Alpha's Heart 1-Hard To Fight_Bella Jewel

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Bella Jewel #1 Hard to Fight Série Alpha’s Heart

Hard to Fight Copyright © 2015 Bella Jewel ~2~


SINOPSE Grace é uma caçadora de recompensas que quer ser levada a sério, mas seu chefe se recusar a acreditar que uma mulher pode capturar um bandido perigoso. Ela finalmente tem a chance de provar o seu valor quando ganha o caso capaz de mudar uma vida: capturar Raide Knox e entregar ele para as autoridades. Raide é um fugitivo perigoso em fuga... e o homem mais sexy que Grace já conheceu. Pegar Raide não vai ser fácil. Ele não é o homem que desiste sem uma luta. Raide é mais intenso e frustrante do que qualquer homem com quem ela teve que lidar, e a atração instantânea que faísca entre eles é inegável. Uma coisa é certa... esse vai ser um caso que eles nunca irão esquecer.

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A SÉRIE Série Alpha’s Heart Bella Jewel

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Prólogo Minhas botas trituraram o cascalho quando eu entrei em um beco deserto. Está escuro; o ar tem cheiro de urina velha e lixo, o som de água pingando é o único que pode ser ouvido no silêncio assustador. Ainda assim, eu sei que ele está aqui. Ele me ouviu chamar. Eu ouvi o barulho alto e rítmico dos seus pés correndo pelo cascalho nada discreto. Ele queria que eu entrasse aqui, nas partes mais escuras do beco. Eu não sou tão estúpida. Eu respiro fundo e falo em voz alta. — Venha para fora, ou eu vou fazer você sair. A escolha é sua. Silêncio. — Eu tenho uma arma, ou um Taser, se você preferir. Os sons de pés se mexendo. — Um. Um passo. — Dois. Outro passo. — Três. — Por favor, senhorita, — ele grita, pula fora da escuridão e joga as mãos enrugadas no ar. Ele não está vestindo calças, apenas uma cueca velha que já viu melhores dias. Eu nunca vou ser capaz de apagar essa imagem da minha mente. Suas pernas brancas tremem enquanto seus olhos percorrem o espaço vazio. Eu tomo um momento para realmente olhar para ele. Meu Deus. Eu realmente sinto muito por isso. É bastante claro que ele quase não tem nenhuma capacidade mental e não é uma ameaça verdadeira para ninguém, exceto, talvez, para si mesmo. Dizer que eu estou perdendo tempo aqui é um eufemismo. Dou um passo para frente, os olhos do ~5~


velho se estreitam e ele continua a acenar as mãos, deixando claro que ele não quer que eu chegue mais perto. Ele não tem escolha. — Eu tenho que levar você, Cole, — eu digo com a voz firme. — Meu nome não é Cole, — ele tenta, levantando o queixo. Meus olhos caem para sua camisa, onde seu nome está claramente bordado. — Está na sua camisa, — eu digo, lutando contra um sorriso quando levanto meu olhar de volta para ele. — Eu achei isso, — ele acena com a cabeça, como se a história fosse totalmente crível. — Isso não é meu. — Cole, — eu digo, com calma. — Eu li seu perfil e vi sua foto. Eu sei que é você. Agora, você pode vir comigo calmamente ou eu posso usar a força, então, por favor, não me faça usar a força, porque eu fiz minhas unhas ontem e eu realmente, realmente não quero arruinar elas. Ele cruza os braços desafiadoramente, e seus cabelos brancos ralos sopram com a brisa. Ele aperta os olhos azuis gelados e me estuda. — Você é uma menina. Ele diz que como se só agora tivesse descoberto esta pequena pepita de informação. — Que bela observação, — eu o parabenizo sarcasticamente, cruzando os braços. — Não existem garotas caçadoras de recompensas. Eu rio, levantando um dedo e apontando para o meu peito. — Essa garota é. Ele olha para mim de novo, e, em seguida, um sorriso se espalha por seu rosto, revelando uma boca sem dentes. Não é uma surpresa que o homem assobie quando fala. Eca. Eu presto atenção com fascinação em seus olhos quando ele olha rápido para as árvores frondosas à nossa esquerda, e depois para o antigo prédio de tijolos à nossa direita e grita, — Vocês podem sair agora. Eu pisco e olho em volta, imaginando se esse velho perdeu a cabeça completamente, porque não tenho nenhuma ideia do que ele está falando.

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— Cole, — eu começo, mas ele me corta sacudindo a mão. — Isso não é engraçado, — ele diz. — Você quase me pegou também. Ótimo, o velho é totalmente maluco. — Cole, — eu tento novamente. — Moça, — ele sibila. — Não estrague este momento para mim. Momento? Que momento? Cruzando meus braços, eu advirto, — Eu estou indo em frente e vou te dar trinta segundos antes de te derrubar e algemar. Ele acena a mão novamente. — Shh, você está arruinando o meu momento. Que momento? — eu grito, jogando meus braços em frustração. Meu chefe faz isso de propósito. Ele me dá os malditos loucos porque eu juro que ninguém mais os quer. — Eu preciso estar preparado para a televisão, — diz Cole, lambendo a mão e a passando sobre seu cabelo quase inexistente, o prendendo na cabeça. Eca dupla. — Eu não quero estragar isso. Televisão? O que ele está falando? — Cole, você está usando drogas? — eu pergunto, sem entusiasmo. Seus olhos piscam para mim. — Você é uma boa atriz. Me diz em que show nós estamos? Pranksters 1 ? Eu sempre quis fazer parte daquele show. Jesus, ele acha que isso é uma brincadeira. — Cole, que eu sou uma caçadora de recompensas, isso não é um programa de televisão e eu vou levar você comigo, vamos embora. Ele cruza os braços. — Boa tentativa. É claro que Cole não acredita em mim. Eu olho para as minhas unhas melancolicamente, então suspiro e mergulho. Meus pés se movem rapidamente e eu levanto um deles e chuto, o conectando com as pernas de Cole, o empurrando para baixo. Ele cai no chão, quase em 1

É um programa que prega peças e faz pegadinhas com as pessoas. ~7~


câmera lenta, agitando os braços enquanto se desequilibra para trás. Ele pousa com força, deixando escapar um ooomph alto. Pego um par de algemas, uso meu pé para rolar seu corpo e puxo suas mãos para trás das costas. — Cole, eu gostaria de não ter que ter feito isso. — Você acertou meus dentes! — ele lamenta. — Você quebrou meus dentes. Eu fecho as algemas em seus pulsos com força, — Querido, — eu murmuro, colocando a chave no bolso. — Você não tem dentes. — Mentira, — ele rosna. — Isso é um assalto. — O carro vai estar aqui para levar você embora em breve. Ele fica em silêncio por um momento, e eu realmente espio para ver se ele está desmaiado. Em vez disso, seus olhos azuis estão digitalizando as árvores novamente. Eu reviro os olhos e coloco meu pé em suas costas, o segurando no lugar. Depois, um longo e silencioso momento, ele murmura, — Senhorita? — Sim, Cole? — Venha aqui embaixo, um pouco mais perto. — Não, — eu digo, mantendo o pé plantado firmemente em suas costas. — Por favor, — ele implora. Eu cruzo meus braços. — Se você precisa dizer alguma coisa, Cole, estou ouvindo. Ele suspira, murmura uma maldição e, em seguida, diz em voz baixa: — Eu gostaria de pedir sua escova de cabelo. Não tenho certeza se eu o ouvi corretamente, então eu digo, — Me desculpe? — A sua escova de cabelo. — Minha... escova de cabelo? Ele balança a cabeça. — Por quê? Ele resmunga. — Para as câmeras do programa. ~8~


Jesus Cristo, este homem é maluco. — Nós não estamos em um programa de televisão, Cole. — Minha camisa está para dentro? Deus, por favor, me dê forças. Ele nem sequer está vestindo calças. — Cole, isso não é um maldito programa de televisão. — Que triste, triste mulher, — ele murmura, baixando a cabeça. Eu inclino minha cabeça para o céu e amaldiçoo internamente meu chefe. Ele vai pagar por isso.

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Capítulo Um — Não é engraçado, — eu digo, jogando minha bolsa em minha

mesa. O meu colega e companheiro caçador de recompensas, Vance, ri. Ele cruza os grandes braços sobre o peito e inclina a cabeça para o lado, me estudando com um sorriso. Eu olho para ele, me jogando na minha cadeira e colocando os pés calçados com botas sobre a mesa. Então eu cruzo os braços, me certificando que minha linguagem corporal demonstre o quão chateada eu estou. — Ouvi que o bom e velho Cole foi divertido para você, Grace. — Ele me fez escovar seu cabelo, — eu rosno, girando na minha cadeira para encará-lo. Eu me inclino para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos. — Escovar. Seu. Cabelo. Foi à única maneira de manter ele calmo o bastante para sair do carro. Você tem alguma ideia de como foi aquilo? Ele nem sequer tem cabelo suficiente para escovar! Vance ri de novo, jogando a cabeça para trás. Seu cabelo loiro comprido balança e quando seus olhos azuis encontram os meus novamente, eles estão dançando com diversão. — Você não sabe o que eu teria feito para estar lá e ver isso. — Eu tenho cabelo de homem velho na minha escova! — eu grito, jogando as mãos para cima. — Ah, vamos lá, Grace, foi engraçado. — Não foi engraçado, — eu murmuro, me empurrando para longe da mesa com o pé e colocando o meu laptop debaixo do braço. — Vocês nunca vão me levar a sério. Vance para de rir e estende a mão, a colocando no meu ombro. — Claro que vamos. Nós não temos culpa se você teve que trazer um louco.

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— Vocês sabiam que ele era louco! — eu indico, tirando a mão do meu ombro e caminhando em direção à porta do chefe. — Eu não sei o que vocês acham tão engraçado nisso tudo. — Mas você estava malditamente fofa fazendo seu trabalho lá fora, Gracie Lou2. — Você só me viu fazendo isso algumas vezes, — eu argumento. — E você foi fofa, — ele sorri. Eu aperto os dentes, lhe mostro o dedo do meio e bato na porta de Don. — Sim? — ele grita. Eu abro a porta e entro, olhando para o meu chefe. Ele está sentado atrás da sua mesa, escrevendo em seu computador. Ele olha para cima quando eu entro, me olhando por cima dos seus óculos. Ele tem meia-idade, cabelo grisalho e olhos cinzentos escuros. Ele é um ótimo chefe, me deu uma oportunidade quando ninguém mais fez isso, mas ele também é difícil de convencer de que eu posso lidar com trabalhos com homens maiores do que Cole. — Como foi com Cole? — ele pergunta. Será que seus lábios acabaram de se torcer em um leve sorriso? Meu coração aperta. Estou cansado de ser feita de idiota. Ele pode ter me dado uma chance quando ninguém mais deu, mas eu não acho que ele realmente acredite que eu possa ter sucesso como caçadora de recompensas. — Você nunca vai me levar a sério, não é Don? Minha voz sai mais suave do que eu gostaria, e ela parece cansada e desgastada. Os olhos de Don piscam, e ele parece não entender porque eu estou tão chateada. Ele é realmente tão cego? — Grace, — ele começa, mas o corto com um aceno de mão. — Não se incomode. Estou aqui há cinco anos e eu tenho trabalhado pra caramba, tentando provar a você que eu valho a pena. Mas você nunca vai acreditar que eu sou boa o bastante — coloco o laptop na mesa, e então continuo. — Eu sempre vou ser a piada, não é?

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Esse acréscimo do ―Lou‖ ao final do nome é um jeito carinhoso de chamar alguém. ~ 11 ~


Sem lhe dar uma chance de responder, eu me viro e saio do seu escritório.

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O líquido queima minha garganta quando ele desliza para baixo, batendo no meu estômago com força brutal e fazendo meu mundo girar ainda mais do que já está. Eu fecho meus olhos, respirando pela boca, porque tenho certeza absoluta que não tenho mais pelos no nariz depois que o cheiro de álcool os queimou. Eu estou virando doses pelas últimas três horas. — Outro! — minha melhor amiga, Kady, grita. O barman olha para mim, depois para ela, e encolhe os ombros. — Eu não posso acreditar que ele me fez ir atrás de um idiota que queria que eu escovasse o seu cabelo inexistente, — eu soluço. Kady se vira para mim, me dando seu sorriso premiado ao mesmo em que se inclina para perto, enrolando os dedos em volta do meu braço. — Bem, se você quer saber, eu acho que você é fodona! Eu rio e levanto o punho fechado no ar, — Fodona! Nós caímos na gargalhada, e Kady passa o braço por cima dos meus ombros, me puxando para perto. Ela abaixa a voz e sussurra, — Eu sei que é difícil, querida, mas um dia você vai provar que eles estão todos errados. Eu perco o meu sorriso e até mesmo saio da minha neblina bêbada, porque há uma dor em meu coração que eu não consigo me livrar. Não há nada mais cruel do que saber que as pessoas que você ama não acreditam em você. Isso não acontece apenas no trabalho, mas em casa também. Minha mãe e minhas duas irmãs são as rainhas da beleza. Então dizer que elas nunca apoiaram a minha vontade de ―estar em uma profissão masculina‖ é um eufemismo. Minha mãe está esperando pelo dia em que eu vá jogar a toalha e declarar o meu amor eterno por desfiles, biquínis e pela paz mundial. Meu pai, no entanto, é a minha rocha. Ele acredita em mim e não se importaria se eu decidisse que o que eu queria fazer era limpar banheiros. Ele é esse tipo de pai. O tipo de pai que todos os pais ~ 12 ~


deveriam ser. O tipo que está lá para mim, não importa o que e sem perguntas. Sem ele, eu nunca teria lutado tanto para treinar e chegar onde estou. Ele costumava se sentar comigo por horas depois de cada caso, me deixando falar durante o tempo que eu precisasse, e então, antes de me beijar e desejar boa noite, ele sempre me dizia como estava orgulhoso. Depois que eu saí de casa e aluguei meu próprio lugar, perdi esses momentos. Ele sempre entendeu a minha necessidade. Afinal, foi por causa dele que eu escolhi me tornar caçadora de recompensas. Ele era um, e costumava passar horas me contando sobre seu trabalho. Era a nossa coisa, nosso vínculo, quando minha mãe e minhas irmãs estavam fora, nós passávamos horas rindo e conversando, e ele me contava as suas histórias. Eu amava. Não era apenas algo diferente; ele também estava fazendo algo bom. Algo incrível. Mantendo os criminosos fora das ruas. Eu sabia que isso era o que eu queria fazer. Eu também sabia quão difícil seria para mim entrar nesse ramo. Eu tive que treinar, eu tive que passar por testes, eu tive que ser ajudante de Don por dezoito meses antes de sequer ter uma chance de pegar um caso sozinha. Não foi fácil. Passei anos tendo que provar a mim mesma. Ainda assim, lutei até realizar o meu sonho. — Obrigada, Kady, — eu sorri, abraçando minha melhor amiga. Kady e eu nos conhecemos desde o ensino médio, e tivemos uma conexão instantânea. Ela é tão barulhenta e atrevida quanto eu, e há momentos em que parece que fomos separadas no nascimento. Nós até somos meio parecidas, com nossos longos cabelos negros e olhos verdes penetrantes. A única diferença real é que Kady é mais alta e magra, e eu tenho um corpo com mais curvas. — Eu realmente tenho que fazer xixi, — diz ela, de repente, e em seguida seu sorriso aparece outra vez. — Eu também, — admito. Engatando nossos braços, deixamos o bar depois de tomar nossas últimas doses. Passamos através dos corpos dançando e moendo até que chegamos ao corredor que levava ao banheiro. Há mulheres de pé na fila, esperando pela sua vez. Kady geme e puxa meu braço, gritando em meu ouvido. — Vamos ir lá trás. Eu costumava trabalhar aqui. Ela me puxa pelo corredor, passando pela multidão até chegarmos a uma grande porta de metal ao final. Ela dá para um estacionamento e, com certeza, existem banheiros no grande edifício de ~ 13 ~


tijolos que funciona ao lado do clube. Kady me puxa até lá e nós usamos as instalações e arrumamos nossa maquiagem antes de sairmos. Estamos prestes a entrar no clube de novo, quando eu ouço um gemido suave. Estreitando os olhos, me viro e faço uma varredura no estacionamento. Não vejo ninguém, mas alguém está chorando em algum lugar. — Você ouviu isso? — pergunto a Kady. — Sim, ouço. Nós começamos a procurar e encontramos uma garota agachada na lateral do edifício. Ela nos ouve chegando e puxa ainda mais seus joelhos contra o peito. Ela é linda, loira, e nos olha com as bochechas manchadas de rímel. — Você está bem? — eu pergunto, me ajoelhando na frente dela. — Eu estou bem, — ela soluça, limpando o nariz com as costas da mão. — Você tem certeza? — eu pressiono. — Você parece chateada. Que maneira de apontar o óbvio, Grace. Ela olha para nós duas e então começa a chorar novamente. — Meu namorado me deu o fora! — Isto exige álcool, — Kady anuncia. — Eu já volto. Ela se vira e sai correndo, e eu continuo ajoelhada na frente da menina. — Isso acabou de acontecer? Ela balança a cabeça. — Não exatamente. Nós, bem, nós estamos dormindo juntos e ele me disse para encontrar com ele aqui essa noite. Ele nunca apareceu, só disse que tinha algo urgente para cuidar e que talvez eu devesse ir me divertir. Quando eu respondi, dizendo que ia esperar, ele muito claramente disse que não era uma boa ideia e que achava que nós dois não íamos funcionar. Eu enrolo meus lábios com desgosto. — Que porco! Ela balança a cabeça. — Não é? — Para mim parece, — eu digo, colocando uma mão no seu ombro, — que ele não vale a pena. — Mas ele era assim... — ela começa a chorar de novo. — Maravilhoso! ~ 14 ~


Maravilhoso? Sim, tanto que ele a deixou sentada em um beco escuro, porque foi preguiçoso demais para lhe dar um fora cara a cara. — Homens assim não são maravilhosos, querida, — eu digo com firmeza. — Homens assim são fracos, patéticos e não valem cinco segundos do seu tempo. — Você não entende, ele era tão incrível... Você sabe... — ela se inclina mais perto, — na cama. O melhor que eu já tive. Eu pensei... eu pensei que era porque tínhamos algo especial. Eu balanço minha cabeça. Triste por ela. — Ok, então o homem sabe usar suas partes. Isso não faz dele o príncipe encantado. Ela ri baixinho e olha para mim. Eu sorrio para ela, e continuo. — Você sabe, homens como ele são jogadores cruéis e desumanos, porque eles não sabem como se conectar a outras pessoas, exceto fisicamente. É meio como um transtorno. Talvez tenham o deixado cair de cabeça quando era uma criança pequena, ou talvez seu pênis fosse minúsculo e ele foi forçado a conseguir um aumento peniano devido a muitos episódios de vergonha sexual... Eu paro de tagarelar, porque a menina parou de chorar e seu rosto ficou vermelho. Ela está olhando por cima do meu ombro e eu cerro os dentes. — Ele está bem atrás de mim, não é? Ela balança a cabeça lentamente, e eu me viro, ficando de pé. Na verdade, eu tropeço quando meus olhos param sobre o homem que quebrou o coração da garota. Santa Mãe de Deus! Ele é de tirar o fôlego. Eu faço algo como um chiado, firmando meus pés enquanto observo o Hércules na minha frente. Eu não digo isso da boca pra fora, o homem é enorme. Um metro e oitenta e cinco de músculos sólidos e grossos. Seu rosto é o de um diabo escuro e ele tem esses olhos, esses olhos cor de âmbar que são absolutamente alucinantes. Seu cabelo escuro me faz querer correr os dedos por ele. Ele se enrola para baixo em torno da base do seu pescoço, e algumas mechas caem sobre a testa. Ele é extremamente masculino, bonito. Tem uma cicatriz irregular na sua bochecha esquerda, mas ela só parece acrescentar à sua imagem. Seus lábios são cheios, o nariz ligeiramente torto, como se ele tivesse estado em muitas lutas. Ele também tem essa perigosa barba rala que reveste suas bochechas e o queixo perfeitamente esculpido. ~ 15 ~


Mais uma vez, nada disso tira sua perfeição. Eu estaria chorando se esse homem tivesse me dado um fora, também. — Ah, — eu digo, sorrindo timidamente. — Eu não caí de cabeça quando era criança, — ele diz em um tom baixo e rouco. Ah, cara, ele tem um leve sotaque, eu não sei de onde é, mas é quente. — Ah, — eu tento novamente, mas ele continua. — E eu não tive, — ele raspa, se inclinando mais perto. — Um aumento de pênis. Eeek. — Ele é grande assim por conta própria. Minha boca cai aberta e meus olhos se arregalaram com o choque. O que ele acabou de dizer? Não, tenho que certeza que eu não ouvi dizer isso para uma completa estranha? Bom, ele era tão lindo. E acabou de passar de sexy para um completo babaca em três ponto cinco segundos. Ok, ele ainda é sexy. — E para sua informação, senhora, — ele rosna, tão baixo e gutural que eu tenho que me forçar a ficar na posição vertical. — Eu sei como usar bem ele. Babaca. Mega babaca. Demoro um momento para encontrar o meu atrevimento, porque realmente, ele se escondeu em sua concha, fugindo desse homem destrutivamente bonito na minha frente. Ele volta, porém, como sempre faz. — O que te faz ter tanta certeza disso? Quer dizer, se você o usa tão bem, então eu não vejo nenhuma razão para esta pobre garota atrás de mim estar chorando porque sua buceta está em desespero. Seus lábios se contorcem. — Ou, — ele diz, dando um passo à frente, invadindo meu espaço. — Pode ser que ela esteja totalmente devastada porque sabe que não vai provar outra vez. ~ 16 ~


Oh, uau, de perto ele é ainda melhor. Sua pele é ligeiramente mais áspera, o cabelo um toque mais bagunçado. Delícia. — O que te faz ter tanta certeza de que ela quer provar outra vez? — eu o desafio. — Porque é o que todas fazem. Arrogante. — Eu não faria isso. Seu lábio se contorce de novo e, com o canto do olho, vejo a garota loira ficar de pé e se endireitar. — Eu sinto muito, eu não disse nada e... — Para dentro, Bethany, — ele ordena, sem tirar os olhos de mim. — Mas ela só veio e... Eu juro... Eu nem gosto dela... Eu suspiro. Ela acabou de pisotear o código das garotas. Você não esfaqueia pelas costas alguém que está tentando te ajudar. Espero que ela arranje um fungo. — Bethany, lá dentro, — ele ordena novamente. Cruzando os braços e fazendo beicinho, ela desaparece dentro do prédio. — Agora isso, — eu digo, acenando com a mão casualmente para a porta. — Ela não é uma garota muito legal. Eu posso ver porque você terminou com ela. Ele bufa e eu me viro para ele, estudando suas feições duras. — Você sabe, — ele murmura, — você deveria ter mais cuidado com quem você discute por aí. — Por quê? — eu estalo, colocando uma mão no quadril. — Você vai me atacar com a sua espada? Eu aceno para sua virilha e seu rosto ilumina apenas ligeiramente. Ele tem um rosto duro; eu imagino que, mesmo se ele sorrisse, nunca iria parecer despreocupado. Este homem tem demônios, todos os homens com rostos assim têm. — Porque sim, — ele diz em tom perigoso, pegando um cigarro, acendendo-o e o levando aos lábios. — Por que todas vocês, — ele me

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olha enquanto exala um pouco de fumaça, — mulheres, assumem que a culpa é do homem quando as coisas vão mal? — E não é? — eu digo, cruzando os braços. — Mulheres traem, — ele murmura. — Sim, é verdade. — E mentem. — Sim. — E quebram corações. — Eu não duvido. — Então, por que, — ele pergunta novamente, — vocês assumem que o homem é sempre o idiota da história? — Porque homens têm uma ferramenta muito poderosa entre as pernas, e essa ferramenta pode causar, bem, tendências obsessivas em certas mulheres. — Tendências obsessivas? levantadas.

ele repete, as sobrancelhas

— Sim, tendências obsessivas. É assim que acontece, escute com atenção. Mulher conhece o homem. O homem é quente, um pouco como você. — Seus lábios se contorcem, mas eu o ignoro e continuo. — O homem leva a mulher para cama, explode a sua mente e, quando ela acorda no dia seguinte, ele se foi. Isso deixa a mulher desesperada, e a mulher então passa a se transformar naquilo que, bem, vamos chamar carinhosamente, de excêntrica. Ele olha para mim como se eu fosse louca. — Tudo isso por que elas querem, — sua voz diminui, — pau? — Basicamente. Ele suspira, soltando fumaça em um longo sopro. — Bethany se encaixa nesse papel, eu acho. — Então você deve aprender com o seu erro e, da próxima vez, talvez, tentar dar o fora nelas com um pouco mais de decência. Ele abre a boca para falar, mas eu o interrompo.

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— Ou, melhor ainda, mantenha sua espada na bainha e seja um ser humano decente. Seus olhos brilham e eu sorrio para ele. Eu não o conheço. Ele poderia ser qualquer um, e eu estou aqui fora, sozinha, o provocando. Ainda assim, ele não parece o tipo assassino silencioso, apenas um homem muito atraente que sabe, e consegue, exatamente o que ele quer. — Eu imagino que seria muito diferente se fosse você recebendo a minha... Espada. Eu bocejo para ele. Então jogo minhas mãos em meus quadris e atirar de volta, — Você está errado sobre isso, amigo. Eu não sou esse tipo garota. Ele dá um passo mais perto. Eu dou um passo para trás. Isto não o impede; ele deixa cair o cigarro no chão e continua esta dança até que minhas costas estão pressionadas contra a fria parede de tijolos. Minha pele nua formiga contra ela, e minhas pernas ficam bambas quando ele se inclina para baixo e suas mãos pressionam a parede em cada lado da minha cabeça, literalmente me prendendo. Assim tão perto, eu posso sentir o cheiro dele, e é uma mistura de cigarro e colônia. Funciona para ele. Bem até demais. — Meninas com a boca espertinha como a sua geralmente são as primeiras a ceder. Aposto que você está pensando sobre isso agora? Aposto que você está imaginando como seria bom me sentir fundo, fundo pra caralho dentro de você? Deus, sua voz está tão grossa e rouca. — O que eu estou pensando, — eu respiro, — é qual parte do seu corpo eu vou chutar primeiro. Ele ri baixo, e é um som celestial. — Eu gosto das que jogam duro. — Você precisa de ajuda, — eu indico. — E eu não estou jogando. Não estou interessada. Eu não vou atrás e não gosto de homens que se comportam como você. — Eu poderia fazer você implorar. Aposto que sim.

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Nós prendemos nossos olhares, os dois claramente tão teimosos quanto o outro. É um momento intenso, quebrado apenas quando ouço Kady guinchar, — Jesus, você é rápida, não é Grace? Eu fico só cinco minutos lá dentro e você já está agarrada com um homem. Eu viro meu rosto para ela e digo em um tom casual, — Oh ele? Não, eu estava prestes a fazer com que ele fosse incapaz de se reproduzir. Kady parece confusa e nós afundamos na parede – bem, eu afundo na parede quando tento empurrar ele para trás com as mãos em seu peito. Ele não se move – ao invés disso, pega outro cigarro, acende e, em seguida, empurra a si mesmo e se vira, caminhando em direção à escuridão. Assim quando estou pronta para perdê-lo de vista, ele se vira e murmura, — Prazer em conhecer você, Gracie3. — Deus, do jeito que ele acabou de dizer meu nome, é como se ele tivesse praticamente gotejado para fora da sua língua. Em seguida, ele se foi. Puf, apenas assim. Saída legal, mas ele ainda é um bastardo.

Ele pronuncia o nome dela assim, com o ―i‖, que é uma forma carinhosa que se costuma usar para o nome Grace em língua inglesa, como se eles já fossem íntimos. Vocês verão, ao longo do livro, que o chefe costuma chamar ela de Grace, mas os amigos, de Gracie. 3

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Capítulo Dois Ring. Ring. Ring. Eu gemo, cobrindo o rosto com as mãos. Deus, vá embora. Ring. Ring. Ring. Aff! Eu rolo, empurrando meu corpo dolorido para fora da cama e olhando embaçado para a tela do meu telefone piscando. Vance. Que porra é essa em um sábado de manhã? Decido que eu realmente não me importo, então rolo de volta para minha cama e gemo de dor quando o movimento faz meu cérebro chacoalhar na cabeça. Eu nunca vou beber outra vez. Deus, que horas eu cheguei em casa? Depois do meu encontro com o cara gostoso e misterioso, Kady e eu continuamos a beber e dançar. O resto é um borrão. Pelo menos eu estou em casa e na minha própria cama. Isso é uma vantagem. Ring. Ring. Ring. Droga. Com uma maldição, eu me estico, pego meu telefone e o levanto. Aperto o botão para aceitar a chamada, antes de pressioná-lo no meu ouvido. Minha cabeça está latejando e o simples movimento de levantar meu telefone me faz gemer em agonia. É melhor que seja algo bom. Ou Vance vai sentir muita dor quando eu conseguir arrastar minha bunda para fora dessa cama. — É melhor que você tenha sido sequestrado ou algo tão horrível quanto isso, Vance. Uma risada baixa. — Bom dia, Gracie Lou. Temos um trabalho para você. — Não, — eu resmungo. — Levei uma hora para pegar o velho que queria que eu escovasse o seu cabelo. Cai fora.

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— É um bom... Eu bufo. — Não. — E é grande... Eu aperto meus lábios. Ele provavelmente está me atraindo, mas conseguiu a minha atenção. Maldito seja, ele me conhece bem demais. — Grande? — eu pergunto, incapaz de me parar. — Mega. Você tem vinte minutos para estar aqui, ou Don vai passar esse caso para Julio, e ele vai rolar por toda essa merda enquanto faz observações sarcásticas sobre fêmeas inúteis como você. Eu bufo. Eu não gosto nada de Julio. Eu digo que não gosto porque Don, muitas vezes, me disse que a palavra ódio é ruim para minha alma. Ele provavelmente está certo, então eu só finjo que não odeio Julio. Então minha alma pode permanecer imaculada e limpa. Vencedora. — Estou indo, caramba, — murmuro para Vance. — Isso aí, garota, — ele diz, soando muito animado. — Vejo você em breve. Com isso, eu rolo para fora da cama e marcho para o banheiro. Eu tomo um banho rápido que mal permite que eu me lave direito, então eu visto uma calça jeans e um suéter antes de prender meu cabelo e sair correndo para a rua. Eu vivo a apenas cinco quadras do meu trabalho, então não uso meu carro com frequência. Além disso, há uma ótima cafeteria no caminho, e eu estou um pouco viciada nos cafés de lá. Eu entro na loja, pego meu latte de caramelo habitual e ando o resto do caminho até o escritório. Quando eu chego, passo pelas portas da frente e aceno para a recepcionista, que, basicamente, me odeia. Eu não posso culpar ela, na verdade. Ela está apaixonada por Vance, e ele nem enxerga a garota. Ele, no entanto, me enxerga. Eu gosto de Vance, nós temos uma grande amizade. Mas a Sally ali atrás realmente não gosta disso. Nem um pouco. O escritório em que eu trabalho não é enorme, mas é bom. Há cinco salas, uma grande área de recepção, uma sala de conferencias e um refeitório. Don tem a maior das cinco salas, e Vance, Julio e eu temos cada um a sua própria. A última usávamos para armazenamento, arquivamentos e coisas assim. É tudo bastante moderno, ~ 22 ~


principalmente depois da recente reforma nas instalações. Agora as paredes são de um tom cinza escuro e o chão preto e bonito cobre toda a área. Todas as salas foram reformadas também, e ganhei um computador novo e de última geração com isso. Ponto pra mim. Eu entro na sala de conferencias na hora certa, e vejo Don, Vance e Julio sentados ao redor da pequena mesa quadrada. Eu olho para Julio quando passo e ele zomba de mim, piscando aqueles perfeitos e malditos dentes brancos. Seu cabelo escuro está puxado para trás em um rabo de cavalo apertado na base do seu pescoço, e ele está vestindo um terno impecável. Julio é bom em seu trabalho, simplesmente porque você não espera isso dele. Ele está sempre tão arrumado, tão elegante e tão diferente do ―típico‖ caçador de recompensas. Não que haja um tipo particular, mas se você já assistiu televisão, eles muitas vezes são retratados como assustadores e maus. Julio não é assim. Ele é a última pessoa que você esperaria que colidisse com o seu mundo e o derrubasse no chão. Em outras palavras, ele não parece o tipo fodão. Vance e eu somos totalmente fodões. Bem, Vance é. Eu pretendo ser, porque, como Julio, ninguém espera isso de mim. Pode ser uma vantagem, mas também uma desvantagem. É uma desvantagem quando a pessoa que eu estou trazendo decide explodir em risos sobre o fato de eu ser uma garota. Sim, isso acontece. Muito. Eu rapidamente as corrijo, geralmente com um pé nas costelas. Eu posso não parecer, mas eu estou me esforçando completamente para ser a rainha dos fodões. — Bom dia, — eu murmuro. — Dormiu tarde? — Don pergunta. Eu dou de ombros, me jogando na cadeira ao lado de Vance – então equilibro cuidadosamente meu café sobre o colo. Ele se aproxima, envolve um braço ao redor dos meus ombros e me puxa para perto, para me dar um beijo na têmpora. Os outros caras do escritório agora já estão acostumados com esse tipo de comportamento. Assim como eu, se eu for honesta. Vance é carinhoso e, ao longo de cinco anos, tivemos a chance de nos aproximar. É assim que ele é comigo. Ele nunca vez um movimento ou ultrapassou essa marca. Eu sei que Vance tem algum tipo de sentimento por mim. Eu suspeito que seja romântico, mas não posso ter certeza, porque ele nunca admitiu isso. Eu só sei que há momentos que eu o pego olhando para mim com um desejo que me deixa apreensiva. Eu adoro Vance, mas é mais como um irmão mais velho. Sempre foi assim. Ele sempre ~ 23 ~


foi um amigo, alguém em quem eu podia confiar e o cara que me brinca comigo e consegue escapar sem consequências. A maioria das mulheres, no entanto, não hesitaria em ficar com ele. Vance tem o cabelo loiro areia que flui ao redor dos seus ombros, e os mais brilhantes e genuínos olhos azuis que eu já vi. Sua pele é de um tom verde-oliva impecável, e ele é alto e magro. Ele parece pertencer a uma prancha, cavalgando as ondas. Sem mencionar o seu sorriso assassino, que normalmente faz as mulheres desmaiarem antes mesmo que ele se apresente. — Conseguimos um caso bastante grande ontem à noite, — Don começa indo direto ao ponto. — Quão grande estamos falando? — Julio pergunta antes que eu possa. Ele sempre recebe os grandes casos, bem, ele e Vance. Eu fico com os medíocres. Imagine só. — Nós estamos falando de um cara que vai nos trazer trinta mil. Meus olhos se arregalam. Trinta mil dólares? O máximo que eu já cheguei foi em um caso de cerca de sete mil. Trinta mil é um negócio grande. Trinta mil faria o resto do meu ano extremamente confortável. — O que ele fez? — eu suspiro. — Não aparece em audiência, — Don continua. — Ele é julgado por agressão com arma mortal e também é o principal suspeito do assassinato. Yeesh. Esse cara é desagradável. — Eu estou livre, — diz Julio. — Vou começar a cuidar disso imediatamente. Eu olho feio para ele. Odeio como ele só assume que o caso seja dele. — Na verdade, — Don começa, e então se vira para mim. — Eu ia oferecer esse caso para Grace. Para mim? O quê? Quer dizer, eu sei que Vance disse que se eu quisesse o caso deveria vir para cá, mas eu achei que fosse algo médio, não um enorme como esse. Don nunca me oferece os grandes, nunca. Por que diabos ele mudou de ideia agora?

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— Isso é brincadeira, certo? — eu gaguejo. — Não, Grace. Você fez um ponto válido na noite passada. Você já está aqui há cinco anos, mostrou o seu valor e nós não o aproveitamos. Estou lhe dando essa chance de nos mostrar do que você é feita. Minha chance. Oh Deus, minha chance. Eu estive esperando cinco anos por um caso digno, algo grande, algo substancial. Meu coração bate e eu sinto Vance apertar meu ombro. Abro a boca para responder, mas não sai nada. Estou sobrecarregada; finalmente eles estão me levando a sério. Esta é a minha chance de provar a Don que eu valho tanto quanto Vance e Julio. — Don, — eu respiro. Don levanta a mão, seus olhos suaves. — Você merece isso, Grace. Me desculpe por não ver isso antes. Merda, eu preciso me recompor. Eu fecho meus olhos, tomo algumas respirações firmes e me acalmo. Enquanto estou fazendo isso, Julio começa seu protesto habitual. — Ela é uma mulher, Donald, — ele grita. — Como é que uma mulher vai prender e trazer um homem do tamanho dele? Eu levanto a cabeça para olhar para Julio. — E você é um idiota, mas isso não o impede de estar fazer o seu trabalho corretamente, mesmo que eu tenha certeza que seu ego gigante fique quase sempre no caminho. Cuidado, Julio, um dia você vai tropeçar nele e vou ser eu a apontar o dedo para você. Ele abre a boca para disparar algo igualmente duro para mim, mas Don o interrompe. — Se você desrespeitar alguém da minha equipe assim de novo, Julio, você vai perder o seu emprego, — Don late. — Eu não tolero esse tipo de comportamento. Grace tem os mesmos direitos que qualquer membro da equipe; ela ser mulher não tem nada a ver com isso. Grace é inteligente, bem treinada e sabe o que está fazendo. Eu tenho toda a fé de que ela vai encontrar uma maneira de trazê-lo. — Ela é pequena, — protesta Julio, mas isso sai como um bufo patético. ~ 25 ~


Don se inclina para frente, apoiando os cotovelos na mesa. — E você está andando em uma linha tênue, Julio. Eu já fiz a minha decisão. Isso, Don! Julio joga sua cadeira para trás ao se levantar, e coloca as mãos sobre a mesa, olhando para mim. — Você vai falar, e eu esperando por esse momento. Com isso, ele sai porta afora. — Crianças, — eu murmuro quando ele sai. Vance ri e Don limpa a garganta. Eu me viro para ele e endireito as costas. — Eu posso fazer isso, Don, então passe para mim. Com o que eu estou lidando aqui? Ele desliza uma pasta para mim, e eu a abro. Todo meu mundo faz uma parada brusca quando eu pego a foto do incrivelmente deslumbrante homem na frente e eu suspiro. Então meus olhos se movem para o nome, Raide Knox. Ah, não. Ah, não, porra. Não pode ser. Esse não pode ser o homem que me jogou contra uma parede na noite passada. O homem que me deixou de joelhos fracos. O homem que se marcou no meu cérebro. Merda. — Está tudo bem? — Don pergunta. — Ah, — eu chio. — Raide Knox? — Você já ouviu falar dele? Você poderia dizer isso. Eu não sabia o nome dele até agora, mas eu já vi o suficiente de todo o resto. Eu não estou prestes a dizer a Don que eu fiquei excitada com o homem, e dei uma de espertinha com ele, menos de vinte e quatro horas atrás. Isso dificilmente vai mostrar a ele que eu sou boa no meu trabalho. Não, ele não pode saber que eu cheguei perto de Raide e que discutimos sobre a sua espada. Raide é um criminoso. Ele não parecia um criminoso. Ele certamente não parecia um assassino... ou pelo menos alguém que queria assassinar outra pessoa. — Eu já ouvi o seu nome, sim, — eu respondo, fazendo o melhor que eu posso.

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— Bem, então você sabe que ele é bastante conhecido e poderoso. Você precisa ter cuidado com esse, ele é inteligente e astuto. Ah, ele é. Eu examino o material na pasta, leio sobre as suas acusações, as novas datas de julgamento e quando ele deve aparecer novamente para eles. — Onde ele foi visto pela última vez? — eu pergunto, apesar de já saber a resposta. — Ele foi visto há três dias em East Gun Shop4. — Ok, — eu digo, fechando o arquivo. — Eu vou estudar isso no fim de semana e começo na segunda-feira. Qual é o meu prazo? — Dois meses. Eu aceno e me levanto. Me viro para Vance. — Você ainda vai aparecer essa noite? Ele balança a cabeça, sorrindo para mim. Temos uma noite de cinema semanal, onde vemos todas as comédias de ação. É apenas a nossa coisa. Eu lhe dou um sorriso e, em seguida, me viro para Don, que está revirando os olhos – ele sabe sobre a nossa noite de cinema, e escolhe não se meter nisso, porque, afinal de contas, não estamos quebrando todas as regras. — Obrigada, Don. Eu não vou te decepcionar. — Eu sei que, Grace, — ele sorri. E com isso, eu saio.

*****

— Eu estou enlouquecendo, Kady, — eu sussurro baixo no telefone. — Como diabos eu vou pegar ele? — Com a sua mente, — diz ela com diversão em sua voz. — E com o seu corpo. Eu franzo a testa. — Meu corpo?

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É uma loja de armas. ~ 27 ~


— Você não vê? Você está olhando para tudo isso do jeito errado. Você está esperando ser capaz de pegar ele e arrastá-lo de volta para cá, mas você não pode fazer isso. Quer goste ou não, você não tem força física para trazer um homem do seu tamanho. Então comece a pensar fora da caixa. Ela desperta o meu interesse. — Continue... — Seduza-o. Eu pisco. — Me desculpe? Ela bufa, como se a minha pergunta fosse completamente injustificada. — Seduza-o. Eu rio nervosamente. — Kady, eu o conheci e, basicamente, o acusei de ser um jogador. Então eu disse que garotas como eu nunca dormem com homens como ele, e agora você está me pedindo para me aproximar dele e tentar fazer com que ele acredite que eu estou interessada? — Exatamente. Eu fecho meus olhos. — Sim, isso não vai acontecer. — O que você vai fazer, então? — ela questiona. — Chegar na cara dura e mandar ele para entrar? Ele vai fugir antes que você tire a sua maldita arma da bolsa. Eu rio. — Eu sei como usar a minha arma, muito obrigada, apenas não tenho permissão para usá-la, a menos que seja um caso de vida ou morte. — Sério, Grace, — diz ela, mais suave agora. — Pense nisso. Você o seduz, faça com que ele se interesse, então você arma para ele. Você poderia fazer algo tão simples como sair com ele – e bam, ele está dentro. Ela fez um ponto muito bom. — Ele não vai ficar todo interessado em mim do dia para noite. — O quê? — ela ri. — Um homem que não vai apenas cair aos seus pés? Horrível. Mas, falando sério, o cara estava despindo você com os olhos. Eu não acho que você vai ter problemas com isso. Eu rio alto. — Cale a boca, ele não estava.

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— Ele estava sim, e você pode fazer isso. Eu sei que você pode. Basta soltar o seu encanto, e você vai ter ele ofegante. Na verdade, não é uma má ideia. Seria uma maneira fácil de pegar Raide sem o alertar ou ter que lutar com ele. Eu posso ter treinamento, mas um homem do seu tamanho não seria fácil de mover. Ser uma caçadora de recompensas nem sempre é fácil. Nós temos que rastrear criminosos e trazer eles de volta para os seus julgamentos, coisas assim. Nem sempre é um passeio no parque, é um negócio onde eles correm ou tentam nos atacar, por isso estamos sempre atentos. — Eu vou pensar sobre isso, mas é um bom plano. Eu a ouvi bater palmas e guinchar. — Enquanto você está nisso, aproveite um pouco daquela bunda bonita. — Eu acho que isso é contra o código... — Não se você mantiver em segredo — ela está sorrindo, eu posso ouvir isso em sua voz. Eu rio, me jogando no meu sofá. — Você é uma rebelde, Kady. — Eu não nego. Agora vá e aproveite o outro homem supergostoso da sua vida. — Vance? — eu bufo. — Vance é gostoso, — ela suspira. Ah, Kady e Vance. Ela o quer, mas ele ainda não a notou, bem, se ele notou, não me disse nada. — Sinta-se livre para vir e desfrutar dele, também. Ela suspira melancolicamente. — Eu não posso prometer que não iria pular em cima dele. É muito perigoso. Eu sorrio, balançando a cabeça. — Ele pode não se importar. — Basta falar bem de mim. Diga a ele que eu estou me guardando, algo sexy que fará com que ele queria tudo isso. Eu reviro os olhos. — Vou ter certeza de fazer isso. — Boa! Até depois garota, e parabéns. — Obrigada, Kady.

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Eu desligo e me inclino para trás contra as almofadas macias do sofá. Seduzir Raide Knox, provar à minha equipe que eles estão errados e ter uma oportunidade de crescer na minha carreira. Tudo parece simples, mas eu não tenho nenhuma dúvida de que não vai ser. Raide é um homem duro, e ele vai pensar que eu sou uma grande piada quando eu aparecer, tentando seduzi-lo. Eu só posso esperar que ele seja um seduzível. As coisas estão prestes a ficar interessantes.

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Capítulo Três — “A Hora do Rush”, sério? Eu sorrio para Vance, equilibrando uma bacia de pipoca e dois refrigerantes em minhas mãos. Ele torce os lábios para mim. Vance não gosta de A Hora do Rush. Eu realmente não sei o que há de errado com ele. É apenas o melhor filme já criado. Eu rio sempre, não importa quantas vezes eu já assisti. Vance, no entanto, tem uma opinião diferente, mas isso não o impede de se juntar a mim. Ele não consegue evitar. — Você tem sorte que eu te amo, — ele murmura, pegando um dos refrigerantes das minhas mãos e se jogando no sofá. Eu sorrio, caindo ao lado dele. Ele parece ótimo essa noite, vestindo calça jeans escura e uma camiseta azul claro. Não é admirar que Kady fosse tão obcecada por ele. Ela ama o tipo surfista, e Vance definitivamente parece ser esse tipo de cara. Só que ele não surfa. Absolutamente nada. Na verdade, acho que ele nem sequer sabe o que é uma prancha de surf. Ele é um insulto ao mundo do surf. Ele ficaria tão bom em cima de uma prancha. Ele vira o rosto para mim. — Por que você está me encarando? Está me assustando. Eu rio, me virando. — Eu estava imaginando você e pranchas de surf. É uma imagem interessante. Ele bufa. — Eu sei que há essa tensão sexual e... ~ 31 ~


Eu rio, empurrando seu ombro com o meu. — Pare. Ele me dá um sorriso matador. — Como está a sua investigação sobre o assassino-e-atacante? Eu junto as sobrancelhas. — Nós somos amigos, certo? Ele aperta os olhos. — Ninguém mais iria assistir A Hora do Rush quatrocentos e oitenta e nove vezes com você. — Não foram tantas vezes assim. Ele levanta as sobrancelhas. — Me desculpe, quatrocentos e oitenta e oito vezes. — Você é terrível, mas sério... eu poderia te falar se, bem, se eu tivesse um problema? Seu olhar suaviza. — Você sabe que sim. Algo está errado? Eu hesito. — Não exatamente. — Cuspa — ele se recosta na cadeira, se virando um pouco para me ver melhor. — O que eu disser aqui fica entre nós, certo? — eu pergunto, estudando seu rosto por uma reação. Ele não parece perturbado. — Claro. — Ok, — eu digo, puxando uma respiração profunda. — Então, na outra noite, Kady e eu estávamos em um bar e eu conheci um homem. Será que Vance acabou de se encolher? Vou fingir que não percebi isso. — E? — ele rosna. — E ele era Raide Knox. Seus olhos se arregalaram e sua boca cai aberta. — Antes de você diga qualquer coisa, — eu digo rapidamente, — Eu não sabia que era ele. Seus olhos se arregalam ainda mais, e ele suspira. — Você não transou com ele, não é? Eu ofego. — Jesus, Vance, não! ~ 32 ~


Ele solta um profundo suspiro de alívio. — Ok, então você sabe onde ele costuma sair. Isso é uma coisa boa, certo? — A coisa é, — eu digo, olhando para as minhas mãos. — Ele é um homem grande, Vance. Enorme, na verdade. Como um Hércules — e gostoso, supergostoso, eu adiciono mentalmente. — Você acha que não dá conta — não é uma pergunta, é uma afirmação. — Eu dou conta. O problema é exatamente como eu vou fazer isso. Vance estreita os olhos. — O que exatamente você está tentando me dizer, Gracie? — Você e eu sabemos que, mesmo com o meu treinamento, eu não vou conseguir trazer um homem do tamanho de Raide com pura força. — E... ? — Então vou ter que usar algo mais, algo mais... Infalível. Vance suspira outra vez e se mexe desconfortavelmente. — Gracie, você está enrolando. — Eu vou seduzir ele, — eu digo. Todo o corpo de Vance endurece e, desta vez, seus olhos apertam com – Deus, é dor? Eu levo um momento para encontrar as palavras. — Eu não vou dormir com ele, nem ao menos beijar ele, eu só vou seduzir o suficiente para que ele concorde com um encontro. E então eu vou pegá-lo. Vance relaxa visivelmente. Sua reação me incomoda. Eu já aceitei que Vance sente algo por mim, agora o quão profundo é isso é outra história. Eu o amo como um amigo, mas ele e eu... Nós simplesmente não funcionamos desse jeito. Nós somos muito parecidos. E, além disso, na profissão em que estamos, isso nunca ia dar certo. De jeito nenhum nós não competiríamos. E ele sempre seria muito melhor do que eu. Depois, há o simples fato de que Vance não é o tipo de homem com quem eu já me imaginei. Me chame de obcecada pelo tipo moreno, alto e robusto.

