldo Mendonça Moreira (PR). O vice-reitor Júlio Cezar Durigan e as pró-reitoras de graduação e pós-graduação, Sheila Zambello de Pinho e Marilza Vieira Cunha Rudge, respectivamente, representaram a administração da Unesp na solenidade. Representando a 2ª turma de medicina, o pediatra Dr. Domingos Gabriel de Paula Beluci, focou seu discurso no sentimento estudantil, da novidade do então novo curso e da faculdade que ainda se iniciava, com suas dificuldades. “Essas pessoas que aqui estiveram participaram de uma história de amor, de quem adotou a cidade e a Faculdade de Medicina”, declarou. Permearam, entre suas histórias, lembranças das repúblicas, a relação aluno/professor e das dificuldades de se conseguir estudar em uma nova cidade para muitos. Além disso, momentos da vida política, como a criação do Centro Acadêmico Pirajá da Silva (CAPS) e das manifestações estudantis na Operação Andarilho e durante o Regime Militar (1964/1985) também foram lembrados pelo médico. “A vida acadêmica, naquela época, foi marcada por nossos ideais”, ressaltou Dr. Beluci. Na sequência, a professora emérita Dinah Borges de Almeida, homenageada de honra da 2ª turma de médicos da FCMBB ocupou a tribuna do salão nobre para o pronunciamento em nome da turma.

Ao completar 46 anos, a FMB ratifica sua excelência em ensino, pesquisa e extensão ABRIL 2009

Prof. Villas Boas durante explanação sobre o prof. Montelli

Prof. Spadella discursou sobre a carreira de Arthur Macedo

Prof. Montelli recebe as samarras de professor emérito

Prof. Arthur Macedo, novo professor emérito da FMB/Unesp

Grande público compareceu à sessão solene dos 46 anos

Prof Profª Dinah foi homenageada pelos alunos da 2ª turma

Representrajetória do profes“Não aprendemos tante do Desor, ex-diretor e reipartamento de tor da Unesp entre apenas medicina, Clínica Médios anos de 1993 a mas respeito ca, o prof. Pau1997, Arthur Roquelo José Fortes ao paciente, a ética” te de Macedo. Em Villas Boas fez seguida, o novo um breve relato da vida acadêmiprofessor emérito da Faculdade ca de Augusto Cezar Montelli, que de Medicina discursou com tom foi titulado como novo professor de agradecimento pela titulação. emérito da FMB. Segundo ele, sua vida acadêmiApós receber a samarra, prof. ca e profissional tem fortes raízes Montelli surpreendeu aos presencom a FMB. “Fui aluno da 1ª turma tes e optou por não discursar. Agrade medicina da FCMBB, tornei-me deceu a presença de todos e soliprofessor, diretor e reitor da Unesp. citou a exibição de um vídeo, onde Receber o título de professor eméeram exibidas imagens de sua trarito desta casa é o coroamento de jetória em mais de 40 anos de vida uma carreira vinculada à Faculdaacadêmica intercaladas por depode de Medicina”, ressaltou. “Não imentos gravados pelo agora proaprendemos apenas medicina, mas fessor emérito da FMB. Em uma respeito ao paciente, a ética”, conde suas declarações, Montelli afircluiu, no discurso, prof. Arthur. mou que ‘foram muitas as pessoO diretor da Faculdade de Meas que mereceram seu respeito dicina de Botucatu, professor Dr. em mais de 70 anos de vida’. “ReSérgio Swain Müller, salientou ducebo com honra o título (de prorante sua fala aos convidados para fessor emérito) e estendo a muia cerimônia que os membros da tas pessoas minha gratidão”, dissegunda turma da antiga FCMBB se o docente. fizeram o possível e o impossível César Tadeu Spadella, reprepara que a instituição chegasse a sentando o Departamento de Ciser o que é hoje. “Estudar em Borurgia e Ortopedia, relatou toda a tucatu hoje é um orgulho para

Dr Dr.. Belusci relembrou momentos marcantes da 2 2ªª turma qualquer aluno. Temos formado mais que médicos, temos formado cidadãos com capacidade de transformar seu meio”, observou. Müller apresentou números que comprovam a pujança da FMB atualmente. Entre outros dados, citou que nos últimos 46 anos a instituição já formou 3.644 médicos, 377 enfermeiros e que de 1998 até os dias de hoje mais mulheres que homens têm iniciado a graduação. Ele também destacou que a Enfermagem está entre os cursos mais procurados

da Unesp e essa demanda cresce a cada ano. O diretor da FMB ainda enfatizou a importância dos projetos de extensão desenvolvidos pela instituição, como é o caso, por exemplo, do Cursinho Desafio e ainda das unidades auxiliares, como o Centro de Saúde Escola (CSE). “São projetos verdadeiros de inclusão social”, disse Dr. Sérgio Müller, que ainda comemorou o fato de a faculdade estar prestes a contar com uma sede e central de salas de aula próprias.


5 FOTOS: FOTOGRAFIA AG/UNESP

Sessão solene relativa aos 46 anos de atividades da Faculdade de Medicina reuniu autoridades e personagens marcantes na história da instituição

D EPOIMENTO

H ISTÓRIA

Vice-reitor ressalta sucesso da trajetória de professores eméritos

Ex -aluno da 2ª turma doa Ex-aluno materiais históricos à FMB

O vice-reitor da Unesp, Júlio Cezar Durigan, fez questão de destacar a importância dos serviços prestados pelos professores Augusto Cezar Montelli e Arthur Roquete de Macedo à Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB). Eles receberam o título de professores eméritos. Durigan representou o reitor Herman Jacobus Cornelis Voorwald na solenidade de comemoração aos 46 anos de atividades acadêmicas da FMB. “Jamais me esqueci das palavras de meu pai, quando dizia que em Jaboticabal havia um grande mestre, que era o professor Montelli”, disse o vice-reitor. “Eu teria muito a dizer sobre o professor Arthur,

Aos 64 anos, o médico pediatra Domingos Gabriel de Paula Belusci tem sua história vinculada à Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB). Aluno formado pela 2ª turma de medicina da então Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB), em 1969, Dr. Belusci contribuiu com a memória FMB ao ceder documentos, fotografias e livros para a instituição. A doação aconteceu no dia 30 de março e o material foi recebido pela historiadora Isaura Bretan, uma das organizadoras do acervo histórico da diretoria da faculdade. Além de versões digitalizadas do livro “Coração Aberto”, de crônicas e poesias escritas pelo médico, fotografias de turma e eventos diversos. Também foram doados à FMB objetos pessoais como caneca e uma carteira com o registro oficial no Conselho Regional de Medicina. Para o médico, ceder alguns materiais que guardou por mais de quatro décadas, contribui para manter viva a história de uma das instituições de maior tradição no interior paulista. “Tenho orgulho

Durigan: ““A A instituição tem formado doutores com competência” um administrador exemplar, arrojado, um ícone no contexto do ensino público superior”, também citou ele. Durigan também frisou que

a FMB alcançou reconhecimento e prestígio tanto no Brasil como no exterior. “A instituição tem formado doutores com grande competência”, avaliou.

Exposição- O presentes à solenidade dos 46 anos da FMB conferiram também uma exposição de fotos históricas da 2 turma de medicina da FCMBB expostas em painéis. Os novos professores eméritos também tiveram destaque com suas vidas acadêmicas ilustradas no evento. A organização do material foi da historiadora Isaura Bretan, sendo a arte-final de responsabilidade de Jamila Cury. A montagem realizada pelo Nead.TIS e Biblioteca do Câmpus.

em contribuir para a consolidação do acervo da faculdade”, declarou. Dr. Belusci ingressou na então FCMBB, em 1964, aos 18 anos. Depois de formado, o médico atuou em cidades como Timburi, Echaporã, Avaré e Balneário Camboriú, em Santa Catarina. “Minha ligação com Botucatu e a própria Faculdade de Medicina começou muito antes de ingressar em seu curso de graduação. Fui aluno do curso ginasial na cidade e de lá mantive os primeiros contatos com a recém-criada FCMBB”, completou. Ele relembrou de algumas situações inusitadas de sua passagem por Botucatu. Com alguns amigos foi o responsável pela criação da primeira república estudantil do município, a “Butantã- Solar dos Cobras”, tendo como endereço inicial a Avenida Dom Lúcio, nº 610. O médico também recordou de uma excursão que organizou para visitar a FCMBB. O ano era 1962 e a visita, segundo relata, não teve o sucesso esperado já que a faculdade entraria em funcionamento efetivo um ano depois.

