Revista J.P | Edição 179

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NESTE NÚMERO 7 EDITORIAL 8 J.P ENTREGA 11 RADIOGRAFIA 12 MÊS BOM PARA 14 J.P ADORA 18 POTÊNCIA MÁXIMA Deborah Secco: de apresentadora infantil à comentarista de futebol, sem medo de arriscar 26 RUMO À VITÓRIA A advogada e pesquisadora Alessandra Devulsky fala sobre o contexto da desigualdade racial no Brasil 28 VEM, VERÃO! O que ler, ouvir, fazer, assistir e usar na estação mais quente do ano 36 DE RESSACA Cansadas de relações desastrosas, mulheres optam pela vida de solteira 40 A IDENTIDADE DA NOVA MPB Quem é quem na atual geração da música brasileira 44 PURO BRILHO Joalheiros brasileiros conquistam mercado e celebs internacionais 46 MENINA PRODÍGIO Filha de Beyoncé e Jay-Z é a child star do momento 50 CORPO E ALMA 56 BAZAR 57 FERNANDO TORQUATTO J.P CHARME E PROPÓSITO 18 46 50 28 44 FOTOS GETTY IMAGES; NICOLE GOMES/DIVULGAÇÃO

DEBORAH SECCO

Foto Jorge Bispo, styling Erick Maia, beleza Cleide Araújo. Camisa Emporio Armani, top e hot pant Plié, meia Calzedonia, sapato Prada, gravata acervo O conteúdo desta revista na versão digital está disponível no SITE +glamurama.com.br/revista-jp

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JORGE BISPO;
FREITAS; JÚLIA RODRIGUES/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; FREEPIK 58 PONTO DE VISTA Mobiliário revela versatilidade de Lina Bo Bardi 60 RAIO X 64 J.P DE OLHO 66 ALMA PAULISTANA O apê que respira cinema de Marina Person 70 J.P VIAJA 76 POR AÍ 77 CABALA 78 CORREIO 80 ÚLTIMA PÁGINA George Sauma e a receita para fazer rir 58 60 56 40 64 JOSYARA
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J.P

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CHARME E PROPÓSITO

Pois é: 2022 terminou, a Copa do Mundo não rolou para o Brasil, mas temos, sim, Deborah Secco, que roubou a cena nessa temporada de futebol com seus looks ousados – que deram o que falar – e comentários no Tá na Copa, do SporTV. Por essas e por outras, é ela a capa e o recheio desta edição de fim do ano da revista J.P, clicada pelo mago Jorge Bispo. E como finalmente é verão, nosso almanaque chega com o que interessa para a estação mais aguardada do ano. Tem livros, comidas, lugares, estilo... como, por exemplo, o novo álbum de Russo Passapusso, Alto da Maravilha, em parceria inusitada com a dupla Antonio Carlos e Jocafi. Tem também Icaraizinho de Amontada, no Ceará. Conhece? Eu – ainda – não... E como o calor, o sol e o mar têm a ver com música, nosso expert Pedro Alexandre Sanches fez um “tratado” sobre a nova MPB. Vale a leitura, como também vale a reportagem sobre heteropessimismo. Hello? Você já ouviu falar nisso? Eu nunca... Esse novo termo tem a ver com a onda de mulheres cansadas das relações com homens, que começam bem, mas terminam mal e sem explicações. Ai ai... Enquanto isso, o mundo gira... e tem brasileiro fazendo bonito por aí. Bem-sucedidos no concorrido mercado internacional, os joalheiros Ana Khouri e Fernando Jorge viraram queridinhos de celebs como Beyoncé, Lady Gaga, Madonna e Julia Roberts e da press também. Como eles chegaram lá? A gente conta. E por falar em celebridade internacional, a ordem é ficar de olho em Blue Ivy, de 10 anos, a primogênita de Beyoncé e Jay-Z. Ao nascer foi apelidada de “o bebê mais famoso do mundo” e até já ganhou um Grammy. Visitamos a casa da cineasta Marina Person, traduzimos o estilo e talento da designer de sapatos paulistana Bruna Botti e fechamos o ano e esta edição com o ator e humorista George Sauma. Eu, pessoalmente, sou muito fã. No mais, quero muito estar junto no ano que vem. Vamos?

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EDITORIAL J.P

J.P ENTREGA JOYCE

Da estreia da velejadora Tamara Klink na moda às estampas afro-baianas de Alberto Pitta, passando pelo festão do ano, um “causo” com Gal Costa, as novidades do grupo Fasano e a mudança de uma carioca especial para São Paulo. Vem!

LEIA OUTRAS DESCOBERTAS EM GLAMURAMA.COM/NOTAS

AFROPOP

Cabeça criativa à frente do Cortejo Afro, um dos blocos mais queridos de Salvador, Alberto Pitta também é responsável pela parte visual do grupo. Dono de um senso estético apurado, ele é artista multimídia e já desenvolveu estampas para blocos, como o Ilê Aiyê, Olodum, Araketu, Afoxé Filhos do Congo e Afoxé Filhos de Gandhy. Não por acaso, Pitta acaba de lançar o livro Histórias Contadas em Tecidos: o Carnaval Negro Baiano, que mostra sua trajetória de 40 anos de pesquisas e criações artísticas como um dos pioneiros do que hoje se conhece por estampas afro-baianas. Usando símbolos, ferramentas, indumentárias e adereços dos orixás, Pitta descreve como os panos das mortalhas cumprem a função de disseminar contos e lendas africanas, histórias de reinados, tribos e de países, como Angola, Benin, Egito, Marrocos e Senegal.

VIVÊNCIAS BORDADAS

Aos 25 anos, Tamara Klink já é pura inspiração. Ela seguiu os passos do pai, o velejador Amyr Klink, e se tornou a brasileira mais jovem a atravessar o Atlântico sozinha. Escritora – tem três livros – e formada em arquitetura, a destemida velejadora decidiu navegar por outros mares e assinou uma collab com a IDA, marca paulistana que usa matérias-primas sustentáveis. O resultado pode ser visto em camisetas, lenços, pareôs e um bucket hat, todos bordados com desenhos e frases criadas por Tamara que, apesar de muito jovem, não encontra dificuldade em construir relatos e falar de aprendizados tirados de suas viagens. Aliás, ela já tem novos projetos com seu barco, o Sardinha 2, que envolvem lugares onde nunca esteve em busca de novas sensações.

CEREJEIRA Novidade das boas chega ao outro lado do planeta: A Dorchester Collection vai abrir seu primeiro hotel na Ásia, mais especificamente em Tóquio. O tradicional grupo inglês, um dos mais sofisticados do mundo, que atualmente pertence ao Sultão de Brunei e é proprietário do Plaza Athénée, em Paris, The Dorchester, em Londres, e Principe di Savoia, em Milão, vai administrar o hotel que será instalado dentro da Torch Tower, edifício mais alto do Japão com 67 andares. Localizado nos pisos superiores, como vários outros do gênero por lá, o hotel tem vista panorâmica da baía de Tóquio, do centro da cidade e até do Monte Fuji. “Este novo hotel se tornará uma referência na cena hoteleira de ultraluxo do Japão e estabelecerá novos padrões”, comemora Christopher Cowdray, chief executive officer da Dorchester Collection. Ansiedade em grau máximo!

8 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO
2023

TEA FOR TWO

A rede Fasano segue firme em sua expansão internacional. Depois de Punta del Este, Nova York e Miami – este último ainda sem data de entrega –, a novidade é que os olheiros do Fasano foram vistos circulando pela Europa em busca de pontos para estrear por lá. Os planos giram em torno de Lisboa, provavelmente no bairro de Principe Real, um dos mais hype da capital portuguesa, famoso por seus casarões do século 19, e Londres.

NA PISTA

DE BRAÇOS ABERTOS

Antes que o ano acabe, vale destacar a iniciativa da psicóloga Dorli Kamkhagi, que atua no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IPq). Ela está à frente de um grupo de psicoterapia criado pelo Laboratório de Neurociências do IPq, focado em homossexuais masculinos de 50+, com sintomas depressivos. As sessões abordam questões relacionadas a conflitos familiares, profissionais e afetivos, entre outros.

CINTURINHA

A cada temporada surgem novas dietas e modismos para emagrecer. Este ano só se falou em Ozempic, o remédio para diabetes usado off-label para perder peso rapidamente. Pois em Nova York o Ozempic já encontrou um substituto: um novo medicamento chamado Mounjaro, que também é uma caneta injetável criada para tratar diabetes tipo 2 e ainda está sob análise da Anvisa, ou seja, não é vendido por aqui. Fato é que tem mostrado bons resultados no tratamento da obesidade e dizem que seu uso pode resultar numa perda de peso muito próxima a conseguida com cirurgia bariátrica. Vários paulistas famosos já conseguiram comprar e estão fazendo uso do Mounjaro, com resultados visíveis.

Festão duplo de aniversário de Julie Lamac e David Feffer, no fim de novembro, já ganhou o título de melhor do ano. A comemoração, que era para ter acontecido em 2020 e , assim como tantas outras, precisou ser adiada por causa da pandemia, reuniu cerca de mil convidados e literalmente parou o Jardim América, em São Paulo. O casal celebrou os 42 anos dela e os 66 dele em grande estilo, em uma antiga casa da família Feffer. Teve show de Frejat e pista de dança com clássicos disco fervendo madrugada adentro. Em vez de presentes, os anfitriões pediram para que os convidados fizessem doações para algumas obras assistenciais. Marcaram presença o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, Roberto Setubal, Newton Simões, Fernando Altério, Moise Politi, Jean-Marc Etlin, todos com suas respectivas – só para citar alguns. A anfitriã usou um elegante modelo roxo de Elie Saab.

DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 J.P 9 FOTOS GETTY IMAGES; JEFERSON LIMA/DIVULGAÇÃO; ARQUIVO PESSOAL; MITSUBISHI JISHO DESIGN INC; USP; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL

MÃE DE PET

A morte repentina de Gal Costa ainda traz à tona sons e lembranças de toda sua carreira... e até fatos inusitados que aconteceram com ela. Uma história que pouca gente conhece aconteceu aqui em São Paulo mesmo, no Jardim Europa, onde a cantora vivia. Uma manhã, Gal passeava na rua com seus cães rotweiller – ela nunca escondeu a paixão que tinha por essa raça – quando foi abordada por duas pessoas que reconheceram os pets. “Olha, os cachorros da Gal”, alardearam. “Conhecemos eles das redes sociais!” E a diva, divertida, se limitou a sorrir e seguiu seu passeio sem ser reconhecida e sem revelar sua identidade.

AVENTAL

• Azeite de oliva extravirgem

• 4 cogumelos portobello de médios a grandes, limpos e com os talos removidos

• 100 g de salsa de avelãs (receita ao lado)

• 1 punhado de salsinha fresca

• Um pedaço de queijo parmesão ou grana

• Sal a gosto

• Pimenta-do-reino a gosto

TÚNEL DO TEMPO

Tem carioca talentosa de mudança para São Paulo. Na verdade, ela já se mudou. Este ano a artista plástica Mana Bernardes decidiu trocar o Rio de Janeiro, onde nasceu, pela capital paulista. Desde julho está nesse processo com a filha Rara, de 2 anos. “Faz tempo que queria morar em SP. Vim pra cá para ter a experiência de estar onde meus projetos estão. E também porque tenho curiosidade sobre as origens da minha família, que veio da Ucrânia pra cá. Minha bisavó, que era uma mulher muito importante na minha vida viveu aqui, minha avó nasceu aqui, e meu bisavô por parte de mãe foi fundador da Casa do Povo. É um encontro com minha ancestralidade ucraniana”, conta ela, que, por enquanto, está instalada em uma escolinha antroposófica no Butantã, que fechou durante a pandemia e pertence a uma amiga. “Tem horta florestal, brinquedoteca só com brinquedos de madeira, galinheiro. Em fevereiro me mudo para uma casa na parte de trás dessa escolinha. Tem sido uma experiência lúdica, batalhada e, ao mesmo tempo, com muita possibilidade de narrativa de tudo o que a gente tá vivendo”, explica Mana, que está preparando um circuito de performances para fazer pela cidade no ano que vem.

COGUMELOS PORTOBELLO COM SALSA DE AVELÃS & QUEIJO TIPO GRANA

Para esta edição de virada de ano trazemos uma das receitas deliciosas da chef Gabriela Barretto, do restaurante Chou, sempre uma ótima pedida em São Paulo

Esquente uma frigideira grande, ou chapa, se tiver. Espalhe um pouco de azeite na superfície e coloque os cogumelos com o topo virado para baixo. Tempere com sal e pimenta-do-reino e deixe dourar. Vire os cogumelos para que cozinhem do outro lado. Quando você notar que eles encolheram um pouco e estão mais macios, retire do fogo e coloque sobre um prato com a parte de baixo virada para cima. Adicione uma colher da salsa de avelãs sobre cada um dos cogumelos. Pique salsinha e salpique sobre o prato. Finalize com lascas de queijo por cima. dos cogumelos.

SALSA DE AVELÃS

• 100 g de avelãs sem casca

• Pão envelhecido rústico, italiano ou de campanha

• Azeite de oliva extravirgem a gosto

• Sal a gosto

• Pimenta-do-reino a gosto

Tire a casca do pão e descarte. Rasgue o miolo em pedacinhos, até obter aproximadamente 80 g de migas. Espalhe as migas em uma assadeira e tempere com azeite, sal e pimenta-do-reino. Leve ao forno médio (180 graus) até ficarem douradas e crocantes, mexendo de vez em quando. Retire do forno e reserve. Toste as avelãs no forno até ficarem douradas, tire a pele e pique. Em uma tigela, misture as avelãs com as migas tostadas e vá juntando azeite até que fique tudo bem untado. Guarde fora da geladeira em um pote com tampa.

com carla julien stagni

10 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023
FOTOS REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL; FLORA NEGRI; GUI GALEMBECK
J.P ENTREGA

MÁRCIA FALCÃO

Um dos temas recorrentes dos trabalhos de Márcia Falcão é a problemática feminina vista pelas experiências pessoais tendo o Rio de Janeiro como cenário, ora belo e poético, ora violento e assustador. A artista plástica carioca em ascensão se apropria de imagens iconográficas da história da arte, ressignificando figurações canônicas de forma que, na maioria das vezes, esses ícones se adequem às identidades gráficas e alegorias do subúrbio. Faz parte do imaginário de Márcia transitar entre acontecimentos corriqueiros e signos visuais ligados à juventude, infância, festejo e maternidade, como forma de empoderamento. “As questões do corpo, desse corpo que gera e se transforma, desse corpo que sofre feridas emocionais, estiveram ainda mais presentes no meu trabalho mais recente, que desenvolvi desde o começo da pandemia”, conta, definindo sua obra recentemente. Em seu currículo, Márcia Falcão traz exposições individuais na Fortes D’Aloia & Gabriel, galeria que a representa, na Carpintaria, além de coletivas no Museu de Arte do Rio, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica e na Tanya Bonakdar Gallery, em Nova York. ( Carla Julien Stagni)

DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 J.P 11 FOTOS EDUARDO ORTEGA/FORTES D’ALOIA & GABRIEL RADIOGRAFIA

são meses bons para...

