Catálogo Exposição Design de Mobiliário Brasileiro - Embaixada do Brasil em Tóquio

Page 1

Mensagem do Embaixador _______________________p. 3

Apresentação__________________________________p. 4

Mapa da exposição_ p. 5

José Zanine Caldas p. 6

Lina Bo Bardi p. 8

Giuseppe Scapinelli p. 10

Jean Gillon p. 11

Sergio Rodrigues p. 12

Carlo Hauner & Martin Eisler (Forma) p. 13

Paulo Mendes da Rocha p. 14

Jorge Zalszupin p. 15

Oscar Niemeyer p. 16

Diplomacia Digital e Design de Mobiliário p. 17

“Mangás” p. 18-26

Agradecimentos p. 27

ÍNDICE

APRESENTAÇ Ã O

mo b il i ário b rasi l e i ro é mai s u ma d im e n s ã o p o r m e i o d a q u a l se ex p r e s s a m a lg u m a s d a s caract erís ti cas que tornam o Brasil único . O Brasil é um país cuja “pureza” – palavr a aq ui entendida como sinônimo de “autenticidade” – se expressa por meio da mistura.

S e é ve r d a d e q u e n o d e s ign d e m o b i li á rio bras i lei r o a m a dei r a prev al e c e ( e é o p o r t u n o r e c o r d a r que n o s s o p a ís f o i ba t iz ado c o m o n o m e d e u m a á r v o r e, o P a u - B r a s i l ) , s ã o t a l ve z a s c u r v a s t a mbé m p r ese n te s em b o a p a r t e d a s pe ç a s a q u i e x p o s t a s q u e m a i s bem expressam as referências populares, a criatividade e o estilo de vida brasileiros.

Da m ú s i c a à a rq u i te t u r a , d o f u t eb o l ao m o d o b r as i l ei r o de fa l a r P o rtuguê s , é n a “ c u r v a “, n a c o n t e s t a ç ã o d o t r a ç o r e t o, n a r e j e i ç ã o d o c a m i n h o p r e v i a m e n t e t ra ç a d o , q u e e n con t ra m o s n o s sa ve r d a d e i r a i d e n t i d a d e. C o m o e s c r ev e u c e r t a ve z o j o r n a l i s t a S é r g i o Au g u s to , a p o lt ro na “ M o l e “ , d e Serg i o R o d ri g u es, se r i a “ n o s s a r e s p o s t a à t i r a n i a de Bauhaus; um Garrincha de quatro pernas driblando o racionalismo teutônico“ .

O nascimento dessa escola brasileira de desig n de mobiliário está inti mamente atrelado à intensa participação do Brasil no movimento modernista. A Arquitetura e a construção d e B r a s í l i a for a m , s e m d ú vi d a a l g u m a , a e x p r e s s ã o i n t e r n ac i o n al m e n t e m a i s r e c o n h e cid a d es s a p a r t i c i p a ç ã o . É p r e c i s o r e c o rda r , c o ntu d o , q u e o s t r a ç o s ú n i c o s d o s p r é d io s er g uid o s n o B r a s i l n a m e t a d e d o s é cu l o X X pe d i a m m o b í l i a e i n t e r i ores n ã o a p e n a s a l i n ha d o s à efe r ve s c ê n c i a c r i a t i v a q u e to m o u c o nt a d o B ra s i l d aque l a ép o c a , mas que também expressassem nossa identidade nacional.

M a i s d o q u e si m p l e s e x p r e s s ã o d e n o s s a “b r a s i l i d a de “ , a e s c o l a b r a s i l e i r a d e de s i g n d e m o b i l iá r i o , c u j a gê n e s e é p o s s í ve l e s t a b e l e c e r n o in í c i o d o s a no s 40, s e c o n s o l i d o u e ho je p od e s e r p os i ci onada n o m esmo patamar de tradições como a dinamarquesa e a italiana.