FMB: excelência em ensino, pesquisa e extensão Referência brasileira e internacional em ensino, pesquisa e extensão, a Faculdade de Medicina de Botucatu oferece cursos de graduação em Medicina Humana e Enfermagem, 36 programas de residência médica, 53 de aprimoramento profissional, 8 de pós-graduação e 2 de mestrado profissionalizante. Na graduação, o curso de Medicina Humana oferece 90 vagas e o de Enfermagem 30. Juntos

reúnem 284 docentes e 1.475 servidores. Implantada em 1963 como Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu (FCMBB) e incorporada à Unesp em 1976, seus cursos possuem uma sólida base científica, postura ética e uma forte visão humanística e de comprometimento com a cidadania. Seu objetivo é formar profissionais com senso crítico, conscientes de seu

papel na sociedade. Os cursos de pós-graduação lato sensu compreendem as áreas de residência médica e de aprimoramento profissional. A Residência Médica conta com 36 especialistas e 330 residentes e o Programa de Aprimoramento Profissional, destinado à formação de profissionais não-médicos, possui 101 alunos. Em 2008, foi instalada a Residência Multiprofissional em Saúde da Família.

Médicos formados pela FCMBB no descerramento de placa

N OTA

DA

R EDAÇÃO

Na matéria “Exposição e homenagens à 2ª turma na solenidade do 46º aniversário”, publicada na edição especial do Jornal da FMB, onde se lê “O professor Álvaro Oscar Campana, paraninfo daquela turma...”, por mudança na programação, a oradora foi a professora emérita Dinah Borges de Almeida. Ainda no texto, “Prof. Carlos Tadeu Spadella, representando o Departamento de Cirurgia e Ortopedia...”, o correto é Prof. César Tadeu Spadella.

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Pronunciamento do professor P aulo José F ortes Villas Boas Paulo Fortes Ilmo. Sr. Prof. Dr. Júlio C. Durigan DD Vice-Reitor da Unesp, Prof. Dr. Sergio Swan Muller, DD Diretor da FMB, as autoridades acadêmicas, Dr. João Cury Neto, Dd Prefeito Municipal de botucatu, a quem saúdo as autoridades civis, Membros da Congregação, Profs. Eméritos Augusto C. Montelli e Artur R. Macedo, Sras e Srs. Esta solenidade traz, para mim, uma satisfação especial, pois é um reconhecimento das contribuições realizadas por um amigo com qual convivi quase que diariamente na última década, inicialmente na CPCIH e, mais recentemente, no Departamento de Clínica Médica. Na realidade, quando recebi o convite para saudar o Professor Montelli, fiquei na dúvida se era realmente a pessoa mais indicada, pois não tinha certeza se seria capaz de fazer um discurso suficientemente isento que me parece necessário para uma ocasião como essa. Por outro lado, é uma verdadeira honra receber esta designação do DCM e ter a oportunidade de realçar alguns aspectos da trajetória do Prof. Montelli que dificilmente transparecem nos currículos formais. O título de professor emérito é o mais alto grau de reconhecimento concedido pela Universidade Estadual Paulista, sendo conferido a docentes que se distinguiram no exercício da atividade acadêmica com relevantes serviços à ciência e à instituição e tenham alcançado posição eminente no ensino e na pesquisa. O Prof. Montelli é plenamente condizente dessa honraria, contemplando

as qualidades necessárias, seja no ensino, na pesquisa e na extensão e principalmente, em um requisito não exigido, mas que julgo de vital importância: o Sr. é um modelo de professor universitário para os profissionais que são formados nesta Academia, atuando sempre de forma ética, seja no aspecto profissional, mas principalmente no pessoal, exercendo suas atividades em prol da coletividade e nunca individual. Antes de citar alguns pontos específicos de sua carreira acadêmica, gostaria de destacar dois aspectos gerais que permeiam as suas atividades. Inicialmente, é o espectro amplo de suas atividades dentro das oportunidades e obrigações que o ambiente universitário nos oferece. Temos nas nossas universidades muitos exemplos de excelentes pesquisadores, orientadores dedicadíssimos ou educadores. São raros os casos de colegas que destacam nesta ultima atividade. Sem dúvida, O Prof. Montelli é um deles, alcançando plenamente a definição de Paulo Freire “educador não é aquele que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando”. Um segundo aspecto notável de seu trabalho é a busca constante da qualidade e excelência. Esta é uma característica marcante em todas as suas atividades, seja quando formula uma hipótese ou apresenta resultados de suas pesquisas, quando ministra uma aula ou até quando escreve um dos inúmeros relatórios que somos obrigados a produzir na nossa vida acadêmica.

Outro ponto que gostaria de salientar foi a busca pela democratização da Universidade, participando de manifestações com esta finalidade, independente da orientação político-partidária, mesmo no período da ditadura. Listarei brevemente algumas atividades do Sr. nas áreas que permeiam sua trajetória universitária. Prof. Montelli aporta na Faculdade de Ciências Medicas e Biológicas de Botucatu em 1965, proveniente da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, para ministrar aos alunos da 1º. Turma da FCMBB o Curso de Aplicação em Medicina, orientado pelo Prof. José Eduardo Dutra de Oliveira. Por isso é considerado um dos pioneiros desta instituição. Revelava nesse ato um traço de sua personalidade: a busca por desafios que pautaram as suas atividades profissionais. Manteve sua participação no ensino de graduação nos diversos cursos da Faculdade de Medicina e do Instituto de Biociências, durante todos esses 43 anos, ministrando aulas principalmente nas áreas de microbiologia clínica e controle e prevenção da infecção hospitalar. Nesse momento, na qual discutimos uma reforma curricular e a necessidade de maior envolvimento dos docentes com o ensino de graduação, faço uma observação aos Senhores. O Dr. Montelli nunca perdeu o prazer de atuar na graduação, mesmo quando Professor Titular. Já aposentado atuou, em 2008 e mesmo no presente ano, em aulas do curso de graduação. Na Pós Graduação, desde a instalação do Programa em Fisiopatologia

em Clínica Médica em 1981, na qual teve participação fundamental, ministrou a disciplina de Nutrição e Infecção até o ano de 2007. Ainda na Pós Graduação participa, desde 1981, do Programa de Residência Medica em Patologia Clínica. Na pesquisa publicou diversos trabalhos, sempre com a participação de equipe multiprofissional, envolvendo médicos, biólogos, enfermeiros, farmacêuticos entre outros. Divulgou o nome da FMB participando de diversas comissões científicas e governamentais como no Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar do Ministério da Saúde, no Comitê de Infecção Hospitalar da Secretaria de Estado da Saúde, na Sociedade Brasileira de Microbiologia e na Sociedade Brasileira de Patologia Clínica. Atuou na Comissão Permanente de Controle de Infecção Hospitalar desde sua instalação em 1965, priorizando as atividades com diversas profissões da área da saúde. Participou como poucos docentes no intercâmbio didático entre a FMB e o IBB, modelo que deve ser preservado, porém aprimorado para as atuais necessidades dos cursos da FMB. No nosso convívio quase diário Prof. Montelli comenta que cabe à universidade pública a obrigação de avaliar e dar contas à sociedade do seu desempenho nas atividades essenciais de desenvolver a ciência, a arte e a cultura; de atender à demanda social por educação superior; e de formar profissionais competentes, atualizados e diversificados e que pratiquem medicina da mais alta qualidade. Longe de

ser um instrumento de censura e controle, essa avaliação constitui um meio idôneo de corrigir falhas, reorientar programas ou mesmo instituições e justificar novos investimentos. Neste momento, não posso deixar de citar a Profa. Terezinha, suas filhas Cíntia e Regina e seus netos Taís e Gabriel, que como uma família, sempre estiveram presentes nos momentos de dificuldades e alegrias do nosso homenageado. É, portanto, justa a homenagem que se presta a esse notável Mestre, ao reconhecer, com o título de Professor Emérito, a sua trajetória de lutas e conquistas. No significado de Emérito, que contempla júbilo, contentamento, traduzo o sentimento desta Congregação e de toda comunidade do complexo FMB - HC. Finalizando com Aristóteles: “A honra não consiste em receber títulos, mas em MERECÊ-LOS” Muito obrigado, Professor Montelli, e parabéns!