Fazer uma lista com planos para 2023. Melhor ainda anotá-los em um planner charmoso, com capa de couro e montado à mão, como os da MH Studios, de Maria Helena Pessôa de Queiroz

Desvendar os mistérios do sexo lendo o novo livro da sempre necessária

Regina Navarro Lins, Sexo na Vitrine

(Editora BestSeller)

Aprender a fazer um drinque novo. Sugestão? O Quintana, criado em homenagem ao poeta Mario Quintana, do Bêrga: Leva rum, suco de abacaxi, suco de limão e Campari

Elaborar uma playlist especial para pegar a estrada, com aqueles hits para cantar junto. Soltar a voz em Passarinha , do Bala Desejo, e em Meu Pedaço de Pecado, do rei do piseiro João Gomes

Mandar para um amigo muito querido seis minirrabanadas do A Fornada Padaria, feitas com pão orgânico e açúcar caramelizado. Para comer de joelhos!

Fazer um detox dos aplicativos de namoro e se abrir para um amor de verão off-line. Que tal?

Comer um crudo de peixe na nova Adega Santiago do Shopping Cidade Jardim acompanhado de um Alvarinho bem gelado

Renovar as energias com tratamentos diferentões, como a Terapia do Som, ou Sound Healing – baseada em vibrações sonoras que levam a um estado de relaxamento profundo –, na clínica Awake, em São Paulo...

...ou a Vaporização de Útero – prática milenar em que a vagina é exposta a vapores com ervas medicinais para limpeza uterina e dar aquele up na energia sexual, vital e criativa. Na Botica das Ervas é possível um kit com todos os apetrechos necessários –banquinho especial, ervas, potes

12 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 DEZEMBRO E JANEIRO

Reforçar o estoque de looks de verão e sair do óbvio. Por aqui estamos amando a crochêmania, com as peças modernas das marcas Ateliê Mão de Mãe e Nannacay

Se autopresentear ou agradar aquela pessoa muito querida com a pulseira Ciranda, da Prasi. A peça é uma parceria da marca com a ONG Redes da Maré e parte da renda será revertida para a construção de um laboratório de informática para os moradores da comunidade da Maré, no Rio

Não desperdiçar chances de dar muitos mergulhos no mar. Melhor ainda se for em duas das praias mais bonitas do mundo, eleitas este ano: a do Sancho, em Fernando de Noronha, e a Quarta Praia, em Morro de São Paulo, na Bahia

Visitar a mostra de Genaro de Carvalho cuidadosamente editada por Graça Bueno e pela viúva do artista Nair de Carvalho, na Passado Composto Século XX, nos Jardins, em São Paulo

Na onda da COP27, que tal escolher uma ONG ou instituição ligada ao meio ambiente para apoiar? Aqui vão três sugestões: IPÊ (Instituto de Pesquisas Ecológicas), WWF e a Fundação Amazônia Sustentável

Devorar o recém-lançado

Arembepe: Aldeia do Mundo (Editora Máquina de Livros), que revela preciosidades sobre a vila na Bahia que foi reduto do movimento hippie nos anos 1960 e 1970, frequentada por Janis Joplin, Mick Jagger, Novos Baianos, Wally Salomão, Glauber Rocha, Roman Polanski, Jack Nickolson, Pinky Wainer e Zé Simão, entre outros

Conhecer o Ayya Jardins, novo empreendimento da Construtora SKR, que traz a assinatura do escritório de arquitetura Andrade Morettin e retoma a sofisticação clássica dos Jardins e a natureza em seu estado absoluto Fazer um pit stop no recém-aberto Bar do Manacá, anexo ao restaurante de mesmo nome comandado por Edinho Engel, em Camburi, litoral norte de São Paulo, e pedir o drinque Lavander Highball (whiskey, cordial de lavanda, suco de limão taiti, água de coco)

DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 J.P 13
FOTOS FREEPIK; GETTY IMAGES; UNSPLASH; DIVULGAÇÃO; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL

BALANÇO Ále Alvarenga preço sob consulta

J.P ADORA

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NOVOS BAIANOS

A família Novos Baianos em 1972

Surgido em 1969, em Salvador, os Novos Baianos marcaram a MPB com mistura de ritmos e exaltação à cultura do país. Com nove integrantes, entre eles, Moraes Moreira, Paulinho Boca de Can tor, Baby do Brasil, Luiz Galvão e Pepeu Gomes, a banda durou dez anos. O ícô nico albúm, foi produzido o grupo vivia em um sítio na estrada para Jacarepaguá –, comple tou 50 anos de lançamento em 2022

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REGATA

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14 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023
CONSUMO POR ANA ELISA MEYER

TAPEÇARIA DE PAREDE Koord R$ 350

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DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 J.P 15
FOTOS DIVULGAÇÃO; ARQUIVO PESSOAL; JIVAGO SALES/DIVULGAÇÃO

É TEMPO DE FESTA

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Potência máxima

Em 2022, ela se tornou comentarista de futebol, apresentadora de programa infantil e atuou em uma série internacional. E não foi só a carreira que passou por transformações. Aos 43 anos, a atriz garante ter chegado a sua melhor versão: em paz com seus erros, com menos paranoias de autoimagem e sem medo do risco

CAPA
Deborah Secco

Quando Deborah Secco estreou como comentarista da Copa do Mundo, seus looks no programa Tá na Copa, do SporTV, tiveram repercussão bem maior que suas opiniões sobre os jogos no Catar. Peças do uniforme dos apresentadores da atração foram reaproveitadas e perderam bons centímetros de tecido para deixar as curvas da atriz em evidência. A camisa azul-marinho com o logo da emissora virou top, a calça cáqui foi convertida a microssaria e até um antigo paletó de Galvão Bueno ressurgiu como vestido decotado. Em uma Copa marcada pela ascensão feminina na cobertura esportiva – da reportagem à narração das partidas – houve quem torcesse o nariz para a moda circular apimentada de Deborah. Uma jornalista do canal postou no Twitter: “Sensualização pra comentar futebol não empodera mulher nenhuma”.

Deborah pensa diferente. Defende que “mulheres são plurais e nenhuma deveria se adequar para caber em certos lugares”. E, pelo menos no caso dela, a sensualidade foi elemento empoderador, sim. As personagens mais marcantes de seus 35 anos de carreira são hipersexuais e tiveram impacto na vida da atriz. No cinema, a prostituta de Bruna Surfistinha (2011), e Judite, a paciente psiquiátrica soropositiva de Boa Sorte (2014) lhe renderam prêmios de atuação. Bem antes disso, que noveleiro não amava as maldades da lolita Iris, de Laços de Família (2000), ou se divertia com a gafes de Natalie Lamour, a subcelebridade que topava tudo pela fama em Insensato Coração (2011)?

“Fiz papéis sensuais antes de entender minha sexualidade. Passei por situações de assédio sem saber como lidar”, conta ela, que estreou aos 15 anos na série Confissões de Adolescente (1994). “Várias vezes fui constrangida e a forma que arrumei de me defender foi constranger de volta. Não sei se foi o caminho certo, mas foi importante para a construção da mulher que sou atualmente.” A atriz ressalta que nem o sucesso nem a fama lhe blindam dessas situações ainda hoje. “Acontece, mas é corriqueiro e fácil de resolver. Já não me faz tão mal e nem me deixa acuada.”

CAPA
Top H&M, saia Isadora Barbozza, chocker Zara
“Fiz papéis sensuais antes de entender minha sexualidade. Passei por situações de constrangimento sem saber como lidar. Ainda acontece, mas já não me faz tão mal”
CAPA
“Tomei remédio para emagrecer dos 15 até um ano depois que a minha filha nasceu. Sou fruto de uma sociedade doente. Não estou curada, mas hoje me policio para viver em harmonia com meu corpo”

Como a maioria das mulheres de sua geração, Deborah entendia o assédio como “coisa de homem” e só recentemente se deu conta de episódios de abuso que sofreu no passado. “Quando começaram essas discussões sobre relacionamentos tóxicos, parei para pensar e percebi que todas as minhas relações tiveram momentos assim. E eu permanecia ali porque era tão diminuída ao ponto de acreditar que precisava daquela pessoa para sobreviver”, recorda.

PERFEIÇÃO NÃO EXISTE

A virada de chave, conta ela, aconteceu no casamento com o fotógrafo Hugo Moura – eles estão juntos há oito anos e são pais de Maria Flor, 7.

“Meu marido me fez entender que posso ter ao meu lado um homem que gosta dos meus defeitos, abraça meus erros e respeita minhas falhas. Hoje sou a melhor versão da Deborah, em paz com a minha verdade, sem ficar me esforçando para agradar ou ser perfeita para ninguém.”

A raiz dessa busca sufocante pela perfeição, conta, vinha de uma dor da infância – conclusão que chegou após 12 anos de terapia. “Tive uma irmã mais velha, a Ana Luisa, que nasceu com vários problemas de saúde e morreu aos 5, depois de muito tempo vivendo em estado vegetativo. Passei a vida tentando preencher esse buraco sendo a filha perfeita, que não faria meus pais sofrerem. Aos poucos, isso

foi me dilacerando.”

O ponto de vulnerabilidade da atriz agora é outro: a maternidade. Na criação de Maria Flor, uma de suas preocupações é que a menina não se sinta pressionada a seguir os rígidos padrões estéticos a que ela já esteve exposta. “Tomei remédio para emagrecer dos 15 até um ano depois que minha filha nasceu. Sou fruto de uma sociedade doente”, pondera. “Não me sinto curada, mas me policio para viver em harmonia com meu corpo.”

HORIZONTE ABERTO

Outra conquista trazida pela maturidade dos 43 anos foi a vontade de se lançar no desconhecido, sem medo do risco. O primeiro desafio foi colocar à prova suas análises futebolísticas em plena Copa. Mas 2022 reservou mais. Deborah tirou do papel um projeto criado em família, na pandemia: o Mundo Iupi, programa do Giga Gloob, o aplicativo infantil da Globo. A primeira temporada teve 20 episódios, apresentados por ela e a filha. “Foi meu trabalho mais louco, feito para crianças dos novos tempos”, orgulha-se ela, que aguarda ansiosa pela confirmação da segunda temporada. Em 2023, Deborah será vista como protagonista da série Codex 632, coprodução da Globoplay com a emissora portuguesa RTP, gravada este ano, em Lisboa. “Faço uma mulher que está vendo seu casamento chegar ao fim e é mãe de uma menina com síndrome de Down. É diferente de tudo o que já fiz”, adianta. “É isso que me faz feliz hoje: o novo, o mistério. Quero um horizonte aberto.” n

Top e hot pant Calvin Klein, calça Zara Paris, brinco Carlos Penna

Body acervo, trench coat

Bershka, brinco Carlos

Penna, bota Schutz

Edição de estilo e produção executiva:

Ana Elisa Meyer

Edição de arte:

David Nefussi

Assistente de beleza:

Anderson Valente

Assistente de fotografia:

Carine Felgueiras

Tratamento de imagem:

Claudia Fidelis

RUMO À VITÓRIA

O quanto avançamos nas questões raciais?

E como pessoas brancas podem ser aliadas da luta antirracista? A advogada e pesquisadora Alessandra Devulsky explica o contexto da (des)igualdade no Brasil

Acada dia, quando ligamos a TV – ou damos play em uma plataforma de streaming –vemos mais negros e negras em papéis centrais de filmes, novelas, telejornais e propagandas. Esses avanços merecem ser celebrados, claro, mas “enquanto comemoramos o primeiro, o segundo, o terceiro, a vitória ainda não chegou”, pondera a advogada Alessandra Devulsky, diretora jurídica do Instituto Luiz Gama, conselheira de discriminação e racismo na Universidade de Montreal e autora do livro Colorismo, da coleção Feminismos Plurais, coordenada por Djamila Ribeiro. Em outras palavras: fora das telas, a trajetória em direção à igualdade segue em marcha bem mais lenta. “Claro que é maravilhoso ligar a TV e me enxergar em um comercial de xampu, mas não é isso que paga as contas. Quando pensamos em divisão de espaço de poder e partilha de renda, a desigualdade racial é incontestável.” Em conversa com a revista J.P, Alessandra discute o quanto realmente avançamos em termos de igualdade racial, os primeiros sinais do novo governo em direção a isso e o papel que cabe às mulheres brancas na luta antirrascista: “Ouvir, ler, dar espaço”.

J.P: O PROTAGONISMO NEGRO EM FILMES E SÉRIES AVANÇA E É CELEBRADO A CADA DIA. MAS, NA PRÁTICA, O QUANTO ESTAMOS EVOLUINDO EM TERMOS DE REPRESENTATIVIDADE E IGUALDADE RACIAL?

ALESSANDRA DEVULSKY: É claro que, dentro de um aspecto simbólico, percebemos pessoas negras mais presentes na mídia e isso é muito importante, mas, como pesquisadora, entendo que é necessário analisar os dados – e quando observamos a base salarial, as coisas continuam evoluindo de forma muito mais lenta do que seria necessário. Uma pessoa negra recebe 75% a menos do que uma branca no Brasil. As mulheres pretas continuam na base da pirâmide social como aquelas que recebem os menores salários. Em termos de divisão de espaço de poder e partilha de renda, a desigualdade racial é incontestável. Claro que é maravilhoso me enxergar em um comercial de xampu, mas não é isso que paga as contas. São as mudanças estruturais, como a valorização das nossas competências profissionais, que vão transformar a vida das pessoas negras, porque ninguém consegue mudar o mundo sem morar e se alimentar bem.

26 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 ENTREVISTA
POR MARIANA GONZALEZ

J.P: AO DISCUTIR REPRESENTATIVIDADE, A DEPUTADA ERIKA HILTON DIZ QUE NÃO CELEBRA O FATO DE SER A PRIMEIRA MULHER TRANS NO CONGRESSO JUSTAMENTE PORQUE ISSO DENUNCIA O QUANTO DEMOROU A ACONTECER. CONCORDA COM ESSA PERCEPÇÃO?

AD: Sim. Eu acho que ela tem toda a razão em não comemorar porque, quando a gente fala do primeiro, do segundo, do terceiro ou do décimo, ainda estamos conseguindo contar. Precisamos entender os avanços raciais como algo demograficamente visível, ou seja, no lugar de ter uma ou duas pessoas, ter uma proporção – no Brasil, negros são 56% da população, esse deve ser o horizonte, mas estamos mirando muito abaixo disso. Enquanto a gente conseguir contar as pessoas que ascendem a esses postos, a vitória não chegou.

J.P: A EQUIPE DE TRANSIÇÃO DO PRESIDENTE ELEITO CONVIDOU NOMES RELEVANTES DO MOVIMENTO NEGRO, COMO ANIELLE FRANCO E SILVIO ALMEIDA. COMO VOCÊ ANALISA ESSA APROXIMAÇÃO DAS QUESTÕES RACIAIS?

AD: Para pensar um novo governo é superimportante que os projetos sejam inclusivos e que levem em conta as necessidades reais das populações mais vulneráveis, que são as pessoas negras e LGBTQIA+. É preciso envolver pessoas que têm competência técnica em termos de estudos, mas também que conheçam o campo. Nesse sentido são muito acertadas as indicações de Anielle Franco e Silvio Almeida – eles são um excelente indicativo de que as novas plataformas políticas estão sendo

alcançadas de forma organizada, rigorosa, indo buscar nos especialistas de cada região as melhores sugestões para o país.

J.P: MESMO QUANDO COMEMORAMOS A ASCENSÃO DE MULHERES NEGRAS NA MÍDIA PERCEBEMOS UM PADRÃO DE BELEZA AINDA

MUITO RESTRITO, QUE VAI DO FORMATO DO CORPO ATÉ A DEFINIÇÃO DOS CACHOS. DE QUE FORMA ISSO IMPACTA A AUTOESTIMA?

