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Dezembro de 2014

Sênior

Ciência

Tatuagens são realmente seguras?

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mplamente popularizadas, as tatuagens ou desenhos corporais tem conquistado a preferência da juventude do mundo todo. Aqui entre nós não é diferente, mesmo entre os não tão jovens assim. A tatuagem tem encontrado expressões cada vez mais complexas e belas, e conseguem conferir um caráter diverso para os apaixonados. Quer por questões plásticas, quer por manifestações apaixonadas, elas hoje são muito mais do que uma moda passageira. Vieram para ficar. Para a confecção destes desenhos corporais, substâncias químicas são utilizadas e nem sempre, com estudos detalhados sobre as consequências que poderão eventualmente afetar o portador da tatuagem. Já existem estudos em vários países sobre o uso destas substâncias. Em matéria recente, publicada pela Deutsche Welle, empresa alemã de radiodifusão, em seu portal on-line (www.dw.de) , algumas questões foram levantadas, tais como: “quem gostaria de injetar alguns gramas de verniz de carro sob a pele? Ou um pouco de fuligem resultante da combustão de petróleo ou alcatrão?” Provavelmente ninguém. Mas isso é o que recebem todos os que se deixam tatuar, afirma a reportagem. “Os pigmentos para tatuagens contrastantes e de longa duração foram desenvolvidas para cartuchos de impressora e tintas de automóveis”, revelou o professor do Departamento de Dermatologia da Universidade de Regensburg , Wolfgang Bäumler, em entrevista à DW. Acima de tudo, as tintas de tatuagem não foram desenvolvidas para estar sob a pele. Grandes empresas químicas fabricam toneladas de pigmentos coloridos, principalmente para fins industriais; empresas pequenas os compram e transformam em produtos para tatuagem. “As substâncias nunca foram testadas para aplicação subcutânea”, disse à DW Peter Laux, do Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos (BfR) em Berlim. “A própria grande indústria diz que, na verdade, os pigmentos não são feitos para isso.” Da pele para o organismo inteiro Wolfgang Bäumler acrescenta que as

tintas de tatuagem precisam ser “brutalmente insolúveis em água”. Isso já torna a prática perigosa, pois o corpo não tem como se livrar facilmente delas. De acordo com um recente estudo americano, apenas dois terços dos produtos utilizados nas tatuagens permanece sob a pele: o restante se espalha pelo corpo. “As substâncias vão para o sangue, para os nódulos linfáticos, os órgãos, e vão parar em algum lugar. Onde, exatamente, não se tem ideia”, relata o dermatologista. Arco-íris de produtos químicos Os

produtos quí-

micos para as cores vermelho, laranja e amarelos são compostos azólicos – substâncias orgânicas com uma má reputação, que costumam desencadear alergias. Algumas delas, como o Pigment Red 22, podem se decompor, se a tatuagem for exposta á luz solar, diz Bäumler. Os compostos resultantes são tóxicos e cancerígenos.

Compostos chamados ftalocianinas, que resultam em azul e verde brilhante, geralmente contêm cobre e níquel. Também nos pigmentos marrons com óxidos de ferro, muitas vezes há presença de níquel. O metal provoca alergias de contato em muitas pessoas e é proibido em cosméticos. Nos produtos para tatuagens, contudo, ele continua sendo frequente. Tatuagens pretas, por sua vez, são feitas com derivados de um material chamado Carbon Black. Ele nada mais é do que fuligem industrial, produzida quando a indústria química queima petróleo, alcatrão ou borracha. Impurezas cancerígenas No entanto os especialistas salientam que não só as cores são perigosas. “Além dos elementos corantes, produtos para tatuagem podem também conter outras substâncias, como solventes, espessantes, conservantes e diversas impurezas”, adverte o BfR. De acordo com Peter Laux, impurezas são a regra, não a exceção. “Os departamentos regionais de diagnóstico se queixam regularmente sobre a qualidade química das substâncias para tatuagem que eles controlam.” Entre essas impurezas, os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos são particularmente perigosos. Formados durante as combustões incompletas, também na produção de fuligem, muitos são comprovadamente cancerígenos. Nas tintas pretas para tatuagem, estão muitas vezes presentes em concentrações acima do limite recomendado. “Consta que os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos se desprendem continuamente durante o processo de tatuagem e se espalham pelo corpo. Os níveis medidos são um risco sério à saúde e segurança dos consumidores”, adverte o BfR. Laux acrescenta que “também há no mercado substâncias para tatuagens que cumprem os requisitos”. No entanto, é difícil para o consumidor definir qual substância é boa e qual não, enfatizou a reportagem. .......................................................... Fonte: Deutsche Welle (www.dw.de)

Sênior Ano V - Número 1 - Santa Catarina - Dezembro de 2014

Balneário Camboriú em ritmo de festa

Ciência: Tatuagens são realmente seguras? Página 16

Crônica de Egon Hilário Musskopf: Terremotos Página 5

Talento: The Beatles A travessia de Abbey Road Páginas 8e9

Dr. Ulissses Coelho: Tempero da Vida Página 8

Música e Teatro para o final de 2014 Página 13

Balneário Camboriú inaugurou oficialmente sua programação de natal, nesse sábado (29), com a apresentação da Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa. A decoração natalina deste ano, com o tradicional Papai Noel de 15 metros está cada vez mais bonita, e encantou os moradores e turistas que estiveram na festa. Leia mais na página 3

Mobilização contra a Aids alerta para uso Velejadores se preparam para show de velocidade na estreia da classe Nacra17 de preservativo e teste rápido de HIV

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stá marcada para a próxima segunda-feira, 1º de dezembro, uma mobilização estadual contra a Aids, doença que atingiu mais de 33,5 em cada 100 mil pessoas em Santa Catarina, só em 2013. A data foi instituída pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1988 . Leia mais na Página 4

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classe Nacra 17 não poderia ter um cenário melhor para fazer sua estreia Olímpica. Velozes e espetaculares, os catamarãs com tripulação mista parecem ter sido projetados sob medida para o Rio de Janeiro. Rio 2016 Leia mais na Página 7


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Sênior

Sênior

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Handebol

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Prosa & Verso

Meu pai era meu pai por nunca ser outra coisa. Como oval era a mesa, também era oval o respaldo das cadeiras, e como tudo, tínhamos o mesmo lobo nas orelhas. Mesmo o armário transparente trazia os mesmos pingentes. Trazia também finas louças harmoniosamente presas em seu ventre.

Editorial

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Jornal Sênior deixou No próximo ano publicaremos o de circular, sua versão Jornal Sênior trimestralmente. impressa, em março de Manteremos o site com suas notí2013 quando os estragos deixados cias diárias e estamos em fase de no município, pelas chuvas, eram finalização de aplicativo que possinotícia. Foi uma época de grandes bilitará a leitura de notícias no cemudanças para nós. lular (nos sistemas Windows PhoDeixamos um pouco de lado a ne, IOs e Android). versão impressa para nos dedicarAinda para os próximos meses, mos à construção de nosso portal o portal contará com uma nova sede notícias diárias. ção, o Sênior+. Nela serão publiO portal tem um foco um pouco cados semanalmente artigos, matédiferenciado, pois divulga notícias rias, reportagens específicas para o nacionais, internacionais, da ecopúblico da maturidade, com temas nomia e da tecnologia, do dia a dia já encontrade nosso país, dos na verestado e munidivulga notícias são imprescípio. A ênfase sa, mas com está nos even- nacionais, internaciopossibilidatos que afetam nais, da economia e da des de coma todos, quer na plementos política, na eco- tecnologia, do dia a dia com vídeo e nomia, na saúde nosso país, estado e áudio, bem de, educação ou como hyperna ciência. Esta município. links. Com é a nossa visão. isto a expePreferimos mais o coletivo do que riência de leitura do Jornal Sênior o individual, pois continuamos será bem mais completa, principalacreditando que nossa vocação mente nos temas que necessitam seja o de transmitir as ideias, os de visões complementares. conceitos, o comportamento que Este é o nosso compromisso para beneficiará a todos. o ano de 2015. Queremos agradeAssim, não fazemos críticas, cer a colaboração que sempre enmas gostamos de mostrar o que contramos em nossos cronistas, está ocorrendo, de uma forma isencom nossos leitores e para isto sota. Acreditamos ser este o principal licitamos que sugestões de pauta papel social de nosso jornal. Ao sejam a nós enviadas pelo e-mail reeditarmos a visão impressa queredacao@jornalsenior.com.br ou remos contribuir com a sociedade, diretamente no nosso portal em divulgando as notícias e permitin“Atendimento”. do que todas as “vozes possam ser Boas Festas e um ótimo 2015. ouvidas”.

