Arquitetura da Comunidade Kalunga

A COMUNIDADE KALUNGA E SUA ARQUITETURA Emíília Wolf de Almeida 1 Maria Fernanda Derntl 2

RESUMO Este artigo visa discutir as relaçoõ es sociais e culturais que compreendem e formam os espaços de conviveê ncia das comunidades Kalunga, a maior remanescente quilombola do paíís. Formada no nordeste do estado de goiaí s em meados do seí culo XVIII, o quilombo kalunga eí um importante patrimoê nio histoí rico brasileiro, que conta a histoí ria de um conjunto de pessoas que poê de recriar seu contexto de vida e reorganizar toda uma loí gica habitacional, de forma a atender suas necessidades e exigeê ncias. A casa kalunga eí o objeto central dessa anaí lise e eí observado aqui como a arquitetura pode influenciar um cotidiano e tambeí m como o cotidiano pode influenciar uma arquitetura.

Palavras-chave: Kalunga, Arquitetura, Comunidades Tradicionais, Quilombo.

ABSTRACT This paper envisions debating the social and cultural relations which comprise and form interaction spaces within the Kalunga communities, Brazil's greatest "Quilombo" reminiscent. Having appeared in northeastern Goiaí s during the eighteenth century, Kalunga is a very important heritage site to Brazilian history, telling how groups of people were able to re-create their social context and reorganize entirely their housing dynamics, so as to meet their own needs. The Kalunga house is this analysis' central piece, noticing how architecture can influence someone's routine and routine affairs affect architecture.

Key-words: Kalunga, Architecture, Traditional Communities, Quilombo.

1

Emíília Wolf de Almeida, estudante de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasíília – UnB. Email: emiliawolf@hotmail.com. Matríícula: 13/0008508.

2

Maria Fernanda Derntl, professora do departamento de Teoria e Histoí ria da Arquitetura e do Urbanismo na Universidade de Brasíília - UnB. Mateí ria: Histoí ria da Arte e Arquitetura do Brasil Coloê nia e Impeí rio.

2

1

A COMUNIDADE KALUNGA Quilombo, eí denominado o povoamento ou aglomeraçaõ o de negros refugiados do sistema escravocrata por toda a extensaõ o do territoí rio brasileiro. Sendo esse povoamento geralmente localizado em zonas rurais e isoladas dos nuí cleos urbanos do paíís, mesmo por uma questaõ o histoí rica de proteçaõ o dessas comunidades. O termo eí de origem banto e significa “acampamento guerreiro na floresta”. O tipo de organizaçaõ o políítica e de resisteê ncia dos quilombos estaõ o presentes em todos os outros territoí rios onde se deu a exploraçaõ o da maõ o de obra escrava negra, sendo conhecidos por outros nomes como Marrons, Palenques, Cumbas, ou Mocambos.

EÉ visíível, portanto, que as comunidades quilombolas representaram e representam ateí hoje um dos maiores síímbolos nacionais do que seria uma cultura de resisteê ncia. Bem como o autor Cloí vis Moura, destaca em 1981: “Como podemos ver, a marronagem nos outros países ou a quilombagem no Brasil eram frutos das contradições estruturais dos sistema escravista e refletiam, na sua dinâmica, em nível de conflito social, a negação desse sistema por parte dos oprimidos.” (MOURA, 1981) Estima-se que haja um nuí mero superior a dez milhoõ es de pessoas provenientes do continente africano escravizadas pelo sistema colonial, e que deste nuí mero, cerca de 4 milhoõ es tenham sido trazidos para o Brasil entre 1530 e 1850 (Alencastro, 2000). Naõ o surpreende, portanto, que o Brasil apresente a segunda maior populaçaõ o negra do mundo, segundo dados do IBGE em 2002. O deslocamento populacional destas pessoas para o Brasil se dava de maneira taõ o intensa na economia colonial que sua presença se mostrava presente em todos os nííveis econoê micos da sociedade – desde a mineraçaõ o ateí o meio rural, siderurgias, nuí cleos urbanos, domeí sticos, etc.