AD: Essa pergunta é tão importante porque desde muito cedo aprendemos a desvalorizar tudo que vem do imaginário negro, tudo que está associado à africanidade. E, quando falamos de padrão de beleza, existe

J.P: COMO O COLORISMO ENTRA NESSA DISCUSSÃO? QUEM OU O QUE DECIDE O QUE É SER NEGRO NO BRASIL?

uma proporção infinitamente mais agressiva para mulheres negras. O cabelo tem que estar impecável –seja liso ou o crespo extremamente definido, dentro de um padrão específico de cacho. A gente impõe à mulher negra um padrão branco, como se essa fosse a única forma dela expressar o que é considerado belo. Não só no cabelo, mas no corpo, na cor dos olhos, no formato do nariz, da boca, aquilo que a gente chama de forma muito racista de traços finos – que é um eufemismo para dizer que essa mulher tem traços que se associam ao padrão europeu, ou a um grau de mestiçagem que a aproxima do padrão branco.

AD: Tenho dificuldade de perceber a identidade racial como algo que está no campo decisório porque, na realidade, a identidade racial no Brasil é imposta. Se eu tenho traços ligados à africanidade, entro no campo do que é ser não branco e perco a presunção que inconscientemente damos às pessoas brancas – de bondade, competência, inteligência. Essa identidade é dada pelo outro, pelo branco. Em momentos muito importantes da vida de uma pessoa negra, o branco decide se ela é preta ou parda, ou seja, se vai ter alguma facilidade no acesso ou vai simplesmente ser descartada de um processo seletivo somente pelo fato de ter o nariz mais largo ou a pele mais escura. Eu gosto muito do que a Lupita (Nyong’o, atriz) diz, que o colorismo é irmão do racismo. É muito preocupante que a gente privilegie o acesso de pessoas negras a espaços de poder de acordo com a aproximação desses traços europeus.

J.P: COMO MULHERES BRANCAS

PODEM SER ALIADAS DA LUTA ANTIRRACISTA?

AD: Ouvindo. Lendo. Assistindo. Dando espaço. É preciso ouvir o que pessoas negras têm a dizer e dar espaço para que elas possam dar sugestões, implementar medidas. Não estou falando de dar favoritismo ou simplesmente deixar que façam tudo sozinhas, mas assumir que muito provavelmente você terá algo a aprender com a visão de alguém que tem experiências distintas das suas. n

FOTO DIVULGAÇÃO
“É imposto à mulher negra um padrão branco como se fosse a única forma dela expressar o que é considerado belo”

VEM, VERÃO

Com perspectiva de festas e curtição depois de anos, essa temporada pede mais liberdade e ousadia. J.P entrega as dicas do que vai ser sucesso, do que usar, dos melhores destinos e mais...

só vem!

POR REDAÇÃO FOTOS GETTY IMAGES; NICOLE GOMES/DIVULGAÇÃO
FÉRIAS

O que ler?

• VIA ÁPIA, Geovani Martins

• O SOM DO RUGIDO DA ONÇA, Micheliny Verunschk

• SOU UMA TOLA POR TE

QUERER, Camila Sosa Villada

• CONFIANÇA, Hernan Diaz

• O JOVEM, Annie Ernaux

Ganhadora do Nobel de Literatura deste ano viu sua obra de autoficção se popularizar e entrou na lista de mais vendidos no Brasil após aterrissar por aqui para participar da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty). Nesse romance curto, rememora o relacionamento que teve, aos 54 anos, com um homem 30 anos mais jovem e reflete sobre desejo feminino, diferenças de classe, o papel da mulher na França dos anos 1990 e a passagem do tempo.

O que ouvir?

• ALTO DA MARAVILHA, de Russo Passapusso Depois do sucesso de “Paraíso da Miragem“, o líder da BaianaSystem se une à dupla cult Antonio Carlos e Jocafi para lançar seu segundo disco fora da banda, com influências afrofunk, afrobeat e afrofuturismo. Gilberto Gil e Karina Buhr fazem participações especiais.

• MARÉ, Johnny Hooker e Silva

• AI PAPAI, Anitta com Mc Danny e Hitmaker

• TIC TAC, Ludmilla e Sean Paul

• DESPECHÁ, Rosalía

• LOVEZINHO, Rachel Reis

• NA CIDADE NO VENTO, Filipe Marones

• VAI DÁ BOM, Mumutante

FOTOS FREEPIK; DIVULGAÇÃO

FÉRIAS

Que praias vão bombar?

• ICARAIZINHO DE AMONTADA, no Ceará Verão sem praia não é verão. E de lugares paradisíacos o brasileiro está bem servido. A praia a 200 km de Fortaleza, próxima a Jericoacoara, se tornou o destino mais desejado de 2023 graças às areias finas, ondas e ventos propícios para praticar kitesurfe, ou por sua vocação a paraíso escondido e tranquilidade da Lagoa de Flexeiras. Um passeio de barco pelo rio Aracatiaçu soma mais charme ao local.

• MATA DE SÃO JOÃO, na Bahia

• PRAIA DO SANCHO, em Fernando de Noronha

• ILHA DO CAMPECHE, em Florianópolis

• SANTO ANDRÉ, na Bahia

• PONTAL DO ATALAIA, em Arraial do Cabo

• BAÍA DOS PORCOS, em Fernando de Noronha

• PRAIA DOS CARNEIROS, em Tamandaré

• LOPES MENDES, em Ilha Grande

+
• AREMBEPE, na Bahia

O que assistir?

• EMILY IN PARIS, na Netflix. Série gostosinha, perfeita para maratonar em meio à correria do fim do ano, Emily in Paris chega à terceira temporada com a protagonista decidindo permanecer na capital francesa e lidando com o namoro com o inglês Alfie e seu crush francês, Gabriel. A partir de 21 de dezembro na Netflix.

• I WANNA DANCE WITH SOMEBODYA HISTÓRIA DE WHITNEY HOUSTON, nos cinemas. A britânica Naomi Ackie, de Star Wars: A Ascensão Skywalker, disse ter superado o medo de cantar em público para encarnar a diva pop que morreu de forma trágica em 2012, aos 48 anos. Com roteiro assinado por Anthony McCarten (Bohemian Rhapsody), a nova cinebiografia promete abordar a conturbada vida de Whitney, do sucesso aos conflitos familiares e com a imprensa.

• AFTERSUN, de Charlotte Wells • O URSO, Star+ • BABILÔNIA, de Damien Chazelle • WANDINHA, Netflix • O MENU, de Mark Mylod • VIDA DE CASAL, Amazon Prime • MARTE UM, de Gabriel Martins
FOTOS GETTY IMAGES; FREEPIK; UNSPLASH; DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO NETFLIX; DIVULGAÇÃO STAR+; DIVULGAÇÃO AMAZON PRIME VIDEO; DIVULGAÇÃO HBOMAX; DIVULGAÇÃO PARAMOUNT; MUBI
• THE WHITE LOTUS, HBO Max

Hotspots

• BÊRGA BAR

FÉRIAS

O local é considerado um refúgio gaúcho no meio de São Paulo, mais precisamente na Vila Buarque. O nome é inspirado em “bergamota”, a famosa mexerica no Rio Grande do Sul. A culinária foca em iguarias tradicionais, como as carnes e o chimarrão, e os drinques autorais merecem atenção. instagram.com/bergabar/

O que usar?

• Sandália BOTTI Panos Meu Rio ISABELA CA - • Caderno e lápis de cor • Chapéu SOLEIL D’ÉTÉ • BOCADA’S • TÉRREO BAR • CORA • URUS RESTAURANTE • PASEO COCINA Y TAL

Quitutes e drinques

• Crudo de peixe com tangerina e alcaparra frita, do CORRUTELA

• Mandarin Brew (Cold Brew, chá de capim-santo, suco de limão e xarope de tangerina), do SANTO GRÃO

Quem seguir nas redes?

Dercy (Cachaça, Brasilberg, mel e limão), do CARACOL BAR

Lula grelhada com creme de alho e pão da casa, do CAIS

Entradinhas e drinques do KOTORI

• Brian Baldrati@ISTHISREAL

O fotógrafo e viajante busca pessoas com histórias marcantes ao redor do mundo e as fotografa com olhar sincero e mais humano possível

@CHEFLILIALMEIDA

Cozinheira e apresentadora, Lili posta um conteúdo leve, com mensagens motivacionais, além de receitas saborosas para aproveitar o verão

• Jennifer Tuffen@IZKIZ

Britânica que viaja o mundo e compartilha seu lifestyle nos melhores destinos, com dicas de fotografia

• Carol Chafauzer@CAROLCHAFAUZER

Brasileira que vive em Los Angeles e ficou conhecida por explorar esportes radicais das mais variadas modalidades

• Calcinhas EARLY BIRD

•The Summer Hunter@THESUMMERHUNTER Criado pelo jornalista Ricardo Moreno, mostra que o verão é mais que uma estação

• Vestido BETINA DE LUCA

• Bolsa SERPUI MARIE

• Chef Lili Almeida
FOTOS FREEPIK; DIVULGAÇÃO; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL
• Camiseta GILDA MIDANI

O SEGREDO ESTÁ NOS DETALHES

Receber bem é uma arte, e organizar um jantar entre amigos ou um almoço informal com a família pede todo um ritual. E são os detalhes que fazem a diferença. Para ADRIANA TRUSSARDI , fundadora da TROUSSEAU ao lado do marido, Romeu, o segredo é prezar pela riqueza da decoração da mesa. “Combinar os jogos americanos e guardanapos com os tons da louça, por exemplo, ou quem sabe a possibilidade de personalização com a inicial dos convidados”, ensina ela. “Nossa essência se resume em pensar em cada ocasião e surpreender os convidados com as escolhas mais adequadas e que façam com que se sintam acolhidos e lembrados.”

Sempre pensando em cada detalhe para surpreender, uma das novidades da Trousseau são as louças feitas em cerâmica, com estampas exclusivas. “Todas as famílias de estampas foram inspiradas na botânica brasileira e trazem elementos da natureza, como folhas, flores, pássaros, e que conversam entre si com tons vivos de verde, laranja, rosa, roxo, entre outros”, revela Adriana.

As louças desenvolvidas em cerâmica com estampas exclusivas têm como diferencial versatilidade e as mil e uma possibilidades de combinações. Ao todo são quatro linhas: Passion Flower, Orchid, Tropical e Parrots, cada uma composta por desenhos e tons capazes de conquistar todos os gostos. “Orchid e Passion Flowers trazem um mood mais floral, enquanto a Tropical e a Parrots têm tons de verde, algo mais fresh”, aponta ela. “Foram louças pensadas na praticidade, com estampas vivas para alegrar as refeições e os encontros com amigos e família.”

A Passion Flower traz a exuberância da flor de maracujá, uma das mais belas do Brasil. É composta por prato raso, prato de sobremesa, sousplat em duas cores, xícara de chá, bowl de cereal, jogo americano estampado com guardanapo e lugar americano redondo.

Já a Orchid, como o próprio nome sugere, foi inspirada nas orquídeas, explorando as cores bordô, rosa e amarelo, e é composta por prato raso, prato de sobremesa, sousplat, xícara de chá e xícara de café, bowl de cereal, lugar americano bordado, lugar americano redondo bordado em uma cor e

guardanapos em linho misto bordados em três cores. A flora brasileira é representada pela linha Tropical, com três estampas diferentes, composta por prato raso, prato de sobremesa, sousplat, xícara de chá e café, bowl de cereal e, ainda, para finalizar a produção da mesa, é possível combinar com jogo americano com duas opções de estampas. Por último, mas não menos importante, a Parrots foca na fauna brasileira e buscou inspiração na grande diversidade das aves do nosso país. A linha inclui prato raso e prato de sobremesa em três estampas, bowl de cereal e jogo americano estampado com guardanapo (vendido em conjunto).

J.P INDICA
FOTOS DENISE ANDRADE; FRAN PARENTE; RAFAEL DEFINE/DIVULGAÇÃO

DE RESSACA

Cansadas das relações que começam bem, mas terminam mal e sem explicações, mulheres optam pela vida de solteira. É o chamado heteropessimismo. Entenda!

Basta uma conversa rápida entre mulheres para ouvir histórias bizarras sobre dates.

É o cara que fez questão de conhecer a família e os amigos, fez juras de amor, e depois sumiu sem uma mensagem sequer. Ou o que marcou um encontro e não apareceu e até o que convidou para ir a sua cidade, no caso de morarem em lugares diferentes, e, assim que ela chegou, bloqueou o celular. Quem não tem um perrengue desses para contar que atire a primeira pedra. Essas situa -

ções, que são frequentes, somadas ao novo perfil feminino – de mais independência e sem carregar o estigma cultural de que sua principal função é ser dona de casa –, têm levado muitas a optar por não ter um relacionamento sério. Como reflexo, o termo heteropessimismo, cunhado pela escritora americana Asa Seresin, tem ganhado popularidade. Na prática, é um sentimento de decepção, constrangimento ou desespero para como se apresentam as relações heterossexuais nos dias de hoje. Não tem ligação, necessaria -

mente, com relacionamentos violentos ou nocivos, sexismo explícito, abuso ou hierarquia. Trata-se de uma decepção generalizada da experiência heterossexual: de algo que começa bem, com desejo, conexão sexual e íntima, e termina mal e sem explicações.

Segundo Asa, não é algo que atinge apenas as mulheres, mas geralmente a raiz do problema está nos homens. “Movimentos sociais como #MeToo ou #MenAreTrash, protesto sul-africano contra a violência entre parceiros íntimos, demonstram a urgência

COMPORTAMENTO
CAROLINE MARINO
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de revolucionar a cultura heterossexual”, disse Asa em artigo para a revista on-line The New Inquiry . Ela conta que, como mulher gay, já ouviu de aproximadamente 100 mil mulheres que “seria muito mais fácil ser homossexual ” . No entanto, elas continuam gostando de homens, pois essa não é uma escolha intuitiva.

Para se ter uma ideia do cenário, uma análise do Pew Research Center, que fornece informações sobre questões, atitudes e tendências que estão moldando o mundo, mostra que metade dos adultos solteiros desistiu de procurar um relacionamento amoroso: as taxas de atividade sexual, namoro e casamento atingiram o menor nível em 30 anos. Christine Emba, colunista de The Washington Post , e autora de Rethinking

Sex: A Provocation ( Repensando o Sexo: Uma Provocação ), descobriu nas entrevistas que realizou para o livro que, sim, são as mulheres que mais desistem de ter um relacionamento. E o motivo é simples: encontros que terminaram mal.

UFA. CANSEI!

São anos de relacionamentos ruins, de homens que desaparecem do nada, o chamado ghosting, termo que vem da palavra em inglês ghost (fantasma) e ilustra quando uma das partes simplesmente some. “As mulheres estão exaustas dessas situações”, diz a jornalista, atriz e roteirista Martchela Casagrande, apresentadora do Lambisgoia Cast, podcast dos

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piores “ dates ” com teorias sobre a vida da mulher solteira. Segundo ela, não há uma, acima dos 20 anos, que não tenha passado por uma relação ruim. “Lembro de uma história em que uma mulher foi convidada a ir à casa de um homem e, ao chegar lá, não conseguiu entrar, pois o tal cara estava com o celular desligado. O primeiro portão abriu, mas o segundo não e ela ficou presa dentro do prédio uma madrugada inteira. Ele simplesmente não se preocupou que ela estava lá”, conta.

Um estudo feito pela California Polytechnic State University examinou o fenômeno e descobriu que a experiência de levar um ghosting, termo bem em alta no momento, traz um alto custo psicológico para quem sofre o abandono, impedindo-a de explorar novos encontros românticos por causa da incerteza provocada pela situação. “Os homens preferem sumir a aceitar que estavam num relacionamento e se responsabilizar pelo sentimento que estava sendo compartilhado. Eles vão embora, deletam, bloqueiam. E as mulheres ficam perdidas tentando entender onde erraram, bus -

cando cada vírgula das conversas para saber se fizeram algo errado. Isso vai gerando um cansaço emocional”, diz Martchela.