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— Você tem certeza que é uma boa ideia? — Vance finalmente pergunta. — Seduzir ele pode sair errado, Gracie. E se ele for perigoso e descobrir? — Eu sei, — eu digo em voz baixa. — Mas é a única opção que eu tenho, e eu vou ter o cuidado de sempre me manter em lugares públicos. Eu preciso provar o meu valor, Vance. Eu tenho que fazer isso. Ele balança a cabeça. — Não há nenhuma regra que diz que você não pode fazer o que for preciso para trazer um criminoso. Se é assim que você vai conseguir pegá-lo, tudo bem, só me prometa que vai ter cuidado, Gracie. Eu li o seu perfil. Ele pode ser perigoso, e eu não quero ver você machucada. Meu coração palpita com um leve incômodo. Não porque eu estou com raiva dele, não. É simplesmente porque se eu fosse um homem, ele não teria nenhuma preocupação comigo. Ele não iria questionar a minha capacidade, e ele não iria me pedir para ser cuidadosa. Ele teria acabado de me dar um tapa nas costas e me desejado sorte. Eu anseio por uma reação como essa. — Eu tive a mesma formação que você, — eu indico suavemente. — Eu posso fazer isso. Ele coloca as mãos para cima. — Não estou dizendo que você não pode. Eu estudo seu rosto por um momento e decido apenas deixar para lá. Este não é o momento nem o lugar, e eu não quero perturbar ele com mais detalhes do meu plano. Eu empurro a bacia de pipoca na sua direção. — Pronto para A Hora do Rush? Ele coloca as mãos sobre o rosto e geme alto. Eu pego um punhado de pipoca e atiro nele. Com uma risada, ele abaixa as mãos e as pega antes que elas caiam, e me puxa para perto. Eu pego o controle remoto, recosto a cadeira para trás e ligo a televisão. — Então... Você sabia que Kady queria vir hoje à noite? — eu digo casualmente. Ele me dá uma olhada. — Eu já ouvi sobre os seus encontros às cegas, Gracie Lou. Não há nenhuma maneira no inferno que você vai arranjar um desses para mim. ~ 34 ~


Eu protesto. — É quase às cegas, você já conhece Kady. — Eu me encontrei com ela uma vez. — Onde ela se apaixonou loucamente pelo seu charme e boa aparência. Ele ri baixo e gutural. — Ela não parece ser o tipo que sai com caras como eu. Eu a vejo saindo com garotos de fraternidade que acabaram de se formar e que passam muito tempo se depilando na esperança de conseguir transar. Rindo alto, eu bato no seu braço. — Não há nada de errado com depilação. Toda mulher aprecia um... Jardim masculino bem cuidado. Espero que você mantenha o seu aparado. Ele levanta uma sobrancelha. — Você quer saber? Eu bato nele de novo em resposta. Ele me dá um sorriso malicioso. — De qualquer forma, você deve sair com a gente algum dia, — eu acrescento. — Tenho certeza de que ela é uma garota impressionante, mas eu realmente não estou interessado. — Ela é gostosa... — Gracie, — ele adverte. — Oh, tudo bem! — eu bufo. — Mas isso ainda não acabou. Ela joga o braço por cima do meu ombro. — Por agora sim. Muito bem, então. Por agora.

*****

— Eu consegui um caso grande, pai, — eu anuncio ao telefone mais tarde naquela noite. Meu pai sempre me apoiou, e eu acho que ele está esperando tão pacientemente quanto eu tenho por esse dia chegar. ~ 35 ~


— Princesa, isso é incrível! — ele praticamente canta ao telefone. Às vezes eu acho que meu querido papai esquece que eu não tenho mais cinco anos. — É exatamente o que eu estava esperando, mas eu estou nervosa, — eu admito. — Não fique, — diz ele. — Você é incrível. Você aprendeu com o melhor, afinal de contas. Eu rio. — Claro, pai, quero dizer, como eu poderia não ser incrível seguindo os seus passos super demais? Ele ri. — Exatamente. Além disso, minha menina pode chutar uma bunda — lá vamos nós, agora ele lembrou que eu sou adulta. — Com toda maldita certeza. — Então, estamos falando de quão grande? — eu ouço o tic do seu isqueiro. — Pai, pare de fumar. Isso vai te matar. — Semana que vem, querida, — ele diz isso toda semana. — Agora me conte sobre esse caso, — ele pede. — Ok, bem, para começar, ele vale trinta mil dólares. — Merda, — ele suspira. — Esse é dos grandes. — Sim, você poderia dizer isso. Ele zomba. — Baby, é sim. Eu sorrio, ele está tão certo. — É sim. — Qual é o seu plano? Eu coro. Dificilmente eu vou dizer ao meu pai como eu pretendo trazer Raide. — Eu ainda estou pensando nisso. — Me deixe te dar algumas dicas. Eu passei a próxima hora ouvindo ótimas dicas do meu pai, antes de terminar a ligação e ir para a cama. Eu tenho mais um dia de folga antes da diversão começar. E eu preciso do meu sono da beleza.

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Capítulo Quatro Eu bocejo e me espreguiço enquanto saio do trabalho na noite seguinte. Eu deveria estar indo para a casa dos meus pais, conversar com meu pai sobre meu novo caso, mas eu estou exausta. Eu sei, no entanto, que ele vai ficar desapontado se eu não aparecer – assim, com muito esforço, levanto a mão e aceno para um táxi. Um trovão alto ecoa ao longe, e eu sei que vai chover a qualquer momento. Eu estou certa: assim que um táxi para junto ao meio-fio, as nuvens se apertam e a chuva começa a cair. Eu me lanço na direção do carro, abro a porta e mergulho para dentro antes que eu acabe com um cabelo bagunçado que vai ser impossível de arrumar. O que eu não noto quando faço isso é que alguém já tinha entrado nesse táxi. — Esse é o meu táxi. Eu me viro com um grito, e depois minha boca cai aberta quando eu vejo Raide olhando para mim, os braços cruzados, os olhos cor de âmbar me estudando. Ele está vestindo uma calça jeans preta e um suéter cinza apertado que faz coisas muito incríveis nos seus músculos. Eu engulo o caroço na minha garganta. Só essa aparência já devia ser considerada crime. — Ah, eu... Muito elegante, Grace. — Eu conheço você? O que eu digo? Ele não se lembra de mim. Bem, isso é um grande tapa na cara, não é? Só por causa desse comentário, eu me inclino para trás no banco, cruzo os braços e murmuro, — Esse é o meu táxi. Ele resmunga. — Não, moça, não é. Eu sorrio para ele. — Cara, é sim. — Porra, — ele murmura. — Bem, nós vamos dividir, então. ~ 37 ~


Minha mente gira, sabendo que essa é a minha chance de ouro para seduzir ele, embora eu não tenha começado exatamente muito bem. Além disso, se ele perceber o que eu estou fazendo, ele provavelmente vai atirar na minha cabeça e me enterrar em uma cova rasa. Eu mordo o lábio, pensativa, e ele se vira para me olhar um pouco melhor. Como eu me esqueci de como ele é bonito? Os mais bonitos são os mais mortais. — Você tem certeza de que não nos conhecemos antes? Seu rosto me parece familiar... Embora eu tenha visto um monte de rostos nesse último mês — ele sorri, olhando para os meus lábios agora. Uau, ele ainda é tão arrogante como no dia que o conheci. Para não mencionar que eu deixei nele uma enorme impressão... Só que não. Como eu esperava seduzir o homem se eu não posso fazer com que ele sequer se lembre do meu rosto? Eu preciso voltar ao jogo. Rápido. — Provavelmente nos seus sonhos mais selvagens, — eu lhe dou um sorriso sensual. — Isso acontece muito. Seus lábios se torcem e ele se inclina para trás no banco, cruzando os braços. — Eu só gosto de loiras. Ai. — Sim, bem, e eu só gosto de homens com, — eu olho de cima a baixo — grandes, — seu rosto mostra desejo, — personalidades. Ele ri baixinho e eu quero fechar os olhos e rezar para os altos céus para que isso soe como um homem com chiado de bronquite, e não lindo e masculino, como parece. — Eu estou pronto para o desafio. Eu posso lhe mostrar muitas coisas grandes, moça, — ele fala. — Ugh, — eu murmuro, meu coração acelerado. — Você é sempre tão agradável de ter por perto? — ele pergunta, seus olhos ainda em mim. — E você é sempre tão arrogante? — eu jogo de volta. Seus olhos incendeiam com diversão e eu vou na direção da porta. — Eu vou pegar outro táxi. Ele se estica, seu grande corpo cobrindo o meu, enquanto ele me impede de abrir a porta. Eu suspiro com a sua proximidade e me contorço desesperadamente para me afastar do seu corpo quente e ~ 38 ~


duro. — Leve ela para onde ela quiser ir primeiro, — ele murmura para o taxista. Eu fico de boca aberta quando nós partimos e o motorista pergunta onde eu estou indo. Murmuro um endereço e, em seguida, me viro para Raide, que está sorrindo. — É um hábito seu fazer mulheres reféns dentro de táxis? Ele ri. — Eu não fiz de você uma refém, se você quer sair, — ele balança a cabeça em direção à porta, — Que saia. Eu só estava tentando ser um cavalheiro. Eu rio alto. — Tenho a nítida sensação de que você nunca é cavalheiro. Seus olhos piscam com diversão e ele se inclina para perto. — Não, você está certa sobre isso. Você quer que eu mostre como posso ser pouco educado? Oh, cara, meu coração começa a bater tão rápido e eu não posso evitar que meus olhos caiam para os seus lábios. Raide Knox é perigoso, não há nenhuma dúvida sobre isso. — Sonhe, amigo, — eu digo, mas minha voz sai meio sufocada. Seus lábios se contorcem. Sim, ele ouviu isso. — O que uma moça como você está fazendo na rua tão tarde, de qualquer maneira? Não é muito sábio andar sozinha há essa hora, especialmente uma coisinha pequena como você. Eu sei que por causa da coisa da sedução eu deveria lhe dar uma boa resposta e continuar a flertar. Mas seu comentário me irrita. — Eu posso me cuidar muito bem. Eu sou uma mulher, não uma idiota indefesa. Ele ri. — Eu não tenho nenhuma dúvida de que você pode cuidar de si mesma, mas não é muito mais divertido ter um homem para cuidar de você? — pelo calor nos seus olhos, eu entendo o duplo sentido do que ele está dizendo. Eu cruzo meus braços e encaro fixamente o teto da cabana, frustrada porque ele parece estar me seduzindo, e não o contrário. — Não me entenda mal, eu acho que as mulheres são ótimas para um monte de coisas.

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— Eu tenho uma boa ideia de que coisas são essas, e eu vou deixar que você saiba que nós somos capazes de muito mais do que apenas satisfazer as necessidades de um homem. Isso tudo sai com pressa da minha boca, e Raide fica em silêncio por um momento. Então ele começa a rir. — Você realmente tem um pau enterrado na bunda, não é, moça? Eu franzo os lábios. — Não, eu só acho que mulheres têm as mesmas habilidades que os homens, e devem ter as mesmas oportunidades. — Há um problema nisso, — ele murmura, se inclinando para perto. Com minha voz presa, eu digo, — E qual é? — Mulheres não são homens. Maldito seja ele. Ele tem um ponto. Mesmo que eu odeie admitir isso. — Elas nunca quiseram ser homens. Idiota estúpido. Eu me viro para olhar pela janela, não querendo discutir mais com este homem irritante. Quando o táxi para algumas portas adiante, porque eu propositalmente dei ao motorista o endereço errado, alcanço a porta e a abro, depois de jogar uma nota de vinte para ele. Eu olho para Raide quando estou saindo e mais uma vez ele me encara com aqueles deliciosos olhos cor de âmbar. — É bom ver você, Gracie. Minha boca cai aberta enquanto ele fecha a porta e vai embora. Ele sabia o tempo todo. Maldito Raide, ele me pegou mais uma vez.

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Capítulo Cinco — Gretchen, — eu sorrio, — Isso é uma espinha se formando? Minha irmã ofega, pressiona a mão no queixo e então ela rapidamente a corre pelo seu rosto. Eu não posso tirar o sorriso do meu rosto; ela sempre cai nessa. Quando ela percebe que não tem nenhuma espinha horrível se formando na sua pele impecável, fecha a cara para mim, jogando as mãos sobre os quadris curvilíneos. Seu cabelo castanho cai em torno de seu rosto em ondas perfeitas. Ela sempre parece perfeita. — Por que você tem que ser tão infantil, Grace? — ela murmura. Eu dou a ela um sorriso. — Porque você é tão engraçada. Ela franze a resta e me estuda. — O que aconteceu com o seu cabelo? — Está chovendo lá fora, — eu digo, acenando para a chuva que bate nas janelas. — Acontece. — Eu não sei como podemos ser parentes, — ela diz, enrolando o lábio superior para mim. — Eu nunca tinha visto que seu cabelo se parecia com isso. — Não seja ciumenta, mana, um dia você vai ser tão descolada quanto eu. Ela zomba de mim enquanto minha mãe entra na sala, parecendo tão perfeita quanto minha irmã. — Grace — ela sorri, caminhando e me envolvendo em um abraço tão frio quanto ela. Típico. Ela não gostaria de estragar sua maquiagem. Ela dá um passo para trás, olhando para mim. Eu tenho o mesmo cabelo escuro que ela, mas meus olhos são todos do meu pai. Ela e minhas duas irmãs têm olhos azuis pálidos. — Querida, — diz ela, franzindo o cenho como Gretchen. — O que aconteceu com seu cabelo? — Eu fui eletrocutada, — eu digo com voz inexpressiva. ~ 41 ~


— Não brinque comigo, Grace. Será que dói você fingir ser feminina? Quero dizer, já é ruim o suficiente que você trabalhe em um cargo de homens e fique ao redor de homens todos os dias. O mínimo que você pode fazer é agir como uma dama quando não está lá. Eu suspiro, colocando minhas mãos sobre as bochechas. — Eu não estou agindo como uma dama? Por que você não me disse? Ela estreita os belos olhos para mim. — Benevolência. — Não, — eu digo, lambendo minha mão e passando sobre o meu cabelo. Eu silenciosamente agradeço a Cole por esse movimento. Até que ele foi bom para alguma coisa, depois de tudo. Quem diria. — Eu não gostaria de constranger você, mãe. Está melhor assim? Será que eu estou com uma aparência melhor? Espere, talvez seja a minha pele — eu lambo minha mão outra vez, e a passo pela minha bochecha. As suas ofegam. — E então, como eu pareço agora? — Eu não sei como você acabou assim, — minha mãe zomba. — Eu te criei melhor que isso. — Não, mãe, você tentou criar mais uma rainha da beleza, mas, para seu azar, você só tem duas. Eu segui o meu pai. Eu dou a ela um sorriso e saio da cozinha, indo para o galpão no quintal, onde meu pai gasta todo o seu tempo. Eu não sei como meu pai as aguenta, mas seu coração parece ser grande o suficiente para aceitalas, assim como elas são. Eu o amo por isso. Quando eu chego ao espaço grande, empurro a porta aberta e o encontro folhando alguns livros sobre esculturas em madeira. — Você vai fazer uma cama, pai? Ele se vira, e seu rosto se abre em um sorriso enorme. Ele corre e joga seus braços ao meu redor, me segurando perto. Ele ama minha mãe e minhas irmãs, eu sei disso, mas eu sou o seu lugar feliz, um lugar onde ele se sente um pouco normal em um mundo de caos. — Gracie, — ele murmura no meu cabelo. — Eu não estava esperando você. — Oi, pai, — eu sorrio, me inclinando para trás. Ele toca minha bochecha. — Você parece... — Como um rato afogado? Ele sorri. — Eu ia ser um pouco mais amável do que isso. ~ 42 ~


Eu rio. — Não se preocupe, mamãe e Gretchen já me informaram da criança vergonhosa que eu sou. Ele revira os olhos. — E eu aposto que você aceitou isso muito bem. Eu sorrio. — Você me conhece muito bem. Eu acho que mamãe estava pronta para me estrangular quando eu lambi minha mão e arrumei o meu cabelo. Ele morde o lábio para parar seu riso. — Você é minha filha, por completo. — Eu sou, — eu digo, me virando para o seu livro. — Então, o que você está construindo? — Eu estou tentando construir um balanço de varanda. Sua mãe quer um. É claro que ela quer. — E como isso está indo? Ele geme e bate o livro fechado. — Ela não vai notar se eu comprar um e fingir que o construí, certo? Eu rio um pouco mais. — Seu segredo está seguro comigo. Ele me envolve em outro abraço. — Estou feliz que você veio me visitar, Gracie. Eu também.

*****

— Então, como vai o seu novo caso? — meu pai pergunta, quando todos nós nos sentamos juntos para tomar chocolate quente mais tarde naquela noite. — Bem, eu acho. — Você acha? — pergunta ele. Eu suspiro. — Ele está se provando ser um pouco difícil, mas eu vou conseguir. — Como exatamente, — minha outra irmã, Stacy, murmura, — você vai arrastar para cá um homem adulto? ~ 43 ~


— Ora, Stacy, — eu digo, — com meu charme e boa aparência, é claro. Gretchen bufa. — Charme e boa aparência? Ele deve ser cego. — Gretchen, — adverte o pai. — Desculpe, papai, mas eu só não entendo ela e o seu trabalho. — Gracie é boa no que faz, — meu pai diz, me defendendo como sempre. — Talvez você devesse tentar sentir orgulho dela. Gretchen bufa e cruza os braços. — De qualquer forma, — eu digo, sentindo a tensão aumentar. — Eu deveria ir para casa. Tenho um monte de trabalho a fazer. Me levanto, e meu pai levanta junto. Depois de três abraços fracos, caminhamos para o seu carro. — Você não tem que me levar em casa, — eu digo. — Você não vai pegar um táxi essa noite. Eu não discuto. Eu entro em seu carro e ele me leva para casa. Quando lá, ele se vira para mim. — Eu sei que elas nem sempre fazem você se sentir como se o que você fizesse é algo bom, Gracie, mas eu quero que você saiba que eu estou orgulhoso de você. Eu sorrio, me esticando para pegar sua mão. — Obrigada, pai. — Me ligue com as atualizações, quero saber como esse seu caso está indo. — Eu prometo que ligo. Eu sorrio, atingindo mais e pegando sua mão. "Obrigado, pai." — Boa noite, Gracie, — Boa noite, pai.

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Capítulo Seis — Kady, desça! — eu assobio. — Por quê? — ela grita alegremente. — Ele não está olhando. — Porque, se ele vir você olhando para ele, vai saber que estamos o seguindo. — Estamos prestes a seguir ele em um clube... — Não me diga? Mas agora nós somos as únicas pessoas no estacionamento, e estamos nos escondendo no meu maldito carro enquanto ele fala com uns mal-encarados do lado de fora. Você não acha que ele achar suspeito se olhar para cá e nos ver espreitando através do meu para-brisa?! — eu rosno. Kady zomba e acena com a mão. — Acalme-se, senhorita. Você que me pediu para vir junto. — Sim, — eu digo, puxando a parte de trás do seu vestido. — Agora, para baixo! Ela se abaixa. — Você não é divertida. Esse negócio de espionagem é para ser divertido. Eu reviro os olhos. — Você assiste televisão demais. Ela me pisca um sorriso. — Você vai espiar? E se ele entrar? — Fique quieta. Eu ergo minha cabeça um pouco e vejo Raide ainda conversando com um homem grande e escuro. Eles estão perto, discutindo sobre algo que faz Raide apertar as mãos. Kady e eu passamos as últimas três horas o seguindo desde uma loja de armas até esse clube. Felizmente, viemos preparadas com vestidos de festa. Seduzir Raide, aqui vamos nós. — Ele ainda está lá. ~ 45 ~


— Eu tenho uma ideia, — ela geme. — Você deve apenas ir lá e derrubar ele no chão. Eu me viro e olho para ela. — Você percebeu como ele é grande? — Me deixe olhar de novo. Ela levanta a cabeça, suspira e murmura, — Tão bom. Lamba ele enquanto estiver no chão. Sim, Kady não poderia ser uma caçadora de recompensas nem para salvar sua vida. — Jesus, Kady, se abaixe. Se ele olhar, vai vir conferir nossos peitos5. Ela se inclina para trás, ajustando seus peitos no decotado vestido vermelho. — O há de errado com isso? — Kady, dar a ele uma ereção não é parte do plano. Ainda não, de qualquer maneira. — Oh, olhe, ele está se movendo! Eu ergo a cabeça novamente e vejo Raide digitalizando o lote. — Se abaixe! Nós duas nos abaixamos e meu coração está acelerado. Espero que ele não tenha nos visto. Depois de alguns minutos, levanto a cabeça para o ver colocando um telefone celular em suas calças e desaparecendo no clube. — Ele entrou. Vamos lá Nós tropeçamos para fora do carro e eu levo um momento para endireitar o vestido preto curto que Kady insistiu em escolher para mim. Ele é aberto na frente, mostrando uma boa parte do meu decote, e a parte de trás mergulha apenas o suficiente para fazer a imaginação correr solta. Eu coloquei um pouquinho de maquiagem e soltei meu cabelo liso, imaginando que assim seria mais fácil de arrumar quando chegasse a hora. Eu tinha razão. Kady e eu unimos nossos braços e entramos no clube atrás dele.

Na verdade, essa frase é meio estranha, mas é uma gíria, literalmente quer dizer ―dar uma conferida nos peitos‖, mas figurativamente que dizer algo como ―conferir, checar, verificar com atenção, de perto‖. É por isso que Kady faz a pergunta, ela leva para o sentido literal, mas claro que Grace usou no sentido figurado. 5

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Kady segura a minha mão com força à medida que vamos atravessando a multidão, à procura de Raide. Nós finalmente chegamos ao bar, e um homem bonito se inclina sobre o balcão e sorri. — O que posso fazer pelas senhoritas? Kady ri e pede para nós um Sunrise 6 com vodca. Enquanto saboreamos, deixo meus olhos varrerem pelas pessoas. Percebo Raide no canto, conversando com outro homem. Ele tem a boca perto do ouvido do outro cara, e tudo o que ele está dizendo faz a mandíbula do outro homem se apertar, se com frustração ou raiva eu não sei. Quando eles finalmente se separam e Raide faz seu caminho através da multidão, eu me viro para Kady casualmente. — Me diga se ele chegar perto. Ela balança a cabeça, mantendo um olho nele. — Ele notou você. Não olhe. Concordo, jogo a cabeça para trás e rio de absolutamente nada, o que faz o barman me dar um olhar estranho. Os olhos de Kady claramente seguem Raide, porque eles estão se movendo lentamente por todo o espaço. — Eu tenho uma ideia, — ela diz. — Qual? — Vamos dançar. Não há nenhuma maneira melhor de conseguir a atenção de alguém do que dançando. Vamos. Ela pega minha mãe e nós fazemos nosso caminho até a pista de dança. Começamos a nos mexer com outras vinte ou mais dançarinas confiantes o suficiente para balançar seus traseiros. — Ele está olhando? — eu pergunto depois de alguns minutos da minha melhor tentativa de fazer uma dança sexy. — Não, ele está falando com um barman. Mas ele está sentado. Então, obviamente, ele está confortável. Agora é a hora de chamar sua atenção.

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É um drinque. ~ 47 ~


— Parece que eu tenho que fazer um strip para conseguir a sua maldita atenção! Kady ri. — Foda-se. Eu me viro e começo a andar em direção ao bar. Percebo Raide assim que eu me viro, e Kady está certa: ele está sentando junto ao balcão do bar. Uma loira escorregou para o seu lado antes de mim e está sussurrando algo em seu ouvido. Concorrência. Ótimo. Quando eu me aproximo, os olhos de Raide piscam sobre mim, e então o idiota arrogante se afasta, como se ele nem tivesse me notado. Como é que é? Esse homem está testando meus nervos. Quem não gosta desse vestido? Todo mundo gosta desse maldito vestido! — Posso conseguir outro drinque para você? — pergunta o barman. Eu me viro para ele. — Ah, sim, vodca. Meus olhos ainda estão em Raide, que está sorrindo para a peituda loira deslumbrante. Eu não fui feita para isso, isso está matando a minha fodona interior e talvez o meu ego, também. O barman desliza a bebida pelo bar e eu a pego, engolindo tudo de uma vez antes de voltar para a pista de dança. Eu dou tido de mim, balançando e requebrando meus quadris. Estou na visão clara de Raide, eu sei que sim, porque ele de vez em quando olha, mas parece que a loira está tendo mais sucesso em captar sua atenção. — Ele está provando ser uma pessoa difícil! — eu grito para Kady. Ela dança ao meu lado. — Então vá lá e faça ele te notar. — O que você quer que eu faça? Chegue nele? — Se for preciso — ela encolhe os ombros, voltando para a pista de dança. Com um suspiro irritado, eu começo a balançar meus quadris outra no meio da multidão mais uma vez. Pouco antes de eu alcançar Raide, eu tropeço – de proposito, claro – e caio sobre ele a loira. Ele se abaixa e me segura antes que eu bata no chão. Graças a Deus por isso. Sua mão está enrolada em volta do meu braço enquanto ele me estabiliza. — Cuidado aí, — ele murmura, seus olhos segurando os meus por uma fração de segundo antes que ele volta a prestar atenção na Barbie. ~ 48 ~


Sério mesmo? Eu quero bater o pé no chão. É aí que um cara baixinho com a gola da camisa polo levantada aparece na minha frente. — Ei, baby, eu notei você dançando na pista. Talvez você e sua amiga queiram vir para casa comigo essa noite. Eu posso mostrar uns movimentos novos para vocês. Com um grunhido frustrado, eu me afasto do Pequeno Dançarino e vejo Raide desaparecer no meio da multidão com a sua mulher. Ok, então. Essa coisa de sedução não está sendo fácil. Nada mesmo. De volta à estaca zero.

*****

Estou no meu lugar, tão inclinada para trás quanto é possível, observando quando Raide caminha em direção a um grande edifício de apartamentos. Eu tenho o acompanhado pelos últimos dois dias. Usando os recursos fornecidos pela empresa, consegui encontrar a sua localização. Eu tive que seguir ele desde uma cafeteria, e ao redor da quadra algumas vezes, mas finalmente chegamos a um apartamento agora. Eu não acho que é dele, mas ainda assim. É obvio que é a casa de alguém que ele conhece. Eu estou no meu carro, sentada do lado de fora do grande complexo. Ele não reparou em mim, graças a Deus. Felizmente eu sou melhor na arte da espionagem que da sedução. Ainda assim, isso não é exatamente divertido. Espio através do para-brisa, observando enquanto ele dá um telefonema. Ele para antes de entrar pela porta, e eu posso ver que seja lá com quem ele está falando, está lhe deixado com raiva, porque todo seu corpo está rígido e, droga, sua mandíbula está apertada. Além disso, ele está acenando com a mão para todos os lados, como um maestro que não consegue controlar sua orquestra. Meu telefone vibra e eu pulo. Eu o encontro e pressiono no meu ouvido, sussurrando, — Alô? — Gracie? — é Vance. — Vance. — Por que você está sussurrando? — ele sussurra de volta para mim. ~ 49 ~


— Eu estou espionando. Ele ri. — Espionando? — Sim, Vance, espionando. Eu estou tentando descobrir onde Raide costuma ir para colocar o meu plano em ação. — Você sabe que eu poderia apenas ir aí e pegar ele, certo? Eu franzo a testa. — Sim, mas se isso não funcionar, ele foge e eu explodo a minha única chance. Esse é o meu caso, e eu tenho algum tempo para conseguir pegar ele. Eu vou fazer isso direito. Não estrague a minha grande chance... Ele suspira. — Você sabe que eu não faria isso, Gracie. Mas espionagem... — O que é? — Você não é policial. Faço uma careta. — E daí? — Eu pensei que você fosse seduzir ele. Eu não sei como fazer Vance entender o que eu já descobri. Que um homem com Raide não vai me deixar seduzi-lo. Ele gosta de jogar comigo. E eu preciso saber os seus movimentos. Preciso saber tudo para poder seguir ele, e só assim aparecer nos lugares que ele frequenta. Então, quando a oportunidade aparecer e ele não estiver suspeitando de nada, eu vou pegar ele. — Porque ele é um homem inteligente, e eu talvez tenha dito a ele que garotas como eu não gostavam de caras como ele. Vance ri. — Você deixou o seu próprio jogo muito mais difícil. Eu bufo, ainda mantendo meu olhar em Raide, que ainda está acenando com as mãos no ar, gritando com alguém no telefone. — Eu usaria minhas pernas, mas parece que Raide não está interessado. Eu vou ter que mudar minhas táticas. Vance fica em silêncio. Em seguida, ele adverte, — Tenha cuidado com ele, Grace — Grace. Alguém está falando sério7. — Eu posso fazer isso, Vance. É porque ele não chama ela do jeito carinhoso aquele, Gracie com I, ele usa o nome real dela. 7

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Ele solta um suspiro longo e profundo. — Tudo bem, enfim, eu só estava ligando para saber como você está. Você vai ir ao trabalho amanhã? — Sim, vejo você lá. — Até depois. Ele desliga e eu continuo observando Raide por um tempo. Ele finalmente desaparece dentro do edifício, mas eu ainda estou supondo que o apartamento não é dele. Ele não alugaria um, porque isso fazer ele um alvo fácil de ser localizado. Eu quero saber quem mora lá. Anoto o endereço e, em seguida, decido esperar um pouco mais. Se eu puder pegar ele indo a um bar ou algum lugar público, será muito mais fácil. Eu realmente não posso ir lá e bater na porta. Eu espero por três horas. Jesus. Como policiais fazem isso? É chato como o inferno. Eu decido que vou lhe dar mais uma hora, mas estou desesperada por um café. Olho com desejo para a cafeteria da esquina. Eu poderia correr lá e comprar um, certo? Ele não notaria, ele está dentro do edifício. Decidindo que é exatamente o que vou fazer, saio do carro e atravesso a rua, indo em direção à cafeteria. Eu rapidamente peço um latte e um cupcake de chocolate, então volto em direção ao carro. Acabei de sair da loja quando vejo Raide saindo do edifício. Puta merda. Ele está vindo na minha direção. Sem pensar, me lanço nos arbustos ao lado da loja de café. Eu aterrisso com um baque, e me café se espalha para todos os lugares. — Filho da puta, — eu rosno, batendo desesperadamente na minha saia para tirar o líquido quente das minhas pernas. Eu me arrasto para trás quando passos se aproximam. Ouço a voz de Raide; ele está ao telefone outra vez. — Sim, — ele murmura. — Eu estou te ouvindo, mas ele não estava lá. Eu esperei. Nada. Você me deu informações falsas. Eu pensei que você era bom nisso? Há silêncio agora, e Raide para ao lado do arbusto em que estou me escondendo pateticamente atrás. Eu prendo a respiração e tento não me mexer. Realmente não pegaria nada bem ele me encontrar assim. Eu fecho meus olhos. Espero que meu cupcake esteja bem. Droga, eu realmente o queria. — Sim, bem, você tem vinte e quatro horas para me dar um novo local.

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Então ele obviamente encerra a ligação, porque seus passos se apressam e ele desaparece. Conversa interessante. Eu espero uns instantes, e então me levanto, me arrastando para fora dos arbustos. — Você está bem? Eu grito e me giro para ver um senhor idoso me olhando. — O que você está fazendo nos arbustos? — Ah, eu tive uma emergência... de natureza pessoal. Ele estreita os olhos. — Problemas de bexiga acontecem com os melhores de nós! Então eu lhe dou um aceno fraco e atravesso a rua para o meu carro. Quando entro, deixo minha cabeça cair contra o volante e expiro audivelmente. Isso não está indo bem.

*****

— Como vai o seu caso, Grace? — Don pergunta quando eu chego ao escritório na manhã seguinte. Eu bocejo e aceno com a mão, — Bem. — Bem? Você já conseguiu alguma pista? Qualquer coisa? — ele pergunta. — Sim, — eu sorrio. — Eu tenho algumas — mentirosa. Ele balança a cabeça, satisfeito. — Então eu vou esperar para ver você trazer ele em breve. — Sim, você vai ver. — Ótimo. Tenho um pequeno trabalho para você. Algum tempo livre hoje? Eu aceno. — Claro, me passe o arquivo. Ele retira um arquivo que eu nem sequer tinha visto de debaixo do braço e o entrega para mim. — Quinhentos dólares. Fácil. ~ 52 ~


— Obrigada, Don. Eu me viro para ir ao meu escritório, passando por Julio no caminho. Ele faz uma careta para mim, passando a mão sobre seu brilhante cabelo penteado para trás. Idiota. — Bom dia, Julio, — eu digo feliz. — Não sorria ainda, Grace. Você vai falhar, e quando isso acontecer, vai ser eu sorrindo. Eu rio baixinho. — Ok, amigo, conversa agradável. Eu me tranco no meu escritório e caio na minha cadeira, indo para o meu computador. Eu tenho essas coisas para fazer, mas vai ser mais tarde. Primeiro tenho papelada para preencher de outros casos, assim como investigação para fazer no caso de Raide. Eu quero saber mais sobre ele. Quero saber exatamente do que ele é acusado. Estudei seu arquivo, mas tem que haver mais. Eu corro seu nome na base de dados que podemos acessar enquanto eu filtro através dos e-mails. Quando meu computador apita, eu clico nos links fornecidos pela base de dados. Isso me dá mais detalhes sobre o caso de Raide. Assalto seguido de lesão corporal grave de um homem de vinte e quatro anos. Suspeito de assassinar – eu ofego – sua irmã. Sua própria irmã. Meu rosto se retorce enquanto eu leio os artigos. Há vários detalhes sobre sua irmã e como ela foi encontrada com várias facadas no peito e no estômago. Ela já estava morta. Raide foi encontrado na cena do crime, uma faca na mão, em cima do corpo do namorado dela, que apanhou feio. O namorado insistiu nas acusações, dizendo que Raide matou a irmã por pura raiva e foi atrás dele quando ele tentou salvá-la. Por quê? Isso não faz sentido. No material que encontrei diz que Raide teve uma educação difícil; seu pai era um viciado, preso quando Raide tinha doze anos. Sua mãe o deixou, junto com sua irmã, quando ele tinha catorze anos, e ela apenas onze. Eles foram levados juntos para um orfanato. Aconteceu alguma coisa lá? Por que ele iria querer matar a sua própria irmã? As coisas simplesmente não se encaixam. Meu peito aperta com uma emoção estranha. Eu não posso fingir que eu conheço Raide bem o suficiente para saber se ele faria algo como isso, mas ele simplesmente não parece o tipo. Ele tem um lado arrogante, com certeza, mas há algo mais em seus olhos, também. Algo que expressa à dor que ele viveu no passado. Poderia ser essa mágoa porque ele realmente matou sua irmã? Ou ele está vivendo com o fato

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de que alguém a matou e ele não conseguiu salvá-la? Isso faz muito mais sentido. Parte de mim não quer acreditar que Raide fez isso, porque significaria que o homem com quem eu estou jogando é perigoso. Esse simples pensamento faz meu coração apertar. Por que eu deveria me importar, de qualquer maneira? Se ele fez isso ou não, meu trabalho é pegar ele de qualquer maneira. Eu não deveria me preocupar se ele está sendo injustiçado, ou tentar decifrar seus sentimentos no meio dessa coisa toda. Eu me forço de volta para o aqui e agora, empurrando de lado minhas emoções sobre o assunto. Raide não só poderia ser acusado de agressão como, agora, ele também é suspeito por assassinado. Um bom amigo pagou sua fiança em dinheiro e Raide foi solto para aguardar o julgamento em liberdade. Ele devia aparecer na audiência, mas isso nunca aconteceu. Foi aí que nós fomos chamados. É nosso trabalho caçar ele e o trazer para ser julgado. Somos pagos, eles dão seguimento ao julgamento. Isso também significa que Raide vai passar mais tempo atrás das grades, porque ele escolheu fugir. Toc Toc. Levanto a cabeça para ver Vance na minha janela. Vou até a porta com um sorriso e a destranco, o deixando entrar. Ele tem uma sacola com comida chinesa na mão e refrigerante na outra. Salvador de vidas. — Como vão as coisas, Gracie? — ele perguntando, se jogando na cadeira em frente à minha. — Bem. Só você me conhece o bastante para trazer comida chinesa no café da manhã. Ele sorri. — Só você pode comer comida chinesa no café da manhã. Isso é verdade. A maioria das pessoas teria nojo disso, mas azar. É a minha coisa. — Eu estava olhando o caso de Raide, — eu digo, estendendo a mão para o refrigerante. — Alguma coisa não está fechando. — Como assim? — ele pergunta, desembrulhando a caixinha com comida chinesa e alcançando para mim.

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— Obrigada, — eu digo e a pego. — Bem, ali diz que ele foi encontrado com uma faca na mão, sua irmã morta, o namorado tinha sido espancado... — E? — E que depois de ter matado ela, ia matar seu namorado. Vance dá de ombros. — Então, o que há de errado? Eu estreito os olhos e torço os lábios. — Em primeiro lugar, porque ele iria dar uma surra nele, antes de matar o cara? Vance faz uma careta. — Raiva? — Mas por quê? — eu coço meu queixo. — Por que ele teria tanta raiva? Não há nenhum registro anterior de problemas com a irmã ou o namorado dela. Não faz sentido. Se ele só queria matar os dois, por que dar uma surra nele, mas não nela? Por que ele não o esfaqueou e o deixou para morrer? — Talvez o namorado tenha feito alguma coisa para ele, ou o namorado e a irmã. Talvez algo ruim tenha acontecido e ele queria se vingar dos dois. — Então por que ele a esfaqueou, mas deu uma surra no namorado? Vance estreita os olhos. — Talvez o namorado tenha lhe provocado... Talvez ele tenha tentado defender a namorada... Há várias razões. — Isso apenas não parece certo. — Grace, — Vance adverte, — Não vá por aí. Você tem trabalho a fazer, e ele consiste em pegar e trazer Raide. Seu trabalho não é dar uma de policiar e tentar descobrir o que aconteceu. Ele foi preso, e obviamente foi por uma boa razão. — Não significa que é certo, Vance. Ele chega do outro lado da mesa, tomando minhas mãos e me puxando para perto. — Não faça isso, — ele repete. — Você poderia não só perder seu emprego, como acabar em perigo também. Basta trazer ele, Grace. Concordo com a cabeça, sabendo que ele não vai entender ou mesmo tentar entender. Eu forço um sorriso e abro a caixinha de ~ 55 ~


comida chinesa. Enquanto eu como, tento empurrar meus pensamentos sobre Raide para fora da minha mente. Ele não parece uma pessoa ruim. Arrogante com certeza, mas assassino? Isso simplesmente não encaixa. Mas então, quem sou eu para analisar isso? Alguns dos melhores assassinos são aqueles de quem você menos suspeita. Eu só tenho a impressão de que há mais na história de Raide do que estamos vendo. E eu estou determinada a descobrir o que é.

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Capítulo Sete Aqui estou eu de novo. Tentando chamar a atenção de Raide. É a segunda semana da nossa pequena dança e eu tenho que dar a Don um relatório. Eu preciso de algo para relatar, mas, no momento, Raide não está me dando coisa alguma. Eu o segui até outros clubes, e tenho que me perguntar por que ele está gastando seu tempo indo de clube para clube. Ele está, obviamente, à procura de alguma coisa, porque eu sempre o vejo tendo conversas intensas com pessoas que parecem bastante suspeitas. Hoje à noite nós acabamos em um clube um pouco deserto. É uma casa noturna tranquila nos arredores da cidade, e há apenas umas cinquenta pessoas aqui. A maioria delas está jogando sinuca ou sentada no bar, alguns então dançando. Raide está em um canto nos fundos com uma mulher e dois homens. Eles estão discutindo algo sério. Eles estão todos reunidos próximos, tanto que nem é possível ver as bebidas que eles carregam nas mãos. Eu pego a minha bebida e o olho com o canto do olho. Vejo o momento exato em que ele me percebe, porque seus olhos se estreitam. Eu volto para a minha bebida, fingindo que não o vi. Cinco minutos depois, ele está ao meu lado, falando no meu ouvido, — Você está me seguindo? Eu me viro e olho para ele. Eu já tentei fazer a garota bêbada antes, e não funcionou. Então agora estou fazendo a desentendida. — Desculpe, eu conheço você? Mais uma vez ele estreita os olhos. — Jogando, moça? — Eu acho que você está me confundindo com outra pessoa — claro, eu não esperava que ele fosse acreditar, mas espero que isso o deixe intrigado. Ele sorri. Missão cumprida.

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— Eu posso jogar também. Eu viro uma dose de tequila e levanto. — Não tenho certeza o que estamos jogando – mas, querido, estou pronta para tudo. Com isso, eu saio para a pista e começo a dançar. Malditamente orgulhosa de mim mesma. Eu balanço meus quadris, sabendo que ganhei a metade da atenção do clube. Eu estou envolvida pela música, de olhos fechados, balançando no ritmo, quando um corpo quente e dura se pressiona contra o meu. Eu sorrio por dentro quando abro os olhos e vejo as mãos sobre os meus quadris. Sim, Raide. Como eu sei? Ele usa um anel, uma argola de metal cinza escuro que envolve um dos seus dedos perfeitos. Ele não diz uma palavra, ele só começa a balançar comigo, as mãos ainda em meus quadris, o corpo grudado no meu. Suas mãos deslizam pela minha barriga e param logo abaixo dos meus seios e então ele me puxa mais contra ele, moendo nossos corpos juntos. Oh, cara. As coisas estão quentes por aqui. Eu posso sentir sua ereção contra a minha bunda, e não vou negar que é impressionante. — Eu gosto de jogos, — ele murmura no meu ouvido. — Mas eu só jogo por um tempo antes de tomar o que eu preciso. — E o que você precisa? — eu pergunto, virando meu rosto para que nossos lábios estejam a milímetros de distância. — Moça, — ele rosna baixo. — Nem mesmo você é tão estúpida. Sorrio e olho para os seus lábios. — Eu não tenho ideia do que você está falando. Eu nem te conheço. Ele sorri, apresentando duas covinhas perfeitas que eu quero muito, muito lamber. — No mesmo lugar, na mesma hora, uma e outra vez, — ele murmura, levantando a mão e agarrando meu queixo. Ele vira meu rosto de volta para a multidão, e seus lábios encontram o meu pescoço. Eu tremo. — Isso não é coincidência. Você me quis desde a primeira vez que eu te coloquei contra a parede, Gracie. Eu tremo mais. — Você esteve se esforçando para, desde então, aparecer onde quer que eu esteja. Agora você vai admitir isso ou vamos jogar um pouco mais?

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Eu tiro suas mãos do meu corpo e me viro. Me inclino muito perto, minha respiração sopra contra os seus lábios. — Um pouco mais. Eu me viro para me afastar, mas sua mão ataca e prende meu pulso. Ele me puxa para ele, pressionando meu corpo no seu. Eu suspiro e me deixo desfrutar da sensação de estar em seus braços por um momento. — Você me deve uma bebida. Eu estou cansado desse jogo. Você vai me dar o que eu quero — com isso, ele vira e nos puxa pela multidão. Quando chegamos ao bar, ele acena e pede duas cervejas. Quando somos servidos, ele pega minha mão outra vez e nos leva para uma pequena área com jardim do lado de fora. Nos sentamos e não posso deixar de sorrir quando ele me dá uma cerveja. Quero fazer um brinde de alegria, mas me controlo. — Você está satisfeito consigo mesmo? — estou sorrindo de novo. Ele sorri para mim. — Totalmente. Eu não sou o tipo de homem que danço ao redor do que eu quero. Você me intrigou – agora, quero saber mais. Eu me inclino para trás, tomando um gole da minha cerveja. — E o que exatamente você quer saber? Ele olha para mim, sua expressão ilegível. — O que você vai me dizer? — Bem, isso depende. Seus olhos caem para os meus lábios, e eu tenho que engolir para me impedir de me lançar para frente e provar sua boca. Eu realmente quero fazer isso. — Eu tenho uma ideia, — eu digo com a voz firme, fazendo com que seus olhos se movam de volta para os meus. — Qual é? — Vamos jogar Vinte Perguntas? Ele torce seu rosto em desgosto. — Não. — Ah, vamos lá, vai ser divertido. Você diz que cansou de jogos, bem, eu também, — eu digo. — E eu quero saber mais de você, também. Ele franze a testa. — Moça, isso não vai ser divertido. ~ 59 ~


— Vai sim. — Eu tenho uma ideia melhor, — diz ele, largando sua cerveja e estendendo a mão para mim. Seus dedos enrolam em torno do meu pescoço e ele me puxa para perto. Eu puxo uma respiração afiada e mantenho meu olhar no seu quando ele me puxa para perto, nossos lábios apenas a milímetros de distância. — Beijar está fora dos limites, — eu suspiro. Ele contorce os lábios em um sorriso. — Algum motivo para isso? — Sim, — eu sussurro, olhando para seus lábios. — Você não respondeu minhas perguntas. Ele se inclina um pouco para trás um pouco, estudando me rosto. — Vamos deixar isso interessante, então. Você faz uma pergunta e, se eu responder, ganho um beijo. Eu fico boquiaberta. — Mas, se eu não responder, então não ganho o beijo. Eu que estou sorrindo agora. — Não parece um jogo justo. Ele se inclina para frente. — Aceite ou desista, moça. — Tudo bem, estou pronta para o desafio. Pergunta número um — eu mordo meu lábio inferior, pensando sobre o que eu quero perguntar a ele. Eu poderia deixar algumas perguntas mais investigativas, que me ajudassem? Talvez. Mas não vou deixar isso muito suspeito desde o início. — Quantas mulheres já caíram pelos seus encantos no passado? Ele sorri. — Doze. Minhas sobrancelhas disparam para cima. — Só doze? Ele põe a mão sobre o coração. — Me dói que você ache que eu sou fácil, Gracie. Eu rio alto. — Você é um mulherengo, isso está escrito em cima de você todo. Ele pisca para mim. — Eu respondi, por isso é um beijo para mim.

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Eu me preparo, prendendo a respiração enquanto ele se inclina para frente. Minha frequência cardíaca acelera e minha pele se arrepia. Deus, seus lábios... Ele inclina a cabeça e dá um beijo no meu pescoço. Eu tremo e meu queixo aperta em decepção quando ele puxa para trás, ainda rindo. — Eu nunca disse que ia beijar seus lábios, moça. — Você é horrível. Seus olhos brilham com diversão. Eu gosto desse lado dele. — Ok, próxima pergunta, — eu suspiro. Ele balança a cabeça. — Me diga algo de quando você era menino. Ele recua. — Isso não é uma pergunta. Ele está certo, droga. — Ok, qual a sua memória favorita de menino? Seus olhos me estudam, e ele responde. — Quando eu ganhei meu primeiro filhote de cachorro. Eu sorrio. — Você teve um filhote de cachorro. Ele balança a cabeça. — Qual era o nome dele? — Isso são duas perguntas, e eu não tive o meu beijo ainda. Certo. Ele se inclina de novo, correndo os dedos pelos meus braços. Meu corpo inteiro está ciente dele, e eu estou ficando cada vez mais desesperada por esse beijo. Ele está me provocando, e ao mesmo tempo em que eu gosto, quero provar ele. Ele se inclina mais e seus lábios capturam minha orelha. Eu choramingo quando ele move a boca da minha orelha até minha mandíbula. Então ele se afasta. — Isso foram dois beijos, — eu murmuro. — Seu nome era Tiger. Eu sorrio timidamente para ele. — Você é trapaceiro.

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Seus olhos estão com mais desejo agora e, Deus, eu gosto disso. — Continue, moça. — Ok, qual a sua comida favorita? Ele franze as sobrancelhas. — Agora você está apenas tentando ganhar um beijo de graça. Eu rio baixinho. — Responda ou passe. — Bife. Eu não posso evitar outro sorriso. Ele se inclina para frente e beija o meu nariz. Maldito seja, ele está sendo encantador. — Vai ter que fazer melhor que isso. Continuamos com esse jogo, e eu descubro seu carro, cor e estado favorito. No final, não há nenhum lugar para beijar além dos meus lábios. Ansiedade tomou conta de nós dois, e ele está se inclinando para perto – tão perto, que eu posso sentir sua respiração em meus lábios. — Última chance, — ele murmura. — Faça uma boa agora, moça. Eu olho em seus olhos. — Alguma vez você já esteve apaixonado? Ele se afasta para trás, parecendo confuso. Ele não esperava essa pergunta e, devo admitir, eu não esperava perguntar isso. — Sim. — É isso? — eu digo. — Sim. — Você não vai me dar mais? Ele balança a cabeça. — Não. Eu me inclino para perto – tão perto que ele puxa a respiração, se preparando para o meu beijo. — Isso é uma vergonha, — eu sussurro. — Eu não acho que essa resposta merece um beijo. Então, com toda minha força, eu me afasto e levanto. Raide me encara agora, seus olhos com tanto desejo que é difícil virar. Eu agito meus dedos em um pequeno aceno de despedida. — Foi bom ver você de novo, bonito — e então eu desapareço. Vamos ver o quanto ele pensa em mim agora.

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Capítulo Oito — Ele acabou de entrar em uma loja de armas! — Kady chora, pegando meu braço enquanto nos apressamos pela a rua onde Raide acaba de desaparecer dentro de uma loja de armas de aparência assustadora. Já faz alguns dias desde o nosso momento no clube, e é hora de eu correr para ele novamente. — Sim, — eu digo, tirando os dedos de Kady do meu braço. — E eu tenho uma arma – é perfeito. — Ele vai ficar desconfiado, Grace. Nenhuma garota vai a lojas de armas. Eu pego a minha bolsa e tiro minha arma, acenando para ela. — Eu vou. Ela arregala os olhos. — Essa coisa está carregada? Eu zombo. — Claro que está, eu não ando com ela por diversão. — Então pare de acenar com ela por aí, — ela chora. — Eu não estava acenando com ela por aí — eu meio que estava. — Além disso, a trava de segurança está no lugar. — Isso me faz sentir muito melhor, — ela murmura. — Olha só, você não precisa vir junto. Vá para o café três quadras abaixo, eu te encontro quando terminar. Ela suspira de alívio. — Graças a Deus, eu realmente não queria ir àquele lugar. Eu lhe dou um sorriso e ela corre pela rua em direção aos carros. Eu me viro e vou em direção à loja. Assim que chego na entrada, uma mão se prende ao meu pulso e me puxa para trás. Eu giro rapidamente, soltando minha mão.

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Há um homem, provavelmente na casa dos trinta, em pé na calçada ao meu lado. — Olá, eu estava me perguntando se essa era a loja de armas? Hm, está escrito na porta. Alerta de gente esquisita. — Você não saber ler? — eu murmuro e me viro. Ele me pega de novo, e algo duro é empurrado contra as minhas costas. — Me dê a sua bolsa, — ele rosna no seu ouvido. Eu olho para o céu. Uma arma nas costas? Sério? Não é a primeira vez que algo assim acontece, e eu duvido que vai ser a última. Afasto os pensamentos dele de fato puxando o gatilho. Eu tenho um trabalho de alto risco, e sei que há uma grande chance de situações perigosas, às vezes pior. Então me movo rapidamente, como fui treinada para fazer. Eu giro e uso o meu cotovelo ao mesmo tempo em que o acerto na mandíbula. Ele geme de dor e tropeça para trás. Eu não espero. Salto para frente e uso a palma da mão para acertá-lo no mesmo lugar, só que mais forte dessa vez. O sangue jorra da sua boca e ele cai de joelhos. Quando ele está no chão, uso meu pé para chutar ele mesmo local, mais uma vez, até ele cair de costas no chão com um grito quebrado. — Puta que me pariu! Eu giro e vejo Raide de pé na calçada. Eu me abaixo rapidamente, endireitando meu vestido antes de dizer. — O que você está fazendo aqui? Ele olha para mim, horrorizado. — Você acabou de dar uma surra nesse cara? — O quê? — eu gemo. — Não... bem, sim, mas ele estava me atacando. — O que ele fez, tentou roubar o seu batom? Eu cruzo os braços, ainda ofegante. — Ele tentou roubar a minha bolsa. Raide pisca. — Sério, moça? — Sim. — Você o mutilou porque ele tentou roubar sua bolsa? Eu puxo a bolsa no meu ombro. — Eu gosto dessa bolsa. ~ 64 ~


Ele pisca. — Você está falando sério? Eu sorrio. — Muito. O cara no chão ainda está uivando como um pequeno animal ferido. Eu o ignoro e me concentro em Raide. Ele tem algo nas costas, que ele enfia rapidamente em seu jeans. Arma. Eu lentamente estudo o resto dele, e Deus, ele parece bem hoje. Ele está vestindo calça jeans desbotada e uma camiseta escura que se ajusta bem demais ao seu corpo. Seu cabelo está selvagem, e oh cara, aqueles olhos. Deliciosos. Concentre-se, Grace. — O que você está fazendo por estas bandas? Eu puxo minha arma da bolsa. — Preciso de uma nova. — Jesus, você sabe como usar essa coisa? — ele diz, dando um passo para o lado. — Claro que sim, — eu zombo. Ele balança a cabeça, como se estivesse dizendo aham, claro que você sabe. — Se você me dá licença, bonito, — eu digo, passando por ele. — Eu tenho uma arma para comprar. Corro até a porta da loja, mas quando chego lá, me viro e olho para ele. Raide está me observando com uma expressão sensual em seu rosto. Ah, sim, Raide Knox não gosta de mulheres que se exibem na sua frente. Não, Raide Knox gosta delas selvagens e fodonas, mas mais do que isso, ele gosta de um desafio. Acho que eu finalmente chamei sua atenção. Agora as coisas podem realmente começar a andar.

