ENSINO MÉDIO

MANUAL DO PROFESSOR
ENSINO MÉDIO
MANUAL DO PROFESSOR
ENSINO MÉDIO
em interface com o mundo do trabalho
ROBERTA APARECIDA BUENO HIRANAKA
Mestra em Ensino de Ciências e Matemática pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-SP).
Especialista em Jornalismo Científico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-SP).
Bacharel e licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar-SP).
Autora e editora de materiais didáticos de Ciências e Biologia.
THIAGO MACEDO DE ABREU HORTENCIO
Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP).
Autor e editor de livros didáticos de Ciências.
ÁREA DE CONHECIMENTO: CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS
1a edição São Paulo – 2024
Copyright © Roberta Aparecida Bueno Hiranaka, Thiago Macedo de Abreu Hortencio, 2024.
Direção-geral Ricardo Tavares de Oliveira
Direção de conteúdo e negócios Cayube Galas
Direção editorial adjunta Luiz Tonolli
Gerência editorial Natalia Taccetti, Nubia de Cassia de Moraes Andrade e Silva
Edição Luiza Sato (coord.)
Leve Soluções Editoriais
Preparação e revisão de textos Viviam Moreira (coord.)
Leve Soluções Editoriais
Produção de conteúdo digital João Paulo Bortoluci (coord.)
Paula Signorini
Gerência de produção e arte Ricardo Borges
Design Andréa Dellamagna (coord.)
Sergio Cândido (criação), Andréa Lasserre
Projeto de capa Everson de Paula
Imagem de capa Renato Meirelles Caiuby/Getty Images
Arte e produção Isabel Cristina Corandin Marques (coord.)
Leve Soluções Editoriais
Diagramação Leve Soluções Editoriais
Coordenação de imagens e textos Elaine Bueno Koga
Licenciamento de textos Leve Soluções Editoriais
Iconografia Leve Soluções Editoriais
Ilustrações Leve Soluções Editoriais
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Hiranaka, Roberta Aparecida Bueno Horizontes ciências da natureza : projetos integradores em interface com o mundo do trabalho : ensino médio : volume único / Roberta Aparecida Bueno Hiranaka, Thiago Macedo de Abreu Hortencio. -- 1. ed. -- São Paulo : FTD, 2024.
Área do conhecimento: Ciências da natureza e suas tecnologias.
ISBN 978-85-96-04730-2 (livro do estudante)
ISBN 978-85-96-04731-9 (manual do professor)
ISBN 978-85-96-04732-6 (livro do estudante HTML5)
ISBN 978-85-96-04733-3 (manual do professor HTML5)
1. Ciências da natureza (Ensino médio) I. Hortencio, Thiago Macedo de Abreu. II. Título.
24-228858
Índices para catálogo sistemático:
1. Ensino integrado : Ensino médio 373
CDD-373
Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à
EDITORA FTD
Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo-SP CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300
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Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.
Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD CNPJ 61.186.490/0016-33
Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375
Caro estudante,
Você está diante de um livro construído a muitas mãos. Além de nós, autores, cada um dos profissionais envolvidos na produção desta obra dedicou-se com empenho e cuidado, sempre com você, nosso leitor, em mente. Da escolha dos temas à elaboração dos projetos, da seleção de imagens à produção das atividades, cada passo foi pensado para oferecer um material que não se limitasse ao espaço escolar, mas que também pudesse dialogar com sua vida cotidiana, ampliando sua visão de mundo e desenvolvendo suas habilidades. Acreditamos que esse objetivo foi atingido e que este livro pode ser um importante aliado em sua jornada de aprendizado, conectando o conteúdo científico a questões práticas e urgentes da sociedade em que vivemos.
Ao longo desta obra, você vai encontrar seis projetos integradores que exploram temas de grande relevância para o presente e o futuro. Assuntos como a emergência climática, a rápida evolução da inteligência artificial e o envelhecimento da população são abordados de forma a incentivar uma reflexão crítica e investigativa. Esses desafios globais afetam não apenas as sociedades ao redor do mundo, mas também sua vida pessoal, sua família e a comunidade em que você está inserido. Durante o desenvolvimento dos projetos, você será convidado a entender como esses fenômenos influenciam sua vida e quais ações podem ser tomadas para mitigar impactos ou aproveitar oportunidades. O conhecimento que você vai adquirir aqui, além de aprofundar seu entendimento nas Ciências da Natureza e na relação dela com outras áreas do conhecimento, pode ser um ponto de partida para agir de maneira mais consciente e responsável em relação ao mundo que o cerca.
Desejamos que o cuidado e o carinho que empenhamos resultem em uma leitura prazerosa, bem como em um trabalho que seja significativo para você e coopere para seu desenvolvimento enquanto indivíduo e cidadão, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Os autores
A abertura de cada projeto traz uma questão mobilizadora a ser investigada, um texto introdutório e atividades para que você reflita previamente sobre o tema.
Os projetos são organizados em etapas que sugerem trajetos a serem percorridos na investigação dos temas em foco.
Ficha de estudo
Com esta ficha, você organiza todas as informações sobre o projeto e ainda tem uma síntese do percurso planejado.
No início dos projetos, a proposta para que você e os colegas criem um canal de comunicação permite divulgar o andamento do trabalho. O boxe Hora de compartilhar sinaliza o momento em que uma produção deve ser compartilhada com os colegas e a comunidade.
Nesta etapa, você vai aprofundar o estudo de variados aspectos relacionados ao mundo do trabalho, de acordo com o tema do projeto.
Ao longo de cada etapa, você encontra atividades diversificadas, individuais e coletivas, que vão auxiliá-lo na compreensão e no desenvolvimento do tema.
Nesta seção de encerramento de etapa, você vai criar um subproduto que contribui para a elaboração do produto final
Os sites indicados nesta obra podem apresentar imagens e eventuais textos publicitários junto ao conteúdo de referência, os quais não condizem com o objetivo didático da coleção. Não há controle sobre esses conteúdos, pois eles estão estritamente relacionados ao histórico de pesquisa de cada usuário e à dinâmica dos meios digitais.
OBJETOS EDUCACIONAIS DIGITAIS
Saiba mais
No Saiba mais, você vai ampliar os temas trabalhados.
Conexões
No Conexões, você encontra indicações de livros, filmes, sites e outros conteúdos para enriquecer seus estudos.
Na Etapa final, é o momento de compartilhar o produto final planejado por você e pelos colegas.
Ao final de cada projeto, você é convidado a realizar uma autoavaliação e a refletir sobre as aprendizagens.
Os ícones a seguir identificam os diferentes tipos de objetos educacionais digitais presentes neste volume. Esses materiais digitais apresentam assuntos complementares ao conteúdo trabalhado na obra, ampliando a aprendizagem.
Ficha de estudo 10
Etapa 1 – Qual é o contexto? 12
Formação do povo brasileiro 12
Em ação: Releitura de uma obra de arte 16
Etapa 2 – Ocupação das Américas • Como começou a ocupação humana no Brasil? 17
Os primeiros humanos no continente americano 17
Em que a Arqueologia se baseia? 18
Em ação: Divulgando descobertas arqueológicas 24
Etapa 3 – Brasil plural • Como valorizar a diversidade do Brasil?
O impacto da colonização
ancestralidade e promoção à saúde
Diversidade cultural e botânica
Em ação: Plantas medicinais na comunidade 30
Etapa 4 – Mundo do trabalho • Como a diversidade do povo se relaciona com o mercado de trabalho? 31
Racismo, seus impactos e formas de combatê-lo 31
Saiba mais: Uberização e precarização do trabalho e suas consequências 33
Em ação: Mesa-redonda sobre desigualdade no mundo do trabalho 36
Etapa final – Produção de um documentário 37 Autoavaliação
Etapa 4 – Mundo do trabalho • Como o mercado de trabalho está se adequando ao aumento da população idosa? 64
O envelhecimento populacional e o crescimento econômico
Etapa 2 – Os aspectos biológicos do envelhecimento • O que acontece em nível celular quando o organismo envelhece? 48
Os telômeros e o envelhecimento 48
Consequências do envelhecimento para o organismo 51 O envelhecimento e o cérebro 53
O impacto da desigualdade socioeconômica no envelhecimento 55
Em ação: As doenças neurodegenerativas 56
Etapa 3 – A pessoa idosa na sociedade • Qual é o papel das pessoas idosas na sociedade nos dias de hoje? 58
Representação da velhice nas artes e nas mídias 58
História e memória 60
Em ação: Conquistas e desafios 62
64
Algumas profissões voltadas ao atendimento das pessoas idosas 66
Saiba mais: Etarismo
Em ação: Entrevista
Etapa final – Organização de um evento para as pessoas idosas da comunidade
Autoavaliação
Crise climática: a hora de agir é agora!
Ficha de estudo
Etapa 1 – Qual é o contexto?
Mudanças climáticas
67
68
69
73
74
76
78
78
Em ação: Pensando sobre alguns conceitos 83
Etapa 2 – Atmosfera terrestre • Como os seres humanos estão mudando a composição da atmosfera terrestre nos últimos 170 anos e como isso pode impactar a vida no planeta?
84
A composição química da atmosfera terrestre 84
Consequências das alterações atuais na atmosfera 88
Tecnologias para reduzir o gás carbônico atmosférico 91
Em ação: O impacto das mudanças climáticas 93
Etapa 3 – Desinformação climática • Como combater a desinformação climática? 94
O impacto da (des)informação 94
Em ação: Reconhecendo a desinformação climática 96
Etapa 4 – Mundo do trabalho • Como as redes sociais impactam o mercado de trabalho? 97
Carreiras que surgiram com as redes sociais 97
Saiba mais: Mídia e trabalho infantil 99
Em ação: Profissionais das redes 101
Etapa final – Campanha nas redes sociais sobre a crise climática 102
Autoavaliação 105
Inteligência artificial: que revolução é essa? 106
Ficha de estudo 108
Etapa 1 – Qual é o contexto? 110
Origem e desenvolvimento da IA 110
O século XXI e a escalada da IA 112
Onde está a IA? 113
Em ação: IA na cultura pop 114
Etapa 2 – Revoluções tecnológicas • Quão profundo pode ser o impacto de uma nova tecnologia? 115
Eletricidade 115
Motores a vapor, combustão interna e elétricos 119
Telecomunicações 120
Em ação: Um passado não tão distante 122
Etapa 3 – Desvendando a IA • Como a IA funciona? 123
Introdução à IA ........................................... 123
Tipos de IA e seus usos 128
Saiba mais: IA e ética 131
Em ação: Cards informativos 132
Etapa 4 – Mundo do trabalho • Como a IA pode afetar escolhas e possibilidades de trabalho? 133
Impactos da IA no trabalho 133
A economia criativa na era da IA 135
Em ação: Entrevista, pesquisa e apresentação 138 Etapa final – Confecção de um fanzine 139
Autoavaliação 141
PROJETO
Ficha de estudo 144 Etapa 1 – Qual é o contexto? 146
O contexto da alimentação no Brasil 146
Em ação: Cartografia social e alimentação na comunidade 148
Etapa 2 – Origem e transformações dos alimentos • De onde vêm os alimentos que consumimos? 150
Breve histórico da agricultura no Brasil 150
Alimentos: produção e extração 154
Em ação: Produção e origens dos alimentos 159 Etapa 3 – Nutrição: como comer bem • O que caracteriza uma alimentação saudável? 161
Os nutrientes 161
Alimentação saudável: um hábito simples? .......... 165
Em ação: Guia alimentar para todos 169 Etapa 4 – Mundo do trabalho • Como é o mercado de trabalho ligado à alimentação? 170
Alimentação: um mercado amplo 170
Saiba mais: Alimentação fora do lar é porta de entrada para o primeiro emprego 171
Em ação: Criando uma empresa 174
Etapa final – Elaborando um pitch
Autoavaliação
175
177
É preciso cuidar da saúde mental 178
Ficha de estudo
180
Etapa 1 – Qual é o contexto? 182
Saúde mental 182
Em ação: Saúde mental e adolescência 185
Etapa 2 – O cuidado com a saúde mental ao longo do tempo • Como preservar os direitos das pessoas com transtornos mentais? 186
A precursora da luta antimanicomial no Brasil 186
Saiba mais: A arte de Arthur Bispo do Rosário 188
O movimento da luta antimanicomial 189
Em ação: A situação atual do cuidado com a saúde mental 191
Etapa 3 – Os desafios em saúde mental • Como podemos cuidar da saúde mental? 192
De onde vem o preconceito? 192
O combate ao estigma relacionado aos transtornos mentais 194
Em ação: Redes sociais e saúde mental 195
Etapa 4 – Mundo do trabalho • Como o trabalho impacta a saúde mental? 197
Impactos do trabalho na saúde mental 197
Saiba mais: CLT 198
Em ação: Conhecendo alguns profissionais relacionados ao cuidado da saúde mental 202
Etapa final – Podcast sobre saúde mental 203
Autoavaliação 206
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMENTADAS 207
Objetos Educacionais Digi tais
Mapa clicável: A diversidade étnico-racial no Brasil 14
Podcast: Sequenciamento genético e fortalecimento da ancestralidade 26
Podcast: Diferentes formas de envelhecer 55
Infográfico clicável: Saúde e envelhecimento 56
Carrossel de imagens: Mudanças climáticas e queimadas 78
Vídeo: Mudanças climáticas 93
Podcast: Inteligência artificial a serviço do meio ambiente 128
Vídeo: Inteligência artificial e o futuro das profissões 133
Infográfico clicável: Alimentos e cultura alimentar 146
Podcast: Alimentos, tradição e saúde 164
Carrossel de imagens: Fatores que afetam a saúde mental 184
Podcast: Saúde mental na escola e na família 185
1. Resposta pessoal. É possível que alguns estudantes se sintam representados, dada a diversidade de biotipos retratada
2. Resposta pessoal. Pode ser que alguns estudantes comentem que a obra passa uma sensação de alegria em razão da diversidade de cores usadas pelo
3. Respostas pessoais. Nesse momento, alguns estudantes podem não apresentar uma definição precisa de racismo e de suas implicações sociais. Comente com eles que a discussão dessa temática será aprofundada ao longo deste projeto.
O Brasil é formado por uma multiplicidade de etnias, religiões, culturas e histórias de diferentes povos, como indígenas, africanos, europeus, árabes e asiáticos. Estudar a diversidade sociocultural brasileira é fundamental para compreender a complexidade e a riqueza que constituem a identidade do país. O estudo dessa diversidade permite que possamos reconhecer as contribuições de cada grupo para a formação da sociedade brasileira, fomentando o respeito às diferentes tradições e culturas. Isso é essencial para a construção de uma convivência inclusiva e plural, baseada no reconhecimento e no respeito às diferenças.
Muitas informações sobre a composição do povo brasileiro, porém, não estão registradas em documentos históricos, mas podem ser resgatadas de investigações que aplicam técnicas diversas de análise química. Será que nosso material genético carrega parte dessa história? Neste projeto, vamos estudar como a Química pode contribuir para entendermos e valorizarmos ainda mais a diversidade do povo brasileiro.
1. Você se sente representado na obra Somos muitos? Comente.
2. Que ideias e sensações essa obra proporciona a você? Compartilhe com a turma.
3. O que é racismo? Como esse conceito pode ser aplicado para compreendermos a sociedade brasileira?
diversidade da população brasileira.
Questão norteadora
Como conhecer e valorizar a diversidade da população brasileira?
• Reconhecer a diversidade étnica e cultural da população brasileira e da comunidade local, conhecendo as principais hipóteses sobre a ocupação humana do continente americano.
• Compreender algumas técnicas de análise química empregadas em estudos arqueológicos, identificando a importância do sequenciamento genético para a determinação de origem étnica e geográfica, bem como seu potencial para a medicina de precisão.
• Reconhecer a diversidade botânica do Brasil, com destaque para as espécies de uso popular medicinal, identificando as diferentes origens de plantas medicinais.
• Identificar o racismo como problema social e suas implicações no mercado de trabalho.
• Produzir um documentário para valorizar e divulgar a diversidade étnica e cultural do Brasil.
O estudo desses temas ajuda a reconhecer e a valorizar a contribuição de diferentes grupos na formação da identidade cultural do Brasil, combatendo preconceitos e estereótipos. Essas ações são fundamentais para promover uma sociedade mais inclusiva e consciente de sua diversidade.
O olhar da Química para esse assunto soma-se às contribuições de outros ramos das Ciências da Natureza, bem como de outras áreas do conhecimento, para enriquecer nossa compreensão acerca das narrativas e experiências dos povos afrodescendentes e indígenas, frequentemente marginalizados nos currículos tradicionais. Esse conhecimento é essencial para fomentar o respeito, a igualdade e a justiça social, preparando
cidadãos mais críticos e conscientes da importância da diversidade étnico-racial na construção de uma sociedade justa e democrática.
Neste projeto, ao integrar os saberes das áreas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, você vai investigar a seguinte questão: Como conhecer e valorizar a diversidade da população brasileira?
• E ducação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
• Diversidade cultural
• Vida familiar e social
• Educação em direitos humanos
8 Trabalho decente e crescimento econômico
10 Redução das desigualdades
• Caderno
• Lápis (ou caneta)
• Projetor
• Computador com acesso à internet
• Celulares ou tablets com câmera
• Máquina fotográfica
• Gravador
• Microfone
• Telas ou cartolinas
• Folha de papel sulfite
• T intas de cores diversas (canetas e/ou lápis coloridos)
Produção de um documentário que apresente e valorize a diversidade do Brasil e da comunidade onde você vive.
Nesta etapa, será apresentado o tema geral do projeto com informações sobre a diversidade do povo brasileiro. Ao final, seu grupo vai produzir uma manifestação artística com base na pintura Carnaval, do artista plástico brasileiro Di Cavalcanti (1897-1976).
Nesta etapa, você vai estudar as principais hipóteses acerca da ocupação humana do continente americano e conhecer as evidências arqueológicas que sustentam essas ideias e as técnicas que são utilizadas para analisar tais evidências. Para concluir a etapa, seu grupo vai elaborar um material de divulgação científica sobre uma descoberta arqueológica recente no Brasil.
Nesta etapa, será analisada a importância do sequenciamento genético para a determinação da origem étnica e geográfica, bem como suas possíveis aplicações para a medicina de precisão. Também haverá o estudo das contribuições de diferentes povos para a cultura brasileira, com destaque para o uso de plantas para diferentes finalidades. Para finalizar a etapa, seu grupo vai elaborar um relatório a respeito do uso de plantas medicinais na comunidade.
Nesta etapa, você vai refletir sobre a diversidade do povo e sua relação com o mercado de trabalho. Para concluir a etapa, seu grupo vai elaborar um texto analisando como a diversidade do povo brasileiro impacta o mundo do trabalho.
Nesta etapa, seu grupo vai elaborar um documentário sobre algum grupo étnico que faça parte da construção da população brasileira, de modo a apresentar e a valorizar a diversidade do Brasil e da própria comunidade.
Para organizar e registrar as produções realizadas nas etapas deste Projeto Integrador, sugerimos a construção coletiva de um canal de compartilhamento. Para isso, vocês podem criar um blogue, um canal de vídeos, uma página em rede social, um mural, um portfólio ou outros meios de comunicação com a comunidade escolar.
Consulte as orientações no Manual do professor
O povo brasileiro é um dos mais diversos do mundo. De acordo com o Instituto Socioambiental, organização não governamental de defesa dos direitos socioambientais dos povos indígenas do Brasil, até o século XVI, antes de os portugueses desembarcarem no território que viria a ser chamado de Brasil, estima-se que havia entre 2 e 4 milhões de indígenas, pertencentes a mais de mil povos diferentes, cada um deles com uma forma própria de organização e cultura. O processo de colonização teve grande impacto sobre essa diversidade: muitos povos originários foram atacados, expulsos de seus locais ou mesmo exterminados. Darcy Ribeiro (1922-1997) apontava que em meados do século XX havia pouco mais de 200 mil indígenas no Brasil.
Ainda no século XVI, a chegada forçada de africanos escravizados trouxe uma nova dimensão à colonização. Oriundos de diversas regiões da África, eles apresentavam diferentes línguas, crenças e costumes. O tráfico transatlântico da África para o território do atual Brasil durou aproximadamente trezentos anos e resultou em cerca de 5 milhões de africanos trazidos como escravizados para o país.
A convivência entre africanos, indígenas e europeus resultou na formação de uma rica cultura, com uma identidade própria.
■ Os Jogos do Povos Indígenas são um evento que reúne povos indígenas de diferentes etnias para a prática de modalidades esportivas tradicionais, como cabo de guerra, corrida de tora e tiro com arco. Na imagem, indígenas atletas Pataxós em Porto Seguro (BA), 2024.
Com incentivo do governo brasileiro à imigração, outro grande fluxo de pessoas chegou ao país entre o século XIX e início do século XX. Nesse período foram quase 4 milhões de pessoas.
Desde a independência do Brasil, em 1822, até meados do século XX, o país recebeu um grande contingente de imigrantes europeus, árabes e asiáticos. A tabela a seguir mostra a quantidade de imigrantes no Brasil por nacionalidade entre 1884 e 1933.
Brasil: chegada de imigrantes – 1884-1933 Nacionalidade
Italianos 1 401 335
Portugueses
Espanhóis
Alemães
Japoneses
Sírios e turcos
145 737
114
397
457
818
Outros 434 645
Total 3 963 503
Fonte dos dados: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Estatísticas do povoamento. Rio de Janeiro: IBGE: [c. 2024]. Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/ estatisticas-do-povoamento/imigracao-por-nacionalidade-1884-1933.html. Acesso em: 8 set. 2024.
■ Cartaz de 1920 de uma agência governamental japonesa com os dizeres: “Vamos! Leve sua família para a América do Sul!” (tradução nossa). Muitos foram atraídos por essas propagandas, especialmente aqueles que não tinham condições para se manter no Japão.
Por todo o território brasileiro, encontra-se uma grande riqueza étnica e cultural. A composição da população é diferente em cada Unidade da Federação (UF), pois reflete o processo de ocupação diversificado. Apesar dessas diferenças, em cada UF despontam questões problemáticas, como o racismo e a desigualdade social acentuada. O gráfico a seguir apresenta dados do resultado do Censo Demográfico 2022 , realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que reflete a diversidade da população nas regiões brasileiras.
Brasil: distribuição da população residente – 2022 (%)
Por cor ou raça, segundo as grandes
Fonte: BELANDI, Caio; GOMES, Irene. Censo 2022: pela primeira vez, desde 1991, a maior parte da população do Brasil se declara parda. Agência IBGE Notícias, Rio de Janeiro, 26 jan. 2024. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/ noticias/38719-censo-2022-pela-primeira-vez-desde-1991-a-maior-parte-da-populacao-do-brasil-se-declara-parda. Acesso em: 22 set. 2024.
Resultado do Censo Demográfico 2022 realizado pelo IBGE, o mapa a seguir informa a cor ou a raça preponderante nos municípios brasileiros.
Uiramutã (RR) 96,6% Indígena
Serrano do Maranhão (MA) 58,5% Preta
Boa Vista dos Ramos (AM) 92,7% Parda
OCEANO PACÍFICO
Trópico de Capricórnio
Parda
Branca
Negra
Indígena1
Morrinhos do Sul (RS) 97,4% Branca
OCEANO ATL ÂNTICO
1 O total de pessoas indígenas compreende o total de pessoas declaradas por meio do quesito de cor ou raça e aquelas declaradas por meio do quesito “se considera indígena”. Não há municípios com predominância de pessoas amarelas.
Fonte: BELANDI, Caio; GOMES, Irene. Censo 2022: pela primeira vez, desde 1991, a maior parte da população do Brasil se declara parda. Agência IBGE Notícias, Rio de Janeiro, 26 jan. 2024. Disponível em: https:// agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia -noticias/2012-agencia-de-noticias/ noticias/38719-censo-2022-pela -primeira-vez-desde-1991-a-maior -parte-da-populacao-do-brasil-se -declara-parda. Acesso em: 22 set. 2024.
Conhecer a riqueza étnico-racial do Brasil significa não apenas entrar em contato com o que é diferente de si, mas também ter acesso a saberes e visões de mundo diversos. Esse olhar nos permite entender o passado, explicar o presente e pensar no futuro que queremos construir como sociedade. Neste projeto, convidamos você e seu grupo a pensar nessas questões sob um ponto de vista incomum, mas que evidencia em muitos aspectos a história do país. Vamos analisar a diversidade do povo brasileiro com base na Química, área do conhecimento que nos fornece ferramentas fundamentais para entender a formação do povo brasileiro desde os primórdios e nos auxilia a conhecer a fundo o legado cultural de diferentes povos que formam a população brasileira.
Conexões
Reportagem que aborda a história da imigração japonesa no Brasil.
• ESPECIAL: os 115 anos da imigração japonesa no Brasil. [S. l.], 2023. 1 vídeo (cerca de 25 min). Publicado pelo canal Record Japan. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lLiTtTC2bvY. Acesso em: 6 set. 2024. Informações sobre as exposições que ocorrem no espaço Museu da Imigração do Estado de São Paulo e acesso às diferentes exposições virtuais, com destaque para imigrantes europeus e asiáticos que chegaram ao Brasil.
• MUSEU DA IMIGRAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. São Paulo, [c. 2024]. Site. Disponível em: https://museudaimigracao.org.br/. Acesso em: 10 set. 2024.
2. Resposta pessoal. Se julgar interessante, proponha aos estudantes que realizem uma pesquisa sobre palavras do português falado no Brasil que tenham origem indígena ou africana.
ATIVIDADES
1. Chama-se “tradição oral” ou “conhecimento oral” a cultura imaterial que é transmitida oralmente de geração em geração. Em sua família ou comunidade existem histórias que são tradicionalmente contadas em momentos de socialização? Compartilhe com a turma.
Resposta pessoal. Se possível, realize essa atividade oralmente com a turma, com os estudantes organizados em uma roda.
2. Em grupo, conversem entre os integrantes e identifiquem influências culturais de diferentes povos que façam parte do cotidiano de vocês. Isso inclui influências na língua, na culinária, na religiosidade, entre outras. Destaquem, pelo menos, uma influência de origem europeia, uma africana, uma asiática e uma indígena. Por fim, compartilhem suas conclusões com os demais grupos.
3. Em grupo, observem atentamente a representação da obra e, depois, façam o que se pede.
sobre tela, 231 cm × 373 cm. Museu Paulista da USP.
3. b) A preservação das línguas tradicionais pelos povos indígenas é essencial para manter sua identidade cultural, já que a língua é um veículo para transmitir conhecimentos ancestrais, valores, histórias e tradições que definem sua visão de mundo.
a) Usando a obra como base, como se deram os primeiros contatos entre povos indígenas e portugueses? Compartilhe suas opiniões com os colegas.
b) Atualmente, muitos indígenas aprendem a língua portuguesa, além do idioma falado em seu grupo. Qual é a importância de os povos indígenas preservarem suas línguas maternas?
3. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes relacionem a obra ao desembarque dos portugueses ao território que viria a ser chamado de Brasil. É possível que eles mencionem que, nesse primeiro contato, os indígenas se mostram curiosos, encurralados e confusos com a situação, e são representados correndo, gritando e empunhando lanças. Já os portugueses não parecem surpresos com a situação.
Consulte as orientações no Manual do professor.
COLEÇÃO PARTICULAR/ELISABETH DI CAVALCANTI
A pintura Carnaval, do artista plástico brasileiro Di Cavalcanti (1897-1976) – pintor modernista que tinha como temática o povo e as cenas cotidianas da população brasileira –, retrata o povo em uma festa popular usando cores quentes e exuberantes. Fica evidente a intenção do artista em retratar a grande diversidade do povo brasileiro.
■ DI CAVALCANTI. Carnaval. 1920. Óleo sobre tela, 126 cm × 157 cm. Coleção particular.
Observe atentamente a representação da obra e, depois, faça o que se pede.
1. Organizados em roda, observe a composição, o cenário e as expressões das pessoas na obra retratada. Que pensamentos e sentimentos ela desperta em você? Compartilhe com a turma.
Resposta pessoal. É possível que os estudantes mencionem alegria e animação em razão das cores e do movimento dos personagens.
2. Em grupo, retratem por meio de fotografias, desenhos ou pinturas algumas cenas cotidianas da família e da comunidade de vocês. Lembrem-se de que, se forem usar fotografias, é preciso pedir autorização por escrito das pessoas fotografadas. Conversem com o grupo e decidam quais serão as cenas retratadas e qual é a importância delas naquele contexto.
Estimule os estudantes a usar diferentes linguagens para a produção artístico-cultural.
3. Observando as fotografias, os desenhos ou as pinturas produzidos no item anterior, o que vocês percebem com relação à diversidade étnica da comunidade? Que povos contribuíram para a formação de sua comunidade? Compartilhem com os colegas.
4. Elaborem um texto relacionando a diversidade da comunidade, conforme as conclusões do item anterior, com as informações do gráfico Brasil: distribuição da população residente –2022 (%) referentes à região do Brasil onde vocês vivem. O texto e as manifestações artísticas produzidas serão publicados no canal de compartilhamento da turma. Respostas pessoais. Se julgar necessário, convide um líder comunitário para contar a história da comunidade para a turma.
Resposta pessoal. Resgate com a turma o gráfico mencionado e, se julgar interessante, apresente o texto da fonte. Trata-se de um material que analisa os resultados obtidos do Censo Demográfico 2022 , do IBGE.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a diversidade da população brasileira e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem o texto e as manifestações artísticas, produzidos na seção Em ação , no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir outras imagens, vídeos ou links para enriquecer a publicação.
Como começou a ocupação humana no Brasil?
Consulte as orientações no Manual do professor.
■ Vista aérea de geoglifos, grandes desenhos escavados no solo em Senador Guiomard (AC), 2016.
Buscar informações sobre o passado de povos e grupos humanos é trabalho da Arqueologia, ciência que se dedica ao estudo dos vestígios materiais da presença humana. Os arqueólogos realizam um trabalho investigativo que analisa os mais diversos tipos de vestígios materiais para compreender aspectos sociais, culturais e biológicos de grupos humanos em determinado local e período. Esses vestígios podem ser restos de fogueiras, objetos de pedra ou cerâmica e resquício de esqueletos humanos ou animais (caçados ou domesticados).
A Arqueologia tem um papel fundamental, por exemplo, para explicar como o ser humano chegou e ocupou o território onde hoje é o Brasil. Os primeiros humanos surgiram há cerca de 300 mil anos no continente africano, de onde iniciaram a dispersão pelo planeta. Evidências atuais indicam que a chegada do ser humano ao continente americano se deu por grupos vindos da Sibéria pela Beríngia, região que conectava a Ásia e a América durante os períodos glaciais. Quando ocorreu essa travessia e o que aconteceu depois dela, porém, ainda são motivo de muita discussão.
■ Detalhe de pintura rupestre no Parque Nacional da Serra da Capivara em São Raimundo Nonato (Piauí), 2021.
Conexões
O autor faz uma revisão dos principais estudos sobre a origem humana e a ocupação das Américas, com olhar para variadas disciplinas, da Arqueologia à Linguística.
• ESTEVES, Bernardo. Admirável novo mundo: uma história da ocupação humana nas Américas. São Paulo: Companhia das Letras, 2023.
Até o final do século XX, acreditava-se que os primeiros habitantes das Américas eram um povo que viveu por volta de 13 mil anos atrás na região onde hoje é o território dos Estados Unidos. Era um grupo de caçadores de grandes mamíferos que seriam os responsáveis por colonizar as Américas Central e do Sul e que ficou conhecido como povo de Clóvis. Novas evidências, porém, fizeram com que essa hipótese fosse abandonada.
Em 1997, foi reconhecida a presença humana em Monte Verde, no Chile, a partir de vestígios com datação de 14,6 mil anos. Escavações na caverna de Chiquihuite, no México, demonstraram que um grupo humano ocupou o local há pelo menos 31 mil anos; portanto, muito antes do povo de Clóvis. Nos Estados Unidos, foram encontradas pegadas humanas datadas de aproximadamente 23 mil anos atrás, aumentando as evidências de que as Américas já eram ocupadas antes do povo de Clóvis.
Em 1986, a pesquisadora franco-brasileira Niède Guidon (1933-) publicou um artigo relatando a presença de vestígios humanos de 48 mil anos atrás na Serra da Capivara, no Piauí, a partir de datação feita com carbono-14. No entanto, as evidências apresentadas por Niède não foram completamente aceitas pela comunidade científica.
A seguir, apresentamos algumas técnicas que são utilizadas nos estudos arqueológicos e que têm sido fundamentais para a compreensão acerca da ocupação humana das Américas e, em especial, do Brasil, trazendo informações sobre dietas, práticas culturais, migrações e interações com o ambiente dos primeiros grupos humanos.
Os isótopos estáveis são aqueles que ocorrem de forma mais comum na natureza, mantendo sua estrutura atômica ao longo do tempo, sem sofrer decaimento radioativo nem emitir radiação. Portanto, sua proporção permanece a mesma. Por serem partes constituintes de todos os tecidos vivos, os principais isótopos estáveis utilizados atualmente nas pesquisas são hidrogênio (H), carbono (C), nitrogênio (N), oxigênio (O) e enxofre (S). À medida que uma pessoa ingere água e consome alimentos, por exemplo, os isótopos estáveis presentes neles passam a compor os tecidos do corpo, incluindo ossos e dentes. Ao comparar amostras de ossos e dentes com padrões já conhecidos, é possível obter informações sobre os hábitos alimentares de nossos antepassados.
Isótopos: átomos de um mesmo elemento cujos núcleos atômicos apresentam o mesmo número de prótons, mas números de nêutrons diferentes.
Razão isotópica: quantificação de um isótopo pesado de um elemento em relação à quantidade do isótopo mais comum (leve) desse mesmo elemento.
Por exemplo, os isótopos estáveis do elemento químico carbono (C) podem ser usados para distinguir certos tipos de plantas, chamadas plantas C3, como arroz, trigo, soja, leguminosas, hortaliças e frutíferas, e plantas C4, que incluem a cana-de-açúcar, o milho e as gramíneas. Assim, é possível identificar a dieta dos animais pela análise isotópica.
O princípio da análise de isótopos estáveis baseia-se na análise da razão isotópica. As amostras são analisadas com a ajuda de um equipamento chamado espectrômetro e comparadas a padrões estabelecidos pela Agência Internacional de Energia Atômica.
Estudos de isótopos em ossos encontrados em sítios arqueológicos no Nordeste brasileiro, por exemplo, evidenciaram a ingestão de plantas C4, como milho e outras gramíneas cultivadas, e de plantas C3, como mandioca (macaxeira ou aipim), bata ta-doce (batata-da-terra) e outros tubérculos, indicando que esses povos já praticavam a agricultura. Além disso, a análise de isótopos de estrôncio (Sr) em ossos e dentes permite rastrear migrações, como no caso das populações que se deslocaram ao longo dos rios amazônicos, refletindo padrões de mobilidade e troca cultural.
■ Os bovinos se alimentam de gramíneas, uma espécie de planta C3. Com a análise isotópica, pode-se reconhecer a origem do animal em razão de sua dieta alimentar. Tremembé (SP), 2023.
Conexões
Documentário que traça um amplo panorama das pesquisas arqueológicas desenvolvidas no país, destacando importantes desenhos rupestres no Piauí e na Bahia. Também retrata o trabalho de grafiteiros e pichadores urbanos contemporâneos e faz um paralelo com a arte rupestre.
• O ATELIÊ de Luzia: arte rupestre no Brasil. Direção: Marcos Jorge. Produção: Cláudia Da Natividade e Marcos Jorge. Curitiba: Zencrane Filmes, 2004. 1 vídeo (80 min). Publicado por Zencrane Filmes. Disponível em: https://www.zencrane.com/ateliedeluzia. Acesso em: 23 set. 2024.
Decaimento beta: processo que ocorre no núcleo de elementos radioativos em que um nêutron se desintegra, transformando-se em um próton e emitindo um elétron (radiação beta) no processo. Esse processo altera o número atômico (número de prótons) do átomo em questão, transformando-o em outro elemento.
epresentação do ciclo do carbono-14 (imagem sem escala; cores fantasia).
Elaborada com base em: REECE, Jane B. et al Biologia de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
A datação por radiocarbono (carbono-14) é outra técnica essencial na investigação arqueológica. O carbono-14 é um dos isótopos do carbono-12. Enquanto o carbono-12 é estável, o carbono-14 é instável e sofre decaimento radioativo, emitindo radiação. Nesse caso, ocorre o processo chamado decaimento beta para nitrogênio-14. Em geral, o decaimento de um núcleo atômico radioativo ocorre de maneira constante e é caracterizado por uma meia-vida específica para cada isótopo. Chama-se meia-vida o tempo necessário para que metade dos núcleos radioativos tenham decaído, o que, para o carbono-14, corresponde a 5 7 30 anos. Por exemplo, se fosse possível colocar, hoje, em uma caixa, exatamente 1 000 átomos de carbono-14, daqui a 5 7 30 anos haveria nela apenas 500 átomos de carbono-14. Passados mais 5 7 30 anos (ou seja, daqui a 11 4 60 anos), quem abrisse essa mesma caixa encontraria 250 átomos de carbono-14.
A proporção desse isótopo em um organismo vivo tende a ser igual à concentração atmosférica. Após a morte, essa proporção começa a diminuir. Sabendo que a proporção de carbono-14 se mantém praticamente constante na atmosfera, a datação por radiocarbono permite aferir com boa precisão há quanto tempo determinado ser vivo morreu. Como o carbono é um elemento químico presente em todos os seres vivos, essa é uma técnica poderosa para investigar vestígios orgânicos. Com ela, é possível descobrir a idade aproximada de fósseis, madeira, sedimentos orgânicos, ossos, conchas marinhas, entre outros.
A radiação cósmica penetra a atmosfera terrestre e colide com um átomo, liberando um nêutron energizado.
O carbono-14 é oxidado a CO2, tornando-se parte do ciclo do carbono. Plantas absorvem o carbono-14 pela fotossíntese.
Quando um nêutron colide com um átomo de nitrogênio-14, ele é capturado pelo átomo e há a liberação de um próton. Forma-se, então, um átomo de carbono-14.
O carbono-14 é incorporado aos animais pela alimentação.
Após a morte, a incorporação de carbono-14 cessa e a proporção desse isótopo começa a diminuir.
■ Estrutura montanhosa denominada sambaqui, construída pelo ser humano há muitos anos com restos de diversos materiais, como conchas e plantas, encontrados em regiões litorâneas do Brasil. Jaguaruna (SC), 2017.
No Brasil, a datação por radiocarbono de restos de carvão, encontrados em sambaquis (montes de conchas, restos de peixes, plantas, artefatos, restos de combustão e sedimentos locais) no litoral brasileiro, ajudou a estabelecer que essas estruturas foram construídas por povos que habitaram a região entre 2 000 e 3 500 anos atrás.
a) O fóssil ajudou a estabelecer um marco temporal da ocupação do continente. Seu nome foi dado pelo arqueólogo e antropólogo Walter Neves (1957-) em homenagem a Lucy, esqueleto de mais de 3 milhões de anos achado na Etiópia, em 1974.
NÃO
ESCREVA NO LIVRO. Consulte as respostas no Manual do professor.
b) Entre 11 mil e 12 mil anos, estimados por datação por radiocarbono (carbono-14).
• Em grupo, pesquisem a respeito do fóssil que ficou conhecido como “Luzia”, encontrado em Lagoa Santa (MG). Procurem respostas para as questões a seguir.
a) Qual é a importância desse fóssil para o estudo da ocupação humana nas Américas? Por que ele recebeu esse nome?
b) Qual é a idade estimada desse fóssil? Que técnicas foram empregadas para essa datação?
c) O que os estudos do DNA do povo de Luzia indicam sobre a ocupação humana das Américas?
Análises de DNA antigo do povo de Luzia e de outros fósseis americanos apontaram semelhanças importantes entre si, o que indica parentesco. Isso leva a concluir que a ocupação inicial das Américas ocorreu a partir de uma única leva de humanos, vindos da Ásia pela rota da Beríngia.
O estudo de DNA antigo (sigla em inglês para ácido desoxirribonucleico – ADN) é a análise de material genético extraído de restos biológicos antigos, como ossos, dentes, tecidos ou qualquer outro tipo de material orgânico preservado ao longo do tempo. Esse material genético pode pertencer a seres humanos, animais, plantas ou microrganismos.
A principal aplicação do estudo de DNA antigo é entender a história genética e a evolução das espécies, incluindo a migração e a diversidade genética de populações humanas ancestrais. Esse campo de pesquisa permite que os cientistas investiguem questões como os padrões de migração de populações humanas e animais, a domesticação de plantas e animais e a resposta das populações a mudanças ambientais e doenças. As técnicas utilizadas incluem a amplificação de DNA por meio da reação em cadeia da polimerase (PCR), o sequenciamento de DNA e as análises bioinformáticas para interpretar os dados genéticos obtidos.
Os estudos de DNA antigo no Brasil têm sido fundamentais para elucidar as relações entre fósseis humanos e populações indígenas. Sobre esse assunto, leia o artigo a seguir.
DNA indica que Luzio, esqueleto de 10 mil anos, é antepassado de indígenas atuais
Luzio é o habitante pré-histórico mais antigo encontrado onde hoje é o Estado de São Paulo. O esqueleto do homem que viveu por volta do ano 8000 antes de Cristo foi encontrado em 1999 próximo à divisa com o Paraná e recebeu esse apelido em alusão à Luzia, a mais antiga das Américas. Luzio segue sendo estudado, e dados genéticos ajudam a compreender a história dele e de seu povo.
Em um trabalho que acaba de ser publicado [...], pesquisadores apresentam evidências robustas de que esse homem pré-histórico e outros 34 indivíduos de 11 sítios arqueológicos foram antepassados dos povos indígenas atuais. Esse dado enfraquece a hipótese de que a população de Luzio, que viveu no Vale do Ribeira [SP] há cerca de 10 mil anos, não teria deixado descendentes. O nome “Luzio” é referência ao esqueleto feminino de 12 a 13 mil anos descoberto em uma fenda na região de Lagoa Santa (MG) em 1974. Os dois, Luzia e Luzio, possuem um crânio com formato diferente dos povos indígenas atuais, porém os cientistas mostram que o DNA de ambos tem uma diversidade genética compatível com as populações nativas de hoje.
[...]
Para Tiago Ferraz da Silva, pesquisador do [Museu de Arqueologia e Etnologia] (MAE) [da USP] e primeiro autor do artigo, a pesquisa com DNA antigo, da qual ele é pioneiro no Brasil, é mais uma peça do quebra-cabeça que deve ser complementada com contribuições de outras áreas. “A arqueogenética vem como mais um ponto de vista. Cada área tem um espaço de visão que limita a nossa percepção.”
[...]
Segundo Tiago da Silva, os esqueletos dos sambaquis apresentam uma preservação de DNA maior do que o dos sítios estudados anteriormente, principalmente os encontrados em solo úmido amazônico. Os dados genéticos atestam a hipótese de uma única grande migração pré-histórica para a ocupação humana da costa leste da América do Sul.
[...]
Embora apresentem similaridades culturais e uma origem comum, os resultados revelaram que as sociedades sambaquieiras do sul e do sudeste do Brasil tiveram trajetórias demográficas distintas. Os sambaquieiros da costa sudeste têm conexões genéticas com grupos de caçadores-coletores do nordeste do Brasil. Na região Sul, teria ocorrido há cerca de 2 mil anos uma intensificação dos contatos dos sambaquieiros com habitantes do interior do continente falantes de línguas proto-jê.
[...]
CONTERNO, Ivan. DNA indica que Luzio, esqueleto de 10 mil anos, é antepassado de indígenas atuais. Jornal da USP, São Paulo, 4 ago. 2023. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/dna-indica-que -luzio-esqueleto-de-10-mil-anos-e-antepassado-de-indigenas-atuais/. Acesso em: 10 set. 2024.
Observe o mapa a seguir, que representa uma hipótese de povoamento das Américas, com base em análises de amostras de DNA antigo.
Os eventos marcados como “substituição de linhagem” indicam que, naquele local, uma população pioneira deixou de existir.
América: hipótese de povoamento – DNA antigo
Permanência até o contato com os europeus
Substituição de linhagem x
Expansão relacionada ao povo Clóvis
Expansão primária para a América do Sul
Expansão para os Andes Centrais
04325
Elaborado com base em: SALLES, Silvana. DNA antigo conta nova história sobre o povo de Luzia. Jornal da USP, São Paulo, 8 nov. 2018. Disponível em: https://jornal. usp.br/?p=208005. Acesso em: 10 set. 2024.
NÃO ESCREVA NO LIVRO. Consulte as respostas no Manual do professor
• Nesta etapa, foram apresentadas algumas técnicas empregadas para analisar vestígios materiais antigos, mas elas não são as únicas. Em grupo, escolham uma das técnicas listadas a seguir e façam uma pesquisa sobre ela, buscando informações de como ela funciona e qual é a importância dela para a Arqueologia.
• Análise de isótopos estáveis
• Datação por radiocarbono
• Estudo de DNA antigo
• Microscopia eletrônica de varredura
• Análise de proteínas (proteômica)
• Análise por ativação neutrônica (INAA)
Elaborem um infográfico que apresente as informações pesquisadas de maneira objetiva e clara. Ao final, compartilhem o infográfico produzido com os demais grupos.
Oriente os estudantes a pesquisar em fontes confiáveis e a elaborar descrições claras e objetivas para cada técnica. Em um infográfico, elementos textuais e imagéticos devem se combinar para transmitir a informação.
Publiquem o infográfico, produzido na atividade, no canal de compartilhamento criado pela turma.
Consulte as orientações no Manual do professor.
■ Arqueólogo em escavação em São Luís (MA), 2024.
Compreender como o ser humano chegou ao continente americano e se dispersou por ele é um enorme desafio. Nosso conhecimento atual sobre o assunto é fruto de diferentes descobertas arqueológicas e do trabalho de grupos de pesquisadores de diferentes países. Ainda há muitas questões sem respostas e, de tempos em tempos, novas descobertas arqueológicas são feitas.
Nesta atividade, seu grupo deve pesquisar uma notícia de alguma descoberta arqueológica recente no Brasil e produzir um material para divulgá-la. Para isso, sigam as recomendações propostas.
1. Pesquisem, em jornais confiáveis, uma notícia recente sobre alguma descoberta arqueológica no Brasil.
2. Escolham como divulgar essa informação para o público geral, podendo ser por meio de infográfico, vídeo curto para ser compartilhado em rede social ou história em quadrinhos (HQ).
3. No material, incluam as informações presentes na notícia escolhida e explicações que auxiliem uma pessoa leiga a compreender a relevância dessa notícia.
4. Certifiquem-se de apresentar brevemente uma explicação sobre a chegada do ser humano ao território onde hoje é o Brasil.
5. Apresentem o material aos demais grupos e, para atingir maior público, divulguem-no no ambiente virtual.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Como começou a ocupação humana no Brasil?” e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem o conteúdo de divulgação sobre as descobertas arqueológicas recentes, produzido na seção Em ação, no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, textos ou links para enriquecer a publicação.
Consulte as orientações no Manual do professor
Como valorizar a diversidade do Brasil?
■ O Brasil mantém ricas histórias e culturas dos povos negros, muitas delas preservadas em comunidades quilombolas. Na imagem, apresentação de samba de roda na semana da consciência negra no Parque Memorial Quilombo dos Palmares em União dos Palmares (AL), 2022.
Ao longo da colonização europeia no Brasil, a maioria das etnias indígenas foi exterminada e grande parte das remanescentes foi expulsa de seus locais de origem. Estima-se também que cerca de 5 milhões de pessoas de diferentes partes do continente africano foram escravizadas e trazidas para o país. Assim, muitas vezes, o resgate da história e da cultura dessas populações se dá por meio de memórias e tradições passadas de geração em geração; o que reforça a importância da valorização de comunidades, como as quilombolas.
Documentário em dez episódios que narra os processos que levaram à formação do Brasil como povo e nação.
• O POVO brasileiro. Rio de Janeiro, 2000. 10 vídeos (30 min cada um). Publicado pelo canal Tamanduá TV. Disponível em: https://tamandua.tv.br/series/ serie.aspx?serieId=336. Acesso em: 23 set. 2023.
O mapa a seguir representa as principais rotas de tráfico de escravizados africanos entre os séculos XVI e XX.
Mundo: visão geral do comércio de escravizados africanos – 1500-1900
AMÉRICA DO NORTE
Estados Unidos
Trópico de Câncer
Veracruz Cuba
OCEANO PACÍFICO
Equador
OCEANO ATLÂNTICO
Jamaica São Domingos
Cartagena Barbados
A largura das rotas indica o número de escravizados transportados
8 000 000
rtagena Rio da Prat
AMÉRICA DO SUL
Trópico de Capricórnio
Meridiano de Greenwich
Tunísia Líbia Egito
Centro-oeste da África Arábia
Sudeste da África C
OCEANO ÍNDICO
Elaborado com base em: UNITED NATIONS. Slave Trade. Nova York: ONU, [c. 2024]. Disponível em: https://www.un.org/en/observances/decade-people-african-descent/slave-trade. Acesso em: 10 set. 2024.
■ Representação das principais rotas de tráfico de escravizados entre 1500 e 1900. A espessura das setas é proporcional à quantidade de pessoas.
Apesar de o início da miscigenação da população brasileira ter ocorrido há muitos anos, as informações sobre os povos escravizados ou extintos, que foram trazidos para o Brasil, ainda permanecem no genoma da população brasileira e podem ser desvendadas por meio do mapeamento genético.
Genoma: conjunto de todo o material genético de um organismo.
Lançado em 2019, o projeto DNA do Brasil almeja sequenciar o genoma de 15 mil brasileiros com finalidades de diagnóstico e terapia, além de extrair informações sobre as histórias perdidas no processo de colonização. A análise dos genomas permite, por exemplo, saber exatamente de que etnias e de que locais do continente africano vieram as pessoas escravizadas cujos descendentes compõem grande parte da nossa população.
O mapeamento da nossa variabilidade genética favorece o desenvolvimento da chamada medicina de precisão, abordagem inovadora para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças que leva em consideração as diferenças individuais nos genes, ambientes e estilos de vida de cada pessoa. Isso é importante no tratamento de doenças complexas como o câncer, em que a compreensão das características moleculares do tumor pode guiar a escolha de terapias direcionadas, que atacam especificamente as células cancerosas. Observe o esquema na página a eguir a respeito dessa abordagem.
Pessoas com a doença X.
Teste genético para inferir a reação do organismo a tratamento existente.
a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam o objetivo de reparação histórica desse tipo de política.
Evita gastos e riscos à saúde.
Busca por alternativas de tratamento.
Aplicação do tratamento existente.
Elaborada com base em: UZIEL, Daniela. Medicina de precisão: o que é e que benefícios traz? Brasília, DF: Ipea: CTS, 23 dez. 2020. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/cts/pt/central-de-conteudo/artigos/artigos/95-medicina-de-precisao-o-que-e-e -que-beneficios-traz. Acesso em: 17 set. 2024.
■ Representação de como a medicina de precisão atua entre o diagnóstico de uma doença e o início do tratamento (imagem sem escala; cores fantasia).
b) Resposta pessoal. Oriente os estudantes a buscar essa informação nas páginas da câmara de vereadores do município e da Assembleia Legislativa do Estado, onde são publicadas as matérias legislativas.
• Alguns pesquisadores e ativistas brasileiros defendem a criação de políticas públicas para a oferta gratuita de exames de DNA para sequenciamento e mapeamento genéticos de ancestralidade, com a finalidade de localização da origem geográfica e familiar. Essas políticas são voltadas aos “cidadãos descendentes de negros africanos escravizados no Brasil” (cuja sigla é DNAEB) e são pensadas como mecanismo de reparação histórica, dado que a maioria dos documentos com informações sobre a ancestralidade deles foi destruída após a abolição. Reúnam-se em grupos para discutir os seguintes questionamentos:
a) Qual é a importância de políticas públicas como a descrita anteriormente?
b) O município ou estado onde vocês vivem oferece esse tipo de política pública?
• Caso ofereça, como um cidadão pode ter acesso a esse serviço?
• Caso não ofereça, vocês acham que o poder público deve ser cobrado para instituir esse tipo de política pública?
c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes apontem a possibilidade de desenvolver a medicina de precisão no país e ampliar seu acesso.
c) Além de apresentar informações sobre a ancestralidade étnica e geográfica, que outras vantagens uma política pública ampla de sequenciamento genético poderia oferecer? Elaborem um texto abordando a importância de políticas públicas voltadas à reparação histórica a favor de povos marginalizados e, depois, compartilhem com a comunidade escolar.
No vídeo, a pesquisadora Lygia da Veiga Pereira, da Universidade de São Paulo, apresenta a importância do projeto DNA do Brasil para a medicina de precisão.
• MEDICINA de precisão e o projeto DNA do Brasil. Salvador, 2020. 1 vídeo (66 min 14 s). Publicado pelo canal Fiocruz Bahia. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=hGz3T3uJv-U. Acesso em: 10 set. 2024.
Publiquem o texto, produzido no item c da seção Atividades , no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, textos ou links para enriquecer a publicação.
Os diferentes povos que contribuíram para a formação do povo brasileiro deixaram marcas na linguagem, nas artes, na alimentação, na religiosidade, na arquitetura e em muitos outros aspectos da cultura brasileira. A paisagem do Brasil também reflete essa diversidade: muitas plantas comuns no país, especialmente aquelas com uso alimentar ou medicinal, são originárias de outros continentes e foram trazidas ao território brasileiro.
As inter-relações entre o ser humano e os recursos vegetais ao longo do tempo são objeto de estudo da Etnobotânica. Nessa área do conhecimento, explora-se a forma como as pessoas incorporam as plantas nas suas tradições culturais e nas práticas populares, contribuindo para que possamos compreender as maneiras pelas quais as comunidades classificam, manipulam e utilizam os recursos vegetais. Desse modo, a Etnobotânica promove uma aproximação muito valiosa entre conhecimentos científicos e saberes tradicionais.
O estudo de produtos naturais de uso popular tem um papel relevante no processo de descoberta e desenvolvimento de medicamentos e cosméticos, por exemplo. Parte considerável dos agentes farmacologicamente ativos, recentemente desenvolvidos, é de origem natural, derivada de uma substância natural ou tem uma relação com compostos naturais.
Os saberes tradicionais do uso de plantas colocam o Brasil em uma posição privilegiada para a pesquisa de substâncias com potencial farmacológico por meio de plantas utilizadas pela população para diferentes finalidades. Assim, várias substâncias são isoladas e estudadas pelo ser humano e podem resultar na criação de produtos com finalidades diversas, como flavorizantes, pigmentos, essências e fármacos.
■ Plantas popularmente utilizadas com finalidade medicinal no Brasil. (A) A arruda (Ruta graveolens) é de origem europeia com uso medicinal. Apesar de ser empregada de diversas formas e para diferentes fins, a ingestão excessiva dessa planta pode causar intoxicação. (B) A babosa (Aloe vera) é de origem africana e comum em jardins brasileiros. É usada com finalidades cosméticas e medicinais, servindo também de matéria-prima para a produção de fitoterápicos. (C ) O picão ou carrapicho (Bidens pilosa) é nativa do Brasil, e seu uso medicinal é praticado por diversos povos indígenas, especialmente na Amazônia.
2. a) Com base no exemplo do cupuaçu e do cacau, o estudo evidencia que povos indígenas no passado tiveram profunda influência na criação de variedades que são atualmente apreciadas na cultura brasileira.
NÃO ESCREVA NO
LIVRO.
Consulte as respostas no Manual do professor
1. Liste cinco plantas que você utiliza ou já utilizou alguma vez. Pense em exemplos variados, incluindo plantas usadas na alimentação e no preparo de chás, por exemplo.
a) Com o restante da turma, reúnam todas as plantas citadas em uma única lista, sem repetir os nomes.
1. Se necessário, auxilie os estudantes na identificação das plantas e na organização das informações.
b) Dividam essa lista entre os grupos e pesquisem informações sobre as plantas, indicando os nomes populares, o nome científico, a origem geográfica e as principais finalidades com que cada uma é utilizada.
c) Usando um mapa-múndi impresso ou digital, marque a origem das plantas da lista que a turma produziu. Analisem o mapa com as marcações e discutam com a turma quais são as principais origens das plantas listadas. Vocês reconhecem na comunidade outras influências culturais provenientes dessas regiões? Expliquem.
2. Em grupo, leiam o texto e, depois, façam o que se pede.
Fruta amazônica foi domesticada
25 cm
Se hoje é possível tomar um sorvete de cupuaçu em São Paulo, longe da Amazônia, onde esses frutos pendem de árvores que podem chegar a 20 metros de altura (Theobroma grandiflorum), agradeça a uma história que parece ter começado cerca de 8 mil anos atrás. “Comunidades indígenas cultivam plantas há milênios, e nosso estudo revela que o cupuaçu, antes considerado uma espécie silvestre, é na verdade uma espécie domesticada a partir de um parente silvestre, o cupuí”, conta o botânico José Rubens Pirani, da Universidade de São Paulo. [...] A alteração da planta para uso humano teria começado antes que o cacau, outra espécie aparentada, passasse pelo mesmo processo. O achado indica que a polpa de T. cacao era apreciada pelas comunidades indígenas muito antes de suas sementes atraírem interesse internacional para o desenvolvimento do chocolate, quando então a planta foi sujeita à seleção para cultivo […].
FRUTA amazônica foi domesticada. Pesquisa Fapesp, São Paulo, ed. 335, jan. 2024. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/ fruta-amazonica-foi-domesticada/. Acesso em: 10 set. 2024.
■ O cupuaçu (Theobroma grandiflorum) foi selecionado há 8 mil anos pelos povos nativos.
a) O que o estudo citado informa sobre a influência indígena na diversidade de plantas que são popularmente consumidas no Brasil?
b) O cacau e o cupuaçu são ricos em substâncias farmacologicamente ativas no organismo humano. Pesquisem exemplos dessas substâncias e de seus efeitos e elaborem um quadro com essas informações. Incluam no quadro a fonte de onde retiraram essas informações.
2. b) É possível expandir a atividade para analisar quimicamente a composição dessas substâncias e sua relação com os efeitos causados no organismo humano.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Vamos conhecer o uso popular de plantas com finalidade farmacológica na comunidade? Organizados em grupos, sigam as instruções propostas.
1. Escolham uma pessoa da comunidade para entrevistá-la. Procurem alguém cujo conhecimento sobre plantas seja reconhecido pelos demais indivíduos da comunidade. Lembrem-se de que, se forem usar imagens ou áudios, é preciso pedir autorização por escrito do entrevistado.
■ Líder indígena da etnia Guarani do núcleo Payaguaxu da Aldeia do Rio Silveira coletando ervas e raízes para preparo de remédios naturais em Bertioga (SP), 2022.
2. Perguntem ao entrevistado como ele conheceu as plantas e as propriedades terapêuticas delas. Peçam a ele que escolha três plantas e fale sobre as características, as propriedades e as aplicações delas. Perguntem como identificar as plantas, quais partes dela são utilizadas, se há algum risco no preparo e consumo e outras questões que julgarem interessantes.
3. Finalizada a entrevista, é hora de pesquisar as plantas que foram mencionadas. Para cada espécie, procurem identificar o nome científico e pesquisem a região de origem e os primeiros povos que começaram a utilizá-la com fins medicinais. Descubram como essa planta chegou ao Brasil, caso não seja nativa. Pesquisem, ainda, se essas plantas podem ser tóxicas em certas quantidades ou se há contraindicações ao consumo delas.
4. Atentem para o fato de que nem sempre há informações confiáveis sobre a origem e os primeiros usos de uma planta. Nos casos em que essa informação for incerta, um comentário deve estar presente no relatório final.
5. Com base nas informações coletadas na entrevista e na pesquisa, o grupo deve elaborar um relatório explicativo sobre o uso de plantas medicinais na comunidade e indicar as espécies pesquisadas. Ao final, apresentem uma conclusão de como essas plantas refletem a diversidade cultural do Brasil e da comunidade. Publiquem esse material de divulgação para que a comunidade tenha acesso a essas informações.
Resposta pessoal. Auxilie os estudantes a organizar as informações da entrevista e da pesquisa para compor o relatório. Aproveite o momento para abordar a importância da divulgação científica.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Como valorizar a diversidade do Brasil?” e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem o material de divulgação a respeito das plantas medicinais encontradas na comunidade, produzido na seção Em ação, no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, textos ou links para enriquecer a publicação.
Consulte as orientações no Manual do professor
Como a diversidade do povo se relaciona com o mercado de trabalho?
■ Marcha da Consciência Negra em São Paulo (SP), 2023.
O racismo é um tema fundamental para compreendermos a sociedade em que vivemos e seus conflitos, assim como as desigualdades no mercado de trabalho. Atitudes racistas se manifestam em ações preconceituosas, discriminatórias ou segregacionistas dirigidas a indivíduos ou grupos devido à sua origem étnica ou racial. No Brasil, o racismo é amplamente evidenciado por inúmeras ocorrências que afetam, principalmente, as populações negra e indígena, como ofensas, exclusões sociais, entre outras. No Brasil, a lei federal no 7.716, de 5 de janeiro de 1989, define como crime ações resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. O racismo vai além de atitudes individuais, uma vez que está enraizado na estrutura da sociedade. Esse fato se reflete na pouca representatividade das populações negra e indígena em posições de destaque. Ou seja, nos meios de comunicação, na política, na liderança de grandes empresas ou nas áreas mais valorizadas das cidades, a presença desses grupos ainda não é representativa.
Segundo a Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira, divulgada pelo IBGE em 2023, negros e pardos são a maioria no mercado de trabalho, correspondendo a 54,2% da população ocupada em 2022. Apesar disso, os rendimentos desse grupo são menores em comparação aos de trabalhadores brancos, que ocupam 44,7% do mercado de trabalho. Sobre esse assunto, observe o gráfico.
Brasil: rendimento médio real de todos os trabalhos das pessoas ocupadas, segundo o sexo e a cor ou raça – 2012/2022
Nota: Não são apresentados os resultados para amarelos, indígenas e pessoas sem declaração de cor ou raça.
Elaborado com base em: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. (Estudos & Pesquisas: Informação Demográfica e Socioeconômica, n. 53, p. 25). Disponível em: https:// biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/ livros/liv102052.pdf. Acesso em: 10 set. 2024.
Coibir discriminações e implementar mecanismos de compensação a fim de combater as diversas desigualdades no mercado de trabalho, e em outras áreas, é uma ação coletiva e envolve participação política. Existem diversas formas de ações afirmativas nas políticas públicas, incluindo sistemas de cotas, reservas de vagas e sistemas de bônus.
Para contribuir na redução das desigualdades e garantir oportunidades para grupos historicamente marginalizados, as ações afirmativas podem se valer de um conjunto de instrumentos políticos, institucionais e jurídicos, aplicados nos âmbitos federal, estadual e municipal, visando instituir uma política de promoção da igualdade.
Nesse sentido, em 20 de julho de 2010 foi sancionada a lei federal no 12.288 que criou o Estatuto da Igualdade Racial, visando garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos e o combate à discriminação e à intolerância étnica. Em 29 de agosto de 2012, o Supremo Tribunal Federal confirmou a constitucionalidade do sistema de cotas, e o governo brasileiro implementou, em todo o país, a reserva de vagas nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico para estudantes de escolas públicas, afro-brasileiros, indígenas e pessoas com deficiência, conforme a lei federal no 12.711.
■ A reserva de vagas nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico para estudantes de escolas públicas, afro-brasileiros, indígenas e pessoas com deficiência é uma realidade em todo o país desde 2012.
LIVRO. Consulte as orientações no Manual do professor
[A historiadora Virgínia Maria Gomes de Mattos] Fontes explica que as transformações do trabalho têm acontecido ao longo da história do capitalismo moderno. Segundo ela, com a inserção das máquinas e da produção em massa que ocorre de maneira mais rápida e eficiente, os espaços ocupados pelo trabalhador que vende a sua força de trabalho mudaram. E por outro lado, por conta da internet, as plataformas que fazem a ligação entre o trabalhador e a empresa têm crescido. Ao mesmo tempo, essas empresas prosperam devido à redução de custos derivado da desregulamentação geral do mercado de trabalhadores autônomos e informais.
A pesquisadora observa que a criação de novas relações de trabalho, muitas vezes como atividades em que o trabalhador teria a autonomia e liberdade de escolher seus horários de trabalho, nasceu da própria luta social, no sonho de ser livre. Mas que essas iniciativas acabaram capturadas pela reprodução capitalista e criaram muitas vezes uma visão deturpada do que realmente caracteriza essa nova relação de gerenciamento e de controle do trabalho. “Existem diversas empresas que funcionam dessa maneira, dentre as mais populares a Uber, que deu origem ao adjetivo ‘uberização’.”
[...]
Ela explica que com essa ‘uberização’, enquanto os trabalhadores não possuem nenhum direito ou garantia, já que há pouca ou nenhuma legislação específica, tais empresas alegam que o serviço que exercem é apenas a realização da conexão entre os usuários e as empresas, de modo que as pessoas cadastradas caracterizam-se apenas como ‘parceiros’, tentando assim se eximir de uma responsabilidade. [...]
[...] “A empresa demite, corta, tira da lista, sem nenhuma informação prévia ou justificativa. É o mais absoluto descompromisso com os trabalhadores”, aponta. Ela explica ainda que as relações patronais se tornaram absolutamente autocráticas e despersonalizadas. “O trabalhador não tem contato com a empresa. E quando tenta, não consegue.”
[...]
Para Fontes, o futuro é de uma precarização ainda maior da relação de trabalho. Porém muitas lutas estão tomando força. “Uma massa de trabalhadores que agora não tem um ponto de luta em comum precisará lutar contra todas as formas de agressão que sofre. E, portanto, lutas antirracistas, feministas, de acesso à terra e à moradia, por exemplo, devem aumentar de maneira escalada”, conclui, alertando que as empresas estão criando desqualificação e desmantelamento das práticas democráticas.
COSTA, Vivian. Uberização e precarização do trabalho e suas consequências. Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, São Paulo, 3 dez. 2020. Disponível em: https://portal.sbpcnet.org.br/noticias/uberizacao-e-precarizacao-do-trabalho -e-suas-consequencias/. Acesso em: 10 set. 2024. NÃO ESCREVA
• Organizados em grupos, respondam: Na opinião de vocês, que ações podem ser tomadas coletivamente para combater a precarização das profissões? Escrevam uma dissertação para responder à questão. Depois, compartilhem o texto com os demais grupos e a comunidade escolar.
Publiquem o texto, produzido na atividade da seção Saiba mais , no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir gráficos ou imagens para enriquecer o texto.
Resposta pessoal. Caso deseje aprofundar o debate sobre o tema com a turma, selecione matérias jornalísticas a respeito do Projeto de lei complementar no 12/2024 e trechos da lei para trabalhar em sala de aula.
O livro trata de temas como racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em dez capítulos, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que gostariam de aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação.
• RIBEIRO, Djamila. Pequeno manual antirracista . São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
Relatório elaborado com base em dados do IBGE e em entrevistas a jovens negros acerca do mundo do trabalho para essa população. Traz depoimentos de alguns entrevistados, informações sobre a desigualdade racial no mercado de trabalho e possíveis soluções.
• INSTITUTO DE REFERÊNCIA NEGRA PEREGUM. Jovens negros e o mercado de trabalho. São Paulo: Instituto de Referência Negra Peregum: Afro-Cebrap: Banco Mundial, [c. 2022]. Disponível em: https://peregum.org.br/publicacao/jovens-negros-e-o-mercado-de-trabalho/. Acesso em: 10 set. 2024.
1. a) Se necessário, auxilie os estudantes a comparar as estatísticas sobre a desigualdade racial no mercado de trabalho e a avaliar se ela aumentou, diminuiu ou se manteve
1. b) Espera-se que os estudantes concordem com a questão e utilizem argumentos sólidos, com base em discussões ao longo deste projeto, para fundamentar suas respostas.
Consulte as respostas no Manual do professor
1. Periodicamente, o IBGE publica o estudo Síntese de indicadores sociais, um documento que analisa as condições de vida da população brasileira com base em estatísticas de diferentes áreas, como trabalho, rendimentos, moradia e educação. Em grupo, acessem o site do IBGE, disponível em: https://www.ibge.gov.br/ (acesso em: 17 set. 2024), e procurem pela edição mais recente desse estudo. Depois, respondam às questões a seguir.
a) Em comparação com os dados de 2023, apresentados no gráfico Brasil: rendimento médio real de todos os trabalhos das pessoas ocupadas, segundo o sexo e a cor ou raça – 2012/2022 , a desigualdade racial no mercado de trabalho aumentou, diminuiu ou se manteve? Como explicar esse resultado?
b) Os dados de outras áreas, como educação e moradia, também refletem a desigualdade racial na sociedade? Expliquem.
c) Q ue medidas são necessárias para combater a desigualdade racial no Brasil?
■ Capa do periódico Síntese de indicadores sociais, publicado em 2023 pelo IBGE.
1. c) As medidas podem incluir políticas de ação afirmativa, como as cotas raciais em universidades e no mercado de trabalho, que têm se mostrado eficazes em promover a inclusão de negros e indígenas em espaços de educação e poder.
2. Em grupo, leiam o texto e, depois, respondam às questões.
Quando criança, fui ensinada que a população negra havia sido escrava e ponto, como se não tivesse existido uma vida anterior nas regiões de onde essas pessoas foram tiradas à força. Disseram-me que a população negra era passiva e que “aceitou” a escravidão sem resistência. Também me contaram que a princesa Isabel havia sido sua grande redentora. No entanto, essa era a história contada do ponto de vista dos vencedores, como diz Walter Benjamin. […] Com o tempo, compreendi que a população negra havia sido escravizada, e não era escrava – palavra que denota que essa seria uma condição natural, ocultando que esse grupo foi colocado ali pela ação de outrem. […]
O primeiro ponto a entender é que falar sobre racismo no Brasil é, sobretudo, fazer um debate estrutural. É fundamental trazer a perspectiva histórica e começar pela relação entre escravidão e racismo, mapeando suas consequências. Deve-se pensar como esse sistema vem beneficiando economicamente por toda a história a população branca, ao passo que a negra, tratada como mercadoria, não teve acesso a direitos básicos e à distribuição de riquezas. É importante lembrar que, apesar de a Constituição do Império de 1824 determinar que a educação era um direito de todos os cidadãos, a escola estava vetada para pessoas negras escravizadas. […]
Havia também a Lei de Terras de 1850, ano em que o tráfico negreiro passou a ser proibido no Brasil – embora a escravidão tenha persistido até 1888. Essa lei extinguia a apropriação de terras com base na ocupação e dava ao Estado o direito de distribuí-las somente mediante a compra. Dessa maneira, ex-escravizados tinham enormes restrições, pois só quem dispunha de grandes quantias poderia se tornar proprietário. A lei transformou a terra em mercadoria ao mesmo tempo que facilitou o acesso a antigos latifundiários – embora imigrantes europeus tenham recebido concessões, como a criação de colônias.
[…]
Movimentos de pessoas negras há anos debatem o racismo como estrutura fundamental das relações sociais, criando desigualdades e abismos. O racismo é, portanto, um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato da vontade de um indivíduo. Reconhecer o caráter estrutural do racismo pode ser paralisante. Afinal, como enfrentar um monstro tão grande? No entanto, não devemos nos intimidar. A prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. […]
RIBEIRO, Djamila. Pequeno manual antirracista . São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
a) Segundo a autora, por que a palavra correta é escravizada em vez de escrava para tratar das pessoas que foram traficadas do continente africano para o Brasil?
b) Q ue argumentos sustentam a ideia de que o racismo é estrutural na sociedade brasileira?
2. a) O termo escrava denota passividade, transmitindo a ideia de que essa seria uma condição natural da população negra. Isso ocultaria que esse grupo foi colocado em tal condição pela ação dos colonizadores. A palavra escravizada denota que há um agente que gerou aquela condição. O racismo é estrutural porque se trata de um sistema que nega direitos às populações negra e indígena.
c) Ao longo da História, diversas estratégias foram adotadas na tentativa de justificar ideais racistas. Isso inclui argumentos pseudocientíficos/supostamente científicos, que, em alguns casos, tiveram aceitação ampla por determinado período. Em grupo, pesquisem um exemplo de argumento que já foi utilizado ao longo da história da Ciência para justificar o racismo, informando quando e como foram rejeitados. Registrem as informações para debater com a turma.
Os estudantes podem citar a teoria das raças humanas, a eugenia e o Darwinismo social. Se necessário, auxilie na busca de fontes confiáveis para a realização da pesquisa.
Consulte as orientações no Manual do professor.
■ Em uma mesa-redonda todos os participantes têm o direito de manifestar suas opiniões de forma democrática.
Para esta atividade, a turma deve organizar uma mesa-redonda com profissionais de diferentes áreas acerca do seguinte tema:
Mercado de trabalho: Como enfrentar as desigualdades?
Para organizar esse evento, siga os passos propostos.
1. Cada grupo deve ficar encarregado de convidar um profissional que admira. Para garantir que a mesa-redonda represente a diversidade, é importante escolher pessoas de diferentes gêneros e raças. Expliquem a proposta da mesa-redonda ao convidado, solicitando a ele que, na apresentação, compartilhe suas experiências e perspectivas sobre o assunto.
2. Certifiquem-se de enviar convites aos profissionais com antecedência e confirmar a participação deles. Definam o tempo para cada fala e para as perguntas da plateia.
3. Organizem com o restante da turma a logística do evento. Se a mesa-redonda for presencial, escolham um local adequado. No caso de uma mesa-redonda virtual, escolham uma plataforma de videoconferência on-line confiável. Há ainda a possibilidade de o evento ser misto (presencial e virtual). Para isso, usem um projetor ou um televisor para que todos os presentes possam assistir ao encontro.
4. No dia do evento, organizem o espaço e os equipamentos necessários. Escolham um ou dois estudantes para serem os mediadores da mesa-redonda, responsáveis por apresentar os convidados, explicar o formato do evento e garantir que a conversa flua de maneira organizada.
5. Anotem as dúvidas que vocês tenham ou que surjam no momento. Elas podem ser lidas ao final das falas. Ao final, não deixem de agradecer os convidados pela disponibilidade em compartilhar suas experiências com a turma.
6. Para finalizar, reflitam sobre algumas questões, como: Que falas mais chamaram a atenção da turma? De que maneira esse evento ajudou vocês a compreender como a diversidade do povo brasileiro se reflete no mercado de trabalho? Redijam um texto com os principais aspectos discutidos no evento e com as respostas a essas perguntas. Depois, compartilhem-no com a comunidade escolar.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Como a diversidade do povo se relaciona com o mercado de trabalho?” e refletir sobre ela. Antes de passar para a próxima etapa, publiquem o texto, produzido na seção Em ação , no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir fotografias e vídeos feitos durante a mesa-redonda para enriquecer a publicação.
Consulte as orientações no Manual do professor
Para encerrar o projeto, cada grupo deverá escolher um grupo étnico presente na população brasileira e produzir um documentário sobre ele. Foquem nos grupos étnicos mais relevantes na comunidade de vocês, mas não se limitem a eles.
Para enriquecer essa produção, retomem a pergunta norteadora do projeto “Como conhecer e valorizar a diversidade da população brasileira?” e o que foi estudado e produzido nas etapas anteriores, com base na lista a seguir.
• Releitura da obra Carnaval (Etapa 1).
• Estudos sobre como o ser humano chegou ao continente americano (Etapa 2).
• Levantamento sobre plantas medicinais na comunidade (Etapa 3).
• Mesa-redonda sobre desigualdades no mercado de trabalho (Etapa 4).
■ O processo de entrevista a determinado profissional possibilita obter uma rica fonte de informações sobre diferentes perspectivas.
Para produzir o documentário, sigam os passos indicados.
1
Pesquisa
Após a escolha do grupo étnico, comecem a pesquisar a história, os costumes, as tradições e o impacto cultural desse grupo na sociedade local. Usem como fonte de informação livros, artigos acadêmicos, documentários e entrevistas com moradores para reunir as informações. Tenham especial atenção às fontes utilizadas, buscando garantir a veracidade das informações apresentadas na pesquisa de vocês.
2
3
Definição do enfoque
Com a pesquisa em mãos, é hora de definir o enfoque do documentário. Ter um foco claro ajudará a direcionar todo o processo de produção. Vocês podem destacar a música, a dança, a culinária, as festividades ou outros aspectos culturais e mostrar como o grupo étnico influencia a identidade da região ou como ele se integrou à sociedade local e contribuiu para ela.
Roteiro e planejamento
Agora que vocês têm um foco, iniciem a elaboração do roteiro. Ele deve incluir uma introdução ao grupo étnico que será apresentado, os principais pontos que serão abordados e uma conclusão. Dividam o roteiro em seções, que podem incluir entrevistas, imagens de locais, eventos, cenas do dia a dia e outros elementos visuais que ajudem a contar a história. Planejem também a ordem das filmagens e decidam quem será responsável por cada parte do processo.
4
Preparação para as entrevistas
As entrevistas são uma parte essencial do documentário, pois trazem perspectivas e histórias pessoais. Identifiquem pessoas da comunidade que possam contribuir com suas experiências e seus conhecimentos. Antes de entrevistá-las, preparem uma lista de perguntas que ajudem a explorar o assunto escolhido. Durante as entrevistas, sejam respeitosos e permitam que os entrevistados se expressem livremente. Lembrem-se de que, se forem usar imagens ou áudios, é preciso pedir autorização por escrito do entrevistado.
6
5
Filmagem
Na fase de filmagem, é capturado todo o conteúdo visual necessário para o documentário. As filmagens podem ser feitas com celular ou câmeras digitais. Se possível, considerem o uso de microfones para melhorar a qualidade do áudio. Planejem a iluminação das cenas, escolhendo locais, horários e enquadramentos adequados. Filmem cenas que representem o dia a dia da comunidade, eventos culturais, paisagens e tudo o que possa ilustrar a influência do grupo étnico na região. Lembrem-se de gravar em locais que tenham permissão para filmar e de respeitar a privacidade das pessoas.
8
Edição
Após a filmagem é hora da edição. Usem programas de edição de vídeo ou aplicativos de celular com essa função para organizar as cenas, cortar partes desnecessárias e adicionar música e legendas. A edição é o momento de contar a história de forma coesa e envolvente. Assim, prestem atenção ao ritmo do documentário e à maneira como as informações são apresentadas. Usem a criatividade para experimentar diferentes técnicas para tornar o vídeo mais interessante.
7
Revisão
Com o documentário editado, é importante revisá-lo com o grupo. Peçam a opinião de colegas, professores e até mesmo de pessoas da comunidade que foi retratada. Esse retorno inicial é essencial para identificar pontos que podem ser melhorados, como clareza das informações, qualidade das imagens e do som e se a mensagem principal está sendo transmitida de forma eficaz.
Apresentação final
No dia combinado com o professor, apresentem o documentário para a turma e assistam às produções dos colegas. Por fim, façam uma roda de conversa para trocar ideias sobre as produções e sobre o trabalho realizado. Se possível, organizem um evento na escola para apresentar esses documentários para a comunidade e os disponibilizem na plataforma criada pela turma para que toda a comunidade tenha acesso a ele.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Para finalizar este Projeto Integrador, é importante realizar uma avaliação de sua participação tanto individual quanto coletiva. Em uma folha de papel sulfite, faça o que se pede.
1. Sobre seu envolvimento e o da turma neste projeto, responda às questões a seguir.
a) Houve participação em todas as atividades propostas? Explique.
b) Em qual etapa houve mais dedicação? Em qual houve menos? Justifique.
c) Atribua uma nota de zero a dez para sua participação e para a participação da turma neste projeto. Argumente sobre essas notas.
d) Em relação a suas ações, em quais aspectos você acredita que pode melhorar na realização do próximo projeto? Em quais aspectos a turma pode melhorar?
e) Junte-se a um colega para comparar as respostas às questões anteriores, verificando com quais itens da avaliação vocês concordam e de quais discordam.
f) Escreva quais foram as suas dificuldades e quais aprendizagens foram desenvolvidas no decorrer deste projeto.
2. Em relação ao assunto deste projeto, responda às questões a seguir.
a) Você reconheceu a diversidade do povo brasileiro e da comunidade onde vive?
b) Você compreendeu as principais hipóteses acerca da ocupação humana das Américas?
c) Você refletiu sobre como alguns povos tiveram sua história apagada dos registros históricos, mas preservadas no genoma, na cultura e na diversidade botânica do país?
d) Você compreendeu a importância e as potencialidades do sequenciamento genético?
e) Você reconheceu e refletiu sobre os impactos do racismo no mercado de trabalho?
f) Você participou ativamente e com empenho do planejamento e da produção do documentário?
3. Sobre o canal de compartilhamento, proposto no boxe Hora de compartilhar, responda às questões a seguir.
a) Em sua opinião, quais foram os pontos positivos de compartilhar algumas reflexões e trabalhos realizados em cada etapa do projeto? Quais foram os pontos negativos?
b) Como foi sua participação no desenvolvimento desse trabalho?
c) Registre as dificuldades que você encontrou e as aprendizagens que desenvolveu com esse canal de compartilhamento.
1. Resposta pessoal. Os estudantes podem citar situações que exemplificam que a sociedade cuida bem das pessoas idosas e, também, situações que mostram que ainda são necessárias mudanças para garantir que essas pessoas sejam tratadas com cuidado e respeito.
2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes dialoguem a respeito das facilidades e das dificuldades encontradas na cidade em que vivem e que beneficiam ou prejudicam os indivíduos dessa faixa etária.
3. Resposta pessoal. A pergunta incentiva uma reflexão sobre o modo como os jovens tratam as pessoas idosas.
Quando jovens, somos movidos, muitas vezes, pela vontade de viver de forma intensa, mas, geralmente, não pensamos na velhice. Em razão de preconceitos e da hipervalorização da juventude, pouco se fala sobre o assunto. Contudo, o envelhecimento é um processo natural.
Na velhice, o corpo e a mente costumam mudar, e aspectos desafiadores dessa fase da vida se manifestam. Talvez as pessoas idosas não sejam tão ágeis quanto as mais jovens nem tenham a mesma força física e disposição. No entanto, é preciso considerar a sabedoria e as experiências adquiridas ao longo dos anos vividos e aproveitar novas oportunidades que podem surgir, como o aumento do tempo livre para se dedicar aos hobbies e à família, por exemplo.
Conhecer melhor o processo de envelhecimento nos ajuda a valorizar as pessoas idosas em nossa sociedade. O Estado, por meio de políticas públicas eficazes, também deve garantir que elas sejam respeitadas e incluídas, assegurando-lhes o direito a uma vida digna.
Valorizar as pessoas idosas envolve reconhecer sua importância e celebrar suas histórias de vida e sua participação na construção da nossa sociedade.
1. Em sua opinião, a sociedade está preparada para cuidar das pessoas idosas? Cite uma situação vivenciada por você ou por pessoas com quem você convive que justifique sua resposta.
2. Suponha que, atualmente, você seja uma pessoa idosa. Você acha que a sua cidade é um bom lugar para viver?
3. Ainda supondo que você fosse uma pessoa idosa, se os jovens o tratassem como você trata as pessoas idosas de sua família e da comunidade em que vive, você se sentiria feliz e acolhido?
Em outras palavras, você curtiria ser uma pessoa idosa?
■ Apresentação de quadrilha da terceira idade durante festa junina na Praça das Bandeiras, em Oeiras (PI), 2022.
Questão norteadora
Com o envelhecimento da população mundial, como garantir dignidade às pessoas idosas?
Objetivos
• Conhecer alguns dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que permitem constatar o envelhecimento da população.
• Compreender os aspectos biológicos do envelhecimento e reconhecer o que acontece nas células, nos órgãos e nos sistemas quando o organismo envelhece.
• Analisar como as pessoas idosas são retratadas na arte e nas mídias, reconhecendo a importância delas para a sociedade.
• Compreender como as diferentes realidades sociais influenciam o envelhecimento.
• Conhecer quem são e como estão as pessoas idosas da comunidade onde a escola se localiza de modo a valorizá-las.
• Conhecer os direitos das pessoas idosas, refletindo sobre os desafios que o mundo contemporâneo impõe a elas.
O perfil etário da população mundial está se alterando nas últimas décadas. O envelhecimento é uma tendência global em decorrência do aumento da expectativa de vida e da queda do número de nascimentos. Segundo o Relatório Social Mundial 2023, divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o número de pessoas idosas no mundo deve dobrar, passando de 761 milhões em 2021 para 1,6 bilhão em 2050. Com isso, é preciso direcionar a atenção para essa população, buscando desenvolver ações que garantam para essas pessoas uma vida digna e de qualidade.
Nesse sentido, governos, sociedade civil, agências internacionais, equipes profissionais, universidades, meios de comunicação social e empresas do setor privado devem reunir esforços para melhorar a vida das pessoas idosas, de suas famílias e de suas comunidades. É necessário que todos reconheçam e valorizem os saberes da pessoa idosa e sua importância na construção da sociedade.
Neste projeto, ao integrar os saberes das áreas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Matemática e suas Tecnologias, você vai investigar a seguinte questão: Com o envelhecimento da população mundial, como garantir dignidade às pessoas idosas?
• Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso
• Educação em direitos humanos
• Trabalho
• Saúde
• Vida familiar e social
3 Saúde e bem-estar
8 Trabalho decente e crescimento econômico
16 Paz, justiça e instituições eficazes
• Projetor
• Computador com acesso à internet
• Celulares ou tablets com câmera
• Máquina fotográfica
• Gravador e microfone
• Folha de papel sulfite, telas ou cartolinas
• T intas do tipo guache de cores diversas (canetas ou lápis coloridos)
Produto final
Organização de um evento voltado à população idosa da comunidade.
Nesta etapa, será apresentado o tema geral do projeto, e o envelhecimento da população será abordado por meio da análise de indicadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao final, seu grupo vai obter informações sobre a parcela da população idosa do estado e do município onde a escola se localiza e refletir sobre elas.
Nesta etapa, você vai conhecer os aspectos biológicos do envelhecimento e suas consequências para o funcionamento do organismo. Para concluir, seu grupo vai produzir um vídeo sobre a doença de Alzheimer e refletir sobre o que fazer para ter um envelhecimento saudável.
Nesta etapa, serão analisadas as maneiras como as pessoas idosas costumam ser representadas pela arte e pelas mídias e a importância dessa população para a comunidade. Para finalizar, seu grupo vai pesquisar os direitos das pessoas idosas e refletir sobre as conquistas dessa parcela da população ao longo do tempo, bem como os desafios que o mundo contemporâneo impõe a ela.
Nesta etapa, você vai conhecer algumas profissões e serviços que têm como público-alvo as pessoas idosas. Para concluir, seu grupo vai entrevistar diferentes profissionais para obter mais informações sobre as carreiras e os serviços voltados a elas.
Nesta etapa, a turma vai organizar um evento voltado à população idosa da comunidade onde a escola se localiza. Esse evento deverá atender a alguns dos desejos e das necessidades das pessoas idosas identificados nas etapas anteriores.
Hora de compartilhar
Para registrar e organizar as produções realizadas, sugerimos a construção coletiva de um canal de compartilhamento com a comunidade escolar, como um blogue, um canal de vídeos, uma página em rede social, um mural, um portfólio ou outras formas de comunicação.
Consulte as orientações no Manual do professor
O artigo 1o do Estatuto da Pessoa Idosa, lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003, estabelece que idoso é a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos. Contudo, é comum que alguns documentos e análises também considerem o recorte etário de 65 anos ou mais, como é o caso de estudos do Censo Demográfico 2022 , realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o Censo Demográfico 2022 , o total de pessoas com 65 anos ou mais no Brasil ultrapassava 22 milhões, evidenciando um aumento dessa parcela da população de mais de 57% em relação ao Censo Demográfico 2010. Se considerarmos a população idosa com 60 anos ou mais, esse número saltava para mais de 32 milhões de pessoas. As análises demográficas mostram que a população mundial com mais de 65 anos está crescendo mais rapidamente do que todas as outras faixas etárias. Entre os principais motivos estão a redução dos nascimentos e o aumento da expectativa de vida.
■ Atividades físicas proporcionam inúmeros benefícios para as pessoas idosas, promovendo melhor qualidade de vida e ajudando a manter a independência e a autonomia.
O gráfico a seguir representa a expectativa de vida no Brasil de 1900 a 2020, com projeção dos dados de 2040 e 2060. Nele, é possível observar o aumento da expectativa de vida dos brasileiros ao longo dos anos.
Brasil: expectativa de vida ao nascer – 1900 a 2060
Expectativa de vida ao nascer (em anos)
O crescimento da população residente de 60 anos ou mais e a diminuição da parcela da população com menos de 30 anos no mesmo período evidenciam o envelhecimento da população brasileira. Pelas projeções feitas pelo IBGE, estima-se que, em 2060, o percentual da população com 65 anos ou mais de idade chegará a 25,5%. Ou seja, em 2060, um quarto da população brasileira terá mais de 65 anos de idade. Observe, a seguir, a projeção da pirâmide etária do Brasil para 2060.
1. Com o acesso a essas informações, os governantes podem planejar ações e políticas públicas.
1. Por que é importante coletar informações sobre a população de um país?
2. O que você já sabe sobre o envelhecimento e sobre as pessoas idosas? O que você ainda quer saber sobre esses assuntos?
3. O que você gostaria de fazer quando for uma pessoa idosa e como você acha que será tratado(a) pelas outras pessoas?
2. Respostas pessoais. Verifique os conhecimentos prévios dos estudantes sobre os assuntos mencionados. Incentive-os a elencar o que gostariam de saber sobre a temática.
Elaborado com base em: WESTIN, Ricardo. Aos 20 anos, Estatuto da Pessoa Idosa ainda enfrenta resistência. Agência Senado, Brasília, DF, 29 set. 2023. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ noticias/infomaterias/2023/09/ aos-20-anos-estatuto-da-pessoa -idosa-ainda-enfrenta-resistencia. Acesso em: 28 ago. 2024.
Brasil: projeção da pirâmide etária – 2060
30 a 60 anos
Fonte: WESTIN, Ricardo. Aos 20 anos, Estatuto da Pessoa Idosa ainda enfrenta resistência. Agência Senado, Brasília, DF, 29 set. 2023. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/ infomaterias/2023/09/aos-20-anos-estatuto-da-pessoa-idosa-ainda -enfrenta-resistencia. Acesso em: 28 ago. 2024.
Na matéria, é apresentada uma lista dos 20 municípios brasileiros com maior percentual de pessoas idosas, e apenas um deles não pertence ao estado do Rio Grande do Sul (RS).
• CONFIRA lista de cidades brasileiras com mais idosos proporcionalmente. O Tempo Brasil , Contagem, 27 out. 2023. Disponível em: https://www.otempo.com.br/brasil/ confira-lista-de-cidades-brasileiras-com-mais -idosos-proporcionalmente-1.3262945. Acesso em: 28 ago. 2024.
3. Respostas pessoais. É provável que os estudantes mencionem atividades voltadas ao lazer e que a sociedade os tratará com respeito e dignidade.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Organizados em grupos, leiam o texto a seguir. Depois, façam as atividades propostas.
RS, RJ e MG são os estados como maior percentual de população idosa
O Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais são os estados do país com o maior percentual de população idosa. É o que apontam os números do Censo 2022. [...]
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No Rio Grande do Sul, 14,1% dos moradores têm 65 anos ou mais. É o estado com a maior proporção de população idosa. Também registra o menor percentual de crianças. A faixa etária até 14 anos representa 17,5% da população gaúcha. A idade mediana no estado é 38 anos, três a mais do que a idade mediana nacional.
Números próximos são registrados no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Os idosos representam 13,1% da população fluminense, enquanto as crianças são 17,8%. Entre os mineiros, 12,4% têm 65 anos ou mais, enquanto a fatia da faixa etária até 14 anos é de 18,1%.
Por outro lado, os três estados com a maior proporção de crianças são todos da Região Norte: Roraima (29,2%), Amazonas (27,3%) e Amapá (27%). Em todos esses estados, o percentual de idosos com 65 anos ou mais não chega a 6%. O Norte do país registra idade mediana de 29 anos. Em Roraima, chega a ser 26 anos, bem inferior aos 35 anos da mediana nacional.
De acordo com a pesquisadora do IBGE Izabel Guimarães, os estados da Região Norte iniciaram mais tardiamente o processo de redução da fecundidade que se observa no país. “Roraima particularmente tem na sua composição uma população indígena numerosa. As populações indígenas, principalmente aquelas que residem em terras indígenas, têm fecundidade maior. Além disso, há uma migração, principalmente da Venezuela, que tem efeito no número de nascimentos no estado”, explica.
Segundo Izabel, são principalmente os jovens que vêm ao país em busca de trabalho, incluindo mulheres em idade reprodutiva. Ela destaca que os dados específicos de migração e fecundidade do Censo 2022 serão divulgados em 2024.
Municípios
Os dados apresentados pelo IBGE também oferecem recorte por municípios. Observa-se que o envelhecimento populacional ocorre de forma mais intensa nas menores e nas maiores cidades. Esse fenômeno pode ser avaliado por meio do índice de envelhecimento. Ele indica quantas pessoas com 65 anos ou mais existem na comparação com cada grupo de 100 crianças até 14 anos.
O índice de envelhecimento é de 76,2 nas cidades com até 5 mil habitantes e de 63,9 naquelas com mais de 500 mil habitantes. “O que acontece nos municípios muito pequenos é a saída da população economicamente ativa, em idade reprodutiva. As pessoas se mudam para locais onde há maiores chances de empregos e melhores ofertas de serviço. Por sua vez, as cidades maiores são justamente aquelas em que a fecundidade tende a ser mais baixa”, observa Izabel Guimarães.
Nos municípios com volumes populacionais intermediários, o índice de envelhecimento é mais baixo. O menor patamar, 48,9, é observado nas cidades que têm entre 50 mil e 100 mil habitantes.
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RODRIGUES, Léo. RS, RJ e MG são os estados com maior percentual de população idosa. Agência Brasil, [s l.], 27 out. 2023. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-10/rs-rj-e-mg-sao-os-estados-como-maior-percentual-de-populacao-idosa. Acesso em: 22 ago. 2024.
1. De acordo com o texto, quais são os motivos pelos quais os estados da região Norte têm menor proporção de pessoas idosas e maior número de jovens?
2. O que indica o índice de envelhecimento? Pesquisem nos meios digitais qual é o índice de envelhecimento do Brasil e para a Unidade da Federação (UF) onde a escola se localiza. O índice da UF é maior, igual ou menor do que o índice do país?
3. Utilizando informações do site do IBGE, disponível em: https:// cidades.ibge.gov.br/ (acesso em: 28 ago. 2024), façam o se pede a seguir.
■ Atualmente, é possível observar o aumento da população idosa em espaços públicos. Porto Alegre (RS), 2023.
a) Pesquisem, em percentual, o número de pessoas com mais de 65 anos de idade no município e na UF onde a escola se localiza.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes pesquisem e calculem o percentual da parcela da população com 65 anos ou mais.
b) Elaborem um gráfico de barras por grupos etários específicos (0-14 anos, 15-64 anos e 65 anos ou mais) para o município onde a escola se localiza.
Resposta pessoal. Se necessário, auxilie os estudantes na elaboração do gráfico.
4. Elaborem um texto de divulgação com dados sobre a população idosa do município ou da UF onde a escola se localiza, informando a comunidade sobre a importância de conhecer esses dados. Incluam o gráfico elaborado no item b da atividade 3 e escolham a melhor forma de divulgar esse texto para a comunidade.
Resposta pessoal. Se necessário, auxilie os estudantes na elaboração e revisão do texto.
2. Esse índice compara a quantidade de pessoas com 65 anos a cada grupo de 100 pessoas de até 14 anos de idade.
O Cidades@ é um sistema do site IBGE Cidades e Estados do Brasil , que reúne informações sobre os municípios e estados do Brasil, produzidas pelo IBGE e por outras instituições.
• IBGE CIDADES E ESTADOS DO BRASIL. Rio de Janeiro, [c. 2024]. Disponível em: https://cidades.ibge. gov.br/. Acesso em: 28 ago. 2024.
Hora de compartilhar
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar o envelhecimento da população e refletir sobre ele.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem o texto de divulgação, produzido na seção Em ação, no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, vídeos ou links para enriquecer a publicação.
Consulte as orientações no Manual do professor
O que acontece em nível celular quando o organismo envelhece?
Todo organismo tem um tempo limitado de vida. O envelhecimento biológico é caracterizado pelo declínio da capacidade funcional das células do organismo. Pode-se dizer que o envelhecimento biológico começa já no momento da concepção. No entanto, é na velhice que ocorrem as maiores alterações moleculares e celulares, que resultam em perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo como um todo.
Ao longo do século passado, estudos focados principalmente nos telômeros propiciaram um grande avanço na compreensão das causas do envelhecimento.
Os telômeros (do grego, telos = extremidade; meros = parte) são estruturas especializadas localizadas nas extremidades dos cromossomos, formadas por uma sequência específica de nucleotídeos repetida
centenas ou milhares de vezes e de proteínas associadas. Nos seres humanos, a sequência telomérica é TTAGGG, em que T, A e G representam, respectivamente, as bases nitrogenadas timina, adenina e guanina, sendo repetida entre 100 e 1.000 vezes.
A principal função dos telômeros é proteger o material genético do desgaste e garantir a estabilidade estrutural do cromossomo. Segundo a pesquisadora Elizabeth Blackburn (1948-), ganhadora do Prêmio Nobel de Medicina de 2009, os telômeros são semelhantes à capa plástica de cadarços de tênis: sem as pontas reforçadas, os cadarços desfiam e se perdem ao longo do tempo. O mesmo ocorreria com os cromossomos se não tivessem estruturas especializadas em suas extremidades para os protegerem.
■ Simulação do processo de envelhecimento. Com o passar dos anos, o envelhecimento é perceptível e é resultado do que acontece em células, órgãos e sistemas.
A cada divisão celular, o comprimento dos telômeros diminui; por isso, com o passar do tempo, eles vão ficando cada vez mais curtos. Quando os telômeros ficam tão pequenos que já não são capazes de proteger o ácido desoxirribonucleico (DNA, sigla em inglês), as células perdem parcial ou completamente a capacidade de divisão, ou seja, elas entram no chamado período de senescência celular.
O envelhecimento do organismo como um todo está relacionado ao fato de que as células somáticas vão morrendo e não são substituídas por novas como acontece na juventude.
Célula somática: é a célula diploide, ou seja, que apresenta um par de cromossomos; ela compõe todos os órgãos e tecidos de um organismo multicelular, com exceção dos gametas, que são haploides.
...
■ Representação esquemática da localização do telômero e do que acontece com o comprimento dessa estrutura ao longo da vida de uma pessoa (imagem sem escala; cores fantasia).
Elaborada com base em: REECE, Jane B. et al. Biologia de Campbell. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
O encurtamento dos telômeros é um processo natural resultante da replicação do DNA, que ocorre antes da divisão celular. Contudo, hábitos não saudáveis, como o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e o tabagismo, podem acelerar o encurtamento dos telômeros. Por isso, os especialistas concordam que o processo de envelhecimento biológico é complexo, pois envolve vários fatores intrínsecos e extrínsecos. Sobre esse assunto, leia o texto a seguir.
Conectando telômeros e o envelhecimento: é possível viver para sempre?
Todos os eucariotos (protozoários, fungos, plantas e animais) têm genomas constituídos por cromossomos lineares com uma porção chamada de telômero em suas extremidades.
[...]
O processo de envelhecimento, no entanto, não pode ser atribuído apenas aos telômeros, existem também outros fatores que estão fortemente relacionados. Um dos fatores, por exemplo, é o acúmulo de mutações durante a vida do indivíduo. A polimerase do DNA realiza replicação do DNA seguindo a complementaridade da fita molde, no entanto, há uma taxa pequena de erro, quando nucleotídeos não complementares são adicionados à fita nova. Os erros na síntese do DNA e outras modificações que podem ocorrer na molécula geram lesões que são constantemente revertidas por mecanismos de reparo do DNA. Ao longo da vida, porém, esse mecanismo vai perdendo a eficiência e as células vão acumulando mutações.
