PNLD 2026 EM - CAT 1 - COLEÇÃO POR TODA PARTE- LÍNGUA PORTUGUESA V2

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MANUAL

CLAUDIA BERGAMINI LÍGIA MARIA MARQUES

MARÍLIA WESTIN

LÍNGUA

LÍNGUA

CLAUDIA BERGAMINI

Bacharela e licenciada em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Letras (Filologia e Língua Portuguesa) pela USP. É autora de coleções didáticas de Língua Portuguesa e atua como professora de Língua Portuguesa na rede particular de ensino.

LÍGIA MARIA MARQUES SILVA

Bacharela em Comunicação Social pela Faculdade Cásper Líbero. Pós-graduada no curso de especialização “O livro para a infância: processos contemporâneos de criação, circulação e mediação” pela Faculdade Conectada (Faconnect). Atua no mercado editorial e é professora particular de Língua Portuguesa. É autora de livros infantojuvenis.

MARÍLIA WESTIN OLIVEIRA GARCIA

Bacharela em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela USP. Especialista em Psicopedagogia (Práticas educacionais e contextos de intervenção) pelo Instituto Singularidades. Atua como professora de Língua Portuguesa e como psicopedagoga.

ÁREA DO CONHECIMENTO: LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS 1

ENSINO MÉDIO

Copyright © Claudia Bergamini, Lígia Maria Marques, Marília Westin, 2024

Direção-geral Ricardo Tavares de Oliveira

Direção de conteúdo e negócios Cayube Galas

Direção editorial adjunta Luiz Tonolli

Gerência editorial Roberto Henrique Lopes da Silva e Nubia de Cassia de M. Andrade e Silva

Edição Ana Luiza Martignoni Spínola (coord.)

Lilian Ribeiro de Oliveira, Roberta Donega Silva, Andreia Pereira

Preparação e revisão Maria Clara Paes (coord.)

Ana Carolina Rollemberg, Cintia R. M. Salles, Denise Morgado, Desirée Araújo, Eloise Melero, Kátia Cardoso, Márcia Pessoa, Maura Loria, Veridiana Maenaka, Yara Affonso

Produção de conteúdo digital João Paulo Bortoluci

Gerência de produção e arte Ricardo Borges

Design Andréa Dellamagna (coord.)

Sergio Cândido (criação), Ana Carolina Orsolin, Andréa Lasserre, Laís Garbelini

Projeto de capa Sergio Cândido

Imagem de capa Sputnik 360/Shutterstock.com

Arte e produção Rodrigo Carraro (coord.)

Leandro Brito

Diagramação 2 Estúdio Gráfico

Coordenação de imagens e textos Elaine Bueno Koga

Licenciamento de textos Erica Brambila

Iconografia Erika Neves do Nascimento, Leticia dos Santos Domingos (trat. imagens)

Ilustrações Andre Ducci, Andrea Ebert, Carlos Caminha, Luis Matuto, Paola Yuu, Sonia Vaz

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Bergamini, Claudia Língua Portuguesa Por Toda Parte: 2º ano. Claudia Bergamini; Lígia Maria Marques; Marília Westin. 1. ed. São Paulo: FTD, 2024.

Componente curricular: Língua Portuguesa. Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias.

ISBN 978-85-96-04684-8 (livro do estudante)

ISBN 978-85-96-04685-5 (manual do professor)

ISBN 978-85-96-04690-9 (livro do estudante HTML5)

ISBN 978-85-96-04691-6 (manual do professor HTML5)

1. Língua Portuguesa (Ensino médio) I. Marques, Lígia Maria. II. Westin, Marília. III. Título.

24-228239

Índices para catálogo sistemático:

CDD-469.07

1. Língua portuguesa : Ensino médio 469.07

Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à

EDITORA FTD

Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300

Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br central.relacionamento@ftd.com.br

Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.

Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD CNPJ 61.186.490/0016-33

Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375

APRESENTAÇÃO

Caro estudante,

Esta coleção foi pensada e escrita para que sua vivência em uma nova fase de estudos – o Ensino Médio – seja repleta de conhecimento, curiosidade, experiências e práticas. O nosso objetivo é oferecer repertório e reflexões, para que, ao final desse percurso de estudos, você se sinta capaz de continuar sua trajetória educacional e seguir um caminho profissional, tornando-se consciente do protagonismo e da autonomia conquistados.

A literatura, nesta coleção, apresenta-se como uma ferramenta de diálogo entre diversos contextos históricos e visões de mundo. O trabalho proposto explora o campo de atuação social artístico-literário por meio de uma perspectiva intertextual, compreendendo a conexão entre as diferentes estéticas literárias em língua portuguesa e proporcionando uma reflexão crítica sobre o modo como as relações de poder se estabelecem entre diferentes obras, autores ou contextos de produção.

O estudo dos gêneros textuais procura incentivar a sua interação com uma diversidade de textos orais, escritos, multissemióticos e multimodais utilizados em situações comunicativas igualmente variadas. A proposta é a de que esse estudo perpasse pela análise do conteúdo temático, do estilo, da construção composicional e do contexto de produção de cada gênero textual, incentivando a compreensão de diferentes funções e propósitos do uso da língua.

Esse percurso didático é permeado pela língua e pela linguagem. Por isso, propomos a análise linguística de textos que proporcionem a você a compreensão não somente da norma-padrão mas também dos usos dos conhecimentos linguísticos como um instrumento de poder e de legitimação de discursos que permita a você participar da sociedade de forma proficiente, por meio da produção de textos orais e escritos.

Convidamos você a participar das propostas de estudo com dedicação e presença efetiva, a fim de garantir a aprendizagem significativa de todas essas experiências escolares.

As autoras

CONHEÇA SEU LIVRO

Abertura de Capítulo

Os volumes desta coleção são organizados em seis capítulos. No início de cada um deles, a Abertura traz uma imagem e atividades que se relacionam com o tema a ser desenvolvido. Nessa abertura, você encontrará o boxe

Projeto em Vista, que visa dar dicas sobre etapas da seção

Oficina de Projetos, presente ao final do livro, e apresenta os principais campos de atuação social da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) abordados no capítulo.

Os capítulos são organizados em quatro seções principais que buscam ampliar e aprofundar seu repertório em relação aos principais eixos do ensino de Língua Portuguesa: Estudo Literário, Estudo do Gênero Textual, Estudo da Língua e Oficina de Texto.

Estudo

Literário e Diálogos

A seção Estudo

Literário tem o objetivo de apresentar textos de diferentes épocas literárias, trazendo atividades de reflexão, interpretação e análise. Na subseção Diálogos, você terá oportunidade de conhecer textos mais contemporâneos e estabelecer relações entre os momentos literários abordados.

Estudo do Gênero

Textual e Diálogos

Mais adiante, a seção Estudo do Gênero Textual apresenta uma diversidade de gêneros textuais, proporcionando um aprofundamento em textos de diversos campos de atuação social. Nesse caso, a subseção Diálogos busca apresentar textos que estabeleçam relações importantes com o gênero textual estudado.

Estudo

da Língua

A seção Estudo da Língua apresenta, de modo reflexivo, os diversos conhecimentos linguísticos depreendidos de textos das diversas práticas sociais, para aprimorar e aprofundar seu conhecimento quanto aos usos da língua.

Oficina

Literária e Oficina de Texto

As seções Oficina Literária e Oficina de Texto têm como objetivo propor produções de escrita e de oralidade para você pôr em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do capítulo.

Conexões com...

Conexões com é a seção que busca integrar os conhecimentos de Língua Portuguesa com outros componentes curriculares.

Oficina de Projetos

Na seção Oficina de Projetos, você terá a oportunidade de realizar, com seus colegas, etapas, procedimentos e ações para construir, de modo coletivo, um produto relevante para seu crescimento pessoal e para a vida em comunidade.

Estudo em Retrospectiva e De olho no Enem e Vestibular

Por fim, as seções Estudo em Retrospectiva e De olho no Enem e Vestibular buscam finalizar o capítulo com o objetivo de promover uma autoavaliação dos conhecimentos propostos no capítulo, além de proporcionar a compreensão e a prática de atividades do Enem e de vestibulares de renome no país.

OBJETOS EDUCACIONAIS DIGITAIS

Os ícones a seguir identificam os diferentes tipos de objetos educacionais digitais presentes neste volume. Esses materiais digitais apresentam assuntos complementares ao conteúdo trabalhado na obra, ampliando a aprendizagem.

Boxes

Neste volume, você também vai encontrar diversos boxes.

PRIMEIRO OLHAR

Primeiro olhar antecipa hipóteses e conhecimentos prévios acerca do texto que será lido.

Biografia apresenta um pequeno texto sobre autores e artistas que aparecem no capítulo.

Buscar referências apresenta indicações culturais diversas.

AMPLIAR

Ampliar acrescenta informações importantes relacionadas ao assunto em estudo.

RETOMADA

Conceito e Retomada trazem os conceitos mais importantes do capítulo.

REFLETIR E ARGUMENTAR

Refletir e argumentar busca auxiliar na ampliação de seus conhecimentos por meio da argumentação.

MUNDO do TRABALHO

Mundo do trabalho tem o objetivo de apresentar diferentes profissões.

ENTRE GÊNEROS

Entre gêneros estabelece relações entre gêneros textuais do capítulo ou entre estes e outros vistos anteriormente.

Os sites indicados nesta obra podem apresentar imagens e eventuais textos publicitários junto ao conteúdo de referência, os quais não condizem com o objetivo didático da coleção. Não há controle sobre esses conteúdos, pois eles estão estritamente relacionados ao histórico de pesquisa de cada usuário e à dinâmica dos meios digitais.

PODCAST CARROSSEL DE IMAGENS
INFOGRÁFICO CLICÁVEL
VÍDEO
MAPA CLICÁVEL

SUMÁRIO

Estudo Literário – Modernismo (primeira geração) 10

“5. Piaimã” (Macunaíma), Mário de Andrade 10

Diálogos A mitologia desana-kẽhíripõrã 15

“Como saíram para a superfície da terra” (Antes o mundo não existia: mitologia dos antigos Desana-Kẽhíripõrã), Tõrãmũ

Kẽhíri 16

Conexões com Arte – A brasilidade na arte 22

Estudo do Gênero Textual – Reportagem 24

“Em três aldeias do Pará, 60% das indígenas estão contaminadas pelo mercúrio”, Adriana Amâncio e Anelize Moreira (Gênero e Número) 24

Diálogos Os diversos ângulos da mesma realidade 33

“Os caminhos para a sustentabilidade no garimpo de ouro na Amazônia” (Jornal da USP) 33

Estudo da Língua – Fatores linguísticos e a construção de sentidos

Estudo Literário – Identidade e experiência pessoal na poesia contemporânea

brinco”, Ana Martins Marques

colorida”, Solano Trindade 61

Oficina Literária – Imagens poéticas e identidade 64

Estudo do Gênero Textual – Postagem de rede social 65

“Relação com meu cabelo”, Elisama Santos 65

Diálogos O tribunal do cancelamento e a saúde mental 74

“‘Tribunal do cancelamento’: como o fenômeno das redes sociais está afetando a saúde mental de jovens e adultos”, Bernardo Yoneshigue (O Globo) 74

Estudo da Língua – Advérbios e locuções adverbiais

Haddad

da Língua – Morfologia: pronomes ................

CAPÍTULO
CAPÍTULO
CAPÍTULO
CAPÍTULO

Estudo do Gênero Textual – Projeto cultural 151

“Modelo de projeto: edital Linguagens

Artísticas” (ProAc Municípios) 151

Diálogos O incentivo público aos projetos culturais 161

“Lei Rouanet entre críticas e o impulso à economia criativa”, Geciane Porto (Jornal da USP) 161

Estudo da Língua – Sintaxe da oração e do período 164

Oração e período 164

Ordem direta e ordem inversa da oração – efeitos de sentido 165

Tipos de aposto 166

Coesão 169

Atividades 170

Oficina de Texto – Projeto cultural 172

Estudo em Retrospectiva

5

Sujeitos, subjetividades

Estudo Literário – Barroco 180

“Moraliza o poeta nos Ocidentes do Sol a inconstância dos bens do mundo”, Gregório de Matos 180

Diálogos Parnasianismo 188

“Dualismo”, Olavo Bilac 188

Estudo do Gênero Textual – Carta aberta 192

“Greta Thunberg e Vanessa Nakate: carta aberta para a mídia global” 192

Diálogos Ideia legislativa 206

“Incluir Educação Ambiental como componente curricular no Ensino Fundamental”, Senado Federal 206

Conexões com Biologia – Bioindicadores e poluição 208

Estudo da Língua – Figuras de pensamento e estudos do sujeito 209

Figuras de pensamento 209 A língua em uso 212

Termos essenciais da oração: o sujeito 213 Tipos de sujeito 214

Atividades 216

Oficina de Texto – Carta aberta 219

Estudo em Retrospectiva 223

De olho no Vestibular e no Enem 224

6

Estudo Literário – Realismo e Naturalismo no Brasil 228

“O Almocreve” (Memórias póstumas de Brás Cubas), Machado de Assis 228

Diálogos Naturalismo

237

“Capítulo III” (O Cortiço), Aluísio Azevedo ................. 237

Oficina Literária – A construção do narrador 243

Estudo do Gênero Textual – Artigo científico 244

“As vozes dos operadores de cortiços”, Marcos Venancio Cavalcanti de Albuquerque Lui e Renato Cymbalista (Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais) 244

Diálogos Resumo de artigo científico 253

Resumo de “As vozes dos operadores de cortiços”, Marcos Venancio Cavalcanti de Albuquerque Lui e Renato Cymbalista (Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais) 253

Conexões com Sociologia – Darwinismo social, eugenia e ética na ciência ...................................... 255

Estudo da Língua – Sintagma verbal e predicação 257

Tipos de predicado 258

Transitividade verbal e preposições

259

Predicativo do objeto ......................................... 261

Termos integrantes da oração: complementos nominal e verbal 262

Termos acessórios: adjuntos adverbial e adnominal 262 A língua em uso 264

Oficina de Texto – Resumo de artigo científico 267 Estudo em Retrospectiva 270

De olho no Vestibular

271

Oficina de Projetos – Cartilha de combate ao bullying 272

Referências bibliográficas comentadas 2 85

Objetos Educacionais Digi tais

Carrossel de imagens: Vanguardas europeias 23

Podcast: O fenômeno dos podcasts jornalísticos 24

Mapa clicável: Mineração artesanal em alguns países da América Latina 35

Podcast: "Internetês": a linguagem das redes 69

Infográfico clicável: interação nas redes sociais 74

Infográfico clicável: Colocação pronominal 122

Vídeo: Citação e paráfrase: recursos para argumentar 123 Podcast: Você conhece o Movimento Manguebeat? 143

Vídeo: Mulheres cordelistas ................................ 144

Carrossel de imagens: Nos bastidores da peça teatral 148

Vídeo: A poesia de Gregório de Matos na música brasileira 184

Infográfico clicável: Romance de folhetim 228

CAPÍTULO
CAPÍTULO

FICÇÃO, FATOS E PONTOS DE VISTA 1

Com base em seus conhecimentos e na obra do artista Gustavo Caboco (1989-), apresentada na abertura do capítulo, responda às questões a seguir.

1. Quais elementos (cores, formas, grafismos etc.)

mais chamaram a sua atenção ao analisar a imagem? Como esses elementos ajudam a identificar a temática principal da obra?

Respostas

Espera-se que os estudantes possam se expressar, descrições, análises e interpretações com base na observação da imagem e em seu repertório sensorial e cultural e identificando que a obra apresenta uma temática associada ao povo indígena wapichana.

3. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

2. Como você percebe a representação da cultura indígena wapichana nessa imagem?

3. Na obra, as imagens de pessoas indígenas, seus costumes, conhecimentos e gestos são representados de forma a valorizar sua identidade e sua pluralidade. Você acredita que, na literatura brasileira, a forma de representação dos indígenas valorizou sua identidade e pluralidade? Por quê?

4. Você já leu ou assistiu a alguma reportagem sobre a temática indígena? Se sim, qual foi o tema abordado? Caso contrário, por que você acha que é importante que a mídia fale sobre as questões indígenas?

5. Ao analisar a imagem e ler a legenda, que elementos nomeiam a cultura wapichana identificando-a?

2. Resposta pessoal. É essencial que os estudantes falem a respeito das ideias que eles têm sobre os povos indígenas brasileiros e se conhecem a obra de algum artista visual ou escritor contemporâneo indígena desse ou de outro povo. Inicialmente, espera-se que os estudantes expressem suas percepções, memórias ou experiências culturais com a arte, as tradições culturais e sociais bem como outros aspectos da cultura dos povos indígenas brasileiros e sejam motivados a ter curiosidade para buscar mais saberes por meio da pesquisa, analisando o modo como os elementos da imagem contribuem para formar uma visão positiva e plural do povo indígena wapichana. Se julgar necessário, procure também chamar a atenção deles para a presença de tecnologias digitais da informação e da comunicação na obra.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

Campos de Atuação

• C ampo artístico-literário

• C ampo jornalístico-midiático

Temas Contemporâneos

Transversais

• Meio ambiente: Educação Ambiental

• Multiculturalismo: Educação para a valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras

5. A pedra do céu, os indígenas, a serpente, a floresta e a oca. Esses nomes, em conjunto, identificam a cultura indígena wapichana porque a nomeiam.

PROJETO VISTA EM

Avance até a seção Oficina de Projetos nas páginas finais deste volume e faça uma leitura para conhecer todas as etapas e os passos que deverão ser seguidos para a criação de uma cartilha de combate ao bullying. Em seguida, organize-se para realizar a etapa “Estudar a proposta”.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

■ CABOCO, Gustavo. Watuminpen Paradan Day : pedra do céu. 2020. Acrílica sobre tela, 290 cm × 140 cm. Apresentada na instalação Kanau’ kyba na 34 a Bienal de Arte de São Paulo, em 2021. As obras do artista Gustavo Caboco, artista visual contemporâneo do povo indígena wapichana, são produzidas por meio de desenho-documento, pintura, texto, bordado, animação e performance e propõe reflexões sobre o deslocamento dos corpos e a memória do povo indígena wapichana.

4. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes mencionem notícias lidas anteriormente. Ainda assim, procure averiguar se eles entraram em contato com temáticas indígenas em gêneros do campo jornalístico-midiático de outras maneiras. É importante também verificar se a turma reconhece a importância desse campo tanto para a divulgação das conquistas dos povos indígenas quanto para a denúncia de explorações e intolerâncias que os atingem.

ESTUDO LITERÁRIO

Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes discutam sobre as tradições folclóricas e populares que conhecem e pensem de que modo tais tradições poderiam ser incorporadas em um texto literário, seja pela linguagem utilizada, seja pela utilização de mitos e lendas no decorrer da narrativa.

Modernismo (primeira geração)

Entre as muitas obras que procuraram representar as raízes populares brasileiras, está Macunaíma: o herói sem nenhum caráter, escrita pelo paulistano Mário de Andrade (18931945) e publicada em 1928. O escritor, figura importante do movimento modernista e um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, realizou estudos profundos da cultura brasileira e importantes registros de tradições folclóricas populares. Tais estudos influenciaram e foram influenciados pela sua produção literária.

Macunaíma narra a trajetória do herói indígena tapanhumas de mesmo nome. Ao perder o muiraquitã, artefato usado como amuleto, Macunaíma vai para São Paulo tentar recuperá-lo. Durante a narrativa, o protagonista enfrenta inúmeras aventuras, percorrendo diversos séculos da história do Brasil e várias regiões do país. Você irá ler, a seguir, um trecho do capítulo 5 da obra, que relata o momento de sua chegada à cidade de São Paulo, em busca do muiraquitã. No trecho, Macunaíma reflete sobre a relação entre as pessoas brancas e as máquinas.

PRIMEIRO OLHAR

Antes de iniciar a leitura do trecho, discuta com os colegas as questões a seguir.

• Quais elementos das tradições folclóricas e populares você acredita que serão incorporados na obra Macunaíma? Como essas tradições podem influenciar a narrativa e a construção das personagens?

• Crie uma hipótese sobre como será a reação de Macunaíma ao chegar a São Paulo. Para isso, pondere o fato de que o personagem vivia em uma aldeia indígena na floresta e considere o período em que a obra foi escrita. Pense também nas características das grandes cidades da época.

tapiri: casa provisória. mauari, jurupari, saci e boitatá: personagens mitológicos brasileiros.

socava: túnel. grotão: cavidade que se forma pela ação da chuva. cunhã: mulher. cuquiada: vozearia. esturro: ruído assustador.

cláxon: buzina. hupmobile, dodge e mármon: automóveis de época.

inajá: palmeira típica da Região Norte.

curuatá: invólucro das flores da palmeira.

5. Piaimã […]

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam sobre a diferença cultural entre os indígenas e os moradores de São Paulo, considerando também as características físicas das cidades em modernização, que tinham carros, por exemplo, e das aldeias indígenas.

A inteligência do herói estava muito perturbada. Acordou com os berros da bicharia lá embaixo nas ruas, disparando entre as malocas temíveis. E aquele diacho de sagui-açu que o carregara pro alto do tapiri tamanho em que dormira… Quê mundo de bichos! quê despropósito de papões roncando, mauaris juruparis sacis e boitatás nos atalhos nas socavas nas cordas dos morros furados por grotões donde gentama saía muito branquinha branquíssima, de certo a filharada da mandioca!… A inteligência do herói estava muito perturbada. As cunhãs rindo tinham ensinado pra ele que o sagui-açu não era saguim não, chamava elevador e era uma máquina. De-manhãzinha ensinaram que todos aqueles piados berros cuquiadas sopros roncos esturros não eram nada disso não, eram mas cláxons campainhas apitos buzinas e tudo era máquina. As onças pardas não eram onças pardas, se chamavam fordes hupmobiles chevrolés dodges mármons e eram máquinas. Os tamanduás os boitatás as inajás de curuatás de fumo, em vez eram caminhões bondes autobondes anúncios-luminosos relógios faróis rádios motocicletas

telefones gorjetas postes chaminés… Eram máquinas e tudo na cidade era só máquina! O herói aprendendo calado. De vez em quando estremecia. Voltava a ficar imóvel escutando assuntando maquinando numa cisma assombrada. Tomou-o um respeito cheio de inveja por essa deusa de deveras forçuda, Tupã famanado que os filhos da mandioca chamavam de Máquina, mais cantadeira que a Mãe-D’água, em bulhas de sarapantar.

Então resolveu ir brincar com a Máquina pra ser também imperador dos filhos da mandioca. Mas as três cunhãs deram muitas risadas e falaram que isso de deuses era gorda mentira antiga, que não tinha deus não e que com a máquina ninguém não brinca porque ela mata. […]

[…]

Macunaíma passou então uma semana sem comer nem brincar só maquinando nas brigas sem vitória dos filhos da mandioca com a Máquina. A Máquina era que matava os homens porém os homens é que mandavam na Máquina… Constatou pasmo que os filhos da mandioca eram donos sem mistério e sem força da máquina sem mistério sem querer sem fastio, incapaz de explicar as infelicidades por si. Estava nostálgico assim. Até que uma noite, suspenso no terraço dum arranha-céu com os manos, Macunaíma concluiu:

— Os filhos da mandioca não ganham da máquina nem ela ganha deles nesta luta. Há empate.

Não concluiu mais nada porque inda não estava acostumado com discursos porém palpitava pra ele muito embrulhadamente muito! que a máquina devia de ser um deus de que os homens não eram verdadeiramente donos só porque não tinham feito dela uma Iara explicável mas apenas uma realidade do mundo. De toda essa embrulhada o pensamento dele sacou bem clarinha uma luz: Os homens é que eram máquinas e as máquinas é que eram homens. Macunaíma deu uma grande gargalhada. […]

ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Organização: Miguel Sanches Neto, Silvana Oliveira. Chapecó: Ed. UFFS, 2019. p. 50-52. (Coleção Literatura brasileira: identidades em movimento).

famanado: aquele que tem muita fama. bulha: confusão sonora, ruído, gritaria. sarapantar: espantar, perturbar, atordoar. pasmo: sentimento de espanto, surpresa. fastio: repugnância, aversão.

Mário de Andrade participou da Semana de Arte Moderna de 1922 e, no mesmo ano, publicou a coletânea de poemas Pauliceia desvairada . Além disso, escreveu para diversos jornais, como A Gazeta , A Cigarra e Jornal da cidade . Considerado um dos grandes nomes da intelectualidade brasileira do século XX, o autor produziu vasta obra literária, teórica e crítica. Ele também foi professor no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.

■ Escritor Mário de Andrade, 1928.

MICHELLE RIZZO
ANDRE DUCCI

1. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que os barulhos da cidade perturbaram Macunaíma. Além disso, ver-se diante de objetos e sensações nunca experimentadas fez com que o protagonista ficasse em um estado de confusão.

AMPLIAR

O movimento futurista

O movimento futurista , iniciado no início do século XX pelo poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944), foi um movimento de vanguarda artística e literária que exaltava a modernidade, a velocidade, a tecnologia e a industrialização. Os futuristas rejeitavam o passado e a tradição, buscando representar a dinâmica e a energia da vida contemporânea. As obras futuristas destacavam temas como a máquina, o movimento e a guerra e buscavam transmitir sensação de ritmo e transformação contínua. Esse movimento influenciou diversas áreas da arte, como pintura, escultura, literatura, música e arquitetura, deixando um legado significativo na modernidade artística.

1. b) Inicialmente, Macunaíma interpreta os sons da cidade como gritos e barulhos de animais, confundindo o ambiente urbano com a floresta. Essa interpretação revela sua tentativa de compreender a realidade urbana por meio de sua experiência e de seu conhecimento da vida na floresta.

Mário de Andrade e a primeira geração modernista

1. c) A interpretação revela o estranhamento de Macunaíma com o ambiente urbano, revelando uma relação de tensão entre a modernidade da cidade e a tradição da floresta.

1. A inteligência de Macunaíma estava perturbada ao acordar na cidade. A esse respeito, responda às questões a seguir.

a) Em sua interpretação, quais elementos específicos do ambiente urbano contribuíram para essa perturbação?

b) D escreva como Macunaíma interpreta os sons e as máquinas da cidade inicialmente e elabore uma hipótese para essa interpretação do protagonista.

c) O que a interpretação inicial de Macunaíma sobre os elementos urbanos revela acerca de sua percepção da cidade?

2. No texto, é estabelecida uma relação entre os elementos da floresta e os elementos da cidade.

a) Como Macunaíma reage ao ser informado que as onças pardas, os tamanduás e os boitatás são, na verdade, veículos e máquinas? Explique.

Macunaíma reage de forma surpresa e confusa. Ele se sente desorientado porque as explicações mudam a forma como ele observa o espaço da cidade.

b) Re tome a descrição de como Macunaíma interpreta os sons e as máquinas da cidade e responda: como isso afeta sua compreensão do espaço urbano e sua adaptação ao novo ambiente?

c) Com base no modo como os elementos da floresta e os da cidade são interligados na narrativa, o que se pode inferir sobre a relação de Macunaíma com a cidade antes de sua chegada a São Paulo? Justifique sua resposta considerando o contexto da narrativa.

Narrativa

A narrativa pode ser compreendida como um relato real ou ficcional. Nela, os eventos são contados de forma encadeada e envolvem descrições de cenário, personagens, ações e conflitos em uma sequência temporal que pode ou não obedecer à ordem cronológica.

3. Retome, na narrativa, a explicação que as cunhãs dão a Macunaíma sobre a função das máquinas.

a) Em um primeiro momento, Macunaíma realiza uma leitura sobre o que é a máquina. Qual é essa leitura?

A leitura é de que a máquina era uma deusa.

b) Após perceber a ingenuidade de sua interpretação inicial, Macunaíma reflete sobre o papel das máquinas na cidade. Explique essa reflexão, destacando a perspectiva apresentada na obra sobre esse papel. Em seguida, exponha sua própria visão sobre o tema.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

A narrativa que você leu faz parte de uma obra do movimento artístico e cultural conhecido como Modernismo. No Brasil, ele surgiu durante as primeiras décadas do século XX. Nesse período, o país passou por um processo acelerado de urbanização e industrialização, especialmente nas grandes cidades. Esse processo trouxe mudanças estruturais e sociais para o país, evidenciando o contraste entre os ideais modernos e os ideais tradicionais. Nesse contexto, surgiu o grupo de escritores e artistas modernistas que, em sua maioria, eram intelectuais abastados. Eles frequentemente viajavam para países europeus, trazendo

2. b) Os sons são um elemento central na aprendizagem de Macunaíma sobre a vida na cidade. À medida que começa a compreender a verdadeira natureza dos sons da cidade, ele ganha uma visão mais clara do ambiente e das suas dinâmicas. 2. c) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes percebam que os paralelos estabelecidos evidenciam que Macunaíma, ao chegar a São Paulo, desconhece os elementos da cidade e, portanto, associa-os a elementos que fazem parte do seu cotidiano, como a onça.

4. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que o conflito entre a natureza e a tecnologia no trecho de Macunaíma se dá pelo choque do personagem diante da cidade moderna, onde tudo é dominado por máquinas.

para o Brasil as inovações estéticas da literatura e da arte. No contexto europeu, os impactos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) reconfiguraram os valores sociais da época, que culminaram em um questionamento das normas estéticas estabelecidas e no surgimento de movimentos artístico-literários que colocavam em primeiro plano os ideais da modernidade, como o movimento futurista. O movimento modernista na literatura é dividido didaticamente em três gerações. Cada uma delas, apesar de apresentar características específicas, teve como objetivo comum criar obras literárias que buscassem evidenciar aspectos da modernidade de um ponto de vista crítico, aplicando inovações estéticas, rompendo com os velhos padrões de linguagem e criando formas de fazer artístico que compreendessem a realidade brasileira. A primeira geração modernista, também conhecida como Geração de 22 , da qual o escritor Mário de Andrade fez parte, é considerada a mais radical do movimento por causa do seu caráter de ruptura com os padrões estéticos anteriores.

■ Fotografia do grupo de artistas e autores que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922. Mário de Andrade é o terceiro, da esquerda para a direita.

4. Você e dois colegas vão refletir e responder às questões a seguir.

a) Discuta com os colegas como se dá o conflito entre a natureza e a tecnologia no trecho de Macunaíma. Em seguida, faça uma relação desse conflito com os ideais modernistas.

b) Elabore, no caderno, um parágrafo relacionando o estado de nostalgia de Macunaíma com a sua experiência e a dos colegas diante da urbanização.

Episódio de podcast sobre Mário de Andrade

CAFÉ filosófico: Mário de Andrade e a construção da cultura brasileira. [Locução de]: José Miguel Wisnik. [Campinas]: Instituto CPFL, mar. 2017. Podcast. Disponível em: https://open.spotify.com/ episode/4K527H1u18Qbvu lE52jl6d?si=aNi6Ns WoRjyR_wPgFNVf-Q. Acesso em: 4 set. 2024. ■ Podcast Café Filosófico.

No episódio “Mário de Andrade e a construção da cultura brasileira”, do pod cast Café Filosófico , o professor e pesquisador José Miguel W isnik (1948-) analisa a produção literária de Mário de Andrade, com especial atenção ao livro Macunaíma . Confira o episódio por meio do endereço a seguir.

4. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes associem o estado de nostalgia de Macunaíma, que simboliza a perda de conexão com suas raízes culturais e o afastamento do ambiente natural onde ele cresceu, às suas experiências diante da urbanização. É importante que eles considerem o seu contexto cultural e o modo como estabelecem relações com a modernização, seja por viver em uma cidade, seja por sofrer consequências desse processo.

6. Espera-se que os estudantes compreendam que a experiência de Macunaíma na cidade exemplifica a abordagem indigenista do Modernismo ao apresentar o indígena como um personagem inserido em um contexto urbano e moderno que enfrenta dificuldades e estranhamentos. Em vez de idealizar o indígena, como no Romantismo, o Modernismo retrata Macunaíma de forma crítica e realista, mostrando seu confronto com as mudanças trazidas pela modernização e pela urbanização do Brasil, que evidenciam as tensões entre a tradição e a modernidade.

Primeira geração modernista (1922-1930)

Essa geração do Modernismo brasileiro empenhou-se em apresentar inovações estéticas que valorizassem a cultura brasileira, levando em consideração as raízes indígenas e negras da população, além de buscar por uma revisão dos valores da cultura nacional. Ao mesmo tempo, buscou apresentar críticas ao ideal de arte proveniente da Europa, reconhecendo o que deveria ou não ser incorporado ao projeto de construção da identidade brasileira. As obras literárias desse período costumam apresentar inovações estéticas e fazer uso de ironia, de coloquialismos e de marcas de oralidade, em uma tentativa de romper com as produções literárias clássicas. Além disso, muitos autores propuseram analisar criticamente, em suas obras, os efeitos da industrialização e da modernização do Brasil.

5. Retome o trecho lido, tendo em vista as características da primeira geração modernista.

a) Analise como o uso da linguagem no trecho de Macunaíma exemplifica as inovações estéticas do Modernismo. Para isso, observe o modo como os registros linguísticos se articulam no decorrer do trecho.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

b) Explique como o trecho aborda a questão da identidade cultural brasileira diante da modernização.

c) D iscuta como o trecho reflete a tensão entre as raízes do povo brasileiro e a modernidade, uma das características do movimento modernista. Quais elementos do trecho representam cada lado dessa tensão?

Espera-se que os estudantes percebam o modo como as raízes indígenas, representadas por Macunaíma, entram em conflito com a modernidade, representada pela cidade e pelas máquinas. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

Indianismo e indigenismo na literatura

Durante a primeira fase do Modernismo, a busca por apresentar características do Brasil e representar os indígenas na produção literária nacional assumia uma perspectiva diferente se relacionada ao Romantismo. Enquanto no movimento romântico os indígenas eram associados à imagem do cavaleiro europeu e idealizados como heróis nacionais, o que culminou em uma expressão literária indianista , no movimento modernista os indígenas eram compreendidos de forma menos idealizada, o que resultou em uma expressão literária indigenista , ou seja, em uma expressão literária ainda escrita por não indígenas, mas que tem o indígena e suas vivências como personagem/protagonista.

6. De que maneira a experiência de Macunaíma na cidade ilustra a visão crítica e realista do indígena proposta pelo indigenismo modernista?

O projeto modernista em Mário de Andrade

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

7. Partindo do desejo de pensar o Brasil baseando-se em suas culturas, Mário de Andrade organizou viagens pela Amazônia e pelo Nordeste do Brasil, com o objetivo de registrar a música brasileira, festas populares e tradições folclóricas, entre outras manifestações. Em O turista aprendiz (1929), Mário registra tais expedições na forma de diário. Leia, a seguir, um trecho dessa obra para responder às questões.

Psicologicamente, o homem amazônico, troncudo, com rastro fresco de índio na face e na cor, me pareceu bom brasileiro, palavra comodista com que a gente cataloga uma entidade étnica ainda não definida. Mas como a gente se acha como dentro de casa, quando está no meio deles, creio que a palavra “brasileiro” explica bem o que quero dizer. Ademais, a influência do poder central sendo profunda nas aglomerações urbanas do Norte, isso traz uma unidade espiritual, que Ford agora vai dissolver, provavelmente, só para os americanos anexarem a Amazônia à grandeza imperial dos Estados Unidos

ANDRADE, Mário de. O turista aprendiz. Edição de texto apurado, anotada e acrescida de documentos por Telê Ancona Lopez, Tatiana Longo Figueiredo; Leandro Raniero Fernandes (colaborador). Brasília, DF: Iphan, 2015. p. 408. (Obras de referência, v. 5).

8. a) Alguns dos elementos que demonstram a incorporação de marcas de oralidade são: a palavra inda (variação de ainda) grafada como se fala e a repetição da palavra muito que, além de atribuir a ideia de exagero ao advérbio de modo embrulhadamente, retoma a estratégia de repetição, muito utilizada na fala.

a) Qual é a crítica apresentada nesse registro de Mário de Andrade feito em 1927?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

b) De acordo com seus conhecimentos, o território da Amazônia se mantém preservado ou sofre com diversas tentativas de exploração? Explique.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

c) Desde o início do processo de industrialização do Brasil, a Amazônia foi alvo de grandes empresas que buscavam matérias-primas para sua produção, como salienta Mário de Andrade nesse trecho que você leu. Pesquise, em livros de História, sites de notícias ou outras fontes confiáveis, as consequências do processo de exploração da Amazônia. Em seguida, após a seleção dos dados, escreva, em seu caderno, um parágrafo para registrar os principais fatos referentes a esse processo.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

Ao escrever Macunaíma, Mário de Andrade buscava romper com os padrões estético-literários estabelecidos pela cultura europeia, integrando elementos do folclore, da oralidade e da diversidade cultural do Brasil à escrita de sua época. Devido a tais características, o autor se refere à Macunaíma como uma rapsódia. Esse conceito remete à Grécia antiga, em que os rapsodos eram os narradores que transmitiam histórias por meio da oralidade. Com base nessa tradição oral, surgem as rapsódias, obras que reuniam a literatura transmitida por eles. Além disso, o termo rapsódia também denomina composições musicais que fazem uso de instrumentos regionais e do improviso, revelando traços linguísticos e culturais das regiões representadas.

Marcas de oralidade

As marcas de oralidade são elementos ou características da linguagem falada em textos escritos. Tais marcas podem aparecer propositalmente em textos literários nos quais a intenção do autor é atribuir ao texto características próprias do discurso oral, como em narrativas folclóricas ou mitológicas. As marcas de oralidade podem incluir uso de interjeições, repetições, grafia oralizada de palavras e ausência de pontuação. Ao se analisar um texto em busca de marcas de oralidade, é importante verificar quais dos recursos linguísticos utilizados remetem à linguagem falada. Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

8. Releia o trecho a seguir, prestando atenção às marcas que permitem a associação do texto com o discurso falado, e responda ao que se pede.

Não concluiu mais nada porque inda não estava acostumado com discursos porém palpitava pra ele muito embrulhadamente muito! que a máquina devia de ser um deus de que os homens não eram verdadeiramente donos só porque não tinham feito dela uma Iara explicável mas apenas uma realidade do mundo. De toda essa embrulhada o pensamento dele sacou bem clarinha uma luz: Os homens é que eram máquinas e as máquinas é que eram homens.

a) Identifique, no trecho lido, elementos linguísticos que demonstrem a incorporação de marcas de oralidade ao texto.

b) Considerando as características da produção literária de Mário de Andrade e a obra Macunaíma, por quais motivos o autor teria feito uso de tais estratégias linguísticas?

DIÁLOGOS

Espera-se que os estudantes compreendam que a utilização de tais estratégias linguísticas se relaciona ao projeto modernista de Mário de Andrade, cujo objetivo era valorizar as características do povo brasileiro, inclusive do ponto de vista linguístico.

A mitologia desana-k˜ehíripõrã

Você vai ler, a seguir, a narrativa mitológica “Como saíram para a superfície da terra”, escrita por Tõrãmũ Kẽhíri (1947-), de nome civil Luiz Gomes Lana, ditada por seu pai, Umusĩ Pãrõkumu (1927-1990), de nome civil Firmiano Arantes Lana, e publicada no livro Antes o mundo não

existia (1980). A narrativa faz parte de um conjunto de mitos sobre a origem da humanidade e pertence à mitologia do povo indígena desana-kẽhíripõrã, que vive no noroeste da Amazônia. Na mitologia desana, o mundo era composto de diferentes malocas da transformação, acessíveis por meio da canoa de transformação, que navegava por baixo d’água no alto Rio Negro, região de origem de diversos povos indígenas. A Canoa era conduzida pelo bisneto do mundo, um dos encarregados pela criação da humanidade. Para os desana, a maloca é, ao mesmo tempo, a casa, o universo e o corpo humano. Dentro das malocas, as diferentes riquezas levadas pelo bisneto do mundo davam origem aos chefes dos diversos povos, que as distribuíam entre seus integrantes. A saída dos representantes de cada povo indígena e do representante dos não indígenas – no mito, especificamente o branco – para a superfície da terra simboliza o surgimento da humanidade e ocorreu na 56a Maloca da Transformação.

Como saíram para a superfície da terra

Daí chegaram à 56a maloca, que se chama Diáperago bewi’i. Essa maloca está na grande Cachoeira de Ipanoré. Aí, pisaram na terra pela primeira vez, porque antes eles vinham debaixo da água com a Canoa de Transformação. O Bisneto do Mundo ia dividindo-os à medida que estavam saindo para a superfície da terra. Eles saíram por si mesmos. […]

Cada um saiu acompanhado de sua mulher. Colocaram-se em filas, na terra. O primeiro a sair foi o chefe dos Tukano, que se chama Doethiro, sendo mais conhecido como Wauro. Ele é o chefe de todos os Tukano. [ ]

Umusĩ Pãrõkumu , ou Firmiano Arantes Lana, pai de Luiz Lana, nunca quis aprender o português e fez questão de que seus sete filhos falassem a língua desana.

Tõrãmũ Kẽhíri , ou Luiz Gomes Lana, se dedicou a registrar por escrito parte da tradição oral dos desana-kẽhíripõrã. Viajou a algumas cidades do Brasil e do mundo para expor seus desenhos e falar sobre as narrativas míticas que registrou.

maloca: habitação coletiva indígena. adorno: enfeite. retesar: esticar.

Em segundo, saiu Umukomahsũ Boreka, o chefe dos Desana. São estes dois que levaram as riquezas que o Bisneto do Mundo tinha pedido ao Avô do Mundo na Maloca de Cima.

Como foi dito no começo, a humanidade estava dentro das riquezas, dentro dos adornos , como a galinha está dentro do ovo. Quando a galinha sai, ela deixa a casca. Pois, a mesma coisa aconteceu com eles! Já vimos que a humanidade foi se transformando de maloca em maloca. Sabemos que eles estavam crescendo e que eles saíram de dentro das riquezas, como o pintinho saiu do ovo. Por isso, as riquezas são deles, porque eles cresceram nelas. E é por isso que Wauro e Boreka tomaram para si essas riquezas, chamadas agora Pamũrĩbuya ‘Enfeites de Transformação’ e depois as distribuíram. Wauro distribuiu as dele para a sua geração, mas nem para todos os Tukano, só para alguns. Sobre isso, somente os Tukano sabem. Umukomahsũ Boreka, o chefe dos Desana, também distribuiu as riquezas que lhe couberam apenas para alguns Desana. Essas riquezas são eternas. O terceiro a sair para a superfície foi o Pira-tapuyo. O quarto foi o Siriano. O quinto foi o Baniwa. Este saiu com arco e flecha e logo retesou o arco para experimentá-lo. Por isso, esse grupo é conhecido por ser bravo. O sexto a sair foi o Maku. A todos estes, o Bisneto do Mundo disse: — ‘Dou-lhes o bem-estar, dou-lhes as riquezas das quais vocês nasceram’. Dizendo isso, ele estava dando-lhes o poder de serem mansos, de fazerem grandes festas com danças, de se reunirem com muita gente, de conviverem

1. a) Wauro e Boreka detêm algumas riquezas porque cresceram dentro delas; então, conforme a narrativa, as riquezas são suas por direito. Após pegarem as riquezas, Wauro e Boreka distribuíram-nas para alguns integrantes das suas gerações.

1. b) Segundo a narrativa, cada grupamento humano foi gerado dentro de riquezas ou adornos, do mesmo modo como o pintinho é gerado dentro do ovo. Em razão disso, o surgimento da humanidade não seria possível sem a existência das riquezas.

bem com todos, isto é, de não fazerem guerras. Isso tanto é verdade que os nossos Antigos nenhuma vez fizeram guerras, porque o Bisneto do Mundo lhes deu esse poder.

O sétimo a sair para a superfície foi o Branco, com a espingarda na mão. O Bisneto do Mundo disse-lhe:

— ‘Você é o último. Dei aos primeiros todos os bens que eu tinha. Como você é o último, deve ser uma pessoa sem medo. Você deverá fazer a guerra para tirar as riquezas dos outros. Com isso, encontrará dinheiro!’

Quando ele acabou de dizer isso, o primeiro Branco virou as costas, deu um tiro com a espingarda e seguiu para o sul. Ele baixou, entrando nas malocas por onde ele já havia passado enquanto estava subindo na Canoa de Transformação. Entrou na 21 a maloca, situada em São Gabriel, e aí mesmo fez a guerra. Numa pedra que existe nesse lugar, veem-se figurinhas parecidas com soldados, com capacete e espingarda, todos ajoelhados e dando tiros. Foi assim porque o Bisneto do Mundo deu-lhe o poder de fazer a guerra! Para ele a guerra é como uma festa. Por isso é que os Brancos fazem guerra!

KẼHÍRI, Tõrãmũ. Como saíram para a superfície da terra. In: KẼHÍRI, Tõrãmũ. Antes o mundo não existia: mitologia dos antigos Desana-Kẽhíripõrã. Ilustrações: Luiz Lana, Feliciano Lana. 2. ed. São João Batista do Rio Tiquié: Unirt; São Gabriel da Cachoeira: Foirn, 1995. p. 38-40. (Coleção Narradores indígenas do Rio Negro, v. 1).

1. Você e um colega vão retomar a narrativa para responder às questões a seguir.

a) Por que algumas riquezas do mundo são de Wauro e Boreka e o que eles fizeram com tais riquezas?

b) Segundo a narrativa, seria possível o surgimento da humanidade sem a existência das riquezas? Justifique analisando o modo como se estabelece a relação entre as riquezas do mundo e o surgimento da humanidade.

2. Como as riquezas distribuídas pelo Bisneto do Mundo são simbolicamente associadas aos diferentes povos na narrativa? Apresente exemplos específicos dessas associações e, em seguida, discuta como tais representações contribuem para a construção da identidade cultural de cada povo no contexto do texto lido.

2. Na narrativa, as riquezas representam as características distintas de cada povo. Por exemplo, os baniwa são caracterizados como guerreiros, representados pelo seu arco e flecha, enquanto os maku são associados à paz e ao bem-estar. Essas associações sugerem que as características culturais de cada grupo foram atribuídas desde os primórdios, refletindo suas identidades fundamentais ao longo do tempo.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.
ANDRE DUCCI

3. a) A espingarda não é considerada uma riqueza, pois não é um objeto (ou característica) que foi dado ao branco, mas sim um acessório que o acompanhou desde o seu surgimento.

4. c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que essa passagem procura explicar o motivo de os brancos praticarem violência contra os povos indígenas.

5. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que a Batalha de Caiboaté foi um massacre que resultou na morte de mais de mil indígenas. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que o conhecimento sobre a batalha auxilia na compreensão da narrativa ao permitir relacionar uma narrativa literária a um acontecimento histórico, como na passagem em que o mito faz referência aos soldados.

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Como realizar a pesquisa?

Durante a pesquisa, lembre-se das instruções a seguir.

• B uscar diversas fontes para comparar as informações coletadas e verificar se elas estão corretas.

• Verificar se as fontes escolhidas são confiáveis. Para isso, observe se pertencem a algum órgão governamental ou a alguma instituição acadêmica. Caso tenha dificuldade para encontrar fontes, peça orientação ao professor.

• A notar, ao final de seu registro, as referências utilizadas para a pesquisa.

3. b) Espera-se que os estudantes compreendam que a relação entre o branco e a espingarda simboliza a violência praticada pelo branco, especialmente em relação às populações indígenas.

3. Releia o trecho a seguir.

4. b) Diante da consequência de não receberem nenhuma riqueza, os brancos foram instruídos a fazer guerras para tomar as riquezas dos outros povos.

O sétimo a sair para a superfície foi o Branco, com a espingarda na mão.

a) Na narrativa, a espingarda é considerada uma riqueza? Justifique.

b) A nalise o que a relação entre o branco e a espingarda simboliza no texto.

Narrativas mitológicas

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

As narrativas mitológicas são histórias que buscam explicar a formação do mundo, os fenômenos da natureza e a origem da humanidade e dos seres. Geralmente, essas narrativas mitológicas são construídas com alegorias, estratégias de representação do pensamento e da emoção por meio de elementos simbólicos que os representam. Na narrativa lida por você, o arco e a flecha dos baniwa, por exemplo, representam a bravura. Tais narrativas fazem parte do sistema de crenças de determinadas sociedades e usualmente são transmitidas de geração a geração pela tradição oral.

4. O branco foi o último a sair para a superfície da terra e, por isso, sofreu uma consequência.

a) Qual foi essa consequência?

A consequência foi não receber nenhuma riqueza.

b) Diante dessa consequência, como os brancos foram instruídos a agir?

c) Reúna-se com os colegas e, em grupo, analise e discuta oralmente a passagem da narrativa mitológica que discorre sobre o surgimento do branco. Em seu ponto de vista e no dos colegas, o que essa passagem procura explicar?

5. Releia o trecho a seguir. Depois, reúna-se com os colegas e, em grupo, faça as atividades propostas.

[O Branco] Entrou na 21 a maloca, situada em São Gabriel, e aí mesmo fez a guerra. Numa pedra que existe nesse lugar, veem-se figurinhas parecidas com soldados, com capacete e espingarda, todos ajoelhados e dando tiros.

a) O trecho faz referência a um massacre indígena que ficou conhecido como Batalha de Caiboaté. Realize uma pesquisa sobre esse evento histórico. Você pode consultar livros de História, pesquisar notícias do período ou incluir, em algum sistema de busca on-line, o nome da batalha. Registre, no caderno, os resultados obtidos e compartilhe as informações com os colegas.

b) Após aprender sobre a Batalha de Caiboaté, releia o último parágrafo do mito “Como saíram para a superfície da terra”. Discuta com os colegas sobre como o conhecimento relacionado à batalha pode auxiliar na compreensão do parágrafo. Registre a conclusão do grupo no caderno.

5. c) Espera-se que os estudantes argumentem que a referência ao fato histórico funciona como exemplo concreto das ações do branco apresentadas na narrativa mitológica. Nesse sentido, a presença de um fato histórico demonstra como a narrativa mitológica pode, também, cumprir o papel de veículo de transmissão de conhecimento de fatos reais ocorridos em uma sociedade ou grupo.

c) Elabore, no caderno, um parágrafo argumentativo que discorra sobre a importância da referência a esse fato histórico na narrativa mitológica lida. Na argumentação, explicite o efeito que a presença de um fato histórico traz à narrativa mitológica.

Em Macunaíma, diferentemente do que acontece no mito “Como saíram para a superfície da terra”, a construção das personagens indígenas é realizada pelo olhar de um escritor que não pertence aos povos originários. Assim, o ponto de vista que se constrói é o da representação, e não o da representatividade. A representação acontece quando grupos considerados minoritários são incluídos em obras literárias e artísticas ou no discurso midiático. Nesse sentido, ainda que tais grupos apareçam como protagonistas, não necessariamente fizeram parte da concepção daquele objeto artístico, cultural ou midiático. A representatividade, por sua vez, ocorre quando grupos considerados minoritários passam a conceber tais objetos, apresentando o seu ponto de vista sobre temas diversos.

6. Observe a imagem e leia o registro a seguir, transcrito de uma fala de Tõrãmũ Kẽhíri e incluído na edição de Antes o mundo não existia, para responder às questões.

■ LANA, Feliciano. Kamaueni tecendo adorno de dança com seu irmão. [201-]. Pintura. Museu da Amazônia. In: CABALZAR, Aloisio; CANDOTTI, Ennio (org.). Exposição peixe e gente Manaus: Musa, 2013. p. 33. Disponível em: https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/ publications/0AL00035.pdf. Acesso em: 11 set. 2024.

Feliciano Lana (1937-2020), artista plástico e liderança indígena, foi autor dos desenhos que acompanham a obra Antes o mundo não existia , contada pelo seu tio, Firmino Lana, e registrada pelo seu primo-irmão, Luiz Lana. O artista faleceu em 2020, em decorrência de complicações causadas pela covid-19.

6. a) A primeira característica identificada é a de que mitos são transmitidos entre gerações. Outra característica é a de que o mito representa e preserva a cultura de um povo, inclusive a língua, conforme se vê no trecho “escrever em minha língua mesmo”. Finalmente, é possível identificar a característica de o mito tratar da origem da humanidade.

6. b) Não, pois as narrativas mitológicas são transmitidas oralmente entre as gerações e tal característica faz com que elas se modifiquem com o passar do tempo, a cada nova transmissão.

6. c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes deduzam que o kumu é aquele que tem conhecimento das rezas na sociedade desana.

7. a) Resposta pessoal. Espera-se que, durante a reelaboração da resposta, os estudantes acrescentem que o kumu tem conhecimentos da mitologia e dos rituais de seu povo, além de desempenhar a função de líder político.

Espera-se que os estudantes compreendam que o trabalho de Luiz Lana e o papel desempenhado pelos kumuã têm por objetivo preservar os conhecimentos e as tradições do povo desana-kẽhíripõrã. Contudo, enquanto o trabalho de Luiz Lana procura registrar tais conhecimentos por escrito e transmiti-los aos povos indígenas e não indígenas, os kumuã o fazem oralmente.

[…] eu fiquei pensando, já que eu comecei a trabalhar, de pegar todas as estórias que meu pai sabe, até terminar. Quero continuar. Enquanto eu viver, quero fazer isso. Agora vou pegar as estórias que os antigos contavam para as crianças. Quando terminar tudo isso quero escrever algumas rezas que os velhos têm, escrever em minha língua mesmo e traduzir ao português. Essas rezas são muitas, e vai dar mais trabalho que este livro. Eu não quero que elas se percam. E meu pai, que é kumu, é dos poucos que ainda se lembram, agora só tem kumu, não tem mais pajé. E quero publicar também, publicar esse livro.

KẼHÍRI, Tõrãmũ. Antes o mundo não existia: mitologia dos antigos Desana-Kẽhíripõrã. Ilustrações: Luiz Lana, Feliciano Lana. 2. ed. São João Batista do Rio Tiquié: Unirt; São Gabriel da Cachoeira: Foirn, 1995. p. 14, grifo nosso. (Coleção Narradores indígenas do Rio Negro, v. 1).

a) Quais características das narrativas mitológicas podem ser identificadas com base no trecho citado anteriormente e no mito lido?

b) Com base nessas características, é possível saber se as histórias registradas por Tõrãmũ Kẽhíri passaram por alguma modificação? Justifique sua resposta.

c) Retome a passagem em destaque da fala de Tõrãmũ Kẽhíri. Com base nos elementos apresentados no texto, deduza a importância do kumu na sociedade desana e explique sua dedução.

7. Leia o trecho a seguir.

[…] [Os] poderes e autoridade [do kumu] são baseados no conhecimento exaustivo da mitologia e dos procedimentos rituais, resultado de anos de treinamento e prática. […]

Como homem experiente e sábio, o kumu comumente é também um líder político de sua comunidade e com autoridade considerável sobre uma área mais ampla.

HUGH-JONES, Stephen. Desana . [S l.]: Povos Indígenas do Brasil, 23 jan. 2021. Disponível em: https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Desana. Acesso em: 4 set. 2024.

a) Após a leitura do trecho, verifique se o papel desempenhado pelo kumu corresponde ao que foi identificado por você na questão anterior. Em seguida, no caderno, reescreva sua resposta, de modo a complementá-la ou adequá-la.

b) Aponte uma semelhança e uma diferença entre o trabalho de Tõrãmũ Kẽhíri e o papel desempenhado pelo kumu na preservação da cultura desana-kẽhíripõrã.

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O poder da cura

A figura do kumu (“kumuã”, no plural) se faz presente na cultura de outros povos indígenas, como os tukano (apelido dado pelo povo desana) que se autodenominam yepá-mahsã e também ocupam o território do Alto Rio Negro. Nas tradições desses povos, os kumuã são responsáveis por evocar propriedades de cura e proteção, além de ter conhecimentos ancestrais da mitologia e rituais. Esses saberes despertaram o interesse do jornalista e diretor audiovisual Fábio Zuker que, em parceria com a agência Amazônia Real, produziu o curta-metragem Kumuã: os especialistas de cura do Alto Rio Negro (2019), para registrar os ensinamentos dos kumuã e a luta pela perpetuação desses saberes. Conheça o documentário no endereço a seguir.

KUMUÃ: os especialistas de cura do Alto Rio Negro. [S . l .: s . n .], 2019. 1 vídeo (12 min). Publicado pelo canal Amazônia Real. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=Rum_gu3lOfE. Acesso em: 11 out. 2024.

Espera-se que os estudantes reconheçam que o direcionamento das narrativas mitológicas ao público indígena é importante para a preservação e o fortalecimento das tradições culturais desses povos. Ao se priorizar esse público, promove-se a valorização das identidades e das histórias ancestrais, garantindo que sejam transmitidas para as futuras gerações. Isso também representa um ato de respeito à autonomia cultural desses povos, permitindo que controlem suas próprias narrativas.

A linguagem do texto

8. Tanto a obra Macunaíma quanto o mito “Como saíram para a superfície da terra” têm como figuras centrais personagens indígenas. No entanto, surge uma diferença importante quando se considera a origem dos autores.

a) E xplique como a diferença na autoria pode ter influenciado a construção e a representação da identidade e das características dos indígenas em cada uma das narrativas.

b) D iscorra sobre como as narrativas produzidas por indígenas e as narrativas sobre os indígenas produzidas por outros povos podem refletir ou influenciar as percepções da sociedade em relação a essas culturas. Utilize os textos apresentados no capítulo para construir sua argumentação.

Ponto de vista do enunciador

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

O modo de o enunciador perceber, pensar, avaliar e interpretar uma situação ou fato é chamado ponto de vista . Em narrativas, há, no mínimo, dois pontos de vista: o do narrador e o do leitor. Nas narrativas lidas, o enunciador assume uma postura externa aos acontecimentos, como observador dos fatos. No caso de Macunaíma , esse ponto de vista é construído com base em uma visão não indígena, ainda que o autor do texto tenha estudado muito a respeito dessas culturas e de suas tradições. Já em “Como saíram para a superfície da terra”, o ponto de vista é construído com base em um olhar indígena, já que seu autor faz parte dessa cultura.

REFLETIR E ARGUMENTAR

Agora, você e os colegas vão discutir oralmente as questões a seguir.

8. a) No mito “Como saíram para a superfície da terra”, a autoria indígena favorece uma representação condizente com os valores, as crenças e as tradições do povo desana. Por outro lado, em Macunaíma, o autor não indígena pode ter sido influenciado por estereótipos, o que interfere na representação da cultura indígena em sua obra.

8. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes compreendam que essas narrativas exercem, cada uma a seu modo, influência significativa na percepção da sociedade em relação às culturas indígenas. No caso dos textos apresentados no capítulo, percebe-se que a narrativa “Como saíram para a superfície da terra” transmite conhecimentos relacionados ao sistema de crenças da sociedade desana, enquanto a obra Macunaíma reflete uma visão externa de diferentes culturas indígenas.

Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes percebam que, ao se tornarem as narrativas mitológicas indígenas acessíveis a um público mais amplo, promove-se o entendimento e a valorização da diversidade cultural, incentivando-se a apreciação e o respeito a essas culturas. Além disso, tais narrativas permitem reconhecer diferentes formas de ver o mundo, estimulando a reflexão sobre a pluralidade cultural e a diversidade de perspectivas existentes na sociedade. Tal reconhecimento pode auxiliar no combate a estereótipos e preconceitos, além de ajudar a promover um ambiente mais inclusivo, que valorize a diversidade cultural em toda a sociedade. Resposta pessoal. O objetivo da questão é estimular os estudantes a refletir a respeito do papel das literaturas sobre indígenas escritas por não indígenas. Espera-se que, durante a reflexão, eles apontem a importância de os indígenas terem espaço para representar a si mesmos e a sua cultura, assumindo o papel de autores de literatura. Esse fato não exclui a importância de obras como Macunaíma para a literatura brasileira.

• Reflita sobre a ênfase dada a leitores indígenas neste capítulo. Qual é a importância de priorizar esse público na disseminação das narrativas?

• Com base nos estudos realizados, você acredita que é relevante disponibilizar essas narrativas para o público não indígena? Argumente a sua posição.

• Em Macunaíma, o indígena é apresentado por meio de uma representação. Considerando o que você estudou sobre o Modernismo brasileiro, discuta o papel dessa obra na construção de uma imagem determinada do indígena. Em sua resposta, leve em consideração o conceito de literatura indigenista estudado no capítulo.

CONEXÕES com

ARTE

A brasilidade na arte

Observe a obra de arte a seguir.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

■ AMARAL, Tarsila do. A Cuca. 1924. Óleo sobre tela, 73 cm × 100 cm. Museu de Grenoble, Grenoble, França.

A obra de arte observada por você foi pintada em 1924 por Tarsila do Amaral (1886-1973), importante artista do movimento modernista. Ela estudou em Paris, onde foi influenciada pelas vanguardas europeias e, ao retornar ao Brasil, passou a lançar mão de técnicas artísticas modernas ao pintar suas obras, incorporando elementos da cultura brasileira.

1. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que essa escolha de representação se associa ao Modernismo por romper com as tradições realistas da arte europeia. Além disso, tal forma de representação valoriza a originalidade e a criatividade e busca construir uma arte brasileira.

1. Observe novamente a pintura, prestando atenção nas formas e nas cores, e responda às questões a seguir.

a) Na obra, os animais são representados de uma forma não realista. Em seu ponto de vista, por que a autora escolheu essa forma de representação? Em sua resposta, considere os seus conhecimentos sobre o Modernismo brasileiro.

b) Observe as cores utilizadas na pintura. Quais cores predominam e de que modo elas refletem a busca pela construção de uma cultura nacional?

1. b) Na pintura, as cores predominantes são os tons vibrantes e contrastantes, como o verde, o amarelo e o azul. Tais cores buscam refletir a diversidade da paisagem brasileira e fazer referência à natureza tropical do país.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.
ACERVO MUSÉE DE GRÉNOBLE, FRANÇA/© TARSILA DO AMARAL EMPREENDIMENTOS LTDA.

Vanguardas europeias

2. b) Tarsila do Amaral e Mário de Andrade valorizam a cultura popular e o folclore brasileiro. Em suas expedições, Mário de Andrade buscou estudar as manifestações regionais e folclóricas; na obra A Cuca, Tarsila do Amaral buscou utilizar elementos folclóricos para registrar, à sua maneira, esses elementos da cultura genuinamente brasileira.

As vanguardas europeias foram movimentos artísticos e literários inovadores que surgiram no início do século XX, buscando romper com as tradições e as convenções estéticas do passado. Caracterizadas pela experimentação e pela busca de novas formas de expressão, essas vanguardas incluíam: o Futurismo, que exaltava a modernidade e a tecnologia; o Cubismo, que fragmentava a realidade em formas geométricas; o Dadaísmo, que questionava os valores estabelecidos com sua arte antiarte; o Surrealismo, que explorava o inconsciente e os sonhos; e o Expressionismo, que expressava emoções intensas e subjetivas. Esses movimentos revolucionaram a arte, influenciando profundamente a cultura e o pensamento ocidental ao desafiar as normas tradicionais e ao expandir os limites do que a arte pode ser.

Durante o movimento modernista, a busca por interpretar as correntes artísticas europeias e ressignificá-las no contexto da arte brasileira fez parte do Movimento Antropofágico. A antropofagia era uma prática ritualística, realizada por alguns povos originários, que nasce da crença de que seria possível incorporar as qualidades de um inimigo valoroso vencido em batalha por meio do consumo de sua carne. É importante entender que essa prática era inserida em um contexto cultural específico e não deve ser confundida com ações de violência gratuita. A antropofagia, nesse sentido, carrega significados profundos relacionados à cosmovisão e às tradições dessas sociedades. No contexto do Modernismo, o termo foi utilizado metaforicamente para descrever a ideia de devorar as influências europeias, reconhecendo o que deveria ou não ser aproveitado na arte brasileira e transformando tais influências com base nos elementos da cultura nacional.

2. a) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

2. A pintura observada por você se baseia na lenda da Cuca, personagem que inicialmente pertencia ao folclore europeu. Durante a colonização, a lenda chegou ao Brasil e ganhou a forma que é conhecida hoje.

a) Você conhece a lenda folclórica da Cuca? Realize uma pesquisa e, em seguida, registre os resultados de sua busca no caderno. Lembre-se de pesquisar em fontes confiáveis: textos de sites oficiais, artigos, reportagens etc.

b) De que forma a pintura de Tarsila do Amaral pode ser associada às expedições de pesquisa realizadas por Mário de Andrade? Explique.

c) A obra A Cuca está exposta em um museu em Paris. Comente a pertinência desse fato, considerando o contexto histórico da obra e sua proposta estética no movimento modernista.

3. Ao pintar A Cuca, Tarsila do Amaral escreveu uma carta para a sua filha, refletindo sobre a obra. Na carta, ela diz que estava pintando quadro “bem brasileiro”, no qual havia um bicho esquisito acompanhado de outros bichos, um deles inventado.

a) Em sua perspectiva, quais elementos da obra podem ser considerados “bem brasileiros”? Justifique.

b) No caderno, elabore um parágrafo que associe a descrição da pintura feita por Tarsila do Amaral às características do movimento modernista. Em seu parágrafo, considere o que você aprendeu sobre o Movimento Antropofágico.

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que o trecho da carta de Tarsila do Amaral evidencia um rompimento com as tradições europeias, ao mesmo tempo em que busca incorporar novas técnicas e valorizar as características da fauna brasileira.

2. c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que expor uma obra que valoriza a cultura brasileira por meio dos ideais do Movimento Antropofágico em um museu europeu pode ser alvo de críticas, considerando o contexto do colonialismo e a própria intencionalidade do movimento modernista. Ao mesmo tempo, isso também pode ser visto como algo positivo, dado que se trata da divulgação da arte genuinamente brasileira em contextos internacionais.

3. a) Respostas pessoais. É esperado que, entre os elementos citados pelos estudantes, estejam a figura da Cuca e os animais típicos da fauna local, como o tatu e o sapo. Ao incluir a Cuca e esses animais, Tarsila do Amaral valoriza e celebra a cultura local, criando uma obra que ressoa com o imaginário popular e a fauna brasileira.

ESTUDO DO GÊNERO TEXTUAL

Reportagem

Na seção Estudo Literário, você analisou a narrativa mitológica “Como saíram para a superfície da terra”, que representa, entre outras, a visão do povo desana sobre como começou a violência dos brancos contra pessoas indígenas. Nesta seção, por meio da leitura de trechos de uma reportagem que procura relatar eventos dessa realidade e apresentar algumas pessoas afetadas por ela, você é convidado a analisar como a violência contra os indígenas ainda tem feito parte da realidade de muitos desses povos, entre eles os de três aldeias impactadas pelo garimpo na região do Tapajós (PA): sawré muybu, poxo muybu e sawré aboy.

PRIMEIRO OLHAR

Respostas pessoais. Na subseção Diálogos, os estudantes serão incentivados a praticar o compartilhamento de textos jornalísticos, posicionando-se criticamente em relação ao conteúdo apresentado por eles.

Antes de iniciar a primeira leitura do texto, comente com a turma as questões a seguir.

• Você costuma ler reportagens publicadas nas mídias digitais ou impressas? Justifique.

• Observe a imagem de abertura da reportagem. Quais elementos dessa imagem antecipam o tema que será abordado no texto?

• Que outros elementos da reportagem podem contribuir para a identificação do tema abordado antes mesmo da leitura do texto?

Espera-se que os estudantes citem o título, os subtítulos, a linha fina, a fotografia e o infográfico.

Em três aldeias do Pará, 60% das indígenas estão contaminadas pelo mercúrio

1 DE FEVEREIRO DE 2023

Contaminação afeta peixes, principal alimento das comunidades, e chega ao ar, como explica pesquisador da Fiocruz

Um pedaço de papel com o diagnóstico de contaminação por mercúrio começa a explicar os sintomas que chegaram de repente. ‘Quando recebi o resultado do exame vi que estava muito alterado [o nível de mercúrio]: deu vermelho. Fiquei com medo e cheguei a chorar,

Resposta pessoal. É possível que os estudantes apontem recursos não verbais, como as cores utilizadas (vermelho e verde), os indígenas que parecem estar se banhando em um rio e uma construção, ao fundo, que parece indicar uma ameaça. Ao interpretarem esses elementos, os estudantes confirmam que a reportagem abordará alguma situação de ameaça relacionada aos povos indígenas.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

porque aqui a gente sabe que não tem cura e não tem tratamento’, contou Aldira Akai Munduruku, da aldeia Sawré Muybu, na região do Tapajós (Pará).

O teste de Gilmara Akay, da mesma comunidade, teve a cor laranja, que significa nível médio de contaminação. O exame do marido apareceu vermelho, indicando níveis críticos, e as crianças têm contaminação leve. ‘Todo mundo não queria mais comer peixe. Isso deixou a gente mais abalado’, disse Gilmara, com voz embargada pelo medo de consumir um alimento tradicional do seu povo.

Marido de Gilmara, Deivison Saw Munduruku, também enfrenta dificuldades para caçar em função das dores, fraqueza muscular e episódios de desorientação no meio da mata. Os homens costumam sair para caçar às 8 horas da manhã e retornam no fim da tarde. ‘Eles arrodeiam essa floresta todinha procurando caça para dar o que comer para os filhos. Deivison fica muito triste porque não consegue caçar como antes’, contou Gilmara.

Contaminadas, Aldira e Gilmara estão fadadas a conviver com as consequências em todas as etapas da vida, e carregam desde o ventre as gerações que virão ao mundo com o mesmo mal. ‘Evito pensar nas doenças e na morte, mas me preocupo todos os dias com cada sintoma que surge’, desabafou Aldira.

Altos níveis de contaminação

O resultado dos testes da Fiocruz às comunidades testadas veio em agosto de 2022. Os níveis de mercúrio acima de limites seguros foram detectados em seis de cada dez participantes, ou seja, 60%. Nas comunidades às margens dos rios mais afetados pelas atividades garimpeiras, sobe para nove em cada dez participantes os que apresentaram altos níveis de contaminação. O estudo ocorreu por demanda dos indígenas, entre outubro e novembro de 2019, com 200 habitantes de três aldeias impactadas pelo garimpo: Sawré Muybu, Poxo Muybu e Sawré Aboy, nas regiões do médio e baixo Tapajós, no Pará.

Os pesquisadores realizaram entrevistas, coleta de amostras de cabelo e de peixes, para aferição dos níveis de mercúrio e avaliação clínico-laboratorial. Sete artigos científicos foram publicados analisando diversos aspectos da contaminação com mercúrio, desde o impacto na saúde neurológica e mental, passando pelos efeitos nas mulheres e crianças, até a contaminação pelo consumo de peixes.

Um dos textos, com análises feitas em 16 mulheres e 18 crianças, indicou que 62% das mulheres em idade fértil ultrapassaram os limites de referência da Organização Mundial de Saúde (OMS). As crianças tinham mais anemia, mais desnutrição e frequentes queixas de sintomas neurológicos.

Não existe um critério brasileiro para analisar a contaminação por mercúrio, e isso é um desafio, segundo o neurologista Erik Jennings, médico da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que atua há mais de três décadas com saúde indígena na região. ‘Não tem um padrão brasileiro que considere essas nuances regionais [na Amazônia]’, diz o médico, explicando que o parâmetro da OMS funciona para a população mundial, mas pode não ser adequado para grupos específicos.

[…]

Mulheres, crianças e jovens ainda mais vulneráveis

A contaminação entre as mulheres traz complicações na gestação e no parto, aumenta o risco de aborto espontâneo, e passa da mulher para os bebês através da placenta. Crianças contaminadas podem sofrer perda de audição, déficit cognitivo, atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor e malformações congênitas. Com isso, mulheres indígenas sofrem na gestação, no parto e depois ficam com uma demanda de cuidado mais alta. Ao envelhecerem, podem apresentar alto teor de contaminação por acúmulo de substância no organismo ao longo da vida.

Beka Saw Munduruku, de 20 anos, vê as tias sofrerem com as consequências do garimpo, principalmente as que são mães. ‘Elas sentem dores de cabeça e tiveram abortos’, relatou. Toda a família de Beka está contaminada e os abortos têm acontecido bastante nas mulheres da aldeia, segundo ela, que não pensa em ter filhos. A jovem indígena escreveu uma carta para o presidente Lula em dezembro de 2022, pedindo atenção para a fome dos povos indígenas.

O neurologista da Sesai Erik Jennings chama a atenção para o fato de a contaminação ser proporcionalmente maior em mulheres, crianças e jovens até 18 anos. ‘Preocupa bastante, principalmente porque é uma faixa etária de mulheres em idade fértil, e os mundurukus estavam vendo crianças nascerem com problemas neurológicos, dependentes de cadeira de rodas, sem nenhuma condição cognitiva, capaz de manter uma vida normal’, alertou.

A grande carga de mercúrio injetada na Amazônia está sendo adicionada ao meio ambiente, e isso circula, como destaca o médico e pesquisador da Fiocruz Paulo Basta. ‘Esses metais não caem só na água, mas estão no solo, evaporam, vão para as nuvens, navegam, podem ser distribuídos para outras regiões do Brasil e do planeta. É uma crise de saúde pública de precedentes internacionais.’

VICTORIA SACAGAMI

1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes identifiquem que os elementos que compõem a reportagem antecipam o conteúdo que será abordado: a contaminação dos indígenas pelo mercúrio.

O elo entre a fome e o mercúrio

O garimpo ilegal contamina os rios e peixes com o mercúrio, abre clareiras na floresta, que arrastam árvores, espantam animais de caça e mudam os cursos hídricos. Assim, as principais fontes de sobrevivência dos indígenas somem aos poucos. E, para movimentar a cadeia de extração do ouro, os garimpeiros cooptam, com promessa de riqueza, a mão de obra indígena.

A insegurança alimentar instalada nas comunidades faz com que muitos indígenas deixem de consumir produtos tradicionais da roça, caça, pesca, passando a ingerir industrializados, ultraprocessados, vindos dos trabalhadores do garimpo. ‘Começaram a aparecer problemas de obesidade, de hipertensão, de diabetes’, contou Paulo Basta, da Fiocruz. Quadros de desnutrição e anemia tornam mulheres e crianças mais suscetíveis aos efeitos do mercúrio no sangue, ao surgimento de outras doenças e à infecção por males endêmicos da região, como a malária.

■ Ao receber o resultado do teste para contaminação com mercúrio, Aldira Akay suspeita que tanto os abortos quanto as complicações na gestação da filha de 1 ano e 8 meses possam estar relacionadas à presença do metal em seu sangue | Foto: João Paulo Guimarães

AMÂNCIO, Adriana; MOREIRA, Anelize. Em três aldeias do Pará, 60% das indígenas estão contaminadas pelo mercúrio. Gênero e Número, [s. l.], 1 fev. 2023. Disponível em: www.generonumero.media/reportagens/para-indigenas-mercurio/. Acesso em: 5 set. 2024.

2. b) O mercúrio sai do garimpo de ouro e é despejado no ambiente, principalmente em rios, onde contamina a cadeia alimentar e, por consequência, os peixes, principal consumo alimentício dos indígenas.

Conteúdo da reportagem

2. c) Os indígenas homens sentem-se fracos e não conseguem caçar como faziam antes; já as mulheres têm abortos constantes; e todos perdem o principal meio de alimentação, os peixes.

1. Após a leitura do texto, suas hipóteses sobre o teor da reportagem foram confirmadas?

2. Você estudou anteriormente a notícia, que tem como objetivo informar o leitor sobre um fato ou acontecimento recente. A reportagem, por sua vez, também é ancorada em um acontecimento, mas procura esmiuçá-lo e aprofundá-lo ao longo do texto.

a) Qual é o principal acontecimento apresentado pela reportagem lida? Em que momento ele é apresentado pela primeira vez?

b) Como ocorre o ciclo de contaminação dos indígenas por esse metal na região?

c) Essa contaminação é cíclica porque envolve o modo de vida dessa população indígena. De que modo a contaminação afeta o cotidiano local?

3. O título da reportagem apresenta um dado estatístico relacionado a três aldeias do Pará: “60% das indígenas estão contaminadas pelo mercúrio”.

3. b) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

a) Em sua opinião, com qual intenção esse dado estatístico é apresentado logo no início do texto?

b) Qual instituição científica foi responsável por oferecer esse dado? Quais foram os métodos de pesquisa utilizados para que ele fosse obtido?

2. a) O principal acontecimento apresentado pela reportagem é a contaminação dos indígenas por mercúrio, fato comprovado por uma pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que aponta que 60% das indígenas de três aldeias do Pará estão contaminadas pelo mercúrio. Esse fato é apresentado logo no título.

3. a) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

4. c) O subtítulo “Altos níveis de contaminação” explica como foi realizada a pesquisa sobre a contaminação dos indígenas que chegou ao resultado de 60% das indígenas contaminadas pelo mercúrio. O subtítulo “Mulheres, crianças e jovens ainda mais vulneráveis” faz um recorte de gênero e idade desses 60%, para comprovar que mulheres e crianças são mais afetadas pela contaminação. O subtítulo “O elo entre a fome e o mercúrio” explica como a contaminação chegou a esse nível: pela ingestão de peixes, principal fonte de proteína dos indígenas.

c) Ao longo da reportagem, a porcentagem apresentada é explicada. Em sua opinião, qual é a importância dessa explicação no texto lido? Em sua resposta, cite o trecho no qual essa explicação aparece.

d) A ssim como acontece na notícia, na reportagem também aparece uma frase ou um período, sem ponto final, logo após o título: a linha fina. Na reportagem lida, de que maneira a linha fina complementa o sentido do título e apresenta uma nova informação?

3. c) Espera-se que os estudantes percebam que essa informação confere ainda mais credibilidade à pesquisa. O trecho no qual a explicação aparece é: “Os níveis de mercúrio acima de limites seguros foram detectados em seis de cada dez participantes, ou seja, 60%”.

Composição e contexto da reportagem

4. O texto que você leu foi retirado de um portal jornalístico digital, o Gênero e Número. Além do título e da linha fina, a reportagem – veiculada em conteúdos on-line ou impressos – costuma apresentar subtítulos. Retome o quadro que, logo no início, apresenta os subtítulos do trecho.

a) Qual é a disposição desse quadro no texto? Considerando que a reportagem é apresentada em ambiente digital, levante hipóteses sobre o uso desse quadro e a sua função na leitura.

comentários nas Orientações

b) Anote, no caderno, os subtítulos da reportagem apresentados no trecho lido e, em seguida, escreva um pequeno resumo das informações apresentadas em cada um.

c) De que maneira o conteúdo presente em cada subtítulo se relaciona ao principal acontecimento apresentado pela reportagem?

d) Qual função os subtítulos exercem no texto?

ENTRE GÊNEROS

4. a) O quadro está disposto logo no início da reportagem, ao lado direito do título, da linha fina e do início do texto. Espera-se que os estudantes percebam que, além de apresentar ao leitor, logo no início, quais são os principais grupos temáticos a serem abordados na reportagem, o quadro serve como uma espécie de “cardápio de conteúdos”, já que cada subtítulo é clicável e leva o leitor diretamente ao trecho correspondente. Dessa maneira, o leitor pode escolher apenas os conteúdos sobre os quais deseja saber ou mesmo alterar a ordem da leitura. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

No campo jornalístico-midiático, existem dois gêneros textuais que, desde a sua origem, se relacionam e, talvez por isso, pareçam indissociáveis: a notícia e a reportagem . Enquanto a notícia nasce da necessidade de comunicar um acontecimento recente que, de acordo com os meios de comunicação, merece ser conhecido pelo público leitor, a reportagem é criada com base na necessidade de expandir e aprofundar as informações acerca de um fato recente ou não.

4. d) A função de organizar as informações em grupos temáticos relacionados ao fato principal. Na reportagem, os subtítulos funcionam como organizadores textuais que, muitas vezes, mostram a progressão do aprofundamento de um fato.

5. Nos últimos anos, tem crescido um movimento a favor de um importante recurso de acessibilidade e autonomia para pessoas com deficiência visual: a descrição textual de imagens por meio do chamado texto alternativo. Quando essa descrição é feita em textos on-line, o dispositivo eletrônico pode fazer a leitura em voz alta; assim, a apreciação de imagens se torna possível também para cegos. Esse é um passo muito importante para a promoção de uma cultura digital mais inclusiva. No entanto, para utilizá-lo, deve-se seguir alguns padrões e orientações estabelecidos. Leia-os a seguir.

• A imagem descrita deve ser relevante, e não apenas decorativa.

• A interpretação da imagem deve ser reservada ao usuário, ou seja, o uso de expressões que remetam a algum julgamento da imagem deve ser evitado.

• A estrutura hierárquica das informações deve ser respeitada. Por isso, é imprescindível informar em quais margens estão cada elemento, o lado em que se encontram pessoas ou objetos ou quantas barras tem um gráfico, por exemplo.

3. d) A linha fina da reportagem explica como se deu a contaminação de 60% das indígenas: por meio dos peixes, que é o principal alimento das comunidades indígenas. Além disso, apresenta uma nova informação: a contaminação do mercúrio também chega ao ar. Essas duas informações são ampliadas no texto da reportagem.

5. b) Sim, pois ela complementa visualmente o relato trazido no texto verbal da reportagem. Primeiramente, ela apresenta ao leitor a imagem de uma das pessoas entrevistadas, mencionada logo no primeiro parágrafo do texto: Aldira Akai. Depois, por apresentar a imagem do exame com o diagnóstico de contaminação por mercúrio, que também é o foco do início do texto.

a) A reportagem que você leu não apresenta recurso de descrição de imagens para pessoas com deficiência visual. Comente com a turma a sua opinião sobre essa decisão editorial. Quais são os possíveis impactos dessa ausência para leitores com deficiência visual?

b) O bserve novamente a fotografia que acompanha o trecho de reportagem lido e responda: ela pode ser considerada relevante para a reportagem? Se sim, de que maneira ela acrescenta ou complementa a informação do texto?

5. c) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

c) Respeitando as orientações listadas no quadro da questão 5, escreva, no caderno, um texto alternativo para a fotografia apresentada no item b. Para ajudar nessa tarefa, observe, a seguir, um exemplo de descrição textual de imagem retirado das redes sociais do jornal Folha de S.Paulo. Nesse jornal, a descrição é sempre antecedida da hashtag #PraTodosVerem.

5. a) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

FOLHA DE S.PAULO. Planeta em transe. [São Paulo], 14 mar. 2024. Instagram: folhadespaulo. Disponível em: www.instagram.com/p/C4d9TzSMFen/?utm_source=ig_web_copy_link&igsh=MzRlODBiNWFlZA==. Acesso em: 5 set. 2024.

Elementos não verbais na reportagem

Uma das funções dos elementos não verbais presentes em uma reportagem – fotografias, ilustrações, gráficos ou infográficos – é atrair o leitor para a leitura do texto, fazendo com que ele se interesse pela informação apresentada. Não à toa, é para esses elementos que, em geral, os leitores olham primeiro. No entanto, esses elementos devem, de alguma maneira, acrescentar sentidos ao texto verbal.

7. O Título 2 (da notícia do portal da Fiocruz) fala da contaminação do povo munduruku, o que contempla homens, mulheres e crianças. O Título 1 (da reportagem do portal Gênero e Número) faz dois recortes: o de gênero e o de três aldeias; e, ao afirmar que “indígenas estão contaminadas”, foca o acontecimento nas mulheres dessas aldeias abordadas. Portanto, o Título 1 faz o recorte mais específico.

6. A reportagem também apresenta um infográfico, que acrescenta sentido ao texto.

a) Como você viu, o infográfico e outros elementos compostos pela linguagem não verbal têm a função de complementar os sentidos do texto verbal. Na reportagem, como o infográfico complementa o texto?

b) Como o texto verbal é organizado no infográfico?

O texto verbal é organizado pelo O caminho do mercúrio, pelo subtítulo “Mulheres e crianças são mais vulneráveis aos efeitos tóxicos do mercúrio” e por textos explicativos organizados em quadros que apresentam cada etapa do caminho do mercúrio.

c) Qual é a função dos elementos de linguagem não verbal no infográfico? Para responder, considere os recursos apontados a seguir.

Uso de diferentes fontes

Elementos gráficos

Imagens

d) Apenas três cores compõem as ilustrações da reportagem e o infográfico: o verde, o vermelho e o preto. Em sua opinião, no infográfico, o uso da cor vermelha auxilia na criação de sentidos? Por quê? 6. a) Na reportagem lida, o infográfico complementa a reportagem mostrando o caminho que o mercúrio faz do garimpo ilegal até a contaminação de pessoas que ingerem peixes dos rios contaminados. Essa informação poderia ser considerada complexa, mas é facilitada para o leitor ao usar imagens e textos curtos e objetivos.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

O repórter é o profissional do jornalismo responsável por apurar os fatos e colher os depoimentos para, enfim, escrever a reportagem que chegará ao leitor. Embora seja comum que os repórteres frequentem a faculdade de Jornalismo, esse curso superior consegue formar profissionais que atuam em muitas outras funções, por exemplo: editor de mídias sociais, podcaster, checador de fatos ou fact checker, jornalista especializado, correspondente internacional, assessor de imprensa, storyteller, fotojornalista, editor, entre outras.

• Elabore com sua turma um portfólio coletivo de profissões, que pode ser on-line ou físico. Acrescente o trabalho do repórter. Pesquise o mercado de trabalho, a formação, os possíveis cursos e as formas de ingresso. Dessa maneira, poderá conhecer diferentes profissões e se preparar para sua entrada no mundo do trabalho.

7. A seguir, leia novamente o título da reportagem e o título de uma notícia veiculada no portal da Fiocruz sobre o mesmo acontecimento.

Título 1

Em três aldeias do Pará, 60% das indígenas estão contaminadas pelo mercúrio

Título 2

6. d) Resposta pessoal. Uma hipótese que pode ser levantada na análise da imagem é a de que a cor vermelha representa a contaminação por mercúrio. Isso porque ela é apresentada no barco de garimpo, nas águas do rio e no peixe.

Estudo analisa a contaminação por mercúrio entre o povo indígena

munduruku

ESTUDO analisa a contaminação por mercúrio entre o povo indígena munduruku. [Rio de Janeiro]: Fiocruz, 26 nov. 2020. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/estudo-analisa-contaminacao-por -mercurio-entre-o-povo-indigena-munduruku. Acesso em: 5 set. 2024.

• Embora os dois títulos chamem a atenção para um mesmo acontecimento, é possível afirmar que um deles apresenta um recorte mais específico? Por quê?

6. c) Uso de diferentes fontes: o negrito e as fontes maiores são utilizados para dar destaque ao título e ao subtítulo. Elementos gráficos: quadros/boxes são utilizados para descrever cada etapa do caminho do mercúrio. Imagens: as imagens contextualizam cada etapa explicada no texto verbal.

MUNDO do TRABALHO
VICTORIA SACAGAMI

8. b) O nome do portal Gênero e Número utiliza termos comumente relacionados, do ponto de vista gramatical, às flexões de gênero (feminino e masculino) e número (singular e plural) e, do ponto de vista da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, à identidade de gênero e à busca de equidade. A Revista AzMina traz em seu nome a gíria mina, que se refere a mulheres, deixando, assim, marcado o recorte para a cobertura de gênero.

8. A reportagem que você leu foi produzida em conjunto por dois portais jornalísticos: a associação Gênero e Número e a Revista AzMina. A seguir, leia trechos de textos publicados nesses dois portais.

O que fazemos

A Gênero e Número é uma associação que produz e distribui jornalismo orientado por dados e análises sobre questões urgentes de gênero, raça e sexualidade, visando qualificar debates rumo à equidade.

Quem somos

GÊNERO e Número. Gênero e Número, [s l., 2024]. Disponível em: www.generonumero.media/author/admin/. Acesso em: 3 ago. 2024.

A Revista AzMina é um veículo jornalístico focado na cobertura de temas diversos com recorte de gênero. Mas não tratamos mulher como uma categoria universal e consideramos sempre as perspectivas de raça/etnia, classe, orientação sexual e identidade de gênero […].

QUEM somos. Revista AzMina, [s l.], 2023. Disponível em: https://azmina.com.br/revista -azmina/. Acesso em: 5 set. 2024.

8. c) A reportagem foi escrita por duas repórteres: Adriana Amâncio e Anelize Moreira. Além disso, de acordo com a ficha de colaboradores ao final da reportagem, toda a equipe é formada por mulheres.

a) Os dois portais jornalísticos apresentam, em sua missão, um objetivo em comum. Qual é ele?

Produzir um jornalismo com foco em informações sobre gênero e raça/etnia.

b) De que maneira essa missão fica evidente no nome que esses dois portais carregam?

c) De que maneira essa missão está presente na equipe responsável pela produção da reportagem?

d) Além do recorte de gênero estar presente no título da reportagem, em que outros momentos ele pode ser percebido no trecho lido? Cite ao menos um exemplo.