No caso da exploraçaõ o nas minas extrativistas nos de territoí rios de Minas Gerais e dos Goyazes (hoje, Goiaí s), a escravidaõ o se dava de modo ainda mais baí rbaro – se eí que isso eí possíível – e aleí m da carga de trabalho de mais de 16 horas diaí rias e alimentaçaõ o precaí ria, os trabalhadores eram forçados a trabalhar ateí completa exaustaõ o devido ao caraí ter temporaí rio das condiçoõ es de extraçaõ o de mineí rios e o interesse voraz da metroí pole nos mineí rios. Contase que no fim da exploraçaõ o das minas, quando a escassez de mineí rios começou a se instalar na regiaõ o do Goiaí s era muito comum que os “proprietaí rios”, empobrecidos, deixassem seus escravos para traí s por eles representarem uma despesa a mais na viagem. Esses fatores, aliados aà conformaçaõ o de síítios fíísicos de difíícil acesso embrenhados no meio da mata favoreceram o forte movimento de formaçaõ o de quilombos na regiaõ o.

Dessa forma surge, no norte do territoí rio goiano, o quilombo Kalunga, hoje conhecido como a maior comunidade remanescente quilombola do Brasil, com quase oito mil habitantes e 272 mil hectares. Kalunga eí um termo com muí ltiplos significados, entretanto na lííngua banto eí tido tambeí m como “lugar sagrado”, de proteçaõ o. No iníício da formaçaõ o do territoí rio que hoje eí conhecido como Kalunga, a ocupaçaõ o se deu nas proximidades do rio Paranaí onde os primeiros habitantes começam a desenvolver um modo de vida adaptado ao sertaõ o goiano, suas secas, seu calor e seu inverno. Modo de vida,

2

este, que foi desde os primoí rdios baseado numa cultura de subsisteê ncia, com pequenas plantaçoõ es familiares, pequenas criaçoõ es de animais e caças naõ o predatoí rias.

Assim, muito antes da popularizaçaõ o do conceito de sustentabilidade, a comunidade Kalunga estabelecia suas tradiçoõ es com grande respeito aà natureza e suas riquezas, encarando-a como um espaço sagrado. Mais tarde com o crescente desmatamento da mata original da regiaõ o, a relaçaõ o passa a ser de duas vias onde tanto os habitantes quanto a natureza saõ o responsaí veis pela preservaçaõ o da vida um do outro. A natureza oferecendo alimento e proteçaõ o, e a comunidade oferecendo a preservaçaõ o atraveí s do tíítulo de patrimoê nio cultural brasileiro e de reserva ecoloí gica creditado aà regiaõ o.

A abertura do povoado hoje conhecido como kalunga para o contato com as cidades mais proí ximas e o iníício do processo de quebra do isolamento da comunidade começou a ocorrer em meados dos anos 80, quando por ameaça de construçaõ o de hidreleí tricas ou plantaçoõ es de grandes proprietaí rios de terra colocou a aí rea em risco. Foi aíí que a comunidade se uniu para lutar pelos seus direitos sobre a terra e pela sua preservaçaõ o ecoloí gica, e passou a ser estudada por especialistas e registrada como aí rea de patrimoê nio histoí rico quilombola. Haí relatos de que ainda nessa data que circundava o perííodo da deí cada de 1980, os moradores da comunidade kalunga se escondiam na mata ao se deparar com pessoas de fora, por medo de que o mundo laí fora continuasse o mesmo mundo escravocrata do brasil colonial.

As mulheres kalungas saõ o as principais responsaí veis por um terço dos domicíílios da regiaõ o, sendo destas mais da metade independente de qualquer figura masculina para gerenciamento do lar. Segundo levantamentos da SEPPIR/Fubra de 2004, das mulheres que se encontram nessa situaçaõ o, a maioria costumava morar com seus esposos no passado. Isso retrata uma realidade da comunidade que eí a de lidar com o forte processo de evasaõ o da populaçaõ o masculina e adulta, que se desloca em direçaõ o aà s cidades proí ximas – sejam elas grandes ou pequenas - em busca de emprego.

