Capitu está online

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Capitu está online

Professor Amauri Pinto

Professor de Lingua Portuguesa, Literatura e Redação pela Universidade Estadual de Montes Claros, Unimontes, cursou filosofia pela Uiversidade Federal de Lavras, UFLA e Pedagogia pela Unitins, Universidade de Tocantins Natural de Caxambu, ´ e avô do ìcaro, do Lorenzo e do Lucca Casado com Jaqueline acredita que a Educação Pública é o caminho mais curto para se eliminar as desigualdades sociais.

https://wwwinstagramcom/profamauripinto/

Introdução: Machado de Assis, um Influencer do Passado

1.1. Quem

foi Machado de Assis?

Imagine um escritor que, se vivesse hoje, provavelmente teria um perfil no Twitter cheio de ironias afiadas, um canal no YouTube com vídeos analisando o comportamento humano e talvez até um podcast discutindo fake news e relações tóxicas. Assim seria Machado de Assis

Nascido em 1839, no Rio de Janeiro, Machado cresceu em uma sociedade extremamente desigual. Mesmo sem grandes oportunidades, ele se tornou um dos maiores escritores brasileiros Autodidata, trabalhou como tipógrafo, revisor e jornalista antes de se tornar imortal da Academia Brasileira de Letras (na verdade, ele foi o fundador da Academia e seu primeiro presidente!)

Seus livros não trazem grandes aventuras ou batalhas épicas, mas sim algo ainda mais fascinante: a mente humana Ele retratava os jogos de poder, os amores complicados e as contradições da sociedade Parece familiar? Isso porque as redes sociais são exatamente isso: um palco onde as pessoas fingem, manipulam e disputam atenção.

1.2. O que tor obra atempor

Machado não escrevia escrevia sobre a ess histórias continuam at que ainda fazem parte �� Fake News e Meias levanta uma das ma brasileira: Capitu traiu uma resposta clara, e e como as informações s distorcidas e cheias de �� Aparências Enganam personagens fingem s conquistar status ou Instagram que mostram vida, escondendo prob �� Hipocrisia Social – M de sua época, onde pe muitas vezes eram as m ver isso nas redes soc imagem de "perfeição" incômodas.

1.3.

Como este livro vai conectar Machado à nossa realidade digital?

A ideia deste eBook é mostrar como os livros de Machado podem nos ajudar a entender o mundo digital de hoje Em cada capítulo, vamos explorar como seus personagens e histórias se encaixam na era das redes sociais, dos algoritmos e das fake news. Aqui estão alguns exemplos do que vem por aí:

✅ Dom Casmurro e as Fake News – Como as dúvidas sobre Capitu se parecem com os rumores que viralizam sem provas?

✅ Brás Cubas e os Influencers – O narrador de Memórias Póstumas de Brás Cubas conta sua própria história de maneira distorcida. Isso lembra alguém que só posta o que quer no Instagram?

✅ Machado e os Haters – O cancelamento já existia na literatura? Como os personagens machadianos lidavam com rejeição e julgamento?

Segundo capítulo

Dom Casmurro no TikTok: Fake News e Verdades Parciais

2.1. Bentinho era ciumento ou paranoico?

ISe Dom Casmurro fosse um caso do TikTok, com certeza existiriam vídeos dizendo:

�� "Capitu: vítima ou vilã?"

�� "Desvendando as provas contra Capitu!"

�� "Bentinho era tóxico? Veja as evidências!"

O que acontece na história de Bentinho e Capitu é o que vemos todos os dias nas redes sociais: versões parciais dos fatos, pessoas tirando conclusões sem provas e opiniões inflamadas dividindo a internet Bentinho acredita que foi traído por Capitu, mas ele realmente foi? O livro não confirma nada Tudo o que sabemos vem do próprio Bentinho, que nos conta sua versão dos acontecimentos. E se ele estivesse distorcendo os fatos?

�� Exemplo prático: Imagine que alguém posta no Twitter: "Fulano me traiu! Eu vi tudo!" O post viraliza, gera ódio contra a pessoa acusada, mas será que quem fez a acusação realmente tem provas?

O mesmo acontece em Dom Casmurro: Bentinho cria uma narrativa, mas sem provas concretas Será que ele viu o que queria ver?

2.2. A dúvida sobre Capitu como um exemplo de fake

news

No mundo digital, notícias falsas e desinformação se espalham muito mais rápido do que a verdade Isso acontece porque nosso cérebro gosta de histórias emocionantes – e uma traição dramática vende muito mais do que a incerteza

Em Dom Casmurro, Bentinho planta a dúvida, e muitos leitores acabam acreditando nele Hoje, na internet, acontece algo parecido:

❌ Alguém espalha um boato sem provas → O rumor viraliza e as pessoas acreditam sem questionar

❌ O público forma um julgamento imediato → Sem analisar todos os lados, as pessoas tomam partido.