N e st a e x p os i ç ã o e s t ã o r e u n i d a s p e l a p r i m e i r a v e z n o J a p ã o pe ç a s d e a l g u n s d e n o s s o s p rinc ip ais nomes: Li na Bo Ba rdi, Sérg io R od rig ue s , Paul o Men des d a Rocha, J o s é Zan in e C a l d a s , J o r ge Z a l s z up i n, O sc a r Niemeye r , J e a n G i l l o n , H a u ner & Ei s l e r e G i u s epp e S c a p i n e ll i . C a d a u m e m s u a é p o c a , c a d a u m a s e u m o d o , c o n t r i b u i u p a r a e s t a b e l e c e r uma tradição que continua a ser renovar e a produzir novos expoentes.

MENSAGE M

É co m gr a n d e o rgu lho q u e a E m b a i xada do B ra s il e m T ó q ui o r e ú ne e m u m m e s mo espaç o , pel a p ri me ira ve z n o J apã o , peç as d e al g uns dos ma i s im p or t a n t es designe r s brasileiros.

Embora a escola bra s ileira de de s ign d e mobiliário seja j á há algum t empo frequentadora dos grandes centros internacionais – Mil ã o, Londres, Nova York –, alimentando o desejo dos ma i s renomados colecionadores e integrando o s ace r vos p e r m ane n t e s dos princ i pais muse u s d o m undo, ainda p a r e c e h a v e r inúme r as oportunidades a explorar no Japão. Esta pequena mostra, de curtíssima duração, é mais uma contribuição que a Embaixada do Brasil em Tóquio pretende oferecer à construção dessas oportunidades.

Afortunadamente, temos observado no período recente presença cada vez mais f r eq u e nt e de referên c ia s à e s co l a b r a s i l eir a d e design d e m obi li á ri o n as pub lica ç õ e s e s pe c i a l i z ada s ni p ôni c as , o que d e mo ns t ra i n teresse e, sobretud o , esp a ç o p ara maior presença de nossas peças no Japão.

Tenho a satisfação de poder dizer que a maioria das peças expostas nesta mostra já está disponível para venda no mercado japonês. Isso se deve em larga medida à iniciativa da G aler i a A te l ie r– a q u e m a g ra deço a c o nt r ib u iç ã o p a r a a o r g a n iz açã o e a m ont a ge m qualidade dos móveis desenhados por eles oportunidade para enriquecer seu acervo.

C o n vi d o t odo s o s pre se n te s a apr e c i ar e m a s p e ç a s aqui expo s tas, a amp l i a re m s e u c o nhe ci mento s ob r e nossos d e si g n e r s e a se un i rem a n o ss os esfo r ço s par a a u m en t ar a presença do design brasileiro no Japão.

Eduardo Saboia Embaixador do Brasil no Japão

José Zanine Caldas Banco (anos1970)

35 x 35 x 47 cm

ATELIER GALLERY

Lina Bo Bardi

Cadeira MASP (1948 - Reedição)

46 x 58.5 x 87.5 cm

CASA DE

Lina Bo Bardi

Cadeira Cirell (1958)

65.5 x 93 x 85 cm

ATELIER GALLERY

Lina Bo Bardi

Cadeira SESC (Anos 80)

38 x 50 x 66 cm

ATELIER GALLERY

Lina Bo Bardi

Cadeira Girafinha (1987)

39 x 43 x 79 cm

ATELIER GALLERY

Giuseppe Scapinelli

Mesa de Centro (Anos 50)

129.5 x 51.5 x 38.5 cm

Acervo pessoal de Yusuke Koike

Jean Gillon

Poltrona Jangada (1968)

98 x 107 x 83 cm, 66 x 43.5 x 42 cm

Acervo pessoal de Yusuke Koike

DESIGNER NOME

DA PEÇA DIMENÇÕES (L x P x A)

CEDIDO POR

Lina Bo Bardi

Cadeira “Bowl” (1951 - Reedição)

87 x 87 x 76 cm

Shukoh One

José Zanine Caldas Estante (Anos 50)

100 x 27 x 90 cm

ATELIER GALLERY

José Zanine Caldas Cadeira (Anos 50)

65 x 70 x 76 cm

ATELIER GALLERY

José Zanine Caldas Mesa de Centro João (Anos 50 - Reedição)

96 x 97 x 43 cm

CASA DE

Sergio Rodrigues Sofa Mole (1957 - Reedição)

185 x 110 x 82 cm

CASA DE

Sergio Rodrigues Banco Mocho (1954 - Reedição)

40 x 40 x 37 cm

CASA DE

Carlos Hauner & Martin Eisler

Poltrona Costela (Anos 50)

73 x 70 x 78 cm

ATELIER GALLERY

Paulo Mendes da Rocha

Cadeira Paulistano (1957 - Reedição)

70 x 70 x 82 cm

Azmaya Co., Ltd.

