PNLD 2026 EM - CAT 1 - COLEÇÃO POR TODA PARTE- REDAÇÃO

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MANUAL DO PROFESSOR

CLAUDIA BERGAMINI LÍGIA MARIA MARQUES MARÍLIA WESTIN

CLAUDIA BERGAMINI

Bacharela e licenciada em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Letras (Filologia e Língua Portuguesa) pela USP. É autora de coleções didáticas de Língua Portuguesa e atua como professora de Língua Portuguesa na rede particular de ensino.

LÍGIA MARIA MARQUES SILVA

Bacharela em Comunicação Social pela Faculdade Cásper Líbero. Pós-graduada no curso de especialização “O livro para a infância: processos contemporâneos de criação, circulação e mediação” pela Faculdade Conectada (Faconnect). Atua no mercado editorial e é professora particular de Língua Portuguesa. É autora de livros infantojuvenis.

MARÍLIA WESTIN OLIVEIRA GARCIA

Bacharela em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela USP. Especialista em Psicopedagogia (Práticas educacionais e contextos de intervenção) pelo Instituto Singularidades. Atua como professora de Língua Portuguesa e como psicopedagoga.

ENSINO MÉDIO

ÁREA DO CONHECIMENTO: LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS 1

Copyright © Claudia Bergamini, Lígia Maria Marques Silva, Marília Westin Oliveira Garcia, 2024

Direção-geral Ricardo Tavares de Oliveira

Direção de conteúdo e negócios Cayube Galas

Direção editorial adjunta Luiz Tonolli

Gerência editorial Roberto Henrique Lopes da Silva e Nubia de Cassia de M. Andrade e Silva

Edição Ana Luiza Martignoni Spínola (coord.)

Carolina Garcia von Zuben, Lilian Ribeiro de Oliveira, Texto e Forma

Preparação e revisão Maria Clara Paes (coord.)

Texto e Forma

Produção de conteúdo digital João Paulo Bortoluci

Gerência de produção e arte Ricardo Borges

Design Andréa Dellamagna (coord.)

Sergio Cândido (criação), Ana Carolina Orsolin, Andréa Lasserre

Projeto de capa Sergio Cândido

Imagem de capa marekuliaszShutterstock.com

Arte e produção Rodrigo Moutinho (coord.)

Diagramação Texto e Forma

Coordenação de imagens e textos Elaine Bueno Koga

Licenciamento de textos Texto e Forma

Iconografia Texto e Forma

Ilustrações Texto e Forma

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Bergamini, Claudia Redação Por Toda Parte: Volume Único / Claudia Bergamini; Lígia Maria Marques; Marília Westin. 1. ed. São Paulo: FTD, 2024.

Componente curricular: Redação.

Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias.

ISBN 978-85-96-04710-4 (livro do estudante)

ISBN 978-85-96-04711-1 (manual do professor)

ISBN 978-85-96-04712-8 (livro do estudante HTML5)

ISBN 978-85-96-04713-5 (manual do professor HTML5)

Língua Portuguesa (Ensino médio) 2. Redação (Ensino médio) I. Marques, Lígia Maria. II. Westin, Marília. III. Título.

24-228381

CDD-808.0469

Índices para catálogo sistemático:

1. Redação : Língua portuguesa : Ensino médio 808.0469

Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à

EDITORA FTD

Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300

Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br central.relacionamento@ftd.com.br

Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.

Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD CNPJ 61.186.490/0016-33

Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375

APRESENTAÇÃO

Caro estudante,

Este livro de preparação para a Redação do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, tem como objetivo ajudar você a se sentir mais preparado para essa etapa tão importante da trajetória estudantil: o ingresso no Ensino Superior.

Ao longo do volume, você encontrará tanto explicações claras e objetivas sobre como escrever uma redação dissertativo-argumentativa, quanto atividades práticas que visam aprimorar a escrita. O conteúdo apresentado pretende auxiliar no desenvolvimento de habilidades de argumentação, uso de repertório sociocultural de forma eficiente na escrita da redação e ferramentas para escrever uma proposta de intervenção sólida.

O livro foi elaborado com o propósito de auxiliar sua jornada de estudos e oferecer ferramentas para ter um desempenho excelente na redação do Enem, permitindo que você se expresse de maneira adequada, crítica e reflexiva. Bons estudos!

As autoras

CONHEÇA SEU LIVRO

Este livro está organizado em 9 capítulos. No início de cada um, há uma imagem que se relaciona à temática geral a ser desenvolvida no capítulo. Nessa abertura, você encontrará informações como os principais objetivos, os campos de atuação, que indicam os diferentes contextos e situações em que os textos são utilizados, e os Temas Contemporâneos Transversais discutidos.

Abertura de Capítulo

A abertura do Capítulo introduz o tema central de forma visual e contextualizada, estabelecendo uma conexão entre a imagem apresentada e o conteúdo que será abordado.

Conexões com...

Relaciona o conteúdo do capítulo com componentes de outras áreas de conhecimento, permitindo uma abordagem interdisciplinar. O objetivo é integrar conhecimentos diversos para enriquecer a argumentação e ampliar o repertório sociocultural.

Atividades

Propostas que visam consolidar os conhecimentos e aprimorar a capacidade argumentativa, incentivando a leitura e compreensão de textos e a prática da escrita.

Redação nota 1 000

Apresenta exemplos de redações que obtiveram nota máxima no Enem, analisando as estratégias e as técnicas utilizadas. A seção permite compreender o que é valorizado pela banca do exame e estimula a aplicação dessas estratégias na produção da redação.

Leitura

Apresenta textos de gêneros diversos que aparecem com frequência nas coletâneas do Enem, como editoriais, artigos de opinião e crônicas. O objetivo é estimular a prática de leitura crítica e contribuir para a construção do repertório.

Práticas de linguagem

Esta seção se concentra no domínio da escrita formal, oferecendo atividades que exploram aspectos gramaticais, uso de conectivos e coesão textual.

Para refletir

Esta seção propõe reflexões sobre temas contemporâneos e relevantes, ligados aos conteúdos abordados nos capítulos.

Em prática

Espaço dedicado à organização e à produção de textos completos, simulando a experiência da redação do Enem. Além da escrita, o objetivo é a revisão e a avaliação das produções, promovendo um ciclo completo de escrita e autoavaliação para aprimoramento contínuo.

Estudo em retrospectiva

Propõe atividades de síntese, autoavaliação e reflexão de comportamentos que incentivam a reflexão e o aprendizado.

Boxes

Ampliando saberes

Indica recursos culturais, como livros, filmes, documentários e artigos que complementam o conteúdo discutido no Capítulo. Este boxe visa aprofundar e fortalecer o repertório sociocultural dos estudantes.

Complementar

Este boxe traz informações adicionais que enriquecem o conteúdo principal do Capítulo, como curiosidades, dados históricos e outras referências relevantes.

CIDADANIA EM MOVIMENTO

O objetivo deste boxe é conectar os temas discutidos no livro com a realidade social e política dos estudantes, preparando-os para elaborar intervenções mais conscientes e fundamentadas por meio da apresentação de temas atuais e transversais.

MUNDO DO TRABALHO

Apresenta conteúdos relacionados ao mercado de trabalho, como profissões em alta, habilidades exigidas pelo mercado e mudanças tecnológicas.

Pratique mais

Oferece propostas de redação extras com temas variados e alinhados ao formato do Enem, visando aumentar a familiaridade com a estrutura dissertativo-argumentativa e fortalecer a confiança do estudante em suas habilidades de escrita.

OBJETOS EDUCACIONAIS DIGITAIS

Os ícones ao lado identificam os diferentes tipos de objetos educacionais digitais presentes neste volume. Esses materiais digitais apresentam assuntos complementares ao conteúdo trabalhado na obra, ampliando a aprendizagem.

Os sites indicados nesta obra podem apresentar imagens e eventuais textos publicitários junto ao conteúdo de referência, os quais não condizem com o objetivo didático da coleção. Não há controle sobre esses conteúdos, pois eles estão estritamente relacionados ao histórico de pesquisa de cada usuário e à dinâmica dos meios digitais.

PODCAST

SUMÁRIO

2

3

CAPÍTULO
CAPÍTULO
CAPÍTULO

Estudo em retrospectiva ............................................. 161

Pratique mais 163

O repertório sociocultural na redação para o Enem 165

Repertório sociocultural 166

Mundo do trabalho 167

Repertório sociocultural no Enem 168

Atividades ............................................................. 171

Tipos de repertório 173

Em que partes do texto usar o repertório sociocultural?

Leitura

Gênero textual: artigo de opinião

Cidadania em movimento

Redação

Proposta de intervenção: um passo decisivo na redação do Enem

Gênero textual: editorial

Redação

Práticas de linguagem

Para

Conexões

Preparação para a prova e critérios de avaliação

Mundo do trabalho

Redação do Enem: critérios de avaliação

Gênero textual: crônica argumentativa

avaliação, edição e revisão do

Objetos Educacionais Digi tais Podcast: Mundo do trabalho: soft skills e geração z 18 Infográfico clicável: Os gêneros textuais na redação .............................................

Vídeo: Coletânea do Enem: como fazer uma leitura eficiente?

Carrossel de imagens: Atendimento a pessoas com deficiência no Enem 94 Vídeo: Como iniciar uma redação ....................... 109

Infográfico clicável: Explorando o texto publicitário ....................................... 117

Vídeo: Repertório sociocultural: ampliando os conhecimentos ...........................

: Direitos humanos no ambiente digital 200

Carrossel de imagens: As diferenças entre cartum, charge, caricatura e tirinha 233

Infográfico clicável: Como se preparar para a redação do Enem 259

CAPÍTULO
CAPÍTULO

Jornada ao Ensino Superior: desafios e perspectivas 1

Informações do Capítulo

Campos de atuação: jornalístico-midiático, práticas de estudo e pesquisa e atuação na vida pública.

Temas Contemporâneos Transversais : Ciência e Tecnologia e Trabalho

Principais objetivos:

1. Conhecer a evolução histórica do acesso ao Ensino Superior no Brasil compreendendo as políticas e as mudanças significativas que influenciaram o ingresso nas universidades.

2. Refletir sobre os desafios enfrentados pelos jovens ao ingressar no mercado de trabalho, incluindo carreira, empreendedorismo, habilidades e educação continuada.

3. Desenvolver a capacidade crítica dos estudantes ao identificar e ao analisar os elementos que compõem uma redação de excelência no Enem.

4. Analisar a estrutura de textos dissertativo-argumentativos focando introdução, desenvolvimento, conclusão, argumentação e escolha vocabular.

■ Central de Aulas da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Campina Grande (PB), 2013.

Um breve histórico do acesso ao Ensino Superior no Brasil

A Escola de Cirurgia da Bahia e a Faculdade de Medicina, no Rio de Janeiro, foram as primeiras instituições de Ensino Superior criadas no Brasil, fundadas no ano de 1808. O acesso a esse nível de ensino no Brasil tem evoluído significativamente ao longo dos anos. Inicialmente, as oportunidades eram restritas a uma pequena elite.

■ BERNOIST, Philippe. Antigo Colégio dos Jesuítas na Bahia. 1861. Litografia, 65,5 cm × 51,5 cm. Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Litografia que representa o Colégio dos Jesuítas, onde foi instalada a Escola de Cirurgia da Bahia em 1808.

Antes de contar com uma avaliação nacional, os processos seletivos brasileiros para ingresso em universidades passaram por algumas transformações. Em 1911, foi criado o exame de admissão, que representava a saída dos estudantes do Ensino Secundário e permitia o acesso às universidades no Brasil, e, em 1915, o termo vestibular passou a ser utilizado para nomear esse exame. Com o aumento da quantidade de candidatos desejando ingressar no Ensino Superior, instaurou-se o numerus Clausius, em 1925, que estabelecia o início do vestibular classificatório. Antes disso, a aprovação no exame já garantia o ingresso, porém, com a modalidade classificatória, o número de vagas passou a ser limitado em cada curso.

A partir da década de 1960, a reforma universitária gerou uma expansão significativa das universidades públicas e privadas, aumentando gradativamente o número de vagas disponíveis. No entanto, a democratização efetiva do acesso só começou a ganhar força nas últimas décadas.

Após mudanças históricas e algumas transformações na política brasileira, as duas etapas de provas escritas e orais do vestibular foram substituídas por provas objetivas e por testes classificatórios. No entanto, em 1977, o exame voltou a ser realizado em duas etapas, foi estabelecido um número mínimo de acertos nas questões objetivas e a prova de redação foi introduzida.

Programas como o Programa Universidade para Todos (Prouni), criado em 2004, e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), instituído em 1999, foram fundamentais para ampliar o acesso de estudantes de baixa renda ao Ensino Superior privado. Paralelamente, a criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que utiliza as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para ingresso em universidades públicas, simplificou e ampliou o acesso a essas instituições.

O Enem facilitou a implementação de políticas de ação afirmativa, como as cotas raciais, que garantem vagas para estudantes negros, pardos, indígenas e com deficiência, e as cotas sociais, para os vindos de escolas públicas, promovendo a inclusão de grupos historicamente

marginalizados no Ensino Superior. O Enem também trouxe mais transparência e mais igualdade ao processo seletivo, pois todos os candidatos fazem a mesma prova, levando à redução da subjetividade e da desigualdade entre os diferentes processos dos vestibulares.

A primeira aplicação do Enem aconteceu em 1998, mas o modelo atual foi definido em 2009 após passar por aperfeiçoamentos e ser usado, por um bom tempo, apenas como etapa de acesso ao Ensino Superior. Em 2014, boa parte das universidades federais começou a utilizar o Enem como mecanismo de processo seletivo por meio do Sisu. A partir de então, esse exame se tornou um dos maiores e mais democráticos do país. Cabe lembrar que nem todas as universidades brasileiras adotam o Enem como meio de admissão, pois escolhem produzir seu próprio vestibular.

O Enem e o ingresso em universidades

O Enem é composto de duas provas aplicadas em dois dias consecutivos. No primeiro, os candidatos respondem a questões de Ciências Humanas (História, Geografia, Filosofia e Sociologia) e de Linguagens (Português, Literatura, Inglês ou Espanhol, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação). Além disso, escrevem uma redação dissertativo-argumentativa que deve seguir o tema proposto e ser estruturada de forma clara, coerente e argumentativa, incluindo a apresentação de uma proposta de intervenção para o problema abordado.

No segundo dia, são aplicadas as provas de Ciências da Natureza (Biologia, Química e Física) e de Matemática. Cada área do conhecimento tem 45 questões objetivas, totalizando 180 questões. No primeiro dia, os candidatos têm cinco horas e meia para concluir a prova e a redação, enquanto no segundo dia o tempo disponível é de cinco horas.

O Enem é oferecido nas modalidades impressa, que é a versão tradicional, e digital, que está sendo gradualmente implementada. As notas do Enem podem ser usadas para ingressar em universidades públicas por meio do Sisu, para obter bolsas em instituições privadas com o Prouni e para fazer um financiamento pelo Fies. Além disso, algumas universidades internacionais também aceitam essas notas para admitir estudantes.

O Enem permite que estudantes de diferentes regiões do Brasil concorram a vagas em universidades distantes de suas residências, promovendo a mobilidade acadêmica e possibilitando o acesso a instituições de ensino de excelência em todo o país. Mobilidade

As inscrições para o Enem geralmente ocorrem no primeiro semestre do ano, e as provas são realizadas no segundo semestre. Para mais informações atualizadas, é sempre recomendado consultar o site oficial do Inep.

Linguagens, Códigos e suas

Tecnologias

Ciências da Natureza e suas Tecnologias

Matemática e suas Tecnologias

Ciências Humanas e suas Tecnologias

Redação

O Enem solicita a produção de um texto dissertativo-argumentativo, o que exige do estudante preparo, repertório cultural diversificado, compreensão de tópicos importantes da atualidade, posicionamento crítico sobre esses assuntos e, especialmente, conhecimento e respeito à estrutura do tipo de texto pedido.

Perspectivas de trabalho no mundo atual

Tecnologia e automação

A transformação tecnológica e a automação estão revolucionando o meio do trabalho em todo o mundo, inclusive no Brasil. Para a juventude que busca ingressar no mercado de trabalho e garantir um futuro promissor, é essencial compreender essas mudanças. A digitalização da economia brasileira trouxe avanços significativos, mas também trouxe desafios. O uso crescente de máquinas e de sistemas automatizados está substituindo empregos tradicionais, especialmente aqueles de baixa complexidade. Por outro lado, surgem novas oportunidades nos setores de tecnologia da informação, desenvolvimento de software, e-commerce, entre outros.

A economia digital, por exemplo, oferece diversas oportunidades para os jovens. A demanda por profissionais de tecnologia da informação continua crescendo, com áreas como desenvolvimento de software, análise de dados e cibersegurança estando em alta. O e-commerce, impulsionado pelo aumento das compras on-line, requer especialistas em marketing digital, logística e atendimento ao cliente. Além disso, a adoção de tecnologias como ensino a distância e telemedicina gera novos empregos e possibilita a inclusão de profissionais de diferentes regiões do país.

Entretanto, a automação também traz desafios significativos. A desigualdade no acesso à internet e a dispositivos tecnológicos cria barreiras para muitos jovens. Além disso, a educação tradicional frequentemente não acompanha a velocidade das mudanças tecnológicas, resultando em um descompasso entre as habilidades ensinadas e as exigidas pelo mercado. Para enfrentar esses desafios, é fundamental que os jovens invistam em qualificação profissional e que aproveitem programas de educação e de treinamento voltados ao preparo para as novas

demandas do mercado de trabalho. Colaborações entre governo, empresas e instituições educacionais podem oferecer programas de treinamento práticos e estágios, facilitando a transição para o meio trabalhista.

Economias emergentes

As novas economias emergentes trazem diversas oportunidades para os jovens brasileiros. A economia verde, por exemplo, cria empregos relacionados à sustentabilidade, como gestão de recursos naturais e de energias renováveis. A economia criativa valoriza a inovação e a capacidade de criar conteúdos atraentes, com carreiras em mídias sociais, produção audiovisual e design. A economia do cuidado, voltada para a saúde e para o bem-estar, demanda profissionais especializados em cuidados pessoais e em serviços de saúde, especialmente devido ao envelhecimento da população brasileira. A economia digital, que integra recursos digitais em diversas cadeias de produção, oferece oportunidades em áreas como engenharia eletrônica, processamento de dados e inteligência artificial.

A transformação tecnológica e a automação representam tanto desafios quanto oportunidades para a juventude brasileira. A chave para navegar nesse novo mundo do trabalho está na educação e na formação profissional adequadas. Com as políticas certas e com investimentos em educação, em infraestrutura digital e em parcerias estratégicas, os jovens brasileiros podem estar bem posicionados para prosperar em um mercado de trabalho em constante evolução. É essencial que estejam bem informados e preparados para enfrentar os desafios e para aproveitar as oportunidades desse cenário dinâmico.

Regulamentação e direitos trabalhistas

Ampliando saberes

Estudantes brasileiros de escolas públicas em São Luís (MA) e Fortaleza (CE) participaram da cobertura jornalística das reuniões do G20 (fórum internacional que reúne as principais economias do mundo, incluindo 19 países e a União Europeia), parte de um projeto de educomunicação que visa desenvolver habilidades de comunicação digital e aumentar a compreensão sobre temas globais. Eles atuaram como repórteres, entrevistando especialistas e produzindo conteúdo para plataformas digitais, conectando suas comunidades aos debates internacionais sobre economia digital, inteligência artificial e segurança da informação. Para saber mais, leia a reportagem “Estudantes brasileiros fazem cobertura jornalística das reuniões do G20”, disponível em: https://www. g20.org/pt-br/noticias/estudantes -brasileiros-fazem-cobertura -jornalistica-das-reunioes-do-g20 (acesso em: 2 out. 2024).

A juventude brasileira atual enfrenta um cenário complexo e dinâmico no mercado de trabalho. Com altas taxas de desemprego e de subemprego, além das rápidas mudanças provocadas pela tecnologia e pela globalização, os jovens precisam estar atentos aos seus direitos trabalhistas e à regulamentação vigente para garantir sua inclusão e sua proteção no ambiente profissional. A crise econômica, agravada pela pandemia de covid-19, impactou fortemente o mercado trabalhista no Brasil, e os jovens, particularmente, enfrentam, além das altas taxas de desemprego e de informalidade, a falta de oportunidades de qualificação.

A legislação trabalhista brasileira, firmada na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), oferece um conjunto de direitos que visam proteger os trabalhadores, incluindo os jovens. Conhecer esses direitos é essencial para que a nova geração possa reivindicá-los e garantir condições de trabalho dignas. Alguns dos principais são a garantia de um contrato formal, a limitação da jornada de trabalho e os direitos ao salário mínimo, ao descanso semanal remunerado, às férias remuneradas, ao 13o salário, ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e ao seguro-desemprego. Todos eles são fundamentais para assegurar uma base mínima de segurança e de bem-estar no ambiente profissional. Hoje, os mais jovens enfrentam desafios únicos no mercado de trabalho que exigem atenção especial da legislação e das políticas públicas. A falta de experiência profissional é uma barreira significativa, pois muitos empregadores a exigem, dificultando a entrada no mercado. Para superar esse obstáculo, programas de estágio e de aprendizagem são fundamentais. Um deles é a Lei do Estágio (lei no 11.788/2008), que regulamenta a oferta de estágios, proporcionando aos jovens a oportunidade de adquirir experiência prática em sua área de estudo. Também há o Programa Jovem Aprendiz, instituído pela Lei do Aprendiz (lei no 10.097/2000), o qual obriga empresas de médio e de grande porte a contratarem jovens entre 14 e 24 anos para programas de formação técnico-profissional.

Por sua vez, os jovens cursando o Ensino Médio em comunidades rurais, indígenas e quilombolas no Brasil muitas vezes enfrentam diversos desafios sociais e profissionais adicionais. O acesso deles à educação é dificultado por distâncias longas, pela infraestrutura precária e pelo acesso limitado à internet. A qualidade do ensino também é comprometida pela escassez de professores qualificados e pela falta de materiais didáticos contextualizados. Além disso, a inserção no mercado de trabalho é limitada pela falta de oportunidades locais e pela discriminação racial e cultural. Esses jovens também enfrentam desafios relacionados a condições de vida, como acesso inadequado a serviços de saúde e problemas de saneamento básico.

Apesar dos desafios, existem oportunidades promissoras para essas comunidades. A valorização cultural por meio de currículos que integrem conhecimentos tradicionais e programas governamentais específicos pode fortalecer a identidade e a educação desses jovens. O empreendedorismo local, especialmente o relacionado a projetos agrícolas sustentáveis, ao turismo rural, à expansão do acesso à internet e à educação a distância, pode gerar novas oportunidades de emprego e de desenvolvimento. Políticas públicas inclusivas e parcerias com ONGs e com instituições privadas são essenciais para oferecer formação profissional e apoio ao desenvolvimento local, contribuindo para um futuro mais promissor para essa juventude.

A informalidade também é realidade para muitos jovens brasileiros, sejam eles oriundos do campo ou da cidade, pois acabam aceitando trabalhos sem registro em carteira e, portanto, sem direitos trabalhistas garantidos. Trabalhos informais não oferecem garantias como FGTS, férias remuneradas ou 13o salário, deixando os jovens vulneráveis a abusos e sem proteção social, por isso políticas públicas e incentivos para a formalização do trabalho juvenil são essenciais. Isso inclui a fiscalização do cumprimento das leis trabalhistas e a promoção de programas de inclusão no mercado formal.

Nos últimos anos, diversas mudanças na legislação visaram adaptá-la às novas dinâmicas do mercado de trabalho, incluindo as reformas trabalhistas de 2017. Com isso, contratos de trabalho intermitente foram introduzidos, autorizando a contratação por período ou por tarefa, e a negociação coletiva foi fortalecida, permitindo que acordos entre empregadores e sindicatos prevaleçam sobre a legislação em certos aspectos. O teletrabalho também foi regulamentado, tornando-se especialmente relevante durante a pandemia de covid-19. Apesar das intenções de modernizar e de flexibilizar as relações de trabalho, a reforma trabalhista também trouxe desafios – especialmente para os jovens –, como precarização das condições de trabalho e dificuldades no acesso à Justiça do Trabalho.

A regulamentação e os direitos trabalhistas são fundamentais para assegurar condições dignas e justas de trabalho para a juventude brasileira. Conhecer e reivindicar esses direitos é essencial para enfrentar os desafios do mercado de trabalho e para garantir uma inclusão produtiva e segura. Além disso, políticas públicas voltadas para a qualificação e para a inclusão dos jovens no mercado formal são cruciais para promover um futuro promissor para as novas gerações. Com um entendimento claro dessas questões, os jovens podem estar mais bem preparados para navegar no complexo mercado de trabalho atual, garantindo sua proteção e seu bem-estar.

Saúde mental e qualidade de vida

A saúde mental e a qualidade de vida são aspectos fundamentais para o bem-estar da juventude, especialmente no contexto do mundo trabalhista atual. Como mencionado anteriormente, as transformações no mercado, caracterizadas pela digitalização, pela automação e pela globalização, têm gerado novas oportunidades, mas também têm aumentado as pressões e os desafios enfrentados pelos futuros jovens trabalhadores. Esses desafios incluem alta expectativa por produtividade, insegurança no emprego e dificuldade em equilibrar vida pessoal e profissional, fatores que podem impactar negativamente a saúde mental.

A importância dela no ambiente de trabalho não pode ser subestimada. Funcionários com boa saúde mental são mais produtivos, mais engajados e capazes de manter relacionamentos mais positivos com colegas e com superiores. Por outro lado, problemas de saúde mental podem resultar em maior absenteísmo, em alta rotatividade de funcionários e em baixa produtividade. Portanto, cuidar dela não é apenas importante para o bem-estar individual, mas também para a eficiência e para o sucesso das organizações.

Para cuidar da saúde mental e para manter uma boa qualidade de vida, os jovens podem adotar diversas estratégias. Estabelecer limites claros entre o trabalho e a vida pessoal é essencial, assim como definir horários de trabalho e fazer pausas regulares ajudam a evitar o esgotamento. Além disso, desconectar-se digitalmente fora do horário laboral é importante para descansar a mente e o corpo. Práticas de autocuidado, como atividades físicas, alimentação saudável e sono adequado, também são fundamentais para manter a saúde mental em dia.

Novas Dinâmicas do Mercado de Trabalho

Habilidades socioemocionais

O desenvolvimento de habilidades emocionais é outra estratégia importante. A resiliência – ou seja, a capacidade de lidar com adversidades – é indispensável em um ambiente de trabalho desafiador. A inteligência emocional, que envolve a capacidade de reconhecer e de gerenciar as próprias emoções e as dos outros, pode melhorar significativamente as interações no trabalho. Praticar mindfulness (atenção plena) pode reduzir o estresse e aumentar a concentração, contribuindo para um melhor desempenho profissional.

Buscar suporte e recursos também é essencial. Manter uma rede de apoio formada por amigos, familiares e colegas pode proporcionar um espaço seguro para compartilhar preocupações e para buscar conselhos. Aconselhamento e terapia com profissionais especialistas em saúde mental podem ser extremamente benéficos para lidar com problemas mais profundos. Aproveitar programas de bem-estar oferecidos pelas empresas, como sessões de ioga, meditação e consultas psicológicas, pode complementar essas práticas.

As organizações têm um papel fundamental na promoção da saúde mental no trabalho. Políticas e práticas que valorizem o bem-estar dos funcionários são fundamentais, como a criação de um ambiente saudável e a oferta de horários flexíveis. Programas de treinamento sobre saúde mental para todos os níveis da empresa podem aumentar a conscientização e equipar os funcionários com as ferramentas necessárias para cuidar da própria saúde mental.

Para concluir, saúde mental e qualidade de vida são essenciais para o sucesso e para o bem-estar dos jovens no mundo trabalhista atual. Adotar estratégias de autocuidado, desenvolver habilidades emocionais e buscar suporte são passos fundamentais para enfrentar os desafios do trabalho. As organizações também têm um papel vital na promoção de um ambiente profissional saudável e inclusivo. Com a colaboração dos funcionários e dos empregadores, é possível criar um mercado mais saudável e mais sustentável para a juventude brasileira.

ATIVIDADES

Consulte Orientações para o professor.

1. Identifique e descreva três áreas mencionadas nos textos que tenham oportunidades de trabalho para os jovens brasileiros.

2. Explique como a economia digital pode integrar recursos digitais em diversas cadeias de produção e gerar novas oportunidades de trabalho.

3. Em grupo e junto com seu professor, discuta sobre as profissões emergentes na economia criativa e o impacto delas na vida dos jovens brasileiros.

4. Crie um cenário no qual a economia do cuidado está em alta e, em seguida, descreva as possíveis carreiras que surgiriam nesse contexto.

5. Pesquise uma carreira emergente na economia verde e faça uma apresentação das características, dos desafios e das oportunidades.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Expectativas e realidades: em busca da sua própria trajetória

Carreira e empreendedorismo: construindo sonhos em suas jornadas pessoal e profissional

O mercado de trabalho atual pode ser desafiador, mas também está repleto de oportunidades. Para a juventude brasileira, seguir uma carreira dos sonhos ou empreender um negócio próprio não é apenas uma possibilidade, mas uma jornada que pode ser emocionante e cheia de potencial e de inovação.

Apesar dos desafios econômicos e das mudanças frequentes no mercado de trabalho, novas oportunidades surgem constantemente. A tecnologia e a globalização abriram portas para carreiras que antes eram inimagináveis, criando um ambiente propício para o surgimento de novas ideias e de novos negócios. Hoje, os jovens podem se conectar com o mundo inteiro, aprender novas habilidades on-line e encontrar nichos de mercado não explorados.

Seguir uma carreira dos sonhos é possível quando se tem paixão, dedicação e um plano claro. Seja na área de tecnologia, de artes, de ciências ou de negócios, o primeiro passo é identificar suas paixões e suas habilidades. A internet é um recurso valioso para descobrir mais informações sobre diferentes carreiras e sobre como alcançá-las. Plataformas digitais oferecem cursos e tutoriais gratuitos que podem ajudar a desenvolver as habilidades necessárias para qualquer profissão.

Empreender é uma opção empolgante para aqueles que desejam criar algo e fazer a diferença. O empreendedorismo permite a você ser seu próprio chefe, tomar suas próprias decisões e ver suas ideias ganharem vida. Começar um negócio pode parecer assustador, mas, com uma boa ideia, com planejamento e com perseverança, é possível construir algo incrível. Além disso, existem muitas organizações e muitos programas que oferecem suporte e recursos para jovens empreendedores.

Estudar é a base para qualquer carreira de sucesso. Invista em sua educação formal e busque qualificação adicional. Participe de cursos, de workshops e de seminários sobre sua área de interesse. Os estudos não apenas fornecem conhecimento técnico, mas também desenvolvem habilidades críticas, como pensamento analítico, resolução de problemas e comunicação eficaz.

Construir uma rede de contatos é essencial tanto para uma carreira quanto para o empreendedorismo. Participe de eventos, faça conexões com profissionais da área e busque mentores que possam oferecer orientação e apoio. Ter alguém experiente ao seu lado pode fazer toda a diferença, pois fornece insights valiosos e ajuda a evitar erros comuns.

Seja inovador e criativo em sua abordagem. No empreendedorismo, a capacidade de identificar problemas e de criar soluções inovadoras é fundamental. Não tenha medo de

pensar fora da caixa e de experimentar novas ideias. O mercado valoriza a originalidade e a capacidade de se adaptar às mudanças.

O caminho para o sucesso raramente é fácil. Haverá desafios e obstáculos ao longo dele, mas a resiliência e a perseverança são qualidades que podem levar você longe. Aprenda com os erros, mantenha uma atitude positiva, inspire-se em exemplos de sucesso e nunca desista dos seus sonhos. Cada desafio superado é uma lição que o aproxima do seu objetivo.

Educação continuada, habilidades digitais e soft skills

No cenário atual, a educação e o desenvolvimento de habilidades são fundamentais para começar uma jornada de sucesso na vida pessoal e profissional tanto ao entrar na universidade quanto no mercado de trabalho. Com a rápida evolução tecnológica e com as mudanças nas demandas do mercado, a educação continuada, as habilidades digitais e as soft skills (habilidades socioemocionais) se tornaram mais importantes do que nunca.

Sempre que possível, os estudos não devem terminar com a conclusão do Ensino Médio ou da graduação. A educação continuada é um processo de aprendizado ao longo da vida que permite aos indivíduos atualizarem seus conhecimentos, adquirirem novas habilidades e se adaptarem às mudanças do mercado de trabalho. Para os jovens brasileiros, investir em educação continuada é essencial para se manterem competitivos e preparados para as demandas de um mundo em constante transformação.

As habilidades digitais, por sua vez, são indispensáveis. A digitalização permeia quase todos os setores da economia, e a capacidade de navegar nesse ambiente digital é fundamental para ter sucesso pessoal, acadêmico e profissional. Essas habilidades incluem, por exemplo, uso de ferramentas e de plataformas digitais, programação e análise de dados. Dominá-las aumenta a competitividade no mercado de trabalho, pois a maioria das empresas busca profissionais capacitados para lidar com tecnologias modernas.

Além das habilidades técnicas, as soft skills são igualmente importantes. Elas incluem comunicação, trabalho em equipe, liderança, resolução de problemas e adaptabilidade. Tanto no ambiente de trabalho quanto na vida acadêmica, as soft skills facilitam a interação com colegas, a resolução de conflitos e a capacidade de liderar e de inspirar.

Ampliando saberes

Na reportagem “Mercado de trabalho: desafios da transição do Ensino Médio para a vida profissional”, do jornal Folha de Pernambuco , são apontados os principais desafios para o ingresso dos jovens no mundo do trabalho e as inseguranças dos estudantes que estão deixando o Ensino Médio. Também são apresentadas algumas estratégias que podem ser adotadas para a escolha de uma carreira.

• R OCHA, Julia. Mercado de trabalho: desafios da transição do Ensino Médio para a vida profissional. Folha de Pernambuco, 19 ago. 2024. Disponível em: https://www.folhape.com.br/ economia/mercado-de-trabalho -desafios-da-transicao-do-ensino -medio-para-a-vida/355215/. Acesso em: 4 nov. 2024.

• Comunicação eficaz: a habilidade de se comunicar de forma clara e eficaz é essencial para ter sucesso em qualquer área. Isso inclui habilidades de apresentação, de escrita e de escuta ativa.

• Trabalho em equipe: a capacidade de trabalhar bem em equipe é valorizada por todas as organizações. Colaborar com outros, compartilhar ideias e apoiar colegas são aspectos essenciais do trabalho em equipe.

• L iderança: mesmo em posições iniciais, a habilidade de liderar projetos e equipes pode destacar um jovem profissional. A liderança envolve motivar os outros, tomar decisões informadas e assumir responsabilidades.

• Resolução de problemas: ser capaz de analisar situações, de identificar problemas e de desenvolver soluções eficazes é uma habilidade valiosa no ambiente de trabalho e na vida cotidiana.

• A daptabilidade: consiste em ter flexibilidade para se adaptar a mudanças e a novas situações em um mundo em constante evolução. Isso inclui ser capaz de aprender novas habilidades e de assumir diferentes funções conforme necessário.

LEITURA

Consulte Orientações para o professor

Habilidades profissionais: por que os estudantes devem conhecê-las?

Empresas perceberam que, antes mesmo do desempenho, as pessoas precisam vir em primeiro lugar

Gilberto Alvarez

Diretor do Cursinho da Poli e presidente da Fundação PoliSaber

Ao iniciar um curso de ensino superior ou técnico, um estudante acredita ter adquirido a bagagem necessária para ingressar no mundo do trabalho. Digo que não é bem assim, já que a nossa realidade se ressignifica a todo momento, trazendo novos problemas complexos que nos desafiam a cada dia por soluções inovadoras, que respeitem o ambiente que vivemos, valorizem a diversidade e exigem novas atitudes. Diante desse cenário, as organizações empresariais e a sociedade exigirão de todos nós uma outra formação: sólida em conteúdos, mas que tenhamos outras habilidades e atitudes que corresponderão aos desafios sociais, econômicos, ambientais e de relações de consumo que enfrentaremos.

[...]

Listo abaixo cinco habilidades e atitudes buscadas por empresas e que os estudantes precisam conhecer:

1 - C riatividade e inovação: muitas pessoas acreditam que ser criativo é criar algo novo. Claro que isso é um ponto, mas essa habilidade está ligada com o poder de

Desenvolvimento de Soft Skills

resolver uma dor, propor novas ideias e trazer algo único, muitas vezes, diante de algo cotidiano. É a capacidade de olhar para além das fronteiras convencionais e imaginar novas possibilidades, permitindo a transformação do comum em algo verdadeiramente extraordinário. É claro que essa habilidade pode ser aprimorada ao longo do tempo por meio da prática, exploração e colaboração com outras pessoas de diversas áreas de especialização;

2 - C omunicação: o mercado tem exigido, cada vez mais, que as pessoas façam bom uso da comunicação. Portanto, é necessário saber se comunicar claramente, tanto verbalmente quanto por escrito. Isso inclui a habilidade de transmitir informações de maneira compreensível, ouvir atentamente e adaptar a comunicação para diferentes públicos. Para um ambiente de trabalho, essa habilidade abre muitas portas para a carreira e o relacionamento com as pessoas. Nesse caso, é uma capacidade desenvolvida diariamente e pode ser aprimorada;

3 - E mpatia: é crucial para a colaboração eficaz em equipes multiculturais e para atender às necessidades dos consumidores. A empatia no ambiente de trabalho promove relacionamentos saudáveis, comunicação eficaz, resolução de conflitos, colaboração e um ambiente geral mais positivo. Além disso, ela desempenha um papel crucial no desenvolvimento de líderes e na criação de uma cultura organizacional que as valoriza. Portanto, ser empático não é apenas uma característica desejável, mas uma habilidade essencial para o sucesso individual e coletivo no mundo corporativo;

4 - G estão do tempo e organização: as empresas buscam pessoas que sejam capazes de gerenciar tarefas, estabelecer prioridades e manter-se organizado para a eficiência e produtividade no trabalho. Por isso, quem sabe gerir o tempo e é organizado, provavelmente, é valorizado dentro das organizações. Essa habilidade faz com que o profissional trabalhe de maneira mais inteligente, concentrando-se no que é realmente é importante e mantendo um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal. Ao dominar essa habilidade, é possível aumentar a eficácia geral e sentir um maior senso de realização nas atividades diárias;

5 - L iderança: mesmo para funções não gerenciais, a habilidade de liderar, inspirar e liderar equipes é valorizada. Isso envolve motivar colegas, orientar projetos e agir como um exemplo positivo. Estamos diante de uma habilidade que agrega todas as outras e, certamente, está entre as mais valorizadas pelas empresas. A habilidade de liderar é uma jornada de aprendizado contínuo. Ela exige autoconhecimento, empatia, adaptabilidade e uma busca constante por aprimoramento. Enquanto os desafios evoluem e as circunstâncias mudam, um líder verdadeiro permanece enraizado em valores sólidos, orientando sua equipe em direção ao cumprimento das metas estabelecidas pelas empresas.

ALVAREZ, Gilberto. Habilidades profissionais: por que os estudantes devem conhecê-las? Folha de S.Paulo, Opinião, 25 ago. 2023. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/08/habilidades-profissionais-por-que-os-estudantes -devem-conhece-las.shtml. Acesso em: 12 nov. 2024.

1. Segundo o autor do texto, quais são as características esperadas dos futuros profissionais que ingressarão no mercado de trabalho?

2. De que modo essas habilidades e atitudes podem contribuir para o bom desempenho de jovens que estão ingressando no mundo do trabalho?

3. Por que a criatividade é uma habilidade valorizada no mundo do trabalho? De que maneiras ela pode ser estimulada?

4. Qual é a importância de uma boa capacidade de comunicação no dia a dia?

5. Identifique as habilidades e atitudes mencionadas no texto que, em sua opinião, você pode aprimorar e, em seu caderno, registre possibilidades e estratégias para que elas possam ser desenvolvidas.

CIDADANIA EM MOVIMENTO

Consulte Orientações para o professor

Inteligência artificial: o que é e principais novidades sobre IA (Guia)

[...]

O que é inteligência artificial?

A inteligência artificial é a capacidade de dispositivos eletrônicos de funcionar de uma maneira que lembra o pensamento humano.

Isso implica em perceber variáveis, tomar decisões e resolver problemas.

Enfim, operar em uma lógica que remete ao raciocínio.

“Artificial”, segundo o dicionário Michaelis , é algo que foi “produzido por arte ou indústria do homem e não por causas naturais”.

Já inteligência é a “faculdade de entender, pensar, raciocinar e interpretar ”.

Ou o “conjunto de funções mentais que facilitam o entendimento das coisas e dos fatos”.

No mesmo dicionário, há duas definições da Psicologia para a palavra “inteligência”:

• H abilidade de aproveitar a eficácia de uma situação e utilizá-la na prática de outra atividade.

• Capacidade de resolver situações novas com rapidez e êxito, adaptando-se a elas por meio do conhecimento adquirido.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Mesmo essas duas últimas definições fazem sentido quando falamos em inteligência artificial, com a vertente chamada de machine learning (aprendizado de máquina).

Enfim, a inteligência artificial é desenvolvida para que os dispositivos criados pelo homem possam desempenhar determinadas funções sem a interferência humana.

E quais são essas funções?

A cada dia que passa, a resposta a essa pergunta é maior.

[…]

Como funciona a inteligência artificial?

Você já deve ter ouvido falar muitas vezes em hardware e software , mas você sabe o que esses termos significam?

Enquanto o hardware é a parte física de uma máquina, o software é a parte lógica – ou o “cérebro”.

Onde você diria, portanto, que está a inteligência artificial?

No software , é claro.

Por isso, se você quiser saber como um carro pode andar sozinho, por exemplo, esqueça o hardware , pois o segredo está no programa que orienta seus movimentos.

Portanto, não é possível explicar como funciona a inteligência artificial sem falar na ciência da computação .

Essa ciência estuda técnicas e métodos de processamento de dados, e o desenvolvimento de algoritmos é uma questão central nela.

Os algoritmos são uma sequência de instruções que orientam o funcionamento de um software – que, por sua vez, pode resultar em movimentos de um hardware .

E a inteligência artificial, onde entra nisso?

Na sua origem, o algoritmo é muito simples, como em uma receita de bolo.

Hoje, a lógica dos algoritmos é usada para criar regras extremamente complexas, para que possam resolver problemas sozinhos, mesmo quando há dois ou mais caminhos a seguir em uma tarefa.

Para isso, é necessário combinar algoritmos com dados.

Voltando ao exemplo do bolo, uma pessoa o retira do forno quando observa que ele está pronto ou após fazer o teste do garfo.

Uma máquina de fazer bolos com inteligência artificial poderia ter algum tipo de sensor que identificasse a textura do bolo

O algoritmo trabalharia com duas hipóteses e uma resposta para cada uma:

Se a textura ainda não for a ideal, o bolo segue no forno

Quando o bolo estiver pronto, é retirado e o forno desligado.

Claro que esse é um exemplo muito primário diante de todas as possibilidades.

Há máquinas que realizam tarefas milhares de vezes mais complexas , resolvendo problemas com milhões de variáveis, em vez de apenas duas.

FIA BUSINESS SCHOOL. Inteligência artificial: o que é e principais novidades sobre IA (Guia). São Paulo, 19 jul. 2023. Disponível em: https://fia.com.br/blog/inteligencia-artificial/. Acesso em: 28 jun. 2024.

1. Explique, com suas próprias palavras, o que é inteligência artificial (IA) e como ela é diferente da inteligência humana.

2. De acordo com o texto, qual é a relação entre hardware e software na inteligência artificial?

3. De acordo com o texto, a inteligência artificial (IA) depende de algoritmos para realizar suas funções. Explique o que são algoritmos e como eles atuam no funcionamento da IA, usando exemplos do cotidiano para ilustrar sua resposta. Após isso, registre no caderno uma situação em que a IA utiliza algoritmos complexos para tomar decisões, como em carros autônomos ou assistentes virtuais.

4. A passagem do texto ‘E quais são essas funções? A cada dia que passa, a resposta a essa pergunta é maior’ sugere que a inteligência artificial (IA) vem assumindo um número crescente de funções no mundo real. Realize uma pesquisa na internet sobre as funções que a IA está desempenhando atualmente em diferentes setores (como saúde, educação, transporte, indústria etc.). Após a pesquisa, registre no seu caderno um resumo das principais funções encontradas, identificando em quais áreas a IA tem se destacado e como essas inovações estão impactando a sociedade.

A redação para o Enem

Quando decidimos nos preparar para realizar a redação para o Enem, o planejamento deve ser sistemático e estar presente na rotina. Saber como a pontuação da redação é calculada, por exemplo, pode ser um bom começo. Esse cálculo se dá de acordo com critérios preestabelecidos pela Matriz de Competências do Enem, apresentada a seguir.

1. Domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Domínio das convenções de escrita da língua portuguesa, em especial da ortografia, da semântica, da sintaxe e das variedades linguísticas.

Adote o hábito: revise as normas gramaticais, pratique a escrita regularmente e leia bastante para expandir seu vocabulário.

2 . C ompreensão da proposta de redação e aplicação de repertório cultural amplo para desenvolver o tema de acordo com as características do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

Compreensão do tema proposto para a escrita da redação, presença de todos os elementos que caracterizam o texto dissertativo-argumentativo e uso de repertório sociocultural. Adote o hábito: interprete temas variados e elabore redações sobre eles. Relacione o tema com conhecimentos de disciplinas como História, Geografia, Sociologia etc.

3. Capacidade de selecionar, de relacionar, de organizar e de interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

Seleção e organização das ideias e dos argumentos utilizados no texto, além da manutenção da progressão temática.

Adote o hábito: estruture bem seus parágrafos, utilize conectivos para ligar as ideias e busque argumentos sólidos e variados para sustentar sua tese.

4. Conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação.

Uso de mecanismos linguísticos responsáveis pela organização das ideias e pelo encadeamento textual. Coesão e coerência são o foco desta competência.

Adote o hábito: utilize conectores para ligar as ideias, evite repetições desnecessárias e mantenha a clareza e a coesão ao longo do texto.

5. Elaboração de proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.

Capacidade de analisar o problema apresentado no tema da redação e de formular soluções práticas e possíveis para resolvê-lo.

Adote o hábito: pense em soluções práticas e detalhadas para os problemas apresentados. Especifique quem deve agir, o que deve ser feito, como será executado e qual será o impacto da ação.

Elaborado com base em: BRASIL. Ministério da Educação. Redação no Enem 2020: cartilha do participante. Brasília, DF: MEC/Inep, 2020.

Pontuação

Para cada uma dessas competências, há uma gradação de pontos, que vai de zero até 200 pontos. A nota máxima que o participante pode alcançar é 1 000 (somando as cinco competências avaliadas). Para alcançar uma boa pontuação na redação do Enem, é essencial praticar regularmente. Escreva redações sobre temas variados, revise suas produções e peça feedback de professores ou de colegas. A leitura de textos argumentativos, de artigos de opinião e de ensaios também pode ajudar a aprimorar suas habilidades de escrita.

Na Competência 1, a pontuação obedece aos seguintes critérios.

200 pontos

160 pontos

120 pontos

80 pontos

40 pontos

Demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro. Desvios gramaticais ou de convenções da escrita serão aceitos somente como excepcionalidade e quando não caracterizarem reincidência.

Demonstra bom domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro, com poucos desvios gramaticais e de convenções da escrita.

Demonstra domínio mediano da modalidade escrita formal da língua portuguesa e de escolha de registro, com alguns desvios gramaticais e de convenções da escrita.

Demonstra domínio insuficiente da modalidade escrita formal da língua portuguesa, com muitos desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita.

Demonstra domínio precário da modalidade escrita formal da língua portuguesa, de forma sistemática, com diversificados e frequentes desvios gramaticais, de escolha de registro e de convenções da escrita.

0 ponto Demonstra desconhecimento da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

A Competência 1 da redação do Enem avalia o domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa pelos participantes, considerando o uso correto das convenções da escrita, como ortografia e acentuação gráfica, de acordo com o Acordo Ortográfico vigente. Além disso, é analisada a adequação do texto às regras gramaticais e à construção sintática.

Essa competência é essencial para textos dissertativo-argumentativos, que exigem uma escrita formal. Os avaliadores observam a correção na construção das frases, verificando possíveis problemas sintáticos, como períodos truncados, justaposições indevidas e a ausência ou o excesso de elementos sintáticos que comprometem a clareza e a fluidez da leitura.

Os principais aspectos avaliados incluem:

• Convenções da escrita: ortografia, acentuação, uso do hífen, letras maiúsculas e minúsculas, e separação silábica.

• Desvios gramaticais: regência verbal e nominal, concordância, tempos e modos verbais, pontuação, paralelismo sintático, uso de pronomes e crase.

• E scolha de registro: adequação à modalidade formal, evitando registros informais ou marcas de oralidade.

• Escolha vocabular: precisão no uso das palavras, garantindo que sejam apropriadas ao contexto e utilizadas em seu sentido correto.

O desempenho na Competência 1 é determinado pela frequência e pelo impacto dos desvios no texto, e uma redação que almeja a nota máxima deve demonstrar complexidade e correção em sua construção sintática e no uso da linguagem. Nos próximos Capítulos deste livro, vamos tratar de todas as competências a serem avaliadas em sua redação.

Estrutura

A redação do Enem avalia a capacidade do candidato de expressar suas ideias de forma clara, coesa e crítica. O gênero textual exigido é o dissertativo-argumentativo, que requer uma defesa consistente de um ponto de vista sobre um tema proposto. A estrutura básica desse tipo de texto é dividida em três partes principais: introdução, desenvolvimento e conclusão. Neste Capítulo, exploraremos cada uma dessas partes, lembrando que os conteúdos a seguir receberam atenção especial em capítulos exclusivos ao longo do material.

1. Introdução

■ Conhecer os critérios de avaliação da redação contribui para uma boa preparação para o exame. Estudantes realizam a prova do Enem. São Paulo (SP), 2002.

A introdução é a porta de entrada do seu texto. É nela que você deve apresentar o tema e a tese a ser defendida ao longo da redação. Uma boa introdução deve despertar o interesse do leitor e deixar claro o posicionamento do autor sobre o tema.

Componentes da introdução:

• Apresentação do tema: inicie contextualizando o tema proposto a partir da coletânea fornecida pela prova de redação. Utilize informações gerais ou dados históricos para situar o leitor. A seguir, desenvolvemos um texto a partir do tema “Impactos da inteligência artificial no mercado de trabalho brasileiro atual”;

• Tese: é a posição que você vai defender e deve ser apresentada de forma clara e objetiva.

Exemplo de introdução:

A revolução tecnológica e o advento da inteligência artificial (IA) estão remodelando o mercado de trabalho em ritmo acelerado. A substituição de tarefas humanas por máquinas e por algoritmos levanta questões sobre o futuro dos empregos e sobre as habilidades necessárias para prosperar nesse novo cenário. Diante dessa transformação, é essencial discutir os impactos da IA no mundo do trabalho e as medidas necessárias para uma adaptação eficiente no Brasil e no mundo.

2. Desenvolvimento

O desenvolvimento é a parte do texto na qual os argumentos que sustentam a tese são apresentados e explorados. Esta seção deve ser composta de dois a três parágrafos, cada um abordando um argumento principal.

EVELSON

Componentes do desenvolvimento:

• Argumento principal: cada parágrafo deve iniciar com um argumento principal que apoie a tese;

• Evidências e exemplificações: utilize dados, exemplos, citações de especialistas e fatos para sustentar seus argumentos;

• Coesão e coerência: utilize conectivos e expressões de transição para garantir que o texto flua de maneira lógica e coesa.

Exemplo de desenvolvimento:

Parágrafo 1:

Um dos principais impactos da inteligência artificial no mercado de trabalho é a automação de tarefas repetitivas e operacionais. Com isso, máquinas e algoritmos estão assumindo funções que antes eram realizadas por humanos, desde a produção industrial até o atendimento ao cliente. Segundo um estudo da Universidade de Oxford, cerca de 47% dos empregos nos Estados Unidos correm risco de automação nas próximas duas décadas. Essa transformação exige que os trabalhadores se adaptem e que desenvolvam novas habilidades, principalmente aquelas envolvendo criatividade, pensamento crítico e resolução de problemas complexos.

Parágrafo 2:

Além da automação, a IA está criando oportunidades de emprego em áreas emergentes. Profissões relacionadas à análise de dados, ao desenvolvimento de softwares e à cibersegurança estão com alta demanda, refletindo a necessidade de profissionais qualificados para lidar com as novas tecnologias. Um relatório do Fórum Econômico Mundial projeta que até 2025 surgirão 97 milhões de novos empregos adaptados à divisão de trabalho entre humanos, máquinas e algoritmos. Para ser possível aproveitar essas oportunidades, o sistema educacional e os programas de capacitação profissional precisam estar atualizados para fornecer as habilidades necessárias para o mercado de trabalho do futuro.

3. Conclusão

A conclusão é o fechamento do texto, no qual a tese é reafirmada e uma proposta de intervenção é apresentada. É essencial que a conclusão retome os principais argumentos e traga uma solução ou uma sugestão de ação.

Componentes da conclusão:

• Síntese dos argumentos: resuma os principais pontos discutidos no desenvolvimento;

• Proposta de intervenção: sugira soluções práticas para o problema abordado considerando a competência dos diferentes agentes sociais;

• Reflexão final: faça uma reflexão que destaque a importância do tema e a necessidade de ações concretas. Exemplo de conclusão com proposta de intervenção (texto em destaque):

Ampliando saberes

Podcast filosófico que aborda temas variados apresentados e discutidos por estudiosos e por pesquisadores de diversas áreas. Escutar os podcasts indicados no site pode contribuir para a ampliação do repertório cultural, aspecto muito importante para a elaboração da redação no Enem.

Em síntese, a inteligência artificial está reconfigurando o mercado de trabalho, trazendo tanto desafios quanto oportunidades. A automação de tarefas rotineiras pode levar à substituição de empregos, mas também cria posições que exigem habilidades avançadas. Para enfrentar essas mudanças, é essencial investir em educação e em capacitação profissional capazes de preparar os trabalhadores para as demandas do futuro. Além disso, políticas públicas que incentivem a inovação e que garantam uma transição justa para todos os envolvidos são fundamentais para um desenvolvimento tecnológico sustentável e inclusivo.

■ FILOSOFIA POP. [S. l.], 2015. Site. Disponível em: https://filosofiapop. com.br/category/podcast/#google_ vignette. Acesso em: 2 out. 2024.

Portanto, na conclusão é importante o candidato apresentar as ações que podem ser executadas para solucionar o problema abordado no tema da redação, como essas ações serão realizadas, quem serão os responsáveis por elas – também conhecidos como agentes da proposta de intervenção – e, por fim, o que é esperado com a implementação das ações sugeridas.

Mais de uma década de temas

Para elaborar a redação proposta pelo Enem, o estudante deve estar bem informado sobre assuntos relevantes da atualidade e se posicionar criticamente, formulando argumentos e apresentando uma intervenção para o problema abordado. Para entender melhor essa relação entre temática, debate social e relevância, analise a linha do tempo a seguir, que mostra um panorama dos temas utilizados nas últimas edições do Enem.

■ Manifestação de povos indígenas na Esplanada dos Ministérios reivindicando a demarcação de terras indígenas. Brasília (DF), 2021.

2012 Movimento imigratório para o Brasil no século XXI

2013 Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil

2014 Publicidade infantil em questão no Brasil

2015

A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira

2016

Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil

2017

Desa os para formação educacional de surdos no Brasil

2018 Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados da internet

FUJA DA NOTA ZERO

2019 Democratização do acesso ao cinema no Brasil

2020 O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira

2024

Desa os para a valorização da herança africana no Brasil

2023

Desa os para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil

2022

Desa os para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil

2021

Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil

Sim, é possível zerar a prova de redação. Por isso, além de considerar o que deve ser desenvolvido na redação do Enem, esteja atento ao que pode eliminar você ou comprometer sua nota.

• Não obedecer à estrutura dissertativo-argumentativa.

• Não desenvolver o texto em torno do tema proposto.

• Não respeitar a extensão do texto, cujo mínimo é de 7 linhas e máximo é de 30 linhas.

• Copiar integralmente um ou mais trechos dos textos motivadores.

• Inserir qualquer sinal que identifique o candidato.

• Escrever com letra ilegível.

• Fazer desenhos, sinais ou formas de anulação propositais em qualquer parte da prova.

• Utilizar caneta que não tenha tinta preta.

EDITORIA DE ARTE

Consulte Orientações para o professor.

O tema da redação do Enem de 2018 foi “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”. Leia as instruções para a redação e os textos motivadores, a seguir. Depois, leia o texto produzido por Clara de Jesus Ricaldi Rocha e analise a estrutura da redação da candidata.

2018.

“Black Mirror ” é uma série americana que retrata a influência da tecnologia no cotidiano de uma sociedade futura. Em um de seus episódios, é apresentado um dispositivo que atua como uma babá eletrônica mais desenvolvida, capaz de selecionar as imagens os e sons que os indivíduos poderiam vivenciar. Não distante da ficção, nos dias atuais, existem algoritmos especializados em filtrar informações de acordo com a atividade “online ” do cidadão. Por isso, torna-se necessário o debate acerca da manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet.

Primeiramente, é notável que o acesso a esse meio de comunicação ocorre de maneira, cada vez mais, precoce. Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE, no ano de 2016, apenas 35% dos entrevistados, que apresentavam idade igual ou superior a 10 anos, nunca haviam utilizado a internet. Isso acontece porque, desde cedo, a criança tem contato com aparelhos tecnológicos que necessitam da disponibilidade de uma rede de navegação, que memoriza cada passo que esse jovem indivíduo dá para traçar um perfil de interesse dele e, assim, fornecer assuntos e produtos que tendem a agradar ao usuário. Dessa forma, o uso da internet torna-se uma imposição viciosa para relações socio-econômicas.

Em segundo lugar, o ser humano perde a sua capacidade de escolha. Conforme o conceito de “Mortificação do Eu”, do sociólogo Erving Goffman, é possível entender o que ocorre na internet que induz o indivíduo a ter um comportamento alienado. Tal preceito afirma que, por influência de fatores coercitivos, o cidadão perde seu pensamento individual e junta-se a uma massa coletiva. Dentro do contexto da internet, o usuário, sem perceber, é induzido a entrar em determinados sites devido a um “bombardeio” de propagandas que aparece em seu dispositivo conectado. Evidencia-se, portanto, uma falsa liberdade de escolha quanto ao que fazer no mundo virtual.

Com o intuito de amenizar essa problemática, o Congresso Nacional deve formular leis que limitem esse assédio comercial realizado por empresas privadas, por meio de direitos e punições aos que descumprirem, a fim de acabar com essa imposição midiática. As escolas, em parceria com as famílias, devem inserir a discussão sobre esse tema tanto no ambiente doméstico quanto no estudantil, por intermédio de palestras, com a participação de psicólogos e especialistas, que debatam acerca de como agir “online ”, com o objetivo de desenvolver, desde a infância, a capacidade de utilizar a tecnologia a seu favor. Feito isso, o conflito vivenciado na série não se tornará realidade.

ROCHA, Clara de Jesus Ricaldi. Enem 2018: leia quatro redações nota mil. Zero Hora, Porto Alegre, 21 mar. 2019. Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/educacao/noticia/2019/03/enem-2018-leia-quatro-redacoes-nota-mil -cjtiovrhh05bh01ujw2eeed8c.html. Acesso em: 2 ago. 2024.

1. Identifique e analise como essa redação atende às cinco competências avaliadas no Enem.

Competência 1: domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Competência 2: compreensão da proposta de redação e aplicação de repertório cultural amplo para desenvolver o tema de acordo com as características do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

Competência 3: capacidade de selecionar, de relacionar, de organizar e de interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

Competência 4: conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação.

Competência 5: elaboração de proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.

2. Forme grupos de três ou quatro estudantes para discutir sobre as seguintes questões:

• De que maneira a introdução da redação apresenta o tema e a tese?

NÃO ESCREVA NO LIVRO

• Quais são os principais argumentos utilizados no desenvolvimento e como eles são sustentados por evidências?

• Como a coesão e a coerência são mantidas ao longo do texto?

• De que forma a conclusão retoma a tese e apresenta uma proposta de intervenção eficaz e viável?

• Como a autora da redação respeita os direitos humanos em sua proposta de intervenção?

3. Cada grupo deverá elaborar um relatório detalhado respondendo às questões do item 2. Esse relatório deve ser claro e objetivo, destacando os pontos fortes da redação e explicando como cada competência foi cumprida.

4. Apresente as conclusões do seu grupo para a turma. Durante as apresentações, seria interessante todos os estudantes tomarem notas e fazerem perguntas para aprofundar a análise.

5. Após as apresentações, escreva uma reflexão individual sobre o que aprendeu com a atividade e sobre como pode aplicar esses conhecimentos em sua própria redação para o Enem.

PRÁTICAS DE LINGUAGEM

Consulte Orientações para o professor

Competência argumentativa e escolha vocabular

Competência argumentativa

A competência argumentativa é uma habilidade essencial para uma comunicação eficaz, especialmente em contextos acadêmicos e profissionais. Ela envolve a capacidade de apresentar e de defender uma posição de maneira lógica e persuasiva, utilizando evidências e raciocínios sólidos. Nesta seção, vamos explorar os aspectos técnicos dessa competência com ênfase na escolha vocabular, que é a habilidade voltada para a construção de argumentos claros e convincentes.

A redação nota mil que vimos neste Capítulo discute sobre a influência da tecnologia e da internet no comportamento humano e utiliza o exemplo da série Black Mirror. O seriado é mencionado para ilustrar como a tecnologia pode afetar negativamente a sociedade, especialmente por meio da dependência das redes sociais. A seguir, detalharemos como esse texto exemplifica a escolha vocabular e o uso de diferentes técnicas argumentativas.

O texto é estruturado de maneira a apresentar um problema, seguido de evidências e, finalmente, de uma possível solução. Vejamos esses elementos em detalhes.

1. Apresentação do problema: a introdução do texto menciona a série Black Mirror como uma ilustração da influência negativa da tecnologia. Isso capta a atenção do leitor e estabelece o contexto.

2. Evidências: o texto cita estatísticas e pesquisas, como o dado, retirado de uma pesquisa do IBGE, de que 35% dos entrevistados com menos de 10 anos alegam nunca ter acessado a internet, reforçando a argumentação com base em dados concretos. Além disso, referências a autores como Erving Goffman fornecem autoridade ao argumento.

3. Conclusão e solução proposta: a menção à proposta do Congresso Nacional de novas leis para proteger os direitos dos pais e das crianças no uso da internet sugere uma solução para o problema apresentado.

A escolha vocabular e sua importância na redação do Enem

A escolha vocabular é um aspecto fundamental da escrita, especialmente em contextos formais e acadêmicos, como na redação do Enem. A forma como selecionamos e como utilizamos as palavras pode influenciar significativamente a clareza, a persuasão e até mesmo a elegância de um texto. Vamos explorar a importância da escolha vocabular na redação do Enem, destacando suas implicações para a competência argumentativa e para a avaliação de desempenho dos estudantes.

Clareza e precisão

Uma das principais razões para ter uma escolha vocabular cuidadosa é garantir a clareza e a precisão na comunicação das ideias. Palavras mal escolhidas ou definidas de maneira vaga podem levar a ambiguidades e a mal-entendidos, comprometendo a mensagem que se deseja transmitir. No contexto do Enem, no qual os corretores avaliam a capacidade do estudante de se expressar de maneira clara e precisa, utilizar um vocabulário adequado é fundamental.

Exemplo:

Vago: “As pessoas usam muito a internet”.

Preciso: “A utilização excessiva da internet tem contribuído para o aumento dos casos de ansiedade e de depressão, especialmente entre os jovens”.

Impacto e persuasão

Escolher palavras com impacto emocional e persuasivo pode fortalecer um argumento, tornando-o mais convincente. Em uma redação argumentativa, como a exigida pelo Enem, é essencial que o candidato consiga não apenas apresentar sua posição, mas também persuadir o leitor da validade de seu ponto de vista.

Exemplo:

Neutro: “É importante cuidar do meio ambiente”.

Impactante: “A preservação ambiental é fundamental para garantir a sobrevivência das futuras gerações e para evitar desastres ecológicos irreversíveis”.

Variedade e riqueza lexical

A variação lexical é outro aspecto importante da escolha vocabular. Repetir as mesmas palavras ou expressões pode tornar o texto monótono e reduzir sua eficácia comunicativa. A capacidade de utilizar sinônimos e expressões variadas demonstra um domínio mais amplo da língua e contribui para uma leitura mais envolvente.

Exemplo:

Repetitivo: “O uso da tecnologia pode ser bom. A tecnologia ajuda as pessoas a se comunicarem”.

Variado: “A adoção de novas tecnologias pode ser benéfica, pois facilita a comunicação entre pessoas de diferentes partes do mundo”.

Adequação ao contexto

A escolha vocabular também deve considerar o contexto e o público-alvo. No Enem, é esperado que os candidatos utilizem uma linguagem formal e apropriada ao gênero textual solicitado. Palavras coloquiais ou gírias geralmente são inadequadas e podem prejudicar a avaliação.

Exemplo:

Inadequado: “O governo tem que fazer alguma coisa logo”.

Adequado: “É imperativo que o governo implemente medidas eficazes para solucionar esse problema de maneira urgente”.

Conformidade com as competências avaliadas

Como vimos, a redação do Enem é avaliada com base em cinco competências, e a escolha vocabular influencia diretamente várias delas, mas especialmente as seguintes:

• Competência 1: domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Utilizar um vocabulário formal e preciso.

• Competência 3: capacidade de selecionar, de relacionar, de organizar e de interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

Escolher palavras que reforcem os argumentos e as evidências apresentados.

• Competência 4: conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação.

Empregar conectivos adequados e variação lexical para manter a coesão e a coerência do texto.

1. Considerando o que vimos sobre escolha vocabular, substitua palavras comuns por sinônimos mais precisos e, com isso, redija versões mais impactantes das frases a seguir.

a) A poluição é um grande problema nas cidades. As fábricas e os carros jogam muita fumaça no ar, o que faz mal para as pessoas.

b) A educação é importante para o desenvolvimento do país.

c) A água potável é essencial para a vida.

d) A preservação das florestas ajuda a manter o equilíbrio ambiental.

e) O investimento em educação melhora a qualidade de vida das pessoas.

f) O uso de energia renovável pode reduzir a poluição.

g) O desenvolvimento tecnológico traz muitos benefícios.

2. A escolha das palavras é fundamental para a eficácia de um argumento. Vejamos alguns exemplos retirados da redação nota mil de Clara:

• Palavras e expressões técnicas: termos como “capacidade de escolha” e “bombardeio de propagandas” são utilizados para descrever fenômenos específicos de maneira mais precisa e persuasiva;

• Palavras de impacto emocional: expressões como “imposição viciosa” e “comportamento alienado” evocam reações emocionais que reforçam o argumento;

• Variedade lexical: o texto evita repetições desnecessárias ao usar sinônimos e variações de termos relacionados à tecnologia e ao comportamento humano.

Para reforçar os conceitos discutidos, leia o artigo, a seguir, que aborda o impacto da tecnologia na vida dos jovens.

O impacto da tecnologia na saúde mental dos jovens

Você sabia que o uso excessivo de redes sociais, jogos violentos e maratonas de filmes e séries pode estar relacionado ao surgimento de sintomas de depressão, ansiedade patológica, isolamento social e privação de sono? Na juventude, o vício em tecnologia muitas vezes consome tanto tempo que prejudica o desenvolvimento e rouba experiências sociais fundamentais.

Em um mundo repleto de telas e dispositivos, o “ Relatório de Monitoramento Global da Educação 2023 ”, lançado pela renomada Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), mergulha profundamente na relação entre Tecnologia na Educação e os jovens. Este relatório aborda com destaque os aspectos que, embora tragam benefícios, podem, por outro lado, conduzir os jovens a caminhos tumultuados, prejudicando a saúde e até levando a desfechos graves.

A busca por ajuda é a chave, como enfatizado na publicação do Hospital Santa Mônica, baseado em São Paulo/SP. Quanto mais cedo se procura ajuda, maiores são as chances de evitar situações de alto risco. Essa instituição dedicada, com serviços especializados no apoio e tratamento de problemas psicológicos, lista sinais cruciais que indicam a necessidade de assistência:

• A lterações frequentes de humor

• E xpressões de tristeza ou sofrimento intenso

• Obsessão por problemas

• Ausência de expectativas quanto ao futuro

• Consumo abusivo de álcool ou drogas ilícitas

• Isolamento social

Embora as tecnologias tragam inegáveis benefícios, é essencial fornecer atenção e cuidados especiais aos jovens e adolescentes, ajudando-os a superar os impactos negativos que podem afetar sua saúde mental e física. A recuperação pode assumir várias formas, desde acompanhamento psicológico até, em casos mais graves, internação hospitalar com tratamento especializado.

Nunca subestime o esforço de mostrar aos jovens que há uma vida incrível para ser vivida além das telas. Uma vida real, autêntica e que merece ser valorizada. (fonte: Hospital Santa Mônica).

CENTRO DE INTEGRAÇÃO EMPRESA ESCOLA (CIEE). O impacto da tecnologia na saúde mental dos jovens , [s. l.] 17 out. 2023. Disponível em: https://portal.ciee.org.br/universo-ciee/o-impacto-da-tecnologia-na-saude-mental-dos-jovens/. Acesso em: 8 ago. 2024.

a) Identifique a apresentação do problema e as evidências apontadas no texto destacado.

b) Liste pelo menos três palavras ou expressões que contribuem para a força argumentativa no texto.

c) O texto menciona algum aspecto positivo da tecnologia para os jovens ou foca apenas os aspectos negativos? Justifique.

d) Você concorda com a visão apresentada no texto sobre o impacto da tecnologia? Como você percebe o uso da tecnologia em sua vida diária e seus efeitos em sua saúde mental?

3. Escolha um dos temas a seguir e escreva um parágrafo argumentativo a partir dele. Certifique-se de incluir evidências para apoiar seu argumento. Utilize um vocabulário variado e impactante.

a) O impacto do uso de smartphones na qualidade do sono dos adolescentes.

b) A importância da educação ambiental nas escolas.

c) Os benefícios e os desafios do trabalho remoto.

4. Em grupo, escolha um dos temas discutidos na questão anterior e prepare argumentos a favor e contra. Cada grupo deve apresentar seus argumentos utilizando vocabulário adequado e evidências. Após as apresentações, discuta sobre quais foram os pontos mais convincentes e por quê.

Consulte Orientações para o professor.

Discurso: a exposição do argumento

Há um importante gênero oral que aciona estratégias comuns ao texto dissertativo-argumentativo: trata-se do discurso. Leia a transcrição do discurso do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a seguir para realizar os exercícios propostos.

PARA REFLETIR

[...] fatos, evidências, razão, lógica, uma compreensão da ciência – essas são coisas boas. [...] Essas são qualidades que vocês querem nas pessoas que fazem política. Essas são qualidades que vocês desejam continuar cultivando em si próprios, como cidadãos. [...] Isso pode parecer óbvio. [...] É por isso que honramos Bill Moyers ou o Dr. Burnell.

Tradicionalmente, nós temos valorizado essas coisas. Mas se vocês têm escutado os debates políticos de hoje, podem se perguntar de onde veio essa tendência anti-intelectualista. […] Então, turma de 2016, deixe-me ser o mais claro possível. Na política e na vida, ignorância não é uma virtude. [...] Não é legal não saber do que você está falando. […]

Vejam, os fundadores da nossa nação – Franklin, Madison, Hamilton, Jefferson. Eles nasceram do Iluminismo. Eles buscavam escapar da superstição, do sectarismo […] e da ignorância. [...] Eles acreditavam no pensamento racional, em experimentação e na capacidade de cidadãos informados de controlarem seus próprios destinos. Isso está incorporado no nosso projeto constitucional. Esse espírito inspirou nossos inventores e exploradores – os Edisons, os irmãos Wright, os George Washington Carvers, os Grace Hoppers, os Norman Borlaugs os Steve Jobs. Foi isso que construiu este país.

ESTADOS UNIDOS. Office of the Press Secretary. Remarks by the President at Commencement Address at Rutgers, the State University of New Jersey. Brunswick: The White House, 15 maio 2016. Disponível em: https://obamawhitehouse. archives.gov/the-press-office/2016/05/15/remarks-president-commencement-address-rutgers-state-university-new. Acesso em: 5 set. 2024. Tradução nossa.

■ Barack Obama (1961-) durante discurso proferido em cerimônia na Universidade Rutgers, em New Brunswick. Nova Jersey (EUA), 2016.

1. Qual é o ponto de vista (tese) assumido e defendido por Barack Obama?

2. Quais estratégias argumentativas Barack Obama usa para defender seu posicionamento?

3. Por que Barack Obama menciona os nomes no plural ao se referir a personalidades importantes para os Estados Unidos?

4. Baseando-se na estrutura do texto dissertativo-argumentativo, registre a seguir como cada uma das características se apresenta no discurso lido.

a) Tese

b) Argumentos c) Conclusão

Consulte Orientações para o professor.

A redação para o Enem

Neste Capítulo, você teve contato com discussões sobre acesso à universidade e sobre desafios e oportunidades do mercado de trabalho atual, além de ter conhecido as informações iniciais acerca da estrutura do texto dissertativo-argumentativo e das características da redação para o Enem. Agora, chegou a hora de aplicar todo esse conhecimento adquirido até aqui. Você deve elaborar um texto dissertativo-argumentativo sobre como o mercado de trabalho pode acolher os refugiados e, consequentemente, contribuir para melhorias na qualidade de vida e na autonomia dessas pessoas. Como texto motivador para a sua produção, considere o gráfico a seguir.

Perfil socioeconômico dos refugiados no Brasil

E stá trabalhando

Procurando trabalho

Desocupados

E studando

Ocupados com afazeres domésticos

Aposentados ou pensionistas

Outros

Fonte: ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS. Perfil socioeconômico dos refugiados no Brasil: subsídios para elaboração de políticas. 2019. p. 8. Disponível em: https://www.acnur.org/br/media/resumo-executivo -versa-cc-83o-final-alterada-pdf. Acesso em: 26 set. 2024.

Organizar

Nesta etapa, você fará o planejamento e a organização do seu texto.

• Retome as características e a estrutura composicional do texto dissertativo-argumentativo apresentadas neste Capítulo.

• Realize uma pesquisa e uma curadoria de informações sobre o tema da redação a ser produzida. Para isso, assista a filmes e a documentários e leia artigos e outros textos que possam contribuir para a construção e para a ampliação do seu repertório. Você pode usar as fontes indicadas a seguir ou outras de sua preferência.

• ACNUR. Refugiados. [Brasília, DF]: Acnur, c2001-2024. Disponível em: https://www. acnur.org/br/sobre-o-acnur/quem-ajudamos/refugiados. Acesso em: 26 set. 2024.

• ACNUR. Descubra como e por que contratar uma pessoa refugiada. [Brasília, DF]: Acnur, 11 fev. 2022. Disponível em: https://www.acnur.org/br/noticias/comunicados -imprensa/descubra-como-e-por-que-contratar-uma-pessoa-refugiada. Acesso em: 26 set. 2024.

• OLIVEIRA, Bruno; SOUZA, Renata. Conseguir emprego é a maior dificuldade de refugiados no Brasil, diz pesquisa. CNN Brasil, São Paulo, 24 fev. 2022. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/pesquisa-conseguir-emprego-e-a-maior -dificuldade-de-refugiados-no-brasil/. Acesso em: 26 set. 2024.

Produzir

Agora, você vai produzir a primeira versão do seu texto.

• Retome o planejamento da redação, feito na etapa anterior, e organize os parágrafos do texto indicando a ideia central de cada um deles.

• Consulte a pesquisa feita sobre o tema e defina as ideias principais que serão aproveitadas desses textos e inseridas em cada parágrafo.

• Selecione estratégias argumentativas diferentes para compor cada parte (introdução, desenvolvimento e conclusão). Atente às estratégias a serem mobilizadas a fim de que sejam fortes o suficiente para reforçar e para defender a sua tese.

• Proponha uma solução para o problema com base nos princípios éticos e humanitários.

• Use linguagem formal de acordo com a norma-padrão e atente para a escolha vocabular para conferir impacto a seus argumentos.

Ampliando saberes

O livro Oficina de escritores: dissertação tem como objetivo auxiliar o estudante no desenvolvimento da escrita formal em língua portuguesa ao explorar elementos como linguagem, coesão e argumentação. O volume apresenta leituras variadas, que ampliam o repertório do leitor para redigir textos de acordo com os moldes solicitados nas provas dos vestibulares e do Enem.

■ SARGENTIM, Hermínio. Oficina de escritores: dissertação. São Paulo: Ibep, 2018.

Avaliar

Levando em consideração as questões a seguir, revise a primeira versão do seu texto.

1. O primeiro parágrafo do texto cumpre a função de introduzir o tema? Além disso, é possível identificar a tese defendida por você? Explique.

2. Ao desenvolver seu texto, quais foram as estratégias argumentativas utilizadas? Explique.

3. A conclusão está diretamente relacionada ao tema proposto e ao restante do texto? Qual estratégia foi utilizada para compor essa parte?

Após seguir todas as etapas indicadas nesta seção, passe a sua redação a limpo em uma folha separada, que deverá ser entregue ao professor para avaliação.

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

Neste Capítulo, abordamos um panorama histórico sobre o acesso ao Ensino Superior no Brasil com destaque para o papel do Enem. Iniciamos com a história do acesso às universidades, seguida pela análise das implicações e dos desafios do Enem. Também exploramos as transformações no mercado de trabalho, destacando a tecnologia, os direitos trabalhistas e a saúde mental.

Discutimos sobre os desafios enfrentados pelos jovens ao ingressar no mercado de trabalho, enfatizando a importância das habilidades digitais e das soft skills. A leitura do texto “Habilidades profissionais: por que os estudantes devem conhecê-las?” nos levou a refletir sobre habilidades valorizadas no mercado de trabalho.

Na seção dedicada à redação para o Enem, focamos a estrutura do texto dissertativo-argumentativo ao analisar exemplos de sucesso, como uma redação nota mil produzida a partir da proposta de 2018 do exame. Em seguida, enfatizamos a importância da escolha vocabular e das práticas de linguagem para desenvolver a competência argumentativa. Agora, chegou o momento de sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder, com suas palavras, às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para que seja possível elaborar sua resposta.

1. Como a evolução histórica do acesso ao Ensino Superior no Brasil influenciou as políticas educacionais atuais?

2. De que maneira o Enem democratizou o acesso às universidades no Brasil? Quais são os principais desafios enfrentados pelos estudantes ao prestar o exame?

3. Como a tecnologia e a automação estão impactando o mercado de trabalho atual? Quais são os principais benefícios e desafios associados a essas mudanças?

4. Por que é importante regulamentar e proteger os direitos trabalhistas no contexto das novas formas de trabalho surgidas com a tecnologia?

5. De que forma as condições de trabalho influenciam a saúde mental e a qualidade de vida dos trabalhadores? Quais medidas podem ser adotadas para melhorar esse cenário?

6. Quais são os principais desafios enfrentados pelos jovens ao ingressar no mercado de trabalho? Como a educação continuada e as habilidades digitais podem ajudar a superar esses desafios?

7. Você compreende a estrutura de um texto dissertativo-argumentativo, incluindo introdução, desenvolvimento e conclusão? Quais são os principais aspectos a serem considerados na escolha do vocabulário e na construção de argumentos sólidos?

Refletir e avaliar

Além de compreender o conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sobre sua aprendizagem ao longo do Capítulo. Para isso, reproduza o quadro a seguir em seu caderno e responda às questões a seguir. Depois, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimorar sua aprendizagem e anote nas observações.

Questão

Realizei as tarefas que estavam sob minha responsabilidade?

Compreendi e consegui sintetizar os conhecimentos sobre ingresso no ensino superior, habilidades profissionais, estrutura da redação do Enem e escolha vocabular?

Produzi com empenho todas as propostas de atividade e de pesquisa?

Considerei as necessidades dos colegas compondo os grupos dos quais participei e agi com colaboração e com ética em relação às minhas responsabilidades e aos grupos?

Fui proficiente

Preciso aprimorar Observações

Tipos e gêneros textuais 2

Informações do Capítulo

Campos de atuação: práticas de estudo e pesquisa e jornalístico-midiático Temas Transversais Contemporâneos: Educação em Direitos Humanos, Trabalho e Educação Ambiental

Principais objetivos:

1. Compreender as diferenças entre tipos e gêneros textuais, identificando suas características essenciais e funções comunicativas.

2. Classificar diferentes textos de acordo com seus gêneros e tipos, relacionando-os aos contextos sociais e às finalidades comunicativas.

3. Analisar redações do Enem, avaliando a adequação do gênero dissertativo-argumentativo às exigências da prova.

4. Produzir textos dissertativo-argumentativos coerentes com os padrões exigidos pelo Enem, utilizando adequadamente os elementos textuais.

■ Cena da peça Morte e vida severina, inspirada no poema homônimo de João Cabral de Melo Neto (19201999). São Paulo (SP), 2022.

Tipos textuais

Neste Capítulo, serão apresentadas as principais características dos tipos textuais , dos gêneros textuais, dos campos de atuação e dos gêneros literários. Esses são conceitos importantes para compreender como os textos são construídos e como podem ser agrupados com base em suas características.

Todo texto, oral ou escrito, é uma manifestação coerente da linguagem usada para transmitir uma mensagem a um interlocutor a partir de determinado contexto. Nesse processo, os textos assumem características definidas por sua composição, nas quais predominam marcas linguísticas, como o maior uso de adjetivos, de determinados tempos e modos verbais, de modalizadores e operadores argumentativos etc.

Dessa forma, os textos podem assumir um caráter narrativo, descritivo, argumentativo, dissertativo e/ou injuntivo, os quais são denominados tipos textuais. Esses tipos não ocorrem de modo exclusivo; eles podem se misturar na composição de um mesmo texto, formando o que se conhece como heterogeneidade tipológica.

É muito comum que se diga que um texto é narrativo ou argumentativo, por exemplo. Porém, essa afirmação corresponde apenas à predominância de uma tipologia, e não à sua exclusividade. Em um romance, por exemplo, há um texto predominantemente narrativo, no qual é possível encontrar sequências descritivas essenciais para a constituição da obra. Observe como isso se dá em Vidas secas, de Graciliano Ramos (1892-1953).

Nesse trecho, é possível notar como a sequência descritiva (primeiro parágrafo), que revela o estado em que se encontrava a cachorra Baleia, é extremamente necessária para compreender a sequência seguinte (segundo parágrafo), que narra ações da personagem Fabiano. Esse exemplo revela como a mistura de tipologias colabora para a construção textual. A seguir, observe como os tipos textuais se configuram.

Contexto: O contexto corresponde à conjuntura na qual um texto é produzido, isto é, ao conjunto de circunstâncias tanto mais imediatas (como o ambiente físico) quanto mais amplas (como questões sociais, históricas e culturais).

A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida.

Por isso, Fabiano imaginara que ela estivesse com o princípio de hidrofobia e amarrara-lhe no pescoço um rosário de sabugos de milho queimados. […]

RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 72. ed. São Paulo: Record, 1997. p. 85.

Descritivo

Desenvolve-se por meio da caracterização de objetos, pessoas e ambientes. Descrever é traduzir em palavras determinada imagem ou situação. A linguagem é marcada pelo maior uso de verbos de estado, substantivos e de adjetivos, o que possibilita a classificação e a caracterização de pessoas, coisas, objetos, animais etc. bem como o acesso a informações mais detalhadas a respeito das situações observadas. Essa tipologia textual é comum em textos literários, relatórios, cardápios de restaurantes, currículos e nas rubricas dos textos teatrais, por exemplo.

Narrativo

Desenvolve-se por meio de uma história. Há indicação de personagens, tempo, espaço e sequência de acontecimentos. A linguagem é marcada por mudanças dos tempos verbais, uso de advérbios, emprego dos discursos direto, indireto e indireto livre e períodos que tendem a ser mais extensos. Essa estrutura linguística está presente de forma predominante em contos, lendas, romances e histórias em quadrinhos.

Argumentativo

■ Na história do bumba meu boi, notam-se elementos da tipologia narrativa, como personagem, enredo, tempo e espaço. São Luís (MA), 2022.

Com a intenção de persuadir o leitor, desenvolve-se por meio de comentários, explicações, opiniões, confrontos de ideias, hipóteses, exemplos concretos e dados estatísticos. A argumentação consistente e adequada ao tema em pauta promove o ponto de vista defendido pelo produtor do texto. A linguagem é marcada pelo uso frequente de substantivos abstratos e conjunções que estabelecem diferentes relações, como causalidade, oposição e conclusão. No texto predominantemente argumentativo, os períodos também tendem a ser mais extensos. Essa tipologia é comum em gêneros como artigo de opinião (de jornais, revistas, sites e blogues), resenha e tese de doutorado.

Dissertativo (ou expositivo)

Desenvolve-se por meio da apresentação de ideias que explicitam um assunto e trazem informações sobre um tema por meio da exposição de fatos, dados, conceitos, ideias e pontos de vista. A linguagem é marcada pelo uso de expressões explicativas e períodos curtos, com frases diretas e objetivas. Essa tipologia também pode ser denominada expositiva e é frequente em resumos, textos didáticos e aulas expositivas, por exemplo.

Injuntivo (ou instrucional)

Desenvolve-se por meio de orientações ou ordens. A linguagem é marcada pelo uso de verbos no imperativo, no infinitivo e no futuro do presente. Essa tipologia também pode ser denominada instrucional e é predominante em textos como receitas, bulas de remédios e manuais de instruções.

ATIVIDADES Consulte Orientações para o professor.

1. Com base na leitura da imagem e da legenda, responda às questões a seguir.

■ MICHELANGELO. A criação de Adão 1508-1512. Afresco, 280 cm × 570 cm. Teto da Capela Sistina, no Vaticano.

a) Como você descreveria a composição visual e os elementos presentes na obra A criação de Adão , de Michelangelo (1475-1564), considerando a tipologia descritiva?

b) Como você transformaria a interpretação visual da obra A criação de Adão em uma narrativa breve, destacando a interação entre Deus e Adão?

2. Leia o excerto a seguir.

Análise: “House of The Dragon” não empolga como GoT

Apesar da grandiosidade da produção, o spin-off terá trabalho para atingir o nível dos personagens e momentos icônicos da série original

“House Of The Dragon” é, de certa forma, mais sobre o jogo dos tronos do que “Game Of Thrones” foi. É a história da dinastia Targaryen durante um período de turbulência e sucessão incerta. Embora o rei Viserys I (Paddy Considine) governe um reino pacífico e próspero, o drama da corte e a intriga na Fortaleza Vermelha continuam implacavelmente.

Na adaptação original [...] do trabalho de George RR Martin , o jogo dos tronos certamente foi parte integrante da história, mas tomou uma forma muito diferente. A morte de Robert Baratheon levou à Guerra dos Cinco Reis, com seus irmãos, Stannis e Renly, seu filho Joffrey, Robb Stark, o Rei do Norte, e Balon Greyjoy, das Ilhas de Ferro, todos reunindo exércitos e se preparando para a guerra.

Em “House Of The Dragon”, há pouca menção de pegar em espadas até quase o sexto episódio (até onde eu vi da série). Praticamente todas as batalhas travadas são feitas com palavras e segredos, traições e promessas quebradas. E tudo bem. Isso não é uma coisa ruim em si.

É só que a intriga e a politicagem duram tanto tempo e em um ritmo tão lento que, mesmo o nível de produção, os cenários e figurinos caros e a cinematografia habilidosa não podem mascarar o fato de que muito disso poderia ter sido encurtado.

KAIN, Erik. Análise: “House of The Dragon” não empolga como GoT. Forbes, [s. l.], 22 ago. 2022. Disponível em: https://forbes.com.br/ forbeslife/2022/08/analise-house-of-the-dragon -nao-empolga-como-got/. Acesso em: 3 set. 2024.

a) Como o autor Erik Kain descreve a diferença entre “House of The Dragon” e “Game of Thrones” em termos de ritmo e desenvolvimento da trama, utilizando a tipologia descritiva?

b) Qual é a intenção comunicativa do autor ao produzir esse texto?

c) Considerando esse objetivo, a que gênero textual esse trecho pertence?

d) Q ue tipologias o autor acionou para compor a estrutura desse texto? Aponte partes do trecho que comprovem sua resposta, relacionando-as às tipologias apontadas.

Gêneros textuais

Textos assumem características determinadas de acordo com a finalidade que pretendem atingir no processo de comunicação e com o contexto de produção no qual se inserem — aspectos que compõem os chamados gêneros textuais.

Diferentemente dos tipos textuais, que se definem por sua natureza linguística, os gêneros textuais se configuram com base em sua função sociocomunicativa. Por isso, para serem compreendidos, é necessário avaliar, entre outros fatores, sua dinamicidade, sua historicidade, a finalidade da enunciação e seus aspectos sociais, situacionais e comunicativos.

Os gêneros textuais têm como principais características a vivacidade e a adaptabilidade. Não existem em uma lista finita, pois são inúmeros, e a todo momento surgem novos gêneros a partir das necessidades dos falantes, bem como alguns caem em desuso. Dessa forma, são exemplos de gêneros textuais o comentário nas redes sociais, um boletim de ocorrência policial e as receitas culinárias, entre outros tantos que compõem inúmeras possibilidades de articular as ideias de modo que se adequem à intenção do autor em dada situação comunicativa.

Daí a importância do estudo dos gêneros textuais, pois, com base neles, é possível construir hipóteses interpretativas mais seguras e abordar determinado assunto de modo mais conveniente aos propósitos definidos.

Em um mesmo gênero textual, é possível encontrar diferentes tipologias textuais. No gênero carta pessoal, por exemplo, podem ocorrer a narração de um acontecimento, a descrição de uma situação e até mesmo a defesa de um ponto de vista.

Ampliando saberes

O vídeo "Tipos e gêneros textuais", da série Tecendo o texto , apresenta a diferença entre tipos textuais e gêneros textuais e explicações sobre as principais características de ambos.

• T IPOS E GÊNEROS TEXTUAIS. Tecendo o texto. Canal Futura , [S. l.], 8 jul. 2024. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=EBbD3UrAVp8. Acesso em: 4 nov. 2024.

Gêneros textuais primários e secundários

O s gêneros textuais dividem-se em primários e secundários. Os primários são aqueles que nascem espontaneamente das relações de interação social. Costumam ser orais, pois ocorrem na comunicação cotidiana, como um bate-papo informal com amigos e um telefonema para os pais. Os gêneros secundários são os que derivam dos primários, porém são mais elaborados e mais complexos. Estes dizem respeito a situações em que a interlocução não é mais imediata, como o diálogo de personagens em uma história.

Tipo ou gênero textual?

Agora que você já compreendeu os conceitos de tipo e de gênero textuais, é importante refletir sobre o que os difere.

Tipos textuais

Têm marcas linguísticas já estabelecidas.

São definidos com base em aspectos linguísticos: léxico, sintaxe, tempos verbais, relações lógicas.

Têm um conjunto limitado de categorias: narração, argumentação, descrição, injunção e dissertação.

Campos de

atuação

Gêneros textuais

Têm como característica a vivacidade e a adaptabilidade.

São definidos com base em sua função sociocomunicativa.

Podem ser compostos de mais de um tipo textual. Existem em número ilimitado.

Os gêneros textuais circulam em diferentes campos de atuação. Conhecer esses campos é essencial para compreendê-los e construir um conhecimento prévio sobre seus usos em diferentes situações de vida.

Campo da vida pessoal

Nesse campo, circulam gêneros que têm como principal objetivo articular e sintetizar aprendizados e reflexões sobre a condição humana na contemporaneidade. Nos gêneros em questão, também se cria o contato com diferentes semioses e ambientes, como o presencial e o digital, articulando áreas de conhecimento distintas em prol do aprendizado, da reflexão de si ao olhar para o passado e para o futuro e promover vivências significativas. Os gêneros desse campo, como o relato pessoal e o gif biográfico, promovem a reflexão sobre contemporaneidade e processos vividos.

Campo jornalístico-midiático

O foco desse campo são gêneros que lidam com a informação, opinião e apreciação, envolvendo também práticas contemporâneas, como curtir e comentar nas redes sociais. Nesse contexto, a leitura e produção de tais gêneros permitem a aproximação com os acontecimentos locais, regionais, nacionais e globais, bem como a reflexão sobre como eles afetam a vida das pessoas. Assim, reconhecer esse campo de uso da língua e suas especificidades é uma habilidade importante para o leitor do século XXI, principalmente porque lhe são exigidos autonomia e

pensamento crítico para se posicionar, de forma ética e responsável, diante dos mecanismos de disseminação de fake news, sobretudo nos espaços digitais.

Em relação tanto à sua recepção quanto à sua produção, os gêneros desse campo — como notícia, debate, reportagem, charge e propaganda — invocam um cidadão que se quer bem informado, capaz de participar de discussões e opinar de forma consistente.

Por exemplo, as notícias têm a pretensão de informar o leitor sobre um fato. Em sua estrutura, é frequente o uso da narração e da exposição, visto que é necessário narrar o que ocorreu, expondo o fato ao leitor. A seguir, apresenta-se um exemplo do gênero textual notícia.

Título: sintetiza o fato a ser apresentado.

Linha fina: amplia as informações do título.

Lide: em geral, corresponde ao primeiro parágrafo e tem como intuito apresentar os aspectos mais relevantes do fato respondendo a questões como: O quê? Quando? Onde? Como? Por quê?

Campo artístico-literário

Estão englobadas nesse campo de atuação as manifestações artísticas, as produções culturais e, em especial, a arte literária. Textos desse campo permitem a ampliação do conhecimento sobre as práticas de fruição e compartilhamento, bem como sobre a diversidade cultural, linguística e semiótica.

Os gêneros textuais que circulam no campo artístico-literário — sejam eles clássicos (sonetos, odes etc.), sejam contemporâneos (grafite , rap etc.) — demandam a reflexão sobre as diferentes maneiras de ser e de pensar, a compreensão dos interesses dos criadores e a capacidade de apreciar.

Professoras da USP recebem prêmio que celebra trajetórias femininas na ciência

Regina Pekelmann Markus, Manuela Carneiro Ligeti da Cunha e Yvonne Mascarenhas são as vencedoras da 5ª edição do Prêmio Carolina Bori

Três pesquisadoras com trajetórias de docência na USP foram anunciadas como vencedoras da quinta edição do Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher, promovido pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC): Regina Pekelmann Markus, na área de Biológicas e Saúde; Manuela Carneiro Ligeti da Cunha, na área de Humanidades; e Yvonne Mascarenhas, na área de Engenharias, Exatas e Ciências da Terra. Neste 2024, o prêmio homenageia pesquisadoras de instituições nacionais que tenham prestado relevantes contribuições à ciência e à gestão científica e realizado ações em prol da ciência e da tecnologia nacional. O anúncio das vencedoras foi feito no último dia 19 de janeiro.

Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha é professora sênior do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Já Regina Pekelmann Markus, é professora do Instituto de Biociências (IB). Yvonne Mascarenhas é professora aposentada, em exercício, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC).

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LIMA, Laura Pereira. Professoras da USP recebem prêmio que celebra trajetórias femininas na ciência. Jornal da USP, [s. l.], 2 fev. 2024. Disponível em: https://jornal.usp.br/diversidade/professoras-da-usp -recebem-premio-que-celebra-trajetorias-femininas-na-ciencia/. Acesso em: 4 set. 2024.

Inserido no campo artístico-literário, o romance constitui-se como um gênero predominantemente narrativo, permeado por diferentes conflitos a serem desenvolvidos e encerrados pelas personagens em determinados tempo e espaço. Sua predominância narrativa não impede, no entanto, a presença de outras sequências tipológicas, como a descrição, que é bastante válida para a construção das personagens e a ambientação.

No texto a seguir, um capítulo do romance Memórias sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade (1890-1954), observe a história contada pelo narrador-personagem sobre uma experiência no passado, entremeada por uma breve sequência descritiva que ajuda a criar a cena em que se desenvolvem as ações.

10. Derrapage

Não disse nada do que queria dizer a Madô.

Um dia surpreso entrei num ajuntamento junto à casa porque o professor tinha ficado defunto carteiro e havia um pobre caixão na sala de velas.

A viúva envelhecida era um peito de tábuas. E num canto Madô chorava o destino das Madalenas.

ANDRADE, Oswald de. Derrapage. In: ANDRADE, Oswald de. Memórias sentimentais de João Miramar. São Paulo: Globo: Companhia das Letras, 2004. p. 77.

Gêneros em diferentes campos de atuação

Por vezes, um gênero pode conter subtipos em diferentes campos. Esse é o caso da crônica literária e da crônica esportiva, pois a primeira pertence ao campo artístico-literário, enquanto a segunda, ao campo jornalístico-midiático.

Campo das práticas de estudo e pesquisa

Sequência narrativa: a mais presente durante todo o romance.

Sequência descritiva: ajuda a criar a cena em que acontecem as ações.

■ Juca Kfouri (1950-) é um jornalista famoso por suas crônicas esportivas. São Paulo (SP), 2008.

Nesse campo de atuação, os gêneros estão relacionados às práticas investigativas e de apropriação do conhecimento, permitindo a exploração dos espaços de divulgação científica e o domínio de procedimentos que viabilizam a análise e o retrato da realidade social. Compreendê-los implica reconhecer o papel e a importância da Ciência no cotidiano, tornando-se capaz de resolver problemas cada vez mais complexos por meio dela. Esse tipo de produção envolve os procedimentos de busca, tratamento e análise de dados e informações, bem como o seu registro em diferentes formatos, como tabelas e gráficos. Nesse contexto, é constante o estímulo do protagonismo, exigindo pesquisa, observação, experimentação e divulgação do conhecimento.

Barras: apresentam os dados em porcentagem de forma visual.

Fonte de pesquisa : indica a instituição que coletou os dados.

■ Nessa imagem, estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT) fazem estudos no laboratório. Sorriso (MT), 2018.

Alguns gêneros do campo das práticas de estudo e pesquisa apresentam uma mistura das linguagens verbal e não verbal em sua constituição, a fim de expor os dados coletados de forma mais visual. Os gráficos, por exemplo, têm predominância da tipologia dissertativa e frequentemente apresentam a seguinte estrutura: título, gráfico, legenda e fonte de pesquisa. De certa forma, esse campo dialoga com todos os outros, visto que os procedimentos que o constituem são utilizados no jornalismo (como no caso da identificação e checagem de fake news), na literatura (para apreciação e comparação de textos literários) e na vida pública (por meio da investigação das necessidades do povo para se formularem propostas que visam à resolução de problemas da comunidade ou do meio ambiente, por exemplo). Veja, a seguir, um exemplo de gráfico.

Título: indica a que se referem as informações e apresenta que tipo de dado foi coletado e quando.

Taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais de idade (2019)

Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua . Rio de Janeiro: IBGE, 2012-2019.

Campo de atuação na vida pública

Legenda: auxilia o leitor a interpretar o gráfico. No caso, é representada pelos elementos visuais da ilustração em formato de mapa e complementada pelas cotas do gráfico.

Esse campo apresenta gêneros que visam ampliar a participação do leitor nas práticas coletivas por meio da atuação política e social. Esses textos permitem a tomada de consciência de direitos e deveres, estimulam a valorização dos direitos humanos e possibilitam que o leitor se forme como um cidadão responsável e ético.

EDITORIA

Apropriar-se desses gêneros permite o exercício pleno da cidadania, uma vez que implica compreender os interesses que movem a esfera pública e reconhecer as práticas intrínsecas a ela, principalmente com sua recente ampliação para o espaço digital.

Nesse campo, os editais cumprem a função de tornar públicos fatos e ações, normatizando, por exemplo, um processo seletivo. Para isso, valem-se da tipologia injuntiva com o intuito de instruir o leitor sobre o que fazer ao longo das etapas a que se submete.

DA INSCRIÇÃO

2.1 Somente poderão inscrever-se no Exame de Seleção de 2023 do CAp-Coluni os/as candidatos/as que atendam às seguintes condições:

2.1.1 Tenham concluído o Ensino Fundamental e possuam o certificado de conclusão dessa etapa de ensino, obtido pela via regular ou por suplência.

[…]

2.2 A inscrição será realizada exclusivamente via internet pelo sistema de Gerenciamento de Processos Seletivos (GPS), no endereço eletrônico: <https://www.pse.coluni.ufv. br>, das 9 horas do dia 16 de agosto de 2022 às 18 horas do dia 07 de outubro de 2022, horário oficial de Brasília (DF).

2.2.1 Após o envio da inscrição, o/a candidato/a deverá imprimir o Boleto Bancário e o Comprovante Provisório de Inscrição (CPI).

[…]

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA. Edital nO 023/2022: Pré-exame de seleção do Colégio de Aplicação da UFV – Coluni 2023. Viçosa, MG: UFV, 2022. Disponível em: https://www.pse.coluni.ufv.br/wp-content/uploads/2022/06/COL2023

-Edital-23.2022.PRE_.pdf. Acesso em: 4 set. 2024.

Diferentes campos de atuação

Função social: sua intenção será sempre tornar público fato ou ato que deve ser conhecido por todos, com instruções, ordens e permissões ao longo de seu texto.

Organização: é comum os editais serem divididos em tópicos e subtópicos numerados para tornar a leitura mais esclarecedora.

Texto: é marcado por uma linguagem impessoal e objetiva.

A divisão em campos de atuação permite que sejam compreendidas características atreladas à produção do texto, como a intencionalidade do autor.

LEITURA

Consulte Orientações para o professor

Aumenta nível de emprego entre jovens brasileiros; vagas com carteira assinada não acompanham o mesmo ritmo

O desemprego entre 18 e 24 anos atualmente é o menor em uma década. O problema é que os empregos informais não diminuíram nesse tempo.

Aumentou o número de brasileiros de 18 a 24 anos de idade que estão trabalhando. Mas nem sempre com carteira assinada.

Muitos jovens brasileiros conhecem bem o que Daniel Barros, de 18 anos, está passando. Ele não consegue emprego porque não tem experiência, e não ganha experiência porque não consegue emprego.

“Essa espera tem sido meio que difícil, porque tem certas coisas que a gente quer, almeja ter e por não ter um emprego fixo fica meio difícil tirar uma renda para conseguir essas certas coisas”, conta.

Mas Daniel não está desempregado. Ele trabalha esporadicamente na oficina de estofados do tio.

“Quando quero uma certa quantia, eu venho, venho todos os dias mesmo, e faço os bicos que tem para fazer e acaba, sim, dando para comprar algumas coisas”, diz.

Ele é um trabalhador informal. E o estado onde ele mora, o Maranhão, tem o maior índice de jovens trabalhadores informais do Brasil : quase 69% não têm carteira assinada Isso ajuda a manter a média brasileira alta e sem alterações significativas nos últimos anos.

O desemprego entre 18 e 24 anos nesse momento é o menor em uma década. Se a gente tirar os anos da pandemia, 2017 foi o pico. E, agora, a gente está mais de 11 pontos abaixo disso. O problema é que os números da informalidade não acompanharam essa queda. E assim, temos uma geração de jovens, mais de 41%, como que presos em trabalhos como aplicativos de transporte, de entrega, como autônomos, fazendo bicos, sem conseguir avançar em uma carreira ou porque não encontram trabalho na área que estudaram.

“A gente sabe que os cursos que mais formam no Brasil são cursos que talvez não tenham a tamanha demanda de profissionais. É pedagogia, enfermagem, administração, direito são os cursos que mais formam. O mercado se mostra, também, incapaz de absorver tantas pessoas formadas ao longo do tempo. Então, isso faz com que essas pessoas se aloquem em, provavelmente, áreas que não foram aquelas com as quais elas estudaram”, afirma Juliana Inhasz, professora de economia do Insper.

[…]

AUMENTA nível de emprego entre jovens brasileiros; vagas com carteira assinada não acompanham o mesmo ritmo. G1 [Jornal Nacional], [s. l.], 24 jun. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2024/06/24/aumenta-nivel-de-emprego -entre-jovens-brasileiros-vagas-com-carteira-assinada-nao-acompanham-o-mesmo-ritmo.ghtml. Acesso em: 28 jun. 2024.

1. Qual é o título da notícia? A qual campo de atuação esse texto pertence?

2. Identificar o autor e a data de publicação ajuda a contextualizar a notícia e avaliar a sua atualidade e relevância. Quem é o autor da notícia e qual é a data de publicação?

3. Qual é o principal problema abordado na notícia?

4. Notícias frequentemente trazem histórias de pessoas como exemplo para ilustrar um problema mais amplo discutido nas questões tratadas. Qual é a situação de Daniel Barros, mencionado na notícia?

5. Dados estatísticos são frequentemente usados em notícias para dar suporte a argumentos e apresentar uma visão mais clara da realidade. Considerando essa informação, qual estado brasileiro citado na notícia tem o maior índice de jovens trabalhadores informais e qual é esse índice?

6. Qual foi o ano de pico do desemprego entre jovens antes da pandemia, segundo a notícia?

7. Quais são os cursos que mais formam profissionais no Brasil, de acordo com a entrevistada Juliana Inhasz?

8. A inclusão de opiniões de especialistas em notícias ajuda a dar credibilidade e profundidade à análise apresentada. Qual é a opinião da professora Juliana Inhasz sobre a absorção de profissionais formados pelo mercado de trabalho?

NÃO ESCREVA NO LIVRO

9. O lide é o primeiro parágrafo de uma notícia, no qual se concentram as informações mais importantes: quem, o quê, quando, onde, por que e como. Qual é o lide da notícia citada?

10. Entender a estrutura de uma notícia é importante para identificar e analisar cada parte do texto de forma crítica. Qual é a estrutura típica de uma notícia e como ela se manifesta no texto fornecido?

11. Como a linguagem utilizada na notícia contribui para a objetividade e a clareza do texto?

12. Qual é a importância das fontes citadas em uma notícia e quais são as fontes mencionadas no texto?

13. Refletir sobre a função social das notícias é essencial para compreender a importância do jornalismo na sociedade e a responsabilidade dos meios de comunicação. Qual é a função social do gênero textual notícia e como a notícia fornecida cumpre essa função?

MUNDO DO TRABALHO

Uma possibilidade para combater o desemprego é o incentivo e o apoio governamental para a geração de empregos verdes, iniciativas que buscam sinergia entre mercado de trabalho e sustentabilidade ambiental.

Definição de empregos verdes

Empregos verdes são aqueles que contribuem para a preservação ou restauração do meio ambiente. Eles são encontrados em setores que buscam minimizar danos ambientais e promover práticas sustentáveis, como reciclagem, energia renovável e agricultura sustentável. Esses trabalhos não apenas ajudam a combater as mudanças climáticas mas também fomentam o crescimento econômico sustentável.

Setores em alta

Os principais setores de empresas verdes que empregam trabalhadores no Brasil incluem:

• Reciclagem: processamento de resíduos para reúso;

• Transportes: desenvolvimento de sistemas de transporte sustentável;

• Agricultura: práticas agrícolas que preservam o meio ambiente;

• Energia renovável: produção de energia solar, eólica, hidrelétrica e de biocombustíveis. O Brasil é líder global em empregos verdes, especialmente na indústria de energia renovável, que emprega milhões de pessoas.

• Elabore, com a turma, um portfólio coletivo de empregos verdes, que pode ser on-line ou físico. Para se preparar para o mercado de trabalho verde, é essencial desenvolver habilidades específicas relacionadas à sustentabilidade e ao meio ambiente. Cursos universitários, pós-graduações e especializações em áreas como ecologia, direito ambiental e engenharia de energias renováveis são altamente recomendados. Pesquise dados sobre mercado de trabalho, formação, possíveis cursos e formas de ingresso neles. Dessa maneira, poderá conhecer diferentes profissões e se preparar para o ingresso no mundo do trabalho em expansão.

Gênero textual: notícia

O gênero textual notícia é uma das formas mais comuns de comunicação escrita no mundo contemporâneo. Utilizado principalmente em jornais, revistas e portais de notícias na internet, seu principal objetivo é informar o leitor sobre eventos e questões de interesse público de forma clara e objetiva.A partir de agora, serão exploradas as características e a estrutura da notícia, e, a seguir, será proposta uma atividade prática para que você possa criar uma notícia.

Estrutura da notícia

Uma notícia é composta de várias partes essenciais, cada uma com função específica.

1. Título: deve ser atraente e resumir a informação mais importante da notícia, chamando a atenção do leitor.

2. Lide: também conhecido como lead, é o primeiro parágrafo da notícia. Ele responde às perguntas básicas: quem, o quê, quando, onde, por que e como, fornecendo um resumo rápido do conteúdo.

3. Corpo da notícia: desenvolve as informações apresentadas no lide, detalhando os fatos, fornecendo o contexto e incluindo declarações de testemunhas, especialistas e outras fontes relevantes.

4. Conclusão: pode resumir os pontos principais ou oferecer uma perspectiva sobre o que pode acontecer no futuro, embora nem todas as notícias incluam uma conclusão explícita.

Características da linguagem

A linguagem utilizada em uma notícia é um dos elementos fundamentais que definem esse gênero textual. A principal característica da linguagem jornalística é a objetividade, que visa informar de maneira clara e precisa, sem influenciar a opinião do leitor com adjetivações ou expressões subjetivas. Aqui estão alguns pontos-chave sobre a linguagem na notícia.

• Clareza e precisão: a linguagem deve ser clara e direta, permitindo que o leitor compreenda as informações rapidamente. Termos técnicos devem ser explicados, e o uso de jargões deve ser evitado ou, quando necessário, devidamente contextualizado.

• Neutralidade: o jornalista deve apresentar os fatos de forma neutra, sem emitir opiniões pessoais. A notícia deve ser construída com base em informações verificáveis e confiáveis, proporcionando ao leitor uma visão imparcial dos acontecimentos.

• Concisão: a notícia deve ser concisa e focar os fatos essenciais. Informações desnecessárias ou redundantes devem ser evitadas para não dispersar a atenção do leitor.

• Linguagem formal: o uso da linguagem formal é comum, garantindo seriedade e respeito ao tema abordado. No entanto, a formalidade não deve comprometer a clareza e a simplicidade do texto.

A importância das fontes

As fontes de informação conferem credibilidade à notícia. Elas designam que as informações apresentadas são verificáveis e confiáveis. Aqui estão alguns aspectos importantes sobre o uso de fontes.

• Credibilidade: a identificação clara de fontes confiáveis, como especialistas, autoridades no assunto, documentos oficiais, dados estatísticos e conferências recentes à notícia, permite ao leitor verificar a veracidade das informações.

• Diversidade de fontes: múltiplas fontes ajudam a apresentar diferentes perspectivas sobre o mesmo assunto, enriquecendo a notícia e proporcionando uma visão mais completa e equilibrada dos fatos.

• Citação direta: citações diretas de entrevistas ou declarações de fontes primárias acrescentam detalhes e humanizam a notícia, conectando o leitor com os indivíduos envolvidos nos eventos reportados.

• Transparência: o jornalista deve ser transparente sobre a origem das informações, indicando claramente quem disse o que e onde as informações foram obtidas. Isso aumenta a confiança do leitor na notícia.

Função social da notícia

A notícia desempenha um papel vital na sociedade moderna, indo além da mera transmissão de informações. Sua função social é multifacetada e inclui os seguintes aspectos.

• Informação do público: a função primária da notícia é informar a população sobre eventos, decisões políticas, descobertas científicas, mudanças econômicas e outros acontecimentos relevantes que impactam a vida cotidiana.

• Formação de opinião: a notícia, ao fornecer informações imparciais e verificáveis, ajuda o público a formar as próprias opiniões sobre questões importantes. Isso é essencial para a participação cidadã informada e para o funcionamento da democracia.

• Fiscalização e transparência: o jornalismo atua como uma espécie de agente fiscalizador da sociedade, fiscalizando o poder público e outras instituições. Notícias investigativas revelam corrupção, abusos de poder e outras irregularidades, promovendo a transparência e a justiça.

• Educação: através da notícia, o público aprende com o mundo ao seu redor, expandindo seus conhecimentos e sua compreensão sobre diversos temas. Isso inclui educação sobre direitos civis, saúde pública, meio ambiente, entre outros.

• Coesão social: a notícia também contribui para a coesão social, mantendo uma sociedade informada sobre acontecimentos que afetam a comunidade como um todo. Eventos locais, desastres naturais e outras emergências são exemplos de como a notícia mantém a população conectada e informada.

Produzindo uma notícia

Agora que você compreendeu a estrutura e as características de uma notícia, é hora de produzir uma notícia. Siga os passos descritos a seguir para planejar, escrever, revisar e reescrever seu texto. Escrever uma notícia é um exercício valioso que desenvolve habilidades de pesquisa e organização de informações, além de prepará-lo melhor para compreender eventuais textos da coletânea de redação do Enem que possam trazer notícias como fontes de informação para a prova. Ao seguir esses passos, você não apenas aprenderá a informar de maneira clara e objetiva mas também contribuirá para a formação de uma sociedade mais bem informada.

1. Planejamento

• Escolha do tema: pense em um evento ou em uma questão relevante que você gostaria de informar ao seu público. Pode ser algo que aconteceu na sua escola ou na sua comunidade, ou um tema de interesse nacional ou global.

• Pesquisa: colete informações sobre o tema escolhido. Entreviste pessoas, consulte fontes confiáveis, reúna dados e fatos que possam ser úteis.

• Organização: organize suas informações de acordo com a estrutura da notícia. Defina o que será incluído no título, no lide, no corpo da notícia e na conclusão.

2. E scrita

• Título: crie um título atraente que resuma a informação principal da sua notícia.

• Lide: escreva o lide, respondendo às perguntas básicas: quem, o quê, quando, onde, por que e como.

• Corpo da notícia: desenvolva o corpo da notícia, detalhando os fatos e incluindo citações e informações das suas fontes.

• Conclusão: finalize com uma conclusão, se achar necessário, que resuma os pontos principais ou ofereça uma perspectiva futura.

3. Revisão

• Verificação dos fatos: certifique-se de que todas as informações apresentadas são verdadeiras e verificáveis.

• Clareza e objetividade: leia sua notícia e veja se está clara e objetiva. Remova qualquer opinião pessoal ou adjetivação desnecessária.

• Correção gramatical: revise a gramática, a ortografia e a pontuação.

4. Reescrita

• Feedback: peça a um colega para ler sua notícia e dar-lhe um feedback.

• Melhorias: faça as melhorias sugeridas, revisando e reescrevendo as partes que precisam de ajustes.

• Versão final: produza a versão final da sua notícia, incorporando todas as correções e melhorias. Entregue ao professor para avaliação.

CONEXÕES com

LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

Consulte Orientações para o professor.

O artigo a seguir aborda a importância da educação na formação de cidadãos capazes de avaliar criticamente as informações que recebem. A autora argumenta que uma sólida formação acadêmica é fundamental para desenvolver habilidades analíticas e enfrentar o desafio da desinformação na era digital. Ela também destaca que a educação contínua e a alfabetização midiática são essenciais para combater a disseminação de fake news e promover um ambiente informacional saudável e democrático. Convidamos você a ler o texto e, em seguida, fazer as atividades propostas.

Ser bem formado para tornar-se bem informado

O leitor crítico consegue situar suas interpretações no contexto da cultura contemporânea de maneira a ressignificá-la, produzindo questionamentos

De acordo com uma estimativa das Nações Unidas, a população mundial ultrapassou 7,8 bilhões em abril de 2021. Dentre esses mais de 7 bilhões de habitantes do planeta, cinco têm acesso à internet. Mais de 25 milhões de terabytes são gerados diariamente no mundo todo para que essa parcela privilegiada possa acessar informações de toda ordem. Segundo o relatório Cappra, do Cappra Institute, em 2019 geramos 20 vezes mais informações do que em 2005. Uma quantidade de informação que, se parece complicado ter consciência do que esse número significa, qualificar, então, é impossível. Porém, sabemos que onde sobra informação falta discernimento para decidir o que fazer com ela, pois, como afirma o antropólogo, filósofo e sociólogo francês Edgar Morin “... a informação sempre passa por uma seleção. Informação não é conhecimento. Conhecimento é a organização das informações”. E é aí que mora o desafio. O cenário que se coloca diante de todos nós é, além de desigual e excludente – porque menos da metade da população mundial tem acesso a todas as informações disponíveis, sejam elas na rede ou fora dela – profundamente desorganizado e poluído, o que, ao invés de nos conectar com as informações que nos permitem fazer escolhas evolutivas e voltadas ao bem-estar de toda a sociedade, está nos separando e esgarçando a teia que nos possibilita construir a empatia necessária para vivermos em um mundo mais justo e sustentável. Mais cedo do que gostaríamos, constatamos que informação demais confunde, desnorteia e faz tanto ou mais estrago do que a ignorância. Como afirma o escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano Umberto Eco: “O excesso de informação provoca amnésia. Informação demais faz mal. Quando não lembramos o que aprendemos, ficamos parecidos com animais. Conhecer é cortar, é selecionar. (…) Conhecer é filtrar”.

Portanto, é preciso formar para informar. Sobreviver a essa avalanche de informações sem se angustiar, sem se confundir com o que é verdade ou mentira e aprender a se defender da infoxitation – intoxicação por consumo excessivo de informações –, não é tarefa simples. Exige, sobretudo, ter a capacidade de fazer uma leitura crítica não apenas dos conteúdos veiculados nas mídias, como também das próprias mídias. “Um ambiente informacional desorganizado requer que cada pessoa perceba como ela também pode agir como um vetor nas guerras de informação, e desenvolva um conjunto de habilidades para lidar com a comunicação tanto on-line quanto off-line ”, afirma Claire Wardle, doutora em Comunicação pela Universidade da Pensilvâ n ia, EUA, e líder de pesquisa da First Draft, uma organização global sem fins lucrativos voltada para o combate à desinformação.

Etimologicamente, “crítica” se origina do grego krinein , que quer dizer “quebrar”. Sem apontar nenhum tipo de coincidência é possível relacionar “crítica” com uma outra palavra que tem a mesma raiz: “crise”. O que nos permite inferir que o leitor crítico provoca uma “crise” quando se depara com algum tipo de conteúdo. Ou seja, ele “quebra” essa informação em pedaços, desconstrói aquele “desenho” e coloca a ideia ali contida em outra perspectiva. Essa conduta provoca um deslocamento de certezas baseadas apenas em opiniões, de preconceitos estruturais repetidos de forma inconsciente e de visões de mundo cristalizadas. O leitor crítico consegue situar suas interpretações no contexto da cultura contemporânea de maneira a ressignificá-la, produzindo questionamentos que, por sua vez, geram uma nova compreensão da realidade. Nesse sentido, podemos afirmar que o leitor crítico atua como um agente “desintoxicante” desse ecossistema informacional desorganizado quando consegue identificar e transformar a desinformação e seus derivados. Porém, formar o leitor crítico não é algo simples e rápido. Muito pelo contrário. Trata-se de uma tarefa a longo prazo, que deve ser planejada e levada a cabo por um conjunto de atores nas mais diferentes funções sociais. Sem dúvida que a chamada AMI (Alfabetização Midiática e Informacional) deve ser incluída na escola, nos diferentes segmentos, desde a mais tenra infância. Mas não somente. A formação do leitor crítico tem a ver com diferentes ações que acontecem em casa, quando a família não apenas lê junto, mas também dialoga sobre o que acontece em seu cotidiano; na cidade, que amigavelmente disponibiliza bibliotecas e centros culturais onde a troca de ideias e a livre expressão ocorrem cotidianamente; na sociedade civil que, atenta, checa e cobra o acesso aos bens culturais de qualidade a que todos têm direito e, é claro, nos meios de comunicação, responsáveis pela circulação desse “mar de informações”, ao se colocarem como um centro de debate e transmissão de ideias de maneira ética e transparente. Todos esses atores são responsáveis por colaborar para que todos nós, cidadãos, possamos desenvolver uma estrutura sólida de competências e habilidades que nos permitam assegurar os nossos conhecimentos.

Aliás, é interessante refletirmos sobre o conceito de “segurança epistêmica” que expõe Elizabeth Seger, pesquisadora da Universidade de Cambridge e do Centro Leverhulme para o Futuro da Inteligência, do Reino Unido. Esse postulado se relaciona com a manutenção do nosso saber seguro, o que nos garantiria que estejamos, a princípio, bem informados. “A segurança epistêmica, portanto, envolve a garantia de que realmente sabemos o que sabemos, que podemos identificar alegações sem fundamento ou que não são verdadeiras, e que nossos sistemas de informação são robustos a ‘ameaças epistêmicas’, como notícias falsas”, afirma ela.

Ou seja, saber o que sabemos, e consequentemente, do que não sabemos e o que desejamos saber, é o que se denomina curadoria do conhecimento. Para além das definições mais superficiais, essa curadoria relaciona-se com a capacidade de selecionar o que é importante saber. Curar, em português lusitano é “pensar”. Curar o conhecimento, fazer a curadoria, portanto, pode ser definido como pensar sobre o que se quer saber, para quê, por quê. Fazer boas escolhas diante de um catálogo infindável de conteúdos é saber separar a informação útil e verdadeira daquela irrelevante ou falsa, além de conseguir diferenciar as nuances que ficam entre uma e outra, que não são poucas. Esse exercício é o que vai nos conferir uma estrutura cognitiva sólida e resistente, para compreendermos e lidarmos com a complexidade desse ecossistema informacional ambíguo, incerto e volátil no qual estamos inseridos.

ALVES, Januária Cristina. Ser bem formado para tornar-se bem informado. Nexo, [s. l.], 5 ago. 2021. Disponível em: https://www.nexojornal. com.br/colunistas/2021/08/05/ser-bem-formado-para-tornar-se-bem-informado. Acesso em: 30 jun. 2024.

1. No início do texto, a autora destaca a importância da formação acadêmica para a formação de cidadãos bem informados. Explique como essa relação é desenvolvida ao longo do texto e quais argumentos a autora utiliza para sustentá-la.

2. A autora menciona que a desinformação é um desafio significativo na era digital. Quais estratégias o texto sugere para combater a disseminação de fake news e por que elas são eficazes?

3. De acordo com o texto, quais são as consequências da desinformação para a sociedade e para o processo democrático? Dê exemplos mencionados pela autora.

4. A autora trata da importância da educação contínua para manter-se bem informado. Como ela relaciona essa ideia com a necessidade de adaptação às mudanças tecnológicas e sociais?

5. No texto, a autora menciona várias fontes de desinformação e seus impactos. Em sua opinião, quais são os principais desafios para a implementação das estratégias sugeridas para combater a desinformação? Justifique sua resposta com base nos argumentos apresentados no texto.

Prova de redação do Enem: o gênero dissertativo-argumentativo

Como apresentado no Capítulo 1, a prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é um dos componentes mais desafiadores e importantes para os candidatos. Ela avalia não apenas a capacidade de escrita mas também a habilidade de argumentar, criticar e propor soluções para problemas sociais relevantes.

A seguir, serão exploradas as características essenciais do texto dissertativo-argumentativo, o gênero textual exigido na redação do Enem, e apresentadas dicas valiosas para uma produção textual de qualidade.

O texto dissertativo-argumentativo é composto de três partes fundamentais: introdução, desenvolvimento e conclusão. Cada uma dessas partes tem um papel fundamental na construção do texto.

