BrazilianNews 395 London

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22 a 28 de Outubro de 2009

Por:

As cifras de 2016

Marli Souza marlisouza@hotmail.co.uk

A escolha do Brasil como sede das Olimpíadas volta as atenções para os gastos públicos; especialista avalia reflexos nos setores produtivos

Segundo o economista Paulo Mello, diminuição da máquina administrativa compensaria investimentos nos jogos

M

edalhas, atletas e recordes não serão os únicos números contabilizados nos jogos olímpicos de 2016. O valor estipulado pelo Comitê Olímpico Brasileiro para a realização do evento é da soma de R$ 28,8 bilhões. O investimento deixaria o legado de infraestrutura para Rio de Janeiro e atrairia investimentos para o país. No entanto, a questão da transparência com os gastos já é debatida nas esferas política e social. Dados apresentados pela Secretaria de Fazenda do Estado do Rio de Janeiro mostram que R$ 11,8 bilhões do valor total vão para infraestrutura, sendo R$ 7,3 bilhões custeados pelo setor público. Das cidades candidatas a organizar os jogos, o Rio foi a que apresentou maior gasto nesse item, bem acima dos US$ 3,4 bilhões de Madri, US$ 2,1 bilhões de Tóquio e US$ 1 bilhão de Chicago. A preocupação sobre o montante destinado ao evento e de onde viriam as receitas para a realização dos projetos é ainda maior depois do histórico de gastos do Pan 2007, no qual era estimado o valor de R$

A Lagoa Rodrigo de Freitas também receberá investimentos para sediar algumas das provas das Olimpíadas.

400 milhões e foram gastos 800% a mais, chegando a R$ 3,7 bilhões. Paulo Brasil Correa de Mello, economista especialista em Orçamento e Finanças Públicas, diz que é difícil avaliar o impacto nas contas públicas, mas que algumas medidas deveriam ser tomadas em

A presidente da Confederação Brasileira de esportes pergunta: será que os benefícios à população e aos atletas brasileiros virão com as Olimpíadas de 2016?

conjunto com o aumento de investimentos. “A mais importante seria a diminuição do custo da máquina administrativa [salários, encargos] para compensar e assim permitir a utilização do recurso público em investimentos nos jogos”, opina. O setor privado também terá sua contribuição nos jogos. Segundo dados divulgados pelo site G1, o montante previsto é de R$ 4 bilhões, divididos em R$ 1,6 bilhão da vila de mídia, R$ 1,5 bilhão em energia elétrica e R$ 850 milhões da vila olímpica. Especialistas acreditam que as Olimpíadas vão permitir um rearranjo do setor produtivo do Rio. As áreas de construção, transporte, energia, companhias aéreas, bem como mercado imobiliário, financeiro e de ações seriam diretamente beneficiadas pelo evento. Mello ressalta que o setor de

turismo será um dos que mais ganhará. Ele espera que com o legado deixado pelos jogos olímpicos o setor alcance o patamar esperado no cenário mundial. “A cidade do Rio de Janeiro precisa profissionalizar o turismo, que a meu ver ainda é tratada de forma amadora em relação a outros paises e sem preparo para atingir todo seu potencial”, avalia o economista. Muito além das expectativas de ganhos para a economia, a questão dos gastos tem sido cobrada de autoridades e organizadores do evento. Após a vitória do Brasil como sede dos jogos, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou que o governo federal vai montar uma estrutura especial na Controladoria Geral da União (CGU) para garantir a transparência dos valores. O comitê organizador já disponibilizou também um site no qual promete manter atualizados os valores aplicados no evento. Até o momento, o www.transparenciaolimpica. com.br lançado pela prefeitura do Rio não apresentou os valores de nenhum dos sete projetos listados para monitoramento público. O campo “valor” permanece como status “a definir”. Perguntado pela a BBC Brasil

sobre como o governo pretende garantir a transparência, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu: “Garantindo. Primeiro com o simples pressuposto de que as pessoas são honestas até que provem o contrário”. E acrescentou “É uma Olimpíada que vai ter fiscalização de comitê internacional, de comitê nacional, de Tribunal de Contas, da Controladoria”. “Espero que as Olimpíadas não sejam mais um meio de corrupção e descaso com o povo brasileiro que enfrenta dificuldades inúmeras”, diz Gina Anjos, coordenadora geral da Confederação Brasileira de Esportes (CBE). Anjos questiona, “Onde estão os benefícios prometidos à população no Pan de 2007? Será que os benefícios à população e aos atletas brasileiros virão com as Olimpíadas de 2016?” Na semana que se seguiu à vitória do Rio, o presidente Lula disse que os recursos destinados à realização das Olimpíadas devem ser encarados como investimento não como gastos. “Nós temos que perguntar não quanto o Brasil vai gastar, mas quanto o Brasil vai ganhar com a realização das Olimpíadas”. Mas a pergunta da coordenadora da CBE é outra: “Até quando o Brasil manterá a postura de descompromisso com os atletas, que sofrem com a falta de dinheiro e/ ou patrocínio e são obrigados a custear suas necessidades básicas como alimentação, equipamentos, treinos, passagens?” Para ela, os “protagonistas” do evento são os atletas. E conclui, “Lamentavelmente, o Brasil não apoia seus atletas, que lutam diariamente para sobreviver e permanecer no esporte”. (com informações do G1 e BBC Brasil)

Dívida pública do Reino Unido no semestre atinge maior nível desde 1946

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dívida pública do Reino Unido chegou no primeiro semestre de seu ano fiscal (iniciado em abril), a 77,3 bilhões de libras (cerca de US$ 127 bilhões), maior patamar para um semestre desde 1946, informou nesta terça-feira, 20, o ONS (Escritório Nacional de Estatísticas, na sigla em inglês). Em setembro a dívida chegou a 14,8 bilhões de libras (US$ 24,2 bilhões). Os números relativos ao mês passado foram mais baixos do que esperavam os especialistas, enquanto o Tesouro britânico indicou que a dívida pública pode situar-se em 175 bilhões de libras (US$ 287 bilhões) no ano fiscal em curso. Com esses dados, a dívida líquida total do país se situa em cerca de 825 bilhões de euros (US$ 1,35 trilhão), o que representa 59% do PIB (Produto Interno Bruto).

Segundo os analistas, esse aumento do nível de endividamento pode renovar o debate entre os partidos políticos sobre a situação das finanças públicas. O primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, divulgou na semana passada um plano para vender ativos do governo, enquanto a oposição conservadora --favorita para ganhar as eleições gerais

de 2010-- prometeu congelar os salários do setor público durante um ano e aumentar a idade de aposentadoria dos trabalhadores. A ONS atribui o aumento da dívida na alta da despesa nas verbas sociais para fazer frente à crise econômica, entre as quais destaca os subsídios por desemprego e também a queda da arrecadação. (Efe)


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