Pronunciamento do professor César T adeu Spadella Tadeu

Sessão solene da congregação da FM/ Botucatu–Unesp Outorga do título de Professor Emérito ao Dr. Arthur Roquete de Macedo Boa noite a todos! Eu gostaria inicialmente de cumprimentar o prof. Júlio cezar durigan, ilustríssimo vice-reitor da universidade estadual paulista “júlio de mesquita filho” e o prof. Sérgio swain müller, exmo. Diretor da FM/Botucatu, por meio dos quais cumprimento as demais autoridades acadêmicas, aqui incluidos os pró-reitores e ex-dirigentes da Unesp, os dirigentes locais e de outras unidades, os ilustres membros da congregação, nossos queridos professores eméritos e os nossos docentes, médicos, residentes, alunos, ex-alunos e servidores da FMB. Também saúdo o exmo. Sr. Prefeito municipal de Botucatu, senhor João Cury Neto, através do qual cumprimento as demais autoridades civis e políticas neste ato aqui presentes ou representadas Senhoras e senhores É com grande satisfação que me associo à digníssima congregação da Faculdade de Medicina de Botucatu na iniciativa de conceder o título de professor emérito ao dr. Arthur Roquete de Macedo, fiel depositário da honraria que hoje lhe é prestada, em reconhecimento ao seu trabalho como médico, professor, pesquisador e gestor acadêmico de grande competência. Quero ressaltar, que as pessoas são o maior patrimônio de uma instituição, aquele capaz de dar o reconhecimento e o prestígio almejado por todos nós. Gostaria de ter neste momento a oratória do grande jurista, historiador e ensaísta literário Pedro Calmon para, em discurso primoroso, à altura desta solenidade, poder sintetizar com palavras a relevância do homenageado. Infelizmente, ninguém pode dar mais do que aquilo que tem. Por isso, não posso

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oferecer mais do que a singeleza da minha admiração por esta pessoa, que procurei como professor, e encontrei o mestre, do qual recebi os ensinamentos para tudo que me foi dado conquistar... Falar sobre a infindável riqueza de qualidades do prof. Arthur, porém, não é tarefa fácil. Por isto, faço minhas as sábias palavras de irineu borges do nascimento, ilustre Prof. Emérito da Universidade Federal de Goiás, que neste dia teria um discurso mais apropriado para discorrer sobre as virtudes do laureado. “Goza da verdadeira felicidade, em sua inteireza, o homem que, chegado ao topo da carreira, ostenta em uma das mãos, o valioso atestado de que conquistou a riqueza do conhecimento e, na outra, a afortunada diplomação, conferida pelos seus pares, em manifestação de respeito e consideração aos seus feitos”. Cumpre-me reconhecer, como bem pontuou seu admirador e amigo, péricles trevisan, “que terminado o inventário do seu itinerário profissional, bem pesados os feitos, sem dúvida o fiel da balança inclina-se para o merecimento desta justa homenagem”. Não quero aqui, porém, entediar tão iluminada plateia, e me ver a declinar uma enorme lista de insignes conquistas, afora o risco de tornar-me impreciso. Quero dizer-lhes, no entanto, que o prof. Arthur Roquete de Macedo reúne qualidades indiscutíveis em todos os campos da carreira universitária, as quais lhe renderam experiências ímpares, notadamente no campo político-acadêmico, traduzidas em prol do desenvolvimento da Faculdade de Medicina de Botucatu e da Unesp. Aluno da 1ª turma da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, a antiga FCMBB, desde cedo demonstrou a sua inclinação para a liderança acadêmica, quando se elegeu para a primeira diretoria do Centro Acadêmico Pirajá da Silva, como presidente do conselho de representantes dos alunos e depois para a comissão do internato. No seu envolvimento com as questões relacionadas aos interesses universitários percebeu que nem todos eles se resolviam com protestos. Era preciso ter a disposição para o diálogo, a habilidade para exposição de idéias e o preparo para lidar com opiniões contrárias, desde que voltadas para o alcance de metas consensualmente determinadas. Estas características nosso homenageado demonstraria com maestria, em todas as funções que ocupou, desde orador da 1ª turma, chefe dos residentes e presidente da Associação dos Docentes do campus da Unesp de botucatu, até os digníssimos cargos de vice-chefe e chefe do departamento

de cirurgia, vice-diretor e diretor desta faculdade, vice-reitor e reitor da Unesp, membro e presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação. Mas não foram poucas as dificuldades que enfrentou para concluir o seu curso médico, pois as condições no começo desta escola eram muito precárias. Não havia infraestrutura, os recursos material e humano eram muito parcos. Mas se faltavam recursos, sobrava o idealismo daqueles que aqui chegaram, carregando nas malas, apenas um sonho. Passados, hoje, 46 anos desta heróica façanha, podemos constatar que o sacrifício valeu a pena, pois “... Tudo vale a pena, se a alma não é pequena....” O professor Arthur tornou-se médico em 1968; traços marcantes da sua personalidade pragmática o impulsionariam para a cirurgia. Levado a conhecê-la pelas mãos dos nossos grandes mestres, os professores William Saad Hossne, José Carlos de Souza Trindade e Francisco Humberto de Abreu Maffei, veio a tornar-se cirurgião elegante e habilidoso, cuja técnica refinada o credenciaria, futuramente, a desenvolver a técnica microcirúrgica, na Universidade da Califórnia. Exímio na técnica não se esqueceu, porém, que ela sempre será considerada um procedimento banal se comparada à arte de praticar a clínica cirúrgica. Prematuramente percebeu que não há como realizar o mais perfeito dos procedimentos cirúrgicos, e se esquecer do paciente. Porquanto, jamais negligenciou que deitado na mesa cirúrgica, sob a lâmina fria do bisturi, está um ser humano como todos nós. Dotado de medo, angústias e ansiedades. Medo da anestesia, medo da morte, exposto e, muitas vezes, combalido. Jamais se esqueceu que o melhor tratamento é aquele que conforta, que faz sorrir, e que nos dá as forças necessárias para viver! Ensino e pesquisa, porém, também estavam no seu sangue. Assim, concluído o seu ciclo como residente de cirurgia, iniciou a carreira acadêmica. Contratado como professor instrutor do departamento de cirurgia, em 1970, não tardou a exercer os cargos de professor assistente, e depois a de professor assistente doutor, com a obtenção do título de doutor em ciências, em 1973. Como educador, o prof. Arthur soube como ninguém ensinar e aprender no convívio e interlocução diários com seus alunos, residentes e colegas de ofício, no exercício do magistério das disciplinas de técnica cirúrgica e cirurgia experimental e de gastroenterologia cirúrgica, em todos os níveis