AUTOCONHECIMENTO

Na visão da psicanalista Ana Suy, professora da PUC-PR e autora de A Gente Mira no Amor e Acerta na Solidão, isso é reflexo dos novos tempos e dos inúmeros tabus que foram quebrados ao longo dos anos. Ela explica que, de acordo com a teoria psicanalítica, os seres humanos não têm a natureza da sexualidade, como os animais, que se reproduzem de maneira instintiva. “As pessoas, como são seres de linguagem, têm uma relação com a existência, que é errante. Por exemplo: quando um bebê nasce, já olhamos para o gênero como um lugar cultural e, consequentemente, com os comportamentos que se esperam dele por ter determinado corpo. Da mesma forma, por muito tempo relacionou-se a mulher com a maternidade, como se seu papel na sociedade fosse apenas dar continuidade à espécie”, afirma. Com o advento do anticoncepcional, das conquistas feministas e das mudanças sociais que a mulher vem passando,

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COMPORTAMENTO

separa-se, cada vez mais, a sexualidade da maternidade. Já não é mais evidente que todas precisam (ou querem) ser mães. “As mulheres têm se perguntado para que serve um relacionamento, o que topam ou não”, diz Ana. Segundo ela, nem a noção de homem, nem de mulher que tínhamos se sustenta hoje e ambos precisam se reinventar. Mas o que acontece, no geral, é que as mulheres estão buscando essa transformação, com autoconhecimento, terapia e quebra de tabus, mas os homens não, como ressalta Martchela. “Depois de muito tempo se responsabilizando pelos relacionamentos que não deram certo, descobriram na terapia que não há nada de errado com elas. Nós evoluímos e eles não. Somos donas da nova vida e não aceitamos mais

pouca coisa. Por isso, muitas estão optando por ficar sozinhas”, diz.

A ginecologista Maria Candida Baracat, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), tem a mesma percepção. Ela acredita que a independência que a mulher conquistou ao longo do tempo – financeira, de trabalho e pessoal – intimida os homens. “Na sociedade machista em que vivemos, eles ainda esperam o modelo antigo, da mulher só mãe ou dona de casa. Mas, conseguimos ser tudo isso e não queremos mais qual quer tipo de relacio namento.” Para Maria Candida, as mulheres estão mais seletivas e sabem o

que é importante para sua vida, além do relacionamento. “Vejo isso constantemente no consultório”, afirma, “muitas preferem morar com amigas do que com homens, por exemplo, e já olham o relacionamento de outra perspectiva.”

Nesse sentido, é importante nunca se moldar para um relacionamento dar certo. “Estamos trabalhando nossos sentimentos, nos conhecendo. Se um homem não consegue nos acompanhar, não vale

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FOTOS PEXELS

A identidade da nova M PB

Embora às vezes haja uma certa resistência de abrir espaço para a atual música brasileira, vale mergulhar na geração 2.1, muito diversa e rica musicalmente

AUMENTA O SOM
POR PEDRO ALEXANDRE SANCHES
GILSONS LUEDJI LUNA FOTOS ZABENZI; DUO AZU; JÚLIA RODRIGUES/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

Identidade é a palavra-chave para descrever a música popular brasileira que se produz, aos borbotões, nestes anos 2020. É evidente que há um boom de novos artistas que podem ser classificados como pertencentes à nova MPB, e se fosse possível condensar essa cena em uma só figura, certamente seria uma mulher negra, cantora e compositora, talvez a vanguardista paulista Juçara Marçal, artista veterana que vem assinando seu nome em álbuns desde 2007 e permanece moderníssima na fusão que promove entre samba, candomblé e vanguarda musical paulista. A abolição de barreiras entre gêneros musicais é outra marca dessa cena, e na nova MPB se ajustam, sem incômodos, elementos de rap, funk carioca, arrocha, piseiro etc.

Lado a lado com Juçara, num tempo dominado pela produção virtual que remove empecilhos para o autolançamento de novos artistas a cada dia, ergue-se uma série impressionante de emergentes cantoras-compositoras pretas. Entre elas se destacam três jovens baianas que lançaram neste ano seus álbuns de estreia, todos marcados por vozes suaves e misturas musicais entre bossa nova, rhythm’n’blues e afro-jazz: Nara Couto, com o manifesto de título autoexplicativo “Retinta” (“convoco todas as mulheres da minha cor, eu convoco as retintas”, chama a faixa-título), Rachel Reis, em Meu Esquema, e Agnes Nunes, com Menina Mulher. Elas se somam a artistas baianas conhecidas ao longo da última década, como Luedji Luna, Xênia França, Josyara, Larissa Luz e Jadsa, que ajudam a compor uma formidável diversidade regional, com a mineira Bia Ferreira (audaz criadora da “igreja lesbiteriana”), a pernambucana Doralyce, a brasiliense Ellen Oléria, as cariocas Iza, Mahmundi e N.I.N.A, as paulistas Tasha & Tracie (irmãs gêmeas renovadoras do hip-hop), MC Tha e

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JOSYARA RACHEL REIS NARA COUTO

Badsista, a gaúcha Saskia, e assim por diante, em uma galeria que parece tender ao infinito.

A prevalência feminina se complementa com a ascensão do universo trans afrofuturista, da baiana Majur, das paulistas Liniker, Linn da Quebrada e Jup do Bairro, e da paraibana Bixarte (também uma militante feroz contra a gordofobia), entre várias. A nova black MPB conta por fim com a adesão de novas e transgressoras masculinidades, com os baianos Totô de Babalong (que estreou em 2022 com o irreverente álbum Contém1drama), Giovani Cidreira, Bruno Capinan e Hiran; os cariocas insurgentes Caio Prado, Jeza da Pedra, Thiago Pantaleão e Ruxell (também produtor da drag queen paulista Gloria Groove); os pernambucanos introspectivos Zé Manoel e Ivyson; o maranhense experimental Negro Leo; os modernos pós-rappers paulistas Rico Dalasam, Edgar e Martte; o delicado pernambucano Martins; os rappers Oreia (Minas Gerais), Victor Xamã (Amazonas), Zudizilla (Rio Grande do Sul), e assim por diante.

Fora dos domínios multi-identitários do chamado afrofuturismo, a figura síntese é a mineira Marina Sena, egressa do grupo pop Rosa Neon, que causou furor no ano passado com o bem-humorado álbum solo De Primeira. O Nordeste fala alto pelas vozes da potiguar Julia-

na Linhares, que apresentou Nordeste Ficção no ano passado (“Nordeste ficção científica/ É pobre, é seca, é criança raquítica/ Nordeste invenção política”, insurge-se a faixa-título), as pernambucanas Duda Beat e Isadora Melo, e as baianas Lívia Mattos (também acordeonista), Livia Nery e Illy. E há ainda as cariocas Ava Rocha (filha do cineasta Glauber Rocha), Alice Caymmi (neta de Dorival Caymmi), Luana Carvalho (filha da sambista Beth Carvalho), Jana Linhares, Mãeana e a amalucada Ana Frango Elétrico, as paulistas Anna Setton, Mariá Portugal, Lazúli (a cantora-compositora da banda Francisco, el Hombre) e Ana Gabriela, a gaúcha Duda Brack, a mineira Luiza Brina,

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MAJUR JÃO JULIANA LINHARES MARINA SENNA XAMÃ

a catarinense Maria Beraldo, as paraenses Aíla, Luê e Lia Sophia (nascida na Guiana Francesa), a banda feminina paranaense Mulamba…

Entre os rapazes, a figura símbolo é o carioca Chico Chico, talentoso filho de Cássia Eller, e a lista também é corpulenta: do Rio, Zé Ibarra (à frente do celebrado coletivo Bala Desejo e fazendo os shows solo de abertura da turnê de despedida de Milton Nascimento dos palcos), Rubel, Castello Branco e Cícero; de São Paulo, Tim Bernardes e seu O Terno e o pós-sertanejo gay Gabeu; do Espírito Santo, Silva; de Pernambuco, Almério; de Minas Gerais, Bemti; do Pará, Jaloo e Keila; da Bahia, Teago Oliveira (e sua banda Maglore); do Piauí para o Ceará, o endiabrado Getúlio Abelha.

A nova MPB também pode ser pop e liderar paradas de sucessos, e provas disso são o duo Anavitória (formado pela goiana Ana e pela tocantinense Vitória), o paulista Jão, o brasiliense Tiago Iorc e o pós-sertanejo gaúcho Vitor Kley. Em territórios mais ásperos, é inquestionável o poder popular dos cariocas Anitta e Xamã, da maranhense Pabllo Vittar, do paulista Vitão. Esse terreno é fértil para as bandas, em geral inspiradas na meiguice e no bom comportamento silvestre da Anavitória: Lagum (Minas Gerais), Gilsons (trio carioca de herdeiros de Gilberto Gil), Melim e OutroEu (Rio de Janeiro). Aqui se destacam o incrível combo potiguar Luísa e Os Alquimistas, que acaba de lançar o gostoso Elixir, e a paulista Filarmônica de Pasárgada, que apresentou o engajado PSSP neste 2022. Embora os saudosistas da velha MPB nem sempre gostem de vasculhar a música brasileira do tempo presente, o cardápio das novas gerações é vasto em termos de identidade, diversidade e riqueza musical. n

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AUMENTA O SOM JADSA CHICO CHICO LARISSA LUZ
AGNES NUNES
ANNA SETTON FOTOS MARCOS MAZINI/GLOBO; MAURÍCIO FIDALGO/GLOBO; FERNANDO TOMAZ/SPOTIFY; HUDSON RENNAN; CLARICE LISSOVSKY; KALINCA MAKI; MILA MALUKY; THE NOGUEIRA/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

BRILHO

Joalheiros brasileiros conquistam mercado internacional com suas criações

únicas, que se tornaram objetos de desejo de celebridades como Beyoncé, Lady Gaga, Viola Davis, Angelina Jolie e Michelle Obama, entre outras

Dois apaixonados por arte convertidos em designers de joias pelas mãos do acaso. Dois entusiastas da identidade brasileira. Duas sólidas carreiras internacionais no mercado de alto luxo e vida entre Estados Unidos e Europa. Dois estilos de peças desejadas por grandes celebridades.

caminhos e visões são inconfundíveis.

As criações de ambos cativam o olhar. As peças de Fernando Jorge já vestiram Angelina Jolie, Beyoncé, Oprah Winfrey, Adele, Julia Roberts, entre outras. Ana Khouri conquistou nomes como Lady Gaga, Scarlett Johansson, Charlize Theron, Michelle Obama e a vice-presi-

universidade Mackenzie, em São Paulo, e depois trabalhou em uma fábrica de joias com grandes redes como clientes.

“Fiquei maravilhado com a possibilidade de estar cercado de pranchetas e aquarelas, e não apenas mandando e-mails”, lembra ele, que atuava também como professor do curso de joias do Instituto Europeu de Design. Mas sentiu vontade de ir além. O mestrado na Central Saint Martins, em Londres, por onde passam muitos dos grandes inovadores da área, como Ana Khouri, “foi o grande facilitador da minha carreira internacional”, conta.

Fernando Jorge, 43 anos, e Ana Khouri, 41, pertencem à mesma geração, estão inseridos no mesmo universo – na intersecção entre arte, moda e fama – e vivem momentos de consolidação e também de transformação nas carreiras. Os paralelos são muitos, mas os

Fernando nasceu em Campinas e tentou seguir um caminho profissional mais corporativo na engenharia e transportes internacionais. Até que, convencido por colegas do talento como desenhista, entrou para o curso de design da

Ana nasceu em Londrina, mas cresceu na Flórida. De volta ao Brasil, estudou artes plásticas na Faap, em São Paulo. Seu trabalho final foi uma exposição em que mulheres andavam em volta de grandes esculturas de metal. Um dos presentes pediu versões menores das obras para serem usadas como joias. Ana seguiu se considerando, antes de tudo, uma artista, e a escultura tornou-se parte do processo criativo de suas peças. Com 22 anos foi para Nova York, onde trabalhou em galerias de arte e no Metropolitan Museum of Art. A conexão com a moda se fortaleceu na assistência a estilistas como Stella Mccartney e Richard Chai. Foi da proximidade com esse mundo que algumas-

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POR BETO SARAIVA dente americana Kamala Harris.
PURO
PEDRA PRECIOSA

modelos passaram a usar suas peças, a pedir e a emprestar.

Quando Madonna foi vista, em 2008, usando uma das tiaras de ouro que confeccionou, seu nome ganhou tração.

Ana Khouri criou sua marca em 2013 e trabalha com duas linhas: alta joalheria, peças únicas e vendidas apenas em seu ateliê em Nova York com hora marcada, em leilões de luxo ou em eventos especiais; e a linha Fine, com edições de dois a 15 exemplares disponíveis em lojas selecionadas, como a The Row, das irmãs Mary-Kate e Ashley Olsen.

Ana prefere o nicho à produção em escala e até mesmo a ter uma loja própria. Para ela, joias são peças, compradoras são colecionadoras, e a lógica que orienta tudo é a mesma do mercado de arte. Famosa por suas ear cuffs, também tem entre suas joias icônicas, colares que misturam diamantes com jacarandá, o anel Mirian, que serpenteia no dedo sem fechar o círculo, e o robusto anel Phillipa.

Tanto Ana quando Fernando são

bem autorais e suas criações facilmente reconhecidas. Porém, diferente de Ana, ele seguiu outros passos, focando em sua loja e no chamado atacado de luxo, investindo pesado no design e expondo de maneira independente em Londres e nas fashion weeks enquanto crescia. Ao mirar no mercado americano, o relacionamento com estilistas abriu o caminho até as celebridades, especialmente em Los Angeles. “Queria famosas que fossem talentosas em todas as áreas, sem forçar a barra”, explica. Ele ressalta que os empréstimos ocorrem de maneira espontânea. “Não é nem pagar e nem dar de presente, isso é contra a minha filosofia. É o meu trabalho e o trabalho delas se encontrando, mas isso não pode ser mais importante que vender para uma cliente”, opina Fernando.

Peças icônicas do designer, como os brincos de diamantes Disco, usados por Beyoncé, Viola Davis e Mariah Carey, o anel de ouro Stream e o brinco de ouro Flame podem ser encontradas em lojas conceituadas de 26 cidades ao redor do mundo, e também podem ser compradas direto no site dele. Aliás, o designer está completando dez anos

da marca em meio a uma mudança de ateliê em Londres e lançamento da High Series, releituras mais luxuosas de seus clássicos. Já Ana Khouri vendeu suas esculturas pela primeira vez em maio de 2022, na edição nova-iorquina da Tefaf (The European Fine Art Fair) e mantém no Brasil, desde 2014, o Projeto Ovo, que revende roupas e acessórios doados por fashionistas e marcas e já arrecadou R$ 3,4 milhões para 80 instituições assistenciais do país. n

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FOTOS FREEPIK; GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO; ADRIAN GAUT; ABEST
Charlize Theron e Lady Gaga estão entre as fãs das joias de Ana Khouri, enquanto Viola Davis e Beyoncé já usaram peças criadas por Fernando Jorge Dois hits de Fernando Jorge: colar e anel da coleção High Disco Peças criadas por Ana Khouri com materiais como jacarandá e quartzo rosa

Menina-prodígio

Blue Ivy, a primogênita de Beyoncé e Jay-Z, é a ‘child star’ do momento nos EUA. A garota cresceu e poderá se tornar um dos grandes nomes de Hollywood em breve

46 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 INTERNACIONAL
POR ANDERSON ANTUNES

Onascimento de Sasha Meneghel Szafir, em 28 de julho de 1998, foi o destaque da edição daquele dia do Jornal Nacional. Ganhou nada módicos 16 minutos no principal telejornal da TV na época, assistido por cerca de 50 milhões de telespectadores. O burburinho causado pela chegada ao mundo da única herdeira da rainha dos baixinhos serve para dar uma ideia da importância que a mídia dos Estados Unidos deu e está dando a Blue Ivy Carter, filha de Beyoncé Knowles-Carter e Jay-Z. Tratada como celebridade desde a barriga de sua mãe diva, a garota de 10 anos – vai completar 11 no dia 7 de janeiro – vem ganhan-

do cada vez mais espaço, agora por seus próprios feitos. Considerada prodígio por muitos, e vista como uma sortuda por outros que atribuem seu sucesso à fama dos pais superfamosos, Blue Ivy é descrita como “cantora americana” em sua biografia oficial na Wikipedia, tem dois singles próprios no currículo (“Glory”, de 2012, e “Brown Skin Girl”, de 2019) e até seu próprio apelido de celeb, uma espécie de honraria informal reservada às maiores, como J-Lo (Jennifer Lopez) e seu bilionário pai: B.I.C. é seu nome artístico.