EÉ nas festas e comemoraçoõ es que a comunidade kalunga mais celebra a sua cultura. Tanto hoje, como antigamente, eí nos momentos de festa onde os habitantes se encontram e praticam grande parte de suas tradiçoõ es culturais.

Os familiares se encontram, os bebeê s saõ o batizados, casamentos saõ o celebrados e novos casais se formam. Seja nas festas de reis, nas festas de Santo Antoê nio, nas folias, nas romarias, nas ladainhas, nas sussas, nos forroí s ou nas “bocas da noite” os kalungas celebram suas tradiçoõ es atraveí s da alegria.

Saõ o festas que misturam religiaõ o e diversaõ o se aproximando da tradiçaõ o africana com forte presença da muí sica, dança, e dos batuques, que para eles eí forma de devoçaõ o.

Os festejos estaõ o, assim como os kalungas, ligados diretamente aos ciclos da natureza. As datas das festas seguem o calendaí rio das secas e das chuvas, da eí poca de plantio e de colheita. Nas festas de Santo Antoê nio por exemplo saõ o tiradas as “sortes” onde se procura prever como seraí o plantio e a colheita no ano que estaí por vir. Assim como em qualquer cultura, as celebraçoõ es falam muito sobre o modo de vida daquele grupo de pessoas, suas crenças e maneira de se relacionar, e no caso da comunidade Kalunga se verifica sempre esse apreço pela natureza que permeia todas as relaçoõ es da comunidade desde um contexto social ateí o espacial.

3

ARQUITETURA. A dispersaõ o dos nuí cleos de habitaçaõ o no territoí rio Kalunga eí bastante evidente tendo em mente a sua grande extensaõ o. Entretanto dentro desses nuí cleos habitacionais a relaçaõ o estabelecida entre casa e seu entorno eí observada como algo singular e determinante para o devido andamento das tradiçoõ es culturais da comunidade. O uso da casa, do espaço comum, do espaço da famíília nuclear, e o espaço de realizaçoõ es dos fazeres culturais saõ o alguns dos grandes definidores da tipologia habitacional Kalunga.

No diagrama elaborado pelo professor Jaime de Almeida - publicado no perioí dico Paranoaí , volume 7 - eí destacada a organizaçaõ o espacial baí sica presente em diversas localidades do territoí rio Kalunga:

fig. 1 – fonte: Paranoaí - perioí dico eletroê nico de arquitetura e urbanismo, vol.7. UnB, 2005.

A casa kalunga se relaciona imediatamente com os locais onde ocorre a produçaõ o do alimento, sendo eles a casa de farinha, o curral, o quintal, a roça, etc.

Uma organizaçaõ o interessante no ponto de vista de se localizar o maior foco de trabalho cotidiano, sempre ao alcance das maõ os, proí ximo do local de consumo.

Quando falamos daquilo que foi definido como níível global pelo professor Jaime de Almeida, estamos considerando espaços como o rio, a mata, a roça; os espaços sagrados. Os kalungas se relacionam com esses espaços de uma maneira altamente respeitosa, e gestos como ir buscar aí gua ou ir se banhar no rio saõ o rituais diaí rios. A distaê ncia desses lugares com relaçaõ o aà habitaçaõ o kalunga define uma “promenade architectural” que se assemelha aà peregrinaçaõ o religiosa, aleí m xde definir uma margem de segurança que garantiu a sobreviveê ncia da comunidade por tantos anos.

