Revista Divulga Escritor Ed. 11

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o que lê ou vê, é algo também pessoal, porque eu escrevo, como referi, bastantes considerações e reflexões existenciais, pode sentir-se o mesmo tipo de emoção observando as linhas de uma pintura ou escultura. Já é uma perspectiva do observador. A minha relação com as diversas formas de arte sempre existiu, não me recordo de não escrever como não me recordo de não desenhar. O que aplico a um também aplico a outro... a linha que separa as diversas expressões artísticas é para mim tão ténue que não a consigo discernir bem. Mas é facto que por vezes opto por me expressar de um modo e por vezes de outro, depende de desejar que exista uma empatia emocional ou que cada um se reveja simplesmente no que está na sua frente, e o transporte para as suas próprias vivências. Conte-nos sobre o projeto com o Solar de Poetas, quais os principais objetivos e atividades? Sara - A minha ligação ao Solar é curiosa porque foi um dos primeiros locais onde comecei a deixar sair os meus textos à luz do dia. Não tinha sequer publicado o Partilhas, isso veio pouco depois. O projecto em pauta vem adicionar a vertente áudio-vídeo à escrita, em vez de apenas imagens. É um projecto ainda a ser delineado, estamos no papel, enumerando as possibilidades, até onde pode chegar é impossível dizer por ora. Pelo menos para mim. Como também fui jornalista/locutora de rádio, quem sabe o que se consegue fazer numa TV online? Entrevistas in loco, coberturas vídeo de lançamento de livros e eventos afins, declamação filmada, emissão em colaboração com outros poetas, rubricas diversas... bom, conse-

gue fazer-se muito. É um projecto apaixonante, que decerto será bem sucedido. Para responder a isso creio que o José Sepúlveda conseguirá abranger mais do que eu, porque tem uma angular imensa. Quem desejar participar do projeto como deve fazer? Sara - Poderão falar directamente com o poeta José Sepúlveda, através do Solar ou a nível pessoal, ou, se preferirem, eu mesma os encaminharei nesse sentido. Quais as melhorias que você citaria para o mercado literário em Portugal? Sara - Creio que as pessoas lêem muito pouco e tendem a ler cada vez menos em Portugal. Isso não é por falta de bons autores, é por falta de vontade, de sentir o prazer de ler. As redes sociais, os jogos na internet e outros que tais, quase retiram a convivência entre as pessoas e por outro lado “preenchem” de forma ilusória a “solidão” de cada um. É muito difícil lutar com isso num mundo em que cada vez mais nos regemos pela tecnologia. O problema em Portugal não é o mercado literário. São as pessoas. Já se contam pelos dedos as que realmente apreciam passar uma tarde aconchegados com um bom livro. Talvez fosse melhor pensarmos em “quais as actividades/acções que podemos trabalhar para que o interesse das pessoas pela literatura ressuscite”. Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista, agradecemos sua participação no projeto Divulga Escritor, muito bom conhecer melhor a escritora Sara L. Lima, que mensagem você deixa para nossos leitores? Sara - Obrigada eu pela oportu-

nidade, a Divulga Escritor é, na minha opinião um trabalho imensamente meritório, devem continuar, expandir, ampliar porque as letras são um mundo e cada um de nós contém outros mundos dentro. Imagine o potencial desses mundos unidos num objectivo literário comum. Quanto aos leitores... não desistam. Nem de escrever nem de ler. A literatura é um vasto manancial onde se consegue preencher muitas daquelas coisas que nos faltam e nem sabemos que faltavam até compreender que não estão lá. Sim, a mensagem é mesmo “jamais desistir”.

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Revista Divulgar Escritor •dezembro de 2014

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