de formação. Chegou a livre-docência, em 1980, com a visão de que o ensino e a pesquisa são atividades interdependentes. Como bem definiu roland barthes, em sua aula inaugural da cadeira de semiologia literária do Collége du France, em 1977,”... Há uma idade em que se ensina o que se sabe, e outra, em que se ensina o que não se sabe. E ensinar o que não se sabe, a isto se chama pesquisar”. Imbuído deste espírito, como diria rubem alves, “começou por ensinar, primeiro, os saberes sabidos, aqueles que, no transcorrer do tempo, foram aprendidos pelas gerações mais velhas, e depois, os transmitiu às gerações mais novas como se fossem ferramentas em uma caixa”. Pesquisando, buscou encontrar respostas às perguntas da ciência, tendo generosamente legado os conhecimentos adquiridos, para quem dele se aproximou. Como dizia nosso saudoso mestre, mário rubens guimarães montenegro, “a maior virtude de um professor é o desprendimento do conhecimento em prol dos que pouco ou nada sabem” Foi assim que transferiu a este orador que vos fala, e a todos aqueles que tiveram o privilégio de ser por ele orientados, as bases para a consolidação das suas linhas de pesquisa, em especial as relacionadas às doenças do fígado e ao diabetes mellitus experimental. Mas como disse fernando pessoa: “... Tudo é ousado para quem nada se atreve” Foi assim que alçou vôo em busca do pendor a que foi talhado, a de gestor acadêmico. Voo tão alto, porém, não lhe fora dado alcançar, sem o respaldo do conhecimento profundo de tudo que ousou conquistar... Juntadas as experiências administrativas acumuladas no exercício dos inúmeros cargos que ocupou, em praticamente todos os órgãos colegiados, comissões e representações desta casa, antes e após da realização do seu estágio pós-doutoral na universidade da califórnia, entre os anos 80 e 82, e do seu concurso para professor titular, em 1983, já não lhe restavam dúvidas de que a hora era chegada, de buscar novos horizontes. E foram muitos os desafios que enfrentou, como vice-reitor e reitor desta universidade, pro - reitor de administração e desenvolvimento da Unesp e membro dos conselhos curadores da Fundunesp, da Fundação Memorial da América Latina, da Fundação Padre Anchieta, além das presidências do conselho de reitores das universidades, o Cruesp, e da câmara de educação superior do conselho nacional de educação. Não seria fácil citar, aqui, os resultados

profícuos que alcançou, em todos os cargos ocupados. Cumpri ressaltar, porém, que o prof. Arthur Roquete de Macedo, enquanto esteve à frente da reitoria da Unesp, foi a pessoa mais identificada com o processo de consolidação desta universidade, tendo rompido os grilhões que a forjavam financeiramente, garantindo-lhe posição de prestígio e destaque entre as grandes universidades públicas brasileiras, notadamente no Estado de São Paulo. Também profícua foi sua atuação frente ao conselho nacional de educação, na adoção das medidas necessárias para garantir a regulamentação da lei de diretrizes e bases da educação, que regulam, até os nossos dias, o credenciamento e recredenciamento dos centros universitários, a implantação de novas instituições, o funcionamento dos cursos de graduação em tecnologia e o sistema de educação à distância. Por último, me atrevo a pressupor que o prof. Arthur tinha um sonho para a universidade, como deixou transparecer em seus mais de 70 artigos assinados para imprensa escrita nacional e internacional, de que “um dia, a universidade haveria de ser capaz de formar o cidadão contemporâneo e o profissional competente, comprometidos com o seu tempo e lugar. E que eles também haveriam de ser capazes de conviver com a intolerância e as desigualdades, transpor os obstáculos e compreender os fatos, construir o belo, para não ignorar a feiúra e a morte”. Senhoras e senhores, Não tenho elementos para avaliar o quanto do seu sonho foi realizado, desde o dia em que daqui partiu, para, conquistar ideais mais arrojados. Só asseguro-lhes que qualquer que seja o lugar aonde chegou, não terá fracassado por falta de esforço, dedicação e clarividência. O seu sonho, por certo, continuará vivo enquanto viver, como vem demonstrando à frente de novas empreitadas no conselho estadual de educação do estado de são paulo, na academia brasileira de educação, no instituto qualitas de consultoria e no instituto metropolitano da saúde. Assim, se o conheço como quero pretender, suas armas jamais estarão ensarilhadas. Pois, como disse richard bach, palavras que lhes são apropriadas “tenho planos para hoje, projetos para este ano, objetivos para a vida inteira e sonhos para qualquer tempo”. Muito obrigado! César Tadeu Spadella Botucatu, 24 de abril de 2009.


7 D ISCURSOS

Pronunciamento da profa. emérita Dináh Borges de Almeida Magnífico Vice-Reitor Prof. Dr. Júlio César Durigan, excelentíssimo senhor diretor Prof. Dr. Sérgio Swain Muller e senhora vice-diretora Prof. Silvana Artioli Schellini e demais membros da mesa e da comunidade universitária; excelentíssimos Srs. João Cury Neto e Antônio Luiz Caldas Jr. e todos os demais presentes a esta solenidade. Extrapolando minha atribuição, peço licença para cumprimentar os dois homenageados, professores Arthur e Montelli, amigos pessoais que contribuíram de forma marcante na construção da FCMBB e da FMB. Prezados alunos da II turma do curso de Medicina da FCMBB: Estou aqui com a incumbência honrosa e emocionalmente gratificante de saudá-los, em nome da instituição. Inicio com a mensagem que o Prof. Álvaro Oscar Campana pediu-me que transmitisse a vocês. Botucatu, 22 de abril de 2009. Caríssimos ex-alunos A vocês- alunos da II Turma de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu. Foi programado que, em Sessão Solene da Congregação, será homenageada a segunda turma do Curso de Medicina da FCMBB. Tendo sido Paraninfo dessa turma, fui indicado para dirigir-me a vocês, na Sessão Solene. Muito me honrou esta indicação: tanto por aludir a um decisivo marco na vida de nossa instituição e a um momento importante de minha carreira acadêmica, quanto porque a II Turma desempenhou papel fundamental e preponderante na

solução dos problemas que ameaçavam a própria existência da FCMBB. Assim, gostaria muito, agora, de estar com vocês e de conversarmos. Ocorre, porém, que séria intervenção cirúrgica, em familiar muito chegada a nós, foi marcada para o mesmo dia em que ocorre esta cerimônia. Desta maneira, não poderei estar com vocês. É uma pena que não possamos nos encontrar. Haveria u histórico tão rico a comentar, tantas lembranças, incertezas e lutas. E, afinal, objetivos alcançados. E também a memória daqueles que não estão mais entre nós. Assim, pedi à professora Dinah que lesse estas linhas e transmitisse a vocês meu forte e cordial abraço. Álvaro Oscar Campana. Meus amigos, dou agora o meu testemunho pessoal com a esperança de corresponder ao pensamento dos membros da FMB. “Não vamos fazer a prova, porque o curso foi falho e insuficiente”, vocês declararam no dia da prova final de Semiologia Médica que o saudoso professor Tiberê Rezende e eu demos durante todos os dias do 2º semestre de 1966. Deste fato, redundou a contratação do professor Campana e, posteriormente, dos professores Eder Trezza e Yoshio Kiy. Foi o primeiro ato de coragem que, ao se multiplicar durante os três anos subseqüentes, permitiu que os membros desta instituição reconhecessem seus limites, não se conformassem com ele mas continuassem, em sintonia, alunos, docentes e servidores, a procurar incessantemente, através dos anos, a construção de uma instituição que correspondesse em abrangência e qua-