4

E ainda, se considerarmos a reproduçaõ o desses nuí cleos de habitaçaõ o das famíílias kalungas encontramos a ocupaçaõ o naõ o linear presente no territoí rio, bem como destaca Jonatas Nunes Barreto em sua dissertaçaõ o de mestrado: “Se considerarmos também na comunidade Kalunga a reprodução destes núcleos familiares pela área de seu território, teremos uma rede na qual a intersecção dos últimos níveis do diagrama se configura em um espaço comum. Fazendo um exercício de visualização em perspectiva dessa rede de diagramas de núcleos familiares poderemos visualizar a distribuição não linear da comunidade pelo seu território, como de fato acontece na comunidade kalunga” (BARRETO, 2008)

fig. 2 – fonte: Dissertaçaõ o de mestrado de Joê natas Nunes Barreto. FAU, UnB, 2008.

Levantamentos realizados pela Fubra/Cantoar – UnB, 2004, evidenciam caminhos que interligam esses nuí cleos familiares a diferentes rios, vizinhos e estradas, tendo como ponto de partida as casas de cada nuí cleo.

A maioria dessas casas-centro do nuí cleo habitacional abrigam somente uma famíília. Segundo estudos do SEPIR de 2004, em cerca de 92,4% das casas moram apenas uma famíília. Isso se explica por uma tradiçaõ o da comunidade de se reunir e construir uma nova casa para um filho ou filha quando ele se casa, simbolizando a bençaõ o da famíília para o casamento e desejos de boa sorte.

As casas kalungas cabem tanto na caracterizaçaõ o de tipologia tradicional quanto, a partir dos anos 80 com o contato mais intenso com o restante da sociedade, na tipologia hííbrida. A tipologia tradicional se exibe quando haí presença de teí cnicas tradicionais – desenvolvidas ao longo dos seí culos XIX e XX – aplicadas aà materiais locais em edificaçoõ es construíídas pelos proí prios membros da comunidade. Jaí a hííbrida se mostra atraveí s de teí cnicas que misturam o tradicional e o utilizado na construçaõ o popular, como elementos preí -fabricados.

Os materiais mais comuns nas casas kalungas saõ o, para as paredes, taipa, madeira, fibra vegetal(tipologia tradicional) e adobe (tipologia hííbrida). Para os telhados costuma-se usar como estrutura troncos de madeira roliça cobertos por palha de Pindoba ou palha de Buriti, ou mais recentemente com as reformas, telhas ceraê micas ou de fibrocimento.

5

A organizaçaõ o espacial interna das resideê ncias costuma, de maneira geral, apresentar uma pequena sala interna ou corredor que define os acessos aà porta de entrada da casa e outro aà dos fundos que seria para a cozinha. Os coê modos usados como dormitoí rios se organizam aà margem dessa pequena sala interna, circundando esse espaço comum da famíília que pode muitas vezes ser um espaço de conviveê ncia (verificar figura 3).

Segundo levantamentos da SEPPIR/Fubra de 2004, o nuí mero meí dio de coê modos por domicíílio na comunidade kalunga como um todo – levando em consideraçaõ o seus principais municíípios – eí de 4,13. Enquanto isso o nuí mero meí dio de coê modos utilizados na resideê ncia para cumprir a funçaõ o de dormitoí rio gira em torno de 2,07, ou seja, a metade. Normalmente um dormitoí rio para os pais – que bastante frequentemente se concentram na figura apenas da maõ e - e outro para os filhos.

fig. 3 – Planta Baixa de Casa Kalunga de adobe com estrutura de madeira. Sem escala, medidas indicadas em metros. Fonte: Levantamento FUBRA/ Cantoar - UnB.

6

A cozinha representa um lugar de grande importaê ncia para a casa Kalunga. Ela eí um dos locais de principal convíívio da famíília e tambeí m um local de acontecimento cultural. EÉ laí que a famíília entra em contato com o alimento produzido no quintal e aprecia tal presente da natureza, na visaõ o deles, a culinaí ria eí uma maneira de integraçaõ o da famíília. A cozinha eí onde todos se ajudam e desfrutam da companhia um do outro.

