Entrevista Dr. Vagner Rodrigues para a Bem-Estar

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SAÚDE Pixabay/Divulgação

Doenças respiratórias Coriza, tosse, nariz entupido espirro e dificuldade para respirar são alguns sintomas das patologias típicas do outono. Saiba quais são as mais frequentes e como agir para se proteger Francine Moreno

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om a chegada do outono, algumas doenças típicas da época voltam a aparecer. Entre as mais comuns estão as respiratórias. A estação do ano, que sucede ao verão e antecede o inverno, costuma trazer incômodos, como tosse, nariz entupido e dores de garganta em crianças, adultos e idosos. Mesmo tomando cuidados, é praticamente impossível passar ileso dos sintomas. O otorrinolaringologista Vagner Rodrigues afirma que os problemas mais recorrentes nesta época do ano são as infecções virais, como resfriado, gripe e rinite alérgica. “Elas diminuem a imunidade e podem favorecer o aparecimento de doenças mais graves como sinusite, asma e pneumonia que também são comuns durante esse período de temperaturas mais baixas.” As doenças aparecem mais neste período por que a temperatura começa a diminuir e o tempo tende a ficar mais seco. Rodrigues afirma que a mudança de temperatura é o primeiro fator a influenciar o aparecimento de problemas respiratórios, além da queda da umidade relativa do ar, pois dessa forma Domingo, 14 de abril de 2019 | 16

a proliferação de bactérias é mais intensa e facilita a contaminação. “Nesse período o acúmulo de pessoas em ambientes fechados com pouca ventilação e uso de roupas grossas, que permaneceram por um longo período guardadas, também é maior, originando assim crises alérgicas, entre outras complicações.” Coriza, tosse, nariz entupido, espirro e dificuldade para respirar, de uma maneira geral, são os principais sintomas de alerta dos resfriados. No entanto, em casos de alergias e doenças como asma e bronquite, é preciso ficar de olho na falta de ar constante, chiado no peito, dores no corpo e fraqueza. As doenças afetam mais crianças, idosos e pessoas que já têm alguma doença respiratória. “Eles são os grupos mais vulneráveis aos problemas impostos pelo ar seco e precisam redobrar os cuidados nesta época, pois estão mais suscetíveis a contaminações”, revela o otorrinolaringologista. No entanto, ninguém está imune. Prevenção, neste caso, é essencial. “Alguns hábitos como evitar aglomeração, limpar a mobília da casa com pano úmido, forrar os colchões e travesseiros com capa impermeável, retirar cortinas e tapetes de tecidos grossos

Nas estações mais frias, chega a aumentar em 40% a incidência das doenças respiratórias, como gripe, rinite e asma

da casa e evitar dormir em beliches já ajudam a diminuir o acúmulo de poeira no ambiente e, consequentemente, a propagação das bactérias e ácaros”, afirma Vagner Rodrigues. Além da tosse O pediatra João Batista Salomão Junior, especialista em pneumologia pediátrica da Famerp e Hospital de Base, afirma que as pessoas devem ser preocupar com doenças como rinite, amigdalite, bronquiolite, asma e pneumonia. “Neste ano, as bronquiolites estão muito frequentes e se apresentam como muito preocupantes nas emergências pediátricas.” A bronquiolite, que é a inflamação dos bronquíolos (parte final dos brônquios), atinge principalmente os bebês menores de dois anos. Os sintomas iniciais são semelhantes com os da gripe, que incluem febre, tosse seca e nariz escorrendo, seguido por desconforto respiratório (tosse com chiado ou falta de ar). Batista afirma que não há uma forma de turbinar a imunidade dos adultos e das crianças. “A maneira correta de evitá-las é não frequentar ambientes de grande aglomeração e manter uma boa alimentação e hidratação.”