Projeto editorial

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

É o projeto editorial de um veículo jornalístico – seja ele um jornal, uma revista, um blogue ou um portal, por exemplo – que apresenta ao leitor os princípios, as missões e os objetivos que o regem. É ele o responsável por definir e organizar esse veículo de comunicação, deixando claro para o público quais são as estratégias da publicação e o relacionamento com fontes e, para os jornalistas, quais são os posicionamentos que devem definir o foco das publicações.

9. De acordo com Paulo Basta, pesquisador da Fiocruz, a contaminação por mercúrio não atinge apenas os indígenas das três aldeias analisadas, mas representa uma “crise de saúde pública” internacional.

a) E xplique esse depoimento do pesquisador usando as informações contidas na reportagem.

b) De que maneira você se sente afetado pela crise de saúde pública relatada pelo pesquisador? Compartilhe suas impressões com a turma.

Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

8. d) A maioria dos depoimentos é de mulheres; um dos subtítulos da reportagem também reforça esse recorte: “Mulheres, crianças e jovens ainda mais vulneráveis”.

9. a) A crise não atinge só os indígenas, pois a grande carga de mercúrio injetada na Amazônia não fica restrita a esse território; ela circula, porque evapora e vai para as nuvens, podendo, dessa forma, ser distribuída para outras regiões.

10. a) Provavelmente, esse leitor procura notícias e reportagens relacionadas a fatos e questões que envolvem gênero, raça/etnia e busca por equidade. Outro interesse possível desse leitor é pelos textos jornalísticos que apresentam pesquisas científicas relacionadas ao meio ambiente.

9. c) Diversos ministérios e órgãos governamentais estão vinculados à proteção dos indígenas e do meio ambiente; entre eles, o Ministério da Pesca e Aquicultura, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e o Ministério dos Povos Indígenas, ao qual está vinculada a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), órgão criado em 1967 para proteção e defesa desses povos. Entre as ações possíveis, estariam maior fiscalização do garimpo, leis ambientais mais rígidas e reparadoras em relação à exploração de territórios indígenas e fiscalização mais efetiva da aplicação de legislações já

Aldira Akai Munduruku (da aldeia sawré muybu, na região do Tapajós); Gilmara Akay (da mesma comunidade); Deivison Saw Munduruku (marido de Gilmara); Erik Jennings (neurologista e médico da Secretaria Especial de Saúde Indígena); Beka Saw Munduruku (jovem indígena de 20 anos); Paulo Basta (médico e pesquisador da Fiocruz).

11. b) Espera-se que os estudantes notem que, entre os entrevistados, há o grupo de pessoas que sofrem diretamente com a contaminação do mercúrio (os indígenas das três aldeias citadas) e o grupo de especialistas (médicos e pesquisadores que acompanham o caso).

c) Que políticas públicas seriam necessárias para minimizar o problema da contaminação dos indígenas da região por mercúrio? Quem seriam os responsáveis por seu desenvolvimento?

10. Considerando as questões anteriores, procure levantar hipóteses sobre o perfil do leitor da reportagem lida.

a) Qual informação ou conteúdo esse leitor procura?

b) Você considera que tem um perfil de leitor compatível com o portal Gênero e Número e com a Revista AzMina? Compartilhe suas impressões com a turma.

Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

A linguagem do texto

11. Os depoimentos de pessoas entrevistadas são elementos bastante importantes da reportagem.

a) No caderno, liste o nome dos entrevistados mencionados no trecho lido e a maneira como são identificados na reportagem.

b) A lista produzida no item anterior pode ser dividida em dois grupos. Como você classificaria esses dois grupos?

Tanto nos textos literários quanto nos jornalísticos, diversas vozes coexistem para construir os sentidos a serem interpretados pelo leitor. Em reportagens, é comum haver vozes de especialistas e de entrevistados, além da voz do próprio jornalista, que se constrói no encadeamento das demais vozes e tem um propósito informativo. Essa composição de vozes diversas é chamada de polifonia e tem estreita relação com a noção de ponto de vista, já que expõe as diferentes percepções de mundo desses interlocutores, que serão inferidas pelo leitor para a construção de uma interpretação. Apesar de a polifonia enriquecer o texto com diversas vozes, isso não garante a neutralidade. A presença de múltiplas perspectivas ajuda a construir uma visão mais abrangente, mas não elimina a subjetividade do texto. Considerando essa construção, fica evidente que a neutralidade absoluta nos meios de comunicação não existe. Embora, no início do jornalismo, o texto imparcial tenha sido bastante perseguido, atualmente ele é compreendido pelos profissionais do campo jornalístico-midiático como um mito.

É muito importante que textos jornalísticos contem com estudo, apuração e entrevistas com fontes confiáveis, de maneira a oferecer ao leitor fatos e dados verídicos. No entanto, é indiscutível que todo texto divulgado pela imprensa expressa um posicionamento diante dos fatos e dados relatados. Isso acontece porque não é possível separar a visão do enunciador, isto é, o ponto de vista enunciativo, do texto jornalístico. Assim, todo texto, literário ou não, apresenta marcas de subjetividade do autor.

Portanto, a maioria dos veículos de comunicação percebeu que mais importante do que buscar alcançar uma escrita imparcial é assumir a responsabilidade de deixar claro o seu posicionamento e a sua linha editorial. Para se tornar um leitor e produtor de textos jornalísticos crítico e consciente, é necessário estar atento a esses graus de parcialidade dos textos, comparando fontes e projetos editoriais e analisando os recortes de fatos/dados e os efeitos de sentido gerados pelas escolhas feitas.

12. a) A profissão e a especialidade dele (médico neurologista), além do tempo de atuação na área (“atua há mais de três décadas com saúde indígena na região”).

12. Releia, a seguir, um trecho da reportagem que apresenta um dos entrevistados.

Não existe um critério brasileiro para analisar a contaminação por mercúrio, e isso é um desafio, segundo o neurologista Erik Jennings, médico da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), que atua há mais de três décadas com saúde indígena na região.

a) Quais informações do trecho identificam Erik Jennings como especialista no assunto sobre o qual opinou?

b) Com que intenção essas informações relacionadas a Erik Jennings são apresentadas no texto?

DIÁLOGOS

Espera-se que os estudantes considerem que essas informações são apresentadas para conferir maior credibilidade ao depoimento concedido pelo especialista, atribuindo, desse modo, maior confiabilidade à própria reportagem.

Os diversos ângulos da mesma realidade

Como foi mostrado na reportagem “Em três aldeias do Pará, 60% das indígenas estão contaminadas pelo mercúrio”, a prática do garimpo que contamina rios e cria uma crise ambiental é ilegal. Mas será que existe a possibilidade de explorar os minérios de maneira sustentável? Leia, a seguir, o trecho de uma notícia de divulgação científica que aborda essa questão.

Os caminhos para a sustentabilidade no garimpo de ouro na Amazônia

Carlos Henrique Xavier Araújo realizou pesquisa na qual aborda a mineração sustentável e a valorização das comunidades que vivem do garimpo

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Apuração da reportagem

Para produzir uma reportagem, o jornalista pesquisa dados, vai a campo conhecer a realidade e entrevista pessoas envolvidas com o acontecimento.

Essa etapa é conhecida como apuração da reportagem e permite que o repórter ofereça aos leitores informações e fatos de interesse público com o aprofundamento que o gênero textual exige. Os depoimentos dos entrevistados costumam aparecer entre aspas e sem reformulação feita pelo repórter, sendo permitido fazer apenas a adequação à linguagem formal, característica dos textos jornalísticos.

Para que o aprofundamento exigido na reportagem aconteça, é importante que diversos pontos de vista sobre um acontecimento e os diferentes ângulos de uma realidade sejam apresentados, contribuindo-se, assim, para que o leitor construa uma opinião própria sobre o que foi relatado.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

■ Entender a situação dos pequenos garimpeiros visa a encontrar soluções para o futuro, não só para o presente – Foto: Agência Brasil

Não. A reportagem publicada pelo portal Gênero e Número ancora-se em uma pesquisa científica com o objetivo de denunciar uma situação. Já a notícia veiculada no portal do Jornal da USP tem o objetivo de divulgar os resultados de uma pesquisa científica, levando informações acerca dela para o público geral ou leigo.

A exploração do ouro, minério com grande demanda no Brasil, pode ser feita de maneira sustentável, por meio de transformações que começam desde a atividade garimpeira. É o que explica Carlos Henrique Xavier Araújo, doutor em Ciências do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mineral do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo e engenheiro de Minas pela Escola Politécnica da USP, a partir de sua tese de doutorado Análise dos desafios sociais e técnicos para transformações voltadas à sustentabilidade no garimpo de ouro na Amazônia Brasileira .

Por dentro da pesquisa

A principal motivação da pesquisa é buscar respostas e oportunidades de transformação, mudando a imagem que se tem da atividade garimpeira: ‘O garimpo de ouro não deve ser tratado apenas como um problema, porque envolve milhares de pessoas que dependem dessa atividade e é feita de forma legal diante dos órgãos competentes, com licenças ambientais’, explica Araújo.

A pesquisa de campo explorou dois lugares: o primeiro foi a região de Lourenço, em Calçoene, no Amapá, que é centenária na extração de ouro, tem uma cooperativa de garimpeiros, e que aborda a importância do cooperativismo nessa região, e a segunda rota foi de Sinop, no Mato Grosso, até Santarém, no Pará, onde se observou a relação da estrada e do garimpo de ouro.

Desenvolvimento local

Entender a situação dos pequenos garimpeiros visa a encontrar soluções para o futuro, não só para o presente. ‘Não é apenas ter o direito minerário para trabalhar legalmente, mas também enfatizar a melhora das condições de trabalho das pessoas e também uma capacitação contínua, porque o cooperativismo pode ser esse vetor de transformação’, diz Araújo.

JORNAL DA USP NO AR. Os caminhos para a sustentabilidade no garimpo de ouro na Amazônia. Jornal da USP, [São Paulo], 20 abr. 2023. Disponível em: https://jornal.usp.br/radio-usp/jornal-da-usp-no-ar-2/jornal -da-usp-no-ar/os-caminhos-para-a-sustentabilidade-no-garimpo-de-ouro-na-amazonia/. Acesso em: 5 set. 2024.

1. Assim como a reportagem “Em três aldeias do Pará, 60% das indígenas estão contaminadas pelo mercúrio”, a notícia lida ancora-se em uma pesquisa científica. Embora os dois textos jornalísticos se baseiem em pesquisas, é possível afirmar que têm o mesmo objetivo? Por quê?

2. As informações apresentadas na notícia ancoram-se na tese de Carlos Henrique Xavier Araújo, doutor em Ciências.

a) De acordo com o especialista, o garimpo de ouro não deve ser tratado apenas como um problema. Quais argumentos ele utiliza para sustentar essa ideia?

2. a) De acordo com o especialista, o garimpo de ouro não deve ser tratado apenas como um problema porque envolve milhares de pessoas que dependem dessa atividade e é feito de forma legal diante dos órgãos competentes, com licenças ambientais. Os pequenos garimpeiros.

b) O pesquisador apresenta ao leitor outra faceta da realidade do garimpo do ouro, que não é retratada na reportagem do portal Gênero e Número. Quem são essas outras pessoas afetadas por essa realidade?

3. Na tese citada na notícia, o pesquisador apresenta um mapa com diferentes termos utilizados para designar a pessoa que atua no segmento de mineração artesanal e em pequena escala (Mape) de acordo com o país em que essa atividade ocorre. Observe o mapa a seguir.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

Conceituação dos trabalhadores da Mape na América Central e Latina

ESTADOS UNIDOS

Trópico de Câncer

Equador

Trópico de Capricórnio

MÉXICO

EL SALVADOR GUATEMALA

NICARÁGUA

CUBA

JAMAICA

HONDURAS

COSTA RICA

REPÚBLICA

PORTO RICO

VENEZUELA

OCEANO PACÍFICO

Brasil - garimpeiros

Chile e Argentina - pirquineros

Colômbia - barequeros

Costa Rica - coligalleros

México - gambusinos

Nicarágua - güiriseros

No Sul do Peru - chichiqueros

Rep. Dominicana - lavaderos de oro

Suriname e Guiana - porknockers

Fronteira internacional

Fonte: ARAUJO, Carlos Henrique Xavier. Análise dos desafios sociais e técnicos para transformações voltadas à sustentabilidade no garimpo de ouro na Amazônia brasileira. Tese de Doutorado (Engenharia Mineral) – Universidade de São Paulo, 2023. p. 29. Disponível em: www.teses.usp. br/teses/disponiveis/3/3134/tde-18102023-095323/publico/CarlosHenriqueXavierAraujoTeseCorr23.pdf. Acesso em: 9 set. 2024.

a) Analise as afirmações a seguir e copie, no caderno, a correta.

I. O mapa revela que a atividade de mineração artesanal e em pequena escala (Mape) ocorre em diversos países da América Central e Latina, mas evidencia que há apenas uma denominação correta que pode ser aplicada aos trabalhadores.

II. O mapa evidencia uma variedade de denominações atribuídas aos trabalhadores da Mape na América Central e Latina de acordo com os países em que a atividade de mineração artesanal e em pequena escala ocorre.

A afirmação correta é a II.

b) Além do Brasil, a pesquisa poderia considerar a atividade de mineração artesanal e em pequena escala de que outros países de acordo com o mapa?

Notícia de divulgação científica

A notícia de divulgação científica é um gênero textual que transita entre o campo jornalístico-midiático e o campo das práticas de estudo e pesquisa. O objetivo é apresentar informações relacionadas a descobertas ou análises de pesquisas científicas de diversas áreas utilizando uma linguagem mais acessível. Enquanto os gêneros textuais do campo das práticas de estudo e pesquisa costumam circular mais entre os pesquisadores e especialistas, os textos jornalísticos de divulgação científica têm como alvo o público geral, não especialista, que se interessa por saber mais sobre tais temas.

3. b) Além do Brasil, a atividade de mineração artesanal e em pequena escala ocorre em diversos outros países na América do Sul e Central, como: Peru, Chile, Argentina, Colômbia, Costa Rica, México, Nicarágua, Suriname, Guiana Francesa e República Dominicana.

OCEANO ATLÂNTICO
SONIA VAZ

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolva nos estudantes o aprofundamento das “análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas”. Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social.

Se você optar por compartilhar algum desses textos, considere as seguintes orientações.

• P esquise outras reportagens sobre a prática do garimpo ilegal e suas consequências.

• Pesquise outros textos do campo jornalístico-midiático ou do campo das práticas de estudo e pesquisa que abordem a questão do garimpo ilegal e as discussões acerca de uma prática garimpeira sustentável.

• Procure diversificar as fontes jornalísticas, buscando o conteúdo em veículos que apresentem diferentes visões em seus projetos editoriais.

4. Tanto na reprodução da notícia quanto na reportagem que você leu no início desta seção, ícones de links para as redes sociais são apresentados. Veja a seguir os ícones apresentados no portal Gênero e Número.

4. b) Respostas pessoais. As redes listadas são: Facebook, Instagram, X (antigo Twitter) e WhatsApp.

a) Com qual objetivo o Jornal da USP e o portal Gênero e Número oferecem esses recursos?

b) Converse com a turma: você conhece todas as redes sociais listadas acima? Costuma compartilhar conteúdos jornalísticos em alguma delas?

c) Por meio da leitura dos dois textos jornalísticos apresentados nesta seção, você teve acesso a visões diferentes sobre a prática garimpeira. Imagine que você é um leitor que deseja compartilhar um desses textos. Em qual rede social você compartilharia? E qual texto seria escolhido por você? Explique as suas decisões.

d) Agora, pense no texto que escreveria para acompanhar o conteúdo compartilhado, a fim de despertar interesse no leitor e apresentar uma opinião embasada sobre o conteúdo. Antes de formular a sua opinião, consulte outras fontes de informação. Em seguida, redija o texto no caderno. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

REFLETIR E ARGUMENTAR

4. a) Com o objetivo de facilitar, para o leitor, o compartilhamento da notícia ou da reportagem nas redes sociais, ampliando o alcance dos conteúdos publicados.

Leia, a seguir, um trecho do livro A arte de tecer o presente: narrativa e cotidiano, no qual a jornalista, professora e pesquisadora Cremilda Medina procura estudar os caminhos do jornalismo no Brasil, e responda oralmente às questões a seguir.

O jornalismo, na comunicação social, faz da narrativa da atualidade a sua matéria-prima. O que não quer dizer que o cotidiano seja privilegiado como seria desejável. […]

Há uma demanda reprimida pela democratização das vozes que se fazem representar na mídia. Torna-se necessário mergulhar no protagonismo anônimo. Da objetividade esquemática e burocrática de uma notícia à complexa e surpreendente subjetividade dos que vivem aqueles acontecimentos.

MEDINA, Cremilda. Tesouros do cotidiano. In: MEDINA, Cremilda. A arte de tecer o presente: narrativa e cotidiano. São Paulo: Summus Editorial, 2003. p. 92-93.

• Em sua opinião, a reportagem “Em três aldeias do Pará, 60% das indígenas estão contaminadas pelo mercúrio” apresenta uma democratização de vozes? Comente suas impressões com a turma.

Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

• Em sua opinião, seria relevante a reportagem também trazer o depoimento dos pequenos garimpeiros, de certa maneira também afetados pela realidade denunciada? Por quê?

Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

• De que forma o equilíbrio entre a objetividade esquemática e a subjetividade dos envolvidos nos acontecimentos pode enriquecer um texto de reportagem? Como alcançar esse equilíbrio?

Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

4. c) Respostas pessoais.

1. a) O tema abordado ao longo de todo o texto é a contaminação do povo sawré muybu por mercúrio.

ESTUDO DA LÍNGUA

1. b) O texto é formal, pois não existem nele marcas de oralidade, e ele está adequado à norma-padrão da língua.

1. d) A intencionalidade é informar a população geral sobre um problema ambiental e social.

Fatores linguísticos e a construção de sentidos

A construção de sentidos em um texto depende de fatores linguísticos, relacionados às escolhas lexicais, e não linguísticos, relacionados ao contexto de produção do texto. Com base em análises das narrativas literárias lidas e de textos do campo jornalístico-midiático, será possível compreender como ocorrem relações de sentido linguísticas, ou seja, como se constroem a coerência e a coesão nos textos. A análise da morfologia será o foco desde este capítulo até o final deste volume, com o objetivo de compreender e refletir sobre a aplicabilidade das classes gramaticais no texto. Além disso, terá vez, neste capítulo, o estudo das figuras de sintaxe: anacoluto, anáfora, elipse, hipérbato, polissíndeto e pleonasmo.

Coerência

1. f) A trajetória lógica é: primeiro, apresentar a realidade da contaminação para os indígenas; segundo, mostrar os resultados do estudo feito pela Fiocruz; depois, apresentar a metodologia do estudo e outros dados informativos sobre a contaminação por mercúrio; em seguida, ampliar as informações sobre as consequências da contaminação para o povo sawré muybu; por fim, relacionar essa contaminação com o cenário da fome na região. Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Na elaboração ou na leitura de um texto, a coerência assume um papel fundamental na construção lógica do texto, ao lado da coesão, que estabelece as ligações entre as partes do texto. Nesta seção, o foco será a coerência, mas será possível também relembrar alguns recursos coesivos que ajudam a construí-la. Analise os contextos a seguir.

1. Releia todo o trecho da reportagem “Em três aldeias do Pará, 60% das indígenas estão contaminadas pelo mercúrio”.

• O encadeamento lógico das ideias no texto pode ser garantido por diversos tipos de coerência. Leia o quadro a seguir, com a descrição dos tipos de coerência e, em seu caderno, responda às questões propostas.

Tipo de encadeamento

Coerência temática

Coerência estilística

Coerência sintática

Coerência pragmática

Coerência de gênero

Coerência semântica

1. e) Entre suas características estruturais estão: título, linha fina, conteúdo aprofundado e com investigação implícita, imagens para diálogo com o texto escrito, depoimentos de entrevistados e polifonia.

Descrição

O texto deve conter, em toda a sua extensão, informações relevantes para o tema, bem como manter a temática ou derivações dela.

O texto deve apresentar, do início ao fim, recursos linguísticos que garantam o grau de formalidade adequado ao contexto e ao gênero.

As estruturas linguísticas da oração empregadas no texto bem como os conectivos, que ligam suas partes, devem expressar o sentido desejado.

O texto deve ser produzido de acordo com o contexto de produção e a intencionalidade comunicativa, seja ela ordenar, argumentar ou listar, por exemplo.

O texto deve apresentar estruturação, conteúdo e recursos linguísticos adequados ao gênero ao qual pertence.

O texto deve apresentar encadeamento lógico das ideias; não deve apresentar informações contraditórias, tanto entre as partes quanto no todo textual.

Questão

a) Qual tema é responsável pela coerência temática no texto?

b) O texto é formal ou informal? Que recursos linguísticos comprovam essa escolha?

c) Extraia do texto elementos que comprovem estruturação sintática adequada.

d) Qual é a intencionalidade do texto lido?

e) Sintetize as características estruturais e os recursos linguísticos que compõem o gênero reportagem.

f) Qual é a trajetória lógica planejada para o texto?

1. c) Diversos trechos podem ser extraídos; como sugestão, analise com os estudantes a estrutura do início do segundo parágrafo: “O teste de Gilmara Akay, da mesma comunidade, teve a cor laranja, que significa nível médio de contaminação”. Mostre aos estudantes que a jornalista optou pela ordem direta (sujeito verbo objeto) e que intercalou uma informação entre vírgulas, “da mesma comunidade”, além de conjugar adequadamente os verbos e realizar as concordâncias nominais e verbais.

2. a) As expressões testes da Fiocruz e O estudo se relacionam por hiponímia, ou seja, a primeira expressão é mais específica e tem relação de sentido com a segunda, mais genérica, possibilitando que o leitor retome a primeira. A expressão níveis de mercúrio acima de limites seguros é complementada por altos níveis de contaminação, o que implica que por mercúrio esteja implícito (elipse). As expressões seis de cada dez participantes e 60% são o mesmo dado, colocados de modo diverso para ampliar a informatividade. A expressão com 200 habitantes de três aldeias retoma o contexto de indígenas, citado anteriormente, e o quantifica.

2. Agora, releia este trecho da reportagem do portal Gênero e Número e observe os grifos coloridos.

O resultado dos testes da Fiocruz às comunidades testadas veio em agosto de 2022. Os níveis de mercúrio acima de limites seguros foram detectados em seis de cada dez participantes , ou seja, 60% . Nas comunidades às margens dos rios mais afetados pelas atividades garimpeiras, sobe para nove em cada dez participantes os que apresentaram altos níveis de contaminação. O estudo ocorreu por demanda dos indígenas , entre outubro e novembro de 2019, com 200 habitantes de três aldeias impactadas pelo garimpo: Sawré Muybu, Poxo Muybu e Sawré Aboy, nas regiões do médio e baixo Tapajós, no Pará.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

a) A s expressões destacadas com cores apresentam relação temática entre si. Identifique essas relações e descreva de que modo isso ocorre.

b) Analise as afirmações a seguir e copie, no caderno, a correta.

I. No trecho “foram detectados em seis de cada dez participantes, ou seja, 60%”, percebe-se a ausência do complemento “dos participantes” após “60%”, recurso de coesão chamado elipse (omissão) para evitar a repetição desse complemento.

II. No trecho “apresentaram altos índices de contaminação”, seria mais adequada a complementação com o adjunto por mercúrio, pois a remissão a esse termo garantiria maior coesão.

A afirmação correta é a I.

Coerência

A coerência é construída, portanto, com base em um trabalho interpretativo, tanto do produtor do texto quanto do leitor, dos conectivos textuais e de informações contextuais inferidas do gênero do texto e de sua situação de produção. Trata-se de uma busca lógica por essas relações.

Substantivos: sintagmas nominais

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

A Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB) categoriza as palavras da língua portuguesa em dez classes: pronomes, verbos, substantivos, artigos, adjetivos, advérbios, conjunções, preposições, interjeições e numerais. Cada uma dessas classes de palavras tem um conjunto de características morfológicas e funcionais específicas. O foco das próximas análises desta seção será os substantivos.

3. Releia este excerto do trecho de Macunaíma, lido na seção Estudo Literário.

3. b) Nomear coisas e seres. O efeito de sentido no parágrafo é de compor um cenário descritivo de seres e coisas.

A inteligência do herói estava muito perturbada. Acordou com os berros da bicharia lá embaixo nas ruas, disparando entre as malocas temíveis. E aquele diacho de sagui-açu que o carregara pro alto do tapiri tamanho em que dormira Quê mundo de bichos! quê despropósito de papões roncando, mauaris juruparis sacis e boitatás nos atalhos nas socavas nas cordas dos morros furados por grotões donde gentama saía muito branquinha branquíssima, de certo a filharada da mandioca!

a) Identifique alguns substantivos no trecho.

São substantivos no texto: inteligência, herói, berros, bicharia, ruas, malocas, sagui-açu, tapiri, mundo, bichos, despropósito, papões, mauaris, juruparis, sacis, boitatás, atalhos, socavas, cordas, morros, grotões, gentama, filharada, mandioca.

b) Que função eles têm em comum no texto? E que efeitos de sentido conferem ao parágrafo?

c) De acordo com seus conhecimentos, que tipos de substantivo são esses? São substantivos comuns.

Substantivos

Classe de palavras que nomeia seres e objetos, reais ou imaginários, e sentimentos.

Os substantivos podem ser simples ou compostos, primitivos ou derivados, próprios ou comuns, concretos ou abstratos. Essa classificação depende da forma como se referem ao mundo, de maneira mais objetiva ou mais subjetiva.

No nível sintático de análise, os substantivos assumem diversas funções, a depender de seu posicionamento na oração. No nível oracional, o substantivo compõe uma unidade de sentido chamada sintagma nominal, na qual ele é o núcleo.

Sintagmas são unidades mínimas de sentido, que estabelecem entre si uma relação de determinação com um núcleo em uma sequência oracional. Esse núcleo pode ser um nome, uma ação ou uma preposição. O sintagma opera, portanto, no nível sintático.

Quando nomes – os substantivos – assumem o núcleo de uma dessas unidades, ela se denomina sintagma nominal.

Por exemplo: Os pesquisadores realizaram entrevistas […].

Sintagma nominal (Os – determinante; pesquisadores – substantivo)

Nominalização

No uso da língua, as classes gramaticais não são fixas e, por vezes, palavras categorizadas em uma determinada classe gramatical assumem outras funções. É o caso do fenômeno da nominalização, também conhecido como substantivação. Analise o contexto a seguir para compreendê-lo.

4. Releia estes trechos de Macunaíma

I. A inteligência do herói estava muito perturbada.

II. Há empate.

Agora, copie, no caderno, a afirmação correta sobre eles.

a) No Trecho I, inteligência é um substantivo derivado, porque deriva de inteligente.

b) No Trecho II, empate é empregado como verbo – empatar – na primeira pessoa do tempo presente do modo indicativo.

c) Em ambos os trechos, os substantivos se originam de verbos – inteligir e empatar –, configurando-se como exemplos de nominalização.

d) No Trecho I, há substantivação do adjetivo inteligente, enquanto no Trecho II há substantivação do verbo empatar. A afirmação correta é a d

Nominalização

Ocorre nominalização quando outras classes de palavras são transformadas em substantivos, com diversos objetivos, como evitar repetições, tornar narrativas mais precisas ou modificar os efeitos de sentido das classes gramaticais a que seus termos referentes pertenciam.

Para exemplificar os efeitos de sentido de nominalizações, é preciso analisar cada caso. Por exemplo, em Há empate, a composição do substantivo empate com o verbo haver confere mais significado na existência de algo, o empate, mas não na ação de empatar em si. Nesse caso, o exemplo apresenta a nominalização de um verbo, mas outras classes de palavras podem ser transformadas em substantivos.

Figuras de sintaxe

Nas figuras de sintaxe – também conhecidas como figuras de construção, porque operam no nível estrutural da oração, a partir de organizações não esperadas de palavras e orações –, podem ocorrer omissões, repetições e inversões, com o objetivo de criar determinados efeitos de sentido para aquilo que se deseja expressar. Analise os contextos a seguir para compreendê-las.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

5. Releia o trecho inicial de “Piaimã”, capítulo de Macunaíma, apresentado em Estudo Literário, e faça o que se pede.

A inteligência do herói estava muito perturbada. Acordou com os berros da bicharia lá embaixo nas ruas, disparando entre as malocas temíveis. E aquele diacho de sagui-açu que o carregara pro alto do tapiri tamanho em que dormira... Quê mundo de bichos! quê despropósito de papões roncando, mauaris juruparis sacis e boitatás nos atalhos nas socavas nas cordas dos morros furados por grotões donde gentama saía muito branquinha branquíssima, de certo a filharada da mandioca!

• Copie no caderno a(s) afirmação(ões) correta(s) sobre o trecho.

I. As repetições do pronome relativo que, no trecho, são despropósitos decorrentes da “inteligência do herói que estava muito perturbada”, tal como afirmado no primeiro período do trecho.

II. A forma verbal acordou guarda em sua desinência o pronome ele, que está elíptico, ou seja, omitido do trecho, porém inferido do contexto.

III. Há, no trecho, uma repetição intencional do pronome relativo que, para destacar um julgamento de valor da voz narrativa, sobre excesso de bichos no mundo, algo que considera desproposital. Estão corretas as afirmações II e III.

Anáfora

Quando há repetição recorrente e de modo intencional no início de uma frase ou oração, para enfatizar uma ideia, ocorre a anáfora . Como no trecho da obra Macunaíma lido anteriormente, em que há a repetição do que

6. Agora, releia estes dois trechos, respectivamente, de “Piaimã” e do mito “Como saíram para a superfície da terra” e responda às questões a seguir.

Trecho 1

O herói aprendendo calado. De vez em quando estremecia. Voltava a ficar imóvel escutando assuntando maquinando numa cisma assombrada.

Trecho 2

O terceiro a sair para a superfície foi o Pira-tapuyo. O quarto foi o Siriano. O quinto foi o Baniwa. Este saiu com arco e flecha e logo retesou o arco para experimentá-lo.

a) No Trecho 1, há a omissão de parte de uma locução verbal, que é possível recuperar pelo contexto. Indique-a.

O herói [estava] aprendendo calado.

b) As formas verbais estremecia e voltava retomam também um referente omitido no período, mas que já foi citado anteriormente. Qual é esse referente?

O herói

c) No Trecho 2, o período “O quarto foi o Siriano” consta com a omissão de um termo que pode ser recuperado por ter sido apresentado anteriormente. Indique-o.

A sair.

d) Agora, analise os itens a seguir e copie no caderno a(s) afirmação(ções) correta(s) sobre o efeito de sentido dessas omissões no texto.

I. As omissões evitam a repetição de seus termos referentes, porque o efeito de sentido desejado não é de ênfase a eles, mas às ações que realizam.

II. No Trecho 1, a omissão de parte da locução verbal só é identificável pelo contexto, enquanto a do referente de estremecia e voltava pode ser recuperada a partir da desinência do verbo, além de já ter sido mencionada anteriormente no trecho, dando ênfase às ações dessas formas verbais.

III. No Trecho 2, o termo omitido tem como efeito de sentido deixar a ação implícita e focar nas personagens.

Todas as afirmações estão corretas.

7. Releia este trecho da reportagem apresentada na seção Estudo do Gênero Textual.

Em três aldeias do Pará, 60% das indígenas estão contaminadas pelo mercúrio

Um pedaço de papel com o diagnóstico de contaminação por mercúrio começa a explicar os sintomas que chegaram de repente, ‘Quando recebi o resultado do exame vi que estava muito alterado [o nível de mercúrio]: deu vermelho […]’.

a) No trecho da reportagem, há uma informação entre colchetes. O que esse sinal representa no trecho?

O colchete recupera, na voz do jornalista, uma informação que foi omitida pelo entrevistado e que não seria facilmente depreendida do contexto.

b) Pode-se dizer que se não houvesse esse colchete, o sentido não seria o mesmo. Explique essa afirmação.

Ainda que no título da reportagem e ao longo dela haja menção clara à questão da contaminação por mercúrio, na fala do entrevistado, o referente poderia não estar claro, gerando dúvida no leitor sobre o que estaria alterado no resultado do exame, já que, em um contexto de exame, podem ser apresentadas muitas alterações.

Elipse e zeugma

Ocorre elipse quando um termo é omitido de um texto, mas é possível depreendê-lo do contexto. Zeugma é uma forma de elipse em que a omissão do termo ocorre para evitar a repetição; sendo assim, o termo de referência foi anteriormente citado e, portanto, pode ser facilmente recuperado.

Os efeitos de sentido de elipses e zeugmas dependem do contexto em que foram empregados. Geralmente, as omissões tiram o foco do termo excluído, levando a atenção do leitor para outros itens relacionados a ele. Há também a possibilidade de omitir um termo para causar ambiguidade de interpretação, geralmente usada para produzir efeitos de humor ou gerar dúvida no leitor.

8. Leia o trecho do livro Macunaíma que apresenta o herói ao leitor.

No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói da nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma. Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Si o incitavam a falar exclamava:

– Ai! que preguiça!…

e não dizia mais nada. Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba, espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha, Maanape já velhinho e Jiguê na força do homem. O divertimento dele era decepar cabeça de saúva. Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro, Macunaíma dandava pra ganhar vintém.

ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. São Paulo: Ubu Editora, 2017. E-book

8. a) Macunaíma é preguiçoso, até para falar, é dorminhoco e até com certos rompantes de crueldade (brincava de decepar cabeça de saúva), mas estava sempre pronto quando falava-se em vintém.

Pleonasmo

a) Com base no trecho lido, descreva a personalidade de Macunaíma.

b) Ai, na língua tupinambá, quer dizer “preguiça”. Considerando que a construção “Ai, que preguiça!”, foi intencional do autor uma vez que é repetida pelo personagem muitas vezes ao longo da obra, explique o efeito de sentido que ela gera no texto.

É o uso de uma palavra com sentido semelhante ao de outra palavra usada na mesma expressão, com o objetivo de enfatizar uma ideia. O pleonasmo está muito presente em diversos gêneros do campo artístico-literário como recurso de ênfase, por exemplo, na expressão utilizada em Macunaíma : “Ai, que preguiça!”, que, na tradução literal, seria “ Preguiça , que preguiça!”

No entanto, em contextos não literários, é preciso ter atenção a essas repetições, para que não se configurem como um vício de linguagem. É o que ocorre nos exemplos: subir para cima (subir, em si, já é uma ação para cima; assim, essa expressão não precisa ser repetida), elo de ligação (um elo, em si, já liga duas coisas; portanto, adicionar de ligação torna a expressão pleonástica), entre outros exemplos.

9. Agora, releia esse trecho do mito “Como saíram para a superfície da terra” e responda à questão a seguir.

Percebe-se um reforço de uma característica no interior da expressão e também na recorrência de uso da expressão pelo personagem. O efeito de sentido no texto é de ênfase na preguiça do personagem, mas que fica implícito por ser necessário o conhecimento de que se trata de uma expressão da língua tupinambá que significa “preguiça” acrescida do mesmo termo em português.

Anacoluto

Daí chegaram à 56a maloca, que se chama Diáperago bewi’i. Essa maloca está na grande Cachoeira de Ipanoré. Aí, pisaram na terra pela primeira vez, porque antes eles vinham debaixo da água com a Canoa de Transformação.

• Ao longo do trecho narrado, há uma quebra na sequência sintática, que muda o sentido da narrativa e o referente. Identifique em que trecho isso ocorre e explique a mudança de sentido.

9. Ocorre entre o segundo e o terceiro período. No segundo, a narrativa tem a maloca como referente e, abruptamente, no terceiro, o referente passa a ser as pessoas que chegaram ao local e pisaram na terra pela primeira vez. Muda-se, portanto, o assunto, sem necessariamente precisar fazer uma passagem sintática a fim de apresentar e organizar novos elementos.

Essa figura de sintaxe ocorre quando há uma mudança inesperada na construção sintática que vinha sendo apresentada, como se ocorresse uma quebra lógica nessa construção.

10. Considerando que a ordem direta das orações contempla a sequência sujeito verbo objeto, compare, a seguir, a construção dos dois trechos da reportagem do portal Gênero e Número e assinale as afirmações corretas sobre eles.

Nas comunidades às margens dos rios mais afetados pelas atividades garimpeiras, sobe para nove em cada dez participantes os que apresentaram altos níveis de contaminação.

Com isso, mulheres indígenas sofrem na gestação, no parto e depois ficam com uma demanda de cuidado mais alta. Ao envelhecerem, podem apresentar alto teor de contaminação por acúmulo de substância no organismo ao longo da vida.

Trecho 1
Trecho 2

10. Está correta a alternativa a.

a) Nos trechos 1 e 2, há uma ordenação inversa das orações, com o objetivo de destacar, respectivamente, as comunidades afetadas pelas atividades garimpeiras e o processo de envelhecimento das mulheres com acúmulo de mercúrio no organismo.

b) No Trecho 1, há uma ordenação inversa das orações, com o objetivo de destacar as comunidades afetadas pelas atividades garimpeiras; e, no Trecho 2, a inversão ocorre no primeiro período, para destacar o sofrimento das mulheres indígenas.

c) No Trecho 1, não há inversão na ordenação direta das orações, porque o sujeito de afetados é “comunidades às margens dos rios”, seguindo-se dos complementos; e, no Trecho 2, a inversão ocorre para destacar o processo de envelhecimento das mulheres com acúmulo de mercúrio no organismo.

Hipérbato

São as modificações na ordem direta das orações (sujeito -> verbo -> objeto) que têm por objetivo topicalizar algum item a fim de destacá-lo. Seu uso é bastante comum em textos poéticos, sobretudo poemas, para conferir ritmo e rima.

11. Agora, releia este trecho da notícia de divulgação científica “Os caminhos para a sustentabilidade no garimpo de ouro da Amazônia” e responda às questões a seguir.

A pesquisa de campo explorou dois lugares: o primeiro foi a região de Lourenço, em Calçoene, no Amapá, que é centenária na extração de ouro, tem uma cooperativa de garimpeiros, e que aborda a importância do cooperativismo nessa região, e a segunda rota foi de Sinop, no Mato Grosso, até Santarém, no Pará, onde se observou a relação da estrada e do garimpo de ouro.

a) Que efeitos de sentido as conjunções em destaque criam no trecho?

De soma de ideias; apresentam a continuidade delas.

b) Elabore uma hipótese que explique – considerando os elementos linguísticos empregados no trecho – por que o jornalista optou pela repetição das conjunções.

Polissíndeto

Resposta pessoal. É possível que o jornalista tenha optado pela construção aditiva em repetição para dar todas as informações sobre a pesquisa de campo após os dois-pontos, sem interromper o período.

É a repetição proposital de conjunções (geralmente as aditivas e e nem) a fim de ligar as orações em uma estrutura de coordenação, dando-lhes sentido completo.

A língua em uso

Norma-padrão

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

12. Leia o texto a seguir e, em seguida, com os colegas, discuta as questões propostas.

Após a discussão, registre em seu caderno uma síntese sobre cada uma delas.

[ ] estamos diante da tentativa de regulamentar, controlar, normatizar o comportamento linguístico dos falantes em determinados contextos.

Opera-se [ ] com um ideal de língua que serve de referência (de ‘régua’) para se estipular se a expressão linguística está de acordo com o ‘bom’ uso; ou, em outros termos, se a expressão linguística atende aos critérios socioculturais de adequação da forma do dizer em determinados contextos; se ela é socioculturalmente aceitável nesses contextos.

12. a) Resposta pessoal. É importante que os estudantes recuperem seus comportamentos linguísticos fora do ambiente escolar – com a família, com os amigos, em seus grupos, no trabalho (caso façam parte desse contexto) – e comparem as formas de manifestação da língua quanto ao que se considera o uso da norma-padrão. Espera-se que compreendam que nem sempre é possível atender às prescrições da norma-padrão, porque ela é idealizada e não considera as variações decorrentes do uso.

Significa que ela é aceita em uma cultura e circula entre seus falantes, sem acionamento de preconceitos e menosprezos. Possibilite que os estudantes troquem experiências relacionadas aos usos linguísticos e momentos em que receberam menos ou mais prestígio social, a depender do modo como falaram. Incentive-os a refletir sobre como esse desprestígio linguístico é preconceituoso e pode ter relação específica com determinados grupos sociais.

norma normativa é a norma escolarizada e convencionada socialmente como correta para a circulação em meios formais de comunicação. Ela é prescritiva. Já a norma se refere às múltiplas variações que uma língua tem, de acordo com o uso que os falantes fazem dela.

Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reflitam sobre o fato de que a prescrição traz algumas vantagens, como a uniformidade, a precisão e a preservação da língua. Entretanto, se o uso de uma língua fosse apenas prescritivo, ele incentivaria preconceitos. No uso da língua, seus limites e suas abrangências devem ser questionados e adequados para garantir que todos os falantes sejam incluídos em seus próprios sistemas linguísticos.

[ ] norma remete ao que é posto como normativo, preceituado, prescritivo. É a referência que se usa tradicionalmente para sustentar juízos sociais de correção ou incorreção linguística.

Ficamos, então, nos estudos linguísticos, frente a uma ‘norma normal’ (o modo como se diz habitualmente em uma comunidade de fala) e a uma ‘norma normativa’ (o modo como se deve dizer em determinados contextos). De um lado, o ‘assim se diz’; de outro, o ‘assim se deve dizer’.

Cada uma dessas normas tem realidade diferente. A primeira, como já dissemos, é a realidade linguística em sua dinâmica própria, em seu funcionamento corrente nas interações sociais; a segunda é uma realidade construída, idealizada, um modelo de língua a ser seguido em determinados contextos. Por isso, a ela se agrega um esforço prescritivo.

É importante desde já deixar assentado um dado fundamental sobre o que estamos designando de ‘norma normal’ – a sua pluralidade. Uma língua […] só pode ser definida como um conjunto de variedades. Assim, a expressão ‘a norma da língua’ – que algumas vezes encontramos em textos da mídia – não é de modo algum adequada porque é língua comporta várias ‘normas normais’.

FARACO, Carlos Alberto; ZILLES, Ana Maria. Conceitos de norma. In: FARACO, Carlos Alberto; ZILLES, Ana Maria. Para conhecer : norma linguística. São Paulo: Contexto, 2017. p. 12-13.

a) Os autores do texto – linguistas, professores e pesquisadores – mencionam que a norma-padrão é uma “tentativa de regulamentar, controlar, normatizar o comportamento linguístico dos falantes”. Considerando sua prática linguística fora do contexto escolar e no contexto escolar, como você compreende esse ponto de vista autoral?

b) O que significa uma expressão linguística ser socioculturalmente aceitável? Dê exemplos de seu cotidiano para ilustrar seu ponto de vista.

c) Qual é a diferença entre norma normativa e norma normal?

d) Em sua opinião, deveria haver esforço prescritivo para impor uma norma-padrão à língua? Explique.

e) Por que uma língua “só pode ser definida como um conjunto de variedades”?

f) Em sua opinião, por que é preciso aprender a norma-padrão na escola? Existe uma forma de conciliar esse aprendizado com a realidade da norma normal? Explique.

Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

AMPLIAR

Linguística, a ciência da língua

Foi o estudioso suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913) que evidenciou a importância da Linguística e alçou-a ao patamar de área do conhecimento com todas as suas particularidades. Assim, a partir do século XX, a Linguística passou a ser a ciência da língua e possibilitou a sistematização de estudos relacionados aos diversos usos realizados pelos falantes.

12. e) Porque não há um uso único para uma língua; ela varia de acordo com grupos sociais, situação enunciativa, região geográfica, tempo e história, idade dos falantes, entre outros fatores.

ATIVIDADES

1. a) O pronome essas aponta o que o menino vê, sem citar do que se trata: a devastação do meio ambiente.

1. b) Refere-se às pessoas que exploram desenfreadamente o meio ambiente em busca de riquezas.

1. Leia esta tira de Armandinho e responda às questões a seguir.

ARMANDINHO. [Dia Mundial do Meio Ambiente]. [S. l.], 5 jun. 2019. Facebook: tirasarmandinho. Disponível em: www.facebook.com/tirasarmandinho/posts/5-de-junho-dia-mundial-do-meio -ambientemais-do-que-nunca-resistir-%C3%A9-preciso-/2559543510757606/?locale=pt_BR. Acesso em: 5 set. 2024.

a) No primeiro quadrinho, o pronome demonstrativo essas funciona como um elemento de coesão entre a imagem e o texto. Explique de que modo isso ocorre.

b) A quem o menino se refere ao usar o pronome vocês, no último quadrinho?

c) E xplique o sentido da tira.

2. Leia este poema do poeta gaúcho Mario Quintana (1906-1994) e faça o que se pede a seguir.

Poema de circunstância

Onde estão os meus verdes?

Os meus azuis?

O Arranha-Céu comeu!

1. c) Armandinho sente-se triste e envergonhado diante do meio ambiente devastado, porque sabe que é uma ação humana. No entanto, ao ver a folha nascer, ele sente esperança de que haja salvação para a devastação e de que pessoas e organizações que exploram o meio ambiente possam ser combatidas.

E ainda falam nos mastodontes, nos brontossauros, nos tiranossauros, Que mais sei eu.

Os verdadeiros monstros, os Papões, são eles, os arranha-céus!

Daqui

Do fundo

Das suas goelas,

Só vemos o céu, estreitamente, através de suas empinadas gargantas ressecas.

Para que lhes serviu beberem tanta luz?!

Defronte

À janela onde trabalho

Há uma grande árvore

Mas já estão gestando um monstro de permeio!

Sim, uma grande árvore... Enquanto há verde, Pastai, pastai, olhos meus…

Uma grande árvore muito verde… Ah,

Todos os meus olhares são de adeus

Como o último olhar de um condenado!

QUINTANA, Mario. Poema de circunstância. In: QUINTANA, Mario. Apontamentos de história sobrenatural. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 128.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.
ARMANDINHO, DE ALEXANDRE BECK

2. a) Estão corretas as afirmações II, III e V. A afirmação I está incorreta porque os termos exercem a função de substantivos nos versos; e a afirmação IV está incorreta porque substantivos que nomeiam uma entidade fantasiosa são classificados como concretos.

2. b) A interpretação possível é que um arranha-céu, sinônimo para “prédio alto”, já esteja sendo construído no local onde está a árvore que o eu lírico vê da janela. O interlocutor está implícito no texto, como os construtores dos prédios. Veja respostas e comentários nas Orientações para o

Condenado pode ser interpretado com vários sentidos: sob o ponto de vista do eu lírico, que observa de uma janela e nada pode fazer, à semelhança de alguém que está em uma cadeia; ou também condenado a viver sem árvores, sem a natureza, sem

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que se trata de diversos acontecimentos e sentimentos relacionados à vida e representados pelo passar das “águas de

a) Copie, no caderno, as afirmações verdadeiras.

I. N o primeiro e no segundo verso, verdes e azuis são adjetivos metafóricos que simbolizam, respectivamente, as árvores e o céu que os arranha-céus esconderam.

II. Há diversos substantivos comuns no poema, tais como: verdes, azuis, mastodontes, brontossauros, tiranossauros, monstros.

III. Arranha-Céu (3º verso) e Papões (6 º verso) podem ser considerados substantivos próprios, à escolha do autor, que os grafou em letras maiúsculas para nomear esses seres.

IV. Papões é um substantivo abstrato, considerando o sentido de que é uma entidade fantasiosa.

V. Pode-se dizer que, no primeiro e no segundo verso, ocorreu nominalização dos adjetivos verdes e azuis, pois eles são precedidos por artigos e pronomes e representam os substantivos árvores e céu.

b) No contexto do poema, qual é a interpretação possível para o verso “Mas já estão gestando um monstro de permeio!”? Quem seria esse interlocutor gestor?

c) Por que o eu lírico se sente um condenado?

3. Leia esses versos da canção “Águas de março”, de Tom Jobim (1927-1994).

É pau, é pedra, é o fim do caminho

É um resto de toco, é um pouco sozinho

É um caco de vidro, é a vida, é o Sol

É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol […]

3. a) Trata-se da repetição do verbo ser (é) e do uso repetitivo de substantivos.

JOBIM, Tom. Águas de março. [Belo Horizonte]: Letras, c2003-2024. Disponível em: www.letras.mus.br/tom-jobim/49022/. Acesso em: 10 set. 2024.

a) E xplique a anáfora presente no trecho e seu efeito de sentido.

b) Crie uma hipótese que explique o objetivo dessa escolha, no contexto da letra da canção.

4. Leia este texto da escritora ítalo-brasileira Marina Colasanti (1937-).

No mar sem hipocampos

Assim que anoiteceu, saiu para pescar. Peixes não, estrelas. Afastou-se da casa, atravessou um campo até o seu limite.

Na linha do horizonte, sentado à beira do céu, abriu a caixa das frases poéticas que havia trazido como iscas. Escolheu a mais sonora, prendeu-a firmemente na rebarba luzidia.

Depois, pondo-se de cabeça para baixo, lançou a linha no imenso azul, deixando desenrolar todo o molinete.

E, paciente, enquanto a lua avançada sem mover ondas, começou a longa espera de que a estrela viesse morder o seu anzol.

COLASANTI, Marina. Contos de amor rasgados. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1986. p. 159.

a) A poeta estabelece uma comparação como linha de coerência de seu texto. Explique-a.

A comparação é feita entre o processo de uma pescaria de peixes e uma pescaria de estrelas.

b) Em seu ponto de vista, qual poderia ser o sentido de “pescar estrelas”?

c) Relacione os trechos do texto a seguir às respectivas figuras de linguagem.

d) E xplique o efeito de sentido de cada uma dessas figuras no contexto em que foram empregadas.

4. c) I. a); II. c); III. c); IV. b).

I. Assim que anoiteceu, saiu para pescar.

II. Peixes não, estrelas.

III. Afastou-se da casa. Atravessou um campo até o seu limite.

IV. Na linha do horizonte, sentado à beira do céu, abriu a caixa das frases poéticas que havia trazido como iscas. Escolheu a mais sonora, prendeu-a firmemente na rebarba luzidia

a) Elipse

b) Hipérbato

c) Zeugma

4. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes alcancem interpretações como pescar ilusões, sonhos, desejos e outros sentimentos relacionados metafórica e poeticamente a estrelas

4. d) Em I, o foco está na ação e não no sujeito que a pratica (elipse). Em II, o ato de pescar fica implícito – que já havia sido citado como ação anteriormente no texto (por isso, zeuma) – para dar destaque apenas ao produto da pesca (estrelas). Em III, a retomada do sujeito é pronominal, citada anteriormente, com o sentido de evitar a repetição, por isso zeugma. E, em IV, a inversão da ordenação direta da primeira oração tem o objetivo de descrever primeiro o cenário onde o personagem estaria sentado, para depois dar enfoque a sua ação.

ANDRE DUCCI

Reportagem

Estudar a proposta

1. a) Porque o relato dessas pessoas permitiu que os dados, que chegavam em excesso para os leitores, fossem humanizados, aproximando-os, assim, da real experiência do que foi a explosão da bomba atômica. Espera-se que os estudantes atentem à frase: “O horror tinha nome, idade e sexo”.

Nesta seção, a turma irá se organizar em duplas para elaborar uma reportagem sobre um acontecimento que merece ser conhecido pela comunidade.

Gênero

Interlocutores

Reportagem Comunidade escolar

Motivar a criação

Propósito/Finalidade

Produção de reportagem sobre um acontecimento que merece ser conhecido pela comunidade.

Jornal escolar impresso ou portal de notícias da escola. Publicação e circulação

1. Na história do jornalismo, existe uma reportagem clássica que tentou abarcar um dos momentos mais violentos vividos em uma guerra: o lançamento da bomba atômica na cidade de Hiroshima (Japão), em 1945. Um ano após o ocorrido, o repórter John Hersey (1914-1993) traçou um retrato de seis sobreviventes desse acontecimento que marcou a história. Leia, a seguir, o trecho de um texto que o jornalista brasileiro Matinas Suzuki Jr. (1954-) escreveu em homenagem ao lançamento do livro-reportagem Hiroshima no Brasil.

Hiroshima não trazia revelações técnicas nem dados desconhecidos sobre os efeitos da bomba atômica. Seu impacto veio do enfoque e da abordagem escolhidos por Hersey. Humanizando o que havia ocorrido por meio do relato de seis sobreviventes – duas mulheres e quatro homens, sendo um deles um estrangeiro no Japão –, ele aproximou a abstração ameaçadora de uma bomba atômica à experiência cotidiana dos leitores. O horror tinha nome, idade e sexo. Ao optar por um texto simples, sem enfatizar emoções, ele deixou fluir o relato oral de quem realmente viveu a história. O tom da reportagem é um prolongamento da dor silenciosa que os sobreviventes de Hiroshima notaram nos conterrâneos feridos.

SUZUKI JÚNIOR, Matinas. Jornalismo com H. In: HERSEY, John. Hiroshima. Tradução: Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 168.

a) Suzuki comenta que o impacto da reportagem Hiroshima não está nos dados desconhecidos que trouxe ao conhecimento do público, mas sim no relato subjetivo de pessoas desconhecidas. Por quê?

b) Reflita com a sua dupla: na reportagem que pretendem escrever, o enfoque estará nos dados das pesquisas, no relato das pessoas envolvidas no acontecimento ou você e seu colega vão buscar um equilíbrio entre os dois?

Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

Planejar e elaborar

1. Um dos passos mais desafiadores na construção de uma reportagem é escolher o acontecimento que merece destaque e aprofundamento. Para tomar essa decisão, dois caminhos são recomendados:

• Pesquisar notícias sobre fatos que afetam a comunidade escolar e pensar de que maneira a reportagem pode aprofundar a explicação do fato, trazendo inclusive a visão da comunidade a respeito dele.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

• Fazer apuração sobre acontecimentos que têm impactado a comunidade escolar, mas não estão recebendo a devida atenção da mídia.

2. Com o tema da reportagem definido, a dupla deve dedicar-se à apuração dos fatos. Reserve um período para: pesquisar em fontes confiáveis; ouvir a opinião de especialistas (por meio de entrevistas ou pesquisas bibliográficas); visitar lugares afetados pelo acontecimento; entrevistar as pessoas envolvidas etc.

3. Após reunir todos os dados necessários, é possível planejar o texto. Para isso, é importante pensar na estrutura da reportagem e nos elementos verbais que serão oferecidos ao leitor. Os passos a seguir podem ajudar.

• Um roteiro dos acontecimentos pode ser elaborado, para que o texto da reportagem ofereça ao leitor uma progressão temática.

• Para organizar a reportagem, pense nos subtítulos do texto.

• A s entrevistas colhidas (com especialistas e pessoas envolvidas com o acontecimento) devem ser transcritas, para que as falas mais marcantes possam ser selecionadas e citadas no texto.

4. Os elementos não verbais também são parte importante da reportagem. Os itens a seguir precisam ser considerados.

• É importante que a reportagem conte com fotografias ou outros elementos não verbais, como diagramas, infográficos e ilustrações.

• As fotografias devem contar com texto alternativo para a acessibilidade de pessoas com deficiência visual.

5. É essencial que o texto e os recursos apresentados nele estejam adequados ao público-alvo.

6. Pense na apresentação visual da reportagem (escolha de fontes de letras, cores e disposição de imagens).

Avaliar e recriar

Realize o planejamento das partes da reportagem pensando em um fio condutor lógico que evidencie a coerência temática e respeite as características do gênero do texto. Durante o processo de escrita, faça as escolhas dos substantivos de modo estratégico, para garantir que representem com exatidão a nomeação de seres e eventos em foco. É possível nominalizar itens do título ou mesmo do texto, como estratégia para caracterizar personagens ou fatos. Além disso, a nominalização confere fluidez à narrativa dos fatos e possibilita um bom desenvolvimento textual.

1. Leia as questões a seguir e utilize-as como roteiro para avaliação e eventual reescrita da reportagem.

• O título está chamativo? Ele é acompanhado por uma linha fina que amplia os sentidos dele?

• A escrita do texto está apoiada em dados e informações confiáveis?

• O texto é organizado em subtítulos ou foi escolhida outra maneira de organizar os temas?

• Depoimentos de pessoas envolvidas com o acontecimento ou de especialistas são apresentados? Os depoimentos humanizam o relato?

• E xistem elementos não verbais para complementar o texto ou explicá-lo melhor?

• Foram utilizados recursos linguísticos abordados. Há coerência temática, estilística e de gênero?

2. A reportagem é um gênero textual que respeita a linguagem formal, portanto aspectos linguísticos como ortografia, pontuação e mecanismos de concordância nominal e verbal devem ser respeitados.

Compartilhar

Para tomar a decisão de como compartilhar os textos de forma impressa ou digital, pense na seguinte questão: como as informações necessárias podem chegar à comunidade escolar de maneira mais fácil?

RETOMADA

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

1. A primeira geração do Modernismo brasileiro tem como principal característica a apresentação de inovações estéticas, a valorização das raízes indígenas e negras e a busca pelo estabelecimento de uma cultura nacional com base em novos valores. Em Macunaíma, tais características podem ser percebidas pelas marcas de oralidade, como a presença de coloquialismos, e pela construção de um herói que apresenta características indígenas, mas está inserido na metrópole.

Neste capítulo, na seção Estudo Literário, você estudou a obra Macunaíma, de Mário de Andrade, e a narrativa mitológica “Como saíram para a superfície da terra”, escrita por Tõrãmũ Kẽhíri, de nome civil Luiz Gomes Lana, e ditada por seu pai, Umusĩ Pãrõkumu, de nome civil Firmiano Arantes Lana. Na seção Estudo de Gênero Textual, foram exercitadas a análise e a produção do gênero textual reportagem; além do estudo do gênero notícia de divulgação científica. Esses textos foram analisados na seção Estudo da Língua com base na observação de fenômenos da nominalização e do uso de substantivos, bem como nas formas de construção da coerência e no uso de figuras de sintaxe.

Agora, chegou o momento de sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder, com suas palavras, às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para que seja possível elaborar sua resposta.

1. Elabore uma síntese das características da primeira geração do Modernismo brasileiro que evidencie aquelas que estão presentes na obra Macunaíma, de Mário de Andrade.

2. Elabore um mapa mental com as características das narrativas mitológicas. Utilize trechos da narrativa “Como saíram para a superfície da terra” nos quais elas estão presentes para exemplificar.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

3. Elabore um quadro com as semelhanças e diferenças entre os gêneros textuais notícia e reportagem.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

4. Em um parágrafo, explique a relação existente entre o projeto editorial de um veículo e o mito da imparcialidade no jornalismo.

5. Sintetize o conceito de coerência para a construção de um texto.

6. Cite as principais figuras de sintaxe e seus significados.

Refletir e avaliar

Um texto construído por diversas vozes apresenta polifonia, o que implica na veiculação de subjetividades e ideologias – até as de seu produtor. Isso é válido para qualquer texto, inclusive para reportagens, daí decorre a consideração de que a imparcialidade jornalística é um mito. Anáfora (repetição intencional no início de uma frase ou oração), elipse (omissão de um termo), zeugma (omissão de um termo para evitar repetição), pleonasmo (uso de palavras com o mesmo sentido para enfatizar uma ideia), anacoluto (mudança inesperada na construção sintática), hipérbato (alteração na ordem direta das orações) e polissíndeto (repetição proposital das conjunções).

Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sua aprendizagem ao longo do capítulo. Para isso, no caderno, reproduza o quadro a seguir e responda às questões. Em seguida, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote-as na coluna de observações.

Ao longo do estudo do capítulo, percebo que...

… compreendi o movimento literário em destaque na seção Estudo Literário e o seu contexto sócio-histórico.

… compreendi as características do gênero textual reportagem, bem como os recursos linguísticos utilizados em sua construção e as suas especificidades em relação a outros gêneros do campo jornalístico-midiático.

… pratiquei a divisão de tarefas com minha dupla de trabalho na composição da reportagem, por meio de uma escuta ativa e respeitosa.

Fui proficiente

Preciso aprimorar

Observações

5. A coerência é responsável pelo estabelecimento das relações lógicas do texto por meio de recursos coesivos e é construída com base nas interpretações do produtor do texto, no momento de seu planejamento, e do leitor, no momento da recepção desse texto. É necessário interpretar também informações contextuais inferidas do gênero do texto e de sua situação de produção. Trata-se de uma busca lógica por essas relações.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

DE OLHO NO VESTIBULAR

Neste capítulo, o enfoque de análise das questões de provas de ingresso está voltado para o estudo do gênero. Leia a questão comentada a seguir, que pertence ao vestibular indígena da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp-SP) do ano de 2023, e considere as informações apresentadas para respondê-la.

1. (UFSCar-SP/Unicamp indígena)

Este vestibular é uma seleção unificada entre a Universidade Federal de São Carlos e a Universidade

Estadual de Campinas para o ingresso de estudantes indígenas em diferentes cursos de graduação.

A edição da prova do ano de 2023 apresentou recorde de inscritos, com 3 480 candidatos.

O objetivo da questão é avaliar os conhecimentos dos candidatos acerca dos gêneros textuais apresentados nas alternativas. Para responder à questão, no entanto, um primeiro cuidado é importante: o texto apresentado no enunciado corresponde ao gênero textual post, portanto a sua estrutura não deve ser analisada, mas sim as informações que ele apresenta.

O post a seguir, publicado em rede social, faz referência ao texto jornalístico “Alter à venda”, publicado no site Amazônia Real.

Grande parte do que foi queimado no incêndio criminoso em Alter do Chão, que tomou proporções internacionais em 2019, está sendo loteada desde então. Os jornalistas visitaram vários lotes à venda, consultaram corretores ao longo de novembro de 2021 e constataram que tudo ocorre de forma escancarada em redes sociais. Além disso, há cartazes espalhados pela PA-457, estrada que liga Santarém à turística vila conhecida como o “Caribe Amazônico”. Essa história revela a existência de uma rede de grilagem de terras públicas que avança em ritmo acelerado sobre a mesma área incendiada que foi palco da criminalização de brigadistas que lutavam para preservar Alter do Chão.

(Adaptado de https://www.facebook.com/amazoniareal. Publicada em 15/08/2022. Acesso em 16/08/2022.)

Alguns elementos do post indicam que o texto jornalístico referido é

a) um editorial, pois apresenta a opinião oficial do site Amazônia Real sobre o tema “incêndios criminosos” entre 2019 e 2021.

b) uma reportagem, porque se baseia em um trabalho investigativo apresentando as causas e os desdobramentos dos fatos relatados.

c) um depoimento, uma vez que revela aos leitores do site o ponto de vista dos grileiros e corretores sobre a venda de lotes nessa área.

d) uma crônica, já que retrata acontecimentos do dia a dia dos povos indígenas da região de Alter do Chão, utilizando poucos personagens.

Uma maneira de responder à questão, ainda que não se tenha certeza das características de cada gênero textual indicado, é verificar se a justificativa condiz com as informações apresentadas no post. Por exemplo, não há qualquer informação sobre depoimento de grileiros ou corretores, o que exclui a possibilidade de a alternativa c ser correta.

1. Resposta: alternativa b

No post apresentado, o acontecimento relatado é acompanhado de um trabalho investigativo, que revela preocupação com a apuração feita pelos jornalistas. Dessa maneira, fica evidente a preocupação do texto “Alter à venda” de apresentar as informações de maneira mais aprofundada, característica do gênero textual reportagem.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

2

Respostas pessoais. Pondere as hipóteses que considerem a rede e o plástico como elementos que sufocam, pois, ao serem usados como máscara, podem causar diferentes sensações, como medo, pânico ou até calma. É importante frisar que a experiência é única para cada cliente, evidenciando o poder da sessão de experimentação

Espera-se que os estudantes reconheçam a escuridão (tapa-olhos), a ausência de ar (saco plástico) e o enredamento (rede de plástico) como metáforas para diversos medos, como a morte, a solidão, a loucura, entre outros medos e fragilidades da condição humana.

EXPRESSÕES DO EU PELA LINGUAGEM

Com base em seus conhecimentos e na fotografia da obra de Lygia

Clark (1920-1988), apresentada na abertura do capítulo, responda às questões a seguir.

1. Na imagem, que compõe uma série criada em 1967, a artista apresenta um de seus chamados “objetos relacionais”, uma máscara composta de uma rede plástica de armazenar legumes, que se alonga até o peito e envolve um saco plástico que se enche de ar com a respiração do usuário. Esse objeto foi utilizado em sessões de Estruturação do self, em que o público, chamado de cliente pela artista, era convidado a interagir com esses objetos. Reflita sobre os materiais utilizados na criação da máscara e crie uma hipótese para explicar o que poderia ter motivado essa escolha para compor o objeto sensorial, refletindo sobre as possíveis sensações que ele poderia despertar em quem o utiliza.

2. Considerando o uso da máscara em sessões com o público, compartilhe com os colegas seu ponto de vista sobre o modo como esse objeto poderia auxiliar o cliente a trabalhar medos e fragilidades e a contribuir com o desenvolvimento do olhar para si.

3. Assim como ocorre nas artes visuais, a literatura também se propõe a analisar e provocar reflexões sobre o modo como cada um constrói sua própria imagem e se relaciona com suas memórias. Em sua perspectiva, como a construção da identidade e a relação com as memórias podem ser exploradas em um texto literário?

4. Em sua opinião, de que maneira é possível utilizar nossas memórias pessoais para se posicionar diante dos assuntos da atualidade?

5. Considerando o uso do objeto, expresse seu posicionamento sobre a questão: “Você usaria essa máscara? Por quê?”. Em sua resposta, utilize um modalizador que expresse seu posicionamento de forma estratégica.

Campos de Atuação

• C ampo artístico-literário

• C ampo da vida pessoal

Tema Contemporâneo

Transversal

• S aúde

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

PROJETO VISTA EM

Avance até as páginas finais, na seção Oficina de Projetos , e inicie a etapa “Buscar inspiração”. Para essa atividade, não deixe de seguir as orientações e os caminhos que direcionam à criação de um clube do livro sobre bullying

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

4. Resposta pessoal. Para analisar o gênero textual do capítulo, postagem de rede social, será apresentada a postagem da influenciadora Elisama Santos, relatando a sua trajetória de autoaceitação em relação ao seu cabelo natural. Por meio de uma experiência vivida, portanto, ela reflete sobre uma questão bastante atual. É interessante que os estudantes reflitam sobre como as nossas próprias vivências podem servir de material de análise e reflexão da realidade que nos cerca.

■ CLARK, Lygia Pimentel. Máscara Abismo. 1967. 1 máscara, juta. Associação Cultural Lygia Clark. A artista brasileira contemporânea Lygia Pimentel Clark vestindo sua criação Máscara Abismo. Fotografia de Sergio Gerardo Zalis, 1986. Disponível em: https://portal.lygiaclark.org. br/acervo/213/mascara-abismo. Acesso em: 10 set. 2024.

3. Resposta pessoal. O objetivo da atividade é incentivar os estudantes a discutir sobre o modo como os textos literários podem explorar a construção da autoimagem e a relação do sujeito com a memória. Durante a realização da atividade, ajude os estudantes a pensar em maneiras que a literatura poderia explorar tais temáticas, considerando os recursos expressivos e os conhecimentos sobre literatura que eles construíram até o momento.

5. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes retomem os conhecimentos sobre a modalização e pensem em palavras como certamente, nunca, talvez , entre outras que expressem claramente seu ponto de vista.

ESTUDO LITERÁRIO

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes associem a estrutura da obra ao título do poema, percebendo que, possivelmente, o texto tratará das experiências e das memórias vinculadas a um brinco específico.

Identidade e experiência pessoal na poesia contemporânea

A seguir, será apresentado o poema “O brinco”, da poeta mineira contemporânea Ana Martins Marques (1977-). O poema integra a segunda parte do livro Da arte das armadilhas, publicado em 2011. Na primeira parte da obra, intitulada “Interiores”, objetos do cotidiano, como cadeira, cortina, varal e estante, dão título aos poemas, que trazem reflexões sobre como tais objetos atravessam nossa experiência e são atravessados por ela. Em contrapartida, os poemas da segunda parte do livro, intitulada “Da arte das armadilhas”, promovem uma reflexão sobre memória, permanência e mutabilidade do mundo, dos sentimentos e dos significados das experiências.

PRIMEIRO OLHAR

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Antes de realizar a leitura do poema, discuta com os colegas as questões a seguir.

• O poema menciona, em seu título, um objeto do cotidiano, porém está situado na segunda parte do livro Da arte das armadilhas. Considerando a estrutura da obra, levante hipóteses sobre a razão dessa organização.

• Observe o título do poema “O brinco”. Em qual contexto você imagina que esse objeto será inserido no poema? Explique.

O brinco

Respostas pessoais. O objetivo da atividade é promover a reflexão sobre as possibilidades de composição do poema com base em um objeto do cotidiano, facilitando o estudo sobre poesia e contemporaneidade que será realizado no decorrer do capítulo.

1 Pode ser que como as estrelas

2 as coisas estejam separadas

3 por pequenos intervalos de tempo

4 pode ser que as nossas mãos

5 de um dia para o outro

6 deixem de caber

7 umas dentro das outras

8 pode ser que no caminho para o cinema

9 eu perca uma de minhas ideias

10 preferidas

11 e pode ser

12 que já na volta

13 eu me tenha resignado

14 alegremente

15 a essa perda

16 pode ser

17 que o meu reflexo sujo

18 no vidro da lanchonete

19 seja uma imagem de mim

20 mais exata

21 do que esta fotografia

22 mais exata do que a lembrança

23 que tem de mim

24 uma antiga colega de colégio

25 mais exata do que a ideia

26 que eu mesma

27 agora tenho de mim

28 e portanto pode ser

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

1. d) Ao utilizar pode ser que para introduzir percepções de tempos diferentes, o poema sugere que a identidade do eu lírico é formada por um diálogo contínuo entre o passado, o presente e o futuro, em que as lembranças são reinterpretadas e ressignificadas ao longo do tempo. Isso cria uma identidade que é dinâmica e multifacetada, moldada tanto pelas experiências vividas quanto pelas possibilidades imaginadas.

29 que a moça cansada

30 de olhos tristes

31 que trabalha na lanchonete

32 tenha de mim uma imagem

33 mais fiel

34 do que qualquer outra pessoa

35 pode ser que um gesto

36 um jeito de dobrar os lábios

37 te devolva

38 subitamente

39 toda a infância

40 do mesmo modo que uma xícara

41 pode valer uma viagem

42 e uma cadeira

43 pode equivaler a uma cidade

44 mas um cachorro estirado ao sol não é o sol

45 e uma quarta-feira não pode ser o mesmo

46 que uma vida inteira

47 pode ser

48 meu querido

49 que esquecendo em sua cama

50 meu brinco esquerdo

51 eu te obrigue mais tarde

52 a pensar em mim

53 ao menos por um momento

54 ao recolher o pequeno círculo

55 de prata

56 cujo peso

57 frio

58 você agora sente nas mãos

59 como se fosse

60 (mas ó tão inexato)

61 o meu amor

1. a) Essa repetição cria um efeito de incerteza ao longo do poema. Os versos introduzem a ideia de um cenário potencial, não necessariamente realizável, construindo, enquanto possibilidade interpretativa, a ideia de que existem diversas formas de perceber a realidade e diversas possibilidades de experiências que atuam na construção da identidade.

Memória e identidade no poema de Ana Martins Marques

1. O paralelismo, ou seja, a repetição de estruturas sintáticas ou de ideias em um texto, é um recurso que contribui para a construção do significado. No poema “O brinco”, a estrutura pode ser que é repetida diversas vezes.

a) Qual é o efeito da repetição da estrutura pode ser que ao longo do poema e como essa repetição contribui para a construção do significado do texto?

b) Nos diferentes contextos em que a expressão pode ser que aparece, é possível observar uma relação estreita entre a possibilidade de ser do eu lírico – representado pela expressão as coisas –e a ideia de passagem do tempo. Explique como tal relação é apresentada já no início do poema, nos versos 1 a 3, e, em seguida, indique quais aspectos da passagem do tempo são destacados pelo eu lírico nos versos 4 a 10.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

c) A ssim como as possibilidades de futuro, as memórias e as imagens do passado também são apresentadas com o auxílio da estrutura pode ser que. A expressão pode não estar no verso, mas o encadeamento dos versos, construído com o apoio dessa expressão, colabora na apresentação dessas imagens e memórias de diferentes tempos. Copie o quadro a seguir no caderno e preencha-o com o que se pede.

Versos que apresentam o momento futuro

Versos que apresentam o momento presente

Versos que apresentam o momento passado

d) Retome sua resposta ao exercício anterior. Em sua análise, qual é o impacto da percepção de tempos diferentes, encadeadas com o auxílio da expressão mencionada, na construção da identidade do eu lírico? Explique.

1. c) Há várias respostas possíveis. Sugestões de resposta:

Versos que apresentam o momento futuro: “pode ser que no caminho para o cinema / eu perca uma de minhas ideias / preferidas / e pode ser / que já na volta / eu me tenha resignado / alegremente / a essa perda”.

Versos que apresentam o momento presente: “pode ser / que o meu reflexo sujo / no vidro da lanchonete / seja uma imagem de mim”.

Versos que apresentam o momento passado: “mais exata do que a lembrança / que tem de mim / uma antiga colega de colégio”.

MARQUES, Ana Martins. O brinco. In: MARQUES, Ana Martins. Da arte das armadilhas. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 80-82.
NÃO ESCREVA NO LIVRO.

2. a) O reflexo no vidro, sendo uma imagem momentânea, representa uma percepção mais imediata e atual do eu lírico, ao contrário da fotografia, que captura um momento fixo e geralmente distante temporalmente. O eu lírico parece reconhecer que sua compreensão de si mesmo é mais autêntica quando observada através de uma lente que incorpora as imperfeições e mudanças do presente, em vez de uma imagem estática que não representa a sua experiência de vida atual. Essa visão reflete o reconhecimento de uma identidade que está sempre em processo, influenciada pelo contexto e pelo momento.

2. b) Resposta pessoal. O objetivo da atividade é que os estudantes analisem o modo como as representações influenciam em sua autoimagem, considerando, se possível, o contexto de divulgação da imagem nas redes sociais.

Estão corretas as afirmações I, IV e V. A afirmação II está incorreta, pois o reflexo sujo no vidro da lanchonete pode ser interpretado como uma metáfora da imagem inexata de si, mas ainda assim mais exata do que outras imagens. A afirmação III está incorreta, pois o eu lírico reconhece que a imagem que os outros têm dele pode ser inexata.

2. Retome os versos 16 a 27 para responder ao que se pede.

a) O poema apresenta a ideia de que o reflexo no vidro pode ser “mais exato” do que a fotografia e até mesmo do que a percepção pessoal do eu lírico. Como essa ideia se relaciona com o modo como o eu lírico vê e compreende a si mesmo?

b) O p oema contrasta a fotografia, que captura um instante específico e imutável, com o reflexo no vidro, que captura algo instantâneo e mais próximo da realidade presente. Reflita sobre como essas diferentes formas de representação – uma repetição de um momento passado e uma imagem momentânea e real – influenciam a maneira como você constrói sua autoimagem. De que forma essas representações afetam o modo como você vê e entende a sua identidade ao longo do tempo?

3. Nos versos 28 a 34, o eu lírico conclui que a sua imagem percebida pela atendente da lanchonete no reflexo do vidro pode ser mais fiel que a imagem percebida por qualquer outra pessoa. No caderno, copie apenas as afirmações verdadeiras sobre esse trecho do poema.

I. O eu lírico considera que o reflexo sujo no vidro da lanchonete pode ser uma representação mais autêntica e verdadeira do que uma fotografia.

II. O reflexo sujo no vidro da lanchonete é usado pelo eu lírico como uma metáfora para a possibilidade de uma visão totalmente exata de si mesmo.

III. O eu lírico acredita que as lembranças das pessoas sobre ele são sempre precisas e não se alteram com o tempo.

IV. O eu lírico sugere que uma visão imediata e espontânea, como a do reflexo no vidro, pode capturar aspectos de sua identidade que outras formas de imagem não conseguem.

V. A comparação do eu lírico entre diferentes formas de ver a si mesmo demonstra uma reflexão sobre a complexidade da identidade e da autopercepção.

4. Releia os versos a seguir. Em seguida, responda ao que se pede.

O gesto específico mencionado no trecho é “um jeito de dobrar os lábios”.

Resposta pessoal. O objetivo da questão é levar os estudantes a refletir sobre a relação entre gestualidade e memória. Durante a realização da atividade, é possível pedir aos estudantes que pensem em gestos que evocam lembranças para eles, a fim de enriquecer a discussão.

35 pode ser que um gesto

36 um jeito de dobrar os lábios

37 te devolva

38 subitamente

39 toda a infância

a) No trecho, um gesto específico é essencial para a evocação das memórias. Indique qual é esse gesto.

b) Elabore, no caderno, uma hipótese que tenha por objetivo explicar como a especificidade de alguns gestos podem influenciar a forma como as lembranças são recuperadas.

A literatura tem uma função importante na preservação e transformação das experiências humanas. Um poema pode captar momentos e objetos comuns e transformá-los em símbolos carregados de significado emocional. O poema “O brinco” oferece um exemplo claro de como isso acontece. Nele, um brinco aparentemente trivial ganha um novo significado, transformando-se em um ponto de referência para explorar temas de memória e afeto.

5. a) Os elementos do cotidiano mencionados no poema associam experiências abstratas e sentimentais a objetos e situações concretas. Os elementos do cotidiano servem como símbolos que carregam memórias, sentimentos e pensamentos.

No poema, o eu lírico utiliza a descrição de objetos e situações cotidianas para transformar uma memória pessoal em algo palpável e significativo. O modo como o poema descreve as experiências permite que o leitor experimente a memória de uma maneira imersiva. A literatura, ao transformar objetos comuns em símbolos, faz com que esses elementos carreguem um significado maior. Isso ajuda a criar uma conexão entre o objeto e as experiências e sentimentos que ele representa. A reflexão sobre como a literatura utiliza objetos e descrições para transformar memórias e sentimentos permite a reflexão sobre como isso pode afetar a própria percepção e experiência. As representações literárias podem mudar a forma como a pessoa que a consome entende e vivencia suas próprias memórias. A literatura tem o poder de tornar experiências pessoais mais visíveis e compreensíveis, usando a linguagem para dar forma e profundidade às lembranças.

5. No poema, o eu lírico menciona vários elementos do cotidiano, como, xícaras, cadeiras, cidades e viagens.

a) Como tais elementos ajudam a transmitir as emoções e reflexões do eu lírico?

b) N os versos 40 a 43, o eu lírico faz duas associações entre tais elementos. Quais são essas associações?

As associações são: “do mesmo modo que uma xícara / pode valer uma viagem”, “e uma cadeira / pode equivaler a uma cidade”.

c) E xplique o efeito de sentido gerado por cada uma das associações identificadas por você no item anterior, considerando o contexto do poema.

6. O poema retrata diversas cenas do cotidiano, como gestos e objetos comuns, explorando o modo como tais cenas influenciam a experiência do eu lírico. Após observar essas representações, reflita sobre sua relação com as cenas do cotidiano. De que maneira essas descrições no poema se articulam com suas experiências pessoais e sua percepção do mundo?

A influência da modernidade de Charles Baudelaire (1821-1867)

A literatura desempenha um papel importante na forma como se entende e se vive a modernidade. Um poeta que teve grande influência nessa reflexão foi o francês Charles Baudelaire, representante do movimento literário Simbolismo, que será abordado no Capítulo 3 . O seu impacto pode ser observado na poesia de autores contemporâneos, como Ana Martins Marques.

No século XIX, Charles Baudelaire mudou a forma como a poesia tratava a vida urbana e moderna. Em seu livro As flores do mal (1857), ele explorou a cidade e a vida cotidiana de uma maneira nova. O poeta transformou aspectos comuns da vida urbana em temas poéticos, revelando o que havia de profundo na experiência cotidiana e demonstrando que o gênero poema não precisava tratar apenas de temas grandiosos e sublimes. Leia alguns versos do poeta a seguir.

Spleen

Tenho mais lembranças que se tivesse mil anos.

Uma grande cômoda cheia de balanços, De versos, cartas de amor, processos, romances, Com grossos cachos de cabelo entre quitanças, Guarda menos segredos que meu triste crânio.

BAUDELAIRE, CHARLES. Spleen. Rascunho, Brasília, DF, 13 mar. 2021. Disponível em: https://rascunho.com.br/liberado/poemas-de-charles-baudelaire/. Acesso em: 10 out. 2024. Ana Martins Marques segue essa tradição em seus poemas contemporâneos. Assim como Baudelaire, Ana Martins Marques usa elementos do dia a dia para explorar temas mais profundos, oferecendo uma nova perspectiva sobre a vida contemporânea. Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor 5. c) A associação entre xícara e viagem sugere que um objeto pequeno e aparentemente insignificante, como uma xícara, pode conter dentro de si muitos significados de momentos e memórias, evocando lembranças e se transformando em um acesso a experiências passadas ou imaginárias. Na segunda associação, a cadeira, como a cidade, é um cenário de experiências diversas e significativas, uma vez que a cadeira pode simbolizar um lugar de encontro, descanso ou de vivências do cotidiano.

6. Resposta pessoal. O objetivo da atividade é levar os estudantes a refletir sobre o modo como os elementos do cotidiano atuam na construção da memória e dos sentimentos, evocando lembranças e sensações.

7. a) Ao afirmar que “um cachorro estirado ao sol não é o sol”, o poema destaca a ideia de que, embora um elemento cotidiano possa refletir ou estar associado a algo maior, ele não equivale a esse conceito mais profundo. Esse efeito reforça a noção de que as experiências diárias, por mais que possam fazer referência a algo mais profundo, têm sua própria simplicidade e individualidade.

Essa relação destaca a diferença de escala entre um momento isolado e a totalidade de uma existência. Uma quarta-feira representa um fragmento do tempo, uma pequena parte da rotina, enquanto uma vida inteira abrange uma coleção de experiências, memórias e momentos significativos. No contexto do poema, essa associação também pode demonstrar que a quarta-feira a qual o eu lírico faz referência foi significativa para ele.

As comparações auxiliam o leitor a entender a perspectiva do eu lírico sobre o valor relativo das coisas e a profundidade das experiências ao demonstrar como elementos cotidianos podem refletir, mas não capturar plenamente, conceitos maiores. Ao destacar essas distinções, o poema enfatiza que a experiência se constrói pelas relações entre o comum e o grandioso, moldando o ponto de vista, a compreensão que as pessoas têm do mundo e delas mesmas.

7. Observe a construção dos argumentos nos seguintes versos do poema para responder às questões.

44 mas um cachorro estirado ao sol não é o sol

45 e uma quarta-feira não pode ser o mesmo

46 que uma vida inteira

a) Qual é o efeito gerado pela relação estabelecida entre o cachorro e o sol? Em sua resposta, considere a maneira como o poema trata a diferença entre elementos simples do cotidiano e conceitos mais significativos ou profundos.

b) O eu lírico afirma que uma quarta-feira não pode ser comparada a uma vida inteira. De que modo a relação entre uma quarta-feira e uma vida inteira reflete a visão do eu lírico sobre a passagem do tempo e a experiência da memória?

c) Como as comparações analisadas auxiliam o leitor a compreender a perspectiva do eu lírico sobre o valor relativo das coisas e a profundidade das experiências?

Língua, linguagem e experiência

No livro Risque esta palavra, Ana Martins Marques discorre sobre a relação entre a língua, a linguagem e as construções do pensamento e da experiência. Leia um trecho do poema “Língua”.

Língua 1

1 No princípio

2 toda língua é estrangeira

3 acerca-se do seu corpo como de uma cidade

4 até tomá-lo

5 fazê-lo chamar-se a si mesmo pelos nomes

6 que ela lhe dá:

7 pé perna barriga dentes

8 fazer a língua chamar-se língua

9 chamar-se a si mesma pelo nome dela

10 língua

11 domá-la para ensinar-lhe uma coreografia sua

12 que ela, língua, por sua vez,

13 ensina ao pensamento

14 cantando

15 estar na língua como numa

16 casa louca

17 que obriga ao abrigar

MARQUES, Ana Martins. Língua. In: MARQUES, Ana Martins. Risque esta palavra . São Paulo: Companhia das Letras, 2021, p. 62.

Ana Martins Marques é uma poeta brasileira contemporânea nascida em Belo Horizonte. O seu primeiro livro, intitulado A vida submarina (2009), foi vencedor do Prêmio Cidade de Belo Horizonte, na categoria autor estreante. O seu segundo livro, Da arte das armadilhas , foi vencedor do Prêmio Alphonsus de Guimaraens.

■ Ana Martins Marques em Paraty (RJ), 2021.

8. A língua é objeto de reflexão e estudo em diferentes áreas do conhecimento. Na área de Linguagens, ela é objeto de estudo acadêmico, sendo analisada de modo objetivo pela Linguística, e é tema de criação literária de vários autores, sendo abordada de maneira muitas vezes subjetiva pela Literatura. Após a leitura do poema, responda às questões.

a) O p oema sugere que a língua pode influenciar a maneira como as pessoas se relacionam com o mundo. Como os versos do poema ilustram a ideia de que a língua não apenas nomeia, mas também molda a relação do indivíduo com as coisas?

b) Interprete os três últimos versos do poema, observando o que o eu lírico sugere sobre a experiência de estar imerso na língua. Em sua leitura, o contraste entre abrigar e obrigar, relacionados à experiência do uso da língua, pode limitar ou moldar a interpretação e a percepção de uma experiência?

c) Crie uma hipótese: qual seria a relação entre a língua, explorada no trecho do poema “Língua”, e o título do livro Da arte das armadilhas, considerando a própria língua como uma armadilha?

d) Relacione os dois poemas de Ana Martins Marques e responda: como é possível relacionar a língua, conforme a concepção do poema “Língua”, e a construção e a evocação da memória, tema do poema “O brinco”? Explique sua resposta.

Para a leitura e interpretação de poemas, é essencial respeitar os limites estabelecidos pelo texto literário. Pela língua, os poemas moldam os limites da sua interpretação e, embora frequentemente ofereçam significados abertos e múltiplos, a interpretação deve se basear no que está escrito no texto e nos diversos recursos usados nele.

Os poemas têm maneiras particulares de comunicar ideias e sentimentos. Diferente de outros gêneros textuais, em poemas, muitas vezes a linguagem é explorada de maneira mais figurada e polissêmica . São utilizadas figuras de linguagem, imagens poéticas e símbolos que podem ter vários significados, como demonstrado durante a análise do poema “O brinco”. Isso pode tornar a interpretação mais desafiadora, mas é crucial não deixar que essas possibilidades se tornem uma interpretação sem limites. Respeitar os limites do poema significa, portanto, analisar o poema considerando seus recursos linguísticos, sua estrutura formal e sua temática dentro do contexto em que o texto foi escrito.

As figuras de linguagem já foram abordadas na seção Estudo da Língua: as figuras de palavra foram apresentadas no Capítulo 2 do Volume 1 e as figuras de sintaxe no Capítulo 1 do Volume 2 RETOMADA

8. a) O poema destaca como a língua atribui nomes às coisas e vai além, moldando a identidade e o modo como essas coisas são percebidas. A língua não só descreve o mundo, mas também influencia a maneira como as pessoas se relacionam com ele, transformando a percepção individual.

8. b) Nos três últimos versos do poema, o eu lírico sugere que, apesar de a língua possibilitar a comunicação, ela molda nossa interpretação e percepção das experiências, impondo limites e direcionando o pensamento. Assim, estar imerso na língua é estar constantemente influenciado por ela, com a percepção das coisas sendo filtrada e moldada pela estrutura e pelas convenções linguísticas.

8. c) Espera-se que os estudantes percebam que a língua, como uma armadilha, captura pensamentos e experiências, moldando a percepção e a memória.

8. d) Espera-se que os estudantes percebam que, no poema “O brinco”, os objetos e as lembranças são evocados e transformados pela língua. A sugestão de que o brinco esquecido pode forçar uma lembrança é um exemplo de como a língua cria armadilhas de memória, capturando momentos e sentimentos de maneira precisa e, ao mesmo tempo, limitada. Assim, a língua possibilita que a capacidade de preservar e transformar experiências influencie a maneira como essas experiências são percebidas e lembradas. polissêmico: trata-se da variação de sentidos de uma palavra ou expressão de acordo com o contexto de uso.