lidade aos seus próprios anseios mas muito mais ainda, às necessidades da sociedade. Assim, no ano seguinte, 1967, ao mesmo tempo em que procuravam aprender o máximo em uma enfermaria improvisada no porão da Misericórdia Botucatuense, puseram-se a caminho, na “Operação Andarilho” para, sacudindo a burocracia e a inércia governamentais, obter a promessa de liberação dos equipamentos retidos no porto de Santos, indispensáveis para a montagem do HC; naquele tempo, imenso prédio vazio habitado por morcegos. Em 1968, desencadearam a “Operação Denúncia” com a ocupação da Faculdade e posterior refúgio no seminário de Botucatu, onde a polícia foi prendê-los. Denúncia de promessas não cumpridas, das precárias condições de ensino universitário público no Estado e no país; denúncia dos atos da Ditadura Militar. Desta forma, vocês enfrentaram, coletivamente, não só as nossas deficiências como participaram da luta do conjunto da sociedade brasileira pela redemocratização do país. Foi esta a tradição que vocês, a sua geração, primeira geração da FCMBB, deixaram como herança para as gerações futuras da FCMBB. Além disso, nos deixaram alguns membros de sua turma que se incorporaram ao corpo docente, garantindo a continuidade da instituição, contribuindo e mesmo implantando vários setores e serviços da faculdade, do HC e da unoversidade. Foi um tempo privilegiado, difícil, mas privilegiado. As experiências compartilhadas não calam nunca; as brincadeiras, os objetivos, os sonhos, as construções coletivas, sobretudo aquelas compartilhadas com uma sociedade inteira, acalentam e estimulam a vida inteira. Amigos, tenho inúmeras razões pessoais para ser muito grata a vocês e vocês sabem disto; tive

todas as razões para, desde o primeiro dia, ter descoberto como é bom ser professor, como é bom ser professor de medicina, em Botucatu. Neste momento, quero homenagear todos os seus saudosos colegas que faleceram mas cuja memória ficou, indelevelmente, conosco, citando dois deles, Abelardo Unzer, orador de sua turma e Marco Aurélio Anselmo que foi professor aqui, ambos dignos exemplos do espírito da II turma. As gerações que sucedera a de vocês, em contextos semelhantes ou diferentes, fizeram jus aos desafios de seu tempo permitindo que se chegasse ao que é hoje a FMB, seu HC, seu Centro de Saúde Escola e demais unidades de saúde e de pesquisa. O empenho de vocês e daqueles que os sucederam foi o que garantiu a qualidade da medicina que exercem. No meu entender, a geração atual terá que enfrentar um momento particularmente difícil, não tanto quanto aos riscos de retrocesso das instituições democráticas, mas pelo individualismo que caracteriza os tempos atuais, dificultando os projetos coletivos de interesse público e desmoralizando aquelas instituições; difícil pela ameaça do agravamento da insuficiência de recursos que permitem continuar o processo de desenvolvimento da FMB. Mas, novamente, é um momento privilegiado porque é o momento em que ameaçam ruir os fundamentos econômicos atuais que geraram perversas desigualdades entre povos e indivíduos. É um momento em que novos fundamentos econômicos serão construídos, com reflexos em toda a vida da sociedade. É um momento que exige reflexão, crítica e redobrados espírito e ações coletivas para que, de tudo, resulte, uma sociedade mais equânime, justa, solidária e feliz e uma FMB que corresponda aos anseios e às necessidades

desta sociedade. Espero que os dizeres de dois cartazes que vocês empunharam na “Operação Andarilho” ao passarem pelas cidades que percorriam, diante da população, inclusive de crianças e escolares, que os observavam, continuem a inspirar as novas gerações de alunos, docentes e servidores da FMB nos enfrentamentos que virão. “O que temos é bom, mas insuficiente” “O que fazemos hoje é para vocês amanhã” Meus amigos, um caloroso abraço e muito obrigada. Professora Emérita Dináh Borges de Almeida.

Estórias e lendas na história da 2ª turma da FCMBB

Contar a história da FCMBB, sim, FCMBB pois na época, esta escola era mais que uma faculdade de medicina, ou a história da 2á. Turma da FCMBB, muitos já fizeram com méritos que eu não posso nem ousar atingir. Mas há um lado humano e ímpar dessa história, que eu gostaria de abordar aqui diante desses queridos colegas que, como eu, são, ou não, testemunhas de alguns fatos que vou relatar... Tudo começou em 1958, na velha Botucatu, onde, no distrito de Rubião Jr. havia um enorme elefante branco... um prédio construído pelo Governo Estadual para ser HOSPITAL para tuberculosos... Inventaram-se os antibióticos e não se internava maininguém para tratar tuberculose... Que fazer com o prédio?? Naquele tempo , exatamente como agora, optou-se pélo mais fácil: ABRIR UMA FACULDADE DE MEDICINA... Foi assim que para mim, para o Toninho Simões, Carlos Faraldo ( e outros jovens – que seguiram outras carreira como Renê Bicudo, Toninho Mir Fazzio Neto, de Domênico, Toninho Tílio, começou o CURSO DE MEDICINA em Botucatu... angariando de porta em porta, assinaturas da população, numa campanha de telegramas populares e num abaixo assinado da então Liga Estudantil Botucatuense, para apoiar o pedido dos políticos locais ao Governo do Estado. A Faculdade foi CRIADA mas não instalada! Em 1962, estudando em Assis, liderei uma comitiva de estudantes secundários interessados em estudar medicina, numa excursão à Faculdade de Medicina de Botucatu... que não existia... assim, liderados por José Faraldo, visitamos o prédio cheio de capim, aranhas, cobras e lagartos (desde aquela época) e tomamos o trem de volta para Assis... Foi meu primeiro contato físico com a FCMBB... Nossa estória pula para 1963, quando se faz o primeiro vestibular em Botucatu... A cidade, invadida por uma horda de jovens , estourava de orgulho ...e de preços... O que tem isso com a 2ª Tuma? O entrosamento entre a 1ª Turma e os vestibulandos que para cá vieram e que se uniram na BATALHA DO POMBAL. Essa participação nos levou a conviver com a 1á. Turma desde então, participando de festas, atividades e amizades com os primeiros alunos da FCMBB, alguns dos quais vieram para a nossa turma (graças a um pequeno auxílio do professor de Biofísica) assim como dos poucos professores de então. PRIMEIRO DIA DE AULA - 8 da manhã - 84 carecas, em frente à sala de anatomia da faculdade, hoje **. 84 carecas sendo que um... totalmente vestido de branco, com um estetoscópio no pescoço... Valter Abud, desde então conhecido como ARtGÓ, nome de um famoso curador espiritual da época. Outra piada do dia... a cara doBatistinha... E o Fanelli, tropeçando e derrubando dois colegas no chão de barro... Aliás o próprio barro era a maior piada... Uma semana de aulas de anatomia: uma colega - Aracy - desiste do curso... por causa dos cadáveres... não dorme nem come mais carne... E assim vai começando o 1°. Ano. com a fundação dos Centro Acadêmico Pirajá da Silva, em assembleia no auditório da PRF-8 -Rádio Difusora de Botucatu. A situação política do país complica-se. Os estudantes politizam-se. Tomam partido contra ou a favor do Governo que apregoa reformas de base na