Adicionalmente, mutações podem ocorrer de maneira induzida, ou seja, provocadas por agentes externos que causam quebras ou direcionam a inserção de nucleotídeos não complementares na nova fita sintetizada. Esses agentes, que recebem o nome de mutagênicos, podem ser físicos ou químicos. Alguns exemplos de agentes mutagênicos químicos são corantes, tabaco, cafeína, entre outros. Como agentes mutagênicos físicos podemos citar os diversos tipos de radiação ionizante como raios UV, raios X e raios gama.
Outro ponto importante no envelhecimento das células é o acúmulo de espécies reativas de oxigênio, popularmente chamados de radicais livres, naturalmente produzidos durante o processo de respiração aeróbica realizado na membrana das mitocôndrias e que se caracterizam por serem fortes mutágenos químicos. Os radicais livres podem gerar danos no DNA das mitocôndrias, DNA nuclear e em outras moléculas como proteínas e lipídeos. [...].
[...]
NASCIMENTO-OLIVEIRA, Jordana Inácio. Conectando telômeros e o envelhecimento: é possível viver para sempre? Genética na Escola, v. 15, n. 2, p. 108-117, 2020. Disponível em: https://geneticanaescola.com.br/revista/article/view/341/309. Acesso em: 18 abr. 2024.
• Em uma roda de conversa com os colegas da turma, discutam sobre o processo de envelhecimento biológico considerando as perguntas a seguir.
a) Envelhecimento biológico é o mesmo que envelhecimento cronológico?
b) Se os pesquisadores descobrissem uma maneira de manter o tamanho dos telômeros ao longo da vida, seríamos jovens para sempre?
c) Se houvesse uma fonte da juventude, quais seriam as vantagens e desvantagens de nos mantermos jovens para sempre?
d) Sabe-se que algumas células, como as cancerígenas, mantêm a capacidade de replicação sem diminuição dos telômeros. Como essa característica possibilita a formação de um tumor?
e) Algumas doenças são caracterizadas pela disfunção dos telômeros, levando à diminuição acelerada dessas estruturas a cada divisão celular. Como isso impacta o envelhecimento dos indivíduos afetados?
f) Para que o conhecimento sobre os telômeros pode ser útil?
Espera-se que os estudantes comentem que o envelhecimento biológico tem relação com a perda de função das células, dos tecidos e dos órgãos do corpo. Já o envelhecimento cronológico tem relação com a contagem do tempo a partir do nosso nascimento; logo, é uma forma de contar os anos de vida. Caso necessário, auxilie-os a pesquisar as respostas dos demais itens.
Alguns efeitos do envelhecimento são facilmente observáveis, como cabelos brancos e pele enrugada. Além disso, é possível perceber alterações na visão e na audição. Você sabe quais são as
orpo humano é alterado com o envelhecimento, que é caracterizado, por exemplo, por mudanças na pele, como flacidez e aparecimento de manchas.
1. Para compreender as consequências do envelhecimento nos órgãos e nos sistemas do corpo humano, é preciso conhecer a constituição e a função dessas estruturas. Para tanto, organizados em grupos, façam o que se pede.
a) Cada grupo deve estudar um sistema do corpo humano. O professor vai distribuir os sistemas entre os grupos. Todos os sistemas devem ser contemplados, exceto o sistema nervoso, que será abordado posteriormente.
b) Após saber qual sistema do corpo humano vai ser estudado pelo grupo, organizem-se e dividam as tarefas. A ideia é preparar uma aula para ensinar a organização, a função e o mecanismo de ação do sistema. Vocês podem usar diversos materiais (digitais ou não) para apresentar o conteúdo aos demais colegas da turma.
c) O professor vai combinar previamente a data das apresentações e o tempo que cada grupo terá. Organizem-se para cumprir os combinados.
d) É importante, durante as apresentações dos outros grupos, registrar no caderno as informações mais relevantes.
Avalie a apresentação dos grupos e proponha algumas perguntas a cada um deles, para que os estudantes compreendam a função de cada sistema do corpo humano.
2. c) Espera-se que os estudantes compreendam que a homeostase é importante para manter o equilíbrio do corpo, garantindo a sua saúde. No entanto, com o passar do tempo, mesmo em pessoas saudáveis, o funcionamento do organismo vai apresentando alguns comprometimentos, sendo mais difícil manter o equilíbrio.
2. Depois de conhecer os diversos sistemas que compõem o corpo humano, façam pesquisas nos mais diversos meios, incluindo os digitais, para responder às perguntas a seguir.
a) O que é homeostase?
Homeostase é a capacidade do organismo de manter as condições internas constantes, mesmo quando as condições externas se alteram.
b) Como o sistema estudado por seu grupo está relacionado à manutenção da homeostase do organismo?
Avalie se os estudantes são capazes de associar os diferentes sistemas do corpo humano com a manutenção do equilíbrio interno do organismo.
c) Organizem-se em roda para compartilhar as respostas com os demais grupos e ouvir o que eles têm a dizer. Ao final da conversa, reflitam sobre a importância da manutenção da homeostase para a saúde e o que pode acontecer no organismo humano com o passar do tempo.
3. Agora é o momento de responder à pergunta inicial: “Quais são as consequências do envelhecimento para os órgãos e os sistemas do corpo humano?”.
Para tanto, você e os colegas da turma devem entrevistar um geriatra, médico especialista em cuidados às pessoas idosas, ou um gerontólogo, profissional que se dedica a estudar os vários aspectos envolvidos no envelhecimento.
■ Os meios digitais facilitam a comunicação entre as pessoas de diversas localidades e podem ser utilizados para realizar entrevistas e bate-papos.
a) Decidam, em comum acordo, qual será o profissional entrevistado. Depois, organizem-se e dividam as tarefas. Decidam, por exemplo, quem fará o convite ao profissional, como a entrevista será feita (on-line ou presencial), quem será o orador, quem vai registar as respostas da entrevista etc. Cada grupo deverá pensar em, pelo menos, duas perguntas que queira fazer ao profissional no dia da entrevista. Lembrem-se de que, se forem usar imagens ou áudios, é preciso pedir autorização por escrito do entrevistado.
b) Depois da entrevista, você e seu grupo devem redigir uma resposta para a pergunta: “Quais são as consequências do envelhecimento para os órgãos e os sistemas do corpo humano?”.
c) Compartilhem com os demais grupos a resposta e divulguem nas plataformas criadas pela turma por meio de textos curtos e objetivos. Verifiquem se todos os grupos deram respostas semelhantes à questão. Se necessário, ajude os estudantes na busca do profissional escolhido por eles.
b) Resposta pessoal. É provável que os estudantes mencionem que a capacidade celular diminui, reduzindo, continuamente, as funções dos órgãos. Além disso, há diminuição do tecido mineral ósseo e da musculatura.
No livro, as marcas físicas do envelhecimento são o mote para o diálogo entre um homem e um menino sobre a passagem do tempo e a percepção que as pessoas têm da memória e das etapas da vida.
• QUEIRÓS, Bartolomeu Campos de. Tempo de voo. 3. ed. São Paulo: Global, 2020.
■ Atividades que estimulam o raciocínio, como palavras cruzadas, ajudam na prevenção da perda de memória.
As pessoas não envelhecem da mesma forma. Cada uma vivencia um processo de envelhecimento próprio, que varia em decorrência de fatores múltiplos, que podem ser genéticos, sociais, ambientais, entre outros. Para entender um pouco melhor o processo de envelhecimento, os cientistas têm pesquisado os chamados superidosos, a fim de descobrir quais características dessas pessoas as fazem envelhecer com saúde.
O termo superidoso foi cunhado por um grupo de pesquisadores da Universidade de Northwestern (Chicago, EUA), liderado pelo professor M. Marsel Mesulam (1946-), que definiu como superagers (termo traduzido para o português como “superidosos”) pessoas com 80 a 90 anos cujo desempenho em testes de memória é igual ou superior aos resultados obtidos por indivíduos 20 a 30 anos mais jovens.
Estudos indicam que o sistema nervoso dos superidosos mantém a capacidade de proteger os neurônios; logo, eles apresentam menor perda neural do que outras pessoas idosas da mesma idade. Os superidosos também têm um grupo de neurônios maior na estrutura cerebral envolvida na preservação da memória. Por isso, os cientistas formularam a hipótese de que essas células nervosas estão relacionadas à preservação da função cognitiva nessas pessoas.
Além disso, parece que os superidosos compartilham algumas atitudes: mantêm-se fisicamente ativos, valorizam o lado positivo da vida, estão sempre interessados em aprender algo novo e são socialmente engajados.
■ Atividades de lazer e convívio social contribuem para a manutenção da saúde mental e do bem-estar. Na fotografia, pessoas se divertem em Recife (PE), 2019.
Atividades como visitar familiares e amigos, ser voluntário em uma organização e frequentar diferentes eventos foram associadas a uma melhor função cognitiva. Por outro lado, os cientistas mencionam que a falta de participação social de pessoas em idades avançadas pode estar associada a um maior risco de demência.
Considerando essas informações, os pesquisadores concordam que o ambiente é um fator importante no processo de envelhecimento humano. Assim, a combinação de ambos os fatores – a integridade de células nervosas e a prática de hábitos sociais saudáveis – influencia os genes humanos, herdados por mudanças epigenéticas.
Epigenética: modificação na expressão gênica que pode ser herdada pelos descendentes, mas não altera a sequência de DNA.
Respostas pessoais. Se necessário, convide algum integrante da associação do bairro
1. Organizados em grupos, conversem sobre as questões a seguir.
para conversar com os estudantes sobre a população idosa da comunidade.
a) Vocês conheciam o termo superidosos? Expliquem esse conceito com suas palavras.
b) Vocês conhecem alguma pessoa com mais de 80 anos de idade que esteja mental e socialmente ativa na comunidade ou no bairro onde a escola se localiza? Em caso afirmativo, quais atividades essa pessoa desempenha em sua rotina?
c) A comunidade ou o bairro onde a escola se localiza oferece atividades que possibilitem que as pessoas idosas socializem? Na opinião de vocês, o que falta para atender às necessidades ou aos interesses das pessoas idosas?
2. Ainda em grupo, redijam um texto jornalístico sobre o envelhecimento a ser publicado no canal de compartilhamento da turma. Nele, diferenciem o envelhecimento cronológico do envelhecimento biológico e insiram as informações discutidas até o momento que julgarem mais importantes sobre o processo de envelhecimento. Procurem esclarecer as questões elencadas a seguir.
• A experiência do envelhecimento é a mesma para todas as pessoas?
• Quais são as consequências do envelhecimento para o organismo?
• Que atitudes podem ajudar as pessoas a envelhecer com saúde?
Resposta pessoal. Avalie os textos elaborados pelos grupos. Um texto jornalístico deve apresentar dados, ser impessoal e ter o objetivo de informar os leitores.
Publiquem os textos jornalísticos sobre o envelhecimento, elaborados na atividade 2 , no canal de compartilhamento criado pela turma.
Como visto, o envelhecimento é um processo que pode variar entre os indivíduos. Um dos fatores que têm grande influência sobre o modo como envelhecemos é a condição socioeconômica. Pessoas de classes sociais mais baixas têm mais dificuldades relacionadas ao acesso a serviços básicos, como cuidados médicos, e à situação financeira. Essas adversidades podem resultar em um processo de envelhecimento precário e menos saudável.
Outra questão relevante é o fato de que, entre as pessoas com menos recursos financeiros, a aposentadoria é uma realidade distante. Mesmo conseguindo o benefício do Estado – pelos anos de trabalho e contribuição à previdência social ou pela idade – muitas pessoas idosas têm a necessidade de continuar trabalhando para arcar com os custos básicos de vida. Isso faz com que o corpo e a mente sigam em esforço de funcionalidade e desgaste. Essa situação não acontece com pessoas idosas de classes média ou alta.
Para mitigar esses impactos, é essencial que o Estado implemente políticas públicas que promovam a equidade. Isso pode ocorrer, por exemplo, com a implantação de uma rede de proteção social que garanta acesso universal a cuidados de saúde, a aposentadorias dignas e a serviços sociais. A longo prazo, os programas de assistência e as políticas públicas direcionados à população idosa podem ajudar a reduzir as desigualdades e melhorar a qualidade de vida das pessoas idosas, garantindo que todos tenham uma velhice mais saudável, digna e segura.
■ Capa da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, 2021, representando a diversidade brasileira.
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema Único de Saúde. 5a edição da caderneta de saúde da pessoa idosa. 2020. 1 cartaz. Disponível em: https://bvsms. saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_saude_ pessoa_idosa_5ed_1re.pdf#:~:text=objetivo%20 qualiicar%20a%20aten%C3%A7%C3%A3o%20 ofertada%20%C3%A0s%20pessoas%20idosas%20 no%20Sistema. Acesso em: 15 set. 2024.
1. O Brasil apresenta índices de desigualdade social altos e é conhecido internacionalmente pela alta concentração de renda. Segundo o Estudo Institucional n. 10 – Envelhecimento populacional e saúde dos idosos: o Brasil está preparado?, do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), pessoas idosas entre 60 e 65 anos de baixa renda apresentam condições de saúde parecidas com as das pessoas idosas de alta renda cerca de 10 a 15 anos mais velhas. É possível, portanto, afirmar que o processo de envelhecimento se antecipa em pessoas de baixa renda? Justifique sua resposta.
2. No município onde você mora há instituições de cuidados de longa permanência para pessoas idosas (ILPIs) de baixa renda? O governo municipal está preparado para cuidar dessa parcela da população idosa? Se necessário, pesquise o assunto e debata com os colegas. Sim. De acordo com o estudo do IEPS, pessoas de baixa renda apresentam problemas de saúde relacionados à velhice antes das pessoas de classes mais altas.
Respostas pessoais. Ajude os estudantes a pesquisar informações sobre os cuidados oferecidos pelo governo municipal à população idosa.
Consulte as orientações no Manual do professor
Cada pessoa é única e seu processo de envelhecimento depende de vários fatores, como características genéticas, condições socioeconômicas e estilo de vida. O que os especialistas afirmam é que, com o avançar da idade, ficamos mais suscetíveis às doenças neurodegenerativas, aquelas que afetam o sistema nervoso causando a deterioração progressiva dos neurônios e, consequentemente, das funções nervosas.
A maioria dessas doenças se manifesta depois dos 65 anos de idade. A explicação para esse fato é que os neurônios também envelhecem, porque suas funcionalidades são alteradas. O artigo a seguir aborda as mudanças que ocorrem no cérebro com o envelhecimento.
Como o cérebro envelhece?
[...]
[...] O envelhecimento do cérebro é um processo natural, porém peculiar. Se nossas células da pele se renovam em intervalos de 28 a 40 dias, as do cérebro não seguem essa mesma regra, como explica o dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
“O envelhecimento do cérebro é bastante peculiar, pois boa parte dos neurônios são células tão diferenciadas (e especializadas), que sua idade é equivalente à idade da própria pessoa, isto é, eles não são substituídos ao longo da vida.”
O que muda no cérebro envelhecido?
Primeiro, precisamos lembrar que o funcionamento do cérebro se dá por um conjunto complexo de mecanismos. Sua atividade está diretamente ligada à presença de neurônios e da transmissão de informação entre eles, realizada pelos neurotransmissores. O órgão é dividido em quatro lobos principais: occipital, parietal, frontal e temporal. Os dois últimos, importantíssimos para o desempenho de funções cognitivas (raciocínio, percepção, linguagem e memória), são também os mais afetados pela redução neuronal natural causada pelo envelhecimento.
Além da redução neural e consequente diminuição de volume cerebral, o passar dos anos provoca outra alteração importante: a diminuição da conectividade entre os neurônios. Não à toa, quem envelhece percebe um raciocínio mais letárgico e uma maior dificuldade de processar e armazenar informações.
O envelhecimento afeta, ainda, a irrigação sanguínea do órgão. A diminuição do fluxo sanguíneo é maior em pessoas tabagistas ou que tiveram doenças crônicas não controladas, como hipertensão arterial, colesterol alto e diabetes mellitus.
[...]
MANZINI, Isabelle. Como o cérebro envelhece? Portal Drauzio Varella . [S l.], 10 mar. 2023. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/neurologia/como-o-cerebro-envelhece/. Acesso em: 19 abr. 2024.
ssim como as demais estruturas do corpo humano, o cérebro envelhece.
Algumas pessoas podem apresentar falta de memória, que atrapalha a realização das atividades diárias.
1. A doença de Alzheimer (DA) é a forma mais comum de doença neurodegenerativa em pessoas idosas.
Estima-se que existam 35,6 milhões de pessoas com DA no mundo.
A DA é responsável por 70% dos casos de demência do mundo.
No Brasil, há cerca de 1,2 milhão de pessoas com DA.
A prevalência e incidência de DA são maiores entre pessoas idosas.
Fonte dos dados: GAION, João Pedro de Barros F. Doença de Alzheimer: saiba mais sobre a principal causa de demência no mundo. InformaSUS-UFSCar, São Carlos, 21 set. 2020. Disponível em: https://informasus.ufscar.br/doenca-de -alzheimer-saiba-mais-sobre-a-principal-causa-de-demencia -no-mundo/. Acesso em: 29 ago. 2024.
Organizados em grupos, pesquisem informações sobre a doença de Alzheimer em diversas fontes, incluindo as digitais. Procurem as respostas para as seguintes questões.
a) Quais são as causas?
b) Quais são os principais sintomas?
c) Como é feito o diagnóstico?
d) Existe tratamento? A DA pode ser curada?
e) O que pode ser feito para melhorar a vida das pessoas idosas com essa doença?
Até a elaboração deste material, a causa da doença de Alzheimer ainda era desconhecida, mas alguns estudos indicam que essa doença é determinada geneticamente. Se necessário, auxilie os estudantes na busca por fontes confiáveis.
2. Após coletar as informações solicitadas na atividade anterior, elaborem um vídeo curto (de até 3 minutos) com o objetivo de sensibilizar a população sobre essa doença e sobre o processo de envelhecimento. Aproveitem para indicar atitudes que podem proporcionar o envelhecimento saudável. Compartilhem esse vídeo nas redes sociais.
Resposta pessoal. Avalie os vídeos produzidos pelos grupos antes do compartilhamento desse material nas redes sociais.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “O que acontece em nível celular quando o organismo envelhece?” e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem os vídeos sobre a doença de Alzheimer, produzidos na seção Em ação , no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, textos ou links para enriquecer a publicação.
O curta-metragem francês, com legendas em inglês, conta a história de uma pessoa idosa que, apesar da doença de Alzheimer, tenta manter a autonomia em sua rotina. A filha, preocupada com essa condição, espalha bilhetes pela casa de seu pai para ajudá-lo no desempenho de suas atividades cotidianas.
• MEMO: animation short film 2017: Gobelins. [S. l.], 2017. 1 vídeo (4 min). Publicado pelo canal Gobelins Paris. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=CyGGpsbN55A. Acesso em: 29 ago. 2024.
Consulte as orientações no Manual do professor
Qual é o papel das pessoas idosas na sociedade nos dias de hoje?
■ VAN GOGH, Vincent. Sorrowing Old Man (At Eternity’s gate). 1890. Óleo sobre tela, 80 cm × 64 cm. Museu Kröller-Müller, Guéldria, Holanda. A obra mostra uma pessoa idosa sentada em uma cadeira com a cabeça inclinada para baixo e as mãos apoiadas no rosto, como se estivesse chorando. A postura do homem transmite uma sensação de tristeza, desespero, isolamento e solidão.
A velhice costuma ser representada pelas artes, seja em pinturas, músicas, poemas, contos, seja em quaisquer outras expressões artísticas, geralmente influenciadas pelo contexto histórico. Na Antiguidade e na Idade Média, por exemplo, era comum a imagem da pessoa idosa estar associada à feiura, à doença e à morte. No entanto, com o tempo, a velhice passou a ser retratada de maneira mais respeitosa.
Leia, a seguir, o poema, do poeta brasileiro Olavo Bilac (1865-1918).
Velhas árvores
Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...
O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.
Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo”! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:
Na glória da alegria e da bondade, Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!
BILAC, Olavo. Antologia: Poesias. São Paulo: Martin Claret, 2002. Alma Inquieta. (Coleção A Obra-prima de Cada Autor). Disponível em: http://www.dominiopublico. gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_ action=&co_obra=1996. Acesso em: 28 set. 2024.
1. Resposta pessoal. É provável que os estudantes reconheçam que, nos dias atuais, a população idosa está cada vez mais participativa e a imagem das pessoas idosas decrépitas está sendo substituída por pessoas idosas saudáveis e ativas. Porém, é importante que eles apontem que nem sempre foi assim, principalmente quando se trata da questão de gênero.
Hoje em dia, nas mídias visuais e propagandas, a imagem das pessoas idosas costuma ser estereotipada e, muitas vezes, não representa os interesses e as necessidades dessa população; além disso, o tratamento dado ao envelhecimento de homens e mulheres é diferente. Enquanto os homens são frequentemente representados de maneira mais digna e ativa, as mulheres enfrentam uma pressão desproporcional para manter padrões de juventude e de beleza.
A indústria de cosméticos, por exemplo, explora essa diferença, promovendo produtos antienvelhecimento direcionados principalmente às mulheres, o que reforça a ideia de que a aparência jovem é um valor essencial para a feminilidade. Essa abordagem não só perpetua estereótipos de gênero como também alimenta a insegurança e o preconceito relacionados ao envelhecimento feminino.
■ Em mais de 80 anos de carreira, a atriz brasileira Fernanda Montenegro (1929-) rompe estereótipos. Atuando no cinema, teatro e televisão, recebeu diversos prêmios. Em 2022 passou a integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL). Na fotografia, Fernanda participa das Celebrações dos 60 anos do Trabalho Social com a Pessoa Idosa, no Teatro Paulo Autran, em São Paulo (SP), 2023.
1. Em grupos, façam uma pesquisa para analisar como as pessoas idosas são representadas na arte e pelas mídias nos tempos atuais. A pesquisa do grupo precisa enfatizar a discussão sobre desigualdades, injustiças e violências nas representações da população idosa. Inicialmente, procurem pinturas, poemas, canções e outras produções artísticas que tratem desse tema.
Pode-se também analisar propagandas de TV ou de rádio e as postagens nas redes sociais voltadas à população idosa.
As respostas podem variar de acordo com as produções selecionadas pelos grupos. Garanta um ambiente respeitoso onde todos possam compartilhar suas observações e conclusões.
a) Descrevam como essa parcela da população está sendo representada.
b) Vocês acharam adequadas todas as representações? Justifiquem as respostas.
c) Escrevam um relatório com as observações e as conclusões do grupo.
2. Com base nas discussões anteriores, criem uma produção artística representando as pessoas idosas ou elaborem uma propaganda midiática voltada a essa população. No dia combinado pelo professor, apresentem as criações em sala de aula e, posteriormente, as exponham na escola. Resposta pessoal. Avalie como o envelhecimento, a velhice e as pessoas idosas são considerados pelos estudantes.
Publiquem as produções artísticas ou as propagandas midiáticas com representações das pessoas idosas, elaboradas na atividade 2 , no canal de compartilhamento criado pela turma.
O papel desempenhado pelas pessoas idosas na sociedade é influenciado pelo contexto histórico e social. Assim, a maneira como cada sociedade enxerga essa população e lida com ela pode fazer com que as pessoas idosas desempenhem um papel mais ou menos ativo na comunidade em que estão inseridas.
Para os povos originários brasileiros, por exemplo, os mais velhos – ou anciãos, como são chamados – são extremamente importantes para a vida nas comunidades. São eles que detêm o conhecimento e têm o papel de ensinar os mais novos, transmitindo-lhes oralmente os saberes. A importância dos anciãos indígenas já era conhecida, mas ficou ainda mais evidente com a pandemia de covid-19. Sobre isso, leia a reportagem a seguir.
“Perder um ancião é a mesma coisa que queimar um livro”, diz Federação dos Povos Indígenas após mortes de lideranças por Covid-19
“Perder um ancião é a mesma coisa que queimar um livro”. É assim que a Federação dos Povos Indígenas compara as mortes de lideranças por Covid-19 em Mato Grosso e no Brasil.
Um deles, Aritana Yawalapiti, era cacique do povo yawalapiti e um dos últimos falantes do idioma tradicional da etnia, que vive no Parque do Xingu, em Mato Grosso.
Ele pegou Covid-19 e morreu no começo deste mês [agosto de 2020].
“Um grande guardião da cultura de xinguana, da floresta amazônica. E eu tenho certeza que muitos povos indígenas sentem a mesma coisa. Nós estamos órfãos”, declarou Darlene Taukane, mestre em educação indígena.
[...]
[Os anciãos] São geralmente os guardiões da sabedoria de cada povo, responsáveis por transmitir a cultura e os costumes para os mais novos.
A Funai afirma que existem 305 povos indígenas no Brasil que falam 274 línguas.
[...]
“Perder um ancião é o mesmo que fechar um livro. Ou mesmo queimar um livro. A sabedoria deles, vai com eles. [...] Então eles têm uma importância fundamental, são pilares da cultura indígena”, disse Eliane Xunakalo, assessora da federação povos e organizações indígenas de Mato Grosso.
NETO, Luiz Gonzaga. “Perder um ancião é a mesma coisa que queimar um livro”, diz Federação dos Povos Indígenas após mortes de lideranças por Covid-19. G1, [s. l.], 19 ago. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mt/mato -grosso/noticia/2020/08/19/perder-um-anciao-e-a-mesma -coisa-que-queimar-um-livro-diz-federacao-dos-povos -indigenas-apos-mortes-de-liderancas-por-covid-19.ghtml. Acesso em: 10 set. 2024.
■ Bernaldina José Pedro foi uma guardiã dos costumes tradicionais indígenas e da língua macuxi. Faleceu aos 75 anos, em junho de 2020, vítima da covid-19. Fotografia de Jaider Esbell, 2020.
1. Organizados em grupos, respondam às questões a seguir, sobre a importância das pessoas idosas para a comunidade a qual vocês pertencem.
a) Considerando o núcleo familiar de cada um de vocês, qual é (ou qual foi) o papel desempenhado pelas pessoas idosas?
b) Eles são a fonte de renda da família?
Respostas pessoais. Disponibilize um momento para que todos os estudantes sintam-se confortáveis para compartilhar as respostas. Aproveite para discutir a importância das pessoas idosas. Em seguida, avalie o gráfico elaborado pela turma.
c) São (ou foram) os responsáveis pelos cuidados com os mais novos?
d) São (ou foram) os responsáveis por ensinar um ofício aos mais jovens?
e) São (ou foram) referência para os integrantes da comunidade?
• Agora, compartilhem essas informações com o restante da turma e, juntos, elaborem um gráfico de setores que represente os diversos papéis desempenhados pelas pessoas idosas com base nessa pequena amostragem considerada.
2. Para completar a atividade anterior e reconhecer a importância das pessoas idosas, escolha, com seu grupo, uma pessoa com 60 anos ou mais que tenha feito uma contribuição significativa para a comunidade. Pode ser uma contribuição de qualquer natureza. Essa pessoa pode ainda estar atuante ou já ser falecida. Se for oportuno, vocês podem entrevistar as pessoas que convivem ou conviveram com ela. Lembrem-se de que, se forem usar imagens ou áudios, é preciso pedir autorização por escrito do entrevistado. Juntos, escrevam a biografia dela. Tentem deixar o texto o mais completo possível para que todos possam conhecer a história de vida da pessoa escolhida. Adicionem fotografias ou ilustrem o texto. Compartilhem a biografia nas redes sociais da escola.
Resposta pessoal. Espera-se que, com a elaboração das biografias, os estudantes
reconheçam que as pessoas idosas da comunidade exerceram ou exercem papel de destaque.
Hora de compartilhar
Publiquem as biografias, elaboradas na atividade 2 , no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, áudios ou links para enriquecer a publicação.
Conexões
O documentário evidencia o modo de vida, as expectativas, a cultura e a espiritualidade dos povos indígenas na perspectiva da pessoa idosa.
• O ÍNDIO velho: memória ancestral. Direção: Wesley Zaremaré. Brasília, DF: JJ Tecnologia e Comunicação, 2019. 1 vídeo (78 min). Disponível em: https://vimeo.com/351289128. Acesso em: 29 ago. 2024. Na animação, Carl Fredricksen, de 78 anos, para evitar perder sua casa e ir para um asilo, a enche com milhares de balões de gás hélio, fazendo com que ela levante voo. Ele só não sabia que Russell, um menino de 8 anos, tinha embarcado com ele nessa aventura.
• UP: altas aventuras. Direção: Pete Docter e Bob Peterson. Estados Unidos: Walt Disney Pictures, 2009. 1 DVD (96 min), color.
Consulte as orientações no Manual do professor.
As pessoas idosas demoraram para ter seus direitos como cidadãs reconhecidos e protegidos por lei. No entanto, o maior desafio ainda é a concretização dos direitos na realidade social vivenciada por elas. Sobre esse assunto, leia o artigo a seguir.
[...]
Historicamente, especialmente nas sociedades ocidentais, a trajetória da pessoa idosa foi marcada pela sua exclusão social e, por muito tempo, pela ausência de garantia de direitos. [...] as mais significativas conquistas aconteceram apenas a partir da segunda metade do século XX, quando houve o reconhecimento de que é preciso amparar e proteger essa população vulnerável.
[...]
COURY, Andreza Ometto et al. Qual a história dos direitos dos idosos? Politize! [S l.], 12 abr. 2022. Disponível em: https://www.politize.com.br/equidade/a-historia-dos-direitos-dos-idosos/. Acesso em: 8 maio 2024.
O Estatuto da Pessoa Idosa foi instituído pela lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003. Em 2019, o projeto de lei no 3.646 alterou o estatuto, substituindo as expressões “idoso” e “idosos” pelas expressões “pessoa idosa” e “pessoas idosas”, respectivamente. Segundo a justificativa do projeto de lei, o termo “pessoa” lembra a necessidade de combate à desumanização do envelhecimento. Essa terminologia reflete a luta dessas pessoas pelo direito à dignidade e à autonomia. Em 2023, o Estatuto da Pessoa Idosa completou 20 anos. Em razão dessa lei, o Brasil avançou consideravelmente na proteção às pessoas idosas, no entanto parte das determinações legais ainda não é respeitada. Além da necessidade de exigirem que seus direitos sejam respeitados, as pessoas idosas enfrentam diversos outros desafios no dia a dia.
Principais eventos e documentos dos direitos das pessoas idosas
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O Brasil adotou a Lei Eloy Chaves, o que garantiu a aposentadoria para pessoas com 50 anos ou mais. Representa a origem da previdência social no país.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU), garantindo a dignidade para todas as pessoas e o direito à segurança no caso da velhice.
A Assembleia Geral da ONU publicou a resolução no 3.137, que incentivava a criação de políticas públicas para a promoção do bem-estar das pessoas idosas no mundo.
Aprovação do Plano Internacional de Viena sobre Envelhecimento. Considerado o primeiro instrumento internacional dos direitos das pessoas idosas.
Elaborado com base em: COURY, Andreza Ometto et al. Qual a história dos direitos dos idosos? Politize! [S l ], 12 abr. 2022. Disponível em: https://www.politize.com.br/equidade/a-historia-dos-direitos-dos-idosos/. Acesso em: 1o set. 2024.
1. Em grupo, leiam o Estatuto da Pessoa Idosa. Escolham alguns dos direitos listados nesse documento para ilustrá-los e comunicá-los às pessoas com 60 anos ou mais. Essas ilustrações serão divulgadas no canal de compartilhamento da turma e ficarão expostas no dia do evento que será promovido na etapa final.
Resposta pessoal. Se for o caso, estipule uma quantidade mínima de direitos a serem ilustrados por grupo.
2. Tentem identificar os desafios e as necessidades das pessoas idosas da comunidade.
a) Cada integrante do grupo deve entrevistar ao menos três pessoas com 60 anos ou mais. Procurem conhecer os principais desafios enfrentados por elas no dia a dia. Perguntem, por exemplo, se elas sabem lidar com equipamentos tecnológicos, como computador e celular; se elas sentem falta de um local para socializar; quais atividades gostariam de fazer ao longo do dia; se precisam de ajuda para se comunicar com familiares distantes etc. É importante ouvir o que essas pessoas têm a dizer. Utilizando um equipamento digital, gravem as entrevistas; caso não tenham gravador, anotem as respostas dos entrevistados. Lembrem-se de que é preciso pedir autorização por escrito do entrevistado.
b) Após coletar as informações, reúnam-se com os demais colegas da turma e mapeiem quais são os principais desafios e as necessidades das pessoas idosas da comunidade. Identifiquem quais desses problemas poderiam ser resolvidos por vocês e como vocês poderiam fazer isso. Esta atividade será importante para o produto final.
Resposta pessoal. Caso necessário, solicite auxílio de algum representante comunitário para apresentar aos estudantes pessoas idosas atuantes na comunidade.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Qual é o papel das pessoas idosas na sociedade nos dias de hoje?” e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem as ilustrações dos direitos do Estatuto da Pessoa Idosa, produzidas na atividade 1 da seção Em ação, no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, textos ou links para enriquecer a publicação.
Destaca-se que o Estatuto do Idoso foi instituído em 2003, tendo entrado em vigor somente em 2004.
O art. 230 da Constituição Federal de 1988 prevê que a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
Política Nacional do Idoso (lei no 8.842/1994) visou assegurar os direitos sociais da pessoa idosa, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.
O Estatuto do Idoso (lei no 10.741/2003) entrou em vigor no Brasil, garantindo todos os direitos básicos para essa população e buscando atender às suas necessidades essenciais.
A Organização dos Estados Americanos adotou a Convenção Interamericana sobre os Direitos das Pessoas Idosas, garantindo a plena inclusão, integração e participação da população idosa na sociedade.
Elaborado com base em: COURY, Andreza Ometto et al. A senioridade no Brasil e os direitos dos idosos. Politize! [S l ], 3 maio 2022. Disponível em: https://www.politize.com.br/equidade/senioridade-no-brasil/. Acesso em: 1o set. 2024.
Consulte as orientações no Manual do professor
Como o mercado de trabalho está se adequando ao aumento da população idosa?
Nos últimos anos, o envelhecimento populacional tor nou-se uma questão importante nas discussões sobre desenvolvimento econômico e social. O aumento da longevidade e a redução das taxas de natalidade têm levado a uma população global que está enve lhecendo de maneira acelerada. Esse fenômeno não é apenas uma questão demográfica mas também uma força que molda profundamente a economia e as políticas sociais.
À medida que o número de pessoas idosas aumenta, surgem desafios e oportunidades sig nificativas para o crescimento econômico. Por um lado, o envelhecimento populacional pode pres sionar os sistemas de previdência social e de saúde, uma vez que aumenta a população que depende de serviços e benefícios destinados às pessoas idosas. Esse cenário pode elevar os gastos públicos e criar a necessidade de implementação de reformas estruturais que garantam a sustentabilidade desses sistemas.
STUDIOCJ/GETTYIMAGES
■ Há diversos cursos voltados às pessoas idosas, por exemplo, aqueles com o objetivo de ensiná-las a lidar com as novas tecnologias.
Por outro lado, o envelhecimento da população pode criar oportunidades econômicas. A demanda por produtos e serviços específicos para a população idosa está em ascensão, desde cuidados de saúde e moradia adaptada até tecnologias assistivas e turismo voltado a essa faixa etária. Além disso, muitas pessoas idosas continuam ativas no mercado de trabalho, propiciando vasta experiência e conhecimentos, o que pode contribuir positivamente para sua integração na sociedade.
Conexões
A matéria aborda o modo como a economia prateada (nome dado em referência aos cabelos grisalhos das pessoas idosas) está reformulando o cenário de negócios no Brasil.
• SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. A economia prateada no Brasil e o consumidor sênior. Sebrae digital . [S. l.], 9 ago. 2023. Disponível em: https://digital.sebraers.com.br/blog/mercado/a-economia-prateada -no-brasil-e-o-consumidor-senior/. Acesso em: 29 ago. 2024.
Com as transformações decorrentes do envelhecimento da população, muitas economias enfrentam a diminuição da oferta de trabalhadores jovens, enquanto há um número crescente de pessoas que se mantêm ativas profissionalmente por mais tempo. Isso pode levar a uma transformação nas dinâmicas de trabalho, com maior valorização da experiência e uma necessidade crescente de flexibilização das políticas de emprego. Dessa forma, empresas e governos terão de adaptar suas estratégias para promover um ambiente de trabalho inclusivo e que respeite as necessidades dos trabalhadores mais velhos.
b) O envelhecimento populacional tem impactado a economia brasileira ao desacelerar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) per capita. Contudo, as políticas públicas que asseguram às pessoas idosas aposentadoria ou pensão são necessárias para diminuir a pobreza e contribuir para a qualidade de vida.
O papel do Estado para administrar as questões da sociedade é sempre muito importante. Nesse cenário, cabe ao Estado a implementação de reformas nos sistemas de previdência social para garantir sua viabilidade financeira, bem como o desenvolvimento de sistemas de saúde que atendam às necessidades específicas da população idosa. Além disso, é essencial promover políticas que incentivem o envelhecimento ativo e saudável, como programas de educação e iniciativas que promovam a participação social e econômica.
Outra oportunidade que o envelhecimento populacional oferece é a inovação. A criação de novas tecnologias e soluções que atendam às necessidades das pessoas idosas pode gerar um mercado em expansão e impulsionar o crescimento econômico.
Tecnologias assistivas, como dispositivos de monitoramento da saúde e soluções de mobilidade, são apenas alguns exemplos de como a inovação pode responder aos desafios do envelhecimento. Investir em pesquisa e desenvolvimento nessas áreas pode proporcionar benefícios significativos tanto para os indivíduos que vão utilizar as inovações quanto para a economia como um todo.
Consulte as respostas no Manual do professor
• Organizados em grupos, pesquisem:
a) Os principais fatores que contribuíram para o aumento da população idosa no Brasil.
b) Como o envelhecimento populacional tem impactado a economia brasileira.
a) O aumento da população idosa no Brasil é resultado de fatores como a melhora na qualidade de vida e os avanços na Medicina, que têm contribuído para a elevação da longevidade.
■ A economia brasileira é diretamente impactada pelo acelerado crescimento da população idosa. Manuas (AM), 2024.
A matéria explica o que é economia prateada, seus princípios e sua importância.
• NONATO, Amanda. Riquezas grisalhas: entenda o que é a economia prateada. Guia da carreira . [S. l.], 30 maio 2023. Disponível em: https://www.guiadacarreira.com.br/ blog/entenda-o-que-e-a-economia-prateada. Acesso em: 29 ago. 2024.
O envelhecimento da população aumenta a demanda por serviços voltados às pessoas idosas e, com isso, por profissionais qualificados para atender esse público. Diante desse cenário, o mercado de trabalho se abre para as oportunidades por meio da adequação de profissões já consolidadas e do surgimento de novas carreiras.
A profissão de educador físico, por exemplo, existe há bastante tempo. Contudo, muitos educadores físicos buscaram se qualificar para atender às necessidades dessas pessoas, que, com o passar do tempo, acabaram perdendo massa muscular. Esses profissionais trabalham, por meio de exercícios de força, o fortalecimento do sistema musculoesquelético com os intuitos de manter a autonomia na realização de tarefas diárias e melhorar a qualidade de vida.
A profissão de cuidador de pessoa idosa aumentou mais de 500% em 10 anos, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Esses profissionais atuam como elo entre a pessoa cuidada, a família e a equipe de saúde. São responsáveis, por exemplo, por cuidar da alimentação e da higiene, administrar os medicamentos receitados pelo médico e acompanhar em consultas médicas, exames e atividades sociais.
O aumento da demanda por profissionais qualificados para atender a população idosa é notado também em outros setores da sociedade, como cultura e lazer. O turismo é um setor que tem crescido e se atualizado para atender a essa parcela da população. O lazer e o turismo cooperam para o desenvolvimento intelectual, o fortalecimento das habilidades físicas e a independência.
A agência de relações públicas e marketing estadunidense FleishmanHillard estimou que a “economia prateada” – nome dado em referência aos cabelos grisalhos, mais comuns na velhice – é responsável por movimentar US$ 7,1 trilhões anualmente no mundo. No Brasil, a economia prateada gera R$ 1,6 trilhão por ano. E esse valor continuará aumentando conforme o grupo de pessoas idosas no país aumenta.
■ Pessoas idosas movimentam diversos setores da economia, entre eles o turismo.
■ É recomendável que certas atividades físicas sejam acompanhadas por profissionais qualificados.
a) Resposta pessoal. É provável que os estudantes digam que o etarismo também afeta os mais jovens, pois muitas empresas exigem experiência, por isso os jovens têm dificuldades de conseguir o primeiro emprego.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Com o intuito de permanecerem produtivos ou complementarem a aposentadoria, muitas pessoas idosas continuam no emprego ou tentam uma recolocação no mercado de trabalho. Porém, muitas vezes, essas pessoas esbarram em um obstáculo: o etarismo.
O etarismo é o preconceito em relação à idade. No mercado de trabalho, ele pode acontecer na descrição da vaga, na entrevista, na definição do salário, na atribuição das funções, entre outras situações. Em relação às pessoas idosas, a principal causa desse preconceito é a ideia errônea de que elas têm dificuldades em aprender coisas novas, não estão habituadas a lidar com tecnologia e que são incapazes de exercer determinadas funções.
■ Muitas pessoas idosas permanecem no mercado de trabalho ou retornam a ele para complementar a aposentadoria ou a renda familiar.
Muitas empresas estão promovendo a mudança no quadro de funcionários, destinando parte das vagas às pessoas com mais idade. Essas empresas estão constatando que a diversidade proporciona vantagens, como a troca de experiências entre gerações e um ambiente de trabalho mais acolhedor e inclusivo.
Especialistas afirmam que o trabalho impacta positivamente as pessoas idosas, pois proporciona autonomia, saúde mental e engajamento social.
• Em roda de conversa, reflitam sobre as questões a seguir.
a) O etarismo também afeta os mais jovens? Explique seu ponto de vista.
b) Pela dificuldade em serem contratadas, muitas pessoas idosas optam pelo trabalho informal. Como a informalidade está relacionada com a precariedade das condições de trabalho dessas pessoas? Quais podem ser as possíveis soluções para esse problema?
Respostas pessoais. A informalidade está relacionada à precariedade do trabalho quando as pessoas são obrigadas a se submeterem a longas jornadas, sem remuneração adequada, por exemplo.
Consulte as respostas no Manual do professor.
1. Resposta pessoal. Se necessário, auxilie os estudantes na realização da pesquisa em fontes confiáveis.
1. Em grupo, conversem e citem carreiras e serviços que têm como público-alvo a população idosa. Se necessário, façam uma pesquisa e, caso algum de vocês tenha exemplos na família, compartilhe com os colegas. Anotem as carreiras e os serviços citados.
2. Entre as carreiras e os serviços citados na questão anterior, escolham ao menos dois deles que chamaram a atenção do grupo. Pesquisem para obter mais informações, de acordo com os tópicos a seguir.
• Que cursos é necessário fazer, onde eles são oferecidos e qual é o tempo de formação?
• Qual é a média salarial?
• Quais são as principais atribuições do profissional?
• Onde o profissional atua?
2. Resposta pessoal. Os estudantes podem escolher a forma de compartilhamento das pesquisas, que pode ser oralmente em uma roda de conversa ou por meios virtuais, como e-mails ou mensagens instantâneas.
Compartilhem o resultado da pesquisa com os demais colegas da turma.
Consulte as orientações no Manual do professor.
A pesquisa realizada na atividade anterior permite conhecer alguns serviços e carreiras, mas a conversa com profissionais possibilita ter uma visão mais ampla sobre, por exemplo, o caminho percorrido para conseguir uma vaga no mercado de trabalho e os desafios do dia a dia da profissão. Então, para obter mais informações sobre carreiras e serviços voltados à população idosa, vocês vão entrevistar profissionais da área e divulgar o resultado das entrevistas à comunidade.
1. O professor vai atribuir a cada grupo a missão de pesquisar uma profissão ou um serviço, explorados previamente pela turma.
■ Entrevistar profissionais possibilita conhecer o dia a dia de uma profissão pelo olhar de um especialista.
2. Cada grupo deve procurar uma pessoa que exerça a profissão ou que ofereça determinado serviço e marcar uma entrevista com ela. A entrevista pode ser presencial ou on-line. Avaliem qual é a melhor forma, considerando a disponibilidade do profissional e o cronograma do projeto. Lembrem-se de que é preciso pedir autorização por escrito do entrevistado.
3. Nessa entrevista, vocês podem tirar dúvidas sobre a profissão ou o serviço e conhecer como é o trabalho na prática. Algumas dicas de perguntas estão elencadas a seguir.
• Como é trabalhar com pessoas idosas?
• Q uais habilidades são requeridas nessa profissão?
4. No dia combinado pelo professor, os grupos devem compartilhar as informações obtidas na entrevista.
5. Para finalizar, elaborem fôlderes ou painéis das profissões e dos serviços voltados à população idosa e que cooperam para que essa parcela da população tenha uma vida digna. Esse material pode ficar exposto no dia do evento, que será promovido na Etapa final, como uma maneira de informar, à população idosa, os profissionais e os serviços que existem para ajudá-la a ter melhor qualidade de vida.
• Como é o dia a dia nesse trabalho?
• Qual foi o caminho percorrido até chegar ao cargo atual?
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Como o mercado de trabalho está se adequando ao aumento da população idosa?” e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem os fôlderes ou painéis das profissões e dos serviços voltados à população idosa no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, textos ou links para enriquecer a publicação.
Auxilie os grupos a localizar profissionais e a elaborar as entrevistas.
Consulte as orientações no Manual do professor
Vamos organizar o evento em três passos.
Antes do evento
Algumas decisões devem ser tomadas previamente. Para tanto, reúna-se com os colegas para decidir quais atividades farão parte do evento. Para isso, considerem a pergunta norteadora do projeto “Com o envelhecimento da população mundial, como garantir dignidade às pessoas idosas?” e os conteúdos a seguir.
• As informações referentes à população idosa do município obtidas na Etapa 1.
• As informações sobre o processo de envelhecimento e os vídeos sobre a doença de Alzheimer abordados na Etapa 2 .
• A s características do público-alvo, as necessidades e os desejos da população idosa identificados na Etapa 3
• As profissões e os serviços voltados às pessoas idosas, abordados na Etapa 4
Busquem responder à questão norteadora do projeto: Com o envelhecimento da população mundial, como garantir dignidade às pessoas idosas?
Pensem em diferentes atividades que possam ser oferecidas às pessoas idosas da comunidade ao longo do dia. Caso vocês tenham observado que há pessoas idosas que têm interesse em aprender mais sobre como usar o smartphone ou o computador, é possível, por exemplo, oferecer uma oficina para ajudá-las a lidar com as tecnologias e as mídias sociais ou oferecer minicursos com horário marcado e número limitado de vagas. Decidam se as pessoas interessadas precisarão se inscrever com certa antecedência, de modo que a oficina possa ser proveitosa para todos. Após as decisões iniciais, conversem com o professor sobre o que pretendem fazer e pensem juntos na melhor maneira de executar cada ideia.
■ O planejamento adequado e minucioso é fundamental para o sucesso na organização de um evento.
■ A parceria escola-comunidade possibilita benefícios para todos, incluindo a socialização e a melhora da aprendizagem.
FERRANTRAITE/GETTY IMAGES
Depois de definirem as atividades do evento, é preciso falar com a direção da escola. Formem uma comissão, composta de um integrante de cada grupo, para cuidar da parte burocrática. Com a direção da escola, tomem algumas providências e decisões a respeito da organização do evento, como as descritas a seguir.
• Definir a data e o local do evento.
• Escolher as atividades que serão oferecidas.
• Elencar os materiais necessários.
Durante o planejamento, lembrem-se de que é preciso considerar as características do público-alvo. O local escolhido para o evento, por exemplo, deve ser acessível às pessoas com mobilidade reduzida ou cadeirantes. Caso decidam oferecer um lanche aos visitantes, considerem que pode haver pessoas com restrição alimentar. Pensem no número de pessoas que o local comporta e se há assentos e lugares de descanso para os visitantes. Lembrem-se de que o público formado por pessoas com 60 anos ou mais é bastante heterogêneo.
Elaborem o cronograma e façam uma lista com as tarefas pelas quais cada um de vocês precisa se responsabilizar. Usem essa lista como um checklist para verificar se tudo foi feito. Nesta etapa, também é preciso divulgar o evento para a comunidade em diferentes meios, de modo que se atinja o maior número de pessoas idosas. Na divulgação, é importante ressaltar o objetivo do evento, a data, o local e outras informações que julgarem necessárias. Lembrem-se de que a divulgação deve ser feita com antecedência, para que as pessoas tenham tempo de se organizar para prestigiar o evento.
No dia do evento
Horas antes do evento, é importante conferir se está tudo pronto. Repassem o checklist e preparem-se para receber os visitantes.
Para que o evento aconteça como planejado, é importante que cada um desempenhe a função que lhe foi atribuída. É importante que um grupo de estudantes fique responsável por recepcionar os visitantes e passar a eles as informações necessárias.
■ Durante um evento, é importante os integrantes organizadores se mostrarem disponíveis e solícitos às demandas do público, oferecendo suporte sempre que necessário.
Registrar o que está acontecendo no evento é uma atividade essencial, que pode ser usada para prestar contas a todos os envolvidos, como a direção da escola e a comunidade. Anotem o número de visitantes e as atividades desenvolvidas, informando quais fizeram mais sucesso e quais tiveram menos procura. Tirem fotografias e façam pequenos vídeos para publicar no ambiente virtual da escola. Pensem em uma forma de receber o feedback dos visitantes. Na saída do evento, eles podem, por exemplo, ser convidados a responder um questionário curto ou escrever no livro de visitas suas impressões sobre as atividades desenvolvidas. É importante valorizar a opinião dos participantes para fazer ajustes em um evento futuro.
■ Além da prestação de contas de um evento realizado, os registros feitos durante as atividades são importantes para os trabalhos que precisam ser desenvolvidos pós-evento.
Depois do evento
Esse é o momento de avaliar tudo o que foi feito e como as atividades foram recebidas pela população idosa da comunidade. Reúna-se com os colegas da turma para conversar sobre o evento. Cada um deve falar sobre a atividade que lhe foi atribuída e se ela foi desenvolvida a contento ou não. Leiam com atenção o feedback dos visitantes e façam a avaliação dele. Se possível, organizem as respostas em tabelas e gráficos.
É interessante também que a comunidade de fora da escola tenha conhecimento sobre o que foi feito para a população idosa. Assim, pensem em uma forma de compartilhar os resultados do evento, como número de visitantes, atividades desenvolvidas e fotografias. Essa divulgação pode ser feita nas mídias sociais, impressas ou digitais. Também é possível utilizar programas de apresentação, disponíveis gratuitamente na internet, ou produzir um pequeno vídeo informativo.
■ Relatórios e vídeos podem ser utilizados para compartilhamento das informações.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Para finalizar este Projeto Integrador, é importante realizar uma avaliação de sua participação tanto individual quanto coletiva. Em uma folha de papel sulfite, faça o que se pede.
1. Sobre seu envolvimento e o da turma neste projeto, responda às questões a seguir.
a) Houve participação em todas as atividades propostas? Explique.
b) Em qual etapa houve mais dedicação? Em qual houve menos? Justifique.
c) Atribua uma nota de zero a dez para sua participação e para a participação da turma neste projeto. Argumente sobre essas notas.
d) Em relação a suas ações, em quais aspectos você acredita que pode melhorar na realização do próximo projeto? Em quais aspectos a turma pode melhorar?
e) Junte-se a um colega para comparar as respostas às questões anteriores, verificando com quais itens da avaliação vocês concordam e de quais discordam.
f) Escreva quais foram suas dificuldades e quais aprendizagens foram desenvolvidas no decorrer deste projeto.
2. Em relação ao assunto deste projeto, responda às questões a seguir.
a) Você analisou alguns dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que permitem constatar o envelhecimento da população da comunidade?
b) Você compreendeu os aspectos biológicos do envelhecimento e entendeu que as pessoas não envelhecem da mesma forma?
c) Você compreendeu como as diferentes realidades socioeconômicas impactam o processo de envelhecimento da população?
d) Você refletiu sobre como era e como é a representação da velhice, do envelhecimento e das pessoas idosas nas artes e nas mídias?
e) Você compreendeu a importância das pessoas idosas para a comunidade?
f) Você refletiu sobre as conquistas das pessoas idosas e os desafios que elas ainda enfrentam na sociedade atual?
g) Você compreendeu as necessidades e os desejos das pessoas idosas da comunidade?
h) Você participou da organização do evento para acolher as pessoas idosas da comunidade?
i) Você foi atuante nas atividades propostas no evento?
3. Sobre o canal de compartilhamento, proposto no boxe Hora de compartilhar, responda às questões a seguir.
a) Em sua opinião, quais foram os pontos positivos de compartilhar algumas reflexões e os trabalhos realizados em cada etapa do projeto? Quais foram os pontos negativos?
b) Como foi sua participação no desenvolvimento desse trabalho?
c) Registre as dificuldades que você encontrou e as aprendizagens que desenvolveu com esse canal de compartilhamento.
1. Resposta pessoal. As notícias falsas podem ser combatidas por meio de informações verdadeiras e cientificamente comprovadas. É importante combatê-las, pois podem atrasar ou mesmo impedir ações que ajudam no enfrentamento das mudanças climáticas e na luta por um ambiente sustentável.
2. Resposta pessoal. É preciso tomar cuidado para não ajudar a disseminar informações falsas.
3. Resposta pessoal. É preciso argumentar com base em dados científicos e informações confiáveis, com o intuito de promover a consciência socioambiental.
A imagem de um urso-polar (Ursus maritimus) sobre um pequeno bloco de gelo tornou-se símbolo das mudanças climáticas e tem como objetivo representar o derretimento do gelo do Ártico, em decorrência do aumento da temperatura média do planeta Terra. Entre as possíveis consequências desse fenômeno está a extinção de várias espécies, incluindo os ursos-polares.
Em 2018, esses animais voltaram a fazer parte das discussões sobre as mudanças no clima. Contudo, dessa vez, eles foram citados por céticos que negavam que as alterações no clima fossem realidade e consequência de ações antrópicas. Mesmo com provas científicas de que o hábitat dos ursos-polares está desaparecendo por causa do aquecimento do Ártico, os negacionistas afirmam que esses animais não correm risco de extinção.
Embora as alterações no clima já sejam sentidas em todo o planeta Terra, muitas pessoas insistem em dizer que elas fazem parte de um ciclo de aquecimento natural do planeta Terra não relacionado a atividades humanas. Essas informações falsas são, muitas vezes, disseminadas por determinados influenciadores digitais, atingindo milhares de seguidores, que acabam acreditando no que é transmitido a eles, o que dificulta a conscientização da população em relação às mudanças climáticas.
É preciso agir rápido, combatendo a desinformação com dados científicos e informações confiáveis e abordando os resultados de pesquisas científicas com uma linguagem mais acessível ao público leigo.
1. Como podemos combater as notícias falsas e por que é importante fazê-lo?
2. Como lidar com a desinformação sobre as mudanças climáticas?
3. Mesmo com a crise climática instaurada, como convencer os céticos de que com nosso atual modo de consumo somos culpados pelas alterações no clima?
3 m
Questão norteadora
O que podemos fazer para enfrentar a crise climática?
• Conhecer alguns dados divulgados pelo 6o Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC , na sigla em inglês), publicado em 2022, que permitem constatar que as alterações no clima são uma realidade e são decorrentes de ações humanas.
• Compreender como ocorreu a formação da atmosfera.
• Analisar a atual mudança na atmosfera, consequência de atividades humanas que emitem gases de efeito estufa.
• Conhecer as tecnologias utilizadas para retirar o gás carbônico (CO2) da atmosfera.
• Refletir sobre as ações que podem ajudar a mitigar a crise climática.
• R efletir sobre a desinformação climática e como ela impacta nos esforços para conter as emissões de gases de efeito estufa.
• Conhecer algumas profissões que surgiram com o aparecimento das redes sociais.
• E laborar uma campanha nas redes sociais sobre a crise climática.
As mudanças climáticas estão causando alterações nos padrões climáticos e afetando todos os ecossistemas da Terra, o que coloca em risco diversas espécies, incluindo a espécie humana. Publicado em 2022, o 6 o Relatório de Avaliação do IPCC concluiu que, entre os cenários estudados, há mais de 50% de chance de a temperatura média da Terra aumentar 1,5 °C ou mais até 2040.
Ainda é possível reverter a situação e evitar cenários mais catastróficos. Mas a hora de agir é agora e a ação deve envolver todos os setores da sociedade, incluindo a sociedade civil. Entre
várias ações que podem ser feitas por nós, cidadãos, combater a desinformação climática é uma forma de cooperar para reduzir os riscos do aquecimento global. Afinal, a manipulação de informações e o negacionismo comprometem a luta por um ambiente sustentável e os esforços para conter as emissões de gases de efeito estufa.
Neste projeto, integrando saberes das áreas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Matemática e suas Tecnologias, você vai investigar a seguinte questão: O que podemos fazer para enfrentar a crise climática?
• Educação ambiental
• Ciência e tecnologia
• Trabalho
• Saúde
3 Saúde e bem-estar
7 Energia limpa e acessível
13 Ação contra a mudança global do clima
• Caderno
• Lápis (ou caneta)
• Computador com acesso à internet
• Celulares ou tablets com câmera
• Máquina fotográfica
• Gravador
• Microfone
• Cartolinas
• Canetas ou lápis coloridos
Produto final
Campanha nas redes sociais sobre a crise climática.
Nesta etapa, será abordada a atual situação da crise climática, destacando a necessidade de agir e de combater a desinformação. Ao final, seu grupo utilizará esquemas para representar o que acontece no efeito estufa natural da Terra e no contexto do aquecimento global.
Nesta etapa, serão analisadas a formação e a composição da atmosfera terrestre, destacando a alteração causada pelas atividades humanas nos últimos 170 anos. Para concluir a etapa, seu grupo vai produzir um vídeo sobre os impactos socioeconômicos das mudanças climáticas.
Nesta etapa, serão discutidos a desinformação climática, como essa prática compromete a luta por uma sociedade sustentável e os esforços empregados para conter as emissões de gases de efeito estufa. Ao final, seu grupo vai analisar conteúdos que apresentam alguma forma de desinformação climática e argumentar, utilizando conhecimentos científicos, para esclarecer informações incorretas.
Nesta etapa, serão apresentadas algumas profissões relacionadas às redes sociais. Para concluir a etapa, seu grupo vai entrevistar diferentes profissionais que trabalham com redes sociais.
Nesta etapa, seu grupo vai criar uma campanha nas redes sociais sobre a crise climática. O objetivo é que a campanha atinja o maior público possível, com os mais variados perfis.
Para registrar e organizar as produções realizadas, sugerimos a construção coletiva de um canal de compartilhamento com a comunidade escolar, como um blogue, um canal de vídeos, uma página em rede social, um mural, um portfólio ou outras formas de comunicação.
Consulte as orientações no Manual do professor
■ Em 2024, em várias regiões do país, o entardecer ficou avermelhado. Essa tonalidade é causada por partículas e gases produzidos durante as queimadas. Marília (SP), 2024.
O debate sobre mudanças climáticas não é recente; ele teve início, internacionalmente, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em junho de 1972, em Estocolmo, na Suécia. Entretanto, governantes, cientistas, organizações não governamentais e sociedade civil passaram a conhecer melhor o assunto depois da criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), no final da década de 1980. Esse painel foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em parceria com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), e é formado por pesquisadores de diversos países, incluindo o Brasil.
Desde então, os integrantes do IPCC analisam a literatura sobre as mudanças climáticas disponível e elaboram relatórios, com projeções e modelagens, considerando as emissões de gases de efeito estufa e suas consequências para a temperatura média da Terra. Com as informações, as autoridades podem planejar ações e elaborar políticas públicas para evitar os riscos e agir para a manutenção do planeta Terra, com o objetivo de garantir o bem-estar da população atual e das populações futuras.
Os pesquisadores responsáveis pela elaboração do 6o Relatório de Avaliação do IPCC em 2022 divulgaram que as mudanças climáticas estão em curso e já podem ser sentidas em todo o planeta Terra. Essas mudanças no clima são consequência das ações humanas, como a produção industrial e a queima de combustíveis fósseis. Além disso, o desmatamento, o descarte de resíduos sólidos, a agropecuária e as mudanças no uso do solo contribuem para o aumento da temperatura média do planeta Terra.
Os gráficos a seguir são do 6o Relatório de Avaliação do IPCC e representam a mudança da temperatura na superfície da Terra entre os anos de 1850 e 2020.
Mundo: mudança na temperatura da superfície – 1850-2020
A) Temperatura reconstituída dos últimos 2 mil anos e temperatura observada desde 1850
Aquecimento atual não tem precedentes nos últimos 2 mil anos
Período mais quente dos últimos 100 mil anos
Observada
B) Temperaturas observadas e simuladas: considerando os fatores naturais e humanos
Temperatura observada
Temperatura simulada (natural + antrópico)
Temperatura simulada (natural)
Recontruída
Elaborado com base em: ESCOBAR, Herton. IPCC: se nada for feito, colapso climático é iminente. Jornal da USP, São Paulo, 9 ago. 2021. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/ipcc-se-nada-for-feito-colapso-climatico-e-iminente/?fbclid=IwAR0tg2OZODGm2NACcVZiRK EbntKaydp3-l45bPb1K5LnMeLHsujoVCrjq44. Acesso em: 3 set. 2024.
Observa-se no gráfico A que as previsões indicam que a maioria das variações de temperatura girava em torno de 0,2 a 1,0 °C nos períodos mais quentes. Essa faixa é adotada como referência de temperatura normal do planeta Terra, antes do início da interferência humana no clima.
Já o gráfico B representa simulações de como a temperatura superficial da Terra teria se comportado ao longo desses últimos 170 anos. Uma simulação considera apenas fatores naturais, sem a interferência humana, e a outra considera o somatório de fatores naturais e humanos. Observe que as faixas se descolam uma da outra a partir do início do século XX e que a linha vermelha, que representa as temperaturas reais registradas, encontra-se na faixa dos fatores naturais somados aos antrópicos. Isso indica que a oscilação da temperatura da superfície do planeta Terra é decorrente de atividades humanas.
Por esses gráficos, é possível perceber que o aumento do aquecimento da Terra coincide com a intensificação das atividades industriais, que, por sua vez, levaram ao aumento das emissões de gases de efeito estufa.
1. No gráfico há uma simulação de como a temperatura superficial da Terra teria se comportado ao longo dos últimos 170 anos, com base em fatores naturais (faixa verde), como atividades vulcânicas e incidência de radiação solar, e com base no somatório de fatores naturais e humanos. Nele, é evidenciado, ainda, que a oscilação da temperatura da superfície do planeta Terra é decorrente de atividades antrópicas.
O 6o Relatório de Avaliação do IPCC apresenta também alguns cenários possíveis em relação às emissões de gases de efeito estufa para o período 2015-2100, como mostra o gráfico a seguir.
Mundo: quantidade de CO2 emitida por ano – 2015-2100
Cenário mais pessimistaCenário intermediário
Elaborado com base em ESCOBAR, Herton. IPCC: se nada for feito, colapso climático é iminente. Jornal da USP, São Paulo, 9 ago. 2021. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/ipcc-se-nada-for-feito-colapso-climatico-e -iminente/?fbclid=IwAR0tg2OZODGm2NACcVZiRKEbntKaydp3-l45bPb1K5LnMeLHsujoVCrjq44. Acesso em: 3 set. 2024.
mais otimista
Nesse gráfico, relacionam-se as previsões da quantidade de gás carbônico (CO2), emitida em bilhões de toneladas por ano até o ano de 2100, ao impacto no aumento da temperatura média da Terra.
No cenário mais otimista, estima-se que as emissões de gases de efeito estufa decaiam nas próximas décadas, chegando a números negativos. Para que esse cenário aconteça, seria necessário que houvesse redução de emissões e implementação de medidas para remover o excesso de gás carbônico já acumulado na atmosfera.
No cenário intermediário, observa-se que as emissões de gases de efeito estufa devem crescer nos próximos anos e estima-se que decaiam a partir de 2050, mas não devem cessar antes de 2100. Por fim, no cenário mais pessimista, as emissões de gases de efeito estufa continuarão a subir nas próximas décadas, levando a um aumento de 4,4 °C na temperatura média da Terra até 2100. Em todos esses cenários, estima-se que o aumento da temperatura média da Terra atingirá ou ultrapassará 1,5 °C já nos próximos 20 anos, e apenas no cenário mais otimista o aumento é revertido.
1. Considerando o gráfico Mundo: mudança na temperatura da superfície – 1850-2020, apresentado anteriormente, explique por que você mostraria ele a uma pessoa que ainda não tem convicção de que as mudanças no clima são consequências das ações humanas.
2. Considerando os cenários possíveis em relação às emissões de gases de efeito estufa para o período 2015-2100, o que seria necessário para que se concretizasse o cenário mais otimista?
2. Resposta pessoal. É possível que os estudantes comentem que seriam necessárias ações individuais e políticas públicas voltadas para a redução de emissões de gases de efeito estufa e implementação de medidas capazes de remover o excesso de gás carbônico já acumulado na atmosfera.
Embora se trate de previsões, elas são fortes indícios de que o aumento de 1,5 °C na temperatura média do planeta Terra poderá ser rapidamente ultrapassado nas próximas décadas, a não ser que sejam tomadas atitudes imediatas para mudar esse cenário. É importante lembrar que a temperatura continua aumentando mesmo após a redução das emissões de gases de efeito estufa, pois eles permanecem na atmosfera e têm efeitos de longa duração.
Segundo 6o Relatório de Avaliação do IPCC , a temperatura da superfície da Terra aumentou cerca de 1,1 °C desde o início da era industrial. Algumas regiões estão se aquecendo mais rapidamente que outras. Observou-se na região do Ártico, por exemplo, um aumento da temperatura duas vezes mais rápido que o restante do planeta Terra.
As consequências do aquecimento global não se limitam ao aumento das temperaturas. O aquecimento da atmosfera, dos oceanos e da superfície terrestre provoca alterações nos padrões climáticos no mundo inteiro, de modo a deixá-los mais extremos. Em certas regiões, isso pode significar períodos de seca intensa e prolongada seguidos por chuvas torrenciais; em outras, ondas de calor podem se tornar mais frequentes e intensas, por exemplo.
■
As alterações nos padrões climáticos podem levar a eventos em cascata, com efeitos sobre os ambientes natural e social, como mostra o esquema a seguir.
Eventos climáticos extremos e efeitos em cascata
Elaborado com base em: IPCC, 2023: Sections. In: Climate Change 2023: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Core Writing Team, H. Lee and J. Romero (ed.)]. IPCC, Geneva, Switzerland, p. 35-115, doi: 10.59327/IPCC/AR6-9789291691647. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/ ar6/syr/downloads/report/IPCC_AR6_SYR_ LongerReport.pdf. Acesso em: 3 set. 2024.
■ Representação de um exemplo do efeito cascata causado pelos impactos decorrentes de eventos climáticos extremos sobre os alimentos, a nutrição, os meios de subsistência e o bem-estar de pequenos produtores rurais.
Nessa representação, observa-se que uma onda de calor combinada a uma seca prolongada pode afetar determinada região agrícola e desencadear múltiplos riscos interligados, que levam a impactos biofísicos, econômicos e sociais em cascata, atingindo, até mesmo, regiões distantes.
A expressão crise climática faz referência às mudanças no clima decorrentes do aquecimento global, fruto da ação humana, e visa chamar a atenção para a gravidade dos riscos que essas alterações representam, bem como para a urgência desse assunto.
Nesta página, são apresentados os efeitos — como as temperaturas mais altas — e as causas — como o excesso de consumo — das mudanças climáticas.
• N AÇÕES UNIDAS. Causas e efeitos das mudanças climáticas . Nova York: ONU, [c. 2024]. Disponível em: https://www.un.org/pt/climatechange/science/causes-effects-climate-change. Acesso em: 28 ago. 2024. Este primeiro episódio, de 17 vídeos da série Um pacto pelo clima, explica o que são as mudanças climáticas e os impactos diretos das alterações no clima na vida das pessoas e no futuro do planeta Terra.
• ENTENDENDO sobre as mudanças climáticas: um pacto pelo clima #1. [S. l.], 2023. 1 vídeo (6 min). Publicado pelo canal Pacto Global da ONU, da Rede Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JGwcFHggW90. Acesso em: 6 set. 2024.
ATIVIDADES
NÃO ESCREVA NO LIVRO. Consulte as respostas no Manual do professor
• Explique como as alterações nos padrões climáticos podem ter efeitos sobre os ambientes natural e social.
As mudanças no clima não afetam apenas o ambiente natural, prejudicando a biodiversidade, mas também as atividades e a população, com impactos negativos.
Consulte as orientações no Manual do professor
Embora as mudanças climáticas apareçam com frequência nas diversas mídias, nem sempre os termos são usados da maneira correta.
1. Organizados em grupos, analisem a tirinha a seguir e, depois, respondam à questão.
WATTERSON, Bill. [Tirinha do Calvin]. Depósito do Calvin, [s l.], 23 jul. 1987. Disponível em: https://depositodocalvin. blogspot.com/2013/01/calvin-haroldo-tirinha-612-23-de-julho.html. Acesso em: 25 set. 2024.
• O garoto fez a relação correta entre o fenômeno citado no primeiro quadrinho e a explicação dada no quadrinho seguinte? Expliquem.
Não. No primeiro quadrinho, o garoto devia ter se referido à intensificação do efeito estufa, que é o aquecimento global.
2. É comum as pessoas confundirem os termos efeito estufa, aquecimento global e mudanças climáticas. Expliquem cada um desses termos. Se necessário, busquem mais informações em livros ou na internet.
3. Façam esquemas, em cartolina ou usando ferramentas digitais, ilustrando o efeito estufa natural da Terra e sua intensificação, retratando o que acontece no aquecimento global. Representem nesses esquemas:
Os estudantes podem representar as radiações por setas. Mudanças no tamanho ou na espessura dessas setas podem indicar a maior ou a menor quantidade de radiação.
• o Sol, a Terra e a atmosfera, evidenciando os gases de efeito estufa (GEEs);
• a radiação emitida pelo Sol;
• a radiação infravermelha refletida pela superfície terrestre;
• a radiação retida pelos gases de efeito estufa;
• a radiação emitida que volta ao espaço.
Depois, expliquem os esquemas para o restante da turma. Ao final, compartilhem com a comunidade escolar.
Hora de compartilhar
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de analisar a situação atual da crise climática por meio de dados do 6 o Relatório de Avaliação do IPCC, publicado em 2022.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem os esquemas, produzidos na atividade 3 da seção Em ação, no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir textos, vídeos ou links para enriquecer a publicação.
Como os seres humanos estão mudando a composição da atmosfera terrestre nos últimos 170 anos e como isso pode impactar a vida no planeta?
Consulte as orientações no Manual do professor. EVGENIYQW/SHUTTERSTOCK.COM
■ Atmosfera é a camada gasosa que circunda o planeta Terra.
A Terra tem aproximadamente 4,6 bilhões de anos, e estima-se que a atmosfera do planeta tenha surgido há cerca de 4 bilhões de anos. Pesquisas indicam que a primeira atmosfera era composta basicamente de gás hélio (He) e gás hidrogênio (H2), presentes na nebulosa que formou o Sistema Solar.
Há cerca de 3,8 bilhões de anos, outros gases, como o gás nitrogênio (N2) e o gás carbônico (CO2 ), foram expelidos do interior da Terra por meio de erupções vulcânicas e começaram a compor a atmosfera terrestre, chamada de segunda atmosfera. O resfriamento da Terra possibilitou o acúmulo do vapor de água (H2O), que também ajudou a compor essa atmosfera.
Nebulosa: nuvem interestelar formada principalmente por poeira e gases, como o gás hélio, o gás hidrogênio e outros gases ionizados.
Analise a tabela a seguir com a composição química da atmosfera em alguns planetas.
Elaborado com base em: JARDIM, Wilson F. A evolução da atmosfera terrestre. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, São Paulo, n. 1, p. 5, maio 2001. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/evolucao.pdf. Acesso em: 9 set. 2024.
Como foi observado, a composição química da atmosfera terrestre foi alterada ao longo do tempo, e o surgimento da vida, em especial dos seres fotossintetizantes, foi bastante significativo para essa alteração. Sobre esse assunto, leia o texto a seguir.
[...]
O processo mais importante ocorrido no planeta Terra foi o aparecimento da vida, o que deve ter ocorrido há aproximadamente 3,5 bilhões de anos. Até então, estima-se que nosso planeta apresentava uma atmosfera bastante redutora, com uma crosta rica em ferro elementar e castigada por altas doses de radiação UV, já que o Sol era em torno de 40% mais ativo do que é hoje e também não havia oxigênio suficiente para atuar como filtro dessa radiação, como ocorre na estratosfera atual [...]. Dentro dessas características redutoras, conclui-se que a atmosfera primitiva era rica em hidrogênio, metano e amônia. Estes dois últimos, em processos fotoquímicos mediados pela intensa radiação solar, muito provavelmente terminavam se transformando em nitrogênio e dióxido de carbono. Conforme esperado, todo oxigênio disponível tinha um tempo de vida muito curto, acabando por reagir com uma série de compostos presentes na sua forma reduzida.
[...]
JARDIM, Wilson F. A evolução da atmosfera terrestre. Cadernos Temáticos de Química Nova na Escola, São Paulo, n. 1, p. 5, maio 2001. Disponível em: http://qnesc.sbq.org.br/online/cadernos/01/evolucao.pdf. Acesso em: 9 set. 2024.
O surgimento dos seres fotossintetizantes há aproximadamente 3 bilhões de anos ocasionou grandes alterações no planeta Terra. O gás oxigênio (O2), produto da fotossíntese, alterou a composição química da atmosfera, levando ao que os cientistas chamam de terceira atmosfera. O aumento da concentração desse gás influenciou a evolução da vida na Terra. Observe no gráfico a seguir a variação da concentração de gás oxigênio na atmosfera ao longo do tempo. Considere 0 o tempo atual.
Concentração de gás oxigênio na atmosfera
Concentração de O
Bilhões de anos atrás
Elaborado com base em: MARTIN, Daniel; MCKENNA, Helen; LIVINA, Valerie. The human physiological impact of global deoxygenation. The Journal of Physiological Sciences, [s l.], v. 67, p. 97-106, 15 nov. 2016. Disponível em: https:// jps.biomedcentral.com/ articles/10.1007/s12576 -016-0501-0. Acesso em: 25 jun. 2024.
A concentração de gás oxigênio na atmosfera começou a aumentar rapidamente há cerca de 2,4 bilhões de anos. O oxigênio (O) é um agente oxidante muito poderoso, e os organismos que até então habitavam a Terra não conseguiriam sobreviver em uma atmosfera rica em gás oxigênio (O2). Assim, a alteração na composição química da atmosfera levou muitos organismos à morte.
Com o passar do tempo e em razão da intensidade da radiação ultravioleta (UV) que atingia a crosta terrestre, o excesso de gás oxigênio na atmosfera terrestre foi se transformando em ozônio (O3), por meio de reações fotoquímicas. A princípio, o ozônio se concentrou próximo ao solo, representando mais um problema para os seres vivos, já que ele é um gás tóxico para a maioria dos organismos. Esse foi um dos fatores que levaram a vida a se desenvolver nos oceanos, já que o ozônio é pouco solúvel, além de a radiação UV penetrar apenas até certa profundidade. A produção de enzimas protetoras de espécies altamente reativas como os radicais oxigenados possibilitou a adaptação bioquímica dos seres vivos ao ambiente oxidante.
No decorrer do tempo, a concentração de gás oxigênio aumentava na troposfera e, com isso, o ozônio produzido foi se elevando, distanciando-se da crosta terrestre, e formando a camada de ozônio na estratosfera. Essa camada protege a Terra da maior parte da radiação ultravioleta emitida pelo Sol, o que contribuiu para a evolução da vida na superfície terrestre. Por volta dos últimos 500 milhões de anos, a vida deixou de ficar restrita ao ambiente aquático e se disseminou pelo ambiente terrestre.
Representação da camada de ozônio absorvendo as radiações ultravioleta A, B e C
■ Representação da função da camada de ozônio, responsável pela absorção de parte da radiação ultravioleta (considerada nociva aos seres vivos) (imagem sem escala; cores fantasia).
De modo resumido, foram necessários mais de 1 bilhão de anos para a adaptação dos organismos à mudança da composição química da atmosfera terrestre, que passou de redutora para oxidante, como essa em que vivemos atualmente e que contém cerca de 21% de gás oxigênio.
2. As camadas são: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera. Se julgar oportuno, compartilhe o site disponível em: https://www.noaa.gov/jetstream/atmosphere/layers-of-atmosphere (acesso em: 26 set. 2024) para que os estudantes compreendam as características e os fenômenos que ocorrem nas camadas atmosféricas. Além disso, eles podem utilizar esse conteúdo para se inspirar no desenho a ser realizado.
Organizados em grupos, respondam às questões a seguir. Se necessário, façam pesquisas em livros ou na internet.
1. Os estudantes podem responder que a atmosfera filtra os raios ultravioleta do Sol e ajuda a manter a temperatura média do planeta Terra por meio do efeito estufa.
1. Quais são as funções da atmosfera terrestre?
2. Quais são as camadas da atmosfera terrestre? Façam um desenho para representá-las, indicando as principais características e eventos que ocorrem em cada camada.
3. Completem a equação química da fotossíntese e, em seguida, respondam: Qual é a origem do gás oxigênio liberado no processo fotossintético?
6 CO2 + 12 H2O Luz Pigmentos fotossintéticos
5. Reúnam-se em roda com os colegas da turma. Juntos, leiam o texto a seguir e, depois, discutam os itens propostos.
+ 6 H2O + 6 02
O gás oxigênio é proveniente da quebra da molécula de água.
4. Escrevam as equações de formação e de decomposição do ozônio estratosférico. Depois, respondam: Qual é a função desse gás na atmosfera?
Formação do ozônio estratosférico
Reação 1
Decomposição do ozônio estratosférico
Reação 3
4
4. O ozônio forma a camada de ozônio na estratosfera. Essa camada filtra cerca de 90% da radiação ultravioleta emitida pelo Sol, que é prejudicial aos seres vivos.
A alteração na concentração de gás oxigênio atmosférico, que antes do aparecimento da vida na Terra era de traços e atualmente é de 21%, aconteceu ao longo de mais de 1,5 bilhão de anos. Como é possível perceber, é necessário certo tempo para que as espécies se adaptem às novas condições ambientais e, durante esse processo, pode ser que muitas delas – aquelas mais sensíveis às alterações – se extingam. Contudo, nos últimos 170 anos, o ser humano vem causando uma nova alteração na atmosfera terrestre, dessa vez mais rápida e significativa, cooperando para o aumento de alguns gases atmosféricos, como o gás carbônico (CO2) e o metano (CH4).
a) Que atividades humanas têm causado alteração da composição química da atmosfera terrestre atual?
b) Por que o aumento de gases na atmosfera, como o gás carbônico e o metano, é preocupante para a vida na Terra?
c) As espécies, incluindo a espécie humana, podem se prejudicar com a nova alteração na atmosfera causada pelas atividades antrópicas? Se sim, como?
5. a) Entre as atividades humanas que emitem gases de efeito estufa estão a queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural) para a geração de energia, as atividades industriais e os transportes; o desmatamento; o descarte de resíduos sólidos; a agropecuária; e as mudanças no uso do solo.
Conexões
Ao longo dos 18 episódios do podcast do Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê), são debatidos diversos assuntos relacionados às mudanças climáticas, bem como as ações que já estão em prática para amenizar a crise socioambiental.
• QUE CLIMA é esse? [S. l.], 2023. Podcast. 18 episódios. Publicado pelo Canal do Ipê. Disponível em: https://www.youtube.com/playlist?list=PLzVr84zIjS-yX_m1HYcP7gJjBD31b_fAX. Acesso em: 6 set. 2024.
5. b) O aumento de gases de efeito estufa intensificam o processo de efeito estufa natural e levam ao aquecimento global, que é o aumento da temperatura média do planeta Terra. Isso altera os padrões climáticos, caracterizando a crise climática vivenciada atualmente. 5. c) As mudanças afetam não só a biodiversidade como também o regime de chuvas, a temperaturas etc. Nesse cenário, todas as espécies são prejudicadas, incluindo a espécie humana.
Nos últimos 170 anos, o ser humano, por meio de suas ações, tem alterado de maneira significativa a composição química da atmosfera terrestre. O aumento de emissões de gases de efeito estufa é responsável pela intensificação do efeito estufa, que leva ao aquecimento global e, consequentemente, às mudanças climáticas, instaurando a crise climática.
De acordo com 6o Relatório de Avaliação do IPCC, as mudanças no clima vão tornar os eventos extremos – tempestades, enchentes, furacões, ciclones, secas prolongadas e ondas de calor – mais intensos e frequentes. Usando modelos computacionais, a ciência climática pode estimar quantas vezes mais frequentes e mais intensos esses eventos vão se tornar, considerando diferentes cenários de aquecimento global. Veja , no infográfico a seguir, o que está previsto para as temperaturas extremas, por exemplo.
Temperaturas extremas
Frequência a cada 10 anos
Uma vez Agora provavelmente ocorre 2,8 vezes
Aumento da intensidade
Provavelmente ocorrerá 4,1 vezes
Provavelmente ocorrerá 5,6 vezes
Provavelmente ocorrerá 9,4 vezes
Elaborado com base em: AMARAL, Ana Carolina. Crise climática já agrava secas, tempestades e temperaturas extremas e é irreversível, diz painel do clima. Folha de S.Paulo, São Paulo, 9 ago. 2021. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ ambiente/2021/08/crise-climatica-ja-agrava -secas-tempestades-e-temperaturas -extremas-diz-ipcc.shtml. OBSERVATÓRIO DO CLIMA. IPCC AR6, WG1: resumo comentado. [S. l.]: OC, 2021. Disponível em: https://www.oc.eco.br/wp-content/ uploads/2021/08/OC-IPCC-AR6-FACTSHEET_ FINAL.pdf. Acessos em: 26 set. 2024.
Variações extremas de temperatura que aconteciam uma vez a cada 10 anos sem influência humana no clima, hoje, com o atual aumento de 1,0 °C, podem ocorrer 2,8 vezes no mesmo período e devem se tornar quase que anuais em um cenário de 4 °C de aquecimento global. Nesse cenário mais catastrófico, além do aumento na frequência, as variações extremas de temperatura podem ser mais intensas, chegando a 5,1 °C.
No mapa interativo, é possível observar as projeções climáticas globais e regionais, selecionando, por exemplo, o período e os fatores de determinado impacto climático.
• INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE. IPCC WGI Interactive Atlas : Regional Information (advanced). Cambridge: Cambridge University, [c2024]. Disponível em: https://interactive-atlas.ipcc.ch/regional-information#. Acesso em: 6 set. 2024.
De acordo com o 6o Relatório de Avaliação do IPCC, os especialistas também advertem para o fato de que alguns impactos das mudanças climáticas não são reversíveis, mesmo com a redução dos gases do efeito estufa na atmosfera. Por exemplo, a extinção de determinada espécie não pode ser revertida nem se a composição da atmosfera for restaurada para níveis antes da extinção.
■ O sapo-dourado ou sapo-de-monteverde (Incilius periglenes) habitava alguns locais da Costa Rica, na América Central. A espécie foi classificada como extinta e, entre as causas que levaram à extinção, estão períodos de seca prolongados relacionados às mudanças climáticas.
A elevação do nível do mar também é uma consequência das mudanças climáticas e, mesmo com a redução das emissões de gases de efeito estufa nos próximos anos, o aumento do nível do mar não será revertido, pois já foram emitidos níveis tão altos de gases de efeito estufa que a água vai continuar a subir, já que a expansão térmica do oceano é irreversível na escala de centenas a milhares de anos. Contudo, restringir o aumento da temperatura média do planeta Terra em, no máximo, 1,5 °C é essencial para evitar que o nível do mar aumente vários metros em um futuro não muito distante.
Por isso, é urgente a tomada de atitudes para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e evitar os cenários mais catastróficos de aquecimento global. Conter o avanço do aquecimento global é essencial para assegurar um futuro seguro e habitável.
■ O nível do mar está com 20 centímetros a mais em relação ao que era nos anos 1850. Esse aumento já ameaça áreas costeiras e coloca em risco milhões de pessoas que vivem nessas regiões, como os moradores de Tamandaré (PE), 2023.
a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes mencionem mudanças indicadas pelo mapa de acordo com a região do país onde vivem. Por exemplo, estudantes da Região Sul podem citar o aumento da temperatura e da quantidade de precipitação; já aqueles que moram na Região Norte podem mencionar o aumento da temperatura e a diminuição da umidade.
as respostas no Manual do professor
e) Resposta pessoal. É importante que os estudantes escolham o melhor meio para a divulgação das informações, de modo a alcançar o maior número possível de pessoas.
• Este mapa resume algumas das mudanças climáticas esperadas para os próximos anos, caso o aquecimento global siga o ritmo atual. Analise-o para responder às questões.
MÉXICO
OCEANO PACÍFICO
GUATEMALA
EL SALVADOR
BELIZE
CUBA
HONDURAS
NICARÁGUA
COSTA RICA
PANAMÁ
Trópico de Cáncer
OCEANO ATLÂNTICO
VENEZUELA
COLÔMBIA
de Capricornio Equador
Mais quente e seco
Mais quente e seco, com mais extremos hídricos em algumas regiões
Mais quente e mais extremos hídricos; com mais precipitação ou risco de fogo em algumas regiões
Mais quente e mais úmido; com mais inundações em algumas regiões
Mais quente; com mais extremos hídricos ou mais precipitação em algumas regiões
Aumento na intensidade de ciclones tropicais ou ventos severos
EQUADOR PERU BOLÍVIA
GUIANA FRANCESA GUIANA
SURINAME
PARAGUAI
CHILE ARGENTINA
Região de monções (Chuvas torrenciais) 01260
Fonte: SAMPAIO, Lucas. Mudanças do clima: as previsões do IPCC para a América do Sul. G1, [s l.], 9 ago. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/natureza/aquecimento-global/noticia/2021/08/09/ mudancas-do-clima-as-previsoes-do-ipcc-para-a-america-do-sul.ghtml. Acesso em: 27 jun. 2024.
b) Resposta pessoal. A maioria deve responder que não. O preparo para o enfrentamento das mudanças climáticas ainda é uma realidade distante na grande maioria dos municípios brasileiros, principalmente nas regiões de maior vulnerabilidade socioeconômica.
a) Quais são as mudanças climáticas esperadas para o local onde vivem?
b) Vocês consideram que o município onde vivem está preparado para enfrentar essas mudanças?
c) Resposta pessoal. É possível que os estudantes mencionem usar menos combustíveis fósseis e adotar o uso de energias limpas, por exemplo.
c) Conversem sobre os impactos socioambientais decorrentes das mudanças no clima. Depois, elaborem sugestões de como podemos ajudar a conter as emissões de gases de efeito estufa.
d) Escrevam um e-mail às autoridades políticas do município onde vocês residem. Listem as mudanças climáticas esperadas para o local e incluam as sugestões que vocês fizeram no item anterior, visando ao bem-estar da população.
e) Escolham um meio para divulgar para a população local as informações obtidas por vocês sobre as mudanças climáticas esperadas e as possíveis ações para mitigar esse problema.
d) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes citem no texto do e-mail as principais mudanças climáticas previstas para o município onde residem, discutidas no item a, e apontem algumas sugestões de medidas preventivas para enfrentá-las. Dessa maneira, eles podem reivindicar o estabelecimento de políticas públicas para o desenvolvimento de melhorias a esse respeito.
Nas últimas décadas, surgiram diversas tecnologias com o objetivo de diminuir a concentração de gás carbônico na atmosfera e, com isso, ajudar a conter o aquecimento global, como as empregadas no sistema de captura de carbono, utilização e armazenamento (CCUS, na sigla em inglês). Esse é um termo abrangente utilizado pela Agência Internacional de Energia (IEA) para designar todos os sistemas disponíveis de redução do gás carbônico atmosférico existentes, como alguns que serão abordados a seguir: o CCS e o DAC, por exemplo.
Nesse sentido, tecnologias avançadas como as empregadas no sistema de captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês) impedem que a maior parte do gás carbônico (CO2 ) produzido seja lançada na atmosfera, fazendo a captura nos locais de produção. O sistema CCS é empregado nos locais de emissão desse gás. Dessa forma, o CO2 produzido durante a exploração, a produção e o uso de combustíveis fósseis e biocombustíveis é separado e capturado, sendo, em seguida, transportado e armazenado em reservatórios geológicos no subsolo ou reutilizado direta ou indiretamente em outros produtos, como fertilizantes.
Já o sistema de captura direta do ar (DAC, na sigla em inglês) pode ser empregado em qualquer local. Por meio dele, o CO2 é removido diretamente do ar ambiente em qualquer lugar, reduzindo a concentração desse gás de modo a mitigar as mudanças climáticas. Após a captura o gás carbônico é transportado, armazenado e utilizado tal como o sistema CCS.
Observe as etapas do sistema CCUS, desde a captura do CO2 até o armazenamento desse gás.
Por dentro do sistema CCUS
■ Representação da atuação do sistema CCUS (imagem sem escala; cores fantasia).
Fonte: ZAPAROLLI, Domingos. Remover carbono da atmosfera pode ajudar a conter o aquecimento global. Pesquisa Fapesp, São Paulo, n. 340, 10 jul. 2024. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/remover-carbono-da-atmosfera-pode -ajudar-a-conter-o-aquecimento-global/. Acesso em: 4 set. 2024.
3. Resposta pessoal. Promova um ambiente acolhedor para que todos fiquem à vontade para expressar suas opiniões. Aproveite para destacar que nossas ações são importantes, mas que o impacto das políticas públicas é maior.
Os sistemas CCS e DAC podem empregar diferentes técnicas para a separação de CO2. As quatro técnicas mais comuns são a absorção química, a adsorção, a destilação criogênica e a separação por membranas, conforme pode ser observado na representação.
Para ser transportado até o local de sua utilização ou de seu armazenamento, o CO2 é comprimido até adquirir características de um fluido supercrítico, condição em que não é possível distinguir o estado líquido do gasoso. Isso reduz o volume e facilita o transporte por dutos, caminhões ou navios.
Aquíferos, reservatórios de óleo e gás natural exauridos, formações rochosas vulcânicas e sedimentares que apresentam porosidade e permeabilidade estão entre os possíveis locais de armazenamento de CO2 . Especialistas afirmam que o Brasil apresenta muitas áreas com potencial para o armazenamento de CO2, como a bacia sedimentar do Paraná, que abrange uma região que se estende do Mato Grosso ao Rio Grande do Sul.
As tecnologias de captura de CO2 têm alto custo e, por isso, sistemas baseados em captura e armazenamento de carbono ainda são pouco utilizados no mundo. No entanto, algumas petrolíferas utilizam os sistemas CCS e DAC, inclusive no Brasil.
NÃO ESCREVA NO LIVRO.
Consulte as respostas no Manual do professor
Principais técnicas para separação de CO2 de correntes gasosas e da atmosfera
■ Representação dos sistemas de separação e captura de gás carbônico (imagem sem escala; cores fantasia).
Fonte: ZAPAROLLI, Domingos. Remover carbono da atmosfera pode ajudar a conter o aquecimento global. Pesquisa Fapesp, São Paulo, n. 340, 10 jul. 2024. Disponível em: https://revistapesquisa. fapesp.br/remover-carbono-da-atmosfera-pode-ajudar-a-conter -o-aquecimento-global/. Acesso em: 4 set. 2024.
1. Esses sistemas capturam CO2, reduzindo a concentração desse gás na atmosfera e, consequentemente, contribuindo para conter o aquecimento global. A principal diferença entre eles é o local de captura: o sistema CCS captura CO2 no local de produção, por isso deve ser instalado nas fontes emissoras, enquanto o DAC captura CO2 diretamente do ar e pode ser instalado em qualquer lugar.
1. O que os sistemas CCS e DAC têm em comum? Qual é a principal diferença entre eles?
2. Integrantes do IPCC afirmam que as tecnologias para retirar o gás carbônico da atmosfera são importantes, mas que a crise climática não será resolvida apenas com tecnologia, ou seja, serão necessárias mudanças de comportamento e de padrões culturais.
• Vocês concordam com essa afirmação? Expliquem quais mudanças de comportamento e de padrões culturais são essas.
3. As tecnologias CCS e DAC podem ajudar a reduzir a quantidade de gás carbônico atmosférico já emitida. Indiquem atitudes que devem ser tomadas pelos diversos setores da sociedade, incluindo a sociedade civil, para reduzir as emissões de gás carbônico e de outros gases de efeito estufa. Se necessário, pesquisem o assunto em livros e na internet.
2. Espera-se que os estudantes respondam que o modo como a sociedade está estruturada, com base nos combustíveis fósseis e com o atual modo de consumo, deverá mudar para um modo de vida mais sustentável que garanta condições adequadas para a sobrevivência da geração atual e das futuras gerações.
Consulte as orientações no Manual do professor.
O aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera coincide com a Revolução Industrial, sendo uma evidência inequívoca da participação humana na mudança dos padrões climáticos da Terra.
O aumento da temperatura média do planeta Terra tem diversas consequências, entre elas o aumento da frequência e da intensidade de eventos extremos, que, por sua vez, podem ter efeitos sobre os ambientes natural e social.
• Reunidos em grupo, façam o que se pede a seguir.
a) Pesquisem os impactos socioeconômicos das mudanças climáticas.
b) Ressaltem a influência das atividades humanas nos novos padrões climáticos que são observados e sentidos ao redor do mundo.
c) Relatem como as mudanças no clima são sentidas no Brasil, citando algum evento extremo ocorrido na região onde vocês vivem ou em outro estado, mas que, na opinião de vocês, merece ser retratado para alertar as autoridades e a população em geral.
d) Mencionem o que pode ser feito pelos diferentes setores da sociedade para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e mitigar as mudanças climáticas.
e) Com base nas informações dos itens anteriores, façam um vídeo curto sobre os impactos socioeconômicos das mudanças climáticas e publiquem para que a comunidade escolar tenha acesso a ele.
Respostas pessoais. A intenção da seção é levar os estudantes a reconhecer que as mudanças climáticas e o aumento de eventos extremos, além de prejuízos para a biodiversidade como também para o regime de chuvas, de temperaturas etc., geram diversos impactos socioeconômicos.
■ A seca que atingiu a região amazônica em 2023 é considerada a mais grave dos últimos 120 anos. Lago Puraquequara em Manus (AM), 2024.
■ Em 2024, as fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul (RS) causaram grandes inundações, afetando 90% do estado, incluindo a cidade de Canoas, mostrada na fotografia.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Como os seres humanos estão mudando a composição da atmosfera terrestre nos últimos 170 anos e como isso pode impactar a vida no planeta?” e refletir sobre ela. Antes de passar para a próxima etapa, publiquem os vídeos sobre os impactos das alterações do clima, produzidos na seção Em ação, no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, textos ou links para enriquecer a publicação.
Consulte as orientações no Manual do professor
Como combater a desinformação climática?
■ Manifestação pela justiça climática e contra os incêndios florestais em São Paulo (SP), 2024.
Com o aumento do uso das redes sociais, a desinformação é rapidamente disseminada, influenciando a opinião de muitas pessoas. A divulgação de conteúdos enganosos ou errôneos, por algumas indústrias, governos e mídias, distorce os fatos científicos e pode confundir o público, levando a atrasos no estabelecimento de medidas preventivas ou ocasionando ações prejudiciais.
Atualmente, há grupos que trabalham para denunciar e combater a desinformação. Entre eles estão, por exemplo: Climate Action Against Disinformation (ação climática contra a desinformação, em português), o governo da União Europeia (UE), a Organização das Nações Unidas (ONU), a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e alguns veículos de imprensa.
A desinformação também pode ser resultado de enganos ou da má compreensão de determinado assunto. Por isso, a educação ambiental é importante e configura uma forma de ajudar a mitigar a crise climática. É preciso ficarmos atentos e combater a desinformação climática, pois essa prática compromete a luta por um ambiente sustentável e os esforços para conter as emissões de gases de efeito estufa.
O canal Nerdologia disponibilizou 10 vídeos sobre fake news , que apresentam dicas de como reconhecer uma notícia falsa e discutem, ainda, as consequências ao compartilhar informações sem a devida checagem.
• FAKE News: série.
[S. l.], 2022. 10 vídeos (cerca de 135 min). Publicado pelo canal Nerdologia. Disponível em: https://www.youtube.com/ playlist?list=PLyRcl7Q37 -DWw10DNuAR1GaCfkPpO1ndY. Acesso em: 6 set. 2024.
a) A importância de combater o negacionismo climático e alertar as pessoas para o fato de que a crise climática não é fake news.
Consulte as respostas no Manual do professor
• Leiam o texto e, depois, respondam às questões.
b) Resposta pessoal. É possível que os estudantes respondam que quem ganha com o avanço do negacionismo climático são grupos que consideram que é mais importante o ganho imediato do que cuidar do planeta para garantir uma vida sustentável e saudável para a geração atual e para as gerações futuras.
É preciso dizer o óbvio: a crise climática não é fake news
É bem provável que, se este texto for compartilhado em alguma rede social, virão comentários dizendo que “o aquecimento global é uma invenção das universidades públicas”, ou que “a crise climática é uma teoria de dominação dos globalistas”. No entanto, enquanto nós nos questionamos se ainda sabemos o que é real em meio a tanta desinformação, algumas pessoas e comunidades parecem ter cada vez mais certeza sobre as suas próprias “versões dos fatos”. Não à toa, reproduzem diariamente teorias da conspiração e impactam não apenas nas redes, mas também fora delas. Enquanto isso, fica a questão, quem ganha com o avanço do negacionismo climático?
[…]
Em síntese, o “negacionismo climático” é uma postura que rejeita, nega ou minimiza as evidências científicas sobre as causas e os impactos das mudanças climáticas provocadas pela ação humana. [...] Na prática, trata-se de rebater evidências científicas com “pontos de vista”, como se “opiniões reveladoras de uma verdade oculta” fossem suficientes para desmontar inúmeros estudos científicos.
[...]
d) Resposta pessoal. A desinformação deve ser combatida com informações verdadeiras e cientificamente comprovadas.
[...] tem-se visto que, se por um lado esse negacionismo é mobilizado por interesses diversos, incluindo think tanks, políticos e setores que disputam comercialmente agendas internacionais, por outro, são mobilizados valores que criam uma suposta ameaça às liberdades individuais e aos valores conservadores. De tal forma, a pauta climática fica secundarizada e o temor de uma suposta conspiração entra em cena, cooptando apoiadores, enquanto corre o relógio do clima . Em meio a tantos interesses, o que fazer?
[…]
Sem dar voltas. Para combater a desinformação e o negacionismo climático, é preciso ir direto ao ponto e dizer em alto e bom som que a crise climática não é fake news. Mais do que isso, se antes achávamos que era uma questão para as futuras gerações, agora sabemos que se trata de algo do presente e que já vivemos efeitos colaterais. [...]
CUGLER, Ergon. É preciso dizer o óbvio: a crise climática não é fake news Jornal da USP, São Paulo, 6 out. 2023. Disponível em: https://jornal.usp.br/artigos/e-preciso-dizer-o-obvio-a-crise-climatica -nao-e-fake-news/. Acesso em: 6 set. 2024.