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Capítulo Nove — Latte, por favor, — eu digo para a senhora atrás do balcão. Eu estou na cafeteria em que vi Raide no outro dia. Depois do nosso pequeno momento intenso do lado de fora da loja de armas, acho que eu dei a ele o suficiente para entrar no meu jogo. Eu preciso me encontrar com ele à luz do dia e iniciar uma conversa, deixar a bola desse negócio de sedução rolar. Eu não posso simplesmente continuar correndo atrás dele. Eu preciso usar a familiaridade que vim estabelecendo com ele para fazer com que ele me chame para um encontro de verdade. E isso vai acontecer hoje. Eu não tenho ideia se ele vai aparecer, mas ele fez isso ontem e no dia anterior, por isso tenho uma boa aposta de que ele vai vir hoje também. A cafeteria é realmente um lugar muito agradável, com paredes creme e pequenas e delicadas cabanas espalhadas pelo piso de madeira polida. Retratos antigos decoram as paredes, e todas as garçonetes usam aventais brancos com babados. — Sem problemas, eu vou trazer para você. Se sente, por favor. Eu me viro e escolho uma cabana vazia. Fiz questão de usar minha saia mais curta e minha blusa mais apertada hoje, para não mencionar meus saltos altos matadores. Deixei meu cabelo escuro solto, com ondas suaves se formando ao redor dos meus ombros. Minhas irmãs estariam tão orgulhosas. Eu deslizo para o banco da cabana e olho ao redor. Tenho algumas ideias diferentes de como vou jogar isso, dependendo da sua resposta para mim. Felizmente, eu acho que o prendi o suficiente para ter que fazer isso quase sem esforço. A garçonete me traz meu café, e eu lhe agradeço com um sorriso antes de me inclinar para trás e beber. Estou quase pedindo o segundo quando o sino acima da porta toca. Ele fez isso cerca de oito vezes, e cada umas delas eu me virei, mas nunca era Raide. Desta vez é. Ele entra na cafeteria com óculos de sol cobrindo seus olhos. Droga, ele parece bom.

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Ele caminha até o balcão com um propósito, seu corpo poderoso faz com que todo mundo na loja pare para olhar para el. Ele tem essa aura, exala essa sensação, ele é simplesmente magnífico. Deixo meus olhos correrem o comprimento do seu corpo, desde seus ombros largos até a bunda firme. Ele está vestindo uma camiseta preta que se serve como uma luva, e calça jeans desbotada. Ele parece divino. Ele pede um café e se vira, digitalizando a cafeteria. Eu mantenho meus olhos nele, e quando os seus param em mim, ele pula. Então um sorriso lento e sexy se espalha pelo seu rosto. Oh, cara. Ele caminha até mim. Eu me inclino para trás na cabana com um sorriso superdoce no rosto, as pernas cruzadas mostrando uma grande quantidade de pele. Ele para e tira seus óculos de sol, me mostrando seus olhos cor de âmbar perfeitos. Então ele corre o olhar pelo meu corpo, pelas minhas pernas, e depois volta para os meus olhos. — Gracie, — diz ele, com a voz rouca e sexy. — Olá, bonito. — Você me seguindo? Eu sorrio de novo. — Eu gosto de café. — Nós estivemos jogando jogos por tempo suficiente para você vir tomar um comigo? Meu sorriso se torna maior. — Eu não sei o que você está falando. Eu só estava aqui tomando café. Quais são esses jogos que você fala? Seu sorriso se alarga, e ele coloca as mãos sobre a mesa, se inclinando perto. Ele tem cheiro de chocolate e... algo incrível... algo tão sexy que eu prendo a respiração. — Você sabe, eu não tenho uma grande dose de paciência. — Sério? — eu digo com um sorriso. — Eu também não. — Você vai tomar um café comigo ou vai se sentar aí me dando esse olhar por favor me foda o resto do dia? Bingo. — Esse não é meu olhar por favor me foda, Raide. Você nem chegou perto de ver o que eu posso fazer com esses olhos. Ele estreita os olhos e se endireita, todos os traços de humor desaparecendo do seu rosto. — Como você sabe o meu nome? ~ 67 ~


Merda. Merda. Merda. — Eu, ah... — oh meu Deus, ele me pegou. — Eu disse, — ele está rosnando agora, e é gutural e assustador, — como diabos você sabe o meu nome? — Você me disse! — eu digo. — Na noite em que nos conhecemos. Ele dá um passo para trás cansado. — Não, eu não disse. — Sim, você disse. — Não, — ele estala. — Eu não disse. Merda. E ele não disse. Pense, Grace, pense. — Bem, sua, ah, namorada me disse. Ele me dá um olhar de desgosto. — Não, ela não disse, porra — ele me estuda e, em seguida, sibila, — Você está nos mesmos lugares em que eu estou, pegando o mesmo táxi que eu, minha loja de armas, na minha cafeteria... você está me perseguindo, porra! Espere um segundo? Como é que é? Ah não. Não, não, não. Raide pensa que eu estou o... perseguindo? — Aquela não é a sua loja de armas, — eu protesto. — E essa aqui não é a sua cafeteria. — Você mora por aqui? — Ah, sim, perto o bastante... — Porra, — ele diz, correndo as mãos pelos cabelos. — Eu arranjei uma psicopata. Minha boca cai aberta. — Eu não... Eu não sou uma psicopata. — Você dirige um conversível vermelho? Meus olhos se arregalam. — Porra, — ele diz novamente. — Você estava me seguindo! Você é policial, caralho? — Quê? Não! — eu protesto. — Então você é maluca. — Eu não sou maluca. ~ 68 ~


— Você é uma maluca de merda. Ouça aqui, moça. Eu não estou interessado. Oh cara, oh cara, oh cara. — Você é bonita e tudo mais, — ele continua e eu quero me enrolar e morrer. Não é assim que as coisas deveriam ter acontecido. — Mas eu não gosto do tipo louca. — Eu não sou louca! — Então me explique por que você está em todos os lugares que eu estou? — Eu moro aqui. Ele balança a cabeça. — Jesus, você tem problemas. — Eu não estou perseguindo você! — eu grito. — Sim, querida, você está, — ele sibila baixo. — E você vai parar com isso, porra. Com isso, ele se vira, pega o seu café e sai. Minha boca ainda está aberta, e todos na cafeteria estão olhando para mim. Ótimo, ótimo. Com a cara vermelha eu corro até a porta. Então eu me viro e grito, — Eu não estou perseguindo ele!

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Capítulo Dez — Ele acha que eu estou perseguindo ele, — eu gemo, passando minhas mãos sobre o rosto. — Eu vou falhar miseravelmente nesse caso, Don vai ficar decepcionado, Julio vai fazer sua dancinha feliz ao meu redor e eu nunca vou conseguir outro trabalho grande outra vez. Kady massageia meus ombros, mas eu posso sentir seu corpo tremendo de rir. — Grace, — ela ri, — vai ficar tudo bem, nós vamos dar um jeito. — Ele pensa que eu sou louca e obsessiva, — eu choro, me virando para ela. — Como você acha que podemos dar um jeito nisso? Ela morde o lábio tentando parecer séria. Ela falha. — Pare de rir de mim, Kady. Isso é muito, muito sério. Ela balança a cabeça, ainda mordendo o lábio, ainda com aquele olhar estúpido em seu rosto. — Ok, — ela finalmente diz. — Vamos pensar sobre isso... — Pensar sobre isso, — eu bufo, me jogando em minha cama. — Eu vou abrir mão disso. Deus, eu pensei que seria fácil, mas quanto mais eu faço, mais eu me pergunto se vou ter que seduzir todos os casos grandes que eu conseguir – e honestamente, essa merda vai me cansar logo, considerando que eu não sou muito boa nisso. Kady desata a rir de novo. — Depois, há o problema da aceitação de uma caçadora de recompensas mulher. Eu acho que você deve entregar sua arma agora e fazer algo mais adequado ao seu gênero. Você acha que o escritório precisa de uma secretária? Eu olho para ela. — Eu sei que você está apenas tentando me irritar, e está funcionando. Eu só vou ter que tentar pegar ele em um confronto. Fazer as minhas apostas e ver o que acontece. — Ou você pode tentar provar que não estava perseguindo ele.

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Eu reviro os olhos. — Sim, Kady, e como você acha que eu vou fazer isso? Em qualquer lugar que eu apareça, ele vai pensar que eu estou lhe seguindo. — Bom ponto — ela esfrega o queixo. — Bem, você tem um tempinho ainda. Nós vamos descobrir um jeito. Meu telefone toca antes que eu possa responder a ela, e com um suspiro eu o atendo. — Sim? — Gracie, — é Don. Ótimo. — Ei, Don, — eu digo em um tom falsamente feliz. — Preciso de você esta noite. Vance está doente e Julio já tem um caso. Você tem tempo para um caso menor? — Claro, — eu digo, precisando da distração. — Quando você precisa de mim? — Agora. Temos uma localização. — Me mande uma mensagem, eu estou a caminho. — Obrigado. Desligo e me viro para Kady. — O dever me chama. Ela estreita os olhos. — Raide? — Não, outro. Eu ainda estou recebendo alguns casos menores, o que é bom, isso me mantém focada. Parece que ela quer rir outra vez. Eu aponto um dedo para ela e digo, — Feche a boca, Kady. Ela levanta as mãos. — Desculpe, estou fechando. Eu lhe dou um sorriso. — Eu te ligo mais tarde. — Até mais tarde. Eu saio e vou até o meu carro, lendo as informações que Don me mandou, que acabaram de chegar ao meu telefone. Homem, vinte e poucos anos, pagou fiança quando foi pego com uma quantidade de drogas. Eu fico olhando a foto. Magro o suficiente para que eu consiga pegar ele sem nada mais do que já tenho comigo. Enfio minha arma Taser em meus jeans e vou em frente.

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Eu sou grata por essa distração depois da bagunça que fiz com Raide.

*****

O clube para onde Don me mandou por mensagem está cheio quando eu chego lá. Há corpos por toda parte, dançando e bebendo. Com uma respiração profunda, começo a empurrar através da multidão, esquadrinhando o rosto de todas as pessoas para ver se consigo localizar Terry, o homem que eu deveria capturar. Eu digitalizo o bar primeiro, e não vejo ninguém semelhante a ele. Se ele foi pego com drogas, há uma boa chance de ele ser um drogado, ou conhecer alguém que é. Dirijo-me às partes mais escuras do clube. Os banheiros, as pistas, as salas dos fundos, lugares assim. Eu verifico os banheiros primeiro, entrando no banheiro dos homens como se eu tivesse estado lá um milhão de vezes. Alguns deles me xingam, outros sorriem para mim, mas eu os ignoro, murmurando, — Desculpe gente, o banheiro feminino está cheio, e a minha bexiga também — eu não encontro Terry — Pensando bem, acho que posso segurar um pouco mais. Eu entro no corredor e bato contra um corpo alto e duro. Eu grito e pulo para trás, só para sentir minha boca aberta quando Raide olha para mim, sua expressão fria. Ótimo, isso não poderia ficar pior. Por que o universo me odeia tanto? Ele já pensa que eu estou o perseguindo, e agora, para minha sorte, ele está no mesmo lugar que o meu cara essa noite. Só espero que ele não tenha percebido que eu estava saindo do banheiro masculino. Acho que não haveria retorno se ele tivesse visto. — Que porra é essa? — ele late. — Você está me perseguindo aqui também? Eu pisco para ele. — Me desculpe? — Eu disse, — ele rosna, colocando as mãos nos meus ombros e me empurrando contra a parede. Eu ofego quando minhas costas atingem a superfície fria e dura. — Você está me seguindo aqui, porra? Eu não tenho tempo para isso. Deixo meus olhos digitalizarem os corredores, e estou prestes a falar qualquer coisa espertinha para Raide quando noto Terry de pé no final do corredor, a boca perto da boca de ~ 72 ~


uma jovem enquanto ele sussurra alguma coisa. Na verdade, eu o vejo puxar um comprimido branco e largar na bebida dela enquanto eles conversavam. Porco. — Me desculpe, eu tenho coisas para fazer — eu me empurro para fora do aperto de Raide e me volto inteiramente para Terry. Eu me aproximo dele casualmente, agindo como se nós fossemos amigos que não se viam há anos. — Oi, Terry, — eu cantarolo. Ele se vira para mim, estreitando os olhos escuros, eu não posso dizer com essa luz se eles são marrons ou pretos. Ele tem cabelo loiro curto e é alto e magro, bem como na foto. Ele também está totalmente drogado, os olhos injetados de sangue, seu corpo estremecendo a cada poucos segundos. Fácil. — Eu te conheço? — Claro que sim, lembra? Ele olha para mim. — Perdoe-me, — eu digo, me inclinando perto do seu ouvido para ninguém mais ouvir. — Por que não vamos ao estacionamento, eu posso te dar um lembrete — estufei meu peito, projetando os seios, e bati os cílios e, como esperado, ele cai nessa. Uma vez que estivermos do lado de fora, onde Raide não pode nos ver, eu vou atacar. Eu aproximo meu corpo do seu, mas antes de começar a levar ele para fora, me viro para a menina e sussurro, — Não beba isso, querida. Ele drogou você. Ela olha para sua bebida e deixa o copo cair no chão, vidro se quebrando em milhares de pedacinhos antes que ela sai cambaleando pelo corredor escuro. Eu me viro de volta para Terry, envolvendo o meu braço ao redor de seus bíceps e o levando até a porta. — Algum problema aqui? Merda. Raide. Eu olho por cima do ombro para ver ele se aproximando. Eu ajusto rapidamente a minha estratégia. Como Raide é a recompensa maior, se eu precisar sacrificar Terry para manter meu disfarce, então que assim seja. Mas eu gostaria de tentar levar o estuprador filho da puta comigo.

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— Não, nenhum problema. Eu só estou levando meu primo para casa. Ele tentou drogar a garota, e seu pai vai ficar superchateado. Terry olha para mim com confusão. — Eu acho que houve um engano aqui. Ele tenta se afastar, mas eu não deixo. Em vez disso, uso meu pé para chutá-lo onde eu sei que vai o fazer cair de quatro. Coloco meu pé no meio das suas costas e pressiono. Ele pousa em seu estômago com barulho e eu me inclino para baixo, segurando sua nuca com a minha mão e empurrando seu rosto no chão. — Terry, não há necessidade de discutir. Vou levar você para casa. Nós estamos cansados do jeito que você vem se comportando. Drogar uma garota é inaceitável. Raide está olhando para mim com uma mistura de choque e confusão. Provavelmente porque eu coloquei um homem adulto de joelhos e, em seguida, o esmaguei contra o chão. — Agora, se você me dá licença, meu primo e eu temos coisas para fazer. Raide ainda está olhando para mim. — Você vai olhar para mim a noite toda? — eu digo, e seus olhos se movem para mim, sua mandíbula apertada. — Tanto faz. Eu não tenho tempo para isso. Venha para casa comigo, ou eu vou quebrar o seu nariz. Os olhos de Terry se arregalam, mas ele está em um mundo tão distante, eu realmente acho que ele não está entendendo o que está acontecendo. Me viro para Raide. — Sua namorada realmente me disse o seu nome, e por acaso tenho amigos na cidade toda, então eu não estava perseguindo você. Sou apenas uma garota que gosta de sair, e você parece ser um homem que gosta de sair, e acabamos sempre nos mesmos lugares, — eu o encaro e desço meu olhar pelo seu corpo bem devagar, deixando que ele saiba que eu estou tomando tudo dele. — Além disso, eu posso conseguir alguém melhor. Com isso, eu me viro e arrasto Terry para fora do clube. Malditamente orgulhosa de mim mesmo. Isso é, até Raide me parar com uma mão no meu braço. Ele faz com que tanto eu quanto Terry giremos e invade o meu espaço. — Você e eu, nós estamos indo tomar uma bebida depois disso. ~ 74 ~


Eu pisco para ele. — Com licença? — Você me ouviu, moça, — ele murmura. — Você e eu, vamos tomar alguma coisa. Você vai me dizer o que está acontecendo. Por dentro eu estou fazendo a dança da felicidade, mas do lado de fora, quero dar um tapa nele. Eu não quero parecer muito fácil ou muito interessada, porque então vou perder tudo que acabei de conquistar. Droga. Por que a vida não pode ser fácil? Sabendo que, pelo meu respeito próprio, eu tenho que levantar a cabeça e jogar o seu jogo, digo, — Vá sonhando. — Se você não concordar, eu vou te seguir. Merda. — E agora quem é o perseguidor? Seus olhos incendeiam e seus lábios se contorcem. — Você vai estar de volta em uma hora, você vai tomar uma bebida comigo, então talvez eu possa finalmente saborear a porra desses lábios doces... — Espere, — eu digo, levantando uma mão. — Como é que é? — Moça, — ele murmura, os olhos nos meus lábios. — Eu estive querendo provar seus lábios desde que os vi pela primeira vez. — Você, meu amigo, tem problemas. Você estava pensando que eu era uma louca até dez minutos atrás, e agora você quer me beijar? — balancei minha cabeça. — Eu estou levando meu primo para casa e você parar de falar comigo e de pensar na minha boca. — Esse cara é realmente seu primo? — ele diz com os lábios enrolados, exibindo todo seu desgosto enquanto ele olha para Terry, que está totalmente tropeçando agora, os olhos arregalados, murmurando merda inútil. — Infelizmente, sim. Raide estreita os olhos. — Estou surpresa que você não consiga ver a semelhança familiar. Ele bufa e forço um sorriso. — Não tenho certeza se eu acredito em você, moça, mas tudo bem. Esteja de volta em uma hora. — Sim, — eu digo. — Vamos ver. Me viro para levar Terry para o meu carro, mas Raide me alcança de novo, me parando. Eu solto o braço de Terry quando Raide me gira ~ 75 ~


outra vez em direção a ele. Seu outro braço serpenteia e se enrola em torno dos meus quadris, me puxando e pressionando meu corpo no seu. Eu engulo em seco, tentando olhar para qualquer lugar que não os seus lábios devastadores, que são... Merda... Ele vai... Ele me beija. Todo o meu mundo para. Seus lábios tomaram os meu tão rápido, tão profundamente, que eu perdi a capacidade de respirar. Meus dedos voaram automaticamente para cima, e eu finalmente pude sentir seu cabelo grosso, espesso. Ele é tão bom quanto eu sabia que seria. Se beijo é devastador, fazendo cada parte do meu corpo formigar com necessidade. Sua língua, tão suave e tão forte ao mesmo tempo, se emaranha com a minha enquanto suas mãos correm pelo meu corpo até que ele está pegando a minha bunda e moendo meu corpo contra o dele. Me sinto tão pequena em seus braços – e Deus, isso é tão bom. Então, de repente ele me solta, e seus olhos correm para Terry. — Mantenha isso em mente. Ele dá um passo para trás de mim, e em três passos, pega um Terry cambaleante, que está muito chapado para correr rápido. Raide o viu tentando fugir, mesmo enquanto estava me beijando. Me beijando... Oh, meu Deus, ele estava me beijando! O que há de errado comigo?! Usando minhas habilidades de sedução para atrai-lo para algum lugar era uma coisa, mas beijar? Merda. Eu poderia perder o meu emprego. Merda. Merda. Merda. Isso não deveria ter acontecido. Eu não deveria beijar. Eu jamais deveria beijar. Estou falhando nesse trabalho a cada segundo que passa. — Pensei que você iria querer o seu primo, — murmura Raide, empurrando Terry na minha direção. — Ah, bem, obrigada. Eu tenho que ir. Eu pego Terry pelo braço e o arrasto para o meu carro, sem olhar para Raide, sem querer ver aqueles olhos devastadores. Eu não preciso me lembrar que cometi um erro. Não existem regras sobre a forma como vamos trazer alguém, mas Don sempre nos advertiu para evitar quaisquer conexões físicas ou emocionais com os nossos casos. Eu preciso pegar Raide, e preciso fazer isso rápido, antes que tudo isso se complique ainda mais.

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Lágrimas queimam sob minhas pálpebras quando chegamos ao carro. Eu pisco para mandá-las para longe e faço um levantamento da área para me certificar de que estamos sozinhos, então puxo fitas zip8 da minha bolsa e algemo Terry. Depois eu o empurro furiosamente para dentro do carro. Ele está prestes a desmaiar, seu corpo está fraco e vacilante. Quando ele está dentro, eu bato a porta e corro para o meu lado. — Ei, — Raide chama. Eu paro e viro para o ver vindo à minha direção. Nossos olhares estão bloqueados, enquanto ele percorre o caminho. — Eu estava errado sobre você, — seus olhos se movem lentamente sobre os meus lábios. — Eu vou ter que me retratar – você não é louca. — Bem, obrigada. Agora nós acabamos aqui. — Você sabe que isso foi incrível pra caralho, Gracie, — ele me chama. Jesus. Eu entro no carro e bato a porta. Não é assim que as coisas deveriam ser.

*****

— Mulher, você precisa parar esse carro, — Terry geme do banco traseiro. Eu lhe atiro um olhar zangado pelo do espelho retrovisor. — Cale a boca, Terry. Estou pensando. — Eu vou vomitar, — ele ameaça. — Você está apenas tentando arranjar um jeito de fugir, mas eu peguei a sua bunda, então se sente e cale a boca. Caso não tenha percebido ainda, eu sou aquela garota que você encontra quando não comparece à sua audiência. Lembra uma fita de plástico flexível, são usadas como algemas, mas são mais discretas, ocupam menos espaço e machucam menos os pulsos. 8

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— Mulher, — ele geme novamente. Ugh. Me concentro na estrada e deixo minha mente me levar de volta para o beijo que eu acabei de compartilhar com Raide apenas alguns minutos atrás. Eu beijei um criminoso. Eu beijei um homem que deveria capturar para que ele possa ser preso. Deus, o que há de errado comigo? Se Don descobrir, eu seria suspensa, no mínimo. Estou arriscando minha carreira inteira por jogar esse jogo com Raide, mas não consigo me conter. Se eu não estivesse dirigindo, sei que meus olhos se fechariam com a memória da sua boca na minha. Raide sabia beijar – cara, e como sabia. Tudo dentro de mim derreteu no momento em que ele colocou seus lábios nos meus, e agora eu não posso pensar em mais nada. Eu quero tudo dele. Eu quero mais, mas não posso ter. Algo no fundo das minhas entranhas está gritando para que eu entregue esse caso para outro, mas meu orgulho não deixa. Os sons de alguém com ânsia me trazem de volta à realidade, e eu paro o carro apenas a tempo de o ver vomitando sobre os meus assentos. Deus. Nojento. Acho que ele estava dizendo a verdade sobre a necessidade de vomitar. Meu erro. Ainda assim, eca. Eu balanço minha porta aberta e contorno o carro para abrir a sua. Eu agarro sua camisa e o puxo para fora. Ele tropeça e cai de joelhos ao lado do carro, continuando a vomitar. Eu sempre tenho uma toalha extra no me porta-malas, que mantenho para situações exatamente como essa, e me inclino para começar a limpar um pouco do vômito nojento e fedorento. Estou com ânsia também e xingando Terry, quando tudo de repente fica quieto. Eu me empurro para fora do carro e giro para ver ele correndo em direção às árvores. Sério? Com um suspiro e um olhar de simpatia para os meus saltos altos, eu me abaixo, tiro eles dos pés, os jogo longe e me lanço atrás dele. Por causa de seu estado bêbado, chapado e estúpido, eu consigo pegar Terry antes mesmo dele chegar na floresta. Estendo a mão, agarro a parte de trás da sua camisa e puxo até que ele tropeça e cai para trás. Eu me inclino e chego perto do seu rosto. — Primeiro, você tenta drogar meninas para fazer sabe Deus o quê com elas. Então você vomita no meu carro. E agora você está tentando fugir? Terry, você está começando a me irritar pra valer.

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— Apenas me deixe ir, — ele chora. — Eu não vou fazer isso de novo. Eu reviro os olhos e o levanto. Seus braços ainda estão amarrados, por isso ele fica de pé lentamente. Então, como se fugir e ser pego, duas vezes, não fosse o suficiente, ele tenta me chutar. Eu cerro os dentes e evito o pé, mas enquanto faço isso, ele usa sua cabeça para bater na minha. Minha cabeça gira. Terry, que está claramente orgulhoso de si mesmo, então tenta me chutar de novo. Eu avanço, pego seus ombros e belisco os pontos de pressão com força, o que faz com que ele fique imóvel enquanto grita. — Você me chuta novamente e será incapaz de ter filhos, o que na verdade seria eu fazendo um favor a porra do mundo inteiro. Agora, de pé. Ele faz o que eu digo, gritando de dor enquanto eu o empurro para frente. Quando chegamos ao meu carro, eu puxo a arma no portaluvas e aponto para ele enquanto solto seus braços e o faço limpar todos os vestígios de vômito. Quando ele acaba, eu o empurro para dentro e entro também. Ele ainda fede, mas pelo menos não há mais pedaços de coisas estranhas espalhadas perto de mim. Eu transporto Terry rapidamente até o escritório. Julio é o único lá quando chegamos, e ele dá uma dupla conferida enquanto eu tento enfiar Terry em uma das celas nos fundos, que é onde detemos qualquer um que capturamos para a polícia, até que ela chegue e o leve embora. Eu sei que ele está tendo essa reação porque eu tenho um olho roxo. Bem, eu estou supondo isso dada à dor meu crânio. Mas, na forma típica de Julio, ele não diz nada, só leva Terry, grunhindo para mim. Eu preciso chegar em casa. Eu me arrasto para fora do prédio e para o meu carro. A viagem para casa é lenta, e minha cabeça está latejando na hora em que eu chego lá. Estaciono o carro junto à calçada na única vaga que acho disponível e caminho o resto do caminho até o meu apartamento. Quando chego ao portão da frente, eu congelo. Raide está de pé na minha porta, o braço cruzado, encostado casualmente, como se ele tivesse vindo aqui mil vezes antes. Meu coração começa a correr.

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— Por que diabos você está na minha casa? — eu choramingo. Isso não é bom. Nada legal mesmo. Ele não pode saber onde eu moro. Isso é ruim, ruim, ruim. Ele se empurra para longe do capô, seus olhos se estreitam quando ele começa a caminhar na minha direção. Dou um passo para trás, levantando a mão. — Pare aí – não dê mais nem um passo. — O que aconteceu com seu rosto? — pergunta ele, dando um passo mais perto. — Sério, eu vou te colocar no chão! — eu grito, acenando com a mão na frente do seu rosto. Seus olhos e lábios se contraem um pouco. Sim, claro que isso é engraçado. Claro que eu não poderia colocar ele no chão. Ainda assim, estou tendo um dia ruim e estou cansada. Ele está me irritando. Ele me beijou – como ele se atreveu a me beijar?! E agora ele está na minha porta, parecendo tão bom que dói. — Moça, — ele diz, sua voz caindo baixo. — Eu perguntei o que diabos aconteceu com seu rosto? — Por que você está na minha casa? — eu exijo novamente, ficando cada vez mais irritada. — Eu segui você no outro dia após o café, precisava ter certeza de que sabia onde você morava, no caso de você continuar me perseguindo. Agora, eu vou perguntar mais uma vez, e você vai me responder. O que aconteceu com seu rosto? — Pela última vez, eu não estava perseguindo você! — eu grito. Ele rosna e estende a mão, enrolando-a sobre meu ombro e me puxando para frente. — Eu não gosto de me repetir, Gracie. Agora, me responda. — Mandão, — eu murmuro. — Terry conseguiu me dar uma cabeçada. Ele recua. — Seu primo fez isso com você? Eu quero rir alto disso, mas não faço. — Sim, ele era alto, ele não queria ser levado para casa. Merda acontece. Agora, você pode se mover? Porque eu quero ir para a cama.

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— Você colocou gelo nisso? — ele pergunta, apontando para meu olho. — Não. — Certo, então me deixe entrar, e nós vamos resolver isso. Eu rio e dou um passo para trás, acenando minhas mãos. — Ah, não, não mesmo. Eu não vou deixar você chegar perto de qualquer lugar próximo à minha casa. Ele levanta as sobrancelhas. — Estou de pé no seu gramado da frente, baby. — Não me chame de baby, e eu não te convidei para ficar de pé no meu gramado. Portanto, agora é hora de você sair e eu ir para a cama. Ok? Ótimo. Tenha uma boa noite — eu passo por ele e sigo em direção à minha porta da frente. — Admita! — ele grita. — Você está com medo que eu te beije de novo, e moça, você está com medo de amar isso pra caralho, tanto quando da primeira vez. Minhas bochechas se aquecem e eu me viro de cara feia para ele. — Você me atacou – dificilmente eu posso dizer que foi agradável — ele sorri e meu coração para de bater. Meus ouvidos vibram. Minha pele formiga. Deus, ele é lindo, bonito pra caralho. — Da última vez que eu verifiquei, quando uma mulher se esfrega em você enquanto geme, ela não está odiando. Eu abro minha boca para argumentar, mas não sai nada. Seu sorriso se torna maior. — Eu... eu... — eu gaguejo, — não estava me esfregando em você. Deus. O sorriso dele. É enorme. De um lobo. E sexy como o inferno. Eu cerro os dentes e me viro, correndo em direção à porta. Começo a destrancá-la quando sinto seu corpo se imprensando contra as minhas costas. Dou um passo para frente e suspiro, todo meu corpo pressionado contra a porta de madeira à minha frente. O corpo de Raide está colado ao meu e sua respiração bate no meu pescoço. Eu gemo baixinho, falhando em não deixar que isso escape da minha boca.

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— Moça, — ele murmura, passando os lábios pelo meu pescoço. — Você estava se esfregando. Eu tremo e vacilo quando ele sobe as mãos pelos meus lados, desce pelos meus braços até chegar aos meus dedos, então coloca minhas duas mãos planas contra a porta. Seus quadris empurram minha bunda, e meu Deus, ele tem uma ereção que parece incrível. Droga, não era para ele parecer incrível. O chute, Grace. Seu trabalho está em jogo. Convide ele para entrar. Ligue para Don. Acabe com isso. — E agora seu coração está batendo rápido pra caralho por minha causa. Ligue para ele, Grace. — E eu vou te beijar de novo. Agora. Faça isso agora. Ele me gira ao redor, eu abro minha boca para argumentar, e ele me pega antes que uma palavra sequer saia. Seus lábios, seu corpo, suas mãos. É tudo tão áspero, tão malditamente bonito. Ele passa as mãos pelos meus braços e chega atrás para agarrar minha bunda. Ele me puxa para frente ao mesmo tempo em que sua boca consome a minha. Calor inunda entre as minhas pernas, e eu choramingo, agarrando sua camisa, não tendo certeza se vou empurrá-lo ou puxá-lo para mais perto. Eu o puxo para mais perto. E então eu o beijo pra valer. Nossas línguas se emaranham, nossas mãos viajam e nossos corpos se chocam de uma forma espetacular. Eu estou ofegante, e ele está rosnando, e eu sei que tenho que cavar fundo para encontrar o sistema de retenção que não vai deixar que eu o arrastasse para minha casa para me foder contra a parede. Eu consigo encontrar autocontrole suficiente para colocar minhas mãos em seu peito e empurrá-lo para trás, finalizando o beijo. — Já chega, — eu respiro. — Você pode jogar duro, moça, — ele murmura, passando a língua ao longo do meu lábio inferior. — Mas eu vou ganhar.

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Com isso, ele me solta e se vira, caminhando pela minha calçada da frente. Quando ele chega à rua, olha por cima do ombro e pede, — Gelo nesse olho, sim? E então, ele se foi. Droga. Só então me ocorre que eu deveria ter ligado para Don enquanto ele ainda estava de pé na frente do meu edifício.

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Capítulo Onze Eu arrasto os pés pelos corredores em direção ao meu escritório na manhã seguinte. Estou exausta. Estou cansada. Estou dolorida. Meu olho está preto e inchado. Obrigada, Terry. Eu não consegui pregar o olho na noite passada, porque tinha Raide e mente e uma dor de cabeça latejante. Estou tentando descobrir um melhor plano de ação para provar o meu ponto e manter esse caso. Manter esse caso significa capturar Raide. O que significa que qualquer emoção que possa existir tem que ir embora. Eu tenho que ser profissional. Meu plano foi um fracasso – isso está claro. Agora eu tenho que ir para o plano B... Só que eu não tenho um plano B. — Bom dia, Gracie Lou, — Vance chama quando eu passo marchando pela frente do seu escritório. — Ei, — eu murmuro. — Ei! — ele grita, se levanta e sai correndo atrás de mim. — E aí? Eu me viro sem pensar e olho para ele. Seus olhos se arregalam e sua boca cai aberta. — Jesus, Gracie, o que diabos aconteceu? — Ah... — eu pressiono os dedos contra meu olho e estremeço — Terry fez isso. — Merda, parece ruim. Você parece ruim. — Obrigada, Vance. Ele estreita os olhos. — Você precisa conversar? Eu suspiro e abaixo a cabeça. — Eu acho que sim. Ele pega meu braço e me leva para seu escritório. Ele fecha a porta e eu afundo na cadeira ao lado da sua mesa. Ele se senta e

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arrasta sua cadeira de rodinhas até mim, parando nossos joelhos se batem. — O que está acontecendo? — Essa coisa seduzir... é, ah, foi uma má ideia. Ele estreita os olhos. — Como assim? — Apenas foi, — eu minto. — Está demorando muito e eu não acho que é o plano certo. Ele balança a cabeça. — Então, o que você vai fazer? — Eu preciso desse caso, Vance. É tudo para mim. Eu acho que a minha única opção é tentar pegar ele com ajuda. Usar um Taser, talvez. Ele esfrega a mão no queixo. — Você sabe que deve usar Tasers somente quando for muito necessário. Tem certeza que não você não consegue trazer ele sem isso? — Ele é enorme, Vance, — eu suspiro, deixando cair minha cabeça em minhas mãos. — Não vai ser tão fácil. Ele vai saber o que estou fazendo na hora em que eu chegar perto, e ele vai fugir. Eu posso apontar minha arma para ele, mas tanto ele quanto eu sabemos que eu não vou usá-la, então Taser parece ser minha melhor aposta. — Bem, eu vou te ajudar. Eu levanto a cabeça rapidamente e olho para ele. — Eu estou tentando provar que posso fazer isso sem ajuda. — Gracie, — ele diz, se inclinando mais para frente e pegando a minha mão. — Você não acha que todos nós precisamos de ajuda, às vezes? Merda, teve vezes em que eu precisei da ajuda de Julio em alguns casos. Isso não faz de você uma pessoa fraca. — Este é o meu primeiro grande caso, — eu digo. — Esta é minha chance de provar que eu não preciso ter alguém comigo. Eu sei que há momentos em que ajuda é necessária, eu entendo isso. Mas isso... isso é para mim. Esta é a minha chance de provar que eu sou boa. Ele balança a cabeça, e eu sei que ele entende. — Bem, então você só vai ter que ser mais criativa. Você faz o trabalho de trazer ele até a porta da frente do edifício e nós vamos pegar ele lá – o que ainda traria todo o mérito para você. Inferno, você poderia até mesmo ir para a casa ou para a sua e nos ligar. Nós fazemos isso o tempo todo, Grace. Você não tem que derrubar ele de cara no chão para que isso possa ser considerado um trabalho bem-sucedido. ~ 85 ~


Isso é verdade. — E como você acha que eu faria isso? Ele dá de ombros. — Você trabalhou com a sedução, mas por que não tentar o caminho da vítima? Eu inclino minha cabeça para o lado. — Vítima? — Sim, você pode pedir a sua ajuda ou fingir que está em perigo. Se isso é demais, você poderia fazer algo simples, como seguir ele até um bar e se fazer de bêbada, tropeçar, fazer uma cena, ver se ele te ajuda. Dê um jeito de ir para casa com ele. Qualquer coisa que o leve para longe das pessoas. Então você faz a ligação e deixa que os policiais armem a emboscada. Feito. Não é uma má ideia. Na verdade, eu estou me chutando por não ter pensado nisso antes. Eu não preciso dos caras para me ajudar a pegá-lo, eu só preciso levar ele para algum lugar onde eu possa segurálo por tempo suficiente até que a polícia chegue. — Você é uma lenda, Vance. Ele sorri para mim. — Eu não sei de nada. Eu vou responder, mas sou interrompida pelo som de alguém batendo na porta. Nós nos viramos e vemos Don de pé na porta. Vance se levanta e a destranca, deixando ele entrar. — Jesus, Gracie, o que aconteceu com seu olho? — Terry. Sua mandíbula se aperta, ele nunca gosta de nos ver machucados. Infelizmente, como policiais ou quaisquer agentes da lei, esse é um risco que assumimos. — Você está bem? Eu concordo. — Sim. — Como está indo o grande caso? — Bem. — Isso é bom. Eu tenho outro caso pequeno para você, se sobrar um tempo. Julio e Vance estão cheios já. — Sim, mande para mim.

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— Bom — ele se vira para a porta. — Eu vou estar fora o restante da semana. Quero relatórios do seu progresso quando eu voltar. — Pode deixar, — nós dois dizemos. Quando ele se foi, eu me viro para Vance. — Eu deveria ir trabalhar. Ele me pisca um sorriso. — Me encontra para o almoço? — Combinado. Então o meu dia não está indo tão mau como eu pensava.

*****

Até o final do meu expediente, minha cabeça está latejando de novo e eu estou pronta para ir para cama. O almoço com Vance foi ótimo, como sempre. Encontramos um restaurante mexicano nas proximidades e pedi tacos, então depois tomamos sorvete enquanto caminhávamos até o escritório. Foi bom fazer uma pausa, tomar um momento para pensar em algo diferente. Agora é hora de ir para casa. Eu arrumo minha mesa com entusiasmo, pensando em um banho e no quão maravilhoso vai ser afundar na banheira. Dou despedidas rápidas enquanto corro da porta até o meu carro. Durante todo o caminho até em casa, não penso em nada além de Raide. Eu tenho que fazer o meu trabalho. Tenho que provar que sou boa. Não posso pensar em como foi incrível ter sua boca na minha. Eu não posso imaginar acontecendo novamente. Eu trabalhei a maior parte da minha adolescência e todos os meus vinte anos até agora por essa carreira. Não posso deixar algo tão pequeno como um crush9 arruinar tudo. Raide é um homem mau. Eu não posso esquecer isso. Eu chego em casa em tempo recorde. Encontro uma vaga para estacionar na rua e corro até minha porta da frente, grata por finalmente ter chegado. As próximas duas horas são gastas com comida chinesa e descansando na minha banheira de hidromassagem com É mais uma palavra inglesa incorporada ao nosso vocabulário. Um crush é como ter uma queda, se apaixonar, mas não amar, é mais aquela coisa que existe no período do flerte, da paquera, não é nada muito profundo. 9

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muita espuma. Então, as próximas outras duas horas são gastas conversando com Kady no telefone. Ela gostou do meu plano de mulher bêbada em perigo, e pensa que este fim de semana é o momento de colocá-lo em prática. Mas eu não posso fazer isso com um olho preto e inchado feio. — Eu não sei se vou estar bem neste fim de semana, — eu admito. — Estou tão cansada, e isso significa ter que seguir ele, para descobrir onde ele estará. — Não seja preguiçosa, — ela choraminga. — Vamos, Gracie. — Vamos sair na sexta à noite, apenas por diversão. Pensamos sobre ele no sábado. Por favor, Kady? Ela suspira. — Ok, tudo bem, você me pegou. Venha até aqui primeiro, e eu vou fazer o seu cabelo e a maquiagem, vamos passar no Bar do Jackson para comer alguma coisa, e então vamos para os clubes. — Parece incrível, mas eu vou fazer minha própria maquiagem. — Ei! — ela estala. — Eu sou muito boa com cabelo e maquiagem. — Kady, querida, da última vez que você fez minha maquiagem, eu fui confundida com um travesti. Ela ri. — Isso foi por causa daquelas botas pretas chamativas que você estava usando – não me culpe por isso. Rindo, eu caí no meu sofá e suspirei. — Eu preciso desta pausa, mas, depois, espero que eu finalmente consiga capturar ele. Não tenho certeza de quanto mais de Raide eu posso tomar. — Ele é tão intenso? Me conte, me conte, — ela pede. — Ele é muito intenso. Eu te disse que ele estava na minha casa noite passada? Silêncio. Então, — Como que é? — Não desse jeito. Ele sabia onde eu morava e queria, ah... — bem, merda, eu não posso dizer a ela que ele queria me ver novamente porque nós nos beijamos. — ... para ver se eu estava bem. Ele me viu com Terry em um bar, — muito bem, a mentira perfeita. — Como ele sabe onde você mora? — ela questiona. — Ele, ah, me seguiu até em casa. ~ 88 ~


— Oh meu Deus, Gracie, isso é perigoso. Eu rio. — Não é. Ele vai ir para a cadeia quando eu conseguir pegá-lo. — Sim, vai, mas depois, um dia, ele vai sair da prisão... — Você está pensando demais, está tudo bem. — Não está tudo bem. Talvez ele seja um assassino psicopata que vai querer vingança. — Ele não é um assassino, — eu zombo. — Não é disso que ele está sendo acusado? Eu suspiro e jogo a cabeça para trás. — Kady, podemos falar de outra coisa? Eu posso quase ver o olhar no rosto dela. Nojo. Horror. Decepção. Seja como for, não é ela quem faz esse trabalho. Sou eu. — Tudo bem, mas quando eles encontrarem o seu cadáver picadinho, não me culpe. Eu rio baixinho. — Eu não posso te culpar se eu for um cadáver picadinho. — Sem graça. Eu seguro outra risada. — Estou indo para a cama, me ligue amanhã. — Eu vou, e você mantenha suas janelas trancadas. Revirando os olhos, eu desligo. Mas no fundo, eu me pergunto se ela está certa. Em quanto perigo eu estou?

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Capítulo Doze Estou tonta e tentando desesperadamente encontrar um local tranquilo onde eu possa fazer uma ligação e tentar rastrear Kady. É sexta-feira à noite, e nós estivemos fora por três horas, esperando Raide aparecer em um dos seus clubes favoritos. Não tive tanta sorte. Depois que minha esperança de encontrar ele hoje à noite se desfez, eu tomei dois martinis enquanto Kady mostrava seu gingado na pista de dança. Mas foi uma semana desgastante, e como a vovó que eu sou, decidi que é hora de ir para casa e para cama. Mas eu não posso deixar Kady aqui sozinha, então eu preciso encontrá-la primeiro. Eu não tinha planos de beber muito hoje à noite, uma vez que eu precisava estar alerta, mas o estresse que meu trabalho me trouxe ultimamente e a decepção por não encontrar Raide acabou me levando a isso. Eu me viro e encontro um local tranquilo, onde pressiono meu corpo contra a parede de tijolos e começo a correr a lista de contatos do meu telefone para encontrar o número de Kady. — Bem, oi. Eu levanto minha cabeça para ver um homem jovem, um cigarro preso entre os seus lábios. Ele parece um pervertido, e, francamente, eu já tive o suficiente deles esta noite. — Vá embora, — murmuro, com foco de volta no telefone. — Isso não é maneira de falar com um homem, — diz ele, dando um passo mais perto. — Eu estava apenas dizendo oi. Eu atiro a ele um olhar zangado e me empurro para fora da parede. — Eu não estou interessada, pervertido. Agora, cai fora. Tento passar por ele, mas ele ataca, curvando o braço em volta da minha cintura e me empurrando de volta contra a parede. — Do que você me chamou? — Me solta, — eu rosno. ~ 90 ~


— Eu disse... — ele me tira da parede e me bate de volta. — ...do que você me chamou? — Você só cometeu um erro — eu levanto o meu joelho e o acerto nas bolas. Ele grita e cai de joelhos. Eu levanto a minha perna, não muito graciosamente, e planto meu salto em seu peito, chutando-o para trás. O bastardo maldito é rápido, ou talvez eu seja muito lenta, porque ele consegue envolver seus dedos em volta do meu tornozelo. Ele me leva com ele e meu corpo voa para o chão antes que eu consiga pensar. Eu pouso na calçada com um baque e grito quando meu tornozelo se torce embaixo de mim. — Jesus! — eu choro. — Sua puta estúpida! — ele ruge, tentando me virar. De repente, todo o seu peso se foi e eu estou olhando para o nada. Pisco meus olhos rapidamente e faço uma varredura no terreno, só para ver Raide, de todas as pessoas, lançando o homem através da escuridão até ele bater em um carro nas proximidades. Ele grita de dor, e Raide, em toda sua glória deslumbrante, chega até ele, o levanta pela camisa e o joga longe novamente. Merda. — Dê o fora daqui! — ele grita. — Se você tocar nela de novo, eu vou te matar. Eu estremeço e observo como o homem se arrasta para longe enquanto Raide volta para mim, me prendendo com seu olhar. Eu vacilo, eu gostaria de me empurrar para trás, mas meu tornozelo está latejando. Eu presto atenção no fascínio com que Raide vem na minha direção, seus passos determinados, seu corpo tenso. Eu saco a minha impertinência quando ele paira sobre mim, parecendo chateado. — Qualquer um poderia pensar que você está me seguindo, — eu sorrio. — Sorte sua que eu estava. Se levante, — ele ordena. Espere, o quê? Ele estava me seguindo? Como ele virou a mesa assim? — Você estava me seguindo? — eu chio.

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— Sim, eu fui até sua casa para a gente beber alguma coisa e vi você saindo. Então eu te segui. Você me deve uma bebida. Oh. Uau. — Isso é assustador e sexy, tudo ao mesmo tempo. Ele suspira. — Se levante. — Não é possível. — Por que não? Eu levanto a minha perna, empurrando o tornozelo em direção a ele. Eu grito quando faço isso, e rapidamente a deixo cair de novo para o chão. — Eu torci meu tornozelo. — Jesus, — ele murmura, inclinando-se para baixo e me pegando em seus braços. — Você sempre é esse trabalho todo? Eu rio. — Sim, senhor, eu sou. Ele resmunga algo baixinho e me leva para o estacionamento. — Ei, ei, me solte, — eu digo, me contorcendo em seus braços. — Minha amiga ainda está lá dentro. — Você pode ligar para ela quando estiver em casa. — Eu não vou a lugar nenhum com você. Me solte e eu vou encontrar ela. — Certo. Ele me larga, e no momento em que encosto meu pé no chão, tropeço para frente. Ele me pega antes que eu caia e, em seguida, me pega no colo outra vez. — Exatamente, — ele debocha. — Você andou bebendo, tem um tornozelo torcido e não há nenhuma maneira que vou te deixar sair andando por esse clube. Eu pondero sobre a ironia do meu plano original de bancar a mulher bêbada impotente se tornando em algo real. — Tudo bem, então eu vou ligar para ela e esperar aqui fora. — Eu estou te levando para casa. Eu não quero que ele me leve para casa. Eu quero que ele me leve para onde ele mora, para que eu possa ver, para que eu possa ir até lá captura-lo quando eu estiver fisicamente bem outra vez. — Eu, ah, eu não posso ir para casa. ~ 92 ~


Ele olha para mim com os olhos apertados. — Por que não? — Porque, ah, meus pais devem chegar essa noite. Eu só queria uma noite longe deles antes que eu tenha que aturar todas as suas besteiras. Eu ia ficar na casa de Kady, mas... bem... ela se distraiu com um homem mega... Ele rosna. — Entendi o ponto. Porra, você precisa pôr gelo nesse tornozelo. Eu sorrio maliciosamente. — Então me leve para sua casa. Calculista, realmente calculista. Ele olha para mim de novo, sua mandíbula apertada. É o momento da verdade. Se ele suspeitar de alguma coisa, não vai me levar para sua casa. — Tudo bem, eu te levo enquanto você telefona para sua amiga. — Hora da diversão, — eu digo. Não escapa do meu conhecimento que ele dirige até a casa em um carro que eu nunca vi ele usar antes. Ele se encaminha para a entrada de uma casa enorme que me deixa sem fôlego. É enorme. É uma mansão branca de três andares. É linda, rodeada por jardins imaculados e um caminho de pedra lindo que leva até um pátio na frente. É uma casa de gente rica. Eu não tinha imaginado que Raide fosse um homem rico. — Esta casa é sua? — eu questiono. — Não, é de um amigo meu. Ele está fora da cidade e me deixou ficar. Droga. — Quanto tempo você vai ficar? — Algumas semanas. Ele sai do carro e contorna o carro até chegar à minha porta, e a abre. Ele me levanta em seus braços e eu me permito um momento para me deixar afogar na sensação incrível. Ele é musculoso e forte, e tem um cheiro divino. — Você tem um cheiro muito bom, — murmuro, pressionando meu nariz no seu peito. — Você está bêbada. ~ 93 ~


— Isso não significa que você não cheira bem. Na verdade, a minha alegria alcóolica está se apagando, mas ele não precisa saber disso ainda. Eu soluço e rio como uma bêbada enquanto ele me leva para dentro. Rapidamente paro de rir quando coloco os olhos sobre o interior imaculado da mansão. Essa casa tem os móveis mais impressionantes que eu já vi. Tudo parece antigo, e é provável que seja extremamente caro e raro. — Uau, — eu suspiro. — Este lugar é incrível. Raide me coloca sobre um sofá de couro que é tão macio e mole que eu quero me fundir a ele. Em seguida, ele caminha até a cozinha, vasculha em alguma coisa até que encontra um saco de gelo. Ele traz até a sala e se senta na mesinha de centro à minha frente, pegando meu tornozelo e colocando em seus joelhos. Então ele pressiona o gelo sobre minha pele. Eu grito, mas ele é implacável. — Fique quieta, — ele ordena. — Você está sempre tão zangado? Ele levanta aqueles olhos cor de âmbar lindos até os meus e os mantêm ali. — Não, mas hoje eu estou chateado. — Por quê? — Por quê? — ele ri amargamente. — Você estava lá fora, um homem estava em cima de você, sua bunda à mostra. Esse é porque, porra. — Eu não sou sua mulher, — eu protesto. — Então, por que isso deveria importar? Ele balança a cabeça. — Nós estivemos dançando em torno um do outro por quase um mês agora. Aparecendo nos mesmos lugares, flertando, beijando, fazendo uma cena. Você pode não ser minha mulher, mas porra, você está pensando em mim tanto quanto eu estou pensando em você. Ele está pensando em mim? Meu coração se derrete. Coração idiota.