A introdução é o primeiro contato do leitor com o texto e, por isso, deve ser clara e objetiva. Nela, o autor deve apresentar o tema que será discutido e a tese, ou seja, o ponto de vista que será defendido ao longo do texto. Uma boa introdução pode conter uma breve contextualização do tema, dados estatísticos, citações ou perguntas retóricas que despertem o interesse do leitor. O desenvolvimento é a parte do texto em que os argumentos são expostos e detalhados. É importante que cada parágrafo apresente um argumento principal, sustentado por exemplos, dados, citações ou explicações. Os parágrafos devem estar conectados de forma coesa, garantindo uma progressão lógica das ideias.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

A conclusão é o momento de retomar a tese apresentada na introdução e reforçar os principais argumentos desenvolvidos no texto. Além disso, é importante que o autor apresente uma proposta de intervenção para o problema discutido, conforme exigência específica do Enem. A proposta deve ser detalhada, viável e respeitar os direitos humanos.

A redação do Enem é uma oportunidade de demonstrar não apenas habilidades de escrita mas também pensamento crítico e capacidade de argumentação. Com uma estrutura bem definida e argumentos sólidos, é possível construir um texto dissertativo-argumentativo de qualidade. Ao longo deste livro, serão trabalhados os principais aspectos envolvidos na produção de uma redação para o Enem de excelência.

DICAS

PARA REDAÇÃO DO ENEM

1. Leitura atenta da proposta: leia atentamente a proposta de redação antes de começar a escrever. Identifique o tema e os pontos que devem ser abordados.

2. Planejamento: faça um planejamento do seu texto. Estruture a introdução, os argumentos principais e a conclusão. Um bom planejamento ajuda a organizar as ideias e evitar repetições ou omissões.

3. Clareza e objetividade: seja claro e objetivo na exposição das suas ideias. Evite períodos longos e complexos que possam dificultar a compreensão.

4. Coesão e coerência: use conectivos e pronomes para garantir a coesão textual. Certifique-se de que seus argumentos estão bem encadeados e fazem sentido no contexto geral do texto.

5. Revisão: reserve um tempo para revisar seu texto. Verifique erros gramaticais, ortográficos e de pontuação. A revisão é um processo indispensável para a entrega de uma redação bem-feita.

6. Proposta de intervenção: lembre-se de incluir uma proposta de intervenção que seja detalhada e viável, respeitando os direitos humanos. Esta é uma exigência do Enem e pode impactar significativamente sua nota.

REDAÇÃO NOTA 1 000

Consulte Orientações para o professor.

A redação a seguir conseguiu nota 1 000 na prova do Enem pela excelente estrutura argumentativa, coerência e coesão textuais, riqueza vocabular, correção gramatical e relevância e profundidade do tema abordado. A capacidade de articular argumentos sólidos com referências teóricas relevantes e propor soluções práticas é um grande diferencial, evidenciando um nível elevado de conhecimento e reflexão crítica.

Antes de ler o texto da candidata Maria Luiza Januzzi, confira a proposta de redação do Enem de 2023 sobre a qual a redação foi escrita. Depois da leitura do texto, realize as atividades propostas.

De acordo com a pensadora brasileira Djamila Ribeiro, o primeiro passo a ser tomado para solucionar uma questão é tirá-la da invisibilidade. Porém, no contexto atual do Brasil, as mulheres enfrentam diversos desafios para que seu trabalho de cuidado seja reconhecido, gerando graves impactos em suas vidas, como a falta de destaque. Nesse sentido, essa problemática ocorre em virtude da omissão governamental e da influência midiática.

Dessa forma, em primeiro plano, é preciso atentar para o descaso estatal em relação aos obstáculos enfrentados diariamente por mulheres que trabalham como cuidadoras. Segundo John Locke, “as leis fizeram-se para os homens e não para as leis”. No entanto, a inércia governamental direcionada à tais pessoas não cumpre com o previsto na Carta Magna, visto que a falta de investimento em políticas públicas causa dificuldades no âmbito profissional deste setor — como a desvalorização salarial. Isso contribui para que suas necessidades sejam cada vez mais negligenciadas.

Além disso, a influência dos meios digitais é um fator agravante no que tange ao problema. Para Chimamanda Adichie, mudar o “status quo ” — o estado atual das coisas — é sempre penoso. Essa conjuntura pode ser observada no papel que a mídia possui na luta diária de mulheres que exercem o trabalho do cuidado ou doméstico, uma vez que ela auxilia no fortalecimento de uma mentalidade social machista no país. Isso ocasionou o silenciamento da população feminina, enraizando a lógica do patriarcado na sociedade. Diante do exposto, as mulheres perdem a voz na busca por direitos profissionais na área de cuidado, ao ser propagada a ideia de que essa função é sua, e somente sua, obrigação.

Portanto, é necessário que esta situação seja dissolvida. Para isso, o governo, órgão responsável por garantir a condição e existência de todos, deve prover apoio psicológico e financeiro às cuidadoras, por meio de investimentos e pelo exercício das leis, a fim de sanar a vulnerabilidade socioeconômica existente no cotidiano desses grupos. Paralelamente, os meios de comunicação precisam combater a lógica de inferioridade e a concepção machista agregadas a este trabalho. Assim, será possível solucionar esta questão, pois será retirada do cenário de invisibilidade, como propõe Djamila.

LEIA redações nota mil do Enem 2023. G1, [s. l.], 19 mar. 2024. Autora: Maria Luiza Januzzi, de Valença (RJ). Disponível em: https:// g1.globo.com/educacao/noticia/2024/03/19/redacoes-nota-mil-do-enem-2023.ghtml. Acesso em: 19 mar. 2024.

1. Individualmente ou em grupo, identifique e anote no caderno a tese da redação de Maria Luiza.

2. Marque cada parágrafo do desenvolvimento com uma breve descrição do argumento principal.

3. Destaque a conclusão e as soluções propostas.

4. Qual é a função de cada uma dessas partes na construção do texto?

5. Com relação ao desenvolvimento do texto, como as evidências fortalecem o argumento? Existem argumentos que poderiam ser mais bem desenvolvidos?

6. Escolha um parágrafo da redação e reescreva-o com suas próprias palavras, mantendo o argumento e as evidências.

7. Após a reescrita, discuta com os colegas como diferentes formas de expressar a mesma ideia podem impactar a clareza e a persuasão do texto.

8. Como a escolha de palavras e a estrutura das frases afetam a compreensão do argumento?

CIDADANIA EM MOVIMENTO

Consulte Orientações para o professor

“Toda pessoa tem direito à autonomia corporal e a viver em segurança”, afirma Diretora Executiva do UNFPA no Dia

Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher

Declaração da Diretora Executiva do UNFPA, Dra. Natalia Kanem, no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher

Com a população global chegando recentemente a 8 bilhões, podemos comemorar muitos sinais de progresso humano. Melhor saúde e vidas mais longas nos trouxeram a este ponto. No entanto, uma realidade preocupante é como o progresso tem sido desigual e como a violência sistemática contra mulheres e meninas ainda rouba a dignidade, o bem-estar e o direito à paz.

Isso persistirá enquanto os direitos e escolhas das mulheres forem tratados como inferiores aos dos homens e enquanto seus corpos não forem considerados seus.

A violência contra mulheres e meninas acontece em todos os lugares. Predomina em residências, escolas, empresas, parques, transporte público, arenas esportivas e, cada vez mais, online. Ela aumenta no contexto das mudanças climáticas e em tempos de guerra. Para mulheres e meninas, nenhum lugar é completamente seguro. A violência contra eles continua sendo a violação de direitos humanos mais crônica, mais devastadora e mais negligenciada do mundo. No entanto, a violência contra mulheres e meninas é completamente evitável. Podemos parar esta crise agindo em solidariedade com o crescente número de pessoas que se levantam e dizem “basta”. Toda pessoa tem direito à autonomia corporal e a viver em segurança. Neste Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, o UNFPA está com seus parceiros da ONU e a Campanha Una-se do Secretário-Geral das Nações Unidas pedindo aos governos e aliados que ajam agora para acabar com a violência contra mulheres e meninas em toda a sua diversidade.

Parar a propagação da violência facilitada pela tecnologia tornou-se uma prioridade urgente. O mundo online está inundado de assédio, ódio e abuso, alguns dos quais se espalham por espaços não virtuais com consequências mortais. Surpreendentes 85% das mulheres vivenciam ou testemunham violência online, de acordo com a Economist Intelligence Unit. As proporções são ainda maiores em lugares onde a desigualdade de gênero permanece mais profundamente arraigada. E o abuso e o dano podem ser agravados devido a fatores que se cruzam, como raça, deficiência e religião. Nossas medidas de prevenção e resposta à violência de gênero também devem levar esses fatores em consideração.

A campanha Bodyright do UNFPA está estimulando a conscientização global de como os logotipos corporativos e outros materiais protegidos por direitos autorais desfrutam de maior proteção online do que os corpos de seres humanos. Esta campanha ajudou a lançar um movimento global diversificado para impedir a violência facilitada pela tecnologia, que liga ativistas dos direitos das mulheres aos reguladores governamentais e fornecedores de tecnologia do setor privado. Criada há apenas um ano, a Global Partnership for Action on Gender-Based Online Harassment and Abuse, que inclui o UNFPA entre seus líderes, já está gerando novas parcerias, visibilidade e ação.

Sinais crescentes de mudança são evidentes na nova legislação de segurança online no Reino Unido e nos Estados Unidos. A República Democrática Popular do Laos adotou ferramentas

BUSCAR MAIS CONHECIMENTO

para equipar os prestadores de serviços para responder à violência facilitada pela tecnologia. A Tunísia lançou um aplicativo para ajudar os jovens a navegar com segurança no mundo online

A Argentina integrou o tema nos currículos abrangentes de educação sexual.

O setor privado também começou a dar alguns passos nessa direção. Empresas de tecnologia introduziram novos controles sobre rastreamento de localização online e compartilhamento de dados, por exemplo. Outros estão mascarando informações de identificação para limitar o uso tendencioso e até mesmo beligerante de dados.

Todos esses são bons pontos de partida, mas muito ainda precisa ser feito. Além das leis e verificações de segurança, por mais importantes que sejam, também precisamos transformar radicalmente a forma como vemos os direitos das mulheres e meninas de fazer escolhas sobre seus corpos e viver livres da violência. Isso significa romper com normas sociais e de gênero prejudiciais e desmantelar todas as barreiras a esses direitos, começando pelas pessoas mais marginalizadas que são submetidas à violência e à discriminação mais agudas.

Vamos todos nos inspirar no compromisso de ativistas em todos os setores e em todo o mundo que estão se mobilizando e avançando, unidos e determinados. Junte-se ao movimento Bodyright para acabar com a violência contra mulheres e meninas, para todos, para sempre. […]

FUNDO DE POPULAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (UNFPA). “Toda pessoa tem direito à autonomia corporal e a viver em segurança”, afirma Diretora Executiva do UNFPA no Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher Brasília, DF: UNFPA, 24 nov. 2022. Disponível em: https://brazil.unfpa.org/pt-br/news/toda-pessoa-tem-direito-a-autonomia -corporal-e-viver-em-seguranca-afirma-diretora-executiva-do-unfpa. Acesso em: 4 jul. 2024.

■ Diretora Executiva do UNFPA, Dr.a Natália Kanem. Nova Iorque, 2021.

1. Quais são algumas ações práticas que você, a escola e a comunidade podem tomar para ajudar a eliminar a violência contra a mulher?

2. Como a educação sobre igualdade de gênero pode ajudar a prevenir a violência contra a mulher em sua comunidade?

3. Pesquise a situação da violência contra a mulher no Brasil e no mundo. Em seguida, prepare uma apresentação, em grupo, que aborde os seguintes pontos.

a) Estatísticas atuais sobre violência contra a mulher;

b) Iniciativas governamentais e não governamentais de combate à violência de gênero;

c) Casos emblemáticos e suas repercussões;

d) Propostas de soluções que vocês consideram eficazes.

PRÁTICAS DE LINGUAGEM

Uso

de citações

e discurso direto e indireto

O uso de citações e a transição entre discurso direto e indireto são habilidades essenciais na construção de textos dissertativo-argumentativos. Citações fortalecem a argumentação ao introduzir a voz de especialistas e fontes autorizadas, enquanto o domínio do discurso direto e indireto aprimora a clareza e a fluidez textual.

Uso de citações na redação

Citações são trechos retirados de obras ou falas de autores que corroboram ou contradizem um argumento. Elas conferem credibilidade ao texto, mostrando que o autor pesquisou e fundamentou as ideias dele. Além disso, permitem que o leitor conheça diferentes perspectivas sobre o tema abordado.

Tipos de citações

• Citação direta: transcrição exata das palavras de um autor. Deve ser usada com aspas e acompanhada da referência. Exemplo: Segundo John Locke, “as leis fizeram-se para os homens e não para as leis”.

• Citação indireta: paráfrase, utilizando suas próprias palavras, das ideias de um autor, mantendo o sentido original. Exemplo: John Locke afirmou que as leis foram feitas para os homens e não para as leis.

Regras em citações

• Pontuação: citações diretas devem ser incluídas entre aspas duplas. Nos casos de citações diretas, o ponto-final deve ser inserido ao final da frase, e não ao final da citação. Exemplo: Segundo Locke, “as leis fizeram-se para os homens e não para as leis”.

• Referência: em publicações mais formais, como livros e teses de mestrado ou doutorado, por exemplo, a citação deve ser seguida da referência do autor, do ano de publicação e, se aplicável, da página. Exemplo: Segundo Locke (1690, p. 23), “as leis fizeram-se para os homens e não para as leis”.

Força argumentativa das citações

Introdução de citações: as citações devem ser introduzidas no texto de forma natural, integrando-se ao fluxo da argumentação. Exemplo: O filósofo John Locke defende que “as leis fizeram-se para os homens e não para as leis”, o que destaca a importância de legislações que atendam às necessidades humanas.

Comentário sobre as citações: após citar uma fonte, é fundamental interpretar e relacionar a citação ao argumento que está sendo desenvolvido. Exemplo: Isso sugere que as políticas públicas devem focar as necessidades concretas dos indivíduos, garantindo direitos básicos e qualidade de vida.

Discurso direto e indireto

O discurso direto reproduz exatamente as palavras de alguém, geralmente acompanhado de verbos dicendi (dizer, afirmar, perguntar). Exemplo: Maria disse: “Vou ao mercado agora”. Já o discurso indireto transforma a fala de alguém em uma descrição, adaptando pronomes, tempos verbais e, eventualmente, outras estruturas textuais, como advérbios. Exemplo: Maria disse que iria ao mercado naquele momento.

Adaptações gramaticais entre os discursos

Pronomes: no discurso indireto, pronomes de primeira e segunda pessoa são alterados para terceira pessoa. Exemplo: “eu vou” torna-se “ela/ele vai”.

Tempos verbais: os tempos verbais podem mudar para manter a coerência temporal. Exemplo: “vou”, no presente no discurso direto, pode se transformar em “iria”, no futuro do pretérito no discurso indireto.

• Advérbios de tempo e lugar: muitas vezes, é necessário ajustar advérbios de tempo e lugar.

Exemplo: “hoje” pode se transformar em “naquele dia” no discurso indireto.

Impacto textual do discurso direto e indireto

• Discurso direto: traz vivacidade ao texto, aproximando o leitor do momento da fala original. Exemplo: “Vou ao mercado agora”, disse Maria.

• Discurso indireto: fornece uma narração mais fluida e integra melhor as falas às descrições e às análises do autor. Exemplo: Maria disse que iria ao mercado naquele momento.

Consulte Orientações para o professor.

1. Transforme as seguintes frases do discurso direto para o discurso indireto, utilizando temas e frases da redação fornecida.

a) De acordo com a paráfrase feita por Maria Luiza Januzzi, Djamila Ribeiro declarou: “O primeiro passo a ser tomado para solucionar uma questão é tirá-la da invisibilidade”.

b) John Locke afirmou: “As leis fizeram-se para os homens e não para as leis”.

c) Chimamanda Adichie disse: “Mudar o ‘status quo’ — estado atual das coisas — é sempre penoso”.

2. Escolha três temas de interesse e pesquise três citações de diferentes autores para cada um desses temas. Escreva três parágrafos, um para cada citação encontrada, com essas citações integradas a eles de forma coesa e coerente, explicando como cada uma delas fortalece seu argumento.

Gêneros literários

Quando se estudam os gêneros textuais, não é difícil perceber a função de cada um deles. Uma bula de remédio, por exemplo, serve para dar informações sobre a ação do medicamento; já um bilhete serve para deixar um recado breve e pessoal para alguém. O que dizer, entretanto, sobre os propósitos de um gênero literário? Por que um romance é escrito? Para que se faz um poema? Inúmeras respostas já foram dadas a essas questões. Por levantarem aspectos intrínsecos dos textos literários, elas demandam reflexões a respeito dessa manifestação artística. Em razão dessa especificidade, não é possível compreender os gêneros literários como uma subcategoria de gêneros textuais; eles abrangem um campo específico: o das artes.

2006.

Para o professor e crítico literário Antonio Candido de Mello e Souza (1918-2017), em seu ensaio “O direito à literatura”, a arte literária presta-se a resgatar os traços essenciais da humanidade. Dessa forma, a função da literatura é trazer um aspecto mais “humanizador”. É a literatura a arte privilegiada que possibilita o exercício da reflexão, a aquisição de conhecimento, a manifestação da boa disposição para com o próximo, a apuração das emoções, o desenvolvimento da capacidade de aprofundar nas questões da vida, além de aguçar a sensibilidade humana em relação ao que é belo, à complexidade do mundo e dos seres, e tantas outras possibilidades. Segundo o autor:

Os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudiciais, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas.

CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: LIMA, Aldo et al. (org.). O direito à literatura . Recife: Editora Universitária UFPE, 2012. p. 24.

■ O crítico literário Antônio Cândido (1918-2017) na biblioteca de sua casa. São Paulo (SP),

Os gêneros compostos nesses moldes denominam-se gêneros literários, e esse agrupamento abrange os mais diversos textos produzidos com finalidade estética, como o romance, o poema, o texto teatral, a canção e a crônica.

A divisão da literatura em gêneros

A divisão da literatura em gêneros nasceu da necessidade do ser humano de classificar e organizar conceitos. O primeiro pensador a propor uma classificação dos diferentes gêneros literários foi Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), no século IV a.C. O filósofo propôs a divisão das produções da época em três grandes grupos: o lírico, o épico e o dramático.

No gênero lírico , os textos expressam os sentimentos do eu poético. Criado originalmente para ser cantado, o gênero recebe esse nome em virtude da lira — instrumento de cordas responsável pelo acompanhamento musical da declamação. Misturam-se nesse gênero as funções poética e, principalmente, emotiva. Atualmente, o gênero lírico diz respeito à poesia.

No gênero épico , as epopeias são narrativas extensas escritas para celebrar os feitos de um povo por meio da figura central de um herói. Sempre repletas de maravilhas, podem ser escritas em versos ou em prosa.

No gênero dramático, os textos são composições criadas para ser encenadas em teatros. A ação é o elemento central desse gênero, que se desenvolve por meio de diálogos, por isso, muitas vezes, a presença de um narrador é dispensada. Em prosa ou em versos, o gênero dramático é dividido em tragédia, comédia, auto, farsa e drama.

Os estudos empreendidos por alguns filósofos, especialmente por Aristóteles, pretendiam classificar fenômenos literários de seu tempo para melhor entendê-los. No entanto, com o decorrer dos séculos, essas classificações passaram a ser tomadas como referência para julgar a qualidade de um texto. Em outras palavras, Aristóteles apenas descreveu como

■ Mosaico que retrata as máscaras trágica e cômica do século I a.C. Museus Capitolinos, em Roma (Itália), 2009.

NEMER, Rafael. [Desamparo: Um mundo cheio de heróis deprimidos]. Infame Lúdico, [s l.], 17 ago. 2014. Disponível em: https://infameludico.blogspot. com/2014/08/desamparo.html. Acesso em: 10 nov. 2024.

Ampliando saberes

No podcast Estado da Arte, há um episódio específico sobre a Poética de Aristóteles, que conta com a participação do professor de Língua e Literatura Grega da USP, André Malta, e dos tradutores da obra, Vicente Sampaio, pesquisador da Unicamp, e Fernando Gazoni, professor de Língua e Literatura Grega da Unifesp. Nele, há uma discussão sobre a obra e seu impacto na produção poética até os dias de hoje.

era a poesia de sua época (gênero lírico), sem pretensão de dizer como devem ser escritos textos poéticos, e sua descrição, entretanto, transformou-se em modelo. Assim, por muito tempo, os gêneros lírico, épico e dramático, como apresentados por Aristóteles, funcionaram como uma forma de restrição para os textos artísticos.

Na tira da página anterior — um gênero textual contemporâneo —, é possível perceber um hibridismo entre os gêneros na fusão da emotividade característica do lírico com o herói que tem uma missão universal, ideia tomada do gênero épico.

■ E STADO DA ARTE: A "poética" de Aristóteles. Entrevistador: Marcelo Consentino. Entrevistados: André Malta, Vicente Sampaio e Fernando Gazoni.

[S. l.]: Estado da Arte, 2022. Podcast. Disponível em: https://open.spotify.com/ episode/1jnXh8NZxmtkZoKarnD0Mt. Acesso em: 25 set. 2024.

PARA REFLETIR

Consulte Orientações para o professor.

Adaptação de gênero literário para HQs

As adaptações são frequentes tanto em relação às mídias — livro para o cinema, por exemplo, — quanto em relação aos gêneros — conto para o cordel. Observe a adaptação de um gênero literário, o romance de cavalaria, para o mundo das histórias em quadrinhos (HQs).

GALHARDO, Caco. Dom Quixote em quadrinhos. [Adaptado da obra de] Miguel de Cervantes Saavedra. Tradução: Sérgio Molina. São Paulo: Peirópolis, 2005. v. 1. p. 21. (Clássicos em HQ).

GALHARDO, Caco. Dom Quixote em quadrinhos. [Adaptado da obra de] Miguel de Cervantes Saavedra. Tradução: Sérgio Molina. São Paulo: Peirópolis, 2005. v. 1. p. 21. (Clássicos em HQ).

1. Essa obra foi adaptada do romance de cavalaria Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Nos tópicos a seguir, relacione como as características do texto narrativo presentes no romance são apresentadas na HQ.

a) Discurso direto.

b) Narrador.

c) Sequências descritivas e narrativas.

d) Tempo.

2. Em sua opinião, é necessário que todas as marcas do gênero de origem apareçam no gênero de destino? Compartilhe sua resposta com a turma.

3. Nessa narrativa, a personagem Dom Quixote acredita ter entrado no mundo das histórias de cavalaria, as quais relatam aventuras fantásticas de cavaleiros honrados e destemidos que enfrentavam batalhas por amor e pelo bem de todos. Sob essa perspectiva, como é possível diferenciar as visões de mundo das duas personagens presentes na página da HQ?

4. Como Dom Quixote é considerado diante dos conflitos de ideologia e preceitos?

EM PRÁTICA

Consulte Orientações para o professor

A redação para o Enem

Agora que você conheceu um pouco mais o texto dissertativo-argumentativo, modelo exigido na redação do Enem, é hora de aplicar esses aprendizados. Sua tarefa será produzir uma redação sobre o tema “Trabalho doméstico no Brasil: desafios e perspectivas”, seguindo a estrutura de introdução, desenvolvimento e conclusão com propostas. Reflita sobre como as técnicas argumentativas podem ser aplicadas ao tema e utilize o infográfico fornecido como ponto de partida para seu texto.

Fonte: DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTASTÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS. Trabalho doméstico no Brasil. São Paulo: DIEESE, 2022. Disponível em: https://www.dieese.org.br/infografico/2022/trabalhoDomestico.html. Acesso em: 4 jul. 2024.

Organizar

Antes de iniciar a etapa de escrita, é necessário planejar o texto.

• Faça um esquema do que pretende abordar em cada parágrafo.

• Realize uma curadoria de informações sobre o tema para selecionar palavras-chave e definir o recorte temático.

• Após fazer a pesquisa e consultar o infográfico fornecido, defina a tese que você irá defender e determine quais estratégias argumentativas serão utilizadas nos parágrafos do desenvolvimento. Procure utilizar citações, como apresentadas no Capítulo, para conferir mais força e impacto a seus argumentos.

Produzir

Agora, chegou a hora de produzir a primeira versão do seu texto.

• Retome as anotações e as pesquisas feitas na etapa anterior e selecione as informações que vão compor cada parágrafo.

• Para defender a sua tese, por exemplo, você pode utilizar dados e informações históricas, exemplos, citações de especialistas ou contra-argumentações.

• É importante definir a ideia central de cada parágrafo e prever como você irá ampliá-la, mobilizando as estratégias argumentativas estudadas, por exemplo, na seção Redação nota 1 000 deste Capítulo.

• Ao produzir o rascunho, cuide da progressão do seu texto, bem como da utilização da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

• Após a produção, releia cada parágrafo para verificar se as ideias foram expostas de forma clara e coerente e se o texto apresenta a estrutura e as características do texto dissertativo-argumentativo.

Avaliar

Levando em consideração as questões a seguir, revise a primeira versão do seu texto.

1. O recorte temático e a tese estão evidentes? Justifique sua resposta.

2. No desenvolvimento, quais estratégias argumentativas foram empregadas em cada parágrafo?

3. De que forma as estratégias argumentativas empregadas no texto podem contribuir para que o leitor concorde com a tese defendida?

Após seguir todas as etapas indicadas nesta seção, passe a sua redação a limpo em uma folha separada, que deverá ser entregue ao professor para avaliação.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

O Capítulo distingue tipos e gêneros textuais, destacando que os tipos, como narração, descrição, argumentação, dissertação e injunção, são definidos por suas marcas linguísticas, enquanto os gêneros são caracterizados por suas funções sociocomunicativas e sua inserção histórica e contextual, como notícias, reportagens, poemas, cartas e receitas. A compreensão do conceito de gênero é fundamental para reconhecer suas funções sociais. O capítulo ainda ressalta a importância da educação midiática para desenvolver a leitura crítica e combater a desinformação. Agora, chegou o momento de sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder, com suas palavras, às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para que seja possível elaborar suas respostas.

1. Quais são os principais tipos textuais abordados no Capítulo e como eles se diferenciam?

2. Explique a diferença entre tipos textuais e gêneros textuais.

3. De que forma a educação midiática pode ajudar a combater a desinformação e o preconceito?

4. Como os gêneros textuais podem ser adaptados para diferentes campos de atuação?

5. Qual é a estrutura de um texto dissertativo-argumentativo e qual é a importância de cada uma de suas partes?

6. Quais são as características fundamentais de uma boa redação para o Enem?

Refletir e avaliar

Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sua aprendizagem ao longo do Capítulo. Para isso, em seu caderno, reproduza o seguinte quadro e responda às questões a seguir. Depois, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote-as nas observações. Questão

Realizei as tarefas que estavam sob minha responsabilidade.

Compreendi e consegui sintetizar os conhecimentos sobre tipos e gêneros textuais.

Produzi com empenho de aprendizagem todas as propostas de atividades sobre texto dissertativo-argumentativo e pesquisa.

Considerei as necessidades dos grupos dos quais participei nas atividades e agi com colaboração e ética em relação às minhas responsabilidades e ao grupo.

A proposta de redação para o Enem e o papel da coletânea

Informações do Capítulo

Campos de atuação: vida pública e práticas de estudo e pesquisa Tema Contemporâneo Transversal : Educação em Direitos Humanos

Principais objetivos:

1. Compreender as características e a estrutura da proposta de redação do Enem, reconhecendo os critérios de correção e avaliação adotados pela banca examinadora.

2. Analisar a função da coletânea de textos motivadores na elaboração da redação do Enem, identificando como esses textos podem ser utilizados para construir argumentos consistentes.

3. Aplicar estratégias de leitura crítica para interpretar a coletânea fornecida na proposta de redação, utilizando-a de forma eficiente na construção da tese e dos argumentos no texto dissertativo-argumentativo.

4. Elaborar uma redação dissertativo-argumentativa conforme os critérios do Enem, integrando de forma adequada as informações da coletânea,

■ Quilombolas durante a apresentação da dança Jongo. Quilombo Boa Esperança, Presidente Kennedy (ES), 2019.

O tema na proposta de redação do Enem

A proposta de redação a ser produzida para o Enem é baseada em um tema, que precisa ser identificado e desenvolvido de acordo com a estrutura textual dissertativo-argumentativa.

O tema da redação do Enem é predominantemente objetivo e de relevância social, política, econômica ou cultural, o que exige dos candidatos uma visão crítica e uma postura reflexiva.

A escolha do tema não é aleatória; ela está diretamente relacionada a questões contemporâneas e frequentemente abordadas no contexto brasileiro. Portanto, estar atualizado com as notícias e os debates atuais é fundamental para uma boa preparação.

Ao receber a proposta de redação, o primeiro passo é analisar cuidadosamente o tema. Isso inclui ler com atenção a frase temática e os textos motivadores que a acompanham. A frase temática é a base de sua redação e delimita o foco da argumentação. Os textos motivadores fornecem contextos, dados e perspectivas que podem ser utilizados para enriquecer a argumentação e fundamentar o ponto de vista do candidato.

Compreender o que exatamente está sendo solicitado é decisivo para o sucesso de sua produção. O tema deve ser delimitado para evitar divagações e para garantir que o texto esteja centrado na problemática apresentada. Por exemplo, se o tema for “Os desafios da educação inclusiva no Brasil”, o candidato deve abordar especificamente os desafios, sem se desviar para outros aspectos da educação que não estejam relacionados diretamente à inclusão.

Tema e tese

Independentemente do tema, a proposta de redação do Enem solicita ao candidato a produção de um texto dissertativo-argumentativo. Para desenvolvê-lo, é necessário elaborar uma tese e sustentá-la com base em argumentos.

Leia, a seguir, o tema da proposta de redação apresentado no Enem 2019.

DEMOCRATIZAÇÃO DO ACESSO AO CINEMA NO BRASIL

Com base nesse tema objetivo, algumas teses podem ser formuladas. Observe alguns exemplos a seguir.

• Apesar da democratização do cinema, ele ainda é inacessível para grande parte da população brasileira.

• A concentração de salas de cinema em grandes centros urbanos e os preços elevados dos ingressos dificultam o acesso das classes menos favorecidas.

• O alto custo de alimentos e de bebidas vendidos pelas empresas proprietárias das salas de cinema pode determinar o perfil do público que circula nesses espaços.

As teses citadas apresentam uma delimitação do tema e revelam um posicionamento do autor em relação ao problema; por meio delas, a linha argumentativa será desenvolvida.

É fundamental entender a diferença entre tema e tese. Ambos são elementos essenciais na construção de um texto dissertativo-argumentativo, mas desempenham papéis distintos.

• Tema

Definição: o tema é o assunto central sobre o qual a redação deve ser desenvolvida. É a proposta apresentada na prova do Enem que delimita o campo de discussão.

Exemplo: suponha que o tema seja “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, então esse é o assunto que todos os candidatos deverão abordar em seus textos.

• Tese

Definição: a tese é a opinião ou o posicionamento do autor sobre o tema proposto. Ela apresenta a perspectiva que o candidato defenderá ao longo da redação, embasada em argumentos.

Exemplo: se o tema é “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira”, uma possível tese poderia ser: “A violência contra a mulher persiste na sociedade brasileira por causa da falta de políticas públicas eficazes e da cultura machista enraizada”.

Resumindo:

• Tema: é o que se pede para discutir. É o ponto de partida fornecido pela proposta de redação.

• Tese: é a resposta ou a posição do autor sobre o tema. É a ideia central que será defendida e argumentada ao longo do texto.

Fuga ao tema

O candidato que não atentar ao tema proposto pode ser penalizado na avaliação e receber uma pontuação menor ou nota zero por causa da fuga ao tema. Para evitar que isso aconteça, é necessário ler a proposta com muita atenção e identificar a temática que deve ser abordada na redação. Uma estratégia eficiente é o estabelecimento de palavras-chave que possam nortear a escrita. Para compreender essa estratégia, considere os seguintes temas propostos em edições diferentes do Enem.

Tema 1 – A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo? (Enem, 2003)

Tema 2 – A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira. (Enem, 2015)

Os dois temas giram em torno de uma palavra-chave: violência. Entretanto, esse assunto é explorado de maneira diferente em cada um deles. No primeiro caso, a palavra-chave é abordada de acordo com uma interpretação mais abrangente e engloba toda a sociedade brasileira,

enquanto o verbo mudar pressupõe a necessidade de o candidato propor sugestões de intervenção que apresentem alternativas para o cenário atual.

Já no segundo caso, a violência deve ser analisada sob o viés de sua ocorrência contra um grupo social específico, o de mulheres, ainda sob a perspectiva da sociedade brasileira. O termo persistência também pode ser considerado uma palavra-chave para a identificação desse tema, uma vez que ressalta que a continuidade, na prática, dessa violência específica deve ser abordada pelo candidato.

Desse modo, a correta identificação de palavras-chave pode orientar a escrita e ajudar a evitar a fuga ao tema.

Agora, considere o tema a seguir.

O amor no tempo das redes sociais

Com base nesse tema, não se poderia abordar, por exemplo, a importância das redes sociais para o mercado de trabalho. Isso porque não há como vincular a situação mercadológica do trabalho às palavras apresentadas.

Por mais que isso pareça óbvio, a fuga ao tema é um erro frequente entre os candidatos que realizam as provas de redação. Se o tema tem duas ou mais palavras-chave, a escrita precisa estabelecer a relação entre esses eixos. No caso desse exemplo hipotético, o texto deveria abordar e desenvolver a relação entre o amor e as redes sociais.

Leia, a seguir, um trecho de reportagem que apresenta uma situação concreta de estudantes que não atenderam ao tema de redação proposto no exame em 2018.

Na edição de 2018, por exemplo, os candidatos tiveram de escrever sobre: “manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”. Quem dissertou apenas sobre tecnologia, por exemplo, mas não abordou questões específicas da internet, teve o texto anulado pela banca avaliadora.

TENENTE, Luiza. Enem 2021: como escapar da nota zero na redação? Veja vídeo com dicas. G1, [Rio de Janeiro], 23 set. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/enem/2021/noticia/2021/09/23/enem-2021-como-escapar-da-nota-zero-na-redacao-veja-video-com -dicas.ghtml. Acesso em: 13 set. 2024.

Ao ler esse trecho de reportagem, percebe-se que os candidatos tiveram dificuldade de dissertar sobre o tema, levando a banca avaliadora a atribuir algumas notas zero.

Conforme apresentado no Capítulo 1, no Enem, a prova de redação avalia cinco competências. A pertinência ao tema está relacionada à competência 2. Leia as informações sobre essa competência a seguir. No Capítulo 6 voltaremos a falar mais sobre ela.

2. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa

Essa competência se desdobra em níveis, ou seja, em aspectos que serão avaliados pela banca e devem ser atendidos pelo candidato. Observe os seis níveis de desempenho a seguir.

200 pontos

Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo e apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo.

120 pontos

Desenvolve o tema por meio de argumentação previsível e apresenta domínio mediano do texto dissertativo-argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão.

40 pontos

Apresenta o assunto, tangenciando o tema, ou demonstra domínio precário do texto dissertativo-argumentativo, com traços constantes de outros tipos textuais.

160 pontos

Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente e apresenta bom domínio do texto dissertativo-argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão.

80 pontos

Desenvolve o tema recorrendo à cópia de trechos dos textos motivadores ou apresenta domínio insuficiente do texto dissertativo-argumentativo, não atendendo à estrutura com proposição, argumentação e conclusão.

0 ponto

Fuga ao tema/não atendimento à estrutura dissertativo-argumentativa. Nestes casos a redação recebe nota zero e é anulada.

Elaborado com base em: BRASIL. Ministério da Educação. Conheça as cinco competências cobradas na redação do Enem. Brasília: MEC, 17 out. 2019. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/418-enem-946573306/81381-conheca-as-cinco-competencias-cobradas-na -redacao-do-enem. Acesso em: 13 set. 2024.

Tema objetivo e/ou de cunho social

Na prova de redação do Enem, predominam discussões de temas objetivos, com recorte temático mais específico e direcionado (enquanto os temas subjetivos, presentes em alguns outros vestibulares do país, permitem uma leitura individual e mais ampla por parte do candidato). De modo geral, a temática objetiva aborda fatos e dados difundidos nos meios de comunicação e abrange temas voltados para discussões de questões sociais, políticas e científicas.

A redação do Enem também requer que o candidato identifique uma problemática associada ao tema. Essa problemática deve ser clara e estar bem definida no desenvolvimento do texto. Para argumentar de forma eficaz, é necessário mobilizar um repertório sociocultural amplo e diversificado. Isso inclui conhecimentos históricos, filosóficos, sociológicos, além de informações atuais e relevantes sobre o tema. Utilizar citações de autores reconhecidos, como destacado no Capítulo 2, dados estatísticos e exemplos concretos fortalece a argumentação. É fundamental também atenção para que não haja a reprodução de opiniões que possam ferir os direitos humanos ou de pensamentos construídos com base no senso comum.

Leia a charge ao lado.

BENETT. [Ipea contesta números da fome]. Folha de S.Paulo, São Paulo, 23 ago. 2022. Disponível em: https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1739926270567765-charges -agosto-de-2022#foto-1741915652399932. Acesso em: 10 nov. 2024.

Nessa charge, fica evidente a temática que se quer discutir: a insegurança alimentar no Brasil. Com base em um fato — a contestação dos números da fome pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) —, o chargista tece uma crítica a essa situação, posicionando-se diante da questão: ao interpretar os elementos verbais e visuais utilizados na construção da charge, percebe-se que o autor ironiza o resultado da pesquisa do Ipea e afirma que há fome no país. Por esses motivos, é possível dizer que essa charge ajuda a identificar um tema objetivo ou de cunho social.

Propostas já apresentadas no Enem

Uma estratégia para se preparar para as provas de redação do Enem é comparar temáticas apresentadas por elas ao longo dos anos, buscando conhecer e se familiarizar com os temas abordados. Leia, a seguir, as temáticas já propostas pelo exame.

2017: “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”

Para dissertar sobre o tema de cunho social, o candidato teve de considerar os dados apresentados na coletânea, ampliando a discussão com argumentos embasados e fazendo uso de repertório legitimado.

2018: Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet

Ao propor um tema atual e objetivo do ano 2018, o Enem pediu aos candidatos que apresentassem uma reflexão sobre a internet considerando a maneira como o controle de dados e o funcionamento dos algorítimos interferem no comportamento dos usuários. Esse recorte estava delimitado pela frase temática e pelos textos motivadores. Portanto, para apresentar uma abordagem completa do tema, é importante identificar o recorte proposto com base nos textos apresentados na coletânea.

2019: Democratização do acesso ao cinema no Brasil

Esse tema convidou o participante a refletir sobre de que forma é possível levar o cinema para o maior número de pessoas. Alguns aspectos a serem considerados e abordados no texto foram o número de salas de cinema, o preço dos ingressos e as desigualdades que envolvem o acesso à cultura.

• 2020: “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”

Desta vez, o Enem abordou um problema social relevante e urgente, destacando como o preconceito e a desinformação sobre doenças mentais impactam a vida de milhões de brasileiros. Ao propor esse tema, o Exame Nacional instiga os candidatos a refletirem sobre as barreiras enfrentadas por pessoas com transtornos mentais, como o estigma social, a falta de acesso adequado a tratamentos, e a necessidade de maior conscientização e educação sobre saúde mental.

• 2021: “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”

O tema provoca uma reflexão sobre a importância do registro civil, principalmente o de nascimento, como início aos direitos básicos de cidadania. A proposta destaca a realidade de milhares de brasileiros que, por não terem um registro civil, enfrentam dificuldades para acessar serviços essenciais como educação, saúde e programas sociais.

• 2022: “Desafio para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”

O Enem apresentou um tema atual para o ano, que podia (e que ainda pode) ser abordado de acordo com a perspectiva de diferentes esferas sociais. A palavra desafio presente no tema já indicava que o candidato devia problematizar a questão e apresentar uma solução na proposta de intervenção relacionada à tese defendida ao longo da redação.

ATIVIDADES

Leia a charge a seguir e responda às questões.

1. Qual é o tema abordado pela charge e como ele é representado visualmente?

2. Qual é o jogo de palavras presente na charge e qual é o seu efeito de sentido no humor?

3. De que maneira a charge pode provocar reflexões sobre a infraestrutura urbana e a gestão de desastres naturais?

4. Como você acha que as autoridades deveriam responder aos problemas de alagamento mencionados na charge?

5. Com base na temática apresentada na charge, proponha um tema objetivo que poderia ser solicitado em uma prova de redação do Enem.

6. O tema da redação do Enem no ano de 2015 foi “A persistência da violência contra a

mulher na sociedade brasileira”. A seguir, leia um parágrafo de uma redação que recebeu nota 1 000 na prova e responda à questão.

Ao longo da formação do território brasileiro, o patriarcalismo sempre esteve presente, como por exemplo na posição do “Senhor do Engenho”, consequentemente foi criada uma noção de inferioridade da mulher em relação ao homem. Dessa forma, muitas pessoas julgam ser correto tratar o sexo feminino de maneira diferenciada e até desrespeitosa. Logo, há muitos casos de violência contra esse grupo, em que a agressão física é a mais relatada, correspondendo a 51,68% dos casos. Nesse sentido, percebe-se que as mulheres têm suas imagens difamadas e seus direitos negligenciados por causa de uma cultura geral preconceituosa. Sendo assim, esse pensamento é passado de geração em geração, o que favorece o continuísmo dos abusos.

REDAÇÃO no Enem: leia textos que tiraram nota mil em 2015. G1, [São Paulo], 16 jun. 2016. Autora: Anna Beatriz Alvares Simões Wreden. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia -redacoes-do-enem-2015-que-tiraram-nota -maxima.ghtml. Acesso em: 13 set. 2024.

• E xplique como o tema da proposta de redação está presente nesse parágrafo.

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DUKE. [Chuvas]. [S l.], Acervo do cartunista.
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CONEXÕES com ...

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

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ESG: o que é a sigla que virou sinônimo de sustentabilidade

Meio ambiente, social e governança. É assim que se traduz do inglês a sigla ESG (Environmental, Social and Governance). Essas três letras praticamente substituíram a palavra sustentabilidade no universo corporativo. Mas, afinal, do que se trata esse novo conceito?

O que é ESG?

O ESG surgiu no mercado financeiro como uma forma de medir o impacto que as ações de sustentabilidade geram nos resultados das empresas. A sigla surgiu a primeira vez em 2004, dentro de um grupo de trabalho do Principles for Responsible Investment (PRI), rede ligada à ONU que tem objetivo de convencer investidores sobre investimentos sustentáveis. [...]

Por que a agenda ESG tem crescido tanto?

Um dos principais motivos do crescimento da agenda ESG é a urgência em combater as mudanças climáticas. De acordo com as Nações Unidas, para limitar o aquecimento global em 1,5 °C, quando comparado aos níveis pré-industriais, as emissões de carbono devem ser reduzidas em 45%, até 2030, e chegar a zero até 2050. Mais de 70 países, que representam ao redor de 76% das emissões globais de carbono, já se comprometeram com metas  net zero , ou carbono zero.

Provavelmente, nos próximos anos veremos novas regulações e, nesse cenário, os maiores emissores terão de investir em novos processos, terão o custo de neutralizar suas emissões, ou vão correr o risco de perder espaço para produtos e processos menos poluentes. A regulação da emissão de carbono impacta de forma diferente os setores, trazendo riscos para alguns e oportunidades para outros.

Mas carbono não é a única emergência ambiental. Outros pontos importantes, como restrição de recursos hídricos, perda da biodiversidade e gestão de resíduos — para citar apenas alguns —, também mostram porque é importante o setor privado abraçar a agenda ambiental.

O QUE É ESG, a sigla que virou sinônimo de sustentabilidade. Exame, São Paulo, 4 jul. 2024. Disponível em: https://exame.com/esg/o-que -e-esg-a-sigla-que-virou-sinonimo-de-sustentabilidade/. Acesso em: 25 jul. 2024.

1. Explique o conceito de ESG e sua importância no mercado financeiro. Como a adoção de práticas ESG pode impactar os resultados de uma empresa?

2. Quais são os principais motivos do crescimento da agenda ESG nos últimos anos? Como as mudanças climáticas influenciam esse crescimento?

3. Como a regulação da emissão de carbono pode afetar diferentes setores da economia? Dê exemplos de setores que podem ser impactados de maneira distinta.

4. Explique como a perda da biodiversidade e a gestão de resíduos se relacionam com a agenda ESG. Por que é importante que o setor privado adote essas questões?

5. Analise como a adoção da agenda ESG pode criar oportunidades de mercado para as empresas. Dê exemplos de produtos ou serviços que podem surgir a partir dessa tendência.

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CIDADANIA EM MOVIMENTO

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O direito da pessoa com deficiência: marcos internacionais

[...]

A Declaração Universal de Direitos Humanos foi a primeira declaração promulgada pela ONU [Organização das Nações Unidas], em 1948. O documento apontava para garantia dos direitos à liberdade, à vida digna, à educação fundamental, ao desenvolvimento pessoal e social e à livre participação na vida da comunidade, para todas as pessoas, a despeito da raça, sexo, origem nacional, social, posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição (UNESCO, 1948).

A Declaração dos Direitos humanos impulsionou a implementação de leis e outras declarações em todo mundo, além de ampliar e fortalecer movimentos sociais de pessoas e grupos que lutam no mundo todo buscando que tais direitos sejam efetivados.

[...]

[...] destacamos a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, realizada em 11 de dezembro de 2006, na sede da ONU, em Nova York. Esta convenção resultou no primeiro tratado sobre direitos humanos do século XXI, focalizando as pessoas com deficiência e a sua inclusão social, com autonomia e independência. Nela foram consolidados direitos como o da não discriminação, da educação, da acessibilidade e do trabalho, entre outros. Outra mudança observada foi a de paradigma – a deficiência passou a ser vista como um modelo social, ao invés do modelo reabilitador. Entre os pressupostos fundamentais dessa Convenção estão:

• A s causas que originam a deficiência são mais sociais do que biológicas. A prestação de serviços apropriados deve assegurar que as necessidades das pessoas com deficiência sejam atendidas dentro do contexto social em que vive.

• Acreditar no potencial das pessoas com deficiência e na sua real contribuição para a sociedade.

• Reconhecer que a deficiência é um conceito em evolução e que as barreiras estão associadas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidade com as demais pessoas.

[...]

O principal objetivo com a apresentação de tais marcos internacionais é de relembrar que às vezes aquilo que hoje parece óbvio, como o direito à educação, por exemplo, é algo histórico e construído a partir de muitas discussões e lutas. Esses movimentos não devem acabar nunca se pretendemos viver em uma sociedade em que todos tenham igualdade de oportunidades para desenvolver seus potenciais e viver plenamente.

RODRIGUES, Olga Maria Piazentin Rolim; CAPELLINI, Vera Lúcia Messias Fialho. O direito da pessoa com deficiência: marcos internacionais [S. l.]. Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/155248/1/ unesp-nead_reei1_ee_d02_texto01.pdf. Acesso em: 5 nov. 2024.

1. De que maneira a Declaração dos Direitos Humanos e o Tratado da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência contribuíram na luta por direitos das pessoas com deficiência?

2. Segundo o Tratado da Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, quais são as barreiras que impedem a plena integração das pessoas com deficiência à sociedade? Como essas barreiras podem ser superadas?

NÃO ESCREVA NO LIVRO

3.

Com a orientação de seu professor, desenvolva uma campanha de conscientização sobre educação inclusiva e valorização da diversidade na escola, utilizando diferentes gêneros textuais e linguagens. Seu produto final será a criação de uma campanha multimídia envolvendo textos argumentativos, infográficos ou até mesmo vídeos.

Etapas da pesquisa

a) Pesquisa documental: explorar os documentos oficiais sobre educação inclusiva, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.

b) Além do texto fornecido, você pode realizar uma pesquisa mais ampla sobre educação inclusiva e valorização da diversidade, utilizando os seguintes documentos e sites oficiais. Documentos oficiais

• D eclaração Universal dos Direitos Humanos (1948): acesse o texto completo no site da Organização das Nações Unidas (ONU), disponível em: https://www.un.org/en/about-us/ universal-declaration-of-human-rights (acesso em: 26 jul. 2024).

• Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006): leia o documento na íntegra no site do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=424 -cartilha-c&category_slug=documentos-pdf&Itemid=30192 (acesso em: 26 jul. 2024).

• Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008): acesse o documento no site do Ministério da Educação, disponível em: http://portal.mec.gov.br/ arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf (acesso em: 26 jul. 2024).

• Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (lei nº 13.146/2015): leia a legislação completa no site do Planalto, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015 -2018/2015/lei/l13146.htm (acesso em: 26 jul. 2024).

Sites oficiais

• Ministério da Educação (MEC): neste site, explore a seção de Educação Inclusiva, disponível em: http://portal.mec.gov.br/educacao-inclusiva (acesso em: 26 jul. 2024).

• Secretarias Estaduais de Educação: busque o site da secretaria da educação de seu estado para conhecer as políticas e os programas de educação inclusiva.

• Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência: acesse o site e conheça as iniciativas de combate ao capacitismo e ações e programas voltados para as pessoas com deficiência, disponível em: https://www.gov.br/ mdh/pt-br/navegue-por-temas/pessoa-com-deficiencia (acesso em 5 nov. 2024).

c) Levantamento de dados: coletar informações sobre a realidade da educação inclusiva na escola e na comunidade, por meio de entrevistas, questionários e observações.

d) Análise crítica: analisar os dados coletados à luz de documentos oficiais e de textos teóricos sobre educação inclusiva e valorização da diversidade.

e) Produção textual: produzir textos argumentativos sobre a importância da educação inclusiva e da valorização da diversidade, com base na pesquisa realizada.

f) Criação de material multimídia: desenvolver infográficos, vídeos e postagens para redes sociais, com o objetivo de conscientizar a comunidade escolar sobre o tema.

O uso da coletânea de textos

A função da coletânea de textos

Toda leitura exige alguma forma de interpretação, e o que o leitor compreende por meio desse processo depende de seus conhecimentos prévios sobre o tema. Ao ler, são acionados contextos e relações intertextuais preexistentes, e diferentes pessoas lendo o mesmo texto podem apresentar interpretações variadas, com base em seus repertórios pessoais.

Isso ocorre porque o sentido de um texto não reside somente nele mesmo ou na intenção de quem o escreve mas também nos saberes acumulados pelo leitor por meio de diversas leituras prévias e de seus conhecimentos de mundo sobre os mais variados assuntos que possam ser correlacionados ao que foi lido.

No Enem, a produção de uma redação é exigida para avaliar o candidato em aspectos como a capacidade de raciocínio e a articulação de discursos. Para isso, é fornecida uma coletânea de textos verbais, não verbais e/ou híbridos — como notícias, trechos de romances, tirinhas, charges, gráficos, tabelas, entre outros —, que contextualizam e sensibilizam o leitor a respeito do tema a ser desenvolvido.

Esses textos motivadores visam democratizar a prova, visto que dá a todos os candidatos de um processo seletivo as mesmas informações sobre o tema. Com base na leitura desses textos, o candidato deve identificar o tema e estabelecer conexões entre as informações apresentadas e seus conhecimentos sobre o assunto, de modo a embasar sua produção textual.

Entretanto, sabe-se que, junto à coletânea, cada candidato carrega o próprio repertório sociocultural: para quem conhece o assunto, a coletânea ajuda a delinear o tema e o desenvolvimento do texto, contribuindo para o foco e a objetividade da escrita; para quem tem pouca familiaridade com ele, dá subsídios à escrita, funcionando como um disparador de ideias. Nesse sentido, a coletânea visa auxiliar no processo de escrita, e não dificultar.

Funções da coletânea

Em geral, as coletâneas de textos das provas de redação do Enem têm as seguintes funções:

• despertar os conhecimentos prévios;

• fornecer informações necessárias para que se desenvolva o que foi solicitado;

• delimitar um recorte temático proposto pela banca de elaboração da prova;

• definir uma abordagem para a escrita do texto.

Paráfrase e citação na construção do texto autoral

Retextualizar é o processo de produção de um novo texto com base em outro(s). Essa é uma importante estratégia discursiva que favorece o uso dos textos da coletânea de maneira interativa, produtiva e motivadora.

A relevância dessa estratégia se dá pelo fato de que, ainda que possam ser referenciados na redação, os textos motivadores não devem ser tomados como única fonte de informação para a composição do texto. Espera-se que o candidato os utilize como base para direcionar a apresentação de sua tese ou de seus argumentos, com o raciocínio crítico e relacional aplicado de modo a construir um texto autoral, com um posicionamento pessoal.

Paráfrase

Uma estratégia importante para a retextualização é a paráfrase, técnica que consiste em reproduzir um texto por meio de outras palavras ou expressões, mas preservando o sentido original. Assim, é possível reestruturar um discurso, apropriando-se dele e compondo-o de acordo com suas próprias palavras.

Observe, ao lado, um dos textos motivadores apresentados no Enem 2013, sobre o tema “Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil”.

Com base nesse e nos demais textos da coletânea dessa edição do exame, a candidata Bianca Hazt elaborou sua redação. Leia, a seguir, um trecho do texto produzido por ela.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Exame Nacional do Ensino Médio 2013. Brasília, DF: Inep, 2013.

De acordo com uma pesquisa feita pelo IBPS, com dados do Rio de Janeiro, 97% da população aprova o uso de bafômetros na fiscalização; e com dados da DataSUS, aconteceu uma queda de 6,2% na média nacional de mortes desde a implantação da lei. Pela interpretação dos índices, percebe-se que a população já está conscientizada sobre a gravidade do problema, embora a média da redução das vítimas fatais ainda esteja baixa.

LEIA redações que receberam nota máxima no Enem 2013 e veja o que você pode aprender com elas. Guia do Estudante, [s. l.], 30 abr. 2014. Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/enem/leia-redacoes-que-receberam-nota-maxima-no-enem-2013-e-veja-o -que-voce-pode-aprender-com-elas. Acesso em: 13 set. 2024.

Nesse fragmento, a candidata utiliza os dados numéricos apresentados no texto-base para compor seus argumentos. Apesar de copiar as porcentagens, ela cita a fonte de pesquisa atrelada a esses dados e interpreta os índices reproduzidos, demonstrando sua capacidade de analisar e relacionar dados e contextos específicos e de construir a argumentação usando estratégias argumentativas que reforçam seu ponto de vista.

Citação

A citação é um recurso utilizado para apresentar informações a respeito de uma obra ou de um autor, por meio de pensamentos ou referências fornecidas por quem escreve, dando embasamento e credibilidade ao conteúdo. No caso da citação direta, trata-se da transcrição de uma fala feita sem alterar a construção original.

Ao fazer uma citação direta, é necessário indicar que se trata da reprodução da fala de outra pessoa, inserindo aspas no início e no final da citação, e indicando a autoria. Isso vale para a utilização de trechos dos textos motivadores, que podem ser citados, desde que haja indicação, do contrário configura-se como cópia, conforme orientação reproduzida a seguir.

• não copie trechos dos textos motivadores. A recorrência de cópia é avaliada negativamente e fará com que sua redação tenha uma pontuação mais baixa ou até mesmo seja anulada como Cópia; BRASIL. Ministério da Educação. Redação do Enem 2020: cartilha do participante. Brasília: MEC: Inep, 2020. p. 16.

Por esse motivo, sugere-se que o candidato utilize as ideias apresentadas pelos textos motivadores como fontes de inspiração. Espera-se que a proposta geral da redação seja a apresentação de reflexões e propostas do candidato, realizadas em cima dessas ideias e de outras referências complementares que possam ser trazidas para o momento da prova.

• Leia os textos reproduzidos a seguir.

Texto 1

NINIU. Não à intolerância religiosa. [S l.], 12 ago. 2019. Instagram: Charges do Niniu. Disponível em: https://www.instagram.com/p/ B1EW8TnHuCw/. Acesso em: 10 nov. 2024.

Texto 2

Artigo 18°

Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade

de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

UNITED NATIONS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Portugal: United Nations, [20--]. Disponível em: https://www.ohchr.org/en/ human-rights/universal-declaration/translations/ portuguese. Acesso em: 4 set. 2024.

a) Quais são o tema e o local de circulação de cada um desses textos? De que maneira eles se relacionam?

b) Como o Texto 1 (charge) ilustra o conceito de liberdade religiosa abordado no Texto 2 (artigo 18o da Declaração Universal dos Direitos Humanos)?

c) D e que maneira a reflexão presente na charge do Texto 1 pode influenciar a percepção do público sobre a questão da intolerância religiosa, e como isso se alinha com os princípios defendidos no Texto 2?

d) Pesquise um terceiro texto que poderia se unir a esses para compor a coletânea de uma prova de redação. Indique o gênero textual escolhido e justifique sua escolha.

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Intertextualidade

De certo modo, os textos mantêm uma relação com outras produções anteriores à sua composição, seja de maneira explícita ou implícita. Esse diálogo estabelecido entre textos é chamado de intertextualidade.

O intertexto serve justamente para estabelecer relações de significação e ressignificação, de acordo com as intenções do autor do texto. Essas conexões podem ser percebidas, em maior ou menor grau, pelo leitor ao acionar seus conhecimentos prévios.

Desse modo, o leitor tem um papel ativo na construção de sentidos, já que, ao acionar seu repertório social e cultural, pode estabelecer relações e interpretações que constroem e reconstroem os significados (intencionais ou não) que fazem parte de cada enunciado. Por esse motivo, muitas vezes, um mesmo texto pode suscitar sentidos diferentes para cada leitor, uma vez que a interpretação depende do repertório e dos conhecimentos de cada um retomados durante e após a leitura.

O diálogo entre textos

A intertextualidade pode ocorrer entre diversas estruturas textuais: texto verbal e texto verbal; texto verbal e texto não verbal; texto não verbal e texto híbrido etc.

Tiras, anúncios publicitários e charges, por exemplo, são gêneros textuais, não verbais ou híbridos, que utilizam a intertextualidade com frequência para produzir sentidos e aproximar o público das intenções pretendidas pelo autor. No exemplo a seguir, a intertextualidade se manifesta no campo verbal e no visual.

GONSALES, Fernando. [Essa roupa é da vovó]. Folha de S.Paulo, São Paulo, 2015.

Para compor essa tira, o quadrinista Fernando Gonsales (1961-) estabeleceu um diálogo com o conto de fadas Chapeuzinho Vermelho. Além de se valer do tema, apresentando a situação de uma menina que, ao perambular por uma floresta a caminho da casa de sua avó, se depara com um lobo, o autor apropriou-se das personagens que a trama desse conto envolve: a menina de capuz vermelho, o lobo e a avó da garota. Contudo, o cartunista cria uma circunstância narrativa que desvia a caracterização das personagens encontrada na literatura, em que o lobo se apresenta como o antagonista da história, marcado por sua malvadeza e astúcia ao entrar na casa da avó e vestir-se com as roupas da senhora para, assim, enganar a garota.

Dividida em dois momentos, a tirinha apresenta, em sua primeira metade, o reconhecimento, por parte da menina, das roupas de sua avó que estão sendo usadas pelo lobo; na segunda parte, há uma quebra de expectativas quando o leitor conhece o desenrolar dessa história, que indica que o lobo não estava usando as roupas da senhora para enganar a menina, mas as havia conseguido da própria avó da Chapeuzinho Vermelho, que estava doando as roupas antigas para adquirir outras mais novas.

A intertextualidade também é recorrente entre textos literários. Leia os trechos dos poemas a seguir para constatar a relação existente entre eles.

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência é uma aventura

De tal modo inconsequente

Que Joana a Louca de Espanha

Rainha e falsa demente

Vem a ser contraparente

Da nora que nunca tive

BANDEIRA, Manuel. Vou-me embora pra Pasárgada In: BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. São Paulo: José Olympio, [19--]. p. 117.

Que Manuel Bandeira me perdoe, mas VOU-ME EMBORA DE PASÁRGADA

Vou-me embora de Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

A existência é tão dura

As elites tão senis

Que Joana, a louca da Espanha,

Ainda é mais coerente

Do que os donos do país.

FERNANDES, Millôr. Tudo que vai pra sempre preenche uma lacuna em algum lugar. Folha de S.Paulo, São Paulo, 18 mar. 2001. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs1803200119.htm. Acesso em: 13 set. 2024.

Ao ler os dois trechos, o leitor deve interpretar os efeitos de sentido produzidos pelo diálogo entre eles. No poema de Manuel Bandeira (1886-1968), a finalidade é apresentar um espaço idílico, em que o sujeito poético pretende encontrar refúgio e escapar de sua realidade. Pasárgada representa um símbolo para a evasão e a liberdade, um lugar onde se pode realizar aquilo que não é permitido na vida real.

No texto de Millôr Fernandes (1924-2012), a intertextualidade já é perceptível pelo título, em que o autor indica o nome do poema e do poeta com quem irá estabelecer o diálogo. Além disso, há a citação de trechos do poema original e a permanência de elementos formais, como esquema sonoro.

Ao ler os versos de Millôr Fernandes, fica clara a sua intenção de estabelecer uma crítica ao cenário brasileiro, o qual o eu lírico pretende deixar, diferenciando-se do texto com o qual estabelece relação direta. Note que, no título de ambos os textos, há o uso de preposições: Manuel Bandeira utiliza pra, sugerindo que o eu lírico pretende ir a um lugar; Millôr Fernandes emprega de, indicando a fuga de um lugar. Com essa análise, fica evidente que Millôr Fernandes estabelece o diálogo intertextual com Manuel Bandeira para apresentar um olhar crítico e de ressignificação à ideia de evasão proposta em “Vou-me embora pra Pasárgada”.

Recursos de intertextualidade

Além da paráfrase e da citação direta, a intertextualidade pode ocorrer de diversas maneiras, sendo algumas mais diretas e óbvias e outras mais sutis e apoiadas no contexto de uso. Observe, a seguir, alguns recursos de intertextualidade.

Paródia

Releitura de um texto de referência para, com base nele, estabelecer uma reflexão crítica de cunho irônico ou humorístico.

Alusão

Menção indireta ao texto-fonte, tendo sua referência bibliográfica apontada ao final da exposição das ideias correspondentes a ele.

Epígrafe

Citação direta colocada no início de um texto como forma de sintetizar as ideias nele desenvolvidas por meio dessa referenciação.

Pastiche

Reprodução estilística do texto tomado como referência, em que há uma imitação clara e intencional.

Tradução

Transposição de um texto de uma língua para outra, sem infringir, nesse processo, as estruturas textuais e ideias originais.

De acordo com as intenções do autor, esses recursos podem ser utilizados para garantir a intertextualidade no texto, de modo a demonstrar repertório sociocultural variado.

A coletânea de textos e a relação entre saberes

Levando em consideração a intenção da coletânea de textos em provas de redação do Enem, é esperado que ocorra uma relação de intertextualidade (direta ou indireta, explícita ou implícita) na produção textual realizada pelos candidatos. Por isso, é possível utilizar elementos resgatados desses textos para compor sua produção por meio de alguns recursos de intertextualidade.

No entanto, faz-se necessário lembrar que, embora essa coletânea de textos motivadores seja importante para a compreensão temática e a escrita da redação, o Enem pede, como um dos critérios de avaliação do texto, o uso de repertório sociocultural que vá além dos trechos apresentados.

A relação entre esses saberes, o tema proposto e outros conhecimentos de mundo que o candidato possa trazer em sua bagagem cultural devem ser conectados de modo a delimitar seu ponto de vista e construir adequadamente as conexões internas que reforcem os argumentos que se deseja defender.

Os gêneros na coletânea das provas de redação do Enem

Para produzir um texto que obtenha nota máxima na prova de redação do Enem, é essencial ler, interpretar e articular corretamente os textos apresentados na coletânea. A coletânea cumpre a função de nortear e expor brevemente o universo a que se relaciona o tema proposto. Para isso, são apresentados trechos de diferentes gêneros textuais.

Trechos de notícias e reportagens

Para contextualizar o tema “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”, o Enem 2022 apresentou, como um dos textos motivadores, um trecho de uma reportagem. No fragmento, expõe-se a ideia de que os brasileiros não têm conhecimentos sobre os povos e as comunidades tradicionais do país além dos indígenas e dos quilombolas, propondo uma reflexão sobre o motivo pelo qual esse tipo de conhecimento não faz parte do repertório nacional. Por meio de outros exemplos de grupos tradicionais, como os pescadores artesanais, as quebradeiras de coco-babaçu e os caatingueiros, o texto motivador sugere que o candidato não precisa abordar, em sua redação, cada um dos povos. Além disso, o trecho cita uma definição atribuída a uma pesquisadora da UnB que evidencia a relação dessas populações com a terra e a natureza.

SOUZA, Vivian. Gente do campo: descubra quais são os 28 povos e comunidades tradicionais do Brasil. G1, [s l.], 29 jan. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/agronegocios/agro-a-industria-riqueza-do-brasil/noticia/2022/01/29/gente-do-campo-descubra-quais-sao -os-28-povos-e-comunidades-tradicionais-do-brasil.ghtml. Acesso em: 10 nov. 2024.

Gráficos, tabelas e mapas

Algumas coletâneas de redação do Enem podem apresentar dados numéricos por meio de gráficos, tabelas e mapas associados ao tema abordado, como ocorreu com o tema de 2018, “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”.

A coletânea trouxe gráficos sobre o uso de redes sociais e a coleta de dados.

2018.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Exame Nacional do Ensino Médio 2018. Brasília, DF: Inep, 2018.

Tiras, charges e cartuns

O Enem utiliza tiras, charges e cartuns para enriquecer a coletânea de textos de apoio, proporcionando uma visão crítica e humorística dos temas propostos.

Esses textos podem servir para ilustrar o tema, apresentando a situação sob outros pontos de vista. Interpretá-los é essencial para refletir sobre diferentes aspectos da questão e elaborar suas redações de forma mais abrangente. Um exemplo disso ocorreu em 2011 com o tema "Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado". Na coletânea, havia uma tira cômica que tratava do comportamento das pessoas nas redes sociais e da exposição de suas vidas privadas.

2016.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) Exame Nacional do Ensino Médio 2011 Brasília, DF: Inep, 2011.

Textos normativos

Gêneros textuais, como leis e estatutos, podem ser apresentados em redações do Enem para indicar o posicionamento jurídico e normativo oficial sobre determinado assunto. O tema de 2017 foi "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil", sendo apresentados dois artigos da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Exame Nacional do Ensino Médio 2017 Brasília, DF: Inep, 2017.

2017.

REDAÇÃO NOTA 1 000

Consulte Orientações para o professor.

A seguir, veja a proposta de redação apresentada no Enem de 2017.

Agora, leia uma das redações que recebeu nota 1 000 nesse exame.

A formação educacional de surdos encontra, no Brasil, uma série de empecilhos. Essa tese pode ser comprovada por meio de dados divulgados pelo Inep, os quais apontam que o número de surdos matriculados em instituições de educação básica tem diminuído ao longo dos últimos anos. Nesse sentido, algo deve ser feito para alterar essa situação, uma vez que milhares de surdos de todo o país têm o seu direito à educação vilipendiado, confrontando, portanto, a Constituição Cidadã de 1988, que assegura a educação como um direito social de todo o cidadão brasileiro.

Em primeira análise, o descaso estatal com a formação educacional de deficientes auditivos mostra-se como um dos desafios à consolidação dessa formação. Isso porque poucos recursos são destinados pelo Estado à construção de escolas especializadas na educação de pessoas surdas, bem como à capacitação de profissionais para atenderem às necessidades especiais desses alunos. Ademais, poucas escolas são adeptas do uso de Libras, segunda língua oficial do Brasil, a qual é primordial para a inclusão de alunos surdos em instituições de ensino. Dessa forma, a negligência do Estado, ao investir minimante na educação de pessoas especiais, dificulta a universalização desse direito social tão importante.

Em segunda análise, o preconceito da sociedade com os deficientes apresenta-se como outro fator preponderante para a dificuldade na efetivação da educação de pessoas surdas. Essa forma de preconceito não é algo recente na história da humanidade: ainda no Império Romano, crianças deficientes eram sentenciadas à morte, sendo jogadas de penhascos. O preconceito ao deficiente auditivo, no entanto, reverbera na sociedade atual, calcada na ética dilitarista, que considera inútil pessoas que, aparentemente menos capacitadas, têm pouca serventia à comunidade, como é caso de surdos. Os deficientes auditivos, desse modo, são muitas vezes vistos como pessoas de menor capacidade intelectual, sendo excluídos pelos demais, o que dificulta aos surdos não somente o acesso à educação, mas também à posterior entrada no mercado de trabalho.

Nesse sentido, urge que o Estado, por meio de envio de recursos ao Ministério da Educação, promova a construção de escolas especializadas em deficientes auditivos e a capacitação de profissionais para atuarem não apenas nessas escolas, mas em instituições de ensino comuns também, objetivando a ampliação do acesso à educação aos surdos, assegurando a estes, por fim, o acesso a um direito garantido constitucionalmente. Outrossim, ONGs devem promover, através da mídia, campanhas que conscientizem a população acerca da importância do deficiente auditivo para a sociedade, enfatizando em mostrar a capacidade cognitiva e intelectual do surdo, o qual seria capaz de participar da população economicamente ativa (PEA), como fosse concedido a este o direito à educação e à equidade de tratamento, por meio da difusão do uso de libras. Dessa forma, o Brasil poderia superar os desafios à consolidação da formação educacional de surdos.

ENEM 2017: leia redações nota mil. G1, [s. l.], 19 mar. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia-redacoes -nota-mil-do-enem-2017.ghtml. Acesso em: 13 set. 2024.

Na redação produzida pela candidata Yasmin Lima Rocha, logo no primeiro parágrafo, percebe-se como a coletânea de textos da prova motivou a escrita. A estudante faz alusão ao gráfico presente no Texto II, que apresenta dados divulgados pelo Inep, os quais apontam o número de surdos matriculados em instituições de Educação Básica ao longo dos anos.

É possível notar, ainda, que na elaboração da tese foram usados, de forma indireta, mais dois textos da coletânea, relacionando-os. É também possível identificar a paráfrase da Constituição Federal de 1988, além das informações retiradas da reportagem sobre a trajetória legislativa da educação dos surdos no Brasil (Texto IV).

Em todo o percurso do texto, identificam-se dados fornecidos pelos textos da coletânea, que contribuíram para a estruturação e a fundamentação dos argumentos apresentados.

Na conclusão do texto, a candidata recupera os argumentos calcados na necessidade de formação educacional para inserção no mercado de trabalho, retomando a tese e elaborando a proposta de intervenção, conforme exigido pela avaliação da prova do Enem.

■ A inclusão de estudantes surdos e com deficiência auditiva na vida escolar depende tanto da criação de escolas especializadas como da capacitação de profissionais [S. l.], 2021.

Ainda com base na redação da candidata, responda às seguintes atividades.

1. Quais são os problemas relacionados ao tema apresentados pela autora do texto?

2. Qual é a tese defendida pela autora? Quais argumentos a candidata utiliza para sustentar sua tese?

3. Releia o texto, observando os recursos argumentativos utilizados. Liste os diferentes recursos argumentativos encontrados na redação (exemplos, dados estatísticos, apelos emocionais etc.). Para cada recurso identificado, responda às seguintes perguntas:

a) Como esse recurso contribui para a argumentação da candidata?

b) Ele é eficaz? Por quê?

Atendimento de participantes com deficiência no Enem

Como vimos no Capítulo 1, o Enem é um dos principais instrumentos de avaliação da educação no Brasil, servindo como porta de entrada para o Ensino Superior e diversos programas educacionais. Para garantir a equidade e inclusão de todos os participantes, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disponibiliza recursos e adaptações para participantes com deficiência. A seguir, comentamos um pouco as cartilhas especiais de redação desenvolvidas pelo Inep para atender participantes com dislexia, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e surdez/deficiência auditiva.

1. Participantes com dislexia

O que é dislexia?

A dislexia é um distúrbio específico de aprendizagem de origem neurobiológica. Caracteriza-se por dificuldades no reconhecimento preciso e/ou fluente da palavra, além de problemas de soletração e decodificação.

Adaptações oferecidas no Enem:

• Tempo adicional: os participantes com dislexia têm direito a tempo adicional para a realização das provas.

• Provas em formato acessível: disponibilização de provas com fontes diferenciadas que facilitam a leitura.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

• Apoio de ledor: um profissional capacitado para auxiliar na leitura das questões, quando solicitado. Cartilha especial de redação:

A cartilha especial de redação para participantes com dislexia fornece orientações claras sobre a estrutura da redação, exemplos práticos e dicas para a organização do texto. Ela é elaborada para ser visualmente acessível, com uso de fontes adequadas e layout facilitador.

2. Participantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O que é TEA?

O Transtorno do Espectro Autista é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento. As manifestações do TEA variam amplamente, abrangendo diferentes graus de severidade.

Adaptações oferecidas no Enem:

• Sala de prova específica: disponibilização de uma sala de prova adequada, com menor número de participantes, para reduzir estímulos que possam causar desconforto.

• Apoio de profissional acompanhante: quando necessário, um profissional acompanhante para auxiliar no gerenciamento do tempo e na orientação das tarefas.

Cartilha especial de redação:

A cartilha especial para participantes com TEA inclui instruções detalhadas e visuais sobre a estrutura do texto dissertativo-argumentativo, além de sugestões para a organização das ideias. A linguagem é adaptada para ser direta e objetiva, facilitando a compreensão.

3. Participantes com surdez/deficiência auditiva

O que é surdez/deficiência auditiva?

A surdez ou deficiência auditiva é caracterizada pela perda parcial ou total da capacidade de ouvir, podendo variar em graus de severidade.

Adaptações oferecidas no Enem:

• Provas em Libras: disponibilização de provas traduzidas em Língua Brasileira de Sinais (Libras) para os participantes que utilizam essa forma de comunicação.

• Intérprete de Libras: presença de intérpretes de Libras durante a realização do exame para auxiliar na comunicação.

• Provas escritas com orientações claras: textos com instruções mais detalhadas e claras para facilitar a compreensão. Cartilha especial de redação:

A cartilha especial para participantes com surdez/deficiência auditiva fornece orientações sobre a produção textual, incluindo exemplos e modelos em Libras. Há um foco no desenvolvimento da argumentação escrita, uma vez que a expressão escrita pode diferir da comunicação em Libras.

As associações Autismo e Realidade, Associação Brasileira de Dislexia (ABD), e Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis) contam com diversas iniciativas que apoiam a inclusão de pessoas com deficiência no Brasil. A Autismo e Realidade promove a conscientização e a inclusão social de indivíduos com TEA através de campanhas educativas e projetos de capacitação. A ABD dedica-se ao estudo e à disseminação de informações sobre a dislexia, proporcionando suporte a pessoas com dificuldades de aprendizagem, por meio de orientação, diagnósticos e capacitação de educadores. Já a Feneis atua na defesa dos direitos das pessoas surdas, promovendo a educação bilíngue (Libras e português) e a integração social dos surdos, além de oferecer diversos serviços, como interpretação de Libras e apoio em processos educativos e de inserção no mercado de trabalho. Juntas, essas organizações fortalecem a rede de suporte e inclusão para pessoas com deficiência no Brasil.

Ampliando saberes

Onde encontrar as cartilhas

As adaptações e cartilhas especiais disponibilizadas pelo Inep são fundamentais para assegurar que todos os participantes do Enem tenham condições de igualdade para demonstrar seus conhecimentos e habilidades. Essas medidas refletem o compromisso com a inclusão e a equidade na educação, proporcionando a todos a oportunidade de alcançar seus objetivos acadêmicos e profissionais. Todas essas cartilhas são encontradas no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, disponível em: https://www.gov.br/inep/ pt-br/centrais-de-conteudo/acervo-linha-editorial/publicacoes-institucionais/avaliacoes-e-exames-da-educacao -basica/a-redacao-no-enem-2023-cartilha-do-participante (acesso em: 15 ago. 2024).

PRÁTICAS DE LINGUAGEM

Consulte Orientações para o professor.

Emprego de letras maiúsculas e do acento grave indicador da crase

Emprego de letras maiúsculas

O uso correto de letras maiúsculas é fundamental para garantir a clareza e a formalidade do texto. A letra maiúscula deve ser utilizada em situações específicas, enquanto a letra minúscula é a norma para a maioria das palavras.

Regras gerais para o uso de letras maiúsculas

1. Início de frase: a primeira palavra de uma frase deve sempre começar com letra maiúscula.

• E xemplo: “A formação educacional de surdos encontra, no Brasil, uma série de empecilhos.”

2. Nomes próprios: nomes de pessoas, lugares, instituições, marcas etc. devem ser escritos com letra maiúscula.

• E xemplo: “Constituição Cidadã de 1988”

3. Títulos e subtítulos: títulos de obras, capítulos e artigos começam com letra maiúscula.

• E xemplo: “Redação nota mil”

4. Siglas: escreva com todas as letras maiúsculas:

• siglas com até três letras: ONU, OAB, USP;

• siglas cujas letras são soletradas: BNDES, INSS, CPMI, DNER.

5. Use só a inicial maiúscula:

• siglas com mais de três letras que são pronunciadas como palavras: Inep, Masp, Unesco.

Veja exemplo retirado da Redação nota 1 000 destacada anteriormente:

• Correto: “Constituição Cidadã de 1988”

• Incorreto: “constituição cidadã de 1988”

Emprego do acento grave para indicar crase

A crase ocorre quando há a fusão da preposição a com o artigo definido feminino a ou com pronomes demonstrativos iniciados com a . Essa contração é indicada pelo acento grave (à).

O uso correto da crase é fundamental para a clareza e precisão da escrita, evitando ambiguidades e garantindo que a mensagem seja compreendida.

Exemplo:

“Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação.”

Nesse exemplo, retirado de texto da coletânea de redação, o verbo assegurar exige preposição a: quem assegura, assegura algo a alguém. Por outro lado, o substantivo “pessoa” é feminino e admite o artigo a. Logo, ocorre crase e, por isso, o acento grave da crase.

Regras gerais para o emprego do acento grave da crase

1. A crase ocorre quando um substantivo ou adjetivo exige a preposição a e é seguido de um substantivo feminino. Ela também ocorre em locuções adverbiais.

• E xemplos: acesso à biblioteca (substantivo); favorável à mudança (adjetivo); fique à vontade (locução adverbial)

2. A crase ocorre quando um verbo exige a preposição a e é seguido de um substantivo feminino.

• E xemplos: assistir à aula; obedecer à lei; entregar à secretaria

3. Antes de palavra feminina: determinada pelo artigo a(s).

• E xemplo: O apoio à leitura é fundamental para participantes com dislexia. (preposição a + artigo feminino a referente à palavra leitura).

4. Antes de pronomes demonstrativos: é usado antes dos pronomes aquele(s), aquela(s) e aquilo.

• E xemplos: Refiro-me àquela situação. / Entregue os documentos àquele rapaz. Nesses casos, há a preposição a exigida pelos verbos referir e entregar e a fusão dessa preposição a com os pronomes demonstrativos aquela e aquele, resultando em àquela e àquele.

5 . Antes de locuções prepositivas, conjuntivas e adverbiais femininas: é usado em expressões que exigem a preposição a e são femininas.

• E xemplos: à medida que; à frente de (à + frente de); à tarde (à + tarde)

Não ocorre crase e, portanto, não existe acento grave antes de:

• substantivo masculino: Eles assistiram ao filme.

• verbo: Ele continuava a examinar os documentos.

• artigo indefinido: Ontem, fui a uma festa.

• expressões de tratamento como Vossa Excelência, Vossa Senhoria: Escrevi um e-mail a Vossa Excelência.

ATIVIDADE

Para desenvolver as atividades, retome a redação da candidata Yasmin Lima Rocha na seção Redação nota 1 000. Observe a seguinte passagem do texto da Yasmin.

[...] Isso porque poucos recursos são destinados pelo Estado à construção de escolas especializadas na educação de pessoas surdas, bem como à capacitação de profissionais para atenderem às necessidades especiais desses alunos.

Nessa passagem, Yasmin empregou letra maiúscula na palavra Estado, porque ela é utilizada para se referir ao governo, às instituições políticas e administrativas de um país. A palavra estado, com letra minúscula, é usada em outros contextos, como para indicar divisões territoriais de um país, condições ou situações.

Exemplos: O estado do Ceará é o oitavo mais populoso do Brasil. / Ele está em um estado de felicidade.

Releia a redação e anote, em seu caderno, todas as palavras escritas com letra maiúscula. Em seguida, explique por que cada uma dessas palavras está com letra maiúscula, utilizando as regras abordadas nesta seção.

• Sobre o emprego do acento grave para indicar a crase, observe mais uma passagem da redação da candidata Yasmin.

Em primeira análise, o descaso estatal com a formação educacional de deficientes auditivos mostra-se como um dos desafios à consolidação dessa formação [...].

Como vimos, a crase ocorre quando há a fusão da preposição a com o artigo definido feminino a

Na frase redigida pela candidata, o termo desafios exige a preposição a, e a palavra consolidação é um substantivo feminino que aceita o artigo definido a.

Portanto, temos:

• Preposição a (exigida pelo termo desafios).

• Artigo definido a (antes de consolidação,).

Quando essas duas condições estão presentes, a crase é obrigatória.

Agora é sua vez. Retome o texto da redação, registre no caderno outros casos em que o acento indicador de crase é utilizado pela autora e procure justificar a aplicação da crase em cada um desses casos.

Opinar sem desrespeitar

Independentemente da temática proposta na prova de redação, é preciso ter ciência de que não se devem utilizar, na produção textual, ideias que se apoiem no senso comum ou que firam os direitos humanos. Ao expressar opinião sobre um tema, deve-se garantir que o ponto de vista adotado não é intolerante, preconceituoso, vexatório ou configurado como discurso de ódio.

Sobre esse assunto, leia o trecho e responda às questões a seguir.

■ O discurso de ódio costuma ser direcionado a grupos que representam minorias sociais, como é o caso da comunidade LGBTQIAP+ [S. l.], 2021.

Em primeiro lugar, o que é discurso de ódio?

Não existe uma única definição para discurso de ódio, entretanto, todas elas se assemelham. Segundo Samanta Ribeiro Meyer-Pflug, doutora em Direito, o discurso de ódio é a manifestação de “ideias que incitem a discriminação racial, social ou religiosa em determinados grupos, na maioria das vezes, as minorias”. Entretanto, podemos ver que nesta definição são abordados apenas os pontos de discriminação racial, social ou religiosa, sem considerar, por exemplo, gênero, orientação sexual, peso, algum tipo de deficiência, classe, dentre outros.

Já Daniel Sarmento, doutor em Direito Constitucional, afirma que discurso de ódio pode ser caracterizado por “manifestações de ódio, desprezo ou intolerância contra determinados grupos, motivadas por preconceitos”.

Sendo assim, com base nessas duas conceituações e no senso comum que existe sobre o termo, podemos chegar à conclusão que discurso de ódio é um conjunto de ações com teor intolerante direcionadas a grupos, na maioria das vezes, minorias sociais (mulheres, LGBTs, gordos(as), pessoas com deficiência, imigrantes, dentre outros).

CHAGAS, Inara. Discurso de ódio: o que caracteriza essa prática e como combatê-la. Politize, [Florianópolis], 4 jun. 2020. Disponível em: https://www.politize.com.br/discurso-de-odio-o-que-e/. Acesso em: 16 set. 2024.

1. Considere a discussão apresentada no trecho e reflita sobre o tema “Os limites da liberdade de expressão”. Em seguida, redija um comentário que apresente seu ponto de vista sobre o assunto.

2. Considerando o tema em análise e seu posicionamento apresentado na atividade anterior, componha, no caderno, um parágrafo conclusivo, incluindo uma proposta de intervenção, aos moldes de uma redação do Enem. Para isso, não se esqueça de propor uma sugestão aplicável e indicar uma ação, um agente, um meio, uma finalidade e detalhamentos pertinentes.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

EM PRÁTICA

Consulte Orientações para o professor.

A redação para o Enem

Com base nos textos motivadores reproduzidos a seguir, escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre a importância de debater e cuidar da saúde mental no século XXI.

Texto I

GOMES, Clara. [Terapia: saúde mental]. Bichinhos de Jardim, [s. l.], 18 fev. 2020. Disponível em: https:// bichinhosdejardim.com/tp-saude-mental/. Acesso em: 10 nov. 2024.

Texto II

Fonte: Isma-BR.

PINHEIRO, Chloé; SPONCHIATO, Diogo. Um raio x da cabeça dos trabalhadores. Veja Saúde, [s l.], 23 jan. 2023. Disponível em: https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/um-raio-x-da-cabeca-dos-trabalhadores. Acesso em: 10 nov. 2024.

CLARA GOMES/BICHINHOS DE JARDIM

Organizar

• Leia e interprete os textos motivadores apresentados. Se necessário, anote, em seu caderno, os pontos principais que você identificou em cada um, assim como as possíveis relações temáticas.

• Pesquise artigos, livros e filmes que possam contribuir para a argumentação do texto, de modo a compor seu repertório sociocultural.

• Antes de começar a produção, realize o planejamento de seu texto, fazendo uso do esquema de redação que contemple suas três partes principais: introdução, desenvolvimento e conclusão. Para isso, indique os tópicos que serão desenvolvidos em cada parágrafo.

Produzir

• Desenvolva a primeira versão de seu texto, com base no esquema produzido anteriormente.

• Use o registro formal, comumente solicitado nas provas oficiais de redação.

• Verifique a necessidade de ampliar as ideias que você indicou para cada parágrafo, garantindo a exemplificação e o detalhamento que considerar necessários.

Ampliando saberes

O podcast Entrementes entrevista especialistas em saúde mental. A produção foi criada para abordar, de forma transparente e acolhedora, temas como relações interpessoais, transtornos mentais e demais assuntos que afetam grande parte da sociedade.

■ ENTREMENTES. [S. l.], 2018. Site. Disponível em: https:// open.spotify.com/show/ 5ThugmSk5l8j1IayNcOPRh. Acesso em: 16 set. 2024.

• Avalie a possibilidade de incluir citações diretas ou paráfrases, tanto dos textos motivadores como de outros textos pesquisados, para compor seu repertório sociocultural.

• Utilize argumentos coerentes que favoreçam a defesa de seu ponto de vista.

• Na conclusão, elabore a apresentação de uma proposta de solução para o problema. Não se esqueça de garantir que a proposta respeite os direitos humanos.

Avaliar

Levando em consideração as questões a seguir, revise a primeira versão de seu texto.

1. Os textos motivadores são essenciais para direcionar o candidato para o tema da redação e deixar evidente a abordagem sobre o assunto que deve ser seguida. Em sua produção textual, como foram utilizados os textos da tira e do gráfico?

2. Os textos motivadores ajudam a direcionar a escrita, porém é importante complementá-los com elementos de seu repertório sociocultural, de modo a enriquecer a argumentação de seu ponto de vista. Você apresentou mais recursos em seu texto? Se sim, indique quais.

3. A tese carrega o ponto de vista adotado pelo autor, a ser defendido ao longo do texto. Diante do tema proposto nos textos motivadores, escreva, a seguir, a tese defendida em sua redação. Após seguir todas as etapas indicadas nesta seção, passe a sua redação a limpo em uma folha separada, que deverá ser entregue ao professor.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

O capítulo abordou as habilidades necessárias para a elaboração de uma redação dissertativo-argumentativa no Enem, destacando a importância da leitura cuidadosa da proposta e da interpretação correta do tema, além da função da coletânea de textos como suporte à argumentação. Enfatizou estratégias para evitar a fuga ao tema, como a delimitação da tese e o uso crítico dos textos motivadores, além de ressaltar a importância de um repertório sociocultural amplo e uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Também tratou do uso de letras maiúsculas e da crase, finalizando com foco na competência 2, que avalia a pertinência ao tema.

Agora, chegou o momento de sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder às questões a seguir.

1. Consegue identificar as palavras-chave e delimitar o tema de uma proposta de redação do Enem?

2. Compreende a função dos textos motivadores na coletânea e sabe como utilizá-los para embasar sua argumentação?

3. Sabe como elaborar uma tese clara e sustentá-la com argumentos coerentes e bem fundamentados?

4. Consegue evitar a fuga ao tema e manter o foco no assunto proposto durante toda a redação?

5. Elaborou uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos e que esteja alinhada com a tese desenvolvida?

Refletir e avaliar

Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sua aprendizagem ao longo do capítulo. Para isso, em seu caderno, reproduza o seguinte quadro e responda às questões a seguir. Depois, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote-as nas observações.

Questão

Realizei as tarefas que estavam sob minha responsabilidade.

Compreendi e consegui sintetizar os conhecimentos sobre tema, tese, uso da coletânea e emprego de letras maiúsculas e acento indicador da crase.

Produzi com empenho de aprendizagem todas as propostas de atividades sobre texto dissertativo-argumentativo e infografia.

Fui proficiente Preciso aprimorar Observações

PRATIQUE MAIS

A prática constante da escrita de redações ajuda a desenvolver as suas habilidades argumentativas, a clareza de expressão e a observância das normas gramaticais e de pontuação. Nesta seção, você encontrará uma proposta de redação que o convida a refletir sobre um tema atual e a exercitar a escrita de texto dissertativo-argumentativo, fundamental para o sucesso na redação Enem.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores e dos conhecimentos construídos ao longo do Capítulo, elabore um texto dissertativo-argumentativo na norma-padrão da língua portuguesa sobre o tema “O papel da tecnologia na educação: avanços e desafios no Brasil”. Construa seu texto de forma coerente e coesa, respeitando os direitos humanos na proposta de intervenção e apresentando argumentos, fatos e dados para a defesa de seu posicionamento.

Texto 1

Tecnologia: o que é (resumo do conceito)

Tecnologia é um produto da ciência e da engenharia que envolve um conjunto de instrumentos, métodos e técnicas que visam a resolução de problemas. É uma aplicação prática do conhecimento científico em diversas áreas de pesquisa.

A palavra tecnologia tem origem no grego “tekhne” que significa “técnica, arte, ofício” juntamente com o sufixo “logia” que significa “estudo”.

TECNOLOGIA: o que é (resumo do conceito). Enciclopédia Significados, [s. l.], c2024. Disponível em: https://www.significados.com.br/tecnologia-2/. Acesso em: 15 jul. 2024.

Texto 2

A inteligência artificial (IA) e as ferramentas tecnológicas, têm o potencial de ser uma ferramenta valiosa na educação, auxiliando em diversos aspectos. Um deles é a personalização do ensino, as tecnologias podem auxiliar na personalizar da educação, adaptando o conteúdo e o ritmo de aprendizagem de cada aluno de acordo com suas necessidades e habilidades individuais, melhorando o processo de ensino-aprendizagem. Um segundo aspecto é o de identificação de problemas de aprendizagem, as ferramentas tecnológicas podem ser utilizadas para identificar padrões em dados de desempenho dos alunos, ajudando a detectar problemas de aprendizagem e permitindo intervenções precoces para melhorar o desempenho acadêmico. Outro aspecto que vale ser mencionado é o suporte ao ensino à distância, durante a pandemia, a IA e outras tecnologias foram mobilizadas para criar e fornecer recursos de ensino à distância [...] […]

Contudo, o desenvolvimento de tantas tecnologias, especialmente com a chegada da IA, traz também desafios para educação. Um dos principais desafios está relacionado à exclusão digital, visto que nem todos terão acesso igualitário à tecnologia. Este cenário pode gerar uma lacuna digital entre aqueles que têm acesso à tecnologia e aqueles que não têm, criando desigualdades na educação.

INSTITUTO NW. O impacto das novas tecnologias na educação: desafios e oportunidades. São Paulo: Instituto NW, 14 abr. 2023. Disponível em: https:// inw.org.br/inw-o-impacto-das-novas-tecnologias-na-educacao-desafios-e-oportunidades. Acesso em: 15 jul. 2024.

Texto 3

LEI Nº 14.180, DE 1o DE JULHO DE 2021

[...]

Art. 1o É instituída a Política de Inovação Educação Conectada, em consonância com a estratégia 7.15 do Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, com o objetivo de apoiar a universalização do acesso à internet em alta velocidade e fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais na educação básica.

Art. 2o A Política de Inovação Educação Conectada visa a conjugar esforços entre órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, escolas, setor empresarial e sociedade civil para assegurar as condições necessárias à inserção da tecnologia como ferramenta pedagógica de uso cotidiano nas escolas públicas de educação básica.

Parágrafo único. A Política de Inovação Educação Conectada será executada em articulação com outros programas destinados à inovação e à tecnologia na educação que tenham apoio técnico ou financeiro do governo federal.

BRASIL. Lei no 14.180, de 1o de julho de 2021.Institui a Política de Inovação Educação Conectada. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2019-2022/2021/Lei/L14180.htm. Acesso em: 15 jul. 2024.

Texto 4

FONTE: IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua . [s. l.]: IBGE, 2019. Disponível em: https://educa.ibge.gov.br/images/educa/ professores/atividades/202105_graficoTICInternet.jpg. Acesso em: 15 jul. 2024.

INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

• O texto definitivo deve ser escrito à mão, com até 30 linhas.

• A redação não pode apresentar cópia dos textos indicados na Proposta de Redação. Caso isso aconteça, o número de linhas referente ao trecho copiado será desconsiderado na contagem.

• A redação que apresentar até sete linhas será considerada como insuficiente, e terá nota zero.

• A fuga ao tema também terá nota zero.

• Trechos desconectados do tema proposto também fazem com que a nota seja zerada.

• Não deve apresentar identificação como assinatura, nome ou outras formas nas linhas destinadas ao texto da redação.

A introdução na redação para o Enem 4

Informações do Capítulo

Campos de atuação : vida pública, estudo e pesquisa e jornalístico-midiático.

Tema Contemporâneo Transversal : Educação em Direitos Humanos.

Principais objetivos:

1. Compreender a estrutura básica do texto dissertativo-argumentativo, identificando suas partes principais, em especial a introdução.

2. Identificar a função da tese na introdução, compreendendo sua importância como elemento central da argumentação.

3. Analisar exemplos de introduções bem-sucedidas em redações nota 1 000, avaliando como apresentam a tese e contextualizam o tema.

4. Elaborar introduções coerentes e claras, que apresentem a tese e preparem o leitor para os argumentos desenvolvidos no texto.

■ A Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) – documento elaborado em 1945, quando se deu origem à organização – foi um dos primeiros tratados internacionais a mencionar a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Esse feito se deu por causa da insistência de mulheres latinoamericanas, lideradas pela cientista e diplomata brasileira Bertha Lutz (em destaque na fotografia). São Francisco (Estados Unidos da América), 1945.

Texto dissertativo-argumentativo

Existe uma importante relação entre saber argumentar e saber atuar como cidadão. Essas duas práticas estão interligadas porque ser cidadão envolve se reconhecer como parte da sociedade e ter liberdade para expressar ideias e opiniões, propor intervenções sociais e posicionar-se criticamente, de forma responsável e com empatia, diante de problemas que envolvam a vida cotidiana.

As últimas décadas foram marcadas por movimentos sociais que transformaram a vida das pessoas e as relações entre elas. Muitas dessas transformações nasceram da vontade humana de promover o bem coletivo e foram conquistadas por meio de lutas e debates sociais nos quais posicionamentos foram assumidos em prol da coletividade, assim como fez Bertha Lutz ao lutar pelos direitos das mulheres na ONU.

É por isso que aderir a um ponto de vista, sustentá-lo e defendê-lo é algo que deve ser mobilizado de forma consciente e livre de imposições e manipulações.

Por essa relevância social, o texto dissertativo-argumentativo é um importante recurso de avaliação para ingresso em muitas universidades e no Enem. Sua estrutura, como o nome sugere, está associada à predominância de sequências com características relacionadas a dois tipos textuais distintos, cada qual com suas especificidades. Observe, a seguir, alguns elementos principais do tipo dissertativo e do tipo argumentativo.

Tipo dissertativo

Caracteriza-se pela exposição, explicação e interpretação de ideias.

Apresenta linguagem objetiva.

Não tem o objetivo de convencer o interlocutor, mas de expor informações sobre determinado assunto.

Tipo argumentativo

Caracteriza-se por tentar convencer o interlocutor por meio de argumentos e raciocínio lógico.

É comum o uso de orações indicativas de causalidade, oposição e conclusão.

Tem o objetivo de convencer o interlocutor sobre um posicionamento e, para isso, faz uso de argumentos.

O texto dissertativo-argumentativo reúne características desses dois tipos textuais, de modo que há a exposição de informações acompanhada de argumentos que sustentam um ponto de vista. Sobre essa estrutura, leia o trecho a seguir, retirado da cartilha do participante do Enem de 2023.

O texto do tipo dissertativo-argumentativo é aquele que se organiza na defesa de um ponto de vista sobre determinado assunto. É fundamentado com argumentos, a fim de influenciar a opinião do leitor, tentando convencê-lo de que a ideia defendida está correta. É preciso, portanto, expor e

explicar ideias. Por isso, há uma dupla natureza nesse tipo textual: é argumentativo porque defende um ponto de vista, uma opinião, e é dissertativo porque utiliza explicações para justificá-lo. O objetivo desse texto é, em última análise, convencer o leitor de que o ponto de vista é acertado e relevante. Para tanto, mobiliza informações, fatos e opiniões, à luz de um raciocínio coerente e consistente.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. A redação no Enem 2023: cartilha do participante. Brasília, DF: Inep, 2023. p. 16.

Esta estrutura é composta de três partes principais: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Entretanto, cada uma delas tem especificidades que as configuram. Observe, a seguir, algumas das características de cada parte.

Introdução

Contextualização do tema.

Apresentação da tese.

Apresentação de argumentos que sustentem a tese apresentada no texto.

Constituído de, pelo menos, dois parágrafos que sustentem o ponto de vista.

Conforme indicado no esquema, para introduzir o texto dissertativo-argumentativo é importante contextualizar o tema e apresentar a tese que será defendida com argumentos no desenvolvimento; por fim, na conclusão, retoma-se a tese para fazer um fechamento e apresentar a proposta de intervenção, de acordo com a intenção do texto.

Neste Capítulo, serão exploradas, com mais detalhes, a estrutura e as características esperadas para a introdução do texto dissertativo-argumentativo.

Tese e tema

Retomada da tese, fechamento.

Proposta de intervenção social (Enem).

O ponto de vista adotado e defendido pelo autor de um texto é conhecido como tese . Esse elemento é importante para o texto dissertativo-argumentativo, pois sua identificação deve permitir a compreensão do posicionamento adotado e a avaliação dos argumentos apresentados no desenvolvimento como coerentes ou não.

A definição de uma tese, na redação para o Enem, deve estar alinhada ao tema apresentado na proposta de redação.

TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

ATIVIDADES

Leia o artigo de opinião a seguir para responder às questões.

Consulte Orientações para o professor.

Segura na mão dos 60% e vai: se livrando da síndrome da impostora

Enquanto as mulheres só se candidatam para vagas em que preencherem 100% dos requisitos, os homens se arriscam mesmo dando check em 60% – e costuma dar certo. Que tal aprendermos um pouco com essa autoestima delirante?

Não posso afirmar que sou uma mulher com baixa autoestima, pelo menos não no campo profissional. Me recordo de um tempo em que, desprovida de consciência sobre o feminismo e suas lutas, pensava ingenuamente: “Se os homens conseguem, eu também consigo”. Coitada de mim, completamente desinformada sobre como o privilégio funciona, mas esse pensamento talvez tenha me servido, mesmo que inconscientemente.

Se eles usavam calça preta e blusa branca pra trabalhar, eu também podia. Sempre morri de preguiça de fazer maquiagem, então trabalhei muitos anos com pouca ou nenhuma –até começar a perceber que estava perdendo oportunidades por não me apresentar da maneira que esperavam de uma mulher. E assim fui travando.

Quando não estava me sentindo 100%, vinha sempre uma sombra de dúvida sobre a minha capacidade. Ao me conscientizar sobre as disparidades corporativas no que diz respeito à carreira de mulheres, “descobria” a tal síndrome da impostora e ela começou a me pegar de jeito.

Mas minha autoestima ainda estava lá, então em vez de me abater, decidi estudar e entender TUDO que podia sobre o que me perturbava. Primeiro para me sentir mais segura e com argumentos, depois pra saber o que tinha que fazer para diminuir meu medo. E diante de estudos que falam sobre homens e mulheres no mercado de trabalho, descobri que não existe isso de síndrome da impostora. O que existe é uma longa história de patologização da experiência feminina conforme as mulheres conquistam direitos e espaços.

O fenômeno da impostora foi identificado em 1978 de forma bem-intencionada por duas mulheres. Anos antes, entre 1972 e 1978, o governo americano aprovou uma série de leis e emendas a favor dos direitos das mulheres. Então, no contexto em que o fenômeno da impostora foi observado, as mulheres estavam de fato passando a ocupar espaços profissionais que eram dominados por homens – logo, não é de se admirar que elas não se sentissem “dignas” desses cargos devido a um contexto social. Mas o que era chamado um fenômeno passou a ser nomeado popularmente de síndrome, patologizando um sentimento completamente legítimo dadas as circunstâncias.

Quase 50 anos depois, esse não é o caso. Não é que as mulheres não se sentem capazes de ocupar determinados cargos, é que elas só fazem as coisas quando se acham plenamente preparadas. Por exemplo, quando falamos de vagas de emprego, as mulheres só se candidatam quando possuem 100% das características solicitadas. Enquanto isso, os homens já se arriscam quando têm 60% dos requisitos. Esse dado vem de uma pesquisa que [...] [uma plataforma focada em negócios] divulgou em 2019.

Ou seja: capacidade a gente tem, o que a gente talvez não tenha é a autoestima delirante do homem que o encoraja a arriscar mesmo não tendo plena capacidade para ocupar uma função. Eles simplesmente se arriscam e vão aprendendo as coisas no meio do caminho.

Essas descobertas me incomodaram, mas também me lembraram de situações da minha vida nas quais eu não me sentia completamente preparada e mesmo assim arriscava (principalmente na época que eu pensava que se os homens podiam, eu também podia). Fazendo uma análise geral, percebi que, na maioria das vezes, obtive sucesso. Foi então

que criei minha própria regra: nos dias de insegurança, não dê ouvidos ao fenômeno da impostora. Segure na mão dos 60% e vai!

BLASI, Maíra. Segura na mão dos 60% e vai: se livrando da síndrome da impostora. Mina, [s. l.], 13 maio 2024. Disponível em: https://minabemestar.uol.com.br/se-arriscar-mais-carreira/. Acesso em: 10 jul. 2024.

1. Identifique e explique o principal argumento apresentado na linha fina, logo abaixo do título do texto.

2. Quais são os principais pontos discutidos no desenvolvimento do texto que sustentam o argumento inicial? Liste e explique pelo menos três pontos.

3. Como a autora conclui o texto e que mensagem final ela deseja transmitir aos leitores?

4. Qual é o tema central do texto e por que ele é relevante na sociedade atual?

5. Qual é a tese defendida pela autora no texto?

6. A autora menciona que o fenômeno da impostora foi patologizado ao longo do tempo. Explique o que ela quer dizer com isso e discuta se você concorda com essa visão.

7. Descreva a síndrome da impostora conforme apresentada no texto e explique como ela impacta a vida profissional das mulheres.

8. Após ler o texto, qual é a sua opinião sobre a diferença de comportamento entre homens e mulheres em contextos profissionais? Você já se sentiu impactado pela síndrome do impostor em algum aspecto da sua vida? Compartilhe sua experiência.

Texto dissertativo-argumentativo: introdução

Neste tópico, será aprofundado o estudo da primeira parte do texto dissertativo-argumentativo: a introdução. Para isso, serão estudadas algumas possibilidades de estruturação para essa parte inicial da redação.

As diferentes estratégias de introdução

Em um texto dissertativo-argumentativo como a redação para o Enem, o primeiro parágrafo desempenha o papel de introduzir o tema e de apresentar a tese a ser defendida pelo autor. Entre as estratégias para redigir o parágrafo introdutório de um texto dissertativo-argumentativo, destacam-se algumas que tendem a ser mais utilizadas: a referência histórica, a narração, a citação ou a paráfrase, a definição e a referência a alguma obra artística. Essas estratégias serão aprofundadas a seguir.

Referência histórica

Uma importante estratégia usada na elaboração da introdução é apresentar um recorte de situação ou evento histórico, ou ainda se referir a modos de vida, costumes ou hábitos

NÃO ESCREVA NO LIVRO

de determinado período para estabelecer relação com a temática que se quer desenvolver. Essa estratégia pode ser verificada no trecho a seguir.

Em 2022, completam-se 90 anos da conquista das mulheres brasileiras do direito de votar e serem votadas em nosso País. Aprovado definitivamente no Código Eleitoral de 1932, o sufrágio feminino foi resultado de uma luta que começou décadas antes, em várias partes do mundo. Muitas vezes relegada ao esquecimento e à invisibilidade, a história da luta das mulheres pelo direito ao voto é o tema central desta exposição. E é bastante simbólico que isso seja feito neste corredor, chamado Tereza de Benguela, em homenagem à mulher negra brasileira que deixou sua marca em nossa história política muito antes de que fossem iniciados os debates sobre o sufrágio feminino no Parlamento brasileiro.

PRESTES, Ana; KALIL, Angélica (org.). 1932-2022: 90 anos do voto feminino no Brasil. Ilustrações: Mariamma Fonseca. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, out. 2022. p. 5. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/arquivos/90-anos-do-voto -feminino-no-brasil. Acesso em: 9 ago. 2024.

Para discutir a inserção e a importância da mulher na esfera política do Brasil, as autoras fazem referência ao momento histórico que garantiu às mulheres o direito ao voto. Nessa introdução, contextualiza-se historicamente o panorama da luta feminina pelo voto, demarcando no texto que essa conquista se deu 90 anos antes da publicação do texto.

Narração

Essa estratégia consiste em construir um parágrafo em que predomine o tipo textual narrativo. Nele, o autor narra uma história, um acontecimento ou uma situação que ilustre e que possa representar a situação-problema que será debatida no texto. Essa estratégia pode ser exemplificada no trecho a seguir.

“Pelo amor de Deus, me ajudem! Tenho fome! Estou desempregado!”, gritava o homem, dentro do trem do metrô, quase em lágrimas. Era impossível não se condoer. Aos poucos, cada pessoa contribuía com o que podia, mesmo que com algumas moedas. A fome não espera. Ela corrói as entranhas, mas também a dignidade. Imagine a dor de um pai ou uma mãe que percebe que não tem o que dar de comer aos filhos. Também não tem de onde tirar o sustento. Cada amanhecer é incerteza, medo, desesperança, desalento.

CRAVEIRO, Rodrigo. Artigo: A fome jamais espera. Correio Braziliense, Brasília, 3 ago. 2022. Disponível em: https://www.correiobraziliense. com.br/opiniao/2022/08/5026437-artigo-a-fome-jamais-espera.html. Acesso em: 7 fev. 2023.

Nesse trecho de um artigo de opinião, o autor introduz a temática que será discutida – a fome –com a narrativa de uma cena que representa o conflito de um homem que vive a situação-problema. Nesse caso, percebe-se a apresentação de um cenário, de uma personagem, bem como ações e emoções atreladas a essa personagem e às demais que vivenciam a cena.

Esse tipo de introdução narrativa deve ser curto, com sucessão de informações objetivas e lógicas. Ao optar por essa estratégia, é possível despertar empatia no leitor, sensibilizando-o para o tema que será discutido.

Citação ou paráfrase

Nessa estratégia, faz-se referência direta (citação) ou indireta (paráfrase) a um pensamento, uma ideia, uma teoria ou um ponto de vista de autores de referência ou especialistas no tema em voga. No trecho a seguir, retirado de redação nota 1 000 do Enem 2023 (desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil), a candidata utiliza a citação de um conceito da autora Hanna Arendt e o recurso da paráfrase para explicá-lo.

3. Gabriela Larissa de Souza Gurgel

A filósofa contemporânea Hannah Arendt constata, por meio do conceito denominado “Banalidade do Mal”, a tendência existente nas sociedades no que tange à naturalização das mazelas presentes na coletividade. Nessa vertente, percebe-se que, na realidade brasileira atual, a proposição teórica mencionada se torna evidente, sobretudo quando são considerados os entraves para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelas mulheres. Com efeito, hão de ser analisados os principais intensificadores da temática em questão: o machismo estrutural e a omissão estatal.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. A redação do Enem 2023: cartilha do participante. Autoria: Gabriela Larissa de Souza Gurgel. Brasília, DF: Inep, 2023.

Definição

A definição também é uma forma de introduzir um parágrafo, apresentando uma explicação sobre um termo, um conceito ou uma expressão. No trecho a seguir, o recurso foi acionado no parágrafo de introdução.

O feminismo é o movimento que luta pela igualdade social, política e econômica dos gêneros. Hodiernamente, muitas conquistas em prol da garantia dessas igualdades já foram alcançadas –a exemplo do direito ao voto para as mulheres, adquirido no Governo Vargas. Entretanto, essas conquistas não foram suficientes para eliminar o preconceito e a violência existentes na sociedade brasileira.

REDAÇÃO no Enem: leia textos que tiraram nota mil em 2015. G1, [s l.], 16 jun. 2016. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/ leia-redacoes-do-enem-2015-que-tiraram-nota-maxima.ghtml. Acesso em: 7 fev. 2023.

Esse parágrafo introduziu uma redação nota 1 000 d a edição de 2015 do Enem. Nele, percebe-se que a candidata define o que é feminismo para, em seguida, apresentar o tema sobre preconceito e violência de gênero existentes no Brasil.

■ Participantes do I Congresso Internacional Feminista, ocorrido no Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro (RJ), 1922.

Referência a alguma obra

Como o próprio nome já indica, essa estratégia faz referência explícita a produtos culturais, como filmes, livros, pinturas, letras de música, esculturas, peças teatrais etc. A referência deve ser rica em detalhes e indicar o título completo e a autoria do objeto citado, podendo ser usada como exemplo ou com o intuito de comparação para complementar a introdução.

O tema da redação do Enem 2022, “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil,” se conecta com as reflexões de Ailton Krenak em seu livro Ideias para adiar o fim do mundo. Krenak, como pensador e ativista indígena, expõe a crítica ao modelo de desenvolvimento que marginaliza e desvaloriza os saberes e modos de vida dos povos tradicionais, como os indígenas. Ele argumenta que essas comunidades têm uma relação harmoniosa e respeitosa com a Terra, uma visão essencial para a sustentabilidade e a sobrevivência do planeta. O tema do Enem, ao trazer à tona os desafios da valorização desses povos, dialoga com a proposta de Krenak de repensar a relação da humanidade com o mundo natural, reconhecendo a importância das culturas tradicionais na construção de um futuro mais justo e equilibrado. Assim, valorizar as comunidades tradicionais não é apenas um ato de justiça social, mas uma necessidade urgente para evitar o colapso ambiental que ameaça toda a humanidade.

Leia o trecho a seguir, referente à introdução de uma redação nota 1 000 também do Enem 2022.

■ KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das letras, 2020.

No livro “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, Ailton Krenak critica o distanciamento entre a população brasileira como um todo e a natureza, o que não se aplica às comunidades indígenas. Tal pensamento é extremamente atual, já que não só indígenas como todas as populações tradicionais têm uma relação de respeito mútuo com a natureza, aspectos que as diferenciam do resto dos brasileiros. Com isso, a agressão ao meio ambiente e o apagamento dos saberes ancestrais configuram desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. A redação do Enem 2023: cartilha do participante. Autoria: Rodrigo Junqueira Santiago Simões. Brasília, DF: Inep, 2023.

Combinação de estratégias

Na produção de um texto, a criatividade é essencial. Ela pode ser revelada quando o autor aciona diferentes estratégias em sua escrita. Na introdução a seguir, isso pode ser analisado.

A expressão sustentabilidade foi utilizada pela ex-primeira-ministra da Noruega, em um dos primeiros encontros internacionais de meio ambiente, patrocinados pela Organização das Nações

Unidas (ONU), em um documento denominado “Nosso Futuro Comum”. Trouxe a concepção de que é preciso utilizar os recursos naturais, mas sem comprometer a vida das gerações futuras.

NAIME, Roberto. Refletindo sobre sustentabilidade. EcoDebate, [Rio de Janeiro], 23 maio 2017. Disponível em: https://www.ecodebate. com.br/2017/05/25/refletindo-sobre-sustentabilidade-artigo-de-roberto-naime/. Acesso em: 7 fev. 2023.

Nesse exemplo, além de fazer uma referência histórica ao momento que o termo sustentabilidade é utilizado, o autor apresenta a definição relacionando-o à concepção de conscientização para o uso dos recursos naturais sem comprometer as gerações futuras.

ATIVIDADE

Consulte Orientações para o professor

• As introduções a seguir foram retiradas de duas redações que obtiveram a nota máxima no Enem 2018, no qual o tema foi “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”. Leia com atenção e, em seguida, responda às questões propostas.

Texto 1

O advento da internet possibilitou um avanço das formas de comunicação e permitiu um maior acesso à informação. No entanto, a venda de dados particulares de usuários se mostra um grande problema. Apesar dos esforços para coibir essa prática, o combate à manipulação de usuários por meio de controle de dados representa um enorme desafio. Pode-se dizer, então, que a negligência por parte do governo e a forte mentalidade individualista dos empresários são os principais responsáveis pelo quadro.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. A redação no Enem 2019: cartilha do participante. Brasília, DF: Inep, 2019. p. 33.

Texto 2

Sob a perspectiva de uma revolução Tecno-Científico-Informacional, vive-se o auge da evolução humana em sua relação com a tecnologia, em que se destaca a ascensão do papel da internet no cotidiano social. Entretanto, tal avanço não é apenas benéfico, de modo que a popularidade existente no uso das redes virtuais possibilitou seu aproveitamento malicioso para que ela atue como um meio influenciador de comportamentos. Nesse contexto, configura-se um quadro alarmante correlacionado ao potencial de manipulação do usuário por meio do controle dos dados expostos a ele, o que decorre de interesses organizacionais e gera um processo de alienação social. Em um primeiro plano, é imperioso ressaltar que a busca por adesão a um interesse financeiro ou ideológico intensifica o controle da internet como um formador comportamental. De acordo com as pesquisas dos sociólogos Adorno e Horkheimer sobre Indústria Cultural, as mídias digitais possuem uma grande capacidade de atuar como formadoras e moldadoras de opinião. [...]

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. A redação no Enem 2019: cartilha do participante. Brasília, DF: Inep, 2019. p. 37.

a) Que estratégias foram utilizadas nos textos 1 e 2? Justifique sua resposta com trechos dos textos.

b) Nos textos predominantemente argumentativos, o autor expõe sua opinião sobre determinado tema. Nos textos 1 e 2, fica explícita a tese defendida pelos autores? Justifique.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

CONEXÕES com ...

CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

Consulte Orientações para o professor.

Sobre o nosso trabalho para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento

Sustentável no Brasil

Como as Nações Unidas apoiam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil

A ONU e seus parceiros no Brasil estão trabalhando para atingir os Objetivos de Desenvolvimento

Sustentável. São 17 objetivos ambiciosos e interconectados que abordam os principais desafios de desenvolvimento enfrentados por pessoas no Brasil e no mundo.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. Estes são os objetivos para os quais as Nações Unidas estão contribuindo a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 no Brasil.

■ O conteúdo desta publicação não foi aprovado pelas

Nações Unidas e não reflete as opiniões das Nações Unidas ou de seus funcionários ou Estados Membros.

NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Sobre o nosso trabalho para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil. Brasília, DF: Nações Unidas Brasil, c2024. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs. Acesso em: 10 jul. 2024.

Observe o infográfico dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) anterior e leia as suas descrições a seguir:

Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável

Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades

Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos

Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas

Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos

Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos

Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos

Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação

Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles

Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis

Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis

Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos

Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável

Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade

Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis

Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável

BRASIL. Nações Unidas Brasil. Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Brasília: Nações Unidas Brasil, 2015. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/agenda2030-pt-br.pdf. Acesso em: 27 set. 2024.

1. Escolha dois objetivos que, na sua opinião, estão mais interligados e explique como a realização de um pode influenciar diretamente a conquista do outro.

2. Com base no infográfico dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, responda: por que a igualdade de gênero (ODS 5) é essencial para o alcance dos outros objetivos de desenvolvimento sustentável? Forneça exemplos para embasar sua resposta.

3. Utilizando o infográfico dos ODS como base, bem como as descrições de cada um dos objetivos, escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema:

A importância da ação climática (ODS 13) para a sustentabilidade dos recursos naturais e para a qualidade de vida das futuras gerações

Para a escrita de seu texto, recomendamos que você acesse o site das Nações Unidas Brasil para pesquisar mais informações sobre os ODS, como exemplo, as metas previstas para cada um dos objetivos propostos. O site das Nações Unidas Brasil pode ser acessado no link, disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs (acesso em: 12 set. 2024).

Posicionamento e argumentação em campanhas institucionais

Posicionar-se sobre um tema é uma atividade discursiva que se conecta a todas as esferas das relações sociais. As campanhas institucionais, por exemplo, utilizam diversas estratégias argumentativas para conclamar os cidadãos a se posicionarem diante de problemas que afligem a sociedade. Para refletir sobre isso, leia atentamente a peça a seguir, produzida pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), e responda às questões propostas.

1. Qual é o assunto abordado na peça da campanha do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais? E qual é o tema?

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolva nos estudantes o aprofundamento das “análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas”. Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social.

2. Apesar do enfoque do tema identificado na atividade anterior, a peça também propõe a reflexão sobre a violência contra a mulher. De que maneira isso acontece?

3. Qual é a tese defendida na peça da campanha em estudo? Essa tese é apresentada de modo explícito ou implícito?

4. As estratégias argumentativas são recursos de que o autor dispõe para construir a credibilidade e a aceitabilidade do texto. Releia o trecho a seguir e explique qual é sua função na peça da campanha.

160 mil brasileiras estão atuando em praticamente todas as áreas abrangidas pelas tecnologias. E muitas delas estão dentro do CEFET-MG.

5. Analise o texto principal da peça da campanha e explique de que modo cores e disposição gráfica foram agenciadas em prol da argumentação.

6. De que modo a palavra alicate se vale de diversos contextos de uso a fim de contribuir para o processo argumentativo da campanha? E sobre a grafia “alunx” em vez de “alunos” ou “alunas”? O que essa escolha pode representar em termos de inclusão e diversidade?

Gênero textual: peça publicitária

A publicidade é uma das formas mais antigas e influentes de comunicação de massa. Desde os primeiros cartazes e panfletos distribuídos nas ruas até as campanhas multimilionárias exibidas em plataformas digitais, as peças publicitárias desempenham um papel importante na sociedade moderna. Elas não apenas informam sobre produtos e serviços mas também moldam comportamentos, estilos de vida e valores culturais. Compreender o gênero textual peça publicitária é essencial para desenvolver uma visão crítica sobre o consumo e a mídia, além de ser uma habilidade valiosa para qualquer pessoa que deseja atuar nos campos de comunicação, marketing ou design.

As peças publicitárias estão em toda parte: nos intervalos comerciais da televisão, nos banners de sites da internet, nas páginas de revistas e jornais, nos outdoors que vemos nas ruas e até nas redes sociais que acessamos diariamente. Elas utilizam uma combinação de textos, imagens, sons e vídeos para transmitir suas mensagens de maneira eficaz e persuasiva. A criação de uma peça publicitária envolve profundo conhecimento do público-alvo, criatividade na elaboração da mensagem e estratégia clara para alcançar os objetivos de comunicação.

Nesta parte do Capítulo, exploraremos detalhadamente o que torna uma peça publicitária eficaz. Analisaremos sua estrutura, os elementos que a compõem, as características específicas da linguagem publicitária e sua função social. Também discutiremos os diferentes tipos de peças publicitárias e forneceremos um guia prático para a produção de um anúncio. Ao final deste Capítulo, você estará apto a analisar criticamente anúncios publicitários e a criar suas próprias peças com competência e criatividade.

Vamos começar entendendo a estrutura básica de uma peça publicitária e como cada elemento contribui para a construção de uma mensagem persuasiva e envolvente.

Estrutura e características da peça publicitária

A peça publicitária tem uma estrutura básica, adaptável ao meio, composta por título (que chama atenção e introduz a mensagem), imagem (reforça a mensagem), texto principal (detalha a mensagem), chamada para ação (incentiva a ação do público) e logo/informações de contato (identifica a marca). A linguagem é persuasiva, objetiva, criativa e emocional, utilizando recursos como trocadilhos, metáforas e slogans.

Função social e tipos de peças publicitárias

As peças publicitárias informam, influenciam o comportamento econômico, refletem valores culturais e têm função educativa. Tipos comuns incluem anúncios impressos, televisivos, digitais, outdoor e rádio, cada um com suas características próprias.

Produção e análise de peças publicitárias

Produzir uma peça envolve entender o público-alvo, definir a mensagem, escolher o meio, planejar o conteúdo, produzir e revisar a peça, e testar sua eficácia. A análise de peças publicitárias reais (anúncio de consumo ou campanha de conscientização) ajuda a entender estratégias e impactos.

A criação publicitária é todo processo que envolve a produção de peças e campanhas publicitárias que podem ser de cunho institucional, comercial, governamental, educacional, entre outros. São vários os profissionais das áreas de marketing, propaganda e negócios envolvidos nesse processo. Conheça, a seguir, essas carreiras e possibilidades de novas atuações profissionais nessas áreas.

Marketing: é o conjunto de atividades que envolvem a criação, comunicação, entrega e troca de ofertas que tenham valor para clientes, parceiros e sociedade em geral. Engloba desde a pesquisa de mercado até estratégias de venda e comunicação com o público.

Propaganda: é uma forma de comunicação que tem como objetivo promover produtos, serviços ou ideias através de mensagens persuasivas. Diferente do marketing, que é mais abrangente, a propaganda foca diretamente a divulgação e a persuasão do público.

Negócios: referem-se a todas as atividades envolvidas na produção, compra e venda de bens e serviços. Envolve administração de recursos, tomada de decisões estratégicas e gestão de operações para alcançar objetivos organizacionais.

MUNDO DO TRABALHO
NÃO ESCREVA NO LIVRO

Setores em alta no Brasil

1. Marketing digital: com a crescente digitalização, o marketing digital está em alta. Profissionais dessa área trabalham com SEO, mídias sociais, marketing de conteúdo e campanhas on-line.

2. Data Science e análise de dados: a análise de dados é fundamental para estratégias de marketing eficazes. Profissionais especializados em extrair e interpretar dados para tomar decisões informadas são muito procurados.

3. E- commerce: com o crescimento das compras on-line, o setor de e-commerce está em ascensão. Profissionais que entendem de logística, marketing digital e gestão de plataformas on-line são essenciais.

4. Marketing de influência: o marketing de influência utiliza personalidades populares nas redes sociais para promover produtos e serviços.

5. Propaganda programática: esse setor envolve a compra automatizada de espaços publicitários on-line utilizando dados e algoritmos para direcionar anúncios a públicos específicos.

• Elabore com sua turma um portfólio coletivo de profissões nas áreas mencionadas, que pode ser on-line ou físico. Para se preparar para o mercado de marketing e negócios, é essencial desenvolver habilidades específicas relacionadas à comunicação, à administração e a decisões estratégicas. Cursos universitários, pós-graduações e especializações em áreas como Marketing Digital, Administração e Ciência de Dados são recomendados. Pesquise o mercado de trabalho, a formação, possíveis cursos e formas de ingresso. Dessa maneira, poderá conhecer diferentes profissões e se preparar para o ingresso no mundo do trabalho.