9. Retome os versos 47 a 61 do poema “O brinco” para responder às questões a seguir.

a) O poema inclui a entrada de um interlocutor nos versos. Analise como a presença desse interlocutor pode alterar a compreensão do poema.

b) Ao tratar do brinco, o eu lírico diz “cujo peso [do brinco] / frio”. Interprete os possíveis efeitos de sentido gerados pela exploração dessas sensações. Com base em sua interpretação, explique como o recurso da sensação física contribui para a representação de experiências no poema.

c) Nos versos 59 e 61, o brinco é comparado ao amor do eu lírico. Analise os efeitos dessa comparação no contexto do poema, retomando, se necessário, suas análises anteriores.

d) Reflita sobre a capacidade da língua e dos objetos de capturar e expressar experiências pessoais, com base nos versos analisados. Em seguida, relacione sua reflexão com o papel da linguagem e dos objetos na criação de memória e significado, conforme discutido no decorrer da seção

Estudo Literário

Construção da imagem poética

9. a) Nos versos, o eu lírico se dirige ao “meu querido”, estabelecendo uma conexão emocional. Essa interação direta sugere que o objeto esquecido e que dá título ao poema é um mediador de memória e afeto entre o eu lírico e o interlocutor, conferindo profundidade emocional à experiência.

Imagens poéticas são blocos de construções simbólicas em textos literários, capazes de transmitir múltiplos significados através de escolhas precisas de palavras e representações. Elas despertam uma variedade de sensações no leitor, enriquecendo a experiência de leitura. As imagens poéticas não apenas tornam a leitura mais envolvente, mas também garantem que o texto seja repleto de significados. Em “O brinco”, há a construção de uma imagem poética quando o eu lírico diz que o brinco tem “peso frio” e indica que o objeto pode representar seu amor. A imagem poética aqui é composta do objeto, das sensações físicas que ele pode provocar – o sentir do peso e da temperatura pelo tato – e da rememoração do amor que ele causa. Esse recurso é importante na poesia porque ajuda a criar imagens mais profundas.

A linguagem do texto

9. b) A exploração dessas sensações gera um efeito que intensifica a experiência emocional do poema. Ao descrever o brinco como um objeto com peso e temperatura tangíveis, o eu lírico proporciona uma sensação física que conecta o leitor às emoções evocadas pelo objeto. Esse recurso contribui para a representação vívida e sensorial das experiências e dos sentimentos envolvidos na cena descrita.

10. Releia o trecho do poema e responda às questões.

35 pode ser que um gesto

36 um jeito de dobrar os lábios

37 te devolva

38 subitamente

39 toda a infância

9. c) Essa comparação sugere que, embora o brinco seja um objeto que pode ser sentido e segurado, ele não consegue capturar plenamente a profundidade e a intensidade do amor. No contexto do poema, essa metáfora reforça a ideia de que os objetos cotidianos podem evocar lembranças e sentimentos, mas são apenas representações parciais das experiências emocionais mais profundas.

10. a) A palavra subitamente

a) Segundo o eu lírico, há atos que podem devolver a infância ao seu interlocutor: um determinado gesto, o jeito de dobrar os lábios. No trecho, que palavra sugere que a experiência da memória da infância possa ser desencadeada de modo inesperado e rápido por esses gestos?

b) A d evolução da infância ao interlocutor não é literal, mas figurada. Explique esse sentido figurado.

Advérbio

O sentido é que certos momentos ou gestos podem transportar uma pessoa instantaneamente de volta a experiências anteriormente vividas. Trata-se de uma recuperação de memórias.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Os advérbios , em geral, têm um papel fundamental na construção do sentido das frases, conferindo circunstâncias, precisão ou detalhes às informações transmitidas. Por esse funcionamento, o advérbio é uma classe de palavras cuja função principal é modificar o verbo, adicionando informações circunstanciais, como modo, tempo, lugar, intensidade, causa, dúvida, negação, afirmação, entre outras.

9. d) A linguagem poética transforma o brinco em um símbolo de memória e afeto, demonstrando como objetos cotidianos podem carregar significados profundos; além disso, a descrição sensorial e a comparação do brinco com o amor mostram como a língua pode moldar e transmitir emoções complexas. A língua, ao nomear e descrever, não apenas documenta experiências, mas também as interpreta e as transforma, permitindo que objetos comuns se tornem portadores de memórias e sentimentos significativos.

11. Releia outro trecho do poema.

8 pode ser que no caminho para o cinema

9 eu perca uma de minhas ideias

10 preferidas

11 e pode ser

12 que já na volta

13 eu me tenha resignado

14 alegremente

15 a essa perda

11. a) O trecho destaca uma oposição entre uma indiferença e quase frustração por perder os pensamentos na ida ao cinema e um retorno com menos tristeza e quase repleto de alegria. Essa oposição é construída ao longo dos oito versos. Os três versos de ida são extensos e com mais palavras, enquanto os cinco versos da volta são menores e menos extensos. Nesse caso, a escolha das palavras dos cinco versos finais precisa ser exata para gerar um valor de oposição.

a) Nesse trecho do poema, o eu lírico vive uma contradição. Identifique-a e detalhe por meio de que recurso linguístico ela foi construída no poema.

b) O tom da volta do cinema é marcado pelo uso do advérbio alegremente, que ocupa um verso inteiro. Descreva o efeito causado no poema pelo uso do advérbio nessa posição.

DIÁLOGOS

Ao usar esse advérbio de modo, o verso do poema ganha um sentido de como a volta está marcada. Ocupando um verso inteiro, ele tem seu sentido ampliado, o que influencia em todos os versos que estão no seu entorno (verso anterior e verso subsequente).

Modernismo negro

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Anteriormente, foi apresentado o poema “O brinco”, escrito por Ana Martins Marques. Nele, o eu lírico reflete sobre a construção das memórias e da experiência por meio de objetos do cotidiano. Também reflete sobre a construção da autoimagem na sociedade contemporânea. Agora, você irá ler o poema “Gravata colorida”, do poeta modernista Solano Trindade (1908-1974), em que a construção da autoimagem é abordada de outro ponto de vista.

Gravata colorida

1 Quando eu tiver bastante pão

2 para meus filhos

3 para minha amada

4 pros meus amigos

5 e pros meus vizinhos

6 quando eu tiver

7 livros para ler

8 então eu comprarei

9 uma gravata colorida

10 larga

11 bonita

12 e darei um laço perfeito

13 e ficarei mostrando

14 a minha gravata colorida

15 a todos os que gostam

16 de gente engravatada…

TRINDADE, Solano. Gravata colorida. In: REIS, Zenir Campos (org.). Poemas antológicos de Solano Trindade. São Paulo: Nova Alexandria, 2011.

ANDREA EBERT

1. a) As prioridades do eu lírico se resumem às necessidades básicas e essenciais, como a preocupação com a alimentação e o bem-estar das pessoas próximas a ele, bem como a valorização da educação.

1. b) O desejo do eu lírico de comprar a gravata colorida depois de satisfazer suas necessidades básicas pode ser visto como uma expressão de crítica social, uma vez que, no poema, a gravata simboliza a ascensão social, que só será possível após o eu lírico conquistar as suas necessidades básicas e as das pessoas de seu entorno.

1. Com base na leitura do poema, responda aos itens a seguir.

Francisco Solano Trindade foi um poeta, cineasta, pintor e animador cultural nascido em Recife. Publicou seu primeiro livro, Poemas negros , em 1936 e, em 1944, lança Poemas d’uma vida simples , que foi bem recebido pela crítica da época. Inspirado pelo Teatro Experimental do Negro, fundado em 1944 por Abdias Nascimento (19142011), Solano Trindade funda em Caxias (MA), onde residia à época, o Teatro Popular Brasileiro, cujo elenco era formado por faxineiras, operários e estudantes. Seu terceiro livro, Seis tempos de poesia , foi publicado em 1958 e seu quarto livro, Cantares ao meu povo, em 1961.

■ Solano Trindade em São Paulo, 1970.

1. c) Respostas pessoais. O objetivo da atividade é promover uma reflexão entre os estudantes sobre as perspectivas de futuro e as necessidades do presente.

2. a) O pão representa a alimentação, e o livro representa a busca por educação e conhecimento.

2. b) O poema sugere que, antes de buscar realizações pessoais, profissionais ou estéticas, é necessário assegurar que as necessidades básicas, como alimentação e educação, sejam atendidas.

a) De que maneira o eu lírico estabelece suas prioridades no poema? Identifique as necessidades que ele considera essenciais antes de decidir comprar uma gravata colorida.

b) Interprete o significado do desejo do eu lírico de comprar a gravata colorida após satisfazer suas outras necessidades. Em sua interpretação, elabore uma hipótese sobre o que a gravata colorida representa no poema.

c) Relacione sua interpretação do poema com suas próprias percepções sobre o que é prioridade na vida, tanto em relação ao presente quanto ao futuro. Quais são suas prioridades a curto e a longo prazo e como elas se comparam às do eu lírico?

2. No poema, os elementos pão e livro são utilizados para simbolizar as prioridades do eu lírico. A esse respeito, responda ao que se pede.

a) O que cada um desses elementos representa no contexto do poema?

b) Quais questões sociais e econômicas são abordadas com base nas prioridades do eu lírico e da organização dessas prioridades no poema?

c) Elabore um comentário sobre a maneira como o poema aborda a relação entre a satisfação das necessidades básicas e a busca por realização pessoal. Em seu comentário, explore o modo como o senso de coletividade atravessa o poema.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

3. Responda aos itens a seguir considerando a estrutura dos versos do poema “Gravata colorida”.

a) Identifique a repetição de uma estrutura verbal presente no poema. Em seguida, discuta como essa repetição influencia a compreensão do texto e qual efeito de sentido ela gera na comunicação das ideias e emoções do eu lírico.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

b) Identifique no poema os adjetivos usados para caracterizar a gravata. Em seguida, explique como a escolha dessas palavras atua na construção do efeito de sentido do poema.

Modernismo negro

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

O movimento modernista, inaugurado com a Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo, e o Modernismo negro, que emergiu nas décadas seguintes, apresentaram diferentes abordagens e objetivos, embora ambos compartilhassem um desejo comum de ruptura com as tradições passadas e a busca por novas formas de expressão. O Modernismo foi liderado por figuras como Mário de Andrade (18931945), Oswald de Andrade (1890-1954), Tarsila do Amaral (1886-1973) e Anita Malfatti (1889-1964). Esses artistas e escritores procuravam romper com as convenções artísticas e literárias europeias, criando uma arte nacional que refletisse a diversidade cultural do país, valorizando a cultura popular e a experimentação formal. No contexto dos anos 1930, o Modernismo passou por uma fase de amadurecimento. É também nesse contexto que surge o movimento do Modernismo negro, do qual Solano Trindade é representante. Esse movimento buscou resgatar e valorizar a cultura negra, muitas vezes marginalizada e desvalorizada. Enquanto o Modernismo paulista se concentrava na criação de uma identidade nacional que incluísse elementos de diversas culturas, o Modernismo negro enfatizava a importância de reconhecer e celebrar a contribuição da negritude para a formação da identidade brasileira.

3. b) Os adjetivos utilizados pelo eu lírico para descrever a gravata (colorida, larga, bonita) não apenas destacam a aparência da gravata, mas também simbolizam a busca por algo que não esteja na esfera do comum. A descrição da gravata como “colorida” e “bonita” sugere um desejo de expressão pessoal autêntica. A escolha desses adjetivos ajuda a criar uma imagem vívida da gravata descrita no poema.

4. a) O termo engravatada geralmente se refere a pessoas que trabalham em cargos formais ou de chefia, em que o uso de gravatas é comum. Assim, engravatada pode sugerir respeito e autoridade, mas também pode ter relação com as desigualdades sociais e a desconexão entre a realidade cotidiana e as necessidades básicas da população em geral.

4. O termo engravatada é usado para caracterizar determinados tipos de pessoas. A esse respeito, responda.

a) E xplique o significado e a conotação do termo engravatada no contexto social e profissional. Em sua explicação, considere o impacto cultural e social desse termo. Se necessário, faça uso de uma ferramenta de pesquisa para a realização da atividade. Para isso, certifique-se de utilizar fontes confiáveis.

b) Relacione o significado do termo engravatada com a interpretação do poema, discutindo como a figura da pessoa engravatada reflete ou contrasta com a visão do eu lírico sobre realização pessoal.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

5. Retome “O brinco”, de Ana Martins Marques, e “Gravata colorida”, de Solano Trindade. Depois, responda às questões a seguir, comparando a construção da autoimagem nesses dois poemas.

a) Releia o poema “Gravata colorida” e, em seguida, explique de que maneira a gravata é utilizada para provocar uma reflexão sobre a construção de imagem e status social.

b) Compare como cada poema usa objetos cotidianos para discutir a construção da autoimagem. Quais são as principais semelhanças e diferenças na maneira como esses objetos são empregados para expressar a identidade do eu lírico de cada poema?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

c) Reflita sobre como a construção da autoimagem nos poemas pode se relacionar com a sua própria experiência e percepção pessoal sobre autoimagem.

REFLETIR E ARGUMENTAR

5. a) O desejo do eu lírico de comprar uma gravata colorida após satisfazer suas necessidades básicas sugere uma crítica à superficialidade das aparências e ao valor atribuído a símbolos de status social. A gravata, neste contexto, representa uma construção de imagem criticada, refletindo sobre a futilidade e a artificialidade associadas aos símbolos sociais.

5. c) Resposta pessoal. O objetivo da atividade é promover a reflexão sobre a construção da autoimagem.

Leia, a seguir, um trecho de uma reportagem e responda às questões.

SAÚDE

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Filtros das redes sociais impactam a autoimagem dos jovens

[…]

Usuários de redes sociais, sobretudo os mais jovens, podem ter problemas de autoestima e de saúde mental com o uso indiscriminado dos chamados filtros de imagem , [...]. Esta constatação já começa a aparecer em algumas pesquisas, a exemplo da realizada entre maio e junho de 2022, por encomenda da multinacional Allergan Aesthetics.

No estudo, com 650 pessoas entre 18 e 50 anos em oito capitais brasileiras, 98% dos entrevistados afirmaram que as redes sociais exercem influência na autoestima de uma pessoa e 24% acreditam que esse impacto é negativo. Também na pesquisa, 93% concordam que o nível de cobrança estética se tornou irreal por conta do uso exagerado de filtros; 40% admitiram usar filtros nas próprias fotos com frequência (e outros 37% ocasionalmente); e 63% conhecem ou ouviram falar de pessoas que já tenham deixado de sair de casa ou de ir a algum encontro por não quererem ser vistas sem os filtros de imagem.

FILTROS das redes sociais impactam a autoimagem dos jovens. Terra, [São Paulo], 22 maio 2023. Disponível em: www.terra.com.br/noticias/filtros-da-redes-sociais-impactam-a-autoimagem-dos-jovens,979bf28eb283e 409a160e9fe438c20c33n5ufmzq.html. Acesso em: 11 set. 2024.

Respostas pessoais. O objetivo da questão é o compartilhamento entre os estudantes dos objetivos de usar filtros em fotografias e vídeos.

• Você usa filtro em fotografias ou vídeos? Se sim, com qual objetivo você o utiliza?

• Em seu ponto de vista, de que modo as redes sociais e o uso de filtros atuam na construção da autoimagem dos jovens?

Resposta pessoal. O objetivo da questão é levar os estudantes a refletir sobre como eles são influenciados pelas redes sociais na construção da sua autoimagem.

• Associe os poemas lidos ao que foi abordado na reportagem e discuta como a busca pela validação podem trazer impactos negativos para a vida dos jovens.

Resposta pessoal. O objetivo da questão é provocar uma reflexão acerca dos perigos da construção de autoimagens pautadas em elementos que podem ser prejudiciais à saúde mental, como o uso exagerado de filtros em imagens.

OFICINA LITERÁRIA

Imagens poéticas e

identidade

Estudar a proposta

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Na seção Estudo Literário, foram apresentadas algumas características do gênero textual literário poema. Entre elas, está a construção de imagens poéticas por meio da escolha de palavras e representações. Nesta Oficina Literária, você vai elaborar um poema que, por meio da construção de imagens poéticas, busque expressar sua relação com algum aspecto de sua identidade.

Motivar a criação

1. A motivação para iniciar a produção do poema envolve a observação e a reflexão acerca das características da sua identidade e do modo como tais características podem ser expressas por meio de imagens poéticas. Para isso, releia os textos trabalhados e analise a maneira como cada eu lírico faz uso da memória e da sua realidade para construir a imagem de identidade que permeia o texto. Em seguida, reflita sobre o modo como você abordará a temática em seu poema.

• Quais aspectos da sua vivência e da sua identidade você irá abordar em sua criação poética?

• Quais sentimentos e sensações esses aspectos geram em você e de que modo você pretende transmiti-los para o seu leitor?

Planejar e elaborar

1. Inicie o planejamento do texto pelos passos a seguir.

• Indique se o poema obedecerá a uma estrutura métrica regular e se apresentará ou não rimas.

• Planeje o modo como a temática será abordada no poema.

• Elabore imagens poéticas que se relacionem com a temática escolhida.

2. Na escrita do poema, procure formular versos que atendam à temática e apresentem imagens poéticas expressivas. Para isso, retome o que você já aprendeu sobre figuras de linguagem.

3. Reflita sobre as construções ao longo do seu poema, observando se a relação entre forma e conteúdo estabelecida por você é coesa e coerente e se tais relações favorecem a expressividade.

Avaliar e recriar

1. Utilize as perguntas a seguir como roteiro para avaliação e reedição do poema.

• O leitor consegue compreender a temática do poema?

• A expressividade gerada pelas imagens poéticas gera a sensação esperada no leitor?

Compartilhar

O poema produzido pode ser divulgado no blogue da turma, se houver, ou ser entregue ao professor para que, em data previamente definida, seja apresentado para os colegas. As impressões sobre a atividade e sobre os textos podem ser compartilhadas em uma roda de conversa.

ESTUDO DO GÊNERO TEXTUAL

Postagem

de rede social

Respostas pessoais. Incentive os estudantes a compartilhar com a turma seus gostos e interesses com base nos conteúdos pelos quais se interessam. É importante motivá-los a refletir sobre como esses conteúdos acrescentam em suas vidas e até mesmo em suas trajetórias educacionais.

Na seção Estudo Literário, foram analisados poemas de Ana Martins Marques e de Solano Trindade, que – cada um à sua maneira – exploraram a ideia que temos de nossa imagem e da imagem que os outros têm de nós. Agora, será apresentada uma postagem de rede social que também aborda a autoimagem e o exercício do autorreconhecimento.

PRIMEIRO OLHAR

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolva nos estudantes o aprofundamento das “análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas”. Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social.

Antes de iniciar a primeira leitura do texto, comente com a turma as questões a seguir.

• Você possui perfis em redes sociais? Em quais?

Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

• Você segue perfis de influenciadores digitais na Internet? Quais são os seus favoritos? Por que você se interessa pelo conteúdo que eles oferecem aos usuários? Como você escolhe esses conteúdos?

• Observe a fotografia que acompanha a postagem da influenciadora Elisama Santos (1985-). Caso visse essa fotografia no seu feed, você se interessaria por ler o texto que a acompanha? Por quê?

• Com a observação apenas da imagem, crie uma hipótese: qual é o tema da postagem de Elisama?

Respostas pessoais. A postagem da influenciadora Elisama Santos foi veiculada na rede social Instagram. O funcionamento dessa rede se dá de maneira que as fotografias ganhem mais destaque que os textos. O usuário só consegue ler o texto completo caso clique na fotografia.

Sempre tive uma relação conturbada com o meu cabelo. Cheio demais, rebelde demais, desarru mado demais. Pentear o cabelo era sinônimo de tortura, puxões, dor. Aos 11 anos alisei meu cabelo sem que a minha mãe soubesse. Comprei o alisante, lembro do cheiro forte que ele tinha e que me foi familiar por tanto tempo, da coceira e ardor que causava, mas deixa, quanto mais tempo mais liso, sinal de que está fazendo efeito. Lembro da tristeza nos olhos dela. Começar a amar o meu cabelo, a brincar com as suas possibilidades, a enxergar a riqueza que ele traz foi conquista adulta. Suada. Sofrida. ‘Que cabelo é esse?’, ‘Você fica mais bonita de escova!’, ‘Mas você vai pra festa com o cabelo assim?’

Na segunda quebrei o meu dedo. E agora, como vou finalizar e cuidar do meu cabelo? Pedi socorro à trancista, mas ainda pre cisava lavar e desembaraçar. E eis que vivo algo lindo e inesperado. Importante dizer, mulheres negras normalmente tem dificuldade de pedir ajuda. Não nos deram o papel de frágeis ou sensíveis. Somos as guerreiras, fortes, independentes. Vesti essa carapuça bem cedo, pedir ajuda é um desafio que me acompanha diariamente, um aprendizado pra toda a vida. Mas com o dedo quebrado eu precisei pedir ajuda.

Resposta pessoal. A confirmação da hipótese criada será retomada em atividade do subtítulo “Conteúdo da postagem de rede social”.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.
REPRODUÇÃO/ELISAMA SANTOS
CAROLINA

1. Respostas pessoais. Verifique se os estudantes confirmaram ou não as suas hipóteses e se compreenderam que a temática principal da postagem é a relação da influenciadora com o seu cabelo, passando por outros temas adjacentes, como a dificuldade da mulher negra de pedir ajuda e a relação da influenciadora com a filha.

Elisama Santos é autora de sete livros, psicanalista e especialista em saúde mental, apresentadora e podcaster. Apresenta-se como uma mulher negra e nordestina e afirma que a sua identidade é um importante filtro que utiliza para olhar o mundo. É mãe de Miguel e Helena.

■ Elisama Santos, 2024.

Bianca Santana é jornalista, escritora e professora. Doutora em Ciência da Informação pela Escola de Comunicações e Artes da U niversidade de São Paulo (ECA-USP), com uma tese sobre memória e escrita de mulheres negras, possui uma importante atuação no movimento feminista negro do Brasil.

■ Escritora Bianca Santana em Petrópolis (RJ), 2024.

‘Filha, você lava e desembaraça o meu cabelo?’. Ela pôs uma cadeira no banheiro, passou shampoo, hidratação, desembaraçou com amor e cuidado. ‘Tá bom assim, mamãe? Quer que eu faça mais devagar?’. Meus olhos se encheram de lágrimas e estão cheios ainda agora, só de lembrar. Porque o que esse momento simbolizou pra mim, não tenho palavras pra dizer. Assistir a relação de amor que ela desenvolve com o próprio cabelo é mágico. Receber o amor e o respeito dela pelos meus fios foi curativo. Potente. Lindo.

Só consigo torcer que um dia todas nós recebamos amor assim. Que um dia os nossos cabelos, cheios de marcas de dor, sejam tocados com leveza, doçura, respeito.

Sou emocionada, minha gente, não nego.

Ainda bem!

ELISAMA SANTOS. [Relação com meu cabelo]. [S l.], 26 maio 2024. Instagram: elisamasantosc. Disponível em: www.instagram.com/p/C7b3dsTuJ32/. Acesso em: 11 set. 2024.

Conteúdo da postagem de rede social

1. Na atividade proposta no Primeiro olhar foi pedido que você criasse uma hipótese sobre o tema da postagem. Retome a hipótese formulada e responda: ela se confirmou? Qual é o tema da postagem de Elisama Santos?

2. Releia a frase apresentada no segundo parágrafo da postagem.

Começar a amar o meu cabelo, a brincar com as suas possibilidades, a enxergar a riqueza que ele traz foi conquista adulta.

a) Por que Elisama afirma que amar o seu cabelo foi uma conquista adulta? Justifique a sua resposta com informações apresentadas por ela na postagem.

Porque apenas quando adulta ela começou a assumir o seu cabelo natural e todas “as suas possibilidades”.

b) Qual acontecimento da infância foi relatado pela influenciadora para contextualizar essa sua afirmação?

3. Leia um trecho do relato da experiência vivida escrito pela jornalista Bianca Santana (1984-).

2. b) Aos 11 anos, Elisama comprou um alisante capilar sem que a mãe soubesse, para alisar os cachos do seu cabelo.

Óbvio que somos negros. Se nossa pele não é tão escura, nossos traços, cabelos, vivências, história revelam o grupo social a que pertencemos. Minha mãe, formada economista, trabalhando como vendedora de uma grande empresa, foi branqueada como os jogadores de futebol negros que no século 19 passavam pó de arroz no rosto para serem aceitos nos clubes.

SANTANA, Bianca. Quando me descobri negra . São Paulo: Fósforo, 2023. p. 25.

• De que maneira o trecho do relato de Bianca Santana se relaciona à história de infância narrada por Elisama Santos?

Na história de infância narrada, a Elisama Santos de 11 anos acaba vivenciando uma experiência que se relaciona à da mãe de Bianca Santana e à dos jogadores de futebol negros no século 19. Ao alisar o cabelo, ela, ainda que provavelmente de maneira inconsciente, tenta esconder um traço de sua negritude.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

ENTRE GÊNEROS

As novas tecnologias favorecem a proliferação de novos gêneros textuais, como é o caso da postagem em redes sociais. Na ampliação das possibilidades de suportes eletrônicos e digitais, gêneros antigos muitas vezes se imbricam e interpenetram para a criação de novos gêneros, que assumem características de novos contextos de produção e de circulação, além de propósitos diversos relacionados a esses contextos. A postagem, por isso, muitas vezes apresenta características semelhantes ao relato pessoal ou ao relato de experiência vivida. Por outro lado, algumas vezes se relaciona mais com os gêneros textuais dotados de fortes características argumentativas. Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

4. A postagem em redes sociais tem como finalidade compartilhar acontecimentos que possam gerar interesse e até mesmo reflexão em quem os recebe. Por isso, é comum que esse gênero textual se utilize de vivências para propor uma reflexão acerca de um tema.

a) Em sua opinião, em qual público a postagem de Elisama Santos pode gerar interesse?

b) Qual é o acontecimento principal relatado por Elisama em sua postagem?

c) Na postagem, Elisama propõe uma reflexão ao leitor. Qual seria ela?

5. Na postagem, Elisama afirma ter dificuldades para pedir ajuda.

a) Qual acontecimento desencadeou a necessidade de a influenciadora buscar ajuda de outras pessoas?

O fato de ela ter quebrado o dedo.

b) De acordo com Elisama, por que é tão difícil para ela recorrer à ajuda dos outros?

6. Elisama afirma ter passado por um processo de cura que contou com o amor e a filha. De que maneira isso ocorreu?

7. Releia, a seguir, a última frase da postagem.

Sou emocionada, minha gente, não nego. Ainda bem!

a) Há nela uma expressão que pode ser considerada como gíria. Identifique-a.

A expressão sou emocionada.

b) Essa gíria pode ser utilizada, em alguns contextos, com sentido pejorativo. Qual seria ele?

A de que a pessoa é exageradamente emotiva e romântica.

c) De que maneira Elisama Santos modifica o uso da gíria, concedendo a ela um sentido positivo?

Ela assume que é emocionada e complementa com a frase Ainda bem! , demonstrando que não há problema algum em apresentar essa emoção.

8. Elisama Santos utilizou uma plataforma de rede social para relatar a relação com o seu cabelo e provocar a reflexão e a possível identificação em seus seguidores.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

a) Você se identificou com a postagem da influenciadora? Por quê? Compartilhe as suas impressões com os colegas.

b) E xiste algum aspecto em sua aparência com o qual você nutre uma relação conturbada, assim como o de Elisama com o cabelo? Caso você fosse escrever uma postagem como a da influenciadora, o que abordaria e que reflexão a respeito disso faria?

Respostas pessoais. Por ser uma resposta de cunho bastante íntimo, permita que os estudantes a escrevam sozinhos e a compartilhem apenas se sentirem vontade. Procure perguntar a eles se existe algum acontecimento que possa ilustrar a relação sobre a qual estão falando. Além disso, procure propor a eles que pensem sobre por qual processo de cura e autorreconhecimento poderiam passar para melhorarem tal relação.

4. a) Resposta pessoal. É importante que os estudantes reconheçam que um dos públicos-alvo de Elisama são seus próprios seguidores. Além disso, as pessoas que se interessam e se identificam com a temática abordada podem se sentir atraídas pela leitura, como mulheres, mães, pessoas negras etc.

4. b) O acontecimento principal é o momento em que a filha de Elisama a ajuda a desembaraçar o seu cabelo.

4. c) Ela propõe uma reflexão sobre autorreconhecimento e aceitação, em especial relacionada à valorização do cabelo natural, que, no caso da influenciadora, é o cabelo cacheado e com tranças.

5. b) Porque ela é uma mulher negra e, como ocorre com outras mulheres negras, a ela não foi dado um papel de fragilidade, mas sim de fortaleza e independência, no qual não há espaço para pedir ajuda.

6. Elisama sentiu que a relação, muitas vezes conflituosa, com o seu cabelo foi curada ao observar o amor que a filha desenvolveu pelo próprio cabelo e o amor e respeito com que a filha tratou os seus fios ao desembaraçá-los.

8. a) Respostas pessoais. Atente-se para o compartilhamento dos estudantes e para a reação dos colegas, que deve ser respeitosa e livre de preconceitos.

SAÚDE

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolva nos estudantes o aprofundamento das “análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas”. Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social.

Composição e contexto da postagem de rede social

9. Leia, a seguir, o trecho de um texto publicado no blogue Rock Content, que apresenta as 10 redes sociais mais usadas no Brasil no ano de 2024. Em seguida, discuta com os colegas as questões propostas e registre uma síntese no caderno.

Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

Talvez você acredite que a rede social mais usada no Brasil em 2024 seja o Instagram. Está enganado: é o WhatsApp. Mas logo em seguida vem, sim, o Instagram, seguido do Facebook e ele, o fenômeno TikTok.

Vamos conferir os números? Eles vêm todos do Data Report 2024 Brasil , também produzido em parceria com a Meltwater e We Are Social, e representam a porcentagem de usuários de internet de 16 a 64 anos que usam cada plataforma mensalmente:

• WhatsApp: 93.4%

• Instagram: 91.2%

• Facebook: 83.3%

• TikTok: 65.1%

• Facebook Messenger: 60.8%

• Telegram: 56.5%

• Pinterest: 46.7%

• Kuaishou (Kwai): 46.1%

• X ( Twitter): 44.4%

• LinkedIn: 37.2%

MARTINS, Diana. As 10 redes sociais mais usadas no Brasil em 2024. In: ROCK CONTENT. [S. l.], 29 abr. 2024. Disponível em: https://rockcontent.com/br/blog/as-maiores-redes-sociais/. Acesso em: 11 set. 2022.

a) Após observar as 10 redes sociais citadas, responda: você utiliza alguma delas? Cite-as e compartilhe com os colegas quais funcionalidades elas apresentam em sua vida.

b) A rede social mais utilizada no Brasil possui como principal funcionalidade a comunicação entre pessoas. Você costuma utilizá-la? Como costuma se comunicar por meio dela?

c) Do ponto de vista financeiro, utilizar as redes sociais para a comunicação é favorável para você? Por quê?

d) Em sua opinião, qual das redes sociais listadas acima mais podem servir de plataforma para que você exerça influência sobre outros seguidores? Explique seu ponto de vista.

e) Há aspectos negativos no uso das redes sociais em seu cotidiano? De que modo é possível minimizá-los?

10. A postagem de Elisama Santos foi publicada no Instagram. Leia, a seguir, o trecho de um texto instrucional que ensina o usuário a publicar nessa rede social.

Como postar no Instagram

O Instagram permite publicar conteúdo no feed, Reels e Stories, além de oferecer transmissões ao vivo.

Para publicar uma foto ou vídeo no feed, faça o seguinte passo a passo:

1. Toque no botão de “+”;

2. Selecione uma mídia ou abra a câmera;

Publicar no feed

Publicar

um story

3. Edite o conteúdo;

4. Escreva uma legenda para a publicação;

5. Marque pessoas, adicione e faça outros ajustes na publicação (opcional);

6. Ao finalizar, toque em “Compartilhar”.

O Instagram também oferece publicações efêmeras, que duram apenas 24 horas:

1. Abra o app do Instagram;

2. Toque no ícone de “+”;

3. Selecione a opção “Story”;

4. Tire uma foto ou grave um vídeo;

5. Faça as edições desejadas;

6. Publique no seu perfil.

10. a) O story apresenta uma limitação de tempo, oferece publicações efêmeras, que duram apenas 24 horas, ainda que fiquem armazenadas em um histórico pessoal do usuário. Pondere com os estudantes o que consideram pontos positivos e negativos da rede. É interessante que eles compartilhem seus conhecimentos acerca da plataforma, inclusive apresentando os pontos positivos de postagens efêmeras, como, por exemplo, menor tempo de exposição em relação ao feed, além do armazenamento apenas pessoal.

O Instagram também oferece a publicação de vídeos através do Reels :

1. Acesse a rede social;

2. Vá no ícone “+”;

3. Selecione a opção “Reel ”;

Publicar um Reel

4. Escolha uma mídia ou acesse a câmera;

5. Edite o vídeo conforme suas necessidades;

6. Aperte em “Avançar”;

7. A ltere os detalhes da publicação;

8. Toque em “Avançar” para publicar o Reel.

BLASI, Bruno de. Como usar o Instagram: guia prático. [S l.]: Canaltech, 4 jul. 2024. Disponível em: https://canaltech.com.br/redes-sociais/como-usar-o-instagram/. Acesso em: 11 set. 2024.

a) As postagens de redes sociais costumam obedecer às limitações das plataformas nas quais são publicadas. Uma das opções de compartilhamento do Instagram apresenta uma limitação de tempo. Qual é ela? Em sua opinião, essa limitação é positiva ou negativa?

b) Ao analisar o texto instrucional sobre o funcionamento do Instagram, é possível afirmar que ele favorece mais o compartilhamento de textos verbais, não verbais ou multimodais? Por quê?

c) Você conhece outras redes sociais que apresentam diferentes limitações? Apresente um exemplo e comente sobre ele.

Respostas pessoais. Sugestão de respostas: o X (antigo Twitter) limita o número de caracteres (no máximo 280) e o número de fotos, gifs e vídeos que acompanham uma publicação.

Postagens e limitações das plataformas de redes sociais

Cada plataforma de rede social possui as suas limitações para as publicações, que compõem seu contexto de produção. Por isso, as características do gênero textual postagem tornam-se fluidas, adaptando-se às especificidades de cada rede social.

11. Um influenciador digital, como é o caso de Elisama Santos, precisa conhecer muito bem os seus seguidores e sempre fortalecer a interação com o seu público. A seguir, leia um texto informativo que explica o termo engajamento, muito utilizado pelas pessoas que trabalham com redes e mídias sociais

O que é engajamento?

De maneira simplificada, podemos explicar o engajamento como a interação do seu público com o conteúdo nas diversas redes sociais. No Instagram, é representado pelas curtidas e comentários feitos nos posts, o compartilhamento de postagens, ao salvar um item na coleção, entre outras ações.

As interações demonstram que os posts estão sendo interessantes e chamando a atenção do público. Dessa maneira, o engajamento é um indicativo de que a estratégia está funcionando. Qual é a importância de ter engajamento no Instagram?

Essa é uma métrica muito importante para quem atua com o Instagram. O principal motivo de considerar o engajamento é que, por meio dele, é possível dar o primeiro passo em direção a um relacionamento verdadeiro com o seu público.

Além disso, esse é um dos aspectos que influenciam a entrega dos seus conteúdos na rede social. Vale dizer que o Instagram não apresenta os posts para todos os seguidores de uma página.

Diversos fatores direcionam os conteúdos para cada seguidor, sendo que o nível de interesse do usuário é fundamental nessa seleção. Desse modo, quanto mais uma pessoa interage com o seu perfil, maior a probabilidade de ela receber novas postagens. Assim, o engajamento faz toda a diferença.

CURVELO, Rakky. 7 dicas para aumentar o engajamento no Instagram [S l.]: HubSpot, 25 jul. 2024. Disponível em: https://br.hubspot.com/blog/marketing/engajamento-instagram. Acesso em: 11 set. 2024. 10. b) Textos multimodais, como vídeos em que a pessoa usa a linguagem oral ou escrita. A linguagem verbal na modalidade oral se apresenta no momento em que alguém fala algo no reel ou story compartilhado; a modalidade escrita aparece em legendas ou nas próprias postagens. Ainda assim, a linguagem não verbal tem bastante importância nas opções de compartilhamento do Instagram, já que o aplicativo foi concebido para essa finalidade, passando por mudanças de formato ao longo do tempo, mas ainda assim mantendo sua identidade de ser uma rede social visual.

11. a) É uma métrica que avalia a interação do público com o conteúdo nas diversas redes sociais. Quanto maior a interação, maior o engajamento.

Influenciador digital

Elisama Santos exerce, entre outras, a profissão de influenciadora digital. Um influenciador digital é alguém que cria conteúdos para o seu público e consegue angariar e manter um alto nível de relacionamento com o usuário por meio das interações. Muitos influenciadores conseguem tornar as suas ações nas redes rentáveis ao serem contratados para participar do marketing digital de empresas com base na compatibilidade entre os assuntos dos quais tratam e dos produtos ou serviços que as empresas contratantes desejam vender.

• Acrescente ao portfólio que está sendo elaborado pela turma a formação e os possíveis cursos que os influenciadores digitais têm. Dessa maneira, você poderá conhecer uma profissão cada vez mais requisitada pelas empresas de marketing e publicidade da atualidade.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

11. d) Respostas pessoais. Permita que os estudantes compartilhem seus conhecimentos prévios sobre o assunto com os colegas. É importante que eles saibam que toda a publicação patrocinada, em redes sociais, deve ser claramente indicada, normalmente pelo uso de hashtags, por exemplo: #publi, #propaganda, #patrocinado.

11. c) O nível de interesse do usuário em determinada página ou perfil, estabelecido na plataforma pelo tanto que ele interage com as suas postagens, aumenta as chances de ele ver esse conteúdo, já que o Instagram não apresenta as postagens para todos os seguidores de uma página.

a) D e acordo com as informações apresentadas no texto, o que é engajamento?

b) N o Instagram, quais são as ações computadas para se medir o engajamento?

Curtir, comentar, compartilhar, salvar um item na coleção.

c) De que maneira o engajamento influencia os conteúdos recebidos por um seguidor?

d) Muitos influenciadores digitais conseguem renda por meio da divulgação de produtos ou marcas em suas postagens. As empresas que os contratam medem justamente o engajamento que eles são capazes de gerar. Muitas vezes, no entanto, o que é anunciado e a opinião dos influenciadores se misturam, fazendo com que a ação de anúncio não fique clara para o seguidor. Você sabe como essa situação pode ser evitada? Compartilhe os seus conhecimentos com os colegas.

e) Qual é a sua opinião sobre o uso do engajamento para o anúncio de produtos e marcas? Compartilhe suas impressões com os colegas.

12 . Observe, a seguir, o perfil no Instagram de Elisama Santos e o da cantora Anitta.

12. a) O selo azul com um símbolo de “check ” ao lado do nome do perfil, o qual significa que o Instagram verificou que aquela pessoa/marca não é um perfil falso.

ELISAMA SANTOS. [Perfil de Instagram]. [S. l.], [2024]. Instagram: elisamasantosc. Disponível em: www.instagram.com/elisamasantosc/. Acesso em: 11 set. 2024.

ANITTA. [Perfil de Instagram]. [S l.], [2024]. Instagram: anitta. Disponível em: www.instagram.com/anitta/. Acesso em: 11 set. 2024.

a) O Instagram tem se firmado como uma rede social definidora da popularidade de influenciadores digitais. Nos perfis da Elisama e da Anitta, qual selo representa uma preocupação delas com a influência que exercem?

b) Qual informação nos perfis define a influência de cada uma na rede social? Quem possui maior influência?

11. e) Respostas pessoais. Para incentivar a reflexão, procure perguntar aos estudantes se eles utilizam redes sociais e se costumam seguir algum influenciador. Depois, questione se os influenciadores que seguem costumam fazer anúncios e se isso os influencia, de alguma maneira, a querer consumir produtos ou marcas.

12. b) O número de seguidores. Anitta possui maior engajamento, pois seu número de seguidores, 64,4 milhões, é bem maior do que o de Elisama, 388 mil.

MUNDO do TRABALHO

12. c) Não. No perfil de Elisama, está atrelado à profissão de comunicadora; e no de Anitta, à de cantora.

12. d) As duas influenciadoras se preocupam em compartilhar no perfil informações profissionais.

c) O ícone do microfone é utilizado nos dois perfis. O significado dele é o mesmo em ambos?

d) Observe as outras informações apresentadas nos perfis. Em que elas se parecem?

e) Qual é a função dos hiperlinks de internet fixados ao final do perfil de cada uma? Como isso pode ser identificado?

f) Em sua opinião, que tipo de responsabilidade influenciadores, como Elisama e Anitta, devem ter ao produzir postagens? Ao seu ver, o número de seguidores aumenta essa responsabilidade?

13. Na rede social Instagram, as ações que o usuário desempenha – por exemplo, curtir, comentar, compartilhar e salvar – ajudam a medir o engajamento de um influenciador e a organizar os conteúdos aos quais o usuário terá acesso. Dessa maneira, vai-se construindo a identidade virtual de cada pessoa presente nas redes. A atividade de pesquisa, a seguir, pretende auxiliar a compreensão acerca da sua identidade virtual, das atitudes que pretende manter nas redes que utiliza e daquelas que deseja modificar.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

a) Para dar início à atividade de pesquisa e análise do seu comportamento em redes sociais, combine com o professor o período em que essa análise ocorrerá, estipulando um prazo final.

b) De preferência, escolha a análise do seu comportamento na rede Instagram. Caso não participe dela, indique a rede que irá analisar e as ações que serão estudadas.

c) Construa uma organização de fichamento dos perfis com os quais interagiu nesse período. Utilize o modelo de ficha a seguir, fazendo as devidas alterações a depender da rede escolhida.

Perfil seguido:

Conteúdo em resumo:

Curti

Comentei

Compartilhei

Salvei

Por quê?

12. e) O hiperlink no perfil de Elisama leva à sua página oficial, conforme indicado pelo endereço eletrônico. O hiperlink no perfil de Anitta leva ao álbum Funk Generation, conforme indica a expressão listen now e o trecho do endereço eletrônico em que se lê Funk Generation

13. a) Procure estipular o prazo de, no máximo, uma semana, tempo suficiente para a análise proposta.

d) Diariamente, escolha um momento para registrar nas fichas as interações que teve na rede social escolhida.

e) Após o período estipulado com o professor, reúna-se com a turma para compartilhar os seus resultados e suas impressões sobre as questões a seguir.

• Com quais perfis você interagiu?

• Há, na turma, perfis que geram o engajamento da maioria? Você consegue pensar em uma razão para isso?

• Com que tipos de conteúdo você mais interagiu? Por quê?

Respostas pessoais. Após a rodada de compartilhamento, incentive os estudantes a fazer um registro da conversa e das conclusões no caderno.

• Você conseguiu identificar as postagens de anúncio de produtos ou marcas?

• Você salvou postagens? Se sim, qual foi a sua intenção ao fazer isso? Em sua opinião, essa ação demonstra quais são seus interesses?

• Caso tenha compartilhado postagens, você conhecia o conteúdo compartilhado ou procurou fazer uma checagem de suas informações? O que levou você a compartilhar esse conteúdo? Você opinou sobre o conteúdo compartilhado?

• Ao observar um pouco da sua identidade virtual, existe alguma mudança que deseja fazer a esse respeito?

12. f) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reflitam sobre a importância que deve significar poder influenciar seguidores, que – como o próprio termo indica –, muitas vezes, concordarão com suas opiniões e consumirão as informações que você compartilha. É possível que afirmem que essa responsabilidade aumenta proporcionalmente ao aumento de número de seguidores, mas também é possível opinar que qualquer opinião pública deve ser proferida com a devida responsabilidade e respeito aos direitos humanos.

14. A rede escolhida por Elisama Santos para compartilhar a sua postagem foi o Instagram, conhecida por ser uma rede social visual, ou seja, que privilegia o compartilhamento de fotografias e vídeos. A seguir, observe novamente a fotografia utilizada por Elisama em sua postagem.

14. a) Resposta pessoal. Uma possibilidade é a de que Elisama quis evidenciar os cabelos das duas, tema principal de sua postagem.

14. b) Sim. A imagem de mãe e filha abraçadas é coerente à mensagem de amor compartilhada. Além disso, o foco no cabelo cacheado da filha e nas tranças da mãe parece representar o processo de cura pelo qual Elisama passou, agora que ostenta os cabelos naturais.

■ Fotografia da postagem de Elisama Santos.

a) A influenciadora já apresentou, em seu perfil, a fotografia da filha de frente. Nessa postagem, no entanto, as duas aparecem de costas para os seguidores. Em sua opinião, por que Elisama fez essa escolha para a composição da imagem?

b) A imagem compartilhada por Elisama é coerente com a mensagem de amor e cura presente em seu texto? Por quê?

15. Ao final da postagem de Elisama Santos, as informações a seguir são apresentadas.

15. a) Significa o nome do perfil. Ao clicar no @ seguido pelo nome, o usuário é levado para o perfil indicado.

■ Print da postagem de Elisama Santos.

a) Na rede social utilizada, o que o @ (arroba) seguido pelo nome significa e que ação promove?

b) O que o emoji da câmera fotográfica significa?

Significa que a fotografia foi tirada por Carolina Pires.

c) Os dois perfis indicados por Elisama são de profissionais. Carolina Pires é fotógrafa e Bell Souto é trancista. Em sua opinião, qual foi a intenção da influenciadora ao indicar esses nomes?

Postagem em rede social

O gênero textual postagem tem seu nome originado de um verbo na língua inglesa – to post – e refere-se à ação de inserir um texto, uma fotografia ou um vídeo em uma plataforma de rede social ou blogue. A plataforma escolhida, com suas peculiaridades e limitações, acaba influenciando as características que a postagem terá. Assim, a postagem de rede social não apresenta uma estrutura bem definida. Uma variedade presente nesse gênero são as linguagens utilizadas. As fotografias, os vídeos, os gifs , os áudios e a escrita podem estar presentes. As postagens também apresentam uma diversidade tipológica, ou seja, podem ser predominantemente narrativas, descritivas, dissertativas e expositivas de acordo com a intencionalidade da pessoa que as escreve.

15. c) Resposta pessoal. Uma possibilidade de resposta é a de que a influenciadora desejou indicar aos seguidores o trabalho das duas: a profissional (a trancista) que participou do processo relatado e a que tirou a fotografia.

CAROLINA PIRES

A linguagem do texto

16. Releia, a seguir, trechos da postagem de Elisama Santos e depois copie, no caderno, as afirmativas corretas sobre eles.

I. “Comprei o alisante, lembro do cheiro forte que ele tinha e que me foi familiar por tanto tempo, da coceira e ardor que causava, mas deixa, quanto mais tempo mais liso, sinal de que está fazendo efeito.”

II. “ Importante dizer, mulheres negras normalmente tem dificuldade de pedir ajuda.”

III. “ Vesti essa carapuça bem cedo, pedir ajuda é um desafio que me acompanha diariamente, um aprendizado pra toda a vida.”

IV. “Assistir a relação de amor que ela desenvolve com o próprio cabelo é mágico.”

a) No Trecho I, há uma mudança de temporalidade repentina no trecho grifado, que remete o leitor intencionalmente para uma fala que a enunciadora costumava dizer à época para justificar o uso do alisante.

b) No Trecho I, há um diálogo explícito com o interlocutor quando a enunciadora escreve mas deixa, configurando-se como desvio da norma-padrão em postagens de redes sociais.

c) No Trecho II, há um desvio da norma-padrão em relação à concordância de número (plural) do verbo ter com o sujeito mulheres negras. A indicação de plural nesse verbo requer o acento circunflexo.

d) O trecho em destaque no item III apresenta uma marca de oralidade característica de textos informais, que é a contração de para a, mas que se configura como um desvio normativo no contexto da postagem.

e) O verbo assistir, no Trecho IV, no sentido de ver, presenciar, tem regência indireta, o que quer dizer que necessita de preposição para se relacionar com o objeto assistido. Nesse caso, o a já está presente, o que torna a regência normativamente correta no trecho.

17. Releia este trecho para responder às questões seguintes.

Na segunda quebrei o meu dedo. E agora, como vou finalizar e cuidar do meu cabelo? Pedi socorro à trancista, mas ainda precisava lavar e desembaraçar. E eis que vivo algo lindo e inesperado. Importante dizer, mulheres negras normalmente tem dificuldade de pedir ajuda. Não nos deram o papel de frágeis ou sensíveis. Somos as guerreiras, fortes, independentes. Vesti essa carapuça bem cedo, pedir ajuda é um desafio que me acompanha diariamente, um aprendizado pra toda a vida. Mas com o dedo quebrado eu precisei pedir ajuda.

a) De acordo com o parágrafo, quebrar o dedo fez a autora conectar-se com um lugar de vulnerabilidade mais amplo do que só a questão de saúde. Justifique essa afirmativa pensando no contexto da postagem.

b) Retomando o questionamento feito por Elisama, pode-se notar que o como é a palavra que marca explicitamente o tom de pergunta. Aponte qual o tipo de resposta Elisama busca ao usar esse recurso, ou seja, que circunstância ela busca solucionar.

16. Estão corretas as afirmações a e c Na afirmação b, a mudança de temporalidade não pode ser considerada desvio da norma-padrão, pois é intencional; pode ser reconhecida como discurso indireto livre. Na afirmação d, a contração de para a em pra não se configura como desvio normativo, mas como uma marca de oralidade possível ao contexto. Na afirmação e, a regência do verbo assistir, que é usado no sentido de “ver”, “presenciar”, é indireta, tal como exposto, porém, o a indicado é apenas o artigo que define relação de amor, faltando, portanto, a preposição a, que resulta no fenômeno da crase, o qual deveria estar indicado por meio do acento grave. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

17. a) Na condição de mulher negra, Elisama Santos demonstra que a vulnerabilidade sempre lhe é negada. Na sua existência, o espaço para a vulnerabilidade e para pedir ajuda é um aprendizado, já que desde a infância sempre foi preciso demonstrar força e estar pronta para todos os obstáculos.

17. b) O como é a expressão que marca a dúvida, um questionamento que, geralmente, busca respostas para modos e formas de realizar algo. No caso de Elisama, o uso do como é a busca por respostas sobre o modo pelo qual poderá continuar cuidando dos seus cabelos. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

“Você pode me dizer por que você gosta dela.” 17. d) O uso da sentença indireta atenua o questionamento. Ao usar uma pergunta indireta, o foco parece estar mais na resposta que se deseja obter e não necessariamente na ação da pergunta. Assim, essa mudança (da ordem direta para a indireta) gera uma pergunta mais formal, porém menos provocadora e reflexiva, objetivo da construção direta na postagem.

c) Se a pergunta “E agora, como vou finalizar e cuidar do meu cabelo?” fosse construída de forma indireta por Elisama Santos, como ficaria?

Gostaria de saber como vou finalizar meu cabelo e cuidar dele.

d) De que modo esse outro formato altera o sentido da frase original?

Advérbio interrogativo

O advérbio interrogativo é uma subclasse dos advérbios utilizada em perguntas diretas ou indiretas para solicitar informações sobre circunstâncias (tempo, lugar, causa ou modo). Esses termos são essenciais para a formação de questões, pois ajudam a especificar a natureza da informação que se busca.

Nas perguntas diretas, geralmente o advérbio interrogativo aparece no início da sentença. Por outro lado, nas perguntas indiretas, os advérbios interrogativos são alocados ao longo da sentença.

Exemplos de perguntas diretas:

“ Onde você mora?”

“ Por que você gosta dela?”

DIÁLOGOS

Exemplos de perguntas indiretas:

“Gostaria de saber onde você mora.”

O tribunal do cancelamento e a saúde mental

O gênero textual postagem circula nas redes sociais, plataformas que têm se tornado o palco de um novo fenômeno social: o cancelamento. Leia o trecho do texto jornalístico a seguir para compreender essa realidade e refletir sobre como ela pode afetar a saúde mental dos usuários.

Saúde / Bem-estar

‘Tribunal do cancelamento’: como o fenômeno das redes sociais está afetando a saúde mental de jovens e adultos

Psiquiatras e psicólogos explicam como clima de julgamento constante nas plataformas agravam o risco de quadros de paranoia, ansiedade e depressão

Por Bernardo Yoneshigue — Rio de Janeiro

05/01/2024 04h30 Atualizado há 8 meses

No próximo mês, o Facebook, rede social que revolucionou a forma como seres humanos interagem no mundo virtual, completa 20 anos. Nas duas décadas, a plataforma chegou a cerca de 3 bilhões de usuários ativos, mais de um terço da população mundial, e novas redes surgiram e se consolidaram. Mas, apesar de terem se tornado parte indiscutível da sociedade – é difícil conhecer alguém que não mantenha ao menos um perfil on-line –, todos os impactos das plataformas ainda estão longe de serem totalmente compreendidos.

Um dos fenômenos mais recentes que tem acendido o alerta de especialistas é conhecido como ‘tribunal da internet’. Trata-se do excesso de julgamento nas redes que se dissemina de forma rápida, em grandes proporções e dita quem está certo e errado para ‘cancelar’ os ‘culpados’ – numa espécie de boicote que nem sempre segue uma avaliação justa.

A intenção inicial, quando o termo ‘cancelamento’ se tornou mais popular, em 2019, era responsabilizar pessoas por comportamentos por vezes até criminosos, como casos de assédio e preconceito. Mas, com o volume cada vez maior de informações, a circulação de fake news e a sensação de impunidade para quem se aproveita da distância da tela para agredir o outro sem filtros, o cenário mudou.

digital — Foto: Renata Amoedo/Editoria de Arte

Especialistas ouvidos pelo GLOBO explicam como o clima constante de alerta que se criou hoje nas redes devido à ‘cultura do cancelamento’, que alcança pessoas que em alguns casos têm intimidades expostas até mesmo contra a própria vontade, afeta a saúde mental dos usuários.

— Esses julgamentos podem estar enviesados do ponto de vista dos valores das pessoas, do funcionamento de grupo e do que chamamos de efeito manada, quando pessoas começam a te criticar de forma conjunta sem nem conseguir avaliar ao certo o que elas estão julgando — diz Gustavo Estanislau, doutorando em Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e pesquisador do Instituto Ame Sua Mente, e continua:

— Do ponto de vista de desdobramentos de saúde mental, é bastante comum que a pessoa comece a se sentir paranoica, desconfiada. Ela passa a achar o tempo todo que as pessoas estão falando sobre ela, pensando nela. Essa sensação constante aumenta um estado de alerta que gera ansiedade, uma preocupação social excessiva: ‘Será que eu tenho sido adequado para as pessoas? Será que eu sou querido?’

Jovens em maior risco

Guilherme Polanczyk, professor de Psiquiatria da Infância e Adolescência na Universidade de São Paulo (USP), destaca ainda que esse impacto do julgamento alheio e constante nas redes é mais nocivo entre os jovens, que estão no momento de descobrir quem são:

— A adolescência é esse momento de desenvolvimento da autoimagem, da identidade do indivíduo, e a opinião dos pares, da sociedade, se torna muito importante. Então ele vai ficar mais suscetível a essas opiniões. Só que são opiniões muitas vezes dadas sem muita reflexão. As pessoas colocam rapidamente de uma forma impulsiva qualquer impressão, o que para a pessoa que está do outro lado pode ter um impacto enorme em como ela se vê.

YONESHIGUE, Bernardo. ‘Tribunal do cancelamento’: como o fenômeno das redes sociais está afetando a saúde mental de jovens e adultos. O Globo, Rio de Janeiro, 5 jan. 2024. Disponível em: https://oglobo.globo.com/saude/bem-estar/noticia/2024/01/05/tribunal-do-cancelamento -como-o-fenomeno-das-redes-sociais-esta-afetando-a-saude-mental-de-jovens-e-adultos.ghtml. Acesso em: 11 set. 2024.

Tribunal
RENATA AMOEDO/EDITORIA DE ARTE/ AGÊNCIA O GLOBO

1. É o excesso de julgamento nas redes sociais, que se dissemina rapidamente e em grandes proporções, ditando quem está certo para boicotar os que estariam errados.

2. A circulação de fake news e a sensação de impunidade para os usuários que agridem verbalmente os outros fez com que o cenário inicial, no qual o objetivo era responsabilizar pessoas por comportamentos preconceituosos e criminosos, se alterasse.

Gustavo Estanislau, doutorando em Psiquiatria pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisador do Instituto Ame Sua Mente, e Guilherme Polanczyk, professor de Psiquiatria da Infância e Adolescência na Universidade de São Paulo

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes recuperem o conhecimento prévio a respeito do campo de atuação jornalístico-midiático para concluir que a opinião dos especialistas é apresentada com o objetivo de sustentar as informações divulgadas no texto, concedendo, assim, credibilidade a ele.

Resposta pessoal. Incentive os estudantes que conhecem tais regulações a compartilhar esses conhecimentos prévios com a turma.

Respostas

Independentemente da opinião dos estudantes, é importante que eles a sustentem com argumentos baseados em informações confiáveis, sabendo que de certa forma estão dialogando com especialistas no assunto.

3. c) De acordo com Gustavo Estanislau, em relação aos desdobramentos para a saúde mental, o usuário pode começar a se sentir paranoico e desconfiado, o que aumenta a ansiedade e a preocupação social excessiva. De acordo com Guilherme Polanczyk, nos jovens, o impacto é maior porque estão no momento de autodescoberta e desenvolvimento da autoimagem, o que os torna mais suscetíveis a opiniões alheias.

1. De acordo com o texto, o que significa cancelamento?

2. O que aconteceu para que a intenção inicial do cancelamento se transformasse no tribunal que atualmente é vivenciado na internet?

3. Releia o trecho do texto jornalístico com especial atenção para os depoimentos apresentados nele.

SAÚDE

a) Quais são os nomes e as especialidades dos convidados pelo jornal O Globo para comentar o tema?

b) Por que o jornal se preocupou em apresentar a opinião desses especialistas?

c) De acordo com os especialistas entrevistados pelo jornal, quais podem ser os desdobramentos do clima imposto pelo “tribunal da internet” para a saúde mental? Por que esses desdobramentos são mais nocivos entre os jovens?

d) Você concorda com a opinião deles a respeito do tema? Por quê?

4. A cultura do cancelamento, que se intensificou nas plataformas digitais a partir de 2019, tem ultrapassado essa esfera e se faz presente até mesmo nos encontros presenciais. Você já vivenciou de alguma maneira os efeitos dessa cultura em ambientes on-line ou off-line? Se sim, de que maneira essa experiência afetou você? Compartilhe suas memórias e impressões com os colegas.

REFLETIR E ARGUMENTAR

4. Respostas pessoais. É importante que um ambiente seguro e de respeito mútuo seja criado para que os estudantes consigam compartilhar as suas impressões. Atente-se para mediar situações de bullying. A conversa gerada por essa questão irá introduzir a discussão proposta no boxe a seguir.

Um dos fatores que intensifica o fenômeno do cancelamento é a exposição cada vez maior das pessoas nas redes sociais. Atitude que, muitas vezes, dá abertura ao julgamento.

Respostas pessoais. Incentive os estudantes a refletir sobre as consequências da superexposição, especialmente de crianças e jovens, na internet.

• Em sua opinião, quais seriam as maneiras de se proteger da superexposição na internet ao usar redes sociais? Comente sua resposta.

• As relações pessoais presenciais respeitam uma regulação cultural, ou seja, regras de como é adequado tratar uma pessoa e ações consideradas inaceitáveis. No mundo digital, essas regulações éticas ainda estão sendo pensadas. Você conhece algumas regulações das redes que utiliza?

• Em sua opinião, seria importante que as atividades em redes sociais fossem mais reguladas? Por quê?

Respostas pessoais. Incentive os estudantes a embasar suas opiniões por meio de argumentos consistentes.

• Em sua opinião, é possível mapear possibilidades de ação social e política para o enfrentamento do ambiente nocivo que tem se criado nas redes sociais?

• Na reportagem, são apresentados dois questionamentos despertados pelo uso das redes sociais: ‘Será que eu tenho sido adequado para as pessoas? Será que eu sou querido?’. Você já se sentiu em dúvida sobre a forma como é visto em seus grupos sociais e nas redes? Exemplifique.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes aproveitem a questão para exercitar a habilidade de mapear a possibilidade de ações no enfrentamento de problemas. Incentive-os a pensar sobre a consciência digital que precisa ser criada entre os usuários da rede, além de refletir sobre a necessidade de uma educação para o uso das redes que se inicie desde a infância e juventude.

ESTUDO DA LÍNGUA

Advérbios e locuções adverbiais

Estudar elementos linguísticos ajuda a melhorar a forma de se expressar, tornando-a mais eficaz e persuasiva. Além disso, pode contribuir para o desenvolvimento da habilidade de interpretar e produzir textos de maior complexidade e de envolver os interlocutores. Nesse contexto, conhecer os advérbios e as locuções adverbiais contribui para a interpretação e construção de discursos mais detalhados.

1. Releia o trecho de abertura da postagem de redes sociais, publicado por Elisama Santos.

Sempre tive uma relação conturbada com o meu cabelo. Cheio demais, rebelde demais, desarrumado demais.

a) Nesse início do texto, a autora destaca uma relação conturbada com o cabelo e justifica o motivo. Descreva com suas palavras como a autora olha para o cabelo nesse trecho do texto.

b) Observe o uso de demais e descreva o efeito de sentido dessa palavra ao lado dos adjetivos cheio, rebelde e desarrumado.

c) E ste trecho usa o recurso estilístico da repetição: “Cheio demais, rebelde demais, desarrumado demais”. Qual é o efeito de sentido dessa repetição?

Os advérbios e as locuções adverbiais têm um papel fundamental na construção do sentido das frases, conferindo múltiplos efeitos de sentido ao verbo ou ao adjetivo ao qual se referem. A depender da sua função e do contexto em que são utilizados, os advérbios e locuções adverbiais interferem na circunstância, no modo da ação e em sua qualidade. Com isso, o emprego de advérbios é uma ferramenta linguística que pode conferir novos efeitos de sentido ao texto, como é o caso da postagem de Elisama.

Advérbios e Locuções adverbiais

1. a) Assumindo uma relação conturbada com o próprio cabelo, a autora descreve como ele parecia fora do padrão aceito pela sociedade. Nesse início, o leitor pode observar a influência dos padrões sociais, interferindo na relação de autoaceitação de Elisama Santos.

1. b) O advérbio demais gera intensidade. Ao acompanhar os adjetivos do trecho, coloca uma perspectiva negativa e depreciativa para o cabelo, na visão da autora do texto, que assume uma posição ainda maior de destaque.

1. c) É por meio dessa repetição que é possível perceber a importância do cabelo para a autora do texto e como ele interfere na autoaceitação. Todas as qualidades estão acompanhadas do advérbio demais, ampliando gradativamente o incômodo da autora que parecia estar muito desconfortável com as características do próprio cabelo.

Um advérbio é uma palavra que modifica o sentido de um verbo, adjetivo ou outro advérbio, acrescentando-lhe uma circunstância. As locuções adverbiais são expressões formadas por duas ou mais palavras que têm a mesma função de um advérbio, modificando verbos, adjetivos ou outros advérbios. Advérbios e locuções adverbiais são classificados em diferentes tipos, de acordo com a circunstância que acrescentam à frase. Além de reconhecer a implicação linguística discursiva desses elementos, é fundamental conhecer os tipos de advérbio. Observe o esquema.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

de modo

de tempo

Tipos de advérbios

Descrevem como uma ação é realizada.

Situam a ação no tempo, indicando quando ela acontece.

Indicam onde a ação ocorre. de lugar

de intensidade

Indicam o maior ou menor grau à ação, qualidade ou circunstância descrita.

Expressam uma ideia de negação ou de ausência de algo. de negação

Exemplos: rapidamente, cuidadosamente, bem

Exemplos: ontem, hoje, agora, sempre

Exemplos: aqui, ali, lá, perto, longe

Exemplos: muito, demais, bastante, pouco

Exemplos: nunca, jamais, não, nem de afirmação

Expressam ou complementam o sentido de afirmação.

Transmitem a ideia de incerteza, possibilidade ou probabilidade em relação a algo. de dúvida

Exemplos: sim, certo, decerto, efetivamente

Exemplos: acaso, talvez, porventura

2. Com base nas definições e nos usos dos advérbios, copie as afirmativas corretas no caderno. Caso haja afirmações erradas, corrija-as.

Estão corretas as afirmativas I e III. Em II, o advérbio subitamente é de modo e expressa a maneira como a infância será devolvida. Em IV, além do não, existem outros advérbios de negação, nunca, nem, jamais, e o seu uso reverte a ideia da mulher negra com uma postura sensível.

I. No poema “Gravata colorida”, de Solano Trindade, os versos “Quando eu tiver bastante pão / para meus filhos” apresentam um advérbio de tempo, quando, que destaca a oposição entre desejo e inexatidão do tempo para concretizar essa vontade de alimentar os filhos.

II. O poema “O brinco”, de Ana Martins Marques, apresenta diferentes advérbios de intensidade, entre eles, subitamente que aparece nos versos: “um jeito de dobrar os lábios / te devolva / subitamente / toda a infância”. Esse advérbio intensifica a chegada da infância.

III. O uso do advérbio de tempo também pode assegurar a continuidade das ações, como é o caso do uso em “Sempre tive uma relação conturbada com o meu cabelo”, da postagem de Elisama Santos. Nesse uso, o advérbio sempre marca a continuidade do conflito com o cabelo.

IV. O advérbio de negação é aquele capaz de alterar o sentido do verbo, negando o seu sentido, e é representado exclusivamente pelo não. No trecho “Não nos deram o papel de frágeis ou sensíveis”, do texto de Elisama Santos, seu uso nega o sentido do verbo dar, mostrando como a mulher negra tem uma postura sensível.

Advérbios e modalização

Os advérbios têm o potencial de modalizar os textos, modificando os sentidos das frases e conferindo diferentes nuances e perspectivas à mensagem.

3. a) Sim, pois o texto traz a posição de especialistas que defendem que os jovens estão falando mais dos problemas e, por consequência, interpretando os problemas psicológicos com o apoio de redes sociais. O ponto de vista é que o excesso de contato com o assunto de saúde mental pode estar sendo exagerado.

3. Leia o texto a seguir, que chama a atenção para a importância de tratamentos adequados relacionados à saúde mental de crianças e adolescentes.

Talvez estejamos falando mais que o necessário sobre saúde mental, alertam pesquisadores

Estudos sugerem que jovens têm interpretado seus sintomas como mais problemáticos do que realmente são

THE NEW YORK TIMES

3. b) O conceito de “inflação de prevalência”. Espera-se que os estudantes percebam que inflação de prevalência é o conceito usado para descrever o aumento de diagnósticos de saúde mental ocasionado pelo amplo contato com campanhas sobre o tema.

Nos últimos anos, a saúde mental se tornou um assunto central na infância e adolescência. Adolescentes narram seus diagnósticos psiquiátricos e tratamentos no TikTok e Instagram. Escolas, alarmadas pelo aumento nos níveis de angústia e automutilação, estão introduzindo cursos preventivos em autorregulação emocional e atenção plena.

Agora, alguns pesquisadores alertam que estamos correndo o risco de exagerar. Campanhas de conscientização sobre saúde mental, argumentam eles, ajudam alguns jovens a identificar transtornos que realmente precisam de tratamento. Por outro lado, elas têm um efeito negativo sobre outros, levando-os a interpretar demais seus sintomas e a se verem como mais problemáticos do que realmente são.

[…]

Em um artigo publicado no ano passado, dois psicólogos da Universidade de Oxford, Lucy Foulkes e Jack Andrews, cunharam o termo ‘inflação de prevalência’– impulsionado pela declaração de sintomas leves ou transitórios como transtornos de saúde mental – e sugeriram que as campanhas de conscientização estavam contribuindo para isso.

[…]

3. d) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes escrevam títulos como “’Certamente, estamos falando mais que o necessário sobre saúde mental’, alertam pesquisadores”.

Aproximadamente 60% dos jovens americanos com depressão grave não recebem tratamento, de acordo com a Mental Health America, um grupo de pesquisa sem fins lucrativos. Em crises, famílias desesperadas recorrem às salas de emergência, onde os adolescentes frequentemente permanecem por dias antes de uma vaga psiquiátrica ser aberta. Há uma boa razão para adotar uma abordagem preventiva, ensinando habilidades básicas às crianças que podem evitar crises futuras, afirmam os especialistas.

Foulkes diz entender que seu argumento vai contra esse consenso e que, quando começou a apresentá-lo, preparou-se para uma reação negativa. Para sua surpresa, muitos educadores entraram em contato para expressar silenciosamente sua concordância.

‘Definitivamente há um medo de ser o único a dizer isso’, diz ela.

BARRY, Ellen. Talvez estejamos falando mais que o necessário sobre saúde mental, alertam pesquisadores. Folha de S.Paulo, [Nova York], 11 maio 2024. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/equilibrio/2024/05/talvez-estejamos -falando-mais-que-o-necessario-sobre-saude-mental-alertam-pesquisadores.shtml#comentarios. Acesso em: 11 set. 2024.

a) Pode-se dizer que o texto apresenta uma perspectiva diferente daquela tradicionalmente adotada em discussões sobre saúde mental e uso de redes sociais? Por quê?

b) Qual é o conceito desenvolvido pelos especialistas citados na reportagem? No caderno, escreva com suas palavras a definição desse conceito.

c) Releia o título da reportagem. Com que recurso linguístico a opinião sobre o tema da saúde mental é relativizada?

d) No caderno, reescreva o título fazendo ajustes para deixá-lo menos atenuado ou relativizado e firmando uma posição explícita, asseverativa, sobre o assunto.

3. c) Com o uso do advérbio talvez , que sinaliza uma posição que relativiza o ponto de vista dos especialistas. É importante que os estudantes notem a possível intenção do jornal de modalizar a informação para que ela não seja compreendida como verdade absoluta, sobretudo porque é um contraponto a muitas discussões vigentes.

4. a) O humor consiste em a personagem ter obtido um aumento de trabalho em vez de um aumento de salário, supostamente porque, ao mentalizar pensamentos positivos, pensou apenas em aumento.

4. b) Com espanto e angústia, o que fica perceptível em suas feições: olhar arregalado e com tracinhos à frente (que indicam situação de espanto) e a boca irregular, que indica sentimentos angustiantes.

4. d) Positivo, no título, é um atributo conferido ao substantivo pensamento, assumindo a função de adjetivo. Já em pensar , o adjetivo é empregado como advérbio referente pensar. Pelo uso recorrente e cristalizado na linguagem informal, a personagem empregou positivo para indicar o modo de pensar, positivamente, fazendo assim uma associação que economiza letras e mantém o sentido.

Trata-se de um desvio da norma-padrão da língua com uso bastante frequente e aceito socialmente em situações informais. Contudo, pode ser considerado erro por alguns usuários da língua que defendem o uso da norma-padrão em todas as situações de fala, incorrendo, desse modo, em preconceito linguístico com os falantes que empregam correntemente essa estrutura linguística.

Respostas pessoais.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

4. g) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes pensem em formas de diálogo mais assertivas entre Camila e o chefe, de modo que seja possível a ela explicar suas demandas já existentes e organizar com ele os prazos em relação a novas demandas.

A língua em uso

Adjetivos usados como advérbios

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Nas interações informais, é cada vez mais comum o uso de adjetivo em posição de advérbio.

4. Leia a tira a seguir.

https://karynemlira.com/a-magia-do-pensamento-positivo/.

a) Em que consiste o efeito de humor construído na tira?

b) O excesso de trabalho é recebido de que modo pela personagem? Como é possível constatar esse modo?

c) No primeiro quadrinho, há um adjetivo usado com a função de advérbio. Localize-o e identifique qual seria o advérbio correspondente.

Positivo. Advérbio: positivamente.

d) Compare o título da tira com o contexto de uso desse adjetivo como advérbio no primeiro quadrinho e crie uma hipótese para explicar por que a personagem opta por esse uso.

e) O emprego do adjetivo em lugar do advérbio pode ser considerado erro? Explique.

f) Re flita sobre de que modo o excesso de trabalho da personagem pode afetar sua saúde mental e sobre a fala do chefe. Converse com os colegas sobre o assunto.

g) De que modo Camila poderia ter reagido a essa situação, em uma possível continuação desse diálogo? Compartilhe suas ideias com os colegas.

Toda língua natural tem alguns princípios de uso que a regem, dentre eles, o de economia linguística. Isso quer dizer que se o falante tem a opção de omitir partes de sua fala, deixando-as inferidas no contexto, ou até mesmo diminuindo palavras, ele certamente fará uso desse artifício. Nesse contexto, é preciso considerar que em situações de fala, sobretudo informais, alguns termos da língua são adaptados de forma a expressar mais rapidamente – com menos palavras ou letras – o que se deseja. As funções dos adjetivos podem ser próximas às dos advérbios nos casos de caracterização de algumas circunstâncias. É preciso, no entanto, dar atenção ao contexto de uso para empregar a forma adequada a ele.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.
SANTOS, Cibele. [Pensamento positivo...]. Karyne Lira Correia. [S l.], 11 set. 2012. Disponível em:
Acesso em: 3 out. 2024.

1. a) O médico posiciona-se com espanto e apreensão pelo estado de saúde do paciente. Explore com os estudantes as expressões faciais do médico na ilustração, para depreensão desses sentidos.

1. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes escrevam frases como “Certamente o senhor não me parece bem!”.

ATIVIDADES

1. c) Espera-se que os estudantes compartilhem o que conhecem sobre o cansaço mental decorrente do trabalho excessivo, da presença exagerada nas redes sociais e a exposição aos diversos temas e imposições sobre a autoimagem que nelas circulam, entre outros aspectos.

1. Leia o cartum sobre saúde mental e, em seguida, faça o que se pede.

a) N o cartum, o cérebro demonstra o impacto do mundo moderno na saúde mental. Considerando essa afirmação, descreva a expressão do médico?

b) Com base na expressão facial do médico e considerando a fala do cérebro, escreva no caderno uma possível resposta desse personagem. Nessa resposta, use um advérbio ou uma locução adverbial para que o médico confirme a autoimagem apresentada pelo paciente.

c) No seu ponto de vista, por que os itens citados pelo cérebro sobre o mundo moderno estariam acabando com ele? Discuta com os colegas sobre o assunto.

2. Na sala dos espelhos é um livro da escritora sueca Liv Strömquist (1978-), publicado no Brasil em 2023. Veja a capa do livro e, em seguida, responda às questões.

a) Intertextualidade é a relação entre textos, na qual um texto faz referência, dialoga e influencia a produção de outros. Com base nessa informação, explique, no caderno, o intertexto presente na capa do livro.

b) Ainda sobre a relação intertextual, discuta com os colegas sobre como a capa amplia a referência intertextual e é capaz de situá-la em outro contexto?

c) Transcreva o advérbio presente no título do livro, classificando-o e discutindo como esse uso ajuda o leitor a entender mais sobre o tema do livro.

2. b) Usando o intertexto da madrasta com o espelho, a capa amplia o sentido do texto para uma relação de aceitação e autoconhecimento. Esse fenômeno ocorre com o apoio do subtítulo.

STRÖMQUIST, Liv Na sala dos espelhos São Paulo: Quadrinhos na Cia, 2023. Capa.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

CAZO. [Saúde Mental]. Blog do AFTM . [S l.], 15 jul. 2023. Disponível em: https://blogdoaftm.com.br/charge-saude -mental-2/. Acesso em: 11 set. 2024.

2. a) A capa tem uma relação intertextual direta com o conto de fadas Branca de Neve. A cena da capa associa-se com a cena da madrasta conversando com o espelho, questionando se existe alguém mais bonita do que ela.

2. c) Na sala dos espelhos, locução adverbial de lugar. Além de fortalecer a relação intertextual, a locução adverbial abre possibilidades de interpretação para a imagem de uma pessoa diante do espelho, que tem a oportunidade de se olhar e praticar o autoconhecimento.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

CONEXÕES com

Inglês na rede

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

A hegemonia linguística do inglês está muito presente nas redes sociais por meio do uso de termos que se tornam populares e viralizam.

1. Observe os dados do gráfico e responda às questões sobre ele.

Línguas com maior número de falantes, 2024

Inglês Chinês (Mandarim) Hindi Espanhol Falantes nativos Outros falantes

Línguas com mais falantes em 2024

1. a) Observa-se no gráfico que a quantidade de falantes de inglês ultrapassa 1 bilhão e 200 mil falantes, enquanto de espanhol não alcança a marca de 600 milhões, o que leva a deduzir que a quantidade de falantes de inglês seja mais do que o dobro do espanhol.

1. b) A justificativa é o fato de a China ser um país muito populoso e, por isso, ter um número absoluto maior de falantes, somados aos falantes não nativos que aprendem a língua para estabelecimento de relações comerciais, as quais têm se intensificado nos últimos anos.

Fonte: ETHNOLOGUE. What is the most spoken language? [Qual é a língua mais falada?]. [Texas]: Ethnologue, 2024. Disponível em: www.ethnologue. com/insights/most-spoken-language/. Acesso em: 7 ago. 2024.

a) De acordo com os dados numéricos apresentados, qual é a diferença relativa aproximada entre a primeira e a quarta língua mais falada no mundo?

b) Que justificativa pode ser dada sobre o chinês mandarim ocupar a segunda posição do ranking de línguas mais faladas no mundo?

2. Leia duas postagens nas quais estão presentes termos em inglês e discuta com os colegas as questões que seguem.

KETLYN ANJOS. [Significado de Ghosting]. [S l.], 9 set. 2024. Threads: @anj_ketlyn_. Disponível em: www.threads.net/@anj_ketlyn_/post/C_tegkKRNE_/. Acesso em: 18 set. 2024.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

2. b) Ghosting deriva de ghost (“fantasma”, em português) e diz respeito ao ato de desaparecer de um relacionamento repentinamente, cortando todo tipo de comunicação. Gaslighting é um termo usado para indicar manipulação psicológica em um relacionamento, normalmente associado a contextos de violência de gênero.

2. c) Ghosting poderia ser substituído por desaparecimento; e Gaslighting, por manipulação psicológica

REVISTA TPM. [Gaslighting]. [S l.], 10 dez. 2022. Instagram: revistatpm. Disponível em: www.instagram.com/p/Cl_XFSeNNiA/. Acesso em: 11 set. 2024.

a) Identifique as palavras anglófonas presentes nas postagens.

2. d) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes identifiquem termos como: manterrupting (interrupção de uma mulher por um homem durante uma conversa ou apresentação); mansplaining: (tentativa de um homem explicar algo a uma mulher, como se ela não entendesse o assunto, subestimando a sua inteligência); bropriating (quando um homem se apropria da ideia de uma mulher), manspreading (quando um homem ocupa corporalmente o espaço, invadindo e encostando em outra pessoa); male tears (quando um homem tenta ser protagonista de assuntos de temática feminista)

2. e) Espera-se que os estudantes reconheçam o inglês como uma língua de compreensão global e a particularidade de seu uso como possibilidade de disseminar conceitos importantes do mesmo modo por todo o mundo.

I. ghosting. II. gaslighting

b) Converse com os colegas sobre o significado dessas palavras no discurso em que são empregadas.

c) Há correspondências em língua portuguesa para esses conceitos?

d) Você conhece outros conceitos que, assim como os analisados, são difundidos em inglês e usados no cotidiano brasileiro, sobretudo nas redes sociais? Faça uma pesquisa para encontrar termos em inglês e os significados atribuídos a eles. Copie o quadro a seguir no caderno para organizar as respostas.

e) Em sua opinião, por que esses conceitos são disseminados no Brasil em inglês?

Postagem de rede social

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Estudar a proposta

Nesta Oficina de Texto, você vai produzir uma postagem apresentando uma vivência que deverá ser compartilhada em uma rede social de sua escolha ou na rede social da escola.

Gênero

Postagem de rede social

Seguidores da rede social da escola Interlocutores

Motivar a criação

Propósito/Finalidade

Escrever uma postagem relatando um acontecimento que ilustre a sua relação com o algoritmo das redes sociais ou da internet.

Publicação e circulação

Rede social da escola que permita a publicação de fotografia ou vídeo e texto escrito longo.

1. Para dar início à reflexão acerca da produção da postagem em rede social, leia a seguir a tira da série, publicada em livro homônimo, Quadrinhos dos anos 20, do quadrinista André Dahmer (1974-). A série apresenta como protagonista uma figura cada vez mais presente em nossas vidas: o algoritmo. Trajado com um macacão e capacete laranjas, como aqueles feitos para lidar com materiais tóxicos, o vilão criado por Dahmer dissemina desinformação.

Leia, a seguir, o trecho de um texto da coluna Hábito de quadrinhos.

DAHMER, André. Quadrinho dos anos 20. São Paulo: Quadrinhos na Cia, 2023. p. 14.

André Dahmer e o perigo (e o ridículo) dos algoritmos na internet

Deve acontecer com você também. É frequente, quando estou trabalhando, surgirem no meu monitor mensagens como:

— Lembra desta atriz nos anos 80? É de partir o coração como ela está agora.

— Consegue resolver este enigma? Apenas pessoas de QI elevado são capazes!

— Pai e filho tiram a mesma foto por anos seguidos: tente não chorar com a nona. Se estou nas redes sociais, a mesma coisa. Enunciados bem escritos e convidativos para o clique, imagens instigantes, temas que normalmente me interessariam. Tudo amarradinho para que eu clique E clique E clique E clique

Eu simplesmente não clico, e elas continuam aparecendo. Estas mensagens fazem parte do meu cotidiano de tal maneira que quase não reflito o quanto elas são invasivas, grosseiras e, na maior parte dos casos, mentirosas.

ANDRÉ Dahmer e o perigo (e o ridículo) dos algoritmos na internet. [S l.]: TV Cultura, 20 mar. 2023. Disponível em: https://cultura.uol.com.br/ noticias/colunas/habitodequadrinhos/132_andre-dahmer-e-o-perigo-e-o-ridiculo-dos-algoritmos-na-internet.html. Acesso em: 11 set. 2024.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.
DO CARTUNISTA

1. a) Respostas pessoais. É importante que a turma chegue à conclusão de que os algoritmos das redes sociais são um conjunto de dados e regras estabelecidos por cada rede social, capazes de identificar quais publicações devem ser entregues para as pessoas, ou seja, quais conteúdos e quais páginas aparecem primeiro para o público, e isso se altera a depender dos interesses de cada usuário.

a) Com base em seus conhecimentos prévios e na leitura da tira e da coluna, compartilhe com os colegas a sua resposta para a questão: como funciona o algoritmo nas redes sociais e na internet?

Você já passou por situações semelhantes como as relatadas na coluna Hábito de quadrinhos? Se sim, compartilhe-as com a turma.

b) Retome a tira de André Dahmer. Nela, o personagem Algoritmo sugere uma leitura ao leitor e, após a reação negativa dele, oferece outra leitura, que acredita ser mais assertiva. Com base em seus conhecimentos sobre o conceito de algoritmo e na experiência pessoal de uso da internet, explique como é construído o humor da tira?

Planejar e elaborar

O humor da tira está em uma fórmula muito divulgada na internet e impulsionada pelos algoritmos, de recomendações personalizadas de conteúdo.

1. Assim como a postagem de Elisama Santos, que você leu na seção Estudo do Gênero Textual, é importante que a postagem que irá produzir apresente um relato de um acontecimento, seguido por uma reflexão que gere repercussão e identificação entre os seguidores da rede social na qual será publicada. Para pensar sobre o acontecimento que será relatado e a reflexão que será suscitada, procure observar os passos a seguir.

• Identifique uma situação na qual sentiu a influência do algoritmo em sua vida.

• Pense na reflexão que você gostaria de compartilhar com os seguidores e qual seria o melhor conteúdo para gerar o engajamento deles?

2. Escolha uma fotografia ou vídeo para acompanhar o texto escrito da sua postagem. Lembre-se de que a linguagem não verbal é muitas vezes responsável por causar interesse nos seguidores a ponto de clicarem na postagem para ler o texto escrito completo, portanto reflita sobre qual imagem pode gerar maior engajamento.

Avaliar e recriar

RETOMADA

Dentre os recursos que auxiliam a modalização textual, estão os advérbios. Em sua postagem, revise esse emprego e pense de modo estratégico quais advérbios podem ser inseridos para expressar os sentidos desejados, de tempo, modo, circunstância, agravamento da intensidade, negação, entre outros.

1. Leia as questões a seguir e utilize-as como roteiro para avaliação e reedição da postagem de redes sociais.

• O leitor consegue compreender o acontecimento principal relatado?

• O acontecimento principal relatado está atrelado ao tema proposto: a sua relação com o algoritmo das redes sociais ou da internet?

• O acontecimento relatado e a fotografia escolhida permitem um encaminhamento reflexivo para a identificação e o engajamento dos seguidores?

• Há coerência no uso dos advérbios e seus efeitos de sentido pretendidos no texto?

2. Após verificar esses itens, faça as alterações necessárias na postagem.

Compartilhar

A postagem deverá ser compartilhada na rede social pessoal ou da turma. É importante garantir que a rede social escolhida permita a publicação de fotografia ou vídeo e texto escrito longo.

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

1. No poema “O brinco”, as imagens poéticas transformam o brinco em um símbolo de memória e individualidade, enfatizando a profundidade das experiências pessoais. Já em “Gravata colorida”, por meio do trabalho de linguagem e da formação das imagens poéticas, Trindade constrói uma crítica social a respeito da desigualdade ao mesmo tempo em que valoriza a sua identidade e suas próprias vivências.

2. O poema “Gravata colorida”, de Solano Trindade, reflete as questões sociais e culturais da época ao retratar a vivência e a resistência da população socialmente excluída. Trindade utiliza a imagem da gravata colorida para criticar o símbolo de formalidade e status social ao mesmo tempo que reivindica acesso aos direitos básicos para a população.

Neste capítulo, os estudos da seção Estudo Literário enfocaram a construção poética de Ana Martins Marques, que se dá pela valorização da experiência e da memória, e de Solano Trindade, que apresenta outra perspectiva sobre o movimento modernista. Na seção Estudo do Gênero Textual, o enfoque foi no campo da vida pessoal, por meio da análise e da compreensão de uma postagem em rede social, com atenção para temas como saúde mental e a cultura do cancelamento. A seção Estudo da Língua, por sua vez, possibilitou reflexões sobre o uso dos advérbios e sua função modalizadora nos textos. Agora, você deverá sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para que seja possível elaborar sua resposta.

3. Cada plataforma de rede social tem as suas limitações para as publicações; por isso, as características do gênero textual acabam por serem adaptadas às especificidades de cada rede.

1. De que maneira o uso da linguagem e a construção das imagens poéticas contribuem para a afirmação das experiências do eu lírico nos poemas “O brinco” e “Gravata colorida”?

2. Analise como o poema “Gravata colorida”, de Solano Trindade, reflete as questões sociais e culturais da época, considerando os elementos do Modernismo negro estudados por você.

3. De que maneira as limitações das redes sociais influenciam nas características das postagens?

4. O gênero textual postagem de rede social apresenta uma diversidade tipológica e de linguagens utilizadas. Explique essa afirmação.

5. Sua função é modificar o sentido de um verbo, adjetivo ou outro advérbio, acrescentando-lhe uma circunstância.

5. Qual é a função dos advérbios e das locuções adverbiais em relação ao verbo a que se referem?

6. Explique de que modo os advérbios contribuem para a modalização discursiva em textos.

Refletir e avaliar

4. As postagens apresentam uma diversidade tipológica, pois podem ser predominantemente narrativas, descritivas, dissertativas ou expositivas de acordo com a intencionalidade da pessoa que as escreve. Em relação à diversidade de linguagens, as fotografias, os vídeos, os gifs, os áudios e a escrita, entre outros, podem estar presentes.

Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e aprendizagem ao longo do capítulo. Para isso, no caderno, reproduza o quadro a seguir e responda às questões. Em seguida, converse com os colegas e o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote na coluna Observações.

Ao longo do estudo do capítulo, percebo que...

...fiz as atividades buscando ampliar meus conhecimentos e procurei tirar minhas dúvidas sobre os conteúdos com o professor.

...realizei as atividades com empenho e decisão consciente de aprender, sem dar enfoque apenas em terminar a tarefa.

...atuei ativamente nas atividades em dupla ou grupos.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Fui proficiente Preciso aprimorar Observações

6. Os advérbios, por sua expressão de circunstância em relação ao termo a que se referem, podem intensificar, negar, relativizar e conferir muitos efeitos de sentido diversos em relação ao seu referente, o que pode ser feito de forma estratégica pelo produtor do texto, para alcance de determinadas reações no interlocutor.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

DE OLHO NO VESTIBULAR

Neste capítulo, o enfoque da análise da questão de provas de ingresso está voltado para o estudo da língua. Leia com atenção as dicas de interpretação do formato da questão e, em seguida, considere as informações apresentadas para respondê-la.

1. (AFA)

PARA SEMPRE JOVEM

Numerações das linhas são referências para que o candidato possa localizar esses recursos quando estiver lendo as alternativas da questão, auxiliando na compreensão do contexto.

