EMBANEWS Nº 371 - Fevereiro 2021

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COMPETITIVIDADE

DESIGN DE EMBALAGEM E A INDÚSTRIA 4.0 A INDÚSTRIA 4.0 ESTÁ MAIS PRÓXIMA DO DESIGN, ENTENDIDO DE FORMA AMPLA, DO QUE SE IMAGINA

O

comportamento das pessoas nas organizações parece ser, muitas vezes, compar timentalizado. Cada um se posiciona como que entrincheirado, defendendo posições nem sempre sustentáveis frente às incertezas e turbulências que compõem o cotidiano do mundo das embalagens. Embalagem é muito mais do que um simples material. É um sistema complexo que requer dos gestores a capacidade de observar e entender as partes - materiais, equipamentos, pessoas, objetivos de marketing, entre outros - e o todo, composto de informações, processos inovativos quase ininterruptos, mercado aberto a novas ideias e desejos. Nesse cenário, em que adicionar valor a produtos e embalagens faz parte da busca pela competitividade e consequente sobrevivência das empresas, dois conceitos, aparentemente desconexos, precisam ser considerados: design de embalagem e Indústria 4.0 ou Manufatura Avançada. Entendo o Design de Embalagem de forma ampla, sistêmica. Focar apenas um ou outro aspecto como a forma ou uma determinada cor não me parece correto. Gosto demais do Design Thinking. É holístico! Por esse motivo me apoio nele nas aulas das disciplinas Projeto de Produto (na graduação) e Projeto de Embalagem (na pós-graduação) para identificar desejos dos consumidores. Atividades como traçar o perfil da Persona, simular a Jornada do Usuário, desenhar o Mapa Conceitual, entre outras, abrem a mente para infinitas possibilidades de embalagens. 34

O sucesso do uso do Design Thinking está diretamente relacionado à colaboração entre empresas e pessoas, decorrente da conectividade entre elas que é possível graças aos recursos tecnológicos existentes. Por exemplo, sabe-se que a exposição das pessoas nas redes sociais, aliada ao uso intenso dos celulares, fornecem dados para eventual análise nas plataformas. Ter competência e ética para usar esse manancial de informações pode gerar vantagem competitiva para empresas. Inicia-se aí uma pequena viagem pelo mundo das tecnologias habilitadoras da Indústria 4.0 que podem ser úteis, mesmo numa abordagem simples do Design como a aqui adotada. A Internet das Coisas (IoT – Internet of Things), a primeira delas, permite a transmissão dos dados coletados em equipamentos, instalações e pessoas por sensores corretamente instalados para uma plataforma (leia-se Sistema Ciber-físico) onde serão consolidados e analisados (Data Analytics). A partir daí será possível simular, por exemplo, a citada Jornada do Usuário, melhorias de processos ou ainda explorar oportunidades. As demais tecnologias poderão ou não ser utilizadas posteriormente. Cabe aqui um alerta: não confundir essas tecnologias habilitadoras com a Indústria 4.0 propriamente dita, definida como “um sistema ciber-físico que permite a conexão entre equipamentos, instalações e pessoas, para coletar e analisar dados e alicerçar decisões que visem adicionar valor aos produtos e operações”. Como se vê, a Indústria 4.0, ou Quarta Revolução Industrial, está mais próxima do Design, entendido de forma ampla, do que se imagina.

Não é tão difícil entender isso! Pode parecer assustador aos neófitos, mas essa proximidade não é hostil como pode se afigurar ao primeiro olhar. É uma jornada, é essencial e fundamental dar o primeiro passo e, como preparativo, sugiro dois livros: A Quarta Revolução Industrial, de Klaus Schwab, e 21 Lições para o Século 21, de Yuval Harari. Um documento que também merece ser lido é o Plano de Manufatura Avançada (https://antigo.mctic.gov.br/mctic/ export/sites/institucional/tecnologia/ tecnologias_convergentes/arquivos/ Cartilha-Plano-de-CTI_WEB.pdf), publicado em 2017. Uma pergunta sempre formulada quando se discute esse assunto: por que começar essa jornada? Duas respostas: a) porque o futuro das organizações requer conhecimento minucioso das cadeias produtivas e de cada um dos atores, e quem não se preparar poderá não sobreviver por muito tempo; e b) porque as pessoas estão cada vez mais expostas a uma incontável quantidade de informações e querem soluções customizadas. Será desastroso não começar!!!! É preciso entender que não existem soluções mágicas. É uma transformação cultural. Utilizar esses conceitos no Design de embalagens por certo encantará os consumidores e adicionará ainda mais valor a elas.

ANTONIO CABRAL

Coordenador dos Cursos de Pós-Graduação em Engenharia de Embalagem e em Indústria 4.0 do Centro Universitário do Instituto Mauá de Tecnologia (CEUN/IMT) acdcabral@gmail.com

FEVEREIRO 2021

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