Organizando as ideias: rascunho e progressão textual

Nas práticas de produção textual, é importante considerar e reconhecer as etapas desse processo de escrita, que envolve desde o planejamento do texto até a escrita da versão final. Nesse sentido, planejar é a primeira e, talvez, a etapa mais significativa. Nela, você organiza as ideias, estimulando seu pensamento e sua criatividade ao acionar conhecimentos sobre o tema.

Antes de começar a produção, algumas perguntas são fundamentais para a reflexão e para a mobilização dos conhecimentos prévios que vão motivar a escrita. Observe os exemplos a seguir.

• Qual texto vou produzir e que tipos textuais devem ser predominantes?

• O que sei sobre o assunto e o tema que serão comentados?

• Qual é meu ponto de vista sobre esse tema?

• Que referências bibliográficas, históricas e culturais tenho sobre esse tema?

Além dessas perguntas, especialmente para a produção do texto dissertativo-argumentativo, é essencial que você defina e formule sua tese, na qual fique evidente seu posicionamento. É fundamental também prever argumentos e avaliar quais são os mais fortes e adequados ao desenvolvimento do texto.

Para facilitar a produção do texto e a organização em parágrafos, antes de produzir a versão final de sua redação, você pode esquematizar as ideias em tópicos que resumem o que será apresentado em cada parágrafo. Com base nesse esquema, é possível produzir um rascunho.

Observe, a seguir, um modelo de esquema que pode ser usado para planejar seu texto.

Introdução

1o parágrafo: apresentação e contextualização do tema, evidenciando o ponto de vista e construindo a tese.

Desenvolvimento

2 o parágrafo: argumento 1 3o parágrafo: argumento 2

Conclusão

4 o parágrafo: retomada da tese; encerramento da ideia geral apresentada; apresentação de proposta de intervenção para o problema (Enem).

Depois de produzir o esquema, é importante avaliar a progressão das ideias, para garantir a coerência no desenvolvimento dos parágrafos. Em seguida, dá-se início ao processo de escrita do rascunho, atentando ao que foi definido para cada parágrafo do texto. A cada finalização de escrita de parágrafo, retome a leitura do(s) parágrafo(s) anterior(es). Assim, é possível avaliar a coerência entre as partes, revelando a progressão temática do texto.

Considerando a introdução de seu texto, é importante que, ao planejar cada parágrafo, fique claro que o início de sua redação será o primeiro contato do leitor com seus conhecimentos sobre o tema, seu ponto de vista e suas intenções comunicativas. Desse modo, garanta que, desde o planejamento, toda a estruturação seja pensada de modo que as ideias apresentadas na introdução conduzam aos parágrafos do desenvolvimento e, depois, sejam retomadas na conclusão, para que todo o posicionamento seja articulado até o final do texto.

O tópico frasal

Além de conhecer a estrutura básica do texto dissertativo-argumentativo, pensar estrategicamente a construção dos parágrafos que compõem cada parte é fundamental no processo de produção textual. Nesse sentido, o tópico frasal pode facilitar a escrita dos parágrafos, tornando-os mais organizados, por se tratar de uma estrutura que permite ao produtor do texto desenvolver o tema com mais segurança e organização.

O tópico frasal é um recurso usado para resumir a ideia central ou mais importante de um parágrafo. É um enunciado que pode se apresentar de distintas maneiras, em especial por meio da declaração, da definição e da pergunta.

Por ser apresentado no início do parágrafo, o tópico frasal permite que tanto o leitor, durante a leitura, como o autor, durante a escrita, seja orientado acerca do conteúdo a ser abordado no fragmento. Na perspectiva da produção textual, essa sistematização ajuda a guiar quais serão os tópicos ou as informações que serão apresentadas, discutidas e/ou argumentadas em seguida, permitindo um planejamento bem estruturado.

Na construção da introdução de um texto dissertativo-argumentativo, o tópico frasal pode ser usado principalmente como sistematização de toda a temática trabalhada no texto, agindo como uma apresentação ou uma prévia geral da redação.

Declaração

■ Construir o tópico frasal pode ser uma excelente estratégia para garantir a coerência e a progressão textual. São Paulo (SP), 2022.

O tópico frasal declarativo revela uma afirmação ou uma negação forte e de impacto. Por meio do trecho do texto dissertativo-argumentativo a seguir, é possível analisar a importância do tópico frasal do tipo declarativo no desenvolvimento da argumentação.

Os desmatamentos e queimadas são atividades que geram impactos negativos para a sociedade e o meio ambiente, ameaçam espécies da fauna e da flora com a destruição de habitats, afetam diretamente o meio de vida de milhões de pessoas, comprometem a oferta hídrica de outros tantos milhões e contribuem para a perda de solos férteis e a erosão. Além disso, o desmatamento em escala global contribui com a emissões de gases de efeito estufa que afetam o clima, sendo a principal fonte de emissões do Brasil.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Prevenção e Controle do Desmatamento. [Brasília, DF]: Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, [20--]. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/combate-ao-desmatamento-queimadas -e-ordenamento-ambiental-territorial. Acesso em: 4 nov. 2024.

Nesse trecho, o tópico frasal introduz o parágrafo, revelando seu núcleo, a informação de que “os desmatamentos e as queimadas geram impactos negativos para a sociedade e o meio ambiente”. Após a apresentação desse tópico frasal, é feita a justificativa do que foi afirmado por meio de exemplos dos impactos causados por esses fenômenos.

Assim, nesse parágrafo, percebe-se uma sequência lógica de informações apresentadas de forma progressiva: primeiro é feita a afirmação em que o ponto de vista é defendido e, em seguida, os argumentos são apresentados para tentar convencer o leitor a aderir a esse mesmo posicionamento.

Definição

Esse tipo de tópico frasal pode ser acionado quando se quer explicar um conceito, uma palavra ou uma expressão importante para o desenvolvimento do parágrafo. Observe, no trecho a seguir, um exemplo de tópico frasal na estrutura de definição.

Fake News (notícias falsas) consistem na disseminação deliberada de desinformação ou boatos via jornal impresso, televisão, rádio e, especialmente, Internet (Sites e redes sociais). Este tipo de notícia é escrito e publicado com a intenção propositada de enganar ou ludibriar, muitas vezes com manchetes sensacionalistas, exageradas ou evidentemente falsas.

ROCHA, Marco Aurélio de Oliveira. O poder da desinformação: Fake News, desonestidade intelectual e Pós-Verdade. OAB Mato Grosso do Sul, [Campo Grande], 30 abr. 2020. Disponível em: https://oabms.org.br/artigo-o-poder-da-desinformacao-fake-news-desonestidade -intelectual-e-pos-verdade-marco-rocha/. Acesso em: 6 fev. 2023.

Ao apresentar uma explicação sobre o que são fake news no início do parágrafo, o autor optou por partir da definição do termo para, no restante do trecho, apresentar a finalidade das fake news. Essa organização de ideias demonstra progressão temática.

Nessa situação, compreende-se a definição como conteúdo central do trecho. No entanto, quando a definição é utilizada como uma estratégia complementar na construção do parágrafo, a explicação é entendida como secundária, apenas servindo de apoio às demais ideias defendidas no texto.

Pergunta

Também conhecido como pergunta retórica, esse tipo de tópico frasal tem a função de despertar o interesse do leitor e promover a reflexão sobre o assunto a ser abordado. Essa pergunta deve ter relação direta com o tema do texto e afastar-se do senso comum e de clichês. O trecho a seguir apresenta como tópico frasal um questionamento.

Muito se fala sobre uma retomada sustentável pós-pandemia. Mas o que isso quer dizer na prática? Porque se tem uma palavra que hoje é usada sem muito rigor, essa palavra é sustentabilidade. No entanto, chegou a hora de tirarmos esse conceito dos discursos bonitos, das utopias e da nossa imaginação. Chegou a hora de aplicarmos a teoria na prática.

GOMES, Fernanda. É possível viver em uma cidade mais sustentável. Estadão, [São Paulo], 27 out. 2020. Disponível em: https://www.estadao.com.br/ politica/blog-do-fausto-macedo/e-possivel-viver-em-uma-cidade-mais-sustentavel/. Acesso em: 30 jan. 2023.

Nesse trecho, a autora cita uma ideia presente na sociedade, de que muito se fala sobre a sustentabilidade pós-pandemia, mas questiona o que isso representa na prática, relacionando as ações do falar e do agir. Para estabelecer essa relação e levar o leitor à reflexão, ela apresenta o questionamento que será nuclear para o desenvolvimento de sua argumentação e para apresentar seu ponto de vista: deve-se agir e não somente falar. No caso de propostas de redação organizadas em forma de pergunta, na introdução do texto dissertativo-argumentativo, a pergunta retórica apresentada no tópico frasal pode ser exatamente essa questão-base. Nesse tipo de formulação da proposta, espera-se que o candidato apresente uma resposta à questão, então a reprodução adaptada dessa pergunta pode ajudá-lo a estruturar o texto, garantindo a exposição dessa solução.

■ Embora a pandemia de Covid19 tenha tido início em 2019, o uso de máscaras ainda era obrigatório em transportes públicos no ano de 2022 em razão da variante ômicron. São Paulo (SP), 2022.

ATIVIDADES Consulte Orientações para o professor

Leia atentamente a redação a seguir sobre os “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pelas mulheres no Brasil”, tema da redação do Enem 2023. A partir da análise desse texto, realize as atividades propostas.

A dignidade da pessoa humana é um dos fundamentos da Constituição Federal, proposta no Artigo 1o. Esse fundamento pode ser garantido através do exercício do trabalho — que contribui para o desenvolvimento do indivíduo ao fornecê-lo condições para se sustentar na sociedade. Contudo, apesar de ser fundamento constitucional, percebe-se que, na realidade atual do país, a dignidade humana é violada pela invisibilização do trabalho de cuidado realizado por mulheres. Nesse prisma, deve-se analisar como a desvalorização do trabalho manual e a perpetuação do machismo são desafios para enfrentar essa realidade contrária à Constituição.

A princípio, cabe salientar que há uma influência cultural que explica a desvalorização do trabalho manual. Na Grécia Antiga, o trabalho braçal era considerado inferior porque os mais ricos — detentores de melhores condições de vida — eram pensadores, ou seja, eram aqueles que exerciam trabalho mental. Partindo da compreensão de que a história das sociedades ocidentais, como o Brasil, é baseada na cultura grega, é inevitável dizer que a desvalorização de serviços braçais — como o trabalho de cuidado realizado por mulheres que limpam, lavam, cozinham e cuidam de crianças e idosos — é resultado de uma cultura elitista enraizada nas sociedades do Ocidente. Dessa forma, mudar essa realidade estrutural é uma tarefa complexa, já que envolve uma questão cultural, porém é uma ação necessária para que o elitismo não favoreça a desqualificação de certos tipos de trabalho. Outrossim, a perpetuação do machismo é uma arma que invibiliza o valor social das mulheres. Foucalt — filósofo francês — propôs os conceitos de silenciamento e normalização, explicando que a sociedade silencia alguns assuntos para perpetuar organizações de poder e normaliza problemas sociais quando eles se tornam repetitivos. Fazendo um paralelo com os estudos do filósofo, entende-se que o machismo foi normalizado pela sociedade devido a sua perpetuação ao longo da história e silenciado pelo patriarcado que queria manter-se no poder. Um exemplo pode ser visto quando o voto foi concedido às mulheres, que, de início, precisavam ser casadas com um homem para votar. Ou seja, até num pequeno indício de liberdade, as mulheres tiveram seu valor social silenciado pelo machismo, realidade que está — negativamente — normalizada na sociedade atual.

Infere-se, portanto, que modificar essa realidade discriminatória e opressora é missão da sociedade. Logo, cabe ao Governo — administrador do país — financiar as escolas para criar projetos de valorização a todos os tipos de trabalho e às mulheres, através de palestras, a fim de romper com o elitismo e o machismo que desconsideram as cuidadoras brasileiras. Talvez, assim, as mulheres não serão mais invisibilizadas e terão sua dignidade humana garantida.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. A redação no Enem 2024: cartilha do participante. Brasília, DF: Inep, 2019. p. 47.

1. Qual é a tese apresentada na introdução e como ela direciona a argumentação da redação?

2. Como o segundo parágrafo utiliza o tópico frasal para iniciar o desenvolvimento da argumentação?

3. Qual é a proposta de intervenção apresentada na conclusão e como ela se conecta com o restante da redação?

NÃO ESCREVA NO LIVRO

REDAÇÃO NOTA 1 000

A seguir, veja a proposta de redação apresentada no Enem no ano de 2019.

Agora, leia uma das redações que recebeu nota 1 000 nesse exame.

O filme “Cine Hollywood” narra a chegada da primeira sala de cinema na cidade de Crato, interior do Ceará. Na obra, os moradores do até então vilarejo nordestino têm suas vidas modificadas pela modernidade que, naquele contexto, se traduzia na exibição de obras cinematográficas. De maneira análoga à história fictícia, a questão da democratização do acesso ao cinema, no Brasil, ainda enfrenta problemas no que diz respeito à exclusão da parcela socialmente vulnerável da sociedade. Assim, é lícito afirmar que a postura do Estado em relação à cultura e a negligência de parte das empresas que trabalham com a “sétima arte” contribuem para a perpetuação desse cenário negativo.

Em primeiro plano, evidencia-se, por parte do Estado, a ausência de políticas públicas suficientemente efetivas para democratizar o acesso ao cinema no país. Essa lógica é comprovada pelo papel passivo que o Ministério da Cultura exerce na administração do país. Instituído para ser um órgão que promova a aproximação de brasileiros a bens culturais, tal ministério ignora ações que poderiam, potencialmente, fomentar o contato de classes pouco privilegiadas ao mundo dos filmes, como a distribuição de ingressos em instituições públicas de ensino básico e passeios escolares a salas de cinema. Desse modo, o Governo atua como agente perpetuador do processo de exclusão da população mais pobre a esse tipo de entretenimento. Logo, é substancial a mudança desse quadro.

Outrossim, é imperativo pontuar que a negligência de empresas do setor – como produtoras, distribuidoras de filmes e cinemas – também colabora para a dificuldade em democratizar o acesso ao cinema no Brasil. Isso decorre, principalmente, da postura capitalista de grande parte do empresariado desse segmento, que prioriza os ganhos financeiros em detrimento do impacto cultural que o cinema pode exercer sobre uma comunidade. Nesse sentido, há, de fato, uma visão elitista advinda dos donos de salas de exibição, que muitas vezes precificam ingressos com valores acima do que classes populares podem pagar. Consequentemente, a população de baixa renda fica impedida de frequentar esses espaços.

É necessário, portanto, que medidas sejam tomadas para facilitar o acesso democrático ao cinema no país. Posto isso, o Ministério da Cultura deve, por meio de um amplo debate entre Estado, sociedade civil, Agência Nacional de Cinema (ANCINE) e profissionais da área, lançar um Plano Nacional de Democratização ao Cinema no Brasil, a fim de fazer com que o maior número possível de brasileiros possa desfrutar do universo dos filmes. Tal plano deverá focar, principalmente, em destinar certo percentual de ingressos para pessoas de baixa renda e estudantes de escolas públicas. Ademais, o Governo Federal deve também, mediante oferecimento de incentivos fiscais, incentivar os cinemas a reduzirem o custo de seus ingressos. Dessa maneira, a situação vivenciada em “Cine Hollywood” poderá ser visualizada na realidade de mais brasileiros.

DIRETOR de Cine Holliúdy comemora citação do filme em redação nota mil do Enem. G1, [Fortaleza], 19 jan. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2020/01/19/diretor-de-cine-holliudy-comemora -citacao-do-filme-em-redacao-nota-mil-do-enem.ghtml. Acesso em: 26 ago. 2024

1. Qual é o tema central da redação e como ele é apresentado na introdução?

2. Como a tese é introduzida no primeiro parágrafo e o que ela revela sobre o posicionamento do autor?

3. Qual é o tópico frasal utilizado no segundo parágrafo e como ele direciona a argumentação?

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Ampliando saberes

O filme citado na redação que você acabou de ler foi dirigido por Halder Gomes e estreou em 2013 nos cinemas. Nessa produção de comédia, a personagem principal, Francisgleydisson, tem a missão de tentar manter o cinema como opção de entretenimento para a população de uma cidade no interior do Ceará.

■ CINE Holliúdy. Direção: Halder Gomes. Brasil: Paris Filmes, 2012. Streaming (92 min).

PRÁTICAS DE LINGUAGEM

Acentuação

A maioria das palavras em língua portuguesa tem uma sílaba que se destaca pela maior intensidade ao ser pronunciada. Essa intensidade é chamada de acento tônico. Por exemplo, palavras como cadeira, lápis, relógio, telefone têm o acento tônico nas seguintes sílabas: cadeira, lápis, relógio, telefone. Algumas poucas palavras não têm acento tônico e, por isso, são chamadas de palavras átonas. Isso ocorre, por exemplo, com o pronome nos, em uma frase como: “Ela nos deu um presente”. Pronunciando essa frase, você verá que o nos se apoia foneticamente no acento tônico de deu, formando com ele uma unidade fonética. É como se pronunciássemos assim: “Ela nosdeu um presente”, ou até mesmo: “Ela n’deu um presente”.

Algumas palavras utilizam um acento gráfico para indicar o acento tônico. As vogais a, e, o, quando estão abertas, recebem o acento agudo (´): já, até, só. Quando estão fechadas, recebem o acento circunflexo (^): âmbar, fênix, avô. Como as vogais i e u não mudam de timbre (não podem ser abertas ou fechadas), elas recebem apenas o acento agudo, como em: país, baú.

Palavras tônicas e palavras átonas

Palavras tônicas

As palavras tônicas são aquelas em que uma das sílabas se destaca das demais pela intensidade da pronúncia. Essa sílaba é chamada de sílaba tônica.

Exemplos:

• Café (fé)

Palavras átonas

• Coração (ção)

• Parabéns (béns)

As palavras átonas são aquelas em que nenhuma sílaba se destaca pela intensidade da pronúncia. Geralmente, essas palavras são monossílabas e fazem parte de um contexto maior, em que a acentuação é distribuída nas palavras vizinhas.

Exemplos:

• O (artigo definido)

• De (preposição)

• Que (conjunção)

Posição do acento tônico em língua portuguesa

A posição do acento tônico pode ser classificada em três categorias principais.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

1. Oxítonas

A sílaba tônica é a última.

Exemplos:

• Café

Regras das oxítonas

• Cipó

• Avó

As palavras oxítonas são acentuadas quando terminam em “a(s)”, “e(s)”, “o(s)”, “em(ens)”.

Exemplos:

• Pará

2. Paroxítonas

• Café

A sílaba tônica é a penúltima.

Exemplos:

• Fácil

R egras das paroxítonas

• Tórax

• Cipó

• Parabéns

• Hífen

As palavras paroxítonas são acentuadas quando não terminam em “a(s)”, “e(s)”, “o(s)”, “em(ens)”.

Exemplos:

• Fácil

3. Proparoxítonas

• Tórax

• Hífen

A sílaba tônica é a antepenúltima. Todas as proparoxítonas são acentuadas.

Exemplos:

• Sábado

Regra das proparoxítonas

• Mágico

• Âmbito

Todas as palavras proparoxítonas devem ser acentuadas. A regra é simples e abrange todas as ocorrências.

Exemplos:

• Lógico

Casos especiais

Ditongos abertos (éis, éu(s), ói(s))

• Médico

Acentuam-se as palavras oxítonas que têm ditongos abertos.

Exemplos:

• Chapéu

I e U tônicos em hiato

• Céu

• Prática

• Herói

Acentuam-se o i e u tônicos quando formam hiato com a vogal anterior e estão sozinhos na sílaba ou seguidos de s.

Exemplos:

• Saúde

Monossílabos tônicos

• Baú

• Saída

Acentuam-se os monossílabos tônicos terminados em “a(s)”, “e(s)”, “o(s)”.

Exemplos:

• Pá

• Pé

• Pó

Regra dos hiatos oo/ee

Não se acentuam as vogais dobradas oo e ee. Este é um caso especial, uma vez que a vogal dobrada é tratada como um único som prolongado e, portanto, não recebe acento gráfico.

Exemplos:

• Voo • Leem

Regras do acento diferencial

O acento diferencial é utilizado para diferenciar palavras homógrafas (mesma grafia, significados diferentes). Algumas dessas palavras mantêm o acento diferencial mesmo após a reforma ortográfica.

Exemplos:

• Pôr (verbo) / Por (preposição)

Tabela

prática de acentuação

Regras

Monossílabos tônicos

Exemplos

Pá, Sé, Ló

Oxítonas terminadas em “a(s)” Pará, Sofá

Oxítonas terminadas em “e(s)” Café, Você

Oxítonas terminadas em “o(s)”

Oxítonas terminadas em “em(ens)”

Paroxítonas (exceto terminadas em “a(s)”, “e(s)”, “o(s)”, “em(ens)”)

Cipó, Avó

Parabéns, Também

Fácil, Tórax, Hífen

Proparoxítonas Sábado, Mágico, Âmbito

Oxítonas com ditongos abertos (éis, éu(s), ói(s))

Hiatos (i e u tônicos)

Chapéu, Céu, Herói

Saúde, Baú, Saída

Hiatos oo/ee Voo, Leem

Acento diferencial

Pôr

ATIVIDADES Consulte Orientações para o professor

1. Reproduza a tabela de acentuação gráfica apresentada na seção anterior, que inclui as categorias de monossílabos tônicos, oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas, ditongos abertos, hiatos e acento diferencial. A tabela deve conter uma coluna para regras e outra para exemplos.

2. Análise de redação:

• Utilize a redação nota 1 000 que vimos no Capítulo para esta atividade.

• Identifique e registre todas as palavras acentuadas na redação.

• Classifique cada palavra acentuada de acordo com a tabela de acentuação gráfica. Para cada palavra, indique a categoria correspondente (monossílabo tônico, oxítona, paroxítona, proparoxítona, ditongo aberto, hiato ou acento diferencial).

3. Certifique-se de revisar a redação cuidadosamente, para não deixar nenhuma palavra acentuada sem classificação. Caso tenha dúvidas sobre a classificação de alguma palavra, consulte a seção de acentuação gráfica para esclarecimentos.

PARA REFLETIR

Questões sociais

A argumentação está presente em diferentes situações comunicativas nas quais é requerida a adesão dos interlocutores a um ponto de vista, como em uma conversa para decidir o destino da viagem com a família, na produção de uma campanha publicitária ou de um artigo de opinião a ser publicado no site de um jornal. Ela permeia as ações cotidianas de todos tanto como produtores quanto como leitores, levando à reflexão e ao posicionamento sobre temas de interesse da sociedade, que, em geral, afetam a coletividade. Na sua construção, é possível fazer uso de diferentes linguagens, como ocorre nesta peça publicitária, que faz parte de uma campanha de conscientização.

1. Quais são os principais elementos de argumentação presentes na peça publicitária que visam sensibilizar o público para economizar água?

Consulte Orientações para o professor

SÃO GABRIEL DO OESTE (MS). Prefeitura de São Gabriel do Oeste. No dia Mundial da Água não vamos desperdiçar nossas atitudes. São Gabriel do Oeste: SAEE, 2023. 1 cartaz.

2. Quais técnicas de persuasão são usadas na peça publicitária para convencer o público a agir contra o desperdício de água?

3. De que maneira a peça publicitária aborda uma questão social urgente e o que essa campanha busca promover?

4. Crie uma peça publicitária abordando uma questão social urgente à sua escolha. Sua peça deve conter um apelo persuasivo claro e uma mensagem de impacto, semelhante ao que foi utilizado na campanha do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) e da prefeitura de São Gabriel do Oeste.

EM PRÁTICA

Consulte Orientações para o professor

A redação para o Enem

Agora, você vai colocar em prática seus conhecimentos, em especial as estratégias de construção da introdução, e se envolver em uma prática de produção textual de um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “Fake news, seus impactos na sociedade e formas de combatê-las”. Como texto de apoio para sua produção, considere a tirinha a seguir.

REPRODUÇÃO/PREFEITURA DE SÃO GABRIEL DO OESTE, MS.

BECK, Alexandre. [Fake News é corrupção da informação]. Armandinho. [Santa Maria], [2020].

Organizar

• Antes de iniciar sua escrita, pesquise o tema. Utilize como referência sites informativos e fontes confiáveis, como artigos de instituições governamentais e de universidades, por exemplo.

• Pesquise também referências culturais que estejam relacionadas ao tema e que possam ser citadas em seu texto.

• Em seu caderno, faça anotações relevantes que possam subsidiar a escrita da contextualização do tema e a construção da tese a ser defendida em seu texto.

• Registre argumentos que possam ser mobilizados no texto, referências a especialistas no assunto e dados concretos. Para obter essas informações, busque artigos científicos sobre o tema.

• Pense em sugestões de intervenções e soluções para o problema proposto.

• Com base nessas informações, produza um esquema de planejamento dos parágrafos, conforme abordado neste Capítulo. Defina a quantidade de parágrafos que será produzida e a ideia principal que será desenvolvida em cada um deles; para facilitar, escreva o tópico frasal de cada um desses parágrafos.

Produzir

• Releia o tema da proposta e o texto de apoio apresentado. Com essas informações, retome o esquema produzido anteriormente e avalie se o desenvolvimento das ideias está de acordo com a proposta.

• Com base na versão final de seu esquema, comece a produção de seu texto.

• Ao produzir o parágrafo de introdução, escolha uma das estratégias de introdução que melhor possibilitará o desenvolvimento de seu texto. Você pode, por exemplo, usar a referência a uma informação histórica ou citar algum especialista no assunto encontrado em sua pesquisa.

• Produza o rascunho de seu texto, lembrando-se sempre de reler cada parágrafo para garantir a progressão e a coerência.

• Desenvolva os argumentos com base em suas anotações na etapa de organização; ao final, na conclusão, demonstre seu protagonismo por meio de uma proposta de intervenção para o problema.

• N ão se esqueça de criar um título que dialogue com o tema e com o seu posicionamento.

Avaliar

Levando em consideração as questões a seguir, revise a primeira versão do seu texto.

1. Sua introdução apresenta uma tese contextualizada? Que estratégia você utilizou para compô-la?

2. Que estrutura de tópico frasal você utilizou no parágrafo de introdução? De que maneira esse tópico contribuiu para a exposição das informações apresentadas nesse parágrafo?

3. A organização de sua introdução permitiu que os argumentos do desenvolvimento e a conclusão mantivessem o foco pretendido e alinhado com o tema da proposta? Justifique.

Após seguir todas as etapas indicadas nesta seção, passe a sua redação a limpo em uma folha separada, que deverá ser entregue ao professor para avaliação.

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

Vimos neste Capítulo a estrutura e a importância do texto dissertativo-argumentativo, que combina características dos textos dissertativos e argumentativos para expor informações e defender um ponto de vista. O texto dissertativo-argumentativo é o gênero oficial do Enem em razão de sua capacidade de avaliar a habilidade de argumentação dos candidatos, essencial para a participação cidadã.

A estrutura desse tipo de texto é dividida em introdução, desenvolvimento e conclusão. O Capítulo se concentrou não só no estudo da introdução mas também do tema e da apresentação da tese. Vimos igualmente o gênero textual peça publicitária, além das regras de acentuação aplicadas na redação nota 1 000. O Capítulo também detalha diferentes estratégias para a introdução, como referência histórica, narração, definição e referência a alguma obra.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Agora, chegou o momento de sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para que seja possível elaborar sua resposta.

1. Você consegue identificar e diferenciar claramente as partes da estrutura de um texto dissertativo-argumentativo? Explique cada uma delas.

2. Qual estratégia de introdução você prefere utilizar (referência histórica, narração, definição, citação ou paráfrase, ou referência a alguma obra) e por quê?

3. Ao escrever um texto dissertativo-argumentativo, você sente que consegue apresentar argumentos sólidos e bem fundamentados? Dê um exemplo.

4. Como você avalia sua capacidade de formular uma tese clara e coerente? Quais são os desafios que você enfrenta nessa etapa?

5. Você tem prática em concluir seus textos retomando a tese e propondo uma intervenção social? Quais aspectos você pode melhorar nessa parte?

6. Ao ler um texto dissertativo-argumentativo, você consegue identificar facilmente a tese e os argumentos principais? Faça uma análise crítica de um texto que você leu recentemente.

7. Quais recursos e referências você costuma usar para enriquecer seus argumentos? Eles são eficazes para convencer o leitor?

Refletir e avaliar

Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sobre sua aprendizagem ao longo do Capítulo. Para isso, em seu caderno, reproduza o quadro abaixo e responda às questões a seguir. Em seguida, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote nas observações.

Questão

Realizei as tarefas que estavam sob minha responsabilidade.

Compreendi e consegui sintetizar os conhecimentos sobre introdução e seus tipos, além do estudo do gênero textual peça publicitária.

Produzi com empenho de aprendizagem todas as propostas de atividades, incluindo as seções Conexões e Mundo do Trabalho.

Considerei as necessidades dos grupos dos quais participei nas atividades de pesquisa e agi com colaboração e ética em relação às minhas responsabilidades e ao grupo.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

O desenvolvimento na redação para o Enem

Informações do Capítulo

Campos de atuação: vida pública, jornalístico-midiático e práticas de estudo e pesquisa

Tema Contemporâneo Transversal: Educação para a Valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais Brasileiras Principais objetivos:

1. Compreender a função do desenvolvimento na redação para o Enem, reconhecendo sua importância na construção da argumentação e na defesa da tese.

2. Identificar estratégias argumentativas, como causa e consequência, exemplificação, e comparação, para elaborar argumentos consistentes e persuasivos no desenvolvimento.

3. Analisar exemplos de parágrafos de desenvolvimento em redações do Enem, avaliando a coerência e a conexão entre os argumentos e a tese apresentada.

4. Produzir parágrafos de desenvolvimento que utilizem argumentos sólidos, repertório sociocultural pertinente e articulados de maneira coesa, promovendo uma progressão lógica das ideias.

■ Assim como os fios do tecido se unem para formar desenhos, as palavras são organizadas em um texto para expressar sentidos. [S. l.], 2022.

Desenvolvimento na redação para o Enem

No Capítulo anterior, você estudou os meios para construir uma boa introdução para a redação do Enem. Neste Capítulo, o foco será o desenvolvimento do texto dissertativo-argumentativo. Você vai conhecer algumas estratégias para produzir essa parte do texto de forma mais eficiente.

Embora a tese a ser defendida na produção textual seja, geralmente, apresentada no primeiro parágrafo do texto (introdução), muitos autores optam por apresentá-la nos parágrafos seguintes que compõem o desenvolvimento. Por isso, é importante fazer um planejamento do texto que se pretende escrever e seguir esse esquema durante a elaboração da redação.

De modo geral, os parágrafos que sustentam a tese do texto são apresentados no desenvolvimento. O autor vai aprofundar a sua visão sobre o tema e debatê-lo, apresentando argumentos e defendendo seu ponto de vista. Além disso, nesses parágrafos, o autor deve mostrar ao leitor sua capacidade de convencimento sobre a validade de uma ideia e, para isso, deve acionar diferentes estratégias, demonstrando conhecimento e repertório.

Cada um dos parágrafos deve tratar especificamente de um ponto que visa corroborar ou refutar o posicionamento assumido no texto, fortalecendo assim a linha argumentativa adotada pelo autor. A construção desses parágrafos centrais deve ser feita com base em uma ideia nuclear seguida da explicação.

Um esquema básico de texto dissertativo-argumentativo prevê que ao desenvolvimento sejam dedicados pelo menos dois parágrafos e que seja apresentado um argumento diferente em cada um deles. Neste Capítulo, serão retomadas algumas estratégias argumentativas como as seguintes.

autoridade

Argumentação baseada em pergunta e resposta

contraposição exemplos alusão histórica dados

Projeto de texto: planejamento da redação

Nos parágrafos do desenvolvimento, são apresentadas informações com o objetivo de fundamentar e fortalecer a tese defendida. Essas informações devem ser bem escolhidas e alinhadas ao projeto do texto, para que o desenvolvimento da redação não apresente lacunas de sentido que dificultem a compreensão. Dessa forma, conhecer e dominar as estratégias argumentativas auxilia na produção de um texto embasado e apoiado em exemplos, dados, definições, citações, entre outros.

O projeto de texto é uma etapa fundamental no planejamento de uma redação para o Enem, pois consiste em organizar as ideias e estruturar a argumentação antes de iniciar a escrita. Ele envolve a definição do tema, a elaboração de uma tese clara, a escolha dos argumentos que serão desenvolvidos nos parágrafos de desenvolvimento e a proposição de soluções na conclusão. Esse planejamento prévio ajuda a garantir que o texto seja coeso, coerente e respeite as normas da modalidade escrita formal da língua portuguesa, conforme exigido pela Competência 1 do Enem. Para projetar uma redação com eficiência, é recomendável fazer um esboço do texto, listando os principais pontos que serão abordados em cada parágrafo. É importante evitar a repetição de ideias, a falta de clareza na argumentação e o uso de linguagem informal ou inadequada. Além disso, deve-se estar atento à relevância dos argumentos escolhidos, evitando fragilidades argumentativas e garantindo que esses argumentos sustentem a tese de forma convincente e estejam embasados em evidências sólidas. Dessa forma, o projeto de texto atua como um guia para a redação, proporcionando segurança e direção ao longo do processo de escrita. Elaboramos um infográfico a seguir que ilustra os passos para você planejar sua redação.

1

O que é um projeto de texto?

•Planejamento inicial da redação.

•Organização das ideias.

•Estruturação geral da argumentação.

5

3

Faça um checklist

•Faça um esboço de seu texto.

•Seja claro e objetivo.

•Use evidências sólidas.

•Evite repetições.

•Mantenha a formalidade da linguagem.

Por que fazer planejamento?

•Coerência e coesão: textos bem planejados são mais fáceis de seguir e entender.

•Menos erros, maior nota: com um bom projeto você reduz as chances de cometer desvios gramaticais ou erros de estrutura, aumentando sua chance de produzir um bom texto.

6

•De nição da tese.

Passos para um projeto e ciente

•Seleção da argumentação.

•Organização dos parágrafos.

•Proposição da proposta de intervenção. 2

Você está preparado!

Desvios comuns a evitar

•Falta de clareza na tese.

•Uso de linguagem informal fora de contex to 4

•Argumentos fracos ou irrelevantes.

•Um projeto de texto e ciente contribui para alcançar uma melhor pontuação no Enem: planeje bem, escreva melhor!

ETAPAS PARA UM BOM PROJETO DE TEXTO

As diferentes estratégias argumentativas

Argumentar é apresentar informações que comprovem o ponto de vista ou a tese que se está defendendo. Os argumentos ajudam a sustentar o posicionamento do autor, além de contribuir para o convencimento do leitor. Existem diferentes maneiras de atribuir credibilidade ao texto, por isso é importante conhecer algumas estratégias argumentativas que podem torná-lo mais convincente.

Antes de se aprofundar nas estratégias argumentativas, acompanhe o quadro a seguir. Ele apresenta os seis níveis de desempenho que serão utilizados para avaliar a Competência 3 nas redações do Enem, que é a Competência voltada para avaliação de como você seleciona, relaciona, organiza e interpreta informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

200 pontos

160 pontos

120 pontos

80 pontos

40 pontos

0 ponto

Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, de forma consistente e organizada, configurando autoria, em defesa de um ponto de vista.

Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, de forma organizada, com indícios de autoria, em defesa de um ponto de vista.

Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, limitados aos argumentos dos textos motivadores e pouco organizados, em defesa de um ponto de vista.

Apresenta informações, fatos e opiniões relacionados ao tema, mas desorganizados ou contraditórios e limitados aos argumentos dos textos motivadores, em defesa de um ponto de vista.

Apresenta informações, fatos e opiniões pouco relacionados ao tema ou incoerentes e sem defesa de um ponto de vista.

Apresenta informações, fatos e opiniões não relacionados ao tema e sem defesa de um ponto de vista.

Argumentação baseada em dados

Uma das estratégias que fortalecem uma tese é a apresentação de informações concretas –fatos ou dados que a sustentem. Leia o trecho a seguir e perceba como a utilização de índices e dados ajuda a comprovar a tese sugerida no título do artigo.

O Brasil tem hoje mais de 33 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar – se alimentando mal ou com fome –, e boa parte delas são mulheres e pessoas negras. Os dados do recém-lançado segundo suplemento do relatório da Rede Penssan sobre insegurança alimentar e fome no país, que tem como foco as desigualdades de raça/cor da pele e gênero em relação à insegurança alimentar, são reveladores.

Há mais famílias chefiadas por mulheres negras enfrentando a fome do que famílias chefiadas por mulheres brancas (respectivamente 22% e 13,5%). Um em cada cinco lares brasileiros (20,6%) chefiados por pessoas negras está em situação de insegurança alimentar grave – ou seja, passa fome. A estatística é duas vezes maior em comparação aos lares chefiados por pessoas brancas.

BRANDÃO, Ana Paula et al. No Brasil, a fome tem cor e gênero. Carta Capital, [s l.], 17 jul. 2023. Disponível em: https://www.cartacapital. com.br/artigo/no-brasil-a-fome-tem-cor-e-genero/. Acesso em: 5 nov. 2024.

Para comprovar a ideia de que as mulheres negras são as que mais sofrem com o problema da fome no Brasil, os autores apresentam dados retirados de uma pesquisa que relaciona dados sobre gênero e raça à insegurança alimentar e fome no país.

Pergunta e resposta

Uma outra estratégia para compor a argumentação é instigar o leitor a refletir sobre uma pergunta e fornecer uma resposta condizente com a tese levantada no texto. No exemplo a seguir, o autor faz um questionamento e o responde imediatamente, associando sua resposta aos resultados gerados para a sociedade e compondo seu argumento.

E, por que razão, afinal, ficam os ricos felizes com o modo que o mais famoso indicador da economia é calculado? Eis a resposta: por esse indicador colocar, na mesma cesta, a riqueza gerada pelos ricos e pobres. Sendo assim, o número expresso provoca distorções, na realidade, pois trata desiguais como iguais. Resultado: ao não ponderar a participação da riqueza, gerada entre ricos e pobres, a média resultante disso não reflete a realidade de um país rico como a Bélgica, imerso numa realidade socialmente drástica, como é o caso da Índia.

CORREIA, Salatiel Soares. Um outro olhar sobre a energia em Goiás (O mensageiro a Garcia e a fantasia organizada). Jornal Opção, Goiânia, 6 jun. 2022. Disponível em: https://www.jornalopcao.com.br/colunas-geral/artigo-de-opiniao/um-outro-olhar-sobre-a-energia -em-goias-o-mensageiro-a-garcia-e-a-fantasia-organizada-404200/#google_vignette. Acesso em: 12 jan. 2022.

Argumentação baseada em autoridade

Outra estratégia bastante comum e eficiente de argumentação é embasar-se na opinião de autores, pensadores ou personalidades reconhecidas, já que detêm conhecimento sobre determinado assunto, sendo consideradas autoridades. Leia o trecho a seguir, retirado de uma redação nota 1 000 do Enem 2021.

[…] a invisibilidade não só fortalece a marginalização, como também mantém um ciclo de violações.

É nesse contexto que a máxima do Empirismo Radical “Ser é ser percebido” reforça a urgência em ser considerado um cidadão, uma vez que a existência de um indivíduo diante do Estado ocorre substancialmente a partir do registro da certidão de nascimento, ou seja, esse é o meio de ser percebido como um agente social pela estrutura do país. Essa estrutura, segundo o antropólogo belga Claude Lévi-Strauss, representa o conjunto de padrões sociais nos quais as relações interpessoais estão ancoradas e, desse modo, determina o papel do sujeito na comunidade. Como o registro civil, para obter direitos no Brasil, é estrutural à lógica contemporânea, a individualidade

só se faz presente por meio dos documentos oficiais, o que promove, portanto, a invisibilidade daqueles que não os possuem.

LEIA 8 exemplos de redações nota mil do Enem 2021. G1, [s l.], 11 abr. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/enem/2021/ noticia/2022/04/11/leia-redacoes-nota-mil-do-enem-2021.ghtml. Acesso em: 2 fev. 2023.

Nesse texto, ao argumentar sobre o tema “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”, a candidata defende a ideia de que um cidadão é reconhecido dentro da estrutura do Estado por meio do registro civil e, para sustentar essa ideia, faz referência ao que o antropólogo Claude Lévi-Strauss (1908-2009) prevê sobre essa estrutura.

Argumentação baseada em alusão histórica

Trata-se de uma estratégia argumentativa que faz referência a um fato ou a uma situação histórica que pode ser relacionada a acontecimentos do presente para corroborar a tese defendida. A alusão histórica promove no texto um diálogo intertextual e interdisciplinar, pois revela ao leitor conhecimentos sócio-históricos do autor.

No trecho a seguir, observe como o candidato recorreu a essa estratégia para desenvolver seu texto.

Em primeiro plano, é necessário que a sociedade não seja uma reprodução da casa colonial, como disserta Gilberto Freyre em “Casa-Grande Senzala”. O autor ensina que a realidade do Brasil até o século XIX estava compactada no interior da casa-grande, cuja religião era católica, e as demais crenças – sobretudo africanas – eram marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhe deram aparência cristã, conhecida hoje por sincretismo religioso. No entanto, não é razoável que ainda haja uma religião que subjugue as outras, o que deve, pois, ser repudiado em um estado laico, a fim de que se combata a intolerância de crença.

LEIA redações nota mil do Enem 2016. G1, [s. l.], 11 abr. 2017. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia-redacoes-nota-mil -do-enem-2016.ghtml. Acesso em: 2 fev. 2023.

O trecho lido é parte do segundo parágrafo de uma redação avaliada com nota 1 000 na edição de 2016 do Enem. Naquele ano, o exame apresentou como tema a seguinte proposta: “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”. Para construir seu argumento, o candidato afirma a necessidade de não reproduzir o comportamento da casa colonial e justifica essa afirmação retomando uma situação vivida na época.

Ampliando saberes

O livro Casa-Grande e Senzala , de Gilberto Freyre (1900-1987), é uma das principais referências sobre o estudo da formação social brasileira ao discorrer sobre as relações entre senhores de engenho e escravizados africanos. Entretanto, Freyre recebeu críticas por parte de outros historiadores e sociólogos por romantizar e minimizar a escravidão. O livro Da monarquia à república: momentos decisivos , de Emília Viotti da Costa (1928-2017), dedica um capítulo a desconstruir a tese sobre a democracia racial no Brasil defendida por Freyre.

■ COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à republica: momentos decisivos. São Paulo: Fundação Editora Unesp, 1998.

Argumentação baseada em contraposição

Essa estratégia consiste em apresentar uma ideia contrária à tese defendida, para refutá-la na sequência e mostrar ao leitor como o posicionamento adotado pelo autor do texto é mais eficiente.

Muito já se disse sobre a capacidade dessa geração de ter uma atenção flutuante, ou seja, poder fazer várias coisas ao mesmo tempo, sem prejuízo da qualidade com que executa as atividades. Vamos combinar que isso é difícil de acreditar, não é? Há um limite para isso!

BOUER, Jairo. Facebook é o vilão do boletim, diz estudo. Folha de S.Paulo, São Paulo, 13 set. 2010. Disponível em: https://www1.folha.uol. com.br/fsp/folhatee/fm1309201007.htm. Acesso em: 18 mar. 2024.

Nesse trecho, Jairo Bouer defende a tese de que realizar várias tarefas ao mesmo tempo é prejudicial. Ainda que seja uma característica da juventude ser “multitarefas”, essa ideia é refutada pelo autor ao afirmar que “Há um limite para isso!”.

Argumentação baseada em exemplos

A exemplificação é outra importante estratégia. Dar exemplos a respeito de um benefício ou de uma consequência da ideia apresentada ajuda a envolver o leitor e a atribuir credibilidade ao que se diz. Leia o trecho de um artigo de opinião a seguir.

Mas a literatura não faz sentido apenas nas escolas. Ler deveria ser um hábito a ser mantido ao longo da vida, tanto para continuar a jornada de aprendizagem como para termos acesso ao que de mais belo e instigante a humanidade produziu.

José Mindlin, o maior bibliófilo brasileiro, lembrava que, num país de não leitores, adquiriu o hábito da leitura ao ver sua família lendo à noite, cada um com seu livro. Ou seja, essa importante atividade de lazer e informação pode ser adquirida tanto na escola como em casa, com pais leitores.

COSTIN, Claudia. Literatura, identidade e nossa humanidade compartilhada. Folha de S.Paulo, São Paulo, 30 set. 2021. Disponível em: https:// www1.folha.uol.com.br/colunas/claudia-costin/2021/09/literatura-identidade-e-nossa-humanidade-compartilhada.shtml. Acesso em: 18 jul. 2024.

No trecho do artigo lido, a autora defende que a leitura literária não deve estar restrita à escola. Para sustentar essa ideia, em um de seus argumentos ela cita como José Mindlin adquiriu e desenvolveu o hábito de ler no ambiente familiar. Ao apresentar esse exemplo, a autora valida, na prática, seu argumento anterior.

■ José Mindlin (1914-2010) foi bibliófilo, repórter, advogado e escritor paulista. São Paulo (SP), 1999.

JANETE

Referências ao campo artístico-literário

Essa estratégia, utilizada também para contextualizar o tema na introdução, pode servir de argumento se convier à tese do autor. Para utilizá-la, é importante ter um bom repertório sociocultural e trazer o texto do campo artístico-literário com propriedade para o desenvolvimento do texto. No trecho a seguir, observe como a autora de uma redação nota 1 000 do Enem 2019 se vale do livro Quarto de despejo em seu parágrafo.

Paralelo a isso, vale também ressaltar que a concepção cultural de que a arte não abrange a população de baixa renda é um fator limitante para que haja a democratização plena da cultura e, portanto, do cinema. Isso é retratado no livro “Quarto de Despejo”, de Carolina Maria de Jesus, o qual ilustra o triste cotidiano que uma família em condição de miserabilidade vive, e, assim, mostra como acesso a centros culturais é uma perspectiva distante de sua realidade, não necessariamente pela distância física, mas pela ideia de pertencimento a esses espaços.

TENENTE, Luiza. Enem: leia 10 redações nota mil em 2019 e veja dicas de candidatos para fazer um bom texto. G1, [s. l.], 3 jun. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/enem/2020/noticia/2020/06/03/enem-leia-10-redacoes-nota-mil-em-2019-e-veja-dicas-de-candidatos-para -fazer-um-bom-texto.ghtml. Acesso em: 12 jan. 2023.

Para tratar da democratização do acesso ao cinema no Brasil, tema da redação do Enem no ano de 2019, a autora menciona o retrato da realidade das famílias de baixa renda apresentado por Carolina Maria de Jesus em seu diário para fortalecer o argumento de que a limitação de acesso à arte é um impasse quando se trata da democratização cultural.

Ampliando saberes

Carolina Maria de Jesus (1914-1977) é referência quando se trata de discussões sobre a mulher e sua luta, bem como sobre a literatura marginal no Brasil. Seu livro Quarto de Despejo se tornou um marco na literatura brasileira por sua crueza e sinceridade ao retratar a vida nas favelas de São Paulo. Carolina, uma mulher negra, catadora de papel e mãe solteira, expõe em seu diário as dificuldades diárias, a fome, a violência, e o abandono que permeiam a vida dos marginalizados. O livro é um relato autobiográfico que se destaca pelo seu tom direto e pelo retrato nu e cru das condições de vida de uma grande parcela da população brasileira, que até então raramente tinha voz na literatura. Carolina descreve com detalhes as humilhações e o sofrimento que ela e seus vizinhos enfrentam, mas também evidencia sua força de vontade, sua luta pela sobrevivência e sua busca por dignidade em meio à miséria.

■ JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2011.

■ Carolina Maria de Jesus durante seção de autógrafos do lançamento do livro Quarto de Despejo. São Paulo (SP), 1690.

Consulte Orientações para o professor

9 ações inspiradoras para uma educação antirracista

Pesquisa acompanhou seis cidades brasileiras que combatem o racismo no currículo e na comunidade escolar

[…]

Depois de constatar que 71% das Secretarias Municipais de Educação realizam pouca ou nenhuma ação referente ao ensino de história e cultura afro-brasileira, a pesquisa produzida por Geledés Instituto da Mulher Negra e o Instituto Alana buscou compreender o diferencial e as práticas adotadas por municípios que apontam caminhos inspiradores de cumprimento a leis: Belém (PA), Cabo Frio (RJ), Criciúma (SC), Diadema (SP), Ibitiara (BA) e Londrina (PR). Em seguida, [...] [o site] destaca ações “consistentes e perenes” listadas na pesquisa para uma educação antirracista em escolas dessas seis cidades. As iniciativas, em suma, passam por questões de administração pública, orçamento, leis ou decretos locais. A ideia é que escolas de todo o país possam se inspirar e debater com as crianças formas de quebrar, a cada dia, as estruturas racistas – e não apenas durante o Mês da Consciência Negra.

Confira as 9 principais ações desses municípios:

1. Aulas com brincadeiras e jogos africanos e afro-brasileiros em várias disciplinas

2. Cardápio da merenda preparado com ingredientes ou pratos de influência africana

3. L eituras de autores negros, a fim de enfatizar personalidades negras regionais e nacionais

4. Produção do “censo da diversidade”, para que a escola reconheça o pertencimento étnico-racial de estudantes e trabalhe temas no bairro ou na cidade

5. Atividades artísticas e expositivas para os estudantes explorarem de forma criativa a temática (teatro, dança, música, seminários)

6. Formação continuada a toda equipe escolar, para evitar constrangimentos em situações do dia a dia e ter espaço seguro para diálogos

7. Exibição de filmes que tratam sobre o tema e debate entre os professores

8. Presença de uma “equipe guardiã” da educação antirracista, responsável pelo desenvolv imento e acompanhamento das ações nas escolas

9. Priorizar materiais escolares que promovam educação antirracista, como giz de cera com cores de diferentes tons de pele

[…]

Por que implementar uma educação antirracista?

De acordo com os dados da pesquisa “Percepções sobre o racismo no Brasil”, do Instituto de Referência Negra Peregum e do Projeto SETA (Sistema de Educação por uma Transformação Antirracista), de 2023, 64% dos brasileiros entre 16 e 24 anos consideram que o racismo começa na escola.

Combater essa realidade passa por valorizar a contribuição da população negra – “além da culinária, dança e religiosidade”, diz Tânia Portella. “A educação antirracista permite que

os estudantes conheçam a população negra além da perspectiva da escravidão. Nesse sentido, isso reflete diretamente no entendimento sobre suas identidades e contribuições sociais. O que inclui, por exemplo, a construção de tecnologias, a evolução na medicina, na literatura e na matemática.”

“Isso muda como os alunos negros se veem e como são vistos. Já os alunos brancos aprendem que não existe uma cultura hegemônica, em que só a herança europeia é validada”, afirma Portella. Para Beatriz Benedito, conhecer e valorizar as contribuições dos povos africanos e afro-brasileiros na formação do Brasil pode finalmente promover consideração e respeito na comunidade escolar. Além disso, fortalece vínculos de amizade entre crianças negras e não negras.

LIMA, Célia Fernanda. 9 ações inspiradoras para uma educação antirracista. Lunetas, [s l.], 17 nov. 2023. Disponível em: https:// lunetas.com.br/acoes-inspiradoras-para-uma-educacao-antirracista/. Acesso em: 4 jul. 2024.

1. Por que é importante implementar uma educação antirracista nas escolas, de acordo com os dados da pesquisa “Percepções sobre o racismo no Brasil”?

2. Cite e explique duas das nove principais ações para uma educação antirracista mencionadas no documento.

3. Atividade de pesquisa: proposta de implementação de ações antirracistas nas aulas de Língua Portuguesa.

Passos a seguir:

1. Formação de grupos: dividam-se em grupos de quatro a cinco estudantes.

2. Escolha da ação.

Cada grupo deve escolher uma das seguintes ações antirracistas que podem ser aplicadas especificamente nas aulas de Língua Portuguesa:

• Leituras de autores negros: selecionar e trabalhar textos de autores negros brasileiros e internacionais.

• Atividades artísticas e expositivas: criar projetos de teatro, poesia ou seminários sobre a literatura negra.

• E xibição de filmes e debates: assistir a filmes baseados em obras literárias de autores negros e realizar debates.

• Produção de textos: escrever redações, poesias ou ensaios abordando temas relacionados à cultura afro-brasileira e africana.

3. Pesquisa.

• Pesquisem mais detalhes sobre a ação escolhida.

• Encontrem exemplos de escolas ou iniciativas que já implementaram essa ação e analisem os resultados obtidos.

• Identifiquem os recursos necessários (livros, filmes, materiais para apresentações etc.).

4. Proposta de implementação.

Desenvolvam um plano detalhado de como essa ação pode ser implementada na escola. Incluam os seguintes itens no plano:

• Objetivos da ação.

• Etapas para implementação.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

• Recursos necessários.

• Potenciais desafios e soluções.

• Benefícios esperados para a aprendizagem dos estudantes.

5. Apresentação.

• Preparem uma apresentação para compartilhar a proposta com a turma e o professor.

• A apresentação deve incluir um resumo da pesquisa, o plano de implementação e uma discussão sobre os benefícios da ação proposta.

6. Entrega do trabalho.

• Entreguem um relatório escrito com todos os detalhes da pesquisa e da proposta.

ATIVIDADES

Consulte Orientações para o professor

O texto a seguir, “Fazer as pazes com a natureza é possível, se começarmos agora”, é um artigo de opinião que faz parte do relatório Fazer as pazes com a natureza, elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU). No artigo, a diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Inger Andersen, lembra que os desafios ambientais, sociais e econômicos estão interligados e precisam ser enfrentados juntos.

Durante a leitura, procure identificar o tema central, a tese da autora, os principais argumentos apresentados e as diferentes estratégias argumentativas utilizadas.

ARTIGO: Fazer as pazes com a natureza é possível, se começarmos agora

Mesmo em meio a pandemia, 2021 pode ser o ano em que fizemos as pazes com a natureza e começamos a recuperar o planeta.

Na medida em que a COVID-19 vira nossas vidas de cabeça para baixo, uma crise mais persistente demanda ação urgente em escala global. Três crises ambientais – mudanças climáticas; perda e colapso da natureza; poluição do ar, do solo e da água – somam-se à emergência planetária que irá causar, no longo prazo, mais dor do que a COVID-19.

Durante anos, cientistas têm detalhado como a humanidade está degradando a terra e os sistemas naturais. Ainda assim, as ações que estamos tomando – de governos e instituições financeiras a empresas e indivíduos – são muito menores do que é necessário para proteger as atuais e futuras gerações de um planeta estufa, assolado por extinções massivas das espécies e água e ar envenenados.

Em 2020, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) anunciou que, apesar da queda nas emissões de gases de efeito estufa provocada pela pandemia, o mundo continua seguindo para um aquecimento global acima de 3 graus Celsius neste século.

Neste mês, o Relatório Dasgupta nos lembrou o que o PNUMA tem alertado há tempos: o estoque per capita de capital natural – recursos e serviços que a natureza dá para a

humanidade – caiu 40% em apenas duas décadas. E sabemos que um número assustador de 9 a cada 10 pessoas em todo o mundo respira ar poluído.

Encontrar respostas para problemas tão gigantescos é complexo. Leva tempo. Mas peritos têm desenvolvido soluções. O racional econômico é claro. E os mecanismos e instituições para implementá-los já existem. Não há mais desculpas.

Neste ano, a ONU reunirá governos e outros atores para conversas decisivas sobre ação climática, biodiversidade e degradação da terra. A COVID-19 tem atrasado estas cúpulas e complicado suas preparações. Novamente, isto não é desculpa para a inércia. Estes encontros devem mostrar que o mundo finalmente leva a sério o enfrentamento da nossa emergência planetária.

Para guiar os tomadores de decisão rumo à ação necessária, a ONU lançou o relatório

Fazer as pazes com a natureza. Ele reúne todas as evidências do declínio ambiental a partir dos maiores levantamentos globais científicos, com as ideias mais avançadas sobre como revertê-lo. O resultado é um modelo para um futuro sustentável que possa garantir o bem estar humano num planeta saudável.

Nossos desafios ambientais, sociais e econômicos estão interligados. Eles devem ser enfrentados juntos. Por exemplo, não podemos alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo o fim da pobreza até 2030, se as mudanças climáticas e o colapso de ecossistemas estão comprometendo o abastecimento de água e alimentos nos países mais pobres do mundo. Não temos escolha a não ser transformar nossas economias e sociedades, valorizando a natureza e colocando a saúde dela no centro de todas as nossas decisões.

Se fizéssemos isto, bancos e investidores parariam de financiar combustíveis fósseis. Governos trocariam trilhões de dólares em subsídios para agricultura de natureza positiva e energia e água limpas. As pessoas priorizariam a saúde e o bem-estar no lugar do consumo e encolheriam a pegada ambiental.

Há sinais de progressos mas os problemas estão aumentando mais rápido do que nossas respostas. Todos nós precisamos não intensificar mas sim dar um salto em 2021.

O número de países prometendo trabalhar para emissões zero de carbono já está em 126. O chamado é para que todos os países entreguem reforçadas Contribuições Nacionalmente Determinadas antes da COP do clima e imediatamente lancem a transição para a emissão zero. Durante a COP Climática, governos devem finalmente concordar com as regras do mercado global de carbono. Os 100 bilhões de dólares que os países desenvolvidos prometeram dar todos os anos para ajudar as nações em desenvolvimento a lidar com os impactos das mudanças climáticas devem finalmente fluir.

Enquanto também procuramos concordar com um esquema ambicioso de biodiversidade pós-2020, que acabe com a fragmentação de nossos ecossistemas, o pedido é para que nós alimentemos o mundo sem destruir a natureza, sem derrubar florestas e sem esvaziar nossos oceanos.

Podemos criar uma economia surpreendente ao mudar para sistemas econômicos circulares, que reaproveitem recursos, reduzam emissões e eliminem químicos e toxinas que estão causando milhões de mortes prematuras – tudo enquanto criamos empregos.

Enfrentar nossa emergência planetária é um esforço de toda a sociedade. Mas os governos devem liderar, começando com uma recuperação inteligente e sustentável da pandemia da COVID-19, que invista nos lugares certos. Eles devem criar oportunidades para que indústrias futuras gerem prosperidade. Eles devem garantir que as transições sejam justas e igualitárias, criando empregos para aqueles que os perderam. Eles devem dar voz aos cidadãos nestas decisões de longo prazo, mesmo que virtualmente.

Podemos fazer. A pandemia tem mostrado a incrível capacidade da humanidade em inovar e responder a ameaças, guiada pela ciência. Nas três crises planetárias - mudanças climáticas, perda da natureza e poluição -, enfrentamos uma ameaça maior do que a

COVID-19. Neste ano, devemos fazer as pazes com a natureza e, nos anos seguintes, devemos garantir que esta paz perdure.

ANDERSEN, Inger. Artigo: Fazer as pazes com a natureza é possível, se começarmos agora. Nações Unidas Brasil, Brasília, 18 fev. 2021. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/112340-artigo-%E2%80%8B%E2%80%8B%E2%80%8B%E2%80%8B%E2%80%8B%E2%80 %8B%E2%80%8Bfazer-pazes-com-natureza-%C3%A9-poss%C3%ADvel-se-come%C3%A7armos-agora. Acesso em: 17 set. 2024.

■ Inger Andersen (1958-), diretora-executiva do PNUMA. [S. l.], 2021.

1. Qual é o tema central do texto da diretora executiva do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Inger Andersen?

2. Qual é a tese defendida pela autora?

3. Quais são os principais argumentos utilizados pela autora para sustentar sua tese?

4. Como a autora utiliza a pandemia de covid-19 como ponto de partida para sua argumentação?

5. Quais são as soluções propostas pela autora para o problema ambiental?

6. Que papel a ONU e o PNUMA desempenham nos argumentos da autora?

7. Quais são as principais consequências apontadas pela autora caso a humanidade não mude sua relação com o meio ambiente?

8. Como a autora utiliza dados numéricos para reforçar seus argumentos?

9. Como a autora organiza suas ideias ao longo do texto para construir sua argumentação?

10. De que forma o apelo emocional é utilizado pela autora?

11. A quem a autora parece direcionar seu texto? Quem é o público-alvo?

12. Qual é a principal estratégia argumentativa utilizada pela autora?

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Relatório Dasgupta

O Relatório Dasgupta , publicado em 2021, é um estudo pioneiro sobre a economia da biodiversidade, liderado pelo professor emérito de Economia da Universidade de Cambridge Sir Partha Dasgupta. Ele alerta para a relação crítica entre o bem-estar humano e a natureza, argumentando que o crescimento econômico atual desconsidera os limites dos recursos naturais, o que agrava a crise ambiental e a perda de biodiversidade. O relatório propõe que governos e empresas incorporem o capital natural em suas decisões econômicas, redefinindo o progresso econômico para incluir a preservação da natureza como uma prioridade central para garantir a sustentabilidade global a longo prazo.

Consulte Orientações para o professor.

Acompanhe a seguir uma síntese do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. Essa síntese busca capturar os principais elementos e temas do romance, apresentando uma visão geral do enredo e das complexidades psicológicas das personagens.

Dom Casmurro, escrito por Machado de Assis e publicado em 1899, é um romance narrado em primeira pessoa por Bento Santiago, conhecido como Bentinho. A obra é centrada na história de sua vida, especialmente no relacionamento com sua vizinha e amor de infância, Capitu.

Bentinho e Capitu crescem juntos no bairro do Engenho Novo, no Rio de Janeiro. Desde cedo, desenvolvem um amor profundo e complexo, mas a promessa de sua mãe, Dona Glória, de que Bentinho seria padre, ameaça separá-los. Bentinho é enviado ao seminário, mas consegue abandonar a formação religiosa com a ajuda de seu amigo Escobar.

Após deixar o seminário, Bentinho e Capitu se casam e têm um filho, Ezequiel. Entretanto, a felicidade conjugal é perturbada pelo ciúme crescente de Bentinho, que começa a suspeitar que Capitu o traiu com Escobar, especialmente após a morte deste e ao notar semelhanças físicas entre Ezequiel e o falecido amigo.

O ciúme de Bentinho, alimentado por sua própria insegurança e pelas características enigmáticas de Capitu, leva a uma deterioração irreversível do relacionamento. Ele se convence da infidelidade de Capitu, apesar da falta de provas concretas. A tensão culmina na separação do casal, com Capitu e Ezequiel partindo para a Europa, onde Capitu morre anos depois.

O romance é marcado pela ambiguidade e pelo estilo introspectivo de Machado de Assis, que deixa a questão da traição de Capitu em aberto, convidando o leitor a refletir sobre a confiabilidade do narrador. Dom Casmurro explora temas como a dúvida, a memória, o ciúme e a subjetividade das percepções humanas, consolidando-se como uma das obras mais importantes da literatura brasileira.

Síntese é um gênero textual que tem como objetivo condensar as informações mais relevantes de um texto-fonte, apresentando uma nova visão sobre o tema abordado. Diferentemente do resumo, por exemplo, que é mais descritivo e objetiva condensar a informação, a síntese é interpretativa, reorganizando e integrando as ideias de forma mais profunda. Em uma síntese, o autor faz um apanhado do texto original, incluindo nela as informações relevantes segundo seu próprio julgamento, de modo a compor um panorama da ideia central.

LEITURA

Trata-se de um gênero textual amplamente utilizado em contextos acadêmicos e profissionais. A síntese vai além da simples redução do texto, apresentando uma visão mais global. Ela exige a reorganização e a reinterpretação das ideias principais, integrando diferentes informações e, muitas vezes, fazendo uma análise crítica ou comparativa dos conceitos abordados. Esse gênero textual pode ser um aliado para desenvolver habilidades de leitura e análise crítica, habilidades essas valiosas para o Enem. Realizar uma síntese de um texto, portanto, é uma atividade bastante eficaz para organizar o conhecimento sobre determinado assunto, já que se depende da compreensão do texto-fonte para que a síntese não seja uma reprodução do original, mas uma versão autoral com elementos importantes em destaque.

Agora procure fazer as atividades propostas:

1. De acordo com a síntese, quais são os temas centrais abordados em Dom Casmurro?

2. A síntese do romance Dom Casmurro inclui introdução, desenvolvimento e conclusão? Justifique sua resposta.

3. Considerando apenas a leitura da síntese, em sua opinião, como a ambiguidade sobre a possível traição de Capitu contribui para a riqueza literária de Dom Casmurro?

4. Quais elementos essenciais da obra-fonte foram incluídos na síntese de Dom Casmurro?

5. Como a objetividade é mantida na síntese de Dom Casmurro? Dê exemplos do texto.

6. Descreva como a síntese de Dom Casmurro está organizada. Qual é a estrutura básica que ela segue?

7. Explique como a seleção de informações na síntese de Dom Casmurro contribui para a compreensão do romance.

8. Você já leu Dom Casmurro? Se sim, qual foi a sua interpretação sobre a relação entre Bentinho e Capitu? Você acredita que Capitu realmente traiu Bentinho?

9. Se você ainda não leu, o que acha da ideia de uma história que deixa a questão da traição em aberto, sem fornecer uma resposta definitiva? Isso te desperta interesse?

Características da síntese: organização e linguagem

A organização textual da síntese não precisa seguir a estruturação do texto-base, mas é importante que a apresentação mantenha a coerência das ideias originais, para não alterar o raciocínio do autor. Os recursos linguísticos devem priorizar a terceira pessoa gramatical para referenciar o texto em que se baseia.

Nem sempre uma síntese será elaborada com base em um texto escrito; ela pode se originar de uma palestra, de um filme ou de uma exposição de arte, entre muitas outras fontes. Algumas características da síntese incluem:

• Concisão: a síntese deve ser breve, evitando detalhes excessivos e se concentrando nos pontos principais.

• Coerência: as ideias devem estar interligadas de forma lógica e coesa.

• Objetividade: o texto deve ser impessoal, evitando opiniões pessoais e mantendo o foco

nas informações extraídas das fontes.

• Fidelidade: é importante representar com precisão as ideias dos textos-fonte, sem distorções.

Etapas para produzir uma síntese

Para elaborar sínteses é preciso compreender e interpretar. Ao ler um texto, assistir a uma palestra ou a um filme, apreciar uma apresentação de dança ou uma mostra, é importante compreender e interpretar tal objeto ou evento cultural, para ser possível expor a alguém o que foi lido ou visto.

A leitura de um texto envolve a mobilização de habilidades de compreensão e interpretação. Na compreensão, a leitura se volta ao estabelecimento de relações entre os recursos linguísticos e os conteúdos pressupostos no texto; em paralelo a essa atividade cognitiva, o movimento de interpretar o texto estabelece relações com outros conhecimentos, com elementos e textos externos àquele que se lê e que estão, portanto, subentendidos.

Assim, pressupostos são as mensagens depreendidas das palavras e expressões presentes nos enunciados dos textos. Eles promovem o diálogo do leitor com o texto e com o autor do texto.

Já os subentendidos são mensagens interpretadas pelo leitor, no diálogo que estabelece com o texto e com o autor.

Produzir uma síntese envolve várias etapas, as quais ajudam a organizar e estruturar o texto de forma eficaz.

Leitura atenta das fontes

O primeiro passo é realizar uma leitura atenta e crítica das fontes. Anote os pontos principais de cada texto, identificando ideias centrais, argumentos e dados importantes.

Seleção de informações relevantes

Depois de compreender as fontes, selecione as informações mais relevantes que serão incluídas na síntese. Essa seleção deve ser criteriosa, focando as ideias que melhor representam o tema em questão.

Planejamento do texto

Organize as informações selecionadas em um plano de texto. Defina uma estrutura lógica, com introdução, desenvolvimento e conclusão. Cada parte deve contribuir para a construção da síntese.

Redação da síntese

Com o planejamento em mãos, comece a redigir a síntese. Use suas próprias palavras para articular as ideias das fontes, mantendo a objetividade e a coerência. Evite copiar trechos extensos diretamente das fontes.

Revisão e edição

Por fim, revise o texto para garantir que esteja claro, coeso e livre de erros. Verifique se todas as informações foram corretamente sintetizadas e se o texto está fiel às fontes originais.

Exemplo de síntese

Tanto em O amor nos tempos do cólera quanto em Dom Casmurro, o amor é retratado como um sentimento complexo e ambíguo, marcado por dúvidas e contradições. García Márquez explora o amor persistente e quase obsessivo de Florentino Ariza por Fermina Daza, enquanto Machado de Assis aborda o ciúme de Bentinho por Capitu, deixando o leitor em constante incerteza sobre a fidelidade da personagem. Ambos os textos destacam a profundidade psicológica das personagens e a intensidade de seus sentimentos.

A síntese realça a profundidade psicológica das personagens e a intensidade de seus sentimentos em ambos os textos, evidenciando as semelhanças temáticas entre as duas obras. A objetividade e a capacidade de integrar informações de diferentes fontes são características presentes nessa síntese.

Produzindo sua própria

1. Leitura e compreensão do texto

síntese

1. Retome o artigo “Fazer as pazes com a natureza é possível, se começarmos agora” que vimos neste Capítulo.

2. Destaque em seu caderno as informações que considerar mais importantes.

3. Após a leitura, faça uma breve discussão com os colegas e o professor para verificar o entendimento geral do texto. Procurem responder a estas perguntas:

• Quais são os principais desafios para de fato preservar a natureza mencionados no texto?

• Que dados e estatísticas são apresentados para ilustrar a gravidade da situação?

• Quais são as soluções propostas ou em discussão para fazer as pazes com o planeta?

2. Anotação e seleção de informações

1. Forme duplas com colegas e compartilhem entre si as informações que destacaram.

2. Liste as informações mais relevantes, organizando-as em tópicos.

3. As duplas devem selecionar as informações que consideram essenciais para compor uma síntese sobre o texto. Busquem um equilíbrio entre dados estatísticos, causas do problema e soluções propostas.

4. Organizem as informações selecionadas em um plano de texto, definindo uma estrutura com introdução, desenvolvimento e conclusão.

4. Redação da síntese (atividade individual)

1. Com base no plano elaborado em dupla, redija cada um sua própria síntese.

2. Utilize suas próprias palavras e mantenha a objetividade e a coerência no texto.

3. Revise seu texto, verificando clareza, coesão e fidelidade às ideias originais do texto-fonte.

5. Revisão e apresentação

1. Forme duplas diferentes das iniciais e troquem suas sínteses com o colega para revisão.

2. Cada estudante deve revisar a síntese do colega, sugerindo melhorias e correções.

3. Após a revisão, façam as correções necessárias em seus textos e, de acordo com as orientações de seu professor, apresente sua síntese para a turma.

Agora, leia os parágrafos de desenvolvimento de uma das redações que recebeu nota 1 000

CONEXÕES com

LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

Consulte Orientações para o professor

Livro de Machado de Assis faz influenciadora americana viralizar nas redes sociais

“O que eu vou fazer do resto da minha vida? Por que vocês não me alertaram que este é o melhor livro que já foi escrito?”, questiona Courtney Novak ao ler Memórias Póstumas de Brás Cubas

Nas últimas semanas, um dos maiores nomes da literatura brasileira fez muito sucesso nas redes sociais. Tudo por causa de um desafio pessoal de uma americana, que se encantou com um dos livros do escritor Machado de Assis. O que teria feito Machado de Assis se vivesse na era das redes sociais?

Imagina só está postagem: “Com isto, iam-se passando os anos, mas não a beleza, porque não a tivera nunca.” Ia ter lacrado, né? Cento e seis anos depois de morrer e 143 anos depois de publicar Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis continua lacrando… inclusive nas redes sociais.

[…]

“Tenho 3 problemas com este livro, em primeiro lugar, minha edição só tem 300 páginas, só faltam mais 100, se eu for muito cuidadosa vai durar até o fim de semana, mas e depois? O que eu vou fazer do resto da minha vida? Por que vocês não me alertaram que este é o melhor livro que já foi escrito? E, por fim, agora vou ter que aprender português, muito obrigada!”, diz Courtney Novak.

Ela contou [...] que lançou um desafio para si mesma: ler um livro de cada país no mundo em ordem alfabética e postar suas impressões sobre eles. E foi na postagem sobre os livros dos países que começam com A que ela ganhou muitos seguidores. Mas que nada se compara ao sucesso da postagem sobre Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

“É surreal, muito, muito bacana!”, afirma.

Repórter : Qual parte, qual capítulo do livro você estava quando percebeu que o livro era muito melhor do que imaginava?

Courtney Novak : “Já na dedicatória! Eu nunca li nada igual. É simplesmente sublime, ele é tão engraçado, irônico.”

“Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas”.

A dedicatória é apresentada logo no início da história contada pelo personagem principal, Brás Cubas, que traça a própria biografia direto do túmulo. Uma das mais importantes de uma lista extensa de publicações do jornalista, contista, romancista, cronista, poeta e teatrólogo.

A lista inclui, além de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro e Quincas Borba. Considerado um dos maiores autores da língua portuguesa, ajudou a fundar a Academia Brasileira de Letras, se tornando o seu primeiro presidente.

O vídeo de Courtney publicado na metade de maio foi visto por um milhão de pessoas, viralizou e espalhou uma pequena febre de Machado de Assis nos Estados Unidos.

Em menos de uma semana, a obra se tornou o livro mais vendido numa das sessões de literatura latino-americana e caribenha de um dos principais sites de venda do mundo.

“É muito atual, parece que ele escreveu hoje, e se tivesse, já estaria entre os mais vendidos [...]. E imagina, ele era um escritor negro enquanto o Brasil ainda tinha escravidão, é um dos maiores escritores do mundo, ele devia estar entre os cinco melhores livros”, disse Courtney, animada.

A influenciadora também elogiou a tradução de Flora Thomson-Deveaux, inclusive as notas de rodapé da tradutora. Flora levou 5 anos para traduzir e escrever sua tese de doutorado sobre o livro.

“Eu tentei fazer notas que fizessem parte da história, que completassem de certa forma a história, fico superfeliz que a Courtney tenha ido atrás. O Brás Cubas é como se fosse o porta-estandarte pro Machado, é tipo assim, ele tá soltando fogos de artifício, ele chega chutando a porta, ele chega te derrubando e te mostrando quem que Machado é…, mas acho que todos os romances, contos, e crônicas, acho que tem todo um universo pra Courtney poder se aprofundar e com sorte aprender mais sobre o Brasil do século 19, que diz muito sobre o Brasil de hoje”, diz Flora Thomsom-Deveaux.

“Eu sempre disse que Orgulho e preconceito, de Jane Austin, era meu livro preferido, agora eu acho que é este aqui!”, diz Courtney Novak [...].

LIVRO de Machado de Assis faz influenciadora americana viralizar nas redes sociais. G1, [s. l.], 1 jun. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2024/06/01/livro-de-machado-de-assis-faz-influenciadora-americana -viralizar-nas-redes-sociais.ghtml. Acesso em: 20 jul. 2024.

1. Como a experiência de Courtney Novak com Memórias póstumas de Brás Cubas e sua repercussão nas redes sociais podem influenciar outros leitores a explorar a literatura brasileira?

2. Qual foi a estratégia de Courtney Novak ao decidir ler um livro de cada país, e como isso pode servir de inspiração para os estudantes se interessarem pela literatura de diferentes culturas?

3. Considerando o impacto que Memórias póstumas de Brás Cubas teve sobre Courtney Novak, como você acredita que a literatura pode influenciar a maneira como vemos o mundo e nossas próprias vidas? Dê exemplos de como um livro que você leu teve um impacto significativo em você.

Você já ouviu falar em Empregos Criativos ligados à Arte e à Literatura?

Os empregos nas áreas de Arte e Literatura são essenciais para o desenvolvimento cultural e intelectual da sociedade. Esses empregos envolvem atividades que visam expressar ideias, emoções e visões de mundo por meio da literatura e das artes visuais, cênicas e digitais.

Definição de empregos criativos

Empregos criativos são aqueles que contribuem para a produção e disseminação de cultura, conhecimento e entretenimento. Eles são encontrados em setores que buscam inovar e enriquecer a sociedade por meio da expressão artística e literária. Esses trabalhos não apenas promovem a diversidade cultural mas também fomentam o crescimento econômico e o desenvolvimento social.

Setores em alta

Os principais setores que empregam trabalhadores criativos no Brasil incluem:

• Literatura;

• Artes visuais;

• Artes cênicas;

• Artes digitais;

• Curadoria e produção cultural.

O Brasil é um dos líderes globais em diversos setores criativos, especialmente na literatura, na música e nas artes visuais, que empregam milhares de pessoas e contribuem significativamente para a identidade cultural do país.

Atividade proposta

• Elabore com sua turma um portfólio coletivo de empregos criativos, que pode ser on-line ou físico. Para se preparar para o mercado de trabalho criativo, é essencial desenvolver habilidades específicas relacionadas às artes e à literatura. Cursos universitários, pós-graduações e especializações em áreas como Artes Visuais, Literatura, Teatro, Música e Design são altamente recomendados. Pesquise o mercado de trabalho, a formação necessária, os possíveis cursos e as formas de ingresso. Dessa maneira, você poderá conhecer diferentes profissões e se preparar para o ingresso no mundo do trabalho criativo.

Ampliando saberes

O livro Escrever sem medo: um guia para todo tipo de texto , de Jana Viscardi, oferece técnicas e estratégias para superar bloqueios criativos e desenvolver confiança na elaboração de diversos tipos de textos. Viscardi explora desde a construção de argumentos sólidos até a organização eficaz das ideias, tornando o guia um recurso valioso tanto para adolescentes quanto para adultos. A obra se destaca como uma ferramenta eficaz para qualquer pessoa que queira escrever de forma mais fluente e autêntica.

■ VISCARDI, Jana. Escrever sem medo: um guia para todo tipo de texto. São Paulo: Planeta, 2024.

REDAÇÃO NOTA 1 000

Consulte Orientações para o professor.

A seguir, leia a proposta de redação apresentada no Enem no ano de 2021.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

nesse exame. O texto foi escrito pela estudante Giovanna Gamba Dias, de Recife (PE).

Com efeito, nota-se que a importância da certidão de nascimento para a garantia da cidadania se relaciona à sua capacidade de proporcionar um sentimento de pertencimento. Tal situação ocorre, porque, desde a formação do país, esse sentimento é escasso entre a população, visto que, desde 1500, os países desenvolvidos se articularam para usufruir ao máximo do que a colônia tinha a oferecer, visando ao lucro a todo custo, sem se preocupar com a população que nela vivia ou com o desenvolvimento interno do país. Logo, assim como estudado pelo historiador Caio Prado Júnior, formou-se um Estado de bases frágeis, resultando em uma falta de um sentimento de identificação como brasileiro. Desse modo, a posse de documentos, como a certidão de nascimento, funciona como uma espécie de âncora para uma população com escasso sentimento de pertencimento, sendo identificada como uma prova legal da sua condição enquanto cidadãos brasileiros. Ademais, percebe-se que o principal entrave que impede que tantas pessoas no Brasil não se registrem é o perfil da educação brasileira, a qual tem como objetivo formar a população apenas como mão de obra. Isso acontece, porque, assim como teorizado pelo economista José Murilo de Carvalho, observa-se a formação de uma “cidadania operária”, na qual a população mais vulnerável socioeconomicamente não é estimulada a desenvolver um pensamento crítico e é idealizada para ser explorada. Nota-se, então, que, devido a essa disfunção no sistema educacional, essas pessoas não conhecem seus direitos como cidadãos, como o direito de possuir um documento de registro civil. Assim, a partir dessa educação falha, forme-se um ciclo de desigualdade, observada no fato de o país ocupar o 9o lugar entre os países mais desiguais do mundo, segundo o IBGE, já que, assim como afirmado pelo sociólogo Florestan Fernandes, uma nação com acesso a uma educação de qualidade não sujeitaria seu povo a condições de precária cidadania, como a observada a partir do alto número de pessoas sem registro no país.

LEIA 8 exemplos de redações nota mil do Enem 2021. G1, [s. l.], 11 abr. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/ enem/2021/noticia/2022/04/11/leia-redacoes-nota-mil-do-enem-2021.ghtml. Acesso em: 3 fev. 2023.

No primeiro parágrafo do desenvolvimento da redação, é possível observar que a autora utiliza duas estratégias argumentativas para defender a tese de que o registro civil é um documento capaz de proporcionar a sensação de pertencimento nas pessoas. A primeira estratégia empregada no texto é a alusão histórica (cita o contexto do Brasil Colônia) e a segunda é baseada em autoridade (estudos do historiador Caio Prado Júnior), apresentada para reforçar o argumento anterior.

■ Florestan Fernandes (1920-1995), considerado o fundador da Sociologia crítica brasileira. Fotografia tirada em 1995.

Já no segundo parágrafo, a candidata apresenta a ideia de que a educação brasileira sempre objetivou formar trabalhadores. Com base no conceito de José Murilo de Carvalho, afirma que a formação de uma “cidadania operária” impede que o pensamento crítico seja desenvolvido principalmente nas classes menos favorecidas, dificultando o acesso a direitos e aumentando a desigualdade. Essa informação é reforçada com um dado do IBGE. Por fim, recorre a mais uma citação de autoridade ao mencionar o pensador Florestan Fernandes para articular as duas ideias apresentadas nos parágrafos do desenvolvimento: educação precária e alto número de pessoas sem registro no país.

A linguagem no texto dissertativo-

-argumentativo

Em exames e avaliações, de maneira geral, a linguagem solicitada é aquela que reflete a modalidade escrita formal da língua portuguesa, sobre a qual o candidato deve demonstrar pleno domínio. Leia, a seguir, uma das competências a serem avaliadas na prova de redação do Enem, referente ao uso da língua.

Essa competência trata justamente da capacidade do candidato de produzir um texto que esteja adequado à modalidade escrita formal e que respeite as normas e regras gramaticais da língua portuguesa. Além disso, essa competência é retomada e aprofundada na Competência 4, que trata da mobilização de mecanismos linguísticos para construir uma boa argumentação.

Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. A redação do Enem 2022: cartilha do participante. Brasília, DF: MEC: Inep, 2022. p. 9. Disponível em: https://download.inep.gov.br/download/enem/cartilha_do_ participante_enem_2022.pdf. Acesso em: 3 fev. 2023.

Para apresentar um bom desempenho em cada uma dessas competências, o estudante deve estar atento aos principais aspectos da língua, como os listados a seguir.

1. Ortografia e acentuação

• Apresentar a escrita correta de palavras, inclusive das palavras homófonas, como seção, sessão, cessão, empregando-as adequadamente.

• Ter atenção ao emprego de palavras com hífen, como: super-herói, inter-racial, micro-ônibus etc.

• Aplicar corretamente as regras de acentuação.

• Fazer uso correto da crase.

2. Pontuação

• Fazer uso adequado da pontuação e dos sinais gráficos.

• Lembrar-se de regras fundamentais em relação ao uso da vírgula, como:

• separar elementos com a mesma função sintática;

• separar termos que possam gerar ambiguidade;

• posicioná-la entre termos coordenados;

• não usá-la entre o sujeito e o predicado das orações.

• Além da vírgula, é importante usar as aspas corretamente e de forma pontual, para enfatizar um termo ou uma expressão ou marcar a presença de diálogos intertextuais ao introduzir vozes no discurso direto.

3. Concordância verbal e nominal

• Respeitar a flexão de palavras e expressões nucleares em um enunciado, fazendo a concordância adequada em relação a outras na mesma oração.

• Observar se os verbos fazem concordância com o sujeito da oração.

• Cuidar para que todos os determinantes concordem com o seu núcleo, ou seja, os adjetivos devem concordar com os substantivos etc.

Pontuação (uso da vírgula e das aspas)

A pontuação é um elemento essencial para a clareza e coesão dos textos. Ela ajuda a organizar as ideias, separar elementos na frase, evitar ambiguidade e enfatizar informações. Nesta seção, vamos trabalhar com o uso da vírgula e das aspas, duas ferramentas importantes para a escrita correta e eficaz.

PRÁTICAS DE LINGUAGEM

1. Uso da vírgula

Como dissemos anteriormente, a vírgula é usada para separar elementos dentro de uma frase e organizar orações. Seu uso correto é essencial para a fluidez da escrita.

1.1 Separação de elementos em listas

A vírgula é usada para separar elementos em uma lista, facilitando a leitura e a compreensão.

Exemplo: "[...] a pesquisa [...] buscou compreender o diferencial e as práticas adotadas por municípios que apontam caminhos inspiradores de cumprimento a leis: Belém (PA), Cabo Frio (RJ), Criciúma (SC), Diadema (SP), Ibitiara (BA) e Londrina (PR)." (Lima, 2023, grifo nosso).

1.2 Separação do adjunto adverbial deslocado

A vírgula é usada para isolar o adjunto adverbial deslocado. Dispensa-se o uso da vírgula quando o adjunto adverbial é curto, um advérbio, por exemplo.

Exemplo: " Nas últimas semanas , um dos maiores nomes da literatura brasileira fez muito sucesso nas redes sociais." (G1, 2024, grifo nosso).

1.3 Separação de orações subordinadas

As orações subordinadas adjetivas geralmente são introduzidas por um pronome relativo, e exercem a função de adjunto adnominal. A vírgula separa as adjetivas explicativas, atribuindo mais detalhes ou explicando o termo.

Exemplo:

"O autor ensina que a realidade do Brasil até o século XIX estava compactada no interior da casa-grande, cuja religião era católica , e as demais crenças – sobretudo africanas – eram marginalizadas e se mantiveram vivas porque os negros lhe deram aparência cristã, conhecida hoje por sincretismo religioso." (G1, 2017, grifo nosso).

1.4 Não usar a vírgula entre sujeito e predicado

Não se deve inserir vírgula entre sujeito e predicado nas orações. A exceção ocorre quando há um trecho explicativo que intercale o sujeito e o predicado.

Exemplo:

Incorreto: A biodiversidade, é essencial para a existência humana.

Correto: A biodiversidade é essencial para a existência humana.

2. Uso das aspas

As aspas são utilizadas para indicar citações diretas, destacar termos e expressões específicas.

2.1 Indicação de citações diretas

As aspas são usadas para indicar a fala exata de uma pessoa ou a transcrição de um trecho de outro texto.

Exemplo: “É muito atual, parece que ele escreveu hoje, e se tivesse, já estaria entre os mais vendidos [...]. E imagina, ele era um escritor negro enquanto o Brasil ainda tinha escravidão, é um dos maiores escritores do mundo, ele devia estar entre os cinco melhores livros”, disse Courtney, animada.

2.2 Destaque de termos e expressões

As aspas são utilizadas para destacar termos específicos ou expressões que merecem ênfase.

Exemplos:

Produção do “censo da diversidade”, para que a escola reconheça o pertencimento étnico-racial de estudantes e trabalhe temas no bairro ou na cidade

[...]

Presença de uma “equipe guardiã” da educação antirracista, responsável pelo desenvolvimento e acompanhamento das ações nas escolas

ATIVIDADE

Consulte Orientações para o professor

Leia atentamente o texto a seguir. Trata-se de mais uma redação Enem nota 1 000 do ano de 2021. Ela foi escrita por Sarah Fernandes Paulista Rosa, de 21 anos. Intencionalmente, apresentamos o texto de Sarah sem o uso de vírgulas e aspas, para que você possa praticar, em seu caderno, a inserção correta desses elementos de pontuação. Escreva o texto em seu caderno e o pontue, inserindo as vírgulas e as aspas nos locais apropriados. Utilize as regras de pontuação estudadas no Capítulo. Faça o registro em seu caderno das ocorrências de uso de vírgula e aspas, classificando-as de acordo com o que foi visto no Capítulo. Por exemplo, se a vírgula é usada para separar elementos de uma enumeração ou se as aspas são utilizadas para indicar títulos de obras.

Ser é ser percebido

O clássico da literatura infantil inglesa Oliver Twist aborda as vivências daqueles marginalizados durante a Era Vitoriana e a forma como eram considerados invisíveis por não pertencerem à lógica social Essa percepção sobre uma parcela considerável da população dialoga analogamente com a realidade atual de inúmeros brasileiros que não possuem acesso aos seus direitos civis por não apresentarem os registros primários necessários à inserção como cidadãos no próprio país Dessa forma torna-se notório que a garantia aos principais instrumentos de validação pessoal enfraquece problemáticas estruturais da totalidade tupiniquim pois a invisibilidade não só fortalece a marginalização como também mantém um ciclo de violações. É nesse contexto que a máxima do Empirismo Radical Ser é ser percebido reforça a urgência em ser considerado um cidadão uma vez que a existência de um indivíduo diante do Estado ocorre substancialmente a partir do registro da certidão de nascimento ou seja esse é o meio de ser percebido como um agente social pela estrutura do país Essa estrutura segundo o antropólogo belga Claude Lévi-Strauss representa o conjunto de padrões sociais nos quais a relações interpessoais estão ancoradas e desse modo determina o papel do sujeito na comunidade Como o registro civil para obter direitos no Brasil é estrutural à lógica contemporânea a individualidade só se faz presente por meio dos documentos oficiais o que promove portanto a invisibilidade daqueles que não os possuem.

Além disso tal apagamento identitário mantém o agravamento da problemática presente entre as gerações de forma cíclica pois pais invisíveis geram filhos invisíveis ao país Como é preciso ser registrado para ter acesso aos princípios básicos para a manutenção da vida os quais de acordo com a consolidação dos direitos civis durante o iluminismo francês são a propriedade a liberdade e todos os aspectos que envolvem a vida como educação e saúde a garantia de acesso à cidadania representa um caminho para a valorização individual Nesse cenário a supressão da invisibilidade e consequentemente a percepção pessoal pela totalidade brasileira marcam o início do avanço social no país e afasta por fim da realidade analisada em Oliver Twist na qual as pessoas não eram reconhecidas como seres humanos por não serem percebidas.

Há portanto a urgência de findar essa problemática notória na estrutura do Brasil Cabe então ao ministério da Família e dos Direitos Humanos responsável pelo encabeçamento da manutenção da seguridade social promover em parceria com prefeituras e subprefeituras um aumento da eficácia de registro civil nos municípios Essa ação irá ocorrer por meio de campanhas as quais promoverão a conscientização sobre o acesso aos direitos civis e documento da contratação de funcionários dos fóruns para agilizar o registro principalmente das certidões de nascimento Dessa maneira haverá a diminuição da marginalização de uma parcela populacional seja ativamente pela garantia de acesso à cidadania seja pelo rompimento do ciclo de invisibilidade.

LEIA 8 exemplos de redações nota mil do Enem 2021. G1, [s l.], 11 abr. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/ enem/2021/noticia/2022/04/11/leia-redacoes-nota-mil-do-enem-2021.ghtml. Acesso em: 20 jul. 2024. (Adaptado).

PARA REFLETIR

Consulte Orientações para o professor

Argumentação nas redes

Os ambientes virtuais, além de serem espaços de compartilhamento, troca e aquisição de informações, são meios para o debate social de diversos temas, sobre os quais é possível que o usuário da plataforma exponha suas opiniões.

Leia, a seguir, a publicação de uma Organização Não Governamental (ONG) em uma rede social.

1. Nessa publicação, o Greenpeace Brasil compartilha uma opinião a respeito de um tema e de uma causa que defende: o meio ambiente.

a) Qual é a tese defendida na postagem?

b) Que ideias precedem a apresentação da tese? Comente a estratégia adotada pelo autor.

c) Que proposta de intervenção social é feita na postagem?

2. Releia o trecho a seguir e analise as formas verbais empregadas.

[…] o Greenpeace Brasil espera que candidatas e candidatos coloquem o bem-estar da população no centro do debate.

• Em que modo e tempo as formas verbais se encontram? Que efeito de sentido esses usos produzem?

EM PRÁTICA

Consulte Orientações para o professor.

A redação para o Enem

Depois de estudar e aprofundar seus conhecimentos em relação às estratégias argumentativas para desenvolver o texto dissertativo-argumentativo, chegou a hora de aplicar e praticar esses aprendizados. Para isso, você vai planejar e produzir uma redação cujo

tema será “Consciência ambiental e preservação do meio ambiente”. O texto deve apresentar introdução, desenvolvimento e conclusão. Além disso, é fundamental que sejam apresentadas, ao menos, duas estratégias argumentativas diferentes nos parágrafos do desenvolvimento.

■ Manifestantes em defesa da Amazônia em frente à Câmara dos Vereadores na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro (RJ), 2019.

Organizar

Antes de iniciar a etapa de escrita, é necessário planejar o texto.

• Faça um esquema do que pretende abordar em cada parágrafo.

• Realize uma curadoria de informações sobre o tema para selecionar palavras-chave e definir o recorte temático.

• Após fazer a pesquisa, defina a tese que você vai defender e determine quais estratégias argumentativas serão utilizadas nos parágrafos do desenvolvimento.

Produzir

Agora, chegou a hora de produzir a primeira versão do seu texto.

• Retome as anotações e as pesquisas feitas na etapa anterior e selecione as informações que vão compor cada parágrafo.

• P ara defender a sua tese, por exemplo, você pode utilizar dados e informações históricas, exemplos, citações de especialistas ou contra-argumentações.

Ampliando saberes

O biólogo, doutor e pesquisador Atila Iamarino disponibilizou na internet uma série intitulada Meio Ambiente , com episódios sobre natureza e sustentabilidade no Brasil. No vídeo Desmatamento no Brasil , o primeiro da série, Iamarino explica o desmatamento dos biomas brasileiros, as consequências dessa ação e algumas medidas possíveis e necessárias para promover o desenvolvimento sustentável.

■ DESMATAMENTO no Brasil. [S. l.: s. n.], 2022. 1 vídeo (21 min). Publicado pelo canal Atila Iamarino. Disponível em: https://www. youtube.com/watch?v=hIS89KngbNE. Acesso em: 18 jul. 2024.

• É importante definir a ideia central de cada parágrafo e prever como você vai ampliá-la, mobilizando as estratégias argumentativas estudadas.

• Ao produzir o rascunho, cuide da progressão do seu texto, bem como da utilização da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

• Após a produção, releia cada parágrafo para verificar se as ideias foram apresentadas de forma clara e coerente e se o texto apresenta a estrutura e as características do texto dissertativo-argumentativo.

Avaliar

Levando em consideração as questões a seguir, revise a primeira versão do seu texto.

1. O recorte temático e a tese estão evidentes? Justifique sua resposta.

2. No desenvolvimento, quais estratégias argumentativas foram empregadas em cada parágrafo?

3. De que forma as estratégias argumentativas empregadas no texto podem contribuir para que o leitor concorde com a tese defendida?

Após seguir todas as etapas indicadas nesta seção, passe a sua redação a limpo em uma folha separada, que deverá ser entregue ao professor para avaliação.

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

Neste Capítulo, foram abordados os principais aspectos da construção de textos dissertativo-argumentativos, com ênfase no desenvolvimento dos parágrafos que sustentam a tese. Destacou-se a importância de apresentar argumentos convincentes, baseados em dados, alusões históricas, exemplos, contraposições e autoridades. Além disso, foi discutido o uso correto da pontuação, especialmente da vírgula e das aspas, que são essenciais para a clareza e coesão do texto. A vírgula é utilizada para separar elementos em listas, marcar pausas, separar orações coordenadas, evitar ambiguidade; enquanto as aspas são empregadas para indicar citações diretas e destacar termos específicos.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Agora, chegou o momento de sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos, para que seja possível elaborar sua resposta.

1. Qual é a estrutura básica da redação para o Enem?

2. Quais são os principais tipos de argumentos que podem ser utilizados em uma redação dissertativo-argumentativa como a redação do Enem?

3. Explique como o uso de dados e estatísticas pode fortalecer um argumento.

4. Cite como um exemplo concreto pode ser utilizado para ilustrar um argumento.

5. Como a alusão histórica pode ser utilizada para construir um argumento convincente?

6. O que é uma citação de autoridade e como ela pode ser eficaz em uma argumentação?

7. Como o uso de contraposição de ideias pode enriquecer sua redação?

8. E xplique a importância da coesão e da coerência na redação para o Enem.

9. Como a clareza e a objetividade devem ser mantidas ao longo de um texto de uma redação como a do Enem?

Refletir e avaliar

Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sobre sua aprendizagem ao longo do Capítulo. Para isso, em seu caderno, reproduza o quadro abaixo e responda às questões a seguir. Em seguida, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote nas observações.

Questão Fui proficiente Preciso aprimorar Observações

Realizei as tarefas que estavam sob minha responsabilidade.

Compreendi e consegui sintetizar os conhecimentos sobre desenvolvimento e suas diversas categorias argumentativas.

Produzi com empenho de aprendizagem todas as propostas de atividades, incluindo as seções

Conexões e Cidadania em Movimento.

Considerei as necessidades dos grupos dos quais participei nas atividades de pesquisa e agi com colaboração e ética em relação às minhas responsabilidades e ao grupo.

PRATIQUE MAIS

A prática constante da escrita de redações ajuda a desenvolver as suas habilidades argumentativas, a clareza de expressão e a observância das normas gramaticais e de pontuação. Nesta seção, você encontrará uma proposta de redação que o convida a refletir sobre um tema atual e a exercitar a escrita de texto dissertativo-argumentativo, fundamental para o sucesso na redação Enem.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores e dos conhecimentos construídos ao longo do Capítulo, elabore um texto dissertativo-argumentativo na norma-padrão da língua portuguesa sobre o tema “A importância da economia circular para o desenvolvimento sustentável”. Construa seu texto de forma coerente e coesa, respeitando os direitos humanos na proposta de intervenção e apresentando argumentos, fatos e dados para a defesa de seu posicionamento.

TEXTO 1

O que é Economia Circular?

Economia circular é um modelo que visa a ser uma solução prática para o problema iminente de esgotamento de recursos do planeta.

[...]

Percebendo os recursos finitos do planeta e o aumento da população, iniciaram novos estudos, visando identificar movimentos capazes de tornar a economia mais sustentável.

Assim surgiu a economia circular, cuja intenção é o uso da matéria-prima até seu esgotamento. Ou seja, usando-a quando não há mais possibilidade de reutilizar ou reciclar.

A ideia é mudar o conceito que temos de lixo e substituí-lo por uma visão cíclica e contínua da produção. Dessa forma, os recursos deixam de ser somente explorados e descartados, sendo reutilizados em um novo ciclo até seu esgotamento total.

[...]

O QUE é Economia Circular. In: PUCRS Online. Porto Alegre, 17 dez. 2020. Disponível em: https://online.pucrs.br/blog/economia-circular. Acesso em: 27 ago. 2024.

TEXTO 2

Economia circular: do descarte aos novos modelos de negócios

[…]

Modelos

de negócios circulares

Quatro exemplos de modelos de negócios circulares – aluguel, revenda, reparo e refabricação – representam um mercado de US$73 bilhões. Espera-se que esses modelos continuem crescendo à medida que os clientes se tornam cada vez mais motivados por preços acessíveis, comodidade e consciência ambiental.

[…]

HARPERS’S Bazaar Brasil. Modelos de negócios circulares têm o potencial de tomar 23% do mercado de moda até 2030. [S l.], 6 jan. 2022. Disponível em: https://harpersbazaar.uol.com.br/bazaar-green/modelos-de-negocios-circulares-tem-o-potencial-de-tomar-23-do-mercado -de-moda-ate-2030/. Acesso em: 8 nov. 2024.

TEXTO 3

QUAL É a diferença entre economia circular e sustentabilidade? Verdades sustentáveis, [s l.], 2 jul. 2021. Disponível em: https://www.verdadessustentaveis.com/qual-e-a-diferenca-entre-economia-circular-e -sustentabilidade/. Acesso em: 11 nov. 2024.

TEXTO 4

Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12

[...]

12.1 Implementar o Plano Decenal de Programas sobre Produção e Consumo Sustentáveis, com todos os países tomando medidas, e os países desenvolvidos assumindo a liderança, tendo em conta o desenvolvimento e as capacidades dos países em desenvolvimento

12.2 Até 2030, alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais

12.3 Até 2030, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita

[…]

NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Objetivo de desenvolvimento sustentável 12: consumo e produção responsáveis. Brasília, DF: Nações Unidas Brasil, c2024. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs/12. Acesso em: 17 jul. 2024.

INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

• O texto definitivo deve ser escrito à mão, com até 30 linhas.

• A redação não pode apresentar cópia dos textos indicados na Proposta de Redação. Caso isso aconteça, o número de linhas referente ao trecho copiado será desconsiderado na contagem.

• A redação que apresentar até sete linhas será considerada como insuficiente, e terá nota zero.

• A f uga ao tema também terá nota zero.

• Trechos desconectados do tema proposto também fazem com que a nota seja zerada.

• N ão deve apresentar identificação como assinatura, nome ou outras formas nas linhas destinadas ao texto da redação.

O repertório sociocultural na redação para o Enem

Informações do Capítulo

Campos de atuação: vida pública, jornalístico-midiático e práticas de estudo e pesquisa

Temas Contemporâneos Transversais: Saúde e Educação Alimentar e Nutricional Principais objetivos:

1. Identificar fontes de repertório sociocultural válidas e produtivas para a construção de argumentos em uma redação do Enem, compreendendo sua relevância e aplicabilidade dentro dos temas propostos.

2. Analisar exemplos de repertório sociocultural utilizados em redações nota 1 000 no Enem, avaliando como essas referências contribuem para a argumentação e coesão do texto.

3. Aplicar repertórios socioculturais oriundos de diversas áreas do conhecimento (como Literatura, História, Filosofia, Atualidades) na construção de argumentos relevantes e coerentes em uma redação dissertativo-argumentativa.

4. Criar um banco de repertórios socioculturais para futuros temas de redação do Enem, selecionando referências que possam ser utilizadas em diferentes contextos e articulando-as de maneira original e pertinente na argumentação.

■ O repertório sociocultural é o conhecimento que as pessoas acumulam durante a vida. A experiência estética de ida a uma exposição pode compor esse repertório.

Detalhe de sala da mostra Portinari para todos, uma exposição imersiva sobre o artista no MIS Experience. São Paulo (SP), 2022.

Repertório sociocultural

Repertório sociocultural pode ser compreendido como o conhecimento que as pessoas acumulam ao longo da vida por meio dos estudos, do trabalho, de conversas, da leitura, assim como ao assistir a filmes e peças de teatro, ao ir a exposições de arte e a shows, ao ouvir lembranças de familiares sobre um outro tempo, ao vagar pelas ruas de uma cidade, ao frequentar festas típicas etc.

O repertório sociocultural, portanto, não é composto apenas dos conhecimentos teóricos e escolares mas também dos conhecimentos adquiridos com as próprias experiências, como em situações de interação social. Para compreender de que maneira esses repertórios são constituídos, é importante estabelecer uma relação entre cultura e sociedade.

O conceito de cultura

Cultura é uma palavra derivada do latim (cultura) e carrega significados como “cuidar”, “tratar” e “venerar”, o que explica derivações como agricultura e floricultura. Nos séculos XVIII e XIX, no entanto, houve uma ampliação nos sentidos da palavra cultura, o que conferiu a ela significações mais complexas e metafóricas.

A definição de cultura foi disputada por filósofos, sociólogos, artistas e políticos ao longo dos anos. Atualmente, porém, existe uma classificação corrente mais aceitável. O conceito de cultura se amplifica para ordem simbólica, porque a ela pertencem símbolos, ideias, comportamentos e histórias de grupos e indivíduos que são seres e sujeitos culturais e atribuem sentidos e valores às coisas – inclusive à cultura.

■ Pitty e Nando Reis se apresentam no Qualistage. Rio de Janeiro (RJ), 2022. A música é uma importante manifestação cultural.

A filósofa brasileira Marilena Chaui (1941-) explica que o conceito de cultura pode ser definido por três sentidos principais:

1. criação da ordem simbólica da lei, isto é, de sistemas de interdições e obrigações estabelecidos a partir da atribuição de valores às coisas (boas, más, perigosas, sagradas, diabólicas), aos humanos e suas relações (diferença sexual [...], significado da virgindade, fertilidade, puro-impuro, virilidade; diferença etária e forma de tratamento das crianças, dos mais velhos e mais jovens; diferença de autoridade e formas de relação com o poder, etc.), e aos acontecimentos (significado da guerra, da peste, da fome, do nascimento e da morte, [...], etc.);

2. criação de uma ordem simbólica da sexualidade, da linguagem, do trabalho, do espaço, do tempo, do sagrado e do profano, do visível e do invisível. Os símbolos surgem tanto para representar quanto para interpretar a realidade, dando-lhe sentido pela presença do humano no mundo; 3. conjunto de práticas, comportamentos, ações e instituições pelos quais os humanos se relacionam entre si e com a natureza e dela se distinguem, agindo sobre ela ou através dela, modificando-a. Este conjunto funda a organização social, sua transformação e sua transmissão de geração a geração.

CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000. p. 314.

Depois de considerar o processo pelo qual a palavra cultura passou e a amplitude de suas definições, pode-se entendê-la como o conjunto de significados e valores que distinguem um grupo social, como atividades artísticas e intelectuais com foco na produção e na alimentação da indústria cultural e como ferramenta de desenvolvimento político e social a serviço de seu povo.

MUNDO DO TRABALHO

Consulte Orientações para o professor

Você conhece as profissões ligadas à área da Filosofia?

Algumas das áreas de atuação do filósofo envolvem pesquisa acadêmica para desenvolver novas teorias e refinar conceitos filosóficos, ensino em instituições de Ensino Superior ou Médio para educar os estudantes sobre teorias filosóficas e habilidades de pensamento crítico, e escrita de livros, artigos e ensaios para compartilhar suas ideias.

E o que faz um filósofo?

Um filósofo é um profissional que se dedica ao estudo de questões fundamentais sobre conhecimento, existência, valores, razão, mente e linguagem. A Filosofia é uma disciplina que busca entender e resolver problemas abstratos, complexos e fundamentais que vão desde questões éticas até a natureza da realidade e do conhecimento.

Setores em alta

Os principais setores que empregam profissionais com essa formação no Brasil incluem:

• Educação

• Tecnologia (Ética de IA)

• Saúde (Bioética)

• Negócios (Consultoria ética, por exemplo)

• Administração Pública

A formação em Filosofia oferece uma base sólida para diversas carreiras, desenvolvendo habilidades que são fundamentais em muitas áreas do mercado de trabalho. A capacidade de pensar criticamente, argumentar de forma lógica e analisar questões éticas são atributos que podem influenciar positivamente qualquer escolha profissional.

Atividade proposta

Elabore com sua turma um portfólio coletivo de profissões ligadas à Filosofia, que pode ser on-line ou físico. Para se preparar para o mercado de trabalho da Filosofia, é essencial desenvolver habilidades específicas relacionadas a diversas áreas do conhecimento. Pesquise informações sobre o mercado de trabalho, a formação necessária, os possíveis cursos e as formas de ingresso. Dessa maneira, você poderá conhecer diferentes profissões e se preparar para o ingresso no mundo do trabalho nessa área.

Repertório sociocultural e texto

O contato com diferentes culturas – das ciências, das religiões, das artes, da existência ética e da vida política – possibilita a um indivíduo a compreensão do mundo, das dinâmicas sociais, das comunidades e das nações, o que desenvolve nele a capacidade crítica e pensante.

A produção de textos orais e escritos envolve um conjunto de fatores interligados: as carcterísticas dos gêneros – relacionadas a convenções que variam de acordo com o contexto e a época, a perspectiva do enunciador e o repertório cultural. Em textos argumentativos, a qualidade da persuasão depende da articulação desses três fatores, sobretudo pela mobilização de repertório sociocultural adequado ao contexto, pertinente ao tema e que favoreça a defesa do ponto de vista assumido pelo enunciador.

Repertório sociocultural no Enem

A prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio apresenta como um dos critérios de avaliação a articulação do repertório sociocultural no texto. Trata-se da Competência 2, que está relacionada às habilidades de interpretar o tema proposto, dominar a estrutura textual que deve ser produzida – no caso, o texto dissertativo-argumentativo – e apresentar um repertório sociocultural que subsidie as reflexões sobre o tema.

Para fazer a articulação entre a ideia e o repertório, dois elementos de textualidade são necessários: a coerência e a coesão textuais. Se houver uso de repertórios socioculturais que se relacionem com o tema de forma coerente (interligando-se de maneira lógica) e coesa (ligadas por meio de elementos linguísticos), o texto terá mais possibilidade de estar adequado ao seu propósito.

Observe, a seguir, a matriz de referência da Competência 2 da prova de redação do Enem.

200 pontos

160 pontos

120 pontos

80 pontos

40 pontos

0 ponto

Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente, a partir de um repertório sociocultural produtivo, e apresenta excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo.

Desenvolve o tema por meio de argumentação consistente e apresenta bom domínio do texto dissertativo-argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão.

Desenvolve o tema por meio de argumentação previsível e apresenta domínio mediano do texto dissertativo-argumentativo, com proposição, argumentação e conclusão.

Desenvolve o tema recorrendo à cópia de trechos dos textos motivadores ou apresenta domínio insuficiente do texto dissertativo-argumentativo, não atendendo à estrutura com proposição, argumentação e conclusão.

Apresenta o assunto, tangenciando o tema, ou demonstra domínio precário do texto dissertativo-argumentativo, com traços constantes de outros tipos textuais.

Fuga ao tema/não atendimento à estrutura dissertativo-argumentativa. Nestes casos, a redação recebe nota zero e é anulada.

A pontuação é atribuída com base nos parâmetros estabelecidos para cada competência, o que objetiva a avaliação e minimiza julgamentos de valor que o examinador possa atribuir ao texto.

O alcance da nota máxima (200 pontos) nesse critério pressupõe, além da compreensão do tema e do domínio da estrutura do texto argumentativo, a utilização de um repertório sociocultural pertinente ao tema e que seja produtivo, ou seja, que esteja articulado com o desenvolvimento da tese defendida ao longo do texto.

Uso do repertório sociocultural e textualidade

A textualidade é garantida por meio de recursos linguísticos que estabelecem a relação entre as ideias de um texto, em um processo de retomada ou de adiantamento delas. Trata-se de uma estratégia de apresentação de informações no texto que garante a coesão textual. O quadro a seguir destaca dois mecanismos que favorecem essas relações.

Anáfora Retoma uma informação já mencionada no texto.

Catáfora Antecipa o que ainda será mencionado.

Os recursos linguísticos que estabelecem a anáfora e a catáfora são responsáveis por construir a ligação entre partes do texto que versam sobre o mesmo assunto, em movimentos de retomada e de antecipação, e contribuem para estabelecer a progressão textual.

■ Vista aérea de área desmatada da Floresta Amazônica brasileira, 2021.

usa essas estratégias.

Com a expansão da fronteira do agronegócio e das práticas extrativistas na Amazônia, a falta de políticas integradas direcionadas para o desenvolvimento regional tem resultado em impactos socioambientais. Além do Brasil, outros oito países contêm o bioma em seus territórios: Venezuela, Peru, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa e Suriname. No contexto de emergência global contra as mudanças climáticas, os projetos de cada país colocam-se como indispensáveis em um futuro sustentável.

Para a garantia de soberania dos países amazônicos, o professor Gustavo Menon, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP e doutor no Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina (Prolam) da USP, indica: “Torna-se um debate pensar na construção de uma agenda verde que priorize a vida ao invés de projetos extrativistas que impõem a degradação ambiental e uma lógica de violação dos direitos”.

[…]

SHIRAISHI, Tulio. Preservação da Amazônia possibilita soberania dos países latino-americanos. Jornal da USP, São Paulo, 6 out. 2022. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/preservacao-da-amazonia-possibilita-soberania-dos-paises-latino-americanos/. Acesso em: 16 jan. 2023. Grifos nossos.

No primeiro parágrafo, a construção outros oito países antecipa uma informação que ainda está por vir (catáfora) – quais são os países que contêm bioma amazônico além do Brasil –, e o pronome seus retoma a construção outros oito países (anáfora). No segundo parágrafo, o autor do texto retoma todos os nove países como países amazônicos, o que ajuda na validação do repertório sociocultural, já que, além de evitar repetição do nome dos países, amplia o modo como a Geografia os entende.

O repertório sociocultural é justamente o conteúdo ligado às informações, às ideias e aos conhecimentos que estão sendo relacionados. Dessa maneira, uma forma de introduzir e fazer bom uso desses elementos, como dispõe a matriz de referência do Enem, é aproveitar esse conhecimento ao longo do texto, fazendo resgates que ampliem o olhar sobre esse repertório e criem relações mais potentes entre a opinião que está sendo desenvolvida na dissertação e o que está sustentando tal ponto de vista.

ATIVIDADES

Retratos da Leitura: um país que lê menos

[…]

Consulte Orientações para o professor

A quinta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil indica que a quantidade de leitores no país caiu de 56% em 2015 para 52% em 2019. Dedicado a avaliar o comportamento do leitor brasileiro, o estudo é feito pelo Instituto Pró-Livro (IPL) a cada quatro anos, desde 2007, e busca contribuir para o estabelecimento de políticas públicas que estimulem o hábito da leitura.

A edição atual [...] lançada no último 14 de setembro, contou com 8.076 entrevistas em 208 municípios, sendo 5.874 nas capitais de 26 estados e do Distrito Federal. Os números (que podem ser conferidos tanto em relação ao total do Brasil quanto pelas cinco regiões ou pelas capitais) foram ponderados considerando-se os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) de 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Leitor, de acordo com a definição da pesquisa, é quem leu pelo menos um livro, inteiro ou em partes, nos últimos três meses. Já não leitor é quem declarou não ter lido nenhum livro nos últimos três meses. Os resultados de 2019 apontam a existência de 52% de leitores e 48% não leitores entre os entrevistados. Em 2015, eram 56% leitores e 44% não leitores.

Intensidade, forma, limitações, motivação, representações, condições de leitura e de acesso ao livro (impresso e digital) são alguns dos marcadores presentes no estudo, que também foca em identificar os hábitos dos brasileiros em relação à literatura, mapeando aspectos como origem de interesse e fatores que influenciam na escolha do que ler.

Os dados foram obtidos a partir de entrevistas presenciais domiciliares, com registro das respostas em tablets. As pessoas que responderam à pesquisa pertencem predominantemente à classe C (47%), seguida das classes D/E (28%) e A/B (25%). Dos entrevistados 27% estudam e 73% não estudam. A renda individual dos respondentes variou de quem não tem rendimento até quem ganha mais de cinco salários mínimos, predominando o grupo com renda de até um salário mínimo (36%).

Porém, ainda que a maior parte das respostas tenha sido dos que estão entre o meio e a base da pirâmide econômica, as descobertas sinalizam que quem está no topo também vem perdendo o apreço pelo livro: o número de participantes que respondeu gostar muito de ler diminuiu nas classes A e B e também entre os universitários. Só no último grupo a queda observada foi de 57% em 2015 para 48% em 2019.

Os dados apontam ainda que há mais mulheres do que homens entre os leitores do país e que pré-adolescentes (11 a 13 anos) são os que mais leem, seguidos das crianças de 5 a 10 anos. Quanto mais elevada a faixa etária, menos leitura diária – hábito que despenca na população brasileira a partir da idade adulta. Considerando-se os entrevistados com 50 a 69 anos, apenas 4% têm contato com literatura diariamente, percentual que cai pela metade a partir dos 70 anos, chegando a 2%.

A pesquisa revela uma tendência de decréscimo na frequência de leitura em quase todos os formatos, mas especialmente entre os livros de literatura lidos por vontade própria e os livros didáticos indicados pela escola. Também merece atenção o volume de alunos em idade escolar que declarou não ler: 21% dos entrevistados com idade entre 5 e 10 anos são não leitores, número que chega a 24% entre 11 e 13 anos e atinge 31% dos 14 aos 17 anos.

Motivação

Como razão para ler, 26% das pessoas ouvidas responderam gosto, principal motivação registrada pelo estudo (o número sobe para 38% se considerado o universo dos leitores de literatura).

A leitura acontece também para crescimento pessoal (17%) e distração (14%), e motivos religiosos foram citados por 9%.

Na hora de escolher um livro para ler, influenciam fatores como tema e assunto (33%), dicas de outras pessoas (12%), título (11%) e capa do livro (11%). Dicas de professores (10%) seguem determinantes, influenciando mais do que críticas ou resenhas (5%) e propaganda e anúncios (2%).

Autores e editoras passaram a pesar menos na escolha da leitura nos últimos quatro anos: em 2015, 12% dos respondentes informaram que escolhiam o que ler pelo autor, número que caiu para 9% em 2019. Já a editora, que influenciava em 2% das escolhas em 2015, passou a 1% em 2019.

Quando indagados sobre com que frequência leem livros de literatura por vontade própria, como contos, crônicas, romances e poesias, 54% dos entrevistados declararam não ler. Entres os que leem, 8% o fazem todos os dias ou quase todos os dias, 12% pelo menos uma vez por semana, 14% pelo menos uma vez por mês e 11% menos de uma vez por mês.

Considerando-se a frequência de leitura diária ou de pelo menos uma vez por semana por tipo de material, textos escolares têm o maior percentual de leitura frequente (30%), seguidos de textos de trabalho (28%), livros didáticos indicados pela escola (27%), gibis ou histórias em quadrinhos (23%), livros de literatura por vontade própria (20%) e livros de trabalho ou técnicos (18%).

A Bíblia continua o livro mais lido no país, mas a quantidade de respondentes que a cita como leitura caiu de 42% em 2015 para 35% em 2019. Contos, livros religiosos e romances foram mencionados por 22% dos entrevistados. Além disso, em 2019, a leitura de poesia chegou a 16%, registrando aumento em relação aos 12% de 2015.

Mas, afinal, por que não se lê?

Entre as razões elencadas pelos entrevistados, destacam-se a falta de tempo, não gostar de ler, não ter paciência para ler, preferir outras atividades, ter dificuldades para ler, sentir-se cansado e não haver bibliotecas por perto, além de problemas de saúde e visão.

E se, em algum lugar do passado, o ócio convidava a abrir um livro, o impacto das novas tecnologias já manifesta marcas evidentes: no que se refere à ocupação do tempo livre dos entrevistados, o uso [...] da internet subiu de 47% para 66% e a comunicação via [...] [redes sociais] aumentou de 35% para 44%.

Aparentemente, ler tornou-se mais difícil para a população brasileira, e um aumento significativo nas declarações de dificuldade se compararmos os novos resultados aos obtidos na edição inicial do levantamento. Em 2007, 48% dos entrevistados responderam não ter dificuldade nenhuma para ler. Já em 2019, apenas 33% afirmaram o mesmo. Soma-se a isso o fato de que o percentual de pessoas que dizem não ter paciência para ler saltou de 11% para 26% no mesmo período e a falta de concentração suficiente para a leitura cresceu de 7% em 2015 para 13% em 2019.

Por fim, imortais seguem fazendo jus à alcunha e se misturam a escritores de best-sellers na lista dos 15 autores mais conhecidos no país. Citado em 521 entrevistas, Machado de Assis é o mais lembrado pelos brasileiros, seguido de Monteiro Lobato (314), Paulo Coelho (245), Jorge Amado (240), Augusto Cury (208), Mauricio de Sousa (177), Carlos Drummond de Andrade (159), Zibia Gasparetto (159), Clarice Lispector (111), Cecília Meireles (104), José de Alencar (94), Vinicius de Moraes (76), J. K. Rowling (70), Chico Xavier (70) e Agatha Christie (62).

DINIZ, Tatiana. Retratos da Leitura: um país que lê menos. Itaú Cultural, São Paulo, 11 ago. 2022. Disponível em: https://www.itaucultural.org.br/secoes/noticias/retratos-leitura-pais-le-menos. Acesso em: 3 ago. 2024.

1. A pesquisa mostra uma queda no número de leitores no Brasil. Quais fatores sociais e culturais podem ter contribuído para essa mudança e como isso pode afetar a formação do repertório sociocultural dos jovens?

2. De acordo com o texto, os pré-adolescentes e crianças são os que mais leem. Quais estratégias poderiam ser adotadas para manter o interesse pela leitura, especialmente tendo em vista a importância da leitura para aformação do repertório sociocultural?

3. A pesquisa destaca que o uso de tecnologias e redes sociais aumentou significativamente, competindo com o tempo que poderia ser dedicado à leitura. Como o uso dessas tecnologias pode ser canalizado de forma positiva para complementar a leitura e a formação do repertório sociocultural?

4. O texto menciona que a leitura de livros de literatura por vontade própria diminuiu. Qual é a importância da literatura para a formação do repertório sociocultural e como essa diminuição pode impactar a sociedade a longo prazo?

5. Considerando que o gosto pessoal é a principal motivação para a leitura, como escolas e políticas públicas podem incentivar esse gosto, especialmente em relação à formação de um repertório sociocultural diversificado?

6. A pesquisa aponta que a Bíblia continua sendo o livro mais lido no país, mas sua leitura diminuiu em 2019, em comparação a 2015. Qual é o impacto da leitura de textos religiosos na formação do repertório sociocultural dos indivíduos e como essa tendência pode ser entendida?

7. A pesquisa indica que as mulheres leem mais do que os homens. Como essa diferença de gênero nos hábitos de leitura pode influenciar a formação do repertório sociocultural de homens e mulheres?

8. O texto menciona que a leitura entre universitários diminuiu de 57% em 2015 para 48% em 2019. Como essa tendência pode impactar a formação acadêmica e profissional dos estudantes e quais medidas podem ser tomadas para reverter essa queda?

Analisar e interpretar dados estatísticos são habilidades importantes para a compreensão da realidade social e para a formação de repertório sociocultural. Crie gráficos que representem a evolução do número de leitores e não leitores no Brasil entre 2015 e 2019. Aproveite também para desenvolver habilidades de argumentação. Converse com seus colegas e com seu professor e escreva uma redação dissertativo-argumentativa sobre os motivos para a queda no número de leitores no Brasil, com propostas para reverter essa situação.

Tipos de repertório

O repertório sociocultural funciona como suporte para aquilo que é defendido ao longo do texto, ancorando-o em conhecimentos e perpectivas reconhecidas socialmente – como trechos de livros; letras de música; fatos políticos, econômicos, ambientais, sociais; estatísticas. Desse modo, o repertório também construirá no texto o diálogo com outras referências culturais, tornando-as parte das discussões sobre o tema.

NÃO ESCREVA NO LIVRO
O Desafio da Leitura no Brasil

Geografia política

Comumente mencionado como atualidades, acontecimentos recentes ou temas do cotidiano, esse tipo de conhecimento demonstra um alinhamento, de modo crítico, do texto com o que está acontecendo na realidade.

Cultura popular

Esse tipo de repertório engloba diferentes manifestações que fazem parte do cotidiano – canções, anúncios publicitários, filmes, séries, programas de TV, entre outros – e podem contextualizar o que está sendo apresentado no texto. Por meio das referências culturais, o leitor pode se reconhecer na discussão e ser mais fortemente persuadido pela opinião veiculada.

Literatura e outras manifestações artísticas

As expressões artísticas também ajudam na defesa de uma opinião. O uso desse tipo de repertório demonstra capacidade de interpretação das diferentes produções artísticas e do modo como elas possibilitam refletir sobre aspectos da realidade.

Dados e estatísticas

Outra forma de usar o repertório sociocultural nos textos é apresentar dados de pesquisas de fontes confiáveis. Essa é uma maneira de resgatar um panorama quantitativo que ajude a defender o ponto de vista e a contextualizar o tema do texto.

Nem todos os repertórios socioculturais colaboram para a defesa do ponto de vista ou contextualizam aquilo que está sendo falado. Alguns não são adequados para dar sustentação à opinião que está sendo defendida e, mesmo que sejam pertinentes e legitimados, acabam não sendo produtivos. Por isso, é importante que a utilização do repertório esteja articulada ao desenvolvimento das ideias apresentadas no texto. Lembrando que:

• O repertório legitimado é todo aquele reconhecido pela sociedade.

