Beast 4-Beast Part Four-Ella James.

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Se você leu Beast - Parte 3, e você deve ter lido, uma vez que esta é uma série, eu acho que não preciso lhe seduzir para continuar lendo este livro. Fera e Annabelle estão f*didos – e você sabe que eles estão f*dendo também. Pegue suas armas e algumas calcinhas extras! Estamos em fuga, e ela nunca foi tão sexy.


u passo pela porta que

leva aos chuveiros em direção ao corredor, e lá está ele: Robert Ryan, apontando uma arma para a minha cabeça. Minhas sinapses pegam fogo, registrando sua presença e trabalhando para dar sentido a ela. Meu cérebro se revira freneticamente através de possibilidades, e a primeira que eu penso é que estou sonhando. Essa coisa com Anjo - transando com ela na solitária, depois de eu ter sido deposto pela Agência - é nada além de um sonho induzido por medicamentos. Eu alcanço atrás de mim, dividido entre a esperança de que ela esteja lá e rezando para que não. Meus dedos tocam pele macia, e meu pulso fica histérico. Houve vezes quando Ryan veio à minha cela sozinho - com uma seringa, com um porrete, com spray de pimenta - mas isso é diferente. Anjo está aqui. Eu tenho que protegê-la!


Chuto a arma das suas mãos e ela faz barulho ao cair no chão atrás dele. Seus olhos se arregalam e ele se lança em mim. Meu instinto é me esquivar, mas Anjo está atrás de mim. Eu tenho que protegê-la! Hesito uma fração de segundo, e Ryan enfia uma agulha no meu pescoço... Um tranco me puxa para baixo e me joga para trás. Estática enche a minha cabeça. Meu corpo formiga como se eu não fosse nada além de um monte de poeira, flutuando em uma faixa de luz do sol. Alguma coisa... Alguma coisa está acontecendo! Eu tento olhar ao redor, mas tudo que eu vejo é branco. Paredes brancas? Teto branco? Onde eu estou? Meu coração está se debatendo como um maldito peixe. Meus pulmões bombeiam freneticamente, mas eu não estou conseguindo ar. Minha cabeça lateja e meu peito está muito apertado, mas o resto do meu corpo ainda é poeira. Eu me desloco ao lado dela quando ela aponta uma arma para Ryan. Oh, ela. Pisco para ela, e sinto o puxão em direção a essa linda mulher - Anjo. Quero gritar, eu não deveria gritar, mas eu poderia, porque algo está errado - tão errado. Estou preocupado pra caralho - tão preocupado sobre o que ela está fazendo aqui, mas é difícil descobrir o que está acontecendo aqui quando meu coração bate tão rápido desse jeito. Milissegundos depois, meu corpo consegue processar um pouco do que seja lá que havia na seringa, e ESTOU NO JOGO, BABY. Eu me empurro em meus cotovelos, levantando a cabeça e os ombros do chão. Ainda estou entorpecido, mas me sinto forte e poderoso. Inquebrável. Estou sentado, puxando um dos joelhos para o peito, maravilhado com quão estranho e indestrutível eu me sinto, quando o rosto de Anjo se contrai, ela


sacode os braços estendidos, e Ryan bate no chão à minha frente em um spray de sangue. Putaquepariuosangue! Ele está se espalhando ao redor da sua cabeça destruída, escuro e espesso. Estou de pé antes que ele me alcance. De algum lugar vago e distante, ouço Anjo soluçando e isso me incomoda. Meus olhos aturdidos saltam pelo corredor e a encontram no chão logo ao meu lado, agarrando a arma e lamentando. Eu a arranco das suas mãos e rasgo a parte dos ombros do meu macacão, usando o tecido para apagar as digitais dela. CAÇA AO FALCÃO. As palavras caem com força na minha mente antes de seu significado, me deixando compreender... eu olho para Anjo, que ainda está no chão. Há sangue no seu rosto lindo. Da cabeça de Ryan. Ela está muito descontrolada e CAÇA AO FALCÃO. Eu não... CAÇA AO FALCÃO. Uma onda de pavor toma conta de mim. Eu me lembro de algo que Mack, outro dos guardas da solitária, me disse recentemente. Sobre como o novo diretor estava desconfortável com as visitas frequentes de Ryan para mim, preocupado que ele fosse pego deixando o procurador foder comigo. — Ele é um tipo de pessoa rigorosa. — o guarda me disse. O que significa que quando o novo diretor descobrir o que acabou de acontecer, haverá uma caça ao falcão.


Uma caça ao falcão é quando prisioneiros-problema são mortos. Geralmente quando merda acontece, e os chefes precisam cobrir as suas bundas. Culpa e inocência não importam em uma caça ao falcão. Qualquer um envolvido no incidente - qualquer um que talvez conte uma história que poderia deixar o pessoal da prisão em apuros - é eliminado. Anjo está aqui. Eu estou aqui. Nós dois podemos - seremos - explodidos por causa dessa coisa com Ryan. Anjo fez isso. Eu pisco para o sangue fazendo uma poça ao redor dele, lutando para pensar. A Agência estava o usando para me derrubar. Se eles não estivessem, ele nunca teria sido capaz de me jogar aqui embaixo na solitária. Eu tinha muito poder para isso, antes que eles se voltassem contra mim. Mas eles me querem fora. Eles querem Juarez no comando. Rocker sai da estação de guarda. As câmeras estão desligadas, então ele não viu o que aconteceu, e a arma tinha um silenciador, então ele não ouviu o tiro também. Devem ter sido os soluços de Anjo que o fez se afastar do seu computador solitário. Rocker dá uma boa olhada no banho de sangue no corredor e seus olhos arregalam. E então eu saio do meu estupor e o chuto na porra da cara. Ele cai como um saco de farinha e eu jogo Anjo no meu ombro, enrolando um braço nas suas costas e empunhando a arma de Ryan com a outra. O peso dela nos meus braços corta o meu entorpecimento. Faz meu peito doer. Me faz querer gritar. Mas não há tempo para isso. Minhas pernas de ferro correm escada acima. Quando alcanço a porta que divide a área das solitárias do resto de La Rosa, sinto o cheiro de sangue. Isso quase me pega, mas eu estou muito ligado


agora. Meu corpo canta benzoilmetilecgonina1 enquanto eu bato o código de acesso no teclado ao lado da porta, errando uma, duas, três vezes antes que minha mente faça um que funcione. A porta faz um clique de aquiescência e eu a empurro. Anjo ainda está lamentando, por isso eu assobio. — Quieta. — antes de apertar meu agarre sobre ela e correr em direção à biblioteca. Estou energizado pelo pensamento de que posso consertar isso. Posso salvar meu Anjo. Tudo que eu tenho que fazer é chegar à saída de emergência da biblioteca e fazer uma ligação direta em um dos carros no estacionamento dos funcionários. Se eu conseguir levar Anjo para casa antes que alguém perceba que eu saí... Se eu conseguir tirar Anjo da área da prisão... Eu não me importo com o que aconteça comigo. Eu já estou morto.

*

Eu não sou nada além do meu terror. Não uma pessoa, não um corpo, nem mesmo uma alma. Nada além de puro e animalesco terror. Eu me agarro a Fera enquanto ele corre pelos corredores. Minhas mãos estão presas ao redor de seus ombros. Meu coração está batendo como um tambor. 1

Para quem não sabe, esse é o nome do composto químico da cocaína.


Eu matei alguém. Eu posso ter matado um procurador do distrito. Será que vou para prisão em breve? Quem irá cuidar de Adrian? As perguntas vêm como anúncios pop-up na tela do computador, e eu só aperto no “X” para fechá-los. Eu acho que parei de gritar. Sim, minha boca está fechada. Eu me pergunto se Fera pode nos tirar daqui. Empurro um emaranhado de cabelo do meu rosto, e sinto sangue grudento em minhas bochechas e nos meus olhos. Posso até sentir o gosto disso. E - oh, merda. Meu estômago revira e eu estou vomitando sobre o ombro de Fera, soluçando enquanto ele me leva com pressa pelo corredor.


stou perto da porta da

biblioteca quando a estática vem pelo intercomunicador. O novo diretor tentando descobrir como emitir um SOS? O novo diretor batendo o intercomunicador na boca enquanto ele alcança o quadro de luz para fazer um bloqueio? Meus dedos tremem quando eu guardo a arma debaixo do braço e enfio o código de acesso no teclado. A porta da biblioteca se abre, e nós corremos para dentro. O espaço parcialmente construído está calmo e vazio. Eu tiro Anjo do meu ombro e a coloco entre meus braços. Seu rosto está sujo de sangue, coberto de lágrimas. Eu não sinto nada porque estou muito drogado, mas eu sei em algum lugar dentro do meu cérebro que eu odeio a sua tristeza. Isso não está certo. Eu vou consertar as coisas. O nome dela rola pela minha língua pesada. — Anjo. Lágrimas enchem os seus olhos e eu a puxo para mais perto de mim, porque eu acho que é disso que ela precisa. Ela está com medo. Ela está com medo e isso é minha culpa.


Eu vou consertar isso. Aperto a sua mão e então me viro para leva-la para saída de emergência. É nesse momento que as sirenes começam a gritar. Todos os teclados e câmeras ao redor da biblioteca começam a piscar luzes vermelhas. O que significa que a porta da saída de emergência à nossa frente não vai funcionar. PORRA! Eu chicoteio para uma das janelas. Droga - plástico! Eu solto Anjo e corro para uma pilha de sucata onde guardo alicates industriais. Eu estava aqui quando as janelas foram instaladas, eu me lembro de como elas foram acomodadas no painel. Agarro o alicate e pulo no banco da janela, movendo-me como a porra do Flash2. Usando minha mão esquerda e o alicate, começo a arrancar o plástico da moldura de madeira da janela. As vigas estão exatamente onde pensei que estariam. Eu corto três antes de perceber que a janela não vai ceder. Desço do banco da janela. Anjo corre até mim. Ela está chorando, agarrada a mim, mas eu a afasto. Eu preciso nos tirar daqui agora. Agarro o seu braço e a levo-a comigo até a porta. Suas mãos estão no meu ombro. Seus braços ao redor da minha cintura. Eu a afasto novamente e começo a socar códigos no teclado. 9-2-5-6-1. Nada! 0-1-3-5-2.

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É um personagem de histórias em quadrinhos que tem o superpoder de se locomover em uma velocidade absurdamente rápida.


Porra! 8-2-6-1-5. — PORRA! Meus dedos estão suando. 8-1-8-0-0. Porra! Em uma tentativa maluca eu experimento o meu próprio código de acesso. O teclado continua piscando vermelho. — PUTA QUE PARIU! Viro-me em direção à porta que dá para o corredor, onde eu acho que ouço o som de botas. Anjo está agarrada à minha cintura. Olho para o seu rosto sujo de sangue e vejo terror puro. Presos aqui. Nós estamos presos aqui. Droga! Corro para uma bancada de trabalho e pego um rolo de corda. Junto os pulsos de Anjo na frente dela e os amarro - rápido. Aperto mais do que deveria porque quero ser convincente. Depois agarro os seus cotovelos e olho diretamente em seus olhos. — Jogue junto, Anjo. Eu matei Ryan. Quando eles entrarem por essa porta lute contra mim e corra para eles pedindo ajuda. Você ouviu o que estava acontecendo entre Ryan e eu. Você veio ver como eu estava e me viu mata-lo. Seus olhos se arregalam. — Ele está morto?


Acaricio as suas bochechas com os meus polegares. — Não pense nisso, Anjo. Faça o que eu estou dizendo e saia daqui. — Não. — lágrimas caem do seu queixo quando ela balança a cabeça. — Eu não vou fazer isso com você. — Sim… sim, você vai. Dentro de um segundo. Faça como eu estou dizendo, Anjo. Eu estou falando sério pra caralho. Estou bem na frente da porta da saída de emergência e ela está me encarando e portanto, de costas para porta do corredor. Sou eu quem os vê primeiro - o grupo de guardas que irrompe no local com as armas apontadas para nós. Meu olhar salta sobre os rostos familiares, amigos e inimigos. — Lute. — eu assobio. Um olhar de incerteza passa sobre o seu rosto, mas se vai um instante depois. Ela puxa os ombros do meu agarre e eu posso ver o brilho de confusão tomando o rosto dos guardas. A adrenalina e a cocaína deixam minha corrente sanguínea em um instante. Meus músculos começam a tremer. Eu nem sequer estou respirando quando assobio “lute”. Agarro seu braço e a empurro contra a parede. Ela me dá uma cabeçada no ombro, então um chute na coxa e depois corre para o grupo de guardas. Alívio corre por mim, então estou meio segundo atrasado em correr atrás dela. Os guardas a seguram antes que eu possa alcança-la, e três deles se separam e vêm para mim. Levanto minhas mãos para evitar o maldito Taser, e ao fazer isso algumas engrenagens se mexem na minha cabeça: 9-9-9-9-1. O código de acesso dos motins. Eu aposto que o código de acesso dos motins funcionaria na saída de emergência! Eu aposto que ninguém pensou em mudá-lo depois que Holt foi embora. Os guardas seguram meus braços, e sinto a forma familiar de um Taser pressionado contra a minha nuca. Eu mal me importo. Estou observando Anjo quando um dos novos guardas coloca suas mãos nos ombros dela. Posso vê-la


chorando. Outro guarda, Terry - um dos que costumava aceitar prontamente os meus pagamentos - corta a corda ao redor das suas mãos. Vejo-os balançar as cabeças e eles parecem preocupados. Ouço a voz dela, mas não posso segui-la. Minha cabeça está zunindo. Eu me pergunto vagamente o que irá acontecer comigo agora, mas não consigo sentir a emoção que deveria. Tudo que eu quero saber é que ela foi embora de forma segura e nunca mais vai voltar. Sou consumido pelos pensamentos de Anjo na sua casa, abraçando sua irmã mais nova. Observando a sua mãe doente. Então estou um pouco lento para compreender o que está acontecendo quando vejo Anjo gesticulando com os braços. Quando eu a vejo correndo para mim. Leva um segundo inteiro e o horror em seu rosto para perceber que ela estragou tudo. Eu dei a ela uma saída e ela não aproveitou.

*

Eu ia fazer o que ele disse. Eu disse a mim mesma que eu não poderia ajudá-lo se eu também estivesse na prisão. Eu disse a mim mesma - eu não tinha que dizer isso a mim mesma - que Ad precisa de mim. Tudo aconteceu tão rápido, não houve tempo para pensar. Corri para ele.


Eu não tive problemas em atuar como se estivesse com medo. Eu estava com medo pra caralho. E então eles gritaram “se acalme” e perguntaram “o que aconteceu?”, e eu não pude continuar. Eu simplesmente não podia deixá-lo levar a culpa por algo que eu fiz. Eu soluço. — Eu atirei no procurador. Foi legítima defesa. Então eu volto correndo para Fera. Meus olhos estão embaçados demais para ver a reação em seu rosto, mas eu sei que ele está abrindo os braços para mim. Estou no meio do tumulto, sendo empurrada e puxada. E então Fera me puxa porta afora.


nos

atrás,

eu

costumava sonhar com esse momento. Antes da prisão, eu usava o jato da família para ir a todos os lugares. Qualquer lugar. Quando as coisas ficavam demais, eu só ia. Eu tinha um iate chamado Mistress of the Seas. Um ano eu viajei com ele até a Grécia. Não acho que gastei mais do que algumas semanas em uma cidade até o início da minha sentença em La Rosa. Nos primeiros meses eu costumava acordar durante a noite, procurando no teto por um padrão. Tinha a expectativa de ver o teto pipocado da minha suíte no Mistress ou o dramático entalhe de onde um lustre se pendurava no meu quarto em Napa. O bege suave dos quartos do Ritz no Central Park. Em vez disso, havia uma rachadura que ia de um lado a outro da cela que eu dividia com um homem chamado Poohbar. Minha primeira reação era congelar, porque a única maneira que eu estaria dormindo em um prédio com problemas estruturais era se um terremoto tivesse destruído a fundação enquanto eu dormia. Então eu soltava o ar entre as mãos, porque as coisas estavam tremendo. Mas não era o chão. Era eu. Lanço-me para a saída de emergência, e quando meu pé descalço toca na terra fria é um choque tão grande que eu quase congelo.


Isso não acontece, é claro, mas acho que me deixa mais lento. Isso não é bom, porque quando o primeiro guarda bate no chão atrás de nós, balas começam a zunir. Durante os primeiros dez metros, elas são balas de borracha. Eu sei pelo som, por tê-las ouvido sendo disparadas contra os outros presos várias vezes, e uma vez contra mim, por um guarda que não sabia que eu era Fera e que nunca deveria me ferrar. Ainda assim, balas de borracha machucam, e a última coisa que Anjo precisa é ser atingida por uma. Eu a levanto em meus braços, pressiono sua cabeça contra o meu peito e corro tão rápido, que poderia muito bem estar voando. Corro em um padrão zig-zag com a arma de Ryan na mão, esperando que nenhum dos novos contratados consiga atirar - ou correr rápido. Temos talvez uma vantagem de 20m em relação a eles, mas pode não ser o bastante. Eu me deparo com um bosque de árvores que contorna o estacionamento, e ouço balas de verdade cortarem o ar quando os passos atrás de mim ficam mais altos. Viro-me para trás e disparo alguns tiros cegamente. Eu os levo para longe do estacionamento, e depois volto naquela direção. Percebo que eles estão muito perto, então largo Anjo e vou para o guarda atrás de mim. Ele dispara um tiro que me acerta no ombro, mas a dor só me deixa mais irritado. Coloco Anjo abaixo do braço e depois de atirar em mais outro guarda no pescoço, corro em direção à parte de trás do estacionamento, ainda tentando me esconder nas árvores. Tudo que eu penso é em como movê-la. Eu tenho que protegê-la como ela me protegeu.


Somos

encontrados

novamente

quando

estamos

perto

do

estacionamento. Eu sou a porra de um bom atirador - muitas aulas práticas de tiro ao alvo para papeis de ação - então não é difícil acertar o guarda no quadril. Percebo enquanto me movo que há sirenes tocando na prisão. Eu sei que o portão de saída está bloqueado, mas esse é o portão dos funcionários, e eu acho que tenho os códigos. Ninguém sabe quais códigos eu tenho, então eles não sabem como desativar todos eles. Aposto que esses idiotas nem ao menos desativam o código de motim que eu usei para sair. Corro pelo estacionamento, coloco Anjo na parte de trás de uma caminhonete e quebro a janela do lado motorista. Fico escorregadio de suor em meu pânico em fazer ligação direta no carro - já faz anos - mas eu consigo, embora esteja pingando no quadril e tenha atirado em mais de dois guardas. Levanto Anjo quando meia dúzia de guardas sai do bosque, e balas começam a voar novamente. Eu a jogo no banco do passageiro e aperto o acelerador tão forte que batemos em outro carro quando viramos em direção ao portão. Eu voo, e então aperto o freio na torre onde se coloca o código de acesso antes de olhar para cima e perceber que o grande portão está recuado. Os idiotas o deixaram aberto por engano, e há somente um braço de plástico branco e amarelo à nossa frente. Atiro-me sobre ele quando um dos guardas surge atrás de nós em um caminhão, mas eu peguei uma Pontiac Grand Am e sei que vou ultrapassá-lo. Nós voamos por um minuto, e então eles ficam para trás. — Coloque o cinto. — eu digo a Anjo, e ela está gritando alguma coisa, mas eu não consigo ouvir o que é. — Coloque o cinto! — eu grito mais alto, porque acabei de atingir 168 km/h e ela ainda não fez isso, e eu tenho memórias.