Sênior Diretores: Ismail Ali El Assal Welligton José Sverzut

Fone: 473366-0231 8882-3322

Os moradores da casa 1 Mohamed Ali

Foto: Divulgação/PMBC/Morgana Bressiani/Assessoria de Imprensa

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Sênior Os moradores da casa 2 O pai, cromossômato, na poltrona de leitura, enredava-nos em seus caracteres, em sua cadeia de heranças. Projetava-se e reproduzia-se pela sala toda, nos móveis pesados, nos livros de capa de linho. A úbere mãe derramava-se sobre a mesa. Eram também os umbrais, e às vezes víamos que éramos as cadeiras, o próprio assento dos pais.

Os moradores da casa 3 Na residência das porcelanas, Uma parede transparente tornava visíveis os delicados ornatos, e avisava aos transeuntes sua fragilidade... Eram inevitavelmente objetos, de inextricável interioridade...

A equipe de handebol da Fundação Municipal de Esportes de Balneário Camboriú (FMEBC), conquistou o bicampeonato na disputa pelos 54º Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC) no último dia 25 (novembro). A equipe de Balneário Camboriú marcou 33 gols contra o time de Itajaí, que marcou 24 pontos, ficando com o título da competição nesta modalidade, pelo segundo ano consecutivo. O time de Blumenau ficou com o terceiro lugar (bronze).

Brilhos de Natal 2014 Foto: Divulgação/Assessoria de Comunicação/PMBC/Celso Peixoto

Com o tempo quebraram-se, quase todas,

e fora muito difícil substituí-las, pois apesar de virtual semelhança, as novas peças não eram as mesmas. Mas tal dubiedade fora aceita, inclusive por amigos próximos como se desse modo não lhes houvessem roturas.

Mohamed Ali El Assal nasceu em Rio Negro em novembro de 1957 e faleceu em Curitiba em janeiro de 1987. Cursou Comunicação Visual na Universidade Federal do Paraná e Arquitetura na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Foi pintor, desenhista, gravador, escultor, designer gráfico, cenógrafo e poeta. Dentre suas exposições destacam-se: 1976 - Galeria Acaiaca (Curitiba/PR); 1977 - Galeria Acaiaca (Curitiba/PR), Projeto Arte Paisagem (Curitiba/PR); 1980 - II Mostra de Desenho Brasileiro (Curitiba/PR), XI Encontro de Arte Moderna, 15 Desenhistas do Paraná (Museu de Arte de Santa Catarina, Florianópolis/SC); 1986 - Galeria Banestado (Curitiba/PR), Arte Pela Paz (Teatro Guaíra. Curitiba/PR), Tradição/Contradição (Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba/PR), 6 Pintores Contemporâneos do Paraná (Pinacoteca do Estado, São Paulo/SP).

Culinária Salada de Verão

Foto: Reprodução

Molho: 1 colher de sopa de mostarda 3 colheres de sopa de azeite de oliva 1 colher de sopa de mel 2 colheres de sopa de vinho branco Sal e pimenta do reino a gosto Modo de preparo: Cortar o frango em filés grossos. Tempera-se com o suco de um limão, sal e pimenta. Deixar marinar por, aproximadamente, 15 minutos. Lava-se as folhas e os tomates e os deixa escorrer. Espeta-se o pimentão em um garfo, assando-o em fogo baixo, até a pele queimar. Em seguida, retira-se a pele em água corrente. Rala-se a cenoura. Deixe tudo reservado.

A Orquestra Sinfônica Cidade Ponta Grossa apresentou-se no dia 29 de novembro, na Programação Cultural da Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú, na abertura do “Brilhos de Natal de 2014”. Atraindo grande público, a Orquestra, regida por Jorge Schaeffer, conquistou a simpatia de turistas e moradores de nossa cidade.

Nem todas as ideias aqui expostas representam o pensamento de Sênior. Expor ideias divergentes é a base do diálogo democrático. Portanto, se não assumirmos a responsabilidade pelas ideias, assumimos a total responsabilidade pela oportunidade que aqui damos à sua divulgação. Uma publicação de: Assal & Sverzut Ltda.

CNPJ: 09.236.891/0001-54 http:\\www.jornalsenior.com.br - E-Mail: redacao@jornalsenior.com.br

Esta receita, de autoria de Joana de Lima, tem todas as características de sua criadora. Alegre, colorida, leve, como tem de ser neste verão. Fácil de fazer, com ingredientes do dia a dia, a receita fará sucesso em qualquer mesa. Ingredientes: Salada: 1 peito de frango

1 1/2 limão Folhas de alface de vários tipos Folhas de rúcula Tomates cereja 1 cenoura 1 pimentão (amarelo ou vermelho) Sal e pimenta do reino a gosto

Misturar os ingredientes do molho. Grelha-se os filés de frango, cortando-os em tiras de 1 cm, aproximadamente. Acomodar todos os ingredientes juntos em um prato grande, deixando as tiras de frango por cima. Regar com o molho e servir imediatamente.


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Patrimônio Imaterial

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Roda de capoeira recebe título de Patrimônio Cultural da Humanidade

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ança, luta, símbolo de resistência e uma das manifestações culturais mais conhecidas no Brasil, a roda de capoeira recebeu no dia 26 de novembro o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Após votação durante a 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial, em Paris, a roda de capoeira ganhou oficialmente o título. A presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado, presente na sessão do comitê, explicou que as políticas de patrimônio imaterial não existem apenas para conferir títulos, mas para que os governos assumam compromissos de preservação de seus bens culturais, materiais e imateriais. “O reconhecimento representa um tributo à capoeira como manifestação cultural importante que durante séculos foi criminalizada, além de dar visibilidade internacional. Além disso, reconhece que o Brasil tem políticas públicas para cuidar do seu patrimônio cultural”, disse Jurema em entrevista à reportagem. Segundo ela, um bem registrado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade garante mais respaldo ao governo para apoiar, com recursos públicos, iniciativas de preservação do bem cultu-

ral, com o incentivo à transmissão do conhecimento e a formas de organização dos capoeiristas. A roda de capoeira é reconhecida como patrimônio cultural pelo Iphan

ses. “O reconhecimento da roda de capoeira pela Unesco é uma conquista muito importante para a cultura brasileira. A capoeira tem ra-

Segundo o Ministério da Cultura, o Iphan deu apoio aos capoeiristas para fazer amplo inventário dos grandes grupos de capoeira e mestres no Brasil e ajudouFoto: Agência Brasil

O reconhecimento representa um tributo à capoeira como manifestação cultural desde 2008. No dossiê de candidatura, o Iphan enumerou uma série de ações para difundir a modalidade e propõe medidas de salvaguarda orçadas em mais de R$ 2 milhões, como a produção de catálogos e encontros. O documento destacou que o registro vai favorecer a consciência sobre o legado da cultura africana no Brasil e o papel da capoeira no combate ao racismo e à discriminação. O dossiê lembra que a prática chegou a ser considerada crime e foi proibida durante um período da história. Hoje, a capoeira é praticada em muitos paí-

ízes africanas que devem ser cada vez mais valorizadas por nós. Agora, é um patrimônio a ser mais conhecido e praticado em todo o mundo”, destacou, em nota, a ministra interina da Cultura, Ana Cristina Wanzeler. Além da presidente do Iphan, a diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial (DPI-Iphan), Célia Corsino, diplomatas da Delegação do Brasil junto à Unesco e capoeiristas brasileiros também acompanharam a votação, entre eles os mestres Cobra Mansa, Pirta, Peter, Paulão Kikongo, Sabiá e Mestra Janja.

os a instalar comitês estaduais distribuídos pelo país. Neles, capoeiristas podem formular reivindicações e compromissos relacionados à salvaguarda e à promoção dessa manifestação cultural. Com o título, a prática cultural afro-brasileira reúne-se agora ao Samba de Roda do Recôncavo Baiano (BA), à Arte Kusiwa- Pintura Corporal (AP), ao Frevo (PE) e ao Círio de Nazaré (PA), também reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. ........................................ Fonte: Agência Brasil

Origens Os primeiros registros históricos da capoeira no Brasil datam do final do século XVIII e inicio do XIX. Remanescente de antigas práticas tribais no sul da África, na atual Angola, a capoeira era praticada entre povos pastores daquela região, comumente, para comemorar a iniciação das jovens à vida adulta em uma cerimônia chamada n’golo (que significa “zebra” na língua quimbunda). Nela [a cerimônia] os homens praticavam um tipo de luta animada pelo som dos atabaques. Os vencedores tinham o direito de escolher, sem ter de pagar o dote, uma noiva entre as jovens que estavam sendo iniciadas à vida adulta. Mais tarde, a antiga tradição foi trazida para cá com a vinda dos escravos. Segundo alguns relatos, sem armas ou outros artifícios, a capoeira mostrou-se eficaz nas contendas frequentes entre os escravos e os capitães do mato (empregados para capturá-los) e com a polícia, quando de suas fugas. Capoeira deriva do termo tupi kapu’era, que significa “o que foi mata”, através da junção dos termos ka’a (“mata”) e pûera (“que foi”) . Refere-se às áreas de mata rasteira do interior do Brasil onde era praticada agricultura indígena. Capoeiristas fugitivos da escravidão e desconhecedores do ambiente ao seu redor frequentemente usavam a vegetação rasteira para se esconderem da perseguição dos capitães do mato.

