Comunicação Pública e Política: pesquisa e práticas - Parte 1

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questões que lhe concerne, ou por desencadear rejeição ou apoio à adoção de medidas políticas. A abrangência e qualidade das tecnologias de informação e comunicação que permitem caracterizar a democracia digital tornaram possível amplificar discursos estatais e os procedimentos de transparência e accountability. Ao mesmo tempo em que a capacidade de comunicar do Estado cresce, cresce também sua visibilidade que o torna vulnerável. O acesso às informações disponíveis é ininterrupto, embora as linhas de comunicação não sejam intensificadas. Qual um paradoxo vive-se o excesso de informação e de visibilidade do Estado, sem que necessariamente se cumpra o processo de participação. Em pesquisa realizada sobre os sistemas de comunicação do Estado brasileiro no âmbito federal (Weber; Gautier, 2010) foram catalogados 127 de itens de comunicação distribuídos entre a publicização (informações regulatórias, necessárias ao cidadão e às funções da instituição e dos gestores); o jornalismo (veiculação de notícias que atendem aos critérios jornalísticos); a propaganda (campanhas publicitárias obedecendo à estética do marketing e da mídia); fóruns de debates e ouvidorias (espaços abertos com a finalidade de ouvir demandas e opiniões); prestação de contas (processos de accountability, transparência sobre ações e gastos públicos) e agenda. Os sistemas de comunicação desses poderes configuram a maior rede de comunicação em qualquer país. Do presidente da República ao estagiário em comunicação, são centenas de funções e assessorias nas estruturas de comunicação dos governos federal, estadual e municipal (governantes, ministros, secretários, dirigentes), órgãos do executivo, instituições de caráter público, empresas públicas e mistas, autarquias, fundações. A importância disso é definida por Gomes (2004, p. 70) como a “profissionalização da comunicação política”. Essas estruturas trabalham ininterruptamente a partir de planos de ação e estratégias de visibilidade que obedecem às modalidades de informação e persuasão ou à sua hibridação para atender às necessidades de comunicação e, em tese, do interesse público e, com regularidade, a interesses particulares de políticos, governantes e partidos. A comunicação governamental e a comunicação do parlamento são geradas por instituições que possuem na sua natureza o poder público por delegação e, por direito e dever, representam o interesse público na qualidade de Poder Executivo e o Poder Legislativo abrigados pelo Estado republicano. Redes de Comunicação do Poder Executivo – As instituições do executivo têm maior capacidade de investir em comunicação e relações com 47


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