Recentemente, vi na televisão a propaganda de um jipe que saltava obstáculos como se fosse um cavalo de corrida. Já tinha visto esse comercial, mas comecei a prestar atenção na letra da música, soando forte e repetindo a estrofe de uma canção muito conhecida, “ forever Young… I wanna live forever and Young …” (para sempre jovem... quero viver para sempre e jovem). Será que, realmente, queremos viver muito e, de preferência, para sempre jovens? (…) O crescimento da população idosa nos países desenvolvidos é uma bomba-relógio que já começa a implodir os sistemas previdenciários, despreparados para amparar populações com uma média de vida em torno de 140 anos. A velhice se tornou uma epidemia incontrolável nos países desenvolvidos. Sustentar a população idosa sobrecarrega os jovens, cada vez em menor número, pois, nesses países, há também um declínio da natalidade. Será isso socialmente justo?

Uma pessoa muito longeva consome uma quantidade total de alimentos muito maior do que as outras, o que contribui para esgotar mais rapidamente os recursos finitos do planeta e agravar ainda mais os desequilíbrios sociais. Para que uns poucos possam viver muito, outros terão de passar fome. Será que, em um futuro breve, teremos uma guerra de extermínio aos idosos, como na ficção do escritor argentino Bioy Casares, O diário da guerra do porco? Seria uma guerra justa? /…/

(TEIXEIRA, João. Para sempre jovens In: Revista Filosofia: ciência & vida. Ano VII, n. 92, março-2014, p. 54.)

Elementos de modalização são responsáveis por expressar intenções e pontos de vista do enunciador Por intermédio deles, o enunciador inscreve no texto seus julgamentos e opiniões sobre o conteúdo, fornecendo ao interlocutor “pistas” de reconhecimento do efeito de sentido que pretende produzir. Observe os elementos de modalização destacados nos excertos e as respectivas análises.

I. “...e agravar ainda mais os desequilíbrios sociais.” (l. 12-13) – O advérbio destacado ratifica a ideia de que a situação que já é caótica vai piorar.

II. “ ... terão de passar fome.” (l. 14) – O verbo auxiliar utilizado ressalta a total falta de saída para os jovens.

III. “Será que, realmente, queremos viver muito...” (l. 5) – O advérbio utilizado reforça o questionamento sobre o desejo de viver muito, presente no senso comum.

IV. “...queremos viver muito e, de preferência, para sempre jovens?” (l. 5) – A locução adverbial sugere que a vida longa será também de qualidade.

Apresentam afirmações corretas as alternativas

a) I e II apenas.

b) III e IV apenas.

1. Resposta correta: alternativa c

c) I, II e III apenas.

d) I, II, III e IV.

O único item incorreto é o IV, pois, embora de preferência seja uma locução adverbial, ela não indica que a qualidade de vida de quem viver mais será melhor, mas sim uma vontade dessas pessoas.

O enunciado antecipa o que deve ser observado nos itens, que apresentam termos sublinhados, identificando o foco de cada análise.

Nesse modelo de alternativas, é preciso dar atenção às combinações possíveis, de modo que o julgamento do candidato sobre as análises propostas esteja contemplado entre as possibilidades apresentadas.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

3 CAPÍTULO

Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes compreendam que o título “Grito de liberdade” sugere um ato de resistência, enquanto a ideia do título “Esperança” sugere um olhar para o futuro. A relação entre os dois títulos pode ser interpretada como um ciclo em que uma expressão de desejo por liberdade é alimentada pela esperança de que essa liberdade será alcançada.

SUBJETIVIDADES E PONTOS DE VISTA EM FOCO

Com base em seus conhecimentos e na imagem apresentada na abertura do capítulo, responda às questões a seguir.

1. A obra Grito de liberdade pertence a uma série intitulada Esperança. Quais são as possíveis conexões entre o ato de gritar pela liberdade e a ideia de esperança que a série evoca? Como o título da obra reforça ou amplia o significado do título da série?

2. Observe as cores escolhidas para compor a obra, bem como os destaques atribuídos ao rosto do menino nela representados. De que forma você acredita que a escolha de cores e o enfoque observado contribuem para a construção de sentido e para a interpretação da obra?

3. Você acredita que a literatura pode ser utilizada como estratégia política para promover a liberdade de populações socialmente marginalizadas? Explique.

4. De que modo a prática do debate pode contribuir para a construção de uma sociedade livre e justa?

5. Em sua opinião, dominar recursos de construção do texto contribui para a exposição de posicionamento frente a questões sociais relevantes?

3. Resposta esperada: sim, pois a literatura promove a divulgação de experiências silenciadas, denuncia injustiças e inspira reflexão crítica. Além disso, fortalece a identidade cultural e mobiliza comunidades em torno de causas comuns, contribuindo para a resistência e para a luta por direitos.

Campos de Atuação

• C ampo artístico-literário

• C ampo de atuação na vida pública

Tema Contemporâneo

Transversal

• Cidadania e civismo: Educação em Direitos Humanos

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

PROJETO VISTA EM

Avance até as páginas finais deste volume e inicie a etapa “Dividir tarefas e empreender” da Oficina de Projetos .

2. O uso de cores frias e vibrantes cria uma sensação de intensidade e energia, destacando a expressão poderosa e emocionada do menino. O enfoque no rosto, especialmente na boca aberta, que parece estar gritando, evidencia a mensagem que o título da obra traz. O azul, frequentemente associado a sentimentos de calma ou até de melancolia, adquire uma nova dimensão, sendo utilizado para expressar a potência de um grito que ecoa esperança e desejo de mudança.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

■ CHAVONGA, Paulo. Grito de liberdade. 2020. Impressão sobre papel, 21 cm × 29,7 cm. (Série Esperança). Atualmente, Paulo Chavonga (1997-) reside no Brasil como imigrante. Suas obras costumam retratar a diáspora africana a partir de um olhar decolonial, com foco especial na migração.

4. A prática do debate permite a exposição de opiniões acerca de um tema que pode ser de interesse de diversos segmentos da sociedade. Essa prática é um exercício de liberdade. A convergência e a divergência de opiniões têm o potencial de conduzir a um consenso ou um acordo que considere os direitos e as necessidades dos envolvidos, levando a ações que atendam de modo justo às pessoas afetadas pelo tema em questão.

5. Resposta esperada: Sim. A reivindicação de reconhecimento de direitos de si mesmo ou do próximo realizada por meio de um texto – escrito ou oral, objetivo e coerente, com expressão clara de ideias – tem maior chance de alcançar seus objetivos.

ATELIÊ PAULO CHAVONGA

ESTUDO LITERÁRIO

Simbolismo

A seguir, você lerá o poema “Livre!”, escrito pelo poeta simbolista Cruz e Sousa (1861-1898). O poema faz parte do livro Últimos sonetos (1905), publicação póstuma organizada pelo escritor Nestor Victor (1868-1932), amigo do autor. Na obra, assim como no poema, Cruz e Sousa explora imagens, sensações e impressões com base na construção poética.

PRIMEIRO OLHAR

Resposta pessoal. Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Antes de iniciar a leitura do poema, discuta com os colegas as questões a seguir.

• Como você imagina que o tema da liberdade será tratado no poema?

• Quais recursos expressivos você acredita que o poeta irá utilizar para tratar o tema da liberdade? Explique. Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

Livre!

Livre! Ser livre da matéria escrava, arrancar os grilhões que nos flagelam e livre, penetrar nos Dons que selam

4 a alma e lhe emprestam toda a etérea lava.

Livre da humana, da terrestre bava

6 dos corações daninhos que regelam quando os nossos sentidos se rebelam contra a Infâmia bifronte que deprava

9 Livre! bem livre para andar mais puro,

10 mais junto à Natureza e mais seguro

11 do seu amor, de todas as justiças.

12 Livre! para sentir a Natureza,

13 para gozar, na universal Grandeza, 14 Fecundas e arcangélicas preguiças.

SOUSA, João da Cruz e. Livre! In: VICTOR, Nestor (org.). Últimos sonetos. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 1984. Localizável em: p. 9 do PDF. Disponível em: www. dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000077.pdf. Acesso em: 16 set. 2024.

grilhão: corrente de metal. flagelar: castigar, açoitar. etéreo: volátil, puro, delicado. bava: substância viscosa. daninho: que causam dano, prejudicial, nocivo. regelar: congelar infâmia: comportamento indigno. bifronte: que tem duas faces; falso, traiçoeiro. depravar: perverter. fecundo: fértil. arcangélico: próprio de um arcanjo.

João da Cruz e Sousa foi um poeta catarinense. Seus pais, Guilherme da Cruz e Carolina Eva da Conceição, eram escravizados e foram alforriados pelo marechal Guilherme Xavier de Sousa. Cruz e Sousa recebeu o sobrenome do marechal e teve a sua educação formal financiada por ele, enquanto os seus pais seguiam vivendo no porão da casa senhorial. Entre 1871 e 1875, o poeta cursou o colégio Ateneu Provincial Catarinense, destacando-se em Matemática e em Línguas (francês, inglês, latim e grego). Foi no colégio que Cruz e Sousa entrou em contato com os autores europeus do movimento simbolista.

Sua vida foi marcada pelo combate ao preconceito racial. Por conta desse preconceito, o autor foi impedido de assumir o cargo de promotor em Laguna, para o qual foi nomeado e, pouco tempo após o ocorrido, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde formou o primeiro grupo simbolista brasileiro. Seu livro Broquéis (1893) renova a poesia em língua portuguesa.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

1. c) A repetição gera um efeito de ênfase e reforço da temática central do texto, evidenciando a importância da liberdade para o eu lírico.

Subjetividade e expressividade

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

1. Observe o modo como a liberdade é tratada no poema para responder às questões a seguir.

a) A forma como o eu lírico discorre sobre a liberdade corresponde ao que foi imaginado por você? Explique.

Respostas pessoais. O objetivo da atividade é incentivar a discussão acerca das diferentes noções de liberdade, relacionando-as às individualidades, ao contexto histórico e à experiência de vida de cada sujeito.

b) No contexto do poema, a ideia de liberdade pode ser compreendida de diferentes maneiras. Aponte ao menos duas interpretações possíveis para essa ideia.

c) Qual é o efeito de sentido gerado pela repetição da palavra livre ao longo do poema?

2. Na primeira estrofe, o termo grilhões, empregado no segundo verso, é utilizado como um símbolo do que impossibilita a liberdade. Tendo em vista a biografia de Cruz e Sousa, elabore uma hipótese que procure explicar a escolha desse termo.

AMPLIAR

Cidadania

Resposta pessoal. O objetivo da atividade é que os estudantes percebam que o termo grilhões pode simbolizar as violências físicas praticadas contra as pessoas escravizadas, as limitações sociais e psicológicas que continuavam a afetar a vida das pessoas negras após a abolição e as limitações que o plano terreno confere ao ideal de liberdade, considerando o ideal de elevação espiritual que perpassa o poema.

A cidadania é a maior manifestação do direito porque existe para os cidadãos e pode ser dividida em:

1. Cidadania Política – Garantir o direito à participação política (votar, ser votado, organizar sindicatos e movimentos sociais, etc.)

2. Cidadania – garante direitos relacionados à liberdade (liberdade de expressão, liberdade de movimento, liberdade de crença e outras liberdades pessoais)

3. Cidadania Social – Garantir os direitos relacionados à dignidade da vida humana (respeito aos direitos humanos, direitos ao trabalho, alimentação, moradia, lazer, saúde, educação, etc.)

No entanto, cidadania também significa cumprimento de leis e normas relacionadas à vida social e ao interesse público.

A função da cidadania

O papel da cidadania está relacionado com a construção de uma sociedade democrática, através da participação ativa dos indivíduos nas diferentes esferas da sociedade, tendo em conta os direitos e obrigações dos cidadãos, sejam eles cívicos, políticos ou sociais.

[ ]

A cidadania ajuda, assim, entre outras coisas, a reduzir as desigualdades sociais e a promover o desenvolvimento sustentável por meio de ações individuais e coletivas que visam respeitar e unir os indivíduos de um mesmo território.

[ ]

Dentre os deveres que o cidadão tem perante ao seu país e à sociedade, há alguns que por vezes passam despercebidos, mas são de extrema importância para todos. Essas responsabilidades incluem o respeito pelos outros.

Todo cidadão deve ter bom senso e saber que se suas ações prejudicarem outro cidadão, é desrespeito.

O respeito ao próximo é um exemplo de como a cidadania é exercida na vida cotidiana e inclui a igualdade de tratamento independentemente de raça, gênero, condição social ou idade.

[…]

É no dia a dia que exercemos a nossa cidadania através das relações que desenvolvemos com os outros, com os assuntos públicos e com o próprio ambiente.

A cidadania deve passar por temas como solidariedade, democracia, direitos humanos, ecologia, ética, etc.

A cidadania é uma tarefa sem fim.

[…]

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE PERNAMBUCO. Conhecendo a cidadania e os direitos sociais e humanos. [Recife]: TCE-PE, [2022]. Disponível em: https://ouvidoria.tce.pe.gov.br/cidadania-e-os-direitos-sociais-e-humanos/. Acesso em: 16 set. 2024.

1. b) A liberdade pode ser interpretada como a libertação da alma das amarras materiais e terrenas, permitindo ao eu lírico alcançar uma existência mais pura e etérea. Nesse sentido, a liberdade é um estado de elevação espiritual e contemplação. Outra interpretação possível é a libertação das restrições e violências impostas pela sociedade ou pelas convenções sociais, considerando o contexto histórico da época em que a abolição da escravatura estava em curso.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.
CIDADANIA

3. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a pensar sobre o que consideram como liberdade em seu cotidiano e os limites dessa liberdade em relação ao direito de outras pessoas. Fomente discussões sobre a importância das ações em prol do coletivo e do bem comum como orientador de ações individuais.

3. Com seus colegas, discuta a relação entre a busca pela liberdade e o conceito de cidadania. Em seguida, escreva, no caderno, um parágrafo de síntese dessas reflexões.

O Simbolismo surgiu na França, na segunda metade do século XIX, como uma reação ao Realismo e ao Naturalismo, movimentos literários que priorizavam uma representação objetiva e detalhada da realidade. Nesse período, marcado pela industrialização e pelas transformações sociais, muitos autores buscaram explorar, por meio da expressão poética e do uso de símbolos e metáforas, seu estado emocional e suas experiências subjetivas. Poetas como Charles Baudelaire (1821-1867), apresentado no Capítulo 2, Stéphane Mallarmé (1842-1898) e Paul Verlaine (1844-1896) são escritores centrais desse movimento no contexto francês.

No Brasil, o Simbolismo se estabeleceu com a publicação das obras Broquéis e Missal, de Cruz e Sousa, em 1893. No final do século XIX, o Brasil passava por importantes transformações sociais, como a abolição da escravatura com a Lei Áurea, em 1888, e a Proclamação da República, em 1889. Foi nesse contexto que se deu a publicação do poema “Livre!”.

O movimento simbolista não ocorreu de forma isolada. Ele coexistiu com outras correntes literárias, como o Realismo e o Parnasianismo.

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Símbolo para os simbolistas

Os poetas simbolistas buscavam expressar o que acreditavam ser os sentimentos mais puros, a comunhão plena com a natureza e com o divino. Nessa busca, julgavam não ser suficiente a concretude das palavras, mesmo as que nomeiam o abstrato. Para colocar em palavras as ideias e os sentimentos, lançavam mão de novas combinações de vocábulos, metáforas e alusões.

Na verdade, porém, as realidades interiores recém-descobertas eram inefáveis […], não haveria palavras para comunicar o indizível […].

A fim de comunicar verbalmente o que não se diz, o indescritível, só lhes restava, portanto, o caminho da sugestão: daí defenderem que as palavras deveriam evocar e não descrever, sugerir e não definir. Significava que lhes cabia tão somente tentar uma aproximação com as realidades inefáveis, no esforço de encontrar expressões que lhes sugerissem o contorno e o conteúdo, sem lhes alterar a fisionomia. Espécie de ‘correspondência’ no sentido baudelairiano (correspondência entre o mundo material e o mundo espiritual), acabou desaguando no símbolo: não tendo nada que ver com a palavra ‘símbolo’ no sentido tradicional (por exemplo: a flor de lis era o símbolo da nobreza, o branco é símbolo de pureza […]), pretendia assinalar a tentativa de simbolizar por meio de metáforas polivalentes o conteúdo difuso e multitudinário do mundo interior do escritor. Em conclusão: esforço de apreensão do impalpável, o símbolo funciona como múltiplo e fugidio sinal luminoso duma complexa realidade mental.

MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa . 37. ed. São Paulo: Cultrix, 2013. E-book.

4. Nas duas primeiras estrofes do poema, o eu lírico associa a conquista da liberdade a algo transcendental, ou seja, que vai além do que é apreensível no mundo material. A esse respeito, responda às questões a seguir.

a) Nesse contexto, a expressão matéria escrava apresenta ambiguidade. Explique de que modo essa ambiguidade se estabelece. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

Os movimentos literários Realismo e Parnasianismo serão abordados de maneira mais aprofundada no decorrer da coleção. Se julgar pertinente, explique aos estudantes que o movimento simbolista não adquiriu tanta projeção quanto o Realismo e o Parnasianismo; em seguida, estimule-os a refletir sobre as possíveis consequências disso para a construção dos movimentos literários posteriores.

b) Descreva, no caderno, como os elementos associados ao terreno e ao transcendental se relacionam nas estrofes analisadas e apresente exemplos para enriquecer a sua descrição.

c) Relacione a utilização de maiúsculas nas palavras Dons e Infâmia à importância simbólica desses termos no poema, analisando a oposição entre eles nos contextos em que são utilizados.

5. Retome as duas últimas estrofes do poema. Em seguida, responda ao que se pede.

Questão 5. a), b) e c): Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

a) Analise a importância da natureza na construção da ideia de liberdade. Como a natureza é descrita nas estrofes lidas e o que tal descrição pode simbolizar?

b) Em seu caderno, elabore um parágrafo comparando a busca por liberdade nas duas últimas estrofes com a aspiração de liberdade expressa nas estrofes iniciais do poema.

c) No poema, o eu lírico associa os ideais de liberdade, amor e justiça. A partir de suas próprias experiências, reflita sobre o modo como tais ideais se relacionam e sobre como você percebe essa relação em seu cotidiano. Em seguida, compartilhe suas reflexões com os colegas.

O movimento literário do Simbolismo caracterizou-se pela exploração dos estados emocionais por meio de uma linguagem poética composta de símbolos e metáforas. Na poesia simbolista, as escolhas e os arranjos vocabulares nos versos objetivam expressar ideias e emoções, provocando no leitor efeitos sensoriais, por meio da musicalidade e da evocação de cores e aromas.

No Brasil, os principais poetas simbolistas foram Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens (1870-1921).

Cruz e Sousa utilizava sua poesia para abordar os contrastes sociais, raciais e simbólicos, relacionando a condição humana e o transcendental àquilo que está além do que é possível ver e tocar, como forma de reduzir tais contrastes e construir um ideal de humanidade baseado na plenitude. Ele explorava esses contrastes por meio de imagens poéticas paradoxais, criando uma poesia rica em significados profundos e complexos.

A composição poética de Alphonsus de Guimaraens, por sua vez, é marcada pela expressão do luto e da melancolia bem como pela busca por significados transcendentais por meio da expressão da fé religiosa no fazer poético. Sua poesia convida o leitor à introspecção e à meditação, criando uma atmosfera de mistério e transcendência na qual a figura feminina, ao ser retratada de maneira pura e angelical, aparece idealizada.

O movimento literário do Simbolismo se deu em concomitância com outros dois movimentos literários principais que surgiram em oposição ao Romantismo, estudado por você no Capítulo 3 do Volume 1. São eles: o Realismo e o Parnasianismo.

4. c) A utilização de maiúsculas serve para destacar a importância simbólica desses termos no poema. Os Dons simbolizam a liberdade espiritual e a elevação além das limitações materiais. Em contraste, a Infâmia representa os elementos do mundo material que aprisionam e corrompem o sujeito.

O poema “Ismália”

Na canção “Ismália”, o cantor Emicida (1985-) parte de um poema de Alphonsus de Guimaraens para discorrer sobre as dificuldades geradas pela desigualdade social.

ISMÁLIA. Intérpretes: Emicida, Larissa Luz e Fernanda Montenegro. Compositores: Emicida, Nave e Renan Saman. In: AMARELO. Intérpretes: Emicida, Larissa Luz e Fernanda Montenegro. [S l.]: Sony Music: Laboratório Fantasma, 2019. Spotify. Disponível em: https://open.spotify.com/ intl-pt/album/ 5cUY5chmS86cdonho Fdn8h. Acesso em: 16 set. 2024. GUIMARAENS, Alphonsus de. Ismália. In: MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através dos textos. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1973. p. 318-324. Disponível em: www. dominiopublico.gov. br/download/texto/ bv000013.pdf. Acesso em: 16 set. 2024.

■ Rapper Emicida em São Paulo, 2022.

4. b) No poema, os elementos terrenos e transcendentais estão interligados pela busca do eu lírico por uma libertação que vai além das limitações físicas e materiais. A matéria escrava representa as restrições do mundo físico e as opressões sociais. Em contraste, a liberdade transcendental é sugerida por expressões como “penetrar nos Dons que selam / a alma” e “toda a etérea lava”, que evocam uma elevação espiritual e uma conexão com algo divino.

YURI

Enquanto o Realismo, na produção em prosa, buscava representar a realidade de forma objetiva por meio do fazer literário, tendo como foco as questões sociais da época (segunda metade do século XIX), o Parnasianismo, na poesia, buscava a objetividade e a elaboração técnica dos poemas, focando em descrições detalhadas e na perfeição métrica da execução poética.

O Simbolismo brasileiro, assim como o Parnasianismo, também é marcado pela valorização técnica e pela preocupação com o estilo do fazer poético. Contudo, enquanto o Parnasianismo tinha como foco a descrição de elementos objetivos por meio de uma linguagem poética lapidada, o Simbolismo tinha como foco a expressão da subjetividade humana, relacionando-a com o transcendental. Muitos poetas simbolistas começaram suas carreiras influenciados pelo Parnasianismo.

6. Avalie as seguintes afirmações sobre o poema “Livre!”, de Cruz e Sousa. Em seu caderno, indique as afirmações verdadeiras, com base nas características do Simbolismo.

I. O poema reflete o ideal simbolista de busca pela transcendência ao contrastar o material e o espiritual, sugerindo uma realidade mais plena além da vida cotidiana.

II. N o poema, as imagens e as metáforas são empregadas de forma literal, sem a intenção de transmitir significados mais profundos ou simbólicos.

III. No poema, o eu lírico explora sua experiência interna e subjetiva, utilizando uma linguagem que enfatiza a introspecção e a espiritualidade, características do Simbolismo.

IV. O poema não apresenta uma dualidade entre o terreno e o transcendental, focando apenas em descrever a liberdade de maneira direta. Estão corretas as alternativas I e III.

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A questão social na literatura

Castro Alves (1847-1871) foi um poeta baiano representante da terceira geração do Romantismo. Sua produção literária se situa no contexto histórico do século XIX, marcado por movimentos abolicionistas. Diferentemente da primeira geração, focada no nacionalismo e no indianismo, e da segunda geração, marcada pelo sentimentalismo e pessimismo, a terceira geração trouxe um olhar voltado para as questões sociais, especialmente a escravização. Essa geração se caracteriza pela presença de um engajamento político e social por meio da linguagem poética que, através de metáforas e imagens, tratam de temas como liberdade e justiça. Cruz e Sousa compartilha com Castro Alves a preocupação com a questão social, especialmente no que se refere ao racismo e à opressão. Ambos os poetas, cada um em seu contexto e estilo literário, utilizaram sua obra para denunciar as injustiças da sociedade brasileira, tornando-se vozes importantes na luta pela igualdade e pelos direitos humanos.

Estrutura formal e recursos de linguagem no poema

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

7. Releia o poema “Livre!”, de Cruz e Sousa, e observe sua estrutura formal para responder às questões a seguir.

a) Quantas sílabas poéticas cada verso do poema apresenta? Indique se ele segue ou não uma métrica regular. O poema apresenta versos com dez sílabas poéticas e métrica regular.

7. b) O poema segue um esquema de rimas ABBA ABBA nas duas primeiras estrofes e CCD EED nas duas últimas estrofes. A alternância e a repetição dos sons finais dos versos contribuem para a musicalidade do poema, criando uma sensação de ritmo. As rimas ajudam a enfatizar certos temas e palavras-chave, reforçando a mensagem central do poema.

b) Identifique o padrão de rimas em cada estrofe e explique como esse padrão contribui para a musicalidade do poema.

c) Quantas estrofes e quantos versos em cada uma das estrofes o poema tem? Como essa estrutura formal contribui para a compreensão e apreciação do texto, tendo em vista o conteúdo de cada uma das estrofes?

Soneto

O poema tem quatro estrofes, sendo duas estrofes com quatro versos e duas com três versos. Nas duas primeiras estrofes, o eu lírico discorre sobre a opressão e a busca pela liberdade, enquanto nas duas últimas estrofes ele apresenta o que aconteceria com a conquista dessa liberdade. Esse desenvolvimento gradual permite ao leitor uma compreensão mais profunda do tema central do poema.

O soneto é uma forma poética tradicional que surgiu na Itália durante os séculos XIII e XIV e se popularizou a partir da obra A divina comédia , de Dante Alighieri (1265-1321).

O soneto se caracteriza por apresentar 14 versos divididos em duas estrofes de quatro versos, estrutura conhecida como quarteto, seguidas de duas estrofes de três versos, estrutura chamada de terceto, com um esquema de rimas específico: ABBA ABBA CDC DCD. Tradicionalmente, os versos do soneto são decassílabos (10 sílabas poéticas) ou alexandrinos (12 sílabas poéticas), mas podem ser encontrados sonetos com métricas diferentes.

9. b) A palavra fecundas sugere fertilidade, produtividade e a capacidade de gerar vida e crescimento. Já a palavra arcangélicas remete a uma esfera celestial e espiritual, associada à pureza, à divindade e à elevação. A palavra preguiças, por outro lado, está ligada à inatividade, ao repouso e à ausência de esforço, além de ser um dos sete pecados capitais e, portanto, considerado um sentimento essencialmente humano. A junção dessas palavras é

8. O poema “Livre!” apresenta várias características do soneto tradicional. Identifique duas delas.

O poema é composto de quatro estrofes, sendo dois quartetos e dois tercetos. Além disso, o poema é composto de versos decassílabos.

9. Retome o poema, prestando atenção à linguagem empregada, para responder às questões a seguir.

a) O bserve o modo como o substantivo lava e o adjetivo etérea se articulam na primeira estrofe do poema. Caso a ordem da expressão fosse alterada para lava etérea, o efeito de sentido seria o mesmo? Justifique.

b) A e xpressão “Fecundas e arcangélicas preguiças”, presente na última estrofe do poema, apresenta uma contradição. Explore o significado de cada uma das palavras que compõem a expressão; em seguida, explique como essa contradição se estabelece e de que modo ela contribui para a construção de sentido do poema.

Inversão do adjetivo

contraditória porque sugere uma percepção da preguiça como um estado produtivo e espiritualmente elevado, associando o descanso a uma experiência transcendental e divina. No contexto do poema, essa contradição contribui significativamente para a construção de sentido do que o eu lírico compreende como liberdade.

9. a) Se a ordem da expressão fosse alterada para lava etérea, o efeito de sentido seria diferente. A ordem original etérea lava dá maior destaque à qualidade etérea da lava; no entanto, caso a expressão fosse alterada para lava etérea, o destaque maior recairia sobre o substantivo lava, com uma característica mais descritiva.

A inversão do adjetivo é um recurso estilístico que consiste em mudar a ordem convencional do adjetivo em relação ao substantivo, inserindo o adjetivo antes do substantivo ao qual se refere. Esse recurso é empregado para destacar ou intensificar o sentido do adjetivo, recurso muito utilizado em textos literários.

10. A escolha de palavras com base em sua sonoridade, a repetição de sons e o ritmo regular dos versos criam uma dimensão fônica que reforça o conteúdo do poema. A esse respeito, responda às questões a seguir.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

a) Observe como as palavras regelam e rebelam se assemelham do ponto de vista sonoro. Como essa semelhança contribui para a construção de sentido do poema?

b) Releia a última estrofe do poema em voz alta, identificando os sons que se repetem no decorrer da leitura. Qual é o efeito gerado por essa repetição de sons?

10. a) No contexto do poema, a semelhança sonora, criada por meio da figura paronomásia, estabelece uma conexão entre as ideias de regelar e rebelar, enfatizando a tensão entre a opressão e a resistência. Aproveite este momento para retomar com os estudantes o conceito de paronomásia, estudado no Capítulo 6 do Volume 1, e chame atenção para o efeito de sentido no poema “Livre!”.

10. b) Na última estrofe, a repetição do som da letra a e do som da letra r está em evidência. A repetição do som da letra a cria uma musicalidade suave e fluida, enquanto a repetição do som da letra r cria um ritmo sincopado, com algumas quebras na fluidez proposta pela repetição do som da letra a. Retome, nesta questão, os conceitos de aliteração e assonância estudados no Capítulo 6 do Volume 1.

DIÁLOGOS

O poema aborda o tema da crueldade e da violência sofrida pela população negra. Durante a leitura do poema, é importante tratar a temática, considerando o processo histórico da escravização e da segregação racial e estimulando os estudantes a instrumentalizar as formas de combate a tais violências. É um momento oportuno para explorar o TCT Cidadania e civismo, direcionando a turma para a discussão acerca das noções de cidadania pautada nos direitos humanos.

O poema enquanto ferramenta política

Anteriormente, você estudou o poema “Livre!”, do poeta brasileiro Cruz e Sousa, que utilizou a expressão poética para manifestar seu posicionamento contra as opressões raciais em um Brasil onde a escravização havia sido recentemente abolida. Agora, você lerá o poema “Confiança”, do poeta angolano Agostinho Neto (1922-1979). Assim como Cruz e Sousa, Agostinho Neto também se engajou em movimentos de libertação, que tinham como objetivo a emancipação política de seu povo, que, na época, vivia sob o domínio colonial português.

Confiança

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

O oceano separou-me de mim enquanto me fui esquecendo nos séculos e eis-me presente

4 reunindo em mim o espaço condensando o tempo

6 Na minha história existe o paradoxo do homem disperso

Enquanto o sorriso brilhava

9 no canto de dor

10 e as mãos construíam mundos maravilhosos

11 John foi linchado

12 o irmão chicoteado nas costas nuas

13 a mulher amordaçada

14 e o filho continuou ignorante

15 E do drama intenso

16 duma vida imensa e útil

17 resultou certeza

18 As minhas mãos colocaram pedras

19 nos alicerces do mundo

20 mereço o meu pedaço de pão.

AGOSTINHO NETO. Confiança. In: AGOSTINHO NETO. Sagrada esperança. Lisboa: Livraria Sá Costa Editora, 1987. p. 69.

1. Releia as duas primeiras estrofes do poema e, em seguida, responda ao que se pede.

a) Em “Confiança”, a identidade do eu lírico é construída em relação à coletividade. Analise essa afirmação, refletindo sobre como a experiência pessoal e a experiência coletiva se entrelaçam no decorrer do poema.

condensar: tornar mais denso. paradoxo: contradição, contrário à lógica. linchado: punir usando grave violência. alicerce: aquilo que serve de base para uma construção.

António Agostinho Neto foi médico, poeta e o primeiro presidente de Angola. Ele iniciou seus estudos em Angola e, posteriormente, foi para Portugal estudar Medicina, pois, em Angola, colônia de Portugal na época, não havia instituições de ensino superior. Durante sua estadia em Portugal, Agostinho Neto se envolveu ativamente com movimentos estudantis e anticoloniais, tornando-se uma voz importante na luta contra o colonialismo português. Em 1951, Agostinho Neto foi preso enquanto reunia assinaturas para a Conferência Mundial da Paz em Estocolmo. Em 1955, foi preso novamente por participar de um comício de estudantes. Nesse período, seus poemas ganharam destaque, e a sua prisão desencadeou vários protestos. Em 8 de junho de 1960, Agostinho Neto foi novamente preso. Durante esse período, foi eleito Presidente Honorário do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). O grupo realizou uma grande campanha para sua libertação e, devido à forte pressão, Neto foi liberto em 1962 e passou a morar em Portugal. Após a Revolução dos Cravos em Portugal, em 1974, que acelerou a descolonização, Neto retornou a Angola e, em 11 de novembro de 1975, proclamou a independência do país, tornando-se seu primeiro presidente. ■ Agostinho Neto.

1. a) A experiência pessoal do eu lírico, marcada pela dor e pela luta, reflete a experiência coletiva de um povo oprimido. O contraste entre a separação e a presença, no poema, indica um processo de reconstrução da identidade, que é moldada pela experiência pessoal do eu lírico, mas também pelo sentimento de coletividade.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

4. a) Resposta pessoal. Estimule os estudantes a pensar sobre como o entrelaçamento da opressão de gênero e raça cria uma forma de discriminação dupla. Essa interseccionalidade resulta em uma exclusão ainda mais profunda e complexa, refletida na restrição de suas vozes e direitos. Durante a realização da atividade, estimule os estudantes a pensar também em medidas sociais para a diminuição dessa opressão, a fim de dar destaque às mulheres negras e colocá-las em posição de visibilidade.

b) Discuta com os colegas as possíveis interpretações da expressão “paradoxo do homem disperso”. Em seguida, elabore, em seu caderno, um parágrafo relacionando a expressão às experiências de dispersão forçada vivenciadas pela população negra.

No poema “Confiança”, Agostinho Neto reflete criticamente sobre a migração forçada dos povos africanos. Na área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, tal experiência é definida pelo conceito de diáspora africana. A diáspora africana obrigou os povos provenientes de diversos países da África a reinventar seus idiomas, suas práticas culturais e religiosas bem como seus modos de vida no contexto da escravização. As culturas desses povos influenciaram e foram influenciadas pela cultura dos países nos quais essa população foi obrigada a viver, culminando na existência de sociedades afro-diaspóricas, como a brasileira.

2. Associe o quarto e o quinto versos da primeira estrofe à experiência histórica vivenciada pelo eu lírico, tendo em vista o conceito de diáspora africana.

3. Retome o poema “Livre!”, de Cruz e Sousa, relacionando-o com o poema “Confiança”, de Agostinho Neto, para responder ao que se pede.

a) Compare a expressão de liberdade em “Livre!”, de Cruz e Sousa, com a expressão de identidade em “Confiança”, de Agostinho Neto. Como cada poema utiliza a linguagem poética para comunicar a experiência coletiva do povo negro?

b) Os dois poemas fazem uso de imagens poéticas para descrever as emoções e experiências do eu lírico. Como essas imagens contribuem para a compreensão das experiências de opressão e resistência enfrentadas pela população negra? Exemplifique.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

4. Retome a quarta estrofe do poema para responder ao que se pede.

a) A estrofe sugere a restrição e o silenciamento da mulher negra. Discuta como a opressão de gênero e raça se associam, refletindo sobre os impactos dessa associação na luta pelos direitos das mulheres negras.

Literatura de resistência e poesia social

Algumas formas de expressão artística surgem como respostas a contextos de opressão, injustiça e marginalização. A literatura de resistência refere-se a obras que desafiam e contestam estruturas de poder e desigualdade, oferecendo espaço para aqueles que são marginalizados e oprimidos. Ela se caracteriza por seu compromisso com a justiça social e a transformação, utilizando a narrativa, a poesia e outros gêneros literários para expressar a luta contra a opressão e promover a conscientização social. A poesia social , por sua vez, é uma forma específica de literatura de resistência que utiliza a poesia para abordar e refletir sobre questões sociais e políticas. Em países africanos de língua portuguesa, muitos escritores encontraram na literatura um espaço para reivindicar direitos. Em alguns contextos, como o de Agostinho Neto, a expressão literária assumiu um caráter de expressão política e foi essencial para a conquista de direitos fundamentais.

4. b) Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

b) Em sua interpretação, qual é a importância do acesso à educação como um direito humano fundamental e quais são as possíveis consequências sociais da falta desse acesso? Em sua resposta, reflita sobre a trajetória educacional de Cruz e Sousa e de Agostinho Neto, considerando o contexto histórico de ambos os poetas.

1. b) A expressão “paradoxo do homem disperso” pode ser interpretada como uma referência ao dilema de alguém que está fisicamente separado de sua identidade ou de sua origem, mas que carrega a memória e a essência dessa identidade. O paradoxo reside na ideia de que, apesar da dispersão e da fragmentação, há uma tentativa de reunir e condensar essas experiências e identidades. Durante a realização da atividade, estimule os estudantes a analisar criticamente as experiências de dispersão vividas pela população negra, refletindo, por exemplo, sobre a dificuldade que essa população tem em conhecer a origem dos seus antepassados.

3. a) No poema “Livre!”, Cruz e Sousa utiliza uma linguagem poética repleta de metáforas e imagens que evocam uma visão de liberdade e pureza, refletindo o desejo de ascensão e emancipação do povo negro em um contexto pós-abolição. Por outro lado, em “Confiança”, de Agostinho Neto, a expressão de identidade é marcada pela dor e pela luta contínua enfrentada pelo povo negro em razão da opressão e de suas consequências. Neto usa a linguagem poética para refletir sobre o paradoxo da dispersão e a luta pela preservação da identidade cultural e histórica em meio a uma realidade adversa. Ambos os poemas utilizam a linguagem poética para comunicar a experiência coletiva do povo negro, mas de maneiras distintas. Enquanto Cruz e Sousa projeta um ideal de liberdade e transcendência, Agostinho Neto discute sobre a resistência e a reconstrução da identidade negra diante da adversidade

2. No contexto do poema, os versos sugerem o esforço do eu lírico para consolidar e integrar sua identidade e memória cultural dispersa, resultante da diáspora africana, evidenciando a busca por unir a experiência histórica e a identidade individual com a herança coletiva a partir da recuperação poética de um espaço e de um tempo comum à população negra.

5. Cruz e Sousa abordou, por meio de sua poesia, as dificuldades enfrentadas pelos negros libertos em uma sociedade ainda fortemente racista. Seu poema “Livre!” expressa um desejo de liberdade e transcendência, refletindo o anseio por um reconhecimento pleno da dignidade e do valor dos negros em uma sociedade marcada pela persistência das desigualdades raciais. Por outro lado, Agostinho Neto, em seu poema “Confiança”, aborda a luta contínua pela preservação da identidade cultural. Sua poesia reflete a dor e a resistência diante da desvalorização histórica, destacando a experiência coletiva de um povo em busca de autonomia e reconhecimento. Ambos os poetas utilizam a linguagem poética para afirmar a identidade e a resistência de suas respectivas comunidades, mas, enquanto Cruz e Sousa se concentra na libertação individual, Agostinho Neto enfoca a luta coletiva e nacional.

A desvantagem salarial descrita na reportagem ilustra a continuidade da desvalorização do trabalho da população negra, indicando que as desigualdades raciais não desapareceram com a abolição da escravatura. Após a abolição, embora formalmente livres, os negros enfrentaram uma sociedade que ainda perpetuava a marginalização e o preconceito, refletidos na disparidade salarial e na desvalorização sistemática de seus esforços e contribuições. O fato de Cruz e Sousa ter sido impedido de assumir o cargo de promotor em Laguna é um exemplo de tal marginalização.

6. Resposta pessoal. Durante a realização da atividade, estimule os estudantes a abordar o modo como as expressões poéticas e artísticas de resistência desempenham papel importante no fortalecimento da identidade e a selecionar, em seu repertório artístico e cultural, artistas que utilizam a arte como forma de resistência.

5. Cruz e Sousa, poeta brasileiro, viveu no final do século XIX um período marcado pela abolição da escravatura em 1888 e pelas dificuldades enfrentadas pelos negros libertos em uma sociedade ainda profundamente racista. Agostinho Neto, poeta angolano, viveu no século XX, durante a luta pela independência de Angola contra o colonialismo português, culminando na independência do país em 1975. Com base no contexto histórico de cada poeta e nos poemas analisados por você, elabore um parágrafo explicando como a construção poética de cada autor abordou os desafios sociais e políticos de seu tempo, destacando suas semelhanças e diferenças.

6. Reflita sobre o impacto social e emocional que as violências física e moral têm na construção coletiva de uma comunidade, explicando de que maneira as expressões poéticas e artísticas de resistência podem auxiliar no fortalecimento identitário de populações vítimas de violência. Em sua reflexão, apresente exemplos de expressões artísticas que você conheça e que, em seu ponto de vista, contribuam para o fortalecimento da identidade de grupos socialmente marginalizados.

7. No poema “Confiança”, Agostinho Neto sugere o modo como as construções realizadas pelas pessoas negras, tanto do ponto de vista simbólico quanto físico, foram e continuam sendo desvalorizadas. Leia o trecho a seguir, retirado de uma reportagem sobre a desvalorização do trabalho exercido por pessoas negras, associando-o ao poema lido, para responder às questões a seguir.

CIDADANIA Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

Mesmo quando comparados os rendimentos médios de negros e não negros na mesma posição na ocupação, os negros estão em desvantagem. Em todas as posições analisadas, o rendimento dos negros é menor. Segundo o Dieese, isso é uma evidência de que, além das desigualdades de oportunidade, os negros enfrentam tratamento diferenciado no mercado de trabalho.

De acordo com o Dieese, é necessário amplo trabalho de sensibilização para que todas as políticas públicas sejam desenhadas e implementadas com o objetivo de atacar o problema das desigualdades, especialmente no mercado de trabalho. ‘O caminho a ser percorrido é longo, mas o trajeto precisa ser feito com determinação e agilidade’, f inalizou.

BOEHM, Camila. Mercado de trabalho reproduz desigualdade racial, aponta Dieese. Agência Brasil, São Paulo, 21 nov. 2023. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2023-11/ mercado-de-trabalho-reproduz-desigualdade-racial-aponta-dieese. Acesso em: 16 set. 2024.

a) De que maneira o trecho da reportagem reflete a desvalorização do trabalho das pessoas negras na atualidade? Compare a situação descrita na reportagem com as imagens presentes nos versos do poema de Agostinho Neto.

b) A reportagem menciona que os rendimentos dos negros são menores mesmo quando ocupam a mesma posição de trabalho que os não negros. Discuta como essa desvantagem salarial ilustra a continuidade da desvalorização do trabalho exercido pela população negra mesmo após a abolição da escravatura.

c) Analise como o poema “Confiança” e a reportagem, cada um ao seu modo, indicam a importância da implementação de políticas para a valorização da população negra. Em sua resposta, utilize o conceito de poesia social e reflita sobre como a literatura pode contribuir para a promoção de mudanças sociais, tendo em vista a última estrofe do poema.

7. a) O trecho da reportagem reflete a desvalorização atual do trabalho das pessoas negras ao evidenciar que, mesmo em posições equivalentes, o rendimento dos negros é menor do que o dos não negros. Isso é comparável à forma como o poema de Agostinho Neto representa a desvalorização das construções, tanto simbólicas quanto físicas, realizadas pelas pessoas negras. No poema, Agostinho Neto descreve como o trabalho das pessoas negras, mesmo quando é fundamental para a construção do mundo, é desconsiderado e minimizado.

A linguagem do texto

8. a) Os pronomes pessoais de primeira pessoa são empregados pelo eu lírico nos dois primeiros versos para indicar o afastamento de si mesmo, o apagamento de sua identidade, em razão das circunstâncias históricas. Nos versos seguintes, o eu lírico emprega os pronomes que se referem a ele mesmo para indicar o seu processo de reconstrução, de busca da recuperação de sua identidade cultural.

8. Releia este trecho do poema de Agostinho Neto para responder às questões.

1 O oceano separou-me de mim

2 enquanto me fui esquecendo nos séculos

3 e eis-me presente

4 reunindo em mim o espaço

5 condensando o tempo

8. b) O eu lírico afirma que o oceano o separou dele mesmo, indicando a dimensão do afastamento de sua identidade. Se for considerado o contexto da diáspora africana provocada pelo processo colonial, o eu lírico pode estar indicando que sua identidade ficou na sua terra de origem, do outro lado do oceano.

a) Na primeira estrofe, o eu lírico faz uso dos pronomes me e mim para referir-se a si mesmo. Explique de que modo a escolha dos pronomes contribuem para a construção da sua identidade.

b) O eu lírico do poema faz uso da linguagem figurada para afirmar “O oceano separou-me de mim”. Identifique o sentido construído nesse primeiro verso.

c) Ainda sobre a descrição de afastar-se de si, em sua opinião, esse é um tema literário datado, exclusivo de um único movimento literário?

d) O trecho cria um jogo de palavras que envolve o “eu” com base no uso do me e mim. Como a repetição dessas palavras é capaz de construir a relação entre o eu, o tempo e o espaço?

Um dos recursos linguísticos usados para posicionar as pessoas dentro do texto são os pronomes. Como o próprio nome sugere, o pronome é uma palavra que substitui ou acompanha um nome, e seu uso é crucial na construção da coesão e da clareza dos textos. Na língua portuguesa, são os pronomes pessoais que substituem nomes, referenciando-os dentro do texto. Além disso, os pronomes pessoais ajudam a estabelecer relações de proximidade ou distanciamento entre os interlocutores, permitindo ao escritor criar uma conexão mais direta ou impessoal com o leitor.

Pronomes

Classe de palavras que substitui ou acompanha um substantivo, nomeando ou referindo-se a pessoas, objetos ou seres em geral; indicando localização espacial (este, esse, aquele etc.) ou apontando um ser indefinido (alguém, ninguém, nenhum etc.). Os pronomes são recursos textuais que evitam repetições desnecessárias e promovem retomadas no texto, estabelecendo coesão. Dividem-se em várias categorias — pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos e interrogativos —, cada uma dessas categorias exerce funções específicas dentro dos usos da língua.

No trecho do poema “Confiança”, o leitor depara-se com um uso do me e mim como pronomes que criam uma referência à pessoa que fala no discurso – o eu lírico do poema – e marca sua relação de identidade dentro do espaço e do tempo. Nesse uso, o pronome pessoal no poema não só indica quem e de quem se fala no discurso, mas posiciona o eu lírico na situação poética.

Pronome pessoal

O pronome pessoal é um tipo de pronome que substitui ou representa as pessoas do discurso, indicando quem está falando (primeira pessoa), com quem se fala (segunda pessoa) ou de quem ou do que se fala (terceira pessoa). Os pronomes pessoais podem ser do caso reto, quando funcionam como sujeito da oração (eu , tu , ele, nós , vós , eles), ou do caso oblíquo, quando atuam como complemento verbal ou nominal (me, te, se, nos , vos , lhe, o, a etc.). Flexionam em número (singular ou plural) e gênero na terceira pessoa (masculino ou feminino).

8. c) Resposta pessoal. Os estudantes devem concluir que se ver afastado de si mesmo é uma condição que pode ser explorada em qualquer produção literária a qualquer tempo, independentemente do contexto social, histórico e cultural de produção textual. 8. d) Com esse jogo de palavras, o eu lírico reforça a percepção da ruptura de sua identidade, vendo-se distanciado de si mesmo no tempo e no espaço, os quais ele busca superar no processo de reconstrução de si mesmo com a recuperação de sua identidade.

REFLETIR E ARGUMENTAR

Respostas pessoais. O objetivo dessa atividade é promover a reflexão sobre como os projetos artísticos e culturais podem servir como uma ferramenta de transformação social e cidadã, estimulando os estudantes a refletir sobre a sua realidade e sobre os projetos artísticos e culturais dos quais já participaram.

O Movimento Negro Unificado (MNU) surge em 1978 como expressão de repúdio a uma série de episódios racistas que ocorreram na cidade de São Paulo. A data de seu surgimento é marcada por um ato público realizado nas escadarias do Theatro Municipal de São Paulo. Apesar de o movimento ter surgido em frente ao Theatro Municipal, as pessoas negras periféricas não compõem o público majoritário do teatro. Observe a fotografia a seguir do ato público do MNU, realizado em 1979, e leia o trecho de entrevista do rapper Emicida, que realizou o lançamento do seu disco no Theatro Municipal, para responder às questões.

■ Marcha do Movimento Negro Unificado, em São Paulo (SP), em 1979.

Durante muito tempo, nossa sociedade ficou refém de algo que ela chama de alto cultura (sic). Uma cultura elitizada, que se baseia numa ideia questionável de que o povo não compreende arte. Transformar um prédio tão importante em um templo da alta cultura afastou a população, sobretudo a população mais pobre. Não sou o primeiro artista negro, não sou o primeiro representante de um movimento popular a subir naquele palco. Mas conseguimos criar um contexto onde levamos para lá dentro um número imenso de pessoas que passam ao redor do Theatro todos os dias mas não se perguntam: ‘por que a gente nunca entrou nesse teatro?’ Porque nunca nos convidaram a pertencer a ele. Quarenta anos depois do nascimento do Movimento Negro Unificado, em 1978, temos a oportunidade de ocupar esse palco. O mais simbólico e mágico dessa ocupação foi encontrar algumas das pessoas que estavam naquelas escadas lutando por um Brasil mais justo, na criação do MNU, e colocá-los no meio do teatro.

EMICIDA. Emicida: “Nossos livros de história são os discos”. [Entrevista cedida a] Naiara Galarraga Gortázar. El País, São Paulo, 11 dez. 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2020-12-11/emicida -nossos-livros-de-historia-sao-os-discos.html. Acesso em: 16 set. 2024.

• Em seu ponto de vista, qual é o papel da arte e da cultura na promoção da justiça social e na inclusão de populações marginalizadas? Em sua resposta, utilize exemplos de sua própria experiência ou observações pessoais.

• Considerando o papel do MNU em promover a inclusão cultural e as temáticas dos poemas de Agostinho Neto e Cruz e Sousa, como você percebe a relação entre a acessibilidade a espaços culturais e a luta política pela igualdade racial?

Resposta pessoal. O objetivo da questão é promover a reflexão acerca da importância da inclusão e da representatividade para a formação de uma sociedade ética e cidadã.

com

GEOGRAFIA

O objetivo desta seção é propor uma prática lúdica para a compreensão de aspectos da Geografia Política relacionados aos acordos firmados entre os países-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, de modo a possibilitar aos estudantes a

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

Criada em 1996, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é formada por nove Estados-membros, todos falantes de língua portuguesa: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Observe o mapa a seguir. compreensão da importância da CPLP no âmbito da cooperação entre as nações falantes de língua portuguesa e, assim, reforçar o poder da língua como elemento unificador.

Países-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

Fonte: CORDEIRO, Philipe. Comunidades dos países de Língua Portuguesa CPLP [Lisboa]: Legal in Portugal, [201-]. Disponível em: https://www.legalinportugal.com/en/ comunidade-dos-paises-de-lingua-portuguesa-cplp/. Acesso em: 25 out. 2024.

Agora, leia o texto a seguir para conhecer os objetivos centrais da atuação da CPLP.

Os estatutos da CPLP definem três objetivos centrais para a atuação da Comunidade:

• concertação político-diplomática

• cooperação em todos os domínios

• promoção e difusão da língua portuguesa

A singularidade da CPLP reside na circunstância de seus Estados-membros estarem espalhados por diversos continentes e o de ter construído, sobre a base sólida do idioma comum e de laços históricos e culturais, uma rede de interesses e valores compartilhados que transcende a distância geográfica.

SONIA
Círculo Polar Ártico
Trópico de Câncer
Trópico de Capricórnio
Meridiano de Greenwich
Círculo

Os estudantes serão convidados a produzir um jogo colaborativo que será desenvolvido por meio de pesquisa. O objetivo é que eles possam, a partir de apresentações orais e permeados pela ludicidade, compreender as relações entre os países que fazem parte da

A CPLP está erguida sobre princípios que, na perspectiva brasileira, são essenciais. Em primeiro lugar, as decisões são tomadas por consenso, o que lhes confere legitimidade inquestionável. Em decorrência disso, o diálogo entre os membros se dá de forma horizontal e democrática, com reconhecimento e respeito às assimetrias existentes.

A presença e a atuação da Comunidade têm contribuído para a projeção internacional da língua portuguesa; para o fortalecimento institucional e político de seus membros em situação de crise ou instabilidade; para a afirmação conjunta dos interesses comuns de seus membros em outros foros internacionais; e para o desenvolvimento de programas de cooperação em diversas áreas. A CPLP tem atendido às expectativas e cumprido com os objetivos que motivaram sua criação.

BRASIL. Ministério das Relações Exteriores. A CPLP. Brasília, DF: MRE, 22 fev. 2024. Disponível em: www.gov.br/mre/pt-br/delbrascplp/a-cplp-1. Acesso em: 16 set. 2024.

Embora tenham a língua portuguesa como idioma em comum, cada um dos países-membros da CPLP apresenta uma variedade própria dessa língua, o que torna a realização da língua muito particular e identitária. Essa variação decorre dos diferentes processos de colonização, independência e desenvolvimento.

1. Para conhecer os países-membros da CPLP, você e a turma farão pesquisas sobre cada um desses países e sua atuação na CPLP; em seguida, montarão um jogo colaborativo com cartas informativas, a partir das quais os grupos deverão encontrar pontos em comum sobre a geografia política deles. Para tanto, sigam estas etapas.

a) Dividam-se em grupos de modo que cada um seja responsável pela pesquisa de um Estado-membro da CPLP. Serão, portanto, nove grupos.

b) Pesquise sobre os seguintes aspectos do Estado-membro determinado ao grupo e anote as principais informações para compor as cartas. Cada aspecto deve compor uma carta.

Economia: pesquisar os principais setores que compõem a economia do país, suas importações e exportações e as parcerias comerciais com outros países da CPLP.

Educação: investigar parcerias entre universidades, intercâmbios estudantis e iniciativas de formação profissional conjuntas.

Língua portuguesa: buscar as características que individualizam a variedade de fala desse país.

1. b) Ajude os estudantes a reconhecer locais de pesquisa adequados para buscar as informações. Como sugestão, solicite a eles que consultem o portal da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) (disponível em: https:// www.cplp.org/; acesso em: 16 set. 2024).

Política e governança: conhecer acordos políticos e diplomáticos, políticas para imigração entre os países-membros, cooperação para segurança e defesa.

Cultura e tradições: pesquisar eventos culturais compartilhados entre os países-membros e promovidos pela CPLP, conhecer as tradições dos países através das festas e das religiões.

Cooperação internacional: identificar cooperações na área da saúde, do meio ambiente, do tráfico de drogas, entre outras.

Oriente os estudantes a coletar imagens gratuitas. Sugere-se sites como Pixabay ou Freepik, que têm imagens que podem ser baixadas gratuitamente.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

c) Com as informações coletadas, escrevam as cartas. Usem folhas de sulfite divididas em quatro partes, de modo a compor cartas concisas. Se possível, imprima uma imagem para ilustrar o aspecto em foco. Não se esqueçam de escrever o nome do país em cada uma das cartas.

2. Hora de jogar.

a) Em um círculo, apresente uma das cartas do grupo. Após a apresentação, os outros grupos devem reconhecer em suas cartas as relações possíveis entre os Estados-membros.

b) Ao identificar essas relações, as cartas devem ser juntadas. Façam essa junção em uma folha de papel Kraft, de modo que as cartas sejam dispostas lado a lado.

c) Vocês podem estabelecer pontuações para cada carta unida entre os grupos, a fim de tornar o jogo mais competitivo, embora o objetivo seja a cooperação; portanto, o mais importante é reconhecer as relações de Geografia Política entre os Estados-membros da CPLP.

3. Com os papéis Kraft montados, exponha-os na sala de aula ou no mural da escola, para que todos possam conhecer a importância da CPLP.

Sotaques

Neste vídeo, denominado Sotaques , comemorativo do dia 5 de maio, Dia Internacional da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP, celebra-se a diversidade dos falares em língua portuguesa por meio da leitura de um trecho do romance O paraíso são os outros , do escritor português Valter Hugo Mãe (1971-), realizada por diversos falantes de variantes da língua portuguesa.

■ Frame de abertura do vídeo.

SOTAQUES: “O paraíso são os outros” (Valter Hugo Mãe). [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (15 min). Publicado pelo canal Porto Editora. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=nndGk1Ci2Bo. Localizável em: 16 s. Acesso em: 16 set. 2024. REPRODUÇÃO/PORTO

2. a) Se considerar necessário, combine com o professor de Geografia para que esse momento de estabelecimento de relações seja feito em aula conjunta, de modo a ser possível ampliar os conhecimentos dos estudantes sobre o tema, de forma mais guiada pelo professor da área.

ESTUDO DO GÊNERO TEXTUAL

Debate e debate regrado

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes identifiquem assuntos ligados ao uso de tecnologias como plataformas de serviços de entrega, inteligências artificiais, entre outros. Incentive-os a pensar em que tipos de trabalho são mediados por tecnologia e que assuntos poderiam ser apresentados no debate.

Na seção Estudo Literário, a literatura foi apresentada como instrumento de expressão da subjetividade diante da escravização e como instrumento de resistência e ativismo político. O engajamento em causas sociais faz parte da prática da cidadania e do civismo e pode ser exercido por meio da literatura ou por outras práticas textuais orais e escritas. Nesta seção, você lerá um debate transcrito do áudio de um programa de rádio transmitido em uma rede de streaming de vídeos, cujo tema de discussão perpassa pelas condições atuais de trabalho no Brasil e pelo uso da tecnologia e da inteligência artificial (IA) no trabalho. Espera-se que os estudantes reconheçam que é um tema ligado à cidadania e à dignidade humana, por isso é de interesse de todos os cidadãos.

PRIMEIRO OLHAR

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Antes de iniciar a primeira leitura do texto, converse com a turma sobre as questões a seguir.

• O programa de rádio que promoveu o debate chama-se Debates do povo, e sua abrangência é nacional. Por que as condições de trabalho permeadas pelo uso de tecnologias seriam um tema de debate de nível nacional?

• Considerando o tema anunciado, que assuntos você supõe que poderão ser abordados nesse debate?

• Você costuma participar de debates, orais ou escritos? Como você costuma construir seus argumentos? Acredita que toda opinião é válida como argumento? Explique.

■ Frame do vídeo Semana de 4 dias de trabalho vai vingar no Brasil? [S. l.: s. n.], 2024. 1 vídeo (54 min). Publicado pelo canal O Povo. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=M8htHU6Z17M. Acesso em: 16 set. 2024.

pessoais. Incentive os estudantes a reconhecer os espaços de debate, sobretudo on-line. Embora os comentários em redes sociais, por exemplo, não pertençam ao gênero debate, eles podem iniciar debates e polêmicas envolvendo muitos participantes e, portanto, ser um espaço de debate aberto. Comente com os estudantes sobre a existência de sociedades de debate e, se houver tempo hábil, promova um espaço para uma rápida pesquisa dos estudantes sobre algumas delas.

Respostas

AO

VIVO: Semana de 4 dias de trabalho vai vingar no Brasil? |

Debates do POVO 1/5/24

MARCOS TARDIN: (2’19”) A palavra trabalho deriva do latim “tripalium” ou “tripalus”, uma ferramenta que imobilizava cavalos e bois para serem ferrados. Era também o nome de um instrumento de tortura usado contra escravos e presos, que originou o verbo tripaliare , cujo primeiro significado era “torturar”. Com o tempo, o termo passou a se referir àqueles que não possuíam patrimônio e, por isso, deviam trabalhar, ou seja, quase todos e todas nós. Hoje, feriado de Dia do Trabalho, milhares de manifestantes pelo mundo foram às ruas e houve, como quase sempre, confrontos com policiais. No Brasil, Fortaleza e mais cinco capitais têm ato pelo 1o de maio. […]

MARCOS TARDIN: (3’18”) Trabalho é mais do que emprego e mão de obra assalariada. É a capacidade de transformar a realidade. E são muitos os modelos, as formas e relações de trabalho e emprego. Tem o estágio, o trabalho autônomo, o eventual, o temporário, o voluntário, o avulso, tem o profissional liberal. Cada vez mais pessoas buscam a flexibilização da jornada de trabalho, especialmente depois da pandemia de covid-19. Isso incluiu o home office, o anywhere office e o modelo híbrido. E cada vez mais se fala em semana de quatro dias de trabalho. Você acredita nisso? Há poucos dias você deve ter ouvido falar do procurador do Ministério Público do Trabalho que foi Uber por quatro meses para entender melhor a relação do motorista de aplicativo com a plataforma. A experiência foi parte do doutorado do pesquisador e virou um livro. Após ter feito 350 corridas, o procurador concluiu que a subordinação do motorista à plataforma é muito mais intensa do que a gente imagina. Segundo ele, não teve em nenhuma ocasião a sensação de ser o seu próprio chefe. Isso sendo um homem branco e enfrentando menos dificuldades do que se fosse mulher ou negro. E você, como é a sua relação com o trabalho? Qual a sua opinião? Ao debate! […]

MARCOS TARDIN: (19’30”) Eu mencionei aqui na abertura do programa o caso daquele, recente, foi poucos dias atrás aqui, desse procurador do Ministério Público do Trabalho, procurador que era também pesquisador, estava fazendo um doutorado e ficou trabalhando como Uber durante alguns meses. E, segundo ele, na conclusão do estudo, ele disse que a vantagem do aplicativo, da tecnologia, é criar uma espécie de camada, né que acaba funcionando como um filtro. O erro, então, na visão dos motoristas de Uber, o erro, quando acontece, um erro que prejudica o valor da corrida, eles vêm como sendo um erro do aplicativo, do algoritmo, que isso não foi feito de forma deliberada pela empresa. Então, a tecnologia criando assim uma… uma camada, né, de visão sobre o que é um empregador. E ao mesmo tempo em que essa plataforma é vista como uma mãe por esses motoristas, segundo o… procurador, pesquisador, o Estado é visto de uma forma negativa de um modo geral por esses profissionais. Inclusive o passageiro, quando tem problema no aplicativo, não imputa responsabilidade ao Uber, imputa ao motorista. Pergunto a você, que é uma pessoa bem nessa área: a tecnologia virou ou está virando um patrão?

ANDRÉA MIGLIORI : (20’53”) Não, eu não vejo dessa forma. Eu acho que a tecnologia hoje ela é aliada, muitas vezes absolutamente necessária e muitas vezes um meio para a gente conseguir fazer coisas cada vez… enfim, mais incríveis, né? Para o bem e para o

mal, né? Mas eu não trocaria os papéis assim, sabe? Não colocaria na tecnologia a responsabilidade… enfim… né… do comportamento humano ou do comportamento cultural, social, que pode se revelar a partir daquela novidade. É só ver a inteligência artificial, por exemplo, na quantidade de coisas que vão acontecendo. Eu não sei avaliar, assim, essas questões de erro de cálculo das corridas da Uber ou, enfim, de qualquer outra plataforma, mas o que eu penso é assim: novos tempos, novos problemas, então novas soluções. [ ] (22’03”) O modelo de trabalho que plataformas como a Uber, por exemplo, possibilitaram existir, até pouco tempo atrás não existia, né? Então, às vezes, eu acho que a gente fica tentando resolver problemas novos, tentando encaixar ali soluções e discussões antigas, entendeu? Então, assim, de forma nenhuma eu acho que a tecnologia vai ter esse papel de patrão, ou, enfim, né, seja lá do que for… A tecnologia, nesse caso aí, é o meio para viabilizar outras coisas. Se a gente está fazendo mau uso dela, aí é com a gente.

MARCOS TARDIN: (23’35”) Certo. Legal, estou vendo ali as expressões da Patrícia com a Andréa falando, a Patrícia está concordando, né? Quero te ouvir…

PATRÍCIA ANSARAH : É, eu acho que sim, eu acho que isso que a Andréa falou é muito importante, assim… A inteligência artificial e a tecnologia, ela traz a gente hoje para um lugar de ter que formular novas perguntas, perguntas mais pertinentes, perguntas daquilo que a gente não sabe, perguntas daquilo que a gente não viu, né… e do que a gente nunca experimentou. E eu também entendo que essas empresas de tecnologia – por exemplo, no caso da Uber que a gente está falando aqui – eu acho que entre outras empresas que estão precisando sobreviver a um mercado que é muito ágil, de mudanças muito rápidas, e independe do setor, se é de tecnologia ou não… – é… obviamente a tecnologia como recurso e como aliada – é elas estão precisando é fazer não sabem também qual é o caminho correto, porque não tem precedente esse momento que a gente está vivendo, né… realmente não tem precedente. Então, essa questão da gente testar é ok, errar é ok eu acho que o ponto aqui é: a gente tem que errar rápido e corrigir rápido e a gente só faz isso se a gente conversar, se a gente tiver um olhar curioso, se a gente estiver atento a quem está sendo impactado e fazer perguntas que são perguntas ainda não feitas. Eu diria que a tecnologia do futuro é a tecnologia humana.

MARCOS TARDIN: (25’11”) Tecnologia humana… Uhum… Entendo.

PATRÍCIA ANSARAH : A tecnologia do futuro é a tecnologia humana. Então, quando a gente vê pessoas na ponta, né… trabalhadores desse nível exaustos, sofrendo, e o presidente ou alguém de outro nível hierárquico indo ali na ponta e entender qual que é o dia, isso só vai aproximando as realidades de alguma forma, né? E essa aproximação das realidades são essas conversas, são esses diálogos, essa curiosidade pelos lados impactados é que vai fazer com que a gente gere perguntas que a gente ainda não fez para corrigir rápido o nosso erro.

MARCOS TARDIN: (25’49”) Legal. Muito bem, tenho a impressão que o Luciano não concorda muito com vocês duas não, mas vamos ouvir o Luciano já já mas eu preciso chamar aqui um rápido intervalo na transmissão da rádio. A gente continua a conversa sem intervalo pelas redes sociais e retornamos aqui para a transmissão da rádio daqui a pouquinho. [ ] É Luciano, não sei eu falei que você achava que você não concordava muito com a Andréa e a Patrícia, mas você diga lá… Eu queria ouvir a tua opinião também

[ ] (26’21”) A gente viu manifestação de boa parte, pelo menos, de motoristas de Uber sendo defendendo a Uber, né querendo a preservação do modelo de trabalho que tem agora. Diga lá, Luciano.

LUCIANO SIMPLÍCIO: É verdade. Isso a gente vê. É porque é o modismo, né? O capital, ele precisa de uma velocidade grande para se reproduzir. Agora, nós estamos falando é de vidas. De vidas que estão sendo perdidas. E de uma maneira veloz, né? São acidentes e pessoas sequeladas que vai impactar a previdência. Quem responde isso, né? Que vai impactar o SUS, né? 33%, 33% das pessoas que saem de Fortaleza para esses aplicativos são acidentados ou morrem. Vai lá pro Frotão. E lá a Uber não tem responsabilidade nenhuma. Quer dizer, antes o adolescente concluiu o segundo grau, colocava currículo. Hoje ele aluga uma bicicleta ou uma moto e vai se arriscar no trânsito dirigindo a bicicleta com uma mão e com o celular na outra pra ver o endereço pra entregar logo. São mortes que acontecem quando a plataforma só se preocupa pra saber se foi feita a entrega. Se foi feita não quer saber se morreu ou não. Quer dizer, é essa falta de empatia que foi inoculada em nós, que nós não podemos deixar… existir entre nós. Senão a inteligência artificial não vem para o humano fazer o ócio, e sim para ser explorado, mas ainda ser descartado, até do mundo do trabalho. É o risco da inteligência artificial.

Transcrito de: AO VIVO: semana de 4 dias de trabalho vai vingar no Brasil?

[S. l.: s. n.], 2024. 1 vídeo (54 min). Publicado pelo canal O Povo. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=M8htHU6Z17M. Acesso em: 16 set. 2024.

Conteúdo do

debate

1. As temáticas que você supôs na segunda questão do boxe Primeiro olhar apareceram no debate? Alguma delas foi aprofundada? Houve temas que você não citou, mas imaginou que poderiam aparecer nesse contexto temático? Houve surpresa no tema apresentado? Por quê?

2. Considere a apresentação feita pelo mediador, Marcos Tardin, sobre o trabalho e responda às questões a seguir.

a) Que relação é possível de ser estabelecida entre a origem da palavra trabalho e a prática do trabalho atualmente?

b) Crie uma hipótese que explique por que o mediador teria escolhido começar sua fala evocando a origem da palavra trabalho.

c) Discuta com os colegas a afirmação do mediador: Trabalho é “a capacidade de transformar a realidade”. Que transformações são possíveis por meio do trabalho?

d) Que transformações nos modelos de trabalho são adotadas com frequência atualmente? Por que esses modelos estão em crescimento?

3. O mediador cita um estudo realizado por um procurador do Ministério Público do Trabalho sobre a prática de motoristas de aplicativo. Complete o quadro a seguir com as informações requeridas. Se necessário, pesquise brevemente a respeito do assunto das questões.

Frotão: Instituto Doutor José Frota (IJF), hospital público em Fortaleza (CE). inocular: fazer uma ideia ser absorvida por uma ou mais pessoas; gravar na mente de alguém.

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolva nos estudantes o aprofundamento das “análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas”. Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social.

1. Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

2. a) O sentido inicial do termo, derivado do latim, era de instrumento de tortura e, com o tempo, o termo passou a ser usado para se referir a pessoas que não tinham patrimônio. Pode-se pensar em relações tanto sobre o excesso de trabalho como uma forma de torturar-se (primeiro sentido), mas também a necessidade de trabalhar por necessidade financeira (segundo sentido).

2. b) Resposta pessoal. Acolha as hipóteses que os estudantes considerarem a ideia de associar a origem da palavra e sua relação com o trabalho atualmente, como uma forma de comprovação do tema abordado.

2. c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam sobre a possibilidade de ascensão e independência financeira por meio do trabalho.

2. d) Dentre os modelos recentes de trabalho mais encontrados estão: trabalho como pessoa jurídica e por contrato, sem registro trabalhista, e trabalhos com jornada reduzida e em formato híbrido (mais vezes em home office, em casa, e algumas vezes no escritório, presencialmente).

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

4. a) O procurador chegou à conclusão de que há grande subordinação dos motoristas em relação à plataforma e que não teve em nenhum momento a “sensação de ser o seu próprio chefe”, enquanto o estudo do Ipea, além de demonstrar a precarização do trabalho, ressalta que os motoristas se sentem “empreendedores de si mesmos”.

Procurador é um cargo do Ministério Público. O procurador do Ministério Público do Trabalho representa os interesses dos cidadãos em assuntos relacionados ao mundo do trabalho, com ações como: fiscalizar o cumprimento das leis trabalhistas, mediar questões entre empregados e empregadores, propor ações judiciais, entre outras funções.

O que faz um procurador do Ministério Público do Trabalho?

Em que consistiu o estudo e qual era seu objetivo?

Qual foi a metodologia utilizada no estudo?

A que conclusões o procurador chegou ao final de seu estudo?

Consistiu em uma vivência de um procurador do Ministério do Trabalho como motorista de aplicativo de transporte, com o objetivo de verificar as relações de subordinação entre os empregados e a plataforma.

O procurador foi motorista de aplicativo por quatro meses e fez 350 corridas.

Ele concluiu que as relações de subordinação são bastante intensas e que não há autonomia de ação dos trabalhadores, como se pensa existir.

4. Leia o trecho de reportagem a seguir sobre as condições de trabalho de motoristas autônomos no Brasil atualmente.

[…] Entre 2012 e 2015, enquanto o total de motoristas autônomos no setor de transporte de passageiros (não incluídos os mototaxistas) era cerca de 400 mil, o rendimento médio flutuava em torno de R$ 3.100,00. Em 2022, quando o total de ocupados se aproximava de 1 milhão, o rendimento médio era inferior a R$ 2.400,00.

Nessa mesma categoria, a proporção de trabalhadores com jornadas entre 49 e 60 horas semanais passou de 21,8% em 2012 para 27,3% em 2022. [ ] O estudo conclui que ‘o modelo de trabalho plataformizado se baseia em um vetor de precarização, representando, por um lado, menores patamares de renda, formalização e contribuição previdenciária, e, por outro lado, maiores jornadas semanais de trabalho’. Segundo os autores, os técnicos de planejamento e pesquisa do Ipea Sandro Sacchet e Mauro Oddo, apesar de os dados demonstrarem essa precarização, muitos trabalhadores ‘reproduzem a narrativa (ou ideologia)’ de que são ‘empreendedores de si mesmo s’.

Ipea: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.

BRASIL. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Estudo revela precarização das condições de trabalho de motoristas e entregadores por aplicativos. Brasília, DF: Ipea, 21 maio 2024. Disponível em: www.ipea.gov.br/portal/categorias/45-todas-as-noticias/noticias/15073-estudo-revela-precarizacao -das-condicoes-de-trabalho-de-motoristas-e-entregadores-por-aplicativos. Acesso em: 16 set. 2024.

a) Comparando o estudo do procurador do Ministério Público do Trabalho com o estudo do Ipea, há uma contradição entre as conclusões obtidas. Explique-a.

b) Compare as afirmações a seguir.

I. “essa plataforma é vista como uma mãe por esses motoristas” (estudo do procurador do Ministério Público do Trabalho)

II. “apesar de os dados demonstrarem essa precarização, muitos trabalhadores ‘reproduzem a narrativa (ou ideologia)’ de que são ‘empreendedores de si mesmos’” (estudo do Ipea)

Discuta com os colegas: de que modo essas duas afirmações se relacionam? Explique, considerando os dados apresentados no texto.

5. Para responder aos itens a seguir, considere a questão feita pelo mediador do debate aos debatedores: “A tecnologia virou ou está virando um patrão?”.

5. a) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

a) No quadro a seguir, estão listados os debatedores e as respectivas profissões. Copie o quadro no caderno, complete-o com a síntese das ideias principais de cada debatedor e sinalize se a questão proposta pelo mediador foi efetivamente respondida.

4. b) Espera-se que os estudantes reconheçam a falácia da percepção de acolhimento (como uma mãe) da parte dos motoristas em relação à plataforma e percebam a precarização das relações de trabalho, o que se comprova pelos dados apresentados (renda baixa, jornada de trabalho excessiva e ausência de direitos trabalhistas).

5. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que cada debatedor observa a situação sob a ótica de seu próprio conhecimento e ideologias. Assim, as debatedoras – uma empresária e a outra psicóloga organizacional – observam a mediação da tecnologia como instrumento de evolução, como meio, isentando-a dos erros e das consequências negativas. Já o debatedor, como presidente da central dos trabalhadores, observa os aspectos negativos da relação entre a tecnologia e os trabalhadores, apontando as consequências perniciosas dessa relação para o trabalhador.

Debatedor Profissão Ideias principais

Andréa Migliori

CEO da Work Hub Digital, start-up de soluções internas

Patrícia Ansarah Psicóloga organizacional

Luciano Simplício

Presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil

Responde à questão proposta? (Faça as observações que julgar pertinentes.)

b) Em sua opinião, de que modo as profissões exercidas pelos debatedores influenciaram suas respostas?

c) Em seu ponto de vista, qual debatedor se aproximou mais de uma resposta completa e problematizadora sobre a questão proposta? Por quê?

6. Releia este trecho da resposta da debatedora Patrícia Ansarah sobre os erros envolvendo as relações de trabalho mediadas por tecnologias e IA.

[…] a gente tem que errar rápido e corrigir rápido e a gente só faz isso se a gente conversar, se a gente tiver um olhar curioso, se a gente estiver atento a quem está sendo impactado e fazer perguntas que são perguntas ainda não feitas. Eu diria que a tecnologia do futuro é a tecnologia humana

6. a) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

a) Em sua opinião, o que a debatedora quer dizer com a expressão tecnologia humana no contexto que ela expõe?

b) Segundo ela, de que modo é possível “fazer perguntas […] ainda não feitas”?

A aproximação das partes envolvidas na relação de trabalho por meio de conversas vai gerar perguntas a respeito desse novo modelo de trabalho, em busca de soluções para os problemas que surgem.

O debate lido colocou em questionamento a influência das tecnologias e da IA como mediadoras das relações de trabalho. No contexto das rápidas mudanças proporcionadas por essas ferramentas, surgem novas profissões, ao mesmo tempo em que outras tendem a desaparecer. Para se atualizar e pensar no futuro profissional, pesquise sobre as consideradas profissões do futuro , voltadas para a tecnologia e para a IA.

• A crescente ao portfólio que está sendo elaborado pela turma as profissões do futuro , partindo de uma pesquisa sobre quais são, ampliando para as atividades praticadas, as formas de acessar o conhecimento e a formação nas áreas, a média salarial, o campo de atuação. Busque ilustrar o portfólio com imagens sobre a prática dessas profissões. Com a realização desse trabalho, você e a turma obterão conhecimento sobre diferentes profissões e poderão se preparar para o ingresso no mundo do trabalho. Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

A próxima onda

Neste livro, o empresário e cocriador britânico da área de In teligência Artificial, Mustafa Suleyman (1984-), e o pesquisador de novas mídias e produtor de conteúdo digital, também britânico, Michael Bhaskar, discorrem sobre os riscos que o rápido desenvolvimento da inteligência artificial representa para o mundo, bem como formas de agir para mitigar esses riscos.

SULEYMAN, Mustafa; BHASKAR, Michael. A próxima onda: inteligência artificial, poder e o maior dilema do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2023. Capa.

5. c) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes consigam deixar de lado suas próprias opiniões a respeito das respostas, para verificar a consistência das estratégias utilizadas por cada debatedor para identificar qual argumento consideram mais sólido para responder à questão proposta.

MUNDO do TRABALHO
■ Capa de livro.

7. Estão corretas as afirmações II, IV e V. Na afirmação I, o erro está no fato de que o tempo de fala não é anunciado previamente aos debatedores; na afirmação III, o erro está no fato de que os debatedores não se interrompem, mas esperam a chamada do mediador para proferirem suas falas.

Composição e contexto do debate

7. O debate lido no início desta seção obedece a algumas estruturas básicas desse gênero, que podem ser inferidas da leitura. Copie, no caderno, as afirmações verdadeiras sobre essa estruturação.

I. Há um tempo de fala anunciado aos debatedores e em equilíbrio com o mediador, que interrompe a fala dos participantes, se necessário.

II. O mediador faz perguntas orientadoras e provocativas para os debatedores, com apresentação prévia do tema de forma contextualizada.

III. Os debatedores podem se interromper em qualquer tempo, para concordar ou discordar da opinião do outro.

IV. O mediador garante que todos os debatedores possam expor seu ponto de vista em relação ao questionamento.

V. O debate se encerra após a fala de todos os debatedores sobre a pergunta feita.

8. No quadro a seguir, estão listadas algumas regras comuns a debates. Identifique aquelas que estão claramente presentes no trecho do debate lido.

Estão claramente presentes no debate lido as regras I, II, V e VIII.

I. Preâmbulo do mediador, com a contextualização do tema do debate.

II. A pergunta orientadora do debate é proposta claramente aos debatedores.

III. Há definição do tempo de fala de cada debatedor, e esse tempo é cronometrado.

IV. Há sorteio da ordem de fala dos debatedores.

V. O mediador é responsável por fazer questionamentos provocativos em meio às discussões, para orientar o debate à resposta da questão central.

VI. O mediador faz apenas perguntas previamente estabelecidas para o debate.

VII. Os debatedores têm direito a uma réplica (resposta) e a uma tréplica (segunda resposta sobre o mesmo tema) para a mesma questão, antes de mudá-la.

VIII. Os debatedores apresentam linguagem formal na discussão, mantendo o decoro e o respeito mútuo diante das divergências de opinião.

Debate e debate regrado

O debate , no cotidiano, é uma discussão livre sobre um assunto, geralmente polêmico, entre pessoas que defendem um ponto de vista ou uma opinião por meio de argumentos que considerem pertinentes ao assunto. No debate regrado, a discussão recebe regras de organização dos turnos de fala, das respostas, do tempo e da origem das questões. Nessa modalidade, a argumentação deve ser fundamentada na exposição de ideias e nos pontos de vista acompanhados de comprovações sobre eles. Gênero típico da oralidade, os debates têm como objetivo principal a persuasão da audiência sobre determinado ponto de vista.

9. Identifique marcadores da fala do mediador que indiquem as estratégias que ele utiliza para passar o turno de fala aos debatedores e tomá-lo de volta.

“Pergunto a você, que é uma pessoa bem dessa área:”; “Quero te ouvir”; “Eu queria ouvir a tua opinião também”; “Diga lá, Luciano”.

10. Ao longo da apresentação sobre o tema, o mediador disserta de modo expositivo sobre ele. Releia este trecho.

10. d) A fala expositiva apresenta dados, fatos e exemplifica um determinado assunto, mas não expõe ponto de vista sobre ele. Já na fala argumentativa, além da exposição, é preciso comprovar o ponto de vista e defendê-lo.

Cada vez mais pessoas buscam a flexibilização da jornada de trabalho, especialmente depois da pandemia de covid-19. Isso incluiu o home office , o anywhere office e o modelo híbrido. E cada vez mais se fala em semana de quatro dias de trabalho. Você acredita nisso?

a) No começo da exposição, ele apresenta um tópico frasal, uma afirmação que será defendida. Identifique-a.

b) De que modo ele comprova essa afirmação?

c) Como ele termina a apresentação? Seu tópico frasal é retomado? Se sim, de que modo?

d) E xplique a diferença entre uma fala expositiva e uma fala argumentativa, tendo em vista o contexto de um debate. “Cada vez mais pessoas buscam a flexibilização da jornada de trabalho […]”

Tópico frasal

Cita a pandemia e exemplifica com os tipos de flexibilização mais recorrentes: home office, anywhere office e modelo híbrido.

10. c) Ele termina a apresentação com uma pergunta para o público, mas seu tópico frasal não é retomado. Explique aos estudantes que, no caso do apresentador, o tópico frasal não precisa necessariamente ser retomado, pois trata-se de uma exposição para contextualização do tema.

Um argumento – oral ou escrito – deve conter uma ideia central que deverá ser desenvolvida e defendida sob determinado ponto de vista. Em cada argumento (ou parágrafo, no caso da escrita argumentativa) deve haver um tópico frasal . O tópico frasal é constituído por uma frase introdutória que sintetiza e destaca a ideia central do argumento.

11. Agora, escolha um tópico frasal de cada debatedor, explique a estratégia argumentativa utilizada para comprová-lo e o modo como ele termina a exposição argumentativa.

“Eu acho que a tecnologia hoje ela é… aliada, muitas vezes absolutamente necessária e muitas vezes um meio para a gente conseguir fazer coisas cada vez… enfim, mais incríveis, né?”

“A inteligência artificial e a tecnologia, ela traz a gente hoje para um lugar de ter que formular novas perguntas, perguntas mais pertinentes, perguntas daquilo que a gente não sabe, perguntas daquilo que a gente não viu, né… e do que a gente nunca experimentou.”

Debatedor Tópico frasal escolhido

Andréa Migliori

Patrícia Ansarah

Estratégia argumentativa

Encerramento

Luciano Simplício

Estrutura do argumento

Dados sobre a oneração do sistema de saúde decorrente da sobrecarga de trabalhadores acidentados no trabalho (mediado por plataformas que não se responsabilizam).

Afirmação sobre o comportamento humano e a conjuntura de mudança histórica e tecnológica.

Responsabiliza o ser humano e não a tecnologia pelo mau uso dos recursos.

Fato de que as empresas estão aprendendo a lidar com a tecnologia.

Exploração decorrente da inteligência artificial. Aforismo de que a tecnologia do futuro é a tecnologia humana.

A estruturação de um argumento deve conter a apresentação do tópico frasal, seguida de uma apresentação sobre o porquê se defende esse tópico, com a comprovação de que o tópico é verdadeiro, por meio de uma ou mais estratégias argumentativas, finalizando com uma provocação, uma afirmação que retome o tópico frasal, uma pergunta retórica ou outro artifício que incentive a continuidade do debate.

12. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

12. Retome o encadeamento lógico dos debatedores, exposto no quadro da atividade 5. Há falhas nesse encadeamento, para a defesa do tópico frasal, em algum dos argumentos. Identifique-as.

“O capital, ele precisa de uma velocidade grande para se reproduzir. Agora, nós estamos falando é de vidas. De vidas que estão sendo perdidas.”

Falácia argumentativa

É uma falha de encadeamento lógico na construção do argumento, que compromete sua persuasão. Ela pode ser usada como estratégia intencional para confundir o adversário ou tangenciar o assunto em pauta, mascarando a falta de conhecimento do debatedor, o que é considerado um comportamento antiético no debate. Existem muitos tipos de falácias argumentativas , dentre os quais se destaca:

• Falácia ad hominem: ataca-se o outro debatedor em vez de responder à questão proposta;

• Falácia da falsa dupla: apresenta-se apenas duas opções de um problema, colocando-as em oposição, quando, na verdade, existem muitas outras variáveis;

• Falácia da generalização: conclui-se um pensamento a partir de uma generalização insuficiente ou inadequada em relação ao tópico frasal;

• Falácia do espantalho: distorce-se o argumento do adversário para utilizá-lo como forma de ataque ou invalidação.

13. As afirmações a seguir, feitas pelos debatedores, apresentam relações entre si. Releia-as e, em seguida, copie no caderno as alternativas que explicam essas relações.

I. “O modelo de trabalho que plataformas como a Uber, por exemplo, possibilitaram existir, até pouco tempo atrás não existia, né? Então, às vezes, eu acho que a gente fica tentando resolver problemas novos, tentando encaixar ali soluções e discussões antigas, entendeu? Então, assim, de forma nenhuma eu acho que a tecnologia vai ter esse papel de patrão […]”

II. “eu acho que isso que a Andréa falou é muito importante, assim... A inteligência artificial e a tecnologia, ela traz a gente hoje para um lugar de ter que formular novas perguntas, perguntas mais pertinentes, perguntas daquilo que a gente não sabe, […] daquilo que a gente não viu, né… ”

III. “nós estamos falando é de vidas. De vidas que estão sendo perdidas. E de uma maneira veloz, né? São acidentes e pessoas sequeladas que vai impactar a previdência. Quem responde isso, né? […] São mortes que acontecem quando a plataforma só se preocupa pra saber se foi feita a entrega.”

a) Entre I e II, há uma relação de concordância e complementariedade nos posicionamentos expostos pelas debatedoras.

b) Entre I e III, há uma relação de discordância e oposição em relação aos posicionamentos apresentados.

c) Entre II e III, há relação de complementariedade entre os posicionamentos, já que as perguntas a serem formuladas podem levar em consideração a importância das vidas perdidas.

d) Os posicionamentos I e II estão em discordância com o posicionamento III, pois consideram a tecnologia como meio, desvinculando-a do humano, enquanto, em III, a humanidade é posta como premissa de discussão. Apenas a alternativa a está correta.

Contra-argumento

Na estrutura do argumento, após a comprovação do tópico frasal, é possível mencionar um ponto de fraqueza do argumento oposto ao que se está defendendo, com o objetivo de enfraquecê-lo para, assim, reforçar o ponto de vista exposto. Trata-se de um contra-argumento.

A linguagem do texto

14. Releia este trecho do debate.

ANDRÉA MIGLIORI : Não, eu não vejo dessa forma. Eu acho que a tecnologia hoje ela é… aliada, muitas vezes absolutamente necessária e muitas vezes um meio para a gente conseguir fazer coisas cada vez … enfim, mais incríveis, né? Para o bem e para o mal, né? Mas eu não trocaria os papéis assim, sabe? Não colocaria na tecnologia a responsabilidade… enfim… né do comportamento humano ou do comportamento cultural, social, que pode se revelar a partir daquela novidade.

Identifique, no trecho, as palavras e expressões que marcam:

a) o posicionamento da debatedora.

“Não, eu não vejo dessa forma”; “Eu acho que”; “absolutamente necessária”; “cada vez […] mais incríveis”.

b) o encadeamento lógico do argumento.

c) a busca por concordância do ouvinte.

Operadores argumentativos

enfim e mas

sabe? e né?

São recursos linguísticos usados para evidenciar o aspecto argumentativo de um texto e que constroem posicionamentos, encadeamentos lógicos e diálogos com a audiência. Podem ser também indicadores de hesitações do debatedor. Geralmente, são conectivos que expressam adição, contraposição de ideias, explicação, finalidade, alternância, consequência, comparação etc.

15. O debate lido foi transcrito de um programa veiculado em uma rádio e também transmitido ao vivo nas redes sociais. Para abranger esses formatos, algumas adaptações precisaram ser feitas. Releia este trecho e, no caderno, identifique-as.

Legal. Muito bem, tenho a impressão que o Luciano não concorda muito com vocês duas não […] mas eu preciso chamar aqui um rápido intervalo na transmissão da rádio. A gente continua a conversa sem intervalo pelas redes sociais e retornamos aqui para a transmissão da rádio daqui a pouquinho.

AMPLIAR

Transcrição de falas

É importante conhecer algumas diretrizes de transcrição de falas, propostas pelo projeto Norma Urbana Linguística Culta (Nurc-SP), da Universidade de São Paulo (USP) (disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1792783/ mod_resource/content/1/Normas%20para%20transcri%C3%A7%C3%A3o%20-%20Projeto%20NURC%20SP.pdf; acesso em: 15 out. 2024). Na transcrição de debates, essas diretrizes podem auxiliar os leitores a alcançar aspectos da oralidade presentes no momento do debate, que não são expostos em transcrições simples do conteúdo.

