All that Jesus Commanded: The Christian Life According to the Gospels John Piper
https://ebookmass.com/product/all-that-jesus-commanded-thechristian-life-according-to-the-gospels-john-piper/ L'oeuvre de John Cleland: Mémoires de Fanny Hill, femme de plaisir / Introduction, essai bibliographique par Guillaume Apollinaire John Cleland
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Produção editorial
Editor: Rafael Salazar
Capa & Arte Gráfica: Rebeca Salazar
Tradução: Rafael B. Salazar
Revisão: Rebeca Salazar e Michelline Bastos
Diagramação: Marcos Jundurian
Todas as citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada, 2ª edição (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.
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Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Índice
Página do título
Direitos autorais
Introdução
O Círculo Interno de Liderança Espiritual
O Círculo Externo de Liderança Espiritual
Conclusão
Sobre o autor
Introdução
Eu defino liderança espiritual como o saber onde Deus quer que as pessoas estejam e o tomar a iniciativa de usar os métodos de Deus para levá-las até lá, confiando no poder de Deus. A resposta para onde Deus quer que as pessoas estejam está em uma condição espiritual e um estilo de vida que mostre a glória de Deus e honre seu nome.
Portanto, o objetivo da liderança espiritual é fazer com que as pessoas venham a conhecer a Deus e glorificá-lo em tudo o que fazem. A liderança espiritual visa não tanto dirigir as pessoas, mas sim mudar as pessoas. Se quisermos ser o tipo de líderes que devemos ser, precisamos ter como objetivo desenvolver pessoas em vez de ditar planos. Você pode levar as pessoas a fazerem o que quer, mas se elas não mudarem em seus corações, você não as liderou espiritualmente. Você não as levou para onde Deus quer que elas estejam.
Todos têm a responsabilidade de liderança em alguns relacionamentos. Mas minha preocupação neste pequeno livro é com as características que uma pessoa deve ter para ser um líder espiritual que se destaca tanto na qualidade de sua direção quanto no número de pessoas que o seguem.
A liderança espiritual bíblica contém um círculo interno e um círculo externo. O círculo interno da liderança espiritual é aquela sequência de eventos na alma humana que devem acontecer se alguém quiser dar o primeiro passo na liderança espiritual. Estes são os fundamentos básicos absolutos. São coisas que todos os cristãos devem alcançar em algum grau, e quando são alcançadas com grande fervor e profunda convicção, muitas vezes levam a uma liderança forte. No círculo externo, estão as qualidades que caracterizam tanto os líderes espírituais quanto os não-espirituais.
O Círculo Interno de Liderança Espiritual
1. Para que outros glorifiquem a Deus
O objetivo final de toda liderança espiritual é que outras pessoas possam vir a glorificar a Deus, isto é, possam sentir, pensar e agir de modo a magnificar o verdadeiro caráter de Deus. De acordo com Mateus 5:14-16, um dos meios cruciais pelos quais um líder cristão leva outras pessoas a glorificar a Deus é ser uma pessoa que ama tanto o amigo quanto o inimigo. “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” Este texto mostra que há uma atitude e estilo de vida que é tão distinto que, quando aparece na arena da humanidade caída, fornece evidência válida de que existe um Deus, e ele é um Pai celestial gloriosamente confiável.
Quando a realidade das promessas de Deus sobre cuidar de nós, e fazer tudo cooperar para o nosso bem, toma nossos corações para que não sejamos vítimas da ganância, medo ou vanglória, mas sim manifestemos um contentamento e um amor e liberdade para os outros, então o mundo terá que admitir que aquele que nos dá esperança e liberdade deve ser real e glorioso.
2. Amar tanto amigo quanto inimigo confiando em Deus e esperando em suas promessas Mas como alcançaremos um amor forte o suficiente para abençoar e orar por nossos inimigos? A resposta dada nas Escrituras (e este é o terceiro nível no círculo interno) é que a confiança em Deus e a esperança em suas promessas levam ao amor.