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— E daí? — eu digo, minha voz mais cheia de desejo. — Não significa que você deve estar com raiva de mim porque aquele homem louco me jogou no chão. — Se alguém tivesse saído, teria conseguido uma boa visão da sua bunda. — E? — E, — ele se inclina para frente até que nós dois estejamos a apenas um sopro de distância, — é uma bunda que eu tenho vontade de ver desde que eu conheci você. Ah, cara. — Ah, — eu olho para longe. — Então, quem é esse amigo que deixou você ficar aqui? Ele se aproxima, enrolando os dedos no meu queixo e virando meu rosto para ele. — Pare de mudar de assunto. Você quer isso tanto quanto eu. Ele está certo, eu quero. Mas eu não deveria. É um risco muito grande. — Não importa, — eu sussurro, olhando para seus lábios. — Eu não posso ter você. — Por quê? — Por quê? — Sim, moça, por quê? — Ah, — eu deixo que meus olhos passeiem pela sala. — Eu não sei. Posso usar o seu banheiro? Ele rosna e me deixa ir. — Não, você não pode, porra. Você vai sentar aqui e descansar o seu pé. Eu bufo, mas sou rapidamente distraída quando ele corre o polegar sobre a minha pele. Eu olho para ele e vejo que ele está me observando com uma expressão intensa. — Por que você está jogando esses jogos comigo? Eu engulo, desviando o olhar. Eu me sinto tonta, mas não sei se é o álcool ou é ele. Minha mente está gritando que eu não deveria estar aqui, mas eu não consigo me afastar. Eu quero, mas não consigo. ~ 95 ~


— Você faça sério às vezes? Estou surpresa com a pergunta. Tanto é assim que eu só olho para ele em vez de realmente responder. — Quem é a verdadeira Grace? O quê? — Perdão? — eu sussurro. — Você está sempre jogando, mas há muito mais em você. Me conte, — ele se inclina para trás, mantendo o tornozelo em seu colo. Eu dificilmente conseguiria chutá-lo. Ele me olha com aqueles olhos insondáveis, e eu estou sendo capturada por ele, o que me faz começar a falar. — Eu estou falando sério, — eu digo em voz baixa. — Mas se eu vivesse minha vida inteira como se tivesse um pedaço de pau enterrado na bunda, quão feliz ela seria realmente? Ele inclina a cabeça para o lado. — Você está certa, mas a maioria das pessoas evitar essas coisas porque têm algo a esconder. Eu balanço minha cabeça. — Não tenho nada a esconder. Isso é quem eu sou. Eu sempre fui assim. — Ok, Gracie, — ele murmura em voz baixa. — Me diga algo sobre você que ninguém mais sabe. Eu me inclino para trás e penso sobre isso. — Bem, eu não tinha um cachorro chamado Tiger quando era criança. Ele sorri, e eu devolvo a ele um sorriso genuíno. — Me responda isso e eu vou te deixar ir. Se vocês pudesse ser qualquer coisa no mundo, o que você seria? Eu diria uma caçadora de recompensas, mas isso não é inteiramente verdadeiro, e eu sei que não é o que ele está pedindo. Então eu o encaro diretamente nos olhos e digo, — Eu seria eu, Raide. Nada além de mim. Dor pisca em seus olhos, e eu me sinto mal por ele. — E você? — eu suspiro. Ele coloca meu pé no chão e se levanta. — Eu seria livre, Gracie. É isso aí. Deus.

~ 96 ~


Ele está quebrando o meu coração.

*****

Raide desaparece e eu decido ir encontrar um banheiro. Mancando um pouco, finalmente me deparo com um. É tão bom quanto eu pensei que seria. Há uma banheira de hidromassagem enorme no canto, e um chuveiro grande o suficiente para oito pessoas, sem mentira. Eu manco em direção à pia e abro a torneira, jogando água no meu rosto. Minha mente está se recuperando, e isso é ruim. Raide é tentador, muito tentador. Para não mencionar que estamos nos conectando. Eu posso sentir isso. Eu tinha um plano, e ele era muito bom, mas a ideia de chamar a polícia agora me assusta. Em primeiro lugar, o estado do meu tornozelo me coloca em um lugar ruim, porque eu mal consigo correr. Em segundo lugar, algo está me segurando. Eu quero um pouco mais, quero conversar um pouco mais, quero passar uma noite para ver se Raide realmente vale o risco. Estou me afundando cada vez mais, eu sei que eu estou, mas isso não muda como estou me sentindo. Quando eu termino no banheiro, saio mancando. Raide está longe de ser visto. Me arraso cambaleante pela casa, até que o encontro em um quarto. Eu suspiro quando meus olhos pousam sobre ele. Raide está de pé ao lado da cama, sem camisa, e no meio do processo de desabotoar as calças. Eu não consigo tirar meus olhos dele, não importa que haja uma pequena voz gritando dentro da minha cabeça para desviar o olhar. Eu tenho que piscar pelo menos seis vezes, porque não há como alguém com essa aparência ser real. Seus ombros são largos e musculosos, se estreitando em direção aos quadris perfeitos, nos quais seus jeans estão pendurados. Seus bíceps são enormes, e linhas duras de músculos marcam seus braços de cima a baixo, flexionando quando ele se move. Deus. Quando sua calça jeans cai, eu puxo uma respiração afiada. Nu. Ele está nu. Oh meu Deus. Eu sou uma pervertida. Eu estou olhando para ele e ele nem sabe que estou aqui. ~ 97 ~


— Você vai ficar aí me olhando, ou vai vir aqui e terminar o que nós começamos há algum tempo? Eu engulo em seco. Ele sabe que eu posso vê-lo. Ele quer que eu vá lá e termine o que começamos. Eu quero – oh garoto, como eu quero – mas se eu for por esse caminho, estou arriscando tudo. Não preciso pensar sobre isso muito tempo, porque ele se vira e vem na minha direção. Deixo escapar um pequeno grito e meus olhos caem para aquele lugar entre as suas pernas. Oh... santa... ereção. Ele é enorme, não que eu não tenha achado que ele seria, considerando como seu corpo é grande, mas ele é enorme. Quando ele me alcança, eu deixo meus olhos subirem lentamente pelo seu corpo, até encontrarem os dele. Ele tem um olhar cheio de luxúria, e eu sei o que ele vai fazer. Eu deveria estar fugindo, mas minhas pernas não concordam, e se recusam a se mover. Ele estende a mão e passa o polegar sobre meu lábio inferior, e foda-se se eu posso me afastar. Eu vou culpar o álcool. Sim, o álcool. Ele se inclina e me pega no colo. Eu choramingo enquanto ele me carrega pelo quarto e então me deposita em cima da cama. — Você está pelado, — eu coaxo, observando como ele se move ao redor da cama. — E daí? — ele murmura. — Você está pelado. — Baby, — ele murmura, me prendendo com seu olhar. — E daí? Oh, Deus. Ele me chamou de baby. Eu vou para o inferno. — Eu... Ele não me deixa terminar. Ele cai em cima de mim, com os cotovelos em ambos os lados da minha cabeça, seu grande corpo cobrindo o meu. Ele usa sua perna para afastar meus pés, então eles não estão no caminho, e em seguida ele praticamente se empurra entre as minhas pernas, me obrigando a abri-las. Depois os seus lábios estão nos meus. Nenhum aviso. Nenhum jogo. Ele está me beijando com uma fome crua que, eu não vou mentir, eu preciso. Preciso de tudo que Raide tem para dar. Em algum lugar na minha mente difusa, eu estou gritando comigo mesma para parar. Mas o meu desejo e tudo mais por Raide está nublando o meu julgamento. Eu não posso mais aguentar. Me estico, enrolando os dedos em seus cabelos, pressionando meu corpo no dele. Minha mente está girando, meu coração está batendo rápido, e a ~ 98 ~


sensação é incrível. Eu o beijo duro e profundamente, levando tudo dele até que nós dois estamos ofegantes. Seu corpo nu é quente contra a minha pele, e eu nem sequer tento parar meus dedos de viajarem pelas suas costas e músculos. — Tire a roupa, — ele murmura, descendo e puxando meu vestido para cima. Ele mexe seu corpo apenas o suficiente para que eu possa tirá-lo. Ele desliza a mão pelas minhas costas e abre meu sutiã, então ele o empurra para longe do meu corpo junto com o vestido. Em seguida, sua boca está se fechando sobre o meu mamilo. Eu gemo, batendo minhas mãos no colchão e enrolando meus dedos nos lençóis. Sua língua se movimenta e me provoca, rodando e provocando até que estou implorando por mais. Então sua boca está movendo para baixo pelo meu corpo, seus dedos deslizando ao longo da minha pele. Eu não deveria estar fazendo isso. Eu não deveria... Oh Deus, ele está me beijando por cima da calcinha. — Raide, — eu ofego. Ele não diz nada, ele não precisa. Sua presença é tudo o que alguém precisa de um homem. Ele é dominante e perigoso, e eu não preciso ouvir ele falar para saber disso. Ele prende seus polegares na minha calcinha e de repente ela já não está mais lá. Então ele está bem ali. Exatamente onde eu preciso dele. Exatamente onde eu o imaginei por tanto tempo. Sua língua mergulha nas minhas dobras, atormentando meu clitóris até que eu estou me contorcendo debaixo dele. Um dos seus dedos encontra a minha entrada e desliza para dentro, lentamente me fodendo com ele enquanto sua boca me devora. Eu arqueio contra ele, querendo e precisando de muito mais. Eu me estico, enrolando os dedos em seus cabelos e puxando com força. Ele resmunga contra a minha carne, mas não para. Ele suga meu clitóris em sua boca tão duro e profundo, que eu grito seu nome quando meu corpo estremece com o orgasmo. Ele não se afasta imediatamente. Ele suga cada tremor meu antes de, lentamente, deslizar para cima do meu corpo. Eu mal voltei ao meu corpo depois desse pico de prazer, quando ouço o som de uma embalagem de alumínio rasgando, e então ele cutuca gentilmente para eu abrir as pernas. A boca dele está no meu pescoço, suas mãos estão correndo nos meus lados, e quando seus dedos encontram meus mamilos, ele os aperta e rola suavemente, até ~ 99 ~


que eu estou me empurrando para ele, querendo mais. Os botões apertados estão lutando contra as suas mãos, precisando de mais. — Mais, — eu suspiro. — Porra, Raide, não me faça esperar. Antes que eu possa pensar ou processar qualquer outra coisa, ele está dentro de mim. Um gemido sufocado fica preso na minha garganta, e meu corpo arqueia enquanto ele me enche, centímetro por centímetro. Ele é grande, duro, e caramba, a sensação é incrível. Seu pau lateja nas minhas profundidades e ele solta um longo gemido gutural. — Raide, — eu respiro. — Oh, Deus. — Porra, — ele resmunga, mergulhando seus dedos no meu cabelo e levantando minha cabeça para um beijo faminto e voraz. E então ele está me fodendo. Eu não tenho mais nada em minha cabeça, nada além de uma névoa de felicidade. É tudo Raide. Todo o seu corpo. Ele está me fazendo sentir coisas que eu nunca senti antes e eu não quero que isso acabe. Minhas unhas estão cravadas em sua pele, minhas pernas estão enroladas na sua cintura, e estamos nos movendo em um ritmo frenético e desesperado. Nossa pele estala quando se choca, ele tem um brilho de suor cobrindo seu corpo, e seus músculos estão se contraindo com o esforço. Ele envolve uma mão ao redor do meu pescoço e me traz mais perto, perto o suficiente para que eu possa sentir sua respiração contra os meus lábios. — Raide, — eu suspiro. — Baby, — ele resmunga. — Deus. — Sim. Então eu explodo, com sua mão enrolada em volta do meu pescoço, com seu corpo cobrindo o meu, com seus lindos olhos cor de âmbar trancados nos meus. Quando ele me vê me perder, seus olhos suavizam e ele me dá um olhar profundo, apaixonado, que tem meu coração se torcendo. Então ele está bem ali comigo, rosnando meu nome, empurrando seus quadris em uma sucessão rápida até que nós dois estamos moles e emaranhados um no outro. — Droga, porra, — ele respira no meu ouvido. — Você é linda. Oh, Deus. ~ 100 ~


Por que ele tem que fazer isso? Por que ele tem que fazer as coisas mais difíceis do que já são?

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Capítulo Treze Luz do sol queima meus olhos, me acordando de um sono profundo. Eu pisco rapidamente e gemo quando percebo como está malditamente quente aqui. Levo um bom minuto para perceber que a razão desse calor todo é porque há um corpo duro e grande envolvido em torno do meu. Meus olhos se abrem e eu suspiro. Raide. Estou na cama com Raide. Eu dormi com Raide. Oh, querido Senhor. Isso é ruim. Muito, muito ruim. Eu tento sair do seu abraço, mas ele tem um braço em volta da minha cintura, o peito grande pressionado e minhas costas. Uma de suas pernas está entrelaçada com a minha. Droga. Eu começo pelo braço, gentilmente levantando-o e tentando tirá-lo de cima de mim, mas ele rapidamente me aperta e puxa meu corpo para mais perto do seu. Merda. — Pensei que eram os homens que fugiam, — ele sussurra no meu ouvido. Eu estremeço toda. — Eu, ah, eu preciso fazer xixi — que mentirosa. — Mmmmm, — ele murmura. Eu me empurro para fora dos seus braços e jogo minhas pernas para o lado da cama enorme. Meu tornozelo está latejando, e eu tenho que mancar todo o caminho até o banheiro. Quando estou dentro, tranco a porta e me pressiono contra ela, apertando os olhos fechados. O que há de errado comigo? Eu tinha uma missão: capturar ele. Como tudo virou essa bagunça? Eu esfrego os olhos, tentando lutar contra a culpa e a decepção que aperta meu peito. Eu sou um fracasso. E se Don descobrisse – meu Deus, se meu pai descobrisse! Eles ficariam muito decepcionados. Isso não deveria ter acontecido, e ainda assim eu não posso me arrepender do que aconteceu ontem à noite com Raide. Eu não posso parar de pensar no seu corpo, sua boca, no jeito que ele me fez sentir. Engulo as lágrimas que ameaçam transbordar e

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me obrigo a ir em direção à pia. Eu estraguei tudo, mas posso consertar. Estou em uma posição perfeita para capturar Raide. Eu só tenho que fazer a ligação. Algo se revira com raiva em meu peito, e eu percebo que é dor. O que há de errado comigo? Eu não deveria estar sentindo pena de um homem que é, possivelmente, um assassino. Quem eu estou enganado? Eu sei que ele não é um maldito assassino. Eu não sei como eu sei disso, eu apenas tenho certeza disso. Algo profundo está por trás da história de Raide, mas não cabe a mim decidir. Cabe a um juiz e um júri, o meu trabalho é apenas levá-lo até lá. Eu me lavo, tentando evitar pensar em qualquer outra coisa além de terminar este trabalho para que eu possa seguir em frente. Eu evito os olhos de Raide quando corro de volta para o quarto, me visto e junto tudo que deixei espalhado pelo chão. Eu encontro meu telefone e percebo que está sem bateria. Simplesmente ótimo. Vou ter que ir para o trabalho e fazer a ligação de lá. Se Raide estiver aqui pela próxima hora, isso não vai ser difícil. Eu esperava estar presente quando ele fosse pego, para ter certeza que tudo correu bem, mas talvez seja melhor assim. Eu não sei se poderia suportar. — Você sempre foge dos homens sem sequer um bom dia? — ele murmura da cama. Eu não olho para ele. Eu não posso. — Eu, ah, eu tenho que trabalhar esta manhã. — Mentirosa. — Certo, — ele murmura. Engula essa dor, Grace. Faça o seu trabalho. Você que escolheu isso. É a sua carreira. É para isso que você foi contratada. Se você não pode fazer, não deveria ter lutado pela missão. Eu não percebo que estou chorando até que sinto braços quentes em volta da minha cintura e lábios macios e suaves na pele do meu pescoço. — Baby, — ele murmura. Droga. Uma palavra, e ele está esmagando a minha alma. — Eu tenho que ir, — eu sussurro. — Por quê? — Eu te disse por quê.

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Ele me gira suavemente e me encara nos olhos. Eu só quero esquecer. Eu não quero que ele olhe para mim assim. Eu não quero que ele pense que eu sou alguém que ele pode ter. Ele inclina a cabeça para o lado e me estuda. — Há uma razão pela qual você está chorando? — Eu, ah... — eu engulo. — Não. — Foi tão ruim assim? Eu rio baixinho. — Não, foi incrível. — Venha comigo, Gracie. Deus. Pare de dizer o meu nome. Apenas pare. — Eu não posso. — Somente alguns dias, para nos conhecermos melhor. Meu coração balança. Alguns dias longe, com Raide. O que eu não daria por alguns malditos dias assim. — Eu não posso, — eu coaxo. Ele se aproxima, correndo o polegar sobre a lágrima escorrendo pelo meu rosto. — Eu não conheço você, Gracie, e você não me conhece, mas o que eu sei é que não existiram muitas mulheres na minha vida que me fizeram tão irritado e feliz ao mesmo tempo como você. — Eu deixo você irritado? Ele sorri, e caramba, eu quero me fundir a ele. — Sim, você me irrita demais. No entanto, ao mesmo tempo, eu quero cada parte sua. Eu não consigo tirar vocês da minha cabeça, moça, não importa o quanto eu tente. Eu aperto minha mandíbula. — Você me desafia. Eu engulo em seco. — Eu gosto disso. Ah, merda. — Você me faz querer te colocar sobre o meu joelho. Meu lábio inferior treme. — Eu realmente gosto disso, porra. ~ 104 ~


— Raide, — eu sussurro. — Venha comigo, Gracie. — Não. — Baby. Eu dou um passo para trás. — Não, eu não posso. — Por que não? Eu deixo meus olhos dispararem pelo quarto, tentando encontrar algo, qualquer coisa. — Eu não te conheço, — é o melhor que eu tenho. — E daí? — E daí que você poderia ser qualquer um, Raide. Eu não sei nada sobre você. Ele me estuda e eu espero que ele exploda, mas isso não acontece. O que ele faz é explodir a minha mente. — Minha irmã está morta, — ele começa, e minha boca cai aberta. — Ela estava namorando um homem, eu não o conhecia bem, tudo que eu sei é que ele estava batendo nela. Ela era tudo que eu tinha, Gracie. Não havia mais nada, mais ninguém. Ela me ligou uma noite, me disse que ele estava lhe assustando, que ele tinha batido nela. Eu entrei em meu carro e fui até ela. No momento em que cheguei, ela estava morta. Esfaqueada. Ele estava ali de pé, olhando para ela, a faca na mão. Eu perdi a cabeça, dei um surra nele que deixou sua vida por um fio. Eu ia matar o filho da puta, não duvide, mas a polícia chegou no momento em que estava inclinado sobre ele, a faca na mão. Você pode adivinhar quem eles culparam. Oh, Deus. Meu coração dói por ele. Emoção explode no meu peito, fazendo meus joelhos fraquejarem. Eu sabia que Raide não tinha feito isso, mas ouvi-lo contar a história, ouvi-lo dizer o que aconteceu faz meu coração inchar de tristeza por ele. Eu não posso imaginar como deve ter sido difícil para ele. As lágrimas queimam sob minhas pálpebras, e eu luto para mantê-las presas. Tudo dentro do meu corpo dói por este homem, dói porque ele está sofrendo, e essa porra me mata. — Por que você está me contando isso? — eu murmuro. — Estou contando porque você quer me conhecer. Você não quer saber a minha cor favorita, ou a minha comida preferida, ou onde eu ~ 105 ~


gosto de passar as férias, você quer saber a pior parte de mim, e moça, é essa. Eu pisco as lágrimas. — Por que você não contou o que aconteceu? Ele olha de mim para a parede. — Porque ele disse a eles que eu entrei, tentei levar minha irmã embora, e quando ela não aceitou, eu perdi a cabeça. Ele tinha sido espancado, e ela foi espancada e esfaqueada. Eu tinha a faca. Eu tinha os dedos machucados. Esse filho da puta era inteligente, ele não tinha marcas nos dedos, ele deve ter batido nela com as palmas das mãos. Eu tinha um registro anterior por invasão de domicílio e assalto, de quando era mais jovem. Em quem você acha que eles acreditaram? Pobre Raide. Oh, Deus. Pobre Raide. — E o julgamento? — eu não posso evitar, tenho que perguntar. Qualquer pessoa normal faria essa pergunta. Elas iriam querer saber o que está acontecendo. Elas iriam querer saber por que ele não está na prisão. — Eu não compareci, — diz ele. — E agora eu estou procurando por ele. Eu recuo. — Você está procurando por ele? Ele só está confirmando o que eu já tinha adivinhado. — Ele tem que pagar, Gracie. Ele tirou a vida dela, ele a tirou de mim... — sua voz quebra e meu coração se rompe, se rasga completamente aberto. — Então vou fazer com que ele pague antes que eu vá preso. Eu fecho meus olhos e meu corpo treme. Vingança. Ele está indo atrás de vingança. Eu quero estar com raiva dele por isso, mas como eu posso estar? Ele está quebrado, ele está sofrendo, e ele vai ser preso por algo que não fez. Aquele homem, ele tirou tudo de Raide. Dor rasga o meu peito, e eu quero me aproximar e abraça-lo. Eu quero fazer as coisas melhores, mas no fundo do meu coração, eu sei que só vou deixar tudo pior. Eu sou aquela que vai detê-lo. — Eu sinto muito, Raide, — é tudo o que posso dizer. ~ 106 ~


— Então é isso – esse sou eu e o pior de mim. — Eu... — eu sussurro. — Você pode lidar com isso? As lágrimas enchem meus olhos novamente e escorrem pelo meu rosto. Eu quero dizer a ele que está tudo bem. Eu quero dizer a ele que eu entendo. Eu quero dizer que ele é uma boa pessoa e que ele vai ficar bem. Eu quero envolver meus braços em torno dele e retirar toda a dor, mas eu não posso. Se eu deixar Raide ir adiante com seu plano de vingança, então ele vai estar preso por um longo tempo. Agora ele acha que sua vingança vai resolver tudo, mas não vai. Realização me atinge como uma marreta. Eu tenho que entregar ele para a polícia. É a única maneira de salvá-lo. Se ele matar o assassino de sua irmã, vai passar o resto de sua vida atrás das grades. E isso não vai fazê-lo feliz, não vai consertar o que está quebrado, e Deus, caramba, isso não fará com que ele seja o homem que eu sei que ele é. Raide me disse que queria ser livre. Há apenas uma maneira disso acontecer. Eu tenho que capturar ele, e a partir daí eu vou poder ajudá-lo. Então eu digo a única coisa que eu posso. Eu sei que é para o seu bem, mas nesse momento, rasga o meu coração dizer as palavras. — Não. Ele recua e depois balança a cabeça. — Certo, — então ele se veste, junta suas coisas e caminha em direção à porta. — Você sabe onde é a saída. Quando ele se foi, eu caio de joelhos e grito. Onde diabos eu fui me meter?

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Capítulo Catorze Eu estou entorpecida enquanto ando em direção ao escritório. Meu coração foi desligado. Minha cabeça está desligada. Eu não posso pensar. Eu só tenho que fazer isso. Por Raide, por mim, por tudo que eu trabalhei. Eu passo através das portas duplas gigantes e ando em linha reta até o escritório de Don. Ele está de volta e trabalhando em algo, a cabeça enterrada em seu laptop. Quando ele ouve a porta, levanta a cabeça e me estuda. — Grace, está tudo bem? Eu lanço um pedaço de papel em sua mesa. — O endereço dele. Eu não posso trazer ele até aqui; ele é um homem grande. Você vai encontrar ele lá. Ele me estuda, realmente me estuda. — Você parece como se tivesse tido seu coração arrancado. Tem certeza que está tudo bem? — Sim. Ele estreita os olhos. — É difícil conseguir um endereço. Como você conseguiu isso? Eu dormi com ele, foi a melhor noite da minha vida. — Eu... isso realmente importa? Ele me estuda ainda mais. Não há muitas regras que devemos seguir, desde que nós façamos as coisas, e Don geralmente não pergunta. — Não, — ele finalmente diz. — Certo. Me viro e caminho para fora. Eu passo por Vance, que chama meu nome. Eu passo por Julio, que me olha. Eu não os vejo. Eu ando para fora do prédio e entro em meu carro. Eu dirijo entorpecida até a casa dos meus pais, e quando chego, ando diretamente até os degraus da frente da casa em que cresci. Eu preciso do meu pai. Eu só preciso que ele me diga que eu fiz a coisa certa. Que isso vai ficar mais

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fácil. Que é parte do trabalho. Que a dor que eu estou sentindo não é real. Que Raide vai ficar bem e eu fiz o melhor que pude por ele. — Grace, o que você está fazendo aqui? — minha mãe pergunta quando eu entro. Ela está à mesa com Gretchen e duas amigas da comissão do concurso de beleza. Eu normalmente iria bufar e fazer uma observação espertinha sobre eles, mas eu não tenho paciência ou vontade para isso hoje. — Onde está o papai? — Ele saiu, mas não vai demorar muito. — Onde você estava? — Gretchen faz uma careta, correndo os olhos sobre mim. Eu sei que pareço uma merda. Minha maquiagem provavelmente está borrada, meu cabelo está uma bagunça, e eu estou de pés descalços, porque simplesmente não me importei em colocar meus saltos. Eu atiro a Gretchen um olhar. — Trabalhando. — Única pessoa que eu conheço que trabalha em um vestido curto, — Gretchen sorri e as senhoras na mesa dão risadinhas. Mulheres que dão risadinhas, eu decido, me irritam. — Talvez eu estivesse aproveitando um pouco enquanto estava com ele, — eu digo inexpressiva. — Grace! — minha mãe lamenta. — Não seja tão rude. Estas senhoras não precisam ouvir essa imundície. Tenho vergonha de chamar você de filha às vezes. — Sim, como se eu não soubesse, — eu lato. — Estas senhoras são importantes, você cuide essa sua boca, — ela me avisa. — Esta é a sua outra filha? — uma das senhoras pergunta com nojo. — Sim, — murmura minha mãe. — Infelizmente. É como um golpe no peito. — Eu nem sei como nós viemos do mesmo lugar, — murmura Gretchen. — Você é tão... Sem graça. ~ 109 ~


É isso aí. Para mim, acabou. Eu me lanço em Gretchen. Eu sou rápida. Eu sou forte, e eu tive treinamento. Devido a isso, eu pego seu cabelo e puxo sua cabeça para trás com tanta força que ela grita, e então eu estou no seu rosto. — Eu posso não ser uma rainha da beleza, eu posso não sentir a necessidade de ter um pau gigante na bunda como você, e eu posso não ser tão fodidamente perfeita como você, Gretchen, mas eu sou uma maldita pessoa, e estou cansada dos seus insultos! — Solte ela! — minha mãe grita. O rosto de Gretchen está vermelho brilhante e ela está se contorcendo na cadeira, gritando em voz alta. Puxo sua cabeça com força novamente, mas um braço forte se envolve em torno da minha cintura, me puxando para trás. — Já chega, querida, — meu pai diz no meu ouvido. — Eu estou cansada delas! — eu grito. — Eu ainda sou sua filha, — eu cuspo para a minha mãe. — Eu ainda sou sua irmã, — eu cuspo para Gretchen. — Como vocês ousam me tratar mal porque eu não sou quem vocês querem que eu seja! — Faça ela parar, papai! — Gretchen grita para o meu pai. — Ela está arrancando o meu cabelo. Oh, meu Deus, o meu cabelo. Quando meu pai fala, sua voz é como um chicote. É um tom que eu nunca o ouvi usar com elas. — Eu amo todas vocês, vocês são a minha família, mas se eu escutar vocês insultando Gracie novamente, que Deus meu ajude, eu vou largar vocês com as suas lindas bundas magras e deixar vocês com porra nenhuma! — ele está rugindo agora. — Porque se não fosse por mim, vocês não teriam esse estilo de vida de rainha da beleza, — então ele se vira e olha para a minha mãe. — Eu nunca tive vergonha de chamar você de minha esposa até hoje. Sua boca cai aberta e seu lábio inferior treme quando papai nos vira e praticamente me leva arrastada para a porta da frente. Ele me leva para o seu carro e me guia para o banco da frente, e eu não ouso protestar. Ele se senta no lado do motorista, e decola fazendo os pneus chiarem. Seus dedos estão apertados ao redor do volante e sua mandíbula parece que vai quebrar. Meu pai é um homem grande e assustador, quando ele quer ser. — Pai? — eu sussurro.

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Ele não diz nada, seus olhos são intensos, e ele está com raiva. Eu sei que ele está com raiva. — Papai? — eu tento novamente. — Não sei, eu não... — Pai... — Eu não sabia que ela falava com você assim. Eu sabia como elas eram, mas eu nunca... Eu nunca soube que era assim. — Não é culpa sua, — eu sussurro. — Como que não, porra! — ele late. Eu recuo. Papai não fala palavrão. Ele não grita. Ele é sempre tão calmo. — Pai, — eu tento novamente. Ele para o carro em um estacionamento deserto e se vira para mim; ele se aproxima mais, segurando meu rosto em suas mãos. — Eu sinto muito, Grace. Eu não sabia que ela era tão... Fria. Eu sei que ele não sabia, porque ele está geralmente escondido em seu galpão quando estou na casa com elas, e geralmente elas mantêm os seus comentários mais suaves ao redor dele. Hoje, no entanto, minha mãe achava que ele não estava em casa. Então ela soltou a língua. — Foi só porque as amigas dela estavam lá – está tudo bem. — Tudo bem? — diz ele, deixando seus olhos estudarem meu rosto. — Gracie, nunca está bem falar com sua própria filha do jeito que ela acabou de fazer. — Pai, por favor, — eu digo, e minha voz fica embargada. Ele estreita os olhos. — Porra. — Pare de falar palavrão, isso não tem nada a ver com você. — Porra, — ele repete, como se não tivesse me ouvido. — Elas ferraram com a sua cabeça, não foi? Deus, ele parece tão triste. Tão culpado. — Não, eu só tive um dia ruim.

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Ele aperta mais os olhos. — Ruim pra caramba, pelo olhar no seu rosto. Concordo com a cabeça e meu lábio inferior treme. — Jesus, princesa. Ele me puxa para seus braços e eu explodo em uma cascata de lágrimas incontroláveis. Não importa quantos anos você tem, sempre existe aquela hora em que você precisa do seu pai. Eu me agarro a ele, meus dedos se enroscam na sua camisa, e eu choro até que meu corpo não está fazendo nada mais do que repuxar silenciosamente. Ele me puxa para trás e olha para o meu rosto, seus olhos agora suaves, toda a raiva passou. — O que aconteceu? Eu engulo. Eu não posso contar. Ele nunca iria entender. — Gracie, você sabe que pode me dizer qualquer coisa. Eu olho para baixo. — Tem sido uma semana ruim. — Você está mentindo para mim, querida. Pais. Eles sabem tudo. — Por favor, — eu digo. — Eu não quero falar sobre isso agora. Eu só precisava de alguém... Ele balança a cabeça. — Eu entendo. Eu forço um sorriso quebrado. Seu telefone toca. Ele olha fixamente para ele, e eu posso ver o nome da minha mãe piscando na tela. Ele parece magoado, porque sei que ele gosta dela, e o que ele acabou de ver rasgou o seu coração. — Atenda, — eu digo em voz baixa. — Você sabe que ela não quis dizer isso, pai. Ela... Ela está tentando ser algo que eu não acho que ela é, também. Ele só encara o telefone, eu nem tenho certeza de que ele me ouviu. Ele desliga a chamada sem atender. Ele está machucado. — Eu não me importo se não é quem ela é, ela ainda é sua mãe, Grace. — Sim. — Ela sempre favoreceu as outras duas meninas. Sempre as tratou de forma diferente. ~ 112 ~


— Pai, — eu digo suavemente. — favoreceu. Não é realmente tão diferente.

E

você

sempre

me

Agora ele olha para mim. — Talvez, mas eu nunca, nunca desrespeitei minhas outras filhas. Não, ele nunca faria isso. Meu telefone toca agora, e eu o puxo para fora da minha bolsa para ver o nome da minha mãe piscando na tela. Contemplo atender. Olho para o meu pai, e seu rosto está duro novamente. Eu também desligo e guardo o celular dentro da bolsa. — Vamos tomar uma cerveja. Suas sobrancelhas disparam para cima. — Uma cerveja? — Sim, uma cerveja. Ele sorri, e eu sinto um pouco do estresse deixar meu corpo. — Tudo bem, querida. Cerveja corrige tudo.

*****

Eu já tinha tomado três cervejas com meu pai quando meu telefone toca novamente. Eu olho para baixo e vejo na tela o nome de Don. Oh, Deus, tudo deve ter acabado. Eles devem ter pego Raide. Uma espécie de raiva se aloja no meu peito enquanto eu levanto o telefone e o pressiono no meu ouvido. — Ei, Don. — Grace, estou ligando apenas para deixar você saber que não conseguimos pegar Raide Knox. Eu recuo. — O que você quer dizer com isso? Do canto do meu olho, posso ver meu pai me observando. — Essa casa não era dele. Não era nem mesmo a casa de alguém que ele conhecia. Ele rondou o lugar, viu que os proprietários não estavam e invadiu. Ele esteve se escondendo aqui. Se escondendo? Oh meu Deus.

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— Quando chegamos, estava tudo perfeitamente limpo. Não havia um sinal dele. Ele deve ter suspeitado de você. Ele não suspeitou. Eu sei que não. Eu joguei tudo fora por porra nenhuma. Rasguei meu próprio coração, e o dele, por porra nenhuma. — Tem certeza de que a casa não é de nenhum amigo dele? — eu sussurro. — Positivo. Os proprietários não tinham ideia de quem ele era quando entramos em contato com eles. — Droga. — Não é culpa sua, Grace, — ele disse suavemente. — Acontece. Muito. — E agora? — Você ainda tem um mês. Aproveite. Ele não deve ter ido longe. Raide está aqui por uma razão, e ele não vai embora até que ache o que está procurando. O namorado da sua irmã. Isso é o que ele está procurando. E eu, estupidamente, pensei que poderia protegê-lo de si mesmo. — E você me quer de volta no caso? — Claro. Não foi você que estragou as coisas. Como eu disse, isso acontece. Você está fazendo um excelente trabalho, me dando relatórios detalhados. Eu não estou fazendo um grande trabalho. — Você ainda quer o trabalho? — ele pergunta. Eu fecho meus olhos. Eu ainda quero o trabalho? Eu quero a chance de ver Raide de novo? Meu coração está doendo, eu nem sei porquê. É algo que eu nunca tinha experimentado antes. Raide me afetou. Ele deixou tudo confuso. Mas ele também ainda está lá fora, e talvez... talvez eu possa ajudá-lo. Ele é inocente, eu acredito nisso. Talvez, desta vez, eu posso ajudar ele e corrigir isso antes que alguma coisa ruim aconteça. — Sim, — eu digo em voz baixa. — Bom. Você fez tudo certo, Grace. Não desanime. ~ 114 ~


— Obrigada. — Escute, tire alguns dias de folga, comece de novo quando você voltar. Você merece isso. Falo com você mais tarde. É uma ordem; eu sei que é, por isso ele não me dá a chance de responder antes de encerrar a chamada. Eu não estou chateada com isso, eu poderia aproveitar uns dias de folga. Eu suspiro e deixo minha cabeça cair para frente. Papai se aproxima, apertando meu ombro. — Tudo certo? — Sim, apenas um caso que andou meio mal. Eu estou bem. — Gracie... — Está tudo bem, pai, sério. Eu sou uma mentirosa. Nada está bem.

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Capítulo Quinze Meu pai e eu entramos pela porta da frente e vejo minha mãe, Gretchen e Stacy sentadas à mesa da sala de jantar, parecendo tão derrotadas como o inferno. Elas olham para cima quando entramos, e minha mãe pula, correndo em direção ao meu pai. Eu sei que ela o ama, não importa o quão egoísta ela possa ser, eu sempre soube disse a minha vida inteira. Me fale sobre disfuncional. Ele levanta uma mão quando ela chega perto e murmura, — Não tenho nada a dizer a você, mas você tem muito a dizer para Grace. Você não acha? Ela balança a cabeça, a deixa cair para frente, e se vira para mim. — Baby, — ela começa e eu recuo. Ela nunca me chamou assim. — Eu... eu sinto muito. Eu não sei o que eu me tornei. Eu nunca deveria ter falado com você assim. Estou orgulhosa de você, Grace. Estou. De verdade. Eu fui pega pelo momento, passei dos limites, eu não queria dizer isso. Eu suspiro. — Está tudo bem, mãe. — Não está bem, — ela geme, e as lágrimas se derramam dos seus olhos. — Eu fui terrível com você. Eu concordo. — Sim, você foi. Agora já acabou. Ela se atira contra mim, jogando os braços ao meu redor. Eu sei que isso é a culpa falando, e ela vai sair desse papel bonzinho em questão de dias, mas ainda assim é algo bom. Eu fecho os olhos e a abraço de volta. Faz um longo tempo desde que ela me abraçou com carinho. Quando ela se afasta, coloca um beijo na minha bochecha e se vira para o pai. Seus olhos estão sobre Gretchen e ela está praticamente encolhendo sob seu olhar. — Bem? — ele late. — Desculpe, pai. — Não foi a mim que você machucou.

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Ela vira os olhos para mim. — Sinto muito, Grace. Ela não quer dizer isso, eu sei que não, mas aceito de qualquer maneira. — Sem problemas. Desculpe por, ah, puxar seu cabelo. Ela esfrega a cabeça, se lembrando. — Está bem. Haha. Okay, certo. Papai se vira para mim. — Você precisa que eu te leve para casa? Eu balanço a cabeça. Ele estende a mão, e passa ela pelo rosto. — Estou orgulhoso de você, princesa. Eu sorrio. — Obrigada, pai. Então eu me viro, sem outro olhar, e saio pela porta. Isso é o melhor que eu vou conseguir delas, mas é o suficiente.

*****

A noite é longa e torturante, mas quando eu acordo na manhã seguinte, estou pronta para enfrentar o mundo novamente. Eu não sei como vou fazer isso, mas sei que tenho que fazer. Eu me visto, sabendo que tenho alguns dias de folga, e decido sair para buscar um café. Talvez até mesmo tomar café da manhã. Quando estou pronta, me dirijo à porta da frente, mas paro de repente quando uma voz grave vem do canto da varanda do prédio. — Você mentiu para mim. Eu fecho meus olhos. Raide. — Como? — eu sussurro. Eu me viro e o vejo de pé, os braços cruzados, os olhos intensos. — Você disse que se importava, quando eu sei que não é verdade, porra. Eu fico olhando para ele. Realmente olho. Ele é um homem quebrado. Eu posso vê-lo nas profundezas de seus olhos âmbar. O que aconteceu com sua irmã, isso o destruiu. Ele está sofrendo, e ele está lutando para lidar com essa situação. Ele quer vingança, porque isso é a única coisa que lhe resta agora. ~ 117 ~


— Você está certo, — eu digo. — Eu menti. — Por quê? — Porque você me assusta. Ele avança para frente. Sua mão se levanta e corre pelo meu rosto. — Não tenha medo de mim, baby. Eu não vou te machucar. Baby. Eu fecho meus olhos, virando meu rosto em sua mão. Isso é perigoso, malditamente perigoso. No entanto, eu não quero que ele pare. Eu não posso fazer ele parar. Eu quero passar cada segundo acordada com esse homem, e o que estou sentindo agora é tão profundo, que eu não tenho certeza se vai embora tão cedo. — Raide, — eu sussurro. — Venha comigo. — Raide. — Me dê à porra de uma chance, Grace. Uma. É tudo que eu estou pedindo. Eu fecho meus olhos e meus ombros caem. Eu tenho alguns dias de folga. Posso fazer isso sem danos, certo? Talvez se eu sair com Raide, ele pode me dizer mais sobre o que aconteceu, e eu posso ser capaz de lhe ajudar. Então, quando eu entregar ele para a polícia, ele poder ter a chance de ser inocentado. Vale a pena o risco. Provavelmente é só uma desculpa, mas eu preciso dele outra vez. — Ok. — Olhe para mim, — diz ele, levantando meu queixo. — Pare de ter medo do que você não conhece. Mas eu o conheço. Ele só não sabe disso. — Eu tenho alguns dias de folga, — eu digo, ignorando suas palavras. — Bom, então vá lá dentro e faça uma mala. — Para onde estamos indo? — eu pergunto. — É surpresa.

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Com um aceno de cabeça, eu me viro e vou para dentro do apartamento. Ele me segue e eu vejo seus olhos varrendo a área enquanto fazemos nosso caminho, passando pela pequena cozinha e pelo corredor que leva ao meu quarto. — Lugar legal, — diz ele, com a voz baixa e rouca. — Obrigada, não é muito, mas eu trabalhei duro por isso, e é meu, então eu gosto. — Entendi, — ele resmunga. — Seus pais não iam estar aqui? Eu recuo. Merda. Eu nem sequer pensei nisso. — Ah, eles mudaram de ideia no último minuto. Meu pai ficou doente. — Nossa, isso é uma merda. Oh, graças a Deus ele comprou a história. Quando eu chego ao meu quarto, abro a porta do armário e me estico. Puxo uma mala de cima e começo a encher de roupas. Estou no meio desse processo quando sinto seu dedo deslizar para baixo pela minha nuca. Estremeço e fecho os olhos. Têm sido dias terríveis, e eu tenho ansiado pelo seu toque mais do que estou disposta a admitir. Então eu só fico ali, aproveitando cada segundo surpreendente em que seu dedo desliza pela minha pele. — Você é linda, — ele diz, sua voz gutural escorrendo masculinidade. Linda. Faz muito tempo desde que alguém olhou para mim assim. — Raide, — eu respiro. Ele me silencia pressionando os lábios no lado do meu pescoço. Eu fecho os olhos quando a vibração do seu corpo afunda em volta do meu. Seu braço envolve a minha cintura e nós ficamos assim por um bom tempo, seus braços ao meu redor, seus lábios no meu pescoço. Eu suspiro e viro meu rosto, capturando seus lábios com os meus. Ele não perde tempo e me gira para me beijar suavemente, empurrando a língua contra a minha. Importante. Linda. Quando recuo, sinto isso pela primeira vez. Uma conexão que é mais profunda do que o meu trabalho, do que a sua vingança, do que o jogo que temos jogado. Raide e eu nos conectamos – por que razão eu ~ 119 ~


não sei, mas é real e intenso. Ele me fez sentir coisas em um curto espaço de tempo que eu tenho lutado para sentir toda a minha vida. Ele faz tudo parecer mais fácil... Mesmo em nossa complicada situação, ele faz com que eu esteja ao seu lado sem esforço. — Leve sapatos de caminhada, — diz ele antes de bater os lábios sobre os meus novamente. Eu guardo dois pares. Então nós entramos em meu carro e pegamos a estrada.

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Capítulo Dezesseis A estrada é longa, e se estende por um lindo terreno. Eu me inclino para trás no meu assento, o pé perto da janela, meus cabelos longos livres, se fundindo na brisa. O vidro está abaixado, estou usando óculos de sol, e estamos viajando como se não tivéssemos outras preocupações no mundo. Como se nossas vidas não fossem uma bagunça. Raide olha para mim de vez em quando, e um canto dos seus lábios puxa para cima em reconhecimento à minha presença. É uma sensação boa. — Me diga algo sobre você, Raide, — eu pergunto, me mexendo em meu lugar. — O que você quer saber? É um risco, mas eu digo baixinho. — Me conte sobre a sua irmã. Eu espero que vacile ou endureça, mas ele não faz nada disso. Ele sorri, e isso derrete o meu coração, porque é um sorriso cheio de amor. — Ela era uma loucura, — ele começa. — Sempre se metendo em encrencas. Quando fomos colocados em um lar adotivo, eu estava sempre cobrindo as suas costas, a perseguia em todos os lugares, porque ela vivia causando problemas. Ela tinha tanta personalidade, o suficiente para nós dois e mais. Ela estava sempre sorrindo, feliz pra caralho. Meu sorriso se torna maior. — Mesmo quando ela era uma pirralha, havia algo diferente. Ela era inteligente como o inferno e amava escrever. À noite, não importava em que casa nós tínhamos sido atirados, ela pegava uma caneta e um papel velho e escrevia histórias. Ela tinha tantas, e todas eram muito boas. Ela costumava me dizer que quando ficasse velha o suficiente para viver por conta própria, ela ia se tornar escritora e mudar de vida. Seu rosto cai. — Então ela o conheceu. ~ 121 ~


— O que aconteceu? — eu pergunto baixinho. — Eu sabia imediatamente que ele não era bom. Eles se conheceram em um clube, uma noite, e ele a cortejou, fez com que ela se apaixonasse por ele rapidinho. Ela bonita, doce pra caramba, e totalmente maluca. Ele gostou do que ela tinha, e então ele voltou por mais. Eles foram morar juntos dois meses depois, e eu sabia que a merda estava indo mal, porque ela ficou mais retraída. Ela parou de escrever. Parou de falar comigo. Parou de tentar salvar a si mesma. — Eu sinto muito, Raide. — Eu deveria ter feito alguma coisa, — diz ele, e eu posso ver seus dedos apertando o volante. — Eu deveria ter tirado ela de lá, ter levado ela para o lugar mais longe possível. — Querido, — eu digo baixinho, — você não era o pai dela. — Eu era tudo que ela tinha, Grace. A única coisa na porra da sua vida que a mantinha estável. Eu podia não ser o pai dela, mas eu era o seu protetor, então é tudo a mesma coisa. Eu sabia que algo estava errado, mas não interferi. Então ela me ligou naquela noite, histérica. Ela me disse que ele tinha perdido a cabeça, que ia bater nela. Eu entrei no meu carro e corri até lá, mas quando cheguei, ela já tinha ido. Ele estava ali de pé, olhando para ela como se não tivesse feito nada de errado. Eu estremeço. — Ele olhou para mim e sorriu. Ele sabia, porra, ele sabia o que ela significava para mim. Eu vi vermelho, perdi a cabeça. Ele estava no chão e embaixo de mim antes mesmo que eu percebesse o que tinha feito. Ele foi espancado, e eu tinha a maldita faca na mão. Acho que os vizinhos devem ter ouvido o barulho e ligado para a polícia. Os policiais apareceram, ele começou a gritar como uma garotinha, soluçando e chorando, parecendo realmente apavorado. — Deus, Raide, eu sinto muito. Ele dá de ombros. — A justiça vai vir para ele. — Do jeito certo, no entanto... Sua mandíbula aperta. — Ele matou minha irmã, Grace. — E se você matar ele, vai passar o resto da vida na prisão. Será que vale isso? É isso que ela ia querer para você? ~ 122 ~


— Será que ela está por perto para me dizer que porra ela quer? — ele late. Eu paro de falar. Agora, obviamente, não é hora de dar aula sobre não matar o homem que levou seu único familiar para longe. Eu não posso nem começar a entender o que ele está passando. Ele viveu um pesadelo que ninguém entende. Minha família podia me levar à loucura, mas eles nunca foram tirados de mim, isso iria me destruir. Sua irmã era a única pessoa que ele tinha. Eu não posso fingir que entendo a sua dor. — Sinto muito, — eu sussurro. Ele aperta a mandíbula, então seus ombros lentamente relaxam. — Não é culpa sua, Gracie. Eu sinto muito. Eu forço um sorriso e nós seguimos em um silêncio confortável por um tempo. Eu vejo as mudanças no campo e como as árvores começam a ficar mais unidas, mais densas, mais bonitas. — Me conte sobre a sua família, — Raide finalmente pede. Eu suspiro e olho para a estrada passando por nós. — Meu pai é ótimo. Ele é a pessoa mais importante do mundo para mim. Ele sempre me entendeu. Ele sempre me apoiou. Eu amo a minha mãe e minhas duas irmãs, mas elas mais o tipo rainha da beleza. — Jesus, — murmura Raide. — Você não precisa me dizer. Desde o dia que minha irmã Gretchen nasceu, ela já estava matriculada em cada concurso de beleza. Ela é bonita, a boneca Barbie perfeita de vitrine. Então, minha outra irmã, Stacy, decidiu se envolver, e de repente o tempo da minha mãe tinha ido embora. Eu nunca me encaixei. Eu odiava qualquer coisa bonita. Eu estava sempre pescando com meu pai, pendurada com seus amigos e brincando com os meninos em vez das meninas. Raide ri. — Eu posso ver isso. Eu vi você derrubar um homem totalmente crescido. Eu sorrio de verdade dessa vez. — Eu sei como me proteger. — O que você faz? Eu vacilo. Merda. Eu nem sequer tinha pensado em uma resposta para uma pergunta tão óbvia. Minha mente corre rapidamente para

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uma mentira, e eu acabo optando por um trabalho típico para a maioria das garotas da minha idade. — Eu sou garçonete. — Ugh. Ele levanta as sobrancelhas. — Garçonete? — Sim. — Garçonete? Eu rio. — Sim, Raide, garçonete. É assim tão surpreendente? — Absolutamente. É a minha vez de levantar as sobrancelhas. — Por quê? Ele dá de ombros. — Você não é do tipo garçonete, moça. — Há um tipo? Ele sorri e meu coração palpita. — Sim, baby, há um tipo. Você não se encaixa. — Muito cuidado em elaborar? — eu perguntando, removendo meu pé da janela aberta e me virando para ele. — Não, eu só não acho que combina com você. — Bem, é o que eu sou, — esse cara sabe ler as pessoas. Isso é assustador. — Existe alguma razão para nós estarmos indo viajar por alguns dias? — eu pergunto depois de outro longo momento de silêncio. — Preciso de um tempo longe. — Só isso? — Só isso. Eu enrugo a testa. — Você não parece o tipo de homem que precisa ir embora sem nenhuma razão. Se eu não soubesse melhor, diria que sua mandíbula se apertou. — Eu disse que é isso, — ele diz baixo. — É isso. Hmmmm. Interessante. Eu decido mudar de assunto porque ele não parece feliz. — Ok, então me diga para onde estamos indo. — Para as montanhas. Minhas sobrancelhas atiram para cima. — Para as montanhas? ~ 124 ~


— Sim, para as montanhas do Colorado. Deixo escapar uma lufada de ar. — Eu vivi aqui toda a minha vida, e ainda assim nunca fui para as montanhas. Eu já as vi, parecem surpreendentes, mas eu nunca subi até lá. — Você não sabe o que está perdendo. As mais belas montanhas já vistas. — E nós estamos indo para essas montanhas por que... ? Ele balança a cabeça. — Tenho uma cabana lá em cima. — Você tem? — eu chio. — Sim. Comprei cerca de seis anos atrás. Gasto meu tempo livre arrumando ela. Agora eu vou lá quando eu posso, só para ficar passar uns dias longe. Uma cabana. Aposto que é onde ele planejava se esconder quando o cerco começasse a apertar sobre ele. Uma cabana. Uma cabana isolada e escondida. Eu tremo. — Que bom que eu confio em você, Raide. Eu posso confiar em você, certo? Porque não se esqueça de que eu tenho uma arma. Ele ri, e é um som rico e bonito que faz minha pele formigar. — Eu ainda não tenho certeza se uma coisa pequena como você pode usar uma arma de forma segura. — Ei, eu não sou pequena, — eu protesto. — E eu sei usar minha arma muito bem. — Certeza? Eu ronco. — Claro que eu tenho. Eu provavelmente a uso melhor do que você! Ele ergue uma sobrancelha. — Isso é um desafio? — Sim. Ele sorri e murmura baixo, — Eu aceito. Se eu ganhar, vou ter você por uma noite inteira. Eu mordo meu lábio inferior. — No banho, — ele diz. ~ 125 ~


Oh, cara. — Na mesa. Eu tremo. — Debruçada sobre a minha cama. — E o que é exatamente vai ser este desafio? — eu digo, mas minha voz sai sussurrada. — Tiro ao alvo. Tenho alguns alvos preparados nas minhas terras. Eu sorrio. — Desafio aceito – tiro ao alvo. — Você não disse o que quer se ganhar. Eu engulo em seco e olho para ele. — Eu quero que você me leve para um encontro romântico. Ele parece enojado. — Sério? — Sim, sério. Ninguém jamais me levou para um encontro bonito, como nos filmes. Ele enrola o lábio superior. — Eu não vou dançar. Eu rio. — Tudo bem, bonito. — Nada de velas. — Velas são uma obrigação. Ele franze a testa e murmura, — Porra. Eu não posso esconder meu sorriso. — Eu acho que é melhor você ganhar, então, hein? Ele me pisca um olhar rápido, sexy. — Oh baby, eu vou ganhar. Desafio aceito.