• O repertório pertinente é aquele que se relaciona ao tema do texto.

• O repertório produtivo é aquele que propõe um diálogo estratégico com o tema proposto, atendendo à linha de raciocínio do texto.

EDITORIA DE ARTE

Em que partes do texto usar o repertório sociocultural?

O repertório sociocultural deve ser utilizado ao longo de todo o texto dissertativo-argumentativo, porém com estratégias diferentes em cada parte.

• Na introdução, a escolha do repertório ampara o ponto de vista da tese e auxilia na contextualização do recorte que será abordado.

• No desenvolvimento, a escolha do repertório sustenta os argumentos para a manutenção do ponto de vista, de modo a comprovar o que foi defendido na tese.

• Na conclusão, a inserção de repertório novo, ainda não discutido, deve ser evitada, pois é um momento de síntese das ideias. No entanto, o repertório já utilizado no texto pode ser retomado para reafirmação da tese.

Por que é tão importante compor um repertório sociocultural?

A compreensão da sociedade em que se vive, do continente do qual se faz parte e da relação com o mundo depende do repertório sociocultural de cada sujeito. Da mesma maneira, para interpretar textos, obras de arte, momentos históricos ou até uma piada, recorre-se ao repertório sociocultural. Para compreender a tirinha a seguir, por exemplo, tanto os elementos visuais quanto os verbais devem ser analisados com base em um repertório sociocultural prévio, que serve como intertexto.

LAERTE. [Esfinge]. Folha de S.Paulo. [S l.], 13 dez. 2020. Disponível em: https://www1.folha.uol. com.br/ilustrada/cartum/ cartunsdiarios/#13/12/2020. Acesso em: 10 nov. 2024.

Se conhece a frase “Decifra-me ou te devoro”, o leitor poderá inferir que a tirinha remete a um mito grego que narra o enigma apresentado a Édipo pela esfinge. Porém, há uma quebra de expectativa, responsável pelo humor da tirinha, quando o ser mítico diz à mulher que não se trata de um enigma, mas sim de um poema. Aqui, ainda é possível inferir que há poemas tão complexos em suas construções metafóricas que, ao tentar compreendê-los, parece também que se está decifrando um enigma, o que pode ser tanto crítica quanto constatação.

Como criar um banco de repertório sociocultural?

Leia notícias diariamente

Os veículos de notícias com fontes confiáveis e preocupados em não propagar fake news são importantes plataformas de conteúdo. Podem também ser fonte de divulgação de dados de institutos de pesquisas.

Assista a séries, filmes e documentários

Séries, filmes e documentários, dos mais diversos gêneros, ajudam a entrar em contato com a cultura de diversos países e sociedades, a interpretar textos e roteiros e a gerar conhecimentos diversos.

Conheça as ideias de alguns filósofos clássicos e contemporâneos

Textos e conceitos filosóficos aprofundam conhecimentos a respeito de questões universais e atemporais do ser humano, além de desenvolver a capacidade de pensar criticamente e argumentar.

Ouça podcasts

Os podcasts têm como função entreter e informar o ouvinte. Hoje, há diversos tipos de conteúdo sendo veiculados neles: esportivo, investigativo, histórico, literário, jornalístico, informativo etc. Por esse motivo, podem ajudar a ampliar o repertório relacionado a diversas áreas do conhecimento.

Leia textos e livros de gêneros variados

Textos e livros de gêneros variados ampliam o repertório literário e, auxiliam na compreensão e na escrita. Entre em contato com memes, charges, artigos de opinião, romances, crônicas, contos, entre outros.

LEITURA

Conheça as legislações importantes do país e do mundo

O estudo das legislações garante uma argumentação incontestável, pois abrange todo o complexo de direitos fundamentais. Algumas importantes fontes de conhecimento são: a Constituição Federal de 1988, a Declaração dos Direitos Humanos, o Estatuto da Criança e do Adolescente e as leis antirracistas.

Consulte Orientações para o professor.

Um artigo de opinião é um texto em que o autor apresenta e defende seu ponto de vista sobre determinado assunto, utilizando argumentos e dados para convencer o leitor a validar seu ponto de vista. Leia o artigo de opinião a seguir e reflita sobre a importância desse gênero textual para a discussão de temas relevantes para a sociedade.

EDITORIA DE ARTE

Sistemas alimentares no centro da agenda municipal […]

Não basta que uma cidade não passe fome. É preciso também que esteja bem nutrida e ativa para combater o desafio da monotonia alimentar. As eleições municipais oferecem a oportunidade de vislumbrar a cidade com toda sua diversidade, desafios e possibilidades.

Colocar a comida no centro do planejamento municipal, com visão sistêmica e intersetorial, através de uma agenda transversal, coerente e participativa das políticas alimentares municipais, é fundamental para superar a insegurança alimentar e nutricional, promovendo sistemas alimentares locais saudáveis, justos e sustentáveis diante da emergência climática.

Os governos municipais devem estar comprometidos com o combate à fome, através de programas de transferência de renda e moeda social, distribuição de alimentos e criação de equipamentos públicos de SAN (Segurança Alimentar e Nutricional) – como restaurantes e cozinhas populares, bancos de alimentos, dentre outros.

Atenção também deve ser dada às ações de abastecimento de alimentos, como medida de SAN e de geração de renda, promovendo resiliência no abastecimento. O apoio à agricultura urbana e periurbana, aliado a circuitos curtos de venda de alimentos locais, de base agroecológica, são políticas alimentares essenciais em qualquer planejamento governamental.

A agricultura urbana e periurbana deve ser prática não apenas “tolerada”, mas incentivada, assim como a oferta de assistência técnica à produção ecológica de alimentos e à certificação orgânica. Existem diversas formas ao alcance da gestão municipal para incentivar a produção urbana de alimentos, por exemplo: isenção ou redução de IPTU, concessão de áreas públicas, subsídio ou suporte para fornecimento de água e insumos, apoio à formação em práticas sustentáveis, facilitação de trocas de saberes, bancos de mudas e sementes crioulas, etc.

Pensando na agricultura periurbana, são igualmente válidas as medidas que foquem tanto em centros de distribuição e armazenamento de alimentos, como em auxílio ou suporte para o transporte de alimentos frescos produzidos localmente, inclusive em coordenação com os fluxos de abastecimento da alimentação escolar do ensino público local.

É importante também que se preveja e garanta uma estrutura de governança que inclui: a instalação de Conselho de SAN com participação do poder público e da sociedade civil; a realização de Conferência de SAN, para determinar as diretrizes das políticas alimentares; a adesão ao SISAN (Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional) para viabilizar o acesso a editais do governo federal e a articulação federativa; a criação da LOSAN (Lei Municipal Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional) para consolidar o funcionamento do sistema municipal de SAN e gerar segurança jurídica para a criação de cargos e fundos públicos, incluindo a CAISAN (Câmara Intersetorial de SAN) e a elaboração de um Plano estratégico de SAN.

Outra esfera de iniciativas prioritárias consiste no levantamento de dados e diagnóstico sobre o sistema alimentar municipal. É preciso que as gestões municipais realizem um mapeamento da população em situação de insegurança alimentar grave e moderada para além dos dados do CadÚnico, incluindo levantamento de informações sobre SAN nas rotinas do CRAS e informações advindas do SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional), ou, de uma forma mais ampla, realizando o cruzamento de dados com SUS e SUAS. É preciso que haja também um mapeamento da produção de alimentos do município,

de suas produtoras e produtores familiares e comunidades tradicionais, e dos modelos de produção adotados.

No tocante à distribuição e comercialização de alimentos, as gestões municipais devem estar atentas aos cenários de “desertos e pântanos alimentares” e fazer levantamentos de dados sobre concentração populacional e a distribuição espacial de estabelecimentos e feiras de alimentos saudáveis, especialmente de produção sustentável e local.

Outra esfera de ações tipicamente municipais são os programas de feiras e de mercados públicos, concedidos ou não, desde que comprometidos com a venda de alimentos saudáveis e locais a preços acessíveis. A execução de tais programas contribui para combater desertos alimentares, gerar renda para a agricultura familiar, fortalecer experiências de produção local de alimentos, e garantir o acesso democrático a produtos agroecológicos.

Outro importante instrumento de política pública ao alcance das gestões municipais é o poder da compra pública de alimentos para atingir metas de alimentação saudável e sustentável, como a executada para a garantia da alimentação escolar. Mas não só. Em qualquer equipamento de SAN ou compra de alimentos pela gestão pública direta e indireta, é possível priorizar a aquisição de alimentos oriundos da agricultura familiar, especialmente de base agroecológica e produzida na região.

A promoção da educação alimentar nas escolas e campanhas de alimentação saudável para a população, incluindo o uso de hortas escolares e comunitárias urbanas, avançará a conscientização sobre alimentação sustentável, auxiliando na regulação dos ambientes alimentares. A promoção do aleitamento materno, o controle nutricional nas escolas com base nas orientações do FNDE, a implementação do Programa Saúde na Escola e a regulação dos ambientes alimentares são exemplos de promoção de ambientes mais saudáveis.

O combate ao desperdício de alimentos, a promoção da compostagem, a gestão de resíduos orgânicos e demais ações de garantia de um sistema alimentar circular são iniciativas que aliam política alimentar e ambiental, contribuem para um modelo sustentável de produção local de alimentos, com incentivo à produção de insumos próprios, diminuindo emissão de gases de efeito estufa e fortalecendo a transição agroecológica na agricultura local – e estão ao alcance da regulação e execução pelas gestões municipais.

As eleições podem favorecer mudanças que busquem, num futuro próximo, garantir a todas as pessoas o acesso à comida suficiente, de qualidade e saudável, produzida de forma sustentável, resiliente, justa, equitativa e em sintonia com os bens comuns da natureza.

TÂNGARI, Juliana; MEDEIROS, Tárzia. Sistemas alimentares no centro da agenda municipal. Nexo Jornal, [s. l.], 10 maio 2024. (Comida do Amanhã). Disponível em: https://pp.nexojornal.com.br/opiniao/2024/05/10/sistemas-alimentares-no-centro-da -agenda-municipal. Acesso em: 3 ago. 2024.

1. Quais são os principais argumentos apresentados pelas autoras para justificar a importância de colocar a comida no centro do planejamento municipal?

2. De que maneira as autoras sugerem que os governos municipais podem apoiar a agricultura urbana e periurbana?

3. Qual é a importância de uma estrutura de governança para a segurança alimentar e nutricional (SAN), segundo o texto?

4. De que forma os programas de feiras e mercados públicos podem combater os desertos alimentares?

5. Por que é importante realizar um mapeamento da população em situação de insegurança alimentar e da produção de alimentos no município?

6. No texto, qual é a relevância do poder de compra pública de alimentos pela gestão municipal?

NÃO ESCREVA NO LIVRO

7. Como as autoras utilizam dados e exemplos para sustentar seus argumentos no texto?

8. Em sua opinião, como esse texto exemplifica o gênero textual artigo de opinião?

Área periurbana

Periurbana se refere às áreas localizadas na periferia de uma cidade, que fazem a transição entre o espaço urbano e o rural. Essas áreas são caracterizadas por uma mistura de atividades urbanas e rurais, incluindo habitações, indústrias, comércios e também práticas agrícolas. A agricultura periurbana, mencionada no texto, é a produção agrícola que ocorre nessas regiões, aproveitando a proximidade com os centros urbanos para facilitar o abastecimento de alimentos frescos.

■ A área periurbana mostra a transição entre construções envoltas por trechos de plantio. Bandung, Ilha de Java (Indonésia), 2020.

Gênero textual: artigo de opinião

O artigo de opinião e a conquista do leitor

Em artigos de opinião, assim como em outros textos predominantemente argumentativos, está implícita a intenção do autor de posicionar-se diante de uma questão polêmica e convencer o leitor da validade de seu ponto de vista. Por esse motivo, na construção desses textos são essenciais estratégias argumentativas que reforcem a defesa da tese, pois é somente por meio delas que o articulista pode conquistar a aprovação daquele que o lê.

O filósofo grego Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), em sua obra Retórica, analisou a estrutura de textos que tinham por intenção a persuasão e concluiu que só é possível atingi-la mediante um discurso que integre as seguintes partes: o exórdio, também denominado preâmbulo, prólogo ou prelúdio (momento correspondente à introdução e no qual se apresenta a tese); a narração (apresentação de argumentos); as provas (elementos que comprovem os argumentos); e, por fim, a peroração ou epílogo (conclusão e retomada da posição defendida). Essa estrutura é utilizada até os tempos atuais, uma vez que, para convencer o interlocutor, o articulista lança mão dos mesmos recursos. Há, portanto, uma construção histórica do discurso persuasivo, cujo objetivo é polemizar e discutir questões sociais de diversas ordens usando marcas linguísticas do argumentar, refutando, negociando e sustentando tomadas de posição por meio da linguagem. Argumentar é

BASTIAN AS/SHUTTERSTOCK

uma ação presente no cotidiano de todos e que contribuiu para a formação histórica e cultural das sociedades.

Estrutura do artigo de opinião

A estrutura de um artigo de opinião é bem definida, composta de três partes principais:

• Introdução: apresenta o tema a ser discutido e a tese do autor, que é a opinião ou o ponto de vista a ser defendido ao longo do texto. A introdução deve ser clara e cativante, despertando o interesse do leitor.

• Desenvolvimento: nesta seção, o autor expõe seus argumentos, apoiados em evidências, dados, exemplos e citações. O desenvolvimento deve ser organizado de forma lógica e coerente, facilitando a compreensão do leitor. É importante abordar diferentes perspectivas e contra-argumentos, demonstrando um entendimento amplo do tema.

• Conclusão: resumindo os principais pontos discutidos, a conclusão reforça a tese apresentada na introdução e pode sugerir soluções, ações ou reflexões adicionais. A conclusão deve ser impactante, deixando uma impressão duradoura no leitor.

Características da linguagem

A linguagem utilizada em um artigo de opinião deve ser clara, objetiva e persuasiva. Algumas características importantes incluem:

• Uso de 1a pessoa: o autor pode, opcionalmente, utilizar a primeira pessoa (“eu”) para expressar sua opinião, tornando o texto mais pessoal e envolvente.

• Vocabulário específico: utilizar termos e expressões relacionados ao tema, demonstrando conhecimento e autoridade.

• Tonalidade: a tonalidade deve ser adequada ao público-alvo e ao meio de publicação, podendo variar de formal a informal.

• Recursos argumentativos: o uso de perguntas retóricas, metáforas, analogias e outras figuras de linguagem pode tornar o texto mais persuasivo e interessante.

As estratégias argumentativas

Ao escrever um artigo de opinião, o articulista busca utilizar argumentos sólidos e bem fundamentados, para que possa interferir, de algum modo, na opinião de seus leitores e conquistá-los. A estratégia argumentativa adotada deve esclarecer ao interlocutor quais são as razões que levam o autor a assumir determinado posicionamento. Desse modo, é interessante que argumentos de diversos tipos sejam mobilizados para a melhor defesa da tese. Observe algumas possibilidades no quadro a seguir.

Argumento de autoridade

Argumento de causa e consequência

Argumento de comparação

Argumento de prova concreta

Argumento de exemplificação ou ilustração

Estratégias argumentativas

Entre as estratégias argumentativas, o argumento de autoridade é um dos mais utilizados, pois colabora com a defesa da tese em três aspectos: conferindo credibilidade e aceitação à opinião apresentada, autorizando afirmações e, por fim, desqualificando ideias opostas àquelas defendidas no texto. Trata-se de uma técnica em que o articulista parece deixar a sua opinião em segundo plano para enaltecer a autoridade da figuta mencionada, mas, por consequência, acaba valorizando a própria ideia.

Nessa estratégia argumentativa, o articulista apresenta causas e/ou efeitos resultantes de um acontecimento ou de uma ação.

Essa estratégia argumentativa possibilita que o articulista relacione e confronte diversos elementos e fenômenos.

É aquele em que o articulista apresenta dados e fatos incontestáveis. É nessa categoria que se encontram os dados estatísticos, os acontecimentos e as retrospectivas históricas e os fatos notórios.

Trata-se da exposição de um fato ocorrido com o articulista ou de conhecimento geral para comprovar que uma afirmação apresentada é pertinente.

Função social do artigo de opinião

O artigo de opinião desempenha um papel importante na sociedade, pois:

• Fomenta o debate: ao apresentar diferentes pontos de vista, o artigo de opinião estimula a reflexão e o diálogo sobre temas relevantes.

• Informa e educa: o autor pode compartilhar informações e conhecimentos, contribuindo para a formação de uma opinião pública mais consciente e crítica.

• Influência social: artigos de opinião podem influenciar decisões, políticas e comportamentos, promovendo mudanças sociais e culturais.

• E xpressão democrática: esse gênero textual é uma forma de exercício da liberdade de expressão, permitindo que indivíduos compartilhem suas opiniões e participem ativamente da vida pública.

A visualidade argumentativa

Uma imagem também pode ser considerada um texto, pois manifesta, por meio de elementos não verbais, uma intencionalidade comunicativa a quem a observa. As imagens podem apresentar um caráter narrativo, como também um tom mais crítico e apontar problemas de diversas áreas, chamando a atenção de seu leitor.

Observe a composição da imagem a seguir, que poderia ser utilizada com função argumentativa. Trata-se de uma representação artística de dois icebergs .

Reflita sobre a imagem: de que maneira os elementos representados nela podem ser utilizados para expressar uma opinião sobre a realidade? Como a visualidade argumentativa dessa imagem implica maior apelo emocional do que ocorreria em um texto verbal sobre o mesmo tema? De que forma a crítica apresentada na imagem revela informações e sentidos complementares para convencer o leitor acerca de um ponto de vista?

■ Na imagem, objetos que se assemelham a icebergs flutuam na água, com suas formas parcialmente submersas, criando um contraste entre superfície e profundidade. [S. l.], 2018.

Produzindo seu artigo de opinião

Planejamento

Antes de começar a escrever, é fundamental planejar o artigo. Considere os seguintes passos:

• Escolha do tema: selecione um tema relevante e do seu interesse.

• Pesquisa: reúna informações, dados e fontes confiáveis sobre o tema.

• Definição da tese: estabeleça claramente a opinião que você defenderá no artigo.

• Esquema do texto: organize suas ideias em um esquema, definindo a estrutura do artigo.

Escrita

Na fase de escrita, siga a estrutura básica e utilize as estratégias argumentativas discutidas:

• Introdução: apresente o tema e sua tese de forma clara e atraente.

• Desenvolvimento: expanda seus argumentos com evidências e exemplos, mantendo a coerência e a coesão.

• Conclusão: reforce sua tese e deixe uma mensagem final impactante.

Revisão

Após escrever o artigo, revise atentamente:

• Ortografia e gramática: corrija desvios e ajuste a linguagem.

• Clareza e coerência: assegure-se de que as ideias estão claras e bem organizadas.

• Argumentação: verifique se os argumentos são sólidos e bem fundamentados.

Reescrita

Faça ajustes necessários com base na revisão, aprimorando a clareza e a força argumentativa do texto. Compartilhe seu artigo de opinião em diferentes plataformas:

• Jornal escolar, se houver: publicar o texto em um jornal ou blogue da escola.

• Redes sociais: compartilhar o artigo em grupos ou páginas relacionadas ao tema.

• E ventos escolares: organizar debates ou rodas de leitura para discutir os artigos produzidos.

CIDADANIA EM MOVIMENTO

Guia alimentar para a população brasileira

Consulte Orientações para o professor

O Guia alimentar para a população brasileira apresenta um conjunto de informações e recomendações sobre alimentação que objetivam promover a saúde de pessoas, famílias e comunidades e da sociedade brasileira como um todo, hoje e no futuro. Ele substitui a versão anterior, publicada em 2006.

Este guia é para todos os brasileiros. Alguns destes serão trabalhadores cujo ofício envolve a promoção da saúde da população, incluindo profissionais de saúde, agentes comunitários, educadores, formadores de recursos humanos e outros. Esses trabalhadores serão fundamentais para a ampla divulgação deste material e para que o conteúdo seja compreendido por todos, incluídas as pessoas que tenham alguma dificuldade de leitura.

Almeja-se que este guia seja utilizado nas casas das pessoas, nas unidades de saúde, nas escolas e em todo e qualquer espaço onde atividades de promoção da saúde tenham lugar, como centros comunitários, centros de referência de assistência social, sindicatos, centros de formação de trabalhadores e sedes de movimentos sociais.

Embora o foco deste material seja a promoção da saúde e a prevenção de enfermidades, suas recomendações poderão ser úteis a todos aqueles que padeçam de doenças específicas. Neste caso, é imprescindível que nutricionistas adaptem as recomendações às condições específicas de cada pessoa, apoiando profissionais de saúde na organização da atenção nutricional.

Orientações específicas sobre alimentação de crianças menores de dois anos, consistentes com as recomendações gerais deste guia, são encontradas em outras publicações do Ministério da Saúde.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/ saude-brasil/publicacoes-para-promocao-a-saude/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf/view. Acesso em: 3 ago. 2024.

Em grupos, você e seus colegas farão uma pesquisa sobre hábitos alimentares em diferentes grupos etários.

O objetivo dessa pesquisa é entender como os hábitos alimentares variam entre diferentes grupos etários e como as recomendações do Guia alimentar para a população brasileira podem ser aplicadas a cada grupo.

Para realizar essa pesquisa, acesse o Guia alimentar para a população brasileira , disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/ publicacoes-para-promocao-a-saude/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf/ view (acesso em: 27 set. 2024).

Instruções:

Dividam-se em grupos e escolham um dos seguintes grupos etários para focalizar sua pesquisa:

1. Crianças (até 12 anos); 2. Adolescentes (13-17 anos); 3. Adultos (18-59 anos); 4. Idosos (60 anos ou mais).

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Cada grupo deve abordar os seguintes pontos em sua pesquisa:

1. Características alimentares do grupo:

• Quais são os alimentos mais consumidos pelo grupo?

• Quais são os nutrientes mais importantes para o grupo?

Identifiquem os nutrientes essenciais para o desenvolvimento e para a saúde do grupo.

E xemplo: Para idosos, o cálcio e a vitamina D são importantes para a saúde óssea.

2. Desafios e barreiras:

• Quais são os principais desafios enfrentados pelo grupo para seguir uma alimentação saudável?

Investiguem os fatores que dificultam a adesão a uma dieta balanceada.

E xemplo: Para adolescentes, a influência da mídia e a popularidade de fast foods podem ser desafios.

• Q uais barreiras culturais, sociais ou econômicas podem influenciar os hábitos alimentares?

3. Estratégias de melhoria:

• Quais estratégias podem ser implementadas para melhorar os hábitos alimentares do grupo?

Proponham soluções práticas e viáveis para promover uma alimentação mais saudável.

E xemplo: Para adultos, incentivar a preparação de refeições caseiras e a redução do consumo de alimentos ultraprocessados.

• E xistem políticas públicas ou programas sociais que promovam uma alimentação saudável?

E xemplo: Programas de merenda escolar que garantem refeições balanceadas para crianças.

Orientações gerais para a pesquisa:

1. Utilizem fontes confiáveis, como o Guia alimentar para a população brasileira, artigos científicos e sites de instituições de saúde.

2. Dividam as tarefas entre os membros do grupo, para que todos participem ativamente. Um membro pode focalizar características alimentares, outro desafios e barreiras, e outro estratégias de melhoria.

3. Preparem uma apresentação clara e organizada para compartilhar os resultados com a turma.

Uma sugestão é utilizar cartazes ou outras formas criativas de apresentação.

4. Após as apresentações, comparem as descobertas entre os diferentes grupos etários.

Discutam as semelhanças e diferenças e como as recomendações do Guia alimentar para a população brasileira podem ser adaptadas para cada grupo.

REDAÇÃO NOTA 1 000

Consulte Orientações para o professor

A seguir, veja a proposta de redação apresentada no Enem no ano de 2020.

Leia a redação de Aécio Fernandes, do Rio Grande do Norte, que obteve nota máxima no Enem, para realizar as atividades propostas. Analise os aspectos socioculturais e de repertório utilizados no texto, identificando como essas referências foram integradas à argumentação e contribuíram para fortalecer a tese defendida.

Manoel de Barros, grande poeta pós-modernista, desenvolveu em suas obras uma “teologia do traste”, cuja principal característica reside em dar valor às situações frequentemente esquecidas ou ignoradas. Segundo a lógica barrosiana, faz-se preciso, portanto, valorizar também a problemática das doenças mentais no Brasil, ainda que elas sejam estigmatizadas por parte da sociedade. Nesse sentido, a fim de mitigar os males relativos a essa temática, é importante analisar a negligência estatal e a educação brasileira. Primordialmente, é necessário destacar a forma como parte do Estado costuma lidar com a saúde mental no Brasil. Isso porque, como afirmou Gilberto Dimenstein, em sua obra “Cidadão de Papel”, a legislação brasileira é ineficaz, visto que, embora aparente ser completa na teoria, muitas vezes, não se concretiza na prática. Prova disso é a escassez de políticas públicas satisfatórias voltadas para a aplicação do artigo 6 da “Constituição Cidadã”, que garante, entre tantos direitos, a saúde. Isso é perceptível seja pela pequena campanha de conscientização acerca da necessidade da saúde mental, seja pelo pouco espaço destinado ao tratamento das doenças mentais nos hospitais. Assim, infere-se que nem mesmo o princípio jurídico foi capaz de garantir o combate ao estigma relativo a doenças psíquicas.

Outrossim, é igualmente preciso apontar a educação, nos moldes predominantes no Brasil, como outro fator que contribui para a manutenção do preconceito contra as doenças psiquiátricas. Para entender tal apontamento, é justo relembrar a obra “Pedagogia da Autonomia”, do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, na medida em que ela destaca a importância das escolas em fomentar não só o conhecimento técnico-científico, mas também habilidades socioemocionais, como respeito e empatia. Sob essa ótica, pode-se afirmar que a maioria das instituições de ensino brasileiras, uma vez que são conteudistas, não contribuem no combate ao estigma relativo às doenças mentais e, portanto, não formam indivíduos da forma como Freire idealiza.

Frente a tal problemática, faz-se urgente, pois, que o Ministério Público, cujo dever, de acordo com o artigo 127 da “Constituição Cidadã”, é garantir a ordem jurídica e a defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis, cobre do Estado ações concretas a fim de combater o preconceito às doenças mentais. Entre essas ações, deve-se incluir parcerias com as plataformas midiáticas, nas quais propagandas de apelo emocional, mediante depoimentos de pessoas que sofrem esse estigma, deverão conscientizar a população acerca da importância do respeito e da saúde mental. Ademais, é preciso haver mudanças escolares, baseadas no fomento à empatia, por meio de debates sobre temas socioemocionais.

ENEM: leia redações nota mil da edição 2020 da prova. G1, [s. l.], 28 maio 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/ enem/2021/noticia/2021/05/28/enem-leia-redacoes-nota-mil-em-2020.ghtml. Acesso em: 16 jan. 2023.

1. Como o autor utiliza a obra de Manoel de Barros e sua “teologia do traste” para introduzir a discussão sobre a saúde mental no Brasil?

2. Qual a importância da citação de Gilberto Dimenstein e sua obra Cidadão de Papel no desenvolvimento do argumento sobre a ineficácia das políticas públicas?

3. De que maneira a referência ao artigo 6 da “Constituição Cidadã” contribui para a força argumentativa do texto?

4. Como o autor relaciona a crítica de Paulo Freire à educação brasileira com a manutenção do preconceito contra doenças mentais?

5. De que forma a proposta de intervenção apresentada, envolvendo o Ministério Público e as plataformas midiáticas, é realista e viável?

6. De que maneira o autor demonstra criatividade ao propor soluções para o combate ao estigma das doenças mentais?

7. Em que medida a redação utiliza bem a coletânea de textos, integrando as referências de forma eficiente ao desenvolvimento das ideias?

8. Quais aspectos linguísticos e gramaticais contribuem para a clareza e coesão da redação?

9. Após ler a redação, como você se sente em relação à proposta de usar depoimentos emocionais em campanhas midiáticas para conscientizar a sociedade sobre a saúde mental? Você acha que essa estratégia seria eficaz? Justifique sua resposta com base em sua experiência pessoal e no que você já observou sobre o impacto das mídias na conscientização social.

PRÁTICAS DE LINGUAGEM

■ Educador Paulo Freire (1921-1997), autor de Pedagogia da autonomia e criador do método de alfabetização que entende o aprendizado como forma de transformação política.

São Paulo (SP), 1988.

Consulte Orientações para o professor

Palavras e expressões que podem gerar dúvidas

Nesta seção, abordaremos palavras e expressões da língua portuguesa que frequentemente causam dúvidas nos estudantes do Ensino Médio, especialmente quando estão produzindo um texto. Utilizaremos em alguns exemplos a redação nota 1 000 no Enem que acabamos de ler, para ilustrar os conceitos de forma prática e aplicada.

1. Uso dos porquês

• Por que: quando for advérbio interrogativo, em perguntas diretas e indiretas, significando a razão ou o motivo de algo.

Exemplos: Por que a educação brasileira não aborda adequadamente as doenças mentais?

• Porque: conjunção causal, utilizado em respostas, explicações ou causas.

E xemplo: “[…] Isso porque, como afirmou Gilberto Dimenstein, em sua obra ‘Cidadão de

Papel’, a legislação brasileira é ineficaz […].”.

• Por quê: no final de frases, com o sentido de “por qual razão” ou “por qual motivo”, utiliza-se o “por quê” separado e com acento.

E xemplos: A educação precisa mudar, mas por quê? / Ana faltou à aula de hoje, mas não sei por quê.

• Porquê: utilizado como substantivo, significando “o motivo” ou “a razão”. É antecedido pelo artigo o pela preposição de

E xemplo: O porquê da negligência estatal deve ser analisado.

2. Mas × Mais

• Mas: conjunção adversativa, indica oposição.

E xemplo: [...] Há sinais de progressos, mas os problemas estão aumentando mais rápido do que nossa respostas [...]

• Mais: advérbio de intensidade, indica quantidade.

E xemplo: É preciso haver mais campanhas de conscientização sobre a saúde mental.

3. Mal × Mau

• Mal: advérbio; substantivo, oposto de “bem”.

E xemplo: O preconceito contra as doenças mentais é um mal a ser combatido.

• Mau: adjetivo, oposto de “bom”.

E xemplo: O tratamento inadequado das doenças mentais é um mau exemplo de política pública.

4. Acerca de × A cerca de × Há cerca de

• Acerca de: significa “sobre” ou “a respeito de”.

E xemplo: “[…] deverão conscientizar a população acerca da importância do respeito e da saúde mental.”.

• A cerca de: indica proximidade ou limite.

Exemplo: A cerca de dois metros de distância, havia um cartaz de conscientização.

• Há cerca de: indica tempo decorrido.

Exemplo: Há cerca de cinco anos, as campanhas de saúde mental eram menos frequentes.

5. Em vez de × Ao invés de

• Em vez de: indica substituição.

Exemplo: Em vez de ignorar a saúde mental, é preciso valorizá-la.

• Ao invés de: indica oposição.

Exemplo: Ao invés de subir, ele desceu as escadas.

6. Cessão × Sessão × Seção

• Cessão: ato de ceder.

E xemplo: A cessão de recursos para a saúde mental é necessária.

• Sessão: período de tempo destinado a uma atividade.

E xemplo: Durante a sessão do congresso, discutiu-se a saúde mental.

• Seção: parte de um todo, departamento.

E xemplo: A seção de saúde mental do hospital precisa de melhorias.

7. De encontro a × Ao encontro de

• De encontro a: indica oposição ou choque.

E xemplo: A política atual vai de encontro aos interesses dos pacientes.

• Ao encontro de: indica convergência ou concordância.

E xemplo: As novas medidas vão ao encontro das necessidades dos pacientes.

8. Viagem × Viajem

• Viagem: substantivo, ato de viajar.

E xemplo: A viagem para o congresso sobre saúde mental foi produtiva.

• Viajem: verbo, forma do subjuntivo ou imperativo de “viajar”.

E xemplo: Espero que viajem com segurança.

9. Onde × Aonde

• Onde: indica lugar fixo.

E xemplo: A cidade onde ocorre o congresso é conhecida pela excelência em saúde.

• Aonde: indica movimento para um lugar. Equivale a para onde, pois o a de aonde equivale à regência do verbo transitivo indireto.

Exemplo: Aonde vamos depois do congresso?

10. Se não × Senão

• Se não: condicional, equivalente a “caso não”.

Exemplo: Se não tratarmos a saúde mental, o problema só piorará.

• Senão: caso contrário, exceto, a não ser.

E xemplo: Não há outra solução senão investir em saúde mental.

11. Tão pouco × Tampouco

• Tão pouco: expressão que reforça a ideia de “pouco”.

E xemplo: O investimento é tão pouco que não faz diferença.

• Tampouco: também não.

E xemplo: Não há campanhas suficientes, tampouco há políticas públicas eficazes.

12. Na medida em que × À medida que

• Na medida em que: utilizada para indicar causa ou explicação, equivalente a “porque” ou “visto que”.

Exemplo: “[…] é justo relembrar a obra “Pedagogia da Autonomia”, do patrono da educação brasileira, Paulo Freire, na medida em que ela destaca a importância das escolas […].”.

• À medida que: utilizada para indicar proporção ou simultaneidade, equivalente a “conforme” ou “à proporção que”.

Exemplo: À medida que o tempo passa, mais estudantes se interessam pela filosofia e pela leitura.

13. Afim × A fim

• Afim: adjetivo que indica afinidade, semelhança ou relação de proximidade.

E xemplo: Os estudantes tinham interesses afins nas áreas de leitura e filosofia.

• A fim: locução prepositiva que significa “com a intenção de” ou “para”.

E xemplo: “[…] Nesse sentido, a fim de mitigar os males relativos a essa temática, é importante analisar a negligência estatal e a educação brasileira.”.

ATIVIDADE

o professor

• Nesta atividade, você encontrará uma série de frases com palavras e expressões que geram dúvidas. Seu objetivo é convertê-las à modalidade escrita formal, se necessário, baseando-se nas explicações fornecidas ao longo do Capítulo. Identifique, então, a expressão que pode conter um desvio à escrita formal em cada frase, faça as adaptações necessárias e compare suas intervenções com as explicações fornecidas, para reforçar sua aprendizagem.

a) O festival foi criado a cerca de dois anos e vem atraindo um público cada vez maior.

b) Em vez de assistir filmes de ação, prefiro documentários sobre culturas diversas.

c) Ela preferiu estudar história ao invés de literatura, pois achava mais interessante.

d) O debate será aonde?

e) Ele tem mais argumentos do que você, mais seus pontos não são tão bem fundamentados.

f) Se não houver mudanças na política educacional, os problemas irão persistir.

g) É importante consumir alimentos saudáveis, mais algumas pessoas ainda preferem fast food

h) Mal ela chegou, começou a falar sobre a importância de uma dieta equilibrada.

i) A leitura de clássicos filosóficos vai ao encontro das nossas necessidades de reflexão.

j) Ele falou acerca das vantagens de ler todos os dias.

k) A biblioteca oferece uma seção especial para obras filosóficas e socioculturais.

l) A reunião irá de encontro aos interesses dos estudantes, promovendo a leitura.

m) Eles discutiram bastante a cerca da importância da leitura, contudo não chegaram a um consenso.

n) À medida que o tempo passa, mais estudantes se interessam por filosofia.

o) Na medida em que a leitura foi incentivada, os resultados melhoraram.

p) Eles têm gostos afim por literatura e filosofia.

q) Ele leu vários livros de filosofia a fim de melhorar sua argumentação.

NÃO ESCREVA NO LIVRO Consulte Orientações para

PARA REFLETIR

Cultura popular

Consulte Orientações para o professor.

Cultura popular é um dos conceitos mais controvertidos que conheço. Existe, sem dúvida, desde o final do século XVIII; foi utilizado com objetivos e em contextos muito variados, quase sempre envolvidos com juízos de valor, idealizações, homogeneizações e disputas teóricas e políticas. Para muitos, está (ou sempre esteve) em crise, tanto em termos de seus limites para expressar uma dada realidade cultural, como em termos práticos, pelo chamado avanço da globalização, responsabilizada, em geral, pela internacionalização e homogeneização das culturas. [...]

Desde o final do século XIX, no Brasil, a expressão cultura popular esteve presente numa vertente do pensamento intelectual, formada por folcloristas, antropólogos, sociólogos, educadores e artistas, preocupada com a construção de uma determinada identidade cultural. Artistas, políticos, literatos, intelectuais tentaram responder a estas questões relacionando cultura popular com variados atributos, por vezes contraditórios: ora com a não modernidade, o atraso, o interior, o local, o retrógrado, o entrave à evolução; ora com o futuro positivo, diferente, especial e brilhante para o país, valorizando as singularidades culturais e a vitalidade de uma suposta cultura popular, responsável pelo nascimento de uma nova consciência, uma nova civilização, sempre mestiça.

A partir das décadas de 1940-1950, a cultura popular assumiu uma perspectiva política associada aos populismos latino-americanos, que procuravam oficializar as imagens reconhecidamente populares às identidades nacionais e à legitimidade de seus governos. O conceito também foi incorporado pela esquerda, principalmente na década de 1960, tendo assumido um sentido de resistência de classe, ou, inversamente, de referência a uma suposta necessidade dos oprimidos a uma consciência mais crítica, que precisava ser despertada O conceito poderia ser encontrado entre os intelectuais do cinema novo, da teologia da libertação, dos centros populares de cultura e entre os educadores ligados aos princípios de Paulo Freire.

Atualmente, uma tendência dos que lidam com indústrias culturais e comunicação de massa é pensar o popular em termos do grande público. Nesta perspectiva, seria possível encontrar uma hierarquia de popularidade – em função do maior ou menor consumo – entre os diversos produtos culturais ofertados no mercado, tornando menos evidente o sentido político que anteriormente marcava os usos da expressão “popular”. A despeito disto, não é incomum encontrarmos certas afirmações de que alguns jornais são feitos para o “povão”, apresentando um padrão reconhecido como popular.

Martha Abreu. Cultura popular. Um conceito e várias histórias. ABREU, Martha; SOIHET, Rachel (org.). Ensino de história: conceitos, temáticas e metodologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2009. p. 83-85.

1. 1. De acordo com o texto, por quais grupos o conceito de cultura popular foi sendo apropriado ao longo do tempo, no Brasil? Com quais propósitos?

2. As manifestações culturais populares podem revelar quais aspectos de um povo?

3. Dê exemplos de manifestações culturais populares do seu dia a dia e reflita sobre a importância delas para você. Converse sobre o tema com seus colegas.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

EM PRÁTICA

A redação para o Enem

Na atualidade, o repertório sociocultural é possibilitado, em grande parte, pelo acesso aos mais diversos conteúdos on-line, como vídeos, podcasts, streamings de filmes e séries, sites, portais de notícias especializados, entre tantos outros meios que dependem da internet para serem acessados. Porém, o Brasil tem um grande desafio para garantir a equidade educacional, que passa pelo amplo acesso à banda larga no país. Pensando nisso, seu desafio será escrever um texto dissertativo-argumentativo nos padrões do Enem –portanto, considerando a banca avaliadora desse exame –, propondo seu ponto de vista a respeito do tema “Os desafios para a inclusão digital no Brasil”.

Organizar

Para planejar seu texto, é necessário realizar, primeiramente, uma pesquisa para conhecimento e aprofundamento do tema proposto. Siga estas orientações.

• Busque reportagens, artigos de opinião e artigos científicos sobre o assunto.

• Anote as ideias centrais dos autores, citações e dados que podem ser úteis para amparar seus argumentos ao redigir o desenvolvimento.

• Com a pesquisa feita, defina o recorte que fará em relação ao tema e a sua tese.

• Esboce a introdução, busque encontrar uma linha de coerência para a abordagem do tema e reflita sobre o repertório sociocultural erudito (a pesquisa feita) e popular (outros conhecimentos gerais de seu cotidiano) que podem subsidiar as discussões que você deseja propor sobre o tema.

Consulte Orientações para o professor.

Ampliando saberes

O podcast Redigir, produzido pelos professores Gustavo Fechus e Gislaine Buosi, trata de temas potenciais para a prova de redação dos grandes vestibulares e do Enem, indicando repertório sociocultural e discutindo em detalhe os assuntos do dia, com dados, estratégias de argumentação, propostas de intervenção etc. A cada episódio, os professores apresentam uma redação-modelo nos moldes da redação do Enem e a deixam à disposição.

■ REDIGIR: inclusão digital. Locuções de: Gustavo Fechus e Gislaine Buosi. [ S. l.]: Redigir, c2021. Disponível em: https:// www.plataformaredigir. com.br/artigo/podcast -redigir-inclusao-digital. Acesso em: 24 set. 2024.

• Desenvolva, em tópicos, um esboço sobre sua ideia autoral com base no tema e cite o repertório que pode ajudar a amparar essa ideia.

• Reflita sobre ações possíveis para mitigar os desafios que você identificou e como elas poderiam ser colocadas em prática. Registre suas ideias sobre essa intervenção no problema.

Produzir

• Mobilize seu repertório sobre o assunto em foco desde a introdução, para apresentar conhecimentos que direcionem a discussão.

• Defina claramente a tese com uma afirmação que exponha seu ponto de vista.

• Desenvolva os argumentos sempre pensando em como podem defender a tese exposta na introdução.

• Na conclusão, defina uma ação, um agente, um meio, os recursos e a finalidade, a fim de compor a proposta de intervenção para o problema.

• Procure especificar cada um desses itens, evitando expressões genéricas, como exemplo, para o agente: “É necessário que o Governo […]”. Para esse exemplo, recomenda-se definir qual parte do governo (ministérios, secretarias, órgãos colegiados, comissões, entre outros) é a responsável de fato pela realização da ação proposta.

Avaliar

Levando em consideração as questões a seguir, revise a primeira versão do seu texto.

1. Você organizou a estrutura de seu texto e apresentou a tese na introdução para, nos parágrafos seguintes, desenvolver argumentos em defesa do seu ponto de vista? Escreva no caderno a tese apresentada.

2. Você apresentou argumentação consistente, com repertório sociocultural diverso e articulado à discussão de modo produtivo? Escreva no caderno as referências.

3. Você construiu sua proposta de intervenção explicitando o agente (quem), a ação (o quê), o modo de realizá-la junto aos recursos necessários para isso (como) e a finalidade dessa ação (para quê)? Escreva no caderno como fez isso.

Após seguir todas as etapas indicadas nesta seção, passe a sua redação a limpo em uma folha separada, que deverá ser entregue ao professor.

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

Neste Capítulo, foi apresentado um panorama sobre o uso de repertório sociocultural em textos dissertativo-argumentativos, com foco no gênero textual artigo de opinião e na redação para o Enem. Exploramos a importância de integrar referências culturais e

teóricas para fortalecer a argumentação, exemplificando com obras de autores renomados. Também discutimos uma lista de expressões que frequentemente geram dúvidas, fornecendo esclarecimentos detalhados e exemplos práticos, para evitar desvios comuns. Além disso, realizamos uma pesquisa sobre alimentação saudável, destacando a relevância desse tema contemporâneo e fornecendo subsídios para adquirir hábitos alimentares mais saudáveis.

Agora, chegou o momento de sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conteúdos do capítulo para que seja possível elaborar sua resposta.

1. Como a utilização de referências socioculturais pode fortalecer meus argumentos em minhas produções textuais?

2. Quais são as principais características do gênero textual artigo de opinião que devo lembrar ao escrever meu próprio texto?

3. Consegui entender e aplicar corretamente as expressões que geram dúvida discutidas no Capítulo? Quais ainda me causam dúvidas?

4. Como a pesquisa sobre alimentação saudável contribuiu para ampliar meu conhecimento sobre o tema e enriquecer meus argumentos em textos dissertativo-argumentativos?

5. Após estudar este Capítulo, como avalio minha capacidade de produzir um texto coeso, claro e convincente? O que posso fazer para continuar melhorando?

Refletir e avaliar

Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sobre sua aprendizagem ao longo do Capítulo. Para isso, em seu caderno, reproduza o quadro abaixo e responda às questões a seguir. Em seguida, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote nas observações.

Realizei as tarefas que estavam sob minha responsabilidade.

Compreendi e consegui sintetizar os conhecimentos sobre a importância da formação de repertório, além do estudo do gênero textual artigo de opinião e da redação para o Enem.

Produzi com empenho de aprendizagem todas as propostas de atividades, incluindo os boxes Mundo do Trabalho e Cidadania em Movimento

Considerei as necessidades dos grupos dos quais participei nas atividades de pesquisa e agi com colaboração e ética em relação às minhas responsabilidades e ao grupo.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

CAPÍTULO

A conclusão na redação para o Enem 7

Informações do Capítulo

Campos de atuação: vida pública, jornalístico-midiático e práticas de estudo e pesquisa

Temas Contemporâneos Transversais: Educação em Direitos

Humanos, Trabalho, Saúde, Vida Familiar e Social Principais objetivos:

1. Compreender o papel da conclusão em uma redação dissertativo-argumentativa do Enem, identificando sua função de síntese e proposição de soluções ao problema discutido.

2. Analisar diferentes tipos de conclusão utilizados em redações nota 1 000 do Enem, avaliando como cada um deles reforça a argumentação apresentada ao longo do texto.

3. Aplicar estratégias para a construção de conclusões que apresentem uma proposta de intervenção concreta e coerente, conforme os critérios estabelecidos pela banca do Enem.

4. Elaborar conclusões eficientes para redações, conectando de forma coesa os argumentos desenvolvidos no texto e propondo intervenções detalhadas e factíveis que respeitem os direitos humanos.

■ Na fotografia, a ativista Sonia Guajajara (1974-), escolhida para assumir a pasta do Ministério dos Povos Indígenas em 2023. Belém (PA), 2023.

Proposta de intervenção: um passo decisivo na redação do Enem

A proposta de intervenção é um dos cinco aspectos fundamentais avaliados na redação do Enem, representando um momento decisivo para que o candidato demonstre sua capacidade de reflexão crítica e de exercício da cidadania. Apresentar uma intervenção significa sugerir uma iniciativa concreta que visa enfrentar o problema abordado pelo tema, sempre em conformidade com os princípios dos direitos humanos.

A construção dessa proposta é uma oportunidade para o estudante mostrar não apenas seu conhecimento sobre o tema mas também seu comprometimento em atuar de forma efetiva na realidade. Durante o processo de produção do texto, além de defender um ponto de vista de maneira argumentativa e crítica, o candidato deve ser capaz de propor uma solução que dialogue diretamente com o problema discutido, indicando uma ação interventiva que esteja de acordo com os valores de uma sociedade democrática e pluralista.

Para que a proposta de intervenção seja avaliada de forma positiva, ela precisa estar intimamente relacionada ao tema central da redação e deve estar integrada ao projeto de texto do estudante. Isso significa que, ao planejar sua escrita, o candidato deve garantir que a proposta seja coerente com o ponto de vista defendido e com os argumentos apresentados ao longo do texto. A proposta de intervenção deve expressar, de forma clara e articulada, a visão do autor sobre as possíveis soluções para a questão em debate, respondendo diretamente aos problemas levantados. Uma proposta bem elaborada deve ser concreta e específica, evitando generalizações que possam diluir a força da argumentação. Para isso, é essencial que o estudante não só sugira uma ação como também identifique o ator social competente para executá-la, seja ele individual, familiar, comunitário, social, político, seja governamental. Além de definir quem será o responsável pela intervenção, é necessário indicar o meio de execução da ação, detalhar seu efeito ou finalidade e, se possível, incluir outros elementos que possam enriquecer a proposta, tornando-a ainda mais robusta e detalhada. Em resumo, a proposta de intervenção não é apenas um complemento da redação, mas um elemento central que demonstra o preparo do candidato para participar ativamente da transformação da sociedade. Ela deve ser desenvolvida de maneira clara, objetiva e integrada ao restante do texto, garantindo que o autor apresente uma solução viável e compatível com o problema discutido, sempre respeitando os direitos humanos. Dessa forma, o candidato não só atende aos critérios de avaliação do Enem mas também reafirma seu compromisso com uma atuação cidadã responsável e crítica.

Como elaborar a proposta de intervenção

Como mencionado anteriormente, a prova de redação do Enem exige que o candidato, além de demonstrar domínio das competências de argumentação e escrita, apresente uma proposta de intervenção para o problema abordado. Esse critério, correspondente à Competência 5, pode valer até

200 pontos na redação. Ao tratar da Competência 5, que aborda a elaboração de uma proposta de intervenção para o problema discutido na redação, é fundamental destacar a importância de construir uma solução que seja viável, coerente com o tema e, sobretudo, respeitosa com os direitos humanos. Essa competência não avalia apenas a capacidade do estudante em propor uma ação concreta, mas também de demonstrar um entendimento profundo das questões sociais e éticas envolvidas. O quadro a seguir apresenta os seis níveis de desempenho que serão utilizados para avaliar a Competência 5 nas redações do Enem:

200 pontos

160 pontos

120 pontos

80 pontos

Elabora muito bem proposta de intervenção, detalhada, relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto.

Elabora bem proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto.

Elabora, de forma mediana, proposta de intervenção relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto.

Elabora, de forma insuficiente, proposta de intervenção relacionada ao tema, ou não articulada com a discussão desenvolvida no texto.

40 pontos Apresenta proposta de intervenção vaga, precária ou relacionada apenas ao assunto.

0 ponto

Não apresenta proposta de intervenção ou apresenta proposta não relacionada ao tema ou ao assunto.

Para garantir um bom desempenho na Competência 5 do Enem, a proposta de intervenção deve ser apresentada de acordo com critérios específicos, que incluem os elementos a seguir.

Ação de intervenção

Proposta de ação concreta para tentar solucionar o problema de forma objetiva. Trata-se do que será, de fato, realizado.

Agentes responsáveis

Indicação de quem são os mais capacitados a resolver a situação-problema. O agente será responsável por executar a ação em prol da resolução da questão apresentada. Possibilidades: Estado, escolas, ONGs etc.

Modo/Meio

Detalhamento das formas de agir. É fundamental que se explicite como a proposta de ação será executada.

Efeito/Finalidade

Indicação do objetivo ou do resultado esperado pela ação proposta.

Detalhamento

Explicação de como será feito o processo da intervenção, evidenciando exemplos e explicações dos demais critérios.

Como indicado no esquema, para construir uma proposta bem elaborada, deve-se propor a ação de intervenção e o agente social competente para executá-la de acordo com o contexto em análise. Esse agente pode ser relacionado ao âmbito individual, familiar, comunitário, social, político ou governamental, por exemplo. Além disso, é preciso explicitar o meio de execução da ação e o seu efeito, ou a sua finalidade, preferencialmente incluindo os devidos detalhamentos necessários para esclarecer a sua proposta com a maior precisão possível.

É importante considerar que há maneiras diferentes de propor uma intervenção e que a escolha deve levar em conta a adequação ao tema da redação e à tese defendida. Além disso, é preciso garantir que a proposta esteja explícita no texto, não indicando somente a falta de uma ação ou de um investimento, por exemplo, mas também expondo com clareza qual intervenção pode ser realizada para sanar o problema ou direcionar caminhos para melhorias.

Uma das maneiras de se começar a construção de uma proposta de intervenção pode ser pela inferência. Inferir é realizar uma dedução sobre algo, extraindo ideias de forma lógica com base nas informações apresentadas. Nesse processo, avaliam-se as informações e levantam-se hipóteses para concluir algo. No texto dissertativo-argumentativo, a retomada dos argumentos apresentados no desenvolvimento pode ser realizada por meio da utilização de conectivos conclusivos — como logo, pois, portanto, por isso, assim e em vista disso — para relacionar o que foi exposto anteriormente e apresentar a inferência proposta.

Leia, a seguir, um trecho da conclusão de uma redação para a prova do Enem 2019, em que a inferência é utilizada para introduzir o parágrafo e para expor a conclusão lógica a que a autora chegou por meio das ideias centrais argumentadas no desenvolvimento do texto.

Dessa forma, pode-se perceber que o debate acerca da democratização do cinema é imprescindível para a construção de uma sociedade mais igualitária. Nessa lógica, é imperativo que o Ministério da Economia destine verbas para a construção de salas de cinema, de baixo custo ou gratuitas, nas periferias brasileiras por meio da inclusão de seu objetivo na base de Diretrizes Orçamentárias, com o intuito de democratizar o acesso à arte. […]

FELPI, Lucas. Cartilha redação a mil 2.0. [S. l.: s. n.], [202-]. E-book. Disponível em: https://www.calameo.com/ read/005876988ef4231c58234. Acesso em: 16 set. 2024.

Nesse exemplo, a inferência pode ser útil na identificação de um problema e na proposição de soluções para ele, por isso pode ser inserida antes da apresentação de uma proposta de intervenção, por exemplo, em uma estrutura combinada de técnicas.

Leia agora o parágrafo de conclusão da estudante Dandara Luíza da Costa, que tirou nota 1 000 na redação do Enem de 2014.

Dessa forma, é possível perceber que a publicidade infantil excessiva influencia de maneira negativa tanto a infância em si como também o Brasil. É preciso que o governo atue iminentemente nesse problema através da aplicação de multas nas empresas de publicidade que ultrapassarem os limites das faixas etárias estabelecidos anteriormente pelo Ministério da Infância e da Juventude. Além disso, é preciso que essas crianças sejam estimuladas pelos pais e

pelas escolas a terem um maior hábito de ler, através de concessões fiscais às famílias mais carentes, em livrarias e papelarias, distando um pouco do padrão consumista atual, a fim de que o Brasil garanta um futuro com adultos mais conscientes. Afinal, como afirmou Platão: “o importante não é viver, mas viver bem”.

LEIA redações do Enem que tiraram nota máxima no exame de 2014. G1, São Paulo, 25 out. 2015. Disponível em: https://g1.globo.com/ educacao/enem/2015/noticia/2015/05/leia-redacoes-do-enem-que-tiraram-nota-maxima-no-exame-de-2014.html. Acesso em: 20 ago. 2024.

Nesse trecho, é possível identificar duas ações de intervenção sugeridas: a atuação sobre o problema por meio da aplicação de multas, que deve ser realizada pelo governo, e o incentivo ao hábito da leitura, que deve ser promovido pelos pais e pelas escolas. Sobre essa segunda ação, há ainda o detalhamento de como ela deve ser feita, citando a possibilidade de concessões fiscais a famílias carentes em uma ação também apoiada pelo governo. O efeito esperado dessas duas ações é apresentado no trecho “a fim de que o Brasil garanta um futuro com adultos mais conscientes”, o que indica o objetivo a longo prazo da sugestão apresentada.

Na hora de elaborar a proposta de intervenção, pode-se considerar as perguntas a seguir.

A proposta é realizável?

ATIVIDADES

Quem pode agir?

Como agir?

Que resultado se espera alcançar? Que outra informação pode detalhar melhor a proposta?

Consulte Orientações para o professor.

1. Leia a conclusão de uma redação que recebeu nota 1 000 em 2018, cujo tema foi a “Manipulação do comportamento de usuário pelo controle de dados na internet”, e identifique qual é a proposta de intervenção sugerida para resolver a questão da manipulação do comportamento do usuário de internet e como ela se conecta com o problema apresentado:

Infere-se, portanto, que o controle do comportamento dos usuários possui íntima relação com aspectos educacionais e econômicos. Desse modo, é imperiosa uma ação do MEC, que deve, por meio da oferta de debates e seminários nas escolas, orientar os alunos a buscarem informações de fontes confiáveis como artigos científicos ou por intermédio da checagem de dados, com o fito de estimular o senso crítico dos estudantes e, dessa forma, evitar que sejam manipulados. Visando ao mesmo objetivo, o MEC pode, ainda, oferecer uma disciplina de educação tecnológica nas escolas, através de sua inclusão na Base Comum Curricular, causando um importante impacto na construção da consciência coletiva. Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida.

ENEM 2018: leia redações nota mil. G1, [s. l.], 19 mar. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2019/03/19/ enem-2018-leia-redacoes-nota-mil.ghtml. Acesso em: 16 set. 2024.

a) Qual é a ação proposta pelo autor da redação e que problema ela visa resolver?

b) Como essa proposta pode contribuir para a formação de uma população mais crítica?

c) A proposta apresentada é viável e concreta? Justifique sua resposta.

2. Sugira uma nova proposta de intervenção para melhorar o senso crítico dos estudantes brasileiros, evitando, assim, que sejam manipulados. Escreva sua proposta incluindo:

• ação a ser realizada;

• quem deve realizá-la;

• como será realizada;

• resultado esperado.

a) Descreva a ação proposta e o órgão ou a entidade responsável por executá-la.

b) E xplique como essa ação pode impactar positivamente o desenvolvimento do senso crítico nos estudantes.

c) Proponha um método de avaliação para verificar a eficácia da intervenção sugerida.

3. Considere a seguinte proposta de intervenção, tomando por base a conclusão de redação apresentada: “o MEC pode, ainda, oferecer uma disciplina de educação tecnológica nas escolas, através de sua inclusão na Base Comum Curricular, causando um importante impacto na construção da consciência coletiva. Assim, observar-se-ia uma população mais crítica e menos iludida”.

a) De que forma essa proposta pode contribuir para a construção da consciência coletiva?

b) Quais são os desafios potenciais na implementação dessa proposta?

c) Avalie a viabilidade e o impacto da proposta, considerando os recursos disponíveis nas escolas brasileiras.

4. Escreva uma proposta de intervenção para um problema social atual relacionado à educação e ao desenvolvimento do senso crítico, considerando os seguintes elementos:

• Quem vai fazer;

• O que será feito;

• Como será feito;

• Para que será feito.

a) Desenvolva sua proposta considerando todos os elementos necessários para a Competência 5 do Enem.

b) Certifique-se de que sua proposta seja detalhada e viável e tenha um impacto positivo na sociedade.

Os direitos humanos na proposta de intervenção

A avaliação do Enem exige que, além de articular os elementos do texto de forma coesa e bem fundamentada, a proposta de intervenção respeite os direitos humanos, demonstrando valores éticos, e a capacidade do candidato de atuar de forma justa e empática na sociedade.

Historicamente, esse termo surgiu após o final da Segunda Guerra Mundial. Nesse contexto, foi fundada a Organização das Nações Unidas (ONU) em 1945; logo depois, em 1948, foi promulgada a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um documento que estabelece um conjunto de direitos e liberdades fundamentais que devem ser garantidos a todas as pessoas, independentemente de sua nacionalidade, raça, gênero, religião, posição social ou qualquer outra condição. No contexto social, prezar pelos direitos humanos é uma ação associada à valorização, ao respeito e ao acolhimento de todos os indivíduos, independentemente de gênero, classe social, etnia e religião.

De acordo com a cartilha do participante do Enem, algumas ideias e ações são avaliadas imediatamente como contrárias aos direitos humanos, sendo algumas delas o discurso de ódio contra grupos específicos, a defesa de tortura, execução sumária e ações de “justiça com as próprias mãos”, além da incitação de violência motivada por questões de raça, etnia, gênero, crenças religiosas, posicionamento político, condição física ou socioeconômica e origem geográfica.

O que são direitos humanos?

Os direitos humanos pertencem a todos e todas e a cada um de nós igualmente

Os direitos humanos são normas que reconhecem e protegem a dignidade de todos os seres humanos. Os direitos humanos regem o modo como os seres humanos individualmente vivem em sociedade e entre si, bem como sua relação com o Estado e as obrigações que o Estado tem em relação a eles.

A lei dos direitos humanos obriga os governos a fazer algumas coisas e os impede de fazer outras. Os indivíduos também têm responsabilidades: usufruindo dos seus direitos humanos, devem respeitar os direitos dos outros. Nenhum governo, grupo ou indivíduo tem o direito de fazer qualquer coisa que viole os direitos de outra pessoa.

UNICEF. O que são direitos humanos? [Brasília, DF]: Unicef, [entre 2004 e 2024]. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/ o-que-sao-direitos-humanos. Acesso em: 14 ago. 2024.

No entanto, além desses exemplos, alguns posicionamentos do candidato considerados contrários aos direitos humanos podem estar diretamente relacionados ao tema pedido na prova de redação.

Leia, a seguir, o parágrafo de conclusão de uma redação nota 1 000 realizada no Enem 2016, cuja proposta era “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”. Observe como a proposta de intervenção apresentada foi feita em consonância com os direitos humanos.

Sendo assim, é indispensável a adoção de medidas capazes de assegurar o respeito religioso e o exercício de denúncia. Posto isso, cabe ao Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Justiça, implementar aos livros didáticos de História um plano de aula que relacione a aculturação dos índios com a intolerância religiosa contemporânea, com o fito de despertar o senso crítico

nos alunos; e além disso, promover palestras ministradas por defensores públicos acerca da liberdade de expressão garantida pela lei para que o respeito às diferentes posições seja conquistado. Ademais, a Polícia Civil deve criar uma ouvidoria anônima, tal como uma delegacia especializada, de modo a incentivar denúncias em prol do combate à problemática.

LEIA redações nota mil do Enem 2016. G1, [s. l.], 11 abr. 2017. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia-redacoes-nota-mil-do -enem-2016.ghtml. Acesso em: 16 set. 2024.

Ao propor que sejam adotadas medidas para assegurar o respeito religioso, o candidato mostra conhecer direitos fundamentais dos indivíduos garantidos pela Constituição Federal, que prevê a todos o direito à manifestação e à expressão da fé e da religião, sendo este um direito inviolável. Caso o candidato tivesse defendido a superioridade religiosa de determinado grupo ou incentivado a violência motivada por questões religiosas, a redação seria avaliada como discriminatória.

ATIVIDADE

Consulte Orientações para o professor

■ O deputado federal Ulysses Guimarães (1916-1992) apresenta o livro da Constituição de 1988 ao plenário da Câmara dos Deputados em Brasília (DF), 1988.

• No trecho a seguir, pensando na ideia de conciliar a maternidade e a realidade do cárcere, foram elencadas algumas alternativas como vias de resolução para esse problema. Leia-as e analise-as de acordo com as questões propostas.

[…]

• Ampliação da aplicação de prisão domiciliar, quando não couber liberdade provisória, para mulheres grávidas ou com filhos e ampliação das alternativas penais para desencarceramento de mães em situação prisional.

• Instalação de telefones públicos nas penitenciárias de regime fechado e semiaberto para facilitar a comunicação da detenta com sua família e permitir o acompanhamento da vida dos filhos, além do acesso à defensoria pública.

• Criação de espaços em cumprimento do artigo que prevê seção específica para gestantes em presídios.

• Construção ou reforma de espaços para cumprimento do artigo que prevê que os estabelecimentos penais para mulheres sejam dotados de berçário.

■ Mães detentas e seus filhos em presídio-modelo em Valência (MG), 2009.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

• Garantia de que mães de bebês iniciem ou continuem atividade educacional ou laboral. Criação da figura das cuidadoras, presas que cuidem dos bebês de outras pessoas presas na sua ausência. Sugere-se que ganhem salário e redução de pena.

• Possibilidade de que as unidades materno-infantis abriguem não só bebês nascidos no sistema prisional, mas também os filhos de até 1,5 ano nascidos quando a mãe estava em liberdade.

• Alteração da lei para aumentar a idade mínima de permanência do bebê com a mãe, de 6 meses para 1 ano de idade, prorrogável por mais seis meses.

• Elaboração de medidas que promovam a proximidade e a comunicação do abrigo com o estabelecimento onde está encarcerada a mãe.

• Normatização dos procedimentos e determinações internas das prisões, para evitar personalismo nas decisões da diretora e das funcionárias em relação ao exercício de direitos.

• Tarja nos processos cíveis indicando que a parte envolvida é ré presa e nos processos criminais indicando a condição de gestante ou mãe de recém-nascido.

• Regulamentação do direito de visita para garantir a convivência da criança e do adolescente com a mãe ou o pai privados de liberdade.

• Criação de mecanismos pelas secretarias estaduais que garantam o transporte das mulheres e homens para participação nas audiências cíveis envolvendo suas filhas e filhos, como previsto na lei.

FERRARI, Márcio. A maternidade na prisão. Revista Pesquisa Fapesp, São Paulo, 241. ed., mar. 2016. Disponível em: https:// revistapesquisa.fapesp.br/a-maternidade-na-prisao/. Acesso em: 16 set. 2024.

a) Depois de conhecer um pouco a maternidade em situação de cárcere, responda: você considera que todos os tópicos elencados são coerentes e possíveis de serem aplicados? Justifique com base no necessário respeito aos direitos humanos.

b) Escolha uma das propostas de intervenção apresentadas no texto e, com base nela, desenvolva um parágrafo introdutório que a coloque como tese a ser defendida, sempre com base no respeito aos direitos humanos.

c) Escreva um argumento que corrobore a tese desenvolvida na questão anterior.

d) Por fim, desenvolva uma conclusão que retome a tese e a argumentação desenvolvida anteriormente, reforçando a ideia defendida.

CIDADANIA EM MOVIMENTO

Consulte Orientações para o professor.

Equipe de Refugiados inspira e faz história na Olimpíada de Paris

Duas semanas de celebração de esportes em Paris, que começaram com sorrisos sob a chuva no Rio Sena, terminaram com alegria e orgulho para a Equipe Olímpica de Refugiados, incluindo a sua primeira medalha olímpica.

A Equipe Olímpica de Refugiados foi criada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e pela Fundação Refúgio Olímpico (ORF), com o apoio do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados. Ela surgiu para dar aos atletas que foram forçados a se deslocar a chance de mostrar seus talentos no maior evento esportivo do mundo. A equipe fez sua primeira aparição nos Jogos Olímpicos do Rio 2016.

“Esses atletas refugiados superaram desafios imensos. O seu sucesso é um lembrete para o mundo do que pode ser alcançado quando os refugiados recebem apoio para conseguir realizar seus sonhos”, disse a vice-alta-comissária das Nações Unidas para Refugiados, Kelly Clements, que assistiu à participação da equipe na cerimônia de encerramento, no último domingo (11).

“Depois de um jogo histórico para a Equipe Olímpica de Refugiados, podemos dizer com certeza que esses 37 atletas demonstraram o que os refugiados podem alcançar se tiverem a oportunidade de prosperar”, avaliou Jojo Ferris, diretora da Fundação Refúgio Olímpico.

A boxeadora Cindy Ngamba ganhou o bronze na categoria 75 kg feminino, tornando-se a primeira integrante da Equipe Olímpica de Refugiados a subir ao pódio.

“É uma honra e um privilégio não apenas representar a equipe de refugiados, mas também me tornar a primeira atleta a ganhar uma medalha olímpica para ela. Espero que esta medalha seja a primeira de muitas que serão conquistadas por refugiados em futuros Jogos Olímpicos”, declarou Cindy.

“Sou apenas uma entre milhões de pessoas que foram forçadas a se deslocar ao redor do mundo e rezo para que minha história possa oferecer esperança e inspiração e mostrar que tudo é possível na vida”, acrescentou.

[…]

A equipe foi representada durante a cerimônia de encerramento pelos porta-bandeiras Farida Abaroge e Kasra Mehdipournejad. Ngamba também subiu ao palco ao lado do presidente do COI Thomas Bach, do nadador francês Léon Marchand e de outros atletas representando os cinco continentes participantes para apagar a chama olímpica, marcando o fim dos Jogos.

Além daqueles que competiram sob a bandeira do COI para Refugiados, outros esportistas também destacaram a força e a resiliência das pessoas que foram forçadas a se deslocar, provando que elas podem alcançar níveis mais altos quando recebem oportunidades e apoio.

Entre eles, está a refugiada iraniana Kimia Alizadeh. Ela era membro da Equipe Olímpica de Refugiados em Tóquio e agora, competindo pela Bulgária, país que a acolheu, ganhou a primeira medalha do país no taekwondo, após conquistar o bronze na categoria feminina de 57 kg.

Enquanto isso, o time de basquete masculino do Sudão do Sul, formado por ex-refugiados, incluindo o apoiador do ACNUR Wenyen Gabriel, representou o continente africano em Paris, vencendo Porto Rico antes de perder para a Sérvia e os Estados Unidos.

Desde a cerimônia de abertura, passando por todas as lutas, competições de corrida e recordes pessoais, até o pódio propriamente dito, a Equipe Olímpica de Refugiados mostrou o poder do esporte para inspirar, elevar e dar esperança a outras pessoas forçadas a se deslocar.

“Quando a chama olímpica se apagar aqui em Paris, o legado da Equipe Olímpica de Refugiados continuará a inspirar a todos nós”, concluiu Clements.

ACNUR. Equipe de refugiados inspira e faz história na Olimpíada de Paris. [Brasília, DF]: Acnur, 13 ago. 2024. Disponível em: https://www.acnur.org/br/noticias/comunicados-imprensa/equipe-de-refugiados-inspira-e-faz-historia-na-olimpiada-de-paris. Acesso em: 14 ago. 2024.

■ A boxeadora Cindy Ngamba (1988-) tornou-se a primeira integrante da Equipe Olímpica de Refugiados a subir ao pódio. Olimpíadas, Paris (França), 2024.

O artigo do Acnur destaca a participação histórica da Equipe Olímpica de Refugiados nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, em que a atleta Cindy Ngamba conquistou a primeira medalha olímpica para a equipe. Essa conquista simboliza a superação de adversidades e a importância do esporte como ferramenta de inclusão e empoderamento para refugiados. Com base no texto e nas conexões que um tema como esse tem com os direitos humanos, procure responder às perguntas a seguir.

1. Qual foi a importância histórica da conquista da primeira medalha olímpica para a Equipe Olímpica de Refugiados?

2. Como a participação da Equipe Olímpica de Refugiados nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 reforça os princípios dos direitos humanos?

3. Quais foram os principais desafios enfrentados pelos atletas refugiados antes de chegarem às Olimpíadas de Paris e como esses desafios foram superados?

4. De que maneira a Equipe Olímpica de Refugiados contribui para aumentar a conscientização sobre a situação dos refugiados no mundo?

PETER CZIBORRA / REUTERS / FOTOARENA.
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MUNDO DO TRABALHO

Empregos na área esportiva

O esporte, ao longo das últimas décadas, transcendeu quadras, campos e piscinas, tornando-se uma poderosa indústria que movimenta bilhões de dólares globalmente. Com as últimas Olimpíadas realizadas em Paris, em 2024, tivemos a oportunidade de explorar as diversas profissões que fazem essa indústria funcionar. Além dos atletas, há uma vasta rede de profissionais que contribuem para o sucesso dos eventos esportivos, desde gestores até especialistas em tecnologia. Entender essas carreiras e suas tendências é fundamental a qualquer estudante que deseja se preparar para o futuro do trabalho na área esportiva.

Atualmente, a escolha da profissão tem se tornado cada vez mais desafiadora, em virtude da constante evolução do mercado de trabalho e ao surgimento de novas carreiras. No contexto esportivo, essa realidade é ainda mais dinâmica, impulsionada pelos avanços tecnológicos, pelo crescente interesse nos esportes eletrônicos (eSports) e pela crescente valorização da saúde e do bem-estar. Conhecer as profissões ligadas ao esporte é essencial não apenas para quem deseja atuar diretamente nesse setor, mas também para aqueles que buscam entender as novas possibilidades que surgem na intersecção entre esporte, tecnologia e gestão.

Ao investigar essas carreiras, você poderá:

• ampliar sua visão sobre o mercado de trabalho;

• identificar áreas de interesse que podem guiar sua escolha profissional;

• compreender como diferentes áreas do conhecimento, como Ciência, Tecnologia, Psicologia e Comunicação, estão integradas ao esporte.

Setores em alta

No mercado esportivo, diversos setores profissionais estão em alta, refletindo as mudanças tecnológicas, sociais e econômicas que têm transformado a indústria esportiva. Aqui estão alguns dos setores mais promissores:

1. Tecnologia esportiva

• Análise de dados e Big data: o uso de dados para otimizar a performance dos atletas, analisar jogos e desenvolver estratégias está crescendo rapidamente. Empresas e equipes esportivas estão investindo em software e em analistas para interpretar grandes volumes de dados.

2. Gestão esportiva

• Organização de eventos esportivos: com a globalização do esporte, a demanda por profissionais que possam organizar e gerenciar eventos esportivos de grande escala, como as Olimpíadas ou a Copa do Mundo, tem crescido. Isso inclui desde a logística até o marketing e a gestão de riscos.

• Marketing esportivo: as marcas estão cada vez mais interessadas em associar seus produtos a atletas e eventos esportivos. Profissionais de marketing especializados em esportes são essenciais para criar campanhas eficazes e promover parcerias estratégicas.

3. Saúde e bem-estar

• Fisioterapia e reabilitação esportiva: a prevenção e o tratamento de lesões são fundamentais para a carreira de qualquer atleta. Fisioterapeutas especializados em esportes são altamente valorizados, sobretudo à medida que novos métodos de recuperação, como a crioterapia e o treinamento de resistência, tornam-se mais populares.

• Nutrição esportiva: a nutrição personalizada para atletas está em alta, com foco em dietas que maximizam o desempenho e a recuperação. Nutricionistas esportivos estão se tornando ainda mais essenciais para equipes e atletas individuais.

4. Esportes eletrônicos (eSports)

• Gestão de equipes e torneios: o crescimento explosivo dos eSports criou uma nova demanda por gestores que possam coordenar equipes, organizar competições e gerenciar direitos de transmissão.

• Desenvolvimento de jogos e plataformas de streaming: com o aumento da popularidade dos eSports, há uma demanda crescente por desenvolvedores de jogos, além de engenheiros de software que possam criar e manter plataformas de streaming ao vivo.

5. Sustentabilidade no esporte

• G estão ambiental de eventos: a necessidade de que grandes eventos esportivos sejam sustentáveis amplia a demanda por especialistas em sustentabilidade que possam minimizar o impacto ambiental das competições. Isso inclui o planejamento de eventos verdes, a gestão de resíduos e o uso de energia renovável.

• Construção e manutenção de instalações esportivas sustentáveis: arquitetos e engenheiros estão projetando estádios e instalações que utilizam tecnologias ecológicas, como sistemas de energia solar e captação de água, para reduzir a pegada de carbono do esporte.

6. Psicologia esportiva

• Treinamento mental e performance psicológica: à medida que os aspectos mentais do esporte ganham mais reconhecimento, psicólogos esportivos estão sendo cada vez mais requisitados para ajudar os atletas a desenvolverem resiliência mental, foco e estratégias de superação de estresse.

7. Mídia e entretenimento esportivo

• Produção de conteúdo digital: a cobertura esportiva está se expandindo para plataformas digitais, criando oportunidades para criadores de conteúdo.

• Jornalismo esportivo especializado: com o aumento da segmentação de nichos, há uma demanda crescente por jornalistas que possam cobrir esportes de maneira aprofundada e analítica.

• Elabore, com a turma, um portfólio de empregos em Esportes, que pode ser on-line ou físico. Para se preparar para o mercado esportivo, é essencial desenvolver habilidades específicas relacionadas não só à Medicina Esportiva ou à Educação Física mas também à Gestão, à Nutrição e à Psicologia. Você e os colegas devem pesquisar dados sobre mercado de trabalho, formação necessária, possíveis cursos, salários médios, atividades diárias e formas de ingresso. Dessa maneira, poderão conhecer diferentes profissões e se prepararem para o ingresso no mundo do trabalho.

LEITURA

Consulte Orientações para o professor

A manifestação de posicionamentos em alguns setores da mídia é uma prática importante, por exemplo, em colunas de opinião. Mas também controversa, se considerar que leitores assíduos de determinadas publicações têm seus próprios posicionamentos de acordo com o que é exposto pelos comunicadores que seguem.

Uma das formas pelas quais um grupo jornalístico ou midiático expressa suas opiniões é por meio do editorial, gênero textual que pertence ao campo jornalístico-midiático, e circula tanto em jornais quanto em revistas. Como texto opinativo, o editorial é construído a partir de um ponto de vista sustentado por argumentos, com o objetivo de expressar uma opinião ou um ponto de vista sobre temas de grande relevância. Frequentemente, aborda questões atuais que estão em destaque no momento de sua publicação. O papel crítico em relação ao ponto de vista apresentado cabe ao leitor, que, em muitas situações, consegue identificar a ideologia subjacente à publicação.

Embora seja redigido por um único indivíduo, ele não reflete uma opinião pessoal, mas a visão coletiva do grupo responsável pela publicação, representando a ideologia predominante entre os membros da equipe editorial, razão pela qual raramente é assinado. Também é comum que ele se refira diretamente a outros textos publicados pelo próprio veículo. Além de expor a opinião do veículo que o publica, o editorial costuma convidar os leitores a participar do debate público sobre os fatos que motivaram sua escrita, incentivando-os à ação. Isso é frequentemente expresso por frases como “É preciso mobilizar todos”, “É hora de as instituições ouvirem os cidadãos”, “Não podemos nos calar diante de tal fato”, entre outras. Embora não seja uma característica essencial do editorial apresentar propostas de intervenção como as que vimos até agora na redação para o Enem, alguns editoriais podem, sim, incluir sugestões de solução para os problemas discutidos.

A seguir, você lerá um editorial que apresenta a opinião do jornal sobre o debate em torno de um projeto de lei que barra a saída temporária de pessoas privadas de liberdade em determinadas épocas do ano no Brasil.

Cela trancada

Projeto que barra saída temporária de presos contraria estudos e evidências

A Câmara dos Deputados abraçou uma espécie de populismo penal ao aprovar projeto que barra de forma drástica a saída temporária de detentos nas superlotadas penitenciárias brasileiras.

O texto, que voltará ao Senado, põe fim à liberação provisória de presos em regime semiaberto, amplia a competência do juiz da execução penal sobre o uso de tornozeleira eletrônica e inclui exame criminológico como uma das condições para a progressão da pena.

O período eleitoral parece dar impulso a mais uma medida que, embora aparente impor mais rigor na segurança pública, contraria os estudos acerca da realidade prisional do país. O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), candidato à reeleição, já se manifestou contra a “saidinha”.

A saída temporária, para visita à família ou estudos, está prevista na lei e serve à ressocialização das pessoas privadas de liberdade.

Manter todos os condenados em instalações insalubres é, além de desumano, ineficaz – para nem falar de dúvidas constitucionais em debate no Supremo Tribunal Federal. Facções criminosas que dominam os presídios terão mais mão de obra a seu dispor.

A saída não é realizada sem critério, tampouco representa grave ameaça à ordem pública. Só tem direito a ela o preso do regime semiaberto que já cumpriu ao menos um sexto da pena, se primário, ou um quarto, se reincidente. Outro requisito é bom comportamento.

A defesa da proibição se ampara em temores compreensíveis, de quando em quando reforçados por episódios de crimes cometidos por detentos beneficiados. Cumpre, porém, considerar um quadro mais amplo. Embora não desprezível, a proporção de presos que não retornam da saída temporária é relativamente baixa. Em São Paulo, por exemplo, cerca de 95% dos favorecidos no Natal de 2020 voltaram à prisão. Condenados por crime hediondo com morte não têm direito ao benefício desde 2019.

Políticas públicas sempre podem ser aperfeiçoadas, mas com atenção a evidências e resultados esperados – não ao apelo popular imediato das medidas. editoriais@grupofolha.com.br

Introdução : contextualização inicial, em que se apresentam os fatos a serem analisados e/ou uma tese.

Registro : os editoriais prezam pelo registro formal e impessoal, visto que apresentam uma opinião que não é individual.

Caráter argumentativo: o editorial expressa a opinião de um veiculo de informação, com base em um ponto de vista que questiona a eficácia e a coerência da medida proposta.

Desenvolvimento: parte em que se desenvolve a argumentação, apresentando-se argumentos válidos por meio de exemplos, dados, falas de especialistas etc.

Conclusão: parte do editorial em que se encerra a discussão, reafirmando-se o ponto de vista.

CELA trancada. Folha de S.Paulo, São Paulo, 14 ago. 2022. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2022/08/cela -trancada.shtml. Acesso em: 18 set. 2024.

1. Qual é a principal crítica feita pelo editorial em relação ao projeto que barra a saída temporária de presos?

2. De acordo com o editorial, quais são as condições para que um preso tenha direito à saída temporária?

3. O que o editorial sugere sobre a eficácia da saída temporária para a ressocialização dos presos?

4. Como o editorial caracteriza a situação das penitenciárias brasileiras?

5. Qual é a opinião do editorial sobre a influência do período eleitoral na aprovação do projeto?

6. Por que o editorial considera a proporção de presos que não retornam da saída temporária “relativamente baixa”?

7. Qual é a visão do editorial sobre o aperfeiçoamento das políticas públicas relacionadas à segurança e ao sistema prisional?

8. Compare o gênero textual editorial com a redação do Enem. Como ambos podem abordar a questão da intervenção social?

9. Como a proposta de intervenção na redação do Enem pode se inspirar em argumentos utilizados em editoriais?

10. Em que aspectos a argumentação de um editorial pode ajudar na construção de uma proposta de intervenção na redação do Enem?

Gênero textual: editorial

O editorial é um gênero textual característico de veículos de comunicação, como jornais e revistas, que expressa a opinião institucional de um meio de comunicação sobre um tema relevante. Diferentemente de artigos de opinião escritos por colunistas ou colaboradores, o editorial não é assinado individualmente, pois reflete a posição oficial do veículo de comunicação. Os editoriais geralmente abordam temas de grande interesse público, como política, economia, questões sociais ou culturais, e têm como objetivo influenciar a opinião pública ou fomentar debates sobre assuntos importantes.

Estrutura do editorial

1. Estrutura e Características do Editorial

• Estrutura: Um editorial tem uma estrutura definida com título, introdução (contextualiza e expõe a tese), desenvolvimento (apresenta argumentos com fatos e dados), e conclusão (reafirma a tese e sugere ações ou reflexões).

• Linguagem: A linguagem é objetiva e formal, impessoal, baseada em fatos verificáveis, com vocabulário formal e argumentação clara e lógica.

2. Função Social e Atividade de Pesquisa

• Função Social: O editorial informa, forma opinião e influencia debates públicos, consolidando a credibilidade do veículo e funcionando como um canal de diálogo com o público.

• Atividade de Pesquisa: Pesquise um editorial recente, identifique o tema, estrutura, argumentos e função social. Após análise, discuta em grupos e apresente as conclusões para a turma.

REDAÇÃO NOTA 1 000

Consulte Orientações para o professor

A seguir, veja a proposta de redação apresentada no Enem de 2014.

2014.

Agora, leia a redação da estudante Dandara Luíza da Costa, que recebeu nota 1 000 nesse exame, depois realize as atividades propostas. Repare que, para introduzir o tema, a estudante faz referência ao sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987), demonstrando repertório sociocultural ao mesmo tempo que exemplifica a tese que irá defender: o cuidado necessário com a infância e as influências geradas nessa fase, principalmente causadas pela publicidade. Na conclusão, a candidata retoma a tese na primeira frase do parágrafo e tece uma proposta de intervenção que respeita os direitos humanos. Ainda na conclusão, a candidata resgata, de certa forma, o título do texto, construindo assim um círculo completo de retomada. Para isso, apresenta mais uma vez o seu repertório sociocultural ao citar Platão (c. 427 a.C.-347 a.C.): “o importante não é viver, mas viver bem”.

Por um bem viver

‘O ornamento da vida está na forma como um país trata suas crianças’. A frase do sociólogo Gilberto Freyre deixa nítida a relação de cuidado que uma nação deve ter com as questões referentes à infância. Dessa forma, é válido analisar a maneira como o excesso de publicidade infantil pode contribuir negativamente para o desenvolvimento dos pequenos e do Brasil. É importante pontuar, de início, que a abusiva publicidade na infância muda o foco das crianças do que realmente é necessário para sua faixa etária. Tal situação torna essas crianças pequenos consumidores compulsivos de bens materiais, muitas vezes desapropriados para determinada idade, e acabam por desvalorizar a cultura imaterial, passada através das gerações, como as brincadeiras de rua e as cantigas. Prova disso são os dados da UNESCO afirmarem que cerca de 85% das crianças preferirem se divertir com os objetos divulgados nas propagandas, tornando notório que a relação entre ser humano e consumo está “nascendo” desde a infância. É fundamental pontuar, ainda, que o crescimento do Brasil está atrelado ao tipo que infância que está sendo construída na atualidade. Essa relação existe porque um país precisa de futuros adultos conscientes, tanto no que se refere ao consumo, como às questões políticas e sociais, pois a atenção excessiva dada à publicidade infantil vai gerar adultos alienados e somente preocupados em comprar. Assim, a ideia do líder Gandhi de que o futuro dependerá daquilo que fazemos no presente parece fazer alusão ao fato de que não é prudente deixar que a publicidade infantil se torne abusiva, pois as crianças devem lidar da melhor forma com o consumismo.

Dessa forma, é possível perceber que a publicidade infantil excessiva influência de maneira negativa tanto a infância em si como também o Brasil. É preciso que o governo atue iminentemente nesse problema através da aplicação de multas nas empresas de publicidade que ultrapassarem os limites das faixas etárias estabelecidos anteriormente pelo Ministério da Infância e da Juventude. Além disso, é preciso que essas crianças sejam estimuladas pelos pais e pelas escolas a terem um maior hábito de ler, através de concessões fiscais às famílias mais carentes, em livrarias e papelarias, distando um pouco do padrão consumista atual, a fim de que o Brasil garanta um futuro com adultos mais conscientes. Afinal, como afirmou Platão: “o importante não é viver, mas viver bem”.

LEIA redações do Enem que tiraram nota máxima no exame de 2014. G1, São Paulo, 25 out. 2015. Disponível em: https://g1.globo. com/educacao/enem/2015/noticia/2015/05/leia-redacoes-do-enem-que-tiraram-nota-maxima-no-exame-de-2014.html. Acesso em: 16 set. 2024.

1. Qual é a principal estratégia argumentativa utilizada na conclusão do texto Por um bem viver?

2. Como a proposta de intervenção apresentada no texto está alinhada com as competências exigidas pelo Enem?

NÃO ESCREVA NO LIVRO

3. Como a autora usa citações de autoridades para fortalecer sua argumentação e sua proposta de intervenção?

4. De que maneira a conclusão do texto Por um bem viver contribui para a coerência e a coesão do texto como um todo?

5. Qual é a importância de uma proposta de intervenção que considere a realidade e as possibilidades de implementação?

Gilberto Freyre nasceu em Recife, Pernambuco. Foi sociólogo, antropólogo, deputado e professor universitário em universidades estadunidenses e europeias.

Considerado um dos maiores intelectuais do país, Freyre tentou compreender a sociedade brasileira no período colonial, em especial as relações sociais entre senhores e escravizados no século XX. Parte significativa de sua análise antropológica está registrada na obra Casa-Grande e Senzala (1933), considerada uma fonte de estudos sobre a formação do povo brasileiro, pela mistura de raças e culturas. Eleito deputado federal pelo partido União Democrática Nacional (UDN), entre 1946 e 1950, ele apresentou o projeto de lei que resultou na criação do Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, atual Fundação Joaquim Nabuco.

■ Gilberto Freyre foi um dos primeiros pensadores da Sociologia brasileira. Rio de Janeiro (RJ), 1985.

FUJA DA NOTA ZERO

Desrespeitar os direitos humanos na prova de redação do Enem é uma infração gravíssima, pois vai contra os princípios fundamentais da dignidade humana e igualdade de direitos, que são pilares do convívio social e do próprio tema proposto pela redação. Antes de 2017, essa violação resultava em nota zero, o que ressaltava a severidade do desrespeito a esses valores.

Gilberto Freyre

Após mudança judicial endossada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2021, a punição tornou-se mais branda, resultando em uma perda de 200 pontos na Competência 5, que avalia a proposta de intervenção. Mesmo assim, a penalidade continua a impactar significativamente a nota final.

A seguir, veja três trechos de redações do Enem 2021 escritas por participantes que, segundo os corretores da prova, desrespeitaram os Direitos Humanos. O tema proposto era “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”. Observação: a expressão

“[sic]” é usada para indicar que uma palavra, frase ou desvio foi transcrito exatamente como aparece no texto original, mesmo que contenha erros de ortografia, gramática ou estilo.

1) “Deve-se [sic] criar leis cruéis para pais que não querem dar seu sobrenome a seus filhos.”; 2) “É de grande importância que haja a exclusão de pessoas sem documentos, pois o país não sabe nada sobre aquele indivíduo, que pode ser muito perigoso para o restante da sociedade.”;

3) “A solução seria implantar uma lei que quem não fosse registrado teria sessenta dias para se registrar ou seria retirado do país.”.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A redação no Enem 2022: cartilha do participante. Brasília, MEC/Inep, 2022.

Em 2019 também aconteceram ocorrências de desrespeito aos direitos humanos em redações do Enem. O tema na ocasião abordava a “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”.

1) “O Ministério Público deve banir os cinemas ou TVs no Brasil para que possa existir um índice certo sobre o acesso ao cinema; ou então que as TVs existissem apenas para notícias sobre o que está acontecendo dentro do Brasil”;

2) “É notório para prevenir esses acontecimentos é necessário diminuir a quantidade de cinemas, as pessoas reduzirem o tempo vendo filmes, acabar com os diversos aplicativos de filmes que existem”;

3) “Cadastros deveriam ser feitos para limitar a ida das pessoas ao cinema. Assim diminuiria os casos de acesso contínuo ao cinema, celulares, televisões e outros”;

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A redação no Enem 2020: cartilha do participante. Brasília, MEC/Inep, 2020.

■ O plenário dos direitos humanos da ONU, localizado em Genebra (Suiça), 2014.

PRÁTICAS

DE LINGUAGEM

A

organização

Consulte Orientações para o professor.

do texto argumentativo e o emprego de conectivos

Na construção de um texto predominantemente argumentativo, são utilizados alguns recursos para estruturar a defesa do ponto de vista. Entre eles estão os operadores argumentativos, que servem para expressar as intenções do autor na exposição de seu posicionamento.

Esses operadores podem ser advérbios, conjunções ou palavras e expressões que exerçam essas funções.

Exprimir dúvida, probabilidade ou certeza

Um modo interessante de articular ideias é argumentar por meio da dúvida, da probabilidade ou da certeza. Esses recursos são utilizados como forma de construir a estrutura argumentativa, de modo a levar o leitor à reflexão sobre o tema, exigindo sua atuação na construção de sentidos.

Observe os termos em destaque no seguinte trecho do editorial que você leu.

O período eleitoral parece dar impulso a mais uma medida que, embora aparente impor mais rigor na segurança pública, contraria os estudos acerca da realidade prisional do país. O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), candidato à reeleição, já se manifestou contra a “saidinha”.

Os dois primeiros operadores transmitem a ideia de dúvida ou possibilidade, convidando o leitor a refletir sobre as relações entre o período em que a aprovação do projeto ocorre e sua influência no processo. O termo, no entanto, já traz a ideia de certeza, apontando para a manifestação antecipada do então governador, antes de o projeto ser novamente discutido no Senado.

Emprego de conectivos

Os conectivos são importantes no encadeamento das ideias e dos argumentos de um texto, pois permitem que sejam estabelecidas relações da maneira mais clara possível. Alguns dos conectivos que podem ser usados para reforçar a defesa da opinião sustentada são as conjunções adversativas, como mas , as aditivas, como além de , e as concessivas, como embora .

Observe como isso ocorre no trecho do editorial reproduzido a seguir.

Manter todos os condenados em instalações insalubres é, além de desumano, ineficaz –para nem falar de dúvidas constitucionais em debate no Supremo Tribunal Federal. Facções criminosas que dominam os presídios terão mais mão de obra a seu dispor.

Nesse trecho, além de acrescentar adjetivos para descrever a situação, é inserida uma problemática atual em torno da questão, o que incentiva a reflexão do leitor sobre o assunto por meio das expressões além de e para nem falar de. Agora, observe este outro trecho.

Embora não desprezível, a proporção de presos que não retornam da saída temporária é relativamente baixa. Em São Paulo, por exemplo, cerca de 95% dos favorecidos no Natal de 2020 voltaram à prisão. Condenados por crime hediondo com morte não têm direito ao benefício desde 2019.

Políticas públicas sempre podem ser aperfeiçoadas, mas com atenção a evidências e resultados esperados – não ao apelo popular imediato das medidas.

Nesse contexto, a conjunção subordinativa concessiva embora apresenta uma quebra de expectativa por meio da concessão, visto que aponta para os dados que vão de encontro ao senso comum. Por outro lado, a conjunção coordenativa adversativa mas estabelece uma relação de oposição por meio de uma ressalva em relação ao aperfeiçoamento das políticas públicas.

ATIVIDADES

Consulte Orientações para o professor.

1. Leia novamente a redação Por um bem viver e identifique todos os conectivos utilizados no texto. Em seguida, classifique esses conectivos de acordo com sua função: adição, oposição, conclusão, causa, consequência, exemplificação etc.

2. Reescreva um parágrafo da redação substituindo os conectivos por outros de mesmo valor semântico. Após a reescrita, compare as versões e discuta com os colegas e o professor como a mudança de conectivos pode alterar ou manter o sentido e a fluidez do texto.

3. Analise como os conectivos utilizados ao longo da redação contribuem para a construção da argumentação. Identifique quais conectivos ajudam a reforçar as relações de causa e consequência, quais organizam as ideias em sequência lógica e quais introduzem exemplos.

4. Construa pequenos parágrafos argumentativos sobre um tema atual, utilizando conectivos previamente determinados. Por exemplo, escreva um parágrafo utilizando os conectivos além disso, portanto e por exemplo.

5. No parágrafo argumentativo a seguir, foram utilizados conectivos de maneira inadequada ou desnecessária. Corrija o parágrafo, substituindo ou eliminando os conectivos que não se encaixam no contexto.

As crianças são influenciadas pela publicidade infantil. Mas, por exemplo, elas podem se tornar consumidoras compulsivas. Além disso, o consumo, pois é incentivado desde cedo, pode prejudicar o desenvolvimento.

PARA REFLETIR

Os temas que motivam as propostas de redação dos vestibulares e do Enem mobilizam questões sociais. Essas questões se referem a assuntos de interesse da sociedade em geral, pois afetam a coletividade. Alguns exemplos desses temas são racismo, desigualdade social, combate a fake news, saúde mental, cultura do cancelamento e evasão escolar. Tais temas são apresentados aos candidatos por meio de textos motivadores, os quais devem servir de suporte para a defesa da tese e para a argumentação realizada na redação. Leia a peça apresentada, que faz parte de uma campanha de conscientização. Este é um exemplo do que poderia ser apresentado em um exame como texto motivador.

1. O que você entende por “direito preferencial da pessoa idosa”?

BRASIL. Governo Federal. Direito preferencial da Pessoa Idosa é Lei! Artigo 3o da Lei No 10.741, de 1o de outubro de 2003, Estatuto do Idoso. [Brasília, DF]: Secretaria nacional de promoção e defesa dos direitos da pessoa idosa: Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, [2018]. 1 cartaz. Disponível em: https://www.gov. br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2018/dezembro/ministerio-lanca -campanha-de-atendimento-prioritario-a-pessoa-idosa. Acesso em: 10 nov. 2024.

2. Em sua opinião, como essa campanha de conscientização pode promover os direitos humanos?

3. De acordo com a lei no 10.741/2003, conhecida como Estatuto da Pessoa Idosa, é dever do Estado e da sociedade assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade. Com base nessa informação, responda: de que maneira essa campanha de conscientização se configura em uma ação de intervenção social?

Consulte Orientações para o professor
NÃO ESCREVA NO LIVRO

4. Pesquise o significado do termo etarismo e registre-o em seu caderno. Depois, analise a maneira como esse tipo de preconceito afeta a sociedade contemporânea, especialmente as mulheres.

Repertório

A todo tempo, as pessoas são convidadas a debater e a emitir opiniões sobre questões sociais. Em uma conversa informal, opiniões pouco fundamentadas podem ser apresentadas sem grandes impactos; já na produção de textos para vestibulares ou para o Enem, uma boa base de argumentação é essencial, especialmente para que o senso comum não impere no debate. Por isso, é importante conhecer as leis e as regulamentações que regem a vida cotidiana, de modo a enriquecer o repertório sociocultural e tentar garantir credibilidade às ideias emitidas no texto. Para compor seu repertório em relação aos direitos e aos deveres dos cidadãos, conheça documentos regulatórios e legais pertinentes às principais questões sociais em voga no Brasil e no mundo, como a Constituição Federal de 1988, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto da Pessoa Idosa.

EM PRÁTICA

Consulte Orientações para o professor.

A redação para o Enem

Com base nos conhecimentos adquiridos neste Capítulo, especialmente sobre a composição da conclusão de uma redação, você vai produzir um texto dissertativo-argumentativo a respeito do tema “Os desafios para o combate ao ciberbullying no Brasil”.

Organizar

Dê início ao planejamento de sua redação produzindo um esquema que permita a organização das ideias que serão desenvolvidas em cada parágrafo de seu texto. Para isso, considere uma redação composta de quatro parágrafos, distribuindo-os conforme o esquema a seguir.

Ampliando saberes

Neste filme, a personagem principal tem sua privacidade invadida por um hacker, que começa a espalhar informações falsas sobre ela. Logo, a jovem sofre humilhações tanto no universo virtual quanto em sua escola. Além de abordar o tema do ciberbullying e suas repercussões, o longa também apresenta algumas propostas de soluções envolvendo pais, professores e governantes.

■ BULLYING virtual. Direção: Charles Binamé. Canadá: Muse Entertainment Enterprises, 2011. 1 DVD (122 min), color.

INTRODUÇÃO

1º parágrafo

• C ontextualização do tema.

• A presentação da tese.

DESENVOLVIMENTO CONCLUSÃO

2º parágrafo

• A rgumento 1.

3º parágrafo

• A rgumento 2.

4º parágrafo

• Retomada da tese.

• P roposta de intervenção que respeite os direitos humanos.

• Faça uma pesquisa para preencher o esquema com as ideias que você irá desenvolver em cada parte de seu texto. Para isso, busque informações que contribuam para a construção de sua argumentação e que reforcem a proposta de intervenção que será defendida na conclusão.

• Faça registros para facilitar a organização de seu esquema, indicando os argumentos, os dados e toda informação que julgar relevante e que possa contribuir para sua escrita.

Produzir

• Dê início à produção de sua redação, mantendo-se atento ao planejamento organizado em seu esquema.

• Defina a estratégia que você irá mobilizar para introduzir o texto e apresente a tese de forma coerente e que possibilite o desenvolvimento dos parágrafos de argumentação. Se necessário, retome os Capítulos 2 e 3 deste material para relembrar estratégias que podem ser acionadas.

• Amplie as ideias que você indicou em cada parágrafo, garantindo a exemplificação e o detalhamento onde considerar necessário.

• Empregue o registro formal e, caso utilize citações diretas em seu texto, esteja atento ao uso de aspas.

• Releia cada trecho para garantir a coerência entre as informações apresentadas, avaliando a necessidade do uso de conectivos para relacionar as ideias.

• Na conclusão, mobilize as estratégias estudadas neste Capítulo, tais como a síntese, a inferência e a retomada da tese. Para finalizar seu texto, apresente uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.

Avaliar

Levando em consideração as questões a seguir, revise a primeira versão de seu texto.

1. A conclusão deve ser direta e objetiva, sem a inserção de novos argumentos, pois é o momento de fechar as ideias do texto. Você usou algum elemento conclusivo para evidenciar a intenção do parágrafo? Se sim, indique-o.

2. Em sua conclusão, de que maneira você conseguiu reafirmar a tese exposta em sua introdução, evidenciando o problema do ciberbullying?

3. Qual foi a proposta de intervenção escolhida para minimizar o problema do ciberbullying? Descreva, como você evidenciou o agente, o modo e o efeito, e como detalhou como a ação será realizada.

Após seguir todas as etapas indicadas nesta seção, passe a sua redação a limpo em uma folha separada, que deverá ser entregue ao professor.

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

O Capítulo aborda a importância da proposta de intervenção na redação do Enem, destacando como esse elemento é essencial para a demonstração da capacidade crítica e do exercício da cidadania pelo candidato. A proposta de intervenção deve ser coerente com o tema abordado, concretamente detalhada, e alinhada aos princípios dos direitos humanos. O texto enfatiza a necessidade de especificar a ação, o agente responsável, o meio de execução, o efeito esperado e o detalhamento necessário para que a intervenção seja clara e eficaz. Além disso, é ressaltado que a proposta deve evitar generalizações e ser integrada ao projeto de texto, garantindo uma solução viável e articulada que dialogue diretamente com o problema apresentado.

Estudamos também como a leitura de editoriais pode ser importante para a formação de repertório para a redação do Enem, conhecemos um pouco mais as áreas de trabalho ligadas aos esportes e discutimos como os conhecimentos sobre proposta de intervenção são aplicados na prática em uma redação nota 1 000.

Agora, chegou o momento de sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder às questões.

1. Você identificou e propôs uma ação concreta em sua proposta de intervenção? Como ela está relacionada ao tema central de sua redação?

2. Quem é o agente social indicado em sua proposta de intervenção e por que ele foi escolhido como o mais apto para executar a ação sugerida?

3. De que maneira sua proposta de intervenção está alinhada com os princípios dos direitos humanos?

4. Você detalhou suficientemente o modo/meio de execução da sua proposta de intervenção? Como isso contribui para a clareza da sua solução?

5. Quais são as finalidades ou os efeitos esperados pela ação que você propôs? Eles são viáveis e bem fundamentados?

6. Sua proposta de intervenção evita generalizações e apresenta uma solução específica e concreta? Como você garante a força de sua argumentação?

7. Como sua proposta de intervenção se integra ao restante do seu texto? Ela está coerentemente articulada com os argumentos que você desenvolveu anteriormente?

Refletir e avaliar

Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sobre sua aprendizagem ao longo do Capítulo. Para isso, em seu caderno, reproduza o quadro a seguir e, depois, responda às questões. Na sequência, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote-as nas observações.

Realizei as tarefas que estavam sob minha responsabilidade.

Compreendi e consegui sintetizar os conhecimentos sobre proposta de intervenção, gênero textual editorial, emprego de conectivos e a importância de observar os direitos humanos não só para produzir redações, mas para a vida.

Produzi com empenho de aprendizagem todas as propostas de atividades sobre produção de redação e proposta de intervenção.

Considerei as necessidades dos grupos dos quais participei nas atividades de pesquisa e agi com colaboração e ética em relação às minhas responsabilidades e ao grupo.

PRATIQUE MAIS

A prática constante da escrita de redações ajuda a desenvolver as suas habilidades argumentativas, a clareza de expressão e a observância das normas gramaticais e de pontuação. Nesta seção, você encontrará uma proposta de redação que o convida a refletir sobre um tema atual e a exercitar a escrita de texto dissertativo-argumentativo, fundamental para o sucesso na redação Enem.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores e dos conhecimentos construídos ao longo do Capítulo, elabore um texto dissertativo-argumentativo na norma-padrão da língua portuguesa sobre o tema “Cultura de cancelamento: liberdade de expressão e responsabilidade social nas redes sociais”. Construa seu texto de forma coerente e coesa, respeitando os direitos humanos na proposta de intervenção e apresentando argumentos, fatos e dados para a defesa de seu posicionamento.

TEXTO 1

MP explicita direitos e garantias de usuários de redes sociais

A medida promove alterações no Marco Civil da Internet, estabelecendo regras para o uso e a moderação em redes sociais

O presidente da República editou medida provisória que altera o Marco Civil da Internet (Lei no 12.965, de 23 de abril de 2014) de forma a explicitar os direitos e as garantias dos usuários de redes sociais. São acrescentados dispositivos para tratar de maneira específica, por exemplo, do direito a informações claras, públicas e objetivas sobre as políticas, procedimentos, medidas e instrumentos utilizados para efeitos de eventual moderação de conteúdo, bem como do direito ao exercício do contraditório, ampla defesa e recurso nas hipóteses de moderação de conteúdo pelo provedor de rede social.

[…]

Nesse cenário, é importante disciplinar os direitos dos usuários de redes sociais, entre eles o de liberdade de expressão. Dessa forma, a medida busca estabelecer balizas para que os provedores de redes sociais de amplo alcance, com mais de 10 milhões de usuários no Brasil, possam realizar a moderação do conteúdo de suas redes sociais de modo que não implique em indevido cerceamento dos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos brasileiros.

BRASIL. Secretaria-Geral. MP explicita direitos e garantias de usuários de redes sociais. Brasília, DF: Gov.br, 3 nov. 2022. Disponível em: https:// www.gov.br/secretariageral/pt-br/noticias/2021/setembro/mp-explicita-direitos-e-garantias-de-usuarios-de-redes-sociais. Acesso em: 17 jul. 2024.

TEXTO 2

O que é a ‘cultura de cancelamento’

Mariana Sanches - @mariana_sanche

O movimento hoje conhecido como “cultura do cancelamento” começou, há alguns anos, como uma forma de chamar a atenção para causas como justiça social e preservação ambiental. Seria uma maneira de amplificar a voz de grupos oprimidos e forçar ações políticas de marcas ou figuras públicas.

Funciona assim: um usuário de mídias sociais [...] presencia um ato que considera errado, registra em vídeo ou foto e posta em sua conta, com o cuidado de marcar a empresa empregadora do denunciado e autoridades públicas ou outros influenciadores digitais que possam amplificar o alcance da mensagem. É comum que, em questão de horas, o post tenha sido replicado milhares de vezes.

SANCHES, Mariana. O que é a “cultura de cancelamento”. BBC News Brasil, Washington, 25 jul. 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/ portuguese/geral-53537542. Acesso em: 17 jul. 2024.

TEXTO 3

Lei no 5.250, de 9 de fevereiro de 1967.

CAPÍTULO I DA LIBERDADE DE

MANIFESTAÇÃO DO PENSAMENTO E DA INFORMAÇÃO

Art . 1o É livre a manifestação do pensamento e a procura, o recebimento e a difusão de informações ou ideias, por qualquer meio, e sem dependência de censura, respondendo cada um, nos termos da lei, pelos abusos que cometer. […]

BRASIL. Lei no 5.250, de 9 de fevereiro de 1967. Regula a liberdade de manifestação do pensamento e de informação. Brasília, DF: Presidência da República, 9 fev. 1967. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5250.htm. Acesso em: 17 jul. 2024.

TEXTO 4

INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

• O texto definitivo deve ser escrito à mão, com até 30 linhas.

• A redação não pode apresentar cópia dos textos indicados na Proposta de Redação. Caso isso aconteça, o número de linhas referente ao trecho copiado será desconsiderado na contagem.

• A redação que apresentar até sete linhas será considerada como insuficiente, e terá nota zero.

• A fuga ao tema também terá nota zero.

• Trechos desconectados do tema proposto também fazem com que a nota seja zerada.

• Não deve apresentar identificação como assinatura, nome ou outras formas nas linhas destinadas ao texto da redação.

QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1993, p. 40.

Coesão e coerência

Informações do Capítulo

Campos de atuação : práticas de estudo e pesquisa e jornalístico-midiático

Temas Contemporâneos Transversais: Saúde e Multiculturalismo

Principais objetivos:

1. Compreender os conceitos de coesão e coerência textuais, identificando sua importância na construção de textos dissertativo-argumentativos claros e articulados.

2. Identificar os diferentes mecanismos de coesão, como conectivos, pronomes e sinônimos em redações nota 1 000 do Enem, analisando seu papel na continuidade das ideias.

3. Analisar a coerência das ideias em textos dissertativo-argumentativos, avaliando a progressão lógica dos argumentos e a relação entre as partes do texto.

4. Aplicar estratégias de coesão e coerência na produção de textos, empregando conectivos, referências e progressão temática para construir redações coesas e coerentes, de acordo com os critérios do Enem.

■ A organização de arquivos funciona de forma similar à construção de um texto: é preciso ordenar os elementos, reconhecendo as suas especificidades e as relações entre eles, de forma a alcançar o máximo de eficiência. [S. l.], 2020.

Coerência e coesão textuais

A construção do sentido de um texto não ocorre de maneira isolada, mas por meio de conexões entre as partes que o compõem. O sentido do texto, portanto, decorre de um mecanismo de articulação que se estabelece em dois planos: o do conteúdo e o das relações linguísticas. Os mecanismos de coerência e coesão estão ligados a esses dois planos.

Coerência textual

• Plano do conteúdo.

• Encadeamento das ideias e dos conceitos em um texto.

Coesão textual

• Plano das relações linguísticas: relações semânticas e gramaticais.

• As relações linguísticas permitem a amarração das ideias do texto.

Esses dois mecanismos de articulação são como as engrenagens que, em uma locomotiva, mantêm um vagão preso ao outro e encaminham o texto para o seu destino principal: a compreensão do leitor. Nesse percurso, também é possível notar que a coerência se encontra no nível macroestrutural do texto, enquanto a coesão textual se situa no nível microestrutural.

Nível macroestrutural

A coerência encontra-se no nível macroestrutural e reúne os recursos que envolvem o pensamento, a percepção e o raciocínio utilizados na construção de sentido do texto, evitando contradições internas e em relação ao mundo. Desse modo, a coerência permite a compreensão do sentido do texto como um todo. Observe como se dá a construção de sentido na tira a seguir.

GONSALES, Fernando. [Será que existe vida em outros planetas?]. [S l.], 18 set. 2020. Instagram: @niquel.nausea. Disponível em: https:// www.instagram.com/p/CFTJFAynLBw/?img_index=1. Acesso em: 11 nov. 2024

Nos três primeiros quadrinhos, o leitor é levado a crer que, do planeta Terra, as duas personagens observam o céu e questionam-se sobre a possibilidade de haver vida em outros planetas. No quarto quadrinho, há uma quebra de expectativa que altera o sentido até então

estabelecido, pois é sugerido que as personagens são criaturas extraterrestres e não ratos, como o formato de seus corpos sugere. O desfecho inesperado gera o efeito de humor, decorrente da análise da macroestrutura textual, relacionando aspectos verbais e não verbais. O sentido, dessa forma, é construído com base no conhecimento prévio do leitor sobre o questionamento humano em relação à existência de vida extraterrestre e na inversão dos papéis apontada pelas ilustrações. Tal construção garante, então, a coerência do texto, considerando a sua função humorística e os elementos que permitem alcançá-la na tira.

Nível microestrutural

A coesão, por sua vez, encontra-se no nível microestrutural e se refere às relações linguísticas que permitem a amarração das ideias do texto, garantindo a conexão entre suas partes. Esse é um trabalho que atenta para os detalhes do texto com o intuito de que a compreensão do todo seja possível. Observe como isso ocorre no parágrafo a seguir, retirado de um artigo de opinião.

Conhecimento de mundo

São inúmeros os fatores que contribuem para a coerência de um texto, e alguns deles estão relacionados a um contexto extraverbal, ou seja, àquilo a que o texto faz referência e precisa ser conhecido pelo leitor. Um dos principais fatores extraverbais é o conhecimento de mundo do leitor: o conjunto de saberes que ele adquire ao longo da vida e que são arquivados em sua memória e ativados no momento da leitura de um texto, a fim de compreendê-lo.

É um marco para o Brasil, um país que sofreu severamente com a fome no passado e ainda tem problemas seríssimos com pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica, que precisam da ajuda de outros brasileiros para conseguir se alimentar.

DORNELLAS, João. Combate ao desperdício de comida vai além da doação. Folha de S.Paulo, São Paulo, 29 jul. 2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2020/07/combate-ao-desperdicio-de-comida-vai-alem-da-doacao.shtml. Acesso em: 8 nov. 2022. (Grifos nossos).

As palavras e expressões em destaque são recursos coesivos que buscam garantir a clareza da estruturação e da sequenciação do texto. Ao longo do parágrafo, esses termos relacionam as informações apresentadas, evitando repetições desnecessárias e estabelecendo ligações lógicas. No trecho retirado do artigo alguns recursos coesivos foram destacados para garantir a clareza e a fluidez do texto:

1. Repetição com variação léxica: O uso da expressão um país em referência ao Brasil. Esse recurso evita a repetição direta da palavra Brasil e introduz variação, enriquecendo o texto.

2. Conjunção: A palavra e conecta ideias, unindo fatos relacionados ao contexto socioeconômico do Brasil, estabelecendo uma relação aditiva entre as informações apresentadas.

3. Advérbio temporal ainda: Esse termo indica uma continuidade ou persistência de um problema no tempo. Serve para mostrar que, mesmo após avanços, a situação descrita continua relevante.

4. Pronome relativo que: É utilizado para retomar “pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica”, contribuindo para a coesão referencial do texto. Esse tipo de pronome cria uma ligação direta entre as ideias, evitando repetições desnecessárias.

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolva nos estudantes o aprofundamento das "análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas". Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social.

ATIVIDADES

Consulte Orientações para o professor.

Leia o anúncio publicitário a seguir.

SÃO PAULO. Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo. Nada na vida deve ser temido, somente compreendido: use o cinto de segurança. São Paulo: Detran, 2022. 1 cartaz. Disponível em: https://www.cidademarketing.com.br/marketing/2022/03/31/em -nova-campanha-detran-sp-usa-personalidades-para-questionar -a-atencao-das-pessoas-as-mensagens-de-transito/detran-sp -marie-curie/. Acesso em: 10 nov. 2024.

1. Observando a relação entre a linguagem verbal e não verbal, como o uso da figura de Marie Curie contribui para a coesão e coerência da mensagem?

2. De que forma a escolha tipográfica contribui para a coesão entre o texto e a imagem?

3. Como a frase final “Se fosse ela falando, você prestaria atenção?” trabalha a coerência argumentativa do anúncio?

Coerência textual

Leia o texto a seguir.

Fomos interpelados por uma nova conjuntura a nos afastar de nossas ocupações habituais do mundo cotidiano e público do trabalho, do lazer, dos afazeres e ficarmos em casa. O que seria um prazer e um conforto para a maioria, no entanto, nos coloca numa sintonia que não é a de proteção e segurança, mas a do medo e da angústia. Isso porque existe uma ameaça lá fora. A ameaça se aproxima dando sinais de que não existe lugar seguro. Se estamos fora, a doença, a dor e a morte podem nos encontrar em qualquer esquina, quer seja na fruta escolhida no mercado, quer nas cestas da farmácia. Se estamos dentro, em casa, o medo se instala como ameaça por vir. Ficamos presos às notícias que acessamos em nossos aparelhos tecnológicos de comunicação, vendo os noticiários da TV e buscando informações. […] Nós, mulheres e homens, ocupamos o mundo no modo do ser-com, ou seja, somos pura relação, quer com outros humanos com os quais nos preocupamos, quer com animais e instrumentos dos quais nos ocupamos diariamente. [...] COIMBRA, Leidiane. O medo está lá fora, a angústia aqui dentro. Revista Cult , São Paulo, 15 abr. 2020. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/ home/medo-la-fora-angustia-aqui-dentro/. Acesso em: 8 nov. 2022. (Grifos nossos).

4. Qual é o papel que os termos em destaque no texto desempenham?

Quando se diz que um texto está incoerente, é possível que se esteja fazendo referência à dificuldade em estabelecer um raciocínio lógico entre as ideias daquele texto ou, ainda, ao fato de que o texto se contradiz nele mesmo ou em relação à realidade estabelecida. No entanto, a coerência vai muito além dessas questões, já que é ela que transforma um aglomerado de palavras em um texto, garantindo-lhe textualidade. REPRODUÇÃO/DETRAN-SP

Dessa forma, entende-se a coerência textual como o conjunto de relações de sentido que fornece unidade ao texto e o torna inteligível ao seu receptor, ou seja, a coerência se estabelece na interlocução, na relação entre quem produz e quem interpreta o texto.

A coerência pode se dar nos contextos: semântico, que corresponde à relação entre os sentidos das partes de um texto e, também, à sua construção como um todo coerente; sintático, que se refere à estrutura linguística do texto, exigindo o uso adequado de conectivos e a supressão da ambiguidade; temático, por meio do qual o produtor precisa garantir a presença de trechos relevantes ao texto e que forneçam informatividade suficiente ao leitor, evitando trechos previsíveis e irrelevantes; e pragmático, que se refere ao texto dentro de uma situação comunicativa, considerando certas intenções, como convidar, listar, argumentar etc. Há ainda a possibilidade de coerência estilística, considerando que um texto deveria manter os elementos linguísticos dos quais se vale dentro de um mesmo estilo ou registro da língua, ou genérica, considerando a função social do gênero escolhido e suas características composicionais.

Assim, independentemente da forma como ela se apresenta, a coerência está associada à possibilidade de estabelecer um sentido para o texto. Essa construção depende de uma união de elementos.

Coesão Intenção do falante ou escritor

Conhecimento de mundo e linguístico do interlocutor

Situação comunicativa e contexto

Possibilidade de inferência e reconhecimento de intertexto

Textualidade

Corresponde aos critérios que fazem de uma sequência linguística um texto propriamente dito.

Campo lexical e coerência

Para partilhar repertórios e referências, conhecimentos e informações, é necessário que a comunicação seja realizada com base em um mesmo campo lexical, ou seja, em um conjunto de termos e expressões que são compreendidos e utilizados entre os interlocutores de um texto. Dessa forma, as mensagens trocadas entre pessoas de um mesmo grupo social ou profissional, que usam gírias, bordões ou jargões restritos a esses nichos, podem parecer altamente incoerentes para um leigo ou para um indivíduo que não faz parte dessa comunidade.

EDITORIA
DE ARTE

Coerência na interação dos interlocutores do texto

A interação entre os interlocutores de um texto é indispensável em qualquer forma de textualização. Ao produzir um texto, que pode ser oral, escrito ou multissemiótico, é importante pensar a quem ele se dirige para que seja possível selecionar as palavras adequadas a serem empregadas na comunicação, organizar as informações, modalizar o registro da língua etc., com o intuito de que a mensagem seja compreendida corretamente. A esse processo deliberado de escolhas dá-se o nome de intencionalidade.

Ela está, de alguma maneira e em maior ou menor grau, atrelada à aceitabilidade do leitor, que se refere ao que ele compreende do enunciado. Um leitor mais experiente é capaz de compreender um texto tendo em mente a intencionalidade do autor, porque busca sentido no que lê com base no contexto. Por isso, mesmo quando o leitor se depara com um texto técnico, que conta com escolhas lexicais de jargões e termos específicos, é possível compreender algo.

Coerência e os gêneros textuais

Os gêneros textuais são empregados em certos contextos com uma finalidade comunicativa — e discursiva —, uma intencionalidade, uma estrutura compositiva definida e uma linguagem própria. Contudo, não são determinados de forma imutável, uma vez que podem sofrer variações: cada sociedade, com base em suas práticas culturais e em seus valores, determina ou aceita o que é, como se organiza e qual é a função de um relatório, um conto, um teste de rede social. Além disso, os gêneros sofrem interferências em decorrência do tempo, ajustando-se às novas demandas.

Por esse motivo, só é possível definir se um texto é coerente ou não quando a definição do gênero textual e o seu contexto de uso são considerados. De certa maneira, todos os fatores de coerência discutidos até aqui estão ancorados na noção de gênero textual, no princípio da interação entre locutor, texto e interlocutor. Por essa razão, deve-se ter sempre em mente que cada gênero tem suas próprias regras, suas próprias estratégias, e que não há uma única forma de torná-lo coerente ou compreendê-lo como coerente.

■ Os gêneros textuais são classificados de acordo com a finalidade comunicativa e apresentam estrutura compositiva definida. [S. l.], 2018.

ATIVIDADES

Consulte Orientações para o professor.

Analise a seguinte tira e responda às atividades propostas.

©CIENTIRINHAS

MERLIN, Marco. [Cientirinhas #107]. Quadrinhorama . [S l.], 28 jun. 2018. Disponível em: https://dragoesdegaragem.com/tag/ biodiversidade/. Acesso em: 10 nov. 2024.

1. Como a construção da tirinha utiliza informações científicas sobre o coração de diferentes animais para criar um efeito humorístico coerente no final?

2. Explique o uso da metáfora na última parte da tirinha e como ela contribui para a construção de um texto coerente e humorístico.

3. Como o conhecimento prévio sobre relações afetivas (como o conceito de crush) é essencial para a compreensão da coerência e do humor na tirinha?

4. Identifique e analise o uso de conectivos na tirinha e explique como eles ajudam a manter a coesão e a coerência do texto.

5. De que maneira a tirinha desafia as expectativas do leitor e, ao mesmo tempo, mantém a coerência do texto?

6. No caderno, indique a alternativa correta sobre a tira.

a) Há uma ruptura com a coerência genérica e temática, uma vez que a tira serve, também, como texto de divulgação científica, pois apresenta informações do campo da Biologia, de forma divertida, para o leitor.

b) Trata-se de um texto que se pauta apenas na coerência semântica, de forma que as informações apresentadas em cada quadrinho não estão relacionadas entre si.

c) A tira garante a coerência estilística, porque mantém o registro linguístico do início ao fim, transmitindo a formalidade necessária aos textos de divulgação científica.

d) Não há coesão pragmática nessa tira, porque ela não cumpre com sua função de entreter o leitor, servindo apenas como meio de adquirir conhecimento científico.

LEITURA

Consulte Orientações para o professor.

A charge é um gênero textual que combina elementos verbais e visuais para transmitir uma crítica social, política ou cultural de forma humorística e, com frequência, satírica. Geralmente, ela utiliza caricaturas e metáforas visuais para destacar aspectos controversos de situações cotidianas, políticas públicas, comportamentos sociais ou figuras públicas. O objetivo da charge é provocar reflexão e, muitas vezes, uma reação crítica do leitor, sendo um importante recurso de opinião em meios de comunicação, como jornais e revistas. Por seu caráter conciso e por seu impacto visual, a charge consegue comunicar mensagens complexas de maneira acessível e direta, tornando-se uma ferramenta poderosa para o exercício da cidadania e da liberdade de expressão.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Leia a charge a seguir para responder às atividades propostas.

GALVÃO, Jean. [Desemprego]. Folha de S.Paulo, [s l.], 21 ago. 2015.

1. Qual é a mensagem principal transmitida pela charge e como o autor utiliza os elementos visuais e textuais para comunicá-la?

2. Explique a metáfora do “braço robótico” na charge e como ela contribui para a crítica social expressa pelo autor.

3. Quais são os elementos visuais e textuais que garantem a coesão da charge e contribuem para que a mensagem seja compreendida de maneira uniforme?

4. Como a compreensão do contexto social e tecnológico contemporâneo é essencial para a interpretação coerente da mensagem da charge?

5. Como o título CURRÍCULO e os elementos visuais da charge trabalham juntos para construir uma mensagem coesa?

6. A charge apresenta uma visão crítica da robotização do mercado de trabalho. Quais são as possíveis consequências sociais dessa tendência, segundo o que é sugerido pela charge?

7. Como a ironia na charge contribui para a coerência da mensagem e para o impacto da crítica social?

8. Em sua opinião, como a sociedade deveria se preparar para um futuro em que a automação desempenha um papel cada vez maior no mercado de trabalho? Gêneros

tiras e charges

As tiras e charges são gêneros textuais gráficos que combinam texto e imagem para comunicar ideias de forma crítica, humorística e/ou reflexiva. Esses gêneros são muito comuns em jornais, em revistas e na internet, sendo ferramentas poderosas de comunicação, especialmente no contexto das mídias sociais e dos veículos de comunicação impressos.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

As tiras e charges frequentemente aparecem em provas e coletâneas de propostas de redação do Enem, servindo como estímulo para a construção do tema e da argumentação. Esses gêneros são usados para despertar a reflexão crítica dos estudantes sobre questões sociais, políticas e culturais, sendo fundamentais para a construção do repertório sociocultural necessário para uma redação bem-sucedida.

