ENS - Carta Mensal 545 - Fevereiro/Março 2022

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Ano LXII - fevereiro/março 2022 - 545

CARTA EQ U I P E S D E N O S S A S E N H O R A

MENSAL

A Beleza da Criação “Deus viu que era bom... muito bom”

40 Dias de Quaresma página 6

Mulher, eis ai o teu filho página 17


Índice EDITORIAL

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SUPER-REGIÃO

ACESSE CARTA MENSAL SONORA:

Fidelidade como atitude criativa...................................................................... 2 Semear, contruir e ser fermento....................................................................... 3 Tema do ano: Capítulo I..................................................................................4 40 dias de Quaresma......................................................................................6 A primeira reunião de equipe........................................................................... 7 “Vai e não peques mais”..................................................................................8 Vamos procurar juntos....................................................................................9 O poder da oração.........................................................................................10

CORREIO DA ERI

Vocação e missão dos casais das ENS .............................................................. 11

IGREJA CATÓLICA

Sínodo da sinodalidade eclesial: o sonho de Francisco......................................... 12 Palavra do Papa............................................................................................. 13

DATAS RELIGIOSAS

São José Pai na sinodalidade............................................................................14 Anunciação do Senhor................................................................................... 15 O significado da Quarta-feira de Cinzas..........................................................16

DATAS DO MOVIMENTO

Uma mulher de fé e entrega a Deus................................................................. 17

DATAS COMEMORATIVAS

“Mulher, eis aí o teu filho”..............................................................................18

EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

Projeto “Quarta é dia de Carta!”.................................................................... 20

CNSE

“Vem e segue-me”.......................................................................................22

TESTEMUNHO

O amor vencerá!.......................................................................................... 24 Nada é maior que a bondade do Senhor!..........................................................25 ENS e sua pedagogia que nos leva à santificação.............................................. 26 Difícil, mas possível...................................................................................... 27

CONTOS E REFLEXÃO

O peso que a gente leva................................................................................ 28

PARTILHA E PCE

A regra de vida, apoiada na Palavra de Deus..................................................... 29 A regra de vida............................................................................................. 30 O despertar para a santidade e as ferramentas necessárias ................................. 31

FORMAÇÃO

Laudato Si: debruçados sobre a criação de Deus................................................32

no 545 edição fevereiro 2022

Carta Mensal é uma publicação periódica das Equipes de Nossa Senhora, com Registro “Lei de Imprensa” Nº 219.336 livro B de 09/10/2002. Responsabilidade: Super-Região Brasil - Lu e Nelson - Equipe Editorial: Responsáveis: Débora e Marcos - Cons. Espiritual: Pe. Franciel Lopes - Membros: Lázara e Edison - Jornalista Responsável: Vanderlei Testa (Mtb. 17622), para distribuição interna aos seus membros. Edição e Produção: Nova Bandeira Produções Editoriais - R. Turiassu, 390, Cj. 144, Perdizes - 05005-000 São Paulo SP - Fone: 11 98201-8282 - email: novabandeira@novabandeira.com - Responsável: Ivahy Barcellos Revisão: Jussara Lopes - Diagramação, preparação e tratamento de imagem: Douglas D. R ­ ejowski - Imagens: (Freeimagens/Pxhere/Unsplash/CanStockPhoto). Tiragem desta edição: 24.906 exs. Cartas, colaborações, notícias, testemunhos, ilustrações/imagens devem ser enviados para ENS - Carta Mensal, Av. Paulista, 352, 3o Conj. 36 - 01310-905 - São Paulo-SP, ou através de email: cartamensal@ens.org.br A/C de Débora e Marcos. Importante: consultar instruções, antes do envio de material para a Carta Mensal no site ENS (www.ens.org.br) acesso Carta Mensal.

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Um ato de amor ao próximo........................................................................... 21

RAÍZES DO MOVIMENTO


EDITORIAL

Queridos irmãos equipistas! Iniciemos 2022 pensando nas palavras do Pe. Caffarel escritas em 1963: “O ideal evangélico não é, unicamente e antes de mais nada, um todo doutrinal a ser adotado, mas Alguém a ser seguido. Seguir quer dizer aprender a pensar, a agir, a viver com Ele e como Ele. Esse Alguém não é homem de meias medidas nem de acomodações...” Assim, ele nos convoca a continuarmos sabendo que Deus nos quer por inteiro sem titubear diante das dificuldades e até mesmo diante da pandemia. Procuremos sacudir a poeira e ressignificar a vida conforme os seus reveses, para avançarmos rumo ao nosso grande projeto que é a santidade. Feliz Ano-novo. E quais novidades estarão disponíveis em relação às matérias? Nós da Carta Mensal, junto à SRB, continuamente buscamos alternativas que proporcionem subsídios necessários ao nosso crescimento espiritual e equipista. Em razão disso, propomos novas bandeiras, suprimimos outras e assim vamos ajustando a programação ano após ano. Nesta perspectiva, este ano os SCE Pe. Mariano, da Província Sul I, trabalhará a bandeira Igreja Católica, sobre a preparação para o Sínodo, e o SCE Frei Arthur, da Província Leste I, na bandeira Formação, fará correlação entre a encíclica Laudato Si e a Palavra de Deus. Os artigos sobre a Palavra do Papa serão escritos pelo casal Leila e Antônio Carlos, da Província Centro-Oeste. Aos novos colaboradores damos as “boas-vindas” e os agradecemos por terem aceito o desafio de servir! Pretendemos, também, obter artigos CM 545

para duas novas bandeiras intituladas: EXPERIÊNCIAS INOVADORAS NAS ENS e VOCÊ NA CARTA, para as quais esperamos que nos contem sobre o que fizeram de novo ou de diferente no seu Setor, Região ou Província, para que sirva de inspiração a outras pessoas. Nesta edição, trouxemos o “QUARTA é dia de CARTA” da Província Leste II. Também gostaríamos de ouvi-los, em breves palavras, sobre algum artigo de edições anteriores que os tocou profundamente e que desejam partilhar... O tema de estudo a cada ano é para nós uma grande bênção, permitindo reflexões que nos melhoram e nos impulsionam, conforme nos falam Lu e Nelson em seu artigo. Em relação ao primeiro capítulo “A Beleza da Criação”, Flor e Celso comentam sobre a gratidão e o louvor diante do que recebemos de Deus e que desejamos corresponder ao Seu amor infinito. Imaginem quanta maravilha deveremos experimentar no serviço de ser fermento renovador da família e da sociedade neste ano. Vocês já ouviram sobre a Plataforma de Formação para SCEs e AEs? Então, mais um serviço formativo à disposição dos nossos conselheiros(as) espirituais, além de muitos outros artigos,testemunhos e reflexões. Desejamos que aproveitem ao máximo tudo que a Carta Mensal oferece de subsídios formativos e que possamos ter um ano muito abençoado.

Boa leitura. Débora e Marquinho CR Carta Mensal

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Fidelidade como atitude criativa Nossa vocação à santidade é uma realidade dinâmica que acolhemos e cultivamos em nosso estado de vida matrimônio e ordem ‑, com progressiva fidelidade, na união com Deus que a frequência nos sacramentos, sobretudo a eucaristia e a confissão, nos possibilita; na vivência do carisma por uma participação ativa na vida do Movimento e pela renovação contínua na prática dos PCEs. Um elemento fundamental que precisamos ter para nos mantermos firmes frente aos desafios e dificuldades que se apresentam é justamente a fidelidade, entendida como lealdade,fé e adesão pessoal à busca da santidade assumida como equipistas, bem como os propósitos e caminhos escolhidos para realizar esta busca. O termo fidelidade procede do termo latino fides (fé), aparentado com fidere (fiar), do qual derivam as palavras confiar, confiança, confidente, confidência. É-se fiel a uma pessoa à qual se prometeu alguma coisa em virtude da fé que se tem nela, que a torna fiável. A fidelidade é a resposta adequada a uma promessa, como as promessas que foram feitas no batismo, confirmadas na Crisma, e aquelas que foram próprias do sacramento do matrimônio, que geraram a conjugalidade como expressão do consórcio de vida mútua, da geração e educação dos filhos. Prometer é uma atividade própria da pessoa humana, pois só ela é capaz de projetar o futuro, e se promete hoje para se cumprir no futuro, numa altura em que é até mesmo possível ter sentimentos diferentes dos atuais. O ato de

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prometer implica soberania de espírito, capacidade de sobrevoar o tempo e o espaço e de agir independentemente das mudanças que entretanto se possam verificar. Numa cerimônia de casamento promete-se constituir com o cônjuge uma vida familiar. Esta unidade não fica criada de uma vez por todas. Só os objetos se “produzem”, ficando “feitos” para sempre. A unidade conjugal não se “produz” materialmente; vai-se “criando” em cada momento da vida. Ser fiel é realizar esta atividade criadora prometida no matrimônio e não se reduz a aguentar algo. A pessoa humana não é chamada a aguentar ‑ o que seria uma tarefa própria das paredes e das colunas ‑, mas a prometer e cumprir com fidelidade criativa em cada momento de sua vida o que ficou prometido num dado momento. Esta fidelidade, como atitude criativa, que contribui eficazmente para conferir à personalidade humana um caráter de autenticidade e firmeza, será fundamental para que cada equipista encare os desafios presentes tanto na vida conjugal, equipista, eclesial e social destes tempos. Precisamos ter coragem para sermos melhores como pessoas e cristãos para vencermos os obstáculos e alcançarmos o resultado de uma verdadeira “procura juntos” da santidade. D. Moacir Arantes SCE Super-Região CM 545


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Semear, construir e ser fermento Queridos equipistas, amados e amadas de Deus, Mais um ano civil se iniciou, e com ele serão apresentadas novas oportunidades para uma firme retomada ou forte impulso dos projetos, da busca da santidade na vida de equipe, na prática dos PCEs, na vivência das orientações e tema de estudo,como alimento da conjugalidade e caminho para santidade. Já nos colocando em sintonia com os nossos EACREs,temos como inspiração a frase: Casal cristão,fermento no mundo para semear e construir. Compartilhamos abaixo a reflexão do Pe. Ricardo feita no último Colégio Internacional. “Deixando-nos acompanhar pelo Espírito Santo que nos ilumina, nos inspira, nos fortalece e nunca deixa de nos convidar para trabalhos concretos. Duas atividades humanas que marcam profundamente aqueles que as realizam são a sementeira e a construção. Na sementeira, o processo que se segue após deixar a semente no solo não depende apenas do semeador; há fatores externos que a influenciam (chuva, solo, pragas). Na construção, a gestão do construtor é mais visível e percebe-se a intervenção humana. As táticas e as estratégias que se traduzem num resultado eficaz tornam-se palpáveis. Provavelmente todos nós, em algum momento,semeamos uma semente e contemplamos, à medida que os dias passavam, a germinação,o crescimento e talvez as flores e os frutos. É uma experiência que nos leva às origens da vida, ao que é simples e singelo, mas também CM 545

ao que há de encantador e sublime nesse profundo mistério. É preciso paciência, serenidade e espera. Visualizemos dentro de nós um processo desde a sementeira até a colheita e vamos alimentando as nossas possibilidades, já não no campo agrícola, mas nas realidades humanas que nos rodeiam e nos convidam e nas quais somos chamados a semear misericórdia, compaixão, solidariedade. Já alguma vez construímos alguma coisa? Talvez, pelo menos, com peças de Lego. Há criatividade, gosto, ação. O resultado tem a ver com a planificação e o cumprimento dos cronogramas. Mais uma vez, imaginemos como somos chamados, como casais-fermento, a construir novas realidades, a construir um futuro novo cada dia melhor.” Queridos irmãos, o Senhor nos chama a semear e a construir, a ser fermento onde muitas vezes nos sentimos como a “massa”. Podemos pensar que essa não é uma tarefa muito fácil, e não é, mas Ele nos dá a sua graça e fica conosco permanentemente. Na maioria das vezes não chegamos a colher o que plantamos e não vemos o que construímos, mas a beleza está no sentimento de que fizemos o nosso melhor e confiamos na graça de Deus. É isso que Ele espera de nós. Façamos juntos mais esta etapa do Caminho! Lu e Nelson CR Super-Região

