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Eduardo Santelmo: mais que uma paixão… uma forma de viver
Todos nós “chegamos” às corridas das mais variadas formas. Por vezes somos influenciados desde pequenos a ver as máquinas a velocidades estonteantes e a admirar os pilotos que fazem a sua magia sobre o asfalto, outra vezes essa paixão surge de forma tão espontânea que se torna difícil de apontar o motivo por esse gosto. Mas há pessoas que “nascem” nas corridas. Que vivem as corridas desde pequenos, com uma ligação tão forte quanto os laços de família. Um desses exemplos é Eduardo Santelmo. Arquiteto, neto de Francisco Teixeira, figura incontornável da história do Circuito de Vila Real, e agora membro da Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real. O seu contributo para as corridas é fundamental, tal como o de tantos conterrâneos, mas a sua paixão por esta festa tem raízes profundas na sua família. Foi por isso que quisemos saber um pouco mais dessa ligação e dessa história. O que se segue é Eduardo Santelmo, na primeira pessoa, um apaixonado pelas corridas, pelo Circuito de Vila Real e pelo legado da sua família que faz questão de enriquecer com o seu contributo:
“Sou o Eduardo Santelmo Teixeira Gomes, natural de Vila Real, Arquitecto de profissão, que tal como todos os cidadãos desta cidade nasceram com o “bichinho” das corridas de automóveis. Mas como nasci no ano de 1987 pouco ou nada me recordo dos ardentes domingos do circuito antigo. A não ser estar empoleirado nas janelas da Quinta dos meus Avós a espreitar e não conseguir ouvir mais que o roncar dos BMW de então. A minha infância ligada ao desporto automóvel ficou marcada pelas idas com o meu pai ao Rally de Portugal naquela subida íngreme junto ao atual DOC, ao Autódromo do Estoril ver a maior referência da nossa juventude de capacete Amarelo, que conduzia um carro igual ao maço de tabaco do meu pai e as deslocações à rampa de Murça, sentado no talude ajardinado junto à linha de chegada, ansioso que aparecesse na curva ao fundo, no seu BMW todo de lado.. “ahh ganda Manel”. Recordo-me também de uma concentração/ desfile do clube Ferrari na antiga recta da meta, talvez a minha última grande recordação desses tempos. Um dia chuvoso, e uma mancha vermelha de carros com dois ou três a destoar cromaticamente, amarelo e azul noite. Por outro lado, vivi muito provavelmente o maior interregno do desporto motorizado nacional, no início/meio dos anos 90 com o fim de Vila Real, fim de Vila do Conde, fim da F1 no Estoril, fim do Rally de Portugal,… resignei-me a ver a Fórmula 1 aos almoços de Domingo com toda a família reunida a torcer pelo feroz brasileiro, eu e os meus primos, todos equipados a rigor com umas t-shirts que o Tio Emídio Vaz de Oliveira, então residente em Manaus, nos trouxera para apoiar a Seleção do Brasil no Campeonato do Mundo de 94, “Só dá Baziuu”. Até que chegamos ao dia 1