Saber ler e interpretar tiras e charges permite aos estudantes compreender diferentes perspectivas e enriquecer suas redações com exemplos pertinentes, ampliando seu conhecimento de mundo e sua capacidade argumentativa. Essas habilidades são valorizadas no Enem, no qual a capacidade de interpretar múltiplas linguagens e de se posicionar criticamente é essencial para obter uma boa nota na prova de redação.

Tiras e charges: definições

Tiras: as tiras geralmente são sequências curtas de quadrinhos que podem contar uma história ou apresentar uma situação cômica ou crítica. Elas costumam ter continuidade, com personagens recorrentes e narrativas que podem se estender por várias tiras.

Charges: as charges são ilustrações, muitas vezes de uma única cena, que fazem comentários críticos, satíricos ou humorísticos sobre eventos atuais, figuras públicas ou situações do cotidiano. Elas têm um forte caráter opinativo e costumam ser usadas para criticar ou questionar comportamentos sociais, políticos e econômicos.

Estrutura

A estrutura de tiras e charges é bastante flexível, mas segue algumas convenções.

Tira:

• Sequência de quadrinhos (normalmente três ou quatro painéis);

• Narrativa curta, geralmente com começo, meio e fim;

• Personagens recorrentes;

• Humor ou crítica implícita.

Charge:

• Normalmente um único quadro;

• Foco em um tema ou evento específico;

• Personagens ou elementos representativos (como figuras públicas);

• Texto curto ou ausência de texto, em que a imagem transmite a mensagem principal.

Características de linguagem

A linguagem nas tiras e charges é predominantemente informal, direta e com frequência coloquial. É comum o uso de gírias, expressões idiomáticas e humor. A linguagem visual (desenhos, cores, expressões faciais das personagens) desempenha um papel crucial na construção do sentido.

Tira: pode ter diálogos curtos e sequenciais, com uma linguagem simples e acessível, muitas vezes apelando para o humor ou para a ironia.

Charge: é sintética, impactante e frequentemente usa simbolismos ou estereótipos para reforçar a mensagem.

Função social dos gêneros

As tiras e charges exercem uma função social significativa ao promoverem reflexão, crítica e engajamento com temas contemporâneos. Elas têm o poder de influenciar a opinião pública e abrir debates sobre questões sociais, políticas e culturais, servindo como ferramentas de conscientização e resistência. Na charge que vimos na seção anterior, é feita uma crítica à crescente robotização do mercado de trabalho, em que máquinas estão substituindo seres humanos em muitas funções. A tira, por sua vez, utiliza humor e informação para abordar as diferentes cavidades do coração em várias espécies, terminando com uma crítica bem-humorada sobre a frieza de um crush.

Diferenças entre tira e charge

Tira: geralmente aborda temas do cotidiano ou narrativas ficcionais, com personagens fixas e continuações.

O humor pode ser mais leve e episódico.

Charge: tem foco crítico e satírico, abordando diretamente temas atuais.

Geralmente apresenta forte teor opinativo e político.

Atividade de pesquisa de tiras e charges para aprofundamento

Para continuar desenvolvendo sua capacidade crítica ao identificar e analisar tiras e charges sobre temas contemporâneos, faça uma pesquisa sobre os dois gêneros textuais que vimos neste Capítulo.

Pesquise tiras e charges em sites de revistas e jornais na internet e responda às seguintes perguntas.

1. Qual é o tema abordado na tira/charge?

2. Como o autor utilizou a combinação de texto e imagem para transmitir sua mensagem?

3. Qual é o efeito crítico ou humorístico da tira/charge?

4. De que forma a tira/charge reflete ou questiona aspectos da sociedade atual?

Após a análise individual, reúna-se em grupo para discutir suas percepções e interpretações das tiras e charges escolhidas. A troca de ideias será fundamental para aprofundar a compreensão das funções sociais desses gêneros textuais.

Coesão textual

Na construção de um texto escrito, assim como na fala, são utilizados alguns mecanismos linguísticos responsáveis por estabelecer a amarração do texto. Eles garantem a conectividade e a retomada do que foi escrito/dito para permitir ao interlocutor a compreensão do que está sendo comunicado.

Esses mecanismos, denominados mecanismos de coesão, são elementos que garantem o encadeamento das partes de um texto de modo que haja textualidade, ou seja, conexão não só entre os elementos que compõem a oração mas também entre a sequência de orações dentro do texto, criando uma unidade de sentido.

O encadeamento das partes de um texto ocorre como uma costura ou um tear, em que o entrelaçamento dos fios (palavras) ocorre na tentativa de construir um todo significativo. [S. l.], 2022.

Ampliando saberes

Nessa obra, a linguista dos estudos do texto se aprofunda no tópico da coesão textual, apresentando ao leitor o conceito, os mecanismos capazes de garanti-la no texto e as diferentes formas em que a coesão se manifesta.

■ KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. São Paulo: Contexto, 1989.

Os principais mecanismos de coesão

Existem diversos mecanismos de coesão que podem ser usados em um texto e eles podem se apresentar por meio de duas estruturas, a anáfora e a catáfora, as quais estabelecem um sistema de relações entre as palavras e expressões e garantem a clareza das referências internas do texto. Observe o exemplo a seguir.

Subi a escada com cautela, para não ser ouvido do mestre, e cheguei a tempo; ele entrou na sala três ou quatro minutos depois. […]

ASSIS, Machado de. Conto de escola . Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/18/3/Texto%20-%20Conto%20 de%20Escola%20-%20Machado%20de%20Assis.pdf. Acesso em: 5 nov. 2024. (Grifos nossos).

Nesse caso, o pronome pessoal ele retoma o termo mestre, que foi apresentado anteriormente no trecho, configurando uma anáfora.

Agora, leia este outro trecho.

[…] mas a saudade é isto mesmo; é o passar e repassar das memórias antigas.

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Nobel, 2009. p. 73. (Grifo nosso).

Nesse caso, ocorre o inverso: o elemento textual em destaque aponta para algo que ainda será dito — o significado de saudade . Essa referência a um elemento posterior é denominada catáfora .

Enquanto a anáfora retoma um componente, a catáfora o antecipa.

Essas estruturas permitem que os mecanismos de coesão sejam compreendidos na organização do texto. No entanto, as maneiras como esses mecanismos são apresentados variam conforme seus tipos. Entre esses mecanismos, pode-se destacar o uso de: substituição; omissão ou elipse; sinônimo;

• hipônimo e hiperônimo;

• paráfrase;

• repetição de tempos verbais.

Conheça, a seguir, as particularidades desses mecanismos coesivos.

Substituição

A retomada de termos em uma unidade de texto pode ser feita por meio da substituição de um elemento (nominal, verbal, frasal) por outro. Observe o uso desse recurso em um texto literário.

Nesse trecho, os pronomes pessoais lhe e ele são empregados para reiterar o substantivo hipopótamo sem gerar repetições desnecessárias. Desse modo, as retomadas são feitas por meio da substituição do termo original por outros de uma classe gramatical diferente.

Insinuei que deveria ser muitíssimo longe; mas o hipopótamo não me entendeu ou não me ouviu, se é que não fingiu uma dessas coisas; e, perguntando -lhe , visto que ele falava, se era descendente do cavalo de Aquiles ou da asna de Balaão, retorquiu-me com um gesto peculiar […]. ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: FTD, 2010. p. 30. (Grifos nossos).

Omissão ou elipse

O mecanismo de retomada também pode ocorrer por meio da elipse, em que ocorre a omissão de termos ou até mesmo de orações inteiras. Nesse caso, em vez de substituir o termo por outro, faz-se a substituição por zero: uma substituição por exclusão. Observe, a seguir, a elipse da forma verbal seria, indicada entre colchetes.

Enquanto uma chora, outra ri; é a lei do mundo, meu rico senhor; é a perfeição universal. Tudo chorando seria monótono, tudo rindo [ seria] cansativo […].

ASSIS, Machado de. Quincas Borba . Prefácio: Luciana Pimenta. São Paulo: Dialética Clássica, 2023. E-book. (Grifos nossos).

Quincas Borba

O romance Quincas Borba , de Machado de Assis, narra a ascensão social e queda de Pedro Rubião de Alvarenga que recebe a herança de Quincas Borba após sua morte. Rubião muda-se para o Rio de Janeiro e, aos poucos, tem sua vida transformada em um jogo de aparências e de disputas. A ingenuidade da protagonista apresenta-se como o estopim para sua degradação e para a perda de sua identidade, levando-a ao encontro da filosofia de Borba: “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.

Sinônimo

É chamada de sinônimo a palavra com sentido muito semelhante ao de outro termo e que, por isso, pode substituí-lo, em alguns contextos, sem implicar alteração de significado. Por evitar repetições, o uso de sinônimos propicia maior fluidez ao texto. Observe o trecho a seguir.

■ O aumento da população de gafanhotos configura uma ameaça à segurança alimentar de diversos países, pois gera devastação de colheitas e pastagens e agrava a insegurança alimentar na região. Reserva Nacional de Samburu (Quênia), 2020.

Mudanças climáticas podem estar por trás dos centenas de milhões de insetos que invadiram o leste da África, devastando colheitas, dizimando pastagens e aprofundando a crise de fome na região.

SOMÁLIA declara emergência nacional por infestação de gafanhotos. Folha de S.Paulo, Nairóbi, 2 fev. 2020. Disponível em: https:// www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/02/somalia-declara-emergencia-nacional-por-infestacao-de-gafanhotos.shtml#:~:text=%22O%20 ministro%20da%20Agricultura%20declarou,%22%2C%20afirma%20em%20um%20comunicado.&text=Trata%2Dse%20do%20pior%20 surto,as%20Organiza%C3%A7%C3%A3o%20das%20Na%C3%A7%C3%B5es%20Unidas. Acesso em: 7 out. 2024. (Grifos nossos).

Nesse trecho, pelo contexto em que foram usadas, as palavras devastando e dizimando são sinônimas, pois refletem a ideia da destruição causada pela invasão dos insetos na região leste do continente africano.

JEN WATSON/SHUTTERSTOCK

Hipônimo e hiperônimo

Uma boa maneira de entender como se dão os hipônimos e hiperônimos é imaginando uma relação matemática do tipo “está contido e contém”, em que se constituem vínculos locais com universais. A palavra onça-pintada, por exemplo, pode ser substituída pelo termo genérico felino. Por ser mais específico, o termo onça-pintada é denominado hipônimo. A palavra felino, no entanto, pode designar uma série de animais, como gatos, onças, leopardos, tigres, leões etc., e por isso é considerada um hiperônimo.

Os mecanismos de coesão sinônimo, hipônimo e hiperônimo compõem um grupo denominado coesão lexical. Além dos recursos mencionados, a coesão lexical pode ocorrer por meio do emprego de um nome genérico, como gente, pessoa , coisa , lugar, ideia , entre outros termos generalizantes.

Confira uma ocorrência de retomada por hiperônimo no exemplo disposto a seguir. No trecho, Bethânia é substituída pela sua designação genérica de artista, um substantivo que pode ser atribuído também a outras pessoas, não apenas à cantora.

Convidada para substituir Nara Leão (1942-1989), integrante do elenco original desse teatralizado show-manifesto que estreara em 11 de dezembro [de] 1964, Bethânia subiu pela primeira vez ao palco carioca do Teatro de Arena em 13 de fevereiro de 1965. Portanto, pelas contas oficiais da artista , Bethânia completa 55 anos de carreira nesta quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020.

FERREIRA, Mauro. Maria Bethânia completa 55 anos de carreira ainda com a lenda da chegada ao Rio aos ‘17’ anos. G1, [s. l.], 13 fev. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2020/02/13/maria-bethania-completa-55-anos-de -carreira-ainda-com-a-lenda-da-chegada-ao-rio-aos-17-anos.ghtml. Acesso em: 11 nov. 2022. (Grifos nossos).

■ Substituindo Nara Leão, Maria Bethânia (1946-) marcou sua estreia como cantora profissional no espetáculo Opinião. São Paulo (SP), 2018.

Coesão lexical
VAN CAMPOS/FOTOARENA

Agora, observe a relação de hiponímia entre o título e a linha fina de um texto publicado em um suplemento esportivo. Nele, o termo esportes representa um conjunto maior que engloba as categorias (hipônimos) apresentadas no subtítulo.

Tradição

e interesse dos jovens definiram novos esportes

Veja quais motivos levaram beisebol , caratê, escalada , skate e surfe a serem escolhidos para fazer parte do programa dos Jogos Olímpicos de Tóquio

GAVINI, Fernando. Tradição e interesse dos jovens definiram novos esportes. Olimpíada Todo Dia, [s. l.], 29 jul. 2020. Disponível em: https://www. olimpiadatododia.com.br/curiosidades-olimpicas/254736-novos-esportes-jogos-olimpicos-toquio-2020/. Acesso em: 11 nov. 2022. (Grifos nossos).

A hiperonímia e a hiponímia, portanto, são dois polos de uma mesma relação. Um polo é representado pelo hiperônimo, uma palavra de sentido genérico capaz de designar toda uma classe ou todo um conjunto (artista e esportes); o outro, pelo hipônimo, que designa um elemento pertencente a uma classe ou um conjunto específico (Bethânia, beisebol, caratê, escalada, skate, surfe).

Paráfrase

Toda vez que um conteúdo é parafraseado, ele pode sofrer modificações ou reformulações, ou ser desenvolvido com maior exatidão ou concisão. Entre os marcadores de reformulação, encontram-se isto é, ou seja, quer dizer, ou melhor, melhor dizendo, entre outros. Observe o trecho da notícia a seguir.

[...] Uma equipe de mantenedores realizou a preparação da aeronave e os tripulantes realizaram o controle com link em linha de visada, isto é, utilizaram uma antena de solo apontada diretamente para a aeronave o que permitiu o comando remoto durante todas as fases da operação BRASIL. Ministério da Defesa. Força Aérea Brasileira. Aeronave remotamente pilotada da FAB realiza primeiro voo de traslado. Brasília, DF: Agência Força Aérea, 23 set. 2022. Disponível em: https://www.fab.mil.br/noticias/mostra/39791. Acesso em: 14 nov. 2022. (Grifo nosso).

Os mecanismos de coesão estudados anteriormente estabelecem relações linguísticas entre dois ou mais elementos do texto. Já a paráfrase como mecanismo coesivo está ligada à progressão das ideias apresentadas. Para isso, reitera conteúdos semânticos, ou seja, apresenta o mesmo conteúdo de forma diferente.

EDITORIA DE ARTE

Repetição de tempos verbais

A repetição de um tempo verbal também tem função coesiva. De acordo com o tempo utilizado, é possível definir a atitude comunicativa de um texto, isto é, se ele se trata de um comentário ou de uma narrativa. Os tempos verbais do pretérito do modo indicativo costumam ser usados nas narrações. Já o presente e o futuro do presente geralmente marcam comentários e críticas.

Leia o texto a seguir e observe como os pretéritos em destaque colaboram na construção do relato.

Eu não podia acreditar. Perguntei pra minha mãe se era verdade que estávamos encalhados. Ela fez que sim. O fundo era tão raso que eu podia andar com água nas canelas. Estávamos em 7 no veleiro: minha família, Rogério e Flávio. Meu pai, tenso, não pensava nas providências a tomar, tomava-las. Iríamos sair dali, mesmo que os mastros flexíveis tocassem a água. Tocavam . […]

KLINK, Tamara. Encalhamos por querer. Irmãs Klink , [s l.], 21 fev. 2016. Disponível em: http://www.irmasklink.com.br/encalhamos/. Acesso em: 14 nov. 2022. (Grifos nossos).

CIDADANIA EM MOVIMENTO

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As novas recomendações da OMS para atividades físicas: o que muda

Entidade atualiza, após dez anos, as metas de atividade física e outras orientações para diferentes grupos da população

Depois de dez anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou uma nova versão de suas diretrizes sobre atividade física. Em cima das evidências científicas dos últimos anos, o documento fornece informações atualizadas sobre danos à saúde causados pelo sedentarismo e traz recomendações diferentes a respeito da quantidade de esforço físico que deve ser incluído na rotina e a forma de fazer isso, em diferentes grupos populacionais.

“Ser fisicamente ativo pode adicionar anos à vida e vida aos anos”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em um comunicado. [...]

O documento atual foca mais em como obter benefícios significativos e mitigar riscos à saúde de forma geral, não pensando apenas na prevenção de enfermidades crônicas. “São relatados benefícios como melhoria da cognição, qualidade de vida mais saudável, bem-estar mental, sono, além do que já foi incluído em 2010”, diz um artigo de opinião sobre o tema, publicado no periódico científico The Lancet.

[…]

Atividade física × exercício físico

Os dois parecem sinônimos, mas existe uma diferença: atividade física é qualquer movimentação do dia a dia que resulte em estímulo dos músculos e gasto energético, como andar, correr ou subir escadas. Já exercícios físicos são práticas programadas, com sequência de movimentos que buscam um objetivo concreto, seja ligado à saúde ou à estética (ou aos dois).

Ou seja, todo exercício é uma atividade física, mas nem toda atividade física é um exercício. E o documento valorizou essa forma mais ampla, argumentando que qualquer movimento é melhor do que nenhum. […]

Recomendações para crianças e adolescentes (5 a 17 anos), incluindo aqueles com algum tipo de [...] [deficiência]:

• Ao menos 60 minutos por dia de atividade física, em média, com intensidade moderada a vigorosa

• Atividades que fortalecem músculos e ossos devem ser incorporadas pelo menos 3 dias por semana

• Restrições para aqueles com [...] [deficiência] devem começar com pequenas quantidades de atividade física e aumentar gradualmente a frequência, intensidade e duração. É recomendada uma consulta com um profissional de saúde especialista na condição antes do início da prática.

LUISA, Ingrid. As novas recomendações da OMS para atividades físicas: o que muda. Veja, [São Paulo], 4 dez. 2020. Disponível em: https://saude.abril.com.br/fitness/as-novas-recomendacoes-da-oms-para-atividades-fisicas-o-que-muda/mobile. Acesso em: 1 jul. 2024..

1. Explique por que a OMS decidiu atualizar suas diretrizes sobre atividade física após uma década. Quais são os principais aspectos abordados na nova versão das recomendações?

2. Por que é importante diferenciar atividade física de exercício físico, de acordo com o texto? Como essa distinção pode influenciar a abordagem de saúde pública e individual?

3. Quais são as novas recomendações da OMS para crianças e adolescentes (de 5 a 17 anos) em termos de atividade física?

4. Recentemente, a OMS atualizou suas diretrizes sobre a prática de atividade física para diferentes grupos. Pesquise na internet e responda: Quais são as principais recomendações da OMS para a prática de atividade física para a população em geral e para os grupos de gestantes, adultos e idosos? Como essas orientações diferem entre esses grupos? Recomendam-se duas fontes de consulta para esta pesquisa:

• WORLD HEALTH ORGANIZATION. Diretrizes da OMS para atividade física e comportamento sedentário. Genebra, 2020. Disponível em: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/337001/ 9789240014886-por.pdf?sequence=102&isAllowed=y. Acesso em: 14 ago. 2024.

• BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de atividade física para a população brasileira Brasília, DF, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/ eu-quero-me-exercitar/documentos/pdf/guia_atividade_fisica_populacao_brasileira. pdf. Acesso em: 14 ago. 2024.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

ATIVIDADES Consulte Orientações para o professor

1. Leia a notícia a seguir para responder às atividades propostas.

Após questionamentos, tela de Tarsila do Amaral é autenticada

Obra criada há quase 100 anos foi revelada em abril durante feira de arte em São Paulo. Perícia e família da artista confirmaram que trabalho foi feito por ela

Criada há quase 100 anos, a obra “Paisagem 1925” é, de fato, de Tarsila do Amaral. A pintura, alvo de questionamentos sobre uma possível falsificação, foi autenticada por uma perícia e pela família da artista.

A obra veio a público em abril, na SP-Arte, feira de arte realizada em São Paulo. O dono original da tela era Mikael Abouij Naid, que comprou o quadro diretamente de Tarsila.

1951 foi o ano em que Abouij Naid teria adquirido a tela diretamente de Tarsila, 26 anos após a criação da pintura

Após a tela ser revelada em abril, diversos questionamentos sobre sua autenticidade foram feitos. A obra foi submetida à análise pelo perito do Tribunal de Justiça de São Paulo, Douglas Quintale, que também é presidente do Comitê de Autenticação de Obras da Tarsila do Amaral [...].

A família da artista afirmou que o processo para atestar a veracidade da pintura envolveu exames como radiografias, espectografias (técnica que permite a identificação da estrutura química do material analisado) e escaneamento [...].

A tela faz parte da chamada fase Pau Brasil de Tarsila, quando ela usava elementos de influência cubista para retratar imagens do cotidiano brasileiro [...].

Nascida em Capivari, no interior paulista, descendente da aristocracia cafeeira, Tarsila teve aulas de escultura, desenho e pintura em São Paulo. Em 1920, foi dar continuidade à sua formação em Paris e retornou dois meses após a realização da Semana de Arte Moderna de 1922, na capital paulista.

Foi nessa época que Tarsila se aproximou de Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia e fundou, com eles e Anita Malfatti (que já conhecia), o Grupo dos Cinco, núcleo que tomou a frente na defesa da existência de um modernismo brasileiro [...].

Em junho de 2019, Lilia Schwarcz [...] fez um vídeo-coluna sobre a trajetória de Tarsila. À época, o Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) exibia a exposição Tarsila Popular, com 92 telas criadas pela artista.

APÓS questionamentos, tela de Tarsila do Amaral é autenticada. Nexo, [s. l.], 20 ago. 2024. Disponível em: https://www. nexojornal.com.br/extra/2024/08/20/apos-100-anos-nova-obra-de-tarsila-do-amaral-e-descoberta. Acesso em: 20 ago. 2024.

a) Identifique no texto um exemplo de coesão por substituição, no qual um termo ou uma expressão foi substituído por um pronome ou outra palavra para evitar repetição. Explique como essa substituição contribui para a coesão do texto.

■ Tarsila do Amaral (1886-1973) durante exposição. [S. l.], 1969.

NÃO ESCREVA NO LIVRO
NACIONAL, RIO DE JANEIRO, RJ.

b) Identifique agora no texto um exemplo de coesão por sinônimo, no qual uma palavra é substituída por outra com significado semelhante. Explique como essa substituição contribui para a coesão textual.

c) O uso de um hipônimo, ou seja, uma palavra mais específica que pertence a uma categoria mais geral (hiperônimo), é um mecanismo de coesão bastante utilizado em textos. Explique a relação entre o hipônimo e seu hiperônimo no texto.

d) E ncontre um exemplo de anáfora no texto, em que uma expressão retoma algo que foi mencionado. Como essa anáfora funciona no texto?

e) A nalise o uso dos tempos verbais no texto. Identifique casos em que há repetição do tempo verbal e explique como essa repetição contribui para a coesão temporal e lógica do texto.

2. Respeitando a sequência, articule, em um único período, as frases apresentadas em cada item. Utilize os verbos e os elementos necessários para garantir a clareza, a coesão e a coerência desse período.

a) Fato: viagem marcada…

Obstáculo: carro com problemas mecânicos…

Conclusão: viagem adiada.

b) Articule as três frases apresentadas no item a, partindo, agora, da seguinte ordem: Fato: carro com problemas mecânicos…

Obstáculo: viagem marcada…

Conclusão: viagem adiada.

3. Identifique e explique o(s) mecanismo(s) de coesão usado(s) nos casos em destaque.

a)

Tínhamos acabado de jantar. Defronte de mim o meu amigo, o banqueiro, grande comerciante e açambarcador notável, fumava como quem não pensa. A conversa, que fora

amortecendo, jazia morta entre nós. Procurei reanimá-la […].

PESSOA, Fernando. O banqueiro anarquista. In: O banqueiro anarquista e outras prosas. São Paulo: Cultrix: Editora da Universidade de São Paulo, 1988. p. 35.(Grifo nosso).

b)

Os cavalinhos correndo, E nós, cavalões, comendo… Tua beleza, Esmeralda, Acabou me enlouquecendo.

BANDEIRA, Manuel. Rondó dos cavalinhos. In: BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 104. (Grifo nosso).

4. Utilizando elementos coesivos e elipses, reescreva os trechos a seguir, fazendo as devidas adequações.

a) C arlos comprou seu primeiro carro zero. Carlos usou o dinheiro da rescisão contratual.

b) Ao lado da banca de jornal do bairro onde eu morava, ficava sempre um senhor com seu carrinho de pipoca. O nome do pipoqueiro era Juvenal, e sua pipoca era a melhor do bairro.

5. Leia a seguir o título e a linha fina de uma reportagem de divulgação científica.

Drones sobre o campo

Avanços tecnológicos ampliam as possibilidades do uso de aeronaves não tripuladas na agricultura

ANDRADE, Rodrigo de Oliveira. Drones sobre o campo. Pesquisa Fapesp, São Paulo, ed. 239, jan. 2016. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/drones -sobre-o-campo/. Acesso em: 11 nov. 2022.

a) De que forma a tecnologia citada no título é retomada na linha fina?

b) Qual das duas informações é mais abrangente: a do título ou a da linha fina?

c) Considerando sua resposta anterior, de que forma é construída a coesão entre o título e a linha fina?

CONEXÕES com

LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS

A música popular brasileira (MPB) é uma das manifestações culturais mais influentes do Brasil, refletindo a diversidade, a história e as complexidades do país. Desde suas origens, a MPB tem desempenhado um papel fundamental não apenas na expressão artística mas também como um veículo poderoso de conscientização e crítica social. Por meio de suas letras, compositores e intérpretes conseguem conectar temas sociais e políticos relevantes, muitas vezes abordando questões que permeiam a sociedade brasileira com profundidade e sensibilidade únicas.

Consulte Orientações para o professor

■ Elis Regina, eternizada como a voz do "Hino da Anistia" com "O bêbado e a equilibrista", 1975. [S. l.], 1971.

A análise das letras dessas canções permite uma reflexão aprofundada sobre como a música pode ser usada para construir narrativas coesas e coerentes, que, por sua vez, facilitam a compreensão e o engajamento do público com temas complexos. Leia, a seguir, a letra da canção "O bêbado e a equilibrista", de autoria de João Bosco e Aldir Blanc, que se tornou conhecida como "Hino da Anistia", uma das representações mais emblemáticas na luta contra o regime instaurado pela Ditadura civil-militar (1964-1985).

O bêbado e a equilibrista

Caía a tarde feito um viaduto

E um bêbado trajando luto me lembrou Carlitos

A lua, tal qual a dona de um bordel

Pedia a cada estrela fria um brilho de aluguel

E nuvens lá no mata-borrão do céu

Chupavam manchas torturadas

Que sufoco

Louco

O bêbado com chapéu-coco

Fazia irreverências mil

Pra noite do Brasil

Meu Brasil

Que sonha com a volta do irmão do Henfil

Com tanta gente que partiu

Num rabo de foguete

Chora

A nossa Pátria mãe gentil

Choram Marias e Clarisses

No solo do Brasil

Mas sei que uma dor assim pungente

Não há de ser inutilmente

A esperança

Dança na corda bamba de sombrinha

E em cada passo dessa linha

Pode se machucar

Azar

A esperança equilibrista

Sabe que o show de todo artista

Tem que continuar

O BÊBADO e a equilibrista. Intérprete: Elis Regina. Compositores: Aldir Blanc e João Bosco. In: ELIS, essa mulher. [S l.]: WEA, 1979.

O poético e o factual na letra da canção “O bêbado e a equilibrista”

No dia 20 de novembro de 1971, o viaduto Paulo Frontim no Rio de Janeiro desabou, atingindo mais de 20 veículos, provocando a morte de 27 pessoas e deixando dezenas de feridos, segundo Acervo O Globo (2015). Já se passaram mais de quarenta anos e os relatórios não foram conclusivos para apurar responsabilidades, enquanto ações de indenizações do ocorrido ainda tramitam no judiciário. Durante os dias que sucederam o desabamento do viaduto, a população sensibilizada acompanhou o resgate dos corpos e vítimas daquela tragédia que embalou os versos iniciais da canção "O bêbado e a equilibrista". Em entrevista, João Bosco fala da relação da música com os acontecimentos factuais dos noticiários e sua proximidade com as redações dos jornais:

Meu primeiro disco gravado, que eu dividi um lado com o Tom Jobim, foi uma ideia do Pasquim , com produção do Sérgio Ricardo. Então, como o Aldir também colaborava com o jornal, nós frequentávamos a redação e era comum estarmos com Henfil, Sérgio Cabral, Ziraldo, Millôr... Depois, estreitei mais ainda as relações com o Henfil em função da aproximação dele com a Elis Regina, que era uma grande intérprete das nossas canções. E isso tudo gerou “O Bêbado e a Equilibrista”. É uma canção que celebra toda essa amizade: a minha, do Aldir, da Elis e do Henfil, com o Brasil (BOSCO, 2013).

Segundo Bosco (2013), ao compor "O bêbado e a equilibrista", ele e Blanc desejavam compor uma canção para homenagear Charles Chaplin que havia falecido no Natal de 1977. O personagem escolhido para homenagem era Carlitos, do filme Tempos Modernos (CHAPLIN, 1936). Chaplin interpretava na obra, com humor peculiar, as trapalhadas de um operário que foi preso injustamente por não se adequar à sociedade industrial. No tumulto das manifestações de greve, Carlitos apaixona-se por uma jovem e eles fogem das perseguições policiais. No Brasil, as greves também eram censuradas pelos militares e seus participantes eram presos.

Nos versos da canção de Bosco e Blanc (1979), “o bêbado trajando luto”, implicitamente devido à queda do viaduto, fazia os compositores lembrarem a tragicomédia de Carlitos, encenada por Chaplin. O ensejo dos compositores no primeiro momento não era tratar a política brasileira; entretanto, era perceptível que a figura do Carlitos trazia às pessoas uma esperança de dias melhores tanto no Brasil quanto em qualquer outro país.

[...]

Ainda que seja contundente o contexto político da canção “O bêbado e a equilibrista”, as inserções feitas pelos compositores sobre os exilados políticos surgiram na composição da canção em um segundo momento, conforme destaca Aldir Blanc:

O que é bacana nessa música é que ela não nasceu ligada ao tema. Quando o Chaplin morreu, o João me chamou na casa dele e disse que havia feito um samba, cuja harmonia tinha passagens melódicas parecidas com “Smile”, propositalmente construídas para que homenageássemos

o cineasta. Só que, casualmente, encontrei o Henfil e o Chico Mário, que só falavam do mano (Betinho) que estava no exílio. O papo com o Chico e o Henfil me deu um estalo. Cheguei em casa, liguei para o João e sugeri que criássemos um personagem chapliniano, que, no fundo, deplorasse a condição dos exilados. Não era a ideia original, mas ele não criou caso e disse: “Manda bala, o problema é seu” (BLANC, 2007).

Tão logo a canção caiu no gosto popular e ficou conhecida como o hino da anistia, foi decretada a lei em agosto de 1979 que declarava anistiados todos “aqueles que cometeram crimes políticos ou conexos entre a data de 2 de setembro de 1961 a 15 de agosto de 1979”. [...]

SILVA, Fernando Lopes. O poético e o factual na letra da canção “O bêbado e a equilibrista”. Revista Alpha , jan./jun. 2016. p. 117-121. Disponível em: https://revistas.unipam.edu.br/index.php/revistaalpha/issue/view/128/167.

Acesso em: 6 nov. 2024.

1. Qual foi a inspiração inicial para a composição de “O bêbado e a equilibrista” e como essa inspiração se conecta à mensagem da canção?

2. De que maneira “O bêbado e a equilibrista” se tornou um símbolo durante o período da Ditadura civil-militar no Brasil?

3. Quais elementos de coesão textual você identifica na letra de “O bêbado e a equilibrista” que ajudam a manter a unidade temática da canção?

4. Por que é importante conhecer o contexto histórico do Brasil durante a Ditadura civil-militar para compreender a coerência da mensagem de “O bêbado e a equilibrista”?

João Bosco (1946-) durante show no Festival Internacional de Jazz de San Javier.

(Espanha), 2018.

5. Para realizar as atividades a seguir, ouçam, em grupos de quatro a cinco estudantes, a canção “O bêbado e a equilibrista”, prestando especial atenção à letra e aos elementos poéticos utilizados pelos compositores. Reflitam sobre as imagens, as metáforas e as figuras de linguagem presentes na música.

a) Durante a escuta, tomem notas sobre as passagens que mais lhes chamam a atenção e que pareçam ter um significado mais profundo, mas que talvez não sejam imediatamente compreensíveis sem um conhecimento prévio do contexto histórico.

b) Realizem uma pesquisa sobre o período da Ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985), com foco nos anos finais da década de 1970, quando a canção foi lançada. Procurem entender o clima político e social da época, sobretudo os movimentos que clamavam por liberdade e anistia aos presos políticos.

Murcia
NÃO ESCREVA NO LIVRO

c) Pesquisem os autores da canção, João Bosco e Aldir Blanc, e como suas experiências e visões políticas influenciaram a criação de “O bêbado e a equilibrista”.

d) Releiam a letra da canção com o contexto histórico em mente. Identifiquem como as metáforas do “bêbado” e da “equilibrista” se relacionam com as esperanças, os medos e os desafios enfrentados pela sociedade brasileira naquele período.

e) Analisem como a coesão textual da canção (uso de conectivos, repetições e pronomes) e a coerência (a lógica e a sequência de ideias) são construídas para refletir as tensões e expectativas daquele momento histórico.

f) Com base em sua pesquisa e análise, elaborem um artigo de opinião explicando como a coesão e a coerência da letra de “O bêbado e a equilibrista” só podem ser plenamente compreendidas ao se considerarem os contextos político e social em que a canção foi escrita.

g) No artigo, incluam exemplos específicos da letra que, em seu ponto de vista, são mais impactantes quando relacionados ao contexto da Ditadura civil-militar. Expliquem como o entendimento dessas passagens muda quando o contexto é levado em consideração.

h) Preparem-se para compartilhar as principais descobertas de sua pesquisa com a turma. Durante a discussão, será importante refletir sobre como a música e a arte em geral podem servir como ferramentas de resistência e como a interpretação de uma obra pode ser profundamente influenciada pelo conhecimento do contexto em que foi criada.

MUNDO DO TRABALHO

Consulte Orientações para o professor.

Você conhece as profissões ligadas à área da Música?

A área da Música engloba diversas profissões, cada uma com sua especialização. Músicos executam instrumentos ou cantam em diferentes contextos, enquanto compositores criam obras musicais. Arranjadores adaptam composições para diferentes formatos, e produtores musicais gerenciam a gravação e produção de músicas. Engenheiros de som cuidam dos aspectos técnicos do áudio, e diretores musicais coordenam performances em grupos e orquestras. Educadores musicais ensinam teoria e técnica, e agentes musicais representam e gerenciam carreiras de artistas. Musicoterapeutas utilizam a música para fins terapêuticos, e historiadores da música pesquisam a evolução musical ao longo do tempo.

Quais são os tipos de música?

Os tipos de música são diversos e podem ser classificados por gênero e estilo. Clássica abrange períodos históricos como Barroco e Contemporâneo, com compositores como

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Bach e Beethoven. Popular inclui pop, rock (com subgêneros como punk e heavy metal ), hip-hop/rap e Rhythm and Blues (R&B), com artistas como Michael Jackson e Tupac Shakur. Jazz é conhecido por sua improvisação e complexidade harmônica, enquanto blues reflete tradições afro-americanas. Folk representa música tradicional de diversas culturas. Eletrônica usa tecnologia digital, e reggae é característico da Jamaica.

Setores em alta

Atualmente, os setores da Música que mais empregam são:

• Streaming e distribuição digital;

• Produção musical e engenharia de som;

• Música para mídia e publicidade;

• Educação musical on-line;

• Performance ao vivo e eventos;

• Desenvolvimento de aplicativos e tecnologia musical.

Atividade proposta

• Elabore, com sua turma, um portfólio coletivo sobre profissões ligadas à Música, que pode ser on-line ou físico. Para se preparar para o mercado de trabalho da Música, é essencial desenvolver habilidades específicas relacionadas a diversas áreas do conhecimento.

Pesquise o mercado de trabalho, a formação necessária, os possíveis cursos e as formas de ingresso. Dessa maneira, você poderá conhecer diferentes profissões e se preparar para o ingresso no mundo do trabalho.

REDAÇÃO NOTA 1 000

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Realize a atividade a seguir de leitura e compreensão com base em uma redação nota 1 000 do Enem 2022. O tema da redação daquele ano foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. Esse tema convidou os candidatos a refletirem sobre as dificuldades enfrentadas por comunidades tradicionais, como indígenas, quilombolas, pescadores, entre outras, e a proporem soluções para garantir o reconhecimento e a valorização dessas culturas no contexto brasileiro.

O objetivo é analisar o texto do candidato Luís Felipe de Brito, de 24 anos, identificando e discutindo alguns dos mecanismos de coesão empregados por ele. Preste atenção aos elementos que conectam as ideias, como conjunções, pronomes e repetições de termos, e a como eles contribuem para a construção de um texto coeso e coerente. Ao final, responda às perguntas, pois elas o ajudarão a entender como esses recursos fortalecem a argumentação do texto.

O poeta modernista Oswald de Andrade relata, em “Erro de Português”, que, sob um dia de chuva, o índio foi vestido pelo português – uma denúncia à aculturação sofrida pelos povos indígenas com a chegada dos europeus ao território brasileiro. Paralelamente, no Brasil atual, há a manutenção de práticas prejudiciais não só aos silvícolas, mas também aos demais povos e comunidades tradicionais, como os pescadores. Com efeito, atuam como desafios para a valorização desses grupos a educação deficiente acerca do tema e a ausência do desenvolvimento sustentável.

Diante desse cenário, existe a falta da promoção de um ensino eficiente sobre as populações tradicionais. Sob esse viés, as escolas, ao abordarem tais povos por meio de um ponto de vista histórico eurocêntrico, enraízam no imaginário estudantil a imagem de aborígenes cujas vivências são marcadas pela defasagem tecnológica. A exemplo disso, há o senso comum de que os indígenas são selvagens, alheios aos benefícios do mundo moderno, o que, consequentemente, gera um preconceito, manifestado em indagações como “o índio tem ‘smartphone ’ e está lutando pela demarcação de terras?” – ideia essa que deslegitima a luta dos silvícolas. Entretanto, de acordo com a Teoria do Indigenato, defendida pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o direito dos povos tradicionais à terra é inato, sendo anterior, até, à criação do Estado brasileiro. Dessa forma, por não ensinarem tal visão, os colégios fomentam a desvalorização das comunidades tradicionais, mediante o desenvolvimento de um pensamento discriminatório nos alunos.

Além disso, outro desafio para o reconhecimento desses indivíduos é a carência do progresso sustentável. Nesse contexto, as entidades mercadológicas que atuam nas áreas ocupadas pelas populações tradicionais não necessariamente se preocupam com a sua preservação, comportamento no qual se valoriza o lucro em detrimento da harmonia entre a natureza e as comunidades em questão. À luz disso, há o exemplo do que ocorre aos pescadores, cujos rios são contaminados devido ao garimpo ilegal, extremamente comum na Região Amazônica. Por conseguinte, o povo que sobrevive a partir dessa atividade é prejudicado pelo que a Biologia chama de magnificação trófica, quando metais pesados se acumulam nos animais de uma cadeia alimentar – provocando a morte de peixes e a infecção de humanos por mercúrio. Assim, as indústrias que usam os recursos naturais de forma irresponsável não promovem o desenvolvimento sustentável e agem de maneira nociva às sociedades tradicionais.

Portanto, é essencial que o governo mitigue os desafios supracitados. Para isso, o Ministério da Educação – órgão responsável pelo estabelecimento da grade curricular das escolas – deve educar os alunos a respeito dos empecilhos à preservação dos indígenas, por meio da inserção da matéria “Estudos Indigenistas” no ensino básico, a fim de explicar o contexto dos silvícolas e desconstruir o preconceito. Ademais, o Ministério do Desenvolvimento – pasta instituidora da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais – precisa fiscalizar as atividades econômicas danosas às sociedades vulneráveis, visando à valorização de tais pessoas, mediante canais de denúncias.

ENEM 2022: leia redações nota mil. G1, [s. l.], 10 abr. 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2023/04/10/ enem-2022-leia-redacoes-nota-mil.ghtml. Acesso em: 20 ago. 2024.

1. Identifique a tese defendida pelo autor. Como ela está relacionada com as ideias desenvolvidas ao longo do texto?

2. Cite uma estratégia de coesão textual utilizada no primeiro parágrafo da redação. Dê exemplos.

3. Explique como as transições entre os parágrafos contribuem para a continuidade das ideias. Cite exemplos específicos.

4. Quais elementos de repetição ou substituição ajudam a manter a coesão ao longo do texto?

5. Analise a argumentação presente no segundo parágrafo. Como as referências à teoria do indigenato e ao ministro Edson Fachin contribuem para a coerência do texto?

6. Há alguma falha de coesão ou coerência no texto? Se sim, como poderia ser corrigida?

7. Como o autor utiliza exemplos concretos para reforçar a coerência dos argumentos? Dê um exemplo.

8. De que forma a conclusão retoma os pontos discutidos anteriormente e apresenta proposta de intervenção? Avalie a efetividade dessa estratégia.

PRÁTICAS DE LINGUAGEM

O paralelismo sintático

Consulte Orientações para o professor.

Neste Capítulo, você conheceu mecanismos coesivos que contribuem para a coerência textual. Outro mecanismo linguístico que ajuda na construção de um texto, melhorando a compreensão e tornando a leitura mais agradável, é o paralelismo sintático, que consiste na repetição de estruturas sintáticas ou termos. Observe como o paralelismo foi utilizado na construção do trecho a seguir. Para o secretário de Serviços Públicos, Mariel Olmo, o playground inclusivo não só facilita o acesso, como também possibilita que todas as crianças brinquem e se divirtam juntas.

PREFEITURA DE SÃO CARLOS. Parque ecológico ganha playground inclusivo. São Carlos, 23 set. 2022. Disponível em: http://www.saocarlos.sp.gov.br/index.php/noticias-2022/175929-parque -ecologico-ganha-playground-inclusivo.html. Acesso em: 14 nov. 2022. (Grifos nossos).

No trecho, há uma relação de equivalência dos termos. O núcleo da primeira oração é o verbo facilitar e o núcleo da segunda oração é o verbo possibilitar, criando assim uma simetria estrutural (verbo-verbo). Esse recurso pode ser amplamente utilizado na redação para garantir clareza, harmonia e fluidez na comunicação, além de realçar ideias e persuadir o leitor.

No texto sobre a canção “O bêbado e a equilibrista”, ao mencionar as consequências do trágico acidente no viaduto Paulo Frontim, no Rio de Janeiro, três verbos descrevem as ações

NÃO ESCREVA NO LIVRO
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que se sucederam após o ocorrido (atingindo, provocando, deixando). Os verbos flexionados no mesmo tempo e modo são outro exemplo de paralelismo sintático, seguindo a mesma estrutura nas orações.

No dia 20 de novembro de 1971, o viaduto Paulo Frontim no Rio de Janeiro desabou, atingindo mais de 20 veículos, provocando a morte de 27 pessoas e deixando dezenas de feridos [...].

No texto sobre as recomendações da OMS para atividade física, por sua vez, há paralelismo sintático na estrutura das definições de “atividade física” e “exercícios físicos”. Ambas as definições seguem um padrão semelhante, começando com o sujeito seguido por uma explicação que inclui exemplos, criando um ritmo coeso e claro.

“[…] atividade física é qualquer movimentação do dia a dia que resulte em estímulo dos músculos e gasto energético, como andar, correr ou subir escadas. Já exercícios físicos são práticas programadas, com sequência de movimentos que buscam um objetivo concreto, seja ligado à saúde ou à estética (ou aos dois).”

Agora é sua vez. Após a leitura atenta da redação nota 1 000 apresentada no Capítulo, sua tarefa é identificar e analisar os casos de paralelismo sintático presentes no texto. Siga os passos a seguir.

1. Identificação: localize no texto ao menos dois trechos em que o autor utilizou paralelismo sintático. Marque essas passagens com clareza.

2. Análise: para cada trecho identificado, explique como o paralelismo sintático é utilizado pelo autor. Considere a simetria das estruturas gramaticais: como as frases ou as orações seguem uma estrutura semelhante? O efeito de sentido: de que forma o paralelismo contribui para a clareza, a ênfase ou a persuasão do argumento?

3. Reflexão: após a análise, escreva uma breve reflexão (de cinco a sete linhas) sobre a importância do uso do paralelismo sintático na construção de um texto coeso e eficaz.

Dica: lembre-se de que o paralelismo sintático não só embeleza o texto mas também ajuda a criar um ritmo e uma harmonia que reforçam os argumentos apresentados.

Prazo: a entrega desta atividade deverá ser combinada com seu professor, com discussões em grupo sobre as diferentes análises realizadas.

FUJA DA NOTA ZERO

Atente-se à importância da coesão e da coerência ao escrever uma redação, evitando a falta de continuidade lógica entre as ideias, a repetição desnecessária de argumentos, generalizações vagas, transição inadequada entre os parágrafos, entre outros.

Para aumentar suas chances de uma boa nota para a sua redação, evite:

• Falta de progressão textual ou desvio do tema: atente-se à estrutura lógica e progressiva de ideias ao longo de todo o texto. É preciso haver uma transição clara entre os parágrafos, facilitando o desenvolvimento e a compreensão dos argumentos. Atente-se, também, ao título e ao parágrafo final; verifique se ambos mantiveram a mesma ideia desenvolvida ao longo do texto.

• Ausência de conectivos: os conectivos (conjunções, preposições, pronomes etc.) ajudam a ligar as ideias de forma mais fluida. Seu uso correto evita a criação de um texto fragmentado, como se cada frase ou trecho fosse um bloco isolado de informação, por exemplo.

• Argumentação inadequada: A argumentação repetitiva e pouco consistente não contribui para estabelecer uma discussão relevante no texto. Dentro do seu planejamento textual, comprometendo-se com a coerência geral do texto, verifique também se fez o uso devido de recursos linguísticos, como advérbios, artigos, sinônimos, entre outros.

PARA REFLETIR

Consulte Orientações para o professor

Existe coerência sem coesão?

As relações linguísticas criadas entre as partes do texto garantem a manutenção do sentido e, por consequência, a compreensão do leitor, mas será que um texto pode ser coerente sem apresentar vínculos coesivos e mecanismos de coesão textual? Para refletir sobre a questão da coerência sem coesão, observe atentamente as tiras apresentas a seguir.

Apesar da falta de alguns conectores e recursos coesivos claros, é possível compreender a sequência dos acontecimentos? Você consegue inferir o que está sendo transmitido, mesmo sem palavras que conectem explicitamente as ideias? Escreva no caderno uma breve análise sobre como os elementos visuais e os diálogos das tiras contribuem para a construção do sentido, identificando se há ou não coesão textual.

Texto 1

GONSALES, Fernando. [No 118-TIRAS-Niquel!]. Blog do Xandro. [S l.], 8 jul. 2008. Blogue. Disponível em: http:// blogdoxandro.blogspot.com/2008/07/tiras-do-blog-n118-tiras-niquel.html. Acesso em: 10 nov. 2024.

Texto 2

Disponível em: https://tirasarmandinho.tumblr.com/ search/ontem%20. Acesso em: 10 nov. 2024.

1. No texto verbal das duas tiras, foram empregados poucos elementos coesivos. Isso impede a compreensão do sentido do texto? Justifique.

2. De que forma o texto não verbal auxilia na coerência textual dos Textos 1 e 2?

EM PRÁTICA

Consulte Orientações para o professor.

Criação de um tema de redação para o Enem

Reúna-se em grupo de três a quatro estudantes para criar um tema de redação no estilo do Enem, utilizando critérios específicos para garantir que o tema seja relevante, atual e aberto à argumentação. Após criar o tema, vocês também escreverão uma redação sobre o assunto escolhido.

NÃO ESCREVA NO LIVRO
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BECK, Alexandre. [Ontem]. Armandinho. [S. l.], [30 abr. 2015].

Passos da atividade:

1. Entendendo os critérios do Enem

Antes de começar a criar seu tema, é importante entender os critérios usados para elaborar os temas de redação do Enem. A seguir, veja um resumo desses critérios.

• Relevância social: o tema deve abordar uma questão importante para a sociedade brasileira.

• Atualidade: o tema deve ser relacionado a problemas ou a discussões contemporâneas.

• Abertura à argumentação: o tema deve permitir diferentes pontos de vista e incentivar uma argumentação sólida.

• Neutralidade ideológica: o tema deve ser neutro, sem impor uma visão específica.

• Interdisciplinaridade: o tema deve permitir a mobilização de conhecimentos de diferentes áreas do saber.

• Foco na proposta de intervenção: o tema deve possibilitar a apresentação de uma solução para o problema discutido.

• Clareza e objetividade: o enunciado do tema deve ser claro e fácil de entender.

2. Brainstorming de temas

Pensem em questões que vocês consideram importantes para a sociedade brasileira. Escrevam uma lista de possíveis temas para uma redação do Enem. Considerem questões sociais, culturais, políticas, econômicas e ambientais que poderiam ser discutidas.

3. Escolha e refinamento do tema

E scolha um tema da sua lista e refine-o, garantindo que ele atenda aos critérios do Enem. Escreva uma justificativa explicando como seu tema cumpre cada um dos critérios.

• Relevância social: por que esse tema é importante para a sociedade brasileira?

• Atualidade: como o tema se relaciona com questões contemporâneas?

• Abertura à argumentação: quais diferentes pontos de vista podem ser explorados?

• Neutralidade ideológica: como o tema permite uma discussão neutra?

• Interdisciplinaridade: quais áreas do conhecimento podem ser mobilizadas?

• Foco na proposta de intervenção: como o tema possibilita a formulação de uma solução?

• Clareza e objetividade: como o enunciado pode ser claro e direto?

E xemplo de justificativa:

Tema: “A importância da inclusão digital no Brasil contemporâneo”

• Relevância social: a inclusão digital é fundamental para o acesso a direitos, educação e oportunidades no mundo moderno, sendo crucial para a redução das desigualdades sociais.

• Atualidade: o tema é extremamente atual, considerando o avanço tecnológico e a crescente dependência da internet para atividades diárias, especialmente após a pandemia de covid-19.

• Abertura à argumentação: o tema permite discutir diferentes perspectivas, como o papel do governo, da iniciativa privada e da sociedade na promoção da inclusão digital.

• Neutralidade ideológica: o tema é neutro, sem impor uma visão específica, permitindo diversas abordagens argumentativas.

• Interdisciplinaridade: o tema envolve aspectos de tecnologia, educação, economia e políticas públicas.

• Foco na proposta de intervenção: o tema possibilita a proposição de políticas públicas, iniciativas privadas e programas sociais para melhorar o acesso digital.

• Clareza e objetividade: o enunciado é claro e direto, facilitando a compreensão por parte de todos os candidatos.

4. Montagem da coletânea de textos

Pesquisa: pesquise textos, artigos, reportagens, gráficos ou trechos de livros que sejam relevantes para o tema escolhido.

Seleção: escolha de três a cinco textos que abordem diferentes perspectivas sobre o tema, garantindo uma variedade de fontes e opiniões.

Organização: monte a coletânea de forma que os textos estejam interligados e ofereçam uma base sólida para a argumentação na redação.

Justificativa: escreva uma breve justificativa para a escolha de cada texto, explicando como ele contribui para a discussão do tema e qual é a sua relevância para a coletânea.

5. Escrita da redação

Com o tema que vocês criaram, escrevam, agora individualmente, uma redação dissertativo-argumentativa, seguindo os moldes do Enem.

• Introdução: apresente o tema e a tese que você irá defender.

• Desenvolvimento: estruture seus argumentos de forma coesa, utilizando exemplos, dados e referências quando possível.

• Conclusão: reforce sua tese e apresente uma proposta de intervenção que seja viável, detalhada e que respeite os direitos humanos.

6. Reflexão e revisão

Revise sua redação, considerando a clareza dos argumentos, a coerência do texto e a eficácia da proposta de intervenção. Se necessário, faça ajustes para melhorar a qualidade do seu texto.

Após seguir todas as etapas indicadas nesta seção, passe a sua redação a limpo em uma folha separada, que deverá ser entregue ao professor para avaliação.

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

Neste capítulo, foram abordados os principais mecanismos de coesão e coerência textuais, fundamentais para garantir a clareza e a inteligibilidade de um texto. A coerência textual foi abordada como o processo macroestrutural que organiza as informações apresentadas de forma lógica e consistente, importante para o encadeamento de ideias e conceitos ao longo do texto. Já a coesão textual foi abordada como o processo microestrutural que conecta as partes do texto por meio de recursos linguísticos como retomada de termos, uso de sinônimos e conectivos, entre outros.

Além das estratégias de escrita relacionadas à coesão e à coerência textual, enfatizou-se a importância do conhecimento de mundo por parte do leitor para a construção de sentidos do texto.

Foram estudados, também, dois gêneros textuais: as tiras, sequências de quadrinhos que podem apresentar uma situação cômica ou uma pequena história; e as charges, ilustrações que geralmente transmitem críticas sociais ou políticas de forma satírica em uma única cena.

Por fim, analisou-se uma redação nota 1 000 do Enem, e foram apresentadas dicas para aumentar as chances de uma boa nota no exame, relacionadas à progressão textual, ao uso de conectivos e à argumentação.

Agora, chegou o momento de sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder às questões a seguir.

1. Como a coerência ajuda a garantir que as ideias de um texto sejam entendidas de forma lógica e sem contradições? Cite um exemplo de como a falta de coerência pode prejudicar a compreensão de um texto.

2. Com base nos conteúdos estudados neste Capítulo, explique como os principais mecanismos de coesão contribuem para a clareza e a continuidade de um texto.

3. Como o conhecimento prévio do leitor sobre o tema tratado em um texto influencia a compreensão da mensagem? Cite um exemplo prático.

4. De que maneira a leitura de tiras e charges pode contribuir para a formação de repertório para redigir redação para o Enem?

5. Explique como o uso de sinônimos e a relação entre hipônimos e hiperônimos contribuem para a coesão lexical de um texto.

6. Elabore dois exemplos que demonstrem o uso de paralelismo sintático.

Refletir e avaliar

Além de compreender o conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sobre sua aprendizagem ao longo do Capítulo. Para isso, em seu caderno, reproduza o seguinte quadro e responda às questões a seguir. Depois, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote-as nas observações.

Realizei as tarefas que estavam sob minha responsabilidade.

Compreendi e consegui sintetizar os conhecimentos sobre coesão e coerência textuais, sobre formação de repertório e conhecimento de mundo e sobre os gêneros textuais tira e charge.

Produzi com empenho todas as propostas de produção de redação para o Enem, observando os mecanismos de coesão e coerência.

Considerei as necessidades dos grupos dos quais participei nas atividades de pesquisa e agi com colaboração e ética em relação às minhas responsabilidades e ao grupo.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Preparação para a prova e critérios de avaliação 9

■ Em 2024, a judoca brasileira Beatriz Souza, de 26 anos, tornou-se a primeira atleta a conquistar a medalha de ouro do Brasil nas Olimpíadas de Paris (França), 2024.

Informações do Capítulo

Campos de atuação : vida pública, estudo e pesquisa e jornalístico-midiático

Temas Contemporâneos Transversais: Educação Ambiental, Ética e Cidadania

Principais objetivos:

1. Revisar os critérios de avaliação da redação do Enem, identificando as cinco competências exigidas pela banca e a pontuação máxima de cada uma.

2. Analisar redações reconhecendo os elementos que atendem ou não aos critérios de avaliação do Enem, como o uso adequado da norma-padrão, a coerência argumentativa e a proposta de intervenção.

3. Aplicar estratégias de escrita que atendam aos critérios avaliativos do Enem, desenvolvendo práticas de elaboração textual que incluam uma introdução clara, desenvolvimento coeso e uma conclusão com proposta de intervenção.

4. Avaliar redações utilizando os critérios do Enem para identificar pontos fortes e áreas de melhoria, aprimorando a capacidade de autocrítica e revisão textual.

A importância da nota de redação

Como vimos nos capítulos anteriores, as habilidades de produção de texto envolvem uma série de conhecimentos, que abrangem desde a compreensão da língua e de convenções da linguagem escrita até os saberes construídos ao longo das experiências vividas. Por esse motivo, articular ideias e pensamentos em um texto é uma das principais necessidades de candidatos que desejam ingressar em um curso superior: uma redação bem elaborada, que siga devidamente as orientações, pode elevar a pontuação final do estudante.

No Enem, cada prova objetiva (Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias; e Ciências da Natureza e suas Tecnologias) vale 1 000 pontos, assim como a redação. Para chegar à pontuação geral do exame, basta somar a nota da redação às notas das provas objetivas e dividi-las por cinco. Contudo, algumas faculdades particulares, por exemplo, aplicam pesos diferentes para cada uma das áreas avaliadas e, por isso, apresentar um bom desempenho na prova de redação é fundamental.

A redação do Enem é, portanto, uma parte essencial do exame e é avaliada a partir de cinco competências, que consideram desde conhecimentos linguísticos até a proposta de intervenção. Tirar uma boa nota na redação pode impactar significativamente a nota final do candidato e sua chance de ingresso em instituições de ensino superior, além de desenvolver habilidades essenciais para a vida acadêmica e profissional. Compreender as regras de correção e as competências exigidas é fundamental para obter sucesso nessa etapa do Enem.

Com a finalidade de avaliar as capacidades de escrita do estudante, a redação para o Enem solicita do candidato a escrita de um texto dissertativo-argumentativo em prosa, com base em um tema e em uma coletânea de textos. Além do conhecimento de aspectos estruturais e do contexto de circulação desses textos, a tarefa de dissertar e argumentar integram diferentes contextos avaliativos. Por isso, para alcançar uma boa nota na redação, é necessário compreender a proposta e o recorte temático, bem como atender às exigências específicas de cada prova.

Como se preparar para as provas de redação

Durante a preparação para as provas de redação, é preciso se planejar e seguir alguns passos importantes para um bom resultado. Leia, a seguir, a descrição de algumas estratégias relevantes.

Conhecer propostas de redação e praticar a produção do texto dissertativo-argumentativo

Vimos, ao longo do livro, que acessar o ensino superior pelo Enem demanda a produção de um texto dissertativo-argumentativo. Assim, retome a estrutura do texto dissertativo-argumentativo.

A redação do Enem deve seguir o formato que consiste em:

• Introdução: apresente o tema e a tese que será defendida.

• Desenvolvimento: argumente a favor de sua tese, apresentando fundamentos e exemplos que a sustentem.

• Conclusão: retome os principais pontos discutidos e apresente uma proposta de intervenção.

Faça um planejamento antes de começar a escrever. Para isso, reserve alguns minutos para planejar o texto. Defina sua tese, os argumentos que usará e a estrutura do texto, pois isso ajuda a organizar as ideias. Utilize uma linguagem clara e objetiva, evitando jargões ou termos muito técnicos. O avaliador deve compreender facilmente o seu texto. Argumente com base em fatos e exemplos, ou seja, utilize dados estatísticos, exemplos históricos, citações de especialistas e experiências pessoais para fortalecer seus argumentos. Respeite a norma-padrão da língua portuguesa, prestando atenção à ortografia, à gramática e à pontuação. Desvios recorrentes podem prejudicar a compreensão do texto e afetar sua nota. Reserve tempo para revisar sua redação antes de entregá-la. Verifique a coerência da estrutura, o desenvolvimento dos argumentos e a correção gramatical. Durante a prova, mantenha a calma e a concentração. Não se deixe abalar por dificuldades ou pressão do tempo. Foque produzir um texto claro, coeso e argumentativo.

Ampliar conhecimentos de mundo e estudar atualidades

Além da capacidade de selecionar, organizar e articular ideias e informações para a produção textual, o candidato deve ter repertório amplo e variado, que envolva conhecimentos gerais e específicos a respeito de história, política, sociedade, meio ambiente, entre outros assuntos.

Esses saberes são construídos e acumulados com o passar do tempo e com as experiências vividas no dia a dia. Entretanto, é preciso sempre aprimorar e ampliar o que já se sabe, bem como alcançar informações novas. Para isso, observe as dicas a seguir.

Organizar os estudos

1

2

Ler publicações que divulgam informações nacionais e internacionais sobre temas diversos, atuais e relevantes produzidos em gêneros textuais distintos.

Analisar e comparar textos sobre o mesmo tema e/ou assunto publicados em diferentes mídias, para conhecer linhas editoriais e ideológicas diferentes.

3

Apreciar variados objetos culturais, como lmes, livros e músicas.

4

Estudar e compreender informações e dados históricos sobre a construção e a formação das sociedades.

Durante a preparação para as provas, é preciso planejar uma rotina de estudos que inclua os itens a seguir.

• Um espaço adequado e os recursos materiais necessários para estudo.

• Um cronograma que contemple a revisão de todos os componentes curriculares.

• Atividades realizadas de maneira individual ou em parceria com colegas.

• A prática das estruturas textuais solicitadas com frequência nas redações.

Nessa rotina, também é preciso incluir momentos que proporcionem prazer e permitam o descanso, como práticas de esporte e passeios com amigos e familiares. Assim, garante-se que o bem-estar emocional também seja parte do cuidado e da preparação para essas provas.

ATIVIDADES

Consulte Orientações para o professor

Leia, a seguir, o texto sobre o conceito de multitarefa, também conhecido pelo termo em inglês multitasking, ou seja, a capacidade de realizar mais de uma atividade ou tarefa ao mesmo tempo. Na prática, isso pode significar, por exemplo, responder a mensagens enquanto se participa de uma reunião on-line ou ouvir uma palestra enquanto se organizam documentos.

“FAÇO MUITAS COISAS AO MESMO TEMPO”: DÁ CERTO?

As novas gerações fazem tudo ao mesmo tempo: enquanto assistem à televisão, a internet está sempre ligada. Quem sabe ouvem ainda uma música? Arrumam a casa enquanto tomam algo. No meio da confusão, dizem que estudam também.

E ainda se gabam de sua competência multitarefas — ou multitasking , para usar o termo da moda, em inglês! Fazer tudo ao mesmo tempo virou uma religião da juventude. Será que isso não passa de um modismo? Não sabemos.

Mas já sabemos um pouco sobre esse estilo de vida, plugado em tudo ao mesmo tempo. E, para a educação, as notícias não são boas. Essa religião do multitasking tem suas limitações. Dá para fazer muitas coisas ao mesmo tempo, é verdade. Mas pesquisas recentes mostram que, pelo menos em algumas atividades, a qualidade do trabalho é comprometida. Na prática, algumas coisas saem direito. Outras não.

Se a casa ficar mal arrumada, não importa muito. Se perdermos o fio da meada da novela, vamos recuperar o enredo no próximo capítulo. Mas há assuntos que não se aprendem aos pedacinhos ou junto com outras atividades. Azar deles?

Não é bem assim. Saem perdendo os que acreditam na sua capacidade de fazer tudo ao mesmo tempo.

■ Representação de múltiplas tarefas sendo realizadas simultaneamente.

Aqueles conhecimentos cujo domínio é mais vital para o nosso sucesso futuro não podem ser estudados no picadinho.

Posso aprender uma nova palavra em inglês em um par de minutos. Isso pode ser intercalado com muitas outras atividades. Há quem escreva as novas palavras a decorar no box do chuveiro. Esse tipo de aprendizado pode dar certo, entremeado com tudo o mais que está acontecendo.

Mas não dá para entender o conceito de derivadas e integrais ouvindo rock pauleira. Vendo novela, não é possível entender as trapalhadas da Revolução de 1930. E como entender a diferença entre peso e massa, em meio a um grande falatório?

Diante de certos assuntos, como os mencionados anteriormente, não dá para pular de uma coisa à outra, ou embolar tudo ao mesmo tempo. Tende a ser justamente o aprendizado de determinadas coisas que fará a diferença no seu futuro. É a formação, em contraste com a informação. Essa última pode vir picadinha.

A FORMAÇÃO, SENDO MAIS PROFUNDA

E DIFÍCIL, EXIGE CONCENTRAÇÃO.

Portanto, nos estudos mais pesados, cuidado com os e-mails apitando no computador! Quando estamos chegando ao ponto de saturação da nossa capacidade de nos concentrar em um assunto árduo, espiar dois ou três e-mails que apitaram pode ser uma pausa bem-vinda. Mas, em geral, nas tarefas que exigem muita concentração, isolar-se dos e-mails é uma boa ideia. Não dá para ficar com um olho no estudo e outro na caixa de mensagens. O mesmo vale para o telefone que toca.

Seu futuro depende de proteger da distração certos estudos mais árduos, por acreditar que são vitais para a sua educação.

PRATIQUE!

• Escolha duas tarefas igualmente complexas. Em uma delas, interrompa a cada vez que ouvir o “plim” do e-mail chegando. Na segunda, desligue o “plim” ou vá para longe do computador. Dedique a ela toda a sua atenção, sem saltar para e-mails ou outras distrações.

• Após esse experimento, faça um balanço honesto do seu rendimento em cada uma das situações.

CASTRO, Claudio de Moura. Você sabe estudar? Porto Alegre: Penso, 2019. E-book

1. O texto discute a ideia de que as gerações mais jovens frequentemente realizam várias tarefas ao mesmo tempo. Quais são alguns exemplos de multitarefa mencionados no texto?

2. Qual é a opinião apresentada no texto sobre a prática de multitarefa em relação à educação e ao aprendizado?

3. O autor faz uma distinção entre “formação” e “informação”. Qual é essa distinção e como ela se relaciona com o aprendizado mencionado no texto?

4. De acordo com o texto, quais são as consequências de tentar aprender conceitos complexos, como derivadas e integrais, enquanto se realizam outras atividades ao mesmo tempo?

5. O texto propõe uma prática relacionada à multitarefa. Qual é essa prática e qual é o objetivo dela?

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CIDADANIA EM MOVIMENTO

Consulte Orientações para o professor

O comportamento multitarefa, tão celebrado pelas gerações mais jovens, tem sido associado a uma falsa sensação de produtividade. No entanto, quando o assunto é Educação Financeira, essa prática pode se tornar um grande inimigo do aprendizado e do sucesso futuro.

A multitarefa pode criar uma ilusão de que se está no controle das finanças, quando, na verdade, a falta de foco pode resultar em esquecimentos e erros críticos, como não acompanhar de perto as despesas ou não planejar adequadamente os gastos. Isso pode ter consequências sérias, como endividamento e falta de preparação para emergências financeiras.

Educação Financeira nas escolas

A entrada da Educação Financeira nas escolas se justifica por diversas razões [...], dentre as quais se destacam os benefícios de se conhecer o universo financeiro e, utilizando-se desses conhecimentos, tomar decisões financeiras adequadas, que fortaleçam o comando autônomo da própria vida e, por extensão, do âmbito familiar e comunitário. [...]

Objetivo 1 - Formar para a cidadania

A cidadania é uma articulação dos direitos e deveres civis, políticos e sociais (Marshall, 1967). Ser cidadão, portanto, é ter direito de usufruir várias possibilidades que a vida oferece, tais como liberdade, igualdade, propriedade, participação política, educação, saúde, moradia, trabalho, entre outras. [...] A Educação Financeira tem como principal propósito ser um dos componentes dessa formação para a cidadania.

Objetivo 2 - Ensinar a consumir e a poupar de modo ético, consciente e responsável

[...] Atualmente, segundo Bauman (2007), verifica-se uma instabilidade dos desejos aliada a uma insaciabilidade das necessidades, pela consequente tendência ao consumo instantâneo, bem como a rápida obsolescência dos objetos consumidos. Esse ambiente é desfavorável ao planejamento, ao investimento e ao armazenamento de longo prazo. O consumo em níveis adequados é imprescindível para o bom funcionamento da economia, a questão é torná-lo uma prática ética, consciente e responsável, equilibrada com a poupança. [...] Consumir e poupar com consciência e responsabilidade, com uma clara preocupação com o outro e com as consequências das decisões tomadas, traduzem o compromisso ético da cidadania.

Objetivo 3 - Oferecer conceitos e ferramentas para a tomada de decisão autônoma baseada em mudança de atitude

À nossa volta, atualmente, circula uma quantidade excessiva de informações e de signos (inclusive financeiros), muitas vezes descontextualizados e incompreensíveis

para muitas pessoas. A compreensão da linguagem do mundo financeiro, por meio de um programa educativo, possibilita ao indivíduo obter as informações necessárias para que tome suas decisões de modo autônomo [...].

Objetivo 4 - Formar multiplicadores

A implantação da Educação Financeira pretende colaborar para uma formação mais crítica de crianças, adolescentes e jovens possibilitando-os a ajudar suas famílias na determinação de seus objetivos de vida, bem como dos meios mais adequados para alcançá-los. [...] Assim, o público beneficiário da Educação Financeira não se restringe ao público escolar, mas, por meio dele, atinge-se um número muito maior de pessoas, ampliando essa disseminação de conhecimentos extremamente útil para a vida na sociedade atual. [...]

Objetivo 5 - Ensinar a planejar a curto, médio e longo prazos

A falta de planejamento e a sensação de que o presente não se relaciona com o passado nem com o futuro fazem com que o tempo seja pulverizado numa multiplicação de “eternos instantes” acidentais e episódicos.

A Educação Financeira intenciona conectar os distintos tempos, conferindo às ações do presente uma responsabilidade pelas consequências do futuro. Para se alcançar determinada situação, é necessário um planejamento que contemple distintas etapas de execução, envolvendo priorizações e renúncias que não seriam cogitadas pelo pensamento exclusivo do presente. [...]

Objetivo 6 - Desenvolver a cultura da prevenção

A expectativa de vida aumentou, e o ser humano passa, hoje, mais tempo na condição de aposentado do que no passado recente [...], o que requer um planejamento desde cedo. Além desse quadro, é prudente planejar pensando nas intempéries da vida. Ninguém está isento de enfrentar situações adversas e inesperadas que, por vezes, exigem o dispêndio de uma quantidade de dinheiro não prevista no orçamento. Para garantir maior tranquilidade diante de tais situações é preciso conhecer progressivamente, conforme a idade o permita, o leque de opções disponíveis, tais como evitar desperdícios, guardar dinheiro, fazer seguros ou investimentos ou dispor de planos de previdência (pública ou privada). [...]

CONEF. Comitê Nacional de Educação Financeira. Educação financeira nas escolas. Brasília: CONEF, 2014. p. 4; 7-11. Disponível em: https://gmw.investidor.gov.br/wp-content/uploads/2021/03/ef_prof_livro_2_isbn_ok_web.pdf. Acesso em: 6 nov. 2024.

1. De que modo a Educação Financeira pode contribuir para o exercício da cidadania?

2. Por que o consumo consciente, ético e responsável está relacionado à Educação Financeira? Como podemos consumir de forma mais consciente?

3. Quais podem ser as consequências da falta de planejamento financeiro na vida adulta?

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Empregos do mundo da economia e das finanças

Vivemos em um mundo em constante transformação, onde novas tecnologias e inovações moldam o mercado de trabalho. Alguns setores econômicos têm se destacado por sua capacidade de crescer e de se adaptar às necessidades contemporâneas. Entender esses setores e as áreas acadêmicas relacionadas é fundamental para quem deseja estar preparado para as oportunidades do futuro.

Nesta atividade, você explorará alguns dos setores mais promissores da atualidade nas áreas de Economia e Finanças, compreenderá suas características e descobrirá as áreas acadêmicas que oferecem a base necessária para atuar nesses campos. Vamos, juntos, explorar os setores de Tecnologia Financeira, Energia Renovável, Logística e Supply Chain, Saúde e Biotecnologia, e Economia Verde e Sustentabilidade.

Setores em alta:

1. Tecnologia Financeira (fintechs)

O que é: as fintechs são empresas que utilizam tecnologia para oferecer soluções financeiras inovadoras, como pagamentos digitais, empréstimos on-line, investimentos automatizados e seguros digitais. Essas empresas têm transformado a maneira como lidamos com o dinheiro, tornando os serviços financeiros mais acessíveis e eficientes.

Tendências: expansão do uso de criptomoedas, inteligência artificial para análise de crédito e popularização dos pagamentos via dispositivos móveis.

2. Energia Renovável

O que é: este setor envolve a produção de energia a partir de fontes renováveis, como solar, eólica, hídrica e biomassa. A busca por alternativas sustentáveis em lugar das fontes fósseis tem impulsionado o crescimento deste segmento em todo o mundo.

Tendências: desenvolvimento de tecnologias de armazenamento de energia, expansão de usinas solares e eólicas e integração de energia renovável na rede elétrica.

3. Logística e Supply Chain (Cadeia de suprimentos ou de abastecimento)

O que é: este setor envolve a gestão eficiente da cadeia de suprimentos, desde a produção até a entrega ao consumidor final. A globalização e o crescimento do comércio eletrônico têm aumentado a demanda por profissionais qualificados neste campo.

Tendências: automação de armazéns, uso de Big data para otimização de rotas e aumento da logística verde.

4. Saúde e Biotecnologia

O que é: a saúde e a biotecnologia englobam o desenvolvimento de tecnologias e tratamentos na área da saúde, incluindo medicamentos, diagnósticos e terapias avançadas. Este setor é vital para melhorar a qualidade de vida e aumentar a expectativa de vida.

Tendências: crescimento da medicina personalizada, avanços em biotecnologia para tratamento de doenças raras e popularização da telemedicina.

5. Economia Verde e Sustentabilidade

O que é: a economia verde promove práticas sustentáveis que não prejudicam o meio ambiente, como a agricultura sustentável, a reciclagem e a gestão ambiental. Este setor é fundamental para garantir o desenvolvimento econômico sustentável.

Áreas acadêmicas relacionadas: Engenharia Ambiental, Economia, Ciências Agrárias e Administração.

Tendências: aumento da demanda por produtos orgânicos, inovação em processos de reciclagem e desenvolvimento de políticas ambientais globais.

• Com os colegas, elabore um portfólio coletivo de trabalhos ligados às áreas de Economia e Finanças, que podem ser on-line ou físicos. Para se preparar para este mercado de trabalho, é essencial desenvolver habilidades específicas relacionadas à tecnologia, à economia e até à engenharia. Cursos universitários, pós-graduações e especializações em áreas como Administração, Engenharia Ambiental e Ciências Agrárias são altamente recomendados. Pesquise sobre o mercado de trabalho, a formação, os possíveis cursos e as formas de ingresso. Dessa maneira, poderá conhecer diferentes profissões e se preparar para o ingresso no mundo corporativo.

Redação do Enem: critérios de avaliação

Nos últimos anos, o Enem vem ganhando cada vez mais relevância no âmbito da educação brasileira. A proposta de redação do exame exige que o candidato redija um texto dissertativo-argumentativo com base em uma situação-problema relacionada a questões sociais, políticas, culturais ou científicas predeterminadas.

Ainda que escreva textos de caráter argumentativo com propriedade, o candidato precisa saber que, na redação do Enem, é exigida uma peculiaridade: propor soluções para o problema abordado. Assim, o que seria uma opção em textos de outros processos seletivos, na redação do Enem é obrigatório.

A prova do Enem valoriza a leitura e a interpretação de textos, pontos de partida também para uma boa produção textual. Assim, utilizando os critérios preestabelecidos pela Matriz de Competências do Enem, os avaliadores podem corrigir, de maneira justa e padronizada, as redações dos candidatos.

Além desses parâmetros, outras orientações sustentam o processo de avaliação dos textos. Para conhecer algumas delas, leia, a seguir, trechos da cartilha do participante divulgada em 2023.

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A REDAÇÃO DO ENEM 2022: CARTILHA DO PARTICIPANTE

QUEM VAI AVALIAR A REDAÇÃO?

O texto produzido por você será avaliado por, pelo menos, dois professores graduados em Letras ou Linguística, de forma independente, sem que um conheça a nota atribuída pelo outro. [...]

COMO SERÁ ATRIBUÍDA A NOTA À REDAÇÃO?

Cada avaliador atribuirá uma nota entre 0 e 200 pontos para cada uma das cinco competências. A soma desses pontos comporá a nota total de cada avaliador, que pode chegar a 1.000 pontos. A nota final do participante será a média aritmética das notas totais atribuídas pelos dois avaliadores.

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. A redação do Enem 2022: cartilha do participante. Brasília, DF: Inep, 2022. p. 5-6. Disponível em: https://download.inep.gov.br/download/enem/cartilha_do_participante_enem_2022.pdf. Acesso em: 2 fev. 2023.

Conhecer os critérios de avaliação

A redação é corrigida com base em uma matriz de competências, em que cada competência é avaliada de forma independente por dois avaliadores. A nota final é a média das notas atribuídas, levando-se em consideração a clareza, a argumentação e o respeito aos direitos humanos.

Competências avaliadas

1. Domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa: avalia ortografia, gramática e vocabulário.

2. Compreensão da proposta de redação: examina a capacidade de relacionar o tema com diferentes áreas do conhecimento.

3. Organização e interpretação de informações: foca a capacidade de selecionar e defender um ponto de vista.

■ As notas do Enem podem ser usadas para acessar o Sistema de Seleção

Unificada (Sisu) e o Programa Universidade para Todos (ProUni), ambos oferecidos pelo governo federal. São José dos Campos (SP), 2021.

4. Coesão e coerência textual: avalia o uso adequado de mecanismos linguísticos na construção da argumentação.

5. Proposta de intervenção: exige a apresentação de uma proposta que respeite os direitos humanos.

Eixos cognitivos

Além dos critérios indicados na Matriz de Competências do Enem, os avaliadores desse exame consideram, em suas análises das redações produzidas pelos candidatos, as habilidades indicadas nos cinco eixos cognitivos preestabelecidos: dominar linguagens, compreender fenômenos, enfrentar situações-problema, construir argumentação e elaborar propostas.

Consulte Orientações para o professor LEITURA

Leia, a seguir, uma crônica argumentativa escrita em alusão aos Jogos Olímpicos de Paris, realizados em 2024.

Mulheres negras

Bia Souza, Rebeca Andrade, Marta, Simone Biles, Kamala Harris, Valdileia Martins… Alguns anos atrás, participando de um encontro do Mulherio das Letras, movimento feminista que reúne a mulherada do meio literário, tive o insight: quem vai nos salvar são as mulheres pretas. Ninguém mais que elas reúne em si a dupla exploração, muitas vezes tripla ou pior, por ser mulher e por ser preta.

Mais que ninguém elas têm a força, a resiliência, o talento, a beleza, a competência, a persistência, pra encarar os problemas e resolvê-los. Não digo os problemas delas, só, não. Digo os delas e de suas famílias. De sua comunidade e de seu país. De seu território e do mundo, que afinal é o território de todos nós, homens e mulheres, pretos e brancos, crentes e ateus.

Não é à toa que as grandes mártires da atualidade são mulheres pretas que lideram seu povo. E também as heroínas.

As conquistas que as mulheres pretas estão colecionando nesta edição dos Jogos Olímpicos representam muito mais que a excelência em correr, saltar, lutar, driblar, dançar, equilibrar-se, voar e pousar como as plumas mais leves. Significam que eu estava certa quando antevia nelas a salvação. Que tudo que se faz de reacionário e cruel hoje no planeta pra barrar imigrantes, africanos, perseguidos, desvalidos, deserdados, vai esbarrar na força das mulheres negras e não vai conseguir derrubá-las. Elas vão prevalecer e levar consigo as hordas de exilados que eu chamo humanidade.

Viva vocês, meninas, em quem eu creio e que sigo com devoção. Bia, Rebeca, Marta, Simone, Kamala, Valdileia, façam o que têm que fazer. O planeta Terra agradece e melhora por causa de vocês.

ARREGUY, Clara. Mulheres negras. Crônicas Olímpicas, [s. l.], 2 ago. 2024. Disponível em: https://cronicasolimpicas.com.br/ clara-arreguy/mulheres-negras/. Acesso em: 23 ago. 2024.

1. O que a autora Clara Arreguy quer dizer quando afirma que “quem vai nos salvar são as mulheres pretas”?

2. Como o texto relaciona a conquista das mulheres negras na Olimpíada com uma luta maior contra as injustiças?

3. No texto, a autora menciona vários nomes de mulheres negras. Por que você acha que ela escolheu destacar essas figuras específicas?

4. Qual é o papel das mulheres negras na sociedade, segundo a visão apresentada no texto?

5. De que maneira o texto destaca a conexão entre a luta das mulheres negras e a defesa da humanidade como um todo?

■ Simone Biles (à esquerda), Rebeca Andrade (ao centro) e Jordan Chiles (à direita) posam durante a cerimônia do pódio de ginástica artística feminina solo das Olimpíadas de 2024 de Paris (França), 2024.

Gênero textual: crônica argumentativa

Segundo o Dicionário de gêneros textuais, de Sérgio Roberto Costa, o gênero textual crônica tem sua origem nos relatos do cotidiano da nobreza, nos quais eram compartilhados fatos históricos, como a rotina nas cortes e os feitos mais marcantes dos reis.

Com o decorrer do tempo, a crônica passa a aproximar o jornalismo, a literatura e os acontecimentos cotidianos, convidando o leitor, por meio de um texto curto e reflexivo, a esmiuçar, analisar e repensar eventos e fatos aparentemente banais do dia a dia. Nesse novo papel, torna-se um gênero plural, que se reinventa a depender dos temas sobre os quais discorre.

Em latim, a palavra chronĭca referia-se ao relato dos acontecimentos em ordem cronológica, sendo eles religiosos, históricos ou ficcionais. Contudo, tal conotação passou a ser mais difundida a partir do século XIX, com a ampliação da imprensa, uma vez que os jornais passaram a ter tiragens maiores e, consequentemente, tornaram-se mais acessíveis, começando a publicar textos que comentavam os fatos da semana, como a vida pessoal dos escritores, a política, o cotidiano, os costumes etc.

Classificação das crônicas

■ Originalmente, a palavra imprensa designava um tipo de dispositivo técnico capaz de reproduzir textos por meio de tipos móveis. Esse dispositivo foi inventado por Johannes Gutenberg (1395-1468), na década de 1430.

De acordo com o teor e as intenções do texto, as crônicas podem ser classificadas como:

• lírica: quando o cronista se expressa diante de episódios sentimentais, nostálgicos e/ou significativos para ele;

• humorística: quando apresenta uma visão irônica ou cômica dos costumes de uma época;

• argumentativa: quando revela uma visão abertamente crítica e/ou política da realidade cultural e ideológica de uma época;

• narrativa: quando apresenta uma história, podendo ser composta apenas de diálogos;

• reflexiva (ou filosófica): quando apresenta uma reflexão com base em um fato particular.

Entre os diversos tipos de crônica, um dos mais explorados em vestibulares e exames oficiais é a crônica argumentativa . Em parte, a valorização desse subgênero está relacionada ao fato de que, durante a elaboração de um texto com essa estrutura em uma prova de redação, o candidato é instigado a comprovar conhecimentos relacionados tanto à tipologia narrativa quanto à argumentativa. Isso acontece pelo caráter híbrido desse subgênero, que exige que o autor defina o tema a ser trabalhado, sustente-o de forma adequada ao longo da produção e construa seu texto com base na estrutura narrativa e de maneira a fundamentar determinada opinião.

Desse modo, a crônica argumentativa se diferencia das demais pelo fato de o cronista revelar e defender abertamente seu ponto de vista sobre um tema, ainda que seguindo a estrutura básica e tradicional da crônica, na qual o tema escolhido, apresentado ao longo de uma narrativa associada a uma situação cotidiana, serve de base para o argumento a ser defendido.

Linguagem das crônicas argumentativas

Geralmente, inicia-se uma crônica argumentativa com uma narrativa pessoal e intimista, para depois se promoverem reflexões mais aprofundadas e explícitas sobre determinado tema. Ela costuma valer-se da linguagem figurada e da função poética da linguagem (jogos de palavras, metáforas, ambiguidades, ironias, trocadilhos e outros recursos linguísticos) para promover reflexões sobre o tema proposto, podendo também ser utilizada a tipologia descritiva como recurso de apoio à construção do texto.

Características do gênero

Assim como ocorre em outros textos predominantemente argumentativos, a crônica pode conter dados que reforcem o posicionamento defendido pelo autor. Esses dados nem sempre são acompanhados da indicação de suas fontes e, pelo caráter temporal do gênero, podem estar associados a momentos históricos específicos ou ao contexto de produção do texto. Essa característica pode tornar a crônica argumentativa datada, ou seja, característica de determinado período histórico ou social. No entanto, as reflexões sobre o tema propostas pelo autor também podem ser relevantes em outros momentos históricos, como marca e registro de parte da opinião pública sobre o contexto abordado.

ATIVIDADES ATIVIDADE Consulte Orientações para o professor

Ampliando saberes

As melhores crônicas de Fernando Sabino é uma seleção com 50 crônicas publicadas em jornais e revistas. São relatos curtos de fatos colhidos da vida: episódios, incidentes, reflexões, encontros e desencontros. Em cada crônica, aparecem o humor, a ironia e, às vezes, o espírito satírico.

SABINO, Fernando. As melhores crônicas de Fernando Sabino Rio de Janeiro: Best Seller, 2008. (Edição de bolso).

• Com os colegas, escolha três crônicas argumentativas de autores brasileiros contemporâneos, como Luis Fernando Verissimo, Eliane Brum, Carlos Heitor Cony, Martha Medeiros. Após a leitura, você e os colegas devem identificar e anotar os principais argumentos apresentados pelos autores, conectando-os com temas sociais, políticos ou culturais atuais.

C ada estudante deverá apresentar uma breve análise de como as ideias e os argumentos das crônicas escolhidas podem enriquecer o repertório sociocultural necessário para a produção de uma redação no padrão Enem. Essa análise deverá ser escrita em um parágrafo, destacando-se como os temas abordados nas crônicas podem ser utilizados como exemplos ou argumentos em uma redação dissertativo-argumentativa.

REDAÇÃO NOTA 1 000

Consulte Orientações para o professor

A seguir, veja a proposta de redação apresentada no Enem 2013.

Agora, leia uma das redações que receberam nota 1 000 naquela edição do Enem. Vamos avaliar se a redação apresentada pelo candidato Paulo Fagner Melo Silva, de Belém (PA), demonstra o desenvolvimento das cinco competências avaliadas estudadas neste Capítulo e ao longo deste livro.

Inovações da Legislação: Perspectiva de Mudança Cultural

Atualmente, os impactos negativos que a mistura álcool e direção podem ocasionar já são conhecidos por grande parte da população brasileira. Tal fato constitui-se fruto do alcance efetivo de projetos educativos e campanhas publicitárias. Nesse sentido, a promulgação da lei de restrição ao consumo de bebidas alcoólicas por condutores de veículos foi uma vitória tanto para o Estado quanto à sociedade civil. Seu resultado já pode ser observado através de dados estatísticos fornecidos por órgãos competentes, tais informações demonstram que houve a diminuição do índice de acidentes dessa natureza. No entanto, ainda há casos desse tipo de negligência ao volante. Faz-se necessário não só a complementação da lei existente, mas também a existência de ações afirmativas, as quais auxiliarão no processo de modificação completa deste aspecto cultural.

Toda lei há de beneficiar sua própria sociedade, contribuindo com parâmetros necessários e decisivos ao êxito da organização social, bem como de sua administração. Fundamentando-se nisso, pode-se afirmar que a Lei Seca em si vem a cumprir o seu papel perante o Estado e a sociedade civil. A aprovação popular é devida aos seus resultados satisfatórios provenientes de seu correto método de atuação e aplicação.

Ademais, como toda legislação vigente, tal proposta deve ser constantemente reafirmada tanto nos âmbitos da cultura comum quanto na representação administrativa. Vale ressaltar que, apesar de se registrar a diminuição de casos infracionais, eles ainda existem, porquanto a organização social não absorveu totalmente o senso de direção responsável . Em várias ocasiões ainda, o cumprimento legal é prejudicado por burocracias relacionadas a áreas e limites de atuação dos governos.

Em síntese, a Lei Seca apresenta pontos eficazes à diminuição de acidentes de trânsito, porém é de suma importância a realização de ações paralelas, as quais visem à prevenção desses procedimentos perigosos. Tal iniciativa pode ser dada pela mobilização de ONGs e de empreendimentos privados através de campanhas de conscientização em bairros, comunidades e escolas. Quanto às áreas administrativas, faz-se aprazível o estabelecimento de uma lei única das estradas, a qual contemplaria vias municipais, estaduais e federais. É necessário, ainda por parte do poder público, a fiscalização da propaganda de bebidas alcoólicas, expondo no rótulo de cada produto os perigos da combinação beber-dirigir. Dessa maneira, a lei Seca poderá ser apoiada e reafirmada pelos governos e pela sociedade, conseguindo atingir, por fim, o seu objetivo.

ENEM: leia redações nota 1 000 de 2013. O Globo, Rio de Janeiro, 20 maio 2019. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/ educacao/enem-e-vestibular/enem-leia-redacoes-nota-1000-de-2013-23653677. Acesso em: 2 fev. 2023.

1. A redação apresenta algum desvio de ortografia, acentuação ou concordância?

Justifique sua resposta.

2. Como o candidato abordou o tema proposto, relacionando-o com conhecimentos de outras áreas?

3. A argumentação do texto está bem estruturada, com ideias conectadas de forma lógica? Dê exemplos.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

4. Identifique e explique o uso de mecanismos de coesão textual na redação.

5. A proposta de intervenção apresentada pelo autor é clara, detalhada e respeita os direitos humanos? Justifique.

6. Como o emprego de mecanismos de coesão contribui para a argumentação do texto?

PRÁTICAS DE LINGUAGEM

Consulte Orientações para o professor

Adequação à modalidade escrita formal

A adequação à modalidade escrita formal é um dos pilares fundamentais para o sucesso na redação do Enem, já que o exame avalia não apenas a capacidade de argumentação mas também a competência linguística do candidato. A escrita formal exige o uso de uma linguagem precisa, clara e coerente, além da observância das normas gramaticais, o que garante que o texto seja compreendido de maneira adequada e respeite os padrões esperados em contextos acadêmicos e profissionais. Em contrapartida, a informalidade pode comprometer a clareza e a objetividade da argumentação, tornando o texto menos persuasivo e menos adequado ao propósito comunicativo exigido pelo Enem.

Enquanto a linguagem informal é caracterizada pelo uso de gírias, expressões coloquiais, construções fragmentadas e pela falta de cuidado com a norma-padrão, a formalidade preza a correção gramatical, a escolha lexical apropriada e a construção de frases completas e bem estruturadas.

A formalidade no texto confere seriedade ao discurso, mostrando que o estudante é capaz de se expressar de maneira adequada em um ambiente que demanda rigor e precisão. Portanto, a prática constante da escrita formal é indispensável para que o candidato desenvolva a habilidade de comunicar suas ideias de maneira eficaz e conquiste uma boa pontuação na redação do Enem.

Acompanhe, na tabela a seguir, ocorrências comuns de informalidade e veja como deve ser apresentado o mesmo tipo de ocorrência em sua versão adequada à modalidade escrita formal.

Informalidade

Tá (verbo estar)

A galera

Tipo assim

Versão formal

Está

As pessoas / O grupo

Por exemplo

A gente Nós

Vou falar sobre Irei discutir / Discutirei

Pra Para

Tá ligado?

Compreende? / Entende?

Eu acho que Acredito que / Considero que

Só que Entretanto / Porém

Da hora

Cara (em referência a uma pessoa)

Interessante / Adequado

Indivíduo / Pessoa

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Informalidade

Legal

Porque sim

Bom, então

Pior

Tá bom

Coisa

Então (início de frase)

De boa

Tipo (como interjeição)

Mó (usado como intensificador, ex.: mó legal)

Treta

A fim de (no sentido de “interessado em”)

Bateu na trave

Esse negócio de

Rolou (como aconteceu)

Trocar uma ideia

Versão formal

Apropriado / Aceitável

Porque é relevante / Porque é necessário

Portanto / Assim sendo

Mais desfavorável / Menos positivo

Está correto / Está adequado

Elemento / Fator / Aspecto

Portanto / Assim

Em seguida / Então

Tranquilo / Sem problemas

Como / Por exemplo

Muito / Extremamente

Conflito / Desentendimento

Interessado em / Desejando

Quase conseguiu / Chegou perto

Essa questão de / Esse tema de

Ocorreu / Aconteceu

Conversar / Discutir

• Agora, retome a redação nota 1 000 que vimos anteriormente e comente como a adequação à modalidade escrita formal foi desenvolvida no texto.

Produção, avaliação, e dição e revisão do texto autoral

Neste Capítulo, serão discutidas formas de preparação e critérios de avaliação das provas de redação do Enem. Entretanto, tão importante quanto ter conhecimento sobre a grade de correção é a necessidade de o candidato fazer a avaliação do próprio texto.

Qualquer redação a ser elaborada para o Enem deve passar por importantes etapas de produção. Vamos retomar, a seguir, quatro principais etapas desse processo, as quais podem variar a depender das intenções e das necessidades específicas do tema apresentado.

1. Planejamento

Nesta etapa, o autor identifica as exigências da prova e relaciona os textos da coletânea a seus conhecimentos de mundo e a seu repertório. Em seguida, faz o esquema de seu texto, em que prevê a quantidade de parágrafos (sugerem-se quatro parágrafos ao todo – um para a introdução, dois para o desenvolvimento e um para a conclusão) e a ideia central de cada um deles.

2. Escrita

Na etapa de escrita, o candidato deve pautar-se pelo esquema feito previamente e desenvolver o texto conforme as ideias planejadas para cada parágrafo.

3. Edição e revisão

Nessa etapa, deve-se reler o rascunho, verificando se o que foi desenvolvido está de acordo com o planejamento realizado e se respeita os critérios gerais solicitados pelo Enem, como: o respeito aos direitos humanos, a adequação ao gênero, a coesão e a coerência, a adequação à modalidade escrita formal da língua portuguesa e a pertinência ao tema e a especificidades da proposta.

4. Versão final

Consiste no texto final, revisto e corrigido (caso haja necessidade). Nesse momento, a redação deve ser passada do rascunho para a folha oficial da prova, sem rasuras.

Ampliando saberes

Troca de ideias, tomada de posição, discussão, tudo isso tem a ver com a argumentação. Na obra Ler e escrever, Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias tratam da argumentação na produção escrita e apresentam, de forma simples e didática, as principais estratégias argumentativas à disposição no momento da produção de texto.

■ KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. São Paulo: Contexto, 2016.

A etapa de edição e revisão é muito importante no processo de produção do texto. Nela, o candidato tem a oportunidade de identificar e corrigir possíveis erros ou desvios. Detectar essas incoerências e inadequações é uma tarefa complexa, sobretudo no momento da prova, em que o tempo é cronometrado. Os passos indicados a seguir têm como objetivo otimizar o tempo e o resultado de sua produção.

1. Adequação ao tema

Verificar se o texto está adequado ao tema proposto. O planejamento inicial pode ajudar a garantir que o candidato não fuja ao tema, já que o esquema produzido sinaliza as ideias principais de cada parágrafo.

2. Análise de cada parte da redação

• Introdução: verificar se o tema foi contextualizado e se a tese revela o posicionamento assumido e defendido no restante da redação.

• Desenvolvimento: definir o tópico frasal, ou seja, a ideia central de cada parágrafo, mobilizando estratégias argumentativas e articulando os argumentos ao tema e à tese, para não apresentar ideias contraditórias.

• Conclusão: há diversas estratégias que podem ser utilizadas na elaboração da conclusão, sendo a principal a de retomada da tese e dos argumentos apresentados na introdução e no desenvolvimento da redação. No Enem, deve-se apresentar a ação proposta para solucionar o problema discutido no texto, indicando os responsáveis pela intervenção, o modo como será resolvido e os efeitos que se pretende alcançar.

3. Coesão

Verificar se o texto apresenta coesão. Os elementos coesivos devem aparecer dentro dos parágrafos e entre eles. Por isso, é importante garantir que as ideias estejam organizadas, de maneira que haja uma progressão.

4. Adequação à norma-padrão e respeito aos direitos humanos

Deve-se verificar se o texto foi escrito de acordo com a norma-padrão e se não apresenta desvios gramaticais, ortográficos e/ou de pontuação, por exemplo. Além disso, é importante garantir que a redação não contenha informações sem embasamento nem posicionamentos que possam desrespeitar os direitos humanos.

ATIVIDADES ATIVIDADES

Consulte Orientações para o professor.

Leia, a seguir, uma redação nota 1 000 referente ao Enem 2022, de autoria da candidata Carina Moura, de 18 anos. Você encontrará um conjunto de atividades que visa aprofundar a análise de uma redação bem avaliada. O tema sobre o qual a candidata escreveu foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. Para verificar a proposta da redação, retome a seção Redação Nota 1 000 do Capítulo 8 deste livro.

Na segunda metade do século XVIII, os escritores da primeira fase do Romantismo elevaram, de maneira completamente idealizada, o indígena e a natureza à condição de elementos personificadores da beleza e do poder da pátria (quando, na verdade, os nativos continuaram vítimas de uma exploração desumana no momento em questão). Sem desconsiderar o lapso temporal, hoje nota-se que, apesar das conquistas legais e jurídicas alcançadas, a exaltação dos indígenas e dos demais povos tradicionais não se efetivou no cenário brasileiro e continua restrita às prosas e poesias do movimento romântico. A partir desse contexto, é imprescindível compreender os maiores desafios para uma plena valorização das comunidades tradicionais no Brasil.

Nesse sentido, é inegável que o escasso interesse político em assegurar o respeito à cultura e ao modo de vida das populações tradicionais frustra a valorização desses indivíduos. Isso acontece, porque, como já estudado pelo sociólogo Boaventura de Sousa Santos, há no Brasil uma espécie de “Colonialismo Insidioso”, isto é, a manutenção de estruturas coloniais perversas de dominação, que se disfarça em meio a avanços sociais, mas mantém a camada mais vulnerável da sociedade explorada e negligenciada. Nessa perspectiva, percebe-se o quanto a invisibilização dos povos tradicionais é proposital e configura-se como uma estratégia política para permanecer no poder e fortalecer situações de desigualdade e injustiça social. Dessa forma, tem-se um país que, além de naturalizar as mais diversas invasões possessórias nos territórios dos povos tradicionais, não respeita a forma de viver e produzir dessas populações, o que comprova uma realidade destoante das produções literárias do Romantismo. Ademais, é nítido que as dificuldades de promover um verdadeiro reconhecimento e valorização das comunidades tradicionais ascendem à medida que raízes preconceituosas são mantidas. De fato, com base nos estudos da filósofa Sueli Carneiro, é perceptível a existência de um “Epistemicídio Brasileiro” na sociedade atual; ou seja, há uma negação da cultura e dos saberes de grupos subalternizados, a qual é ainda mais reforçada por setores midiáticos. Em outras palavras, apesar da complexidade de cultura dos povos tradicionais, o Brasil assume contornos monoculturais, uma vez que inferioriza e “sepulta” os saberes de tais grupos, cujas relações e produções, baseadas na relação harmônica com a natureza, destoam do modelo ocidental, capitalista e elitista. Logo, devido a um notório preconceito, os indivíduos tradicionais permanecem excluídos socialmente e com seus direitos negligenciados.

Portanto, faz-se necessário superar os desafios que impedem a vilanização das comunidades tradicionais no Brasil. Para isso, urge que o Poder Executivo — na esfera federal — amplie a verba destinada a órgãos fiscalizadores que visem garantir os direitos dos povos tradicionais e a preservação de seus territórios e costumes. Tal ação deve ser efetivada pela implantação de um Projeto Nacional de Valorização dos Povos Tradicionais, de modo a articular, em conjunto com a mídia socialmente engajada, palestras e debates que informem a importância de tais grupos em todos os 5 570 municípios brasileiros. Isso deve ser feito a fim de combater os preconceitos e promover o respeito às populações tradicionais. Afinal, o intuito é que elas sejam tão valorizadas quanto os índios na primeira fase da literatura romântica.

ENEM 2022: leia redações nota mil. G1, [s. l.], 10 abr. 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2023/04/10/ enem-2022-leia-redacoes-nota-mil.ghtml. Acesso em: 25 ago. 2024.

1. A redação se manteve fiel ao tema proposto “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”? Justifique sua resposta com base nos argumentos apresentados no texto.

2. A introdução do texto foi eficiente em contextualizar o leitor sobre o tema e em apresentar a tese que será defendida ao longo da redação? Por quê?

3. A redação menciona que, na segunda metade do século XVIII, os escritores da primeira fase do Romantismo elevaram o indígena e a natureza à condição de elementos personificadores da beleza e do poder da pátria. Qual era o objetivo desses escritores ao idealizar o indígena e a natureza dessa forma? Cite alguns desses escritores e explique como essa idealização contrasta com a realidade vivida pelos povos indígenas no período mencionado.

4. Como a autora estrutura os parágrafos de desenvolvimento para sustentar a tese apresentada na introdução? Quais são os principais argumentos utilizados?

5. Analise o uso de conectivos e a coesão entre as ideias. A autora conseguiu manter a fluidez argumentativa ao longo do texto?

6. O texto segue a norma-padrão da língua portuguesa? Identifique algum possível desvio gramatical ou de concordância.

7. A redação respeita os direitos humanos ao tratar do tema? Justifique sua resposta.

8. A redação menciona o conceito de “epistemicídio brasileiro”. O que esse conceito sugere sobre a relação entre os saberes dos povos originários e a cultura dominante no Brasil? Proponha uma reflexão sobre as consequências dessa dinâmica para as comunidades indígenas.

9. A redação aborda a falta de interesse político em relação aos povos tradicionais. Quais são os impactos dessa negligência nas políticas públicas voltadas para os povos originários? Pesquise iniciativas atuais que visam proteger os direitos dessas comunidades.

Ampliando saberes

Este livro é parte da coleção Agenda Brasileira e oferece uma análise abrangente e crítica sobre a trajetória dos povos indígenas no Brasil, desde o período colonial até os dias atuais. Escrito por especialistas no tema, a obra aborda a complexa relação entre os povos indígenas e o Estado brasileiro, destacando as lutas pela preservação de suas culturas, seus territórios e seus direitos.

■ CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). Índios no Brasil: história, direitos e cidadania. São Paulo: Claro Enigma, 2013.

Consulte Orientações para o professor

Análise

de dados sobre a redação do Enem

As provas de redação do Enem geralmente são baseadas em propostas relacionadas a temas atuais e relevantes, noticiados nas grandes mídias e/ou em debates populares. Por isso, conhecer essas informações e manter-se atualizado é importante para os candidatos se prepararem para esses desafios. Leia o infográfico a seguir e observe os dados apresentados.

TENENTE, Luiza. Enem 2021: como escapar da nota zero na redação? Veja VÍDEO com dicas. G1, [s. l.], 23 set. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/enem/2021/noticia/2021/09/23/enem-2021-como-escapar-da-nota-zero-na-redacao-veja-video-com -dicas.ghtml. Acesso em: 2 fev. 2023.

1. Como os dados apresentados beneficiam os candidatos que irão fazer o Enem?

2. O contraste de cores no infográfico destaca os números e as porcentagens referentes à análise do desempenho dos candidatos na redação do Enem. Converse com os colegas: De que maneira a forma como as informações são apresentadas facilita a compreensão dos dados?

3. O infográfico revela que 0,17% dos estudantes que zeraram a nota da redação obtiveram esse resultado por causa de outros motivos que não estão listados no gráfico de barras. Considerando seus conhecimentos sobre a avaliação do Enem, que outros fatores seriam classificados como excludentes? Levante hipóteses.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

EM PRÁTICA

A redação para o Enem

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Agora, você irá escrever uma redação no modelo Enem a respeito do tema “O uso de celular em sala de aula: ferramenta de aprendizagem ou de distração?”. Essa produção é individual e deverá apresentar sua posição em relação ao tema proposto. A seguir, fornecemos, a exemplo da proposta oficial de redação para o Enem, textos motivadores para apoiar sua escrita.

1

Distração pelo uso de celular nas aulas de matemática no continente americano

% de estudantes que se distraem com outros estudantes que usam celulares Brasil Canadá UruguaiRepública Dominicana Paraguai Costa Rica

% de estudantes que se distraem com o celular

Fonte: BIMBATI, Ana Paula. Distração com celular atrapalha desempenho de alunos na sala de aula. UOL, São Paulo, 5 dez. 2023. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/noticias/2023/12/05/uso-celular-desempenho-alunos-matematica-pisa-2022.htm. Acesso em: 29 ago. 2024.

TEXTO 2

Permitir que estudantes acessem o celular durante o período das aulas pode gerar problemas no aprendizado. O aluno pode desenvolver um comportamento vicioso, com foco no que está na tela do celular, trazendo problemas de atenção. Isso ocorre porque os jovens entram em diversos links ao mesmo tempo, fazendo com que haja um processo de fragmentação da atenção, dificultando o foco do aluno. Por causa desses problemas, o aluno não consegue desenvolver as atividades expostas pelos professores. A análise é de Antônio Álvaro Soares Zuin, psicólogo pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e professor do Departamento de Educação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Para evitar esse problema, algumas escolas privadas e públicas do estado de São Paulo restringiram o acesso dos celulares às redes sociais, jogos e aplicativos de streaming por

meio do wifi liberado pelas escolas. Isso já era imposto desde março do ano passado pela Secretaria Estadual de Educação. Porém, algumas escolas adotaram apenas este ano. Após a repercussão do decreto de proibição de celulares em instituições de ensino do estado do Rio de Janeiro, a Secretária Estadual de Educação de São Paulo emitiu um comunicado em que informa que a restrição de sites e aplicativos pelos alunos será ampliada.

OLIVE, Kaelaine. Uso indiscriminado de celular na sala de aula começa a ser combatido. Jornal da USP, Ribeirão Preto, 22 fev. 2024. Disponível em: https://jornal.usp.br/campus-ribeirao-preto/uso-indiscriminado-de-celular-na -sala-de-aula-comeca-a-ser-combatido/. Acesso em: 29 ago. 2024.

TEXTO 3

Consultora de políticas de educação digital do Banco Mundial e conselheira do Porvir, Lucia Dellagnelo [...] afirma que a discussão sobre banir os aparelhos está sendo feita de um ponto de vista superficial, sem que sejam observados os propósitos de ter ou não um celular em sala de aula. “É óbvio que se um celular não tiver nenhuma função educacional ele tem que ser proibido nas escolas, como seriam proibidas quaisquer distrações que tiram a atenção dos estudantes”, pontua.

OLIVEIRA, Ruam; D’MASCHIO, Ana Luísa; OLIVEIRA, Vinícius de. Banir ou não banir? Celular na escola precisa ter função educacional, dizem especialistas. Porvir, [São Paulo], 21 fev. 2024. Disponível em: https://porvir.org/banir-ou-nao-banir-celular-na-escola-funcao-educacional/. Acesso em: 29 ago. 2024.

Organizar

Esta etapa dedica-se ao planejamento e à organização das informações para a produção de seu texto dissertativo-argumentativo.

• Para começar, além dos textos motivadores, faça uma pesquisa sobre o tema proposto e construa sua tese, cruzando as informações coletadas com seu conhecimento prévio e seu ponto de vista sobre o assunto. Lembre-se de registrar dados estatísticos para utilizar em um dos parágrafos argumentativos, conforme solicitado na proposta.

• Em seguida, releia este Capítulo e observe as possibilidades para desenvolver o texto, argumentando em favor de sua tese. Uma de suas estratégias já está definida, mas é importante revisá-la; a outra é de livre escolha, e você deve verificar a que melhor se encaixa em sua argumentação.

• Reflita sobre a ordem em que esses argumentos irão aparecer e planeje a estrutura do texto.

Produzir

Com o planejamento pronto, é hora de produzir a primeira versão de seu texto.

• Inicie-o com a introdução. Você pode construí-la associando o tema com textos do campo artístico-literário, acontecimentos históricos, falas ou trechos de outros textos, por exemplo.

• Você deverá utilizar o registro formal e recorrer aos operadores argumentativos para compor seu texto, criando relações de sentido com a soma de argumentos (ademais, além disso) ou a contraposição entre eles (no entanto, porém).

• Componha os argumentos que você selecionou nos dois parágrafos que seguem a introdução. Não se esqueça de utilizar dados estatísticos em sua argumentação.

• Finalize o texto com o parágrafo de conclusão. Para isso, você pode resumir as informações do desenvolvimento, retomar sua tese, criar uma proposta de intervenção ou escolher uma pergunta retórica.

Ampliando saberes

No vídeo Nomofobia: Celular faz mal? O que a neurociência diz , Claudia FeitosaSantana, pós-doutora em Neurociências Integradas pela Universidade de Chicago e doutora em Neurociências e Comportamento pela USP, discorre sobre como o celular, objeto que revolucionou a vida de todos, pode ser um desafio quando o assunto é comportamento.

NOMOFOBIA: celular faz mal? O que a Neurociência diz | Claudia Feitosa--Santana. [S. l.: s. n.], 2021. 1 vídeo (11 min). Publicado pelo canal Claudia Feitosa-Santana. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1cqAnr7b_7w. Acesso em: 12 jan. 2023.

Avaliar

Levando em consideração as questões a seguir, revise a primeira versão de seu texto.

1. Sua introdução apresenta uma tese contextualizada? Que estratégia você utilizou para compô-la?

2. O desenvolvimento de seu texto apresenta, no mínimo, dois parágrafos com dois argumentos distintos? Além do uso de dados estatísticos, que outra estratégia argumentativa você utilizou para compor cada um deles?

3. A conclusão encerra o texto de forma satisfatória, viabilizando a adesão do leitor à tese? Como você construiu o texto para alcançar esse objetivo? Você produziu uma proposta de intervenção?

Após seguir todas as etapas indicadas nesta seção, passe a sua redação a limpo em uma folha separada, que deverá ser entregue ao professor para avaliação.

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Sintetizar

Neste Capítulo, foi abordado um panorama dos critérios de avaliação das redações dos vestibulares e do Enem, enfatizando a importância de conhecer as propostas e os critérios específicos de cada exame. Para uma preparação eficaz, é essencial familiarizar-se com os temas recorrentes, atualizar-se sobre os acontecimentos relevantes e organizar o tempo de estudo de forma eficiente.

Além disso, o Capítulo destacou o gênero textual crônica argumentativa como fonte para a formação de repertório argumentativo para produzir redações e os principais critérios de avaliação da redação do Enem, como a adequação ao tema proposto, a utilização da norma-padrão da língua portuguesa (ou sua adaptação conforme o gênero textual) e a coesão textual.

No caso da prova de redação do Enem, a apresentação de uma proposta de intervenção é indispensável. Por fim, o processo de produção textual deve incluir o planejamento, a escrita, a revisão e a edição, garantindo que a versão final esteja clara e coesa.

Agora, chegou o momento de sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, responda às questões a seguir.

1. De que forma o estudo do gênero textual crônica argumentativa tem contribuído para o seu repertório argumentativo? Você consegue identificar como usar esse conhecimento na produção de uma redação?

2. Como você avalia sua capacidade de utilizar a norma-padrão da língua portuguesa na escrita? Quais aspectos da coesão textual você considera mais desafiadores e como pretende melhorar nesses pontos?

3. No contexto da redação do Enem, você sente que consegue elaborar uma proposta de intervenção clara e viável? Que tipo de intervenções você tem dificuldade em desenvolver e como pode aprimorar essa habilidade?

4. Você tem praticado o processo completo de produção textual, incluindo planejamento, escrita, revisão e edição? Como cada uma dessas etapas tem impactado a qualidade de suas redações?

5. De que forma os conhecimentos adquiridos neste Capítulo mudaram ou fortaleceram suas percepções sobre a importância da valorização das culturas tradicionais e dos direitos dos povos originários?

6. Que ações você, como cidadão, pode tomar para contribuir para a proteção e a valorização das comunidades indígenas no Brasil? Como o conhecimento adquirido neste Capítulo pode influenciar essas ações?

7. Ao comparar suas redações ao longo do tempo, que progresso você observa em relação ao cumprimento dos critérios de avaliação? Quais são suas principais metas para continuar evoluindo nessa habilidade?

NÃO ESCREVA NO LIVRO

Refletir e avaliar

Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sua aprendizagem ao longo do Capítulo. Para isso, em seu caderno, reproduza o seguinte quadro e responda às questões a seguir. Depois, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote-as nas observações. Questão

Observações

Realizei as tarefas que estavam sob minha responsabilidade.

Compreendi e consegui sintetizar os conhecimentos sobre avaliação e critérios de correção da redação para o Enem e o gênero textual crônica argumentativa.

Produzi com empenho de aprendizagem todas as propostas de atividades de redação para o Enem, observando os mecanismos de produção, edição, revisão e reescrita de texto.

Considerei as necessidades dos grupos dos quais participei nas atividades de pesquisa e agi com colaboração e ética em relação às minhas responsabilidades e ao grupo.

BUSCAR MAIS CONHECIMENTO

A prática constante da escrita de redações ajuda a desenvolver as suas habilidades argumentativas, a clareza de expressão e a observância das normas gramaticais e de pontuação. Nesta seção, você encontrará uma proposta de redação que o convida a refletir sobre um tema atual e a exercitar a escrita de texto dissertativo-argumentativo, fundamental para o sucesso na redação Enem.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura dos textos motivadores e dos conhecimentos construídos ao longo do capítulo, elabore um texto dissertativo-argumentativo na norma-padrão da língua portuguesa sobre o tema “Territorialidade e sustentabilidade: a relação dos povos indígenas com o meio ambiente”. Construa seu texto de forma coerente e coesa, respeitando os direitos humanos na proposta de intervenção e apresentando argumentos, fatos e dados para a defesa de seu posicionamento.

TEXTO 1

Lei no 14.701, de 20 de outubro de 2023

Regulamenta o art. 231 da Constituição Federal, para dispor sobre o reconhecimento, a demarcação, o uso e a gestão de terras indígenas; e altera as Leis nos 11.460, de 21 de março de 2007, 4.132, de 10 de setembro de 1962, e 6.001, de 19 de dezembro de 1973.

[…]

CAPÍTULO I DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1o Esta Lei regulamenta o art. 231 da Constituição Federal, para dispor sobre o reconhecimento, a demarcação, o uso e a gestão de terras indígenas.

Art. 2o São princípios orientadores desta Lei:

I – o reconhecimento da organização social, dos costumes, das línguas e das tradições indígenas;

II – o respeito às especificidades culturais de cada comunidade indígena e aos respectivos meios de vida, independentemente de seus graus de interação com os demais membros da sociedade;

III – a liberdade, especialmente de consciência, de crença e de exercício de qualquer trabalho, profissão ou atividade econômica;

IV – a igualdade material;

V – a imprescritibilidade, a inalienabilidade e a indisponibilidade dos direitos indígenas.

[…]

BRASIL. Lei no 14.701, de 20 de outubro de 2023. Regulamenta o art. 231 da Constituição Federal, para dispor sobre o reconhecimento, a demarcação, o uso e a gestão de terras indígenas; e altera as Leis nºs 11.460, de 21 de março de 2007, 4.132, de 10 de setembro de 1962, e 6.001, de 19 de dezembro de 1973. Brasília, DF: Presidência da República, 2023. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2023/lei/l14701.htm. Acesso em: 20 set. 2024.

TEXTO 2

Situação dos povos indígenas no Brasil é a mais grave desde 1988, diz relatora da ONU

Os povos indígenas brasileiros enfrentam atualmente riscos mais graves do que em qualquer outro momento desde a adoção da Constituição de 1988. Essa é a conclusão de relatório que será apresentado na terça-feira (20) ao Conselho de Direitos Humanos pela relatora especial da ONU sobre os direitos dos povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz.

“Os desafios enfrentados por muitos povos indígenas do Brasil são enormes. As origens desses desafios incluem desde a histórica discriminação profundamente enraizada de natureza estrutural, manifestada na atual negligência e negação dos direitos dos povos indígenas, até os desdobramentos mais recentes associados às mudanças no cenário político”, disse a relatora no documento.

A especialista citou a violência como um dos principais problemas. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário, 92 indígenas foram assassinados em 2007; em 2014, esse número havia aumentado para 138, tendo o Mato Grosso do Sul o maior número de mortes. Com frequência, os assassinatos constituem represálias em contextos de reocupação de terras ancestrais pelos povos indígenas depois de longos atrasos nos processos de demarcação.

A relatora também citou a paralisação dos processos de demarcação, os despejos e os profundos impactos de megaprojetos de infraestrutura localizados dentro ou perto de territórios indígenas e implementados sem consulta prévia aos afetados. Tauli-Corpuz visitou o país em março a convite do governo brasileiro.

“Após a visita, impressão geral é de que o Brasil possui uma série de disposições constitucionais exemplares em relação aos direitos dos povos indígenas”, disse a relatora no documento. […]

NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Situação dos povos indígenas no Brasil é a mais grave desde 1988, diz relatora da ONU. Brasília, DF: ONU Brasil, 19 set. 2016. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/74306-situa%C3%A7%C3%A3o-dos-povos-ind%C3%ADgenas-no-brasil-%C3%A9-mais-grave-desde -1988-diz-relatora-da-onu. Acesso em: 20 set. 2024.

TEXTO 3

Terras indígenas são as áreas mais preservadas do Brasil nos últimos 35 anos, mostra levantamento

[…]

Um levantamento feito pela organização MapBiomas com base em imagens de satélites e em inteligência artificial mostra que, entre 1985 e 2020, as áreas mais preservadas do Brasil foram as terras indígenas – tanto as já demarcadas quanto as que ainda esperam por demarcação. Nesses territórios, o desmatamento e a perda de floresta foi de apenas 1,6% no período de 35 anos.

“Se queremos ter chuva para abastecer os reservatórios que provêm energia e água potável para os consumidores, a indústria e o agronegócio, precisamos preservar a floresta amazônica. E as imagens de satélite não deixam dúvidas: quem melhor faz isso são os indígenas”, explica Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas.

Apenas 13,8% de todas as terras do Brasil são reservadas aos povos originários. No país, há 725 terras indígenas (em diferentes etapas do processo de demarcação), segundo o Instituto Socioambiental (ISA).

[…]

O levantamento também olhou para a situação do desmatamento em cada estado desde 1985 e aponta que, dos 27 estados da federação, 24 perderam vegetação nativa. Os campeões são

Rondônia (-28%), Mato Grosso (-24%) e Maranhão (-16%), todos parte da Amazônia Legal.

Apenas dois estados conseguiram manter as áreas de vegetação nativa desde 1985, ambos na região Sudeste, principalmente na Mata Atlântica: Rio de Janeiro e Espírito Santo. No caso do Rio de Janeiro, houve um leve crescimento da vegetação nativa (de 34% em 1985 para 35% em 2020). […]

MODELLI, Laís. Terras indígenas são as áreas mais preservadas do Brasil nos últimos 35 anos, mostra levantamento. G1, [s. l.], 27 ago. 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/natureza/noticia/2021/08/27/terras-indigenas-sao-as-areas-mais-preservadas-do-brasil -nos-ultimos-35-anos-mostra-levantamento.ghtml. Acesso em: 20 set. 2024.

TEXTO 4

Localização e extensão das TIs

INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO

• O texto definitivo deve ser escrito à mão, com até 30 linhas.

Fonte: LOCALIZAÇÃO e extensão das TIs. [S. l.]: Povos Indígenas no Brasil, 10 jan. 2024. Disponível em: https://pib.socioambiental. org/pt/Localiza%C3%A7%C3%A3o_e_ extens%C3%A3o_das_TIs. Acesso em: 20 set. 2024

• A redação não pode apresentar cópia dos textos indicados na Proposta de Redação. Caso isso aconteça, o número de linhas referente ao trecho copiado será desconsiderado na contagem.

• A redação que apresentar até sete linhas será considerada como insuficiente, e terá nota zero.

• A fuga ao tema também terá nota zero.

• Trechos desconectados do tema proposto também fazem com que a nota seja zerada.

• Não deve apresentar identificação como assinatura, nome ou outras formas nas linhas destinadas ao texto da redação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMENTADAS

ANTUNES, Irandé. Muito além da gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.

O livro discute a necessidade de um ensino de línguas que vá além da gramática normativa, focando aspectos discursivos e textuais. A obra é extremamente relevante para o estudo de Redação, pois propõe uma aprendizagem centrada na produção de textos e no uso real da língua.

ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. São Paulo: Ática, 2001.

Este livro oferece uma abordagem prática para a produção de textos, enfocando as etapas de planejamento, organização e escrita. É uma obra didática, que ajuda a compreender a construção de textos dissertativo-argumentativos.

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss. São Paulo: Publifolha, 2012.

José Carlos de Azeredo apresenta uma análise detalhada das normas gramaticais da língua portuguesa, oferecendo explicações claras e exemplos práticos, essenciais para estudantes que buscam aprofundar seus conhecimentos linguísticos.

BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal São Paulo: Martins Fontes, 2011.

Neste ensaio, Bakhtin apresenta definição e análise dos gêneros discursivos, uma das bases teóricas mais influentes para o ensino de gêneros textuais na educação. Sua análise sobre a natureza dos gêneros tem impacto direto no ensino da escrita.

CANDIDO, Antonio. Iniciação à Literatura brasileira. 12. ed. São Paulo: Todavia, 2023.

Antonio Candido oferece uma introdução acessível e aprofundada à literatura brasileira, abordando suas principais fases e seus autores mais importantes, o que torna a obra essencial para a compreensão crítica da formação literária do país.

CASTRO, Claudio de Moura. Você sabe estudar? Quem sabe, estuda menos e aprende mais.

Porto Alegre: Penso, 2019.

Claudio de Moura Castro apresenta técnicas e estratégias eficazes para otimizar o aprendizado, ajudando os estudantes a desenvolver hábitos de estudo mais produtivos e eficientes.

COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. São Paulo: Autêntica, 2008.

Este dicionário oferece definições e características de diversos gêneros textuais, servindo como um guia prático e detalhado para quem deseja compreender as diferentes formas de escrita e sua função comunicativa.

CORTELLA, Mario Sergio. Educação, convivência e ética. São Paulo: Cortez, 2018.

Mario Sergio Cortella discute a importância dos valores éticos e da convivência no ambiente educacional, propondo reflexões essenciais para a formação cidadã e o desenvolvimento do senso crítico nos estudantes.

LUFT, Celso Pedro. A vírgula. 4. ed. São Paulo: Ática, 2007.

Este livro explora o uso da vírgula de forma didática, detalhando suas regras e aplicações práticas para tornar a escrita mais clara e precisa. É essencial para compreender a pontuação na norma-padrão da língua portuguesa.

COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Costa Val aborda as noções de textualidade aplicadas à produção de textos escritos. A obra enfatiza a importância de critérios como coesão e coerência na construção de textos.

KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. 21. ed. São Paulo: Contexto, 2009.

A obra trata dos mecanismos de coesão textual, discutindo como elementos gramaticais e lexicais se conectam para formar um texto coeso. Oferece uma base teórica sólida para quem ensina produção textual e deseja aprofundar-se na estrutura dos textos.

KOCH, Ingedore Villaça. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2006.

Nesta obra, fundamental para o estudo na área de Redação, Koch explora os mecanismos de coesão e coerência textual. A autora também conecta esses conceitos com a produção textual voltada para a interpretação e construção de sentido.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. 2. ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

Fundamental para o estudo da produção textual e da análise de gêneros no contexto escolar, a obra explora como os textos se constituem socialmente e a importância dos gêneros textuais no desenvolvimento de habilidades de escrita.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. Tradução: UNIC Rio. Nova York: ONU, 2015. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/agenda2030-pt-br.pdf. Acesso em: 8 out. 2024.

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram estabelecidos pela ONU em 2015 como parte da Agenda 2030, com o objetivo de erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir paz e prosperidade para todos até 2030. Os 17 ODS abrangem áreas como educação de qualidade, igualdade de gênero, ação climática e trabalho decente, promovendo uma abordagem integrada e equilibrada entre crescimento econômico, inclusão social e sustentabilidade ambiental.