Acho que a vejo puxar o cinto com o canto do meu olho, e vou mais rápido. Não importa que ela esteja presa, no entanto. Meu estômago está se revirando. Acho que poderia vomitar, mas não posso vomitar, não posso fazer isso porque se não vou bater. Agarrando o volante, trabalhar com o acelerador e com o freio me deixa sóbrio, me tira da minha armadura apática induzida por drogas. Eu não posso olhar para ela, mas isso não impede minha boca de se mover. — Eu sinto muito, Anjo. Cristo, eu sinto muito mesmo. Me desculpe. Nós tivemos que ir embora. Na biblioteca eles disseram - há essa palavra-chave - que eles iriam atirar em nós. Olho para ela de relance e a vejo agarrando seu estômago com uma mão e a porta com a outra. Seu rosto está pálido e sujo de sangue de Ryan. Seus olhos estão aterrorizados. Traumatizados. Estou chocado ao sentir minha garganta apertar, então inchar. Meus olhos ardem, mas estou dirigindo, caralho. Eu tenho que dirigir. Ligo o rádio para que uma música toque e me concentro na estrada e no meu velocímetro. — Onde nós estamos indo? — ela grita por cima da musica. — Temos que nos esconder. Talvez tenhamos percorrido outro quilometro sem ver ninguém. Então, bem na linha do horizonte, vejo luzes azuis e vermelhas se aproximando de nós. Tento desacelerar o carro para poder sair da estrada e me embrenhar entre as árvores raquíticas ao seu lado. Eu tento, mas estamos indo rápido demais e não estou disposto a correr o risco de capotar. Os carros da polícia estão se movendo rápido pra caralho, porque antes que eu saiba, o primeiro deles está sobre nós. O porco faz o que eu acho que ele ou ela irá fazer - essa manobra em que se joga o carro na nossa frente, girando,


de forma que nós batemos na sua traseira. Eu já vi isso dezenas de vezes em filmes de ação e em perseguições de carro reais, então estou meio que esperando. Desvio em torno deles com alguma facilidade. Passamos pelo carro, que faz uma violenta curva em U e sai atrás do nosso rabo. Anjo começa a chorar. Mantenho meus olhos na estrada à nossa frente até que os vejo: pregos. Um dos meus personagens, um agressor sexual na HBO chamado Samuel Irons, foi parado desse jeito. Giro o volante duramente para a direita, desviando na sujeira ao lado da estrada. Um segundo depois, o carro atrás de nós fica para trás. Eles passaram sobre os seus próprios pregos. Eu rio e Anjo começa a rir comigo. Nós gargalhamos até que eu vejo outro show de luzes: um enxame perverso de vermelho e azul, talvez meio quilômetro à frente. E de repente, há mais um atrás de nós. Ele desliza ao meu lado, quase arranhando minha porta, e eu bato no freio. Ele continua em frente, e eu percebo a paisagem do outro lado da estrada. Muitas árvores por aqui. Muitas árvores do deserto da Califórnia. Ainda estou olhando para ele, sentindo meu próximo passo, quando seu carro estremece e depois para. Mais pregos. A linha de luzes vermelhas e azuis à frente está mais perto agora. Perto o bastante para que eu veja as barras de luz individuais no topo dos carros. Perto o bastante para que em mais alguns metros eles estejam sobre nós. Tomo uma decisão em uma fração de segundo e saio da estrada, acelerando o carro enquanto dirigimos entre as árvores. Essa é a maior aposta da minha vida. Quase imediatamente eu me deparo com uma ainda maior, quando percebo que estou dirigindo diretamente para uma lagoa.


Chuto o pedal e grito: — Segure-se! E então eu nos mergulho na água.


u não sei nadar.

Esse é um dos meus segredinhos sujos. Quando o nosso carro bate na água, eu entendo o significado de ver a vida passar diante de seus olhos. Vejo Adrian e mamãe, e eu sinto meu corpo debaixo do de Fera no dia em que ele me levou à biblioteca. Eu me vejo dançando no quarto de nossa mãe com Ad, segurando suas mãozinhas enquanto requebramos ao som de U2, passando por entre as máquinas de mamãe que emitem sinais sonoros. Sinto um desejo tão afiado que me tira o fôlego. Desejo de vida. Eu não posso morrer agora! Eu ainda não estou pronta. A água fria desliza pelo chão e chega até as minhas canelas, chamandome para a realidade.


— Meu Deus! Merda! Porra! — eu me enrolo em uma bola no meu lugar,

agitando os braços e chorando porque EU NÃO SEI NADAR E HÁ ÁGUA POR TODA PARTE. Então Fera está soltando meu cinto de segurança e me puxando para o seu colo. Ele me vira para encará-lo e segura meu rosto, obrigando-me a olhá-lo nos olhos. — Segure-se, Anjo. Tente se acalmar. — seu olhar prende o meu, penetrando o meu terror. Sua mão ao redor do meu maxilar me acaricia enquanto ele fala. — Eu vou empurrá-la pela janela e depois em direção à superfície. Chute com os pés. Isso é tudo que você tem que fazer. Estarei logo atrás e a empurrarei para cima. Adicionalmente à água se espalhando pelo chão, uma minicascata está se derramando pela janela rachada do lado de Fera, encharcando os nossos colos. A água no chão está subindo também, agora chegando à borda dos nossos assentos. Eu balanço a cabeça e agarro o seu pescoço. — Eu não posso! Eu não consigo nadar! — Você não vai nadar. — ele diz severamente. — Eu vou empurrar você. — ele tira meu cabelo úmido do rosto e solta uma respiração profunda enquanto água corre por todo o lugar ao nosso redor. — Respire, Anjo. Você pode fazer essa porra. Faça isso por mim. Sua voz é baixa e hipnótica. Seus bonitos olhos são um farol na minha névoa de terror. — Tire os sapatos. — ele ordena. Eu coloco a mão dentro da água fria e os puxo, depois olho para ele novamente, esperando mais instruções. — Eu vou empurrá-la para fora primeiro e vou logo atrás de você. Haverá somente um momento em que você não sentirá minhas mãos, e vai ser logo depois que eu empurrá-la pela janela. Prenda a respiração. Este lago não é


profundo, baby. — ele acena em direção ao para-brisa, onde vejo uma nuvem de poeira e lama escura. Olho para baixo, repentinamente percebendo que a água está acima do meu peito. Acho que o carro está se movendo. — Vamos lá, Anjo. Nós temos que ir. — Ok. — eu choro. — Ok, eu vou! Ainda assim, ele tem que me descolar dele. Ele move seu corpo entre o meu e a janela parcialmente quebrada ao lado do motorista, perdendo tempo com isso enquanto eu levanto minha cabeça em direção ao teto do carro e tento respirar. — Eu vou quebrar o resto da janela. Em um segundo eu vou pegar você e lhe jogar através da janela. Bata os pés e prenda a respiração. Isso é tudo que você tem que fazer. Sem mais nenhum aviso, ele joga o cotovelo contra o vidro que resta. Eu não o ouço quebrar, mas eu sei que isso acontece porque mais água se derrama para dentro. Estou fugindo de volta para o assento do passageiro instintivamente quando suas mãos se prendem ao redor da minha cintura. — Segure a respiração. — ele estala, mas eu já estou fazendo isso. Água fria está cobrindo meu rosto. Faço tudo que poso para não gritar ou desmaiar quando sinto meu corpo ser empurrado para frente. Agarro o painel metálico da janela e tento me jogar para fora. Então sinto um empurrão forte na minha bunda e estou perdida em água e lama marrom. Bata os pés, Annabelle! Eu deveria bater os pés! Eu faço, e a luz âmbar acima de mim fica mais brilhante. Agito os braços, mas meus pulmões estão gritando. Eu não consigo respirar! Algo duro alcança minha cintura e eu me assusto, soprando um pouco do ar que estou segurando em meus pulmões.


Está tudo bem. É Fera! Ele tem seus braços ao redor da minha cintura. Ele está em arrastando em direção à luz, chutando com força suficiente para nós dois. Passo meus braços ao redor da espessura do seu torno, me segurando desesperadamente, e então me pergunto tardiamente se deveria estar chutando também. Isso não importa. Tenho um rápido vislumbre do brilhante lado debaixo da superfície e então eu explodo para fora, ofegante. Seu braço vem ao redor do meu pescoço e eu luto contra ele até perceber que ele está encaixando meu queixo na dobra do seu cotovelo para manter minha cabeça acima da água enquanto ele se move no lago com a outra mão e tenta olhar ao redor. Posso senti-lo batendo os pés, ouvi-lo ofegar enquanto trabalha para me manter à tona. Depois de um minuto ou mais olhando ao redor, eu sussurro. — Há alguém aqui? — Parece limpo, mas ainda não tenho certeza. — ele murmura. Ele começa a andar em direção à borda cheia de grama do lado, estendendo o braço direito à sua frente e batendo suas pernas longas e fortes. Seu braço esquerdo me segura: mantém meu rosto virado para o céu azul enquanto meu corpo é arrastado pela água atrás de mim. Estou com tanto medo de me afogar. Faço tudo que posso para não chorar. Tento me concentrar no azul do céu - como ele é suave, como é desconhecido; o que aconteceu hoje não importa. Eu não preciso pensar sobre o que aconteceu hoje. Eu posso sentir quando Fera toca o chão. Ele me move para frente dele, envolvendo um braço ao redor da minha cintura, então minhas costas estão pressionadas contra o seu peito e minha bunda está apoiada contra o seu


quadril. Nós saímos da água e meus olhos voam ao redor, ansiosos para descobrir onde estamos e se estamos sozinhos. Parece que estamos a uns 800 m da estrada, saindo de um lago oval com o tamanho de um campo de futebol. Nosso lado da lagoa se estende por debaixo de algumas árvores grandes. Ao redor das árvores e do lago há muita grama verde espessa - o bastante para talvez ser algum tipo de pastagem. Corro meu olhar ao longo da estrada à nossa frente, mas não vejo nada. É possível que sejamos tão sortudos? Fera parece ler minha mente. — Bem, Anjo, parece que nós tivemos sorte. Ele me ergue por sobre o ombro e corre para o meio do bosque, onde uma dúzia de árvores grossas parece oferecer algum abrigo. Ele me deixa sentar na terra, em meio a grandes raízes de árvores, então acena com a cabeça em direção ao que parece ser uma pilha de poeira cinza e seca a alguns metros de distância. — Isso é esterco de vaca, velho e seco. — ele diz, parando à minha frente. Seu peito amplo e brilhante está sem o macacão branco; ele se pendura dos seus quadris e cai sobre a parte inferior do seu corpo. A primeira coisa que ele me diz depois de tudo que acabamos de passar é “isso é esterco de vaca, velho e seco”. Na verdade isso me faz rir um pouco. — Há vacas aqui? — Pela aparência disso, não recentemente. Isso é provavelmente um campo de pastagem. — olho para o campo plano e gramado ao nosso redor. — Se isso é um campo de pastagem, então onde elas estão? Ele se ajoelha ao meu lado. — Quando pessoas criam vacas, eles trocam o lugar onde as mantêm. Esse campo é provavelmente fora de rotação. O que significa que ele pode ser o lugar perfeito para nós descansarmos um pouco. — ele fica de pé novamente, olhando ao redor com os olhos apertados, como se estivesse preocupado de perder alguma coisa.


Eu me encontro incapaz, mesmo nessa situação difícil, de tirar meus olhos do seu corpo em movimento. E é assim que eu noto que suas calças brancas têm uma mancha vermelha. Uma rápida olhada revela que todo seu braço esquerdo está vermelho. — Oh, meu Deus. — meus olhos voam para o cotovelo que ele usou para quebrar o vidro. Ele tem um pequeno corte, mas... — O seu ombro! Eu salto de pé e ele dá o que parece ser um instintivo passo para trás. Ele vira a cabeça para dar uma olha no seu ombro esquerdo. Bem ali, ao redor do mesmo lugar em que meu amigo do Ensino Médio, Todd, tinha uma cicatriz de uma cirurgia no manguito rotador, há um corte enorme - algo perto dos 12 cm. Sangue está se derramando até o seu cotovelo, e então pingando dali para as calças. — Você foi baleado? Seus lábios se apertam e suas sobrancelhas se arqueiam. — Parece que sim. Eu olho para esquerda e para a direita, para a esquerda de novo, procurando não sei pelo quê. Não há nada além de um campo e da pequena estrada à nossa frente pelo que parecem quilômetros. — O que nós fazemos? Você está sangrando muito! Ele franze o cenho, olhando ao redor distraidamente. — Eu estou bem. — ele caminha de uma árvore a outra, pingando sangue enquanto ele observa a terra ao nosso redor. — Eu acho que nós estamos em Covington. Aceno lentamente. — Sim, parece que sim. Se nós estamos em Covington, uma pequena fazenda comunitária produtora de leite, estamos somente a alguns quilômetros do local do acidente. — O que fazemos agora? Para onde nós vamos? Eles vão nos encontrar certo? — eu afundo novamente em uma das raízes largas e enrolo meus braços


ao redor de mim mesma. Só de contemplar essa questão, minha adrenalina dispara. Estou tremendo levemente enquanto me pergunto o que acontece se minha mãe morrer hoje. E se eu for presa por atirar em Ryan? Não quero que Fera leve a culpa por algo que eu fiz, mas Adrian precisa muito de mim. — Oh meu Deus. — eu gemo. Aperto minha cabeça quando o medo se torce dentro de mim. Um segundo depois, sinto Fera se ajoelhando na minha frente. — Anjo. — ele murmura. Ele me puxa contra seu peito e enterra seu rosto na suavidade entre meu ombro e minha garganta. — Eu sinto muito. Muito, muito, muito, Anjo. — ele me afasta e olha para mim. — Você está bem? Você está ferida... fisicamente? Balanço a cabeça quando lágrimas enchem meus olhos. — Acho que não. Vejo seu rosto apertar tanto que ele parece irritado comigo. Um segundo depois ele caminha até uma das árvores e apoia seu ombro direito no tronco. Posso ver seus ombros subindo e descendo enquanto ele respira. Irritado? Chateado? O que ele está sentindo? O que ele está pensando? Lembro-me de como o encontrei na cela. A colagem doentia no teto. Marcas de agulha na parte interna da sua coxa. Como foram essas últimas semanas para ele? Os últimos dois meses... Caminho até ele, incerta sobre o que ele precisa, mas não disposta a ficar parada sem fazer nada. Eu passo sobre as raízes, então estou logo atrás dele e pressiono minha palma nas suas costas. Ele esquiva-se e então se vira com o olhar endurecido. — Desculpe. — eu sussurro. Dou um pequeno passo para trás. Ele gira para me encarar. — Não se desculpe. Você nunca deve se desculpar - não para mim, Anjo. Eu sou o único maldito que deve fazer isso. —


ele aperta o maxilar e balança a cabeça brevemente. — Eu não a mantive segura. Eu... — ele inala profundamente, exala com força e morde o interior da sua bochecha quando deixa a cabeça cair. Por meio segundo, seu rosto se contorce dolorosamente. Então seus olhos encontram os meus. Eles estão vermelhos ao redor das extremidades. — Porra, eu realmente sinto muito por ter conhecido você.


ocê

realmente

gostaria que isso não tivesse acontecido? Ele olha para o lado e balança a cabeça um pouco. — E você não, Anjo? — Não. — Então você não está pensando nisso direito. — ele esfrega os olhos. — Eu arruinei a sua vida hoje. — O que você fez especificamente para arruinar a minha vida hoje? — ele aperta os lábios, então eu continuo falando. — Quando o procurador lhe atacou, ele fez isso porque você não podia se defender. Se você pudesse, ele teria vindo para cima de mim. E depois você tentou levar a culpa por algo que sequer fez. Você tentou livrar a minha cara de um... assassinato. — eu falo a palavra sufocada, mas continuo falando, segurando o seu olhar enquanto meu corpo vibra com adrenalina e emoção. Caminho para mais perto dele. Tão perto que estamos quase nos tocando, e posso ver cada linha no seu rosto. — Você não fez nada errado. Nada para mim, pelo menos. As coisas estavam fodidas lá. Fodidas. — eu digo novamente.


— Você estava se fodendo, na solitária e isso é muito, muito errado e muito assustador. — E agora você está presa nessa merda - e isso é errado também. — ele corre a mão pelo seu cabelo escuro e molhado, então traz seu olhar novamente para o meu. — Eu vou tirar você dessa. Preciso de um telefone. Você tem o seu? Balanço a cabeça. Eu o deixei na prisão. — Tudo bem. Vou encontrar outro telefone. Fazer uma ligação. — seus olhos assumem um olhar vidrado enquanto ele fala e um pouco de cor some das suas bochechas. — Eu vou levá-la para casa. — ele murmura. Ele pisca algumas vezes em rápida sucessão, então se agacha. Dessa posição, ele se senta, a bunda na terra e suas longas pernas esticadas à sua frente. — Você está bem? — eu vou até ele e o vejo rasgar a perna esquerda da sua calça ao longo da costura lateral. Ajoelho-me ao seu lado, e ele rasga uma tira de tecido. Seus olhos vão para os meus. — Você pode prender isso ao redor do meu ombro? Amarre apertado. — Ok. Sim, claro. — eu pego o tecido e, usando os dentes, o rasgo ao meio, então tenho duas tiras longas. Vou até o seu lado esquerdo, e me sinto mal por não ter percebido que parece muito pior. Todo seu lado esquerdo está banhado em sangue. — Posso amarrar por debaixo do braço, subindo contra o peito? — Claro. — ele diz, descansando a cabeça nos joelhos. — Só aperte bem. Amarro as faixas apertadas e ele aperta os dentes quando eu faço o nó. Vou para frente dele e coloco uma mão no seu joelho. — Há algo que eu possa fazer?


— Você pode verificar a estrada? — ele diz sem levantar a cabeça. — Claro. Eu me levanto e caminho até a borda das árvores para poder olhar para a estrada. Não vejo nada. Não ouço nada. Isso é bom, mas que diabos eu vou fazer com ele? E se ele desmaiar? Eu volto até ele e me agacho do seu lado. — Nós estamos bem. Não há ninguém lá. Ele não responde e eu começo a ficar preocupada. Então ele levanta a cabeça para poder me olhar com olhos escuros e cansados. — Por que você não fez o que eu disse, Anjo? Ele não explica, mas não é necessário. — Eu simplesmente não podia. — eu sussurro, sentando em frente a ele. — Eu não podia fazer isso com você. Ele geme. — Eu desejo com todas as forças que eu nunca tivesse pedido a você para voltar naquele primeiro dia. — Estou feliz por você ter feito isso, ou você ainda estaria na solitária. Eu voltei essa última vez - e nas vezes antes dessa, também - porque eu quis. — minha voz falha inesperadamente. — Eu sinto muito por ter estragado as coisas hoje. Eu não queria atirar nele! Eu queria, mas eu não queria que ninguém morresse. Eu estou feliz por tê-lo matado, caso eu tenha matado. Ele estava... atormentando você. Mas isso é tão estranho. Ser uma assassina. — cubro minha boca com as duas mãos e solto um soluço. — Você não é uma assassina, Anjo. — ele se aproxima de mim, perto o suficiente para tocar o meu joelho. — Você não é uma assassina. Não diga isso novamente. Ele acaricia meu joelho com dedos gentis. — Você é inocente, Anjo. As coisas dão certo para pessoas inocentes. — Eles atiraram em você. Eles estavam torturando você.