ordem social e política do Brasil Madrugada de 31 de março/1° de abril de 1964. No beco, densa neblina escondia a noite de chuva fina. O radinho de pilha noticia movimento de tropas rfo Rio, São Paulo e Minas. O golpe militar. No amanhecer comentários e a divisão da turma. Os a favor e os contra. Respeite-se a constituição! Comunistas! CCC! Inocentes úteis! Nazistas! Assembléias atrás de assembléias! Questão de ordem! 0 CAPS é contra a Ditadura! Baile de Calouros (DIA 25 DE ABRIL de 1964) Fanelli tropeça num garçõm e derruba uma pilha de copos.. Marco Aurélio pisa no vestido da Pida... isso acontecerá nos próximos 6,anos... Orquestra de Zezinho e sua orquestra da TV. Três meses de aulas: microscópios comprados ainda não chegaram... usamos microscópios emprestados pela USP ao prof. Montenegro... o Professor Valter Maurício Correia pesquisa capim na alimentação humana... Os irmãos Dante e o Zelão Trevisan brigam com a estrada de barro em seus velhos ônibus superlotados. O Diretor da faculdade, Dr. Euclides, encarregado de administrar o funcionamento burocrático da FCMBB, aparentemente perdido na evolução dos fatos políticos, preocupa-se em prometer uma linha de bondes ligando Rubião a Botucatu... e um hospital veterinário sobre o morro da entrada, no lugar do maravilhoso pomar de jabuticabeiras ali existente. As Repúblicas se multiplicam e marcam suas personalidades... a RAU: só tinha árabes... Toca da Situação, Toca da Oposição, Cangaço, etc. A faculdade de Medicina compõe-se de dois salões para aulas de anatomia, ( Humana e Veterinária ao lado) com seus depósitos de material e cadáveres e dois anfiteatros improvisados... além daquela da administração. No sexto mês, ao estudarmos a anatomia dos genitais, o prof. Letti interrompe um aula, chama toda a classe à frente e dirige a palavra a Pida: - Dona Pida, eu quero dizer que, quando todos estão com as mãos nos genitais, eu não quero ver ninguém dissecando o estômago!!!. Estabelece-se uma relação de simbiose entre as repúblicas e o trio Cecília, Toninha e Cidinha CAPS. Os estudantes entram com comida e abrigo, elas entram com elas. O pequeno número de pessoas envolvidas no ensino e aprendizado, isolados socialmente em Botucatu provoca um amálgama social juntando professores e alunos e permite que se forme um “espírito de corpo” até mesmo político entre eles. A omissão da Diretoria administrativa, nomeada pelos governadores de plantão- ops - de então, quanto as condições de vida dos implicados, favoreceu a união das turmas e do corpo docente. A faculdade era aberta à noite e professores faziam serão de estudo conosco em Rubião. Uns freqüentavam as casas dos outros. Num sábado, por exemplo, no Butantã, 6 latas de feijoada numa panela grande, fizeram a alegria de alguns professores e de um convidado especial de um deles: -Agnaldo Rayol, o cantor... lógico que as latas foram escondidas... 1965 = O SEGUNDO ANO. Transcorreu entre aulas de Microbiologia, Bioquímica, Biofísica, Bioestatística. O Fanelli, no baile dos novos calouros, tropeçou num garçon e derrubou uma pilha de copos, a Pida disse vinte vezes que Não ao Marco Aurélio, e surgem algumas das lendas da 2ª Turma... NO BECO estavam comendo carne de gato... Não era lenda, era verdade e foi justo no Butantã. Hoje, não me envergonho de dizer que era uma busca de proteínas... Na realidade, sem dinheiro para comprar carne, tivemos essa idéia e a colocamos em pratica... o diabo é que se tornou moda e outras repúblicas passaram a fazer “gatadas”...inclusive para professores convidados... A mania só acabou quando uma senhora reconheceu na parece de uma das repúblicas , o couro de

seu querido felino ...sendo curtido pelo Itu ( da 1ª Turma). Também nesse ano, começaram as grandes festas trimestrais e que se tornaram lendárias, do Beco da Castidade... frangos, perus, patos e cabritos emprestados por moradores da zona rural de Rubião Jr, ou pelo grande quintal do Arcebispado, eram assados e lógico, quem fazia o “empréstimo” era convidado com toda a família. Grandes festas. Na rua, em frente às repúblicas uma grande mesa e as famílias comendo... nas salas, casais dançando, na cozinha, preparo de pratos e nos quartos, gente comendo... Uma outra lenda aparece nesse ano... a Toninha, do trio Cidinha/Cecília/Toninha... aparece grávida... e escolhe para pai da criança um dos alunos da 2a. Turma... Inquérito policial... E aí, aparecem na delegacia,’pàra depor como implicados, cerca de 60 possíveis pais... e nem exame de DNA havia na época... solidariedade da turma ou espírito de corpo??? Ah, até o Leonardo Suzy compareceu à polícia... Foi nesse ano que alunos aprovados no vestibular de Veterinária e Biologia, conseguiram transferir-se para Medicina Humana, com forte reação contrária de parte da nossa turma, o que dividiu o grupo em contra e a favor dos transferidos. Uma divisão política também se instala entre nós: contra e a favor do governo militar. Começa a militância de Direita e de esquerda. Grupos começam a realizar trabalho social na periferia de Botucatu, junto com parte da Igreja. Padre Augusti leva-nos a colocação do Evangelho junto aos pobres. O ano letivo termina com a mais polêmica prova de Biofísica... sem o Professor Benedito, pioneiro nas pesquisas do complexo antígeno-anticorpo, recém chegado da Inglaterra e responsável por uma prova anterior com reprova de 95% da turma. 1966 = O TERCEIRO ANO Ano dos primeiros contatos com, a aplicação das matérias básicas com a Clínica... Patologia... Fisiologia... Chegam os professores de Clínica Médica e Cirúrgica para a 1ª Turma... e se enfronham no espírito da FCMBB. Dinah, Campana, Tucci,Tiberê (com a história de uma cesárea sobre uma mesa de cozinha, na zona rural de Paraguaçu Paulista) Montelli, Eder, Magaldi, Neusa, Nóbrega, Herculano, Pádua, Claudio, Loide, Verena, Saad,(sobre o qual havia a lenda do Bisturi de Ouro do Prof. Vasconcelos e do tempo de cirurgia para gastrectomias) Maffei, Trindade, Mamãe Jairo, Tadeu, e outros, tornam-se parte do conglomerado alunos das lãs. turmas/professores - que fez desta escola um caso ímpar e amor! (haja visto o caso Arthur Roquete Macedo). O CAPS agora tem sede própria, no “salão Dinucci”... A Bossa Nova corre solta, convivendo com Ray Conniff e, esconjuro... um tal de iê iê iê... O grupo de Teatro do CAPS leva “Ripió lacraia””, “ Eles não usam Black Tye” e “Morte e Vida Severina”. Clovis Bueno, então um rapazinho casado com uma garotinha loira chamada Leilah Assunção, hoje famosos nos meios culturais está aqui como participante. A política ferve entre nós. Quase se radicaliza entre Direita e Esquerda... Um baianinho de cavanhaque e violão em punho, que fazia ótimas músicas, hospeda-se em uma das repúblicas de Botucatu... um futuro ministro da cultura Gilberto Gil... Reaparece a divisão entre “Transferidos e contra os transferidos” mostrando que desde o 2°. Ano, mesmo sem hostilidade, persiste a cisão no grupo, que só seria enterrada após a formatura. A 1ª Turma divide--se. Grande parte dos alunos vai para São Paulo, para hospitais conveniados, fazer seus anos de prática. No Baile anual do CAPS, Fanelli esbarra num garçom e derruba uma pilha de copos. Pida e Marcão não se entendem... Radamés e Liliane olham-se muito durante as aulas, Na lousa do Anfiteatro, continua o SOMBRA... Como diretor do Departamento Científico do CAPS, organizo a 1ª Jornada Botucatuense Médico Universitária, que traz a Botucatu, entre outros, Luis Caetano da Silva, Carlos Lacaz, Gastão Rosenfeld.