Jorge Zalszupin

Poltrona Ouro Preto (1959 - Reedição)

58 x 68 x 77 cm

CASA DE

Jorge Zalszupin

Carrinho de Chá (Anos 60)

51.5 x 106 x 72 cm

Acervo pessoal de Yusuke Koike

Oscar Niemeyer

Cadeira Alta (1971)

70 x 104 x 69 cm

Acervo da Embaixada do Brasil

MA P A ①

Nascido em Belmonte, no sul do Estado da Bahia, José Zanine Caldas foi um dos designers brasileiros mais originais. Apaixonou-se desde muito novo pelos trabalhos manuais. Aos 18 anos, mudou-se para São Paulo, onde começou a trabalhar em uma construtora. Mudou-se então para o Rio de Janeiro, no m dos anos 30, e começou a fabricar maquetes arquitetônicas.

Etiqueta afixada nas primeiras peças de Zanine Caldas.

O talento de Zanine para a produção de maquetes era tal que, mesmo sem educação formal em arquitetura, começou a produzir protótipos para nomes consagrados como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. No m dos anos 40, fundou em São Paulo a “Móveis Artísticos Z”, com peças que têm nas suas formas os traços marcantes do modernismo.

2.Estante

Peça em exposição: Estante em madeira brasileira, anos 50.

4.Mesa de Centro João

Peça em exposição: Mesa de centro João, projeto original dos anos 1950.

3.Cadeira

Peça em exposição: Cadeira produzida pela “Móveis Artísticos Z”, anos 50.

Imagem gentilmente cedida pela Etel Imagem gentilmente cedida por Sergio Gandhi Campos / Arte Mobilia Imagem gentilmente cedida por Sergio Gandhi Campos / Arte Mobilia

Apesar de não possuir diploma de nível superior, Zanine foi convidado por Darcy Ribeiro a integrar o corpo docente da Universidade de Brasília, como professor de maquetes. No nal da década de 1960, de volta ao seu estado natal da Bahia, começou a produzir as peças que ele chamava de “móveis-denúncia”: uma abordagem mais básica de esculpir móveis a partir de grandes pedaços de madeira, com forte preocupação ambiental.

Nos anos 80, movido por essa preocupação ambiental, fundou o Centro de Desenvolvimento das Aplicações da Madeira, núcleo de estímulo à pesquisa sobre o uso das madeiras brasileiras na construção civil.

Nas fotos (esq. e acima à direita) é possível ver exemplos da arquitetura residencial de Zanine Caldas.

A falta de educação formal levou Zanine a enfrentar por muitos anos restrições do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, fato que o impediu de avançar alguns projetos. Defendido por Lúcio Costa, recebeu em 1991 o título de Arquiteto Honorário do Instituto de Arquitetos do Brasil, um ano após ter recebido a honrosa medalha de prata da Academia Francesa de Arquitetura.

Bancos em madeira maciça, anos 70

5. Bancos

Em 2018, a casa onde Zanine Caldas nasceu em Belmonte, Bahia, foi transformada por seu lho, Zanini de Zanine, também designer, no Museu das Cadeiras Brasileiras.

Nesta mostra, procuramos reunir peças de todas as fases de sua carreira.

“Móveis Denúncia ” imagem: divulgação

Uma das mais renomadas arquitetas e designers brasileiras, Lina Bo Bardi nasceu em Roma, mudou-se para o Brasil em 1946 e se tornou cidadã brasileira em 1951. Por considerar os móveis que encontrava no mercado brasileiro “cópia dos estilos passados”, começou a desenhar móveis logo que chegou da Itália.