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Tema do ano: Capítulo I A Beleza da Criação

Iniciando nossos estudos com o primeiro tema, A Beleza da Criação, logo louvamos e bendizemos o Criador, sentindo o Amor como uma realidade que une tudo e todos em perfeita comunhão. Somos atraídos Àquele que nos deu a vida, numa atitude de gratidão, e desejamos ardentemente corresponder ao Seu amor infinito que nos fez semelhantes a Ele. O próprio Deus, “terminando a Obra”, viu que tudo era bom... que era muito bom! Quando olhamos o mundo e as maravilhas da natureza, com olhar contemplativo, damos um sentido profundo aos mínimos gestos e cuidamos para que os nossos pensamentos e atitudes sejam sementes de bondade que farão nascer a esperança em muitos corações. É a escolha de fazer um pouco, no escondimento de cada dia, que nos torna mais próximos de Deus. Vemos crescer a “massa” com o 4

“fermento” da amabilidade, da renúncia assumida, da participação no sacramento da reconciliação, que lava a alma e nos leva a receber o “Pão dos Anjos” em estado de graça, reconhecendo a vida como dádiva, tesouro inestimável que transforma os nossos frágeis ombros em fortaleza que suporta feliz o “peso leve” de Cristo. Assim, nosso lar será um recanto de convívio fraterno, agradável e solidário, onde a vontade do Pai nos levará a viver corajosamente a própria missão, no caminho das virtudes, em busca da santidade. Vemos, então, que a “grande Obra” não é algo acabado... percebemos que ela continua acontecendo numa sequência querida por Deus através de Suas Leis. Sabemos por experiência que não nos tornamos íntimos de Deus sem a vida sacramental, sem o espírito de sacrifício e a oração. E aqui residem muitas de nossas fugas e hesitações. Queremos nos aproximar CM 545


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A vida humana é a maior beleza, o nosso maior dom: a imagem do próprio Deus. Por isso a nossa existência é um tesouro a ser valorizado e repartido.

de Cristo sem a cruz. O mundo (a matéria) nos prende, acorrenta e domina, ofuscando nossa visão. Olhamos para as montanhas, mas escolhemos ficar na planície... nas atrações do mundo, onde jamais encontraremos as respostas aos nossos anseios de transcendência. A vida humana é a maior beleza, o nosso maior dom: a imagem do próprio Deus. Por isso a nossa existência é um tesouro a ser valorizado e repartido. Precisamos criar asas e nos desprender das coisas da terra, olhar para o Alto onde mora o Infinito, a Imensidão do Amor. Aprendemos, então, a renovar a cada manhã o ato CM 545

de confiança em Deus, certos de Sua presença no caminho, acertando o nosso passo ao passo de Cristo. “Coração que se converte, converte o mundo em silêncio, lentamente, devagar... Perdoa, Senhor, nossa fé reticente, às vezes covarde, medrosa, inconstante. Aumenta nossa generosidade na construção de Teu Reino e na difícil arte de ser Santo, segundo os desígnios do Pai.” (Pe. R. Schnieder) Flor e Celso CRP Sul III

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40 dias de Quaresma

“Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e, durante quarenta dias, o Espírito o foi levando pelo deserto, enquanto era tentado pelo diabo. Durante todo esse tempo esteve sem comer e no final sentiu fome.” (Lc 4) Assim inicia Lucas: Jesus está “cheio”, preparado, disposto qual soldado habilitado para um combate, uma armadilha. Seu opositor é estrategista medonho, embusteiro elegante e publicitário excelente; até no deserto é capaz de mostrar as grandezas do mundo, cuja oferta apresenta como algo irrenunciável. Se olharmos melhor,vemos que ele invade o centro da pessoa, lá onde moram os desejos, a fome e a sede. Como se não bastasse, está mesmo disposto a dar tudo em troca de um único gesto de Jesus ‑ até parece uma troca justa! E aqui está a realidade que precisamos perceber. O que se esconde atrás da sua proposta? Aparentemente é vantajosa, realizadora, satisfatória,plena! Jesus está diante disso tudo! Às vezes experimentamos algo parecido. E Jesus pode nos ajudar a vencer, como Ele venceu. O que Jesus fez? Permaneceu firme no seu propósito de fidelidade ao projeto do Pai de salvar a humanidade. Não se deixou levar pelas grandiosas ofertas, não quis resolver as coisas tão depressa. Preferiu compartilhar a situação humana de tantos que lutam para sobreviver. Nosso Mestre tem uma sensibilidade

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aguçada, um olhar penetrante e visualiza toda a ação maléfica, toda mentira, toda corrupção que está desenhada num colorido agradável aos olhos da carne. Sua resposta é firme e convicta, sem nenhuma possibilidade de negociar seus valores,suas escolhas.Jesus percebe toda movimentação do inimigo escondido num jogo feito de palavras, até bíblicas, e de gestos. Aliás, qual é o gesto que tanto desejava o demônio que Jesus fizesse? Ajoelhar-se! Não era preciso mais nada. Nem assinar e registrar no cartório. Só ajoelhar-se! Nem selar com uma pedra! Só ajoelhar-se! O demônio não quer que façamos grandes coisas para ele... mas que pertençamos a ele, que sejamos sua propriedade definitiva. Jesus vence o inimigo reafirmando sua entrega à vontade do Pai; servindo à humanidade num caminho feito de doação de si, de perdão e reconciliação. Jesus nos ensina o combate, sim, voltado inteiramente à sua missão. Não quer que nos ajoelhemos diante do inimigo, que caiamos nas suas armadilhas; mas que sejamos firmes no nosso caminhar para a casa do Pai! Neste tempo forte da Quaresma teremos muitas ocasiões de experimentar as tentações. Fixemos nosso olhar em Jesus e no caminho que Ele nos apresenta. Sejamos confiantes no projeto do Pai, orando, jejuando e nos empenhando na caridade; tudo pelo amor a nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo! Frei Levi Jones Botke SCEP Sul III CM 545


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A primeira reunião de equipe Ao rever a história das ENS, sempre nos deparamos com fatos de extrema importância na vida de Padre Caffarel,o tornando seu fundador. A partir de 1936, deixa suas funções para dedicar seu tempo livremente ao apostolado espiritual, oração e meditação, a pregação em retiros e aconselhamento espiritual, que o levam a conhecer muitos jovens que buscavam se aprofundar na fé. Dentre estes, uma jovem casada em busca de conselhos sobre a vivência espiritual de seu casamento. Padre Caffarel a orienta que traga seu marido, e o casal, entusiasmado, sugere a presença de mais outros casais; assim nasce o encontro na casa de um deles, do qual não se imaginava quão importante seria para as futuras gerações das ENS. Muito já se falou, mas sempre paramos e imaginamos: “o que teria acontecido naquela época? ” Reavivar os primeiros momentos em que Deus fez brotar de uma pequena semente uma árvore frondosa, a abordagem de quatro casais a Padre ­Caffarel, que todos conhecemos a resposta: “Façamos o caminho juntos”. Sem nenhum projeto inicial, sem olhar para um futuro de grandes conquistas e grandes feitos, não se poderia prever o nascimento de um Movimento que criasse raízes e se espalhasse por várias partes do mundo. Hoje em cerca de 90 países nos cinco continentes, e que mesmo com todos os acontecimentos se mantém firme, forte e crescente. Desta primeira reunião surgiram propostas com o sentido de se ter objetivos para que houvesse continuidade; algumas normas experimentadas na CM 545

vida destes primeiros casais sedentos da Palavra de Cristo, que os estimulassem à busca contínua das belezas do sacramento do matrimônio. - “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei presente.” (Mt 18,20) Depois aconteceram mais três reuniões interrompidas pela 2ª Guerra Mundial, mas estas poucas reuniões foram suficientes para unir os casais e manter viva a esperança de um Movimento que crescia e se manteria vivo,alimentado pela palavra,através dos escritos de Padre Caffarel. Padre Caffarel desde o início foi rigoroso, mas sempre aberto a aceitar aquele que queria fazer essa experiência apaixonante do amor de Deus. “Nenhum casal tem o direito de ser estéril”. O casal não pode guardar para si as graças da vida matrimonial; homem e mulher são chamados a cooperarem e zelarem juntos pela obra do Criador. Bendita reunião, que todos os anos celebramos com muita alegria em 25 de fevereiro. Somos por isso agradecidos aos casais, Pierre e Rozenn, Gérard e Madeleine, Michel e Ginette, Frédéric e Marie-Françoise e ao Padre Caffarel, fiéis ao caminho que os levou a assumir as primeiras dificuldades que hoje vemos como um dos milagres mais belos nas ENS: o amor conjugal rumo à santidade. Leila e Fernando CRP Leste I

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“Vai e não peques mais”

A penitência faz parte da tradição judaico-cristã como um caminho de reencontro entre a humanidade e os desígnios de Deus. Desde o Antigo Testamento, a fragilidade humana diante da natureza criada por Deus demonstra a necessidade de uma constante reflexão do homem sobre as suas atitudes e seus sentimentos a respeito dos fatos históricos como manifestação da presença de Deus no mundo. De fato, o sentimento de pequenez diante da grandeza de Deus suscita sempre o imperativo da transformação do ser humano para atender o projeto de Deus. A penitência é a expressão de que somos capazes de voltar ao projeto inicial deixado por Deus. Como nos recorda Santo Agostinho, “quem caminha no sentido oposto a Deus, caminha em direção ao nada”. (Comentário ao Salmo 38, 22). Em Jesus Cristo, a penitência passa a ser chave central para uma adesão real ao discipulado cristão. Segundo o Documento de Aparecida (2007), o sacramento da penitência é imprescindível para que aconteça a conversão necessária para que o cristão batizado combata o mal que nos faz incoerentes com os compromissos que assumimos dos sacramentos da Igreja Católica, como

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o sacramento do matrimônio, tão caro para o Movimento das Equipes de Nossa Senhora. A penitência leva a um contato direto com o amor de Jesus pela humanidade que deveria promover não somente o reconhecimento de nossas debilidades, mas também a confissão de nossas debilidades diante de situações que requerem uma postura de fé e luta pela justiça social. A Bíblia nos mostra diversos exemplos desses encontros transformadores através do reconhecimento dos pecados em personagens bíblicos como Zaqueu (Lc 19, 1-10) e Paulo (At 9, 1-5). Contudo, esse encontro pessoal com Jesus não é impositivo. Por isso, cabe ao penitente escolher trilhar, ou não, o caminho da salvação. Esse pode ser visto em exemplos como a história da mulher pega em adultério e acusada diante de Jesus. Nessa reflexão joanina, Jesus não condena a pecadora, no entanto deixa em suas mãos a decisão de escolher o caminho da sua conversão: “Vai e não peques mais”. (cf. João 8, 11b) Enfim, é com esse espírito de acolhimento, da parte de Deus, e de abertura, da parte dos homens, que construímos a nossa seara penitencial. Cabe a nós o desafio de apresentar nossa disponibilidade de mudarmos e sermos criaturas novas desde os sacramentos do matrimônio e da ordem, a fim de construirmos um mundo mais justo, fraterno – e redimido – para toda a humanidade. Frei Arthur Vianna Ferreira SCEP Leste I CM 545