1967 = O QUARTO ANO Tempo de definições. O Hospital da FCMBB ainda é só um sonho... iniciamos a prática nas enfermarias da Sta. Casa de Botucatu. Parte da turma vai para Santos, no Hospital Ana Costa, parte para São Paulo e parte fica em Botucatu. Essa divisão serviria para orientar a carreira de alguns. Assim, depois da formatura, permanecem na Faculdade para residência e carreira universitária boa parte dos que escolheram ficar em Botucatu. O pequeno Hospital se abre com cerca de 15 leitos, precários. Falta tudo. Falta principalmente atenção e empenho da Diretoria e do Governo, para conosco. Aparelhos comprados no exterior para o Hospital e que possibilitariam sua instalação definitiva, chegam ao porto de Santos e lá permanecem estocados, deteriorandose. Entre nós, desmoraliza-se a Administração da faculdade, empenhada em sua linha de bondes... Numa assembleia de alunos, alguém tem uma idéia para chamar a atenção de todas as autoridades para a FCMBB. -uma caminhada de Botucatu a São Paulo, às vésperas de uma visita do autoritário Presidente Costa e Silva ao Estado. Todos unidos pela faculdade, planejamento minucioso, uma verdadeira “operação de guerra - a OPERAÇÃO ANDARILHO” é deflagrada. Marco histórico no movimento estudantil brasileiro, primeira reação planejada orquestrada contra uma conduta da ditadura, sobre essa operação muito já se falou e escreveu. Tornou-se História e lenda na FCMBB. Foi o marco principal do nosso conturbado quarto ano. Seguiu-se a tomada da faculdade pelo cumprimento das conquistas da Operação Andarilho. Estágio em São Paulo, na Casa Maternal Da. Leonor M. Barros. Partos até em cabine de caminhão. Edgar pede que o acordem sempre às 23:50 horas... não pode perder o bife de filé do lanche noturno... Outra lenda que foi verdade: numa discussão de caso clínico o Professor Deláscio chega a um diagnóstico. Montenegro, com lâminas de patologia, mostra outro final. Longa e histórica discussão entre os dois e a conclusão: ambos podiam estar certos. No baile anual do CAPS... o Fanelli... Provando que filho de Albino com Albina nem sempre é albino, mas pode ser Vicente, ganho minha única Dependência... Foi nesse ano que o Joaquim, depois de uma aula de Dermatologia, “pincelou” a Cidinha com podofilina, impossibilitando suas atividades por cerca de dois meses... 1968 = QUINTO ANO Ano marcado pelos estágios de prática. Pronto Socorro no Hospital Brigadeiro, em São Paulo. Obstetrícia no Pérola, hoje Hospital da Mulher. Primeiros alunos a irem para lá: Eu e Lastória. Voltamos de São Paulo no dia seguinte. Discordamos de um obstetra do hospital que, para ajudar uma parturiente em período expulsivo, subiu na mesa de parto e, ajoelhado sobre a cabeça da paciente empurrava sua barriga com as duas mãos... Barbárie. Em estágio na casa Maternal, com o Professor Delascio, aprendêramos a cuidar carinhosamente das “filhas”. Politicamente o ano ferve. “No Sete de Setembro, vista preto”. Assembleias, “questão de Ordem”, passeatas. Ato Institucional número 5. Prisões, protestos, fugas, invasão do Seminário - estudantes e igreja unidos. DOPS. Dedos-duros. Nas passeatas, a policia recebe ordem de bater mesmo em quem estivesse enrolado na bandeira nacional... A Rua Amando de Barros, entre o Bosque do Casino e a Praça do Paratodos, é uma verdadeira passarela da democracia. O ano letivo tem o final truncado pela ocupação da faculdade. Também aqui 1968 é um ano que não acabou. No entanto, o Hospital está sendo montado... e funcionando. Grande parte da 2ª Turma define que especialidade fazer e se aqui ou Santos ou São Paulo. 1969- SEXTO ANO Uma ala do prédio é destinada aos INTERNOS e aos RESIDENTES que aqui quiserem morar. As

Internas ficam numa casa separada, na entrada do campus. O Hospital de Clínicas, pequeno, com cerca de 30 leitos funciona com centro cirúrgico, pediatria, clínica médica. Atendendo a casos graves, por ser Hospital de Faculdade, o novo HC ganha fama de “Hospital onde se vai para morrer...” Geraldo Nunes, sorteado entre os internos para o 1°. Plantão atende um alcoólatra com ferimento num dos pés e aplica-lhe uma dose de soro antitetânico... alertado por nós sobre os perigos de choque causado pelo soro, Geraldo posta-se ao lado do paciente, este nu, coberto apenas por um lençol. Eis que durante a noite, falta energia elétrica e, para não deixar de observar o paciente, Geraldo acende a o seu redor algumas velas. Nessa hora, o paciente acorda... e se encontra, nu, deitado, entre velas, no Hospital da Faculdade... Sai correndo e gritando pelo corredor e entra num quarto, apavorando a todos, até intervenção do Residente Francisco Habermann, que, com sua calma professoral lhe diz; -”Olha aqui seu Zé... eu não gosto disso no meu plantão...” ao que, num gesto de defesa, o paciente, brandindo os genitais como arma, diante das escandalizadas enfermeiras e demais pacientes, berrava: “olha aqui procês, estudantaiada FDP...”. Foi um ano de prática intensiva. O Internato, instalado isoladamente numa das alas do H, era aquecido nas noites frias do inverno de Rubião por macios cobertores de orelhas. Afinal, só tínhamos como diversão uma TV Colorado comprada a prestações pela Associação dos Internos. Ainda olhando para o passado, vemos hoje com orgulho o ideal da FCMBB, de formar médicos generalistas, úteis às necessidades básicas da saúde da população; em confronto com a ideia da super - especialização trazida na época pelos acordos entre o governo brasileiro e a USAID. Não apenas pelo aspecto político da autonomia em si, mas pela necessidade real de nossa população. Assim, hoje, quarenta anos depois da formatura, podemos testemunhar a radical mudança nos níveis técnicos de nossa profissão. Mudou a medicina, mudou toda a aparelhagem e os exames auxiliares... tudo evoluiu... evoluiu MESMO??? Será que mudança do nome e das siglas da atenção básica à saúde em nosso país, evoluiu mesmo? Erradicamos por acaso a Hanseníase? A doença de Chagas? A Tuberculose? Como andam nossos índices de mortalidade infantil? De Desnutrição? De mortalidade de gestantes? Quando nos deparamos com um quadro caótico da Saúde no Brasil, em sua atuação curativa de danos, com poucos usufruindo- das mais avançadas técnicas e todo um povo sofrendo a falta de atenção básica ou primária, quero deixar aqui um apelo à FMB, voltado para o futuro. Pergunto: NÃO SERIA HORA DE RETORNARMOS AOS OBJETIVOS E PRINCÍPIOS DAQUELA ÉPOCA? A Atenção Básica à Saúde é hoje Política de Estado no Brasil. Lembrem-se os responsáveis pelo currículo do curso de medicina, que, não abrindo mão de recursos tecnológicos imprescindíveis, ainda é e sempre será menos custoso, tão bom quanto e mais humano, ouvir atentamente a história clínica, proceder a um rigoroso exame físico, diagnosticar clinicamente e medicar conscientemente o ser humano portador de agravo à saúde, do que transformá-lo em joguete dos aparelhos e exames onerosos , muitas vezes invasivos e nem sempre conclusivos, porém lucrativos para seus fabricantes, vendedores e operadores. Professores, voltem a ensinar a usar o estetoscópio, a percutir um tórax, a palpar um abdome, e sobretudo, ensinem, como nos foi ensinado, a ouvir e respeitar o ser humano, inserido na sua realidade social, que aprendemos a chamar de PACIENTE. Para finalizar, quero render uma homenagem carregada saudades aos nossos colegas que,já se foram do nosso convívio. Foi uma honra ter convivido com eles nessa turma maravilhosa de MAIS QUE AMIGOS, OS IRMÃOS DA 2ª TURMA! Muito obrigado. Domingos Gabriel de Paula Beluci

ABRIL 2009


8 C ELEBRAÇÃO

Enfermagem completa 20 anos com excelência no ensino O curso de graduação em Enfermagem, mantido pela Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) completou, dia 8 de maio, duas décadas de atividades acadêmicas marcadas pelo rápido desenvolvimento, reconhecimento educacional e, principalmente, inserido em um novo perfil para o profissional desta área. Desde a criação da FCMBB (Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu), a Enfermagem era proposta como um curso anexo que seria integrante do campus recém-criado. O curso, no entanto, permaneceu apenas como uma ideia durante décadas. A instalação oficial veio apenas em 1987, durante a gestão do professor Willian Saad Hossne frente à FMB (agora vinculada à UnespUniversidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”). Na época, existia a Divisão de Enfermagem do Hospital das Clínicas, um dos fatores que facilitaram a implantação do curso. O Departamento de Enfermagem, no entanto, surgiria mais tarde, em 1999. Seu primeiro vestibular ofereceu 20 vagas, sendo que o número foi ampliado para 30 em 1998. Atualmente, possui 120 alunos nos quatro anos de graduação, além de aprimorandos, residentes, pós-graduandos e especializandos. De início modesto em seu corpo docente, o curso tem hoje o suporte de 28 professores, além de mestres oriundos do IB (Instituto de Biociências) e dos departamentos de Psiquiatria e Saúde Pública, os quais auxiliam na formação básica dos futuros enfer-

de construir relações sólidas foram alguns dos fatores que foram fundamentais para a consolidação do curso”, declarou. “O incentivo à iniciação científica, especializações, residências e programas de pós-graduação em enfermagem fazem com que nossos alunos tenham um amparo educacional grande em nossa graduação”, complementou a coordenadora do curso. Profª Eliana ainda ressalta um novo perfil do enfermeiro no contexto