Gálatas 5:6 diz: “Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor”. Isto é, quando temos uma fé intensa na bondade de Deus, ela inevitavelmente se desenvolve em amor.
Colossenses 1:4-5 diz: “desde que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os santos; por causa da esperança que vos está preservada nos céus, da qual antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho”. Em outras palavras, quando nossa esperança é forte, nos libertamos de medos e cuidados que impedem o livre exercício do amor
Portanto, um líder espiritual deve ser uma pessoa que tem forte confiança na bondade soberana de Deus em fazer tudo cooperar para o seu bem. Caso contrário, ele inevitavelmente cairá na armadilha de manipular as circunstâncias e explorar as pessoas para garantir para si um futuro feliz o qual ele não tem certeza de que Deus proverá.
3. Medite e ore sobre sua palavra
Mas, como nós pecadores chegaremos a ter esse tipo de confiança em Deus? Romanos 10:17 diz: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo”. E o Salmo 119:18 diz: “Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei”. Esses dois textos juntos nos mostram que a fé em Deus está enraizada na palavra de Deus. Quando ouvimos a palavra de Deus, especialmente a pregação da pessoa e obra de Jesus, em quem todas as promessas de Deus têm seu sim, somos levados a confiar nele.
Mas isso não acontece automaticamente. Devemos orar para que nossos olhos estejam abertos para a verdadeira importância da palavra de Deus nas Escrituras. Assim, o líder espiritual deve ser uma pessoa que medita nas Escrituras e ora por iluminação espiritual. Caso contrário, sua fé enfraquecerá e seu amor se esvanecerá, e ninguém será levado a glorificar a Deus por causa dele.
4. Reconheça sua impotência Mas, finalmente, devemos perguntar: como uma pessoa pode estar disposta a passar tempo com a palavra de Deus e estar aberta a ela? A resposta parece ser que devemos reconhecer nossa impotência. Toda verdadeira liderança espiritual tem suas raízes no desespero. Jesus elogiou o homem que disse: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador” (Lucas 18:13). Jesus disse acerca de seu próprio ministério: “Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes. Não vim chamar justos, e sim pecadores, ao arrependimento” (Lucas 5:31-32). Isso significa que o início da liderança espiritual deve estar no reconhecimento de que somos os doentes que precisam de um médico. Uma vez que estivermos humilhados até o ponto de desespero, estaremos dispostos a ler a prescrição do médico. E ao lermos as maravilhosas promessas que existem para aqueles dentre nós que confiam no médico, nossa fé se fortalecerá e nossa esperança se tornará sólida. E quando nossa fé for forte e nossa
esperança for sólida, todas as barreiras contra o amor, como a ganância e o medo, serão varridas para longe. Quando nos tornamos o tipo de pessoa que pode arriscar a vida, mesmo por nossos inimigos, e que não guarda rancor e que dedica energia para fazer o bem aos outros em vez de buscar nosso próprio engrandecimento, então as pessoas verão e darão glória ao nosso Pai que está nos céus.
A implicação desse círculo interno de liderança é que, para liderar, você precisa estar à frente de seu povo no estudo da Bíblia e na oração. Eu penso que não haverá liderança espiritual bem sucedida sem longos períodos de oração e meditação nas Escrituras. Os líderes espirituais devem acordar cedo para encontrar Deus antes de encontrar qualquer outra pessoa. Eles provavelmente vão querer manter um diário de insights e ideias enquanto lêem a Bíblia e oram. Vão querer ler livros sobre a Bíblia e sobre oração. Eventualmente, vão querer separar uma tarde ou um dia inteiro para um retiro com uma Bíblia, um caderno e um hinário. Se você quer ser um grande líder de pessoas, precisa se afastar das pessoas, às vezes, para estar com Deus.