*****

Nós chegamos a Colorado Springs logo após o almoço. Raide para em um posto de gasolina, nós enchemos o tanque, compramos sanduíches e milk shakes e voltamos para a estrada. Raide me diz que ~ 126 ~


sua cabana não está longe, mais uma hora até as montanhas. Eu caio no sono assim que termino o meu sanduíche e acordo apenas quando chegamos à cabana de Raide. É tudo lindo, com árvores frondosas, os sons dos riachos, e uma brisa que joga meu cabelo para trás. Eu fecho meus olhos e respiro profundamente. Então eu saio do carro, me estico e olho para a cabana na minha frente. Não é grande, mas parece acolhedora – o retiro de férias ideal. Eu poderia me imaginar vindo para cá para fugir das torturas diárias da vida. Raide passa ao redor do carro e pega a minha mão, me puxando para cima em direção à cabana. Ele pega um molho de chaves no bolso e empurra uma na fechadura. Com um guincho alto, a porta de abre. Ele entra na casa e logo já acende as luzes. Eu suspiro. Oh. Uau. Eu já vi lugares bonitos na vida, mas nada como isso. É uma cabana em sua forma mais verdadeira. Toras de madeira expostas tanto no interior como no exterior da construção, uma ampla sala de estar cercada por janelas, um pátio que atravessa o comprimento da frente. Não há paredes, a única separação é para uma ducha e o vaso sanitário no canto direito. Todo o resto é um campo aberto. A cozinha, a sala, o quarto, a lareira. Oh, Deus. — Isso é... — eu paro para recuperar o fôlego. — Incrível. — Levou muito tempo para conseguir deixar assim, — diz Raide, entrando e largando nossas malas ao lado da cama. — Você fez um trabalho incrível, Raide. É perfeito. De onde você tira o dinheiro para fazer tudo isso? Deve custar muito. Eu não percebo quão rude foi minha pergunta até que ela tenha saltado da minha boca. Ele não parece ofendido, apenas dá de ombros. — Eu trabalhei duro conseguir um emprego o mais rápido que pude. Guardei cada centavo, nunca gastei nada comigo. Este lugar, eu gostei dele assim que o vi, e então pus todas as minhas economias aqui. Faz sentido. — Isso é bom, — eu sorrio suavemente. Ele caminha, estende a mão e prende seu braço em volta de mim. Ele me puxa para perto, movendo o braço até a minha cintura. Depois, ele se inclina para baixo, roçando seus lábios na minha ~ 127 ~


testa. Lá, ele murmura, — Vá tomar um banho, eu vou fazer algo para a gente comer. — Tem comida aqui? — eu suspiro. — Sim, moça, eu tenho alguns vizinhos. Eu disse a eles que estava chegando, e eles abasteceram a geladeira. — Não parece que você tem vizinhos aqui em cima. Ele sorri. — Eles vivem cerca de 20 minutos a oeste. — Oh. — Banho, sim? — Sim. Me viro e encontro minha mala. Eu vasculho até encontrar um par de shorts de algodão e um top, então vou para o banheiro. É lindo. As paredes são da mesma madeira que o resto da cabana, o chuveiro é duplo, e um vaso sanitário fica bem abaixo de uma bela janela grande. Você não teria sequer que se preocupar com alguém vê-lo do lado de fora. Eu me dispo e ligo o chuveiro, entro e suspiro. Enquanto a água escorre por mim, eu penso sobre Raide e a situação em que me meti. É arriscado, mas não posso negar que há sentimentos por ele em meu coração, e eu quero ajudar. Eu sei que não é meu trabalho, sei o risco que estou assumindo, mas Raide merece alguém que pelo menos tente ajudar ele. Eu ainda tenho algumas semanas até o fim do meu prazo. Se eu conseguir usar alguns dos meus contatos, poderia ser capaz de ajudá-lo de verdade. De qualquer maneira, eu tenho que levá-lo para a polícia, mas se eu encontrar algo que prove que ele é inocente, ele pode se livrar da cadeia e nós vamos estar mais perto de conseguir colocar o homem certo lá. Eu empurro esses pensamentos para longe da minha mente por agora e decido afastar a culpa também, apenas desfrutando destes próximos dias. Vai ter acabado antes que eu perceba, e vou ser a fazer uma escolha malditamente difícil. Pego uma toalha da prateleira e desligo o chuveiro. Eu me seco, me visto e escovo o cabelo. Quando estou apresentável, coloco a cabeça para fora. Raide está de pé na cozinha, mexendo o que estou supondo que sejam ovos. — Um homem que cozinha – devo dizer que estou chocada, — eu sorrio.

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Os lábios de Raide se curvam para cima em um sexy meio sorriso. — Eu quero que você saiba que eu me evoluí muito bem. Eu rio. — Então você não vai me jogar sobre o seu ombro e me levar para a sua caverna? Ele ri enquanto continua mexendo os ovos. — Não é uma má ideia, pode ajudar a corrigir essa sua boca atrevida. — Eu não sou atrevida, — eu suspiro, mas mantenho o sorriso no rosto. Ele olha para mim com os olhos estreitados. — Você está brincando, né? — É claro, — eu sorrio. — Eu vivo para ser atrevida. Seus lábios se alargam em um sorriso maior, e meu coração estremece. — Você sempre foi atrevida? Eu dou de ombros. — Nem sempre, houve uma época quando eu estava na barriga da minha mãe que eu não tive a chance de encontrar meu lado petulante. Ele balança a cabeça. — Isso responde à minha pergunta. — Nós todos temos que ser alguma coisa, Raide. Ele inclina a cabeça e me estuda. — Sim, moça, eu acho que você está certa sobre isso. Eu me jogo na cama, me esticando. De repente, o barulho dos ovos sendo mexidos para e ouço as tábuas do assoalho rangendo. Um momento depois, ele está sobre mim, seu corpo duro achatando o meu, os cotovelos dos lados da minha cabeça. Seus olhos cor de âmbar seguram os meus por um longo momento, e então ele mergulha a cabeça e beija meu pescoço. Oh, cara. — Eu pensei que nós íamos comer ovos, — eu suspiro. — Foda-se os ovos. Certo. Seus lábios se movem pela minha garganta, e meus dedos encontrar seus bíceps e lhes dão um leve apertão. Ele rosna, eu choramingo, e uma garganta limpa.

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Raide está fora de mim em um segundo, e eu estou saltando para cima, ofegante, enquanto coloco meus olhos sobre um homem parado junto à porta. Oh meu Deus. Ele poderia ter visto muito mais do que uns beijos. Nós nem sequer o ouvimos entrar. Me viro para Raide e vejo que ele está dando um sorriso, grande e largo. — Benny! — diz ele. — Desculpe interromper, irmão. Soube que estava aqui, pensei em vir dizer oi. Raide começa a ir a passos largos na sua direção, então ele para e ajusta a sua ereção – sim, ele faz isso – antes de fechar a distância. Eu só quero me enrolar e morrer. Minhas bochechas estão queimando. É claro que Raide conhece Benny, porque os dois se dão um abraço que vence todos os outros, e em seguida, ambos estão olhando para mim. — Benny, esta é Gracie. Benny acena com a cabeça e eu me apresso para fora da cama, correndo para lhe dar a mão. Ele a pega com um sorriso torno no rosto. — Prazer em conhecer você, querida. Benny é bonito. Agora que estou mais perto, posso ver isso. Ele tem longos cabelos loiros que caem em torno de seus ombros. Ele parece estar em seus trinta anos, seus olhos são uma avelã claro e sua pele é verde-oliva, mas não naturalmente, é mais do tipo ―eu peguei muito sol‖. Seu corpo é alto e magro, e ele tem uma espingarda pendurada no ombro. Suas grandes botas pretas estão desamarradas, os laços somem na parte de trás. Está óbvio que Benny não vai muito para a cidade. — Entre, eu estava fazendo alguns ovos. Está com fome? — diz Raide, me dando um olhar lascivo antes de voltar para a cozinha. — Claro que você estava fazendo alguma coisa, irmão, — Benny ri. Minhas bochechas se aquecem mais uma vez. Benny passa por mim com um sorriso e se atira no sofá. Ele dá um tapinha na almofada ao seu lado, me chamando. Hesitante, eu me sento ao lado dele. — Me diga, Gracie, o que ele teve que fazer para chegar até aqui? Raide bufa. ~ 130 ~


— Tenho certeza de que ele trouxe muitas garotas aqui, — eu digo. Benny ri. — Não, ele é um solitário. Eu pensei que ele estava balançando o outro lado, você sabe? Eu rio. — Vai se foder, Benny, — Raide grunhe. — Você não pode me culpar. Teve uma vez que você me convidou para passar uns dias aqui na cabana. — Para a porra de um fim de semana de amigos, — Raide murmura. — Claro, amigo, — Benny ri, me cutucando para me deixar saber que ele está apenas brincando. — Bem, devo dizer, foi provavelmente o seu charme e boa aparência que me trouxeram até aqui, — eu rio baixinho também. — O homem é um sortudo, ele é. Me diga, o que você faz, Grace? Eu dou de ombros. — Eu apenas sou uma garçonete. Benny levanta as sobrancelhas. — Garçonete? Sério? Aqui vamos nós outra vez. — Isso foi o que eu disse, — murmura Raide da cozinha. — Eu não sei porque isso é algo tão surpreendente. — Moça, — Raide diz. — Eu vi você derrubar homens adultos. Você não combina com um emprego de garçonete. — Então, eu tenho habilidades de autodefesa – não são assim a maioria das mulheres? — Habilidades? — Raide ri. — Ben, você tinha que ter visto ela derrubando o cara que tentou roubar a sua bolsa. Benny ri. — Acho que eu gostaria de ver isso. Eu reviro meus olhos. — O que você faz, Benny? Seus olhos amolecem e ele responde com uma voz suave. — Perdi minha esposa há dois anos, tem sido difícil desde então. Então eu trabalho aqui na terra, conserto carros, coisas assim. ~ 131 ~


Meu coração se parte. — Eu sinto muito. Ele sorri. — A vida é assim, querida. Eu perdi ela para o câncer. Eu olho para as minhas mãos, e meu coração se torce. Boas pessoas. Todos eles. Raide, Benny, boas pessoas. — Mais uma vez, eu sinto muito. — Os ovos estão prontos, — Raide diz suavemente da cozinha. Benny pula para cima e me abre um sorriso que me diz que está tudo bem, antes de caminhar e pegar um prato do balcão. Eu sigo atrás dele e olho para os ovos mexidos e as torradas com manteiga que Raide serviu junto. Todos nos sentamos à mesa e começamos a comer. É realmente bom, por mais surpreendente que seja. Não que eu duvidava que Raide era capaz de cozinhar. A maioria dos homens é, eles apenas optam por não fazer isso. — Isso é ótimo, — eu digo entre garfadas. — Sim, cara, — Benny acena com a cabeça. — Ótimo. Raide acena e coloca os ovos macios na boca. Nós terminamos e eu estou no meio do processo de lavar a louça quando mais três pessoas entram na casa. Há um homem mais velho, uma mulher mais velha e uma bela jovem loira. Todos eles abraçam Raide, o segurando e batendo nas suas costas. Eu sorrio do meu lugar na cozinha quando os vejo interagindo. — É bom ver você, filho, — o homem mais velho sorri. Ele se parece com Benny, então eu estou supondo que ele é seu pai. Seus olhos são quentes e azuis, o cabelo é grisalho e ele tem linhas de riso marcando seus olhos. Ele é bonito, mesmo em sua idade avançada. A mulher ao lado dele é, obviamente, a mãe de Benny. Ela é pequena, com um corte de cabelo curto, tingido de castanho claro com mechas loiras. Sua idade mostra aparece um pouco apenas ao redor dos olhos e da boca; no mais, ela parece radiante e bonita. — Faz tanto tempo, Raide, — diz a mulher, o abraçando. — Sim, Benny esteve reclamando de saudade o tempo todo, — a loira adorável disse. Raide sorri para ela, e é quente. Super quente. Acolhedor e familiar. Ele estende os braços e diz, — Venha aqui, garota.

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Meu coração aperta, é irracional e completamente estúpido, mas eu não posso evitar. A menina se joga em seus braços. Ela o abraça apertado, pressionando o nariz em seu pescoço, sussurrando algo em seu ouvido. Ela cora e dá um passo para trás com um sorriso enorme quando ele a deixa ir. Ela é uma mulher bonita, bonita mesmo. Longos cabelos loiros e lisos, olhos castanhos, como os de Benny, e um corpo de morrer. — Venha aqui, Grace, — diz Raide, esticando o braço para mim. Eu lentamente caminho ao redor do balcão e vou em direção às pessoas, que estão todas me observando agora. Eu forço um sorriso, esperando de todo coração que pareça sincero. Quando eu alcanço Raide, ele me puxa para o seu lado, e eu não perco que a boca da menina loira se aperta. Estou intrigada sobre a relação dos dois, porque, claramente, há algo lá, ou houve, alguma vez. — Esta é Grace, — Raide me apresenta. — Grace, estes são Edgar, Lynn e Mandy. Eu sorrio de novo e dou um pequeno aceno. — Oi, eu sou Grace. Ele já disse isso a eles. Calma, Grace. — Oi, querida, — Lynn sorri. — É maravilhoso conhecer você. Não sabíamos que Raide tinha companhia. Eu encolho os ombros levemente. — Foi no último minuto. — É bom ver ele com alguém, — Edgar ri e eu sorrio. — Deixe ele em paz, pai, — Benny ri. — Não é culpa dele ser tão atrofiado socialmente. Raide lança seu punho e se conecta com o ombro de Benny. Este faz uma espécie de grunhido, mas mostra um grande sorriso. — Como vocês se conheceram? — Mandy pergunta. — Grace estava me perseguindo. Eu protesto e me viro para olhar para Raide. — Eu não estava perseguindo você! Ele ri. — Moça, você estava. — Eu não estava, — eu me viro para as outras pessoas. — Eu não estava. Ele apenas estava em todos os lugares que eu. ~ 133 ~


Lynn ri. — Eu aposto que ele estava perseguindo você. Por que não? Você é linda, Grace. Eu paro e me viro para Raide. Ele pisca para mim e me puxa de volta para seu lado. — Vocês querem ficar para uma bebida? — ele pergunta. — Eu estou dentro, — diz Lynn. — Eu poderia ter uma, depois do dia de hoje, — acrescenta Edgar. Todos nós vamos para a varanda da frente, e Raide traz uma cerveja para todos. Eu me enrolo em uma velha cadeira de balanço ao lado de Raide e escuto todos se aproximando. Edgar fala sobre sua propriedade, e Lynn me diz sobre a cafeteria que ela possui lá embaixo, na cidade. Mandy está cursando Medicina. O riso deles me enche, e meu coração dói. Eu percebo que, pela primeira vez em muito tempo, eu me sinto como se fosse parte de algo. Não me interpretem mal – eu tenho Kady, papai e Vance, e eles são incríveis, mas eles são pessoas individuais. Eu nunca sento com a minha família e apenas rio, brinco e falo sobre a vida. Essas pessoas são boas, elas são gentis e engraçadas, e eu faria qualquer coisa para ser parte de algo assim. Meu peito contrai, e eu tenho que me concentrar em tomar algumas respirações profundas para me acalmar. — Você está bem, querida? — Lynn pergunta. A mão de Raide na minha perna me aperta, me fazendo levantar a cabeça rapidamente. — Desculpe, eu estou bem. — Você parece triste. Eu forço um sorriso. — Eu só estou pensando sobre como isso é bom. A minha família... nós não fazemos coisas assim. — Eu sinto muito em ouvir isso, — Lynn simpatiza. — Isso deve ser difícil. Eu aceno, mas não digo mais nada. — Você está bem, querida? — murmura Raide em meu ouvido. — Sim, — eu digo em voz baixa. — Eu estou bem. Continuamos com a conversa, e a mão de Raide nunca me deixa. Ela está na minha perna, ou em volta dos meus ombros ou ~ 134 ~


segurando minha mão. É boa a sensação de ser importante, de ser especial, de ser querida. — Deus, você se lembra daquela vez que você e Raide foram pegos no Lookout Point? — Benny ri, e eu inclino a cabeça. Mandy está corando e Raide está com um olhar irritado. — Nossa, sim, — murmura Edgar. — Eu tive que explicar para a polícia porque minha filha de dezesseis anos estava beijando um jovem de dezoito, dentro de um carro, à meia-noite. — Você dois namoraram? — eu pergunto baixinho. — Por alguns anos, — diz Raide em seu próprio murmurar. — Nós fomos noivos, — diz Mandy, e parece que alguém me deu um tapa no rosto. — Nós íamos nos casar, mas então... — Kelly, — Benny diz suavemente. — Kelly? — eu pergunto. — Minha irmã, — diz Raide, e eu percebo que ele nunca me disse o nome dela, e eu devo ter deixado passar no arquivo. — Oh. — Namorados de infância, estes dois eram. Raide foi para a mesma escola e era o grande atleta, — Edgar brinca. — Ele estava com uma família adotiva do outro lado da estrada, e eles eram uma boa família, estes dois se deram bem. Deus. Noivos. Eles foram noivos. Você não fica noive assim, simplesmente, sem nenhuma boa razão. Ele devia adorar ela, amar. — Ele era um atleta, — Mandy ri. — Se lembra quando você me tirou daquele lugar gelado em cima do seu ombro, porque um homem estava olhando para mim? Meu peito fica mais apertado. — Sim, — murmura Raide, e eu acho que todo mundo pega a dica que ele não quer falar sobre isso, porque Lynn muda rapidamente de assunto. — Bem, nós devemos deixar vocês dois descansar um pouco. Está ficando tarde.

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Nós todos levantamos e nos despedimos, então eles se foram e Raide e eu estamos sozinhos mais uma vez. Voltamos para a cabana, e desta vez Raide tranca a porta. O sol acaba de se pôr, e os sons da noite preenchem o pequeno espaço. — Eles são pessoas adoráveis, — eu digo. Raide se vira para mim pouco antes de chegar ao banheiro. Ele tem a barra da sua camisa nas mãos, pronta para tirá-la pela cabeça. — Sim, eles são. Nossos olhos se encontram, e muito passa entre nós. Ele sabe que eu quero perguntar, mas o que ele não sabe é que eu não vou fazer isso. Não porque eu não saber – eu quero, mas não é da minha conta. Eu nunca vou ser nada para Raide. Eu não posso ser. Eu me preocupo com ele, eu quero ajudar ele, mas os fatos frios são, eu vou traí-lo de uma forma notável, e ele provavelmente vai ser preso por causa disso. Esse simples pensamento leva lágrimas aos meus olhos. Raide nota e solta sua camisa, caminhando até mim. Ele me envolve com seus grandes braços, esmagando seu corpo ao meu e me segurando perto. — Isso foi há muito tempo, Grace. Eu não a amo mais. Nós namoramos, eu gostei dela por um tempo, mas nós queríamos coisas diferentes. Ela queria um homem do tipo que usa terno, e ela brigava quando Kelly estava para baixo e sendo difícil. Eu não sabia como lidar com ela. Percebi que o amor que eu sentia por ela não era o que eu pensava. Eu nunca poderia ser o homem que ela queria. Ela me empurrava para entrar em empregos que iam me levar para o alto no mundo dos negócios. Isso não sou eu, então nós terminamos. Ela é uma boa garota, mas não é aquela com a qual eu fui destinado a passar a vida. Quando eu fui preso, ela não me ligou por várias semanas. Eu pensei que era mais importante do que isso – quero dizer, nós crescemos juntos e sempre estivemos em bons termos desde que nosso namoro acabou. Ela admitiu que eu não era o homem mais adequado para ela também, mas não teve coragem de terminar nosso noivado. Ela sempre vai ser como família agora, mas é isso. Ela me virou as costas. Eu pensei que ela estaria lá quando eu precisava dela, mesmo se não estivéssemos juntos, mas ela não estava. Para mim não tem volta quando a minha confiança é quebrada. Oh. Deus. Para mim não tem volta quando a minha confiança é quebrada. Eu choro com vontade, mas o deixo pensar que é por causa de Mandy. Porque se ele souber o motivo pelo qual estou realmente ~ 136 ~


chorando, hĂĄ uma boa chance de que vou estar no lugar de Mandy e ele nunca mais vai confiar em mim novamente. E se isso acontecer, eu vou perdĂŞ-lo para sempre.

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Capítulo Dezessete Lábios quentes deslizam para baixo e sobre os meus seios. Raide está sobre mim, seu corpo duro, forte e grande. Suas mãos são um pouco ásperas, mas ele sabe como usá-las sem infligir dor. Ele tem uma barba de dois dias, e ela arranha minha pele quando ele move. E agora ele está deslizando para baixo pelo meu corpo, lentamente, dolorosamente. Ele se lança sobre os meus seios de novo, e sua língua ataca os mamilos duros. Um primeiro, depois o outro. Eu arqueio, e suas mãos vão para os meus quadris para me empurrar de volta para baixo. Ele quer isso devagar, ele quer que tenha significado, ele quer me dar o que eu tenho tanto medo de tomar. Seu grande corpo está quente, e ele aquece a minha pele da maneira mais gloriosa. Sua boca é macia enquanto desliza sobre mim, indo mais e mais até que ele está entre as minhas pernas. Gentilmente, ele as separa, e eu deixo meus joelhos caírem para os lados. — Gostosa pra caralho, — ele murmura. Eu posso sentir sua respiração quente em cima de mim, fazendo meu clitóris pulsar. Eu quero que ele se apresse, eu quero que ele me dê o que eu preciso. Ele está tão perto, e eu estou me contorcendo. — Raide, — eu imploro. Ele se abaixa mais e seus lábios se fecham em torno do ponto dolorido que já está prestes a explodir. Eu gemo e empurro meus quadris para cima, apenas para que ele me empurre para baixo outra vez. Ele suga meu clitóris profundo em sua boca, e minhas mãos se fecham nos lençóis enquanto ele me devora. Polegada por polegada, ele se move para cima e para baixo no meu sexo, me provando, sacudindo sua língua, a empurrando profundamente dentro. Eu arqueio e grito seu nome quando o meu orgasmo se aproxima. — Baby, — ele rosna contra minha carne. — Goza. Eu faço, com um grito fraco e desesperado. Meu corpo salta e eu dou tapas na cama enquanto explodo em sua boca ávida. Ele se afasta ~ 138 ~


lentamente e eu ainda posso sentir o pulsar intenso entre as minhas pernas enquanto ele desliza seu corpo por cima e sobre o meu. Ele se estende, pega um preservativo, e momentos depois ele está coberto e pronto. Sua mão se enrola em volta do meu pescoço, enquanto a outra orienta seu pau para a minha abertura. Ele entra devagar, pouco a pouco, me alongando, me enchendo. Felicidade. Quando ele está profundamente dentro de mim, solta uma baforada de ar e, em seguida, deixa cair sua testa contra a minha. Ele começa a se mover, dirigindo sua carne dentro e fora da minha. Eu levanto a perna e a envolvo em torno de seu quadril, usando meu pé contra sua bunda para empurrá-lo com mais força. Ele resmunga e segura meus quadris. — Aguente. Ele me vira até que eu estou de quatro. Ele levanta meus quadris e, em seguida, está dentro de mim novamente, desta vez eu posso sentir seu pau bem no fundo, atingindo todos os lugares sensíveis e fazendo meu corpo explodir com a sensação. Eu grito, rangendo os dentes e agarrando os lençóis quando ele começa a me foder do jeito que eu preciso que ele faça. O som distinto de pele batendo em conjunto pode ser ouvido sobre a nossa respiração ofegante e gemidos. Eu inclino meus quadris e chego para baixo para encontrar meu clitóris. Eu crio rápidos e pequenos círculos, friccionando, até que estou explodindo ao seu redor. — Raide! — eu grito. — Oh, Deus. — Puta. Merda. Ele está gemendo duro, batendo duro, e depois de alguns golpes mais intensos, ele para e ruge a sua libertação. É vocal, é alto, e é quente. Seus quadris dão um semi-empurrão, e então ele cai em cima de mim. Eu solto meus joelhos e caio de barriga na cama. Raide desce sobre as minhas costas, seu corpo duro, esculpido, achatando o meu. Ele se levanta nos cotovelos e se inclina para pressionar um beijo na parte de trás do meu pescoço. — Você é muito gostosa, moça, — ele murmura lá. — Eu não posso dizer o mesmo sobre você. Ele ri e rola nós dois, então ele me ajusta até que eu estou escondida em seus braços, o rosto em seu peito.

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Ficamos um momento em silêncio, enquanto recuperamos o fôlego, então eu decido lhe perguntar algo que eu queria saber desde o início. — Raide? — Hmmmm? — Por que eu? Ele se vira e olha para mim. — O que quer dizer, por que você? — O que te atraiu em mim o suficiente para a gente estar aqui? Ele olha para o teto. — Foi na noite em que nos conhecemos, e você não se atirou em mim. Eu rio. — Choque e horror. Ele ri. — Sim, isso me surpreendeu. A maioria das meninas está flertando dentro de segundos. Você não fez isso. Você veio até mim e ficou na sua. Então, quando te vi de novo, sabia que você estava tentando chamar minha atenção. Eu não pude evitar, você me intrigou. — Você realmente acha que eu estava perseguindo você? Ele bufa. — Por um tempo, sim. Até que eu vi você no clube com o seu primo, e então eu percebi que você não estava. Meu primo. Deus. — Mas nós nunca realmente conversamos. Quero dizer, nós nos esbarramos, mas... — Falando nisso, por que nos encontramos tanto? Denver não é um lugar pequeno. Eu engulo, mas digo, — Não, mas nós dois vivemos ou temos amigos no mesmo lado da cidade. Parece que eles frequentam os mesmos lugares. Às vezes as pessoas se encontram porque têm interesses semelhantes. Eu gosto de lutar e eu gosto de armas. E você também. Isso acontece, sabe? Tenho certeza que há muito lugares onde você não me viu. — Sim, — diz ele. — Você está certa sobre isso. Graças a Deus que ele caiu nessa. Denver não é um lugar pequeno; portanto, é realmente muito improvável que nós iríamos acabar nos mesmos locais, ao mesmo tempo e com tanta frequência. Mesmo que a gente vivesse no mesmo lado da cidade, isso não seria lógico.

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— Então, por que o interesse em armas? — ele finalmente pergunta. Eu dou de ombros. — Eu aprendi autodefesa por causa do meu pai. Ele pensou que não seria ruim ensinar suas meninas como usar uma arma. Todas nós aprendemos, mas eu fui a única que amou isso. Eu amei a energia. Eu amei a força e segurança que ela me deu, então eu decidi continuar praticando. — Justo. Hora de mudar de assunto. — A família de Benny, eles parecem adoráveis. Ele sorri. — Sim, eles são como a família que eu não tive. — Eles são boas pessoas. — Sim, com certeza eles são. Eu bocejo e me viro sobre ele. — Vá dormir, moça, — ele murmura contra o meu cabelo. — Amanhã eu vou chutar a sua bunda na disputa de tiro. Eu rio. — Sonhe, amigo. Ele ri. — Boa noite, baby. — Boa noite, Raide.

*****

— Três alvos! — ele grita. — Melhor tiro ganha. Eu sorrio e lhe dou um polegar para cima. Ele me dá um sorriso ainda maior, e ambos alinhamos nossas armas. Raide atira primeiro é um tiro reto, acerta o alvo com facilidade. Ele atinge diretamente entre os olhos do homem falso. — Legal! — eu grito. — Faça melhor, baby. Eu acerto direto no coração, um tiro limpo perfeito. Raide assobia baixo e seus olhos brilham com luxúria. Ele atira em ambos os joelhos ~ 141 ~


do alvo, acertando exatamente onde eles estariam em uma pessoa real. Eu acerto os cotovelos. — O que está acontecendo aqui? Nós dois nos viramos para ver Benny caminhando até o campo aberto em que estamos. — Prática de tiro! — eu grito. — Você pode ser o juiz, Benny. Benny esfrega as mãos e com a voz projetada começa dizendo, — E Grace está na liderança, mas Raide está chegando rápido. Ah, não, parece que Grace disparou. Raide está tomando sua posição, ele está apontando sua arma... — Cara! — Raide grita. — Não é uma corrida de cavalos. Benny suspira e revira os olhos. — Você é tão chato. Tudo bem, me diga as regras. — Melhor tiro ganha. — Ganha o quê? — ele pergunta. Minhas bochechas ficam cor de rosa e Benny sorri. — Bem, eu sei qual é o prêmio de Raide. Raide ri. — O que ela ganha? Eu estou sorrindo de novo. — Ele tem que me levar para um encontro romântico. Benny começa a rir tão duro, que ele tem que agarrar sua barriga. Eu coloco a mão no quadril. — O que é tão engraçado? — Raide não saberia como ser romântico nem se recebesse um chute na cara. Isso me faz querer deixar que você ganhe só para ver como seria completamente hilário. Raide franze os lábios para Benny e eu rio. — Vamos acabar com isso, não é? — diz Raide. Eu acenar uma mão. — Depois de você, bonito. Raide aponta sua arma e dispara um tiro atrás do outro. Quando ele termina, o alvo tem um buraco na testa, no coração, nos cotovelos, ~ 142 ~


nos joelhos, na virilha e no estômago. Ele fez isso de forma rápida e sem esforço. — Merda, não acho que você pode bater isso, querida, — murmura Benny. — Ela não consegue me vencer, — Raide sorri. — Não, eu tenho certeza que ela não consegue. Eles riem e eu olho para os dois. Enquanto eles ainda estão rindo, eu me viro e aponto minha arma. Eu acerto cada um dos buracos que Raide fez – perfeitamente, então minhas balas não saem para o espaço. Quando termino, coloco a arma no chão e giro. Seus rostos estão em branco, mas seus arregalados. Benny tem sua boca ligeiramente aberta.

olhos

estão

— Podem rir, meninos, — eu digo, girando nos meus calcanhares e voltando para a cabana. — Ah, e Raide? Certifique-se de levar flores bonitas. Ponto para você, Grace.

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Capítulo Dezoito Eu tinha acabado de sair do chuveiro quando Raide entra pela porta da frente. Seus olhos estão brilhando e ele está todo suado e lindo, e caminha na minha direção como se o mundo estivesse prestes a acabar e ele precisa de um último beijo. Quando ele me alcança, enrola um braço na minha cintura e me puxa para perto dele. — Raide, — eu grito. — Eu acabei de tomar banho. Ele não responde. Ao contrário, ele puxa a toalha até que ela cai, então nos gira na direção da cama e, com um empurrão rápido, eu estou deitada de costas. Ele pega os meus joelhos e os levanta antes de separar bem minhas coxas. — Isso é quente pra caralho, — ele rosna, caindo de joelhos. — Nunca conheci uma mulher que me deixou tão duro, porra. Oh. Sim. Sua boca desce para o meu clitóris e ele chupa com força. Ele me devora como um animal enlouquecido, lambe e chupa até que eu estou me contorcendo na cama, batendo de lado a lado, implorando por mais. Ele desliza dois dedos dentro de mim e me fode com eles. Eu gozo enlouquecida, e não ouço nada além de um ruído branco, por longos momentos de felicidade. Ele afasta sua boca e fica de pé, olhando para mim. — Coloque um vestido bonito, moça. Nós estamos tendo um encontro. Eu sorrio para ele e o observo entrar no chuveiro, jogando sua camisa longe no meio do caminho. Eu me levanto rapidamente para encontrar um vestido. Não tenho muitos, essa coisa de fazer as malas correndo e sem aviso prévio não me permitiu isso. Acabo escolhendo um vestido amarelo de verão, apertado na cintura, com uma saia aberta que alcança meu joelho. Uso o espelho da sala para arrumar meu cabelo. Eu o deixo solto, sabendo que vai enrolar naturalmente. Prendo a minha franja para trás, e então calço um par de sandálias brancas. ~ 144 ~


Eu pareço mais feminina... do que nunca. Raide sai do chuveiro vestindo uma calça jeans preta ainda desabotoada no topo. Eu deixo meus olhos o seguirem enquanto ele se move ao redor da sala, procurando pelas suas camisetas. Seus músculos se esticam e puxam quando ele se inclina, e Deus, sua bunda fica bem demais naqueles jeans. Ele acaba optando por uma camisa preta de botões e mangas compridas. Raide a desliza sobre os braços, dobra as mangas até os cotovelos, e deixa dois botões no topo abertos. Ele parece... Incrível. — Bem, olhe para você, — eu suspiro enquanto ele está correndo os dedos pelos cabelos e empurrando seus pés em suas botas pretas. Ele se abaixa e as amarra, e em seguida caminha a passos largos em direção a mim. — Você está linda, — diz ele, envolvendo minha nuca com seus dedos e me puxando para perto para um beijo profundo. Quando nos separamos, ele pega minha mão e nos leva à porta da frente. — Onde estamos indo? — Você vai ver. Faz quatro horas desde que eu ganhei o nosso desafio, então eu imagino que ele não conseguiu arrumar tudo. Ainda assim, apenas estar com ele é muito calmante, e é tudo o que eu preciso. Eu acho que ele vai me levar até o carro, mas ele não faz. Ele me leva por um pequeno caminho no local onde antes demos os tiros. Quando chegamos no topo, eu paro para respirar. Não é nada especial. Nem sequer é algo incrível. Mas o que encontro ali faz o meu coração quebrar em pequenos pedaços de felicidade. Ele conseguiu duas cadeiras e uma mesa velha, e colocou uma toalha branca sobre ela. Há algumas velas, que parecem que podem ter vindo da casa de Lynn, e flores que foram colhidas dos arbustos ao redor. Não importa. Não importa, porque é a coisa mais incrível que alguém já fez por mim. — Raide, — eu respiro. — É tão romântico quanto eu, moça. — É perfeito. ~ 145 ~


Nós caminhamos até a mesa, e em cima dos pratos há uma espécie de caixa de alumínio10. Raide puxa minha cadeira e eu sento, então ele abre a caixa e eu rio em voz alta. Hambúrguer, batatas fritas e um milk shake. — Isso é muito legal, Raide. Ele sorri para mim e se senta na sua cadeira. — Não é romântico, mas eu posso te dar algo que é a minha cara. — Hambúrguer? — eu sorrio. — Sim, baby, hambúrguer. E batata frita. E milk shake. E flores recém-colhidas. Uma vela que eu roubei da cabana de Benny. Eu rio baixinho. — Eu amo isso. Ele inclina a cabeça para o lado e me estuda. — Eu imaginei que sim. Comemos em silêncio, mas os nossos olhos permanecem trancados no do outro o tempo todo. Quando terminamos, Raide se levanta e me oferece a mão. — Dança comigo? — Você disse que não dança. Seus lábios estremecem. — Você quer ou não quer o romance, moça? Eu sorrio maliciosamente e então balanço a cabeça, confusa. — Mas não tem música. — Não é preciso música para duas pessoas se moverem juntas e fazerem algo especial. Deus. Ele é perfeito. Eu tomo sua mão e me levanto. Ele me puxa para perto, descansando a mão no meu quadril enquanto a outra segura a minha, e então estamos nos movendo através do campo aberto, balançando ao som da música invisível. Ele está certo – não é preciso música, porque, neste momento, o que Raide e eu estamos criando supera tudo de mais bonito na minha vida. — Raide? — eu sussurro, pressionando meu rosto em seu peito. 10

Popular ―embalagem de marmita‖ kkkkkkkkkkk ~ 146 ~


— Sim, moça? — Eu queria que nós nunca tivéssemos que ir embora. Ele suspira. — Eu entendo você. Nós balançamos um pouco mais, então Raide me deixa ir e caminha para a mesa. Ele levanta a toalha e tira um tapete de piquenique debaixo da mesa. — É o melhor pôr do sol daqui de cima. Ele o estende no chão e nós dois sentamos. Eu dobro meus joelhos até o peito e olho para o sol que está lentamente se pondo. Os pássaros estão se acalmando, as árvores balançam suavemente, e não há nada em volta por quilômetros e quilômetros. Apenas Raide e eu. Ele me enfia do seu lado e eu entrelaço meus dedos aos dele, olhando para a linda cena à nossa frente. — Me conte sobre a sua família, Raide, — eu sussurro. — Não há muito a dizer. — Claro que há. Ele fica em silêncio por um momento, então me conta a história. — Meu pai era um idiota. Desde o primeiro dia, ele estava sempre bebendo ou chapado. Ele foi preso quando eu já tinha idade o bastante para entender. Ele nos deixou sozinhos, minha mãe, Kelly e eu. Ela nunca foi a melhor mãe, mas houve momento em que eu acho que ela queria ser. Mas ela não conseguiu aguentar, e quando eu fiz catorze anos, ela foi embora. Eu até hoje não sei para onde, mas isso destruiu Kelly. — Deveria, — eu digo suavemente. — Ninguém merece perder os dois pais. — O engraçado é que eu estava com mais raiva dele. Quero dizer, se ele fosse um homem decente e um bom marido e pai, ele talvez não teria sido preso e mamãe talvez não teria decidido empacotar tudo e correr. Foi obviamente muito difícil para ela. Eu não concordo inteiramente. Eu acho que como mãe, é seu trabalho lutar pelos seus filhos, não importa o que, mas eu não estou prestes a dizer isso a Raide. Ele não tem ninguém, e eu não vou fingir saber como isso deve ser horrível. — Houve boas famílias adotivas?

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— Sim, — ele diz, seu tom carinhoso. — Quando morávamos em frente à casa de Benny, a vida era boa. — Você acha que vai ver sua mãe outra vez? Ele dá de ombros. — Não, e eu realmente não quero. O que eu diria a ela? — Será que ela sabe sobre Kelly? — Eu honestamente não sei. — Você acha que ela ficaria mal se soubesse? Ele fica em silêncio por um minuto, e eu me pergunto se foi uma questão invasiva demais. Ele finalmente responde. — Sim, curiosamente eu acho que sim. Eu não acho que ela queria ser uma péssima mãe. Ela só se casou com o homem errado. — Pode ser. — Você não acha? Eu não respondo. — Você não vai me ofender, Grace. Eu suspiro. — Eu acho que... eu simplesmente não poderia abandonar meus filhos. Não importa o que, eu apenas não poderia fazer isso, mas eu nunca estive na situação dela também. Talvez as coisas sejam diferentes. — Não, — ele murmura. — Você está certa. Ela deveria ter lutado mais. Você deve sempre lutar por aquilo que ama. Hora de mudar de assunto. — É muito bonito aqui em cima. — Meu lugar feliz, — diz ele, com a voz baixa e gutural. — E você acabou de fazer ele muito mais feliz. A culpa pesa no meu peito. Está chegando perto – estamos nos aproximando do ponto em que vou ter que revelar a Raide que eu tenho que entregar ele. Esse simples pensamento envia ondas de choque de dor pelo meu peito. Estou me apaixonando por ele. Essa é a verdade nua e crua. Como diabos eu vou sobreviver quando perder esse homem? E não é uma questão de ―se‖, é uma questão de ―quando‖.

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Porque eu vou perdê-lo. Esta não é uma luta que eu possa ganhar.

~ 149 ~


Capítulo Dezenove Eu sou acordada pelos lábios macios de Raide escovando a minha testa. Pisco os olhos para ver ele me olhando. Adormeci no balanço da varanda. É a nossa última noite aqui, em nós passamos todo o dia caminhando, fazendo amor e comendo coisas gostosas. Voltamos para a cabana e eu desmaiei de cansaço. Agora o sol está começando a se pôr e a realidade está mostrando sua cabeça feia. — Ei, — eu coaxo. — Ei. Ouça, eu tenho que sair com Benny por algumas horas. Você vai ficar bem? Oh. — Ah, — eu digo em voz baixa. — Hm, onde você está indo? — Vamos apenas tomar uma cerveja – faz um bom tempo desde que eu tive a oportunidade de conversar com ele. Eu não estou prestes a dizer que ele não pode passar tempo com Benny. — Claro, — eu digo. — Tem um monte de comida lá dentro, e filmes na TV. Eu não vou demorar muito. Concordo com a cabeça e ele me beija mais uma vez antes de desaparecer dentro do carro e partir. Eu suspiro e me sento no balanço. Fico ali sentada por um momento, até acordar totalmente, antes de me arrastar de volta para dentro. Tomo um longo banho de espuma quente e depois faço um sanduíche e me acomodo no sofá. Ainda estou exausta, portanto ter uma noite tranquila é, provavelmente, uma coisa boa. Eu encontro um bom filme e me instalo. No meio do filme, eu me levanto e assalto a geladeira à procura de chocolate. Encontro apenas sorvete de creme com cookies, então pego o pote todo, uma colher e afundo de novo no sofá. Estou a meio caminho de mergulhar a colher no pote quando meu telefone toca, e eu vejo na ~ 150 ~


tela que é Vance. Droga. Eu não disse a ele onde eu estou. Eu disse a Kady, mas não tive a chance de pensar em qualquer outra pessoa. Eu atendo. — Oi, Vance. — E aí, querida, como está indo? Eu suspiro de alívio. Ele não está furioso. — Bem, eu apenas tirei alguns dias. Volto amanhã. — Como está o caso? — Está tudo bem. Eu pensei que tinha tudo resolvido, mas não. Tenho certeza que Don contou a você. — Não se preocupe com isso, você fez um bom trabalho. Não é sua culpa que ele esteja fugindo. Meu peito aperta. — Não, — eu suspiro. — Acho que não. — Você está bem, Gracie Lou? Você não parece tão atrevida como de costume. Isso é porque eu acho que estou me apaixonando pelo homem que estou destinada a capturar. — Eu só estou cansada, estressada. Esses trabalhos grandes são mais difíceis do que eu pensava. — Não desista, — ele incentiva. — Você vai se sair bem. Leva tempo. Falamos sobre várias coisas durante a próxima hora, e então eu desligo. Estou prestes a me acomodar no sofá de novo quando as luzes do carro piscam pelas janelas. Então duas portas se abrem, fecham, e eu posso ouvir a discussão em andamento. Um momento depois, a porta da frente é aberta e Benny se lança para dentro, seguido de Raide. Eu suspiro quando o vejo. Ele está com o lábio rebentado e um olho inchado. Eu salto de pé e abandono o sorvete para correr até ele, mas ele levanta a mão e resmunga, — Não. Eu olho para Benny, impotente. — O que aconteceu? — Não aconteceu porra nenhuma, — interrompendo Benny antes que ele possa responder.

Raide

grunhe,

Benny atira a Raide um olhar tão zangado que eu recuo. — Você está mentindo para ela. Ela não sabe, não é? — Sabe o quê? — eu engulo. — Raide? — eu sussurro. ~ 151 ~


Seus olhos piscam para mim, e eu vejo tanta raiva por trás deles. — Benny, — ele rosna, sem nunca deixar de segurar o meu olhar. — Cala a boca. Benny ri amargamente. — Ela é uma boa mulher, Raide. Ela é a merda de uma boa mulher que pensa que você veio até aqui para passar um tempo com ela, não isso não é a verdade. Oh, Deus. — Cala-a-porra-da-boca! Benny balança a cabeça. — Não. Gracie, eu sinto muito por fazer isso, mas a única razão pela qual Raide veio até aqui é porque ele ouviu que o namorado doente de Kelly estava pela região. Nós o encontramos hoje à noite. Não. Não. Não. — Raide deu uma surra nele. Pela graça divina eu estava lá, e o cara estava tão bêbado, chapado e fora de si que ele não fazia ideia de quem era Raide. Não. — Você... — eu engulo. — ...me trouxe aqui apenas para encontrar esse cara? Raide olha para mim e seus olhos suavizam um pouco. — Sim, eu vim aqui para encontrar ele, mas eu trouxe para você porque eu também queria isso, porra. — Eu perguntei a você, — eu digo, minha voz um chicote baixo. — Eu perguntei a você, e você jurou que eram ―apenas alguns dias‖. — Grace. — Vai se foder! — eu guincho. — Você simplesmente não vai aprender, não é? Sua mandíbula aperta. — Você não sabe nada sobre a minha situação. — Não? — eu lato. — Eu sei que você está fugindo da polícia, eu sei que você está tentando encontrar um homem para matá-lo, eu sei ~ 152 ~


que você está com raiva e quer vingança. Alguma vez você parou e realmente considerou tudo isso? Você ficou falando sobre como eu estou fazendo as coisas melhores para você, mas como pode ser assim quando você ainda vai acabar na prisão porque sua necessidade de vingança é maior que qualquer coisa? Raide recua e Benny passa para o meu lado. Lágrimas se agrupam em meus olhos e escorrem pelo meu rosto. — Grace, — Raide começa novamente. — O que vai acontecer comigo quando você for a julgamento por assassinato? — eu grito. — Um assassinato que você realmente cometeu! Você vai acabar na cadeia, isso sim. — Baby... — O que vai acontecer com a gente, então? — eu continuo a gritar, jogando minhas mãos para cima. — Por que se preocupar comigo, Raide? Por que você começou isso quando você sabia, porra, você sabia que ia acabar. Eu sei que não estou sendo justa, porque eu sou uma mentirosa tão grande quanto Raide. Minha culpa, minha dor, meus sentimentos, tudo isso finalmente me alcançou. Mas eu serei amaldiçoada se apenas assistir Raide jogar sua vida fora. — Grace. — Não, — eu digo, e lágrimas explodem das minhas pálpebras. — Eu entendo, Raide. Eu entendo que você quer fazer com que ele pague, mas você já parou para pensar em fazer isso da maneira certa? Você está tão desesperado pelo seu sangue que esqueceu de todo o resto. Você acha que isso é o que Kelly ia querer para o irmão dela? A mandíbula de Raide está contraída e seus punhos estão fechados nos seus lados. — Não fale sobre a minha irmã como se você a conhecesse. Além disso, olha quem fala! — ele rosna. — Perdão? — Garçonete, Grace? Nós dois sabemos que você não é isso. Eu não sei o que você é, mas você está carregando uma merda de segredo muito maior do que qualquer um de nós. Eu recuo.

~ 153 ~


Eu recuo. Ele ri amargamente. — Meu ponto, exatamente. — Então por que eu estou aqui? Ele joga as mãos para cima. — Eu não sei, porra, porque eu pensei que você valia a pena! — Devo valer muito, você estava disposto a se colocar em risco e me deixar sozinha? Ele recua. — Eu não achei que nós dois iriamos tão longe. Oh-meu-Deus. — Então eu era só uma foda para passar o tempo? — eu sussurro. — Grace, eu não...! — Me leve para casa. — Grace. — Me leve para casa! — eu grito tão alto que Benny, ao meu lado, vacila. — Agora. — Eu vou te levar, querida, — Benny diz suavemente. — Você vai o caralho. Eu vou levar ela — Raide pega as chaves e sai furioso em direção ao carro. Eu me viro para Benny. — Eu sinto muito. Ele balança a cabeça. — Está tudo bem. Então eu rapidamente junto minhas coisas e as levo para o carro. Meu coração está pesado, meu corpo está doente e algo em minha alma está quebrado. Eu tenho que desligar. Isso ia acontecer, eu sabia. Nós nunca iríamos funcionar, nunca teríamos um ―felizes para sempre‖. Eu estava me enganando. Raide estava enganando a si mesmo. Eu tenho que terminar com isso porque iria acabar nos matando, por só causar dor. — Eu vou dirigir, assustadoramente vazia.

eu digo

— Não.