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Vamos procurar juntos Em 2017, num Encontro de SCEs e AEs que aconteceu em Castanhal-Pará, surgiu a ideia da Plataforma de Formação para SCEs e AEs. O objetivo proposto era trazer informação sobre as Equipes de Nossa Senhora para nossos conselheiros, porém de forma mais prática e objetiva, deixando sempre em aberto a possibilidade de aprofundar os temas. Para isso, foi constituída uma equipe de casais e sacerdotes denominada Conselho Editorial, coordenados pelo casal Cris e Brito, casal equipista de São José dos Campos, que desde então tem realizado um trabalho árduo e minucioso de definição de temas, pesquisa de documentos e elaboração de material, que culminou com o lançamento da plataforma VAMOS PROCURAR JUNTOS, no dia 19/10/21, com o curso O SCE E O AE NA EQUIPE. Vale ressaltar que os cursos são organizados em módulos concisos, que oportunizam uma leitura rápida e produtiva pelos conselheiros, seja em seus momentos de estudo, durante uma viagem ou mesmo enquanto esperam uma consulta médica... Essa é a ideia: apresentar o conhecimento, de forma ágil, simples e com qualidade! Àqueles que desejem se aprofundar no tema, o texto dos cursos traz o link direto para todas as referências bibliográficas utilizadas na sua elaboração. O sucesso da plataforma foi tanto que, 15 dias após seu lançamento, já foram disponibilizados mais três cursos: PAPEL DO CONSELHEIRO ESPIRITUAL NAS EQUIPES DE NOSSA SENHORA, CM 545

O QUE O SCE PRECISA SABER SOBRE AS ENS? e ESPIRITUALIDADE CONJUGAL. Foram mais de 5.000 acessos à plataforma VAMOS PROCURAR JUNTOS, isso no primeiro mês! E lembre, sua opinião é sempre muito importante para nós! Desejamos, cada vez mais, receber o retorno de vocês, conselheiros e acompanhantes, sobre os cursos já existentes, bem como sugestões de novos para serem desenvolvidos. E sabe quem estava naquele Encontro de Conselheiros de 2017 no Pará e participou da idealização dessa plataforma? O Pe. Flávio Cavalca de Castro, que foi SCE da Carta Mensal de 1994 a 1999, SCE da Super-Região Brasil de 2000 a 2005, é conselheiro de duas equipes há mais de 30 anos, autor de muitos livros e grande colaborador das ENS do Brasil. Aponte a câmera do seu celular para o QR code abaixo e assista ao seu belo testemunho a respeito.

Tatiana e Rubens Coimbra Casal Comunicação Externa

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O poder da oração A oração é uma poderosa fonte de força a atuar em nossa vida. Na Bíblia podemos encontrar vários versículos sobre o poder da oração: “Na sua aflição, clamaram ao Senhor, e Ele os tirou da tribulação. Reduziu a tempestade a uma brisa e serenou as ondas. As ondas sossegaram, eles se alegraram, e Deus os guiou ao porto almejado”(cf. Sl 107,28-30). Jesus disse aos apóstolos “tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis” (cf. Mt 21,22). O apóstolo Pedro pediu que todos saíssem do quarto, pôs-se de joelhos e orou. Voltando-se para a mulher morta, disse: “Tabita, levanta-te!”. Ela abriu os olhos e, vendo Pedro, sentou-se (cf. At 9,40) e na Epístola de São Tiago diz: “Está alguém enfermo? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo com óleo em nome do Senhor. A oração com fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Se ele cometeu pecados, lhes serão perdoados. Confessai os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros para serdes curados. A oração do justo tem grande eficácia” (cf. Tg 5,14-16). A humildade é o fundamento da oração e é a disposição necessária para receber gratuitamente o dom da oração.Como disse Santo Agostinho: o homem é um mendigo de Deus (CIC, 2.559). Lucas apresenta dois tipos de oração: a do fariseu egocêntrico e a do publicano humilde que voltou para casa

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justificado (cf. Lc 18,9-14). Portanto, a oração deve funcionar como um sincero relacionamento tipo eu e você com Deus, com entrega, confiança e fé. Em nome de Cristo, a prece eleva-se a Deus como fumaça de um incenso queimado na brasa ardente da aflição, da dor, do desespero, da injustiça, da perseguição, envolvendo nosso Senhor com um doce aroma. Muitos recorrem a Jesus ou a Deus como um mágico que lhes curará da doença ou dos sintomas num instante e sem dor. Na Bíblia, a cura sempre acontece no encontro com Jesus, quando ocorre a transformação interior. A oração pode ser individual ou comunitária. A oração comunitária é tão importante quanto a individual, pois cada uma tem seu propósito. Se a oração individual tem poder, imagine o poder e o efeito da comunitária. Quando se reza por alguém, o que se faz é entregar o problema a Deus, para que Deus opere na pessoa – “seja feita a tua vontade!”. Com o início das atividades equipistas neste ano, aproveitemos o poder da oração, com fé, rogando a Jesus que leve os nossos pedidos ao Senhor: pelos necessitados, pelos equipistas do Brasil e do mundo e pelos EACRES de todas as Províncias. Sônia e Eyiti Casal Responsável pelos Intercessores CM 545


CORREIO DA ERI

Vocação e missão dos casais das ENS Chamados e enviados Embora seja verdade que através do batismo todos os crentes experimentam o chamado para seguir o Senhor Jesus e receber a missão de ser portadores de sua Palavra e de ser sua presença no meio do mundo, através do sacramento do matrimônio os esposos também são chamados a viver o amor à maneira de Deus e são enviados a se tornarem testemunhas da profunda unidade entre Cristo e a Igreja e entre Deus e o universo. Portanto, falar de casamento cristão é falar de uma vocação e de uma missão próprias dos cônjuges unidos em Cristo. Para os casais pertencentes às Equipes de Nossa Senhora, podemos dizer que estas realidades se multiplicam em um duplo compromisso: o sacramento do matrimônio e a vida no Movimento. Aqueles que optaram por integrar as equipes como parte de sua vida de casados cristãos se comprometem mais fortemente com uma vida de testemunho e apostolado. Além da formação de sua própria família e de sua dedicação ao crescimento integral de seus filhos, os casais equipistas são chamados a participar da missão da Igreja, principalmente naquelas realidades que dizem respeito ao casamento e à vida familiar. Cada casal deve procurar e encontrar o ambiente concreto no qual desenvolver sua tarefa apostólica na paróquia ou diocese. Descobrir essas áreas pastorais nas quais devem estar presentes como batizados, casados, membros da equipe. Ao longo deste ano, que o Papa Francisco quis dedicar a Amoris Laetitia, é muito importante não perder de vista o que ele nos apresenta daquelas situações humanas em que os casais CM 545

se sentem frágeis, doentes, feridos. É nestes ambientes complexos, difíceis, e muitas vezes muito dolorosos, que este compromisso pode se manifestar mais visivelmente. Há jovens apaixonados que precisam conhecer a beleza e grandeza da vida sacramental, jovens casais que se preparam para o casamento, casais casados em busca de acompanhamento, casais em crise de vários tipos, separados, divorciados, casais em uma nova união não sacramental, pessoas com dificuldades em sua identidade sexual, e assim por diante. Cenas que anseiam por uma presença compassiva e misericordiosa. Temos o valioso documento “Vocação e Missão no início do terceiro milênio”, emitido pela ERI em julho de 2018, que nos incentiva e nos impulsiona para uma vivência autêntica, real e coerente do que é e significa participar de uma vocação e missão concretas. Da mesma forma, Clarita e Edgardo, o casal responsável pela ERI e pelo Movimento, quando traçaram o caminho a seguir durante este período de seis anos, chamaram todos os membros da equipe a um compromisso sereno e sério para sairmos para as circunstâncias de nosso mundo contemporâneo, onde devemos estar presentes com a força do Espírito e a experiência de sermos participantes da graça de Deus na vida de casados. Nunca é demais enfatizar a necessidade de uma releitura contínua destes documentos que nos oferecem caminhos claros para o exercício da vocação e da missão para a qual somos chamados. Ricardo Londoño Domínguez SCE da ERI

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IGREJA CATOLICA

Sínodo da sinodalidade eclesial: o sonho de Francisco

Sínodo

2021 2023 Por uma Igreja sinodal

comunhão | participação | missão

Com o escritor Cervantes e com Dom Hélder Câmara lembramos que “Sonhar sozinho é apenas um sonho; sonhar juntos é o começo da realidade”. O sonho do Papa Francisco é o limiar de uma nova realidade eclesial, fraterna e sinodal. E, como tal, tem nas Equipes de Nossa Senhora oportunas coprotagonistas, já na etapa inicial. O tema do Sínodo é: Para uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão. É um dom a ser acolhido na alegria e gratidão e uma tarefa a ser executada com entusiasmo e determinação. Designa o estilo peculiar da vida e da missão eclesial, expressa o seu modo de viver e agir. O que significa sínodo e a que se refere? Sínodo significa o caminhar juntos do Povo de Deus. Remete a Jesus, “o caminho” (Jo 14,6), e aos cristãos, “discípulos do caminho” (cf. At 9,2; 19,9). Sínodo (συνοδóς/synodós) é palavra grega, composta de σύν (sýn = “juntos”) e ὁdós (hodós = caminho). Sínodo também tem a ver com concílio. O grande evento conciliar desdobra-se e se atualiza pelos sínodos. Os temas do Concílio são retomados e desenvolvidos nos Sínodos. O nosso Sínodo, porém, mais que revisitar algum assunto do Vaticano II, visa captar e reavivar o próprio espírito do último Concílio, celebrado entre 1962 e 1965.

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A primeira fase sinodal (outubro/2021 – abril/2022) realiza-se nas Dioceses e Conferências Episcopais, em preparação à fase conclusiva da Assembleia dos Bispos, a ter lugar em Roma, no mês de outubro de 2023. Uma antiga oração ao Espírito Santo, atribuída a Santo Isidoro de Sevilha, nos convém: “Aqui estamos, diante de Vós, Espírito Santo: estamos todos reunidos no vosso nome. Vinde a nós, assisti-nos, descei aos nossos corações. Ensinai-nos o que devemos fazer, mostrai-nos o caminho a seguir, todos juntos”. No domingo, 10 de outubro/2021, Francisco abriu o 16º Sínodo dos Bispos, explicando: “Fazer Sínodo significa caminhar pela mesma estrada, caminhar em conjunto... Encontrar, escutar, discernir: três verbos do Sínodo”. Depois disse que “somos chamados a tornar-nos peritos na arte do encontro”: encontro com Deus, conosco, com os outros da comunidade e da Igreja, com os de outras Igrejas e religiões, com todos quantos formamos os filhos dessa terra, com a própria terra. Um genuíno encontro requer escuta: “Como está o ‘ouvido’ do nosso coração? Fazer Sínodo é colocar-se no mesmo caminho do Verbo feito homem”. “Sejamos peregrinos enamorados do Evangelho, abertos às surpresas do Espírito Santo”, convida ainda Francisco.