Relógio do clima: relógio criado por grupo internacional de cientistas e de ativistas que marca o prazo que resta para que seja mantido o aumento médio da temperatura terrestre em níveis minimamente seguros para a humanidade. Think tanks: instituições que produzem conhecimento sobre temas políticos, econômicos ou científicos.
e) Resposta pessoal. Devemos reforçar a educação ambiental e científica para aumentar o engajamento da sociedade e cobrar ações dos países que assinam inúmeros acordos internacionais, mas hesitam em cumpri-los. CARLOS FABAL/AFP/GETTY IMAGES
a) Qual é o assunto central do texto?
b) Como vocês responderiam à primeira pergunta feita no texto: “Quem ganha com o avanço do negacionismo climático?”?
c) De acordo com o texto, quais são as motivações para o negacionismo climático?
d) Como a desinformação climática deve ser combatida?
e) Como vocês responderiam à segunda pergunta feita no texto: “Em meio a tantos interesses, o que fazer?”?
■ Relógio do clima projetado no monumento Cristo Redentor indicando que havia menos de 6 anos para a humanidade reduzir drasticamente as emissões de gases de efeito estufa e impedir cenários mais catastróficos das mudanças climáticas. Rio de Janeiro (RJ), 2023.
c) O negacionismo climático pode ter diversas motivações, desde ideologias que enxergam na agenda ambiental uma ameaça à liberdade individual até interesses econômicos de setores que dependem da exploração de combustíveis fósseis, por exemplo.
Consulte as orientações no Manual do professor
A desinformação pode se dar de diferentes modos. Com seu grupo, façam o que se pede a seguir.
1. Diferenciem os termos apresentados no quadro a seguir. Se necessário, procurem mais informações para caracterizar cada tipo de desinformação.
Se julgar oportuno, ajude os estudantes a pesquisar os termos em fontes confiáveis, diferenciando-os. A escolha criteriosa das
fake news negacionismo fatalismo climático greenwashing
2. Identifiquem o tipo de desinformação retratada na charge, justificando a resposta do grupo.
A charge retrata o negacionismo, uma vez que afirma que o aquecimento global não existe.
3. Pesquisem uma reportagem, um vídeo, uma coluna de opinião ou outro conteúdo que, no entendimento de vocês, apresente alguma forma de desinformação climática.
a) Identifiquem, no exemplo escolhido, as informações que vocês consideram verídicas e as que parecem falsas. Como vocês podem verificar essas informações?
b) Pesquisem os argumentos científicos que contradizem as informações incorretas apresentadas no exemplo.
c) No dia combinado com o professor, apresentem o resultado do trabalho para o restante da turma, destacando os argumentos que os levaram a chegar à conclusão de desinformação climática.
3. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes apresentem a informação selecionada e os motivos que os levaram a identificá-la como falsa. É interessante que eles indiquem que tipo de desinformação é apresentada no texto e as informações é uma habilidade que deve ser desenvolvida ao longo da escolarização.
d) Ao final, compartilhem o resultado desse trabalho com a comunidade escolar.
fontes confiáveis
que utilizaram para argumentar contra a desinformação. Na apresentação das pesquisas, incentive-os a compartilhar suas informações e a debater sobre as informações equivocadas selecionadas por cada grupo e como elas podem afetar o combate às mudanças climáticas.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Como combater a desinformação climática?” e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem o resultado do trabalho, produzido na atividade 3 da seção Em ação, no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, textos ou links para enriquecer a publicação.
Nessa reportagem, pode-se conhecer a iniciativa Verificado pelo Clima . Criada em 2020, é uma ação da ONU em parceria com alguns influenciadores para combater a desinformação sobre o clima e incentivar ações para mitigar a crise climática.
• NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Combate à mudança climática marca nova fase da iniciativa Verificado pelo Clima. Brasília, DF: ONU, 30 nov. 2023. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/254264-combate-%C3%A0 -mudan%C3%A7a-clim%C3%A1tica-marca-nova-fase-da-iniciativa-verificado#. Acesso em: 6 set. 2024.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Como as redes sociais impactam o mercado de trabalho?
As redes sociais não servem somente para disseminar a desinformação sobre o clima. À medida que a tecnologia e as plataformas digitais evoluem, surgem carreiras relacionadas às redes sociais. Entre elas podemos citar influenciador digital, marketing digital e analista de mídias sociais.
Algumas empresas perceberam que, como certas pessoas exercem influência sobre outras – seus seguidores –, esta seria uma boa oportunidade para vender seus produtos e serviços por meio delas. Já os influenciadores viram nisso a oportunidade de monetizar, ou seja, de ganhar dinheiro usando sua influência. A carreira de influenciador digital surgiu por volta dos anos 2000, época em que as redes sociais começaram a se tornar mais populares. Em 2022, o Brasil ocupava o segundo lugar em número de influenciadores digitais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.
■ Raull Santiago (1989-) é empreendedor, ativista e influencer É conhecido por seu ativismo no combate ao racismo e na defesa dos direitos humanos, do ambiente e da vida na favela. Recebeu o troféu JK como influenciador digital do ano de 2023. Esse prêmio é dado às personalidades que se destacam por seu impacto positivo e inspirador na sociedade. Rio de Janeiro (RJ), 2022.
■ Alguns internautas costumam comprar produtos com base na indicação de influenciadores.
Sobre a carreira de influenciador digital, leia o texto a seguir.
Mercado de influência deve movimentar US$ 500 bi até 2027; Brasil é 2o em número de influenciadores
O bilionário mundo dos influenciadores digitais deve movimentar quase US$ 500 bilhões (R$ 2,5 trilhões) até 2027. Isso significa dobrar os números atuais, de US$ 250 bilhões (R$ 1,28 trilhão), que os criadores de conteúdo conseguem com seus posts nas redes sociais, segundo relatório do banco Goldman Sachs.
A expectativa é de que esse crescimento seja capitaneado pelos gastos das companhias com marketing de influência e também pela monetização de plataformas de streaming ou de redes sociais para vídeos curtos [...], que remuneram os criadores de conteúdo a partir de cotas de visualizações dos seus vídeos.
Impulsionado durante a pandemia de covid-19, com a disparada no consumo de conteúdo em redes sociais e serviços de streaming, o número de pessoas que se consideram influenciadores digitais também disparou no mundo. No Brasil, dados de um levantamento [...] mostram que há mais de 10 milhões de influenciadores com, pelo menos, mil seguidore [em uma rede social], resultado que coloca o país na segunda posição do ranking global, atrás apenas dos Estados Unidos.
[...]
Para dar conta de gerenciar cada vez mais influenciadores, algumas agências do País têm ampliado suas equipes, aumentado especialidades dentro dos negócios e tentando se educar sobre as particularidades deste mercado e como extrair os melhores resultados do investimento feito nos criadores de conteúdo.
[...]
GONSALVES, Wesley; VALIM, Carlos Eduardo. Mercado de influência deve movimentar US$ 500 bi até 2027; Brasil é 2o em número de influenciadores. Estadão, São Paulo, 17 maio 2024. Disponível em: https://www.estadao.com.br/economia/midia-mkt/mercado -influencia-movimenta-us-500-bi-2027-brasil-numero-influenciadores/. Acesso em: 6 set. 2024.
Conexões
Confira as dicas de como se tornar um influenciador digital acessando essa página do Sebrae.
• SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE). Como se tornar um influenciador digital . [S. l.]: Sebrae, 14 maio 2023. Disponível em: https://sebrae.com.br/sites/ PortalSebrae/como-se-tornar-um-influenciador-digital,ceaf404f0f257810VgnVCM1000001b00320aRCRD. Acesso em: 6 set. 2024.
A Constituição Federal de 1988 dispõe, em seu artigo 7o, inciso XXXIII, sobre a proibição de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, o que pode ocorrer a partir de 14 anos.
Porém, crianças e adolescentes estão acessando a internet, consumindo e produzindo conteúdo. Percebe-se que, em algumas publicações, os menores de idade estão exercendo o direito à liberdade de expressão; em outras, no entanto, as publicações ganham contornos profissionais. Como ficam esses casos, uma vez que a Constituição Federal proíbe o trabalho infantil?
O trabalho de menores de idade em diferentes mídias, incluindo as redes sociais, é considerado trabalho infantil artístico e é uma exceção à proibição do trabalho de crianças e adolescentes até os 16 anos de idade. Nesses casos, os menores de idade precisam de autorização específica para participar de produções artísticas. Nesse documento, deve-se detalhar as condições de trabalho e prever o tempo para estudo e descanso. Além disso, a justiça solicita que os representantes legais apresentem comprovante de matrícula, frequência e rendimento escolar.
• Em roda de conversa, reflita sobre as questões a seguir.
a) Em sua opinião, o trabalho infantil artístico é diferente do trabalho infantil? Justifique sua resposta.
b) Em tempos em que é comum crianças e adolescentes participarem de reality shows, programas de competição e redes sociais, como garantir os direitos dos menores de idade, prezando pela sua infância e saúde mental? Resposta pessoal. Promova um ambiente onde todos se sintam valorizados por compartilhar suas opiniões.
Resposta pessoal. É preciso priorizar a educação, a saúde e o convívio com a família.
Outros profissionais que se destacam na era digital são aqueles que trabalham com marketing digital, cuja principal atribuição é promover produtos e marcas nos canais on-line, como blogues, sites, mídias sociais, e-mail, aplicativos, entre outros.
O mercado de trabalho em marketing digital no Brasil está em expansão e tem crescido muito nos últimos anos, exigindo profissionais qualificados. Por isso, é preciso que eles se aprimorem continuamente, já que o ambiente em que atuam – o ambiente virtual – está em constante e acelerada transformação.
■ O marketing digital é uma importante estratégia utilizada por empresas diversas para o crescimento de sua marca.
O analista de mídias sociais deve buscar o melhor desempenho das ações, de acordo com as metas traçadas pelo cliente.
O analista de mídias sociais, por sua vez, é o profissional responsável por gerenciar a presença de uma empresa ou marca nas redes sociais. Também pode ser chamado de analista de mídias digitais, analista de redes sociais, assistente de mídias sociais e, o mais comum, social media. Cabe a esse profissional gerenciar as atividades relacionadas aos canais virtuais de comunicação, como a criação da linha editorial para cada rede social, a criação do calendário de postagens, o gerenciamento da produção de conteúdo, a interação com os usuários e a análise de resultados.
Os profissionais de marketing digital e os analistas de mídias sociais podem trabalhar em pequenas startups ou grandes empresas, atuando também em agências de marketing digital ou de publicidade, que fornecem serviços de gerenciamento de mídias sociais a seus clientes.
Contudo, vale ressaltar que o excesso de propaganda nas mídias e nas redes sociais aumenta o consumo não consciente e sustentável, contribuindo, assim, com a crise climática. Por isso, recomenda-se seguir os princípios dos 5 Rs: repensar, recusar, reduzir, reutilizar e reciclar.
1. Até 2024, os influenciadores digitais exerciam suas atividades utilizando como parâmetro a legislação já existente, como o Código Civil, o Código de Defesa do Consumidor e o Marco Civil da Internet. Há, ainda, o guia do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) e o Guia de Publicidade por Influenciadores Digitais, que trazem normas aplicáveis à regulação da publicidade.
Matéria que apresenta o conselho criado pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), no Brasil, composto de oito jovens que usam as redes sociais para tratar de temas relevantes, como mudanças climáticas e direitos dos povos originários.
• NESTE DIA Mundial da Juventude, conheça os influenciadores escolhidos pela ONU como porta-vozes da luta climática. Um Só Planeta , Rio de Janeiro, 12 ago. 2023. Disponível em: https://umsoplaneta.globo. com/clima/noticia/2023/08/12/neste-dia-mundial-da-juventude-veja-quem-sao-os-influenciadores -escolhidos-pela-onu-para-serem-porta-vozes-da-luta-climatica.ghtml. Acesso em: 6 set. 2024.
Em grupos, respondam às questões a seguir.
2. Podem trabalhar com marketing digital as pessoas formadas em Marketing, Publicidade e Propaganda, Administração, Jornalismo, Ciência da Computação e Sistemas de Informação.
1. Em fevereiro de 2022, o Ministério do Trabalho reconheceu a profissão de influenciador digital. No entanto, até 2024, a profissão ainda não era regulamentada, ou seja, não havia uma legislação específica para a ocupação. Pesquisem como está agora a regulamentação da profissão de influenciador digital. Caso ainda não exista regulamentação específica, pesquisem quais documentos balizam a profissão e buscam resguardar os direitos dos profissionais e dos consumidores de seus conteúdos.
2. Pesquisem qual deve ser a formação superior para atuar na área de marketing digital e qual deve ser o perfil desse estudante.
3. É possível afirmar que o analista de mídias sociais é um estrategista? Expliquem.
3. Sim, uma vez que a principal função do analista de mídias sociais é traçar o planejamento estratégico de marketing nas mídias sociais de uma empresa ou marca e analisar os resultados, buscando o melhor desempenho das ações de acordo com as metas traçadas.
Consulte as orientações no Manual do professor
Conversar com profissionais que trabalham com redes sociais possibilita ter uma visão mais ampla da profissão, conhecendo, por exemplo, o caminho percorrido para se destacar no meio ou conseguir uma vaga no mercado de trabalho. Além disso, permite descobrir quais são os desafios do dia a dia da profissão.
Então, buscando obter mais informações sobre carreiras relacionadas às redes sociais, vocês vão entrevistar profissionais da área e divulgar o resultado das entrevistas à comunidade seguindo estes passos.
1. Com seu grupo, escolham um profissional que trabalhe com redes sociais. Ele não precisa morar na região onde a escola está localizada.
2. Entrem em contato com esse profissional, propondo uma entrevista. Se o convite for aceito, marquem dia e horário. A entrevista deve ser feita no ambiente virtual.
3. Elaborem um roteiro com as perguntas que serão feitas ao profissional.
4. Na entrevista, busquem saber como é a rotina de trabalho e quais habilidades são necessárias para desempenhar a profissão. Aproveitem para tirar as dúvidas sobre esse trabalho. Se possível, com a permissão prévia do entrevistado, grave a entrevista.
5. No dia combinado pelo professor, apresentem o resultado da entrevista aos demais colegas da turma e expliquem as razões que levaram o grupo a entrevistar tal profissional.
6. Divulguem o resultado das entrevistas à comunidade. A divulgação pode ser feita, por exemplo, por meio de posts nas redes sociais. Para isso, lembrem-se de pegar a autorização do profissional entrevistado.
7. Ao final da atividade, em roda de conversa, discutam sobre a questão a seguir: A evolução das redes sociais tem algum impacto no seu projeto de vida?
■ A bióloga e influenciadora Mari Krüger (1991-) faz vídeos para as redes sociais, falando sobre ciência e desmentindo alguns mitos. Ela trabalha com a “influência responsável”, com foco em disseminar informações confiáveis, sempre com bom humor. São Paulo (SP), 2024.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Como as redes sociais impactam o mercado de trabalho?” e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem, por meio de postagens, as informações mais relevantes sobre as profissões envolvendo as mídias digitais e a entrevista feita na seção Em ação no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, textos ou links para enriquecer a publicação.
Os estudantes podem entrevistar um influenciador digital que eles costumam seguir ou que, notadamente, tenha muitos seguidores. Podem, ainda, entrevistar um profissional que trabalhe em uma grande empresa com marketing digital ou análise de mídias sociais. A ideia é que os estudantes conheçam como essas profissões são na prática e tirem suas dúvidas. Incentive a conversa entre eles e avalie como a evolução das redes sociais influencia, positiva ou negativamente, o projeto de vida dos estudantes.
Consulte as orientações no Manual do professor
Você e seu grupo vão criar uma campanha nas redes sociais falando sobre a crise climática. O objetivo é que a campanha atinja o maior público possível com os mais variados perfis.
A ideia é que vocês combatam a desinformação climática com informações confiáveis e cientificamente comprovadas e informem seus seguidores sobre a crise climática e a importância de ações para mitigar esse problema ambiental. Para isso, considerem a pergunta norteadora do projeto “O que podemos fazer para enfrentar a crise climática?” e os conteúdos a seguir.
• Os dados do 6o Relatório de Avaliação do IPCC , o esclarecimento de conceitos relacionados à crise climática e os esquemas representando o efeito estufa natural e o aquecimento global estudados na Etapa 1.
• Os vídeos sobre os impactos socioeconômicos das mudanças climáticas produzidos na Etapa 2.
• As pesquisas sobre desinformação climática realizadas na Etapa 3.
• As profissões relacionadas com as redes sociais da Etapa 4.
Um estudo publicado na revista Science, em março de 2018, e realizado por cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), dos Estados Unidos, concluiu que as notícias falsas se espalham 70% mais rápido que as verdadeiras e alcançam muito mais pessoas. Com isso em mente, vocês devem pensar em estratégias para fazer circular informações verdadeiras e aumentar o alcance da campanha elaborada pelo grupo.
Ao final, os grupos vão analisar os números de seguidores e o número de visualizações e interações para constatar qual grupo obteve maior sucesso. Nessa disputa, ganha a equipe que obtiver o maior engajamento.
Antes do início da campanha
Sigam alguns influenciadores digitais que divulgam ciência. Observem, por exemplo, como eles lidam com os temas científicos, qual postagem teve mais visualizações e que assunto teve maior engajamento por meio de comentários e compartilhamentos. Nesse momento, é importante decidir se a campanha será feita em uma ou mais redes sociais. Para isso, conversem com os demais grupos e tomem essa decisão de comum acordo. É necessário também que a turma atribua valores para cada tipo de interação nas redes sociais para que, ao final, consigam quantificar o engajamento obtido por cada grupo e, assim, descobrir qual foi a campanha com maior alcance. Façam os combinados que julgarem necessários para que a disputa entre os grupos tenha transparência. Combinem também a data do início da campanha e sua duração.
Concomitantemente à análise dos influenciadores digitais, você e seu grupo devem pensar em como pretendem fazer a campanha sobre a crise climática. Dividam as tarefas entre os integrantes do grupo de modo que todos possam opinar e participar da atividade. Criem a(s) página(s) na(s) qual(quais) pretendem divulgar a campanha. Essa(s) página(s) pode(m) ser desativada(s) após o término da campanha ou mantida(s) caso o grupo queira continuar com a produção de conteúdo.
Diversos criadores de conteúdo foram escolhidos para se tornar Agentes do Verificado, iniciativa da ONU para combater a desinformação climática.
■ Com o aumento da disseminação de informações falsas, principalmente em redes sociais, a checagem de fatos por meio do confrontamento de histórias com dados, pesquisas e registros se torna essencial no combate à desinformação.
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Durante a campanha
■ Hoje em dia, os influencers gravam seus vídeos utilizando aparelhos celulares em vez de câmeras digitais.
Caso a turma tenha decidido divulgar a campanha sobre a crise climática em mais de uma rede social, o grupo pode se organizar em subgrupos, de modo que cada subgrupo seja responsável por uma plataforma. Com seu grupo de trabalho, pensem como será feita a produção de conteúdo. Lembrem-se de divulgar apenas informações verdadeiras e, para isso, chequem tudo no momento da elaboração do conteúdo e antes da postagem, procurando responder à questão a seguir.
O que podemos fazer para enfrentar a crise climática?
Além de produzir conteúdo, vocês devem acompanhar as métricas, ou seja, os números fornecidos pela plataforma que mostram o engajamento dos posts. Elas são importantes para analisar o engajamento das publicações, possibilitando identificar temas e conteúdos com os quais o público mais se identifica. Se necessário, façam ajustes na proposta pensada inicialmente, buscando aumentar o alcance da campanha.
Após o fim da campanha
Esse é o momento de fazer um balanço sobre tudo o que foi feito e sobre como a campanha foi recebida pelas pessoas. Reúna-se com todos os colegas da turma. Juntos, conversem sobre as campanhas, apontando os pontos positivos e os negativos. É provável que alguns comentários recebidos pelas redes sociais tenham sido hostis. Comentem como vocês lidaram com essas situações.
Apresentem o resultado da campanha feita pelo seu grupo, considerando os valores atribuídos a cada interação na rede social. Depois de descobrir qual grupo teve a campanha com maior engajamento, conversem sobre as estratégias que possivelmente resultaram nos melhores números. 2
■ Os debates em grupo são importantes para que sejam identificados pontos de melhoria e aspectos que foram bem executados ao longo de uma campanha.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Para finalizar este Projeto Integrador, é importante realizar uma avaliação de sua participação tanto individual quanto coletiva. Em uma folha de papel sulfite, faça o que se pede.
1. Sobre seu envolvimento e o da turma neste projeto, responda às questões a seguir.
a) Houve participação em todas as atividades propostas? Explique.
b) Em qual etapa houve mais dedicação? Em qual houve menos? Justifique.
c) Atribua uma nota de zero a dez para sua participação e para a participação da turma neste projeto. Argumente sobre essas notas.
d) Em relação a suas ações, em quais aspectos você acredita que pode melhorar na realização do próximo projeto? Em quais aspectos a turma pode melhorar?
e) Junte-se a um colega para comparar as respostas às questões anteriores, verificando com quais itens da avaliação vocês concordam e de quais discordam.
f) Escreva quais foram suas dificuldades e quais aprendizagens foram desenvolvidas no decorrer deste projeto.
2. Em relação ao assunto deste projeto, responda às questões a seguir.
a) Você conseguiu diferenciar o que é efeito estufa, aquecimento global e crise climática?
b) Você compreendeu que a composição química da atmosfera mudou ao longo do tempo e que as atividades antrópicas são responsáveis pelas alterações atmosféricas observadas nos últimos 170 anos?
c) Você refletiu sobre as consequências ambientais e socioeconômicas das mudanças climáticas?
d) Você compreendeu que, além do uso de tecnologias para retirada do CO2 da atmosfera, são necessárias mudanças no comportamento e nos padrões culturais para mitigar a crise climática?
e) Você compreendeu que a desinformação atrasa as ações para resolver o problema da crise climática?
f) Você participou da produção da campanha sobre crise climática nas redes sociais?
3. Sobre o canal de compartilhamento, proposto no boxe Hora de compartilhar, responda às questões a seguir.
a) Em sua opinião, quais foram os pontos positivos de compartilhar algumas reflexões e os trabalhos realizados em cada etapa do projeto? Quais foram os pontos negativos?
b) Como foi sua participação no desenvolvimento desse trabalho?
c) Registre as dificuldades que você encontrou e as aprendizagens que desenvolveu com esse canal de compartilhamento.
1. Respostas pessoais. Se julgar pertinente, utilize recurso multimídia para exibir, na sala de aula, o filme citado na abertura deste projeto.
2. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a refletir sobre as implicações que essa tecnologia pode ter na vida deles.
3. Respostas pessoais. Os estudantes podem citar alterações nas dinâmicas de relações de trabalho e relações pessoais, entre outras.
as respostas e orientações no Manual do professor
O filme O exterminador do futuro 2 , de 1991, é considerado um clássico da ficção científica. O enredo trata de um futuro apocalíptico, em que uma inteligência artificial (IA) de uso militar declara guerra à humanidade por considerá-la uma ameaça ao planeta Terra. Para evitar esse futuro, o jovem John Connor e a mãe dele devem encontrar uma forma de impedir que essa IA seja criada. Para essa tarefa, eles contam com o auxílio de um robô vindo do futuro.
À época em que o filme foi lançado, a internet ainda era uma tecnologia nova e acessível a poucas pessoas, e a IA era apenas uma especulação. A obra cinematográfica teve grande influência cultural e ajudou a construir no imaginário popular a noção de que, um dia, máquinas inteligentes podem se revoltar contra as pessoas.
Atualmente, diferentes tipos de IA não apenas são realidade, mas também estão constantemente na vida de muitas pessoas; portanto, refletir sobre os benefícios e os riscos do desenvolvimento das IAs, assim como os impactos sociais e no mundo do trabalho, é uma prática necessária na atualidade.
1. Você já assistiu ao filme citado ou a outro que aborde a temática da IA? Em sua opinião, essa(s) obra(s) retrata(m) essa tecnologia de maneira plausível? Comente com os colegas.
2. Atualmente, a IA já é uma realidade tangível. Ela está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas e cada vez mais poderosa. O que isso implica para a relação entre humanos e máquinas?
3. Como a ascensão da IA pode afetar as relações entre as pessoas? Que consequências isso pode ter no curto, médio e longo prazos?
■ Cena do filme O exterminador do futuro 2 na qual o robô T-1 000 sai ileso das chamas causadas pela explosão de um caminhão. O E XTERMINADOR do futuro 2: o julgamento final. Direção e produção: James Cameron. EUA: TriStar Pictures, 1991. Streaming (137 min).
Como se preparar para a era da inteligência artificial?
• Conhecer um panorama histórico do desenvolvimento da IA, identificando o rápido e amplo crescimento dessa tecnologia nos últimos anos.
• I dentificar outras tecnologias que foram ou são consideradas revolucionárias, reconhecendo aspectos técnicos delas e os impactos que elas provocaram nas sociedades.
• Conhecer conceitos básicos relacionados ao campo da IA.
• Desmistificar ideias relacionadas ao funcionamento e às capacidades da IA.
• Pesquisar, debater e produzir informações sobre os impactos da IA no mundo do trabalho hoje e no futuro.
• Produzir um fanzine sobre o tema “Como se preparar para a era da IA?”, traduzindo as experiências e os conceitos de IA.
Nos últimos anos, o rápido desenvolvimento da IA trouxe resultados impressionantes. Especialistas e pesquisadores se dividem quanto aos impactos que isso pode trazer para a humanidade. Alguns desses estudiosos apontam para consequências catastróficas, enquanto outros consideram a IA uma ferramenta capaz de contribuir para a solução de praticamente qualquer um dos problemas que afetam a humanidade atualmente. Entre essas divergências, uma certeza existe: a de que os efeitos da IA sobre a vida e o trabalho das pessoas serão cada vez maiores e mais profundos.
Nesse cenário, conhecer essa tecnologia, debater seus usos e saber como se manter informado são habilidades importantes, sobretudo
para jovens que estão elaborando o projeto de vida e de carreira deles. Por isso, este Projeto Integrador convida ao desenvolvimento dessas habilidades de maneira individual e coletiva. Neste projeto, saberes das áreas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas são empregados para investigar a seguinte questão: Como se preparar para a era da inteligência artificial?
• Ciência e tecnologia
• Trabalho
• Educação em direitos humanos
• Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
8 Trabalho decente e crescimento econômico
9 Indústria, inovação e infraestrutura
16 Paz, justiça e instituições eficazes
• Projetor
• Computador com acesso à internet
• Celulares ou tablets com câmera
• Máquina fotográfica
• Gravador
• Microfone
• Folha de papel sulfite, telas ou cartolinas
• T intas guache de cores diversas (ou canetas coloridas/lápis coloridos)
Produto final
Produção de um fanzine voltado para a comunidade escolar a respeito das experiências e dos conceitos de inteligência artificial.
Nesta etapa, será apresentado o tema geral do projeto, abordando um breve histórico do desenvolvimento da IA, as considerações iniciais sobre os desafios que ela propõe e a expectativa revolucionária em relação a ela. Ao final, seu grupo vai investigar as influências desse tema na cultura pop e produzir uma resenha de uma série, um filme, uma história em quadrinhos (HQ), um livro ou outra produção cultural de ficção científica que aborde a IA.
Nesta etapa, será analisado o histórico de outras tecnologias que são ou foram consideradas revolucionárias, com destaque para as transformações que elas propiciaram às sociedades. Para concluir a etapa, seu grupo deverá conduzir uma entrevista e uma pesquisa para averiguar como as mudanças tecnológicas nos meios de comunicação e nos transportes afetaram e afetam o cotidiano da comunidade.
Nesta etapa, você vai estudar os conceitos centrais relacionados à IA, seu funcionamento e suas aplicações, com aprofundamento das considerações sobre os desafios que ela apresenta. Com base nesses conhecimentos, seu grupo produzirá uma campanha informativa sobre inteligência artificial a ser divulgada nas redes sociais, usando o formato de cards.
Nesta etapa, será analisado o impacto da IA no mundo do trabalho e o tema será debatido abordando o ponto de vista das juventudes. Seu grupo deverá apresentar as dúvidas que tem sobre o assunto e realizar uma entrevista com um profissional, assim como pesquisas em mídias diversas para procurar respostas. Com base nesse trabalho, será produzida uma apresentação ao restante da turma.
Nesta etapa, seu grupo vai produzir um fanzine voltado para a comunidade escolar a respeito das experiências e dos conceitos de inteligência artificial. A obra deverá representar as ideias do grupo sobre o tema, com base no que foi estudado e produzido nas etapas anteriores.
Hora de compartilhar
Para registrar e organizar as produções realizadas, sugerimos a construção coletiva de um canal de compartilhamento com a comunidade escolar, como um blogue, um canal de vídeos, uma página em rede social, um mural, um portfólio ou outras formas de comunicação.
■ Partida de xadrez entre o então campeão mundial Garry Kasparov (à esquerda) e o supercomputador Deep Blue, em Nova Iorque, Estados Unidos, 1997.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Confira os trechos dos textos a seguir.
Texto 1
[...] o sucesso na criação da IA pode ser o maior evento na história da nossa civilização. [...] Mas também ser o último, a menos que aprendamos a evitar os seus riscos. [...]
UNIVERSITY OF CAMBRIDGE. “The best or worst thing to happen to humanity”: Stephen Hawking launches Centre for the Future of Intelligence. Cambridge: University of Cambridge, 19 out. 2016. Tradução nossa. Disponível em: https://www.cam.ac.uk/research/news/the-best-or-worst-thing-to -happen-to-humanity-stephen-hawking-launches-centre-for-the-future-of. Acesso em: 2 set. 2024.
Texto 2
[...] a inteligência artificial pode desinformar, pode enganar eleitores, ela pode ser usada para criar áudios, textos, imagens e conteúdos que vão manipular as campanhas [eleitorais] e colocar discursos na boca das pessoas que, na verdade, elas não falaram.
MUNIZ, Bianca. Entrevista: inteligência artificial deve afetar próximas eleições e a democracia. A Publica, [s l.], 3 nov. 2023. Disponível em: https://apublica.org/2023/11/entrevista-inteligencia -artificial-deve-afetar-proximas-eleicoes-e-a-democracia/. Acesso em: 2 set. 2024.
O que você pensa sobre as afirmações contidas nos excertos anteriores? Que sensações e emoções elas lhe provocam? Atualmente, parece haver um consenso: a IA veio para ficar, e seu impacto, positivo e/ou negativo, será relevante.
Embora seja um assunto aparentemente recente, a IA tem suas raízes nas décadas de 1940 e 1950, com o trabalho de matemáticos e cientistas da computação, como o britânico Alan Turing (1912-1954) e o estadunidense John McCarthy (1927-2011).
Turing é conhecido por seu Teste de Turing, proposto em 1950, que estabeleceu um critério para avaliar se uma máquina pode exibir comportamento inteligente indistinguível de um ser humano. Em 1956, ocorreu a Conferência de Dartmouth nos Estados Unidos. Nela, foi delineado um programa ambicioso para criar máquinas que poderiam replicar a inteligência humana. Além disso, nessa conferência, McCarthy cunhou o termo inteligência artificial
Nas décadas seguintes, os avanços na IA foram marcados por períodos de otimismo exagerado seguidos por períodos de desilusão e redução de financiamento. Nos anos 1960 e 1970, pesquisadores fizeram progressos significativos em áreas como resolução de problemas e linguagens de programação específicas para IA. No entanto, a falta de poder computacional para a realização das operações complexas de IA levaram novamente a uma desaceleração nas expectativas e no financiamento.
Nos anos 1980, houve um renascimento do interesse em IA, impulsionado pela comercialização de sistemas especialistas. Esses sistemas usavam regras de programação convencional para tomar decisões em áreas específicas, como diagnóstico médico e configuração de computadores. Apesar de seu sucesso inicial, os sistemas especialistas também enfrentaram limitações, como a dificuldade de atualizar as regras (dificuldade de “aprender”) e a incapacidade de lidar com incertezas, o que levou outra vez a um período de menor entusiasmo.
A década de 1990 marcou um avanço significativo com o desenvolvimento de algoritmos de aprendizado de máquina e o aumento da capacidade de processamento de dados. A abordagem baseada em redes neurais artificiais, proposta na década de 1950, ganhou força com o desenvolvimento de novas tecnologias. Em 1997, o supercomputador Deep Blue foi o vitorioso em uma disputa de xadrez contra o então campeão mundial Garry Kasparov (1963-), tornando-se uma demonstração da crescente capacidade das máquinas de realizar tarefas complexas.
Conexões
Filme inspirado na vida do matemático e criptógrafo Alan Turing, considerado atualmente o “pai da computação”, com foco na atuação dele durante a Segunda Guerra Mundial.
• O JOGO da imitação. Direção: Morten Tyldum. Produção: Teddy Schwarzman, Ido Ostrowsky e Nora Grossman. Reino Unido: StudioCanal, 2014. DVD (114 min). Palestra do xadrezista e escritor Garry Kasparov, na qual ele conta a história de seu confronto com a IA Deep Blue e tece considerações e reflexões sobre o futuro da inteligência artificial. É possível assistir à palestra com legendas em português.
• K ASPAROV, Garry. Don’t fear intelligent machines: work with them. Palestra proferida no TED Talks, 2017. 1 vídeo (15 min). Disponível em: https://www. ted.com/talks/garry_kasparov _don_t_fear_intelligent_machines _work_with_them.
Acesso em: 31 ago. 2024.
Algoritmo: no contexto da computação, algoritmo é uma sequência finita de comandos que determinam as ações que o computador deve executar.
No início dos anos 2000, o aumento na capacidade de armazenamento digital e do poder de processamento computacional possibilitou avanços significativos no aprendizado de máquina e no aprendizado profundo (deep learning). Grandes empresas de tecnologia começaram a investir pesado em IA, o que resultou em tecnologias que transformaram diversas indústrias. A detecção de fraudes financeiras, o reconhecimento de voz e a recomendação personalizada de produtos por lojas on-line são apenas alguns exemplos de aplicações práticas que emergiram dessa época. A intensa redução no custo de armazenagem de dados digitais, apresentada no gráfico a seguir, tem contribuído para acelerar esse desenvolvimento.
$/TB
100 bilhões
10 bilhões
1 bilhão
100 milhões
10
Disco rígido
Armazenamento portátil
$ = dólar
Unidade de estado sólido
TB = Terabyte (corresponde a mil gigabytes ou 10¹² bytes)
Elaborado com base em: MATHIEU, Edouard. The price of computer storage has fallen exponentially since the 1950s. Our World in Data, Oxford, 21 maio 2024. Tradução nossa. Disponível em: https://ourworldindata. org/data-insights/the-price -of-computer-storage-has -fallen-exponentially-since -the-1950s. Acesso em: 28 ago. 2024.
A partir de 2010, a IA experimentou um crescimento acelerado, impulsionada pela disponibilidade de grandes volumes de dados (big data), pelos avanços em hardware e pela criação de algoritmos mais sofisticados de aprendizado profundo. Redes neurais computacionais revolucionaram áreas como a visão computacional (análise de imagens) e o processamento de linguagem natural. Assistentes virtuais baseados em IA tornaram-se comuns na vida de muitas pessoas.
O surgimento de modelos de linguagem natural avançados mostrou o potencial da IA para gerar texto coerente e contextualmente relevante de diferentes gêneros, aproximando-se muito da escrita humana. Esses modelos vêm sendo utilizados em diversas aplicações, desde robôs de atendimento ao cliente via chat até a geração de conteúdo criativo, como roteiros de filmes e romances, demonstrando a versatilidade e o impacto crescente da IA na comunicação e na produção de conhecimento.
Com o crescimento acelerado, o campo da IA também causou preocupação com questões éticas e de regulamentação. A automação impulsionada pela IA desperta discussões sobre o futuro do trabalho, a privacidade e o viés algorítmico, isto é, a interferência na maneira como os usuários da internet acessam informações. A necessidade de desenvolver e de implementar a IA de maneira responsável e transparente se torna uma questão atual e que envolve toda a sociedade.
■ Robôs operando em linha de montagem de automóveis, conduzidos por inteligência artificial, em Qindao, República Popular da China, 2022.
Atualmente, a IA está integrada em muitos aspectos da sociedade moderna, desde diagnósticos médicos precisos e personalizados até veículos autônomos e otimização logística. O ritmo dos avanços continua a acelerar, sugerindo um futuro em que a IA não apenas complementa as capacidades humanas, mas também abre novas possibilidades para inovação e crescimento em praticamente todos os setores da economia.
O mercado de trabalho está sendo transformado pela IA, que introduz a automação em tarefas repetitivas, previsíveis e baseadas em dados, o que resulta em aumento de eficiência e de redução de custos para as empresas. Por outro lado, se as funções que envolvem essas tarefas passarem a ser realizadas por máquinas, pode haver um desemprego estrutural. Ao mesmo tempo, a IA está criando diversas oportunidades de trabalho, havendo uma demanda crescente por profissionais qualificados em ciência de dados, engenharia de IA e cibersegurança.
Para o futuro, a promessa de requalificação e de aprimoramento contínuo como soluções para a adaptação da força de trabalho às mudanças geradas pela IA pode ser ilusória. Programas de requalificação muitas vezes são inacessíveis para aqueles que mais precisam deles, e a velocidade das mudanças tecnológicas pode superar a capacidade de adaptação da maioria dos trabalhadores. Governos, empresas e instituições educacionais frequentemente falham no fornecimento do suporte necessário para uma transição efetiva. Assim, a IA, em vez de ser uma força democratizadora, pode se tornar um fator de desigualdade e de exclusão, beneficiando uma minoria privilegiada enquanto marginaliza grande parte da força de trabalho.
• Reúna-se em roda com a turma para conversar sobre as questões a seguir.
a) O que vocês sabem sobre inteligência artificial? Ela está presente no cotidiano de vocês?
b) Como a ampliação no uso de inteligência artificial pode influenciar no projeto de vida de vocês? a) Respostas pessoais. Aproveite o momento para avaliar as concepções iniciais dos estudantes sobre a inteligência artificial.
b) Resposta pessoal. É possível que muitos estudantes mencionem que, em razão das novas mudanças no mercado de trabalho, eles poderão exercer profissões relacionadas às tecnologias.
Consulte as orientações no Manual do professor
Tentar compreender o presente e imaginar o futuro não é tarefa fácil. Ao longo deste projeto, usaremos diferentes recursos para encarar esse desafio, com destaque para a análise de estudos objetivos e conhecimentos científicos. A arte também é uma ferramenta poderosa usada para essa finalidade e, nesta atividade, colocaremos em foco a ficção científica, que normalmente lida com conceitos ficcionais misturados a conceitos reais, abordando temas relacionados ao futuro, à ciência e tecnologia e aos seus impactos e consequências sobre a sociedade ou os indivíduos.
Obras de ficção científica muitas vezes capturam certos componentes presentes na sociedade e os extrapolam de maneira exagerada, gerando “realidades” que podem parecer chocantes ou impossíveis. Nesse processo, podem provocar no espectador sensações e ideias que o levam a refletir sobre a própria realidade e os rumos da sociedade.
■ No filme Ela, um solitário escritor, interpretado por Joaquin Phoenix (1974-), apaixona-se pela assistente virtual do sistema operacional de seu computador, com quem se comunica por voz.
ELA. Direção: Spike Jonze.
Produção: Megan Ellison, Spike Jonze e Vincent Landay. EUA: Warner Bros, 2013. Streaming (126 min).
1. Em grupo, escolham uma série, um filme, uma história em quadrinhos (HQ), um livro ou outra produção cultural de ficção científica que retrate a inteligência artificial no futuro, como uma realidade na vida cotidiana das pessoas.
2. Depois de assistir à obra ou lê-la, conversem sobre ela e reflitam sobre as questões a seguir.
• Que aspectos mais lhe chamaram atenção?
• O cenário retratado na obra tem semelhanças com o presente? Explique.
• Que mensagens a obra transmite?
3. Depois dessa conversa, escrevam uma resenha sobre a obra e compartilhem com os outros grupos e com a comunidade escolar.
Respostas pessoais. Se julgar oportuno, comente com os estudantes que a resenha é um tipo de texto usado para descrever e analisar outra produção.
Nesta etapa, vocês puderam conhecer algumas noções básicas sobre a IA e seus impactos na sociedade. Antes de passar para a próxima etapa, publiquem a resenha, produzida na seção Em ação, no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, vídeos ou links para enriquecer a publicação.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Quão profundo pode ser o impacto de uma nova tecnologia?
■ Antes de a iluminação pública ser feita por meio de energia elétrica, as cidades eram iluminadas por lampiões à base de diferentes combustíveis, dentre os quais o gás e o querosene eram os mais comuns. Isso demandava a existência do “zelador de iluminação”, ou “acendedor de lampiões”, profissional responsável por abastecer esses dispositivos, acendê-los e apagá-los. Londres, Reino Unido, 1935.
Embora a ascensão da IA possa gerar preocupações e expectativas, não se trata de uma situação inédita. Nossa história é marcada por revoluções tecnológicas que afetaram profundamente os rumos que as sociedades seguiram, como a eletricidade, as telecomunicações e os motores.
Tente imaginar como seria sua vida se a energia elétrica não existisse. Que atividades você deixaria de fazer? Quais continuaria a fazer? A compreensão dos fenômenos elétricos e o desenvolvimento de equipamentos eletrônicos revolucionaram o modo como a maioria das pessoas vive, a tal ponto que hoje grande parte da população é completamente dependente desses recursos.
A descoberta e o estudo da eletricidade remontam a milhares de anos. Os primeiros registros de conhecimento sobre eletricidade datam da Grécia Antiga, cerca de 600 a.C., quando Tales de Mileto (624 a.C.-546 a.C.) verificou que, ao esfregar no tecido um pedaço de âmbar, este adquiria temporariamente a capacidade de atrair objetos leves, como penas.
■ O âmbar é uma resina fossilizada de algumas árvores, principalmente pinheiros. Embora não seja um mineral, é valorizada desde a Antiguidade como pedra preciosa.
Na virada do século XVI para o século XVII, o físico inglês William Gilbert (1544-1603) publicou a obra De Magnete, na qual distinguiu a eletricidade do magnetismo e cunhou o termo eletricidade a partir da elektron, que significa âmbar. No final do século XVIII, a eletricidade tornou-se ainda mais revolucionária com o trabalho de cientistas como o físico e químico italiano Alessandro Volta (1745-1827), que criou a primeira bateria elétrica, conhecida como pilha de Volt ou pilha voltaica. Esse dispositivo futuramente possibilitou a criação de equipamentos portáteis, movidos a pilhas ou baterias.
■ Pilha voltaica, semelhante à desenvolvida pelo cientista italiano Alessandro Volta, conectada aos terminais de uma lâmpada de LED (diodo emissor de luz, em português).
No início do século XIX, o físico e químico dinamarquês Hans Christian Ørsted (1777-1851) evidenciou a relação entre eletricidade e magnetismo, ao observar que uma corrente elétrica pode desviar a agulha de uma bússola. O físico e químico britânico Michael Faraday (1791-1867) demonstrou que a variação de um campo magnético pode induzir uma corrente elétrica em um condutor, princípio que é a base dos transformadores e geradores elétricos. O trabalho de James Clerk Maxwell (1831-1879), na década de 1860, consolidou a compreensão teórica da eletricidade e do magnetismo com suas equações de Maxwell , unificando a teoria eletromagnética.
■ Representação do experimento de Ørsted (imagem sem escala; cores fantasia).
No final do século XIX, a invenção da lâmpada incandescente e o desenvolvimento do sistema de corrente alternada revolucionaram a forma como a eletricidade era gerada, distribuída e utilizada. A competição entre os sistemas de corrente contínua (CC) e corrente alternada (CA) ficou conhecida como a guerra das correntes e terminou com a adoção da CA como padrão, em razão da sua eficiência em transmitir eletricidade a longas distâncias.
Com o acesso à eletricidade se tornando cada vez mais amplo, o século XX viu uma explosão de inovação tecnológica. A eletrificação propiciou o desenvolvimento de equipamentos que transformaram diversos aspectos da vida diária, desde a conservação de alimentos e a iluminação das ruas e casas até as telecomunicações, com o advento do rádio e da televisão. A segunda metade do século XX testemunhou avanços significativos na eletrônica, impulsionados pela invenção do transistor em 1947. Os transistores substituíram as válvulas termiônicas e possibilitaram a miniaturização dos circuitos eletrônicos, o que impulsionou o desenvolvimento dos computadores e iniciou a chamada era digital.
Atualmente, a eletricidade é parte indispensável da vida moderna. Ela é essencial para a maioria das tecnologias de uso cotidiano em casas, hospitais, fábricas e escritórios. A energia elétrica tem papel essencial em áreas como telecomunicações, diagnósticos e tratamentos médicos, produção industrial, climatização de ambientes e preservação de alimentos. Para o futuro, a perspectiva é de que a eletricidade ganhe ainda mais importância, com motores elétricos substituindo parte dos motores a combustão, por exemplo. O aumento na demanda vem junto com a necessidade de uma produção de energia elétrica mais sustentável, que não comprometa gerações futuras.
Conexões
O filme foi inspirado na disputa sobre como deveria ser feita a distribuição de energia elétrica por grandes distâncias, com foco no embate entre Thomas Edison (1847-1931) e George Westinghouse (1846-1914).
Edison defendia a corrente contínua, enquanto Westinghouse, junto a Nikola Tesla, advogava pela corrente alternada.
• A BATALHA das correntes. Direção: Alfonso Gomez-Rejon. Produção: Timur Bekmambetov e Basil Iwanyk. EUA: Diamond Films, 2017. Streaming (104 min).
■ A variedade de aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos que encontramos nas lojas evidencia a dependência da sociedade moderna em relação à eletricidade.
a) Se necessário, auxilie os estudantes a localizar no texto as informações para que preencham os quadros. É possível aproveitar a atividade para revisar os tipos de energia, bem como o princípio da conservação da energia.
• Em grupo, leiam o trecho do texto a seguir e façam o que se pede.
b) Resposta pessoal. Um tipo de gráfico adequado para esse tipo de representação é o de colunas, com o eixo horizontal referente às diferentes tecnologias, e o eixo vertical correspondente à porcentagem da energia convertida em luz e/ou à eficácia luminosa.
Velas convertem em luz entre 0,01% e 0,04% da energia química da queima da cera, sebo ou parafina. As primeiras lâmpadas elétricas de [Thomas Edison], que empregavam laços ovais de papel carbonizado presos por grampos de platina a fios também de platina selados através do vidro, convertiam 0,2%, uma ordem de magnitude melhor que as velas, mas em nada melhor que as lamparinas a gás da época (0,15-0,3%). Filamentos de ósmio, introduzidos em 1898, convertiam quase 0,6% da energia elétrica em luz. Essa taxa foi mais do que dobrada a partir de 1905 com filamentos de tungstênio no vácuo, e depois dobrou novamente com gás inerte em bulbos. Em 1939, a primeira lâmpada fluorescente levou a eficiência acima de 7%, e as taxas subiram bem acima de 10% após a Segunda Guerra [...].
No entanto, a melhor maneira de apreciar esses ganhos é em termos de eficácia luminosa. Esse quociente entre os fluxos luminoso e radiante (expresso em lumens por watt, lm/W) mede a eficiência com que uma fonte de energia radiante produz luz visível, e seu máximo é de 683 lm/W. Eis, em ordem crescente, as eficiências luminosas, todas em lm/W (Rea 2000): vela, 0,3; lamparina a gás, 1-2; primeiras lâmpadas incandescentes, menos de 5; lâmpadas incandescentes modernas, 10-15; lâmpadas fluorescentes, até 100. Lâmpadas de sódio de baixa pressão são atualmente a fonte de luz comercial mais eficiente (com máximos pouco acima de 200 lm/W), mas sua luz amarelada é usada apenas para iluminação de ruas. Diodos emissores de luz, adequados para aplicações em locais fechados, já produzem perto de 100 lm/W, e logo ultrapassarão os 150 lm/W [...].
SMIL, Vaclav. Energia e civilização: uma história. Tradução: Ronald Saraiva de Menezes. Porto Alegre: Bookman, 2024.
a) O texto argumenta, com base em dados numéricos, que houve uma evolução notável nas tecnologias empregadas para iluminação artificial. Copiem os quadros a seguir no caderno e localizem no texto os dados sobre essa evolução para preenchê-los.
b) Representem as informações desses quadros em gráficos. Conversem entre si para decidir o(s) melhor(es) tipo(s) de gráfico para representar visualmente a evolução das tecnologias de iluminação artificial. Construam esses gráficos usando alguma ferramenta digital, como um programa de computador, um serviço on-line ou um aplicativo de celular.
c) Elaborem uma maneira de tornar os gráficos do item anterior acessíveis para pessoas com deficiência visual.
d) Compartilhe com os demais grupos os materiais produzidos nos itens b e c . Por fim, formem uma roda de conversa para trocar ideias sobre as produções. Quais lhe chamaram atenção? Quais trouxeram soluções mais criativas ou eficientes?
c) Resposta pessoal. Os estudantes podem pensar em uma representação concreta, por exemplo, explorando recursos táteis e/ou auditivos.
d) Respostas pessoais. Dedique um tempo da aula para que os grupos compartilhem as produções entre si e avaliem os trabalhos dos colegas.
O motor a vapor revolucionou o transporte de pessoas e mercadorias. Trens e barcos a vapor reduziram as distâncias e facilitaram a circulação de informações e bens, acelerando mudanças sociais e econômicas, principalmente na Europa. A capacidade e a velocidade das locomotivas a vapor aumentaram gradualmente, impulsionando a expansão das ferrovias e o crescimento econômico em países como Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos. O desenvolvimento do motor a combustão interna no final do século XIX foi resultado do trabalho de diversos pesquisadores, dentre os quais Nicolaus August Otto (1832-1891) foi um dos mais importantes, com a construção do primeiro motor de quatro tempos. Esse motor, menor e mais eficiente que os anteriores, revolucionou a instalação em veículos e máquinas industriais. Muitos motores de automóveis ainda operam sob o mesmo princípio, apesar dos avanços tecnológicos que aumentaram a potência e a eficiência desses motores.
Válvula de admissão aberta
Válvula de escape fechada Válvulas fechadas
■ Diversos países vêm adotando medidas para incentivar a produção e o uso de veículos elétricos, com o intuito de reduzir o impacto ambiental gerado pelo transporte. Carro elétrico sendo recarregado em São Luís (MA), 2024.
Válvula de admissão fechada
de escape aberta
Admissão Compressão Combustão Exaustão
Na fase de admissão, uma mistura de ar e combustível entra no cilindro pela válvula de admissão.
Na fase de compressão, essa mistura é comprimida pelo pistão.
Na fase de combustão, uma faísca promove a queima da mistura.
Na fase de escape, os gases resultantes da combustão são eliminados do cilindro pela válvula de escape.
Elaborado com base em: ROMANELLI, Thiago. Motores de combustão interna: parte I. Piracicaba: Esalq, 2015. Disponível em: http://www.leb.esalq.usp.br/disciplinas/Romanelli/leb332/MCI%202015%20-%20TLR.pdf. Acesso em: 24 set. 2024.
■ Representação simplificada do funcionamento de um motor de combustão interna de quatro tempos (imagem sem escala; cores fantasia).
A criação dos motores de combustão interna revolucionou os transportes, possibilitando a construção de locomotivas, barcos e automóveis mais potentes. Motores de combustão interna também foram essenciais para o desenvolvimento do transporte aéreo, com o primeiro voo do 14-Bis por Alberto Santos Dumont (1873-1932), em 1906, marcando o início de uma rápida evolução na aviação. Os motores de combustão interna ainda são amplamente utilizados no transporte global, mas a busca por alternativas menos poluentes está incentivando o uso de motores elétricos. Esses motores não produzem fumaça e são mais adequados para áreas urbanas. Hoje, trens elétricos e veículos leves sobre trilhos (VLTs) são comuns, com países europeus e asiáticos desenvolvendo trens que atingem velocidades superiores a 250 km/h para reduzir o tempo de deslocamento.
■ O primeiro satélite artificial foi o Sputnik, lançado pela União Soviética em 1957.
■ Com conexão banda larga e sem fio à internet, os smartphones permitem comunicação em tempo real usando vídeo e áudio.
Alguns historiadores consideram a invenção da imprensa com tipos móveis, por Johannes Gutenberg (c. 1400-1468), por volta de 1450, um dos principais marcos na história da civilização. Gutenberg desenvolveu uma máquina que facilitava a replicação de textos impressos usando moldes das letras do alfabeto (chamados de tipos ou caracteres móveis), que eram embebidos em tinta e prensados sobre o papel. Antes dessa invenção, os livros eram copiados à mão. Esse invento barateou a produção de livros, tornando-os acessíveis a um número crescente de pessoas, e possibilitou a criação de jornais, folhetins, revistas e outros produtos impressos, ampliando a disseminação de informações.
O telefone, criado por Antonio Meucci (1808-1889) em 1860 e aperfeiçoado por Alexander Graham Bell (1847-1922), transmitia sons por meio de sinais elétricos, facilitando a comunicação em comparação ao telégrafo. O desenvolvimento da telefonia foi rápido, e, em 1883, o Brasil já tinha centrais telefônicas que permitiam comunicação instantânea entre cidades. Na primeira metade do século XX, ocorreu a proliferação de meios de comunicação via ondas eletromagnéticas, como o rádio e a televisão, que possibilitavam a transmissão de mensagens para muitas pessoas, criando os meios de comunicação em massa. Na segunda metade do século, os satélites artificiais possibilitaram a comunicação instantânea global.
O desenvolvimento dos computadores impulsionou ainda mais a comunicação, culminando, em 1969, na criação da internet para uso militar e de pesquisa. Liberada para uso comercial em 1987, a internet começou com comunicação limitada a texto, mas evoluiu para transmitir imagens, áudios e vídeos. Hoje, dispositivos portáteis como smartphones e tablets permitem videoconferências em tempo real e acesso a uma vasta quantidade de informações, incluindo livros, revistas, notícias, trabalhos acadêmicos, filmes e músicas, tornando a comunicação e o acesso à informação mais simples do que nunca.
Conexões
Documentário que analisa o advento das redes sociais, com depoimentos de especialistas acerca dos impactos que essa tecnologia exerce sobre indivíduos, comunidades e a humanidade como um todo.
• O DILEMA das redes. Direção: Jeff Orlowski. EUA: Netflix, 2020. Streaming (94 min).
a) Respostas pessoais. Promova um ambiente de escuta para que os estudantes possam compartilhar a vivência e experiência deles.
NÃO ESCREVA NO
LIVRO.
Consulte as respostas no Manual do professor
• Em dupla, leiam o trecho do texto a seguir e façam o que se pede.
b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam e apontem mudanças na vida cotidiana que foram originadas com a presença constante e universal do acesso à internet por meio do celular.
O que significa ser a última geração que viveu o mundo analógico
Quando foi a última vez que você se viu sem absolutamente nada para fazer e contemplou o ócio? Momentos como esse têm se tornado cada vez mais raros no cotidiano. O motivo é que, mesmo naqueles minutos de espera do ônibus ou da chegada de um amigo […], sua atenção é desviada para o celular.
Muito em breve, esse tipo de reflexão sequer existirá. A última geração que viveu o mundo completamente analógico – e portanto pode comparar a espera off-line e a on-line –, não terá mais representantes em cerca de 40 ou 50 anos. E as experiências pessoais sobre como a vida era antes e depois do digital desaparecerão com ela.
Essa é a provocação do jornalista canadense Michael Harris. Autor do livro “O Fim da Ausência”, lançado em 2014, Harris fala sobre a última geração “bilíngue” – capaz de traduzir o mundo analógico para o digital, e vice-versa – e como essa será a última geração a conhecer o que chamamos de “não fazer nada”.
Harris defende que qualquer pessoa que tenha nascido antes de 1985 faz parte da última leva de seres humanos que sabe o que é a vida sem internet – “estão fazendo a peregrinação do antes para o depois”, escreve Harris.
FREITAS, Ana. O que significa ser a última geração que viveu o mundo analógico. Nexo, [s l.], 28 dez. 2023. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/09/05/O-que-significa-ser-a-%C3%BAltima-gera%C3%A7%C3%A3o -que-viveu-o-mundo-anal%C3%B3gico. Acesso em: 31 ago. 2024
a) O autor do livro citado nesse trecho nasceu em 1980. Vocês convivem com pessoas que nasceram na mesma época que ele? Se sim, como é a relação dessas pessoas com o celular? É muito diferente da relação de vocês com o celular?
b) O livro mencionado bas eia-se na premissa de que existiu uma vida “antes” da internet que tem diferenças profundas em relação à vida “depois” da internet. Vocês concordam com essa ideia? Comentem.
■ As pessoas nascidas antes de 1985 ainda são capazes de vivenciar o mundo sob o aspecto digital e analógico.
c) Atualmente, estamos vivendo a ascensão da IA. Vocês acreditam que, daqui a algum tempo, poderemos falar em uma vida “antes” e outra “depois” da IA? À semelhança do que o autor alega sobre a internet, a geração de vocês será a última a saber como era o mundo antes dessa tecnologia? Por quê?
Respostas pessoais.
Consulte as orientações no Manual do professor
Para concluir esta etapa, seu grupo, dividido em duas equipes (A e B), vai investigar o impacto das transformações tecnológicas nas áreas de transportes e de telecomunicações na vida de pessoas próximas a vocês.
1. Leiam as instruções.
Equipe A
Resposta pessoal. Aproveite o momento para orientar a turma sobre a importância de dividir as tarefas entre os integrantes do grupo. Reforce a necessidade de pedir autorização por escrito do entrevistado.
Esta equipe deverá entrevistar uma pessoa idosa da família ou da comunidade para obter informações sobre os meios de telecomunicação e transporte na época em que ela era mais jovem. Procurem saber sobre as questões a seguir.
• Como as pessoas faziam para se comunicar com quem estava longe?
• Como eram os aparelhos de TV e de rádio?
• Como as pessoas se mantinham informadas sobre diferentes assuntos: política, esporte, saúde etc.?
• Como era o telefone? Era um meio de comunicação popular?
• Você considera o celular um item importante em seu cotidiano atualmente? Por quê?
• Como você se deslocava no dia a dia? Utilizava algum meio de transporte?
Anotem as respostas e apresentem-nas ao restante do grupo. Comparem as situações descritas com os meios de comunicação e transporte atuais. Que diferenças existem?
Equipe B
Resposta pessoal. Se necessário, auxilie os estudantes a buscar as fontes necessárias para a pesquisa.
Esta equipe vai pesquisar os meios de transporte no município em que vivem. Procurem saber sobre as questões a seguir.
• Que meios de transporte estão disponíveis?
• Quais meios de transporte são mais utilizados?
• Qual dos meios de transporte utilizados atualmente é o mais antigo na região? E o mais recente?
Essas informações podem ser pesquisadas em livros, na internet ou na Secretaria de Transporte do município. Reflitam sobre as vantagens e desvantagens dos meios de transporte disponíveis na cidade e apresentem suas conclusões à turma. Ao final, avaliem se a oferta de transportes no município é adequada, na opinião de vocês.
2. Com base nas informações obtidas na entrevista e na pesquisa, o grupo deverá escrever uma dissertação com o seguinte tema: “Meios de telecomunicação e de transporte: como as mudanças tecnológicas afetam a vida cotidiana”. Compartilhem a dissertação com os demais grupos e com a comunidade escolar.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Quão profundo pode ser o impacto de uma nova tecnologia?” e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem a dissertação, produzida na seção Em ação, no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, vídeos ou links para enriquecer a publicação.
Consulte as orientações no Manual do professor
Como campo de estudo, a IA é interdisciplinar, integrando Ciência da Computação, Engenharia Elétrica, Matemática, Psicologia, Linguística e Filosofia. Diversas profissões atuam nesse ramo, cada uma contribuindo com as próprias habilidades e perspectivas.
Cientistas de dados e engenheiros da computação agem no desenvolvimento de algoritmos e modelos que propiciam que as máquinas aprendam com os dados. Engenheiros de software e programadores são responsáveis pela implementação dos modelos de IA em aplicações reais. Engenheiros de robótica aplicam a IA em sistemas físicos, como veículos autônomos e robôs industriais. Profissionais de ética e filosofia analisam as implicações morais e sociais da IA visando que seu desenvolvimento seja alinhado com valores humanos. Além disso, psicólogos e linguistas contribuem para a criação de sistemas de IA que compreendem e interagem de maneira mais natural com os seres humanos.
Dessa forma, a inteligência artificial beneficia-se da colaboração entre vários campos de saber, o que impulsiona inovações e impacta diversas áreas da sociedade.
■ Um data center é um espaço – pode ser um cômodo, um prédio todo ou mesmo um conjunto de prédios – usado para abrigar sistemas computacionais responsáveis por serviços como telecomunicações e armazenamento de dados. Com o desenvolvimento da IA, empresas têm construído cada vez mais data centers dedicados a essa tecnologia. St. George, Utah, Estados Unidos, 2023.
De maneira geral, a IA é uma tecnologia que confere às máquinas a capacidade de realizar tarefas que, em alguma medida, se inspiram na inteligência humana. Isso inclui aprender com experiências, reconhecer padrões, entender linguagem natural (ou seja, a forma como falamos ou escrevemos) e tomar decisões. Em termos simples, a IA propicia a computadores e robôs que “pensem” e “ajam” de modo a imitar a mente humana, ajudando em atividades como responder perguntas, jogar xadrez e até conduzir veículos. Ela se diferencia da programação convencional em alguns aspectos, que veremos de maneira simplificada a seguir.
Na programação convencional, o ser humano define exatamente o que o programa deve fazer. Isso é feito por meio da linguagem de programação e da criação de algoritmos com regras lógicas e comandos precisos do que deve ser feito com base nos dados que são fornecidos ao computador. Para se ter uma ideia melhor de como a programação convencional funciona, podemos olhar para o que se convencionou chamar de pensamento computacional, que é a habilidade de analisar problemas e desafios aplicando lógica e criatividade, de modo a criar soluções organizadas e eficientes, as quais um computador “convencional” (isto é, sem IA) poderia executar. O pensamento computacional apoia-se em quatro pilares, descritos a seguir.
1. Decomposição: envolve analisar o problema e dividi-lo em etapas menores, facilitando a compreensão do todo.
2. Abstração: identifica os pontos críticos do problema, reconhecendo quais etapas são essenciais para a solução.
3. Reconhecimento de padrão: identifica padrões, repetições ou similaridades no problema, auxiliando na elaboração da solução.
4. Criação de algorítimo: elabora uma sequência de passos lógicos para a solução eficiente do problema.
Documentário com relatos de especialistas acerca da presença e do potencial da IA em diversas áreas. Apresenta aplicações dessa tecnologia pelo poder público brasileiro.
• DOCUMENTÁRIO: avanços da inteligência artificial. [S l.], 2023. 1 vídeo (27 min).
Publicado pelo canal Rádio e TV Justiça. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=018l05qQYeo. Acesso em: 1º set. 2024.
Esses pilares são inspirados na programação convencional, o que permite ter uma noção dos potenciais, das limitações e das aplicações dessa tecnologia. Com o advento da aprendizagem de máquina, aplicada na criação de IA, não é mais o programador que “dá as ordens”. Nesse caso, é o próprio programa que toma decisões, empregando ferramentas matemáticas.
De maneira simplificada, a computação cognitiva é a tecnologia que permite que máquinas e sistemas interpretem dados, colham informações deles e identifiquem tendências, organizando-se em quatro etapas.
1a Observação de um fenômeno ou conjunto de dados.
2a Interpretação das informações e criação de hipóteses.
3a Avaliação das hipóteses.
4a Tomada de decisão com base na hipótese selecionada.
Observe a diferença entre a abordagem da programação tradicional e da aprendizagem de máquina para analisar o seguinte problema hipotético: Como identificar se uma pessoa tem alto risco de ter um infarto?
A abordagem desse problema pela programação tradicional envolve fornecer ao programa dados das pessoas (como idade, sexo e índice de massa corpórea – IMC) e as regras lógicas que devem ser aplicadas (por exemplo, se a pessoa for do sexo masculino, com idade acima de 60 anos e IMC acima de determinado patamar), terá alto risco de infarto. Com base nos dados e nas regras fornecidas por humanos, o algoritmo convencional fornece respostas.
■ Representação simplificada de como um programa de computador abordaria o problema proposto.
Com uso da aprendizagem de máquina, a abordagem é diferente. O programa, inicialmente, precisa ser treinado com uma série de dados das pessoas (como idade, sexo e IMC) e das respostas para a questão em análise, isto é, se cada uma dessas pessoas sofreu ou não um infarto. Com essas informações, o próprio algoritmo interpreta os dados, cria as regras e elabora um modelo capaz de prever o risco de infarto para cada indivíduo. Quanto mais informações forem analisadas, mais preciso se tornará esse modelo.
■ Representação simplificada de uma abordagem do problema por meio de aprendizagem de máquina. O sistema “aprende” com os dados de treinamento e elabora as regras para prever a possibilidade de infarto em novos pacientes.
Esse tipo de aprendizagem de máquina é chamado aprendizagem supervisionada , pois o algoritmo é treinado com informações estruturadas, já classificadas previamente pelo ser humano. Talvez você já tenha participado desse tipo de treinamento sem saber. Muitas páginas da internet, para verificar se o usuário é humano, solicitam que ele analise uma série de imagens e clique naquelas que mostram um semáforo de trânsito, um ônibus ou uma bicicleta, por exemplo. Essas imagens e as respostas fornecidas pelo usuário compõem um banco de dados no qual algumas IAs são treinadas. Com base nisso, a IA aprende a analisar imagens para identificar semáforos, ônibus, bicicletas etc.
■ Exemplo de teste de verificação usado para treinar inteligências artificiais.
Existem outras formas de aprendizagem de máquina que não dependem de supervisão humana. Sistemas de inteligência artificial são capazes de analisar grande volume de informações mesmo que ela não esteja estruturada em um banco de dados convencional. Isso pode incluir, por exemplo, vídeos, texto literários, artigos de jornal, publicações científicas, comentários em redes sociais. Para tanto, esses sistemas são capazes de interpretar a linguagem natural por meio da interpretação de regras gramaticais, semântica e o contexto da informação.
Uma forma de estruturar a aprendizagem da máquina é pelo uso de sistemas computacionais chamados redes neurais artificiais, nome inspirado no funcionamento do cérebro humano. As redes neurais artificiais são formadas por inúmeros “neurônios artificiais”, organizados em camadas. Cada neurônio artificial é capaz de receber informações (input), processar essas informações e, por fim, transmitir a informação processada (output) para neurônios da próxima camada. As redes neurais são organizadas em três camadas principais:
Camadas ocultas realizam a maior parte do processamento e da transformação dos dados por meio de conexões entre
Semântica:
ramo da linguística que estuda o significado das palavras.
Camada de saída produz o resultado da rede
O que há nessa imagem?
■ Representação da organização de uma rede neural artificial. Cada círculo representa um neurônio artificial, que se comunica com os demais recebendo informação (input) e transmitindo-a a outros (output).
A aprendizagem profunda (deep learning) é uma categoria de aprendizagem de máquina em que os processos algorítmicos são divididos em redes neurais com múltiplas camadas ocultas. Cada camada processa os dados de entrada de determinada maneira e os transfere para a próxima camada, até chegar ao resultado. Esse recurso é importante, por exemplo, nas IAs que processam linguagem natural.
Após serem treinadas com grandes quantidades de informações, essas IAs conseguem inferir o contexto da mensagem, interpretar ironias e outras figuras de linguagem. Por exemplo, se você disser para uma assistente virtual “Estou morrendo de calor”, ela não vai interpretar essa frase de maneira literal; ela entenderá que você está em desconforto térmico pela alta temperatura e poderá, por exemplo, acionar o equipamento de ar condicionado no recinto. Essa técnica também é utilizada nas IAs de veículos guiados automaticamente e no processamento de imagens (identificar os componentes presentes em uma fotografia ou vídeo, por exemplo).
1. a) Sim, pois esses quadrinhos da tirinha apresentam uma sequência de instruções objetivas, compondo uma tarefa.
NÃO ESCREVA NO LIVRO. Consulte as respostas no Manual do professor.
1. Leia a tirinha a seguir e faça o que se pede.
a) Pode-se dizer que os três últimos quadrinhos da tirinha representam um algoritmo? Explique.
b) D e acordo com a tirinha, o robô vai “pagar pela eternidade”, como determinou o juiz? Explique.
1. b) Sim, pois seguir os comandos dos três últimos quadrinhos da tirinha implica repetir indefinidamente o movimento de “andar” da esquerda para a direita e vice-versa. Não há comando de parada.
RIBEIRO, Romening. Eu, Roubô. Humor com Ciência, 23 maio 2017. Disponível em: https://www.humorcomciencia.com/category/blog/blog-tecnologia/. Acesso em: 2 set. 2024.
2 Um fluxograma é uma representação gráfica da maneira lógica de solucionar determinado problema. Essa ferramenta é utilizada, por exemplo, para planejar algoritmos computacionais. Ela também pode ser usada no pensamento computacional para organizar a solução de um problema. Nesta atividade, seu grupo vai construir um fluxograma para responder à questão: “Como fazer uma pesquisa na internet?”. Atentem às seguintes regras.
• Em cada pesquisa, devem ser analisados até dez resultados. Caso nenhum deles atenda plenamente ao objetivo da pesquisa, deve ser feita uma nova pesquisa com outras palavras-chave.
• Para representar o número de resultados analisados, será usada a variável N . Assim, o primeiro resultado da pesquisa corresponde a N = 1; o segundo, a N = 2; e assim por diante.
O fluxograma vai usar os seguintes símbolos:
Indica INÍCIO ou FIM do algoritmo.
Indica uma AÇÃO do algoritmo.
Sim
Indica uma TOMADA DE DECISÃO.
Deve haver uma ação caso a resposta seja SIM e outra caso a resposta seja NÃO.
Setas fazem a ligação entre as instruções.
Com essas regras, construam o fluxograma usando as figuras a seguir. Vocês podem copiá-las em uma folha de papel sulfite e recortá-las, para que seja mais fácil testar as sequências que imaginarem. Desenhem setas para conectar as instruções.
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Na página de resultados, o item N parece atender ao objetivo da pesquisa?
Digitar as palavras-chave no campo de busca
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Passar para o próximo item (N = N + 1)
Definir N = 1
Clicar no item N para ver o conteúdo
O conteúdo do item N tem o que você precisa? N > 10?
• Quando chegarem a um algoritmo que cumpra o objetivo, copiem-no em uma folha de papel sulfite. Em seguida, compartilhe com os demais grupos. A elaboração de algoritmos exige capacidade de abstração, decompondo o problema em partes menores e estabelecendo relações entre elas. Se necessário, auxilie os estudantes na construção do fluxograma.
A IA envolve uma série de tecnologias que possibilita extrair conhecimentos de dados brutos, ou seja, dados que ainda não foram organizados ou processados. São sistemas que aprendem ou entendem padrões dos dados, são capazes de identificá-los em outros conjuntos de dados e, então, produzem nova informação ou tomam decisões, por exemplo. Com base no tipo de aplicação, na amplitude de habilidades e no poder de processamento, os sistemas de IA são classificados em diferentes tipos, descritos a seguir.
São as ferramentas de IA limitadas a finalidades específicas, como as utilizadas para tradução, assistentes virtuais, mecanismos de busca na internet, filtros de spam inteligentes e carros guiados automaticamente. Esse tipo de IA é limitado a tarefas específicas, isto é, não pode aprender novas funções. É o único tipo de IA que temos no presente.
São sistemas de IA capazes de operar em uma ampla variedade de tarefas independentes, com habilidade de ensinar a si próprios novas funções e estratégias para a solução de problemas. Esse tipo de ferramenta seria capaz de aprender com a própria experiência, se aproximando muito da inteligência humana. Esse tipo de IA ainda não existe no mundo real.
Trata-se de um tipo de IA teórico, que seria autoconsciente como um ser humano e com capacidades cognitivas que superam as habilidades humanas em praticamente todos os aspectos. Como a própria definição de consciência ainda é um desafio, é improvável que uma IA assim seja criada em curto prazo. Esse é um tipo de IA comum em obras de ficção, como nos filmes Wall-E (2008) e Ela (2013).
A IA generativa é aquela capaz de criar informação nova, na forma de texto, imagem, vídeo, narração, música, por exemplo. Ela precisa ser alimentada com um vasto banco de dados, com base no qual emprega técnicas de aprendizagem profunda para identificar e reproduzir padrões. Esse tipo de tecnologia é usado, por exemplo, para gerar a voz dos assistentes virtuais que são capazes de entender o usuário e falar com ele. Também é empregada para gerar legendas automáticas em vídeos, produzir voz com base em textos (em diferentes línguas e timbres), elaborar campanhas de marketing, escrever roteiros, criar personagens de games em tempo real, entre outras habilidades. Com essas capacidades, a IA generativa suscita a preocupação de muitos profissionais da economia criativa, como veremos na próxima etapa deste projeto.
O desenvolvimento da IA também gerou grandes avanços para o campo da visão computacional, isto é, na identificação de elementos e padrões presentes em imagens estáticas ou dinâmicas. Uma das aplicações dessa tecnologia é o reconhecimento facial, usado para desbloquear celulares, controlar o acesso a edifícios ou localizar pessoas em uma multidão.
A Medicina é outro campo em que a visão computacional vem sendo amplamente aplicada. Técnicas de análise de imagem por IA permitem examinar rapidamente grande volume de dados médicos, como radiografias, ressonâncias magnéticas e tomografias computadorizadas, identificando padrões e anomalias com uma precisão que, em alguns casos, pode superar a de especialistas humanos. Isso facilita a detecção precoce de condições como câncer e doenças cardíacas, possibilitando intervenções mais rápidas e eficazes.
■ Estudos sobre esclerose lateral amiotrófica (ELA) feitos com uso de IA estão ajudando a criar mecanismos para diagnosticar essa doença cada vez mais cedo. Além disso, conforme o paciente perde a capacidade de falar, o uso de IA generativa permite sintetizar a voz da própria pessoa, ajudando-a a se comunicar e elevando sua qualidade de vida.
■ Sistemas de segurança usam reconhecimento facial para diversas finalidades, como controlar o acesso a empresas, condomínios e residências.
O desenvolvimento de veículos capazes de se guiarem sozinhos, sem intervenção humana, se acelerou muito nos últimos anos com o rápido crescimento da inteligência artificial. Defensores dessa tecnologia afirmam que o ser humano, por natureza, pode se cansar ou se distrair durante a condução de um veículo e, com isso, causar um acidente. Esse problema não ocorreria se o veículo fosse autoguiado, já que o computador não se cansa nem se distrai. Dessa maneira, veículos autônomos poderiam oferecer mais segurança no transporte de passageiros e reduzir gastos no transporte de cargas.
Essa tecnologia depende de visão computacional. O computador procura identificar cada componente no ambiente: carros, ciclistas, pedestres, placas e outras sinalizações de trânsito. Com base nisso, o veículo toma decisões sobre como deve agir, quando acelerar, frear ou desviar, por exemplo. A visão computacional é utilizada também na criação de sistemas de segurança para veículos autônomos. Com o auxílio de câmeras e sensores, carros com essa tecnologia conseguem identificar a presença de pedestres, veículos, animais ou outros obstáculos à frente do veículo e, se necessário, acionam emergencialmente o freio para evitar uma colisão.
Para auxiliar no treinamento de IAs que guiam veículos autônomos, pesquisadores criaram um questionário no qual seres humanos respondem a perguntas que envolvem situações hipotéticas em que um acidente é iminente e indicam quem deve ser salvo em cada ocasião. A figura a seguir apresenta algumas das conclusões desse estudo. Leia mais sobre isso na seção Saiba mais.
■ Representação de algumas das decisões morais usadas no treinamento de inteligência artificial para veículos autônomos.
Pedestres têm prioridade ante passageiros.
Cachorros são mais salvos que criminosos.
A maioria prefere que o veículo não mude sua rota original.
Quem segue as leis de trânsito tem mais chance de ser salvo.
Pessoas idosas têm menos preferência que jovens.
Consulte as orientações no Manual do professor.
1. Racismo algorítmico refere-se à manifestação de preconceitos raciais em sistemas de inteligência artificial. Esses sistemas, ao serem treinados com dados que refletem as desigualdades e vieses sociais, acabam perpetuando e amplificando essas injustiças.
Em dupla, leiam o trecho do texto a seguir e façam o que se pede.
Pense em um veículo autônomo que está prestes a falhar e não pode encontrar uma trajetória que salvaria todos. Deveria desviar para um adolescente para poupar seus três passageiros idosos? Mesmo nos casos mais comuns em que o dano não é inevitável, mas apenas possível, os veículos autônomos precisarão decidir como dividir o risco de dano entre as diferentes partes interessadas. Os fabricantes de automóveis e formuladores de políticas atualmente enfrentam esses dilemas morais, em grande parte porque não podem ser resolvidos por princípios éticos normativos simples [...].
[...]
Veículos autônomos percorrerão nossas estradas em breve, necessitando de um acordo sobre os princípios que devem ser aplicados quando, inevitavelmente, emergem dilemas que ameaçam vidas. [...] Note, entretanto, que as diretrizes éticas para escolhas de veículos autônomos em situações de dilema não dependem da frequência dessas situações. Independentemente de quão raros são esses casos, precisamos concordar de antemão como eles devem ser resolvidos.
[...] Qualquer tentativa de conceber a ética da inteligência artificial deve ser, pelo menos, consciente da moralidade pública. De acordo com isso, precisamos avaliar as expectativas sociais sobre como veículos autônomos devem resolver dilemas morais.
DENEIGE, Raquel. A máquina moral: inteligência artificial e ética. In: DENEIGE, Raquel. Medium, [s l.], 3 nov. 2018. Disponível em: https://raqueldeneige.medium.com/a-m%C3%A1quina-moral-intelig%C3%AAncia-artificial-e-%C3%A9tica-620663de6532. Acesso em: 25 set. 2024.
• Considerando o que vocês aprenderam sobre a IA, reflitam sobre o potencial transformador dela para a sociedade e comparem-no com os impactos causados pelas tecnologias estudadas na etapa anterior. Resposta pessoal. O debate proposto contribui para a construção de uma resposta para a questão norteadora do projeto.
Consulte as respostas no Manual do professor
1. Em grupo, pesquisem o que é racismo algorítmico no contexto do reconhecimento facial. Como isso afeta a adoção de tecnologias de IA pela segurança pública e por outras áreas? Discuta com os colegas e, por fim, escrevam suas respostas no caderno.
2. Serviços baseados em inteligência artificial estão cada vez mais comuns, presentes em áreas diversas como medicina, administração e entretenimento. Em grupo, pesquisem uma aplicação atual da IA e elaborem uma apresentação sobre ela. Incluam informações como:
• A quais necessidades essa tecnologia atende?
• Como ela funciona?
• Que vantagens e desvantagens ela oferece?
No dia combinado, apresentem o trabalho à turma e assistam às apresentações dos demais grupos.
2. Resposta pessoal. É interessante propor aos grupos que pesquisem a aplicação da IA em questões relacionadas ao cotidiano deles, como Medicina, segurança pública, concessão de crédito e elaboração de conteúdo para internet.
Consulte as orientações no Manual do professor
Em grupo, respondam às questões a seguir.
a) O que é inteligência artificial?
b) Como ela funciona?
c) Do que ela é capaz?
d) Onde ela é utilizada atualmente?
1. Com essas respostas, elaborem uma série de cards para rede social. Cards são postagens com texto curto sobre uma ou mais imagens. Eles podem ser compostos em sequência, como um carrossel, abordando determinado tema de maneira atrativa e rápida, mas sem ser superficial. Pensem no público do material de divulgação e o deixem com uma linguagem acessível, como no exemplo.
■ Exemplo de cards para redes sociais produzidos pelo programa Educamídia durante o período da pandemia da covid-19. MANDELLI, Mariana. Cards para redes sociais. [S. l.]: Instituto Palavra Aberta, 6 abr. 2020.
2. No dia combinado, compartilhem os cards com os demais grupos. Ouçam as opiniões deles, tentando identificar eventuais pontos fortes e fracos do material.
3. Avaliem se é necessário fazer algum ajuste nos cards de acordo com o retorno dos colegas.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Como a IA funciona?” e refletir sobre ela. Antes de passar para a próxima etapa, publiquem os cards , produzidos na seção Em ação , no canal de compartilhamento criado pela turma. Além disso, façam com que as informações sejam acessíveis a pessoas com deficiência visual, incluindo áudios, por exemplo.
Documentário que examina a discriminação algorítmica e o viés racial presentes nos sistemas de inteligência artificial, acompanhando a pesquisadora canadense Joy Buolamwini em sua investigação sobre o reconhecimento facial automatizado e suas implicações na sociedade. Expõe como algoritmos treinados em bases de dados enviesados podem perpetuar discriminações raciais e sociais, destacando a importância da transparência e da responsabilidade na construção de uma IA ética e justa.
• P RECONCEITO codificado. Direção: Shalini Kantayya. EUA: Netflix, 2020. Streaming (90 min).
4. Por fim, publiquem os cards no canal de compartilhamento criado pela turma. REPRODUÇÃO/NETFLIX
Aproveite o momento para verificar o conhecimento construído pelos estudantes após finalizarem a Etapa 3. Se necessário, organize-os em duplas ou pequenos grupos para promover uma aprendizagem por pares, de modo que eles aprendam os conteúdos e desenvolvam habilidades e competências, enquanto debatem entre si.
Consulte as orientações no Manual do professor
DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS. COMO POSSO AJUDAR?
■ Ilustração satírica de um robô como representante de recursos humanos.
Estamos vivendo a fase inicial da “revolução” da IA, e ainda é difícil prever com exatidão os impactos que ela causará na sociedade. É possível, porém, ter uma certeza: as mudanças virão, em velocidade cada vez maior. Ao tratar do mundo do trabalho, essa certeza é acompanhada de muitas dúvidas: A IA vai resultar na precarização ou no desaparecimento de carreiras? Que profissões serão mais impactadas negativamente? E positivamente? Que oportunidades de carreira ou negócio esse novo cenário produz? Como se preparar para essas mudanças? Como elaborar e conduzir nossos projetos de vida nesse cenário?
Boas decisões dependem de boas informações. No contexto da IA, em que vivemos um momento com tantas novidades e incertezas, manter-se informado permite compreender melhor o presente e identificar as tendências para o futuro. Com isso, podemos fazer escolhas melhores para a vida e o trabalho. Dessa forma, consumir informações de fontes confiáveis e diferentes propicia conhecer múltiplas visões sobre esse fenômeno e, baseando-se em uma interpretação crítica, construir opiniões bem fundamentadas.
Palestra do cientista de dados e professor Juliano Viana na qual ele apresenta dados e tece considerações sobre os impactos da inteligência artificial no cotidiano e no mundo do trabalho.
• VIANA, Juliano.
A inteligência artificial vai automatizar o meu trabalho. Palestra proferida no TED Talks, 2019. 1 vídeo (13 min). Disponível em: https:// www.youtube.com/ watch?v=TWVYGlzviKQ. Acesso em: 1º set. 2024.
1. b) O Jornal da USP é acessado, principalmente, por estudantes e professores universitários. O texto faz uma análise mais focada em grandes questões que podem afetar a sociedade.
1. c) O texto foca pesquisas que demonstram o potencial da IA para precarizar o trabalho e, com base nisso, fala sobre a necessidade de políticas públicas que evitem esse problema.
NÃO ESCREVA NO LIVRO. Consulte as orientações no Manual do professor.
Em grupo, leiam o trecho do texto a seguir.
Novas pesquisas sobre os impactos dos modelos de inteligência artificial (IA) sobre o mercado de trabalho procuram identificar o que exatamente esses modelos, a exemplo do ChatGPT, trazem de positivo e negativo para emprego e salários. [...]
Pesquisa recente no universo do trabalho on-line nos Estados Unidos, com milhares de pequenas empresas e freelancers, identificou uma queda de 2% na demanda por esses trabalhadores e uma diminuição de mais de 5% na sua remuneração desde o lançamento público do ChatGPT. Esse estudo tratou ainda de ocupações on-line, a exemplo de redatores, programadores visuais, artistas gráficos, que mexem com marcas, logotipos, estandes de feiras, entretenimento, publicidade e publicações de todo tipo. Mesmo que ainda parcial, a pesquisa traz conclusões importantes, ou seja, não somente a IA reduz a oferta de emprego como diminui o valor do trabalho mais qualificado; e mais, a velocidade com que a IA devorou empregos e salários é bem maior para os mais qualificados, o que gerou, de um modo surpreendente, uma diminuição da desigualdade nesse específico mercado de trabalho. Uma diminuição viciosa e não virtuosa.
Se a gente tomar essas conclusões e compará-las com outro estudo, dessa vez da Universidade de Harvard, realizado nas atividades de consultoria a empresas e governos, analistas e planejadores que utilizaram ChatGPT como assistente melhoraram em cerca de 40% a qualidade de seus relatórios, quando comparados aos que não utilizaram o ChatGPT. As duas pesquisas nos levam a pensar que os modelos generativos são bons para resumir conhecimento humano existente, ou seja, regurgitam conhecimento humano de domínio público e, por isso, atingem diretamente os trabalhadores qualificados cujas habilidades são semelhantes às dos modelos de inteligência artificial. Por outro lado, as duas pesquisas mostram que os trabalhadores que precisam analisar dados, tabelas, gráficos, de modo mais cuidadoso, que buscam uma análise mais sofisticada, são muito menos atingidos pelo avanço dos modelos generativos.
Esses resultados, ainda que iniciais, sugerem o desenvolvimento de pelo menos três grandes linhas de pesquisa: primeira – quanto mais diversificada for a atividade do trabalho, menor será o risco de degradação tanto da demanda quanto da remuneração do trabalhador; segunda – para utilizar o potencial dessas novas ferramentas é essencial trabalhar como se fossem extensões do nosso corpo, da nossa mente e de nossas habilidades; terceira linha – sem proteção legal regulatória, mesmo os trabalhadores mais qualificados serão fortemente atingidos pela inteligência artificial. [...]
ARBIX, Glauco. Os impactos da IA no mercado de trabalho. Jornal da USP, São Paulo, 21 nov. 2023. Disponível em: https://jornal.usp.br/radio-usp/os-impactos-da-ia-no-mercado-de-trabalho/. Acesso em: 2 set. 2024.
1. Em grupo, respondam às questões a seguir sobre o texto.
a) Em qual veículo o texto foi publicado? Que grau de confiança você deposita nesse veículo? Explique.
O texto foi publicado pelo Jornal da USP, publicação da Universidade de São Paulo, que aborda temas variados com base em um olhar acadêmico.
b) Quem é o principal público desse veículo? Como isso influencia o teor do texto?
c) Que fontes de informação sustentam os argumentos apresentados?
2. Retome as perguntas do primeiro parágrafo desta etapa. A leitura do texto ajudou a construir respostas, mesmo que parciais, para essas perguntas? Conte aos colegas e ouça as considerações deles.
2. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reconheçam que o texto ajudou a responder parcialmente às questões do primeiro parágrafo, com base em pontos de vista diferentes.
Economia criativa é o ramo econômico que engloba atividades artísticas e culturais, que geram trabalho e riqueza por meio da criação e exploração de aspectos criativos e propriedade intelectual. Muitas carreiras se inserem nesse ramo, como design, arquitetura, artes cênicas e visuais, produção de conteúdo em meios de informação digitais, publicidade, produção editorial, moda e produtos audiovisuais.
O principal objetivo da economia criativa é a produção, a distribuição e a comercialização de bens, serviços e atividades derivadas de origens culturais, artísticas ou patrimoniais. O capital intelectual é a principal matéria-prima da economia criativa. Dessa maneira, as carreiras da economia criativa são impactadas pela IA generativa, que oferece novas ferramentas e, ao mesmo tempo, problemas e desafios.
Para artistas visuais, como ilustradores, a IA generativa proporciona uma extensão de suas capacidades criativas e pode produzir novas obras de arte com base em estilos específicos ou combinações de estilos. Isso possibilita a artistas que explorem novas estéticas e expandam seus portfólios. No entanto, levanta questões sobre originalidade e propriedade intelectual, à medida que o papel do artista humano se funde com o da máquina.
No campo da música, a IA generativa está sendo utilizada para compor melodias, harmonias, letras de canções e até canções inteiras, o que pode ser útil para músicos e produtores que procuram inspiração ou material de base para suas composições. O uso dessa tecnologia pode acelerar o processo criativo e reduzir custos, mas também causa preocupações sobre a substituição de músicos humanos e a autenticidade das obras geradas por máquinas.
■ Softwares de IA podem criar músicas em diversos estilos por meio de exemplos específicos ou linhas de comando.
Na literatura e no jornalismo, a IA generativa já é empregada para escrever artigos, histórias e até livros inteiros, em uma variedade de gêneros e estilos. Para escritores, essa ferramenta oferece sugestões e ajuda a superar bloqueios criativos. Contudo, a qualidade variável do conteúdo gerado e a necessidade de revisão humana ainda são desafios significativos, além das questões éticas sobre a autoria e a responsabilidade pelo conteúdo produzido.
■ Ferramentas capazes de criar imagens com base em descrições textuais permitem a criação rápida de conteúdo para campanhas publicitárias, design de produtos e muito mais.
Designers gráficos, publicitários e profissionais de marketing se utilizam da IA generativa para criar imagens ou vídeos por meio de descrições textuais. Isso pode agilizar o processo de criação e reduzir custos, mas também pode levar a uma redução na demanda por designers reais, especialmente para tarefas mais rotineiras. É possível, por meio da IA, criar anúncios personalizados e adaptar o conteúdo em tempo real com base no comportamento do usuário. Isso permite campanhas publicitárias mais eficazes e direcionadas, mas também levanta questões sobre a privacidade do usuário e a ética da manipulação de dados para fins comerciais.
No cinema e na produção de vídeo, a IA generativa está começando a influenciar a criação de roteiros, edição de vídeo e até efeitos especiais. Softwares de IA podem gerar ideias para roteiros, editar cenas automaticamente e criar efeitos visuais sem a necessidade de uma equipe grande. Isso pode tornar a produção de filmes mais acessível e menos cara, mas também pode diminuir a demanda por certos tipos de trabalhos técnicos e criativos na indústria.
Os games e a indústria de entretenimento digital estão sendo transformados pela IA generativa, que possibilita criar ambientes de jogo (os chamados “mundos virtuais”), personagens e histórias de maneira autônoma. Isso pode aumentar a complexidade e a variabilidade dos jogos, oferecendo experiências mais ricas para os jogadores. No entanto, também pode levar a uma menor necessidade de desenvolvedores humanos para tarefas criativas, concentrando o trabalho em áreas mais técnicas e de supervisão.
GORODENKOFF/SHUTTERSTOCK.COM
■ A IA já é uma realidade nas instituições de ensino e de pesquisa, o que acarretou uma mudança no perfil profissional.
Dessa forma, faz-se necessária uma mudança na formação de profissionais nas áreas da economia criativa. Com isso, instituições de ensino estão incorporando essas novas tecnologias em seus currículos, preparando os estudantes para um futuro em que a colaboração com sistemas de IA será essencial. Isso representa uma alteração no perfil das habilidades exigidas, focando mais em competências técnicas e na capacidade de trabalhar com ferramentas de IA, além da criatividade habitual.
Plataforma mantida pelo Ministério do Trabalho e Emprego para promoção de qualificação e inserção profissional. Oferece teste vocacional e cursos gratuitos em temas de tecnologia e produtividade, inclusive IA, com o objetivo de ajudar o trabalhador brasileiro a se preparar para o mercado de trabalho.
• BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Escola do trabalhador 4.0. Brasília, DF: [2024]. Disponível em: https://cadastro.escoladotrabalhador40.com.br/. Acesso em: 1º set. 2024.
1. Em um encontro da Sociedade Australiana de Autores sobre IA, o escritor britânico-australiano Alan Baxter (1970-) comentou:
1. a) Resposta pessoal. É possível que muitos estudantes concordem com a afirmativa e argumentem que a automação desses “trabalhos ruins” melhoraria a qualidade de vida.
Em um mundo onde trabalhadores ainda limpam privadas e trabalham em minas, não consigo acreditar que temos robôs para criar nossa arte e nossas histórias. Eu pensava que os robôs iriam assumir os trabalhos ruins para permitir que mais pessoas perseguissem suas paixões. A IA é simplesmente um encapsulamento hediondo e bem focado do capitalismo às custas da humanidade, como sempre.
ARTIFICIAL intelligence: what do you need to know? Australian Society of Authors, Sydney, 22 mar. 2023. Tradução nossa. Disponível em: https://www.asauthors.org.au/news/artificial-intelligence-what-do-you-need-to-know/. Acesso em: 2 set. 2024.
a) Baxter expressa, de maneira pessimista, a esperança de que as tecnologias de automação, como a IA, deveriam servir principalmente ao propósito de melhorar a qualidade de vida da população, reduzindo a demanda por “trabalhos ruins” como limpar privadas. Você concorda com essa visão? Explique.
b) O que você acha que o autor quis dizer na última frase? Comente.
1. b) Resposta pessoal. Uma interpretação possível é a de que o autor faz uma crítica ao uso de tecnologias visando apenas ao lucro, em detrimento do bem comum.
2. O treinamento das IAs generativas utiliza enorme quantidade de dados de obras feitas por humanos. IAs que elaboram ilustrações, por exemplo, são treinadas com base em imagens produzidas por pessoas. Em geral, esses dados utilizados para treinamento são coletados da internet sem autorização dos autores ou dos detentores dos direitos autorais. Isso originou um debate ético quanto ao desenvolvimento e ao uso dessas ferramentas. Escritores e ilustradores que publicam suas produções na internet, por exemplo, criticam o uso não remunerado de seu trabalho e temem que seu estilo ou suas ideias sejam copiados pela máquina.
Com base nessa informação e no que você estudou até aqui, escreva uma dissertação com o tema: “É importante regulamentar o desenvolvimento e o uso da IA generativa?”. Em seguida, mostre sua redação a um colega e leia o texto dele.
Resposta pessoal. O trabalho proposto na atividade tem por objetivo aprofundar a discussão de múltiplas visões sobre processos e fenômenos que afetam o mercado de trabalho, na busca por soluções coletivas para problemas como a precarização do trabalho.
Consulte as orientações no Manual do professor
Nesta atividade, o grupo deve se dividir para realizar duas tarefas: uma entrevista e uma pesquisa. Ao final, esse trabalho será apresentado ao restante da turma.
Entrem em contato com um profissional que trabalhe em alguma carreira da economia criativa e solicitem uma entrevista para saber as opiniões dele quanto ao papel da IA generativa no ramo em que atua.
a) Antes da entrevista, elaborem um roteiro com as perguntas que devem ser feitas. Procurem perguntar como é a rotina desse profissional, como ele se capacitou para exercer a profissão, quais são os pontos positivos e negativos desse trabalho e, por fim, que mudanças a IA gerou ou poderá gerar no cotidiano profissional dele.
b) A entrevista pode ser feita presencialmente, via aplicativo de mensagens ou em uma ligação de vídeo, por exemplo. Lembrem-se de que, se forem usar imagens ou áudios, é preciso pedir autorização por escrito ao entrevistado.
c) Apresentem a entrevista para o restante da turma e para a comunidade escolar. Isso pode ser feito na forma de texto ou pela edição do material gravado (áudio ou vídeo).
O objetivo da pesquisa é contribuir para o debate sobre o seguinte tema: “Como os jovens no Brasil podem se manter informados sobre os efeitos da IA nas possibilidades de carreira?”.
a) Conversem entre si e escrevam uma lista com as principais dúvidas do grupo sobre esse tema.
b) Pesquisem o assunto em fontes de informação confiáveis, como livros, produções acadêmicas, relatórios de indicadores socioeconômicos, reportagens, podcasts ou canais de vídeo especializados.
c) Debatam a confiabilidade desses materiais. Avaliem as fontes, os dados apresentados e o currículo das pessoas que produziram esses materiais, por exemplo.
d) Retomem as perguntas que vocês listaram no item a. Os materiais escolhidos auxiliaram na obtenção das respostas? Discutam entre si e escrevam as respostas que vocês encontraram.
Respostas pessoais. As questões propostas convidam os estudantes a refletir sobre o trabalho. Procure criar um ambiente de respeito e acolhimento, para que todos se sintam à vontade para expor suas ideias.
No dia combinado, compartilhem a entrevista e apresentem os materiais selecionados na pesquisa aos demais grupos. Finalizadas as apresentações, promovam uma conversa sobre o trabalho que foi realizado.
a) Os materiais apresentados contribuíram para o entendimento sobre o tema proposto? Qual deles mais lhe despertou interesse? Explique.
b) O trabalho realizado pelo seu grupo e a apresentação da turma fizeram com que você refletisse sobre suas escolhas de vida e carreira? Comente.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Como a IA pode afetar escolhas e possibilidades de trabalho?” e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem a entrevista, produzida na seção Em ação, no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, textos ou links para enriquecer a publicação.
Consulte as orientações no Manual do professor
Organizados em grupos e considerando o que foi estudado e produzido ao longo das etapas anteriores, produzam um fanzine com a pergunta norteadora do projeto "Como se preparar para a era da inteligência artificial?". Considerem os aspectos descritos a seguir.
• As impressões acerca das representações da IA na cultura pop obtidas na Etapa 1.
• As constatações sobre o modo como as tecnologias de telecomunicação e de transporte afetaram e afetam pessoas de sua comunidade identificadas na Etapa 2 .
• As discussões sobre o funcionamento e as aplicações da IA obtidas na Etapa 3.
• As informações acerca dos impactos da IA no mundo do trabalho obtidas na Etapa 4.
Fanzines são publicações que abordam temas variados, como música, cinema, quadrinhos e literatura. Por meio de textos verbais e não verbais, a obra deve expressar as ideias e concepções em relação ao tema. Utilizam diferentes materialidades, como recortes, desenhos, textos escritos à mão ou impressos e fotografias impressas . Essas diferentes materialidades devem traduzir para a linguagem gráfica, plástica e narrativa conceitos ou experiências referentes à temática de IA. É possível abordar os seguintes assuntos: realidade aumentada, grande volume de dados (big data), chatbots, avatares, algoritmos/ racismo algorítmico, redes neurais artificiais, deep learning, assistente virtual, reconhecimento facial e IA generativa.
■ Capa do fanzine Sacode, produzido por adolescentes do projeto Educomunica! Paraná em 2015.
Planejamento inicial
Definam que temas e conteúdos o fanzine deve conter. Uma possibilidade é usar os assuntos das Etapas 1 a 4 como seções do fanzine. Cada seção poderá ter uma identidade própria com linguagem e design definidas pelo grupo. A publicação deve ser atraente e engajar o leitor.
PASSO
2
Pesquisa e coleta de informações
Pesquisem e coletem as informações para compor o conteúdo do fanzine com base nas seções e nos temas definidos anteriormente. Além disso, será preciso pensar nas imagens que vão dar materialidade aos textos, bem como na criação de design que possa traduzir as experiências e os conceitos da IA.
Desenvolvimento e produção do fanzine
A escrita dos textos e a forma como vão aparecer nas páginas são fundamentais para construir o fanzine e precisam funcionar de modo harmônico. Verifiquem se o conteúdo está claro, conciso e atrativo, transmitindo a mensagem de forma eficaz e provocando reflexões no leitor. Lembrem-se de criar uma identidade visual para a publicação. Combinem diferentes estilos e uso de técnicas: recortes, desenhos, tipografias, colagens etc. Insiram também uma capa e a página de créditos com o nome de todos os que participaram da elaboração. 3
PASSO
4
PASSO
5
Divulgação do fanzine
Divulguem as publicações produzidas pela turma, organizando um lançamento dos fanzines. Convidem a comunidade escolar para participar do evento. Lembrem-se de imprimir ou de digitalizar a publicação. É possível publicá-los no canal de compartilhamento criado pela turma e distribuir aos presentes o link de acesso.
Avaliação
Concluído o lançamento, é hora de avaliar o trabalho. Reúnam-se com a turma em roda e conversem sobre o que foi feito, abordando questões como as sugeridas a seguir.
• Como foi a experiência de confeccionar um fanzine sobre IA?