O exemplo de Hudson Taylor
O Dr. Howard Taylor, em Hudson Taylor’s Spiritual Secret, descreve uma experiência que teve ao viajar com seu pai, Hudson Taylor, pela China. Ele escreve,
Não foi fácil para o Sr. Taylor, em sua vida cheia de mudanças, reservar tempo para oração e estudo da Bíblia, mas ele sabia que isso era vital. Os escritores bem se lembram de viajar com ele mês após mês no norte da China, de carroça e carrinho de mão, na mais pobre das estalagens à noite. Muitas vezes, com apenas um quarto grande para trabalhadores chineses e viajantes, eles separavam um canto para seu pai e outro para eles mesmos, com cortinas de algum tipo; e então, depois que o sono finalmente havia trazido uma medida de silêncio, eles escutariam um fósforo sendo aceso e procurariam o lampejo de luz de vela que dizia que o Sr. Taylor, embora cansado, estava se derramando sobre a pequena Bíblia em dois volumes que sempre carregava. Das duas às quatro da manhã era o horário que costumava dedicar à oração; o horário em que ele poderia estar mais certo de não ser incomodado ao esperar em Deus. Aquele lampejo de vela significou mais para eles do que tudo o que leram ou ouviram sobre a oração secreta; significava realidade, não pregação, mas prática.
A parte mais difícil da carreira do missionário, o Sr Taylor descobriu, é manter a regularidade no estudo bíblico com oração. “Satanás sempre encontrará algo para você fazer”, dizia ele, “quando você deveria estar ocupado com isso, ainda que seja apenas arrumar uma cortina de janela”.
O exemplo de George Mueller
George Mueller é notável por sua grande fé no trabalho de seus orfanatos. Em sua autobiografia, ele tem uma seção intitulada “Como ser constantemente feliz no Senhor”. Ele se queixa de como, durante anos, tentou orar de manhã cedo e descobriu que sua mente vagava repetidas vezes. Então, ele fez uma descoberta. Ele registra o acontecido assim:
O ponto é este: vi mais claramente do que nunca que o primeiro grande e principal assunto que eu deveria tratar todos os dias era ter minha alma feliz no Senhor. A primeira coisa com que me preocupar não era o quanto poderia servir ao Senhor, como poderia glorificar o Senhor; mas como poderia levar minha alma a um estado feliz e como meu homem interior poderia ser nutrido... Antes desse momento, minha prática havia sido por dez anos, pelo menos, como uma coisa habitual, me dedicar à oração depois de me vestir pela manhã. Agora, vi que o mais importante que eu tinha para fazer era me entregar à leitura da palavra de Deus e meditar nela, para que assim meu coração pudesse ser consolado, encorajado, advertido, reprovado, instruído; e que assim, enquanto meditava, meu coração pudesse ser levado à comunhão experimental com o Senhor. Comecei, portanto, a meditar no Novo Testamento, desde o início, de manhã cedo. A primeira coisa que fiz, depois de ter pedido em poucas palavras a bênção do Senhor sobre sua preciosa palavra, era começar a meditar na palavra de Deus, pesquisando, por assim dizer, em cada versículo para obter bênçãos dela; não por causa do ministério público da palavra; não para pregar sobre o que eu havia meditado; mas para obter alimento para minha alma. Descobri que o resultado é quase invariavelmente este, que depois de alguns minutos minha alma foi levada à confissão, ou ação de graças, ou intercessão, ou súplica; de modo que, embora não me dedicasse, por assim dizer, à oração, mas à meditação, ela se transformou quase imediatamente, mais ou menos, em oração.
Quando estive dessa forma por um tempo fazendo confissão ou intercessão ou súplica, ou ação de graças, passo para as próximas palavras ou versículos, transformando tudo, à medida que prossigo, em oração por mim mesmo ou pelos outros, conforme a palavra me conduzir; mas ainda mantendo continuamente diante de mim aquele alimento para minha alma como objeto de minha meditação. O resultado disso é que há sempre muita confissão, ação de graças, súplica, ou intercessão misturada com minha meditação e que meu homem interior quase invariavelmente é nutrido e fortalecido, de modo quase sensível, e que na hora do café da manhã, com raras exceções, estou em um estado de coração pacífico, se não feliz.