Pe. Mariano Weizenmann SCE Região SP Leste II Prov. Sul I CM 545


IGREJA CATÓLICA

Palavra do Papa “O mistério da criação” Em sua catequese, na audiência geral (20/05/2020), Papa Francisco diz: A primeira página da Bíblia assemelha-se a um grandioso hino de ação de graças. A narração da Criação é cadenciada por refrãos, nos quais são constantemente reiteradas a bondade e a beleza de tudo o que existe. Com a sua palavra, Deus chama à vida, e todas as coisas passam a existir. Com a palavra, separa a luz das trevas, alterna o dia e a noite, intercala as estações, abre uma paleta de cores com a variedade das plantas e dos animais. Nesta floresta transbordante que rapidamente derrota o caos, o homem aparece em último lugar. E esta aparição provoca um excesso de exultação,que amplifica a satisfação e a alegria: “Deus contemplou a sua obra,e viu que tudo era muito bom” (Gn 1, 31). Bom, mas também belo: vê-se a beleza de toda a Criação! Por natureza não somos quase nada, somos pequenos; mas por vocação, somos os filhos do grande Rei! As criaturas têm um valor em si mesmas e “refletem, cada uma à sua maneira, um raio da infinita sabedoria e bondade de Deus” (CIC, 339). Este valor e este raio de luz divina devem ser descobertos e, para os descobrirmos, precisamos estar em silêncio, precisamos de ouvir e contemplar. Também a contemplação cura a alma (Audiência 16/09/2020). Sem contemplação, é fácil cair num antropocentrismo desequilibrado e soberbo, isto é, o “Eu” no centro de tudo, que sobredimensiona o nosso papel como seres humanos,posicionando-nos como dominadores absolutos de todas as outras criaturas.Uma interpretação distorcida dos textos bíblicos sobre a criação CM 545

contribuiu para esta má interpretação, que leva à exploração da terra ao ponto de a sufocar. Exploração da criação: este é o pecado. Julgamos que estamos no centro, pretendendo ocupar o lugar de Deus, e assim arruinamos a harmonia da criação e do desígnio de Deus. Certamente, podemos e devemos trabalhar a terra para viver e nos desenvolver. Mas trabalho não é sinônimo de exploração, e está sempre acompanhado de cuidado: lavrar e proteger, trabalhar e cuidar... Esta é missão (cf. Gn 2, 15). Não podemos pretender continuar a crescer em nível material sem cuidarmos da casa comum que nos acolhe. Os nossos irmãos e irmãs mais pobres e a nossa mãe terra gemem pelos danos e injustiças que causamos e reclamam outro rumo. Reclamam de nós uma conversão, uma mudança de postura: cuidar também da terra, da criação. É, pois, importante recuperar a dimensão contemplativa, ou seja, olhar a criação como um dom, e não como algo a ser explorado. Eis o cerne do problema: contemplar é ir além da utilidade de algo. Contemplar a beleza é admirá-la, descobrindo seu verdadeiro valor. Assim, “a beleza e o mistério da Criação geram no coração do homem o primeiro movimento que suscita a oração” (cf. CIC, n. 2.566). Bete e Carlos Alberto Eq. N. S. Rainha da Paz Setor B - Minas II Prov. Leste II

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DATAS RELIGIOSAS

São José Pai na sinodalidade Do coração paternal de Francisco a Igreja vem ganhando sucessivos presentes cujo objetivo é fazer crescer a comunhão e a sinodalidade. Em 2013, Bergoglio confirmou a introdução da invocação a São José nas orações eucarísticas. A devoção a São José encontrou eco no coração do Papa, que compreende a humildade do Pai de Jesus como um testemunho de virtude a ser conquistada por todos. Em 2020 Francisco publicou o documento: Patris Corde e declarou o ano de São José. O Papa fundamentou sua decisão nas poucas passagens bíblicas que mencionam a figura do Pai de Jesus e garante que elas facilitam aos cristãos seguir o exemplo de São José quando as dificuldades da vida superam as fracas forças humanas. O objetivo do ano de São José foi aumentar o amor por este Santo, para nos sentirmos impelidos a implorar sua intercessão e imitarmos suas virtudes e seu cuidado. Com Maria, José ouviu a profecia de Simeão a respeito de Jesus, com Maria residiu como estrangeiro no Egito, com Maria viveu escondido na ignorada cidade de Nazaré, com Maria procurou Jesus no Templo. Para facilitar aos leitores conhecer o Pai de Jesus, Bergoglio descreve características fáceis de se reconhecer em São José: Pai Amado, Pai na ternura, Pai na obediência, Pai no acolhimento, Pai na coragem criativa, Pai trabalhador, Pai na sombra. Notemos que o Papa menciona sete, em sintonia com a

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simbologia infinita que o número sete tem na teologia e na liturgia da Igreja. O ano de São José se encerrou em 8 de dezembro de 2021, no mesmo período a Igreja vive a fase diocesana do Sínodo sobre a sinodalidade. Nesse contexto pode-se acrescentar às sete características mais uma e quiçá infinitas outras: São José Pai na sinodalidade! Na carta Patris Corde Francisco afirma: “A missão dos Santos não é apenas a de conceder milagre e graças, mas de interceder por nós diante de Deus, como Jesus que é o nosso advogado”. Na condição de Pai na sinodalidade José caminha com a Igreja neste tempo de mudança de época em que pelo impulso do Espírito Santo convida-nos a caminhar juntos e construir pontes que renovem a Igreja na sua comunhão consigo, com todas as Igrejas e tradições de fé. Como Pai na sinodalidade nos ajuda reconhecer o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro milênio. Rezemos e deixemo-nos guiar pela Coragem Criativa do Pai Amado nesse caminho de comunhão sem ter medo de ouvir o Povo de Deus garantindo que a Igreja viva em plenitude a missão que lhe é confiada por Cristo. Pe. Elcio SCE Região S. Catarina II Prov. Sul III CM 545


DATAS RELIGIOSAS

Anunciação do Senhor “Alegra-te.” Esta saudação remete à tradição de esperança messiânica de redenção e salvação para Jerusalém, a Mãe de Todos os Povos (Sl 85). “Exulta!” diante dos feitos prodigiosos de Deus que vem em socorro salvar a Filha de Sião, Jerusalém – Is 12,6; 54,1; Sf 3,14...; Zc 9,9. “Cheia de graça” é aquela que alcançou os favores de Deus, é como um novo nome dado a Maria: Favorecida, Agraciada, Amada do Bem-Amado (Sl 16,22; I Sm 16,22; II Sm 14,22; II Sm 16,4; Est 2,17; 5,8; 7,3; 8,5). Aos olhos de hoje a Anunciação e a concepção de Jesus podem parecer estranhas, contudo Maria e José vinham de toda uma tradição bíblica onde Deus se manifesta a seu povo. Em todos os momentos cruciais da história, quando já não há solução humana Ele opera o impossível, maravilhas inefáveis (Acaso há algo de tão maravilhoso para o Senhor? Gn 18,14). Imitando Maria, no Magnificat, exultemos de alegria pelas maravilhas que o Todo-Poderoso opera todos os dias em nossas vidas e o exaltemos por seu amor em nosso favor, amor que o impele a manifestar-se de maneira prodigiosa estimulando e revigorando nossa fé. Para os casais que muitas vezes têm sua fé abalada diante das dificuldades da vida e das limitações que nossa carne nos impõe, eis os exemplos de Sara e Abraão (Gn 11, 30), Rebeca e Isaque (Gn 25,21), Raquel e Jacó (Gn 29,31), Manué e sua mulher (cujo nome não é explicitado, Jz 13,2 e 3), Ana e Elcana (I Sm 1), Isabel e Zacarias (Lc 1,5 a 7). Todos eles esperavam filhos, que não podiam ter porque havia o problema da esterilidade que os maltratava. Deus, contudo, operou maravilhas em suas CM 545

vidas e o fruto da bênção com a qual foram agraciados tornou-se, de alguma maneira, instrumento de libertação, salvação e prosperidade para Israel. Todo abençoado por Deus é vocacionado a abençoar a humanidade. Nossa Senhora compreendeu naquele dia abençoado que ser a “Serva do Senhor” (este é o único termo, teologicamente, aceitável, pois uma serva tem vontade própria e pode exercer o livre arbítrio de aceitar ou não a missão dada pelo Senhor) implica em doar-se ao serviço de Deus e da humanidade; após o anúncio ela colocou-se a caminho para visitar e servir sua parenta Isabel, que conforme o Anjo lhe falara estava no sexto mês de uma gravidez supertardia. Como você equipista pretende imitar Maria, e servir ao Senhor que o chama? “Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?” (Sl 116,12).

Pe. Carlos Vasconcelos SCE Setor E - Região Rio V Prov. Leste I

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DATAS RELIGIOSAS

O significado da Quarta-feira de Cinzas Nos primeiros meses deste ano percorremos um caminho com Jesus pelas comunidades,anunciando o Reino e recebendo do seu sacratíssimo coração um belíssimo convite: “Vem e segue-me”.Reconhecemos em diversos momentos que nossas forças são insuficientes para assumir tantos desafios, mas que um caminho de caridade o Senhor construiu em nós. O caminho com Deus é longo e como todo percurso que fazemos, seja a pé, de bicicleta ou mesmo de carro, exige uma parada, revisão das peças, uma reflexão. O destino deste caminho é a nossa salvação. Para alcançarmos êxito, necessitamos nos preparar constantemente. Caminhando na fé e na esperança, iniciaremos com a Quarta-feira de Cinzas um tempo de penitência e de renovação interior para celebrarmos dignamente a Páscoa do Senhor: o tempo quaresmal. Por quarenta dias somos conduzidos por Deus no deserto para rezarmos, examinarmos nossa consciência, praticarmos penitência e a confissão, e ouvirmos o apelo para implantar em nossos corações o grande ensinamento que Jesus transmitiu à humanidade, a começar pelos seus discípulos: o mandamento do amor. O sucesso de um caminho começa com a firmeza do primeiro passo e o itinerário quaresmal terá início com as palavras do profeta do Joel: “Rasgai o coração,e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus” (Jl 2,13). Abertura,disponibilidade e humildade para reconhecermos que de Deus viemos e, cumprindo a missão, para Ele iremos voltar. A imposição das

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cinzas recorda que em alguns momentos esquecemos de Deus e somos seduzidos por outras vozes deste mundo, mas que a sua misericórdia supera toda a nossa teimosia e todo o pecado. A Quaresma é o tempo propício para nos aproximarmos de Deus e com a sua graça vencermos a tentação e o pecado,assumindo três atitudes mencionadas por Jesus no evangelho deste dia: a oração, como sinal de comunhão com Deus; a caridade, sinal de comunhão com o próximo; e o jejum,sinal de equilíbrio interior diante das seduções que o mundo proporciona. Vivenciando essas atitudes, Jesus nos acolherá: “E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa” (Mt 6, 18). Com a Quarta-Feira de Cinzas iniciamos a Campanha da Fraternidade, gesto concreto de reflexão e partilha deste tempo quaresmal, cujo tema será “Fraternidade e Educação” e o lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31, 26). De coração aberto, unidos como família equipista, atentos a nossa presença fraterna nas comunidades, celebremos com dignidade o caminho de preparação da Páscoa: “Eis agora o tempo favorável por excelência. Eis agora o dia da Salvação” (2 Cor 6, 2). Deus abençoe! Padre Tiago Nigro SCE Região Rio VI Prov. Leste I CM 545