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Balneário Camboriú

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Brilhos de Natal aberto oficialmente em Balneário Camboriú

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esde a noite do sábado (29) e até o dia 6 de janeiro, a comunidade de Balneário Camboriú e turistas poderão se encantar com o projeto Brilhos de Natal 2014. Aberto oficialmente pelo prefeito Edson Renato Dias (Piriquito) e pelas secretarias realizadoras - do Turismo e Desenvolvimento Econômico (Sectur), Centro de Treinamento Comunitário(CTC/ Inclusão), de Obras e a responsável pelas apresentações culturais - Fundação Cultural de Balneário Camboriú, o Brilhos de Natal terá, além da Vila do Noel, muita música natalina, a iluminação de toda a extensão da Avenida Atlântica que terá mais de 500 árvores e acima de 90 palmeiras reais iluminadas, e os principais pontos turísticos públicos também enfeitados para o Natal. O evento contou com o acendimento das luzes pelo prefeito Edson Renato Dias , que na solenidade de abertura, destacou o grande esforço das entidades municipais que promoveram e realizaram o Brilhos de Natal. Agradeceu ao secretário de Turismo Ademar Schneider, que coordenou as secretarias, à diretora do CTC, Angelina Schneider que mobilizou mães e funcionários até durante a madrugada para reaproveitar materiais e transformá-los em peças natalinas de grande beleza; ao secretário de Obras, Elizeu Pereira, que com sua equipe, reconstruiu o Papai Noel Gigante o o transportou à Tamandaré, assim como outros grandes trabalhos, e ainda ao superintendente da Fundação Cultural, Anderson Beluzzo, responsável pela parte das apresentações culturais do evento. O prefeito Edson Renato Dias disse que há seis

anos procura dar o brilho verdadeiro do Natal às famílias. “Natal é tempo de renovação, e que ela toque nossos lares, nossas vidas, e nos ajude a viver sem rancor. Que esse momento do nascimento do Menino Jesus venha se estabelecer e se efetivar em nossas famílias. Que a gente alcance os nossos sonhos e nos ajude a realizá-los. Precisamos ter ânimo no mundo atual que vivemos. Que Deus abençoe a todos e que tenhamos um Natal abençoado”, disse o prefeito, lembrando que a decoração ainda não foi finalizada, mas que nos próximos dias o Brilhos de Natal ficará ainda mais bonito. Edson Renato Dias também agradeceu ao maestro da Orquestra Sinfônica Cidade Ponta Grossa, Jorge Schaeffer, a vinda à cidade e a apresentação no Brilhos de Natal. O grupo veio por meio da FCBC e deixou a abertura do Natal ainda mais bonita. O espetáculo foi muito aplaudido pelo público, a maioria de casais e famílias que foram conhecer o projeto. O grupo de jovens instrumentistas tocou clássicos do Natal e também músicas religiosas, como ‘’Jesus Alegria dos Homens’’, que como as outras canções, fez os mais sensíveis se emocionarem, como a moradora Denise Pascoalinato, que estava na Vila do Noel com o marido. Ela, que veio do Paraná há 3 anos e decidiu morar na cidade pela beleza do município, disse que se sensibilizou em vários momentos. “Principalmente, quando acenderam as luzes, eu chorei”, revelou. Denise gostou de cada detalhe da decoração da praça e procurou tirar fotos em todos eles. “Cada decoração nos remete ao encantamento do Natal”, complementou Denise. Este foi um comporta-

mento generalizado pois os flashes de câmeras fotográficas e de celulares não pararam durante toda o evento. A turista do Rio de Janeiro Nádia de Souza Nóbrega, que está passando quatro dias na cidade, estava “extasiada” com os brilhos, as cores, as luzes e a criatividade da 6ª edição do Brilhos de Natal. “Tudo aqui é bonito, principalmente a educação das pessoas, tudo é bem organizado e os motoristas param na faixa de pedestres para a passagem das pessoas. Isso não se vê no Rio de Janeiro”, declarou Nádia que se encantou com o Papai Noel Gigante. Os locais preferidos para as fotos do público foram em frente ao Noel de 15 metros, na Bota gigante, no poço encantado, na fonte luminosa, em frente ao presépio onde o Jesus Menino chamou a atenção das crianças, no Boneco de Neve tamanho família, na roda gigante encantada e também na base da Árvore de Natal gigante. Rosa Barbosa, turista de São José dos Pinhais, analisou a beleza do Brilhos: “Nesta época a cidade fica maravilhosa. A iluminação ficou muito linda. De mesma opinião, seu marido Salim disse que as luzes valorizam a Atlântica sobremaneira. “A cidade em si já é bonita, imagine como ficou com as luzes”, exclamou. Já o ex-morador do Paraná, Michel Brito, que também escolheu Balneário Camboriú para viver, salientou que o Brilhos de Natal proporcionou um momento mágico, que ele presencia há cinco anos. “As famílias vem para a praça e se unem, se confraternizam, tiram fotos sorrindo, as pessoas se encantam e tudo me faz lembrar a minha infância e só isso, faz valer a pena”, disse Michel visivelmente feliz. O Projeto Brilhos de Na-

Fotos: Divulgação/PMBC/Assessoria de Comunicação/Celso Peixoto

tal, que está prestes a ser complementado com outras decorações pela cidade, ainda terá “nichos” decorados em frente à Prefeitura, na grande árvore da Avenida Martin Luther, na Praça Fonte das Sereias, e em alguns locais que ainda são surpresa. A Barra Sul ganhou iluminação especial e complementando cores, brilhos e luzes estará a programação cultural, que acontece até 23 de dezembro, no palco da Praça Tamandaré.

Serão duas horas diárias de canções apresentadas por corais, grupos vocais, instrumentais, quartetos, terno de reis, tenores, coro e banda, que trarão o clima natalino para a cidade. “A Programação Cultural valoriza o momento natalino, propiciando a confraternização das famílias em Balneário Camboriú”, destaca o presidente da Fundação Cultural de Balneário Camboriú (FCBC), Anderson Beluzzo.


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Saúde

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Mobilização contra a Aids alerta para uso de preservativo e teste rápido de HIV

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stá marcada para a próxima segunda-feira, 1º de dezembro, uma mobilização estadual contra a Aids, doença que atingiu mais de 33,5 em cada 100 mil pessoas em Santa Catarina, só em 2013. Para importância do uso de preservativo e do teste rápido contra a doença, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) e os municípios catarinenses unem-se para lembrar o Dia Mundial de Luta Contra a Aids. A data foi instituída pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1988 para conscientizar a todos sobre a pandemia de Aids no mundo e estimular o debate sobre a prevenção e tratamento. O ano de 2014 marca os 30 anos da luta contra a doença em SC. “É um momento para se refletir sobre avanços e desafios na prevenção, diagnóstico e tratamento, promovendo ações intergovernamentais em conjunto com toda a sociedade a fim de alterar o curso da epidemia”, pondera o diretor da Dive/SC, Eduardo Macário. Durante a mobilização serão realizadas ações para informar a população sobre a doença e o diagnóstico do HIV com o teste rápido. “Além da prevenção, com o uso de preservativo, o diagnóstico precoce também é importante para conter o avanço da doença. Quanto mais cedo for descoberta a infecção, maior qualidade de vida terá o paciente e menor será o risco de transmissão”, afirma Macário. Santa Catarina é o segundo Estado do país com a maior taxa de novos casos de Aids: foram 33,5 novos casos por cem mil habitantes em 2013. Fica atrás do Rio Grande do Sul. Dos 20 municípios do país com mais de 50 mil habitantes e com maiores taxas de detecção em 2013, oito são catarinenses: Itajaí, Balneário Camboriú, Rio do Sul, Camboriú, Biguaçu, São José, Florianópolis e Criciúma. O Estado também tem a quarta maior taxa de óbitos pela doença no

Brasil, sendo registradas 7,8 mortes a cada cem mil habitantes. O primeiro estado brasileiro em número de mortes é o Rio Grande do Sul, seguido pelo Rio de Janeiro e pelo Pará. Em SC, cerca de 20 mil pessoas vivem com HIV/AIDS e estão em tratamen to. De ja-

neiro a outubro de 2014, cerca de três mil iniciaram o tratamento. A Dive chama atenção para o aumento na proporção de infecção entre jovens de 15 a 24 anos. Em 2010, foram detectados 166 novos casos. Em 2013, 247 pessoas foram diagnosticadas com a doença, a maior i a (64%) homens. “Isto demonstra a necessidade de se reforçar as estratégias de prevenção nesta faixa etária, especialmente no uso do preservativo”, ressalta a gerente de Vigilância das DST, Aids e Hepatites Virais, Ingrid Bittencourt. De acordo com a gerente, a mobilização também tem a meta de intensificar e incentivar o uso do teste rápido

para a detecção do HIV nas unidades de saúde do Estado. Esse tipo de exame, que utiliza apenas uma gota de sangue do paciente, permite a detecção não só do HIV, mas de outras doenças, como a sífilis e hepatite dos tipos B e C. Os resultados são obtidos em menos de meia hora. Seminário Estadual O Seminário Estadual “Trinta anos da luta contra a Aids em Santa Catarina: enfrentando novos desafios e mudando a história” faz parte da programação para marcar o Dia Mundial de Luta Contra Aids. O evento será realizado no Hotel Marambaia, em Balneário Camboriú, nos dias 9 e 10 de dezembro. Durante o encontro, serão homenageados profissionais que se destacaram na luta contra a Aids no Estado. A Aids e o HIV HIV é a sigla em inglês para o