A primogênita dos Carter – e irmã mais velha dos gêmeos Rumi e Sir, de 5 anos – nasceu de forma glo-

riosa, sendo logo nomeada “o bebê mais famoso do mundo” pela revista americana Time. Em “Glory”, aliás, apenas a voz dela ainda bebê é ouvida na música que virou hit e tem Jay-Z como colaborador, o que rendeu à pequena uma menção no Guinness World Records como a pessoa mais jovem a ter uma canção na lista das mais tocadas da revista Billboard. Já em “Brown Skin Girl”, que faz parte da trilha sonora oficial da versão “live action” de O Rei Leão, que estreou em 2019, Blue Ivy divide os vocais com Beyoncé. E pelo videoclipe, elogiadíssimo por sinal, ambas foram indicadas ao Grammy de Best Music Video do ano passado

e ganharam, claro.

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FOTOS GETTY IMAGES; REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL

No sentido horário, frequentadora assídua do Grammy ao lado dos pais em anos diferentes, em momento fashionista, com Beyoncé e a avó em jogo da NBA e no CFDA Awards com apenas 4 aninhos

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Um pouco menos brilhantes para seus padrões, apesar de que seriam conquistas importantes para uma criança, Blue Ivy também cantou no coral de “Up&Up”, uma das faixas de A Head Full of Dreams, álbum lançado pelo Coldplay em 2016, e fez outras pontas de luxo em produções musicais do casal Carter. Na telinha, o maior momento da estrela mirim foi em Black Is King, um musical escrito, dirigido e estrelado por Beyoncé para o Disney+, que o liberou em sua plataforma de streaming em 2020. E parece que vem muito mais por aí.

Exatamente por esse overexposed, Blue Ivy deu uma pausa na carreira. Ela quer se preparar melhor a fim de, em breve, voltar com tudo. Isso inclui uma rotina diária de aulas de canto, de interpretação e de “media image”. Desenho de moda também faz parte de seu dia a dia, já que seu estilo sempre foi considerado único e a pequena é uma fashionista assumida. Mas nem tudo são flores. São justamente esses privilégios que fazem os críticos ques tionarem seu real talento.

Fato é que a menina-prodígio do momento nos EUA tem um pedigree financeiro na casa dos bilhões de dólares, assim como uma estrutura de profissionais que jamais a permitiriam sair dos trilhos. Uma das vantagens de industrializar a arte é poder oferecer um produto não tão bom com embalagem eficiente e até fazer sucesso. Em geral, a aposta é que Blue Ivy vá se dar bem se seguir a cartilha do estrelato e conseguir desenvolver algum dom que a permita não ser conhecida apenas como a filha dos Carter. No mundo do entretenimento, bem como no segmento de mercado, é assim, basta uma faísca positiva para que um foguete seja lançado. Daí, se vai chegar à Lua ou cair antes mesmo de sair da atmosfera terrestre, é outra história. n

No alto, foto icônica de Blue Ivy brincando com o prêmio Grammy. Ao lado, com a mãe na première de O Rei Leão

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CORPO E ALMA

Skincare com canabidiol é a nova onda, assim como o Gym Lips. E já que o verão está na área, a ordem é investir em um bom filtro solar e dar atenção especial à pele

Ocanabidiol é a tendência do momento quando o assunto é skincare. Especialmente fora do Brasil – por aqui o uso do ativo extraído da planta da maconha ainda é limitado. Além de já comprovados benefícios em determinadas questões de saúde, o CBD vem conquistando uma legião de fãs no quesito “cuidados com a pele” graças a seus super poderes antioxidantes e anti-inflamatórios. Sim, ainda faltam pesquisas clínicas para embasar esses efeitos promissores, mas a previsão é que o ativo movimente 22 bilhões de dólares em 2022, segundo relatório do Brightfield, grupo especializado em levantamento de dados sobre o negócio da cannabis.

Estudos apresentados no congresso anual da American Academy of Dermatology, que aconteceu no primeiro semestre, nos EUA, compro-

varam a eficácia do canabidiol em cosméticos contra rosácea, acne e envelhecimento. Também se mostrou um bom coadjuvante em tratamentos de psoríase e dermatites.

“No Brasil, o acesso a produtos derivados de cannabis para uso na dermatologia pode ser feito por meio de prescrição médica. Alguns são vendidos nas farmácias na forma de óleo, ou ainda importados, como loções, cremes e pomadas. Mas infelizmente ainda não há previsão da liberação de derivados de cannabis por aqui”, explica a Dra. Carolina Nocetti, coordenadora internacional da Academia Americana de Medicina Canabinoide e criadora do

CANNABIS HAND+BODY WASH

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HEMP FACE PROTECTOR FOR DRY SKIN US$ 15

CBD RELEAF BALM PAPA & BARKLEY US$ 30

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programa terapêutico da InterDoc.

Fato é que, em países onde a comercialização do canabidiol é permitida, cresce a olhos vistos a oferta de linhas à base do ativo. A The Body Shop, por exemplo, tem a linha Hemp – só vendida no exterior. Com produtos que garantem hidratação poderosa, vêm com um plus: o canabidiol que usado pela marca vem de comunidades que fazem parte do Ethical Trade Initiative (entidade que apoia o comércio ético). Avon, TRESemmé e Kiehl’s também estão trabalhando com a cannabis em suas linhas de skincare.

“O canabinoide mais usado nos produtos para pele é o canabidiol (CBD). Mais recentemente outros têm sido testados, como o canabigerol (CBG). O óleo de semente de cannabis, que é rico em ácidos graxos ômega-3 e ômega-6, também é utilizado como hidratante”, explica da médica.

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FOTOS DIVULGAÇÃO

MASSAGEM E MEDICINA

O TOQUE QUE ATENUA O ESTRESSE DO DIAGNÓSTICO

Cirurgiã do aparelho digestivo e coloproctologista, Angelita Gama está entre os 2% de cientistas de maior destaque no mundo e entre as médicas que mais contribuíram para o desenvolvimento da ciência, segundo a Universidade de Stanford, nos EUA. A pesquisadora brasileira é referência na área em que atua e é professora emérita da Universidade de São Paulo (USP). Em conversa com Renata França, criadora da massagem Miracle Touch, ela falou de sua trajetória, especialidade e sobre a massagem como coadjuvante no bem-estar de pacientes. Confira a entrevista, que também está no site SPARENATAFRANCA.COM

RENATA FRANÇA: Depois de entrar na faculdade de medicina aos 19 anos, como foi a escolha pela especialidade em que atua?

ANGELITA GAMA: Optei por cirurgia do aparelho digestivo depois de estudar com o doutor Alípio Corrêa Netto. Em 1962, depois de terminar a residência, participei de um congresso internacional em São Paulo sobre doenças do intestino, reto e ânus, quando me entusiasmei com a equipe do St. Barts Hospital, da Inglaterra. Passei a mandar cartas pedindo estágio e, depois de um tempo, me aceitaram. Fui a primeira pessoa do sexo feminino a estagiar lá.

RF: A senhora figura na lista dos cientistas mais influentes do mundo. Que feito a levou a esse reconhecimento?

AG: Acho que quando entendi que o câncer de reto responde muito bem à radioterapia e à quimioterapia, antes do planejamento cirúrgico. Era norma médica e ética operar todos os doentes depois da radioterapia, mas passei a acompanhar minuciosamente o paciente, examinando e fazendo o exame de retoscopia, sem operar de imediato. Essa estratégia foi batizada, por um amigo inglês, como Watch and Wait: Observe e Espere. Foi

muito combatida, no início, mas hoje em dia sua aceitação é global, com trabalhos em âmbito internacional.

RF: O câncer do intestino grosso atinge mais homens ou mulheres?

AG: Não há diferença. Atualmente, a doença acomete qualquer sexo e idade. Inclusive, temos tratado muitas pessoas com menos de 40 anos.

RF: Quais são as chances de cura nos dias de hoje?

AG: Se o indivíduo fizer a colonoscopia, não vai ter câncer. Se o doente é operado quando o câncer é precoce e limitado à parede do intestino, as chances de cura estão acima de 90%, em cinco anos. Quando o caso é de metástase, a cura é quase impossível. Portanto, temos de tratá-lo antes desse estágio.

RF: É possível prevenir a doença?

AG: A colonoscopia é uma prevenção. A ideia é começar o rastreamento aos 40 anos, quando há casos na família. Quem não tem histórico, deve começar aos 50.

RF: Qual é a sua opinião sobre a massagem para pacientes com neoplasia?

AG: Receber o diagnóstico de um câncer é sempre muito estressante. A massagem é muito interessante, pois ajuda a aliviar a tensão e esse relaxamento faz muito bem para o doente.

RF: A senhora recomenda massagem para seus pacientes?

AG: Recomendo a fisioterapia seguida por uma massagem. No caso de pacientes edemaciados, ela ajuda muito. No Hospital Oswaldo Cruz, pacientes contam com uma profissional já durante o pós-operatório, duas vezes por semana, o que ajuda muito na recuperação.

RF: Há contraindicações?

AG: Quem tem problemas abdominais ou está em processo inflamatório agudo não deve receber massagem. Tirando esses casos, todo mundo pode recebê-la. A massagem relaxa e esse relaxamento faz parte da recuperação da saúde do paciente.

Confira a entrevista também no site SPARENATAFRANCA.COM

POR RENATA FRANÇA FOTOS MICHELE SILVA; SILVIA MACHADO/DIVULGAÇÃO
RENATA FRANÇA

CORPO E ALMA

De cara para o sol

O verão chegou e é tempo de férias, sol, mar, areia... e muito protetor solar. Item necessário, especialmente nessa época do ano quando ficamos mais expostos aos raios ultravioleta, ganha versões cada vez mais incrementadas a cada estação. Os filtros solares com cor e em bastão são os queridinhos do momento. Mais práticos, fáceis de aplicar e com melhor cobertura podem ser encontrados em quase todas as marcas. Outra novidade são os protetores em pó. Selecionamos aqui alguns dos melhores do pedaço para manter a pele protegida das intempéries climáticas.

PÓ TRANSLÚCIDO FACIAL FPS 30 OLLIE R$ 119

• FLUIDO PROTETOR GUERLAIN ORCHIDÉE IMPÉRIALE UNIFORMIZADOR PROTEÇÃO UV FPS 50-PA+++

50 SPF BLANC DE PERLE GUERLAIN - R$ 450 • PINK CHEEKS PINK STICK 15KM FPS 90 - PROTETOR SOLAR COM COR - R$ 99,90 • SKINCEUTICALS UV OIL DEFENSE FPS 80 - PROTETOR SOLAR COM COR - R$ 134,90 • ADCOS FOTOPROTEÇÃO DIÁRIA STICK

ULTRALEVE FPS 50 PEACH - R$ 149 • DIOR BRONZE PROTEÇÃO SUBLIME FPS 50 MILKY MIST - R$ 265 • ISDIN FOTOPROTECTOR

SUNBRUSH MINERAL FPS 50+ EM PÓ - R$ 130 • HIDRATANTE LABIAL UV SHISEIDO LIP COLOR SPLASH SPF30 - R$ 199 • BASE LÍQUIDA SHISEIDO BB FOR SPORTS 50+ - R$ 299

SEGREDO DAS ESTRELAS

Ele é um dos responsáveis pela pele impecável das celebridades internacionais. Estamos falando do Collagène Originel da Biologique Recherche. O sérum para rosto da marca francesa tem sua fórmula centrada no colágeno tipo zero (considerado a “mãe dos colágenos”), que tem o poder de redensificar a pele em três dimensões, reduzindo as rugas. Para adquirir o produto, só em uma das lojas da Biologique Recherche que podem ser encontradas pelo site BIOLOGIQUE-RECHERCHE.COM

AROMAS ESSENCIAIS

Quem curte óleos essenciais e seus benefícios não precisa mais de gotinhas na pele ou no difusor. Com mais de 200 produtos à base desses óleos em seu portfólio, a doTerra acaba de lançar o Zendocrine – mix de óleos de tangerina, alecrim, gerânio, zimbro e semente de coentro para ser usado nos alimentose pastilhas comestíveis, como a ZenGest, que combina aromas naturais de hortelã-pimenta, semente de coentro, gengibre, alcaravia, cardamomo, erva-doce e anis-estrelado. São ótimas para quem faz dietas de ingestão controlada de açúcares.

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Boca louca

A cada temporada surge um novo modismo nas redes sociais. E a maquiagem não fica de fora. A trend do momento atende pelo nome de Gym Lips. Apesar da tradução ser algo como “lábios de ginástica”, não é bem sobre isso. Trata-se de uma técnica que virou mania no Tik Tok capaz de aumentar os lábios sem precisar de preenchimentos e afins, com o mínimo de produtos possível para chegar a um look fresh, bem natural. Tudo na base do make. A hashtag, que já conta com mais de 10 milhões de visualizações, começou com um vídeo da maquiadora nova-iorquina Kelli Anne Sewell, em que ela usa dois produtos: lápis labial e balm. A ideia é que o lápis desapareça na boca, para isso a dica é escolher o tom mais próximo do seu tom de pele. E o brilho é garantido com produtos específicos para tratamento dos lábios, como esfoliantes, balms, hidratantes e gloss. A tendência é tão popular que as marcas de maquiagem já notaram o aumento nas vendas de delineadores labiais nude e de produtos hidratantes para a boca.

LÁPIS LABIAL DELINEADOR LABIAL, M.A.C, R$ 109

GLOSS LABIAL DIOR

ADDICT

LIP

GLOW OIL, R$ 209

LÁPIS LABIAL KIND WORDS MATTE, RARE BEAUTY, R$ 109

ÓLEO LABIAL CLARINS LIP COMFORT OIL 01 HONEY, R$ 238

HIDRATANTE LABIAL CICAPLAST, LA ROCHE-POSAY, R$ 56

CASE DE SUCESSO

BÁLSAMO REPARADOR LABIAL CICALFATE, AVÈNE, R$ 42

ESFOLIANTE LABIAL - BATH AND BODY WORKS, WATERMELON, R$ 59,90

LIP BALM COM

ROSAS E

ESQUALANO, BIOSSANCE, R$ 89

PROTETOR LABIAL MED REPAIR FPS 15, NIVEA, R$ 21

Em 2022, recebeu o prêmio de Honra e Reconhecimento à Mulher de Valor da Divine Académie Française por seu grupo AN HOLDING, que gera impacto há mais de 20 anos. Os empreendimentos sob a AN Holding incluem o Espaço A+ Salon Luxe Express, a Alessandra Nahus Consultoria, a Dona Filó e a O³NT. Um exemplo de case de sucesso aconteceu com a Dona Filó Casa da Costura. Alessandra enxergou o potencial e escalabilidade do negócio e, em dois anos, já tem três ateliês próprios e três modelos volantes em carros de atendimento. Ainda este ano, inicia a franqueabilidade em todo país. A empreendedora fez de uma oficina de costura uma experiência única em ateliê, com direito a marketing sensorial e projeto arquitetônico cheio de charme. O valuation é na ordem de R$ 19 milhões e o faturamento anual é de R$ 1,6 milhões, com meta de chegar a 100 unidades em todo Brasil em 2025.