DATAS DO MOVIMENTO

Uma mulher de fé e entrega a Deus Em 22/03/1909 nascia nossa querida D. Nancy, um exemplo de mulher de fé em nosso tempo. Conheceu seu esposo Pedro em 7/9/1931 e se casaram em 27/6/1936. Como toda família que se constitui,sua história não teve apenas momentos felizes.Viveram desafios como a chegada de um filho portador de necessidades especiais. Sendo uma mulher cheia de fé e confiança em Deus, não permitiu que os desafios da vida a entristecessem ou enfraquecessessem na busca de uma espiritualidade que levasse em conta a realidade da vida conjugal. Ela e Pedro fizeram parte de uma época em que quase nada existia que contemplasse a espiritualidade de um casal que buscava a construção de um lar cristão. Assim foram trilhando seu caminho, iluminados pela fé individual e pela busca sincera de um ponto em comum que os guiasse no cotidiano da vida conjugal e familiar. Até encontrarem as ENS. A partir daí, as equipes foram a sua vida e sua vida foi a das equipes. Com a partida de Pedro, D. Nancy não esmoreceu e atuou como inspiradora do Movimento até a sua páscoa em 15/08/2006. D. Nancy soube fazer sua parte dando conta do aspecto feminino de um casal, foi um exemplo de que a força feminina se encontra presente e se demonstra em fé, serenidade, paciência, perseverança, acolhimento, confiança, entrega e amor incondicional a Deus e ao próximo. Quando lemos seus livros, O Sentido CM 545

de uma Vida e Quando a Palavra se Torna Vida, dedicados ao amado esposo Pedro, e Equipes de Nossa Senhora no Brasil – Ensaio sobre seu Histórico, dedicado aos 50 anos das ENS no Brasil, vislumbramos a profundidade de sua reflexão, meditação e entrega a Deus dos fatos que faziam parte de seu dia a dia. Ela realmente estava atenta aos acontecimentos e meditava sobre eles na busca de compreender a vontade de Deus, passando da resignação para uma significação e aceitação confiante nos mistérios que Deus tem para a vida humana. Em seu livro O Sentido de uma Vida, que fala da biografia do seu esposo Pedro, percebemos seu amor e confiança no relacionamento que construíram. O amor que foi crescendo mesmo na distância, que foi amadurecendo na convivência e foi expandindo a ponto de ir além da morte, pois ela conservava a presença dele em seu viver, não como uma lembrança triste e nostálgica, mas uma presença real de fé, força e amor que os sustentava e identificava como casal. Através do seu testemunho, compreendemos o que nos fala o sacramento do matrimônio: o que Deus une o homem não separa. Fé e entrega a Deus não foram apenas um detalhe em sua vida, foram a mola impulsionadora de todos os aspectos de sua vida, que a levaram à realização e à felicidade. Joice e Jerson Garcia Eq. 3 N. S. de Guadalupe Setor F - Região RS I Prov. Sul III

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DATAS COMEMORATIVAS

“Mulher, eis aí o teu filho” Todos os anos é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Muito mais que um dia de reconhecimento, as mulheres merecem a cada instante respeito à sua dignidade e força. Neste sentido, seria interessante trazer à tona a compreensão que a Igreja tem sobre este tema, principalmente a partir de Jesus e da Palavra de Deus. É surpreendente o modo como a figura feminina é apresentada na relação humana, principalmente como desejo de retomada do estado de justiça original1 como fora criada Eva com Adão no Paraíso. “Osso dos meus ossos e carne da minha carne!”2, Adão grita cheio de admiração, amor e comunhão, pois o homem descobre a mulher como um outro “eu” da mesma humanidade3. O homem e a mulher são criados por Deus: por um lado, em perfeita igualdade como pessoas humanas e, por outro, cada qual com suas peculiaridades. Ser homem, ser mulher é uma realidade boa e querida por Deus, sua dignidade vem diretamente de Deus, à imagem de Deus, e reflete a sabedoria e bondade do Criador 4. São criados conjuntamente, um para o outro 5. Esta harmonia original, porém, foi quebrada pelo pecado. E a dignidade humana, ainda no Jardim do Éden começou a ser desrespeitada6. A partir de Jesus, pode-se compreender a dignidade da mulher contemplando alguns aspectos de suas

manifestações. Primeiro, o fato de Ele ter se encarnado por meio de uma mulher. Jesus recebeu a matéria humana, fruto de sua encarnação tendo como instrumento Maria, cheia da graça divina e guardada da mácula do pecado para ser a mãe do Verbo7. Ela é a nova Eva para gerar o novo Adão 8. Assim, a figura feminina está presente no ato redentor de Cristo9. Num segundo aspecto, tem-se que o Senhor aceitava mulheres no seu grupo de discípulos10. Esta atitude de Jesus não era aprovada pela grande maioria dos rabinos de seu tempo e, de certa forma, manifestava a inclusão da mulher na formação das primeiras comunidades-Igreja. O terceiro aspecto poderia ser visto na forma como Cristo criticou a carta de divórcio orientada por Moisés e pela confirmação do casamento como sacramento. Esta mudança de paradigma quebrou o círculo do repúdio à mulher que, geralmente, sofria mais com a separação. O quarto aspecto poderia ser entendido na expressão própria de Jesus ao usar o termo mulher em dois momentos correlacionados: as Bodas de Caná e o momento de sua morte. Nas Bodas, Jesus chamou Maria de “mulher” para afirmar que a hora dele ainda não havia chegado, ou seja, o momento de sua glorificação. Maria é a imagem do povo da antiga aliança, sedento do amor de Deus, um amor que se manifesta em sinais de núpcias e é selado

1. CIC 375; 2. Gn 2, 23; 3. CIC 371; 4. CIC 369; 5. CIC 371; 6. Gn 3, 12; 7. CIC 490; 8. CIC 411; 9. CIC 494.

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DATAS COMEMORATIVAS

pelo sangue a ser derramado na cruz. “Mulher, eis aí o teu filho”11 é a compreensão de que o discípulo amado representa aqueles que renascem em Cristo,o povo da nova e eterna Aliança. Poder–se ia enaltecer a mulher com muitas outras referências. Contudo, a limitada linguagem humana jamais será capaz de contemplar a sabedoria

e diligência com que Deus se revelou neste ser. E, por fim, é importante lembrar que, depois de Cristo, o único ser humano que chegou ao mais alto dos céus foi uma Mulher. Pe. Kleiton Pena SCE Região RS III e Eq. N. S. de Fátima Carlos Barbosa-RS Prov. Sul III

11. Jo 19, 23. CM 545

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EXPERIÊNCIAS INOVADORAS

Projeto “Quarta é dia de Carta!” Luz, discernimento e criatividade para conduzirmos nossa equipe foram nossas preces para 2021 como CRE. Em oração, pedimos a Nossa Senhora de Lourdes que nos inspirasse a criar algo motivacional.Lendo alguns artigos da Carta Mensal tivemos certeza de que a resposta estava ali: este instrumento de evangelização tinha que ser mais bem aproveitado pelos nossos irmãos equipistas. Era uma quarta-feira, em minhas mãos tinha uma Carta Mensal e a inspiração gritou em meus ouvidos: Quarta é dia de Carta! Com a inspiração veio a ideia: toda semana, um casal ou SCE partilharia conosco um texto da Carta Mensal. Com esse projeto, divulgaríamos mais sobre esse canal de comunicação tão importante do Movimento. Seria um vídeo de cerca de 5 minutos, compartilhado via WhatsApp e redes sociais, com uma vinheta marcante de Nossa Senhora para chamar atenção de que precisávamos parar um pouco e escutar a Deus. Ficamos empolgados com a inspiração e ideia, pois tínhamos certeza de que era literalmente algo “divino”. Tivemos o apoio do nosso SCE, Pe. Daniel Santini, para levar a ideia à frente, pois daria muito fruto, além de fortalecer nossa unidade e integração. Começamos na primeira quarta-feira do ano. Até setembro foram 39 vídeos publicados com a participação de 30 casais e 9 SCEs. Inúmeros frutos têm sido colhidos. Em

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pouco tempo todo nosso setor Santa Rita do Sapucaí já estava envolvido e participando do projeto. A cada semana nos emocionamos e nos surpreendemos com a grandiosidade do Movimento,as riquezas das Cartas Mensais e, principalmente, com cada equipista que se empenha e prepara um momento especial de espiritualidade e evangelização,sendo testemunhas de um casamento fortalecido pela graça de Deus. Não temos dúvida de que o objetivo inicial de aumentar a divulgação e a leitura da Carta Mensal foi alcançado! Não imaginávamos tamanha repercussão! Começou como um grão de mostarda, em nossa equipe de base, e pelo que sabemos a semente tem sido lançada em diversos Setores e Regiões, atravessando as fronteiras da Região Minas III. Em meio à pandemia,obrigados a nos distanciarmos fisicamente, tivemos a oportunidade de nos sentirmos mais próximos uns dos outros, mais próximos do Movimento e mais próximos de Deus! Que essa semente seja lançada em muitos terrenos e cresça com a água do Espírito Santo e a fecundidade do amor de Deus gerando frutos da fé em abundância e nos fortalecendo ainda mais para seguirmos na caminhada à santidade. “Nada é pequeno onde o amor é grande”.

Keila e Márcio Eq. N.S. de Lourdes Santa Rita do Sapucaí-MG Prov. Leste II CM 545


CNSE

Um ato de amor ao próximo É com imensa alegria e satisfação que o Movimento das Comunidades Nossa Senhora da Esperança acolhe novos amigos equipistas, para colaborar conosco em suas cidades, na missão de coordenadores, além de conseguirem também Sacerdotes Conselheiros Espirituais. Mesmo numa época em que o mundo todo está passando por um momento tão atípico, principalmente em razão da pandemia, quando praticamente a grande maioria das reuniões, tanto dos equipistas como das CNSE, foi virtual, esses irmãos atenderam o chamado do Espírito do Senhor e se dispuseram a trabalhar em prol das viúvas e viúvos do nosso Movimento. Em contraste com esses eventos, que abalaram céus e terra, está a parábola da figueira, com ramos verdes, que sinaliza um novo tempo. Portanto, se desconhecemos o tempo em que se dará o retorno do Senhor, de algum modo, através de nós, seus discípulos, Ele retorna todos os dias, inaugurando um tempo novo sempre que lutamos por transformar as calamidades que afligem muitas pessoas, vivendo e anunciando o que jamais passará: as palavras de Jesus que humanizam os inumanos e os desumanos. Nossos agradecimentos especiais aos novos casais e viúvas colaboradores, extensivos também aos novos Sacerdotes Conselheiros Espirituais. São eles: CM 545

Barbacena-MG Eq. 1 N. S. do Rosário - Setor A • Maria Leci e Con. Luiz Carlos Carneiro • Dora e Martins (CRS A) • Cidinha e Moreira (CRS B) • Pe. Adalberto (SCE B)

Campina Grande, Esperança, Pocinhos e Montadas

Tendo também a previsão de mais uma comunidade da cidade de PUXINANÃ, todas do estado da Paraíba, coordenadas pelo casal: • Araceli e Bruno (CRR Paraíba II Diocese de Campina Grande), • além de outros casais também equipistas.