V í rus da Imunodeficiência Humana, responsável por causar a Aids. Após o contágio, a doença pode demorar até 10 anos para se manifestar. Dessa forma, a pessoa pode ser portadora do vírus sem desenvolver a doença. O HIV é encontrado no sangue, no esperma, na secreção vaginal e no leite materno das pessoas infectadas pelo vírus, e mesmo sem apresentar sintomas pode ser transmitido durante relações sexuais desprotegidas, pelo compartilhamento de seringas contaminadas ou de mãe para filho durante a gravidez e a amamentação. Ao desenvolver a Aids, o HIV começa um processo de destruição dos glóbulos brancos do organismo da

pessoa doente. Como esses glóbulos brancos fazem parte do sistema de defesa dos seres humanos, sem eles o doente fica desprotegido e várias doenças oportunistas podem aparecer. Como se pega o HIV: • Fazendo sexo vaginal, oral ou anal sem camisinha, com alguém infectado; • Compartilhando agulhas e seringas; • Da mãe para o filho, durante a gravidez, no parto ou na amamentação; • Através de transfusões de sangue contaminado pelo HIV. Daí a importância de só receber sangue testado para o HIV e outras doenças; • Outra forma menos frequente de transmissão se dá através de materiais perfurocortantes contaminados pelo - HIV, utilizados na aplicação de tatuagens, injeções, nos serviços de manicure e barbeiro (principalmente alicates, navalhas e lâminas de barbear), instrumentos odontológicos e cirúrgicos, entre outros. Como não se pega Aids? • A Aids não é transmitida em banhos de piscina, vasos sanitários, maçanetas, banco de ônibus, nem sentando ou pisando em locais quentes ou frios. Também não se pega através de abraços e apertos de mão. Como evitar a Aids? • Usando sempre camisinha em qualquer tipo de relação sexual (anal, oral ou vaginal), seja homem com homem, mulher com mulher ou mulher com homem; • Não compartilhando agulhas ou seringas; • Recebendo somente transfusão de sangue testado; • Evitando contatos com objetos perfurocortantes não esterilizados. ............................................................ Fonte: Secom/SC

Dezembro de 2014

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Cultura Música e teatro encerram programação de 2014

Crônica

É Bola? Prof. Aurélio Charão*

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otícias sobre o MH17 abatido na Ucrânia não os abateram. “Afinal, que é que esses holandeses estavam fazendo a dez mil metros de altura sobre a região conflituosa de Donetsk?” Outro avião da Malásia? “Nunca voamos nem pretendemos voar com essa gente…” Dezesseis horas de avião, mais o jet lag, também não os abateram. “Vamos descansar um pouquinho e fazer pelo menos o city tour.” Deram cinco dolares para o “boy” mas trataram de fazer valer a polpuda gorgeta. “How do you turn on the TV? Please fix the air temperature at 24...” Tomaram um banho e se espicharam na cama, tentando ouvir o repórter. “Como fala rápido esse cara! Só entendo inglês quando falado por estrangeiros…” Só notícia ruim, melhor desligar. O assunto agora é o ebola. Em inglês se diz iboula. Parece até e-bola, como e-commerce, e-mail… “Vai ver que é virus de computador, porque tudo que começa com “e-” sig-

nifica “electronic-” qualquer coisa. O problema é na África. Um americano morreu. Isso deu pra entender. “Agora chega, desliga essa droga”. Até sentiram peninha do americano, por dois segundos ou menos. Mais que um segundo, com certeza. Apesar de ser o marido o entendido de tudo, principalmente de aparelhos eletrônicos, é a mulher quem comanda o controle remoto. No afã de apagar ligeiro a droga da televisão, apertou o botão errado e aumentou o som. Justo na hora em que apareceu o rosto rechonchudo do americano, primeira vítima branca do atual surto de “i-boula váirus”. “Caraca! É ele, o cara que tava do teu lado, te ofereceu um donuts…” Vidrados no televisor, entenderam direitinho o que o repórter falou: Quem esteve em contato com esse homem deve procurar imediatamente as autoridades sanitárias. Aí sim, uma enorme pena se abateu sobre eles. ..................................... * O cronista é convidado do

Jornal Sênior

Saúde Método para detectar Alzheimer é testado com êxito no Japão

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ientistas japoneses confirmaram a eficácia de um novo método capaz de detectar a doença de Alzheimer na fase inicial, sem a necessidade de recorrer aos atuais procedimentos dolorosos. O projeto foi desenvolvido por peritos do Centro Japonês de Geriátricos e Gerontologia e uma equipe de cientistas da empresa japonesa Shimadzu, liderados pelo Prêmio Nobel de Química em 2002, Koichi Tanaka, informou a estação pública nipônica HNK. Utilizando a tecnologia que a equipe de Tanaka desenvolveu em 2013 para detectar no sangue a acumulação de proteínas beta-amiloide, uma das prováveis causas do Alzheimer, as equipes fizeram análises de sangue em mais de 60 pessoas com idade avançada.

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Os investigadores comprovaram os estudos que indicam que os doentes acumulam essa proteina no cérebro mais de dez anos antes de desenvolver os sintomas. Eles observaram que aqueles que apresentam a substância também experimentaram um aumento na quantidade do peptídeo APP669-711 no sangue. O uso prático do teste permitiria detectar o Alzheimer durante controle médico rotineiro, antes que a doença se desenvolva e sem a necessidade de recorrer aos testes atuais de Tomografia por Emissão de Positrons (PET) e coleta do líquido cefalorraquidiano, dois procedimentos complexos e dolorosos. ................................................ Fonte: Agência Brasil

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TAC 7:30, projeto semanal da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), encerra o ano com programação de música e teatro em dezembro. O mês abre com show do Floripa Jazz Combo (2/12), segue com o monólogo Hipo-

Sozinho em cena está um homem com seus conflitos, reflexões e lembranças diante do desalento da morte. Usando uma estrutura não cronológica, a peça retrata 14 transições pelas quais passa o personagem relembrando momentos de sua vida e o fim dela. Hipotermia é um espeImagem: Divulgação/FCC

Os músicos Ivan Beretta,Alex Paulista e Khristiano Oliveira

termia (9/12) e encerra com a apresentação do B.K&P. Exo III (16/12). Os espetáculos ocorrem sempre às terças-feiras, às 19h30min, no Teatro Álvaro de Carvalho (TAC) em Florianópolis. Ingressos custam R$ 10 inteira e R$ 5 meia-entrada. A programação:

táculo interpretado pelo ator Nazareno Pereira, em comemoração aos seus 30 anos de carreira, com texto de Max Reinert e direção de Júlio Maurício. O projeto de montagem foi contemplado com o Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura, promovido pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC) em 2013. Classificação: 14 anos 16 de dezembro – B.K&P. Exo III O trio formado pelos músicos Ivan Beretta (piano, teclado e vocais), Alex Paulista (bateria, percussão e vocais) e Khristiano Oliveira (baixo e vocais) apresenta o melhor da música instrumental. O repertório autoral do grupo vem acompanhado por suas marcas registradas: qualidade acústica e estilística.

2 de dezembro – Floripa Jazz Combo Recém-criado em junho de 2014, o grupo florianopolitano é formado por músicos com ampla trajetória na música instrumental. O repertório do show conta com composições próprias e de autores consagrados em ritmos como jazz, blues, samba, samba jazz, samba canção, bossa nova, choro e frevo. Fazem parte do Floripa Jazz Combo os músicos Tayrone Mandelli (flauta, sax soprano e sax barítono), Maycon de Souza (sax alto), Giann Thomasi Serviço: (sax tenor), Fidel Piñero (trompete e flugelhorn), Eduardo Palhoça FaO quê: TAC 7:30 rias (trombone), Gabriel Guimarães Quando: sempre às terças-feiras, (trombone), Lucas Moretto Marti- às 19h30min nez (guitarra), Andrey Riley (baixo) Onde: Teatro Álvaro de Carvalho e Guinho Bernardes (bateria). (TAC) - Rua Marechal Guilherme, 9 de dezembro – Hipotermia 26 - Centro - Florianópolis (SC).