Em 1949, ao lado de Giancarlo Palanti, Lina criou a empresa “Studio d'Arte / O cina Paubra”. Foi a primeira empresa a fabricar móveis modernos no Brasil. In uenciada pelo design moderno italiano, os primeiros trabalhos de Lina tinham um design re nado, com cores claras e materiais novos. Depois de 1967, a maioria de suas cadeiras era feita de madeira, com linhas simples, racionais e sem desperdício.

1.Cadeira “Bowl”

A cadeira “Bowl”, de 1951, clássico do design internacional

“Quando a gente nasce, não escolhe nada, nasce por acaso. Eu não nasci aqui, escolhi esse lugar para viver. Por isso, o Brasil é meu país duas vezes, é minha ʻPátria de Escolhaʼ, e eu me sinto cidadã de todas as cidades”.

Museu de Arte de São Paulo (MASP), projeto de Lina Bo Bardi de 1958, inaugurado em 1968.

Detalhes de desenhos de Lina Bo Bardi para a concepção da Cadeira “Bowl”

6.Cadeira MASP

Cadeira Auditório MASP, 1948. Inspirada em cadeiras de circo, mobiliava o auditório da primeira sede do Museu de Arte de São Paulo, localizada na Rua Sete de abril. A cadeira MASP é considerada uma das primeiras cadeiras modernistas do Brasil.

Imagem gentilmente cedida pelo Instituto Bardi/Casa de vidro. Imagem gentilmente cedida pelo Instituto Bardi/Casa de vidro. Imagem gentilmente cedida pelo Instituto Bardi/Casa de vidro. Imagem gentilmente cedida pelo Instituto Bardi/Casa de vidro. Imagem gentilmente cedida pela Etel. Fotografia: Fernando Laszlo.

7.Cadeira Cirell

a cadeira Cirell, desenhada para uma residência nos anos 50

Considerada ícone da arquitetura moderna no Brasil, a Casa de Vidro foi o primeiro projeto construído de Lina Bo Bardi. Foi construida entre 1950 e 1951 na região do Morumbi, em São Paulo .

A Casa de Vidro, residência do casal Lina Bo e Pietro Maria Bardi por mais de 40 anos, ganhou este nome por sua fachada imponente de vidro, que parece utuar sobre pilares.

8.Cadeira SESC

Cadeira SESC (1970s). No início dos anos 70, Lina Bo Bardi encarregou-se do projeto de construção do SESC Pompeia (imagem ao lado), que mais tarde se tornaria um dos espaços culturais mais visitados de São Paulo. Lina ocupou-se de todos os detalhes do projeto –da arquitetura à mobília – esta última integrada por peças como a que é hoje aqui exposta.

9.Cadeira Girafinha

Projeto conjunto com Marcelo Suzuki e Marcelo Ferraz, na Marcenaria Baraúna. A cadeira desenhada em 1987 é parte da coleção permanente do MoMA.

Imagem gentilmente cedida pelo Instituto Bardi/Casa de Vidro Imagens gentilmente cedida pelo Instituto Bardi/Casa de Vidro Imagem gentilmente cedida pelo Instituto Bardi/Casa de Vidro

G iuseppe Scapinelli (1891-1982)

Nascido em Modena, na Itália, Giuseppe Scapinelli (1891-1982) mudou-se para o Brasil em 1948. Tornou-se um bem-sucedido fabricante e vendedor de móveis em São Paulo, onde, nos anos 50, estabeleceu a Fábrica de Móveis Giesse, a Fábrica de Tapetes Santa Helena e também as lojas Le Rideau e Margutta.

Apesar das evidentes in uências italianas, as formas suaves e curvilíneas de seus móveis, muitas vezes feitos em caviúna, demonstram forte ligação com o espírito brasileiro e uma certa distância conservadora em relação a seus contemporâneos.

Conhecido por sua sagacidade, compartilhou ideias e opiniões com o grande público por meio da coluna "Scapinelli Responde", da famosa revista Casa e Jardim. Não por acaso, a descrição mais conhecida do designer foi feita por essa mesma revista: Scapinelli é um “clássico que se lembra de ser moderno ou, se preferirem, um moderno que não se esquece de ser clássico”.