~ 154 ~

para Raide. Minha voz é


— É a porra do meu carro! — eu grito. — Eu vou dirigir. — Eu disse, — Raide rosna. — Não. — Você bebeu. — Duas cervejas, eu posso dirigir. — Me deixe dirigir! — eu guincho. — Eu preciso dirigir! Eu preciso dirigir para levá-lo direto para o meu escritório e entregá-lo à polícia. É hora de acabar com isso. Se eu não fizer isso, ele vai matar o verdadeiro assassino de Kelly, e arruinar sua vida para sempre. Entregá-lo é a melhor coisa que posso fazer por ele. É a coisa certa. Eu pego meu telefone e ligo, então olho para Raide, que está me estudando. — Não, eu vou dirigir. Ele não vai tornar isso fácil porque está desconfiado. — É o meu carro, — eu digo com cuidado. — Agora, me dê as chaves. Ele me ignora e entra. — Você entra ou eu te deixo aqui. Com um grunhido irritado, eu entro. Raide grita algo para Benny sobre voltar para pegar suas coisas, então ele acelera e desce a estrada. A tensão no carro é espessa, e dor aperta o meu coração. Não há nada mais a dizer. Raide me usou. Eu o usei. Nós dois fodemos as coisas. Abro minhas mensagens no celular e envio uma a todos da minha equipe. Grace: Estou levando Raide. Cerca de três horas. Preciso de uma mão. Então eu enfio o telefone no suporte de copo. Raide dirige em silêncio. Claramente, não há mais nada a dizer. Lágrimas queimam sob as minhas pálpebras, mas eu não as deixo sair. Eu não posso. Meu telefone apita algumas vezes, mas eu ignoro. O que estou prestes a fazer vai quebrar o meu coração, rasga-lo em mil pedaços minúsculos, mas não tenho escolha. É para o melhor, tanto para Raide quanto para mim. Quanto mais tempo eu passar perseguindo ele, mais eu me apaixono. Quando mais tempo ele gasta perseguindo o assassino de Kelly, mais ele se perde de quem é de verdade. — Precisa abastecer, — ele resmunga, entrando em um posto de gasolina. — Eu pago, — eu murmuro, saindo do carro quando ele para. ~ 155 ~


Eu arrasto meus pés pelo posto de gasolina e sou cumprimentada por um funcionário excessivamente alegre. Forço um sorriso e caminho até o refrigerador. Abro e pego uma garrafa de água, e também um saco com batatas fritas, antes de ir para o balcão pagar. Até esse momento Raide já terminou de abastecer, então eu pago por tudo. Quando volto para o carro, ele já está em seu assento, mas há algo diferente nele. Seus olhos estão direcionados para frente, e eles são duros, parecem que podem quebrar com um toque. Eu entro e fecho a porta, mas antes mesmo que eu coloque o cinto de segurança, ele parte. Ele está indo rápido, seus olhos estão fixos na estrada. Ele está me assustando. — Raide? — eu sussurro. Ele não me responde, apenas vai mais rápido e mais rápido. — Raide? — eu digo novamente, minha voz subindo. De repente, ele bate o pé no freio e o carro derrapa na pista. Tenho que me segurar para não ser lançada contra o para-brisa. Ele puxa para fora da estrada e sai batendo a porta com tanta força que eu pulo. Eu saio com as pernas trêmulas, e o vejo circulando o carro, a arma em punho. Eu paro de repente. — Quem é você? Eu pisco. — Eu não sei... — Quem diabos é você? — ele ruge. Eu balanço minha cabeça, todo o meu corpo começa a tremer. — Raide, eu acho que você está confuso. — Quem é Don? Eu estremeço. — E Vance? Outro estremecimento. — E quem é Julio, porra? Eu engulo e dou um passo para trás, em direção ao carro. — Porra, não se mova, Grace. Oh. Merda. — Raide, — eu tento novamente. ~ 156 ~


— Responda a maldita pergunta! — ele grita. — Quem diabos é você? — Sou uma caçadora de recompensas. Se rosto fica em branco enquanto todo seu corpo salta. Então eu vejo algo em seu rosto que eu nunca quis ser a responsável: Dor. Traição. — O quê? — ele raspa. Eu fecho meus olhos e tomo uma respiração instável. — Sou uma caçadora de recompensas, Raide. Você era o meu caso, mas... — Se vire! — ele ruge. — Raide... — Se vire. Lágrimas escorrem pelo meu rosto. — Você não entende, eu não queria que... — Se vire!! Ele grita tão alto que eu dou um grito assustado. Ele está me assustando. Me viro devagar e olho para o compartimento do meu carro onde mantenho meu Taser. Faço uma escolha rápida e salto para frente, abrindo-o e puxando a arma. Eu giro, mas Raide é mais rápido e chuta o Taser das minhas mãos. Ele sai deslizando para longe, pela sujeira e na escuridão entre as árvores. Eu não o encontro, e reajo como faria se fosse qualquer outra pessoa. Ataco para frente e aperto o pulso de Raide, o torcendo com tanta força que ele é obrigado a forçar sua arma. Ela faz barulho quando cai no chão, mas Raide é um ótimo lutador, e não precisa de uma arma para me conter. Ele pega meu braço e o torce nas costas. Eu grito de dor, mas também me lanço, empurrando meu pé para trás e batendo nele com força suficiente para ele rugir de dor e me deixar ir. Eu me atiro contra ele e nós caímos no chão. Estamos rolando na terra, tentando conter um ao outro. Nós chegamos às árvores e Raide consegue me prender deitada de costas. Ele é um homem grande, e mesmo todo o meu treinamento não é páreo para ele. Raide pega minhas duas mãos juntas e as empurra acima da minha cabeça, segurando-as apenas com uma das suas. Eu grito e contorço meu corpo, tentando tirá-lo de cima de mim, mas é inútil. Ele está solidamente sobre mim. Ele chega ao seu lado e pega meu Taser.

~ 157 ~


— Não, — eu raspo. — Você mentiu pra mim, caralho. Você me traiu. Você fez eu me importar, porra! — ele late. — Raide, por favor! Ele desvia o olhar e seus olhos estão tão cheio de dor que eu quero gritar e segurá-lo perto de mim. Não posso, no entanto. Assim, quando ele não está olhando, eu torço meu corpo, liberando uma das minhas mãos. Eu a lanço para cima e acerto diretamente na sua garganta. Ele cai para trás com um grunhido e eu me levanto e consigo começar a correr em direção ao meu carro. É quando ele aperta o botão. E meu mundo fica preto.

~ 158 ~


Capítulo Vinte Eu acordo de repente. Meu corpo entra em modo de pânico automático e eu me contorço. Me leva apenas um momento para perceber que eu estou algemada. Eu pisco rapidamente, e todo o meu corpo dói, como se alguém tivesse me levado para alguns rounds em um ringue. Me leva mais um momento para reunir os meus pensamentos e perceber que estou na cabana novamente, algemada à cama de Raide. Raide está sentado em uma cadeira na ponta da cama, a cabeça entre as mãos, parecendo completamente quebrado. Meu coração se parte em dois. — Todas aquelas vezes, — diz ele, sabendo que eu estou acordada, mesmo que ele não tenha levantado a cabeça. — Você estava me seguindo, eu não estava errado. — Raide, — eu coaxo. Ele levanta a cabeça e me prende com um olhar tão intenso que eu recuo e fecho a boca. — Você está brincando comigo, porra. — Raide, — eu sussurro. — É o meu trabalho. Ele ri amargamente. — Gostaria de saber o que seu chefe iria pensar sobre você estar na minha cama? Eu fecho meus olhos e viro a cabeça para o lado. — Você é uma boa atriz, Grace. Me enganou direitinho. — Raide, não foi fingimento... O que nós tivemos... — Não minta para mim, porra! — ele cospe. — Você já fez o suficiente disso. — Eu não estou mentindo! — eu choro. — Você significava... Você significa algo para mim. Raide, eu... — Você o quê? — ele estala. ~ 159 ~


— Estou me apaixonando por você. Seu corpo inteiro se aperta e seus olhos se arregalam, quase aterrorizados. — Mentirosa, — ele sussurra. — Eu não estou mentindo, — eu coaxo. — Não era para isso acontecer, mas... Aconteceu. Ele ri tão friamente que meu coração para. — No entanto, você ainda ia me entregar. Eu engulo minhas lágrimas e consigo dizer, — Eu estava fazendo isso por você. Ele ri de novo, mas não há absolutamente nenhum humor no som quebrado. — Por mim? Diga-me, Grace. Quanto valia a minha captura? Eu vacilei e uma mágoa com raiva ferveu na minha barriga. — Raide... — Quanto? — ele sibila. — Trinta mil. Ele solta um suspiro longo e doloroso. — Então me diga novamente como você estava fazendo isso por mim? — Você pode ir até o tribunal, lutar pelo seu caso e sair livre. Se você matar ele, Raide, vai ficar preso para sempre. — Você acha que eu dou à mínima? — ele late. Lágrimas escorrerem pelo meu rosto. — Não chore, suas lágrimas não significam nada para mim. Meu corpo começa a pesar e eu me mexo. — Sua irmã não queria isso para você. — Não se atreva, — ele estala, pulando para cima e lançando a cadeira para o outro lado do quarto — a falar comigo sobre a minha irmã. Você nunca, jamais, fale sobre ela. Você não sabe nada sobre ela. Você não sabe nada sobre mim. — Eu sei que você é procurado por um crime que não cometeu! — eu grito. — Eu sei que você é um bom homem.

~ 160 ~


— No entanto, você ainda estava disposta a colocar uma grande faca de merda nas minhas costas. Eu soluço e fecho os olhos novamente. — Não era para eu me importar com você. Ele não diz nada. Abro os olhos e vejo que ele está olhando para mim. A expressão assassina em seu rosto está me matando. — Você diz que eu usei você, — ele sussurra tão baixo, é assustador. — Eu não fiz isso, porra. Você me usou. Agora eu vou te usar também, e vou te deixar com o vazio fodido que você me deixou. Oh, Deus. — Por favor, — eu sussurro. — Eu posso te ajudar. —Não há nada que eu quero de você. — Raide, por favor. Ele se inclina sobre mim, trazendo seus lábios para baixo até que eles estão a milímetros dos meus. — Será que nada disso significou uma coisa maldita para você? — Claro que sim, — eu sussurro, tremendo. — Tudo isso foi importante para mim. — Sua maldita linda mentirosa. E então ele pressiona seus lábios nos meus. Seu beijo não é suave, é áspero e me pune, mas eu quero. Eu o quero tanto que queima. Eu o beijo de volta, nossas línguas se enredam duramente, nossos dentes colidem. Ele move o corpo sobre o meu, seus lábios esmagam os meus enquanto ele usa as mãos para puxar meus shorts para baixo. Eu não o impeço. Eu não quero impedir ele. Ele me tem nua em uma questão de segundos, e então ele está entre as minhas pernas, suas mãos se enredeando em meus cabelos. — Você me deixou com a porra de um buraco — ele bate no peito no lugar sobre o coração, — bem aqui. Deus. — Você me quebrou, porra. Não.

~ 161 ~


— Porque eu estava me apaixonando por você também, sua mulher egoísta e sem coração. Não. Ele desliza dentro de mim e eu grito, um som abafado e quebrado. Seus dedos se movem pelo meu rosto enquanto ele começa a bombear seu pau dentro e fora de mim, não com força, não suave, apenas malditamente profundo. Ele arrasta o dedo sobre meu lábio inferior, e eu choramingo, querendo sentir seu gosto, querendo abraçar ele, querendo dizer a ele que eu sinto muito. Ele balança os quadris, fazendo com que meus gemidos se tornem desesperados quando eu sinto a pressão profunda se construindo dentro do meu corpo. — Eu sinto muito, — eu sussurro. — Suas palavras não significam nada para mim, — ele rosna em meu ouvido. — Você não significa nada para mim. Eu vou te quebrar em pedaços, então eu vou embora, Grace. Vou te deixar com a mesma dor que eu estou sentindo agora. — Por favor, — eu soluço. — Você quer que eu pare? — ele rosna. Eu sei que ele pararia. Eu sei disso. Raide não vai me machucar, não importa o quão furioso ele esteja. Mas não importa o quê, alguma parte desesperada de mim não quer que ele pare. Eu preciso dele. Eu quero ele. Não importa como isso pareça patético no momento. — Não, — eu coaxo. As lágrimas estão escorrendo pelo meu rosto, e seus olhos as seguem pelas minhas bochechas. — Dói, não é? — Por favor. — Por favor, o quê? — ele sibila. — Por favor, o que, porra? Ele acha que eu estou implorando para que ele me deixe ir, mas não é isso que eu quero. O que preciso de Raide é saber que ele não me odeia. Eu não poderia suportar se ele me odiasse. — Por favor, não me odeie. Ele não diz nada, simplesmente esmaga seus lábios sobre os meus. Eu coloco minhas pernas em volta dele e fecho meus olhos, sentindo ele, amando cada segundo que ele está dentro de mim. Eu gozo com um grito áspero e cheio de dor, e menos de um minuto depois, ~ 162 ~


ele libera um grunhido igualmente doloroso. Em seguida, o seu peso se foi e desespero enche meu peito. Abro os olhos e grito seu nome. Ele está puxando sua calça jeans para cima, e quando ele ouve o meu apelo patético, olha para mim. — Raide, por favor. Deus, seus olhos. Então quebrados. Então assombrados. — É tarde demais, Grace, — diz ele com uma voz rachada. — Tarde demais para quê? — eu lamento. — Para me pedir para não te odiar, — ele sussurra, então levanta sua mochila e caminha até a porta. — Eu já te odeio. Em seguida, ele volta para jogar um cobertor sobre mim, caminha para fora e me deixa sozinha. E tudo dentro de mim quebra, também, e eu grito.

~ 163 ~


Capítulo Vinte e Um Devo ter gritado e chorado até dormir, porque sou facilmente despertada por uma mão no meu ombro. Meus olhos doloridos e pesados vibram abertos, e vejo Benny olhando para mim. Abro a boca para dizer algo, mas nada sai. Me lembro que estou nua e começo a me contorcer, mas, então, recordo que Raide deixou um cobertor sobre mim antes de partir. Benny se senta na cama e me olha, seu rosto uma máscara ilegível. — Ele me disse que deixou você aqui, — diz ele, sua tão em branco quanto sua expressão. — Sinto muito, — eu coaxo. — Você é uma caçadora de recompensas. Não é uma pergunta, então eu não respondo. — Você o quebrou. Se eu tivesse mais lágrimas para chorar, elas subiriam à superfície e escorreriam pelo meu rosto. — Eu não... — eu começo, mas o que há a dizer? Eu o quebrei. Eu investi nesse relacionamento mais do que eu jamais deveria ter feito e, ao fazer isso, perdi o homem por quem permiti me apaixonar. Que se permitiu apaixonar por mim. Não há desculpas para dar. — Eu estou apaixonada por ele. Benny recua e olha para mim com uma expressão dura. — Você está falando a verdade ou só está tentando me convencer a te deixar ir? — Você pode me ver, Benny? — eu digo, e minha voz está tão rouca que eu mal a reconheço. — Você pode? — Sim, Grace, posso ver você. — Então olhe para mim, realmente olhe. Eu estou quebrada, também.

~ 164 ~


Seu rosto suaviza um pouco e ele suspira. — Ele se foi, Grace. Desta vez, ele não vai ser encontrado. Eu fecho meus olhos e a dor volta com tanta força ao meu peito, eu tenho medo de me afogar nela. Raide vai cometer um erro, ele está com raiva, ele está machucado, e ele quer vingança agora mais do que nunca. Ele vai encontrar o namorado da sua irmã e eu vou perdê-lo para sempre. Eu tenho que corrigir isso. Abro os olhos e encaro Benny. — Preciso ir para casa. Ele balança a cabeça e me liberta das algemas, então me dá algumas roupas. Eu as pego rapidamente e me visto enquanto ele está de costas. Quando termino, limpo minha garganta e ele me enfrenta mais uma vez. Benny tem uma expressão mais suave em seu rosto agora, uma que me diz que entende como nos sentimos. — Eu sinto muito, Benny, — eu sussurro. — Eu sei que estraguei tudo. — Sim, você fez isso. — Eu vou consertar as coisas. Seus olhos se arregalam. — Você precisa ter cuidado, querida. Raide está em uma situação perigosa, e você pode perder tudo. — Nada disso vale alguma coisa se ele não está lá para compartilhar comigo. Eu tenho que ajudar esse homem, porque você e eu sabemos que ele não pertence à prisão. Benny acena com a cabeça. — Dirija com cuidado. Dou a ele um sorriso fraco, então junto minhas últimas coisas e corro para o meu carro. Eu não sei como Raide fugiu, mas não tenho tempo para pensar sobre isso, eu preciso chegar em casa e no meu escritório. Eu tenho que corrigir isso.

*****

— Jesus, Grace! — Don grita quando eu passo pelas portas do escritório. — Eu estava louco de preocupação — seus olhos me estudam no mesmo momento em que Vance e Julio entram na sala.

~ 165 ~


Ambos estão usando equipamento de proteção, armas enfiadas em seus cintos. Vance me atinge antes que Don possa dizer mais alguma coisa. Ele segura os meus ombros e seus olhos se movem pelo meu corpo. — Você parece que saiu do inferno – o que aconteceu? — Eu preciso falar com você, todos vocês. — Grace, o que está acontecendo? — Don pergunta, estreitando os olhos. — Podemos fazer isso em seu escritório. Ele me estuda por mais um segundo, então concorda. — Ok. Nós todos vamos para o seu escritório e eu mantenho minha cabeça para baixo o tempo todo. Eu sei o que eu arrisquei, eu sei o que estou prestes a perder, mas eu tenho que dizer a verdade. A única maneira que eu tenho de ajudar Raide é sendo honesta. Quando estamos todos no escritório de Don, me viro e os encaro. — Tenho algo para contar a vocês. — Grace? — Vance pergunta. — Por favor, — eu sussurro, dando a ele um olhar triste. Ele balança a cabeça e se senta para trás. Quando eles estão todos focados, falo. — Como vocês sabem, fui designada para o caso Raide Knox. Eu sabia desde o início que ele seria um desafio. Ele é um homem grande, e mesmo com toda a minha formação, trazer ele sozinha seria praticamente impossível. Então decidi trabalhar uma forma diferente. Pensei que poderia chamar sua atenção, e então ligaria para vocês ou para a polícia quando estivéssemos sozinhos. — Não há regras que impedem isso, Grace, — diz Don. — Eu não acabei, — eu digo baixinho, e ele concorda. — Então, eu segui Raide, ficamos cara a cara, ele ficou interessado. Aqui é onde... — eu engulo. — ... as coisas vão mal. Na noite antes de eu vir aqui dar aquele endereço, da casa que ele invadiu, eu... eu dormi com ele. Suspiros enchem a sala. — Isso é ultrajante, ela deve ser demitida de imediato! — Julio ruge, pulando para cima. ~ 166 ~


— Julio, sente-se! — Don late. Julio se senta, cuspindo maldições contra mim. Don se vira para mim. — Grace, você sabe que você quebrou as regras. — Eu ainda não acabei, — eu digo, e lágrimas picam minhas pálpebras. Don fecha os olhos e esfrega as têmporas, então murmura, — Vá em frente. — Nos encontramos novamente depois disso, e passei os últimos dois dias com ele em sua cabana nas montanhas. Mais suspiros, e eu levanto o olhar para ver Vance olhando para mim com uma expressão tão dolorida, meu coração se parte ainda mais. — No último dia, eu descobri que ele estava lá em cima procurando pelo assassino de sua irmã. Foi por isso que ele não compareceu à audiência, em primeiro lugar. Ele não queria ser preso antes de se vingar por ela. Eu sabia que tinha de agir, sabia que era a melhor coisa que poderia fazer por ele, porque ele ia causar mais danos se estivesse solto. Ele descobriu quem eu era quando olhou no meu celular e viu o que eu tinha enviado a vocês, ele me amarrou e então fugiu. Silêncio. Longo silêncio enervante. — Eu me apaixonei por ele, — eu sussurro, deixando cair a cabeça. — Eu sei o que eu fiz, eu sei o que vou perder, mas ele é inocente. Eu quero ajudá-lo. — Grace, — diz Don com a voz quebrada. — Eu coloquei toda a minha fé em você. Eu levanto o olhar e as lágrimas escorrem pelo meu rosto. — E eu te decepcionei, eu sei, Don. Eu sinto muito. Ele suspira e se levanta. — Você sabe onde Raide está? — Não. — Grace, sem mais mentiras. Balanço minha cabeça. — Eu realmente não sei. ~ 167 ~


Ele balança a cabeça. — Você entende que eu tenho que reportar isso? Concordo com a cabeça e engulo em seco. Ele balança a cabeça e sai da sala. Julio está de pé e olha para mim. — Eu sabia que você não daria conta. Você é uma garota, e garotas sempre se perdem do jeito que você fez. Você é muito fraca, — ele cospe, e então, também avança para fora da sala com pressa. Eu lentamente me volto para Vance, que está olhando fixamente para seus punhos cerrados. — Vance, — eu digo suavemente. Ele ergue a cabeça ao mesmo tempo em que a sacode. — Eu sabia que você queria este trabalho. Eu sabia que você estava se arriscando ao seduzir ele, mas pensei que você fosse mais esperta que isso, Grace. Isso é tudo pelo qual você lutou. Vale realmente a pena perder tudo por um assassino? Eu estremeço. — Ele não fez isso. Ele é um bom homem. Vance se levanta e ruge, — Ele iria te dizer qualquer coisa para entrar na porra das suas calças! Me diga, Grace, se ele não é um assassino, então por que ele está fugindo da audiência para encontrar o homem que ele alega ter matado sua irmã? Meu corpo fica tenso. — Eu não acho que ele quer agradecer. Ele vai matá-lo. Isso faz dele um assassino. — Não, Vance, — eu sussurro. Ele balança a cabeça. — Você significa muito para mim, Grace. Você sabe disso. Agora, porém, estou com nojo de você. Ele corre para fora e eu caio de joelhos, pressionando meu rosto em minhas mãos. Eu sabia que isso iria acontecer. Eu sabia que iria sofrer por minhas escolhas. Eu só não sabia que ia doer tanto.

~ 168 ~


Capítulo Vinte e Dois — Grace? Eu levanto o olhar a partir de onde estou sentada no escritório de Don. Eu não me mexi. Apenas me sentei aqui, à espera de ouvir o veredicto. Me preparando para juntar as coisas da minha mesa e ir embora. O engraçado é que isso nem sequer me machuca mais. Tudo o que eu posso pensar é em Raide, e em como meu coração está doendo por ele. De repente, eu percebo que meu trabalho significa muito menos para mim do que a felicidade dele. Eu nunca pensei que iria questionar tudo que eu trabalhei tanto para conseguir. Encaro Don, sabendo o que estou prestes a ouvir. — Sim? Ele entra e fecha a porta. — Eu apresentei o seu caso, e nós decidimos como proceder a partir daqui. Concordo com a cabeça atordoada. — Decidimos que você fez a coisa errada não intencionalmente, e que foi feito um esforço da sua parte para trazer Raide. Isso funciona a seu favor. Nós decidimos que o melhor curso de ação seria suspender você por um período de três meses. Nesse tempo, você só vai fazer tarefas dentro do escritório. Quando os três meses acabarem, dependendo do seu desempenho, você só vai ganhar pequenos casos pelos próximos doze meses. Depois disso, vamos procurar algo que faça você crescer mais. Mas não haverá uma terceira oportunidade, Grace. Esta é a sua única advertência. Você fode as coisas de novo, e eu ter que te mandar embora. Espere, o quê? Eu não vou perder meu emprego? Eu pisco. — Você não está me demitindo? Ele balança a cabeça. — Precisei fazer muitas promessas de que isso não aconteceria novamente, mas não, você não está demitida. — Você cobriu as minhas costas, — eu digo, as lágrimas queimando sob minhas pálpebras mais uma vez. ~ 169 ~


— Eu acredito em você, Grace. Eu sei que você é capaz e é uma boa pessoa. Eu também entendo o que nós sentimos quando nos apaixonamos. Eu já estive lá, já experimentei isso. Você fez a coisa errada e vai pagar por isso, mas eu acredito que você aprendeu uma lição valiosa. Eu concordo com a cabeça. — Eu... Obrigada, Don. — Eu quero que você tire algumas semanas de folga. Concordo com a cabeça novamente. Nesse momento eu não quero estar aqui, então ter algumas semanas de folga não vai ser algo ruim. Tudo no que posso pensar é em encontrar Raide. Sou grata por ainda ter o meu trabalho... mas como pode tudo isso valer a pena quando eu me sinto tão malditamente quebrada? — Remuneradas, é claro. Eu engulo em seco. — E Grace? Eu encontro seus olhos. — Não me decepcione outra vez. Com isso, ele se foi.

*****

— Oh, querida, — diz Kady, correndo pela porta da frente na minha direção. Estou segurando uma caixa com algumas das coisas da minha mesa, esperando que ela venha me buscar, porque não tenho certeza se posso dirigir no meu estado emocional. Kady envolve seus braços em volta de mim e eu a deixo me abraçar por um tempo mais longo que o necessário. Quando ela se afasta, cobre meu rosto com as mãos. — Você vai ficar bem. Duas semanas fora, vai ser muito divertido. Vamos às compras. Eu forço um sorriso. — Você pode me levar para casa? — É claro, — ela sussurra. — Claro, querida.

~ 170 ~


Eu ando pelo corredor, e quando passo pelo escritório de Vance, eu olho para vê-lo em sua mesa. Ele olha para mim e então se afasta antes que eu tenha a chance de expressar qualquer coisa para ele. Eu deixo minha cabeça cair e saio para ir até o carro de Kady. Nós entramos, e quando já estamos na estrada, ela diz suavemente, — Então, o que aconteceu? — Eu fodi as coisas, eu fui suspensa. — Você não perdeu seu emprego, apesar de tudo. Isso não tira a dor. — Não, — eu murmuro. — Mas o que isso importa no grande esquema das coisas? — Grace, seu trabalho é tudo para você. Você fez a coisa certa. — Meu trabalho era importante para mim, — eu sussurro. — Agora eu... eu só... eu não me importo mais. Ela se aproxima, pegando a minha mão. — Você está autorizada a se sentir assim. Talvez seja por isso que Don esteve em suas costas. Talvez ele soubesse que isso ia acontecer. — Sim, — eu digo, olhando pela janela. — Eu estou começando a pensar nisso agora. Eu achei que poderia dar conta, mas o tempo todo eles tinham razão. Eu sou uma mulher e isso me deixa vulnerável. Eu posso fazer um monte de coisas, mas eu nunca seria capaz de capturar Raide. — Isso não é verdade, — Kady protesta. — Você poderia ter capturado ele sim. — Se eu não tivesse me apaixonado por ele. Ela fica em silêncio. — Eu sou uma idiota, Kady. Eu implorei para ter essa oportunidade. Eu quase me ajoelhei e disse a eles para me levar a sério, — eu rio, mas é baixo e amargo. — E eu fodi tudo no meu primeiro grande caso. O que todos vão pensar de mim? Se é algo como o que estou pensando de mim mesmo, então sei como eu pareço patética. — Grace, — diz Kady, a voz endurecendo. — Não se atreva. Você cometeu um erro, mas você é apenas humana. Você acha que Don ou Vance ou Julio nunca foderam as coisas? Você pode corrigir isso.

~ 171 ~


Concordo com a cabeça, mas a verdade é que eu realmente não acredito nela. Eu coloquei meu coração e alma em minha carreira, eu implorei para ter uma chance, para ser tratada da mesma forma que os caras, e na única oportunidade que tive, joguei tudo fora porque minha compaixão ficou no caminho. E agora uma grande parte de mim sabe que eu voltaria e faria tudo de novo por Raide – o que me assusta. — Você pode me levar para a casa dos meus pais? — eu pergunto. — Claro. Vinte minutos depois, Kady para em frente à casa. Eu saio do carro. — Você quer entrar? Ela balança a cabeça. — Eu tenho que trabalhar, mas me ligue quando você quiser ir pegar seu carro, e nós vamos ir buscar ele, ok? — Ok, obrigada, Kady. Ela sorri para mim. — Você vai ficar bem. — Sim, eu sei. Eu espero.

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Capítulo Vinte e Três Meu pai se senta em silêncio, cervejas na mão, olhando para a escuridão. Os postes enchem o quintal de luz quente, e a noite está tranquila, todos dormindo. Passei a última hora contando a ele a minha história. Agora ele está apenas me olhando, sem dizer nada. — Você sabe, — diz ele. — Eu teria feito isso pela sua mãe. Me viro para olhar para ele. — Perdão? — Eu teria arriscado tudo, se fosse ela quem eu estivesse perseguindo. Eu me apaixonei por ela tão rápido e foi tão avassalador, algo que eu jamais poderia ter imaginado. Acho que se ela fosse o meu caso, eu a conhecesse e sentisse por ela o que eu sinto, teria arriscado o mesmo que você. — Obrigada, pai, mas nós dois sabemos que você se destacou no seu trabalho. — Você tem um bom coração, Gracie, — diz ele em voz baixa, se virando para mim. — Ele é grande e generoso. Você pode ser um osso duro de roer por fora, mas é boa e suave por dentro. Você estava tentando ajudar um homem, você se apaixonou por ele. Se o amor pudesse ser controlado, o mundo seria um lugar muito mais fácil e tranquilo. Eu sorrio. — Você está certo sobre isso. — Você esteve por aí tempo suficiente para saber que é raro encontrar alguém que você adore. Você teve vários relacionamentos espalhados, mas nunca tinha se apaixonado. Aconteceu em um momento ruim, mas aconteceu. Eu engulo o caroço na minha garganta e digo, — Ele se foi agora, e há uma boa chance de eu nunca mais ver ele outra vez. — Você realmente acredita que ele seja inocente?

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Eu aceno, tomando um gole de cerveja. — Sim, eu realmente acredito nisso. — Então o ajude. — Eu não entendo. — Você só precisa ter alguém para dar uma força. — Não estou acompanhando. Ele se vira para mim. — York, — York? — eu pergunto. York é o melhor amigo do meu pai. Ele também é um detetive e um policial. Ele é como um tio para mim, faz parte da minha vida desde antes que eu possa lembrar. Eu adoro ele, mas não acho que seria a opção certa. O que ele vai fazer? — Eu falei com York sobre o seu caso há alguns dias, ele disse que o seu departamento está lidando com isso. Acho que é por causa da sua relação comigo que ele vai fazer isso por você, Gracie. — Fazer o quê? Ele segura o meu olhar. — Encontrar esse homem que realmente fez isso, e ver se ele pode obter uma confissão. Você apareceu contando a versão de Raide, e isso, tecnicamente, são novas provas. É o suficiente para continuar a investigação. Dar outra olhada nos detalhes do caso. Interrogar velhos amigos da irmã de Raide e ver se eles podem colaborar com a história. Meus olhos se arregalam. — Você acha que ele pode realmente ajudar? — Ele pode acessar as informações e pedir para olhar qualquer coisa. Raide provavelmente ainda vai ser preso por fugir da audiência, mas se ele não for acusado, serão só alguns meses. Meu coração incha. Papai vê isso, porque ele diz suavemente: — Não tenha muitas esperanças. Um segundo olhar pode não encontrar nada novo, e talvez York não consiga encontrar esse homem, mas se você tem uma ideia de onde ele possa estar, há uma chance.

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— Obrigada, pai, — eu sussurro. — Muito obrigada. Ele dá de ombros. — Há mais uma coisa. — O quê? — eu sussurro. — Não deveria ser assim, mas há uma chance de que você esteja arriscando seu trabalho fazendo isso. Eu engulo e olho para ele de novo, e sei que ele entende minhas próximas palavras. — Não muito tempo atrás, eu teria dito que não havia nada no mundo que poderia abalar o meu trabalho. Era tudo o que eu queria, tudo que me importava. Mas, pai, — mais uma vez eu sinto a emoção me engolindo, — eu nunca me apaixonei. Nunca senti isso por alguém que me faria mudar toda minha maneira de pensar. Ele fez isso por mim. Eu sei como eu trabalhei duro e eu não quero desistir disso, mas sem ele nada vale a pena para mim. Eu amo Raide. Eu vou fazer qualquer coisa, inclusive arriscar o meu emprego, para ajudar ele. Meu pai segura meu rosto. — Estou tão malditamente orgulhoso de você, Gracie, eu queria que você pudesse sentir o quanto. — Eu sei, — eu sussurro. Eu me inclino e o abraço. Ele me aperta por um momento, então puxa para trás e diz: — Para fazer isso, Gracie, você tem que cavar fundo, encontrar aquela garota durona que eu amo tanto, e ser forte. Eu inalo profundamente. — Eu vou. Eu prometo. — Essa é minha garota.

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Capítulo Vinte e Quatro Eu não dormi naquela noite. Virei e revirei na cama, liguei para o telefone de Raide uma e outra e vez, deixei mensagens patéticas e então desisti e aí da cama. Assim, aqui estou atirada no sofá olhando para o nada. Eu penso em Raide, penso em Vance, penso sobre York. Estou arriscando tudo ao perguntar se York pode me ajudar? Será que ele está arriscando sua carreira também? Estou arriscando a minha? Eu me enrolo em uma bola no sofá e fecho os olhos, me concentrando em tomar respirações profundas. Devo ter pegado no sono, porque a próxima coisa que estou ciente é do sol passando pelos espaços da cortina e aquecendo minha pele. Eu pisco rapidamente e olho ao redor. Respiro fundo e me levanto, deixando as palavras do meu pai afundarem. Se eu quero ajudar Raide, preciso empurrar essa dor de lado e encontrar a minha garota fodona interior para corrigir isso. Mesmo que isso signifique perder o meu emprego. Corro os dedos pelo meu cabelo e os puxo. Eu vou até a cozinha e ligo a cafeteira. sendo feito, vasculho a geladeira. Encontro um bom. Eu o abro e espalho manteiga, então pego vou para minha varanda. Estou no meio do meu um carro para bem na minha porta.

Enquanto o café está bagel e o pego. Parece minha xícara de café e café da manhã quando

Vance. Eu vejo como ele sai e avança em direção a mim com uma expressão dura no rosto. Eu odeio vê-lo assim. Eu odeio que seja minha culpa que estamos nessa situação. Garota fodona interior, Grace. Vamos lá. Eu forço um sorriso enquanto Vance sobe os dois degraus da frente e para bem em frente a mim. Bem, isso é um pouco estranho. Ele está apenas olhando para mim, sua mandíbula apertada, seu rosto uma máscara impenetrável. Ele cruza os braços sobre o peito grande e eu me pergunto se ele está esperando que eu fale primeiro. ~ 176 ~


Eu não vou fazer isso. — Você não vai dizer nada? — ele finalmente murmura. — O que você quer que eu diga, Vance? Que eu sinto muito? Porque eu não sinto. Eu cometi um erro, estou pagando por isso, mas eu provavelmente faria tudo de novo por ele. É nesse exato momento que eu percebo que iria, de fato, fazer tudo outra vez. Tenho vergonha que as coisas chegaram a esse ponto, estou triste por falhar com a minha equipe e comigo mesma, mas, no final, se eu fosse confrontada com a mesma escolha, faria tudo de novo por Raide. Essa constatação me bate forte e eu suspiro, pressionando minha mão no peito. Parece tão óbvio agora. Tão claro. Vance ignora o que eu acabei de dizer. — Você mentiu para mim. Eu olho para ele, puxando fôlego antes de dizer: — Não, Vance. Eu não fiz isso. — Fez sim, Grace. — Não, — eu protesto. — Eu te disse o que eu estava fazendo, eu apenas não contei quão longe foram as coisas. Você nunca perguntou, então eu não menti. Eu só não te disse. — É a mesma coisa! — ele late. Eu balanço minha cabeça. Eu já tive o suficiente. Eu não vou ser crucificada por todo mundo pelo que fiz. Minha punição já foi estabelecida e eu estou vivendo com ela. Mas eu não preciso viver com culpa com relação a Vance por causa dos seus sentimentos por mim. E é disso que se trata realmente, algo que esteve pairando em torno de nós há anos. — Isto não é sobre a minha mentira, é sobre eu ter dormido com Raide e querer proteger ele. Vance salta; eu sei que atingi um nervo. Eu vou em frente. — É sobre sentimentos não resolvidos, é sobre você estar com ciúmes, — eu cuspo, de pé e encarado seu rosto. — Então você não venha aqui, como se você realmente se importasse porque eu arrisquei tudo. O que realmente te interessa, Vance, é que eu me apaixonei por ele e ele não é você. Silêncio.

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Longo silêncio mortal. — Você está certa, — ele rosna. — Eu odeio isso, Grace. Eu odeio que você deu a ele algo que eu venho tentando ter há anos. — Você sabe que eu nunca me senti desse jeito sobre você, — eu digo em voz baixa. — Jesus, Vance, eu nunca te incentivei a nada. Seus olhos brilham e eu vejo, por trás da máscara de raiva, por apenas um segundo, dor. Quebra o meu coração. — Não, — ele raspa. — Você não me incentivou. Mas isso não significa que meu coração não está em mim pedaços nesse momento. Eu amo você, Grace. Amo desde o dia em que você entrou na equipe, há cinco anos. Deus. Não. — Vance, — eu digo suavemente. Ele olha para baixo, e eu sei que é para que assim eu não veja as profundezas da sua agonia. Eu estendo a mão e a coloco no seu rosto. — Eu sinto muito que você se sinta assim e eu não possa retribuir, mas Vance, eu te adoro. Você é o meu melhor amigo. Eu confio em você. Eu não quero te perder. — Eu não sei se posso fazer isso, Grace, — diz ele com voz rouca. — Fazer o quê? — Ver você com ele. — Vance... Ele se endireita e estende a mão, cobrindo meu rosto. Eu me inclino para sua mão e fecho os olhos. — Espero que ele valha isso tudo, — e então ele se foi. E eu fico ali de pé com o coração muito mais quebrado do que quando acordei essa manhã.

*****

Eu sorrio para York, que está parado na minha varanda, sorrindo para mim. Eu não o vi muito no último ano, e eu não sabia que sentia falta dele até agora. Ele não envelheceu muito, e ainda tem os mesmos

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amigáveis olhos azuis que me lembro. Seu cabelo é agora mais grisalho, mas ele é um homem bonito, mesmo na sua idade. Ele sorri e seus olhos enrugam nas laterais. — Bem, Gracie, você cresce mais a cada vez que vejo você, menina. E está cada vez mais bonita, também. Eu sorrio. — Senti sua falta, York. Venha aqui e me abrace. Ele dá um passo para frente e me abraça; eu retribuo e suspiro de alívio. Quando ele me solta, eu o deixo entrar e preparo café. Ele se senta à mesa da cozinha e pega uma maleta. Então ele começa a falar enquanto eu trabalho. O bom e velho York não perde tempo. — Eu sei que você sabe quais são as acusações de Raide, mas vou passar por cima de tudo isso novamente, para ficar bem claro. Ele vai a julgamento por agressão com arma mortal, e também é suspeito no caso de assassinato da sua irmã. Não há muitas evidências até agora, além das fornecidas por Dean Smith. — Dean? — O namorado de Kelly. Esse é o seu nome? Dean? Eca. — Ok, então onde é que isso deixa Raide? — É um assunto delicado. Em primeiro lugar, porque Raide foi encontrado com a faca, os punhos ensanguentados, e dois corpos a seus pés. — Ele não fez isso, York, — eu digo em voz baixa. — Eu acredito em você, Gracie. Eu só estou afirmando os fatos. — Então, com o que nós podemos trabalhar? — Há DNA misturado na faca e nos corpos. Os dois homens entraram em contato com ambos, de modo que isso foi descartado por enquanto. Raide não tem um álibi; ele não foi visto deixando seu apartamento. Nós não podemos usar essa informação. Raide também disse muito pouco quando foi preso, o que não ajuda o seu caso. No momento em que ele foi libertado sob fiança, ele fugiu. Isso também não aponta inocência. Eu suspiro e coloco minha cabeça nas mãos. — Então que esperança ele tem?

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— Sua irmã. Eu olho para ele. — A irmã dele? — O seu pai me disse que Raide estava lá porque a irmã havia lhe chamado, dizendo que estava sendo espancada. Raide não revelou isso quando foi preso. Eu tenho alguém procurando nos registros telefônicos dele, e também dela, e estamos investigando mais a fundo. Nós vamos conversar com os vizinhos de novo, seus amigos, seu chefe, qualquer um que possa ser capaz de nos confirmar que Dean estava batendo nela. — Por que isso não foi feito antes? — eu pergunto. — Uma boa parte foi, mas nós não tínhamos muita informação, porque Raide nunca nos deu a chance. Então, durante a investigação, ele fugiu e nossos esforços foram transferidos para trazê-lo de volta para o julgamento. — Ok, então se você encontrar chamadas ou mensagens no telefone de Kelly, ou alguém admitir que seu namorado abusava dela, quando isso nos ajuda? Ele passa as mãos sobre os papéis na frente dele. — Isso depende da extensão do que encontrarmos. Nós estamos olhando para todas as pistas disponíveis. Mesmo se determinarmos que Dean estivesse batendo nela, isso ainda não prova que ele a matou. Eu mordo meu lábio. — Mas, — diz York. — Dean não é nenhum santo. Ele foi preso algumas vezes por posse de drogas. — Então por que Raide foi quem automaticamente caiu sob os holofotes? — Como eu disse, Raide estava com a faca. Dean jurou que Raide o derrubou, e Raide não disse nada. Sem mencionar que Raide tem antecedentes por agressão. — Eu sei, — eu digo. Deus, por que Raide não se defendeu? Ele é tão orgulhoso assim? Meu palpite é que ele imaginou que, se ia ser preso, ia fazer valer a viagem. Ele esperou pacientemente e, no momento em que foi liberado, foi atrás de Dean. — E se Dean confessar? — eu questionei. ~ 180 ~


— Isso é o que nós estamos esperando. Pode ser arriscado, mas eu acho que é nossa melhor chance. — Qualquer ideia de como você vai fazer isso? — Sim, — diz ele, encontrando meus olhos. — Eu vou grampear você. Eu pisco. — Perdão? — Você me ouviu, eu vou grampear você e te mandar até ele. É arriscado, mas pode funcionar. Por causa da sua profissão, eu posso fazer isso. Ele não te conhece, então tudo que você tem a fazer é levar ele a admitir o que fez. — Ele não vai dizer a um estranho aleatório que matou alguém. — Ele pode fazer isso se achar que você é uma menina quebrada deixada por Raide. Eu balanço minha cabeça, confusa. — Como é? — Você está quebrada, arrasada. Ele fala com você e você diz a ele que um porco de homem a machucou. Você mantém a conversa, deixa escapar o nome de Raide. Dean vai saltar sobre você, porque ele quer ver Raide sofrer. Ele está desfrutando deste jogo. Tanto é assim que ele poderia estar disposto a se vangloriar dos seus feitos. Se você jogar suas cartas direito, pode obter o que precisa. Não é uma má ideia, e no final, eu farei qualquer coisa, qualquer coisa, para trazer Raide para casa comigo. — Então, quando vamos começar? Ele se inclina para trás na cadeira. — Assim que você estiver pronta. Estou pronta. Por Raide, eu sempre vou estar pronta.

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Capítulo Vinte e Cinco York me vira e coloca fios presos ao meu corpo. — Isso não é volumoso, mas você não pode se esfregar contra ele. Ele vai notar rapidinho. Não é algo que queremos. Eu tenho três carros em você, e haverá pelo menos cinco homens à paisana no bar, assistindo. Se Raide aparecer, você sai de lá. Eu nunca pensei em Raide aparecendo. Engulo em seco. — Você acha que ele sabe onde Dean está? — Ele provavelmente tem uma boa ideia, mas eu estou esperando que a gente chegue primeiro. Tenho contatos, os contatos sabem onde ele está. Eu aceno, respirando fundo. — Tem certeza que você está pronta para isso? — pergunta York, puxando a minha camisa para baixo e se certificando que eu estou bem para ir. — Eu estou. Ele coloca as mãos sobre meus ombros. — Se qualquer coisa der errado, você corre, Grace. — Eu posso fazer isso. — Tudo bem, o carro está esperando lá fora. Eu vou estar te vendo, vou ter meus olhos em você o tempo todo, Gracie. — Obrigada, York. — Não me agradeça ainda, — ele beija minha testa e se afasta. Tomo uma respiração profunda e caminho até o carro que esperava no estacionamento do departamento de polícia. Subo com dois policiais uniformizados, que explicam algumas noções básicas sobre os fios e o que fazer se eu entrar em pânico. Coisas como coçar o lado esquerdo do nariz ou inclinar a cabeça de um lado para o outro cinco vezes, como se estivesse me esticando. Se eu fizer isso, eles vão vir imediatamente. Eu ~ 182 ~


tenho uma arma na minha bolsa de qualquer maneira, apenas no caso de ser necessária. Seguimos pela estrada até um antigo bar, e os policiais conferem tudo mais uma vez antes de me deixarem ir. Quando saio do carro, eles desaparecem, mas eu sei que não vão longe. Ando devagar até o bar, e digitalizo o lugar em busca de Raide. Eu tenho ordens expressas para não bater de frente com ele. Estou fazendo isso por ele, então não posso arriscar perder tudo por causa dele. Só posso rezar para que ele não apareça e estrague tudo. Eu vou seguir com isso ainda que ele não me queira. Eu penso sobre a situação enquanto me aproximo da porta. Eu sei que não é ilegal os policiais enviarem pessoas grampeadas, mas eles não costumam enviar civis. Eu tenho alguma vantagem por causa da minha profissão e formação. Sem mencionar que é York é a cabeça da sua cabeça, e ele nunca fez nada para arriscar a vida de alguém. Ele é um homem inteligente. Ele pensa antes de agir, e ele não me mandaria fazer isso se não achasse que eu sou capaz. No entanto, ainda há uma pequena chance de tudo isso acabar mal. Quando eu chegar à porta, olho para o homem grande de pé ao lado dela. Eu lhe dou o meu melhor sorriso e ele estreita os olhos. Meu palpite? Eu não sou o tipo de garota que costuma frequentar esse lugar. Já posso dizer que não é o bar mais bonito do mundo. Ele é velho, degradado, e há uns carros de merda estacionados ao redor dele. Não que isso signifique alguma coisa sinistra, mas geralmente pessoas que têm carros como esses não possuem muita grana. Portanto, é um bar barato; e com barato, vem drama. — Você tem identidade? Eu levanto minhas sobrancelhas. Esse cara está me pedindo identidade quando eu vi, pelo menos, três meninas menores de idade atravessarem as portas. — Você está falando sério? — eu digo. Ele cruza os braços. — Sim eu estou. Com um suspiro, eu pego minha ID e entrego a ele. Ele realmente leva até a luz para ver se não foi adulterada, apertando os olhos e correndo os dedos sobre a superfície. Sério? Quer dizer, eu acho que eu deveria estar lisonjeada, mas, honestamente, esse cara está apenas sendo um idiota. Ele finalmente balança a cabeça e a devolve para mim. — Entre.

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— Puxa, obrigada, — eu murmuro. Eu passo por ele, entro no clube e olho em torno do espaço miserável. Eu sei como Dean é, vi fotos recentes suas antes de vir para cá. Eu me empurro através de alguns grupos de pessoas e recebo algumas vaias. Quando me sento junto ao bar, peço uma vodca com suco de laranja, assim não irão desconfiar de mim. Então eu fico de pé, bebendo o líquido enquanto olho ao redor do bar, procurando por Dean. — O que uma menina bonita como você está fazendo aqui? Me viro e vejo um cara magro, forte e assustador sorrindo para mim. Ele tem dois dentes faltando na boca, e seu cabelo loiro está todo bagunçado, cobrindo a maior parte dos seus olhos, que eu posso dizer claramente que estão injetados. Um drogado. Maravilhoso. — Apenas esperando um amigo, — eu digo, voltando para minha bebida. — Diga, mulher, você tem um dinheirinho para me dar? Um fanfarrão? Realmente? — Não. — Serve qualquer coisa. — Não. Ele fica lá por um minuto, em silêncio, e então eu sinto seus dedos tocando minha bolsa pelo lado. Sério? Eu giro e agarro sua mão, torcendo-a com força. Ele grita e começa a pular de um lado para o outro. — Tire suas mãos da minha bolsa. Eu o solto e ele tropeça para trás. — Você é louca! — ele grita, correndo para longe. Sim, sim eu sou. Me viro e vejo Dean de pé junto ao bar, sorrindo para mim. Eu tenho que me recompor rapidamente, porque estou chocada ao vê-lo ali. Eu me arrumo e dou a ele um encolher de ombros despreocupado enquanto me aproximo. Dean não é um homem feio. Ele é alto, muito bem construído, e tem os mais escuros olhos castanhos que eu já vi. Seu cabelo castanho escuro é raspado quase junto à cabeça, e se ele fosse saudável, eu olharia duas vezes. Mas ele não é saudável. Suas

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maçãs do rosto são ocas, a pele sob os olhos é escura e ele tem marcas de faixa bem visíveis nos braços. Viciado. — Você faz isso com muitos homens? — ele continua. — Se for preciso, — eu digo, me virando para minha bebida. — O que traz uma garota como você a um lugar como este? Essa é a minha chance. — Meu namorado me deu o fora na estrada depois eu descobri que ele colocou seu pau em um lugar ao qual ele não pertencia, e esse lugar não era eu. Eu o confrontei, ele ficou irritado e me expulsou do carro. Saí andando e esse foi o lugar mais próximo. — Que idiota, — diz Dean, sentando. Bingo. — Você está me dizendo? Quero dizer, o que há de errado com os homens? Eu sou tão pouco atraente que ele tem que ir em frente e fazer isso? Os olhos de Dean me estudam. Em seguida, ele sorri. — Você não é pouco atraente. Na verdade, eu acho que você é a garota mais bonita que eu já vi. Deus. Eu quero dar um soco nele. — Obrigada, — eu sorrio docemente. — Qual o seu nome? — Dean. Eu estendo a mão. — Suzanne, — eu não estou prestes a lhe dizer o meu nome real. — Prazer em te conhecer, Suzanne, — diz ele, apertando minha mão e balançando as duas juntas. — Me conte mais sobre esse idiota enquanto eu te compro outra bebida. — Que doce, e por favor, me chame de Susie. Isso está indo muito bem.