Agora que Deus me ensinou este ponto, ele é tão claro para mim como qualquer outro: que a primeira coisa que o filho de Deus tem que fazer manhã após manhã é obter alimento para o homem interior. Assim como o homem exterior não está apto para trabalhar por muito tempo, a não ser que comamos, e como esta é uma das primeiras coisas que fazemos pela manhã, assim deve ser com o homem interior. Devemos tomar comida para ele, como todos precisam. Agora, qual é o alimento para o homem interior? Não a oração, mas a palavra de Deus; e aqui novamente, não a simples leitura da palavra de Deus, para que ela apenas passe pela nossa mente, como a água corre por um cano, mas considerando o que lemos, refletindo sobre isso e aplicando-o ao nosso coração.
Pela bênção de Deus, atribuo a este modo a ajuda e a força que tive para passar em paz por provações mais profundas de maneiras diferentes do que jamais tive antes; e depois de ter agora mais de quarenta anos experimentado desta forma, posso mais plenamente, no temor de Deus, recomendá-la. Quão diferente é quando a alma está revigorada e feliz de manhã cedo, do que quando, sem preparação espiritual, o
serviço, as provações e as tentações do dia vêm sobre a pessoa!
Deveria ser um encorajamento para todos nós perseverarmos em meditação nas Escrituras quando lemos uma carta que, em 1897, George Mueller enviou à British and Foreign Bible Society (Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira) na qual ele teve que se desculpar de não participar de uma reunião em Burmingham. Ele disse: “Você faria a gentileza de ler para a reunião que tenho sido, por sessenta e oito anos e três meses, a saber, desde julho de 1929, um amante da palavra de Deus e isso ininterruptamente. Durante esse tempo, li consideravelmente mais de cem vezes todo o Antigo e o Novo Testamento com oração e meditação”. Se quisermos ser líderes espirituais poderosos, devemos nos mover na direção de Hudson Taylor e George Mueller.
O Círculo Externo de Liderança Espiritual
Todos na igreja têm um ou mais dons espirituais. Todos devem estar envolvidos no ministério. Todos devem procurar levar os outros ao ponto em que tragam glória a Deus pela maneira como pensam, sentem e agem. Mas há algumas pessoas a quem Cristo, que ressuscitou e reina, deu qualidades de personalidade que tendem a torná-las líderes mais capazes do que outros. Nem todas essas qualidades são distintivamente cristãs, mas quando o Espírito Santo enche a vida de uma pessoa, cada uma dessas qualidades é aproveitada e transformada para os propósitos de Deus.
1. Inquieto
Os líderes espirituais têm um santo descontentamento com o status quo. Os não-líderes têm uma inércia que faz com que eles se acomodem e os torna muito difíceis de sair do ponto morto. Os líderes anseiam por mudar, mover, estender a mão, crescer e levar um grupo ou uma instituição a novas dimensões de ministério. Eles têm o espírito de Paulo, que disse em Filipenses 3:13: “Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Os líderes são sempre pessoas muito orientadas em objetivos.
A história da redenção de Deus não está terminada. A igreja está cheia de imperfeições, ovelhas perdidas ainda não estão no aprisco, necessidades de todo tipo no mundo não foram atendidas, o pecado infecta os santos. É impensável que devamos nos contentar com as coisas do jeito que estão em um mundo caído e uma igreja imperfeita. Portanto, Deus se agradou em colocar uma santa inquietação em alguns de seu povo, e essas pessoas muito provavelmente serão os líderes.
2. Otimista
Os líderes espirituais são otimistas não porque o homem é bom, mas porque Deus está no controle. O líder não deve deixar seu descontentamento se tornar desconsolo. Quando ele vê a imperfeição da igreja, deve dizer junto ao escritor de Hebreus: “Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação, ainda que falamos desta maneira” (Hebreus 6:9). O fundamento de sua vida é Romanos 8:28: “Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito”. Ele argumenta com Paulo que: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Romanos 8:32).