Aluna durante exercício prático no laboratório de enfermagem (690 inscritos para meiros. Em 20 anos anos,, foram O desen30 vagas- números formados 377 referentes a 2009). volvimento do curso se mosPara a coordeenfermeiros e 100 nadora do Consetra pelos resulaprimorandos lho de curso, protados. Em 20 anos de exisfessora Eliana Mara Braga, a atual qualificação da Entência foram formados 377 enfermeiros e 100 aprimorandos (desfermagem como ‘excelente’ pelo de 1992). Desde 2006, 25 mestres Guia do Estudante, além do maior interesse pelo curso, representa o em enfermagem tiveram sua preparação realizada na FMB. O cur‘crescimento contínuo e sustentado’ que apresentou nos últimos so também foi classificado, em anos. “A participação contínua da 2008, como “Excelente” pelo Guia do Estudante, publicado pela Edimaioria dos docentes em estudo de re-estruturação curricular, a imtora Abril. Também é uma das graportância dada ao relacionamenduações, dentro da Unesp, que to interpessoal e ético com discenapresentam grande procura no tes, docentes e grupo técnico-advestibular da instituição, com média de 23,2 candidatos por vaga ministrativo, além da preocupação

S OLIDARIEDADE

Crianças da oncologia pediátrica recebem presentes para a Páscoa Chocolate e coelho são dois símbolos da Páscoa que transformam a data (uma das mais celebradas entre os cristãos) em uma das preferidas entre as crianças. E a alegria de se ganhar um presente amenizou, em parte, a dura realidade enfrentada por pacientes atendidos pelo serviço de oncologia pediátrica do Hospital das Clínicas (HC), vinculado à Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB).

ABRIL 2009

A iniciativa, da escola de educação infantil “Colinho da Mamãe”, levou caixas de bombons, cartões e outros presentes a 16 crianças atendidas pelo serviço no HC. A entrega, que aconteceu na manhã do dia 8 de abril teve a presença de uma ‘coelha da Páscoa’ que alegrou os pequenos pacientes. Cada aluno da escolinha comprou os chocolates e os embrulhou. Além disso, confeccionaram cartões com

mensagens referentes à data. Integrante do Departamento de Enfermagem da FMB e mãe de uma aluna da escolinha, Bianca Paiva explica que a ideia surgiu durante uma reunião de pais e mestres da escola. Lá foi apresentada a proposta da doação. “Em uma das reuniões, vimos que as crianças assistidas pelo hospital enfrentam uma realidade complicada. Com esse gesto, pretendíamos explicar a todos o que é ser solidário e criar este espírito de ajuda”, ressaltou. Luciara Ricardi, diretora do “Colinho da Mamãe, salienta que a entrega dos chocolates é apenas uma das ações sociais que as crianças desenvolvem. Além dos pacientes da oncologia pediátrica do HC, alunos de uma creche no Parque Marajoara, em Botucatu, também foram contemplados pelos presentes. De acordo com ela, a iniciativa visa despertar o sentimento de solidariedade nos futuros cidadãos. “É um resgate dos valores e o respeito pelas pessoas que pretendemos ensinar aos nossos alunos com estas ações”, declarou.

profissional nesta primeira década do século XXI. Segundo ela, há a necessidade do mesmo se ‘reinventar, ser flexível e criativo e que esteja atento às mudanças no mercado e a preocupação simultânea com o paciente. “O enfermeiro, hoje, deve ser um profissional competente para exercer a profissão avaliando criticamente e eticamente o cuidado que oferece ao outro ser humano”, opinou.

Prof. Saad almeja criação da F aculdade Faculdade de Enfermagem O professor emérito da Faculdade de Medicina de Botucatu/ Unesp (FMB) William Saad Hossne (foto) será para sempre lembrado por aqueles que já passaram por ela ou que ainda irão cursar a graduação em Enfermagem. Ele foi o responsável pela criação e instalação do curso, quando era diretor da FMB, em 1989. Propôs a elaboração de um projeto, em 1987 – apresentado à Reitoria da Unesp, que previa iniciar a formação de enfermeiros em uma faculdade. Embora apenas o curso tenha sido instalado, vinculado à FMB, professor Saad, que também foi o primeiro coordenador do curso, em 1989, ainda é, hoje, um incansável defensor da proposta de transformar a graduação em uma instituição de ensino superior isolada. O professor lembra que logo no início das atividades da graduação em Enfermagem, buscou profissionais em outras universidades como a USP (Universidade de São Paulo), UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos) e Hospital Albert Einstein para comporem o corpo de docentes. Na época já existia a Divisão de Enfermagem no Hospital das Clínicas. “Pesquisamos a infra-estrutura, programas e o currículo dos cursos oferecidos em outras unidades e fizemos várias reuniões para que pudéssemos estruturar o nosso”, conta. Ele também lecionou uma disciplina chamada “Enfermagem e conhecimentos afins”. As duas primeiras professoras do curso, em nome das quais professor Saad faz questão de saudar todas as que vieram logo em seguida e que foram igualmente fundamentais para o desenvolvimento daquele projeto, foram: Maria Lúcia Araújo Sadala, Maria José dos Reis e Maria Antonieta de B. Carvalhais. “Foi uma experiência inovadora. Não tínhamos, na cidade, muita mão-de-obra para trabalhar como enfermeiros em nosso Hospital das Clínicas, por isso que se fez necessária a criação do curso de Enfermagem”, salienta. Estimulado a falar sobre momentos marcantes da trajetória do curso ao longo das últimas duas décadas, professor Saad expõe seu ponto de vista sobre a profissão de uma maneira geral. “A Enfermagem é uma área que sofreu um grande desenvolvimento nas últimas duas décadas, aumentou seu campo de atuação, seja na assistência, pesquisa ou ensino. Os cursos e programas no País foram expandidos e não apenas na abrangência, mas também na profundidade. Há, atualmente, grandes pesquisas que merecem destaque e não são apenas na Medicina ou Odontologia, mas também da Enfermagem”, observa. Enfermeiros se interessam pela Bioética Professor Saad exalta, também, uma tendência que, de acordo com ele, percebe-se nos dias atuais: o fato de os enfermeiros estarem se interessando pelas áreas da ética profissional na área da saúde e bioética. “Muitos profissionais da Enfermagem, atualmente têm se aperfeiçoado nas áreas da ética e bioética, o que é compreensível, pois como a profissão tem crescido e se espalhado, os problemas éticos, no atendimento ao paciente, também começaram a surgir. A Enfermagem atua diretamente no cuidado ao paciente, sente os problemas humanos”, cita. Excelência Sobre a atual situação do curso de Enfermagem, que recebeu cinco estrelas, o que equivale ao conceito “Excelente”, na avaliação feita pelo Guia do Estudante 2008, da Editora Abril, professor Saad diz não ser totalmente favorável a rankings. “Não me entusiasmo com avaliações que trazem um ranquemento. Avaliação, de um mode geral, é meio e não fim. Avalia para poder usar como instrumento. Toda avaliação deve dizer a que se destina. A auto-crítica é e melhoria contínua são fundamentais. O curso, hoje, tem tudo para ser excelente, devido ao seu corpo de docentes, que têm dedicação exclusiva. Os alunos saem com boa formação e competitividade para entrarem no mercado. Novamente reforço que o curso tem condições de se tornar uma faculdade”, ressalta.


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