• Que pontos positivos e negativos você destacaria?
• Em sua opinião, a obra produzida pelo grupo transmitiu a mensagem pretendida?
• O tema despertou o interesse do público leitor? A obra provocou reflexões?
Consulte as orientações no Manual do professor.
Para finalizar este Projeto Integrador, é importante realizar uma avaliação de sua participação tanto individual quanto coletiva. Em uma folha de papel sulfite, faça o que se pede.
1. Sobre seu envolvimento e o da turma neste projeto, responda às questões a seguir.
a) Houve participação em todas as atividades propostas? Explique.
b) Em qual etapa houve mais dedicação? Em qual houve menos? Justifique.
c) Atribua uma nota de zero a dez para sua participação e para a participação da turma neste projeto. Argumente sobre essas notas.
d) Em relação a suas ações, em quais aspectos você acredita que pode melhorar na realização do próximo projeto? Em quais aspectos a turma pode melhorar?
e) Junte-se a um colega para comparar as respostas às questões anteriores, verificando com quais itens da avaliação vocês concordam e de quais discordam.
f) Escreva quais foram suas dificuldades e quais aprendizagens foram desenvolvidas no decorrer deste projeto.
2. Em relação ao assunto deste projeto, responda às questões a seguir.
a) Você compreendeu o impacto na sociedade de tecnologias que vieram antes da IA, como a eletricidade?
b) Você identificou diferentes tipos de IA e compreendeu os princípios básicos dessa tecnologia?
c) Você refletiu sobre as questões éticas que o uso da IA suscita?
d) Você identificou maneiras de se manter informado sobre a IA?
e) Você refletiu sobre como a IA pode influenciar suas decisões de carreira e projeto de vida?
f) Você participou ativamente e com empenho da elaboração do fanzine?
g) Você foi atuante na condução do lançamento do fanzine?
3. Sobre o canal de compartilhamento, proposto no boxe Hora de compartilhar, responda às questões a seguir.
a) Em sua opinião, quais foram os pontos positivos de compartilhar algumas reflexões e trabalhos realizados em cada etapa do projeto? Quais foram os pontos negativos?
b) Como foi sua participação no desenvolvimento desse trabalho?
c) R egistre as dificuldades que você encontrou e as aprendizagens que desenvolveu com esse canal de compartilhamento.
1. Respostas pessoais. Nesse momento, não se espera que os estudantes forneçam respostas muito elaboradas; o objetivo é levantar os conhecimentos prévios deles e engajá-los no estudo do assunto.
2. Resposta pessoal. É possível que os estudantes concordem com a afirmação e mencionem que a compra de alimentos ultraprocessados estimula a produção industrial, acarretando possíveis problemas ambientais.
3. Resposta pessoal. Os estudantes podem mencionar o alto custo e a dificuldade de acesso dos alimentos in natura
A produção e o consumo dos alimentos in natura geram efeitos – econômicos, sociais, culturais, ambientais e na saúde – bem diferentes dos efeitos gerados pelos alimentos ultraprocessados.
Existe uma relação direta entre a alimentação e as principais doenças que acometem atualmente a população mundial.
Outra constatação relevante é o aumento do sobrepeso e da obesidade em todas as faixas etárias. Para ter uma ideia, o excesso de peso atinge um em cada dois adultos e uma em cada três crianças brasileiras.
Ao longo deste projeto, vamos fazer uma análise da alimentação e dos hábitos alimentares e tentar compreender como as escolhas alimentares afetam os indivíduos, a sociedade e o planeta como um todo.
Nesse percurso, você será convidado a avaliar os desafios e as oportunidades que a alimentação apresenta.
1. Você e sua família costumam consumir alimentos como os da imagem? Qual é a importância deles para uma vida saudável?
2 Grande parte dos impactos ambientais provocados pela ação humana tem relação com a produção de alimentos. Você acredita que suas ações podem ter alguma influência sobre esse cenário? Explique aos colegas.
3. Em sua opinião, quais são os principais desafios para uma pessoa que deseja ter uma alimentação saudável e com baixo impacto sobre o ambiente?
■ Barraca repleta de alimentos in natura no mercado Ver-o-Peso, em Belém (PA), 2017.
Questão norteadora
Como reverter o crescimento do consumo de produtos ultraprocessados no Brasil e valorizar nossa cultura alimentar?
• Conhecer o panorama histórico dos hábitos alimentares no Brasil das últimas décadas.
• Identificar diferentes formas de obtenção e produção dos alimentos, bem como os impactos ambientais, econômicos e sociais associados.
• Conhecer algumas das transformações que ocorrem nos produtos da indústria dos alimentos.
• Conhecer a classificação dos nutrientes e os hábitos alimentares recomendados por especialistas.
• Desenvolver um plano de negócios para uma empresa que atue no ramo da alimentação saudável.
Os hábitos alimentares são os comportamentos que uma pessoa adota em relação à sua alimentação. Considerando as três principais refeições diárias – café da manhã, almoço e jantar –, fazemos ao longo de 15 anos mais de 16 mil refeições. A depender dos nossos hábitos alimentares, a alimentação pode ter diferentes impactos, positivos ou negativos, sobre a saúde. Mas não é só isso. Ao comprar alimentos, preparar refeições e compartilhar a mesa com outras pessoas, participamos de dinâmicas econômicas, ambientais, culturais e sociais.
Por isso, conhecer os múltiplos aspectos relacionados à alimentação contribui para que possamos fazer escolhas alinhadas aos nossos objetivos e valores. Neste projeto, a construção desse conhecimento está ligada ao
empreendedorismo, contribuindo, assim, para o desenvolvimento de habilidades que poderão ser úteis para seu projeto de vida.
Integrando os saberes das áreas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Matemática e suas Tecnologias neste projeto, você vai investigar a seguinte questão: Como reverter o crescimento do consumo de produtos ultraprocessados no Brasil e valorizar nossa cultura alimentar?
• Educação alimentar e nutricional
• Educação para o consumo
• Saúde
• Trabalho
• Direitos da criança e do adolescente
• Educação ambiental
2 Fome zero e agricultura sustentável
3 Saúde e bem-estar
12 Consumo e produção responsáveis
13 Ação contra a mudança global do clima
14 Vida na água
15 Vida terrestre
• Projetor
• Computador com acesso à internet
• Celulares ou tablets com câmera
• Máquina fotográfica
• Gravador e microfone
• Folhas de papel sulfite, telas ou cartolinas
• Canetas e lápis coloridos
Produto final
Produção de um vídeo com um pitch de apresentação da empresa criada.
Nesta etapa, será apresentado o tema geral do projeto. Ao final, seu grupo vai fazer uma entrevista na comunidade para compreender como é o consumo de ultraprocessados pelas pessoas e que fatores contribuem para isso.
Nesta etapa, serão analisadas as principais fontes de alimento para a população brasileira, incluindo um histórico da agropecuária no Brasil e diferentes formas de produção e extração de recursos alimentares. Para concluir a etapa, seu grupo vai se aprofundar na análise da produção ou na obtenção de alimentos.
Nesta etapa, você vai conhecer os grupos de nutrientes, suas funções e suas fontes alimentares, bem como as principais orientações para uma alimentação saudável, sustentável e socialmente justa. Para finalizar a etapa, seu grupo deverá propor uma forma de divulgação do Guia alimentar para a população brasileira para a comunidade local.
Nesta etapa, você vai refletir sobre o mercado de trabalho ligado à alimentação. Ao final, seu grupo vai propor a criação de uma empresa que atue no ramo alimentício.
Nesta etapa, seu grupo vai elaborar um pitch, que é uma apresentação curta e objetiva, para expor a empresa criada na etapa anterior e atrair um possível investidor.
Para organizar e registrar as produções realizadas nas etapas deste Projeto Integrador, sugerimos a construção coletiva de um canal de compartilhamento. Para isso, vocês podem criar um blogue, um canal de vídeos, uma página em rede social, um mural, um portfólio ou outras formas de comunicação com a comunidade escolar.
Consulte as orientações no Manual do professor
Com uma vasta extensão territorial e uma diversidade de climas favoráveis à agricultura, o Brasil desempenha um papel fundamental no cenário global como um dos principais produtores de alimentos. É o maior exportador mundial de açúcar, café, suco de laranja, soja e carne de frango e está entre os maiores produtores de milho, carne bovina, aves e carne suína. Essa diversificação na produção alimentar confere ao país uma posição estratégica na oferta global de alimentos, contribuindo para a segurança alimentar de diversas regiões do mundo.
Com investimento em tecnologia agrícola, práticas sustentáveis e rigorosos padrões de qualidade, o Brasil tem elevado a confiança dos consumidores globais nos produtos brasileiros. Instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) trabalham no desenvolvimento de técnicas e variedades de cultivo que aumentam a produtividade e garantem a qualidade dos alimentos.
A cultura alimentar brasileira tem forte influência de diferentes povos, como os indígenas e os de origem africana e europeia. Por esse motivo, podemos encontrar uma diversidade de pratos típicos nas regiões do país. Para citar alguns exemplos, no Norte, temos o tacacá, a maniçoba e o caruru; no Nordeste, temos o baião de dois, a carne de sol e o bolo de rolo. No Centro-Oeste, temos a galinhada com pequi, o caldo de piranha e o empadão goiano; no Sudeste, são populares o virado à paulista, o pão de queijo e a moqueca capixaba; e, por fim, no Sul, temos o barreado, o joelho de porco e a cuca.
Conexões
■ Trabalhadora rural colhendo brócolis orgânico em propriedade de agricultura familiar em Mogi das Cruzes (SP), 2021.
Vídeo que apresenta o conceito de cultura alimentar do ponto de vista da Antropologia e aborda a riqueza da cultura alimentar brasileira.
• SUSTENTAREA explica: cultura alimentar. São Paulo, 9 maio 2023. 1 vídeo (cerca de 6 min). Publicado pelo canal
Sustentarea USP. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7Kyf2ZZJDXo. Acesso em: 6 set. 2024.
Apesar de toda a riqueza econômica e cultural do país, a alimentação dos brasileiros nas últimas décadas vem seguindo um caminho preocupante. Uma das tendências mais marcantes tem sido o aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, produtos industrializados com alto teor de açúcar, gorduras saturadas, sódio e aditivos químicos. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que o consumo desses alimentos aumentou consideravelmente nas últimas décadas, tornando-se uma parte significativa da dieta dos brasileiros, como pode ser observado no mapa.
Brasil: consumo de ultraprocessados (em percentual de calorias ingeridas) – 2017-2018
Trópico de Capricórnio
Gradiente de consumo de alimentos ultraprocessados (% do total de energia)
A mudança nos padrões alimentares está associada a diversos fatores, incluindo a urbanização, a industrialização da produção alimentar, o aumento da renda da população e a uniformização dos hábitos de consumo. A conveniência e a disponibilidade desses produtos, aliadas a estratégias de marketing das indústrias alimentícias, também têm contribuído para a popularização dos ultraprocessados na dieta dos brasileiros.
Fonte: LOUZADA, Maria Laura da Costa et al. Consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil: distribuição e evolução temporal 2008-2018. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 57, n. 1, p. 7, 2023. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/209656/192621. Acesso em: 6 set. 2024.
A transição alimentar de alimentos in natura para os ultraprocessados é uma questão de saúde pública, uma vez que o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados está associado a uma série de doenças crônicas, bem como à perda da identidade cultural.
a) Resposta pessoal. É possível convidar pessoas que trabalham com alimentação na região para conversar com os estudantes sobre os alimentos típicos.
NÃO ESCREVA NO LIVRO. Consulte as respostas no Manual do professor.
• Reúna-se com seu grupo para responder às questões.
a) E sco lham u m preparo típico de onde vocês vivem e que esteja presente na alimentação da maioria dos integrantes do grupo. Pesquisem e descrevam os ingredientes principais, a forma de preparo e a origem desse prato. Conversem sobre as situações nas quais ele é consumido (almoços cotidianos, datas comemorativas etc.).
b) Os alimentos ultraprocessados estão presentes na alimentação de vocês? Em caso afirmativo, deem exemplos. Vocês conhecem o risco do consumo desses alimentos? Expliquem.
O documentário traz relatos de diferentes especialistas sobre o poder das grandes corporações do setor de ultraprocessados no Brasil e no mundo.
• BIG food: o poder das indústrias de ultraprocessados. São Paulo, 21 out. 2022. 1 vídeo (cerca de 22 min). Publicado pelo canal Idec. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=lL9hsEvPJms. Acesso em: 6 set. 2024.
b) Respostas pessoais. Utilize esta atividade para avaliar se os estudantes conseguem identificar sem dificuldade os alimentos ultraprocessados, diferenciando-os dos demais grupos de alimentos e os riscos do consumo frequente deles à saúde.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Cartografia social é um método de criar e usar mapas sociais para mostrar como as pessoas percebem e vivem em determinado lugar. Esses mapas sociais são feitos por pessoas da própria comunidade focando em aspectos sociais, culturais e comunitários.
Ao fazer esse tipo de mapa, é possível aprender sobre a geografia física e a vida cotidiana das pessoas. Essa pode ser uma ferramenta poderosa para planejar melhorias e resolver problemas na comunidade.
Agora, vamos produzir, em grupo, um mapa social sobre o perfil alimentar da comunidade onde vocês vivem. Para isso, sigam estes passos.
1. Coletem dados sobre a alimentação da comunidade de vocês por meio de entrevistas. Selecionem algumas pessoas do local onde vivem e façam as questões a seguir.
1. Que tipos de alimentos você e sua família costumam consumir com mais frequência?
( ) In natura
( ) Minimamente processados
( ) Ultraprocessados
2. Você acha que há uma predominância de algum tipo de alimento em sua dieta? Em caso afirmativo, qual?
3. Q uantas refeições por semana você faz fora de casa?
( ) Nenhuma
( ) 1 a 2
( ) 3 a 4
( ) Mais de 4
4. O nde você e sua família costumam comprar a maioria dos alimentos?
( ) Feira livre
( ) Supermercado
( ) Mercado local
( ) Outros:
5. Você percebe alguma diferença de preço ou qualidade dos alimentos nesses locais? Em caso afirmativo, qual?
6. Você sabe se existem hortas comunitárias no município onde mora?
( ) Sim ( ) Não
7. Sua família cultiva algum tipo de horta ou planta alimentos para consumo próprio?
( ) Sim ( ) Não
Em caso afirmativo, qual?
8. Você gostaria de ter uma alimentação mais saudável?
( ) Sim ( ) Não
9. Que fatores dificultam para que você tenha uma alimentação mais saudável? Escolha as respostas que mais se aplicam.
( ) É caro comprar alimentos saudáveis.
( ) Não é prático; não tenho tempo para preparar.
( ) Não gosto do sabor; não sinto prazer ao ingeri-los.
( ) N ão tenho o hábito de consumir esses alimentos.
( ) Outro. Qual?
2. Com o professor ou um responsável, visitem feiras, supermercados e plantações locais. Registrem com fotografias e coletem informações sobre o cultivo local.
3. Reúnam os dados coletados e construam tabelas e gráficos. Além disso, elaborem um mapa colaborativo em uma folha de papel sulfite ou em plataformas digitais. Esse mapa deverá ser publicado na plataforma criada pela turma com os seguintes componentes:
• Indicação dos locais onde predominam alimentos in natura, minimamente processados e ultraprocessados.
• Localização das feiras, dos supermercados e de outros pontos de venda. Localizem, também, plantações comunitárias e hortas familiares.
• Uso de diferentes cores e símbolos para destacar as informações no mapa, como verde para feiras, azul para supermercados e amarelo para áreas de cultivo.
4. Em sala de aula, debatam sobre o que os dados revelam, como a dependência de alimentos ultraprocessados e a importância das feiras e das hortas para a comunidade. Além disso, reflitam sobre o modo como a cartografia social ajudou a entender melhor a alimentação da comunidade. Quais são as possíveis melhorias para a alimentação local e como os dados coletados podem ser usados para promover hábitos alimentares mais saudáveis?
Hora de compartilhar
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar os aspectos sociais da alimentação e refletir sobre eles.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem os gráficos e o mapa, produzidos na seção Em ação, no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, vídeos ou links para enriquecer a publicação.
■ Consumir alimentos de produtores locais é uma prática que traz benefícios para a saúde, para o ambiente e para a economia local.
Consulte as orientações no Manual do professor.
De onde vêm os alimentos que consumimos?
Nossa alimentação tem origem na agricultura, na criação de animais ou nas atividades extrativistas, isto é, aquelas nas quais os recursos são diretamente extraídos da natureza, como a pesca, a caça e a extração vegetal. Existem diversas técnicas tanto de produção quanto de extração, mas todas resultam algum impacto no ambiente. Algumas, porém, são muito mais danosas aos ecossistemas do que outras. Além dos fatores ambientais, a obtenção de alimentos tem componentes sociais, econômicos e culturais.
O Brasil é, atualmente, um dos maiores produtores agrícolas do mundo e exporta alimentos para diversos países. Há algumas décadas, porém, essa realidade era completamente diferente. Nos anos 1940, a produção agrícola não acompanhou o crescimento populacional e o país importava alimentos básicos, embora ainda fosse grande exportador de café e de açúcar. Como esse cenário mudou tanto?
■ Navio de transporte de grãos sendo carregado com soja para exportação, em Paranaguá (PR), 2024. O Brasil é o maior produtor mundial de soja, e a maior parte da produção é exportada.
Acompanhe alguns dos períodos e eventos marcantes da agricultura no Brasil no esquema a seguir.
Década de 1940
O Brasil era deficitário na produção de alimentos e dependia de importações. Nesse período, mais da metade da população vivia no campo e, devido à falta de investimentos e de formação, parte dessa população passava com frequência por períodos de insegurança alimentar
1960
A produção agrícola era concentrada em dez culturas, que ocupavam 25 milhões de hectares. O milho era responsável por 30% dessa área, seguido por café, algodão e arroz.
Década de 1950
A estrutura agrária do país era dominada por grandes latifúndios improdutivos, com constante avanço do desmatamento sobre áreas nativas. A produção agrícola empregava pouca tecnologia e focava na exportação de açúcar, café, algodão, borracha e cacau.
1973
Investimento maciço em pesquisa voltada à produção agrícola. Criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com o objetivo de desenvolver tecnologias, conhecimentos e informações técnico-científicas destinados à agropecuária brasileira.
1966
Governo dá início aos programas de assistência técnica ao agricultor e a empréstimos subsidiados ao setor agrícola, fazendo com que novas tecnologias cheguem ao campo. Os primeiros resultados da Revolução Agrícola se tornam evidentes com o aumento da produtividade e a ampliação do processamento da soja e do suco de laranja.
Década de 1980
1975
Com a crise do petróleo, iniciada em 1973, foi criado o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), que reuniu investimentos governamentais, centros de pesquisa, fabricantes de automóvel para a produção de veículos movidos a etanol e tecnologias para a produção maciça desse combustível, assim como a expansão das áreas de cultivo da cana-de-açúcar.
Durante a ditadura civil-militar iniciada em 1964, a agricultura teve significativo aumento na produção, formando um complexo agroindustrial com área cultivada de 47 milhões de hectares. O foco, porém, foi nas commodities para exportação, como soja e cana-de-açúcar. Produtos alimentares como arroz, feijão e mandioca não tiveram melhoras na produção, e diversos problemas estruturais no campo permaneceram, como a pobreza, a violência e a concentração fundiária.
Década de 1990
O etanol se consolida como um dos principais produtos da agricultura, dando a ela papel importante na matriz energética do país. O governo intensifica os incentivos à exportação, com políticas diferenciadas para produtos destinados ao mercado externo, como café, açúcar, soja e suco de laranja. Além disso, elimina restrições às importações de produtos destinados à produção agrícola, como máquinas e fertilizantes. A produção torna-se mais eficiente e competitiva no mercado internacional.
1993
Foi criada a Organização Mundial do Comércio (OMC), acordo internacional que contribui de maneira efetiva para a liberação do comércio e a entrada de grandes grupos multinacionais no Brasil.
2010
O Brasil se consolida como protagonista no agronegócio global, atendendo à demanda crescente por alimentos, fibras e energia (etanol). Porém, há grandes desafios para garantir a sustentabilidade na produção, bem como problemas econômicos e sociais, como a violência.
1996
Foi criado o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), destinado ao apoio financeiro às atividades agropecuárias do pequeno produtor e da produção de subsistência.
Década de 2000
2013
As exportações anuais do agronegócio alcançam, pela primeira vez, a marca dos 100 bilhões de dólares.
Elaborado com base em: CHAMMA, Ana et al Produção de alimentos no Brasil: geografia, cronologia e evolução. Piracicaba: Imaflora, 2021. p. 46-47. Disponível em: https://www.imaflora.org/ public/media/biblioteca/producao_de_alimentos_no_brasil_ geografia_cronologia_e_evolucao.pdf. Acesso em: 6 set. 2024.
Com o processo de globalização acentuado, o Brasil ganha destaque no cenário internacional como produtor agrícola. O boom das commodities: em 2002, os preços das commodities agrícolas disparam, influenciados pela rápida expansão da economia chinesa. Isso acelera o crescimento do agronegócio no Brasil.
2018 a 2024
Com uma área destinada a plantações com 62 milhões de hectares de extensão e 230 milhões de toneladas anuais de produção, a agricultura é um dos pilares da economia nacional. No entanto, os desafios persistem: parte da população do campo é composta de agricultores pobres, com baixo nível de escolaridade e dedicados à produção de subsistência. A desigualdade entre os produtores é acentuada, e os desafios de sustentabilidade persistem.
NÃO ESCREVA NO LIVRO. Consulte as respostas no Manual do professor
1. Escreva uma lista com todos os termos destacados nas páginas 151 e 152 e, em seguida, faça o que se pede.
1. a) Se julgar necessário, auxilie os estudantes na busca de fontes confiáveis tanto em meios físicos quanto digitais.
a) Pesquise o significado de cada um desses termos. Há conceitos de Economia, eventos históricos, entre outros. Registre a fonte da qual você extraiu a definição de cada termo.
b) Escreva uma dissertação sobre a evolução do agronegócio no Brasil, com base no esquema. Se puder, acrescente outras informações que julgar necessárias. Conclua expondo suas considerações sobre as qualidades e os problemas do agronegócio no Brasil atualmente.
1. b) Resposta pessoal. Auxilie os estudantes organizando os tópicos que fazem parte de um texto dissertativo.
2. Em grupo, analisem o gráfico e, depois, respondam às questões.
Brasil: porcentagem (%) de estabelecimentos rurais e porcentagem (%) da área ocupada para a produção agrícola – 2017
Estabelecimentos rurais
Área ocupada para cultivos agrícolas
Elaborado com base em: CHAMMA, Ana et al. Produção de alimentos no Brasil: geografia, cronologia e evolução. Piracicaba: Imaflora, 2021. p. 121. Disponível em: https://www.imaflora.org/public/media/biblioteca/producao_de_ alimentos_no_brasil_geografia_cronologia_e_evolucao.pdf. Acesso em: 6 set. 2024.
a) Confrontem as informações do gráfico com a afirmação: Uma parte muito pequena dos proprietários rurais é dona da maior parte das áreas destinadas ao agronegócio. Vocês concordam com isso? Expliquem oralmente.
b) Com base na resposta de vocês ao item anterior, discutam: Que problemas essa situação representa? O que pode ser feito para combatê-la? Apresentem e justifiquem seus argumentos oralmente. Pesquisem informações confiáveis para fundamentar a opinião de vocês. Espera-se que os estudantes concordem com a afirmação.
2. b) Espera-se que os estudantes reconheçam os problemas relacionados à desigualdade, à concentração de terras e ao poder econômico na mão de poucas pessoas.
Elaborem um texto com base nas conclusões que vocês obtiveram na atividade 2 e publiquem no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir gráficos e links para reportagens ou estudos para enriquecer a publicação.
Site de jornalismo investigativo sobre alimentação com podcasts de assuntos variados e relacionados ao assunto, desde a produção agrícola até a atuação de grandes multinacionais da indústria alimentícia.
• O JOIO E O TRIGO. Disponível em: https://ojoioeotrigo.com.br/prato-cheio/. Acesso em: 19 out. 2024.
Quando se fala em agronegócio, o que vem à sua mente? Esse termo se refere a um setor composto de diferentes atividades, como produção agropecuária em grande escala, fabricação e venda de produtos para o campo (agrotóxicos, fertilizantes, maquinário, sementes, entre outros) e processamento, comercialização e transporte para indústrias e centros de exportação.
A produção agrícola nesse modelo se caracteriza por monoculturas em grandes propriedades, com uso de técnicas modernas que permitem obter elevada produtividade a preços competitivos, com foco na comercialização voltada para o exterior, principalmente para indústrias. As técnicas empregadas, geralmente, são amplamente dependentes da aplicação de fertilizantes químicos para aumentar a produtividade e de agrotóxicos para combater espécies animais e vegetais consideradas indesejadas.
O cultivo de monoculturas em larga escala é uma atividade lucrativa para o proprietário de terras, mas apresenta uma série de problemas ambientais. Um deles é o desmatamento, isto é, a substituição da vegetação nativa pelo alimento a ser cultivado. Com o avanço do desmatamento para ampliação das áreas de cultivo no Brasil, muitas vezes feito de forma ilegal e com uso de violência contra populações residentes na região, há a destruição de hábitats, uma das principais causas da perda de biodiversidade.
Florestas nativas desempenham papel central na regulação climática local e global, especialmente por meio da evapotranspiração das árvores; assim, quando o desmatamento atinge áreas florestais, as consequências climáticas afetam não apenas a área desmatada e seu entorno, mas também locais bem mais distantes. Essas consequências incluem alterações no regime de chuvas e na amplitude da variação térmica, por exemplo. Em razão disso, o agronegócio se situa no centro das discussões atuais sobre a crise climática.
Além disso, o uso indiscriminado de fertilizantes químicos pode trazer consequências ambientais negativas, quando esses produtos contaminam corpos de água como lençóis freáticos e rios. Essa contaminação também ocorre pelo uso de agrotóxicos, que podem prejudicar uma ampla variedade de espécies, tanto vegetais quanto animais, além daquelas que são o alvo principal. Muitas dessas substâncias oferecem risco à saúde do trabalhador rural e do consumidor final. Problemas como esses alertam para a necessidade de adequação dos modelos de produção do agronegócio.
No Brasil, a parte considerável dos alimentos consumidos pela população é oriunda da produção familiar, também chamada de agricultura familiar. Essa atividade inclui as produções agropecuárias comandadas e realizadas por integrantes de uma família no campo, geralmente em pequenas ou médias propriedades. O levantamento do Censo Agropecuário de 2017 mostrou que a agricultura familiar ocupava 23% da área total dos estabelecimentos agropecuários brasileiros. Além disso, ela empregava mais de 10 milhões de pessoas, o que corresponde a 67% do total de pessoas ocupadas na agropecuária.
Por sua característica de produção em pequena escala, a agricultura familiar gera menos impactos ambientais que a grande agricultura comercial. A produção de alimentos sem agrotóxicos, por exemplo, acontece principalmente na agricultura familiar. Além disso, a diversidade de cultivares é maior, e são empregadas técnicas que reduzem os impactos sobre o solo ou até contribuem para a regeneração dele.
Embora produza parte importante dos alimentos que chegam à mesa dos brasileiros, a agricultura familiar, historicamente, recebeu poucos incentivos governamentais para seu desenvolvimento em comparação ao agronegócio. Isso impulsiona diversos grupos e movimentos sociais a agir coletivamente, reivindicando políticas públicas de incentivo à produção familiar, o que inclui acesso a terras para morar e produzir, financiamento para investir na produção, meios para capacitação técnica e estrutura de transporte para a venda dos produtos.
■ Participantes do 24 o Grito da Terra Brasil, em Brasília (DF), 2024. Mobilização organizada anualmente por movimentos sociais e entidades representativas da agricultura familiar com o objetivo de reivindicar políticas públicas destinadas ao setor.
Na agricultura familiar é relativamente comum praticar a agricultura de base ecológica, que abrange técnicas como a agricultura orgânica, a biodinâmica, a permacultura e a agricultura natural e agroflorestal.
A agricultura de base ecológica foi regulamentada sob o título de “sistema orgânico” pela lei federal no 10.831, de 2003.
Art. 1o Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente.
§ 1o A finalidade de um sistema de produção orgânico é:
I – a oferta de produtos saudáveis isentos de contaminantes intencionais;
II – a preservação da diversidade biológica dos ecossistemas naturais e a recomposição ou incremento da diversidade biológica dos ecossistemas modificados em que se insere o sistema de produção;
[...]
IV – promover um uso saudável do solo, da água e do ar, e reduzir ao mínimo todas as formas de contaminação desses elementos que possam resultar das práticas agrícolas;
[...]
VII – basear-se em recursos renováveis e em sistemas agrícolas organizados localmente;
VIII – incentivar a integração entre os diferentes segmentos da cadeia produtiva e de consumo de produtos orgânicos e a regionalização da produção e comércio desses produtos;
[...]
BRASIL. Lei no 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a agricultura orgânica e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2003. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.831.htm. Acesso em: 6 set. 2024.
Alimentos produzidos em conformidade com essas práticas podem ser identificados pelo consumidor final por meio de determinados selos, que são atribuídos por entidades certificadoras credenciadas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária e Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. Um produtor que queira certificar seus produtos deve procurar uma dessas entidades e solicitar que façam a verificação, apontem eventuais necessidades de correção e, por fim, atestem que aqueles produtos cumprem os requisitos necessários para obtenção do selo. As agências certificadoras podem ter critérios diferentes e avaliar quesitos distintos da produção, que podem incluir o uso de agrotóxicos, os bons tratos com os animais, entre outros.
■ Selos de certificação da agricultura de base ecológica.
1. Por que as áreas de monocultura são chamadas de “desertos verdes” por ambientalistas? Se precisar, pesquise em fontes confiáveis para elaborar sua resposta.
2. Em duplas, façam o que se pede
Elas recebem essa definição em função da baixa biodiversidade presente nelas, apesar de serem áreas plantadas.
a) Caracterize a agricultura familiar e descreva a relevância dela.
2. a) Na agricultura familiar, a produção agropecuária é comandada e realizada por integrantes de uma família no campo.
b) Quais são os principais desafios da agricultura familiar no Brasil e qual é a importância de superá-los?
Resposta pessoal. Analise os conhecimentos dos estudantes com base nos argumentos elencados na questão.
A pesca e a caça são atividades extrativistas, em que os recursos são retirados diretamente da natureza. No Brasil, a pesca tem papel importante no fornecimento de alimentos para a população e emprega cerca de um milhão de pessoas.
A pesca artesanal é praticada por comunidades tradicionais, com embarcações de pequeno ou médio porte, ou mesmo sem embarcações, como na captura de pequenos animais perto da costa. O pequeno pescador também pode estar munido de equipamentos tecnológicos, como o Sistema de Posicionamento Global (GPS, na sigla em inglês), e também deve respeitar as espécies permitidas e o período reprodutivo das espécies Essa atividade explora as proximidades da costa, bem como rios e lagos, podendo ser praticada para fins de subsistência ou comerciais.
Já a pesca industrial é a captura de pescado utilizando navios de grandes dimensões, geralmente equipados com radares capazes de localizar cardumes em alto-mar, com grandes redes, e de capturar toneladas de pescado em uma única viagem. Quando essa extração ameaça o equilíbrio dos ecossistemas, ela pode se tornar um problema ambiental, econômico e social, recebendo o nome de exploração predatória . A rápida expansão da pesca industrial no mundo colocou em risco de extinção mais de um terço das espécies de raias e tubarões, além de outros peixes, ao mesmo tempo que reduziu a presença de cardumes na região costeira, o que prejudicou pescadores artesanais e suas comunidades.
■ Navio de pesca industrial de sardinha em Itajaí (SC), 2018.
• Em grupo, façam uma pesquisa sobre a pesca-fantasma, um problema decorrente da pesca industrial. Abordem como ela ocorre, quais são suas consequências e como ela pode ser reduzida.
A pesca-fantasma ocorre quando os equipamentos de pesca (redes, anzóis, armadilhas etc.) são abandonados ou esquecidos nos ecossistemas aquáticos, podendo gerar grandes impactos à fauna desses ambientes.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Ao longo desta etapa, foram apresentadas diferentes maneiras de produção e obtenção dos alimentos. Cada grupo deve escolher uma das técnicas de produção de alimentos da lista a seguir.
Monocultura
■ A cana-de-açúcar é uma das maiores representantes da monocultura no Brasil. Campos dos Goytacazes (RJ), 2021.
Pecuária extensiva
■ A pecuária extensiva é a forma mais tradicional de criação de gado no Brasil. São Félix do Xingu (PA), 2022.
Produção agroflorestal
■ No Brasil, os sistemas agroflorestais já são uma realidade. Florianópolis (SC), 2023.
Agricultura familiar
■ No Brasil, a agricultura orgânica é desenvolvida principalmente no modelo familiar. Porto Seguro (BA), 2024.
Pesca artesanal
■ É possível analisar a pesca artesanal no Brasil levando em consideração fatores sociais, econômicos e ambientais específicos de cada região. Lagoa Grande (PE), 2021.
1. Façam uma pesquisa para aprofundar a análise da técnica de produção de alimentos escolhida, a fim de identificar as principais características e reconhecer os eventuais pontos positivos e negativos, levando em consideração os aspectos econômicos, sociais e ambientais.
2. Pesquisem se há selos que certificam os alimentos produzidos ou obtidos pela técnica escolhida e, em caso afirmativo, quais garantias esses selos fornecem.
3. Por fim, elaborem um conteúdo de divulgação como vídeos ou textos multimídia a ser compartilhado com o restante da escola e com suas famílias. 1, 2 e 3. Respostas pessoais. Se necessário, auxilie os estudantes a buscar por fontes confiáveis para a realização das pesquisas.
■ A divulgação científica possibilita traduzir conhecimentos em linguagem acessível a todas as pessoas.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “De onde vêm os alimentos que consumimos?” e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem o conteúdo de divulgação sobre a técnica de produção e a origem dos alimentos, elaborado na seção
Em ação , no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, textos ou links para enriquecer a publicação.
Livro-reportagem que apresenta brevemente a história da indústria dos alimentos e as principais estratégias que ela emprega para maximizar seus lucros.
• K EDOUK, Márcia. Prato sujo: como a indústria manipula os alimentos para viciar você. São Paulo: Abril, 2013. (Coleção Superinteressante).
Consulte as orientações no Manual do professor.
“Saco vazio não para em pé.” Essa expressão popular, tão antiga e comum no Brasil, transmite uma noção fundamental sobre a alimentação: sem comida, não temos energia para realizar nossas atividades. Além da energia, os alimentos fornecem nutrientes necessários para a constituição e a manutenção do corpo humano, para o crescimento do cabelo e das unhas, para o desenvolvimento de músculos, para a reposição de células mortas e para o funcionamento do sistema nervoso. Alimentar-se, portanto, é uma necessidade fundamental. Os nutrientes presentes nos alimentos podem ser classificados de acordo com diferentes critérios. Quando levamos em conta a quantidade desses elementos de que nosso corpo necessita, eles podem ser classificados em:
• macronutrientes: necessários em quantidades relativamente grandes, como os carboidratos, os lipídios e as proteínas;
• micronutrientes: necessários em quantidades relativamente pequenas, como as vitaminas e os sais minerais.
■ Para muitos brasileiros, a dupla arroz com feijão não pode faltar no prato, seja no almoço ou no jantar. O feijão é uma leguminosa rica em proteínas, fibras e ferro. Já o arroz é um cereal, fonte de carboidrato e diferentes vitaminas. Juntos, eles fornecem todos os aminoácidos essenciais para uma boa dieta. Essa é uma combinação nutricional considerada ideal para o organismo humano.
Os carboidratos , também chamados açúcares ou glicídios, são moléculas orgânicas constituídas principalmente por átomos de carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O). São a principal fonte de energia para os seres vivos, mas também exercem papel estrutural em muitos organismos e estão presentes em moléculas como o DNA (sigla em inglês para ácido desoxirribonucleico – ADN), o RNA (sigla em inglês para ácido ribonucleico – ARN) e o ATP (sigla em inglês para adenosina trifosfato). A glicose, a lactose, o glicogênio, o amido e a celulose são exemplos de carboidratos.
Embora não sejam consideradas nutrientes, as fibras alimentares são carboidratos encontrados em frutas, verduras, grãos e farinhas integrais e, por não serem digeridas pelo nosso organismo, são indispensáveis em uma dieta saudável, ajudando, por exemplo, no funcionamento do intestino.
■ Massas, tubérculos, grãos, leguminosas e cereais são alimentos ricos em carboidratos.
DMITRY, ROLFIK,VALENTYN VOLKOV,
Já os lipídios pertencem a uma classe diversa de moléculas orgânicas com baixa ou nenhuma solubilidade em água. Existem diferentes tipos de lipídio, que podem compor a estrutura da membrana plasmática (fosfolipídios) e atuar como precursores de hormônios sexuais (esteroides), mas, neste material, vamos focar nos triglicerídios, que são os componentes de óleos e gorduras e estão relacionados ao armazenamento de energia no corpo humano.
■ Óleos vegetais, manteiga, banha, coco, carnes e salmão são exemplos de alimentos ricos em lipídios.
Os óleos geralmente têm origem vegetal e se encontram em estado líquido à temperatura ambiente. Azeite de oliva e de dendê e óleos de soja, de milho e de girassol são alguns exemplos. As gorduras, por sua vez, são encontradas em células adiposas de animais e, geralmente, são sólidas à temperatura ambiente. A banha de porco, utilizada na culinária, é um exemplo de gordura.
As proteínas são formadas pelo encadeamento de dezenas, centenas ou até milhares de aminoácidos – moléculas orgânicas compostas de carbono (C), hidrogênio (H), oxigênio (O) e nitrogênio (N). Alguns aminoácidos podem conter também enxofre (S). São conhecidos 20 aminoácidos, e as combinações entre eles origina inúmeros tipos de proteína, que cumprem variadas funções.
Conexões
O documentário – baseado no livro homônimo de Luís da Câmara Cascudo, considerado um clássico dos estudos sobre os hábitos alimentares dos brasileiros – História da alimentação no Brasil – registra as tradições e as práticas da culinária brasileira originárias da miscigenação entre indígenas, africanos e portugueses.
• HISTÓRIA da alimentação no Brasil. Direção: Eugênio Puppo. Brasil: Prime Vídeo, 2017. Streaming (352 min).
O colágeno, por exemplo, é a proteína mais abundante no corpo humano. Ele cumpre função estrutural, conferindo resistência e elasticidade à pele e às cartilagens. A actina e a miosina são proteínas responsáveis pela contração muscular. A hemoglobina, proteína presente em células sanguíneas especializadas no transporte de gás oxigênio (O2) e de gás carbônico (CO2). Anticorpos, moléculas fundamentais para a defesa imune do organismo, são constituídos de proteínas. Além dessas funções, o metabolismo do corpo depende da ação de inúmeras enzimas, substâncias proteicas que aumentam a velocidade de reações químicas.
■ Carnes, peixes, ovos, leite, iogurtes e leguminosas são alimentos ricos em proteínas.
Os aminoácidos naturais são aqueles que o organismo animal consegue sintetizar a partir de outras substâncias. Já os aminoácidos essenciais precisam ser absorvidos por meio da alimentação. Estudos nutricionais indicam que uma alimentação saudável deve contemplar a ingestão de todos os aminoácidos. As principais fontes alimentares das proteínas são carnes, ovos e leite, além de leguminosas e alguns cereais.
As vitaminas são substâncias orgânicas de variados tipos, necessárias em quantidades relativamente pequenas para o bom funcionamento do organismo, sendo importantes para o crescimento e a renovação celular, por exemplo. Além disso, são precursoras de enzimas, coenzimas e hormônios, participando de vias metabólicas específicas. Elas podem ser classificadas em hidro e lipossolúveis.
As vitaminas hidrossolúveis são compostas de moléculas polares, assim como a água, capazes de se dissolver em água e devem ser ingeridas diariamente. Já as vitaminas lipossolúveis são substâncias apolares que podem ser dissolvidas em lipídios e são armazenadas nos tecidos adiposos do organismo.
Manter uma alimentação equilibrada e variada, que possa fornecer todas as vitaminas necessárias ao organismo, é essencial para a manutenção da saúde. A ingestão insuficiente desses nutrientes pode ocasionar disfunções metabólicas graves e hipovitaminoses. Os sais minerais são íons inorgânicos que cumprem diferentes funções essenciais no organismo. Muitos deles participam de reações químicas no corpo, enquanto outros fazem parte da composição de órgãos como dentes e ossos. Assim como nas vitaminas, a carência de sais minerais na dieta alimentar pode ocasionar diversos problemas de saúde.
■ Frutas e verduras são as principais fontes alimentares de diferentes vitaminas e sais minerais.
NÃO ESCREVA NO LIVRO. Consulte as respostas no Manual do professor.
1. Reúna-se com seu grupo para ler o texto e, depois, responder às questões.
Atualmente, com o fácil acesso à informação pela internet, é muito comum que as pessoas busquem maneiras simples e rápidas de resolverem problemas, principalmente quando se trata de saúde, mais especificamente perda de peso. [...]
Na busca pelo emagrecimento rápido, muita gente acredita no que lê em qualquer lugar e inicia práticas sem procurar um profissional e sem se preocupar com possíveis complicações. Segundo a nutricionista clínica e esportiva Maíra Azevedo, essas dietas geralmente são restritivas e não levam em conta o estado de saúde, o hábito alimentar e o estilo de vida do indivíduo.
“Dietas de internet não promovem educação nutricional, ou seja, a pessoa não aprende a comer e quando volta aos hábitos antigos recupera todo o peso perdido. Seguir dicas como tomar limão com água morna em jejum, evitar glúten ou cortar carboidratos sem a ajuda de um profissional pode comprometer a saúde do paciente, gerando uma compulsão, outro transtorno alimentar ou o temido efeito sanfona”, afirma Maíra.
[...]
[A nutricionista Laura Vieira Carvalho] alerta que não há métodos milagrosos para perder peso e manter o corpo saudável. Por isso, afirma que, caso a pessoa esteja acima do peso, é indispensável o acompanhamento por nutricionistas e outros profissionais da área da saúde. “Mas para todas as pessoas, no geral, a regra é clara: alimentação equilibrada e exercícios físicos regularmente”, resume a profissional. SAMPAIO, Nathan. Mitos e dietas de internet podem causar compulsão alimentar. Jornal Opção, Goiânia, 25 ago. 2018. Disponível em: https://www.jornalopcao.com.br/ultimas-noticias/mitos-e-dietas-de-internet-podem-causar-compulsao-alimentar-134205/. Acesso em: 7 set. 2024.
a) Você ou alguém de seu convívio já seguiu algum tipo de dieta depois de conhecê-la nas redes sociais? Em caso afirmativo, conte essa experiência aos colegas. Como essa dieta foi descoberta? O que ela considera? Quais foram os resultados?
b) Segundo o texto, quais são os riscos de adotar uma dessas dietas que se popularizam na internet?
c) Quais são as principais orientações para manter o corpo saudável, de acordo com o texto?
2. Em grupo, pesquisem sobre avitaminoses e hipervitaminoses. Descubram o que esses termos significam e quais são as principais causas dessas condições de saúde. Por fim, produzam um material para divulgar esse conhecimento nas redes sociais: um vídeo curto, uma galeria de imagens com texto, entre outros.
1. a) Respostas pessoais. É possível que os estudantes já tenham feito alguma dieta ou conheçam alguém que fez. 1. b) Espera-se que os estudantes respondam que a pessoa pode perder peso e depois ganhar peso rapidamente, desenvolver algum transtorno alimentar e comprometer a saúde, deixando de consumir nutrientes de que necessita.
1. c) Ter uma alimentação equilibrada e praticar exercícios físicos, além de consultar um profissional de nutrição.
Publiquem no canal de compartilhamento criado pela turma o material produzido na atividade 2 .
2. Resposta pessoal. Oriente os estudantes a usar uma linguagem acessível na produção do material que será divulgado para a comunidade.
A alimentação humana é resultado de um longo processo histórico e conta com a influência de fatores econômicos, culturais, ambientais, sociais, entre outros. Pense nas principais refeições de seu dia e nos alimentos que costumam estar presentes em cada uma delas. Esses alimentos seriam os mesmos caso você tivesse nascido em outra família ou em outra região do Brasil? Se sua condição socioeconômica fosse diferente, essas refeições seriam as mesmas? Reflexões como essas ajudam a compreender os aspectos culturais, sociais e econômicos da alimentação.
O ambiente também tem papel central na determinação do que comemos. Vamos analisar dois exemplos: o açaí e o pinhão. O açaí é fruto do açaizeiro (Euterpe oleracea), uma palmeira nativa da Amazônia que se desenvolve em clima quente e chuvoso e tem baixa tolerância ao frio. Esse fruto é consumido em diferentes preparações e é muito popular nos estados da Região Norte, justamente onde se localiza o bioma no qual o açaizeiro ocorre.
O pinhão, por sua vez, é a semente da araucária ( Araucaria angustifolia), um pinheiro nativo de regiões frias do Brasil predominante nos estados da Região Sul. A colheita do pinhão se concentra no outono. Nessa época, nos municípios ricos em araucárias, ocorrem muitas festividades relacionadas à planta, com o preparo de diferentes pratos típicos que levam pinhão. O uso do pinhão remonta aos povos indígenas, que o utilizavam como uma fonte de alimento.
Tanto o pinhão quanto o açaí são considerados alimentos regionais, pois a produção e o consumo deles se concentra em regiões específicas, em função do bioma e do clima no qual essas plantas se desenvolvem.
WAGNEROKASAKI/E+/GETTY IMAGES
■ O arroz com pinhão é um prato típico dos estados brasileiros da Região Sul.
■ Frutas de açaí, embaladas em cestas de palha, sendo transportadas em um barco para o local de venda. Abaetetuba (PA), 2021.
De acordo com o Guia alimentar para a população brasileira, para planejar nossa alimentação, não basta apenas pensar nos nutrientes que devemos consumir.
[...]
A alimentação adequada e saudável é um direito humano básico que envolve a garantia ao acesso permanente e regular, de forma socialmente justa, a uma prática alimentar adequada aos aspectos biológicos e sociais do indivíduo e que deve estar em acordo com as necessidades alimentares especiais; ser referenciada pela cultura alimentar e pelas dimensões de gênero, raça e etnia; acessível do ponto de vista físico e financeiro; harmônica em quantidade e qualidade, atendendo aos princípios da variedade, equilíbrio, moderação e prazer; e baseada em práticas produtivas adequadas e sustentáveis.
[...]
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira . 2. ed. Brasília, DF: MS, 2014. p. 8. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_ brasileira_2ed.pdf. Acesso em: 7 set. 2024.
Uma das inovações do Guia alimentar para a população brasileira foi a valorização dos alimentos tradicionais e o desestímulo ao consumo de ultraprocessados. Nele, os alimentos não são classificados em função de nutrientes, mas de acordo com o grau de processamento, agrupando-se em quatro categorias.
1a categoria – In natura ou minimamente processados. São obtidos diretamente da natureza e passam por nenhuma (ou pouca) modificação até ser consumido. Devem ser a base da alimentação. Remoção de partes não comestíveis, moagem, pasteurização, embalagem, secagem, resfriamento, congelamento, entre outras técnicas, transformam alimentos in natura em minimamente processados. Frutas, verduras, chá, café, arroz, feijão, frutas secas, castanhas, farinhas, leite, ovos e carnes frescas (resfriadas ou congeladas) são exemplos de alimentos dessa categoria.
■ Capa do Guia alimentar para a população brasileira, do Ministério da Saúde. O guia é considerado um documento de referência para a promoção de uma alimentação saudável e sustentável.
■ A espiga de milho é um alimento in natura ou minimamente processado.
■ O milho em conserva é um alimento processado em que o sal é adicionado para aumentar o tempo de preservação.
■ O salgadinho de milho é um alimento ultraprocessado, apresentando uma composição nutricional rica em sal e gordura saturada.
2 a categoria – Ingredientes culinários. São empregados nas preparações culinárias para temperar, adoçar ou dourar, por exemplo. Sal, açúcar, gorduras e óleos vegetais são alguns dos alimentos que compõem essa categoria. Recomenda-se utilizá-los em pequenas quantidades ao cozinhar os alimentos.
3 a categoria – Processados . São alimentos in natura ou minimamente processados que recebem ingredientes como sal, açúcar, vinagre ou óleo para serem preparados. Muitos desses preparos têm a função de aumentar o tempo de duração dos alimentos. Geleias, iogurtes, compotas, pães e embutidos artesanais, queijos artesanais e conservas estão nessa categoria. Recomenda-se limitar o uso de alimentos processados, consumindo-os em pequenas quantidades como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados.
4 a categoria – Ultraprocessados. São formulações feitas de matérias-primas e técnicas industriais. A composição deles inclui materiais extraídos ou derivados de alimentos (açúcar, óleos, amido etc.) e materiais sintetizados em laboratório, como corantes, aromatizantes, estabilizantes e realçadores de sabor. Salgadinhos e biscoitos de pacote, picolés e sorvetes, preparações prontas congeladas (empanados de frango, hambúrguer, pizza, lasanha etc.), cereais matinais, pães de fôrma, achocolatados, suco em pó e refrigerantes são exemplos de alimentos dessa categoria e devem ser evitados.
Dessa forma, a “regra de ouro” para uma alimentação saudável e sustentável, segundo o Guia alimentar para a população brasileira , é optar por alimentos in natura ou minimamente processados em vez de alimentos ultraprocessados. Sempre que possível, consuma água, leite ou suco feito na hora em vez de refrigerantes ou bebidas lácteas; não troque uma refeição preparada na hora por produtos que vêm “prontos”, como macarrão instantâneo ou sopas de pacote; dispense sobremesas industrializadas, preferindo as caseiras.
1. Em dupla, escrevam os dez alimentos mais consumidos por vocês. Classifiquem-nos em in natura ou minimamente processados, processados e ultraprocessados. Com base nessa classificação, respondam: A alimentação de vocês pode ser considerada saudável e balanceada? Justifiquem.
Resposta pessoal. Compartilhar informações sobre a própria alimentação é uma forma de troca cultural.
2. Em grupo, consultem na internet o Guia alimentar para a população brasileira e localizem os “Dez passos para uma alimentação adequada e saudável”. Leiam cada um desses itens e discutam:
• Por que essas recomendações são importantes?
• Você pratica essas recomendações? Caso não pratique, o que poderia ser feito para que elas se tornem um hábito? Quais são os desafios para isso?
Respostas pessoais. Promova um ambiente acolhedor para que os estudantes possam compartilhar seus hábitos alimentares com os colegas.
3. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reconheçam que a proposta desse guia é mais abrangente e complexa, não se limitando a pensar nos alimentos como meras fontes de nutrientes.
3. A pirâmide alimentar é uma proposta de alimentação saudável criada nos Estados Unidos no início da década de 1990. Uma versão brasileira foi criada para reunir os alimentos que se distribuem em cada nível.
• Em grupo, analisem a pirâmide alimentar e a comparem com a proposta do Guia alimentar para a população brasileira . Na opinião de vocês, o que explica o fato de a pirâmide ter sido substituída por esse guia como principal referência para a alimentação saudável?
■ Representação dos alimentos que compõem a pirâmide alimentar. Nessa proposta, os alimentos que estão na base da pirâmide devem ser a base da alimentação, consumidos em maior proporção, e os alimentos que estão no topo devem ser consumidos em quantidades pequenas.
4. Em grupo, leiam o texto e, depois, façam o que se pede.
Qual é a relação entre consumo de ultraprocessados e risco de mortalidade?
[…]
Você sabe o que são as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs) e o que elas têm a ver com os alimentos ultraprocessados? As DCNTs são grupos de doenças permanentes, que geram incapacidades nos indivíduos, são causadas por alterações patológicas em geral não reversíveis e requerem longo período de acompanhamento e reabilitação. Entre as principais [DCNTs], encontram-se as doenças do coração, os cânceres, as doenças respiratórias crônicas, as doenças renais crônicas, além da hipertensão, do diabetes e da obesidade, que também são consideradas fatores de risco para doenças cardiovasculares e condições que exigem cuidados longitudinais nos diferentes níveis de atenção, entre outras. Essas doenças foram incluídas, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), na lista das 10 principais causas de mortes no mundo.
BRASIL. Ministério da Saúde. Qual é a relação entre consumo de ultraprocessados e risco de mortalidade? Brasília, DF: MS, 7 jun. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-alimentar-melhor/noticias/2022/qual -e-a-relacao-entre-consumo-de-ultraprocessados-e-risco-de-mortalidade. Acesso em: 7 set. 2024
a) Qual é a relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e o desenvolvimento de DCNTs? Expliquem oralmente.
Espera-se que os estudantes respondam que há uma relação direta entre o consumo de alimentos ultraprocessados e o desenvolvimento de DCNTs.
b) O decreto federal no 11.936, promulgado em 2024, estabelece novos critérios para a composição da cesta básica, inserindo mais alimentos in natura ou minimamente processados e desestimulando o consumo de ultraprocessados. Na opinião de vocês, qual é a importância de uma política pública como essa?
Resposta pessoal. Aproveite o momento para discutir com os estudantes o papel da política pública na promoção da saúde e do bem-estar da população.
c) Analisem o rótulo de algum alimento industrializado que, segundo a própria propaganda, é saudável (cereais matinais, barrinhas de cereal, iogurtes etc.). De acordo com o que vocês estudaram, esse alimento pode realmente estar na base de uma alimentação saudável? Conhecer os riscos à saúde que esses alimentos representam afeta a escolha pelo consumo deles?
Respostas pessoais. Estimule os estudantes a expor a opinião deles e os argumentos que as sustentam.
Consulte as orientações no Manual do professor.
■ Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias entre as gerações também contribui para uma alimentação adequada e saudável.
Apesar de sua grande relevância, o Guia alimentar para a população brasileira ainda é pouco conhecido pela população. Nesta atividade, seu grupo deverá divulgar esse documento para a comunidade local.
1. Conversem entre si para escolher qual será o formato dessa divulgação –texto, vídeo ou reels. Pensem em um formato que alcance muitas pessoas na comunidade.
2. Consultem o guia. Selecionem e resumam as informações que considerarem mais relevantes para a promoção de uma alimentação saudável.
3. Ao produzir o material de divulgação, procurem usar uma linguagem clara e adequada para o público-alvo. Deem exemplos locais para apresentar a classificação dos alimentos com base no grau de processamento.
4. Lembrem-se de incluir no material uma breve explicação sobre a importância dos alimentos in natura e os riscos associados ao consumo de ultraprocessados. Acrescentem orientações para ajudar a pessoa a identificar um produto ultraprocessado.
5. Antes de tornar público esse material, apresentem aos demais grupos. Ouçam os comentários da turma e avaliem se é necessário fazer alterações ou melhorias.
6. Por fim, realizem a apresentação do trabalho de vocês para o público.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “O que caracteriza uma alimentação saudável?” e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem o material de divulgação do Guia alimentar para a população brasileira , produzido na seção Em ação, no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, textos ou links para enriquecer a publicação.
Apresenta as informações mais relevantes do Guia de maneira clara e direta.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira: versão resumida. Brasília, DF: MS, 2018. Disponível em: https://bvsms.saude. gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_ populacao_brasileira_versao_resumida.pdf. Acesso em: 7 set. 2024
Consulte as orientações no Manual do professor
Como é o mercado de trabalho
A alimentação é um dos pilares da economia global, constituindo-se em um setor que permeia diversas áreas e gera inúmeras oportunidades de atuação profissional. Na agropecuária , ponto de partida para a produção de alimentos, agricultores, pecuaristas, agrônomos e técnicos agrícolas desempenham papéis cruciais para essa atividade. Esses profissionais são responsáveis por cultivar os alimentos que abastecem a cadeia produtiva. Além disso, esses profissionais desenvolvem melhorias e pesquisas para o melhor rendimento do cultivo. Nos últimos anos, profissões ligadas à agricultura sustentável e à tecnologia agrícola, como engenheiros agrônomos especializados em agricultura de precisão, têm ganhado destaque, devido ao aumento na demanda por alimentos mais sustentáveis.
■ A alimentação está presente em todos os setores da economia, com diversas oportunidades para desenvolver uma carreira ou empreender.
Na indústria de alimentos, a matéria-prima produzida na agropecuária é transformada em produtos consumíveis. Esse setor engloba uma vasta gama de profissionais, desde operadores das máquinas, responsáveis pelo processamento dos alimentos, até engenheiros de alimentos, que trabalham na criação de novos produtos, na melhoria dos processos produtivos e no desenvolvimento de novas tecnologias para a indústria alimentícia. A demanda por tecnologia da informação também tem crescido no setor de alimentos, empregando profissionais especializados em automação industrial e controle de qualidade, por exemplo.
Reportagem que apresenta empresas inovadoras no setor de alimentos, conhecidas como foodtechs , além de tendências, possibilidades e perspectivas desse ramo.
• COMIDA e tecnologia: conheça as foodtechs! São Paulo, 2020. 1 vídeo (cerca de 7 min). Publicado pelo Canal Rural. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JnF95IEXcS4. Acesso em: 7 set. 2024.
O comércio de alimentos envolve a distribuição e a venda dos produtos ao consumidor final e inclui desde pequenos negócios, como mercearias e padarias, até grandes redes de supermercados. Profissionais como vendedores, gerentes de loja e operadores de caixa são comuns nesse setor, considerado uma porta de entrada para muitos jovens no mercado de trabalho. Além disso, o comércio eletrônico de alimentos, que cresceu exponencialmente nos últimos anos, especialmente durante a pandemia de covid-19, tem gerado novas oportunidades para profissões ligadas à logística, ao marketing digital e à gestão de plataformas on-line, além de oportunidades para quem deseja empreender.
■ O setor de alimentos costuma ser o primeiro emprego para muitos jovens.
Consulte as orientações no Manual do professor
Alimentação fora do lar é porta de entrada para o primeiro emprego
O setor de foodservice (restaurantes, bares, lanchonetes, padarias, dentre outros) desempenha um papel fundamental na economia global e, no Brasil, não seria diferente. Além de alimentar pessoas, também se consagra uma importante fonte de oferta de postos de trabalho, sendo o setor que mais emprega no país, especialmente para jovens entre 18 e 24 anos, em busca do primeiro emprego.
[...]
Jovens que se encontram no momento de transição de vida estudantil para profissional, à procura de começar sua jornada de trabalho, encontram no foodservice um “colchão” de segurança que não apenas envolve independência financeira, como também habilidades essenciais ao dia a dia de todos, como atendimento/comunicação clara e fluida, gerenciamento de tempo e resolução de problemas.
[...]
Muitos profissionais começam no ramo como atendentes ou auxiliares de cozinha e, com o tempo, tendem a avançar para cargos de liderança, gerência ou até mesmo se consagram donos de seus próprios negócios. Mas, para construir uma carreira bem-sucedida, é imprescindível investir em capacitação. Afinal, alcançar esse feito não acontece da noite para o dia, requer comprometimento e planos de ação. Trata-se de um setor complexo, que demanda bastante conhecimento técnico.
[...]
BLOWER, Fernando. Alimentação fora do lar é porta de entrada para o primeiro emprego. Food Connection, [s l.], 16 nov. 2023. Disponível em: https://www.foodconnection.com.br/especialistas/alimentacao-fora-do-lar-e -porta-de-entrada-para-o-primeiro-emprego. Acesso em: 7 set. 2024.
• Em grupo, reflitam sobre as questões a seguir.
a) Resposta pessoal. É importante que os estudantes percebam que todos os setores sociais são beneficiados pela contratação de jovens aprendizes.
a) Q ual é a importância de políticas públicas que estimulem as empresas a contratar jovens?
b) Vocês se identificaram com algum campo de atuação profissional relacionado ao mercado de alimentos? Se sim, apresentem-no e justifiquem sua resposta.
b) Resposta pessoal. Se possível, convide profissionais que atuem no setor alimentício para conversar com os estudantes a respeito do mercado de trabalho e das possibilidades de emprego.
• Em grupo, leiam os textos a seguir e, depois, façam o que se pede. [...]
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sancionado em 13 de julho de 1990, é o principal instrumento normativo do Brasil sobre os direitos da criança e do adolescente. O ECA incorporou os avanços preconizados na Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas e trouxe o caminho para se concretizar o Artigo 227 da Constituição Federal, que determinou direitos e garantias fundamentais a crianças e adolescentes.
Considerado o maior símbolo dessa nova forma de se tratar a infância e a adolescência no país, o ECA inovou ao trazer a proteção integral, na qual crianças e adolescentes são vistos como sujeitos de direitos, em condição peculiar de desenvolvimento e com prioridade absoluta. Também reafirmou a responsabilidade da família, sociedade e Estado de garantir as condições para o pleno desenvolvimento dessa população, além de colocá-la a salvo de toda forma de discriminação, exploração e violência.
BRASIL Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Secretaria Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. Estatuto da Crianças e do Adolescente: Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Brasília, DF: MMFDH: SNDCA: Conanda, 2021. p. 9. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/ assuntos/noticias/2021/julho/trinta-e-um-anos-do-estatuto-da-crianca-e-do-adolescente-confira-as-novas-acoes-para -fortalecer-o-eca/ECA2021_Digital.pdf. Acesso em: 7 set. 2024.
1. O que é trabalho infantil?
É o trabalho realizado por crianças e adolescentes abaixo da idade mínima permitida, de acordo com a legislação de cada país.
Também é trabalho infantil a execução pelo adolescente, mesmo que atingida a idade mínima, de trabalho perigoso, prejudicial à saúde, prejudicial ao desenvolvimento físico, psíquico, moral e social ou que interfira na escolarização [...].
2. Qual é a idade mínima permitida para o trabalho?
No Brasil, a idade mínima permitida para o trabalho é de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Trabalho noturno, perigoso e insalubre são proibidos para menores de 18 anos, conforme art. 7o, inciso XXXIII, da Constituição Federal. [...]
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Secretaria de Inspeção do Trabalho. Manual de perguntas e respostas sobre trabalho infantil e proteção ao adolescente e trabalhador Brasília, DF: MTE: SIT, 2023. p. 8. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/noticias-e-conteudo/2023/junho/ Manualdecombateaotrabalhoinfantiledeproteoaoadolescentetrabalhador.pdf. Acesso em: 7 set. 2024.
Trabalho de crianças no campo cresce e preocupa, mostra estudo da Abrinq
[...]
No Brasil, 85,5% das crianças de 5 a 9 anos em situação de trabalho infantil estão em atividades agrícolas, segundo levantamento da Fundação Abrinq com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2015). [...]
As atividades agrícolas são a principal ocupação de crianças e adolescentes que estão no mercado de forma irregular e desprotegida no país. O contrário acontece com o grupo de 15 a 17 anos, em que predomina o trabalho na cidade.
[...]
Outro dado preocupante é que, entre 2014 e 2015, [houve] aumento [de] 12,3% [no] número de crianças entre 5 e 9 anos trabalhando em todas as atividades: de 70 mil para 79 mil. Essa alta é influenciada especialmente pelo aumento do trabalho no campo nessa faixa etária: 15,4% entre 2014 e 2015.
[...]
a) Resposta pessoal. É importante que os estudantes reconheçam o papel das políticas públicas como agente transformador de uma sociedade mais justa e igualitária.
O estudo da Fundação Abrinq também revela que 4,1% de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos que trabalham em atividades agrícolas no Brasil não sabem ler ou escrever. Em números absolutos, são 35 mil pessoas.
[...]
b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes concluam que o trabalho infantil pode violar uma série de direitos fundamentais de crianças e adolescentes, comprometendo seu desenvolvimento saudável e integral.
TRABALHO de crianças no campo cresce e preocupa, mostra estudo da Abrinq. Criança Livre de Trabalho Infantil, São Paulo, 12 jun. 2017. Disponível em: https://livredetrabalhoinfantil.org.br/noticias/reportagens/trabalho-de-criancas-no-campo-cresce-e-preocupa/. Acesso em: 7 set. 2024.
c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam, com base em suas reflexões sobre consumo consciente, que é possível ajudar a combater o trabalho infantil com base em escolhas alimentares.
a) Qual é a importância da existência de uma legislação específica para reconhecer e proteger os direitos de crianças e adolescentes?
b) Como o trabalho infantil pode violar os direitos de crianças e adolescentes?
c) Você acredita que é possível ajudar no combate ao trabalho infantil com base em suas escolhas alimentares? Explique.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Nesta atividade, em grupo, vocês devem propor a criação de uma empresa que atue no ramo alimentício e tenha como missão principal:
Reverter o crescimento no consumo de produtos ultraprocessados e valorizar a cultura alimentar no Brasil.
1. Para isso, vocês devem elaborar um plano de negócios simplificado, isto é, um documento com as principais informações sobre a empresa. Sigam estas orientações.
• Definam o conceito do negócio, ou seja, a ideia central da empresa. Vocês devem decidir o que será oferecido: um produto ou um serviço? É importante também definir o público-alvo, ou seja, os clientes que vocês querem atrair. Serão pessoas físicas ou empresas? Descrevam os diferenciais que tornarão seu negócio único em relação aos concorrentes.
• Elaborem o plano de marketing. É o momento de pensar na marca da empresa: o nome, o logotipo e a mensagem que vocês querem passar para os clientes. Pensem em como vão impactá-los: se por meio de redes sociais, panfletagem, promoções ou parcerias com outras empresas. Definam também os canais de venda, como loja física, site ou aplicativo de delivery.
• Escrevam resumidamente como será o plano operacional, que descreve como a empresa vai funcionar no dia a dia. Pensem nos fornecedores, nos funcionários e na organização da produção e do atendimento ao cliente. Avaliem a necessidade de atender a critérios legais como higiene, conservação dos alimentos e logística de entrega, se for o caso.
• Elaborem o plano financeiro, no qual vocês vão calcular os custos envolvidos na abertura e na operação da empresa. Isso inclui itens como aluguel do espaço, compra de equipamentos, ingredientes, salários e marketing. Com esses dados, vocês poderão estimar quanto precisam investir para começar o negócio e quanto precisarão vender para cobrir os custos e obter lucro. Esse planejamento é essencial para garantir que a empresa seja viável e sustentável ao longo do tempo.
2. Finalizada a redação do plano de negócios, apresentem esse documento aos outros grupos e leiam os planos de negócios deles.
3. Por fim, formem uma roda de conversa para trocar impressões sobre o trabalho. Que tarefas foram mais fáceis? Quais foram mais desafiadoras? As propostas atendem à missão proposta para as empresas?
Hora de compartilhar
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Como é o mercado de trabalho ligado à alimentação?” e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem o plano de negócio da empresa do grupo, produzido na seção Em ação, no canal de compartilhamento criado pela turma. Vocês podem incluir imagens, textos ou links para enriquecer a publicação.
Consulte as orientações no Manual do professor
Para finalizar o plano de negócios feito na Etapa 4, o grupo, organizado anteriormente, deverá elaborar um vídeo apresentando a empresa, tendo como objetivo principal atrair um possível investidor para o empreendimento – seja para a abertura do negócio, seja para a expansão dele, por exemplo. No mundo dos negócios, esse tipo de ação é chamado pitch, termo em inglês que pode ser compreendido como propaganda curta e objetiva, cuja finalidade é despertar o interesse do interlocutor.
Para embasar a apresentação, resgatem a pergunta norteadora do projeto "Como reverter o crescimento do consumo de produtos ultraprocessados no Brasil e valorizar nossa cultura alimentar?" e o que foi feito nas etapas anteriores, como:
• A pesquisa com a comunidade feita na Etapa 1.
• Os conhecimentos sobre os diferentes modos de produção de alimento, estudados na Etapa 2.
• A apresentação das orientações do Guia alimentar para a população brasileira, elaborada na Etapa 3.
Texto produzido pelo pela Agência USP de Inovação (AUSPIN) que explica o que é pitch e seus principais tipos.
• A RRUDAS, Mariana. O que significa pitch ? Agência USP de Inovação, São Paulo, 3 abr. 2020. Disponível em: https://www.inovacao.usp.br/o-que-significa-pitch/. Acesso em: 19 out. 2024.
■ Pitch costuma ser usada para atrair possíveis investidores em um negócio.
1
Elaboração do roteiro
Antes de iniciar a produção do vídeo, elaborem um roteiro organizando o que deverá ser feito. Para isso, vocês podem se basear nas questões centrais a seguir.
a) Qual é a necessidade de mercado que vocês identificaram?
PASSO
2
PASSO
3
PASSO
4
Nesse momento, tragam as principais conclusões obtidas nas Etapas 2 e 3 para contextualizar a atuação da empresa. Escolham informações que terão impacto, deixando claro que a promoção de uma alimentação saudável e sustentável é algo que influencia diretamente a saúde das pessoas, a biodiversidade e, até mesmo, o clima regional e mundial, por exemplo.
b) Qual é a solução que a empresa oferece?
Apresentem a missão da empresa e descrevam o produto ou serviço que ela oferece. Foquem nas informações essenciais levando em consideração o que foi produzido na Etapa 4. Lembrem-se de compartilhar uma amostra do produto ou serviço.
c) Quais são os diferenciais da empresa?
Descrevam quais são os diferenciais que vocês oferecem e que colocam a empresa à frente da concorrência. Apresentem os indicadores de viabilidade econômica.
d) O que a empresa está buscando?
Tenham clareza ao explicar exatamente o que vocês precisam do investidor, se é apenas um aporte financeiro ou se é também mentoria para o negócio. Definam qual retorno social vocês oferecem em troca do que estão pedindo.
Pré-produção do vídeo
Após elaborar o roteiro desse vídeo, ensaiem algumas vezes. Se possível, convidem outras pessoas para assistir ao ensaio e dar palpites. Avaliem se as informações mais importantes são transmitidas de forma clara ou se podem ser melhoradas. É importante que os integrantes do grupo deem sua opinião e negociem entre si para chegar a um produto que contemple a todos.
Produção do vídeo
Agora é hora de produzir o vídeo com o pitch da empresa. No dia combinado com o professor, apresentem o vídeo aos demais grupos e assistam às apresentações deles. Ao final de cada apresentação, compartilhem as dúvidas e as impressões acerca da empresa dos colegas.
Depois do vídeo
Encerradas as apresentações dos grupos, reúnam-se com toda a turma em roda para conversar sobre o trabalho realizado ao longo do projeto, comentando sobre as facilidades e as dificuldades, as partes que mais chamaram a atenção dos ouvintes, a importância do que foi estudado e produzido, entre outras considerações.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Para finalizar este Projeto Integrador, é importante realizar uma avaliação de sua participação tanto individual quanto coletiva. Para isso, em uma folha de papel sulfite, faça o que se pede.
1. Sobre seu envolvimento e o da turma neste projeto, responda às questões a seguir.
a) Houve participação em todas as atividades propostas? Explique.
b) Em qual etapa houve mais dedicação? Em qual houve menos? Justifique.
c) Atribua uma nota de zero a dez para sua participação e para a participação da turma neste projeto. Argumente sobre essas notas.
d) Em relação a suas ações, em quais aspectos você acredita que pode melhorar na realização do próximo projeto? Em quais aspectos a turma pode melhorar?
e) Junte-se a um colega para comparar as respostas às questões anteriores, verificando com quais itens da avaliação vocês concordam e de quais discordam.
f) Escreva quais foram suas dificuldades e quais aprendizagens foram desenvolvidas no decorrer deste projeto.
2 Em relação ao assunto deste projeto, responda às questões a seguir.
a) Você compreendeu as diferentes origens dos alimentos que consumimos e seus impactos ambientais, econômicos e sociais?
b) Você identificou diferentes práticas de agricultura de base ecológica e a importância de cada uma delas?
c) Você refletiu sobre os impactos da pesca industrial e o que podemos fazer para minimizar os impactos dela?
d) Você compreendeu os grandes grupos de nutrientes, suas principais funções e fontes alimentares?
e) Você conseguiu classificar os alimentos de acordo com os critérios do Guia alimentar para a população brasileira?
f) Você participou ativamente e com empenho da elaboração do plano de negócios?
g) Você foi atuante na confecção do produto final e compartilhou com os outros grupos suas ideias sobre as apresentações deles?
3. Sobre o canal de compartilhamento, proposto no boxe Hora de compartilhar, responda às questões a seguir.
a) Em sua opinião, quais foram os pontos positivos de compartilhar algumas reflexões e trabalhos realizados em cada etapa do projeto? Quais foram os pontos negativos?
b) Como foi sua participação no desenvolvimento deste trabalho?
c) Registre as dificuldades que você encontrou e quais aprendizagens desenvolveu com esse canal de compartilhamento.
1. Resposta pessoal. ntenção é promover uma conversa para conhecer o que os estudantes pensam sobre o que é saúde e dar início à reflexão de que saúde significa algo além de estar isento de doenças.
2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam sobre a necessidade de cuidar da saúde mental tanto quanto da saúde física.
3. Resposta pessoal. Incentive a troca de ideias entre os estudantes. É importante que eles percebam que a manutenção da saúde mental é imprescindível para o bem-estar geral do indivíduo.
Nas Olimpíadas de Tóquio 2020, realizadas em 2021, a ginasta estadunidense Simone Biles* (1997-) desistiu de disputar quatro das cinco finais para as quais se classificou para cuidar da saúde mental. Por essa decisão, ela recebeu várias críticas, nas quais era chamada de “fraca”, mesmo tendo conquistado, anteriormente, a medalha de bronze na trave de equilíbrio e a medalha de prata na disputa por equipes.
Algumas pessoas acham que ter saúde está relacionado ao fato de não ter nenhuma doença física. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente ausência de doença ou enfermidade. Por exemplo, é possível ter uma doença física, como é o caso de rinite, e ainda assim ser considerada uma pessoa com saúde. Esse conceito foi revisto porque entendeu-se que não se deve olhar somente para o corpo, e sim para o corpo, a vida social e a saúde mental, que estão interligados. Neste projeto, vamos abordar a saúde mental, maneiras de evitar preconceitos e discriminação, assim como meios para buscar ajuda e tratamentos adequados.
* Simone Biles se recuperou e voltou a treinar e a competir. Ela conquistou três medalhas de ouro e uma de prata nas Olimpíadas de Paris 2024, consolidando-se como uma das maiores ginastas de todos os tempos.
1. Quando Simone Biles deixou de disputar algumas finais nas Olimpíadas de Tóquio em 2021, ela recebeu várias críticas; ao contrário dela, isso não aconteceu quando o jogador de futebol Neymar Júnior deixou a Copa do Mundo de 2014, após sofrer uma lesão na coluna lombar. O problema de saúde sofrido por Neymar Júnior, na ocasião, era mais grave que o problema que acometeu Simone Biles nas Olimpíadas de Tóquio?
2. Caso Simone Biles tivesse abandonado a competição por ter torcido o tornozelo, ela receberia as mesmas críticas que recebeu quando ficou afastada para cuidar da saúde mental?
3. Em sua opinião, as pessoas cuidam da mesma forma da saúde física e da saúde mental?
■ Atleta estadunidense Simone Biles durante uma competição nas Olimpíadas de Tóquio, no Japão, realizadas em 2021.
Questão norteadora
Como combater o estigma e o preconceito em relação aos transtornos mentais e promover a saúde mental?
• R efletir sobre saúde de modo abrangente, compreendendo-a como bem-estar físico, mental e social.
• Conhecer o movimento da luta antimanicomial no Brasil, responsável pela conquista de direitos para pessoas com transtornos mentais.
• Discutir alguns termos utilizados de forma pejorativa para se referir às pessoas com transtornos mentais.
• Reconhecer hábitos que impactam negativamente a saúde mental.
• Refletir sobre o impacto do ambiente de trabalho na saúde mental.
• Conhecer algumas profissões relacionadas ao cuidado com a saúde mental.
Transtornos mentais podem afetar qualquer pessoa em qualquer fase da vida. Apesar da importância da saúde mental para a manutenção da saúde como um todo no indivíduo, muitas pessoas com transtornos mentais ainda não recebem o diagnóstico e o tratamento adequados.
O modo como vivemos atualmente tem impactado negativamente a saúde mental.
A busca desenfreada por “curtidas” e o desejo constante por aprovação e visibilidade nas redes sociais, por exemplo, têm impacto direto na saúde mental, o que reflete no aumento de casos de ansiedade e depressão entre crianças e jovens. Na vida adulta, os desafios continuam: o mundo profissional impõe uma pressão constante sobre
os trabalhadores. É grande o número de pessoas que também sofrem de ansiedade e depressão desencadeados pelo trabalho.
Além de buscar um estilo de vida mais saudável, é preciso falar sobre saúde mental para combater o preconceito e a discriminação. A conscientização e a desestigmatização desse tema são necessários para que as pessoas possam procurar ajuda sem medo de serem julgadas, promovendo um ambiente de acolhimento e respeito, onde o cuidado com a saúde mental seja visto como parte essencial do bem-estar geral.
Neste projeto, ao integrar os saberes das áreas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, você vai investigar a seguinte questão: Como combater o estigma e o preconceito em relação aos transtornos mentais e promover a saúde mental?
• Saúde
• Vida familiar e social
• Trabalho
3 Saúde e bem-estar
8 Trabalho decente e crescimento econômico
• Computador com acesso à internet
• Celulares ou tablets com câmera
• Máquina fotográfica
• Gravador e microfone
• Cartolinas
• Canetas ou lápis coloridos
• Folha de papel sulfite
Produto final
Produção de um podcast sobre saúde mental.
Nesta etapa, será apresentado o tema geral do projeto, analisando dados sobre transtornos mentais. Ao final, seu grupo vai elaborar tirinhas ou história em quadrinhos (HQs) sobre os desafios enfrentados pelos adolescentes que podem impactar a saúde mental. Esse trabalho tem o objetivo de apoiar outras pessoas que estejam enfrentando situações semelhantes. 1 ETAPA
Nesta etapa, você vai conhecer a história da luta antimanicomial no Brasil e os avanços da área da psiquiatria nas últimas décadas. Para concluir a etapa, seu grupo vai investigar os serviços que fazem parte da Rede de Atenção Psicossocial e elaborar um mapa com a localização desses serviços para compartilhar com a comunidade.
Nesta etapa, você vai refletir sobre alguns termos que geralmente são utilizados de forma pejorativa para se referir às pessoas com transtornos mentais. Além disso, vai conhecer o que significa estigma e por que as pessoas com transtornos mentais costumam ser estigmatizadas. Para finalizar, seu grupo vai analisar como o uso do celular e das redes sociais pode impactar a saúde mental, ilustrando o assunto em uma charge, compondo uma música, um poema ou outro tipo de arte.
Nesta etapa, será analisado o impacto do trabalho na saúde mental dos trabalhadores, e você vai conhecer uma nova possibilidade de atuação profissional: as plataformas de terapia on-line. Para concluir a etapa, seu grupo deverá entrevistar especialistas que lidam com saúde mental para saber mais sobre a profissão deles.
Nesta etapa, seu grupo vai produzir um podcast sobre saúde mental com base nos produtos das etapas anteriores e que será disponibilizado para a comunidade.
Para organizar e registrar as produções realizadas nas etapas deste Projeto Integrador, sugerimos a construção coletiva de um canal de compartilhamento. Para isso, vocês podem criar um blogue, um canal de vídeos, uma página em rede social, um mural, um portfólio ou outras formas de comunicação com a comunidade escolar.
Consulte as orientações no Manual do professor
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS): “A saúde mental é um estado de bem-estar mental que permite às pessoas lidar com o estresse da vida, desenvolver as suas capacidades, aprender bem e trabalhar bem, e contribuir para a sua comunidade.”.
Segundo o Relatório Mundial de Saúde Mental da OMS de 2022, cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com algum transtorno mental, entre os quais 14% dos adolescentes. Isso significa que uma em cada oito pessoas no mundo vive com algum transtorno mental e, com a pandemia de covid-19, esse cenário se agravou. No primeiro ano da pandemia de covid-19, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou 25%.
A ansiedade, em si, não é um transtorno mental. Ela é uma reação natural do organismo que pode se manifestar em diferentes situações e, em níveis normais, é benéfica para nossa vida, ajudando a nos preparar para acontecimentos futuros ou a nos alertar para perigos e ameaças. Pessoas sem transtornos mentais podem ter ansiedade em determinadas ocasiões. No entanto, a ansiedade passa a ser um transtorno mental quando é exagerada e atrapalha a vida do indivíduo, tornando-a disfuncional. Esclarecemos que optamos por simplificar e usar os termos ansiedade e depressão para nos referir, respectivamente, aos transtornos de ansiedade e às alterações de humor (como a depressão grave), ou seja, aos transtornos que afetam a saúde mental.
Embora os transtornos mentais possam se manifestar em qualquer fase da vida, eles são mais frequentes na adolescência e no início da idade adulta. Um grupo de pesquisadores – liderado pelo psiquiatra brasileiro Christian Kieling, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) – coletou dados de pessoas de 159 países, de 1990 a 2019, e concluiu que 293 milhões de pessoas entre 5 e 24 anos de idade tinham sintomas compatíveis com, ao menos, um dos problemas psiquiátricos avaliados. Esse estudo foi apresentado em um artigo científico publicado em janeiro de 2024 na revista médica Jama Psychiatry.
A boa convivência com outras pessoas é importante para a manutenção da saúde mental.
Observe este gráfico, que apresenta os resultados obtidos na pesquisa, considerando o grupo etário e o gênero das pessoas que fizeram parte do estudo.
A análise desses dados possibilita verificar que a taxa de prevalência de transtornos mentais praticamente dobra no período entre a infância e a adolescência. Nessa fase da vida, as mudanças no organismo e nas interações sociais acontecem de forma intensa e podem trazer inseguranças e outras sensações que impactam a saúde mental.
Kieling e seu grupo de pesquisa também mapearam os problemas psiquiátricos mais comuns em cada faixa etária. Os resultados estão nos gráficos a seguir.
Mundo: taxa de prevalência de transtornos mentais de acordo com a faixa etária e o gênero – 2019
Fonte dos dados: KIELING, Christian et al. Worldwide prevalence and disability from mental disorders across childhood and adolescence: evidence from the global burden of disease study. Jama Psychiatry, Chicago, v. 81, n. 4, p. 347-356, 31 jan. 2024. Disponível em: https://jamanetwork.com/journals/jamapsychiatry/article-abstract/2814639. Acesso em: 14 set. 2024.
Mundo: frequência dos problemas psiquiátricos mais comuns de acordo com a faixa etária e o gênero – 1990-2019
Fonte dos dados: KIELING, Christian et al. Worldwide prevalence and disability from mental disorders across childhood and adolescence: evidence from the global burden of disease study. Jama Psychiatry, Chicago, v. 81, n. 4, p. 347-356, 31 jan. 2024. Disponível em: https://jamanetwork.com/ journals/jamapsychiatry/article -abstract/2814639. Acesso em: 14 set. 2024.
■ O acesso ao atendimento adequado e ao diagnóstico correto de transtornos mentais possibilita uma melhora na qualidade de vida do paciente.
Constata-se, nos gráficos anteriores, que a frequência de transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade (TDAH) e de transtorno de conduta é maior nas pessoas entre 10 e 14 anos, sendo mais comuns entre os indivíduos do sexo masculino. Ansiedade e depressão têm frequência maior entre 20 e 24 anos, sendo mais comuns entre os indivíduos do sexo feminino.
Ainda segundo a pesquisa de Kieling, o aumento da prevalência dos problemas psiquiátricos nas faixas etárias dos 5 aos 9, dos 10 aos 14, dos 15 aos 19 e dos 20 aos 24 anos sinaliza que a infância e a adolescência são um período crucial para realizar intervenções no sentido de garantir a saúde mental dos indivíduos.
Estudos como esse podem ajudar profissionais da saúde e da educação a ficar mais atentos e, assim, identificar problemas precocemente, buscando o diagnóstico e o tratamento adequados. Tal ação pode colaborar para a redução da gravidade de transtornos e do impacto deles na vida nos indivíduos com sofrimento psíquico, dando mais qualidade de vida para esses indivíduos. Desse modo, os pesquisadores defendem que uma parte importante do orçamento de saúde dos países seja destinada à prevenção e ao tratamento dos transtornos mentais.
1. Os estudantes podem citar o preconceito e o estigma sobre os transtornos mentais como fatores que cooperam para o baixo índice de diagnósticos e tratamentos adequados. Além disso, eles podem mencionar que o conhecimento sobre os transtornos mentais poderia mudar essa situação.
1. A OMS alertou que metade dos casos de transtorno mental surge até os 14 anos de idade, mas a maioria não é detectada nem tratada. Em sua opinião, o que faz com que os casos não sejam diagnosticados nem tratados? Como isso poderia mudar?
2 Dados da OMS apontam que o Brasil é o país com maior número de pessoas ansiosas. Em sua opinião, quais podem ser os motivos disso?
Os estudantes podem citar, por exemplo, as inseguranças em relação à situação socioeconômica do país.
3. Os profissionais de saúde entendem que os transtornos mentais têm causas multifatoriais. Pesquise o significado desse termo e explique com suas palavras o que isso quer dizer.
Se necessário, auxilie os estudantes a pesquisar em fontes confiáveis.
• Depois de responder a essas questões, compartilhe suas respostas com os colegas e ouça o que eles têm a dizer sobre elas. Juntos, conversem acerca da importância de falar sobre saúde mental.
Promova um ambiente acolhedor em que todos se sintam confortáveis em compartilhar suas respostas.
1. c) Resposta pessoal. Alguns estudantes podem concordar com a afirmativa e mencionar que todos passam por situações difíceis ao longo da vida, o que faz com que tenham empatia. Outros podem negar, argumentando que, muitas vezes, a vida é muito dinâmica, dificultando o olhar para o outro.
Consulte as orientações no Manual do professor
1. a) Espera-se que os estudantes percebam a importância da empatia com as pessoas que passam por algum tipo de sofrimento psíquico.
No cotidiano, é comum surgirem situações diversas, nem sempre agradáveis, com as quais temos de lidar na escola, no convívio com os amigos, no trabalho, na família etc.
Lidar com os desafios que a vida nos impõe nem sempre é fácil. A adolescência, por si só, já é um grande desafio, pois nessa etapa da vida acontecem inúmeras mudanças físicas e comportamentais. Buscamos fazer parte de um grupo, ao mesmo tempo que procuramos nossa identidade. É normal que surjam dúvidas, angústias e medos, porém, às vezes, é muito difícil lidar com essas emoções por diversos motivos. Assim, ter pessoas de confiança no convívio diário com quem podemos compartilhar nossos sentimentos é algo positivo para colaborar com nossa saúde mental e nosso bem-estar.
1. Leia a tirinha e, depois, responda às questões a seguir.
a) Qual mensagem pretende-se transmitir com essa tirinha?
b) E m algum momento, você quis ter alguém que ajudasse você a passar pela “fase ruim”?
Se sim, você encontrou esse apoio?
c) Você acha que, geralmente, as pessoas têm empatia com o sofrimento alheio? Justifique sua resposta.
2. Pense e liste alguns desafios enfrentados pelos adolescentes que podem impactar negativamente a saúde mental deles. Você já teve que enfrentar alguns desses desafios?
2. Resposta pessoal. Os estudantes podem citar, por exemplo, as mudanças no corpo e nas interações sociais, que causam insegurança e medo.
3. Em grupo, converse com os colegas sobre as vulnerabilidades e os desafios da adolescência, considerando os aspectos psicológicos. O que vocês costumam fazer para cuidar da saúde mental?
3. Resposta pessoal. É provável que, durante a conversa, os estudantes identifiquem que algumas vulnerabilidades são comuns a vários deles e mencionem que a prática esportiva, por exemplo, ajuda no cuidado da saúde mental.
4. Com base nas atividades 1 a 3, ainda em grupo, elaborem uma tirinha ou uma história em quadrinhos (HQ) abordando um dos desafios listados e o que ajudou vocês a enfrentá-lo. Caso o desafio ainda não tenha sido solucionado, mencionem o que vocês acham que ajudaria na resolução desse problema e o que esperam como desfecho. Publiquem a tirinha ou a HQ no canal de compartilhamento da turma. Com isso, vocês podem ajudar outros adolescentes que porventura estejam passando pelo mesmo problema.
4. Resposta pessoal. Avalie as tirinhas ou HQs criadas pelos grupos.
1. b) Respostas pessoais. É possível que os estudantes mencionem que gostariam de ter um apoio e que ele foi encontrado em algum amigo ou familiar próximo.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a saúde mental e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem as tirinhas e HQs, elaboradas na seção Em ação, no canal de compartilhamento da turma. Vocês podem incluir outras imagens, vídeos ou links para enriquecer a publicação.
O cuidado com a saúde mental ao longo do tempo
Consulte as orientações no Manual do professor
Como preservar os direitos das pessoas com transtornos mentais?
■ Pacientes psiquiátricos no pátio do Hospital Colônia de Barbacena, em Barbacena (MG), 1979.
A psiquiatria é uma área relativamente recente na Medicina. Teve início no século XVIII com o médico francês Phillippe Pinel (1745-1826), considerado o pai da psiquiatria. Nessa época, surgiram os manicômios ou hospícios, hospitais psiquiátricos onde eram internados todos aqueles considerados “loucos e desajustados”. Homossexuais, prostitutas, pessoas com transtornos relacionados a álcool e outras drogas, autistas, pacientes com epilepsia, enfim, todos aqueles que não se encaixassem nos padrões de “normalidade” da sociedade eram enviados de forma compulsória aos manicômios e lá permaneciam por toda a vida. Essas pessoas eram encarceradas e viviam em condições sub-humanas. Nesses locais, os médicos não tinham o objetivo de tratar os pacientes, porque não acreditavam na possibilidade de cura ou melhora. Outros países começaram a copiar o que era feito na França e, assim, os manicômios se espalharam pelo mundo. O primeiro hospício no Brasil foi o Hospital Psiquiátrico Pedro II, inaugurado em 1852 no Rio de Janeiro (RJ), com a finalidade de abrigar os alienados da Corte e demais províncias do Império.
Contrária à forma como essas pessoas eram tratadas, a médica psiquiatra Nise Magalhães da Silveira (1905-1999) lutou para conseguir um tratamento digno e humanizado aos pacientes com transtornos mentais. Ela é considerada a precursora da luta antimanicomial no Brasil.
Nise nasceu em Maceió (AL) e, aos 16 anos de idade, ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia, onde era a única mulher em uma turma de 157 homens. Formou-se em 1926 e mudou-se para o Rio de Janeiro (RJ), onde estagiou em clínicas e se especializou em psiquiatria.
Em 1933, Nise começou a trabalhar no Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental. Durante o trabalho, ela se incomodava com as técnicas utilizadas e a forma como os internos eram tratados. A médica se destacava no cuidado com seus pacientes e se negava a utilizar métodos invasivos, buscando tratá-los de forma humanizada.
Nise iniciou o trabalho no Hospital Psiquiátrico Pedro II (ou Hospício Pedro II) em 1944, mas não concordava com o uso de eletrochoques, camisas de força e lobotomia. Além disso, opunha-se ao confinamento e ao uso da violência. Em lugar dessas técnicas, colocou em prática suas ideias sobre o que seria um tratamento psiquiátrico adequado e propôs tratamentos alternativos e humanizados para garantir a recuperação dos pacientes.
Lobotomia: cirurgia cerebral que envolvia cortar o lobo frontal do cérebro para “tratar” transtornos mentais.
Conexões
Nesse filme, é contada a história da médica psiquiatra Nise da Silveira e seu trabalho com pacientes internados em hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro (RJ), eliminando técnicas como eletrochoque e lobotomia e incluindo o amor e a arte no tratamento cotidiano dos pacientes.
• NISE: o coração da loucura. Direção: Roberto Berliner. Brasil, 2016. Streaming (109 min).
■ Nise da Silveira, médica psiquiatra que revolucionou o tratamento psiquiátrico por meio da arte.
Em 1946, Nise começou a atuar com terapia ocupacional e transformou uma ala do hospital em ateliê de pintura e modelagem, incentivando o uso da arte como forma de tratar a saúde mental. A médica também foi a pioneira no uso de cães e gatos no tratamento de seus pacientes, por acreditar que essa relação afetiva ajudava no desenvolvimento da responsabilidade e da autonomia deles. Em 1956, criou a Casa das Palmeiras, uma clínica destinada ao tratamento de egressos de instituições psiquiátricas, onde atividades artísticas eram realizadas livremente, em regime de externato. Nise foi pioneira na luta pelos direitos das pessoas com transtornos mentais, propondo mudanças significativas nos tratamentos psiquiátricos da época.
1. O que incomodava a psiquiatra Nise da Silveira no dia a dia dos hospitais psiquiátricos?
2. O que Nise propunha como alternativa aos tratamentos psiquiátricos tradicionais da época?
3. Qual foi o legado deixado pela doutora Nise?
1. Nise se incomodava com a forma como os pacientes eram tratados.
2. Nise propunha tratamentos humanizados aos pacientes.
3. Ela foi pioneira na luta pelos direitos das pessoas com transtornos mentais, introduzindo um avanço significativo nos tratamentos psiquiátricos no país.
Consulte as orientações no Manual do professor
Arthur Bispo do Rosário (1909-1989) nasceu em Japaratuba (SE). Ele foi um artista plástico que, por ser diagnosticado com esquizofrenia, viveu em instituições psiquiátricas por quase 50 anos.
Antes de ser internado, ele já criava objetos usando sucata e materiais descartados para produzir arte. Contudo, seus surtos psicóticos o levaram ao Hospício Pedro II em 1938 e, depois, para a Colônia Juliano Moreira, instituição psiquiátrica. Foi aí que Arthur começou a produzir os fardões e os estandartes usando técnicas de costura e bordado em tecido.
O artista carregou muitos estigmas da marginalização social – negro, pobre e asilado em um manicômio. Porém, com sua arte, ele conseguiu subverter a lógica da exclusão social e ser reconhecido como um grande expoente das artes contemporâneas no Brasil.
■ Capa do livro Arthur Bispo do Rosário: o senhor do labirinto.
HIDALGO, Luciana de. Arthur Bispo do Rosário: o senhor do labirinto. Rio de Janeiro: Rocco, 2016.
• Organizados em grupos, reflitam como a arte pode ajudar no tratamento de pessoas com transtornos mentais.
Espera-se que os estudantes mencionem que a arte pode ajudar as pessoas a expressar seus sentimentos e a lidar com suas emoções. Ao se expressar artisticamente, o indivíduo também pode fazer uma autorreflexão, o que ajuda no autoconhecimento e coopera para a identificação do que a aflige.
Na década de 1960, o psiquiatra italiano Franco Basaglia (1924-1980) colocou o paciente em evidência, e não mais o transtorno que o acometia. Ele ressignificou o papel dos manicômios, que, até então, eram depósitos humanos, onde eram encarcerados os marginalizados sociais e as vítimas da estigmatização da sociedade.
Basaglia observou a necessidade de fechar hospitais psiquiátricos e devolver a liberdade aos internos, criando, para isso, novas estruturas assistenciais e terapêuticas em saúde mental que, aos poucos, substituíram os manicômios na Itália.
A partir de 1973, os resultados positivos alcançados na Itália fizeram com que a OMS recomendasse a abordagem de Basaglia no tratamento psiquiátrico. No Brasil, na década de 1970, profissionais da área da saúde, familiares, instituições acadêmicas, políticos e pessoas de diferentes setores da sociedade, inspirados nas ideias e nas práticas de Basaglia, questionaram o tratamento que era dado aos pacientes com transtornos mentais nos manicômios. Eles denunciavam as violações aos direitos dessas pessoas e propunham a reorganização do modelo de atenção em saúde mental que vigorava no país até aquele momento. Era o início do movimento da luta antimanicomial no Brasil.
Em 1987, foi criado o movimento antimanicomial, dando continuidade à luta pela nova psiquiatria. Em 18 de maio daquele ano, foram realizados o II Congresso dos Trabalhadores da Saúde Mental, em Bauru (SP), e a I Conferência Nacional de Saúde Mental, em Brasília (DF), grupos considerados precursores da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Desde então, o dia 18 de maio foi instituído como o Dia da Luta Antimanicomial.
■ O médico psiquiatra italiano Franco Basaglia no Hospital Psiquiátrico de Colorno administrado por ele mesmo. Parma, Itália, 1971.
■ Detalhe de uma atividade cultural realizada em ato que marca o Dia da Luta Antimanicomial, na região da Cinelândia, no Rio de Janeiro (RJ), 2024.
Em 1989, foi apresentado o projeto de reforma psiquiátrica pelo então deputado mineiro Paulo Delgado, aprovado e sancionado como lei federal no 10.216, de 6 de abril de 2001, a qual ficou conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica, Lei Antimanicomial ou Lei Paulo Delgado. A Reforma Psiquiátrica levou ao fechamento gradual dos manicômios espalhados pelo país. De acordo com a Lei da Reforma Psiquiátrica, a internação de pacientes com transtornos mentais só seria aceita se o tratamento fora do hospital se mostrasse ineficaz.
ATIVIDADES
1. Ambos não concordavam com a conduta dos manicômios e tentaram modificar o tratamento que era dado às pessoas com transtornos mentais.
NÃO ESCREVA NO LIVRO.
Consulte as respostas no Manual do professor.
2. a) Espera-se que os estudantes reconheçam que o critério de internação nos manicômios não seguia um protocolo médico.
1. O que tinham em comum a psiquiatra brasileira Nise da Silveira e o psiquiatra italiano Franco Basaglia em relação ao tratamento das pessoas com transtornos mentais?
2. Nos manicômios, eram internadas as pessoas consideradas loucas e desajustadas, ou seja, todas aquelas que não se encaixavam nos padrões de “normalidade” da sociedade. Com seu grupo, discutam os itens a seguir.
a) O critério de internação nos manicômios era baseado em critérios médicos?
b) O tratamento recebido nos manicômios permitia que as pessoas melhorassem sua condição mental?
O tratamento recebido nos manicômios era considerado brutal, o que não ajudava na recuperação dos pacientes.
c) O que buscam os defensores da luta antimanicomial? O que essa luta significa para as pessoas com transtornos mentais?
A luta antimanicomial busca resgatar os direitos dos pacientes com transtornos mentais, devolvendo os direitos a essas pessoas e fornecendo o tratamento adequado, sem que estejam encarceradas.
3. Mesmo após mais de 20 anos da Reforma Psiquiátrica no Brasil, muitas pessoas desconhecem a Lei Paulo Delgado, incluindo profissionais da saúde. Com seu grupo, busquem mais informações sobre a lei federal no 10.216/2001 e pensem em uma forma de divulgá-la para a comunidade. Vocês podem, por exemplo, criar cards para os canais de compartilhamento da turma com os principais artigos, ilustrar alguns direitos dispostos nessa lei ou usar outros meios para divulgar os direitos das pessoas com transtornos mentais.
3. Oriente os estudantes a organizar, previamente, as informações que desejam colocar no material. Comente a importância de esse material atingir o máximo de pessoas da comunidade escolar.
■ Cartaz alusivo ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial (18 de maio). Essa data marca a luta pela humanização no atendimento às pessoas com transtorno mental.
Publiquem no canal de compartilhamento criado pela turma o material produzido na atividade 3 . Vocês podem incluir imagens, vídeos ou links para enriquecer a publicação.
Conexões
Neste livro, o personagem Simão Bacamarte, médico psiquiatra, constrói um manicômio chamado Casa Verde, onde passa a internar todos da cidade de Itaguaí e região com algum “sintoma de loucura”.
• A SSIS, Machado de. O alienista . São Paulo: Principis, 2019.
Consulte as orientações no Manual do professor.
De acordo com o psiquiatra Pedro Gabriel Delgado, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no Brasil, a saúde mental recebe menos de 2% do orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS).
Embora sejam necessários maiores investimentos, o Brasil já apresentou avanços em relação ao cuidado com a saúde mental. Em 2011, por exemplo, foi criada a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), que, vinculada ao SUS, organiza e estabelece os fluxos para atendimento de pessoas com transtornos mentais. A Raps é composta de Centros de Atenção Psicossocial (Caps), Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), Centros de Convivência e Cultura, Unidade de Acolhimento (UAs), leitos de atenção integral (em Hospitais Gerais, nos Caps III), entre outros.
a) Em grupo, façam uma pesquisa sobre a atuação dos Caps, dos SRT, das Unidades de Acolhimento e dos leitos de atenção integral e elaborem um texto com as principais informações.