Sem essa confiança baseada na bondade de Deus manifesta em Jesus Cristo, a perseverança do líder vacilaria e as pessoas não seriam inspiradas. Sem otimismo, a inquietação se torna desespero.
3. Intenso
A grande qualidade que desejo em meus associados é a intensidade. Romanos 12:8 diz que se o seu dom for liderança façao “com diligência”. Romanos 12:11 diz: “No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor”. Quando os discípulos se lembraram da maneira como Jesus havia se comportado em relação ao templo de Deus, eles o descreveram com palavras do Antigo Testamento como esta: “O zelo da tua casa me consumirá” (João 2:17). O líder segue o conselho de Eclesiastes 9:10: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças”.
Quando Jonathan Edwards era jovem, ele escreveu uma lista de cerca de 70 resoluções. A que mais me inspirou é escrita assim: “Viver com todas as minhas forças enquanto eu viver”. O Conde Zinzendorf dos Morávios disse: “Eu tenho uma paixão. É Ele e somente Ele.” Jesus nos adverte em Apocalipse 3:16 que ele não tem nenhum gosto por pessoas que são mornas: “Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca”.
Os líderes espirituais devem sair sozinhos para algum lugar e refletir sobre as coisas indizíveis e estupendas que sabem sobre Deus. Se a vida deles for um bocejo prolongado, eles estão simplesmente cegos. Os líderes devem dar evidências de que as coisas do Espírito são intensamente reais. Eles não podem fazer isso a menos que eles próprios sejam intensos.
4. Autocontrolado
Por autocontrolado não quero dizer formal e conveniente, mas sim mestre de nossos impulsos. Se devemos levar outros a Deus, não podemos ser conduzidos em direção ao mundo. De acordo com Gálatas 5:23, o domínio próprio é um fruto do Espírito. Não é mera força de vontade. É apropriar-se do poder de Deus para dominar nossas emoções e nossos apetites que podem nos desviar ou fazer com que ocupemos nosso tempo com esforços infrutíferos.
Em 1 Coríntios 6:12 Paulo diz: “Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”. O líder cristão deve examinar sua vida implacavelmente para ver se ele é o menos escravizado pela televisão, Internet, mídia social, comida, álcool, café, refrigerante, esportes, jogos de computador, compras, livros de romances, pornografia, masturbação ou preocupação com agradar os outros.
Paulo disse em 1 Coríntios 9:25: “Todo atleta em tudo se domina; aqueles, para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”. E ele diz em Gálatas 5:24: “E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e concupiscências”.
Líderes espirituais perseguem os maus hábitos implacavelmente e os rompem pelo poder do Espírito. Eles ouvem e seguem Romanos 8:13, “Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis”. Os líderes espirituais anseiam por estar livres de tudo que impede seu pleno deleite em Deus e serviço aos outros.
5. Pele grossa
Pelo menos isso é certo na liderança: se você começar a liderar os outros, será criticado. Ninguém será um líder espiritual significativo se seu objetivo for agradar os outros e buscar sua aprovação. Paulo disse em Gálatas 1:10: “Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo”.
Os líderes espirituais não buscam os louvores dos homens. Eles buscam agradar a Deus. Dr. Carl Lundquist, ex-presidente do Bethel College and Seminary, disse em seu relatório final à Conferência Geral Batista que dificilmente houve um dos vinte e oito anos em que serviu que não sofreu oposição ativa de muitas pessoas.
Se a crítica nos incapacita, nunca teremos êxito como líderes espirituais. Não quero dizer que devemos ser o tipo de pessoa que não se sente magoada, mas sim que não devemos ser varridos pela dor. Devemos ser capazes de dizer junto com Paulo em 2 Coríntios 4:8: “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não destruídos”. Sentiremos a crítica, mas não seremos incapacitados por ela. Como Paulo diz em 2 Coríntios 4:16: “Não desanimamos”.