Teresópolis-RJ

• Marcia Nolasco e Claudia (viúvas equipistas) • Neusa e Marinho (CRS) • Pe. Jorge (SCE) Coordenação Nacional das CNSE

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RAÍZES DO MOVIMENTO

“Vem e segue-me”1 O ideal evangélico não é, unicamente e antes de mais nada, um todo doutrinal a ser adotado, mas Alguém a ser seguido. Seguir quer dizer aprender a pensar, a agir, a viver com Ele e como Ele. Esse Alguém não é homem de meias medidas nem de acomodações. É o homem de um único amor e o mesmo pede a seus discípulos: “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6, 24). Sabe ser paciente, “não apaga a mecha que ainda fumega” (Mt 12, 20), mas não transige em seu ideal; toma o que lhe dão, mas pede tudo: “Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma, com todas as tuas forças, de todo o teu espírito” (Lc 10, 27). Não reivindica apenas uma parte, mas o todo: o dom total da inteligência, do coração, da vontade e da vida. Um verdadeiro discípulo de Cristo é ufano de servir tal mestre cujo amor é tão exigente. E seria o primeiro a lhe pedir: “Sobretudo, Senhor, sede intransigente; não admitais que eu retome algo da minha oferta, que eu me entregue ao mais leve desvio; não tolereis que vos dê jamais menos do que tudo”. Se o Cristo pede tudo, é também o primeiro a dar tudo: “Não há maior amor do que dar a vida por aquele que se ama”. Entre Ele e seu discípulo a intimidade se estabelece no nível do dom total recíproco. Mas quem diz dom total diz ao mesmo tempo renúncia. 1

De fato, o Evangelho está contido nessas duas proposições que são como o verso e o anverso da mesma realidade: dar tudo e renunciar a tudo; isto é, “seguir” o Cristo e “deixar” tudo o mais. São Pedro o compreendeu, ele que dizia ao Cristo: “Eis que deixamos tudo e vos seguimos” (Mc 10, 28). Realmente não se pode censurar o Cristo de nos querer enganar. Não é Ele o pregador que mascara as verdades excessivamente exigentes, hábil em fazer surgir sub-repticiamente depois. Diz claramente o que pensa e o que faz: “Não julgueis que vim trazer a paz sobre a terra; não vim trazer a paz, mas a espada. Porque vim opor o homem a seu pai, a filha a sua mãe...” (Mt 10, 34-36). Retoma a mesma exigência em termos não menos incisivos: “Se alguém vem a mim sem detestar seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs, não pode ser meu discípulo” (Lc 14, 25-33). Certamente detestar não significa “querer mal aos outros”, mas, eventualmente, afastá-los quando se apresentam como rivais de Deus, obstáculos no caminho da santidade – o que entretanto não impede de amá-los até o ponto de dar por eles sua própria vida! O Cristo nos oferece o exemplo desse ódio santo: um dia Pedro tenta afastá-lo do sacrifício da cruz. Cristo o repele com indignação: “Retira-te, Satã”. E quando o Cristo acrescenta “Quem

Editorial Padre Henri Caffarel. Carta Mensal nº XI/I de março de 1963.

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RAÍZES DO MOVIMENTO

não renuncia a tudo”, certamente não quer nos convidar a não mais amar, mas faz-nos entender que não devemos ser escravos de nossos amores, seja o amor dos outros ou o amor de nós mesmos; que só há uma maneira de amar, para quem é seu discípulo: amar por amor dele. Convenhamos que Ele, nosso Mestre, não minimiza suas palavras! É preciso compreender bem seu pensamento. “Deixar”, “odiar”, “arrancar” são vocábulos a serem tomados no sentido forte, quero dizer, no sentido espiritual. Tais são as exigências que lhe vincularam desde há vinte séculos os seres generosos que não sabem doar-se a meio. “Reconduzindo sua barca para a terra e deixando tudo, eles o seguiram”, é dito de Pedro e André (Lc 5, 11). E São Paulo, alguns anos depois, podia escrever: “Todas as vantagens de que eu era favorecido, as tive por prejuízo, por amor do Cristo. Ainda mais, considero tudo por desvantajoso com relação ao preço supereminente que é o conhecimento e CM 545

o amor do Cristo Jesus meu Senhor. Por Ele aceitei tudo perder, e tudo vejo como imundície, a fim de ganhar o Cristo” (Fl 3, 7-9). Eis o ideal evangélico. Qualquer que seja o estado de vida, ele se impõe. Aos casados como aos outros. Não se rebaixa a vida cristã ao nível das naturezas mesquinhas. Em seu amor e por meio dele, o homem e a mulher podem e devem atingir o dom total a Jesus Cristo. É para que eles realizem esse ideal que o Senhor fez do matrimônio um sacramento, isto é, uma realidade humana habitada e trabalhada pela caridade divina, a qual – como poderoso fermento –permite aos esposos realizarem o que parece impossível à natureza humana, mas é possível a Deus. Pe. Henri Caffarel Colaboração Maria Regina e Carlos Eduardo Eq. N.S. Mãe de Deus e Nossa - Piracicaba-SP Prov. Sul I

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TESTEMUNHO

O amor vencerá! Casados há dez anos, desejávamos aumentar nossa família. Passados mais de seis anos, sem filhos, ambos buscamos tratamento para engravidar. Assim, passando o tempo entre exames e cirurgias, a ansiedade aumentava. Enfim, após um procedimento, voltamos para casa cheios de esperança, porque o médico afirmou que em seis meses ou um ano aconteceria a gravidez. Porém, não aconteceu. Resolvemos procurar outro médico que, refazendo os exames e analisando o laudo, afirmou que nunca conseguiríamos engravidar. No final de semana que se seguiu, tínhamos Retiro das ENS. Na manhã de sábado o padre leu a Palavra: “lançai as redes para o outro lado” (Jo,21). Foi assim que começamos a pensar numa possível adoção. Voltando do Retiro, já no dia seguinte demos início ao processo e ficamos à espera. Em maio de 2019, aconteceu em nossa paróquia o Cerco de Jericó, nós já havíamos participado de muitos outros, sempre pedindo pela nossa causa. Mas dessa vez eu pedi pela mulher que iria gestar nosso filho. Porém fiz um pedido especial a Maria: que Ela emprestasse Seu útero para mim. Foi então que comecei a passar mal... Fiz o meu teste de gravidez e o resultado foi positivo! Marcamos o médico e já estava de três meses de um menino. Gravidez bem tranquila até a 34ª semana, quando descobrimos que nosso filho tinha um refluxo vesical, que segundo o médico não era nada muito sério. No dia 5 de fevereiro nasceu o Matheus numa cesárea de emergência. Dia seguinte nossa tristeza, diante da

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necessidade de fazer uso de sonda vesical, transferência hospitalar, outras terapias e nova cirurgia. Após 40 dias teve alta e, finalmente, Matheus iria conhecer a sua casa, porém com alguns cuidados. Passados 45 dias fomos chamados para outra internação, e eu tive que aprender a passar a sonda, pois faria isso cinco vezes ao dia. Em setembro, mais exames que revelaram o funcionamento percentual do rim esquerdo com 10% e o direito com 80% indicando outro procedimento cirúrgico que foi um sucesso. Nesse mesmo ano, assistindo ao programa: O amor vencerá, na Canção Nova, uma mulher conta que está grávida em meio à correria do seu filho pequeno que precisa de tratamento. Também pensava que nunca mais ia acontecer esse milagre com ela, mas aconteceu. Disse que se Deus está lhe dando essa graça é porque está preparada para vivê-la. Sentindo que era para mim, fiz o teste, e mais um positivo: dessa vez uma menina! Mariana nasceu em julho de 2021. Aquela casa, que antes era de um casal organizado, cedeu lugar a muita bagunça e a uma linda família! Apesar de tudo que passamos, encontramos forças para seguir em frente, pois mesmo de longe sempre há um equipista que nos liga, transmitindo amor e esperança. Somos muito gratos ao Movimento, que nos mostra o quanto podemos crescer como casal e família. A Deus nossa gratidão por todos esses milagres em nossa vida. Jéssica do Edson Eq. N. S. do Carmo Setor Brusque/Itajaí - Região SC II Prov. Sul III CM 545


TESTEMUNHO

Nada é maior que a bondade do Senhor! Sempre somos convidados a trabalhar na “vinha” do Senhor. E como aceitar o chamado se meu esposo Antônio trabalha embarcado, e com a pandemia fica mais tempo no trabalho do que em casa? Apesar da situação demos o nosso SIM. E em 2021 recebemos várias missões para trabalhar na “vinha”: pilotar uma equipe nova, coordenar a pastoral dos coroinhas, viver a nossa missão junto com a nossa equipe de base, o nosso matrimônio e a nossa missão de cristãos batizados. Mas trabalhar no Reino de Deus não é fácil, pois nos deparamos com tantas dificuldades, fragilidades, desânimos... que por várias vezes deu vontade de desistir. Diante de todas essas tribulações os PCEs, principalmente oração, escuta da palavra e meditação, nos mantiveram de pé. Quantas vezes eu e o Antônio, cansados e aflitos, em oração entregamos tudo a Deus na presença do Santíssimo e saíamos da igreja renovados. Quantas vezes, precisando de alguma resposta, a encontramos na leitura e meditação da palavra. Passamos por muitas dificuldades em nossa equipe: casais que saíram, casais com dificuldade no matrimônio e muitas perdas de entes queridos, mas a oração nos manteve de pé. Pilotando uma equipe nova aconteciam tantas tribulações que, no momento de oração e meditação que fazíamos, Deus falava em nosso coração: “Vocês plantaram a semente, CM 545

agora deixa Eu agir”. E no dia da reunião percebíamos a ação de Deus. Esse ano fiquei desempregada, somente o meu esposo estava trabalhando; e passei por muitas aflições e muitas cobranças por parte dos irmãos em relação ao emprego. E no momento de oração e meditação da palavra, Deus falava ao meu coração: “Preciso que você trabalhe pra mim, porém não tenho nada desse mundo para lhe oferecer, o que tenho é o meu amor e a minha ternura”. Pensei em estudar e Deus falava ao meu coração que muitas coisas Ele só poderia revelar aos pobres e humildes de coração. Os PCEs oração,escuta da palavra e meditação nos ajudaram a viver grandes momentos com Deus. O amor de Deus nos conquistou, Sua ternura nos alcançou, como não adorar a Deus e nos entregar,corresponder ao Seu amor? Nada é maior que a bondade do Senhor. Amanda e Antônio Eq. N. S. Rainha da Paz Setor Piapetá - Região Rio VI Prov. Leste I

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TESTEMUNHO

ENS e sua pedagogia que nos leva à santificação

Temos 28 anos de casados e participamos das ENS há 17 anos. Quando nos convidaram a participar do Movimento, não tínhamos sequer ouvido falar dele, além do fato de estarmos, na época, totalmente alheios às Sagradas Escrituras e doutrinas da Igreja. Porém, percebemos que foi um chamado do próprio Jesus a nós, pois estávamos sentindo na época um desejo muito forte de mergulharmos em águas mais profundas. Aos poucos começamos a nos apaixonar pela pedagogia das equipes. Os PCEs, aos poucos, foram sendo introduzidos e incorporados em nossas vidas (já deixava de ser esforço e já fazia parte do dia a dia da nossa família). Ao iniciar o dia escutamos e meditamos a Palavra de Deus. Após um momento breve de silêncio, fazemos a nossa oração conjugal, e é em forma de oração que entregamos o nosso dia, louvando e bendizendo a Deus pelo dom de nossas vidas (e na época em que nossos filhos eram pequenos,