16. Leia a seguir um trecho do debate e compare a transcrição simples à transcrição com diretrizes de transcrição de fala.

Transcrição simples

E eu também entendo que essas empresas de tecnologia – por exemplo, no caso da Uber que a gente está falando aqui – eu acho que entre outras empresas que estão precisando sobreviver a um mercado que é muito ágil, de mudanças muito rápidas, e independe do setor, se é de tecnologia ou não… – é… obviamente a tecnologia como recurso e como aliada – é… elas estão precisando… é… fazer… não sabem também qual é o caminho correto, porque não tem precedente esse momento que a gente está vivendo, né…

Com diretrizes de transcrição

E eu também en-ten-do… que essas empresas de tecnologia ´´´´ por exemplo no caso da Uber que a gente está falando aqui ´´´´ eu acho que entre outras empresas que tão precisando sobreviver a um mercado que é muito ágil de mudanças muito rápidas e indePENde do setor se é de tecnologia ou não… ´´´´ é::: obviamente a tecnologia como recurso e como aliada ´´´´ é::: elas tão precisando::: é:: é::: faz/é::: fazer/não sabem também qual é o caminho correto ((risos)) né? Porque são/não tem preceDENte esse momento que a gente está vivendo né?

15. A chamada para o intervalo (adaptação ao rádio) e o aviso de que a conversa continuaria sem intervalo pelas redes sociais. Comente com os estudantes que é comum que um formato seja transmitido em diversos suportes e destaque a necessidade de adequações a algumas características desses gêneros, como essa que foi feita pelo mediador. Trata-se de um processo de remidiação que, nesse caso, ocorreu ao vivo.

16. a) Observam-se mais alongamentos, ênfases, repetições, quebras de raciocínio (reformulações), pausas e reações da debatedora (os risos, por exemplo).

16. b) Elas inserem novos elementos que compõem com a linguagem verbal e expressam posicionamentos da debatedora, além de desvelar inseguranças e sugerir falta de preparo sobre o tópico (hesitações e reformulações excessivas).

a) Quais mudanças na expressividade da fala são perceptíveis por meio das diretrizes de transcrição?

b) Como essas mudanças influenciam na interpretação do argumento da debatedora?

17. Em palestras, apresentações orais e debates, a tomada de notas é um recurso muito importante. Em uma situação de debate, é comum os debatedores e o mediador tomarem notas durante os turnos de fala. Qual é o objetivo dessa prática?

18. Você costuma tomar notas em situações de oralidade? Compartilhe com a turma os seus métodos. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a compartilhar seus métodos de tomada de notas e sistematize na lousa esses formatos.

REFLETIR E ARGUMENTAR

17. A tomada de notas em debates auxilia o debatedor a recuperar pontos de fala do oponente, para as contrapor (refutar), entrar em concordância, questionar ou complementar. Permite também visualizar o argumento com mais detalhamento, para reformular uma resposta a ele. Além disso, cria um registro das discussões.

O trecho a seguir faz parte de um estudo sobre a importância da tomada de notas para melhor aproveitamento das informações transmitidas em aulas expositivas, debates, apresentações e discursos orais.

[…] No que diz respeito a notas de discursos orais, o importante é escrever rapidamente, de modo esquemático, registando o essencial e sem perder o fio condutor do discurso base. Para tal, o aluno deve privilegiar notas por pequenas frases, com abreviaturas, em detrimento do registo exaustivo de todas as palavras do docente. […]

Outro método eficaz e rápido de tomar notas que possibilitem a relação entre conceitos ou ideias é a elaboração de esquemas, quadros ou mapas. Neste caso, o conceito mais importante é colocado ao centro do esquema, expandindo-o com outros na periferia e ligando-os de modo a manter uma relação lógica e perceptível entre eles, mesmo após algum tempo depois da elaboração do mapa […].

Podemos então resumir a TDN como sendo uma atividade bastante complexa, um ato de registar, num suporte fixo, conceitos essenciais e fundamentais a partir de várias tipologias discursivas. […] o aluno ativa simultaneamente processos de compreensão (oral ou escrita), de produção escrita e de reformulação. Sublinhar, tirar apontamentos ou fazer esquemas permite ao aluno memorizar um texto ou relacioná-lo com informações já adquiridas, o que torna o ato de ler ou ouvir um ato de estudo completo.

TDN: abreviação de “tomada de notas”.

APOLINÁRIO, Marlene de Carvalho. A tomada de notas ao serviço da competência de aprendizagem. Dissertação (Mestrado em Ensino do Português e do Francês nos Ensinos Básicos e Secundários) – Faculdade de Letras, Universidade do Porto, Porto, 2011. p. 3-5. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/143388828.pdf. Acesso em: 16 set. 2024.

• A autora explica a importância da tomada de notas. Sintetize a ideia.

• Que processos são adequados a uma tomada de nota de palestras e outros discursos orais como o debate?

Abreviaturas, frases curtas e esquemas.

• Discuta com a turma sobre métodos eficientes para realizar a tomada de notas em um debate oral.

Ela explica que a tomada de notas é um processo complexo que envolve captar e organizar mentalmente e por escrito as informações essenciais de um texto (oral ou escrito), o que ativa a compreensão, contribui para a prática da escrita, auxilia na memorização de conteúdos e ideias e, desse modo, torna o estudo mais eficaz.

Resposta pessoal. Viabilize formas de compartilhamento de métodos que atendam à rapidez da situação de oralidade. Sugere-se compartilhar com os estudantes o texto “Método Cornell: como ele pode ajudar nas suas anotações”, que aborda o método Cornell, específico para tomada de notas (disponível em: https://conexao.pucminas.br/ blog/dicas/metodo-cornell/; acesso em: 17 set. 2024).

DIÁLOGOS

Carta de apresentação – projeto de lei

Um dos pilares de uma atuação cidadã é propor políticas públicas que representem os interesses da população. Os responsáveis por essas propostas são os membros do legislativo nos três níveis de governo. No município, são os vereadores; no Estado, são os deputados estaduais; e, no governo federal, são os deputados federais. Esses servidores públicos são os representantes da população no poder legislativo; por isso, cabe a eles criar e propor leis que melhorem a qualidade de vida e defendam os interesses de seus eleitores.

Você lerá, a seguir, trechos de uma carta de apresentação de um projeto de lei complementar para regularização das formas de trabalho de motoristas de aplicativos.

PAUTA DE TEXTO

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR – Carta de apresentação

EMI nº 00001/2024 MTE MF MPS

Brasília, 4 de Março de 2024

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

1. Temos a honra de submeter à sua consideração o Projeto de Lei Complementar que dispõe sobre as formas de relação de trabalho intermediado por empresas que operam aplicativos de transporte remunerado privado individual de passageiros, estabelece mecanismos de inclusão previdenciária e outros direitos para o exercício da atividade.

2. […] O trabalho intermediado por empresas que operam aplicativos de transporte remunerado privado individual de passageiros representa uma alternativa conveniente e acessível para a locomoção urbana, oferecendo serviços eficientes e ágeis. Contudo, a forma como a relação de trabalho entre os condutores e as empresas que operam os aplicativos é estabelecida tem suscitado debates e preocupações quanto à garantia dos direitos trabalhistas e à segurança social dos profissionais envolvidos.

3. E sses desafios evidenciam a necessidade de propor uma legislação que clarifique a natureza jurídica da relação laboral intermediada pelas empresas e os trabalhadores, garantindo-lhes direitos mínimos para uma existência digna. Este marco legal deve estar em conformidade com os princípios fundamentais estabelecidos na Constituição Federal de 1988, especialmente no que tange à dignidade da pessoa humana.

[…]

6. É r elevante ressaltar que esta iniciativa encontra respaldo nos princípios da Convenção 144 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que preconiza o diálogo entre governo, empregadores e trabalhadores na formulação de políticas e legislações trabalhistas, promovendo a representatividade dos trabalhadores e a consideração de seus interesses. [ ]

3. Item 2 –Reconhecimento da importância das empresas de aplicativos, seguida de contraposição sobre o não atendimento à regulamentação trabalhista específica. Item 3 – Tópico frasal sobre a importância da dignidade no trabalho e estratégia argumentativa de citação da dignidade como item da Constituição brasileira.

Afirmação da concordância do projeto de lei com diretrizes de órgãos internacionais de regulamentação das relações de trabalho. Síntese das diretrizes do projeto de lei proposto.

Como tópico frasal, afirma-se o avanço da promoção de um ambiente de trabalho mais justo e equitativo para os profissionais de transporte privado de passageiros, e, como estratégia argumentativa, reafirma-se o fato de que a aprovação reforça a garantia de direitos trabalhistas.

7. E ntre os principais aspectos contemplados pelo Projeto de Lei Complementar, destacam-se:

a) O estabelecimento claro da relação de trabalho entre os condutores e as empresas operadoras de aplicativos de transporte remunerado privado individual de passageiros, garantindo direitos trabalhistas, como piso remuneratório reajustado de acordo com a Política Nacional de Reajuste do Salário-Mínimo, e a segurança e saúde do trabalhador, estabelecendo, dentre outros, o limite máximo de 12 horas de conexão à plataforma por dia.

b) A garantia dos direitos previdenciários, essencial para assegurar a proteção social e o bem-estar dos trabalhadores ao longo de suas vidas.

c) A Implementação de mecanismos de controle e fiscalização das atividades das empresas operadoras de aplicativos, visando coibir práticas abusivas, discriminação e precarização do trabalho. Definindo regras claras para o bloqueio, suspensão e exclusão do trabalhador da plataforma.

[…]

e) O i ncentivo à capacitação e formação profissional dos condutores, visando ao desenvolvimento de habilidades técnicas e de segurança no trânsito.

8. S enhor Presidente, a aprovação deste Projeto de Lei Complementar representa um avanço significativo na promoção de um ambiente de trabalho mais justo e equitativo para os profissionais que atuam no setor de transporte remunerado privado individual de passageiros. Ao garantir a proteção social dos condutores, estaremos reforçando não apenas os direitos trabalhistas, mas também os valores de solidariedade, justiça e dignidade que fundamentam nossa sociedade.

9. São essas, Senhor Presidente, as razões que justificam a Proposta de Lei Complementar que submetemos à sua elevada consideração.

Respeitosamente,

Assinado eletronicamente por: Luiz Marinho, Carlos Roberto Lupi, Fernando Haddad

BRASIL. EMI no 00001/2024 MTE MF MPS. Brasília, DF: MTE, 2024. Disponível em: www.camara.leg.br/ proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=2409514&filename=Avulso%20PLP%2012/2024. Acesso em: 16 set. 2024.

1. A quem a carta de apresentação se destina?

Ao presidente da República.

2. Qual é a finalidade de endereçar uma carta como essa ao destinatário, considerando que o objeto dela é um projeto de lei?

Persuadir o presidente sobre a importância da aprovação do projeto de lei.

3. Quais são as estratégias argumentativas utilizadas pelos remetentes para persuadir o interlocutor a uma apreciação positiva do projeto de lei complementar? Identifique-as na carta.

4. Releia os aspectos contemplados no item 7 da carta e, em seguida, as afirmações a seguir.

I. “essa plataforma é vista como uma mãe por esses motoristas” (estudo feito pelo procurador).

II. “apesar de os dados demonstrarem essa precarização, muitos trabalhadores ‘reproduzem a narrativa (ou ideologia)’ de que são ‘empreendedores de si mesmos’”.

Discuta com a turma: o projeto de lei complementar atende aos interesses dos cidadãos que trabalham no serviço em foco? Por quê?

5. No item 8, a carta se encaminha para o fim, por meio de uma ponderação ao interlocutor. Como se desenvolve a estrutura do argumento apresentado nessa ponderação?

4. Respostas pessoais. Possibilite, inicialmente, a expressão livre dos pontos de vista dos estudantes e, em seguida, faça a mediação conduzindo-os a pensar sobre o esvaziamento das relações trabalhistas e a importância de retomá-las como cumprimento da garantia de direitos fundamentais, previstos na Constituição e protegidos por órgãos fiscalizadores internacionais.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

ESTUDO DA LÍNGUA

Mor fologia: pronomes

1. a) Ao longo de todo o poema, o eu lírico descreve como as desigualdades sociais impactaram a sua existência e motivaram sua luta; por isso, por meio da figura do “pedaço de pão”, declara seu direito à terra, ao alimento, à liberdade, a tudo que lhe cabe como alguém que contribuiu para a construção do mundo que lhe cerca.

Os pronomes são essenciais para garantir a construção de textos coesos e coerentes na língua portuguesa. Esses recursos linguísticos colaboram com a fluidez do texto, substituindo nomes e evitando repetições desnecessárias. Além disso, os pronomes estabelecem relações entre as partes do texto, conectando ideias e facilitando a compreensão das informações apresentadas. Assim, o domínio dos pronomes pelo leitor e produtor do texto é fundamental para uma escrita articulada e eficaz e para uma interpretação mais clara dos textos.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Tipos e usos dos pronomes

1. Releia o trecho final do poema “Confiança”, de Agostinho Neto.

18 As minhas mãos colocaram pedras

19 nos alicerces do mundo

20 mereço o meu pedaço de pão.

1. b) Respostas pessoais. Considerando todo o contexto do poema, pode-se dizer que o eu lírico assume a voz de um povo que tem os seus direitos ignorados. Ao usar o termo meu, o eu lírico fala em nome de um povo ao reivindicar o seu direito.

1. c) Os pronomes nós, nosso e conosco são possibilidades que carregam o sentido de coletividade e de integração entre as pessoas.

Com base na leitura desse trecho, responda às questões a seguir.

a) A expressão pedaço de pão é usada em sentido figurado para que o eu lírico declare o seu direito a algo que lhe está sendo negado. Por qual motivo o eu lírico diz merecer o seu “pedaço de pão”?

b) Meu é um termo que designa posse, uma propriedade exclusiva de alguém. Pode-se dizer que esse uso confere ao eu lírico um caráter individualista? Justifique sua resposta.

c) Considerando o desejo de igualdade em nome de uma coletividade, expresso no poema “Confiança”, qual expressão da língua portuguesa poderia apresentar essa ideia?

Conhecer e empregar corretamente os termos que indicam posse é fundamental para a construção de textos com os direcionamentos adequados às pessoas do discurso. Os pronomes possessivos são palavras que indicam posse ou pertencimento, estabelecendo relações de propriedade entre os elementos do discurso. O uso desses pronomes é essencial para demonstrar a quem pertence as situações e coisas.

No caso do poema lido, o uso do pronome determina de quem é o “pedaço de pão”: é meu (do eu lírico). Em outro contexto, o uso do pronome poderia atribuir a posse a outra pessoa, como no uso do pronome teu, quando a posse seria atribuída à pessoa com quem se fala, ou no caso do uso do pronome seu (dele), quando a posse seria atribuída à pessoa de quem se fala. Assim, os pronomes possessivos funcionam como recursos linguísticos que indicam quem é o possuidor, gerando sentidos dentro do texto.

Pronome possessivo

Os pronomes possessivos indicam posse ou propriedade em relação às pessoas do discurso, mostrando a quem pertence algo mencionado na sentença. Os pronomes concordam em gênero e número com o substantivo que acompanham ou substituem e sofrem flexão de acordo com a pessoa a que se referem. Por exemplo, na primeira pessoa do singular, os pronomes possessivos são meu (masculino) e minha (feminino), enquanto na terceira pessoa do plural são seus (masculino) e suas (feminino). Esses pronomes ajudam a esclarecer a relação de posse entre os elementos do texto, contribuindo para a coesão e a clareza da comunicação.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

2. b) Ainda que, no contexto do poema, o eu lírico possa representar uma voz coletiva, o uso do pronome minha nesses versos faz um recorte, especificando uma história própria de um indivíduo e de um povo.

3. a) O uso do pronome seu indica que o eu lírico está se referindo ao amor de uma terceira pessoa. A análise do poema, da perspectiva do ideário simbolista, revela que o eu lírico está em busca de elevação espiritual. Nesse contexto, é possível inferir que ele quer estar “mais seguro” do amor divino.

Ao usar o pronome para qualificar a expressão as justiças, o eu lírico não especifica o termo, deixando indefinida a que espécie de justiça está se referindo. A imprecisão generaliza o termo

2. Agora, leia outro trecho do poema “Confiança”, de Agostinho Neto.

6 Na minha história

7 existe o paradoxo do homem disperso

2. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes infiram que o paradoxo do homem disperso diz respeito a uma história humana construída pela fragmentação da identidade e pelo distanciamento espacial e temporal de suas raízes culturais e identitárias.

Com base na leitura desses dois versos, responda ao que se pede.

a) Com suas palavras, descreva, no caderno, o que seria o paradoxo do homem disperso mencionado nesses versos.

b) O eu lírico usa o pronome possessivo minha para sinalizar que está falando de sua própria história. Como esse uso interfere o sentido do poema?

3. Retome os versos destacados a seguir, do poema “Livre!”, de Cruz e Sousa, para responder às questões.

9 Livre! bem livre para andar mais puro,

10 mais junto à Natureza e mais seguro

11 do seu amor, de todas as justiças.

a) Considerando o contexto do poema, qual é o “amor” que o pronome possessivo seu está determinando?

b) Qual é o sentido que o emprego do termo todas imprime à expressão as justiças nos versos destacados?

A palavra em destaque no verso é um pronome indefinido, que acrescenta ao texto efeito de sentido que potencializa o que se pretende exprimir, por meio da generalização, ambiguidade, inclusão ou exclusão. Ao empregar o pronome indefinido todas, o eu lírico generaliza as justiças das quais quer se sentir seguro, sem especificá-las.

Pronome indefinido

4. a) Ao tratar do avanço da tecnologia, marcado pelo uso da inteligência artificial, afirma-se no trecho que algumas questões não dizem respeito diretamente à tecnologia, e sim ao comportamento humano e cultural. Aqui, a tecnologia não é notada como a culpada por alguns desvios sofridos no espaço do trabalho.

Os pronomes indefinidos são empregados para se referir à terceira pessoa gramatical de modo genérico, vago e impreciso, quando não se quer ou não se pode identificar precisamente algo. Exemplos: alguém, ninguém, algum, nenhum, muito, pouco, tudo, nada, entre outros. Esses pronomes ajudam a expressar ideias de forma mais ampla e abrangente.

4. Leia com atenção um trecho do debate lido na seção Estudo do Gênero Textual.

4. b) Trata-se da afirmação de desconhecimento das “questões de erro de cálculo” do aplicativo. Por desconhecer a questão, a debatedora procura não se aprofundar no assunto, fazendo comentários superficiais, como afirmar que não sabe avaliar um dado. Ter pouco domínio de algo faz o discurso ficar mais genérico.

Não colocaria na tecnologia a responsabilidade… enfim … né… do comportamento humano ou do comportamento cultural, social, que pode se revelar a partir daquela novidade. É só ver a inteligência artificial, por exemplo, na quantidade de coisas que vão acontecendo. Eu não sei avaliar, assim, essas questões de erro de cálculo […].

a) Como a tecnologia é abordada nesse trecho do debate sobre o trabalho?

b) O argumento da debatedora é enfraquecido por uma afirmação. Identifique-a.

c) A que a debatedora está se referindo ao usar a expressão daquela novidade?

4. c) Ao empregar a expressão daquela novidade, a debatedora pretende retomar o termo tecnologia. Com base no exemplo do uso de pronome demonstrativo no trecho lido (de + aquela), converse com os estudantes sobre a importância de criar referências no texto. A discussão de referenciação nos textos será aprofundada nos próximos tópicos da seção, mas esse pode ser um exemplo para ilustrar aos estudantes como a falta de referente deixa o leitor sem ancoragem de sentido.

Os pronomes demonstrativos são palavras que indicam a localização temporal e espacial dos eventos no texto, da mesma forma que diferenciam e dão destaque para algum elemento do texto. No caso do trecho lido, o uso de daquela determina tecnologia descrita no texto, diferenciando-a de qualquer outra. É como se o enunciador do texto apontasse para a tecnologia à qual está se referindo e direcionasse o olhar do leitor.

O pronome demonstrativo qualifica o substantivo tecnologia , funcionando como um adjetivo. Dessa forma, esse pronome, além de ser demonstrativo, pode ser classificado como pronome adjetivo, por qualificar um substantivo tal como um adjetivo.

5. a) Tendo em vista que um debate se desenvolve a partir de um tema e que cada participante emite sua opinião, é fundamental que o mediador apresente o tema, provoque os participantes a pensar e a se posicionar. Tendo em vista esse objetivo, torna-se relevante uma abertura com questões que provoquem os participantes a refletir.

Pronome demonstrativo

Os pronomes demonstrativos são utilizados para indicar a posição de um substantivo em relação às pessoas do discurso, situando-o no espaço ou no tempo. Esses pronomes ajudam a localizar e destacar os elementos mencionados no texto, colaborando na compreensão textual. Em português, temos:

Pronomes demonstrativos

este, esta , isto

Referem-se a algo próximo ao falante.

esse, essa , isso

Referem-se a algo próximo ao ouvinte. aquele, aquela , aquilo

Referem-se a algo distante de ambos.

Além de indicar proximidade ou distância, esses pronomes também podem conferir ênfase e precisão aos substantivos, tornando-se pronomes adjetivos.

Os pronomes podem ser empregados contraídos com uma preposição, como é o caso de daquela , empregado no trecho lido na questão 4. Nesse caso, tem-se a contração da preposição de com o pronome aquela . Assim, a contração de uma preposição com um pronome resulta em uma nova forma pronominal contraída.

Exemplo: Eu não gosto disso (contração da preposição de com o pronome isso).

Essas contrações são comuns em português e ajudam a tornar a linguagem mais fluida e natural, eliminando a necessidade de articular a preposição e o pronome em separado.

Aproveite o momento para retomar ou ampliar o conhecimento dos estudantes sobre outros processos de contração de palavras, como a de preposição com artigo definido, por exemplo: em + o = no

5. Agora, releia um trecho que abre o debate.

Isso sendo um homem branco e enfrentando menos dificuldades do que se fosse mulher ou negro. E você, como é a sua relação com o trabalho? Qual a sua opinião? Ao debate!

a) Considerando a estrutura de um debate, explique por que os questionamentos na abertura são importantes.

b) Considere o uso do termo qual no trecho. Converse com os colegas e registre o sentido de o debate começar com “Qual a sua opinião?”.

5. b) Diferentemente de apenas expor as causas de um problema social, o que poderia ser respondido a partir do uso do por quê?, levando o debatedor a elencar fatos, o uso do qual permite que seja solicitada a exposição da opinião do debatedor, que é uma opinião específica entre as demais que serão expostas pelos outros debatedores. Assim, a escolha de uma palavra adequada é capaz de gerar respostas adequadas.

6. a) O trecho aborda o trabalho como uma “capacidade de transformar a realidade”. Esse é um conceito de trabalho que pode se contrapor a alguns outros, como os próprios conceitos de trabalho e mão de obra assalariada.

Pronome interrogativo

Os pronomes interrogativos são usados para formular perguntas diretas ou indiretas, solicitando informações sobre pessoas, coisas, quantidades, entre outras. São eles: quem , que, qual , quais , quanto, quanta , quantos e quantas . Esses pronomes são fundamentais na construção de questionamentos, permitindo ao interlocutor obter detalhes específicos e clareza sobre determinado assunto. São também essenciais para a interação comunicativa, frequentemente utilizados em entrevistas, pesquisas e diversos contextos em que a coleta de dados ou opiniões é necessária.

Pronomes e coesão textual

6. b) Resposta pessoal. Os estudantes podem concluir que a adoção do modelo de trabalho home office e o modelo híbrido foi intensificada pela pandemia e impactou diferentes setores que antes não tinham essa experiência. A telemedicina é um exemplo de trabalho muito presente no período da pandemia e que foi amplamente difundido no pós-pandemia.

6. Releia um trecho do debate sobre as formas de trabalho.

Trabalho é mais do que emprego e mão de obra assalariada. É a capacidade de transformar a realidade. E são muitos os modelos, as formas e relações de trabalho e emprego. Tem o estágio, o trabalho autônomo, o eventual, o temporário, o voluntário, o avulso, tem o profissional liberal. Cada vez mais pessoas buscam a flexibilização da jornada de trabalho, especialmente depois da pandemia de covid-19. Isso inclui o home office, o anywhere office e o modelo híbrido. E cada vez mais se fala em semana de quatro dias de trabalho.

a) Qual é o conceito de trabalho apresentado no trecho?

b) Segundo esse trecho, a pandemia de covid-19 é apontada como responsável pela flexibilização do trabalho e pelas mudanças subsequentes. Em seu ponto de vista, quais são os impactos da pandemia de covid-19 no mercado de trabalho que ainda são vividos no pós-pandemia?

c) No trecho “Isso inclui o home office, o anywhere office e o modelo híbrido”, o pronome demonstrativo isso retoma o conceito apresentado anteriormente. Recupere esse conceito e discuta sobre a importância dessa substituição para o texto.

Como estudado até aqui, os pronomes atuam como substitutos ou acompanhantes de substantivos, evitando repetições desnecessárias e/ou detalhando mais o texto, desempenhando, assim, um papel fundamental na coesão entre as ideias, o que contribui para a fluidez e a clareza da comunicação, bem como para o encadeamento das informações do texto.

Alguns pronomes conectam diferentes partes do texto e destacam informações importantes, criando uma relação espacial ou temporal entre as ideias, o que é crucial para a compreensão do texto e, em alguns casos, generalizando ou retomando o que foi dito. No trecho lido, o pronome isso faz um encapsulamento de tudo o que foi dito antes sobre o trabalho em um único termo e, em seguida, detalha mais informações sobre o trabalho.

Encapsulamento

6. c) O pronome isso retoma a ideia de mais pessoas buscarem flexibilização da jornada de trabalho. Para dar continuidade à discussão, o uso desse pronome ajuda na não repetição e na progressão do texto.

Trata-se de um recurso textual que permite sumarizar ou sintetizar informações previamente apresentadas, por meio de termos ou expressões que condensam o conteúdo de segmentos textuais anteriores. Esse processo é realizado com o uso de pronomes e outras formas linguísticas que encapsulam ideias previamente mencionadas e permitem manter a coesão e a coerência do texto. O encapsulamento facilita a progressão textual, evitando repetições desnecessárias e ajudando o leitor a reter e conectar informações de maneira mais eficiente.

Além do encapsulamento, o emprego de pronomes no texto estabelece referenciações que também garantem a progressão da informação e seu pleno desenvolvimento, sem perder elementos de coesão.

Referenciação

Referenciações são estratégias empregadas para conectar ideias e informações, garantindo a coesão do texto. Existem duas formas de referenciação: a anáfora e a catáfora.

Anáfora é o processo de referenciar algo que já foi mencionado no texto. Por exemplo:

Maria adotou um gato. Ela está muito contente com a adoção.

Nesse exemplo, o pronome ela refere-se a Maria , que foi mencionada na frase anterior.

Já a catáfora ocorre quando um pronome se refere a algo que será mencionado posteriormente no texto. Por exemplo:

Ela está muito contente com a adoção do gatinho. Maria sempre gostou de animais.

Aqui, o pronome ela antecipa a referência a Maria , que aparece na frase seguinte.

Ambos os exemplos de referenciação são formas de assegurar a coesão e a clareza do texto, ajudando o leitor a seguir a progressão das ideias de maneira lógica e compreensível.

7. Agora, releia este trecho do debate e responda às questões a seguir.

Há poucos dias você deve ter ouvido falar do procurador do Ministério Público do Trabalho que foi Uber por quatro meses para entender melhor a relação do motorista de aplicativo com a plataforma. A experiência foi parte do doutorado do pesquisador e virou um livro. Após ter feito 350 corridas, o procurador concluiu que a subordinação do motorista à plataforma é muito mais intensa do que a gente imagina. Segundo ele, não teve em nenhuma ocasião a sensação de ser o seu próprio chefe.

a) Ao apresentar o procurador, o apresentador e mediador do debate também o coloca como pesquisador. Qual é a importância dessa construção para a defesa de um ponto de vista?

b) Ainda sobre o trecho, o pronome ele é uma anáfora, que resgata os termos procurador e pesquisador. Do ponto de vista da construção textual, selecione as afirmativas corretas e justifique sua escolha no caderno.

I. O uso do pronome ele como uma anáfora é uma forma de garantir a coesão do texto, evitando a repetição de termos.

II. Esse é um exemplo de referenciação bem-sucedido, por ter um referente anterior claramente evidenciado, a quem o pronome ele remete.

III. O uso do pronome ele ficaria melhor como catáfora, assim o efeito de autoridade seria desenvolvido ao longo de todo o texto.

7. a) A informação da profissão e do histórico do procurador confere a ele um caráter de autoridade. De acordo com o trecho, o procurador, com doutorado no tema, parece uma pessoa segura para expressar uma opinião sobre o problema discutido.

7. b) Estão corretas as afirmativas I e II. Do ponto de vista da construção textual, o emprego do pronome ele é uma anáfora que ajuda na progressão do texto e evita repetição de termos. A adequação de seu uso está no fato de o referente estar claramente indicado no texto. Amplie com os estudantes a discussão sobre a construção da argumentação e o uso da referenciação. Esse pode ser um espaço no qual o estudante compreenda a necessidade de indicar com clareza o referente e saber fazer o uso adequado da referenciação para garantir uma boa linha argumentativa.

Colocação pronominal

8. Leia o trecho de um texto que discute a civilidade no ambiente de trabalho.

8. a) Resposta pessoal. Pode-se considerar o envolvimento dos funcionários e das pessoas da equipe; também é possível considerar a produtividade dos funcionários e o bem-estar dentro da empresa.

8. b) Por ser reflexivo, o pronome se indica que o sujeito pratica e, ao mesmo tempo, sofre a ação verbal.

Qual a importância da civilidade dentro das empresas?

Como detalhado, sem a civilidade, a empresa transforma-se em um ambiente desagradável e repleto de conflitos. A seguir, porém, estão elencados os benefícios de praticá-la.

Contribui para a satisfação no trabalho

Praticar a civilidade no ambiente de trabalho, entre tantos benefícios, gera maior satisfação nos colaboradores, que estarão imersos em uma atmosfera respeitosa e amigável.

Aliás, o fato de os colaboradores se sentirem satisfeitos no trabalho, sobretudo por conta da civilidade presente em todas as relações interpessoais na empresa, faz com que eles não queiram pedir demissão.

CIVILIDADE no ambiente de trabalho: o que é, como exercer, agir e qual a importância! In: PONTOTEL. [São Paulo], 15 dez. 2022. Blogue. Disponível em: www.pontotel.com.br/civilidade. Acesso em: 16 set. 2024.

a) Além de satisfação, em sua opinião, quais são os outros benefícios da civilidade no ambiente de trabalho?

b) Releia a frase “Como detalhado, sem a civilidade, a empresa transforma-se em um ambiente desagradável e repleto de conflitos”. O pronome se, nessa frase, é reflexivo. Qual sentido esse pronome confere a esse trecho do texto?

No exemplo lido, o pronome aparece após o verbo, ou seja, está posposto ao verbo. Quando o pronome átono se encontra posposto ao verbo, tem-se uma ênclise.

A escolha da colocação pronominal adequada é fundamental para a correção gramatical do texto.

Colocação pronominal

A colocação pronominal diz respeito à posição dos pronomes átonos em relação ao verbo em uma oração, sendo uma questão central na sintaxe da língua portuguesa. Há três classificações de colocação pronominal:

Colocação pronominal

A próclise é a ocorrência do pronome átono antes do verbo, quando há palavras ou expressões de negação, advérbios, pronomes relativos, interrogativos e exclamativos. Exemplo: “Não me diga”.

A ênclise é a colocação do pronome após o verbo, comum em início de frase ou quando o verbo está no infinitivo impessoal ou no gerúndio. Exemplo: “Diga-me a verdade”.

A mesóclise , menos comum, ocorre quando o verbo está flexionado no futuro do presente ou do pretérito, inserindo-se o pronome no meio do verbo. É uma forma que vem caindo em desuso na língua. Exemplo: “Dir-se-á”.

A língua em uso

Paráfrases e citações diretas e indiretas como recursos de retextualização

9. Releia um trecho do debate sobre o trabalho.

Há poucos dias você deve ter ouvido falar do procurador do Ministério Público do Trabalho que foi Uber por quatro meses para entender melhor a relação do motorista de aplicativo com a plataforma. A experiência foi parte do doutorado do pesquisador e virou um livro. Após ter feito 350 corridas, o procurador concluiu que a subordinação do motorista à plataforma é muito mais intensa do que a gente imagina. Segundo ele, não teve em nenhuma ocasião a sensação de ser o seu próprio chefe. Isso sendo um homem branco e enfrentando menos dificuldades do que se fosse mulher ou negro. E você, como é a sua relação com o trabalho? Qual a sua opinião? Ao debate!

MARCOS TARDIN : Eu mencionei aqui na abertura do programa o caso daquele recente, foi poucos dias atrás aqui desse procurador do Ministério

Público do Trabalho, procurador que era também pesquisador, estava fazendo um doutorado e ficou trabalhando como Uber durante alguns meses. E, segundo ele, na conclusão do estudo, ele disse que a vantagem do aplicativo, da tecnologia, é criar uma espécie de camada, […] que acaba funcionando como um filtro.

a) O enunciador faz uma referência a informações que estão em um estudo realizado por um pesquisador. Essa referência é feita de forma indireta, citando o que o pesquisador diz. Como esse dado ajuda no desenvolvimento do ponto de vista de Marcos?

b) O enunciador cita uma pesquisa de um procurador e retoma essa mesma informação em outro momento do debate. Descreva, no caderno, o efeito de sentido desse uso repetido da informação.

c) Considerando que a retomada do trecho acontece dentro do debate, um texto oral e argumentativo, a repetição de informação é relevante para esse tipo de texto. Em sua opinião, essa foi uma boa estratégia argumentativa do Marcos Tardin?

Em um debate, o uso de citações é uma ferramenta que ajuda a fortalecer argumentos e adicionar credibilidade às afirmações feitas. A citação direta ou a citação indireta pode ser escolhida conforme a necessidade de precisão e clareza do debate. No debate oral, geralmente existe um uso maior de citação indireta.

RETOMADA

9. a) Fazendo essa referência ao estudo, Marcos recupera o tema e faz um filtro dos conceitos que melhor se relacionam com o seu ponto de vista. Essa é uma estratégia argumentativa que colabora com a defesa do seu ponto de vista.

9. b) Ao escolher reforçar o mesmo tópico, o enunciador imprime ênfase no tópico, mostrando que essa é uma informação importante, e ajuda a justificar sua opinião. A retomada por meio de paráfrase ajuda na defesa de um ponto de vista.

9. c) Resposta pessoal. Aqui, o estudante poderá considerar que esse tópico gera resposta dos outros participantes, convidando-os a colocar a opinião e a ampliar o debate.

No Capítulo 6 do Volume 1 , foram apresentadas algumas estratégias argumentativas que podem ser utilizadas para sustentar um argumento e convencer o interlocutor. São elas: raciocínio lógico, exemplificação, alusão histórica, enumeração, comparação, citação e comprovação.

A habilidade de combinar citações em um debate demonstra o domínio sobre o tema e a capacidade de articular argumentos com base em fontes confiáveis. Assim, o uso de citações diretas confere autoridade para quem as emprega dentro do discurso. A citação indireta permite ao debatedor integrar a informação ao seu discurso de maneira mais fluida no debate oral, ajustando a complexidade do texto original para melhor entendimento do público.

Citações e paráfrase

Citação direta

A citação direta é a reprodução exata das palavras de outra pessoa. Sinalizada por aspas, essa citação deve ser acompanhada da referência à fonte. O uso de citações diretas é especialmente eficaz quando se deseja evidenciar a autoridade de uma fonte, destacar uma frase impactante ou preservar o sentido exato das palavras proferidas.

Citação indireta

A citação indireta envolve a reescrita das ideias de outra pessoa com suas próprias palavras. Embora não apareçam entre aspas, é igualmente essencial referenciar a fonte original. As citações indiretas são úteis para simplificar as informações, mantendo a essência do argumento original.

Paráfrase

Paráfrase é a reformulação de um texto ou discurso, expressando a mesma ideia original com palavras diferentes. Um dos objetivos de usar a paráfrase é tornar o conteúdo menos complexo, mais compreensível pelos ouvintes e leitores.

Resposta pessoal. Os estudantes podem concluir que algumas desvantagens podem ser a falta de interação entre as pessoas e da sociabilidade natural de um espaço de trabalho, que não acontece no e, com isso, as pessoas acabam ficando mais isoladas e com menos interação humana.

1. b) Ao empregar a anáfora por meio do pronome elas, evita-se a repetição da expressão “as desvantagens do home office ”; com isso, o texto torna-se mais fluido e avança sem perder a coerência.

ATIVIDADES

1. Leia o subtítulo e um trecho de uma postagem em um blogue sobre formas de trabalho.

Desvantagens do home office

Com tantos aspectos positivos, fica difícil imaginar as desvantagens do home office para as empresas. Mas elas existem e são uma realidade enfrentada por muitos profissionais.

CONHEÇA os principais benefícios do home office e tendências para esse modelo. In: PONTOTEL. [São Paulo], 2 abr. 2024. Blogue. Grifo nosso. Disponível em: www.pontotel.com.br/beneficios-home-office/. Acesso em: 16 set. 2024.

a) O título e o texto da matéria afirmam que existem desvantagens no formato home office. Em sua opinião, quais seriam essas desvantagens?

b) Na leitura do texto, o leitor encontra uma anáfora que usa o pronome elas. Essa anáfora retoma a expressão “as desvantagens do home office ” e avança introduzindo outra ideia. Da perspectiva textual, qual é a vantagem do uso desse recurso?

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

2. Leia as imagens do anúncio da campanha sobre respeito e promoção da diversidade, veiculada pelo Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul.

a) Como as fotografias reforçam a mensagem de diversidade?

b) Identifique o slogan da campanha, explique como ele dialoga com as imagens e discuta a importância do pronome pessoal para esse material.

Fonte: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROCURADORES DA REPÚBLICA. MPF-RS lança campanha Eu sou Respeito de incentivo à promoção da diversidade. Brasília, DF: ANPR, 15 jan. 2021. Disponível em: www.anpr.org.br/comunicacao/noticias/mpf-rs-lanca-campanha-eu -sou-respeito-de-incentivo-a-promocao-da-diversidade. Acesso em: 16 set. 2024.

3. O trecho a seguir trata do ponto de vista de uma especialista em comportamento digital e apresenta uma definição de civismo e cidadania.

O termo civismo consiste no respeito aos valores, instituições e as práticas políticas de um país diariamente. Um mau civista é um indivíduo que para na vaga de deficiente físico, mesmo não sendo. Já a cidadania são os direitos e deveres deste cidadão, ainda que ele não seja um bom civista e continue a parar em local proibido, assume o risco de levar uma multa e sabe disso.

RIBEIRO, Maria Augusta. Civismo x Cidadania . [S. l.]: Belicosa, [201-]. Disponível em: https://belicosa.com.br/civismo-x-cidadania. Acesso em: 16 set. 2024.

a) Aponte outros exemplos de civismo que você vivencia em sua realidade, tanto por ações que façam parte de sua prática cotidiana quanto por ações que você observa nos grupos sociais dos quais faz parte. Quais ações contribuíram para as pessoas adotarem esse comportamento?

b) Reveja o uso do pronome [d]este que acompanha a palavra cidadão. Recupere no texto quem é este cidadão e discuta a função desse pronome no trecho.

c) Ainda sobre o termo civista, identifique outro caso de referência que acontece no texto, apontando como esse fenômeno ocorre e trazendo a importância dessa referência nesse trecho do texto.

3. c) O uso do pronome ele no trecho “ainda que ele não seja um bom civista” é um recurso de retomada do referente e mantém a coesão do texto.

2. a) Ao escolher pessoas com diferentes características, a campanha reforça a importância da diversidade no eixo social.

2. b) O slogan “Eu sou respeito” dialoga com as imagens no sentido de que, ao associar o slogan a imagens de pessoas com características diferentes, o anúncio pretende promover uma reflexão sobre a necessidade de respeito à diversidade e o combate a todo tipo de discriminação, preconceito e intolerância. O uso do pronome pessoal eu reforça o posicionamento de adotar esse respeito e assumir esse combate.

3. a) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes recuperem exemplos de pessoas que não jogam lixo no chão ou que respeitam os sinais de trânsito. Ao mesmo tempo, é importante que os estudantes relatem ações que contribuíram para que as pessoas adotassem esse comportamento; aqui vale listar campanhas publicitárias; leis municipais, estaduais ou federais; e outras iniciativas que estimularam essas atitudes.

3. b) O pronome [d]este faz referência ao mau civista, que foi citado anteriormente. O uso do pronome determina quem é o cidadão.

OFICINA DE TEXTO

Debate

Estudar a proposta

1. b) ANDRÉA MIGLIORI: A tecnologia é necessária e é usada, tanto para o bem quanto para o mal, pelos seres humanos. Portanto, não devemos colocar nela uma responsabilidade que deve ser atribuída ao comportamento humano, cultural e social. PATRÍCIA ANSARAH: A tecnologia do futuro é a tecnologia humana, e as perguntas que faremos com base na realidade que se impõe é que vão auxiliar na correção de qualquer erro a esse respeito. LUCIANO SIMPLÍCIO: Temos de exercitar a empatia em nós para que a inteligência artificial não chegue para explorar ainda mais o ser humano, mas sim para auxiliá-lo a conquistar momentos de ócio.

Nesta seção, a turma irá se dividir em grupos de debate a fim de discutir os múltiplos aspectos que envolvem o uso da IA pela sociedade contemporânea.

Gênero

Interlocutores

Debate Estudantes da turma

Motivar a criação

Propósito/finalidade

Discutir o uso da IA.

Publicação e circulação

Apresentação de grupos debatedores em sala de aula.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

1. Para dar início à reflexão acerca da produção, leia a seguir outro trecho do debate transcrito do áudio de um programa de rádio transmitido em uma rede de streaming de vídeos apresentado na seção Estudo do Gênero Textual.

ANDRÉA MIGLIORI : (20’53”) Não, eu não vejo dessa forma. Eu acho que a tecnologia hoje ela é aliada, muitas vezes absolutamente necessária e muitas vezes um meio para a gente conseguir fazer coisas cada vez enfim, mais incríveis, né? Para o bem e para o mal, né? Mas eu não trocaria os papéis assim, sabe? Não colocaria na tecnologia a responsabilidade enfim né do comportamento humano ou do comportamento cultural, social, que pode se revelar a partir daquela novidade. É só ver a inteligência artificial, por exemplo, na quantidade de coisas que vão acontecendo. [ ]

PATRÍCIA ANSARAH : (25’13”) A tecnologia do futuro é a tecnologia humana. Então, quando a gente vê pessoas na ponta, né… trabalhadores desse nível exaustos, sofrendo, e o presidente ou alguém, né, de outro nível hierárquico indo ali na ponta e entender qual que é o dia, isso só vai aproximando as realidades de alguma forma, né? E essa aproximação das realidades são essas conversas, são esses diálogos, essa curiosidade pelos lados impactados é que vai fazer com que a gente gere perguntas que a gente ainda não fez para corrigir rápido o nosso erro.

LUCIANO SIMPLÍCIO : (27’50”) Quer dizer, é essa falta de empatia que foi inoculada em nós, que nós não podemos deixar de existir entre nós. Senão a inteligência artificial não vem para o humano fazer o ócio, e sim para ser explorado mais ainda e ser descartado, até do mundo do trabalho. É o risco da inteligência artificial. [ ]

Transcrito de: AO VIVO: semana de 4 dias de trabalho vai vingar no Brasil? [S. l.: s. n.], 2024. 1 vídeo (54 min). Publicado pelo canal O Povo. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=M8htHU6Z17M. Acesso em: 16 set. 2024.

a) Qual é o tema desse trecho do debate?

b) Qual é a ideia central que cada debatedor apresenta sobre o tema discutido no trecho?

c) Com qual das três ideias apresentadas você concorda? Você tem uma opinião diferente a esse respeito? Compartilhe-a com os colegas. O uso da tecnologia e sua vinculação com o trabalho humano.

Respostas pessoais. Incentive os estudantes a discorrer sobre suas opiniões, o que já pode ser considerado um treino para o momento do debate. Para motivar a turma, a seguinte questão pode ser feita: é possível considerar a tecnologia um objeto desvinculado do humano como se ela fosse autônoma?

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

Planejar e elaborar

1. Para dar início ao planejamento, é importante que a turma decida em conjunto quais regras estruturarão o debate.

2. O debate ocorrerá em torno de uma questão principal, apresentada a seguir.

IA: aliada essencial para o desenvolvimento humano ou ameaça aos empregos e à empatia social?

3. Para refletir sobre a questão central do debate, sugere-se que a turma reserve um dia para uma roda de conversa organizada em torno das questões listadas a seguir. É importante que todos os estudantes se preparem para essa roda, realizando uma pesquisa prévia sobre as temáticas apresentadas em cada questão.

• Quais são as principais vantagens da IA para o desenvolvimento econômico, científico e social?

• Quais responsabilidades pelo uso da IA devem ser atribuídas aos desenvolvedores?

• Quais responsabilidades pelo uso da IA devem ser atribuídas aos governos?

• Quais responsabilidades pelo uso da IA devem ser atribuídas à sociedade em geral e, especialmente, às pessoas que fazem uso dela?

• A IA realmente ameaça os empregos ou cria oportunidades de trabalho?

• É possível preparar os novos profissionais para a transformação que será gerada no mercado de trabalho com o uso da IA?

• D e que maneira o exercício da empatia e a atenção aos direitos humanos podem auxiliar a sociedade a regular o uso da IA?

• Que tipos de regulamentação são necessários para garantir que a IA seja utilizada de forma ética e benéfica para todos?

• A pesquisa para responder às questões pode ser realizada por meio de conversas com os professores, buscas em portais de universidades e de veículos jornalísticos oficiais. Artigos científicos sobre o tema também podem auxiliar a pensar nas respostas. Ao compartilharem os resultados dessa busca com a turma, procurem sempre citar a fonte dos conteúdos apresentados.

4. Após a roda de conversa, a turma deve se organizar em grupos de quatro estudantes. Cada grupo será formado por um mediador e três debatedores.

5. O estudante que escolher o papel de mediador deve ficar responsável pela preparação para essa função, atentando aos pontos a seguir.

• Planejar uma introdução para o debate, na qual a questão principal, as regras e os debatedores devem ser devidamente apresentados.

• Verificar o tempo de fala de cada debatedor, mediando os turnos de fala e intervindo, de maneira respeitosa, quando necessário.

• Planejar uma lista de perguntas que podem ser introduzidas no debate, se julgar necessário.

• Garantir que o grupo respeite o tempo de debate estipulado para cada equipe.

• Planejar um encerramento que retome as ideias centrais apresentadas por cada debatedor e apresente uma conclusão final e geral.

6. Os estudantes que escolherem o papel de debatedor devem ficar responsáveis pela preparação dessa função, atentando aos pontos a seguir.

• Realizar uma pesquisa prévia sobre a temática exposta pela questão principal, que irá estruturar o debate.

• Com base na pesquisa realizada, decidir qual ideia ou opinião central tem a respeito da temática e transformá-la em um tópico frasal, que poderá ser apresentado no início da sua fala.

• Organizar uma lista de argumentos que podem sustentar a sua opinião no debate.

• Planejar uma possível conclusão para a sua fala que retome a ideia central apresentada no tópico frasal ao início.

• É importante ter em mente que, apesar da preparação e do planejamento, algumas ideias e opiniões podem ser alteradas ao longo do debate, e isso não é um problema; ao contrário, é um importante resultado da argumentação respeitosa.

RETOMADA

A organização prévia dos argumentos é fundamental para a consistência e a qualidade do debate. Retome a estrutura argumentativa e planeje os argumentos pertinentes ao tema. Durante o debate, observe os pontos fracos do argumento dos oponentes e tome nota deles, para apontar falácias e contra-argumentar.

7. Tanto o mediador quanto os debatedores devem atentar para os elementos relacionados à fala e à postura corporal ao longo do debate. Procurem principalmente planejar os efeitos de sentido decorrentes de escolhas do volume de voz, da intensidade da voz, de pausas e ritmo no discurso, dos gestos e das expressões faciais utilizados.

Avaliar e recriar

1. Leia as questões a seguir e utilize-as como roteiro para avaliação do trabalho do grupo debatedor do qual fez parte.

• O grupo manteve a discussão restrita à pergunta central ou houve algum desvio de tema?

• Todos os integrantes do grupo realizaram uma pesquisa prévia como preparação para o debate?

• Os conteúdos apresentados pelos integrantes do grupo foram devidamente referenciados quando resultantes da pesquisa?

• O mediador respeitou todos os pontos preparatórios da sua função?

• Os debatedores respeitaram todos os pontos preparatórios da sua função?

• Os turnos de fala e as opiniões diversas foram respeitados?

• Houve preparação dos argumentos, aplicação do tópico frasal, bem como uso das estratégias argumentativas e métodos a fim de provocar o interlocutor para progredir o debate?

2. Após verificar esses itens, converse com o grupo sobre as atitudes que podem ser mudadas em uma próxima experiência de debate.

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Reserve um dia com o professor para a apresentação dos grupos debatedores, combinando previamente o tempo que será reservado ao exercício de debate realizado por cada um. Após o dia de debates, procure reservar outra data para promover uma reflexão coletiva final sobre as possíveis soluções para equilibrar os benefícios e riscos do uso da IA.

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

3. Um argumento deve iniciar com um tópico frasal, que é constituído por uma frase introdutória que sintetiza a ideia central do que será defendido, seguido de uma apresentação do porquê se defende esse tópico, usando estratégias argumentativas que justifiquem e comprovem o que está sendo defendido. Por fim, deve-se fazer uma afirmação que retome o tópico, uma pergunta retórica ou outro artifício que estimule a continuidade do debate.

Neste capítulo, a seção Estudo Literário abordou o movimento literário Simbolismo e a poesia social. Na seção Estudo de Gênero Textual, o enfoque foi a análise e a produção dos gêneros textuais debate e debate regrado. Na seção Estudo da Língua, foram estudados os pronomes, seus tipos e usos.

Agora, você deverá sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para elaborar sua resposta.

1. O Simbolismo é um movimento literário que se destaca pelo uso de símbolos e metáforas para explorar estados emocionais e subjetivos. Sua linguagem poética é marcada pela musicalidade dos versos, que visa provocar sensações no leitor.

1. Recupere as características do movimento literário Simbolismo, estudado no decorrer do capítulo, e elabore uma síntese que destaque seus aspectos mais relevantes.

2. Elabore, no caderno, um parágrafo analisando a importância da poesia social para a conquista de direitos. Considere a poesia de Agostinho Neto e o que você aprendeu sobre o papel político de sua produção literária.

Resposta pessoal.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

3. Explique como deve ser preparada a organização de um argumento.

4. Explique como os pronomes contribuem para a progressão textual.

Refletir e avaliar

Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sua aprendizagem ao longo do capítulo. Para isso, em seu caderno, reproduza o quadro a seguir e responda às questões. Em seguida, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote nas observações.

Ao longo do estudo do capítulo, percebo que...

…compreendi e consegui sintetizar os conceitos literários, de gênero textual e linguísticos.

…realizei com empenho de aprendizagem todas as propostas de pesquisa.

…considerei as opiniões e os argumentos dos colegas nos momentos de reflexão propostos em sala de aula.

…participei ativamente das atividades em grupo, sugerindo, antevendo problemas e buscando soluções para questões coletivas.

Fui proficiente Preciso aprimorar Observações

4. A referenciação com uso de pronomes permite a retomada de elementos do texto, evitando repetições desnecessárias e assegurando a coesão textual e a progressão de ideias de maneira lógica e fluida.

DE OLHO NO VESTIBULAR

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Muitos assuntos abordados neste capítulo têm sido objetos de questões de vestibulares e provas de ingresso. Leia a questão comentada a seguir e atente para o formato de elaboração, a fim de que seja possível interpretá-la corretamente. Em seguida, responda-a no caderno.

1. (UPF-RS) A(s) questão(ões) refere(m)-se ao texto “Dizer o que se pensa não é sempre uma qualidade”

Dizer o que se pensa não é sempre uma qualidade

Donald Trump fala o que muitos pensam e não têm coragem de dizer, segundo seus eleitores.

Cheguei aos EUA em 2016 com Obama na Casa Branca e assisti boquiaberta, poucos meses depois, a uma parcela significativa da nação eleger uma figura no mínimo controversa. Trump parecia imune aos próprios atentados contra os valores americanos. A razão, louvada por tantos de seus eleitores? “Ele fala o que muitos pensam e não têm coragem de dizer.”

E ainda faz escola. Já ouvi o mesmo argumento de vários que apoiam presidenciáveis brasileiros. Como se dizer o que se pensa fosse, de fato, sempre algo louvável. Mas não é. Pensar besteira todo mundo faz, de chegar na mureta do mirante e ponderar que “é só passar a perna por cima e me jogar” ou olhar para o vizinho e pensar que “se eu o empurrasse, ele teria morte certa”. Evocar associações comuns, como mureta e suicídio, é apenas natural para o cérebro, consequência inevitável do seu aprendizado por repetição.

Da mesma forma, num ambiente em que racismo, homofobia e liberdades tomadas com a vida dos outros ainda imperam, onde se cresce ouvindo que negros e índios são isso, gays são aquilo, e onde todo útero grávido é propriedade coletiva, insultar é o impulso mental fácil, mesmo que por repetição, e não por crença.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

1. Resposta: alternativa b

DE OLHO NO VESTIBULAR

As afirmativas dos itens I e II são verdadeiras. Os termos isso e aquilo são pronomes demonstrativos invariáveis; logo, a afirmativa III é falsa. Portanto, é correta a alternativa b.

Pensamentos também são testes de ações mentais e suas consequências possíveis. Mentalmente, todo mundo um dia xinga a mãe, esbofeteia o vizinho, esfaqueia o marido ou profere insultos racistas e homofóbicos.

Mas a grande maioria para no pensamento, horrorizada pela consequência que suas ações mentais teriam na vida real se executadas ou ditas. Pensamentos terríveis têm essa utilidade: primatas que somos, com um córtex pré-frontal expressivo, capaz de reconhecer más ideias e impedi-las de vir à tona, não precisamos chegar às vias de fato para aprender a não fazer besteira.

Dizer o que “todo mundo pensa mas não ousa dizer”, portanto, não é sinal de coragem, nem de honestidade, mas apenas de falta de controle pré-frontal – ou de mau caráter mesmo.

(Herculano-Houzel, Suzana [bióloga e neurocientista da Universidade Vanderbilt (EUA)]. Dizer o que se pensa não é sempre uma qualidade. Folha de São Paulo, 14/08/2010. Adaptado. Disponível em: http://www.brasilagro.com.br/conteudo/dizer-o-que-se-pensa -nao-e-sempre-uma-qualidade.html. Acesso em 11 ago. 2018)

Avalie as informações que seguem, referentes ao uso dos pronomes no texto.

I. A forma pronominal “las” (linha 23) faz referência a “más ideias” (linha 23).

II. Em “Dizer o que ‘todo mundo pensa mas não ousa dizer’” (linha 25), o “o” está sendo empregado como um pronome demonstrativo.

III. Em “onde se cresce ouvindo que negros e índios são isso, gays são aquilo” (linhas 14 e 15), “isso” e “aquilo” são pronomes relativos variáveis.

Está correto o que se afirma em:

a) I, II e III.

b) I e II, apenas.

c) I e III, apenas.

d) I, apenas.

e) III, apenas.

O enunciado da questão propõe a avaliação das afirmativas que dispõem sobre emprego de pronomes no texto apresentado.

A questão apresenta três itens com afirmativas relacionadas ao emprego de pronomes retirados do texto que devem ser avaliadas quanto à sua veracidade. Analise cada item isoladamente e verifique qual(is) apresenta(m) uma afirmativa verdadeira. Memorize ou anote qual(is) delas é(são) verdadeira(s) e compare com as informações dadas nas alternativas para encontrar a resposta correta.

O objetivo da questão é avaliar os conhecimentos do candidato sobre tipos de pronome e seu emprego, propondo a ele que identifique os pronomes empregados em alguns trechos do texto, e se o candidato compreendeu como se dá o processo de referenciação dentro do texto por meio de pronome identificando qual(is) é(são) adequado(s) aos recursos de referenciação adotados no texto.

CAPÍTULO

MÚLTIPLAS LINGUAGENS EM CENA

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes identifiquem que as características da arte regional nordestina podem se expressar em um texto literário por meio da linguagem, dos temas abordados, da construção das personagens e dos cenários. A linguagem pode incorporar expressões, vocabulários e ritmos regionais. Os temas podem refletir questões ligadas às tradições populares. Além disso, a descrição detalhada das vestimentas, da paisagem e dos animais típicos do Nordeste pode contribuir para criar um ambiente literário que remete ao universo nordestino, fazendo referência à identidade cultural de modo semelhante ao que ocorre na arte visual da xilogravura.

Com base em seus conhecimentos e na xilogravura

No meu tempo de criança, de J. Borges (1935-2024), responda às questões a seguir.

1. Observe a imagem e descreva, no caderno, possíveis interpretações para ela com base na observação e no título da obra.

2. A obra observada apresenta características da arte regional nordestina, evidenciadas pela utilização da técnica da xilogravura, pelas vestimentas dos personagens e pelos elementos da paisagem típica do sertão. Em sua opinião, de que modo tais características podem se expressar em um texto literário?

3. De que modo a infância retratada por J. Borges na obra pode ser relacionada à cultura de um povo específico?

4. Escolha elementos da imagem e crie uma pequena história, coerente e coesa, de até 10 linhas, usando orações em ordem direta e inversa.

1. Resposta pessoal. Espera--se que os estudantes reconheçam elementos da infância, como brincadeiras em grupo (trenzinho, pião, subida em árvore, caça a passarinhos, montagem em boi), interpretando com vivências próprias de infância, correspondentes a essas ou não.

Campos de Atuação

• C ampo artístico-literário

• C ampo de atuação na vida pública

Tema Contemporâneo

Transversal

• Multiculturalismo: Diversidade Cultural

PROJETO VISTA EM

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Avance até as páginas finais deste volume e dê continuidade à etapa “Dividir tarefas e empreender” da Oficina de Projetos

4. Resposta pessoal. A sintaxe será o objeto de análise linguística deste capítulo, assim como a ordem direta e inversa das orações. Utilize a proposta de criação de histórias para verificar o conhecimento prévio dos estudantes sobre esses assuntos. Recomenda-se o compartilhamento das histórias em uma roda de leitura, quando também pode ser feita a análise das construções sintáticas dos estudantes, sobre ordem direta e inversa.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

■ BORGES, J. No meu tempo de criança. 2016. Xilogravura, 96 cm × 66 cm. Coleção particular. Xilogravura do artista pernambucano José Francisco Borges, mais conhecido por J. Borges. Considerado mestre do cordel, suas histórias e xilogravuras contemplam temas como o cotidiano, crimes de corrupção, cangaço, amor, folguedos populares, milagres e castigos do céu.

3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que o modo de viver a infância não é igual em todas as culturas. Há variações de classe social, de nacionalidade, de contexto familiar, entre muitos outros aspectos. Converse com os estudantes sobre a forma de manifestação da cultura de um povo e as reverberações que essa cultura tem na infância. Questione-os sobre como poderiam ampliar os horizontes culturais por meio da elaboração de projetos com a comunidade, um projeto cultural de peça teatral sobre a infância será o gênero em foco na seção Estudo do Gênero Textual

ESTUDO LITERÁRIO

Respostas pessoais. O objetivo da atividade é incentivar os estudantes a elaborar possíveis artimanhas para esse convencimento, aproximando-os do texto que será lido.

Resposta pessoal. O objetivo da atividade é incentivar os estudantes a analisar quais estratégias de escrita poderiam ser utilizadas para incorporar elementos da tradição popular ao texto teatral.

Teatro popular e literatura de cordel

Você lerá um trecho da peça teatral Auto da Compadecida, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna (1927- 2014). A peça, dividida em três partes – chamadas de atos –, mistura elementos da tradição popular nordestina – como o cordel – e do teatro medieval.

A peça narra as aventuras de João Grilo e Chicó, dois amigos que vivem no sertão nordestino e usam da esperteza para buscar melhores condições de vida em um cenário marcado pela desigualdade social. João Grilo, sempre envolvido em artimanhas, consegue enganar figuras de autoridade. Chicó, por outro lado, é conhecido por suas histórias mirabolantes que nunca se sabe se são inventadas ou se realmente aconteceram. No trecho apresentado a seguir, João Grilo elabora uma artimanha para convencer o padre a benzer o cachorro da esposa do padeiro.

Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reflitam sobre os mecanismos que poderiam ser utilizados em uma peça teatral ou retomem as características do texto teatral, caso já tenham entrado em contato com essa estrutura.

Antes de iniciar a leitura do trecho da peça teatral, discuta com os colegas as questões a seguir.

• O texto da peça teatral Auto da Compadecida foi escrito com o objetivo de ser encenado. Quais características específicas você acredita que o texto irá apresentar? Discuta sua resposta com a turma.

• Como você imagina que as tradições populares serão apresentadas na peça?

• Quais são as possíveis estratégias que João Grilo poderá utilizar para convencer o padre a benzer o cachorro da esposa do padeiro? Discuta sua resposta com a turma.

Auto da Compadecida

PALHAÇO

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

O distinto público imagine à sua direita uma igreja, da qual o centro do palco será o pátio. A saída para a rua é à sua esquerda. (Essa fala dará ideia da cena, se adotar uma encenação mais simplificada e pode ser conservada mesmo que se monte um cenário mais rico.) O resto é com os atores.

Aqui pode-se tocar uma música alegre e o Palhaço sai dançando. Uma pequena pausa e entram Chicó e João Grilo.

JOÃO GRILO

E ele vem mesmo? Estou desconfiado, Chicó. Você é tão sem confiança!

CHICÓ

Eu, sem confiança? Que é isso, João, está me desconhecendo? Juro como ele vem. Quer benzer o cachorro da mulher para ver se o bicho não morre. A dificuldade não é ele vir, é o padre benzer. O bispo está aí e tenho certeza de que o Padre João não vai querer benzer o cachorro.

JOÃO GRILO

Padre João! Padre João!

PADRE , aparecendo na igreja

Que há? Que gritaria é essa?

Fala afetadamente com aquela pronúncia e aquele estilo que Leon Bloy chamava “sacerdotais”.

CHICÓ

Mandaram avisar para o senhor não sair, porque vem uma pessoa aqui trazer um cachorro que está se ultimando para o senhor benzer.

PADRE

Para eu benzer?

CHICÓ

Sim.

PADRE , com desprezo Um cachorro?

CHICÓ

Sim.

PADRE

Léon Bloy: escritor francês, nascido em 1846 e falecido em 1917, conhecido em seu tempo por ser criador de polêmicas.

Que maluquice! Que besteira!

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

JOÃO GRILO

Cansei de dizer a ele que o senhor benzia. Benze porque benze, vim com ele.

PADRE

Não benzo de jeito nenhum.

CHICÓ

Mas padre, não vejo nada de mal em se benzer o bicho.

JOÃO GRILO

No dia em que chegou o motor novo do major Antônio Morais o senhor não o benzeu?

PADRE

Motor é diferente, é uma coisa que todo mundo benze. Cachorro é que eu nunca ouvi falar.

CHICÓ

Eu acho cachorro uma coisa muito melhor do que motor.

PADRE

É, mas quem vai ficar engraçado sou eu, benzendo o cachorro. Benzer motor é fácil, todo mundo faz isso, mas benzer cachorro?

JOÃO GRILO

É, Chicó, o padre tem razão. Quem vai ficar engraçado é ele e uma coisa é o motor do major Antônio Morais e outra benzer o cachorro do major Antônio Morais.

PADRE , mão em concha no ouvido

Como?

JOÃO GRILO

Eu disse que uma coisa era o motor e outra o cachorro do major Antônio Morais.

PADRE

E o dono do cachorro de quem vocês estão falando é Antônio Morais?

JOÃO GRILO

É. Eu não queria vir, com medo de que o senhor se zangasse, mas o major é rico e poderoso e eu trabalho na mina dele. Com medo de perder meu emprego, fui forçado a obedecer, mas disse a Chicó: o padre vai se zangar.

PADRE , desfazendo-se em sorrisos

Zangar nada, João! Quem é um ministro de Deus para ter direito de se zangar? Falei por falar, mas também vocês não tinham dito de quem era o cachorro!

JOÃO GRILO, cortante

Quer dizer que benze, não é?

PADRE , a Chicó.

Você o que é que acha?

CHICÓ

Eu não acho nada de mais.

PADRE

Nem eu. Não vejo mal nenhum em abençoar as criaturas de Deus.

JOÃO GRILO

Então fica tudo na paz do Senhor, com cachorro benzido e todo mundo satisfeito.

PADRE

Digam ao major que venha. Eu estou esperando. Entra na igreja

SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida . Rio de Janeiro: Agir, 2000. p. 25-34.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Ariano Suassuna foi um escritor, professor e advogado brasileiro, natural de João Pessoa (PB), que se dedicou a escrever peças teatrais, romances e poemas. O autor iniciou sua carreira literária aos 18 anos com a publicação do poema “Noturno” no Jornal do Commercio do Recife, cidade em que morava com sua família. Formado em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco durante a graduação. Em 1956, passou a dar aulas de Estética na UFPE e, em 1970, criou o Movimento Armorial. Suas obras Uma mulher vestida de sol (1964), Romance d’a pedra do reino (2005) e Auto da Compadecida (1955) foram adaptadas para o audiovisual.

■ Ariano Suassuna, em São Paulo (SP). Fotografia de 2004.

1. b) O texto principal apresenta a fala das personagens e o nome, grafado em letras maiúsculas, indicando a quem pertence a fala. Já o texto secundário apresenta as palavras grafadas em itálico, indicando a ação da cena, e o nome das personagens, também em letra maiúscula, que vão representar na cena.

Texto teatral

1. a) Uma pequena pausa e entram Chicó e João Grilo: texto secundário.

(Essa fala dará ideia da cena, se adotar uma encenação mais simplificada e pode ser conservada mesmo que se monte um cenário mais rico.): texto secundário.

1. Por ser produzido com a finalidade de ser encenado, o texto teatral é composto de dois textos. O texto principal, que é aquele que será ouvido pelos espectadores no momento da encenação, e o texto secundário, destinado aos atores e aos demais profissionais que irão participar da montagem da peça. Com base nessas informações, responda às questões a seguir.

a) No caderno, copie o quadro a seguir e indique adequadamente a qual texto pertence cada um dos trechos do texto teatral.

Trecho

Motor é diferente, é uma coisa que todo mundo benze. Cachorro é que eu nunca ouvi falar: texto principal. aparecendo na igreja: texto secundário.

Você o que é que acha?: texto

JOÃO GRILO, cortante : texto

O texto principal apresenta os modos e tempos verbais que se adequem ao que está sendo enunciado, com predomínio do modo indicativo e do tempo presente. Isso concentra a ação em acontecimentos ocorridos no momento da cena. O texto secundário apresenta predomínio do presente do indicativo e da forma nominal do gerúndio, passando a ideia de movimento dos atores na

Uma pequena pausa e entram Chicó e João Grilo.

(Essa fala dará ideia da cena, se adotar uma encenação mais simplificada e pode ser conservada mesmo que se monte um cenário mais rico.)

Motor é diferente, é uma coisa que todo mundo benze. Cachorro é que eu nunca ouvi falar. aparecendo na igreja

Você o que é que acha?

JOÃO GRILO, cortante

b) Analise a resposta da questão anterior e identifique as marcações gráficas utilizadas para diferenciar o texto principal do texto secundário.

c) Quais são as diferenças no uso dos verbos no texto principal e no texto secundário? Explique com base nas suas observações.

O trecho pressupõe que o ator tenha conhecimento prévio sobre o estilo de fala e pronúncia descritos como “sacerdotais” por Léon Bloy.

2. b) Trata-se do advérbio de modo afetadamente. Esse advérbio indica que o personagem deve falar de modo exagerado ou artificial, o que pode ajudar o ator a criar uma interpretação que reflete o estilo descrito.

d) Os trechos a seguir foram extraídos do texto secundário da peça e se dirigem a diferentes profissionais do teatro. No caderno, relacione cada trecho ao profissional correspondente.

Ordem correta: II, III, I. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

( ) Essa fala dará ideia da cena, se adotar uma encenação mais simplificada e pode ser conservada mesmo que se monte um cenário mais rico.

( ) […] aparecendo na igreja

( ) Aqui pode-se tocar uma música alegre e o Palhaço sai dançando.

I. Sonoplasta e ator II. Cenógrafo e diretor III. Ator 2. Releia o trecho a seguir.

Fala afetadamente com aquela pronúncia e aquele estilo que Leon Bloy chamava “sacerdotais”.

a) O trecho pressupõe que o ator tenha determinado conhecimento prévio para caracterizar a sua encenação. Qual é esse conhecimento?

b) Caso o ator não tenha o conhecimento exigido, ele pode se apoiar em um advérbio presente no trecho para montar a sua encenação. Qual é esse advérbio e o q ue ele indica?

c) Em seu ponto de vista, a interpretação do ator pode ser prejudicada caso ele não tenha o conhecimento prévio pressuposto pelo texto? Justifique.

2. c) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes percebam que, por um lado, a ausência de conhecimento pode resultar em uma encenação menos completa, mas, por outro lado, o advérbio afetadamente pode servir como base para a criação de uma interpretação original. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

3. a) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes percebam que, caso as rubricas fossem retiradas, o efeito de sentido das falas poderia ser alterado, pois as rubricas fornecem orientações sobre como os personagens devem se comportar, expressar suas emoções e interagir com o ambiente. Elas indicam a entonação, a gestualidade e o contexto da cena.

Texto principal e texto secundário

O texto principal de um texto teatral tem uma estrutura parecida com a dos gêneros textuais narrativos. Sua estrutura geralmente compreende:

• apresentação das personagens e do tema da história que será contada, situando-as espacial e temporalmente. Essa apresentação é particular de cada peça, vinculando-se às suas especificidades;

• de senvolvimento da ação dramática e apresentação do momento de maior tensão da encenação (clímax);

• desfecho da ação dramática.

O texto secundário de um texto teatral é composto de elementos paratextuais que acompanham o texto principal com o objetivo de conduzir sua encenação. As indicações a respeito de como determinada cena ou fala deve ser executada pelos atores compõem o texto secundário e são denominadas rubricas ou didascálias. Além das rubricas, outras informações importantes podem ser apresentadas no texto secundário; entre elas, estão:

• as informações sobre a divisão estrutural da peça;

• a l istagem do nome das personagens no início do texto e a indicação do nome das personagens antes de cada fala;

• as indicações de montagem, cenário ou figurino. Para organizar a narrativa e facilitar a encenação, o texto teatral é dividido em atos, cada um representando uma parte importante da história. Os atos, por sua vez, são subdivididos em cenas, que marcam mudanças no cenário ou a entrada e saída de personagens.

3. Para que o texto teatral se torne uma peça de teatro, é preciso que o texto principal seja encenado com a orientação do texto secundário. Reúna-se com três colegas e realize a encenação do trecho da peça Auto da Compadecida, seguindo as instruções a seguir. Depois, responda às questões.

• Divida os papéis (Palhaço, Chicó, João Grilo e padre) entre os integrantes, de modo que cada um fique responsável por encenar um dos personagens.

• Realize um ensaio, utilizando os elementos do texto secundário no direcionamento de sua interpretação.

• A déque a entonação e a gestualidade de modo que correspondam ao que está indicado nas rubricas.

• Realize a encenação com os colegas.

a) Caso as rubricas fossem retiradas, o efeito de sentido das falas seria mantido? Justifique, considerando o que você observou durante a encenação.

b) Qual é a importância da linguagem não verbal – como gestos, expressões faciais e movimentos corporais – para a encenação de um texto teatral?

A linguagem não verbal inclui gestos, expressões faciais, posturas e movimentos corporais, que ajudam a transmitir sentimentos e contextos que podem não ser totalmente captados apenas pelos diálogos. Assim, ela proporciona uma dimensão adicional à performance, enriquecendo a interpretação e a compreensão da peça. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

4. b) Na cena, Chicó atua como intermediário, tentando convencer o padre de que não há problema em benzer o cachorro. João Grilo é o principal instigador do conflito, pressionando o padre e manipulando a situação ao mencionar a influência e o poder do major Antônio Morais. O padre inicialmente se opõe ao pedido, instaurando o conflito da cena e permitindo o seu desenvolvimento.

Em um texto teatral, o tempo precisa ser analisado com base em três dimensões diferentes. O tempo da escrita, que envolve a escrita do texto teatral, ou seja, quando a obra foi produzida. Trata-se do contexto de produção, que pode auxiliar a entender elementos de composição do texto, referências, entre outras possibilidades. O tempo dramático, ou seja, em que período histórico a peça se situa. Isso ajuda o leitor do texto – ou espectador da peça – a entender melhor os acontecimentos. Por fim, o tempo real, que se refere ao tempo da apresentação da peça. O tempo dramático nem sempre é explicitado no texto teatral, mas pode ser inferido pelos elementos que aparecem na história.

Tempo da escrita Quando a obra foi escrita.

Tempo dramático Momento em que o enredo se situa.

Tempo real

Tempo da apresentação.

O espaço, por sua vez, é estabelecido por duas dimensões: espaço dramático e espaço cênico.

O espaço dramático se refere ao espaço onde a história da peça se desenrola e, portanto, é fixo. O espaço cênico se refere ao local onde a peça é representada, por isso é variável.

Espaço dramático Onde se situa o enredo da peça.

Espaço

Espaço cênico

Onde a peça é representada.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

4. Retome o trecho do texto da peça Auto da Compadecida, prestando atenção aos elementos do texto principal. Em seguida, responda às questões.

a) Qual é o conflito central apresentado no trecho?

O conflito central apresentado no trecho é a resistência do padre em benzer um cachorro.

b) E xplique a função de Chicó, padre e João Grilo no desenvolvimento desse conflito. Como cada um desses personagens contribui para a progressão da cena?

c) No trecho, o Palhaço exerce uma função diferente das exercidas pelos demais personagens. Qual é a função dele e qual é o sentido gerado pela sua presença no contexto do trecho lido?

Em um texto teatral, as personagens podem ocupar posição de protagonismo, sendo essenciais para o desenvolvimento da trama, podem atuar como personagens secundárias, que auxiliam na manutenção do enredo, ou podem se estabelecer como figurantes. As personagens figurantes são aquelas que não participam da ação principal e não influenciam diretamente o desenvolvimento da trama, mas preenchem o cenário para que a trama aconteça.

As falas também podem se estabelecer de diferentes maneiras. Elas podem se estruturar por diálogos, ou seja, conversas entre as personagens. Elas também podem se estruturar em monólogos, ou seja, momentos em que a personagem conversa consigo mesma. Finalmente, elas podem ser construídas em apartes, ou seja, em comentários direcionados para o público que geralmente ocorrem com a personagem afastada da cena teatral. Por meio do aparte, a personagem pode revelar seus sentimentos e pensamentos, fornecer informações sobre a cena e estabelecer conexões com o público, por exemplo.

4. c) No trecho, o Palhaço tem a função de orientar o público sobre a cena e introduzir o contexto de maneira simplificada.

Tempo

5. c) A presença dessa fala no contexto da peça influencia a percepção do público ao fornecer uma visão clara do cenário e do ambiente, o que ajuda na compreensão do espaço onde a ação está ocorrendo. Ao detalhar a configuração do palco e o que os espectadores devem imaginar, o Palhaço prepara o público para a cena, facilitando a visualização e a imersão na história.

5. Releia o trecho a seguir, que apresenta a fala do Palhaço. O distinto público imagine à sua direita uma igreja, da qual o centro do palco será o pátio. A saída para a rua é à sua esquerda. (Essa fala dará ideia da cena, se adotar uma encenação mais simplificada e pode ser conservada mesmo que se monte um cenário mais rico ) O resto é com os atores.

a) A quem se dirige a fala do Palhaço?

Filme O auto da Compadecida

b) Considerando sua resposta ao item anterior, classifique a fala do Palhaço entre diálogo, monólogo ou aparte.

c) Como a presença dessa fala no contexto da peça pode influenciar a percepção do público e a compreensão da cena?

6. Retome a leitura do trecho da peça Auto da Compadecida, prestando atenção ao modo como o enredo da história se articula e, em seguida, responda às questões.

6. b) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

a) N o trecho, João Grilo afirma que o cachorro pertence ao major Antônio Morais, mas, na realidade, o dono do animal é a mulher do padeiro. Qual foi a estratégia utilizada por João Grilo ao atribuir a posse do cachorro ao major e o que essa atribuição gera no comportamento do padre?

b) Analise a mudança de atitude do padre, considerando as relações de poder e a influência social estabelecidas no contexto da peça.

c) Chicó afirma que acha o cachorro “uma coisa muito melhor do que motor”. O que essa afirmação pode simbolizar? Em sua resposta, reflita sobre como você percebe a valorização de seres vivos em comparação com a valorização de objetos materiais na sociedade de hoje.

7. O trecho do texto teatral apresenta falas em que é possível perceber comportamentos exagerados e irônicos das personagens.

a) Identifique esses trechos.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

b) O bserve o comportamento exagerado e irônico dos personagens diante da situação do cachorro. Em sua interpretação, como os exageros e as ironias contribuem para a estruturação da cena e para o efeito de humor?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

A peça Auto da Compadecida pertence ao gênero textual auto teatral, composição medieval que surgiu na Espanha, no século XII, e que combina elementos do teatro religioso e do teatro popular. A principal característica dos autos é a maneira como abordam temas morais e sociais. No auto, as críticas à sociedade e suas falhas costumam aparecer sob forma de sátiras, ou seja, através de representações humorísticas e irônicas que exageram e distorcem comportamentos, instituições e normas sociais. O uso da sátira permite que os temas abordados sejam explorados de maneira a revelar suas contradições e absurdos, ao mesmo tempo que engaja o público em uma reflexão crítica sobre esses aspectos, provocando o riso. Os autos geralmente são compostos por um único ato e contam com personagens alegóricas – aquelas que carregam apenas uma característica – que representam virtudes ou pecados.

A fala do Palhaço se dirige ao espectador. 5. b) A fala do Palhaço é classificada como um aparte, pois é um comentário direcionado ao público, explicando detalhes do cenário e a encenação.

6. a) Essa artimanha tem como efeito mudar o comportamento do padre, que inicialmente se recusou a benzer o cachorro, mas, ao saber que pertence ao major, cede rapidamente.

Filme brasileiro de comédia dramática, lançado em 2000 e baseado na peça teatral Auto da Compadecida, de 1955, de Ariano Suassuna. O texto foi adaptado para o cinema pelo diretor Guel Arraes (1953-), com roteiro de Adriana Falcão, João Falcão e do próprio Arraes, e é estrelado por Matheus Nachtergaele (1968-), Selton Mello (1972-) e Fernanda Montenegro (1929-), entre outros nomes. O filme recebeu as premiações de melhor diretor, melhor roteiro, melhor lançamento e melhor ator – para Matheus Nachtergaele – durante o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2001.

O AUTO da Compadecida. Direção: Guel Arraes. Brasil: Lereby Produções: Globo Filmes, 2000. Streaming (95 min). Disponível em: https:// globoplay.globo.com/o -auto-da-compadecida/t/ TMFdjjCFHM/. Acesso em: 12 set. 2024.

■ Capa do DVD do filme O auto da Compadecida.

6. c) Chicó está fazendo uma crítica às camadas mais influentes que, no contexto da peça, valorizam mais os bens materiais do que os seres vivos.

8. a) O uso da sátira permite exagerar e ironizar aspectos da sociedade e suas instituições. Através de personagens e situações exageradas, a peça evidencia contradições e absurdos da realidade, levando o público a refletir criticamente sobre as falhas da sociedade. No trecho lido, a sátira faz perceber como o padre confere um tratamento diferente aos ricos e aos pobres, por exemplo.

AMPLIAR

O teatro de Gil Vicente

O dramaturgo português Gil Vicente (14651536) é conhecido como fundador do teatro português e como importante escritor literário no período do Renascimento. Ele escreveu autos que criticavam a sociedade da sua época, usando personagens que representavam diferentes camadas sociais, como nobres, clérigos e plebeus. Seus autos também incluem alegorias a figuras divinas, explorando contradições e hipocrisias presentes na sociedade. Gil Vicente combinava elementos populares e eruditos em suas obras, utilizando uma linguagem que envolvia o público da época. Dentre suas obras, destacam-se Auto da barca do inferno (1517) e Farsa de Inês Pereira (1523).

8. Responda às questões a seguir, considerando as características e os seus conhecimentos sobre o texto teatral Auto da Compadecida

a) Como o uso da sátira contribui para a construção da crítica social em Auto da Compadecida?

b) É possível identificar personagens alegóricos no trecho de Auto da Compadecida lido por você? Justifique.

9. a) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

Literatura de cordel e Movimento Armorial

9. b) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

9. Leia o trecho a seguir, extraído da apresentação do texto teatral Auto da Compadecida, para responder ao que se pede.

O Auto da Compadecida foi escrito com base em romances e histórias populares do Nordeste. Sua encenação deve, portanto, seguir a maior linha de simplicidade, dentro do espírito em que foi concebido e realizado. O cenário (usado na encenação como um picadeiro de circo, numa ideia excelente de Clênio Wanderley, que a peça sugeria) pode apresentar uma entrada de igreja à direita, com uma pequena balaustrada ao fundo, uma vez que o centro do palco representa um desses pátios comuns nas igrejas das vilas do interior. A saída para a cidade é à esquerda e pode ser feita através de um arco. Nesse caso, seria conveniente que a igreja, na cena do julgamento, passasse a ser entrada do céu e do purgatório. O trono de Manuel, ou seja, Nosso Senhor, Jesus Cristo, poderia ser colocado na balaustrada, erguida sobre um praticável servido por escadarias. Mas tudo isso fica a critério do ensaiador e do cenógrafo, que podem montar a peça com dois cenários, sendo um para o começo e outro para a cena do julgamento, ou somente com cortinas, caso em que se imaginará a igreja fora do palco, à direita, e a saída para a cidade à esquerda, organizando-se a cena para o julgamento através de simples cadeiras de espaldar alto, com saída para o inferno à esquerda e saída para o purgatório e para o céu à direita.

SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida Rio de Janeiro: Agir, 2000. p. 22.

a) Qual é a função das orientações sobre o cenário e a encenação fornecidas no trecho?

b) No trecho, o autor menciona que a peça tem como base histórias populares do Nordeste. Em sua percepção, de que maneira essa característica influencia a narrativa e a conexão que ela estabelece com o público?

■ Fotografia da primeira encenação da peça Auto da Compadecida pelo grupo Teatro Adolescente do Recife (TAR), sob direção de Clênio Wanderley, no Teatro Santa Isabel, em Recife (PE). Em cena os personagens Chicó, Severino de Aracaju e João Grilo. Fotografia de 1956.

8. b) Sim. O padre pode ser conhecido como uma alegoria da corrupção religiosa ou da hipocrisia, dado seu comportamento que muda conforme os interesses de poder e influência social. Chicó e João Grilo, com suas ações astutas, podem simbolizar a esperteza e a sobrevivência em um ambiente de desigualdade.

A peça Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, dialoga com a tradição das histórias populares do cordel, uma forma de literatura típica do Nordeste brasileiro. A literatura de cordel influenciou várias cenas da peça, inclusive a que foi apresentada anteriormente. Para escrever Auto da Compadecida, Suassuna inspirou-se em histórias do poeta paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918), um dos mais reconhecidos cordelistas brasileiros. Os cordéis de Barros serviram de base para a construção de episódios importantes da peça.

Na tradição popular, a força narrativa não reside apenas no enredo, mas na maneira como as histórias são contadas e recontadas. A literatura de cordel tem origem na oralidade, já que suas histórias, antes de serem passadas para o papel, transitavam oralmente. Esse constante ato de reinterpretação confere às histórias novas camadas de significado ao longo do tempo, refletindo a cultura e as experiências de diferentes gerações.

Assim como os autos, o cordel também utiliza a sátira como uma ferramenta crítica. Geralmente, os cordelistas exaltam personagens humildes e, com ironia, ridicularizam as figuras de poder – muitas vezes retratando os poderosos e religiosos mais preocupados com dinheiro do que com princípios morais.

10. Leia, a seguir, um trecho do cordel “O dinheiro ou o testamento do cachorro”, de Leandro Gomes de Barros, para responder às questões.

O dinheiro ou o testamento do cachorro

1 Eu já vi narrar um fato Que fiquei admirado, Um sertanejo me disse Que no século passado (XIX) Viu enterrar um cachorro Com honras de um potentado.

7 Um inglês tinha um cachorro De uma grande estimação

9 Morreu o dito cachorro

10 E o inglês disse então:

11 — Mim enterra essa cachorra

12 Inda que gaste um milhão.

13 Foi ao vigário e lhe disse:

14 — Morreu cachorra de mim

15 E urubu do Brasil

16 Não poderá dar-lhe fim…

17 — Cachorro deixou dinheiro?

18 Perguntou o vigário assim.

19 — Mim quer enterrar cachorra

20 Disse o vigário: — Oh inglês!

21 Você pensa que isto aqui

22 É o país de vocês?

23 Disse o inglês: — Cachorra

24 Gasta tudo desta vez.

25 — Ele antes de morrer

26 Um testamento aprontou

27 Só quatro contos de réis

28 Para o vigário deixou

29 Antes do inglês findar

30 O vigário suspirou.

31 — Coitado! Disse o vigário.

32 — De que morreu esse pobre?

33 Que animal inteligente!

34 Que sentimento tão nobre!

35 Antes de partir do mundo

36 Fez-me presente do cobre.

37 — Leve-o para o cemitério,

38 Que vou o encomendar

39 Isto é, traga o dinheiro

40 Antes dele se enterrar,

41 Estes sufrágios fiados

42 É factível não salvar.

43 E lá chegou o cachorro

44 O dinheiro foi na frente,

45 Teve momento o enterro,

46 Missa de corpo presente,

47 Ladainha e seu rancho

48 Melhor do que certa gente.

BARROS, Leandro Gomes de. O dinheiro ou o testamento do cachorro. In: BARROS, Leandro Gomes de. O testamento do cachorro. Parnamirim: Chico Editora, 2008. p. 4-6.

■ BARROS, Leandro Gomes de. O dinheiro ou o testamento do cachorro. Matureia: [s. n.], 2014. Capa.

10. b) No trecho de Auto da Compadecida, o diálogo entre João Grilo, Chicó e o padre reflete elementos do cordel de Leandro Gomes de Barros através do uso de humor e da situação absurda envolvendo um cachorro. Assim como no cordel, a peça apresenta uma situação que começa como trivial, mas rapidamente se transforma em uma crítica à hipocrisia social. Ambos os textos revelam como a posição social e a influência podem alterar a percepção e os comportamentos dos indivíduos.

a) Como os elementos da tradição popular são utilizados no cordel “O dinheiro ou o testamento do cachorro” para criar uma crítica social? Compare as abordagens do cordel com o trecho de Auto da Compadecida.

10. a) Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

b) No trecho de Auto da Compadecida, como o diálogo entre João Grilo, Chicó e o padre reflete elementos encontrados no cordel de Leandro Gomes de Barros? Identifique e discuta as similaridades nas situações e no uso de humor.

11. O texto teatral Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, é uma obra que valoriza as tradições populares nordestinas, especialmente através de elementos inspirados na literatura de cordel. Considerando esse contexto, responda às questões a seguir.

11. a) Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

a) De que modo a presença e a valorização das tradições populares, como a literatura de cordel, enriquece a narrativa de Auto da Compadecida? Em sua resposta, comente como o uso de expressões orais populares e de histórias recontadas influencia a conexão da obra com o público.

Cordel recitado O cordelista Carlos Henrique Mendonça recita o cordel O dinheiro ou o testamento do cachorro , de Leandro Gomes de Barros. Assista ao vídeo no endereço a seguir.