Perguntado certa vez sobre o que era decoração, respondeu: “Decoração é arte, bom gosto e técnica”

10. Mesa de Centro

Peça em exposição: Anos 50.

O artista mostra outro de seus talentos: a escultura.

Imagem gentilmente cedida pela Etel

Nasceu em Iasi, na Romênia. Mudou-se para o Brasil em 1956 e estabeleceu-se no Estado de São Paulo, construindo sua “casa-refúgio” na cidade de Embu, local que se rmava como local de efervescência artística.

Arquiteto, decorador, cenógrafo, pintor, escultor e artista-tapeceiro, Gillon tinha múltiplos talentos. Começou a desenhar móveis no m dos anos 50, em razão da demanda de seus clientes. Alcançou grande sucesso internacional, tendo exportado suas peças para mais de 20 países.

Sua poltrona “Jangada”, de 1968, exposta aqui, é um dos móveis-ícones do mobiliário brasileiro, extremamente cobiçada por colecionadores. Foi reeditada recentemente pela Galeria Passado Composto Século XX.

Ao falar certa vez sobre os motivos que o levaram a escolher o Brasil para se estabelecer: “Optei pelo país do futuro, onde encontrei tudo o que um artista precisava para se sentir bem”

11.Poltrona Jangada

Peça em exposição: 1960s. Imagem gentilmente cedida pela galeria Passado Composto Século XX.

Balde de gelo desenhado por Gillon nos anos 60. Imagem gentilmente cedida pela galeria Passado Composto Século XX.

Imagem gentilmente cedida por Laura Gillon (acervo pessoal) Foto: Carolina Quintanilha Foto: Carolina Quintanilha
J ean Gillon (1919-2007)

ergio Rodrigues

(1927-2014)

Nasceu no Rio de Janeiro. Depois de estudar arquitetura e passar curto período em Curitiba e São Paulo, retornou ao Rio em 1955 para abrir sua famosa loja de móveis “Oca”.

12. Sofa Mole

Sofá “Mole” (projeto original de 1957). Conta a história que o fotógrafo Otto Stupako (1935-2009) pediu a Sergio Rodrigues (1927-2014) um móvel confortável para seu novo estúdio, um sofá em que pudesse “se esparramar” e até dormir. Assim nasceu a linha “mole”, em 1957, que catapultaria Rodrigues para a fama, especialmente após a poltrona ter vencido o “Concorso Internazionale del Mobile”, de 1961, na Itália, superando 438 candidatos de 27 países.

De acordo com os jurados, a “mole” era o único móvel “não inuenciado por modismos e absolutamente representativo de sua região de origem”. Integra o acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) desde 1974. A poltrona “mole” considerada pelos críticos como uma das 500 cadeiras mais inovadoras, estilosas e icônicas da história do design. Este sofá é uma verdadeira raridade no Japão.

13. Banco Mocho

Banco Mocho (1954). Esta peça tem imenso valor histórico, por ser a primeira peça produzida pela OCA. Prenúncio de uma carreira de enorme sucesso, o banco mocho é fruto do constante diálogo de Rodrigues com cultura brasileira. Sua inspiração foi o banco utilizado no interior do Brasil para ordenhar vacas leiteiras.

Imagem gentilmente cedida pelo Instituto Sérgio Rodrigues Imagem gentilmente cedida pelo Instituto Sérgio Rodrigues Imagem gentilmente cedida pelo Instituto Sérgio Rodrigues Imagem gentilmente cedida pelo Instituto Sérgio Rodrigues Imagem gentilmente cedida pelo Instituto Sérgio Rodrigues
S
“Poltrona Mole pra quem dá duro”
Desenho de Sergio Rodrigues revelando a inspiração para o banco “mocho”. Matéria sobre os móveis da OCA nos anos 50.

& C arlo Hauner (1927-1997)

Martin Eisler (1913-1977)

「FORMA」 Carlo Hauner e Martin Eisler são mais um exemplo da imensa capacidade do Brasil de atrair grandes talentos artísticos.

Hauner deixou a Itália após a II Guerra Mundial e se estabeleceu em São Paulo. Formado em arte e design, começou a trabalhar como pintor, mas logo aventurou-se na fabricação de móveis, comprando a pequena fábrica “Pau Brasil”, que pertencia a ninguém menos que Lina Bo Bardi.