❌ O estrago já foi feito → Mesmo que depois se prove que era falso, a reputação da pessoa afetada já foi destruída

�� Exemplo prático: Vídeos no TikTok editam trechos de entrevistas para fazer parecer que alguém disse algo polêmico. O vídeo viraliza, e a pessoa é atacada – mesmo que, no contexto original, o que foi dito tivesse outro significado Agora, pense: se Capitu estivesse viva hoje, será que ela conseguiria se defender das acusações? Ou será que seria cancelada pela internet sem ter chance de falar seu lado da história?

2.3.

Como as redes sociais distorcem a verdade

hoje?

Nas redes sociais, muitas vezes não importa o que é verdade, mas sim o que parece verdade A lógica do TikTok, Twitter e Instagram favorece narrativas emocionais e polêmicas, mesmo que elas sejam falsas ou distorcidas.

�� Exemplo prático: Sabe aqueles vídeos de "expondo fulano"? Muitas vezes, a pessoa exposta não tem nem como se defender, mas já virou alvo de críticas e ataques.

O mesmo aconteceu com Capitu: Bentinho espalhou sua versão dos fatos e ninguém conseguiu ouvir o lado dela

Conclusão

O caso "Capitu traiu ou não?" mostra como o poder de uma narrativa pode moldar a opinião das pessoas Machado de Assis já falava disso muito antes da era digital Hoje, com fake news e julgamentos instantâneos, precisamos ter um olhar mais crítico e questionar:

�� Isso é um fato ou apenas uma versão?

�� Quem está contando essa história e qual o interesse por trás?

�� Há provas concretas ou só especulações?

Se Bentinho tivesse feito uma thread no Twitter dizendo "Capitu me traiu!", você acreditaria? Ou pediria mais contexto antes de tirar conclusões?

Memórias Póstumas de um Blogger:

Narrativas Confiáveis?

3.1.

Brás Cubas e o poder do narrador não confiável

Imagine que você está assistindo a um vídeo no YouTube intitulado:

�� "Minha Vida Incrível – História Inspiradora!"

O criador do vídeo conta sua trajetória, suas conquistas e como superou desafios. Mas, ao longo do vídeo, percebe-se que há furos na história Alguns fatos parecem exagerados, outras partes são omitidas Você acreditaria 100% nesse relato?

Agora, pense em Memórias Póstumas de Brás Cubas. O narrador, Brás Cubas, nos conta sua própria história, mas ele já começa com um detalhe curioso: ele está morto! Como alguém que já morreu pode contar sua história? E, mais importante: será que podemos confiar nela?

Brás Cubas distorce os fatos, omite suas falhas e faz piada com suas próprias derrotas. No fundo, ele quer parecer superior, mesmo tendo sido um fracasso na vida

�� Exemplo prático: No Instagram, vemos pessoas postando apenas o lado bonito da vida – viagens, festas, momentos felizes – mas nunca as dificuldades, as derrotas ou as inseguranças Será que estamos vendo a história completa?

Brás Cubas faz o mesmo: ele só nos mostra o que quer

3.2. Como a era digital amplifica discursos enviesados?

Hoje, a internet está cheia de "narradores não confiáveis" como Brás Cubas:

�� Influencers que editam a própria história – Criam uma imagem de sucesso, mas escondem os fracassos

�� Fake news que mudam a narrativa – Contam apenas parte da história para enganar o público

�� Falas descontextualizadas – Um trecho de vídeo ou áudio pode ser tirado do contexto e gerar polêmica sem motivo. O grande problema é que, na era digital, muitas pessoas não questionam essas histórias Elas acreditam na primeira versão que aparece no feed, sem investigar outras perspectivas.

�� Exemplo prático: Sabe quando um vídeo viraliza dizendo que uma celebridade "foi arrogante" ou "falou algo polêmico"? Depois, quando assistimos ao vídeo completo, vemos que foi tirado de contexto.

Brás Cubas teria adorado a internet! Ele poderia contar sua história como quisesse, e ainda teria milhões de seguidores comentando:

�� "Ícone debochado!"

�� "O cara viveu como quis, hahaha!"

�� "Mas será que ele tá falando a verdade?"

3.3. A cultura dos influencers: quem realmente está no controle da narrativa?

Vivemos na era da "autobiografia digital" As pessoas compartilham suas histórias no TikTok, Instagram, Twitter – mas será que elas realmente mostram quem são?