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os envolvíamos nesse momento de oração e, confesso, era muito lindo vê-los rezando o Magnificat conosco). E com a oração diária, seguimos a nossa rotina de casal em busca da santidade, colocando em prática também os outros PCEs: dever de sentar-se (quando percebemos que esse momento não era pra discutir a relação e sim pra nos ajudarmos mutuamente em nosso crescimento espiritual, ficou muito mais fácil de cumpri-lo). Colocamos como regra de vida que jamais deixaríamos de ter o foco em Jesus Cristo; que as cruzes que ao longo carregaríamos, e carregaremos em nossas vidas, seriam para nos santificar. Porém para escutarmos o que Deus tem a nos falar era, e continua sendo, necessário nos retirarmos desse mundo barulhento que nos envolve para silenciarmos nossos corações. E, por isso, sempre damos o nosso SIM aos retiros propostos pelo Movimento. Hoje só temos a agradecer às ENS pois, através de toda a sua pedagogia, pudemos conhecer a vontade de Deus em nossas vidas e, assim, construímos o nosso matrimônio em solo fértil e fecundo; pudemos ser exemplo para nossos filhos: a nossa filha, em sua atividade profissional como assistente social, e nosso filho, que já está no seminário no caminho do sacerdócio. Denise e Valdinei Eq. N. S. das Graças Setor Nova Friburgo - Região Rio VI Prov. Leste I CM 545


TESTEMUNHO

Difícil, mas possível Em setembro de 2018 recebemos um convite através do discernimento para CRS. Logo veio o medo de não conseguirmos atender todas as necessidades que o Setor precisava. Depois de alguns momentos de reflexão veio aquela frase que diz: “Deus não convida os capacitados e sim capacita os escolhidos”. e nós somos testemunhas dessa passagem. No dia 1/10/2018, dia de Santa Teresinha, demos o nosso sim ao Movimento para assumir como CRS. Poucos dias depois de termos aceitado o convite encontramos a primeira dificuldade, com a certeza do quanto seria difícil, mas possível. No dia 4/10/2018 minha mãe sofreu um acidente. Ela tinha 85 anos, morava sozinha, era uma pessoa ativa e independente. A rotina de toda a família começou a mudar, pois, dentro de poucos meses, ela paralisou as pernas e logo já passou a depender de cadeira de rodas. Entre tantas dificuldades, uma tinha um peso maior: a distância entre nossa casa em Gravataí/RS e a casa dela em Içara/SC, que é de 278 km. Foi um período de três anos, onde nós (eu e meu marido) cuidávamos dela nos finais de semana, quando íamos para sua casa. As nossas viagens foram momentos de oração e partilha em casal, para nos abastecer e continuar nossa missão de filhos e cristãos. Nos dias em que estávamos em Gravataí, as nossas orações e os momentos com os casais do nosso Setor, que muito nos apoiaram, foram as forças CM 545

que nos mantinham firmes em nossas atividades. Tínhamos uma rotina pesada: ser o CRS, a família, o trabalho e as viagens para cuidar de minha mãe, mas com o apoio e as orações dos nossos filhos e dos casais de nosso Setor nos mantivemos firmes e fortes para continuar com nossa missão e conciliar as atividades do Movimento com todas as nossas responsabilidades. E se tudo o que estávamos vivendo já era tão intenso, ainda veio a pandemia e tivemos que nos adaptar. Os cuidados redobrados eram para todos. Os equipistas precisaram se adaptar às reuniões de forma virtual, vencendo muitas barreiras e crescendo com os conhecimentos das mídias sociais. Para nós, os desafios foram os mesmos, pois além de tentar auxiliar aqueles que tinham mais dificuldades, também tínhamos os que não tinham acesso às novas tecnologias. Durante esse tempo, tínhamos a certeza de que o SIM dado às ENS foi o que nos possibilitou poder cumprir nossa missão de cuidar da mãe, pois tudo o que pedíamos a Nossa Senhora era saúde, para podermos conduzir o Setor e atender as necessidades dela. Olhando para trás, temos a certeza de que nada teria sido possível sem as orações e ajuda de todos os envolvidos, afinal de contas um CRS não caminha sozinho. Dila e Jair Eq. N. S. do Rosário Setor Vale do Gravataí Prov. Sul III

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CONTOS E REFLEXÃO

O peso que a gente leva... Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas.Excedem os tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado? As perguntas são muitas… E se eu tiver vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez? Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou. Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente, concluo que mais da metade do que levei não me serviu para nada. É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence. E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar: “Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!”. Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados. Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo. Ao ver o mundo que não é meu, eu me reencontro com o desejo de amar ainda mais o meu território. É consequência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou. É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.

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Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir.Sair na direção das realidades que nos ausentam.Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias… Hospitais, asilos, internatos… Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar. Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro. Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve. Retirado de: www.fabiodemelo. com.br As palavras do Pe. Fábio de Melo são verdadeiras lições de vida. Elas falam da leveza da alma,que floresce o nosso coração,colore os nossos olhos e dá asas aos nossos pés. A vida nos ensina todos os dias, em todos os momentos, através da leveza, mas, como insistimos em não aprender, ela utiliza a força para nos acordar. Colaboração Lázara e Edison Eq. 2A N. S. Aparecida Goiânia-GO - Prov. Centro-Oeste CM 545


PARTILHA E PCE

A regra de vida apoiada na Palavra de Deus Assim como o Pai me amou, eu também amei vocês; permaneçam no meu amor. [...] amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês. (Jo15,9-12)1 Amar-se uns aos outros é o pilar santificador que sustenta o matrimônio. Adotar uma regra de vida na verdade ajuda cada um a aderir pessoalmente a uma vida de renúncia em favor da pessoa que está ao seu lado. Esta vivência nos remete ao encontro com Cristo”2. A palavra “Amor” é simples, mas traz em seu bojo todo o sentido de uma vida voltada para o outro. Fomos criados por amor, pelo amor e para amar (Gaudium Et Spes, 16) todo [...] homem tem no coração uma lei escrita por Deus[...] cuja lei se faz ouvir na intimidade do seu ser e se realiza no amor a Deus e ao próximo. Uma vivência que requer doação sem medidas e aceitação do diferente (1 Cor13,4-8a), o que não é fácil. Mas é um ato de grandeza aceitar o desafio de deixar o outro(a) desabrochar em sua essência, servindo de suporte em suas limitações. Foi sob essa ótica que adotamos uma regra de vida pessoal. Aqui começou o grande desafio. Nós, Ernesto e Rute, vivíamos muito pegajosos, um para com o outro, em 1

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críticas mútuas por pequenas diferenças em nosso comportamento. Decidimos banir as críticas mútuas. Exemplificando: eu não conseguia ver a pia cheia de louça da manhã até o meio-dia. Isso me deixava incomodado. Nossas conversas tornavam-se, por vezes, muito fortes, só um olhar para o outro já era suficiente para mudar nosso humor. Isso complicava nosso relacionamento a ponto de deixarmos de lado os elogios e o afeto mútuo, que deve ser a oração do casal, momento a momento, “a ternura” (Amoris Laetitia,28-30). Foi quando um dia em oração diante do Santíssimo senti que eu devia mudar. Sim. Passei à “terapia”, isso! “Ter a pia” diariamente. Passei a lavar tudo o que estava sobre a pia. E com o passar do tempo a Rute, sem nada lhe dizer, passou a manter a pia sempre limpa. Simples! Queridos casais! Não queira a mudança do outro(a), mude você de atitude! É muito fácil olhar os defeitos do outro, vamos corrigir os nossos, aceitando que não somos perfeitos. Agora vem ela! O Ernesto tem costume de tomar chimarrão, mas dificilmente lava a cuia. A Rute faz isso sem reclamar. E tudo fica bem. Ernesto e Rute Eq. N. S. Auxiliadora Setor Cascavel-PR Prov. Sul III

Equipes de Nossa Senhora; Equipe Responsável Internacional; Setembro de 1999. Revisada em 2010. Cf. Idem.

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PARTILHA E PCE

A regra de vida

Nós equipistas buscamos a santidade através da espiritualidade conjugal. O Movimento nos propõe os PCEs como ferramentas que auxiliam nosso caminhar, em casal, rumo à santidade. Quando recordamos o compromisso de unidade com o Movimento, podemos dizer que assumimos uma “regra de vida” aderindo aos PCEs e à pedagogia das Equipes de Nossa Senhora. Ao examinarmos nossa vida e fazermos um paralelo com compromissos que assumimos como cristãos, sempre identificamos algo que podemos mudar em nossas atitudes: Tenho participado das missas com atenção? Tenho priorizado as coisas de Deus à frente das coisas do mundo? (programo o domingo pela hora do jogo ou pela missa?) Pago meu dízimo? Levo uma vida coerente com a fé que professo? Cumpro com minhas obrigações de cidadão ou sou adepto ao “jeitinho”? As respostas a essas perguntas sempre nos ofereceram propostas para regras de vida. Pela interligação entre os PCEs e as consequências no crescimento espiritual que oferecem a quem os pratica com amor e fidelidade, nós sempre os enxergamos como uma grande

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inspiração divina. A regra de vida está intimamente ligada a todos os demais PCEs, e quando os vivenciamos com fidelidade, Deus nos fala e aponta o caminho a seguir, revelando em nossas consciências o que precisamos mudar, aderindo a uma regra de vida. Dessas reflexões, extraímos coisas práticas e objetivas que nos levam a progredir em nossa vida como casal cristão.Por exemplo: definir hora de dormir; organizar os horários para ter controle e serenidade; meta para as despesas não essenciais; não usar adjetivos negativos a respeito das pessoas, principalmente em relação aos nossos cônjuges,filhos e parentes,separando fato de julgamento (por exemplo: por desatenção ou desobediência,seu filho derruba um copo.Ele não é um desastrado - julgamento,mas sim cometeu um ato de desatenção – fato, assim o ato fica no passado e seu filho segue em frente evitando repetir o erro); participar mais de adorações eucarísticas,definindo uma meta mensal; observar o que nos “tira do sério” e evitar as situações que nos levem a isso,exemplo: se o cônjuge costuma se atrasar, organize o tempo dele(a), se o horário não é muito importante, simplesmente relaxe. Há muitas oportunidades de crescimento.Basta um olhar atento aos nossos comportamentos para vermos propostas para regras de vida. Deus nos dê sabedoria para escolhermos e perseverança para cumprirmos nossa regra de vida. Nilian e Cleber CR Região Rio I Prov. Leste I CM 545