NÓBREGA, Maria José. Ortografia. São Paulo: Melhoramentos, 2010.

Maria José Nóbrega oferece uma abordagem clara e prática sobre as regras de ortografia da língua portuguesa, facilitando o aprendizado e o uso correto da escrita para estudantes e profissionais.

RIBEIRO, Marco Aurélio de P. Técnicas de aprender: conteúdos e habilidades. Petrópolis: Vozes, 2015.

Marco Aurélio de P. Ribeiro apresenta métodos e estratégias para potencializar o aprendizado, focando o desenvolvimento de habilidades e a assimilação eficiente de conteúdos, essenciais para estudantes e educadores.

SOARES, Angélica. Gêneros literários. São Paulo: Ática, 2001. (Série Princípios).

Angélica Soares explora os diferentes gêneros literários, apresentando suas características e estruturas, além de discutir suas funções na literatura e seu papel na formação do leitor crítico.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática. São Paulo: Cortez, 1996.

Travaglia propõe um ensino de gramática voltado para a interação e o uso real da língua, em oposição a uma abordagem puramente normativa. A obra é útil para educadores que buscam integrar gramática e produção textual.

ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR

Apresentação

Cara professora, caro professor,

A escrita tem um papel fundamental em nossa sociedade, pois é por meio dela que registramos e compartilhamos fatos, ideias e sentimentos. Ela também nos possibilita elaborar, acessar e transmitir conhecimentos, ampliando nossa visão de mundo, mas, ao contrário do que muitos podem pensar, escrever exige um conjunto de habilidades, um planejamento e uma prática constante.

Esta coleção foi desenvolvida para apoiar os estudantes no processo de aprimoramento da escrita e da argumentação. A coletânea de textos, os temas e as propostas de atividades buscam enriquecer o repertório sociocultural dos estudantes, contribuindo para que desenvolvam as competências necessárias para a escrita, especialmente de textos dissertativo-argumentativos, exigidos na redação do Enem.

Procurou-se, ao longo desta obra, incentivar o protagonismo dos estudantes, não apenas na preparação para a realização de um exame, mas também para promover uma vivência na qual o uso da linguagem, especialmente da escrita, faça-se em prol da construção da diversidade e da defesa dos valores democráticos e dos direitos humanos.

Para facilitar a aplicação das atividades propostas no Livro do estudante, serão apresentadas orientações que visam auxiliar o trabalho, com subsídios teóricos e indicações de fontes de pesquisa. A intenção é contribuir com a prática docente de modo a facilitar a aprendizagem dos estudantes.

Bom trabalho!

As autoras

1. A etapa do Ensino Médio

O Ensino Médio é a etapa final da Educação Básica e tem como principais objetivos consolidar e aprofundar as aprendizagens obtidas no Ensino Fundamental, garantir a autonomia intelectual, favorecer o pensamento crítico e proporcionar conhecimentos que permitam aos estudantes darem continuidade aos estudos e integrarem-se no mercado de trabalho, acompanhando as mudanças tecnológicas, comportamentais e sociais de nosso tempo.1

Desde a sua oficialização como etapa obrigatória da Educação Básica, em 1996, 2 o Ensino Médio passou por diversas reformas estruturais e curriculares, de modo a refletir as mudanças decorrentes da chamada “revolução do conhecimento” e que vêm alterando a organização do trabalho e as relações sociais. 3 No entanto, seguem como premissas do Ensino Médio a garantia aos estudantes do acesso à ciência, à tecnologia, à cultura e ao trabalho, assim como o desenvolvimento de competências básicas para o exercício da cidadania:

De que competências se está falando? Da capacidade de abstração, do desenvolvimento do pensamento sistêmico, ao contrário da compreensão parcial e fragmentada dos fenômenos, da criatividade, da curiosidade, da capacidade de pensar múltiplas alternativas para a solução de um problema, ou seja, do desenvolvimento do pensamento divergente, da capacidade de trabalhar em equipe, da disposição para procurar e aceitar críticas, da disposição para o risco, do desenvolvimento do pensamento crítico, do saber comunicar-se, da capacidade de buscar conhecimento. Estas são competências que devem estar presen-

1 BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares do Ensino Médio. Brasília, DF: MEC, 2000. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/ seb/arquivos/pdf/blegais.pdf. Acesso em: 2 nov. 2024.

2 BRASIL. Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, [2024]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/l9394.htm. Acesso em: 3 nov. 2024.

3 BRASIL, ref. 1, p. 6.

tes na esfera social, cultural, nas atividades políticas e sociais como um todo, e que são condições para o exercício da cidadania num contexto democrático.4

Segundo dados preliminares do Censo Escolar 2024, estão matriculados cerca de 6 milhões de estudantes no Ensino Médio regular e 235 mil no Ensino Médio da Educação Especial.5 Embora nos últimos 30 anos tenha ocorrido uma ampliação do número de estudantes no Ensino Médio, ainda há desafios a serem superados, como a sua universalização, a garantia de permanência dos estudantes na escola e a oferta de aprendizagens que possam responder a demandas atuais e aspirações futuras dos estudantes.6

Nesse contexto, é importante reconhecer quem são os sujeitos dessa etapa educacional, constituída basicamente de adolescentes e jovens:

[...] uma categoria de sujeitos que necessita ser considerada em suas múltiplas dimensões, com especificidades próprias que não estão restritas às dimensões biológica e etária, mas que se encontram articuladas com uma multiplicidade de atravessamentos sociais e culturais, produzindo múltiplas culturas juvenis ou muitas juventudes.7

As diferentes condições de classe, de vivência e de diversidade cultural que perpassam o cotidiano de adolescentes e jovens brasileiros não possibilitam que se considere a existência de uma única juventude, mas sim de juventudes, no plural, sendo estas caracterizadas por valores, práticas, interesses e necessidades singulares. As juventudes plurais demandam

4 BRASIL, ref. 1, p. 11-12.

5 BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Censo Escolar 2024 (dados preliminares). Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e -indicadores/censo-escolar/resultados. Acesso em: 2 nov. 2024.

6 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília, DF: MEC, 2018. Disponível em: https://www. gov.br/mec/pt-br/escola-em-tempo-integral/BNCC_EI_EF_110518_ versaofinal.pdf. Acesso em: 2 nov. 2024.

7 BRASIL. Ministério da Educação. Parecer CNE/SEB n. 5/2011 Brasília, DF: Ministério da Educação: CNE, [2012]. p. 12-13. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ docman&view=download&alias=8016-pceb005-11&category_slug=maio -2011-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 2 nov. 2024.

mudanças significativas nas instituições responsáveis por sua formação, a exemplo da escola.8

Considerar que há muitas juventudes implica organizar uma  escola que acolha as diversidades, promovendo, de modo intencional e permanente, o respeito à pessoa humana e aos seus direitos. E mais, que garanta aos estudantes ser  protagonistas de seu próprio processo de escolarização, reconhecendo-os como interlocutores legítimos sobre currículo, ensino e aprendizagem.9

A escola pública, nesse cenário, tem sido um espaço de inclusão de estudantes provenientes de diferentes contextos socioeconômicos e culturais. Esses estudantes trazem consigo um vasto repertório de experiências, conhecimentos prévios e expectativas em relação ao futuro, o que requer da escola e dos educadores uma prática pedagógica que acolha e valorize a diversidade. Assim, cabe à escola e aos professores, em conformidade com suas possibilidades, criarem um ambiente de ensino inclusivo e capaz de preparar os estudantes para os desafios do mundo contemporâneo.

O Ensino Médio deve, portanto, proporcionar experiências e vivências que permitam aos estudantes refletirem sobre a realidade, capacitando-os para o enfrentamento de questões ambientais, sociais e econômicas que impactam a sociedade atual, de modo que possam realizar escolhas de vida saudáveis, sustentáveis e éticas.

2. Exame

Nacional do Ensino Médio (Enem)

Em 1998, foi instituído por meio da portaria MEC n.º 438, de 28 de maio de 1998, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com o objetivo de avaliar o desempenho dos estudantes ao final da etapa da Educação Básica. O Enem é um exame individual e de caráter voluntário, utilizado inicialmente como instrumento

8 AZEVEDO, Daniela Medeiros de; GARBIN, Elisabete Maria; DAL MORO, Marília Bervian. Culturas juvenis contemporâneas em pauta: possibilidades da pesquisa em Educação. In: XIII SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO, 13., 2012, Novo Hamburgo. Anais [...]. Novo Hamburgo: Universidade Feevale, 2012. Disponível em: https://www.feevale.br/ Comum/midias/5118b04c-8e35-405d-9455-9c88b520ee73/CULTURAS%20 JUVENIS%20CONTEMPORÂNEAS%20EM%20PAUTA%20-%20 POSSIBILIDADES%20DA%20PESQUISA%20EM%20EDUCAÇÃO.pdf. Acesso em: 2 nov. 2024.

9 BRASIL, ref. 6, p. 463.

de avaliação dos estudantes, como observatório para as práticas educativas adotadas nas escolas e como ferramenta para o poder público localizar e dimensionar lacunas na formação dos estudantes, adotando políticas que pudessem superá-las.10

Em 2009, após uma reestruturação de suas matrizes de referência, o Enem passou a ser utilizado como um mecanismo de ingresso ao Ensino Superior, consolidando-se como a principal via de acesso a esse ensino no Brasil. Os resultados do Enem podem ser utilizados como critério único ou complementar nos processos seletivos de instituições de ensino, tanto públicas quanto privadas, por intermédio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e do Programa Universidade para Todos (ProUni). As notas do exame também são aceitas em instituições de Ensino Superior em Portugal que possuem acordo interinstitucional com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os participantes podem, ainda, utilizar a nota do Enem para obtenção de auxílios governamentais, como o financiamento oferecido pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).11

No formato atual, o Enem está estruturado em provas de quatro áreas de conhecimento – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; Ciências Humanas e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e Matemática e suas Tecnologias – que somam 180 questões objetivas de múltipla escolha, além de uma prova de redação.

As matrizes de referência do Enem articulam-se em torno de cinco eixos cognitivos, comuns a todas as áreas do conhecimento, a saber:

I. Dominar linguagens (DL): dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica e das línguas espanhola e inglesa.

II. Compreender fenômenos (CF): construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e

10 BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Enem. Documento Básico. Brasília, DF: 2002. Disponível em: https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_ exames_da_educacao_basica/enem_exame_nacional_do_ensino_ medio_documento_basico_2002.pdf. Acesso em: 2 nov. 2024.

11 BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Painel Enem 2024 traz principais dados sobre o exame [Brasília, DF]: INEP, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/ assuntos/noticias/enem/painel-enem-2024-traz-principais-dados-sobre-o -exame. Acesso em: 2 nov. 2024.

das manifestações artísticas.

III. Enfrentar situações-problema (SP): selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.

IV. Construir argumentação (CA): relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.

V. Elaborar propostas (EP): recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.12

O Enem é o exame avaliativo mais relevante e democrático do país, pois a prova é aplicada em todas as regiões, estados e em quase todos os municípios brasileiros. Estudantes de condições socioeconômicas desfavoráveis podem pedir a isenção da taxa de inscrição e concluintes do Ensino Médio podem realizar as provas gratuitamente. Além disso, o exame conta com recursos de acessibilidade como provas em braile ou letra ampliada, guia-intérprete, tempo adicional e mobiliário adaptado destinados a candidatos com baixa visão, cegueira, déficit de atenção, deficiência física, deficiência intelectual, deficiência auditiva, discalculia, dislexia, surdez, surdocegueira, transtorno do espectro autista e visão monocular.13

Além de relevante e democrático, o Enem é uma das principais ferramentas para avaliação e aperfeiçoamento da educação brasileira, especialmente do Ensino Médio, e fundamenta importantes políticas públicas de acesso e permanência dos estudantes no Ensino Superior. Por isso, é importante que os estudantes, especialmente de escolas públicas, tenham conhecimento do que é o Enem, sua estrutura e seus mecanismos de avaliação, para que possam se preparar para o exame e, por meio dele, alcançar o ingresso no Ensino Superior.

12 BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) Fundamentação das matrizes de avaliação da Educação Básica: estudos e propostas. Brasília, DF: 2014. p. 39. Disponível em: https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_ exames_da_educacao_basica/fundamentacao_das_matrizes_de_ avaliacao_da_educacao_basica_estudos_e_propostas.pdf. Acesso em: 2 nov. 2024.

13 ALMEIDA, Daniella. Enem 2024: exame garante recursos de acessibilidade. TV Brasil, [s. l.], 9 jul. 2024. Disponível em: https://tvbrasil.ebc.com.br/ reporter-brasil/2024/11/enem-2024-exame-garante-recursos-de -acessibilidade. Acesso em: 3 nov. 2011.

3. A redação para o Enem

A proposta de redação do Enem é uma prova de caráter dissertativo, que exige a produção de um texto dissertativo-argumentativo, redigido em modalidade escrita formal da língua portuguesa, em até 30 linhas. O tema de cada ano é apresentado ao participante no momento da prova por meio dos textos motivadores e de uma frase temática, necessariamente relacionada a questões sociais, científicas, políticas ou culturais da realidade brasileira.14

As competências envolvidas na produção de um texto dissertativo-argumentativo, com todas as suas especificidades, estão diretamente relacionadas às aprendizagens que todos os estudantes devem desenvolver ao longo das etapas da Educação Básica, sobretudo no que refere à competência geral 7 da Educação Básica, definida pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC):

Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.15

A redação para o Enem se configura, ainda, como uma etapa fundamental do exame, que exige dos estudantes uma preparação sistemática em múltiplas frentes. Além de demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa e da estrutura do texto dissertativo-argumentativo, é fundamental que os estudantes se apropriem de temas relevantes da atualidade, desenvolvam habilidades de reflexão e de posicionamento crítico e ampliem seu repertório sociocultural.

14 BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Diretoria de Avaliação da Educação Básica. A Redação do Enem 2024: Cartilha do(a) participante. Brasília, DF: MEC: DAEB, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/centrais-de -conteudo/acervo-linha-editorial/publicacoes-institucionais/avaliacoes -e-exames-da-educacao-basica/a-redacao-do-enem-cartilha-do-a -participante. Acesso em: 7 nov. 2024.

15 BRASIL, ref. 6, p. 9.

3.1 O texto dissertativo-argumentativo

O texto dissertativo-argumentativo se caracteriza pela exposição dissertativa de um tema delimitado e pela argumentação em defesa de um ponto de vista (tese) sobre esse tema, a partir dos processos de selecionar, organizar e relacionar, de forma coerente e coesa, fatos e argumentos consistentes que colaborem para persuadir o leitor.

Argumentar é uma prática discursiva cuja finalidade é persuadir o interlocutor por meio de diferentes tipos de argumentos. Apresentar e organizar ideias, estruturando o raciocínio de modo a sustentar uma tese, requer do sujeito que argumenta a construção de um ponto de vista racional, com apoio em experiências individuais e socialmente compartilhadas, em uma situação comunicativa com finalidade persuasiva.16

Em relação à construção composicional, o texto dissertativo-argumentativo tem uma estrutura padrão que inclui introdução, desenvolvimento e conclusão; e, especificamente na redação para o Enem, há alguns aspectos a serem contemplados em cada uma dessas partes.

Na introdução, espera-se que o autor exponha o tema abordado e apresente a sua tese, definindo, assim, o ponto de vista que orientará o caminho da argumentação. Uma vez que as perspectivas de determinado tema podem ser inúmeras, a não definição exata da tese pode gerar um problema difícil de ser administrado em uma produção textual que deve se realizar em até 30 linhas, como é o caso da redação para o Enem. Sendo assim, logo na introdução, definir e assumir o ponto de vista que será defendido nos parágrafos de desenvolvimento é uma boa estratégia para orientar a argumentação e para evitar desvios do tema proposto na prova.

No desenvolvimento, espera-se que o autor apresente argumentos relevantes, com base em fatos e opiniões relacionados ao tema (dados, estatísticas, exemplos, citações etc.), que fortaleçam a tese apresentada na introdução. De acordo com Koch e Elias (2016), o fato:

é um elemento que pertence à esfera da realidade, é um dado preciso que pode ser configurado, por exemplo, na forma de um acontecimento, de dados numéricos, de uma narrativa etc. Podemos chegar ao conhecimento de

16 KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Escrever e argumentar. São Paulo: Editora Contexto, 2016.

fatos por meio de leituras, relatos alheios ou do que é veiculado em TV, rádio ou nas mídias sociais. O fato assume grande valor no início de uma argumentação, uma vez que possibilita ancorar a reflexão em algo cuja existência pode ser constatada, valendo, portanto, como prova.17

Por fim, na conclusão, espera-se um encerramento que sintetize a discussão, reafirme o ponto de vista e sugira uma solução e/ou reflexão final. No caso específico da redação para o Enem, espera-se ainda que se apresente, por meio de uma proposta de intervenção, possíveis soluções para os problemas apresentados no desenvolvimento e que respeitem os direitos humanos.

Apresentar aos estudantes como cada uma dessas habilidades é avaliada na redação, de acordo com os critérios estabelecidos pela Matriz de Referência para a Redação,18 faz-se necessário para orientá-los no planejamento e na organização de seus estudos na preparação para a realização do Enem.

3.2 Competências e critérios de avaliação

Ainda que o texto seja entendido como uma unidade de sentido na qual todos os aspectos essenciais da produção textual se inter-relacionam, visando a uma avaliação mais objetiva, cada redação do Enem é pontuada com base em cinco competências específicas. A cada uma dessas competências é atribuída uma pontuação que varia de 0 (zero) a 200 (duzentos) pontos.

Apresenta-se, a seguir, o detalhamento de cada uma das cinco competências. Reconhecer os critérios de avaliação preestabelecidos nelas permite aos estudantes a identificação de pontos fortes e de pontos que precisam ser melhorados, o que pode facilitar a sistematização de uma preparação mais focada e eficiente para a prova, assim como permite ao professor adotar procedimentos em sala de aula que tenham como foco promover o desempenho das habilidades avaliadas em cada uma das competências.

Competência 1

A competência 1 avalia o domínio do participante em seu texto quanto à modalidade escrita formal da língua portuguesa. Isso abrange a avaliação das convenções da

17 KOCH; ELIAS, ref. 16, p. 163.

18 BRASIL, ref. 14.

escrita (normas de ortografia, acentuação gráfica, uso do hífen, separação silábica e emprego de letras maiúsculas e minúsculas); do conhecimento gramatical (regência verbal e nominal, concordância verbal e nominal, tempos e modos verbais, pontuação, emprego de pronomes, ocorrência da crase e paralelismo sintático, morfológico e semântico); do domínio do registro de uso formal da Língua Portuguesa (evitando-se marcas de oralidade e registros de uso informal da língua); e da precisão nas escolhas vocabulares (apropriadas ao contexto de uso e em seu sentido correto).

Além disso, a competência 1 considera para avaliação as estruturas sintáticas, a partir da análise da qualidade sintática do texto, responsável por assegurar a fluidez da leitura e a clareza das ideias em orações e períodos bem construídos.

Desse modo, a excelência na competência 1 depende de que os desvios gramaticais, de convenção da escrita, de escolha de registro e de vocabulário sejam mínimos. Depende ainda de que a estrutura sintática demonstre complexidade em sua construção, com emprego de orações subordinadas e intercaladas e nenhuma ou raras ocorrências de truncamentos, justaposição e excesso ou ausência de elementos sintáticos.

A fim de melhorar o desempenho dos estudantes na competência 1, são recomendáveis as práticas que auxiliem no desenvolvimento do domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa, como atividades pontuais de revisão de tópicos gramaticais e de sintaxe. Além disso, para um ensino em perspectiva de linguística aplicada, deve ser incentivada a prática regular da escrita de textos dissertativo-argumentativos, a partir de um tema proposto, e a prática regular de leitura de diversos gêneros textuais, com a finalidade de ampliação de vocabulário e dos conhecimentos de convenção de escrita, bem como de enriquecimento do repertório sociocultural e do repertório linguístico, por meio do contato com diferentes estruturas textuais e recursos expressivos. Em suma, atividades que promovam a escrita e a leitura são essenciais ao bom desempenho do estudante não apenas na competência 1, mas, como se verá, em todas as demais.

Competência 2

A competência 2 avalia no texto do participante a compreensão da proposta de redação, a aplicação de um repertório sociocultural amplo para o desenvolvimento do tema e a conformidade da produção com as características do texto dissertativo-argumentativo em prosa. Portanto, em uma mesma competência,

opera-se conjuntamente a avaliação de elementos que se relacionam tanto à compreensão da proposta e ao desenvolvimento temático quanto à tipologia textual. Em relação à estrutura do texto dissertativo-argumentativo, avalia-se a adequação da produção textual de acordo com os parâmetros já explicitados anteriormente (ver item 3.1 deste Manual).

No que se refere à pertinência ao tema, a competência 2 considera, inicialmente, a adequação do texto à proposta de redação apresentada, avaliando-se a capacidade do autor de abordar todos os elementos da proposta. Nesse sentido, importa a compreensão da noção de tangência ao tema, que ocorre quando a frase temática proposta é abordada no desenvolvimento do texto apenas parcialmente; ou seja, quando o autor se baseia somente no assunto mais amplo a que o tema está vinculado. O tangenciamento tem grande impacto na nota do participante, não apenas na competência 2, mas também nas competências 3 e 4, limitando a pontuação ao máximo de 40 (quarenta) pontos em todas essas três competências.

Uma vez que o texto aborde o tema de forma completa, avaliam-se, na sequência, o uso de referências externas (repertório) diferentes das apresentadas nos textos motivadores da prova e a capacidade de articulação entre essas referências e o desenvolvimento textual (uso produtivo). A noção de repertório sociocultural abrange, assim, informações, fatos, situações e experiências vividas, bem como trechos de livros, referências a obras de arte e de audiovisual, letras de música e demais informações atuais e relevantes para o desenvolvimento do tema.

Considera-se legitimado todo repertório com respaldo nas áreas do conhecimento (históricos, filosóficos, sociológicos, artísticos, entre outros); e repertório com uso produtivo quando mobilizado em diálogo estratégico com o tema, contribuindo para a discussão proposta, a linha de raciocínio do texto e o fortalecimento da argumentação.

Sendo assim, o alcance de um excelente desempenho na competência 2 pressupõe a adequação à tipologia textual exigida, a abordagem completa do tema e a utilização produtiva de um repertório sociocultural legitimado. Com o objetivo de aprimorar o desempenho dos estudantes nesta competência, eles devem ser orientados a, sempre antes de iniciar a redação, ler com atenção a proposta temática e os textos motivadores, a fim de compreender claramente o tema e os elementos essenciais para a abordagem completa.

Uma proposta didática que pode ser aplicada para enriquecer o repertório sociocultural dos estudantes

é a realização de sessões de filmes e/ou de leituras de gêneros textuais variados (como reportagens, contos, poemas etc.), seguidas de discussões em sala de aula sobre elas. Devem ser selecionados textos ou obras que abordem temas relevantes e variados, sejam eles sociais, históricos, culturais, entre outros. Como exercício complementar, pode-se solicitar que os estudantes selecionem exemplos específicos que podem ser utilizados como repertório em futuras redações. Essa prática não só expande o conhecimento cultural dos estudantes, mas também os ensina a integrar referências relevantes, de forma coerente e contextualizada, na construção de uma argumentação sólida ao escrever uma redação.

Competência 3

Na competência 3, o foco é a construção do sentido do texto, por meio de um planejamento estratégico, o projeto de texto, e do desenvolvimento dos argumentos. Assim, avalia-se, na redação, o modo como o autor seleciona, relaciona, organiza e interpreta informações, fatos e opiniões em defesa do seu ponto de vista.

Entende-se por projeto de texto um planejamento prévio à escrita, um esquema geral da estrutura semântica da redação, implícito no texto final, mas que se manifesta na organização estratégica da argumentação em toda a extensão da produção. Em um projeto de texto, define-se, por exemplo, a seleção dos argumentos a serem utilizados e a melhor ordem para apresentá-los, a fim de que ocorra uma progressão adequada do desenvolvimento do tema. Assim, em uma redação com projeto de texto, é perceptível o encadeamento lógico das ideias e a relação de sentido entre as suas partes, o que garante um texto articulado, claro e coerente.

Avalia-se, ainda, na competência 3, o nível de desenvolvimento das informações, fatos e opiniões, o que deve ser realizado por meio de exemplos, definições, comparações, analogias, estatísticas, entre outros, de modo que não seja deixado para o leitor o preenchimento de lacunas de sentido. A ausência dessas lacunas (ou incidência rara) e a elaboração de uma redação que apresente um projeto de texto estratégico são as duas condições para o bom desempenho nesta competência.

Para reforçar as habilidades avaliadas na competência 3, deve-se praticar a atividade de planejamento da redação previamente à escrita propriamente do texto dissertativo-argumentativo. Nesse planejamento, o primeiro passo deve ser a definição do ponto de

vista que será defendido. Depois, deve ser realizado um levantamento de problemas e ideias relacionados ao tema que poderiam ser abordados. Na sequência, deve-se selecionar os mais relevantes (preferencialmente dois) para o desenvolvimento e defesa de tese definida. Com as escolhas feitas, deve ser pensada uma estrutura coerente, definindo-se uma ordem lógica para o desenvolvimento do texto. Pode-se sugerir que a estrutura seja composta de um parágrafo de introdução (com apresentação do tema e da tese); dois parágrafos de desenvolvimento (cada um para a abordagem de um dos problemas ou ideias selecionados); e um parágrafo de conclusão (com proposta de intervenção). Essa atividade contribui para a internalização do processo de construir redações com projeto de texto estratégico, nas quais a defesa da tese é realizada de forma gradual e organizada, com boa seleção das informações e fatos e bom encadeamento lógico e progressivo entre todas as partes do texto.

Competência 4

A competência 4 avalia no texto a demonstração do conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação. Diferente da competência 3, na qual a construção da argumentação é avaliada em seu âmbito semântico, na Competência 4, avalia-se a superfície textual dessa construção, isto é, o uso adequado e diversificado de recursos coesivos na articulação dos enunciados do texto.

Sendo assim, a coesão textual – conexão entre as partes do texto, obtida por meio do uso adequado de conectivos, de pronomes e de outros recursos linguísticos, que garantem a fluidez e a continuidade das ideias – é a principal habilidade associada à competência 4.

Ainda que sejam consideradas para a avaliação todas as formas possíveis de construir as relações coesivas (por exemplo, o uso de pronomes para retomar ou antecipar informações ou o uso de sinônimos e expressões equivalentes, a fim de evitar repetições desnecessárias), é importante destacar que as relações coesivas sequenciais, com o uso de operadores argumentativos, apresentam uma relevância maior na avaliação da competência 4. Essa relevância se justifica por se tratar da forma de coesão inerente ao funcionamento do texto dissertativo-argumentativo. São exemplares desse tipo de coesão o uso de conjunções, tais como: “porque”, “pois”, “visto que” na construção de uma relação coesiva sequencial de causa; “porém”, “contudo”, “entretanto” na construção de uma relação coesiva sequencial de contraste/oposição; “além disso” e “ademais” na construção de uma relação coesiva sequencial de

adição; “portanto”, “logo”, “sendo assim” na construção de uma relação coesiva sequencial de consequência ou de conclusão; entre outros.

A obtenção de uma boa avaliação na competência 4 depende, assim, de que a redação seja construída com boa articulação linguística entre as partes do texto, por meio do uso adequado e diversificado de recursos coesivos. É destacável, ainda, que o uso de operadores argumentativos na coesão sequencial entre parágrafos, em dois momentos do texto, é condição indispensável para obtenção da nota máxima.

Para elevar o desempenho dos estudantes na competência 4, podem ser realizadas atividades de reescrita, nas quais os estudantes revisem seus textos buscando eliminar repetições desnecessárias, melhorar as relações coesivas (dentro dos parágrafos e entre eles) e acrescentar o uso recorrente e consciente de operadores argumentativos. Atividades pontuais de revisão das conjunções também podem contribuir para o êxito nesta competência.

Competência 5

Avalia-se, na competência 5, a elaboração de proposta de intervenção para os problemas abordados, respeitando os direitos humanos. É importante salientar que a proposta de intervenção tem impacto também na avaliação do projeto de texto (na competência 3), uma vez que a proposta apresentada deve ser coerente em relação à tese desenvolvida e expressar, de forma clara e articulada, a perspectiva do autor sobre as possíveis soluções para os problemas apresentados. Na competência 5, por sua vez, a avaliação da proposta de intervenção se volta para a sua qualidade – uma boa proposta deve ser concreta e específica, evitando-se generalizações e abstrações – e para os elementos da sua composição, a partir de critérios bem específicos. No que se refere a esses critérios, espera-se que a proposta apresente uma ação que responda à pergunta “O que é possível ser feito ou apresentado como solução?”; um agente, que pode ser um indivíduo, um grupo, um órgão governamental ou qualquer outra resposta à questão “Quem deve executar a ação?”; um meio/modo de executar a ação que responda à pergunta “Como viabilizar a solução proposta?”; um efeito ou finalidade que responda à pergunta “Para que essa ação contribuiria?”; e um detalhamento, isto é, o acréscimo de uma informação que torne a proposta mais detalhada e que responda à questão “Que outra informação pode ser acrescentada para detalhar a proposta?”.

Além dos aspectos composicionais, avalia-se na proposta a sua conformidade com os direitos humanos, de modo que não sejam feridos princípios como a dignidade humana; a igualdade de direitos; o reconhecimento e a valorização das diferenças e diversidades; a laicidade do Estado; a democracia na educação; a transversalidade, a vivência e globalidade; a sustentabilidade socioambiental,19 entre outros princípios que podem estar relacionados diretamente ao tema apresentado em cada ano.

Sendo assim, a proposta de intervenção importa tanto à composição textual quanto à demonstração de um preparo para o exercício da cidadania e de desenvolvimento de um pensamento crítico, criativo e consciente dos direitos humanos. Portanto, pensar os problemas da sociedade e propor soluções para eles, na redação, amplia-se de uma habilidade textual a uma habilidade mais ampla, de educação cidadã.

Com objetivo de preparar os estudantes para obtenção de uma boa avaliação na competência 5, podem ser propostas atividades em que eles realizem análises críticas de problemas sociais, com discussões sobre possíveis soluções, sempre considerando valores como igualdade e justiça. Exercícios de construção de propostas de intervenção para diferentes temas, com os cinco elementos constitutivos, também ajudam os estudantes a praticarem a formulação de soluções contextualizadas e em conformidade com a estrutura esperada na redação para o Enem.

Além disso, uma atividade eficaz para o desenvolvimento das habilidades avaliadas na competência 5, que serve igualmente às demais competências, é a proposição da leitura e análise de redações modelo, que obtiveram a nota máxima. Os estudantes podem observar nessas produções textuais como as propostas de intervenção foram construídas, conectadas ao projeto de texto, apresentando os cinco elementos composicionais e respeitando os direitos humanos.

Situações que levam à nota zero

Tão importante quanto conhecer as competências avaliadas na redação do Enem é conhecer os protocolos específicos da prova, como as situações que resultam em nota zero. No âmbito geral da pontuação do Enem, é destacável que a nota da redação, que variará

19 BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a educação em direitos humanos. Brasília: Ministério da Educação: CNE, 2012. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue-por-temas/educacao-em -direitos-humanos/DiretrizesNacionaisEDH.pdf. Acesso em: 4 nov. 2024.

entre 0 (zero) e 1000 (mil), representa 20% do total de pontos distribuídos. Trata-se, assim, de uma importância significativa para a composição da nota final do participante e, consequentemente, definidora das suas possibilidades de acesso à educação superior por meio do Sisu, do ProUni e do Fies. Além disso, ressalta-se que não zerar a prova de redação, ou não a ter anulada, é condição indispensável para que seja possível concorrer às vagas nesses programas.

Em razão disso, conhecer as situações que levam à nota zero é essencial para um processo educativo cujo objetivo é a preparação dos estudantes para a produção da redação no Enem. Esse conhecimento tem como finalidade evitar inadequações que possam comprometer o resultado, independentemente da qualidade de um texto produzido, por exemplo, quando uma pequena forma gráfica, como um desenho de emoji, é inserida no espaço destinado exclusivamente à escrita da redação.

A Cartilha do(a) participante da redação do Enem,20 publicada em 2024, apresenta as situações consideradas para a atribuição da nota zero na redação. São elas:

• fuga total ao tema;

• não obediência ao tipo dissertativo-argumentativo;

• ausência de texto escrito na Folha de Redação, que será considerada “Em Branco”;

• extensão de até 7 (sete) linhas manuscritas, qualquer que seja o conteúdo ou extensão de até 10 (dez) linhas escritas no sistema Braille, situações que configurarão “Texto insuficiente”;

• impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação, o que configurará “Anulada”;

• parte deliberadamente desconectada do tema proposto;

• nome, assinatura, rubrica ou qualquer outra forma de identificação no espaço destinado exclusivamente ao texto da redação, o que configurará “Anulada”;

• texto escrito predominantemente ou integralmente em língua estrangeira;

• texto ilegível, que impossibilite sua leitura por dois(duas) avaliadores(as) independentes, o que configurará “Anulada”;

• cópia de texto(s) da Prova de Redação e/ ou do Caderno de Questões terá o número

20 BRASIL, ref. 14.

de linhas copiadas desconsiderado para a contagem do número mínimo de linhas.21

A análise de dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) revela que o número de redações que receberam nota zero, na edição de 2023, foi mil vezes maior do que o número de redações que obtiveram a nota máxima.22. Os motivos mais comuns são fuga ao tema, que ocorre quando a redação é escrita sobre outro assunto e o tema proposto não é abordado nem parcialmente (caso de tangência), e cópia dos textos motivadores, nos casos em que as linhas de escrita autoral, excluindo as de cópia, não correspondem a oito linhas ou mais.

Nesse sentido, é fundamental que ocorra a sensibilização e a orientação dos estudantes para que se evitem tais situações. A apresentação de dados estatísticos fornecidos pelo Inep, mostrando o número de redações anuladas nos últimos anos, pode ajudar a dimensionar o problema e a conscientizar os estudantes sobre os critérios de correção. Além disso, a Cartilha do(a) participante deve ser apresentada aos estudantes para a orientação sobre os protocolos da redação para o Enem e sobre as situações que levam à nota zero. Nela, para cada caso, há exemplos visuais bastante didáticos que podem contribuir para uma melhor compreensão dos critérios de correção, promovendo maior segurança dos estudantes na realização do exame.

3.3 Os direitos humanos na redação do Enem

Como mencionado, a defesa e a promoção dos direitos humanos constituem um dos critérios avaliativos da redação do Enem. Em todos os temas que o exame propõe, espera-se que os estudantes abordem questões sociais, culturais ou políticas sob a perspectiva dos direitos humanos e apresentem uma proposta de intervenção para os problemas apresentados, a qual deve respeitar valores como igualdade, dignidade, justiça e cidadania. Essa exigência reflete o compromisso do Enem em estimular uma formação cidadã, preparando os estudantes para participarem de debates públicos e contribuírem para a construção de uma sociedade mais justa.

21 BRASIL, ref. 14, p. 7-8.

22 ALFANO, Bruno; MALFACINI, Roberto; FARIAS, Walter. Número de redações nota 1 mil no Enem bate recorde puxado por mulheres. O Globo, Rio de Janeiro, 30 out. 2024. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/ noticia/2024/10/30/numero-de-redacoes-nota-1-mil-no-enem-bate -recorde-puxado-por-mulheres.ghtml. Acesso em: 2 nov. 2024.

Incorporar a perspectiva dos direitos humanos na redação é essencial para que o estudante desenvolva uma argumentação crítica, ética e contextualizada. Além disso, a Cartilha do(a) participante do Enem estabelece que propostas de intervenção que desrespeitem os direitos humanos — por exemplo, por sugerir práticas discriminatórias, repressivas ou violentas — acarretam a anulação da redação. Assim, ao trabalhar as propostas de redação em sala de aula, é necessário enfatizar a importância de propor soluções que promovam a garantia dos direitos para todos os cidadãos.

Nesse sentido, é fundamental que o estudante seja capaz de identificar, em seu texto, os grupos sociais afetados pelo problema discutido para apresentar intervenções que promovam a justiça social, como políticas públicas inclusivas, ações educativas e campanhas de conscientização. Ao discutir temas como a violência contra mulheres, as desigualdades raciais ou a condição de pessoas em situação de rua, o estudante deve demonstrar sensibilidade em relação aos direitos e às necessidades desses grupos. Para isso, é importante conhecer documentos e legislações internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), e nacionais, como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a Lei Maria da Penha, para embasar as propostas de intervenção e reforçar a importância do respeito aos direitos humanos fundamentais. Dessa forma, a argumentação se torna mais robusta e ancorada em princípios éticos e legais reconhecidos. Os temas relacionados ao preconceito e à violência aparecem com frequência nas propostas de redação do Enem, pois refletem problemas sociais urgentes e complexos. Para um bom desempenho na redação do Enem, é essencial que o estudante compreenda que defender os direitos humanos não é apenas uma exigência da prova, mas também um compromisso com a construção de uma sociedade democrática e inclusiva.

4. Proposta teórico-metodológica

Esta obra de Redação tem como premissa a concepção da educação que fundamenta os estudos na etapa do Ensino Médio e está exposta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei no 9.394/1996:

Seção IV

Do Ensino Médio

Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:

I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.23

Considerando essas finalidades no contexto do ensino de língua portuguesa, especificamente no ensino de redação, a coleção foi estruturada de modo a possibilitar que os estudantes desenvolvam habilidades relacionadas às práticas de leitura, escuta, produção de textos e análise linguística/semiótica indicadas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC)24, além de contribuir para o desenvolvimento do pensamento crítico, a ampliação do repertório sociocultural e a preparação dos estudantes para o mundo do trabalho e para o exercício da cidadania.

A proposta de estudo do texto dissertativo-argumentativo e de gêneros textuais tem amparo teórico e metodológico nos preceitos propostos por Bakhtin (1895-1975) em seu texto “Os gêneros do discurso”, no qual o autor define a constituição dos gêneros discursivos em conteúdo temático, construção composicional e estilo:

Todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem. Compreende-se perfeitamente que o caráter e as formas desse uso sejam tão multiformes quanto os campos da atividade humana, o que, é claro, não contradiz a unidade nacional de uma língua. O emprego da língua efetua-se em formas de enunciados (orais e escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade

23 BRASIL. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l9394.htm. Acesso em: 13 out. 2024.

24 BRASIL, ref. 6.

humana. Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo de linguagem, ou seja, pela seleção recursos dos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua mas, acima de tudo, por sua construção composicional. Todos esses três elementos – o conteúdo temático, o estilo, a construção composicional – estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da comunicação. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso.25

Além dos preceitos bakhtinianos, este livro de Redação baseia-se ainda nos estudos da Linguística Textual, nas vozes teóricas dos linguistas Luiz Antônio Marcuschi (1946-2016) e Ingedore Villaça Koch (19332018), como será explicitado a seguir. Os estudos que a obra propõe reconhecem também as diversas tendências e perspectivas no aprendizado e no tratamento dos gêneros textuais, assim como a existência de duas nomeações usuais: gênero textual e gênero do discurso. No entanto, como explica Marcuschi, em sua obra Produção textual, análise de gêneros e compreensão26, não é interessante distinguir rigidamente essas duas nomenclaturas, tampouco tratá-las como dicotômicas ou excludentes, da mesma forma que não é interessante distinguir rigidamente texto e discurso. Nesta obra, priorizou-se o uso da nomenclatura gênero textual; no entanto, é considerado também o caráter discursivo dos gêneros contemplados ao longo dos Capítulos. Independentemente dessas escolhas, pode-se estabelecer que essas visões teóricas têm em comum a concordância entre as seguintes premissas:

(a) na noção de linguagem como atividade social e interativa;

(b) na visão de texto como unidade de sentido ou unidade de interação;

(c) na noção de compreensão como atividade de construção de sentido na relação de um eu e um tu situados e mediados e

25 BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução: Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 261-262.

26 MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.

(d) na noção de gênero textual como forma de ação social e não como entidade linguística formalmente constituída.27

Da mesma maneira, a diferenciação entre tipos textuais e gêneros textuais também não deve ser enxergada como um exercício dicotômico, pois ambos os conceitos apresentam, em maior ou menor medida, uma relação de complementaridade, já que todos os textos realizam um gênero e todos os gêneros apresentam uma diversidade de tipos, com a possível predominância de um deles. Essas definições são apresentadas aos estudantes no início da obra para que eles possam identificar as tipologias textuais presentes nos textos lidos e produzidos, além de compreender as características e a função comunicativa dos gêneros textuais que circulam nos diferentes campos de atuação. Cabe ressaltar que, nesta obra, o texto dissertativo-argumentativo foi definido como gênero textual, considerando que apresenta uma construção composicional relativamente estável com determinada função sociocomunicativa, ainda que sua nomenclatura faça referência às tipologias dissertativa e argumentativa, que são predominantes nesse gênero textual.

Os estudantes de Ensino Médio já trazem, desde os Anos Finais do Ensino Fundamental, conhecimentos prévios acerca dos diversos gêneros textuais que circulam socialmente e são sujeitos envolvidos em diferentes situações comunicativas e contextos sociais. Dessa maneira, com seus conhecimentos e experiências, eles têm a possibilidade de ativar uma pluralidade de leituras e sentidos através da sua postura diante do texto e da autoria. Os estudantes devem, portanto, ser valorizados em seu lugar de leitores que carregam o próprio repertório e devem ser incentivados a refletir criticamente sobre o modo como a interação autor-texto-leitor se estabelece no momento da leitura. Isso certamente lhes dará a confiança para experimentar a autoria de diferentes gêneros textuais, incluindo textos dissertativo-argumentativos.

É importante ressaltar que os gêneros textuais são inúmeros, pois também são inúmeras as práticas sociais que motivam a criação de cada um deles. Os gêneros não são estanques, pois são culturalmente construídos pelo ser humano e por ele podem ser alterados, modificados e inventados. Por isso, optou-se nesta obra por promover a recorrência de uma prática leitora em diversos gêneros textuais, especialmente aqueles que frequentemente compõem a coletânea de textos

27 MARCUSCHI, ref. 26, p. 21.

das propostas de redação do Enem, além do estudo do texto dissertativo-argumentativo com a finalidade de preparar os estudantes para a realização do exame.

A prática da produção textual, nesta obra, é compreendida como um espaço para o estudante refletir e se integrar com seu entorno, em propostas que se contextualizam como práticas sociais. Entende-se que, quando o estudante compreende um gênero textual, reconhecendo suas características a ponto de praticá-las em uma criação própria e em determinada situação de produção, ele não coloca em prática apenas uma forma linguística, mas também legitima o próprio discurso, criando sustentação para sua justificativa individual nas interações sociais das quais participa. Essa compreensão tem base no que expõe Marcuschi:

Os gêneros são atividades discursivas socialmente estabilizadas que se prestam aos mais variados tipos de controle social e até mesmo ao exercício do poder. Pode-se, pois, dizer que os gêneros textuais são nossa forma de inserção, ação e controle social no dia a dia. Toda e qualquer atividade discursiva se dá em algum gênero que não é decidido ad hoc, como já lembrava Bakhtin ([1953]1979) em seu célebre ensaio sobre os gêneros do discurso. Daí também a imensa pluralidade de gêneros e seu caráter essencialmente sócio-histórico. Os gêneros são também necessários para a interlocução humana. […]

A vivência cultural humana está sempre envolta em linguagem, e todos os nossos textos situam-se nessas vivências estabilizadas em gêneros. Nesse contexto, é central a ideia de que a língua é uma atividade sociointerativa de caráter cognitivo, sistemática e instauradora de ordens diversas na sociedade. O funcionamento de uma língua no dia a dia é, mais do que tudo, um processo de integração social. Claro que não é a língua que discrimina ou que age, mas nós que com ela agimos e produzimos sentidos.28

O texto, por sua vez, como objeto de estudo e de prática, deve ser entendido como uma unidade linguística que, independentemente de sua extensão, organiza-se de forma a construir um sentido coeso e pertinente ao contexto comunicativo em que se insere, de modo que a produção verbal deve atender à sua

28 MARCUSCHI, ref. 26, p. 161-163.

função comunicativa, seja em contextos orais ou escritos. Assim, de acordo com Ingedore Koch:

Um texto se constitui enquanto tal no momento em que os parceiros de uma atividade comunicativa global, diante de uma manifestação linguística, pela atuação conjunta de uma complexa rede de fatores de ordem situacional, cognitiva, sociocultural e interacional, são capazes de construir, para ela, determinado sentido.

Portanto, à concepção de texto aqui apresentada subjaz o postulado básico de que o sentido não está no texto, mas se constrói a partir dele, no curso de uma interação.

[...]

Uma vez construído um – e não o sentido, adequado ao contexto, às imagens recíprocas dos parceiros da comunicação, ao tipo de atividade em curso, a manifestação verbal será considerada coerente pelos interactantes.

E é a coerência assim estabelecida que, em uma situação concreta de atividade verbal ou, se assim quisermos, em um “jogo de linguagem” – vai levar os parceiros da comunicação a identificar um texto como texto.29

O ensino da produção textual, por sua vez, requer uma abordagem metodológica que privilegie a prática reflexiva e o desenvolvimento gradual das habilidades de escrita. Assim, o estudo e a produção do texto dissertativo-argumentativo são desenvolvidos nesta obra com base nas propostas apresentadas por Joaquim Dolz e Bernard Schneuwly, em seu texto “Sequências Didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento”, que resumidamente consiste em:

• apresentação da situação, em que se descreve o gênero a ser escrito;

• produção inicial, isto é, a primeira escrita do gênero apresentado, o que permite observar os conhecimentos prévios dos estudantes e, assim, construir um percurso que os oriente a desenvolver as características do gênero;

• análise e atividades sobre o gênero, que têm como objetivo subsidiar os estudantes para o estudo do texto a ser escrito;

• escrita final, tendo como premissa o que foi produzido nas etapas anteriores e seguida da avaliação do texto, tanto por parte do estudante quanto do

29 KOCH, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Cortez, 2003, p. 30.

professor, o que permite a compreensão de aspectos consolidados e a indicação do que necessita de revisão e aperfeiçoamento.30

Assim, ao longo da obra, parte-se do pressuposto de que a prática de escrita de um texto deve ser pensada considerando as práticas sociais em seu amplo sentido, uma vez que “o domínio da escrita é ‘facilitado’ se a escrita escolar levar em conta o funcionamento da escrita na sociedade, ou seja, se forem consideradas, na prática escolar, certas caraterísticas que a escrita tem em sua prática social.”31

Além disso, nas seções que integram a obra são considerados aspectos ligados ao que Ingedore Koch apresenta como os “três sistemas de conhecimento” relacionados à prática da escrita, a saber: “o linguístico, o enciclopédico e o interacional”32. O conhecimento linguístico envolve a compreensão gramatical e lexical, permitindo a relação entre som e sentido, e é responsável pela organização da superfície textual, pelo uso de coesão e pela escolha de vocabulário adequado ao tema. O conhecimento enciclopédico engloba informações sobre o mundo e modelos cognitivos baseados em experiências socioculturais, ajudando a levantar hipóteses, criar expectativas e fazer inferências no texto. Já o conhecimento sociointeracional refere-se às ações verbais e inclui conhecimentos sobre o ato de comunicar e sobre a estrutura das interações linguísticas.33 Por fim, o trabalho com o conhecimento linguístico nesta obra tem amparo teórico e metodológico nos preceitos de análise linguística como estudo da constituição interna e do funcionamento da língua, com vistas à condução do estudante ao domínio da norma-padrão. Sobre esse viés de abordagem, as professoras e pesquisadoras da área de Linguística Aplicada da Universidade Estadual de Campina Grande (UFCG), Maria Auxiliadora Bezerra e Maria Augusta Reinaldo, em sua obra Análise linguística: afinal, a que se refere?, esclarecem que, […] com base nos tipos de texto e nos níveis de organização da língua, a reformulação dos textos dos alunos […] [visa] alcançar o registro formal escrito. Vemos que a prática de análise linguística assume um status teórico-metodológico: teórico, porque constitui um

30 DOLZ, Joaquim et al. Sequências Didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2010.

31 POSSENTI, Sírio Aprender a escrever (re)escrevendo. Campinas: CEFIEL-Unicamp; Brasília: MEC, 2005, p. 13.

32 KOCH, ref. 29, p. 32.

33 KOCH, ref. 29, p. 32.

conceito que remete a uma forma de observar dados da língua, apoiada em uma teoria; metodológico, porque é utilizado na sala de aula como um recurso para o ensino reflexivo da escrita34.

Nessa trajetória didática, os estudantes são incentivados a analisar como o texto é construído com base em certos fenômenos linguísticos e, desse modo, reconhecer o uso intencional de recursos linguísticos e seus efeitos de sentido, em um movimento metalinguístico sobre o funcionamento da língua construído transversalmente às outras práticas de linguagem. Nessa perspectiva, efeitos de sentido são as diversas expressões que o uso de certos recursos promove na compreensão do texto, as quais não provêm apenas do recurso em si, previamente determinado pela gramática, mas de sua contextualização e intencionalidade no texto, tais como: contribuir para coerência e coesão, topicalizar e construir a progressão temática, entre outros.

5. Estratégias didático-metodológicas

A escola é um espaço essencial para a promoção da convivência com as diversidades. Nesse ambiente, além de desenvolverem habilidades acadêmicas, os estudantes se formam como cidadãos preparados para lidar com as diferenças sociais e culturais. A função social da escola ultrapassa a transmissão de conteúdos; ela é responsável por formar sujeitos capazes de conviver com a pluralidade, respeitar as diferenças e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Para que essa função se cumpra plenamente, é fundamental que o professor valorize cada estudante, considerando suas singularidades e trajetórias, de modo a garantir que todos se sintam acolhidos e reconhecidos.

Para isso, é importante favorecer o protagonismo dos estudantes, incentivando-os a participar ativamente da busca por soluções para desafios do mundo que os cerca. O aprendizado significativo não se encerra em respostas prontas, mas abre caminho para novas perguntas e para a construção permanente de

34 BEZERRA, Maria Auxiliadora; REINALDO, Maria Augusta. Análise linguística: afinal a que se refere? 2. ed. Recife: Pipa Comunicação; Campina Grande: EDUFCG, 2020. p. 18.

conhecimentos. Assim, ao estimular o pensamento crítico, a empatia e a responsabilidade, a educação possibilita que os jovens se tornem agentes de transformação social.

O professor, nesse processo, além de transmissor de conteúdos acadêmicos, é mediador e guia das aprendizagens, assumindo um papel essencial na condução de discussões, na promoção do diálogo e na manutenção do respeito mútuo. A relação pedagógica, quando marcada pelo reconhecimento da alteridade e pela escuta ativa, permite ao docente compreender o que motiva determinados comportamentos e ajudar os estudantes a se perceberem como agentes de mudança. Como aponta o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), Rinaldo Voltolini:

[…] O professor terá que considerar em seu ato as várias dimensões presentes na determinação do comportamento de seus alunos, em vários planos, numa visão complexificadora, uma vez que seu objetivo é o de produzir mudanças subjetivas no aluno […].

[…] Ou seja, para objetivar o professor tem que passar por sua subjetividade. […].35

Para isso, em vez de adotar uma lógica centrada na culpabilização, que busca identificar as falhas individuais dos estudantes, cabe à escola promover uma lógica de corresponsabilidade, na qual professores e estudantes compreendam seu papel no processo educativo e se envolvam ativamente na construção do conhecimento.

Assim, é importante que o professor busque uma didática que reconheça e respeite as diferenças, promovendo igualdade de oportunidades e vínculos de aprendizagem, além de reconhecer os elementos contextuais que motivam determinados comportamentos. Esse movimento fortalece a confiança e o crescimento individual dos estudantes. Nesse processo, o livro didático se configura como uma ferramenta essencial de apoio ao professor na organização das atividades pedagógicas, e sua utilização pode ser pensada de modo a fomentar uma construção colaborativa entre docentes e estudantes.

35 VOLTOLINI, Rinaldo. Saúde mental e escola. In: SÃO PAULO (SP). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Núcleo de Apoio e Acompanhamento para Aprendizagem. Caderno de debates do NAAPA: questões do cotidiano escolar. São Paulo: SME: COPED: NAAPA, 2016. p. 89. Disponível em: https://acervodigital.sme.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/ uploads/2022/03/Caderno_de_DebatesNAAPA1.pdf. Acesso em 25 out. 2024.

5.1 A metacognição no processo de ensino-aprendizagem

Neste item, são apresentadas algumas estratégias didático-pedagógicas que visam um trabalho proficiente com as diversidades da escola: compreensão sobre a importância da metacognição como processo de ensino e de aprendizagem; formas de abordagem didáticas e metodológicas com estudantes de diferentes perfis; e métodos de trabalho com pequenos e grandes grupos.

A escola tem a responsabilidade social de orientar os estudantes não apenas na aquisição de conhecimento acadêmico, mas também no desenvolvimento da capacidade de refletir sobre seus recursos e processos de aprendizagem. Essa habilidade é definida pelo pesquisador e psicólogo do desenvolvimento John Hurley Flavell da seguinte maneira:

A metacognição se refere ao conhecimento que alguém tem sobre os próprios processos e produtos cognitivos ou qualquer outro assunto relacionado a eles, por exemplo, as propriedades da informação relevantes para a aprendizagem. Pratico a metacognição [...] quando me dou conta de que tenho mais dificuldade em aprender A que B; quando compreendo que devo verificar pela segunda vez C antes de aceitá-lo como um fato [...].36

A habilidade metacognitiva é fundamental para que o estudante aprenda a se reconhecer em constante processo de transformação, sendo capaz de identificar quando é necessário mudar estratégias e atitudes para alcançar determinados aprendizados. O desenvolvimento da metacognição envolve aprender a regular o uso de recursos cognitivos e a desenvolver a habilidade de planejar, monitorar e avaliar as próprias ações, de modo a identificar o que funciona e o que precisa ser ajustado ao executar determinada tarefa. A metacognição não se restringe ao contexto escolar, ela também é necessária em situações da vida cotidiana que exigem reflexão crítica e argumentação. Assim, ensinar

36 FLAVELL, J. H. Metacognitive aspects of problem solving. In: RESNICK, L. B. (ed.). The nature of intelligence. Hillsdale, NJ: Erlbaum, 1976. p. 231-235 apud PORTILHO, Evelise Maria Labatut. As estratégias metacognitivas de quem aprende e de quem ensina. In: MALUF, Maria Irene (coord.). Aprendizagem: tramas do conhecimento, do saber e da subjetividade. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Associação Brasileira de Psicopedagogia, 2006. p. 48.

a autonomia envolve instrumentalizar os estudantes para que assumam o protagonismo dos próprios recursos de aprendizagem, utilizando a reflexão como ferramenta de crescimento pessoal e acadêmico.

Para auxiliar no desenvolvimento da metacognição dos estudantes, o professor pode incentivar a reflexão acerca dos processos de aprendizagem, do funcionamento da memória e da identificação das potencialidades de cada estudante, valorizando a pluralidade de estilos de ensino a fim de criar oportunidades para que diferentes estilos de aprendizagem sejam respeitados e potencializados. Além disso, explicitar o propósito das aulas e os métodos utilizados pode tornar o aprendizado mais claro e significativo, uma vez que o estudante passa a entender como e por que determinada estratégia está sendo empregada, o que possibilita a elaboração de recursos internos de metacognição e mostra que a aprendizagem é um percurso contínuo, feito de planejamento, experimentação e ajustes.

5.2 Trabalho com estudantes de diferentes perfis

O ambiente escolar apresenta caráter múltiplo e diverso. Em uma sala de aula, estudantes de diferentes perfis estabelecem vínculos pessoais e de aprendizagem e cabe ao professor reconhecer o modo como essas relações perpassam o processo de ensino-aprendizagem, a fim de promover uma educação inclusiva, considerando que a presença da diversidade de perfis não é um desafio a ser superado, mas uma realidade e oportunidade de enriquecimento para toda a comunidade escolar. Cada estudante apresenta competências, dificuldades e interesses particulares que, quando são reconhecidos e instrumentalizados a favor da aprendizagem, facilitam a aquisição de conhecimento e contribuem para a participação ativa de todos. Isso implica que o professor não deve apenas reconhecer as dificuldades de aprendizagem dos estudantes, mas também auxiliá-los a identificar suas facilidades e potencialidades.

Incorporar os interesses dos estudantes nas atividades, sejam elas individuais ou coletivas, é mais uma estratégia pedagógica que favorece a motivação e o engajamento. Nesse contexto, é importante que o professor configure vínculos baseados na confiança mútua, promovendo uma comunicação aberta e reflexiva com a turma. A sala de aula é um ambiente relacional, onde estudantes de diferentes perfis interagem entre si e com o professor, e essas interações são essenciais para o aprendizado.

O processo de ensino-aprendizagem implica um contínuo e profundo processo de relacionamento, no qual todos os aspectos analisados são constitutivos. Professor e estudantes devem compor um espaço relacional em que seja criada uma atmosfera de compromisso e de responsabilidade, a fim de atingir os objetivos educativos. Negociações em sala de aula serão sempre necessárias, e a confiança mútua é uma âncora para o compartilhamento na produção do conhecimento na processualidade do desenvolvimento subjetivo. Nessa negociação, os processos de comunicação têm um papel fundamental tanto para a emergência de novas realizações do conteúdo em foco como para as produções de sentido que irão articular e direcionar as diferentes dimensões do contexto do ensino e da aprendizagem.37

Desse modo, as relações sociais são fundamentais para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de maneira significativa e a sala de aula se configure como um espaço de vivências e dinâmicas sociais, em que estudantes e professores ocupem diferentes papéis e posições. Nesse sentido, reconhecer divergências entre os estudantes, mas também entre os objetivos, processos e resultados das tarefas propostas pelo professor, é fundamental para ajustar a prática pedagógica. A compreensão das motivações dos estudantes e das situações em que o interesse pelo aprendizado diminui pode orientar melhor as estratégias de ensino. Perguntas como “Por que determinado estudante age assim?”, “O que faz que aprender deixe de ser interessante em certas circunstâncias?” e “Como os diferentes perfis de estudantes gostariam de aprender?” podem auxiliar o professor a refletir sobre o planejamento pedagógico. A conexão entre professor e estudante é o ponto de partida essencial para a aprendizagem, pois, para que o conhecimento se estabeleça, é necessário que haja comunicação consistente entre ambas as partes.

6. Avaliação

A avaliação é uma parte fundamental do processo de ensino e aprendizagem, pois permite ao professor acompanhar o desenvolvimento do estudante e ajustar sua prática pedagógica conforme as necessidades da turma. Segundo Zabala, a avaliação deve estar articulada a um projeto pedagógico para que possa subsidiar as ações educativas, com vistas à construção de um resultado previamente definido durante a etapa de planejamento escolar.

37 TACCA, Maria Carmen Villela Rosa. Relações sociais na escola e o desenvolvimento da subjetividade. In: MALUF, Maria Irene (coord.). Aprendizagem: tramas do conhecimento, do saber e da subjetividade. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Associação Brasileira de Psicopedagogia, 2006. p. 64.

A intervenção pedagógica tem um antes e um depois que constituem as peças substanciais em toda prática educacional. O planejamento e a avaliação dos processos educacionais são uma parte inseparável da atuação docente, já que o que acontece nas aulas, a própria intervenção pedagógica, nunca pode ser entendida sem uma análise que leve em conta as intenções, as previsões, as expectativas e a avaliação dos resultados.38

Durante a etapa de planejamento das aulas, é importante definir os objetivos educacionais a serem alcançados, os conteúdos que serão abordados e as metodologias de trabalho que serão utilizadas (aula expositiva, apresentação oral, trabalhos em grupo, entre outros). Ao realizar o planejamento das aulas de Redação, é importante prever momentos para o enriquecimento de repertório dos estudantes e articulá-los com o desenvolvimento de competências relacionadas à produção de textos escritos.

Existem diferentes modelos avaliativos que podem ser aplicados nas aulas de Redação, cada um com um objetivo específico e implicações práticas.

Avaliação diagnóstica: esse tipo de avaliação é utilizado no início do processo educativo para verificar o nível de conhecimento prévio dos estudantes. No contexto do ensino de Redação, a avaliação diagnóstica pode ser feita por meio da análise de uma produção inicial, na qual se solicita aos estudantes que escrevam um texto dissertativo-argumentativo sobre um tema determinado. O objetivo é identificar as principais habilidades e dificuldades em aspectos como argumentação, estrutura textual e domínio da modalidade escrita formal. Com base nessa análise, é possível planejar atividades que atendam às necessidades específicas da turma, promovendo um ensino mais personalizado.

Avaliação formativa: ocorre durante o processo de aprendizagem e tem como finalidade orientar e apoiar o desenvolvimento do estudante. Diferentemente de uma avaliação que gera apenas uma nota final, a avaliação formativa é contínua e envolve a aplicação de instrumentos como atividades práticas, exercícios de escrita, debates e análises textuais, com devolutivas constantes do professor. Nas propostas desta obra, a avaliação formativa é central, especialmente nas etapas de produção textual (planejamento, escrita, revisão e reescrita),

38 ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Tradução: Ernani Rosa. Porto Alegre: Penso, 2014. E-book.

permitindo que o estudante receba retornos detalhados e compreenda como aprimorar suas habilidades de escrita. O objetivo desse modelo é promover a reflexão do estudante sobre seu próprio processo de aprendizagem, auxiliando-o a desenvolver habilidades e competências ao longo do tempo.

• Avaliação somativa: é realizada ao final de um processo de aprendizagem, como o término de um ciclo de aulas ou após a conclusão de um conteúdo específico. No contexto do ensino de Redação, essa avaliação pode ser feita por meio de uma produção textual final, em que se analisam aspectos como o domínio da modalidade escrita formal, a estrutura do texto dissertativo-argumentativo, a argumentação e o respeito aos direitos humanos na proposta de intervenção, considerando os critérios utilizados pelo Enem. A avaliação somativa é importante para determinar o nível de conhecimento adquirido pelos estudantes e pode ser expressa em forma de nota ou conceito. Seu principal objetivo é verificar a consolidação das aprendizagens, embora, diferentemente da avaliação formativa, o objetivo não seja o acompanhamento do progresso contínuo do estudante.

• Avaliação comparativa: envolve a comparação do desempenho de um estudante em relação a um grupo. Na prática da sala de aula, sugere-se aplicar esse modelo ao comparar a produção textual de diferentes estudantes em relação aos mesmos critérios. No entanto, é importante ter cuidado ao utilizar a avaliação comparativa, pois ela pode gerar competitividade e frustração se não for conduzida de maneira construtiva. Quando aplicada com equilíbrio, pode ajudar os estudantes a reconhecerem diferentes estilos de escrita e aprenderem com os pontos fortes e fracos de seus colegas. Durante as aulas, essa abordagem pode ser explorada em atividades de análise coletiva de redações, tendo como referência as redações que obtiveram nota máxima no Enem, com o objetivo de promover o aprendizado colaborativo.

• Avaliação ipsativa: consiste em comparar o desempenho atual do estudante com seus próprios resultados anteriores, incentivando a autocomparação e a reflexão sobre o progresso individual. Essa avaliação é extremamente relevante no ensino de Redação, pois a escrita é um processo que se desenvolve ao longo do tempo. No material, a avaliação ipsativa é tratada por meio de atividades de reescrita e de análise dos próprios textos, nas quais o estudante é incentivado a comparar versões anteriores de suas produções e a identificar suas melhorias.

No trabalho do professor, os instrumentos de avaliação são ferramentas essenciais para acompanhar o desenvolvimento dos estudantes, identificar suas dificuldades e fornecer feedbacks constantes que orientem a melhoria contínua de seu desempenho. A produção de fichas para o acompanhamento das aprendizagens dos estudantes pode apoiar o professor a centralizar registros sobre o aprimoramento de habilidades de leitura e interpretação de textos, a capacidade de construir argumentos para defender um ponto de vista, a aplicação de conhecimentos linguísticos e ortográficos em um texto escrito, entre outros.

6.1 Estratégias avaliativas propostas na coleção

Esta obra propõe uma abordagem diversificada de avaliação, contemplando diferentes modelos avaliativos para apoiar o desenvolvimento das habilidades de escrita dos estudantes. A avaliação formativa é um dos pilares do material, aplicada por meio de atividades práticas de revisão e reescrita, que possibilitam ao professor acompanhar o progresso dos estudantes em suas produções textuais. Essa prática reforça o papel da avaliação como um processo contínuo e dialogado, capaz de promover uma aprendizagem mais significativa.

A obra não inclui propostas de avaliação diagnóstica no início dos Capítulos, no entanto, sugere-se que as atividades iniciais de escrita dos estudantes sejam utilizadas para avaliar a compreensão de cada um a respeito dos processos que envolvem a produção de textos, de modo a planejar o trabalho pedagógico com base nas necessidades observadas. Dessa forma, a avaliação diagnóstica funciona como suporte para a definição de estratégias pedagógicas que auxiliem os estudantes a superarem suas dificuldades específicas.

Já a avaliação somativa é incorporada ao final de cada Capítulo, na qual se propõe a produção de um texto dissertativo-argumentativo sobre um tema trabalhado, com base na qual é possível analisar se o estudante consegue aplicar de maneira integrada os conhecimentos adquiridos ao longo das atividades.

A seção Estudo em retrospectiva busca consolidar o aprendizado dos estudantes e promover uma reflexão sobre os conteúdos abordados no Capítulo, além de incentivá-los a desenvolverem uma postura crítica e consciente de seus processos de estudo. Dividida em duas fases — Síntese e Refletir e avaliar — essa seção proporciona uma revisão dos principais conceitos trabalhados, ao mesmo tempo que fomenta

a autoavaliação e a identificação de aspectos que podem ser aprimorados.

Ao longo da leitura dos itens do tópico Sintetizar, o professor pode propor perguntas que incentivem os estudantes a revisitarem as ideias centrais do conteúdo, reforçando os pontos-chave discutidos durante as aulas. Essa é uma oportunidade de verificar o entendimento coletivo e corrigir eventuais dúvidas antes de prosseguir para novos temas. Recomenda-se que o professor incentive a participação ativa dos estudantes nesse momento, propondo debates e permitindo que eles expliquem os conceitos uns para os outros, o que fortalece o aprendizado colaborativo.

Já o tópico Refletir e avaliar tem como foco a autoavaliação dos estudantes, permitindo que eles reflitam sobre suas próprias atitudes e métodos de estudo. Nesta etapa, o professor pode promover um diálogo aberto sobre os desafios enfrentados durante os estudos, encorajando os estudantes a identificarem seus pontos fortes e áreas que precisam ser aprimoradas. Além disso, é uma oportunidade para que cada estudante desenvolva maior autonomia no processo de aprendizado, reconhecendo a importância de atitudes como organização, disciplina e concentração, tendo em vista a preparação para a redação do Enem.

A obra também oferece espaços para a prática da avaliação ipsativa, por meio de atividades de reflexão e autoavaliação, nas quais os estudantes são convidados a analisar não só suas próprias produções ao longo do tempo, mas também sua aprendizagem de forma mais global. Essa prática incentiva a autonomia e a autorreflexão, auxiliando os estudantes a reconhecerem seus avanços e a compreender a escrita como um processo dinâmico e contínuo. Por fim, ao propor atividades coletivas e discussões em grupo sobre diferentes produções textuais em momentos específicos, o material possibilita a aplicação da avaliação comparativa de forma construtiva, promovendo o aprendizado colaborativo e a troca de experiências entre os estudantes.

7. Estrutura do Livro do estudante

O Livro do estudante está estruturado em nove Capítulos. A seguir são apresentados os principais conteúdos trabalhados em cada Capítulo e a descrição das seções e dos boxes que compõem a obra.

Os Capítulos 1 e 2 apresentam uma contextualização inicial abordando alguns temas relacionados à

preparação do estudante para o Enem. No Capítulo 1, propõe-se uma reflexão sobre o acesso ao Ensino Superior no Brasil e as perspectivas de trabalho no mundo contemporâneo, bem como sobre as expectativas dos estudantes em relação à construção de suas trajetórias pessoal, acadêmica e profissional. Também apresenta a Matriz de Competências do Enem, os critérios de correção e avaliação relacionados à pontuação no exame, e a estrutura da redação para o Enem. No Capítulo 2, são abordadas as definições de tipos e gêneros textuais, abordando a distinção entre esses conceitos e os campos de atuação em que os gêneros textuais se inserem e circulam.

O Capítulo 3 apresenta as características da proposta de redação do Enem, abordando aspectos relativos ao tema proposto e à coletânea de textos. Também explora os recursos da paráfrase e da citação e a construção da intertextualidade no diálogo com outros textos como estratégias argumentativas que podem ser utilizadas na escrita da redação.

No Capítulo 4, são apresentadas as características e a estrutura do texto dissertativo-argumentativo. Em seguida, explora-se com mais profundidade a introdução do texto, na qual se apresenta a contextualização do tema e a tese a ser defendida, destacando diferentes estratégias que podem ser utilizadas nessa parte da redação. Também são apresentados recursos que contribuem para a organização e a apresentação das ideias principais, como a elaboração do tópico frasal.

Dando continuidade ao estudo da estrutura da redação, o Capítulo 5 aborda o desenvolvimento do texto dissertativo-argumentativo e as diversas estratégias argumentativas que podem ser utilizadas para sustentar a tese defendida na redação. Também são explorados aspectos da linguagem relacionados ao domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

No Capítulo 6, trabalha-se o conceito de repertório sociocultural e sua importância para a redação do Enem, destacando os diferentes saberes que podem ser acionados na construção do texto e os critérios para avaliar se o repertório é legitimado, pertinente e produtivo considerando o tema proposto e a tese defendida no texto.

O Capítulo 7 trata da conclusão do texto dissertativo-argumentativo, abordando os aspectos que devem ser considerados na elaboração da proposta de intervenção e sua relevância na redação do Enem. Também se destaca a relação entre a proposta de intervenção e o respeito aos direitos humanos, sendo este um dos critérios avaliativos indicados na competência 5.

No Capítulo 8, são explorados os mecanismos de coesão e coerência na construção do texto dissertativo-argumentativo, abordando aspectos relacionados à progressão temática e ao encadeamento das ideias, bem como o uso de recursos linguísticos para estabelecer relações entre as partes do texto.

Por fim, o Capítulo 9 traz uma revisão dos critérios de avaliação da redação do Enem e retoma as etapas envolvidas na produção textual, sistematizando alguns aspectos que devem ser analisados nas etapas de edição e revisão do texto, com o objetivo de oferecer subsídios para os estudantes se prepararem para a escrita da redação na realização do Enem.

Além dos conteúdos desenvolvidos nos tópicos de teoria, o Livro do estudante é organizado em seções com propostas de atividades de leitura e compreensão de diferentes gêneros textuais, análise linguística e produção textual, e boxes com informações e conteúdos complementares, que são apresentados a seguir.

Seções

Abertura: apresenta uma imagem relacionada ao tema desenvolvido no Capítulo. Com base na leitura da imagem e do título do Capítulo, podem ser propostas questões iniciais para verificação dos conhecimentos prévios dos estudantes a respeito dos temas que serão abordados. Na abertura, também são apresentados os campos de atuação social e os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) que correspondem às propostas trabalhadas no Capítulo.

Atividades: propõe atividades variadas que visam sistematizar e consolidar os conteúdos trabalhados no Capítulo, favorecendo o desenvolvimento de habilidades relacionadas às competências avaliadas na redação do Enem.

Leitura: apresenta textos de diferentes gêneros textuais, que podem compor a coletânea de textos da proposta de redação do Enem, como notícias, artigos de opinião, editoriais, infográficos, entre outros, contribuindo para ampliação do repertório dos estudantes em relação aos temas e ao gênero textual trabalhados no Capítulo.

Redação nota 1 000: apresenta exemplos de redações que obtiveram a nota máxima no Enem, mostrando aos estudantes as características de um texto dissertativo-argumentativo bem construído com o objetivo de destacar aspectos relacionados à estrutura da redação, às estratégias de argumentação utilizadas e ao uso adequado do repertório sociocultural, entre outros. A leitura e análise de redações exemplares auxiliam os estudantes a identificarem pontos fortes e práticas que podem ser incorporadas em seus próprios textos.

Em prática: apresenta uma proposta de produção de texto dissertativo-argumentativo, possibilitando que os estudantes exercitem a escrita da redação para o Enem. A proposta de redação apresenta o tema, os textos motivadores e as etapas envolvidas na produção textual: Organizar (planejamento), Produzir (escrita), Avaliar (revisão).

Para refletir: propõe reflexões sobre temas relevantes e atuais por meio de atividades de leitura e compreensão de textos, contribuindo para que os estudantes desenvolvam a reflexão e o pensamento crítico, bem como suas habilidades de argumentação.

Cidadania em movimento: propõe a leitura e a compreensão de textos relacionados aos Temas Contemporâneos Transversais (TCTs), além de atividades de pesquisa e propostas de atuação, promovendo a reflexão dos estudantes sobre questões atuais relacionadas à cidadania, aos direitos humanos, à sustentabilidade e a outras temáticas relevantes que podem ser apresentadas nas propostas de redação do Enem.

Conexões com…: apresenta textos e atividades que articulam o conteúdo trabalhado no Capítulo com temas de outras áreas de conhecimento, com o objetivo de enriquecer o repertório sociocultural dos estudantes.

Práticas de linguagem: propõe atividades sobre aspectos ortográficos, gramaticais e linguísticos que têm como objetivo desenvolver o domínio da modalidade escrita formal. As atividades também exploram aspectos relacionados à escrita do texto dissertativo-argumentativo, como o uso de estratégias argumentativas e de recursos para garantir a coerência e a coesão textual.

Estudo em retrospectiva: propõe atividades de síntese, reflexão e autoavaliação para que os estudantes retomem e sistematizem os conteúdos trabalhados no Capítulo e, em seguida, possam avaliar seu processo de aprendizagem, identificando pontos fortes e aspectos que podem ser aprimorados para melhorar seu desempenho.

Pratique mais: oferece propostas extras de redação para os estudantes praticarem a produção de textos dissertativo-argumentativos, contribuindo para que desenvolvam suas habilidades de escrita de forma contínua na preparação para a redação do Enem.

Boxes

Complementar: traz informações adicionais que ampliam o conteúdo principal do Capítulo, seja para aprofundar conceitos, seja para apresentar dados, informações ou curiosidades sobre os assuntos abordados.

Ampliando saberes: apresenta indicações de livros, filmes, sites, podcasts, entre outros recursos que contribuem para a ampliação do repertório sociocultural dos estudantes.

Mundo do trabalho: estabelece conexões entre o conteúdo do Capítulo e aspectos relacionados ao mundo do trabalho, apresentando profissões de diferentes áreas e contribuindo para que os estudantes reflitam sobre suas expectativas em relação à vida profissional.

8. Planejamento didático

O ato de planejar faz parte da prática docente de forma recorrente e cíclica. Isso porque se trata de uma ação essencial tanto para garantir a distribuição dos itens do currículo no tempo didático e letivo quanto para possibilitar o alcance de objetivos definidos para a aprendizagem dos estudantes, o que demanda a elaboração das métricas de avaliação já mencionadas em seus tipos e formatos.

Nesse sentido, são inúmeras as possibilidades de planejamento, o que coloca o professor em uma posição de questionamento sobre quais conteúdos abordar e que tempo destinar a cada um deles. A resposta para essas questões não é óbvia, mas compreende-se que ela requer reflexão sobre as compreensões desejadas que os estudantes alcancem, ou seja, os objetivos de aprendizagem. Para planejar, é preciso ter clareza sobre essas aprendizagens e, assim, fazer escolhas sobre métodos, estratégias e materiais.

Nesse modelo, parte-se de uma identificação mais criteriosa dos resultados desejados, por meio da definição de aprendizagens prioritárias que levam em consideração objetivos e padrões curriculares nacionais, municipais e estaduais, para então fazer escolhas mais assertivas de conteúdo em relação ao tempo didático. Em seguida, determinam-se as evidências aceitáveis, que são as estratégias avaliativas – formais e informais – pensadas como viáveis ao contexto da turma e dos estudantes para validar suas aprendizagens. Por fim, procede-se ao planejamento das experiências de aprendizagem e instrução, que são as atividades de ensino mais adequadas para o alcance dos resultados definidos.

Assim, a elaboração de um plano de ensino requer que o professor se aproprie de dados do contexto da turma, das diretrizes político-pedagógicas da escola e das competências e habilidades que deseja que os estudantes alcancem de modo gradativo, ao longo dos bimestres, dos trimestres ou do ano.

8.1 Cronograma

A seguir, apresentamos uma sugestão de cronograma e distribuição dos capítulos que considera o Ensino Médio com duração de três anos, com possíveis arranjos em bimestres, trimestres e semestres. Trata-se de uma organização sequencial sugerida; entretanto, o professor pode adaptar o planejamento à realidade da rede em que está inserido, da escola — considerando o projeto político-pedagógico — e de cada turma específica.

Sugestão de plano de desenvolvimento bimestral

Anos

1o ano

1o ano

1o ano

1o ano

2o ano

2o ano

2o ano

2o ano

3o ano

3o ano

bimestre

bimestre

bimestre

bimestre

bimestre

bimestre

bimestre

bimestre

bimestre

bimestre

3o ano 3o bimestre

3o ano 4o bimestre

Sugestão de plano de desenvolvimento bimestral

Capítulos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Anos

1o ano 1o trimestre

1o ano

1o ano

trimestre

trimestre

2o ano 1o trimestre

2o ano 2o trimestre

2o ano 3o trimestre

3o ano 1o trimestre

3o ano 2o trimestre

3o ano 3o trimestre

Sugestão de plano de desenvolvimento semestral

Anos Semestres

1o ano 1o semestre

1o ano 2o semestre

2o ano 1o semestre

2o ano 2o semestre

3o ano 1o semestre

3o ano 2o semestre

Capítulos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulos

Capítulo 1 e Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4 e Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8 e Capítulo 9

Orientações específicas para o professor

Capítulo 1

Jornada ao Ensino

Superior: desafios e perspectivas

O Capítulo oferece uma análise sobre as perspectivas do trabalho no mundo atual e sobre os desafios enfrentados pelos jovens no mercado de trabalho. Iniciando com um panorama do acesso ao Ensino Superior no Brasil, aborda temas como: competências para o futuro, inteligência artificial, regulamentação trabalhista, saúde mental, qualidade de vida e expectativas dos jovens ao ingressar no mercado. Além disso, explora discussões iniciais sobre a redação para o Enem, como a estrutura básica, formada por introdução, desenvolvimento e conclusão, e apresenta exemplos práticos e reflexões sobre temas relevantes, como a escrita do texto dissertativo-argumentativo, a compreensão sobre o sistema de pontuação da prova de redação e temas anteriores.

Competências e habilidades do Capítulo 1

Competências gerais: 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10

Competências específicas: 1, 2, 3, 4 e 6

Habilidades de Linguagens: EM13L GG101, EM13LGG104, EM13LGG202, EM13LGG204, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG401 e EM13LGG402.

H abilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP12, EM13LP15, EM13LP28 e EM13LP45.

Principais objetivos do Capítulo

1. Conhecer a evolução histórica do acesso ao Ensino Superior no Brasil, compreendendo as políticas públicas e as mudanças significativas que influenciaram o ingresso nas universidades.

2. Refletir sobre os desafios enfrentados pelos jovens ao ingressar no mercado de trabalho, incluindo

carreira, empreendedorismo, habilidades e educação continuada.

3. Desenvolver a capacidade crítica dos estudantes ao identificar e analisar os elementos que compõem uma redação de excelência no Enem.

4. Analisar a estrutura de textos dissertativo-argumentativos, focando introdução, desenvolvimento, conclusão, argumentação e escolha vocabular.

Um breve histórico do acesso ao Ensino Superior no Brasil

O Capítulo inicia apresentando um panorama sobre as transformações e os desafios do ingresso em universidades. Este conteúdo foi planejado para os estudantes compreenderem o contexto histórico e social que influenciou o acesso ao Ensino Superior, fornecendo repertório cultural e elementos históricos para serem utilizados nas redações. Ao explorar essa evolução, é possível promover debates sobre desigualdades educacionais, políticas públicas e seus impactos na democratização do ensino.

Apresentar a evolução do acesso ao Ensino Superior no Brasil, destacando os principais marcos históricos. Promover uma discussão sobre a democratização do ensino, usando exemplos como o Enem e o Prouni. Propor uma atividade em que os estudantes escrevam um parágrafo dissertativo-argumentativo sobre como o acesso à educação superior se relaciona com a transformação social.

O Enem e o ingresso em universidades

Este conteúdo aborda diretamente o mecanismo de ingresso nas universidades públicas. O Enem não é apenas um exame, mas uma política de inclusão e democratização do acesso ao Ensino Superior. Compreender seu funcionamento, suas etapas e sua redação como parte fundamental do processo pode proporcionar aos estudantes uma visão estratégica para se prepararem melhor.

Explicar o papel do Enem como mecanismo de inclusão social e ferramenta de acesso ao Ensino Superior. Utilizar os elementos do conteúdo para debater as mudanças nas formas de ingresso nas universidades. Como atividade prática, pedir aos estudantes que escrevam um parágrafo abordando a importância do Enem na democratização da educação no Brasil.

Perspectivas de trabalho no mundo

atual

O mercado de trabalho contemporâneo apresenta desafios e oportunidades específicas para os jovens, fato que torna este conteúdo fundamental para a formação crítica dos estudantes. A seção aborda questões como tecnologia e automação, que podem ser temas recorrentes na redação do Enem. Além disso, relaciona-se com as expectativas dos estudantes que estão prestes a ingressar no Ensino Superior e no mercado de trabalho.

Discutir as transformações do mercado de trabalho, enfatizando a tecnologia e a automação. Utilizar o boxe Ampliando saberes para contextualizar a relação entre as oportunidades de emprego e a necessidade de qualificação. Propor aos estudantes a produção de um parágrafo argumentativo sobre os desafios da juventude na economia digital.

Saúde mental e qualidade de vida

A saúde mental é um tópico relevante e atual, principalmente para jovens prestes a entrar no mercado de trabalho e na universidade. A abordagem da saúde mental no contexto do trabalho permite uma discussão sobre os impactos da vida profissional na vida pessoal, além de servir como repertório para a redação do Enem.

Abordar a importância da saúde mental no ambiente de trabalho e a influência que ela tem na vida pessoal e profissional. Utilizar este conteúdo para incentivar os estudantes a refletir sobre estratégias de autocuidado. Pedir a eles que produzam um parágrafo argumentativo no qual discutam a relevância da saúde mental para o sucesso no mercado de trabalho na atualidade.

Atividades

1. Resposta pessoal. Sugestão de resposta: Economia verde — modelo que oferece oportunidades ligadas à sustentabilidade, como gestão de recursos naturais e de energias renováveis.

Economia criativa: valorização da inovação e da capacidade de criar conteúdos atraentes, como carreiras em mídias sociais, produção audiovisual e design. Economia do cuidado: engloba profissões voltadas para a saúde e para o bem-estar, especialmente focando a população idosa.

Esta atividade avalia a capacidade dos estudantes de identificar e de descrever áreas específicas mencionadas no texto, incentivando a leitura atenta e a compreensão dos conceitos apresentados.

2. A economia digital integra recursos digitais em cadeias de produção ao automatizar processos, ao aumentar a eficiência e ao criar funções e profissões. Exemplos incluem o desenvolvimento de softwares, a análise de dados e a gestão de plataformas digitais. Sugere-se incentivar os estudantes a refletir criticamente sobre a transformação digital e suas implicações no mercado de trabalho. É importante verificar se conseguem relacionar os conceitos do texto com exemplos práticos.

3. Espera-se que os estudantes discutam sobre profissões como, por exemplo, produtor de conteúdo, designer e profissional de marketing digital. Eles devem considerar como essas profissões oferecem flexibilidade, criatividade e novas formas de expressão e de renda para os jovens.

A atividade promove habilidades relacionadas à comunicação e ao trabalho em equipe. Durante a discussão, sugere-se observar a participação de cada estudante e incentivar a expressão de diferentes pontos de vista.

4. Resposta pessoal. Sugestão de resposta: Em um cenário de alta na economia do cuidado, algumas carreiras possíveis seriam cuidador de idosos, profissional da saúde com atendimento em domicílio, terapeuta ocupacional e gestor de serviços de saúde. Essas especialidades são fundamentais para suprir a demanda crescente por cuidados especializados.

É importante permitir que os estudantes usem a criatividade para imaginar futuros possíveis baseados nas tendências atuais. Sugere-se avaliar a originalidade e a viabilidade dos cenários criados.

5. Os estudantes devem escolher uma carreira ligada à sustentabilidade (como engenheiro de energias renováveis) e apresentar suas principais responsabilidades, seus desafios (como a necessidade de inovação constante) e suas oportunidades (como a crescente demanda). Se julgar pertinente, reforce a importância de atividades orais como esta, que desenvolvem habilidades referentes à pesquisa e à apresentação. É importante avaliar o conteúdo, a clareza da comunicação e a capacidade dos estudantes de responder a perguntas da audiência.

Expectativas e realidades: em busca da sua própria trajetória

Este conteúdo aborda os desafios e as oportunidades enfrentados pelos jovens na busca por uma carreira profissional ou na iniciativa de empreender. É uma excelente

oportunidade para explorar com os estudantes as expectativas que eles têm em relação ao mercado de trabalho e como podem se preparar para construir suas trajetórias de forma consciente. Além disso, o conteúdo conecta-se diretamente a conhecimentos que podem ser usados para a construção da redação, como escolha de carreira, empreendedorismo e desenvolvimento pessoal.

Iniciar com uma discussão sobre as expectativas dos estudantes em relação ao mercado de trabalho, conectando-as com a necessidade de planejamento e qualificação. Utilizar exemplos do conteúdo para abordar a importância do autoconhecimento e do empreendedorismo como possibilidades profissionais. Propor uma atividade prática, como a escrita de um parágrafo argumentativo sobre os desafios e as oportunidades do mercado de trabalho atual, incentivando os estudantes a refletir sobre a importância do preparo contínuo.

Educação continuada, habilidades digitais e soft skills

Este conteúdo é fundamental para ajudar os estudantes a entender a importância do aprendizado contínuo e a desenvolver habilidades essenciais no contexto da sociedade atual. Ela aborda a necessidade das habilidades digitais e das soft skills (habilidades socioemocionais) como diferenciais no mercado de trabalho. Além de fornecer conteúdo para as redações, essa temática é altamente relevante para os próprios estudantes, que logo ingressarão no ambiente universitário e profissional.

Discutir com os estudantes a importância da educação continuada e das habilidades digitais e socioemocionais (soft skills) para se destacar no mercado de trabalho. Utilizar o texto sobre educação continuada, habilidades digitais e soft skills como ponto de partida para refletir a respeito do desenvolvimento de bons hábitos de estudo e trabalho. Para a atividade prática, pedir aos estudantes que identifiquem e descrevam uma habilidade digital e uma soft skill essenciais, e, em seguida, elaborem um parágrafo argumentativo sobre como essas habilidades podem ser aplicadas em suas carreiras futuras.

Leitura

Respostas

1. De acordo com o autor, o mercado de trabalho demanda profissionais com sólidos conhecimentos e que possuam habilidades e atitudes como criatividade, inovação, comunicação e empatia, para responder aos complexos e dinâmicos desafios de nosso tempo.

2. Algumas das habilidades e atitudes mencionadas no texto são fundamentais para o desenvolvimento

da consciência e da autogestão. Além disso, elas proporcionam abertura ao novo e ajudam a manter relacionamentos profissionais saudáveis.

3. A criatividade é uma habilidade muito valorizada no mundo do trabalho, pois ajuda a trazer soluções e inovações que podem otimizar o uso de um recurso ou um processo produtivo, solucionando problemas relacionados a custos ou eficiência, por exemplo. A criatividade pode ser estimulada por meio da ampliação do repertório cultural, como acesso a séries, filmes, jogos, músicas, entre outros, da manutenção da curiosidade e do espírito investigativo e de práticas de atenção plena, respiração e exercícios físicos regulares para o controle do estresse e manutenção da saúde física e mental.

4. É muito importante fazer um bom uso de capacidades de comunicação no dia a dia para que informações possam ser transmitidas de maneira eficiente e eficaz, evitando conflitos e solucionando problemas, além de construir relacionamentos sólidos e ouvir o outro com atenção e empatia.

5. Resposta pessoal. O objetivo da atividade é que os estudantes possam reconhecer que todas habilidades e atitudes mencionadas no texto podem ser aprendidas e aprimoradas. Elas podem ajudar os estudantes a traçarem objetivos, tomarem decisões e enfrentarem situações adversas no mundo do trabalho e em suas vidas privadas.

Cidadania em movimento

Tema Contemporâneo Transversal: Ciência e Tecnologia

Respostas

1. A inteligência artificial (IA) é a capacidade que dispositivos eletrônicos têm de funcionar de uma maneira que imita o pensamento humano. Isso inclui as habilidades de perceber variáveis, de tomar decisões e de resolver problemas. Diferentemente da inteligência humana, que é natural e inata, a IA é artificial, criada e programada pelo ser humano para desempenhar funções específicas com base em dados e em algoritmos.

Sugere-se proporcionar um espaço para os estudantes refletirem sobre a definição de IA e sobre a importância dos algoritmos e dos dados para seu funcionamento. É possível pedi-los para compararem a inteligência artificial com a humana, destacando as principais diferenças e semelhanças, como as capacidades de aprendizado e de adaptação.

2. O texto explica que o hardware é a parte física de uma máquina, enquanto o software é sua parte lógica, ou o “cérebro”. Na IA, a “inteligência” está no software, que é responsável por processar dados e por tomar decisões. Portanto, o funcionamento da IA depende principalmente do software e dos algoritmos que orientam suas ações.

Sugere-se pedir aos estudantes que discutam sobre a importância de ambos os componentes (hardware e software) no contexto da IA. Embora o hardware seja parte essencial para a execução das ações, o software é o que realmente define a inteligência e a capacidade de aprendizado da máquina.

3. No exemplo do bolo, a inteligência artificial utilizaria um sensor para identificar sua textura. O algoritmo funcionaria com duas hipóteses: se a textura ainda não for a ideal, o bolo continua no forno; se a textura estiver ideal, o bolo é retirado e o forno é desligado. Esse exemplo demonstra como os algoritmos processam dados (neste caso, a textura do bolo) para tomar decisões com base em regras predefinidas. Sugere-se incentivar os estudantes a criar os próprios exemplos de como a IA pode ser usada em tarefas cotidianas, destacando a importância dos algoritmos e dos dados na tomada de decisões. Se julgar pertinente, peça a eles que expliquem os passos envolvidos no processo e como a IA determina a melhor ação a ser tomada.

4. Resposta pessoal. Sugestão de resposta: A inteligência artificial desempenha funções variadas em diferentes setores atualmente. Na saúde, é utilizada para diagnóstico médico por meio de análise de exames e imagens, além de personalização de tratamentos. Na educação, auxilia na personalização do aprendizado, na análise de desempenho, e oferece tutoria virtual. No transporte, otimiza rotas, promove o desenvolvimento de veículos autônomos e melhora a gestão do tráfego. Na indústria, contribui para a automação de processos, a manutenção preditiva de equipamentos e o aumento da eficiência produtiva. Em outros setores, como finanças, ajuda na detecção de fraudes e na análise de risco, evidenciando sua versatilidade e seu impacto na sociedade.

A redação para o Enem

Nesta parte do Capítulo, começamos a preparar os estudantes para a redação do Enem, fornecendo-lhes uma compreensão das competências avaliadas e da estrutura exigida. Compreender as cinco competências é fundamental, pois orienta os estudantes quanto aos critérios que os avaliadores utilizam, como domínio da linguagem formal, argumentação lógica, coesão e elaboração de propostas

de intervenção. Esse conhecimento ajuda os candidatos a direcionar sua escrita de forma estratégica, aumentando suas chances de alcançar uma pontuação mais alta.

Além disso, a explicação sobre a estrutura da redação e a distribuição da pontuação permite que os estudantes visualizem o que é necessário para construir um texto dissertativo-argumentativo completo e coerente. Ao enfatizar a prática e a autoavaliação com base nas competências, eles desenvolvem uma abordagem crítica da escrita, melhorando a qualidade de seus textos e alinhando-se ao padrão esperado pelo exame.

Abordar as cinco competências avaliadas na redação do Enem, destacando a importância de cada uma, como o domínio da língua portuguesa, a estrutura dissertativo-argumentativa e a elaboração de proposta de intervenção. Explicar brevemente como essas competências devem ser atendidas para alcançar uma boa pontuação, enfatizando a necessidade de uma argumentação coerente e uma linguagem formal. Se possível, use exemplos de redações nota 1 000, para ilustrar essas competências e mostrar aos estudantes o que é esperado.

Em seguida, é importante apresentar a estrutura da prova de redação, ressaltando a divisão em introdução, desenvolvimento e conclusão. É preciso também explicar como a pontuação é distribuída, indo de zero a 1 000 pontos, para que os estudantes entendam a importância de atender a todos os critérios de avaliação. Por fim, pode-se sugerir a prática de redações com temas diversos e a leitura crítica das próprias produções, considerando as competências do Enem como guia.

Fuja da nota zero

Este boxe apresenta diversos tópicos que podem levar à nota zero na redação. Sugere-se discuti-los com os estudantes, retomar a estrutura dissertativo-argumentativa e dedicar um tempo para falar sobre a fuga ao tema. É necessário relacionar este boxe com a próxima seção e usar a redação como exemplo prático para expandir a discussão sobre a estrutura e para abordar como evitar a fuga ao tema.

Redação nota 1 000

Esta seção visa proporcionar uma compreensão aprofundada dos critérios que levam uma redação a alcançar a nota máxima no Enem. Ao analisar uma redação que atingiu nota máxima, os estudantes poderão identificar as melhores práticas e aplicá-las nas próprias produções textuais, aprimorando as habilidades de escrita e de argumentação.

Analisar como a redação apresentada atende a cada uma das cinco competências avaliadas no Enem. A análise a seguir serve também de suporte para as atividades propostas no Livro do estudante.

Competência 1: domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

A redação demonstra um bom domínio das convenções de escrita da língua portuguesa. A maioria das frases está bem construída, com uso adequado de concordância verbal e nominal, regência, pontuação e ortografia. O vocabulário é formal e condizente com a situação proposta pela redação do Enem.

Análise: a redação evita erros gramaticais e expressões coloquiais, apresentando um texto coeso e organizado. Pequenos deslizes, como a falta de uma vírgula ou alguma construção sintática um pouco mais complexa, não comprometem o entendimento e não tiram o mérito de sua adequação às convenções de escrita da língua portuguesa.

Nota estimada para a competência: 200 (máxima). Competência 2: compreensão da proposta de redação e aplicação de repertório cultural amplo para desenvolver o tema de acordo com as características do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

A redação compreende a proposta e desenvolve o tema da manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet de maneira consistente. Faz uma boa conexão com o episódio da série Black Mirror para contextualizar o problema, enriquecendo o texto com repertório sociocultural pertinente e demonstrando uma boa compreensão da temática.

Análise: o texto apresenta uma estrutura típica de dissertação argumentativa, com introdução, desenvolvimento e conclusão. Os argumentos são construídos com base em dados, como a pesquisa do IBGE, e em teorias sociológicas, como o conceito de “mortificação do eu” de Erving Goffman. O autor faz bom uso de repertório cultural, relacionando-o ao tema e ao debate proposto.

Nota estimada para a competência: 200 (máxima).

Competência 3: capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

O texto apresenta um ponto de vista claro: a influência negativa do controle de dados na internet sobre o comportamento dos usuários. Ele seleciona informações relevantes, como dados do IBGE e o conceito sociológico de Goffman, para construir e reforçar sua argumentação. Os argumentos são apresentados de forma organizada e coerente, levando o leitor a compreender o problema e a reflexão proposta.

Análise: a autora consegue articular diferentes ideias (tecnologia, comportamento, infância e alienação) de forma lógica e sequencial, desenvolvendo uma linha argumentativa sólida. O uso de exemplos concretos, como

a série Black Mirror e dados estatísticos, enriquece a argumentação e confere mais credibilidade ao texto.

Nota estimada para a competência: 200 (máxima). Competência 4: conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação.

A autora demonstra bom conhecimento dos mecanismos linguísticos, utilizando-se de conectivos adequados (como primeiramente, em segundo lugar, por isso, dessa forma) para construir a coesão textual. A articulação das ideias é clara e favorece a progressão temática, o que é essencial em um texto dissertativo-argumentativo.

Análise: a argumentação é bem construída, com encadeamento lógico das ideias. Há variedade no uso de estruturas sintáticas e de conectivos, o que evita repetições e deixa o texto mais fluido. Além disso, as referências externas são integradas ao texto de forma coerente.

Nota estimada para a competência: 200 (máxima).

Competência 5: elaboração de proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.

A redação apresenta uma proposta de intervenção clara, específica e exequível, sugerindo que o Congresso Nacional crie leis que limitem o assédio comercial das empresas privadas e que as escolas, em parceria com as famílias, promovam debates sobre o tema com especialistas. A intervenção está de acordo com os princípios dos direitos humanos, já que propõe ações educativas e legislativas para proteger a autonomia e a liberdade de escolha dos indivíduos.

Análise: a proposta de intervenção é detalhada e indica não só a ação necessária (limitação do assédio comercial e debates sobre o tema) mas também quem deve realizá-la (Congresso Nacional, escolas, famílias, psicólogos e especialistas). Ao promover o debate desde a infância, a intervenção busca desenvolver o pensamento crítico dos jovens, alinhando-se à defesa dos direitos humanos.

Nota estimada para a competência: 200 (máxima).

Conclusão:

A redação atende bem a todas as cinco competências do Enem, apresentando um texto coeso e argumentativamente consistente, bem como uma proposta de intervenção que respeita os direitos humanos. Por isso, ela se enquadra como uma redação nota máxima (1 000 pontos).

Práticas de linguagem

A seção busca desenvolver tópicos relacionados à Competência 1 do Enem, que avalia o domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa na produção

textual. Esta seção oferece aos estudantes atividades focadas na prática e no aprimoramento do uso da linguagem formal, incluindo aspectos como ortografia, concordância, pontuação e estrutura sintática.

Trabalhar essas práticas é fundamental para ajudar os estudantes a desenvolver uma escrita clara e precisa, elementos indispensáveis para uma redação de alto nível. Além de corrigir desvios gramaticais comuns, a seção incentiva a construção de frases bem elaboradas e a variedade vocabular, habilidades que contribuem para um texto coeso e coerente.

Respostas

1. Sugestões de respostas:

a) A contaminação ambiental representa um desafio significativo nas áreas urbanas, pois as indústrias e os veículos emitem grande quantidade de poluentes na atmosfera, prejudicando a saúde da população.

b) Uma educação de qualidade é o alicerce para o progresso e para a prosperidade de uma nação.

c) O acesso à água potável é uma questão vital para a sobrevivência e para a dignidade humana.

d) A conservação das florestas é fundamental para a manutenção do equilíbrio ecológico e para a proteção da biodiversidade.

e) Investir em educação transforma vidas, abre portas para oportunidades e fomenta um futuro próspero para toda a sociedade.

f) A adoção de fontes de energia renováveis é uma medida essencial para mitigar a poluição e para combater as mudanças climáticas.

g) O avanço tecnológico impulsiona a inovação, melhora a qualidade de vida e abre novas fronteiras para o progresso humano. 2.

a)

• A presentação do problema: “As redes sociais são ferramentas poderosas que moldam a forma como nos comunicamos e percebemos o mundo”.

• Evidências: “[…] seu uso excessivo pode levar a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, especialmente entre os jovens”.

A atividade ajuda os estudantes a identificar as partes essenciais de um argumento — prática fundamental para a compreensão e para a produção de textos argumentativos.

b) Palavras ou expressões de impacto:

• “Ferramentas poderosas”;

• “Moldam a forma como nos comunicamos”;

• “Problemas de saúde mental”;

• “Ansiedade e depressão”.

Identificar essas palavras ajuda os estudantes a perceber como a escolha vocabular pode influenciar a força de um argumento.

c) O texto apenas menciona que tecnologias tem aspectos positivos, mas não especifica quais e foca os aspectos negativos, trazendo exemplos de problemáticas como alterações frequentes de humor, expressões de tristeza ou sofrimento intenso e isolamento social.

d) Resposta pessoal. É preciso reforçar com os estudantes a habilidade de utilizar sinônimos adequados, mantendo a coerência e o sentido do texto original.

3. Resposta pessoal. Sugestões de resposta:

a) O uso excessivo de smartphones entre adolescentes tem se tornado uma preocupação crescente devido ao seu impacto negativo na qualidade do sono. Estudos indicam que a luz azul emitida pelos dispositivos interfere na produção de melatonina, hormônio responsável pela regulação do sono, levando a uma redução do tempo e da qualidade do descanso. Além disso, a prática de rolar as telas de redes sociais e responder a mensagens antes de dormir mantém o cérebro em constante estado de alerta, dificultando o relaxamento necessário para uma boa noite de sono.

b) A educação ambiental nas escolas desempenha um papel crucial na formação de cidadãos conscientes e comprometidos com a sustentabilidade do planeta. Ela não apenas transmite conhecimento sobre questões como poluição, desmatamento e conservação dos recursos naturais mas também incentiva atitudes proativas para a solução desses problemas. Ao abordar temas ambientais de maneira prática e integrada ao currículo, os estudantes desenvolvem uma visão crítica e reflexiva, compreendendo a relação direta entre suas ações cotidianas e o meio ambiente.

c) O trabalho remoto oferece inúmeros benefícios, como mais flexibilidade, economia de tempo e redução de custos de deslocamento, o que pode resultar em um equilíbrio mais

saudável entre vida pessoal e profissional. No entanto, também traz desafios significativos, como a necessidade de disciplina e organização, além da dificuldade de separar o ambiente de trabalho do espaço doméstico. A ausência de interações presenciais com colegas pode afetar a comunicação e o trabalho em equipe, exigindo novas estratégias para manter a produtividade e o engajamento.

4. Resposta pessoal. Sugere-se aproveitar as respostas da atividade anterior para apoiar os estudantes nas discussões propostas.

Para refletir

A seção conecta os conteúdos abordados com situações práticas e atuais, proporcionando aos estudantes uma compreensão significativa dos temas apresentados. Ao contextualizar as atividades, esta seção promove o protagonismo do estudante, incentivando-o a assumir um papel ativo no processo de aprendizagem. Além disso, ela estimula a reflexão, o pensamento crítico e as atitudes cidadãs, elementos fundamentais para a formação integral dos estudantes.

Essa abordagem, alinhada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), favorece o desenvolvimento de competências essenciais, como a argumentação, a análise crítica de contextos sociais e a capacidade de tomar decisões fundamentadas.

A seção Para refletir permite que os estudantes explorem situações reais, debatam soluções e desenvolvam uma postura cidadã consciente, que será refletida tanto em suas práticas de redação quanto em sua atuação na sociedade.

Respostas

1. Barack Obama defende a ideia de que a compreensão científica é uma qualidade positiva tanto em pessoas que fazem política quanto nas que não fazem. Além disso, ele define a ignorância, seja na vida, seja na política, como não sendo uma virtude.

2. Barack Obama utiliza fatos históricos e nomes de personalidades que foram importantes para a consolidação dos Estados Unidos como nação. Ele menciona as ideias dos “fundadores da nação” e sugere que os espíritos dessas pessoas estão presentes na Constituição do país.

3. Barack Obama apresenta a ideia de o espírito e os ideais iluministas dos fundadores da nação estarem presentes na Constituição da sociedade estadunidense, levando à reverberação em outras personalidades que mudaram a história daquele país. Com

4.

isso, ao mencionar alguns nomes no plural, dá a entender que essas pessoas não são tão singulares e que, nos Estados Unidos, existem muitas outras com as mesmas capacidades e os mesmos ímpetos dessas figuras históricas, todas embasadas pelos ideais mencionados por ele.

a) Defende que educação, dados, fatos e conhecimento científico são bons e devem fazer parte da vida pública e da política.

b) Cita casos atuais de políticos que desrespeitam a inteligência e o conhecimento científico. Valoriza esse conhecimento e as práticas dos fundadores da nação estadunidense, baseadas no Iluminismo.

c) Sugere que boas soluções para a política, para a economia e para o desenvolvimento surgem quando as pessoas estão preocupadas com o bem-estar coletivo, com a educação e com a ciência.

Em prática

A seção Em prática é um momento importante para os estudantes aplicarem os conhecimentos adquiridos ao longo do Capítulo sobre a redação para o Enem. Para auxiliar os estudantes na elaboração de um texto dissertativo-argumentativo consistente, a seguir é apresentada uma redação-modelo sobre o tema proposto. Essa redação poderá ser utilizada por você como referência, destacando os elementos essenciais da estrutura, a argumentação e a proposta de intervenção, esperados em uma produção textual de excelência no Enem.

Capítulo 2

Tipos e gêneros textuais

Este Capítulo propõe um mergulho nos tipos e gêneros textuais, nos campos de atuação e nos temas sociais contemporâneos, dando continuidade à prática da escrita dissertativo-argumentativa no Enem. Os conteúdos abordam desde o estudo do texto e suas variações até questões do mundo do trabalho, como os empregos verdes e o papel da mulher no trabalho de cuidado, oferecendo um repertório diversificado para discussão e reflexão.

Além disso, a seção Práticas de Linguagem enfoca habilidades como o uso de citação e discurso, importantes para aprimorar a competência dos estudantes na construção de argumentos sólidos. A seção Em prática finaliza com uma atividade de produção de texto, retomando um tema relevante do Enem, enquanto outras, como Para refletir e Cidadania em movimento , promovem o pensamento crítico e a conexão com questões sociais atuais.

Competências e habilidades do Capítulo 2

Competências gerais: 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10

Competências específicas: 1, 2, 3, 4 e 6

Habilidades de Linguagens: EM13L GG101, EM13LGG104, EM13LGG202, EM13LGG204, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG305, EM13LGG401 e EM13LGG402.

H abilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP06, EM13LP12, EM13LP28, EM13LP32, EM13LP40, EM13LP41 e EM13LP45.

Principais objetivos do Capítulo

1. Compreender as diferenças entre tipos e gêneros textuais, identificando suas características essenciais e funções comunicativas.

2. Classificar diferentes textos de acordo com seus gêneros e tipos, relacionando-os aos contextos sociais e às finalidades comunicativas.

3. Analisar redações do Enem, avaliando a adequação do gênero dissertativo-argumentativo às exigências da prova.

4. Produzir textos dissertativo-argumentativos coerentes com os padrões exigidos pelo Enem, utilizando adequadamente os elementos textuais.

Tipos textuais

Aborda brevemente os diferentes tipos textuais, como o narrativo, o descritivo e o dissertativo-argumentativo, explorando suas características principais e a maneira como eles se aplicam em diferentes contextos comunicativos.

Neste conteúdo, os estudantes serão introduzidos aos diferentes tipos textuais (narrativo, descritivo, dissertativo-argumentativo etc.). Sugerem-se atividades que envolvam a leitura e a análise de diversos textos, destacando as características específicas de

cada tipo. Propor aos estudantes que identifiquem os tipos textuais em jornais, revistas ou outras fontes. A prática da escrita de pequenos trechos em diferentes estilos também ajudará a consolidar o conhecimento.

Atividades

1.

a) A obra A criação de Adão, de Michelangelo, é um afresco localizado no teto da Capela Sistina, no Vaticano. A composição apresenta duas figuras centrais: Deus, à direita, e Adão, à esquerda. Deus é representado como um homem idoso e barbudo, cercado por anjos e envolto em um manto vermelho, enquanto estende sua mão direita em direção a Adão. Adão, retratado como um homem jovem e nu, está deitado sobre um terreno rochoso, com o braço esquerdo levantado em direção à mão de Deus. O ponto central da obra é o quase toque entre os dedos de Deus e Adão, simbolizando o momento da transmissão da vida divina ao primeiro homem. A cena é rica em detalhes e apresenta elementos da anatomia humana, demonstrando o profundo conhecimento de Michelangelo sobre o corpo humano. O contraste entre a figura divina e a humana, bem como o dinamismo das linhas e a tensão do toque iminente, cria um sentido de conexão e transcendência.

Explorar a capacidade do estudante de descrever obras de arte de forma objetiva, destacando os elementos visuais e a composição da obra. A resposta deve incentivar a percepção dos detalhes, como as poses das figuras, a expressão facial e a corporal, o cenário, a presença de simbolismos e o uso do espaço na pintura. É importante ressaltar a interpretação dos elementos presentes, como a representação de Deus e Adão, o simbolismo do quase toque entre os dedos e a expressão da anatomia humana.

b) No auge da criação, Deus, cercado por anjos, estende sua mão em direção a Adão, o primeiro homem, deitado no chão da Terra. O momento é carregado de expectativa e significado, com os dedos dos dois quase se tocando, representando a iminência da passagem do sopro da vida divina para a humanidade. O olhar de Adão é sereno e inquisitivo, enquanto Deus, com uma expressão poderosa, inclina-se com determinação. A tensão entre suas mãos suspensas no ar cria uma ponte entre o divino e

o humano, simbolizando o ato de criação e a conexão eterna entre o Criador e sua criatura. Sugere-se incentivar a criatividade do estudante, levando-o a transformar uma imagem em uma narrativa breve. Ao destacar a interação entre Deus e Adão, o estudante deve captar a essência do momento representado na obra e traduzir em palavras a tensão e o significado da criação. Essa atividade ajuda a desenvolver a capacidade de interpretação e expressão escrita, além de conectar a análise visual à elaboração narrativa.

2.

a) Erik Kain descreve a diferença entre as duas séries, destacando que House of The Dragon possui um ritmo mais lento e um foco maior na intriga e na politicagem do que em batalhas físicas. Ele aponta que as batalhas na série derivada ocorrem por meio de “palavras e segredos, traições e promessas quebradas”, o que contrasta com a ação mais direta e com a guerra explícita vista em Game of Thrones. Kain utiliza expressões como ritmo tão lento e intriga e politicagem duram tanto tempo para ilustrar como o desenvolvimento da trama em House of The Dragon pode ser mais arrastado em comparação com a série original, que tinha um andamento mais dinâmico e dramático.

Essa pergunta requer que o estudante identifique e compreenda a maneira como o autor descreve as séries. O objetivo é incentivar o desenvolvimento da análise crítica ao observar como Kain utiliza elementos descritivos para diferenciar as obras. A resposta deve evidenciar a percepção das escolhas lexicais feitas pelo autor para criar a imagem das duas séries.

b) A intenção comunicativa do autor é analisar e criticar a nova série House of The Dragon em comparação com sua antecessora Game of Thrones . Ele busca expor sua opinião sobre o ritmo e a abordagem da trama, sugerindo que o spin-off não consegue alcançar o mesmo nível de empolgação e desenvolvimento que tornou a série original icônica. Ao oferecer sua perspectiva, ele também convida os leitores a refletir sobre a narrativa e a qualidade da nova produção.

Aqui, a intenção é que o estudante reconheça o propósito do autor ao escrever a crítica. É importante que ele perceba que a crítica é um gênero que visa compartilhar uma avaliação e uma opinião fundamentada sobre um produto cultural.

c) O trecho pertence ao gênero textual crítica ou resenha. Esse gênero é caracterizado pela análise de obras culturais (nesse caso, uma série de TV), apresentando uma avaliação crítica que pode influenciar a percepção dos leitores sobre o produto analisado.

A questão busca verificar se o estudante consegue identificar o gênero textual a partir das características presentes no texto. É fundamental ressaltar a importância da crítica como uma análise avaliativa, muitas vezes opinativa, que visa informar e influenciar a audiência.

d) O autor utiliza principalmente as tipologias descritiva e argumentativa. Descritiva: o autor descreve detalhes das duas séries para estabelecer a comparação. Por exemplo, ele menciona que House of The Dragon é focado na intriga e na politicagem em um “ritmo tão lento”, ao passo que Game of Thrones tem uma narrativa mais direta, com batalhas como a Guerra dos Cinco Reis. Essa descrição ajuda o leitor a visualizar as características que diferenciam as duas produções. Argumentativa: a crítica de Kain possui um tom opinativo e argumentativo ao afirmar que House of The Dragon “não empolga como GoT”. Ele apresenta argumentos, como o ritmo lento e o foco na politicagem, para sustentar sua tese de que o spin-off não atinge o mesmo impacto da série original.

Ao abordar as tipologias textuais, essa questão desafia o estudante a analisar a estrutura do texto e identificar elementos descritivos e argumentativos. É uma oportunidade para discutir como os autores utilizam múltiplas estratégias textuais para construir uma crítica persuasiva.

Gêneros textuais

Explorar os gêneros textuais, como cartas, crônicas, artigos e, principalmente, a notícia, mostrando aos estudantes como cada gênero possui uma estrutura e um propósito específico na comunicação cotidiana.

Aqui, é importante diferenciar os gêneros textuais, como notícia, carta, artigo de opinião, crônica, entre outros. Explorar, na seção Leitura, o gênero notícia para destacar como diferentes gêneros atendem a propósitos variados. Em sala, os estudantes podem trabalhar notícia em atividade de produção, permitindo que exercitem a versatilidade da escrita ao mesmo tempo que expandem seu repertório sociocultural.

Campos de atuação

Discutir os campos de atuação dos gêneros textuais, relacionando-os aos diversos contextos em que circulam, como o jornalístico, o acadêmico e o literário, ampliando o entendimento sobre a variedade de textos. Este conteúdo aborda os contextos em que os gêneros textuais circulam (campos jornalístico, literário, acadêmico etc.). Incentivar os estudantes a refletir sobre o propósito dos textos em cada campo e sobre como a linguagem se adapta a diferentes situações. Como atividade, pode-se propor aos estudantes que classifiquem textos diversos conforme seus campos de atuação, identificando características específicas em cada um.

Leitura

Respostas

1. “Aumenta nível de emprego entre jovens brasileiros; vagas com carteira assinada não acompanham o mesmo ritmo.”

O título de uma notícia tem o papel de atrair a atenção do leitor e fornecer uma visão geral do conteúdo. Ele geralmente destaca a informação mais importante ou impactante da matéria. O texto pertence ao campo jornalístico-midiático.

2. A notícia foi escrita pelo editorial do Jornal Nacional e publicada em 24 de junho de 2024.

3. O principal problema abordado é o aumento do nível de emprego entre jovens brasileiros, mas com uma predominância de empregos informais. Compreender o problema principal abordado na notícia é fundamental para a análise crítica do texto e para a formação de uma opinião informada sobre o assunto.

4. Daniel Barros, de 18 anos, não consegue emprego formal por falta de experiência e, consequentemente, não consegue ganhar experiência, porque não tem emprego formal. Ele trabalha esporadicamente na oficina de estofados do tio como trabalhador informal.

5. O estado do Maranhão tem o maior índice de jovens trabalhadores informais, com quase 69% deles sem carteira assinada.

6. O ano de 2017 foi o pico do desemprego entre jovens antes da pandemia. Conhecer os dados históricos permite ao leitor entender melhor as tendências e as mudanças no cenário discutido na notícia.

7. Os cursos que mais formam profissionais no Brasil são Pedagogia, Enfermagem, Administração e

Direito. Esse detalhe revela a relação entre a formação acadêmica e as oportunidades no mercado de trabalho, um ponto importante para debates sobre educação e empregabilidade.

8. Juliana Inhasz afirma que o mercado de trabalho é incapaz de absorver todos os profissionais formados, o que leva muitos a trabalhar em áreas diferentes das que estudaram.

9. Na notícia fornecida, o lide é: “Aumentou o número de brasileiros de 18 a 24 anos de idade que estão trabalhando. Mas nem sempre com carteira assinada.”. O lide deve ser claro e objetivo, oferecendo ao leitor um resumo do conteúdo para despertar seu interesse.

10. A estrutura típica de uma notícia inclui título, lide, desenvolvimento (corpo da notícia) e, às vezes, conclusão. No texto fornecido, estas partes estão presentes: o título resume o tema; o lide apresenta o problema central; o corpo desenvolve a questão com dados, exemplos e opiniões; e há uma conclusão implícita, que resume o estado atual do problema.

11. A linguagem da notícia é direta, clara e objetiva, evitando ambiguidades e adjetivações desnecessárias. Exemplos incluem a apresentação de dados concretos e a citação de fontes confiáveis. A linguagem objetiva é uma característica essencial do gênero textual notícia, pois visa informar o leitor de maneira precisa e neutra.

12. As fontes citadas conferem credibilidade e verificabilidade às informações apresentadas. No texto fornecido, as fontes incluem o Jornal Nacional, a economista Juliana Inhasz e os dados estatísticos sobre emprego. Identificar e avaliar as fontes ajuda o estudante a desenvolver uma leitura crítica e a julgar a confiabilidade das informações.

13. A função social da notícia é informar o receptor sobre eventos e questões de interesse público, promovendo a conscientização e a formação de opinião.

A notícia fornecida cumpre essa função ao abordar o aumento do emprego informal entre jovens brasileiros, um tema relevante para a sociedade.

Mundo do trabalho

Apresenta o conceito de empregos verdes e sua importância no cenário atual, destacando a relação entre sustentabilidade e mercado de trabalho como uma tendência relevante para o futuro.

Este tópico traz a discussão sobre empregos verdes e sua relevância no contexto atual. Sugere-se iniciá-lo com uma conversa sobre sustentabilidade e sobre

como ela se conecta com o mundo do trabalho. Sugerir atividades de pesquisa sobre profissões relacionadas à economia verde, como nas áreas de energias renováveis e gestão ambiental. Essa discussão pode ser um ponto de partida para temas de redação, especialmente aqueles ligados ao desenvolvimento sustentável e à responsabilidade social.

Nesta proposta, os estudantes são incentivados a pesquisar atividades profissionais menos conhecidas e que, por isso, podem ter maiores oportunidades no mercado de trabalho. Empregos verdes: o que são, quais setores empregam e como se preparar para o mercado de trabalho. O objetivo é que os estudantes possam entrar em contato com as atividades associadas aos empregos verdes para reconhecerem possibilidades de carreira de acordo com seus interesses. Para organizar a turma, sugere-se dividi-la em grupos e pedir a cada estudante que escolha uma carreira para fazer uma pesquisa sobre ela, coletando informações sobre requisitos educacionais, habilidades necessárias, perspectivas de emprego, salário médio e atividades diárias. Pedir a eles que organizem esses dados em tópicos claros. Orientá-los a acessar um aplicativo de apresentações da preferência da turma para elaborar esse material.

Sugere-se comentar com os estudantes algumas das profissões mais demandadas no setor verde, como:

Ecologista: pesquisa ecossistemas e reduz os impactos da atividade humana;

Biólogo: estuda formas de vida e suas interações com o ambiente;

Gerente de sustentabilidade: planeja e gerencia práticas sustentáveis em empresas;

Consultor de energia: desenvolve políticas para reduzir emissão de gases poluentes e consumo de energia;

Engenheiro de energia renovável: planeja e implementa sistemas de energia renovável;

Ecoconstrutor: constrói edificações com materiais ecológicos.

Gênero textual: notícia

O gênero textual notícia desempenha um papel fundamental na comunicação social, uma vez que informa o público sobre fatos atuais de maneira objetiva e clara. Estruturalmente, a notícia é composta por um título (chamativo e informativo), um lide (resumo das informações mais importantes) e o corpo do texto, que aprofunda os detalhes, sempre priorizando a ordem de importância das informações. As características principais são a objetividade, a clareza e o uso de

fontes confiáveis para embasar os fatos. A função social da notícia é manter a sociedade informada sobre os acontecimentos de relevância local, nacional e global, promovendo o conhecimento e a participação cidadã. Proponha aos alunos a leitura e análise de notícias recentes, discutindo a estrutura, a linguagem utilizada e as fontes apresentadas. Em seguida, incentive-os a escreverem suas próprias notícias a partir de eventos atuais, destacando a importância de fontes confiáveis e da objetividade. Essa atividade ajudará os alunos a compreenderem a função social do gênero, além de desenvolverem habilidades críticas e de escrita formal.

Conexões com…

A seção Conexões com… promove a interdisciplinaridade, incentivando os estudantes a situar suas interpretações no contexto da cultura contemporânea para produzir questionamentos e reflexões. Nesta parte do Capítulo, o tema gira em torno do papel do leitor crítico, que não apenas compreende o texto mas também o ressignifica à luz das questões atuais.

Incentivar os estudantes a fazer conexões entre os textos estudados e os temas contemporâneos, como tecnologia, política e sociedade. Propor atividades em que eles relacionem suas interpretações a diferentes áreas do conhecimento, como História, Sociologia e Filosofia, para enriquecer a produção de textos e a reflexão crítica.

Respostas

1. A autora argumenta que a formação acadêmica desenvolve habilidades críticas e analíticas nos indivíduos, permitindo-lhes avaliar e interpretar informações de maneira mais eficaz. Ela menciona que uma educação sólida fornece as ferramentas necessárias para que as pessoas compreendam o contexto e a veracidade das informações que recebem.

Sugere-se que avalie a capacidade dos estudantes de identificar e explicar a tese central do texto, bem como os argumentos que a sustentam. É importante que os estudantes reconheçam a ligação entre a educação e a capacidade crítica de interpretar informações.

2. O texto sugere estratégias como a educação midiática, que envolve ensinar as pessoas a avaliar criticamente as fontes de informação, verificar os fatos antes de compartilhar notícias e promover o pensamento crítico. Essas estratégias são eficazes, porque equipam os indivíduos com as habilidades necessárias para discernir informações verdadeiras e falsas, reduzindo, assim, a propagação de desinformação.

A atividade 2 foi projetada para avaliar a compreensão dos estudantes sobre as medidas práticas que podem ser adotadas para combater a desinformação, destacando a importância da educação e do pensamento crítico.

3. A desinformação pode levar à polarização social, à desconfiança nas instituições e nos processos democráticos e à tomada de decisões mal-informadas por parte dos cidadãos. A autora menciona que a disseminação de fake news pode minar a confiança no jornalismo profissional e nas instituições governamentais, criando um ambiente de caos informacional.

Essa pergunta ajuda os estudantes a entender as implicações sociais e políticas da desinformação. É fundamental que eles reconheçam os impactos mais amplos da disseminação de notícias falsas na coesão social e na saúde da democracia.

4. A autora afirma que a educação contínua é essencial, porque as mudanças tecnológicas e sociais ocorrem rapidamente e afetam a maneira como as pessoas consomem e interpretam as informações. Ela argumenta que, para acompanhar essas mudanças, os indivíduos precisam estar em um processo constante de aprendizagem e atualização de conhecimentos. Sugere-se explorar a relação entre a educação contínua e a adaptabilidade às mudanças. Os estudantes devem ser capazes de conectar a importância da formação contínua com a capacidade de lidar com um mundo em constante evolução.

5. Os principais desafios incluem a resistência à mudança por parte das pessoas já habituadas a consumir informações sem verificação, a falta de recursos e de treinamento adequado para a educação midiática e a velocidade com que as fake news se propagam nas redes sociais. A autora argumenta que, apesar dessas dificuldades, a implementação de uma educação voltada para o pensamento crítico é essencial para formar cidadãos capazes de enfrentar esses desafios. Incentivar os estudantes a pensar criticamente sobre os obstáculos práticos na luta contra a desinformação. Eles devem usar os argumentos do texto para apoiar suas opiniões e desenvolver uma compreensão mais profunda dos desafios envolvidos.