Assim como Brás Cubas, muitos influencers constroem uma imagem editada de si mesmos. Eles:

✅ Mostram apenas o que favorece sua narrativa

✅ Usam ironia e humor para mascarar erros e fracassos.

✅ Criam um personagem para se encaixar no que o público quer ver

�� Exemplo prático: Sabe aqueles influencers que falam de " sucesso financeiro", mas nunca mencionam os privilégios ou golpes que usaram para chegar lá? Brás Cubas faria o mesmo

O controle da narrativa está sempre na mão de quem conta a história Mas, como leitores (ou espectadores), precisamos desenvolver pensamento crítico para não sermos manipulados

Conclusão

Brás Cubas nos ensina que nem todo narrador é confiável Se ele vivesse hoje, provavelmente teria um canal no YouTube ou um podcast onde contaria sua vida do jeito que quisesse.

Mas a grande lição aqui é: precisamos questionar tudo o que consumimos na internet.

�� Será que estamos vendo a história completa?

�� Quais partes foram omitidas?

�� Quem está ganhando com essa narrativa?

Na era digital, todo mundo pode ser um "Brás Cubas" A diferença é que, agora, podemos buscar outras fontes e não cair na manipulação

Quarto capítulo

Machado no Twitter: A Ironia Como Arma Digital

4.1. Machado de Assis seria um mestre dos tweets?

Se Machado de Assis tivesse um perfil no Twitter, suas postagens seriam algo assim:

�� "Dizem que a hipocrisia morreu, mas vi ela postando stories hoje"

�� "As pessoas dizem a verdade... só quando convém."

�� "O problema não é a mentira, mas quem acredita nela"

Ele era um mestre da ironia, do sarcasmo e das entrelinhas Suas críticas à sociedade do século XIX continuam fazendo sentido hoje – só que, ao invés de escrevê-las em romances, ele provavelmente usaria posts curtos e certeiros

4.2. A ironia como arma contra a hipocrisia

A ironia é uma forma inteligente de criticar algo sem atacar diretamente Machado fazia isso o tempo todo: ele mostrava o ridículo da sociedade sem precisar dizer explicitamente "olha como isso é absurdo".

Hoje, o Twitter (ou X, como chamam agora) está cheio desse tipo de comentário As pessoas usam a ironia para expor injustiças, debochar de políticos ou questionar comportamentos problemáticos

�� Exemplo prático:

➡ Quando um político diz algo claramente contraditório, alguém responde com um meme: "Claro, faz todo sentido só que não"

➡ Quando uma celebridade finge ser humilde, surge um comentário: "Nossa, que difícil ser milionário e ter que escolher entre Ferrari vermelha ou preta"

Machado teria adorado essa dinâmica Em seus livros, ele já usava esse tom para criticar pessoas que se achavam moralmente superiores, mas eram cheias de defeitos.

4.3. Personagens machadianos e os "lacradores" da internet

Muitos personagens de Machado de Assis teriam sucesso nas redes sociais Alguns seriam amados, outros odiados – mas todos gerariam discussão!

�� Brás Cubas – Criaria um podcast de autoajuda sem nunca ter feito nada útil na vida. Algo como: "Como fracassar com estilo"

�� Bentinho – Faria threads gigantescas no Twitter explicando " por que Capitu realmente me traiu", e um monte de gente comentaria: "Mas cadê as provas, irmão?"

�� Capitu – Seria alvo de fake news e precisaria se defender no Instagram com um "gente, eu juro que não fiz nada!"

A verdade é que a ironia é um jeito de expor a hipocrisia do mundo, e Machado era um mestre nisso

4.4. O risco da ironia: pode virar arma contra você?

Apesar de ser uma ferramenta poderosa, a ironia também pode ser mal interpretada �� Exemplo prático: Muitas vezes, um tweet irônico vira polêmica porque as pessoas não percebem que é uma piada Alguém posta "Ah, claro, porque trabalhar 15 horas por dia é ótimo " , e algumas pessoas respondem achando que o autor realmente defende isso O mesmo acontece com os livros de Machado: algumas pessoas leem sem perceber a ironia e acham que ele concorda com os pensamentos de seus personagens – quando, na verdade, ele está debochando deles.

Conclusão

A ironia machadiana é mais atual do que nunca Em um mundo cheio de hipocrisia e fake news, o sarcasmo continua sendo uma forma de questionar e expor verdades Mas fica o alerta: nem todo mundo entende a ironia, e nem toda ironia é inofensiva. Assim como Machado de Assis escrevia nas entrelinhas, hoje precisamos ler com atenção para não cair em interpretações erradas

umintrometido nessahistória

O Primo Basílio Digital: Romance, Ilusão e Expectativas Irreais

Quinto capítulo

Uma explicação necessária: Primo Basílio aqui?