■ Servidores e pacientes da Casa Mental do Adulto Marisa Santos celebram o Carnamental, um projeto de acolhimento à população com transtornos mentais atendida por um Caps III do município de Belém (PA), 2023.
b) Pesquisem se há, no município onde vivem, Caps e outros serviços que façam parte da Rede de Atenção Psicossocial e elaborem um mapa com a localização desses serviços, o horário de funcionamento e os requisitos para ser atendido nesses locais. Divulguem no canal de compartilhamento da turma para a comunidade.
c) Caso identifiquem a necessidade de implementação ou ampliação desses serviços no município, escrevam um e-mail para a Secretaria Municipal de Saúde com as reivindicações, explicando a importância de investimentos para o cuidado com a saúde mental. Compartilhem essas informações com a turma.
Informações sobre como atuam os diversos serviços da Raps estão disponíveis em: https://bvsms.saude.gov.br/20-anos-da-reforma-psiquiatrica-no-brasil-18-5-dia -nacional-da-luta-antimanicomial (acesso em: 17 jul. 2024).
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Como preservar os direitos das pessoas com transtornos mentais?” e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem os mapas, elaborados na seção Em ação , no canal de compartilhamento criado pela turma.
Nesse texto, é possível consultar um mapa do Brasil com a localização dos centros de atendimento em saúde mental no território nacional.
• MAPA interativo indica locais gratuitos para atendimentos em saúde mental. Exame, São Paulo, 14 dez. 2020. Disponível em: https://exame.com/brasil/mapa-interativo-indica -locais-gratuitos-para-atendimentos-em-saude -mental/. Acesso em: 1º out. 2024.
Consulte as orientações no Manual do professor
■ A prática de atividades físicas contribui para o bem-estar físico e mental.
Psicofobia , termo usado para designar o preconceito em relação às pessoas com transtornos mentais, foi criado pelo psiquiatra Antônio Geraldo da Silva (1964-), quando, em 2011, o humorista Chico Anysio (1931-2012) alertou para a falta de um nome para descrever esse tipo de discriminação. Chico Anysio fazia tratamento psiquiátrico para depressão e relatou sofrer preconceito. O preconceito em relação às pessoas com transtornos mentais remonta à época em que esses transtornos não eram compreendidos pela medicina, sendo atribuídos a seres sobrenaturais. Depois, mesmo com o surgimento da psiquiatria, o preconceito se manteve e os manicômios ajudaram a perpetuar a discriminação das pessoas com transtornos mentais, afinal, todos aqueles que não se encaixassem nos padrões de “normalidade” da sociedade eram encarcerados nesses locais. Infelizmente, o fechamento dos manicômios não pôs fim ao preconceito.
■ Campanha da Associação Brasileira de Psiquiatria contra a psicofobia.
A psicofobia pode se manifestar de várias formas, como inferiorizar a pessoa com transtorno mental, menosprezar o que ela sente ou, ainda, usar termos pejorativos ao se referir a ela. É preciso acabar com a psicofobia e ter mais empatia com as pessoas com transtornos mentais.
2. b) É possível que os estudantes citem histórias do imaginário das pessoas em relação ao que acontecia nos manicômios; por isso, psiquiatras e psicólogos são considerados médicos que tratam de “loucos”. Para essas pessoas, ir a psiquiatras e psicólogos seria como se obtivessem um atestado de que perderam o juízo.
NÃO ESCREVA NO LIVRO. Consulte as respostas no Manual do professor.
1. É muito provável que você já tenha ouvido alguém chamar outra pessoa por ao menos um dos termos a seguir. Em roda, converse com os colegas da turma sobre sobre as perguntas.
1. a) Resposta pessoal. Pode ser que os termos orate e alienado sejam menos conhecidos entre os estudantes.
a) Vocês já ouviram falar em todos os termos apresentados? Se não, quais são novos para vocês?
b) Vocês já foram chamados de “louco”, “doido” ou “maluco”? Se sim, o que sentiram na ocasião?
1. b) Permita que os estudantes relatem o que sentiram ao serem chamados por esses termos. Aproveite para conversar sobre o respeito às diferenças.
c) Já se referiram a outra pessoa usando esses termos? Se sim, o que levou vocês a fazer isso?
1. c) Permita que os estudantes relatem os motivos pelos quais levaram a chamar outras pessoas por esses termos. Aproveite para conversar sobre o respeito às diferenças.
2. Em alguns transtornos mentais, como a esquizofrenia e os transtornos de personalidade, o doente apresenta alteração do juízo da realidade, ou seja, ele não consegue distinguir o que é real do que é imaginário. Um exemplo de alteração do juízo de realidade é o delírio. No delírio, o indivíduo não consegue medir as consequências de suas ações.
a) Na opinião de vocês, o fato de alguns transtornos mentais levar à alteração do juízo de realidade corrobora o preconceito em relação às pessoas com transtorno mental?
b) Vocês acham que muitas pessoas deixam de ir ao psiquiatra ou se recusam a fazer psicoterapia por medo de que os outros pensem que elas “perderam o juízo”? Se sim, por que vocês acham que ainda existe preconceito em relação a psiquiatras e psicólogos?
c) O que poderia ser feito para evitar o preconceito em relação aos transtornos mentais e ao cuidado com a saúde mental?
2. c) Para romper com o preconceito e a discriminação, é necessário, por exemplo, buscar informações em fontes confiáveis.
2. a) É possível que os estudantes respondam que o preconceito em relação às pessoas com transtorno mental decorre do medo de perder o controle, não sendo capaz de distinguir o que é real do que é imaginário.
2. Resposta pessoal. Aproveite o momento para comentar a importância de combater o estigma associado aos transtornos mentais de modo que, quanto antes a pessoa buscar ajuda, maiores são as chances de recuperação do bem-estar.
■ Os transtornos mentais, como ansiedade e depressão, são os mais comuns hoje em dia, afetando o bem-estar das pessoas acometidas por esses transtornos.
Um dos grandes desafios em saúde pública é combater o estigma relacionado à saúde mental. Como estudamos anteriormente, os transtornos mentais podem afetar qualquer pessoa em qualquer fase da vida. De acordo com o documento La carga de los trastornos mentales en la región de las Américas, no Brasil, até 2018, havia mais de 11 milhões de pessoas com depressão, sem contar os casos não diagnosticados.
A falta de conhecimento e o preconceito contribuem para o estigma e a exclusão social das pessoas com transtornos mentais. Isso faz com que, muitas vezes, essas pessoas deixem de procurar ajuda especializada, impedindo que recebam o diagnóstico e o tratamento adequados. Por isso, é preciso falar sobre saúde mental e tratar do assunto sem preconceito para combater o estigma.
1. O que é estigma? Reúna-se com seu grupo para elaborar uma definição para o termo. Se necessário, façam uma pesquisa.
1. No contexto da saúde mental, estigma é uma marca ou característica que faz com que algumas pessoas vejam o paciente com transtorno mental de forma negativa e preconceituosa.
2. Expliquem o estigma associado aos transtornos mentais.
3. Em 2020, a saúde mental foi contemplada na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com o tema O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira. Agora é sua vez de escrever sobre esse assunto. A diferença é que o texto dissertativo-argumentativo será elaborado pelo grupo. Então, com os demais integrantes, conversem sobre esse tema e decidam quais argumentos pretendem usar. Depois da elaboração, publiquem o texto no canal de compartilhamento da turma.
3. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a usar o que aprenderam sobre saúde mental até o momento neste Projeto Integrador.
Hora de compartilhar
Publiquem no canal de compartilhamento criado pela turma as redações produzidas na atividade 3. Vocês podem incluir imagens, vídeos ou links para enriquecer a publicação.
Conexões
No vídeo, é contada a história de um homem que vivia com depressão e que, depois que procurou ajuda, percebeu que não estava sozinho. Aos poucos, ele se sentiu mehor e aprendeu a lidar com essa condição.
• I H AD a black dog, his name was depression. Genebra, 2012. 1 vídeo (cerca de 4 min). Publicado pelo canal World Health Organization (WHO). Disponível em: https://www.youtube.com/watch? v=XiCrniLQGYc. Acesso em: 1º out. 2024.
Consulte as orientações no Manual do professor.
A adolescência costuma ser uma etapa da vida marcada por descobertas, autoconhecimento e sentimentos intensos. Nessa fase, é comum que os adolescentes busquem referências e queiram se sentir parte de um grupo, ao mesmo tempo que descobrem sua identidade. Com os jovens cada vez mais conectados, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alerta para o uso das redes sociais, já que elas integram grande parte do dia da maioria dos adolescentes e, se não utilizadas da forma adequada, podem ter impacto negativo na saúde mental de seus usuários.
O principal problema do uso intenso das redes sociais reside no fato de que muitos jovens buscam a validação de sua vida com base no olhar do outro e interpretam seu valor pela quantidade de curtidas em fotos ou em postagens. Muitos desejam ter a vida retratada pelos influenciadores digitais, sem considerar que, muitas vezes, a felicidade estampada nas redes sociais não é real. A SBP afirma que o uso exagerado do celular e das redes sociais pode potencializar quadros de ansiedade, depressão e baixa autoestima. Outro ponto que merece atenção é que, por meio das redes sociais, os adolescentes podem ter acesso a conteúdo impróprio e violento ou participar de grupos que não contribuem para seu pleno desenvolvimento.
No entanto, o uso das redes sociais não precisa ser banido; afinal, ele pode ser positivo, se feito de maneira crítica e sem exageros. Pelas redes sociais, os jovens podem, por exemplo, manter conexões sociais, trocar experiências e encontrar apoio emocional em outras pessoas que enfrentam situações semelhantes.
■ O uso excessivo de redes sociais e sem olhar crítico pode impactar negativamente a saúde mental dos jovens.
1. Considerando o que foi descrito no texto e a sua opinião, quais são os pontos negativos das redes sociais? E quais são os pontos positivos?
Respostas pessoais. Incentive os estudantes a dar a opinião deles, avaliando se conseguem perceber os pontos negativos e positivos das redes sociais.
2. Organizados em grupo, conversem sobre as questões a seguir.
a) Qual é sua relação e a relação dos demais integrantes do grupo com as redes sociais?
b) Quanto tempo por dia vocês costumam usar o celular? Caso não saibam, façam o teste por um dia e anotem o tempo, o número de mensagens recebidas e enviadas, o número de fotos tiradas, o número de curtidas e de comentários feitos e recebidos, entre outras atividades realizadas nas redes sociais. De posse desses dados, avaliem: Vocês estão usando as redes sociais moderadamente ou houve certo exagero?
c) Vocês costumam fazer postagens retratando o dia a dia?
d) Vocês ficam ansiosos por curtidas e comentários? Como se sentem se o número de cur tidas em um post é pequeno ou quando recebem comentários negativos?
e) O que sentem ao ver as postagens de outras pessoas nas redes sociais?
f) O que aconteceria se vocês, por exemplo, ficassem sem o celular por uma semana?
g) O que vocês podem fazer para que o uso das redes sociais não impacte negativamente a saúde mental?
2. Respostas pessoais. As perguntas têm a finalidade de levar os estudantes a avaliar o grau de dependência que mantêm com o celular e as redes sociais e a refletir se estão fazendo o uso dele de maneira saudável.
3. Elaborem uma charge, uma música, um poema ou qualquer outra manifestação artística retratando o tema Redes sociais e saúde mental dos adolescentes. Publiquem a arte criada com os outros grupos e no canal de compartilhamento da turma.
Resposta pessoal. Os professores da área de Linguagens e suas Tecnologias dos componentes curriculares Arte e Língua Portuguesa podem ajudar os grupos com a criação artística.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Como podemos cuidar da saúde mental?” e refletir sobre ela. Publiquem no canal de compartilhamento criado pela turma as artes produzidas na seção Em ação. Vocês podem incluir vídeos, podcasts e outros recursos para tornar a publicação mais interessante.
Conexões
Site de ajuda virtual em saúde mental e bem-estar que proporciona escuta acolhedora para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos de idade.
• REDE PODE FALAR. [S. l., c. 2024]. Disponível em: https://www.podefalar.org.br/. Acesso em: 1º out. 2024.
Consulte as orientações no Manual do professor
Muitos trabalhadores, tantos os formais quanto os informais, deparam com diversas situações estressantes no ambiente de trabalho, que afetam o bem-estar e colocam em risco a saúde mental. Metas cada vez maiores, agenda sobrecarregada, baixos salários e incertezas sobre o mercado de trabalho são exemplos de fatores que, somados a outros, podem levar à síndrome de burnout (esgotamento físico e mental intenso) que, por sua vez, pode desencadear transtornos mentais como ansiedade e depressão.
O adoecimento no ambiente de trabalho tem chamado a atenção da OMS e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de governos e de empresas. No Brasil, de acordo com a Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), milhares de pessoas são afastadas do trabalho todos os anos por questões de saúde mental, acarretando, por exemplo, perda de produtividade e, consequentemente, perda financeira.
YURI A/PEOPLEIMAGES/SHUTTERSTOCK.COM
■ Altos níveis de tensão emocional e estresse relacionados ao desgaste e à sobrecarga de trabalho podem levar ao desenvolvimento da síndrome de burnout
■ O INSS é o órgão do governo federal responsável por pagar benefícios aos trabalhadores brasileiros, como aposentadoria, auxílio-doença, salário-maternidade e auxílio-reclusão. Salvador (BA), 2020.
Os afastamentos em decorrência de adoecimento mental também impactam negativamente os cofres públicos, pois muitos trabalhadores são aposentados por incapacidade. Dados do Ministério da Previdência Social indicam que, em 2023, foram concedidos no Brasil 288 865 benefícios por incapacidade, temporária ou permanente, decorrente de transtornos mentais e comportamentais.
Em caso de afastamento do trabalho por transtorno mental, como em qualquer outra doença, a legislação trabalhista impõe que os primeiros 15 dias de afastamento sejam pagos pela empresa. A partir do 16 o dia, se houver necessidade de continuar com o afastamento, a responsabilidade passa a ser do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que pagará o benefício previdenciário chamado auxílio-doença. Para isso, é necessário que o trabalhador apresente uma série de documentos, incluindo laudo médico que comprove sua situação de saúde.
Consulte as orientações no Manual do professor
Em 2023, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) completou 80 anos de existência. Além de consolidar as leis trabalhistas existentes, a CLT instituiu novos direitos trabalhistas. Atualmente, essa norma garante uma série de direitos aos trabalhadores formais, com registro em carteira, como jornada de 44 horas semanais, pagamento de hora extra, descanso semanal remunerado, férias, 13o salário, licença-maternidade, licença-paternidade e seguro-desemprego.
■ A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é o documento que registra a vida profissional do trabalhador e garante o acesso aos direitos trabalhistas previstos em lei. Atualmente, esse documento é emitido de forma prioritária no formato digital e excepcionalmente no formato físico.
Em 1943, época da criação da CLT, vigorava no Brasil o Estado Novo e a norma que instituiu a CLT partiu do Poder Executivo, sem ser discutida pelo Senado e pela Câmara. Após o término do Estado Novo, as posteriores alterações e adições de direitos à legislação trabalhista necessitaram da aprovação de outras esferas do governo antes de serem incluídas no documento. No início, a CLT era quase exclusiva para os operários da indústria, mas, com o tempo, ela aumentou seu alcance, englobando qualquer tipo de trabalhador com registro em carteira de trabalho.
Estado Novo: regime ditatorial presidido por Getúlio Vargas (1882-1954) entre 1937 e 1945.
Veja, a seguir, o esquema dos direitos trabalhistas no Brasil.
1919 – Decreto no 3.724/1919: regula as obrigações resultantes dos acidentes no trabalho.
2008 – Lei no 11.788/2008: dispõe sobre o estágio de estudantes […] e dá outras providências.
1927 – Decreto no 17.943-A/1927: consolida as leis de assistência e proteção a menores, proibindo, por exemplo, o trabalho de menores de 12 anos e, em horário noturno, também o de menores de 18 anos.
1943 – Decreto-lei no 5.425/1943: aprova a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
1952 – Lei no 1.723/1952: estabelece que, sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor prestado ao mesmo empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade.
1990 – Lei no 7.783/1989: dispõe sobre o exercício do direito de greve, define as atividades essenciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade e dá outras providências.
2015 – Lei complementar no 150/2015: dispõe sobre o contrato de trabalho doméstico […] e dá outras providências.
2017 – Lei no 13.467/2017: reforma trabalhista com alteração da CLT a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho.
1988 – Constituição da República Federativa do Brasil: eleva direitos trabalhistas à categoria de direitos fundamentais.
2022 – Lei no 14.457/2022: institui o Programa Emprega + Mulheres, que tem como objetivo ampliar e preservar o acesso da mulher ao mercado de trabalho, além de combater discriminação de gênero no ambiente de trabalho.
1977 – Decreto-lei no 1.535/1977: cria o direito às férias anuais, sem prejuízo da remuneração, e dá outras providências.
1962 – Lei no 4.090/1962: institui a gratificação de Natal para os trabalhadores (13o salário).
Elaborado com base em: BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. CLT: 80 anos de um marco histórico dos direitos e da Justiça do Trabalho no Brasil. Brasília, DF, 27 jan. 2023. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/clt-80-anos -de-um-marco-historico-dos-direitos-e -da-justica-do-trabalho-no-brasil/. Acesso em: 2 out. 2024.
1. Em roda, reflitam e expliquem se a CLT representou um avanço na conquista dos direitos dos trabalhadores.
1. Espera-se que os estudantes mencionem que a A CLT, ao normatizar diversas questões relacionadas ao trabalho, representou um avanço na conquista dos direitos dos trabalhadores, restringindo, por exemplo, a exploração por parte dos empregadores.
2. Atualmente, alguns especialistas consideram que a CLT enfrenta o pior momento de sua história e que passamos por um retrocesso. Em grupo, façam uma breve pesquisa sobre o assunto e discutam o resultado com os demais colegas.
2. Se julgar necessário, auxilie os estudantes a pesquisar em fontes confiáveis.
1. Alguns empreendedores viram nos números alarmantes e na necessidade de cuidar da saúde mental dos trabalhadores uma oportunidade de negócio, investindo nas plataformas de terapia on-line. Sobre isso, leia o trecho de um texto e, depois, faça o que se pede a seguir.
Empreendedores apostam no mercado de saúde mental [...]
O conceito de terapia on-line não é novo. Nos anos 1990, já se debatia o uso do telefone para atendimentos psicológicos. Entre 1995 e 1998, o psicólogo americano David Sommers ficou famoso por atender pacientes via chat
Acontece que, até pouco tempo atrás, o atendimento remoto era proibido por lei no Brasil. Em 2005, o Conselho Federal de Psicologia (CFP), passou a permitir atendimentos psicológicos on-line apenas em caráter experimental, para fins de pesquisa – sem cobrança de honorários. Sete anos depois, em 2012, o CFP publicou outra portaria, autorizando o atendimento por psicólogos de forma virtual, porém com um limite máximo de 20 sessões e restrito apenas a “orientações” – não a consultas propriamente ditas.
Isso só foi mudar em 2018, quando o CFP liberou totalmente o atendimento on-line. […] [...]
O número de diagnósticos e afastamentos causados por doenças mentais cresce a cada ano – e o rombo para as empresas também.
322 milhões de pessoas no mundo convivem com a depressão, segundo a OMS. Por ano, a economia mundial perde
US$ 1 tri
285 mil
foi o número de afastamentos por doenças mentais em 2020. As aposentadorias por invalidez pelo mesmo motivo somaram 290 mil.
em produtividade devido aos transtornos mentais, segundo a OMS.
18,6 milhões
é o número de brasileiros que sofrem com transtorno de ansiedade no Brasil.
26%
foi o quanto aumentaram os afastamentos e aposentadorias por invalidez causados por doenças mentais em 2020.
1. a) Resposta pessoal. Se julgar necessário, trabalhe com os estudantes a leitura oral do texto e verifique algum vocabulário que porventura eles desconheçam. Esse trabalho ajudará no entendimento do texto.
1. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes suponham que houve um aumento do número de casos de pessoas sofrendo com transtornos mentais durante a pandemia de covid-19.
As doenças mentais são uma das maiores causas dos afastamentos e pedidos de aposentadoria por invalidez – junto com acidentes de trabalho e lesão por esforço repetitivo. Em 2020, segundo a Secretaria Especial da Previdência Social e Trabalho, 576 mil pessoas se afastaram do trabalho ou se aposentaram definitivamente por conta de transtornos mentais, número 26% maior que o registrado em 2019. Perder bons funcionários por conta de problemas que poderiam ter sido resolvidos é um tiro no pé para qualquer empresa. E todas sabem disso. Um dos nichos que mais foram explorados após a regulamentação, então, foi o serviço para o mercado corporativo – já que o atendimento on-line é relativamente barato.
1. c) Além de ser um serviço relativamente barato, ao cuidar da saúde mental de seus funcionários busca-se valorizar o bem-estar das pessoas e reduzir o número de afastamento, o que diminui os prejuízos na produtividade da empresa.
Empresas passaram a oferecer os serviços dessas plataformas [de terapia on-line] como um benefício, subsidiando sessões para seus funcionários. E a pandemia, como era de se esperar, gerou um boom nessas iniciativas. […]
LIMA, Luciana. Empreendedores apostam no mercado de saúde mental. VC S/A , São Paulo, 8 mar. 2021. Disponível em: https://vocesa. abril.com.br/empreendedorismo/empreendedores-apostam-no-mercado-de-saude-mental. Acesso em: 3 out. 2024.
a) Resuma o texto para um colega. Depois, ouça o resumo dele.
b) Por que você acha que a pandemia gerou um boom nas plataformas de cuidado com a saúde mental?
c) Por que é vantajoso para as empresas oferecerem serviços das plataformas de cuidado com a saúde mental para seus funcionários?
2. Resposta pessoal. A questão tem a intenção de conhecer o que os estudantes esperam ao ingressar no mercado de trabalho.
2. Na opinião de vocês, como deveria ser o ambiente de trabalho e quais benefícios as empresas deveriam oferecer para cuidar da saúde mental de seus funcionários?
3. Com seu grupo, pesquisem quais são os direitos dos trabalhadores com transtornos mentais. Criem cards para ilustrar esses direitos e, depois, compartilhem a produção nas redes sociais.
3. Os trabalhadores afastados do trabalho por questões de saúde mental têm os mesmos direitos daqueles afastados por outras doenças, como auxílio-doença do INSS para afastamentos por período mais longos.
Publiquem no canal de compartilhamento criado pela turma os cards produzidos na atividade 3 . Vocês podem enriquecer o material com imagens, vídeos, links etc.
Conexões
Informações do Ministério da Saúde sobre a síndrome de burnout, apresentando seus principais sintomas e as formas de prevenção.
• BRASIL. Ministério da Saúde. Síndrome de burnout. Brasília, DF: MS, [c 2024]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/ sindrome-de-burnout. Acesso em: 2 out. 2024.
A matéria trata da segurança psicológica que precisa existir nas empresas para que elas sejam um ambiente saudável para seus funcionários.
• REGINA, Andréa S. Como a saúde mental pode impactar o lucro das empresas. Nexo, São Paulo, 9 out. 2023. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/ ensaio/2023/10/09/como-a-saude-mental-pode-impactar-o-lucro-das -empresas. Acesso em: 2 out. 2024.
Consulte as orientações no Manual do professor
Psiquiatras e psicólogos costumam ser os profissionais mais frequentemente citados quando o assunto é saúde mental. Mas existem outras profissões diretamente relacionadas ao cuidado com a saúde mental, como terapia ocupacional e enfermagem psiquiátrica. Organizados em grupos, sigam os passos propostos.
1. Façam uma pesquisa para saber mais sobre essas quatro profissões. Pesquisem, por exemplo, qual é o curso universitário, quantos anos de estudo são necessários até a formação e quais são os campos de atuação da profissão.
2 Em comum acordo, escolham entre as profissões pesquisadas aquela que desejam conhecer melhor.
3. Entrem em contato com um profissional da área escolhida pelo grupo e solicitem uma entrevista para conhecer como o trabalho dele é desenvolvido no dia a dia. A entrevista pode ser on-line ou presencial, a depender da disponibilidade do profissional. Lembrem-se de que, se forem usar imagens ou áudios, é preciso pedir autorização do entrevistado por escrito.
4. No dia da entrevista, lembrem-se de perguntar quais habilidades pessoais são necessárias para o desempenho da profissão, quais são os desafios profissionais e o que o levou a escolher essa carreira. Também é interessante perguntar a opinião desse profissional sobre o estigma associado aos transtornos mentais e o que podemos fazer para combater o preconceito e incentivar o cuidado com a saúde mental.
5. Divulguem o resultado da entrevista no canal de compartilhamento da turma.
DRAZEN ZIGIC/SHUTTERSTOCK.COM
■ Em uma sessão de psicoterapia, o paciente conversa com o psicólogo, expondo o que o aflige e refletindo sobre suas ações, suas emoções e seus pensamentos. Isso ajuda no autoconhecimento e fornece instrumentos para que ele lide melhor com as questões de sua vida.
Nesta etapa, vocês tiveram a oportunidade de investigar a questão “Como o trabalho impacta a saúde mental?" e refletir sobre ela.
Antes de passar para a próxima etapa, publiquem no canal de compartilhamento criado pela turma a entrevista feita na seção Em ação . É possível enriquecer o material com áudios, textos, imagens e links .
Consulte as orientações no Manual do professor
Você e os demais integrantes do grupo vão produzir um podcast sobre saúde mental com o objetivo de responder à pergunta norteadora do projeto: Como combater o estigma e o preconceito em relação aos transtornos mentais e promover a saúde mental? Considerem os aspectos descritos a seguir.
• Os dados apresentados na Etapa 1 sobre os transtornos mentais e os desafios enfrentados pelos adolescentes que podem impactar a saúde mental.
• As conquistas em relação ao cuidado das pessoas com os transtornos mentais estudados na Etapa 2.
• A importância de combater o estigma associado aos transtornos mentais e os cuidados que os jovens devem ter em relação à sua saúde mental, assuntos abordados na Etapa 3.
• O impacto que o trabalho tem sobre a saúde mental e os profissionais que podem ajudar na manutenção ou na recuperação do bem-estar mental, assuntos estudados na Etapa 4.
Para a produção do podcast, é preciso que vocês se atentem a alguns pontos.
Antes da gravação
Definam o tipo de podcast que pretendem produzir: informativo, entrevista, mesa-redonda, bate-papo etc. Definam também o tema que pretendem abordar no podcast. Assim, vocês conseguirão escolher, por exemplo, quem serão os entrevistados, que podem ser tanto profissionais da área de saúde quanto pacientes que foram diagnosticados com algum trans torno mental, entre outras pessoas que possam contribuir para o assunto que pretendem abordar no podcast. Lembrem-se de dividir as tarefas de modo que todos os integrantes do grupo participem da atividade. Caso vocês tenham optado por incluir entrevistados, no momento de fazer o convite, por e-mail, telefone ou direct, é preciso informar a atividade que será feita pelo grupo, esclarecendo o objetivo e pedindo permissão para compartilhar a entrevista.
FACESTOCK/SHUTTERSTOCK.COM
■ Entrevistas podem ser realizadas presencialmente ou on-line.
Antes da gravação, confiram os equipamentos: gravador, microfone, fones etc. Escolham um local sem barulho e que não dê eco para que ruídos não prejudiquem a qualidade do som. A cozinha, por exemplo, não é um bom lugar para gravar um podcast ; além do barulho dos eletrodomésticos, as superfícies lisas podem dar eco.
Também com antecedência elaborem algumas perguntas que pretendem fazer ao profissional. Para isso, é importante conhecer, minimamente, o assunto que será conversado e um pouco sobre a pessoa que será entrevistada. Isso ajuda a orientar as perguntas e facilita a conversa, enriquecendo a entrevista.
Criem um roteiro, incluindo, por exemplo: a introdução, na qual vocês falam sobre o podcast e se apresentam; a indicação de onde entra vinheta, música ou efeito sonoro; as falas de cada locutor (caso haja mais de um); e os trechos das entrevistas, caso o episódio traga entrevistados. Ao final, é preciso dar os créditos às músicas ou aos efeitos sonoros, dizendo de onde cada um deles foi obtido e comunicar os ouvintes em que dia será postado o podcast de outro grupo, por exemplo. Prefiram usar apenas músicas ou efeitos sonoros isentos de direitos autorais.
É preciso pensar no público do podcast produzido pelo grupo: jovens ou pessoas mais velhas? Isso pode influenciar o modo como vocês vão transmitir a informação: de modo mais descontraído ou de maneira mais formal? Outra dica é utilizar palavras simples de pronunciar, escrevendo o roteiro como vocês estão habituados a falar. Lembrem-se de que vocês estão sendo divulgadores de um assunto de extrema importância e, por isso, devem verificar todas as informações para não divulgar inverdades.
■ Na edição, devem-se incluir vinheta, músicas, efeitos sonoros e as falas de outras pessoas.
Façam o ensaio da gravação, lendo o roteiro. Deixem um espaço maior entre uma fala e outra quando elas estiverem separadas por um trecho de entrevista, por exemplo. Assim, fica mais fácil fazer a edição e incluir os trechos com as falas de outras pessoas.
Há diversos aplicativos gratuitos para gravar e editar áudios. O uso desses aplicativos costuma ser bastante intuitivo, mas vale a pena testar antes e aprender a usá-los. Na internet, também é possível encontrar tutoriais que ensinam as funções básicas desses aplicativos.
Publicação do podcast
Escolham com o restante da turma em que canal será feita a publicação dos podcasts produzidos. Vocês podem, por exemplo, publicar um ou dois podcasts por semana. Considerem o tempo que será utilizado para a produção e o prazo final estabelecido pelo professor para o término da atividade e programem-se para cumprir os combinados. Após a publicação, vocês podem compartilhar os podcasts em suas redes sociais, ajudando na divulgação e buscando atingir o maior número de ouvintes.
■ O compartilhamento de podcasts com a família, os amigos e a comunidade escolar ajuda na divulgação do conteúdo.
Conexões
Podcast sobre saúde mental produzido por estudantes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-SP).
• S ÉRIE Casa de Orates. Campinas, [c. 2024]. Vários episódios. Podcast . Publicado pelo podcast Oxigênio. Disponível em: https://www.oxigenio.comciencia.br/serie-casa-de-orates/. Acesso em: 2 out. 2024.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Para finalizar este Projeto Integrador, é importante realizar uma avaliação de sua participação tanto individual quanto coletiva. Em uma folha de papel sulfite, faça o que se pede.
1. Sobre seu envolvimento e o da turma neste projeto, responda às questões a seguir.
a) Houve participação em todas as atividades propostas? Explique.
b) Em qual etapa houve mais dedicação? Em qual houve menos? Justifique.
c) Atribua uma nota de zero a dez para sua participação e para a participação da turma neste projeto. Argumente sobre essas notas.
d) Em relação a suas ações, em quais aspectos você acredita que pode melhorar na realização do próximo projeto? Em quais aspectos a turma pode melhorar?
e) Junte-se a um colega para comparar as respostas às questões anteriores, verificando com quais itens da avaliação vocês concordam e de quais discordam.
f) Escreva quais foram suas dificuldades e quais aprendizagens foram desenvolvidas no decorrer deste projeto.
2. Em relação ao assunto deste projeto, responda às questões a seguir.
a) Você compreendeu a definição de saúde mental dada pela OMS e reconheceu a importância da saúde mental para a manutenção da saúde como um todo?
b) Você compreendeu a importância de falar sobre saúde mental para evitar o preconceito e a discriminação das pessoas que sofrem com algum transtorno mental?
c) Você compreendeu como era o tratamento das pessoas com transtornos mentais antes da Reforma Psiquiátrica e refletiu sobre a importância do movimento da luta antimanicominal?
d) Você compreendeu que nem todo transtorno mental leva os pacientes a ter alteração do juízo de realidade reconhecendo que alguns termos costumeiramente usados para se referir a essas pessoas são pejorativos e descabidos?
e) Você refletiu sobre o estigma associado aos transtornos mentais e às pessoas que sofrem com esses transtornos?
f) Você refletiu sobre o uso que faz do celular e das redes sociais e compreendeu que, dependendo da relação que tem com o mundo virtual, isso pode impactar negativamente sua saúde mental?
g) Você compreendeu que o trabalho pode impactar negativamente a saúde mental dos trabalhadores?
h) Você participou da produção do podcast sobre saúde mental?
3. Sobre o canal de compartilhamento, proposto no boxe Hora de compartilhar, responda às questões a seguir.
a) Em sua opinião, quais foram os pontos positivos de compartilhar algumas reflexões e trabalhos realizados em cada etapa do projeto? E quais foram os pontos negativos?
b) Como foi sua participação no desenvolvimento desse trabalho?
c) Registre as dificuldades que você encontrou e as aprendizagens que desenvolveu com esse canal de compartilhamento.
AMARANTE, Paulo; NUNES, Mônica de Oliveira. A reforma psiquiátrica no SUS e a luta por uma sociedade sem manicômios. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 23, n. 6, p. 2067-2074, jun. 2018. Disponível em: https:// www.scielo.br/j/csc/a/tDnNtj6kYPQyvtXt4JfLvDF/ abstract/?lang=pt. Acesso em: 12 out. 2024.
Nesse artigo, os autores revisam a construção das políticas públicas de saúde mental e atenção psicossocial no Sistema Único de Saúde (SUS) que cooperaram para a reforma psiquiátrica no país.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2006. (Cadernos de Atenção Básica, n. 19). Disponível em: https:// bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/evelhecimento_ saude_pessoa_idosa.pdf. Acesso em: 12 out. 2024. Esse material foi produzido pelo Ministério da Saúde com o objetivo de direcionar ações de cuidado com a pessoa idosa.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/ bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed. pdf. Acesso em: 12 out. 2024.
Esse guia foi elaborado pelo Ministério da Saúde para orientar práticas de alimentação saudável, considerando a saúde em todos os seus aspectos.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde mental. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. (Cadernos de Atenção Básica, n. 34). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/ bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_34_saude_ mental.pdf. Acesso em: 12 out. 2024.
Esse material foi desenvolvido pelo Ministério da Saúde para orientar o cuidado com as pessoas com sofrimento mental ou dependência de álcool e outras drogas.
CAPELETO, Felipe Iop. Introdução à produção audiovisual 2. ed. Blumenau: [ s. n. ], 2023. Disponível em: https:// educapes.capes.gov.br/handle/capes/737726. Acesso em: 12 out. 2024.
Esse manual introdutório sobre produção audiovisual apresenta a história do cinema e elementos centrais da linguagem audiovisual.
CHAMMA, Ana et al Produção de alimentos no Brasil: geografia, cronologia e evolução. Piracicaba: Imaflora, 2021. Disponível em: https://www.imaflora.org/public/media/ biblioteca/producao_de_alimentos_no_brasil_geografia_ cronologia_e_evolucao.pdf. Acesso em: 12 out. 2024. Os autores desse estudo apresentam e analisam cronologicamente o desenvolvimento da produção de
alimentos no Brasil, tecendo considerações importantes sobre o contexto histórico e político desse fenômeno e seus impactos econômicos e sociais.
ESTEVES, Bernardo. Admirável novo mundo: uma história da ocupação humana nas Américas. São Paulo: Companhia das Letras, 2023.
Esse livro apresenta um levantamento atualizado do conhecimento científico acerca da ocupação humana no continente americano.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. (Estudos & Pesquisas: Informação Demográfica e Socioeconômica, n. 53). Disponível em: https://biblioteca. ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv102052.pdf. Acesso em: 12 out. 2024.
Nesse estudo, são analisadas as condições de vida da população brasileira, incluindo mercado de trabalho, indicadores de rendimento, condições de moradia e educação.
LEE, H.; ROMERO, J. (ed.). Climate Change 2023: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Genebra: IPCC, 2023. Disponível em: https://www.ipcc.ch/report/ar6/syr/downloads/report/ IPCC_AR6_SYR_LongerReport.pdf. Acesso em: 12 out. 2024. Nesse documento, é apresentada a síntese do Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, com informações relevantes sobre a avaliação de três grupos de trabalho.
MONTEIRO, Carlos Augusto; LEVY, Renata Bertazzi (org.). Velhos e novos males da saúde no Brasil: de Geisel a Dilma. São Paulo: Hucitec, 2015.
Essa obra contém os estudos mais recentes do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (USP) sobre a evolução das condições de saúde da população brasileira no período entre a ditadura de Ernesto Geisel e o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
MREJEN, Matías; NUNES, Letícia; GIACOMIN, Karla. Envelhecimento populacional e saúde dos idosos: o Brasil está preparado? Instituto de Estudos para Políticas de Saúde, São Paulo, 2023. (Estudo Institucional, n. 10). Disponível em: https://ieps.org.br/estudo-institucional-10/. Acesso em: 12 out. 2024.
Nesse estudo, é analisado o processo de envelhecimento da população brasileira, o qual traz desafios para o sistema de saúde e para a sociedade.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Department of Economic and Social Affairs. World Social Report 2023: leaving no one behind in an ageing world. United Nations, Nova York, 2023. Disponível em: https://social.desa.un.org/ publications/2023-leaving-no-one-behind-in-an-ageing -world. Acesso em: 12 out. 2024.
Essa publicação abrange os principais tópicos na área de desenvolvimento social. Ao longo dos anos, serviu como documento de referência e forneceu análises de políticas para a discussão de questões sociais e econômicas.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Relatório mundial sobre saúde mental: Transformando a saúde mental para todos. World Health Organization , Genebra, 16 jun. 2022. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/ item/9789240049338. Acesso em: 12 out. 2024.
Esse relatório apresenta uma revisão mundial sobre saúde mental elaborada pela Organização Mundial da Saúde.
PINHEIRO, Bárbara Carine Soares; ROSA, Katemari (org.). Descolonizando saberes: a lei 10.639/2003 no ensino de ciências. São Paulo: Livraria da Física, 2018.
Nessa obra, questiona-se o ensino de Ciências fundamentado nos mitos criados pela colonização europeia e propõem-se novas abordagens, resgatando saberes ancestrais africanos e afrodiaspóricos, em concordância com a lei no 10.639, de 2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira pelos componentes curriculares que fazem parte das grades das etapas de ensino Fundamental e Médio.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Global, 2022.
Nesse ensaio, Darcy Ribeiro trata da formação sociocultural do Brasil, abordando a complexa mistura de influências indígenas, africanas e europeias em nossa sociedade.
RIBEIRO, Djamila. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
Esse livro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e
afetos. Apresenta reflexões importantes para compreender e agir a fim de combater problemas como o racismo estrutural.
ROCHA, Gabriel; NEVES, Walter. Evolução humana: o que há de novo no front? Revista USP, São Paulo, n. 138, p. 93-118, jul./set. 2023. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ revusp/article/view/217982. Acesso em: 12 out. 2024.
Esse artigo apresenta uma revisão dos conhecimentos científicos mais atuais acerca da evolução humana, abrangendo os antepassados da nossa espécie e a dispersão humana pelo planeta.
SHIRTS, Matthew. Emergência climática: o aquecimento global, o ativismo jovem e a luta por um mundo melhor. São Paulo: Claro Enigma, 2022.
Nesse livro, são abordados os desafios de um acordo global para combater o aquecimento do planeta, o papel da juventude na luta contra esse problema ambiental e a importância do Brasil nesse panorama.
SILVA, Nayana Nardine Lindoso; XAVIER, Monalisa Pontes. A terceira idade como foco das propagandas midiáticas de consumo. Psicologia Revista, São Paulo, v. 21, n. 2, p. 203-215, 2012. Disponível em: https://revistas.pucsp. br/index.php/psicorevista/article/view/15134. Acesso em: 12 out. 2024.
Nesse artigo, é abordada a visibilidade que a mídia, antes indiferente às pessoas idosas, tem dado a essa parcela da população, que constitui um público economicamente ativo.
VICARI, Rosa Maria et al Inteligência artificial na educação básica. São Paulo: Novatec, 2023.
Nessa obra, são explicados de maneira didática conceitos centrais relacionados à Inteligência Artificial (IA) e são propostas reflexões sobre os impactos da IA na educação, incluindo a educação dos estudantes para lidar com essas questões.
Caro professor,
Sabemos que o processo de ensino-aprendizagem é dinâmico e desafiador e nosso objetivo é apoiar você, educador, nessa jornada. Este manual foi elaborado com o intuito de servir como uma ferramenta prática e eficiente, oferecendo subsídios para o planejamento de suas aulas e a execução das atividades propostas.
Aqui, você encontrará orientações detalhadas sobre a condução dos projetos desenvolvidos, sugestões de atividades e estratégias que podem ser adaptadas às necessidades de sua turma.
Nossa intenção é proporcionar suporte para que suas práticas pedagógicas sejam enriquecedoras e eficazes, promovendo o desenvolvimento integral dos estudantes.
Esperamos que este material contribua para seu trabalho, potencializando o aprendizado e fortalecendo seu papel como mediador do conhecimento.
Boas aulas!
Orientações gerais ................................ 211
A Política Nacional de Ensino Médio 211
Trabalho com competências e habilidades 213
Estudante protagonista ...........................215
Culturas juvenis 216
Contextualizar para dar sentido à aprendizagem 217
Temas Contemporâneos Transversais 217
Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável 220
Mundo do trabalho e juventudes 221
Atualidade e desafios do mundo do trabalho 222
Projetos Integradores 223
Interdisciplinaridade e áreas de conhecimento 224
A contribuição da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e seus componentes curriculares 226
Aprendizagem baseada em projetos 228
O trabalho docente 232
Metodologias ativas 233
Habilidades digitais........................................236
Competências socioemocionais 236
Escola plural e inclusiva 237
Desafios da sala de aula 238 Avaliações ....................................................... 240
Organização e estrutura da coleção 242
Descrição das seções e dos boxes 242
Orientações específicas ......................... 243
Projeto 1 – A Química da diversidade 243
Projeto 2 – Nós e a passagem do tempo 252
Projeto 3 – Crise climática: a hora de agir é agora! ..................... 261
Projeto 4 – Inteligência artificial: que revolução é essa? ................................................................. 270
Projeto 5 – Alimentação: desafios e oportunidades 279
Projeto 6 – É preciso cuidar da saúde mental 289
Transcrição dos podcasts 299
Sequenciamento genético e fortalecimento da ancestralidade 299 Diferentes formas de envelhecer 299
Inteligência artificial a serviço do meio ambiente ............................................. 300
Alimentos, tradição e saúde .......................301 Saúde mental na escola e na família 302
Referências bibliográficas comentadas 303
No panorama das políticas públicas voltadas para a educação, em fevereiro de 2017 entrou em vigor a Lei no 13.415, que foi elaborada com o objetivo de reformar a organização curricular do Ensino Médio. Entre outras finalidades, pretendia-se com essa lei reduzir os índices de evasão e reprovação escolar, dois dos principais desafios do Ensino Médio atualmente.
De acordo com o cronograma definido pelo governo federal, a implementação de um Novo Ensino Médio deveria ocorrer de maneira progressiva até 2024. Foram, contudo, identificados problemas durante a implementação da reforma, antes mesmo que ela fosse concluída. Em razão disso, o Ministério da Educação decidiu retomar as discussões sobre o Ensino Médio e instituir a Política Nacional de Ensino Médio (Lei no 14.945, de 2024). Essa lei revogou parcialmente a Lei no 13.415, de 2017, e alterou a Lei no 9.394, de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB)1, promovendo outra reforma do Ensino Médio, cuja implementação foi adiada para 2025. O movimento do governo federal para instaurar uma renovação curricular das instituições públicas e privadas que oferecem vagas para esse segmento de ensino é resultante do Plano Nacional da Educação
vigente no período de 2014 a 2024, cujas metas 3 e 6 preveem, respectivamente, a universalização progressiva do atendimento escolar de jovens de 15 a 17 anos, além da renovação do Ensino Médio, com abordagens interdisciplinares e currículos flexíveis, e a ampliação da oferta da educação de tempo integral, com estratégias para o aumento da carga horária e para a adoção de medidas que otimizem o tempo de permanência do estudante na escola. Essa proposta, portanto, é proveniente de um longo debate educacional que começou a tomar forma com a promulgação da Constituição Brasileira, em 1988, e com a LDB, em 1996, e se viabilizou juridicamente com as mais recentes regulamentações. Além da ampliação da carga horária, a reforma inclui a flexibilização do currículo escolar, especificando uma parte para a Formação Geral Básica (FGB) – na qual os conteúdos são obrigatórios e comuns a todas as escolas de Ensino Médio – e outra a ser definida com a participação dos estudantes, que poderão escolher Itinerários Formativos (IF) segundo seus interesses e a disponibilidade nas instituições de ensino. Essas duas partes do currículo devem se complementar de maneira que uma ajude a outra a atribuir significado ao processo de ensino-aprendizagem. No quadro comparativo a seguir, são apresentadas as principais mudanças que devem ser implementadas a partir de 2025, de acordo com a Lei no 14.945, de 2024.
• Eram estabelecidas 1 800 horas de carga horária obrigatória para a FGB).
• Eram estabelecidas 1 200 horas de carga horária para os IF.
• As escolas podiam definir os IF a serem ofertados.
• M atemática e Língua Portuguesa eram os únicos componentes curriculares obrigatórios em todos os anos do Ensino Médio.
• Eram estabelecidas 1 800 horas de carga horária obrigatória para a FGB no Ensino Técnico.
• Eram estabelecidas 1 200 horas de carga horária para os IF do Ensino Técnico.
• São estabelecidas 2 400 horas de carga horária obrigatória para a FGB.
• São estabelecidas 600 horas de carga horária para os IF.
• As escolas precisam ofertar, no mínimo, dois IF, que devem contemplar todas as áreas de conhecimento.
• Todos os componentes curriculares obrigatórios na FGB devem ser oferecidos em todos os anos do Ensino Médio.
• S ão estabelecidas 2 1 00 horas de carga horária obrigatória para a FGB, podendo ser dedicadas 300 horas a conteúdos da FGB que estejam relacionados ao Ensino Técnico.
• São estabelecidas até 1 200 horas de carga horária para os IF do Ensino Técnico.
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Panorama MEC: Política Nacional do Ensino Médio. Brasília, DF: MEC, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/centrais-de-conteudo/infograficos/politica-nacional-ensino-medio-bra-jul-24.pdf. Acesso em: 9 out. 2024.
1 A Lei no 9.394 é um dos principais marcos históricos da reformulação do sistema educacional brasileiro.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)2, homologada em 2018, orienta a elaboração dos currículos alinhados ao Novo Ensino Médio e garante uma base comum mínima para todos eles. A principal finalidade da BNCC é promover a equidade na educação brasileira ao balizar as aprendizagens essenciais em todos os segmentos da Educação Básica. Isso contribui para alinhar a educação às demandas sociais atuais e melhorar a articulação entre os diferentes atores envolvidos no processo escolar. Na prática, essas aprendizagens se efetivam por meio do desenvolvimento, pelos estudantes, das competências e habilidades mobilizadas em sala de aula. A BNCC também explicita os fundamentos pedagógicos que devem nortear a concepção de educação a ser praticada nas escolas: o foco no desenvolvimento de competências e o compromisso com a educação integral dos estudantes. Na elaboração dessas orientações, não se desconsiderou o conhecimento acumulado pela humanidade, mas se entendeu que ele precisa ser contextualizado e problematizado a fim de ser reconstruído e consolidado, possibilitando a construção de outros conhecimentos que possam ser aplicados no entendimento do mundo contemporâneo, identificando problemas e propondo soluções.
Essencial ao novo projeto para o Ensino Médio, a formação integral é definida na BNCC como o desenvolvimento intencional dos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais dos estudantes por meio de processos educativos que promovam a autonomia, o comportamento cidadão e o protagonismo “em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida”3. Para que essa prática seja alcançada, a organização curricular deve propiciar a devida articulação dos conteúdos dos diferentes componentes curriculares com as práticas sociais dos diversos campos da atividade humana, tendo como consequência esperada a atribuição de significado a esses conteúdos pelos estudantes.
Outra novidade implementada no Novo Ensino Médio é a organização curricular por área do conhecimento. Embora já estivesse presente nos documentos educacionais oficiais, essa proposta foi consolidada de maneira efetiva na BNCC, por meio do agrupamento das competências e habilidades em quatro áreas do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
É nesse contexto da reforma do Ensino Médio, tendo a BNCC como principal referência pedagógica, que se inserem as propostas de Projetos Integradores apresentadas
nesta obra, buscando atender às demandas do cenário educacional atual com base em seus pilares de protagonismo juvenil, flexibilização e formação integral. Isso faz parte do esforço da educação brasileira para aproximar os estudos da realidade dos estudantes, capacitando-os à participação e à intervenção neste mundo, marcado pela transformação das formas de trabalho e de socialização.
Com essas características centrais, pretende-se favorecer as práticas escolares que atribuem significado aos processos de ensino-aprendizagem, ajudando os estudantes a consolidar seus projetos de vida – os quais, por vezes, incluem o enfrentamento dos exames seletivos de acesso ao Ensino Superior – e a desenvolver as competências e as habilidades necessárias para o exercício da cidadania e para a atuação no mercado de trabalho.
Práticas escolares que contribuem para atribuir significado ao processo de ensino-aprendizagem, a flexibilização curricular e o protagonismo dos jovens na construção de seu conhecimento não são ideias novas; algumas são seculares. Logo, no contexto do Novo Ensino Médio, o novo não está no âmbito das ideias, mas em sua implementação, considerando as possibilidades e limitações do atual cenário social, econômico, cultural e tecnológico do país. O novo está no efetivo cumprimento dos objetivos que justificam a proposição dessa reforma, que é colocar a educação a serviço da construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
Nesse sentido, pretende-se, com os seis Projetos Integradores que compõem este volume, atribuir sentido aos conceitos estudados ao longo da vida escolar e relacioná-los ao conhecimento a ser construído pelos jovens, em um processo de aprendizagem por meio da leitura e da interpretação dos fenômenos naturais e sociais, da identificação e da descrição dos problemas observados nesse contexto, bem como da proposição e da validação de estratégias para a solução dessas demandas.
As propostas foram elaboradas com o objetivo de servir a estudantes e professores como recursos auxiliares na construção de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores inseridos em uma relação entre o ensino e a aprendizagem na qual é considerado o contexto dos jovens e da comunidade escolar. Nelas, assume-se como princípio o envolvimento dos estudantes, de maneira individual e coletiva, na identificação e na solução de problemas. Assume-se também como princípio o uso ético e responsável dos recursos tecnológicos digitais disponíveis na busca, na produção e no compartilhamento de informações, muitos dos quais já são sistematicamente utilizados fora da escola.
2 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília, DF: MEC, 2018. p. 15. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 18 out. 2024.
3 BRASIL, ref. 2, p. 15.
Um dos princípios pedagógicos estabelecidos na BNCC é o foco no desenvolvimento de competências. De acordo com esse documento, competência é:
[...] a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho4.
Portanto, ao orientar a elaboração dos currículos da Educação Básica de acordo com um conjunto de competências e habilidades, a BNCC busca superar a concepção de uma educação voltada à transmissão e à memorização de conhecimentos pelos estudantes ao longo da vida escolar. Essa abordagem favorece o compromisso com a formação integral, pois promove um modelo de aprendizagem centrado nos sujeitos, e não nos conteúdos dos componentes curriculares. Nesse sentido, com a mudança para o ensino de competências, o foco do processo educativo se desloca para os estudantes, a fim de que estes não só se apropriem dos conhecimentos, mas também sejam capazes de aplicá-los em diferentes contextos5.
Para garantir a efetivação das propostas para o Ensino Médio e balizar a especificação das partes obrigatória e comum, espera-se que os materiais didáticos e as práticas realizadas nas escolas de todo o país estejam alinhados às competências e habilidades apresentadas na BNCC. Por isso, é importante entender como elas estão organizadas para o Ensino Médio e como elas se materializam na prática em sala de aula.
Como comentado anteriormente, a BNCC define as aprendizagens essenciais que devem ser garantidas pelas escolas ao longo da Educação Básica como forma de garantir os diretos de aprendizagem estabelecidos por outras legislações no âmbito da educação brasileira. Essas aprendizagens essenciais são expressas no documento por meio de um conjunto de competências e habilidades que os estudantes devem desenvolver ao longo do percurso escolar.
A princípio, a BNCC define dez competências gerais, que devem ser mobilizadas em todas as áreas do conhecimento ao longo da Educação Básica. Essas competências envolvem conhecimentos, habilidades, valores e atitudes que contribuem para promover a formação integral dos estudantes, contemplando aspectos sociais, culturais, físicos, afetivos e cognitivos. São elas:
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
4 BRASIL, ref. 2, p. 8.
5 ZABALA, Antoni; ARNAU, Laia. Como aprender e ensinar competências. Porto Alegre: Artmed, 2010.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários6
No Ensino Médio7, as competências gerais se desdobram em competências específicas, a fim de demonstrar como aquelas podem ser abordadas no contexto de cada uma das quatro áreas do conhecimento previstas para essa etapa da escolaridade. Em razão de sua relação intrínseca com as competências gerais, as competências específicas de área devem ser desenvolvidas tanto na FGB como nos IF. Além disso, para garantir a progressão dos conteúdos de forma articulada com o Ensino Fundamental, as competências específicas de área dos dois segmentos estão associadas.
Com enfoque maior no desenvolvimento cognitivo, a cada competência específica corresponde um conjunto de habilidades a fim de garantir, na prática, seu desenvolvimento em contextos específicos,
trabalhando conceitos e processos atrelados a cada área do conhecimento. A exceção é a área de Linguagens e suas Tecnologias, na qual são apresentadas habilidades específicas também para o componente curricular Língua Portuguesa8.
Assim, conforme as habilidades específicas de determinada área são mobilizadas em sala de aula pela perspectiva de cada componente curricular, ao final de cada etapa da escolaridade, entende-se que os estudantes desenvolveram as competências específicas dessa área. Com o desenvolvimento das competências específicas de cada área, por sua vez, espera-se que os estudantes se tornem capazes de lidar com diferentes situações cotidianas de acordo com sua faixa etária, selecionando os conhecimentos necessários para enfrentá-las com autonomia e eficiência, atuando de forma crítica e propositiva em sua realidade.
Uma vez entendidos os fundamentos da BNCC, é importante refletir sobre o modo como isso se expressa nas práticas pedagógicas. Cabe ao professor avaliar como o componente curricular sob sua responsabilidade pode contribuir para que essas competências e habilidades sejam efetivadas em sala de aula e, ao mesmo tempo, atender ao projeto político pedagógico da escola e a suas intencionalidades pedagógicas. Essa é uma tarefa complexa que não deve ser feita de forma isolada, mas com a colaboração dos gestores e de outros integrantes do corpo docente, sobretudo daqueles que lecionam componentes curriculares da mesma área do conhecimento. Além disso, pela perspectiva de uma aprendizagem ativa, espera-se que os estudantes desempenhem um papel importante nesse processo. Nesta coleção, são sugeridos alguns caminhos que favorecem esse trabalho pedagógico. Esses caminhos, porém, não esgotam todas as possibilidades, sendo importante analisar todas as propostas e avaliar a necessidade ou não de adaptá-las a seu contexto escolar, principalmente porque as realidades das escolas brasileiras são diversas.
6 BRASIL, ref. 2, p. 9-10.
7 A organização do Ensino Médio difere da de outras etapas da escolaridade. No Ensino Fundamental, por exemplo, são estabelecidas competências e habilidades específicas de cada componente curricular (BRASIL, ref. 3).
8 BRASIL, ref. 2.
No desenvolvimento dos Projetos Integradores, ao intervir na realidade de sua comunidade, os jovens podem se tornar sujeitos ativos de seu processo de aprendizagem e ser reconhecidos pela comunidade escolar e familiar com base em sua individualidade e potencialidade. Essa perspectiva de educação envolve um plano de ação complexo, que prioriza, por exemplo, a criação de manifestações artísticas e culturais voltadas para a solução de problemas reais da escola ou da comunidade.
Dessa maneira, os estudantes são reconhecidos como agentes de transformação social capazes de tomar iniciativas e se responsabilizar por suas escolhas, exercendo uma postura cidadã 9. Nesse papel, os estudantes desenvolvem habilidades inerentes à liderança, uma vez que o empreendedorismo e a gestão de projetos são reforçados, cabendo ao professor atuar como mediador e incentivador de debates e encaminhamentos.
Em 2019, foi produzido um relatório contendo 27 propostas voltadas à criação de caminhos para a construção de um Ensino Médio democrático, inclusivo, integral e transformador, com base na participação presencial e virtual de estudantes, educadores, gestores e pesquisadores, entre outros envolvidos na área da educação. Nesse relatório, foram apresentados princípios orientadores válidos para os projetos cujo tema é o protagonismo juvenil. Esses princípios são:
Inclusão
O ensino médio brasileiro deve não só reconhecer, mas também valorizar as diferenças de idade, origem, raça, cor, religião, gênero, orientação sexual, condições físicas e habilidades, que caracterizam a diversidade sociocultural e humana. Há ainda que se reconhecer a potência da diversidade das juventudes brasileiras: urbanas centrais e das periferias, vilas e favelas; as do campo, ribeirinhas, as indígenas. Assim, as orientações educacionais devem dialogar com as diversas expectativas e culturas juvenis, apoiando a constituição de escolas que garantam as condições para que todos
se sintam acolhidos, pertencentes e incluídos em processos qualificados de aprendizagem, sem qualquer tipo de discriminação, e valorizem o convívio e aprendizado com os diferentes.
A democracia implica, em primeiro lugar, a universalização do acesso ao direito para o fortalecimento de uma educação pública de qualidade e gratuita. Implica, também, a participação qualificada dos diversos segmentos nos processos decisórios, tanto na gestão das escolas quanto na elaboração e realização das políticas públicas. O princípio constitucional da gestão democrática da educação não se esgota em escolha de dirigentes, mas se realiza de fato na participação cotidiana da comunidade escolar nas decisões e responsabilidades que dizem respeito ao convívio e às aprendizagens. [...]
A educação é processo contínuo e permanente, desde o nascimento até o fim da vida, e ocorre em todos os ambientes em que as pessoas se relacionam. A escolarização representa uma parte importante desse processo, porque tem a intencionalidade de educar e é a grande depositária dessa responsabilidade pela sociedade. Mas, para as pessoas se desenvolverem integralmente – em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social e cultural –, é preciso integrar todos os agentes e setores sociais envolvidos em propostas que dialoguem com seus contextos históricos e territoriais.
Contemporaneidade e Transformação
O conjunto de propostas apresentadas neste documento reconhece a potência dos estudantes, dos professores e das escolas, que enfrentam os desafios socioambientais do presente e promovem a justiça social para gerar transformações positivas na sociedade. A realização dessa potência se torna ainda mais urgente no mundo contemporâneo, marcado pela constante transformação, no qual as regras, hierarquias e institucionalidades se tornam cada vez menos eficazes, mas em que a tecnologia amplia a incidência das pessoas e dos coletivos nos processos sociais10.
9 DAYRELL, Juarez; CARRANO, Paulo. Juventude e Ensino Médio: quem é este aluno que chega à escola. In: DAYRELL, Juarez; CARRANO, Paulo; MAIA, Carla Linhares (org.). Juventude e Ensino Médio: sujeitos e currículos em diálogo. Belo Horizonte: UFMG, 2014. p. 101-133. Disponível em: https:// observatoriodajuventude.ufmg.br/wp-content/uploads/2021/06/livro-completo_juventude-e-ensino-medio_2014-2.pdf. Acesso em: 11 out. 2024.
10 FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; ASHOKA; CAMPANHA NACIONAL PELO DIREITO À EDUCAÇÃO (org.). Por um Ensino Médio democrático, inclusivo, integral e transformador: construção coletiva de propostas para o Ensino Médio. São Paulo: Fundação Santillana, 2019. p. 10-11. Disponível em: http://www4.fe.usp.br/wp-content/uploads/em-transformador-para-publicar.pdf. Acesso em: 11 out. 2024.
Com base nesses princípios, devem ser desenvolvidos projetos que contribuam para que os jovens se conheçam, apreciem-se e cuidem melhor de si, dos outros e de seu entorno, reconhecendo e desenvolvendo seu potencial como agentes de transformação da própria realidade e do mundo que os cerca. Essa abordagem, portanto, está alinhada com o foco no ensino de competências preconizado na BNCC, uma vez que possibilita a mobilização de todos esses aspectos por meio do desenvolvimento integral dos estudantes, priorizando sua formação cidadã e para o mundo do trabalho.
O esforço para implementar o Novo Ensino Médio no país advém dos desafios enfrentados pelos jovens brasileiros, sobretudo no contexto educativo. É na juventude que muitos dos problemas sociais ficam ainda mais evidentes, afetando diretamente a vida dos indivíduos. Embora os jovens sejam reconhecidos como sujeitos de direitos na legislação, faltam políticas públicas que garantam efetivamente esses direitos. O primeiro passo para dar visibilidade aos jovens e a suas demandas é entender o que se considera juventude e como se constituem as culturas juvenis. Dessa forma, é possível delinear suas especificidades e valorizar suas vivências, seus anseios e seus saberes11
O Ensino Médio representa um momento importante no processo de formação da identidade dos jovens, pois é nessa fase que eles experimentam os limites e as possibilidades de sua condição juvenil por meio da inserção social na escola e em outros meios.
Embora a juventude possa ser considerada uma fase de maturação biológica que precede a vida adulta, é importante ter em mente o fato de que delimitar essa fase apenas do ponto de vista biológico é simplificar as diferentes formas de experimentar a juventude, principalmente porque ela ganha contornos diversos de acordo com os contextos culturais, sociais e históricos em que os jovens estão inseridos. Portanto, ao conceber a ideia de juventude no Brasil, é preciso considerar que ela é plural e reflete condições sociais muito distintas12. De acordo com a BNCC:
Adotar essa noção ampliada e plural de juventudes significa, portanto, entender as culturas juvenis em sua singularidade.
11 DAYRELL; CARRANO, ref. 9.
12 BRASIL, ref. 2; DAYRELL; CARRANO, ref. 9.
13 BRASIL, ref. 2, p. 463.
Significa não apenas compreendê-las como diversas e dinâmicas, como também reconhecer os jovens como participantes ativos das sociedades nas quais estão inseridos, sociedades essas também tão dinâmicas e diversas.
Considerar que há muitas juventudes implica organizar uma escola que acolha as diversidades, promovendo, de modo intencional e permanente, o respeito à pessoa humana e aos seus direitos. [...]13
Assim, tratar de juventudes em sua forma plural nestes Projetos Integradores significa reconhecer toda a diversidade social e cultural que as compõe, considerando cor, etnia, gênero, orientação sexual, religião e modo de vida. Isso ocorre na obra por meio da valorização da experiência de aprender com o outro, reforçando a busca da erradicação de qualquer tipo de discriminação. Para isso, é importante também refletir sobre quem são os jovens que povoam as escolas e como eles vivenciam suas juventudes na realidade em que estão inseridos.
Isso se reflete nas culturas juvenis, que são as formas de os jovens se expressarem, por meio da comunicação e das relações interpessoais que estabelecem ou dos comportamentos, dos valores e das atitudes que assumem. Essas expressões simbólicas típicas da condição juvenil se orientam por diferentes aspectos, como manifestações culturais, questões de gênero e sexualidade, diferenças territoriais, condições sociais e identidades étnico-raciais14.
No espaço escolar, os jovens têm oportunidade de experimentar diferentes formas de ser e de se ver no mundo, podendo construir sua identidade com base no meio que os cerca, influenciados pelo agrupamento específico ao qual se associam. Sendo assim, como o ambiente tem um impacto muito forte no desenvolvimento dos jovens, o professor e a escola podem ajudar na formação deles. Para isso, é importante que o entendimento sobre quem são os jovens brasileiros que chegam às escolas se efetive em sala de aula por meio de práticas curriculares acolhedoras e respeitosas da diversidade que lhes permitam experenciar situações nas quais possam explorar seus limites e suas potencialidades, protagonizando ações de transformação social locais e globais e aumentando seu engajamento nos estudos.
14 REIS, Juliana Batista dos; SALES, Shirlei Rezende. Juventudes: culturas juvenis e cibercultura. Belo Horizonte: Fino Traço, 2021. E-book. Disponível em: https://observatoriodajuventude.ufmg.br/wp-content/uploads/2022/10/Juventudes-cuturas-juvenis-e-cibercultura.pdf. Acesso em: 11 out. 2024; DAYRELL; CARRANO, ref. 9.
Em uma educação comprometida com a formação integral dos estudantes por meio do ensino de competências, espera-se que as práticas pedagógicas sejam voltadas para uma aprendizagem ativa, na qual os estudantes vivenciem experiências que os instiguem a mobilizar conhecimentos, habilidades, atitudes e valores em situações semelhantes às que ocorrem no dia a dia. Por essa ótica, o processo educativo deve aproximar a vivência em sala de aula da realidade dos estudantes, contextualizando a aprendizagem para que esta faça sentido para eles, e engajá-los nesse processo15. Em outras palavras, Ensinar competências implica utilizar formas de ensino consistentes para responder a situações, conflitos e problemas relacionados à vida real, e um complexo processo de construção pessoal que utilize exercícios de progressiva dificuldade e ajuda eventual, respeitando as características de cada aluno16.
Nesse processo é preciso que se estabeleçam relações de forma intencional e sistematizada entre os conhecimentos prévios dos estudantes e aquilo a ser aprendido. Essa abordagem promove uma aprendizagem significativa e está atrelada a um ensino contextualizado em sala de aula. O processo de contextualização curricular, portanto, é uma forma de facilitar o entendimento e a aplicação dos conhecimentos das diferentes áreas por meio da aproximação entre os conteúdos escolares e as experiências dos estudantes, reforçando as conexões entre o que eles já sabem e o que estão aprendendo. Dessa forma, pode-se entender a contextualização como uma prática pedagógica por meio da qual os estudantes podem atribuir sentido aos saberes escolares, reconhecendo-se como sujeitos do processo de ensino-aprendizagem. Cabe ao professor impulsionar os estudantes nesse processo, de modo que eles se tornem aptos a integrar e extrapolar os conhecimentos aprendidos no contexto de cada componente curricular para situações que vão além do que é abordado em sala de aula17
Em consonância com essa perspectiva, nos Projetos Integradores foram tomados como referência
os Temas Contemporâneos Transversais (TCT) para a contextualização dos conteúdos e conhecimentos abordados. Assim, cada projeto é orientado pelos TCT propostos na BNCC e pela articulação de componentes curriculares de diferentes áreas do conhecimento.
De forma articulada aos TCT, também são abordados nos Projetos Integradores os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), assumidos pelos países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), na Agenda 203018. Por meio do trabalho com os TCT e os ODS, abordam-se questões sociais, ambientais, econômicas e políticas de interesse global e com forte impacto na realidade dos jovens, o que possibilita problematizar e contextualizar conteúdos relevantes e que estejam alinhados com as demandas da sociedade atual.
Cabe ao professor avaliar a relevância social de quaisquer dos temas propostos nos Projetos Integradores para os estudantes, considerando a realidade deles e adaptando, se necessário, as atividades propostas ao contexto escolar. Considerando os temas abordados nos projetos, o ideal é o professor procurar sempre apresentar exemplos, fatos, dados e informações da realidade local ou regional para que os estudantes consigam se reconhecer como parte da solução para as questões emanadas dos contextos estudados.
No contexto da implementação do Novo Ensino Médio, o Ministério da Educação sugere alguns TCT que contextualizam os conteúdos para despertar o interesse dos estudantes e favorecer sua atuação na sociedade.
Nos Projetos Integradores, deve-se considerar uma concepção de transversalidade na qual os conteúdos tradicionais possam ser compreendidos como instrumentos para o trabalho com temas relevantes à atuação dos estudantes na sociedade a fim de conectar a escola à realidade desses jovens e da comunidade em que estão inseridos. Dessa forma, espera-se superar uma abordagem fragmentada dos conhecimentos e favorecer uma visão sistêmica e mais orgânica da realidade.
15 ZABALA, Antoni; ARNAU, Laia. Métodos para ensinar competências. Porto Alegre: Penso Editora, 2020.
16 ZABALA; ARNAU, ref. 5, p. 13.
17 BRASIL, ref. 2.
18 NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. Brasília, DF, 25 set. 2015. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/agenda2030-pt-br.pdf. Acesso em: 27 out. 2024.
Outro aspecto que contribui para o desenvolvimento dos Projetos Integradores tendo como referência os TCT é a associação das habilidades e competências previstas na BNCC em um contexto de resolução de problemas. Ao se optar por uma educação comprometida com o ensino de competências, faz-se necessário aplicar estratégias de ensino para propor situações de aprendizagem que representem a realidade e, consequentemente, sejam complexas e exijam a seleção e a integração de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores em um contexto específico.
Pragmaticamente, a abordagem dos TCT deve contribuir para que os estudantes desenvolvam habilidades relacionadas à educação financeira, ao cuidado com a própria saúde, ao uso das tecnologias digitais, à preservação do meio ambiente, ao entendimento das diferenças e ao respeito a elas, bem como o reconhecimento e a compreensão de seus direitos e deveres como cidadãos.
Dessa forma, a transversalidade desses temas, que podem ser explorados de diversas maneiras e relacionados às quatro áreas do conhecimento de maneira desfragmentada,
[...] orienta para a necessidade de se instituir, na prática educativa, uma analogia entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real (aprender na realidade e da realidade). Dentro de uma compreensão interdisciplinar do conhecimento, a transversalidade tem significado, sendo uma proposta didática que possibilita o tratamento dos conhecimentos escolares de forma integrada. Assim, nessa abordagem, a gestão do conhecimento parte do pressuposto de que os sujeitos são agentes da arte de problematizar e interrogar, e buscam procedimentos interdisciplinares capazes de acender a chama do diálogo entre diferentes sujeitos, ciências, saberes e temas19.
A proposta de abordar temas transversais faz parte oficialmente do contexto educacional brasileiro desde 1997, com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Na época, foram sugeridos os temas
Saúde, Ética, Trabalho e consumo, Orientação sexual, Meio ambiente e Pluralidade cultural.
Desde então, com as novas demandas sociais e as necessidades de adequações curriculares nas escolas, foi necessário aprimorar esses temas e ratificar sua importância. Com isso, a BNCC passou a usar a terminologia Temas Contemporâneos Transversais, designando que:
[...] cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e integradora. [...]20
É importante salientar que os TCT são obrigatórios nos atuais currículos escolares, mas, nos PCN, os temas transversais eram opcionais. Outra mudança significativa é a ampliação de seis para 15 TCT, agrupados em seis macroáreas temáticas, conforme o esquema a seguir21
Meio ambiente
Multiculturalismo
Diversidade cultural Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
Educação ambiental
Educação para o consumo
Economia
Trabalho
Educação financeira
Temas
Contemporâneos
Transversais na BNCC
Ciência e tecnologia
Ciência e tecnologia
Educação fiscal Saúde Saúde Educação alimentar e nutricional
Cidadania e civismo
Vida familiar e social
Educação para o trânsito Educação em direitos humanos
Direitos da criança e do adolescente
Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso
19 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional da Educação. Câmara Nacional de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília, DF: MEC, SEB, DICEI, 2013. p. 29. Disponível em https://www.gov.br/mec/pt-br/acesso-a-informacao/media/seb/pdf/d_c_n_educacao_ basica_nova.pdf. Acesso em: 11 out. 2024.
20 BRASIL, ref. 2, p. 19.
21 BRASIL. Ministério da Educação. Temas Contemporâneos Transversais na BNCC: contexto histórico e pressupostos pedagógicos. Brasília, DF: MEC, 2019. p. 13.
Todas essas temáticas assumem muito significado nas sociedades contemporâneas. A Educação ambiental e a Educação para o consumo, por exemplo, são temas vitais para a coletividade global, principalmente no contexto da crise climática que aflige o planeta, e um currículo escolar que se comprometa com a responsabilidade social não pode deixar de contemplá-las. Além disso, é indispensável repensar as relações do ser humano com as mudanças tecnológicas para compreender os impactos da revolução digital na sociedade contemporânea. Tais impactos afetam diretamente a vida dos jovens no mercado de trabalho, promovendo diferentes formas de trabalhar e criando diversas oportunidades de carreira.
A implementação dos TCT é um dos traços da flexibilização curricular proposta pelo Novo Ensino Médio, uma vez que não é subjacente a apenas um componente curricular. Para possibilitar essa integração, eles podem ser abordados de maneira intradisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar.
A abordagem intradisciplinar, ou seja, em apenas um componente curricular, deve integrar diversos conteúdos desse componente. Isso não significa desenvolver outro trabalho na sala de aula paralelamente, mas usar o tema para articular os conteúdos previstos no plano de ensino para a referida fase de escolarização. Nessa abordagem, os objetivos pedagógicos de cada componente curricular são preservados de acordo com seus limites, dificultando sua articulação com os de outros.
Em um tratamento interdisciplinar, os limites pedagógicos de cada componente curricular são mantidos e, ao mesmo tempo, são estabelecidas conexões entre os objetivos de cada um deles, possibilitando a relação dos diferentes componentes ou de áreas de conhecimento. Com a proposição de uma organização escolar interdisciplinar, busca-se, [...] de modo geral, o estabelecimento de uma intercomunicação efetiva entre as disciplinas, por meio do enriquecimento das relações entre elas. Almeja-se, no limite, a composição de um objeto comum, por meio de objetos particulares de cada uma das disciplinas componentes22.
Com a transdisciplinaridade, os objetivos pedagógicos extrapolam os objetivos pedagógicos definidos em componentes curriculares. Na abordagem transdisciplinar, a ideia central está no fato de que, “[...] na organização do trabalho escolar, as pessoas, e não os objetos ou os objetivos disciplinares, deveriam estar no centro das atenções”23. Nessa abordagem, o conhecimento a ser construído depende do contexto, da prática social a ser desenvolvida e do propósito que se pretende alcançar com ela.
Nas escolas de Educação Básica:
[...] Nenhum conhecimento deveria justificar-se como um fim em si mesmo: as pessoas é que contam, com seus anseios, com a diversidade de seus projetos. E assim como um dado nunca se transforma em informação se não houver uma pessoa que se interesse por ele, que o interprete e lhe atribua um significado, todo o conhecimento do mundo não vale um tostão furado, se não estiver a serviço da inteligência, ou seja, dos projetos das pessoas.
Naturalmente, tal informação não estabelece qualquer subordinação do conhecimento a uma aplicabilidade prática: a construção do conhecimento está relacionada à produção e à compreensão de significados muito mais do que à mera produção de bens materiais. Também não é o caso de se associar a linha direta entre os conhecimentos e os interesses das pessoas a uma superestimação do individualismo24
Com a transdisciplinaridade, passa-se a reconhecer a complexidade dos fenômenos e processos, nos quais estão sempre presentes a subjetividade, a emoção e a articulação dos saberes disciplinares que se aproximam da realidade e da significação do conhecimento. Nessa lógica, ao dividir as dificuldades em partes, não se pode perder a ideia da globalidade, a inter-relação das partes e as características do conjunto, uma vez que este é muito maior do que a simples união dessas partes25
Independentemente da abordagem metodológica –intradisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar –, diante do processo criativo de elaboração de soluções, que envolve a articulação das informações, diferentes percursos podem ser traçados pelos professores com os estudantes.
22 MACHADO, Nílson José. Educação: autoridade, competência e qualidade. São Paulo: Escrituras, 2016. p. 165.
23 MACHADO, ref. 22, p. 166.
24 MACHADO, ref. 22, p. 167.
25 MORIN, Edgar. Educação e complexidade: os setes saberes e outros ensaios. Organização: Maria da Conceição de Almeida; Edgar de Assis Carvalho. Tradução: Edgar de Assis Carvalho. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2013.
Em 2015, os países-membros da ONU definiram um conjunto de objetivos e metas universais com o propósito de alcançar o desenvolvimento sustentável nos âmbitos econômico, social e ambiental. Esses objetivos se ancoram nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidos em 2000, e envolvem uma abordagem mais ampla e integrada para promover o desenvolvimento sustentável no planeta.
Ao todo, foram estabelecidos 17 ODS, que se desdobram em 169 metas integradas.
Fonte: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Sobre o nosso trabalho para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs. Acesso em: 18 out. 2024.
Tais objetivos e metas representam o resultado de um esforço global para promover a Agenda 2030, que visa
[...] acabar com a pobreza e a fome em todos os lugares; combater as desigualdades dentro e entre os países; construir sociedades pacíficas, justas e inclusivas; proteger os direitos humanos e promover a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas; e assegurar a proteção duradoura do planeta e de seus recursos naturais. [...] criar condições para um crescimento sustentável, inclusivo e economicamente sustentado, prosperidade compartilhada e trabalho decente para todos, tendo em conta os diferentes níveis de desenvolvimento e capacidades nacionais26
Como é possível perceber, os ODS propostos na Agenda 2030 abrangem questões atuais relacionadas aos grandes desafios globais. Muitos desses objetivos envolvem interesses de crianças e adolescentes e fazem parte do compromisso firmado pela ONU de proteger os direitos deles, sobretudo ao buscar reduzir as desigualdades sociais, melhorar a qualidade da educação
26 NAÇÕES UNIDAS BRASIL, ref. 18, p. 3.
e garantir um planeta saudável para todos. Nesse sentido, pode-se dizer que a Agenda 2030
[...] identifica os jovens como agentes críticos de mudança social, econômica e global, e, portanto, todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) requerem ação juvenil para ter sucesso. Os jovens também representam a parcela da população mais afetada pela pobreza, desigualdade, desemprego e mudanças climáticas – fatores que são focos da Agenda para os próximos dez anos.
Para garantir a participação contínua dos jovens nessas agendas e em outras emergentes, é necessário um forte engajamento desse grupo na implementação e no monitoramento de políticas locais, nacionais e regionais, bem como criar e fomentar espaços de diálogo em nível global para que reflitam suas preocupações e necessidades dentro da estrutura vigente. [...]27
A escola pode contribuir com a Agenda 2030 ao promover um espaço em que os jovens aprendam sobre cidadania e sejam encorajados a se perceber como agentes de mudança. No contexto dos Projetos
27 BARÃO, Marcus; RESEG, Mariana; LEAL, Ricardo (coord.). Atlas das juventudes: evidências para a transformação das juventudes. [S l.]: Em Movimento: Pacto das Juventudes pelos ODS, 2021. p. 27. Disponível em: https://atlasdasjuventudes.com.br/relatorio/. Acesso em: 11 out. 2024.
Integradores desta coleção, os ODS são mobilizados para contextualizar os conteúdos e promover reflexões profundas sobre temas atuais e de relevância para a vida dos jovens. Essa abordagem possibilita aos estudantes desenvolver uma postura crítica e propositiva, com grande potencial de transformação da própria vida e da comunidade em que vivem. Conhecer os ODS e discuti-los em sala de aula, portanto, é uma forma de manter os estudantes informados sobre as urgências de seu tempo e prepará-los para os desafios atuais e futuros.
Para que isso seja possível, é de suma importância que o professor reconheça e incentive o protagonismo dos jovens que chegam às escolas. Além disso, em razão do caráter global dos ODS, cabe ao professor aproximá-los das realidades nacional, regional e local28.
A população jovem brasileira é diversa e sofre de forma desigual os impactos dos problemas sociais, políticos e culturais do país. Em razão dessa discrepância, além dos aspectos individuais, os interesses dos estudantes de diferentes grupos sociais são divergentes, de modo que, ao término do Ensino Médio, eles podem ter expectativas muito diferentes, as quais podem afetar as escolhas relacionadas a seu projeto de vida. Para muitos, a oportunidade de trabalhar e ter uma renda estável lhes possibilita contribuir para a economia familiar e melhorar suas condições de vida. Em alguns casos, isso ainda pode representar uma forma de conseguir se manter e/ou prosseguir nos estudos, ingressando, por exemplo, no Ensino Superior29.
Contudo, a inserção no mercado de trabalho tem sido um desafio para os jovens, que compõem o grupo com maior índice de desemprego no país. Os jovens não só sofrem com a falta de experiência profissional, como também podem ter de enfrentar problemas ainda maiores sem a devida formação no ensino formal, chegando despreparados ao mercado de trabalho. Em razão desses fatores, formam um grupo vulnerável e propenso ao trabalho informal ou com condições precárias.
Cabe às escolas de Ensino Médio assegurar aos estudantes uma formação que lhes permita enfrentar os desafios da vida contemporânea. Isso inclui auxiliá-los
na construção de seu projeto de vida nos âmbitos pessoal e profissional. Portanto, em uma educação baseada na formação integral, espera-se que os estudantes desenvolvam competências e habilidades em suas múltiplas dimensões, incluindo a dimensão profissional. Para Zabala e Arnau, é importante que a escola promova [...] uma educação também para o trabalho, mas sem perder a visão global da pessoa como ser crítico diante das desigualdades e do comprometimento com a transformação social econômica em direção a uma sociedade na qual não apenas se garantisse o direto ao trabalho, como ainda este fosse desenvolvido em função do desenvolvimento das pessoas e não apenas dos interesses de mercado.
Na dimensão profissional, o indivíduo deve ser competente para exercer uma tarefa profissional adequada às suas capacidades, a partir dos conhecimentos e das habilidades específicas da profissão, de forma responsável, flexível e rigorosa que lhe permita satisfazer suas motivações e suas expectativas de desenvolvimento profissional e pessoal30. Nessa perspectiva, é papel do professor favorecer o desenvolvimento de competências, incluindo as profissionais, para que os estudantes atuem de forma crítica, propositiva e responsável nas diversas situações com as quais possam deparar no mundo do trabalho. Nesse contexto, ser capaz de resolver problemas, ser criativo, ter autonomia de pensamento, ser proativo, liderar, trabalhar de forma colaborativa, saber interpretar dados e informações com criticidade, fazer escolhas de acordo com as próprias reflexões, conseguir se comunicar de forma assertiva e regular as emoções, entre outras, são características importantes que os estudantes precisam desenvolver em sala de aula não só para exercer seus direitos e deveres como cidadãos, mas também para empregá-las no contexto profissional.
Para desenvolver essas competências, entretanto, é preciso que os estudantes se apoiem em diferentes saberes que não se limitam a componentes específicos da área curricular. Trata-se, portanto, de um trabalho conjunto entre as áreas do conhecimento, envolvendo também competências socioemocionais que perpassam a aprendizagem dos componentes curriculares31
28 BARÃO; RESEG; LEAL, ref. 27.
29 BARÃO; RESEG; LEAL, ref. 27.
30 ZABALA; ARNAU, ref. 5, p. 82.
31 ZABALA; ARNAU, ref. 5; CAVALCANTI, Carolina Costa. Aprendizagem socioemocional com metodologias ativas: um guia para educadores. São Paulo: Saraiva Uni, 2023.
A fim de assegurar essa preparação para o trabalho e a cidadania, os Projetos Integradores presentes neste volume abordam temas relacionados ao contexto do mundo do trabalho, procurando aproximar os estudantes de diversos campos de atuação profissional.
No contexto recente do Brasil, diversas mudanças no mundo do trabalho, ocorridas a partir da década de 2010, afetaram diretamente a inserção profissional dos jovens e suas expectativas de obter um emprego, especialmente em um contexto de crise econômica e flexibilização das relações trabalhistas. Somadas a isso, ocorreram grandes transformações provocadas pelas novas tecnologias, o que reflete nas relações humanas e nas demandas por qualificação profissional e aumento da produtividade32
Entre os motivos da baixa inserção dos jovens no mercado do trabalho está o baixo nível de experiência e/ou escolaridade. Com isso, ou eles não conseguem ser contratados pela incompatibilidade com as exigências das vagas, ou tendem a ser os primeiros dispensados em contextos de crise.
Os efeitos da dispensa em contextos de crise podem se estender por muitos anos até que a economia se recomponha. Com a pandemia de covid-19, que teve início em 2020, por exemplo, a atividade econômica foi brutalmente atingida e muitas pessoas perderam seu posto de trabalho, o que refletiu na inclusão e na permanência dos jovens brasileiros no mercado de trabalho. Os efeitos foram ainda mais alarmantes entre os jovens em situação de vulnerabilidade social. Mesmo com o fim da pandemia, os jovens entre 18 e 24 anos ainda formavam o grupo com a maior taxa de desemprego no país até o segundo trimestre de 2023, chegando a 14,3% da população, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora esteja em queda no país, a taxa de desemprego dessa faixa etária chega a ser mais do que o dobro da apresentada
pelo segundo grupo mais atingido pelo problema, mostrando-se bem acima do patamar das demais faixas. De acordo com os estudos sobre o tema, em vez de estarem desempregados ou procurando emprego, muitos jovens estão apenas fora do mercado de trabalho, o que não só impacta no futuro profissional deles, como também nas perspectivas para a economia do país33
Os dados estatísticos ainda mostram que, em 2022, um em cada grupo de cinco jovens brasileiros de 15 a 29 anos não estava estudando e não tinha ocupação. Isso representa 22,3% da população que está nessa faixa etária, ou seja, 10,9 milhões de jovens em todo o país. Desse total de jovens fora do sistema de ensino e do mercado de trabalho, 61,2% eram pobres e quase metade eram mulheres pretas e pardas, o que evidencia ainda mais o fato de que esse fenômeno social afeta a população juvenil de forma desigual. Esses resultados são alarmantes porque escancaram a vulnerabilidade social dos jovens brasileiros e expõem a realidade de que muitos deles não têm perspectivas de qualificação profissional34.
Como visto, os jovens representam grande parcela da população brasileira e são os mais afetados em situações de crise, sofrendo com a pobreza, as desigualdades sociais e o desemprego. Por isso, é importante engajá-los civicamente em defesa de uma sociedade mais democrática, inclusiva e sustentável, de modo que possam se tornar agentes transformadores dessa realidade, participando da implementação de políticas públicas com esse enfoque ou do monitoramento delas. Existem diversas políticas públicas voltadas a essas demandas dos jovens, mas, para que elas se efetivem, é preciso que eles sejam ouvidos, e isso pode começar no espaço escolar. A criação de um ambiente acolhedor e a construção de um sentimento de pertencimento à comunidade escolar representam o primeiro passo para envolvê-los no processo de ensino-aprendizagem e contribuir para que compreendam suas possibilidades de crescimento e desenvolvimento pessoal, tanto no âmbito acadêmico quanto no profissional.
32 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO; INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Diagnóstico da inserção dos jovens brasileiros no mercado de trabalho em um contexto de crise e maior flexibilização. Brasília, DF: Ipea, 2020. Disponível em: https://repositorio.ipea.gov.br/ bitstream/11058/10107/1/Diagnostico_de_insercao_de_jovens.pdf. Acesso em: 17 out. 2024.
33 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO; INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA; FRANCA, ref. 32.
34 BRIT TO, Vinícius. Um em cada cinco brasileiros com 15 a 29 anos não estudava e nem estava ocupado em 2022. Agência IBGE Notícias, 6 dez. 2023. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/38542-um-em-cada-cinco-brasileiros-com-15-a -29-anos-nao-estudava-e-nem-estava-ocupado-em-2022. Acesso em: 11 out. 2024.
Alinhados à proposta de consolidação do trabalho organizado em áreas de conhecimento e com o objetivo de buscar a formação integral dos estudantes do Ensino Médio, a proposta destes Projetos Integradores, é tornar a aprendizagem mais significativa.
Para o cumprimento desse objetivo, é necessária a conexão dos estudantes ao contexto de sua comunidade. Isso requer o reconhecimento da diversidade de perfis das juventudes existentes no país e de sua potencialidade de avaliar e sugerir políticas educacionais. Especificamente em relação ao Ensino Médio, os marcos regulatórios mostram que as atuais políticas favorecem uma reorganização curricular que possibilite diferentes rotas de aprendizagem (diversificando os tempos e recursos pedagógicos), a multiplicidade de linguagens e a elaboração e a implementação de projetos que envolvam os estudantes, contribuindo para que eles desenvolvam um efetivo protagonismo. Dessa maneira, os jovens têm a possibilidade de se reconhecer como participantes das decisões e das práticas e de enxergar-se como cidadãos com direitos e deveres, agindo com ética e responsabilidade.
Além disso, a fim de despertar o interesse dos estudantes, é necessário levar a experiência cotidiana para a escola, relacionando conteúdos, produzindo informações e organizando métodos que, devidamente interconectados, constituem conhecimentos. Por isso, é necessário que os estudantes desenvolvam o autoconhecimento e conheçam também o mundo no qual estão inseridos, lendo, descrevendo, identificando, interpretando e analisando problemas na perspectiva dos eixos temáticos que estruturam os Projetos Integradores para, ao final, construírem um produto que estimule ações com o envolvimento da comunidade escolar e de seu entorno, conforme os objetivos estabelecidos.
Com base nessas premissas, pretende-se, por meio do trabalho com Projetos Integradores proposto nesta obra, desenvolver ações, individuais e coletivas, que tragam impactos sociais e ambientais positivos para a comunidade e, ao mesmo tempo, contribuir para que os estudantes desenvolvam as competências, as habilidades, os valores e as atitudes previstos na BNCC. O trabalho com projetos, nessa concepção, contribui
para que os estudantes lidem com situações práticas a fim de obter ganhos concretos para a vida cotidiana, preparando-se também para o mundo do trabalho.
Para um trabalho potencialmente produtivo com Projetos Integradores no Ensino Médio, é importante considerar:
• os pressupostos epistemológicos e as especificidades teórico-metodológicas do componente curricular, assim como dos diversos componentes curriculares integrados e das áreas de conhecimento a que se relacionam;
• os contextos da comunidade local, que possibilitam a identificação de um problema e da questão central que desafiam os estudantes, gerando o interesse e despertando criatividade e envolvimento;
• as situações que favorecem a aprendizagem e a proposição de diferentes percursos para a solução do problema identificado, chegando à elaboração de um produto final;
• a reorganização curricular para o desenvolvimento de práticas escolares contextualizadas, garantindo atribuição de significado às aprendizagens construídas pelos estudantes e aos procedimentos por eles adotados;
• as práticas escolares, desenvolvidas de acordo com os pressupostos epistemológicos específicos do componente curricular e da área de conhecimento correspondente, com linguagem, recursos e rigor próprios, a serem colocados em prática durante o registro e a análise das experiências vividas e seu compartilhamento;
• a redefinição do perfil e dos conhecimentos especializados do professor para o adequado exercício de sua função diante das novas demandas sociais e tecnológicas;
• a ar ticulação de atividades condizentes às propostas de trabalho, individuais e/ou coletivas, que favoreçam a organização e a troca de contribuições a fim de atingir um objetivo comum;
• as possibilidades de exploração das potencialidades dos recursos tecnológicos digitais para acessar, analisar, produzir e compartilhar informações de maneira crítica e ética;
• as opor tunidades de exercitar o pensamento crítico, a argumentação, a leitura inferencial e o pensamento computacional;
• o desenvolvimento das competências socioemocionais para que os estudantes possam colocar em prática as melhores atitudes e habilidades para compreender e regular emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia e manter relações sociais positivas;
• o perfil das juventudes que chegam a esse nível de ensino, para que se estabeleçam conexões com as propostas que dialogam com questões que os inquietam e os apoiam na construção de projetos de vida, tanto no aspecto pessoal quanto no profissional;
• a proposição de um produto final que caracterize o conjunto de conhecimentos adquiridos ao longo de todo o projeto e produza impacto na comunidade na qual os estudantes estão inseridos;
• os TCT, que proporcionam as situações propícias para o desenvolvimento das competências e habilidades especificadas na BNCC;
• o s ODS, com base nos quais é possível trabalhar questões sociais, econômicas, ambientais e políticas com os estudantes de forma contextualizada, problematizando temas atuais e relevantes para eles e promovendo seu protagonismo como agentes de transformações sociais e culturais.
Além disso, no âmbito do trabalho com Projetos Integradores, espera-se a integração dos componentes curriculares das diversas áreas do conhecimento previstas na BNCC. Esse trabalho precisa ser coordenado de forma interdisciplinar pelos diversos atores envolvidos nos projetos propostos.
A interdisciplinaridade é uma das formas de promover uma educação mais integrada e contextualizada. No Ensino Médio, a preocupação com essa perspectiva de educação evidencia-se com a definição na BNCC de competências e habilidades específicas apenas para as áreas de conhecimento, a fim de favorecer a articulação entre os diferentes componentes curriculares. Essa organização proposta pela BNCC não extingue os componentes curriculares das áreas, mas busca
35 BRASIL, ref. 2.
36 MORIN, ref. 25, p. 52.
superá-los por meio de uma abordagem mais interconectada com a realidade. Em outras palavras, essa nova estrutura abre portas para um currículo mais flexível no Ensino Médio, incentivando o trabalho interdisciplinar e contribuindo para que os estudantes tenham uma visão menos fragmentada da realidade35.
De acordo com Morin:
[...] Não se pode jogar fora o que foi criado pelas disciplinas, não se pode quebrar todas as clausuras. Este é o problema da disciplina, da ciência e da vida: é preciso que uma disciplina seja ao mesmo tempo aberta e fechada.
[...] para que nos serviriam todos os conhecimentos parcelares se não os confrontássemos uns com os outros, a fim de formar uma configuração capaz de responder às nossas expectativas, necessidades e interrogações cognitivas?
[...] um conhecimento em movimento, em circuito pedagógico, em espiral, que avança ao ir das partes ao todo e do todo às partes, e é isso que constitui nossa ambição comum36
Tal reflexão evidencia o desafio que é um trabalho interdisciplinar em sala de aula, para o qual é necessário o movimento constante de partir das partes ao todo e do todo às partes. Nesse sentido, para que a interdisciplinaridade se efetive na prática pedagógica, é fundamental que haja um planejamento intencional e articulado entre os docentes dos diferentes componentes curriculares. Por isso, os professores precisam ter em mente seu papel nesse processo de tornar a aprendizagem integrada por meio da contribuição de cada área do saber, a fim de promover uma educação que transcenda a segmentação tradicional dos conteúdos. Ao conectar diferentes saberes, os estudantes podem ter uma compreensão mais global dos fenômenos naturais e sociais e aprender de forma mais significativa, favorecendo a aplicação dos conhecimentos aprendidos em sala de aula em situações reais e complexas. A abordagem interdisciplinar, nesse sentido, está alinhada com os princípios pedagógicos da BNCC, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e capazes de entender a realidade de maneira integral e complexa, estabelecendo relações entre as diferentes áreas do saber e aplicando esses conhecimentos para solucionar problemas concretos.
Espera-se do trabalho articulado entre professores que os conteúdos dos componentes curriculares não sejam abordados de forma isolada, longe da real complexidade do mundo, mas de forma orgânica e dinâmica, em que as partes se integram para dar sentido aos fenômenos em estudo. Não se trata, portanto, de associar conteúdos de diferentes componentes de forma arbitrária, mas de criar uma relação lógica entre diferentes saberes que possa contribuir para a formação integral e significativa dos estudantes.
Isso pode ser feito por meio de atividades didáticas com o mesmo tema ou problema que demandem a aplicação de conhecimentos das diferentes áreas do conhecimento. Nessa perspectiva, os TCT e os ODS podem contribuir para um trabalho pedagógico interdisciplinar e articulado. Ao colocar em pauta questões que desafiam a sociedade contemporânea, essa abordagem contribui para que os estudantes explorem diferentes perspectivas e façam uso de diversos recursos em busca de soluções.
Alinhado a essa perspectiva de ensino, o trabalho com projetos integradores é uma abordagem teórica e metodológica que favorece a interdisciplinaridade ao empenhar diferentes componentes curriculares em um objetivo comum. Nesse tipo de estratégia didático-pedagógica, os estudantes, com o apoio de professores de diferentes componentes curriculares, dedicam-se colaborativamente a elaborar soluções para as questões e demandas do mundo real.
Os estudantes precisam lidar com a realidade de forma complexa, recorrendo aos conteúdos e conhecimentos dos diversos componentes curriculares para solucionar problemas. Essas interconexões potencializam o desenvolvimento de competências essenciais para a vida e para o mundo do trabalho, uma vez que os estudantes precisam mobilizar não só conhecimentos, mas também habilidades, valores e atitudes que perpassam as barreiras entre os componentes.
Considerando esses aspectos, pode-se afirmar que a interdisciplinaridade é uma demanda do ensino por competências, uma vez que
Optar por uma educação de competências representa a busca por estratégias de ensino que definam seu objeto de estudo na forma de responder satisfatoriamente a “situações reais” e, portanto, complexas. [...]
[...]
[...] O ensino tradicional foi estruturado em torno de disciplinas isoladas, e estas, por sua vez, em corpos teóricos cada vez mais segmentados. A escola, a reboque de uma ciência parcializada, “simplificou” a realidade convertendo em objeto de estudo os meios para seu conhecimento, pretendendo que o aluno realize por si só o que o saber estabelecido não soube resolver, ou seja, a abordagem da realidade em toda a sua complexidade.
[...] o conhecimento disciplinar, apesar de seu reducionismo, é imprescindível à compreensão da realidade, mas sempre quando se assume a aplicação de um conhecimento parcial da realidade não se chega a constituir uma ação competente se não se aprendeu a intervir em situações da “realidade global”, cuja essência é a complexidade. De tal modo que a complexidade não seja apenas uma circunstância na qual se desenvolvam as aprendizagens, mas também que esta seja objeto prioritário de ensino. Deve-se aprender a agir na complexidade, ou seja, saber responder a problemas e situações os quais nunca na vida real serão apresentadas de forma simples e, muito menos, nas quais o número de variáveis que nela intervêm sejam reduzidas a partir de situações expressadas unicamente com os dados necessários para uma resposta estereotipada a problemas também estereotipados. Assim, uma atuação competente significa não só conhecer os instrumentos conceituais e as técnicas disciplinares, mas também ser capaz de reconhecer quais deles são necessários para ser eficiente em situações complexas, e ao mesmo tempo saber como aplicá-los em função das características específicas da situação. Atuação que exige um pensamento complexo e, consequentemente, um ensino dirigido à formação para a complexidade 37
37 ZABALA; ARNAU, ref. 5, p. 110-112.
Portanto, ao estar comprometida com uma educação orientada para o desenvolvimento de competências, a escola assume o papel de mediadora entre os conhecimentos especializados dos componentes curriculares e as demandas da vida cotidiana. Essa mediação precisa ser feita de forma intencional e sistematizada, buscando romper as barreiras disciplinares e promover uma educação que valorize tanto o pensamento crítico quanto a capacidade de adaptação a situações inesperadas e multifacetadas, uma vez que a realidade exige soluções que não se encaixam em apenas uma área do conhecimento.
Em outras palavras, com o ensino de competências, pretende-se instrumentalizar os estudantes com os recursos necessários para enfrentar problemas reais, os quais demandam um olhar que integre diferentes saberes, habilidades, valores e atitudes. Para isso, é essencial que o planejamento das aulas e atividades inclua discussões coletivas sobre a articulação dos conteúdos dos diferentes componentes curriculares de forma contextualizada e integrada, a fim de favorecer a aprendizagem significativa e o desenvolvimento de um pensamento complexo.
Vale destacar também o fato de que, além de integrar os conteúdos dos componentes curriculares das diversas áreas do conhecimento, a interdisciplinaridade promove a troca de saberes e a colaboração entre os integrantes do corpo docente da escola, contribuindo para uma prática pedagógica mais reflexiva e colaborativa. Em uma escola na qual ainda predomina um ensino fragmentado, muitas vezes, os docentes atuam de forma isolada e limitada a sua área. Em uma proposta interdisciplinar, em contrapartida, o diálogo entre os componentes curriculares é central, exigindo dos professores uma abordagem colaborativa que possibilite o alinhamento do que é relevante para os estudantes e o compartilhamento de estratégias de ensino. Nesse cenário, a escola se torna um espaço de aprendizagem contínua no qual o conhecimento é construído coletivamente, de acordo com as demandas reais e atuais da escola, dos professores e dos estudantes.