Ele ri, baixo e profundo. — Eu não sou inocente. — ele fecha os olhos e descansa sua cabeça nos joelhos novamente. — Se houvesse alguma maneira da gente se separar... mas eu vou protegê-la dessa vez. — ele acrescenta suavemente. — Eu só preciso de um telefone. Estou preocupado, no entanto... — ele corre a mão que não está machucada pelo cabelo, o que estou começando a ver que ele faz quando está nervoso. — Estou preocupado que eu não vá muito longe. Meu rosto... — ele levanta a cabeça para me olhar de novo. — Alguém vai reconhecê-lo, você quer dizer. — Não se você me bater. — seus olhos se arregalam. — Você acha que pode me machucar um pouco? — ele aponta para a sua bochecha. — Só o suficiente para me fazer parecer... diferente de Cal Hammond? Eu rio. — Você está louco? Sem chance. Eu não acho que isso iria funcionar, de qualquer maneira. A sua pele não é a única coisa que o faz parecer Cal. Ele abaixa a cabeça, então a apoia na palma da mão boa, como se estivesse cansado e segurar sua própria cabeça no lugar fosse demais. — Esqueça isso de me bater. — ele murmura. — Eu vou dar um jeito. — Para quem você vai ligar? Ele balança a cabeça. — Eu não quero que você se preocupe com isso, Anjo. Você confia em mim? Para levá-la para casa? Eu posso fazer isso, Anjo. — suas sobrancelhas sobem um pouco, como se ele tivesse acabado de se lembrar. — Como está a sua mãe? Mordo a minha bochecha e desvio o olhar, mas não é o bastante para impedir as lágrimas de escorrerem pelo meu rosto. Ele me alcança e me envolve nos seus braços. Ele beija meu cabelo, minhas bochechas e então a minha boca. Ele me beija com um estranho tipo de abandono que vem do fato dele estar se sentindo tão mal, eu acho. Sua testa encosta na minha. Suas bochechas e nariz roçam meu rosto, quase uma carícia.


Seus lábios são gentis e surpreendentemente doces, transmitindo apenas a quantidade certa de tristeza e cuidado. Ele se afasta e beija minha garganta. — Sinto muito, Anjo. — Não se desculpe. — eu fungo e abro meus olhos. — Isso não é culpa sua. Na verdade, o dinheiro que você me deu meio que ajudou um pouco. Ad adorou as coisas que eu comprei para ela. Eu tento sorrir, porque Deus sabe que nós não precisamos de outra coisa para nos preocuparmos agora, mas quanto mais eu tento, mais histérica me sinto. Se minha mãe morrer e eu não estiver lá por Ad... Eu respiro profundamente. E, quando as coisas parecem se acalmar, nós ouvimos um helicóptero. Eu congelo, fico literalmente paralisada. Ricardo fica de pé rapidamente e inclina a cabeça para trás, olhando por entre os grandes galhos das árvores e folhas balançantes. Depois de um longo momento, durante o qual a batida das hélices fica mais fraca, depois mais alta e então distante novamente, ele murmura: — Acho que nós estamos bem aqui. Ele puxa a arma das suas calças - aquela que eu usei para... — e começa a andar na sujeira. Sem camisa e sujo de sangue, com a sua bunda dura e coxas evidentes através da calça molhada, ele parece exatamente o que é: um homem com aparência de estrela de cinema - e um fugitivo. É engraçado que ele tenha duas distinções tão incomuns, e nenhuma delas explica tudo o que ele é para mim. Nossas vidas estão ligadas de um jeito que eu acho que nunca vou entender. Eu preciso dele de formas que não fazem sentido. Elas nunca fizeram.


Ouço o barulho do helicóptero à distância, e o observo caminhar. Não posso evitar admirar o seu corpo largo e duro. Não posso evitar me importar com ele. Não posso evitar querê-lo. Meus pensamentos circulam rapidamente ao redor de mamãe e Ad, mas faço o meu melhor para manter o foco no seu corpo quando ele para perto da borda do bosque, olhando através do campo. Eu só não posso ir lá - até a preocupação sobre o que está acontecendo na minha casa. Acho que ficarei louca se pensar nisso. O barulho do helicóptero, que ficou distante por alguns momentos, fica alto novamente, e pela primeira vez eu o vejo ao longe. Ele é pequeno e verde e varre a área atrás de nós. Vê-lo me faz sentir como se estivesse sendo arremessada. — Você vai falar comigo? — eu sussurro para as costas de Ricardo. Ele se vira. — Sobre o que, Angie3? Eu sorrio para o meu novo apelido. — Qualquer coisa. Eu só preciso de uma distração. Depois de uma olhada na direção em que o helicóptero desapareceu, ele caminha até mim, se senta no chão e estende a mão, então seus dedos da mão direita estão roçando minha canela através da calça. — Você está com medo? — eu sussurro. Ele balança a cabeça e começa a me acariciar com dedos gentis enquanto seus olhos estão presos aos meus. — Se algo acontecer, nós dois vamos nos render, ok? Eu não tenho nenhum problema em me render ou explicar que tudo que aconteceu hoje é minha culpa. Nós fugimos porque... — ele aperta os lábios e olha para longe de mim. Observo seu maxilar apertar antes que seus olhos voltem para os meus. — É complicado, Anjo, como a justiça funciona na prisão, mas só vamos dizer que se nós formos pegos antes que faça a minha ligação, vamos conseguir um tratamento justo fora daqui. Especialmente você. 3

Como ele sempre a chama de “Anjo”, acabou criando um apelido a partir desse nome.


— E você também, certo? Todos amam você, Cal. — estou provocando-o, usando o seu antigo nome de estrela do cinema, mas ele não sorri. Seus lábios se torcem e suas sobrancelhas se juntam. Ele olha para sua mão que está brincando com a minha perna. — Eu não acho que isso seja verdade. — Acredite em mim, é. As pessoas estão esperando você sair da prisão e voltar para os filmes. Ele olha para o campo enquanto puxa meu pé para o seu colo e começa a fazer uma massagem. — Elas estão? — ele diz. — Você é um ator muito bom. Parece estúpido lhe dizer isso, mas obviamente você sabe. Você acha que voltará a trabalhar com isso? — eu deixo escapar. — Holt me disse que a sua sentença foi prolongada. Ele só continua esfregando meu pé, olhando para o campo e depois de um tempo seu silêncio neutro se transforma em melancolia. — Eu sinto muito. — eu digo baixinho. Ele olha para mim. — Não sinta muito por mim, Anjo. Eu fiz minhas próprias escolhas. Cada escolha que me trouxe a esse ponto, foi minha. Balanço minha cabeça. — Você não escolheu sofrer um acidente. Você me contou que a cocaína era de Uma e você estava cheirando para ajudá-la. Ele estreita os olhos. — Quando eu disse isso? — Na sua cela. Foi quando eu fui vê-lo na solitária hoje mais cedo. Você estava meio fora de si. — Sim. — ele diz. — Acho que eu estava. Olho para os seus dedos, que continuam acariciando o arco do meu pé. Observo seu movimento repetitivo enquanto ouço o barulho do helicóptero. Quando tenho certeza que não o escuto mais, a ansiedade de estar sentada aqui - só esperando ser pega - me empurra outras perguntas. — O que havia na seringa? — eu pergunto.


— Não tenho certeza. — ele diz, evitando meus olhos. — Provavelmente cocaína ou algo parecido. — Ryan estava fazendo isso por causa do acidente, não é? Ele esfrega a cabeça. — Eu não quero mais falar disso. — ele solta o meu pé e se levanta, estremecendo um pouco enquanto se move, e então estica o pescoço para dar uma boa olhada no seu ombro amarrado. — Você acha que está sangrando menos? — Parece que sim. — sua voz é áspera e eu posso dizer que ele quer algum espaço, porque ele vai o mais longe de mim desde que chegamos aqui, indo pelas árvores em direção à estrada e fica lá parado por um minuto, apenas respirando com o maxilar contraído. Ele ainda está parado lá quando eu noto os três grandes pontos no céu acima da estrada, ficando maiores à medida que se aproximam de nós.


rês helicópteros verdes.

Isso é o que eles são. Três helicópteros verdes voando baixo sobre a estrada. Tão baixo que eu quase posso ler as palavras pintadas na lateral de cada um. Eles estão voando em uma linha, mas quando vejo, eles se separam, com um seguindo acima da estrada, um sobrevoando a terra do lado oposto da rodovia e o outro vindo em nossa direção. Aquele que está do nosso lado da estrada começa a varrer os campos, movendo-se perpendicular à rodovia, voando tão baixo que eu aposto que alguém poderia saltar para fora dele e não se machucar muito. Quando eu consigo compreender como nós estamos fodidos, ofego. — Fera, o que nós vamos fazer? Ele caminha até mim e pega a minha mão. — Acalme-se, Anjo. Acho que eles não podem nos ver através dessas árvores. — E se eles tiverem infravermelhos? — eu lamento. — Eles não têm. — Como você sabe?


— O Estado não é tão rico. Além disso, aquele veio mais cedo não nos viu. — Aquele não era verde. Ele era preto! — Olhe nos meus olhos, Anjo. Eu faço. — Se nós formos pegos - eu não acho que seremos, estou apenas supondo para o seu bem - vamos levantar as mãos. Nada de drama para se render. Diga a quem nos encontrar que eu atirei em Ryan. Abro minha boca para protestar, e ele pressiona um dedo silenciador contra meus lábios. — Você acha que eu tenho uma razão para atirar nele? Um motivo razoável? — eu começo a falar novamente, e ele balança a cabeça. — Não, esqueça isso. Você acha que a maioria das pessoas acharia razoável que eu atirasse nele? Eu aceno com a cabeça. — Sim... acho que sim. — Então isso não é grande coisa, é? — Sim. — eu choro. — É! Porque não foi você que fez isso, fui eu! E eu fiz outras coisas ruins também. Como me esgueirar na solitária. Isso deve ser algum tipo de mega crime! Ele cobre a minha bochecha com a mão. — Um que você cometeu porque estava preocupada comigo, não é Anjo? Você ouviu que eu estava sendo mal tratado, não ouviu? Concordo com a cabeça. — Por que nós fugimos? — ele pergunta. Balanço minha cabeça. Eu nunca fui muito boa em respostas imediatas. — Porque nós estávamos preocupados que eu nunca fosse ter um tratamento justo em La Rosa novamente. Eu trabalhava para o FBI e eles se


viraram contra mim; você pode dizer isso também. Diga que eu fui vendido. Quem culparia você por se esgueirar para ver como eu estava? — Eu posso dizer isso para quem nos pegar? Mesmo que seja apenas um policial regular? — mastigo meu lábio inferior. — Você não se meteria em problemas com o FBI? — Não. — seus lábios se torcem num cruzamento entre um sorriso e algo mais debochado enquanto o barulho das pás atrás de nós fica mais alto. — Eu não me meteria em problemas com o FBI, eu acho que não, porque eu penso que ninguém acreditaria em você. O mais provável é que eles pensariam que eu menti para você. Mas faria um pouco mais justificável a sua ida à minha cela. Eu concordo com ele o suficiente, então pulo para outro assunto que está me incomodando. — Eu não quero mentir. Eu quero dizer que eu atirei em Ryan, porque eu fiz isso, e você não deveria levar a culpa no meu lugar. Não é justo. — Por favor, não faça isso Anjo. Isso seria uma péssima ideia para você. Sobre os ombros de Fera, o helicóptero se aproxima. Ele é grande, as pás compridas agitam a grama aqui em baixo; os galhos menores das árvores sobre nós se dobram. Quão perto ele está agora? Cinquenta metros? Quarenta? Aperto os seus dedos. — Podemos falar sobre alguma outra coisa por um minuto? Algo que me... distraia mais. Ele se senta entre as raízes da árvore, meio que me puxando com ele. Apoiando minhas costas contra seu peito e enrolando seus braços ao meu redor. Ele se inclina contra o tronco da árvore e nós dois observamos o helicóptero, pairando a nem mesmo meio campo de futebol de distância. Não posso respirar. Meu pulso está galopando, e minha cabeça parece leve.


Posso sentir cada contorno do peito de Fera contra as minhas costas. Posso sentir o seu calor. Tento me focar nisso quando meus olhos se enchem de lágrimas. — Sobre o que você quer falar? — a sua voz baixa pergunta no meu ouvido. — Filmes. — eu digo. Ele dá uma risadinha no meu ouvido. — Não os meus. — Não? — eu me inclino para trás e então posso ver o seu rosto. Ele está me dando um sorriso cheio de dor. — Ninguém gosta de ouvir um ator falando de si mesmo nos filmes. — Eu gosto. — comecei a suar, e mal consigo falar de tanto medo. O helicóptero está bem acima de nós, apenas pairando. É preciso cada pingo de força de vontade que eu consigo reunir para me virar e ficar de frente para ele, olhando-o direto nos olhos, e falar normalmente - embora um pouco mais alto. — Eu quero saber como era. Todos os detalhes. Fale. — Qual parte? — ele me dá um sorriso, mas parece triste. Não posso dizer se é porque ele está com medo como eu ou porque falar da carreira que ele perdeu o deixa infeliz. — Eu não quero fazer você falar se isso o deixa triste. Ele se inclina um pouco para frente e me surpreende quando pressiona a boca na minha bochecha. — Falar com você jamais poderia me deixar triste. — ele lambe os lábios, e eu juro por Deus que acho que o helicóptero começa a se afastar. — Eu gostei de The Rise and Fall of Henry Dockett. Ele foi filmando em uma ilha na Austrália e eu gostei de onde fiquei. Era lindo. Muitas palmeiras e água limpa e cristalina. Suas mãos se ajeitam ao meu redor. O movimento é muito suave. Então seu polegar começa a acariciar os meus dedos. Ele se inclina mais pesadamente


contra mim e beija meus lábios lentamente enquanto - sim! – o helicóptero vai para longe. Noto que um de nós está tremendo. Eu, eu acho. Suas mãos sobem para os meus ombros. — Vamos continuar conversando. — ele insiste. Eu aceno. — Qual o seu filme favorito? — eu meio que grito. — De todos os filmes, não apenas os seus. — Eu gosto de O Poderoso Chefão. — ele diz. — Porque a temática é linda, e a performance de Brando4 é elegante. — ele me dá um beijo no maxilar. — Dispersou. — ele acrescenta, sua respiração alcançando meu lóbulo. — Está indo embora. — eu chio olhando para o campo, onde aquela coisa terrível paira, ziguezagueando de um lado a outro, mas seguindo em frente e indo de volta na direção de La Rosa. Ele não se vira para olhar, em vez disso ele beija meus lábios, um movimento quase fraternal da sua boca macia sobre a minha. — Esqueça-os. — ele murmura contra a minha bochecha. — E se eles... Ele tira o cabelo do meu rosto. — Nós temos um plano. — ele diz suavemente. — E eles não vão nos achar. — ele olha nos meus olhos como se estivesse esperando eu concordar, então eu assinto lentamente. — Boa garota. A sua boca encontra a minha clavícula. Ele me beija ali, então olha nos meus olhos enquanto sua mão livre levanta a barra da minha blusa.

4

Marlon Brando, um dos protagonistas da trilogia.


— Isso pode... não funcionar. — eu sussurro enquanto ele puxa a roupa pela minha cabeça. Acho que há uma boa chance de que eu esteja com muito medo para ter um orgasmo agora. — Deixe que eu me preocupe com isso. Já estou sem a blusa, e agora minhas calças estão sendo tiradas. Eu estremeço quando ele as puxa pelas minhas pernas, abre a minha blusa no chão e me senta sobre ela. Depois ele me inclina contra o tronco de uma árvore. Estou nua, a apenas alguns metros da estrada onde a polícia está procurando por nós. A apenas alguns outros metros do helicóptero verde. Eu poderia ser encontrada em alguns minutos. Eu poderia ser baleada aqui com ele. Nua. Suas mãos afastam meus joelhos. A sua boca toca a minha boceta, e isso é mais suave do que qualquer outra coisa que já senti em minha vida. A sua língua desliza entre as minhas dobras com precisão delicada, encontra o meu clitóris e dá voltas cautelosamente sobre ele. Estou esperando não sentir nada, então me surpreendo quando minha bunda se levanta do chão. Posso sentir a umidade no meu centro. Posso sentir a carência vazia, o desejo cru de ser preenchida pelo seu pau. Em vez disso, ele desliza dois dedos dentro de mim. Quando eu gemo e empurro contra o seu rosto, ele coloca um terceiro. — Oh, Deus. Ele está me esticando. Esticando-me até que eu me sinta cheia. A boca dele está me levando ao esquecimento. Para cima e para baixo sobre a minha fenda gotejante, espalhando minha umidade sobre o meu clitóris. Ele está latejando agora. Inflamado por sua língua hábil, acariciando no seu entorno, tremendo em cima dele, pressionando com um pouco mais de força - enquanto seus dedos se empurram dentro de mim e seu polegar separa meus lábios inchados e arrasta o melado da minha vagina encharcada até meu clitóris.


Com o mindinho ele brinca no meu traseiro, arrastando-o sobre mim enquanto afunda os dedos profundamente dentro da minha boceta e sua boca trabalha no meu clitóris latejante. Eu grito. — Mais! — ele tira os dedos de dentro de mim e esfrega os dedos úmidos sobre a minha bunda, lambe o meu clitóris e então passa rapidamente a língua sobre o meu traseiro. — Empurre contra mim quando eu tentar entrar. Sua língua faz círculos ao redor do meu clitóris e depois entre os lábios sensíveis da minha boceta. Ele dobra a língua ao redor dos seus dedos, empurrando dentro da minha vagina. — Você tem um gosto tão bom, linda. Seus três dedos dentro de mim entram e saem em um ritmo que faz meus olhos rolarem para trás. Tudo que eu conheço é ele. A língua de veludo brinca com as minhas terminações nervosas enquanto seus dedos bombeiam dentro e fora, fazendo com que eu me sinta cheia. Fazendo com que eu me sinta fodida. Então, quando estou pingando e minhas pernas tremem de querer balançar contra ele; quando meus dedos estão puxando o seu cabelo escuro, agarrando seu pescoço e ombros; quando meus sucos estão escorrendo para a minha bunda, ele empurra o mindinho dentro do meu traseiro, e eu grito. Meu grito parece energizar Fera: seus dedos que estão bombeando e me esticando alcançam ainda mais profundamente dentro de mim, onde minhas paredes pulsam contra eles, latejantes e precisando. A sua boca na minha vagina provoca até que estou tremendo e o dedo atrás faz com que me senta invadida em cada entrada. Eu sou uma mulher louca, nada além de uma boceta pulsante. Ele arrasta a língua ao redor do meu clitóris e dá voltas na minha boceta recheada com dedos, enquanto estica o mindinho na minha bunda, o que faz com que ele vá ainda mais fundo. — Goze para mim. — ele ordena quando eu quebro.