Com certeza! O Primo Basílio, de Eça de Queirós, e as obras de Machado de Assis pertencem ao contexto do século XIX e exploram temas como hipocrisia social, traição e o papel da mulher na sociedade Embora os estilos dos dois autores sejam diferentes, podemos traçar paralelos interessantes entre O Primo Basílio e o que discutimos sobre Machado de Assis e sua relação com o mundo digital

Capitu e Luísa: Mulheres Julgadas Pela Sociedade

Tanto Capitu, de Dom Casmurro, quanto Luísa, de O Primo Basílio, são personagens femininas que desafiam os padrões de seu tempo.

Capitu é acusada (sem provas) de traição e carrega o peso do julgamento social Luísa, por outro lado, se entrega a um caso extraconjugal e sofre as consequências de forma direta e brutal.

�� Na era digital, essas narrativas poderiam ser transpostas para o linchamento virtual e a exposição pública nas redes sociais

A Hipocrisia Social Ontem e Hoje

Eça de Queirós e Machado de Assis criticam a hipocrisia da elite brasileira e portuguesa:

Em O Primo Basílio, a moralidade burguesa é desmascarada, mostrando como os valores da sociedade são frágeis e seletivos

Machado, por sua vez, faz isso de forma mais sutil e psicológica, como em Memórias

Póstumas de Brás Cubas, onde o narrador revela o egoísmo da elite

�� Na era digital, a hipocrisia continua: pessoas que pregam virtude nas redes sociais muitas vezes praticam o oposto na vida real.

A Manipulação e o Poder da Narrativa

Em Dom Casmurro, Bentinho controla a narrativa e pode estar distorcendo os fatos sobre Capitu

Em O Primo Basílio, a personagem Juliana usa a chantagem para manipular Luísa e impor sua versão dos acontecimentos

�� Hoje, algoritmos e fake news fazem esse papel: quem controla a narrativa pode distorcer a realidade, moldar opiniões e criar verdades convenientes.

Machado de Assis e Eça de Queirós no Mundo Digital

Se esses autores estivessem vivos hoje, provavelmente estariam discutindo os mesmos temas, mas em um contexto de redes sociais, cultura do cancelamento e vigilância digital

�� Imagine um influencer machadiano ironizando o mundo atual ou um Primo Basílio moderno sendo exposto no Instagram

Essa conexão entre O Primo Basílio e Machado de Assis mostra como temas do século XIX continuam relevantes na era digital Gostou dessa abordagem? Quer aprofundar algum ponto? ��

5.1. Relacionamentos na literatura e nas redes sociais

Se os personagens de O Primo Basílio tivessem perfis no Instagram, provavelmente veríamos algo assim:

�� Luísa postando um story: "Viva o amor verdadeiro �� #feliz #sortuda"

�� Basílio respondendo no direct: "Saudades ninguém te faz feliz como eu, né?"

�� Jorge lendo as mensagens e postando no Twitter: "Lealdade morreu, e ninguém foi no enterro."

No livro de Eça de Queirós, Luísa vive um casamento morno e se encanta por Basílio, um antigo amor que reaparece cheio de promessas e charme O que ela não percebe é que Basílio só está interessado no jogo da conquista. Assim que consegue o que quer, ele perde o interesse e vai embora

Se isso parece familiar, é porque essa dinâmica se repete o tempo todo no mundo digital: relacionamentos baseados na ilusão, na carência e na expectativa de algo que nem sempre é real

5.2. O Basílio do século XXI: o ghosting e a ilusão do

amor perfeito

Hoje, muitos romances começam e terminam na tela de um celular Aplicativos de namoro, directs do Instagram e mensagens no WhatsApp criam a sensação de proximidade, mas, na prática, muitas interações são superficiais.

�� Exemplo prático: Alguém manda mensagens fofas todos os dias, parece super interessado mas depois some do nada O famoso ghosting!

Basílio faz exatamente isso: ele conquista Luísa, finge ser apaixonado, mas quando a relação começa a exigir mais do que só flerte, ele desaparece.

Na era digital, vemos o mesmo padrão:

�� Relacionamentos rápidos, baseados na ilusão de perfeição

�� Pessoas que somem sem explicação, deixando o outro sem respostas.

�� Imagens idealizadas nas redes sociais, que criam expectativas irreais sobre o amor

5.3. O perigo de acreditar em promessas vazias

Luísa acreditou que Basílio era diferente, que ele a faria mais feliz do que seu marido. Mas Basílio nunca teve essa intenção Ele queria a conquista, não o compromisso

�� Exemplo prático: Nas redes sociais, muitas pessoas criam personagens de si mesmas Elas mostram apenas os melhores momentos e fazem promessas que não pretendem cumprir

Isso acontece em diversos cenários:

➡ Nos relacionamentos – Pessoas que falam tudo o que queremos ouvir, mas não têm intenção de levar nada a sério

➡ No marketing digital – Influencers vendendo cursos ou estilos de vida "perfeitos", mas sem base na realidade.

