PROJETO PAISAGÍSTICO INTERVENÇÃO DE DRENAGEM URBANA
ALEXANDRA VINAGRE, BRUNA PÓVOA, EMÍLIA WOLF, GIOVANNA BUZZI DIAGNÓSTICO:
O projeto se localiza no eixo monumental, coração de Brasília. Entre a torre de TV e a rodoviária, o terreno do parque é muito centralizado, extremamente patrimonial, mas atualmente ocioso, à exceção da lenta construção do projeto do escritório Burle Marx. Ao mesmo tempo pelas condições topográficas da região surgem problemas de inundação e alagamento em pontos chaves da cidade como a conexão da W3, as tesourinhas, o buraco do tatu, as vias N2 e S2 e as quadras do início da asa norte, por exemplo. Devido a esse fato, desenvolvemos um parque que tem como objetivo captar a água da chuva, e redistribuir-la em centros de filtragem e reaproveitamento, prevenindo possíveis enchentes no entorno. A partir do projeto de espelhos d’água pré-existente no terreno, foi desenvolvida uma estética que trabalha o desenho de forma orgânica. Dentro desse conjunto casamos a plasticidade do desenho com as camadas necessárias de filtração d’água, que são: carvão, areia e pedra. A água é recolhida em canais adjacentes às grandes vias automotoras e posteriormente redistribuída nos bolsões de filtragem. As vias representam grandes áreas de impermeabilização do solo, que não permitem a infiltração natural da água no solo e portanto acabam formando enormes corredores de água. É justamente à margem desses corredores de água que se implementa a primeira etapa da captação de água com a estrutura semelhante ao sistema de biovaleta. Após ser captada pelo sistema de drenagem já existente, a água pluvial é canalizada para um sistema subterrâneo que a direciona para grandes biovaletas projetadas para reduzir a velocidade da água e permitir a sua drenagem natural para o solo. Depois de desaceleradas, as águas passam por um segundo momento, onde as biovaletas se tornam limítrofes permitindo fluxo aberto das águas formando um pequeno riacho
DELIMITAÇÃO DO TERRENO
CORREDORES DE ÁGUA
ÁREA DE INTERVENÇÃO
CHEIOS
1140
ESC: 1/20.000
VAZIOS
PERMEABILIDADE DO SOLO
ESC: 1/20.000
PONTOS DE INUNDAÇÃO
ESC.: 1/7500
W3 TORRE
1120
FONTE
RODOVIÁRIA
1100 1080 100
500
1000
1500
2000
ESC.: 1/7500
ÁREA PERMEÁVEL
ÁREA IMPERMEÁVEL
ESC: 1/20.000
CONSTRUÇÕES
que margeia as laterais do projeto e já comporta plantas capazes de realizar a purificação da àgua. Depois desse percurso ela chega aos espelhos d’água para armazenamento e climatização do parque em épocas de umidade muito baixa, simbolicamente mostrando o renascimento das águas. Como se trata de um processo consecutivo, a água continua sendo usada para a manutenção própria do jardim e para uso comunitário. Em períodos de muita incidência de chuva, essa água em abundância preenche o bowl do skatepark e se transforma em uma grande piscina. A ideia desse projeto é criar um ecossistema onde a manutenção seja autossuficiente e consequência da dinâmica do próprio ciclo proporcionado pela estrutura e conceito. Destarte, o projeto traz consigo uma forma sustentável que acompanha o ciclo do clima do cerrado com baixo custo de manutenção, uma forma de reaproveitamento de águas pluviais e prevenção de enchentes. As espécies escolhidas para a apropriação paisagística do parque, não poderiam deixar de contemplar as belas, importantes e versáteis espécies nativas do cerrado. Com uma pesquisa bibliográfica, em especial no guia de campo de Manoel Claudio da Silva Junior e Benedito Alísio da Silva Pereira (+100 Árvores do Cerrado - Matas de Galeria), foi feito um levantamento de espécies nativas apropriadas para áreas de seca e para áreas alagáveis. À essa lista foram somadas algumas espécies “queridinhas” dos brasilienses, aquelas que formam o ciclo de cores vibrantes que compõem as transições de épocas do ano na paisagem de Brasília.