A área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, que abrange os componentes curriculares Biologia, Física e Química, compõe a base da formação geral dos estudantes do Ensino Médio, uma vez que oferece contribuições indispensáveis para o desenvolvimento de uma visão ampla do mundo. A articulação desses componentes permite o desenvolvimento do pensamento científico e sua aplicação em contextos diversos, visando à formação de cidadãos conscientes e capazes de intervir de maneira responsável e crítica nas questões sociais, econômicas e ambientais, ampliando as capacidades de compreensão e de transformação da realidade.
A sociedade contemporânea é impactada pelo desenvolvimento científico e tecnológico, que permeia praticamente todos os aspectos da vida moderna. As inovações em ciência e tecnologia impulsionam a economia, revolucionam os meios de comunicação, transformam as relações de trabalho e alteram a maneira como interagimos com o mundo. O avanço de áreas como a inteligência artificial, a biotecnologia e as telecomunicações promove uma conectividade global mais eficiente, ao mesmo tempo que origina questões éticas e desafios sociais: na medida em que o acesso aos recursos tecnológicos não é distribuído de maneira equitativa, ocorre o aprofundamento das disparidades socioeconômicas.
Para discutir questões relacionadas à ciência e posicionar-se em relação a elas, é essencial considerar não apenas os conhecimentos científicos, mas aspectos éticos, políticos e culturais, o que reforça o papel das Ciências da Natureza e suas Tecnologias na formação integral dos estudantes.
Essa área de ensino promove a investigação como forma de engajar os estudantes na aprendizagem de processos, práticas e procedimentos científicos e tecnológicos e mobiliza uma forma de expressão específica, o que lhes permite analisar fenômenos e processos, utilizar modelos e fazer previsões. Dessa maneira, as Ciências da Natureza e suas Tecnologias possibilitam aos estudantes ampliar sua compreensão sobre
matéria e energia, vida e evolução, Terra e Universo, bem como sobre suas capacidades de refletir, argumentar, propor soluções e enfrentar desafios pessoais e coletivos, locais e globais.
O estudo da Biologia é importante para a compreensão do mundo natural, uma vez que abrange desde a origem da vida até as complexas interações entre os seres vivos. Esse componente oferece conhecimentos sobre os processos biológicos e o funcionamento do corpo humano, capacitando os estudantes a fazer escolhas conscientes para a manutenção da saúde. A Biologia também é fundamental para sensibilizar os estudantes sobre a importância da sustentabilidade e da conservação da biodiversidade, incentivando decisões e escolhas responsáveis no dia a dia. Além disso, esse campo de estudo possibilita que os estudantes discutam diversos assuntos e se posicionem criticamente diante de conceitos biológicos, como organismos geneticamente modificados, clonagem e mudanças climáticas. O estudo desse componente é essencial não apenas para a compreensão científica, mas para a formação de cidadãos engajados e conscientes das próprias responsabilidades sociais e ambientais.
O componente curricular Química possibilita a compreensão da composição, da estrutura e das propriedades da matéria, bem como das reações químicas que ocorrem entre as substâncias, o que contribui para o entendimento das transformações. A Química está presente em inúmeras situações do dia a dia, como ao cozinhar, limpar os ambientes fazer uso de medicamentos, e em vários produtos do cotidiano, como plásticos, tintas e baterias. Grande parte dos avanços tecnológicos nas áreas de energia, materiais, alimentos e produtos farmacêuticos é baseada em descobertas químicas. Ao conhecer os princípios básicos da Química, os estudantes compreendem melhor os processos químicos e podem utilizar esse conhecimento de forma consciente e crítica em relação a temas como sustentabilidade, alimentação saudável, inovação tecnológica e preservação ambiental. Estudar Química prepara os estudantes para acompanhar esses avanços e, eventualmente, contribuir para que aconteçam. A produção e o uso de substâncias químicas, bem como seu impacto
socioeconômico e ambiental, envolvem questões éticas, como o uso de pesticidas, a segurança alimentar, o descarte de resíduos tóxicos e as fontes de energia limpa. O conhecimento químico incentiva os estudantes a participar de discussões sobre essas questões de forma mais consciente e crítica.
O estudo da Física é fundamental para compreender os fenômenos naturais, oferecendo teorias e leis que esclarecem questões cotidianas, como a eletricidade, o funcionamento de máquinas e o movimento dos corpos. Além desses aspectos, a Física também investiga temas mais abrangentes sobre o Universo, incluindo a origem do cosmos, a formação das estrelas, a relatividade, a mecânica quântica e o comportamento de átomos e partículas subatômicas. Esse componente curricular estimula a curiosidade dos estudantes e incentiva-os a investigar, imaginar e formular hipóteses, promovendo uma compreensão mais profunda das causas e dos efeitos que regem o mundo ao nosso redor. Além disso, esse componente curricular está diretamente relacionado a muitas tecnologias que usamos diariamente, como computadores, smartphones, sistemas de navegação por GPS, energia elétrica e meios de transporte. Logo, entender os princípios da Física é essencial para compreender o desenvolvimento tecnológico e contribuir com esse processo.
As Ciências da Natureza e suas Tecnologias oferecem, portanto, uma compreensão abrangente do mundo natural, auxiliando os estudantes a reconhecer fenômenos que vão desde processos biológicos e reações químicas até princípios físicos, o que promove uma visão integrada da natureza. O professor é essencial nesse processo, atuando como um mediador que estimula o pensamento crítico e a curiosidade, incentivando os estudantes a analisar informações, resolver problemas complexos e formular hipóteses. Além disso, a conexão entre conceitos científicos e situações cotidianas torna o aprendizado mais relevante. Ao promover uma abordagem interdisciplinar, os professores permitem que os estudantes identifiquem as conexões entre Biologia, Química, Física e os componentes curriculares das demais áreas do conhecimento, trabalhando temas econômicos, sociais e ambientais capazes de despertar neles o interesse em compreender, agir e transformar o mundo em que vivem.
Por meio da metodologia de trabalho com projetos, propõe-se o estabelecimento de conexões entre os diferentes componentes curriculares das diversas áreas do conhecimento e das práticas sociais nos distintos campos da atividade humana.
Para Hernández e Ventura38, o trabalho com projetos educacionais deve valorizar o desenvolvimento do conhecimento de maneira contextualizada, globalizada e relacional e consistir na criação de estratégias para resolver problemas ou hipóteses que facilitem a construção do conhecimento pelos estudantes, por meio da transformação das informações procedentes dos diferentes saberes disciplinares.
Além disso, a aprendizagem com base em projetos não pode se desenvolver de maneira individual, solitária; ela requer o trabalho em grupo como condição essencial para dar conta da complexidade dos problemas a serem discutidos, investigados, analisados e repensados no contexto suscitado pelos temas focados. Nessa proposta, a transmissão de conteúdos, característica do ensino tradicional, perde espaço para o processo de aprendizagem no qual são valorizadas a prática e a experimentação.
O propósito de trabalho com os Projetos Integradores converge para os objetivos apresentados por Hernández e Ventura:
A proposta que inspira os projetos de trabalho está vinculada à perspectiva do conhecimento globalizado e relacional [...]. Essa modalidade de articulação dos conhecimentos escolares é uma forma de organizar a atividade de ensino e a aprendizagem, que implica considerar que tais conhecimentos não se ordenam para sua compreensão de uma forma rígida, nem em função de algumas referências disciplinares preestabelecidas ou de uma homogeneização dos alunos. A função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares
em relação a: 1) o tratamento da informação, e 2) a relação entre os diferentes conteúdos em torno dos problemas ou hipóteses que facilitam aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio39.
De maneira geral, no ensino com base no desenvolvimento de projetos, são necessárias a identificação e a descrição de um problema, em um contexto específico, para que, tomando-o como referência, sejam propostas questões problematizadoras que motivem a busca por soluções. Dessa forma, propõe-se uma questão central com base em ao menos dois critérios: o contexto, entendido como terreno fértil para o cumprimento dos objetivos pedagógicos, e o interesse dos estudantes. Nesse sentido, no processo de aprendizagem por meio de projetos, os estudantes devem confrontar questões e problemas do mundo real que façam sentido para eles a fim de determinar o modo como abordá-los e solucioná-los de forma colaborativa, crítica e propositiva40
O que é aprendizagem baseada em projetos?
Ter questionamentos abertos
Apresentar para o público
Incluir processos de revisão e reflexão
Desenvolver habilidades para o séc. XXI Ter conteúdo relevante
Dar oportunidade de voz e escolha
Ter espírito de exploração Criar a necessidade de saber
Fonte: MENDONÇA, Helena Andrade. Construção de jogos e uso de realidade aumentada em espaços de criação digital na educação básica. In: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. p. 106-127.
38 HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. 5. ed. Porto Alegre: Penso, 2017.
39 HERNÁNDEZ; VENTURA, ref. 38, p. 59.
40 BENDER, William N. Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada para o século XXI. Tradução de Fernanda de Siqueira Rodrigues. Porto Alegre: Penso, 2014.
O propósito de vencer o desafio deve motivar os estudantes a realizar pesquisas, formular estratégias e buscar soluções para apresentar resultados concretos, no final de todo o processo. Como forma de regular e autorregular o conhecimento e seus avanços, esse processo é gerenciado por meio da avaliação e das vivências e dos resultados da autoavaliação.
No desenvolvimento da metodologia de projetos, deve-se ter o cuidado de não permitir que a preocupação com a resolução do problema prejudique o interesse pelas aprendizagens envolvidas nesse processo.
A resolução dos problemas não é algorítmica, ou seja, não pode ser definida a priori. Embora seja feito um planejamento orientador, seu real desenvolvimento é suscetível a ajustes diante de obstáculos não previstos e da dinâmica em sala de aula. Nesses ajustes, o compromisso com a aprendizagem não pode ser alterado.
Nessa perspectiva, evidencia-se uma das principais características do trabalho com projetos, que está relacionada às estratégias da organização das informações e à sua aplicação na resolução do problema ou na elaboração de respostas à questão central, que deve ser valorizada e monitorada durante o desenvolvimento do projeto.
A construção do conhecimento se consolida por meio das conexões entre as informações e as interações internas e externas ao grupo. Segundo Hernández e Ventura:
[...] Os procedimentos são utilizados na escola para que os estudantes incorporem novas estratégias de aprendizagem que, estando inseridas no processo de construção do projeto e derivando-se dele, podem ser compreendidas pelos alunos e utilizadas em outras situações.
[...] É o domínio e conhecimento dessas estratégias o que permite aos estudantes organizarem e dirigirem seu próprio processo de aprendizagem. [...]41
Diante desse novo papel do estudante, o professor deixa de ser apenas um transmissor de informações e um agente controlador dos comportamentos em sala de aula para assumir diversas facetas:
[...] o professor também é consultor nesse processo. Não mais aquele que expõe todo o conteúdo aos alunos, mas aquele que fornece as informações necessárias, que o aluno não tem condições de obter sozinho. Nessa função, faz explanações, oferece materiais, textos etc.
41 HERNÁNDEZ; VENTURA, ref. 38, p. 75.
Outra de suas funções é como mediador, ao promover a confrontação das propostas dos alunos, ao disciplinar as condições em que cada aluno pode intervir para expor sua solução, questionar, contestar. Nesse papel, o professor é responsável por arrolar os procedimentos empregados e as diferenças encontradas, promover o debate sobre resultados e métodos, orientar as reformulações e valorizar as soluções mais adequadas. Ele também decide se é necessário prosseguir o trabalho de pesquisa de um dado tema ou se é o momento de elaborar uma síntese. [...]
Atua como controlador ao estabelecer as condições para a realização das atividades e fixar prazos, sem esquecer de dar o tempo necessário aos alunos.
Como um incentivador da aprendizagem, o professor estimula a cooperação entre os alunos, tão importante quanto a própria interação adulto/criança. [...]42
É importante destacar o fato de que retirar o professor do papel central não significa desvalorizá-lo, pois ele ganha novas dimensões de atuação, assim como os estudantes. Para Hernández e Ventura43, o percurso para a construção de um projeto se inicia com o estabelecimento pelos professores dos objetivos educacionais e de aprendizagem.
Considerando que as concepções do projeto partem de questões problematizadoras, por meio das quais os estudantes são desafiados a refletir e a usar a criatividade, mobilizando ações individuais e coletivas, elas se complementam, favorecendo o delineamento do processo e a construção de um produto final que ajude a transformar a realidade.
Além disso, em razão da disparidade das realidades locais brasileiras, com diferentes conflitos, vocações e especificidades, o percurso dos projetos pode ser alterado e construído de acordo com as necessidades da turma, ficando também a critério do professor e da escola a criação, com os estudantes, de outros projetos.
Os processos de escuta dos jovens e de construção coletiva podem propiciar ganhos ainda maiores na aprendizagem, pois os estudantes nascem conectados com a comunidade em que vivem. Essa abordagem mais contextualizada, como vimos, contribui para aumentar o engajamento dos estudantes, de modo que
42 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília, DF: MEC, SEF, 1997. p. 31. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro03.pdf. Acesso em: 11 out. 2024.
43 HERNÁNDEZ; VENTURA, ref. 38.
o processo de ensino-aprendizagem seja mais motivador e envolvente.
De forma sintética, para visualizar melhor o desenvolvimento geral de um projeto integrador, o processo pode ser compreendido, basicamente, em seis passos:
1. contextualização e sensibilização por meio de questão mobilizadora que motive a aprendizagem;
2. investigação e busca de informações sobre o tema;
3. registro e divulgação dos resultados da investigação;
4. estabelecimento de um plano de ação com base na discussão dos resultados encontrados;
5. aplicação das informações e dos conhecimentos na elaboração do produto final;
6. conclusão e apresentação dos trabalhos e avaliação.
Vale destacar o fato de que, nesse processo, a pesquisa entra em cena como uma atividade praticamente transversal ao desenvolvimento do projeto. Quando se menciona a busca por informações, fica implícita a necessidade de sistematização, interpretação, análise e compartilhamento ou aplicação das informações resultantes de todas as etapas da investigação científica.
A pesquisa também sustentará a pluralidade de ideias, qualificando o debate entre os estudantes.
Hernández e Ventura definem os principais aspectos que devem ser estabelecidos na relação entre o tema e a organização curricular:
1. Um sentido da aprendizagem que quer ser significativo, ou seja, que pretende conectar e partir do que os alunos já sabem, de seus esquemas de conhecimento precedentes, de suas hipóteses (verdadeiras, falsas ou incompletas) ante a temática que se há de abordar.
2. Assume, como princípio básico para sua articulação, a atitude favorável para o conhecimento por parte dos estudantes, sempre e quando o professorado seja capaz de conectar com seus interesses e de favorecer a aprendizagem.
3. Configura-se a partir da previsão, por parte dos docentes, de uma estrutura lógica e sequencial dos conteúdos, numa ordem que facilite sua compreensão. Mas sempre levando em conta que essa previsão constitui um ponto de partida, não uma finalidade, já que pode ficar modificada na interação da classe.
4. Realiza-se com um evidente sentido de funcionalidade do que se deve aprender. Para isso, torna-se fundamental a relação com os procedimentos, com as diferentes alternativas organizativas aos problemas abordados.
44 HERNÁNDEZ; VENTURA, ref. 38, p. 60-61.
5. Valoriza-se a memorização compreensiva de aspectos da informação, com a perspectiva de que esses aspectos constituem uma base para estabelecer novas aprendizagens e relações.
6. Por último, a avaliação trata, sobretudo, de analisar o processo seguido ao longo de toda a sequência e das inter-relações criadas na aprendizagem. Parte de situações nas quais é necessário antecipar decisões, estabelecer relações ou inferir novos problemas44.
Como em todas as práticas educativas empregadas para promover uma aprendizagem significativa, na intervenção pedagógica baseada em projetos, deve-se partir dos saberes prévios dos estudantes. Para isso, é fundamental a realização de uma avaliação diagnóstica no início de cada etapa. Esse procedimento é importante para mapear os conhecimentos, as habilidades, as atitudes e os valores dos estudantes ao chegar à sala de aula, possibilitando que o professor tenha condições de planejar melhor suas aulas, definindo procedimentos que serão adotados para realizar as atividades principais do projeto, as estratégias que serão utilizadas, os materiais que serão usados como fontes de pesquisa, a duração dos trabalhos etc. Essa abordagem torna-se ainda mais relevante em uma educação comprometida com a aprendizagem ativa, uma vez que os estudantes se tornam o centro do processo de ensino-aprendizagem. No planejamento, também é preciso levar em consideração o fato de que os projetos apresentam dinâmicas diferentes, de modo que as atividades apropriadas para o desenvolvimento de um tema podem não ser adequadas ao trabalho com outros. Além disso, é necessário identificar dificuldades ao longo do percurso e criar procedimentos alternativos para resolvê-las.
Definido o tema e traçados os objetivos, o projeto começa a entrar na fase de execução. O professor deve fazer um acompanhamento constante, auxiliando os alunos com os recursos humanos, materiais, com a orientação da parte procedimental e com a inclusão dos conteúdos conceituais.
[...] O acompanhamento é fundamental para a correção de rotas, depuração, orientação, inclusão de conceitos, ajustes de hipóteses e até para o próprio ato de investigação, pois o professor é um dos membros desse processo e como tal também investiga, descobre e busca soluções para os problemas45
Dessa forma, os Projetos Integradores possibilitam o desenvolvimento de diferentes percursos para chegar ao
45 NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos projetos: etapas, papéis e atores. São Paulo: Érica, 2008. p. 69.
produto final. Também é importante não perder de vista o fato de que existem várias formas de abordar e solucionar uma questão ou problema, de modo que pode haver múltiplas soluções aceitáveis. Nesse sentido, ao encorajar os estudantes a participar do planejamento dos projetos e de todas as suas etapas, é preciso estar aberto ao que eles têm a propor. A multiplicidade de abordagens também é um ponto relevante a ser considerado, já que os problemas enfrentados na realidade são multifacetados e não apresentam uma estrutura organizada que determine apenas um caminho a ser traçado. Até mesmo as soluções podem ser diferentes. Portanto, aceitar essa complexidade do processo é um aspecto importante que contribui para que os estudantes experenciem situações mais próximas às da vida real. De acordo com Bender: [...] Esse tipo de aprendizagem força os alunos, ao trabalharem em equipes cooperativas, a criarem significado a partir do caos de superabundância de informações, a fim de articularem e apresentarem uma solução para o problema de forma eficaz [...].
Em uma era em que as mídias digitais permitem a comunicação instantânea e há disponibilidade de informações quase ilimitadas na internet, os defensores da ABP sugerem que produzir sentido a partir de grande quantidade virtual de informações caóticas é exatamente o tipo de construção do conhecimento que todo aluno no mundo de hoje precisa dominar [...]46
Ao longo dos projetos, as atividades tornam-se práticas contextualizadas, de forma que todos os conhecimentos e procedimentos façam sentido para os estudantes, pois estão próximos à realidade deles. São processos predominantemente especulativos, nos quais hipóteses são levantadas para serem refutadas ou validadas, às vezes, por meio de tentativa e erro, gerando oportunidades de busca de informações para as devidas justificativas científicas. O fechamento do projeto é um momento decisivo.
Ainda que tenham sido feitos ajustes ao longo do processo, podem surgir surpresas na conclusão do produto final. Portanto, deve-se dar atenção especial a esse momento. Mesmo que durante o projeto o professor tenha feito suas interferências, é sempre bom
que ao final ele “alinhave e costure” tudo, ou seja, que faça um fechamento, lembrando qual era o problema inicial, quais eram as dúvidas, os interesses, as propostas de ações, os resultados obtidos e a finalização das conclusões. É papel do professor traçar esse quadro histórico de toda a trajetória do projeto, dando assim uma imagem de sequência de fatos e acontecimentos, para auxiliar os alunos na memorização e fixação de tudo aquilo que foi vivenciado no período em que realizaram o projeto47
Tradicionalmente, a produção dos estudantes é usada para que eles mostrem ao professor aquilo que aprenderam. Essa produção compreende desde os simples registros feitos para a resolução de exercícios até a entrega de trabalhos extraclasse. Por vezes, são realizadas apresentações em eventos culturais e científicos. É comum o uso dessas produções para fechar um ciclo didático ou uma das etapas da Educação Básica. Todas elas apresentam em comum o fato de serem utilizadas de alguma forma para atribuir significado aos conteúdos estudados, demonstrar a aprendizagem e fechar um ciclo.
Nos Projetos Integradores, essa lógica é revertida. A produção dos estudantes é usada desde o início para que eles tomem consciência sobre um tema que envolve uma problemática real, seguida de um estudo aprofundado desse tema e da proposição e do planejamento para construir um produto que envolve a comunidade do ambiente escolar e de fora dele. Esse processo contribui para gerar conhecimentos e para que os estudantes desenvolvam competências, habilidades, valores e atitudes que transformam os indivíduos e a realidade em que vivem.
A produção dos estudantes não deve ter impacto apenas durante o ciclo de aprendizagem ou ao final dele; deve constituir um bem comum para a comunidade na qual os jovens estão inseridos, extrapolando os muros da escola. Isso não significa que essa produção não possa ser usada para os processos avaliativos e o compartilhamento das experiências. Ela deve ser usada para esses fins, porém com intenções mais pragmáticas, dando significado às questões teóricas e científicas.
Ao longo das etapas dos projetos e de acordo com a realidade dos estudantes, os recursos digitais devem ser usados para o compartilhamento das experiências dos estudantes durante e após o processo de
46 BENDER, ref. 40, p. 25.
47 NOGUEIRA, ref. 45, p. 69-70.
aprendizagem e para a divulgação de informações. Essas experiências podem se tornar referência na aprendizagem de outros estudantes que as acessarem, atingindo também pessoas da comunidade e de fora dela. Dessa forma, as produções passam a ter uma abrangência mais ampla.
Os produtos documentais podem ser planos de ação, propostas de encaminhamento, projetos e esboços, análises, vídeos, depoimentos, guias ou diários de campo, mas não apenas. É desejável que os resultados dos projetos – que podem ser produtos concretos ou serviços – causem impactos na comunidade.
Nessa perspectiva, os Projetos Integradores estão inseridos na chamada “cultura maker”, ou seja, os estudantes devem “pôr a mão na massa”, produzindo mecanismos, artefatos, manifestações culturais e artísticas, campanhas publicitárias de conscientização e educação ou soluções dos problemas identificados. O importante é que as produções dos estudantes tenham algum impacto social na resolução de problemas da escola ou da comunidade local.
Em geral, costuma predominar nas salas de aula abordagens pedagógicas dedutivas – aquelas em que os estudantes recebem, memorizam e acumulam informações repassadas pelos professores para aplicar em determinadas situações. Embora esse modelo de aprendizagem seja eficaz em certos contextos, cada vez mais se constata que uma aprendizagem ativa, na qual os estudantes assumem um papel de protagonistas no processo de aprendizagem, pode se mostrar mais engajadora por fazer mais sentido para os estudantes 48 .
De acordo com essa ótica, é necessário deslocar o foco do processo de ensino-aprendizagem do professor para o estudante. Com essa mudança de perspectiva, o professor atua mais como um mediador do processo, impulsionando as aprendizagens dos estudantes e direcionando-os para que atinjam os objetivos pedagógicos estabelecidos.
Para que isso seja possível na sala de aula, é importante estabelecer uma relação de parceria com os jovens que se baseie no respeito mútuo e no acolhimento, principalmente no encontro de saberes e de expectativas sobre o papel de cada um. Na prática, mais do que aprimorar as práticas pedagógicas, é importante que o professor se aproxime dos jovens para entender suas inquietações e demandas, bem como seus interesses e anseios49. No entanto, essa responsabilidade não deve ser atribuída apenas ao professor. Para que a escola se torne um espaço democrático, inclusivo e acolhedor, é preciso que toda a comunidade escolar se engaje nesse processo, entendendo os jovens que chegam ao Ensino Médio como sujeitos que buscam construir uma identidade ao mesmo tempo em que lidam com os impactos dos desafios que enfrentam.
No que diz respeito às práticas pedagógicas, o papel do professor como mediador assume alguns contornos específicos no trabalho com Projetos Integradores. Nessa abordagem, além da promoção de uma aprendizagem ativa, espera-se que os conteúdos sejam abordados de forma interdisciplinar, integrando conhecimentos das diversas áreas. Assim, os projetos desta coleção foram concebidos para abranger mais de uma área do conhecimento. Entretanto, para cada projeto é sugerido um professor-líder, que pode ser escolhido de acordo com a realidade escolar.
É importante que esse profissional:
• v alorize o enfoque participativo para garantir a proatividade dos estudantes, assumindo o papel de mediador, ciente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas possibilitar sua construção de forma crítica, ativa e participativa;
• estabeleça regras e combinados de forma colaborativa para que todos os envolvidos possam atribuir significados a elas;
• compartilhe e construa com os estudantes as metas, os prazos e os propósitos de maneira nítida e objetiva, a fim de proporcionar à turma autonomia nos momentos de decisão, ação e avaliação – nesse contexto, os estudantes poderão reconhecer suas
48 MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. p. 1-25. 49 DAYRELL; CARRANO, ref. 9.
responsabilidades e sua autonomia, perceber suas limitações, encontrar apoio nos colegas e no professor para superá-las e identificar os progressos alcançados;
• incentive o interesse dos estudantes ao longo do projeto, garantindo a otimização dos tempos de aprendizagem, de modo que possam sistematizar dados, estabelecer conexões entre as informações e cumprir tarefas de cada uma das etapas, construindo os conhecimentos gradativamente;
• estabeleça com nitidez e precisão os objetivos pedagógicos e os processos de avaliação e autoavaliação –por meio do registro de suas observações sobre o andamento do projeto e sobre a evolução do desempenho dos estudantes, será possível fundamentar as devolutivas individuais e coletivas que orientarão os estudantes a adotar rotas alternativas de aprendizagem, flexibilizando seu tempo de aprendizagem e o acesso aos recursos didáticos, digitais ou não;
• faça uma exposição de suas expectativas em relação à turma e a cada estudante, particularmente, se necessário – elas devem ser exequíveis e flexíveis, de modo que os próprios jovens expressem seus limites e possibilidades;
• tenha entendimento da concepção de avaliação que deve ser considerada diante de uma proposta metodológica que pressupõe uma flexibilização curricular;
• explique aos estudantes os instrumentos de avaliação que serão usados ao longo e no final do processo –essa informação os tranquilizará e os ajudará na organização dos trabalhos;
• t enha ciência de que, na perspectiva formativa, os estudantes, ao mesmo tempo que são avaliados, devem se tornar avaliadores – paulatinamente, eles vão se apropriando dos objetivos e desenvolvendo a habilidade de avaliar, de forma crítica e ética, o próprio processo de aprendizagem, assim como o desenvolvimento do projeto e a elaboração dos produtos resultantes dos Projetos
Integradores; por isso, a autoavaliação e a produção de portfólios, vídeos, fotografias e cadernos de anotações, entre outros recursos, podem ser instrumentos adequados para os processos avaliativos dessa natureza.
A respeito da expressão, pelo professor e pelos estudantes, de seus limites e suas possibilidades, afirma Boaler:
[...] as ideias que temos sobre nós mesmos –em especial se acreditamos em nós mesmos ou não – mudam os mecanismos de nossos cérebros. Se acreditamos que podemos aprender e que erros são valiosos, nossos cérebros se desenvolvem mais quando cometemos um erro. Esse resultado é muito significativo, pois novamente ressalta o quanto é importante que todos os estudantes acreditem em si mesmos –e como é fundamental para todos nós acreditarmos em nós mesmos, sobretudo quando estamos diante de algo desafiador50.
Nas discussões mais recentes sobre educação, as metodologias ativas têm ganhado cada vez mais espaço e relevância entre as práticas pedagógicas. A principal característica desse tipo de abordagem é o foco no estudante, ou seja, as atividades propostas em sala de aula são planejadas a fim de colocar o estudante no centro do processo de ensino-aprendizagem.
Para Valente, as metodologias ativas podem ser definidas como
[...] alternativas pedagógicas que colocam o foco do processo de ensino e aprendizagem no aprendiz, envolvendo-o na aprendizagem por descoberta, investigação ou resolução de problemas. Essas metodologias contrastam com a abordagem pedagógica do ensino tradicional centrado no professor, que é quem transmite a informação aos alunos. [...]51
As metodologias ativas não são um modelo novo de educação, mas estão se tornando mais relevantes no cenário educativo por atender às demandas atuais da escola. Elas envolvem abordagens didáticas que favorecem
50 BOALER, Jo. Mentalidades matemáticas: estimulando o potencial dos estudantes por meio da matemática criativa, das mensagens inspiradoras e do ensino inovador. Porto Alegre: Penso, 2018. p. 13.
51 VALENTE, José Arnando. A sala de aula invertida e a possibilidade do ensino personalizado: uma experiência com a graduação em Midialogia. In: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso Editora, 2018. p. 27.
o desenvolvimento de competências alinhado à formação integral com base na aprendizagem ativa.
O papel do professor passa a ser de um facilitador do processo de ensino-aprendizagem, promovendo experiências didáticas desafiadoras que possibilitem a aplicação do conhecimento em situações concretas e engajem o estudante na aprendizagem. Para trabalhar com as metodologias ativas em sala de aula, é necessário que esta seja um espaço de diálogo, em que todos possam se sentir acolhidos e valorizados52
Ao adotar as metodologias ativas em sala de aula, é preciso implementar estratégias a fim de mobilizar os estudantes para uma participação ativa na construção de saberes. Espera-se que eles participem de debates, desenvolvam projetos, testem hipóteses, proponham soluções, criem protótipos, trabalhem de forma colaborativa, façam experimentações etc.
De acordo com Moran53, as metodologias ativas estão vinculadas aos modelos híbridos, cuja conotação tem sido associada à mediação por tecnologias digitais no processo de aprendizagem. Esses modelos híbridos favorecem a personalização das aprendizagens, que, por sua vez, contribui para que os estudantes se conheçam melhor e ampliem sua autopercepção, reconhecendo seus potenciais e suas limitações. Essa abordagem é particularmente enriquecedora no contexto da construção dos projetos de vida dos estudantes, que são de caráter individual.
As tecnologias facilitam a aprendizagem colaborativa, entre colegas próximos e distantes. É cada vez mais importante a comunicação entre pares, entre iguais, dos alunos entre si, trocando informações participando de atividades em conjunto, resolvendo desafios, realizando projetos, avaliando-se mutuamente. Fora da escola, acontece o mesmo na comunicação entre grupo, nas redes sociais, que compartilham interesses, vivências, pesquisas, aprendizagens. A educação se horizontaliza e se expressa em múltiplas interações grupais e personalizadas.
[...]
A combinação de metodologias ativas com tecnologias digitais móveis é hoje estratégia para
a inovação pedagógica. As tecnologias ampliam as possibilidades de pesquisa, autoria, comunicação e compartilhamento em rede, publicação, multiplicação de espaços e tempos; monitoram cada etapa do processo, tornam os resultados visíveis, os avanços e as dificuldades. As tecnologias digitais diluem, ampliam e redefinem a troca entre os espaços formais e informais por meio de redes sociais e ambientes abertos de compartilhamento e coautoria54.
As tecnologias são importantes aliadas na adoção de metodologias ativas na sala de aula, favorecendo até mesmo a aprendizagem socioemocional. Contudo, para que o uso delas na educação se efetive, é preciso haver uma articulação entre os aspectos metodológicos e de conteúdo e as intencionalidades pedagógicas do professor55. Sendo assim, o uso de tecnologias digitais por si só não garante a aprendizagem ativa e digital, sendo central o papel do professor nesse processo, orientando e intervindo de forma intencional e sistematizada. Vale também destacar o fato de que, embora tenham grande potencial na mediação da aprendizagem, especialmente nos modelos de aprendizagem ativa, as tecnologias digitais não são essenciais para que as metodologias ativas sejam adotadas em sala de aula. É possível fazer adaptações que dependam mais ou menos do uso dessas tecnologias.
Outro aspecto fundamental dessa abordagem é a aprendizagem colaborativa e compartilhada, que promove o trabalho em equipe e valoriza o aprendizado entre pares. No processo de ensino-aprendizagem, é fundamental que os estudantes compartilhem informações e experiências, conhecendo e discutindo diferentes pontos de vista e participando de atividades coletivas. Ao trabalhar em grupos heterogêneos, os estudantes desenvolvem competências socioemocionais, como respeito, empatia, capacidade para resolver conflitos e comunicação. Além disso, as tecnologias digitais podem desempenhar um papel importante oferecendo suporte para a manutenção das relações interpessoais e facilitando a colaboração e a comunicação, tanto dentro quanto fora da sala de aula.
A organização da sala de aula também é um fator importante para a implementação de metodologias ativas nas práticas pedagógicas. O modelo tradicional de
52 MORAN, ref. 48; CAVALCANTI, ref. 31; FILATRO, Andrea; CAVALCANTI, Carolina Costa. Metodologias inov-ativas na educação presencial, a distância e corporativa. São Paulo: Saraiva Uni, 2018.
53 MORAN, ref. 48.
54 MORAN, ref. 48, p. 11-12.
55 CAVALCANTI, ref. 31.
disposição das carteiras enfileiradas e a mesa do professor à frente precisa ser avaliado para a aplicação das metodologias ativas. Afinal, o centro do processo de ensino-aprendizagem está nos estudantes, não no professor, que é o foco desse formato de organização da sala de aula. Isso, porém, não significa que essa disposição da sala de aula deva ser totalmente abandonada, pois pode haver momentos em que o professor prefira uma abordagem mais dirigida das atividades, para a qual seja necessária maior concentração dos estudantes.
O que é importante considerar na gestão do espaço é o alto grau de complexidade esperado da organização social de uma sala de aula para o ensino de competências. Em qualquer abordagem, por meio de metodologias ativas ou não, é preciso levar em conta o fato de que, para ensinar competências, é preciso escolher métodos que contemplem momentos de trabalho colaborativo – tanto em grupos homogêneos ou heterogêneos quanto em grandes equipes – ou individual. Isso se faz necessário porque os estudantes só poderão aprender o trabalho colaborativo realizando-o na prática. Além disso, no ensino de competências, também é igualmente importante o desenvolvimento de habilidades que englobem as dimensões interpessoais, sociais e socioemocionais56.
Sendo assim, faz-se necessário explorar, de acordo com as intencionalidades pedagógicas, diferentes organizações físicas e sociais da sala de aula. Alguns formatos que podem ser considerados são: a disposição dos estudantes em semicírculo (ou em formato U), em roda de conversa (formato circular), em agrupamentos modulares (pares, trios, grandes e pequenos grupos etc.) ou em estações de trabalho. Todos esses exemplos favorecem o trabalho colaborativo ao contribuir para a interação dos estudantes.
A organização dos grupos também precisa ser planejada, principalmente quando são formados por muitos estudantes. Esse planejamento deve seguir as intencionalidades pedagógicas previstas para cada atividade. Por exemplo, em metodologias que visam à instrução por pares, a escolha dos pares deve ser criteriosamente planejada, pois é preciso que um estudante tenha como instruir o outro, ou seja, os estudantes de cada par devem ser complementares. Já em grupos grandes, pode ser necessário atribuir funções específicas para cada integrante, a fim de garantir a
participação de todos na atividade a ser desenvolvida.
A atribuição de funções pode ser realizada com o direcionamento do professor ou seguir critérios adotados pelos próprios grupos, conforme o grau de autonomia dos estudantes e os objetivos pretendidos.
No contexto da aprendizagem baseada em projetos, os estudantes são envolvidos ativamente em atividades que envolvem problemas reais. Tal abordagem tem como princípio a aprendizagem colaborativa, que implica a necessidade do trabalho em grupo e em sala de aula. No âmbito dos Projetos Integradores, há articulação e integração de diferentes saberes e áreas de conhecimento para abarcar a complexidade de questões da vida cotidiana. Quando bem estruturados, os projetos também contribuem para o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais, possibilitando aos estudantes mobilizar diferentes habilidades ao longo das etapas do projeto. Nesse processo, várias atividades podem ser empregadas para promover a aprendizagem ativa:
• Atividades para motivação e contextualização: os alunos precisam querer fazer o projeto, se envolver emocionalmente, achar que dão conta do recado caso se esforcem etc.
• Atividades de brainstorming: espaço para a criatividade, para dar ideias, ouvir os outros, escolher o que e como produzir, saber argumentar e convencer.
• Atividades de organização: divisão de tarefas e responsabilidades, escolha de recursos que serão utilizados na produção e nos registros, elaboração de planejamento.
• Atividades de registro e reflexão: autoavaliação, avaliação dos colegas, reflexão sobre qualidade dos produtos e processos, identificação de necessidade de mudanças de rota.
• Atividades de melhoria de ideias: pesquisa, análise de ideias de outros grupos, incorporação de boas ideias e práticas.
• Atividades de produção: aplicação do que os alunos estão aprendendo para gerar produtos.
• Atividades de apresentação e/ou publicação do que foi gerado: com celebração e avaliação final57.
56 ZABALA; ARNAU, ref. 15.
57 MORAN, ref. 48, p. 18-19.
A ampliação do acesso aos recursos digitais ocorrida nas primeiras décadas do século XXI é um dos fatores que mais têm modificado a interação entre as pessoas. O uso de celulares e computadores e a interconexão proporcionada pela internet transformaram significativamente as práticas sociais nos mais diversos campos da atividade humana e possibilitaram a interação entre pessoas e entre pessoas e máquinas.
Atual e necessário, o processo de ensino-aprendizagem no campo das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) deve ser fomentado e trabalhado no contexto escolar, pois o domínio de seus usos instrumentaliza os estudantes não só para a aprendizagem na escola, mas também para a atuação nos contextos social e profissional. A incorporação das tecnologias digitais nas práticas pedagógicas e o desenvolvimento de habilidades para usá-las de forma responsável, além de necessários para que os estudantes atuem em um mundo altamente conectado, podem atrair o interesse dos jovens e engajá-los no processo de ensino-aprendizagem58
A atividade escolar envolvendo o uso de tecnologias digitais, unida às experiências prévias dos estudantes com essas ferramentas, possibilita o desenvolvimento de habilidades voltadas à participação consciente e democrática dos jovens na sociedade por meio da comunicação digital, assim como a reflexão sobre os fundamentos das TDICs e os aspectos relacionados à comunicação de dados e à segurança de rede, por exemplo. As tecnologias digitais possibilitam o diálogo entre os diversos componentes curriculares e entre as áreas de conhecimento, por meio da realização de pesquisas, do planejamento para a apresentação de trabalhos e da partilha de informações, favorecendo as interações com o mundo virtual e globalizado que nos cerca. Portanto, as habilidades necessárias para utilizá-las de forma crítica e propositiva perpassam os limites dos componentes curriculares e podem ser trabalhadas nos mais diversos contextos.
Os Projetos Integradores também abrem terreno para o pensamento computacional, que contribui para o desenvolvimento de competências e habilidades específicas associadas à abstração, à visualização, à generalização e ao uso de estratégias algorítmicas. Na implantação
de propostas pela metodologia de projetos, o pensamento computacional está associado ao desenvolvimento do pensamento lógico e do pensamento algébrico (como previsto na BNCC); por isso, sua prática não deve ser entendida como uma preparação dos jovens para trabalhar com computação, mas como uma forma de lidar com problemas que demandam a capacidade de analisar e organizar logicamente as informações para, posteriormente, resolvê-los de modo eficiente.
Vale destacar o fato de que, embora o ensino baseado em tecnologia seja desejável e recomendado nas escolas, o trabalho com Projetos Integradores não depende do uso extensivo de tecnologia. Em um país desigual como o Brasil, a disponibilidade de recursos digitais pode constituir um desafio à realidade de muitas escolas e jovens. Para superar esse desafio, os professores podem explorar diferentes estratégias de ensino e adaptá-las a seu contexto, sem comprometer a aprendizagem dos estudantes. Um exemplo é o pensamento computacional, citado anteriormente. Embora o aprendizado possa ser enriquecido com o uso de tecnologias digitais, é possível trabalhar o pensamento lógico e matemático sem o uso delas.
A aprendizagem socioemocional é contemplada na BNCC e se expressa por meio das competências gerais propostas no documento para a Educação Básica de todo o país. Entre as dez competências propostas, três estão mais atreladas à aprendizagem socioemocional. São elas:
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base
em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários59.
Essa perspectiva está alinhada com o compromisso com a formação integral dos estudantes, o que significa promover uma educação que vá além da aprendizagem de conteúdos dos diferentes componentes curriculares e envolva questões sobre autoconhecimento, autorregulação das emoções e relacionamento com outras pessoas.
Nesse contexto, o trabalho com metodologias ativas, como a proposta de Projetos Integradores, é uma estratégia eficaz na aprendizagem socioemocional60. Além da aprendizagem ativa, a aprendizagem baseada em projetos parte do princípio do trabalho colaborativo entre os estudantes.
O trabalho em equipe é prática fértil para aflorar interesses, expectativas e pontos de vista pessoais. Assim, eventuais conflitos não devem ser evitados, pois a superação dos embates, quando bem gerenciados, possibilita o estabelecimento de novas relações, o questionamento de valores e o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes. Uma saída para conectar os jovens a um trabalho em grupo significativamente produtivo passa pelo desenvolvimento das competências socioemocionais. Nesse processo, eles aprendem a colocar em prática as melhores atitudes e habilidades para compreender e regular emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia, manter relações sociais positivas e tomar decisões de maneira responsável, como aponta o trecho a seguir:
[...] as competências socioemocionais constituem uma integração de saberes e fazeres sobre si mesmo e sobre os demais, apoiando-se na consciência, na expressão, na regulação e na utilização (manejo) das emoções, cujo objetivo é aumentar o bem-estar pessoal (subjetivo e psicológico) e a qualidade das relações sociais. Em resumo, a inteligência emocional, a regulação emocional, a criatividade emocional e as habilidades sociais integram um conjunto mais amplo denominado de competências socioemocionais61.
No contexto do trabalho em grupo, espera-se que os estudantes se desenvolvam na dimensão socioemocional, ao conseguir praticar a escuta ativa, refletir e argumentar
adequadamente e expor suas ideias e justificativas com objetividade. Ao pensar, preparando argumentos contrários aos dos colegas ou concordando com eles, os jovens estabelecem conexões entre as informações e sintetizam diferentes conhecimentos. Objetivamente, isso significa desenvolver o pensamento crítico e ético e a capacidade de agir coletivamente para a melhoria das condições sociais e ambientais no seu contexto local e, ao mesmo tempo, desenvolver o conhecimento científico e as competências específicas e habilidades da BNCC.
O desenvolvimento de habilidades socioemocionais favorece uma experiência que abarca reflexões e debates a respeito de problemas reais, presentes na comunidade escolar: ocorrências de assédio (moral, físico ou emocional) ou violência praticada com o outro ou autoprovocada, casos graves de indisciplina escolar e de ataque ao patrimônio público, práticas de bullying, complicações da saúde mental e comportamento agressivo, além de outras questões relacionadas às particularidades da vivência cotidiana dos jovens. Por isso, espera-se que o trabalho com os Projetos Integradores sirva como instrumento para que os estudantes lidem com a complexidade da vida cotidiana e aprendam a valorizar seus pontos fortes e a reconhecer seus pontos a melhorar, de modo que superem e compreendam suas dificuldades e as dos colegas.
Ao longo da formação das crianças e dos jovens, a escola é um espaço propício para o desenvolvimento e a consolidação das ideias de democracia, e isso se torna muito mais viável quando as práticas educacionais são baseadas em situações reais e contextualizadas. Esse é um dos motivos pelos quais, no trabalho com Projetos Integradores, valoriza-se a formação dos estudantes para que considerem a perspectiva social, a reflexão, o diálogo e a abordagem da diversidade e das múltiplas existências.
Desse modo, a escola não apenas propõe o exercício da democracia, tornando-se um espaço de “aprendentes”, mas também acolhe efetivamente a diferença. Larrosa (2004) apresenta uma interessante reflexão sobre as possibilidades de
59 BRASIL, ref. 2, p. 10.
60 CAVALCANTI, ref. 31.
61 GONDIM, Sônia Maria G.; MORAIS, Franciane Andrade de; BRANTES, Carolina dos Anjos A. Competências socioemocionais: fator-chave no desenvolvimento de competências para o trabalho. Revista Psicologia – Organizações & Trabalho, Florianópolis, v. 14, n. 4, p. 400, out./dez. 2014.
encontros com o outro. Em uma primeira possibilidade, vemos no outro a identificação diante do conforto de sermos iguais: mesmos gostos, modos de encarar a vida e valores. Nesse encontro não estou com o outro, mas comigo mesmo. É o encontro do reconhecimento de si. Diante do idêntico, encontro a mim mesmo. A segunda possibilidade está em ver o outro como algo a ser conquistado, dominado, controlado e capaz de nos satisfazer. Esse encontro, segundo Larrosa, é o da apropriação. Nele também não estou encontrando o outro, mas o meu próprio desejo, minha necessidade de controle e de uso do outro. Estou mais uma vez encontrando a mim mesmo. Mas temos ainda a terceira possibilidade que é o encontro efetivo com o outro. [...] esse é o encontro da experiência de tombamento diante do outro, do abandono da ideia de dominá-lo e da entrega ao que o outro pode me trazer de absolutamente novo e capaz de me fazer sair de mim mesmo para vê-lo como outro, não mais como idêntico, não mais como objeto de apropriação.
Não basta estar com o outro como reconhecimento de si mesmo ou como dominação e imposição de si mesmo. Devemos estar com o outro como experiência democrática: como entrega, confiança e curiosidade efetiva pelo que pode ensinar o outro, ainda que muito diferente62
Essas são oportunidades nas quais as práticas escolares, com a implantação de Projetos Integradores, promovem o reconhecimento da diferença e o convívio social republicano. Em uma sociedade democrática, a escola pode se tornar o espaço ideal para determinados assuntos serem discutidos, analisados e resolvidos da forma mais adequada possível.
Esse espaço democrático pode começar na sala de aula, de uma perspectiva inclusiva. Na organização do espaço escolar, deve-se garantir a circulação de estudantes com deficiência ou mobilidade reduzida, por exemplo. Além disso, é preciso considerar a diversidade entre os estudantes no planejamento das aulas, levando
em conta a escolha dos recursos e das estratégias didáticas. Muitas situações de discriminação podem ser evitadas com a adaptação das atividades propostas, dos recursos utilizados ou do rearranjo de móveis. Em certos casos, conversar com os familiares ou responsáveis pode ser uma alternativa para compreender as necessidades de cada estudante. Nesse sentido, Borba e Lesnosvki definem inclusão no contexto escolar [...] não apenas como o aumento da porosidade de nossas práticas à participação física dos indivíduos, mas também como a possibilidade de que todos os sujeitos envolvidos se apropriem do ambiente e se sintam pertencentes à situação. Não basta fornecer acesso à educação inclusiva, é preciso também possibilitar o aprendizado e a produção de significado63
É fundamental que, diante de turmas muito diversas, o professor esteja atento às demandas individuais de cada estudante.
Um dos objetivos pedagógicos propostos para o Novo Ensino Médio é o de tornar a aprendizagem mais eficaz, o que acarreta a melhoria dos indicadores educacionais e diminui os índices da evasão escolar. Isso certamente vai ao encontro dos objetivos de todos os professores e gestores educacionais.
A melhoria do processo de aprendizagem implica o envolvimento dos estudantes na construção do conhecimento. O desinteresse dos jovens é mencionado de forma recorrente, gerando um problema aparentemente paradoxal: como o principal agente da aprendizagem, o estudante, pode participar de um processo pelo qual não demonstra interesse?
O desinteresse em estudar tem sido observado com mais força e nitidez na faixa etária de 15 a 25 anos, conforme aponta a Pnad Contínua realizada em 2023, pelo IBGE. A pesquisa indica que a taxa de escolarização de jovens entre 15 e 17 anos ficou estável entre 2022 e 2023, chegando a 91,9% em 2023. De acordo
62 CHRISTOV, Luiza Helena S. Escola como espaço para a aprendizagem da convivência democrática e do respeito à diversidade. In: SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA. Saber em ação 2013. São Paulo: Sesi, 2013. p. 105.
63 BORBA, Gustavo Severo; LESNOVISKI, Melissa Merino. Transformando a sala de aula: ferramentas do design para engajamento e equidade. Porto Alegre: Penso Editora, 2023. p. 63. e-pub.
com a meta 3 do Plano Nacional de Educação, a taxa ajustada líquida de escolarização64 nessa faixa etária deveria estar em 85% em 2024. No entanto, o resultado no país foi de 75%, o que demonstra que o Brasil ainda está distante das metas estabelecidas para esse grupo de pessoas65.
Levando-se em consideração o grupo de jovens de 14 a 29 anos do País, 9,0 milhões não completaram o ensino médio, seja por terem abandonado a escola antes do término desta etapa ou por nunca a terem frequentado. Desses, 58,1% eram homens e 41,9% eram mulheres. Considerando-se cor ou raça, 27,4% eram brancos e 71,6% eram pretos ou pardos.
Ao analisar a idade que estes jovens de 14 a 29 anos deixaram a escola, é importante observar que os maiores percentuais de abandono a escola se deram nas faixas a partir dos 16 anos de idade (entre 16,0% e 21,1%). Mesmo assim, ainda existe abandono precoce na idade do ensino fundamental, que foi de 6,2% até os 13 anos e de 6,6% aos 14 anos. Esse padrão se mantém semelhante entre homens e mulheres e entre as pessoas de cor branca e preta ou parda. Vale destacar que o grande marco da mudança foi a idade de 15 anos que, em geral, é a idade de entrada no ensino médio. Nessa idade, o percentual de jovens que abandonaram a escola quase duplicou frente aos 14 anos de idade. Frente a 2019, o grupo que deixou de frequentar a escola com até 13 anos de idade foi o que apresentou maior redução de abandono escolar (2,3 p.p). Por outro lado, o grupo que abandonou a escola com 18 anos registrou o principal aumento (5,4 p.p.)
[...]
Quando perguntados sobre o principal motivo de terem abandonado ou nunca frequentado escola, esses jovens apontaram a necessidade de trabalhar como fator prioritário. No Brasil, este contingente chegou a 41,7% em 2023, aumento de 1,5 p.p. em comparação a 2022. Para aqueles que responderam que abandonaram por não terem interesse de estudar, embora seja o segundo principal motivo, este tem apresentado queda sequencial
nos três anos investigados pela pesquisa, chegando a 23,5% em 2023.
Para o principal motivo apontado ser a necessidade de trabalhar, ressaltam-se os homens, com 53,4%, seguido de não ter interesse de estudar (25,5%). Para as mulheres, o principal motivo foi também a necessidade de trabalhar (25,5%), seguido de gravidez (23,1%) e não ter interesse em estudar (20,7%). Além disso, 9,5% das mulheres indicaram realizar afazeres domésticos ou cuidar de pessoas como o principal motivo de terem abandonado ou nunca frequentado escola, enquanto para homens, este percentual foi inexpressivo (0,8%)66.
Diante dessa realidade, faz-se necessário pensar sobre a origem do desinteresse dos estudantes. O afastamento entre as práticas escolares e as demais práticas sociais presentes na vida cotidiana, que fragmenta e hierarquiza os conhecimentos, é um dos possíveis fatores que ocasionam a falta de interesse dos jovens no aprendizado formal. Segundo Freitas:
[...] O conhecimento foi partido em disciplinas, distribuído por anos e os anos foram subdivididos em partes menores que servem para controlar uma certa velocidade de aprendizagem do conhecimento. Convencionou-se que uma certa quantidade de conhecimento devia ser dominada pelos alunos dentro de um determinado tempo. Processos de verificação pontuais indicam se houve ou não domínio do conhecimento. Quem domina avança e quem não aprende repete ano (ou sai da escola).
A necessidade de introduzir mecanismos artificiais de avaliação (provas, testes etc.) foi motivada pelo fato de a vida ter ficado do lado de fora da escola. Com isso, ficaram lá também os “motivadores naturais” para a aprendizagem, obrigando a escola a lançar mão de “motivadores artificiais” – foi desenvolvido um sistema de avaliação com notas como forma de estimular a aprendizagem e de controlar o comportamento de contingentes cada vez maiores de crianças que acudiam à escola e tinham de ficar dentro dela, imobilizadas, ouvindo o professor. [...]67
64 Corresponde à relação entre o total de matrículas de estudantes na idade esperada para frequentar certo nível de ensino e o número total de indivíduos na mesma faixa etária.
65 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: educação 2023. Rio de Janeiro: IBGE, 2024. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv102068_informativo.pdf. Acesso em: 11 out. 2024.
66 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, ref. 65, p. 9-10.
67 FREITAS, Luiz Carlos de. Ciclos, seriação e avaliação: confronto de lógicas. São Paulo: Moderna, 2003. p. 27-28.
Esse diagnóstico evidencia o fato de que o processo avaliativo tem um papel importante na superação do modelo de aula no qual cabe aos estudantes apenas ouvir, copiar e memorizar aquilo que o professor apresenta ou está assinalado nos livros didáticos para depois, na avaliação, reproduzir as informações que lhes foram transmitidas. Como forma de resgatar o interesse dos estudantes pela escola, é fundamental dar sentido às atividades desenvolvidas para que eles se reconheçam nelas e se tornem cidadãos participantes, éticos e críticos, cientes das próprias responsabilidades e capazes de corresponder às demandas da sociedade contemporânea, que é um dos propósitos do trabalho com os Projetos Integradores. Além de resgatar o interesse dos estudantes, é essencial construir um ambiente seguro e acolhedor, tanto por meio da seleção dos temas trabalhados em sala de aula, que devem se aproximar do universo juvenil sempre que possível, quanto por meio do incentivo a práticas sociais respeitosas. Nesse sentido, conforme destacado anteriormente, um dos problemas mais frequentes e indesejados nos ambientes escolares é o fenômeno do bullying. Pensando nessa prática como um desafio a ser superado nas escolas, [...] os projetos de intervenção ao bullying precisam garantir que crianças e adolescentes – tanto protagonistas como espectadores –possam construir identidades autônomas que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral: é pela construção do respeito a si que podemos construir o respeito a outrem. Portanto, propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras pautadas em deveres e obrigações pouco poderão favorecer ao desenvolvimento de relações mais éticas, principalmente quando utilizam punições e castigos que mais aumentam o problema já que incidem exatamente sobre como esses meninos e meninas podem se ver sem valor posto que esse último está exterior a eles, na autoridade que impõe as regras de boa convivência68.
Assim como o bullying, outras formas de violência devem ser combatidas no ambiente escolar para que seja possível a promoção da cultura de paz, de modo que os estudantes se sintam à vontade para expor e celebrar suas diferenças como parte essencial da construção coletiva do conhecimento.
Na vida cotidiana, as pessoas planejam, agem e avaliam seus passos continuamente. Por vezes, isso é feito de forma intuitiva, mas em muitas ocasiões é realizado intencionalmente, sobretudo nas práticas sociais, educacionais e profissionais.
Abordar a avaliação no contexto do trabalho com projetos é essencial, pois o que se propõe é superar a lógica da avaliação a serviço do mero controle, da classificação e da seleção de estudantes, há séculos enraizada nas práticas escolares.
Nas últimas décadas, o conceito de avaliação foi se modificando, ao mesmo tempo que avançaram os estudos voltados para o processo de ensino-aprendizagem na área da educação. Assim, de instrumento de atribuição de notas e de classificação dos estudantes, como era considerada até meados da década de 1980, a avaliação passou a ser definida como um processo contínuo utilizado para diagnosticar a maior ou a menor aproximação aos objetivos propostos, a fim de indicar o que foi atingido e o que precisa ser revisto e/ou visto (pois, muitas vezes, na avaliação se percebem aspectos que não foram previstos no planejamento, mas, em razão do que foi apresentado pelos estudantes, precisam ser abordados). Tipos de avaliação
Em oposição à interpretação tradicional da prática avaliativa, encontra-se aquela que está a serviço da aprendizagem, defendida por muitos autores e pesquisadores. Entre eles, os mais conhecidos no Brasil são Charles Hadji, Jussara Hoffmann, Cipriano Luckesi, Luiz Carlos de Freitas e Celso Vasconcellos, que enquadram as práticas avaliativas em uma das seguintes modalidades: diagnóstica, formativa e somativa.
A avaliação diagnóstica fornece informações importantes para o planejamento das ações de professores e estudantes. Por causa desse vínculo com a elaboração de planos, as avaliações diagnósticas são feitas nas fases iniciais do projeto ou de cada uma de suas etapas. Avaliações individuais, orais e/ou escritas, podem ser usadas como instrumentos, assim como estudos de caso, dinâmicas de grupo, pesquisas e dramatizações podem fornecer informações sobre os aspectos cognitivos e
68 TOGNETTA, Luciene Regina P.; VINHA, Telma P. Estamos em conflito, eu comigo e com você: uma reflexão sobre o bullying e suas causas afetivas. In: CUNHA, Jorge Luiz da; DANI, Lúcia Salete Celich. (org.). Escola, conflitos e violências. Santa Maria: UFSM, 2008. p. 17.
socioemocionais dos jovens, além de seus conhecimentos prévios a respeito de determinado assunto ou área. Essas informações orientam ações que podem conduzir o planejamento e a aprendizagem, em detrimento da mera atribuição de notas e conceitos.
A modalidade formativa deve ser usada por estudantes e professores para coletar informações em cada etapa do processo de ensino-aprendizagem. Esse continuum avaliativo é importante para retomadas necessárias e aprimoramento do processo de construção do conhecimento. Com os dados coletados durante o processo, o professor pode ajustar a rota de ensino, a fim de fazer as necessárias intervenções pedagógicas, com foco na aprendizagem dos estudantes, e na gestão do projeto, com foco no resultado esperado.
Segundo Hadji69, esse tipo de avaliação acontece no centro da ação de formação dos estudantes e é integrado ao processo de ensino. Seu principal objetivo é:
[...] contribuir para melhorar a aprendizagem em curso, informando o professor sobre as condições em que está a decorrer essa aprendizagem, e instruindo o aprendente sobre o seu próprio percurso, os seus êxitos e as suas dificuldades70.
A avaliação somativa é aquela feita ao término de cada processo ou na etapa final dos trabalhos. Em geral, ela tem por finalidade atender a uma determinação de natureza administrativa de atribuição de um valor ou conceito. Quando as médias ou valores atribuídos (ou obtidos) ao longo do projeto são representativos de uma síntese significativa do processo global, a avaliação somativa passa a ter caráter formativo, não por ter a finalidade de selecionar ou classificar, mas por ser um indicador daquilo que precisa ser melhorado ou mantido.
Além desses tipos de avaliação, há o que se pode chamar de ipsativo. Esse tipo de abordagem, quando usado no contexto educacional, visa fornecer informações sobre o desempenho dos estudantes de acordo com métricas definidas por eles, ou seja, o rendimento dos estudantes relativo ao desenvolvimento das competências e habilidades previstas ao longo da Educação Básica é avaliado e comparado com avaliações anteriores. Desse modo, é possível ter uma perspectiva dos avanços na aprendizagem de cada estudante, identificando o que ainda precisa ser desenvolvido e o
que já foi atingido. De certa forma, a avaliação ipsativa colabora com a autoavaliação dos estudantes, fornecendo um panorama de suas aprendizagens ao longo do percurso educativo e ajudando a estabelecer metas pessoais de desenvolvimento.
No Ensino Médio, esse tipo de avaliação é uma ferramenta poderosa no acompanhamento das aprendizagens com o exercício contínuo do autoconhecimento. Além disso, é nessa etapa da Educação Básica que os estudantes demonstram mais autonomia para tomar decisões em sua trajetória no espaço escolar e em relação a seu futuro profissional e pessoal.
Assumindo uma postura de mediador, o professor oferece aos estudantes a oportunidade de participar ativamente do processo educacional – quer no próprio, quer no dos colegas. A reflexão e a discussão coletiva sobre o que foi produzido pelos estudantes constituem ferramentas importantes da avaliação e da interação escolar, pois articulam pareceres de colegas e do professor.
É fundamental que, no encerramento de um projeto, ou conforme o que for mais adequado em cada contexto, os estudantes façam a autoavaliação de seu envolvimento, de seu interesse, de seus desafios e de suas conquistas nesse processo.
A autoavaliação, seguida de uma discussão coletiva sobre o modo como os outros estudantes avaliam os colegas, é sempre recomendada antes da avaliação final do professor. Se os objetivos de cada etapa de trabalho e os critérios de avaliação estiverem nítidos para todos, tanto a autoavaliação quanto a avaliação feita pelo professor ficarão mais fáceis. Para desenvolver essa proposta, é necessário que os registros orais ou escritos dos estudantes sejam partes constitutivas do sistema de avaliação, de acompanhamento e de autoacompanhamento, de modo que possibilitem considerar os objetivos e os critérios de avaliação estabelecidos em cada etapa e no projeto como um todo.
Nessa direção, a ação de avaliar consiste em um processo que deve ser sistemático e compartilhado, e que demanda assertividade, organização, sensibilidade e criticidade. Essa dinâmica contínua integra três ações: a de recolher informações, a de elaborar juízos e a de tomar decisões de melhoria. Nesse sentido, ela só se efetiva nas tomadas de decisão no cotidiano e no planejamento, que requer diagnósticos permanentemente
69 HADJI, Charles. A avaliação, regras do jogo: das intenções aos instrumentos. 4. ed. Porto: Porto, 1994.
70 HADJI, ref. 69, p. 63-64.
atualizados e pautados na análise de dados representativos do conjunto que a subsidiem adequadamente. Com base nesse contexto, os processos avaliativos:
• do ponto de vista docente, servem para analisar e compreender as estratégias de aprendizagem utilizadas pelos estudantes, acompanhar e comunicar os resultados do processo de aprendizagem, dar um feedback individualizado aos estudantes, além de afirmar, (re)orientar e regular as ações pedagógicas;
• do ponto de vista do estudante, possibilitam a percepção das conquistas obtidas ao longo do projeto e o desenvolvimento de habilidades metacognitivas que compreendem a consciência do próprio conhecimento e a regulação dos processos de construção do conhecimento.
Este volume é composto de seis Projetos Integradores. Nas Orientações específicas deste manual, é indicado o perfil do professor sugerido para liderar cada projeto.
Os projetos são independentes uns dos outros, podendo ser realizados pelos professores na ordem que for mais interessante para cada unidade escolar. O tempo proposto para a realização de cada projeto está descrito nas Orientações específicas, mas pode ser adaptado de acordo com a realidade de cada turma. Nas orientações, o professor também dispõe de quadros com as habilidades e competências trabalhadas, além de sugestões de condução de cada atividade e respostas complementares àquelas disponíveis no Livro do estudante
Na abertura do projeto, em página dupla, são apresentados o número do projeto, a questão mobilizadora – que é o título do projeto – e uma imagem, que informam ao leitor a temática e sua importância nos âmbitos local e geral.
Na dupla de páginas seguinte, a Ficha de estudo contém informações essenciais sobre o projeto, como os objetivos, a justificativa da pertinência desses objetivos, os TCT e ODS abordados e a descrição do trabalho que será desenvolvido em cada etapa do projeto.
A questão norteadora é o disparador de todas as atividades que serão realizadas. No desenvolvimento do projeto, a organização das etapas viabiliza a concretização dos objetivos de aprendizagem, a apreensão de conteúdos e a realização de atividades relacionadas à questão mobilizadora. A ordenação das etapas também contribui para a realização de um conjunto de procedimentos interligados, que garantem a organicidade do processo de ensino-aprendizagem, gerando produções coletivas e individuais, orais e escritas, em múltiplas linguagens.
Todas as etapas do projeto permitem que os grupos produzam subprodutos, que vão auxiliar na composição do produto final.
A seção Atividades foi elaborada para explorar o conteúdo abordado de forma reflexiva e interpretativa e para promover a aproximação entre tema do projeto e as vivências do estudante. As atividades apresentam modalidades e graus diversos de dificuldade, a fim de estabelecer relações entre as áreas do conhecimento e explorar com profundidade habilidades e competências gerais e específicas da BNCC.
A seção Em ação, no final de cada etapa, define o momento de produção do subproduto.
Na etapa Mundo do trabalho, são abordados aspectos relacionados ao tema, como a apresentação de profissões e a discussão do contexto mais amplo e atual do mundo do trabalho.
O Saiba mais apresenta uma ampliação ou um complemento do tema central da etapa, e no Conexões são apresentadas dicas de filmes, livros e outros recursos para enriquecer o conteúdo estudado.
Na Etapa final, os grupos devem consolidar os aprendizados e os subprodutos desenvolvidos nas etapas anteriores para a execução do produto final, além de compartilhar com a comunidade os resultados desse trabalho.
Como um processo fundamental para a compreensão do diálogo com o outro e consigo mesmo na construção do conhecimento, ao final de cada projeto, é proposta uma Autoavaliação, que propicia um momento de reflexão individual e coletiva sobre os conhecimentos adquiridos ao longo do projeto, considerando o que foi atingido e o que precisa ser revisto, corroborando o conceito de avaliação concebido na elaboração desta obra.
Como conhecer e valorizar a diversidade da população brasileira?
Somos um país formado por uma diversidade de povos, como indígenas, africanos, europeus e asiáticos. Conhecer as contribuições socioculturais desses povos para a formação da sociedade brasileira possibilita o respeito às diversidades, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Esse estudo é necessário para promover o combate a preconceitos e estereótipos que ainda persistem na sociedade. Ao compreender os complexos processos que resultaram na formação do povo brasileiro, os estudantes podem refletir sobre as desigualdades sociais e os efeitos do racismo e outras formas de discriminação. Isso contribui para a formação de cidadãos conscientes e engajados em promover a justiça social, a equidade e o respeito às diferenças na comunidade em que vivem e na sociedade em geral.
O povo brasileiro é étnica e culturalmente diverso, formado por complexos processos históricos. No entanto, o racismo é um problema estrutural na sociedade, marginalizando sobretudo as populações negras e indígenas. O objetivo principal do projeto é contribuir para o combate a esse problema, valorizando a diversidade do povo brasileiro e debatendo ações contra o racismo. Isso é proposto por meio do estudo de processos que resultaram na formação do nosso povo, incluindo os primórdios da ocupação humana das Américas e os impactos da colonização. Essa temática é trabalhada destacando algumas técnicas que são empregadas nos estudos antropológicos, contribuindo para o conhecimento sobre povos antigos.
O projeto também visa fazer com que o estudante reflita sobre implicações e aplicações da técnica de
sequenciamento genético, que pode ter papel relevante em políticas de reparação histórica em favor de populações marginalizadas, bem como sobre aplicações dessa técnica na medicina de precisão. Por fim, ao propor a produção audiovisual de um documentário que reúna as temáticas desenvolvidas ao longo do projeto e valorize a diversidade do povo brasileiro, o projeto objetiva desenvolver no estudante habilidades de comunicação e colocá-lo no papel de protagonista da divulgação científica.
Atualmente, a sociedade tem discutido mais sobre temas ligados às relações étnico-raciais e à diversidade cultural. Nesse contexto, a promulgação das leis federais no 10.639/2003 e no 11.645/2008, que tornam obrigatório o estudo da história e da cultura afro-brasileiras e indígenas nos estabelecimentos da Educação Básica, públicos e privados, foi um marco importante, de modo que a escola passa a ter um importante papel na divulgação das contribuições desses povos. Nesse sentido, entendemos que o acesso à informação sobre os múltiplos aspectos da formação do povo brasileiro seja fundamental na promoção de uma sociedade mais justa, inclusiva e consciente de sua diversidade, capaz de combater o racismo estrutural e a violência que se pauta nele.
Ao final do projeto, os estudantes deverão produzir um documentário sobre algum grupo étnico que faça parte da construção da população brasileira. Essa apresentação é o resultado dos produtos desenvolvidos sequencialmente pelos estudantes ao longo das etapas anteriores.
Temas Contemporâneos Transversais (TCT)
O presente projeto se fundamenta no TCT Educação para valorização do multiculturalismo nas
matrizes históricas e culturais brasileiras, procurando trabalhar as contribuições de Ciências da Natureza e suas Tecnologias para o estudo da diversidade étnico-racial que caracteriza a sociedade brasileira, bem como seus conflitos. A proposta de abordagem visa compreender e valorizar a diversidade cultural do povo brasileiro, relacionando-se, portanto, aos TCT Diversidade cultural e Vida familiar e social. Ao abordar o racismo e propor discussões e ações para combatê-lo, o projeto abrange também o TCT Educação em direitos humanos.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
O estudo da diversidade da população e a problematização do racismo mobilizam o ODS Redução das desigualdades (10). Esse trabalho é aprofundado quando os estudantes voltam o olhar para o mercado de trabalho, abordando a desigualdade racial e a precarização nesse contexto. Com isso, o projeto contribui também com a mobilização do ODS Trabalho decente e crescimento econômico (8).
Professor indicado para liderar o projeto
Química com o auxílio dos professores de Biologia, Língua Portuguesa, Arte, História e Geografia.
Avaliação
O professor deve avaliar a participação individual e coletiva ao longo da realização do projeto. Ao final do Projeto Integrador, é proposta uma autoavaliação para o estudante.
O trabalho com as competências e as habilidades da BNCC
Competências gerais da Educação Básica
1, 3, 4, 5, 6, 7, 9
Competências específicas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias 2, 3
Habilidades de Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Competências específicas de outras áreas
Habilidades de outras áreas
Linguagens e suas Tecnologias: 1, 2, 3, 4, 6, 7 Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: 1, 2, 5, 6
Linguagens e suas
Tecnologias: EM13LGG104, EM13LGG204, EM13LGG105, EM13LGG301, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG401, EM13LGG602, EM13LGG603, EM13LGG604, EM13LGG703, EM13LGG704
Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas: EM13CHS101, EM13CHS102, EM13CHS104, EM13CHS106, EM13CHS204, EM13CHS206, EM13CHS502, EM13CHS503, EM13CHS601
Consulte na BNCC a descrição das competências e habilidades mobilizadas neste projeto. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 17 out. 2024.
Propomos que este Projeto Integrador seja dividido em cinco etapas, além da apresentação e da autoavaliação final, totalizando 20 aulas ao longo de um semestre. Caso seja mais adequado para sua realidade escolar, o projeto pode ter outra duração; ele pode, por exemplo, ser trabalhado ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.
Número de aulas Desenvolvimento
Apresentação1
Aula 1: Exploração das páginas de abertura e da Ficha de estudo. Criação do canal de compartilhamento da turma.
Aula 2: Leitura do texto e realização das atividades.
Etapa 1 2
EM13CNT207, EM13CNT208, EM13CNT301, EM13CNT302, EM13CNT303
Etapa 2 4
Aula 3: Realização da atividade da seção Em ação
Aulas 4 e 5: Leitura dos textos e realização das atividades das páginas 21 e 23.
Aula 6: Apresentação do infográfico.
Aula 7: Realização da atividade da seção Em ação
Etapa 3 4
Etapa 4 5
Etapa final 3
Aulas 8 e 9: Leitura dos textos e realização das atividades das páginas 27 e 29.
Aulas 10 e 11: Realização da atividade da seção Em ação.
Aulas 12 e 13: Leitura do texto e realização da seção
Saiba mais e das atividades das páginas 33, 34 e 35.
Aulas 14, 15 e 16: Realização das atividades da seção Em ação.
Aula 17: Planejamento inicial do documentário.
Aula 18: Apresentação e avaliação dos roteiros.
Aula 19: Apresentação dos documentários.
Autoavaliação 1
Aula 20: Balanço geral do evento e autoavaliação do projeto.
A imagem de abertura do Projeto Integrador traz a obra Somos muitos, do artista brasileiro Eduardo Kobra (1975-), para provocar reflexões e despertar o interesse da turma sobre o assunto que será abordado. Inicie a leitura da imagem solicitando aos estudantes que descrevam os elementos que a compõem. Verifique como eles expressam suas percepções acerca da representação de pessoas de diferentes etnias e gêneros.
1. Pergunte aos estudantes se eles acham que a obra consegue retratar toda a diversidade do povo brasileiro e peça-lhes que expliquem. Ouça as respostas, valorizando a participação da turma.
2. Estimule os estudantes a compartilhar suas impressões pessoais acerca da obra Somos muitos deixando claro que, na fruição artística, não há certo ou errado; ao contemplar uma obra de arte, o espectador entra em contato consigo mesmo, por meio de sensações, emoções e ideias que a obra desperta. Trata-se, portanto, de uma experiência individual.
3. O objetivo dessa pergunta é fazer os estudantes mobilizarem os conhecimentos que apresentam sobre o assunto e os compartilharem com a turma. Trata-se de um tema sensível, que pode envolver experiências e memórias dolorosas dos estudantes. Nesse momento, é importante criar um ambiente de respeito, no qual eles se sintam acolhidos para expor suas vivências, caso desejem.
Após a exploração inicial do tema na abertura, leia com a turma a Ficha de estudo. Apresente a questão norteadora, da qual todas as etapas derivam. Essa pergunta pode ser abordada como uma situação-problema, um desafio para o qual se convida os estudantes a propor soluções. Explicitar os objetivos e a justificativa do projeto contribui para engajar os estudantes no trabalho e para uma aprendizagem significativa. Avalie a possibilidade de incluir novos objetivos nessa lista, partindo de demandas que os estudantes tenham exposto durante a conversa inicial. Estimule a leitura do tópico Percurso do projeto, que apresenta uma breve descrição do que será feito em cada etapa. Comente a importância de cada uma das etapas para a construção de uma solução para a situação-problema. Por fim, destaque o trabalho que será realizado na Etapa final, na qual o produto final do projeto será criado. Encerre a aula solicitando aos estudantes que formem grupos para a realização do projeto. Aproveite o momento para falar sobre o boxe Hora de compartilhar. É necessário que os estudantes decidam qual será o canal de compartilhamento e o criem antes do início dos estudos.
A imagem de abertura visa despertar o olhar dos estudantes para o fato de que o termo indígena não diz respeito a apenas um povo, mas a centenas de povos. A mesma reflexão pode ser aplicada para termos como preto, branco e amarelo – que agrupam povos distintos, com línguas, costumes e tradições diferentes. Ao longo da etapa, os textos e as imagens ajudam a construir a noção de que a formação do povo brasileiro se deu por meio de diferentes processos ao longo do tempo, resultando em uma grande diversidade e complexidade.
Proponha a leitura do gráfico da página 13 e do mapa da página 14 e pergunte aos estudantes se os
dados sobre a região onde moram, apresentados nessas figuras refletem a realidade da turma. Caso haja discordância, promova uma conversa para levantar as possíveis explicações. Esse assunto é resgatado ao longo da seção Em ação desta etapa, a fim de mobilizar a habilidade EM13CHS106. Aproveite para ampliar a discussão sobre a temática com o Mapa clicável A diversidade étnico-racial no Brasil
Destaque que o estudo da diversidade da população é abrangente e se dá sobretudo pelas Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Não obstante, a área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias oferece contribuições importantes, como será evidenciado nas etapas seguintes.
Dica!
Os textos indicados abordam a influência dos povos africanos e indígenas na língua portuguesa falada no Brasil.
• SANTOS, Wilmihara Benevides S. Alves dos. A presença africana nas palavras que falamos em português. Museu da Língua Portuguesa, 15 mar. 2018. Disponível em: https://www.museudalinguaportuguesa.org. br/presenca-africana-nas-palavras-que-falamos-em -portugues-um-artigo-de-wilmihara-benevides-s-alves -dos-santos/. Acesso em: 16 set. 2024.
• ABDALA, Vitor. Tupi deu importantes contribuições ao português. Agência Brasil, [s. l.], 11 dez. 2014. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/ cultura/noticia/2014-12/tupi-deu-importantes -contribuicoes-ao-portugues. Acesso em: 16 set. 2024.
1. Estimule os estudantes a compartilhar histórias que eles relacionam com a identidade da família ou comunidade onde vivem. Destaque que a tradição oral faz parte da cultura de um povo e pode ter função de transmitir informações importantes, lições morais, valorização, entre outras. Destaque, ainda, que outras formas de transmissão de conhecimento, como a escrita, são bem mais recentes que a transmissão oral, e que nem todos os povos adotam a escrita. Essa abordagem propicia o desenvolvimento da habilidade EM13CHS101.
2. Se julgar oportuno, disponibilize aos estudantes os textos indicados no boxe Dica! para que eles possam utilizar como fonte de pesquisa para a realização da atividade.
3. a) Se julgar necessário, comente que a obra pertence ao gênero pintura histórica, que combina retrato, natureza-morta e paisagem para representar um acontecimento de relevância histórica. Aproveite o momento para problematizar com os estudantes como esse encontro entre os indígenas e os portugueses é retratado nessa e em outras obras. Fruir e apreciar esteticamente manifestações artísticas e culturais, relacionando-as às diferentes dimensões da vida social, cultural, política e econômica, contribui para o desenvolvimento das habilidades EM13LGG602 e EM13LGG604.
b) A perda de uma língua não é apenas a extinção de uma forma de comunicação, mas também o desaparecimento de uma riqueza cultural e de um modo único de interpretar a realidade. Essa reflexão contribui para o desenvolvimento da habilidade EM13LGG401.
Os estudantes são convidados a interpretar e reinterpretar a conhecida pintura Carnaval, do artista plástico brasileiro Di Cavalcanti. Se possível, realize esse trabalho em parceria com o professor da área de Linguagens e suas Tecnologias do componente curricular Arte. Essa obra é uma pintura do movimento modernista, que retrata a cultura e o povo brasileiro. Na representação dos morros cariocas, ao fundo, dos músicos e dos passistas de samba, é possível observar as cores vivas que enaltecem a alegria e a musicalidade do povo e da festa retratada. O artista apresenta, dessa forma, o povo negro, os indígenas e os mestiços suburbanos do Brasil.
Estimule os estudantes a perceber esses elementos da obra e reinterpretá-los para produzir manifestações artísticas como fotografias, desenhos ou pinturas, o que contribui para desenvolver a habilidade EM13LGG301. As reflexões e conclusões desenvolvidas nessa seção serão retomadas ao longo do processo, em especial na Etapa final
Ao valorizar as diversas manifestações artísticas e participar de práticas da produção artístico-cultural, usando diferentes linguagens, é favorecido o desenvolvimento das competências gerais 3 e 4
Hora de compartilhar – p. 16
A produção de texto proposta na seção Em ação pode ser individual ou coletiva. Oriente os estudantes a publicar os materiais no canal de compartilhamento
criado pela turma. Esse trabalho contribui para o desenvolvimento das habilidades EM13CNT302, EM13LGG104 e EM13LGG603.
Como começou a ocupação humana do Brasil?
Reconhecer o longo passado da presença humana no continente americano contribui para desenvolver a noção de que povos diversos habitavam esse território no passado, mesmo que a história deles não seja tão bem conhecida quanto a história de povos antigos de outros continentes. Essa reflexão, diretamente relacionada às habilidades EM13CNT208 e EM13CHS206, permite construir uma compreensão dos processos que resultaram na formação do povo brasileiro.
Os geoglifos representados na imagem de abertura da etapa permitem explorar a ideia de que ainda sabemos pouco sobre a riqueza cultural dos povos que habitaram o território correspondente ao do Brasil atual no passado. Essas estruturas revelam um relevante conhecimento matemático e técnico do povo que as criou, mas a função delas e a identidade desse povo são desconhecidas.
Ao longo da etapa, o texto destaca técnicas empregadas na Antropologia para obter informações sobre o passado, o que inclui hábitos alimentares e genes presentes em populações ancestrais. Isso permite destacar o caráter interdisciplinar dos estudos antropológicos, que dependem de abordagens conjuntas das Ciências da Natureza e das Ciências Humanas.
Comente que a análise de isótopos estáveis é realizada em um espectrômetro de massa de razão isotópica e baseia-se na análise da razão isotópica em amostras. Os valores obtidos são comparados com padrões da Agência Internacional de Energia Atômica. Aproveite o momento para explicar que cada região do mundo, em suas águas e solos, apresenta uma razão isotópica do elemento químico estrôncio (Sr) específica. Ao viverem no ambiente, plantas, seres humanos e outros animais têm o estrôncio incorporado a suas células. Quando os seres humanos e outros animais se movem entre diferentes ambientes, são expostos a diferentes fontes de água e de comida (vegetal ou animal). As informações obtidas ao realizar a razão isotópica do elemento químico estrôncio em
ossos e pelos, por exemplo, possibilita aos cientistas rastrear a mobilidade e a migração dos seres humanos e de outros animais.
Atividades – p.
• Ao interpretar textos de divulgação científica que tratem de temáticas das Ciências da Natureza e suas Tecnologias, essa atividade possibilita o trabalho da habilidade EM13CNT302.
a) Comente que Luzia é o fóssil humano mais antigo das Américas, e sua descoberta enfraqueceu a teoria da primazia do povo de Clóvis.
b) Se necessário, retome o esquema do ciclo do carbono-14 para elucidar as principais dúvidas dos estudantes sobre a técnica.
c) A técnica de análise de DNA antigo será explorada de forma mais profunda no tópico a seguir. Nesse momento, é essencial apenas que os estudantes a reconheçam como uma técnica para estudar o passado.
• O trabalho com a pesquisa e a produção de um infográfico mobiliza as habilidades EM13CNT302 e EM13CNT303. A seguir, há a descrição resumida de cada uma das técnicas listadas:
Análise de isótopos estáveis: estuda proporções de isótopos estáveis (não radioativos) em materiais orgânicos ou inorgânicos, permitindo rastrear dietas, migrações e mudanças ambientais.
Datação por radiocarbono: determina a idade de materiais orgânicos medindo a quantidade de carbono-14, um isótopo radioativo que decai após a morte do organismo.
Estudo de DNA antigo: envolve a extração de DNA de restos biológicos, possibilitando, por exemplo, reconstruir ancestrais genéticos, traçar migrações e entender padrões de domesticação.
Microscopia eletrônica de varredura: utiliza um feixe de elétrons para obter imagens detalhadas da superfície de amostras, revelando características que não são visíveis com microscópios convencionais.
Análise de proteínas (proteômica): identifica e quantifica proteínas em amostras biológicas, revelando informações sobre dieta, doenças e biologia molecular de organismos antigos.
Análise por ativação neutrônica (INAA): usa irradiação com nêutrons para identificar e quantificar elementos em amostras, ajudando a determinar origens e rotas comerciais de artefatos.
A publicação do infográfico coloca os estudantes no papel de divulgadores do conhecimento científico. Esse trabalho mobiliza as habilidades EM13LGG104, EM13LGG703 e EM13LGG704.
A seção Em ação propõe estudar a ocupação humana na América de forma interdisciplinar, integrando a área de Linguagens e suas Tecnologias. O foco é trabalhar com o gênero textual notícia no processo de remidiação, que envolve a transposição de uma mídia para outra, alinhando-se à habilidade EM13LGG105. Uma notícia informa eventos de interesse público de forma objetiva, sem opiniões, diferindo de reportagens, artigos de opinião e editoriais, que oferecem análises mais profundas e subjetivas. Os estudantes devem escolher uma notícia para remidiá-la, aprofundando-se no tema com base em suas pesquisas. O formato de divulgação pode variar, incentivando o uso de tecnologias digitais, como cards, vídeos curtos, histórias em quadrinhos ou infográficos. Caso o trabalho inclua produção cartográfica sobre a dispersão geográfica humana, mobiliza-se a habilidade EM13CHS106.
Hora de compartilhar – p. 24
Ressalte a importância de esse conteúdo de divulgação produzido na seção Em ação ser publicado no canal de compartilhamento criado pela turma a fim de atingir o maior número de pessoas.
Como valorizar a diversidade do Brasil?
Esta etapa do projeto explora os impactos da colonização na formação do povo brasileiro, abordando a imigração europeia, a escravização africana e o extermínio indígena, em conformidade com a habilidade EM13CHS204. A colaboração do professor do componente curricular História é recomendada para tratar esse tema.
Na área de Ciências da Natureza, discute-se como o sequenciamento genômico pode preencher lacunas sobre povos escravizados ou extintos, vinculando-se
ao conceito de reparação histórica e à medicina de precisão, que deve considerar a diversidade étnica para ser eficaz. Aproveite para ampliar a discussão sobre a importância do sequenciamento genético para determinar a origem étnica e geográfica com o Podcast Sequenciamento genético e fortalecimento da ancestralidade
Por fim, investiga-se a diversidade de plantas medicinais na cultura popular brasileira, refletindo a diversidade sociocultural. A interdisciplinaridade entre Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas se faz presente para a produção de conhecimentos.
Proposta de ampliação
Selecione um ou mais episódios do documentário indicado no boxe Conexões da página 25, reservando um tempo da aula para assistir a ele(s) com os estudantes. Caso não seja possível acessar a internet em sala de aula, peça aos estudantes que assistam ao(s) episódio(s) em casa ou na sala de informática da escola. Depois, reserve um momento para que a turma possa debater a formação do povo brasileiro, sua origem e cultura. Essa discussão possibilita resgastar as princiais ideias abordadas ao longo do projeto.
a) A maioria dos brasileiros DNAEB tem pouca informação sobre sua ancestralidade em comparação aos descendentes de outros povos, como europeus e asiáticos.
Ações como essa visam à reparação histórica e ajudam a combater o racismo estrutural, reconhecendo e valorizando a ancestralidade de grupos marginalizados.
b) Até o momento da elaboração desta obra, apenas os municípios de São Paulo (SP) e São Bernardo do Campo (SP) contavam com projetos de lei em tramitação sobre o tema. Caso esse serviço não esteja disponível na localidade, os estudantes podem ser orientados a redigir uma carta ou e-mail para as casas legislativas, direcionada a prefeito e vereadores, apresentando a relevância desse tipo de política e solicitando a criação dela.
c) Se julgar oportuno, comente a importância de políticas públicas para a promoção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Atividades relacionadas à pesquisa e à elaboração de textos para divulgar informações mobilizam as habilidades EM13CNT302 e EM13CNT303.
de compartilhar – p. 27
Espera-se que o texto produzido pelos grupos reflita as considerações deles sobre a importância de políticas públicas voltadas à reparação histórica a favor de povos marginalizados, bem como informações sobre a oferta ou não do serviço de sequenciamento genético gratuito para a população. Esse trabalho mobiliza as habilidades EM13CNT302 e EM13CNT303
1. Essa atividade possibilita o trabalho interdisciplinar entre as áreas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Pode-se aproveitar a oportunidade de trabalhar a busca por fontes confiáveis para a realização de pesquisas, a organização de informações em tabelas e a localização de informações em um mapa-múndi, a fim de promover o desenvolvimento das habilidades EM13CNT302 e EM13CNT303.
2. a) É possível expandir a atividade e solicitar aos estudantes que pesquisem os hábitos alimentares de povos indígenas brasileiros. Como sugestão, temos o texto disponível em: https://books.scielo.org/id/fyyqb/pdf/ barros-9788575415870-10.pdf (acesso em: 17 set. 2024).
b) Cacau e cupuaçu são fontes de teobromina, cafeína e teofilina, alcaloides com efeito estimulante do sistema nervoso central. O consumo dessas substâncias pode levar ao aumento da frequência cardíaca e à dilatação dos vasos sanguíneos. Elas também apresentam propriedades diuréticas, isto é, aumentam a produção de urina. A pesquisa proposta contribui com o desenvolvimento da habilidade EM13CNT301.
Os estudantes farão um levantamento sobre o uso medicinal de plantas, refletindo a diversidade da população brasileira. Espera-se que sejam identificadas três origens principais: plantas nativas, com usos medicinais originados em povos indígenas; plantas africanas trazidas por escravizados; e plantas introduzidas por imigrantes europeus, além de contribuições de imigrantes do Japão e de outros povos.
A dinâmica inclui entrevistas com pessoas da comunidade reconhecidas por seus conhecimentos fitoterápicos, valorizando saberes tradicionais, que, embora baseados em experiência empírica, desempenham um papel crucial na transmissão de técnicas e na
identidade cultural. Essa atividade favorece o desenvolvimento das competências gerais 1 e 6
Os estudantes também devem pesquisar o nome científico das plantas mencionadas e suas origens geográficas. É importante alertar que, apesar de naturais, muitas plantas podem ser tóxicas e apresentar contraindicações. O professor de Biologia pode ajudar na busca de informações e na identificação correta das plantas. Os estudantes devem registrar a ausência de dados quando necessário e comunicar suas descobertas, desenvolvendo as habilidades EM13CNT302 e EM13CNT303, de interpretação de textos científicos e comunicação.
O estudo pode ser aprofundado na área de Química, com atividades práticas e a cartilha Ensinando sobre plantas medicinais na escola, disponível em: https://www.ufmg.br/mhnjb/ceplamt/publicacoes/ (acesso em: 17 set. 2024). O trabalho mobiliza as habilidades EM13LGG104, EM13LGG301, EM13LGG703 e EM13LGG704
Hora de compartilhar – p. 30
A publicação do relatório no canal de compartilhamento visa colocar os estudantes no papel de divulgadores, agindo em prol da valorização dos saberes tradicionais na comunidade em que vivem.
Como a diversidade do povo se relaciona com o mercado de trabalho?
Nesta etapa, a questão que norteia o projeto é analisada com foco no mercado de trabalho, a fim de reconhecer como a desigualdade racial existente na sociedade se faz presente no mundo do trabalho, discutindo suas formas, causas e possíveis soluções. Dessa maneira, trabalha-se com as habilidades EM13CNT207, EM13CHS102 e EM13CHS601.
Para isso, apresentam-se uma definição de racismo e estatísticas sobre a desigualdade de remuneração em razão de raça e sexo, segundo o IBGE. Também se comenta o racismo estrutural e a importância de ações afirmativas para reverter esse quadro. Nesse sentido, o debate é expandido para incluir considerações sobre a precarização do trabalho, que afeta desproporcionalmente a população negra e parda. Por fim, os grupos devem organizar uma mesa-redonda, com profissionais
que representem a diversidade da população, para conversar sobre as desigualdades no mercado de trabalho.
Nos últimos anos, o trabalho por plataformas digitais cresceu no Brasil, abrangendo motoristas de aplicativo e entregadores de refeições por delivery. Especialistas alertam que esse modelo cria uma falsa sensação de autonomia, pois o trabalhador permanece subordinado à empresa. Questões previdenciárias também são preocupantes, e as ocupações informais desafiam normas de trabalho justo estabelecidas pela Organização Internacional do Trabalho. Ao discutir o tema, é relevante consultar o projeto de lei complementar no 12/2024, disponível em: https://www.planalto.gov. br/CCIVIL_03/Projetos/Ato_2023_2026/2024/PLP/ plp-012.htm (acesso em: 27 set. 2024), que regulamenta o trabalho mediado por aplicativos de transporte e estabelece direitos e inclusão previdenciária, sendo a primeira tentativa federal nesse sentido.
• Considerando os problemas identificados como causadores da precarização, peça aos estudantes que proponham soluções. Para combater a precarização do trabalho, pode ser sugerido fortalecer a organização sindical e a mobilização coletiva, garantindo que ocorra uma negociação justa de melhores condições de trabalho, salários justos e proteção social para os trabalhadores, especialmente os informais. A criação de políticas públicas que assegurem direitos trabalhistas básicos, como segurança no trabalho, férias remuneradas, previdência e assistência à saúde, também é essencial. Além disso, o fortalecimento das legislações trabalhistas, combatendo práticas abusivas, e o incentivo ao diálogo entre trabalhadores, empresas e governos para a promoção de empregos de qualidade são medidas fundamentais para garantir condições dignas de trabalho.
Compreender que a precarização do trabalho afeta principalmente a população negra e parda, impactando socialmente os indivíduos, contribui para desenvolver as habilidades EM13CNT207 e EM13CHS102.
Hora de compartilhar – p. 33
A publicação do texto produzido na seção Saiba mais mobiliza as habilidades EM13LGG104, EM13LGG703 e EM13LGG704. Diante da relevância do tema, é possível solicitar aos estudantes que tornem
essas publicações acessíveis a pessoas com deficiência visual, por exemplo, transformando-as em áudio.
1. Para encontrar a edição mais recente do relatório, os estudantes devem acessar a página do IBGE e, no campo de busca, usar a expressão “Síntese de Indicadores Sociais” seguida do ano corrente ou do anterior (por exemplo, “Síntese de Indicadores Sociais 2026”).
a) Se julgar oportuno, consulte os relatórios de outros anos para construir um gráfico que represente a evolução cronológica desse indicador.
b) Espera-se que os estudantes reconheçam que a desigualdade racial se reflete em todas as áreas da sociedade.
c) Os estudantes podem ainda mencionar: as políticas públicas de redistribuição de renda e o acesso à moradia digna e saúde de qualidade; a promoção de uma educação antirracista, que inclui o ensino da história africana, indígena e afro-brasileira, bem como a valorização da cultura e da contribuição desses grupos na formação da identidade nacional; o investimento em políticas públicas de combate ao racismo no sistema de justiça e segurança pública, que desproporcionalmente afeta a população negra.
2. Ao abordar o racismo estrutural e seus impactos nos indivíduos, a atividade contribui para desenvolver as habilidades EM13CNT207 e EM13CHS102
a) Se julgar oportuno, comente a respeito de palavras e expressões que, ainda, são usadas por algumas pessoas, mas que apresentam cunho racista, como meia-tigela, denegrir e programa de índio.
b) Os estudantes podem ainda argumentar que a autora menciona dispositivos legais que dificultavam o acesso a direitos, como à educação e à terra, para a população negra no Brasil, mesmo após a proibição da escravidão. Os estudantes podem argumentar que o racismo é estrutural, enraizado em instituições sociais, políticas e econômicas desde o período colonial, perpetuando desigualdades até hoje. A exclusão histórica de negros e indígenas resulta em pobreza, baixa escolaridade e vulnerabilidade à violência. O racismo se manifesta nas práticas institucionais, como no sistema de justiça, no qual pessoas negras enfrentam discriminação, normalizando essa desigualdade nas relações sociais e políticas públicas. Esse debate desenvolve a habilidade EM13LGG204.
c) Ao longo da história, diferentes teorias foram propostas em contexto científico para justificar o racismo, muitas vezes com o objetivo de sustentar sistemas de poder e exploração. Alguns exemplos incluem:
• A teoria das raças humanas, proposta por Arthur de Gobineau no século XIX, afirmava que as raças eram biologicamente diferentes e hierarquizadas, considerando a raça branca superior. Essa ideia justificou políticas de segregação e supremacia branca, sustentando que a miscigenação levaria à degeneração das civilizações.
• No final do século XIX e no início do XX, o movimento da eugenia buscava a “melhoria” da raça humana por meio da seleção artificial, defendendo medidas como esterilização forçada de grupos considerados inferiores. No Brasil, isso se associou ao movimento sanitarista, promovendo a segregação racial e a esterilização de doentes mentais.
• Cientistas como Samuel Morton e Paul Broca utilizaram craniometria e frenologia para afirmar erradamente que grupos como os formados por negros e indígenas eram intelectualmente inferiores em razão do tamanho e da forma do encéfalo.
• O dar winismo social , distorcendo as ideias de Darwin, foi usado para justificar o colonialismo e a dominação racial.
Os grupos devem organizar uma mesa-redonda com profissionais de diferentes etnias e gêneros, refletindo sobre as maneiras como a desigualdade racial se manifesta no mercado de trabalho. Essa atividade desenvolve as habilidades EM13CHS502, EM13CHS503, EM13LGG204, EM13LGG303 e EM13LGG304. O argumento com base em fatos, dados e informações confiáveis para defender ideias e pontos de vista que respeitem e promovam os direitos humanos, valorizando a diversidade de indivíduos e de grupos sociais, favorece o desenvolvimento das competências gerais 7 e 9
É importante selecionar convidados que representem a diversidade e, caso os estudantes não conheçam o formato de mesa-redonda, oferecer apoio para garantir o bom andamento do evento, que pode ser virtual ou presencial.
Os estudantes devem conciliar as datas disponíveis dos convidados com a agenda escolar, informando,
ainda, qual aplicativo de videoconferência será utilizado se a opção for a virtual. O uso das TDICs de maneira crítica se alinha ao desenvolvimento das habilidades EM13LGG703 e EM13LGG704.
Os estudantes escolhidos para ser mediadores da mesa-redonda devem fazem uma introdução e conduzir as falas. O espaço para perguntas geralmente é aberto após todos os convidados terem finalizado suas falas. Após o evento, uma roda de conversa pode proporcionar reflexões sobre a experiência e o conteúdo abordado, avaliando o atendimento das expectativas e as novas perspectivas trazidas sobre a desigualdade no mercado de trabalho.
Hora de compartilhar – p. 36
A publicação do texto com os principais aspectos discutidos na mesa-redonda no canal de compartilhamento possibilita aos estudantes desenvolver a habilidade de síntese, colocando-se no papel de divulgadores de conhecimento, mobilizando as habilidades EM13LGG104, EM13LGG301, EM13LGG703 e EM13LGG704.
Os grupos devem criar um produto que responda à questão norteadora do projeto, resgatando as produções anteriores, especialmente as das seções Em ação. O objetivo é desenvolver um produto coletivo relevante para a comunidade, que possa ser apresentado à escola e ao público externo. Essa atividade discute questões sociais, analisando argumentos na perspectiva da democracia e dos direitos humanos, promovendo habilidades como EM13CHS101, EM13CHS104, EM13LGG204 e EM13LGG303.
Os estudantes produzirão um documentário, utilizando tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs), o que os engajará na produção midiática e no domínio técnico de equipamentos e aplicativos de edição. É recomendado trabalhar em parceria com o professor da área de Linguagens e suas Tecnologias do componente curricular Arte para apresentar características do formato documentário, ampliando o repertório cultural da turma. Ademais, a atividade favorece o desenvolvimento da competência geral 5
Espera-se que as produções representem a cultura do grupo escolhido, valorizando sua cultura e sua
contribuição para a formação do povo brasileiro, e abordem, ainda, a desigualdade e suas diferentes manifestações na sociedade. Pode-se organizar um evento na escola para exibir os documentários aos familiares dos estudantes e à comunidade escolar.
A avaliação pode ocorrer em diferentes momentos do projeto, orientando ou ampliando as atividades conforme o interesse da turma. Nesse momento, propõe-se uma autoavaliação dos estudantes, individual e coletiva, que deve ser sincera, visando à reflexão sobre o comportamento e o comprometimento de cada um no projeto. Guiados pelas questões propostas, os estudantes podem identificar pontos fortes e fracos, promovendo o desenvolvimento da colaboração. Após responderem às questões, reúna-os para um balanço final, revendo os objetivos e os principais aprendizados do projeto.
As observações dos estudantes ajudam a ajustar futuras implementações. Essa análise global permite identificar práticas pedagógicas bem-sucedidas e aquelas que requerem ajustes para alcançar as metas propostas.
Com o envelhecimento da população mundial, como garantir dignidade às pessoas idosas?
Abordar o envelhecimento da população no Ensino Médio possibilita que os estudantes se tornem mais conscientes das mudanças demográficas que estão em curso e de suas implicações socioeconômicas.
A reflexão sobre esse assunto favorece a formação de cidadãos mais participativos e interessados em questões sociais, principalmente naquelas relacionadas à população idosa. Eles também terão a oportunidade de avaliar as políticas públicas que afetam a qualidade de vida das pessoas idosas.
Conhecer os aspectos biológicos do envelhecimento, por sua vez, possibilita aos jovens dar mais
atenção à sua saúde, buscando uma velhice saudável e produtiva. Esse conhecimento também propicia o rompimento com muitos preconceitos e a cooperação para a promoção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa. Ademais, os estudantes aprendem a valorizar essas pessoas, o que fortalece relações familiares e comunitárias e promove a coesão social e respeito intergeracional.
O projeto tem como principal objetivo promover a empatia e busca mostrar a importância do respeito aos direitos das pessoas idosas, bem como do acolhimento e da valorização desses indivíduos. É importante que os estudantes questionem se a sociedade está preparada para proporcionar às pessoas idosas uma vida digna, atendendo às necessidades e aos desejos dessa parcela da população. O projeto também intenciona que os estudantes sejam capazes de discutir e de reivindicar políticas públicas e melhorias na comunidade, buscando a equidade e o bem-estar das pessoas idosas.