➡ Na política – Candidatos prometendo mudanças radicais, mas sem planos concretos para cumpri-las

Luísa caiu na conversa de Basílio porque queria acreditar no romance ideal. Mas, no fim, percebeu que tudo não passava de ilusão

5.4. Como evitar cair na armadilha do

" amor digital"?

Hoje, a internet está cheia de "Basílios" e "Luísas": gente que idealiza o outro e gente que se aproveita dessa idealização. Então, como fugir desse ciclo?

✅ Questione as intenções – Se alguém está sendo muito perfeito, será que é real?

✅ Observe as ações, não só as palavras – Quem quer algo sério demonstra com atitudes, não só com mensagens bonitas.

✅ Não confie apenas no que vê nas redes – Todo mundo edita a própria vida online

�� Exemplo prático: Se alguém diz que "te ama " em uma semana de conversa no WhatsApp, mas nunca arranja tempo para te encontrar na vida real pode ser só mais um Basílio digital

Conclusão

O Primo Basílio pode ter sido escrito há mais de 100 anos, mas seu tema é mais atual do que nunca. A ilusão do amor perfeito continua enganando muita gente, só que agora, em vez de cartas e encontros escondidos, tudo acontece via notificação

A lição que fica é: antes de acreditar em qualquer romance digital, questione se o que está vendo é real – ou apenas mais uma ilusão bem montada

Quincas Borba e a Cultura do Hype: Vale Tudo Pela Fama?

Sexto capítulo

6.1. "Ao vencedor, as batatas!": o lema da internet

Se Quincas Borba vivesse hoje, ele provavelmente seria um guru motivacional no YouTube, dizendo frases como:

�� "Só os fortes vencem!"

�� "Se você não está rico, é porque não está se esforçando o suficiente"

�� "O mundo é dos espertos, então jogue para ganhar"

No livro Quincas Borba, ele cria a teoria do Humanitismo, que basicamente diz que quem vence tem razão e quem perde é irrelevante Essa ideia pode parecer absurda, mas se encaixa perfeitamente na lógica das redes sociais e da cultura do hype

Hoje, o lema "Ao vencedor, as batatas!" virou algo como:

�� "Se você não viralizou, não existe"

6.2. A cultura do hype e a busca por fama a qualquer custo

Vivemos em um mundo onde a visibilidade vale mais do que quase tudo Muita gente faz qualquer coisa para viralizar:

�� Exemplo prático: Pessoas postam vídeos arriscados para ganhar curtidas – desde desafios perigosos até polêmicas forçadas

O problema? Assim como a teoria de Quincas Borba, essa lógica ignora o impacto que isso pode ter na vida real.

➡ Fake news espalhadas por cliques

➡ Pessoas canceladas injustamente por boatos

➡ Gente que muda completamente sua personalidade só para se encaixar nas tendências.

No fundo, tudo isso gira em torno da ideia de que quem vence está certo, e quem não viraliza, desaparece

6.3. Vale tudo

para estar no topo?

O problema da cultura do hype é que ela cria uma mentalidade onde o que importa é estar em evidência, e não a qualidade do que se faz

�� Exemplo prático: Um influencer pode crescer não porque tem algo interessante a dizer, mas porque criou uma polêmica ou fez algo absurdo.

Isso também acontece no mercado de trabalho e na política:

�� Empresas que vendem " sucesso garantido" sem base real

�� Candidatos que fazem promessas vazias só para ganhar votos.

�� Pessoas que compram seguidores para parecerem mais relevantes

No livro, Rubião, personagem que herda a fortuna de Quincas Borba, se deslumbra com a fama e a riqueza, mas acaba se perdendo no próprio ego. Ele acredita tanto na sua ascensão que não percebe que está sendo manipulado

Isso acontece muito hoje: gente que se deixa levar pelo sucesso imediato e esquece que nem tudo que brilha é ouro.

6.4. Como fugir da lógica do hype?

A solução para não cair nessa armadilha é simples, mas difícil de aplicar: valorizar conteúdo de verdade e não apenas o que está na moda

✅ Desconfie do viral – Nem tudo que bomba na internet é verdadeiro ou relevante.

✅ Pense no longo prazo – O que vale mais: sucesso momentâneo ou algo que realmente faz sentido para você?