Quando eu termino, ele se inclina sobre mim, acariciando meu cabelo e cobrindo minha bochecha com a mão. Seu rosto parece tenso e cansado, mas é impossível perder o pau duro se esticando contra as suas calças. Eu sento e beijo a sua boca. Olho ao redor. A estrada está deserta. O barulho dos helicópteros se foi de vez agora. Eu rio um pouco. — Obrigada! Isso foi incrível, o inferno de uma distração. — sorrio maliciosamente. — Eles não nos pegaram. — Não. Fecho minha mão ao redor da cabeça e esfrego a minha palma contra o seu eixo enorme e duro. — Deixe-me chupar isso para você. Se nós não vamos sair daqui até que escureça, de qualquer maneira... deixe que eu faça você se esquecer por alguns minutos. Ele balança a cabeça e me surpreende ao se levantar, caminhando até a beira do bosque. Eu o sigo até onde ele para, entre suas árvores, e me movo até a sua frente. — Por que você não me deixa te fazer sentir bem? Seu olhar encontra o meu. — Eu quis agradar você, Anjo. Eu não quero agradar a mim mesmo. Porque ele se sente mal pelo que aconteceu. Porque nós estamos aqui. Eu estou aqui. Eu mergulho de joelho e enrolo meus braços ao redor das suas pernas, e suas mãos alcançam o meu cabelo. Eu puxo os dedos do seu braço que não está machucado e ele se permite ser puxando para baixo ao meu lado. Eu abro a boca. — Essa não é uma boa ideia. — ele diz. — Preciso estar alerta. Eu empurro o seu peito e separo suas pernas, então me abaixo e mordisco suas bolas por cima do tecido das calças. Tento chupar as bolas, apesar de o


tecido ser uma barreira. Chego ao seu pau e sopro uma respiração quente ao redor da cabeça. Minhas ministrações provocantes têm o efeito desejado. Sou capaz de puxar suas calças fora alguns minutos depois. Faço o que ele fez, abrindo suas calças debaixo dele. Então o empurro para deitar de costas e prometo que vou cuidar do nosso entorno. — Você não tem escolha. — eu digo. — Você é meu. Eu puxo seu pau de cima da sua barriga e lambo ao redor da cabeça e do eixo. Ele começa a ofegar. Suas mãos se prendem nos meus ombros e ele geme o meu nome. Passo a língua na parte debaixo do seu pau. Eu o chupo, levando-o o mais fundo que eu consigo, e ele começa a tremer. — Senta no meu pau. — ele geme. — Por favor... Anjo. Eu quero estar dentro de você. Posiciono sua cabeça entre as minhas dobras e esfrego para cima e para baixo na minha umidade. A sua respiração fica mais irregular. Cubro suas bolas com a minha mão. — Deixe o Anjo cuidar de você, Fera sexy.


u puxo o pau dele para

cima, então ele aponta em direção à copa das árvores, e depois o coloco entre os meus lábios e sento no seu pau, levando-o tão profundamente que me sinto sendo partida ao meio. Ele geme. Eu levanto, me apoiando nos joelhos, arrastando-o para fora de mim, e então mergulho para baixo mais uma vez com um pequeno salto. Suas mãos agarram a minha cintura, me trancando no lugar enquanto ele balança seus quadris contra mim. Até que ele está enterrado tão profundamente dentro de mim, minha boceta beijando as suas bolas. Enquanto desço e subo, ele começa a impulsionar os quadris. Ele estoca tão duro que estou balançando em cima dele. Seu rosto lindo está sujo, suado e perfeito. Eu me inclino para beijar os seus lábios, e ele me empurra para trás. — Eu quero. — eu choramingo. — Só se eu permitir. Sinto uma pontada de mágoa até que seus dedos acham o meu clitóris e começam a esfregar. Então eu estou ofegando duramente, minhas pernas tremendo enquanto eu subo e desço no seu eixo. Eu aprecio nossos impulsos


juntos, a forma como o seu pau enorme me faz doer com plenitude; a forma como eu o tiro um pouco de mim e então salto de novo para baixo de modo que a espessura da sua cabeça bate profundamente em mim, seu poderoso eixo me esticando deliciosamente e seus dedos ágeis acariciando meu clitóris. Alcanço atrás de mim e seguro as suas bolas. Elas estão duras como pedra, definidas e prontas. Nós encontramos um ritmo. Suas mãos ao redor da minha cintura, minha mão cobrindo suas bolas pesadas e a outra agarrando o seu quadril duro. Quando esfrego meus dedos sobre a pele esticada das bolas, o seu rosto assume uma expressão de êxtase. Seus dedos no meu clitóris são gentis e instáveis. Eu deslizo de forma que quase o tiro totalmente de dentro de mim, então bato para baixo de novo. Ele goza com um grito e tenta puxar o pau para fora, mas eu fico ali, amando o jeito que ele jorra quente dentro de mim. Seus olhos se fecham e cada parte dele, exceto o pau, fica mole. Tão mole, de fato, que eu começo a ficar com medo que ele tenha desmaiado. Eu me levanto de cima dele e deito no chão ao seu lado, tão mole e cansada que não me importo em deitar na sujeira onde uma vaca provavelmente esteve. Fera está movendo o braço para me puxar para mais perto dele quando seus olhos se arregalam. — Porra, eu não tirei. — Eu não queria que você tirasse. Estou tomando pílula. Seu rosto se aperta, mas ele não diz nada, só abre o braço para que eu possa deitar contra ele. Nossos corações acelerados se acalmam juntos enquanto deitamos em silêncio, ouvindo o zumbindo dos carros e o barulho das hélices dos helicópteros. Depois de alguns minutos de inatividade, ele me aperta um pouco mais contra ele e beija a minha bochecha.


Coloco meu braço sobre ele e beijo o seu peito. — Anjo. — ele diz com a voz rouca. Sinto seus lábios no meu cabelo. — Você é linda. — ele murmura. — E eu amo a sua boceta. — A minha boceta ama o seu pau. Para sempre. Ele acena com a cabeça, me dá um pequeno apertão, e eu o ouço murmurar alguma coisa sobre isso ser uma má ideia. — Mantenha-me acordado. — ele me avisa com uma voz embargada. Mas quando sinto seu corpo saltar alguns minutos depois, eu sei que ele adormeceu. Eu o seguro enquanto ele dorme, e ouço a estrada e o céu. Nada. Nós estamos presos aqui, em uma bolha que nos separa do resto do universo. Talvez essa seja a única maneira que possamos estar juntos - no mais improvável dos tempos e lugares. Talvez o universo tenha conspirado para nos dar esse momento, e a única forma que isso poderia ter acontecido foi como aconteceu. Mas não. Porque eu atirei em alguém hoje. A realidade disso afunda lentamente enquanto eu me deito ali, até que o peso pressionando o meu peito é tanto que não consigo respirar e eu quero levantar, mas não quero acordar Fera - Ricardo. Ele não é mais Fera, porque não está na prisão. Não por enquanto, de qualquer maneira. Deito de costas, olhando para o caleidoscópio de folhas e céu, e quero sabe como ele está. O procurador. Mesmo que ele seja mau e horrível, quero saber com certeza se ele está vivo ou morto. Eu não queria matá-lo.


Se eu matei, ele quase me instigou a isso. Significa que ele merecia. Ninguém merece isso, minha consciência protesta. Mas quem se importa com “merecer”? Ricardo também não merecia o que aconteceu na solitária. Aquilo foi horrível e foi tudo culpa de Ryan. E a verdade é que, de qualquer forma, volto ao ponto inicial: eu atirei em alguém hoje. Enquanto estou deitada aqui neste momento, me acalmando de toda essa coisa sexual, a sua família pode estar lamentando a sua perda. Isso é nojento e horrível, e eu rolo para longe de Fera e vomito no chão porque o pensamento de atirar em alguém - mesmo alguém tão terrível quanto Ryan - me deixa enjoada. O enjoo permanece em mim, e não vai embora. Faz com que eu me sinta tão suja. Tão manchada. Digo para mim que Ryan não está morto. Ele só está ferido, e isso me faz sentir melhor, porque ele feriu Ricardo. Ele merece ser ferido. Não é difícil me convencer disso. Fera parece estar em coma, porque está totalmente imóvel. Eu, por outro lado, não consigo mais ficar parada, então me levanto, me enfio novamente em minhas roupas molhadas e caminho ao redor dali por alguns minutos, olhando para a estrada e para o céu. À espera de uma nova rodada de tortura. Caminho de volta para Fera e me sento no chão. Sua respiração é leve e estável. Deslizo para debaixo do seu braço e deito ali, imóvel como uma boneca, pensando em Ad e minha mãe, me perguntando que tipo de telefonema Fera Ricardo - quer fazer. Quero saber mais do seu acordo com o FBI. Quero saber se há alguma forma em que realmente podemos sair dessa bem. Acabo pensando sobre a primeira vez que o encontrei, naquela festa na casa da praia na noite em que tive a ideia de perder minha virgindade com ele. Como ele tentou me avisar duramente primeiro. Como se ele soubesse, em algum nível místico, cósmico, que deveria me evitar para não amarrar nossos destinos juntos.


Isso é melodramático. Eu sei, mas ainda é um pouco verdade. Deito ao seu lado enquanto ele dorme, ouvindo cada farfalhar das folhas, eventualmente me apoiando em um cotovelo para poder olhar ao redor do campo. Quando ele acorda, uma ou duas horas depois, ele está nervoso, duro e tenso. Ele me rola para que eu deite de costas, me posiciona em cima do que sobrou do seu macacão, arranca as minhas roupas e me fode duro. Até que eu estou doendo das suas estocadas e molhando todo o seu pau. Até que minha bunda dói de bater no chão, e eu estou arranhando seu peito e torcendo seus mamilos. Até que ele está duro o bastante para perfurar até diamantes com aquele pau grande e lindo. Até que ele se empurra tão profundamente dentro de mim que eu não sei onde ele termina e eu começo. Eu o sinto jorrar dentro de mim antes de ver o doce alívio no seu rosto. Ele cai em cima de mim, batendo seu peito contra os meus seios. Seus dedos acariciam meu rosto. Seus olhos estão pesados. Ele sai de cima de mim e puxa seu pau para fora, e minha boceta se sente dolorida e vazia. Ele ainda está meio duro, maior do que qualquer homem que eu já vi. Ele veste novamente suas calças brancas manchadas e rasgadas e as amarra nos quadris. Ele me veste enquanto permaneço deitada ali, e depois beija a minha boceta. — Obrigado. Levanto a cabeça para beijar a sua bochecha, mas ele desvia a rosto. — Não, Anjo. Eu não entendo. Ele diz mais uma vez. — Não. Ele se levanta e senta do outro lado das árvores enquanto a noite cai ao nosso redor.


eu

plano

é

arriscado na melhor das hipóteses. Meu plano para tirar meu Anjo desse pesadelo é arriscado na melhor da maldita das hipóteses. Deixo cair a cabeça em minhas mãos, porque esfregar minha testa e minhas têmporas é melhor do que arrancar a porra do meu cabelo. Foda-se Ryan. Foda-se seja lá o que tinha naquela porra daquela seringa. Eu sei muito bem que era algum tipo de derivado da cocaína, porque merda, eu me lembro da sensação dos tempos em que eu atuava. Isso é tudo que eu soube na última - últimas - semana? Eu não tenho nem certeza dessa porra. Eu me levanto e começo a andar, esperando que Anjo não venha até mim. Preciso pensar. Preciso tentar achar um jeito de acalmar a minha mente frenética. Eu já senti arrependimento antes, mas isso é diferente. Na noite do acidente eu fiz algo estúpido, mas não fiz isso com nenhum tipo de


premeditação. Uma queria nossa ajuda para se livrar da cocaína, então eu a ajudei. Eu dirigi rápido, mas quando fiz isso não pensei que perderia o controle. Foi um acidente. Você sabe o que não foi a porra de um acidente? Fazer joguinhos com Anjo para que ela viesse me ver em La Rosa. Assustá-la aquele dia em que dei uma surra em Holt. Fodê-la na biblioteca. Todas essas coisas não foram a porra de um acidente. Foram eu sendo egoísta, pegando o que eu queria, e agora... droga! Minha mente culpada grita que eu não sabia que seria traído pela Agência. Como eu poderia saber? Mas isso não importa. Não muda nada do que está acontecendo agora, e não faz nada para diminuir o peso da culpa no meu peito. Esfrego minhas mãos no meu cabelo e posso sentir Anjo se aproximando atrás de mim. — Vá embora. — eu digo a ela. Estou de péssimo humor, e ela merece ser avisada. Claro que Anjo, sendo o anjo que é, senta-se ao meu lado e apoia a cabeça no meu ombro. Ela passa um braço pelas minhas costas, como se eu não estivesse a um milímetro de perder a cabeça, e murmura no meu ouvido. — Você está bem? Algo está errado? Eu congelo por um segundo, porque ninguém me perguntou como estou me sentindo em muito, muito tempo. — Estou bem pra caralho. Um imbecil. Um doente cheio de imbecilidades. A sua mão para no meu ombro. — Tem certeza? Eu concordo com a cabeça. Cerrando os dentes.


— Você consegue tomar umas respirações profundas? Olho para ela. — Quê? Há uma frieza em minha voz - uma da qual não estou orgulhoso. — Assim. — ela inala profundamente, sentando-se reta. Depois, lentamente, ela solta a respiração. — Respire pela boca, segure por uns dois segundos e solte pelo nariz. Eu franzo o cenho. — O que faz você pensar que eu preciso disso? — Você parece um pouco tenso. — ela aperta os lábios. — Seja lá o que ele lhe deu, com certeza foi uma anfetamina. Nunca vi alguém se mover tão rápido como você fez, nos tirando de lá. — ela alcança o meu rosto e me dá um leve sorriso. — Você parece um pouco agitado e mal humorado, então o efeito deve estar passando. A sua mão gentil toca a minha bochecha. Não consigo dizer a ela para não me tocar, então faço o melhor para sorrir de volta. — Você está dizendo que eu estou com uma aparência de merda, Anjo? — Você nunca poderia ter uma aparência de merda. Você sabe disso, também. Você é lindo até mesmo com as roupas da prisão. — Se chama macacão. — Ok, então. Até mesmo em um macacão. A sua mão começa a acariciar minhas costas. Não percebo até esse segundo, mas meu ombro esquerdo, o que a bala atravessou, dói pra caralho. A mão suave dela me distai, dando-me um pequeno alívio. Deixo minha cabeça ficar pendurada entre os ombros. Quero agradecer. Quero dizer dezenas de coisas, mas não consigo abrir a boca.


O que você diz a alguém que lhe deu tudo? O que você diz a alguém que matou por você? Sinto minha garganta apertar, então faço o que ela disse, puxando o ar pelo nariz. — Isso que eu estou fazendo é bom? — ela pergunta quando eu solto a respiração. — Quero que você se sinta melhor. Engulo em seco. Aperto o maxilar. Levanto minha cabeça e viro em direção a ela, e derramo toda a maldade que estive segurando. — Você entende que eu te ferrei, certo? Pedindo que você fosse me visitar? Trepando com você naquele dia e dizendo que se você não fizesse isso eu iria ferrar Holt, só porque eu queria? Foi uma atitude imbecil do caralho, e eu sou um imbecil, Anjo. Você deveria poupar a sua mão desse esforço. — E parar de esfregar as suas costas? — de novo, o sorriso. O entendimento cansado e gentil. — Não vou fazer isso. Eu sabia que Holt estava bem quando voltei a La Rosa. Foi minha escolha, porque eu queria conhecer você melhor. Tente parar de se preocupar com as coisas por um segundo. Você disse que tem um plano. Ah, certo. Meu plano. Meu contato imediato com a Agência é Thom Ford. Não acho que ele sabia que eu seria demitido, porque ele odeia Juarez. Thom sempre foi amigável comigo. Ele era um fã dos meus filmes. Portanto há uma chance de que eu possa barganhar com a Agência. Fazer um acordo com eles. Se eles colocaram Juarez no comando, é porque eles perceberam (ou suspeitavam fortemente) que ele não estava mais no comando do cartel da sua família. Se Juan não está no comando do cartel, todo o controle que eu tinha sobre ele era inútil. Eles precisavam derrubar a pessoa atualmente no controle - meu palpite é o irmão mais novo de Juan, Emanuel - e não só colocar Juan de volta ao comando das coisas, mas valorizá-lo também. Dar a


Juan o controle de La Rosa o coloca no bolso deles. E se toda a coisa desse errado, se Juan se recusasse a fazer o que eles quisessem, a Agência poderia matá-lo. É assim que funciona. Quando líderes de gangues estão na prisão, eles estão vulneráveis de um jeito que nunca estariam do lado de fora, cercados pelos seus próprios soldados. Eles podem ser facilmente comprados. Olhe para mim. Eles conseguiram que eu matasse em troca de... o quê? Algumas comodidades? Uma cela grande e o controle do destino das outras pessoas? A garantia de que eu estaria sempre no topo. A ilusão de que eu não sou um prisioneiro, mas algum tipo de agente secreto do caralho? Mesmo agora, depois que eles me depuseram através de Ryan e minha viagem ao inferno na solitária, estou considerando matar para eles novamente. Eu acabaria com Emanuel Juarez em um segundo se isso me fizesse ganhar um favor da Agência. Se eles pudessem garantir a saída de Anjo do meio dessa bagunça. Essa seria provavelmente uma missão suicida, mas e daí? Não tenho opções melhores. Minha sentença foi aumentada. Se eu for enviado de volta a La Rosa, o que é quase certo que vai acontecer se - não, quando - a polícia nos pegar, eu vou ser morto. A Agência tem poder. Muito poder. O suficiente para garantir que a vida do Anjo volte ao normal depois disso. A única outra opção para conseguir tirá-la disso tudo é muito mais suja e arriscada, e envolve chantagear a Agência. Usar meu rosto famoso e minhas antigas conexões para expor o seu envolvimento com as guerras de gangues. Dar algum tipo de entrevista exclusiva sobre o que eu fiz na prisão. Como eu fui vendido. Mas esse é um tiro no escuro. Não há nenhuma garantia de que alguém acreditaria na minha história sórdida. Há uma pequena chance deles se


importarem. Da última vez que falei com a minha antiga relações públicas, cerca de um ano depois que minha sentença teve início, ela me disse que eu nunca teria uma carreira novamente. — O público não vai esquecer. Eu matei três amigos, e estava drogado quando houve o acidente. Então eu estou contando que a Agência precise da minha ajuda com Emanuel Juarez. Acho que há uma boa chance disso, se eu conseguir falar com Thom Ford eu consigo tirar Anjo dessa. — Eu tenho um plano. — eu digo enquanto ela continua passando a mão nas minhas costas. — Eu vou cuidar de você dessa vez, Anjo. Enrolo meu braço ao redor das suas costas e a abraço bem perto - porque ela está sendo boa comigo, e eu me convenci, só por um momento, que eu deveria recompensá-la por ser boa assim. Meu corpo responde tão rapidamente como sempre, meu pau endurece, minha boca fica cheia d’água pelo gosto da sua boceta doce. Beijo a sua testa porque não posso me impedir, e então eu me lembro de vê-la enquanto estava caído no chão da área das solitárias quando ela agarrou a arma de Ryan. Ela atirou em alguém hoje por mim. Eu já não fiz o bastante para danificá-la? Eu levanto e me afasto dela, prometendo manter distância até nos separarmos.


emos

mais

alguns

sustos logo após o anoitecer. Movimento de carros policiais na estrada - alguns indo em direção à prisão, outros vindo de lá. Movimento no ar enquanto helicópteros circulam acima de nós mais algumas vezes, seus holofotes brilhando nos campos enquanto a noite começa a cair. Fera está em silêncio. Ricardo. Preciso começar a pensar nele como Ricardo, porque é quem ele é. Fera era uma fantasia retorcida e viciante minha. Uma escolha que eu fiz, estúpida, corajosa e ultimamente tão convincente que quase não se parecia com uma escolha consciente. Minha obsessão por Fera começou com minha obsessão por Cal Hammond, a estrela de cinema. Mas ele se foi, também. O homem comigo essa noite não é ninguém além de Ricardo. Baleado, sujo de sangue, suado, cansado e preocupado - ele não é o sonho que eu conjurei. Ele é um homem real. Acho que isso é o que me assusta mais. Agora que ele é real para mim, meus sentimentos não evaporaram. Eu o quero muito mais do que jamais quis, mesmo depois que ele se afastou de mim e começou a me tratar friamente.