PLANTA DE FLUXOS HÍDRICOS(AO LADO) E QUADRO DE ALTITUDES(ABAIXO): 276.12 25 1112
1112 25
1112
1112
1111
1111
1111
1110
1109
1110
1108
1107 1107
1106.80
1109
1110
1106.60 1106.40 1106.20
1108
1106
1106.60 1107
1107
1109
1105.60
1106
1105.20
1105.40 1105
1106
1107
1106
1105.80
1105 1105 1105
1106.50 1106.25
1108 1106.75
406,32
1104
1104.75 1104.50
1104.25
1106
1103.80
1105.80
1107 1106
1103
1104.60 1104
1104
1102.40
1101
1102
1101
1103.50
1101.25
1103
1101.75 1100
1103.25
1101.50
1101
1102
1102
1100
1103 1103
1099
1098
1102.20
1102.60
1104.80 1104.40 1104.20
1103.75
1102
1102.80
1103
1105
1105
1103.60 1103.20
1103.40
1105.60 1105.40 1105 1105.20
1104
1104
1103
1103
1099
1098
1098 1092
1092
1092 1096
DETALHE: ENCONTRO DO FLUXO DA BIOVALETA COM AS CÉLULAS DE FILTRAGEM
CORTES DAS BIOVALETAS E INÍCIO DAS CÉLULAS DE FILTRAGEM:
1097
1096
PLANTA BAIXA E ESQUEMÁTICA GERAL:
LEGENDA VIAS PASSEIO POSSÍVEL CONCENTRAÇÃO DE ÁGUA 1 - BIOVALETAS 2 - ESPELHO D’ÁGUA 3 - SKATE PARK ALAGÁVEL CÉLULAS DE VIVÊNCIA PESSOAS VEGETAÇÃO CAPTAÇÃO DE ÁGUA 1 CAPTAÇÃO DE ÁGUA 2 IRRIGAÇÃO
ESTUDO SOBRE BIOVALETA:
CÉLULA DE FILTRAGEM ROCHAS GRANDES ROCHAS MÉDIAS ROCHAS PEQUENAS SEIXO ROLADO CASCALHO GRANDE CASCALHO MÉDIO CASCALHO FINO AREIA GROSSA AREIA MÉDIA AREIA FINA HULHA ANTRACITO LINITO TURFA
DIAGRAMA DE REVESTIMENTO E NÍVEIS DAS CÉLULAS DE FILTRAGEM:
ROCHA GRANDE
ROCHA MÉDIA
ROCHA PEQUENA
SEIXO ROLADO
CORTE CÉLULAS DE FILTRAGEM:
CASCALHO GRANDE CASCALHO MÉDIO
CASCALHO FINO AREIA GROSSA AREIA MÉDIA AREIA FINA
DETALHE TELA
TURFA ANTRACITO LINITO HULHA
LE
PO
CÉ
CÉLULAS DE VIVÊNCIA: VEGETAÇÃO
ESTAR/PESSOAS
CAPTAÇÃO DE ÁGUA DO AR
CATÁLOGO DE ESPÉCIES PARA USO PAISAGÍSTICO:
CÉ
IRRIGAÇÃO
NOME CIENTÍFICO
FAMÍLIA
NOME POPULAR
HABITAT
NOME CIENTÍFICO
NOME POPULAR
HABITAT
Espécies para áreas alagáveis
Espécies para áreas secas Cardiopetalum calophyllum*
Annonaceae
Embira, Embirinha, Pindaíba-vermelha
Cerradão, Matas Secas e Matas de Galeria
Cordia sellowiana*
Boraginacea
Mata-fome, Baba-deboi, Louro, Louro-mole
Cerradão, Matas Estacionais e Matas de Galeria
Hirtella glandulosa*
Chrysobalanaceae
Vermelhão, Azeitona, Bosta-de-rato
Cerrado, Cerradão, Matas Estacionais e Matas de Galeria
Tapura amazonica*
Dichapetalaceae
Manguito, Tapura, Paude-bicho
Cerradão, Matas Estacionais e Matas de Galeria
Alchornea glandulosa*
Euphorbiaceae
Tamanqueira, Tanheiro, Iricurana, Folha-redonda
Matas Estacionais e Matas de Galeria
Rapanea ferruginea*
Myrsinaceae
Cafezinho, Canjiquinha, Capororoca
Cerradão, Matas Estacionais e Matas de Galeria
Byrsonima laxiflora*
Malpighiaceae
Murici, Murici-da-mata
Cerradão, Matas Estacionais e Matas de Galeria
Vochysia tucanorum*
Vochysiaceae
Tucaneira, Fruta-detucano, Gomeira, Vinheiro
Cerradão, Matas Estacionais e Matas de Galeria
Cupania vernalis*
Sapindaceae