✅ Não acredite em promessas fáceis – Se alguém diz que "tem um método infalível" para ficar rico ou famoso, provavelmente é golpe

�� Exemplo prático: Você prefere seguir alguém que gera valor com seu conteúdo ou alguém que só chama atenção porque criou uma polêmica?

Conclusão

O mundo digital segue o lema de Quincas Borba: quem está no topo parece ter razão, mas isso nem sempre é verdade.

A fama momentânea pode parecer tentadora, mas a pergunta é: vale a pena se perder no hype ou é melhor construir algo que realmente tenha significado?

Sétimo capítulo

Dom Casmurro e os

Textões: Todo Mundo Tem Sua Verdade?

7.1. O debate eterno: Capitu traiu ou não traiu?

SSe Dom Casmurro fosse escrito hoje, ele geraria discussões sem fim no Twitter, nos grupos de WhatsApp e nos vídeos do TikTok. Seria algo assim:

�� Bentinho no Twitter: "Gente, eu vivi um relacionamento abusivo e fui traído O que vocês acham?"

�� Capitu nos comentários: "Fake news total! Ele sempre foi paranoico"

�� Galera nos stories: "A verdade tem dois lados, mas e se o Bentinho estiver certo?"

�� Thread viral: "Analisando os sinais: por que Capitu pode (ou não) ter traído"

Cada pessoa teria sua opinião, e os textões viriam com tudo Mas será que existe uma única verdade?

7.2. O perigo das versões manipuladas da realidade

No livro, Bentinho narra a história do seu jeito Ele se coloca como vítima e descreve Capitu como alguém "disfarçada e dissimulada" Mas será que ele está falando a verdade?

�� Exemplo prático: Hoje, é comum vermos histórias contadas apenas por um lado

➡ Um influenciador briga com outro e faz um vídeo dizendo que foi injustiçado.

➡ Alguém expõe uma conversa editada para parecer inocente

➡ Uma fake news circula e as pessoas acreditam sem questionar.

O problema é que as pessoas tendem a acreditar na primeira versão que escutam – especialmente quando a história é contada com emoção e detalhes.

O mesmo acontece com Bentinho: como ele é o narrador, somos levados a ver a história pelos olhos dele. Mas e se tivéssemos o ponto de vista de Capitu?

7.3. A era dos textões e das discussões sem fim

Hoje, a internet está cheia de debates intensos. Todo mundo quer ter razão, e as redes sociais viraram palco para disputas de opinião

�� Exemplo prático: Uma pessoa posta um textão sobre política, sociedade ou relacionamentos, e logo aparecem:

➡ Os apoiadores, que compartilham dizendo "perfeito, falou tudo!"

➡ Os críticos, que rebatem com outro textão explicando " por que essa visão está errada"

➡ Os neutros, que comentam "acho que cada um tem sua verdade".

Assim como no caso de Bentinho e Capitu, muitas discussões não têm resposta definitiva O problema é que, na internet, as pessoas nem sempre estão abertas a ouvir o outro lado

7.4. Como evitar cair em narrativas manipuladas?

✅ Desconfie de versões únicas – Se só um lado da história está sendo contado, pode haver algo mais.

✅ Busque fontes diferentes – Antes de acreditar em uma notícia ou polêmica, veja o que outras pessoas dizem sobre o assunto.

✅ Questione o narrador – Quem está contando a história? Ele tem algo a ganhar com isso?

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Exemplo prático: Quando surge uma polêmica na internet, em vez de sair compartilhando, vale a pena esperar um pouco e entender todos os lados Afinal, muitas vezes a "verdade absoluta" não passa de um ponto de vista

Conclusão

O caso de Bentinho e Capitu prova que a verdade pode ter mais de uma versão, e nem sempre sabemos tudo o que aconteceu Na era digital, onde qualquer pessoa pode contar uma história e influenciar milhares de pessoas, o segredo é questionar, analisar e evitar cair em julgamentos precipitados

Memórias Póstumas do Cancelamento: O Julgamento da Internet

Oitavo capítulo

8.1. Machado de Assis e o "morto que fala"

Imagine que Brás Cubas, o protagonista de Memórias Póstumas de Brás Cubas, tivesse uma conta no Twitter Provavelmente, ele começaria assim:

�� @BrasCubasOficial: "Oi, galera. Tô morto, mas tenho umas verdades para contar. Segue o fio"

O livro é narrado por um defunto, que olha para sua vida e conta tudo com ironia e sarcasmo Ele não se preocupa em ser bonzinho – pelo contrário, confessa seus erros sem remorso.

Agora, pense no mundo digital Hoje, muitas pessoas têm sua "morte social" decretada pela internet O cancelamento funciona como um tribunal sem defesa, onde a opinião pública decide quem merece continuar existindo online.