Cada patologia terá uma tratamento detalhado, segundo o pediatra. “Cada doença tem um tratamento específico e diferente para cada pessoa que a contrai”, explica. No entanto, de uma maneira geral, são indicados alguns cuidados, como repouso (evitando esforço físico) e hidratação. Para baixar a febre e aliviar as dores, somente o médico do paciente poderá indicar medicamentos específicos. “Apenas o seu médico pode indicar o melhor medicamento para seu caso”. O importante é tratar para que a doença não evolua e se torne algo mais sério. “O importante é que as pessoas e principalmente as crianças e idosos procurem por atendimento médico que orientará os medicamentos específicos e corretos para cada uma delas. A automedicação deve sempre ser evitada, pois trará complicações mais sérias e danosas para as pessoas”, afirma João Batista Salomão Junior.

Rinite atinge de 15 a 30% da população Maura Neves, otorrinolaringologista da Clínica MedPrimus, em São Paulo, afirma que a rinite é uma das doenças mais comuns do período. “Ela é uma inflamação da mucosa nasal que pode ser alérgica ou não alérgica (irritativo, gestacional, senil), intermitente (sintomas por menos de quatro dias na semana) ou perene (sintomas em mais de quatro dias da semana por mais de um mês). Se manifesta por coriza, congestão com obstrução ou semi-obstrução nasal, prurido (coceira), espirros, ardor ou irritação nasal.” A rinite alérgica atinge de 15 a 30% da população. “É geralmente causada por alérgenos inalatórios,

como ácaros da poeira doméstica, mofo, pólen e pelos de animais domésticos, ou agentes irritantes, como a fumaça de cigarro, poluição ambiental e odores fortes (perfumes, produtos de limpeza etc). Episódios da doença aumentam também a frequência de infecções respiratórias bacterianas (otite, sinusite, faringites) e viroses respiratórias (gripes e resfriados). Isso, pois a inflamação nasal causada pela rinite diminui a eficácia das defesas nasais”. O tratamento pode ser medicamentoso, mas apenas um médico poderá revelar qual é o melhor.

Saiba mais

Dicas

Medidas de suporte para os sintomas:

Nesta época do ano, é comum ambientes fechados, pouco arejados e com grande volume de pessoas, o que contribui para proliferação de doenças respiratórias. Confira abaixo algumas dicas de prevenção:

44Aplicar solução fisiológica no nariz em

forma de aerossol ou spray, ou com o auxílio de uma seringa, ajuda a aliviar os sintomas e a congestão nasal através da hidratação e fluidificação das vias aéreas 44Para amenizar os desconfortos respiratórios, uma opção são os umidificadores de ar, especialmente em dias com umidade relativa do ar mais baixa, mas é preciso ficar atento para não deixá-lo ligado por períodos longos, uma vez que o excesso de umidade pode colaborar com a proliferação de fungos e bactérias. O ideal é manter o aparelho ligado em uma intensidade baixa e uma porta ou janela aberta para escape e por períodos curtos 44Outra medida mais econômica e efetiva é colocar uma toalha de rosto úmida no quarto de dormir, perto da cama. Já as bacias não são efetivas, porque a superfície e evaporação são pequenas 44Não se esquecer da recomendação universal que é a hidratação, ou seja, ingerir bastante água Fonte: Maura Neves, otorrinolaringologista da Clínica MedPrimus

44Controle ambiental e dos ácaros 44Manter o ambiente ventilado e

realizar limpeza frequente com pano úmido 44Encapar colchões e usar revestimentos impermeáveis (corino, courvim, napa etc.) em estofados e almofadas; evitar tapetes grandes e carpetes, pelúcias, pilhas de jornais e revistas, madeiras e outros itens que retêm poeira e mofo 44Trocar e lavar a roupa de cama com água quente pelo menos a cada duas semanas 44O travesseiro deve ser colocado no sol várias vezes por semana e trocado por um novo com frequência

Deve ser realizada a aspiração do pó de colchão, cortinas, tapetes e estofados semanalmente 44Manter animais fora de casa ou, pelo menos, fora do quarto de dormir. Lavar as mãos após contato com animais. Cães e gatos devem tomar banho semanal 44As janelas devem ficar abertas e o ambiente bem ventilado nos casos relacionados a ácaros e mofo e devem ficar fechadas (ou bloqueadas com tecido grosso) nos casos relacionados a pólen de gramíneas e árvores na época de polinização Fonte: Maura Neves, otorrinolaringologista da Clínica MedPrimus

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