Camboatá-vermelho, Pau-de-espeto
Cerradão, Matas Secas e Matas de Galeria
Bauhinia rufa
Fabaceae
Unha-de-vaca, Pata-devaca, Mororó
Cerradão, Matas Estacionais e Matas de Galeria
Ceropia lyratiloba*
Urticaceae
Embaúba, Pau-deformiga, Pau-depreguiça
Matas de Galeria e Áreas perturbadas
Eriotheca candolleana*
Malvaceae
Paineira, Painera de embira, Barrigudinha
Matas Estacionais e Matas de Galeria
Copaíba, Pau-d’óleo
Cerrado, Cerradão, Matas Estacionais e Matas de Galeria
Copaifera langsdorffii*
FAMÍLIA
FabaceaeCaesalpinioideae
crescimento rápido e colonização de áreas abertas
Aspidosperma parvifolium
Apocynaceae
Peroba, Pereiro, Guatambu-amarelo ou branco
Matas Estacionais e bordas de matas de Galeria
Ilex affinis*
Aquifoliaceae
Catuaba-do-mato, Congonha, Caúna, Mate-falso
Matas de Galeria inundáveis
Licania apetala*
Chrysobalanaceae
Milho-cozido, Ajuru, Caripé, Cariperana
Matas Estacionais e Matas de Galeria
Gordona fruticosa*
Theaceae
Chazeiro, Peroba d’água, Santa-Rita
Matas de Galeria inundáveis acima de 1000m de altitude
Tibouchina candolleana*
Melastomataceae
Quaresmeira, Quaresma, Flor-dequaresma
Matas de Galeria inundáveis
Ferdinandusa speciosa*
Rubiaceae
Brinco d’água
Bordas de matas de Galeria inundáveis
Psychotria carthagenesis*
Rubiaceae
Pau-de-maria, Mariamole, Cafezinho
Matas de Galeria inundáveis
Vochysia pyramidalis*
Vochysiaceae
Gomeira, Gomeira-demacaco
Matas de Galeria inundáveis, nas margens dos cursos d’água
crescimento rápido e atração da fauna local
Lamanonia brasiliensis*
Cunoniaceae
Cangalheiro
Matas de Galeria inundáveis
fornece néctar e pólen para as abelhas.
Magnolia ovata
Magnoliaceae
Pinha-do-brejo, Araticum, Fruta-de-pau
Exclusivamente em matas de Galeria inundáveis
usos medicinais
Ouratea castaneifolia*
Ochnaceae
Folha-de-castanha, Farinha-seca
Matas Estacionais, Matas de Galeria e Cerradão
frutos atraem fauna
Physalis angulata
Solanaceae
Physalis
Matas de Galeria inundáveis
Calophyllum brasiliensis*
Clusiaceae
Landi, Guanandi, Jacareúba, Cedro-dobrejo
Matas de Galeria inundáveis
ESCALA: 1/2500
Aspidosperma parvifolium Peroba
Rapanea ferruginea
capororoca, azeitona-do-mato, camará
Guanandi Calophyllum brasiliense
Copaifera langsdorffii
Copaíba
Pequizeiro Caryocar brasiliense
Vochysia pyramidalis
Catingueira, gomeira-de-macaco
Ipê roxo
Handroanthus avellanedae
Quaresmeira Tibouchina candolleana
Ipê rosa Tabebuia pentaphylla
Painera Eriotheca candolleana
Tamanqueiro, tapiá
Alchornea glandulosa
Flamboyant Delonix regia
Vermelhão, cocô de bode
Hirtella glandulosa*
Murici Byrsonima basiloba
Ipê amarelo Byrsonima laxiflora
Tapura amazonica
Tapura,manguito
camboatá,camboatã Cupania vernalis
Louro mole, Cordia Cordia sellowiana*
Cardiopetalum calophyllum*
Embira, Pindaíba-vermelha
*Uso potencial para recuperação de áreas degradadas