8.2. O tribunal da internet e a execução pública digital

O cancelamento é um fenômeno moderno, mas Machado já mostrava como a sociedade adora julgar e condenar os outros.

�� Exemplo prático: Um influenciador faz uma piada infeliz. Em minutos, surge a hashtag #FulanoExposed.

➡ Pessoas resgatam tweets antigos para mostrar que "ele sempre foi assim"

➡ Marcas cancelam contratos para evitar polêmica

➡ O influenciador tenta se desculpar, mas ninguém quer ouvir Assim como Brás Cubas narra sua vida sem culpa, muitos cancelados tentam justificar seus erros, mas já é tarde. O tribunal da internet já decretou sua "morte digital".

8.3. Quem nunca errou?

Machado de Assis mostra que todos os personagens de Memórias Póstumas de Brás Cubas têm falhas Ninguém é 100% bom ou ruim – e isso também vale para o mundo real

�� Exemplo prático: Na internet, há uma cobrança por perfeição Se alguém comete um erro, a reação costuma ser exagerada, como se aquela pessoa nunca tivesse acertado antes. O problema do cancelamento é que ele não dá espaço para:

✅ Aprendizado – As pessoas mudam e evoluem

✅ Contexto – Erros antigos nem sempre refletem quem alguém é hoje.

✅ Proporcionalidade – Há diferenças entre um erro pequeno e algo realmente grave Brás Cubas vive sua vida sem arrependimento, mas será que todos os cancelados da internet deveriam ser tratados como se não tivessem chance de mudança?

8.4. Cancelamento ou responsabilização?

É claro que algumas pessoas precisam ser responsabilizadas por atitudes ruins Mas o cancelamento muitas vezes se torna um linchamento virtual. Então, como diferenciar?

�� Cancelamento: O foco está em destruir a reputação da pessoa, sem chance de defesa

�� Responsabilização: O objetivo é apontar o erro e permitir que a pessoa aprenda e melhore

�� Exemplo prático:

➡ Uma celebridade fez um comentário preconceituoso anos atrás Devemos cancelar ou ouvir se ela aprendeu com o erro?

➡ Um político mentiu para ganhar votos. O certo é cancelar ou cobrar explicações e mudanças?

A grande questão é: queremos justiça ou só gostamos de ver a "queda" dos outros?

Conclusão

Assim como Brás Cubas observa sua vida do além, muitas pessoas canceladas veem sua "morte digital" sem chance de defesa O desafio da era digital é equilibrar a necessidade de cobrar mudanças sem transformar a internet em um tribunal de linchamento Afinal, se todo mundo tem defeitos, quem pode julgar sem medo de ser julgado também?

Nono capítulo

Machado Gamer: O Jogador e a Sociedade do Entretenimento

9.1. Machado de Assis jogaria videogame?

Se Machado de Assis vivesse hoje, será que ele seria gamer? Difícil dizer Mas uma coisa é certa: ele entenderia muito bem a lógica dos jogos e da cultura do entretenimento.

Em O Jogador, conto publicado em 1896, ele narra a história de Meneses, um homem viciado em jogos de azar Ele não consegue parar de apostar, mesmo quando sabe que pode perder tudo.

Agora, pense no mundo atual O entretenimento nunca esteve tão acessível:

�� Games imersivos que prendem a atenção por horas

�� Redes sociais que criam loops infinitos de rolagem

�� Filmes e séries no streaming, sempre sugerindo o "próximo episódio".

Tudo foi feito para manter a gente jogando, assistindo e consumindo Será que somos tão diferentes de Meneses?

9.2. O jogo nunca termina: a lógica da dopamina

Meneses sabia que apostar poderia arruinar sua vida, mas a emoção de ganhar (ou a esperança de recuperar o que perdeu) falava mais alto.

�� Exemplo prático: Hoje, muitos aplicativos e jogos são projetados para ativar a dopamina, o neurotransmissor do prazer

➡ O TikTok sempre mostra um novo vídeo viciante

➡ Os games têm mecânicas de recompensa que fazem o jogador continuar

➡ As plataformas de streaming nunca deixam a tela ficar "vazia".

O resultado? Fica difícil parar.

Os jogos de azar de Meneses podem ser comparados ao vício digital atual:

�� Cassino = Redes sociais e jogos online

�� Aposta alta = Tempo e atenção gastos sem perceber

�� Sensação de controle = Achamos que estamos jogando, mas será que não estamos sendo jogados?

9.3.

A vida virou um grande

jogo?

Além dos games, outras áreas da vida foram "gamificadas":

�� Trabalho: Muitos aplicativos de produtividade criam rankings e metas diárias, como se fossem fases de um jogo

�� Redes sociais: Likes e seguidores funcionam como "pontos" que medem seu sucesso.