PARTILHA E PCE

O despertar para a santidade e as ferramentas necessárias “A santidade até há pouco parecia exigir a fuga do mundo, mas agora sempre mais reivindica seu lugar no coração do mundo.” (O Amor e a Graça) Estamos no Movimento há nove anos e entre as maravilhas que o Senhor fez para nós foi descobrir que, como casais, somos chamados a uma santidade no coração do mundo, como nos ensina Pe. Caffarel. Somos agradecidos a ele, pois, além de nos despertar para o caminho, nos deixou as ferramentas para que os casais busquem a santidade, quais sejam, os Pontos Concretos de Esforço (PCEs). “Escuta Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua força.” (Mc 12,29-30) A escuta da palavra é o passo inicial para descobrirmos o caminho da santidade. A Palavra de Deus deve transformar o nosso interior, e esta transformação passa pela arte de saber escutar, não é ouvir o que eu quero, mas sim o que a palavra calou dentro do coração, o que despertou sobre as nossas fraquezas e nossas indiferenças. Hoje passamos por uma pandemia pior que a do Covid, não sabemos escutar, nem as pessoas que estão ao nosso lado. Será que realmente estamos escutando a Deus? Nós temos tido a boa experiência da vivência dos PCEs. A cada dia em que fazemos a escuta da palavra, sentimos CM 545

que alguma coisa vai se transformando em nós, e nos perguntamos: “Será que o que sentimos é a nossa transformação para a santidade?”. Nem sempre tudo é perfeito, algumas vezes damos alguns passos para trás, mas não perdemos a fé, procuramos estar a escutar o que Ele nos fala. Como casal, desde o início no Movimento, sempre realizamos a escuta da palavra juntos. Logo pela manhã, após a nossa primeira refeição, nos dirigimos ao nosso local do lar e um lê para o outro, e sempre optamos pelas leituras do dia. O local já nos desperta para a necessidade de concentração e para abrirmos nossos ouvidos, pois Deus irá nos falar.Fala,Senhor,teu servo escuta! (1Sm 3, 9). A esposa lê a Primeira Leitura e o marido faz o Salmo e o Evangelho. Sempre procuramos fazer isso na nossa Bíblia,pois vamos manuseando, tocando e conhecendo a Palavra de Deus.Da leitura,fazemos na sequência a meditação e a oração conjugal. Os filhos participam quando estão conosco. Assim, iniciamos nossos dias, marido e mulher juntos, ouvindo juntos até o dia que o Senhor Nosso Deus permitir, uma só carne diante Dele. Ele que nos abençoa, protege e ilumina. Você já fez a sua verdadeira escuta da palavra hoje? Ele tem muito para lhe dizer. Tenha certeza. Deus nos abençoe! Coralina e Alessandro Região Minas IV Prov. Leste II

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FORMAÇÃO

Laudato Si: debruçados sobre a criação de Deus O documento Laudato Si – Louvado Sejas –, lançado na Solenidade de Pentecostes de 24 de maio de 2015, foi a segunda carta encíclica do pontificado de Papa Francisco e tem como objetivo auxiliar cristãos católicos a debruçarem seus olhares sobre a criação de Deus de forma reflexiva e crítica de sua contribuição na manutenção do planeta como um espaço físico, biológico, social e cultural constituinte do desenvolvimento humano. Os 246 parágrafos que compõem essa obra deflagram o formato consumista da sociedade contemporânea que, ao utilizar-se da criação divina de forma desenfreada, acentuam o lucro, o individualismo e a objetificação do ecossistema e, consequentemente, das relações interpessoais. Um dos problemas levantados pelo documento é a manutenção de um egoísmo latente frente às necessidades de subsistência dos seres vivos e seus grupos sociais em detrimento dos desejos de um grupo restrito que detém a manutenção do sistema capitalista. Essa reflexão sobre o cuidado a respeito da criação divina não é algo novo dentro da Igreja. Outros pontífices também o fizeram, como o Beato Paulo VI em “Pacem in Terris”, São João Paulo II em “Redemptor Hominis” e Bento XI em “Caritas in Veritate”. Em todos esses o questionamento é muito parecido: como a Sagrada Escritura pode promover uma consciência renovada sobre as formas de conviver com a natureza, de modo a sermos partícipes da criação divina em

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nosso tempo-espaço histórico. Desde o começo da Sagrada Escritura entende-se que a natureza criada não está posta para servir aos prazeres desenfreados dos seres humanos. O homem é um ser pensado no interior do funcionamento de um ecossistema. A sua relação não é de exploração, mas de cumplicidade e de cuidado com a natureza: a cumplicidade, no fato do reconhecimento de que tudo é considerado “bom aos olhos de Deus” (cf. Gn. 1, 10); o cuidado, no direcionamento deixado por Deus ao homem sobre a administração justa daquilo que foi criado (cf. Gn. 1, 28-29). Assim, a partir dessa realidade o documento nos questiona em que medida o homem se desviou do projeto inicial deixado por Deus na Sagrada Escritura. Os parágrafos 13 a 16 nos provocam a rever o posicionamento antropocêntrico do homem diante do criado, que tem promovido um colapso ambiental e uma degradação das relações ecológicas, atingindo, diretamente, as relações humanas. Debruçar-se sobre aquilo que foi criado como “bom aos olhos de Deus” faz-se imperioso para repensarmos as nossas ações no mundo e a nossa corresponsabilidade na manutenção da vida, como projeto divino de humanidade. Fica para nós um olhar sobre a gêneses: da criação e das nossas ações cotidianas. Frei Arthur Vianna Ferreira SCE Província Leste I

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NOTÍCIAS

BODAS DE PRATA

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Viviane e Anderson Eq. N.S. da Paz Rio de Janeiro – RJ

janeiro 2022

BODAS DE OURO

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dezembro 2021

dezembro 2021

Terezinha de Jesus e José Antônio

Graça e Aristeu Eq. N.S. do Amparo - Porto Alegre – RS

Eq. N.S. do Rosário - Juiz de Fora - MG

BODAS DE DIAMANTE

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dezembro 2021

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Maria Alice e Guilherme Giorgi

Eq. N.S. Rainha de Todos os Povos São Paulo – SP

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NOTÍCIAS

JUBILEU DE OURO DAS EQUIPES

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Eq. N.S. das Graças

outubro 2021

Caçapava – SP

VOLTA AO PAI Naldo da Lene

29.12.2021 N.S. de Nazaré Castanhal - PA Antônio Felicianio (Caracol) da Márcia

23.12.2021 N.S. da Conceição Abaetetuba - PA Maurino da Bebeta

11.12.2021 N.S. Aparecida Manaus - AM

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MEDITANDO EM EQUIPE

Louvado seja Deus por toda a criação

A Palavra de Deus

“Ó SENHOR, Senhor nosso, como é glorio- “E Deus viu tudo quanto havia feito e achou so teu nome em toda a terra! Sobre os céus que era muito bom.”(Gn 1,31) se eleva a tua majestade!”(Sl 8,2)

Reflexão Tudo aquilo que existe veio das mãos do Criador.A dignidade de toda criação não tem fundamento em si mesma, mas no fato de ter a sua origem no desejo e no desígnio de Deus. Deus quis o mundo do jeito que ele é, assim sendo o mundo fala de Deus para cada um de nós. O mundo não é Deus, mas é um meio pelo qual Deus se comunica conosco. A criação “grita” o nome de Deus para nós. Assim como São Francisco no cântico das criaturas, podemos chegar até Deus através de toda a obra da criação. O olhar do ser humano, quando está fixo na criação, deve continuar o seu caminho até chegar a Deus. A meta de todo ser humano é a glorificação do seu Criador, para isso ele veio a esse mundo, tal objetivo é alcançado através de um olhar teológico para toda a criação. O olhar teológico entende que tudo veio de Deus, as coisas menos complexas e as mais complexas, e tudo voltará para o criador. Na

Oração espontânea

verdade, Jesus Cristo, o Filho amado do pai, recapitula em si todas as coisas, isto é, concede sentido a cada uma delas. Sem Jesus Cristo o mundo não teria o valor que tem para nós hoje. O Papa Francisco tem insistido constantemente a respeito do cuidado que devemos ter pela casa comum: cuidar de todas as criaturas e, em especial, cuidar do ser humano que é a obra perfeita de Deus. Nós equipistas temos exercido de forma consciente o cuidado que a igreja tem nos pedido pela casa comum? O que temos feito em nosso cotidiano para cuidar de toda a natureza que é obra da criação divina? E, ainda mais, como temos cuidado do ser humano - esposa, marido, filhos, pais, amigos, pessoas desconhecidas… -, a obra perfeita realizada por Deus? Qual o nosso grau de proximidade com aquilo que Deus fez, isto é, com o universo criado?

No início deste ano faremos uma leitura texto que fala sobre a criação. Se possível, Orante com a Palavra de Deus. Convido faça a oração de São Francisco chamada “O você a ler e meditar o texto de Dn 3, 57-88. cântico das criaturas”. Escolha uma ação a ser feita a partir deste

Oração Litúrgica

“Senhor Deus, Uno e Trino, comunidade estupenda de amor infinito, ensinai-nos a contemplar-Vos na beleza do universo, onde tudo nos fala de Vós. Despertai o nosso louvor e a nossa gratidão por cada ser que criastes. Dai-nos a graça de nos sentirmos intimamente unidos a tudo o que existe. Deus de amor,

mostrai-nos o nosso lugar neste mundo como instrumentos do vosso carinho por todos os seres desta terra, porque nem um deles sequer é esquecido por Vós.”

Oração feita pelo Papa Francisco Pe. Franciel Lopes SCE Carta Mensal


Oração do Meio Ambiente

Criador do céu, da Terra e de todos os seres que nela habitam, Concedei-me forças para preservar a beleza e integridade do meio ambiente. Dai luz aos olhos daqueles que destroem vossas matas, Que matam vossos animais, Que poluem vossas águas, de onde tudo começou. Perdoai os que se calam e se ensurdecem por conveniência, Olhai pelos ignorantes e oprimidos, agora e sempre. Senhor, fazei com que os instrumentos que matam vossos filhos sejam banidos da face da terra. Guiai o coração dos fracos, não deixeis que caiam em tentação. Livrai todos os seres do mal maior, a extinção, E plantai no coração de cada homem a fé, o amor, a esperança e a paz E que, acima de tudo, prevaleça a vossa vontade. Amém. (a12.com/redacao)

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Articles inside

Laudato Si: debruçados sobre a criação de Deus

5min
pages 34-38

O despertar para a santidade e as ferramentas necessárias

2min
page 33

A regra de vida

2min
page 32

A regra de vida, apoiada na Palavra de Deus

2min
page 31

O peso que a gente leva

2min
page 30

Difícil, mas possível

2min
page 29

O amor vencerá

2min
page 26

“Vem e segue-me”

4min
pages 24-25

ENS e sua pedagogia que nos leva à santificação

1min
page 28

Nada é maior que a bondade do Senhor

1min
page 27

Um ato de amor ao próximo

1min
page 23

Projeto “Quarta é dia de Carta!”

2min
page 22

“Mulher, eis aí o teu filho”

3min
pages 20-21

São José Pai na sinodalidade

2min
page 16

Palavra do Papa

2min
page 15

Uma mulher de fé e entrega a Deus

2min
page 19

Anunciação do Senhor

2min
page 17

O significado da Quarta-feira de Cinzas

2min
page 18

Sínodo da sinodalidade eclesial: o sonho de Francisco

2min
page 14

Vocação e missão dos casais das ENS

2min
page 13

Fidelidade como atitude criativa

2min
page 4

Tema do ano: Capítulo I

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pages 6-7

40 dias de Quaresma

2min
page 8

A primeira reunião de equipe

2min
page 9

Semear, contruir e ser fermento

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page 5

Vamos procurar juntos

1min
page 11

“Vai e não peques mais”

2min
page 10

O poder da oração

2min
page 12
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