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FOTOS DIVULGAÇÃO; MAYCON DEHAN/DIVULGAÇÃO; GETTY IMAGES

MASSAGEM ORGÂNICA

Essa é para quem é fã dos produtos da Simple Organic. A beautytech brasileira conhecida por seus cosméticos sustentáveis, veganos, cruelty-free e sem gênero acaba de abrir o Simple Spa. Localizado na região dos Jardins, em São Paulo, oferece protocolos faciais de alta performance. São quatro tratamentos: Orgânico, Microbioma, Ayurveda e Alta performance. Todas as massagens usam ativos orgânicos e naturais com foco no bem-estar e resultados eficazes.

PREÇO: R$ 149 CADA. AGENDAMENTOS

PELO TELEFONE (11) 95342-1199

ARCO-ÍRIS

Não é novidade que muitas famosas decidiram apostar no rentável mercado de beleza. Agora são os homens que estão entrando nessa onda. E um dos primeiros não podia ser outro: Harry Styles. Dono de um estilo único e genderless, o cantor e ator curte maquiagem e esmaltes, e já tem uma marca própria, a Pleasing. E ele acaba de lançar uma collab com o designer brasileiro radicado em Paris, Marco Ribeiro. É ele quem assina as embalagens super coloridas de uma linha de make com pigmentos em pó, gloss multifuncional e cinco cores de esmalte. À venda no site da Pleasing, que entrega no Brasil.

PREÇOS VARIAM ENTRE R$ 110 E R$ 359

Misturinha

Famosa por seus perfumes diferentões – e deliciosos -, criados a partir de matérias-primas especiais, a Le Labo acaba de lançar a Discovery Set: uma caixa com amostras de 5 ml das fragrâncias mais amadas da marca novaiorquina, como Another 13, Santal 33, Thé Noir 29 e Rose 31. O objetivo é apresentar os aromas a quem ainda não conhece e propor misturinhas entre elas.

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PREÇO: A PARTIR DE € 45,45
CORPO E ALMA
FOTOS
DIVULGAÇÃO

DE OLHO NO VERÃO

Com os dias de verão, praia e sol logo aí, a busca pelos processos estéticos se intensifica. Mas será que ainda dá tempo de conquistar nossa melhor versão em 2022? “Claro! As tecnologias estão evoluindo exatamente para isso. Hoje podemos contar com procedimentos que possuem zero ‘downtime’, além de ótimos resultados em poucas sessões”, explica a dermatologista Letícia Nanci.

A especialista aponta avanços da área dermatológica, como o protocolo EMup: combinação de tratamentos da BTL AESTHETICS, com duas tecnologias exclusivas que fazem sucesso na Europa, Estados Unidos e por aqui também, o EMsculpt e o EMtone. “O EMTONE é uma radiofrequência monopolar com pressão direcionada positiva, que trabalha a celulite e a flacidez corporal, e o EMSCULPT é um aparelho de contração muscular que faz hipertrofia”, con ta a médica. “Quando associamos essas duas tecnologias, podemos tratar a flacidez da pele com estímulo de colágeno e contração das fibras elásticas, ao mesmo tempo em que conseguimos tratar a flacidez muscular.”

O EMsculpt fortalece a musculatura com contrações fortes, resultando em um aumento da massa muscular em torno de 16%, e diminuição de gordura de até 19%, promovendo hipertrofia e aumento de fibras novas nos músculos. Já o EMtone usa radiofrequência e energia de pressão para atingir camadas profundas da pele e as sim estimular a fabricação de colágeno e elastina, aumentar o metabolismo celular, melhorar a circulação sanguínea e linfática, e atuar no tecido fibroso da celulite.

E ainda dá para ir mais longe com o novo protocolo EMUP+, que une o Emtone ao aparelho Emsculpt Neo. “Emsculp Neo é associação de duas tecnologias: campo eletromagnético de alta intensidade, que promove a hipertrofia muscular, associa do com à radiofrequência, que potencializa esse efeito, além de atuar na diminui ção de gordura com bons resultados em pouco tempo”, explica Letícia. Enquanto o Emtone atua na flacidez de pele e celulite, o Emsculpt Neo fortalece a musculatura da região escolhida, trazendo poderosos resultados, além de queima de gordura.

Mas, independente da tecnologia ou procedimento, o autocuidado é sempre importante para a elevação da autoestima, lembra Letícia: “Sempre oriento sobre a busca de profissionais capacitados e bons hábitos para auxiliar nesse processo.

de quem as executa”.

PARA ELES

Diferentemente das décadas passadas, o público masculino está cada vez mais antenado nos procedimentos estéticos e cuidados com o bem-estar.

“Os homens se interessam por procedimentos corporais, tanto para perda de gordura quanto para tonificação muscular e flacidez. Atendo muitos atletas que buscam melhorar o rendimento físico”, conta a também dermatologista Juliana Vilas Boas, revelando que o queridinho entre os homens é o Emsculpt, que melhora a hipertrofia muscular. “Hoje a gente sabe que músculo é longevidade. Então, melhorando a hipertrofia, também conseguimos uma grande melhora na qualidade de vida.” +

J.P INDICA
BTLAESTHETICS.COM/PT
DRA. LETÍCIA NANCI DRA. JULIANA VILAS BOAS FOTOS DIVULGAÇÃO

BAZAR DE DEZEMBRO E JANEIRO

Móveis e acessórios de palha refrescam e dão ares de verão à casa o ano todo

56 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 CADEIRA Bernardo Figueiredo
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MESA DE CENTRO Clami R$ 16.507
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FERNANDO TORQUATTO

Uma das personagens mais misteriosas de Todas as Flores, novela de João Emanuel Carneiro, sucesso do Globoplay, Judite caiu no gosto do público. Por trás da antagonista de Zoé, vilã vivida por Regina Casé, está Mariana Nunes. A atriz de 42 anos, nascida em Brasília, está curtindo muito o destaque que Judite vem conquistando na trama, às custas de uma dedicação quase full time às gravações. “Ela é a única que tem discernimento entre o bem e o mal, que equilibra a trama. É a fada madrinha da Maíra (Sophie Charlotte). A Judite atua pontualmente, geralmente ligada às tramas de outros personagens, orbitando ao redor da protagonista. Nunca tinha feito uma novela das 9 e está me consumindo muito, no bom sentido. Está sendo um prazer... e um desafio”, comemora Mariana, que garante que o futuro da personagem é um mistério também para ela: “Tudo pode acontecer. As novelas do João mudam de direção de uma hora pra outra. Mas o que eu quero é que ela se dê bem e seja feliz no amor, porque ainda temos uma grande carência de histórias com mulheres negras sendo felizes no amor. Não estou falando só de ter um relacionamento, mas de ser realizada nessa área. Acho que a gente ainda carece muito desse tipo de narrativa”.

Não por acaso, a atriz posou para a coluna de Fernando Torquatto. Nos cliques, Mariana surge poderosa, de branco, numa pegada festiva, bem a cara da virada do ano. “Confio demais no Torquatto. Ele me propôs uma lace incrível, nunca tinha usado essa cor de cabelo – e adorei –, e o figurino tem a ver com ano novo e boas energias.”

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BEAUTY ARTIST FERNANDO TORQUATTO já transformou todo mundo que importa – aqui e lá fora. Só vai sossegar depois de clicar Madonna

PONTO DE VISTA

fusão do modernismo europeu com a cultura popular brasileira. Casada com Pietro Maria Bardi (1900-1999), diretor fundador do Masp, Lina chegou ao Brasil em 1946, aos 31 anos. Aqui, mergulhou na diversidade cultural do país, fazendo de seu habitat sul-americano o ambiente de criação de sua linguagem única e radical.

Arquiteta, designer, curadora, editora, cenógrafa e pensadora, Lina Bo Bardi (19141992), definitivamente, foi uma mulher à frente do seu tempo. Seu legado é imenso.

Criadora de dois dos edifícios mais icônicos de São Paulo – o Masp e o Sesc Pompeia –. Lina revelou, por meio de suas obras, as características marcantes de sua arquitetura e de seu pensamento, fazendo uma

Envolvida por nossas raízes de uma forma muito curiosa, talvez por ser estrangeira, em 1958 ela se mudou de mala e cuia para Salvador depois de ser convidada para fundar e dirigir o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAMBA). Realizou o projeto de restauro do Solar do Unhão e sua adaptação para a nova sede do recém-inaugurado museu. Nessa temporada baiana, Lina se uniu a artistas de vanguarda, como o fotógrafo Pierre Verger e o cineasta Glauber Rocha. Sua assinatura também aparece fora dos pontos turísticos da capital baiana, mais especificamente em Pirajá, bairro do subúrbio onde fica o terreiro de candomblé Ilê Asé Oyá. O desenho do barracão de cerimônias foi um presente da arquiteta à ialorixá Mãe Santinha de Oyá, uma das mais importantes da Bahia. Lina deixou Salvador e voltou para São Paulo em 1964, ano do golpe militar.

Segundo o empresário e historiador João Grinspun Ferraz, afilhado de Lina, ela adorava o fato de suas obras serem feitas para um público maior e não apenas para as elites: “Lina adorou que a crítica da época não enten-

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Mobiliário criado por Lina Bo Bardi ganha destaque em livro que acaba de ser lançado e revela a versatilidade e o gosto pela cultura popular brasileira da arquiteta e designer ítalo-brasileira
POR CARLA JULIEN STAGNI

deu os cavaletes de vidro do Masp. Acho legal a maneira revolucionária com que misturou aquilo que se denominava arte popular aos grandes canones das artes plásticas, destacando e valorizando a potencia da cultura popular do Brasil”, lembra ele, que é filho do arquiteto Marcelo Ferraz, discípulo e amigo de Lina. “Ela era uma figura tão forte e tão marcante que foi fundamental na formação dos meus pais e, por consequência, na minha formação. Se tiver que dizer algo importante que ficou sobre Lina é que ela era uma figura que tinha um ponto de vista amplo, humano e político. Nada era por acaso, por luxo ou vaidade. O ser humano e a vontade de fazer um mundo mais convivível eram a essência do trabalho dela.”

A arquiteta também produziu um rico portfólio de mobiliário, que teve como ponto de partida a cadeira do Masp 7 de Abril, sua primeira criação nessa área, que influenciou uma geração de designers modernos, como Sergio Rodrigues, admirador declarado de Lina. Ele costumava dizer que ela foi “a primeira estrangeira que vestiu a alma com a camisa brasileira”. Desenhada em 1947 para ser usada em um pequeno auditório da primeira sede do Museu de Arte de São Paulo, que Lina ajudou a fundar junto com o marido, Pietro Maria Bardi, e Assis Chateaubriand, a cadeira já traz elementos da cultura popular brasileira, como o assento em couro de sola selvagem costurada com barbante inspirada nas roupas usadas no sertão, dobrável e empilhável, assim como as cadeiras dos circos itinerantes.

E é justamente para destacar essa vertente menos explorada que acaba de ser lançado o livro Lina Bo Bardi Designer – O Mobiliário dos Tempos Pioneiros 1947-1958 (Artemobilia), de autoria do curador e galerista Sergio Campos. Este primeiro volume com 356 páginas é fruto de uma extensa pesquisa que começou em 2013, durante os preparativos para a exposição homônima no Instituto Bardi/Casa de Vidro, que integrou as comemorações do centenário de nascimento de Lina em 2014.

“Em 1948, quem teria a ousadia e a competência de dosar o moderno e o contemporâneo na concepção do móvel brasileiro? Esta discussão ainda não estava colocada. Enquanto nossos arquitetos e designers procuravam entender o que era a modernidade no móvel, ela já introduzia elementos de brasilidade e contemporaneidade”, relata Sergio Campos. n

Ao lado, a primeira incursão de Lina no design de móveis, a Masp 7 de Abril. Abaixo, a P15, encomendada para o hall do Cine Art Palácio

ONDE ENCONTRAR LINA

Você pode encontrar o mobiliário da Lina em diferentes lugares. Peças de época, sobretudo dos anos 1950, em antiquários e galerias de arte e design. Além disso, a Marcenaria Baraúna representa alguns dos móveis mais icônicos de Lina, como as cadeiras Girafa e Frei Egídio, feitas nos anos 1980 em conjunto com Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki. A Dpot vende a cadeira Bowl em uma edição especial feita pela Arper de Londres e uma edição especial da cadeira Girafa em ipê, e a Etel vende reedições de móveis dos anos 1950.

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FOTOS ACERVO INSTITUTO BARDI; SÉRGIO CAMPOS/DIVULGAÇÃO

PÉ DIREITO

Designer dos sapatos mais desejados do pedaço,

As criações de Bruna Botti fazem a alegria da turma que curte peças com borogodó. Queridinha do eixo São Paulo-Rio, a designer de sapatos coloca todo seu talento e criatividade à prova no desenvolvimento dos produtos de sua marca, a Botti. “Depois de ter trabalhado para diferentes marcas, entendi que faltava esse calçado atemporal, mas charmoso. Quando comecei, há dez anos, notei que o sapato de salto médio e baixo não era muito explorado. Foi aí que passei a investir nesse estilo”, lembra a mãe de Antonio, de 5 anos e Marina, de 2, que desde o início de sua marca valoriza o trabalho artesanal, e não acredita em coleções, rótulos ou gêneros. Sobre seu lar, um apartamento nos Jardins onde vive com o marido e os filhos, no mesmo bairro onde fica a flagship da Botti, Bruna revela: “Minha casa é um mix de tudo... vai do moderno ao vintage. Peças que eram da minha avó convivem com outras de design contemporâneo. Gosto de tudo junto e misturado, com muitas plantas. Na moda sigo a mesma linha de pensamento da minha casa, tenho peças que eram da minha mãe, algumas ‘roubadas’ do marido, outras mais modernas e muita estampa. Prezo sempre por boa qualidade e acabamento”.

60 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023
RAIO-X
Bruna Botti é adepta do mix entre o novo e o antigo, na vida, em casa e em suas criações
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Bruna usando uma de suas criações, o slide Julia, e, nos detalhes à esq., chaveiro de infância do Tintim e amuleto de parceira entre Julia Gastin e Casa Violeta

Leitura obrigatória...

Sonho Grande: como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira revolucionaram o capitalismo brasileiro e conquistaram o mundo.

Mantenho minha sanidade... fazendo terapia. Para desconectar gosto de ir para natureza. O sol é sempre bem-vindo para energizar.

Filme da vida... E o Vento Levou. Última música que baixei.

“Come on Home”, da Lijadu Sisters.

Um lugar que significa muito para mim é... minha fazenda.

Peça de roupa favorita...

Vestido.

Meu refúgio é… a natureza. Não uso de jeito nenhum... cropped.

Processo de criação. Começo pesquisando o que está acontecendo no mundo. Depois vou reunindo texturas, materiais e trazendo tendências e inspirações em modelagens atemporais. Sapato ou sandália? Sapato. Salto alto ou rasteira? Rasteira. Tenho medo de... doenças.