A empreitada acabou dando origem a dois negócios: a empresa “Móveis Artesanal” e a loja de objetos decorativos “H. Cerâmica”, cujas peças eram exibidas em um showroom chamado “Forma”. “Artesanal” e “H Cerâmica” acabaram fundidas sob o nome “Forma S/A Móveis e Objetos de Arte”. Para che ar o departamento de criação da empresa convidaram o jovem arquiteto Sergio Rodrigues, que já tinha alguma de suas peças originais produzidas pela “Artesanal”. Eisler, por sua vez, migrou da Áustria para a Argentina em 1938, em razão da perseguição nazista aos judeus. Havia estudado arquitetura e design em Viena, tendo sido in uenciado pelo espírito modernista de alguns de seus professores. Em Buenos Aires, trabalhava como arquiteto e designer de móveis.

“Reversível”, anos 50.

14.Poltrona Costela

Hauner e Eisler conheceram-se em São Paulo, no início dos anos 50.Eisler havia viajado ao Brasil para desenhar o apartamento de seu cunhado, Ernesto Wolf, e delegou à empresa de Hauner a produção dos móveis que havia criado para o projeto. Com o apoio nanceiro de Wolf, acabaram se tornando sócios na “Forma”, em 1953, quando Eisler se reestabeleceu em São Paulo. Curiosamente, a entrada de Eisler na Forma acabou por estimular o retorno de Sergio Rodrigues para o Rio (Eisler dizia que Sergio deveria desistir de desenhar móveis), onde fundaria a Oca. Anos mais tarde, Sergio desenharia todos os moveis da Embaixada do Brasil em Roma, fabricados pela “Forma di Brescia”, o cina que Carlo Hauner abriu quando retornou à Itália, em 1958.

Para além da produção de peças originais e hoje icônicas, como a poltrona “Costela” (exibida aqui), a cadeira “Concha” e a poltrona “reversível”, a Forma foi responsável por trazer para o Brasil a licença da Knoll International.

(fonte: R and Company e Instituto Sérgio Rodrigues)

Carlo Hauner (esquerda) & MartinEisler (direita) Imagem gentilmente cedida pela galeria “R and Company” Imagem gentilmente cedida pela galeria “R and Company” Imagem gentilmente cedida pela galeria “R and Company” Peça em exposição: Poltrona Costela” , anos 50.

P aulo Mendes da Rocha

Paulo Mendes da Rocha (1928-) é um dos mais renomados arquitetos brasileiros. Mendes da Rocha recebeu o Prêmio Pritzker em 2006, o Praemium Imperiale do Japão e o Leão de Ouro da Bienal de Veneza em 2016, a Medalha de Ouro RIBA de 2017, e vários outros.

Chaise PMR (1985). Em 1985, após visitar as “Indústrias de Molas Sueden”, em São Paulo, Paulo Mendes da Rocha se impressionou com as finas bobinas de aço e logo imaginou um corpo humano deitado sobre elas, “flutuando” na folha de aço flexível. Imagem gentilmente cedida pela Objekto

O autor diz que a Chaise PMR não foi o fruto de uma pesquisa em particular, mas uma continuidade ao trabalho iniciado com a Paulistano, cujo conceito é baseado nas propriedades de flexibilidade do aço e na estrutura tubular. (Texto adaptado do site da Futon Company.)

15.Cadeira Paulistano

De acordo com o Pritzker Architecture Prize “ao acrescentar um assento de couro a uma barra de ferro dobrado, a elegante cadeira desafia os limites das formas estruturais, permanecendo, no entanto, completamente confortável e funcional”.

A cadeira Paulistano foi originalmente projetada em 1957 por Paulo Mendes da Rocha para o Clube Athlético Paulistano (São Paulo). Seu design elegante consiste de barra contínua de aço que sustenta um assento em couro, algodão ou até mesmo aço inoxidável. A peça Integra a coleção permanente do MoMA e é considerada uma das 500 cadeiras mais inovadoras, elegantes e icônicas da história do design.