Os líderes devem ser capazes de digerir a depressão, porque vão comer bastante dela. Haverá muitos dias em que a tentação é muito forte para desistir por causa de pessoas ingratas. A crítica é uma das armas favoritas de Satanás para tentar fazer com que líderes cristãos eficazes joguem a toalha. Devo, no entanto, qualificar essa característica de ser “pele grossa”. Não quero dar a impressão de que os líderes espirituais estão fechados para crítica legítima. Um bom líder não deve apenas ser inflexível, mas também aberto e humildemente pronto a aceitar e aplicar críticas justas. Nenhum líder é perfeito, e Jonathan Edwards disse certa vez que tornou uma disciplina espiritual o buscar a
verdade em todas as críticas que cruzassem seu caminho antes de descartá-las. Esse é um bom conselho.
6. Enérgico
Pessoas preguiçosas não podem ser líderes. Os líderes espirituais “redimem o tempo” (Efésios 5:16). Eles trabalham enquanto é dia, porque sabem que a noite vem quando ninguém pode trabalhar (João 9:4). Eles “não [se cansam] de fazer o bem”, pois sabem que no devido tempo colherão se não desanimarem (Gálatas 6:9). Eles são “firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Coríntios 15:58).
Mas eles não levam o crédito por essa grande energia, nem se gabam de seus esforços, porque dizem junto com o apóstolo Paulo: “trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo” (1 Coríntios 15:10). E: “para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim” (Colossenses 1:29).
O mundo é governado por homens cansados, alguém já disse. Um líder deve aprender a viver com a pressão. Nenhum de nós realiza muito sem prazos, e prazos sempre criam uma sensação de pressão. Um líder não vê a pressão do trabalho como uma maldição, mas como uma glória. Ele não deseja desperdiçar sua vida em excesso de lazer Ele adora ser produtivo. E ele lida com a pressão e evita que ela se torne preocupante por meio de promessas como Mateus 11:27–28, Filipenses 4:7–8 e Isaías 64:4.
7. Um pensador sério
“Na malícia, sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos” (1 Coríntios 14:20). Não é fácil ser líder de pessoas que podem superar você em pensamento. Um líder deve ser aquele que, quando vê um conjunto de circunstâncias, pensa sobre isso. Ele se senta com um bloco de notas e lápis, rabisca, escreve e cria. Testa todas as coisas com sua mente e se apega ao que é bom (1 Tessalonicenses 5:21).
Ele é crítico no melhor sentido da palavra — isto é, não é ingênuo, caprichoso ou seguidor de modismos. Ele pesa as coisas e considera prós e contras e sempre tem uma razão significativa para as decisões que toma. O pensamento com rigor e cuidado não é contrário à dependência em oração e na revelação divina. O apóstolo Paulo disse a Timóteo em 2 Timóteo 2:7: “Pondera o que acabo de dizer, porque o Senhor te dará compreensão em todas as coisas”. Em outras palavras, a maneira de Deus transmitir entendimento para nós não é proporcionando um atalho do processo intelectual.
8. Articulado
É difícil liderar os outros se você não pode expressar seus pensamentos com clareza e força. Líderes como Paulo visam persuadir os homens, não coagi-los (2 Coríntios 5:11). Líderes que são espirituais não reúnem seguidores com calor, ondas ou palavras quentes, mas sim com frases nítidas, sólidas, e convincentes. O apóstolo Paulo visava, como todos os bons líderes, a clareza no que dizia. De acordo com Colossenses 4:4, ele pediu ao povo que orasse por ele, “para que eu o manifeste, como devo fazer”.