�� Compras e recompensas: Muitas lojas usam sistemas de pontos para incentivar o consumo �� Exemplo prático: Os aplicativos de entrega e transporte dão "níveis" para os usuários mais ativos, como se fossem fases de um jogo. Você já percebeu como essas estratégias fazem você gastar mais tempo (e dinheiro)?

O problema é que, assim como Meneses no conto O Jogador, muitas vezes jogamos sem perceber os riscos.

9.4. Como jogar sem ser jogado?

O segredo não é parar de jogar, mas entender as regras e evitar ser manipulado Algumas dicas:

✅ Defina limites de tempo – Os jogos e redes sociais foram feitos para te prender Use ferramentas para controlar seu uso

✅ Cuidado com recompensas falsas – Nem todo "desafio" ou "ranking" vale seu esforço.

✅ Priorize o que tem valor real – A vida não é só sobre acumular curtidas, pontos ou conquistas digitais

�� Exemplo prático: Você já passou mais tempo do que queria em um jogo ou rede social? Se sim, tente perceber os gatilhos que te fazem continuar e veja se realmente vale a pena

Conclusão

Machado de Assis mostrou que, muitas vezes, somos guiados pelo desejo de ganhar, mesmo quando sabemos que podemos perder No mundo digital, o jogo nunca termina. Mas será que estamos jogando ou apenas sendo jogados?

Décimo e Último capítulo

Final Boss: O que Machado nos ensina sobre o futuro?

10.1. Machado de Assis e o algoritmo da vida

Se Machado de Assis estivesse vivo hoje, ele provavelmente não escreveria em papel, mas em um blog ou até no X (antigo Twitter) Talvez tivesse um canal no YouTube para discutir ironicamente os rumos do Brasil.

Isso porque Machado sempre esteve à frente do seu tempo Ele não apenas registrou a sociedade do século XIX, mas antecipou muitas questões que ainda enfrentamos

Pense bem:

�� Dom Casmurro já falava sobre narrativas manipuladas e fake news

�� Memórias Póstumas de Brás Cubas questionava a meritocracia e a busca vazia por sucesso.

�� O Alienista explorava o poder de quem controla o discurso e decide o que é "normal" Machado parece um programador que escreveu o "algoritmo" do comportamento humano, prevendo padrões que ainda seguimos hoje

10.2. O mundo mudou, mas os dilemas continuam

�� Exemplo prático: No século XIX, a sociedade estava presa às aparências e convenções sociais. Hoje, estamos presos a métricas digitais: curtidas, seguidores, status

➡ Antes, as pessoas queriam parecer bem para a vizinhança

➡ Agora, queremos parecer bem para a internet

O jogo mudou, mas as regras continuam as mesmas E Machado de Assis já apontava isso em suas obras.

10.3. O que podemos aprender com Machado na era digital?

Para não sermos apenas personagens de um roteiro que já foi escrito, precisamos aplicar algumas lições:

✅ Questione as narrativas – Nem tudo o que lemos (ou vemos na internet) é verdade absoluta.

✅ Não se prenda a números – Likes e seguidores não definem seu valor

✅ Reflita sobre seus próprios desejos – Você quer algo porque realmente quer ou porque foi influenciado?

✅ Seja crítico, mas não cínico – O mundo tem problemas, mas ironia e pessimismo não resolvem nada sozinhos

�� Exemplo prático: Antes de compartilhar uma polêmica ou entrar em uma discussão acalorada, pare e pense: estou sendo um Bentinho desconfiado? Um Brás Cubas egocêntrico? Um Alienista obcecado por controle?

O que vem depois do “ game over”?

Machado nos ensina que o mundo não muda tanto quanto parece Mas isso não significa que devemos aceitar tudo como está.

A grande questão é: como jogar esse jogo sem ser apenas mais um personagem perdido no enredo?

A resposta pode estar em encontrar propósito além das telas, equilibrar o digital e o real e, acima de tudo, manter o olhar crítico que Machado sempre teve 10.4.

Conclusão

Este eBook mostrou como a literatura de Machado de Assis continua mais atual do que nunca. Agora, cabe a você aplicar essas reflexões na sua vida digital. �� Desafio final: Da próxima vez que ler uma manchete sensacionalista, ver uma treta na internet ou se sentir pressionado pelas redes sociais, pergunte-se: "O que Machado diria sobre isso?"

Talvez a resposta não esteja em um tweet viral, mas em uma análise mais profunda – do mundo e de nós mesmos Obrigado por chegar até aqui! E lembre-se: Capitu ainda está online. E Machado também. ��

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