Além disso, o projeto visa incentivar os estudantes a pensar sobre as mudanças socioeconômicas relacionadas ao envelhecimento da população, considerando os impactos nos sistemas de previdência social e de saúde e, também, reconhecendo as novas oportunidades econômicas decorrentes da busca por produtos e serviços específicos para as pessoas idosas. Por fim, o projeto incentiva a participação ativa na comunidade, propondo a organização de um evento para acolher e valorizar as pessoas idosas.
Este Projeto Integrador tem como base o respeito ao outro e aos direitos humanos. Em razão disso, coloca os jovens em contato com as pessoas idosas da comunidade, para que eles acolham e valorizem a diversidade de indivíduos, seus saberes e suas potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. Ao longo do projeto, o protagonismo juvenil é incentivado, e os estudantes são estimulados a participar ativamente da construção de seu conhecimento, refletindo sobre o contexto em que vivem para identificar problemas, entender suas causas e consequências e propor soluções. Dessa forma, os estudantes podem exercer uma participação social efetiva, o que contribui para seu
desenvolvimento como cidadãos e para o bem-estar da comunidade em que estão inseridos.
Como produto final, os estudantes vão organizar um evento voltado à população idosa da comunidade, visando consolidar o aprendizado realizado ao longo das etapas. Nesse evento, eles terão a oportunidade de colocar em prática suas ideias e acolher e valorizar as pessoas idosas da comunidade.
Temas Contemporâneos
Transversais (TCT)
Este projeto foi concebido com base no TCT Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso, de maneira crítica e com enfoque amplo, abrangendo diferentes temas, como os aspectos biológicos do envelhecimento e a importância das pessoas idosas para a comunidade. O TCT Educação em direitos humanos é explorado nos trechos sobre o Estatuto da Pessoa Idosa e os direitos dessa parcela da população, e o TCT Trabalho destacado na Etapa 4, que trata do mundo do trabalho. Ao longo desse percurso, os TCT Saúde e Vida familiar e social também são mobilizados.
Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS)
Ao abordar os aspectos biológicos do envelhecimento e a importância de cuidar da saúde para envelhecer bem, o projeto contribui com o ODS Saúde e bem-estar (3). O ODS Trabalho decente e crescimento econômico (8) também é mobilizado na abordagem dos impactos do envelhecimento da população no mercado de trabalho e dos desafios enfrentados por muitas pessoas idosas que desejam continuar trabalhando ou se recolocar no mercado. Por fim, o ODS Paz, justiça e instituições eficazes (16) é abordado nos momentos em que o projeto se volta para os direitos dessas pessoas e a importância de respeitá-las e valorizá-las.
Professor indicado para liderar o projeto
Biologia com o auxílio dos professores de Língua Portuguesa, Arte, Geografia e Sociologia.
O professor deve avaliar a participação individual e a coletiva ao longo da realização do projeto. Ao final, é proposta uma autoavaliação para os estudantes.
O trabalho com as competências e as habilidades da BNCC
Competências gerais da Educação Básica 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9
Competências específicas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias 2, 3
Habilidades de Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Competências específicas de outras áreas
EM13CNT202, EM13CNT303, EM13CNT304
Linguagens e suas
Tecnologias: 1, 2, 3, 4, 6
Matemática e suas
Tecnologias: 1
Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas: 2, 4, 5, 6
Linguagens e suas
Tecnologias:
EM13LGG102, EM13LGG104, EM13LGG201, EM13LGG204, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG401, EM13LGG402, EM13LGG602, EM13LGG603
Habilidades de outras áreas
Matemática e suas
Tecnologias: EM13MAT102
Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas: EM13CHS201, EM13CHS401, EM13CHS404, EM13CHS502, EM13CHS503, EM13CHS504, EM13CHS605
Consulte na BNCC a descrição das competências e habilidades mobilizadas neste projeto. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 17 out. 2024.
Propomos que este Projeto Integrador seja dividido em cinco etapas, além da apresentação e da autoavaliação final, totalizando 20 aulas ao longo de um semestre. Caso seja mais adequado para sua realidade escolar, o projeto pode ter outra duração; ele pode, por exemplo, ser trabalhado ao longo de um bimestre ou
trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.
Número de aulas
Apresentação 1
Etapa 1 1
Desenvolvimento
Aula 1: Exploração das páginas de abertura e da Ficha de estudo. Criação do canal de compartilhamento da turma.
Aula 2: Leitura do texto e realização das atividades, incluindo a seção Em ação.
Aula 3: Leitura do texto e roda de conversa. Realização da atividade da página 50. Orientações para a atividade 1 da página 51.
Aula 4: Apresentação das aulas feitas pelos grupos.
Etapa 2 6
3 4
Aula 5: Discussão sobre homeostase e realização da atividade 2 da página 52. Orientações para a atividade 3 da página 52.
Aula 6: Apresentação dos resultados das entrevistas e realização da atividade 3b da página 52.
Aula 7: Leitura do texto e realização das atividades das páginas 54 e 55. Orientações para a seção Em ação
Aula 8: Apresentação dos vídeos produzidos na seção Em ação
Aula 9: Leitura do texto e orientações para as atividades da página 59.
Aula 10: Apresentação das criações artísticas. Leitura do texto e orientação para as atividades da página 61.
Aula 11: Resultado da atividade 1 e apresentação das biografias. Encaminhamento para a seção Em ação.
Aula 12: Apresentação do resultado das atividades da seção Em ação
Etapa 4 3
Aula 13 : Leitura dos textos e realização da seção Saiba mais e das atividades da página 67.
Aulas 14 e 15: Realização das atividades da seção Em ação.
Etapa final 4
Autoavaliação 1
Aulas 16 e 17: Primeiras ideias sobre as atividades que podem fazer parte do evento, conversa com a direção da escola e escolha final das atividades que farão parte do evento.
Aulas 18 e 19: Esclarecimento das dúvidas dos estudantes, elaboração do planejamento e do cronograma.
Aula 20: Balanço geral do evento e autoavaliação do projeto.
Abertura e Ficha de estudo
Este projeto foi pensado a fim de promover a empatia, buscando mostrar a importância do respeito aos direitos das pessoas idosas, bem como do acolhimento e da valorização desses indivíduos, contribuindo para o trabalho com a competência geral 9
A imagem, o texto e as perguntas apresentados nas páginas de abertura têm a intenção de direcionar o olhar dos estudantes para a velhice e o processo natural de envelhecimento. Aproveite para perguntar como é a relação que os estudantes têm com as pessoas idosas de sua família e de sua comunidade. Converse com eles sobre o etarismo, preconceito contra pessoas com base em sua idade, e comente que, embora isso possa acontecer com qualquer um, as pessoas idosas são o grupo que mais sofre com etarismo. Esclareça que, de acordo com o Estatuto da Pessoa Idosa (lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003), o etarismo é uma forma de violência e é considerado crime, podendo acontecer no ambiente familiar, no trabalho e em diversos outros setores da sociedade. Esse tipo de preconceito pode se manifestar de diversas maneiras, e algumas delas podem ser sutis, como desconsiderar a opinião de uma pessoa apenas por ela ser idosa ou não levar em conta suas vontades por achar que ela é incapaz de fazer as próprias escolhas.
1. Ao exemplificar situações em que a sociedade cuida bem das pessoas idosas, os estudantes podem citar a existência de filas preferenciais, o estabelecimento de
políticas públicas e a promoção adequada de assistência à saúde e ao bem-estar. Já como exemplos de situações que evidenciam a falta de cuidado com as pessoas idosas, eles podem mencionar a inexistência de rampas de acesso ou de corrimões em muitos espaços públicos, o desnivelamento e o excesso de degraus em calçadas, bem como o pouco tempo destinado à travessia de pedestres nas ruas e avenidas.
2. Aproveite a questão para conhecer o que os estudantes pensam sobre a forma como as pessoas idosas são tratadas nos dias de hoje.
3. Aproveite para perguntar qual é o papel das pessoas idosas na família dos estudantes. Em muitos casos, elas podem contribuir com a renda familiar ou compor a rede de apoio das pessoas que trabalham, cuidando dos netos e dos sobrinhos e organizando a casa.
Após a exploração inicial do tema na abertura, leia com a turma a Ficha de estudo. Apresente a questão norteadora, da qual todas as etapas derivam. Essa pergunta pode ser abordada como uma situação-problema, um desafio para o qual se convida os estudantes a propor soluções. Explicitar os objetivos e a justificativa do projeto contribui para engajar os estudantes no trabalho e para uma aprendizagem significativa. Avalie a possibilidade de incluir novos objetivos nessa lista, partindo de demandas que os estudantes tenham exposto durante a conversa inicial. Estimule a leitura do tópico Percurso do projeto, que apresenta uma breve descrição do que será feito em cada etapa. Comente a importância de cada uma das etapas para a construção de uma solução para a situação-problema. Por fim, destaque o trabalho que será realizado na Etapa final, na qual o produto final do projeto será criado. Encerre a aula solicitando aos estudantes que formem grupos para a realização do projeto. Aproveite o momento para falar sobre o boxe Hora de compartilhar. É necessário que os estudantes decidam qual será o canal de compartilhamento e o criem antes do início dos estudos.
Etapa 1 Qual é o contexto? – p. 44
O objetivo desta etapa é contextualizar o projeto, abordando aspectos demográficos. Para isso, pode-se atuar em conjunto com o professor do componente curricular Geografia, da área de Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas. Esclareça que uma pessoa é considerada idosa quando tem 60 anos ou mais. Contudo, com o aumento da expectativa de vida, o projeto de lei no 5.628/2019 propõe a mudança de 60 para 65 anos de idade. Se esse projeto for aprovado, serão alterados o Estatuto da Pessoa Idosa (lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003) e a Lei do Atendimento Prioritário (lei no 10.048, de 8 de novembro de 2000). Peça aos estudantes que verifiquem a situação desse projeto de lei no momento do estudo.
Ao abordar o gráfico Brasil: expectativa de vida ao nascer – 1900 a 2060, pergunte quais fatores contribuem para o aumento da expectativa de vida. É provável que os estudantes citem melhorias no saneamento básico, avanços na Medicina, maior acesso aos serviços de saúde, entre outros elementos. Avalie com a turma os fatores citados. Sobre a pirâmide Brasil: projeção da pirâmide etária – 2060, comente que nas últimas décadas é possível notar uma mudança de formato das pirâmides etárias do Brasil. Ressalte que, com o passar dos anos, as pirâmides estão ficando com a base mais estreita e o topo mais alargado, o que indica a diminuição da população jovem e o aumento da população idosa em decorrência da queda do número de nascimentos e do aumento da expectativa de vida, evidenciando o envelhecimento da população do país.
A análise dos indicadores ao longo do tempo possibilita o trabalho com a competência geral 1
1. Amplie a discussão a respeito das políticas públicas, mencionando, por exemplo, o fato de que elas devem visar à saúde e ao bem-estar da população.
2. Incentive a participação e a troca de ideias entre os estudantes. Essa conversa pode ajudar a direcionar as próximas atividades.
3. Espera-se que os estudantes respondam que serão bem tratados em razão de uma mudança no pensamento e nas atitudes da sociedade.
Essas atividades possibilitam desenvolver a habilidade EM13CHS201, ao analisar as dinâmicas das populações, posicionando-se criticamente em relação a esse processo.
As atividades propostas possibilitam desenvolver a habilidade EM13MAT102, ao requererem que os
estudantes analisem amostras de pesquisas estatísticas apresentadas pelo IBGE. Já, ao solicitar que eles elaborem um texto de divulgação para informar a comunidade sobre a população idosa do município ou do estado onde a escola se localiza, é favorecido o desenvolvimento da habilidade EM13LGG104. É mobilizado o trabalho com as competências gerais 4 e 5
1. Retome o texto para esclarecer que esses motivos são referentes à região Norte, mas que cada região do país apresenta aspectos próprios, que podem ser verificados por meio de uma análise macro do processo.
2. Em 2022, o índice de envelhecimento no Brasil era de 55,2, o que significa que havia 55,2 pessoas com 65 anos ou mais de idade para cada 100 crianças de 0 a 14 anos. Caso os estudantes não encontrem o índice de envelhecimento da Unidade Federativa (UF) onde a escola se localiza, podem calculá-lo. Para isso, devem dividir o número de pessoas com 65 anos ou mais pelo número de crianças até 14 anos de idade e multiplicar o resultado por 100. Essa atividade favorece o trabalho interdisciplinar com a área de Matemática e suas Tecnologias.
3. a) Os estudantes podem, por exemplo, somar a quantidade de homens e mulheres com mais de 65 anos de idade e dividir o resultado pelo total de habitantes do município e da UF.
b) Como primeiro passo, os estudantes devem descobrir qual é a proporção da população de cada grupo etário. Para compor o gráfico, a barra pode ser dividida em três partes, cada uma para um grupo etário. Os estudantes podem usar cores diferentes para representar os grupos etários. Para a realização dessa atividade, é possível contar com o auxílio do professor da área de Matemática e suas Tecnologias.
4. Para essa atividade pode-se atuar em conjunto com os professores do componente curricular Língua Portuguesa, da área de Linguagens e suas Tecnologias, e do componente curricular Geografia, da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Caso algum estudante apresente dificuldade de escrita ou deficiência visual, é possível adaptar a atividade e solicitar a realização de um vídeo.
Hora de compartilhar – p. 47
Os textos elaborados na seção Em ação podem ser compartilhados no canal on-line criado pela turma para que os estudantes vivenciem o papéis de produtores e divulgadores de informação.
O que acontece em nível celular quando o organismo envelhece?
O estudo das bases biológicas do envelhecimento pode ajudar a desfazer preconceitos sobre as pessoas idosas e apoiar os estudantes na defesa dos direitos dessa população. Aproveite a temática para revistar conceitos como mitose, meiose e replicação do DNA. Para quem se interessar em conhecer mais sobre Elizabeth Blackburn (1948-), sugira o texto disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/cienciapelosolhos delas/2021/07/19/elizabeth-blackburn-nobel-2009/ (acesso em: 4 set. 2024). A hipótese telomérica é apenas uma linha de estudo sobre o processo de envelhecimento. Existem outras e, se houver interesse, proponha à turma uma pesquisa. O artigo publicado na revista Pesquisa Fapesp aborda outros estudos sobre as bases biológicas do envelhecimento. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/os-mecanismos-do -envelhecimento (acesso em: 4 set. 2024). Ressalte que diversos fatores intrínsecos e extrínsecos influenciam a senescência celular. Por isso, compreender como se dá o envelhecimento do organismo não é tarefa simples.
Ao longo da etapa, os estudantes revisarão a anatomia e a fisiologia do sistema nervoso e discutirão novas descobertas sobre doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, além de medidas preventivas para um envelhecimento saudável. Proponha uma pesquisa sobre “zonais azuis”, locais do planeta Terra com alta longevidade. Destaque que o envelhecimento é único e influenciado por fatores genéticos e hábitos de vida, como alimentação, tabagismo e consumo de outras drogas.
Para enriquecer o repertório sobre a doença de Alzheimer, indicamos o longa-metragem que conta a história da doutora Alice Howland, uma renomada professora de Linguística cuja vida é alterada drasticamente quando é diagnosticada com Alzheimer.
• Para sempre Alice. Direção: Richard Glatzer e Wash Westmoreland. Estados Unidos: Paris Filmes, 2015. 1 DVD (101 min), color.
a) Para diferenciar o envelhecimento biológico do envelhecimento cronológico, retome os conhecimentos adquiridos pelos estudantes em anos anteriores.
b) Mesmo que os cientistas descobrissem uma maneira de manter o tamanho dos telômeros, não seria possível evitar o envelhecimento biológico, visto que ele é um processo multifatorial e sofre influência de fatores intrínsecos (como a genética) e extrínsecos (como radiação UV, alimentação e outros hábitos de vida).
c) Resposta pessoal. Verifique os argumentos utilizados pelos estudantes. Como vantagem eles podem mencionar o fato de manter o vigor físico. Já como desvantagem eles podem citar a inexperiência para lidar com certas situações.
d) As células cancerígenas podem se dividir infinitas vezes sem entrar no processo de senescência celular, o que garante a manutenção do tumor.
e) As doenças caracterizadas pelo encurtamento acelerado dos telômeros, como a progeria, costumam levar ao envelhecimento precoce dos indivíduos afetados.
f) O conhecimento sobre a função e o modo de ação dos telômeros pode ser útil, por exemplo, para o tratamento de doenças.
As discussões permitem o trabalho com a competência geral 2. A atividade favorece o desenvolvimento da habilidade EM13CNT202, ao requerer que os estudantes analisem a vida em seus diferentes níveis de organização, bem como as condições ambientais favoráveis e os fatores que as limitam. O desenvolvimento da habilidade EM13CNT303 também é favorecido ao solicitar aos estudantes que interpretem textos de divulgação científica. O debate sobre situações controversas, como a busca pela fonte da eterna juventude, com base em argumentos consistentes, mobiliza a habilidade EM13CNT304.
Ao propor aos estudantes que sintetizem o que aprenderam sobre as consequências do envelhecimento na manutenção da homeostase, é favorecido o trabalho com a competência geral 4. As atividades favorecem o desenvolvimento da habilidade EM13CNT202, ao requererem que eles analisem a
vida em seus diferentes níveis de organização, bem como as condições ambientais favoráveis e os fatores limitantes.
1. A atividade permite uma revisão da anatomia e da fisiologia humanas. Cada estudante poderá contribuir na atividade pesquisando, elaborando o material ou mesmo apresentando. O mais importante é que todos se sintam incluídos.
2. a) Dê exemplos de situações comuns do cotidiano dos estudantes como o que ocorre com o nosso corpo durante a prática de uma atividade física. Nesse caso, com o objetivo de manter a homeostasia, há o aumento no débito cardíaco, com consequente elevação da pressão arterial, a redistribuição no fluxo sanguíneo e a elevação da perfusão circulatória para os músculos em atividade.
b) Comente que, em última análise, é o sistema nervoso que detecta quando algo está em excesso ou em falta no organismo e manda sinais para que os ajustes sejam feitos a fim de retomar a estabilidade. Para que a estabilidade seja mantida, é preciso que todos os sistemas do corpo atuem em conjunto e de forma coordenada.
c) Comente que, até certo ponto, o corpo é capaz de fazer ajustes fisiológicos para manter o equilíbrio. No entanto, esses mecanismos são limitados e, com o avançar da idade, vão se exaurindo. Por isso, pessoas idosas podem ter mais dificuldade em manter a homeostase do organismo.
3. Durante a entrevista, os grupos podem aproveitar para esclarecer as dúvidas que tiveram ao estudar os sistemas do corpo e como cada um deles está relacionado com a manutenção da homeostase do organismo. Ao propor a eles que escrevam um texto sintético para divulgar a resposta à pergunta feita no item b, é favorecido o desenvolvimento da habilidade EM13LGG104. Comente que, de acordo com pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a partir dos 60 anos de idade, tornam-se mais evidentes os prejuízos causados pelo envelhecimento nas capacidades do corpo relacionadas à captação do ar (sistema respiratório), ao transporte de substâncias (sistema cardiovascular) e ao consumo de gás oxigênio (músculos). Essas informações estão disponível em: https:// agencia.fapesp.br/efeitos-do-envelhecimento-no -organismo-se-tornam-mais-evidentes-apos-os-60 -anos-mostra-estudo/41070 (acesso em: 4 set. 2024).
1. A intenção da atividade é que os estudantes conheçam as pessoas idosas da comunidade e avaliem se as necessidades e os interesses dessa parcela da população estão sendo atendidos de maneira satisfatória.
2. É importante que os estudantes reconheçam a necessidade de checar os dados, citar as fontes e verificar as informações antes de publicar o texto. Essa atividade possibilita o trabalho interdisciplinar com a área de Linguagens e suas Tecnologias. Ao propor que eles redijam um texto jornalístico sobre o envelhecimento, é favorecido o desenvolvimento da habilidade EM13LGG104.
Hora de compartilhar – p. 54
Por meio da publicação dos textos jornalísticos produzidos pelos grupos, os estudantes podem vivenciar os papéis de produtores e divulgadores de informações para a comunidade. Incentive-os a enriquecer as postagens com outras mídias, como vídeos e links.
Atividades – p. 55
1. Espera-se que os estudantes justifiquem que o nível social influencia o envelhecimento precoce das pessoas.
2. É possível que os estudantes comentem que poucos municípios brasileiros têm instituições de cuidados de longa permanência para pessoas idosas, não estando preparados para cuidar delas.
As atividades propostas requerem que os estudantes argumentem com base em fatos e exercitem a empatia, favorecendo o trabalho com as competências gerais 7 e 9. Elas também permitem o desenvolvimento da habilidade EM13CHS502, ao possibilitarem a análise de indicadores socioeconômicos para a reflexão sobre formas de desigualdade e a identificação de ações que promovam os direitos humanos com posicionamento ético. Aproveite as atividades para ampliar a discussão sobre o envelhecimento da população com o Podcast Diferentes formas de envelhecer.
Em ação – p. 56
É importante esclarecer que o termo “demência” inclui diversas doenças, que costumam ser progressivas, afetando a memória e outras habilidades cognitivas e comportamentais. A doença de Alzheimer é o tipo de demência mais comum, representando entre 60% e 70% dos casos diagnosticados.
1. a) A doença instala-se por meio do acúmulo anormal de proteínas (tau e beta-amiloide) no tecido cerebral, o que causa a morte dos neurônios e, consequentemente, a perda das funções cerebrais.
b) Alguns sintomas do Alzheimer são: perda de memória de acontecimentos recentes, repetição da mesma pergunta várias vezes, dificuldade para completar tarefas que antes eram corriqueiras, mudanças de humor, dificuldade de comunicar-se por meio da escrita e da fala, confusão mental.
c) O diagnóstico é feito por meio de exames físicos e neurológicos, acompanhados da avaliação do estado mental do paciente, para identificar os déficits de memória, de linguagem e de percepção de espaço.
d) Não há cura para o Alzheimer, mas alguns tratamentos, medicamentosos e não medicamentosos, ajudam a controlar o avanço da doença. Centros de referência do Sistema Único de Saúde (SUS) oferecem tratamento multidisciplinar integral e gratuito para pacientes com Alzheimer.
e) Resposta pessoal. Os estudantes podem mencionar, por exemplo, a criação de centros comunitários que ofereçam diversas atividades estimulantes para a população idosa que tem a doença de Alzheimer.
2. Ao propor a produção de vídeos que sintetizem as principais informações sobre a doença de Alzheimer visando conscientizar as pessoas, são favorecidos o trabalho com a competência geral 5 e o desenvolvimento da habilidade EM13LGG603.
Aproveite as atividades da seção para ampliar a discussão com o Infográfico clicável Saúde e envelhecimento.
Hora de compartilhar – p. 57
Por meio da publicação dos vídeos produzidos pelos grupos, os estudantes têm a oportunidade de exercitar os papéis de produtores e divulgadores de informações para a comunidade.
Proposta de ampliação
Na obra indicada no boxe Conexões da página 57, o esquecimento e a desorientação, típicos da doença de Alzheimer, são representados por meio de sombras que amedrontam uma pessoa idosa. Exiba o curta-metragem para os estudantes e proponha-lhes uma reflexão sobre a dificuldade que as pessoas têm para aceitar essa condição e lidar com o avanço dessa doença
neurodegenerativa. Ressalte a importância do apoio familiar para o enfrentamento da doença de Alzheimer. Se julgar oportuno, atue com o professor do componente curricular Inglês, da área de Linguagens e suas Tecnologias.
Qual é o papel das pessoas idosas na sociedade nos dias de hoje?
Esta etapa propõe um recorte do tema com foco em alguns aspectos sociais relacionados ao processo de envelhecimento e à velhice. Por isso, o professor do componente curricular Sociologia, da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, pode contribuir para o desenvolvimento das atividades propostas. Ressalte, ainda, o fato de que a mídia pode influenciar a forma como a pessoa idosa é vista e como se vê. O professor do componente curricular Arte, da área de Linguagens e suas Tecnologias, pode dar contribuições interessantes nessa parte.
Aproveite, ainda, para comentar que a morte de pessoas idosas em decorrência da covid-19 afetou drasticamente a vida financeira de muitas famílias brasileiras. Esse tópico possibilita abordar assuntos como o risco que certas doenças – como gripe, dengue, covid-19 e VSR – oferecem às pessoas idosas e a importância das vacinas para evitá-las. Recorde com os estudantes os mecanismos de envelhecimento do organismo e suas consequências para o sistema imune, que, com o avançar da idade, passa a ser menos eficiente no combate aos agentes infecciosos.
1. A sociedade contemporânea cultua a beleza e a juventude e não é raro ver pessoas dispostas a investir em tratamentos para disfarçar ou retardar os sinais do envelhecimento. Aproveite essa atividade para conversar sobre etarismo, ou ampliar essa discussão, caso ela já tenha sido iniciada em etapas anteriores. No link https://sbgg.org.br/o-etarismo-na-televisao-e-nas -redes-sociais/ (acesso em: 10 ago. 2024), há informações sobre a presença do etarismo na televisão e nas redes sociais. A atividade permite o trabalho com a competência geral 2, ao requerer que os estudantes investiguem como o envelhecimento, a velhice e as pessoas idosas estão sendo representados em produções artísticas e nas mídias nos tempos atuais. Por meio
da escrita do relatório, os estudantes desenvolvem a habilidade EM13LGG102, ao analisar visões de mundo, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias.
2. Amplie a conversa sobre etarismo e respeito. Essa atividade possibilita o trabalho interdisciplinar com o professor do componente curricular Arte, da área de Linguagens e suas Tecnologias, além de desenvolver a competência geral 3 e a habilidade EM13LGG602, ao possibilitar que todos os estudantes fruam e apreciem esteticamente diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais.
Hora de compartilhar – p. 59
Se julgar necessário, solicite aos estudantes que façam um vídeo explicativo das produções artísticas e das propagandas midiáticas produzidas por eles.
1. Essa atividade permite o trabalho interdisciplinar com a área de Matemática e suas Tecnologias, possibilitando o desenvolvimento da habilidade EM13MAT102 e da competência geral 4.
2. Essa atividade possibilita trabalhar a valorização da pessoa idosa em razão de suas contribuições e de seu papel social. Se necessário, solicite apoio de líder comunitário ou auxilie os estudantes na escolha de pessoas que contribuíram para a comunidade.
Hora de compartilhar – p. 61
Por meio da produção das biografias, os estudantes terão a oportunidade de conhecer as pessoas com 60 anos ou mais que fazem parte da comunidade e dar a elas o reconhecimento merecido.
Os estudantes vão pensar em maneiras de resolver os problemas identificados, colocando-se no lugar de agentes de transformação e cooperando para a construção de uma sociedade mais solidária e inclusiva.
Comente que, em atenção às pessoas idosas e à melhora da qualidade vida dessa população, de suas famílias e das comunidades das quais fazem parte, a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu os anos de 2021 a 2030 como a Década do Envelhecimento Saudável. Para conhecer um pouco mais sobre a Década do Envelhecimento Saudável, sugerimos um vídeo
elaborado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=gwxSiFoDA1M&t=2s (acesso em: 4 set. 2024).
1. No site da Fiocruz, disponível em: https://fiocruz.br/ biosseguranca/Bis/infantil/direitosdoidoso.html. (acesso em: 10 ago. 2024), são listados os principais direitos das pessoas idosas. Essa atividade permite o trabalho interdisciplinar com o professor do componente curricular Arte, da área de Linguagens e suas Tecnologias.
2. Durante a entrevista, oriente a turma a manter uma postura respeitosa e atenta. Os estudantes devem demonstrar interesse pelos relatos dos entrevistados e incentivá-los a elaborar respostas detalhadas.
Essas atividades possibilitam desenvolver as habilidades EM13CHS502, EM13CHS503, EM13CHS504 e EM13CHS605, e o trabalho com as competências gerais 7 e 9, ao requererem a análise dos direitos das pessoas idosas, a identificação dos progressos e entraves à concretização desses direitos e a elaboração de ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos.
Hora de compartilhar – p. 63
Por meio da divulgação das ilustrações do Estatuto da Pessoa Idosa, a comunidade poderá conhecer esses direitos de forma visual.
Como o mercado de trabalho está se adequando ao aumento da população idosa?
O trabalho com a competência geral 6 é essencial nesta etapa, na qual os estudantes são incentivados a conhecer diferentes profissões e profissionais, valorizando a diversidade de saberes e experiências. Essa abordagem permite que entendam melhor as relações do mundo do trabalho e façam escolhas alinhadas à cidadania e ao seu projeto de vida.
O artigo disponível em: https://www.infomoney. com.br/economia/envelhecimento-rapido-dos-brasi leiros-poe-crescimento-economico-em-risco/ (acesso em: 7 set. 2024) oferece uma visão geral dos desafios econômicos enfrentados pelo Brasil em razão do envelhecimento populacional. O estudo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), disponível em: https://www.ufrgs.br/jornal/estudo-analisa-o-impacto
-do-envelhecimento-populacional-no-crescimento -economico-dos-municipios-brasileiros/ (acesso em 7 set. 2024), fornece dados detalhados sobre como o envelhecimento afeta as diferentes regiões do Brasil e pode ser utilizado para discussões mais profundas.
É importante analisar como o aumento da população idosa pressiona o sistema de saúde, aumentando a demanda por cuidados médicos e serviços especializados, e como isso pode impactar os gastos públicos. Além disso, o crescente aumento da proporção de aposentados em relação aos trabalhadores ativos pode afetar a sustentabilidade dos sistemas de pensão, enquanto a diminuição da força de trabalho pode desacelerar o crescimento econômico. Em contrapartida, a demanda por produtos e serviços voltados às pessoas idosas pode gerar novas oportunidades econômicas.
A economia prateada, que abrange produtos e serviços direcionados às necessidades das pessoas idosas, abre espaço para que os estudantes analisem suas habilidades e considerem se especializar nesse atendimento. Se algum estudante conhecer um profissional da área, incentive-o a compartilhar suas experiências. Profissionais como educadores físicos e fisioterapeutas também se especializam no atendimento a esse público, aprimorando suas técnicas para oferecer um tratamento adequado. O mercado de trabalho voltado ao atendimento de pessoas idosas tende a se expandir à medida que essa população cresce.
a) A melhoria na qualidade de vida e os avanços na Medicina fazem parte do processo de transição demográfica, que também é evidenciado pela redução das taxas de fecundidade.
b) Comente que um aumento na proporção de pessoas idosas pode levar a um desequilíbrio nos gastos públicos, já que o sistema previdenciário é financiado pelas contribuições dos trabalhadores ativos. Com menos pessoas contribuindo e mais pessoas recebendo benefícios, a sustentabilidade financeira do sistema fica comprometida.
A atividade possibilita desenvolver as habilidades EM13CHS502 e EM13CHS504 ao requerer a análise dos fatores que têm contribuído para o aumento da população idosa no Brasil e dos impactos desse envelhecimento na economia.
Retome as conversas feitas sobre etarismo em outros momentos deste projeto. Esse assunto permite o
trabalho com as competências gerais 7 e 9. A seção também permite desenvolver as habilidades EM13CHS502 e EM13CHS605
a) A reflexão sobre o etarismo possibilita o desenvolvimento da habilidade EM13CNT207, pois os estudantes devem identificar, analisar e discutir vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios aos quais as juventudes estão expostas.
b) O Brasil está vivendo um momento de crise financeira, e isso impacta o mercado de trabalho, que apresenta diminuição do número de contratações. Por isso, muitos trabalhadores optam pelo mercado informal. Além disso, os empregos informais não garantem benefícios aos trabalhadores, como férias e décimo terceiro salário. Valorize as soluções mencionadas pelos estudantes. Eles podem propor, por exemplo, a concessão de apoio fiscal para as pessoas que desejam formalizar um negócio, melhorias nas condições de trabalho e o estímulo à criação de vagas de emprego, entre outras propostas para solucionar o problema da informalidade.
1. Fisioterapeuta, acompanhante hospitalar, terapeuta ocupacional, professor (de artes, línguas, finanças etc.), médico geriatra, gerontólogo, cuidador, agente de viagem e neto de aluguel são alguns exemplos de profissões que podem ser citadas pelos estudantes.
2. Ao propor a divulgação dos resultados da pesquisa, é favorecido o desenvolvimento da habilidade EM13LGG104.
A intenção é que os estudantes utilizem os conhecimentos adquiridos na entrevista para avaliar a possibilidade de trabalhar na área, obtendo informações que possam guiá-los na escolha de suas carreiras.
A atividade possibilita o desenvolvimento das habilidades EM13CHS401 e EM13CHS404, ao propor aos estudantes que discutam os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias.
A elaboração de fôlderes ou painéis permite o desenvolvimento da habilidade EM13LGG104. Já o estudo do mundo do trabalho e sua relação com as juventudes favorece o desenvolvimento da habilidade EM13CNT207.
Hora de compartilhar – p.
Ao publicar os fôlderes ou painéis produzidos na seção Em ação, os estudantes têm a oportunidade de
vivenciar os papéis de produtores e divulgadores de informações para a comunidade.
Os grupos devem criar um produto que responda amplamente à questão norteadora do projeto, resgatando o aprendizado das etapas anteriores. É fundamental que os estudantes exerçam seu protagonismo, dividindo tarefas e elaborando um planejamento para o evento. Estabeleça a data com a turma, esclarecendo dúvidas sobre aspectos burocráticos, mas permitindo que as ideias venham dos estudantes. Professores de diversos componentes curriculares podem ajudar na organização. Esse tipo de atividade permite o desenvolvimento das habilidades EM13LGG204, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG402, EM13LGG201, EM13CHS401 e EM13CHS502
A avaliação pode ocorrer em diferentes momentos do projeto, orientando ou ampliando as atividades conforme o interesse da turma. Nesse momento, propõe-se uma autoavaliação dos estudantes, individual e coletiva, que deve ser sincera, visando à reflexão sobre o comportamento e o comprometimento de cada um no projeto. Guiados pelas questões propostas, os estudantes podem identificar pontos fortes e fracos, promovendo o desenvolvimento da colaboração. Após responderem às questões, reúna os estudantes para um balanço final, revendo os objetivos e os principais aprendizados do projeto.
As observações dos estudantes ajudam a ajustar futuras implementações. Essa análise global permite identificar práticas pedagógicas bem-sucedidas e aquelas que requerem ajustes para alcançar as metas propostas.
Projeto 3 Crise climática: a hora de agir é agora! – p. 74
O que podemos fazer para enfrentar a crise climática?
Os cientistas concordam que as mudanças climáticas são causadas por atividades humanas. Abordar esse
tema no Ensino Médio permite refletir sobre a desinformação climática e seu impacto na sustentabilidade. A educação ambiental é fundamental para formar cidadãos conscientes e responsáveis, capacitando-os a ser agentes de mudança e a promover práticas sustentáveis em suas comunidades. Informações corretas ajudam a apoiar políticas ambientais que beneficiam a coletividade. Além disso, discutir mudanças climáticas no Ensino Médio contribui para o desenvolvimento de habilidades como pensamento crítico, argumentação e resolução de problemas, essenciais para a vida acadêmica e profissional dos estudantes. Com base nesses pressupostos, o projeto incentiva os estudantes a utilizar as redes sociais para compartilhar informações cientificamente comprovadas sobre as mudanças climáticas, atuando como divulgadores científicos.
O projeto tem como principal objetivo estimular os estudantes a agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade e determinação, tomando decisões com base em princípios sustentáveis para enfrentar a crise climática. A ideia é provocar a reflexão sobre a necessidade de mudar hábitos de consumo para evitar os cenários mais catastróficos de aquecimento global. O projeto visa também apresentar algumas tecnologias de captura de carbono que, aliadas a mudanças de comportamento e padrões culturais, ajudam a reduzir o gás carbônico (CO2) e outros gases de efeito estufa na atmosfera.
Além disso, o projeto leva os estudantes a refletir sobre a desinformação climática e sobre o fato de que essa prática compromete a luta por um ambiente sustentável para que sejam capazes de reconhecer informações falsas. Por fim, ao propor aos estudantes que elaborem uma campanha nas redes sociais sobre a crise climática, o projeto incentiva o protagonismo deles, colocando-os como divulgadores de fatos cientificamente comprovados para promover a consciência socioambiental.
Este projeto tem como base a consciência socioambiental e, para alcançá-la, coloca os estudantes como divulgadores do conhecimento científico. Os estudantes são estimulados a participar ativamente
da construção de seu conhecimento, refletindo sobre as informações que recebem, de modo que consigam identificar informações falsas e combater a desinformação climática. Desse modo, eles podem exercer uma participação social efetiva, o que contribui para seu desenvolvimento como cidadãos, conservando a Terra para a geração atual e para as gerações futuras.
Como produto final, os estudantes vão elaborar uma campanha nas redes sociais sobre a crise climática. Nessa campanha, os estudantes vão reconhecer a importância de divulgar informações cientificamente comprovadas para promover a consciência socioambiental da comunidade na qual estão inseridos.
Temas Contemporâneos
Transversais (TCT)
Este projeto foi concebido com base no TCT Educação ambiental de maneira crítica e com enfoque amplo, abrangendo desde as informações do 6o Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em 2022, até a importância do combate à desinformação climática. O TCT Ciência e tecnologia é explorado nos momentos em que se fala sobre as novas tecnologias para captura de gás carbônico (CO2) como forma de ajudar a conter o aquecimento global. Já o TCT Trabalho é explorado em destaque na Etapa 4, que trata do mundo do trabalho. Ao longo desse percurso, o TCT Saúde também é mobilizado.
Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS)
Ao abordar as mudanças climáticas como consequências das ações humanas, o projeto contribui com ODS Ação contra a mudança global do clima (13). O ODS Energia limpa e acessível (7) também é mobilizado quando se abordam as mudanças na atmosfera terrestre ocasionadas pelo uso de combustíveis fósseis e a urgência em reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Por fim, destaca-se o trabalho com o ODS Saúde e bem-estar (3), que é realizado nos momentos em que o projeto se volta para as ações em prol de um ambiente mais saudável e sustentável.
Professores indicados para liderar o projeto
Química ou Biologia com o auxílio dos professores de Língua Portuguesa, Arte, História, Geografia e Matemática.
Avaliação
O professor deve avaliar a participação individual e coletiva ao longo da realização do projeto. Ao final, é proposta uma autoavaliação para os estudantes.
O trabalho com as competências e as habilidades da BNCC
Competências gerais da Educação Básica
Competências específicas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Habilidades de Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Competências específicas de outras áreas
2, 4, 5, 6, 7, 10
1, 2, 3
EM13CNT101, EM13CNT202, EM13CNT206, EM13CNT207, EM13CNT302, EM13CNT303, EM13CNT309
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: 3, 4, 5, 6
Linguagens e suas Tecnologias: 1, 3, 4, 6, 7
Matemática e suas Tecnologias: 1
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: EM13CHS301, EM13CHS302, EM13CHS303, EM13CHS304, EM13CHS305, EM13CHS401, EM13CHS404, EM13CHS504, EM13CHS605
Habilidades de outras áreas
Linguagens e suas Tecnologias: EM13LGG103, EM13LGG105, EM13LGG301, EM13LGG305, EM13LGG402, EM13LGG603, EM13LGG701, EM13LGG702, EM13LGG703, EM13LGG704
Matemática e suas Tecnologias: EM13MAT102
Consulte na BNCC a descrição das competências e habilidades mobilizadas neste projeto. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 17 out. 2024.
Propomos que este Projeto Integrador seja dividido em cinco etapas, além da apresentação e da autoavaliação final, totalizando 20 aulas ao longo de um
semestre. Caso seja mais adequado para sua realidade escolar, o projeto pode ter outra duração; ele pode, por exemplo, ser trabalhado ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.
Número de aulas
Apresentação 1
Desenvolvimento
Aula 1: Exploração das páginas de abertura e da Ficha de estudo. Criação do canal de compartilhamento.
1 2
Etapa 2 6
Aula 2: Leitura do texto e realização das atividades. Orientação para a seção Em ação
Aula 3: Apresentação dos resultados da seção Em ação
Aulas 4, 5 e 6: Leitura dos textos e realização das atividades das páginas 87 e 90.
Aula 7: Apresentação da resposta recebida das autoridades políticas e divulgação dessas informações para a comunidade.
Aula 8: Leitura do texto e realização das atividades das página 92. Orientações para a seção Em ação.
Aula 9: Apresentação dos vídeos produzidos para a seção Em ação.
Etapa 3 3
Etapa 4 3
Aula 10: Leitura do texto e realização das atividades da página 95.
Aulas 11 e 12: Realização das atividades da seção Em ação.
Aula 13: Leitura do texto e roda de conversa sugerida na seção Saiba mais.
Aula 14: Realização das atividades e orientações para as entrevistas sugeridas na seção Em ação.
Aula 15: Conversa sobre o resultado das entrevistas.
Aula 16: Primeiras ideias sobre a campanha e decisão sobre os combinados.
Etapa final 4
Autoavaliação 1
Aulas 17 , 18 e 19 : Produção nas redes sociais e resolução de dúvidas com os professores.
Aula 20: Balanço geral da campanha e autovaliação do projeto.
Este projeto foi pensado para estimular os estudantes a agir pessoal e coletivamente com autonomia, tomando decisões com base em princípios sustentáveis, o que contribui para o trabalho com a competência geral 10. A imagem e o texto apresentados nas páginas de abertura têm a intenção de levar os estudantes a pensar na crise climática pelo viés da desinformação climática, de modo que eles comecem a refletir sobre a importância de analisar criticamente as informações que recebem. Sonde para saber o que os estudantes têm ouvido falar sobre mudanças climáticas e quais são suas fontes das informações. Ressalte que as mudanças no clima são uma realidade e que a principal causa dessas alterações é a maneira como a maioria das sociedades foi formada: com base no uso de combustíveis fósseis e no consumismo.
1. O conhecimento é uma poderosa ferramenta contra a desinformação; contudo, é importante buscá-lo em fontes confiáveis, como sites de universidades e revistas científicas.
2. Comente que antes de compartilhar mensagens, vídeos e notícias é preciso verificar se as informações são verdadeiras.
3. Incentive os estudantes a ser produtores e divulgadores de conhecimentos cientificamente comprovados, com o objetivo de informar a comunidade na qual estão inseridos.
Após a exploração inicial do tema na abertura, leia com a turma a Ficha de estudo. Apresente a questão norteadora, da qual todas as etapas derivam. Essa pergunta pode ser abordada como uma situação-problema, um desafio para o qual se convida os estudantes a propor soluções. Explicitar os objetivos e a justificativa do projeto contribui para engajar os estudantes no trabalho e para uma aprendizagem significativa. Avalie a possibilidade de incluir novos objetivos nessa lista, partindo de demandas que os estudantes tenham exposto durante a conversa inicial. Estimule a leitura do tópico Percurso do projeto, que apresenta uma breve descrição do que será feito em cada etapa. Comente a importância de cada uma das etapas para a constru-
ção de uma solução para a situação-problema. Por fim, destaque o trabalho que será realizado na Etapa final, na qual o produto final do projeto será criado. Encerre a aula solicitando aos estudantes que formem grupos para a realização do projeto. Aproveite o momento para falar sobre o boxe Hora de compartilhar. É necessário que os estudantes decidam qual será o canal de compartilhamento e o criem antes do início dos estudos.
Nesta etapa, são apresentados alguns dados divulgados no 6o Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em 2022, com o objetivo de contextualizar o tema que será trabalhado ao longo deste projeto. Aproveite para verificar se os estudantes sabem o que é IPCC e o que ele faz. Ressalte que os membros do IPCC avaliam todos os estudos que existem sobre mudanças climáticas e determinam o estado do conhecimento sobre esse assunto, identificando os consensos na comunidade científica e as áreas em que são necessárias mais pesquisas. Atualmente, o IPCC apresenta 195 países-membros, entre eles o Brasil. Os relatórios resultantes das avaliações e elaborados pelo IPCC são materiais importantes para que os governantes possam planejar suas ações e elaborar políticas públicas, visando ao bem-estar da população atual e das populações futuras. Aproveite a discussão inicial sobre o impacto das ações antrópicas na alteração climática para apresentar à turma o Carrossel de imagens Mudanças climáticas e queimadas.
Explore com os estudantes os gráficos das páginas 79 e 80 que sintetizam dados importantes. Explore também a figura da página 82. Pelo fato de os efeitos das mudanças climáticas atingirem regiões distantes daquelas do evento inicial, é importante que todas as nações se juntem para conter as emissões de gases de efeito estufa e trabalhem de maneira colaborativa por um mundo mais sustentável. Essa discussão possibilita o desenvolvimento das habilidades EM13CHS302 e EM13CHS304.
1. As faixas verde e marrom se descolam uma da outra a partir do início do século XX (ano 1900), época da
Revolução Industrial, e a linha vermelha, que representa as temperaturas reais registradas, fica sobreposta à faixa marrom, evidenciando que a oscilação da temperatura da superfície do planeta Terra é decorrente de atividades antrópicas.
2. A atividade possibilita trabalhar com a habilidade EM13CHS305 ao discutir o papel e as competências legais dos organismos nacionais e internacionais de regulação e controle visando a práticas ambientais sustentáveis.
• Como exemplificado na figura da página 82, uma onda de calor combinada com uma seca prolongada pode afetar uma região agrícola e desencadear múltiplos riscos interligados, que levam a impactos biofísicos, econômicos e sociais em cascata, atingindo até mesmo regiões distantes.
A tirinha exemplifica a confusão que costuma acontecer: afirmar que o efeito estufa é responsável pelas mudanças no clima. Ressalte que a desinformação climática também pode ser resultado de enganos ou má compreensão dos termos relacionados às alterações no clima. Ao propor aos estudantes que façam esquemas ilustrando o efeito estufa natural da Terra e o que acontece no aquecimento global, a atividade possibilita o trabalho com a competência geral 4. A atividade permite também o desenvolvimento da habilidade EM13CNT101, ao solicitar aos estudantes que analisem e representem o que acontece com a quantidade de energia no efeito estufa natural e na situação de aquecimento global, ressaltando que ocorre maior retenção de calor (energia térmica) na atmosfera terrestre nesse segundo caso pelo fato de parte do calor ficar retido pelos gases de efeito estufa.
1. Comente que o aquecimento global é que leva ao aumento da temperatura média do planeta Terra e isso acarreta diversas consequências, como o derretimento do gelo das calotas polares. Já o efeito estufa é um processo natural e importante para a vida na Terra.
2. O efeito estufa é um fenômeno natural no qual certos gases presentes na atmosfera retêm parte do calor que a Terra irradia. Isso proporciona temperaturas adequadas à vida. O aquecimento global é o aumento da temperatura média global, provocado pela intensificação
do efeito estufa, em razão do acúmulo atmosférico de gases de efeito estufa originados de atividades humanas. Mudanças climáticas são alterações nos padrões climáticos da Terra decorrentes do aquecimento global.
3. Após a avaliação dos esquemas elaborados pelos estudantes, mostre a eles as figuras que ilustram esses dois fenômenos, disponíveis em: https://www.wwf.org. uk/sites/default/files/2020-10/Curriculum_Climate_ Action_Project%202020.pdf (acesso em: 1o out. 2024).
Hora de compartilhar – p. 83
A publicação dos esquemas elaborados na seção Em ação coloca os estudantes no papel de produtores e divulgadores de informação e contribui para enriquecer o repertório cultural da comunidade.
Como os seres humanos estão mudando a composição da atmosfera terrestre nos últimos 170 anos e como isso pode impactar a vida no planeta?
Esta etapa foca nas mudanças da atmosfera terrestre ao longo do tempo, destacando que as alterações climáticas são resultado de atividades humanas, especialmente o uso de combustíveis fósseis. É importante que os estudantes entendam que a atmosfera não existia inicialmente e que sua composição mudou com o passar do tempo. Exemplifique essa alteração por meio do gráfico da página 85, que ilustra o aumento do gás oxigênio proveniente principalmente da fotossíntese. Aproveite e revise com eles conceitos sobre fotossíntese, respiração celular e a importância da camada de ozônio. O tópico permite, ainda, recordar com os estudantes os tipos de reação química (síntese, decomposição etc.).
As mudanças atuais na atmosfera ocorrem rapidamente, representando um risco para muitas espécies. A análise do infográfico da página 88 sobre a frequência e a intensidade de eventos climáticos, além de cenários de aumento de temperatura, deve ser abordada. Especialistas indicam que a temperatura média já está 1,1 °C mais alta, e é crucial não ultrapassar 1,5 °C para evitar cenários catastróficos.
Incentive os estudantes a compartilhar observações sobre eventos climáticos extremos e discuta medidas que todos podem tomar, como cobrar atitudes de autoridades e repensar hábitos de consumo. Como
não é possível capturar CO2 suficiente para evitar o acúmulo de gases de efeito estufa se forem mantidas as emissões nos níveis atuais, além do uso de tecnologias de captura de CO2 atmosférico, outras ações podem e devem ser tomadas, como evitar o desmatamento, promover o reflorestamento de áreas desmatadas, investir em fontes de energia menos poluentes, repensar práticas agrícolas e agropecuárias, e mudar a forma como se consome, dando preferência a produtos mais sustentáveis.
Utilize a sala de informática para explorar com os estudantes o mapa interativo do IPCC mencionado no boxe Conexões da página 88. Essa ferramenta digital permite a seleção de alguns parâmetros e, com base neles, a exibição de previsões para as diversas regiões do globo. A exploração do mapa pode enriquecer o que foi estudado sobre as consequências das mudanças climáticas para a região onde os estudantes vivem. A atividade pode ser realizada em duplas ou em pequenos grupos. Depois, reserve um momento para que a turma possa debater as descobertas.
1. A atmosfera terrestre contém gases essenciais para a manutenção da vida na Terra, como o gás oxigênio usado na respiração da maioria dos seres vivos, e o gás carbônico, imprescindível para o processo de fotossíntese.
2. Troposfera: se estende do nível do mar até 12 quilômetros de altitude; concentra cerca de 75% do ar atmosférico; camada em que ocorrem os principais fenômenos atmosféricos, como ventos, nuvens e chuvas.
Estratosfera: inicia-se logo acima da troposfera e segue até cerca de 560 quilômetros de altitude; a cerca de 24 quilômetros de altitude, está localizada a camada de ozônio.
Mesosfera: tem seu limite a cerca de 80 quilômetros de altitude; nela formam-se fenômenos luminosos (meteoros).
Termosfera: estende-se até aproximadamente 500 quilômetros de altitude; o ar é extremamente rarefeito; nela orbitam os ônibus espaciais. Entre a termosfera e a exosfera existe a ionosfera, região que concentra grande quantidade de partículas eletricamente carregadas (íons) e na qual ocorrem as auroras boreais.
Exosfera: camada mais externa da atmosfera; não tem um limite definido; nela orbitam os satélites artificiais. É o limite entre a atmosfera e o espaço sideral.
3. A atividade pode ser usada para recordar com a turma o que ela sabe sobre fotossíntese e respiração celular.
4. O professor do componente curricular Química pode contribuir nesta atividade, revisando os principais tópicos sobre reações químicas, em especial a de síntese e a de decomposição.
5. Se julgar oportuno, oriente os estudantes a buscar por fontes, físicas ou virtuais, confiáveis para elaborar as respostas das questões.
As atividades propostas permitem o trabalho com a competência geral 2. Por levar os estudantes a pensar nas atividades humanas que têm causado alteração na composição da atmosfera terrestre, bem como nos possíveis efeitos aos seres vivos, incluindo os seres humanos, as atividades possibilitam o desenvolvimento da habilidade EM13CNT202.
As atividades propostas têm a intenção de levar os estudantes a conhecer os impactos das mudanças climáticas na região onde vivem e isso ajuda a aproximar o assunto tratado da realidade. É provável que algumas das previsões feitas pelo IPCC já estejam sendo sentidas na região e ter conhecimento do assunto pode ajudá-los a enfrentar as situações de forma mais eficaz. Ao propor aos estudantes que conversem com as autoridades do município, a atividade permite que eles exercitem o protagonismo, sendo agentes de mudanças e promotores do bem-estar da coletividade.
Para os itens a, b e c, as respostas vão depender da região onde a escola se localiza. Ajude os estudantes na leitura do mapa e na identificação do que é previsto para o local. Aproveite para perguntar à turma se as previsões feitas pelo IPCC estão de acordo com o que é observado no município nos últimos anos.
d) A atividade permite o trabalho com a competência geral 4. Pelo fato de os estudantes terem que utilizar a língua de maneira adequada à situação, já que o e-mail se destina às autoridades políticas do município, o item possibilita o desenvolvimento da habilidade EM13LGG402.
e) A ideia é colocar a população a par do que as autoridades políticas do município estão fazendo em relação às mudanças climáticas. Essa abordagem favorece o desenvolvimento da habilidade EM13CHS304.
1. Se julgar necessário, retorne à representação esquemática Por dentro do sistema CCUS para que os estudantes possam comparar as tecnologias.
2. Peça aos estudantes que mencionem ações voltadas a uma vida mais sustentável. Comente que o conceito de sustentabilidade é amplo e manifesta-se em um desenvolvimento que satisfaça as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras, garantindo o equilíbrio entre crescimento econômico, cuidado com o ambiente e bem-estar social.
3. As autoridades devem propor políticas públicas visando à redução das emissões de gases de efeito estufa, como dar incentivos financeiros a empresas e projetos de energia limpa e sustentável, além de outras medidas, como evitar queimadas e incentivar o reflorestamento; as indústrias devem optar por combustíveis menos poluentes e investir em equipamentos para filtrar o ar, reduzindo o lançamento de gases poluentes na atmosfera; os cidadãos devem repensar hábitos e zelar pelo consumo consciente, optando por reduzir o consumo de certos alimentos de origem animal, comprar apenas produtos de madeira certificada, descartar os resíduos sólidos de maneira adequada e usar menos o automóvel. A educação ambiental e a disseminação de informações verdadeiras também são importantes aliadas no combate à crise climática.
Ao propor aos estudantes que analisem e discutam os impactos socioambientais do comportamento e dos padrões culturais das sociedades, reconhecendo a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa, as atividades favorecem o desenvolvimento da habilidade EM13CHS304.
A intenção é que os estudantes compreendam que os efeitos das alterações no clima, além de prejuízos para a biodiversidade, são sentidos em diversos setores da sociedade. A produção agrícola, por exemplo, poderá enfrentar perdas de produtividade em razão da alteração no regime de chuvas e da elevação da temperatura média; isso impactará diretamente o preço dos alimentos. O aumento do nível do mar afetará as cidades costeiras, forçando o deslocamento de milhões de pessoas que atualmente vivem nelas. Em diversas regiões do globo, a oferta de água potável poderá diminuir, afetando as populações e intensificando a disputa por territórios. As mudanças climáticas afetam
também a saúde, já que certas espécies causadoras ou transmissoras de doenças podem ter sua distribuição ampliada. Além disso, temperaturas extremas afetam o funcionamento do organismo, oferecendo riscos à saúde e à vida de certos grupos humanos mais vulneráveis, como os idosos. O aumento de queimadas também prejudica as populações residentes.
Aproveite para ampliar a discussão sobre o impacto das mudanças climáticas com o Vídeo Mudanças climáticas
A atividade proposta possibilita o desenvolvimento das habilidades EM13CHS302 e EM13CHS304 e o trabalho com a competência geral 10. A produção do vídeo permite o desenvolvimento da habilidade EM13LGG603.
Hora de compartilhar – p. 93
A publicação dos vídeos produzidos pelos grupos visa colocar os estudantes no papel de produtores e divulgadores de informação para a comunidade.
Como combater a desinformação climática?
Nesta etapa, é feito um recorte focado em entender o que é a desinformação climática e como essa prática prejudica as ações contra o aquecimento global. É provável que os estudantes já tenham tido contato com diferentes formas de desinformação relacionadas não só às mudanças climáticas, mas também a diversos outros assuntos. Ressalte a importância de checar as informações antes de tomá-las como verdadeiras e compartilhálas. Nesse momento, é possível trabalhar a educação midiática e rever com a turma alguns passos importantes para checar se a informação é verdadeira. Para isso, é possível acessar o texto disponível em: https://www.cnj. jus.br/programas-e-acoes/painel-de-checagem-de-fake -news/guia-pratico/ (acesso em: 2 out. 2024).
Dica!
Sugere-se o livro para enriquecer seu repertório sobre mudanças climáticas e sobre como tratar desse assunto em sala de aula. A publicação conta com participação de pesquisadores da área da sustentabilidade e trata de diversos temas relacionados à emergência climática com uma linguagem simples e acessível.
• GR ANDISOLI, Edson et al. (org.). Novos temas em emergência climática para os Ensinos Fundamental e Médio. São Paulo: IEE-USP, 2021.
Disponível em: https://jornal.usp.br/universidade/ emergencia-climatica-e-juventude-como-educar -as-novas-geracoes/. Acesso em: 16 set. 2024.
a) É possível realizar a atividade em conjunto com o professor do componente curricular Língua Portuguesa para trabalhar a interpretação de texto com os estudantes.
b) Retome o texto para trabalhar com o trecho indicado. É possível resgatar o conceito de sustentabilidade trabalhado anteriormente para comentar que esses grupos não estão preocupados com o bem-estar social.
c) Reforce que todo negacionismo deve ser combatido, independentemente dos motivos.
d) Comente a importância de pesquisar as infomações em fontes confiáveis, como universidades, órgãos governamentais e Organizações Não Governamentais (ONGs) que lutam por uma sociedade mais sustentável.
e) Tem-se de combater a desinformação por meio da promoção de informações confiáveis e baseadas em evidências, agindo mais incisivamente com sanções contra corporações que financiam disputas (des)informacionais por interesses comerciais.
Os grupos são convidados a pesquisar reportagens, vídeos ou outros conteúdos que apresentem alguma desinformação climática.
1. Fake news são informações falsas transmitidas ou publicadas como notícias verdadeiras, motivadas por razões políticas ou para fins fraudulentos. No negacionismo, determinados grupos negam as mudanças climáticas ou que elas sejam decorrentes das atividades humanas. O fatalismo climático visa difundir a noção de que não há nada que possa ser feito, tentando convencer as pessoas de que não adianta pressionar empresas e governos por mudanças. Greenwashing pode ser traduzido como “lavagem verde” ou “marketing verde”; essa estratégia é adotada por empresas e políticos que tentam convencer as pessoas de que estão sendo tomadas medidas efetivas de combate à crise climática, quando, na realidade, essas ações são apenas superficiais e ineficazes. Discuta com os estudantes as ações da indústria, dos governos e da mídia de modo que eles possam identificar o que de fato está sendo feito em relação à crise climática e agir criticamente a respeito dessa questão. Essa discussão favorece o desenvolvimento das habilidades EM13CHS301 e EM13CHS305.
2. Ao propor a interpretação da charge e a identificação do tipo de desinformação ilustrado, a atividade possibilita o desenvolvimento da habilidade EM13LGG103, pois requer a análise do funcionamento das linguagens para interpretar e produzir discursos de forma crítica.
3. Espera-se que os estudantes consigam usar os conhecimentos científicos para rebater as informações falsas que encontraram. Ao solicitar a eles que pesquisem reportagens, vídeos ou outros conteúdos que apresentem alguma desinformação, a atividade permite o trabalho com a competência geral 5, pois envolve a utilização de tecnologias digitais de informação de modo crítico. Como os estudantes devem argumentar com base em fatos e em conhecimentos científicos para promover a consciência socioambiental, a atividade também permite o trabalho com a competência geral 7.
Ao requerer que os estudantes interpretem informações em diferentes mídias, considerando a consistência dos argumentos e a coerência das conclusões, visando construir estratégias de seleção de fontes confiáveis de informações, a atividade incentiva o desenvolvimento da habilidade EM13CNT303.
Hora de compartilhar – p. 96
A publicação do resultado das análises feitas na seção Em ação permite alertar a comunidade dos diferentes tipos de desinformação climática que circulam pela internet.
Como as redes sociais impactam o mercado de trabalho?
O trabalho com a competência geral 6 é mobilizado de maneira mais concreta nesta etapa, na qual os estudantes são convidados a conhecer algumas profissões e entrar em contato com alguns profissionais, valorizando a diversidade de saberes e vivências e apropriando-se de conhecimentos e experiências que lhes possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida.
Com o advento da internet e das redes sociais, surgiram novas carreiras, e muitas pessoas têm se destacado nesse mercado, que, por enquanto, parece promissor. Contudo, como é uma área relativamente nova, ainda carece de regulamentação.
Aproveite a temática para problematizar com os estudantes a questão do consumo e de como isso impacta a crise ambiental atual. Essa discussão mobiliza a habilidade EM13CHS303
O assunto proposto nesta seção permite o trabalho com as competências gerais 7 e 10. Ao solicitar a análise dos impasses ético-políticos associadas às tranformações sociais, principalmente aquelas relacionadas ao trabalho de crianças nas redes sociais, e requerer a análise da Constituição Federal para discutir os progressos e os entraves à concretização dos direitos das crianças e dos adolescentes, a seção permite desenvolver, respectivamente, as habilidades EM13CHS504 e EM13CHS605. A discussão sobre o trabalho de menores de idade permite ainda o desenvolvimento da habilidade EM13CNT207
a) É provável que alguns estudantes não concordem com a diferenciação entre trabalho infantil e trabalho artístico infantil, mesmo que muitos artistas mirins digam que cantar, atuar ou gravar vídeos para as redes sociais é como se fosse uma brincadeira. Muitos menores de idade que participam de produções de TV, teatro ou outras mídias têm de cumprir uma rotina pesada de trabalho.
b) É preciso que os representantes legais e o próprio menor de idade não sejam seduzidos pelo suposto glamour do meio artístico, prezando pela infância e pela saúde mental, uma vez que o sucesso pode não acontecer ou ser apenas momentâneo, não garantindo a vida de celebridade sonhada por eles. Proponha uma pesquisa mais aprofundada a respeito da legislação brasileira sobre o trabalho infantil artístico.
1. Não sendo regulamentada, não há como resguardar os direitos dos profissionais e dos consumidores de seus conteúdos, o que pode gerar diversos problemas de cunho jurídico.
2. Comente que, além da graduação, os interessados em trabalhar com marketing digital devem buscar especialização em cursos e treinamentos sobre o assunto. Os estudantes devem gostar de desafios, de estar sempre atualizados e ter interesse pelas áreas de internet, tecnologia e marketing em geral. Entre outras habilidades,
devem saber trabalhar em equipe, ser proativos, organizados, criativos, comunicativos e ter vontade de aprender sempre.
3. Se julgar oportuno, convide um profissional que atue como analista de mídias sociais para conversar com a turma.
A intenção é que os estudantes conheçam a prática da profissão escolhida e avaliem a possibilidade de trabalhar na área, obtendo informações que possam guiá-los na escolha de suas carreiras. As entrevistas permitem o desenvolvimento das habilidades EM13CHS401 e EM13CHS404, ao propor aos estudantes que identifiquem e discutam os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos históricos.
O mundo do trabalho e sua relação com as juventudes favorece o desenvolvimento da habilidade EM13CNT207
A divulgação do resultado das entrevistas, usando uma linguagem apropriada às redes sociais, permite o desenvolvimento das habilidades EM13LGG301, EM13LGG701, EM13LGG702 e EM13LGG703.
A elaboração dos posts nas redes sociais visa colocar os estudantes no papel de produtores e divulgadores de informação para a comunidade.
Os grupos devem criar um produto que responda de maneira ampla à questão norteadora do projeto, resgatando aprendizados das etapas anteriores. Para dinamizar a campanha, pode-se propor a gamificação, com uma disputa entre os grupos que analisem as métricas das plataformas de redes sociais utilizadas. Se houver estudantes familiarizados com essas métricas, eles podem orientar os demais; caso contrário, orientações on-line devem ser buscadas.
O foco principal deve ser a divulgação de informações científicas verdadeiras, combatendo a desinformação climática e promovendo a educação ambiental, desenvolvendo as habilidades EM13CNT206, EM13CNT302 e EM13CNT303. A habilidade EM13CNT309 é desenvolvida parcialmente. Os estudantes devem
estabelecer combinados claros para garantir transparência na disputa.
É necessário que os estudantes façam os combinados previamente e, para evitar conflitos, explique a eles que os combinados devem ser descritos e ficar disponíveis para consulta durante toda a campanha. É importante prezar pela transparência da disputa entre os grupos. O Departamento de Comunicação Global da ONU listou algumas dicas de como fazer comunicações sobre as mudanças climáticas. As dicas estão disponíveis em: https://brasil.un.org/pt-br/199476comunica%C3%A7%C3%A3o-na-mudan%C3%A7 a-clim%C3%A1tica (acesso em: 3 out. 2024).
A participação dos professores da área de Linguagens e suas Tecnologias dos componentes curriculares Língua Portuguesa e Arte pode enriquecer a criação da campanha sobre crise climática nas redes sociais. O trabalho com as competências gerais 4 e 10 é mobilizado. O produto final permite o desenvolvimento da habilidade EM13LGG105, ao incentivar os estudantes a experimentar diversos processos de participação e intervenção social. Também é favorecido o desenvolvimento das habilidades EM13LGG701, EM13LGG702, EM13LGG703 e EM13LGG704, que dizem respeito às práticas de linguagens no universo digital. Ao requerer a análise das métricas das plataformas digitais, a atividade permite ainda o desenvolvimento da habilidade EM13MAT102.
A avaliação pode ocorrer em diferentes momentos do projeto, orientando ou ampliando as atividades conforme o interesse da turma. Nesse momento, propõe-se uma autoavaliação dos estudantes, individual e coletiva, que deve ser sincera, visando à reflexão sobre o comportamento e o comprometimento de cada um no projeto. Guiados pelas questões propostas, os estudantes podem identificar pontos fortes e fracos, promovendo o desenvolvimento da colaboração. Após responderem às questões, reúna-os para um balanço final, revendo os objetivos e os principais aprendizados do projeto.
As observações dos estudantes ajudam a ajustar futuras implementações. Essa análise global permite identificar práticas pedagógicas bem-sucedidas e aquelas que requerem ajustes para alcançar as metas propostas.
Como se preparar para a era da inteligência artificial?
A abordagem da inteligência artificial (IA) no Ensino Médio é fundamental, pois essa tecnologia molda o presente e o futuro dos estudantes. Estudar a IA permite que eles entendam desde algoritmos básicos até aplicações complexas, como automação e aprendizado de máquina. Essa familiaridade transforma os estudantes em criadores e inovadores, engajando-os na evolução tecnológica. Além disso, a IA está integrada a diversos setores da economia, o que significa que os empregos futuros exigirão um bom entendimento dessa tecnologia. Ao incluir a IA no currículo, os professores ajudam os estudantes a se prepararem para um mercado de trabalho cada vez mais orientado por dados e automação. Essa preparação abrange não apenas áreas técnicas, mas também setores como medicina, arte, direito e educação, ampliando as oportunidades para os estudantes.
A proposta deste Projeto Integrador é abordar o tema IA para estimular a curiosidade e a inovação entre os estudantes, oferecendo um ambiente de aprendizado que incentiva o pensamento criativo e a resolução de problemas complexos. O trabalho desenvolvido aqui visa preparar os estudantes para essas mudanças tecnológicas e contribuir para o desenvolvimento de habilidades necessárias para enfrentar desafios ainda desconhecidos, mas inevitavelmente moldados pela IA. A produção de um fanzine tem por objetivo convidar os estudantes a refletir criticamente sobre essa “revolução” tecnológica, comparando-a a outras tecnologias ditas revolucionárias, e a expressar suas ideias a respeito dos possíveis impactos da IA sobre eles e sobre a sociedade.
A IA suscita discussões importantes sobre ética e os impactos sociais da tecnologia. Abordar esses tópicos em sala de aula permite que os estudantes desenvolvam pensamento crítico sobre o uso da IA
na sociedade, discutindo os benefícios, os riscos e as implicações morais dessa prática. Assim, os professores podem ajudar a formar cidadãos conscientes e responsáveis, que não apenas entendem a tecnologia, mas também são capazes de refletir sobre suas consequências. Ademais, a temática abordado ao longo do projeto possibilita a relação com o mundo do trabalho e o projeto de vida dos estudantes, uma vez que eles entram em contato com as atuações profissionais e com perspectivas de futuro.
Produção de um fanzine sobre IA voltado para a comunidade, de modo a representar as ideias e os sentimentos dos estudantes sobre o tema, com base no que foi estudado e produzido nas etapas anteriores. Trata-se de um momento propício para envolver o professor do componente curricular Arte, da área de Linguagens e suas Tecnologias, no projeto, o que poderá dar subsídios importantes para as produções dos grupos.
Temas Contemporâneos
Transversais (TCT)
Este projeto foi concebido com base no TCT Ciência e tecnologia, abordando de maneira crítica a inteligência artificial como tecnologia, fruto da aplicação do conhecimento científico, com potencial de provocar profundas mudanças na sociedade. O TCT Trabalho é explorado em destaque na Etapa 4, que trata do mundo do trabalho, enquanto o TCT Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras é mobilizado quando se discute implicações sociais da IA e o fenômeno do racismo algorítmico.
Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS)
Ao abordar a IA e sua relação com a promoção de um crescimento econômico inclusivo e sustentável, com trabalho digno para todos, o projeto contribui com o ODS Trabalho decente e crescimento econômico (8).
O ODS Indústria, inovação e infraestrutura (9) é mobilizado quando se abordam as revoluções tecnológicas que ocorreram, por exemplo, no transporte e nas telecomunicações. Por fim, destacamos o trabalho
com o ODS Paz, justiça e instituições eficazes (16), que é realizado nos momentos em que o projeto se volta para aplicações de IA no poder público, com discussões acerca de como proporcionar o acesso à justiça para todos, com instituições eficazes, responsáveis e inclusivas.
Professor indicado para liderar o projeto
Física com o auxílio dos professores de Língua Portuguesa, Arte e História.
Avaliação
O professor deve avaliar a participação individual e coletiva ao longo da realização do projeto. Ao final do projeto é proposta uma autoavaliação para os estudantes.
O trabalho com as competências e as habilidades da BNCC
Competências gerais da Educação Básica 3, 4, 5, 6, 8, 10
Competências específicas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias 2, 3
Habilidades de Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Competências específicas de outras áreas
Habilidades de outras áreas
EM13CNT205, EM13CNT207, EM13CNT301, EM13CNT302, EM13CNT303, EM13CNT304, EM13CNT308, EM13CNT310
Linguagens e suas Tecnologias: 1, 2, 3, 4, 6, 7
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: 1, 2, 4, 5
Linguagens e suas Tecnologias: EM13LGG102, EM13LGG104, EM13LGG105, EM13LGG201, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG602, EM13LGG603, EM13LGG701, EM13LGG702, EM13LGG703
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: EM13CHS102, EM13CHS202, EM13CHS401, EM13CHS403, EM13CHS404, EM13CHS502, EM13CHS503
Consulte na BNCC a descrição das competências e habilidades mobilizadas neste projeto. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 17 out. 2024.
Propomos que este Projeto Integrador seja dividido em cinco etapas, além da apresentação e da autoavaliação final, totalizando 20 aulas ao longo de um semestre. Caso seja mais adequado para sua realidade escolar, o projeto pode ter outra duração; ele pode, por exemplo, ser trabalhado ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.
Número de aulas
Apresentação 1
Etapa 1 3
Etapa 2 5
Etapa 3 3
Etapa 4 4
Etapa final 3
Autoavaliação 1
Desenvolvimento
Aula 1: Exploração das páginas de abertura e da Ficha de estudo. Criação do canal de compartilhamento.
Aula 2: Leitura do texto e realização das atividades.
Aulas 3 e 4: Realização da seção Em ação e apresentação dos resultados.
Aulas 5 e 6: Leitura dos textos e realização das atividades das páginas 118 e 121.
Aulas 7, 8 e 9: Orientações para a seção Em ação: realização das entrevistas, das pesquisas, da dissertação e da apresentação.
Aulas 10 e 11: Leitura dos textos e realização das atividades das páginas 127 e 131.
Aula 12: Produção dos cards da seção Em ação.
Aulas 13 e 14: Leitura dos textos e realização da seção
Saiba mais e das atividades das páginas 134 e 137.
Aulas 15 e 16: Realização da entrevista e da pesquisa da seção Em ação
Aula 17: Primeiras ideias sobre o fanzine e divisão de tarefas do grupo.
Aulas 18 e 19: Produção do fanzine e resolução de dúvidas com os professores.
Aula 20: Balanço geral do fanzine e autoavaliação do projeto.
A abertura do projeto traz a cena de um filme de ficção científica para fomentar o debate sobre o tema. A história do filme O exterminador do futuro 2, de 1991, é a sequência do também clássico de ficção científica O exterminador do futuro, lançado em 1984. Sua história se passa anos após os eventos do primeiro filme, com Sarah Connor tentando proteger seu filho, John Connor, que é o futuro líder da resistência humana contra as máquinas.
Nesse futuro distópico, uma poderosa IA desenvolvida para fins militares adquire consciência e declara guerra aos humanos. Um novo e mais avançado exterminador, o T-1.000 é enviado do futuro para matar John. No entanto, dessa vez, a resistência reprograma um antigo modelo de exterminador, o T-800, para proteger John. O filme combina ação intensa com efeitos especiais, explorando temas como destino, humanidade e perigos da tecnologia. Por seu grande sucesso, ele ajudou a cultivar, no imaginário popular, um receio do desenvolvimento de IA. Esse é o ponto que buscamos trazer para debate com os estudantes.
• O EX TERMINADOR do futuro 2: julgamento final. Direção e produção: James Cameron. EUA: TriStar Pictures, 1991. Streaming (137 min).
• O EX TERMINADOR do futuro. Direção: James Cameron. Produção: Gale Anne Hurd. EUA: Orion Pictures, 1984. Streaming (108 min).
1. Pergunte aos estudantes se eles já assistiram a esse filme e peça a eles que recontem o que lembram da história, valorizando a participação deles. Se necessário, complemente o que eles disserem com as informações apresentadas no texto de abertura deste manual. Pergunte aos estudantes se eles consideram essa visão pessimista e apocalíptica da IA verossímil e peça-lhes que justifiquem suas opiniões com argumentos. Pergunte também se eles conhecem outro filme ou produção cultural que retrate o futuro da IA, estimulando-os a trocar informações e enriquecer o repertório cultural deles.
2. Pergunte aos estudantes se eles têm familiaridade com alguma ferramenta de IA. Aproveite o momento para identificar aqueles que apresentam maior domínio do tema.
3. Nesse momento, não são esperadas respostas com muito embasamento; isso será construído ao longo do projeto. O objetivo aqui é levantar os conhecimentos prévios dos estudantes e provocar questionamentos que vão orientar os estudos ao longo das etapas. Estimule-os a imaginar o impacto da IA nas relações interpessoais, de trabalho e entre humano e máquina, avaliando a dimensão que eles atribuem a esse impacto.
Após a exploração inicial do tema na abertura, leia com a turma a Ficha de estudo. Apresente a questão norteadora, da qual todas as etapas derivam. Essa pergunta pode ser abordada como uma situação-problema, um desafio para o qual se convida os estudantes a propor soluções. Explicitar os objetivos e a justificativa do projeto contribui para engajar os estudantes no trabalho e para uma aprendizagem significativa. Avalie a possibilidade de incluir novos objetivos nessa lista, partindo de demandas que os estudantes tenham exposto durante a conversa inicial. Estimule a leitura do tópico Percurso do projeto, que apresenta uma breve descrição do que será feito em cada etapa. Comente a importância de cada uma das etapas para a construção de uma solução para a situação-problema. Por fim, destaque o trabalho que será realizado na Etapa final, na qual o produto final do projeto será criado. Encerre a aula solicitando aos estudantes que formem grupos para a realização do projeto. Aproveite o momento para falar sobre o boxe Hora de compartilhar. É necessário que os estudantes decidam qual será o canal de compartilhamento e o criem antes do início dos estudos.
– p. 110
Esta etapa visa apresentar informações e questionamentos que evidenciam a importância do tema geral do projeto em âmbito não apenas global, mas também local e até individual.
As citações da abertura trazem afirmações sobre IA feitas por personalidades oriundas de diferentes áreas de atuação. Note que essas falas explicitam visões diferentes sobre o tema, do otimismo ao pessimismo. Avalie cada uma delas com os estudantes e peça-lhes que manifestem o que pensam e sentem a partir dessas leituras. Ao final, deverá ficar claro que há muitas expectativas quanto ao futuro da IA, mas poucas certezas.
O tema deste projeto desperta muito interesse nas pessoas em razão de sua relevância social, cultural, econômica e até ambiental. Caso deseje se aprofundar no tema, algumas das obras que podem contribuir para aumentar o seu repertório são:
• TEGMARK, Max Vida 3.0: o ser humano na era da inteligência artificial. São Paulo: Benvirá, 2020.
• GABRIEL, Martha. Inteligência artificial: do zero ao metaverso. São Paulo: Atlas, 2022.
• IANSITI, M arco; LAKHAN, Karim R. A era da inteligência artificial. São Paulo: AlfaCon, 2021.
a) Procure deixar claro que a IA está presente em diferentes tecnologias comuns atualmente: fechaduras eletrônicas com reconhecimento facial, celulares com reconhecimento facial, algoritmos de rede social que sugerem conteúdo ou produtos para o usuário, entre outros.
b) Pergunte aos estudantes como imaginam que a IA afeta ou afetará o projeto de vida deles, em especial no âmbito profissional. Nesse momento, vale propor uma reflexão para os estudantes sobre seus gostos pessoais, suas ambições e vocações, estimulando-os a se conhecerem e a se apreciarem, reconhecendo-se na diversidade humana.
Esse trabalho favorece o desenvolvimento da competência geral 8. Ao convidar os estudantes a identificar, analisar e discutir vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios contemporâneos aos quais os jovens estão expostos, é favorecido o trabalho com a habilidade EM13CNT207.
Questione se os estudantes têm interesse em atuar na área de tecnologia diretamente com IA e destaque que esse ramo está em franca expansão, constituindo-se em um mercado de trabalho promissor. Comente que a IA afeta também áreas de atuação que, aparentemente, não têm relação direta com tecnologia, como jornalismo, publicidade e carreiras de saúde. Esse assunto será explorado em profundidade na Etapa 4
A seção propõe uma abordagem lúdica e crítica, utilizando produções de ficção científica que exploram os impactos da IA na sociedade e nos indivíduos. Dessa forma, é favorecido o desenvolvimento da habilidade EM13LGG602. Os estudantes devem analisar visões de
mundo em obras de diferentes linguagens para produzir interpretações e explicações sobre a própria realidade, desenvolvendo habilidades como EM13LGG102 e EM13LGG104. Ao debater questões polêmicas, analisando diferentes argumentos, também se trabalha a habilidade EM13LGG303.
A atividade envolve a discussão de conhecimentos científicos sobre IA, com ênfase em argumentos éticos e responsáveis, contribuindo para a habilidade EM13CNT304. A proposta destaca o caráter interdisciplinar com Linguagens e suas Tecnologias, sugerindo parceria com um professor dessa área para indicar obras e orientar a produção de resenhas.
Uma resenha examina e discute um conteúdo, sendo mais acessível a outros leitores e podendo ser publicada em diversos meios. Ela analisa aspectos estéticos, contextos e propósitos, interpretando e resumindo informações. É importante diferenciar resenha de resumo: enquanto o resumo é conciso, a resenha oferece análises mais profundas.
Hora de compartilhar – p. 114
As resenhas produzidas na seção Em ação podem ser compartilhadas no canal on-line criado pela turma. Ao comunicar para públicos variados suas análises das obras por meio de tecnologias digitais de informação e comunicação, a fim de promover debates sobre temas tecnológicos de relevância sociocultural, os estudantes desenvolvem a habilidade EM13CNT302
tecnológicas – p. 115
Quão profundo pode ser o impacto de uma nova tecnologia?
O objetivo desta etapa é direcionar um olhar crítico para outras tecnologias que foram consideradas revolucionárias e analisar os impactos que elas provocaram na vida das sociedades e dos indivíduos. Escolhemos a eletricidade, o motor a combustão e as diferentes tecnologias de telecomunicação para conduzir essa análise, com base em uma perspectiva histórica.
As reflexões e as conclusões resultantes disso se somarão ao trabalho desenvolvido nas outras etapas para oferecer subsídios aos estudantes, a fim de permitir que elaborem, na Etapa final, um produto que reflita um olhar sofisticado sobre a questão norteadora do projeto.
Proposta de ampliação
Reserve um tempo da aula para assistir com os estudantes ao filme mencionada no boxe Conexões da página 117. Caso não seja possível acessar a internet em sala de aula, peça aos estudantes que assistam ao filme em casa. A história da batalha das correntes, representada no filme indicado, fornece um bom exemplo de como o desenvolvimento científico afeta e é afetado pelo contexto no qual se insere. Comparar o cotidiano das pessoas antes de a eletricidade estar amplamente disponível nas cidades com o cotidiano atual ajuda a dimensionar os impactos que essa revolução tecnológica representou.
No âmbito deste projeto, essa obra também pode fomentar questionamentos como: Que interesses há na ampliação da presença da IA na sociedade? Quem realmente se beneficia com isso? Quais são as grandes empresas que mais “estimulam” esse desenvolvimento e quais são os interesses delas?
Atividades – p. 118
Interpretar textos de divulgação científica, considerando a apresentação dos dados, tanto na forma de textos como em gráficos, quadros e ou tabelas, contribui para o desenvolvimento da habilidade EM13CNT303 a) A seguir está representada uma proposta de como podem ficar os quadros produzidos pelos estudantes.
Tipo de tecnologia
Tipo de energia utilizada % da energia convertida em luz
Vela Térmica Entre 0,01% e 0,04%
Lamparina Térmica Entre 0,15% e 0,3%
Primeiras
lâmpadas elétricas (papel carbonizado e grampos de platina)
Lâmpadas com filamento de ósmio
Lâmpadas com filamento de tungstênio no vácuo
Lâmpadas com gás inerte
Lâmpada fluorescente
Elétrica0,2%
Elétrica0,6%
Elétrica Cerca de 1,2%
Elétrica Cerca de 2,4%
Elétrica Maior que 7%
Tipo de tecnologiaEficácia luminosa (lm/W)
Vela 0,3
Lamparina a gás Entre 1 e 2
Primeiras lâmpadas incandescentes Menor que 5
Lâmpadas incandescentes modernas Entre 10 e 15
Lâmpadas fluorescentesAté 100
Lâmpadas de sódio de baixa pressão Acima de 200
Diodos emissores de luz (LED) 100 (podendo passar de 150)
b) Caso os estudantes optem pelo gráfico de colunas, comente que podem ser usadas cores diferentes nas colunas para identificar o tipo de energia que cada tecnologia emprega (térmica ou elétrica). O estímulo ao uso de um programa ou aplicativo de planilhas para produção desse gráfico visa fomentar o uso crítico de ferramentas digitais de informação e comunicação.
c) É possível, ainda, que os estudantes proponham uma solução digital, voltada a quem acessa a informação via celular ou computador. Estimule a criatividade, com foco na acessibilidade.
d) Aproveite o momento para promover uma conversa com a turma sobre o que foi feito. Ao longo dela, possibilite aos estudantes analisar e avaliar os impactos das tecnologias de iluminação nas dinâmicas das sociedades contemporâneas: Como elas afetaram a segurança pública? Que possibilidades elas geraram? Que impactos elas produziram no ambiente? Esse tipo de abordagem contribui para o desenvolvimento da habilidade EM13CHS202
• Avaliar o impacto das tecnologias digitais na formação do sujeito e em suas práticas sociais desenvolve a habilidade EM13LGG703. O texto aborda um livro que examina os efeitos da presença constante do celular na vida cotidiana. Para os estudantes que cresceram em um “mundo digital”, a era anterior à popularização dos celulares pode parecer distante. Entre 2000 e 2015, o acesso à internet era limitado a computadores, com conexão lenta e informações dispersas em sites e blogs. Em menos de 15 anos, a sociedade mudou, com o acesso em banda larga pelo celular se tornando comum e a navegação se concentrando em redes sociais. Pergunte aos
estudantes se a IA pode induzir transformações tão rápidas e profundas, dando continuidade ao desenvolvimento da habilidade EM13CHS202
A atividade propõe uma abordagem interdisciplinar do impacto das novas tecnologias, integrando Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Os estudantes devem identificar e analisar como as transformações tecnológicas afetam as relações sociais, desenvolvendo as habilidades EM13CHS401 e EM13CHS403.
Para as entrevistas, é crucial que os estudantes se preparem. Além do material teórico, devem pesquisar a evolução das tecnologias de comunicação e de transporte, formulando perguntas pertinentes que estimulem o entrevistado a refletir sobre suas experiências em relação a essas transformações. Durante a entrevista, é importante manter uma postura respeitosa, demonstrando interesse pelas histórias contadas. Perguntas abertas, do tipo “Como era sua vida antes da televisão ou do telefone?” ou “Como as melhorias no transporte mudaram sua rotina?”, devem ser usadas para incentivar respostas detalhadas.
Após as entrevistas, os estudantes organizarão as informações coletadas, destacando as mudanças vivenciadas e seus impactos. É interessante considerar como essas inovações moldaram a vida do entrevistado e da sociedade. A pesquisa trará dados concretos sobre as mudanças na comunidade, permitindo que os estudantes usem a tecnologia de forma crítica para abordar questões sociais reais. Com isso, espera-se que disseminem as informações coletadas, desenvolvendo as competências gerais 4 e 5.
Hora de compartilhar – p. 122
A publicação da dissertação produzida pelos grupos visa colocar os estudantes no papel de produtores e divulgadores de informação para a comunidade. Fotografias, vídeos e outros recursos podem ser adicionados para tornar a publicação mais interessante.
Etapa 3 Desvendando a IA –p. 123
Como a IA funciona?
Ao longo do percurso desta etapa, são trabalhados aspectos do pensamento computacional, lógica de programação “convencional” e princípios básicos
do funcionamento da IA. Também são analisadas diferentes aplicações da IA e alguns de seus benefícios e desafios. Com isso, espera-se que os estudantes possam construir uma resposta mais sofisticada para a questão norteadora do projeto, o que se refletirá na criação do produto final. Caso deseje aprofundar o trabalho com pensamento computacional, boas propostas podem ser encontradas na Cartilha com atividades desplugadas para o Ensino Médio, de Cristiane Crema, disponível em: https://educapes.capes.gov.br/handle/ capes/585927 (acesso em: 25 set. 2024).
Aproveite para ampliar a discussão sobre os tipos de IA e seus usos com o Podcast Inteligência artificial a serviço do meio ambiente.
1. a) A tirinha retrata uma situação que, no contexto da programação, é conhecida como loop (laço) infinito.
Trata-se de um erro na codificação de um programa no qual um processo ou conjunto de processos pode se repetir sem um comando que determine sua parada, o que o faz ser executado “infinitamente” e interrompe o funcionamento do software.
b) Na tirinha, o loop infinito resulta na pena “eterna” do robô. O conceito de loop infinito é explorado na atividade seguinte, que solicita a criação de um fluxograma.
2. Ao construir modelos para representar e enfrentar situações-problema com base em uma perspectiva científica, desenvolve-se a habilidade EM13CNT301.
A construção desse tipo de fluxograma contribui para a compreensão da lógica de programação utilizada na criação de softwares. Com isso, desenvolve-se a habilidade EM13CNT308
É possível expandir a atividade e solicitar aos grupos que elaborem um algoritmo similar para resolver outros problemas; por exemplo:
• Como trocar uma lâmpada queimada?
• Como separar e dobrar uma pilha de roupas lavadas e secas?
• Como trocar o pneu furado de um carro? Esse tipo de exercício contribui para desenvolver os quatro pilares do pensamento computacional. Com base na aplicação desse raciocínio para solucionar problemas relativamente simples, os estudantes podem se apropriar dessas ferramentas e aplicá-las a outras situações.
Ao ler com a turma as figuras do fluxograma, certifique-se de que os estudantes compreenderam o que elas significam. As operações com a variável N merecem mais atenção, pois podem parecer mais abstratas que as demais:
• “Definir N = 1” significa que, ao passar por esse processo, a variável N passa a ter o valor 1.
• “I tem N” refere-se ao ordinal correspondente a cada item da pesquisa. O primeiro item no resultado da pesquisa corresponde a N = 1, e o décimo item corresponde a N = 10.
• “Passar para o próximo item (N = N + 1)” – nesse processo, a variável N sofre um incremento. Por exemplo: caso, ao iniciar esse processo, a variável N seja igual a 3, após passar pelo processo, ela terá valor igual a 4.
• “N > 10?” – nessa tomada de decisão, o algoritmo segue por um caminho caso a resposta seja afirmativa (valor de N maior que 10) ou por outro caminho caso a resposta seja negativa (valor de N menor ou igual a 10). Uma possibilidade de fluxograma é apresentada a seguir.
Início da pesquisa Pesquisa concluída
Acessar a página do buscador
Digitar as palavras-chave no campo de busca
Clicar no botão "Pesquisar" Avaliar item N do Resultado da pesquisa
Definir N = 1
Na página de resultados, o item N parece atender ao objetivo da pesquisa?
Clicar no item N para ver o conteúdo Passar para o próximo item
O conteúdo do item N tem o que você precisa?
Escolher outras palavras-chave
O texto dessa seção traz um exemplo concreto de como o desenvolvimento e a aplicação da IA mobiliza questões éticas e morais. Se possível, acesse com a turma o site Máquina Moral, disponível em: https://www. moralmachine.net/hl/pt (acesso em: 25 set. 2024). Analise cada situação com a turma, promovendo uma votação para escolha da primeira ou da segunda decisão. Peça a alguns estudantes que expliquem sua escolha e estimule o debate de ideias. Esse é um momento propício para exercitar a competência geral 9, que envolve a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, promovendo o respeito mútuo. Ao realizar previsões sobre processos tecnológicos com base em noções de incerteza, reconhecendo os limites entre conhecimento científico e valores morais, os estudantes trabalham a habilidade EM13CNT205
• Espera-se que, com base no que estudaram sobre o funcionamento, as aplicações e os dilemas que envolvem a IA, eles possam fazer comparações ponderadas sobre o impacto de outras tecnologias nas sociedades e nos indivíduos. Essas ideias serão retomadas para elaboração do produto final do projeto. Avaliar o impacto das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC) na formação do sujeito e em suas práticas sociais, com objetivo de fazer uso crítico dessas mídias, contribui para o desenvolvimento da habilidade EM13LGG702.
1. Comente que algoritmos de reconhecimento facial, por exemplo, têm demonstrado taxas de erro significativamente maiores ao identificar pessoas negras do que ao identificar pessoas brancas. De maneira similar, sistemas de IA empregados para recrutamento de pessoal e concessão de crédito podem desfavorecer populações historicamente perseguidas. Esse fenômeno destaca a necessidade de desenvolver e treinar algoritmos de forma ética e inclusiva, garantindo que as tecnologias de IA não perpetuem discriminações. Identificar, analisar e discutir as circunstâncias que levam ao surgimento do racismo algorítmico, bem como suas possíveis consequências e soluções, contribui para o desenvolvimento das habilidades EM13CHS102 e EM13CHS202. Reconhecer e analisar os impactos das transformações tecnológicas nas relações sociais e de trabalho contribui para o
desenvolvimento da habilidade EM13CHS403. O racismo algorítmico é uma forma de violência contra populações historicamente perseguidas; identificar esse problema, bem como ações que promovam os direitos humanos e a solidariedade, contribui para o desenvolvimento das habilidades EM13CHS502 e EM13CHS503
2. As informações podem ser pesquisadas em páginas de institutos de pesquisa, reportagens ou fontes oficiais, nos casos em que a aplicação é em um serviço público. Dedique uma aula para as apresentações. Oriente os grupos para que pensem também nas formas como a implementação da IA na aplicação pesquisada afeta o trabalho dos profissionais daquela área. Esse exercício contribui para o desenvolvimento da habilidade EM13CHS401.
Os grupos devem resumir o que estudaram ao longo da etapa. Para produzir bons cards, os estudantes deverão sintetizar o conteúdo com clareza e objetividade. Pode ser escolhida uma imagem de fundo para toda coleção de cards, ou cada cartão pode ter uma imagem diferente.
É importante promover um momento para que os grupos mostrem suas produções antes de publicá-las no canal de compartilhamento. Isso permitirá a cada grupo avaliar como as pessoas recebem os textos que produziram, verificando se há pontos que podem ser melhorados.
Comunicar resultados de pesquisa para públicos variados por meio de diferentes linguagens, usando TDIC para promover debates sobre temas tecnológicos de relevância sociocultural, desenvolve as habilidades EM13CNT302 e EM13LGG104. Participar de processos de produção colaborativa em diferentes linguagens, explorando tecnologias digitais da informação e comunicação de modo ético, criativo, responsável e adequado a diferentes contextos, exercita as habilidades EM13LGG301, EM13LGG701 e EM13LGG703.
Hora de compartilhar – p. 132
Ressalte a importância de os estudantes publicarem cards que garantam a acessibilidade para pessoas com deficiência visual. Reforce que, além do texto de cada card , é necessário descrever a aparência dele.
Como a IA pode afetar escolhas e possibilidades de trabalho?
Nesta etapa, analisamos os impactos da IA no mundo do trabalho. Trata-se de uma temática importante, pois, nessa faixa etária, muitos estudantes começam a se preparar para a inserção no mercado de trabalho e se encontram diante de questões difíceis, como “Que profissão escolher?” e “Como dar continuidade aos estudos após o Ensino Médio?”. Aproveite para aprofundar a discussão da relação entre a IA e as possibilidade de trabalho com o Vídeo Inteligência artificial e o futuro das profissões
Procuramos apresentar múltiplas visões de processos que envolvem o trabalho e convidar os estudantes a discutir fenômenos como a criação de carreiras e a precarização de certas profissões. Também são analisados os usos da IA na “economia criativa”, ramo que está entre os principais empregadores da mão de obra jovem. Por fim, os estudantes são convidados a refletir e agir para se posicionar nessa realidade, com foco no aspecto profissional de seus projetos de vida.
Esse tema é especialmente propício para explorar a interdisciplinaridade com a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento das habilidades EM13CHS401, EM13CHS403 e EM13CHS404. O mundo do trabalho e sua relação com as juventudes também favorecem o desenvolvimento da habilidade EM13CNT207, bem como da competência geral 6.
1. a) Se julgar necessário, acesse o portal do Jornal da USP e mostre aos estudantes como buscar outras notícias. Disponível em: https://jornal.usp.br. Acesso em: 2 set. 2024.
b) Aproveite o momento para comentar a importância de portais como o do Jornal da USP para a divulgação de informações científicas à comunidade.
c) Aproveite o momento para abordar com os estudantes algumas das etapas que os estudos científicos devem apresentar. Comente que a comunicação dos resultados é uma das etapas de produção do conhecimento e ajuda a combater a desinformação.
2. As perguntas do primeiro parágrafo são: “A IA vai resultar na precarização ou no desaparecimento de
carreiras? Que profissões serão mais impactadas negativamente? E positivamente? Que oportunidades de carreira ou negócio esse novo cenário produz? Como se preparar para essas mudanças? Como elaborar e conduzir nossos projetos de vida nesse cenário?”. Se possível, organize a turma em pequenos grupos e distribua uma pergunta para cada um dos grupos. Em seguida, dê um tempo para que eles discutam e, ao final, oriente-os a apresentar os principais pontos discutidos e suas conclusões.
O texto das atividades possibilita aos estudantes compreender o impacto das tecnologias digitais da informação e comunicação no mercado de trabalho, em consonância com a habilidade EM13LGG702.
1. a) A provocação que a atividade traz visa dar continuidade à discussão sobre os riscos de precarização do trabalho que a IA representa.
b) Comente com a turma que, para fazer uma análise crítica do tema tratado na última frase do trecho, é importante se questionar sobre os grupos que são beneficiados com essa tecnologia e os que são afetados negativamente. Essa proposta se alinha ao desenvolvimento das habilidades EM13LGG301, EM13LGG304 e EM13LGG305.
2. Comente com os estudantes que a dissertação é um gênero textual cujo intuito é apresentar e argumentar sobre determinado tema. Em geral, estrutura-se em introdução, desenvolvimento e conclusão. É importante que os estudantes apresentem argumentos racionais para defender suas visões e conclusões.
Os grupos são convidados a realizar um trabalho coletivo visando construir uma resposta para a questão norteadora da etapa “Como a IA pode afetar escolhas e possibilidades de trabalho?”. Isso será feito por meio entrevista e pesquisa em fontes de consulta.
Estimule os estudantes a elaborar questões diferentes das fornecidas no livro, partindo das dúvidas que eles tenham acerca do tema. A participação em processos de produção colaborativa em diferentes linguagens e o posicionamento crítico diante de diversas visões de mundo favorecem a interdisciplinaridade com a área de Linguagens e suas Tecnologias, trabalhando as habilidades EM13LGG301 e EM13LGG302
Mapear e criar, por meio de práticas de linguagem, possibilidades de atuação social para enfrentar desafios contemporâneos, formulando tomadas de decisão que levem em conta o bem comum, estimula o desenvolvimento das habilidades EM13LGG304 e EM13LGG305. Analisar as controversas da implementação de IA no mercado de trabalho e comunicar as conclusões para públicos variados, de maneira crítica, colabora para o desenvolvimento das habilidades EM13CNT302 e EM13CNT304
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Publicar os produtos da seção Em ação no canal de compartilhamento da turma contribui para que todos tenham acesso aos conteúdos produzidos pelos demais grupos.
Os grupos devem criar um produto que responda de forma abrangente à questão norteadora do projeto, utilizando as aprendizagens das etapas anteriores, especialmente as das seções Em ação. O objetivo é produzir algo relevante para a comunidade local, que possa ser apresentado à escola e ao público externo.
A proposta de criar um fanzine sobre experiências e conceitos de IA pode parecer desafiadora, mas é importante facilitar a familiarização dos estudantes com essa tecnologia, desenvolvendo a competência geral 3. O uso de celulares ou computadores com internet é essencial, e o fanzine pode ser impresso ou digital. Para a divulgação, pode-se usar um canal de compartilhamento da turma, e os grupos devem criar uma conta de e-mail coletiva para cadastro em plataformas, evitando a exposição de dados pessoais.
É fundamental acompanhar o trabalho dos grupos, estimulando a divisão de tarefas com base nas habilidades de cada membro. Se possível, proponha um trabalho conjunto com o professor do componente curricular Arte, da área de Linguagens e suas Tecnologias, que pode ajudar os estudantes a traduzir criativamente os conceitos de IA, enriquecendo seu repertório.
Essa proposta, fortemente interdisciplinar, desenvolve as habilidades EM13CNT207, EM13CNT302, EM13CNT304, EM13CNT310, EM13LGG105, EM13LGG201, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG305, EM13LGG603, EM13LGG701, EM13LGG702 e EM13LGG703.
A avaliação pode ocorrer em diferentes momentos do projeto, orientando ou ampliando as atividades conforme o interesse da turma. Nesse momento, propõe-se uma autoavaliação dos estudantes, individual e coletiva, que deve ser sincera, visando à reflexão sobre o comportamento e o comprometimento de cada um no projeto. Guiados pelas questões propostas, os estudantes podem identificar pontos fortes e fracos, promovendo o desenvolvimento da colaboração. Após responderem às questões, reúna-os para um balanço final, revendo os objetivos e os principais aprendizados do projeto.
As observações dos estudantes ajudam a ajustar futuras implementações. Essa análise global permite identificar práticas pedagógicas bem-sucedidas e aquelas que requerem ajustes para alcançar as metas propostas.
Como reverter o crescimento do consumo de produtos ultraprocessados no Brasil e valorizar nossa cultura alimentar?
Estudar a alimentação em suas diversas dimensões é essencial para estudantes do Ensino Médio, pois impacta diretamente a saúde, o ambiente, a economia e a cultura. Compreender a alimentação vai além da nutrição; envolve decisões informadas que afetam o bem-estar e o mundo ao redor. O conhecimento sobre nutrientes e dietas equilibradas capacita os jovens a desenvolver hábitos que previnam doenças e promovam qualidade de vida.