Imagem gentilmente cedida pela Objekto Imagem gentilmente cedida pela Objekto
(1928-)
Imagem gentilmente cedida pela Objekto

Nascido na Polônia, Jorge Zalszupin (1922) escapou da perseguição nazista e deixou país durante a II Guerra Mundial para morar na Romênia, na República Tcheca e depois na França. Encantou-se pela arquitetura ao ver um livro sobre a obra de Le Corbusier. Posteriormente, inspirado pelos trabalhos dos brasileiros Oscar Niemeyer e Roberto Burle Marx , decidiu imigrar para o Brasil em 1949. Zalszupin conta em sua biogra a que chegou ao porto do Rio de Janeiro com todos os seus pertences: uma motocicleta; um armário cheio de perfumes franceses (que pretendia vender para fazer dinheiro); seu diploma de arquiteto; e um exemplar da revista francesa “L'architecture d'Aujourd'hui”, que tecia grandes elogios à arquitetura brasileira da época. Não tendo sucesso na venda dos perfumes, começou a trabalhar para o arquiteto Luciano Korngold em São Paulo. Zalszupin naturalizou-se brasileiro em 1953. Nas horas livres do trabalho no escritório de Korngold, desenhava residências e também móveis originais para alguns clientes. Em 1959, inaugurou sua própria o cina, cujo nome nos mostra uma feliz coincidência: “L’Atelier”, como a galeria japonesa que acaba de trazer seus móveis para o Japão.

Zalszupin é responsável por desenhar clássicos do design brasileiro, como a poltrona “dinamarquesa” (1959), além de duas peças que integram nossa exposição: seu famoso carrinho de chá (década de 60) e a poltrona Ouro Preto (1959).

Ao fazer parte do grupo de designers que conceberiam os móveis originais para mobiliar os prédios de Brasília, Jorge Zalszupin contribuiu para dar ao modernismo brasileiro sua expressão no design. É dele, por exemplo, o desenho das cadeiras em que até hoje se sentam os ministros da Suprema Corte brasileira, além de vários outros prédios públicos da capital.

16.Poltrona Ouro Preto

A poltrona Ouro Preto (1959). Imagem gentilmente cedida pela Etel design, marca que reedita algumas das peças mais famosas de Zalszupin.

17.Carrinho de Chá

O famoso carrinho de Chá, produzido na década de 60 e inspirado nos carrinhos de bebês poloneses. Imagem gentilmente cedida pela Etel design, marca que reedita algumas das peças mais famosas de Zalszupin.

Zalszupin também assinou inúmeros projetos de arquitetura. Na foto, o edifício Torre Paulista, dos anos 70, um dos ícones da arquitetura da Av. Paulista. O prédio foi comprado pelo banco japonês Sumitomo, servindo-lhe por muitos anos como edifício-sede no Brasil.

(1922-)
J orge Zalszupin
Imagem gentilmente cedida pela Etel Foto do plenário da Suprema Corte brasileira, cujas cadeiras foram desenhadas por Zalszupin. Crédito da foto: Supremo Tribunal Federal Fotografia: Gui Gomes. Crédito da foto:Wikimedia commons Fotografia: Fernando Laszlo.

O scar Niemeyer (1907-2012)

Oscar Niemeyer (1907-2012) é um dos mais relevantes e reconhecidos arquitetos da história. A criatividade única de seus projetos lhe rendeu prêmios como a Medalha de Ouro do Instituto Americano de Arquitetos, o Prêmio Pritzker de Arquitetura e o Praemium Imperiale do Japão. Niemeyer começou a desenhar móveis um pouco tarde: seu primeiro trabalho data de 1971, quando, em colaboração com sua lha, Anna Maria, desenhou a icônica cadeira ”alta”. Assim como em seus edifícios, as curvas são um elemento central do mobiliário desenhado por Niemeyer.

A Cadeira Alta (1971), projeto de Oscar e Anna Maria Niemeyer, é parte do acervo da Embaixada do Brasil em Tóquio. O traço mais característico desta poltrona é a curva que serve tanto à base quanto a seu encosto.

18.Cadeira Alta

Cadeira alta em frente à famosa escada helicoidal do Palácio Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.