Ele está quieto e mal humorado, mesmo nas vezes em que tem que falar comigo, e eu sei que parte disso é por causa do efeito das drogas indo embora. E parte não é. Estou convencida que ele está distante porque se importa comigo. Toda a vez que ele me toca os seus dedos dizem isso, embora a sua boca não se atreva. Imagino que ele sinta culpa. O que aconteceu hoje - ele se culpa por isso. Pelo menos eu tenho certeza que é isso que ele está fazendo. Então eu tento não deixar o seu silêncio ferir os meus sentimentos. Tento não me debruçar em quão perdida e sozinha eu me sinto. No quanto que desejo que ele me toque, só para me dizer e tranquilizar com o seu corpo que tudo ficará bem. Estou desesperada por notícias de mamãe e Ad. Aterrorizada que minha mãe tenha escolhido esse dia para morrer. O que acontecerá com Ad se de alguma forma eu não chegar em casa? Se eu for presa sem poder pagar fiança - ou, Deus não queira, algo pior? Tento duramente não me focar nisso, mas não pensar no futuro significa viver esse momento, e ele não é nenhuma maravilha também. Minhas roupas estão manchadas de sangue. Meu cabelo está sujo e emaranhado. Estou cansada o bastante para desmaiar, e cada vez que ouvimos o zumbido do tráfego na estrada, ou o bater das hélices do helicóptero, sinto que vou vomitar. Pouco antes de nós deixarmos o nosso pequeno bosque, Ricardo me diz novamente que se nós formos pegos, deveremos nos render sem confusão. Ele explica que provavelmente não seria levado diretamente para La Rosa; ele iria para a instalação de detenção, onde eles investigariam a sua fuga e, certamente, a (má) administração também. Antes disso, no entanto, eu aposto que ele vai para o hospital por causa do ferimento no ombro.


Eu - eu não tenho certeza. Ele tenta me dizer que eu serei liberada e a minha ficha ficará limpa, especialmente porque eu não atirei em Ryan, ele atirou. Mas não estou certa de que posso deixá-lo levar a culpa por isso. Mesmo se eu decidisse que poderia, pelo bem de Adrian, tenho certeza que a perícia forense é avançada o bastante nos dias de hoje para dizer quem disparou o tiro. Ricardo é bem mais alto do que eu; esse é só um dos muitos problemas na sua ideia de me fazer escapar dessa. É difícil de compreender que a minha vida provavelmente mudará para sempre. Que há uma chance de que quem ouvir nossa história não seja tão simpático quanto estou esperando, e eu acabe não podendo cuidar de Ad. Esse pensamento me enche ansiedade e medo. No momento em que começamos a caminhar - através do campo gramado a cerca de meio quilômetro da estrada - temos um problema imediato: sede. Faz horas desde que tivemos algo para beber. Cada passo que eu dou me deixa mais sedenta. O vasto céu cheio de estelas me lembra da água. O orvalho sobre a relva me lembra da água. Lambo os lábios e engulo saliva para enganar meu corpo, para fazê-lo pensar que isso não é seco e espesso, mas minha necessidade de água me leva a um lugar doloroso. Ricardo caminha ao meu lado, ocasionalmente tocando meu braço ou minhas costas, mas raramente falando, provavelmente porque ele está tão cansado quanto eu. Quando parece que caminhamos por horas, ele para. Ele estende a mão e alcança meu braço. — Anjo. — ele diz com a voz rouca. — Lá. Leva um minuto para que eu veja o que ele está apontando, não em direção à estrada, mas para as profundezas do campo. Meu coração martela. — Alguém? — eu ofego. — Não. Eu acho que há água ali. Para o gado.


Ele pega a minha mão e nós caminhamos em direção a uma larga estrutura de metal com a forma de uma grande aranha. Há baldes dispostos em diferentes alturas, e quando nos aproximamos escuto um “muuuu” baixo. — Puta merda! Ricardo ri e me puxa para perto. — Acho que encontramos as vacas. — Será que elas... atacam? Ele dá uma risadinha. — Vacas são preguiçosas. Não, elas não atacam, Anjo. Ele chega à calha meio passo antes de mim e enfia a mão dentro. Eu o ouço murmurar um xingamento, e minha garganta aperta. — Isso é comida. Nós não falamos enquanto caminhamos ao redor da estrutura, e Ricardo enfia sua mão dentro de outro balde. Eles estão cheias de comida. Comida de vaca. Eu quero chorar. Ok, talvez eu chore. Só um pequeno soluço. Os dedos de Ricardo, entrelaçados com os meus, apertam gentilmente e ele me puxa para si. Ele está andando de costas enquanto faz isso, e eu o ouço bater em algo, seguido por um: — Porra. — então ele ri e se vira. — Água. Ele esbarrou em um recipiente metálico redondo cheio de água. Nós pairamos sobre ele. Minha boca formiga com a necessidade de beber algo, mas acho que a água parece turva. — Com que frequência você acha que eles trocam essa água? — eu pergunto.


— Provavelmente nunca. — ele diz. — Isso deve ser água da chuva. — É seguro? — Talvez, talvez não. Certamente não nos fará nenhum mal imediato. Ele se inclina para baixo e bebe direto dali, então se endireita e seca a boca. — Não é tão ruim quanto eu pensei. Interessada? Concordo com a cabeça, porque sério, meu corpo não está me dando escolha. Ricardo faz uma concha com as mãos, mergulha na calha, enchendo-as com água, e as leva até a minha boca. Coloco a boca nas suas palmas, sorvendo todo o líquido e acariciando a sua pele. Alguns goles depois eu tenho certeza que sinto a ereção dele contra a minha barriga. Bebo um pouco mais antes de decidir que a água tem um gosto ruim demais para conseguir tomar outro gole. Quando as suas mãos voltam para a minha boca, empurro seus dedos para longe. — Obrigada, mas acho que é o suficiente. Ele segura minha mão quando voltamos a andar, mas alguns passos depois ele a solta, como se de repente se lembrasse de que não deveria ser amigável comigo. A próxima hora é extremamente brutal para o meu corpo cansado e dolorido. Desejo ter os sapatos que deixei para trás no carro afundado. Meus pés estão cortados e doendo, e sei que os de Ricardo devem estar assim também. Não acho que ele estava usando sapatos quando deixamos a prisão. Ele se mantém meio passo à minha frente, apontando para galhos caídos e, uma vez, para uma cerca elétrica. Bem quando estou pensando que não posso acreditar que não vimos nenhum carro da polícia na estrada ao nosso lado, ou nenhum holofote dos helicópteros, ouço o som das hélices se aproximando rapidamente.


Isso me assusta tanto que pulo em Ricardo. Ele me empurra para o chão e deita sobre mim. — Eles vão nos ver! — não há árvores ao redor, ou nada mais que nos ofereça abrigo. Meu coração bate com tanta força que quando tento respirar sinto meus pulmões congelados. — Ric. — eu sussurro. — Está tudo bem. — ele murmura. — Nós vamos passar por essa, Ang. O helicóptero sobrevoa, seu holofote girando pelo campo, mas nunca parando sobre nós. Quando o horrível som das hélices desvanece, ainda ficamos deitados imóveis por mais alguns minutos antes dele me puxar de pé e começarmos a caminhar outra vez, dessa vez mais rapidamente. Posso dizer que seu ombro deve doer, porque ele se movimenta com dificuldade para esse lado. Ele não me diz quase nada, deixando-me sozinha com meus pensamentos outra vez - meus pensamentos sobre minha mãe e Ad e se o procurador do distrito está morto. Meus pensamentos sobre Fera. Ricardo. Cal. É estranho estar caminhando através de um monte de pastagens com ele. Algo muito longe de qualquer fantasia. E então, sem aviso, nós saímos da pastagem e só há deserto seco e árvores raquíticas. Outra hora. Duas? O tempo passa, e eu estou tão cansada. Não posso dizer a quanto tempo estamos caminhando. Quando ouvimos o helicóptero se aproximando dessa vez, parece que ele vem direto para nós. Ricardo me agarra e nos escondemos debaixo de uma pequena árvore seca. Eu o seguro tão apertado quanto eu posso enquanto ele voa acima de nós, faz um círculo e se afasta. — Eu odeio tanto isso. — eu choramingo.


Ele me segura mais perto dele e esfrega a sua bochecha contra o topo da minha cabeça. Observo o holofote desaparecer na vasta escuridão do céu. — Definitivamente eles não têm infravermelhos. — eu digo quando começamos a nos mover de novo. — Sim. Isso é algo bom. — ele sorri um pouco e eu pego a sua mão. Fico irracional, pateticamente emocionada quando ele não puxa para longe. — Você está bem? Como está o ombro? — Tudo bem. — ele diz. — Para onde nós estamos indo, exatamente? Um posto de gasolina ou algo assim? Acabei de perceber que eu não tenho ideia. — Qualquer lugar onde possamos achar um telefone. — ele diz. — Há um posto de gasolina aqui perto, eu acho. Eu me lembro das vezes em que fui a La Rosa. Ele acena. — Qual é a melhor maneira que você acha que temos de conseguir pôr as mãos em um telefone - assumindo que não há nenhum telefone público? — Você vai pedir a alguém para emprestar o seu celular e dar um jeito de vir para fora com ele, então eu posso usá-lo. — ele diz simplesmente. — Para quem você vai ligar? — Alguém com quem eu trabalhei para a Agência. — ele diz depois de um momento. — Sério? — Sim. — Você realmente acha que eles irão nos ajudar?


— Você não precisa se preocupar, Anjo. De verdade. — o olhar relampeja sobre mim. — Eu sei que eu fodi as coisas antes, mas dessa vez eu vou fazer tudo certo. Eu não confio nele necessariamente, mas não sei o que dizer. Vou com “obrigada”. O tempo se arrasta enquanto caminhamos. Uma das minhas solas está úmida e ardendo, então assumo que comecei a sangrar. Finalmente começamos a ver mais edifícios à beira da estrada. Aproximamos-nos um pouco mais da rodovia, onde há uma calçada agora e as luzes da rua brilham na escuridão. Um quilômetro ou dois - em que nos assustamos toda vez que um carro passa - e lá está: um adorável e impecável posto de gasolina ao lado direito da estrada. Atravessamos a rua quando não há carros vindo e Ricardo encontra uma torneira de onde sai água do lado de trás do prédio. Nós dois bebemos até ficarmos satisfeitos e depois entramos. Vou diretamente para o balcão e pergunto à caixa, uma mulher magra com cabelo magenta, se posso pegar seu telefone emprestado. Seus olhos verdes se arregalam quando ela olha para minha figura toda suja de sangue. — Você é a mulher com Cal Hammond? — O quê? — eu franzo a testa. — Cal Hammond? Ele não está na prisão? — Ele fugiu, garota. Como você não viu uma coisa dessas? — ela me mostra no seu celular. Eles estão usando uma foto antiga minha, do meu segundo ano de faculdade, quando eu tinha o cabelo mais curto. — Desculpe dizer isso, mas eu nunca usaria o meu cabelo desse jeito. — eu digo a ela. Ela faz uma careta para mim. — Mas você sai por aí desse jeito? Reviro meus olhos, porque, sério, estou muito cansada para pensar em lhe responder algo. — Então o que aconteceu? — eu pergunto. — Com Cal?


— Ele escapou. — ela diz em tom conspiratório. — Primeiro as pessoas estavam dizendo que Cal Hammond atirou no procurador do distrito, mas há algumas pessoas que costumavam trabalhar na prisão dizendo que tem mais coisa acontecendo. A neta do procurador era Uma, a garota que estava naquele acidente de carro que o mandou para a prisão. Eu não posso respirar. Nem mesmo falar. Minha boca cai aberta, mas as palavras não saem. — Você está bem, boneca? Aceno lentamente. — Ele matou o procurador? — Sim. Atirou nele dentro da prisão. Desligou as câmeras primeiro. As pessoas dizem que ele era poderoso lá dentro. Um tipo de líder. Meu peito está quente e cheio. Minhas mãos tremem. — Uau, que loucura. Minha irmã teve bebê hoje, então estive ocupada com isso e não vi as notícias. Então meu carro quebrou tipo... há muitos quilômetros daqui. Passei pelo inferno para chegar aqui. Ela levanta as sobrancelhas. — Menino ou menina? — ela me pergunta. — Um garotinho. O nome dele é Oliver. Ela diz que gosta do nome e eu pergunto novamente. — Você se importa se eu usar o seu telefone? Ela balança a cabeça. — Nós temos um telefone público, mas não funciona. — ela enfia a mão no bolso da sua calça cáqui e tira um Android preto. Ela o desliza pelo balcão e o entrega para mim. — Cuidado com o botão “enviar”. Ele está um pouco trêmulo. — Obrigada. — eu o pego e me afasto dela para abri-lo; levo até a minha orelha. Faço uma careta e o abaixo para ver a tela. Caminho ao redor do posto só por um momento antes de lhe dizer. — Parece que o sinal aqui é fraco. — Às vezes acontece isso aqui. Você pode ir lá fora se quiser. Só não fuja.


— Perfeito. — eu digo. — Tenho meu próprio bebê lá fora esperando por mim. — eu digo a ela, esperando que cada detalhe falso vá convencê-la melhor. — Awww, um bebê! Eu amo bebês. Quantos anos? — O meu tem dez meses agora. Uma garotinha. Sarah. — caminho para a porta e aceno. — Eu já trago o seu telefone. Obrigada. Dou um grande sorriso, e quando estou do lado de fora corro para as árvores onde Fera está.


eixo Anjo fazer a

ligação, devido à pequena chance de que alguém mais esteja com o telefone de Thom. Minha voz provavelmente ainda é memorável - pelo menos para algumas pessoas. Anjo poderia ser qualquer uma. Vejo seu rosto, iluminado pelas luzes do estacionamento, enquanto ela morde os lábios e espera que ele atenda. Se ele não disser “Thom aqui” ou “Thom Ford”, eu disse a ela para terminar a chamada. Posso dizer quando ele fala algo, porque ela para de respirar e então rapidamente diz. — É o amigo de Ricardo? Ele deve dizer sim. Ela joga o telefone para mim, e eu sinto uma onda de náusea quando o levo à minha orelha. — Thom. — Eu sinto muito, Fera. Não foi ideia minha.


A raiva borbulha dentro de mim; eu mudo do jeito que costumava fazer nos meus papeis. — Sim. — eu zombo. — Você deveria sentir mesmo, porra. Eu dediquei anos a você e assim é que eu sou pago? — Eu sei. — ele diz. — E eu sinto muito. Realmente não fui eu. Eu não fui sequer perguntado. Acredite ou não, eu não sou a pessoa mais importante aqui. — Vocês têm Juan Juarez comandando o show agora, não é? — Ele estava falando merda para você. — Thom diz. — Juan não está mais liderando o cartel. Seu irmão mais novo, Emanuel, é que está. Precisamos colocá-lo de volta no comando, então teremos nossos dedos em volta desse pulso. Você conhece a missão. — Sim. — eu estalo. — Nós temos que reorganizar as coisas de modo que o primo dele, Tito, assuma o controle do lado de fora, e Tito reporte a Juan. Tivemos que lhe dar algum incentivo. Fazer com que ele se sinta valioso para nós. — então, em outras palavras, eu fui deixado para morrer porque a Agência quer instalar um comandante mais amigável no cartel de Juarez. Alguém mais disposto a trabalhar com eles. Porque Juan Juarez de repente poderia fazer mais para eles do que eu. — Robert Ryan? — eu cuspo. — Isso também foi um “tive que fazer”? — estou surpreso como soo amargo. — Não foi um pedido meu. Foi Brown. — o chefe dele. — Você foi atualizado hoje? — eu pergunto. Olho para a esquerda e para a direita, porque não há maneira que Thom não esteja rastreando a merda da minha ligação. Esse é um dos riscos de ligar para ele. — Você atirou em Ryan. — Thom diz. — Embora haja um relatório conflitante do agente penitenciário que diz que uma mulher fez isso. Annabelle Mitchell. A filha de Holt? Você deve ser um comedor de boceta cinco estrelas, Fera.


Acho que ele pensa que essa é a única maneira que motivaria alguém como Anjo a me ajudar. E inferno - talvez seja. Ou “talvez ela só se importe, porra”, eu digo, caminhando para longe dela. — Você sabe como foram as últimas semanas para mim? Ryan, Thom? Você poderia ter apenas me enforcado. Dou mais alguns passos para longe de Angel, e baixo um pouco a voz. — Ela não fez isso. Eu fiz, Thom. Ela estava comigo, mas eu atirei naquele filho da puta doente e não me arrependo, também. Estou ligando agora porque eu preciso levá-la para casa e ter alguma garantia de que o nosso caso não vai acabar no seu registro. Ele faz um som pensativo. — Você deve realmente se importar com ela. Eu ignoro a declaração e seu tom interessado. Nesse ponto, ele não vai me enganar. Thom é frio como mais ninguém na Agência. Ele vai usar quem ele puder se for ajudá-lo a alcançar seus objetivos. — Não quero que ela seja encontrada comigo. Você pode ajudar com isso? — eu pergunto. — Bem... é meio difícil dizer agora. — E se eu pudesse ajudar. Cuidar de algo aqui fora enquanto estou por aqui? Imagino seus lábios se curvando em um sorriso. — Isso seria fácil de organizar. Vou ter uma conversa e informo a você. — Porra, não. — eu digo. — Vou jogar esse telefone fora em dois segundos. Essa é a sua única chance, se você quer se livrar de E. J. — Emanuel Juarez. Quase posso ouvir Thom pensando do outro lado da linha. A sua resposta rápida me deixa saber com certeza que ele mentiu para mim. O seu chefe não decide tudo. Thom não é um fodido de nível baixo. — Preciso que você esteja na Baía de San Diego amanhã à noite, às dez horas. Deixe a sua garota em algum lugar em Los Angeles e teremos alguém para levá-la para casa. E Fera. É melhor ela não saber nada.


