Discurso formandos 2017

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Discurso - Formandos 2017 Meus queridos e amados formandos,

Seguimos o ano de 2017, esse que é o último de suas vidas acadêmicas enquanto estudantes de nosso Curso de Arquitetura e Urbanismo das Faculdades Integradas de Aracruz, como sendo mais um ano dessa época estranha da qual lutamos pela liberdade e pela democracia. Tempos temerosos, como dizem hoje, onde conquistas sociais estão sendo derrubadas em nome de um poder que não é o seu, que não é o nosso, enquanto sociedade, enquanto entes coletivos. Não vivemos isolados. Não vivo em uma ilha onde dependo somente de mim. Vivemos em comunidade, reunidos coletivamente em cidades, núcleos urbanos forjados em sua essência desde Eras imemoráveis.

Somos Arquitetos-Urbanistas! Um misto de arte com técnica e função. Uma arte que ao mesmo tempo questiona e diz para o que veio. É parte da cultura humana que se adapta ao seu meio. Um utensílio, como uma colher, uma faca, um prato, uma roupa onde a função é expressa por uma forma, e vice-e-versa, ao mesmo tempo em que expressa uma estética, uma intenção, um desejo, um discurso...

Arquitetura e urbanismo não são para poucos. São para todos! A arquitetura em sua essência enquanto abrigo histórico do homem, é a menor parcela da cidade; e o urbanismo, expressa a menor parcela do homem, enquanto sociedade, sobre a Terra: a cidade. A arte de fazer cidades está intrinsecamente ligada às grandes artes produzidas pelo homem, ao longo da história. Delas, a arquitetura e o urbanismo, bem como os arquitetos-urbanistas se alimentam e abastecem seu centro criativo: o coração. Por conta disso, corações e mentes de arquitetos-urbanistas são campos férteis de novas ideias sem preconceitos, arbitrariedades ou ataques às liberdades de expressão.

O ser arquiteto é a ponta de novas conquistas nas esferas da tecnologia e da arte. Ao mesmo tempo, é ele o intermediário destas duas esferas, ao aliar arte e tecnologia em


seus projetos. A cidade, ao fim e ao cabo, é a síntese histórica de evoluções artísticas e tecnológicas.

A história nos conta a existência de inúmeros arquitetos que formaram as bases de nossos estudos em arquitetura e urbanismo: Vitruvius que escreveu um dos primeiros tratados de arquitetura; Brunelleschi e seus estudos sobre a perspectiva que mudou a forma de representar a arquitetura, a cidade e as artes; Palladio e seus estudos tipológicos da arquitetura; André Le Nôtre, o primeiro grande arquiteto-paisagista dos jardins de Versalhes; Jean-Nicolas-Louis Durand e seus estudos inovadores sobre a funcionalidade na arquitetura; Le Corbusier, Frank Lloyd Wright, Gropius e Ludwig Mies van der Rohe que juntos deram a base da arquitetura e do urbanismo Modernos dos primeiros cinquenta anos do séc. XX; Louis Khan, Robert Venturi e Aldo Rossi que reintroduziram o significado na arquitetura e na cidade; Zaha Hadid, Peter Eisenman e Frank Ghery que levaram a arquitetura e os estudos urbanos para novos patamares teóricos e projetuais. E os brasileiros Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Reidy, Artigas, Lina Bo Bardi e Paulo Mendes da Rocha que imprimiram no mundo a força e a expressão da arquitetura e do urbanismo brasileiros...

Essa lista incompleta e simplista da história da arquitetura e do urbanismo, escrita aqui propositadamente, pode ser completada por vocês, meus caros ex-estudantes e agora colegas arquitetos. Como sempre lembro das palavras de meu velho amigo e colega arquiteto Jorge Paiva, os grandes arquitetos da história não vieram todos das capitais, e sim, do interior. Vieram para as grandes cidades para literalmente fazer história. Portanto, a história de nossa arquitetura, de nossas cidades está em vossas mãos. E o que mais me tranquiliza é que sei, do fundo do meu coração, que estão em ótimas e zelosas mãos. Obrigado e um até breve!

Vitória, dia 20 de janeiro de 2018.

X F a b ia n o V ie ira D ia s , M S c. P ro f . C A U -F A A C Z


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