É surpreendente e lamentável quantas pessoas hoje não conseguem falar em frases completas. O resultado é que uma grande neblina envolve seu pensamento. Nem eles, nem seus ouvintes sabem exatamente do que estão falando. Uma névoa se instala sobre a discussão, e você vai embora se perguntando do que se tratava. Se ninguém se eleva acima da confusão e do caos verbal de “Você sabe... Quero dizer... Tipo, sério”, não haverá nenhuma liderança.
9. Capaz de ensinar
Não me surpreende que alguns dos grandes líderes de nossa igreja tenham sido homens que também são mestres importantes. De acordo com 1 Timóteo 3:2, qualquer pessoa que aspira ao cargo de presbítero na igreja deve ser capaz de ensinar. O que é um bom mestre? Acho que um bom mestre tem pelo menos as seguintes características: * Um bom mestre se faz as perguntas mais difíceis, elabora as respostas e, em seguida, formula perguntas provocativas para que seus alunos estimulem seu pensamento.
* Um bom mestre analisa sua matéria em partes e vê relações e descobre a unidade do todo.
* Um bom mestre conhece os problemas que os alunos terão com sua matéria e incentiva-os e os faz superar as corcundas do desânimo.
* Um bom mestre prevê objeções e pensa nelas para poder respondê-las de um modo inteligente.
* Um bom mestre pode se colocar no lugar de vários alunos e, portanto, explicar coisas difíceis em termos que sejam claros do ponto de vista deles.
* Um bom mestre é concreto, não abstrato, específico, não geral, preciso, não vago, vulnerável, não evasivo.
* Um bom mestre sempre pergunta: “E então?” e tenta ver como as descobertas moldam todo o nosso sistema de pensamento. Ele tenta relacionar as descobertas com a vida e tenta evitar a compartimentação.
O objetivo de um bom mestre é a transformação de toda a vida e pensamento em uma unidade que honre a Cristo.
10. Um bom juiz de caráter
Jesus conhecia o coração dos homens (João 2:17) e nos exortou a sermos perspicazes ao avaliar os outros (Mateus 7:15). Os líderes devem saber quem está apto para que tipo de trabalho. Bons líderes têm bons narizes. Eles podem farejar cracas
rapidamente, ou seja, pessoas que estão sempre ouvindo, mas nunca aprendendo ou mudando. Eles podem detectar potencial quando o vêem em um iniciante. Eles podem ouvir em pouco tempo os ecos de orgulho, hipocrisia e mundanismo. O líder espiritual segue um curso cuidadoso entre os perigos da rígida rotulação, por um lado, e a indiferença, por outro.
11. Possuir tato
Paulo disse em Colossenses 4:5-6: “Portai-vos com sabedoria para com os que são de fora; aproveitai as oportunidades. A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um”. E o escritor de Provérbios disse: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo” (Provérbios 25:11).
Devemos lembrar que os líderes têm como objetivo mudar os corações, não apenas terminar o trabalho. Portanto, alienar as pessoas desnecessariamente é algo autodestrutivo. O tato é aquela qualidade da graça que conquista a confiança das pessoas que têm certeza de que você não serve ou dirá algo estúpido. Você não pode inspirar seguidores se as pessoas tiverem que abaixar a cabeça de vergonha pelas coisas inapropriadas e insensíveis que você diz ou faz. O tato é especialmente necessário em um líder para ajudá-los a lidar com situações constrangedoras ou trágicas.
Por exemplo, muitas vezes, quando você está liderando um grupo, alguém diz algo totalmente irrelevante, que é reconhecido como muito tolo por todos no grupo. Um líder com tato deve ser capaz de desviar a atenção do grupo de volta para o curso principal da discussão sem acumular desprezo sobre o indivíduo.