Eu dou uma risadinha. — Óbvio. — esfrego meus olhos. — Preciso de um carro e uma arma que não pertença a Ryan. Você pode me entregar, se quiser. Ou deixar em algum lugar que não pareça uma armadilha. — Onde você está agora? No pequeno posto de gasolina? — Você é bom pra caralho. — eu digo. Claro, ele tem todo o poder de fogo do FBI por trás dele. — Me dê alguns minutos. — De jeito nenhum. — Dois. Abaixo o telefone e viro para encarar meu Anjo. Ela está parada com os braços cruzados, parecendo cansada, bonita e estressada. Um segundo depois, Thom está de volta. Dou outro passo para longe e me viro, ficando de costas para Anjo. — Vou ter um carro para você no Deserto Campers em uma hora. — ele diz rapidamente. — Honda Accord preto. Deserto Campers é a uns três quilômetros de onde você está. Do mesmo lado da estrada. As chaves vão estar em cima do pneu traseiro direito, a arma de fogo no porta-luvas. Não dirija para San Diego essa noite, só amanhã. Você pode matar o tempo hoje à noite? Sumir, ficar fora de vista? Talvez dirigir para algum lugar fora da cidade? Eu vou incluir uma identidade falsa e cartão de crédito. Mais instruções detalhadas vão estar debaixo do banco do passageiro. — Onde eu vou deixar Annabelle? — eu pergunto. Ouço ela se mexer atrás de mim e imagina uma expressão nervosa no seu rosto. — Vou deixar instruções para isso, também. — Escolha um lugar público. Algum lugar onde eu acredite que você não vai ferrar com ela.


— Que tal um hospital? — ele pergunta. — Cedars Siani, entrada principal. Vou deixar dinheiro com alguém da recepção e ela poderá chamar um taxi. — Thom? — Sim? — Se você me trair quando se trata dela, eu vou matá-lo com as minhas próprias mãos. Eu o ouço sorrir. — Devidamente anotado, Fera. — É Ricardo, imbecil.

*

— Então o que nós faremos? — eu pergunto depois de sair do posto de gasolina. Estamos de pé debaixo de algumas árvores, cerca de dez metros atrás de uma bomba de ar nos fundos do estacionamento. A conversa que ele acabou de ter pareceu intensa, e estou preocupada com ele. Ele falou baixo e se virou de costas para mim, mas eu poderia dizer que ele estava fazendo uma espécie de acordo. — Nesse momento nós vamos pegar um carro. — ele diz com naturalidade. — Vamos ficar fora da área metropolitana essa noite, e então amanhã eu vou deixar você no hospital Cedars Siani, você pegará dinheiro na recepção e chamará um taxi para ir para casa. É um lugar público, então você estará segura.


— Aonde você vai? Estou bastante preocupada, porque ele não me olha nos olhos. Na verdade, ele se vira para o outro lado e começa a caminhar para longe do posto de gasolina, adentrando mais profundamente entre as árvores. Eu corro para alcançá-lo, e quando consigo ele ainda não olha para mim. — Se eu vou para casa, o que você vai fazer? — Tenho uma coisa para fazer por minha conta. — ele diz depois de um momento. — Que tipo de coisa? Posso ouvir o tráfego na estrada correndo ao nosso lado - uma lembrança de que ainda estamos em perigo. Nós dois. — O que eu faço não é da sua conta, Anjo. Tudo que é importa é levá-la para casa, para sua mãe e irmã. Foco nisso. Ele ainda não me olha nos olhos. Meu estômago retorce. — É o FBI, não é? Você fará algo para eles. Esse é o único jeito que você poderia nos tirar dessa bagunça. — solto a respiração que não percebi que estava segurando. — Fer... Ricardo, eu quero saber. Talvez não seja “da minha conta”, mas importa para mim. O que você tem que fazer, e o que vai ganhar por isso? — ele puxa um galho para mim, e eu passo por ele, que ainda não me responde. — Você vai ter que matar alguém? Eles vão lhe dar abrigo ou limpar o seu nome se você fizer isso? — Não se preocupe comigo, Anjo. Por favor. — ele para de andar e se vira para me olhar nos olhos. Há certa súplica na sua expressão, como se ele tivesse pensando muito nisso e houvesse apenas uma saída. — Eu vou fazer o que for preciso, com base na situação em que estou. — Você não precisa fazer nada. Você poderia só continuar fugindo. — eu digo esperançosa. Eu não tenho certeza do que acho que seria o desfecho disso


tudo, mas isso me deixa menos nervosa do que ser deixada ao hospital amanhã enquanto ele vai para só onde Deus sabe. — Quando vocês estavam conversando, parece que você mencionou o meu nome. — Eu disse, você sairá limpa de toda essa merda. Pare de se preocupar com isso, Anjo. Esse é o plano - você vai para casa e esquece o dia de hoje. — Ah, certo! Como se eu pudesse só esquecer. Ok, legal. Eu atiro em pessoas todos os dias! Ele me alcança em um milissegundo, pressionando sua mão sobre a minha boca e puxando minhas costas contra o seu peito. — Quieta. — ele sibila no meu ouvido. — Você está se colocando em risco. Ele tira a mão da minha boca, mas mantém o braço em volta de mim. Olho para ele por cima do ombro. — Parece que temos isso em comum! Ele aperta o maxilar, parecendo irritado, então eu me viro para encará-lo de frente. — Você tem muita coragem, agindo como se pudesse fazer o que quiser para salvar o dia e eu só vou para casa viver na terra da fantasia. Você acha que eu não me importo com você? Que eu não vou querer saber o que aconteceu com você depois que me deixar no maldito hospital? Que eu só vou... esquecer magicamente tudo sobre hoje e toda a merda que veio antes? Ricardo, você é... meu. Você é meu... eu não sei, a porra do meu destino cósmico ou algo assim! Eu tentei te esquecer por anos e não consegui, e você falhou nisso também. — ele abre a boca, parecendo abertamente irritado agora, então eu antecipo toda a besteira antes que ele abra o bico. — Eu me lembro das fotos. — eu digo. — Então não se atreva a fingir que você não dá a mínima para mim também. — Eu não dou a mínima para você. — ele diz. — Sim. Por isso que eu tenho que insistir para você baixar a porra da voz e esquecer tudo que pensou que existe entre nós. Eu estava curioso sobre você, e você também. Nós temos química, não estou negando isso.


Ele começa a caminhar novamente, e eu passo por ele. — Por isso você me chamou na noite em que matou o Ariano? Você me chamou no seu quarto, onde estava deitado, esfaqueado, porque nós temos “uma química”? Ele olha na minha direção. — Eu fodi você, não foi? — Então eu sou uma foda ocasional. — Não me diga que você não sabia disso. Eu inalo profundamente pelo nariz e trabalho para me impedir de gritar. — Se você quer minimizar isso, vá em frente. Mas você não vai reescrever a história, e com toda a certeza não vai me enganar. Você está mentindo para si mesmo, então fica mais fácil dizer “adeus” amanhã. Ótimo. Mas deixe-me dizer isso: eu me importo com você. E se é para o FBI que você está trabalhando, não deveria! Não foi por causa deles que você foi para a solitária? Por que está confiando neles? Eu não matei alguém para te proteger só para você se virar e morrer! Ele para de repente e se vira para mim com os olhos arregalados. — Sim. Ryan morreu. Eu sou uma assassina. — aperto os dentes tão forte quando eu posso porque não vou chorar, porra! Fera me puxa para os seus braços. — Anjo... — sinto a sua boca contra o meu cabelo; o calor da sua respiração. Fecho os olhos e sinto seu peito subindo. — Desculpe, Anjo. — Eu descobri no posto de gasolina. — sussurro no peito dele. Ele me afasta um pouquinho, então ele pode ver o meu rosto - e eu, o dele. Posso ver a maneira como seu maxilar contrai e seus olhos se estreitam em mim. Posso vê-lo lutando consigo mesmo. — Você está certa. — ele finalmente sussurra. — Mas isso não importa, Anjo. A sua voz é tão amarga, tão cheia de pessimismo e derrota; eu me surpreendo quando deixo escapar um soluço.


Ele envolve os braços ao meu redor. — Não chore. Por favor, não chore, Anjo. Isso não é culpa sua. É minha culpa. Tudo é minha culpa. — ele sussurra. — Eu simplesmente não consigo me manter longe de você. Calor percorre o meu corpo. — Eu também não consigo ficar longe de você. Agarro seus ombros e sinto sua ereção pressionar contra a minha barriga. Levanto a cabeça e beijo a única parte dele que consigo alcançar: o queixo. Ele se abaixa e dá boas-vindas aos meus lábios com um beijo lento, quente e gentil. Eu aprofundo o beijo e imediatamente me sinto molhada e necessitada. Eu me balanço conta o pau dele. — Fera... Ele dá um passo para trás, correndo uma mão pelo meu braço até entrelaçar nossos dedos. — Precisamos continuar andando, Anjo. Encontrar o carro. Mas ele segura minha mão quando nos movemos. Acaricia meus dedos. — Estou preocupada com você. — eu sussurro. — Por favor, não fique. E, depois de um bom tempo caminhando em silêncio, ouvindo o tráfego na estrada à nossa esquerda, ele murmura. — Você falaria comigo? Estou cansado de lutar. — estou prestes a perguntar o que isso significa - nós não estivemos exatamente “lutando” - quando ele olha para mim e sussurra: — Lutar pelo que eu quero. — ele acaricia a minha bochecha com a mão livre e me olha nos olhos. — Eu quero você, Anjo. Isso é estúpido pra caralho, e tão perigoso e errado. Mas eu tenho você... só por uma noite. Eu vou te usar, se você deixar. Não tenho a disciplina para deixar que você vá embora intocada. Meu corpo aquece ao ponto de ebulição. — Sobre o que você gostaria de falar? — eu engasgo. Ele dá de ombros. — Você. Eu quero saber a história por trás das minhas fotos.


Aperto os seus dedos. — Eu ainda não acredito que você tirou todas aquelas fotos. — Eu precisava delas. — Por quê? Ele anda mais devagar e eu percebo que nós chegamos a uma cerca em torno do que parece ser uma revenda de carros. — Eu precisava saber que alguém nesse mundo era bom e vivia uma boa vida. — E esse alguém era eu? — É você. — ele acaricia o meu cabelo. — Naquela noite do acidente... — seus olhos lampejam sobre mim. — Você foi realmente um anjo para mim. As palavras são sussurradas roucamente. Elas são um presente. Ele me puxa para perto por um momento e beija o topo da minha cabeça, então me aperta ao redor da cintura. — Pensei sobre aquela noite. — ele me diz enquanto me leva até a cerca. — Eu não preciso pensar. Eu quero você, como sempre quis. — Você realmente não deveria. — ele diz. — Isso nem sempre importa. Ele me ajuda a passar por cima da cerca e depois escala sozinho, e eu o obrigo a falar sobre a faculdade enquanto caminhamos para o estacionamento atrás do prédio, ele pega as chaves de cima de uma das rodas e nós entramos no carro. Ele dirige até um portão que se abre automaticamente quando nos aproximamos, e então se dirige para o sul, e com a contínua incitação, eu falo sobre minha graduação e meu desejo de ser terapeuta. — Eu gosto de ensinar novas coisas para as pessoas. — eu digo a ele enquanto vamos em direção à autoestrada escura. — Coisas que as ajudam a


serem mais confiantes e menos amedrontadas. Eu gosto muito de TEPT5. Quer dizer, eu gosto de ajudar pessoas que têm isso. — reviro meus olhos. Eu me sinto meio boba pelo meu ato falho, mas ele nem sequer olha para mim. Seus olhos estão na estrada, como se segurassem as respostas dos mistérios do universo. Depois de um minuto eu toco o seu cotovelo, e ele dá um pulo. Ele olha para mim, e eu posso dizer que ele está cansando, mas tentando não estar. — Que tipo de coisas você faz por essas pessoas? — ele pergunta. Encolho os ombros. — Técnicas de relaxamento. Visualização. — eu me estico e toco o seu joelho. — Vamos esperar até deitarmos para passar a noite e eu vou ajudá-lo a relaxar. Acho que você realmente iria se beneficiar. Ele dá um pequeno sorriso. — Meu nível de estresse está mais alto do que você gostaria? — Muito mais alto. — eu digo. — Eu também quero parar em uma farmácia e comprar algo para o seu ombro. Como ele está? Ele encolhe um dos ombros, como se para enfatizar a questão. — Poderia ser pior. — seus olhos encontram os meus, e eles se fundem. — Eu já disse Anjo, vou aceitar tudo que você me oferecer essa noite.

5

Transtorno de Estresse Pós-Traumático.


njo

arrisca

uma

viagem rápida a uma Walgreens6 rural, onde ela consegue um cobertor, roupas baratas para nós dois, suprimentos básicos de primeiros socorros e um monte de comida e bebida. Ela me alimenta com rosquinhas enquanto eu dirijo em direção à casa de campo do meu antigo agente, cuja esposa, eu li em uma página de fofoca de celebridades na internet, recentemente se mudou para uma casa de repouso. Eu nos levo pela longa estrada de terra e paro em um pedaço da floresta que cerca a casa. Mal estaciono o carro antes de começar a rasgar as roupas de Anjo. A sua camisa vai primeiro e depois o sutiã, então eu posso chupar seus peitos. Eu os provo, e então reclino o assento do passageiro e a viro de costas para que ela segure o descanso para cabeça. — Fique assim, e levante a bunda para mim.

6

É uma rede de farmácias e departamentos dos EUA.


Eu me ajoelho no chão antes de puxar as suas calças. Rasgo a calcinha sem piedade, então ela está nua na minha frente, molhada e cheirosa, pronta para a minha boca. Inclino para baixo e enfio minha língua na sua boceta, e ela ofega o meu nome não Fera, mas Ricardo. Tudo que eu preciso na Terra é deslizar a minha língua entre os lábios daquela boceta. Enfiar meus dedos naquela vagina molhada. Fazê-la se apertar e ofegar o meu nome, e quando ela estiver pingando e pronta, a jogar no banco de trás e empurrar meu pau tão fundo dentro dela que ela vai gritar. Então, isso é exatamente o que eu faço. Quando eu a tenho na beira do orgasmo por causa da minha língua e dedos, a empurro para o banco de trás e então subo atrás dela. Estou duro e latejando, pronto para me enterrar nela até as bolas. Em vez disso, sou cumprimentado pelas suas mãos arrancando minhas calças e pela sua boca quente e úmida ao redor do meu pau. Ela me chupa por um minuto enquanto eu gemo, e então ela me empurra para baixo, de forma que deito de barriga para cima no assento. Ela sobe sobre as minhas coxas, esfregando a boceta na minha perna e empurrando meus joelhos separados, então ela pode pegar meu pau com as duas mãos e descer com a boca sobre a minha cabeça. — Porra, Anjo. — eu torço meus quadris e puxo seu cabelo. Ela me chupa forte, levando minha cabeça até a sua garganta suave. Toma cada centímetro meu, da cabeça até a base, e então me chupa e puxa para fora, me lambendo como um pirulito até minhas bolas apertarem e eu sentir meu orgasmo pronto para explodir. Eu gemo e agarro o seu cabelo, e gozo dentro da sua garganta. Levantome e beijo os seus lábios, e então a levanto, empurrando o seu torso contra a porta e puxo sua bunda para cima com as mãos enquanto seguro seus quadris. Cutuco suas pernas com os meus joelhos para elas se afastarem e bato dentro


dela. Seu sexo está quente, molhado e inchado, puxando a minha cabeça esticada e minha ereção dura como em um sonho. Aperto a sua bunda e me empurro para dentro, circulando seu clitóris com meus dedos úmidos enquanto a fodo de quatro com a maior ereção que já tive na vida. Nós gozamos juntos, e então eu tento puxar para fora, mas ela alcança atrás de si e segura minha mão - me dizendo para não tirar. Eu gozo dentro dela como a porra de um príncipe, e quando termino, ela sorri e me beija. Depois disso, ela enfaixa o meu ombro. Deus, ela é tão gentil. Tão gentil e doce e suave, e apesar de tudo, eu juro que ela tem um cheiro tão bom. Eu amo tê-la no meu colo. Ter as suas mãos na minha pele. Faz muito tempo desde que fui tocado dessa forma. Ela tem que limpar o meu ombro com álcool, o que dói pra caramba, e quando ela termina de enfaixar e a ferida está latejando, ela me coloca em um canto e se aconchega ao meu lado. Ela coloca sua perna sobre o meu corpo e envolve meu braço bom ao redor dos seus ombros, pressionando seus seios suaves e quentes contra o meu peito. Estou tão cansado, eu quase posso sentir meus olhos rolando para trás da minha cabeça, mas luto com o sono porque quero muito estar com ela. Acaricio suas costas e deixo meus dedos brincarem com o seu cabelo. Quando ela sorri para mim, sorrio para ela e digo: — Eu amo ter você por perto. Ela acaricia meu abdômen, passando a mão para cima e para baixo, me deixando duro novamente. Fazendo-me latejar de necessidade por ela. Eu gemo e empurro meu pau em direção a sua mão. Alguns minutos depois, acabo com a bunda dela no meu rosto. Ela está se balançando no meu pau, me deixando lhe empalar. Deslizar para cima e para baixo na minha vara é como se fosse a porra de um esporte e ela é uma maldita atleta olímpica.


Esse é o sexo perfeito, e quando acabamos, eu a deito no banco de trás e chupo a sua boceta até que ela goze de novo no meu rosto. Eu me inclino para trás contra os bancos de tecido, puxando profundas e cheias respirações. Ela se acomoda contra a minha lateral e passa os dedos pelo meu cabelo. — Você ainda está cansado? — ela sorri. — Não. — eu beijo a sua boca. — Eu quero conversar mais. Para que você possa me contar mais coisas. Isso é o que me mantém acordado, com Anjo sentada no meu colo, seus braços ao redor das minhas costas, sua bochecha contra o meu peito, como se fossemos um casal de adolescentes.

*

— O que você queria fazer quando era jovem? Ele pressiona a bochecha no meu cabelo enquanto ouço a batida do seu coração através do peito largo e quente. — Eu não sei. — ele diz depois de um silêncio curto. — Eu sempre fui um ator. Fiz meu primeiro comercial para Fisher Price quando tinha dezoito meses de vida. — ele sorri um pouquinho. — Foi para aqueles carrinhos amarelo com vermelho. — Você estava feliz com isso? Quando ficou mais velho, quero dizer? — passo meus dedos para cima e para baixo do seu braço ferido, do jeito que ele disse que era bom para distraí-lo da dor no ombro.