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— Que porco! — Dean chora, sacudindo a cabeça. — Alguns homens me fazem querer cometer assassinato. Eu inventei uma história longa, horrível sobre meu namorado que me largou, e Dean tem comprado cada pedacinho dela. Três bebidas depois e ele está bastante confortável para me deixar escapar o nome de Raide. Tomo um gole da minha bebida, acenando com entusiasmo para o homem que eu na verdade quero machucar. Ele é um porco, o fato de que ele está sentado aqui dizendo como o meu ―namorado‖ é horrível me faz querer esmagar a sua garganta. Considerando que ele tirou a vida da sua namorada. Porco. — E não é? — eu grito, jogando minhas mãos para cima. — Que tipo de homem faz isso, afinal? Eu sempre soube que ele era ruim para mim. Minha irmã, ela me disse, ―Susie, esse Raide é uma furada‖. Eu deveria ter escutado. O rosto de Dean cai, e eu quero jogar minhas mãos no ar e guinchar de prazer. Ele diz: — O nome do seu namorado era Raide? — Raide Knox. Que tipo de nome é esse, afinal? Todo o corpo de Dean fica rígido e ele murmura, — Me desculpe, mas eu preciso usar o banheiro. Em seguida, ele corre para fora. Ok, isso não foi exatamente como eu imaginei. Eu me levanto e o sigo pelo corredor escuto, em direção ao banheiro. Eu viro em um canto, onde uma porta está balançando, e uma mão agarra meu braço e me puxa para um espaço escuro. A porta é fechada e então, chaveada. — Me solte! — eu assobio. — Você acha que eu sou idiota? Dean. Merda. — O que você está falando, eu só estou usando o banheiro. — Quem te mandou aqui? A polícia? — Eu não sei o que você está falando! — eu grito, me contorcendo. ~ 186 ~


Ele me dá um tapa tão duro que eu vejo estrelas. Eu chuto para fora do seu aperto, mas como não posso vê-lo, me perco completamente. Antes que eu possa alcançar minha arma, sinto o cano de uma pressionando na minha testa. Congelo e puxo uma respiração profunda. Ele acende uma pequena luz e eu vejo que há uma faca oscilando na sua outra mão. Isso não é bom. — Quem diabos é você? — Eu... — eu preciso entrar no jogo, então começo a chorar. — Eu só estava tentando chegar em casa. Ele era meu nnnnn-namorado. Ele me deixou na estrada. — Você está mentindo! — ele grita, empurrando a arma com mais força contra a minha testa. — Eu não estou! — eu grito. Onde estão os homens de York e por que eles ainda não invadiram esse lugar? — Grite de novo e eu vou estourar os seus miolos. Me diga quem você realmente é. — Meu nome é Suzanne, — eu soluço. — Só estou tentando chegar em casa. — Eu não acredito em você, — ele sibila. — Agora me diga, para quem você está trabalhando? — Eu juro, — eu sussurro. — Cale a boca e me diga quem diabos enviou você aqui? — Ninguém, eu juro. Ele rosna. — Tudo bem, então você vem comigo. Ele me desloca ao redor e, em seguida, abre outra porta; só que não é aquela por onde entrei. Ele me empurra para fora e entramos numa sala isolada que não está no bar. Não estou entendendo. Eu fico olhando para a porta, e então de volta para a sala. Dean ri e pressiona a arma nas minhas costas, me empurrando para frente. — Confusa? —ele ri. — É um corredor de duas portas. Esse é o outro lado, por isso ninguém sabe dessa sala. E adivinha o que, querida? Só eu tenho a chave. Puta merda. ~ 187 ~


— Assim, tanto quanto se sabe, você foi ao banheiro, mas não voltou. Deus. Os homens de York provavelmente estão procurando por mim, mas não vão me encontrar. Esta sala é, obviamente, ainda ligada ao bar, então eu só posso esperar que eles estejam cobrindo todas as saídas. Dean me empurra em direção a outra porta. Eu quero alcançar minha arma ou lutar com ele, mas é muito arriscado. Ele tem duas armas, mesmo que eu consiga ligar com ele, estou desarmada. Só posso orar para que York venha em meu resgate. Nós entramos em uma garagem e vejo um grande SUV parado bem no meio. Dean enfia a mão no bolso e eu não penso, giro e chuto sua canela. Ele tropeça para trás, amaldiçoando em voz alta. Eu me lanço contra ele e meu punho voa para fora para se conectar com a sua mandíbula. Ele grita de dor e sua outra mão agarra meu cabelo. Ele me puxa para baixo com força e eu grito, tentando pegar minha arma. Então algo mergulha em meu pescoço e sinto o chão sair de debaixo dos meus pés. Com isso, meu mundo fica preto.

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Capítulo Vinte e Seis Eu acordo com a cabeça latejando. Levo alguns minutos para piscar e me orientar, e é quando eu percebo que estou em um quarto mal iluminado que definitivamente não é de York. Merda. Isso é ruim; isso é muito, muito ruim. Eu rapidamente tateio pelo meu corpo e vejo que todos os fios se foram, assim como a minha arma e meu telefone. Oh não, não, não, não. Isso não é bom. Eu nem sequer conseguir uma confissão do desgraçado e agora estou presa aqui. Ele provavelmente vai me matar e fugir com tudo. Apenas fantástico. — Você tem que estar brincando comigo, porra. Eu salto ao som daquela voz. De. Jeito. Nenhum. Atiro minha cabeça para o lado para ver Raide encostado na parede, me olhando com uma expressão dura. Ele está golpeado e ensanguentado, e não parece nada bem. Sua camisa escura está rasgada e pendurada ao seu corpo em farrapos. Seus jeans estão cheios de manchas de sangue, e seu cabelo é uma bagunça. Parece que ele não ter dormido por dias. — Raide? — eu chio. — Me diga que você não está aqui porque foi atrás de Dean? Eu olho para baixo. — Jesus, Grace! — ele late. — Por que você está aqui? — eu pergunto, me sentando e esfregando as têmporas. — Eu encontrei Dean novamente, só que ele antecipou que eu estava chegando e deixou vinte homens a postos para me dar uma surra de merda e me arrastar até aqui.

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Meus olhos suavizam e eu digo, — Você está ferido? — Eu pareço ferido, porra? — ele murmura. Eu franzo os lábios e lhe dou um olhar verdadeiramente ameaçador. — Não precisa ser um idiota. Ele balança a cabeça. — Agora você está aqui também. Esta está provando ser a porra da minha semana de sorte. — Eu estou aqui porque estava tentando te ajudar, — eu choro. — Nossa, muita ajuda você me deu. Eu estreito meus olhos para ele. — Eu vejo que você ainda está com raiva de mim. — Raiva? — ele pergunta. — Pelo quê? Não poderia ser porque você me usou, mentiu pra mim e me traiu, tentando me entregar. Eu raspo, — Alguém, obviamente, não superou isso. — Superou? — ele ri amargamente. — Eu já fui fodido antes, Grace. Mas você, moça, você empurrou isso para outro nível. Inferno, está tão lá no alto agora que eu não consigo puxar de volta. Eu vacilo e digo baixinho. — Eu não tive a intenção de machucar você, e se você me conhecesse de verdade, saberia disso. — Não? O que você pretendia fazer? — Levar você para a audiência de julgamento, — eu digo honestamente. — Porque esse é o meu trabalho. Então, eu me apaixonei por você e fui suspensa. Depois, eu, estupidamente, decidi tentar te ajudar. Só Deus sabe por que, por que você ainda está tão arrogante como na última vez em que te vi. Obrigada, a propósito, eu tenho certeza que Benny gostou muito de me encontrar nua e algemada na cama! A mandíbula de Raide se contai e seus olhos parecem mais irritados. — O que você acha que eu ia fazer? Te dar outra chance? — Não, porque pessoas como você não dão segundas chances. Você só faz o que for mais conveniente. — O que isso quer dizer? — ele rosna.

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Eu balanço minha cabeça. — Isso significa que você não escuta, você não se importa, e você não faz nada por ninguém além de si mesmo. Seus olhos se arregalaram e sua mandíbula aperta. — Então eu ter passado os últimos meses perseguindo o assassino da minha irmã não foi nada além de um grande ato egoísta? — Antes não era. Agora é. — Que porra isso quer dizer? — Você não tinha a mim antes. Você não tinha nada pelo que lutar. Agora você tem, e se você for embora, isso significa que eu vou perder o único homem com quem eu já me importei. Então, sim, é egoísta. É egoísta porque você nunca pensa naqueles que vão te perder. É egoísta porque você não conta a verdade à polícia. É egoísta você se colocar nessa posição! Todo seu corpo salta. — Eu sou egoísta, caralho? — ele ruge. — E você? — Eu nunca disse que não era, — eu sussurro. — Deus caramba, eu nunca disse que eu não era, — minha voz se eleva. — Eu sou egoísta, porque porra, eu me preocupo com você e eu não deveria. Eu sou egoísta, porque eu implorei por este trabalho, eu disse a eles que eu era capaz de fazer, eu disse que era boa o bastante, e eu falhei. Eu falhei porque coloquei as minhas necessidades antes do meu trabalho. Eu sou egoísta, Raide. Eu nunca disse que não era, mas pelo menos eu posso admitir isso. Você só vive no seu mundinho. Será que você ao menos ainda se importa comigo? Ou eu fui apenas uma diversão na sua viagem? Ele olha para mim. Realmente olha. Em seguida, ele se inclina para frente e sussurra: — Você nunca vai saber, porra. Deus o amaldiçoe. Idiota arrogante. Eu balanço minha cabeça e caio de costas contra a parede. Deixo minha cabeça cair em minhas mãos e luto contra as lágrimas. Foda-se Raide. Foda-se essa situação. Isso vai me ensinar a não me preocupar com alguém que nunca vai corresponder. Eu estou tão brava com ele. Como ele se atreve a me fazer sentir como se fazer o meu trabalho fosse a pior coisa do mundo! Minha dor rapidamente se transforma em raiva e eu me levanto, atacando na direção dele.

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— Você sabe o quê? — eu guincho. — Vá se foder, Raide Knox! Eu estava fazendo o meu trabalho. Eu não fiz nada de errado, exceto me apaixonar por você, seu idiota arrogante. Eu cometi um erro, mas você está cometendo um erro a cada maldito dia da sua vida. Você está fugindo da realidade. Você quer se afastar com sangue nas mãos, porque você não consegue deixar ir, porque você não se importa o suficiente com as pessoas que ainda estão aqui. Então vá se foder! Eu não me arrependo de quem eu sou. Não mesmo. Eu me lanço para empurrá-lo, mas sua mão atira para cima e ele pega meu pulso. Ele me puxa para baixo tão rapidamente, eu estou de costas antes de perceber que ele está em cima de mim. Eu suspiro e me contorço, mas é inútil. Ele é pesado e ele está determinado. Ele se inclina para baixo, tão perto que nossos lábios estão apenas a alguns milímetros de distância. — Você não pode fingir que me conhece, — ele raspa, e Deus, ele cheira bem. — Só tem uma coisa da qual eu vou fugir quando terminar, e vai ser você. Meu coração se parte e eu viro meu rosto para o lado. Lágrimas vazam para fora e escorrem pelo meu rosto. — Porra, — ele murmura. — Fique longe de mim, — eu sussurro. — Grace. — Agora! — eu grito tão alto que ele recua. Ele se afasta e eu me apresso para sair de debaixo dele. Vou até o canto do lugar e caio no chão, virada de costas para ele. Meu coração está acelerado e meu mundo inteiro foi colocado de cabeça para baixo. Sim, é tudo minha culpa, mas saber disso não tira a agonia que se encontra no fundo do meu peito. Eu só quero ir para casa. Eu quero esquecer que isso aconteceu, mas acima de tudo, eu quero esquecer o fodido Raide Knox.

*****

Eu acordo com um sobressalto quando a porta se abre e três homens entram. Nenhum deles é Dean. Eu olho de um para o outro e os avalio. Dois têm armas, então isso não é bom. Um deles está, aparentemente, desarmado, mas ele é grande e parece mau. Ele dá um passo à frente, e quando feixes de luz o atingem, eu vejo que ele é ~ 192 ~


careca e possui olhos negros sérios. Eu tremo e me sento, passando os braços em volta dos meus joelhos. Eu jogo um olhar para Raide, mas ele tem está olhando fixamente para os três homens. — Onde está o Dean? — ele late. — Não sei de quem você está falando, — murmura o homem calvo. O quê? — Ele me trouxe aqui, — eu digo em voz baixa. — Eu me lembro dele. — Não tenho ideia, — o homem rosna, se inclinando, — de quem você está falando. — Aquele filho da puta inteligente, — Raide rosna. Não estou entendendo. Eu devo estar esquecendo alguma coisa. — Agora, vocês dois estão indo para uma agradável viagem pela estrada, então um passeio de barco e, por fim, uma natação recreativa no fundo do oceano. Meu coração salta. O quê? Meus olhos correm para Raide de novo, e ele está olhando para mim agora. Ele não parece assustado, mas ele certamente não parece muito satisfeito também. — Dean lhe disse para fazer isso? — ele finalmente diz ao careca. — Nenhuma ideia de quem é Dean. Apenas me disseram que eu preciso fazer isso. A garota vai primeiro. Fui instruído para que você a veja morrer. Eu recuo. — Não tenho ideia de por que iriam dizer isso a você. Eu nem ao menos conheço ela, — Raide murmura. Todos eles levantam suas sobrancelhas. — Ah é? — Sim, — Raide dá de ombros. — Isso mesmo. O homem no comando sorri e diz, — Então não vai te incomodar se a gente matar ela? Raide parece entediado. — Não. Ele está brincando? Certo? Ele está jogando eles. Ele tem que estar. Ele não correria o risco de me deixar ser morta. ~ 193 ~


— Bem, então, não há porque esperar, — o careca se abaixa e me puxa para cima rapidamente. Eu gritar e me contorço quando ele me bate contra a parede, então há uma faca no meu pescoço. Eu nem ao menos sei de onde ele tirou isso, mas tudo em meu mundo para e eu só consigo sacudir violentamente. Eu clamo e sussurro, — Raide. — Meus olhos se voltam para ele, mas sua expressão está dura. — Tem certeza que você não se importa com ela? — Positivo. Ele pressiona um pouco mais a faca na minha carne. — Raide! — eu grito. Será que ele pensa que o homem não vai terminar isso? — Você sabe o que? Eu acho que vou desfrutar dela um pouco primeiro. Fique de joelhos — ele me joga no chão e eu apresso para longe dele, mas ele agarra meu cabelo e me puxa para trás. É aí que Raide perde a cabeça e se lança para frente – eu ouço um estalo alto, então um baque. Uma arma dispara e eu me jogo para frente, caindo de rosto no chão. Eu quero me virar, mas meu rosto está queimando e eu estou congelada de medo, esperando que a bala fatal tenha entrado nas minhas costas. Eu fecho meus olhos, tentando respirar enquanto ouço os grunhidos, e então a porta se fecha. Eu me viro lentamente depois de alguns minutos de silêncio para ver que estamos sozinhos, mais uma vez, com um corpo morto. Raide está de quatro, ofegante, e há sangue escorrendo de seu braço. O homem careca está de bruços no chão, mas há uma boa quantidade de sangue em todo o seu rosto e pescoço. Eu não quero nem saber o que Raide fez com ele. Eu me obrigo a me apoiar em minhas mãos e joelhos e rastejo na direção de Raide. Quando eu o alcanço, estendo a mão e levanto sua camisa. — Raide, — eu grito, — você foi baleado! — Está tudo bem, — diz ele em um sussurro. Ele está com dor. Eu sei que ele está. — Me deixe te ajudar, por favor, — eu empurro seu ombro suavemente e ele se mexe, então está sentado contra a parede. Eu levanto a manga e decido que não há porque manter essa bagunça esfarrapada em seu corpo quando eu ~ 194 ~


posso usá-la para parar o fluxo de sangue escorrendo pelo seu braço. — Eu vou usar a sua camisa, está bem? Ele não diz nada, então eu dou alguns puxões e tiro a camisa do seu corpo. Eu amarro algumas tiras rasgadas e então faço mais uma bola com outro pedaço e o coloco sobre a ferida. Raide estremece, mas ele não me impede. Eu uso as tiras amarradas para colocar a bola de tecido no lugar, e então amarro firmemente. Antes que eu termine, a porta se abre e dois homens entram. Desta vez, eles têm armas enormes e eu não tenho dúvidas de que elas irão nos destruir se formos baleados. — Não se mexam, caralho! Eles mantêm as armas apontadas para nós enquanto mais dois homens entram e levantam o corpo sem vida do chão. Então um cara mais jovem vem e esfrega o sangue do chão com algo que cheira forte o suficiente para queimar os pelos do meu nariz. Quando está pronto, eles se voltam para nós. — Estamos saindo pela manhã, então façam suas despedidas finais. Eles batem a porta quando saem. Eu deixo minha cabeça cair e tento formar um plano. Tem que haver algo que possamos fazer! Este não é o nosso fim. Não é. Raide levanta a mão e passa os dedos pela minha bochecha. Eu fecho meus olhos e tento fazer meu corpo parar de tremer. — Eu nunca teria deixado eles te machucarem, — ele me diz. Eu recuo. — Você apenas ficou lá, — eu sussurro. — Porque eu queria que ele virasse de costas, e ele virou. — Você arriscou a minha vida. — Gracie, — ele murmura, se inclinando e acariciando minha bochecha. Eu me afasto e caminho lentamente, entorpecida para o outro lado da sala. Eu me sento no chão e não faço contato visual com ele novamente. Eu estava apavorada. Por um segundo, pensei que o cara ia me matar e Raide apenas ia se sentar e deixar isso acontecer. Meu corpo treme de medo mais uma vez, e antes que eu possa me impedir, começo a soluçar. Ruidosamente, soluços de cortar o coração que obstruem minha garganta. ~ 195 ~


Raide está ao meu lado em segundos, me puxando para o seu colo. — Eu nunca teria deixado ele te machucar, Grace! — diz ele novamente. — Você tem que acreditar nisso. — Eu perdi tudo, — eu choro em seu peito nu. — Tudo. — Não, não é assim, e nós vamos sair daqui. — Meu chefe me odeia, meus amigos me odeiam, e você me odeia. Eu perdi tudo. — Eu não odeio você, baby, — quando eu choro mais, ele passa os dedos pelo meu cabelo, me acalmando. — A verdade é, — ele raspa, então hesita. — A verdade é, Grace, que eu não consigo pensar em uma coisa maldita, desde que você me deixou, que não seja você. Eu fecho meus olhos e respiro o seu cheiro. — Você está sob a minha pele. Eu esfrego minha bochecha sobre sua carne musculosa e firme. — E eu não posso te tirar, porra. Eu tremo e meus soluços diminuem. — Você me fez sentir novamente. Oh. Sim. — Você me fez querer lutar. Eu me mexo de novo e meu ouvido está sobre o seu coração. Eu o escuto bater. —Você me fez querer começar de novo. Eu suspiro em voz alta. — Com você. Eu inclino minha cabeça para cima e olho para ele. Ele está olhando para mim, seus olhos cor de âmbar cheios de algo muito mais profundo do que luxúria. — Raide, — eu sussurro. Ele se inclina para baixo, segurando meu queixo e inclinando meu rosto. — Silêncio.

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Então ele me beija. Seus lábios são brutos, mas tão, tão macios. Ele me beija com força, separando meus lábios e suavemente persuadindo minha língua a encontrar a sua. Ele mexe meu corpo, assim estou em cima dele e suas mãos deslizam para cima e para baixo nas minhas costas e nosso beijo se aprofunda, até que estamos ofegantes e segundo um ao outro. Ele me empurra para trás depois de alguns minutos de paixão, se inclina e corre a boca pelo meu pescoço. Eu fecho os olhos, deixo minha cabeça cair para trás para que ele possa se movimentar pela minha garganta. Ele beija o pequeno oco ali antes de deslizar os lábios de voltar até encontrar os meus outra vez. — Nós temos que sair daqui, — eu respiro contra seus lábios quando eles param de dançar juntos. — Sim. — Como vamos fazer isso? — Não há muitas opções, moça. Eles vão nos drogar antes de nos tirar daqui, pode ter certeza. Eles não vão correr o risco que a gente escape de carro. — Eles disseram que não conhecem Dean? Raide grunhe. — Eles conhecem. Esse filho da puta inteligente está fazendo com que pareça que ele não tem nada a ver com isso. Ele provavelmente voltou para aquele bar e está lá, sentado casualmente. — Eu estava com uma escuta. — Você conseguiu alguma coisa? Eu balanço minha cabeça. — Porra. — Eu fui até a polícia, Raide. Ele olha para mim. — E? — E eles me enviaram, com uma escuta, para conseguir uma confissão de Dean. Ele me descobriu e aqui estou eu. Raide suspira. — Isso deixa apenas uma opção. — Qual? — Nós vamos brigar.

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Eu estreito meus olhos. — Brigar? — Sim, nós vamos brigar. Nós não estamos algemados, eles podem ser inteligentes, mas são estúpidos quando se trata de prender cativos. Eu não consigo derrubar todos sozinha, mas com você aqui, talvez tenhamos uma chance. Há apenas seis deles, cinco, agora que eu matei um. Eu estive contando. — Há quanto tempo você está aqui? — Poucos dias. — Me desculpe, — eu sussurro. Ele segura meu queixo e me obriga a olhar para ele. — Não há nada para você se desculpar. Você não me colocou aqui. — Se sairmos daqui, o que vamos fazer com Dean? — Eu vou lidar com Dean. Meu coração aperta. — Raide, você poderá ir para a prisão. — Apenas confie em mim, sim? Minha esperança morre um pouco. Ele está se dando para mim, mas ao mesmo tempo, não está. Raide quer vingança e ele vai fazer o que puder para conseguir, não importa o preço. Isso dói, porque eu pensei que eu seria o suficiente para ele mudar de ideia, mas a verdade é que ele não vai mudar. Ele quer sua vingança, não importa o quê, e está indo atrás dela. Eu me mexo em seu colo e prendo as minhas lágrimas, dizendo em voz monótona, — Qual é o nosso plano? — Grace. Eu lhe atiro um olhar. — Apenas me diga como vamos sair daqui. Ele me estuda, depois suspira. — Eles se revezam, e pelo que eu ouvi, quando os turnos mudam, a outra equipe vai embora. Eu ouvi os carros indo e vindo. Assim, podemos assumir que vamos ter de derrubar três. — Como vamos fazer isso? — Vai ter que ser um ataque surpresa. Quando eles chegarem, precisamos aproveitar nossa chance. Você é durona, você pode colocar um homem totalmente crescido no chão. ~ 198 ~


— Não se ele tiver uma arma. — Você pode, olhe ao seu redor, Grace. Eu olho em volta do quarto simples. — E? — Você vê essa estante? Eu olho para o canto e vejo uma estante antiga, cheia de livros. Além da base de uma cama raquítica, oxidada, sem colchão, e essas são as duas coisas no quarto. — E? — Nós vamos alinhá-la, e quando eles entrarem, você a derruba sobre eles. Isso vai nos dar uma chance de lutar. Se você conseguir pegar uma arma, pegue. É a nossa melhor chance. Não é uma má ideia. — E se houver mais do que três deles? Ele dá de ombros. — Nós vamos morrer amanhã, de qualquer maneira. Você não acha que vale a pena o risco? Eu concordo. — Então, amanhã de manhã, vamos fazer isso. Concordo com a cabeça novamente. Eu me acomodo no meu canto e posso sentir os olhos de Raide queimando dentro de mim. Eu me deito, usando meu braço como travesseiro. Eu fecho os olhos e empurro para baixo toda a minha emoção. Tenho que me concentrar. É preciso, para nos tirar daqui. Se eu não fizer isso, vou perder a minha batalha interna. E eu não posso me dar ao luxo de perder isso também.

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Capítulo Vinte e Sete Gemendo, me mexo em meu sono e me leva alguns momentos para acordar. O chão debaixo de mim é duro, e minhas costelas doem enquanto uso as mãos para, lentamente, me sentar. O gemido fica mais alto e eu percebo que é Raide. Ele parece estar com dor. Eu me espreguiço e esfrego os olhos, então balanço meu braço para fazer com que ele volte à vida. Raide faz um som estrangulado e eu fico de joelhos e rastejo em direção a ele. — Ei, — eu digo em voz baixa. — Você está bem? — eu não tenho certeza se ele está dormindo ou acordado, é escuro como breu aqui. — Nah, — ele resmunga. — Seu braço? — Sim. Merda. Como eu vou aliviar sua dor? Talvez haja muita pressão sobre a ferida. Eu não consigo ver, como vou verificar isso? — Você quer que eu solte o curativo? — Sim, — ele raspa. — Por favor. Eu me abaixo suavemente, tateando até encontrar seus braços. Acho o nó que eu amarrei e o desfaço com gentileza. Ele quase chora de alívio quando eu desfaço o curativo improvisado. Eu gostaria de poder vê-lo. Talvez eu possa pedir analgésicos? — Você precisa de analgésicos. — Eu tenho. — Por que você não toma? Ele não diz nada. — Deus, Raide, você é sempre tão orgulhoso? ~ 200 ~


Ele ri, mas é cheio de dor. — Basicamente. — Onde eles estão? — Bolso. — Tem luz aqui? — Só uma lâmpada de merda ao lado da carcaça da cama. Eu deixei isso passar. — Espere. Rastejo lentamente até a cama e saio tateando. Leva alguns minutos, mas finalmente sinto uma lâmpada sob meus dedos. Eu a viro e ela acende. A luz pisca algumas vezes, mas acaba permanecendo ligada. Eu rastejo de volta até Raide e olho para o seu braço. Ele está deitado de costas. Olho para ele, que está me encarando com um olhar bonito e gentil no rosto. Olho para longe rapidamente e me concentro de novo em seu braço. Quando eu desfaço o curativo, está vermelho e inchado. Deus, parece inflamado. Olho ao redor e percebo uma garrafa de água no canto, cheia até um pouco mais da metade. Eles devem ter trazido água em algum momento. Aceno com a cabeça para ele. — Posso usar isso? Raide se vira e olha para a garrafa. — Beba um pouco primeiro. Meu coração incha, mas eu não deixo que isso me pegue. Ele está apenas sendo gentil. Se certificando de que estou forte. Eu pego a garrafa e abro, então tomo um longo gole. Ofereço a Raide, que também bebe. Depois eu encontro o pedaço mais limpo que resta da sua camiseta esfarrapada e despejo um pouco de água sobre ele. Limpo em torno do seu ferimento à bala, tentando não reagir ao seu assobio enquanto eu o limpo da melhor forma possível. Quando acabo, faço uma nova bola de tecido e a coloco no mesmo lugar. Amarro com menos força dessa vez. Então, como soubesse que eu terminei, a lâmpada se apaga. Ótimo. Não há mais luz. — Jesus, — murmuro. — Que merda. Raide grunhe. — Você esperava algo diferente? — Ha-ha, — eu murmuro. — Em qual bolso estão seus analgésicos? ~ 201 ~


— No de trás. — Você vai rolar e fazer isso fácil para mim? — Não. Idiota. Eu estendo a mão para o seu peito. Puxo uma respiração silenciosa. Eu adoro tocar nele. Propositalmente, corro meus dedos sem pressa pelo seu estômago. Quando chego na calça jeans, deslizo os dedos suavemente, e os mergulho no primeiro bolso – mesmo que eu saiba que o remédio não está ali. Eu roço em seu pênis e ele fica duro sob o meu toque. Mordo o lábio inferior e posso ouvir sua respiração ficar mais rápida quando puxo minha mão para fora e a mergulho no outro bolso. Eu roço em seu pau de novo, então removo minha mão e a deslizo pelo seu quadril, até chegar na bunda. Ele levanta um pouco e eu alcanço, encontrando o pacote no bolso de trás. Eu o pego e ele volta a se deitar no chão. Eu o quero. É errado, eu sei que não deveria, mas eu quero. Quero ele. Quero me abaixar e abrir sua calça. Quero sentir ele dentro de mim. Eu quero beijá-lo. Prová-lo. Retiro duas pílulas da embalagem e, usando os dedos, encontro seus lábios. Ele os abre e eu deslizo o remédio em sua língua. Antes que eu possa remover os dedos, ele fecha os lábios em torno deles e chupa. Eu choramingo e me mexo. Uma piscina de calor se forma entre as minhas pernas, e eu me pergunto e daí? Podemos não sair daqui, não vou perder meus últimos minutos resistindo a esse homem que me cativou tanto. — Com quanta dor você está? — eu sussurro. — Estou me sentindo muito melhor, — diz ele, com a voz grossa. Ele está mentindo, mas está fazendo isso porque ele sabe o que eu quero. Ele também quer. Eu não estou a ponto de negar isso a ele, não agora. — Não se mova — eu corro meu dedo pelo seu peito e pelo seu abdômen. Paro no alto de sua calça jeans e deslizo minha mão por cima dela, sentindo seu pau inchado e grosso abaixo do tecido. Dou um aperto e ele sibila. Eu sorrio na escuridão. Eu o provoco usando a palma da minha mão para esfregar nele por cima do jeans, e ele empurra os quadris para cima, silenciosamente implorando por mais, mas eu continuo com meus movimentos de fricção lentos. ~ 202 ~


— Continue fazendo isso, — ele raspa. — Eu vou gozar e você vai ficar na mão. Bom ponto. Eu parar de esfregar ele e encontro o seu botão. Abro a calça, empurro o jeans para baixo até o seu pau saltar livre. Envolvo a mão em torno dele, e gemo quando calor irradia da sua carne. Ele é tão grosso e duro, apenas o pensamento de como é incrível quando ele está dentro de mim faz meu sexo se apertar. Eu o acaricio suavemente enquanto posiciono meu corpo sobre as suas pernas. Então me inclino e toco meus lábios na sua coroa molhada. — Porra, sim — ele sibila. Eu redemoinho minha língua ao redor da ponta, e então abro a boca e o deslizo para dentro. Ele geme e empurra para cima, escorrendo ainda mais do seu comprimento grosso na minha boca. Eu o tomo, deslizando os lábios para baixo e voltando para cima outra vez. Gentilmente pasto meus dentes sobre sua pele e ele estremece. Eu adoro ter o controle. Enrolo meus dedos em torna da base e começo a acariciar enquanto chupo profundamente e com força, sentindo seu pau pressionar contra a parte de trás da minha garganta. — Jesus, — ele resmunga. — Você precisa parar ou eu vou gozar. Eu dou mais uma chupada longa e profunda, e depois o solto. Não tiro a roupa, só removo o suficiente para lhe dar acesso. Então subo sobre ele, pegando seu pau com a minha mão. Eu o guio para a minha entrada e depois, lentamente, afundo. Nós dois soltamos um gemido baixo e gutural ao mesmo tempo em que ele me enche. Quando ele está totalmente dentro, eu expiro e inicio um suave movimento de balanço lento. — Mais rápido, baby, — ele resmunga, usando sua mão boa para capturar meu quadril. — Não, — eu choramingo. — Lento. Eu balanço para trás e para frente, para trás e para frente. Meus dedos encontram meu clitóris e eu fecho os olhos, deixando cair a cabeça para trás. E continuo, para trás e para frente. — Grace, — diz ele com firmeza. — Mais rápido. — Não — Deus, essa porra é tão incrível.

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— Baby, — ele estremece. — Merda. — Goze dentro de mim, — eu suspiro na escuridão. — Goze, Raide. — Porra, — ele se senta, mas me mantém na mesma posição. Seu braço envolve em torno das minhas costas e a outra mão vai para o meu quadril. Ele usa o meu corpo para acelerar o ritmo. Eu coloco minha mão no sem braço bom, e ali posso sentir seu bíceps contraindo enquanto ele usa o meu corpo para me fazer foder com ele mais duro. Ele vai machucar seu braço. Ele vai... Oh, Deus, isso é tão incrível. — Você vai se machucar. — Então me fode com mais força, — ele late baixinho. Eu me solto dele e me posiciono de quatro. Ele estende a mão, que fica à deriva, e então a coloca no meu quadril e impulsiona para dentro de mim, profundo. Eu grito e ele começa a me foder, duro e rápido. Nossa pele estala juntas e eu estou mordendo meu lábio para me impedir de gritar o seu nome. Seu pau vai fundo e ele saber como usar isso perfeitamente. Ele me fode até que estou tirando sangue do meu próprio lábio. — Raide, — eu ofego para a escuridão. — Porra. Eu gozo com mais um empurrão dos seus quadris. O calor se espalha do meu sexo para minha barriga e eu agarro o chão enquanto meu corpo treme com a libertação. Os quadris de Raide batem contra os meus mais seis vezes antes que ele deixe escapar um suspiro longo e irregular que me diz que ele encontrou sua libertação, também. Depois de mais alguns momentos, ele desliza para fora de mim e eu o escuto fechando o zíper. O som dele se sentando me deixa saber que ele está satisfeito, então eu encontro minha roupa e me certifico de estar vestida antes de sentar ao lado dele. — Isso foi pervertido, — eu sussurro. Ele ri. — Os prisioneiros no corredor da morte têm a sua última refeição. Nós merecemos uma última foda. Eu fecho meus olhos, e ele percebe o meu silêncio. — Eu vou te tirar daqui, Gracie. Eu juro. ~ 204 ~


— Você não pode prometer isso, Raide. Ele estende a mão e enrola os dedos nos meus. — Eu vou tirar você daqui. Eu juro. Espero que ele esteja certo.

*****

— Tome algumas respirações profundas, moça, — diz Raide, agarrando meu queixo. — Você consegue. Nós mudamos o lugar da estante hoje de manhã cedo, para que eu possa empurrá-la e ela caia onde nós precisamos. — Quando eu disser, você empurra a estante com tudo que puder. Concordo com a cabeça, engolindo. — Nós vamos sair daqui, mas você tem que lutar, baby. Você pode fazer isso? Eu fico de pé e digo com a voz forte: — Sim, eu posso. Ele dá um meio sorriso que faz meu coração queimar por ele. — Boa garota. Eu estou atrás da estante. Não sabemos quando eles vão entrar, mas não vamos correr riscos. Eu pressiono as palmas das mãos contra a madeira, empurrando meu medo para baixo, e trago para fora a Grace fodona. Estamos assim pelo que devem já fazer duas horas. Minhas mãos e braços doem, e eu estou descansando contra a estante. Então ouço o som da fechadura sendo destrancada. — Grace, — sussurra Raide, — você está pronta? — Pronta — a porta se abre e eu me endireito. — O que... ? — Agora, Grace! — Raide late. Empurro a estante com toda força que tenho. Ela cai para frente e eu ouço um grito alto de dor, de alguém que foi atingido. A arma dispara e eu pulo fora antes mesmo de ter a chance de olhar para quem ~ 205 ~


a estante derrubou. Raide está abordando um homem, sua mão enrolada em volta da arma em seu aperto. Outro homem está meio preso sob a estante, mas ele tem sua arma apontada para Raide. Eu salto para frente e chuto a arma de sua mão. Ela vai deslizando pelo chão e ele sibila uma maldição para mim. Eu vou dar um bote para a pistola, mas uma mão ataca e pega meu tornozelo. Ele me puxa duro e eu vou para baixo com um baque no chão. Com um chute, o homem consegue se livrar de debaixo da estante. Ele joga seu corpo em cima do meu. Eu dirijo meu cotovelo para cima e acerto suas costelas, então eu me viro e pego seus cabelos. Ele fecha os dedos ao redor da minha garganta e começa a apertar, então eu puxo seu cabelo, com tanta força que um punhado é arrancado. Ele grita e me dá um tapa duro. De repente, seu peso saiu de cima de mim e ele está rolando pelo chão. Raide ainda está enfrentando o outro homem, mas ele não tem mais uma arma. Ele, também, está no chão. Raide deve ter chutado ele de cima de mim, enquanto eles estavam lutando. Eu não perco tempo. Deslizo em direção a arma e quando os meus dedos se curvam ao redor dela, quero chorar de alívio. Eu volto para o homem com quem estava lutando e vejo que ele está avançando para mim novamente. Aponto a arma e atiro, acertando o joelho. Ele cai no chão com um grito e eu rapidamente me levanto. Ele está muito ocupado gritando de dor para tentar lutar mais, então eu saio de perto dele e volto para Raide. Ele conseguiu derrubar o cara, mesmo com um braço machucado. O homem está de cara no chão e Raide está puxando os braços dele para trás. — Grace, me dê as algemas que estão no cinto, — eu corro e pego as algemas. Eu prendo os pulsos do idiota e Raide o solta. — Vamos sair daqui. Nós dois corremos para a porta. Há outro homem caído ao lado dela. Ele tem sangue escorrendo da sua cabeça e está imóvel. Ele deve ter sido atingido pela estante. Nós não ficamos para estudá-lo, apenas corremos para fora da sala. Estamos em uma velha casa em ruinas. Raide me empurra para trás dele à medida que avançamos, se certificando de ninguém mais está presente. Quando chegarmos lá fora, há dois carros alinhados. Corremos em direção a eles e, para nossa sorte, eles deixaram as suas chaves na ignição – não é perigoso porque esse lugar é isolado. Tem que haver um jeito de ir para a cidade, porque tudo que eu posso ver são árvores ~ 206 ~


frondosas, uma longa estrada de terra e a antiga casa velha onde estávamos. Raide abre a porta do passageiro e eu rapidamente entro. Ele salta no lado do motorista e nós derrapamos para fora antes mesmo de eu puxar o cinto. — Você se feriu? — Raide pergunta enquanto nós colidimos contra a estrada de terra. — Não, — eu digo, passando minhas mãos sobre meu corpo. — E você? — Não. Sua voz está apertada, então eu olho para ele. Vejo sangue escorrendo pelo seu braço, onde ele foi baleado. — Raide, você está sangrando. — Estou bem. — Não, você não está. — Eu não posso parar e me preocupar com isso agora. Eu não posso discutir com isso. — O que nós vamos fazer? Ele olha para mim por um segundo, e o que eu vejo em seus olhos me assusta. — Vamos acabar com isso.

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Capítulo Vinte e Oito Por ―acabar com isso‖, eu acho que ele quer dizer matar Dean. Ele tem aquele olhar em seu rosto. Ele está com raiva, ele está sofrendo, e ele parece que está mais do que pronto para fazer o assassino de sua irmã pagar. Eu sei que não posso falar com ele sobre isso, não importa o que eu diga, ele já fez sua cabeça. Ele fez isso muito antes de eu aparecer. Ele não me diz mais nada, e porque meu corpo está exausto, acabo caindo no sono. Eu juro que ouço, antes de cair em completa escuridão, Raide dizer: — Me desculpe, querida. Eu durmo um bom tempo; ou isso, ou estávamos mais perto da nossa cidade do que eu pensava, porque Raide está me acordando com uma mão suave sobre a minha bochecha. Deixo minhas pálpebras tremularem abertas e o vejo olhando para mim. Nós ainda estamos no carro, e ele tem uma expressão de dor no rosto. Deus, eu dormi tanto assim? Será que ele encontrou Dean? Me sento rapidamente e de imediato vejo que não estamos encontramos Dean. Nem mesmo perto disso. Estamos no... meu trabalho. — Raide, — eu sussurro, — por que estamos aqui? Eu posso ver Don, Vance, Julio e York em pé na calçada. Isso me acerta como um martelo no coração: Raide veio se entregar Ele me trouxe de volta aqui... ele arriscou tudo, desistiu de sua vingança e nos trouxe de volta para cá. Ele se sacrificou... por mim. Não. — Raide, — eu coaxo. — Não. Ele se aproxima mais, segurando meu queixo. — Você disse que eu era egoísta, porque agora tenho você na minha vida, então deveria estar lutando por isso. Você estava certa. Eu não posso matá-lo, Grace, porque isso significa perder você. Isto sou eu não sendo egoísta. Isto sou eu fazendo a coisa certa. ~ 208 ~


— Mas, — eu digo, e as lágrimas dos meus olhos escapam e escorrem pelas minhas bochechas. — Mas não pegamos Dean, e se não encontrarmos ele... — Então eu vou estar fora por um bom tempo, — diz ele suavemente. — Mas, baby, ainda é a coisa certa. A realidade me bate e eu me atiro para ele. — Não, nós podemos encontrá-lo. Podemos, Raide. Temos uma chance de corrigir isso. Você não tem que fazer isso. Eu estava errada, nós podemos consertar isso. Você não tem que fazer isso. Ele me empurra para trás e olha nos meus olhos, mas eu estou chorando tanto, mal posso vê-lo. — Não, querida, isto que estou fazendo é consertar as coisas. Estou confiando nisso. Confiando em você. Confiando em Kelly. A porta se abre e Don se inclina para dentro do carro. — Hora de ir. — Não! — eu grito, me esticando mais e pegando o braço de Raide. — Não, por favor. Nós precisamos de um pouco mais de tempo. — Você teve seu tempo, Grace, — Don diz suavemente. — Nós temos que levar ele para a polícia. — Não! — eu grito. — Ele não fez isso, Don. Ele não fez. Don me dá um olhar verdadeiramente doloroso. — Eu tenho que fazer o meu trabalho agora, e você tem que me deixar fazer. Raide se vira para mim. — Ei, olhe para mim. Eu viro meus olhos quebrados para os seus. Pensei que eu queria isso. Eu pensei que era o melhor. Pensei que iria corrigir tudo. Ele não deveria se preso por isso. Era para eu ajudá-lo e eu falhei. Se eu não encontrar Dean, não poderei ver Raide por um longo, longo tempo. Por que eu achei que entregar ele seria a melhor a ideia? O que foi que eu fiz? Eu vou perdê-lo. Eu não posso perdê-lo. — Baby, olhe para mim. Eu pisco e seus olhos âmbar entram em vista. — Nós vamos descobrir isso, mas mesmo se não, você precisa saber... — Raide, não, — eu raspo. ~ 209 ~


Ele se inclina mais perto. — Você precisa saber que eu te amo. Você precisa saber que você me mudou. Você precisa saber que isso... isso está me mostrando que eu desistiria de tudo. Por você. Por mim. Por Kelly. Vamos passar por isso, você vai ver. Antes que eu possa responder, ou sequer dar um beijo nele, Don passa o braço por Raide e o puxa do carro. Ele o algema, Raide grita de dor e eu perco a cabeça. Abro correndo a minha porta, mas não consigo nem ficar de pé antes que Vance envolva seus braços ao meu redor. — Você precisa deixar Don fazer o seu trabalho, Grace. — Raide! — eu grito enquanto Don o leva para um carro. — Eu te amo! Ele olha por cima do ombro para mim e sorri. Minhas pernas dar para fora e eu choro.

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Capítulo Vinte e Nove — Você confia em mim, Grace? Eu ergo minha cabeça e olhar para York, que está ajoelhado na minha frente. Eu ainda estou no escritório. Faz duas horas desde que Raide foi detido. Minha cabeça é uma mistura de emoções, meu corpo parece entorpecido. Meu pai está aqui agora, mas mesmo ele não consegue me fazer sentir melhor agora. Eu me sinto estranha por dentro. Sei que é o melhor, mas Dean provou ser inteligente, e isso significa que há uma chance de que não viremos a conseguir o que precisamos, e esse simples pensamento faz meu estômago torcer. Eu amo ele. Droga, eu amo Raide Knox. — Grace, querida? Eu pisco e percebo que York ainda está falando. Eu forço um sorriso. — Perdão? — Você confia em mim? Concordo com a cabeça lentamente. — Claro que sim, mas... — Ei, — diz ele, se esticando para frente e cobrindo meu rosto com as suas mãos. — Você tem que me deixar isso do meu jeito agora. — Ele pegou a escuta, fez parecer que ele não tinha participação em nada disso, ele vai se safar dessa e.... — Isso me traz de volta à minha pergunta inicial, — me interrompe York. — Você confia em mim? Eu suspiro. Eu sei que tenho que deixar York assumir agora, mas fazer isso também significa compreender que há uma chance sólida de que eu nunca mais esteja com Raide de novo, e isso me assusta. — Sim, — eu finalmente sussurro.

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— Então me deixe cuidar isso. Você precisa ir, descansar um pouco e fazer uma revisão médica. — Eu estou bem, — eu digo em voz baixa. — Então vá para casa. Meu pai escolhe esse momento para interromper a conversa. — Venha para casa comigo, Gracie. Fique com sua família por algumas noites. Eu bufo. — Eu não acho que a mamãe vai me querer lá. Os olhos do meu pai amolecem. — É claro que ela vai. Vamos. Concordo com a cabeça fracamente. — Tudo bem, sim, vamos. A própria ideia de estar sozinha agora me assusta o suficiente para me fazer querer estar com alguém. Meu pai é a melhor pessoa que eu posso pensar. Vance mal me disse uma palavra, e Kady está trabalhando, o que me deixa a minha família. Eu me levanto e York me dá um aperto suave no braço antes de virar para o meu pai. — Eu te mantenho atualizado. Meu pai acena, envolvendo o braço em volta de mim e me virando em direção à porta. Don nos para antes de sairmos. Ele estende a mão e a coloca no meu ombro. — Eu sei que você está sofrendo, mas este é o melhor lugar para ele estar. Eu apenas concordo. Eu não tenho a energia para dizer mais. — As coisas vão melhorar em breve. — Obrigada, Don, — eu chio. Eu deixo meus olhos correrem rapidamente para Vance quando saio do prédio. Ele está me observando com uma expressão que mostra a sua dor e confusão. Ele não sorri, então eu também não. Abaixo minha cabeça e deixo que meu pai me leve até o carro. Nós entramos e começamos a viagem para casa. Todos vieram falar comigo, menos Vance. Eu não quero ouvir mais nada sobre como tudo vai acabar bem. Isto é o que eu queria. Eu queria que Raide se entregasse. Eu queria que ele não matasse Dean. ~ 212 ~


Eu consegui o que queria. Então por que diabos parece tão errado?

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— Oh, querida, — mamãe diz assim que eu passo pela porta da frente. — Eu estava fora de mim. Ela envolve seus braços ao meu redor, mas seu abraço parece frio. Eu sei que ela está preocupada, eu sei que ela me ama, mas ela não é o conforto que eu preciso agora. Estou me segurando, mas estou por um fio. Só mais uma palavra sobre Raide e essa situação e eu poderia não ser capaz de aguentar por mais tempo. Deixo ela me abraçar por um longo momento antes de me afastar e forçar um sorriso. — Eu vou me deitar. Estou exausta. — Claro. Eu arrumei o seu antigo quarto. Concordo com a cabeça, dando ao meu pai mais uma olhada antes de desaparecer no corredor. Eu entro em meu antigo quarto e vejo que ela realmente fez isso para o meu conforto. Eu sou grata. Minha velha cama de casal está coberta com o meu edredom roxo favorito. Há travesseiros macios empilhados ordenadamente na parte de cima. A janela está aberta e uma suave brisa entra por ela. Eu chuto meus sapatos, então tiro toda minha roupa, até a calcinha e o sutiã, e rastejo na cama. Eu fecho meus olhos e luto contra o meu mal. É a única maneira de passar por isso. Eu tenho que ser forte por Raide.

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Capítulo Trinta Eu não acordo até o início da noite. Meu corpo inteiro dói como se eu tivesse acabado de correr uma maratona. Eu me forço a sentar e me arrasto para fora da cama. Minhas pernas parecem de chumbo quando ando até o banheiro. Eu me refresco, visto um par de shorts de algodão e um top, e então me dirijo para os sons de vozes conversando. Chego na sala para ver toda minha família comendo em frente à televisão. Meu peito aperta. Eu me sinto tão excluída, tão diferente, tão terrivelmente sozinha. — Ei, baby, — meu pai diz, colocando a comida de lado e ficando de pé. — Não tínhamos certeza se você ia querer jantar. Há alguma coisa na geladeira para aquecer, se você estiver com fome. Eu balanço minha cabeça. — Não estou. Ele estende a mão e cobre a minha bochecha. — Você está bem? Eu dou de ombros. — Venha se sentar, assistir televisão com a gente. Fascinante. Eu ando mais e caio no espaço vazio ao lado dele. Gretchen está ao meu lado, e em vez de fazer seu habitual comentário espertinho, ela me entrega uma lata de refrigerante. — Seu favorito. Eu não consigo beber tudo. Eu fico olhando para ele, então para ela, e eu posso ver que ela está fazendo um esforço. Ela nunca faz um esforço, então eu pego a lata e sussurro, — Obrigada. — Eu amo a cor do seu cabelo! — diz Stacy, puxando conversa. — Ah, obrigada.

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— Você pintou recentemente? — mamãe pergunta. Eu sei o que eles estão fazendo e eu aprecio isso, eu realmente aprecio, mas não é necessário. — Vocês não têm que fazer isso, — eu digo a eles. — Eu estou bem. Está tudo bem. — É bom ter você aqui, — minha mãe diz suavemente. Eu sorrio. — É bom estar aqui. — Tem certeza que você não quer comer alguma coisa? É o seu favorito. Eu olho para o prato de Gretchen e vejo que é, realmente, o meu favorito. Frango e cogumelos à carbonara. Minha mãe pode ser uma rainha da beleza no coração, mas ela sabe cozinhar. Meu estômago torce e eu acho que deveria comer alguma coisa. Eu salto para fora do sofá e forço um sorriso feliz. — Acho que vou aquecer alguma coisa. Minha mãe sorri e que só isso faz com que o esforço valha a pena. Eu vou até a cozinha e abro a geladeira. Pego os cogumelos à carbonara e uso um garfo para colocar um pouco em um prato. Então coloco no micro-ondas e inclino meu quadril contra o balcão enquanto espero. Quando está pronto, me junto à minha família no sofá. Eles estão assistindo a algum show de moda sem sentido, assim que eu apenas desligo e como. Quando vem o intervalo, eu ouço uma reportagem que faz todo meu corpo endurecer. — A busca pelo suspeito de assassinato Raide Knox chegou ao fim hoje, com a polícia fazendo uma parada final. Especula-se que Raide estava com uma mulher quando foi detido. Eles estavam à procura dele há algum tempo, depois dele ter fugido após pagar a fiança. Raide é suspeito de ter matado sua irmã, Kelly Knox. Teremos mais informações no final da tarde. Meu coração cambaleia, e de repente a comida no meu estômago parece que vai subir à minha garganta e vir para fora. Coloco meu prato para baixo e me levanto rapidamente, lutando para respirar quando dor se irradia pelo meu coração. — Querida, — meu pai diz, mas sua voz não é mais do que um borrão na minha mente. — Está tudo bem, — eu coaxo, virando e correndo pelo corredor e de volta para o meu quarto. Quando eu entro, desabo na minha cama e tomo algumas respirações calmantes. Eles não sabem nada, e ainda assim é o seu nome em todos os noticiários. Eu posso engolir a bile que está ~ 215 ~


ameaçando subir pela minha garganta enquanto me esforço para acalmar minhas emoções. Eu ainda estou enrolada em uma bola apertada quando uma batida suave vem à porta do quarto. Eu não respondo. Eu não quero para me mover. — Grace, querida, você tem uma visita. Eu não quero visitas. Minha porta range, mas eu não levanto o olhar. — Grace? — diz Vance. Eu fecho os olhos bem fechados para que tudo vá para bem longe. — Merda. A porta se fecha, mas Vance ainda está na sala, eu posso ouvir seus passos acabando com a distância entre nós. Então eu sinto a cama afundar quando ele se senta sobre ela. Eu não abro meus olhos. — Querida, abra os olhos. Eu não faço. — Gracie... Abro os olhos, e na hora que eu o vejo, meu lábio inferior treme. — Se você está aqui para me gabar, — eu coaxo, — não se incomode. Ele aperta os olhos. — Que tipo de homem você acha que eu sou? Isso foi uma coisa de merda de se dizer, eu sei. Meu lábio continua a tremer e ele suspira, tirando os sapatos e se deitando ao meu lado. Ele me puxa para seus braços e eu não posso segurar por mais tempo. Eu me perco. Lágrimas escorrem pelo meu rosto e meu corpo inteiro começa a tremer devido aos soluços que rasgam a minha garganta. Vance me segura, sem dizer uma palavra. Ele não precisa. Eu choro por tanto tempo que me corpo, literalmente, fica mole de exaustão. Vance não se moveu durante meu desabafo, ele apenas se agarrou a mim e me manteve perto de seu corpo. Quando meus soluços diminuem, ele se mexe e olha para mim. — Você está melhor? — Acho que sim, — eu raspo. — Eu sinto muito, Grace. ~ 216 ~


Eu balancei minha cabeça, mas ele continua. — Eu fui um idiota. Eu não devia ter te tratado dessa maneira por causa do meu próprio ciúme. Eu fui um péssimo amigo quando você precisava que eu fosse ótimo. — Você está aqui agora, — eu sussurrei em seu peito. — Isso é tudo o que importa. — E eu vou estar aqui pelo tempo que você precisar de mim. Eu concordo. — Vá dormir, querida. Você parece exausta. — Você não vai ir embora? — eu coaxo. — Não, — diz ele em voz baixa. — Eu não vou. Graças a Deus.