CARLOS Henrique Mendonça | O testamento do cachorro | Leandro Gomes de Barros. [S. l.: s. n.], 19 jun. 2019. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal Toda Poesia. Disponível em: www.youtube.com/ watch?v=pz0pr-8Wvy0. Acesso em: 13 set. 2024.

b) A literatura de cordel tem um papel importante na preservação da cultura popular. Pesquise um texto de literatura de cordel que faça uso da sátira como instrumento para a crítica social. Em seguida, apresente um breve resumo do enredo e destaque os aspectos culturais representados na obra. Para realizar a pesquisa, utilize a biblioteca de sua escola ou acesse o acervo digital da Cordelteca, que reúne diversos folhetos de cordel (disponível em: www.cnfcp.gov.br/interna.php?ID_Secao=65; acesso em: 12 set. 2024).

c) Por que é importante que a literatura continue valorizando e preservando as tradições populares? Ao responder, leve em consideração o impacto que essas tradições têm na formação da identidade cultural.

11. b) Resposta pessoal. Espera-se que, com base na atividade, os estudantes entrem em contato com a literatura de cordel e realizem a apreciação de textos dessa literatura.

O Movimento Armorial, fundado na década de 1970, propôs a criação de uma nova forma de expressão artística que integrasse o folclore, a literatura de cordel, o teatro popular e outras manifestações culturais populares à arte erudita brasileira. A proposta do movimento era demonstrar que as manifestações populares, muitas vezes vistas como inferiores por alguns intelectuais, apresentam profundidade e complexidade.

Ariano Suassuna foi o principal idealizador do Movimento Armorial. Ele procurou resgatar e reinterpretar as tradições culturais do Nordeste, misturando-as com referências clássicas e modernas. Isso pode ser notado, por exemplo, no texto teatral Auto da Compadecida, no qual Suassuna combina a estrutura do auto medieval com elementos da literatura de cordel e da tradição popular nordestina.

Assim, o Movimento Armorial ajudou a preservar e valorizar as tradições culturais do Nordeste, ao mesmo tempo que as adaptou e modernizou, promovendo a diversidade cultural de forma autêntica. 12. Reflita sobre a importância do Movimento Armorial para a propagação da diversidade cultural e, em seguida, responda às questões.

a) Em sua opinião, como a valorização das tradições culturais pode influenciar a percepção que temos de nossa própria identidade cultural?

12. a) Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

b) Pense em alguma expressão cultural local ou tradição popular que você conheça. De que maneira essa expressão poderia ser integrada com elementos de arte erudita para criar uma nova forma de expressão artística? Explique como isso poderia impactar a forma como você e seus colegas percebem essas tradições.

12. b) Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

11. c) As tradições populares desempenham um papel fundamental na formação e na manutenção da identidade cultural. Elas representam a expressão das vivências, dos valores e das histórias de um grupo social, contribuindo para a construção de um senso de pertencimento e continuidade cultural. Ao preservar e refletir essas tradições, a literatura não apenas resgata e celebra a herança cultural, promovendo a diversidade cultural, mas também facilita que novas gerações conheçam e apreciem suas origens.

A linguagem do texto

13. Releia um trecho do texto teatral Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, que apresenta uma rubrica para a cena.

Aqui pode-se tocar uma música alegre e o Palhaço sai dançando. Uma pequena pausa e entram Chicó e João Grilo.

a) Na rubrica, há uma sugestão de usar uma música alegre, enquanto o Palhaço deixa a cena dançando. Que efeito de sentido essa orientação pode causar na cena?

b) Ao analisar a estrutura linguística dessa rubrica, observa-se que o Palhaço não deve interagir com Chicó e João Grilo na troca de cena. Explique como essa orientação está organizada sintaticamente no texto.

c) Ainda de acordo com a organização linguística do texto, por que a saída do Palhaço é a ação principal da cena, enquanto a entrada de Chicó e João Grilo parece ser a ação atrelada à primeira, mas secundária em relação a ela?

Sintaxe

Trata-se de uma área da linguística que se dedica ao estudo da estrutura das frases e orações, por meio da análise da disposição das palavras e da relação entre elas. A sintaxe estabelece as regras e os princípios que determinam como os elementos linguísticos (sujeito, predicado, objetos etc.) devem ser combinados para formar construções que estejam em acordo com a norma-padrão e que transmitam o significado desejado. Assim, a sintaxe é essencial para garantir a clareza e a coerência na comunicação escrita e oral.

A escolha das estruturas de um texto, como o uso de trechos dependentes entre si, ou a ordenação dos termos na frase, pode enfatizar certos aspectos da mensagem, criar diferentes nuances e evitar ambiguidades, garantindo que o texto alcance seu propósito comunicativo.

14. Considerando essas explicações, crie uma rubrica para o trecho do Auto da Compadecida apresentado a seguir. Ao término da escrita, leia-a para um colega e explique a ele suas escolhas sintáticas.

CHICÓ

Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

Mandaram avisar para o senhor não sair, porque vem uma pessoa aqui trazer um cachorro que está se ultimando para o senhor benzer.

PADRE

Para eu benzer?

CHICÓ

Sim. PADRE , com desprezo

Um cachorro?

CHICÓ

Sim.

PADRE

Que maluquice! Que besteira!

Movimentos de Pernambuco

13. a) A música alegre e a presença irreverente do palhaço sinalizam um efeito humorístico já na abertura da cena que vai ser concretizado na discussão entre Chicó e João Grilo sobre benzer ou não o cachorro.

13. b) Primeiro, o palhaço deve sair e, em seguida, Chicó e João Grilo devem entrar. Essa oposição é construída linguisticamente pelos verbos entrar e sair e pela ordem sintática dos eventos: primeiro o palhaço sai e, depois, Chicó e João Grilo entram.

13. c) A escolha de situar o sujeito antes ou depois do verbo determina efeitos de sentido para o texto. Por isso, as escolhas de composição das palavras são responsáveis pelos sentidos do texto. Ao colocar o sujeito Palhaço antes da forma verbal sai, passa-se a mensagem de que a ação principal da cena é a saída dele. Em contrapartida, ao colocar o sujeito composto Chicó e João Grilo após a forma verbal entram – e após a saída do Palhaço –, cria-se a percepção de que essa ação é secundária e dependente da ação anterior.

Além do Movimento Armorial, outro movimento também buscou valorizar as tradições culturais do Nordeste de outra maneira: o Manguebeat. Conheça mais sobre esse movimento no vídeo a seguir.

CHICO Science vs Ariano Suassuna: battle for Pernambuco. [S l.: s n.], 2019. 1 vídeo (13 min). Publicado pelo canal Meteoro Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=9tEOHb3vClQ. Acesso em. 26 out. 2024.

DIÁLOGOS

Literatura de cordel

Anteriormente, foi apresentado o texto teatral Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, que mistura elementos do teatro medieval com elementos da cultura popular nordestina, especialmente a literatura de cordel. Agora, será apresentado um cordel da autora paulista

Salete Maria da Silva (1969-) que trata do papel ocupado pelas mulheres na literatura de cordel.

Salete Maria da Silva é advogada, poeta-cordelista e professora universitária. A autora nasceu em São Paulo, mas morou por muitos anos em Juazeiro do Norte (CE). Como advogada, a autora atua especialmente na defesa dos direitos das mulheres e da população LGBTQIAPN+. Sua produção poética é desenvolvida a partir dos ensinamentos de sua avó e, em seus poemas, a autora apresenta uma visão crítica sobre a sociedade.

■ Salete Maria da Silva. Fotografia de 2024.

Mulher também faz cordel

1 O folheto de cordel

2 Que o povo tanto aprecia

3 Do singelo menestrel

4 À mais nobre Academia

5 Do macho foi monopólio

6 Do europeu foi espólio

7 Do nordestino alforria

8 Desde que chegou da França

9 Espanha e Portugal

10 (Recebido como herança)

11 De caravela ou nau

12 O homem o escrevia

13 Fazia a venda e lia

14 Em feira, porto e quintal

15 Se agora a gente vê

16 Mulher costurando rima

17 É necessário dizer

18 Que de limão se fez lima

19 Hoje o que é limonada

20 Foi água podre, parada

21 Salobra com lama em cima

22 A mulher não se atrevia

23 Neste campo transitar

24 Por isso não produzia

25 Vivia para seu lar

26 Era o homem maioral

27 Vivia ele, afinal

28 Para o mundo desbravar

29 Tempos de patriarcado

30 Também de ortodoxia

31 À mulher não era dado

32 Sair pela cercania

33 Exibindo algum talento

34 Pois iria a julgamento

35 Quem não a condenaria?

menestrel: poeta ou músico que recita e declama suas produções artísticas. espólio: conjunto dos bens que são deixados por alguém que faleceu. alforria: libertação.

salobra: água turva e com grande quantidade de substâncias. cercania: arredor, imediação. desatino: ausência de bom senso.

LUIS
MATUTO

Professor, a palavra “introsada” trata-se de uma variante, utilizada pela autora Salete Maria da Silva.

36 Era um tempo obscuro

37 Para o sexo feminino

38 O castigo era seguro

39 Para qualquer desatino

40 Como não sabia ler

41 Como podia escrever

42 E mudar o seu destino?

43 Sem ter a cidadania

44 Vivendo vida privada

45 Pouco ou nada entendia

46 Não era emancipada

47 Só na cultura oral

48 Na forma original

49 Se via ela introsada

50 Nas cantigas de ninar

51 Na contação de história

52 Tava a negra a rezar

53 A velha e sua memória

54 Porém disso não passava

55 Nada ela registrava

56 Pra sua fama e glória

57 Muitas vezes era tida

58 Como musa inspiradora

59 Aquela de cuja vida

60 Tinha que ser sofredora

61 Era mãe zelosa e pura

62 Qual sublime criatura

63 Porém não era escritora

SILVA, Salete Maria da. Mulher também faz cordel. Salvador: Fundação Cultural Estado da Bahia, 2005. p. 2-4.

■ SILVA, Salete Maria da. Mulher também faz cordel. [Salvador]: Fundação Cultural do Estado da Bahia, 2005. Capa.

1. b) Respostas pessoais. O objetivo da questão é incentivar os estudantes a refletir sobre o modo como as tradições se propagam na atualidade.

1. Retome a segunda estrofe do cordel de Salete Maria da Silva para responder às questões.

a) Com base na sua interpretação da estrofe, levante uma hipótese sobre o modo como a literatura de cordel chegou ao Brasil.

b) A estrofe discorre sobre o processo de divulgação e venda da literatura de cordel. Você acredita que, atualmente, o processo permanece o mesmo? Explique.

A literatura de cordel tem origem portuguesa e começou a ser produzida por volta do século XII, durante o Trovadorismo, movimento literário medieval caracterizado pela produção de poemas cantados denominados cantigas. As composições eram cantadas por um trovador e podiam apresentar características lírico-amorosas ou satíricas. Com a invenção da prensa, durante o Renascimento, a produção de literatura escrita se tornou mais fácil. Os livretos com poemas impressos eram vendidos nas ruas, pendurados em cordas ou cordéis – daí a origem do nome literatura de cordel.

1. a) Resposta pessoal. Espera-se que, com base na leitura e interpretação da estrofe, os estudantes compreendam que o cordel chegou ao Brasil vindo de países europeus e levantem como hipótese que essa chegada se deu por meio do processo de colonização.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

2. Sim. O texto menciona que o cordel foi monopólio masculino, indicando que, durante um longo período, a produção literária do cordel foi dominada exclusivamente por homens, refletindo a realidade social da época, em que as mulheres eram excluídas desse espaço de criação literária. 3. a) O cordel descreve o papel tradicionalmente ocupado pelas mulheres na literatura de cordel como passivo e secundário. Elas eram frequentemente retratadas como “musas inspiradoras”, mas não como autoras, o que limitava seu espaço de expressão na literatura.

A literatura de cordel chegou ao Brasil, mais especificamente na região Nordeste, por meio da colonização. As produções de cordel foram modificadas pelas temáticas regionais nordestinas, adquirindo traços da cultura local. Com a sua linguagem simples, popularizou-se no século XVIII por meio dos repentistas ou violeiros que, tal como os trovadores medievais, cantavam – e continuam cantando – as histórias rimadas divulgadas em cordéis.

2. No período do Trovadorismo, apenas os homens escreviam as cantigas, mesmo as cantigas cujo eu lírico era uma mulher. Essa prática refletia a realidade social da época, em que as mulheres tinham pouco espaço para expressar sua voz na literatura. Segundo o cordel apresentado, a escrita das histórias no cordel no Brasil seguia o mesmo padrão do Trovadorismo, em que apenas homens escreviam? Justifique.

3. O texto Mulher também faz cordel apresenta uma reflexão sobre o papel da mulher na literatura de cordel, destacando sua evolução ao longo do tempo. Com base no poema, responda às questões a seguir.

a) Como o cordel descreve o papel tradicionalmente ocupado pelas mulheres nessa vertente literária?

b) Quais são os obstáculos mencionados no cordel que impediam as mulheres de se tornarem autoras? Identifique trechos que ilustrem essas barreiras e explique como esses obstáculos refletem a visão da sociedade sobre o papel da mulher na época.

c) Como, segundo o cordel, a ausência de autoras mulheres pode ter influenciado a forma como as histórias e as tradições foram transmitidas?

3. c) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

4. Releia a primeira estrofe do cordel para responder ao que se pede.

a) Os versos 3 e 4 abordam a relação da literatura de cordel com a cultura popular, representada pelo menestrel, e com a cultura erudita, representada pela Academia. Como essa relação pode ser associada ao Movimento Armorial, idealizado por Ariano Suassuna?

b) Retome o significado da palavra espólio, presente no glossário. Qual é o efeito de sentido gerado pela escolha dessa palavra para estabelecer a relação do europeu com o cordel? Explique.

Cordel na Academia A Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC) é uma instituição que objetiva divulgar a Literatura de Cordel. Conheça sua história, suas ações culturais, seus eventos e suas galerias de imagens e de gravuras sobre o cordel no endereço a seguir.

ACADEMIA BRASILEIRA DE LITERATURA DE CORDEL. Rio de Janeiro, c2024. Site Disponível em: www.ablc. com.br/. Acesso em: 15 set. 2024.

■ Brasão da Academia Brasileira de Literatura de Cordel.

4. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

c) Em sua opinião, qual é a importância de valorizar a cultura popular, como a literatura de cordel? Relacione essa valorização com o conceito de alforria mencionado no verso 7.

5. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

5. Tradicionalmente, os cordéis eram decorados e declamados pelos repentistas ou violeiros. Por causa disso, a sua estrutura formal obedece a determinados parâmetros com o objetivo de facilitar o processo. Analise o trecho de Mulher também faz cordel e identifique duas características formais que poderiam ajudar os repentistas na memorização e declamação do cordel.

Cordel

O cordel é um gênero textual literário composto em versos, que retrata os temas da cultura popular nordestina com linguagem coloquial. A sátira é usada nos cordéis para criticar as elites e as injustiças sociais. Geralmente, os cordéis são compostos em sextilha (estrofes de seis versos) ou décima (estrofes de dez versos), que facilitam a memorização e a declamação pelos repentistas e violeiros. Isso colabora na transmissão oral das histórias de geração em geração. Esses poemas são impressos em pequenos folhetos ilustrados com xilogravuras, técnica observada na obra de abertura deste capítulo e que será retomada adiante.

3. b) Os obstáculos incluem a falta de educação formal e as restrições sociais impostas pela estrutura social da época. Um trecho que ilustra essas barreiras é: “Como não sabia ler / como podia escrever / E mudar o seu destino?”. Isso reflete como a ausência de educação e a expectativa de que as mulheres deveriam se limitar ao ambiente doméstico reforçam a visão da sociedade de que o papel da mulher era restrito ao lar e às responsabilidades familiares.

BRASÃO ABLC

6. a) Respostas pessoais. A preservação e divulgação do cordel promove o reconhecimento das tradições locais e reforça a identidade cultural. A valorização do cordel ajuda a reforçar o orgulho pelas raízes culturais e cria um espaço para que as vozes locais continuem a ser ouvidas em um cenário cada vez mais dominado por culturas externas.

6. Com base nos trechos de cordel e do conceito apresentados, responda às questões a seguir.

a) Em seu ponto de vista, de que modo a preservação e a divulgação do cordel podem contribuir para a valorização da cultura regional em um mundo cada vez mais globalizado? Em sua resposta, considere que o gênero foi trazido para o Brasil da Europa e adaptado pelo povo nordestino.

b) Pensando na importância da preservação cultural, quais ações concretas você poderia realizar em sua comunidade para promover a valorização e a divulgação do cordel? Considere como essas ações poderiam fortalecer a identidade cultural local e incentivar o reconhecimento das tradições nordestinas entre as novas gerações.

6. b) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reconheçam que eventos como feiras literárias, exposições de xilogravura e declamações públicas de cordel poderiam ser realizados para atrair a atenção da comunidade e criar um ambiente de valorização do cordel, por exemplo.

REFLETIR E ARGUMENTAR

Leia a seguir um trecho da entrevista realizada com o diretor e roteirista brasileiro Pedro Arantes, a respeito do seu documentário O riso dos outros, que foi produzido, em 2012, para a TV Câmara com o objetivo de discutir os limites do humor.

O humor deve ter limites ou vale tudo em nome da liberdade de expressão?

[…]

Resposta pessoal. O objetivo da questão é incentivar os estudantes a refletir sobre o modo como fazem uso do humor no seu cotidiano, levando em consideração seus posicionamentos éticos.

[…] O cerne é justamente demonstrar que a imparcialidade não existe, que todo discurso, por mais leviano que seja, traduz os valores e a visão de mundo daquele que o profere. Assim sendo, como eu poderia pretender fazer um filme imparcial?

No entanto, tomei o cuidado de expor no filme todos os argumentos dos dois lados da discussão. Toda a argumentação está lá, na sua integridade. Por isso tantas pessoas conseguem assistir e ter opiniões diferentes sobre o filme.

O filme não pretende ser uma cartilha do que pode e o que não pode, o que está correto e o que não está. O filme apenas diz que por trás de um discurso de neutralidade existe um posicionamento. Que essa ideia de que você, por ser humorista, não tem responsabilidade com o que diz, é uma ideia ingênua que está a serviço de um determinado tipo de humor. E se você quer continuar fazendo esse tipo de humor, é bom que saiba de que lado está dessa discussão.

ARANTES, Pedro. O humor deve ter limites ou vale tudo em nome da liberdade de expressão? [Entrevista cedida a] Leonardo Sakamoto. Uol, [s l.], 17 dez. 2012. Disponível em: https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2012/12/17/ o-humor-deve-ter-limites-ou-vale-tudo-em-nome-da-liberdade-de-expressao/. Acesso em: 13 set. 2024. Após a leitura do trecho, discuta com os colegas as questões a seguir.

• Analise como você decide se uma piada ou um comentário é apropriado para uma situação específica. Quais são os critérios que você considera para garantir que seu humor não seja ofensivo ou desrespeitoso?

• Com base na leitura do trecho, como você acredita que a responsabilidade ética do humorista se reflete nas sátiras feitas na peça Auto da Compadecida e nas sátiras comumente propostas na literatura de cordel?

Resposta pessoal. O objetivo da questão é incentivar a reflexão acerca do papel da sátira. Tanto na peça quanto na literatura de cordel, a sátira é construída com o apoio da tradição dessas histórias, ou seja, reflete comportamentos observados ao longo do tempo, não apenas sobre um indivíduo. Para isso, os autores contam com personagens alegóricos, apresentados anteriormente.

OFICINA LITERÁRIA

Texto teatral

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Espera-se que os estudantes utilizem o resultado desta Oficina Literária como produto para o projeto cultural que será desenvolvido na seção Oficina de Texto.

Estudar a proposta

Na seção Estudo Literário, foram apresentadas algumas características do texto teatral e da literatura de cordel. Nesta oficina literária, será proposta a adaptação de um cordel para uma cena de texto teatral. Para isso, será preciso retomar os textos analisados e os conceitos apresentados, prestando especial atenção às marcas estruturais do texto teatral.

Motivar a criação

1. Acesse a Cordelteca, indicada na página 142, ou busque cordéis na biblioteca da escola para servir de base para a adaptação que vai ser realizada. Após a seleção do texto, retome as características do texto teatral e, em seguida, reflita sobre o modo como você adaptará o cordel escolhido para o texto teatral.

Planejar e elaborar

1. Para dar início ao planejamento do texto, procure elaborar primeiro o texto secundário que irá compor o seu texto teatral.

• Componha uma lista das personagens que participarão da cena e, se necessário, indique as características delas.

• Descreva o figurino das personagens e os elementos de cenário.

• Elabore rubricas que possam acompanhar o desenvolvimento do texto teatral.

2. Para elaborar a adaptação do texto teatral, procure reformular o enredo do cordel escolhido de modo a torná-lo adequado para a encenação. Para isso, use os recursos do texto teatral apresentados e, caso seja necessário, adeque as informações de modo a garantir a compreensão do público.

3. Reflita sobre a maneira como o conteúdo do cordel foi adaptado, observando se o texto está coeso e coerente e também se o sentido do texto original foi mantido.

Avaliar e recriar

1. Utilize as questões a seguir como roteiro para avaliação e reedição do texto teatral.

• O leitor consegue compreender o enredo do texto teatral?

• As informações do texto secundário são suficientes para garantir que a encenação tenha o efeito de sentido esperado?

• A associação entre o cordel e o texto teatral adaptado é realizada de forma coerente e coesa, de modo que o leitor compreenda a referência?

Compartilhar

O texto teatral produzido deverá ser compartilhado com a turma e encenado em data previamente definida. As impressões sobre as adaptações e sobre a encenação dos colegas podem ser compartilhadas em uma roda de conversa.

CONEXÕES com

ARTE

Xilogravura

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

A xilogravura é uma técnica criada na Idade Média para reproduzir textos e imagens por meio de uma matriz de madeira esculpida e talhada manualmente. A técnica ganhou destaque no Brasil ao ser utilizada para ilustrar livretos de cordel na década de 1970, embora já fosse produzida no país desde a década de 1930. A xilogravura também ganhou expressividade com o Movimento Armorial, principalmente nos estados da região Nordeste. Em 2018, foi reconhecida como Patrimônio Cultural do Brasil.

■ J. Borges, cordelista e xilógrafo, entalhando matriz de madeira para xilogravura. Fotografia de 2012.

A xilogravura, atualmente, já é uma arte independente e está em capas de livros, decora ambientes com as artes temáticas criadas para eles, além de estar presente em museus, em galerias de arte e em outros espaços culturais, em todo o Brasil.

■ Givanildo Francisco da Silva, xilógrafo, entalhando matriz para xilogravura, em Bezerros (PE). Fotografia de 2012.

■ Processo de transferência da tinta da matriz de madeira para o papel, executado por artista local, em São Paulo (SP). Fotografia de 2012.

Exposição Xilogravura

Conheça mais sobre a história, as técnicas e os artistas da xilogravura por meio do guia da exposição “Xilogravura”, ocorrida na Galeria Mestre Vitalino, em 2020. O guia foi produzido pelo Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e apresenta a história da xilogravura no país, as técnicas comumente utilizadas para sua produção, além de diversos artistas que elevaram essa arte, ao longo dos anos, como Patrimônio Cultural do Brasil. Para mais informações, acesse o endereço a seguir.

COSTA, Maria Elizabeth de Andrade. Xilogravura. Rio de Janeiro: Iphan: CNFCP, 2020. Disponível em: http://cnfcp.gov.br/arquivos/file/Xilogravura_catalogo.pdf. Acesso em: 13 set. 2024. Capa.

■ Capa do catálogo da exposição Xilogravura.

2. a) As linhas finas que detalham a Imagem 1 a tornam mais definida, o que transmite a ideia de completude, de realidade. Já na Imagem 2, que é a mais rústica, ainda que detalhada, cria um cenário completo da paisagem, como representação mais esboçada do que real.

1. Observe, a seguir, as duas xilogravuras.

IMAGEM

1

Na Imagem 1, há um detalhamento bastante afinado e percebe-se grande quantidade de detalhamento de entalhe, com linhas finas que constroem cada desenho para criar alta definição pelo processo da transferência, que ocorre posteriormente. Na Imagem 2, há também bastante detalhamento, porém ele ocorre em linhas mais rústicas, com menos definição.

2. b) Na Imagem 1, a centralidade da mulher desperta o olhar para ela, e as cores direcionam para a compreensão do que sejam os cometas, remetendo à paródia. Já na imagem 2, não há centralidade dos elementos no plano da imagem, o que torna o olhar mais caótico, sendo necessário ao espectador observar cada parte com mais atenção.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

IMAGEM 2

■ SILVA, Djanira da Motta e. Terreirão de café. 1967. Xilogravura, 15 cm × 23 cm. Acervo do Instituto Pintora Djanira.

1. a) No entalhe de Gilvan Samico, a temática pode ser lida como religiosa, que se refere à Virgem Maria, mas a associa a cometas, com o propósito de construir uma paródia em imagem. Já no entalhe de Djanira Silva, a temática é o trabalho, voltado para uma colheita de café.

■ SAMICO, Gilvan. A virgem dos cometas. 1991. Xilogravura, 105 cm × 65 cm. Coleção particular.

1. d) Na Imagem 1, há um padrão de linhas finas e detalhadas, com definição de rostos e proporções humanas. Na Imagem 2, há um padrão de entalhe mais rústico, com menos definição realista, ainda que ela seja perceptível.

• Com um colega, compare as imagens, orientando-se pelas questões a seguir.

a) Qual é a temática de cada entalhe? Que propósito a imagem tem?

b) Como é o detalhamento de cada uma? Observe a espessura dos traços, associando-a à profundidade do corte necessário na madeira, e analise a definição das imagens.

c) Como os elementos da imagem estão organizados no espaço? Há harmonia entre as partes ou elas são mais espontâneas e caóticas?

d) Como são as formas e os padrões utilizados?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

e) Há cores? Se sim, onde elas são aplicadas e o que destacam?

2. Com base nas análises, responda às questões a seguir.

Há cores apenas na Imagem 1, aplicadas na saia da virgem e nos elementos que destacam os cometas.

a) D e que modo o detalhamento de cada imagem contribui para o significado da atmosfera e da narrativa que a xilogravura deseja transmitir?

b) Como a organização dos elementos no espaço da imagem direcionam o olhar do espectador?

3. Considerando as análises e as reflexões sobre as xilogravuras e a apreciação estética, de qual delas você mais gostou? Por quê?

Respostas pessoais. Oriente os estudantes a expressar seu gosto considerando os aspectos analisados das imagens e sua riqueza artística.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.
ACERVO DO INSTITUTO PINTORA DJANIRA

ESTUDO DO GÊNERO TEXTUAL

Projeto cultural

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Na seção Estudo Literário, você analisou um trecho da peça Auto da Compadecida, texto escrito por Ariano Suassuna para ser encenado no teatro. Agora, você vai ler um projeto cultural escrito com o objetivo de angariar fundos para a produção de uma peça teatral.

PRIMEIRO OLHAR

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes compartilhem suas experiências relacionadas ao teatro, principalmente na infância, já que o texto tratará da montagem de uma obra voltada ao público infantil. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Antes de iniciar a primeira leitura do texto, comente com os colegas as questões a seguir.

• Você já teve a oportunidade de assistir a uma peça teatral, seja quando criança, seja na atualidade?

• Em sua trajetória escolar, você já teve a oportunidade de participar da montagem de uma peça teatral? Caso isso tenha ocorrido, compartilhe as suas experiências com a turma, comentando como se deu a organização dessa produção.

Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

• Sem consultar o dicionário, quais significados vêm à sua mente ao pensar na palavra projeto?

Anexo V

MODELO DE PROJETO

Resposta pessoal. Esta atividade será aprofundada na questão 1, logo após a leitura do projeto cultural a seguir.

EDITAL LINGUAGENS ARTÍSTICAS

‘ProAc Municípios / Fundo Municipal de Apoio às Políticas Culturais’ […]

II. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO (OBJETO)

Nome do Projeto: “Yaga – Uma História Para Crianças Corajosas”

Área: Artes Cênicas

Produto: Circulação do espetáculo infantil “Yaga – Uma História Para Crianças Corajosas” nos bairros da cidade de Pindamonhangaba.

III. OBJETIVOS

O projeto de circulação do espetáculo infantil ‘Yaga – Uma História Para Crianças Corajosas’ na cidade de Pindamonhangaba tem como objetivo fomentar e descentralizar o acesso à cultura e à arte. As apresentações possibilitarão a aproximação com as artes cênicas, assim como a prospecção da criação de um novo público. Desta forma, o projeto visa apresentar um produto teatral de qualidade e significativo às crianças e aos adultos.

O projeto pretende contemplar uma apresentação em uma unidade escolar, uma conjuntamente para os Lares Irmã Júlia e Irmã Terezinha (prédios anexos), uma no CEU das artes e outra no Teatro Galpão. Estes locais foram escolhidos por suas localizações e pela necessidade em se levar projetos teatrais infantis para outros polos da cidade. O grupo oferecerá como contrapartida dois workshops sobre “Brincadeiras populares”, tais contrapartidas terão como público-alvo crianças e adultos afins de resgatar sua criança interior.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

IV. JUSTIFICATIVA DO PROJETO

A inspiração deste espetáculo são as brincadeiras tradicionais em sua potência e estética, buscando na beleza e no desafio do brincar uma fonte inesgotável de possibilidades e até mesmo de um profundo processo de desenvolvimento da coragem, confiança e sabedoria da criança ao brincar. Ao adentrar sob as lentes do imaginário infantil, nem tudo é o que parece. Transformando este espaço cênico em um universo onde coisas grandiosas podem ser reveladas na simplicidade.

Release

‘Yaga – Uma História Para Crianças Corajosas’ traz ao espectador uma viagem cheia de mistérios e fantasia guiada pelas lentes do imaginário infantil da protagonista. A menina, ao explorar as possibilidades lúdicas de um quintal fictício, descobre brincadeiras e habilidades, enfrenta desafios e perigos e se experimenta espontânea, autônoma e inventiva tornando-se heroína da própria história.

A sonoplastia desenvolvida em concomitância ao processo de criação do espetáculo ganha vida própria e se mostra parte fundamental da obra, ora dialogando e provocando, ora criando climas e dando fundos às cenas com sons, onomatopeias e canções feitas com o propósito de enriquecer a experiência teatral do espectador.

V. ESTRATÉGIA DE AÇÃO:

1. Confirmação de locais e datas para as apresentações e oficinas (Mês 1);

2. Preparação de material gráfico para divulgação por meio de mídias sociais e materiais impressos (Mês 1 e Mês 2);

3. Plano de divulgação do projeto por meio de mídias sociais e mídias tradicionais (Mês 3 ao Mês 6);

4. Circulação do espetáculo nos locais selecionados (Mês 3 ao Mês 5);

5. Realização das oficinas (Mês 3 e Mês 5);

6. Agradecimentos e avaliação. Divulgação de resultados em mídias sociais (Mês 6);

7. Separação de material, prestação de contas e relatórios (Mês 7 e Mês 8).

VI. EQUIPE TÉCNICA DO PROJETO

N º Nome

01

02

RG Função exercida no projeto

Diretora

Assistente de Direção e atriz

03 Atriz

04

Sonoplastia e Secretária teatral

05 Atriz e Maquiadora

VII. CONTRAPARTIDA

Considerando a importância do brincar, aliado principal para o desenvolvimento da criança, a oficina proposta como contrapartida tem inteira ligação com o espetáculo e relevância para a população.

ATIVIDADES QUANDO ONDE PÚBLICO-ALVO

Oficina de brincadeiras populares. Mês 3 Bosque da Princesa

Oficina de brincadeiras populares.

Mês 5 Parque da Cidade

”Edital realizado com o apoio do ProAc”

Classificação livre, sendo prioritariamente famílias e crianças até 12 anos.

Classificação livre, sendo prioritariamente famílias e crianças até 12 anos.

VIII. ETAPAS DE REALIZAÇÃO (obrigatório) TIRAGEM DO PRODUTO CULTURAL E PLANO DE DISTRIBUIÇÃO:

- Shows, palestras, workshops, apresentações teatrais: O Projeto tem a finalidade de realizar quatro (04) apresentações teatrais no Município de Pindamonhangaba, sendo os locais: Teatro Galpão, CEU das Artes, em uma escola municipal a escolha da Secretaria da Educação e uma apresentação integrando crianças e idosos dos Lares Irmã Júlia e Irmã Terezinha, a ser realizada no prédio do Lar Irmã Terezinha. Assim como oficinas artísticas e uma apresentação do espetáculo a serem realizadas no Bosque da Princesa e no Parque da Cidade.

ESPECIFICAÇÕES: O espetáculo teatral tem a duração média de 50 minutos, sendo necessárias duas horas para montagem e uma para desmontagem. Já as oficinas terão duração média de 3 horas, com tempo de preparação e de desmontagem de 1 hora.

PERÍODO PREVISTO PARA A EXECUÇÃO DE TODAS AS ETAPAS DO PROJETO

O projeto tem a previsão estimada de duração de 8 meses, devido agenda dos envolvidos no projeto

PÚBLICO-ALVO E A ESTIMATIVA DE PÚBLICO : O espetáculo se destina ao público infantil majoritariamente, estima-se que o público a ser atingido pelo projeto seja de aproximadamente 700 pessoas, considerando crianças e adultos. Levando em conta que o número base de alunos das escolas de rede municipal é de 150 alunos por período, que o Teatro Galpão conta com 221 lugares e que no espaço do CEU das Artes comporta entre 150 a 200 pessoas, chegaremos neste número aproximado.

IX - QUADRO GERAL DAS ATIVIDADES DO PROJETO (apresentações previstas, lançamentos, oficinas, workshops, exibições, cursos etc.)

1 Apresentação teatral 1 Mês 3 CEU das Artes

Classificação livre, sendo prioritariamente famílias e crianças até 12 anos.

2 Oficina de brincadeiras populares 1 Mês 3 Bosque da Princesa Prioritariamente crianças.

3 Apresentação teatral 1 Mês 4

Unidade escolar municipal afastada do centro, indicada pela Secretaria da Educação

Classificação livre, sendo prioritariamente famílias e crianças até 12 anos.

4 Apresentação teatral 1 Mês 4 Lar Irmã Terezinha Crianças e idosos.

5 Oficina de brincadeiras populares 1 Mês 5 Parque da Cidade Prioritariamente crianças.

6 Apresentação teatral 1 Mês 5 Teatro Galpão

Classificação livre, sendo prioritariamente famílias e crianças até 12 anos.

Obs.: Este quadro serve para auxiliar no entendimento de seu projeto e é o documento válido sobre as atividades que o proponente definiu para alcançar o objetivo ‘Edital realizado com o apoio do ProAc’

1 Confirmação de locais e datas para as apresentações e oficinas X

2

3

Preparação de material gráfico para divulgação por meio de mídias sociais e materiais impressos

Plano de divulgação do projeto por meio de mídias sociais e mídias tradicionais

4 Circulação do espetáculo nos locais selecionados

5 Realização das oficinas X X

6 Agradecimentos e avaliação. Divulgação de resultados em mídias sociais X

7

Separação de material, prestação de contas e relatórios

XI. DETALHAMENTO DE CUSTOS

TOTAL GERAL: R$ 25.000,00

‘Edital realizado com o apoio do ProAc’ PINDAMONHANGABA (SP). Modelo de projeto: edital Linguagens Artísticas. Pindamonhangaba: ProAc Municípios/ Fundo Municipal de Apoio às Políticas Culturais, 10 out. 2018. Disponível em: www.pindamonhangaba.sp.gov.br/ site/wp-content/uploads/2019/01/Projeto-YAGA-Uma-História-Para-Crianças-Corajosas.pdf. Acesso em: 13 set. 2024.

Conteúdo do projeto cultural

1. Observe, a seguir, as diferentes acepções da palavra projeto, apresentadas no dicionário Michaelis on-line.

1. c) Assim como todo projeto, o texto apresentado é um instrumento técnico e estratégico de planejamento, no entanto o acréscimo do adjetivo cultural especifica o projeto como voltado à execução de um empreendimento da área cultural.

PROJETO. In: MICHAELIS. [São Paulo]: Melhoramentos, c2024. Disponível em: https://michaelis.uol. com.br/busca?

r=0&f=0&t=0&pa lavra=projeto. Acesso em: 13 set. 2024.

a) Retome os significados que você atribuiu ao termo projeto na questão do boxe Primeiro olhar. Os sentidos apontados se confirmaram em alguma acepção apresentada no dicionário?

Resposta pessoal. Procure chamar a atenção dos estudantes para o fato de que um documento nomeado como projeto se difere da noção de projeto como “intenções, ideias ou planos”.

b) Quais acepções apresentadas mais se relacionam ao projeto cultural lido?

c) O texto apresentado é um projeto cultural. Que sentidos o acréscimo do adjetivo cultural incorpora ao projeto?

d) Qual especificação presente no item II. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO (OBJETO) comprova o sentido acrescentado?

A especificação da área Artes Cênicas.

2. Na leitura de um projeto cultural, é esperado encontrar respostas para as questões indicadas no quadro a seguir.

O que o projeto pretende desenvolver?

Por que é preciso desenvolver o produto do projeto?

A quem se destinará o produto gerado pelo projeto e com quem se contará para a sua realização?

Como o projeto será realizado?

Quanto custará o desenvolvimento do projeto?

Quando ou em que período o projeto será realizado?

Onde o produto do projeto será apresentado?

Ao público de Pindamonhangaba, especialmente crianças e idosos (aproximadamente 700 pessoas entre adultos e idosos). Sua realização contará com uma equipe técnica formada por diretora, assistente de direção, atrizes, sonoplasta e secretária teatral, além de outros profissionais contratados pela equipe.

1. b) “1 Propósito de executar algo. 2 Plano detalhado de um empreendimento a ser realizado. “

O espetáculo infantil Yaga – uma história para crianças corajosas

Porque é necessário fomentar e descentralizar o acesso à cultura e à arte, possibilitando a aproximação com as Artes Cênicas, assim como a prospecção da criação de um novo público.

Em quatro apresentações teatrais no município de Pindamonhangaba.

O projeto custará 25 mil reais.

No período de 8 meses.

O produto do projeto será apresentado no município de Pindamonhangaba: Teatro Galpão, CEU das Artes, em uma escola municipal a escolha da Secretaria da Educação e no prédio do Lar Irmã Terezinha.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

2. b) Respostas pessoais.

Chame a atenção dos estudantes para o fato de que um projeto bem redigido apresenta essas respostas de maneira clara e objetiva.

De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolva nos estudantes o aprofundamento das “análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas”. Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social.

a) Copie-o no caderno, encontrando no projeto as respostas para as questões.

b) Em sua opinião, foi fácil encontrar essas respostas no texto do projeto? Elas estavam apresentadas de maneira clara?

Projeto como gênero textual

No cotidiano, é comum que as pessoas façam planos, tenham ideias e formulem intenções para o futuro. Também é natural que os frutos dessas ações sejam denominados como projetos ou projetos de vida . Tais projetos , no entanto, não podem ser confundidos com os documentos que representam instrumentos técnicos e estratégicos organizados de maneira a alcançar um produto como objetivo final. Esses projetos podem ser considerados um gênero textual, já que são organizados em determinada ordenação e estrutura e com características próprias.

O projeto cultural , por sua vez, respeita as características desse gênero textual – em especial, a sistematização de ações e procedimentos em etapas para a obtenção de um produto final –mas apresenta algumas especificações. A principal delas é ter como eixo central a cultura e as artes, propondo, assim, um produto que contemple as linguagens artísticas.

3. O projeto cultural apresentado foi inscrito no Programa de Ação Cultural do estado de São Paulo, mais conhecido pela sua sigla ProAC. Esse programa, como muitos outros de incentivo às produções culturais, une empresas patrocinadoras a produtores culturais que pretendem desenvolver um projeto. A empresa que patrocina um projeto aprovado pelo ProAC recebe de volta 100% do valor repassado na forma de desconto no ICMS, que é um imposto de competência estadual. Observe a imagem e leia o trecho a seguir para responder às questões.

■ Logotipo do ProAc SP.

Incentivar a produção artística é um dos pilares centrais da política cultural do Governo do Estado de São Paulo. Por meio de quatro programas de fomento, a Secretaria da Cultura apoia financeiramente a realização de projetos das mais variadas linguagens e vertentes, no intuito de contribuir para a renovação e diversidade artística, a preservação de expressões tradicionais, o resguardo do patrimônio material, a realização de pesquisas e projetos de formação cultural e, principalmente, o amplo acesso do público à cultura. […]

A fim de garantir a distribuição democrática dos recursos financeiros disponíveis, de maneira transparente e impessoal, todos os programas têm processos de seleção regulados por legislação própria, que busca promover a amplitude geográfica, a pluralidade de pensamento e qualidade no produto final ofertado ao público. As decisões são tomadas por comissões autônomas, formadas por especialistas nos diversos segmentos da cultura.

Além disso, quem recebe recursos dos programas de fomento tem a obrigação de prestar contas após a realização do projeto.

SÃO PAULO (Estado). Governo do Estado de São Paulo. Sobre [o ProAc SP]. [São Paulo]: Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo, [2024]. Disponível em: www.proac.sp.gov.br/sobre/. Acesso em: 14 set. 2024.

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

4. a) Respostas pessoais. É possível que alguns estudantes apontem que o título do projeto não consegue transmitir uma ideia geral do produto de maneira objetiva, especialmente porque não fica claro que o produto é uma apresentação teatral e, portanto, não coloca em evidência a área a qual pertence.

a) O texto explica que o ProAC apoia financeiramente a realização de projetos das mais variadas linguagens e vertentes. Em seguida, explica que isso é feito com o objetivo de contribuir para cinco ações relacionadas às artes. Cite cada uma delas.

b) Qual(is) das contribuições citadas anteriormente se relaciona(m) com a proposta feita pelo projeto cultural em análise?

c) De acordo com o texto, como é garantida a distribuição democrática, transparente e impessoal dos recursos financeiros disponíveis no Programa?

3. d) O projeto cultural, que é inscrito e analisado no processo de seleção.

d) Qual é o instrumento utilizado para a análise a fim de promover essa distribuição de recursos?

e) No projeto cultural lido, é possível perceber uma preocupação em prestar contas após a realização do projeto? Justifique a sua resposta.

As funções de um projeto cultural

A construção bem estruturada de um projeto cultural cumpre duas importantes funções:

• proporcionar aos avaliadores do projeto uma visão clara, objetiva, sequenciada e completa de todo o trabalho a ser realizado para se chegar ao produto almejado;

• proporcionar à equipe que propõe o projeto a possibilidade de sua execução ocorrer de maneira segura e mais próxima possível do previsto, por meio do acompanhamento do que foi proposto e da monitoração das etapas, do cronograma e do orçamento.

3. a) A renovação e diversidade artística, a preservação de expressões tradicionais, o resguardo do patrimônio material, a realização de pesquisas e projetos de formação cultural e, principalmente, o amplo acesso do público à cultura.

Composição e contexto do projeto cultural

4. Releia, a seguir, as informações apresentadas no item II.

IDENTIFICAÇÃO

DO PROJETO (OBJETO). A renovação e diversidade artística e o amplo acesso do público à cultura.

4. b) Resposta esperada: Espetáculo teatral infantil Yaga –Uma História Para Crianças Corajosas

Nome do Projeto: “Yaga – Uma História Para Crianças Corajosas”

Área: Artes Cênicas

Produto: Circulação do espetáculo infantil “Yaga – Uma História Para Crianças Corajosas” nos bairros da cidade de Pindamonhangaba.

AMPLIAR

Proponente

A pessoa ou instituição jurídica que propõe o projeto e o inscreve em um edital é conhecida como proponente. A depender de cada lei e de cada edital, são solicitadas diferentes informações para identificação do proponente.

3. c) Por meio da existência de processos de seleção regulados por legislação própria, nos quais as decisões são tomadas por comissões autônomas, formadas por especialistas nos diversos segmentos da cultura.

AMPLIAR

A perigo da falta de objetivo

5. c) No item III. OBJETIVOS.

a) Além de ser claro e objetivo, o título de um projeto não deve ser muito extenso. Em sua opinião, o título do projeto lido respeita essas características? Ele consegue transmitir uma ideia geral do que é o projeto? Justifique a sua resposta.

b) Caso você pudesse alterar o nome do projeto para que ele comunicasse melhor as suas intenções aos avaliadores, qual seria a sua sugestão?

5. Um dos itens mais considerados pelos avaliadores de um projeto são os objetivos que ele se propõe alcançar. Normalmente, esses objetivos podem ser divididos entre objetivo geral e objetivos específicos.

a) O objetivo geral de um projeto cultural corresponde a uma meta mais abstrata e abrangente do produto proposto. Qual é o objetivo geral proposto no projeto?

Fomentar e descentralizar o acesso à cultura e à arte.

b) Os objetivos específicos, por sua vez, são considerados mais concretos e normalmente correspondem às ações previstas para se alcançar o objetivo geral. Quais objetivos específicos você consegue encontrar no projeto? De que maneira eles auxiliam a equipe a alcançar o objetivo geral?

c) Em que item do projeto você encontrou essas informações?

Um objetivo mal definido, ambíguo ou difuso impede a clareza necessária para traçar as estratégias que deverão ser realizadas a fim de que o produto seja alcançado. A delimitação do objetivo deve facilitar a identificação dos esforços que precisam ser empregados para que a meta proposta seja alcançada tanto para o avaliador do projeto quanto para a equipe.

5. b) Objetivos específicos: 1. Realizar uma apresentação do produto teatral às crianças e aos adultos em uma unidade escolar, uma conjuntamente para os Lares Irmã Júlia e Irmã Terezinha (prédios anexos), uma no CEU das artes e outra no Teatro Galpão. 2. Apresentar workshops sobre “Brincadeiras populares”. Os dois objetivos específicos propõem atividades que fomentam a cultura e a arte e em locais que nem sempre têm acesso a isso.

Sim, no item XI. Detalhamento de custos.

6. O item incorreto é o I, já que a apresentação do release reforça, na verdade, a originalidade da obra, enquanto os desdobramentos futuros são tratados no item III, quando o projeto aborda a criação de um novo público.

7. a) A justificativa de que esses adultos podem resgatar a criança interior ao assistirem à peça ou participarem dos workshops.

6. Em um texto, toda justificativa pressupõe a apresentação de argumentos que possam sustentá-la e, no caso de um projeto cultural, pressupõe convencer o leitor da importância do investimento. No quadro a seguir, existem alguns argumentos que podem ser utilizados para esse propósito.

mérito do projeto diferencial do projeto originalidade do projeto ineditismo do produto relevância cultural do projeto

• Leia as afirmações a seguir e indique, no caderno, aquela considerada incorreta em relação aos argumentos apresentados pelo projeto em análise, justificando a sua resposta.

I. No item IV. JUSTIFICATIVA DO PROJETO, o argumento desdobramentos futuros é utilizado por meio da apresentação do release da peça.

II. No item III. OBJETIVOS, o argumento relevância cultural do projeto é evidenciado por causa da descentralização do acesso à cultura, e o argumento desdobramentos futuros é evidenciado por causa da prospecção de criação de um novo público.

III. No item IV. JUSTIFICATIVA DO PROJETO, o argumento originalidade do projeto é utilizado por meio da apresentação do release da peça.

IV. As justificativas acerca do que torna o produto e o resultado dele culturalmente relevante para a sociedade parecem ser mais bem apresentadas no item III, indicando assim uma fragilidade do projeto.

7. A noção de qual é o público-alvo a que uma produção se destina é muito importante em qualquer produção, o que não se difere em um projeto cultural. Obter o máximo de informação a respeito do público-alvo é essencial para planejar as ações de maneira eficiente.

a) O público-alvo do espetáculo Yaga – uma história para crianças corajosas são as crianças. No entanto, o projeto deixa claro que os adultos e, inclusive, os idosos também podem compor a plateia. Qual justificativa o documento utiliza para isso?

b) D e que maneira a apresentação para adultos é contemplada no projeto?

c) Qual é a estimativa de público feita para o projeto e como o proponente justifica esse cálculo?

A previsão do público-alvo

7. b) Nas apresentações programadas para ocorrer no prédio do Lar Irmã Terezinha. Os estudantes também podem responder que por meio dos adultos que irão acompanhar as crianças na peça teatral, o que é também considerada uma resposta correta.

A estimativa do público beneficiado pelo produto resultante do projeto cultural é um cálculo que auxilia a equipe a:

• pr ever a receita do projeto;

• c onvencer os potenciais patrocinadores sobre a relevância da ação;

• c onceder à comissão avaliadora de projetos submetidos a leis e editais de incentivo à cultura a informação de quantas pessoas serão beneficiadas pelo acesso ao produto.

8. Ao final do projeto cultural, são divulgados os currículos dos principais profissionais envolvidos na execução do projeto. Qual é a importância de apresentar essas informações à comissão avaliadora de projetos submetidos a leis e editais de incentivo à cultura?

7. c) 700 pessoas, cálculo feito por meio da somatória do número base de alunos das escolas de rede municipal (150 por período), dos lugares no Teatro Galpão (221) e do espaço que o CEU das Artes comporta (150-200).

8. É importante provar aos avaliadores que a equipe proponente tem a formação e a experiência exigidas para a execução do que o projeto se propõe.

PAOLA
YUU

9. d) 8 meses, dos quais 3 meses serão utilizados para a circulação do espetáculo. Respostas pessoais. É interessante que os estudantes percebam que antes e depois do espetáculo muitas atividades precisam ser desenvolvidas. Além disso, atividades são desenvolvidas concomitantemente.

9. Um projeto cultural deve estipular um prazo previsto para ser realizado, e suas atividades devem ser situadas ao longo desse período.

a) No projeto cultural lido, qual instrumento é utilizado para organizar as atividades em uma sequência temporal?

Um cronograma, apresentado no item X. CRONOGRAMA DO PROJETO.

b) Em que momento as atividades que serão apresentadas nesse instrumento são listadas pela primeira vez no projeto?

No item V. ESTRATÉGIA DE AÇÃO.

c) O instrumento utilizado para organizar as atividades em sequência temporal está dividido em que unidade de medida?

Em meses.

d) Qual é o período de realização do projeto? Desse período, quanto tempo será utilizado para a apresentação do espetáculo teatral? Esse tempo surpreendeu você? Por quê?

10. Todo projeto cultural tem um ciclo de vida, que pode ser resumido no diagrama a seguir.

1. Elaboração: confirmação de locais e datas para as apresentações e oficinas. Preparação de material gráfico para divulgação por meio de mídias sociais e materiais impressos. Plano de divulgação do projeto por meio de mídias sociais e mídias tradicionais.

2. Execução: circulação do espetáculo nos locais selecionados. Realização das oficinas.

3. Prestação de contas: separação de material, prestação de contas e relatórios.

4. Encerramento: agradecimentos e avaliação. Divulgação de resultados em mídias sociais. Separação de material, prestação de contas e relatórios.

Fonte: INSTITUTO ALVORADA BRASIL. Projetos culturais: como elaborar, executar e prestar contas. Brasília, DF: Instituto Alvorada Brasil: Sebrae Nacional, 2014. p. 23. Disponível em: https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/ bds.nsf/61942d134ba32ed4c25a6439578715ce/$File/5443.pdf. Acesso em: 14 set. 2024.

• Retome o cronograma do projeto cultural lido e escreva, no caderno, as sete estratégias de ação nele listadas nas quatro fases do ciclo de um projeto.

11. Contrapartida é a denominação dada às ações executadas pelo proponente como retorno para a sociedade e para os patrocinadores do investimento oferecido para a execução do projeto.

a) Qual contrapartida o projeto lido se propõe a oferecer?

b) D e que maneira as ações propostas como contrapartida oferecem um retorno à sociedade e aos patrocinadores?

AMPLIAR

Um orçamento real

Para que um projeto cultural garanta a execução do que se propõe, é essencial que um plano financeiro seja feito e que todas as possíveis despesas sejam listadas de maneira realista e com coerência em relação aos valores do mercado. Um orçamento mal elaborado pode atrapalhar a avaliação do projeto e a negociação com patrocinadores, além de causar problemas ao final do ciclo, especialmente no momento de prestação de contas.

11. a) Dois workshops de brincadeiras populares: um no Bosque da Princesa e outro no Parque da Cidade. 11. b) Como retorno à sociedade, as ações oferecem oficinas voltadas ao público-alvo do projeto; como retorno aos patrocinadores, essas oficinas valorizam a cultura popular, um dos objetivos do ProAC.

12. a) No release, a apresentação do título com o nome da personagem é seguido de um parágrafo que tem como referente “a menina”, o que faz o leitor retomar o nome Yaga, acreditando que seja uma das crianças protagonistas das aventuras. Na sinopse, o primeiro parágrafo do texto evidencia que Yaga é a bruxa da história.

A linguagem do texto

12. b) Pode-se afirmar que seja a bruxa, pois, na sinopse, bruxa é adjetivo anteposto a Yaga, o que evidencia essa qualidade da personagem. Em contrapartida, o release não indica quem é Yaga.

12. Releia o item release do projeto e, em seguida, leia a sinopse a seguir sobre a obra, apresentada em um jornal de circulação on-line. Peça ‘Yaga – Uma história para crianças corajosas’ traz suspense, aventura e magia para o Sesi de Suzano nesta sexta Inspirada em brincadeiras tradicionais, o espetáculo apresenta uma aventura cheia de desafios, suspense e magia.

Nesta sexta-feira (30), às 14h, a bruxa Yaga convida o público para entrar no misterioso mundo do antigo conto russo ‘Vasalisa, a sabida’ no Sesi de Suzano, com a peça ‘Yaga – Uma história para crianças corajosas’. A classificação do espetáculo é livre e as entradas podem ser reservadas pelo sistema Meu Sesi.

As fantasiosas lentes do olhar infantil junto às possibilidades lúdicas de um quintal conduzem as personagens do espetáculo a uma aventura cheia de desafios, suspense e magia.

Na história, elas entram a floresta escura rumo à casa da bruxa Baba Yaga, que guarda o fogo especial, encantado e misterioso do qual tanto precisam.

A peça é inspirada nas brincadeiras tradicionais de crianças, buscando na beleza e no desafio do brincar uma fonte de possibilidades, onde o mítico e o real se misturam em um jogo teatral, expondo a qualidade das crianças em crer em sua verdade no momento do brincar.

PEÇA ‘Yaga – Uma história para crianças corajosas’ traz suspense, aventura e magia para o Sesi de Suzano nesta sexta. G1, Mogi das Cruzes, 30 nov. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/mogi-das-cruzes-suzano/noticia/2018/11/30/peca -vasalisa-a-sabida-traz-suspense-aventura-e-magia-para-o-sesi-de-suzano-nesta-sexta.ghtml. Acesso em: 14 set. 2024.

a) Há uma ambiguidade na interpretação de quem seja a personagem principal da história, considerando o release e a sinopse. Explique essa ambiguidade.

b) Considerando o conteúdo do texto, quem seria, de fato, Yaga? Explique como chegou a essa conclusão, com base na construção do texto.

13. O título da peça, Yaga: uma história para crianças corajosas, permite que o espectador compreenda que a palavra Yaga se relaciona diretamente à palavra história. Trata-se, portanto, da história de Yaga – que se destina a crianças corajosas. Considere a afirmação anterior e a sinopse apresentada na questão 12.

• Descreva como é feita a definição da história de Yaga no título do espetáculo e explique o objetivo dessa estruturação.

Esse tipo de construção torna o texto mais conciso e ajuda a evitar ambiguidades, ao mesmo tempo que amplia a informatividade do texto com detalhes que podem ser essenciais para a compreensão da mensagem.

Aposto

Aposto é um termo acessório da oração, que serve para explicar, especificar, identificar ou detalhar outro termo ao qual está ligado na mesma sentença. Ele pode ser constituído por uma palavra ou expressão e geralmente vem separado do restante da frase por vírgulas, traços, travessões ou dois-pontos. O aposto não altera o sentido da oração, mas adiciona informações que enriquecem o conteúdo e facilitam a compreensão.

13. Após o nome Yaga, aparece um traço e a descrição da característica da história. Essa estrutura tem a finalidade de detalhar e explicar quais são as características da história que será contada e, por consequência, da bruxa Yaga. Do ponto de vista do objetivo, essa escolha no título tem entre os principais objetivos dar mais informações para o leitor sobre o tema da peça.

DIÁLOGOS

O incentivo público aos projetos culturais

O gênero projeto cultural tem como objetivo propor uma ação relacionada à arte e à cultura para ampliar o acesso democrático a esses bens culturais, direito previsto na Constituição brasileira. Para viabilizar esses projetos, há subsídios financeiros governamentais que são partes importantes de políticas públicas de fomento a essa democratização. A seguir, será apresentado um trecho de um artigo de opinião sobre a Lei Rouanet, uma das principais legislações com a finalidade de subsidiar projetos culturais no Brasil.

Lei Rouanet entre críticas e o impulso à economia criativa

Por Geciane Porto, professora titular da Faculdade de Economia e Administração de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP

A Lei Rouanet tem despertado discussões frequentes e fortes críticas, em parte pela falta de transparência no processo de aprovação, pela ocorrência de captação dos recursos por parte de artistas já consolidados e pelas dificuldades enfrentadas por parte de artistas emergentes para conseguirem aprovação das suas propostas.

Estas são situações que incomodam tanto a sociedade quanto parte do meio artístico, e a redução ou mesmo solução de boa parte destas críticas não são complexas, pois ampliar a transparência em cada uma das fases do processo fortalecerá o programa diante da sociedade, dos artistas que se candidatam e dos órgãos de controle. Mas vamos procurar entender um pouco melhor este cenário. Em primeiro lugar é importante se contextualizar que a Rouanet é um mecanismo de incentivo fiscal à cultura, por meio do qual os artistas ou membros da sua equipe submetem um projeto cultural que, ao ser aprovado, permite que empresas que possuem impostos a pagar destinem uma parte destes valores para patrociná-lo.

Assim os proponentes (pessoas ou artistas que tiveram projetos aprovados) têm autorização de captar os recursos junto a empresas, em geral de grande porte. Neste ponto, surge uma situação, em que muitas empresas preferem apoiar projetos de artistas já renomados para assim associar suas marcas enquanto patrocinadores a artistas ‘famosos’. É neste ponto que surge uma das críticas mais ácidas, que a Rouanet financia artistas famosos. Porém, há de se entender o contexto empresarial que tem a liberdade de escolher qual projeto vai patrocinar e, na maioria dos casos, os artistas emergentes acabam sendo preteridos.

Um desdobramento desta restrição é a dificuldade que muitos artistas emergentes e/ou aqueles que estão em fases iniciais da carreira têm em aprovar os projetos no âmbito da Lei Rouanet. Isso se deve pela falta de experiência e/ou conhecimentos sobre elaboração de projetos, falta de recursos financeiros para contratar equipe de suporte para acessar empresas. Esta limitação pode ser minimizada com cursos on-line sobre o passo a passo para preparar propostas, uma vez que a falta de pessoal especializado na redação de projetos, ou melhor as restrições financeiras que um artista iniciante enfrenta os impedem de contratar profissionais que os auxiliem na elaboração de

projetos competitivos, levando a baixa taxa de aprovação por parte deste grupo que deveria ser um dos focos do programa. Uma medida mais contundente para ampliar o acesso de artistas emergentes é o estabelecimento de percentuais de aprovação das propostas vinculadas ao tempo de carreira e/ ou abrangência artísticas. Assim, poderia ser criado um limite para o montante total dos valores dos projetos aprovados para artistas consolidados, e um limite mínimo para o número e montante de recursos para artistas emergentes.

Em ambos os casos, a ampliação dos mecanismos de transparência de todas as etapas da Rouanet auxiliaria fortemente na redução das críticas e muito provavelmente contribuirá para um maior entendimento por parte da sociedade dos mecanismos deste incentivo fiscal.

Há, no entanto, um outro conjunto de críticas por parte de uma parcela da sociedade que não percebe ‘valor’ no investimento que a Lei Rouanet possibilita. Esta falta de sensibilidade pode estar associada à falta de valorização das artes e dos movimentos artísticos como um todo.

Quando um artista ou um coletivo realiza um espetáculo, uma exposição de arte, um show etc., além dos benefícios de viabilizar o acesso à arte para os integrantes da sociedade, há um benefício econômico, que em geral não é percebido. Este benefício decorre do que se denomina economia criativa. Associado a toda ação artística há uma cadeia produtiva que é demandada para a realização das atividades artísticas. Há um conjunto enorme de pessoas, que não são os artistas, mas são profissionais que trabalham diretamente e indiretamente nas diferentes etapas necessárias para se viabilizar, por exemplo, um espetáculo, uma exposição, um show. Há a geração de emprego para aqueles profissionais que estão diretamente envolvidos como produtores, cenógrafos, coreógrafos, montadores, equipe de som, assessores de imprensa, profissionais de mídia etc., como também aqueles que realizam atividades indiretas de suporte como transporte e logística, segurança, limpeza e alimentação. E ainda temos a geração de renda nas localidades devido ao turismo cultural, o qual pode inclusive transformar ou no mínimo fortalecer a economia local. Esta geração de emprego e renda associada à economia criativa necessita ser mensurada para se quebrar as restrições e preconceitos associados aos investimentos na área de artes.

PAOLA YUU

1. No início do texto, a articulista indica quais são as três principais críticas que a Lei Rouanet costuma receber.

a) Quais são elas?

1. a) A falta de transparência no processo de aprovação; 2. a ocorrência de captação dos recursos por parte de artistas já consolidados; 3. as dificuldades enfrentadas por parte de artistas emergentes para conseguirem aprovação das suas propostas.

b) A articulista concorda com as três críticas? Justifique a sua resposta.

c) Quais argumentos a articulista utiliza para contestar as críticas com as quais não concorda?

2. Leia novamente o trecho a seguir.

1. b) Não. Ela concorda apenas com a falta de transparência, inclusive afirma que “ampliar a transparência em cada uma das fases do processo fortalecerá o programa diante da sociedade, dos artistas que se candidatam e dos órgãos de controle”.

Em primeiro lugar é importante se contextualizar que a Rouanet é um mecanismo de incentivo fiscal à cultura, por meio do qual os artistas ou membros da sua equipe submetem um projeto cultural que, ao ser aprovado, permite que empresas que possuem impostos a pagar destinem uma parte destes valores para patrociná-lo.

2. a) Significa que é uma lei que permite o incentivo financeiro à área cultural por meio da destinação do valor que empresas pagariam em impostos para essa área.

a) O que significa a lei Rouanet ser um “incentivo fiscal à cultura”?

b) Qual é a importância da elaboração de um projeto cultural para conseguir o incentivo da Lei Rouanet?

É por meio do projeto cultural que as empresas avaliam quais propostas serão patrocinadas.

3. Qual é a relação da economia criativa com a lei Rouanet?

REFLETIR E ARGUMENTAR

Aproveite os conhecimentos adquiridos por meio da análise do projeto cultural e do artigo de opinião para discutir com a turma as questões a seguir, compartilhando as suas opiniões de maneira respeitosa.

• No início do artigo “Lei Rouanet entre críticas e o impulso à economia criativa”, a articulista apresenta as três principais críticas a essa lei de incentivo fiscal. Você concorda com elas? Por quê?

• Você conhecia as informações apresentadas no artigo acerca da Lei Rouanet? A leitura do texto alterou sua opinião de alguma maneira ou reforçou suas crenças anteriores? Explique.

• Em sua opinião, o acesso que você possui à cultura – cinema, museus, bibliotecas, teatros etc. – poderia ser melhorado de alguma maneira? Compartilhe as suas impressões com os colegas.

• As leis de incentivo à cultura apoiam o trabalho de muitos artistas. Como possível público, você também se sente apoiado por essas leis? Explique sua resposta. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reflitam sobre a importância das leis que incentivam as ações de contrapartida como retorno do investimento à sociedade, especialmente com apresentações gratuitas e em locais mais distantes dos centros urbanos.

Respostas pessoais. É importante que os estudantes percebam que o acesso à cultura envolve não só o aspecto financeiro, mas também uma série de aspectos, por exemplo: locomoção, tempo livre, divulgação, entre outros.

1. c) Para contestar as críticas com as quais não concorda, a articulista utiliza justamente a transparência, explicando melhor ao leitor como se dão os processos da Lei Rouanet. Em relação à crítica 2, ela explica que é uma decisão das empresas querer apoiar artistas já renomados, é uma liberdade dada aos patrocinadores portanto. Em relação à crítica 3, ela explica que os artistas iniciantes normalmente apresentam falta de experiência e/ou conhecimentos sobre elaboração de projetos, além de não contar com recursos financeiros para contratar equipe de suporte para acessar empresas.

3. As leis de incentivo à cultura – como é o caso da Lei Rouanet –impulsionam a economia criativa, ou seja, a cadeia produtiva formada por vários profissionais que trabalham na ação artística patrocinada. A geração de renda contempla artistas, pessoas que trabalham para esses artistas e até mesmo as localidades que recebem as obras patrocinadas.

Respostas pessoais. Se necessário, incentive os estudantes a perceber que duas dessas críticas são contestadas pela articulista.

Respostas pessoais. Incentive os estudantes a pensar sobre a importância de pesquisar informações confiáveis acerca de um tema para poder argumentar sobre ele.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

ESTUDO DA LÍNGUA

1. a) O efeito de humor está na discussão do benzimento ou não de um cachorro. Espera-se que os estudantes exponham sua opinião e discutam para além do efeito de humor e comentem como também pode ser identificada uma questão moral envolvendo a igreja católica, na figura do padre.

Sintaxe da oração e do período

Estudar a sintaxe de uma língua é uma forma de ampliar a compreensão de textos verbais em língua portuguesa porque essas estruturas formam a base de como os falantes de uma língua se organizam para expressar suas falas e escritas. Nesta seção, serão abordados os conceitos de oração e período, para ampliação da compreensão de como seus elementos funcionam dentro do texto, além das relações com outras partes dele. O estudo dessas estruturas gramaticais fortalece a habilidade de se expressar com clareza e de entender melhor os textos que são lidos no cotidiano.

Oração e período

1. b) “Então fica tudo na paz do Senhor, com cachorro benzido e todo mundo satisfeito.” Essa fala de João Grilo já indica que a resolução pacífica está prestes a ser aceita por todos. A fala final do padre, “Digam ao major que venha. Eu estou esperando”, indica o tom de aceitação da resolução pacífica.

1. Releia um trecho do texto teatral Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna.

PADRE , a Chicó.

Você o que é que acha?

CHICÓ

Eu não acho nada de mais.

PADRE

1. c) Nesse trecho, o padre coloca sua opinião na primeira parte “Não vejo mal nenhum” para, em seguida, detalhar em que ele não vê nenhum mal: “em abençoar as criaturas de Deus”. Assim, é importante usar mais de uma oração para desenvolver sua ideia e afirmar sobre o que ele está falando. Esse detalhamento evita duplo sentido e evidencia a opinião do padre como uma figura de autoridade.

Nem eu. Não vejo mal nenhum em abençoar as criaturas de Deus.

JOÃO GRILO

Então fica tudo na paz do Senhor, com cachorro benzido e todo mundo satisfeito.

PADRE

Digam ao major que venha. Eu estou esperando. Entra na igreja.

a) O que provoca um efeito de humor no texto? Expresse seu ponto de vista sobre o acontecimento em foco.

b) O trecho apresenta também a aceitação e a resolução pacífica da situação. Selecione o trecho do texto que as expressa e explique como elas ocorrem.

c) No trecho “Não vejo mal nenhum em abençoar as criaturas de Deus”, o padre detalha sua opinião reformulada. Do ponto de vista do uso linguístico, descreva a importância de o padre dar primeiro a própria opinião para, em seguida, explicar a que ela se refere.

No trecho lido, é possível verificar que a fala do padre é composta de mais de uma forma verbal, vejo e abençoar. É fundamental que o padre explique que, na sua concepção – reformulada após descobrir a suposta tutoria do animal –, os cachorros também são filhos de Deus e merecem a benção. Assim, para essa explicação, esse trecho é composto de duas orações, formando um período composto.

Oração: termos essenciais e acessórios

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Oração é a menor unidade de sentido completo em uma frase. É composta de uma estrutura gramatical que contém, no mínimo, um verbo ou uma locução verbal e expressa uma ideia completa ou parcial. Seus termos essenciais são sujeito e predicado; além disso, pode conter também termos acessórios , como objetos, adjuntos e complementos. A oração pode existir de forma independente, constituindo uma frase completa, ou pode estar inserida em um contexto maior, fazendo parte de um período.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

Não vejo mal nenhum

Oração 1

em abençoar as criaturas de Deus

Oração 2

Não vejo mal nenhum em abençoar as criaturas de Deus

Período composto

Período

Período é uma unidade sintática composta de uma ou mais orações que, juntas, formam um enunciado completo, com sentido pleno. Quando o período contém apenas uma oração, é chamado de período simples; se contém duas ou mais orações, é denominado período composto. Em textos, o período é delimitado por sinais de pontuação como o ponto-final, o ponto de exclamação ou o ponto de interrogação.

Ordem direta e ordem inversa da oração – efeitos de sentido

A ordem das palavras em uma oração pode variar, resultando em diferentes formas de organizar o enunciado.

2. Releia um trecho de Mulher também faz cordel, de Salete Maria da Silva.

O folheto de cordel

Que o povo tanto aprecia

Do singelo menestrel

À mais nobre Academia

Do macho foi monopólio

Do europeu foi espólio

Do nordestino alforria

2. a) Ordem correta: II, I e III.

O texto discute o cordel do ponto de vista masculino (o macho), do ponto de vista eurocêntrico (europeu) e do ponto de vista do nordestino. Esses múltiplos ângulos ampliam a discussão do que é um cordel e como o folheto funciona para cada um desses recortes sociais.

2. b) Ao situar “O folheto de cordel” no primeiro verso, esse assunto é topicalizado, aparecendo em destaque e tornando-se referência para o que vem depois no texto. A escolha fez com que o cordel fosse o tópico e tudo que vem em seguida é um comentário sobre o cordel.

a) Os versos descrevem as características de um folheto de cordel. Nesse trecho, o leitor identifica como o cordel é notado de diferentes ângulos sociais. No caderno, relacione quais são esses ângulos e suas características sociais, indique a sequência correta das lacunas e justifique sua resposta.

I. Machismo

II. Eurocêntrico

III. Nordestino

( ) O cordel como herança e tradição.

( ) O cordel como voz exclusiva desse gênero.

( ) O cordel como liberdade.

b) Do ponto de vista da organização textual, como se pode justificar a visibilidade que é dada ao cordel no trecho?

c) Agora, observe as palavras dos três últimos versos, monopólio, espólio e alforria. Aponte como esses elementos no final do texto são responsáveis pela criticidade do texto.

Ordem direta e ordem inversa

A ordem direta é a estrutura mais comum e usual da frase, em que os termos aparecem na sequência tradicional: sujeito, verbo e complementos. Por exemplo, na frase “O povo aprecia tanto o folheto de cordel”, o leitor encontra uma construção na ordem direta, com sujeito (O povo), verbo (aprecia) e complemento (o folheto de cordel).

Já a ordem inversa ocorre quando essa sequência padrão é alterada por razões estilísticas – ênfase ou efeitos de sentido. Um exemplo de ordem inversa seria os versos do cordel “O folheto de cordel / Que o povo tanto aprecia”, em que os complementos e o sujeito foram deslocados de suas posições tradicionais. A ordem inversa é frequentemente utilizada em textos que buscam conferir maior expressividade ao discurso, destacando determinados elementos da frase.

2. c) Diferente de topicalizar no início do verso ou do texto, como ocorre com o folheto de cordel, as palavras no final colocam em evidência a crítica social que é exposta pelo poema. É pela inversão da ordem e pela posição dessas palavras no final dos versos que a crítica é reforçada com o apoio das rimas na estrofe, que segue o esquema ABABCCB.

3. a) O texto coloca a cultura oral como a única forma de a mulher se ver introsada. Aqui, ao denunciar o machismo e a falta de vida pública da mulher, o texto atribui à oralidade a função de recurso responsável por situar a presença feminina nos espaços.

3. b) Ao marcar a oralidade como uma forma de expressão, a mulher acaba colocando-se mais próxima do cordel, gênero textual literário que tem entre suas características o tom coloquial e o uso de expressões mais recorrentes no texto. O cordel aproveita recursos da linguagem oral, possivelmente por ser um gênero que circula também oralmente.

3. Releia os versos 43 a 49 do cordel de Salete Maria da Silva e responda às questões a seguir.

a) Entre as representações desse trecho, a cultura oral ganha destaque. Recupere como esse tema é apresentado e discuta a posição da mulher em relação à oralidade.

b) Ainda sobre a oralidade, discuta como o contato com esse elemento pode ser traduzido de modo metaficcional – ou seja, o próprio texto indicando seus recursos de composição – no cordel enquanto gênero textual literário.

c) Agora, releia os três últimos versos da estrofe. Nesse trecho, há uma construção com o recurso da ordem inversa. Com base nessa afirmação, discuta o efeito de sentido provocado pela inversão linguística nessa etapa do texto.

Quando uma informação é comunicada no início do texto, o enunciador está, deliberadamente, colocando-a em uma posição de destaque. Assim, quando o cordel altera a ordem direta e apresenta a cultura oral no início dos versos lidos, isso faz com que o leitor perceba a cultura oral como o elemento central do que virá no poema.

Topicalização

3. c) Ao usar a ordem inversa, o texto assegura o destaque à cultural oral e, ao mesmo tempo, à musicalidade dos versos. Nesse trecho, as rimas colocam em destaque as características do texto de cordel. Assim, entre as características da ordem inversa, é possível constatar a inversão para assegurar a musicalidade.

Topicalização é o processo de colocar um termo ou uma informação específica no início de uma frase ou de um parágrafo para dar destaque a ele e chamar a atenção do leitor. O aposto é comumente classificado entre sete tipos: explicativo, distributivo, enumerativo, comparativo, resumidor, especificativo e aposto de oração. Aqui, serão abordados os apostos explicativo, enumerativo, resumidor e especificativo. Para aprofundar o conteúdo sobre aposto distributivo, comparativo e aposto de oração, veja sugestões didáticas nas Orientações para professor

Tipos de aposto

Anteriormente, foi abordado como o aposto se constrói em títulos, destaca a informação e pode até gerar ambiguidades. Agora, serão apresentados alguns tipos de aposto.

4. Releia, a seguir, o título da subseção IX do projeto cultural da área de Artes Cênicas.

Ao detalhar as atividades, o texto informa para os leitores quais serão as etapas e previsões daquilo que acontecerá no projeto. Como ele passará por uma etapa de avaliação, é importante que o leitor tenha essa visibilidade e consiga entender em mais detalhes as atividades do projeto antes de aprová-lo.

IX - QUADRO GERAL DAS ATIVIDADES DO PROJETO (apresentações previstas, lançamentos, oficinas, workshops, exibições, cursos etc.)

a) O trecho tem como objetivo apresentar as atividades envolvidas em todo o projeto. Explique a importância desse detalhamento para a estrutura textual do projeto e seu propósito.

b) Do ponto de vista linguístico, explique como o detalhamento é construído no título.

O recurso de enumeração dentro do texto facilita a compreensão do leitor, evitando ambiguidades e tornando o conteúdo mais direto e acessível. Essa construção é feita pelo aposto enumerativo.

Aposto enumerativo

O aposto enumerativo é um termo que enumera ou lista os elementos que explicam ou detalham um termo anterior na frase. Ele é geralmente separado por dois-pontos, travessões ou parênteses. Seu uso desempenha papel importante na clareza dos textos, pois permite a organização e o detalhamento de informações de maneira precisa e estruturada. Além disso, o aposto enumerativo ajuda a dar ênfase e destaque aos detalhes, o que pode enriquecer a argumentação e o desenvolvimento de ideias, tornando a comunicação mais eficiente e completa. Essa estrutura é especialmente útil em textos descritivos ou informativos, em que é importante apresentar uma sequência de itens ou de características.

4. b) Com o uso dos parênteses, o texto enumera as atividades que podem aparecer nesse quadro: “(apresentações previstas, lançamentos, oficinas, workshops, exibições, cursos etc.)”. Por meio da enumeração de itens disponíveis, o texto consegue dizer ao leitor quais atividades aparecerão listadas nesse item. Além disso, há vírgulas entre os substantivos que nomeiam os itens.

5. a) Mesmo sendo um artista renomado e conhecido, de acordo com a notícia, J. Borges demonstra um vínculo com Bezerros por ser a cidade onde nasceu, viveu toda sua vida e faleceu. O trecho constrói uma ideia do multiculturalismo mesclando a importância artística de J. Borges, ao passo que o seu espaço é marcado por uma cultura local.

5. Leia o trecho da notícia sobre o cordelista e xilógrafo J. Borges.

J. Borges, artista e poeta pernambucano, morre aos 88 anos

Artista morreu nesta sexta-feira (26), na casa onde morava na cidade de Bezerros, no Agreste.

J. Borges, xilogravurista, poeta e cordelista pernambucano, morreu na manhã desta sexta-feira (26), aos 88 anos, em Bezerros, no Agreste de Pernambuco, onde ele nasceu e viveu toda sua vida. A informação foi confirmada pelo filho do artista, Pablo, ao g1.

FREITAS, Everton. J. Borges, artista e poeta pernambucano, morre aos 88 anos. G1, Caruaru, 26 jul. 2024. Disponível em: https://g1. globo.com/pe/caruaru-regiao/noticia/2024/07/26/morre-xilogravurista-pernambucano-j-borges.ghtml. Acesso em: 15 set. 2024.

a) O trecho destaca a grandiosidade do artista, ao mesmo tempo que marca a importância de Bezerros, cidade de origem de J. Borges. Descreva como é construída a relação do artista com a sua cidade.

b) Descreva o que o leitor pode inferir sobre a vida e a obra de J. Borges com base na informação de que ele viveu toda a sua vida em Bezerros e ainda assim é um artista conhecido mundialmente.

c) E xplique como é realizado o uso do aposto no trecho e na abertura da notícia: J. Borges, xilogravurista, poeta e cordelista pernambucano

Aposto explicativo

5. b) Com base nesse trecho, o leitor é capaz de inferir que a obra de J. Borges pode ter sido influenciada por suas raízes e pela cultura local de Bezerros, no Agreste de Pernambuco. Essa presença reforça a capacidade do artista em transformar o local em universal.

Aposto explicativo é um tipo de aposto que tem a função de explicar, esclarecer ou acrescentar uma informação adicional sobre um termo da oração, geralmente identificando-o e especificando-o melhor. Ele é sempre destacado por sinais de pontuação, como vírgulas, travessões ou parênteses.

6. c) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes discutam a relação entre a ênfase e a repetição. No caso do trecho lido, o texto não fica repetitivo porque o uso do aposto está à serviço da construção do contexto.

6. Leia o trecho de uma notícia sobre um item de alimentação que é um exemplo de cultura imaterial brasileira.

5. c) A explicação de quem foi J. Borges acontece com o uso de vírgulas, logo após o sintagma nominal com o nome do artista. Por meio desse recurso, o jornalista apresenta as manifestações artísticas que fizeram parte da vida do artista e esclarece quem ele foi e sua expressividade para a cultura brasileira, especificamente a pernambucana.

Queijo de búfala, tesouro da Ilha do Marajó, ganha mercado no país

Envolta por um mar de águas, a Ilha do Marajó, no Pará, guardava um segredo que, aos poucos, ultrapassa os limites do arquipélago e chega a outras regiões do país. O queijo do Marajó, produzido com leite de búfala desde o início do século 20, é premiado, apreciado por turistas e moradores, mas, até 2020, ainda não podia ser comercializado fora do estado.

GROSSI, Flávia. Queijo de búfala, tesouro da Ilha do Marajó, ganha mercado no país. Agência Brasil, Rio de Janeiro, 15 nov. 2022. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-11/ queijo-de-bufala-tesouro-da-ilha-do-marajo-ganha-mercado-no-pais-0. Acesso em: 15 set. 2024.

a) O texto apresenta um patrimônio imaterial e gastronômico da cultura do Brasil, o queijo da Ilha do Marajó. Tendo isso em vista, comente como esse trecho do texto caracteriza o queijo do Marajó.

b) O aposto do Marajó contribui para a contextualização do texto, determinando o lugar de origem. Isso é reforçado em mais de um momento do texto. Aponte como o uso do aposto do Marajó é importante para esse trecho do texto.

c) Em sua opinião, a repetição do aposto do Marajó deixa o texto repetitivo? Justifique sua resposta. 6. a) De acordo com esse trecho do texto, o queijo do Marajó é tido como um “tesouro”, que é premiado e apreciado por turistas e moradores locais. Essa imagem reforça a ideia do queijo como destaque do patrimônio gastronômico do Brasil.

6. b) O aposto do Marajó indica que o queijo de búfala mencionado no texto é originário da Ilha do Marajó. Ao fazer essa escolha linguística, o texto ajuda o leitor a entender que o produto tem uma identidade regional específica e uma ligação cultural com o local. Assim, em vez de tornar o texto repetitivo, o uso do aposto mais de uma vez faz o texto dar ênfase à origem do produto.

Conforme analisado, ao usar do Marajó, o texto distingue esse queijo de outros queijos de búfala que podem existir em diferentes regiões. Portanto, o aposto é essencial para identificar de forma precisa o produto e associá-lo diretamente à sua procedência geográfica, ressaltando a importância e a singularidade do queijo como um “tesouro” local que está ganhando reconhecimento nacional. Assim, nesse trecho, o aposto especifica a localidade de origem.

No trecho “Queijo de búfala, tesouro da Ilha do Marajó, ganha mercado no país”, o termo do Marajó funciona como um aposto especificativo. Esse aposto tem a função de delimitar e especificar o tipo de queijo de búfala ao qual o texto se refere, indicando claramente sua origem na Ilha do Marajó.

Aposto especificativo

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

O aposto especificativo é um termo que especifica, define ou identifica melhor o substantivo a que se refere, especificando o significado do termo anterior. Diferentemente de outros tipos de aposto, ele não é separado por vírgulas, travessões ou parênteses na oração.

7. Leia um trecho do poema “Coração nordestino”, do poeta cearense Bráulio Bessa (1985-).

Estão corretos os itens I, III e IV. Em II, o poema descreve a mudança como “inesperada,”

algo planejado e calmo. Em V, o poema menciona explicitamente

“benzedeira benzer” que está ligada à proteção espiritual e à cura, ao contrário do que a alternativa sugere.

Coração nordestino

1 As conversas de calçada,

2 os causos de assombração,

3 em riba de um caminhão

4 a mudança inesperada,

5 galinha bem temperada

6 sem usar tempero fino,

7 quebranto forte em menino

8 pra benzedeira benzer.

9 Tudo isso faz bater

10 um coração nordestino.

BESSA, Bráulio. Coração nordestino.

a) O texto constrói uma identidade nordestina. Com base nisso, selecione as alternativas que descrevem corretamente essa relação no poema.

I. O poema retrata elementos da vida prosaica, como conversas na calçada, histórias de assombração e práticas culturais, como a presença da benzedeira.

II. A mudança mencionada no poema é descrita como esperada e bem planejada, sendo realizada com calma e organização.

III. O poema sugere que, mesmo sem o uso de temperos finos, a culinária nordestina, como a galinha temperada, mantém um sabor autêntico e marcante.

IV. O texto destaca a importância dos causos de assombração como um modo de manter viva a tradição oral no Nordeste.

V. Apesar de mencionar a benzedeira, o poema não explora a ideia de proteção espiritual ou de cura, focando mais nos aspectos materiais e cotidianos da vida nordestina.

b) Com um colega, recupere a identidade nordestina construída no poema e discuta como essa representação dialoga com outros textos que vocês conhecem. Caso você seja nordestino, traga elementos de sua vivência e compare-os também à representação do poema.

7. b) Respostas pessoais. O poema constrói o nordestino como aquele que é permeado pela fé (benzedeira), marcado pela tradição culinária e pelo estilo de vida. Além disso, os fatores inesperados da vida, como as mudanças, também aparecem no texto. Toda essa arquitetura de significado pode dialogar com algumas representações literárias.

In: BESSA, Bráulio. Poesia que transforma . Rio de Janeiro: Sextante, 2018. E-book
LUIS MATUTO

Veja respostas e comentários nas Orientações

c) Releia os últimos versos do poema “Tudo isso faz bater / um coração nordestino”. Selecione as alternativas que explicam corretamente como o termo tudo funciona nesse trecho.

I. O uso de tudo no final do poema limita-se apenas aos elementos materiais, como a mudança e a galinha temperada, deixando de lado as práticas culturais e espirituais mencionadas anteriormente.

II. O tudo no verso final abrange todos os elementos mencionados ao longo do poema, sugerindo que cada aspecto da cultura e do cotidiano descrito contribui para formar e fortalecer a identidade do coração nordestino.

III. Tudo resume e enfatiza a soma dos elementos descritos no poema, desde as histórias de assombração até a bênção da benzedeira, indicando que esses componentes juntos são essenciais para o pulsar de um coração nordestino.

IV. O tudo no trecho final refere-se exclusivamente às dificuldades enfrentadas pelo povo nordestino, ignorando as tradições e os aspectos culturais positivos mencionados ao longo do poema.

V. O tudo no final do poema é usado de forma exagerada, sugerindo que qualquer aspecto da vida nordestina, independentemente de sua importância, contribui igualmente para a identidade cultural da região.

Aposto resumidor

O aposto resumidor é um termo que resume ou sintetiza os elementos citados anteriormente na frase. Geralmente, aparece após uma lista ou uma enumeração e é introduzido por palavras como tudo, todos , nada , isso, aquilo, entre outras. Ele agrupa diversos elementos citados anteriormente, dando uma ideia geral ou conclusiva sobre eles. O aposto resumidor é útil em textos porque evita a repetição e facilita a compreensão, oferecendo uma visão geral de informações mais detalhadas. Ele também pode reforçar o ponto que o autor deseja destacar, simplificando a mensagem.

Coesão

8. a) Coesão referencial/referenciação: “ Yaga – Uma História Para Crianças Corajosas traz ao espectador uma viagem cheia de mistérios e fantasia guiada pelas lentes do imaginário infantil da protagonista A menina, ao explorar as possibilidades lúdicas de um quintal fictício, descobre brincadeiras e habilidades, enfrenta desafios e perigos e se experimenta espontânea, autônoma e inventiva tornando-se heroína da própria história.” No trecho, a palavra protagonista é retomada pela expressão a menina

Conhecer as orações, sua ordenação direta ou inversa, e os itens que a compõem permite que o enunciador construa seus enunciados de modo mais estratégico e intencional. Para isso, estabelecer a coesão entre as partes é essencial.

8. Releia todo o texto do projeto cultural de linguagens artísticas.

• O encadeamento lógico das ideias no texto pode ser garantido por diversos tipos de recursos de coesão. Leia o quadro a seguir com a descrição dos tipos de coesão e, no caderno, realize as tarefas pedidas.

Tipos de coesão

a) Coesão referencial ou referenciação

b) Substituição

Descrições

Tarefas

A coesão referencial, também conhecida como referenciação, é um recurso que conecta diferentes partes de um texto por meio do uso de pronomes ou expressões que retomam ou antecipam informações já mencionadas. Por exemplo, na frase “Lucas foi ao mercado. Ele comprou frutas e verduras.”, o pronome ele faz referência a Lucas, estabelecendo uma ligação clara entre as duas partes da frase. Recupere um trecho do projeto que tenha referenciação e explique esse funcionamento.

A substituição é um mecanismo de coesão textual em que uma palavra ou expressão é trocada por outra equivalente para evitar repetições desnecessárias e manter o texto fluente. Um exemplo é: “Maria comprou um vestido novo. Esse modelo é muito bonito.” Aqui, esse modelo substitui um vestido novo, evitando a repetição e mantendo a coesão.

Extraia do texto elementos que comprovem o uso de substituição para a garantia da coesão do texto.

8. b) Substituição: “O projeto pretende contemplar uma apresentação em uma unidade escolar, uma conjuntamente para os Lares Irmã Júlia e Irmã Terezinha (prédios anexos), uma no CEU das artes e outra no Teatro Galpão. Estes locais foram escolhidos por suas localizações e pela necessidade em se levar projetos teatrais infantis para outros polos da cidade.” A expressão estes locais substitui o conjunto de locais citados.

8. c) Coesão lexical: Não há problemas de coesão lexical no projeto. Pela natureza de um projeto que precisa dizer de forma direta e objetiva, o texto precisa garantir coesão lexical.

c) Coesão lexical

d) Elipse

Coesão

Descrições

A coesão lexical refere-se à utilização de palavras e expressões que criam ligações semânticas dentro do texto. Isso pode ser feito por meio da repetição de termos-chave, uso de sinônimos ou palavras relacionadas. Por exemplo, em “A casa estava vazia. O lar precisava de reformas.”, a expressão o lar faz referência à casa. O uso de palavras relacionadas ajuda a manter a coesão lexical e o fluxo do texto.

A elipse é um recurso de coesão textual que consiste na omissão de um termo ou expressão que já foi mencionado anteriormente ou que é facilmente subentendido no contexto. Essa omissão evita repetições desnecessárias, mantendo a fluidez e a concisão do texto. Por exemplo, em “João comprou um livro e Maria, um caderno.” a forma verbal comprou é omitida na segunda parte da frase, mas sua presença é inferida pelo contexto.