Marquesa, projeto de 1974, em conjunto com sua filha, Anna Maria Niemeyer.

A Cadeira de Balanço Rio (1977), também projeto conjunto com a filha, Anna Maria Niemeyer, teria surgido da frustação do arquiteto com os móveis dos anos 70, que não acompanhariam a produção arquitetônica que despontava à época.

“O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida...”

É impossível falar de Niemeyer e não mencionar sua arquitetura. Nessas fotos, pode-sel observar alguns de seus mais destacados projetos, como a Igreja da Pampulha (projeto de 1940), o interior da Catedral Metropolitana de Brasília (projeto de 1958) e o Palácio Itamaraty (projeto de 1962).

Imagem gentilmente cedida pela Etel Fotografia: Fernando Laszlo Imagem gentilmente cedida pela Etel Fotografia: Juliana Zucolotto Imagem gentilmente cedida pela Etel Fotografia: Fernando Laszlo Imagem gentilmente cedida pela Etel Fotografia: Fernando Laszlo Crédito da imagem: Ministério das Relacões Exteriores Igreja da Pampulha Foto: Xara Palácio Itamaraty Foto: Werner Zotz Catedral de Brasília Foto: Roberto Castro/MTUR

Diplomacia digital e design de mobiliário

Parte do esforço da Embaixada do Brasil no Japão é tentar superar estereótipos e mostrar facetas do Brasil que a maioria dos japoneses não conhece.

No Japão, o Brasil é normalmente associado ao futebol, ao carnaval, à música, à beleza de nossas praias e à qualidade de nossos produtos agropecuários. São características que nos enchem de orgulho e fazem parte de nossa imagem.

O Brasil - país de enormes proporções geográficas e de rica diversidade cultural – nos oferece, porém, inúmeras outras oportunidades a explorar.

A série “Masters of Design” se insere nesse contexto. Desenvolvida especificamente para o perfil oficial da Embaixada no Instagram, procurou apresentar ao público japonês uma vertente da economia criativa brasileira que, embora já consagrada nos grandes centros mundiais, ainda é relativamente desconhecida no Japão.

O formato escolhido para apresentar essas qualidades do Brasil – uma tentativa de “história em quadrinhos” – procura dialogar com linguagem familiar ao público japonês e se adaptar à leveza que o perfil da rede social escolhida exige.

A série mostrou também as potencialidades que as redes sociais oferecem ao trabalho diplomático. Em pouco tempo, construímos dentro dessa plataforma digital uma ampla rede de relacionamento na área do design de mobiliário, sem a qual seria impossível realizar esta exposição.

Foi graças à série que recebemos o contato da Galeria Atelier, interessada em viajar ao Brasil para adquirir móveis brasileiros. Contando com a simpatia conquistada também em razão da série junto às grandes marcas brasileiras de design de mobiliário, intermediamos - utilizando as ferramentas dessa mesma rede social - reuniões de negócios que resultaram na compra de boa parte das peças que fazem parte desta mostra. É a diplomacia adaptada aos novos tempos.

Os nove “mangás” aqui expostos, de um total de 23 já produzidos, procuram ilustrar de maneira divertida um pouco mais do trabalho e do perfil dos mestres do design brasileiro que conseguimos reunir para a mostra: Lina Bo Bardi, Hauner & Eisler, Sergio Rodrigues, Giuseppe Scapinelli, Paulo Mendes da Rocha, Jorge Zalszupin, José Zanine Caldas, Jean Gillon e Oscar Niemeyer.

Esperamos que as imagens sejam um bom “aperitivo” para as peças reunidas na sala ao lado, as verdadeiras obras de arte que integram nossa exposição.

AGRADECIMENT O S

Yusuke Koike

Shukoh One

A zmaya Co., LTD.

Lissa Car mona e toda a equipe da E TEL

I nstituto Bardi/Casa de Vidro

I nstituto S érgio R odr igues

Laura Gillon

G aler ia Passado Composto S éculo XX

Objekto

Família Zanine

Zest y M eyers e toda a equipe da R & Company

ORGANIZAÇ Ã O

I nitial Japan I nc.

Embaixada do Brasil em Tóquio

Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.