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Direito

Luís Silveira da Costa

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os demais princípios igualmente consolidados pela legislação. Liberdade de expressão não significa ter o direito de se manifestar de forma inconsequente e irresponsável sobre pessoas, instituições ou ideias. Democracia também não significa fazer e dizer incondicionalmente o que se deseja. Na atual Torre de Babel em que vivemos, onde muitos falam e não se entendem, é importante que todos lembremos de pelo menos quatro atitudes que podem nos ajudar a resolver, com sabedoria, os conflitos e dilemas que geram tantas polêmicas. 1. Pensar e agir por princípios. Pensar e agir por princípios nada mais é do que se posicionar com coerência entre as ideias defendidas e as próprias atitudes. Exemplos: Se combatemos a corrupção, tal manifestação deve valer para todos; mesmo aos eventuais aliados políticos ou correligionários. Se somos contra a elevada carga tri-

butária; não poderemos mudar de intenção ao assumirmos uma função pública ou se o aumento de algum imposto nos beneficiar direta ou indiretamente. 2. Chegar a conclusões baseado no conhecimento ou ciência. Muitas pessoas praticam a liberdade de expressão como se fossem “Papagaios de Pirata”, quer dizer, simplesmente repetindo o que ouviram de alguém, sem considerar embasamentos técnicos ou fundamentos científicos. Exemplo: Defender ou rejeitar a Pena de Morte, sem buscar informações sobre as questões filosóficas, antropológicas, históricas, psicológicas, sociológicas, psiquiátricas e do Direito, dentre outras. 3. Ética. Nenhum modelo de sociedade, seja capitalista, socialista, comunista ou anarquista se sustentará sem ética. Vale lembrar que moral e ética tem significados diferentes. Exemplo: A poligamia pode ser moralmente aceita em determinadas socieda-

des, em outras não. A ética é mais abrangente que a moral e estuda os conceitos e costumes / comportamentos sociais. 4. Respeito à democracia e pluralidade de ideias para conclusões. Toda conclusão e ação será mais segura se for baseada de forma multidisciplinar (a partir de variadas pessoas com conhecimentos técnicos e experiências diferentes), ou seja, considerando diversos pontos de vista e prevalecendo a liberdade de manifestação de todos. Como visto, a liberdade de expressão não consiste em acertar e nem mesmo em errar nas opiniões. Significa a livre manifestação com respeito, lógica e legalidade. Nós podemos estar insatisfeitos quanto a determinada situação, mas jamais poderemos prejudicar a terceiros durante as nossas manifestações. Naturalmente que nem tudo o que é legal é justo ou legítimo (legítimo no sentido de ser apoiado pelos cidadãos em

Crônica

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Terremotos

Democracia e liberdade de expressão onta a história bíblica que os homens construíram a Torre de Babel com o objetivo de alcançar o céu. Nos dias de hoje, para muitos o céu corresponde ao ato de convencer alguém sobre uma ideia. Os motivos para se tentar fazer com que os “outros” sejam condicionados a pensar e agir da mesma forma podem ser: vaidade, interesses particulares, orgulho, fanatismos, ganância, crenças religiosas, posicionamentos políticos ou, de fato, sinceros valores e princípios originados pelas informações adquiridas durante a vida. Com tantos pensamentos e interesses diferentes, sobre os mais diversos temas, como saber quem tem razão? O artigo 5º da Constituição Federal essencialmente nos garante o direito a “Liberdade de Expressão”. No entanto, um artigo de lei jamais pode ser interpretado ou praticado de forma isolada porque deve ser conciliado com

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geral). Nestes casos, vale tentar influenciar junto ao Poder Legislativo para que determinada lei seja modificada. “O meu direito termina onde e quando começa o do outro”. A conhecida frase mostra que é um ledo engano imaginar que o mundo irá se moldar as nossas opiniões. Vivenciar a liberdade de expressão com espírito democrático é respeitar a vontade da maioria, sendo coerente para não correr o risco de ser hipócrita. “Faça o que eu digo e não faça o que eu faço” é outro conhecido pensamento que não merece ser praticado. A nossa atual Torre de Babel pode ser construída com respeito e diálogo entre as diferentes ideias para que o nosso novo céu seja conviver democraticamente em harmonia.

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* O cronista é advogado e jornalista, e convidado do Jornal Sênior

Egon Hilario Musskopf*

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m 1755, depois de um terremoto acontecido em Lisboa, o Rei perguntou ao seu General o que fazer diante daquela tragédia. Sabiamente, o General apenas respondeu: “- Sepultar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos.” Clareando um pouco mais, depois de um desastre só resta mesmo enterrar os mortos. Em relação às vítimas nada mais pode ser feito. Cuidar dos vivos é o que se impõe e deve ser a / prioridade. Por fim, “fechar os portos” significa prevenir-se para impedir que tais acontecimentos trágicos se repitam. Em se tratando de reações da natureza só é possível tomar medidas que reduzam os danos. A humanidade sempre conviveu com grandes tragédias. E o dia seguinte sempre obedeceu a esta recomendação do general: enterrar os mortos, cuidar dos vivos e promover “o fechamento dos portos” para poder ressurgir, renascer do pó e das cinzas. Esta lição serve para outras situações. Deixemos o coletivo, pensemos no individual. O indivíduo também é vitimado por verdadeiros abalos ao longo da sua existência. Cada um sabe da sua dor e para quem a sente, esta sempre parece ser a maior dor do mundo. Dores emocionais afetam muito mais o ser humano do que as dores físicas. A maioria dos sofrimentos físicos, com tratamentos relativamente simples, é dominada; já as dúvidas, medos, an-

gústias, ansiedades, ódio ou rancor, a vontade de perdoar e a dificuldade para fazê-lo, entre outras, são dificuldades que se apresentam para qualquer pessoa, fazendo-a sofrer. É muito

do, do qual muitos são reféns e do qual nem sempre conseguem libertar-se, é preciso deixá-lo para trás e avançar para uma nova etapa de vida. “Sepultar os mortos”, pois cultivar culpas, Foto: Reprodução/alertacatastrofes.com

Terremoto e tsunami em Lisboa, 1755

difícil lidar com estas chamadas “dores da alma”. Humildade para admitilas, bons amigos com quem se abrir, ter ombros onde chorar, extrema coragem para modificar conceitos, preconceitos, posturas e atitudes, a crença numa grandeza maior que dê sentido à existência e, muitas vezes, a ajuda profissional, são alguns caminhos a percorrer para “cuidar dos vivos”, para curar-se. Com relação ao passa-

não perdoar-se por erros cometidos, remoer mágoas ou apegar-se às lembranças que causaram dor e sofrimento impedem o reencontro da paz interior. Manter-se preso ao que já causou tanto pesar apenas consegue comprometer o presente e projetar um futuro igualmente comprometido. Ou seja, deixar de ser refém dos medos, culpas e sofrimentos. Então, o que há para ser feito em relação às “dores da alma” é

isso exatamente o que o General ensinou ao seu Rei: sepultar o que passou e cuidar do que restou. Modificar-se, melhorar-se para não repetir os mesmos erros que já causaram tanto sofri mento. Não existe vacina, imunidade ou proteção para isso. O sofrimento tem uma função regeneradora e, por mais incompreensível que pareça, temos que passar por estes períodos para avançar, evoluir, amadurecer. Entretanto, pela enésima vez, é preciso aprender a lição: “fechar os portos”. A história, que ensina tão bem como cuidar das tragédias coletivas, como o terremoto de Lisboa, o ataque às torres de Nova Iorque, o tsunami da Ásia, a destruição do Haiti, as inundações no sul do Brasil, entre outras, também oferece a mesma lição para tratar dos abalos particulares com os quais convivemos e pelos quais sofremos todos os dias. O que são, afinal, as grandes tragédias da humanidade que não a soma dos nossos pequenos sofrimentos, servidos em doses homeopáticas para que possamos suportá-las e não sucumbir diante delas? ...............................................

* Egon Hilario Musskopf é jornalista, empresário no ramo gráfico e professor de artes gráficas. O texto aqui reproduzido integra o livro “Pois teu é o poder”, Novo Hamburgo: Echo 2010. O autor é convidado do Jornal Sênior


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Tecnologia

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Tendências da tecnologia para 2015

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Livros

Um hotel na esquina do tempo

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ano de 2014 foi bem generoso no lançamento de gadgets (equipamentos que tem um propósito e uma função específica, prática e útil no cotidiano) celulares, tablets, câmeras, relógios e óculos inteligentes entre outros. Mas para o próximo ano as previsões não indicam uma repetição deste ano em todos os segmentos. Grandes fabricantes estão revendo suas estratégias para 2015 alegando que a competição neste mercado está cada vez mais acirrada, além de ter de enfrentar a crescente indústria chinesa, com produtos mais baratos e ganhando mercado nos países emergentes. Um exemplo deste comportamento é a Samsung, líder mundial em smartphones, que lançou mundialmente 56 modelos de celular em 2014. Para o próximo ano pretende reduzir o número de lançamentos em 30%. A Sony, HTC e Motorola também pretendem segurar o número de modelos novos. A Samsung focará em unidades mais baratas, para competir com modelos chineses da Huawei, Lenovo e Xiaomi.