Outro exemplo, que me lembro, vem de minha experiência na Wheaton College. Eu estava presente no culto de capela onde V. Raymond Edman teve um ataque cardíaco no púlpito e caiu e morreu. Hudson Armerding, que o seguiu como presidente, estava sentado atrás dele quando o Dr. Edman fez uma pausa em sua palestra, deu um passo para o lado e caiu. Em uma das mais belas e sensíveis demonstrações de tato que eu já vi, o Dr. Armerding rapidamente se ajoelhou ao lado dele enquanto 2.000 alunos ficaram em silêncio. Então ele se levantou, nos guiou em uma breve oração entregando o Dr. Edman ao Senhor, e dispensou os alunos em silêncio. Dr. Edman morreu enquanto saíamos.
O tato de um líder deve se manifestar diante de confronto direto. A pessoa que não está disposta a se aproximar de alguém que precisa de admoestação ou repreensão não será um líder espiritual bem-sucedido. Combinado com seu julgamento de caráter das pessoas, o tato de um líder o capacitará a lidar com negociações delicadas e pontos de vista opostos. Sua escolha de palavras será astuta em vez de desajeitada. (Há uma grande diferença entre dizer “Seu pé é muito grande para este sapato” e “Este sapato é muito pequeno para o seu pé”).
12. Orientado teologicamente
Colossenses 3:17 diz: “E tudo o que fizerdes [...] fazei-o em nome do Senhor Jesus”, e 1 Coríntios 2:16 fala do homem espiritual como tendo a “mente de Cristo”. Um líder espiritual sabe que tudo na vida, até os mínimos detalhes, tem a ver com Deus. Se devemos levar as pessoas a ver e refletir a glória de Deus, devemos pensar teologicamente sobre tudo. Devemos trabalhar para uma síntese de todas as coisas. Devemos sondar para ver como as coisas se encaixam. Como a guerra e os esportes e a pornografia e as celebrações de aniversário e literatura e viagens espaciais e doenças e empreendimentos todos se encaixam? Como eles se relacionam com Deus e seus propósitos?
Os líderes devem ter um ponto de vista teológico que ajude a dar coerência a todas as coisas. Isso dará ao líder uma estabilidade que o impedirá de ser derrubado por mudanças repentinas nas circunstâncias ou novos ventos de doutrina. Ele sabe o suficiente sobre Deus e seus caminhos para que as coisas geralmente se encaixem em um padrão e façam sentido mesmo quando são desagradáveis. Assim, o líder não joga as mãos ao vento, mas aponta o caminho para Deus.
13. Um sonhador
De acordo com Joel 2:28, nos últimos dias (nos quais vivemos agora), “vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões”. Esta é a contrapartida positiva da inquietação. Não devemos apenas estar descontentes com o presente, mas também sonhar com o que poderia existir no futuro. Em 2 Reis 6:15–17, Eliseu e seu servo foram cercados por assírios na cidade de Dotã.
Quando o servo vê isso e grita com desânimo, Eliseu ora e diz: “Senhor, peço-te que lhe abras os olhos para que veja”. O Senhor respondeu à oração de Eliseu e “O Senhor abriu os olhos do moço, e ele viu que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu”.
Os líderes podem ver o poder de Deus ofuscando os problemas do futuro. Este é um dom raro - ver o poder soberano de Deus em meio à oposição que parece ser esmagadora. A maioria das pessoas são especialistas em ver todos os problemas e motivos para não avançar em um empreendimento. Muitos pastores são arruinados por conselhos que pensam que cumpriram seu dever quando lançam todos os obstáculos e problemas sobre uma ideia que ele traz. Isso é barato. Esperança e soluções são caras.
O espírito de aventura está em alta hoje. Ó, como precisamos de pessoas que dediquem apenas cinco minutos por semana para sonhar com o que poderia ser. O texto diz que os velhos sonharão sonhos. Como é triste, então, ver tantos velhos supondo que sua idade significa que agora eles podem se afastar e repassar a criatividade para os jovens. É trágico quando a idade torna um homem cansado em vez de cada vez mais criativo. Cada nova igreja, cada agência, cada novo ministério, cada instituição, cada empreendimento, é o resultado de alguém tendo uma visão e se apegando a ela como uma tartaruga mordedora.