Ele faz um barulho retumbante e sonolento na garganta, e eu me pergunto se ele finalmente vai apagar - mas um momento depois, ele murmura. — Eu não sei como dizer se eu gostava ou não. Era só o que eu fazia. — ele faz carinho na minha bochecha. — E você? Eu rio. — Eu queria ser uma cantora... como Mariah Carey. Ele dá uma risadinha e com um suave e perfeito tom de barítono, canta: — Cause you’ll always be my Angel7... — And you’ll linger on... Time can’t erase a feeling this strong!8 — eu pego o seu olhar e começo a rir, porque tenho uma voz horrível. Muito horrível. Esfrego minha testa contra a sua barba por fazer. — Você vê porque eu nunca fiz as audições para o American Idol? — Você tentou? — ele sorri. Eu rio. — Não. Simon Cowel9 teria rido de mim fora do palco. — Ele não é tão ruim. — Toda aquela maldade é só para o show? Ele dá de ombro, um movimento preguiçoso do seu corpo duro e quente, como uma mudança continental debaixo de mim. — Eu não sei mais. Eu não assisto muito televisão. — Do que você sentiu mais falta lá dentro? — eu sussurro. — Em La Rosa?

7

É um trecho da canção “Always Be My Baby”, de Mariah Carey. Na verdade, o trecho original é “Cause you’ll always be my baby” (literalmente, “porque você sempre será a minha querida”), mas ele substitui e coloca “anjo” no final em uma referência à forma como chama Annabelle. 8

Ela continua a cantar a mesma música. O trecho, literalmente, diz, “Nós iremos resistir... O tempo não pode apagar um sentimento tão forte”. 9

American Idol é um popular programa de televisão onde desconhecidos fazem audições e vão sendo selecionados (ou eliminados) através de várias etapas para se tornarem cantores profissionais. Um dos ex-jurados do programa americano, Simon Cowel, sempre foi conhecido por ser extremamente severo, sarcástico e até mesmo cruel em seus comentários, e bastante difícil de agradar.


Talvez eu não devesse fazer perguntas como essa, mas a verdade é que eu quero saber tudo sobre ele. Seus lábios se torcem quando ele olha para mim. — Do que eu senti falta? Um bom vinho. Dançar com uma bela mulher. — ele dá um beijo na minha cabeça. — O cheiro do oceano em Santa Bárbara. Miles Davis, tocando tão alto quando o sistema de som da casa permite. Eu sorrio, imaginando isso. — Você é um fã de jazz? — O maior de todos. — ele diz. Meus dedos viajam pelo seu pau, que eu não estou surpresa de encontrar duro. Começo a acariciá-lo por cima das roupas “em oferta” que comprei na Walgreens e ele está usando. — Posso ouvir um pouco de Miles Davis em uma tarde de domingo. — Por que domingo? — ele pergunta. Ele move o quadril, então posso ter melhor acesso, e quando eu trabalho para cima e para baixo no seu eixo por cima da calça, seu rosto aperta. Encolho os ombros. — Parece que jazz deveria ser tocado aos domingos. — Jazz deveria ser tocado todos os dias. — ele ofega. Ele mexe um pouco os quadris, fazendo sua ereção formar uma tenda nas calças. Continuo a provocá-lo com meus dedos e minha mão, ansiosa para ver seu rosto relaxar com a liberação. — Antes de me enfiar na sua boceta doce, Anjo, eu tenho uma pergunta. — ele diz. Eu o aperto gentilmente. — Ok. Mas o seu rosto fica sério. — Por que você está sozinha? — ele pergunta. — Aconteceu alguma coisa? Há uma razão pela qual você... ?


— Pela qual estou solteira? — eu sorrio e balanço a cabeça. — Só a correria da faculdade e minhas obrigações com a minha mãe e Ad. Nenhum tempo para romance de verdade. Com certeza não com a maioria dos caras que eu conheço. Devo ter lhe dado a resposta que ele queria, porque assim que termino de falar, ele me puxa para o seu colo, de costas para ele, então minha bunda está pressionando a cabeça do seu pau. Eu esfrego minha bunda em círculos até que ele está gemendo. — Talvez eu estivesse esperando por você. — eu sussurro quando ele começa a beijar minha orelha e se balança embaixo de mim. — Eu não acho que isso é um “talvez”. — ele diz. Então ele puxa minhas calças cor de rosa da Walgreens para baixo, tira o pau das próprias calças e se empurra entre os lábios quentes e molhados da minha boceta. Minhas pernas tremem e eu mergulho para baixo, deixando-o me esticar, deixando-o me encher completamente, deixando-o me arruinar para qualquer outra pessoa, para sempre.


ara um homem rico,

eu não estou muito educado. Eu nunca estudei música na faculdade, porque nunca fui para a faculdade. Eu não sei o nome correto de coisas musicais - nada que vá muito além das notas básicas e estrofes. Não comecei a ouvir o Sr. Davis até que entrei na prisão. Eu falei isso errado para Anjo. O que eu realmente senti falta foi a oportunidade de ouvir música em um sistema de som de verdade. O tipo que se instala nas paredes e no teto. Não em uma caixinha dentro da cela. Mas o que eu sei, apesar da minha falta de educação formal, é que eu gosto de jazz porque ele constantemente encontra e reencontra um ritmo. Muito disso é improviso, e improviso eu entendo. Eu amo o jeito que o jazz se mexe, como algo vai do suave para o alto sem nenhum aviso, e nenhum aviso é necessário porque você faz um som fluir tão bem, não há porque dar sinais previamente a sutileza de intenções; você pode levar a música a qualquer lugar e ela ainda será bonita. O jeito que me sinto por Anjo me lembra de uma música de Davis chamada “So What”. Quando eu a ouvia na velha caixa de som da prisão, colocava no volume máximo, então mal conseguia ouvir qualquer outra coisa quando o a música começava. Pelo primeiro minuto, nas primeiras vezes que a ouvi, pensei que o volume estivesse quebrado. As notas subiam nos seus


próprios acordes, e encontravam consistência e firmeza de uma forma inesperada. E de repente, ficava alto. Alto pra caralho, e maravilhoso. Estou abraçando Anjo depois da nossa quinta foda nesse carro. Estou olhando pela janela, olhando para o contorno indefinido das árvores na noite. Minhas mãos estão sobre os seus ombros e braços quentes e macios. Minhas pernas estão arrumadas para embalá-la. Seu cabelo está no meu rosto. Estou respirando o cheiro dela. Estou me lembrando do jeito que a boceta dela aperta o meu pau, e ainda que eu ame o seu cheiro e ame senti-la, a forma como ela respira, o ritmo do seu pulso - mesmo enquanto fico maravilhado com a sua beleza, a canção da minha alma está silenciosa. E de repente ela estende a mão no sono e me segura, e as coisas ficam altas. Estou olhando para ela, só que ao invés de sentados nesse carro, imagino que estamos em uma cadeira no convés do meu iate. Tudo ao nosso redor é o som de Miles Davis. E eu sei que estamos celebrando no mar porque acabamos de nos casar. Em outra vida, uma vida melhor e diferente, eu me caso com Anjo, não porque isso faz qualquer porra de sentido - mas só porque eu quero, e eu posso. E é outono e estamos caminhando pelo Central Park e ela está usando um casaco enorme, amarrado em torno dela desajeitadamente, e debaixo dele a sua barriga está grande e redonda. Isso faz meu pau endurecer. Pensar em Anjo com o meu bebê crescendo dentro dela me faz ficar duro como a porra de uma rocha. Porque eu a amo. Essa mulher nos meus braços - eu a amo. Anjo. Ela é minha outra metade. Minha felicidade. Ela faz com que eu não me preocupe com o que o


futuro reserva para mim. Se eu puder vê-la, mesmo que seja uma vez por ano, quero estar aqui para isso. Sento ali com o meu coração batendo contra meu esterno, banhando no cheiro dela, aquecido pelo seu corpo macio e esguio, adorando cada célula sua essa mulher que é infinitamente melhor do que qualquer outra que veio antes dela. E eu acho que talvez Davis fosse apreciar essa tragédia. Porque amanhã eu provavelmente vou morrer. E nunca haverá uma chance de dizer a ela o que eu sinto. Mas há algumas coisas que eu posso fazer enquanto ela dorme. Escrevo minhas informações de conta bancária. Tenho algumas contas que ninguém sabe. Uso o celular sob o banco do motorista e ligo para esses bancos, que estão abertos, porque estão localizados na Suíça. Através de uma série de questões de emergência elaboradas, provo minha identidade e designo Anjo como a nova beneficiária das minhas contas. Minha memória fotográfica decorou o seu número da previdência social, e só por essa razão sou capaz de completar minha tarefa. Logo antes do sol aparecer, arrisco mais uma ligação para um homem chamado Hebert Frank, meu advogado financeiro. Eu lhe dou instruções verbais que se algo acontecer comigo, se eu morrer ou for incapaz de tomar decisões médicas por mim mesmo, gostaria que Annabelle Mitchell recebesse meus royalties. — Ric... quanto eu devo dar? Hm, qual porcentagem? — ele pergunta naquela sua voz forte, enquanto ainda parece surpreso pela minha ligação. — Tudo. Eu aninho Anjo com o cobertor que ela comprou na farmácia e dirijo cuidadosamente em direção à cidade. E quando ela acorda, as bochechas


rosadas e banhada pela luz do sol que se derrama em torno da arquitetura de Los Angeles, ela passa para o banco da frente e me beija na boca. Paro o carro em um lava-jato, transo com ela duas vezes e como a sua boceta mais duas vezes depois, agachado no chão em frente ao banco do passageiro, com as suas pernas sobre os meus ombros. Então nos arrumamos, eu lhe dou o papel de Thom especificando um contato em cada agência da aplicação da lei, caso surja algum problema para ela, e corro em direção ao Cedars Siani. Nós descobrimos pelo rádio que a sua mãe ainda está viva - pelo menos até onde o público sabe, e eu posso ver o alívio no seu rosto. Um pouco da sua felicidade vai embora quando um analista explica que eu a sequestrei na prisão. Quando eu franzo o cenho, ela diz: — Eu não quero que as pessoas pensem que isso foi o que aconteceu. Eu agarro a sua mão. — Não se preocupe, Anjo. Sem mais preocupações. Quero que você me prometa.

*

— Você deve pensar que eu sou uma vadia sem coração ou algum tipo de robô. Ricardo, eu vou me preocupar. Eu vou me preocupar até que você me ligue mais tarde essa noite. Você ainda vai fazer isso, certo? Ele acena com a cabeça, seus olhos piscando sobre mim, então retornando para a estrada, onde o tráfego de Los Angeles está começando a engrossar.


— Irei ligar para você assim que terminar o que vou fazer. — ele diz. — O número do telefone é 555-155-2398. Eu aceno. — É melhor você me ligar. Eu ainda não gosto disso. Você realmente acha que eles conseguem encurtar a sua sentença, fazê-la voltar a ser o que era? Ele me contou essa manhã - de acordo com seus contatos no FBI, ele provavelmente teria o acréscimo dado a sua sentença removido - e isso me encheu de alegria desde então. — Acho que é possível. — ele diz. — Isso precisa acontecer. Mas se não for assim, eu ainda posso vê-lo? Ele concorda com a cabeça. — Em troca do favor que estou prestes a fazer para eles, serei apenas outro prisioneiro. Juan Juarez pode comandar as coisas de dentro, mas eu vou ser segregado e ele terá instruções de me deixar em paz. Seguro sua mão na minha. — Estou tão feliz. Só queria que eles tivessem feito isso antes. Ele dá de ombros. — Às vezes você tem que dar para receber, especialmente quando se trata de idiotas como eles. — Dar e receber. — eu dou um sorriso malvado. — Eu já sou uma garota com tesão de novo. — Venha me ver semana que vem. Esperança borbulha dentro do meu peito. — Eu vou, com certeza. Ele verifica o telefone em sua mão. — Nós devemos estar a cerca de dezoito minutos do hospital. — seus dedos apertam os meus. — Você não vai me dar nenhum trabalho, vai? Para dar o fora daqui? Você sabe que precisa ir embora, então eu posso fazer o que preciso. Eu aceno. — Eu sei. Não quero, mas vou.


— Boa garota. Quando ele é obrigado a parar por causa do trânsito, se inclina e beija meus lábios. Tenho que virar meu olhar para longe dele e focar do lado de fora da janela, porque estou começando a sentir que talvez eu chore. Dez minutos depois, ele pega a saída para o hospital e eu choro. Ele encosta ao lado de um fast food. Caminha ao redor do carro, abre a minha porta e me puxa em seus braços. — Não chore, Anjo. Tudo ficará bem. Você vai ver. — Eu não quero que você vá embora. Estou com medo. — eu me agarro a ele. — Prometo que você vai ficar bem. — E você? Ele dá um sorrisinho. — Posso cuidar de mim. Não precisa se preocupar. Ele beija meus olhos, bochechas e lábios, e então me coloca de volta no carro. — Você está certo sobre esse plano? Tipo... absolutamente certo? Ele acena com a cabeça. — Vá para casa, para sua mãe e sua irmã, Anjo. Não pense em mim até eu ligar. — Eu nunca vou parar de pensar. — eu sussurro. Seus dedos acariciam os meus, e nós viramos em direção ao grande estacionamento do hospital. Ele para na entrada principal. Ele agarra minha boca e me beija, tão duro e faminto. O beijo é breve, rápido e então ele sai do carro e me deixa sair. Subimos as escadas, onde um homem uniformizado me cumprimenta.


— Você é Annabelle Mitchell? — Eu sou. Fera me puxa para os seus braços abruptamente, e nós balançamos juntos, nos abraçando. Ele está segurando minhas duas mãos enquanto olha para o homem. — Tenho um envelope para você, senhora. Ele o alcança para mim, e Ricardo solta minhas mãos. Ele beija a minha testa, então minha bochecha e, finalmente, meus lábios. Jogo meus braços ao redor dele, segurando-o apertado até que ele dá um passo para trás e levanta a mão. — Adeus, Anjo. Eu o sigo pelo chão de cimento, e ele ri para mim. — Volte para lá e chame seu táxi. — Eu amo você. — eu digo quando ele abre a porta do seu carro. Ele congela e seu rosto perde a expressão. Ele entra no carro e dirige para longe, e eu choro enquanto chamo o táxi. Alguns minutos depois, uma van amarela para. Eu entro, já me preparando para chorar feio em privacidade. É quando alguém me agarra por trás.

*


Eu sei o endereço da casa de Anjo. Olho para cima. Quando a van em que ela entrou vira para o outro lado para sair do estacionamento do hospital, eu sei que meu sexto sentido sobre Thom estava certo. Apenas não do jeito que eu pensava. Thom não vai me deixar ser morto pelo Cartel Juarez e ajudar Anjo a viver feliz para sempre. Ele vai se livrar de nós dois. Remover todas as ameaças. Eu acelero atrás dela, seguindo a van que dirige em direção ao aeroporto de Los Angeles.


u choro feio.

Eu choro tão duro que meus captores parecem um pouco assustados. No banco do motorista está Óculos, um homem baixo de nacionalidade indeterminada. Então há Cabeludo, um homem que parece americano com uma longa barba cinza; e Pervertido, um homem que poderia ser índio e que se inclina sobre mim cada vez que a van salta, tentando ajustar meu cinto de segurança, mas acaba mesmo é tocando meus seios. Sim, é isso mesmo - estou presa no meio do banco de trás. Minha boca está vedada com um logo pedaço de fita adesiva, meus pulsos estão amarrados juntos na minha frente com o mesmo tipo de fita prateada. Desde o momento que eles me agarraram, quando me carregaram para fora do estacionamento do hospital, até agora nós estivemos saltando pela rodovia interestadual. Estive chorando como se tivesse problemas mentais. Ranho está escorrendo do meu nariz, então eu mal consigo respirar. Em vez de me acalmar, meu estado imprestável me faz chorar ainda mais duro.


Puxo meus quadris e abdômen para ficar de pé quando a van faz outra virada brusca, e no calor do momento, acho que vejo um sinal do aeroporto. Eu choro mais, porque essa é a porra da minha sorte! E dois quilômetros depois eu choro ainda mais, porque definitivamente estamos indo para o aeroporto. Finalmente, bem quando tenho que acalmar meus soluços porque meu nariz está tão entupido que eu literalmente não consigo respirar, Cabeludo se inclina para trás e coloca um celular no meu ouvido. — Quando a sua mãe morrer, vamos dar tudo do melhor para sua irmã Adrian. Não é sua culpa saber o que você sabe. — diz o homem que atendeu ao telefone quando fiz aquela ligação para Ricardo noite passada. — Você será levada ao Paquistão para ser companhia para homens ricos. Nada de sexo. Só negócios, almoços e jantares. Aceite isso se quer que Fera viva. A ligação acaba e Cabeludo levanta as sobrancelhas. Eu paro de chorar. Sento-me ali entorpecida, tentando processar que ao contrário de ontem à noite, quando meu destino ainda era fluído, agora está selado. Eu posso nunca ver mamãe, Ad ou Ricardo novamente. Um minuto ou uma hora depois, ao que parece, meus olhos inchados veem o estacionamento do aeroporto e o Cabeludo me pega e arrasta para outra van - essa é fechada, no estilo europeu10. Eu sou jogada no chão entre dois bancos da van, onde eu deito enquanto três homens se juntam a mim. Estou atordoada demais para chorar ou até mesmo me mover quando começamos a nos mover de novo. Óculos coloca em um programa da National Public Radio que parece ser sobre a importância cultural dos porcos, e eu ouço uma mulher falando sobre como mais e mais pessoas estão mantendo-os como animais de estimação. Eu começo a tremer quando minha situação começa a ficar mais real, e imediatamente começo a imaginar as mãos de Ricardo em mim. Eu imagino que

10

Enquanto a do “estilo americano” trata-se de um carro grande com portas laterais, a van do “estilo europeu”, como ela se refere, possui as portas na traseira do veículo, dando acesso a um amplo que pode ou não ter bancos e janelas, onde geralmente se leva carga.


ele disse que me amava quando nos separamos no hospital. Eu nos imagino em algum lugar distante, escondidos em uma cama. A cama é macia e quente. Eu estou nessa cama, não aqui. Posso lidar com tudo que acontece comigo agora, porque Ricardo vai voltar. Há uma linha fina entre visualização positiva e negação pura e simples, e eu não dou a mínima para onde esta linha está agora. Mantenho meus olhos fechados, mesmo quando a bota de Pervertido cutuca repetidamente a minha coxa, e tento o meu melhor para sentir os dedos de Ricardo passando pelo meu cabelo. Uma foto do rosto de Adrian, não premeditada na lógica desse filme, e claro, o simples pensamento da minha pobre irmã me envia uma nova onda de histeria. Meus soluços vão e voltam quando os homens sentados sobre mim falam em uma língua estrangeira. Vejo a mim mesma vestindo lingerie estranha, levando uma bandeja com taças cheias de Martini. Serei uma escrava sexual. Não posso acreditar que esse é o meu destino. Um gemido baixo sai do meu nariz, seguido por um monte de ranho, e Cabeludo diz. — Pare! Acho que ele está falando comigo, mas ele deve estar falando com Óculos, porque instantaneamente a van salta e para. Pervertido olha para baixo para olhar para mim e diz algo em outra língua: paquistanês? Então todos eles estão se movendo ao mesmo tempo. Dessa vez, Pervertido e Cabeludo agarram um dos meus ombros. Eles me empurram pela porta com tanta força, quando me puxam e soltam, que eu caio de cara no asfalto, arrebentando meu nariz, que prontamente começa a derramar sangue. Muito sangue. Ou talvez esse não seja meu sangue.


