Dissertação de mestrado - Fabiano Dias

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Na arquitetura, este processo se acelera na medida em que aquela é sistematizada em sua criação, quando arquitetos adotam os programas de necessidades como premissa da composição arquitetônica. Tratando o tipo como um partido arquitetônico (MARTINEZ, 2000, p. 110) e tendo um leque de opções formais, apresentado pelos tratados e manuais de arquitetura (VALLÉS, 1984, p. 18), o arquiteto tem ao seu dispor catálogos impressos de elementos e espaços arquitetônicos pré-definidos e conceituados pelos teóricos da época. Como explica Rykwert (2003, p. 37), os arquitetos agora precisam produzir arquiteturas para “satisfazer as necessidades mais urgentes da humanidade”, e encontram, em Jean-Nicolas-Louis Durand, a forma de uma arquitetura livre dos preceitos míticos que a “tradição clássica [...] ainda impunha ao arquiteto praticante” (RYKWERT, 2003, p. 37). A esta época, os escritos de Durand apresentam uma arquitetura baseada em composições ou disposições de elementos arquitetônicos como colunas, pilares, fundações, abóbodas e etc. e mais uma série de espaços como pórticos, vestíbulos, escadarias, pátios e outros (VALLÉS, 1984, p. 18); disponíveis aos arquitetos em composições formais organizadas em categorias funcionais de uso e materiais dos quais se constituíam (VALLÉS, 1984, p. 18). Para Durand a arquitetura deveria ser a resposta às necessidades de duas características específicas intrinsecamente ligadas à composição: a comodidade e a economia (VALLÉS, 1984, p. 18). A comodidade estava relacionada com a qualidade e distribuição dos espaços; a economia, com a melhor utilização dos materiais e formas adequadas a cada uso. Com Durand o tipo se transforma em “gênero”, segundo Vallés (1984, p. 19), quando trata os edifícios não por suas formas, mas por seus usos. Cada uso possui sua composição adequada em resposta às necessidades programáticas dos edifícios. Esta sistematização da arquitetura tira desses mesmos elementos e espaços o seu caráter tipológico para algo a ser seguido praticamente à risca: um modelo, utilizado como elemento compositivo e que atendesse a um programa específico. Inverte-se então a diferença entre tipo e modelo neste momento (VALLÉS, 1984, p. 18): o modelo é a regra para a criação de tipos que podem ser catalogados, sistematizados e apresentados

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