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Capítulo Trinta e Um YORK — Chefe? Eu levanto o olhar do meu laptop para ver Mathew em pé na minha porta. Ele é outro detetive neste departamento, e nós trabalhamos no caso de Raide pelos últimos três dias. — Me diga que você tem boas notícias, — eu murmuro. — Mais do que boas. Pegamos Dean. Eu suspiro de alívio. — Graças a Deus por isso. Ele está preso? — Sim, você pode ir falar com ele quando estiver pronto. Chefe, mas antes disso, há algo mais. Eu o encaro com uma expressão que lhe diz para falar de uma vez. — Uma garota apareceu depois que a história foi divulgada no noticiário noite passada, ela disse que tem informações que acredita que podem nos ajudar. Eles têm colocado o rosto de Raide no noticiário faz alguns dias, mas ontem à noite isso foi de grande utilidade, porque incluiu o nome de Deacon como novo suspeito. — O que ela quer? — Ela diz que estava em um relacionamento com Dean alguns anos antes de ele namorar Kelly. Ela diz... Chefe, ela diz que ele espancou e estuprou. Eu estremeço. — Você está falando sério? — Totalmente. Ela está na sala de espera. — Nome? ~ 218 ~


— Janet Liason. Eu me levanto. — Leve ela para uma sala privada. Eu vou ir falar com ela agora. Ele balança a cabeça e desaparece. Meu peito se enche de esperança. Algo como isso poderia ser exatamente o que precisamos para limpar o nome de Raide. Eu termino minha xícara de café e pego um bloco de notas e gravador, então me dirijo para a sala onde ela foi levada. Eu abro a porta e ela levanta o olhar. Ela está apavorada, eu posso dizer. Seu rosto está pálido e os olhos arregalados. Ela é uma garota bem normal, com cabelo castanho comprido e grandes olhos verdes. — Você deve ser Janet, — eu digo, fechando a porta suavemente atrás de mim. — Meu nome é Detetive Peterson, mas você pode me chamar de York. Ela força um sorriso vacilante e eu sento. — Eu ouvi que você apareceu com algumas informações que podem ajudar o nosso caso. Ela balança a cabeça. — Eu-eu estou realmente com medo, — ela coaxa. — Será que ele vai... quero dizer... será que ele vai me machucar se eu falar alguma coisa? Porra. — Vamos fazer o que for preciso para proteger você, Janet. Eu prometo. Ela balança a cabeça. — Eu não vim antes, eu sei que eu deveria ter feito isso, mas... — Você não estava pronta, — eu termino por ela. — Não há nada de errado com isso. Ela visivelmente engole e olha para mim com seus verdes olhos quebrados. Eu gostaria de matar Dean pela dor que ele deixou em seu rosto. — Pppp-por onde eu começo? — ela balbucia. — Do começo, eu não estou com pressa. — Eu conheci Dean na casa de um amigo, — ela começa. Ele era encantador e doce e ele me notou. Ninguém me nota, então eu estava imediatamente atraída para ele. Nós conversamos e ele me convidou para um encontro. Eu aceitei. Começamos a namorar, e depois de quatro meses, percebi que ele estava mudando. Ficava com raiva de ~ 219 ~


mim o tempo todo, especialmente quando eu lhe dizia que não estava pronta para... — suas bochechas coram — você sabe... — Sim, vá em frente. — Uma noite, ele organizou um grande encontro para nós. Ele me levou para jantar, me deu joias e flores, tinha até velas sobre a mesa. Foi bonito. Quando chegamos em casa, ele começou a se empurrar em mim. Quando eu recusei, ele ficou com raiva. Ele queria saber o que mais eu precisava. Ele tinha feito tudo certo, então por que diabos eu não cedia. Nós brigamos e... — ela engole em seco. — Tome o seu tempo, Janet. Ela toma algumas respirações profundas. — Ele me acertou. Fiquei tão chocada, tão quebrada, que eu nem lutei com ele quando ele veio sobre mim. Ele me estuprou e eu nem sequer lutei, — as lágrimas irromperam e ela começou a chorar. — Janet, — eu digo suavemente. — Não foi culpa sua. Você estava com medo. — Eu estava entorpecida, — ela chora. — Eu não conseguia nem se mover. Deus, pobre mulher. — Depois disso, — ela continua antes que eu possa responder, — ele continuou a me bater. Finalmente, eu fugi dele. Eu tinha uma família em outro Estado, então eu fui para lá. Nunca mais o vi. — Você está fazendo a coisa certa, relatando isso. Ela balança a cabeça. — Ele é um homem mau, e... bem, eu vi a notícia perguntando se alguém tinha informações... eu sei que não vai ajudar o caso, mas eu... — Janet, o que você fez aqui hoje é muito corajoso e eu prometo a você, vai ajudar de mais maneiras do que você pode imaginar. Dean, você foi pego.

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— Eu não sei por que eu estou aqui! — Dean cospe, fechando os punhos. — Eu estava tomando uma cerveja. — Você sabe exatamente por que está aqui, Dean, — eu digo, me inclinando para trás na cadeira. — Não sei. — Você sabe. Me conte sobre a morte de Kelly Knox. Ele se contorce. — Eu já lhe disse tudo sobre isso. Eu dou de ombros. — Eu gostaria de ouvir novamente. Ele mostra os dentes e rosna, — Não há nada a dizer. Aquele psicopata foi até lá e a espancou, e depois a esfaqueou. Quando eu tentei ajudar, ele me bateu e estava pronto para me matar, também. — Por que ele iria bater na sua própria irmã? — Porque ele é um maluco do caralho. — Isso não é resposta. Dean olha para mim. — Como diabos eu vou saber? Ele estava louco. Ele queria controle sobre ela. Não queria ela perto de mim. Ela o desafiou e ele não gostou. — Então você está me dizendo que ele a matou porque ela não queria se afastar de você? — Sim. Eu cruzo meus braços. — Me conte sobre o abuso. O corpo de Dean estremece. — Com licença? — Você me ouviu, Dean. Me diga por que você costumava bater em Kelly. Os olhos de Dean se ampliam e ele gagueja: — Eu não bati nela. — Mas você bateu. Nós temos registros de ligações telefônicas e depoimentos de vizinhos. — Isso não prova nada! — ele grita. — Temos também a declaração de uma senhora chamada Janet, ela diz que você a espancou e estuprou antes de conhecer Kelly. Toda a cor some do seu rosto. Bingo. ~ 221 ~


— N-nunca ouvi falar dela. — Sério? — eu digo, franzindo os lábios. — Engraçado, ela parecia conhecer você muito bem. — Isto não tem nada a ver com o psicopata do Raide Knox e o seu caso. — Tem tudo a ver. Eu só vou dizer isso, Dean: você está em sérios apuros. Temos evidências que provam que você foi agressivo e violento não apenas em um, mas em dois relacionamentos. Temos provas de que você sequestrou Raide e também uma mulher chamada Grace, e que os mantêm em cativeiro. Mais uma vez, Dean se encolhe. — Não tenho ideia do que você está falando. — Você sabe que Grace estava com uma escuta, não é? Sua pele fica um pouco mais pálida, o que me diz que foi ele quem tirou os fios. Também me diz que agora ele sabe que está fodido. Ele não diz nada, mas seus olhos correm para a esquerda, com medo. — Então nós temos provas de que você a levou, ouvimos a coisa toda. Agora, por que você sequestraria uma mulher inocente, se você não fez nada de errado? Dean perde a cabeça. — Esse filho da puta estava me perseguindo! — ele fole. — Ele não iria me deixar em paz. Eu estava me sentindo inseguro e fiz o que pude para me proteger de ser a sua próxima vítima. — Mas ele não matou Kelly, você fez isso. — Você não sabe nada! — ele ruge. — Eu não quis matá-la. — Você matou, e eu tenho uma investigação sólida, bem como provas contra você. Você vai ser preso, me entende? Vou me certificar disso. Sem mencionar que você vai ser acusado de agressão e estupro também. Agradeço aos céus pelo cérebro frito de Dean, por todas as drogas que ele consumiu, por sua estupidez, porque ele grita, — Você não entende! Não entende. Não foi minha culpa.

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— Por que você não me diz o que aconteceu e vamos pegar leve com você, — eu digo, sem querer dizer nada disso. Eu sei que covardes como Dean, quando veem qualquer coisa que possa salvar seus rabos sem valor, ficam bem motivados. — Quando mais difícil você fizer isso para nós, mais difícil faremos para você. — Ela me fez fazer isso. Ela me fez fazer essa merda. Eu mantenho a calma, apesar de tudo dentro de mim estar querendo gritar de alegria. — Como alguém pode fazer outra pessoa matá-la? — Ela não quis me ouvir! — ele grita, os olhos arregalados e frenéticos. — Eu tentei fazer ela me ouvir. Tentei fazer ela ver que eu era bom para ela, mas ela só queria correr para o seu irmão o tempo todo. Não era para acontecer, nós entramos em uma briga. Você tem que acreditar em mim. — Você tirou uma vida inocente, Dean. — Ela não ia parar! — ele estala, e todo seu corpo salta. — Ela me fez fazer isso. Ela me fez esfaqueá-la. Eu só queria que ela me escutasse, mas ela não quis. Ela não quis me ouvir. Isso é tudo que eu preciso. Me levanto e caminho ao redor da mesa. — Dean, você está preso pelo assassinato de Kelly Knox, assim como pelo espancamento e estupro de Janet Liason. Tudo que você disser pode ser usado contra você no tribunal. E assim, nós pegamos mais um.

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Capítulo Trinta e Dois GRACE Meu telefone tocando me tira do sono. Já se passaram quatro dias desde que Raide foi preso, e eu mal ouvi uma coisa do que está acontecendo com ele. Tudo o que tenho visto e escutado são boatos sobre a notícia. Eu ainda estou na casa dos meus pais, porque não posso enfrentar a ideia de ir para a minha casa. Esfrego o sono dos meus olhos e olho para o telefone a piscar. É tarde, por volta das 22h. A tela me diz que é York. Com um bocejo, eu o pego e pressiono o botão ao mesmo tempo que o levanto ao meu ouvido. — York? — Grace, querida, desculpe se eu acordei você. — O que foi? — Boas notícias. Nós pegamos Dean esta noite. Ele admitiu o assassinato. Eu pisco. Todo o meu mundo para de girar. — Grace? — Ele... — eu chio. — Confessou? — Sim, ele confessou. Ele está preso agora, aguardando julgamento. A fiança lhe foi negada. Ele vai ser condenado. Eu explodo em um rompante de lágrimas, todo o meu corpo afundando de volta na cama. — E Raide? — eu coaxo. — Ele vai ter a audiência na segunda-feira. Raide será inocentado das acusações, mas, no entanto, ele ainda fugiu da sua primeira audiência. — Quanto tempo você acha que ele vai ficar? ~ 224 ~


— Provavelmente de três a seis meses. Pelo menos isso não uma vida. Eu posso viver com três a seis meses. — Muito obrigada, York. Obrigada. — Sem problemas, querida. Eu falo com você amanhã. — Ok, — eu sussurro. — Boa noite, Grace. — Boa noite, York. E naquela noite, pela primeira vez em quatro dias, eu vou dormir com a esperança.

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Os julgamentos de Dean e Raide seguem como o planejado na segunda-feira. As coisas foram muito mais rápidas do que o normal porque Dean confessou o assassinato de Kelly. Dean foi considerado culpado pelos crimes de assassinato, estupro e por suas acusações de agressão. Ele foi condenado à prisão perpétua. Raide é considerado culpado por assalto e por não comparecer à audiência, e deve ficar preso por quatro meses. Eu estou lá o tempo todo, mas o que vejo é o olhar do meu homem lindo. Quando eles o levam de volta para as celas, ele me encara com um olhar cheio de promessas. Quatro meses. Eu posso aguentar quatro meses. Certo?

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DOIS MESES DEPOIS Já se passaram dois meses desde que Raide foi enviado para a prisão. Eu o visito o máximo que posso, mas Don recomenda, por ~ 225 ~


razões de trabalho, manter isso no mínimo. Assim, eu só o vi três vezes desde que ele foi embora, e através de um pedaço de vidro espesso. Eu sofro por não poder tocá-lo, meu corpo dói para se sentir pressionado contra o dele. Sinto falta dele a cada momento, mas sei que em breve estaremos juntos novamente. Eu ainda estou fazendo tarefas de escritório no meu trabalho, o que tem me mantido bastante ocupada. Denver pode ser um lugar louco quando quer, e nós tivemos alguns casos entrando e saindo. Estou animada para estar de volta, mas agora fazer a papelada é provavelmente a melhor coisa para mim. Isso me permite me concentrar enquanto lido com tudo ao meu redor. Don deixou tudo ir, e parece estar totalmente de volta ao normal comigo. Isso é uma coisa boa. Estou trabalhando uma manhã, quando meu telefone toca. Passo através da papelada para encontra-lo, e vejo o número de Kady na tela. Com um sorriso, eu aceito a chamada e levo o dispositivo ao meu ouvido. — E aí? — Então, eu estou na sua casa, certo. E você tem um visitante. — Em primeiro lugar, por que você está na minha casa? — É seu aniversário amanhã, eu estava tentando te dar uma festa surpresa. — Você acaba de arruinar a surpresa, você sabe disso, certo? Ela fica em silêncio. — Bem, merda. Eu rio. — De qualquer forma, quem está aí? — Um cara chamado Benny. Benny! — Benny está aí? — Sim, e, — ela sussurra baixo, — ele é quente. — Kady! — eu advirto. — Não. Ela bufa. — Você não é divertida. Você pode vir até aqui ou eu devo mandar ele para você? — Eu vou. Está chegamos meu horário de intervalo. — Certo, vejo você em breve. Eu termino a chamada e pego meu casaco, então saio correndo após uma explicação rápida para Don quando passo por ele. Corro para ~ 226 ~


casa e quando chego, vejo Benny e Kady em pé na minha varanda rindo de alguma coisa. Eu me aproximo mais e dou um grande sorriso quando Benny me vê e estende os braços. Eu me lanço neles e ele me gira. — Benny, é tão bom ver você! — Pensei em arrastar minha bunda até aqui e ver como você está indo. Raide me mataria se soubesse que eu não vim te ver nem ao menos uma vez. Meu sorriso oscila e ele percebe. — Como você está indo? Eu suspiro. — Ok, estou ocupada com o trabalho, mas eu sinto falta dele. — Sim, eu aposto que você sente. Eu fui visitar ele ontem. Ele está indo bem. Me ofereci para dar um beijo em você por ele, mas Raide não gostou muito da ideia. Kady e eu começamos a rir. — Porque será. Ele dá de ombros. — É apenas um beijo. Ele realmente está muito tenso. Com outro sorriso, eu passo meu braço em volta de sua cintura. — Você quer entrar? Eu estou no meu intervalo. — Você vai me fazer o almoço? Eu reviro meus olhos. — Claro. — Então é claro que eu vou entrar. Eu me viro para Kady. — Você vai ficar? Ela me dá um olhar que diz sua idiota e, em seguida, murmura: — Eu tenho que organizar decorações secretas, é claro. Eu rio. — Você é a pior guardadora de segredos do mundo, Kady. Ela sorri alegremente. — Eu sei. — Então, eu ouvi que o seu aniversário é amanhã. O que você quer? — Benny pergunta. — Raide, é claro, — diz Kady por mim. ~ 227 ~


Eu suspiro. — Uma garota pode sonhar. Benny entra na minha casa. — Sonhos podem se tornar realidade, Grace. Assim eu ouvi.

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Capítulo Trinta e Três Todo mundo está aqui, e é incrível: minha família, Benny e sua família, Kady e Vance, até mesmo Don. Ela conseguiu trazer todos para o meu aniversário, e ainda assim eu não consigo afastar a dor latejando em meu peito. Todo mundo está aqui, menos ele... e ele é o rosto que eu mais preciso ver. Ainda assim, mantenho um sorriso no rosto e interajo com todos da melhor forma possível. Kady e eu dançamos, bebemos, e todos nós rimos muito. Mesmo Gretchen e Stacy parecem estar se divertindo. A noite continua, e todo mundo bebe um pouco demais. Em seguida, Kady anuncia que é hora do bolo. Eu protesto, porque, francamente, odeio que cantem Parabéns para mim. Muito. Muito mesmo. — Não, — eu digo, mas ela me arrasta até a mesa onde meu bolo está exposto. — Não, eu não quero que cantem. — Você apenas fica quieta, — ela protesta. — Vamos cantar para você. — Não! — eu rio, começando a dar passos para trás. Benny aparece atrás de mim e me segura em seus braços, envolvendo um deles ao redor da minha cintura e me forçando a ir para frente. — Você vai ter o seu Parabéns, — ele diz, — e você vai gostar. — Você é um idiota, Benny. Ele ri. — Nunca disse que eu não era, — ele me larga na frente do bolo e todos se reúnem ao redor. Meu pai vem e beija o lado da minha cabeça. — Estou orgulhoso de você, Gracie. Eu lhe dou um grande sorriso. — Obrigado pai. — Quem vai começar a cantar? — Benny grita. Todo mundo fica em silêncio. ~ 229 ~


Bem, isso é bom. — Ninguém? Oh, vamos lá, é seu aniversário. Vocês todos a amam, certo? Alguém tem que cantar para a pobre moça. Ninguém abre a boca. Ái. — Não me façam ter que começar, porque eu estou dizendo a você, eu sou um péssimo cantor. Pobre Gracie. Os lábios de Kady estão se contraindo. Eu não sei o que ela pensa que é tão engraçado. Benny olha para o grupo silencioso e sério, isso está me enlouquecendo, todos eles estão apenas ali. O que há de errado com eles? Estou confusa. Então eu ouço. Vem de trás de mim em um tom baixo, sexy, rouco. — Parabéns pra você... Eu giro tão rapidamente que eu bato na barriga de Benny no caminho. Raide está caminhando para a sala de estar, as mãos nos bolsos, cantando baixinho. Lágrimas queimam minhas pálpebras e eu grito alto. Corro em direção a ele tão rápido que quando me lanço em seus braços, Raide tropeça para trás, batendo contra a parede. Minhas pernas se prendem ao redor da sua cintura e meus lábios encontram os seus. Eu o beijo com vontade, sinto o gosto de sangue em minha boca, mas não me importo. Quando nos separamos, ele está ofegante e seus olhos, oh, seus olhos. — Você está aqui, por que você está aqui? — eu choro. — Saí mais cedo. Bom comportamento. — Vvv-você está fora? — eu chio. Ele sorri. — Sim, baby, eu estou fora, — então ele se inclina e roça os lábios no meu ouvido. — Feliz aniversário, Gracie. Melhor. Aniversário. Do. Mundo.

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Todo mundo praticamente vai embora tão logo Raide chega. Eu acho que eles sabem que queremos privacidade. Quando eles se foram, me viro para o grande homem parado na minha cozinha. Ele está enfiando o dedo na cobertura do bolo, e então o leva até os lábios, chupando. Ah, cara. Eu aperto meus pés um contra o outro. Ele olha para mim e seu rosto é suave, gentil e cheio e amor. — Eu senti sua falta, — eu sussurro. Ele deixa cair sua mão e caminha ao redor do balcão. Ele me alcança e enrola a mão ao redor da parte de trás do meu pescoço, me puxando para mais perto. — Senti a sua também, moça. — Você está realmente aqui? — Eu estou realmente aqui. Eu engulo e encaro o seu olhar sexy. — E nós? — Moça, — ele murmura, olhando para os meus lábios agora. — Eu ainda preciso responder a isso? Eu sorrio. — Não. — Então pare de falar e me beije. Faz dois meses que quero fazer isso. Eu sorrio. — Tenho uma ideia. Suas sobrancelhas sobem. — Ah é? — Sim. Eu o solto e corro para frente, encontrando a tigela com o glacê que cobre o bolo que Kady deixou aqui. Eu a balanço para ele e seus olhos brilham. Ah, sim, Raide sabe exatamente o que eu planejo fazer com isso. Segurando seu olhar, eu ando em direção ao meu quarto. Ele não perde tempo e está atrás de mim em segundos. Quando chegamos à porta, ele pega minha cintura e me puxa para ele. Então ele me beija, ele tem um gosto doce do glacê, e assim eu o devoro, chupando seus lábios, sua língua, o beijando até que nós dois estamos ofegantes e desesperados. Ele me empurra para a cama, pegando a bainha do meu vestido enquanto eu ando para trás. Ele o puxa por cima da minha cabeça, e então leva um momento para deixar seus olhos deslizarem pelo meu corpo. Com um grunhido satisfeito, ele joga minha roupa longe e me coloca gentilmente na cama. — Eu primeiro, — ele rosna. Ele pega a ~ 231 ~


tigela de glacê e abre a tampa, e então retira uma boa quantidade com o dedo. Ele espalha ao redor dos meus mamilos com suavidade. Eu choramingo e arqueio sob o seu toque. Em seguida, ele se inclina e lambe tudo. Sua boca devora os meus seios, chupando e lambendo até que eu estou chorando seu nome e implorando por muito mais. Ele faz lentamente um caminho de glacê pela minha barriga e, depois leva o seu tempo chupando e lambendo tudo o doce. Meu sexo está doendo, tão desesperado por ele. — Raide, — eu choro. — Por favor. Ele pega mais glacê com o dedo e o dobra lentamente. — Onde você quer um presente? — Não brinque comigo, — eu suspiro. — Por favor. Ele sorri e então passa o dedo sobre o meu clitóris. Oh, Deus. Sim. Sua boca segue logo atrás e eu grito no primeiro contato. É uma sensação incrível. Ele tem que trabalhar duro para lamber e chupar até que todo o glacê saia, e por isso meu clitóris está dançando com prazer. Gozo tão duro e rápido, meu corpo inteiro treme e eu jogo a cabeça para trás no travesseiro. Incrível. Ele me faz sentir incrível. Sinto o seu corpo se afastando do meu, mas eu sou estou tão mole, nem noto quando ele tira sua roupa e desliza de volta na cama ao meu lado. Eu tinha toda a intenção de mergulhar seu pau no glacê e depois lamber tudo, mas mal sou capaz de me mover depois que ele incrivelmente devorou o meu corpo. Raide se posiciona em cima de mim, colocando os cotovelos nos lados da minha cabeça. Ele me olha com tanta paixão em seus olhos. Ele se inclina e me beija, é duro e profundo, e eu não me importo que ele tenha o gosto do glacê misturado ao meu. Eu devolvo seu beijo, e ele empurra lentamente para dentro do meu corpo. Eu choramingo em sua boca, e ele dá um gemido baixo e gutural. Ele para quando está totalmente dentro de mim e fecha os olhos, ofegante. — Porra, — ele murmura. — Senti falta disso. — Por favor, não pare, — eu respiro. — Baby, por favor. — Porra. Me chame assim de novo. — Baby.

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Ele geme e puxa para fora, e então empurra para dentro outra vez. Oh. Sim. Ele começa lento, trabalhando meu corpo com o seu, suas mãos enroladas no meu cabelo, sua boca consumindo a minha e tudo me levando ao limite. Em seguida, ele acelera o ritmo, até que nossa pele estala junta, nossos gemidos estão desesperados e nós dois estamos fazendo som que fazem minha pele formigar. Acho meu orgasmo bem antes dele encontrar o dele, e é perfeito. Meu corpo explode e me agarro a ele enquanto prazer rasga através de mim. Raide grunhe quando goza, e seus lábios praticamente machucam os meus com a brutalidade de seu beijo enquanto ele jorra dentro de mim. Em seguida, ele rola para fora, e se deita de costas ao meu lado. Ele está suado, eu estou suada, e é exatamente assim que deve ser. Ele me puxa para os seus braços e nós ficamos assim até que conseguimos respirar normalmente de novo. Então eu decido quebrar o silêncio, perguntando: — Como foi lá? Ele suspira. — Um tédio, basicamente. Eu fiquei na minha. — Ah. Ele ri baixo. — Como você achou que seria? — Eu não sei, como nos filmes? Seu corpo treme com o riso. — O quê? — eu choro. — Você tem uma imaginação fértil. Era um presídio de baixa segurança. Tínhamos quartos que podiam ser trancados, uma sala de descanso, nós tomávamos banho, dormíamos. Não havia muito mais do que isso. — Será que você deixou o sabonete cair no chão, Raide? Com isso, ele começa a rir com tanta força que meu corpo todo treme com o dele. Eu não posso evitar – eu rio junto. — Porra, eu sentia sua falta, — diz ele, rolando para ficar de frente para mim. — Eu também, — eu digo, baixando os olhos para seu peito. — Me desculpe por ter feito aquilo com você, — ele murmura, e eu encontro seus olhos mais uma vez. ~ 233 ~


— É o que eu queria, certo? — Não significa que não doeu. Eu dou de ombros. — Acabou agora. — E o seu emprego? Como está indo. Eu sorrio. — Está tudo bem. Don diz que eu posso voltar para os pequenos casos depois que a minha suspensão acabar. Raide faz uma careta. — Pequenos casos? — É melhor do que perder o meu trabalho. Ele franze os lábios, mas acena com a cabeça. — Por que uma caçadora de recompensas? Eu me aninho em seu peito e conto a ele sobre o meu pai e como eu cresci. E depois lhe digo sobre como foi difícil fazer isso sendo uma garota. — Eu achei estranho quando você derrubou Terry naquela noite. Espere... ele não é seu primo, é? Eu rio. — Deus, não. Ele bufa. — Bom, porque eu estava questionando seriamente a qualidade dos seus genes. Bato no seu ombro. — Ei! Ele sorri e murmura: — Você é foda, Gracie. — Eu sei. Silêncio. — Raide? — Mmmmm? — Meu trabalho... não te incomoda? Ele fica quieto por um minuto, e então se inclina para trás e olha para mim. — Porra, não. — Você não se importa que eu esteja perseguindo pessoas para viver, pessoas como você...

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— Eu fiz a coisa errada quando fugi, Grace. Você tinha todo o direito de me perseguir. Eu sei disso agora. Não posso ficar com raiva de você. Minha maior preocupação é a sua segurança. — Don não me dá nenhum caso excessivamente perigoso. Ele estuda meu rosto. — Você já foi baleada? Eu mordo meu lábio inferior. Ele geme e rola para deitar de costas. — Isso ainda vai me matar, não é? — Provavelmente, — eu digo, me empurrando para me apoiar em meus cotovelos e olhando para ele. — Mas eu adoro isso, Raide. É quem eu sou. Ele se aproxima e esfrega o polegar sobre meu lábio inferior. — Sim você está certa. É quem você é. — Não se preocupe, — eu digo, sorrindo. — Eu sou foda com uma arma. Seu sorriso fica grande, fazendo com que suas covinhas apareçam. — Minha garota é foda. Sua garota. Maravilhoso.

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Capítulo Trinta e Quatro — Nós estamos tendo um encontro? Raide está de pé diante de mim, vestindo um smoking que me deixa com água na boca. Ele está com os braços cruzados e tentando me explicar que nós estamos tendo um encontro, porque nunca tivemos a chance de fazer isso corretamente. — Você está me levando para um encontro? — eu digo novamente. — Jesus, moça, — ele resmunga. — Sim, eu estou levando você para um encontro. — Você, — eu repito, — Raide Knox, está me levando para um encontro? Ele bufa e olha para o teto, tentando ter paciência. — Vá, coloque um vestido e pare de fazer perguntas. — Você está doente? Ele rosna e caminha na minha direção. Ele estende a mão e segura uma mecha do meu cabelo, puxando delicadamente. — Vestido. Agora. Eu sorrio e me viro, pulando no corredor. Eu me visto rapidamente, entrando em um dos meus vestidos pretos favoritos. É decotado nas costas, mostrando uma boa parte da minha coluna vertebral. A frente tem uma quantidade considerável de decote, mas nada muito... ousado. Deixo meu cabelo solto e passo uma chapinha nele. Então eu retoco a minha maquiagem e corro de volta para a cozinha. Raide está de pé contra o balcão quando eu chego. Ele ainda tem os braços cruzados, impaciente. Ele vai abrir a boca, sem dúvida para perguntar porque diabos eu demorei tanto, mas ele rapidamente a fecha quando me vê. Em vez disso, seus olhos escurecem e ele vem na minha direção. Eu engulo em ~ 236 ~


seco e levanto as mãos, colocando-as em seu peito para o impedir de avançar quando ele está perto o suficiente. Ele parece um animal prestes a atacar. Seus olhos correm por todo o meu corpo, então ele murmura rispidamente, — Se vire. — Perdão? — eu digo, meus olhos se arregalando. — Se vire e coloque as mãos sobre o balcão. — Raide, — eu respiro. — O que você está fazendo. — Se vire, — ele ordena, e eu faço o que ele diz. Eu me viro e coloco minhas mãos sobre o balcão. Ele chega por trás de mim, pressionando seu peito em minhas costas. Ele se inclina para baixo e murmura no meu ouvido. — Não mova suas mãos. Se você gritar, eu vou bater em você. Meu. Deus. — Raide... — Silêncio. Ele levanta meu vestido, revelando minha calcinha. Eu tremo quando ele prende os dedos nela e a puxa para o lado. Em seguida, ele pressiona contra mim, ao mesmo tempo correndo seu dedo para baixo pela minha bunda até chegar ao meu sexo. Ele curva o dedo e o empurra lentamente dentro de mim. Eu grito e sua outra mão me dá um tapa forte na bunda. Meu grito se torna um gemido e eu mordo o lábio para me impedir de gritar de prazer. Ele esfrega a mão sobre a marca pungente, enquanto a outra mão me tortura. Ele bombeia o dedo dentro e fora lentamente, me levando até a borda. Eu posso sentir seu pau pressionando contra a minha bunda, e está duro pra caramba. Eu quero isso. Quero que ele me foda bem aqui, bem assim. — Raide, — eu imploro. — Me fode. Ele dá um tapa na minha bunda novamente. Puta merda. Sim. — Não fale, — ele rosna. — Eu estou fazendo as decisões aqui, moça. Ele está me torturando com o dedo, ele não está trabalhando rápido o suficiente, mas nesse ritmo lento que é malditamente tão bom. Eu mordo meu lábio inferior tão duro que tenho certeza que o sangue está prestes a aparecer. Dentro e fora, dentro e fora. Deus, caramba, ele está me matando. Eu fecho meus olhos e me concentro no meu orgasmo. Estou subindo mais e mais, quando lá... ah, sim, quase lá... ~ 237 ~


Raide puxa os dedos para fora. Eu suspiro por causa do vazio repentino. Meu orgasmo corre para longe e leva tudo dentro de mim não protestar. Eu ouço o seu zíper e seu cinto, e então ele enrola uma mão em torno de mim, de modo que está segurando meu queixo. Ele vira meu rosto para o lado e rosna, — Não se mova. Então ele me fode. Bem ali, contra o balcão. Forte e rápido. Primal. Cru. Voraz. Felicidade.

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— Vinho, senhora? Eu olho para o garçom e sorrio. — Sim, por favor. Ele derrama vinho tinto na minha taça e, em seguida, nos entrega um menu. — Me chamem quando desejarem fazer o pedido. Concordo com a cabeça e volto para Raide, que está olhando para mim. Seus olhos estão vagando sobre o meu rosto, e ele tem um sorriso preguiçoso. — O quê? — eu pergunto, corando. — Você está ótima com essa aparência de recém fodida. — Raide! — eu zombo. — Você está. — Este é um lugar agradável, — eu digo, mudando de assunto. — Sim, Benny me disse esse era o lugar para vir. Eu rio baixinho. — Benny sabe todas as jogadas. — Você dizendo que eu não sei? Eu sorrio e minhas bochechas se aquecem mais uma vez. — Oh, você joga muito bem. ~ 238 ~


Seus lábios se torcem em um sorriso e ele se inclina para frente. — O que você vai comer? — Eu não sei, — eu digo, mal tendo olhado para o menu. Raide é muito perturbador. — E você? — Massa com frutos do mar. — Oh, delícia! — É incrível. Eu levanto minhas sobrancelhas. — Você já esteve aqui? — Sim, eu vim aqui com Kelly antes dela morrer. Meu rosto suaviza. — Vocês saiam muito juntos? Ele sorri. — Sim, tanto quanto podíamos antes de ela conhecer Dean. — Parece que vocês dois eram próximos. Ele balança a cabeça. — Nós éramos. — Onde ela foi enterrada? Ele sacode levemente. — No lado sul. — Podemos visitá-la algum dia? Algo se aquece sobre o seu rosto. — Por que você iria querer fazer isso? Olho para ele, confusa. — Por que não? Ela é sua irmã, Raide. Ela é a única coisa que você tinha, e ela foi tirada de você. Nós devemos visitar o seu túmulo. Ele me estuda e depois de um longo momento, diz, — Que merda que eu fiz para merecer você? Eu sorrio. — Você fugiu da sua audiência. Ele ri baixo e gutural. — Eu não vou fazer isso de novo. Não se eles têm perseguidoras loucas como você como caçadores de recompensa. Eu dou um gritinho. — Eu não estava perseguindo você, Raide Knox!

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Seus olhos estão brilhando com humor. — Não é assim que eu me lembro. — Você se lembra errado, — eu zombo. — Você dança se esfregando em todos os seus casos? Eu cruzo meus braços. — Talvez. Seus olhos escurecem. — Melhor não acontecer mais. — Você vai me seguir em cada caso que eu tiver? Ele cruza os braços e se inclina para trás. — Talvez. — Raide... — ele está brincando, eu posso ver isso em seus olhos. Idiota. Hora de mudar de assunto. — E você? O que você fará agora? — Consegui um emprego como trabalhador de construção. Eu pisco. — Perdão? — Trabalho em obras. Eu estava fazendo isso antes de ser preso. Tenho amigos, fez uma ligação, consegui o emprego. — Você... constrói coisas para viver? — Sim, senhora. — E você conseguiu um emprego? Ele sorri para mim. — Isso é tão chocante? — Você acabou de sair da prisão. Ele dá de ombros e dá um longo gole em sua cerveja. — Eu tenho amigos. — Aparentemente. — Consegui um lugar para morar, também. Eu pisco para ele. — Um lugar? — Você vai fazer uma pergunta para tudo o que eu disser? Eu faço beicinho. — Quem conseguiu isso para você? — Mandy. Meu peito aperta. — Mandy? ~ 240 ~


Ele sorri, porque ele sabe que isso me deixa um pouco... ciumenta. — Sim, Mandy. Ela tem amigos. Benny disse a ela que eu ia sair da prisão e precisava de um lugar. Ela conseguiu um antes mesmo que eu estivesse fora. Oh. Certo. — Existe alguma coisa que você não pode fazer, Super Homem? Ele pisca para mim. — Não. Eu reviro meus olhos. — E este lugar? É perto do meu apartamento? Seus olhos brilham e ele se inclina para frente, colocando os cotovelos sobre a mesa. — Talvez. — Talvez? — eu sussurro. — Talvez. Você vai ter que esperar para saber. Meus lábios se contraem. — Você está provando ser muito misterioso, Sr. Knox. Ele estende a mão, cobrindo meu rosto. — Eu juro, você vai saber tudo que há para saber sobre mim muito em breve. — Isso é uma promessa? Ele sorri. — Sim, moça, é uma promessa. Eu acho que nós vamos ficar bem.

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Capítulo Trinta e Cinco TRÊS MESES DEPOIS

— Sério, Peter, fugir não vai resolver isso. Pedro, que está mais mancando que correndo, está tentando desaparecer pela lateral de alguns grandes edifícios. Ele é o meu sétimo caso desde que eu voltei ao trabalho, e como sempre, está provando ser um desafio. Estou feliz, apesar de tudo. Eu senti falta. Senti saudades da perseguição. Senti saudades da adrenalina. Senti saudades de me sentir forte e determinada. — Eu vou atirar em você, Peter, — eu digo, suspirando enquanto pego o ritmo da corrida. Peter vira no canto e quando eu derrapo atrás dele, ele desapareceu. Dou um passo e ele salta de trás de um caixote enorme. Ele me empurra para o chão e eu caio na terra com o um baque. Droga, lavei meu cabelo esta manhã. Agora está cheio de lama. Eu levanto meu joelho e o lanço com tudo que posso. Peter rola de cima de mim com um grunhido e eu viro o meu corpo sobre o seu. Eu puxo minha arma para fora e a pressiono contra o seu peito. — Agora, nós podemos fazer isso do jeito fácil ou do jeito difícil. — Fique longe de mim! — ele se contorce. — Eu não fiz nada. — Peter, — eu suspiro, — você fugiu da sua audiência. — Eu não queria, foi um acidente. Bem, isso é novo. — E como exatamente você acidentalmente faltou à sua audiência? — Eu não fiz isso, eles estão tentando me prender sem motivos. Eu levanto minhas sobrancelhas. — É mesmo? ~ 242 ~


— Sim, eu não fiz nada. Nem ao menos usei drogas na minha vida toda. Eu rio. Olho para ele e digo que isso é uma mentira. Ele é magro, os olhos estão injetados, e ele tem marcas de agulha nos braços, assim como maçãs do rosto afundadas. — Você é uma fã de doar sangue, então? Ele me olha fixamente e eu aceno para seus braços. — Não sei como isso foi parar aí. Eu rio alto. É por isso que eu amo meu trabalho. — Levante-se, Peter, eu vou levar você. — Eu não fiz nada! — ele protesta. Eu me esforço para fazer com que ele levante, mas finalmente consigo. Eu algemo suas mãos atrás das costas e o empurro para o carro, onde Raide está sentado no banco da frente, falando ao telefone. Ele muitas vezes vem junto comigo e fica esperando no carro enquanto eu os capturo. Acho que é o seu jeito de ter certeza que eu estou bem, mesmo que ele não interfira. — Jesus, — ele resmunga quando eu jogo Peter na parte de trás. — Ele fede pra caralho. — Quem é você? — Peter chora. — Cale a boca, e não toque em nada. Eu rio quando salto para dentro do carro. Nós partimos e Raide mantém sua atenção sobre Peter, cujos olhos estão freneticamente indo de um lado para o outro. — Se você sequer pensar em sair desse carro, vou me certificar de atropelar suas pernas antes de te puxar de volta para dentro, — Raide diz. — Raide, — eu digo, tentando lutar contra um sorriso. — Não ameace os criminosos. Ele bufa. — Criminoso o caralho. Esse cara provavelmente não consegue encontrar seu próprio pau. — Eu posso sim! — Peter chora na parte de trás. — Seu porco. Começo a rir mais uma vez e Raide logo se junta a mim. Chegamos ao meu trabalho e eu descarto Peter antes de voltar ~ 243 ~


para o carro. Então nós dirigimos até a casa dos meus pais. Meu pai adora Raide, ele gosta muito dele e deixa isso muito claro para Raide. Minha mãe é calorosa com ele, e até mesmo minhas irmãs parecem capazes de manter uma conversa decente. — Como está Kady? — Raide pergunta enquanto nós dirigimos. — Ela está bem, amando Fiji. Kady está de férias em Fiji com um cara bonito que ela conheceu há um mês. Ele é um latino gostoso por quem ela se apaixonou à primeira vista. Quando ele a convidou para uma viagem a Fiji, ela agarrou a chance. Eu disse a ela que havia grandes chances de ele ser um serial killer, mas ela parecia pensar que eu estava louca. Ele está tendo o momento da sua vida, então acho que isso significa que ele não é nenhum psicopata, o que é um alívio. — E o cara? Eu rio. — Eu não posso nem pronunciar seu nome. Ele parece estar fazendo ela muito feliz. Ela certamente não reclamou, e também não foi cortada em mil pedaços minúsculos, então até onde eu sei, está tudo sendo fantástico. Raide ri. — Essa menina é louca. — Totalmente louca. Nós paramos na frente da casa dos meus pais e eu saio do carro. Raide se junta a mim e nós nos dirigimos para dentro, porque vamos jantar com a minha família. Fazemos isso uma vez a cada duas semanas, e parece estar me ajudando a desenvolver uma relação mais forte com a minha mãe e as minhas irmãs. — Gracie! — meu pai diz, abrindo a porta antes mesmo de nós chegarmos lá. — Como vocês está? Eu sorrio e lhe dou um abraço. — Bem, pai. — Raide. — Como estão indo as coisas? — Raide pergunta. — Bem. Vem, eu quero te mostrar o peixe que peguei essa tarde. Eu suspiro e dou outro sorriso enquanto meu pai arrasta Raide pela casa até a parte de trás, onde fica sua caverna. Eu entro na cozinha, onde Gretchen está tendo um pequeno colapso sobre seu ~ 244 ~


cabelo. Ela tem um encontro hoje à noite, - oh! - e seu cabelo não está perfeito. Mamãe está freneticamente tentando arrumá-lo, enquanto Stacy está apenas olhando com um sorriso em seu rosto que me diz que ela está secretamente gostando disso. — Oi, — eu digo enquanto entro. Mamãe olha para mim. — Grace, onde você esteve? Ela não está perguntando porque eu estou atrasada; ela está perguntando porque meu cabelo está desarrumado e feio, porque Peter me jogou no chão. — Estava caçando criminosos, mãe. Como sempre. — Seu cabelo, — ela diz suavemente. Eu rio. — Mãe, você está mesmo surpresa? Ela considera isso por um momento. — Não. Alguma chance de você nos ajudar a arrumar o cabelo de Gretchen? — Não! — Gretchen chora, então me dá uma expressão simpática. — Desculpe, Grace, mas você não está tocando no meu cabelo. — Ah, — eu digo, levantando minha mão e mexendo os dedos sujos para ela. — Vamos lá, mana. Sua expressão se transforma em nojo e ela grita, — Isso é tão ruim. Eu bufo uma risada e Stacy não aguenta, ela se junta a mim. — Pelo menos me deem algumas sugestões, vocês duas! — mamãe pede. — Em vez de apenas rir. — Ok, — eu digo, andando até a pia e lavado as mãos. — Vamos dar uma olhada. — Não coloque as mãos no meu cabelo, Grace! — Gretchen adverte. — Sim, rainha. Ela murmura algo e eu seguro a mamãe, olhando para o cabelo perfeito da minha irmã. Eles tentaram colocá-lo em um coque, mas parece um ninho de pássaro em cima.

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— Faço cachos em seu cabelo, enrolando as pontas. Vai tirar esse, ah, esse ninho de passarinho da cabeça dela. — O quê? — Gretchen grita. — Mãe, você disse que estava bom, apenas um pouco diferente. Minha mãe me lança um olhar e eu dou a ela um sorriso simpático. — Não está tão ruim assim, — eu digo a Gretchen. — Stacy, vai buscar o babyliss. Stacy se levanta e retorna um momento depois com seu modelador de cachos. Eu começo a trabalhar no cabelo de Gretchen, para seu desgosto. Uma hora mais tarde, acabei. Dou um passo para trás e sorrio, estou impressionada. Eu sempre fui boa com ferramentas e equipamentos. Acho que isso se estende para equipamentos de beleza, também. Seu cabelo agora tem cachos macios em todo seu comprimento, e não aquela confusão de cabelo espetado. — Uau, — diz minha mãe. — Isso ficou realmente bom. — Me deixe ver! — Gretchen chora. Stacy tira uma foto com seu telefone e mostra para Gretchen. — Bem, Grace, talvez você tenha algo do nosso sangue, no fim das contas. Outro sorriso. Sim, as coisas estão definitivamente melhores no meu mundo.

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Epílogo — Posso abrir meus olhos? — Não. — Raide! — Cale-se, mulher. As mãos de Raide estão em meus ombros e ele está me levando até a trilha onde tivemos o nosso primeiro encontro, aquela perto da sua cabana. Estamos aqui para passar o final de semana, isso se tornou a nossa coisa desde que começar a namorar oficialmente. Se não fosse pelo meu trabalho, eu poderia facilmente me trancar aqui com Raide e nunca, nunca mais ir embora. — Será que você comprou hambúrgueres de novo? Ele ri e dá um tapa na minha bunda. — Fique quieta. — Sério, você está me assustando. Você vai me atirar do penhasco? — Estou tentado. Eu rio e ele ri, e é baixo e sexy. — Certo, fique aqui e não se mova, porra. — Xingar não é romântico. Ele bufa e eu o escuto andando ao redor. Depois de um momento, ele pega meus ombros e me move novamente. Ele me leva para outra parada. Então finalmente chegamos e ele retira minha venda. Eu fico olhando para a cena diante de mim, e meu coração se derrete. Eu posso dizer o esforço que ele está colocado neste momento, porque parece incrível. Há uma mesa para dois arrumada sob as estrelas. Velas e rosas estão perfeitamente posicionadas na parte superior, e até as cadeiras ~ 247 ~


têm as suas próprias capas decoradas. Há pratos cobertos com tampas de prata e uma garrafa de vinho em um balde ao lado dele. Música suave toca ao fundo. Meu coração se derrete de novo e eu me viro para Raide, jogando meus braços em volta do seu pescoço. — Você fez tudo isso? — eu suspiro. — Sim, — ele murmura, olhando para mim. — Você me disse que queria um encontro romântico, e eu estou fazendo isso. Eu sorrio. — Eu acho que eu te amo, Raide Knox. — Baby, eu sei que você ama. Eu rio enquanto ele me leva para a mesa. Ele me senta e levanta as tampas que cobrem a nossa refeição. Não há hambúrgueres desta vez; o que vejo é bife coberto com cogumelos e acompanhado de feijão verde e batatas. Delícia. Ele se senta e eu sorrio do outro lado da mesa para ele, completamente fora de mim de felicidade. — Pare de sorrir para mim desse jeito, — diz ele. Eu tento. Eu não posso tirar o sorriso do meu rosto. — É impossível, você é muito doce. Ele bufa. — Coma seu maldito jantar, moça. Com um sorriso, eu começo a comer. Quando acabamos, e compartilhamos uma boa dose de risadas e vinho, Raide se levanta e estende a mão para mim. Eu me levanto e me deixo cair em seus braços. Eu amo estar aqui. Ele é tão forte, tão poderoso, ele me faz sentir tão segura. Ele me gira para fora e então de volta para os seus braços, e eu rio alto. — Raide, você sabe dançar! Mais uma vez, ele ri. — Não diga a ninguém. — Eu acho que você tem um lugar romântico secreto. Ele zomba. — Eu não sei o que você está falando. Eu sorrio e me aproximo, colando em seu rosto. — Não se preocupe, seu segredo está seguro comigo. Seus olhos se arregalam e ele me gira para fora outra vez. Eu deixo meu corpo ir, e então volto para ele. Então eu o solto, encontro a música e a desligo. Ele inclina a cabeça para o lado e me estuda. — Por que isso? ~ 248 ~


Eu me inclino para perto, pressionando meu rosto contra o seu peito e fechando os olhos. Raide é tudo que eu preciso. Ele pode ter aparecido em uma situação complicada, mas ele encontrou uma maneira de me completar. Eu não quero que ele finja. Eu o quero assim como ele é. Um homem que rouba flores do jardim dos seus amigos, me serve hambúrgueres e café, e dança sem música, porque ele pode ver beleza mesmo que não haja nenhum som. — Há esse cara, — eu digo baixinho, — e ele me disse uma vez que você não precisa de música para fazer algo bonito. — Existe beleza em tudo, moça. Você apenas tem que estar disposto a vê-la. Ele tem razão. Há beleza mesmo nas coisas que você não pode ver ou ouvir. Você apenas tem que se abrir e deixá-la entrar. Eu estou deixando-a entrar.

*****

Eu olho para a linda lápide no chão. A mão de Raide está agarrada na minha e ele está apertando forte. Eu leio a inscrição e meu coração dói. AQUI JAZ KELLY KNOX, AMADA IRMÃ E AMIGA. TOMADA MUITO CEDO. PARA SEMPRE EM NOSSOS CORAÇÕES. Raide coloca uma flor no chão e uma garoa suave começa a cair, me fazendo estremecer. Eu quero estar aqui, no entanto. Eu preciso estar aqui. Kelly nunca será uma parte da minha vida, mas ela era uma grande parte da dele, uma que ele perdeu. Ele merece isso, assim como ela. — Você sempre vem aqui visitar ela? — eu sussurro, ainda olhando para o túmulo de sua irmã. — Não o suficiente. Eu aperto a sua mão. — Nós estamos aqui agora. Diga a ela o que você está segurando em seu peito, Raide. Ele olha para mim, e eu aceno. ~ 249 ~


— Deixe ir, meu amor. Você tem que perdoar a si mesmo para seguir em frente. Você merece ser feliz. Ela iria querer isso. Sua mandíbula aperta, e ele olha para sua lápide. — Eu sinto muito, — diz ele em voz baixa. — Eu sinto muito por não estar lá quando você precisava de mim. Me desculpe, eu não fui rápido o bastante. Me desculpe, eu falhei com você. Minha garganta se aperta e lágrimas queimam sob minhas pálpebras, mas eu não digo nada. Eu o deixo falar, porque ele precisa falar. Ele precisa deixar isso ir para que possa seguir em frente. Ele precisa se perdoar pelo que aconteceu com Kelly. — Sinto muito que você teve que ir tão cedo, — ele sussurra. — Mas eu sei que você me perdoou, mana. Você quer saber como? Eu engulo. — Eu sei que você me perdoou porque você me trouxe Grace. Eu mordo meu lábio inferior para me impedir de chorar. — Você perdeu a sua vida, mas fez com que eu encontrasse a minha. Se não fosse por você, eu não nunca teria a encontrado. Ela me faz feliz, garota. E isso é graças a você. Eu só queria que você estivesse aqui para mostrar a ela a porra do seu sorriso lindo. Eu não posso parar agora; ofego e sufoco um soluço. Raide aperta minha mão. — Eu te amo, Kel e eu sinto sua falta todos os dias — ele se vira para mim, e seus olhos estão vidrados. — Obrigado... Ela não tem muitas pessoas. Concordo com a cabeça, engolindo. — Ela tem você, amor. Isso é mais do que suficiente. Ele olha para a lápide de novo, e, em seguida, coloca um braço em volta de mim. — Vamos lá, está congelando. Ele me vira de volta para o carro, mas eu o impeço no meio do caminho. — Só... espere. Eu deixei algo para trás. Ele balança a cabeça e olha enquanto eu viro e corro de volta para a lápide de Kelly. Eu olho para trás e vejo que ele já foi para o carro, então me ajoelho e puxo uma única rosa do meu casaco. Eu a coloco em seu túmulo, e então passo os dedos sobre a pedra fria. — Eu nunca conheci você, mas sei o que você significava para ele. Eu sei que você o amava e eu sei que ele te amava. Eu sinto muito que isso aconteceu ~ 250 ~


com você. Eu gostaria que nós pudéssemos ter tido a chance de ser amigas. Eu não posso te dar muito, mas eu prometo uma coisa, — minha voz cresce mais forte, — Eu prometo a você, Kelly, que eu vou cuidar dele. Eu juro. E eu vou. Até o dia em que eu parar de respirar.

Fim

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