Analise se há problemas de coesão lexical no projeto.

Extraia do texto elementos que comprovem o uso de elipse como garantia da coesão do texto.

8. d) Elipse: “O projeto pretende contemplar uma apresentação em uma unidade escolar, uma [apresentação] conjuntamente para os Lares Irmã Júlia e Irmã Terezinha (prédios anexos), uma [apresentação] no CEU das artes e outra [apresentação] no Teatro Galpão.” A palavra apresentação é omitida três vezes.

A coesão é um conjunto de recursos e estratégias linguísticas que asseguram a conexão entre partes do texto, constituindo a escrita encadeada, desse modo, como um texto. Esses elementos de conectividade são os responsáveis pela progressão textual, promovendo equilíbrio entre informações pressupostas e retomadas bem como informações novas.

ATIVIDADES

1. b) Respostas corretas II e IV. A alternativa I está incorreta, pois as palavras em análise especificam o termo coisas, não moda. A alternativa III está incorreta, pois o aposto indica um comportamento que deve ser seguido.

1. Leia o cartum e faça o que se pede.

JEAN. [Respeito]. [S l.], 22 jun. 2024. Instagram: revistaconexaoliteratura. Disponível em: www.instagram.com/p/C8g_ mDwo8_f/?igsh=MXRnZHc0cGVj MWp4Ng%3D%3D. Acesso em: 15 set. 2024.

a) E xplique a ideia principal do cartum e o modo como a imagem dos personagens reforça essa ideia.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

b) Na frase “São coisas que nunca saem de moda: respeito, tolerância, delicadeza e amor ao próximo”, as palavras respeito, tolerância, delicadeza e a expressão amor ao próximo formam um aposto. Assinale as alternativas corretas sobre o uso desse aposto.

I. A s palavras listadas funcionam como um aposto explicativo, esclarecendo o significado da palavra moda.

II. “Respeito, tolerância, delicadeza e amor ao próximo” formam um aposto enumerativo, detalhando as coisas que nunca saem de moda.

III. O aposto enumerativo na frase tem a função de indicar um exemplo de comportamento inadequado.

IV. O aposto enumerativo é utilizado para listar as características da moda.

Tipos de coesão
Tarefas
NÃO ESCREVA NO LIVRO.
JEAN
GALVÃO

3. a) A imagem mostra um ser que representa um alienígena, com uma expressão séria e contrariada, sendo segurado por uma figura humana e presente em uma obra de arte que o envolve com delicadeza, como se estivesse cuidando dele. Por outro lado, o texto verbal reforça o contraste humorístico ao mostrar alguém aparentemente ciente de que está prestes a realizar algo que ele considera embaraçoso ou indesejável, ao mesmo tempo que deseja realizar o ato. A combinação entre texto e imagem cria uma situação absurda e cômica, que desperta o riso pela incongruência entre a seriedade do alienígena e o contexto no qual ele é inserido.

2. Leia a tirinha de Hagar.

BROWNE, Dik. [O que é bom para as pessoas]. [S l.], 9 jul. 2016. Facebook: OMelhorDeHagarOHorrível. Disponível em: www.facebook.com/OMelhorDeHagarOHorrivel/?locale=pt_B. Acesso em: 15 set. 2024.

a) A tirinha faz uma reflexão sobre a convivência e a diplomacia entre as pessoas. Hagar faz uma proposta de ser o responsável por determinar essa boa convivência. Por que isso causa humor?

b) O primeiro balão de fala tem uma repetição da palavra diferentes. Essa repetição compromete a coesão textual? Justifique sua resposta.

c) Ainda do ponto de vista verbal, o autor da tirinha optou por períodos compostos, o que configura balões mais cheios do que o esperado em textos como esse. Com base nisso, selecione as alternativas que tragam informações verdadeiras sobre os quadrinhos.

Todas as afirmações estão corretas.

I. Mesmo com grande extensão, o primeiro quadrinho é formado por um período simples e uma oração que tem como locução verbal poder viver.

II. O último balão é uma frase sem verbo. O uso da palavra eu reforça a mensagem do texto.

III. O terceiro balão de fala é formado por duas orações e, por consequência, um período composto.

3. Leia o meme a seguir.

2. a) O humor é gerado pela contraposição que o personagem cria entre a proposta de ouvir o outro (primeiro quadrinho) e a negação dessa ação ao afirmar que só quer falar (último quadrinho). Essa inversão de ação provoca o humor na tirinha, sem deixar de promover uma reflexão sobre o tema.

a) Com base na relação visual e verbal, descreva como a expressão facial da figura e a postura corporal se relacionam com o texto verbal para criar um efeito humorístico.

b) L eia as afirmações a seguir e copie no caderno a(s) que considere(m) corretamente como a ordem sintática impacta o efeito de sentido do texto verbal no meme.

I. A expressão Um papel de trouxa no início da frase destaca a situação embaraçosa que o personagem alienígena está prestes a enfrentar.

ET revoltado (#MeSegura): origem e difusão. Museu de Memes [S. l.], [2015]. Disponível em: https://museudememes.com.br/ collection/et-revoltado-mesegura. Acesso em: 15 set. 2024.

II. A inversão da ordem sintática tradicional, começando com Um papel de trouxa, enfatiza a consciência do alienígena.

III. Se a frase me solta estivesse no início do meme, o foco estaria na ação de ser solto, diminuindo o efeito cômico do embaraço descrito depois.

IV. O uso da ordem inversa cria um efeito de suspense, pois a informação mais importante é revelada logo no início.

3. b) As afirmações que consideram corretamente o impacto da ordem sintática são I, II e III.

c) Como a ordem sintática do texto no meme contribui para o efeito de humor?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

2. b) Não. A repetição no trecho do texto tem o propósito de reforçar a mensagem da diferença e a necessidade do respeito e da escuta para uma boa convivência entre todos. Sendo assim, o texto é capaz de assegurar a coesão mesmo usando a repetição.

OFICINA DE TEXTO

Projeto cultural

Estudar a proposta

Nesta seção, será proposta a produção de um projeto cultural que envolva a apresentação do texto teatral produzido na seção Oficina Literária.

Gênero

Interlocutores

Projeto cultural Comunidade escolar

Motivar a criação

Propósito/Finalidade

Planejar e escrever um projeto cultural que apresente como produto um espetáculo teatral infantil.

Apresentações do espetáculo teatral em local da escola definido com a coordenação. Publicação e circulação

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

1. Para dar início à reflexão acerca do projeto cultural a ser elaborado, leia um trecho do texto opinativo “Acesso à cultura ainda é sinal de privilégio em 2024? Pesquisa feita pelo IBGE traz resultado surpreendente”.

A exposição limitada a diferentes perspectivas culturais pode resultar em uma falta de compreensão e empatia entre grupos sociais diversos. O acesso à cultura não apenas enriquece as vidas individualmente, mas também contribui para uma sociedade mais coesa e compreensiva.

A cultura desempenha um papel fundamental na expansão das oportunidades. A falta de acesso pode limitar o desenvolvimento de habilidades criativas, críticas e analíticas, prejudicando o potencial individual e coletivo.

Enfrentar as desigualdades culturais exige uma abordagem multifacetada. Políticas públicas que visem democratizar o acesso à cultura, iniciativas educacionais inclusivas e parcerias entre setor público e privado podem desempenhar um papel crucial na superação dessas barreiras.

FORTES, Luiza. Acesso à cultura ainda é sinal de privilégio em 2024? Pesquisa feita pelo IBGE traz resultado surpreendente. [São Paulo]: São Paulo para Crianças, 4 jan. 2024. Disponível em: https://saopauloparacriancas.com.br/pesquisa-ibge-acesso-a-cultura/. Acesso em: 15 set. 2024.

a) Em sua trajetória escolar, quais eventos você considera que significaram um acesso à cultura? De que maneira esses eventos acrescentaram em sua vida?

Respostas pessoais. Verifique a pertinência das respostas dos estudantes.

b) O texto anterior apresenta alguns números sobre pesquisa feita pelo IBGE a respeito do acesso à cultura. Os resultados dessa pesquisa mostram que as diferenças de acesso podem ocorrer não só dentro de uma mesma cidade mas também no país como um todo. A pesquisa revelou, por exemplo, que, em 80% das cidades da região Norte do Brasil, os moradores levam em média mais de 1 hora para chegar ao museu, teatro ou cinema, enquanto na região Sudeste o tempo gasto costuma ser de 20 minutos. Quanto tempo você leva para chegar ao museu, teatro ou cinema na sua cidade? Como é feita essa locomoção?

Respostas pessoais. Verifique a pertinência das respostas dos estudantes.

c) De que maneira apresentações teatrais na sua escola podem auxiliar o acesso à cultura? Em sua opinião, essa é uma ação importante para a comunidade? Por quê?

Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes percebam que a escola pode facilitar o acesso à cultura, aproximando crianças e famílias de peças teatrais, exposições, filmes etc.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

Planejar e elaborar

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

1. Antes de dar início ao planejamento do projeto cultural, será preciso que você forme um grupo com outros cinco colegas. Esse grupo ficará responsável por todo o ciclo de vida do projeto cultural, a começar pela estruturação e redação do documento.

2. No caderno, copie a lista de itens a seguir, que deve organizar o texto do projeto cultural em partes.

I. Identificação dos proponentes

II. Identificação do projeto (objeto)

III. Objetivos

IV. Justificativa do projeto

V. Equipe técnica do projeto (dividida em funções)

VI. Contrapartida

3. O primeiro passo para a estruturação de um projeto cultural é a decisão acerca do produto que se pretende alcançar. Nesta seção, já foi decidido que o produto deve ser a apresentação do texto teatral desenvolvido na seção Oficina Literária. O grupo apenas precisará decidir, de maneira democrática, o texto teatral de qual integrante será encenado.

4. Complete um quadro de identificação dos proponentes, listando os nomes de todos os integrantes do grupo.

5. Com o produto definido, é o momento de compor o quadro de identificação do projeto, escolhendo um título para o projeto cultural, indicando a área a que ele se relaciona (Artes Cênicas) e descrevendo o produto que se pretende apresentar. Veja, a seguir, um modelo de quadro de identificação do projeto. Copie-o no caderno e complete com os dados do projeto que você e seu grupo vão elaborar.

II. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO (OBJETO)

Nome do Projeto: “Yaga – Uma História Para Crianças Corajosas”

Área: Artes Cênicas

Produto: Circulação do espetáculo infantil “Yaga – Uma História Para Crianças Corajosas” nos bairros da cidade de Pindamonhangaba.

6. Reúna-se com os colegas para decidir qual é o objetivo geral do projeto, que deve ser descrito em, no máximo, duas frases. Em seguida, reflitam sobre as ações previstas para se alcançar o objetivo geral, as quais serão os objetivos específicos.

7. Retome, na seção Estudo do Gênero Textual , os argumentos que podem ser utilizados para sustentar a justificativa do projeto, procurando responder à questão: por que o projeto é relevante para a comunidade escolar?

RETOMADA

Os diferentes tipos de aposto podem ser importantes aliados na redação do projeto cultural. Eles podem explicar, especificar, identificar ou detalhar termos utilizados, tornando a leitura do projeto mais fluida. Outro ponto de atenção é a coesão. Procure utilizar os diferentes tipos de coesão para garantir um bom encadeamento de ideias, evitando repetições desnecessárias e realizando escolhas linguísticas eficientes. Esses elementos podem contribuir na clareza do texto, facilitando a compreensão da proposta que se pretende aprovar.

8. Com os colegas, identifique quais serão as funções necessárias para que o projeto cultural seja desenvolvido. Em seguida, distribua essas funções entre os colegas.

N º Nome

01

02

03

04

05

06

07

Função exercida no projeto

Diretor

Assistente de direção e ator

Ator

Ator

Secretário teatral e ator

Maquiadora

Sonoplasta

9. Pense na contrapartida , ou seja, em uma atividade que o grupo pode desenvolver como retorno para o auxílio que os professores e a coordenação da escola darão ao desenvolvimento do projeto cultural.

10. Com os colegas, decida as etapas que serão necessárias para o desenvolvimento do projeto. Organize-as em formato de lista. Em seguida, distribua essas etapas no tempo definido com o professor para o desenvolvimento do projeto. Organize essas informações no formato de quadro.

Avaliar e recriar

1. Leia as questões a seguir e utilize-as como roteiro para avaliação e reedição do projeto cultural.

• O título do projeto é conciso e objetivo, oferecendo ao leitor uma noção exata do que é o projeto?

• Os objetivos foram definidos com clareza? É possível alcançá-los?

• A justificativa do projeto é sustentada por argumentos sólidos?

• A divisão de funções entre a equipe proponente está equilibrada?

• A ação de contrapartida favorece o corpo docente e a coordenação da escola?

• O cronograma do projeto está organizado e apresenta fácil leitura?

2. Após verificar esses itens, faça as alterações necessárias no documento do projeto cultural.

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Os projetos culturais produzidos pela turma devem ser entregues a uma banca avaliadora, que será formada por professores e pela coordenação. Um dos projetos será escolhido para ser desenvolvido por toda a turma.

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

Neste capítulo, a seção Estudo Literário abordou as características do Movimento Armorial por meio do gênero teatral e do cordel. Na seção Estudo do Gênero Textual, o enfoque foi no campo da vida pública, com base na análise de um projeto cultural em diálogo com o reconhecimento sobre a importância da Lei Rouanet, que subsidia projetos dessa natureza como política pública de ampliação à democratização do acesso à arte. Já na seção Estudo da Língua, por sua vez, o enfoque foi no campo de análise da sintaxe em que foram abordados os conceitos básicos de oração e período, além de possibilitar reflexões sobre os efeitos de sentido da inversão da ordem sintática direta. Por fim, também foram abordados elementos de coesão que constroem a sintaxe do texto.

Agora, você deverá sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para que seja possível elaborar sua resposta.

1. Sintetize as características do texto teatral. Você pode compor essa síntese em um mapa mental.

2. Explique as principais características da literatura de cordel, associando-as ao Movimento Armorial.

3. Qual é a importância do desenvolvimento de um projeto cultural?

4. Que estrutura deve ser utilizada em um projeto? Quais as atenções principais que seu autor deve ter em relação ao propósito de sua escrita?

5. Quais são os tipos de aposto e suas funcionalidades nos textos?

6. Cite alguns efeitos de sentido da inversão sintática da ordem das orações

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

Refletir e avaliar

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sua aprendizagem ao longo do capítulo. Para isso, no caderno, reproduza o quadro a seguir e responda às questões. Em seguida, converse com os colegas e com o professor sobre maneiras de aprimoramento de sua aprendizagem e anote nas observações.

Ao longo do estudo do capítulo, percebo que...

… participei com empenho na seleção e na adaptação do cordel para texto teatral.

… atuei positivamente na construção do projeto, colaborando com ideias e ajudando na redação e na revisão do texto.

… busquei analisar textos e obras de arte com empenho, observando os contextos, realizando leituras atentas e aplicando os conhecimentos em desenvolvimento.

Fui proficiente Preciso aprimorar Observações

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

DE OLHO NO VESTIBULAR

Neste capítulo, a análise da questão de provas de ingresso foca o Estudo Literário. Leia com atenção as dicas de interpretação do formato da questão.

1. (UFPE) Recife foi cantada por vários poetas de diferentes tendências, como atestam os textos de 1 a 5, por exemplo. Analise a imagem logo abaixo e o comentário extraído do Jornal do Commercio; depois, considere os enunciados que se seguem.

A questão pode ser considerada complexa por articular a citação do jornal, composta de uma imagem e um trecho de notícia, a cinco textos literários. Para resolvê-la, portanto, é preciso estabelecer relações entre os diferentes elementos.

“Segundo noticia a internet, Recife é a 21ª cidade que tem prédios mais altos do mundo. Mesmo que não seja verdade, está a cidade sufocada pelas construções que prejudicam a ventilação e provocam engarrafamento no trânsito”.

(Voz do Leitor, JC, p., 01/09/2011)

Há quanto tempo que não te vejo!/ Não foi por querer, não pude (…)/ Mas não houve dia em que te não sentisse dentro de mim:/ Nos ossos, nos olhos, nos ouvidos, no sangue, na carne,/ Recife.// Não como és hoje (…)/ Eras um Recife sem arranha-céus (…)/ Ainda existirá a velha casa senhorial do Monteiro? (…)

(Manuel Bandeira, Recife).

TEXTO 1
NÃO ESCREVA NO LIVRO.

TEXTO 2

Recife,/ Ao clamor desta hora noturna e mágica,/ Vejo-te morto, mutilado, grande/ Pregado à cruz das novas avenidas./ E as mãos longas e verdes/ da madrugada/ te acariciam

(Joaquim Cardozo, Recife Morto.).

TEXTO 3

Desenvoltura/ Atração sinuosa/ De terra pernambucana/ Tudo se enlaça/ E absorve em ti/ Retilínea/ Cana de açúcar/ Dobrada/ Para deixar mais alta/ Olinda/ Plantada Sobre uma onda linda/ Do mar pernambucano// (…) Chaminés/ Palmares do cais/ Perpendiculares aos hangars/ E às boas negras d’óleo/ Baluarte do progresso

(Oswald de Andrade, Recife).

TEXTO 4

A não ser esta cidade/ que vim encontrar sob o Recife:/ sua metade podre/ que com lama podre se edifica./ É cidade sem nome/ sob a capital tão conhecida./ Se é também capital,/ será uma capital mendiga./ É cidade sem ruas/ e sem casas que se diga.

(João Cabral de Melo Neto, O Rio.).

TEXTO 5

Soltou-se a Onça-negra da estrelada/ e o meu Recife, ali na escuridão/ era agora o Fortim-Iluminado/ o baluarte, a Nau, o bastião,/ colocado entre o Reino-azul do Mar/ e o meu Reino-castanho do Sertão!

(Ariano Suassuna, Canto Armorial do Recife, Capital do Reino do Nordeste)

Diferente de outras provas, nesta é preciso classificar as afirmações entre verdadeiras ( V ) ou falsas (F).

( ) O texto 1, do recifense Manuel Bandeira, celebra uma cidade bem diversa, o Recife de sua saudade, visto pelo prisma da distância, diferentemente da foto e do comentário do leitor, que focam a crítica ao presente, sem saudosismos.

( ) Joaquim Cardozo, poeta contemporâneo, lastima a verticalização e a descaracterização da cidade, tal como Recife se mostra hoje, a ver pela imagem e pelo comentário veiculados no jornal.

( ) Oswald de Andrade, modernista de 22, apesar de mordaz, faz um elogio à beleza urbana e à modernidade do Recife, condizente com o tom expresso pelos textos do jornal.

( ) João Cabral de Melo Neto, da geração de 45, traz a crítica social para sua poesia, aludindo à descaracterização urbana da cidade do Recife, conteúdo da imagem exibida no JC.

( ) Ariano Suassuna, num de seus raros poemas, em estilo armorial, lamenta o crescimento da cidade, que se transformou em Onça-negra, Fortim-iluminado, comungando do saudosismo flagrante da poesia de Bandeira.

V - V - F - F - F

Para a correta análise das afirmações, o candidato precisa conhecer os autores citados, as características dos projetos literários de cada um e o contexto histórico em que se inserem.

A terceira afirmação é falsa, o tom de Oswald de Andrade é idealizado e ressalta elementos da natureza, como o mar. O texto do jornal tem tom crítico, voltado para aspectos urbanos. A quarta afirmação é falsa, pois, apesar de seu tom crítico em relação à cidade, João Cabral trata Recife pelo viés da pobreza. A quinta afirmação é falsa, pois Ariano Suassuna utiliza termos que se relacionam a um passado distante e idealizado de Recife, dialogando com um período que não vivenciou, não comungando com o tom saudosista de Manuel Bandeira, que rememora a cidade que conheceu.

5 CAPÍTULO

SUJEITOS, SUBJETIVIDADES E CIDADANIA

Com base em seus conhecimentos e na escultura de Dario Tironi (1980-), apresentada na abertura do capítulo, responda às questões a seguir.

1. Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

1. A escultura mescla, entre outros elementos, componentes eletrônicos descartados para criar uma figura artística. De que maneira esses objetos foram organizados? Qual figura eles formam? Como essa composição pode refletir a relação entre tecnologia, identidade e meio ambiente na sociedade atual?

2. Como você avalia a importância de iniciativas que transformam resíduos em arte para conscientizar a sociedade sobre a preservação ambiental?

3. A literatura se configura como uma importante ferramenta de crítica social diante da sua época. De que modo você acredita que essa crítica poderia se expressar em um texto literário?

4. Explique como é possível utilizar o gênero textual descritivo para representar obras de arte e criações visuais como a representada na imagem.

5. Observe a imagem e identifique a relação entre os elementos visuais e a construção de sentido.

Campos de Atuação

• C ampo artístico-literário

• C ampo de atuação na vida pública

Tema Contemporâneo

Transversal

• Meio ambiente: Educação

Ambiental

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

PROJETO VISTA EM

Avance até a seção Oficina de Projetos nas páginas finais do livro e finalize a etapa "Dividir tarefas e empreender". Em seguida, reserve um tempo para realizar a avaliação sugerida na etapa "Avaliar e recriar possibilidades".

2. As iniciativas que transformam resíduos em arte oferecem não apenas uma nova perspectiva sobre materiais que normalmente seriam descartados, como também estimulam a reflexão sobre o ciclo de vida dos produtos e o impacto ambiental dos resíduos. A arte criada por meio de resíduos pode servir como meio de comunicação para atrair a atenção do público às questões ambientais. Além disso, essas iniciativas podem inspirar práticas mais sustentáveis e encorajar a adoção de atitudes mais responsáveis em relação ao consumo e descarte de materiais.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

4. O gênero textual descritivo é eficaz para representar obras de arte e criações visuais, como a imagem apresentada, porque descreve características físicas e sensoriais de um objeto, permitindo ao leitor visualizar mentalmente a obra. A descrição precisa de elementos visuais – como formas, cores, texturas e materiais – é fundamental para que o leitor compreenda a estética e a intenção artística da obra.

5. Os estudantes podem mencionar que a interação dos elementos constrói uma narrativa visual na qual o leitor interpreta o rosto como uma fusão do humano com o tecnológico, criando um diálogo entre os signos linguísticos não verbais (os objetos) e o conceito que eles representam.

3. A crítica social em um texto literário pode se expressar de várias maneiras, tomando-se por base as questões e as injustiças da época em que a obra foi escrita. Pode ser abordada através da criação de personagens – incluindo suas lutas – que representam diferentes aspectos da sociedade, permitindo que o autor explore e critique os valores, as normas e as desigualdades presentes no contexto social. O enredo e as situações apresentadas podem ser construídos para destacar problemas sociais, como a desigualdade econômica, a opressão política e as questões ambientais. Além disso, a linguagem e o estilo literário podem ser usados para satirizar ou questionar as instituições e os comportamentos sociais.

■ TIRONI, Dario. Venere italica. 2018. Escultura de aço, montagem multimédia, acrílico, resina, 172 cm × 52 cm × 52 cm. Acervo do artista.

DARIO TIRONI/ACERVO DO ARTISTA

ESTUDO LITERÁRIO

Barroco

A seguir, você irá ler um poema de Gregório de Matos e Guerra (1636-1696). O texto compõe a seleção de poemas escolhidos do autor, que teve sua obra literária publicada de forma póstuma apenas no século XIX. No poema, Gregório de Matos reflete sobre a inconstância dos bens do mundo.

Resposta pessoal. Veja respostas e comentários

Orientações para o professor

PRIMEIRO OLHAR

Antes de iniciar a leitura do poema, discuta com os colegas as questões a seguir.

• Como você imagina que a inconstância dos bens do mundo será explorada no poema? Explique.

• Gregório de Matos viveu durante o período do Brasil colonial, marcado por desigualdades sociais, tensões culturais e por uma sociedade pouco alfabetizada. De que maneira você imagina tais aspectos presentes em sua obra?

Moraliza o poeta nos Ocidentes do Sol a inconstância dos bens do mundo

Nasce o Sol e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura,

Em tristes sombras morre a formosura,

Em contínuas tristezas a alegria.

Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Se é tão formosa a Luz, por que não dura?

Como a beleza assim se transfigura?

Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,

Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância,

E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor fia: trama

MATOS, Gregório de. Moraliza o poeta nos Ocidentes do Sol a inconstância dos bens do mundo. In: WISNIK, José Miguel (org.). Poemas escolhidos São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 336.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

Gregório de Matos e Guerra nasceu em Salvador, na então capitania da Bahia, e foi um importante poeta do Brasil colonial. Ele tinha origem portuguesa e cursou Direito na Universidade de Coimbra. Ao retornar ao Brasil, Gregório assumiu o cargo de tesoureiro-mor e pouco exerceu da advocacia. Destacou-se como poeta, abandonou seu emprego e transformou-se em um cantador itinerante, que vivia entre as mais diversas camadas da população. O poeta ganhou o apelido de “Boca do inferno” em razão das críticas que fazia à sociedade colonial e eclesiástica por meio de seus poemas. As críticas foram punidas com a sua deportação para Angola, de onde pôde retornar sob a condição de não voltar à Bahia e não produzir mais sátiras. Sua obra foi preservada em transcrições de manuscritos e pela transmissão oral. ■ Retrato de Gregório de Matos.

O Barroco brasileiro

1. Após a leitura do poema, retome as discussões propostas no boxe Primeiro olhar. Em seguida, responda às questões.

a) O modo como o poema explora a inconstância do mundo corresponde ao que foi imaginado por você? Justifique sua resposta com base em suas impressões e na interpretação dos elementos textuais.

b) Os poemas de Gregório de Matos circularam majoritariamente pela oralidade, uma vez que, no século XVII, uma parcela muito pequena da população do Brasil era alfabetizada. De que modo a estrutura do poema lido pode ter contribuído para a sua circulação? Explique.

A sociedade colonial brasileira do século XVII era profundamente desigual, tanto social quanto economicamente. No topo da hierarquia social, estavam os grandes proprietários de terra, conhecidos como senhores de engenho, que controlavam a produção de açúcar, e os mineradores, que, mais tarde, se destacariam na exploração do ouro. Nesse período, uma nova classe social começou a se fortalecer: a burguesia comercial. Composta principalmente de portugueses que viviam na colônia, essa classe passou a ganhar influência econômica e política, desafiando, em parte, o domínio das antigas elites, que concentravam a maior parte das riquezas e do poder. Em contraste, a população era composta majoritariamente de pessoas escravizadas, indígenas e mestiços, grupos com pouquíssimos direitos e constantemente oprimidos pelas elites.

A Igreja Católica desempenhava um papel central na vida da colônia. Ela não só influenciava a religiosidade como também a cultura, a educação e a arte. Ordens religiosas, como os jesuítas, fundaram missões para catequizar os indígenas e espalhar a fé católica em um momento em que a Igreja estava reagindo à Reforma protestante, que havia questionado sua autoridade na Europa. A literatura do período reflete as tensões da sociedade colonial por meio da exploração de contrastes e dualismos.

1. a) Respostas pessoais. Espera-se que, após a leitura do poema, os estudantes percebam que os contrastes explorados sugerem uma visão do mundo em que nada é permanente, e a mudança constante é a única certeza.

1. b) Espera-se que os estudantes percebam que a regularidade de rimas e de métrica, típica da composição em soneto, pode ter contribuído para facilitar a memorização e recitação do poema. Além disso, as imagens e as perguntas retóricas presentes no poema, além de servirem como estratégia de manutenção da atenção do ouvinte, incentivam a reflexão e o debate, o que também ajuda na propagação das ideias dos versos.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

2. a) Os pares de palavras opostas são Luz e sombras e tristezas e alegria. As oposições evidenciam o contraste entre os elementos que representam a positividade e os que evidenciam sua transitoriedade.

2. d) Espera-se que os estudantes reconheçam a relação de contraste explorada por meio das perguntas retóricas. A pergunta “Se é tão formosa a Luz, por que não dura?”, por exemplo, evidencia um questionamento e uma insatisfação diante da natureza transitória dos bens do mundo, complementando o sentimento explorado na primeira estrofe.

2. Releia as duas primeiras estrofes do poema, prestando atenção ao modo como a articulação entre palavras opostas contribui para a construção da ideia central do poema. Em seguida, responda às questões.

2. c) A mutabilidade é percebida como algo negativo. Tal percepção é evidenciada por meio do tom melancólico e do lamento pelo fato de as coisas belas e agradáveis serem passageiras.

a) Transcreva, no caderno, dois pares de palavras opostas presentes na primeira estrofe do poema. Como essas oposições contribuem para a construção do efeito de sentido da estrofe?

b) Relacione as afirmações da primeira estrofe às perguntas retóricas da segunda estrofe, completando o quadro a seguir no caderno ou em uma folha avulsa.

Nasce o Sol e não dura mais que um dia, Porém, se acaba o Sol, por que nascia?

Depois da Luz se segue a noite escura, Se é tão formosa a Luz, por que não dura?

Em tristes sombras morre a formosura, Como a beleza assim se transfigura?

Em contínuas tristezas a alegria. Como o gosto da pena assim se fia?

Espera-se que os estudantes reconheçam que a estrofe enfatiza a inevitabilidade das mudanças em uma época marcada por uma visão dualista do mundo e pela incerteza diante dos acontecimentos. Nesse contexto, o mundo material é percebido como instável e ilusório.

A visão do eu lírico é a de que, apesar da busca por estabilidade e permanência, tudo irá mudar e desaparecer, pois a inconstância é a única

Segunda estrofe

c) Com base na relação estabelecida por você, observe o modo como as duas estrofes exploram a mutabilidade do mundo. A mutabilidade é percebida como algo positivo ou negativo pelo eu lírico? Justifique.

d) Na segunda estrofe, as perguntas retóricas também exploram a relação entre opostos. Escolha uma das perguntas e analise o efeito de sentido gerado pela utilização de ideias contrárias.

3. Agora, retome as duas últimas estrofes do poema para responder ao que se pede.

a) Analise o modo como as relações exploradas na primeira e na segunda estrofes são reafirmadas na terceira estrofe. Em sua análise, considere o contexto histórico de produção do poema.

b) A última estrofe do poema sintetiza a visão do eu lírico a respeito da inconstância dos bens do mundo. Explique, com as suas palavras, qual é essa visão.

O Barroco brasileiro

O Barroco ou Seiscentismo foi um movimento artístico e literário que se iniciou no final do século XVI. Em Portugal, o movimento Barroco acontece em um contexto de crise religiosa e política, marcado pela dominação espanhola e pela Contrarreforma da Igreja Católica. No Brasil, o movimento se deu no contexto colonial, marcado pelas desigualdades sociais, exploração econômica e influência religiosa. Na literatura, a principal característica do Barroco brasileiro é a exploração da dualidade e do contraste, observados por você durante a análise do poema “Moraliza o poeta nos Ocidentes do Sol a inconstância dos bens do mundo”. A relação de contraste costuma ser explorada por meio de duas características estilísticas importantes do movimento: o cultismo e o conceptismo. O cultismo ou gongorismo caracteriza-se pela utilização de construções elaboradas do ponto de vista do jogo de palavras, no uso de figuras de linguagem e pela utilização de linguagem ornamentada. O conceptismo associa-se ao jogo argumentativo, ao raciocínio lógico e

Primeira estrofe

à estruturação do texto literário por meio de ideias elaboradas para persuadir o leitor a assumir determinado ponto de vista.

Cultismo jogo de palavras

Características de estilo do Barroco

Conceptismo jogo de ideias

Em resumo, enquanto o cultismo se refere à construção do texto no plano das palavras, o conceptismo se refere à mesma construção no plano das ideias. A introdução do Barroco no Brasil se deu pela publicação do poema “Prosopopeia” (1601), de Bento Teixeira (1561-1600). A “Prosopopeia“, lançada em Lisboa um ano após a morte de seu autor, relata as ações militares de Jorge de Albuquerque Coelho (1539-1596), donatário de Pernambuco, além de retratar o Recife e outras paisagens da região costeira. Na prosa, o Barroco se manifesta por meio de textos religiosos. Os sermões de Antônio Vieira (1608-1697), por exemplo, fazem uso das estratégias argumentativas do Barroco para persuadir os ouvintes.

4. O conceito de cultismo no Barroco está associado ao uso de uma linguagem ornamentada. Qual dos versos a seguir, retirados do poema “Moraliza o poeta nos Ocidentes do Sol a inconstância dos bens do mundo”, exemplifica essa característica? Copie, no caderno ou em uma folha avulsa, a alternativa correta.

Resposta: alternativa b

a) “Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza”

b) “Como o gosto da pena assim se fia?”

c) “Em tristes sombras morre a formosura”

d) “Se é tão formosa a Luz, por que não dura?”

5. O poema “Moraliza o poeta nos Ocidentes do Sol a inconstância dos bens do mundo” utiliza pares de oposições já identificados por você no item a da atividade 2.

a) Como esse recurso reflete o cultismo?

b) Como esse recurso contribui para a construção argumentativa do poema, reforçando o estilo conceptista?

c) E xplique de que forma o poema, ao tratar da inconstância dos bens do mundo, utiliza a lógica argumentativa, característica do conceptismo, para persuadir o leitor.

A composição poética de Gregório de Matos

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

A produção literária de Gregório de Matos se divide em três vertentes principais: a lírica, a satírica e a religiosa. Essas divisões refletem o momento histórico vivido pelo autor, pois estão conectadas às tensões da sociedade colonial brasileira e às contradições morais e religiosas que se evidenciam com base na Contrarreforma em Portugal.

5. a) Esse recurso enfatiza a dualidade e o conflito inerentes à visão de mundo barroca, usando linguagem elaborada e jogo de palavras típicas do cultismo.

5. b) Os pares de oposições contribuem para a construção argumentativa do poema ao organizar o discurso em torno de contrastes que evidenciam a inconstância dos bens do mundo. O estilo conceptista é marcado pela lógica e pela racionalidade, e o uso das oposições serve para criar um raciocínio que leva o leitor a refletir sobre a natureza passageira da vida e da felicidade.

5. c) O poema utiliza a lógica argumentativa característica do conceptismo ao estruturar sua reflexão sobre a vida em uma série de perguntas retóricas e oposições que desafiam o leitor a considerar a fragilidade e a mutabilidade da existência. A cada estrofe, o eu lírico constrói um argumento que leva à conclusão de que tudo no mundo é transitório e incerto.

Palavras e expressões como “morre a formosura”, “acaba o Sol”, “inconstância” e “ignorância” são indicativas dessa vertente. Tais termos reforçam a visão de transitoriedade do mundo material. A ênfase na fragilidade da vida e na constatação de que nada é constante no mundo reflete a visão barroca da dualidade entre a vida terrena e a espiritual, típica da produção religiosa de Gregório de Matos.

A poesia lírico-amorosa de Gregório de Matos é marcada pela exploração do contraste entre a paixão e o controle emocional, a exaltação do amor e a angústia trazida pela passagem do tempo que, na visão do poeta, extingue o sentimento do amor.

Na vertente satírica, o recurso da sátira, estudado por você no capítulo anterior, é utilizado para criticar a sociedade colonial da Bahia no século XVII. As suas críticas se referem tanto aos costumes e à moral da elite comercial local em formação quanto à corrupção do clero e das autoridades políticas.

Por fim, a poesia religiosa de Gregório de Matos reflete a busca espiritual e a preocupação com a salvação da alma, temas centrais na literatura barroca. Nesses poemas, a dualidade entre espírito e matéria, por vezes, se transforma na dualidade entre culpa e perdão. Sua poesia religiosa revela a tensão entre o desejo de salvação e o reconhecimento das limitações humanas e aborda as limitações e transitoriedades do mundo material.

6. O poema “Moraliza o poeta nos Ocidentes do Sol a inconstância dos bens do mundo” pertence a uma das três vertentes da obra de Gregório de Matos: lírica, satírica ou religiosa.

a) Qual vertente o poema representa?

O poema representa a vertente religiosa da obra de Gregório de Matos.

b) Identifique no poema palavras ou expressões que o auxiliaram a identificar a vertente escolhida na questão anterior. Como as palavras reforçam sua escolha e de que modo elas permitem associar o poema às características da vertente escolhida?

7. Leia, a seguir, os poemas, de Gregório de Matos, para responder às questões.

À cidade da Bahia

Triste Bahia! ó quão dessemelhante

Estás e estou do nosso antigo estado!

Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado, Rica te vi eu já, tu a mi abundante.

A ti trocou-te a máquina mercante,

Que em tua larga barra tem entrado,

A mim foi-me trocando, e tem trocado, Tanto negócio e tanto negociante.

Deste em dar tanto açúcar excelente

Pelas drogas inúteis, que abelhuda

Simples aceitas do sagaz Brichote.

Oh se quisera Deus, que de repente

Um dia amanheceras tão sisuda

Que fora de algodão o teu capote!

MATOS, Gregório de. À cidade da Bahia. In: WISNIK, José Miguel (org.). Poemas escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 44.

Poema musicado

O Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo (SP), musicou um dos poemas do escritor Gregório de Matos. O poema "Epigrama" é apresentado na Praça da Língua na voz de Rappin’ Hood (1971-). Faça uma visita virtual ao museu no site a seguir.

MUSEU da Língua Portuguesa. Disponível em: www.museuda linguaportuguesa.org.br/. São Paulo, c2024. Site. Acesso em: 29 out. 2024.

Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem

Ardor em firme coração nascido; Pranto por belos olhos derramado; Incêndio em mares de água disfarçado; Rio de neve em fogo convertido:

Tu, que em um peito abrasas escondido; Tu, que em um rosto corres desatado; Quando fogo, em cristais aprisionado; Quando cristal em chamas derretido.

Se és fogo como passas brandamente, Se és neve, como queimas com porfia? Mas ai, que andou Amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania, Como quis que aqui fosse a neve ardente, Permitiu parecesse a chama fria.

7. a) O poema “À cidade da Bahia” pertence à vertente satírica, e o poema “Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem” pertence à vertente lírico-amorosa.

MATOS, Gregório de. Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem. In: WISNIK, José Miguel (org.). Poemas escolhidos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 232.

a) A qual vertente literária cada um dos poemas lidos pertence?

b) No caderno ou em uma folha avulsa, copie o quadro a seguir e complete-o, associando as características de cada um dos poemas à vertente literária identificada por você.

Lírico-amorosa

Satírica

Satírica

Lírico-amorosa

Característica

Exaltação do amor

Expressão de desaprovação por meio da ironia

Críticas à elite comercial

Angústia pela passagem do tempo

Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem

À cidade da Bahia

À cidade da Bahia

Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem

c) Compare os dois poemas, analisando tanto as escolhas de palavras (cultismo) quanto a maneira como tais escolhas refletem na estratégia de criação de argumentos (conceptismo). De que modo a articulação da linguagem proposta por cada um dos poemas reflete as características das vertentes literárias às quais tais poemas pertencem?

AMPLIAR

O Arcadismo

O poema “À cidade da Bahia” é mais direto e crítico, refletindo o estilo satírico e o conceptismo através de uma linguagem clara e uma estrutura argumentativa lógica. Já o poema “Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem” é mais ornamentado e metafórico, representando o cultismo e utilizando contrastes para explorar a complexidade emocional do amor, enquanto incorpora elementos conceptistas na sua reflexão argumentativa sobre os sentimentos.

Cartas chilenas , de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), é uma importante obra do Arcadismo brasileiro, um movimento literário que se iniciou no final do século XVIII e início do século XIX, em um período marcado pelo Iluminismo e pelas ideias de liberdade e igualdade que precederam a Independência do Brasil. Essa obra satírica, composta em forma de cartas poéticas, critica duramente os abusos do governador de Minas Gerais, denunciando a corrupção e a opressão da administração colonial. Por meio de uma linguagem irônica e mordaz, Gonzaga expôs as mazelas sociais e políticas da época, tornando-se uma voz crítica contra o poder instituído. Embora o Arcadismo rejeite o estilo exuberante do Barroco, Cartas chilenas mantém um diálogo indireto com a poesia satírica de Gregório de Matos, um dos maiores expoentes do Barroco brasileiro. Ambos os poetas utilizaram a sátira como uma ferramenta poderosa para criticar as injustiças e os abusos de poder, ainda que em contextos e estilos literários distintos. Enquanto Gregório de Matos empregava uma linguagem rica em metáforas e jogos de palavras para atacar a moralidade de sua época, Gonzaga optou por uma abordagem mais contida e racional, própria do Arcadismo, mas sem perder o tom crítico e incisivo.

O Arcadismo, também conhecido como Neoclassicismo, buscava um retorno aos ideais clássicos de simplicidade, harmonia e equilíbrio, em oposição ao excesso de ornamentos e à complexidade do Barroco. Os poetas árcades adotavam pseudônimos pastorais, valorizavam a vida no campo e idealizavam a natureza como um refúgio da corrupção urbana. A crítica social presente em Cartas chilenas reflete o desejo de retorno a uma vida mais simples.

Poema em forma de canção

O poema “À cidade da Bahia” foi incorporado na canção “Triste Bahia”, de Caetano Veloso (1942-), na qual o músico aborda a transformação de Salvador, refletindo sobre as mudanças sociais e culturais que afetaram a cidade, tornando-a mais desigual. É possível ouvir a versão da música em:

TRISTE Bahia. Intérprete: Caetano Veloso. Compositor: Caetano Veloso. In: TRANSA. Intérprete: Caetano Veloso. Rio de Janeiro: Polygram, 1972. Spotify. Disponível em: https://open.spotify.com/ intl-pt/track/6BdLjHFfB1qJULz76tDY7D?si=9ba015012bca403f. Acesso em: 18 set. 2024.

A linguagem do texto

Os sentidos do poema são alcançados por meio de muitas figuras de linguagem de pensamento a ser inferidas pelo leitor.

8. Releia o início do poema de Gregório de Matos transcrito a seguir.

Nasce o Sol e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria.

8. c) Em sua poesia lírico-amorosa, Gregório de Matos explora constantemente contrastes entre paixão e sofrimento, amor e angústia e outros sentimentos duais, que caracterizam também o movimento Barroco de modo geral.

º versos: Nasce ; 1º e 2º versos: dia verso: Luz e (escuridão); 4º verso: e alegrias Criam um sentimento de dualidade, em coexistência.

a) Há nos versos palavras que criam sentidos de oposição na estrofe. Identifique-as.

b) O que essas palavras com sentido de oposição criam na estrofe, em relação ao sentimento do eu lírico?

c) Crie uma hipótese que explique por que o eu lírico teria optado por essa construção, considerando aspectos da composição poética de Gregório de Matos e o período literário que ele representa.

Figuras de pensamento

São aquelas que alteram, de forma intencional, os sentidos das palavras e das expressões, criando efeitos que ampliam, diminuem, contradizem, personificam as ideias e os pensamentos além de promover gradação dessas ideias.

9. a) Haveria um sentido de oposição completa entre os termos, e noite escura alternaria em sentimentos ora de tristeza, ora de alegria.

9. Releia estes versos:

Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria.

a) Se o verso final fosse construído apenas “Em tristezas e alegrias”, o sentido de noite escura, expressão à qual o verso se refere, não seria o mesmo. Explique como seria esse sentido.

b) De que modo a palavra contínuas modifica o sentido da oposição entre tristezas e alegrias?

Contínuas atribui coexistência aos sentimentos de tristeza e alegria, que passam a ocorrer em paralelo.

Antítese

Constrói-se pela associação de palavras, expressões ou enunciados inteiros com sentidos opostos, que criam efeitos de contradição e até mesmo de humor justamente pela presença dessa contradição. Na antítese, as características que estão em oposição não ocorrem de maneira paralela; sendo assim, elas não se completam.

10. Observe a contradição que constrói também as duas estrofes finais do poema e registre no caderno a(s) afirmação(ções) verdadeira(s) sobre elas.

Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza, Na formosura não se dê constância,

E na alegria sinta-se tristeza.

Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza

A firmeza somente na inconstância.

10. Apenas a afirmação I está correta. Na afirmação II, embora firmeza e inconstância formem também um par de oposição, o sentido não está na materialidade em si, mas no sentimento do eu lírico. Na afirmação III, embora a relação de oposição esteja correta, não há questionamento sobre a própria sanidade.

I. Há um efeito de oposição de sentimentos, construído por meio das palavras alegria e tristeza, no último verso da primeira estrofe, mas que se completam, o que confere dualidade de sentimentos, característica típica do Barroco.

II. Firmeza e inconstância, no último verso da segunda estrofe, formam outro par de oposição, que desta vez não se relaciona a um sentimento, mas a uma característica material sobre o começo do mundo, sentido muito presente no estilo de Gregório de Matos.

III. Entre as duas estrofes, a amarração do sentimento de oposição é também inferida pelo sentido construído entre as palavras constância (segundo verso da primeira estrofe) e inconstância (último verso da segunda estrofe), criando um efeito de dúvida sobre a própria sanidade, muito comum no período Barroco.

11. Agora, releia estas estrofes do poema “Aos afetos, e lágrimas derramadas na ausência da dama a quem queria bem”.

Se és fogo como passas brandamente,

Se és neve, como queimas com porfia?

Mas ai, que andou Amor em ti prudente!

Pois para temperar a tirania,

Como quis que aqui fosse a neve ardente,

Permitiu parecesse a chama fria.

11. a) O sentido é de destaque das características contrárias, como se elas criassem uma intensificação do sentimento do eu lírico.

a) Nas estrofes há questionamentos retóricos feitos pelo eu lírico ao ser amado. Nesses questionamentos, há uma contradição que cria um sentido diverso da confusão de sentimentos. Indique-o.

b) Qual é o sentido que a expressão neve ardente apresenta?

Sentido de algo que queima, machuca, é intenso ainda que gelado.

Paradoxo ou oximoro

Ainda na relação de antítese, pode-se atribuir uma característica contraditória a uma expressão que, em vez de criar relação de oposição, a reforça. Trata-se, especificamente, de um paradoxo ou oximoro. Nessa relação, embora as ideias sejam opostas, elas se completam e, ao contrário da antítese, ocorrem de maneira paralela, ou seja, ao mesmo tempo.

DIÁLOGOS

Parnasianismo

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Anteriormente, você estudou a composição literária de Gregório de Matos com base no poema “Moraliza o poeta nos Ocidentes do Sol a inconstância dos bens do mundo”, observando o modo como as características estilísticas do Barroco se manifestam. Agora, você irá ler o poema “Dualismo”, de Olavo Bilac (1865-1918), no qual o autor, pertencente a um período literário diferente, pensa a dualidade do mundo com base em outro ponto de vista.

Dualismo

Não és bom, nem és mau: és triste e humano, Vives ansiando em maldições e preces, Como se, a arder, no coração tivesses O túmulo e o clamor de um largo oceano.

Pobre, no bem como no mal padeces; E, rolando num vórtice vesano, Oscilas entre a crença e o desengano, Entre esperanças e desinteresses.

Capaz de horrores e de ações sublimes, Não ficas das virtudes satisfeito, Nem te arrependes, infeliz dos crimes:

E, no perpétuo ideal que te devora, Residem juntamente no teu peito Um demônio que ruge, e um Deus que chora.

vórtice: turbilhão, redemoinho. vesano: insensato.

BILAC, Olavo. Dualismo. Suplemento literário de “A manhã”, Rio de Janeiro, n. 20, p. 7, 28 dez. 1941. Disponível em: https://memoria.bn.gov.br/docreader/DocReader.aspx?bib=066559&pagfis=439. Acesso em: 18 set. 2024.

Olavo Bilac foi um poeta, jornalista, inspetor de ensino do Rio de Janeiro e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. O autor iniciou os cursos de Direito e Medicina, mas não concluiu nenhum deles. Dedicou-se ao jornalismo e à literatura, encontrando reconhecimento enquanto poeta. Bilac também participou intensamente da política de seu tempo, realizou campanhas em defesa do serviço militar obrigatório e compôs o Hino da Bandeira. Sua produção literária é marcada por um rigor métrico e apelo ao ritmo, evidente desde a publicação de seu primeiro livro, Poesias , em 1888. Em sua época, Bilac foi um dos poetas que mais teve seus livros lidos do país.

■ Retrato de Olavo Bilac.

1. Qual das alternativas a seguir reflete de maneira correta a visão do eu lírico sobre a condição humana? Anote a sua resposta em uma folha avulsa ou no caderno.

Resposta: alternativa b.

a) O eu lírico percebe o ser humano como alguém que é exclusivamente bom ou mau.

b) O eu lírico descreve o ser humano como alguém que está em constante conflito interno, oscilando entre crenças e dúvidas, e que vive em um estado de inquietação e ambiguidade.

c) O eu lírico acredita que os seres humanos são completamente felizes e satisfeitos com suas ações, sem experimentar angústia ou arrependimento.

d) O eu lírico retrata o ser humano como alguém que está em harmonia com suas virtudes e vícios, sem sentimento de culpa ou desejo de mudança.

e) O eu lírico apresenta o ser humano como um ser que, embora enfrente constantes batalhas internas, busca compensar seus conflitos através de ações externas na procura de um equilíbrio.

2. Em dupla, retome o poema “Moraliza o poeta nos Ocidentes do Sol a inconstância dos bens do mundo” para responder às questões:

a) Compare a forma como o poema de Gregório de Matos e o poema de Olavo Bilac abordam o conceito de dualismo. Em sua comparação, observe o modo como cada poema apresenta a tensão entre opostos e discuta como essa apresentação influencia a interpretação do tema central.

b) Analise a estrutura e a organização das ideias em “Moraliza o poeta nos Ocidentes do Sol a inconstância dos bens do mundo” e “Dualismo”. Observe como cada poema organiza suas estrofes e desenvolve seus argumentos e explique as semelhanças e as diferenças dessa organização.

O Parnasianismo foi um movimento literário que emergiu na França, no final do século XIX. Na época, a França vivia as transformações trazidas pela Revolução Industrial e pela ascensão da burguesia. Historicamente, o período foi marcado pela busca por estabilidade e ordem, criando um ambiente propício para a valorização da forma nas produções artísticas.

No Brasil, o Parnasianismo se estabeleceu em um contexto de relativa estabilidade política, após a Abolição da Escravatura (1888) e a Proclamação da República (1889). Contribuiu para o surgimento de uma produção artística que refletia a busca por uma poesia mais impessoal, com base na combinação da estética europeia com as particularidades da cultura nacional.

O Barroco e o Parnasianismo são movimentos que se estabeleceram em momentos históricos bastante distintos. Enquanto o Barroco foi marcado pelas tensões religiosas, políticas e subjetivas do contexto colonial, o Parnasianismo surgiu em um momento de confiança na razão e na ciência, em um contexto de modernização e urbanização.

2. a) No poema “Moraliza o poeta nos Ocidentes do Sol a inconstância dos bens do mundo”, Gregório de Matos explora o dualismo por meio da metáfora da transitoriedade dos bens do mundo, contrastando a luz do Sol com a escuridão da noite para refletir sobre a instabilidade das coisas belas. O poema “Dualismo”, de Olavo Bilac, aborda o dualismo presente na condição humana, que oscila entre opostos como bem e mal, crença e desilusão. O poema trata da complexidade emocional e moral do ser humano, evidenciando uma luta constante entre forças contraditórias dentro de si.

2. b) No poema de Gregório de Matos, há uma organização progressiva dos argumentos, que parte da descrição da efemeridade da luz e da beleza, passando pela reflexão sobre a transitoriedade, até a conclusão moralizante sobre a natureza dos bens mundanos, correspondendo ao estilo conceptista. O poema “Dualismo” de Olavo Bilac, organiza suas ideias em torno da introspecção e do conflito interno do eu lírico, e, a cada estrofe, o eu lírico expande a reflexão sobre a dualidade interna.

3. No poema “Dualismo”, Olavo Bilac apresenta os sentimentos humanos de maneira distanciada e racional por meio de uma linguagem objetiva e estruturada, característica do Parnasianismo. O foco na forma e na clareza, no lugar de uma expressão emocional direta, exemplifica a mentalidade parnasiana que buscava distanciamento das paixões subjetivas, preferindo uma análise mais controlada e racional dos sentimentos humanos.

4. a) O poema “Dualismo” de Olavo Bilac é estruturado em soneto, com 14 versos divididos em dois quartetos e dois tercetos. A métrica utilizada é o decassílabo, e o esquema de rimas é ABBA ABBA CDE CDE.

4. b) A escolha do soneto, um formato tradicional e rigoroso, e a utilização de versos decassílabos mostram o esforço do poeta para atingir um alto nível de precisão e controle na estrutura do poema, o que é um traço distintivo do Parnasianismo.

Espera-se que os estudantes compreendam que o rigor formal do poema “Dualismo” reflete o esforço para representar a complexidade dos sentimentos humanos de maneira ordenada e equilibrada, alinhando-se à busca parnasiana por uma arte que é tanto técnica quanto esteticamente

No poema “Dualismo”, os conflitos humanos são abordados de maneira impessoal e descritiva, o que está alinhado com as características da literatura parnasiana. O poema explora a dualidade da condição humana sem recorrer a excessos emocionais ou subjetivos, refletindo a objetividade e a ênfase na forma que são características do movimento.

A linguagem utilizada em “Dualismo” contribui para a valorização da beleza estética por meio da utilização de uma linguagem formal e elaborada, junto à métrica rigorosa, que realça a harmonia e a perfeição do poema, aspectos valorizados pelo movimento parnasiano.

3. Quais elementos do poema “Dualismo” demonstram a busca por uma apresentação mais distanciada e racional dos sentimentos humanos? Explique de que modo tais características refletem o contexto histórico e a mentalidade da época em que o poema foi composto.

Parnasianismo

Os movimentos artísticos e literários do século XIX, de maneira geral, buscaram romper algum aspecto da corrente anterior. Assim, o Parnasianismo, na poesia, e o Naturalismo, na prosa, buscavam romper com a idealização amorosa e a subjetividade típica do Romantismo. O movimento literário Parnasianismo recebeu esse nome como referência ao monte Parnaso que, na mitologia grega, era o espaço de adoração das musas da poesia, evidenciando a valorização do movimento pela literatura clássica. No Brasil, os principais autores da poesia parnasiana são Olavo Bilac, Alberto de Oliveira (1857-1937), Raimundo Correia (1859-1911), Vicente de Carvalho (1866-1924), Francisca Júlia (1871-1920) e Teófilo Dias (1854-1889). Entre as principais características da literatura parnasiana, estão:

Valorização da forma e da técnica por meio da busca pela perfeição métrica, rítmica, e estrutural dos versos. No Parnasianismo, há uma predileção por sonetos e pela utilização de versos decassílabos ou dodecassílabos (alexandrinos).

Valorização da objetividade , que se expressa pela utilização de linguagem impessoal, pela abordagem de temas universais, pelo caráter descritivo dos poemas e pelo desprezo por expressões poéticas sentimentalistas. É importante ressaltar que a valorização da objetividade não diminui o caráter expressivo dos poemas parnasianos.

Valorização da beleza estética em contraposição ao tratamento de temas de ordem moral ou social com base na compreensão de que a arte basta a si mesma (“a arte pela arte”).

4. Retome o poema “Dualismo”, observando sua estrutura formal, para responder às questões a seguir.

a) Qual é a métrica utilizada no poema “Dualismo” e como as rimas estão organizadas?

b) De que maneira a métrica e o esquema de rimas observados refletem as características do Parnasianismo na composição poética?

c) Considerando a valorização parnasiana da técnica e da perfeição formal, como a estrutura do poema “Dualismo” influencia a construção de seu sentido?

5. Considerando as características do Parnasianismo, analise o poema “Dualismo” e responda ao que se pede.

a) Associe o modo pelo qual os conflitos humanos são abordados no poema às características da literatura parnasiana.

b) Como a linguagem utilizada em “Dualismo” contribui para a valorização da beleza estética, característica central do Parnasianismo?

6. Com base no que você estudou sobre o Barroco e o Parnasianismo, compare o modo como a valorização da forma e as construções de linguagem se manifestam tanto no Barroco quanto no Parnasianismo, considerando as características específicas de cada movimento e os poemas analisados por você.

6. A valorização da forma se manifesta no Barroco por meio da exploração da linguagem com base no cultismo e no conceptismo, que buscam refletir a complexidade da experiência humana e a tensão entre opostos. No Parnasianismo, a valorização da forma é evidenciada pela busca de perfeição técnica na métrica e na rima e pela ênfase na objetividade e na clareza da linguagem.

REFLETIR E ARGUMENTAR

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Leia o trecho da letra de música a seguir, do grupo Baiana System, para responder às questões.

Lucro (descomprimindo)

Tire as construções da minha praia

Não consigo respirar

As meninas de minissaia

Não conseguem respirar

Especulação imobiliária

E o petróleo em alto-mar

Subiu o prédio eu ouço vaia

Eu faço figa pra essa vida tão sofrida

Terminar bem-sucedida

Luz do Sol é minha amiga

Luz da Lua me instiga

Me diga você, me diga

O que é que sara a tua ferida

Me diga você, me diga

Lucro

Máquina de louco

Você pra mim é lucro

Máquina de louco

Resposta pessoal. O objetivo da questão é estimular uma discussão acerca dos impactos ambientais gerados pelo crescimento urbano.

Resposta pessoal. O objetivo da questão é estimular os estudantes a refletir sobre o modo como a canção constrói a crítica social, comparando-a com os poemas satíricos de Gregório de Matos.

LUCRO (descomprimindo). Intérprete: Baiana System. Compositores: Russo Passapusso, Mintcho Garrammone. In: DUAS cidades. Intérprete: Baiana System. Rio de Janeiro: Máquina de louco, 2016. Disponível em: www.letras.mus.br/ baianasystem/lucro-descomprimindo/. Acesso em: 19 set. 2024.

• Identifique e discuta os elementos de crítica social presentes na letra da música. Em sua discussão, observe como esses elementos se assemelham ou diferem das estratégias satíricas usadas por Gregório de Matos em seu poema “À cidade da Bahia”.

• Qual é a importância de conscientizar a sociedade sobre os impactos ambientais do crescimento urbano e da exploração de recursos? Discuta como a música pode influenciar a percepção pública e promover a reflexão sobre práticas mais sustentáveis.

Afro Rock brasileiro

Em 2016, o Baiana System lançou o álbum Duas cidades . Além da canção "Lucro (descomprimindo)", o álbum traz a faixa "Playsom", canção com a qual o grupo alcançou reconhecimento internacional, pois faz parte da trilha sonora de um jogo eletrônico. Baiana System é um grupo brasileiro de Afro Rock criado em 2009, em Salvador, na Bahia. O nome é uma combinação de "guitarra baiana" e sound system, que se refere a sistemas de som originados e popularizados na Jamaica.

DUAS cidades. Intérprete: Baiana System. Rio de Janeiro: Máquina de louco, 2016. 1 CD.

■ Capa do álbum Duas cidades (2016), Baiana System.

Resposta pessoal. Para incentivar a resposta dos estudantes, comente as diferentes acepções que relevante pode ter, considerando o dicionário Michaelis: “Que releva ou fica em relevo”; “De grande importância e interesse num contexto; importante, pertinente”; “Que se destaca ou se sobressai; proeminente, saliente”.

ESTUDO DO GÊNERO TEXTUAL

Carta aberta

Respostas pessoais. Aproveite a questão para avaliar o conhecimento prévio dos estudantes a respeito desse assunto. Procure citar alguns impactos da crise climática vivenciados no Brasil, como: ondas de calor, eventos climáticos extremos (enchentes, secas etc.), mudanças climáticas, recarga estimada dos lençóis freáticos diminuída, aumento de chuvas etc.

Na seção Estudo Literário, você participou de um momento de reflexão e argumentação no qual analisou a letra da música “Lucro”, do grupo Baiana System. Por meio da leitura, você pôde identificar uma forma não institucionalizada de participação social, vinculada à manifestação artística. Agora, você vai ler uma carta aberta, gênero textual pertencente ao campo de atuação da vida pública, cuja escrita representa uma maneira de se engajar na busca de solução para problemas que envolvam a coletividade. No caso, tanto a música da banda Baiana System quanto a carta escrita pelas ativistas Greta Thunberg (2003-) e Vanessa Nakate (1996-) buscam voltar os olhares de seus interlocutores para os impactos ambientais da exploração desenfreada de recursos.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

• O que você considera um assunto relevante?

Antes de iniciar a primeira leitura do texto, comente com a turma as questões a seguir.

• Quais são os seus conhecimentos prévios sobre a crise climática que o planeta Terra enfrenta? Você sente que essa crise afeta a sua vida? Se sim, de que maneira?

• Como representante da juventude brasileira, de que maneira você considera ser capaz de chamar a atenção para a emergência climática enfrentada pelo planeta? PRIMEIRO OLHAR

Greta Thunberg e Vanessa Nakate: carta aberta para a mídia global

Este artigo também está disponível em: Inglês, Espanhol, Francês, Italiano, Alemão, Grego

Prezados editores de mídia ao redor do mundo, Derretimento de geleiras, incêndios florestais, secas, ondas de calor mortais, inundações, furacões, perda de biodiversidade. Todos estes são sintomas de um planeta desestabilizado e acontecem o tempo inteiro ao nosso redor.

Esse é o tipo de assunto que vocês cobrem – às vezes. A crise climática, no entanto, é muito mais do que isso. Se vocês realmente querem fazer a cobertura da crise climática, devem também abordar as questões fundamentais relacionadas ao tempo, ao pensamento holístico e à justiça.

O que significa isso? Vamos analisar estas questões uma a uma.

Primeiro, a noção de tempo. Se suas matérias não incluem a noção do tique-taque de um relógio, então, a crise climática é apenas mais um tópico político entre tantos outros, algo que podemos simplesmente comprar, construir ou investir para conseguir achar uma saída. Deixem de fora a questão do tempo e podemos seguir, praticamente, como

Resposta pessoal. Essa questão é importante para que os estudantes possam mapear os problemas relacionados à temática e propor ações civis para dirimi-los, inclusive ações que envolvam diferentes linguagens e, às vezes, sejam consideradas não institucionalizadas.

somos hoje e “resolver os problemas” mais tarde. Em 2030, 2050 ou, quem sabe, em 2060. Os melhores estudos científicos disponíveis mostram que, com a taxa atual de emissões, o nosso orçamento de carbono restante para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 °C acabará antes do final desta década.

Em segundo lugar, o pensamento holístico. Ao considerar o nosso orçamento de carbono restante, precisamos contar todos os números e incluir todas as nossas emissões. Atualmente, vocês deixam os países de alta renda e os grandes poluidores se safarem, permitindo que se escondam atrás de estatísticas incompletas, de brechas e da retórica que tanto lutaram para criar nos últimos 30 anos.

Finalmente, o mais importante de tudo: a justiça. A crise climática não engloba apenas padrões climáticos extremos. Ela engloba pessoas. Pessoas reais. E as pessoas que têm a menor responsabilidade na geração da crise climática são aquelas que mais sofrem. Apesar de o Sul Global estar na linha de frente da crise, ele quase nunca está na primeira página dos jornais mundiais. Ao passo que os meios de comunicação ocidentais se concentram em incêndios florestais na Califórnia ou na Austrália, ou em inundações na Europa, as catástrofes relacionadas ao clima estão devastando comunidades em todo o Sul Global, mas recebem escassa cobertura da mídia.

Para incluir o elemento da justiça, vocês não podem ignorar a responsabilidade moral que o Norte Global tem de avançar muito mais rápido na redução de suas emissões. Até ao final deste ano, o mundo terá utilizado, em conjunto, 89% do orçamento de carbono que nos oferece uma chance de 66% de ficar abaixo de 1,5 °C no aumento da temperatura. É por isso que as emissões históricas não representam apenas um número, mas estão, de fato, no centro do debate sobre a justiça climática. Mesmo assim, as emissões históricas continuam a ser quase completamente ignoradas pelos meios de comunicação e pelas pessoas no poder.

Para nos mantermos abaixo dos objetivos estabelecidos no Acordo de Paris e, portanto, minimizar os riscos de dar início a reações em cadeia irreversíveis, fora do controle humano, precisamos reduzir as emissões anuais de maneira imediata, drástica; algo diferente de tudo o que o mundo jamais viu. E como não temos as soluções tecnológicas que, por si só, farão algo parecido em um futuro próximo, isso significa que temos que fazer mudanças fundamentais em nossa sociedade. Este é o resultado incômodo do fracasso dos nossos líderes em enfrentar esta crise.

Não é demais enfatizar a responsabilidade de vocês em ajudar a corrigir este fracasso. Somos animais sociais e, se nossos líderes e nossas mídias não agirem como se estivéssemos em uma crise, então, é claro que não perceberemos que estamos em uma. Um dos elementos essenciais de uma democracia funcional é uma imprensa livre que informa os cidadãos de maneira objetiva a respeito dos grandes desafios que a nossa sociedade enfrenta. E a mídia deve fazer com que as pessoas no poder prestem contas por suas ações ou pela falta delas.

Vocês são uma de nossas últimas esperanças. Ninguém mais tem a possibilidade e a oportunidade de chegar a tantas pessoas, considerando o período de tempo extremamente curto que temos. Não podemos fazer isto sem vocês. A crise climática só vai tornar-se mais urgente. Ainda podemos evitar as piores consequências, ainda podemos reverter a situação. Mas não se continuarmos como estamos hoje. Vocês têm os recursos e as possibilidades para transformar a história de um dia para o outro. Se vocês escolhem fazer frente ou não a esse desafio, depende de vocês. Seja como for, a história os julgará.

Greta e Vanessa

GRETA Thunberg e Vanessa Nakate: carta aberta para a mídia global. Tradução: Graça Pinheiro. Nova York: Pressenza, 31 out. 2021. Disponível em: www.pressenza.com/pt-pt/2021/10/greta-thunberg-e -vanessa-nakate-carta-aberta-para-a-midia-global/. Acesso em: 19 set. 2024.

Greta Thunberg é uma ativista ambiental nascida na cidade de Estocolmo, na Suécia. Ficou mundialmente conhecida aos 8 anos de idade, quando começou a protestar na frente do Parlamento sueco para exigir dos políticos do seu país medidas mais concretas em defesa do meio ambiente. Pertencente ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), Greta também ficou conhecida por falar abertamente da neurodiversidade. Com seus protestos, incentivou milhares de jovens a se manifestar em seus países e tornou-se líder do movimento Greve das Escolas pelo Clima. Além do ativismo público, a consciência ambiental que nutriu ao longo dos anos transformou os hábitos de sua família. Os pais de Greta também se tornaram vegetarianos e evitam usar avião, por causa da alta emissão de carbono desse meio de transporte.

■ Fotografia de Greta Thunberg na Suécia, em 2021.

ANDREAEBERT

Vanessa Nakate é uma ativista climática nascida na cidade de Kampala, na Uganda. Ficou mundialmente conhecida aos 24 anos de idade, quando, em 2020, foi uma das cinco jovens ativistas do clima a participar de uma coletiva de imprensa do Fórum Econômico Mundial de 2020, em Davos, Suíça. O foco, na época, não foi o que ela disse sobre a crise climática, e sim o fato de que seu nome e sua fotografia não apareceram na cobertura da mídia sobre o evento. A Associated Press (AP) divulgou aos veículos de notícias globais uma imagem que incluía apenas as quatro ativistas da Europa. Desde então, Nakate tem trabalhado para amplificar as vozes silenciadas no movimento climático.

■ Fotografia de Vanessa Nakate nos Estados Unidos, em 2023.

Emergência climática

A emergência climática é uma declaração – feita por autoridades, governantes ou cientistas –que reconhece a gravidade das mudanças climáticas e a necessidade de ações para reduzir os seus efeitos. Leia, nos endereços eletrônicos a seguir, algumas explicações sobre esse conceito.

• BRASIL. Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Emergência climática . Brasília, DF: MMA, [202-]. Disponível em: www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/mudanca-do-clima/emergencia. Acesso em: 19 set. 2024.

• PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE. A emergência climática . [S l.]: Unep, c2024. Disponível em: www.unep.org/pt-br/climate-emergency. Acesso em: 14 set. 2024.

• M ARQUES, Fernanda. Emergência climática: a sociedade civil, articulada com o Estado, é fundamental. Brasília, DF: Fiocruz, 17 maio 2024. Disponível em: www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/ emergencia-climatica-a-sociedade-civil-articulada-com-o-estado-e-fundamental/. Acesso em: 19 set. 2024.

Conteúdo da carta aberta

1. Após a leitura da carta aberta, procure relembrar as discussões suscitadas com base nas questões apresentadas no boxe Primeiro olhar para realizar as atividades a seguir.

a) Qual é a temática principal apresentada na carta aberta lida?

b) Você considera essa temática relevante? Por quê?

A cobertura midiática da crise climática.

c) Em sua opinião, a escrita de uma carta aberta pode ser uma maneira eficiente de chamar atenção para um tema?

2. A escrita de uma carta aberta costuma ser impulsionada por uma motivação: a de reivindicar. Ou seja, a de reclamar e exigir algo que se considera de direito.

a) Qual é a principal reivindicação presente na carta aberta lida?

b) De acordo com a carta aberta lida, caso essa reivindicação seja atendida, o que pode ser alterado na realidade atual?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

c) Você concorda com essa reivindicação? Por quê?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

1. b) Respostas pessoais. Embora a resposta seja pessoal, espera-se que os estudantes percebam a relevância do tema considerando alguns pontos, como: a urgência da discussão, o espaço que o tema tem tomado na cobertura midiática –embora essa, de certa maneira, seja uma reclamação presente na carta – e a divulgação internacional da carta aberta lida.

1. c) Resposta pessoal. Aproveite a questão para avaliar os conhecimentos prévios dos estudantes a respeito da carta aberta, um gênero textual constantemente estudado no Ensino Fundamental – Anos Finais. Tomando-se por base essa avaliação, será possível reconhecer se o trabalho desta seção será de retomada e aprofundamento ou de apresentação de novos conteúdos.

2. a) A de que os editores responsáveis pela divulgação de textos jornalísticos a respeito da crise climática abordem esse tema de maneira mais eficiente, considerando as questões fundamentais relacionadas ao tempo, ao pensamento holístico e à justiça.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

3. a) Aos fatos decorrentes da crise climática, como derretimento de geleiras, incêndios florestais, secas, ondas de calor mortais, inundações, furacões, perda de biodiversidade.

3. b) A locução é às vezes. Costuma expressar o sentido de tempo, como ocasionalmente, de vez em quando, de quando em quando, em alguns momentos ou situações Caso sinta a necessidade, retome com os estudantes que uma locução adverbial é uma expressão formada por duas ou mais palavras que equivalem a um

A introdução da locução adverbial às vezes – que costuma expressar o sentido de tempo, como ocasionalmente, de vez em quando, em alguns momentos ou situações – , quando apresentada após o traço médio, tem o efeito de reforçar a ideia de que a crise climática não ocupa uma importância central na mídia mundial, sendo abordada apenas de vez em quando. A ideia, por fim, também enfatiza a reivindicação por uma cobertura midiática que, além de mais eficiente, deveria ser considerada mais central e importante.

O pronome demonstrativo retoma as questões fundamentais a respeito da crise climática que, segundo as autoras, devem ser abordadas pela mídia mundial: as questões fundamentais relacionadas ao tempo, ao pensamento holístico e à justiça.

4. d) Resposta: II. A pergunta retórica antevê o desenvolvimento da carta aberta, etapa na qual as três questões fundamentais para serem exploradas na cobertura midiática são explicadas e aprofundadas, e os argumentos que sustentam a importância de uma cobertura midiática que considere essas três questões são fundamentados.

3. Releia, a seguir, uma frase presente na carta aberta lida. Esse é o tipo de assunto que vocês cobrem – às vezes.

a) A que tipo de assunto a frase se refere?

b) Identifique a locução adverbial presente na frase. Qual sentido essa locução costuma expressar?

c) Na frase, qual é o efeito de sentido gerado pela introdução da locução adverbial após o traço médio? De que maneira esse sentido reforça a reivindicação feita na carta?

4. A carta aberta dialoga com o leitor partindo de uma questão retórica. Observe, a seguir, um trecho do significado de pergunta retórica , apresentado pela Enciclopédia Significados.

Pergunta retórica é uma interrogação que não tem como objetivo obter uma resposta , mas sim estimular a reflexão do indivíduo sobre determinado assunto.

A pessoa que faz uma pergunta retórica já sabe a resposta do questionamento feito, visando ajudar o destinatário da interrogação a refletir ou a entender determinado tema, assunto ou situação.

PERGUNTA retórica. In: 7GRAUS. Enciclopédia Significados [S. l.]: 7Graus, c2011-2024. Disponível em: www.significados.com.br/ pergunta-retorica/. Acesso em: 19 set. 2024.

a) Na carta, qual é a pergunta retórica apresentada?

“O que significa isso?”

b) O que o pronome demonstrativo presente na questão retórica retoma?

c) A pergunta retórica da carta aberta apresenta as características explicadas no texto? Justifique.

Sim. Ela não tem como objetivo obter uma resposta, inclusive a resposta é oferecida em seguida no texto.

d) As perguntas retóricas podem ser utilizadas em um texto argumentativo com diferentes objetivos. A seguir, alguns desses objetivos estão listados. Copie, no caderno, aquele que condiz com a estratégia utilizada na carta aberta e justifique a sua resposta.

I. Evidenciar uma opinião.

II. Introduzir uma linha de pensamento ou uma linha argumentativa.

III. Apresentar ironia.

Informação acessível

A Enciclopédia Significados é uma plataforma on-line gratuita que reúne definições e explicações sobre palavras e expressões de diversos campos do conhecimento. Baseandose em fontes de autoridade, oferece informações de forma simples e acessível sobre tópicos variados.

SIGNIFICADOS. [S. l.], c2011-2024. Site. Disponível em: www.significados.com.br/. Acesso em: 28 out. 2024.

Composição e contexto da carta aberta

5. Uma característica comum a todas as cartas é que elas são escritas por um ou mais enunciadores para serem destinadas a um ou mais leitores. Algumas cartas se restringem ao universo particular, enquanto outras ganham notoriedade em um campo de atuação da vida pública.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

a) Q uem escreveu a carta aberta lida? Onde, na carta, é possível identificar essa informação?

b) A quem a carta aberta foi destinada? Em que lugares, considerando a estrutura da carta, é possível identificar essa informação?

As ativistas ambientais Greta Thunberg e Vanessa Nakate. No título e na assinatura. 5. b) Aos editores da mídia global. No título e na saudação da carta. Caso seja necessário, retome com os estudantes o fato de a saudação de uma carta ser o cumprimento que se faz ao destinatário e, por isso, deve ser adequada ao contexto.

■ A ativista Vanessa Nakate em manifestação em Estocolmo, Suécia, em junho de 2022.

c) Além do destinatário imediato da carta, existem outros interlocutores nela envolvidos? Justifique a sua resposta.

6. Releia o aviso escrito após o título da carta aberta.

Sim. Os estudantes devem reconhecer que a carta foi veiculada em diversos portais informativos e veículos jornalísticos ao redor do mundo, chegando, inclusive, aos leitores brasileiros.

Este artigo também está disponível em: Inglês, Espanhol, Francês, Italiano, Alemão, Grego

• Considerando os destinatários imediatos e os outros interlocutores envolvidos, qual é a importância do trabalho de tradução da carta para diferentes línguas?

ENTRE GÊNEROS

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Enquanto a carta pessoal normalmente aborda um assunto que diz respeito apenas aos interlocutores nela envolvidos, mantendo-se, assim, restrita a um universo particular, a carta aberta aborda temáticas que suscitam o interesse coletivo. Como a própria nomenclatura sugere, a carta aberta se abre ao conhecimento da coletividade, pertencendo ao campo de atuação da vida pública. Os textos desse gênero textual costumam destinar-se a governos, instituições ou pessoas influentes. Seu conteúdo expõe um problema e apresenta uma reivindicação, conscientizando não só o destinatário como também a população que tiver acesso ao seu conteúdo.

6. Considerando que o destinatário imediato são os editores da mídia global, é importante que a mensagem alcance leitores de editoriais jornalísticos em diversos países do mundo e que, portanto, se comunicam em diversas línguas. O mesmo princípio vale para os leitores não imediatos, que também podem ter acesso à mensagem.

7. Para completar a questão, sugira aos estudantes que releiam a biografia das duas autoras, apresentada na seção Estudo do Gênero Textual, logo após o texto da carta aberta.

7. Leia, a seguir, um trecho do texto retomando o momento em que Vanessa Nakate ficou conhecida mundialmente.

Fotografia de Nakate e Thunberg no Fórum Econômico Mundial de 2023, em Davos.

Porque Vanessa é nascida no país Uganda e, portanto, era considerada a representante do continente africano no Fórum Econômico Mundial,

Veja respostas e comentários nas Orientações para o

No Sul Global. Essas pessoas, apesar de estarem “na linha de frente da crise” não recebem o espaço e a visibilidade necessários nos veículos midiáticos do mundo, que preferem destacar as tragédias ambientais sofridas pelos países do Norte Global. Da mesma maneira, Vanessa Nakate foi retirada do lugar de visibilidade por uma agência de notícias. Além disso, nascida em Uganda, ela é uma representante do Sul Global.

Em 2020, Nakate ganhou fama mundial em decorrência de um episódio triste. Durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, a agência de notícias Associated Press cortou Nakate de uma foto que reunia ativistas presentes no evento. A indignação da jovem com a exclusão ganhou o noticiário do mundo.

‘É a primeira vez na minha vida que entendo a definição da palavra racismo. Por que me removeu da foto? Eu fazia parte do grupo! A AP não apenas apagou uma foto, mas apagou um continente. Mas estou mais forte do que nunca’, escreveu Nakate nas redes sociais. A ativista era a única negra entre outras jovens suecas, alemãs e suíças, entre elas, Greta Thunberg.

THOMAZ, Danilo. Vanessa Nakate, a ativista que foi destaque na COP26 [S. l.]: Guia do Estudante, 20 nov. 2021. Disponível em: https://guiadoestudante. abril.com.br/atualidades/vanessa-nakate-cop26. Acesso em: 19 set. 2024.

a) Relacione a leitura da biografia de Vanessa e Greta com o texto e responda: por que Nakate afirma que a agência de notícias Associated Press apagou um continente inteiro da fotografia?

b) Greta Thunberg e Vanessa Nakate são as duas remetentes da carta aberta lida e aparecem na fotografia do Fórum Econômico Mundial, em Davos. Quais semelhanças e diferenças é possível identificar na trajetória das duas?

c) Na carta aberta, dois termos de classificação de países criados pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) são apresentados. Sul Global é uma denominação utilizada para classificar os países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, enquanto Norte Global é utilizada para identificar os países desenvolvidos. De acordo com a carta aberta, onde moram as pessoas mais atingidas pela crise climática? Que relação essas pessoas têm com a trajetória de Vanessa Nakate?

d) Considerando a trajetória de Greta Thunberg e Vanessa Nakate, assim como as escolhas midiáticas diante de acontecimentos relevantes, qual é a importância de a carta aberta ter sido assinada pelas duas? Procure listar, pelo menos, três motivos. Em seguida, compartilhe a sua resposta com a turma.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

e) Como representante brasileiro da juventude, você se sente influenciado pela carta aberta escrita por Greta e Vanessa? Sente-se representado pela trajetória das duas? Compartilhe suas impressões com a turma.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

AMPLIAR

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

O Ethos do enunciador

O enunciador, ao construir o seu discurso, também projeta uma imagem de si. É essa imagem que será chamada de ethos do enunciador por Aristóteles, em seu tratado intitulado Retórica . A premissa não é diferente na escrita da carta aberta. Ainda que com base em uma escrita coletiva, como a da dupla Greta e Vanessa, uma imagem das enunciadoras como sujeitos sociais é projetada, e tal imagem também pode ser importante para atingir o objetivo da carta: persuadir o leitor a respeito do que foi exposto e, especialmente, da reivindicação feita.

8. Uma parte importante da composição do gênero textual carta aberta é o título que ela apresenta. Observe no quadro a seguir o título de algumas cartas abertas sobre a temática da crise ambiental e depois responda às questões.

I.

Carta global das juventudes pelo clima

BRITISH COUNCIL. Carta global das juventudes pelo clima . [S. l.]: British Council, c2024. Disponível em: https://americas.britishcouncil.org/ sites/default/files/global_youth_letter_portuguese.pdf. Acesso em: 19 set. 2024.

II. CNODS divulga carta aberta à sociedade brasileira

BRASIL. CNODS divulga carta aberta à sociedade brasileira . Brasília, DF: Secretaria-Geral, 12 abr. 2024. Disponível em: www.gov.br/secretariageral/pt-br/noticias/2024/abril/cnods -divulga-carta-aberta-a-sociedade-brasileira. Acesso em: 19 set. 2024.

III. Carta aberta do movimento Cientistas em Rebelião destinada à sociedade civil

CARTA aberta do movimento Cientistas em Rebelião destinada à sociedade civil. In: OBSERVATÓRIO. Sequência de atividades: gênero textual: carta aberta. [S l.]: Observatório: Movimento pela Base, c2024. p. 5. Disponível em: https://observatorio.movimentopelabase.org.br/wp-content/uploads/ 2022/10/anexo-1-ficha-lp-9o-ano-fundamental-sequexxxencia-de-atividade-gexxxenero -carta-aberta-2022-10-v01.pdf. Acesso em: 19 set. 2024.

IV. Uma carta aberta aos líderes mundiais sobre florestas e mudanças climáticas

WWF. Uma carta aberta aos líderes mundiais sobre florestas e mudanças climáticas [Brasília, DF]: WWF, 27 nov. 2015. Disponível em: www.wwf.org.br/?49422/Uma-carta-aberta -aos-lderes-mundiais-sobre-florestas-e-mudanas-climticas. Acesso em: 19 set. 2024.

8. b) Greta Thunberg e Vanessa Nakate: carta aberta para a mídia global.

8. d) Respostas pessoais. É possível que os estudantes afirmem que o tema pode ser subentendido com base na informação de quem são as enunciadoras da carta, conhecidas por suas trajetórias como ativistas ambientais e climáticas. É importante que eles saibam, no entanto, que essa compreensão só é possível se o leitor tem um conhecimento prévio.

a) Copie, no caderno, o modelo do quadro a seguir para computar a presença das informações em cada título. Observe o exemplo relacionado ao Título I

b) Agora, copie, no caderno, o título da carta aberta lida neste capítulo.

c) Em seguida, inclua a análise do título da carta aberta lida no quadro produzido no item a. Qual informação não é apresentada no título?

O tema da carta.

d) Em sua opinião, essa informação pode ser subtendida pelo leitor com base em outras informações oferecidas no título? Por quê?

A função da carta aberta

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Objetivo – Convencer interlocutores ou público sobre a legitimidade da reivindicação. Caráter – Argumentativo.

Componentes da Carta

Aberta

1. Exposição do Problema –Identificação clara do problema a ser abordado.

2. Apresentação da Reivindicação – Similar à apresentação de uma tese, baseando-se em argumentos que serão desenvolvidos ao longo do texto.

Finalidade – Convocar à ação em resposta à reivindicação.

EDITORIA DE

9. A introdução costuma ser a parte da carta aberta na qual a contextualização do problema exposto é desenvolvida. Releia, a seguir, os dois parágrafos introdutórios da carta aberta.

Derretimento de geleiras, incêndios florestais, secas, ondas de calor mortais, inundações, furacões, perda de biodiversidade. Todos estes são sintomas de um planeta desestabilizado e acontecem o tempo inteiro ao nosso redor.

Esse é o tipo de assunto que vocês cobrem – às vezes. A crise climática, no entanto, é muito mais do que isso. Se vocês realmente querem fazer a cobertura da crise climática, devem também abordar as questões fundamentais relacionadas ao tempo, ao pensamento holístico e à justiça.

■ Derretimento de icebergues na Antártida, em 2024.

a) Qual estratégia é utilizada para contextualizar a situação atual da crise climática no mundo?

A enumeração de diversos exemplos de eventos factuais considerados consequências da crise climática.

b) Qual frase é utilizada para convocar o leitor a se enxergar como parte da realidade da crise climática?

“Todos estes são sintomas de um planeta desestabilizado e acontecem o tempo inteiro ao nosso redor.”

c) Além da contextualização temática, que outro importante elemento da carta aberta é apresentado na introdução?

10. Agora, releia trechos da carta aberta que correspondem à parte de desenvolvimento.

Eles foram divididos em blocos. Em seguida, responda às questões.

I. Primeiro, a noção de tempo. Se suas matérias não incluem a noção do tique-taque de um relógio, então, a crise climática é apenas mais um tópico político entre tantos outros, algo que podemos simplesmente comprar, construir ou investir para conseguir achar uma saída. Deixem de fora a questão do tempo e podemos seguir, praticamente, como somos hoje e “resolver os problemas” mais tarde. Em 2030, 2050 ou, quem sabe, em 2060. Os melhores estudos científicos disponíveis mostram que, com a taxa atual de emissões, o nosso orçamento de

9. c) A reivindicação da carta. Se possível, chame a atenção dos estudantes para a estratégia de escrita da carta aberta lida, na qual, com base na leitura da introdução, fica bastante claro ao leitor qual é o problema exposto e a reivindicação feita.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

A reivindicação, apresentada na introdução, expõe as três questões fundamentais que devem ser consideradas pela mídia mundial na cobertura da crise climática: o tempo, o pensamento holístico e a justiça. Os parágrafos de desenvolvimento retomam cada uma das questões, argumentando a sua importância.

carbono restante para manter o aumento da temperatura global abaixo de 1,5 °C acabará antes do final desta década

II. Em segundo lugar, o pensamento holístico. Ao considerar o nosso orçamento de carbono restante, precisamos contar todos os números e incluir todas as nossas emissões Atualmente, vocês deixam os países de alta renda e os grandes poluidores se safarem, permitindo que se escondam atrás de estatísticas incompletas, de brechas e da retórica que tanto lutaram para criar nos últimos 30 anos

III. Para incluir o elemento da justiça, vocês não podem ignorar a responsabilidade moral que o Norte Global tem de avançar muito mais rápido na redução de suas emissões Até ao final deste ano, o mundo terá utilizado, em conjunto, 89% do orçamento de carbono que nos oferece uma chance de 66% de ficar abaixo de 1,5 °C no aumento da temperatura .

a) D e que maneira esses trechos recuperam a reivindicação apresentada na introdução?

b) Um argumento costuma apresentar uma ideia central que reforça uma informação da tese defendida. Essa ideia que fica em destaque no parágrafo argumentativo é conhecida como tópico frasal. Qual dos grifos aplicados nos trechos I, II e III representa o tópico frasal de cada um?

Os grifos na cor lilás.

c) Qual dos grifos aplicados nos trechos I, II e III representa a justificativa do tópico frasal, ou seja, o porquê se defende esse tópico, caracterizando, assim, o desenvolvimento do argumento?

Os grifos na cor laranja.

d) As estratégias argumentativas são mecanismos utilizados para validar e fortalecer argumentos que sustentam uma tese ou um ponto de vista. No quadro a seguir, observe sete diferentes estratégias argumentativas.

Alusão histórica

Raciocínio lógico

Comprovação

Comparação

Citação

Exemplificação

10. e) Sim, os argumentos são construídos em torno de dados científicos, mas a fonte dos dados não é divulgada, enfraquecendo, assim, a credibilidade da argumentação.

Trechos I e III. A estratégia utilizada é a de comprovação por meio da apresentação de dados científicos.

Referência a acontecimentos ou personagens históricos.

Indicação de conexões entre causa e efeito.

Apresentação de dados, estatísticas e fontes confiáveis.

Indicação de paralelo ou contraste entre partes.

Menção a texto ou trecho extraído de outra fonte.

Apresentação de exemplos ou casos concretos.

Enumeração Apresentação de diferentes argumentos de forma organizada.

• Dois dos três trechos abordados nesta questão apresentam uma mesma estratégia argumentativa. Indique quais são esses trechos e explique a estratégia utilizada.

e) É possível apontar alguma fragilidade argumentativa nos trechos apresentados nesta questão? Explique a sua resposta.

11. Os três últimos parágrafos da carta aberta correspondem à etapa de conclusão do texto. Copie, no caderno, as afirmações incorretas, corrigindo-as.

I. Os parágrafos de conclusão retomam a reivindicação apresentada, propondo que a mídia internacional reflita sobre o problema e encontre soluções.

II. Os parágrafos de conclusão retomam a reivindicação apresentada, indicando os caminhos que devem ser trilhados pela mídia mundial para que a resolução seja possível.

III. O penúltimo parágrafo apresenta um tópico frasal que pode ser relacionado a uma súplica: “Vocês são uma de nossas últimas esperanças”.

IV. Os parágrafos de conclusão não convocam apenas os editores das mídias mundiais à ação, mas também os governos que assinaram o Acordo de Paris.

V. O último parágrafo retoma, na despedida, o tom moderado presente ao longo de todo o texto da carta aberta.

A composição de uma carta aberta costuma contar com os quatro componentes descritos a seguir.