Não saio de casa sem... meu colar de proteção. Um cheiro. Cítrico. Em outra vida, devo ter sido... uma onça. Meu ícone de estilo é... a estilista Clô Orozco.

62 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023
Bruna sobre mesa de jantar de Jader Almeida

Última coisa que comprei e amei. Uma família Popoke, que são bonecos feitos em marchetaria. Não perco um episódio de... Lupin, na Netflix, e atualmente estou vendo Ruptura, da Apple TV.

Meu avô sempre

dizia: “Dê

genuinamente e nunca espere nada em troca”.

Gostaria de ter uma obra do/ da... Vários, mas o último desejo foi uma obra da Mira Schendel. Daqui um ano... estarei pensando na minha festa de 40 anos. Um hobby. Prática de esportes,

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Não posso viver sem... meu marido e meus filhos. Melhor conselho que recebi. Poltrona antiga e mesinha de couro, material que Bruna usa em seu trabalho
FOTOS DIVULGAÇÃO; VECTEEZY; FREEEPIK; DIVULGAÇÃO APPLE TV
Geral da sala de Bruna, com poltronas de Jorge Zalszupin e namoradeira que foi da avó

Uma seleção de marcas e designers independentes, e seus produtos cheios de charme e afeto

POR ANA ELISA MEYER

RESPIRO NO DIA A DIA

“Minhas peças têm inspiração no belo e no orgânico, nenhuma é igual à outra, gosto da fluidez, da imperfeição que faz cada peça única!”, diz Marina Setubal da MSET Studio. Formada em design de moda, desde pequena tem contato com a cerâmica. Há cinco anos retomou como hobby e, em 2020, oficializou a marca. Inspirada por algo que viu e sempre tendo como referência a natureza e as co res, Marina cria pequenas coleções – nunca uma peça isolada –, um mix de pro dutos contemporâneos, com estampas exclusivas, que se compõem, e que trazem leveza e beleza para a casa.

@MSET_STUDIO

PEÇA ÚNICA

A vontade de criar peças de beachwear mais artesanais e com graça foi o que fez a paulistana Luciana Junqueira de Queiroz criar a Nau. Inspirada pela natureza e pelas artes visuais, a designer e artista plástica tem como foco a já conhecida boa modelagem da moda praia brasileira ao criar as peças que são produzidas em tecidos fabricados no Brasil, como crepe e lycra. Com uma moda atemporal e cheia de charme, a marca tem clássicos já conhecidos, como o biquíni espiral e o biquíni flor, que são sempre reeditados em todas as novas coleções. “Acreditamos que quando um cliente encontra um modelo que veste bem, quer poder voltar depois de um tempo e encontrar o mesmo shape em cores ou tecidos novos.” @NAUBIKINIS

64 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023
DIVULGAÇÃO
J.P DE OLHO FOTOS

CONTANDO HISTÓRIAS

Joia não é só ostentação e materialidade. Joia é arte, é identidade, é conceito, é reflexão, é poesia. Essa é a mensagem que Lívia Canuto quer passar com sua marca homônima, que nasceu com o desejo em aproximar joia e arte. Foi na época da faculdade, quando teve o primeiro contato com a ourivesaria, que a designer se apaixonou pelo ofício ao perceber que podia unir a arte com o design. Com coleções temáticas que partem do que está vivendo no momento, Lívia conta histórias com suas criações, como com “Uma tulipa ou uma rosa?”, sua primeira coleção, que nasceu das suas lembranças com os pais nos botequins do Leblon e homenageou o Chico das Rosas, um vendedor de flores que estava sempre presente nos bares cariocas. Com o tempo os temas foram amadurecendo e as pesquisas se tornaram um processo de grande aprendizado. @LIVIACANUTO

DE MULHERES PARA MULHERES

Autêntica, divertida e cheia de personalidade. Essa é a moda da Wasabi das sócias Daniela Sabbag e Ana Wambier. Tudo começou quando se encontraram na faculdade de design de moda e se tornaram grandes amigas. Entre trabalhos coloridos e muita sintonia, decidiram montar a marca. Sempre atentas aos desejos do momento, criam peças com um senso de estética único feitas em sua maioria de tecidos de fibras naturais, como seda, algodão e linho. Das artes plásticas, tiram referências para compor as cores das estampas que são digitais com alguns momentos de estamparia aplicada em silks. A Wasabi tem como propósito o encontro das mulheres com seu lado feminino e com uma rede de outras mulheres que estão na mesma busca. @USEWASABI

SEM PRESSA

É em meio à Serra da Mantiqueira, no Vale do Paraíba, que se encontra o ateliê da Dengô. Criada por Aline Almeida e Carlos Batista, nasceu durante a pandemia, em 2020. Inspirados pelo cotidiano, pelas paisagens da serra, pelas vivências e estudos, a marca cria peças de alumínio com braço de madeira de demolição e cordão náutico, material usado nas tramas que são feitas fio a fio por artesãs/ãos em um tear manual. É um trabalho feito à mão, cheio de amor e brasilidade. Com um atendimento único e personalizado, vendem somente sob encomenda e enviam para todo o Brasil. @O.DENGO_

DEZEMBRO 2022 | DEZEMBRO 2023

ALMA Paulistana

Com cartazes de filmes, estatuetas de premiações e câmeras filmadoras antigas, apartamento de Marina Person, em Higienópolis, faz jus a seu sobrenome e é uma homenagem ao cinema

66 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023
MODO DE VIDA
POR DENISE MEIRA DO AMARAL FOTOS ANDRÉ GIORGI

“Oi,pode subir”, ecoa a voz pelo interfone do prédio de nove andares nos arredores da praça Vilaboim, em Higienópolis, bairro em que nasceu. A voz de Marina Person, que inspirou uma geração de jovens por quase duas décadas quando esteve à frente da antiga MTV, é inconfundível. Sem portaria e hall de entrada, o elevador conduz a equipe da revista J.P para dentro da ampla sala da cineasta e apresentadora –que é onde tudo acontece.

Com planta livre reformulada pelo arquiteto Shundi Iwamizu, a sala de estar se une à sala de TV, à de jantar, à cozinha e ainda ao es -

Na página ao lado, panorâmica da cozinha, um dos cantos favoritos de Marina. Acima, estante com livros e prêmios que já ganhou. Ao lado, a cineasta com obra de Luiz Zerbini ao fundo, abaixo, portaretrato com foto do pai, Luiz Sérgio Person, e coleção de credenciais

e fotografias estilo Polaroid.

critório de Marina, composto por uma charmosa mesa de jacarandá de Sergio Rodrigues e estantes repletas de livros de arte, fotografia e de diretores de cinema, como seu próprio pai, Luiz Sérgio Person, além de Truffaut, Fellini, Almodóvar e Jia Zhangke. As obras disputam espaço com estatuetas e premiações de sua produtora, a Mira Filmes, fundada com o marido, Gustavo Rosa de Moura, em 2011, câmeras filmadoras antigas

“Esse é meu pai, com uns 20 e poucos anos”, aponta ela para o retrato tirado no sítio em que a família morou durante sua infância, em Itapecerica da Serra. Além da semelhança física, Marina herdou do pai, morto em um acidente de carro quando ela tinha 6 anos, a paixão por Beatles e pelo cinema. Tanto é que uma de suas primeiras memórias de infância é a experiência da sala escura ao seu lado, quando foram assistir a O Mágico de Oz . “Lembro do cheiro do mofo, do escuro em contraste com o dia ensolarado lá fora e do encantamento ao ver aquela tela enorme.”

Seu premiado filme “Person”, de 2007, uma reconstrução da memória do pai, está eternizado no corredor da sala que leva aos quartos, com o pôster emoldura -

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Ao lado, geral da sala integrada ao escritório. Abaixo, imagem de Santa Bárbara em frente a espelho assinado por Carlito Carvalhosa, e no pé da página, a coleção de vinis da ex-VJ

do na parede – um pouco antes das centenas de credenciais penduradas dos eventos que cobriu ao longo de sua trajetória em canais como MTV, TV Cultura e Arte 1. O cartaz de São Paulo, Sociedade Anônima , dirigido pelo pai e considerado um dos melhores filmes do cinema nacional, ocupa lugar central na sala, com miniaturas dos Beatles dispostas à frente. Os sofás da Forma Design, a cadeira de balanço herdada do avô materno, e os inúmeros vasos de plantas, que compõem uma pequena selva urbana, criam uma atmosfera acolhedora, em harmonia com obras de Luiz Zerbini, Cildo Meireles, Raul Mourão, Nuno Ramos e Anna Maria Maiolino.

Já na sala de jantar, o enorme quadro que fica acima da mesa, projetada por seu marido em parceria com Shundi, também é um legado do cinema. Ele foi pintado pela artista Tatiana Blass para ser objeto de cena do filme Canção da Volta, em que Marina atua, sob direção de Gustavo. Um 3T, aquele banquinho de madeira utilizado no set de cinema, em tom verde limão e grafado com seu nome, também é outra referência em seu apartamento. Ele foi um presente de Zico Goes, então diretor de conteúdo da MTV, quando o canal se desfez, em 2013.

As plaquinhas “Restaurante” e “Studio B”, que eram utilizadas na sede da emissora, na Alfonso Bovero, também foram integradas à decoração da cozinha de Marina. “Na festa de despedida da MTV, falaram que a gente podia levar tudo. Então trouxe para casa. Foi no estúdio B que gravei Meninas Veneno , Supernova , Contato MTV ... foram 18 anos. É o lugar em que mais passei tempo na vida”, relembra.

Originalmente com duas cozinhas, como um típico apartamento judaico, o projeto ganhou amplidão ao unificar os dois ambientes e ao desfazer os quartos de servi -

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ço. É lá, entre a ilha com o fogão industrial, duas longas bancadas e um varal com um quê de tudo pendurado – desde panelas a escova de garrafas – que Marina passa seus dias de folga. Idealizadora do canal de culinária saudável Marinando , a diretora prepara pratos sem carne vermelha e sem farinha na companhia do marido. E a alimentação é levada tão a sério que até mesmo quando está filmando faz questão de levar a tiracolo uma lancheira com seus biscoitos e castanhas.

Uma horta com alecrim, manjeri -

cão e muitas mudas de abacate reveste de verde a moldura da janela. Ela tem um quadro que reproduz as panelas Le Creuset, presente de Zeca Camargo, seu primeiro chefe na MTV, alinhado lado a lado com as peças reais. “Zeca pediu para vários amigos tirarem fotos de algo de sua casa e mandou depois fazer um quadro de presente”, conta.

A campainha toca e sobe uma cesta de café da manhã, com pães e frios, presente de sua equipe de filmagem. “De qual será?”, questiona, já que ela está envolvida em quatro

produções ao mesmo tempo: um documentário sobre a Mostra de São Paulo e um sobre corpos fora do padrão na música, além de um episódio da série De Volta aos 15 e de um longa de ficção sobre as vítimas de João de Deus, com Marco Nanini, Karine Teles e Bianca Comparato. Quando conseguir uma brecha na agenda, a ideia é passar uma temporada de descanso no sítio do sogro, em Barra do Una, no litoral norte, onde o casal ficou boa parte da pandemia - entre o mar, cachoeiras e a Mata Atlântica. n

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Pequenos detalhes da decoração da casa que Marina divide com o marido – e também cineasta – Gustavo Moura. À esq., lustre Philippe Starck

NA TERRA DO

M AXIM ALISMO

Um dos destinos

POR ITAICI BRUNETTI

A cerca de duas horas de avião do Catar, sede da Copa do Mundo de 2022, Dubai se tornou um dos destinos mais procurados pelos brasileiros nos últimos tempos, seja por sua extravagância, seja pela economia em alta. Endereço de algumas das maiores construções do mundo – que incluem arranhacéus, shopping centers, aquários e rodas-gigantes –, tudo na cidade dos Emirados Árabes Unidos é maximalista, e faz uma ponte perfeita entre as tradições árabes e a modernidade ocidental.

SABOR DE OURO

O Burj Al Arab, único hotel sete estrelas do mundo e ícone de Dubai, serve em seu lounge um cappuccino coberto com ouro 24 quilates. O Ultimate Gold Cappuccino foi criado pelo chef Romain Renard e leva na receita café expresso, leite, chocolate na cobertura, finalizado com marshmellow de chocolate com um pingo de ouro. O preço? US$ 26.

SEMPRE NAS ALTURAS

Assim como o Burj Khalifa, o prédio mais alto do planeta, com seus 160 andares, outra atração que fica a centenas de metros do chão e conquistou os turistas na cidade dos excessos é a Aura Skypool. A nova piscina de borda infinita com vista 360 graus fincada no 50º andar do edifício Palm Plaza, na ilha de Palm Jumeirah, é uma das atrações mais concorridas do momento. Nada mal apreciar o pôr do sol do deserto tomando bons drinques lá de cima, hein?

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favoritos dos brasileiros, Dubai está sempre criando novas experiências para agradar essa turma. Vem saber!
J.P VIAJA
Burj Khalifa Burj Al Arab

NA NATUREZA ‘POUCO’ SELVAGEM

Para quem procura conexão com a natureza e busca os mistérios do Oriente Médio, o glamping The Nest by Sonara, com 14 tendas instaladas na Reserva de Conservação do Deserto de Dubai, oferece a experiência de passar uma noite das arábias, em meio às dunas... mas sem perrengue, com direito a quitutes gourmet, tendas lounge e passeio de camelo. Já os amantes do mar podem optar por um passeio a bordo de um iate e apreciar a cidade de outro ângulo.

PARA TODOS

Dubai também atrai famílias. Afastado da badalação da cidade, o novo JA Lake View Hotel tem campo de golfe, área para hipismo, marina própria e atividades variadas, enquanto o Four Seasons Resort Dubai at Jumeirah Beach, um dos 10 melhores do mundo, oferece o mais alto luxo da famosa rede.

Já o Talise Ottoman Spa combina bem-estar com arquitetura otomana. E para quem curte ferveção, o W Dubai Mina Seyahi só hospeda maiores de 16 anos e fica no meio do agito.

CHEFS PREMIADOS

Com 80% da população estrangeira, não teria como a culinária local não ser multicultural e abrigar restaurantes dos chefs mais renomados do mundo. O italiano Torno Subito, de Massimo Bottura, que fica no W/Hotel The Palm, e o Tasca, de José Avillez, conhecido chef português, situado dentro do hotel Mandarin Oriental, têm sido muito requisitados depois de receberem uma estrela cada no Guia Michelin.

FOTOS UNSPLASH; DIVULGAÇÃO; BURJ AL ARAB HOTEL
Four Seasons Resort Torno Subito José Avillez

Do

Caribe à Bahia, passando por Courchevel e Paris, com direito a gampling deluxe, cardápios diferenciados e novidades para 2023

PÉ NA AREIA

Mais um (bom) motivo para sonhar com um verão em St Barth. O Le Sereno, um dos nossos hotéis favoritos no destino, relança o Plage, seu delicioso beach club. Desenhado por Patricia Urquiola, o espaço à beira-mar na baía de Grand Cul-de-Sac tem um cardápio focado em receitas italianas com pitadas contemporâneas. Destaque para os pratos feitos com peixes frescos e drinques criativos à base de negroni. Detalhe que soma: este ano, o Le Sereno foi eleito pela Condé Nast Traveler como um dos cinco melhores hotéis do Caribe.