Foto: Divulgação/Google

O Glass, óculos inteligentes do Google, não vive um bom momento. Segundo um levantamento, 9 de 16 dos principais programadores de aplicativos voltados para os óculos inteligentes desistiram dos programas em que trabalhavam desde que o aparelho foi lançado para desenvolvedores em 2012. Em um evento realizado em novembro, o executivo e cofundador da empresa Sergey Brin compareceu sem estar com um Glass, fato inédito desde que o anúncio do produto foi feito, há dois anos. Nesse ano vários modelos de relógios inteligentes foram produzidos, principalmente pelas empresas Samsung, Motorola e Sony. Este ainda é um mercado em formação, mas promete bons retornos às empresas.No entanto, a principal aposta de lançamento ainda não está disponível. A Apple anunciou seu Apple Watch em 2014, mas estará no mercado somente no próximo ano. No segmento de tablets o mercado continua em expansão, com vários produtos , comportamento este que será mantido para a próxima temporada. Uma surpresa para nós brasileiros

é a informação que a GoPro, famosa empresa de câmeras de ação de alta resolução, passarão a ser fabricadas aqui no país. Assim a empresa conseguiu uma redução significativa no preço dos

O ano de 2015 será importante para vários segmentos do mercado de tecnologia e as empresas estão se ajustando às novas condições mercadológicas. Resta-nos aguardar o que acontecerá Foto: Divulgação/GoPro

942 - 2ª Guerra Mundial, Seattle - Estados Unidos. Henry, um menino chinês, sofre com a discriminação racial. “Sou chinês”, um button que o pai o obriga a usar, para protegê-lo, nem sempre cumpre seu papel. Não há como disfarçar seus traços, confundidos sempre com as feições dos japoneses. Naquele período a China é aliada dos Estados Unidos, no entanto, é um momento delicado da história americana, e a comunidade, quase sempre racista, cobrará aos “inimigos” a sua quota de intolerância. Para a proteção e soberania dos EUA, campos de concentração foram criados no território americano e os cidadãos japoneses e descendentes, ali confinados. 1986, Seattle - Estados Unidos. O mundo mudou, outras guerras ocorreram, o tempo passou e Henry vive com o filho Marty, após a morte da esposa Ethel. Entre as duas épocas o Hotel Panamá sempre foi o marco do limite que Henry poderia atingir, a fronteira entre dois mundos, quando menino, a fronteira entre dois tempos, quando adulto. Isto por que o Hotel Panamá ficava entre os dois bairros, Chinatown dos chineses e o Nihonmachi dos japoneses.A descoberta de

Sugestão de leitura Câmera GoPro Hero 4

equipamentos - de 25% a 30% - segundo a companhia. Para o próximo ano os últimos lançamentos também estarão sendo fabricados no país a preços mais competitivos.

no próximo ano, afinal esta área vem nos surpreendendo há muito tempo e está revolucionando o nosso modo de vida.

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Sem medo de ser feliz - Sem medo de ser feliz, da autora inglesa Isabel Losada, traz em uma narrativa saborosa, as peripécias da autora em busca de si mesma. Autora de “Pra que ter razão se eu posso ser feliz?”, ela é em sua pró-

bagagens de 37 famílias japonesas evacuadas, no porão do hotel, traz à tona seu passado secreto, carregado de lembranças de um amor nunca esquecido. Até mesmo seu fascínio pelo jazz, o amigo

night Blue, na gravação de Alley Cat Street. A canção marcara sua infância, a de Keiko, sua amiga e namorada japonesa e dos amigos. Naquela época Henry frequentava uma escola para brancos, sen-

Sheldon, as lembranças de outro grande mestre e a busca pelo seu “cálice sagrado” fazem com que Henry mergulhe nas lembranças e desvende, com a ajuda do filho Marty e a namorada Samantha, o que aconteceu nestes 44 anos. Para temperar, o “cálice sagrado” de Henry é uma gravação rara de Sheldon, seu amigo e saxofinista negro, quando integrava a banda de Oscar Holden & The Mid-

do ele, junto com Keiko, os únicos alunos não brancos da instituição. Vítima frequente de bullying, por um grupo de alunos, Henry se equilibra entre suas crenças, a amizade com Keiko, os sonhos paternos, a fidelidade de Sheldon e sua própria firmeza de caráter. Um hotel na esquina do tempo reserva surpresas e a certeza de que algumas vidas estão irremediavelmente unidas, companhei-

dos nós, uma vida plena, feliz, bem-sucedida, mantendo um trabalho interessante e um relacionamento agradável. Ao perceber que tudo deu errado em sua vida, parte para uma jornada de descobrimentos, disposta a se reinventar e a deixar de lado antigas crenças. Isabel mergulha em cinco experiências, que desafiarão seu corpo, testarão sua mente e colocarão à prova suas emoções, desvendando o que ela mesma desconhecia, seus anseios e limites. Do Feng Shui até uma incursão pelo universo dos ashaninka, indígenas peruanos, experimentando os efeitos da ayahuasca, Isabel constrói uma narrativa deliciosa e ao mesmo tempo com constatações profundas e que certamente o farão pensar em seus valores, em sua vida, em suas crenças. Sem medo de ser feliz é um convite para o auto-conhecimento.

Sem medo de ser feliz Isabel Losada pria definição um desastre ambulante. Ela procura as mesmas coisas que to-

Alaúde Editorial , SP - 2013 Tradução de Ana Resende 229 páginas

Piratas no Brasil - Histórias incríveis de piratas e corsários em nosso litoral, flibusteiros, bucaneiros, ladrões dos mares. Como funcionavam as cartas de corso, autorização de reis e rainhas para a pilhagem e o ataque a barcos pelos mares do planeta. Nesta trama, os grandes senhores daquela época, portugueses e espanhóis de um lado e de outro os corsários ingleses, franceses e holandeses.

ras de jornada mesmo que distantes. Henry tem convicção de algumas coisas como a que afirma ser às vezes: melhor viver o presente. Seguir em frente e viver o futuro, em lugar de reviver o passado. O Hotel Panamá e seus segredos farão com que Henry reveja tudo o que viveu. Nessa bela fábula de amor o prêmio é inevitavelmente viver tudo o que sempre sonhou, reencontrando seus amigos, o disco mítico e Keiko. Sobre o autor JAMIE FORD, bisneto do pioneiro da mineração Min Chung, que em 1865 saiu de Kaiping, na China, para São Francisco, nos Estados Unidos, onde adotou o nome ocidental “Ford”. Criado nos arredores do bairro chinês de Seattle, Jamie Ford atualmente vive em Montana com a mulher e os quatro filhos. Um hotel na esquina do tempo já foi traduzido para 17 línguas e figurou nas principais listas de Best-sellers dos Estados Unidos. ................................................

Um hotel na esquina do tempo Jamie Ford Nova Fronteira, RJ 2010

Tradução de Regina Lyra 366 páginas

Esta parte da história de nosso litoral, pouco conhecida ainda, é brilhantemente exposta pelos autores Jean Marcel Carvalho França e Sheila Hue, ele, professor livre-docente de História do Brasil na Universidade Estadual Paulista (UNESP); ela, professora, pesquisadora, ambos autores de inúmeras obras sobre aspectos de nosso passado. Piratas no Brasil traz 4 histórias entre os séculos XVI e XVIII: Tomas Cavendish (1591) na vila de Santos; James Lancaster (1595) na vila de Recife, Pernambuco; Jean-François Du Clerc (1710) na vila de Rio de Janeiro e René Duguay-Trouin (1711) também no Rio de Janeiro. As incursões tiveram lances de estratégia militar no melhor estilo, com episódios de bravura, de covardia, de negociações obscuras, de assassinato. Certamente, essencial para o entendimento da formação do Brasil. Boa leitura!