Historicamente, a cozinha era construíída separada do resto da casa, como um pequeno anexo. Isso ocorria para prevenir possííveis inceê ndios, jaí que o fogaõ o era e eí muitas vezes ateí hoje movido aà lenha e em contato com a palha de buriti que era usada para revestir os telhados entrava em combustaõ o muito facilmente.

fig. 4 – Cozinha da casa do Sirilo. Fonte: http://quilombokalunga.org.br/povo-kalunga/ fig. 5 - Alimento sendo preparado na comunidade de Vaõ o das Almas. Novembro de 2013. Fonte: http://zip.net/bdlxpN

7

O abastecimento de aí gua nas casas da regiaõ o eí na maioria das vezes ligado aà nascente e sem nenhuma forma de canalizaçaõ o para a resideê ncia. Quase a totalidade das casas naõ o apresenta banheiro algum, e no mais apresenta um pequeno quarto conhecido como “casinha” que apresenta uma fossa seca. O escoamento do esgoto eí feito tanto pelo meí todo de fossa seca, quanto aà ceí u aberto. A maioria das famíílias estaí acostumada a queimar o lixo domeí stico das resideê ncias, seja em buracos ou no terreno, entretanto haí casos onde o lixo eí apenas deixado aà ceí u aberto. A infraestrutura eí , portanto, algo que pode ser aprimorado e realmente tem sido o principal foco dos programas governamentais de intervençaõ o na comunidade.

O quintal eí palco pra grande parte da viveê ncia de cotidiano Kalunga. EÉ nele onde saõ o transmitidos os conhecimentos atraveí s das geraçoõ es. Saõ o principalmente, as mulheres da comunidade as detentoras e reprodutoras do conhecimento Kalunga. Todos os saberes, sobre plantas, o cultivo, o territoí rio, a histoí ria, a cultura, a filosofia, toda a forma de organizaçaõ o da comunidade e suas respectivas formas de viver saõ o transmitidas pelas mulheres atraveí s da histoí ria oral. O quintal Kalunga eí , sem duí vidas, um espaço de saberes.

Localizado normalmente nos fundos da casa, o quintal kalunga eí territoí rio destinado tambeí m aà plantaçaõ o de alimentos e de plantas usadas para fins medicinais, sendo portanto territoí rio sagrado que determina a sobreviveê ncia da famíília. Na tabela a seguir saõ o identificados os principais produtos do quintal kalunga, ela foi retirada da dissertaçaõ o de mestrado de Bruno Magnum Pereira que fez o levantamento atraveí s de um trabalho de campo:

fig. 5 – Tabela de plantas identificadas no quintal kalunga. Fonte: dissertaçaõ o de mestrado de Bruno Magnum Pereira.

8

CONCLUSAÃ O Atraveí s deste raí pido panorama sobre a arquitetura do povoamento quilombola kalunga, espera-se ter sido mostrada uma nova perspectiva acerca das diferentes tipologias habitacionais adequadas para se viver. Ao observar as caracteríísticas da casa kalunga, em seus retratos de cultura, eí de faí cil apreensaõ o, para os olhos da comunidade acadeê mica, os marcantes contrastes entre o modo de se morar de uma comunidade tradicional com relaçaõ o aà uma comunidade urbana.

A forma como estamos acostumados a lidar com o estudo de arquitetura e de urbanismo de comunidades tradicionais deve ser repensado. O olhar de superioridade para com uma arquitetura antes considerada “primitiva” deve ser superado para que se possa apreender as verdadeiras liçoõ es sobre como se fazer e se pensar arquitetura em comunidades tradicionais tem a nos ensinar, e muito. Haí uma seí rie de fatores, tal qual a questaõ o da sustentabilidade, que estaõ o sendo abordados apenas recentemente pela grande produçaõ o de arquitetura urbana enquanto comunidades tradicionais, como a proí pria Kalunga, jaí o praticavam haí , literalmente, mais de seí culos.

Com o contato mais intenso entre a comunidade Kalunga e o restante da sociedade brasileira e com os novos projetos governamentais, as intervençoõ es nas comunidades compreendidas pelo territoí rio kalunga viraram uma constante crescente. Assim como em qualquer discussaõ o sobre patrimoê nio seja a preservaçaõ o, restauro, ou intervençoõ es, eí de consenso que o objeto seja estudado e analisado de maneira aprofundada antes de qualquer possíível intervençaõ o na obra. O patrimoê nio histoí rico brasileiro deve sempre ser tratado com todo o cuidado e apreço que ele merece.