Prova de redação do Enem: o gênero dissertativo-argumentativo

A redação do Enem exige que os alunos dominem o gênero dissertativo-argumentativo, que é caracterizado pela apresentação de um ponto de vista

sobre um tema, sustentado por argumentos bem desenvolvidos e estruturados. A estrutura básica inclui uma introdução (apresentação da tese), desenvolvimento (argumentação) e conclusão (proposta de intervenção). Esse gênero também requer o uso de conectivos e a formulação de ideias com clareza, coerência e coesão, além da obrigatoriedade de respeitar os direitos humanos.

Inicie discutindo com os alunos a estrutura e as características do gênero dissertativo-argumentativo, usando exemplos de redações nota 1 000, como a que apresentamos na seção seguinte. Depois, proponha atividades em que os alunos elaborem suas próprias teses sobre temas sociais atuais e desenvolvam argumentos baseados em dados e repertório sociocultural. Finalize com exercícios de escrita prática, focando na proposta de intervenção, que é parte essencial da redação do Enem.

Redação nota 1 000

Traz uma análise do tema de redação do Enem 2023, “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”, abordando a invisibilidade do trabalho de cuidado realizado por mulheres e seus impactos, oferecendo aos estudantes uma reflexão aprofundada para produção textual.

A redação sobre a “Invisibilidade no trabalho de cuidado realizado pela mulher” é um tema atual. Sugere-se trabalhar esse tema em sala de aula com discussões, incentivando os estudantes a refletir sobre questões de gênero, economia e direitos humanos. Ao analisar a redação nota 1 000 sobre esse tema, destacar a estrutura do texto e os argumentos utilizados, enfatizando a importância de uma abordagem crítica e fundamentada para alcançar uma boa pontuação no Enem.

Respostas

1. A tese da redação de Maria Luiza é a invisibilidade das mulheres que trabalham como cuidadoras no Brasil, agravada pela omissão governamental e pela influência midiática.

Pedir aos estudantes que leiam o texto com atenção e identifiquem a tese central. Explicar que a tese é a ideia principal que o autor deseja desenvolver ao longo do texto. Esta atividade pode ser feita em grupos para promover a troca de ideias e fortalecer a compreensão do conceito de tese em um texto argumentativo.

2. 1o parágrafo do desenvolvimento: descaso estatal em relação ao trabalho das cuidadoras.

2o parágrafo do desenvolvimento: influência dos meios digitais e do machismo na invisibilidade das cuidadoras.

Orientar os estudantes a ler cada parágrafo e identificar a ideia central que o autor desenvolve. Pedir-lhes que resumam cada argumento em uma ou duas frases. Explicar que a capacidade de resumir ajuda a compreender a estrutura argumentativa e a lógica de um texto.

3. A conclusão enfatiza a necessidade de ações governamentais e midiáticas para valorizar o trabalho das cuidadoras, combater a lógica de inferioridade e o machismo e remover essa questão do cenário de invisibilidade.

Explicar que a conclusão é a parte do texto na qual o autor retoma a tese e propõe soluções ou reflexões finais. Pedir aos estudantes que identifiquem essas soluções e discutam como elas se relacionam com os argumentos apresentados ao longo do texto.

4. Tese: apresentar a problemática e a posição do autor. Desenvolvimento: apresentar os argumentos e as evidências que sustentam a tese. Conclusão: retomar a tese e apresentar possíveis soluções ou reflexões.

Discutir com os estudantes a estrutura de um texto argumentativo. Ressaltar a importância de cada parte e a maneira como elas se articulam para formar uma argumentação sólida e coerente.

5. As evidências fortalecem o argumento ao citar autoras, como Djamila Ribeiro e Chimamanda Adichie, e ao abordar a influência midiática e estatal. Poderia ser mais desenvolvido o impacto específico da mídia no dia a dia das cuidadoras.

Orientar os estudantes a identificar e avaliar as evidências usadas pela autora. Pedir que reflitam sobre a força desses argumentos e sobre como poderiam ser aprimorados, incentivando o pensamento crítico sobre a qualidade da argumentação.

6. Esta pergunta é útil para verificar a compreensão do estudante. Explicar que reescrever com suas próprias palavras ajuda a internalizar conceitos e argumentos, mantendo a ideia original. Após a atividade, promover uma discussão para que os estudantes comparem as versões e aprendam diferentes formas de expressão.

7. Facilitar uma discussão em grupo para que os estudantes possam apresentar suas reescritas. Pedir-lhes que analisem como as diferentes formas de expressão podem afetar a clareza, o tom e a persuasão da argumentação. Este exercício desenvolve a habilidade de revisão e de aperfeiçoamento textual.

8. A escolha de palavras e a estrutura das frases podem tornar o argumento mais claro, direto e persuasivo, ou, ao contrário, podem confundir o leitor e enfraquecer o ponto de vista defendido. Realizar uma análise conjunta de trechos do texto, destacando palavras e estruturas que contribuem ou prejudicam a clareza do argumento. Incentivar os estudantes a experimentar diferentes formulações e a observar seus efeitos na interpretação do texto.

Cidadania em movimento

Tema Contemporâneo Transversal: Educação em Direitos Humanos

Destaca a importância do Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher, promovendo uma reflexão sobre direitos humanos e cidadania, conectando-os a temas possíveis de redação.

Esta seção é uma oportunidade para abordar temas de cidadania e direitos humanos. Utilizar esse contexto para promover debates em sala sobre a violência de gênero, utilizando dados e campanhas atuais como referências. Atividades de leitura de artigos e análise de campanhas sobre o tema podem enriquecer o repertório dos estudantes e fornecer também argumentos sólidos para redações sobre direitos das mulheres e questões sociais.

Respostas

1. Algumas ações práticas incluem: promover campanhas de conscientização sobre a violência de gênero, apoiar organizações locais que trabalham com vítimas, criar espaços seguros na escola para discussões sobre o tema, implementar programas educativos que ensinem respeito e igualdade de gênero e denunciar casos de violência às autoridades competentes. A atividade visa conectar a teoria com a prática, incentivando os estudantes a pensar em soluções concretas e aplicáveis no cotidiano deles. Pedir aos estudantes que sugiram ideias e, se possível, trabalhem juntos para implementar uma ou mais dessas ações na escola ou na comunidade.

2. A educação sobre igualdade de gênero pode ajudar a prevenir a violência contra a mulher ao promover o respeito mútuo, a empatia e a compreensão entre os gêneros. Ela pode desmantelar estereótipos de gênero e ensinar que todos merecem ser tratados com dignidade e igualdade. Ao educar crianças e adolescentes sobre esses valores desde cedo, cria-se uma cultura de não violência e respeito, o que pode reduzir a incidência de comportamentos abusivos no futuro.

Incentivar os estudantes a refletir sobre o papel da educação na formação de atitudes e comportamentos saudáveis. Debates sobre igualdade de gênero podem ser um ponto de partida para mudanças positivas em suas próprias vidas e comunidades. Pode-se incentivá-los a pensar em como a escola pode incorporar mais educação sobre igualdade de gênero em seu currículo e suas atividades.

3. Se possível, organizar o trabalho em grupo, a pesquisa e a apresentação oral. É importante orientar os estudantes na busca por fontes confiáveis e incentivar a criatividade nas apresentações.

Práticas de linguagem

Foca o aprimoramento da escrita, detalhando como utilizar as citações e os discursos direto e indireto em textos dissertativo-argumentativos, essenciais para fortalecer a argumentação.

Esta seção visa aprimorar o domínio dos estudantes sobre o uso de citações e dos discursos direto e indireto, elementos que podem ser importantes para a produção de um texto argumentativo de qualidade. Aproveitar a seção para introduzir exemplos de citações em diferentes contextos, incluindo artigos científicos, notícias e redações nota 1 000 do Enem.

Respostas 1.

a) Djamila Ribeiro declarou que o primeiro passo a ser tomado nas pautas sociais, quando se trata de invisibilidade, é o reconhecimento.

b) John Locke afirmou que as leis são feitas para os homens e não para suas leis.

c) Chimamanda Adichie disse que mudar o status quo — estado atual das coisas — é sempre penoso.

2. Resposta pessoal. Avaliar contribuições dos estudantes em que eles tenham incorporado citações e usado o discurso direto e indireto em suas produções, destacando a importância de atribuir adequadamente as fontes.

Para refletir

Incentiva a análise crítica por meio da literatura e das histórias em quadrinhos (HQs), apresentando temas sociais e culturais relevantes para aprofundar a compreensão de diferentes perspectivas.

A seção Para refletir traz, neste Capítulo, uma abordagem mais lúdica e cultural por meio da literatura e das histórias em quadrinhos (HQs). Essas linguagens podem ser utilizadas como ferramentas para a discus-

são de temas atuais, desenvolvendo o pensamento crítico dos estudantes. Por exemplo, a leitura de uma HQ com uma temática social pode ser seguida de uma atividade de redação em que os estudantes expressem suas opiniões e reflexões, praticando a escrita dissertativo-argumentativa.

Respostas

1.

a) As falas das personagens são apresentadas em balões.

b) As falas do narrador estão em um quadro preto acima do último quadrinho.

c) A sequência de ações é indicada pela linguagem não verbal, assim como as características da personagem e do espaço.

d) A marca do tempo é feita pela calha, espaço entre os quadrinhos, e pelas mudanças visuais de cada quadro.

2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que cada gênero tem suas especificidades. No caso do romance e da história em quadrinhos, a transposição torna-se mais fácil, porque eles preveem elementos em comum, como a narratividade, mas nem sempre isso ocorre. Na adaptação entre mídias, como do livro para o cinema, uma das grandes reclamações do público é a falta de exatidão em relação ao original, e esse pode ser um ponto de discussão para que os estudantes compreendam que diferentes mídias exigem características que divergem e nem sempre podem ser transpostas com exatidão.

3. Dom Quixote vive no mundo da imaginação, em um tempo no qual a lealdade e a coragem são valores imprescindíveis. Diferentemente, Sancho Pança tenta trazer uma visão realista para o companheiro, ainda que seja ignorado.

4. Como louco.

Em prática

Oferece uma atividade prática de produção textual, retomando o tema do trabalho de cuidado realizado por mulheres, para que os estudantes apliquem os conhecimentos adquiridos sobre a escrita argumentativa.

A seção Em prática é o momento em que os estudantes aplicam o que aprenderam, com foco na produção de um texto dissertativo-argumentativo. Sugere-se que sejam utilizados exemplos de redações nota 1 000, para além da que foi apresentada no

Capítulo, para mostrar como os diferentes elementos do texto se conectam para formar uma argumentação sólida. Propor atividades de planejamento e estruturação do texto, abordando o tema “Invisibilidade no trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”, para reforçar a prática de escrita com base nos temas abordados ao longo do Capítulo.

Capítulo 3

A proposta de redação para o Enem e o papel da coletânea

O Capítulo destaca a importância de compreender a estrutura da proposta de redação do Enem, a função da coletânea de textos e o uso da intertextualidade. Ao explorar questões como a cidadania, o papel da coletânea e os desafios sociais, o Capítulo oferece atividades que desenvolvem habilidades argumentativas e reflexivas. Além disso, ao trabalhar com o exemplo de redação nota 1 000, os estudan tes terão a oportunidade de analisar uma produção de destaque e aplicar esses aprendizados em suas práticas de escrita, enriquecendo sua preparação para o exame.

Competências e habilidades do Capítulo 3

Competências gerais: 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10

Competências específicas: 1, 2, 3, 4 e 6

Habilidades de Linguagens: EM13L GG101, EM13LGG104, EM13LGG202, EM13LGG204, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG305, EM13LGG401, EM13LGG402 e EM13LGG701.

H abilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP12, EM13LP28, EM13LP32 e EM13LP45.

Principais objetivos do Capítulo

1. Compreender as características e a estrutura da proposta de redação do Enem, reconhecendo os critérios de correção e avaliação adotados pela banca examinadora.

2. Analisar a função e a importância da coletânea de textos motivadores na elaboração da redação do Enem, identificando como esses textos podem ser utilizados para construir argumentos consistentes.

3. Aplicar estratégias de leitura crítica para interpretar a coletânea fornecida na proposta de redação, utilizando-a de forma eficiente na construção da tese e dos argumentos no texto dissertativo-argumentativo.

4. Elaborar uma redação dissertativo-argumentativa conforme os critérios do Enem, integrando de forma adequada as informações da coletânea, desenvolvendo uma argumentação coesa e articulada.

O tema na proposta de redação do Enem

Este conteúdo aborda aspectos fundamentais para a compreensão e elaboração de uma redação no modelo do Enem, com foco na proposta de redação. Os estudantes serão levados a entender como o tema é apresentado na prova, a diferença entre tema e tese, e como identificar e trabalhar com temas objetivos ou de cunho social. Além disso, serão exploradas ao longo do Capítulo propostas de redação, inclusive já apresentadas no Enem, permitindo que os estudantes conheçam exemplos práticos e consigam analisar os diferentes tipos de temas abordados nas provas anteriores.

Propor uma análise coletiva de temas de redação anteriores do Enem, pedindo aos estudantes que identifiquem o tema e formulem uma tese para cada um. Sugere-se discutir temas de cunho social, que demandam uma abordagem crítica e contextualizada. Por fim, orientar os estudantes a escrever redações simuladas sobre temas já apresentados, aplicando o que foi aprendido sobre a estrutura de uma tese e a relevância do tema na construção do texto argumentativo.

Atividades

1. O tema principal da charge são a recorrência de alagamentos nas ruas durante as chuvas e as desculpas frequentes das autoridades. Isso é representado visualmente por uma pessoa dentro de um carro alagado.

Sugere-se estimular a percepção crítica dos estudantes sobre a representação visual e sobre a mensagem subjacente da charge

2. O jogo de palavras está entre alagam (encher de água) e alegam (dar desculpas). O efeito é humorístico, porque mostra a repetição das desculpas das autoridades em contraste com a situação real dos alagamentos.

Sugere-se desenvolver a compreensão dos estudantes sobre a linguagem empregada na charge e como ela pode ser utilizada para criar humor e crítica.

3. A charge provoca reflexões sobre a necessidade de melhorias na infraestrutura urbana para prevenir alagamentos e sobre a importância de uma gestão eficaz de desastres naturais.

Se julgar interessante, abra um debate sobre planejamento urbano e políticas públicas.

4. Resposta pessoal. Sugestão de resposta: As autoridades deveriam investir em infraestrutura de drenagem, planejar melhor o uso do solo urbano e criar programas de prevenção de desastres naturais. Sugere-se encorajar os estudantes a pensar em soluções práticas e a discutir as responsabilidades do governo e da sociedade civil na melhoria das condições urbanas. Isso pode ser valioso para que os estudantes pensem em propostas de solução para problemas sociais, habilidade importante para a redação do Enem.

5. Resposta pessoal. Sugestões de resposta: “Quais são as causas das enchentes em centros urbanos?”; “Impactos sociais das enchentes no Brasil”; “Enchentes: um problema social”.

6. Para construir esse parágrafo, a autora retoma as raízes do problema, relacionando-o com a história da formação do povo brasileiro. O tema da redação está refletido em todo o parágrafo, culminando na afirmação “esse pensamento é passado de geração em geração, o que favorece o continuísmo dos abusos”. A palavra-chave, persistência, da proposta é retomada na palavra continuísmo, reforçando a argumentação da candidata em defesa de seu ponto de vista.

Conexões com...

Esta seção traz à tona a discussão sobre ESG (Ambiental, Social e Governança), conectando os estudantes ao mundo atual e às práticas sustentáveis. Ela aborda como as ações de empresas e organizações impactam o meio ambiente e a sociedade, fornecendo repertório para a argumentação em temas do Enem. Sugerir uma análise crítica de notícias recentes sobre empresas que adotam práticas de ESG. Pedir aos estudantes que debatam em grupos o papel dessas práticas na construção de um mundo sustentável. Em seguida, propor a escrita de um parágrafo argumentativo sobre a importância do ESG, reforçando o uso de dados e exemplos reais para fundamentar os argumentos.

1. ESG é a sigla para Environmental, Social and Governance, que, traduzida para o português, significa Meio Ambiente, Social e Governança. Surgiu no mercado financeiro como uma forma de medir o impacto das ações de sustentabilidade nos resultados das empresas. A adoção de práticas ESG pode impactar positivamente os resultados de uma empresa ao melhorar sua imagem perante investidores e consumidores, aumentar sua eficiência operacional, reduzir riscos associados a questões ambientais e sociais, e abrir novas oportunidades de mercado. Instituições que adotam práticas ESG são percebidas como mais responsáveis e sustentáveis, o que pode levar a um maior interesse de investidores e clientes.

É importante incentivar os estudantes a discutir como práticas sustentáveis podem levar a um melhor desempenho financeiro a longo prazo. É possível pesquisar exemplos específicos de empresas que adotaram práticas ESG e quais os resultados obtidos. Recomenda-se também explorar os desafios que as empresas podem enfrentar ao implementar essas práticas.

2. O crescimento da agenda ESG nos últimos anos é motivado, principalmente, pela urgência em combater as mudanças climáticas. As Nações Unidas estabeleceram metas para reduzir as emissões de carbono em 45% até 2030 e chegar a zero até 2050, para limitar o aquecimento global a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais. Além das mudanças climáticas, outras emergências ambientais, como a restrição de recursos hídricos, a perda da biodiversidade e a gestão de resíduos, impulsionam a agenda ESG. Empresas e investidores estão cada vez mais conscientes de que práticas sustentáveis são essenciais para a sobrevivência a longo prazo e para atender às demandas regulatórias e de mercado. Sugere-se propor uma discussão sobre as metas estabelecidas pelas Nações Unidas e como diferentes setores da economia estão se adaptando a elas. Pode-se pedir aos estudantes que reflitam sobre as consequências de não se atingirem essas metas e os possíveis impactos econômicos e ambientais.

3. A regulação da emissão de carbono pode afetar diferentes setores da economia de maneiras diversas. Setores que são grandes emissores de carbono, como a indústria de energia, petróleo e gás, podem enfrentar custos mais altos para neutralizar suas emissões ou investir em novos processos menos poluentes. Por outro lado, setores como o

de tecnologia limpa e energias renováveis podem se beneficiar, pois a demanda por seus produtos e serviços deve aumentar. A agricultura, que depende de recursos naturais, também pode ser afetada pela necessidade de práticas mais sustentáveis. Se julgar pertinente, incentivar os estudantes a pesquisar e apresentar exemplos de empresas de diferentes setores que já implementaram práticas para reduzir suas emissões de carbono. Podem-se discutir os desafios econômicos e operacionais que essas empresas enfrentam e como estão lidando com eles.

4. A perda da biodiversidade e a gestão de resíduos são questões críticas na agenda ESG, porque afetam diretamente a sustentabilidade ambiental. A perda da biodiversidade pode levar à degradação de ecossistemas, afetando a disponibilidade de recursos naturais e a saúde ambiental. A gestão inadequada de resíduos pode causar poluição e danos ao meio ambiente e à saúde humana. É importante que o setor privado adote essas questões, porque as empresas dependem de recursos naturais e de um ambiente saudável para suas operações. Além disso, consumidores e investidores estão, cada vez mais, exigindo responsabilidade ambiental das empresas. Sugere-se pedir aos estudantes que pesquisem e discutam exemplos de empresas que adotaram práticas para proteger a biodiversidade e gerenciar resíduos de forma sustentável. Sugere-se também explorar os benefícios e desafios dessas práticas e como elas se alinham com a responsabilidade social corporativa.

5. A adoção da agenda ESG pode criar oportunidades de mercado ao incentivar a inovação e o desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis. Exemplos incluem tecnologias de energia renovável, como painéis solares e turbinas eólicas, veículos elétricos, produtos de consumo eco-friendly, soluções para eficiência energética e gestão de resíduos. Empresas que desenvolvem tecnologias para monitoramento ambiental e softwares de gestão de sustentabilidade também podem se beneficiar. Além disso, práticas ESG podem atrair consumidores conscientes e abrir novos mercados que valorizem a sustentabilidade. É preciso incentivar os estudantes a pensar criativamente sobre como a sustentabilidade pode inspirar novos produtos e serviços. Sugere-se propor um exercício de brainstorming, para identificar ideias inovadoras que possam surgir da adoção de práticas ESG. Se julgar interessante, discutir como essas inovações podem beneficiar a sociedade e o meio ambiente.

Cidadania em movimento

Tema Contemporâneo Transversal: Educação em Direitos Humanos

Esta seção trata dos temas contemporâneos transversais, ou seja, aborda questões relacionadas à cidadania, incentivando os estudantes a refletir sobre temas sociais, culturais, tecnológicos, científicos e políticos. Ela oferece conteúdos que estimulam a análise crítica e a compreensão de seu papel enquanto cidadãos na sociedade, conectando essas reflexões ao ato da escrita.

Propor debates sobre temas atuais ligados à cidadania, como direitos humanos, igualdade e políticas públicas, sempre conectando os assuntos aos temas contemporâneos transversais. Com base nesses debates, é possível incentivar os estudantes a construir argumentos para redações que abordem questões sociais. Sugere-se utilizar textos motivadores apresentados na seção, para fomentar a reflexão e a prática da escrita crítica.

1. Os dois documentos garantem a igualdade e a equidade entre as pessoas, protegem a dignidade humana e evitam o abuso de vulneráveis, sendo assim contribuem para que as pessoas com deficiência possam exercer plenamente suas liberdades individuais e sua cidadania.

2. O ambiente e as atitudes de outras pessoas. A eliminação de obstáculos e a adaptação de espaços, por exemplo, a instalação de pisos táteis, rampas e barras de apoio podem tornar ambientes mais acessíveis para pessoas com deficiência. Já em relação as atitudes, é importante combater o capacitismo, garantir a inclusão de pessoas com deficiência na educação e no trabalho e valorizar essas pessoas, promovendo uma visão positiva em nosso cotidiano a respeito da diversidade.

3. Orientações:

• Organizar os estudantes em grupos para a realização da pesquisa e da produção do material.

• Fornecer orientações sobre a pesquisa documental e sobre a análise crítica dos dados coletados.

• I ncentivar a produção de textos argumentativos de qualidade, com base em argumentos sólidos e exemplos concretos.

• Auxiliar os estudantes na criação de material multimídia atrativo e informativo, com linguagem adequada ao público-alvo.

• Promover a divulgação da campanha na escola e na comunidade, por meio de eventos, redes sociais e parcerias com outras instituições.

Avaliação:

• Avaliar a qualidade dos textos argumentativos produzidos pelos estudantes, considerando a clareza, a coerência e a força dos argumentos.

• Analisar a criatividade e a eficácia do material multimídia desenvolvido, em termos de design, linguagem e impacto.

• Considerar a participação e o engajamento dos estudantes durante todo o processo de pesquisa e produção.

Avaliar o impacto da campanha na conscientização da comunidade escolar sobre a importância da educação inclusiva e da valorização da diversidade.

O uso da coletânea de textos

Neste tópico, o foco está no uso e na função da coletânea de textos fornecida na prova do Enem. A coletânea desempenha um papel fundamental, oferecendo subsídios para a construção do repertório argumentativo dos estudantes, além de proporcionar informações e perspectivas variadas sobre o tema proposto. Entender como utilizar a coletânea de maneira estratégica é essencial para fortalecer a argumentação e construir um texto dissertativo-argumentativo coeso e bem fundamentado.

Orientar os estudantes a ler atentamente a coletânea de textos apresentada nas propostas de redação do Enem, destacando as informações e os argumentos que podem ser utilizados para apoiar a tese ou contrapor ideias. Promover uma atividade prática em que os estudantes escolham um ou dois trechos da coletânea e os integrem em seus textos, explicando como essas informações reforçam ou enriquecem seus argumentos. Enfatizar a importância de não copiar as ideias da coletânea, mas de interpretá-las e conectá-las criticamente à argumentação central do texto.

Atividade

a) O tema central de ambos os textos é a liberdade religiosa. O Texto 1 (charge) circula principalmente em redes sociais e veículos de mídia visual, enquanto o Texto 2 (artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos) tem circulação global em documentos jurídicos e institucionais. Eles se relacionam ao

discutir o direito à escolha religiosa e à manifestação de crenças, com o Texto 1 ilustrando um conflito sobre a imposição de uma crença, e o Texto 2 estabelecendo o direito à liberdade de religião.

Explicar como a coletânea de textos, como no Enem, utiliza diferentes gêneros textuais para abordar o mesmo tema sob várias perspectivas, incentivando os estudantes a identificar o ponto comum entre eles para fortalecer a argumentação em uma redação.

b) O Texto 1 ilustra uma situação de intolerância religiosa, em que uma pessoa tenta impor sua crença a outra, o que vai contra o que é defendido no Texto 2, que garante a liberdade de pensamento e a prática religiosa, sem coerção ou imposição.

Mostrar aos estudantes como os diferentes textos podem exemplificar o mesmo conceito por meio de formas variadas, como imagens (charges) e textos normativos. Isso ajuda a enriquecer o repertório dos estudantes para o desenvolvimento de argumentos.

c) A charge expõe a imposição de crenças de forma crítica, o que pode levar o público a refletir sobre a importância do respeito à diversidade religiosa. Isso se alinha com o Texto 2, que defende o direito de cada indivíduo de escolher sua religião e praticá-la livremente, em conformidade com os princípios de liberdade e tolerância.

Explicar como a coletânea de textos no Enem pode ser usada para gerar uma reflexão crítica sobre temas sociais e incentivar os estudantes a fazer conexões entre o conteúdo dos textos e os valores universais defendidos na legislação.

d) Um artigo de opinião ou reportagem sobre casos de intolerância religiosa no Brasil seria um texto relevante para compor a coletânea. Esse tipo de texto traria um exemplo concreto de como a liberdade religiosa pode ser violada, complementando a discussão abstrata dos direitos humanos e o exemplo visual da charge .

Incentivar os estudantes a refletir sobre como diferentes gêneros textuais (artigos, reportagens etc.) podem contribuir para a coletânea, oferecendo visões complementares sobre o tema proposto. Isso ajuda os estudantes a entender como usar a coletânea para construir argumentos mais robustos.

Intertextualidade

A intertextualidade é um recurso textual que permite aos estudantes relacionar ideias de diferentes fontes em suas redações. Este conteúdo destaca a importância de conectar o texto produzido com outras referências, enriquecendo a argumentação e demonstrando repertório sociocultural.

Incentivar os estudantes a identificar referências intertextuais em diversos tipos de textos, como notícias, obras literárias e músicas. Propor a elaboração de parágrafos em que eles estabeleçam uma relação entre o tema da redação e um texto externo, ensinando-os a utilizar essas conexões como reforço para suas ideias.

A coletânea de textos e a relação entre

saberes

Este conteúdo aborda como a coletânea de textos nas propostas do Enem pode conectar diferentes áreas do conhecimento. Ela enfatiza a importância da interdisciplinaridade na produção textual, auxiliando os estudantes a desenvolver argumentos mais sólidos e contextualizados.

Orientar os estudantes a analisar coletâneas de redações do Enem que apresentem conexões entre saberes, como história, ciência e sociedade. Em seguida, pedir que construam argumentos relacionando o tema da redação com conhecimentos de outras disciplinas, promovendo uma abordagem interdisciplinar.

Os gêneros na coletânea das provas de redação do Enem

A coletânea das provas de redação do Enem utiliza diversos gêneros textuais, como notícias, gráficos, tabelas, charges , cartuns e textos normativos, que oferecem diferentes perspectivas sobre o tema proposto. Cada gênero tem uma função específica: as notícias informam, gráficos e tabelas apresentam dados concretos, charges e cartuns provocam reflexão crítica de forma visual, e os textos normativos oferecem base legal ou conceitual. A diversidade de gêneros permite que os estudantes construam argumentos ricos e fundamentados a partir de diferentes abordagens.

Orientar os estudantes a analisar como cada gênero da coletânea pode ser utilizado na construção de sua argumentação. Propor uma atividade em que eles identifiquem o que cada gênero acrescenta ao tema e como esses elementos podem ser integrados de maneira crítica na redação. Isso ajuda os estudantes a selecionar os

dados mais relevantes e a usá-los estrategicamente para reforçar seus argumentos, seja através de dados numéricos, reflexões visuais ou fundamentos normativos.

Mundo do trabalho

O boxe Mundo do trabalho foca as transformações e os desafios do mercado de trabalho contemporâneo. Ele fornece aos estudantes insights sobre novas tendências profissionais, como o papel das tecnologias e as demandas por profissionais mais conscientes e éticos.

Iniciar uma discussão sobre as mudanças no mercado de trabalho, destacando temas como a automação, a importância das soft skills e a responsabilidade social. Propor uma atividade em que os estudantes pesquisem profissões em ascensão e debatam como essas tendências impactam a sociedade. Usar esse conteúdo também como base para a produção de redações que abordem questões relacionadas ao mundo do trabalho e à economia atual.

Nesta proposta, os estudantes serão incentivados a pesquisar atividades profissionais que podem ser menos conhecidas por eles. Big data : o que é, quais setores empregam e como se preparar para o mercado de trabalho. O objetivo é que eles possam entrar em contato com as atividades associadas aos empregos relacionados com Big data , para reconhecerem possibilidades de carreira de acordo com seus interesses. Com o aumento exponencial de dados, especialistas em Big data analisam e interpretam grandes volumes de dados para ajudar empresas a tomar decisões informadas.

Para organizar a turma, pode-se dividi-la em grupos e pedir a cada estudante que escolha uma carreira e pesquise-a, coletando informações como requisitos educacionais, habilidades necessárias, perspectivas de emprego, salário médio e atividades diárias. Sugere-se pedir a eles que organizem esses dados em tópicos claros. Se possível, sugerir que acessem um aplicativo de apresentações para realizar a atividade. A seguir, é necessário que revisem o trabalho para garantir que tudo está correto e bem organizado. Por fim, é recomendável orientá-los a salvar e exportar o portfólio como apresentação digital, a fim de compartilhá-lo com a turma.

Redação nota 1 000

Esta seção apresenta uma redação nota 1 000 sobre o tema do Enem de 2017, “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. O exemplo oferece aos estudantes uma visão de como abordar um tema social e educacional sensível, utilizando uma estrutu-

ra sólida e argumentos fundamentados para construir uma proposta de intervenção efetiva.

Sugerir que os estudantes leiam a redação-modelo com atenção à estrutura do texto, identificando como a autora desenvolve argumentos e apresenta uma tese clara. Em seguida, promover uma discussão sobre as dificuldades enfrentadas pela comunidade surda no Brasil, incentivando os estudantes a refletir sobre possíveis propostas de intervenção. Depois, pedir que produzam um texto próprio sobre o tema, aplicando estratégias argumentativas observadas na redação nota 1 000.

Respostas

1. Problemas apresentados: descaso estatal com a formação educacional de deficientes auditivos, falta de recursos, poucas escolas especializadas, falta de capacitação de profissionais, preconceito da sociedade.

2. Tese: a formação educacional de surdos no Brasil encontra vários empecilhos, que devem ser superados para garantir o direito constitucional à educação para todos. Argumentos: 1. descaso estatal com a construção de escolas e a capacitação de profissionais; 2. falta de utilização de Libras nas escolas; 3. preconceito histórico e atual contra deficientes auditivos.

As respostas devem mostrar que os estudantes conseguiram identificar corretamente o tema e a tese do texto, além de apontar os principais problemas abordados pela autora. A discussão em grupo ajudará a reforçar a compreensão e a habilidade de argumentação.

Práticas de linguagem

Esta seção aborda o uso adequado da letra maiúscula e da crase, aspectos fundamentais para a escrita formal em redações dissertativo-argumentativas, especialmente no Enem. Compreender as regras de aplicação da letra maiúscula, assim como o emprego adequado da crase, contribui significativamente para a clareza e correção gramatical, elementos avaliados na Competência 1 do Enem.

Orientar os estudantes a praticar o uso da letra maiúscula e da crase por meio de exercícios que envolvam a correção de textos com desvios gramaticais. Em atividades de produção textual, pedir que eles revisem seus próprios textos, atentando ao uso correto desses elementos. Isso os ajudará a aprimorar a norma culta, promovendo uma escrita formal e adequada às exigências da redação do Enem.

Sugere-se comentar com os estudantes que a regência nominal e a regência verbal se referem à relação de dependência entre um verbo, substantivo, adjetivo ou advérbio e seus complementos, geralmente introduzidos por preposições. De acordo com a BNCC, esses conteúdos já foram abordados no 8º e 9º anos do Ensino Fundamental Anos Finais. Nesse caso, pode-se também incentivar os estudantes a retomar esses conhecimentos já desenvolvidos em sua formação.

Nomes próprios: Brasil, Constituição Cidadã de 1988, Império Romano, Ministério da Educação.

3.

a) Recursos argumentativos:

Exemplos históricos (preconceito no Império Romano);

dados estatísticos (diminuição do número de surdos matriculados);

apelos emocionais (prejuízo aos direitos constitucionais).

b) Análise crítica:

Exemplos históricos: demonstram que o preconceito é um problema antigo e persistente.

Dados estatísticos: fornecem uma base factual para a argumentação.

Apelos emocionais: destacam a gravidade do problema e engajam o leitor.

Sugere-se verificar se os estudantes identificaram corretamente os recursos argumentativos e foram capazes de analisar sua eficácia. A criação de novos recursos argumentativos demonstra criatividade e entendimento profundo do texto.

Siglas: Inep, PEA, ONGs.

Termos específicos: Estado (quando se refere ao governo), Libras.

Casos encontrados na redação: direito à educação; destinados pelo Estado à construção; bem como à capacitação; atenderem às necessidades; sentenciados à morte; serventia à comunidade; acesso à educação; à posterior entrada; direito à equidade.

É recomendável acompanhar os estudantes nesta atividade. Se possível, oriente-os em suas justificativas, lembrando à turma que as duas condições para a ocorrência da crase devem estar presentes nas respostas deles.

Atividade

Na redação, a crase aparece em vários momentos para indicar a junção da preposição a com o artigo feminino a, como em à educação e à consolidação. Esses casos ocorrem quando o verbo ou substantivo anterior exige a preposição a e a palavra seguinte é um substantivo feminino que pede o artigo definido. Por exemplo, em direito à educação, o termo direito exige a preposição a, e educação é um substantivo

feminino, resultando na crase. Além disso, o uso correto da crase é fundamental para a clareza e formalidade do texto, especialmente em redações dissertativo-argumentativas como as do Enem. Explicar aos estudantes que a crase só ocorre antes de palavras femininas e que é importante verificar a regência dos verbos e substantivos para decidir quando usá-la. Propor atividades de revisão, nas quais os estudantes identifiquem o uso da crase e pratiquem a sua aplicação correta em suas próprias produções textuais.

Para refletir

A seção Para refletir convida os estudantes a aprofundar o pensamento crítico sobre temas contemporâneos, conectando-os com questões sociais, culturais e éticas. Ela promove a análise crítica e a interpretação de textos que servem como repertório para a produção textual.

Incentivar debates em sala de aula sobre os temas apresentados na seção, promovendo a troca de opiniões e o desenvolvimento de argumentos. Em seguida, propor atividades de escrita reflexiva, nas quais os estudantes devem relacionar suas ideias com o conteúdo discutido, desenvolvendo a capacidade de argumentar com embasamento crítico.

Respostas

1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes se posicionem, deixando claro que há uma linha tênue entre liberdade de expressão e discurso de ódio. Em sociedades democráticas, todo cidadão tem o direito de se posicionar a respeito de assuntos variados, mas também deve zelar para que sua opinião não fira outras pessoas e seus direitos.

2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes proponham ações que respeitem os direitos humanos, que possam ser realizadas e que estejam coerentes com a argumentação desenvolvida. Algumas possibilidades são: propostas educativas em escolas, associadas ao incentivo ao diálogo em comunidade, de modo a promover a escuta atenta e respeitosa; participação da mídia para disseminação do diálogo sobre os limites da liberdade de expressão, como forma de propor o debate em âmbito regional e nacional.

Em prática

Esta seção propõe uma atividade prática de produção de um texto dissertativo-argumentativo, aplicando os conhecimentos adquiridos ao longo do Capítulo.

O objetivo é exercitar a escrita em um contexto semelhante ao da prova do Enem, reforçando a organização e a argumentação textual.

Orientar os estudantes a revisar as características da redação do Enem antes de iniciar a produção textual, destacando a importância de uma estrutura clara e objetiva. Propor que os estudantes escrevam uma redação com base em um tema atual, utilizando a coletânea fornecida como base argumentativa. Após a produção, promover uma análise coletiva, destacando pontos fortes e aspectos a melhorar.

Respostas

1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes usem os textos fornecidos como base temática para a produção textual.

2. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes apresentem informações complementares do próprio repertório sociocultural em seu texto, de forma adequada ao tema abordado e ao ponto de vista defendido.

3. Resposta pessoal.

Capítulo 4

A introdução na redação para o Enem

Este Capítulo é dedicado ao desenvolvimento da introdução na Redação para o Enem. Nesta etapa, os estudantes aprenderão a construir introduções que sejam capazes de apresentar, de forma eficaz, a tese que será desenvolvida ao longo do texto. O Capítulo explora diferentes estratégias de introdução, fornecendo exemplos e atividades práticas que ajudam os estudantes a aprimorar sua escrita e a organizar suas produções. Ao compreender como organizar suas ideias logo na introdução, os estudantes serão capazes de construir argumentos mais sólidos e coerentes, o que é fundamental para atingir uma boa pontuação.

Competências e habilidades do Capítulo 4

• Competências gerais: 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10

• Competências específicas: 1, 2, 3, 4 e 6

• Habilidades de Linguagens: EM13L GG101, EM13LGG104, EM13LGG202, EM13LGG204, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG401 e EM13LGG402.

• H abilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP16, EM13LP28, EM13LP32, EM13LP40 e EM13LP45.

Principais objetivos do Capítulo

1. Compreender a estrutura básica do texto dissertativo-argumentativo, identificando suas partes principais, especialmente a introdução.

2. Identificar a função da tese na introdução, compreendendo sua importância como elemento central da argumentação.

3. Analisar exemplos de introduções bem-sucedidas em redações nota 1 000, avaliando como apresentam a tese e contextualizam o tema.

4. Elaborar introduções coerentes e claras, que apresentem a tese e preparem o leitor para os argumentos desenvolvidos no texto.

Texto dissertativo-argumentativo

Neste tópico, apresentamos conteúdo teórico sobre a estrutura dos textos argumentativos.

Tese e tema

Aqui, sugerimos levar os estudantes a diferenciar tese e tema, entendendo como cada elemento se relaciona na estrutura do texto dissertativo-argumentativo.

Propor exercícios práticos em que os estudantes identifiquem o tema e a tese em exemplos de redação do Enem. Em seguida, pedir que elaborem suas próprias teses para temas variados, promovendo debates em sala para aperfeiçoar os argumentos.

Atividades

1. Na linha fina, o texto apresenta a ideia de que, enquanto as mulheres só se candidatam para vagas em que preenchem 100% dos requisitos, os homens se arriscam mesmo atendendo a apenas 60% deles. Esse argumento inicial serve para destacar a diferença de comportamento entre homens e mulheres no mercado de trabalho.

2.

1. A autora menciona sua própria experiência de se sentir inadequada por não se apresentar como se esperava de uma mulher, o que levou à dúvida sobre suas capacidades.

2. A autora também estudou e entendeu as disparidades corporativas entre homens e mulheres, descobrindo que o que se chama de síndrome da impostora é, na verdade, uma reação a um contexto social histórico.

3. Maíra Blasi faz referência a uma pesquisa, de 2019, que demonstra que mulheres só se candidatam a vagas de emprego quando têm 100% das características solicitadas, enquanto homens se candidatam com apenas 60%.

Esta atividade auxilia os estudantes a analisar como a autora constrói seu argumento, usando experiências pessoais e dados de pesquisas para sustentar suas ideias.

3. A autora conclui o texto incentivando as mulheres a se arriscarem mais, mesmo quando não se sentem totalmente preparadas. Ela sugere que, em momentos de insegurança, as mulheres devem “segurar na mão dos 60%” e seguir em frente, aprendendo ao longo do caminho.

Sugere-se convidar os estudantes a refletir sobre a mensagem final e a aplicação prática do texto em suas próprias vidas.

4. O tema central do texto é a diferença de comportamento entre homens e mulheres na hora de assumir riscos profissionais, em particular a tendência das mulheres a subestimarem suas capacidades por causa da síndrome da impostora. Esse tema é relevante porque aborda questões de igualdade de gênero e a necessidade de incentivar as mulheres a terem confiança em suas habilidades.

Por meio desta atividade, os estudantes vão explorar a importância do tema e sua relevância social, promovendo uma discussão sobre igualdade de gênero.

5. A tese defendida pela autora é de que a síndrome da impostora não é uma patologia individual, mas sim o reflexo de uma longa história de desigualdade de gênero, e, em vez de se deixarem abater por essa síndrome, as mulheres devem se arriscar mais, mesmo quando não se sentem 100% preparadas. É importante auxiliar os estudantes a identificar a tese do texto e entender a perspectiva crítica da autora sobre a síndrome da impostora.

6. A autora quer dizer que o sentimento de inadequação das mulheres, observado inicialmente como um fenômeno natural em um contexto de desigualdade de gênero, foi posteriormente tratado como uma patologia, ou síndrome. Ela sugere que essa patologização desconsidera as causas sociais e históricas

do sentimento de inadequação. Concordar ou não com essa visão pode variar; alguns podem concordar que é importante entender as raízes sociais da síndrome, enquanto outros podem considerar importante tratar os sintomas individualmente. A atividade incentiva os estudantes a pensar criticamente sobre a patologização das experiências femininas e a discutir suas próprias opiniões.

7. A síndrome da impostora, conforme apresentada no texto, é um sentimento de inadequação que muitas mulheres sentem ao ocuparem espaços profissionais dominados por homens. Esse sentimento é uma reação ao contexto social e histórico de desigualdade de gênero. A síndrome impacta a vida profissional das mulheres ao fazê-las duvidar de suas capacidades e se sentir menos preparadas, levando-as a não se candidatarem a oportunidades a menos que cumpram todos os requisitos. Sugere-se auxiliar os estudantes a compreender melhor o conceito de síndrome da impostora e o seu impacto nas carreiras das mulheres.

8. As respostas variam conforme a experiência pessoal de cada estudante. Espera-se que os estudantes discutam se concordam ou não com a autora sobre a diferença de comportamento entre homens e mulheres, e, caso se sintam à vontade, é possível incentivá-los a compartilhar suas próprias experiências relacionadas à síndrome do impostor.

Esta última pergunta da atividade permite que os estudantes reflitam sobre as próprias experiências e opiniões, promovendo uma discussão aberta e pessoal sobre o tema.

Texto dissertativo-argumentativo: introdução

A introdução é parte essencial de uma redação do tipo dissertativo-argumentativo, pois apresenta o tema, a tese e o direcionamento da argumentação, estabelecendo a base para o restante do texto.

As diferentes estratégias de introdução

Aqui, são apresentadas diferentes formas de iniciar uma redação, como contextualização histórica, definição, questionamento ou uso de dados estatísticos. Conhecer essas estratégias ajuda os estudantes a variar suas introduções e a torná-las mais envolventes. Propor uma atividade em que os estudantes experimentem diversas estratégias para escrever a introdução de um mesmo tema. Em seguida, promover a análise

coletiva das introduções, discutindo qual estratégia se mostrou mais eficaz e por quê.

Atividade

1.

a) Texto 1: referência histórica (“O advento da internet possibilitou […]”); Texto 2: paráfrase (“De acordo com as pesquisas dos sociólogos Adorno e Horkheimer sobre Indústria Cultural, as mídias digitais possuem uma grande capacidade de atuar como formadoras e moldadoras de opinião.”).

b) Resposta pessoal. Espera se que o estudante perceba que, no Texto 1, a frase “Pode-se dizer, então, que a negligência por parte do governo e a forte mentalidade individualista dos empresários são os principais responsáveis pelo quadro” explicita a opinião do autor sobre a manipulação do comportamento do usuário por meio do controle de dados na internet. Já no Texto 2, ao afirmar que “tal avanço não é apenas benéfico, de modo que a popularidade existente no uso das redes virtuais possibilitou seu aproveitamento maldoso […]. Nesse contexto, configura se um quadro alarmante […]”, o autor posiciona-se a respeito do tema.

Conexões com...

Proposta de abordagem interdisciplinar, conectando os conteúdos com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Ela mostra como a argumentação dissertativa pode ser enriquecida ao incluir discussões sociais e ambientais globais.

Orientar os estudantes a analisar um dos ODS e refletir sobre como ele pode ser utilizado para construir argumentos sólidos em redações. Propor debates em grupo sobre a importância de conectar temas de redação a questões globais, desenvolvendo uma visão mais ampla e crítica.

Respostas

1. Um exemplo de interligação é entre o ODS 4 (Educação de Qualidade) e o ODS 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico). A realização do ODS 4, que visa garantir educação inclusiva, equitativa e de qualidade, resulta em uma população mais qualificada e preparada para o mercado de trabalho. Isso, por sua vez, promove o crescimento econômico e a criação de empregos decentes, alcançando o ODS 8. Incentivar os estudantes a perceber as conexões entre os diferentes ODS e a importância de uma abordagem integrada para o desenvolvimento sustentável.

A resposta deve demonstrar compreensão de como os objetivos podem se reforçar mutuamente e contribuir para um progresso mais holístico.

2. A igualdade de gênero é essencial porque empodera mulheres e meninas, permitindo-lhes contribuir plenamente para a sociedade e para a economia. Por exemplo, garantir a igualdade de gênero melhora os resultados em educação (ODS 4), saúde (ODS 3) e crescimento econômico (ODS 8), já que mulheres educadas e saudáveis têm mais oportunidades de trabalho e podem contribuir mais significativamente para a economia e para o bem-estar social.

É importante levar os estudantes a refletir sobre a centralidade da igualdade de gênero para o desenvolvimento sustentável. A resposta deve demonstrar como a igualdade de gênero influencia positivamente outras áreas, promovendo um progresso mais equitativo e inclusivo.

3. No texto, os estudantes devem abordar como a ação climática é fundamental para preservar os recursos naturais, como água e solo, que são essenciais para a vida humana e para a sustentabilidade ambiental. Devem argumentar que, sem ações efetivas contra as mudanças climáticas, eventos climáticos extremos se tornarão mais frequentes, afetando a agricultura (ODS 2), a saúde (ODS 3) e a vida na água e na terra (ODS 14 e 15). O texto deve destacar a necessidade de políticas públicas, inovação tecnológica e cooperação internacional para mitigar os impactos climáticos.

Esta atividade visa desenvolver a habilidade dos estudantes em argumentar de forma estruturada e embasada, conectando a ação climática a outros aspectos críticos do desenvolvimento sustentável. O texto deve demonstrar compreensão aprofundada da interdependência entre os ODS e a necessidade de ações coordenadas para garantir a sustentabilidade.

Leitura

Esta seção explora a análise de peças publicitárias, destacando como esses textos multimodais podem ser utilizados para discutir temas sociais e aguçar a argumentação crítica.

Incentivar os estudantes a analisar a linguagem e os elementos persuasivos presentes em peças publicitárias. Promover uma discussão sobre como essas estratégias podem ser adaptadas para fortalecer a argumentação em textos dissertativo-argumentativos.

Respostas

1. O assunto é o machismo. O tema específico é o machismo em relação à inserção da mulher em frentes profissionais socialmente entendidas como masculinas.

2. Apesar de não ser o destaque principal da campanha, a mensagem “Ajude-nos a combater o machismo e a violência contra a mulher”, acompanhada das formas de contato, contribui para a reflexão, ainda que superficial, sobre esse tema.

3. A tese é apresentada de modo implícito. O Cefet-MG defende que as mulheres têm o direito de atuar em qualquer área de trabalho, inclusive as abrangidas pelas tecnologias, consideradas, pelo senso comum, como exclusivamente masculinas.

4. A apresentação do dado “160 mil brasileiras” confere à peça da campanha um caráter otimista com relação à inserção de mulheres no mercado de trabalho voltado à tecnologia. Além disso, o trecho “E muitas delas estão dentro do Cefet-MG” busca valorizar o trabalho realizado pela instituição, ao demonstrar que o Cefet-MG tem um papel atuante e colaborativo nesse processo, uma vez que oferece formação específica em áreas de tecnologia e incentiva mulheres a fazer o curso.

5. A propaganda tem por intenção questionar estereótipos de que existem profissões e situações exclusivamente femininas ou masculinas. Para isso, mistura elementos gráficos que permitem um jogo visual com as palavras: de início, há uma oração em letras maiores e em negrito para indicar que mulheres usam alicates no cuidado com as unhas, disposta em um fundo cor-de-rosa (reforço de estereótipo), para, em seguida, por meio da introdução de uma oração coordenada aditiva, indicar que elas podem fazer outras coisas. Ou seja, os elementos verbais e não verbais são associados para apresentar ideias estereotipadas e, em seguida, demonstrar que elas são equivocadas.

6. A argumentação apresentada na campanha procura demonstrar que mulheres são versáteis e podem atuar em diversos campos de trabalho. Assim, a palavra alicate indica que elas podem realizar trabalhos de manicure, quando a palavra faz referência a alicates de cutícula, ou de eletricista, valendo-se do contexto em que a palavra generaliza os alicates de corte. A escolha de “alunx”, em vez de “alunos” e “alunas”, representa a intenção da Cefet-MG de pluralizar o público-alvo da campanha para promover a inclusão e o respeito à diversidade.

A atividade de análise de peças publicitárias propõe que os estudantes explorem diferentes estratégias de persuasão presentes em anúncios reais, o que é essencial para o desenvolvimento da argumentação crítica. Ao examinar um anúncio de produto de consumo, uma campanha de conscientização pública e a dinâmica da publicidade digital, os estudantes têm a oportunidade de entender como linguagem, imagens e apelos emocionais ou racionais são utilizados para influenciar o público. Essa prática não só enriquece o repertório sociocultural dos estudantes para a redação do Enem mas também os ajuda a refletir sobre os impactos das mensagens publicitárias na sociedade.

Mundo do trabalho

A atividade apresenta a relação entre marketing, negócios e o mundo do trabalho, trazendo à tona atividades profissionais ligadas a essas áreas.

Orientar os estudantes a pesquisar casos de estratégias de marketing bem-sucedidas e seus impactos sociais. Em seguida, pedir que elaborem um parágrafo argumentativo sobre o papel do marketing nas escolhas de consumo, incentivando o uso de exemplos concretos em seus argumentos.

Nesta proposta, os estudantes serão incentivados a pesquisar atividades profissionais eventualmente menos conhecidas por eles. Desta vez exploraremos as áreas de marketing, propaganda e negócios. O objetivo é que eles possam entrar em contato com as atividades associadas a essas áreas, para reconhecerem possibilidades de carreira de acordo com seus interesses. Para organizar a turma, sugere-se dividi-la em grupos e pedir a cada estudante que escolha uma carreira e pesquise informações sobre ela, coletando dados sobre requisitos educacionais, habilidades necessárias, perspectivas de emprego, salário médio e atividades diárias. Você pode pedir a eles que organizem esses dados em tópicos claros num portfólio. Sugere-se que acessem um aplicativo de apresentações e criem um documento como esse. É importante que os estudantes escolham um modelo de que gostem, personalizem-no com suas informações e adicionem imagens relevantes. Além disso, revisar o trabalho para garantir que tudo está correto e bem organizado também é relevante. Por fim, é necessário salvar e exportar o portfólio como apresentação digital, a fim de compartilhá-lo com a turma.

Comentários ao professor

Orientação para a pesquisa:

Fontes confiáveis: incentivar os estudantes a utilizar fontes confiáveis, como artigos acadêmicos, relatórios de mercado e sites de empresas reconhecidas.

Entrevistas: sugerir que os estudantes realizem entrevistas com profissionais das áreas estudadas, para obterem uma visão prática e atualizada das profissões.

Estudos de caso: recomendar a leitura de estudos de caso sobre empresas que estão inovando nessas áreas.

Atividades práticas:

Projetos de pesquisa: dividir os estudantes em grupos e atribuir a cada grupo uma profissão específica para pesquisar e apresentar aos colegas.

Debates e discussões: promover debates sobre as habilidades necessárias para cada profissão e sobre como os estudantes podem se preparar para essas carreiras.

Visitas técnicas: organizar, se possível, visitas a empresas que atuam nesses setores, para que os estudantes possam ver de perto como é o dia a dia desses profissionais.

Uso de tecnologias:

Plataformas on-line: incentivar o uso de plataformas de divulgação de atividades ligadas ao mundo do trabalho, para que os estudantes pesquisem perfis profissionais e tendências de mercado.

Organizando as ideias: rascunho e progressão textual

Este conteúdo destaca a importância do planejamento textual, enfatizando a elaboração de rascunhos e a progressão das ideias. Ele ajuda os estudantes a desenvolver textos bem estruturados e coerentes.

Incentivar os estudantes a criar rascunhos antes da redação final, detalhando a estrutura do texto. Em atividades práticas, pedir que eles revisem e aprimorem seus rascunhos, reforçando a importância da organização das ideias para a clareza argumentativa.

Atividades

1. A tese é apresentada na declaração de que a postura do Estado e a perpetuação do machismo são os principais desafios que contribuem para a invisibilização do trabalho feminino. Essa tese estabelece uma crítica direta a fatores sociais e culturais, orientando os parágrafos de desenvolvimento a explorar essas questões em detalhes.

Sugere-se explicar que a tese é a afirmação que guiará toda a argumentação da redação. É importante propor atividades em que os estudantes identifiquem e formulem suas próprias teses, enfatizando que elas devem apontar os principais aspectos que serão discutidos no desenvolvimento do texto.

2. O segundo parágrafo começa com uma declaração que serve como tópico frasal: “A princípio, cabe salientar que há uma influência cultural que explica a desvalorização do trabalho manual”. Esse tópico frasal estabelece o foco do parágrafo, que é analisar a herança cultural grega e sua influência na visão contemporânea do trabalho feminino.

Sugere-se pedir aos estudantes que pratiquem a construção de tópicos frasais declarativos para seus parágrafos de desenvolvimento. Destacar a importância de começar o parágrafo com uma afirmação clara, que oriente o leitor em relação ao que será discutido em seguida. Em atividades práticas, os estudantes podem reescrever os tópicos frasais, para explorar diferentes abordagens.

3. A proposta de intervenção sugere que o governo financie escolas para criar projetos de valorização do trabalho e das mulheres por meio de palestras. A intervenção também menciona incentivos fiscais para reduzir o custo dos ingressos de cinema. Essa proposta se conecta com os argumentos desenvolvidos ao longo da redação, focando a necessidade de ações do Estado para combater a cultura elitista e o machismo.

Sugere-se explicar aos estudantes a importância de apresentar uma proposta de intervenção na conclusão que esteja diretamente relacionada aos problemas discutidos nos parágrafos de desenvolvimento. Propor atividades em que os estudantes revisem suas redações com o intuito de verificar se suas propostas de intervenção estão conectadas à tese e aos argumentos previamente apresentados.

Redação nota 1 000

Apresenta uma redação nota 1 000 do Enem sobre o tema de 2019, oferecendo aos estudantes um exemplo concreto de como desenvolver uma argumentação sólida, estruturada e adequada aos critérios de avaliação do exame.

Pedir aos estudantes que analisem a redação nota 1 000, identificando como a introdução, o desenvolvimento e a conclusão estão articulados. Sugerir que usem essa análise para orientar a elaboração de seus próprios textos, aplicando estratégias observadas na redação-modelo.

Respostas

1. O tema central é a democratização do acesso ao cinema no Brasil e a exclusão das classes socialmente vulneráveis. A introdução apresenta o tema ao estabelecer uma conexão entre o cenário fictício de Cine Holliúdy e a realidade brasileira, identificando

como o Estado e as empresas contribuem para esse cenário de exclusão.

Sugere-se pedir aos estudantes que identifiquem e discutam o tema em grupos. Em seguida, sugere-se orientá-los a refletir sobre a importância de apresentar o tema de forma clara na introdução, para direcionar a argumentação do texto.

2. A tese é introduzida de forma direta, ao afirmar que a postura do Estado e a negligência das empresas do setor de cinema são fatores que perpetuam a exclusão no acesso ao cinema. Essa declaração revela um posicionamento crítico e claro do autor em relação ao tema.

Sugere-se orientar os estudantes a analisar como a tese norteia os argumentos que serão desenvolvidos nos parágrafos seguintes. Propor que eles escrevam suas próprias introduções com teses bem definidas, destacando como essas teses guiam o restante da redação.

3. O tópico frasal do segundo parágrafo é: “Evidencia-se, por parte do Estado, a ausência de políticas públicas suficientemente efetivas para democratizar o acesso ao cinema no país”. Essa declaração estabelece o foco do parágrafo e direciona a argumentação para uma crítica à falta de ação governamental.

Sugere-se pedir aos estudantes que identifiquem os tópicos frasais em cada parágrafo da redação e analisem como eles introduzem o argumento central do parágrafo. Em seguida, é possível orientá-los a praticar a elaboração de tópicos frasais em seus textos, sempre conectando-os à tese apresentada na introdução.

Práticas de linguagem

Esta seção revisa as regras de acentuação, um elemento essencial para o domínio da norma culta na redação do Enem. A correta acentuação é fundamental para a clareza e a formalidade do texto escrito.

Promover atividades de revisão e correção de textos, destacando desvios comuns de acentuação. Propor exercícios específicos que ajudem os estudantes a memorizar as regras, aplicando-as posteriormente na produção de seus próprios textos.

Atividades

Objetivo: reforçar o conhecimento sobre as regras de acentuação gráfica e aplicar esse conhecimento na identificação e classificação dos acentos em um texto. Sugere-se comentar com os estudantes que a prática constante e a consulta frequente a tabelas e exercícios

ajudam a fixar essas regras no cotidiano. É possível recomendar aos estudantes a utilização deste Capítulo como referência, indicando que busquem sempre aperfeiçoar suas habilidades na língua portuguesa.

Para refletir

Aqui, os estudantes são convidados a refletir sobre questões sociais complexas, desenvolvendo uma argumentação crítica. A seção é um espaço para promover discussões sobre temas relevantes e ampliar o repertório para a redação.

Propor debates sobre questões sociais, como desigualdade, educação e saúde, incentivando os estudantes a fundamentar seus argumentos com dados e exemplos. Em seguida, sugere-se orientá-los a escrever um texto argumentativo sobre um dos temas discutidos, aplicando a reflexão crítica desenvolvida.

Respostas

1. Os principais elementos de argumentação presentes na peça publicitária incluem o uso de imagens impactantes (como o solo seco se transformando em uma área verde com água), frases de apelo emocional (“No Dia Mundial da Água, não vamos desperdiçar nossas atitudes”) e a data específica do Dia Mundial da Água, que traz um senso de urgência. Esses elementos trabalham juntos para sensibilizar o público, ressaltando a importância da água para a vida e incentivando atitudes conscientes.

Sugere-se orientar os estudantes a identificar e analisar o uso de diferentes estratégias de argumentação em peças publicitárias, como imagens, cores, linguagem e apelos emocionais. Essa análise desenvolve o pensamento crítico e a capacidade de reconhecer técnicas persuasivas em diferentes contextos comunicativos.

2. A peça publicitária utiliza a persuasão emocional ao mostrar o contraste entre a terra seca e a área verde, evocando a importância da água para a vida. Ela também faz uso de um apelo à consciência coletiva, ao conectar a ação individual com o impacto positivo na sociedade (“Seja consciente e ajude a economizar esse recurso tão valioso para a vida”). A mensagem é clara e direta, incentivando um comportamento positivo.

Sugere-se explicar aos estudantes as diferentes técnicas de persuasão, como apelo emocional, ético e lógico. Propor que eles analisem outras campanhas publicitárias, para identificar e discutir as estratégias utilizadas, ampliando seu repertório argumentativo.

3. A peça aborda a questão social urgente do desperdício de água, um recurso essencial para a sobrevivência humana. Ela busca promover a conscientização e a mudança de atitude do público em relação ao uso da água, incentivando o consumo responsável e sustentável para garantir esse recurso para as futuras gerações. Sugere-se orientar os estudantes a relacionar os problemas sociais abordados em campanhas publicitárias com possíveis temas de redação. Isso ajuda a construir uma argumentação sólida e fundamentada na importância de questões como sustentabilidade e consumo consciente.

4. (Sugestão de criação): a peça publicitária pode abordar a questão do descarte inadequado de lixo, com uma imagem impactante de um rio poluído com resíduos plásticos e a frase: “Se você não joga lixo na sala de casa, por que jogaria nos rios? Preserve o meio ambiente, descarte o lixo corretamente”. Isso utiliza um apelo emocional e uma mensagem clara para provocar reflexão e promover a mudança de atitude. Sugere-se estimular a criatividade dos estudantes na elaboração de peças publicitárias, discutindo elementos-chave como imagens, cores e frases de impacto. Destacar a importância de alinhar a mensagem ao objetivo da campanha e ao público-alvo. Esta atividade ajuda a desenvolver a argumentação visual e escrita, aprimorando a capacidade dos estudantes de persuadir e informar.

Em prática

Aqui, chega a vez de uma atividade prática completa em que os estudantes produzem uma redação para o Enem, aplicando os conhecimentos adquiridos ao longo do Capítulo. O exercício simula a proposta de redação do Enem, focando a estrutura de introdução, desenvolvimento e conclusão.

Respostas

1. Resposta pessoal. Espera-se que o estudante consiga formalizar, em sua introdução, a tese que servirá de base para toda a argumentação realizada no desenvolvimento do texto.

2. Respostas pessoais. Espera-se que o estudante identifique o tipo de tópico frasal utilizado e saiba reconhecer os motivos por trás de sua escolha.

3. Respostas pessoais. Espera-se que o estudante consiga pensar na introdução de seu texto como norteadora para estruturar a abordagem do desenvolvimento e as intenções da conclusão da redação.

Pedir aos estudantes que revisem as características da redação do Enem, gênero dissertativo-argumentativo, antes de começar a produção. Após escreverem seus textos e antes de entregarem-no para avaliação, sugere-se promover uma sessão de correção coletiva, destacando aspectos positivos e pontos a melhorar, alinhando-os aos critérios de avaliação oficiais do Enem.

Capítulo 5

O desenvolvimento na redação para o Enem

Neste Capítulo, o foco é o desenvolvimento da redação para o Enem, abordando desde as diferentes estratégias argumentativas até o uso adequado da linguagem, da pontuação e do repertório sociocultural. Você encontrará exemplos práticos, como a redação nota 1 000 de 2021, discussões sobre temas contemporâneos, como educação antirracista e preservação ambiental, e atividades voltadas para a análise e produção de textos. Além disso, o Capítulo conecta temas do mundo do trabalho e da literatura à prática da argumentação, oferecendo aos estudantes um repertório ampliado para construir redações sólidas e críticas no Enem.

Competências e habilidades do Capítulo 5

Competências gerais: 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10

Competências específicas: 1, 2, 3, 4 e 6

Habilidades de Linguagens: EM13L GG101, EM13LGG104, EM13LGG202, EM13LGG204, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG401 e EM13LGG402.

H abilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP12, EM13LP16, EM13LP28, EM13LP32 e EM13LP40.

Principais objetivos do Capítulo

1. C ompreender a função do desenvolvimento na redação para o Enem, reconhecendo sua importância na construção da argumentação e na defesa da tese.

2. Identificar estratégias argumentativas, como causa e consequência, exemplificação e comparação,

para elaborar argumentos consistentes e persuasivos no desenvolvimento.

3. Analisar exemplos de parágrafos de desenvolvimento em redações do Enem, avaliando a coerência e a conexão entre os argumentos e a tese apresentada.

4. Produzir parágrafos de desenvolvimento que utilizem argumentos sólidos e repertório sociocultural pertinente, articulados de maneira coesa, promovendo uma progressão lógica das ideias.

Desenvolvimento na redação para o Enem

Este conteúdo aborda o desenvolvimento do texto dissertativo-argumentativo, um dos pilares da redação do Enem. O foco está em como estruturar os parágrafos de desenvolvimento para sustentar a tese apresentada na introdução, utilizando argumentos consistentes e coerentes.

Propor aos estudantes que pratiquem a criação de parágrafos de desenvolvimento para diferentes temas de redação. Orientá-los a utilizar exemplos, dados ou citações que reforcem suas ideias, sempre conectando-os à tese central. Incentivar a prática de exercícios que os ajudem a identificar falhas na coesão e coerência dos argumentos.

As diferentes estratégias argumentativas

Este conteúdo explora as diversas estratégias argumentativas que podem ser utilizadas no desenvolvimento do texto dissertativo-argumentativo, como o uso de analogias, exemplos, comparações e citações de autoridade.

Pedir aos estudantes que identifiquem diferentes estratégias argumentativas em textos-modelo e, em seguida, apliquem-nas na produção de seus próprios parágrafos. Explicar a importância de variar as estratégias argumentativas para tornar o texto mais rico e persuasivo.

Cidadania em movimento

Tema Contemporâneo Transversal: Educação para a Valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais Brasileiras.

Esta seção discute a importância de ações que promovem uma educação antirracista, com foco na cidadania ativa. O tema oferece repertório sociocultural valioso para a redação do Enem, especialmente ao tratar de questões de igualdade e justiça social.

Propor aos estudantes a pesquisa de exemplos de iniciativas antirracistas no Brasil e no mundo. Em seguida, pedir a eles que escrevam parágrafos argumentativos sobre como essas ações podem ser aplicadas para

combater o racismo no contexto escolar ou social. Isso ajudará os estudantes a enriquecer sua argumentação com exemplos concretos.

Respostas

1. De acordo com a pesquisa, 64% dos brasileiros entre 16 e 24 anos consideram que o racismo começa na escola. Implementar uma educação antirracista é importante, porque valoriza a contribuição da população negra em diversas áreas além da culinária, da dança e da religiosidade. Isso ajuda os estudantes a conhecer a população negra além da perspectiva da escravidão, o que reflete no entendimento sobre suas identidades e contribuições sociais, como na construção de tecnologias, na evolução da Medicina, na Literatura e na Matemática. Esse conhecimento muda a forma como estudantes negros se veem e são vistos e demonstra aos estudantes brancos que não existe uma cultura hegemônica. Sugere-se explicar aos estudantes a importância de reconhecer as várias contribuições da população negra para a sociedade além daquelas frequentemente mencionadas. É possível incentivar discussões sobre como essas contribuições impactam diretamente suas vidas e a importância de uma visão inclusiva e diversa na educação.

2. Aulas com brincadeiras e jogos africanos e afro-brasileiros em várias disciplinas: essa ação visa integrar a cultura africana e afro-brasileira no cotidiano escolar, tornando o aprendizado mais inclusivo e diversificado. Cardápio da merenda preparado com ingredientes ou pratos de influência africana: essa iniciativa busca valorizar a cultura alimentar afro-brasileira e mostrar sua relevância e sua presença no dia a dia dos estudantes.

Pode-se utilizar essas ações como exemplos práticos de como a cultura afro-brasileira pode ser integrada na educação de forma transversal. É importante encorajar os estudantes a pensar em outras maneiras de incorporar essas práticas em suas rotinas escolares e a discutir os benefícios de tais ações para a comunidade escolar.

3. Objetivo: pesquisar e propor uma ação antirracista, com base nas práticas inspiradoras apresentadas no documento sobre educação antirracista.

Objetivo da atividade:

• Desenvolver habilidade•s de pesquisa, de trabalho em grupo e de apresentação.

• Promover a valorização da literatura e das culturas afro-brasileira e africana no currículo.

Orientações para o acompanhamento:

• Formação dos grupos: assegurar que os grupos sejam heterogêneos, para promover diversidade de ideias.

• Apoio na pesquisa: fornecer recursos e referências adicionais, como listas de autores negros, filmes baseados em obras literárias etc.

• Monitoramento do progresso: acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos, oferecendo feedback contínuo e suporte para superar desafios.

• Facilitação das apresentações: organizar um dia para que os grupos apresentem suas propostas e considerem a possibilidade de convidar membros da direção escolar para assisti-los.

• Avaliação: avaliar tanto o relatório escrito quanto a apresentação, levando em conta a originalidade, a viabilidade da proposta e o envolvimento dos estudantes.

Atividades

1. O tema central é a crise ambiental global, com destaque para a necessidade urgente de ações para preservar os recursos naturais e combater a poluição, especialmente no contexto pós-pandemia.

Explicar aos estudantes que identificar o tema central é essencial para compreender o contexto e a motivação do autor ao desenvolver os argumentos.

2. A autora defende que, em meio à pandemia de covid-19, a humanidade teve a chance de repensar suas ações para recuperar o planeta, aproveitando este momento para implementar soluções ambientais urgentes.

Ajudar os estudantes a entender como a tese é a ideia principal que o autor quer convencer o leitor a aceitar, geralmente explícita no início ou no final da introdução.

3. A autora argumenta que: 1. O impacto da pandemia abriu uma janela para a reflexão sobre a relação da humanidade com a natureza; 2. Os recursos naturais estão sendo destruídos rapidamente, e a humanidade está próxima de esgotar suas reservas; 3. Relatórios da ONU e do Pnuma alertam sobre os perigos globais da destruição ambiental e a necessidade de ação conjunta entre governos e instituições.

Auxiliar os estudantes a distinguir os argumentos que sustentam a tese e como eles são apresentados ao longo do texto para reforçar a opinião da autora.

4. A autora usa a pandemia como um exemplo de crise global que expôs as fragilidades da humanidade, destacando a oportunidade de mudar o rumo das ações humanas e implementar medidas mais sustentáveis. Mostrar aos estudantes como a utilização de eventos recentes, como a pandemia, pode ser uma estratégia eficaz para aproximar o leitor do tema abordado.

5. A autora propõe que governos, instituições financeiras e a sociedade se unam para encontrar soluções racionais e econômicas, além de implementar um novo tipo de crescimento sustentável para proteger o futuro da humanidade.

Incentivar os estudantes a identificar propostas concretas e a analisar se essas soluções são viáveis ou utópicas.

6. A ONU e o Pnuma são apresentados como instituições que têm alertado sobre os perigos da destruição ambiental e que lideram os esforços para a criação de políticas globais que mitiguem os efeitos das mudanças climáticas.

Explicar como a referência a instituições de renome é uma estratégia argumentativa que confere credibilidade ao texto.

7. A autora menciona a exaustão dos recursos naturais, o agravamento das mudanças climáticas e a possibilidade de uma futura catástrofe global, caso ações urgentes não sejam tomadas.

Ajudar os estudantes a identificar e discutir os cenários futuros apresentados no texto como forma de reforçar o argumento.

8. A autora cita que 40% da capacidade de recursos naturais foi consumida, destacando a urgência da situação, e usa esses números para fundamentar sua argumentação com fatos concretos. Mostrar aos estudantes como o uso de dados quantitativos é uma estratégia para aumentar a persuasão do texto.

9. A autora começa com uma introdução que relaciona a pandemia com a crise ambiental, desenvolve seus argumentos com dados e referências a instituições e conclui com um apelo para uma ação coordenada e global. Explicar como a estrutura do texto (introdução, desenvolvimento e conclusão) contribui para o efeito persuasivo e para a clareza da mensagem.

10. A autora apela ao medo das futuras gerações não terem acesso a recursos essenciais, como água e alimentos, criando uma preocupação emocional no leitor sobre o futuro do planeta.

O apelo emocional é uma estratégia argumentativa eficaz, especialmente quando combinado com fatos e dados concretos.

11. O texto parece ser direcionado a um público amplo, incluindo cidadãos preocupados com o meio ambiente, formuladores de políticas públicas, governos e instituições financeiras.

Contribuir para que os estudantes identifiquem o público-alvo de um texto de opinião, observando o tom, o estilo e as referências utilizadas.

12. A principal estratégia argumentativa é a combinação de apelo à autoridade (citações da ONU e Pnuma) com apelo emocional, reforçado por dados concretos sobre a crise ambiental.

Incentivar os estudantes a reconhecer as estratégias argumentativas usadas pelos autores e a discutir como essas estratégias aumentam a eficácia persuasiva de um texto.

Leitura

Os objetivos para esta seção são: compreender o conceito de síntese e suas características principais; identificar as etapas para a produção de uma síntese eficaz; desenvolver habilidades para sintetizar informações de maneira clara e objetiva; e aplicar conhecimentos em exercícios práticos.

Propor a leitura de textos sobre temas sociais ou ambientais e pedir aos estudantes que façam uma síntese dos principais pontos. Essa prática ajuda a selecionar informações relevantes e a construir uma base argumentativa sólida.

Respostas

1. Os temas centrais incluem o ciúme, a dúvida, a memória, a traição (ou suspeita de traição) e a subjetividade das percepções humanas.

Identificar os temas centrais permite aos estudantes entender as questões profundas abordadas pelo autor e como elas se inter-relacionam ao longo da narrativa.

2. Sim, a síntese tem uma estrutura clara com introdução (apresentação das personagens e do contexto), desenvolvimento (os principais eventos e conflitos) e conclusão (desfecho e temas explorados).

Esta atividade foca a análise da organização textual da síntese, mostrando como um texto conciso pode ser bem estruturado e coerente.

3. A ambiguidade mantém o leitor em constante dúvida e reflexão, permitindo múltiplas interpretações e enriquecendo a experiência de leitura. Essa característica torna a obra um clássico da literatura, pois estimula debates e análises variados.

Explorar a ambiguidade ajuda os estudantes a apreciar a profundidade da obra e a entender como a ausência de respostas definitivas pode ser uma técnica literária poderosa.

4. Os elementos essenciais incluídos são as personagens principais (Bentinho e Capitu), o contexto inicial (amor de infância e promessa de ser padre), os eventos centrais (seminário, casamento e suspeita de traição) e os temas principais (ciúme, dúvida e subjetividade).

Sugere-se ajudar os estudantes a identificar os componentes cruciais de uma síntese e a entender a importância de selecionar informações relevantes.

5. A objetividade é mantida pela apresentação dos fatos sem julgamentos pessoais. Por exemplo, a síntese menciona a suspeita de Bentinho sobre a infidelidade de Capitu sem afirmar se ela realmente o traiu, mantendo-se fiel ao texto original e à ambiguidade presente na obra.

6. A síntese está organizada em uma estrutura de introdução, desenvolvimento e conclusão. A introdução apresenta as personagens e o contexto, o desenvolvimento descreve os eventos principais e os conflitos, e a conclusão aborda os temas centrais e a ambiguidade da obra.

A análise da estrutura ajuda os estudantes a perceber a importância de uma organização clara e lógica na produção de uma síntese.

7. A síntese seleciona apenas as informações mais relevantes, como as personagens principais, os eventos centrais e os temas-chave. Isso permite ao leitor entender a essência do romance, sem se perder em detalhes desnecessários.

Esta atividade destaca a habilidade de discernir quais informações são essenciais para transmitir a essência de um texto em uma síntese.

8. Respostas pessoais. Para aqueles que já leram a história de Dom Casmurro, a interpretação sobre a relação entre Bentinho e Capitu costuma variar. Alguns podem acreditar que Capitu traiu Bentinho, enquanto outros consideram que tudo não passa de uma construção de ciúmes e paranoia por parte de Bentinho. O texto de Machado de Assis é extremamente subjetivo, narrado pelo próprio Bentinho, o que leva o leitor a questionar a veracidade dos eventos. Esse recurso narrativo provoca uma reflexão crítica e coloca em questão a confiança na perspectiva do narrador, o que é um dos pontos mais fascinantes da obra.

9. Respostas pessoais: Para quem ainda não leu, uma história como a de Dom Casmurro, que não oferece uma resposta definitiva sobre a traição, pode ser bastante instigante. Essa abertura para múltiplas interpretações permite que o leitor se torne parte ativa da narrativa, construindo seu próprio julgamento. Esse tipo de enredo, que deixa a verdade em aberto, pode despertar o interesse por desafiar o leitor a refletir sobre os acontecimentos e a complexidade das relações humanas. A ambiguidade da obra é uma de suas maiores qualidades e faz com que cada leitor tenha uma experiência única com a história.

Conexões com...

Esta seção faz uma conexão interessante entre a literatura clássica e a viralização de conteúdos nas redes sociais. O caso de uma influencer dos EUA lendo Machado de Assis abre espaço para discutir a relevância da literatura e como ela ainda impacta diferentes públicos.

Sugerir aos estudantes que reflitam sobre a importância dos clássicos da literatura no mundo contemporâneo. Pedir que eles relacionem a obra de Machado de Assis com temas atuais e debatam como a literatura pode ser usada como ferramenta de reflexão crítica sobre a sociedade.

Respostas

1. A experiência de Courtney Novak, que viralizou ao compartilhar seu entusiasmo por Memórias póstumas de Brás Cubas nas redes sociais, pode influenciar outros leitores a explorar a literatura brasileira ao demonstrar que obras clássicas ainda podem ser relevantes e cativantes. Sua paixão pelo livro e sua decisão de aprender português destacam a profundidade e a beleza da obra de Machado de Assis, incentivando outros a descobrirem essa literatura rica e significativa.

Sugere-se utilizar esta questão para discutir com os estudantes o poder das redes sociais na disseminação da literatura e como as recomendações pessoais podem inspirar novas leituras. É importante também incentivar os estudantes a compartilhar as próprias descobertas literárias com seus colegas.

2. Courtney Novak decidiu ler um livro de cada país como parte de um desafio pessoal e compartilhou suas impressões nas redes sociais. Essa estratégia não apenas a ajudou a descobrir e apreciar a diversidade literária mundial mas também inspirou seus seguidores a fazer o mesmo. Essa abordagem pode servir de inspiração para os estudantes ao

mostrar como a leitura pode ser uma forma de viajar e conhecer diferentes culturas, ampliando seus horizontes literários e culturais.

Se possível, incentivar os estudantes a adotar desafios literários semelhantes, por exemplo, lendo obras de diferentes regiões do Brasil ou de outros países lusófonos. Essa prática pode aumentar o interesse deles pela literatura e pela compreensão cultural, além de promover o hábito da leitura diversificada.

3. A resposta será pessoal e variará de estudante para estudante. Um exemplo de resposta poderia ser: “Acredito que a literatura tem o poder de mudar nossa perspectiva sobre o mundo e sobre nós mesmos, assim como aconteceu com Courtney Novak. Por exemplo, quando li O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, passei a valorizar mais as pequenas coisas da vida e a entender melhor a importância das relações humanas. A história me ensinou a beleza da simplicidade e a profundidade das conexões que fazemos com os outros”.

Esta questão é projetada para promover uma reflexão pessoal e para que os estudantes compartilhem as próprias experiências literárias. É interessante incentivá-los a pensar sobre como a leitura pode transformar suas vidas, fornecer novas perspectivas e aumentar a empatia. Se possível, discutir a importância da literatura não apenas como entretenimento, mas como uma ferramenta poderosa para o crescimento pessoal e para a compreensão do mundo.

Mundo do trabalho

Aqui, a seção explora a interseção entre o mundo do trabalho e a arte/literatura, destacando como essas áreas podem influenciar e transformar a sociedade. A abordagem oferece aos estudantes uma reflexão sobre a importância das humanidades na construção de uma visão crítica do trabalho e da cultura.

Incentivar os estudantes a refletir sobre o papel da arte e da literatura na formação de profissionais mais conscientes e criativos. Propor a leitura de textos literários e de artigos sobre arte no contexto do trabalho e pedir a eles que discutam como essas áreas contribuem para o desenvolvimento pessoal e profissional.

Respostas

Nesta proposta, os estudantes serão incentivados a pesquisar diversas atividades profissionais. O objetivo é que eles possam entrar em contato com as atividades associadas aos empregos verdes, para reconhecerem possibilidades de carreira de acordo com seus interesses. Para organizar a turma, sugere-se dividi-la em grupos e pedir a

cada estudante que escolha uma carreira para pesquisá-la, coletando informações sobre requisitos educacionais, habilidades necessárias, perspectivas de emprego, salário médio e atividades diárias. É importante pedir a eles que organizem esses dados em tópicos claros. Sugere-se que acessem um aplicativo de apresentações, como o Canva, criem uma conta gratuita e procurem por “portfólio” na barra de pesquisa. Recomenda-se pedir que escolham um modelo de que gostem, personalizem-no com suas informações e adicionem imagens relevantes. Depois, é necessário revisar o trabalho para garantir que tudo está correto e bem organizado. Por fim, é preciso salvar e exportar o portfólio em PDF ou como apresentação digital, para compartilhá-lo com a turma.

Comentar com os estudantes algumas das profissões mais demandadas no setor de Arte e Literatura:

1. Escritor: cria obras literárias, como romances, contos, poemas e ensaios.

2. Editor: trabalha na revisão e na publicação de textos, colaborando com escritores para aprimorar suas obras.

3. Ilustrador: cria ilustrações para livros, revistas e outras publicações.

4. Roteirista: escreve roteiros para cinema, televisão, teatro e outros meios audiovisuais.

5. Crítico literário: analisa e avalia obras literárias, escrevendo resenhas e ensaios críticos.

6. Curador de arte: seleciona e organiza exposições de arte em museus e galerias.

7. Professor de Literatura: ensina literatura em escolas e universidades.

8. Tradutor literário: traduz obras literárias de uma língua para outra.

9. Designer gráfico: cria projetos visuais para livros, capas e outros materiais impressos ou digitais.

10. Dramaturgo: escreve peças teatrais.

11. Conservador de arte: cuida da preservação e da restauração de obras de arte.

12. Agente literário: representa escritores, ajudando-os a negociar contratos e a publicar suas obras.

Redação nota 1 000

Esta seção apresenta uma redação nota 1 000 sobre o tema “Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil”, de 2021, que serve como exemplo para os estudantes entenderem como desenvolver uma argumentação sólida para atender aos critérios de correção do Enem.

Pedir aos estudantes que leiam e analisem a redação-modelo, identificando os elementos que garantiram uma nota 1 000, c omo a clareza da tese, a coesão entre os parágrafos e força argumentativa do texto. Em seguida, sugere-se propor que escrevam redações sobre o mesmo tema, aplicando as técnicas observadas.

A Linguagem no texto

dissertativo-argumentativo

Este conteúdo discute o uso da linguagem no texto dissertativo-argumentativo, focando a clareza, a formalidade e a adequação. O objetivo é ensinar aos estudantes como utilizar a norma culta e escolher a linguagem apropriada para uma redação do Enem.

Orientar os estudantes a revisar suas redações focando o uso da linguagem formal. Propor exercícios em que eles transformem textos informais em produções mais formais, sempre observando a coesão e coerência na escolha de palavras.

Práticas

de linguagem

Nesta seção, os estudantes revisarão o uso correto da vírgula e das aspas, dois elementos essenciais para a clareza e a formalidade do texto dissertativo-argumentativo.

Propor atividades práticas em que os estudantes corrijam trechos de textos que contenham erros no uso da vírgula e das aspas. Depois, pedir a eles que apliquem essas regras em suas redações, revisando a pontuação antes da entrega final.

Atividade

Objetivo: desenvolver a habilidade de pontuar adequadamente um texto, observando o uso adequado especialmente de vírgulas e aspas.

Ser é ser percebido

O clássico da literatura infantil inglesa, Oliver Twist, aborda as vivências daqueles marginalizados durante a Era Vitoriana e a forma como eram considerados invisíveis por não pertencerem à lógica social. Essa percepção sobre uma parcela considerável da população dialoga analogamente com a realidade atual de inúmeros brasileiros, que não possuem acesso aos seus direitos civis por não apresentarem os registros primários necessários à inserção como cidadãos no próprio país. Dessa forma, torna-se notório que a garantia aos principais instrumentos de validação pessoal enfraquece problemáticas estruturais da totalidade tupiniquim, pois a invisibilidade

não só fortalece a marginalização como também mantém um ciclo de violações.

É nesse contexto que a máxima do Empirismo Radical, “Ser é ser percebido”, reforça a urgência de ser considerado um cidadão, uma vez que a existência de um indivíduo diante do Estado ocorre substancialmente a partir do registro da certidão de nascimento, ou seja, esse é o meio de ser percebido como um agente social pela estrutura do país. Essa estrutura, segundo o antropólogo belga Claude Lévi-Strauss (1908-2009), representa o conjunto de padrões sociais nos quais as relações interpessoais estão ancoradas e, desse modo, determina o papel do sujeito na comunidade. Como o registro civil para obter direitos no Brasil é estrutural à lógica contemporânea, a individualidade só se faz presente por meio dos documentos oficiais, o que promove, portanto, a invisibilidade daqueles que não os possuem.

Além disso, tal apagamento identitário perpetua a problemática entre as gerações de forma cíclica, uma vez que pais invisíveis geram filhos invisíveis ao país. Como é necessário ser registrado para ter acesso aos princípios básicos para a manutenção da vida – que, de acordo com a consolidação dos direitos civis durante o iluminismo francês, incluem a propriedade, a liberdade e todos os aspectos que envolvem à vida, como educação e saúde –, a garantia de acesso à cidadania representa um caminho para a valorização individual. Nesse contexto, a supressão da invisibilidade e, consequentemente, o reconhecimento pessoal pela totalidade da sociedade brasileira marcam o início do avanço social no país, afastando-o da realidade retratada em Oliver Twist, em que as pessoas não eram reconhecidas como seres humanos por não serem percebidas.

Há, portanto, a urgência de findar essa problemática notória na estrutura do Brasil. Cabe, então, ao Ministério da Família e dos Direitos Humanos, responsável pelo encabeçamento da manutenção da seguridade social, promover, em parceria com prefeituras e subprefeituras, um aumento da eficácia de registro civil nos municípios. Essa ação ocorrerá por meio de campanhas, que promoverão a conscientização sobre o acesso aos direitos civis e a contratação de

funcionários dos fóruns para agilizar o registro, principalmente o das certidões de nascimento. Dessa maneira, haverá a diminuição da marginalização de uma parcela populacional, seja ativamente pela garantia de acesso à cidadania, seja pelo rompimento do ciclo de invisibilidade.

1. Aspas:

• Uso correto: As aspas foram utilizadas para indicar a citação da máxima “Ser é ser percebido”. Explicar aos estudantes que as aspas são usadas para demarcar citações diretas e para destacar palavras ou expressões específicas dentro de um texto.

2. Vírgulas:

• Enumeração: “a propriedade, a liberdade e todos os aspectos que envolvem à vida, como educação e saúde”.

Aqui, as vírgulas separam elementos de uma enumeração, o que é essencial para a clareza do texto.

• Apostos: “O clássico da literatura infantil inglesa, Oliver Twist, aborda […]”.

A vírgula é usada para isolar o aposto, que é uma explicação adicional para a expressão “O clássico da literatura infantil inglesa”.

• Na frase “Dessa forma, torna-se notório que a garantia […]” o uso da vírgula tem a seguinte função: A expressão “Dessa forma” funciona como um adjunto adverbial de modo, que indica como a ação ocorre. Quando um adjunto adverbial de curta extensão aparece no início da frase, o uso da vírgula é opcional. No entanto, o uso da vírgula aqui serve para marcar a separação entre a expressão introdutória e o restante da oração, além de conferir uma pausa que torna a frase mais clara e fluida para o leitor.

Regra gramatical: a vírgula é comumente usada após adjuntos adverbiais no início da frase, especialmente quando se quer marcar uma pausa ou realçar a expressão. No caso de adjuntos adverbiais longos, é recomendado o uso da vírgula para garantir mais clareza ao texto.

Explicar aos estudantes que, em frases como essa, a vírgula pode ser utilizada para criar uma pausa após a expressão introdutória. Além disso, sugere-se incentivá-los a revisar o uso da vírgula em suas redações para garantir a clareza do texto, evitando ambiguidades e tornando a leitura mais fluida.

3. Importância da pontuação:

Pontuar corretamente um texto é essencial para a clareza e para a compreensão. As vírgulas ajudam a dividir e a organizar as ideias, facilitando a leitura e o entendimento, enquanto as aspas são importantes para destacar títulos e citações.

4. Registro e classificação:

• Atividade de registro: É necessário que os estudantes registrem, em seus cadernos, cada ocorrência de vírgulas e aspas, classificando-as de acordo com o seu uso específico: separação de elementos de uma enumeração, isolamento de apostos, orações coordenadas e destaque de títulos ou citações.

Exemplo de registro: “Uso de aspas para indicar citação: ‘Ser é ser percebido’”. “Uso de vírgula para enumeração: ‘a propriedade, a liberdade e todos os aspectos […]’”.

5. Revisão coletiva:

Realizar uma revisão coletiva em sala de aula, na qual os estudantes possam comparar suas pontuações e registros. Isso promoverá uma discussão sobre as diferentes aplicações das regras de pontuação e permitirá a correção de possíveis desvios de interpretação.

Para refletir

A seção Para refletir traz uma análise sobre a argumentação nas redes sociais, um tema relevante para os estudantes compreenderem como as pessoas constroem seus discursos em plataformas digitais. O foco é pensar criticamente sobre como a argumentação pode ser superficial ou profunda nesse ambiente.

Propor aos estudantes que analisem posts ou discussões em redes sociais, identificando o uso de argumentos e falácias. Em seguida, pedir a eles que reflitam sobre como poderiam estruturar um argumento mais sólido e embasado em uma discussão on-line

Respostas 1.

a) A publicação defende a tese de que o meio ambiente precisa ser valorizado e incluído em pautas de debates políticos.

b) O autor parte da ideia de que o país enfrenta várias urgências e crises que precisam ser discutidas. Contextualizando o momento histórico, ele relaciona a defesa do bem-estar da população à necessidade de inclusão das causas ambientais na pauta do debate social que envolve o período eleitoral.

c) A proposta é incluir, no debate social, a proteção dos ecossistemas brasileiros e da Amazônia.

2. A forma verbal espera está conjugada no presente do indicativo, e a forma verbal coloquem, no presente do subjuntivo. O uso desses modos verbais expressa o desejo do autor e revela sua proposta de solução para o problema.

Em prática

A seção Em prática oferece aos estudantes a oportunidade de produzir uma redação sobre o tema “Consciência ambiental e preservação do meio ambiente”. O exercício é projetado para que eles apliquem os conhecimentos adquiridos ao longo do Capítulo. Orientar os estudantes a planejar suas redações antes de começarem a escrever, pensando na estrutura de introdução, no desenvolvimento e na conclusão. Pedir a eles que utilizem dados e exemplos concretos para embasar seus argumentos sobre a preservação ambiental, sempre conectando a proposta de intervenção ao problema discutido.

Respostas

1. Respostas pessoais. Espera-se que o estudante avalie, na redação produzida, se há elementos que permitam que o leitor reconheça o recorte temático e a tese.

2. Resposta pessoal. Espera-se que o estudante retome as estratégias apresentadas neste Capítulo, consiga identificá-las no texto produzido e verifique se foram empregadas adequadamente.

3. Resposta pessoal. Espera-se que o estudante consiga identificar, no texto produzido, a função de cada uma das estratégias empregadas e o impacto produzido por elas no leitor.

Capítulo 6

O repertório sociocultural na redação para o Enem

Este Capítulo enfatiza a importância do repertório sociocultural na redação do Enem, destacando como as referências culturais, científicas e históricas enriquecem a argumentação e contribuem para a qualidade da argumentação. O Capítulo busca ajudar os estudantes a desenvolver, organizar e aplicar esse repertório ao longo da redação. A proposta é capacitar os estudantes

a conseguir utilizar de forma consciente e eficaz os conhecimentos adquiridos, relacionando-os diretamente ao tema proposto na prova, de modo a construir uma argumentação sólida e crítica. Além disso, o Capítulo oferece exemplos práticos de redações bem-sucedidas no exame, para que o estudante desenvolva uma visão abrangente e crítica dos temas abordados.

Competências e habilidades do Capítulo 6

• Competências gerais: 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10

• Competências específicas: 1, 2, 3, 4 e 6

• Habilidades de Linguagens: EM13L GG101, EM13LGG104, EM13LGG202, EM13LGG204, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG401 e EM13LGG402.

• H abilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP12, EM13LP16, EM13LP32, EM13LP40, EM13LP42 e EM13LP45.

Principais objetivos do Capítulo

1. Iden tificar fontes de repertório sociocultural válidas e produtivas para a construção de argumentos em uma redação do Enem, compreendendo sua relevância e aplicabilidade dentro dos temas propostos.

2. Analisar exemplos de repertório sociocultural utilizados em redações nota 1 000 no Enem, avaliando como essas referências contribuem para a argumentação e coesão do texto.

3. Aplicar repertórios socioculturais oriundos de diversas áreas do conhecimento (como Literatura, História, Filosofia, Atualidades) na construção de argumentos relevantes e coerentes em uma redação dissertativo-argumentativa.

4. Criar um banco de repertórios socioculturais para futuros temas de redação do Enem, selecionando referências que possam ser utilizadas em diferentes contextos e articulando-as de maneira original e pertinente na argumentação.

Repertório sociocultural

A construção de um repertório sociocultural sólido é fundamental para que o estudante possa enriquecer suas redações e argumentações. O repertório amplia a capacidade de interpretar o mundo e sustentar as ideias no texto.

Incentivar os estudantes a se manterem informados sobre temas atuais e históricos, lendo jornais, artigos e livros. Propor atividades em que eles relacionem acontecimentos contemporâneos a questões culturais e sociais, para construir uma argumentação mais rica.

O conceito de cultura

O conceito de cultura é central para a formação do repertório sociocultural, pois abrange as produções humanas nas áreas de Arte, Ciência, Filosofia, Religião, entre outras.

Promover debates em sala de aula sobre o que constitui cultura, mostrando exemplos de culturas eruditas e populares. Sugere-se pedir aos estudantes que identifiquem elementos culturais em textos e relacionem-nos a temas de redação.

Mundo do trabalho

A Filosofia contribui para a formação crítica do estudante, permitindo reflexões profundas sobre ética, política e questões sociais, enriquecendo a redação com uma visão ampliada do mundo.

Introduzir conceitos filosóficos que podem ser aplicados em redações do Enem, como os de liberdade, justiça e ética. Propor exercícios em que os estudantes relacionem temas filosóficos aos desafios do mundo do trabalho.

Respostas

Nesta proposta, os estudantes serão incentivados a pesquisar diversas atividades profissionais. O objetivo é que eles possam entrar em contato com as atividades associadas à Filosofia para reconhecerem possibilidades de carreira de acordo com seus interesses. Para organizar a turma, sugere-se dividi-la em grupos e pedir que cada estudante escolha uma carreira e a pesquise, coletando informações sobre requisitos educacionais, habilidades necessárias, perspectivas de emprego, salário médio e atividades diárias. Pode-se pedir a eles que organizem esses dados em tópicos claros. Sugere-se que acessem um aplicativo de apresentações, escolham um modelo de que gostem, personalizem-no com suas informações e adicionem imagens relevantes. Depois, é preciso revisar o trabalho para garantir que tudo está correto e bem organizado. Por fim, é necessário salvar e exportar o portfólio como apresentação digital para compartilhá-lo com a turma.

É recomendável mencionar aos estudantes algumas das profissões mais demandadas no setor de Filosofia:

1. Professor de Filosofia:

Responsabilidades: ensinar Filosofia em escolas de Ensino Médio ou em universidades, preparar aulas, e avaliar trabalhos e exames.

Relevância: educar e formar cidadãos críticos e conscientes.

2. Consultor ético:

Responsabilidades: assessorar empresas em questões éticas e desenvolver políticas corporativas que promovam a responsabilidade social.

Relevância: garantir que as práticas empresariais sejam justas e éticas.

3. Bioeticista:

Responsabilidades: analisar questões éticas relacionadas à Medicina e à Biotecnologia e trabalhar em hospitais ou em comissões de ética.

Relevância: abordar dilemas éticos na saúde e promover decisões informadas.

4. Pesquisador acadêmico:

Responsabilidades: conduzir pesquisas em diversas áreas da Filosofia, publicar artigos e livros e participar de conferências.

Relevância: avançar o conhecimento filosófico e contribuir para debates acadêmicos.

5. Analista de políticas públicas:

Responsabilidades: avaliar e desenvolver políticas governamentais ou trabalhar em organizações não governamentais.

Relevância: influenciar decisões políticas e promover o bem-estar social.

Repertório sociocultural e texto

O repertório sociocultural é o ponto de conexão entre o conhecimento do estudante e o tema proposto. Ele deve ser inserido de forma coerente no texto para que a argumentação seja sustentada.

Realizar atividades de escrita em que os estudantes pratiquem a integração de repertório sociocultural em suas redações. Explicar a importância de citar referências de maneira contextualizada e enriquecedora para o texto.

Repertório sociocultural no Enem

No Enem, o uso do repertório sociocultural é um dos principais critérios de avaliação, pois indica a capacidade do estudante de conectar seus conhecimentos ao tema de forma pertinente e original.

Analisar com os estudantes redações nota 1 000, identificando como o repertório foi utilizado. Depois, propor que os estudantes escrevam redações usando exemplos culturais ou históricos de forma criativa.

Uso do repertório sociocultural e textualidade

O repertório sociocultural deve estar a serviço da textualidade, contribuindo para a coesão e coerência do texto, sem ser um elemento isolado ou desconexo. Propor atividades em que os estudantes integrem o repertório em seus textos, de forma a garantir que eles enriqueçam a argumentação, mantendo a coesão entre as partes.

Atividades

1. Entre os fatores que podem ter contribuído para a queda no número de leitores estão a proliferação das tecnologias digitais e das redes sociais, a falta de incentivo à leitura nas escolas e em casa, a diminuição do tempo livre por causa do aumento das responsabilidades e o acesso limitado a bibliotecas e livrarias em algumas regiões. Essa queda pode afetar negativamente a formação do repertório sociocultural dos jovens, limitando sua exposição a diferentes perspectivas, culturas e conhecimentos, e, consequentemente, seu desenvolvimento crítico e intelectual. É importante incentivar os estudantes a explorar a complexidade dos fatores que influenciam os hábitos de leitura e a refletir sobre as consequências a longo prazo para a sociedade.

2. Estratégias que poderiam ser adotadas incluem a integração de leituras obrigatórias com temas atuais e relevantes, a utilização de tecnologias digitais para tornar a leitura mais interativa, a promoção de clubes do livro e discussões literárias, e o incentivo à leitura por meio de campanhas e programas educacionais. Manter o interesse pela leitura é essencial para a formação do repertório sociocultural, pois permite que os jovens continuem a expandir seu conhecimento e sua compreensão do mundo ao longo de sua vida.

Sugere-se incentivar os estudantes a pensar em soluções criativas e práticas que poderiam ser implementadas em sua própria escola e comunidade.

3. As tecnologias podem ser usadas para promover a leitura de várias maneiras, como por meio de aplicativos de leitura e bibliotecas digitais, grupos de leitura em redes sociais, discussões sobre livros em fóruns on-line e o uso de plataformas como

podcasts e vídeos para complementar o entendimento dos textos. Isso pode enriquecer a formação do repertório sociocultural ao oferecer novas maneiras de acessar e discutir informações e ideias.

Se julgar pertinente, encorajar os estudantes a refletir sobre como eles próprios podem usar a tecnologia de forma mais produtiva para melhorar seus hábitos de leitura.

4. A literatura é fundamental para a formação do repertório sociocultural, porque expande o conhecimento, promove a empatia e permite que os leitores compreendam diferentes contextos históricos, sociais e culturais. A diminuição da leitura de literatura pode levar a uma sociedade menos crítica, menos empática e com menor capacidade de se colocar no lugar do outro, resultando em uma diminuição do diálogo intercultural e da coesão social.

É preciso reforçar a importância de manter o hábito de leitura de literatura e discutir com os estudantes exemplos de como a literatura pode influenciar positivamente a compreensão do mundo.

5. Escolas e políticas públicas podem incentivar o gosto pela leitura oferecendo livros que atendam aos interesses dos estudantes, promovendo eventos literários, feiras de livros e visitas de autores, integrando a leitura a outras atividades culturais e garantindo o acesso a bibliotecas bem equipadas. Além disso, podem incluir no currículo escolar obras literárias que reflitam a diversidade cultural e social, ajudando os estudantes a desenvolver um repertório sociocultural mais amplo e inclusivo. Pode-se discutir com os estudantes exemplos de iniciativas que poderiam ser implementadas na própria escola e como essas iniciativas poderiam impactar positivamente seus hábitos de leitura.

6. A leitura de textos religiosos pode contribuir para a formação do repertório sociocultural ao fornecer uma compreensão profunda de valores, tradições e histórias que moldam as crenças e os comportamentos de uma comunidade. A diminuição na leitura de textos religiosos pode ser entendida no contexto de uma sociedade cada vez mais secularizada e diversificada, em que outras formas de entretenimento e informação competem pela atenção das pessoas.

Sugere-se incentivar os estudantes a refletir sobre a diversidade de formas de leitura e como cada uma contribui para a formação do repertório sociocultural.

7. A diferença de gênero nos hábitos de leitura pode resultar em diferenças significativas na formação do repertório sociocultural. As mulheres, que leem mais,

podem ter acesso a uma maior variedade de ideias e perspectivas, o que pode enriquecer sua compreensão do mundo e sua capacidade de se envolver em discussões críticas. Para os homens, a menor frequência de leitura pode significar um repertório sociocultural menos desenvolvido, o que pode limitar suas habilidades de comunicação e empatia.

Se julgar interessante, provocar um debate sobre como incentivar a leitura entre os homens e a importância de uma distribuição mais equitativa dos hábitos de leitura entre os gêneros.

8. A diminuição da leitura entre universitários pode impactar negativamente a formação acadêmica e profissional deles, pois a leitura é essencial para o desenvolvimento de habilidades críticas, analíticas e comunicacionais. Para reverter essa queda, as universidades podem promover programas de incentivo à leitura, integrar mais leituras relevantes nos currículos, criar espaços agradáveis para leitura e discutir a importância da leitura para o sucesso acadêmico e profissional.

Incentivar os estudantes a refletir sobre as próprias práticas de leitura e sobre a importância de manter o hábito da leitura durante a vida acadêmica e profissional.

Observações para o boxe após a atividade: Espera-se que os estudantes apresentem gráficos de barras ou de linhas mostrando a queda de 56% para 52% de leitores e o aumento de 44% para 48% de não leitores. É interessante que os estudantes tragam argumentos sobre a influência da tecnologia, a falta de incentivo à leitura nas escolas e a importância de políticas públicas de incentivo à leitura.

Incentivar os estudantes a discutir possíveis razões para a queda no número de leitores, bem como o impacto disso na sociedade. Você pode ajudá-los a estruturar suas redações com introdução, desenvolvimento e conclusão, e a utilizar dados do texto como evidências.

Tipos de repertório

O repertório sociocultural pode ser erudito (filosofia, história, literatura clássica) ou popular (música, cultura de massa, eventos contemporâneos), e ambos são válidos na redação do Enem.

É preciso orientar os estudantes em relação a como combinar repertórios eruditos e populares em suas redações, destacando a importância de se usar referências que tenham pertinência com o tema discutido.

Em que partes do texto usar o repertório

sociocultural?

O repertório pode ser utilizado em várias partes do texto, como na introdução, no desenvolvimento e na conclusão, sempre servindo como base para argumentação.

Propor exercícios em que os estudantes utilizem o repertório em diferentes momentos da redação, garantindo que ele seja usado de forma natural e estratégica para apoiar a tese.

Leitura

A leitura de artigos de opinião enriquece o repertório sociocultural dos estudantes, oferecendo exemplos de como argumentar sobre temas complexos, além de expor diferentes pontos de vista.

Recomenda-se levar artigos de opinião para a sala de aula e pedir aos estudantes que analisem a estrutura argumentativa e os exemplos de repertório sociocultural. Em seguida, sugere-se pedir que escrevam suas próprias opiniões, usando o repertório aprendido.

Respostas

1. As autoras argumentam que é fundamental superar a insegurança alimentar e nutricional e promover sistemas alimentares locais saudáveis, justos e sustentáveis diante da emergência climática.

Além disso, destacam a necessidade de uma agenda transversal, coerente e participativa das políticas alimentares municipais.

Esta pergunta ajuda os estudantes a identificar os pontos principais do texto e a entender a importância de políticas alimentares municipais. Se julgar pertinente, encoraje os estudantes a destacar os argumentos-chave e explicar por que eles são relevantes.

2. As autoras sugerem diversas medidas, como isenção ou redução de IPTU, concessão de áreas públicas, subsídio ou suporte para fornecimento de água e insumos, apoio à formação em práticas sustentáveis, facilitação de trocas de saberes, bancos de mudas e sementes crioulas, entre outras. É importante detalhar para os estudantes ações práticas que podem ser tomadas a fim de apoiar a agricultura urbana e periurbana, promovendo uma reflexão sobre políticas públicas locais.

3. A estrutura de governança é importante para incluir a instalação de um conselho de SAN com participação do poder público e da sociedade civil, a realização de conferências de SAN, a adesão ao

Sisan, a criação da Losan e a elaboração de um plano estratégico de SAN.

Sugere-se incentivar os estudantes a refletir sobre como uma estrutura organizada pode contribuir para a implementação e manutenção eficazes de políticas alimentares.

4. Esses programas podem combater os desertos alimentares ao gerar renda para a agricultura familiar, fortalecer a produção local de alimentos e garantir o acesso democrático a produtos agroecológicos. É importante ajudar os estudantes a entender a conexão entre a organização de feiras e mercados e a promoção de acesso a alimentos saudáveis, bem como o estímulo ao desenvolvimento local.

5. É importante para identificar as necessidades específicas da população e desenvolver políticas e programas direcionados para melhorar a segurança alimentar. O mapeamento da produção ajuda a entender a capacidade local de produção e a potencializar a agricultura familiar e comunitária.

Pode-se enfatizar a importância dos dados para a elaboração de políticas públicas eficazes e para a necessidade de conhecer o contexto local, a fim de agir de forma precisa.

6. O poder de compra pública de alimentos permite atingir metas de alimentação saudável e sustentável, priorizando a aquisição de alimentos oriundos da agricultura familiar, especialmente de base agroecológica e produzida na região.

Explicar aos estudantes como as compras públicas podem ser usadas como uma ferramenta para fomentar a produção local e sustentável de alimentos, beneficiando tanto produtores quanto consumidores.

7. As autoras utilizam dados sobre insegurança alimentar, exemplos de programas e políticas de sucesso, e práticas de agricultura urbana e periurbana para demonstrar a importância de políticas alimentares municipais. Esses dados e exemplos são usados para convencer o leitor da necessidade de uma abordagem sistêmica e intersetorial para a segurança alimentar.

Incentivar os estudantes a observar como a utilização de dados concretos e exemplos específicos podem fortalecer um argumento em um artigo de opinião. É necessário explicar a importância de embasar opiniões com informações verificáveis para tornar o texto mais persuasivo e credível.

8. No texto “Sistemas alimentares no centro da agenda municipal”, as autoras apresentam seu ponto de

vista sobre a importância de políticas alimentares municipais, utilizam dados e exemplos específicos para sustentar seus argumentos e buscam convencer o leitor da necessidade dessas ações.

É importante auxiliar os estudantes a identificar e compreender os elementos estruturais e funcionais de um artigo de opinião, promovendo a análise crítica de textos argumentativos. Pode-se explicar aos estudantes a importância de eles reconhecerem as características desse gênero textual e como isso pode enriquecer seu repertório sociocultural.

Gênero textual: artigo de opinião

O artigo de opinião é um gênero textual que tem como principal objetivo expor um ponto de vista argumentativo sobre temas de relevância social. Ele possui uma estrutura clara, composta de introdução, desenvolvimento (com argumentos que sustentam a opinião) e conclusão. As características principais incluem o uso de repertório sociocultural, uma linguagem formal e a defesa de um posicionamento crítico. As estratégias argumentativas mais comuns são a apresentação de dados, exemplos e citações de autoridades no assunto, tudo visando convencer o leitor. Sua função social é promover a reflexão e o debate sobre questões importantes para a sociedade. Espera-se que o estudante associe a imagem da página 182 à comparação de que o que se vê superficialmente pode ser apenas uma parte de um todo maior ou mais complexo. Nesse contexto, está associada à ideia de que a poluição dos mares é um problema maior do que aparenta, uma vez que tem consequências que afetam todo o planeta. O aspecto visual cria mais impacto para o leitor por exibir a cena-problema e não descrever em palavras a realidade que pretende colocar no centro da discussão, estabelecendo um vínculo emocional que comove o observador. A crítica apresentada na imagem é expandida pela relação inesperada entre a imagem de icebergs e a de sacolas plásticas, permitindo a construção simbólica de sentidos que buscam convencer o leitor e conduzi-lo a refletir sobre o problema do acúmulo de resíduos sólidos nos mares com base nesse ponto de vista.

1. Estruturação: sugere-se pedir que os estudantes identifiquem a estrutura do artigo de opinião em textos jornalísticos, destacando a introdução, os argumentos e a conclusão.

2. Análise de estratégias: promover a leitura de artigos de opinião variados e analisar as estratégias argumentativas utilizadas pelos autores.

3. Produção de texto: propor que os estudantes escolham um tema de relevância social e escrevam um artigo de opinião, empregando argumentos bem fundamentados e utilizando exemplos ou repertório sociocultural pertinente.

4. Debate em grupo: após a escrita, sugere-se incentivar debates sobre os artigos, promovendo uma discussão sobre a eficácia das estratégias usadas para convencer o leitor.

Cidadania em movimento

Tema Contemporâneo Transversal: Educação

Alimentar e Nutricional

O Guia alimentar para a população brasileira é um exemplo de documento público que conecta saúde, cultura e alimentação, sendo um ótimo exemplo de repertório aplicado para temas de saúde pública e educação.

Propor que os estudantes utilizem o Guia alimentar para a população brasileira em redações sobre saúde, sustentabilidade ou educação. Incentivar a análise crítica do conteúdo para aplicar essas referências na argumentação.

Respostas

Orientações e comentários sobre a atividade de pesquisa:

Objetivo da atividade:

Além de promover o entendimento sobre hábitos alimentares saudáveis e as recomendações do Guia alimentar para a população brasileira, esta atividade de pesquisa pode ser uma excelente oportunidade para trabalhar competências de linguagem e produção de texto com os estudantes do Ensino Médio.

Como a atividade contribui com o conteúdo de Linguagem e Produção de Texto:

1. Pesquisa e leitura crítica:

Desenvolvimento de habilidades de pesquisa: os estudantes são incentivados a buscar informações em fontes confiáveis, o que promove a habilidade de pesquisa e a leitura crítica. Eles aprendem a identificar fontes confiáveis, a filtrar informações relevantes e a interpretar dados.

Orientar os estudantes sobre a importância de avaliar a credibilidade das fontes e de cruzar informações, para evitar fake news ou informações incorretas.

2. Organização e estrutura do texto:

Planejamento e estruturação: ao dividir a pesquisa em tópicos (características alimentares, desafios e barreiras, estratégias de melhoria), os estudantes

aprendem a organizar suas ideias e a estruturar o texto de maneira coerente e coesa.

Explicar aos estudantes a importância de um texto bem organizado, com introdução, desenvolvimento e conclusão. Incentivar os estudantes a fazer um esboço antes de começar a redação final.

3. Redação e clareza na comunicação:

Desenvolvimento: a atividade exige que os estudantes redijam suas descobertas de forma clara e objetiva. Isso ajuda a aprimorar a capacidade de escrever textos informativos e explicativos.

Oferecer feedback sobre a clareza e a objetividade dos textos dos estudantes, apontando pontos fortes e áreas para melhoria. Sugerir revisões e edições para aprimorar a qualidade do texto.

4. Uso de linguagem adequada:

Aprimoramento do vocabulário: a pesquisa sobre alimentação e saúde expõe os estudantes a um vocabulário específico e técnico, ampliando seu repertório linguístico.

Incentivar os estudantes a utilizar termos técnicos corretamente e a explicar esses termos de forma acessível quando necessário. A prática de parafrasear e explicar conceitos pode ajudar na compreensão mútua.

5. Apresentação oral:

Desenvolvimento de habilidades de apresentação: ao apresentarem os resultados da pesquisa para a turma, os estudantes praticam habilidades de comunicação oral, como a capacidade de falar em público, a articulação de ideias e a interação com a audiência.

Fornecer dicas sobre como realizar apresentações eficazes, manter contato visual, usar recursos visuais de apoio e responder a perguntas da audiência.

Sugere-se avaliar tanto o conteúdo quanto a forma de apresentação.

6. Colaboração e trabalho em grupo:

Habilidades de colaboração: trabalhar em grupos para a realização da pesquisa e a preparação da apresentação promove habilidades de colaboração, como divisão de tarefas, responsabilidade compartilhada e comunicação interpessoal.

Observar a dinâmica dos grupos, oferecer orientações sobre como trabalhar de maneira colaborativa e resolver conflitos. Avaliar também a contribuição de cada membro para garantir participação equilibrada.

Redação

nota 1 000

O estudo de redações nota 1 000 é uma ferramenta valiosa para compreender como o repertório sociocultural pode ser bem utilizado em uma redação. Recomenda-se fazer uma leitura coletiva de uma redação nota 1 000 sobre o tema de 2020, destacando o uso do repertório. Depois, pode-se pedir aos estudantes que escrevam suas próprias redações, aplicando as mesmas estratégias.

Respostas

1. O autor utiliza a “teologia do traste”, de Manoel de Barros, como uma metáfora para destacar a importância de valorizar temas frequentemente esquecidos ou marginalizados, como as doenças mentais. Essa referência cria uma conexão entre a obra literária e o tema central da redação, permitindo que o leitor reflita sobre como questões negligenciadas, como a saúde mental, precisam ser trazidas à tona no debate social.

2. A citação de O cidadão de papel , de Gilberto Dimenstein, serve para reforçar o argumento de que, no Brasil, a legislação muitas vezes é eficaz apenas na teoria, mas falha na aplicação prática. A obra de Dimenstein é usada para criticar a ineficiência das políticas públicas em relação à saúde mental, apontando que a Constituição garante o direito à saúde, mas as ações estatais não asseguram esse direito adequadamente.

3. A citação do artigo 6 da Constituição Federal reforça a argumentação ao fornecer uma base legal sólida que garante o direito à saúde no Brasil. Ao mencionar o princípio jurídico, o autor legitima sua crítica à falta de políticas públicas voltadas à saúde mental, demonstrando que essa omissão estatal vai contra os direitos constitucionais assegurados a todos os cidadãos.

4. O autor faz uma conexão direta entre a visão de Paulo Freire, em Pedagogia da autonomia , e a falha do sistema educacional brasileiro em promover habilidades socioemocionais, como respeito e empatia. Essa falta de foco no desenvolvimento humano integral é apresentada como uma das razões para a perpetuação do preconceito em relação às doenças mentais, reforçando que a educação brasileira precisa ir além do conteúdo acadêmico e abordar questões emocionais.

5. A proposta é realista, porque envolve o Ministério Público, que tem a responsabilidade de garantir o cumprimento da ordem jurídica, e sugere parcerias

com plataformas midiáticas para promover campanhas de conscientização sobre saúde mental. A ideia de utilizar depoimentos emocionais em campanhas publicitárias é viável, pois seria uma forma eficaz de sensibilizar a sociedade e combater o preconceito, criando uma conexão direta com o público por meio da mídia.

6. O autor demonstra criatividade ao sugerir o uso de depoimentos emocionais em campanhas midiáticas, uma abordagem que visa sensibilizar a sociedade e promover empatia em relação às pessoas com doenças mentais. Além disso, a ideia de envolver mídias em parcerias com o governo traz uma solução prática e criativa, ampliando o alcance das campanhas e tornando-as mais impactantes e acessíveis.

7. O autor utiliza as referências da coletânea de maneira eficaz, como a citação de Gilberto Dimenstein e o artigo 6 da Constituição. Essas referências não são inseridas de forma superficial, mas estão bem integradas ao desenvolvimento das ideias centrais do texto, contribuindo para reforçar os argumentos sobre a negligência do Estado e o papel da educação no combate ao estigma da saúde mental.

8. A redação apresenta um uso adequado da modalidade escrita formal, com uma linguagem adequada ao estilo dissertativo-argumentativo. A coesão é mantida ao longo do texto, com parágrafos bem conectados e estruturados, utilizando elementos de ligação que facilitam a leitura e garantem a fluidez da argumentação. Não há erros gramaticais ou ortográficos significativos, o que reforça o domínio linguístico do autor.

9. Resposta pessoal. Sugestão de resposta: A proposta de usar depoimentos emocionais em campanhas midiáticas para conscientizar a sociedade sobre a saúde mental parece bastante eficaz, pois relatos pessoais costumam criar uma conexão mais direta e empática com o público. Ao ouvir histórias reais, as pessoas se sensibilizam e se identificam com as experiências, o que pode ajudar a reduzir o estigma em torno das doenças mentais. Na minha experiência, campanhas que utilizam depoimentos emocionais, como aquelas relacionadas ao câncer ou à violência doméstica, tiveram grande impacto e mobilizaram a sociedade. Acredito que, no caso da saúde mental, essa abordagem também pode gerar mais empatia e compreensão, promovendo discussões mais abertas sobre o tema.

Práticas de linguagem

O uso adequado da linguagem é essencial para uma boa redação, especialmente no que se refere a expressões e termos que podem gerar dúvidas quanto ao seu uso, dependendo do contexto.

Propor atividades em que os estudantes identifiquem e corrijam o uso incorreto de palavras e expressões comuns. Em seguida, pedir que reescrevam trechos para garantir a precisão no uso da linguagem.

Atividade

a) O festival foi criado há cerca de dois anos e vem atraindo um público cada vez maior.

b) Em vez de assistir a filmes de ação, prefiro documentários sobre culturas diversas.

c) Ela preferiu estudar história em vez de literatura, pois achava mais interessante.

d) O debate será onde?

e) Ele tem mais argumentos do que você, mas seus pontos não são tão bem fundamentados.

f) Se não houver mudanças na política educacional, os problemas irão persistir.

g) É importante consumir alimentos saudáveis, mas algumas pessoas ainda preferem fast food.

h) Mal ela chegou, começou a falar sobre a importância de uma dieta equilibrada.

i) A leitura de clássicos filosóficos vai de encontro às nossas necessidades de reflexão.

j) Ele falou acerca das vantagens de ler todos os dias.

k) A biblioteca oferece uma seção especial para obras filosóficas e socioculturais.

l) A reunião irá ao encontro dos interesses dos estudantes, promovendo a leitura.

m) Eles discutiram bastante acerca da importância da leitura, contudo não chegaram a um consenso.

n) À medida que o tempo passa, mais estudantes se interessam por filosofia.

o) À medida que a leitura foi incentivada, os resultados melhoraram.

p) Eles têm gostos afins por literatura e filosofia.

q) Ele leu vários livros de filosofia a fim de melhorar sua argumentação.

Para refletir

O debate sobre o uso do repertório erudito e popular nas redações é importante, pois ambos podem enriquecer a argumentação de formas distintas, desde que usados com coerência.

Propor uma reflexão sobre quando é mais adequado usar repertório erudito e popular, incentivando os estudantes a combinar essas duas formas de conhecimento em suas redações.

Respostas

1. Segundo o texto, o conceito de cultura foi apropriado no final do século XIX, no início do período republicano, por grupos que buscavam construir uma identidade nacional, conectada a um projeto de construção de um Estado nacional. Nas décadas de 1940-1950, a cultura popular foi utilizada como maneira para legitimar governos populistas. Já nos anos 1960, o conceito foi incorporado por movimentos de esquerda, com o objetivo de despertar a consciência crítica nas camadas populares da população. Atualmente, segundo o texto, o conceito está mais ligado ao maior ou menor consumo de produtos culturais.

2. As manifestações culturais representam mais do que uma expressão local ou particular de um determinado grupo, elas refletem as formas de pensar, sentir, comunicar e interagir das pessoas.

3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes possam identificar diferentes manifestações culturais que estão presentes em sua comunidade e em seu dia a dia, sejam elas artísticas, literárias, hábitos, construções, rituais e celebrações, e refletir sobre a importância delas para a preservação da história, memória e identidade de um grupo.

Em prática

Esta seção permite que os estudantes treinem o uso do repertório sociocultural ao escrever sobre um tema atual e relevante, como a inclusão digital no Brasil. Propor que os estudantes elaborem uma redação sobre o tema, utilizando dados históricos, referências de políticas públicas e outros exemplos socioculturais. Depois, promover uma revisão coletiva do uso do repertório, para garantir que ele esteja bem integrado ao texto.

Respostas

1. Respostas pessoais. Espera-se que o estudante consiga identificar em seu texto as partes da introdução, separando a tese da apresentação do tema, por exemplo.

2. Respostas pessoais. Espera-se que o estudante use referências socioculturais, conforme foi estudado durante todo o Capítulo, para incluir elementos de seu repertório no texto.

3. Respostas pessoais. Espera-se que o estudante tenha estruturado uma proposta de intervenção abrangendo todos os elementos exigidos na Competência 5 da prova de redação do Enem.

Capítulo 7

A conclusão na redação para o Enem

Este Capítulo tem como objetivo trabalhar a importância de uma conclusão bem estruturada na redação dissertativo-argumentativa, especialmente no modelo do Enem. A conclusão é o fechamento do texto, momento em que o autor deve reforçar sua tese e, no caso do Enem, apresentar uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Ao longo do Capítulo, são exploradas as diferentes estratégias de conclusão, além de exemplos de propostas de intervenção e reflexões sobre o impacto social de temas como os direitos humanos, o esporte e a cidadania. Por meio de atividades práticas e leituras complementares, o Capítulo oferece ferramentas para que o estudante finalize sua redação com clareza, coesão e intervenção viável e alinhada aos critérios avaliativos do Enem.

Competências e habilidades do Capítulo 7

Competências gerais: 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10

Competências específicas: 1, 2, 3, 4 e 6

Habilidades de Linguagens: EM13L GG101, EM13LGG104, EM13LGG202, EM13LGG204, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG401 e EM13LGG402.

H abilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP05, EM13LP06 e EM13LP27.

Principais objetivos do Capítulo

1. C ompreender o papel da conclusão em uma redação dissertativo-argumentativa do Enem, identificando sua função de síntese e proposição de soluções ao problema discutido.

2. Analisar diferentes tipos de conclusão utilizados em redações nota 1 000 do Enem, avaliando como cada um deles reforça a argumentação apresentada ao longo do texto.

3. Aplicar estratégias para a construção de conclusões que apresentem uma proposta de intervenção concreta e coerente, conforme os critérios estabelecidos pela banca do Enem.

4. Elaborar conclusões eficientes para redações, conectando de forma coesa os argumentos desenvolvidos no texto e propondo intervenções detalhadas e factíveis que respeitem os direitos humanos.

Proposta de intervenção: um passo decisivo na redação do Enem

A conclusão deve retomar a tese apresentada, reafirmar os principais pontos discutidos e apresentar uma solução para o problema proposto. No Enem, é condição obrigatória que essa solução seja detalhada e realista.

É preciso orientar os estudantes a sempre revisar sua tese na conclusão e a elaborar uma proposta de intervenção viável. Sugere-se propor que escrevam conclusões para temas variados, praticando diferentes formas de fechar o texto.

Como elaborar a proposta de intervenção

No Enem, a conclusão deve apresentar uma proposta de intervenção que seja prática, detalhada, e que respeite os direitos humanos. Isso é essencial para alcançar uma boa nota.

Promover atividades em que os estudantes criem propostas de intervenção, orientando-os a detalhar os cinco elementos exigidos: agente, ação, modo, efeito e detalhamento.

Atividades

1. Avaliar se o estudante consegue identificar claramente a proposta de intervenção e compreender como ela está ligada ao problema apresentado.