Piratas no Brasil Jean Marcel Carvalho França & Sheila Hue Editora Globo, São Paulo 2014 224 páginas


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Crônica

Olhos de gazela ou sobre homens e tigres Driss Ibrahim

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eixei de escrever há alguns anos. Pretensioso e indisciplinado, em um determinado momento, preferi a leitura à composição de crônicas e ensaios. Não foi uma escolha premeditada, mas levada pela paixão pelos livros. Fieis companheiros desde a infância, foram aos poucos me enchendo de personagens variados, fascinantes na maioria das vezes, truculentos em outras, mas sempre presentes. Ao longo das últimas quatro décadas foram compondo o que sou hoje. De muitos modos, sou um pouco de cada um destes personagens e, sobretudo, um pouco de cada um de seus autores. Homens, mulheres, crianças e velhos, pessoas comuns e grandes dignitários, aventureiros, serial e spree killers, cientistas, soldados e heróis desesperados – há de tudo nesta imensa terra da imaginação criativa. Se não os houvesse [os livros e seus personagens] seríamos menos humanos. Em cada época sempre me chegou às mãos um livro adequado (ou inadequado dependendo do ponto de vista), repleto de novos conhecimentos, de saberes individuais, retratos de sociedades, de agrupamentos humanos, de prosas autorais ou simplesmente lavradas e concebidas para vender. Não recusei nenhum deles. Afinal, como conhecer cada história, cada autor ou escritor, sem mergulhar em seu imaginário? Confesso que as coisas nem sempre foram fáceis neste sentido. Gradativamente fui percebendo que minha vontade de escrever era deixada de lado, sucumbia diante do prazer da leitura e as coisas simples foram

ganhando espaço. Não preciso mais abarcar o universo inteiro. Basta um pedaço daquilo que me rodeia, onde minha vista alcança. Para muitos

contidas. Esperava que a leitura trouxesse sabedoria, compreensão, arrebatamento, e ela fez isto, mas também Imagem: Djénane Kareh-Tager

A dança dos derviches: Vestidos com túnicas brancas, simbolizando a mortalha do ego, e um chapéu cônico marrom, lembrando a lápide, os dervixes ou semazen, entram no círculo para marcar o nascimento à Verdade. um sinal de acomodamento, de fim de partida, de pendurar as chuteiras ou as luvas (também dependendo do espírito esportivo do observador), mas poucos enxergam a simplicidade das coisas, a beleza nelas

provocou o medo e o estupor, a ignorância e a incredulidade, a desesperança e a angústia. Confrontados com o outro, nem sempre somos condescendentes com nossos julgamentos. Aprendi, então, muito so-

bre a minha própria existência e minha psicologia e, sobretudo, sobre a palavra. Fragmento inicial, primeiro passo da jornada, a palavra é essencial, e como não poderia deixar de ser apaixonei-me por ela. A cada novo som guardava algumas, como quem guarda um tesouro precioso: cassiopeia, cabotino, gris, crisálida, carmim [por que lembrava uma namoradinha de infância], nefelibata, viés. E muitas delas vieram não pelos livros, mas na voz de pessoas. Ficaram a elas associadas, como se a elas pertencessem. Quando eu era garoto, meu pai, que era libanês, estava aprendendo a escrever em português. Tinha um comércio e precisava dominar o idioma para melhorar os negócios. Mostrou-me os dois alfabetos, o árabe e o português e também o som de cada letra e como se juntavam para formar fonemas e depois, como surgiam as palavras. Para um menino com pouco mais de cinco anos isto determinou, inevitavelmente, a jornada escolhida para a vida. Finalmente, como deixar de ler? É como respirar, andar, viver. Faz parte do que sou e do modo como vejo o mundo. Dia desses, um qualquer, se apetecer [a mim], escreverei um pouco [ou muito], sobre coisas não ditas, sobre baobás, derviches, olhos de gazela, árvores estranhas em alguma ilha iemenita, ou simplesmente, sobre homens e tigres. ........................................................

* O cronista é convidado do Jornal Sênior

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Esporte

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Sênior

Velejadores se preparam para show de velocidade na estreia da classe Nacra 17 nos Jogos Rio 2016 Com tripulação mista, catamarã é projetado para furar ondas e atingir alta velocidade

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classe Nacra 17 não poderia ter um cenário melhor para fazer sua estreia Olímpica. Velozes e espetaculares, os catamarãs com tripulação mista parecem ter sido projetados sob medida para o Rio de Janeiro. Nas águas da Baía de Guanabara, com o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor ao fundo, as embarcações serão a grande atração da competição de vela nos Jogos Rio 2016. “É a mais espetacular das classes Olímpicas. Isso gera imagens fantásticas e, tendo o cenário maravilhoso do Rio, com as montanhas, o Pão de Açúcar e o Cristo como pano de fundo, tem tudo para ser um sucesso para a televisão e o público em geral e, com isso, tonar a classe mais popular”, afirma o australiano Darren Bundock, de 43 anos, medalhista de prata na classe Tornado nos Jogos Sydney 2000 e Pequim 2008. Os catamarães da Nacra 17 têm um desenho exclusivo (wave piercing design), que permite à embarcação furar as ondas, diminuindo a resistência da água e atingindo uma velocidade maior do que os modelos convencionais. E não é só isso que a diferencia das outras classes Olímpicas da vela – é a única que possui embarcação multicasco e que conta obrigatoriamente com tripulação mista, formada por um homem e uma mulher. A expectativa é que a nova classe inspire mais mulheres

a praticar o esporte, especialmente após sua estreia Olímpica nos Jogos Rio 2016, quando 20 duplas de países diferentes disputarão a prova. O campeona-

quarta colocada no Campeonato Mundial de 2013. Em agosto deste ano, 36 atletas da classe Nacra 17 participaram da Regata Internacional

fazer esse teste”, conta o velejador brasileiro Samuel Albrecht.

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Veja abaixo as vagas conquistadas em cada classe: Foto: Alex Ferro/Rio 2016

Alta velocidade dos catamarãs é um dos atrativos da nova classe Olímpica to mundial 2014, realizado em Santander, na Espanha, já classificou 10 barcos para a competição. “A vela é um esporte historicamente masculino, mas nos últimos 15 anos temos visto um número cada vez maior de mulheres participando e conseguindo bons resultados. Espero que com a participação da Nacra 17 nos Jogos Rio 2016 e em Tóquio 2020, mais mulheres se animem para velejar, pois é um esporte muito divertido”, analisa a holandesa Renee Groeneveld,

de Vela, o primeiro evento-teste dos Jogos, na Baía de Guanabara. A competição, que contou com 18 catamarãs, só aumentou a expectativa dos velejadores para a grande estreia daqui a pouco menos de dois anos. “Foi muito bom velejar aqui, tanto para nós, brasileiros, quanto para os estrangeiros. O formato da regata foi um pouco diferente dos eventos internacionais, em que temos de 80 a 90 barcos. Aqui foram somente 18 e isso muda o estilo da regata e da estratégia. Foi importante

RS:X Masculino: Alemanha, Argentina, China, Chipre, Dinamarca, Espanha, França, Grã-Bretanha, Grécia, Holanda, Israel, Itália, Japão, Lituânia, Noruega, Nova Zelândia, Polônia e Rússia. RS:X Feminino: China, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grã-Bretanha, Holanda, Israel, Itália, México, Nova Zelândia, Polônia e Rússia. Laser: Alemanha, Austrália, Bélgica, Canadá, Chipre, Croácia, Dinamarca, Estados Unidos, Finlândia, França, Grã-

Bretanha, Guatemala, Holanda, Ilhas Virgens, Irlanda, Itália, Noruega, Nova Zelândia, Polônia, Portugal, Singapura, Suécia e Tunísia. Laser Radial: Bélgica, Bielorrússia, Canadá, China, Croácia, Dinamarca, Estados Unidos, Finlândia, França, GrãBretanha, Holanda, Irlanda, Itália, Lituânia, Noruega, Nova Zelândia, República Tcheca, Singapura e Suécia. Finn: Austrália, Croácia, Dinamarca, Eslovênia, Estados Unidos, Finlândia, França, GrãBretanha, Hungria, Noruega, Nova Zelândia e Suécia. 470 Masculino: Austrália, Áustria, Croácia, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Grécia, Japão, Nova Zelândia, Rússia, Suécia e Suíça. 470 Feminino: Áustria, China, Eslovênia, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Holanda, Japão, Nova Zelândia e Rússia. 49er: Austrália, Áustria, Dinamarca, Espanha, França, GrãBretanha, Irlanda, Itália, Nova Zelândia e Portugal. 49erFX: Alemanha, Austrália, Dinamarca, Espanha, França, Grã-Bretanha, Holanda, Itália, Nova Zelândia e Suécia. Nacra 17: Argentina, Austrália, Áustria, Dinamarca, França, Grã-Bretanha, Holanda, Itália, Nova Zelândia e Suíça.