72 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023
FOTOS DIVULGAÇÃO
J.P VIAJA
POR ADRIANA NAZARIAN
+SERENOHOTELS.COM

ENTRE O MAR E A MONTANHA

Richard Branson já anunciou o cenário de sua próxima empreitada – uma quinta do século 16 em Maiorca – e, como de costume, vem coisa boa por aí. Com vista para um vinhedo, o novo hotel Son Bunyola ocupará uma propriedade com três vilas que estão sendo minuciosamente restauradas. O espaço dedicado à prensa de azeitonas será transformado em dois restau rantes, enquanto as antigas torres de defesa ganharam duas suítes bas tante especiais. Abre em agosto de 2023, mas já é possível – e recomendado – fazer reservas.

+VIRGINLIMITEDEDITION.COM

PIT STOP

Dica rápida para quem sempre desembarca em Nova York. O lounge da Air France acaba de ganhar um pequeno spa by Clarins no aeroporto JFK. São duas salas que oferecem tratamentos faciais de 20 minutos para dar um refresh na aparência entre um voo e outro. No cardápio, massagens como Detox Time, Jet Lag Relief e Eye-Must – quem não precisa, certo?

DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 J.P 73

TEMPERO

Um dos hotéis mais especiais de Courchevel tem novidades para esta temporada de ski. A gastronomia do La Sivolière está sendo comandada pelo

L’Ami Jean, restaurante consagrado de Paris. As famosas receitas do chef Stéphane Jégo foram recriadas com ingredientes da região e podem ser provadas no restaurante e no Madame, espécie de bar secreto que abre este inverno. Outra novidade é a loja Madame Madame, que traz uma curadoria afiada de roupas, joias e amenities para cães, incluindo acessórios da The Woof.

+HOTEL-LA-SIVOLIERE.COM

CASA NA ÁRVORE

Vontade de embarcar para o México? Então vale ficar de olho no primeiro hotel dedicado ao glamping do Four Seasons. Exclusivo para adultos, o Naviva terá 15 cabanas cercadas por uma floresta e com vista para o Pacífico na região de Punta Mita. Espere por casitas com sua própria piscina e chuveiro ao ar livre, e uma série de experiências fora da rota – que tal um ritual wellness no pôr do sol ou uma aula de ioga em uma praia privativa? +FOURSEASONS.COM

74 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 J.P VIAJA

VOCÊ JÁ FOI À BAHIA?

Atenção aos viajantes que gostavam de caminhar pelas ruelas de areia de Caraíva, mas sentiam falta de uma hospedagem mais especial. Inaugurada há poucos meses, a Vila Almesca tem apenas quatro quartos – todos com piscina na cobertura – e um serviço sob medida, comandado de perto por um casal de empresários que se apaixonou pelo destino. Depois de um dia pé na areia, é o refúgio perfeito para momentos de descanso sem abrir mão do conforto. @VILAALMESCA

JE NE SAIS QUOI

Os fãs da Louis Vuitton estão animados! A marca francesa anunciou que seu QG parisiense será transformado em um grande complexo, com direito ao primeiro hotel da grife. A sede, conhecida por aquecer a vida na região do 1st arrondissement, já começou a passar por uma grande transformação com a abertura do LV Dream. O espaço pop-up, que deve durar um ano, sedia uma mostra sobre a colaboração da Louis Vuitton com artistas, um café e uma loja de chocolates.

DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 J.P 75
FOTOS DIVULGAÇÃO

PALAU, NA SARDENHA, CONHECEM?

Na minha cozinha tenho uma coleção de pratos de lugares “diferentes” que visitei em minhas viagens: olhei um azul e branco, escrito “palau”, de um restaurante chamado Da Franco. Me deu um branco, não lembrava desse lugar. Fui direto no Google: “Palau é um arquipélago da Micronésia no oeste do Oceano Pacífico”. Fiquei mais perplexa ainda, pois nem lembrar desse arquipélago lembrava. Mas sei que fui, pois tenho fotografias em Palau.

Finalmente acho uma informação no Wikipedia: “é uma comuna italiana na Sardenha com apenas 3.500 habitantes”. Olhei as fotos e rapidamente veio minha estadia lá – a topografia rochosa, cheia de pequenas praias, mar verde transparente, uma simpática pracinha com um enorme portal antigo, deslumbrante, trabalhado em ferro “forgé”, no meio da cidade que nos abrigou de uma repentina chuva torrencial durante horas...

A viagem começou a partir do convite de uma amiga francesa, que nos emprestou sua linda casa do século 17 em Penta-di-Casinca, na Córsega. Que maravilha, vou conhecer um lugar novo. Fiz minha mala levando roupas de verão – na Sicília faz um calorão – maiôs e shorts, cangas coloridas... Quanta ignorância. Nem tinha olhado no mapa para saber onde ficava Penta-di-Casinca. Ficava ao norte, nas montanhas, gelado e, com um detalhe, incomunicável com os locais: o dialeto deles é muito complicado, não usam quase vogais. Nosso voo de Paris nos deixou em Ajaccio, capital da Córsega. Alugamos um carro e fomos seguindo o mapa até “penta”.

Foi uma experiência única. Quando andávamos pelas ruas da cidade, todos olhavam fascinados porque

uma funcionária da casa ia anunciando que éramos brasileiros. Não tinham ideia o que significava. Fizemos vários passeios pela cidade, assistimos partidas de petang, subimos os lindos morros com vaquinhas, cabras, grama cheia de florzinhas amarelas. Um dia, à certa hora, resolvemos entrar num bar para tomarmos um café: escândalo total. Mulher não entra em bares e ainda por cima de calça comprida! Nossa sorte foi que minha amiga tinha mandado um primo dela cuidar de nós já que a cidade era dominada pela “cosa nostra”, a máfia local, muito severa. Enfim, aproveitamos para conhecer toda a Córsega, do norte ao sul, com paisagens completamente diferentes. No sul, pequenas cidades, entre elas, Bonifacio, Ajaccio, a deliciosa Saint-Tropez local, Porto-Vecchio, um portinho redondo, cheio de cafés, bares, restaurantes...

Pegamos uma balsa com nosso carro para sair da Córsega e fomos para Porto Cervo, na linda Costa Esmeralda. Ficamos no excelente Hotel Cervo. Conheci também Agrigento, com seu passado erótico, que já contei aqui, Positano, a deliciosa Capri, com vista deslumbrante de toda a baía de Nápoles do alto da cidade de Ravello, e minha preferida Taormina, com suas ruelas cheias de flores e o deslumbrante anfiteatro greco-romano.

Conversando com italianos sobre restaurantes na região, nos falaram onde comeríamos os melhores caranguejos do mundo. Era em Palau, Sardenha, no Ristorante da Franco e, como adoro caranguejo, fui correndo para lá. Me esbaldei. Pedi o prato do restaurante, trouxe para minha cozinha e rendeu este texto sobre essa parte do Mediterrâneo. n

76 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 FOTO REPRODUÇÃO INSTAGRAM PESSOAL
Coleção de pratos me transporta para um almoço inesquecível com vista para o Mediterrâneo
VIAJANTE INSACIÁVEL, KIKI GARAVAGLIA JÁ CORREU O MUNDO, MAS AINDA TEM MUITO LUGAR PARA CONHECER. SÓ TEM MEDO DE MORRER SEM ANTES IR AO SRI LANKA
POR AÍ POR KIKI GARAVAGLIA

INCÔMODO

A vida não é aleatória.

Tudo que acontece na vida é exatamente o que é necessário para fazer a correção da sua consciência e se tornar a pessoa que você precisa ser.

As situações agradáveis e prazerosas são justamente o que você precisa vivenciar, e as desagradáveis e incômodas são os desafios que você precisa superar. É tudo perfeito.

O único motivo pelo qual você está no mundo é para enfrentar as situações desconfortáveis. Cada pessoa é única e pode compartilhar com o mundo de forma única. Ninguém mais faz precisamente o que você pode fazer. Enfrente o desconforto com alegria em vez de fugir dele.

Por trás do incômodo está sua plenitude.

RECONEXÃO

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CABALA
visualizar da direita para a esquerda
Hei Lamed Het

A MULHER DO ANO

@isisvalverde Maravilhosa

@enriquediazbrsil Amorzão!

@mariaelza Maravilhosa!

@danieladepra

Você realmente é uma inspiração para mulheres com mais de 40

@cactos_da_bel Arrasando em tudo o que faz. Que orgulho!

VANESSA GIÁCOMO POR FERNANDO TORQUATTO @erica.i.r.t

Lindíssima! Superelegante

MARCAS DO MÊS

Ále Alvarenga + ALEALVARENGA.COM

Bershka + BERSHKA.COM

Bertolucci + BERTOLUCCI.COM.BR

By Kamy + BYKAMY.COM.BR

Calvin Klein + CALVINKLEIN.COM.BR

Calzedonia + CALZEDONIA.COM.BR

Carlos Penna + CARLOSPENNA.DESIGN

CJ Fashion + CJFASHION.COM

Clami + CLAMI.COM.BR

Cris Barros + CRISBARROS.COM.BR

Divino Espaço + DIVINOESPACO.COM.BR

Dress To + DRESSTO.COM.BR

Emporio Armani + ARMANI.COM.BR

Farfetch + FARFETCH.COM

H&M + HM.COM

Iguatemi 365 + IGUATEMI365.COM

Isadora Barbozza + @ISADORABARBOZZA

Jader Almeida + JADERALMEIDA.COM

Koord + KOORD.COM.BR

Lenny Niemeyer + LENNYNIEMEYER.COM.BR

Nannacay + NANNACAY.COM

Plié + PLIE.COM.BR

Prada + PRADA.COM

Schuster + MOVEIS-SCHUSTER.COM.BR

Schutz + SCHUTZ.COM.BR

Studio Linda Martins + STUDIOLINDAMARTINS.COM.BR

Trousseau + TROUSSEAU.COM.BR

Zara + ZARA.COM

Obtenha os endereços e telefones das marcas aqui listadas através do aplicativo gratuito Siter. No aplicativo, basta escanear este código de barras:

78 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 FOTOS MAURICIO NAHAS; FERNANDO TORQUATTO; ARQUIVO PESSOAL facebook.com/revistajp @revistajp @revistajp CARTAS@GLAMURAMA.COM J.P
NAS REDES
ISSN 1980-3206 9 771980 320006 00179

BETO SARAIVA

O jornalista carioca assina matéria sobre Ana Khouri e Fernando Jorge, joalheiros brasileiros que fazem sucesso entre as celebs

DENISE MEIRA DO AMARAL

A repórter conversou com Marina Person, que abriu sua casa para a seção Modo de Vida

CAROLINE MARINO

Desvendou a nova onda entre as mulheres: o heteropessimismo

AGRADECIMENTOS

MARIANA GONZALEZ

Entrevistou a advogada e pesquisadora Alessandra Devulsky sobre luta antirracismo

PEDRO ALEXANDRE SANCHES

O expert em música conta quem é quem na nova MPB

CLEIDE ARAÚJO

Responsável pelo look fresh de Deborah Secco para as fotos de capa

DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 J.P 79
JORGE BISPO Top fotógrafo carioca clicou a musa da capa desta edição, Deborah Secco ERICK MAIA Stylist de Deborah Secco foi quem vestiu a atriz no ensaio para a J.P

GEORGE SAUMA

Ele faz parte daquela turma que faz rir... e muito. George Sauma é ator, humorista, músico – toca piano desde a infância – e, pasmem, dançarino de sapateado. “Sapateio desde os 4 anos. Quase ninguém conhece esse meu talento”, diverte-se ele, que se tornou conhecido do grande público ao viver Tatalo, filho atrapalhado dos personagens de Marisa Orth e Miguel Falabella, na série Toma Lá Dá Cá, entre 2007 e 2009 na Globo. Aos 33 anos, tem um currículo de respeito, com trabalhos em novelas, séries, como Mister Brau, e humorísticos como Zorra e Tá no Ar: a TV na TV. No cinema viveu Roberto Carlos em Tim Maia e dividiu cena com Tatá Werneck e Cauã Reymond no filme Uma Quase Dupla

J.P: RIR AINDA É O MELHOR REMÉDIO?

GEORGE SAUMA: Com certeza! Não se levar tão a sério é a melhor pedida, tudo com leveza é melhor!

J.P: É REVOLUCIONÁRIO?

GS: Acredito que sim. Transformador!

J.P: HÁ LIMITES PARA O HUMOR?

GS: Acho que o limite é a lei. Ainda assim, acredito que é possível fazer um humor provocativo, interessante e popular.

J.P: UM TALENTO SEU QUE NINGUÉM CONHECE.

GS: Acho que mesmo sapateando desde os 4 anos, nem todo mundo sabe disso.

J.P: TEM MEDO DE CANCELAMENTO?

GS: Não.

J.P: O QUE OU QUEM VOCÊ CANCELA?

GS: O preconceito e a violência.

J.P: DRAMA OU COMÉDIA?

GS: Gosto dos dois. Quando misturados, então, amo.

J.P: MANIA.

GS: Ouvir música.

J.P: VÍCIO.

GS: Assistir e fazer teatro. E café.

J.P: SE PUDESSE MUDAR ALGO EM VOCÊ O QUE SERIA?

GS: Queria ser mais sério, sou muito debochado. Mas, ao mesmo tempo, valorizo essa característica.

J.P: PAPEL QUE SONHA EM FAZER?

GS: Hamlet.

J.P: ÍDOLO.

GS: Marília Mendonça.

J.P: UM ATOR.

GS: Robin Williams.

J.P: UMA ATRIZ.

GS: Andréa Beltrão.

J.P: UM FILME, UM LIVRO E UM ESTILO MUSICAL.

GS: Filme: Nós que Nos Amávamos Tanto; livro: Um Defeito de Cor ; estilo musical: MPB

J.P: ELENCO DOS SONHOS.

GS: Confesso que vivi em Toma Lá Dá Cá e em Mister Brau.

J.P: UMA FRASE.

GS: “Rir é um ato de resistência” (Paulo Gustavo).

J.P: MARATONEI...

GS: Família Soprano, The Office, Mad Men, Fleabag.

J.P: UMA QUALIDADE E UM DEFEITO.

GS: Respeitar e ser disciplinado com meu trabalho, mas às vezes sou um pouco desconcentrado por me divertir demais trabalhando.

J.P: RECEITA PARA FAZER RIR.

GS: Ter empatia, não se levar a sério e se permitir ser bobo.

J.P: O QUE AS PESSOAS NÃO SABEM SOBRE VOCÊ?

GS: Amo pagode!

J.P: UMA EXTRAVAGÂNCIA.

GS: Minha coleção de vinis.

J.P: ONDE E QUANDO É MAIS FELIZ?

GS: No palco contando uma história boa.

J.P: MAIOR MICO QUE JÁ PASSOU.

GS: Quando minhas gatas apareceram no telão do programa Encontro. Me derreti de amor e fiquei totalmente abobado.

J.P: NO PALCO EU...

GS: Me realizo.

J.P: O QUE OU QUEM TE

FAZ GARGALHAR?

GS: Memes em geral, Paulo Gustavo, Dercy Gonçalves e Steve Carell.

J.P: MOMENTO MAU-HUMOR.

GS: Quando acaba o café.

J.P: O QUE TE FAZ DANÇAR?

GS: “Palco”, de Gilberto Gil.

J.P: NO SPOTIFY EU ESCUTO...

GS: Muita música brasileira, mas aproveito pra recomendar meu último disco, que fiz durante a pandemia e tá lá: Só Saudade

J.P: O QUE ESPERA DE 2023?

GS: Muito trabalho e realizações.

J.P: NO FUTURO EU QUERO...

GS: Um Brasil mais justo, diverso, feliz e com muita cultura.

80 J.P DEZEMBRO 2022 | JANEIRO 2023 FOTO PAULO BELOTE/GLOBO ÚLTIMA PÁGINA
POR CARLA JULIEN STAGNI
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