A justificativa deve mostrar que o estudante entendeu a relação de causa e efeito entre o problema e a solução proposta. Nesse caso, a candidata apresenta sugestões de ações factíveis que podem ser realizadas pelo Ministério da Educação em prol da educação tecnológica e digital. Desse modo,

amarra sua tese e seus argumentos com uma proposta de intervenção social que beneficiaria a sociedade brasileira.

2. Verificar se a proposta dos estudantes é clara, detalhada, viável e diretamente ligada ao desenvolvimento do senso crítico, conforme proposto no enunciado. A solução deve incluir todos os elementos solicitados e ser coerente com o problema identificado.

3. Nesta atividade, é importante observar se o estudante é capaz de fazer uma análise crítica e fundamentada, considerando os desafios práticos da implementação e o impacto real da proposta no ambiente educacional.

4. Avaliar a clareza, a coerência, a viabilidade e o detalhamento da proposta dos estudantes. A proposta deve ser viável, detalhada e relacionada diretamente ao desenvolvimento do senso crítico, conforme solicitado no enunciado.

Os direitos humanos na proposta de intervenção

A proposta de intervenção deve respeitar os direitos humanos, garantindo que as soluções sugeridas estejam alinhadas com os princípios de dignidade, igualdade e respeito.

Sugere-se pedir aos estudantes que avaliem exemplos de redações para identificar se as propostas de intervenção respeitam os direitos humanos. Se julgar pertinente, discutir como a violação desses direitos pode resultar em uma nota zero.

Atividade

a) Respostas pessoais. Espera-se que o estudante justifique e argumente suas respostas pautando-as no respeito e na democracia. É possível comentar com a turma que as pessoas sob custódia do Estado devem ter a dignidade resguardada, bem como a saúde física e emocional. Logo, a maternidade deve ser protegida e respeitada nesse espaço.

b) Resposta pessoal. Espera-se que o estudante consiga desenvolver um parágrafo introdutório que evidencie a proposta de intervenção como tese a ser desenvolvida. A tese deve ser justificada de maneira evidente e defendida por meio de argumentos lógicos e consistentes no desenvolvimento dos parágrafos subsequentes.

c) Resposta pessoal. Espera-se que, nos parágrafos de desenvolvimento, o estudante argumente e defenda a tese apresentada na introdução, de modo a sustentá-la e defendê-la.

d) Resposta pessoal. Espera-se que o estudante retome a tese na conclusão, recuperando pontos do texto que a reforçam, de forma coesa e consistente. A conclusão deve refletir e retomar as ideias que foram apresentadas ao longo do texto, reafirmando a opinião defendida. Se possível, incentivar os estudantes a escrever esse parágrafo seguindo a estratégia solicitada pela prova do Enem, de proposta de intervenção.

Cidadania em movimento

Tema Contemporâneo Transversal: Educação em Direitos Humanos

As Olimpíadas representam não apenas um evento esportivo mas também uma oportunidade para discutir direitos humanos, inclusão e cidadania global.

Propor debates sobre os aspectos sociais e políticos das Olimpíadas, como o impacto em comunidades carentes e a questão dos refugiados atletas. Sugere-se pedir que os estudantes usem esses debates como repertório para redações sobre direitos humanos.

Respostas

1. A conquista da primeira medalha olímpica pela Equipe Olímpica de Refugiados, obtida pela boxeadora Cindy Ngamba, é um marco histórico que simboliza a superação dos desafios enfrentados por refugiados e a capacidade de alcançar altos níveis de excelência, mesmo em situações adversas. Sugere-se incentivar os estudantes a reconhecer o impacto das conquistas esportivas em contextos de superação, dando visibilidade à questão dos refugiados e destacando o papel do esporte como ferramenta de inclusão e empoderamento.

2. A participação da Equipe Olímpica de Refugiados nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 reforça os princípios dos direitos humanos ao simbolizar inclusão, dignidade e igualdade, valores centrais da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ao proporcionar uma plataforma para atletas refugiados competirem ao lado de representantes de nações de todo o mundo, o Comitê Olímpico Internacional (COI) promove a ideia de que todas as pessoas, independentemente de sua nacionalidade ou status migratório, têm o direito à participação, ao respeito e à expressão de seu potencial.

É preciso orientar os estudantes a conectar eventos esportivos a temas mais amplos de direitos humanos, promovendo uma compreensão mais profunda sobre como o esporte pode ser um reflexo e uma extensão dos valores humanitários globais.

3. Os atletas refugiados enfrentaram desafios como a perda de suas casas, o deslocamento forçado e a necessidade de adaptação a novas culturas e condições de vida. Esses desafios foram superados com resiliência, apoio de organizações internacionais como o Acnur e a determinação de continuar treinando e competindo em alto nível. É recomendável que os estudantes compreendam as adversidades específicas enfrentadas por refugiados e a importância do apoio institucional para a superação dessas dificuldades. A questão também permite refletir sobre a força de vontade e a resiliência humanas.

4. A Equipe Olímpica de Refugiados contribui para a conscientização sobre a situação dos refugiados ao trazer visibilidade às suas histórias e ao sucesso de seus atletas em um dos maiores palcos esportivos do mundo. A participação desses atletas destaca a necessidade de proteção e oportunidades para todos os refugiados, sensibilizando a opinião pública global. Essa pergunta direciona os estudantes a considerar o papel do esporte não apenas como competição, mas como um meio poderoso de comunicação e de ação pelos direitos humanos. É uma oportunidade para discutir a importância da mídia e dos eventos esportivos na promoção de causas sociais.

Mundo do trabalho

O esporte pode ser uma ferramenta de transformação social, especialmente em relação à inclusão, à disciplina e à cidadania no mundo do trabalho.

Sugere-se pedir aos estudantes que relacionem o papel do esporte à formação de valores no ambiente de trabalho, como cooperação e liderança. Eles podem usar esses exemplos como repertório sociocultural em suas redações.

Respostas

Para abordar profissões de nível superior ligadas ao esporte, pode-se considerar uma ampla gama de carreiras que vão além das mais tradicionais, como Educação Física e Medicina Esportiva. Aqui estão algumas profissões atuais e tendências emergentes nessa área:

Profissões atuais:

1. Gestor esportivo: profissionais que gerenciam clubes, academias e eventos esportivos. Eles lidam com a administração, o planejamento estratégico e o marketing esportivo.

2. Fisioterapeuta esportivo: especialistas em prevenção e tratamento de lesões esportivas, trabalham diretamente com atletas para garantir sua saúde e seu desempenho.

3. Nutricionista esportivo: profissionais que elaboram dietas e planos alimentares personalizados para otimizar o desempenho dos atletas.

4. Psicólogo esportivo: especialistas que ajudam atletas a lidar com o estresse, melhorar a concentração e manter a motivação.

5. Engenheiro de performance : profissionais que aplicam princípios da Engenharia para melhorar o design de equipamentos e a tecnologia esportiva.

6. Jornalista esportivo: profissionais de mídia que cobrem eventos esportivos, entrevistam atletas e analisam performances

Tendências futuras:

1. Analista de dados esportivos: com o aumento do uso de tecnologia e big data no esporte, há uma crescente demanda por profissionais que possam analisar dados para melhorar estratégias e performances esportivas.

2. Especialista em esportes eletrônicos (eSports): com o crescimento dos eSports, surgem novas carreiras, como gestores de equipes, treinadores e especialistas em marketing digital voltado para o mundo dos jogos eletrônicos.

3. Cientista do esporte: profissionais que pesquisam e aplicam novas tecnologias e metodologias científicas para melhorar a performance e a recuperação dos atletas.

4. Desenvolvedor de tecnologia esportiva: engenheiros e desenvolvedores que criam dispositivos wearable, softwares de análise de performance e outras tecnologias inovadoras para o esporte.

5. Gestor de sustentabilidade esportiva: com o foco crescente em sustentabilidade, essa profissão emergente lida com a organização de eventos e instalações esportivas que minimizem o impacto ambiental.

6. Especialista em marketing de experiência esportiva: com a personalização e a experiência dos fãs se tornando mais importantes, profissionais que criam experiências imersivas e interativas para os espectadores estarão em alta demanda.

Essas profissões refletem tanto as necessidades atuais quanto as tendências futuras no mercado de trabalho ligado ao esporte, especialmente em um contexto global como as Olimpíadas de Paris.

Leitura

Este editorial é uma oportunidade de discutir o uso de dados e evidências científicas na formulação de políticas públicas, especialmente em temas polêmicos como os direitos dos presos.

Após a leitura, promover uma discussão sobre como dados e evidências devem orientar políticas públicas e incentivar os estudantes a utilizar esses recursos em suas propostas de intervenção.

Respostas

1. A principal crítica é de que o projeto contraria estudos e evidências sobre a realidade prisional no Brasil, adotando uma medida que, apesar de parecer mais rigorosa em termos de segurança pública, pode ser ineficaz e desumana.

Sugere-se avaliar a capacidade do estudante de identificar o argumento central do texto e entender as críticas feitas pelo editorial. Se achar pertinente, incentivar os estudantes a buscar justificativas no texto para apoiar suas respostas.

2. Um preso tem direito à saída temporária se estiver em regime semiaberto, já tiver cumprido ao menos um sexto da pena (se primário) ou um quarto (se reincidente) e apresentar bom comportamento.

Esta questão reforça a compreensão de detalhes legais mencionados no editorial, ajudando os estudantes a perceber como esses aspectos legais são utilizados no argumento do editorial.

3. O editorial sugere que a saída temporária é uma medida importante para a ressocialização dos presos, pois permite que eles mantenham vínculos familiares e sociais, o que pode facilitar sua reintegração à sociedade.

Se possível, discuta a função da ressocialização no sistema prisional e como o editorial argumenta em favor dessa prática.

4. O editorial caracteriza as penitenciárias brasileiras como superlotadas e insalubres, destacando que manter todos os condenados nessas condições é desumano e ineficaz.

Sugere-se usar esta atividade para explorar com os estudantes o impacto das condições prisionais na eficácia das políticas de segurança pública, conforme mencionado no texto.

5. O editorial sugere que o período eleitoral impulsiona a aprovação de medidas populistas, como o projeto de barrar a saída temporária, que se baseiam

mais no apelo popular do que em evidências e resultados esperados.

É necessário permitir aos estudantes que reflitam sobre a relação entre política, opinião pública e elaboração de leis, incentivando uma análise crítica do contexto em que essas decisões são tomadas.

6. O editorial considera a proporção de presos que não retornam “relativamente baixa” porque, em São Paulo, por exemplo, cerca de 95% dos presos favorecidos no Natal de 2020 voltaram à prisão, o que sugere que a maioria cumpre as condições estabelecidas.

Sugere-se discutir a importância de dados e estatísticas no apoio de argumentos, bem como esses elementos são usados no texto.

7. O editorial acredita que as políticas públicas devem ser aperfeiçoadas com base em evidências e resultados esperados, e não em medidas que apenas atendam ao apelo popular imediato.

Promover a discussão sobre como as políticas públicas devem ser formuladas com base em dados e estudos em vez de cederem à pressão popular sem análise crítica.

8. Tanto o editorial quanto a redação do Enem podem abordar a intervenção social, mas o editorial tende a ser mais informativo e opinativo, enquanto a redação do Enem exige que o estudante proponha uma solução específica para o problema, detalhando como essa intervenção poderia ser implementada.

É possível usar esta atividade para mostrar aos estudantes as diferenças e semelhanças entre esses gêneros, ajudando-os a entender como articular uma proposta de intervenção de maneira eficaz na redação.

9. A proposta de intervenção na redação do Enem pode se inspirar em argumentos utilizados em editoriais ao utilizar dados, estudos e evidências para fundamentar a solução proposta, garantindo que ela seja coerente e viável.

É importante ajudar os estudantes a ver como podem usar textos argumentativos, a exemplo de editoriais, como base para construir uma proposta de intervenção sólida e bem fundamentada.

10. A argumentação de um editorial pode ser útil na redação do Enem, pois oferece modelos de análise crítica, propostas fundamentadas e exemplos que ajudam na construção de uma intervenção social sólida e bem estruturada.

Redação nota 1 000

A redação nota 1 000 sobre o tema “Publicidade infantil em questão no Brasil” exemplifica o uso adequado de repertório sociocultural e de uma proposta de intervenção detalhada e realista. Sugere-se ler em conjunto essa redação e pedir que os estudantes identifiquem os elementos que fizeram com que ela recebesse a nota máxima. Em seguida, eles podem aplicar as mesmas estratégias em seus próprios textos.

Respostas

1. A principal estratégia argumentativa utilizada na conclusão do texto é a proposta de intervenção. A autora sugere ações concretas para mitigar o impacto negativo da publicidade infantil, como a aplicação de multas às empresas que ultrapassam os limites estabelecidos para a publicidade dirigida às crianças e o incentivo à leitura por meio de concessões fiscais para famílias de baixa renda. Explicar aos estudantes que uma conclusão eficaz deve retomar os principais argumentos apresentados ao longo do texto e apresentar uma proposta de intervenção clara e objetiva. Além disso, a conclusão deve reforçar a importância da questão abordada, mostrando como as soluções propostas podem efetivamente transformar a situação.

2. A proposta de intervenção está alinhada com as competências exigidas pelo Enem, porque apresenta uma solução clara, exequível e detalhada para o problema discutido. A autora sugere a aplicação de multas para empresas que realizem publicidade abusiva e a implementação de incentivos fiscais para estimular a leitura entre as crianças. Além disso, a proposta considera os agentes (governo, pais, escolas), as ações necessárias e os objetivos a serem alcançados, seguindo o que é pedido na Competência 5 do Enem. É preciso orientar os estudantes a construir propostas de intervenção que sejam detalhadas e factíveis, envolvendo diferentes agentes sociais e ações específicas. Explicar que a proposta deve não apenas resolver o problema mas também estar integrada ao debate desenvolvido ao longo do texto, mostrando o conhecimento do estudante sobre as possíveis soluções para questões sociais.

3. A autora utiliza citações de Gilberto Freyre e Platão para fortalecer sua argumentação. A citação de Freyre na introdução estabelece a importância do cuidado com a infância, enquanto a citação de

Platão na conclusão reforça a ideia de que o “bem viver” depende de um desenvolvimento saudável e consciente desde a infância. Essas citações ajudam a legitimar o ponto de vista da autora e a dar mais peso à sua proposta de intervenção.

Ensinar os estudantes a utilizar citações de autoridade de forma estratégica, integrando-as ao texto para reforçar a argumentação. Explicar que as citações devem estar diretamente relacionadas ao tema e contribuir para a construção de uma conclusão mais persuasiva e bem fundamentada.

4. A conclusão do texto contribui para a coerência e coesão ao retomar os principais argumentos discutidos e ao propor uma intervenção que está diretamente relacionada ao problema abordado. A autora utiliza conectivos como dessa forma para ligar as ideias e garantir que a conclusão flua de maneira lógica tomando por base o desenvolvimento anterior.

Incentivar os estudantes a observar como a conclusão deve estar intrinsecamente conectada ao restante do texto. A conclusão não deve ser um parágrafo isolado, mas sim uma continuação lógica do que foi discutido, amarrando todas as ideias e oferecendo uma solução ou reflexão final que esteja em harmonia com o desenvolvimento.

5. A importância de uma proposta de intervenção que considere a realidade e as possibilidades de implementação reside na sua viabilidade. Propostas utópicas ou desconectadas da realidade podem comprometer a argumentação e a nota na Competência 5 do Enem. No texto, a autora propõe medidas como multas e incentivos fiscais, que são ações possíveis e dentro da competência de agentes sociais como o governo, tornando a proposta realista e aplicável.

Explicar aos estudantes que a proposta de intervenção deve ser viável e estar ancorada na realidade. Se possível, incentive-os a pensar em soluções práticas que podem ser realmente implementadas pelos agentes mencionados. Discutir com os estudantes como cada elemento da proposta (ação, agente, meio, finalidade) deve ser bem pensado, para garantir uma resposta que atenda ao que é exigido pelo Enem.

Práticas de linguagem

A argumentação na redação precisa de coesão e clareza, o que é facilitado pelo uso adequado de conectivos, que são essenciais para organizar as ideias.

Atividades

Propor exercícios focados no uso de conectivos que melhoram a fluidez do texto, como portanto, além disso e no entanto. Sugere-se pedir que os estudantes revisem suas redações para verificar se os conectivos estão sendo bem utilizados.

1.

• Conectivos de adição: além disso, ainda.

• Conectivos de oposição: mas.

• Conectivos de conclusão: dessa forma, assim.

2.

• Conectivos de causa: porque.

• Conectivos de explicação: pois.

• Conectivos de exemplificação: como.

Explicar que os conectivos são essenciais para garantir a coesão do texto, conectando as ideias de forma lógica. Cada conectivo desempenha uma função específica, que deve ser bem compreendida pelos estudantes para que possam usá-los adequadamente em seus próprios textos.

• Original: “Dessa forma, é possível perceber que a publicidade infantil excessiva influencia de maneira negativa tanto a infância em si como também o Brasil.”

• R eescrita: “Portanto, é possível perceber que a publicidade infantil excessiva influencia de maneira negativa tanto a infância em si como também o Brasil.”

Mostrar aos estudantes que a substituição de conectivos pode alterar a ênfase ou a fluidez do texto, embora o sentido geral possa ser mantido. Discutir a importância de escolher conectivos que se ajustem ao contexto e ao tom desejado.

4. Exemplo de resposta: “Além disso, a educação financeira nas escolas é essencial para formar cidadãos mais conscientes economicamente. Por exemplo, ao aprender a importância do planejamento financeiro, os jovens podem evitar endividamentos futuros. Portanto, é fundamental que essa disciplina seja inserida no currículo escolar.”

Incentivar os estudantes a perceber como a escolha dos conectivos orienta a estruturação do parágrafo, ajudando a organizar as ideias e a construir uma argumentação mais clara e convincente.

5. Correção: “As crianças são influenciadas pela publicidade infantil, o que pode torná-las consumidoras compulsivas. Além disso, o consumo incentivado desde cedo pode prejudicar o desenvolvimento.”

Discutir com os estudantes como o uso inadequado de conectivos pode comprometer a coesão e a clareza do texto. Explicar que os conectivos devem ser usados com propósito e que nem sempre é necessário inserir um conectivo entre todas as frases. A coesão também pode ser obtida por meio de outros recursos linguísticos.

Para refletir

O direito preferencial da pessoa idosa é um exemplo importante de como os direitos humanos se materializam em políticas públicas voltadas a garantir o bem-estar e a inclusão social de populações vulneráveis.

Propor uma reflexão sobre como o direito preferencial pode ser usado como exemplo de inclusão social em redações sobre cidadania e direitos humanos. Incentivar os estudantes a aplicar esse conceito em diferentes temas de redação.

Respostas

3.

• Conectivo pois: utilizado para introduzir uma justificativa ou explicação, reforçando a relação de causa e efeito.

• Conectivo como: utilizado para introduzir um exemplo que ilustra o argumento apresentado.

• Conectivo além disso: utilizado para garantir que a argumentação siga uma sequência lógica, conectando as ideias principais de forma coesa.

Explicar que os conectivos não apenas unem frases mas também desempenham um papel indispensável na construção da lógica argumentativa do texto. Incentivar os estudantes a refletir sobre como a escolha de conectivos pode influenciar a persuasão do texto.

1. Resposta pessoal. Espera-se que o estudante reconheça, com base no uso do termo preferencial, que a campanha tem a intenção de conscientizar a sociedade civil para o atendimento prioritário à pessoa idosa.

2. Resposta pessoal. A campanha divulga uma lei federal que preza pela qualidade de vida e pelos direitos dos idosos. Por se tratar de uma ação relacionada à defesa de direitos de uma parcela da população brasileira, pode ser considerada uma promoção dos direitos humanos.

3. Ao compartilhar informação sobre essa lei, o Estado busca cumprir seu dever de assegurar a garantia dos direitos da pessoa idosa. Para que isso aconteça, é preciso que a população brasileira entenda

que o direito apresentado é defendido por lei e deve ser cumprido por todos.

4. Etarismo é o termo utilizado para se referir à discriminação com base na idade. Espera-se que o estudante compreenda que o etarismo está associado também à visão preconceituosa da sociedade sobre o envelhecimento feminino.

Nesse aspecto, cabe o debate sobre a ideia de “envelhecer bem”, padrões estéticos e pressões sociais sobre tópicos como idade ideal para se casar e ter filhos.

Em prática

Esta seção oferece aos estudantes a oportunidade de aplicar todos os conceitos aprendidos no Capítulo ao escrever uma redação sobre um tema atual e desafiador. Propor a escrita de uma redação sobre o tema “Os desafios para a inclusão digital no Brasil”, garantindo que os estudantes utilizem as estratégias de conclusão aprendidas, com ênfase em uma proposta de intervenção bem detalhada e que respeite os direitos humanos.

Respostas

1. Resposta pessoal. Espera-se que o estudante use, em seu parágrafo conclusivo, conectores como portanto, por esse motivo e com base nos fatos apresentados

2. Resposta pessoal. A tese carrega o ponto de vista adotado pelo autor, a ser defendido ao longo do texto, e deve ser reafirmada no início da conclusão, a fim de assegurar a coerência completa da produção textual.

3. Respostas pessoais. Espera-se que o estudante cite a proposta de intervenção selecionada na produção de seu texto; em seguida, descreva o agente, o modo e o efeito, além de como a ação deve ser realizada.

Capítulo 8

Coesão e coerência

Neste Capítulo, o professor encontrará uma abordagem sobre os conceitos de coesão e coerência textuais, fundamentais para a construção de uma redação clara e bem estruturada no Enem. O Capítulo explora tanto o nível macroestrutural (organização das ideias no texto como um todo) quanto o nível microestrutural

(conexões entre palavras e frases), oferecendo explicações e atividades práticas para aplicar esses conceitos em sala de aula. Traz exemplos de textos variados, incluindo gêneros como tiras e charges, para demonstrar como a coesão e a coerência se manifestam em diferentes contextos comunicativos, principalmente em textos que fazem parte da coletânea das redações do Enem. Além disso, o Capítulo fornece exercícios específicos para que os estudantes identifiquem e corrijam desvios de coesão e coerência, garantindo que compreendam a importância desses elementos para alcançar uma redação bem-sucedida no exame.

Competências e habilidades do Capítulo 8

• Competências gerais: 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10

• Competências específicas: 1, 2, 3 e 4

• Habilidades de Linguagens: EM13L GG101, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG202, EM13LGG204, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG401 e EM13LGG402.

• H abilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP12, EM13LP16, EM13LP28, EM13LP32, EM13LP40 e EM13LP45.

Principais objetivos do Capítulo

1. Compreender os conceitos de coesão e coerência textuais, identificando sua importância na construção de textos dissertativo-argumentativos claros e articulados.

2. Identificar os diferentes mecanismos de coesão, como conectivos, pronomes e sinônimos em redações nota 1 000 do Enem, analisando seu papel na continuidade das ideias.

3. Analisar a coerência das ideias em textos dissertativo-argumentativos, avaliando a progressão lógica dos argumentos e a relação entre as partes do texto.

4. Aplicar estratégias de coesão e coerência na produção de textos, empregando conectivos, referências e progressão temática para construir redações coesas e coerentes, de acordo com os critérios do Enem.

Coerência e coesão textuais

Discute os conceitos básicos de coerência e coesão, explicando como se relacionam e se complementam na construção de um texto claro e eficaz.

Promover exercícios de reescrita, em que os estudantes identifiquem falhas de coesão e coerência em textos e proponham melhorias.

Nível macroestrutural

Refere-se à coerência global do texto, analisando a estrutura geral e a organização das ideias no nível de parágrafos e tópicos.

Incentivar os estudantes a planejar a redação antes de escrevê-la, construindo um esquema geral das ideias para garantir a coerência entre as partes do texto.

Nível microestrutural

Analisa a coesão no nível das frases e das palavras, com foco nas relações de conexão entre os parágrafos. Realizar atividades que explorem o uso correto de conectivos e pronomes, ajudando os estudantes a ligar sentenças de maneira coesa.

Atividades

Atividades práticas para aplicar os conceitos de coesão e coerência em diferentes textos.

Promover uma análise coletiva de textos em sala de aula, pedindo aos estudantes que identifiquem os mecanismos de coesão utilizados e avaliem a coerência geral.

1. A imagem de Marie Curie, uma cientista renomada e respeitada, estabelece uma conexão imediata com a autoridade do conhecimento científico. A frase atribuída a ela, “Nada na vida deve ser temido, somente compreendido.”, relaciona-se diretamente com a mensagem principal do anúncio, que é “use o cinto de segurança”. Essa citação, originalmente associada ao enfrentamento de desafios científicos, é recontextualizada para tratar da importância da segurança no trânsito, criando um elo lógico entre conhecimento, sabedoria e comportamento responsável. O jogo entre o verbal (a frase de Curie) e o não verbal (a imagem da cientista) reforça a seriedade da campanha e estabelece uma coesão semântica eficaz.

O uso de uma figura de autoridade é uma estratégia que proporciona coerência à mensagem, aumentando a credibilidade e promovendo a adesão ao que está sendo sugerido. É importante discutir como o contexto original de uma citação pode ser adaptado para outros temas, mantendo a integridade da mensagem.

2. A escolha da tipografia ajuda a unificar o texto com a imagem de Marie Curie. O formato das letras se adapta ao corpo da cientista, simulando um efeito

de “vestir” o texto sobre ela. Isso cria uma fusão entre o verbal e o visual, destacando a mensagem de forma integrada. A utilização de um único tipo de letra, com variação no tamanho e na disposição, contribui para a coesão visual e textual, reforçando o conteúdo sem desviar a atenção para outros elementos.

A coesão visual é um recurso importante na publicidade. Neste caso, a tipografia não é apenas funcional mas também estilística, já que se adapta ao formato da imagem, gerando uma unidade visual que apoia a coerência da mensagem.

3. A frase final é uma pergunta retórica que desafia o leitor a refletir sobre o poder da autoridade e da atenção que se dá às figuras de destaque. A coerência argumentativa se dá pela conexão entre a citação de Marie Curie e a mensagem sobre segurança no trânsito. Ao perguntar se a audiência daria mais atenção à mensagem se ela fosse dita por alguém da importância de Curie, o anúncio sugere que o uso do cinto de segurança é tão vital quanto os avanços científicos promovidos pela cientista, criando uma coerência temática entre sabedoria e responsabilidade. O uso de perguntas retóricas é um recurso comum para envolver o leitor e fortalecer a coerência argumentativa. Neste caso, ela coloca o público em uma posição de confronto com a própria responsabilidade, ligando a atenção às mensagens importantes com a autoridade da figura histórica.

4. Os termos fora e dentro localizam as ações no espaço e contribuem para a progressão textual, porque particularizam os lugares em que a ação se desenrola: “lá fora”, referente ao mundo externo, opõe-se ao lado de dentro da casa. Neste caso, a autora usa os termos para provocar uma oposição entre o espaço público e o privado.

Coerência textual

Discute a coerência como o sentido global do texto, focando a relevância das ideias e a clareza de comunicação. Propor aos estudantes a escrita de parágrafos coerentes, destacando como as ideias devem ser apresentadas e desenvolvidas de maneira lógica.

Campo lexical e coerência

Explica como o uso correto de vocabulário pode contribuir para a coerência do texto, evitando ambiguidades.

Realizar atividades de enriquecimento lexical, pedindo aos estudantes que identifiquem e usem palavras e expressões adequadas ao contexto.

Coerência na interação dos interlocutores do texto

Foca a coerência no diálogo ou na interação entre os interlocutores de um texto, assegurando que as respostas e afirmações façam sentido no contexto.

Simular debates ou diálogos escritos, em que os estudantes precisem responder, de maneira coerente e contextualizada, às ideias propostas por outros.

Coerência e os gêneros textuais

Analisa como a coerência varia de acordo com o gênero textual (ex.: narrativa, dissertação, carta), ajustando-se às características específicas de cada tipo de texto.

Propor aos estudantes que escrevam textos de diferentes gêneros textuais, destacando como a coerência é adaptada conforme o estilo e a estrutura de cada gênero.

Atividades

Exercícios que envolvem a análise de tiras e charges, com foco na identificação de coesão e coerência.

Utilizar tiras e charges para promover discussões sobre a estrutura textual e os recursos visuais que ajudam na construção de sentido.

1. A tirinha começa apresentando informações científicas sobre o número de cavidades no coração de diferentes grupos de animais, como peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Essa sequência lógica e informativa estabelece uma expectativa no leitor de que a discussão continuará no mesmo tom. No entanto, o último quadro subverte essa expectativa ao usar a palavra cavidade de maneira metafórica, referindo-se ao “coração” de uma pessoa que não demonstra sentimentos (o “crush ” que “não dá bola”). A coerência é mantida pelo uso do termo cavidade, mas o humor surge da mudança de contexto de uma discussão biológica para uma situação de relacionamento.

Se julgar pertinente, incentivar os estudantes a refletir sobre como o humor pode ser uma forma de coerência textual e como a quebra de expectativas pode reforçar o impacto de uma mensagem sem comprometer a coerência do texto.

2. A metáfora no último quadro da tirinha é usada para transformar o conceito biológico de “cavidade no coração” em um símbolo de falta de sentimentos, ou de um “coração vazio”, referente a uma pessoa que não retribui o afeto (o “crush”). Essa metáfora conecta o discurso científico com uma situação cotidiana de maneira inesperada, mantendo a coerência pela repetição do conceito de “cavidade”,

mas mudando seu significado. Isso gera humor ao comparar uma característica física de animais com um traço emocional dos seres humanos.

Sugere-se ajudar os estudantes a explorar como as metáforas podem ser usadas para criar coerência em textos humorísticos, mesmo quando significados diferentes são atribuídos a palavras ou a conceitos semelhantes.

3. O humor na tirinha depende da compreensão de que “crush ” é uma gíria usada para se referir a alguém por quem se tem interesse romântico, mas que não retribui o sentimento. O contexto cultural e social é essencial para que o leitor perceba a transição do discurso científico para um comentário sobre relações pessoais. A coerência do texto é mantida pela continuidade do tema “coração” e “cavidade”, porém é o conhecimento prévio sobre o comportamento de “crush ” que permite ao leitor entender e apreciar o humor da tira.

É possível discutir com os estudantes como o conhecimento de mundo e o contexto social influenciam a compreensão de textos e a construção de coerência, especialmente em textos que utilizam gírias e conceitos contemporâneos.

4. Na tirinha, os conectivos são implícitos, mas a sequência dos quadros estabelece uma coesão lógica, com a informação científica sendo apresentada de forma progressiva (de peixes a mamíferos) e culminando na comparação com o “crush ”. A progressão natural dos grupos de animais sugere uma ordem cronológica ou hierárquica que é mantida até o final, quando ocorre a quebra humorística. Essa estrutura coesa sustenta a coerência do texto, facilitando a compreensão do leitor.

Auxiliar os estudantes a perceber que, mesmo quando os conectivos não estão explicitamente presentes, a ordem lógica dos acontecimentos pode servir como um mecanismo de coesão, garantindo a fluidez e a compreensão do texto.

5. A tirinha desafia as expectativas do leitor ao começar com um tom informativo e científico, que se espera que continue ao longo dos quadros. No entanto, no último quadro, há uma mudança de foco para um contexto emocional e humorístico, mantendo a coerência pelo uso contínuo do conceito de “cavidade” no coração. A subversão das expectativas é o que cria o efeito cômico, mas a coerência é mantida pela estrutura lógica e pela repetição temática.

É necessário orientar os estudantes a refletir sobre como autores de tirinhas e textos humorísticos podem brincar com as expectativas do leitor, criando humor por meio da coerência temática e, ao mesmo tempo, introduzindo mudanças inesperadas no tom ou no contexto.

6. Alternativa a. Orientar os estudantes a observar a construção de sentido com base nos textos verbal e não verbal, retomando conhecimentos do tema Coerência e coesão textuais para interpretar a tira.

Leitura

Propostas de atividades de leitura crítica, com foco na análise dos mecanismos de coesão empregados pelos autores.

Apresentar textos de diferentes gêneros e pedir aos estudantes que identifiquem os elementos de coesão, discutindo como cada recurso contribui para a fluidez do texto.

Respostas

1. A mensagem principal da charge é uma crítica à crescente robotização do mercado de trabalho, no qual máquinas estão substituindo seres humanos em muitas funções. A charge mostra uma situação em que até mesmo o robô, representado pelo braço mecânico, precisa procurar emprego, sugerindo um futuro em que a automação é tão avançada que até as máquinas enfrentam a pressão do mercado de trabalho. O autor utiliza a fila de trabalhadores, todos com currículos em mãos, incluindo o robô, para destacar a ironia e a preocupação com a substituição da mão de obra humana pela tecnologia.

Sugere-se incentivar os estudantes a discutir como a automação e a inteligência artificial estão transformando o mercado de trabalho e a importância de refletir sobre as consequências sociais dessa tendência.

2. O “braço robótico” na charge é uma metáfora para a automação crescente no mercado de trabalho, no qual as máquinas estão assumindo funções que antes eram realizadas por humanos. A charge sugere que a robotização chegou a um ponto em que até os próprios robôs precisam competir por empregos, simbolizando a extrema automatização da economia e a consequente desvalorização da força de trabalho humana. A metáfora alerta para os possíveis impactos negativos da substituição excessiva de humanos por máquinas.

É importante ajudar os estudantes a entender como as metáforas visuais podem ser usadas para comunicar críticas sociais e como essa metáfora específica ilustra as preocupações sobre o futuro do trabalho.

3. A coesão da charge é garantida pela presença contínua de elementos relacionados ao mercado de trabalho, como os candidatos em fila com seus currículos, e pela inclusão do robô na mesma fila, que reforça a mensagem de que a automação está tão avançada que até as máquinas competem por empregos. O texto CURRÍCULO funciona como um ponto de ancoragem que unifica todos os elementos, conectando a fila de candidatos ao contexto de procura de emprego. É preciso orientar os estudantes a observar como os elementos visuais e textuais se complementam para criar uma mensagem coesa e como a repetição de temas, como a busca por emprego, reforça a crítica à robotização do trabalho.

4. Compreender o contexto social e tecnológico atual, em que a automação e a inteligência artificial estão substituindo muitas funções humanas, é essencial para interpretar a charge de maneira coerente. A charge critica o avanço da robotização no mercado de trabalho e sugere um futuro em que até as máquinas precisarão competir por empregos, destacando as possíveis consequências negativas dessa tendência. Sem esse conhecimento, o leitor pode não captar a ironia e a crítica implícitas na imagem.

Se julgar pertinente, explicar aos estudantes como o conhecimento de mundo, especialmente sobre as tendências tecnológicas e suas implicações sociais, é fundamental para a interpretação de textos e charges que abordam temas contemporâneos.

5. O título CURRÍCULO indica que todos na fila, incluindo o robô, estão à procura de emprego. Isso cria uma conexão direta com a imagem dos candidatos e do braço robótico segurando um currículo. Os elementos visuais e o texto se complementam para comunicar uma mensagem coesa sobre o impacto da robotização no mercado de trabalho, sugerindo que até as máquinas estão agora competindo por vagas, uma situação que reforça a crítica à desumanização e à automação excessiva.

Pode-se incentivar os estudantes a perceber como a coesão em uma charge é mantida pela integração harmoniosa de texto e imagem, em que ambos contribuem para uma única mensagem crítica.

6. A charge sugere que a robotização do mercado de trabalho pode levar à desvalorização da força de trabalho humana, à perda de empregos e até mesmo a situações nas quais as próprias máquinas enfrentam dificuldades para encontrar emprego. Isso levanta questões sobre o futuro

da empregabilidade, a necessidade de redefinir o papel do trabalho na sociedade e os desafios de manter uma economia que depende cada vez mais da automação. A crítica implícita na charge alerta sobre os perigos de uma robotização desenfreada, sem considerar as implicações sociais e econômicas.

Incentivar os estudantes a discutir as possíveis consequências sociais da automação e como a sociedade pode responder a esses desafios, considerando políticas de emprego, educação e inovação tecnológica.

7. A ironia na charge surge do fato de que até o robô, símbolo da automação, está na fila para procurar emprego, o que é uma situação paradoxal. Essa ironia reforça a coerência da mensagem ao destacar as contradições e os excessos da robotização no mercado de trabalho. A situação absurda em que até as máquinas enfrentam a competição por emprego sublinha a crítica à desumanização e à dependência excessiva da tecnologia, aumentando o impacto da mensagem.

Sugere-se ajudar os estudantes a entender como a ironia pode ser usada de maneira coerente para reforçar uma crítica social, especialmente em charges e em outros textos humorísticos que lidam com temas sérios.

8. A sociedade deve se preparar para o aumento da automação no mercado de trabalho por meio da requalificação da força de trabalho, investindo em educação e treinamento para habilidades que complementem a tecnologia, em vez de competir diretamente com ela. Políticas que incentivem a inovação social, a criação de novos tipos de empregos e a adaptação às mudanças tecnológicas são fundamentais. Além disso, é importante discutir o papel da renda básica universal ou outras formas de suporte econômico em um futuro no qual a automação pode reduzir o número de empregos disponíveis.

Incentivar os estudantes a refletir sobre as políticas e estratégias que podem ser implementadas para mitigar os efeitos negativos da automação no mercado de trabalho e para promover um futuro mais equitativo e sustentável.

Gêneros textuais: tiras e charges

Exploração da estrutura, das características e da função social das tiras e charges como gêneros textuais que combinam humor e crítica social.

Propor aos estudantes que produzam suas próprias tiras e charges, aplicando o conhecimento de coesão e coerência na construção das mensagens visuais e textuais.

Coesão textual

Discussão detalhada sobre os principais mecanismos de coesão textual, como conectivos, pronomes e elipses.

Realizar exercícios em que os estudantes reescrevam parágrafos utilizando conectivos para melhorar a coesão textual.

Os principais mecanismos de coesão

Apresenta e detalha os mecanismos mais usados para manter a coesão em um texto, como anáforas, conectivos e elipses.

Propor atividades práticas em que os estudantes identifiquem e empreguem diferentes mecanismos de coesão em textos variados.

Cidadania em movimento

Tema Contemporâneo Transversal: Saúde

Discute o papel da saúde pública no Brasil, explorando como a educação e o acesso à saúde se inter-relacionam com o exercício da cidadania.

Promover debates em sala sobre temas relacionados à saúde pública, incentivando os estudantes a usar esses tópicos como repertório sociocultural nas redações.

Respostas

1. A OMS atualizou suas diretrizes em razão do avanço das evidências científicas sobre os benefícios da atividade física para a saúde geral, incluindo não apenas a prevenção de doenças mas também melhorias na cognição, na qualidade de vida, no bem-estar mental e no sono. A nova versão enfatiza a importância de qualquer movimento, não somente exercícios estruturados, para promover esses benefícios.

Incentivar os estudantes a analisar criticamente o motivo da atualização das diretrizes da OMS e a identificar os principais aspectos abordados na nova versão, indo além do conteúdo superficial para explorar a base científica e as implicações práticas das recomendações.

2. Diferenciar atividade física de exercício físico é essencial, porque abrange diferentes tipos de movimento: atividade física refere-se a qualquer movimentação do dia a dia, enquanto exercício físico é uma prática estruturada. Essa distinção pode

influenciar políticas de saúde pública ao enfatizar que qualquer movimento é benéfico, incentivando uma abordagem mais inclusiva para promover a saúde geral da população.

Pedir aos estudantes que considerem as implicações práticas e teóricas da diferenciação entre atividade física e exercício físico, além de analisar como essa distinção pode moldar políticas de saúde e intervenções individuais.

3. A OMS recomenda que crianças e adolescentes pratiquem pelo menos 60 minutos diários de atividade física com intensidade moderada a vigorosa. Além disso, devem incluir atividades que fortaleçam músculos e ossos pelo menos três vezes por semana.

Esta pergunta avalia se os estudantes entenderam as recomendações específicas da OMS para crianças e adolescentes em relação à quantidade e à intensidade de atividade física necessária para promover saúde e bem-estar.

4. As principais recomendações da OMS para a prática de atividade física variam conforme o grupo etário.

Gestantes: a OMS recomenda que gestantes pratiquem atividades físicas moderadas por pelo menos 150 minutos por semana, distribuídos ao longo dos dias. Essas atividades devem incluir exercícios aeróbicos de intensidade moderada, como caminhadas rápidas ou natação, além de exercícios de fortalecimento muscular adaptados à gestação.

Adultos: para adultos entre 18 e 64 anos, a OMS recomenda pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica de intensidade moderada ou pelo menos 75 minutos de atividade física aeróbica vigorosa ao longo da semana. Além disso, devem-se incluir atividades de fortalecimento muscular em dois ou mais dias por semana.

Idosos: para os idosos (com 65 anos ou mais), a OMS recomenda a mesma quantidade de atividade física que a sugerida para os adultos, com a adição de atividades que melhorem o equilíbrio e previnam quedas, especialmente importantes nessa faixa etária.

Orientar os estudantes a pesquisar e comparar as recomendações da OMS para diferentes grupos populacionais em relação à prática de atividade física. É importante que os estudantes compreendam como as orientações variam conforme a idade e as condições específicas de saúde, e como essas diretrizes podem ser aplicadas na promoção de estilos de vida saudáveis em diferentes estágios da vida.

Atividades

a) Um exemplo de coesão por substituição no texto é a palavra ela na frase “Perícia e família da artista confirmaram que trabalho foi feito por ela”. Aqui, “ela” substitui “Tarsila do Amaral”. Essa substituição evita a repetição do nome da artista e contribui para a fluidez do texto.

Explicar aos estudantes que a coesão por substituição é um recurso importante para manter o texto fluido e evitar a repetição excessiva de palavras. Incentivar os estudantes a praticar esse tipo de substituição em seus próprios textos.

b) No texto, tela e pintura são usados como sinônimos. Por exemplo, “A tela faz parte da chamada fase Pau Brasil de Tarsila” e “A pintura, alvo de questionamentos […]”. O uso de sinônimos evita repetição e mantém o texto coeso.

Explicar que o uso de sinônimos não só enriquece o vocabulário dos estudantes mas também contribui para a coesão textual ao evitar repetições desnecessárias e manter o texto interessante.

c) O termo radiografias pode ser considerado um hipônimo de exames . Exames é o hiperônimo, uma categoria geral, enquanto radiografias é um tipo específico de exame mencionado no texto. Essa relação de inclusão ajuda a detalhar a informação de maneira coesa.

Mostrar aos estudantes como os hipônimos ajudam a especificar informações em um texto, contribuindo para a clareza e a coesão.

d) Um exemplo de anáfora pode ser visto na frase: “Após a tela ser revelada em abril, diversos questionamentos sobre sua autenticidade foram feitos.”. Aqui, sua é uma anáfora que retoma a menção à tela , a qual também é uma anáfora para Paisagem 1925. O uso dessas anáforas enriquece o vocabulário do texto, evitando repetições desnecessárias do mesmo termo.

Discutir com os estudantes como a anáfora retoma informações já fornecidas, mantendo o interesse e a clareza no texto.

e) O texto faz uso consistente do pretérito perfeito e imperfeito, como em “A família da artista afirmou”, “usava elementos de influência cubista”, “teve aulas”. Essa repetição do tempo verbal ajuda a situar as ações no passado, conferindo coesão

temporal ao texto. A uniformidade, por sua vez, permite que o leitor compreenda a sequência dos eventos de forma clara e lógica, reforçando a cronologia das informações apresentadas.

Enfatizar com os estudantes a importância da consistência no uso dos tempos verbais para manter a coesão temporal em um texto. Incentivar os estudantes a revisar os próprios textos, para garantir que a sequência de eventos seja apresentada de maneira clara e cronológica, usando corretamente os tempos verbais.

2.

a) Resposta pessoal. Sugestão de resposta: A viagem estava marcada, mas, por causa dos problemas mecânicos do carro, será adiada.

b) Resposta pessoal. Sugestão de respostas: Por causa dos problemas mecânicos do carro, a viagem marcada precisou ser adiada. / O carro apresentou problemas mecânicos; logo, a viagem marcada foi adiada.

3.

a) O pronome oblíquo átono la em “reanimá-la” é uma anáfora que evita a repetição do termo conversa.

b) Elipse do verbo estar (“Os cavalinhos estavam correndo, / E nós, cavalões, [estávamos] comendo”).

4.

a) Resposta pessoal. Sugestão de resposta: Carlos comprou seu primeiro carro zero e usou o dinheiro da rescisão contratual.

b) Resposta pessoal. Sugestão de resposta: Ao lado da banca de jornal do bairro onde eu morava, ficava sempre o senhor Juvenal, com seu carrinho de pipoca, que era a melhor do bairro.

Propor uma análise da canção como texto histórico e artístico, conectando-a ao repertório sociocultural que pode ser usado na redação do Enem.

Respostas

Para enriquecer a compreensão dos estudantes sobre a canção “O bêbado e a equilibrista”, de Aldir Blanc e João Bosco, sugere-se a reprodução da música em sala de aula. Escutar a música permitirá aos estudantes que se conectem emocionalmente com o conteúdo, identificando elementos poéticos e contextuais, que serão explorados nas atividades subsequentes. Esse momento de escuta também pode servir como ponto de partida para discussões sobre o contexto histórico e social da época em que a canção foi composta, aprofundando a análise textual.

1. A inspiração inicial para a composição de “O bêbado e a equilibrista” foi realizar uma homenagem ao ator Charles Chaplin, após sua morte, no Natal de 1977. João Bosco, ao pensar em Chaplin, lembrou-se da canção “Smile”, que se tornou a base melódica para a criação da nova música. A conexão se dá na maneira como Chaplin, em seus filmes, representava os marginalizados e como a música reflete a difícil realidade do Brasil durante a Ditadura civil-militar, usando metáforas para abordar a situação social e política da época.

Incentivar os estudantes a explorar como a referência a Chaplin contribui para a compreensão das metáforas presentes na música e como essa intertextualidade enriquece a mensagem.

2. “O bêbado e a equilibrista” se tornou um símbolo durante a Ditadura civil-militar porque capturava o sentimento de saudade e a luta pela liberdade de expressão e pelos direitos humanos no Brasil. A música, especialmente com a gravação de Elis Regina, virou um hino da anistia, simbolizando a esperança pelo retorno dos exilados políticos e a resistência ao regime opressor.

5.

a) O termo drones é retomado como aeronaves não tripuladas.

b) A da linha fina.

c) Por meio da relação entre hipônimo e hiperônimo.

Conexões com...

Relaciona a canção “O bêbado e a equilibrista” com o contexto histórico da anistia política no Brasil, promovendo uma análise crítica e interdisciplinar.

Ajudar os estudantes a compreender o contexto histórico em que a música foi lançada e como ela se conectou emocionalmente com o povo brasileiro, tornando-se uma espécie de trilha sonora das mobilizações sociais.

3. A letra de “O bêbado e a equilibrista” utiliza diversas metáforas e repetições para manter a unidade temática, como as referências contínuas a figuras como “o bêbado” e “a equilibrista”, que simbolizam, respectivamente, o povo e a esperança. O uso de pronomes e conectivos também ajuda a ligar as ideias, reforçando a narrativa da resistência e da luta por liberdade.

Orientar os estudantes a prestar atenção nos recursos linguísticos que contribuem para a coesão da letra e em como esses elementos ajudam a construir uma mensagem clara e impactante.

4. Conhecer o contexto histórico do Brasil durante a Ditadura civil-militar é fundamental para compreender a coerência da mensagem de “O bêbado e a equilibrista” porque a letra faz referências diretas e indiretas a eventos e figuras importantes daquela época. Sem esse conhecimento, o impacto e o significado das metáforas podem ser perdidos, tornando difícil entender por que a música se tornou um símbolo de resistência e luta por anistia. Explicar aos estudantes que a coerência textual está diretamente ligada ao conhecimento de mundo do leitor. Pode-se incentivá-los a pesquisar o contexto histórico e social da época, para que possam interpretar a letra de forma mais completa e significativa.

5. Sobre a atividade de pesquisa e escrita do artigo: explorar a MPB como um objeto de estudo que vai além da simples apreciação musical. Esta é uma oportunidade de mergulhar na interseção entre arte e sociedade, entendendo como a linguagem poética, quando estruturada de maneira coerente, pode moldar percepções e influenciar o pensamento crítico sobre questões sociais.

Nessas atividades, os estudantes deverão ser capazes de reconhecer a importância do contexto histórico na interpretação de obras artísticas, particularmente em canções de cunho social e político. Eles também devem demonstrar compreensão mais aprofundada de como a coesão e a coerência textual podem ser influenciadas e reforçadas pelo contexto, contribuindo para a eficácia da mensagem da obra.

Mundo do trabalho

Explora o papel da música no contexto do trabalho e da sociedade, discutindo temas como a indústria musical e o mercado de trabalho nesse setor.

Promover debates sobre a relação entre música e mercado de trabalho, incentivando os estudantes a pensar na música como uma ferramenta crítica e profissional. Respostas

Nesta proposta, os estudantes serão incentivados a pesquisar diversas atividades profissionais. O objetivo é que eles possam entrar em contato com as atividades associadas à Música, para reconhecerem possibilidades de carreira de acordo com seus interesses. Para organizar a turma, sugere-se dividi-la em grupos

e pedir a cada estudante que escolha uma carreira e a pesquise, coletando informações sobre requisitos educacionais, habilidades necessárias, perspectivas de emprego, salário médio e atividades diárias. Pode-se pedir a eles que organizem esses dados em tópicos claros. Sugere-se que acessem um aplicativo de apresentações, criem uma conta gratuita e procurem por portfólio na barra de pesquisa.

Recomenda-se que escolham um modelo de que gostem, personalizem-no com suas informações e adicionem imagens relevantes. Em seguida, devem revisar o trabalho para garantir que tudo está correto e bem organizado. Por fim, salvar e exportar o portfólio de apresentação digital para compartilhar com a turma.

Sugere-se comentar com os estudantes algumas das profissões mais demandadas nos setores a seguir.

Música:

1. Streaming e distribuição digital:

Responsabilidades: profissionais desse setor são responsáveis por gerenciar e otimizar a presença de músicas em plataformas de streaming, incluindo a criação de estratégias de marketing digital, curadoria de playlists e análise de dados de audiência. Eles garantem que a música seja distribuída de maneira eficiente e acessível ao público.

Relevância: com o crescimento exponencial das plataformas de streaming, esses profissionais desempenham um papel crucial na maximização da visibilidade e do sucesso comercial de músicas e artistas, refletindo a importância da distribuição digital na indústria musical atual.

2. Produção musical e engenharia de som:

Responsabilidades: produtores musicais supervisionam o processo de gravação, arranjos e mixagem, moldando o som final das músicas. Engenheiros de som são responsáveis pela captura, edição e mixagem do áudio, garantindo qualidade técnica e artística às gravações.

Relevância: esses profissionais são fundamentais para a criação de músicas de alta qualidade, influenciando diretamente o resultado das produções e a satisfação dos ouvintes. Sua expertise garante que as músicas atendam aos padrões técnicos e criativos do mercado.

3. Música para mídia e publicidade:

Responsabilidades: compositores e músicos especializados nesse setor criam trilhas sonoras, jingles e músicas promocionais para filmes, comerciais e

campanhas publicitárias. Eles trabalham para capturar a essência do produto ou da marca através da música.

Relevância: a música desempenha um papel significativo em campanhas publicitárias e na mídia, ajudando a criar uma identidade sonora memorável e impactante. Esses profissionais contribuem para o sucesso de produtos e marcas, aumentando o engajamento e a eficácia das campanhas.

4. Educação musical on-line :

Responsabilidades: educadores musicais on-line oferecem aulas e cursos virtuais de teoria musical, técnica instrumental e composição. Eles utilizam plataformas digitais para ensinar e engajar estudantes em diferentes níveis e locais.

Relevância: com o crescimento da educação a distância, esses profissionais facilitam o acesso ao aprendizado musical para um público global. Eles desempenham um papel essencial na formação de novos músicos e na disseminação do conhecimento musical, tornando a educação acessível e flexível.

5. Performance ao vivo e eventos:

Responsabilidades: esse setor envolve a organização e a promoção de shows e eventos musicais, incluindo a coordenação logística, a gestão de turnês e o suporte técnico durante performances ao vivo. Promotores de eventos, gerentes de turnês e técnicos de som e luz são alguns dos profissionais envolvidos.

Relevância: a performance ao vivo continua sendo uma das principais formas de interação entre artistas e público, e esses profissionais garantem que os eventos ocorram de maneira eficiente e impactante. Eles são essenciais para a realização de experiências musicais memoráveis e bem-sucedidas.

6. Desenvolvimento de aplicativos e tecnologia musical:

Responsabilidades: profissionais desse setor criam e mantêm aplicativos e softwares para composição, performance e produção musical. Podem ser desenvolvedores de software , engenheiros de áudio e designers de aplicativos, que trabalham para elaborar ferramentas inovadoras e funcionais.

Relevância: com a crescente integração da tecnologia à música, esses profissionais são vitais para o desenvolvimento de novas ferramentas e de plataformas que facilitam a criação e a experimentação musical. Eles impulsionam a inovação e a acessibilidade na produção musical, ajudando músicos a explorar novas possibilidades criativas.

Redação nota 1 000

Apresenta uma redação nota máxima sobre o tema do Enem 2022 “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”, mostrando aos estudantes como aplicar mecanismos de coesão e coerência em textos sobre temas complexos.

Realizar a leitura e a análise coletiva da redação, destacando as estratégias de coesão e coerência utilizadas pelo autor.

Respostas

1. A tese é que a falta de educação eficiente e a ausência de desenvolvimento sustentável são desafios para a valorização das comunidades tradicionais. Ao longo do texto, essas ideias são desenvolvidas com exemplos específicos, mantendo a coerência com a tese.

Avaliar se o estudante consegue identificar a tese e fazer a conexão lógica com os argumentos apresentados.

2. No primeiro parágrafo, é utilizada a estratégia de sinonímia, em que o termo povos indígenas é substituído por silvícolas.

3. As transições são feitas por conectores como “Diante desse cenário” e “Além disso”, que ajudam a ligar as ideias de um parágrafo ao próximo, mantendo a continuidade do argumento.

O estudante deve ser capaz de identificar os conectores e explicar como eles mantêm a coesão.

4. A repetição de termos como silvícolas, comunidades tradicionais e desenvolvimento sustentável reforça a coesão, enquanto pronomes como esses e tais são usados para substituição, evitando repetições desnecessárias.

Certificar-se de que o estudante compreende a função da repetição e da substituição para manter a coesão.

5. As referências à teoria do indigenato e ao ministro Edson Fachin fornecem fundamentos históricos e legais que validam a argumentação, aumentando a coerência do texto ao conectar as ideias a conhecimentos estabelecidos.

O estudante deve reconhecer como a fundamentação sólida contribui para a coerência argumentativa.

6. Resposta pessoal. Sugere-se incentivar o estudante a criticar a redação construtivamente, identificando áreas de possível melhoria.

7. O autor utiliza o exemplo dos pescadores afetados pelo garimpo ilegal para ilustrar a falta de

desenvolvimento sustentável, o que torna o argumento mais concreto e coerente.

Avaliar se o estudante percebe a importância de exemplos concretos na argumentação.

8. A conclusão resume os desafios discutidos (educação deficiente e falta de desenvolvimento sustentável) e propõe soluções práticas, como a inserção de “Estudos Indigenistas” no currículo. Essa estratégia é efetiva, pois conecta as soluções diretamente aos problemas apresentados.

Verificar se o estudante entende como uma conclusão deve ser construída para ser eficaz em termos de coesão e coerência.

Práticas de linguagem

Discute o uso do paralelismo sintático como ferramenta para manter a coesão e a fluidez da escrita.

Propor exercícios de reescrita, em que os estudantes pratiquem o uso de paralelismo sintático para garantir a uniformidade e a clareza das ideias.

Respostas

Há exemplos de paralelismo sintático no texto, como no primeiro parágrafo: “Paralelamente, no Brasil atual, há a manutenção de práticas prejudiciais não só aos silvícolas, mas também aos demais povos e comunidades tradicionais, como os pescadores.”.

Aqui, a estrutura “não só aos silvícolas, mas também aos demais povos e comunidades tradicionais” é paralela, pois as duas partes utilizam uma estrutura sintática similar para destacar diferentes grupos afetados por práticas prejudiciais. Esse paralelismo ajuda a enfatizar a ideia de que o problema é abrangente, afetando vários grupos.

Em termos pragmáticos, esta estrutura (“não só… mas também”) tem uma função argumentativa, pois permite que o enunciador destaque dois aspectos relacionados de maneira a valorizar o segundo, o que torna o discurso mais persuasivo. O paralelismo cria uma expectativa no interlocutor e, ao completá-la com o “mas também”, oferece uma informação adicional que reforça a mensagem original.

Em resumo, o uso do paralelismo não apenas cria simetria estrutural no texto mas também fortalece o impacto argumentativo, estabelecendo uma relação clara entre duas ideias de maneira fluida e coerente.

Fuja da nota zero

Retoma os principais desvios que podem comprometer a coesão e a coerência, resultando em uma possível nota zero na redação do Enem.

Para refletir

Debate a interdependência entre coesão e coerência e questiona se é possível que um texto coeso seja incoerente.

Promover uma discussão em sala de aula, incentivando os estudantes a refletir sobre a importância de ambos os elementos na produção de sentido textual.

Respostas

1. Não, pois, em ambos os casos, o diálogo do texto visual com o verbal permite a construção dos sentidos. Espera-se que os estudantes compreendam que o texto não verbal preenche a lacuna que teria sido deixada pela ausência de alguns conectores ou mecanismos coesivos.

2. No Texto 1, o sentido é construído por meio da reação da mulher e, posteriormente, da reação do garoto. Já no Texto 2 , o primeiro quadrinho registra uma lembrança de Armandinho e o último auxilia nessa compreensão

Em prática

Proposta de atividade prática em que os estudantes criam seus próprios temas de redação, simulando o processo de elaboração de um tema do Enem e aplicando os conceitos de coesão e coerência aprendidos ao longo do Capítulo.

Incentivar os estudantes a discutir temas de relevância social, cultural ou política e, em grupos, elaborar uma proposta completa de redação, com foco na construção de uma tese clara e coerente, além de uma boa aplicação de conectivos e outros mecanismos de coesão.

Respostas

Nesta atividade, os estudantes serão desafiados a criar um tema de redação no estilo do Enem, montar uma coletânea de textos de apoio e escrever uma redação sobre o tema escolhido. O processo será dividido em etapas: primeiro, devem-se introduzir os critérios do Enem em uma aula expositiva, seguida de um brainstorming, para que os estudantes elaborem possíveis temas. Depois, pode-se orientá-los a refinar o tema selecionado e montar uma coletânea de três a cinco textos que sustentem a argumentação sobre o tema.

Sugere-se organizar a atividade entre três e quatro aulas: na primeira, os estudantes criarão e justificarão seu tema; na segunda, eles montarão a coletânea de textos com base na pesquisa feita em casa; na terceira, eles escreverão a redação utilizando o material criado. Na quarta aula, encerrada a atividade, podem

ser avaliadas a criatividade dos temas, a relevância e a organização da coletânea, e a coesão e argumentação das redações, incentivando os estudantes a refletir sobre o processo e a revisar seus textos.

É possível avaliá-los, então, seguindo alguns critérios, como:

• criatividade e originalidade: a inovação e a pertinência do tema criado;

• aplicação dos cr itérios: a maneira como o tema atende aos critérios do Enem; argumentação: a força e a coesão dos argumentos apresentados na redação. proposta de intervenção: a clareza e a viabilidade da solução proposta.

É importante lembrar aos estudantes que a prática de criar temas ajuda a desenvolver uma compreensão mais profunda dos desafios enfrentados pelos candidatos no Enem. Esse exercício ainda aprimora suas habilidades argumentativas, que são essenciais não apenas para o exame mas também para a vida acadêmica e profissional.

Capítulo 9

Preparação para a prova e critérios de avaliação

Neste Capítulo, são retomados os critérios de avaliação da redação do Enem e as estratégias para ajudar os estudantes a se prepararem de forma eficaz para essa parte tão importante do exame. Além de explorar os mecanismos de coerência e coesão, o Capítulo traz exemplos de redações bem avaliadas, atividades práticas de escrita e análise textual, e reflexões sobre a importância da modalidade escrita formal e da adequação ao gênero dissertativo-argumentativo. O conteúdo é organizado para que você possa orientar os estudantes tanto na produção quanto na revisão dos textos, oferecendo ferramentas práticas e teóricas que desenvolvem a capacidade de argumentação e a construção de propostas de intervenção, fundamentais para o sucesso na redação do Enem.

Competências e habilidades do Capítulo 9

• Competências gerais: 1, 2, 4, 6, 7, 9 e 10

• Competências específicas: 1, 2, 3 e 4

• Habilidades de Linguagens: EM13L GG101, EM13LGG104, EM13LGG202, EM13LGG204, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG401 e EM13LGG402.

• H abilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP12, EM13LP16, EM13LP28, EM13LP32, EM13LP40 e EM13LP45.

Principais objetivos do Capítulo

1. Revisar os critérios de avaliação da redação do Enem, identificando as cinco competências exigidas pela banca e a pontuação máxima de cada uma.

2. Analisar redações reconhecendo os elementos que atendem ou não aos critérios de avaliação do Enem, como o uso adequado da norma-padrão, a coerência argumentativa e a proposta de intervenção.

3. Aplicar estratégias de escrita que atendam aos critérios avaliativos do Enem, desenvolvendo práticas de elaboração textual que incluam introdução clara, desenvolvimento coeso e conclusão com proposta de intervenção.

4. Avaliar redações utilizando os critérios do Enem para identificar pontos fortes e áreas de melhoria, aprimorando a capacidade de autocrítica e revisão textual.

A importância da nota de redação

O conteúdo discute como a nota da redação pode ser decisiva para o desempenho no Enem, influenciando a classificação dos estudantes em programas como Sisu, Prouni e Fies. Além disso, reforça o peso da escrita no desenvolvimento de competências argumentativas e críticas.

Realizar uma discussão com os estudantes sobre a relevância da nota de redação em seus objetivos acadêmicos, conectando o impacto dessa nota com a entrada em universidades públicas e privadas. Incentivar a reflexão sobre a importância de praticar a escrita ao longo do ano letivo.

Como se preparar para as provas de redação

Esta conteúdo orienta a preparação eficaz para a redação, desde a leitura crítica de temas até o desenvolvimento da argumentação e a organização textual.

Enfatiza a importância da prática contínua e da leitura de diferentes tipos de textos.

Organizar uma série de oficinas de escrita em que os estudantes possam praticar diferentes etapas da construção da redação: brainstorming, elaboração de tese, desenvolvimento de argumentos e proposta de intervenção. Sugere-se a inclusão de revisões em pares para promover o aprimoramento colaborativo.

Atividades

Atividade baseada em leitura crítica sobre multitarefas e seus efeitos. A leitura permite a reflexão sobre a produtividade e a relação com o uso excessivo da tecnologia, por exemplo, tema atual que pode ser aproveitado na redação.

Após a leitura, propor uma discussão em grupo sobre a eficácia da multitarefa. Em seguida, pedir aos estudantes que elaborem uma redação dissertativo-argumentativa sobre o impacto da multitarefa no desempenho acadêmico, aplicando a estrutura exigida no Enem.

1. O texto menciona exemplos como: assistir à televisão enquanto a internet está ligada, tomar algo enquanto arruma a casa e estudar enquanto faz outras atividades. Esses exemplos demonstram como as pessoas tentam realizar várias atividades simultaneamente.

Encorajar os estudantes a identificar essas atividades no texto e a refletir sobre as próprias experiências com multitarefa. Perguntar se eles acreditam que conseguem manter a mesma qualidade em todas as atividades que fazem ao mesmo tempo.

2. O texto sugere que, apesar de ser possível realizar várias tarefas ao mesmo tempo, a qualidade do trabalho, especialmente em atividades que exigem concentração e aprendizado profundo, tende a ser comprometida. A multitarefa pode não ser eficiente para estudos que requerem uma atenção concentrada. Recomenda-se provocar uma discussão sobre os limites da multitarefa, principalmente no contexto educacional. Incentivar os estudantes a considerar quais tipos de atividades podem ser prejudicadas pela multitarefa e quais podem ser realizadas simultaneamente sem perda de qualidade.

3. A distinção feita no texto é que “formação” exige um aprendizado mais profundo e concentrado, enquanto “informação” pode ser absorvida de forma fragmentada. A formação é vista como essencial para o sucesso futuro e não pode ser adquirida de

forma superficial ou “picadinha”, ao contrário da informação.

Recomenda-se ajudar os estudantes a entender a importância de dedicar tempo e concentração para a formação. Usando exemplos práticos, explicar a diferença entre aprender algo superficialmente e realmente dominar um conceito ou uma habilidade.

4. O texto argumenta que conceitos complexos, como derivadas e integrais, não podem ser compreendidos adequadamente se o aprendiz estiver distraído com outras atividades, como ouvir música alta ou assistir à novela. O aprendizado profundo desses conceitos requer concentração total.

Usar essa pergunta para reforçar a necessidade de um ambiente de estudo sem distrações quando os estudantes estão aprendendo conceitos difíceis. Discutir estratégias para evitar distrações durante o estudo.

5. A prática sugerida no texto é realizar duas tarefas igualmente complexas; em uma delas o estudante precisa ser interrompido constantemente (por exemplo, por notificações de redes sociais), enquanto na outra precisa se isolar de todas as distrações. O objetivo é que o estudante compare o rendimento em cada situação e reflita sobre a eficácia da multitarefa.

Incentivar os estudantes a experimentar essa prática como um exercício de autoconhecimento. Após realizarem o experimento, sugere-se promover uma discussão sobre os resultados e sobre como a multitarefa afeta a produtividade e a qualidade do aprendizado.

Cidadania em movimento

Tema Contemporâneo Transversal: Educação Financeira

Esta seção explora a importância da educação financeira para a cidadania e para o bem-estar social. A relação entre consumo consciente, planejamento financeiro e cidadania é abordada para estimular uma visão crítica dos estudantes.

Propor a criação de redações que abordem o impacto da educação financeira na vida dos jovens. Discutir exemplos de como a educação financeira pode ser trabalhada de maneira prática no cotidiano escolar e familiar dos estudantes.

Respostas

1. A Educação Financeira pode fornecer subsídios para que as pessoas gerenciem de modo responsável seus recursos financeiros tendo acesso a bens

e direitos que tragam maior qualidade de vida e bem-estar; tenham informação e acesso a benefícios de inclusão financeira e os utilizem de modo crítico e ético; e reavaliem a relação com o dinheiro, identificando reais necessidades de consumo, tendo em vista não só a sustentabilidade dos recursos naturais e a vida em comunidade, mas também o impacto que certas decisões financeiras podem causar no futuro, de modo individual.

2. O consumo consciente permite o uso racional dos recursos financeiros, prevenindo o endividamento pessoal e garantindo a preservação de recursos naturais e a sustentabilidade do planeta. São exemplos de práticas conscientes o ato de não consumir produtos que sabidamente são fabricados por meio de relações de exploração ou de empresas sem comprometimento socioambiental; poupar recursos e reduzir o desperdício, evitando o consumo desnecessário e ampliando a longevidade dos produtos; reduzir a produção de resíduos; doar objetos sem uso ou não desejados; entre outros.

3. A falta de planejamento financeiro pode desencadear o estresse financeiro, uma preocupação persistente relacionada à falta de dinheiro. O estresse financeiro pode causar impactos na saúde e nas relações interpessoais e pode ser causado por falta de uma reserva de emergência, despesas inesperadas, o consumo além das capacidades, de modo a atender certar expectativas sociais, e o uso do crédito de forma irresponsável, causando o endividamento excessivo.

Mundo do trabalho

Analisa as relações entre economia, finanças e mercado de trabalho, incentivando a reflexão sobre como esses aspectos influenciam a vida profissional. O objetivo é conectar os conteúdos da redação ao mundo prático. Incentivar os estudantes a escrever uma redação argumentativa sobre o papel da educação financeira na preparação para o mercado de trabalho. Discutir como esse conhecimento pode ser um diferencial competitivo no futuro profissional.

Redação do Enem: critérios de avaliação

Detalha os cinco critérios de avaliação da redação do Enem e como cada um deles é pontuado, enfatizando a necessidade de domínio da norma culta, argumentação coerente e proposta de intervenção.

Este conteúdo oferece uma visão geral dos critérios de avaliação da redação do Enem, detalhando como as cinco competências são utilizadas para mensurar o desempenho dos candidatos. Você encontrará explicações claras sobre como orientar os estudantes a compreender e atender a cada uma dessas competências.

Propor aos estudantes que leiam redações de anos anteriores do exame e as avaliem com base nos cinco critérios. Depois, pedir a eles que escrevam uma redação com foco em um desses critérios, revisando e corrigindo com atenção os detalhes avaliados. Também pode ser proposta uma aula expositiva sobre os critérios avaliativos da redação do Enem, explicando cada competência. Propor uma atividade em que os estudantes avaliem exemplos de redações de acordo com os critérios oficiais, apontando os pontos fortes e as áreas a serem melhoradas.

Leitura

Introduz o gênero crônica argumentativa, que combina narrativa com argumentação crítica, mostrando como esse tipo de texto pode ser utilizado para desenvolver habilidades de escrita argumentativa.

Propor a leitura e a análise de crônicas argumentativas, destacando como os autores introduzem temas e desenvolvem uma linha de argumentação. Pedir aos estudantes que escrevam crônicas próprias sobre temas do cotidiano, utilizando estratégias de argumentação. Respostas

1. Clara Arreguy sugere que as mulheres negras, em razão de sua força, sua resiliência, seu talento e sua persistência, são capazes de enfrentar e superar não apenas os próprios desafios mas também os problemas de suas famílias, suas comunidades e até do mundo. A autora acredita que essas mulheres têm um papel importante na luta contra as injustiças e na liderança para um futuro melhor. Incentivar os estudantes a refletir sobre o significado de “salvação” no contexto social e histórico. Discutir como as mulheres negras têm sido figuras de resistência e liderança em diversas áreas, como política, esporte, cultura e direitos civis.

2. O texto sugere que as conquistas esportivas das mulheres negras nas Olimpíadas de Paris simbolizam não apenas excelência atlética mas também a força para resistir às injustiças sociais e raciais que elas enfrentam. Essas vitórias são vistas como um sinal de que, apesar das barreiras, as mulheres negras continuarão a prevalecer e a liderar a luta contra a opressão.

Sugere-se instigar os estudantes a pensar sobre a importância simbólica das vitórias em competições globais e sobre como elas podem inspirar mudanças sociais. Discutir o papel do esporte como uma plataforma para a visibilidade e o empoderamento de grupos historicamente marginalizados.

3. A autora menciona figuras como Bia Souza, Rebeca Andrade, Marta, Simone Biles, Kamala Harris e Valdileia Martins para exemplificar a diversidade de talentos e lideranças entre as mulheres negras em diferentes áreas, como esporte, política e cultura. Elas representam modelos de sucesso e superação que inspiram e reafirmam o potencial transformador das mulheres negras. Pedir aos estudantes que pesquisem informações sobre essas figuras mencionadas e compartilhem suas histórias com a turma. Esta atividade pode ajudar a aprofundar a compreensão sobre o impacto dessas mulheres em suas respectivas áreas e na sociedade como um todo.

4. Segundo o texto, as mulheres negras desempenham um papel fundamental como líderes, mártires e heroínas que enfrentam e resolvem problemas sociais, econômicos e políticos. Elas são vistas como pilares de força e resiliência não apenas para as próprias comunidades mas também para a sociedade em geral. Promover uma discussão sobre o conceito de liderança e sobre como ele se manifesta em diferentes contextos. Incentivar os estudantes a refletir a respeito das contribuições das mulheres negras nas próprias comunidades e no mundo.

5. O texto destaca que a luta das mulheres negras contra as injustiças não é apenas por si mesmas, mas por toda a humanidade. A autora acredita que as mulheres negras estão na linha de frente na defesa dos direitos humanos, lutando contra a opressão e a favor da dignidade de todos os desvalidos e marginalizados. Explicar aos estudantes a ideia de solidariedade e interseccionalidade na luta por justiça social. Discutir como as ações de grupos específicos podem ter um impacto positivo e abrangente na sociedade, contribuindo para um mundo mais justo e igualitário.

Gênero textual: crônica argumentativa

Explica as características principais da crônica argumentativa, seu tom informal e sua capacidade de tratar de temas cotidianos de maneira reflexiva e crítica.

Promover um exercício em que os estudantes identifiquem os elementos de uma crônica argumentativa e os comparem com outros gêneros, como o artigo de opinião. Incentivar a leitura de crônicas sobre temas sugeridos pelo Enem.

Redação nota 1 000

Fazer uma análise de uma redação nota 1 000 do Enem, destacando as estratégias utilizadas para atender aos cinco critérios de avaliação. O tema de 2013 foi “Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil”.

Propor a leitura e a análise da redação, com foco nas estratégias argumentativas e na proposta de intervenção. Em seguida, pedir aos estudantes que escrevam uma redação utilizando as mesmas técnicas, mas sobre um tema atual.

Respostas

1. Não, a redação apresenta excelente domínio da modalidade escrita formal, sem desvios de ortografia, de acentuação ou de concordância. O autor faz uso adequado das regras gramaticais, o que demonstra um domínio seguro da língua portuguesa.

Destacar para os estudantes a importância de revisar o texto em busca de erros gramaticais, incentivando a prática constante da escrita para melhorar o domínio da norma-padrão.

2. O candidato abordou o tema da legislação e seus impactos culturais, relacionando-o com aspectos socioculturais, históricos e legais. Ele demonstra conhecimento sobre a Lei Seca, suas consequências e a necessidade de ações complementares para promover mudanças culturais.

Explicar como o uso de conceitos de diversas áreas do conhecimento pode enriquecer a argumentação e tornar o texto mais consistente e relevante.

3. Sim, a argumentação é clara e bem estruturada. Por exemplo, o texto começa contextualizando a Lei Seca, segue explicando seus impactos positivos e finaliza sugerindo ações complementares. As ideias estão conectadas de forma coesa e coerente, com transições fluidas entre os parágrafos.

Enfatizar a importância de organizar as ideias de maneira lógica, usando conectores para garantir a fluidez do texto.

4. O texto utiliza diversos mecanismos de coesão, como termos com pronomes demonstrativos (“Tal

fato”, “Dessa maneira”), conjunções (“No entanto”, “Porém”) e conectivos lógicos (“Nesse sentido”, “Em síntese”). Esses elementos ajudam a manter a coesão entre as partes do texto.

Mostrar aos estudantes a importância dos mecanismos de coesão para a clareza do texto, bem como de seu uso de forma eficiente.

5. Sim, a proposta de intervenção é clara e detalhada. O autor sugere a criação de ações paralelas, como campanhas educativas e fiscalização de propagandas, para complementar a Lei Seca. A proposta respeita os direitos humanos ao buscar conscientização e prevenção, sem imposições autoritárias.

Discutir com os estudantes a importância de apresentar propostas de intervenção viáveis e que respeitem os direitos humanos, um critério essencial na avaliação do Enem.

6. O uso de expressões de transição, como “No entanto”, “Ademais”, “Em síntese”, ajuda a guiar o leitor pela linha de raciocínio do autor, tornando a argumentação mais coesa e fácil de seguir. Isso contribui para a clareza e persuasão do texto. Incentivar os estudantes a utilizar palavras de transição para organizar as ideias de forma mais clara e lógica, o que é essencial para uma argumentação eficaz.

A redação apresentada pelo candidato Paulo Fagner Melo Silva, de Belém (PA), demonstra o desenvolvimento das cinco competências avaliadas. Nela, observa-se que o autor demonstra domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa , já que seu texto está praticamente livre de desvios gramaticais. A temática é abordada ao longo do texto, além de apresentar uma tese coerente com a proposta logo no último período do primeiro parágrafo, em que se defende a importância da Lei Seca e se afirma que ela precisa ser ampliada — assim, demonstra-se domínio da capacidade de compreender a proposta de redação. O nível de argumentação do texto é adequado e demonstra capacidade de selecionar e organizar informações em defesa do ponto de vista, revelando que o candidato domina os mecanismos necessários para a construção da argumentação com base em fatos, em opiniões e nos textos de apoio. Por fim, o autor conclui apresentando uma proposta de intervenção para o problema, a qual respeita os direitos humanos.

Práticas de linguagem

Enfatiza a importância da escrita formal na escrita da redação do Enem, mostrando como o desvio da linguagem formal pode comprometer a nota.

Propor atividades de revisão em que os estudantes identifiquem e corrijam desvios de linguagem informal em redações. Incentivar a prática contínua da escrita formal com exercícios de reescrita e correção.

Respostas

Comentar com os estudantes que a adequação à modalidade escrita formal foi desenvolvida de maneira apropriada. O autor fez uso de uma linguagem culta e precisa, sem recorrer a gírias sem contexto adequado ou a expressões coloquiais sem que a situação solicitasse, o que é fundamental em um contexto de redação para o Enem.

Além disso, o texto apresenta uma construção gramatical adequada, com frases bem estruturadas e conectores que garantem a coesão entre as ideias. A escolha lexical está de acordo com o tema proposto, utilizando termos técnicos e específicos que demonstram um bom domínio do vocabulário pertinente ao assunto discutido. Esse cuidado com a forma e com a escolha das palavras contribui significativamente para a clareza e a objetividade do texto, respeitando as exigências da banca avaliadora em relação à formalidade da linguagem.

Sugere-se comentar alguns exemplos com os estudantes.

1. Uso de expressões formais: o autor utiliza expressões como “Nesse sentido” e “Em síntese”, que são conectores típicos da modalidade formal e ajudam a organizar as ideias de forma lógica e coesa.

2. Escolha de termos técnicos e específicos: o termo “promulgação da lei de restrição ao consumo de bebidas alcoólicas por condutores de veículos” é um exemplo de como o autor emprega uma linguagem precisa e técnica, evitando expressões coloquiais e gírias, o que demonstra um bom domínio do vocabulário adequado ao tema.

3. Estrutura sintática complexa: frases como “Faz-se necessário não só a complementação da lei existente, mas também a existência de ações afirmativas” exemplificam o uso de uma estrutura sintática mais complexa e elaborada, característica da linguagem formal.

Produção, avaliação, edição e revisão do texto autoral

Discute o ciclo completo de produção textual, desde a primeira versão até a edição e revisão, garantindo que o texto final esteja coerente, coeso e bem estruturado. Pedir aos estudantes que produzam uma redação completa e, em seguida, realizem um processo de autoavaliação e revisão em pares, identificando áreas a melhorar e corrigindo falhas de coesão, coerência e adequação formal.

Atividades

Atividade que permite aos estudantes analisar redações bem avaliadas, identificando as estratégias que levaram à nota alta.

Propor uma atividade de leitura e discussão coletiva de redações nota 1 000, destacando os pontos positivos. Depois, pedir aos estudantes que reescrevam trechos de suas próprias redações com base nas estratégias observadas.

Respostas

1. Sim, a redação está adequadamente focada no tema. O texto aborda diretamente os desafios enfrentados pelas comunidades tradicionais no Brasil, destacando a falta de interesse político e o preconceito enraizado como obstáculos para sua valorização.

Apontar aos estudantes a importância de manter a redação sempre alinhada ao tema proposto. Explicar como o autor conseguiu integrar citações teóricas ao tema, tornando a argumentação coerente.

2. A introdução foi eficiente, pois contextualiza historicamente a questão dos povos tradicionais no Brasil e estabelece a tese de que a valorização dessas comunidades ainda é restrita e problemática. Mostrar como a introdução pode usar elementos históricos ou contextuais para situar o leitor no tema, preparando o terreno para a argumentação.

3. Os escritores românticos idealizaram o indígena e a natureza como símbolos da pureza, da liberdade e da identidade nacional, em um esforço para criar um sentimento de orgulho e unidade nacional. No entanto, essa idealização contrastava fortemente com a realidade vivida pelos povos indígenas, que continuavam a ser explorados e marginalizados. Ela servia mais aos propósitos literários e

políticos da época do que ao reconhecimento e à valorização genuína dos povos indígenas e de sua cultura. Podem-se destacar alguns escritores da primeira fase do Romantismo, como José de Alencar, Gonçalves Dias e Basílio da Gama. José de Alencar, em obras como O Guarani e Iracema, e Gonçalves Dias, em seus poemas, especialmente “Canção do exílio”, utilizaram figuras indígenas como representações idealizadas do Brasil. Basílio da Gama, em O Uraguai, também retratou os indígenas de maneira romantizada, associando-os à natureza exuberante do país.

Incentivar os estudantes a refletir sobre como a literatura pode tanto idealizar quanto invisibilizar realidades sociais. Propor a eles que pesquisem outras obras românticas, para identificar como os autores da época tratavam a questão indígena e como essas representações se relacionam com o contexto histórico do Brasil no período.

4. O autor estrutura o desenvolvimento em dois parágrafos principais. No primeiro, aborda o “colonialismo insidioso” e como ele impede a valorização das comunidades tradicionais. No segundo, discute o “epistemicídio brasileiro” e como o preconceito e a monoculturalidade são entraves para o reconhecimento das culturas tradicionais.

Explicar como cada parágrafo deve abordar um argumento principal, sustentando-o com evidências e explicações, como feito na redação.

5. O uso de conectivos foi adequado, garantindo a coesão entre os parágrafos e dentro de cada parágrafo. A fluidez argumentativa foi mantida com transições claras entre as ideias.

Enfatizar a importância dos conectivos para a coesão do texto e como eles podem ser usados para guiar o leitor de um ponto ao outro de maneira fluida.

6. O texto segue adequadamente as normas gramaticais da língua portuguesa. Não foram identificados desvios significativos de concordância ou da norma-padrão.

Reforçar a importância de revisar o texto em busca de erros gramaticais e de concordância, destacando que o uso correto da língua é fundamental para uma boa avaliação.

7. Sim, a redação respeita os direitos humanos, abordando com sensibilidade os desafios enfrentados

pelas comunidades tradicionais e propondo soluções que visam garantir seus direitos e valorizá-los.

Explicar como a abordagem dos direitos humanos é essencial em uma redação do Enem e como o respeito a esses princípios deve ser mantido ao longo da argumentação.

8. O conceito sugere que os saberes dos povos originários são sistematicamente negados e desvalorizados pela cultura dominante, o que contribui para sua marginalização e sua exclusão social. Essa dinâmica perpetua a invisibilidade dessas comunidades e o apagamento de suas contribuições culturais.

Incentivar os estudantes a pesquisar e a refletir sobre as diferentes formas de conhecimento dos povos originários e sobre como esses saberes podem ser resgatados e valorizados na sociedade contemporânea.

9. A negligência política resulta na falta de proteção dos territórios e dos direitos culturais dos povos tradicionais, além de perpetuar situações de invasão e desrespeito. Políticas públicas ineficazes ou inexistentes deixam essas comunidades vulneráveis a diferentes formas de exploração e violência.

Orientar os estudantes a pesquisar políticas públicas voltadas para os povos originários e a discutir em sala de aula como essas iniciativas podem ser aprimoradas para garantir uma verdadeira valorização dessas comunidades.

Para refletir

Reflexão sobre as estatísticas relacionadas ao desempenho na redação do Enem, incentivando os estudantes a pensar criticamente sobre as dificuldades e oportunidades de melhoria.

Apresentar dados sobre a distribuição de notas de redação do Enem e discutir com os estudantes os fatores que podem contribuir para um melhor desempenho. Incentivar a criação de planos de estudo focados nas áreas de maior dificuldade.

Respostas

1. Esses dados conscientizam os candidatos a respeito das razões que levaram parte dos estudantes a zerar a nota da redação, despertando na turma a necessidade de estar atenta a essas possibilidades de eliminação.

2. Espera-se que o estudante perceba que a utilização do vermelho, em contraste com a cor cinza, deixa em evidência os dados referentes aos candidatos que zeraram a nota da redação do Enem. Além disso, a lista da direita poderia apresentar as porcentagens em ordem decrescente, deixando ainda mais visíveis as causas mais recorrentes de nota zero na redação.

3. Resposta pessoal. Possibilidade de resposta: A capacidade do candidato em demonstrar respeito aos direitos humanos pode ser um fator, o que evidencia a necessidade de registrar no texto a empatia e o respeito em relação ao outro.

Em prática

A redação para o Enem — O uso de celular em sala de aula: ferramenta de aprendizagem ou de distração?

Proposta de redação sobre um tema atual e polêmico, oferecendo aos estudantes a oportunidade de desenvolver suas habilidades argumentativas e aplicar os critérios de avaliação do Enem.

Dividir os estudantes em grupos para debaterem os prós e os contras do uso de celulares em sala de aula, incentivando uma troca de argumentos. Em seguida, pedir a cada estudante que escreva uma redação dissertativo-argumentativa sobre o tema, seguindo os critérios do Enem. Finalizar com uma sessão de revisão coletiva, na qual os estudantes possam analisar e sugerir melhorias uns aos outros.

Respostas

1. Respostas pessoais. Espera-se que o estudante consiga formalizar, em sua introdução, a tese que servirá de base para toda a argumentação no desenvolvimento, utilizando uma das estratégias estudadas no Capítulo.

2. Respostas pessoais. Ao longo do Capítulo, foram apresentados recursos para embasar a argumentação nos parágrafos de desenvolvimento. Espera-se que o estudante use alguns deles como estratégia argumentativa em seu texto.

3. Respostas pessoais. Espera-se que o estudante consiga encerrar sua produção textual de forma a concluir a argumentação desenvolvida no texto, apresentando um ponto de vista convincente para o leitor. A proposta de intervenção é uma das exigências do Enem; portanto, é fundamental ter atenção nessa etapa do texto.

TRANSCRIÇÕES DOS PODCASTS

Mundo do trabalho: soft skills e geração Z

[Música de transição]

O mundo do trabalho está em constante mudança e isso influencia as competências e habilidades procuradas nos candidatos a vagas de emprego. No passado, os empregadores buscavam profissionais que tinham muitas habilidades técnicas, conhecidas como hard skills, aquelas que são adquiridas por meio de capacitação, como em cursos e treinamentos. Atualmente, porém, as chamadas “habilidades do futuro do trabalho”, que têm sido muito valorizadas pelos recrutadores, são competências específicas que vão além do conhecimento técnico e contribuem para tornar as dinâmicas de trabalho mais saudáveis. Elas são conhecidas como soft skills. Você já ouviu falar delas?

[Música de transição]

As soft skills, que significam “habilidades interpessoais”, referem-se à maneira como um profissional interage com os colegas e com as próprias emoções no ambiente de trabalho. A capacidade de comunicação, de trabalhar em equipe e de se adaptar a diferentes situações são algumas das habilidades mais procuradas por recrutadores.

Embora as hard skills, as habilidades técnicas, também sejam importantes, muitos profissionais de recursos humanos acreditam que, se necessário, elas podem ser ensinadas e desenvolvidas no ambiente de trabalho, ao contrário das habilidades socioemocionais, que são aprendidas ao longo da vida, por meio de vivências e experiências pessoais.

[Áudio extraído de vídeo]

“Eu sempre falo que inteligência emocional é um exemplo de soft skill, né, que é a qualidade de uma pessoa, de um profissional saber lidar com as próprias emoções e sentimentos no dia a dia e no trabalho, né? Então, parece ser simples, né, mas a pressão, os desafios que o dia a dia impõe, é, faz com que, é, essa habilidade seja muito procurada hoje em dia pelos recrutadores”.

Como explica Alexandre Ullman, diretor de recursos humanos de uma multinacional, a inteligência emocional, ou seja, a capacidade de lidar com as próprias emoções e compreender os sentimentos dos outros, é uma habilidade muito buscada atualmente por recrutadores no processo de contratação de novos profissionais. Portanto, as soft skills têm impacto direto na maneira como as novas gerações devem se preparar para ingressar e se manter no mercado de trabalho.

De acordo com uma pesquisa da Manpower Group, uma consultoria de recursos humanos, atualmente 23% da força de trabalho brasileira é representada pela geração Z,

formada por jovens que nasceram entre 1995 e 2010. Eles ficam atrás apenas da geração Y, composta de pessoas nascidas entre 1981 e 1994, que também são conhecidas como millennials e representam 25% dos trabalhadores brasileiros. Porém, esses números devem começar a se inverter em breve, porque a geração Z vem ocupando um espaço cada vez maior no mercado de trabalho. Mas como essa geração lida com o ambiente de trabalho?

[Música de transição]

A geração Z nasceu no mundo digital. Por isso, são jovens experientes em tecnologia, que conseguem fazer tudo apenas com um smartphone e aprendem com facilidade a usar novas ferramentas digitais. Essa familiaridade com a inovação tecnológica costuma ser bem-vista pelos recrutadores.

Os jovens da geração Z também costumam dominar a linguagem e as formas de interação nas redes sociais. Em um mundo no qual essas plataformas são cada vez mais utilizadas por empresas e organizações para expor seus trabalhos e serviços e atrair clientes, ter um funcionário que sabe bem como as redes sociais funcionam é fundamental.

Por outro lado, a vivência no mundo digital, que foi intensificada durante o período de pandemia da covid-19, pode tornar esses jovens mais ligados ao mundo on-line do que ao mundo real, impactando de maneira negativa as relações pessoais. Isso prejudica a capacidade de comunicação e de trabalho em equipe no ambiente profissional.

A proximidade com o mundo digital também pode fazer com que os jovens da geração Z sejam mais imediatistas e esperem um rápido crescimento e reconhecimento profissional. Quando isso não ocorre, muitos decidem mudar de emprego, o que é visto por alguns especialistas como falta de comprometimento com o trabalho. [Áudio extraído de vídeo]

“Essa é uma característica muito forte porque eles querem resultado de imediato, que se explica, porque no mundo digital há uma agilidade muito maior, mas também que não significa que seja verdadeiro no dia a dia. Então, eu acho que uma competência que precisa ser muito desenvolvida junto a esses jovens é a resiliência.”

Como explicou a mentora de carreiras Anna Cherubina Scofano, é importante que os jovens da geração Z desenvolvam algumas habilidades socioemocionais, a exemplo da resiliência. Para se integrar às novas exigências do mercado de trabalho, também é fundamental que eles aprimorem as relações interpessoais, melhorando a capacidade de expressão e comunicação com os colegas.

Trata-se, porém, de uma geração que tem muito a agregar às empresas. A criatividade, a inovação e a busca constante por novos desafios, características marcantes da geração Z, fazem com que esses jovens sejam profissionais bastante requisitados por recrutadores. [Música de transição]

Créditos

A entrevista com o diretor de recursos humanos Alexandre Ullman foi publicada pelo canal da Microsoft Brasil.

A entrevista com a mentora de carreiras Anna Cherubina Scofano está disponível no vídeo Geração Z: uma revolução no mundo do trabalho, publicado pelo canal da TV Brasil.

A trilha sonora inserida neste conteúdo está na Biblioteca de áudios do YouTube. Referências bibliográficas

CAMINHOS da Reportagem: Geração Z: uma revolução no mundo do trabalho. [S. l.: s. n.], 2024. 1 vídeo (27 min). Publicado pelo canal TV Brasil. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=3gZYALErPrY. Acesso em: 30 ago. 2024.

MICROSOFT Brasil Podcast: Soft e Hard Skills: capacitando-se para a mudança. [S. l.: s. n.], 2022. 1 vídeo (37 min). Publicado pelo canal Microsoft Brasil. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=gM3Y7ANKWXs. Acesso em: 30 ago. 2024.

TENDÊNCIAS de RH em 2014: como as empresas podem se preparar. In: MANPOWERGROUP. [S. l.], 27 nov. 2023. Disponível em: https://blog.manpowergroup.com.br/ tendencias-de-rh-2024. Acesso em: 30 ago. 2024.

Fatos e fake news

[Música de transição]

Todos os dias, somos expostos a uma grande quantidade de informações, apresentadas tanto nos meios de comunicação tradicionais, como o rádio e os telejornais, quanto na internet, principalmente nas redes sociais.

Isso tem um lado positivo, pois nos ajuda a ficar bem-informados e, assim, a tomar melhores decisões no dia a dia. Essas informações influenciam nossas escolhas, desde que roupa usar ao sair de casa, dependendo da temperatura, até em quem votar nas eleições, além de nos ajudar a entender o que está acontecendo ao nosso redor e no mundo.

Mas você já parou para pensar na qualidade da informação que está recebendo? Como saber se o que chega pelo celular é verdade?

Você já deve ter ouvido falar em fake news, ou notícias falsas, mas sabe identificá-las? E o que isso tem a ver com a chamada “era da pós-verdade”?

Sabemos que são muitas as perguntas, mas vamos tentar responder a todas elas.

[Música de transição]

A internet e as redes sociais trouxeram muitos benefícios, sendo um deles dar voz a quem antes não era ouvido. Hoje em dia, qualquer pessoa pode produzir conteúdo e compartilhar informações, mas nem todos têm compromisso com a verdade.

Aliás, vivemos na era da pós-verdade, um período em que as pessoas dão menos valor aos fatos e mais valor àquilo que tem apelo emocional, mesmo que não seja verdadeiro. Assim, é comum que compartilhem notícias, informações ou ideias que toquem suas emoções ou reforcem suas crenças.

A estrutura das redes sociais favorece a propagação desse tipo de desinformação, porque o algoritmo analisa o perfil de cada usuário e permite o envio de anúncios personalizados. Isso promove engajamento, fazendo com que os usuários comentem e compartilhem o conteúdo com outras pessoas que pensam da mesma forma, gerando um efeito em cadeia.

[Áudio extraído de vídeo]

“Eu diria que a fake news como efeito contemporâneo é diferente do boato tradicional, não pela sua natureza própria, assim, ela é mentira contada, espalhada; num certo sentido é igual ao boato tradicional. A diferença é como isso é espalhado, de que forma isso é feito, a possibilidade de organizar ações em grande escala de maneira orquestrada, o que envolve inclusive, hã, muito recurso, dinheiro, pra poder fazer isso etc. Então, isso é muito diferente do boato tradicional. E o caráter controlável disso torna isso exatamente uma arma no interior de disputas políticas. E uma arma perigosa.”

Esta é a voz de Marco Antônio Sousa Alves, professor-adjunto de Teoria e Filosofia do Direito e do Estado da Universidade Federal de Minas Gerais, a UFMG, que escreveu um artigo acadêmico sobre fake news em 2020. Diante da gravidade do problema apresentado, o primeiro passo para evitar cair em fake news é sempre buscar informações em fontes confiáveis. Mas quais são essas fontes?

A imprensa profissional – jornais, revistas, emissoras de rádio e TV e portais de notícias – continuam sendo o meio mais seguro de encontrar informações verdadeiras e de qualidade, pois os fatos que publicam geralmente são checados e confirmados antes de serem divulgados. Com os anos de atuação, a maioria desses veículos de comunicação conquistou credibilidade com seus leitores, estabelecendo uma relação de confiança com o público. [Música de transição]

Contudo, é preciso ficar atento à forma como consumimos notícias e reportagens até mesmo da imprensa profissional. Para se adequar à lógica da internet, é comum que os veículos publiquem nas redes sociais apenas as manchetes das notícias, criadas com o principal objetivo de gerar

engajamento. Isso pode levar ao compartilhamento de informações enviesadas, já que muitas vezes essas manchetes apresentam elementos sensacionalistas e exagerados para atrair a atenção do leitor. E nem sempre o conteúdo do texto corresponde ao que o título sugere.

Portanto, antes de curtir ou compartilhar um post que chame a sua atenção ou se indignar com uma manchete e enviá-la a outras pessoas, é fundamental ler a matéria completa e compreender seu conteúdo.

[Música de transição]

Alguns elementos podem ajudar a identificar uma notícia falsa, enviesada ou fora de contexto. Um deles é a data de publicação do texto. Muitas vezes, uma notícia antiga é trazida à tona, dando a impressão de que ela se refere a um fato novo, manipulando a opinião pública.

Outro aspecto importante é a linguagem utilizada. Notícias que usam muitos adjetivos e emitem juízo de valor para provocar indignação, raiva ou medo no leitor e não citam suas fontes têm grandes chances de serem falsas. Quanto mais consumimos notícias em canais seguros, mais nosso olhar se aprimora para identificar fake news. Na dúvida, é importante pesquisar o assunto em veículos de imprensa tradicionais ou em sites que realizam checagem de fatos.

[Música de transição]

Nos dias de hoje, estar atento à veracidade das notícias e desconfiar de informações potencialmente falsas deve ser um exercício diário. Estudos mostram que, mesmo após uma fake news ser corrigida, nosso cérebro pode continuar acreditando nela, influenciando nossos pensamentos e comportamentos. Esse fenômeno é conhecido como “efeito de influência contínua”. Segundo uma reportagem do portal Terra, uma análise feita pelo professor de Comunicação da Northwestern University, Nathan Walter, que estuda a correção de fake news, revela que “uma das maiores barreiras para corrigir a desinformação é o fato de que ouvir a verdade não apaga uma falsidade da nossa memória. Em vez disso, a falsidade e sua correção coexistem e competem para serem lembradas”. Por isso, é ainda mais importante reconhecer fake news antes de acreditarmos nelas do que tentar corrigi-las depois.

[Música de transição]

Vivemos em um mundo onde o acesso à informação e ao conhecimento é mais simples e rápido do que há alguns anos. As notícias estão ao alcance das nossas mãos e podem ser acessadas com apenas alguns cliques na tela do celular. No entanto, a informação é uma ferramenta poderosa que pode influenciar decisões e manipular o debate público. Por isso, é essencial que saibamos diferenciar informações verdadeiras e falsas e combater o compartilhamento das fake news. Com essas dicas, esperamos que você se sinta mais confiante e preparado para isso.

[Música de transição]

Créditos

A entrevista com o professor Marco Antônio Sousa Alves foi publicada em 12 de janeiro de 2021 e está disponível no canal Rádio UFOP do YouTube.

A trilha sonora inserida neste conteúdo foi retirada da Biblioteca de Áudio do YouTube.

Referências bibliográficas

RÁDIO Ciência: O fenômeno das fake news: definição, combate e contexto. [S. l.: s. n.], 2021. 1 vídeo (60 min). Publicado pelo canal Rádio UFOP. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6Ytq3XJUdj8. Acesso em: 2 set. 2024.

SIMA, Richard. Por que tantas pessoas acreditam em ‘fake news’ e mentiras? A culpa é do cérebro. Terra, [s. l.], 7 nov. 2022. Disponível em: https://www.terra.com.br/byte/ ciencia/por-que-tantas-pessoas-acreditam-em-fake-news -e-mentiras-a-culpa-e-do-cerebro,84cc2db0d50c53b0f3a bf721df4482972cxi3cdw.html. Acesso em: 2 set. 2024.

Direitos humanos no ambiente digital

[Música de transição]

A Segunda Guerra Mundial terminou em 1945, mas deixou muitas consequências para a população: miséria, fome, desemprego e milhões de órfãos. Para evitar outro conflito como esse, no mesmo ano, foi criada a Organização das Nações Unidas, a ONU, com o objetivo de manter a paz e a segurança internacionais.

Pouco tempo depois, em 1948, a organização publicou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, um documento que visa garantir, entre outros, o direito de todo ser humano à vida, à liberdade e à segurança, além de estabelecer que ninguém seja submetido a tratamento cruel, desumano ou degradante.

Porém, mesmo com a participação na ONU de quase 200 Estados-membros comprometidos em assegurar os direitos e as liberdades fundamentais dos indivíduos, conflitos armados e crimes de ódio continuam acontecendo. [Música de transição]

A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi criada em uma época em que não havia internet e, desde então, muita coisa mudou. A chegada e a evolução das redes sociais transformaram a forma como nos comportamos e nos relacionamos, e redesenharam os limites dos espaços físicos. Hoje em dia, temos contato direto e imediato com pessoas de todo o mundo, e a vivência no ambiente on-line faz parte da nossa vida.

Dados da pesquisa DataReportal, divulgada em 2024, revelam que mais de 5 bilhões de pessoas usam a internet, o que corresponde a 66% da população mundial.

Com tantos usuários interagindo no meio digital, é essencial que os direitos previstos no documento criado pela ONU também se apliquem a este ambiente.

Assim, até na internet, é importante evitar discriminação por raça, cor ou sexo, proteger a honra e a reputação das pessoas, e respeitar a liberdade de opinião e expressão dos indivíduos, como prevê a declaração.

Mas, na prática, será que isso acontece?

[Áudio extraído de vídeo]

“Denúncias de crimes de ódio praticados na internet cresceram quase 70% em 2022, se comparadas ao ano anterior. Foram mais de 74 mil registros.”

Você ouviu o trecho de uma reportagem do SBT Brasil sobre as mais de 74 mil denúncias de crime de ódio na internet registradas em 2022. Esses casos foram recebidos pela Central de Denúncias de Crimes Cibernéticos da Safernet, uma organização que defende os direitos humanos em ambiente virtual.

De acordo com os registros, entre 2017 e 2022, foram feitas mais de 293 mil denúncias. Em 2022, o crime mais registrado foi o de misoginia, que é o ódio ou a aversão a mulheres.

Outro crime muito praticado é o cyberbullying, que envolve intimidação, humilhação, perseguição ou difamação de uma pessoa no meio virtual. Segundo dados de 2018 do Instituto Ipsos, o Brasil é o segundo país no mundo com maior incidência de casos de cyberbullying, ficando atrás apenas da Índia. As principais vítimas são adolescentes e jovens.

Os responsáveis por esses crimes costumam criar perfis falsos, com fotos e nomes fictícios, acreditando que não serão descobertos. Essa falsa sensação de anonimato e de impunidade é o que continua fazendo esses índices subirem.

[Música de transição]

Pode até parecer, mas a internet não é uma terra sem lei.

Crimes de misoginia cometidos on-line, quando denunciados, são investigados pela Polícia Federal, de acordo com a lei no 13.642, de 2018.

Já a lei no 14.811, de 2024, estabelece pena de dois a quatro anos, além de multa, para crimes de cyberbullying.

Existem, ainda, a Lei dos Crimes Cibernéticos, que trata da invasão de computadores e violação de dados de usuários, e o Marco Civil da Internet, que regulamenta os direitos, deveres e a proteção da privacidade e dos dados pessoais dos internautas

[Áudio extraído de vídeo]

“Brincadeira tem limite. Quem curte e compartilha ofensas, também causa sofrimento. Foi vítima ou testemunha? Busque ajuda.”

Você ouviu um trecho da campanha do Ministério Público Federal contra o cyberbullying

Iniciativas para combater as agressões virtuais têm ganhado força em todo o mundo. O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução defendendo o respeito e a promoção dos direitos humanos na internet. De acordo com o documento, os mesmos direitos garantidos no mundo off-line devem ser respeitados no ambiente on-line.

Embora as resoluções da ONU não tenham força de lei, elas são essenciais para orientar ações governamentais, a criação de leis contra infratores e também para guiar nosso comportamento.

Afinal, criar um ambiente digital seguro e livre de discriminação é um compromisso de todos.

[Música de transição]

Créditos

A matéria Denúncias de crimes envolvendo discurso de ódio sobem 67% em um ano foi ao ar em 7 de fevereiro de 2023 e está disponível no canal SBT News. A Campanha Cyberbullying 2017 foi publicada no dia 12 de setembro de 2017 e está disponível no canal Safernet Brasil. Ambos os canais são do YouTube e os demais áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

Referências bibliográficas

CAMPANHA cyberbullying 2017. [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (30 s). Publicado pelo canal Safernet Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1N-DOC8vApo. Acesso em: 12 set. 2024.

DENÚNCIAS de crimes de discurso de ódio e de imagens de abuso sexual infantil na internet têm crescimento em 2022. [S. l.]: Safernet, [ca. 2023]. Disponível em: https:// new.safernet.org.br/content/denuncias-de-crimes -de-discurso-de-odio-e-de-imagens-de-abuso-sexual -infantil-na-internet. Acesso em: 12 set. 2024.

DENÚNCIAS de crimes envolvendo discurso de ódio sobem 67% em um ano. [S. l.: s. n.], 2023. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal SBT News. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=fvSgpZFFRpc. Acesso em: 12 set. 2024.

KEMP, Simon. Digital 2024: global overview report. [S. l.]: DataReportal, 31 jan. 2024. Disponível em: https://datareportal.com/reports/digital-2024-global -overview-report. Acesso em: 12 set. 2024.

NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Brasília, DF: Nações Unidas Brasil, 18 set. 2020. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/91601 -declara%C3%A7%C3%A3o-universal-dos-direitos -humanos. Acesso em: 12 set. 2024.

NEWALL, Mallory (dir.). Cyberbullying: a global advisor survey. [S. l.]: Ipsos, c2018. Disponível em: https://www.ipsos. com/sites/default/files/ct/news/documents/2018-06/ cyberbullying_june2018.pdf. Acesso em: 12 set. 2024.

Indicações de fontes de pesquisa

A seguir, são apresentadas indicações de fontes de pesquisa para o trabalho com Temas Contemporâneos Transversais (TCTs), que podem contribuir para a ampliação do repertório dos estudantes, em especial sobre temas atuais relevantes, frequentemente abordados em redações do Enem e de vestibulares.

Cidadania e civismo

• AULA: o que é democracia. São Paulo: Baioque Conteúdo, 2023. 1 vídeo (4 min). Publicado pelo canal Lili Schwarcz. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=akTiPRJxJfU. Acesso em: 2 out. 2024.

Breve explicação e problematização do conceito de democracia na atualidade.

BRASIL. Senado Federal. Pesquisa nacional de violência contra a mulher. Brasília, DF: Instituto de Pesquisa DataSenado; Observatório da Mulher contra a Violência, 2023. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ institucional/datasenado/materias/relatorios-de-pesquisa/pesquisa-nacional-de-violencia-contra-a-mulher -datasenado-2023. Acesso em: 7 nov. 2024.

O documento apresenta, por meio de gráficos comparativos, os dados levantados por uma pesquisa realizada com milhares de brasileiras sobre suas opiniões e vivências em relação à violência contra a mulher.

CARNEIRO, Sueli. Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo Negro, 2011. (Coleção Consciência em Debate).

Coletânea de artigos escritos pela filósofa para a imprensa, entre 2001 e 2010, que abordam diferentes aspectos do racismo na sociedade brasileira contemporânea.

GONZAGA, Maria Edhuarda. O que é LGBTfobia? Conheça os números do fenômeno no Brasil. Brasil de Direitos. [S l.], 15 jun. 2023. Disponível em: www.brasildedireitos.org.br/atualidades/o-que-lgbtfobia-conhea-os -nmeros-do-fenmeno-no-brasil. Acesso em: 5 nov. 2024.

A publicação apresenta dados sobre a violência sofrida pela comunidade LGBTQIA+ no Brasil. Sugere-se a leitura a fim de subsidiar as discussões sobre preconceitos e circunscrever o contexto de novos termos, como LGBTfobia.

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de (org.). Pensamento feminista brasileiro: formação e contexto. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019.

A socióloga discute questões relacionadas à democracia racial no Brasil e, mais especificamente, as discriminações sofridas pelas mulheres negras.

MESQUITA, Fátima. Tem lugar aí pra mim? Um livro sobre direitos humanos e respeito à diversidade. São Paulo: Panda Books, 2018.

O livro aborda temas relacionados aos direitos humanos e à diversidade, apresentando aos jovens reflexões sobre cidadania, direitos fundamentais e inclusão social.

• NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 2016.

A obra discute, sob uma perspectiva crítica, a ideia de democracia racial no Brasil.

• PROMESSAS de um novo mundo. Direção: B. Z. Goldberg, Justine Shapiro e Carlos Bolado. EUA: Promises Film Project, 2001. 1 DVD (106 min).

O documentário apresenta entrevistas com crianças israelenses e palestinas, que observam o mundo e vivem de maneiras diferentes.

• SILVA, Kalina Vanderlei; SILVA, Maciel Henrique. Dicionário de conceitos históricos . 1. ed. São Paulo: Contexto, 2006.

Dicionário com importantes conceitos históricos analisados de forma a relacionar o saber histórico com a prática em sala de aula. Muitas vezes, os conceitos apresentados têm relação com a realidade brasileira e latino-americana.

• SILVIA Pimentel: o direito das mulheres. São Paulo: [S. n.], 2019. 1 vídeo (10 min). Publicado pelo canal Pesquisa Fapesp. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dspCEhN17-M. Acesso em: 2 out. 2024.

O vídeo apresenta a biografia e o trabalho de uma importante pesquisadora, militante e jurista sobre os direitos das mulheres no Brasil.

• TONIAL, Felipe Augusto Leques; MAHEIRIE, Kátia; GARCIA JÚNIOR, Carlos Alberto Severo. A resistência à colonialidade: definições e fronteiras. Revista de Psicologia da Unesp, Assis, v. 16, n. 1, p. 18-26, jan./jun. 2017. Disponível em: https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-90442017000100002. Acesso em: 5 nov. 2024.

Nesse artigo, os pesquisadores dialogam com uma visão crítica a respeito do conceito de colonialidade, especialmente sob a perspectiva da Psicologia.

Ciência e tecnologia

ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS. Recomendações para o avanço da inteligência artificial no Brasil: GT-IA da Academia Brasileira de Ciências. Rio de Janeiro: ABC, 2023. Disponível em: https://www.abc.org. br/wp-content/uploads/2023/11/recomendacoes-para-o-avanco-da-inteligencia-artificial-no-brasil-abc -novembro-2023-GT-IA.pdf. Acesso em: 6 nov. 2024.

Esse relatório, elaborado por cientistas de diferentes áreas, apresenta um estudo sobre os principais riscos e benefícios que o avanço da inteligência artificial no Brasil pode trazer.

DEPOIS da verdade: desinformação e o custo das fake news. Direção: Andrew Rossi. EUA: HBO, 2020. Streaming (95 min).

O documentário explora o impacto das fake news na sociedade americana e analisa como seus efeitos se difundem na política, na mídia e na vida cotidiana, destacando os custos sociais e pessoais desse fenômeno.

FAKE news e pós-verdade. [S. l.: s. n.], 2020. 1 vídeo (21 min). Publicado pelo canal Profa Anelize. Disponível em: https://youtu.be/Kq2BJ60LbTg?list=PLjZ_WrbBaAGR0T_YYMt9F7vyXfmaMHffM. Acesso em: 2 out. 2024. A professora explica que mentiras foram propagadas ao longo da história com objetivos políticos, por exemplo, em contextos de guerra, e historiciza o termo fake news na atualidade.

O DILEMA das redes. Direção: Jeff Orlowski. EUA: Exposure Labs, 2020. Streaming (94 min).

O documentário examina o impacto das redes sociais na sociedade, destacando como os algoritmos e a manipulação digital moldam comportamentos, influenciam a política e afetam a saúde mental. O filme traz depoimentos de ex-funcionários da indústria tecnológica, revelando perigos ocultos por trás das redes sociais.

• ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA. Guia para a IA generativa na educação e na pesquisa. França: Unesco, 2024. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/ pf0000390241. Acesso em: 5 nov. 2024.

Esse documento, publicado pela Unesco, propõe uma orientação global, a fim de apoiar os países no planejamento de políticas públicas e demais ações em relação às ferramentas de inteligência artificial generativa (IAGen).

• REIS, Anderson de Araujo; VASCONCELOS, Carlos Alberto de. TIC e as tecnologias assistivas. Devir Educação, Lavras, v. 8, n. 1, p. e-802, 2024. Disponível em: https://devireducacao.ded.ufla.br/index.php/DEVIR/article/ view/802. Acesso em: 6 set. 2024.

O artigo examina o papel das tecnologias assistivas na inclusão educacional de pessoas com deficiência (PcD), destacando a importância do uso adequado delas por parte dos professores para ajudar os estudantes a superar barreiras e garantir uma participação plena e igualitária na sociedade.

Economia

• FONTGALLAND, Isabel Lausanne. Economia circular e consumo sustentável. Campina Grande: Amplla, 2022.

O livro apresenta o conceito de economia circular e as suas diversas etapas de aplicação na Economia, bem como a perspectiva do consumo sustentável e o modo como ele está relacionado à sustentabilidade da sociedade e à desigualdade social.

SLEE, Tom. Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. Tradução: João Peres. São Paulo: Elefante, 2018.

A obra explora o conceito de uberização para refletir sobre as transformações contemporâneas no mundo do trabalho e o impacto disso na vida dos trabalhadores ao redor do mundo.

WORLD BANK OPEN DATA. Washington, DC, c2024. Site. Disponível em: https://data.worldbank.org/. Acesso em: 22 out. 2024.

A plataforma do Banco Mundial, em inglês, oferece acesso a um vasto conjunto de dados econômicos, sociais e ambientais de diversos países, facilitando análises globais e comparações.

Meio ambiente

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. Brasília, DF: ONU, 2015. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/ agenda2030-pt-br.pdf. Acesso em: 5 nov. 2024.

Documento oficial da ONU que detalha o plano de ação da Agenda 2030, com propostas para erradicação da fome, igualdade de gênero, educação inclusiva, gestão sustentável, crescimento econômico, entre outras.

PAJERAMA. [S. l.: s. n.], 2009. 1 vídeo (9 min). Publicado pelo canal Instituto Socioambiental. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BFzv0UhHcS0. Acesso em: 1º out. 2024.

O curta-metragem de Leonardo Cadaval retrata a experiência de um indígena pego numa torrente de experiências. Em formato de animação, apresenta uma crítica ao movimento de urbanização desenfreada e de destruição da floresta.

UM PACTO pelo clima. [S. l.: s. n.], 2023. 24 vídeos. Publicado pelo canal Pacto Global da ONU – Rede Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/playlist?list=PL09iimVzm9SqGxtipI-OAmaZQjfQ14TGD. Acesso em: 5 nov. 2024.

Nessa série de vídeos documentais, são abordados diferentes tópicos a respeito da crise climática e das transformações que estão ocorrendo no planeta.

Multiculturalismo

• DAXENBERGER, Ana Cristina Silva; SILVA, Pedro Henrique Felix da. Educação multicultural, Ensino Médio e formação docente: intervenções didáticas para a valorização e ressignificação indígena. Revista de Iniciação à Docência, [S l.], v. 8, n. 1, p. 1-20, 2023. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/rid/article/ view/13359. Acesso em: 6 nov. 2024.

Com base em atividades voltadas à educação multicultural e antirracista, o artigo apresenta, sob uma perspectiva decolonial, uma análise de dados sobre o entendimento de estudantes brasileiros do Ensino Médio a respeito de povos originários.

• LAMEGO, Caio Roberto Siqueira; SANTOS, Maria Cristina Ferreira dos. Multiculturalismo e educação intercultural: narrativas de professores sobre preconceito e abordagens culturais na escola. Dialogia, São Paulo, n. 29, p. 111-121, maio/ago. 2018. Disponível em: https://periodicos.uninove.br/dialogia/article/view/8810. Acesso em: 29 out. 2024.

Esse estudo investiga como os professores tratam questões culturais e preconceitos na escola, ressaltando a importância do diálogo crítico para combater discriminações e construir um ambiente escolar mais inclusivo.

• PESQUISA inédita mostra engajamento das secretarias de educação com aplicação da lei 10.639. Portal Geledés, 18 abr. 2023. Disponível em: https://www.geledes.org.br/pesquisa-inedita-mostra-engajamento-das -secretarias-de-educacao-com-aplicacao-da-lei-10-639/. Acesso em: 5 nov. 2024.

Nessa publicação, estão disponíveis uma pesquisa e um vídeo, que abordam o engajamento de escolas de secretarias municipais quanto ao cumprimento da lei nº 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana na educação básica brasileira desde sua implementação.

XAKRIABÁ, Nei Leite. Ensinar sem ensinar. In: CARNEVALLI, Felipe et al. (org.). Terra: antologia afro-indígena.

São Paulo: Ubu Editora; Belo Horizonte: Piseagrama, 2023.

O texto aborda as práticas de ensino com base em um recorte indígena, refletindo acerca do modo como as escolas se organizam em torno de saberes associados à branquitude.

Saúde

ANTES do prato. Direção: Carol Quintanilha. Brasil: Greenpeace, 2023. Streaming (53 min). Documentário sobre a produção de alimentos no Brasil que destaca o papel das produções sustentáveis para solucionar o problema da fome no país.

SANTOS, Renata Maria Silva. As associações entre tempo de tela e saúde mental no ciclo vital. Tese (Doutorado em Medicina Molecular) – Programa de Pós-Graduação em Medicina Molecular, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2023. Disponível em: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/61379. Acesso em: 7 nov. 2024.

A autora do artigo examina os efeitos do tempo de tela na saúde mental, investigando como diferentes faixas etárias reagem ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos, e propõe caminhos para uma relação saudável com a tecnologia.

Referências

bibliográficas comentadas

• ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 2005.

O livro tem como objetivo consolidar noções fundamentais sobre a coesão textual e sua relação com a coerência.

• BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011. Nesse livro, Bakhtin aborda questões de linguagem e enunciação, com destaque para a relação entre o discurso e os contextos sociais. Sua visão sobre os gêneros discursivos é referência nos estudos de produção textual e análise de gêneros.

• BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2014. Nessa obra, Bakhtin discute a relação entre linguagem e ideologia, com reflexões sobre a função social do discurso. O livro é relevante para o ensino de gêneros textuais e o papel da escrita no contexto social.

• BEZERRA, Maria Auxiliadora; REINALDO, Maria Augusta. Análise linguística: afinal a que se refere? 2. ed. Recife: Pipa Comunicação; Campina Grande: EDUFCG, 2020. p. 18. Nesse livro, as autoras elucidam o conceito de análise linguística e como aplicá-lo na prática, incluindo diferentes modalidades de linguagem.

• BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes nacionais para a educação em direitos humanos. Brasília, DF: MEC/CNE, 2013. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/navegue -por-temas/educacao-em-direitos-humanos/DiretrizesNacionaisEDH.pdf. Acesso em: 4 nov. 2024.

O documento apresenta diretrizes voltadas a instituições de ensino em relação à implementação e à efetivação da Educação em Direitos Humanos (EDH) nos currículos.

BRASIL. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Diretoria de Avaliação da Educação Básica. A redação do Enem 2024: cartilha do(a) participante. Brasília, DF: Inep/ MEC, 2024. Disponível em: https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/avaliacoes_e_exames_ da_educacao_basica/a_redacao_no_enem_2024_cartilha_do_participante.pdf. Acesso em: 21 out. 2024.

A cartilha, destinada aos participantes do Enem, explica em detalhes os critérios de avaliação da redação no exame. O documento esclarece as cinco competências avaliadas, além de trazer exemplos de redações que obtiveram pontuação máxima.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Temas Contemporâneos Transversais na BNCC: contexto histórico e pressupostos pedagógicos. Brasília, DF: MEC/SEB, 2019. Disponível em: http:// basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/contextualizacao_temas_contemporaneos.pdf. Acesso em: 21 out. 2024.

O documento aborda a inserção dos Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) no currículo escolar, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). São detalhados o contexto histórico e os pressupostos pedagógicos para a implementação desses temas, enfatizando a importância de uma educação voltada para a cidadania, com foco na integração dos conteúdos escolares com questões sociais relevantes.

COSTA, Gisele Alves; MARTINS, Adriana R. D. A escrita do texto dissertativo-argumentativo: um estudo de caso sobre as competências 2 e 3 do Enem. Mandinga: Revista de Estudos Linguísticos, Redenção, v. 4, n. 1, p. 5667, jan./jun. 2020. Disponível em: https://revistas.unilab.edu.br/index.php/mandinga/article/view/378/278.

Acesso em: 24 out. 2024.

O artigo propõe reflexões sobre a importância da aprendizagem por meio da elaboração de textos argumentativos para estudantes do Ensino Médio, sobretudo os que pretendem ingressar em universidades por meio do Enem.

COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.

Nos verbetes desse livro, o autor apresenta uma breve explicação sobre os diversos gêneros textuais, abarcando também gêneros híbridos e multimodais.

• DISCINI, Norma. Comunicação nos textos: leitura, produção, exercícios. São Paulo: Contexto, 2005.

Com base na análise de textos diversos, a obra se propõe a decodificar cada texto lido, localizando as mensagens explícitas e implícitas e descrevendo mecanismos de construção de sentido nos textos. Com essa atividade de análise, promove a construção do texto próprio.

• DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michèle; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2010.

Nesse artigo, os autores apresentam uma proposta de sequência didática, com orientações e sugestões para o trabalho com produção textual.

• FIORIN, José Luiz. Argumentação. São Paulo: Contexto, 2015.

Nessa obra, o autor apresenta os processos de construção da argumentação: a organização do argumento, os tipos de argumentação e alguns problemas gerais voltados para essa atividade presente em diversas práticas sociais.

• KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. 22. ed. São Paulo: Contexto, 1989.

Nesse livro, a autora traz uma análise dos elementos constitutivos do texto e seus mecanismos, a fim de auxiliar o leitor a compreender, de forma objetiva, o conceito de coesão textual e como aplicá-la na prática.

• KOCH, Ingedore Villaça. Introdução à linguística textual: trajetória e grandes temas. São Paulo: Contexto, 2015.

Nessa obra, a autora aborda as premissas dos estudos de Linguística Textual, definindo seu surgimento, seus principais objetos de estudo, as formas de articulação textual, as estratégias textuais-discursivas de construção de sentido, as marcas de articulação na progressão textual, a intertextualidade e os gêneros do discurso.

KOCH, Ingedore Villaça. O texto e a construção dos sentidos. São Paulo: Cortez, 2003. p. 30.

Nesse livro, a autora traz uma investigação das atividades discursivas, bem como o estudo da produção de sentidos, tanto no texto escrito como no texto falado.

KOCH, Ingedore Villaça; BENTES, Anna Christina; CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Intertextualidade: diálogos possíveis. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2012.

Na obra, o conceito de intertextualidade é explorado em seu senso estrito e amplo com base nos estudos da Linguística Textual. Para isso, é abordada a intersecção da intertextualidade com a polifonia, a metatextualidade e a hipertextualidade.

KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Escrever e argumentar. São Paulo: Contexto, 2016. Nesse livro, as autoras propõem uma reflexão acerca da argumentação na produção escrita, apresentando diferentes estratégias argumentativas e sugestões de atividades.

KOCH, Ingedore Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. 18. ed. São Paulo: Contexto, 1990. Os autores expõem, nesse livro, a constituição de sentidos nos textos, aprofundando-se no conceito de coerência textual por meio de exemplos variados.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. Esse livro apresenta estudos organizados em três grandes temas: produção textual com ênfase na linguística de texto de base cognitiva; análise sociointerativa de gêneros textuais no contínuo fala-escrita; processos de compreensão textual e produção de sentido.

POSSENTI, Sírio. Aprender a escrever (re)escrevendo. Campinas: Cefiel-Unicamp; Brasília, DF: MEC, 2005. Na obra, o autor não se detém especificamente a detalhes da adequação na produção escrita; discorre, no entanto, sobre a importância da prática da escrita, apresentando exemplos e reflexões.

• SANTOS, Leonor Werneck; RICHE, Rosa Cuba; TEIXEIRA, Claudia Souza. Análise e produção de textos. São Paulo: Contexto, 2015. (Linguagem & Ensino).

Nessa obra, são abordados conteúdos acerca da análise e produção de textos, tais como: tipologias e gêneros textuais, leitura de textos escritos e orais e análise linguística.

• TRAVAGLIA, Luiz Carlos. O aspecto verbal no português: a categoria e sua expressão. 5. ed. Uberlândia: Edufu, 2016.

Nesse livro, o autor apresenta as relações entre os verbos, suas formas e a maneira como se articulam na construção de diferentes sentidos. Recomenda-se a leitura para aprofundamento no assunto.

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