.................................... Fonte: Rio 2016


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Qualidade de Vida

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Talento

Tempero da vida

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A travessia de Abbey Road

*Dr. Ulisses Coelho a Criança – A saFoto: Reprodução bedoria da alegria espontânea. Do jovem – A sabedoria do entusiasmo idealista. Do adulto - A sabedoria do trabalho prazeroso. Do velho – A sabedoria de vida. Conviver com pessoas de todas as idades nos faz pensar na Sabedoria do Criador ao determinar a sucessão de gerações. Assim, enquanto uns nascem, outros crescem, outros se reproduzem, outros envelhecem e outros morrem. Na convivência harmoNa convivência harmoniosa entre pessoas de idades diferentes enconniosa entre pessoas de tra-se um dos segredos do “bem viver” idades diferentes encontra-se um dos segredos do alimentos para nutrir. e conviver sem sofistica- Viver e conviver preser“bem viver”. A vida terreVejamos alguns aspec- ções; vando o meio ambiente; na se perpetua emoldura- tos das idades em sua am2-Multiplicidade – Vi4-Criatividade – Viver, da pela natureza em sua plitude de Felicidade: ver e conviver com múlti- inovar e pesquisar sembeleza colorida que nos dá plas idades; pre; oxigênio para respirar e 1-Simplicidade – Viver 3-Ambientalidade – 5-Adversidade –Viver

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as dificuldades com resiliência (dando a volta por cima); 6-Raridade – “Viver cada segundo como nunca mais” – Vinicius de Moraes; 7-Precocidade- Viver antecipando e prevenindo sem protelar; 8-Atualidade – viver o momento presente com solidariedade; 9-Afetividade – Viver no bem e fraternalmente; 10-Amorosidade – Viver o “Amor” com todos os seres viventes. Tudo isto e mais um pouco de arte faz o Tempero especial da Vida. Vamos saboreá-lo! ....................................... *O autor é Médico e convidado do Jornal Sênior

Talento THE BEATLES - A banda iniciou sua car(em homenagem à escola). Paul McCartney verpool, por esta razão a banda deixou de reira nos anos 60, em Liverpool Inglaterra. Em ingressou na Banda em 6 de julho de 1957. ser chamada “Quarrymen”, e o grupo passou 1962 passou a ter sua formação final, que se Em 6 de fevereiro de 1958 o jovem guitarrista por outros nomes, incluindo “Johny and The estendeu até o início dos anos 70, quando George Harrison juntou-se à banda [apresenMoondogs” e “Long John and the Beetles”. foi dissolvida. O grupo era formado por John tado por Paul que o conhecera por acaso em Stuart Sutcliffe que era o baterista deste peLennon (John Winston Lennon, ríodo, sugeriu “The Foto: Reprodução/Álbum Abbey Road nascido em Liverpool em 09 Beetles” como homede outubro de 1940), guitarra nagem a Buddy Holly rítmica, vocal e teclado); Paul e “The Crickets”. Após McCartney (James Paul Mcuma turnê com Johny Cartney, nascido em Liverpool Gentle na Escócia, a no dia 18 de junho de 1942), banda , mudou definibaixo e vocal; George Harrison tivamente para “The (George Harold Harrison, em Beatles”. Liverpool no dia 25 de fevereiro Ringo Starr ingresde 1942), guitarra solo e vocal; sou no grupo em 1962 e, Ringo Starr (Richard Starkey e permaneceu até sua em Liverpool, no dia 7 de julho dissolução em 1970. de 1940) bateria e vocal. Durante seus anos As raízes iniciaram nos últimos de estúdio, os Beaanos da década de 50 (março tles produziram o que de 1957), quando John Lennon, a crítica considera um empolgado com o skiffle [tipo dos seus melhores de música folk com influência materiais, incluindo o de jazz, blues e country, popuálbum Sgt. Pepper’s lar entre a juventude britânica Lonely Hearts Club naquele período], popularizado John Lennon de branco, seguido por Ringo Starr, Paul McCartney e George Band (1967), amplapor Lonnie Donegan com seus Harrison atravessam Abbey Road em Londres, há poucos metros Abbey Road mente visto como uma sons improvisados, criou uma obra-prima. Studios, em 8 de agosto de 1969. banda composta por colegas Quatro décadas após da escola Quarry Bank School. sua dissolução, a música do grupo continua a A banda era conhecida por The Blacks Jaum ônibus]. ser muito popular. cks, mas logo mudado para The Quarrymen Paul e George estudavam no Instituto de Li-

N

aquele 8 de agosto de 1969 eles se reuniram para uma sessão de fotos que se tornaria emblemática na história do rock. Foram apenas 6 fotos, tiradas por Iain Macmillan. Paul McCartney teve a ideia, afinal, haviam escolhido Abbey Road como nome para o álbum que estavam gravando. Depois, Paul escolheu a foto que ficou melhor, sendo ela a capa do álbum. Abbey Road está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock And Roll of Fame que relaciona os melhores álbuns já produzidos por artistas ou bandas de toda a história da música mundial de acordo com os critérios do Rock and Roll Hall of Fame e da National Association of Recording Merchandisers (NARM). São adotados critérios, pelas duas entidades, de bom desempenho de vendas e a continuidade do potencial com popularidade duradoura. O álbum ocupa a 12ª posição (a primeira é de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, lançado no dia 1 de junho de 1967). O álbum foi o 12º da carreira dos Beatles, e reuniu alguns de seus maiores sucessos, com grande apuro técnico, arranjos geniais e uma produção esmeradissima, comparável apenas ao Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. A produção ficou a cargo de George Martin que também orquestrou o disco junto com Geoff Emerick como engenheiro de som, Alan Parsons como assistente de som e Tony Banks como operador de fitas. George Harrison que vinha experimentando a criação, se firmou como um compositor de primeira grandeza com o álbum. É dele a composição de dois grandes sucessos ali gravados: Here Come the Sun e Something. As duas canções foram regravadas incessantemente ao longo dos anos, e Something chegou a ser a segunda música mais interpretada no mundo, perdendo apenas para Yesterday também dos Beatles. Como já ocorrera antes com outros lançamentos, Abbey Road

amealhou alguns dos mais importantes prêmios da indústria fonográfica, além de incorporar o que havia de mais moderno na tecnologia de som daquela época. O uso do sintetizador Moog, que começava a ser utilizado por outras bandas, possibilitava que qualquer tipo de som fosse gerado eletronicamente. O Moog pode ser notado em músicas como Here c o mes t h e Sun,

Apesar de todo o sucesso e talvez, em decorrência dele, o clima entre os integrantes da banda era bastante tenso já há alguns anos. Tinham posições muito firmes individualmente, quer sobre questões criativas, quer sobre os rumos da banda, quer sobre a política e o engajamento nas demandas da juventude em todo o mundo. R e voltas e s tudant i s em

Maxwell’s Silver Hammer e Because. Abbey Road traz também a composição menos convencional de John Lennon, considerada por muitos como uma música de rock progressivo, o solo falado e a duração com 7 minutos e 47 segundos, sendo uma das mais longas dos Beatles. I want You (She’s so Heavy) é formada por duas melodias inacabadas unidas em uma só canção, sendo a primeira ensaiada durante as sessões de Get Back em fevereiro de 1969 com Billy Preston nos teclados e a segunda durante as sessões de Abbey Road, com a duração de mais 8 minutos (editada depois). O sintetizador Moog foi usado no início e no final da canção para o efeito “vento”.

Paris, a guerra do Vietnã, a posição da Grã-Bretanha na geopolítica mundial, os caminhos espirituais encontrados em outras culturas, como foi a incursão na Índia, acabaram por separá-los como grupo, dando início à carreiras solo igualmente impressionantes. Daquele período, um dos mais ricos na produção de valores artísticos e culturais do século XX, grandes nomes foram projetados em todas as áreas. The Beatles representou os anseios de várias gerações. Não por acaso, seus integrantes, são todos nascidos nos anos da II Guerra Mundial, divisor de águas da história humana. Não se pode deixar de grafar a enorme perda de vidas na guerra, o uso de armas cada vez mais

mortíferas, inclusive com o advento de Hiroshima e Nagasaki. Para uma Grã-Bretanha exaurida, profundamente traumatizada pelas perdas de vidas, do poderio econômico que a transformara em potência europeia, e a perda da posição para os Estados Unidos e à União Soviética, esta, liderando um bloco de nações socialistas. Era um mundo em ebulição. O surgimento desta banda traz todos estes elementos sublimados nas letras de suas músicas, ao cantarem o amor, o estar de bem com a vida, o viver. Não é de modo algum um olhar ingênuo, antes, um desejo de ordem, de construção. Na letra de uma de suas músicas mais politizadas, Revolution, isto é facilmente percebido quando afirma: you tell me that it’s evolution, well you know, we all want to change the world [você me diz que é evolução, bem, você sabe, todos nós queremos mudar o mundo], e ainda but when you talk about destruction, don’t you know you can count me out [mas quando você fala em destruição, você sabe que não pode contar comigo]. A letra é de John Lennon e marcou a sua carreira pós-Beatles. Em 1968 havia um grande hiato entre o movimento hippie de “paz e amor” e os tumultos políticos, protestos e repressão. Lennon com seu interesse político crescente se viu confrontado com essas ideias. Não poderia deixar de se manifestar e o fez, longe da alienação dos fãs dos Beatles. Indiscutivelmente a banda foi importante em todos os seus momentos. Do início, do sucesso crescente, da irreverência de seus integrantes, até o momento de sua dissolução. A imagem que ficou de Abbey Road é a de um grupo de rapazes, já sem a leveza do início, mas com os olhos no futuro, para suas carreiras individuais e para nós, a travessia de dois tempos, o novo que renova o passado, racionalizando-o, dissecando-o, produzindo uma nova ordem, permitindo outros ventos.


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