A produção de alimentos, especialmente em larga escala, tem afetado o ambiente de tal modo que é essencial a busca e o conhecimento de práticas agrícolas que sejam sustentáveis. Além disso, a indústria alimentícia tem profundas implicações econômicas; entender seu funcionamento e as políticas públicas a ele relacionadas prepara os estudantes para compreender as questões de segurança alimentar e justiça social.
Os aspectos sociais e culturais da alimentação também são importantes, pois a comida é um elemento central das identidades culturais e das relações sociais. Estudar esses fatores promove a valorização da diversidade cultural. Por fim, desenvolver a capacidade de avaliar criticamente informações sobre alimentos é crucial para escolhas conscientes que beneficiem os indivíduos, a sociedade e o planeta Terra.
O objetivo principal do projeto é destacar a importância fundamental da alimentação tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. A ideia é levar o estudante a refletir sobre seus hábitos alimentares e reconhecer que eles afetam a saúde, a comunidade e o ambiente. O recorte escolhido para desenvolver essa temática visa inserir o estudante no debate atual acerca dos alimentos ultraprocessados, convidando-o a refletir sobre as causas e consequências do aumento no consumo desses produtos nas últimas décadas. Desenvolvido por uma perspectiva interdisciplinar, o projeto enfoca as contribuições que a área de Ciências da Natureza traz para esse estudo. Com isso, visa fazer com que o estudante se aproprie de conhecimentos dessa e de outras áreas para analisar de maneira crítica as maneiras como os alimentos são produzidos, extraídos ou comercializados. Também objetiva capacitar o estudante a reconhecer os principais grupos de nutrientes e suas respectivas fontes alimentares, assim como identificar os hábitos que constituem uma alimentação saudável e alinhada à construção de um mundo mais justo e sustentável. Por fim, ao propor a criação de um plano de negócios e a apresentação dessa empresa em um formato profissional, o projeto visa convidar os estudantes a desenvolver habilidades relacionadas ao mundo do trabalho e a refletir sobre aptidões e metas.
Temas sobre alimentação e nutrição estão presentes no dia a dia das pessoas sob o aspecto biológico, social, cultural e histórico. Além disso, é necessário não levarmos em consideração que os estudantes têm contato com diferentes mídias, especialmente as digitais, que fomentam dietas e hábitos alimentares. Nesse sentido, entendemos que o acesso à informação sobre os múltiplos aspectos da alimentação seja fundamental
na promoção de uma vida saudável, contribuindo também para escolhas socialmente conscientes e à conservação ambiental. Ademais, a temática abordada ao longo do projeto pode ser relacionada com o mundo do trabalho e o projeto de vida dos estudantes, uma vez que eles entram em contato com as atuações profissionais e com perspectivas de futuro.
Ao final do projeto, os estudantes deverão produzir um pitch para apresentar a empresa criada em grupo. Essa ação será o resultado dos produtos desenvolvidos sequencialmente pelos estudantes ao longo das etapas anteriores. Por isso, é essencial que o projeto seja desenvolvido sequencialmente com a turma.
Temas Contemporâneos
Transversais (TCT)
Este projeto foi concebido com base no TCT Educação alimentar e nutricional, abordando a educação alimentar de maneira crítica e com enfoque amplo, abrangendo desde o cultivo dos alimentos até a importância deles para a saúde. O TCT Educação para o consumo é explorado nos momentos em que se questiona como nossos hábitos de consumo podem influenciar questões ambientais, econômicas e sociais. Os TCT Trabalho e Direitos da criança e do adolescente são abordados ao considerar o trabalho infantil agente violador dos direitos de crianças e adolescentes. Ao longo desse percurso, os TCT Saúde e Educação Ambiental também são mobilizados.
Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS)
Ao propor o desenvolvimento de uma postura crítica perante os hábitos alimentares, levando em conta como nossa alimentação afeta o ambiente, a sociedade e a própria saúde, o projeto contribui com os ODS Consumo e produção responsáveis (12), Saúde e bem-estar (3) e Fome zero e agricultura sustentável (2).
A análise dos impactos ambientais relacionados a determinadas práticas de produção ou obtenção de alimentos se alinha ao trabalho com os ODS Ação contra a mudança global do clima (13), Vida na água (14) e Vida terrestre (15).
Professor indicado para liderar o projeto
Biologia com o auxílio dos professores de Língua Portuguesa, Arte, História, Geografia e Matemática.
O professor deve avaliar a participação individual e coletiva ao longo da realização do projeto. Ao final do Projeto Integrador, é proposta uma autoavaliação para os estudantes.
O trabalho com as competências e as habilidades da BNCC
Competências gerais da Educação Básica 4, 5, 6, 7, 9, 10
Competências específicas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias 1, 2, 3
Habilidades de Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Competências específicas de outras áreas
Propomos que este Projeto Integrador seja dividido em cinco etapas, além da apresentação e da autoavaliação final, totalizando 20 aulas ao longo de um semestre. Caso seja mais adequado para sua realidade escolar, o projeto pode ter outra duração; ele pode, por exemplo, ser trabalhado ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.
Número de aulas
Apresentação1
Habilidades de outras áreas
EM13CNT104, EM13CNT203, EM13CNT205, EM13CNT206, EM13CNT207, EM13CNT301, EM13CNT302, EM13CNT303
Linguagens: 1, 2, 3, 6, 7
Matemática: 1, 2, 4
Ciências Humanas: 1, 2, 3, 4, 5
Linguagens e suas Tecnologias: EM13LGG102, EM13LGG104, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG602, EM13LGG701, EM13LGG703
Matemática e suas Tecnologias: EM13MAT101, EM13MAT202, EM13MAT406
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: EM13CHS103, EM13CHS106, EM13CHS202, EM13CHS301, EM13CHS302, EM13CHS304, EM13CHS402, EM13CHS404, EM13CHS502, EM13CHS503
Consulte na BNCC a descrição das competências e habilidades mobilizadas neste projeto. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 17 out. 2024.
Etapa 1 2
Etapa 2 5
Etapa 3 5
Etapa 4 4
Etapa final 2
Autoavaliação 1
Desenvolvimento
Aula 1: Exploração das páginas de abertura e da Ficha de estudo. Criação do canal de compartilhamento da turma.
Aula 2: Leitura do texto e realização das atividades. Início do planejamento das entrevistas e do mapa da seção Em ação.
Aula 3: Compartilhamento dos resultados da entrevista e do mapa da seção Em ação
Aulas 4, 5 e 6: Leitura dos textos e realização das atividades das páginas 153, 157 e 158.
Aulas 7 e 8: Realização das atividades da seção Em ação.
Aulas 9 e 10: Leitura dos textos e realização das atividades das páginas 164 e 167.
Aulas 11, 12 e 13: Realização das atividades da seção Em ação
Aulas 14 e 15: Leitura dos textos e realização da seção Saiba mais e das atividades da página 172.
Aulas 16 e 17: Realização das atividades da seção Em ação
Aula 18: Planejamento e início da execução do vídeo.
Aula 19: Apresentação do vídeo à turma.
Aula 20: Avaliação geral do evento e autoavaliação do projeto.
A imagem da abertura do Projeto Integrador mostra alimentos in natura. A comparação desses alimentos com os ultraprocessados, presentes na alimentação de muitos adolescentes, é o fio condutor do projeto e leva a reflexões sobre aspectos culturais, econômicos, sociais, ambientais e de saúde relacionados à alimentação.
O termo alimento ultraprocessado foi cunhado pelo epidemiologista brasileiro Carlos Augusto Monteiro (1948-), pesquisador considerado referência mundial no que diz respeito aos impactos que esse tipo de alimento pode provocar na saúde pública. Caso tenha interesse em se aprofundar no tema, uma boa recomendação é o livro Gente ultraprocessada: por que comemos coisas que não são comida, e por que não conseguimos parar de comê-las, do médico britânico Chris van Tulleken (Editora Elefante, 2024). Nessa obra, o autor relata seu experimento pessoal para testar a ideia, defendida por Monteiro e outros, de que os alimentos ultraprocessados devem ser responsabilizados pela explosão global dos índices de doenças crônicas não transmissíveis. Tulleken se propõe a passar um mês alimentando-se basicamente de ultraprocessados e conta os resultados no livro.
1. Aproveite o momento para avaliar o conhecimento dos estudantes acerca desse tipo de alimento. Se julgar oportuno, peça-lhes que nomeiem os vegetais mostrados na fotografia. Questione se os alimentos que eles mais consomem estão presentes nessa barraca.
2. Peça aos estudantes que expliquem o ponto de vista deles sobre a influência das escolhas alimentares individuais nos impactos ambientais relacionados à produção de alimentos. Esse tema será explorado na Etapa 2 do projeto.
3. Os principais desafios para uma pessoa que deseja ter uma alimentação saudável e com baixo impacto no ambiente são temas de investigação na Etapa 1 Esse assunto será retomado especialmente na Etapa 4, quando os grupos deverão planejar uma empresa que tenha como missão promover uma alimentação saudável e sustentável.
Após a exploração inicial do tema na abertura, leia com a turma a Ficha de estudo. Apresente a questão norteadora, da qual todas as etapas derivam. Essa pergunta pode ser abordada como uma situação-problema, um desafio para o qual se convida os estudantes a propor soluções. Explicitar os objetivos e a justificativa do projeto contribui para engajar os estudantes no trabalho e para uma aprendizagem significativa. Avalie a possibilidade de incluir novos objetivos nessa lista, partindo de demandas que os estudantes tenham exposto durante a conversa inicial. Estimule a leitura do tópico Percurso do projeto, que apresenta uma breve descrição do que será feito em cada etapa. Comente a importância de cada uma das etapas para a construção de uma solução para a situação-problema. Por fim, destaque o trabalho que será realizado na Etapa final, na qual o produto final do projeto será criado. Encerre a aula solicitando aos estudantes que formem grupos para a realização do projeto. Aproveite o momento para falar sobre o boxe Hora de compartilhar. É necessário que os estudantes decidam qual será o canal de compartilhamento e o criem antes do início dos estudos.
Esta etapa contextualiza o tema central deste projeto, trazendo dados sobre a produção e o consumo de alimentos no Brasil, com destaque para a aparente contradição entre o fato de sermos um país com grande produção agrícola e rica cultura gastronômica e o aumento no consumo de ultraprocessados ao longo das últimas décadas.
Explore as informações no texto e utilize o Infográfico clicável Alimentos e cultura alimentar para ampliar a discussão da temática com os estudantes. Essa prática, realizada de maneira consistente, contribui para o trabalho com a habilidade EM13CHS106. Se possível, complemente a atividade da página 147 e enriqueça a aula trazendo exemplos da cultura alimentar regional, com destaque para informações sobre a origem desse preparo: De que região esse prato é originário? Como é a receita original e quais adaptações foram feitas na versão local? Há simbologias associadas a esse preparo?
a) A cultura alimentar do Brasil é diversificada, de modo que é impraticável fazer uma representação fiel
dela. É possível elaborar com os estudantes um mapa com exemplos de preparos típicos por região do país. Estimule-os a identificar, no dia a dia ou em datas comemorativas (como aniversários, casamentos ou festejos locais), os pratos que são comumente preparados. Partindo dessa reflexão, cada grupo deve escolher um prato para estudar mais a fundo. Estimule os estudantes a identificar o povo que influenciou a popularização desse preparo na região, os ingredientes originalmente usados e o modo como é feito o preparo dele atualmente, verificando se houve mudanças e permanências nesse processo ao longo do tempo.
b) É possível complementar a atividade recomendando aos estudantes a leitura do texto Como identificar alimentos ultraprocessados a partir dos rótulos?, disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/ saude-brasil/eu-quero-me-alimentar-melhor/noticias/ 2022/como-identificar-alimentos-ultraprocessados-a -partir-dos-rotulos (acesso em: 14 set. 2024).
Essas atividades possibilitam trabalhar com a habilidade EM13CNT207 ao avaliar a presença de alimentos ultraprocessados na alimentação dos estudantes e o risco do consumo desses alimentos para a promoção da saúde e do bem-estar.
Proposta de ampliação
Reserve um tempo da aula para assistir com os estudantes ao documentário mencionado no boxe Conexões da página 147. Caso não seja possível acessar a internet em sala de aula, peça aos estudantes que assistam ao documentário em casa ou na sala de informática da escola. O documentário apresenta as influências que grandes corporações da indústria alimentícia exercem sobre governos no mundo todo, com o objetivo de defender seus interesses comerciais. Peça aos estudantes que se organizem em roda e inicie uma discussão sobre o tema. Questões como a influência da propaganda nas escolhas alimentares e a ética por trás de estratégias da indústria podem ser debatidas com base nas informações apresentadas no documentário.
Os grupos devem realizar uma pesquisa de campo na comunidade, entrevistando moradores, sobre hábitos alimentares, especialmente o consumo de ultraprocessados e a demanda por uma alimentação saudável. Com os dados coletados, criarão um mapa
social colaborativo que retrate o perfil alimentar da região, incluindo tipos de alimentos, fontes de aquisição e práticas de cultivo. Essa atividade permitirá que os estudantes apliquem conceitos de cartografia social em uma análise da alimentação local, em colaboração com o professor do componente curricular Geografia, da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Organize a turma em grupos e forneça uma ficha de entrevista com perguntas sobre hábitos alimentares. Certifique-se de que os estudantes compreendam a importância da cartografia social e a necessidade de coletar dados de forma respeitosa. Após lerem a ficha, eles podem sugerir alterações. Os grupos devem entrevistar, por exemplo, moradores da comunidade e familiares. As perguntas devem incluir informações sobre alimentos consumidos, locais de compra e práticas de cultivo.
Ofereça suporte durante a coleta e a análise dos dados, destacando que os resultados poderão ser utilizados em etapas futuras do projeto. Essa abordagem investigativa contribui para o desenvolvimento da habilidade EM13CNT301. Além disso, planejar e executar uma pesquisa amostral sobre questões relevantes, usando dados coletados diretamente, e comunicar os resultados por meio de gráficos, contribui para o desenvolvimento das habilidades EM13CNT302, EM13CNT303 e EM13MAT202. Para garantir a confiabilidade da pesquisa, todos os grupos devem usar fichas idênticas e apresentar ao entrevistado as definições de alimentos in natura, minimamente processados e ultraprocessados, que serão aprofundadas posteriormente, mas poderão ser pesquisadas previamente. Organize visitas a feiras, supermercados e plantações locais, incentivando os estudantes a coletar informações adicionais que possam enriquecer o mapa social. Após as entrevistas, eles devem criar tabelas e gráficos em aplicativos de planilhas, com a possível ajuda do professor de Matemática e suas Tecnologias para a análise dos dados, desenvolvendo as habilidades EM13MAT406 e EM13MAT101. Interpretar os resultados dessa pesquisa com base nas noções de probabilidade e incerteza contribui para o desenvolvimento da habilidade EM13CNT205. A produção dos mapas, dos gráficos e das análises e a comunicação deles para outros públicos trabalham as habilidades EM13LGG701 e EM13LGG703
Finalmente, promova um debate para discutir as descobertas e como a cartografia social ajudou na
compreensão da alimentação comunitária. Após a conclusão, organize uma exposição do mapa social em um local visível, envolvendo a coordenação para garantir que o trabalho seja bem apresentado à comunidade escolar.
Hora de compartilhar – p. 149
Publicar os mapas, os gráficos e a análise produzidos na seção Em ação no canal de compartilhamento criado pela turma ajuda a divulgar essas informações para a comunidade, ampliando o alcance do trabalho produzido pelos estudantes. Se possível, estimule-os a tornar esses materiais acessíveis a pessoas com deficiência visual. Essa prática também favorece o desenvolvimento das habilidades EM13CNT302, EM13LGG104 e EM13LGG301
De onde vêm os alimentos que consumimos?
Esta etapa analisa a produção e a obtenção de alimentos no Brasil. Com isso, espera-se que os estudantes reconheçam fatores mercadológicos relacionados a mudanças e permanências nos hábitos alimentares dos brasileiros. Essa abordagem inclui considerações sobre impactos ambientais, sociais e culturais relacionados a essas atividades.
É interessante provocar nos estudantes reflexões sobre o poder econômico do setor agropecuário no Brasil e como isso se reflete em uma forte propaganda dessa atividade tanto em forma de publicidade quanto em produções culturais (música, TV, cinema, etc.) financiadas por empresas do setor. Essa abordagem interdisciplinar com a área de Linguagens e suas Tecnologias colabora para o desenvolvimento das habilidades EM13LGG102, EM13LGG302 e EM13LGG303 Diante da relevância econômica e social do chamado “agro”, no Brasil, é importante criar espaço para um debate sobre o tema, reconhecendo tanto seus aspectos positivos quanto os negativos. Caso haja estudantes cuja família se dedica à atividade agrícola, considere a possibilidade de convidá-los a falar de suas experiências, valorizando as contribuições e promovendo um ambiente de respeito, em que se sintam seguros e acolhidos para expor suas ideias. Com isso, é favorecido o desenvolvimento das habilidades EM13CHS301 e EM13CHS302.
Analise o esquema com os principais marcos da agricultura brasileira nos séculos XX e XXI e faça uma reflexão sobre as informações apresentadas para auxiliar os estudantes a elaborar hipóteses e compor argumentos relativos a processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, o que contribui para o desenvolvimento das habilidades EM13CHS103 e EM13CHS202. Esse trabalho pode ser enriquecido com o apoio de um professor da área de Ciências Humanas.
1. a) Se julgar oportuno, auxilie os estudantes a inferir o significado dos termos com base no contexto e nos conhecimentos prévios deles. Esse exercício visa desenvolver a leitura inferencial e o hábito de pesquisar informações para sanar dúvidas.
Insegurança alimentar: fenômeno que ocorre quando um indivíduo não tem acesso físico, econômico e social a alimentos necessários para satisfazer suas necessidades.
Latifúndios: grandes extensões privadas de terra que podem ser produtivas ou improdutivas.
Revolução Agrícola: movimento ocorrido em decorrência de várias mudanças e avanços que acarretaram o aumento da produção na área rural.
Ditadura civil-militar: regime ditatorial instalado pelas forças armadas, com apoio de alguns setores da sociedade civil, que perdurou no Brasil entre 1o de abril de 1964 e 15 de março de 1985. Sob comando de sucessivos governos militares, o Estado brasileiro assumiu caráter autoritário e nacionalista, sendo caracterizado pela violação dos direitos humanos de setores oposicionistas ou identificados como indesejados pelo regime.
Commodities: artigos de origem agropecuária ou de extração mineral, em estado bruto ou com pouco processamento, produzidos em larga escala e destinados ao mercado externo (minério de ferro, petróleo, soja, café etc.).
Produtos alimentares: produtos da agropecuária que se destinam à alimentação humana (legumes, frutas, verduras, raízes, tubérculos, carne etc.).
Grupos multinacionais: empresas ou grupos empresariais que têm sede em um país, mas são financiados, controlados e atuam em vários outros locais.
Sustentabilidade: capacidade de usar os recursos naturais de maneira consciente, sem comprometer o bem-estar de gerações futuras.
Desigualdade: diferença econômica e social que existe entre grupos de uma sociedade, entre regiões e entre países.
b) A dissertação é um gênero textual que se caracteriza pelo intuito de apresentar ou argumentar determinado tema. Geralmente, o texto se estrutura em introdução, desenvolvimento e conclusão. Se possível, proponha esse trabalho em conjunto com o professor do componente curricular Língua Portuguesa, que poderá subsidiar a produção dos estudantes. Com esse trabalho, é favorecido o desenvolvimento das habilidades EM13LGG104, EM13LGG301 e EM13LGG302
2. a) O gráfico informa que 2% dos estabelecimentos rurais correspondem a 58% da área ocupada, o que indica intensa concentração fundiária.
b) É possível que os estudantes relacionem a concentração de terra e de poder econômico aos elevados índices de violência no campo em regiões de disputa de terras, onde grandes proprietários entram em conflito com famílias camponesas. O combate a esses problemas envolve políticas públicas relacionadas à reforma agrária e à valorização da agricultura familiar, por exemplo. Os estudantes podem pesquisar dados de estudos acadêmicos, relatórios oficiais, entre outras fontes.
Valorize a contribuição dos estudantes para qualificar e ampliar o debate público acerca desse problema social. Essa dinâmica favorece a interdisciplinaridade com a área de Linguagens e suas Tecnologias, com destaque para as habilidades EM13LGG701 e EM13LGG703.
1. O cultivo de uma única espécie reduz a diversidade de plantas e de animais nessas áreas. A redução da biodiversidade é agravada pelo uso de herbicidas e pesticidas para combater espécies predadoras. Ao tratar dessas substâncias, é interessante destacar que o mau uso delas pode resultar em riscos tanto para o trabalhador rural quanto para o consumidor dos alimentos produzidos nesse sistema. Esse debate favorece o desenvolvimento da habilidade EM13CNT104.
2. a) A agricultura familiar é realizada geralmente em pequenas ou médias propriedades. É a grande produtora de alimentos que abastecem a população brasileira.
b) Entre os principais desafios, destaca-se o acesso à terra, aos meios de financiamentos e à capacitação técnica. Superar esses problemas é importante para fortalecer a segurança alimentar da população e combater problemas ambientais, econômicos e sociais.
• Pesca-fantasma é o que ocorre quando os equipamentos de pesca (redes, anzóis, armadilhas etc.) são abandonados ou esquecidos no mar. Tais objetos oferecem riscos à vida marinha, pois podem ferir e até matar animais, uma vez que eles correm o risco de ficar presos neles. Para reduzir os impactos da pesca predatória são necessárias a criação e a aplicação de leis e tratados internacionais que visem proteger os ecossistemas aquáticos. A atividade, ao promover a discussão da importância da preservação e da conservação da biodiversidade, possibilita o trabalho com a habilidade EM13CNT206.
O trabalho desenvolvido ao longo desta etapa evidencia que os alimentos podem ter diversas origens e que as ações humanas destinadas à obtenção de alimentos podem ter diferentes impactos ambientais, sociais, econômicos e culturais. Finalizando a etapa, cada grupo fica responsável por pesquisar e apresentar aos demais diferentes maneiras de produção/obtenção de alimento. Estimule os estudantes a pesquisar em diferentes fontes para que possam analisar diversos pontos de vista sobre o assunto. Em um país onde o setor agropecuário tem relevância econômica e social tão grande, é importante que os estudantes sejam capazes de analisar o tema levando em conta os diferentes interesses, conflitos e contradições que o cercam. Isso envolve exercitar a empatia, o diálogo e a resolução de conflitos, promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, estimulando o trabalho com a competência geral 9.
Nos materiais produzidos, os estudantes devem apresentar considerações sobre os efeitos de intervenções humanas nos ecossistemas e sobre a importância da conservação da biodiversidade. Desse modo, assegura-se o trabalho com as habilidades EM13CNT203 e EM13CNT206.
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A proposta de compartilhar o conteúdo de divulgação sobre a técnica de produção e a origem dos
alimentos convida os estudantes a agir pessoal e coletivamente, tomando decisões com base em princípios éticos sustentáveis e solidários, favorecendo o desenvolvimento da competência geral 10. O compartilhamento dessas informações colabora para o desenvolvimento das habilidades EM13CNT302 e EM13CNT303
O que caracteriza uma alimentação saudável?
Esta etapa busca compreender o que é uma alimentação saudável, abrangendo aspectos nutricionais, sociais e culturais da alimentação. Inicialmente, aborda os tipos de nutriente, suas funções e principais fontes alimentares. Esse estudo retoma e aprofunda conceitos estudados nos Anos Finais do Ensino Fundamental e evidencia a importância da interdisciplinaridade entre Biologia e Química na abordagem do assunto, contribuindo para a construção de noções importantes sobre alimentação e hábitos alimentares saudáveis. Em seguida, a etapa expande a investigação sobre alimentação saudável incluindo conceitos relacionados à cultura alimentar e trazendo a classificação dos alimentos, de acordo com o grau de processamento, em alinhamento com o que orienta o Guia alimentar para a população brasileira. Esse documento tem papel central no trabalho desenvolvido nessa etapa; por isso, procure certificar-se de que todos os grupos tenham acesso a ele.
1. a) É importante promover um ambiente de escuta respeitoso, para que os estudantes se sintam à vontade para compartilhar suas experiências pessoais ou aquelas de pessoas próximas.
b) Se julgar necessário, retome esse assunto no texto analisando os riscos à saúde e ao bem-estar da realização de dietas sem a supervisão de um profissional da área da saúde, a fim de trabalhar com a habilidade EM13CNT207.
c) É possível convidar um profissional da área da saúde para expandir a discussão com os estudantes. Espera-se que os estudantes reconheçam que todos os tipos de nutriente devem ser ingeridos em quantidades adequadas para a manutenção da saúde.
Aproveite a atividade para aprofundar a discussão da relação entre alimentação, cultura e bem-estar com o Podcast Alimentos, tradição e saúde.
2. Avitaminoses são doenças provocadas pela insuficiência de determinada(s) vitamina(s) na alimentação, podendo ter diferentes sintomas a depender de cada deficiência. Geralmente, são causadas por uma alimentação pouco diversificada ou insuficiente. Já as hipervitaminoses são doenças relacionadas ao consumo excessivo de vitaminas e, geralmente, são causadas pelo uso de suplementos vitamínicos sem prescrição médica.
A orientação para publicação do material produzido na atividade 2 convida os grupos a comunicar, para públicos variados, resultados de análises e pesquisas, a fim de promover debates em torno de temas científicos e tecnológicos de relevância social. Isso aprofunda o trabalho com as habilidades EM13CNT302, EM13LGG701 e EM13LGG703
1. Com base na conversa em duplas, os estudantes podem conhecer melhor os colegas e ampliar o repertório cultural e gastronômico deles. Ao exercitar a empatia e o diálogo, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, é favorecido o desenvolvimento da competência geral 9 Conhecer e apreciar manifestações culturais distintas, aguçando continuamente a sensibilidade, a imaginação e a criatividade, colabora para o desenvolvimento da habilidade EM13LGG602
2. Ao ler o material indicado, os estudantes deverão compreender que uma boa alimentação não inclui apenas a ingestão de nutrientes nas quantidades adequadas. Essa atividade envolve questões como socialização, valorização da cultura e o modo como nos relacionamos com o ambiente natural.
3. As orientações presentes no Guia alimentar para a população brasileira são mais simples e fáceis de serem apreendidas e executadas, o que contribui para que sejam seguidas por mais pessoas.
4. a) O excesso de açúcar desses alimentos pode estar relacionado ao surgimento de diabetes; o excesso de sal, à hipertensão; o excesso de calorias, à obesidade, entre outros.
b) Espera-se que os estudantes reconheçam a importância do desenvolvimento de políticas públicas alinhadas ao conhecimento científico. Nesse caso, visa promover o cuidado com a saúde da população, contribuindo para a redução da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
c) A maioria desses alimentos é ultraprocessada e, portanto, não pode compor a base de uma alimentação saudável.
Os estudantes devem realizar uma ação na comunidade para promover as orientações propostas no Guia alimentar para a população brasileira. Com isso, é reforçado o estudo dos aspectos da alimentação relacionados à saúde e ao bem-estar.
Promova uma conversa inicial para definir se todos os grupos deverão optar pelo mesmo formato de divulgação ou se ficarão livres para fazer essa escolha. Propostas como essa favorecem o desenvolvimento das habilidades EM13CNT301, EM13CNT302 e EM13CNT303. Agir coletivamente promovendo princípios sustentáveis e solidários, a consciência socioambiental e o consumo responsável corrobora para o desenvolvimento das competências gerais 4, 7 e 10
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Caso os estudantes tenham produzido materiais físicos ou tenham realizado campanhas presenciais, é possível publicar fotografias ou vídeos dessa atividade. Com isso, é reforçado o trabalho com as habilidades EM13CNT303, EM13LGG104 e EM13LGG301.
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Como é o mercado de trabalho ligado à alimentação?
Nesta etapa, o foco está em analisar o mercado de trabalho ligado à alimentação, pois, nessa faixa etária, muitos estudantes começam a se preparar para a inserção no mercado de trabalho e se encontram diante de questões, como: “Que profissão escolher?” e “Como dar continuidade aos estudos após o Ensino Médio?”. Esse trabalho contribui para o desenvolvimento da competência geral 6 e das habilidades EM13CNT207 e EM13CHS404.
O tema desta etapa favorece uma abordagem interdisciplinar com a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, a fim de expandir e a aprofundar o estudo da relação da alimentação com o mundo do trabalho, incluindo elementos como: a trajetória histórica (internacional e nacional) da construção dos direitos trabalhistas; as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e culturas; e a identificação e o combate das injustiças nas relações de trabalho, com destaque ao trabalho infantil – tema abordado na seção Atividades da página 172. Tal abordagem favorece o trabalho das habilidades EM13CHS402, EM13CHS404, EM13CHS502 e EM13CHS503.
Dica!
No episódio indicado, é discutido o potencial brasileiro para o turismo gastronômico, atividade que tem potencial para promover o desenvolvimento regional, contribuir para a geração de emprego e aumentar a renda das comunidades.
• Terra & alimento. Turismo gastronômico : um grande potencial brasileiro, 25 abr. 2022. Spotify by Podcasters. Disponível em: https://podcasters.spotify. com/pod/show/terra-e-alimento/episodes/Turismo -Gastronmico-um-grande-potencial-brasileiro -e1hl0sl. Acesso em: 7 set. 2024.
Promova uma conversa com base no texto da seção Saiba mais, que destaca a importância do setor de alimentação para a inserção das juventudes no mercado de trabalho. Solicite aos estudantes que identifiquem as “habilidades essenciais”, listadas no segundo parágrafo do texto citado, e que reflitam sobre a importância delas no contexto do mundo do trabalho, independentemente da ocupação pretendida. Convide os estudantes a se autoavaliarem em relação a essas habilidades para identificar os pontos fortes e aqueles que precisam ser desenvolvidos.
O texto da seção procura caracterizar diferentes campos de atuação profissional ligados à área da alimentação. Destaque que alguns deles têm relação direta com a área de conhecimento de Ciências da Natureza e suas Tecnologias, como agropecuária, tecnologia e pesquisa e desenvolvimento. Ao longo dessa conversa, estimule os estudantes a refletir sobre sua identificação e afinidade com os mais diversos campos de atuação profissional.
a) É possível que os estudantes comentem que, além de ser uma obrigação legal para empresas de médio e grande porte, a contratação de jovens possibilita que elas descubram e desenvolvam talentos de pessoas que estão no início da trajetória profissional, promovendo diversidade e renovação na equipe, contribuindo com a responsabilidade social ao reduzir o desemprego, fortalecendo a marca empregadora e recebendo incentivos fiscais.
b) Os estudantes podem se identificar com alguma área do setor alimentício, que envolve uma gama muito ampla de atuação profissional. Nessa fase da vida, é importante que eles conheçam o mercado de trabalho e suas possibilidades.
a) A existência de uma legislação específica, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069. htm (acesso em: 20 set. 2024) – é fundamental para garantir que crianças e adolescentes sejam protegidos e respeitados em seus direitos. A elaboração do ECA foi motivada por mudanças sociais, políticas e legais, destacadas pela Constituição de 1988 – disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm (acesso em: 20 set. 2024) –, que reconheceu crianças e adolescentes como sujeitos de direitos com prioridade absoluta nas políticas públicas.
Antes do ECA, vigorava o Código de Menores, que tratava crianças e adolescentes de maneira repressiva, principalmente aqueles em situação de risco, como “menores infratores” ou “menores abandonados”, sem considerá-los sujeitos com direitos. Era urgente superar essa visão e estabelecer uma nova legislação que reconhecesse e protegesse crianças e adolescentes como cidadãos com direitos plenos.
A criação do ECA foi impulsionada, também, por movimentos sociais e pela Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1990 – disponível em: https://www. planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/d99710. htm (acesso em: 20 set. 2024) –, que reforçaram a importância de proteger e promover os direitos de crianças e adolescentes. O estudo dessa temática se alinha ao trabalho com as habilidades EM13CHS402, EM13CHS502 e EM13CHS503.
b) Ao envolver-se em atividades laborais, crianças e adolescentes podem ter seu direito à educação prejudicado, já que precisam abandonar os estudos ou reduzir o tempo dedicado a eles para trabalhar. Isso limita suas
oportunidades futuras, perpetuando ciclos de pobreza e exclusão social. Além disso, o trabalho infantil pode expor crianças e adolescentes a ambientes perigosos, insalubres e inadequados para sua idade, violando seu direito à saúde e à segurança. As condições de trabalho podem resultar em danos físicos e psicológicos, além de impedir que eles vivam plenamente sua infância e adolescência, período essencial para o desenvolvimento cognitivo, emocional e social
c) Os estudantes podem mencionar que escolhas conscientes podem ajudar no combate ao trabalho infantil ao optar, por exemplo, por consumir produtos de empresas que apresentam políticas claras contra o trabalho infantil em suas cadeias de produção. Escolher produtos com certificações que garantem que a cadeia produtiva está de acordo com as normas trabalhistas, como o selo Fair Trade, é uma maneira de assegurar que sua compra não esteja contribuindo para a exploração do trabalho infantil. É importante também apoiar iniciativas de comércio justo, que garantem que os produtores recebam um pagamento adequado e trabalhem em condições dignas, sem a utilização de mão de obra infantil. Promover essa discussão colabora com o desenvolvimento da habilidade EM13LGG204.
A seção propõe a criação de uma empresa fictícia do setor alimentício. O objetivo é ampliar o repertório dos estudantes sobre atuação profissional, incluindo o empreendedorismo. A elaboração de um plano de negócios é crucial, pois previne problemas e minimiza riscos, aumentando as chances de sucesso da empresa. Essa atividade simplificada abrange aspectos essenciais e ajuda os estudantes a desenvolver habilidades como planejamento, organização e resolução de problemas.
Ao criar o plano, os estudantes praticam habilidades como definição de objetivos, análise de desafios e busca por soluções criativas. Além disso, a atividade promove a colaboração em equipe, essencial para a comunicação. O trabalho com aspectos financeiros proporciona noções de gestão, como previsão de custos e precificação, e pode despertar o interesse pelo empreendedorismo e incentivar a capacidade de inovação.
A missão da empresa deve contribuir para resolver a situação-problema do projeto sobre o consumo de ultraprocessados no Brasil, relacionando-se com os hábitos alimentares locais e a valorização da cultura alimentar. Os grupos podem atuar em qualquer setor descrito no texto da etapa.
O detalhamento do plano financeiro é uma atividade intrinsecamente relacionada à área de Matemática e suas Tecnologias, e a orientação do professor dessa área é desejável. Ele pode orientar a identificação dos parâmetros que devem ser relacionados nesse plano e os cálculos necessários para realizar as estimativas de custo, faturamento e crescimento, por exemplo. Os grupos devem compartilhar seus planos, permitindo a avaliação mútua e a identificação de melhorias, contribuindo para o desenvolvimento das habilidades EM13LGG301 e EM13LGG304
Caso os grupos demonstrem interesse no tema e queiram se aprofundar no planejamento de suas empresas, recomende a cartilha Como elaborar um plano de negócios, disponível em: https://sebrae. com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/RN/Anexos/ gestao-e-comercializacao-como-elaborar-um-plano -de-negocios.pdf (acesso em: 14 set. 2024).
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A publicação do plano de negócios produzido pelos grupos na seção Em ação visa colocar os estudantes no papel de protagonistas para pensar e criar uma empresa do setor alimentício.
Os grupos devem criar um produto que responda de forma abrangente à questão central do projeto, resgatando aprendizagens e produções anteriores, especialmente das seções Em ação. A elaboração de um pitch sobre a empresa fictícia visa desenvolver habilidades de comunicação em contexto profissional. Os estudantes devem responder a quatro questões propostas para orientar essa apresentação e que abordam as características e as demandas da população local em relação a alimentação, formas de produção socialmente justas e hábitos saudáveis. Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias também mobiliza as habilidades EM13CHS402 e EM13CHS404.
O roteiro é crucial, ajudando a organizar informações para a apresentação de forma clara e cativante, sistematizando os elementos do vídeo produzido. Trabalhar em conjunto com o professor da área de Linguagens e suas Tecnologias pode orientar os estudantes sobre as características desse gênero textual. A produção coletiva do roteiro desenvolve habilidades como EM13LGG301 e EM13LGG304.
Se houver estudantes com habilidades em produção de vídeos, eles podem ajudar os grupos com dificuldades, promovendo cooperação. A utilização de tecnologias digitais de forma ética e criativa também mobiliza a competência geral 5 e contribui com o desenvolvimento das habilidades EM13CNT302, EM13LGG701 e EM13LGG703. A produção do vídeo pode ser substituída por uma apresentação presencial dos grupos em sala de aula, caso julgue necessário. Reserve uma aula para as apresentações e finalize-a com uma avaliação coletiva do projeto, promovendo diálogo para entendimento mútuo, o que desenvolve a habilidade EM13LGG204.
A avaliação pode ocorrer em diferentes momentos do projeto, orientando ou ampliando as atividades conforme o interesse da turma. Nesse momento, propõe-se uma autoavaliação dos estudantes, individual e coletiva, que deve ser sincera, visando à reflexão sobre o comportamento e o comprometimento de cada um no projeto. Guiados pelas questões propostas, os estudantes podem identificar pontos fortes e fracos, promovendo o desenvolvimento da colaboração. Após responderem às questões, reúna-os para um balanço final, revendo os objetivos e os principais aprendizados do projeto.
As observações dos estudantes ajudam a ajustar futuras implementações. Essa análise global permite identificar práticas pedagógicas bem-sucedidas e aquelas que requerem ajustes para alcançar as metas propostas.
Como combater o estigma e o preconceito em relação aos transtornos mentais e promover a saúde mental?
Durante a adolescência, dúvidas, angústias e medos são comuns, e muitos jovens têm dificuldade em lidar com essas emoções. Estudos já relacionam o
aumento de casos de ansiedade e depressão entre crianças e adolescentes ao uso das redes sociais, tornando essencial discutir saúde mental no Ensino Médio. Abordar esse tema ajuda a combater o preconceito e o estigma relacionados aos transtornos mentais, encorajando os estudantes a buscar ajuda quando necessário, o que favorece diagnósticos e tratamentos adequados.
Além disso, discutir saúde mental na escola capacita os estudantes a apoiar colegas que precisam, desenvolvendo habilidades como solidariedade e empatia. Envolver os jovens em conversas sobre saúde mental e oferecer recursos para lidar com suas emoções pode impactar significativamente seu bem-estar. A conscientização e a desestigmatização desse tema são urgentemente necessárias, pois cuidar da saúde mental é tão vital quanto cuidar da saúde física.
Este Projeto Integrador tem como principal objetivo estimular os estudantes a se conhecerem e a cuidarem de sua saúde mental. Os jovens são incentivados a falar sobre as vulnerabilidades e os desafios da adolescência, com o objetivo de promover ações de combate ao bullying e desenvolver habilidades socioemocionais. Por meio da discussão sobre os avanços da Psiquiatria, o projeto busca capacitar os estudantes a conhecer e defender os direitos das pessoas com transtornos mentais.
Além disso, este projeto possibilita uma conversa sobre o futuro profissional dos estudantes, levando-os a refletir sobre como o ambiente de trabalho pode impactar a saúde mental. Por fim, o projeto incentiva a participação ativa na comunidade, visando ao combate do preconceito relacionado às pessoas com transtornos mentais, tornando-se, assim, cidadãos conscientes e solidários.
Este projeto tem como base o combate ao preconceito voltado a pessoas com transtornos mentais e, para isso, leva os estudantes a conhecer as possíveis causas dessa discriminação. O conhecimento é uma maneira de combater o estigma associado aos transtornos mentais e, assim, incentivar as pessoas a cuidar da saúde mental. Ao longo do projeto, os estudantes
são estimulados a participar ativamente da construção de seu conhecimento, refletindo sobre as próprias vulnerabilidades e emoções, o que coopera para o autoconhecimento.
A conversa sobre saúde mental na escola e na comunidade contribui para o cuidado e bem-estar de todos.
Os estudantes produzirão um podcast sobre saúde mental, visando combater o estigma e o preconceito em relação aos transtornos mentais e promover a saúde mental da comunidade.
Temas Contemporâneos
Transversais (TCT)
Este projeto foi concebido com base no TCT Saúde de maneira crítica e com enfoque amplo, abrangendo desde o movimento da luta antimanicomial até o impacto das redes sociais na saúde mental dos adolescentes. O TCT Vida familiar e social é explorado nos momentos em que se fala sobre a importância das boas relações pessoais para a manutenção da saúde mental e o TCT Trabalho é explorado em destaque na Etapa 4, que trata do mundo do trabalho.
Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS)
Ao abordar a saúde mental, a importância de combater o estigma relacionado aos transtornos mentais e os direitos trabalhistas de pessoas com transtornos mentais, o projeto contribui com os ODS Saúde e bem-estar (3) e Trabalho decente e crescimento econômico (8).
Professor indicado para liderar o projeto
Biologia com o auxílio dos professores de Língua Portuguesa, Arte, História e Sociologia.
O professor deve avaliar a participação individual e coletiva ao longo da realização do projeto. Ao final do projeto, é proposta uma autoavaliação para os estudantes.
O trabalho com as competências e as habilidades da BNCC
Competências gerais da Educação Básica
Competências específicas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Habilidades de Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Competências específicas de outras áreas
3, 4, 6, 7, 8, 9
2, 3
Habilidades de outras áreas
EM13CNT207, EM13CNT302, EM13CNT305, EM13CNT310
Linguagens e suas Tecnologias: 1, 3, 6, 7
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: 1, 4, 5, 6
Linguagens e suas Tecnologias:
EM13LGG105, EM13LGG301, EM13LGG303, EM13CHS401, EM13LGG603, EM13LGG701, EM13LGG702, EM13LGG703, EM13LGG704
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas:
EM13CHS106, EM13CHS404, EM13CHS502, EM13CHS503, EM13CHS504, EM13CHS605
Consulte na BNCC a descrição das competências e habilidades mobilizadas neste projeto. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 17 out. 2024.
Propomos que este Projeto Integrador seja dividido em cinco etapas, além da apresentação e da autoavaliação final, totalizando 20 aulas ao longo de um semestre. Caso seja mais adequado para sua realidade escolar, o projeto pode ter outra duração; ele pode, por exemplo, ser trabalhado ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.
Número de aulas
Apresentação
1
Desenvolvimento
Aula 1: Exploração das páginas de abertura e da Ficha de estudo. Criação do canal de compartilhamento.
Etapa 1 2
Etapa 2 5
Aula 2: Leitura do texto e realização das atividades. Orientação para a seção Em ação
Aula 3: Apresentação dos resultados da seção Em ação
Aulas 4 e 5: Leitura dos textos e realização da seção Saiba mais e das atividades das páginas 188 e 190.
Aula 6: Conversa sobre a Lei Paulo Delgado e avaliação dos materiais de divulgação elaborados pelos estudantes.
Aulas 7 e 8: Realização das atividades da seção Em ação
Etapa 3 4
Etapa 4 3
Aulas 9 e 10: Leitura dos textos e realização das atividades das páginas 193 e 194.
Aula 11: Apresentação e avaliação das redações elaboradas pelos grupos. Orientações para a seção Em ação.
Aula 12: Apresentação dos resultados da seção Em ação
Aula 13: Leitura dos textos e realização da seção Saiba mais e das atividades da página 200.
Aulas 14 e 15: Realização das atividades da seção Em ação
Etapa final 4
Autoavaliação 1
Aula 16: Primeiras ideias sobre o podcast
Aulas 17, 18 e 19: Produção do podcast e resolução de dúvidas com os professores.
Aula 20: Balanço geral do podcast e avaliação do projeto.
Este projeto foi pensado para estimular os estudantes a se conhecerem e a cuidarem de sua saúde mental, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, o que contribui para o trabalho com a competência geral 8.
A imagem e o texto apresentados nas páginas de abertura do projeto têm a intenção de levar os estudantes a pensar sobre o sentido mais amplo de saúde, de modo que eles comecem a refletir sobre a importância da saúde mental para a manutenção da qualidade de vida. Por meio das perguntas propostas, pretende-se promover uma primeira reflexão sobre esse assunto.
1. Reforce a definição de saúde dada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e inicie a reflexão sobre a importância de cuidar da saúde mental.
2. A intenção da pergunta é saber qual é a importância que os estudantes dão para a saúde mental.
3. Pergunte se os estudantes já se depararam com alguma situação em que sua saúde mental não foi levada em consideração. Caso algum estudante responda “sim” e caso ele se sinta à vontade para fazê-lo, convide-o para compartilhar sua experiência com os colegas. Mantenha um ambiente acolhedor e respeitoso, de modo que os estudantes se sintam confortáveis para falar sobre questões relacionadas à saúde mental.
Após a exploração inicial do tema na abertura, leia com a turma a Ficha de estudo. Apresente a questão norteadora, da qual todas as etapas derivam. Essa pergunta pode ser abordada como uma situação-problema, um desafio para o qual se convida os estudantes a propor soluções. Explicitar os objetivos e a justificativa do projeto contribui para engajar os estudantes no trabalho e para uma aprendizagem significativa. Avalie a possibilidade de incluir novos objetivos nessa lista, partindo de demandas que os estudantes tenham exposto durante a conversa inicial. Estimule a leitura do tópico Percurso do projeto, que apresenta uma breve descrição do que será feito em cada etapa. Comente a importância de cada uma das etapas para a construção de uma solução para a situação-problema. Por fim, destaque o trabalho que será realizado na Etapa final, na qual o produto final do projeto será criado. Encerre a aula solicitando aos estudantes que formem grupos para a realização do projeto. Aproveite o momento para falar sobre o boxe Hora de compartilhar. É necessário que os estudantes decidam qual será o canal de compartilhamento e o criem antes do início dos estudos.
Nesta etapa, apresenta-se o resultado de uma pesquisa publicada em 2024, com o objetivo de contextualizar o tema que será trabalhado ao longo desse projeto. No texto disponível em: https:// revistapesquisa.fapesp.br/frequencia-de-transtornos -mentais-dobra-entre-a-infancia-e-a-adolescencia/ (acesso em: 7 set. 2024), é possível obter mais informações sobre essa pesquisa e ouvir uma entrevista com o psiquiatra que liderou o estudo.
Proponha uma discussão sobre a definição de saúde mental dada pela OMS e, caso alguma situação esteja causando um desconforto emocional e interferindo na saúde mentaldos estudantes, oriente-os a procurar ajuda, explicando que conversar com uma pessoa de confiança e com profissionais da área da saúde, como psicólogos e psiquiatras, pode ser importante para a superação de problemas de saúde mental. Ademais, ao longo do projeto, serão apresentados alguns canais de escuta, nos quais os estudantes podem buscar ajuda de modo anônimo.
Neste projeto, optou-se por usar o termo “ansiedade” de forma abrangente, já que há diversos transtornos de ansiedade, como transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno de pânico, fobia social, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e transtorno de estresse pós-traumático. Vale ressaltar também que quadros de ansiedade podem estar presentes em diferentes transtornos mentais. As desordens psiquiátricas são complexas e, por isso, devem ser analisadas por profissionais competentes para o diagnóstico e o tratamento adequados. Além disso, optou-se por usar os termos “ansiedade” e “depressão” para se referir aos transtornos de ansiedade e às alterações de humor de forma mais abrangente, e não aos sintomas de muitos transtornos mentais.
Explore os gráficos da página 183 com os estudantes e certifique-se de que eles compreenderam as informações. Conhecer a faixa etária em que se manifesta a maioria dos problemas psiquiátricos ou o gênero em que determinado problema é mais comum possibilita orientar ações para o cuidado da saúde e alerta professores e agentes de saúde, de modo que consigam identificá-los precocemente. Além disso, é possível promover medidas de prevenção em saúde mental; para isso, é possível utilizar o Carrossel de imagens
Fatores que afetam a saúde mental para ampliar a discussão. Na escola é recomendado, por exemplo, promover ações de combate ao bullying e estimular o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, além de prezar por um ambiente respeitoso e acolhedor. Dica!
A matéria a seguir traz uma linha do tempo com os principais marcos da história das políticas, das ações e dos programas voltados para a saúde mental de crianças e adolescentes.
• ROSA, Dayana; FREITAS, Rebeca. Políticas de saúde mental de crianças e adolescentes. Nexo Políticas Públicas, São Paulo, 25 jul.2024. Disponível em: https:// pp.nexojornal.com.br/linha-do-tempo/2024/07/25/ politicas-de-saude-mental-de-%20criancas-e -adolescentes. Acesso em: 30 ago. 2024.
Proposta de ampliação
A série de podcast Na minha mente, diponível em: https://open.spotify.com/show/7rWfjvFhaOLo9QJG FtsJTP?si=db36f4875eaa4c01&nd=1&dlsi=af6b0ab 329454522 (acesso em: 28 out. 2024), trata de diversas situações relacionadas à saúde mental com as quais os estudantes podem se identificar. Selecione um ou mais episódios e reserve um tempo da aula para escuta-lo(s) com os estudantes. O podcast pode oferecer um apoio à medida que o ouvinte percebe que não está sozinho e outras pessoas passam pela mesma situação. Ao final de cada episódio, a especialista em saúde mental da Unicef compartilha o modo como e o local onde acessar mais recursos para lidar com questões de saúde mental.
1. Aproveite o momento para comentar que a falta de conhecimento também pode cooperar para o baixo índice de diagnóstico dos transtornos mentais. Falar sobre saúde mental pode ajudar a desmistificar esse assunto e romper com preconceitos, possibilitando que mais pessoas busquem ajuda especializada e recebam o tratamento de que precisam.
2. É possível ampliar a discussão sobre os motivos de o Brasil ser o país com maior número de pessoas ansiosas, comentando, por exemplo, as dificuldades de acesso a serviços básicos de saúde e educação; desigualdade social; falta de segurança.
3. Os transtornos mentais resultam da interação de fatores genéticos, biológicos e ambientais.
• Espera-se que os estudantes reconheçam que é importante falar sobre saúde mental para combater o preconceito e a discriminação de pessoas que sofrem com transtornos mentais.
Os estudantes são levados a refletir sobre a importância de ter pessoas em quem confiar e com quem compartilhar sentimentos e emoções. A tirinha trata de maneira leve um assunto que pode ser delicado para alguns estudantes. Promova um ambiente respeitoso e acolhedor para que os estudantes se sintam à vontade para falar sobre questões que podem estar afetando sua saúde mental. Aproveite a temática para aprofundar a discussão com o Podcast Saúde mental na escola e na família.
Caso algum estudante o procure para conversar sobre o assunto, esteja aberto para acolhê-lo e apoiá-lo e, se for o caso, recomende a ajuda de um profissional da saúde. Os Caps são vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e oferecem de forma gratuita serviços de cuidado com a saúde mental.
Ao propor aos estudantes que discutam vulnerabilidades vinculadas às vivências e aos desafios contemporâneos aos quais as juventudes estão expostas, a seção permite o trabalho com as competências gerais 4 e 8 e possibilita o desenvolvimento da habilidade EM13CNT207. A habilidade EM13LGG301 também é mobilizada, ao solicitar a eles que elaborem uma tirinha ou uma HQ.
1. a) Comente que ter empatia é se colocar no lugar do outro e agir com respeito e solidariedade.
b) Os estudantes devem compartilhar suas vivências apenas se estiverem confortáveis para fazê-lo.
c) Aproveite o momento para conversar sobre a importância de se colocar no lugar do outro e oferecer apoio. Muitas vezes, a escuta atenta já traz conforto àquelas pessoas que estão enfrentando alguma situação estressante.
2. Nessa faixa etária, é possível que muitos estudantes mencionem as incertezas em relação ao futuro profissional. Incentive a troca de ideias respeitosa entre eles.
3. A troca de vivências entre os estudantes pode ser positiva, pois eles podem se ajudar mutuamente na promoção da saúde e do bem-estar. Buscar apoio em pessoas de confiança, conversar sobre as situações que causam desconforto e refletir sobre os sentimentos ajuda na promoção da saúde mental. Outras atitudes que cooperam para a manutenção da saúde e do bem-estar são reservar um tempo para o lazer, cultivar boas amizades e cuidar do sono.
4. Com base nas tirinhas ou HQs, promova uma conversa com a turma identificando os principais desafios enfrentados pelos adolescentes e ressaltando a importância de buscar ajuda quando algo não vai bem.
Hora de compartilhar – p. 185
As tirinhas e as HQs criadas na seção Em ação contribuem para ajudar pessoas da comunidade que estiverem passando pela situação retratada pelos grupos.
Etapa 2 O cuidado com a saúde mental ao longo do tempo – p. 186
Como preservar os direitos das pessoas com transtornos mentais?
Entendemos que o olhar para o passado ajuda a compreender o presente; nesse caso, ajuda a compreender as origens do preconceito e da discriminação voltados a pessoas com transtornos mentais. Por ajudar a identificar diversas formas de violência, suas principais vítimas, suas causas sociais, discutindo e avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos, a etapa contribui para o desenvolvimento da habilidade EM13CHS503. O professor dos componentes curriculares Sociologia ou História, da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, pode contribuir para a conversa sobre esse assunto.
Comente que a médica psiquiatra Nise Magalhães da Silveira (1905-1999) foi pioneira no uso da arte como ferramenta para o tratamento de pessoas com transtornos mentais. Destaque que, naquela época, era muito difícil romper com os métodos tradicionais usados na psiquiatria, ainda mais se quem reivindicasse as mudanças fosse uma mulher. A força e a sensibilidade da médica psiquiatra Nise foram fundamentais para a criação de um movimento crítico no campo da saúde mental.
Aproveite o tema e comente que os feitos do médico psiquiatra italiano Franco Basaglia (1924-1980) chamaram a atenção da OMS, passando a ser recomendada a abordagem mais humanizada no tratamento dos transtornos mentais em todos os manicômios espalhados pelo mundo. Comente que, mesmo com a recomendação da OMS, demorou muitos anos para os manicômios deixarem de existir. Os manicômios judiciários, por exemplo, deveriam ser fechados até agosto de 2024 por determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
1. Nise era contra o uso de eletrochoques, camisas de força, confinamento e qualquer outra forma de violência.
2. Comente que Nise acreditava na arte como ferramenta terapêutica que ajudava os pacientes psiquiátricos na expressão criativa e simbólica do inconsciente.
3. Solicite aos estudantes que aprofundem a temática a respeito da vida de Nise e pesquisem sua biografia completa. Ao final, a turma pode produzir um pequeno documentário.
No site do museu Bispo do Rosário, disponível em: https://museubispodorosario.com/ (acesso em: 8 set. 2024), é possível conhecer algumas peças que fazem parte do acervo. Caso a escola se localize próximo ao museu e haja possibilidade, proponha uma visita a esse espaço cultural. A coleção de obras de Arthur Bispo do Rosário integra o patrimônio artístico e cultural brasileiro. Esse assunto permite o trabalho com a competência geral 3, pois possibilita que os estudantes valorizem e fruam as diversas manifestações artísticas e culturais.
• Por meio da arte, Arthur Bispo do Rosário (19091989) conseguia se expressar e, de certa forma, lidar com seus pensamentos.
1. Tanto Nise quanto Basaglia trabalharam para dar um tratamento digno e humanizado às pessoas com transtornos mentais.
2. a) Comente que pessoas sãs eram internadas apenas porque não se encaixavam no padrão imposto pela sociedade da época.
b) Resgate com os estudantes a informação de que os tratamentos incluíam choques elétricos, camisas de força, isolamento e cirurgia (lobotomia), não favorecendo a recuperação dos pacientes.
c) Por propor a discussão do uso indevido de conhecimentos médicos para justificar processos de discriminação, segregação e privação de direitos individuais, promovendo uma conversa sobre respeito à diversidade, a atividade permite o desenvolvimento da habilidade EM13CNT305.
3. Oriente os estudantes a abordar os artigos da Lei Paulo Delgado, disponível em: https://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm (acesso em: 8 set. 2024), usando uma linguagem simples e acessível, de modo que todas as pessoas da comunidade compreendam o que é disposto por ela. O professor do componente curricular Língua Portuguesa, daárea de Linguagens e suas Tecnologias, pode trazer boas contribuições a essa tarefa. É importante que os estudantes destaquem que essa lei visa à proteção dos direitos das pessoas com transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
A atividade permite o trabalho com as competências gerais 4 e 9. A habilidade EM13LGG703 é desenvolvida, pois os estudantes devem utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais para divulgar a lei para a comunidade.
Hora de compartilhar – p. 190
A publicação da Lei da Reforma Psiquiátrica permite que a comunidade tome conhecimento desse importante marco histórico relacionado à conquista dos direitos das pessoas com transtornos mentais.
Ao utilizar representação cartográfica para comunicar os espaços de cuidado da saúde mental à comunidade, prestando serviço às pessoas que porventura tenham problemas relacionados à saúde mental, os estudantes fazem uso da cartografia social, podendo desenvolver a habilidade EM13CHS106.
Por solicitar aos estudantes que exercitem a empatia e a cooperação, respeitando os direitos das pessoas com transtornos mentais, com acolhimento, a atividade mobiliza a competência geral 9. Ao avaliar e/ou promover ações que contribuam para a melhoria na qualidade de vida e nas condições de saúde da
população, a atividade também favorece a habilidade EM13CNT310.
Hora de compartilhar – p. 191
A publicação dos mapas sociais elaborados na seção Em ação permite a divulgação à comunidade dos locais que oferecem serviços relacionados ao cuidado mental no município.
Como podemos cuidar da saúde mental?
A etapa leva os estudantes a pensar sobre a psicofobia, reconhecendo a origem do preconceito em relação às pessoas com transtornos mentais. Ressalte que costumamos ter preconceito em relação àquilo que não conhecemos; então, é importante buscar informações sobre saúde mental e conscientizar a população sobre os transtornos mentais. Por vezes, perpetuamos o preconceito sem nos darmos conta disso. Nesse sentido, propusemos uma reflexão sobre alguns termos que, embora sejam usados no dia a dia por muitas pessoas, devem ser evitados, pois são pejorativos e depreciativos. O uso de termos como doido, maluco, demente, entre outros, para se referir à outra pessoa com a intenção de ultrajá-la é uma forma de violência. Nesse sentido, promova uma conversa sobre respeito e ressalte a importância de pensar antes de agir ou falar.
Um dos desafios em saúde mental é acabar com as ideias equivocadas de que todas as pessoas com transtornos mentais “perdem o juízo”, e que psiquiatras e psicólogos cuidam de “doidos”. Essa visão inadequada pode prejudicar ou mesmo impedir que pessoas com transtornos mentais busquem a ajuda de que necessitam. Comente que as pessoas com transtornos mentais que têm alteração do juízo da realidade não controlam seus pensamentos e, por isso, podem agir de forma impulsiva, sem medir as consequências de suas ações.
Ao longo da etapa, os estudantes ampliam a discussão do que é estigma e por que é importante combatê-lo. Ressalte que é preciso buscar informações para conhecer determinado assunto antes de ajudar a perpetuar certos comportamentos, pois a falta de conhecimento e o preconceito contribuem para o estigma e a exclusão social.
1. a) Vale a pena propor aos estudantes que busquem os termos desconhecidos por eles em um dicionário.
b) e c) Essas palavras costumam ser usadas para caracterizar uma pessoa que perdeu a sensatez ou demonstrou fúria ou raiva. Geralmente são usadas de maneira depreciativa. Nesse momento, vale uma conversa sobre a importância do respeito e da empatia com o outro.
2. a) Ressalte que nem todas as pessoas com transtornos mentais perdem a sensatez e a razão. Embora em algumas situações o paciente com síndrome do pânico ou outro transtorno ansioso, por exemplo, possa ter a sensação de perda da razão, não chega a ser um quadro de alteração de juízo da realidade. É importante esclarecer que depressão e ansiedade não evoluem para esquizofrenia ou transtorno de personalidade. Contudo, determinados acontecimentos, aliados à predisposição genética, podem levar uma pessoa a desenvolver dois transtornos ao mesmo tempo, como depressão e esquizofrenia.
b) e c) Se possível, convide algum psiquiatra ou psicólogo para conversar com os estudantes sobre a atuação profissional dele, bem como sobre maneiras de manter a saúde mental.
1. Comente com a turma que o termo estigma vem do grego stigmata e se refere a uma marca ou cicatriz no corpo.
2. Durante séculos, os transtornos mentais foram considerados manifestações demoníacas, falta de fé ou coisas semelhantes relacionadas ao espírito. Só com o avanço do conhecimento científico, as causas dos transtornos mentais foram sendo desvendadas. As práticas comuns no começo da psiquiatria, no entanto, só reforçaram o preconceito em relação às pessoas com transtornos mentais, que eram marginalizadas e encarceradas nos manicômios. Esse passado de discriminação pode ser responsável pelo estigma associado aos transtornos mentais que ainda existe.
3. Ao propor aos estudantes que escrevam uma redação sobre o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira e argumentem com base em fatos, são mobilizadas as competências gerais 4 e 7. Já que a redação será feita em grupo, é importante que os
estudantes debatam essa questão de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para sustentar posições diante da análise de perspectivas distintas, favorecendo o desenvolvimento da habilidade EM13LGG303.
Hora de compartilhar – p. 194
A publicação das redações elaboradas na atividade 3 permite informar a comunidade sobre a importância de combater o estigma associado aos transtornos mentais.
É fato que o avanço da internet e das redes sociais modificou a forma como os jovens se relacionam; as relações presenciais foram substituídas por relações virtuais, colocando os usuários em contato com pessoas de qualquer lugar do mundo. Isso tem seus pontos positivos, mas também tem pontos negativos.
As redes sociais podem levar a comparações sociais, cyberbullying e superexposição, o que pode causar insegurança, reduzir a autoestima, gerar depressão e incitar a violência. São necessários mais estudos para estabelecer a relação entre uso de redes sociais e adoecimento mental, mas na notícia disponível em: https://contrapontodigital.pucsp.br/noticias/ epidemia-silenciosa-como-redes-sociais-afetam-saude -mental-dos-jovens (acesso em: 8 set. 2024) há informações sobre o assunto e pareceres de especialistas que podem ser úteis nas conversas com os estudantes.
1. Pontos negativos: muitos adolescentes balizam sua vida pelo que veem nas redes sociais, o que pode potencializar quadros de ansiedade, depressão e baixa autoestima; pelas redes sociais, os jovens também podem ter acesso a conteúdo impróprio e violento ou começar a fazer parte de grupos que não contribuem para seu desenvolvimento. Pontos positivos: manter conexões sociais, trocar experiências e encontrar apoio emocional em outras pessoas que enfrentam situações semelhantes.
2. Aproveite as perguntas para mapear o uso do celular e das redes sociais pelos estudantes e propor uma ação de uso mais consciente, caso perceba algum exagero. É provável que, sem o aparelho celular, os estudantes ocupem o tempo com outras atividades, como conversar presencialmente com os amigos, ler livros e praticar esportes. Essa conversa possibilita o desenvolvimento da habilidade EM13CNT207.
3. Ao abordar o assunto por meio de uma criação artística, atividade permite o desenvolvimento da habilidade EM13LGG603
A publicação das criações feitas na seção Em ação permite colocar os estudantes como produtores e divulgadores de informação, alertando outros jovens da comunidade.
Como o trabalho impacta a saúde mental?
O trabalho com a competência geral 6 é mobilizado nessa etapa, na qual os estudantes são convidados a valorizar a diversidade de saberes e vivências e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhes possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida.
É interessante que os estudantes compreendam que os transtornos mentais afetam os trabalhadores, as empresas e os cofres públicos. Sendo assim, é vantajoso para todos que eles sejam prevenido. Para que isso aconteça, os trabalhadores devem rever sua postura diante do trabalho e, se necessário, conversar com seus superiores sobre as situações que estão afetando sua saúde mental; as empresas devem prezar por um ambiente de trabalho saudável e combater ações abusivas; os governantes devem implementar políticas públicas de saúde mental, garantindo à população acesso a terapias e tratamentos. O texto disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/28-9-2022-oms-e-oit -fazem-chamado-para-novas-medidas-enfrentamento -das-questoes-saude#gsc.tab=0 (acesso em: 10 set. 2024) traz informações interessantes sobre o assunto.
Com a análise dos impasses ético-políticos relacionados às transformações sociais, principalmente aquelas relacionadas ao trabalho, e a análise da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para discutir os progressos e entraves em relação aos direitos dos trabalhadores, a seção permite desenvolver as habilidades EM13CHS504 e EM13CHS605.
Ao solicitar a análise das relações entre sujeitos, grupos e classes sociais diante das novas formas de
trabalho ao longo do tempo, a atividade mobiliza a habilidade EM13CHS401 e permite o trabalho com a competência geral 7. A discussão sobre os direitos trabalhistas permite também o desenvolvimento da habilidade EM13CNT207
1. É possível ampliar a questão e apresentar aos estudantes o texto do Decreto-lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm (acesso em: 2 out. 2024). Como muitos, em breve, estarão no mercado de trabalho, é essencial que eles comecem a conhecer seus direitos.
2. Os estudantes podem mencionar que o aumento dos empregos sem carteira assinada (como o de motorista por aplicativo), a contratação de trabalhadores como pessoas jurídicas (chamada de “pejotização”) e o crescente número de pessoas que se mantêm com trabalhos pontuais (popularmente chamados de “bicos”) têm levado a retrocessos na conquista dos direitos trabalhistas e causado a precarização do trabalho.
1. a) A ideia central do texto é o aumento das plataformas de terapia on-line, impulsionado pelo crescimento de casos de adoecimento mental no ambiente de trabalho e pela pandemia de covid-19, em 2020.
b) É possível que os estudantes comentem que, em razão do isolamento social, houve interrupção dos atendimentos médicos presenciais. Além disso, nesse período, muitas pessoas ficaram inseguras. Essa combinação de fatores levou ao crescimento do uso das plataformas de cuidado com a saúde mental, como as terapias on-line.
c) Proponha uma pesquisa sobre o que as empresas têm feito para a prevenção e o cuidado com a saúde mental de seus trabalhadores.
2. Ao responderem a essa pergunta, os estudantes podem apresentar algumas ideias utópicas e fora da realidade de muitas empresas, mas é válido reconhecer que o mundo do trabalho vem sofrendo mudanças significativas e muitas companhias vêm propondo um novo modo de se relacionar com seus funcionários, prezando pela saúde e pelo bem-estar dos colaboradores.
3. De acordo com a CLT e as Normas Regulamentadoras (NRs), todo trabalhador tem direito: a um ambiente de trabalho seguro; à saúde ocupacional, com o
acompanhamento médico periódico no trabalho; ao afastamento remunerado do trabalho (licença médica) de até 15 dias; à estabilidade empregatícia de 12 meses após o término do tratamento; à aposentadoria por invalidez caso não se recupere. É preciso que o trabalhador com problemas de saúde mental procure um médico e apresente o atestado à empresa.
A publicação dos cards sobre os direitos dos trabalhadores afetados por transtornos mentais colocam os estudantes no papel de produtores e divulgadores de informação para a comunidade.
A intenção é que os estudantes conheçam a prática de algumas profissões e avaliem a possibilidade de trabalhar na área, obtendo informações que possam guiá-los na escolha de suas carreiras. As entrevistas realizadas permitem o desenvolvimento das habilidades EM13CHS401 e EM13CHS404. Os estudantes podem aproveitar as entrevistas para desmistificar a figura do psicólogo e do psiquiatra. O mundo do trabalho e sua relação com as juventudes favorece o desenvolvimento da habilidade EM13CNT207. A divulgação do resultado das entrevistas permite o desenvolvimento da habilidade EM13LGG301
A publicação das entrevistas com os profissionais que cuidam da saúde mental coloca os estudantes no papel de produtores e divulgadores de informação para a comunidade.
Os grupos devem criar um produto que responda de forma abrangente à questão central do projeto, utilizando aprendizados das etapas anteriores. O podcast é uma ferramenta para desenvolver habilidades de
oralidade, criatividade e trabalho colaborativo, permitindo que os estudantes comuniquem e informem a comunidade sobre saúde mental, ajudando a combater o estigma associado aos transtornos mentais.
Essa atividade favorece o desenvolvimento das habilidades EM13CNT302 e EM13CNT305, além de promover a desnaturalização de preconceitos, desenvolvendo a habilidade EM13CHS502. Ao identificar formas de violência e suas causas sociais, os estudantes exercitam a habilidade EM13CHS503.
Se houver estudantes com experiência em edição de áudio, eles podem ensinar os colegas a usar aplicativos de edição. A participação do professor da área de Linguagens e suas Tecnologias enriquece o projeto, mobilizando as competências gerais 4 e 8. O produto final permite o desenvolvimento da habilidade EM13LGG105, ao incentivar os estudantes a experimentar diversos processos de remidiação de produções multimídia. Também é favorecido o desenvolvimento das habilidades EM13LGG701, EM13LGG702, EM13LGG703 e EM13LGG704, que dizem respeito às práticas de linguagens no universo digital.
A avaliação pode ocorrer em diferentes momentos do projeto, orientando ou ampliando as atividades conforme o interesse da turma. Nesse momento, propõe-se uma autoavaliação dos estudantes, individual e coletiva, que deve ser sincera, visando à reflexão sobre o comportamento e o comprometimento de cada um no projeto. Guiados pelas questões propostas, os estudantes podem identificar pontos fortes e fracos, promovendo o desenvolvimento da colaboração. Após responderem às questões, reúna-os para um balanço final, revendo os objetivos e os principais aprendizados do projeto.
As observações dos estudantes ajudam a ajustar futuras implementações. Essa análise global permite identificar práticas pedagógicas bem-sucedidas e aquelas que requerem ajustes para alcançar as metas propostas.
Sequenciamento genético e fortalecimento da ancestralidade – p. 26
[Música de transição]
Em 2013, cinco brasileiros embarcaram em uma viagem pra descobrir suas origens. Sabiam que seus antepassados tinham vindo da África como escravizados, mas não tinham informações sobre o país ou a etnia de origem da família. Assim, a jornada começou com um teste de DNA.
Uma parte do teste compara o DNA de uma pessoa com o de outras. Funciona assim: com o tempo, laboratórios criaram um banco de dados, uma espécie de biblioteca com informações genéticas de milhares de pessoas de diferentes partes do mundo. Pra realizar o teste, o DNA é comparado com essas informações até encontrar sequências de DNA semelhantes, o que pode revelar uma origem ou proximidade genética.
Pra entender esse processo, vamos pensar em como a informação genética é transmitida entre gerações, começando pela formação do nosso próprio DNA.
Ele é formado pela combinação aleatória de metade do DNA do pai biológico e metade do DNA da mãe biológica. O DNA dos nossos pais, por sua vez, resulta da combinação do DNA dos pais deles, nossos avós biológicos. Esse processo, repetido ao longo das gerações, faz com que cada pessoa tenha um conjunto único de informações genéticas, contendo parte dos conjuntos dos seus ancestrais.
Quando duas pessoas compartilham ancestrais, as partes semelhantes de DNA podem ser mapeadas. Com isso, o laboratório consegue identificar que essas pessoas tiveram um ancestral em comum, que transmitiu a elas aquela sequência de DNA.
No caso das cinco pessoas que mencionamos no início da história, esses ancestrais estavam espalhados por diversos países da África!
[Música de transição]
Essas cinco pessoas participaram de um projeto chamado Brasil: DNA África , que testou o DNA de 150 pessoas negras brasileiras. Assim como a maioria dos descendentes de pessoas escravizadas, elas tiveram o direito de conhecer sua própria ancestralidade negado e violado diversas vezes ao longo da história.
Em 1890, a escravidão já havia sido abolida no Brasil. Naquele ano, Rui Barbosa, então Ministro da Fazenda, decretou que todos os documentos relacionados à escravidão, como os registros, que eram mantidos em cartório, de compra e venda de pessoas escravizadas, fossem queimados. Qual foi a motivação desse decreto? Acredita-se que a intenção era impedir que os antigos proprietários exigissem indenização pela perda de suas propriedades, no caso, as pessoas. No entanto, essa ação também apagou os poucos registros que poderiam reconstruir parte da história da maioria das pessoas negras no Brasil, como os seus locais de origem.
Para restabelecer parte do direito da população negra de conhecer sua ancestralidade, são necessárias ações conhecidas como justiça reparatória. Um exemplo é um projeto de lei do estado de São Paulo, ainda em tramitação em 2024, chamado São Paulo DNA África, que busca garantir testes de DNA gratuitos para descendentes de africanos escravizados no Brasil, que residem na capital paulista.
O projeto argumenta que o teste de DNA pode ajudar essas pessoas a se reconectar com suas origens, além de ser uma ferramenta importante no mapeamento de doenças genéticas mais comuns nessa população. [Música de transição]
Outro efeito da popularização dos testes genéticos e das tecnologias de sequenciamento e mapeamento de DNA, que podem ser realizados por qualquer pessoa, foi o avanço significativo na área da saúde, conhecido como medicina de precisão.
Acredita-se que um banco de dados com informações genéticas de diferentes pessoas possa ajudar a identificar padrões na ocorrência de diversas doenças, além de possibilitar a prevenção e tratamentos mais eficazes, com medicações personalizadas para cada indivíduo!
[Música de transição]
Para muitas pessoas, saber suas origens é importante para o processo de criação de uma identidade. Apesar de os testes genéticos oferecerem informações de parentesco, essas informações não são as únicas ações necessárias para resgatar as conexões ancestrais de cada um.
Isso significa que a nossa identidade não é composta apenas por genes mas também por uma identificação cultural, por conhecimentos passados através de gerações e pela relação do nosso corpo com construções sociais e históricas.
Ou seja, os genes podem até nos fornecer informações, mas não constituem respostas definitivas sobre quem somos. As respostas são muito mais complexas e necessitam de elementos que ultrapassam as possibilidades da Ciência, conectando diversas formas de conhecimento e saberes.
[Música de transição]
Créditos
Os áudios inseridos neste conteúdo são da Pixabay.
Diferentes formas de envelhecer – p. 55 [Música de transição]
[Locutor] A expectativa de vida no Brasil tá voltando a aumentar. Em 2019, era de 76,2 anos. O país vinha em uma crescente, mas foi fortemente afetado pela crise global do ano seguinte: a pandemia do coronavírus. Durante a pandemia, a expectativa de vida caiu de 76,2 em 2019 pra 74,8 em 2020 e 72,8 em 2021, uma redução média de quase quatro anos.
[Locutor] Após a pior fase da pandemia, os números começaram a subir novamente. Em 2022, a média alcançou 75,5 anos e, em 2023, chegou a 76,4, o maior registro da série histórica até então.
Analisar indicadores como a expectativa de vida média do nosso país é importante. Isso revela, por exemplo, que a parcela da população idosa tá crescendo e, com isso, políticas públicas voltadas pra infraestrutura das cidades e os investimentos em saúde precisam se adaptar. É importante destacar que os números apresentados são uma média nacional. A expectativa de vida varia conforme a situação de cada região brasileira e até mesmo dentro de um município, de acordo com a classe social.
Se considerarmos os aspectos socioeconômicos, encontramos dados alarmantes: a expectativa de vida da população mais rica é de 10 a 20 anos maior do que a da população mais pobre. [Música de transição]
[Locutor] Além de viver cerca de duas décadas a menos, o processo de envelhecimento das pessoas mais pobres é bastante diferente daquele observado nas camadas mais ricas da população. Isso porque o envelhecimento depende de fatores intrínsecos, como a genética do indivíduo, e de fatores extrínsecos, como alimentação, tabagismo, prática de atividade física etc. [Locutor] O envelhecimento de uma mulher que trabalha na roça no interior da Bahia é diferente do de uma mulher de classe alta que mora em um bairro nobre de uma metrópole, e também é diferente do de uma mulher indígena que vive em um território indígena. Cada grupo social, ou mesmo cada pessoa, experimenta um tipo de envelhecimento único. O envelhecimento é um processo singular e particular de cada indivíduo.
[Locutor] Portanto, é importante considerar que as pessoas idosas têm uma história de vida. O acesso à educação e à saúde, as condições econômicas, que afetam diretamente o tipo de moradia e alimentação, o acesso à cultura e ao lazer, e a prática de atividades físicas regulares são fatores que influenciam significativamente o processo de envelhecimento. Pra um envelhecimento mais saudável, é necessário garantir o acesso à saúde física e psicológica, à alimentação saudável, a condições seguras de trabalho, à educação de qualidade e à cultura.
[Música de transição]
[Locutor] Apesar de necessário, garantir os direitos de todas as pessoas desde o nascimento, pra que possam ter um envelhecimento saudável, ainda é um caminho longo. No entanto, o número de pessoas idosas tá aumentando. Então, como podemos garantir uma melhor qualidade de vida pra essas diferentes formas de envelhecimento, produzidas pelas desigualdades sociais?
[Locutor] No âmbito das políticas públicas, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania lançou, em 2023, o programa Envelhecer nos Territórios . Além de avaliar a garantia dos direitos das pessoas idosas em todos os estados e municípios, o programa visa formar agentes de direitos humanos e incentivar a criação de órgãos dedicados à proteção desses direitos. Durante o lançamento do programa, em 4 de setembro de 2023, o secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva, ressaltou que o programa considera essas diferentes velhices: [Música de transição]
[Alexandre da Silva] Esse programa, Envelhecer nos Territórios, então, é... ele é esse programa de promoção do direito de envelhecer a todas as pessoas. A gente fala isso de uma forma que, às vezes, pra muitas pessoas pode passar desapercebido, mas se a gente for entender a partir de alguns marcadores sociais importantes que nós temos, como classe social, gênero, raça/ cor da pele, o local onde mora, tipo de trabalho, né?, escolaridade dos pais, a gente entende que há grupos sociais que não conseguem envelhecer tão bem. E quando conseguem envelhecer, quando chegam aos 60 anos, vê que chega com muitas dificuldades. Dificuldades essas que são colocadas por todo um histórico que marca o nosso país, né? Tanto, é... de algumas ineficiências de políticas, de um não conhecimento muito explícito dos problemas, hã, das mais diversas discriminações, e das várias condições de vulnerabilidade nas quais essas pessoas convivem desde muito cedo.
[Locutor] É desejável que as políticas públicas possam oferecer a todos os brasileiros oportunidades mais equitativas de envelhecer. Olhar atentamente pras pessoas idosas e pras suas diferentes formas de envelhecer pode orientar as nossas ações e ajudar a buscar maneiras mais saudáveis de viver. Investigar o passado pra compreender o presente e propor soluções
pro futuro, no caso, o envelhecimento, é uma forma de aplicar o conhecimento científico no nosso dia a dia.
[Música de transição]
[Locutor] Créditos
A fala do secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva, foi extraída do vídeo Cerimônia lançamento do Programa Envelhecer nos Territórios, transmitido ao vivo em 4 de setembro de 2023, pelo Youtube. Os demais áudios inseridos neste conteúdo são da Pixabay.
Inteligência artificial a serviço do meio ambiente – p. 128
[Música de transição]
Proteger uma floresta não é uma tarefa simples. Tanto que, na Biologia, existe um ramo de conhecimento dedicado a estudar os processos envolvidos na conservação da biodiversidade: a ciência da conservação. As pesquisas nessa área estão indicando resultados cada vez mais próximos do que as comunidades que vivem nas e das florestas já sabiam: é preciso proteger não apenas as espécies, mas as interações que ocorrem entre elas, com o ambiente a sua volta e com os seres humanos também.
O meio ambiente funciona como uma grande rede, onde todos os seres, inclusive nós, estão conectados, direta ou indiretamente. Por isso, proteger e conservar o planeta envolve diversos processos, atores e instituições, todos trabalhando juntos.
Podemos destacar três principais esferas em que esse processo acontece. A primeira envolve a criação, a regulamentação e a fiscalização de leis e de políticas públicas; a segunda, refere-se à pesquisa, à geração de dados e à produção de conhecimento; e a última, é a esfera da execução de projetos e de ações nos locais a serem conservados. Essas esferas reúnem muitos profissionais e atores da sociedade, que costumam trabalhar em conjunto.
Um exemplo são os projetos e [as] comunidades indígenas do Amazonas que, com a ajuda da tecnologia, fiscalizam e geram conhecimento sobre seus territórios. Usando drones e sensores, essas comunidades coletam dados de desmatamento, queimadas, garimpo e estradas ilegais, além de localizar e identificar indivíduos de algumas espécies importantes para a região. Esses dados podem ser compartilhados com pesquisadores, que utilizam a Inteligência Artificial pra analisá-los e criar mapas e simulações importantes pra guiar ações de conservação mais eficazes.
Os pesquisadores do Imazon, que monitoram a degradação da Floresta Amazônica, criaram o PrevisIA, apontando áreas com maior risco de desmatamento. Outros pesquisadores, de diversas ONGs do Brasil, uniram seus dados e desenvolveram a plataforma MapBiomas, que analisa e monitora a cobertura e [o] uso do solo no país. Outros cientistas da Fundação Getúlio Vargas, em parceria com populações ribeirinhas do rio Xingu, criaram o SAGUI, sigla para Sistema de Acompanhamento Georreferenciado de Informações. Com esse sistema, é possível monitorar parâmetros importantes para a qualidade e o estilo de vida dessas populações, afetadas pela instalação da usina hidrelétrica de Belo Monte.
[Música de transição]
A inteligência artificial pode ser utilizada em várias esferas da conservação da biodiversidade, como pra aumentar a eficiência de atividades com grandes impactos ambientais. O abuso de agrotóxicos, que afeta negativamente o ambiente e a saúde humana, pode ser reduzido com essa tecnologia. Além disso, a
IA pode contribuir para a eficiência energética e a melhor gestão e redução de resíduos.
Mas é importante notar que a Inteligência Artificial não traz apenas benefícios. A manutenção das ferramentas de IA gera impactos ambientais relevantes, especialmente pelo alto consumo de energia. A fabricação de drones, baterias e outros dispositivos exige a extração de grandes quantidades de minérios e o uso de energia elétrica. Tanto a mineração quanto a geração de energia são questões socioambientais importantes, e o aumento dessas tecnologias pode causar impactos negativos no meio ambiente e nas comunidades afetadas. Além disso, a geração de resíduos eletrônicos é um problema sério, já que materiais como o lítio das baterias são extremamente tóxicos e representam riscos pro meio ambiente e pra saúde.
A conservação da biodiversidade é um objetivo que envolve muitas pessoas: pesquisadores, gestores, instituições e projetos, e também as populações indígenas, quilombolas, ribeirinhas e caiçaras, conhecidas como guardiões das florestas. A Inteligência Artificial pode ser uma ferramenta valiosa, gerando dados e facilitando várias de suas atividades.
O uso da IA e das tecnologias digitais para coleta de dados deve ser feito de forma crítica, com uma abordagem cuidadosamente planejada e aplicada. É essencial realizar avaliações contínuas dos impactos positivos e negativos para garantir boas práticas na conservação da biodiversidade.
[Música de transição]
Créditos
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Alimentos, tradição e saúde – p. 164
[Música de transição]
Imagine a cena: na casa de farinha, todos se reúnem. Os mais velhos sentam em redes ou banquinhos, algumas mulheres trançam bolsas com a palha do buriti. As crianças procuram uma vasilha, e outras colhem temperos. Logo, o processo de produção de farinha de mandioca vai começar.
Esse processo é antigo. As raízes da mandioca são lavadas, descascadas e trituradas. A massa resultante é colocada no tipiti, um cilindro feito de palha trançada, pra drenar a água da goma. Depois, ela é transferida pra um forno a lenha, onde vai secar e se transformar na farinha.
E a farinha pode virar tapioca, beiju, bolo, pão.
[Música de transição]
A farinhada, como é chamado esse momento, é um bom cenário pra refletirmos sobre um tema muito importante pra uma boa qualidade de vida: a alimentação. Nesse contexto, a farinha de mandioca não está associada apenas às calorias e nutrientes que ela fornece aos que estão presentes. A farinhada faz parte da cultura alimentar, das tradições alimentares vinculadas a determinados territórios, como as diversas comunidades do Norte e Nordeste do país.
Durante os dias da farinhada, as crianças aprendem as técnicas para preparar a farinha e também escutam as histórias e ensinamentos dos mais velhos. Elas aprendem sobre o tempo de cada processo e os ciclos da mandioca. A farinhada é uma parte essencial da vida e da identidade dessas comunidades.
Isso acontece com diversos alimentos. No Brasil, é comum tomarmos café pela manhã, enquanto em outros países, essa bebida costuma ser um chá. No sul do país, o pinhão é muito consumido, enquanto no Centro-Oeste, o pequi é mais comum.
O consumo, o preparo e a relação das pessoas com cada um desses alimentos fazem parte da sua cultura.
Como as culturas estão em constante evolução, a alimentação dos brasileiros também está sempre se transformando. [Música de transição]
Atualmente, muitas pessoas têm sua alimentação influenciada pela indústria de alimentos ultraprocessados, que são fabricados com adição de açúcares, gorduras, corantes e conservantes.
Porém, o Guia Alimentar para a População Brasileira , elaborado pelo Ministério da Saúde, recomenda evitar esses produtos. O consumo de alimentos ultraprocessados pode trazer riscos à saúde e está associado a diversas doenças, como obesidade, diabetes, hipertensão e câncer.
Esse guia foi um marco pra saúde brasileira, pois vai além da composição e da produção dos alimentos, integrando aspectos culturais e sociais da alimentação. Ela sugere práticas e comportamentos mais saudáveis durante as refeições.
[Música de transição]
O aspecto social da alimentação tem se tornado cada vez mais importante. Atualmente, 1 em cada 20 brasileiros, e 1 em cada 5 jovens de 6 a 18 anos enfrenta algum tipo de transtorno alimentar. Segundo o Ministério da Saúde, transtornos alimentares são “condições psiquiátricas caracterizadas por alterações persistentes nas refeições ou em comportamentos relacionados aos hábitos alimentares”. O consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, que possuem substâncias como açúcar e sódio, que viciam o paladar, pode estar associado a esses transtornos. Além disso, o uso desenfreado das redes sociais, que disseminam padrões e dietas perigosas, também contribui para o aumento desses transtornos, especialmente entre os jovens.
É essencial que a alimentação não seja vista como uma maneira de chegar a esses padrões inalcançáveis, e sim como uma forma de fortalecer a identidade, promover a proximidade e criar vínculos com familiares e amigos.
Assim, ao adotar uma visão mais ampla sobre a alimentação, o Guia Alimentar para a População Brasileira propõe alguns passos para uma dieta adequada e saudável:
1. “Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação.”
2. “Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias.”
3. “Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados.”
4. “Comer com regularidade e atenção, em ambientes apropriados e, sempre que possível, com companhia.”
5. “Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias.”
6. “Ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais.”
Como você pode perceber, alimentar-se é muito mais do que simplesmente comer. É saborear os alimentos frescos, aproveitar os momentos das refeições e a companhia durante o preparo, explorar técnicas para preparar sua própria comida e muitas outras coisas! E aí? Vamos cozinhar?
[Música de transição]
Créditos
A definição de transtornos alimentares foi retirada do artigo Mais de 70 milhões de pessoas no mundo possuem algum distúrbio alimentar, publicado em 19 de setembro de 2021, no site do Ministério da Saúde.
Os passos pra uma alimentação adequada são do Guia Alimentar para a População Brasileira , publicação do Ministério da Saúde, de 2014.
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Saúde mental na escola e na família – p. 185
[Música de transição]
Quando pensamos no crescimento e amadurecimento das crianças e dos adolescentes, frequentemente nos preocupamos com o desenvolvimento físico, não é mesmo?
É claro que isso é importante, mas a saúde vai muito além desse aspecto. Afinal, a saúde física não é a única que impacta nossa qualidade de vida.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, “saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença”. Neste podcast, vamos focar na saúde mental e explorar o que podemos fazer pra promover nosso bem-estar emocional.
[Música de transição]
A saúde mental é influenciada por fatores biopsicossociais. Você pode estar se perguntando: bio-psico-o-quê?
Calma! Não se assuste! Biopsicossocial significa que nossa saúde mental é moldada por fatores biológicos, psicológicos e sociais. Por isso, é importante compreender que tanto a saúde mental quanto os transtornos associados não podem ser explicados por apenas um desses fatores.
Um exemplo é a pandemia de covid-19. A Organização Mundial da Saúde relatou um aumento médio de 25% na prevalência global de ansiedade e depressão durante esse período. Esse aumento foi causado por fatores como medo constante, falta de socialização, incertezas sobre o futuro e o impacto emocional da perda de pessoas queridas. Não é exagero pensar que quase todos passamos por um desses fatores, não é mesmo?
Mas o que devemos fazer, então? Estudos indicam que cuidar do ambiente em que vivemos e das nossas relações pessoais é essencial pra manutenção da nossa saúde mental.
[Música de transição]
Pesquisas mostram que alguns transtornos mentais podem se apresentar ainda na infância, mas se tornam mais comuns na adolescência. Durante essa fase da vida, as rápidas mudanças no corpo e nas interações sociais podem causar inseguranças e outras sensações que afetam a saúde mental. A escola, sendo um ambiente central nessa etapa, tem um papel fundamental.
É importante que ela apoie o desenvolvimento integral dos estudantes, promova relações afetivas e saudáveis, forneça recursos para enfrentar desafios e incentive a autoestima e o bem-estar da comunidade escolar, incluindo seus professores e demais funcionários.
Além da escola, é importante garantir a saúde mental no ambiente familiar. Algumas recomendações incluem: estabelecer uma rotina, permitir a expressão de ideias e sentimentos sem julgamentos, definir regras claras e coerentes, cultivar relações de afeto dentro e fora da família, promover justiça, responsabilidade e generosidade, desenvolver a espiritualidade e garantir um ambiente seguro e livre de violências.
[Música de transição]
Falando em violências, saiba que elas são alguns dos principais fatores que afetam negativamente a saúde mental. Elas podem se manifestar de várias maneiras, desde violência física e traumas por perdas até violência psicológica e a falta de garantia de direitos.
Para proteger nossa saúde mental, tanto na escola quanto em outros ambientes, considere as seguintes recomendações: viva o momento presente; busque desenvolver novas atividades; não se isole; reconheça as suas emoções, as dos outros e fale sobre o que sente; reconheça e aceite suas limitações; dedique um tempo para cuidar de si; se engaje em práticas sociais e comunitárias; fortaleça laços familiares e/ou de amizade; diversifique seus interesses; mantenha-se intelectual e fisicamente ativo; mantenha mais relações reais, e menos virtuais.
Embora a saúde física e a saúde mental sejam diferentes, elas estão profundamente conectadas! Adotar hábitos saudáveis, como uma boa alimentação e sono, é fundamental para ambas.
Atenção! Além de adotar práticas para proteger sua saúde mental, é importante buscar o apoio de profissionais como psicólogos, psiquiatras e médicos de família se você enfrentar transtornos ou sofrimento psíquico. Eles podem te ajudar a compreender e tratar essas questões, além de te mostrar que você não está só e que muitas pessoas estão passando ou já passaram por situações semelhantes e, com um acompanhamento correto, puderam encontrar um tratamento acolhedor.
[Música de transição]
Créditos
As recomendações pra proteção da saúde mental são da Cartilha Saúde Mental na Escola
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ALBERTS, Bruce et al . Biologia molecular da célula . Tradução de Ardala E. B. Andrade et al. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Livro de referência em Biologia molecular.
ANDRADE, Micael Doria de; CAMARGO, Rosangela Andrade Aukar de. O gênero roteiro e sua relação com a criação de materiais audiovisuais. Research , Society and Development , v. 11, n. 7, p. 1-11, 2022. Disponível em: https://www.researchgate.net/ publication/360960566_O_genero_roteiro_e_sua_relacao_ com_a_criacao_de_materiais_audiovisuais. Acesso em: 14 set. 2024.
Artigo que analisa o gênero textual roteiro, abrangendo suas definições, características e aspectos estruturais. Fornece subsídios importantes para auxiliar o professor a produzir esse tipo de texto com a turma.
BRASIL. Lei no 10.741, de 1o de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto da Pessoa Idosa e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [2022]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/ l10.741.htm#:~:text=LEI%20No%2010.741%2C%20 DE%201%C2%BA%20DE%20OUTUBRO%20DE%20 2003.&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20o%20 Estatuto%20do%20Idoso%20e%20d%C3%A1%20 outras%20provid%C3%AAncias.&text=Art.,a%2060%20 (sessenta)%20anos.&text=Art.,-2o%20O. Acesso em: 7 set. 2024.
Lei que determina os direitos das pessoas com 60 anos ou mais de idade, visando proteger os interesses e as garantias das pessoas idosas em todos os setores da sociedade.
CREMA, Cristiani; GASPARINI, Isabela; KEMCZINSKI, Avanilde. Cartilha com atividades desplugadas para o Ensino Médio. Joinville: Universidade do Estado de Santa Catarina, 2020. Disponível em: https://educapes.capes.gov.br/handle/ capes/585927. Acesso em: 26 set. 2024. Destinada a professores, essa cartilha discute conceitos relacionados à ciência da computação utilizando a abordagem conhecida como computação desplugada, técnica de aprendizagem que dispensa o uso de computadores.
DESVIAT, Manuel. Coabitar a diferença : da reforma psiquiátrica à saúde mental coletiva. Tradução de Marta D. Claudino. São Paulo: Zagodoni, 2018. Nesse livro, são analisadas algumas questões e listados alguns desafios que cercam a reforma psiquiátrica nos sistemas de saúde contemporâneos, abordando, entre outros assuntos, a medicalização da sociedade.
FARAJ, Suzana Pastoriza et al. Saúde mental na escola: reflexões sobre a saúde mental da comunidade escolar. Santa Maria, RS: Editora UFSM, NEDEFE, 2022. Disponível em: https://www.ufsm.br/app/uploads/sites/518/2020/05/ Cartilha-Saude-Mental-na-Escola.pdf. Acesso em: 2 out. 2024. E-book.
Cartilha elaborada por especialistas da Universidade Federal de Santa Maria (RS) cuja finalidade é promover a saúde mental de crianças e adolescentes por meio de reflexões sobre os efeitos da pandemia de covid-19 e o aumento do estresse e do sofrimento psíquico nas escolas.
FAVA, Rui. Trabalho, educação e inteligência artificial: a era do indivíduo versátil. São Paulo: Penso, 2018.
O livro propõe reflexões sobre as novas tecnologias e questiona como serão as profissões e as escolas nos próximos anos, procurando identificar as habilidades necessárias ao cidadão e ao profissional do futuro.
FERRARI, Ana Claudia; MACHADO, Daniela; OCHS, Mariana. Guia da Educação Midiática. E-book. São Paulo: Instituto Palavra Aberta, 2020. Disponível em: https://educamidia. org.br/api/wp-content/uploads/2021/03/Guia-da-Educação -Midiática-Single.pdf. Acesso em: 5 nov. 2024.
Cartilha voltada ao trabalho da educação midiática na escola. Apresenta conceitos e traz propostas de atividades para realizar com estudantes de diferentes faixas etárias.
FIORIN, Evandro; LANDIM, Paula da Cruz; LEOTE, Rosângela da Siva (org.). Arte-ciência: processos criativos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2015. [Recurso digital]. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/server/api/core/ bitstreams/0b450a12-adc7-4b52-8e5e-ac523d7c533e/ content. Acesso em: 5 nov. 2024.
A obra reúne nove artigos que trazem uma visão multidisciplinar sobre arte, ciência e processos criativos. Com abordagens diversificadas, a obra traz contribuições para análises mais ricas da arte e oferece subsídios para o professor desenvolver um processo de aprendizagem criativo e atraente na sala de aula.
O FUTURO do mundo do trabalho para as juventudes brasileiras. Itaú Educação e Trabalho, São Paulo, 2022. Disponível em: https://www.itaueducacaoetrabalho.org. br/biblioteca/publicacoes/futuro-do-mundo-do-trabalho -para-as-juventudes-brasileiras. Acesso em: 2 jun. 2024. Documento que apresenta as tendências do futuro do mundo do trabalho para as juventudes, identificando oportunidades para a inclusão produtiva de jovens em busca da profissionalização.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo 2022. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/. Acesso em: 2 jun. 2024. Documento que reúne os resultados obtidos do Censo demográfico realizado em 2022 no Brasil.
JECUPÉ, Kaká Werá. A terra dos mil povos: história indígena do Brasil contada por um índio. São Paulo: Peirópolis, 2020. Nessa obra, Kaká Werá Jecupé, indígena de origem tapuia, escritor e ambientalista, apresenta a história da formação do Brasil pela perspectiva indígena. Trata-se de uma obra relevante para incluir o olhar indígena no debate das questões raciais no país.
LOUZADA, Maria Laura da Costa et al . Consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil: distribuição e evolução temporal 2008-2018. Revista de Saúde Pública, v. 57, n. 12, 2023. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ rsp/a/4NgBXsYpKjrKHvCBJ876P8F/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 14 set. 2024.
Artigo que investiga os fatores sociodemográficos associados ao consumo de alimentos ultraprocessados no Brasil entre 2008 e 2018.
NELSON, David L.; COX, Michael M. Princípios de bioquímica de Lehninger. Tradução de Tiele P. Machado et al. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2022.
Obra de referência para o estudo de Bioquímica em nível superior. Na edição mais recente, traz mais recursos visuais e uma didática aprimorada.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Organização Pan-Americana de Saúde. A carga dos transtornos mentais na Região das Américas, 2018 [disponível em espanhol e inglês]. Washington, D.C.: OMS/OPAS; 2018. Disponível em: https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/49578/97 89275320280_spa.pdf?sequence=9&isAllowed=y. Acesso em: 11 out. 2024.
Apoiado em pesquisas, o relatório elaborado pela OMS/OPAS tem o objetivo de melhorar a avaliação das necessidades de saúde mental nas Américas, fornecendo um quadro atualizado.
PECKOLT, Theodor; PECKOLT; Gustav (org.). História das plantas úteis e medicinais do Brasil. Belo Horizonte: Fino Traço, 2016. Disponível em: https://www.ufmg.br/mhnjb/ ceplamt/wp-content/uploads/2017/08/MIOLO_PLANTAS -MEDICINAIS.pdf. Acesso em: 18 set. 2024.
Trata-se da reedição da obra homônima publicada de 1888 a 1914 por Theodor Peckolt e posteriormente por seu filho Gustav. Apresenta a descrição botânica, partes utilizadas, composição química e o emprego de plantas usadas popularmente no Brasil para diversas finalidades. Em alguns casos, traz considerações sobre a origem cultural do uso.
PIASSI, Luís Paulo; PIETROCOLA, Maurício. Ficção científica e ensino de ciências: para além do método de “encontrar erros em filmes”. Educação e Pesquisa [on-line], v. 35, n. 3, p. 525-540, 2009. Disponível em: https://www.revistas.usp. br/ep/article/view/28208. Acesso em: 26 set. 2024.
Artigo que discute o uso de obras de ficção científica no ensino de ciências para além da análise de elementos contrafactuais, compreendendo a produção artística como discurso regido por mecanismos próprios, e não apenas simples recurso didático.
PINHEIRO, Bárbara Carine Soares. Como ser um educador antirracista. São Paulo: Planeta, 2023.
O livro propõe uma discussão sobre a educação antirracista nas escolas pelas perspectivas decoloniais. Conceitos como luta antirracista e racismo estrutural são apresentados e discutidos na obra. Um convite para o educador repensar métodos e adotar práticas antirracistas em sala de aula.
RELYEA, Rick; RICKLEFS, Robert Erick. A economia da natureza. Tradução de Ana Claudia de Macedo Vieira et al 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
Obra acadêmica de referência para o estudo de Ecologia. Ajuda o leitor a relacionar conceitos de Ecologia a problemas ambientais que afetam a vida nos dias de hoje.
SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem integrada. Tradução de Adriane Belló Klein et al. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
Obra acadêmica de referência para o estudo de fisiologia humana. Apresenta informações relevantes e coerentes com as descobertas mais recentes acerca do organismo humano.