Chuto minhas pernas com força suficiente para rolar e pisco para o sol brilhante. Fico meio cega, porque a luz é muito forte, e tudo que consigo ver são sombras. Sombras lutando. Eu penso ouvir a voz de Ricardo, e faço uma nota mental para que se um dia eu for terapeuta, devo avisar meus pacientes que a visualização positiva pode levar a uma ruptura mental um pouco mais rápido do que se poderia esperar. Então eu vejo o brilho de uma faca. Ricardo tem Cabeludo no chão ao meu lado e ergue uma enorme faca em suas mãos. Ele esfaqueia Cabeludo no peito, então dá um giro e corta o pescoço de Pervertido. Ele cai de joelhos no chão, e sangue jorra por todo lado - e ainda assim, esse é o meu conto de fadas se tornando real. Estou chorando de novo, lágrimas de felicidade dessa vez, quando Ricardo chuta Pervertido e Cabeludo e o som dos seus gemidos preenche o novo estacionamento do aeroporto. Fera olha para mim - Ricardo. Ele diz: — Eu amo você, Anjo. Então ele abre a porta do motorista, puxa Óculos para fora e começa a chutá-lo. E é perfeito - absolutamente perfeito - até que eu vejo algo brilhando na mão de Óculos, e Ricardo está apertando seu peito quando Óculos o esfaqueia uma, duas, três vezes, quatro vezes. Ricardo cai no não ao meu lado, derramando sangue, e Óculos o esfaqueia mais três vezes antes de entrar na van e cair fora. Estou gritando, mas ninguém pode ouvir. Anseio tocá-lo, mas minhas mãos estão amarradas. Sangue quente sai dele, penetrando minhas roupas. Seus olhos estão fechados. Seu rosto está branco. Seu corpo, mole. Não consigo nem chorar. Arrasto-me até ele e deixo minha cabeça contra o seu braço, enquanto o sangue empapa meu cabelo.


*

Eu não sei quando ou como, mas uma ambulância chega. Paramédicos, usando uniformes azuis muito parecidos com as roupas que havíamos comprado na farmácia, pulam para fora do veículo e começam a latir perguntas. Eles tiram a fita da minha boca e cortam a que prende meus pulsos, e eu começo a gritar. Agarro Ricardo, frenética para senti-lo, mas eles o colocam em uma maca e o levam para longe de mim mais rápido do que eu posso piscar. Pulo na ambulância atrás dele e ouço um dos paramédicos dizer “Cal Hammond”, enquanto outro diz “morto”. Alguém grita alguma coisa, e uma paramédica empurrando ventosas no seu peito. Ela grita de novo, e eu vejo horrorizada o seu peito saltar. Ele está morto, ele está morto... ele está morto. Ele está morto! Ela faz isso de novo, e eu seguro meu estômago. E de novo. — Última vez. — ela diz, e o outro paramédico está falando rapidamente em um pequeno telefone. Eu o ouço dizer “ator”. Eu pulo em Ricardo. Agarro a sua perna e um paramédico grita e me puxa, mas eu tive uma ideia e não vou desistir. Começo a gritar. — FERA, ME AJUDE! CARAS MAUS ESTÃO COMIGO E EU ESTOU FERIDA! — Senhora, você precisa... — Fera, POR FAVOR! POR FAVOR, ajude! EU PRECISO DA SUA AJUDA! — Você precisa...


— FERA, RICARDO, POR FAVOR! Por favor, por favor! — meus gritos morrem quando o choro me vence. Eu entro em colapso sobre um banco, lamentando tão alto que isso me assusta no início. Um paramédico paira sobre mim, me dizendo alguma coisa que eu não posso entender porque estou gritando. Ele continua se repetindo, uma e outra vez, as mesmas palavras saem dos seus lábios; seus olhos estão arregalados, mas eu não me importo. Os outros dois estão se movendo ao redor do corpo pálido e morto de Ricardo, segurando-se nos lados da ambulância enquanto cortamos através do tráfego. Estou soluçando tão duramente que não consigo respirar, que estou surda e cega para tudo exceto minha dor. Uma das mulheres limpando o sangue de Ricardo agarra meu braço e só choro com mais força - até que ela grita: — ELE NÃO ESTÁ MORTO! Ele está aguentando por enquanto! Então cale a boca, por favor, e pare de perturbar o meu paciente. Eu paro de chorar, em vez disso começo a puxar grandes respirações, e as coisas ficam difusas quando alguém coloca algo de plástico sobre o meu nariz.


stou em uma cama de

hospital quando acordo, e um homem desconhecido está olhando para minha cama. Durante os primeiros segundos minha mente se esforça para transformálo em Fera, mas as cores desse homem são tão diferentes que isso é impossível, até mesmo para minha mente confusa. — Quem é você? — eu coaxo. Meus olhos parecem não conseguir criar um foco. Eles viajam do seu rosto com uma leve barba para a intravenosa presa ao meu braço. Algum tempo passa, não mais que um minuto ou dois, enquanto eu tento me orientar. Ele está sentado em uma cadeira de plástico cinza ao lado da minha cama, que eu percebo que está cercada por cortinas. — Você sabe quem eu sou, Annabelle? Balanço minha cabeça. — Onde está Ricardo? Eu vim aqui com... — eu engulo e acho minha garganta seca. Tão seca. Minha cabeça parece seca também. Entre eles dois, e é tão difícil pensar. Eu vim aqui com Ricardo, não foi?


Levanto minha mão na minha frente, e é quando eu noto: há sangue coagulado nas minhas unhas. Meu coração bate apressado. — Eu cheguei aqui com ele. — Com quem. — o homem ao meu lado pergunta - e algo estala dentro da minha cabeça. Essa voz... — Você é Thom. Ele acena com a cabeça e eu desmaio novamente.

*

Eu não posso levar Adrian para o hospital comigo. Nos três dias desde que minha mãe morreu, toda vez que fecho meus olhos, ela começa a chorar. O truque é deixá-la dormir primeiro e então me aninhar ao lado dela, assim, se ela acordar antes de mim, não há um vácuo de tempo entre o momento que ela desperta na sua cama e corre para o meu quarto para ver se eu ainda estou viva. Para mim ela não parece estar lidando com isso muito bem, mas os conselheiros do hospital me disseram que tudo isso é normal para uma criança da sua idade. Sem Holly me ajudando a cuidar de Ad, eu não tenho ideia do que faria. A única coisa que me impede de sentir totalmente culpada por monopolizar todo o tempo de Holly é que, duas noites depois que mamãe morreu, quando ela estava


por perto para me ajudar com Ad, consegui convencê-la a me deixar pagar por alguns cursos comunitários universitários que ela está querendo fazer. Isso me faz sentir bem, especialmente considerando que eu estive passando quatro ou cinco horas por dia sentada ao lado da cama de Ricardo. Hoje, quando eu vou, levo um fichário comigo. Ele está em sua maioria preenchido com papeis que eu não entendo, mas às vezes, quando eu venho visitá-lo, trago o fichário comigo e tento entender as tabelas e gráficos. Não é fácil. Noventa milhões de dólares é muito dinheiro, e até que ele acorde outra vez, eles dizem que tudo isso é meu. Apenas mais uma reviravolta neste nosso estranho conto de fadas. Estive sentada ao lado da sua cama por uma hora, encarando o fichário, quando percebo que ainda não li uma palavra dele hoje. Eu só estou... encarando. Lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto antes que eu saiba exatamente pelo que estou chorando. Minha mãe? Ricardo? Ad? A sensação vazia e doente que parece nunca sair do meu estômago, e fica pior quando os médicos entram, com suas desagradáveis pranchetas e jalecos brancos, e seus simpáticos acenos de cabeça e prognósticos vagos? Eu choro especialmente sobre Dr. Haberman, também conhecido como Dr. Doom, que me disse mais de uma vez que ele não pode garantir que Ricardo irá acordar novamente. Quando eu saí do hospital esse dia, ele havia perdido quase todo seu sangue, e quando começaram a fazer transfusões de sangue, seu corpo reagiu mal, o que provocou um pequeno ataque cardíaco. O seu coma não é induzido. Ele é real. A maioria dos médicos acha que há todas as razões para ser otimista, especialmente devido à sua idade e saúde, e a boas notícias de que ele vai acordar continuam chegando. Mas para mim...


Isso não é o bastante para mim. Eu preciso da porra de garantias. Preciso ver seus olhos e ouvir sua voz. Preciso sentir suas mãos em mim. Preciso subir na cama com ele e abraça-lo. Meu coração bate tão forte que eu sinto como se estivesse tendo um ataque cardíaco, e depois de uma rápida olhada ao redor do quarto da UTI, tomo uma respiração profunda, abaixo a grade lateral da cama, empurro seus cobertores e quebro todas regras subindo na cama com ele. Há fios e tubos por todo lado, mas não me importo. Desvio de alguns e rearranjo os outros, então não há nada além do meu vestido verde, sua camisola azul pálido e muitos curativos e sensores nos impedindo de ficar pele a pele. Ele foi esfaqueado em quase todos os lugares da parte superior do seu corpo - treze vezes, muitas vezes mais do que eu vi de verdade - então as camadas de bandagem ao redor do seu peito são grossas o suficiente para que eu possa vê-las através da sua camisola. Há um tubo de oxigênio que cai pelas suas bochechas e intravenosas em seus braços, mas há um ponto entre o ombro e o maxilar - um pequeno ponto da pele de Ricardo que eu posso acariciar. E eu faço. Meu pulso se acalma quase instantaneamente quando minha bochecha acaricia o seu pescoço. O aperto no meu peito que faz com que cada respiração pareça pesada, cede um pouco. Eu beijo sua pele macia e inalo profundamente, e eu juro, consigo cheirá-lo. Não aqueles odores acres do quarto do hospital, mas ele - minha Fera. Meu Ricardo. Olho ao redor - há câmeras penduradas no teto - então olho para a porta, mas ninguém veio ainda, então decido aproveitar isso. Beijo seu rosto, acaricio sua mão e começo a sussurrar para ele, contando-lhe sobre a minha mãe, sobre Thom, sobre La Rosa e o Cartel Juarez, e o New York Times, e os resultados da sua re-sentença, e sobre o iate que eu vou comprar.


Eu lhe digo o quanto eu o amo, como sinto a sua falta, e ainda que tenha prometido a mim mesmo que seria forte, acabo chorando, implorando para que ele acorde. — Preciso de você. Por favor. Eu realmente preciso de você. Eu sei que é errado... pressionar você. As enfermeiras dizem que... isso não é bom, mas, por favor. — eu soluço. Entrelaço nossos dedos. — Por favor, acorde. Eu sinto tanto a sua falta, Fera. Sinto tanta saudade. E talvez elas estejam usualmente certas, essas enfermeiras. Talvez usualmente seja ruim pressionar um paciente em coma para acordar. Mas a maioria dos pacientes não é Ricardo. E a maioria das pessoas fazendo a pressão não está beijando toda a pessoa que estão ameaçando. Talvez minhas lágrimas sejam mágicas, como nos contos de fadas. Tudo que eu sei é que quando abro meus olhos lacrimejantes outra vez, seus olhos se encontram com os meus. — Fera! Ele tosse, então sorri, um pouco entorpecido, e diz: — Ricardo. — Sim, Ricardo. Eu te amo tanto. Obrigada por acordar. Eu estava começando a perder a cabeça. Ele agarra meu vestido e eu acaricio seu cabelo e beijo sua têmpora, e faço tudo que eu posso para tocá-lo, então ele vai sentir meu amor e querer ficar. Ele fica. Essa noite, nós conversamos. E três semanas depois vamos para casa, na nossa nova mansão na costa de Santa Bárbara.


u saio da esteira e

quase tropeço em Adrian, que está entre duas bicicletas ergométricas, curvada sobre um livro de colorir de A Bela e a Fera e uma pequena caixa de veludo. Ela puxa os pés para baixo de si e me dá um olhar engraçado. — Desculpe, Ad. Eu não vi você aí. Ela se levanta, equilibrando a caixa na palma da mão. — Isso é porque você está nervoso. Eu estreito meus olhos para ela, exagerando a expressão até que ela sorri. — Nervoso? Eu não estou nervoso. Ela balança a cabeça. — Você está nervoso. Lembre-se, você me disse! Você disse que você está nervoso por causa desta caixa.


Ela a estende, e eu a tiro da sua palma. — Estou nervoso que você vá perdê-la, garotinha. Ela balança a cabeça. — Isso não é o que a minha mãe disse. Meus pulmões se apertam. — Você contou para a sua mãe, Ad? Ela balança sua trança novamente. — Não. — Você tem certeza? — eu a vejo acenar com a cabeça pelo reflexo da parede de espelhos da nova academia do iate. — Isso é um sim? — passo a toalha sobre o meu rosto, obsevando quando ela cruza os braços e bate rapidamente as pálpebras sobre seus lindos olhos. — Sim. — Então por que mamãe diz que eu estou nervoso? Adrian sorri. — Ela diz que você está todo enferrujado, e você realmente quer ser o baqueilo de Tall Street! 11 Ufa. Eu rio e Ad ri comigo; então ela foge pelo corredor, provavelmente em direção à sala onde sua babá, Holly, gosta de estudar. Estou tentado a segui-la, mas o sistema de som começa a tocar Miles Davis, e eu preciso fazer meu alongamento, de qualquer maneira. Se ela se meter em apuros, há ajuda em todos os lugares. O novo iate tem duas dezenas de funcionários, e pelo menos três deles são uma espécie de babá reserva. Eu deito de costas no tapete de borracha, apreciando a sensação gelada contra a minha pele suada. Começo o alongamento, movendo-me com cuidado no início, porque o meu peito ainda está apertado em alguns lugares e sensível em outros.

11

Aqui Ad fala errado, a frase deveria ser: o banqueiro de wall street


Há muitas cicatrizes ainda não curadas, e ainda que eu esteja correndo agora e começando a voltar para o jogo, ainda tenho um longo caminho até estar totalmente bom. Coloco a pequena caixa de veludo logo acima do meu umbigo enquanto me estico. É algo meio estúpido, mas eu gosto de tê-la à vista. Eu consegui isso cerca de dois dias depois de acordar, depois de descobrir sobre o escândalo e a campanha pela minha libertação, que se tornou um viral e estabeleceu um novo recorde de retweets12 no Twitter logo nos três primeiros dias, quando ainda estava em coma. Estive esperando o momento perfeito, mas nenhum parece perfeito o bastante. Anjo e eu dirigimos até Los Angeles ontem, para que eu pudesse fazer o teste para um papel de um banqueiro de Wall Street, um novo projeto de Scorsese. Dou um pequeno sorriso. Aquela monstrinha da Ad está certa. Estou nervoso pra caralho. A porta da sala de treino se abre e eu dou um pulo. Resmungo um pouco na minha luta para colocar a caixa debaixo da minha bunda antes que Anjo deslize para dentro. É assim que ela parece para mim, com sua roupa vermelha macia de yoga, seu cabelo puxado para trás e diamantes nas orelhas. Assim como um verdadeiro anjo... ela desliza. Devo ter uma expressão estranha no rosto, porque ela ri de mim. — O quê? — eu me sento, levantando a minha perna para esconder a caixa preta. Ela ri. — É... você. Você parece tão engraçado fazendo seus exercícios. Eu arqueio uma sobrancelha. — Engraçado como? — Eu não sei.— ela encolhe os ombros. — Tão mal-humorado. 12

Na rede social Twitter, quando alguém posta algo, lança um “tweet”, e quando alguém copia essa mensagem original na sua própria página, isso é chamado de “retweet”.


Levanto-me, habilmente escondendo a caixa nas minhas costas. Afinal, eu já venho fazendo isso quase constantemente por dois meses. — Eu estou mal-humorado. — eu digo quando passo um braço em volta da sua cintura e roço meus lábios no seu pescoço. — Estou cansado de fazer exercícios o tempo todo e pronto. — eu digo, abaixando a voz. — Para usar o nosso novo quarto privativo. Ela sorri. — Eu também. O médico disse só mais duas semanas. Eu descanso minha testa contra a dela e lambo os lábios. — Duas semanas é tempo demais. — quero amarrá-la. Espancá-la, contê-la. Quero jogar pra valer. Mas por enquanto tenho que ir com calma. Nada de levantá-la. É por isso que tenho tanta sorte quando ela coloca as palmas das mãos contra o meu peito e me empurra contra os espelhos. Meu pau já está duro, mas se projeta para cima, fazendo uma tenda no meu calção. Ela puxa o elástico e cai de joelhos. Anjo me leva profundamente na sua garganta e começa a me chupar. É uma sensação incrível. Tão incrível que meus joelhos estão instáveis depois de algumas descidas da sua boca quente sobre o meu eixo. Tão incrível que eu quero tocá-la também. Minhas mãos se movem para acariciar seu pescoço, amassar seus seios, mas cometo um erro fundamental. Esqueço o que eu estava segurando. A pequena caixa cai no chão e eu endureço, esperando que seus olhos encontrem o rubi brilhante de onze quilates. Mas o meu Anjo é bom. Ela não abre os olhos enquanto faz o boquete. Nem quando eu entro em sua garganta e a empurro para deitar no tapete de borracha e puxo suas calcas. Nem quando eu abro suas coxas macias e começo a comer a sua boceta. Ela faz tudo certo. Os pequenos gemidos são perfeitos. O empurrão sexy dos seus quadris. O jeito que ela empurra essa boceta doce no meu rosto, me pedindo para fazê-la gozar agora. Então, é claro, eu tomo meu tempo para fazêla gritar.


Quando estou trazendo-a ao orgasmo, minha mente gira sobre todos os acontecimentos dos últimos meses. A maneira que eu quase a perdi porque o chefe de Thom lhe traiu. O jeito como Thom contou tudo a um repórter, dizendo a verdade sobre o que aconteceu comigo, Anjo e Ryan. A forma como o Cartel Juarez veio a baixo e como quase todos com uma conta no Twitter apoiaram a minha libertação. E então um juiz concordou. E eu me lembro da expressão no rosto de Anjo quando ela me contou que eu estava livre e que ela tinha comprado um iate. A primeira vez que nós transamos, na minha cama de hospital. Deus, eu a amo. Pra caralho. E quando estou aqui, amando-a, aperto suas mãos e deslizo o anel no seu dedo. Ela goza gritando meu nome, e sobe em cima de mim porque ela quer o meu pau dentro da sua boceta. Ela pula sobre mim algumas vezes, e em seguida grita. Eu sorrio maliciosamente, ainda duro pra caralho dentro da sua boceta quente. — Você gosta? — Isso é um anel? Eu rio quando ela continua a subir e descer no meu pau. — É um anel de noivado, Anjo. O que você diz? Quer se casar com esse ator sem trabalho e espancado que te ama? Seus joelhos param de se mover. Ela desce até o fim do meu pau e minha vara pulsa quando ela me leva profundamente na sua boceta. — Sim! — ela salta no meu pau. — Sim, Ricardo! SIM! Eu quero. Eu rolo ela para o chão e fodo com ela embaixo de mim. E Anjo goza. E grita. E quando eu a levo para fora da academia, quebrando as regras dos


médicos ao encorajá-la a ir para o nosso quarto, tenho que limpar uma pequena lágrima do meu rosto também. — Perfeição. — eu sussurro para ela depois de transar mais duas vezes na nossa cama. — Nossa vida é a perfeição. Ela sorri. — Sim, realmente é.


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