EÉ atraveí s das comunidades tradicionais e de sua arquitetura que podemos conhecer melhor a histoí ria do nosso paíís e entender diversas questoõ es sociais que pairam ainda hoje no nosso cotidiano. EÉ naõ o apenas uma anaí lise do passado, para melhor compreender o presente, mas tambeí m uma forma de valorizar essa sabedoria ancestral passada de geraçaõ o a geraçaõ o que se mostra nova para quem estaí acostumado com um contexto contemporaê neo urbano, freneí tico e aprisionador.

EÉ , portanto, imprescindíível que se prossiga com o estudo de comunidades tradicionais brasileiras e se avance cada vez mais longe em direçaõ o aà valorizaçaõ o dos nossos tesouros histoí ricos que tem estado hoje esquecidos.

9

BIBLIOGRAFIA BARRETO, Joê natas Nunes.(2008). Implantação de infraestrutura habitacional em comunidades tradicionais: o caso comunidade quilombola Kalunga.

Dissertaçaõ o de Mestrado FAU-UnB. PEREIRA, Bruno Magnum e ALMEIDA, Maria Geralda. O quintal kalunga como lugar e espaço de saberes. Dissertaçaõ o de mestrado Geografia – UFG. OLIVEIRA, Maria Custoí dia Wolney de. Memória e identidade quilombola em tempos de modernidade: o caso da comunidade Kalunga, no estado de Goiás.

ALMEIDA, Veroê nica Lima da Fonseca. Gênero e Sustentabilidade no Cerrado Goiano. Dissertaçaõ o de Mestrado, UnB, 2010.

CAÂ NTIA, Aline e BOLONI, Leonardo. Projeto Brasil Quilombola.

FILHO, Nestor Goulart Reis. Quadro da Arquitetura no Brasil. Saõ o Paulo, Perspectiva, 2011.

LEMOS, Carlos A. C. Cozinhas, etc. Saõ o Paulo, Perspectiva, 1976.

WEIMER, Guü nter. Arquitetura popular brasileira. Saõ o Paulo, Martins Fontes, 2005 LIFSCHITZ, Javier Alejandro. Comunidades tradicionais e neocomunidades. Rio de Janeiro, Contra Capa, 2011.

FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mucambos. Saõ o Paulo, Global, 2006 HOLANDA, Seí rgio Buarque de. Raízes do Brasil. Saõ o Paulo, Compania das Letras, 2014.

ALMEIDA, Jaime Gonçalves de. Paranoaí , vol.7. UnB, 2005. https://youtu.be/Lok19yzcvZ0 https://youtu.be/yiHXdoY6XNY https://youtu.be/riuQJ2JYdhI https://youtu.be/EkuyYloDyJc https://youtu.be/Tc4iRfFcZKM http://www.encontrodeculturas.com.br/encontroteca/grupo/comunidadedo-sitio-historico-kalunga#.VT_b-5TF8wh

10

http://www.labcom.ubi.pt/files/agoranet/04/cantia-aline-boloni-leonardoquilombo-kalunga.pdf http://quilombokalunga.org.br/ http://www.casatemporadachapada.com.br/cavalcante/9-cavalcante/5historia-do-povo-kalunga http://www.brasiloeste.com.br/2004/05/kalunga/ https://www.odonto.ufg.br/n/45140-trabalhos-academicos-sobre-acomunidade-kalunga https://www.odonto.ufg.br/up/133/o/Congresso_Carcaterizacao_Kalunga.p df http://www.goias.gov.br/paginas/conheca-goias/povo-goiano/quilombolas http://periodicos.est.edu.br/index.php/identidade/article/viewFile/2272/2 167 http://www.dm.com.br/opiniao/2015/04/kalunga-origens-e-significadosfinal.html

11