Inclui pelo menos dois dos seguintes elementos

Gênero (carta ou carta aberta)

Temática ou problema apresentado Destinatário Emissor

Contextualiza o problema ou temática

2. Introdução Exposição da reivindicação

3. Desenvolvimento

Argumentação que sustenta a reivindicação

11. I. Os parágrafos de conclusão não propõem uma reflexão, mas já indicam a resolução possível.

IV. O Acordo de Paris é citado nos parágrafos argumentativos do desenvolvimento, mas não é retomado na conclusão.

A mensagem é direcionada especificamente às mídias mundiais.

V. O parágrafo de despedida apresenta um tom acusatório, presente também em alguns momentos da carta aberta: “Se vocês escolhem fazer frente ou não a esse desafio, depende de vocês. Seja como for, a história os julgará”.

4. Conclusão Retoma a reivindicação Solicita uma resolução ou reflexão

1. Título

12. Está correta a afirmação

A linguagem do texto

12. Releia estes trechos e copie, no caderno, a afirmação correta em relação ao sentido que expressam na carta aberta. Se necessário, volte ao texto e retome seu significado.

I. Primeiro, a noção de tempo.

II. Em segundo lugar, o pensamento holístico.

a. Em b, embora a frase “Para incluir o elemento da justiça” tenha sido inserida depois, ela não quebra a sequência argumentativa, apenas coloca um problematizador a mais. Na afirmação c , não se pode afirmar o sentido do marcador de forma independente do texto. Embora ele indique a marca de fim, trata-se da finalização do primeiro bloco de argumentação, mas não da carta como um todo.

III. Finalmente […].

IV. Para incluir o elemento da justiça […].

a) Os marcadores criam hierarquia no texto, porque enumeram a ordem de prioridade de apresentação dos argumentos.

b) Os marcadores primeiro, segundo e finalmente criam uma progressão no texto; no entanto, a frase “ Para incluir o elemento da justiça” indica que o planejamento não ocorreu como previsto, já que desvia a progressão argumentativa que vinha sendo construída.

c) Finalmente é um marcador usado para conclusões; por isso, deve ser utilizado no final do texto.

Hierarquia e progressão textual

Ao planejar um texto, é preciso ter um projeto de dizer. Em textos argumentativos, esse projeto pressupõe a intenção de persuadir o interlocutor sobre um ponto de vista. Para tanto, é preciso construir argumentos em progressão, de modo que sejam apresentados ao interlocutor com elementos que aumentem gradativamente a informatividade, ou seja, adicionem informações considerando seu grau de importância para a defesa da tese. Isso é obtido por meio de recursos linguísticos que evidenciem a hierarquia entre os argumentos e estabeleçam a progressão entre suas partes.

13. Releia esta construção argumentativa.

■ Vista aérea da estação de seca em Sahel, Burkina Faso, África Ocidental.

A crise climática não engloba apenas padrões climáticos extremos. Ela engloba pessoas. Pessoas reais. E as pessoas que têm a menor responsabilidade na geração da crise climática são aquelas que mais sofrem. Apesar de o Sul Global estar na linha de frente da crise, ele quase nunca está na primeira página dos jornais mundiais. Ao passo que os meios de comunicação ocidentais se concentram em incêndios florestais na Califórnia ou na Austrália, ou em inundações na Europa, as catástrofes relacionadas ao clima estão devastando comunidades em todo o Sul Global, mas recebem escassa cobertura da mídia.

a) Crie um quadro semelhante a este no caderno e, em cada linha, desmembre os períodos e as orações se necessário. Em seguida, encontre os referentes e as formas como são retomados, explicando como ocorre a progressão do texto. Oriente-se pelo modelo.

13. a) A proposta dessa atividade é, além de conceitual, interpretativa, porque requer que os estudantes reconheçam formas em que os termos de um texto são retomados para garantir sua coesão e progressão. Sugere-se que sua abordagem seja realizada coletivamente, e, em parágrafos complexos, eles recebam auxílio para identificar os referentes iniciais que receberão recursos de retomada.

Período ou oração

A crise climática não engloba apenas padrões climáticos extremos.

Ela engloba pessoas.

Pessoas reais.

Referente Progressão

A crise climática

Ela (a crise climática)

Pessoas (repetição)

Referente inicial

Retoma o referente inicial sem repeti-lo, por meio de um pronome.

b) Com base em suas respostas no quadro, é possível perceber que a relação entre os referentes e a progressão são responsáveis por que aspecto de textualidade anteriormente estudado?

Referentes

Repetição para enfatizar o referente pessoas A coesão.

Os referentes são construídos ao longo do texto e dão pistas ao leitor sobre o que se está falando. Eles são retomados de muitas formas: por numerais : em primeiro lugar; em segundo…; por elipses : ausência do próprio referente, que fica implícito; por sinônimos : palavras de sentidos muito semelhantes que podem ser substituídas entre si para evitar a repetição de um mesmo termo; por hiperônimos: um vocábulo em sentido mais genérico; e outro, mais específico. Exemplo: uma carta aberta (específico); o documento (mais genérico); por advérbios de localidade. Exemplo: Aqui, ali, lá…; por síntese: criação de uma palavra que sintetiza uma ideia maior, retomando-a. Exemplo: “Derretimento de geleiras, incêndios florestais, secas, ondas de calor mortais, inundações, furacões, perda de biodiversidade. Todos estes são sintomas […]”.

14. Observe este recurso que abre a carta aberta.

Prezados editores de mídia ao redor do mundo,

a) Que função tem esse recurso, no contexto da carta?

b) Que saudação é feita aos editores de mídia?

Prezados.

14. a) Ele inicia a carta e marca a referência direta ao interlocutor interessado para o qual ela se destina.

14. c) Porque se trata de um adjetivo formal, mas que confere estima reconhecida ao interlocutor.

c) Por que as ativistas teriam escolhido esse adjetivo para acompanhar a evocação dos interlocutores?

Vocativo

São termos usados para chamar alguém, ou seja, para evocar uma pessoa, uma instituição, um órgão etc. Podem estar acompanhados de adjetivo (Caros presentes,) e, por vezes, omitidos nesse adjetivo, quando o interlocutor for muito evidente. Por exemplo: “ Caros,” (é óbvio que se uma pessoa se dirige a uma plateia presente em um local, o vocativo presentes pode ser omitido por estar implícito na situação). Vocativos podem, ainda, acompanhar uma saudação. Exemplo: “Bom dia, caros presentes!”. Em todos os casos, após um vocativo, sempre há uma vírgula (ou ponto, caso seja um final de frase). O mesmo ocorre entre uma saudação e o vocativo.

DIÁLOGOS

Ideia legislativa

Com 20 mil apoiadores, as ideias podem ser transformadas em Sugestão Legislativa e debatidas pelos senadores. Qualquer pessoa pode se cadastrar no portal do Senado e enviar ideias legislativas para elaborar leis ou alterar as leis atuais. Portanto, assim como a carta aberta, a ideia legislativa é um gênero textual que permite ao cidadão mapear problemas em sua realidade e criar possibilidades de atuação social e política. A seguir, leia uma ideia legislativa que propõe incluir a Educação Ambiental no currículo do Ensino Fundamental.

BRASIL. Senado Federal. Incluir Educação Ambiental como componente curricular no Ensino Fundamental. Brasília, DF: e-Cidadania, c2024. Disponível em: www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaoideia?id=192582. Acesso em: 19 set. 2024.

1. Assim como a carta aberta, a ideia legislativa apresenta título. Qual elemento é destacado no título?

A reivindicação feita pela ideia legislativa.

2. Observe a margem direita da ideia legislativa.

■ Print da página do site e-Cidadania.

2. a) Julia F. C.

2. b) Respostas pessoais. É interessante lembrar os estudantes de que algumas ideias podem mesmo ficar desatualizadas com o tempo.

2. c) Para a ideia ser transformada em sugestão legislativa, ela precisa de apoiadores e, portanto, necessita de divulgação.

a) Quem é responsável pela ideia que você leu?

b) A s ideias legislativas apresentam uma data limite para serem aprovadas, de quatro meses. Você concorda com essa imposição? Por quê?

c) A lateral direita apresenta ícones de redes sociais para o compartilhamento da ideia legislativa. Por que esse compartilhamento pode ser importante?

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

5. A carta aberta responsabiliza a mídia mundial pela falta de cobertura eficiente da crise climática, inclusive para pressionar as pessoas no poder, os governantes, e informar os cidadãos. Já a ideia legislativa parece focar a responsabilidade apenas nos cidadãos. Respostas pessoais.

3. Qual é a justificativa apontada pela ideia legislativa para a inclusão da Educação Ambiental como componente curricular no Ensino Fundamental?

A importância de que os estudantes tenham consciência, desde

cedo, das ações que realizam para o meio ambiente, atenuando os impactos dos maus hábitos da população para o planeta.

4. De que maneira a reivindicação proposta pela ideia legislativa se relaciona com a apresentada na carta aberta?

As duas reivindicações se relacionam por causa da preocupação com o acesso à informação para que a situação da crise climática seja melhorada.

5. A ideia legislativa e a carta aberta lidas neste capítulo responsabilizam pessoas ou setores diferentes pelos impactos na crise climática. Explique quais são eles em cada uma. Com qual texto você concorda? Por quê?

6. Em sua opinião, a ideia legislativa apresenta fragilidades argumentativas? Qual estratégia argumentativa você utilizaria para sustentar a reivindicação?

REFLETIR E ARGUMENTAR

Respostas pessoais. É possível que os estudantes apontem fragilidades como a indicação apenas de cidadãos comuns como causadores da crise climática, a falta de apresentação de uma argumentação concreta e sustentada em estratégias argumentativas, entre outras.

Outra possibilidade de atuação social e política é a participação em manifestações, um ato coletivo em que os cidadãos se reúnem publicamente para expressar uma opinião. Quando o assunto é crise climática, um grupo de cidadãos tem ganhado bastante evidência ao se manifestar: os jovens.

Respostas pessoais. Os estudantes podem inclusive considerar atuações não institucionalizadas e que utilizem as linguagens artísticas.

Respostas pessoais. É possível que alguns estudantes não concordem com o ato de faltar às aulas para protestar. Explique, então, que existem outras maneiras de chamar a atenção da sociedade para a crise climática.

Estudantes em todo o mundo se manifestam pelo clima, no Rio de Janeiro, em 2020.

A fotografia anterior está relacionada a um protesto que impactou os jovens de todo o mundo, organizado pelo movimento Fridays for Future (FFF), cuja característica principal é a possibilidade de faltar às aulas às sextas-feiras para participar de manifestações.

• Você conhecia o movimento Fridays for Future (FFF)? Concorda com as manifestações pelo clima?

• Em sua opinião, de que maneira a sua comunidade é impactada pela crise climática? E de que maneira você se sente impactado como um jovem brasileiro?

• Em quais possibilidades de atuação social você consegue pensar para chamar a atenção de governantes e da população civil em geral para a crise climática em andamento no mundo? Compartilhe suas sugestões com a turma.

Respostas pessoais. É importante que o estudante consiga identificar como uma realidade que é mundial afeta a sua realidade local, pensando na comunidade do entorno. Além disso, é essencial se reconhecer como parte da juventude que, provavelmente, será ainda mais afetada pelos impactos das consequências da crise climática. Dessa maneira, pode se mobilizar para cobrar mudanças, considerando diversas atuações na vida pública.

CONEXÕES com

Bioindicadores e poluição

Bioindicadores como avaliação de impacto ambiental

[…]

1. b) Briófitas são plantas pequenas e não vasculares que incluem os musgos, as hepáticas e os antóceros. Não têm tecidos condutores especializados e geralmente crescem em ambientes úmidos, absorvendo água diretamente do ambiente.

Bioindicadores são espécies, grupos de espécies ou comunidades biológicas cuja presença, quantidade e distribuição indicam a magnitude de impactos ambientais em um ecossistema (Callisto & Gonçalves, 2002). Sua utilização permite a avaliação integrada dos efeitos ecológicos causados por múltiplas fontes de poluição. De acordo com Buss et al. (2003), o primeiro passo para a resolução de problemas ambientais, por meio da gestão dos recursos naturais, é o desenvolvimento de métodos […].

[…]

Para Lijteroff; Lima; Prieri (2008) entre as mais conhecidas espécimes de indicadores temos: as plantas vasculares, as briófitas, as algas, os invertebrados e os vertebrados. Muitos bioindicadores são estudados pela sua interação com o ambiente e pela facilidade de observação, um bioindicador comumente estudado é o líquen que cresce em rochas e troncos de árvores absorvendo minerais encontrados dissolvidos junto com a água sendo bastante suscetível aos efeitos atmosféricos (Lijteroff; Lima; Prieri, 2008). Outro grupo bastante estudado como indicadores são os vegetais, pois são amplamente encontrados no globo terrestre ocupando quase todo território terrestre (Piratelli, Souza et. al. , 2001). Algumas plantas muitas vezes fazem associação com outros organismos bastante exigentes com o ambiente, possibilitando colonização de solos restritivos por melhorias físico-químicas dos solos e da qualidade do ar (Andrade, Tavares, Mahler, 2007).

Já para Andréa M. M. (2000) no ambiente aquático marinho, muitos estudos apontam a utilidade de bivalves para estudos de biomonitoramento porque eles são sedentários, refletem condições específicas do lugar e são filtradores, além de serem naturalmente adaptados a ambientes dinâmicos como os costões e os estuários. Mariscos e mexilhões, como bivalves filtradores, são particularmente vulneráveis aos efeitos de sólidos em suspensão e têm sido usados como bioindicadores de depósitos sobre o substrato também refletem a contaminação respectivamente das colunas d’água e do sedimento.

Plantas vasculares têm tecidos especializados, como o xilema e o floema, para o transporte de água, nutrientes e seiva pelo organismo.

PRESTES, Rosi Maria; VINCENCI, Kelin Luiza. Bioindicadores como avaliação de impacto ambiental. Brazilian Journal of Animal and Environmental Research, Curitiba, v. 2, n. 4, p. 1473-1493, jul./set. 2019. p. 1481-1483. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJAER/article/view/3258. Acesso em: 19 set. 2024.

1. Pesquise no dicionário ou junto ao professor de Biologia os seguintes termos relacionados aos bioindicadores mencionados no texto.

a) Plantas vasculares b) Briófitas

c) Liquens d) Bivalves

1. c) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor 1. d) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

2. O texto menciona que alguns bioindicadores são escolhidos pela “facilidade de observação” e “interação com o ambiente”. Explique o que esses critérios significam e por que eles são importantes na seleção de bioindicadores.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

3. Quais características fazem com que os liquens sejam úteis na detecção de poluentes atmosféricos?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

4. Por que os bivalves, como mariscos e mexilhões, são considerados bons bioindicadores em ambientes marinhos?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

5. Como os bioindicadores poderiam ser utilizados no desenvolvimento de um projeto voltado para o monitoramento da saúde do ecossistema de sua comunidade?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

ESTUDO DA LÍNGUA

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Figuras de pensamento e estudos do sujeito

Na seção Estudo Literário, você estudou as figuras de linguagem de pensamento, que conferem efeitos de sentido importantes ao texto e, na literatura, participam do reconhecimento de certo estilo do autor e do movimento literário. Assim, foi possível constatar como a antítese e o paradoxo estruturam as produções de Gregório de Matos e as do período Barroco. Nesta seção, você vai conhecer outras figuras de pensamento, também presentes nos textos lidos, e ampliar sua abrangência a outros gêneros textuais e contextos. Também continuará os estudos sintáticos já iniciados, agora com olhar voltado para os termos essenciais da oração, sobretudo o sujeito e seus tipos.

Figuras de pensamento

1. a) A contradição está em afirmar que o interlocutor não é bom nem mau, o que o deixa em situação de suspensão em relação ao que poderia ser um valor intermediário entre esses dois valores. A suspensão é desfeita quando o eu lírico atribui o valor humano como esse fator intermediário, preenchendo-o, desse modo, com outros sentidos.

Entre as figuras de pensamento anteriormente estudadas estão a antítese e o paradoxo, que contempla também o oximoro. Amplie um pouco mais seus conhecimentos em relação a outras figuras.

1. Releia o verso inicial do poema “Dualismos”, de Olavo Bilac.

Não és bom, nem és mau: és triste e humano

a) O eu lírico estabelece uma condição oposta ao seu interlocutor, que é desfeita após o uso dos dois-pontos. Indique-a e explique como o eu lírico a desfaz.

b) Copie, no caderno, a afirmação verdadeira sobre o contexto do verso.

I. Entre bom, mau, triste e humano, há uma progressão de valores.

II. Entre bom, mau, triste e humano, há uma regressão de valores.

III. Não se pode dizer que haja progressão ou regressão de valores entre bom, mau, triste e humano; no entanto, existe uma relação gradual entre elas.

Gradação

Ocorre quando uma sequenciação de palavras estabelece entre si uma relação de progressão ou regressão. A afirmação verdadeira é a I.

2. Agora releia a segunda estrofe:

Pobre, no bem como no mal padeces; E, rolando num vórtice vesano, Oscilas entre a crença e o desengano, Entre esperanças e desinteresses.

2. a) A antítese é construída por meio da organização de palavras com sentidos opostos colocadas em relação: bem e mal, crença e desengano, esperanças e desinteresses, criando um jogo de oposições entre os valores que, atribuídos ao interlocutor, criam um efeito de julgamento por parte do eu lírico em relação a ele.

a) E xplique como a antítese constrói a estrofe e o efeito de sentido que ela provoca.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

b) Assinale a(s) alternativa(s) correta(s) em relação à estrofe.

I. Pobre pode ser interpretado como adjetivo, com sentido de pobreza da qual o interlocutor padece.

II. Pobre pode ser interpretado como uma interpelação (chamamento) do interlocutor, de modo a considerá-lo alguém que padece no bem e no mal.

III. Pobre pode ser interpretado como um estado de espírito do interlocutor, diante de tantas antíteses das quais ele padece. 2. b) Estão corretas as afirmações I e II.

Apóstrofe

Recorrente na literatura, a apóstrofe é o chamamento de uma pessoa, que pode ser real ou imaginária, para enfatizar uma característica ou ideia associada a ela. Sintaticamente, a apóstrofe tem a função de vocativo.

3. Agora, fora do contexto literário, leia esta campanha promovida pelo município de Barra do Garças (MT).

PREFEITURA BARRA DO GARÇAS. Secretaria de Saúde de Barra do Garças. Não deixe a dengue crescer. 2021. 1 cartaz.

3. a) Conscientizar a população do combate ao mosquito que transmite a dengue.

3. b) Porque houve um aumento expressivo nos casos de dengue em um período de 45 dias.

a) Qual é o objetivo da campanha?

b) Por que a campanha se mostra importante?

3. c) O verbo crescer, no slogan “Não deixe a dengue crescer”, dialoga com o tamanho do mosquito, que é gigante se comparado ao tamanho dos pneus, dos vasos de plantas e de outros focos de criadouro do mosquito, fatores responsáveis pelo crescimento dos casos da doença.

c) Explique como o slogan da campanha e as imagens apresentadas estão relacionados.

Hipérbole

Ocorre quando há um exagero no modo como se faz referência a algo, exaltando as características do que se deseja destacar. Pode ocorrer também em imagens.

4. Leia atentamente o trecho do texto a seguir.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

Uma valorização do eufemismo parece importante na dinâmica das relações sociais. Seu emprego permitiria, em parte, contornar o valor negativo que certas expressões espelham. O eufemismo, no entanto, não afronta o estigma. Seu uso indica uma relação de cortesia, necessária, no curso das trocas sociais que se passam com aqueles que não podem se desfazer de suas marcas. Uma delicadeza, portanto, ligada às circunstâncias penosas que a vida imporia e também às muitas modalidades de relações que envolvem os moradores e as pessoas ‘de fora’. Observamos que este uso é generalizado entre diferentes grupos sociais – a mesma preocupação pode levar a substituir o termo comunidade por outro equivalente, como morro, ou bairro. Como o emprego do primeiro termo não é reservado a um uso eufemístico e é também muitas vezes associado a situações de discriminação, a intenção de evitar ferir ou de trazer à tona esta ferida social não está garantida a priori. […]

[…] Empregado pela mídia, pelo governo, pelas associações locais, pelas ONGs, o termo comunidade muitas vezes explicita a dificuldade dessa operação de levar em conta o que pensam os que se vêm nomeados de uma forma negativa. […] Em circunstâncias de negociação, como em contatos eleitorais e políticos, em inaugurações de obras públicas, entre outras atividades, favelas são tratadas como comunidades e seus moradores como cidadãos , capazes de exercer os seus direitos, como, por exemplo, aquele do voto.

[…]

O termo ‘comunidade’ em seus usos eufemísticos não é capaz de impedir a associação da pessoa com os traços negativos provenientes desta identificação; somente indica a suspensão destes pelo uso momentâneo de aspas que podem ser retiradas quando preciso for.

BIRMAN, Patrícia. Favela é comunidade? [S l.]: Wikifavelas, 17 ago. 2023. Disponível em: https://wikifavelas.com.br/index.php/Favela_%C3%A9_comunidade%3F_(artigo). Acesso em: 19 set. 2024.

a) Qual é o assunto em discussão no texto?

b) Em que contextos cada termo colocado em discussão é utilizado?

c) E xplique o ponto de vista de Patrícia Birman sobre o emprego do eufemismo.

4. a) O uso do termo comunidade no lugar de favela, como forma de minimizar o impacto da palavra favela nas relações sociais.

4. b) O termo comunidade é geralmente usado em contextos formais ou públicos, para evitar discriminação direta em relação ao termo favela, que carrega preconceitos e associações negativas. Já o termo favela é usado, sobretudo, entre os moradores de um mesmo lugar.

4. c) A autora entende que, apesar da tentativa de uso do termo comunidade como eufemismo, os preconceitos e as associações negativas permanecem latentes e são acionados quando convenientes.

4. d) A crítica está na significação colocada no termo comunidade nos diferentes contextos em que é empregada, pois manipula os sentidos em prol de interesses dos interlocutores apontados. Assim, em momentos de campanha política, por exemplo, o termo comunidade é usado para associar um significado de cidadania aos moradores, mas não leva em conta uma mudança genuína de condições que favoreceriam essa cidadania.

4. e) Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

d) A autora também faz uma crítica em relação aos usos dos termos pela mídia, pelo governo e por ONGs. Explique essa crítica.

e) Em seu ponto de vista, a problematização proposta pela autora é pertinente no contexto da discussão sobre os termos?

Eufemismo

Ocorre quando são empregados termos e expressões que atenuam, de forma intencional, a gravidade ou a abrangência de uma ideia. Geralmente essa atenuação ocorre diante de palavras desagradáveis ou fortes, que causem desconforto ao interlocutor.

5. Agora leia esta campanha publicitária.

BRASIL. Serviços e Informações do Brasil. Campanha “Amazônia contra a covid-19” incentiva doações para ajudar local. 2022. 1 cartaz.

a) Qual é o objetivo da campanha?

A campanha tem o objetivo de angariar doações para garantir que comunidades indígenas da região da Floresta Amazônica pudessem enfrentar a covid-19 e a fome.

b) A Amazônia é apresentada como agente de luta. Qual é o efeito de sentido dessa associação no contexto da campanha?

Prosopopeia ou personificação

Essa associação atribui um caráter humano à floresta, tornando a campanha mais apelativa em relação a um todo que luta por seu povoado. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

Ocorre quando são atribuídas características humanas a objetos, animais, seres inanimados e sentimentos.

A língua em uso

Ironia e crítica

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

A ironia é um recurso bastante recorrente na literatura, também responsável pela marcação de estilo de alguns autores. Em textos de outros gêneros, como tirinhas, charges, memes e muitos outros, a ironia constrói importantes sentidos de crítica sobre diversos aspectos da sociedade, pois muitas vezes revela hipocrisias, contradições e falhas de comportamentos, provocando o leitor a pensar criticamente sobre costumes, tradições e práticas sociais vigentes, contribuindo, assim, para a abordagem de temas delicados, polêmicos ou controversos.

REPRODUÇÃO/UFAM

6. Leia a charge

6. a) A crítica consiste em mostrar que o desmatamento provocado pelo homem se volta contra ele através de intenso calor e falta de abrigo decorrentes justamente desse desmatamento que ele provocou.

6. b) A contradição está entre as árvores derrubadas (imagem) e o apelo pela sombra (texto), o que provoca um sentido de ironia em relação ao comportamento da personagem.

ARIONAURO. [Desmatamento e calor]. Arionauro Cartuns. [S. l.], 20 out. 2023. Disponível em: www.arionaurocartuns.com.br/search/label/%C3%A1rvore?updated-max=2024-01-14T17: 20:00-08:00&max-results=20&start=40&by-date=false. Acesso em: 19 set. 2024.

a) A função social de charges é provocar uma crítica social por meio de síntese entre texto e imagem. Qual é a crítica exposta nessa charge?

b) Há uma contradição observada entre o texto e a imagem na charge. Explique-a, bem como o efeito de sentido que ela provoca.

Ironia

Ocorre quando uma palavra ou expressão é usada com a intenção de conferir um sentido contrário ou diferente daquele que comumente é utilizado. Esse uso intencional cria um efeito de sarcasmo, dissimulação, e pode até mesmo evidenciar efeitos de humor ou irritação.

Termos essenciais da oração: o sujeito

O nível sintático de análise da língua investiga a relação entre os termos das orações. Em estudos anteriores, foram retomados os conceitos de oração e período, fundamentais para a compreensão de diversas relações sintáticas. Agora, é a vez do período simples, com foco de estudos no sujeito e seus tipos, termo essencial da oração, ao lado do predicado.

7. b) Essa afirmação, logo no início, indica a necessidade de ampliar a discussão, por isso espera-se que novos elementos sejam incluídos na sequência do argumento.

7. d) Todos os verbos concordam com os referentes em pessoa e número.

7. c) Oração 1: “A crise climática, no entanto, é muito mais do que isso”. Referente: crise climática. Oração 2: “Se vocês realmente querem fazer a cobertura da crise climática”. Referente: vocês. Oração 3: “devem também abordar as questões fundamentais relacionadas ao tempo, ao pensamento holístico e à justiça”. Referente: vocês.

7. Releia este trecho da carta aberta para a mídia global, escrita por Greta Thunberg e Vanessa Nakate. A crise climática, no entanto, é muito mais do que isso. Se vocês realmente querem fazer a cobertura da crise climática, devem também abordar as questões fundamentais relacionadas ao tempo, ao pensamento holístico e à justiça.

a) Identifique o tópico frasal do argumento.

7. a) Tópico frasal: “A crise climática, no entanto, é muito mais do que isso“.

b) E xplique qual é o objetivo de fazer essa afirmação logo em seu início e o que se espera como continuidade argumentativa.

c) Separe as orações do parágrafo e identifique os referentes de cada um dos verbos.

d) Com base na separação, busque um padrão que explique a relação entre o referente e o verbo, em termos de concordância de pessoa e número.

Sujeito

É comum que se associe ao sujeito aquele que pratica a ação expressa pelo verbo. É o que ocorre em muitos casos; porém, considerando não ser unanimidade, é mais seguro afirmar que o sujeito é o termo com o qual o verbo concorda em pessoa (primeira, segunda e terceira) e em número (singular e plural).

Há casos em que o verbo está na voz passiva ou tem significado que expressa o sujeito como sofredor de sua ação, por isso não é unanimidade considerar o sujeito como praticante da ação do verbo. Por exemplo:

As ativistas foram impelidas a escrever a carta.

O sujeito (as ativistas) sofre a ação do verbo (não a pratica).

Esse tipo de construção é responsável pela impessoalização do agente da ação e, portanto, é muitas vezes utilizado como recurso para não evidenciar os responsáveis por certos fatos.

Tipos de sujeito

Para compreender os tipos de sujeito existentes, é importante relembrar o conceito de núcleo do sintagma nominal, termo central de um sintagma, que pode ter outros termos associados ou subordinados a ele. No caso de um sintagma com valor de sujeito, a quantidade de núcleos desse sintagma pode definir o tipo de sujeito.

8. c) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

8. Releia este trecho da carta aberta para a mídia global, escrita por Greta Thunberg e Vanessa Nakate.

Somos animais sociais e, se nossos líderes e nossas mídias não agirem como se estivéssemos em uma crise, então, é claro que não perceberemos que estamos em uma.

a) Encontre os verbos do período e os termos que concordam com eles em pessoa e número.

b) Localize o núcleo desses termos.

c) Acione seus conhecimentos prévios sobre o tema e explique:

• quais foram os tipos de sujeito identificados?

• em algum deles há mais de um núcleo?

8. a) Formas verbais: somos (nós), agirem (nossos líderes e nossas mídias), (nós) estivéssemos, (nós) perceberemos, (nós) estamos.

8. b) De todas as formas verbais o núcleo é nós, com exceção de agirem, cujos núcleos são líderes e mídias

• se sim, qual é o efeito de sentido produzido pelo fato de haver mais de um núcleo em um deles, considerando a concordância de pessoa e número que predomina do trecho?

Sujeito simples e composto

No sujeito simples , há um núcleo e, no sujeito composto, mais de um núcleo no mesmo sintagma.

Sujeito desinencial (elíptico ou oculto)

O sujeito é chamado desinencial porque sua identificação se faz possível por meio da desinência de número e pessoa do verbo, ficando omitido da oração. Quando um período tem mais de uma oração, por vezes, o sujeito pode estar oculto na primeira, sendo recuperado na segunda, ou vice-versa.

9. Leia, a seguir, o trecho de um artigo científico que explica causas e consequências de queimadas e desmatamentos criminosos no Brasil, nos últimos anos. Queimadas e desmatamentos criminosos influenciam no aquecimento do Planeta, com o aumento do buraco na camada de ozônio. Com o fomento das culturas da soja e da pecuária, que continua alterando para pior a paisagem do cerrado em Municípios do Maranhão, Piauí e Mato Grosso, a dependência exclusiva à monocultura gerou uma retração na economia. A implementação dessas duas culturas, promovendo desmatamento que substituíram grandes áreas de matas nativas no cerrado, agrava cada dia mais esse cenário de destruição. IBAMA e IBGE constaram que destruíram o meio ambiente e isso não resultou, nas cidades onde os crimes ambientais foram praticados, em progresso econômico ou social anunciados.

■ Cultura de soja no estado do Mato Grosso, Brasil.

NETO, Mário Ferreira. Os impactos e as consequências causados ao meio ambiente em função dos desmatamentos e das queimadas […]. Jus, Teresina, ano 17, n. 3 420, 11 nov. 2012. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/22987/. Acesso em: 19 set. 2024.

a) Segundo o texto, quais foram as causas associadas a queimadas e desmatamentos que impactaram o aquecimento do planeta?

b) N o trecho “IBAMA e IBGE constaram que destruíram o meio ambiente e isso não resultou, nas cidades onde os crimes ambientais foram praticados, em progresso econômico ou social anunciados”, identifique os verbos e os sujeitos a ele associados.

Constaram (Ibama e IBGE); destruíram (indeterminado); resultou (isso – destruição do meio ambiente); foram praticados (crimes ambientais).

c) Diante da constatação, como seria possível classificar os tipos de sujeito e o objetivo de seu emprego no trecho?

Sujeito indeterminado

9. a) As causas são a expansão da soja e da pecuária na região do cerrado (Maranhão, Piauí e Mato Grosso) e a substituição de grandes faixas de mata nativa por monoculturas.

Os sujeitos explícitos em uma oração, ainda que por meio da desinência do verbo ou reconhecíveis com base no contexto, são considerados determinados . Quando não é possível determinar o sujeito de nenhuma dessas formas, ele é considerado indeterminado

9. c) Sujeito composto; sujeito indeterminado; sujeito simples e sujeito simples. O emprego do sujeito composto evidencia os órgãos de autoridade que constataram o fato. O emprego do sujeito indeterminado mascara os responsáveis pela destruição do meio ambiente. E os sujeitos simples indicam os referentes e as ações praticadas; no entanto, o uso da voz passiva em foram praticados não evidencia o responsável.

1. b) A palavra coach surgiu no contexto do esporte para designar técnicos de times, que ensinam, orientam e motivam os jogadores. Foi levada para o contexto empresarial por analogia para se referir a pessoas que treinam e incentivam times de pessoas, ou seja, equipes. No contexto empresarial, os coaches são pessoas que têm conhecimento e experiência para treinar e orientar outras pessoas; no entanto, o termo ganhou sentido pejorativo porque, mesmo sem ter a capacitação necessária, muitos passaram a denominar-se coaches, sobretudo nas redes sociais.

10. Leia, agora, o título de uma reportagem sobre o jornalismo ambiental. Depois, copie, no caderno, a afirmação correta sobre ele.

BRAGANÇA, Daniele. Há 20 anos narrando nossa tragédia dos comuns. O Eco, [s l.], 29 ago. 2024. Disponível em: https://oeco.org.br/analises/ha-20-anos-narrando-nossa-tragedia-dos-comuns/. Acesso em: 19 set. 2024.

I. O título da reportagem, tomado de forma independente, não apresenta sujeito, em razão da construção com o verbo haver indicando tempo passado, que é impessoal.

II. O título da reportagem não pode ser tomado de forma independente, porque está inserido em um contexto com subtítulo, que retoma como sujeito O jornalismo ambiental. 10. A afirmação correta é I.

Oração sem sujeito (ou sujeito inexistente)

Ocorre quando os verbos da oração são impessoais, ou seja, não apresentam flexão de número nem de pessoa, sendo marcados sempre pela terceira pessoa do singular.

ATIVIDADES

1. Leia a tirinha.

GOMES, Clara. [Coach de planejamentos]. Bichinhos de Jardim. [S l.], 25 mar. 2024. Disponível em: https://bichinhosdejardim.com/coach-planejamentos/. Acesso em: 19 set. 2024.

a) Em que consiste o efeito de humor da tirinha?

No questionamento de Joana sobre a persistência de seu esforço, ao se ver tão produtiva.

b) Converse com os colegas sobre o sentido do termo em inglês coach, para compreender seu significado na tirinha. Registre uma definição para o termo no caderno e, se necessário, faça uma breve pesquisa a respeito.

c) Por que Joana é designada como “A pior coach do mundo”?

1. c) Porque, em vez de incentivar e motivar, ela questiona a permanência de sua produtividade.

d) No primeiro quadrinho, a construção da fala de Joana é feita por meio de uma figura de linguagem. Identifique-a e explique seu sentido.

A figura é a gradação, usada para enumerar todas as tarefas que Joana fez, criando um efeito de quantidade e produtividade.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.
REPRODUÇÃO/O ECO
CLARA GOMES/BICHINHOS DE JARDIM

2. Leia o meme.

a) Em que consiste o efeito de humor do meme?

2. a) No fato de as personagens não conseguirem dizer o que realmente querem, como se estivessem influenciadas pelo corretor ortográfico, que modifica as palavras de acordo com o algoritmo de uso do dono do aparelho.

MEME “O que queremos” faz sucesso na web ironizando comportamento dos internautas. UOL , [s. l.], c1996-2024. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/ tecnologia/album/2012/11/16/ meme-o-que-queremos-faz -sucesso-na-web-ironizando -comportamento-dos -internautas-veja.htm?foto=13. Acesso em: 19 set. 2024.

b) Há uma ironia presente no meme. Explique como ela é construída.

3. Leia o título da reportagem a seguir.

Ironiza-se a imprecisão do corretor ortográfico.

ALVES, José Eustáquio Diniz. Em 50 anos de meio ambiente, duas certezas: nunca se discutiu tanto o tema e nunca a espiral de autodestruição foi tão assustadora . [S l.]: Projeto Colabora, 29 out. 2022. Disponível em: https://projetocolabora. com.br/ods1/50-anos-de-meio-ambiente-nunca-a-espiral-de-autodestruicao-foi-tao-assustadora/. Acesso em: 19 set. 2024.

a) Há uma opção jornalística pela impessoalidade no título. Identifique-a, bem como o seu efeito de sentido.

A impessoalidade se constrói pela indeterminação do sujeito do verbo discutir : “Nunca se discutiu”. O efeito de sentido é não identificar os atores da discussão, o que se infere ser a sociedade em geral.

b) Ao ler o subtítulo, a impessoalidade se desfaz? Explique.

Não, porque apresenta apenas a motivação para a continuidade das discussões, mas não se evidenciam os atores delas.

REPRODUÇÃO/PROJETO COLABORA

5. c) A impessoalização está em “há coisas importantes a fazer!”, em que o verbo indica sujeito inexistente, o que, no contexto da história, indica um sentido de força que rege a vida das pessoas e as coloca em uma espiral de “fazer”.

4. Leia com atenção a capa do livro de Sylvia Orthof (1932-1997) e copie, no caderno, a alternativa verdadeira.

REPRODUÇÃO/EDITORA OBJETIVA

5. Leia a tirinha.

I. O verbo chover é usado na capa de modo pessoal, para indicar que a atribuição de impessoalidade depende da análise do contexto, de modo que verbos não devem ser classificados desta forma fora de seus contextos.

II. O verbo chover é impessoal, mas sua pessoalização na capa do livro implica atribuir-lhe sujeitos (Eu , Tu , Ele) que modificam o sentido do verbo, não se restringindo apenas a um fenômeno climático; mas dando um sentido figurativo a ele, com o sentido de tristeza (Eu choro).

4. A afirmação correta é a II.

5. a) A crítica está relacionada à velocidade da dinâmica de vida moderna, que impede as pessoas de contemplar a natureza e viver a parte mais sublime e prazerosa da vida.

ORLHOF, Sylvia. Eu chovo, tu choves, ele chove. Rio de Janeiro: Objetiva, 2023. Capa.

GOMES, Clara. [Coisas importantes]. Bichinhos de Jardim. [S l.], 3 set. 2008. Disponível em: https://bichinhosdejardim.com/coisas-importantes/comment-page-1/. Acesso em: 19 set. 2024.

a) Há uma crítica exposta na tirinha. Explique-a.

b) Identifique os verbos de cada quadrinho e seus respectivos sujeitos.

c) No segundo quadrinho, há uma impessoalização. Identifique-a e explique seu sentido, no contexto da história.

5. d) É uma lagartixa. É possível saber seu nome porque Joana usa um vocativo para chamá-la: “Meleca”.

d) Quem é o interlocutor da personagem minhoca? Como é possível saber seu nome, na tirinha?

5. b) 1º quadrinho: “estão […] correndo” (locução), as pessoas (sujeito). 2º quadrinho: têm (verbo), elas (sujeito); há (verbo), sujeito inexistente. 3º quadrinho: restou (verbo), “a parte inútil da vida” (sujeito). 4º quadrinho: tomar, passear, beijar (verbos), não há sujeitos, pois os verbos estão no infinitivo, indicando ações genéricas.

CLARA GOMES/BICHINHOS DE JARDIM

OFICINA DE TEXTO

Carta aberta

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Estudar a proposta

Nesta seção, você irá produzir uma carta aberta relacionada ao tema “crise climática”.

Gênero

Interlocutores

Carta aberta A ser definido

Motivar a criação

Propósito/finalidade

Propor reivindicação para mitigar os impactos da crise climática.

Publicação e circulação

Jornal ou redes sociais da escola

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1. Para dar início à reflexão acerca da carta aberta a ser elaborada, leia o trecho da reportagem “Os ciclones e as secas que apagam vidas e obrigam a um novo olhar sobre a crise ambiental”, escrita por Jaqueline Sordi e publicada no portal jornalístico Sumaúma

Depois de ter passado 62 horas ininterruptas resistindo à confusa correnteza das águas que afogaram seu bairro, o pintor Moisés de Carvalho, 43 anos, finalmente entendeu que o curso do rio que banhou sua infância já não era mais o mesmo. Foram duas noites e três dias sozinho, ilhado no teto de sua casa – o único local da residência que a água não alcançou –, aguardando a descida dos quase 30 metros de elevação do rio Taquari. O mesmo rio que, na sua memória, recebia com movimentos suaves os moradores da região. ‘Eu lembro bem. Lá a gente tomava banho e pescava. Mas agora não dá. Primeiro porque não

■ A destruição em Muçum, município do Rio Grande do Sul, um dos mais atingidos pelo ciclone e pelas fortes chuvas na região. Foto: Jeff Botega.

JEFF BOTEGO

1. c) Resposta pessoal. Verifique a coerência das respostas dos estudantes.

1. a) Respostas pessoais. Incentive os estudantes a relatar as suas impressões como leitores da reportagem. Procure investigar, principalmente, se a turma consegue se identificar com a história relatada.

tem mais peixe. Segundo porque o rio de hoje a gente não conhece mais. Vivo há quatro décadas aqui, desde que nasci. Nunca tinha visto nada igual’, conta. Moisés mora em Lajeado, uma das cidades do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, região Sul do Brasil, que foram atingidas no início de setembro por intensas tempestades seguidas de uma enchente histórica. O rio que dá nome ao vale subiu tanto que alcançou a segunda maior marca de que se tem registro – 29 metros e 62 centímetros – no município de Estrela, localizado no outro lado da margem que banha Lajeado.

A cheia do Taquari aconteceu na esteira de outros eventos climáticos extremos no Sul do Brasil e foi concomitante com uma das secas mais severas já registradas na região Norte – uma situação dramática que tem se estendido há semanas por diversos estados da região amazônica.

SORDI, Jaqueline. Os ciclones e as secas que apagam vidas e obrigam a um novo olhar sobre a crise ambiental. Sumaúma , [s l.], 6 out. 2023. Disponível em: https://sumauma.com/os-ciclones-e-as-secas-que-apagam-vidas -e-obrigam-a-um-novo-olhar-sobre-a-crise-ambiental/. Acesso em: 19 set. 2024.

a) Para introduzir o tema da crise climática, a reportagem utilizou a estratégia de apresentar ao leitor a história do pintor Moisés de Carvalho e do rio que banhou a sua infância, o Taquari. Comente com a turma as impressões que teve com base na leitura do trecho. Você se identificou de alguma maneira com a história narrada? Você se sentiu mais próximo do fato relatado na reportagem?

b) Por que Moisés de Carvalho afirma não conhecer mais o rio que banhou a sua infância?

Porque o curso do rio Taquari mudou ao longo dos anos, em especial por causa dos impactos ambientais e climáticos sofridos.

c) A cena relatada aconteceu em 2024, ano em que o estado do Rio Grande do Sul sofreu com enchentes nunca vivenciadas pelos moradores do local. Você se lembra desse acontecimento? De que maneira se sentiu afetado por ele?

d) D e que maneira você se sente afetado pela crise climática na comunidade em que mora? E como integrante da juventude? Compartilhe suas impressões com os colegas.

Respostas pessoais. Verifique a coerência das respostas dos estudantes.

Planejar e elaborar

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

1. Antes de iniciar a escrita da carta aberta, procure fazer uma pesquisa sobre o problema que será exposto nela: os impactos da crise climática. Esse momento de estudo e pesquisa permitirá refletir melhor sobre a reivindicação que se deseja fazer, além de recolher informações para a sustentação argumentativa do texto. A seguir, sugere-se algumas fontes para ampliar o tema.

• FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA. Crianças e adolescentes são os que mais sofrem com as mudanças climáticas e precisam ser prioridade, alerta Unicef. [S. l.]: Unicef, 9 nov. 2022. Disponível em: www.unicef.org/brazil/comunica dos-de-imprensa/criancas-e-adolescentes-sao-os-que-mais-sofrem-com-mudan cas-climaticas-e-precisam-ser-prioridade. Acesso em: 19 set. 2024.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

• CUGLER, Ergon. Agenda 2030: combater a crise climática exige enfrentar desigualdades raciais, de gênero e socioeconômicas. Jornal USP, [São Paulo], 13 dez. 2023. Disponível em: https://jornal.usp.br/artigos/agenda-2030-combater-a-crise-climatica-exige-enfrentar-desigualdades-raciais-de-genero-e-socioeconomicas/. Acesso em: 19 set. 2024.

• VIEIRA, Liszt. A crise climática e o colapso da civilização. Le Monde Diplomatique Brasil, [São Paulo], 25 jun. 2024. Disponível em: https://diplomatique.org.br/a-crise-climatica-e-o-colapso-da-civilizacao/. Acesso em: 19 set. 2024.

• CIÊNCIA Suja 5: Negacionismo climático a brasileira. Locução de: Theo e Thais. [S. l.]: Ciência Suja, [2023]. Podcast. Disponível em: www.cienciasuja.com.br/temporada-3/ negacionismo-clim%C3%A1tico-%C3%A0-brasileira. Acesso em: 19 set. 2024.

• MUDANÇAS climáticas: a urgente luta para salvar a Terra | 21 notícias que marcaram o século 21. [S. l.: s. n.], 2022. 1 vídeo (13 min). Publicado pelo canal BBC News Brasil. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=BB7cRi5wwh0. Acesso em: 19 set. 2024.

2. Após a pesquisa realizada, busque delimitar a reivindicação que será feita na carta aberta. Procure escrevê-la em uma ou duas frases, em um rascunho inicial do texto.

3. A decisão acerca da reivindicação ajudará a delimitar, também, quem será o destinatário imediato da carta, ou seja, a quem a reivindicação se destina e quem você pretende convencer a mudar de opinião sobre o tema ou exigir ações a respeito. Lembre-se de que o destinatário de uma carta aberta pode ser representado por uma pessoa, um grupo, uma instituição etc.

4. Após essas etapas, todas as informações necessárias para a composição do título da carta aberta estarão disponíveis. Portanto, escreva-o utilizando o gênero textual em questão, o tema abordado, o remetente (a turma escolar) e o destinatário escolhido.

5. Para compor a introdução, não esqueça de contextualizar o problema exposto e apresentar a reivindicação que se pretende fazer. Lembre-se de que a reivindicação é a tese que guiará o desenvolvimento dos parágrafos de desenvolvimento, compostos por um texto argumentativo. Caso julgue interessante, para contextualizar o problema, você pode relatar de que maneira a crise climática afeta a sua vida e o seu entorno, utilizando a estratégia narrativa apresentada na reportagem lida em Motivar a criação.

6. Procure organizar pelo menos três argumentos que sustentem a reivindicação defendida na carta aberta. Se possível, siga a estrutura que contempla o tópico frasal seguido de justificativa. Procure escolher estratégias argumentativas que melhor se encaixem no texto. Caso utilize informações citadas ou dados científicos, não deixe de indicar as fontes.

7. Na conclusão, procure retomar a reivindicação feita, reforçando-a em seu texto.

RETOMADA

Procure relacionar os aprendizados ao longo do capítulo na construção da carta aberta. Assim, é importante escolher os sujeitos e os verbos adequados, de maneira a expressar o que se pretende e, com isso, atingir os objetivos comunicativos do texto.

Outro ponto a considerar são as figuras de linguagem, que contribuem para trazer diferentes efeitos de sentido a um texto, como torná-lo mais expressivo, enfatizar determinados pontos, aumentar o poder de persuasão. Essas possibilidades de construção podem ser realizadas por meio do uso de metáforas, hipérboles, comparações, entre outras figuras.

Avaliar e recriar

1. Leia as questões a seguir e utilize-as como roteiro para avaliação e reedição da carta aberta.

• As informações colhidas ao longo do processo de estudo e pesquisa proposto foram utilizadas na escrita da carta aberta?

• A reivindicação proposta está clara para o leitor e é reforçada na conclusão?

• O título da carta aberta apresenta todas as informações necessárias?

• A escolha de destinatário é a mais eficiente para a solução proposta na reivindicação?

• A introdução contextualiza o problema e apresenta a reivindicação de maneira clara?

• Os parágrafos argumentativos estão apoiados em estratégias argumentativas consistentes?

2. Após verificar os itens, faça as alterações necessárias no documento da carta aberta.

Compartilhar

1. Com a ajuda do professor, reserve um dia para fazer a leitura coletiva das cartas abertas produzidas.

• De maneira democrática, escolha uma das cartas abertas da turma para ser divulgada nas redes sociais ou no jornal da escola.

• Se possível, também investigue a possibilidade de publicação em veículos de imprensa da cidade na qual a escola está situada.

• Para realizar a escolha da carta que representará a turma, procure selecionar aquela que apresente a reivindicação com a qual você mais concorda e os argumentos que considerar mais convincentes e bem estruturados.

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

1. As três vertentes da poesia de Gregório de Matos – lírica, satírica e religiosa – são uma manifestação clara das tensões e dualidades do Barroco. Cada uma das vertentes explora diferentes aspectos da complexidade humana, refletindo o conflito entre o material e o espiritual, o mundano e o sagrado, a crítica e a redenção. O uso de contrastes, antíteses e exageros é recorrente em toda a sua obra, alinhando-a aos princípios estéticos e filosóficos do Barroco.

Neste capítulo, os estudos do campo artístico-literário enfocaram nas características dos movimentos literários Barroco e Parnasianismo, observando os pontos de aproximação e o distanciamento entre eles. Na seção Estudo do Gênero Textual , o enfoque foi a carta aberta. Já na seção Estudo da Língua , por sua vez, foram abordados o campo de análise sintática bem como os tipos de sujeito e seus efeitos de sentido na oração, possibilitando reflexões sobre os termos que se referem ao nome.

Agora, você deverá sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder, com suas palavras, às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para elaborar a sua resposta.

1. Sintetize as três vertentes principais da poesia de Gregório de Matos, associando suas características ao Barroco.

2. Relacione as principais características do movimento literário Parnasianismo ao seu contexto histórico. Em seguida, contraponha tais características ao movimento literário Barroco.

3. Liste a estrutura da carta aberta.

Cabeçalho (opcional), local e data, destinatário, introdução, desenvolvimento, conclusão, despedida e assinatura.

4. Crie um mapa mental com as figuras de linguagem de pensamento e dê exemplos de cada uma delas.

Resposta pessoal. Verifique se os mapas mentais criados são pertinentes.

Refletir e avaliar

Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sua aprendizagem ao longo do capítulo. Para isso, no caderno, reproduza o quadro a seguir e responda às questões. Em seguida, converse com os colegas e o professor sobre formas de aprimorar a sua aprendizagem e anote nas observações.

Ao longo do estudo do capítulo, percebo que...

…fiz as atividades buscando ampliar meus conhecimentos.

…realizei as atividades com empenho, sem focar apenas em terminar a tarefa delegada.

…atuei ativamente nas atividades em dupla ou grupo, sugerindo, antevendo problemas, envolvendo-me em solucionar questões coletivas.

Fui proficiente Preciso aprimorar Observações

2. O Parnasianismo foi um movimento literário que surgiu na França, na segunda metade do século XIX, como uma reação ao Romantismo e ao sentimentalismo exacerbado. Ele se consolidou no Brasil no final do século XIX e início do século XX, em um período de transição entre o Império e a Primeira República, caracterizado por transformações sociais, políticas e econômicas. O Barroco, por sua vez, foi um movimento literário do século XVII, nascido em um contexto de conflitos religiosos e tensões políticas, especialmente, a Contrarreforma Católica. Caracterizado pelo contraste entre o sagrado e o profano, o Barroco reflete a complexidade e a dualidade da época.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

DE OLHO NO VESTIBULAR E NO ENEM

Neste capítulo, o enfoque de análise da questão das provas de ingresso está voltado para o estudo do gênero textual. Leia com atenção as dicas de interpretação do formato da questão e, em seguida, treine outra com o mesmo formato.

1. (UEMG)

A carta inicia com a estrutura que a caracteriza: título/ assunto, data, destinatário.

O uso de vocativo é parte importante de uma carta.

A carta inicia com a apresentação do problema central – a aprovação de uma medida provisória para a regularização fundiária da Amazônia.

A autora se contrapõe a essa situação já na segunda parte da introdução.

O desenvolvimento da carta apresenta argumentos para reforçar a ideia exposta na introdução, como destacar as opiniões de especialistas. Ao recorrer aos objetivos do governo, ressaltando que a medida provisória aprovada não condiz com as ações governamentais, a autora usa argumentos para persuadir o interlocutor.

Carta aberta ao Presidente da República Brasília, 04 de junho de 2009.

Exmo. Sr.

Luiz Inácio Lula da Silva

DD Presidente da República

Sr. Presidente,

Vivemos ontem um dia histórico para o país e um marco para a Amazônia, com aprovação final, pelo Senado Federal, da Medida Provisória 458/09, que trata sobre a regularização fundiária da região. Os objetivos de estabelecer direitos, promover justiça e inclusão social, aumentar a governança pública e combater a criminalidade, que sei terem sido sua motivação, foram distorcidos e acabaram servindo para reafirmar privilégios e o execrável viés patrimonialista que não perde ocasião de tomar de assalto o bem público, de maneira abusiva e incompatível com as necessidades do País e os interesses da maioria de sua população.

Os especialistas que acompanham a questão fundiária na Amazônia afirmam categoricamente que a MP 458, tal como foi aprovada ontem, configura grave retrocesso, como aponta o Procurador Federal do Estado do Pará, Dr. Felício Pontes.

Sendo assim, Senhor Presidente, está em suas mãos evitar um erro de grandes proporções, não condizente com o resgate social promovido pelo seu governo e com o respeito devido a tantos companheiros que deram a vida pela floresta e pelo povo da Amazônia.

Permita-me também, Senhor Presidente, e com a mesma ênfase, lhe pedir cuidados especiais na regulamentação da Medida Provisória.

Por tudo isso, Sr. Presidente, peço que Vossa Excelência vete os incisos II e IV do artigo 2º ; o artigo 7º e o artigo 13.

A carta termina com uma despedida e uma assinatura, aspectos que a caracterizam.

Com respeito e a fraternidade que tem nos unido, atenciosamente, Senadora Marina Silva

Texto adaptado. http://www.greenpeace.org/brasil/ amazonia/noticias/carta-aberta-da-senadora-marin

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

1. Resposta: alternativa a

A alternativa a é a única correta. A carta aberta é um gênero textual de extrema importância nas sociedades democráticas; a b é incorreta por afirmar ser seu produtor o único credenciado a formalizar os reclames da sociedade.

A c é incorreta porque a carta aberta pode apresentar as finalidades mais diversas, reivindicar é apenas uma delas. E a d também não está certa, pois a linguagem nem sempre é acessível a todos.

O texto apresentado é uma carta aberta, gênero textual de extrema importância na vida social contemporânea, sobretudo em sociedades democráticas. Ao ser amplamente divulgada, a carta aberta tem como meta

a) informar e conscientizar as pessoas em geral sobre um problema social ou político; assim, a carta aberta instiga o seu leitor a sustentar o apelo que compõe o conteúdo apresentado pelo seu produtor.

b) constituir o seu produtor como representante legítimo da população, tendo em vista ser ele o único credenciado a formalizar os reclames da sociedade perante a autoridade.

c) participar aos órgãos ou às autoridades competentes uma ação coletiva; por isso, a carta aberta é também conhecida e denominada de carta reivindicatória.

d) estimular e induzir o seu leitor a ponderar criticamente sobre diversos aspectos da sociedade onde vive, por meio de uma linguagem acessível a todos.

2. (Enem)

Carta aberta à população brasileira

Prezados Cidadãos e Cidadãs,

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. Infelizmente, nosso país ainda não está preparado para atender às demandas dessa população.

Este é o retrato da saúde pública no Brasil, que, apesar dos indiscutíveis avanços, apresenta um cenário de deficiências e falta de integração em todos os níveis de atenção à saúde: primária (atendimento deficiente nas unidades de saúde da atenção básica), secundária (carência de centros de referência com atendimento por especialistas) e terciária (atendimento hospitalar com abordagem ao idoso centrada na doença), ou seja, não há, na prática, uma rede de atenção à saúde do idoso.

Diante desse cenário, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) vem a público manifestar suas preocupações com o presente e o futuro dos idosos no Brasil. É preciso garantir a saúde como direito universal.

Esperamos que tanto nossos atuais quanto os futuros governantes e legisladores reflitam sobre a necessidade de investir na saúde e na qualidade de vida associada ao envelhecimento.

Dignidade à saúde do idoso!

Rio de Janeiro, 15 de setembro de 2014.

O objetivo desse texto é

2. Resposta: alternativa e

a) sensibilizar o idoso a respeito dos cuidados com a saúde.

b) alertar os governantes sobre os cuidados requeridos pelo idoso.

c) divulgar o trabalho da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

d) informar o setor público sobre o retrocesso da legislação destinada à população idosa.

e) chamar a atenção da população sobre a qualidade dos serviços de saúde pública para o idoso.

TRABALHO E REALIDADE SOCIAL EM DIFERENTES LINGUAGENS 6

Espera-se que os estudantes reconheçam que o cientista demonstrava interesse pelos estudos da área e, por isso, além de querer contribuir com a produção desses estudos, também criava ilustrações extremamente detalhadas das formas de vida, que poderiam ser consultadas por outros pesquisadores , contribuindo de forma substancial para as pesquisas em Biologia. Os estudos sobre o campo das práticas de estudo e pesquisa serão aprofundados na seção Estudo do Gênero Textual.

2. As ilustrações produzidas pelo cientista foram utilizadas em diversas áreas, para além da científica. Ele teve influência sobre a criação da Art Nouveau, e os desenhos foram apreciados e utilizados como inspiração artística.

Com base em seus conhecimentos e na ilustração de autoria de Ernst Haeckel (1834-1919), apresentada na abertura do capítulo, responda às questões a seguir.

1. O cientista alemão Ernst Haeckel cunhou muitos termos em Biologia e dedicou-se aos estudos da área. O que suas ilustrações revelam sobre o seu entendimento sobre pesquisa científica?

2. Qual seria a importância do registro dessas representações à época em que foram feitas, em meados do século XIX?

3. Com base na produção de Haeckel e em sua opinião, responda: que relações poderiam ser estabelecidas entre ciência e arte?

4. Considerando a imagem e seu contexto de produção, que predicações ela poderia receber?

PROJETO VISTA EM

3. Resposta pessoal. É importante acolher as opiniões dos estudantes e tentar relacioná-las às características dos movimentos literários que serão trabalhados na seção Estudo Literário, principalmente ao Naturalismo.

Avance até a seção Oficina de Projetos deste volume e finalize os trabalhos propostos realizando as ações da etapa “Vivenciar”.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Campos de Atuação

• C ampo artístico-literário

• C ampo das práticas de estudo e pesquisa

Tema Contemporâneo

Transversal

• Economia: Trabalho

4. Espera-se que os estudantes relembrem o conceito de predicação e levantem hipóteses sobre as que poderiam ser associadas à imagem, como arabescos dourados e inspirações orgânicas. Esse conteúdo será aprofundado na seção Estudo da Língua.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

■ HAECKEL, Ernst. Phaeodaria (Kunstformen der Natur, Plate 1). 1904. Fotografia de ilustração, 34 cm × 48 cm. In: GILTSCH, Adolf. [Sem título]. Gota, Alemanha: Bibliographisches Institut [entre 1899 e 1909]. Coleção privada. A ilustração é de autoria do biólogo, naturalista, filósofo, médico, professor e artista alemão Ernst Heinrich Philipp August Haeckel e apresenta a estrutura de microrganismos marinhos unicelulares. O cientista mapeou uma árvore genealógica na qual sugere a relação entre todas as formas de vida. Além de cunhar muitos termos em Biologia, como: antropogenia, ecologia, filo, filogenia e protista.

ESTUDO LITERÁRIO

Realismo e Naturalismo no Brasil

Você lerá o capítulo 21 do romance Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), escrito por Machado de Assis (1839–1908), publicado originalmente em folhetim, e apenas posteriormente organizado em livro. O romance é narrado pelo protagonista Brás Cubas, que, no universo ficcional ali criado, escreve suas memórias após a morte. A narrativa destaca os momentos mais importantes de sua vida: seus amores, como o romance frustrado com Virgília, e as suas tentativas de ter sucesso, como a ideia de criar um “emplastro” que curaria todas as doenças. O enredo mostra um personagem que, apesar de ser um homem rico, não deixa um grande legado ou conquistas. O romance apresenta uma crítica à hipocrisia, à vaidade e às convenções sociais da época.

PRIMEIRO OLHAR

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que, ao propor um romance que apresenta o ponto de vista de um narrador que já morreu, Machado rompe com as temáticas da literatura produzida no período.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Antes de iniciar a leitura do capítulo, discuta com os colegas as questões a seguir.

• Você considera inovadora a proposta de um romance que apresenta a perspectiva de um narrador que já morreu?

• Como a construção do romance baseado no ponto de vista de um narrador morto pode influenciar a maneira como a história é contada?

CAPÍTULO 21

O Almocreve

O objetivo da atividade é incentivar os estudantes a perceber que o ponto de vista escolhido pelo autor influencia na forma como essa história é contada. Pode-se, ainda, questionar os estudantes se eles consideram que Machado realizou essa escolha para isentar o narrador de possíveis julgamentos e permitir que ele tivesse mais liberdade ao expor suas ideias e narrar suas histórias.

Vai então, empacou o jumento em que eu vinha montado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos , depois mais três, enfim mais um, que me sacudiu fora da sela, com tal desastre, que o pé esquerdo me ficou preso no estribo; tento agarrar-me ao ventre do animal, mas já então, espantado, disparou pela estrada fora. Digo mal: tentou disparar, e efetivamente deu dois saltos, mas um almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rédea e detê-lo, não sem esforço nem perigo. Dominado o bruto, desvencilhei-me do estribo e pus-me de pé.

— Olhe do que vosmecê escapou, disse o almocreve.

E era verdade; se o jumento corre por ali fora, contundia-me deveras , e não sei se a morte não estaria no fim do desastre; cabeça partida, uma congestão, qualquer transtorno cá dentro, lá se me ia a ciência em flor. O almocreve salvara-me talvez a vida; era positivo; eu sentia-o no sangue que me agitava o coração.

almocreve: condutor de animais de carga. fustigar: bater, açoitar. corcovos: pinote. deveras: realmente, de fato.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.
CARLOS CAMINHA

Bom almocreve! Enquanto eu tornava à consciência de mim mesmo, ele cuidava de consertar os arreios do jumento, com muito zelo e arte. Resolvi dar-lhe três moedas de ouro das cinco que trazia comigo; não porque tal fosse o preço da minha vida – essa era inestimável; mas porque era uma recompensa digna da dedicação com que ele me salvou. Está dito, dou-lhe as três moedas.

— Pronto, disse ele, apresentando-me a rédea da cavalgadura.

— Daqui a nada – respondi –; deixa-me, que ainda não estou em mim...

— Ora qual!

— Pois não é certo que ia morrendo?

— Se o jumento corre por aí fora, é possível; mas, com a ajuda do Senhor, viu vosmecê que não aconteceu nada.

Fui aos alforjes, tirei um colete velho, em cujo bolso trazia as cinco moedas de ouro, e durante esse tempo cogitei se não era excessiva a gratificação, se não bastavam duas moedas. Talvez uma. Com efeito, uma era bastante para lhe dar estremeções de alegria. Examinei-lhe a roupa; era um pobre-diabo, que nunca jamais vira uma moeda de ouro. Portanto, uma moeda. Tirei-a, vi-a reluzir à luz do sol; não a viu o almocreve, porque eu tinha-lhe voltado as costas; mas suspeitou-o talvez, entrou a falar ao jumento de um modo significativo; dava-lhe conselhos, dizia-lhe que tomasse juízo, que o “senhor doutor” podia castigá-lo; um monólogo paternal. Valha-me Deus! Até ouvi estalar um beijo: era o almocreve que lhe beijava a testa.

— Olé! – exclamei.

— Queira vosmecê perdoar, mas o diabo do bicho está a olhar para a gente com tanta graça... Ri-me, hesitei, meti-lhe na mão um cruzado em prata, cavalguei o jumento, e segui a trote largo, um pouco vexado, melhor direi um pouco incerto do efeito da pratinha. Mas a algumas braças de distância, olhei para trás, o almocreve fazia-me grandes cortesias, com evidentes mostras de contentamento. Adverti que devia ser assim mesmo; eu pagara-lhe bem, pagara-lhe talvez demais. Meti os dedos no bolso do colete que trazia no corpo e senti umas moedas de cobre; eram os vinténs que eu devera ter dado ao almocreve, em lugar do cruzado em prata. Porque, enfim, ele não levou em mira nenhuma recompensa ou virtude, cedeu a um impulso natural, ao temperamento, aos hábitos do ofício ; acresce que a circunstância de estar, não mais adiante nem mais atrás, mas justamente no ponto do desastre, parecia constituí-lo simples instrumento da Providência ; e de um ou de outro modo, o mérito do ato era positivamente nenhum. Fiquei desconsolado com esta reflexão, chamei-me pródigo, lancei o cruzado à conta das minhas dissipações antigas; tive (por que não direi tudo?) tive remorsos .

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 23. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. p. 56-57.

Joaquim Maria Machado de Assis foi um jornalista e escritor carioca, primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras e um dos principais nomes da literatura mundial. Filho de um pintor de paredes e de uma lavadeira, Machado enfrentou as dificuldades impostas pela pobreza e pelo racismo. Autodidata, ele conquistou espaço na sociedade da época, marcada por grandes desigualdades sociais e raciais, mesmo sem ter frequentado uma universidade. Como um escritor negro em uma sociedade escravocrata, Machado subverteu as expectativas e se consolidou como o maior autor da literatura brasileira, cuja influência se estende até os dias atuais. Sua obra literária inclui poemas, crônicas, contos, peças de teatro e, principalmente, romances. Entre suas obras mais conhecidas estão Memórias póstumas de Brás Cubas (1881), Dom Casmurro (1899) e Quincas Borba (1891).

zelo: cuidado. cruzado: moeda. vexado: envergonhado. vinténs: moedas. ofício: trabalho. Providência: termo teológico que se refere a ação de alguma divindade sobre eventos. remorso: arrependimento.

■ Retrato de Machado de Assis.

1. a) Brás Cubas se desequilibra do jumento porque o animal empacou e, após ser açoitado, deu vários pinotes com a intenção de derrubar seu condutor. Ele é salvo por um almocreve que, percebendo o perigo, segura a rédea do jumento e impede que o animal continue a correr, o que poderia ter causado um acidente mais grave.

1. b) Após o evento, Brás Cubas, inicialmente, demonstra gratidão ao almocreve que o salvou e decide recompensá-lo com algumas moedas. No decorrer do capítulo, o protagonista passa a questionar o valor da recompensa que será dada ao almocreve, refletindo se o gesto do condutor valeria algum reconhecimento.

O almocreve utiliza palavras e expressões carinhosas e beija a testa do jumento. Essas falas e essa reação indicam uma relação de familiaridade e afeto que o almocreve estabelece com o animal, demonstrando um

Brás Cubas reage com um misto de surpresa e divertimento ao ver o almocreve conversando com o jumento. Ele ri da situação, mas também hesita antes de dar a recompensa, o que revela um distanciamento emocional e uma falta de compreensão das motivações do almocreve.

A reação de Brás Cubas revela um olhar distanciado e crítico, além de uma visão de mundo que valoriza mais as aparências e o status do que a genuinidade das

Ele considera o ato do almocreve como algo trivial e sem mérito, subestimando a dedicação e o esforço envolvidos. Essa interpretação demonstra sua tendência a valorizar menos o trabalho de pessoas em posições sociais inferiores, além de uma visão utilitarista das relações humanas, na qual o valor é medido mais pelo status do que pela ação em si.

O movimento realista

1. Após a leitura do capítulo 21 da obra Memórias póstumas de Brás Cubas, responda às questões a seguir.

a) O que leva Brás Cubas a se desequilibrar do jumento e como ele é salvo?

b) De que maneira Brás Cubas reage após esse evento?

2. Analise o momento em que o almocreve conversa com o jumento para responder aos itens a seguir.

a) De que modo as palavras e expressões usadas pelo almocreve para se dirigir ao jumento refletem a relação que ele estabelece com o animal?

b) Q uais aspectos da personalidade do almocreve são revelados por meio desse gesto?

Sua atitude demonstra uma ligação afetiva com o animal, refletindo uma personalidade generosa e cuidadosa, mesmo em uma situação de trabalho árduo.

c) Como Brás Cubas reage ao ver o almocreve conversando com o jumento?

d) O que a reação de Brás Cubas revela sobre a sua visão de mundo?

ECONOMIA

e) Como a maneira pela qual Brás Cubas interpreta a cena reflete sua visão sobre o valor do trabalho e seus preconceitos sociais? Explique.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

O romance Memórias póstumas de Brás Cubas foi publicado em 1881, quando o país vivia os últimos anos do regime escravocrata e se aproximava o final do Império. No período, o Brasil estava dividido entre aqueles que defendiam a continuidade do Império e a manutenção da ordem e aqueles que pregavam a modernização do país. Embora as elites brasileiras adotassem os discursos de liberdade e modernidade em uma tentativa de importar um discurso europeu, na prática, as estruturas sociais continuavam reproduzindo a exploração e a opressão das minorias. Assim, a obra de Machado de Assis está inserida nesse contexto de transição, refletindo as tensões e contradições de uma sociedade marcada pela desigualdade, pelo racismo e pela estratificação social.

3. Analise o modo como a decisão de Brás Cubas em recompensar o almocreve se desenvolve no decorrer do capítulo para responder aos itens a seguir.

a) Como Brás Cubas decide, inicialmente, recompensar o almocreve e como essa decisão reflete seu estado emocional após o incidente?

b) A sua decisão inicial é mantida até o fim do capítulo? Explique.

c) De que forma Brás Cubas justifica sua mudança de atitude?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

4. Analise a interação entre Brás Cubas e o almocreve após a recompensa ser entregue.

ECONOMIA

a) Como o almocreve reage ao receber o cruzado em prata?

b) Qual é o impacto da reação do almocreve na reflexão de Brás Cubas?

4. b) Veja Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

c) O q ue essa interação revela sobre as dinâmicas de poder entre os dois personagens?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

3. a) Inicialmente, Brás Cubas decide recompensar o almocreve com três moedas de ouro, refletindo um estado emocional de gratidão e alívio após ter sua vida salva. 3. b) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor. 4. a) O almocreve faz várias cortesias em direção a Brás Cubas, mostrando-se grato e feliz com a recompensa.

d) É p ossível dizer que tais dinâmicas refletem o contexto histórico de escrita do romance? Explique.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

5. a) Brás Cubas percebe o papel do almocreve como um instrumento da Providência, como alguém colocado no lugar certo e na hora certa, para evitar um desastre maior. Ele não atribui mérito pessoal ao almocreve, mas sim à Providência divina, sugerindo que o almocreve agiu apenas por um impulso natural ou devido ao seu ofício, não por intenção.

Realismo

O movimento literário Realismo , ao qual pertence o romance Memórias póstumas de Brás Cubas , surgiu na França em meados do século XIX como uma reação ao Romantismo. Enquanto o Romantismo priorizava a subjetividade e o sentimentalismo, o Realismo buscava retratar a realidade de forma objetiva, com foco nas condições sociais e sem um olhar sentimental sobre os acontecimentos. O contexto do Realismo foi marcado por novas teorias científicas, como o positivismo, que se estabeleceram após a Revolução Industrial. No Brasil, o Realismo teve início em 1881 com a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas , que marcou a ruptura com o Romantismo.

O Parnasianismo, já estudado por você, foi um movimento contemporâneo do Realismo, mas, enquanto o Parnasianismo se preocupava com o aspecto formal do poema, o Realismo, no campo da prosa, se preocupava com a representação da realidade por meio de uma visão crítica da sociedade brasileira.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

5. Observe o desfecho do capítulo e responda às questões propostas.

Mas a algumas braças de distância, olhei para trás, o almocreve fazia-me grandes cortesias, com evidentes mostras de contentamento. Adverti que devia ser assim mesmo; eu pagara-lhe bem, pagara-lhe talvez demais. Meti os dedos no bolso do colete que trazia no corpo e senti umas moedas de cobre; eram os vinténs que eu devera ter dado ao almocreve, em lugar do cruzado em prata. Porque, enfim, ele não levou em mira nenhuma recompensa ou virtude, cedeu a um impulso natural, ao temperamento, aos hábitos do ofício; acresce que a circunstância de estar, não mais adiante nem mais atrás, mas justamente no ponto do desastre, parecia constituí-lo simples instrumento da Providência; e de um ou de outro modo, o mérito do ato era positivamente nenhum. Fiquei desconsolado com esta reflexão, chamei-me pródigo, lancei o cruzado à conta das minhas dissipações antigas; tive (por que não direi tudo?) tive remorsos.

a) Como Brás Cubas avalia o papel do almocreve no incidente?

b) Essa avaliação reforça ou contradiz a ponderação realizada logo após o incidente e apresentada no início do capítulo?

c) Você identifica algum acontecimento que pode ter influência nessa mudança de julgamento?

d) Por qual razão Brás Cubas sente remorso ao final do capítulo e o que isso revela sobre sua personalidade? Justifique sua resposta com elementos do enredo.

6. Reflita sobre o comportamento de Brás Cubas e sobre como ele lida com a situação apresentada no capítulo. O comportamento do protagonista se aproxima ou se afasta da maneira como você vivencia a justiça e a generosidade no seu dia a dia?

Características do Realismo

Entre as principais características do Realismo estão: a objetividade e a representação verossímil da realidade; a crítica às estruturas sociais e às desigualdades – muitas vezes estabelecida com a ironia; a exploração dos conflitos internos das personagens; a utilização de linguagem clara e direta; e o abandono das idealizações românticas e da exaltação da natureza.

5. b) A avaliação final contradiz a reflexão de Brás Cubas realizada no início do capítulo, na qual o protagonista reconhece a dedicação do almocreve e valoriza a ação realizada por ele.

5. c) O fato de o almocreve conversar com o jumento e tratá-lo de forma paternal parece justificar a desvalorização que o salvamento sofreu.

5. d) Brás Cubas sente remorso porque, após dar o cruzado em prata, ele começa a refletir que talvez tenha sido generoso demais com o almocreve. Ele se considera pródigo, lamentando ter gasto mais do que o necessário, uma vez que, em sua visão, o almocreve não merecia tanto. A reflexão final de Brás Cubas sobre o cruzado em prata revela seu apego aos bens materiais e sua visão mesquinha sobre o valor das pessoas e suas ações.

6. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam sobre situações cotidianas e o quanto eles estão dispostos a oferecer aos outros, seja em termos de tempo, atenção ou recursos materiais. Em relação à justiça, pode-se ponderar sobre como ela é subjetiva em relação ao dar e ao receber, além de refletir se as ações do dia a dia são motivadas por consideração pelos outros, por um senso de dever ou, ainda, por conveniência.

AMPLIAR

8. b) No trecho, o narrador se corrige, o que sugere uma interação direta com o leitor e apresenta uma mudança de tom. A autocorreção do narrador faz parecer que ele ajustou o relato para fornecer uma outra versão dos acontecimentos. Essa mudança de tom, de um relato potencialmente sério para uma situação leve, faz com que o leitor perceba o evento menos como uma tragédia e mais como uma oportunidade para explorar um aspecto das características da personagem.

O realismo português de Eça de Queirós

José Maria de Eça de Queirós (1845-1900) foi um escritor português que atuou como figura central do Realismo em seu país. Ele buscou retratar a realidade social de Portugal da época por meio de um estilo irônico e crítico. Sua obra O primo Basílio (1878) explora os temas da traição e da moralidade por meio de uma trama que revela as vicissitudes e hipocrisias da classe média, enquanto Os Maias (1888) oferece um olhar sobre a decadência social e política de Portugal através da história da família Maia. Outro romance importante de Eça de Queirós é A ilustre casa de Ramires (1900), que conta a história de Gonçalo Mendes Ramires, decidido a escrever um romance baseado nos feitos heroicos de seus antepassados para tentar restaurar o prestígio de sua família. Essa obra explora de forma crítica os ideais da nobreza portuguesa da época.

8. c) A postura do narrador inspira desconfiança. Embora o narrador forneça detalhes do incidente, a sua tendência a corrigir-se e a maneira como minimiza o risco real envolvido sugerem que ele pode estar manipulando o relato para apresentar uma versão mais vantajosa para si mesmo. Além disso, o tom leve e humorístico empregado ao relatar o que poderia ter sido um evento grave reforça a ideia de que o narrador não é completamente confiável, pois parece mais interessado em entreter o leitor ou em destacar sua própria esperteza do que em relatar os fatos com exatidão.

7. Em uma folha avulsa ou no caderno, classifique as afirmações a seguir como verdadeiras ( V ) ou falsas (F) de acordo com as características do Realismo presentes no capítulo de Memórias póstumas de Brás Cubas que você leu.

Resposta: V, V, F, F, V.

( ) O capítulo apresenta uma análise crítica das relações sociais, evidenciando como as condições econômicas das personagens moldam suas atitudes e comportamentos.

( ) O uso de uma linguagem precisa e descritiva no capítulo serve para enfatizar a objetividade e a verossimilhança das situações retratadas, explorando uma característica do Realismo.

( ) O narrador assume uma postura imparcial ao descrever os eventos, evitando julgamentos morais ou sentimentalismo ao abordar as questões humanas.

( ) A figura do almocreve é construída com base em uma idealização, o que contrasta com o tom realista do restante do capítulo.

( ) A reflexão final de Brás Cubas sobre o valor da moeda é um exemplo de como o Realismo explora as contradições internas e a complexidade moral das personagens.

A narrativa machadiana

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

8. a) O trecho é: “ Digo mal: tentou disparar, e efetivamente deu dois saltos, mas um almocreve, que ali estava, acudiu a tempo de lhe pegar na rédea e detê-lo, não sem esforço nem perigo”.

8. Retome o primeiro parágrafo do capítulo de Memórias póstumas de Brás Cubas que você leu para responder às questões a seguir.

a) Identifique o trecho em que o narrador parece interagir com o leitor.

b) E xplique o efeito de sentido desse recurso no entendimento da narrativa, levando em consideração a mudança de tom do narrador ao relatar o evento ocorrido.

c) A postura do narrador inspira confiança ou desconfiança? Justifique.

9. Reflita sobre a relação entre o narrador e o leitor no capítulo de Memórias póstumas de Brás Cubas que você leu. Em sua percepção, como essa relação pode influenciar a interpretação do enredo pelo leitor?

Machado de Assis escreveu suas primeiras obras durante o movimento literário Romantismo, mas já apresentando um tom reflexivo que antecipava características realistas. Com a publicação de Memórias póstumas de Brás Cubas, em 1881, Machado inaugura o Realismo no Brasil, rompendo de vez com o aspecto idealizado do Romantismo, e consolida sua transição para o movimento realista, adotando uma visão mais crítica e irônica da sociedade.

O estilo literário de Machado de Assis, na fase realista, é caracterizado por uma série de elementos que transformam a maneira como as narrativas eram construídas até então. Nessa fase, o narrador de Machado, geralmente em primeira pessoa, adota um tom irônico e

9. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reconheçam que a postura do narrador pode tanto aproximar o leitor quanto deixar dúvidas sobre as intenções e a exatidão do que é narrado.

cínico, que gera desconfiança no leitor, tornando difícil identificar suas verdadeiras intenções ao contar a história. A perspectiva do narrador é uma importante ferramenta de crítica à sociedade brasileira da época

Por meio do narrador, Machado explora com profundidade os aspectos psíquicos das personagens , buscando entender quais são os mecanismos que influenciam seus comportamentos. Durante essa exploração, o narrador desafia as expectativas do leitor e propõe questionamentos sobre o funcionamento da sociedade do período.

Os narradores machadianos também costumam dialogar com outras obras literárias ou filosóficas e refletem sobre a escrita e a construção da história, chamando a atenção do leitor para o ato de narrar.

Em Memórias póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis utiliza a memória como um mecanismo para discorrer sobre as fragilidades humanas. A escrita fragmentada, composta por episódios curtos que, juntos, constroem um retrato da sociedade da época, os constantes diálogos com o leitor e a presença de ironia contribuem para criar um texto que questiona a linearidade e a objetividade da verdade.

10. Releia o trecho do capítulo 21 de Memórias póstumas de Brás Cubas para responder às questões a seguir.

[...] Resolvi dar-lhe três moedas de ouro das cinco que trazia comigo; não porque tal fosse o preço da minha vida – essa era inestimável; mas porque era uma recompensa digna da dedicação com que ele me salvou. Está dito, dou-lhe as três moedas.

[...]

Fui aos alforjes, tirei um colete velho, em cujo bolso trazia as cinco moedas de ouro, e durante esse tempo cogitei se não era excessiva a gratificação, se não bastavam duas moedas. Talvez uma. Com efeito, uma moeda era bastante para lhe dar estremeções de alegria. Examinei-lhe a roupa; era um pobre-diabo, que nunca jamais vira uma moeda de ouro. Portanto, uma moeda. Tirei-a, vi-a reluzir à luz do sol; não a viu o almocreve, porque eu tinha-lhe voltado as costas; mas suspeitou-o talvez, entrou a falar ao jumento de um modo significativo; dava-lhe conselhos, dizia-lhe que tomasse juízo, que o “senhor doutor” podia castigá-lo; um monólogo paternal. Valha-me Deus! Até ouvi estalar um beijo: era o almocreve que lhe beijava a testa.

a) E xplique a reflexão do narrador no trecho lido, observando o modo como a descrição do almocreve impacta nessa reflexão.

b) Como a descrição do almocreve e a reflexão do narrador sobre a quantidade de moedas ajudam a revelar a ironia da situação?

c) Como essa ironia contribui para a construção do narrador? Em sua resposta, considere as características do narrador machadiano estudadas por você.

d) Considerando o papel da ironia no estilo machadiano e no trecho lido, o que ela revela sobre as normas e os valores sociais da sociedade brasileira do século XIX?

10. a) No trecho, o narrador reflete sobre a gratificação que deve dar ao almocreve. Inicialmente, ele pensa em dar três moedas de ouro, mas, ao observar a aparência do almocreve, questiona se não seria um excesso. A descrição do almocreve é utilizada como pretexto para o narrador concluir que uma moeda seria suficiente.

10. b) A ironia se manifesta no contraste entre a condição social do almocreve e a postura do narrador. Embora Brás Cubas reconheça a pobreza do homem, ele usa essa constatação para justificar a redução da gratificação e não o seu aumento, convencendo-se de que uma única moeda é suficiente.

10. c) A ironia reforça a imagem do narrador como uma figura cínica e pouco confiável. Essa postura se relaciona com as características do narrador machadiano, que frequentemente adota um tom irônico para expor as contradições e hipocrisias da sociedade e de si mesmo.

10. d) Ao minimizar a importância de recompensar dignamente o almocreve, Brás Cubas reflete uma mentalidade elitista comum no século XIX, que percebe os pobres como aqueles cuja felicidade pode ser facilmente comprada com pouco. A ironia serve como ferramenta para criticar a hipocrisia das classes dominantes, que mascaram sua mesquinhez sob uma falsa aparência de generosidade e compaixão.

11. b) A hesitação do narrador em expressar claramente o seu sentimento de remorso reflete a dificuldade em confrontar suas próprias contradições e falhas. Brás Cubas demonstra ter consciência de sua hipocrisia, ao mesmo tempo que mantém um certo distanciamento irônico. Esses traços da personalidade do narrador exemplificam características comuns ao Realismo, como a exploração dos conflitos internos dos personagens e o abandono das idealizações românticas.

11. Retome o último parágrafo do capítulo 21 de Memórias póstumas de Brás Cubas para responder ao que se pede.

a) O narrador parece hesitar ao revelar o seu sentimento diante do ocorrido. Transcreva um trecho que explicite essa hesitação.

“(por que não direi tudo?)”.

b) O que a hesitação do narrador revela sobre as características do Realismo presentes na obra de Machado de Assis? Explique.

12. Em Memórias póstumas de Brás Cubas, o narrador “defunto autor” oferece uma visão desencantada da vida, narrando suas memórias com distanciamento. Já na dedicatória, essa visão fica explicitada. Leia, a seguir, a dedicatória do romance e o início do primeiro capítulo para responder às questões a seguir.

A escolha de iniciar as memórias pela morte, e não pelo nascimento, seguida de uma hesitação sobre como começar a narrativa, reflete o estilo irônico machadiano, que não corresponde às expectativas do leitor.

distanciamento

acontecimentos no capítulo se relaciona com sua autodefinição como “defunto autor” por sugerir que ele narra os acontecimentos com o olhar de alguém que não se importa mais com convenções morais ou sociais.

Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas

CAPÍTULO 1

Óbito do autor

12. a) Ao dedicar suas memórias ao verme que roeu suas carnes, o narrador Brás Cubas revela uma visão cínica e desencantada da vida, enfatizando a ideia de que, após a morte, tudo se resume ao nada, representado aqui pelo verme, que é a única coisa a “beneficiar-se” de seu corpo. Essa visão reflete o desdém do narrador por valores como a glória, o prestígio e o reconhecimento, temas caros à sociedade do século XIX, mas que ele ironicamente descarta como irrelevantes após a morte, mesmo que em vida sua postura tenha sido outra.

Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco

Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos!

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 23. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. p. 11, 15.

a) A dedicatória da obra é incomum. O que o narrador revela ao escolher dedicar suas memórias ao verme que primeiro roeu as carnes de seu cadáver?

b) No trecho do primeiro capítulo, o narrador explicita uma escolha metodológica ao iniciar suas memórias pela morte, em vez do nascimento, contudo começa a narração das suas memórias pela hesitação. Como essa atitude reflete o estilo literário machadiano?

c) O narrador se define como “defunto autor” em vez de “autor defunto”. Quais os efeitos de sentido da expressão e como essa definição contribui para a construção da identidade do narrador?

d) No capítulo 21, Brás Cubas demonstra um distanciamento crítico ao refletir sobre a sua própria generosidade. Como essa atitude se relaciona com a autodefinição de Brás Cubas como “defunto autor”?

Machado em outro país

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

O romance Memórias póstumas de Brás Cubas viralizou nas redes sociais a partir da postagem de um vídeo em que a escritora e podcaster estadunidense, Courtney Henning Novak, que havia se atribuído o desafio de ler um livro de cada país, analisou o livro e o classificou como o melhor livro já escrito. Após a postagem do vídeo, o livro de Machado de Assis alcançou a lista de livros mais vendidos dos Estados Unidos. Para assistir ao vídeo, acesse o link .

LIVRO de Machado de Assis, ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’, faz escritora americana viralizar. [S l.; s n ], 2024. 1 vídeo (Shorts). Publicado pelo canal TV Brasil. Disponível em: www.youtube.com/shorts/tXNVuUUJZAQ. Acesso em: 18 set. 2024. Frame do vídeo: READ Around the World: Brazil. [S l.: s n.], 2024. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal courtneyhenningnovak. Localizável em: 21 s. Disponível em: www.tiktok.com/ @courtneyhenningnovak/video/7371123232688049451. Acesso em 25 set. 2024.

12. c) A expressão “defunto autor”, em vez de “autor defunto”, sugere que a morte veio antes da criação literária, ou seja, que o narrador só pôde se tornar um autor após sua morte. Essa inversão reflete a atitude desencantada e irônica do narrador, que se apresenta como alguém que, estando morto, se distancia das vaidades e ilusões da vida. Isso contribui para a construção de um narrador cínico e desiludido, que vê a vida sob uma perspectiva de distanciamento e desprendimento das convenções sociais, uma vez que está morto.

A linguagem do texto

Observe como se organizam os verbos de ligação e os sentidos que adquirem no texto.

13. Releia um trecho do capítulo 21 de Memórias póstumas de Brás Cubas

Resolvi dar-lhe três moedas de ouro das cinco que trazia comigo; não porque tal fosse o preço da minha vida – essa era inestimável; mas porque era uma recompensa digna da dedicação com que ele me salvou. Está dito, dou-lhe as três moedas.

a) Ao final do trecho, o narrador usa a expressão Está dito. O que ela significa? De que forma essa colocação influencia o tom da narrativa?

b) Além de pagar três moedas como recompensa pela ajuda, o narrador faz um comentário sobre esse valor: “– essa era inestimável; mas porque era uma recompensa digna da dedicação com que ele me salvou”. Como o uso da pontuação no trecho contribui para o efeito de sentido de reflexão?

c) Ainda sobre o trecho do item b, explique como a escolha de palavras e a estrutura da frase revelam o caráter ou a atitude do narrador.

d) Considerando apenas o trecho “– essa era inestimável”, avalie as afirmações a seguir e copie no caderno as verdadeiras.

I. O leitor é capaz de identificar que a qualidade inestimável é o ponto mais expressivo do trecho, cabendo ao verbo era a conexão à vida e à sua qualidade.

II. era estabelece uma qualidade absoluta e inquestionável (inestimável) ao valor da vida, destacando sua preciosidade.

III. era inestimável versus a concretude de três moedas provoca uma reflexão sobre o que é incalculável e o que pode ser medido.

IV. O uso do era marca uma característica permanente da vida. Se ele for substituído por estava, o seu sentido poderia ser de instabilidade, falta de permanência.

Todas as alternativas estão corretas. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

No trecho lido, a forma verbal era desempenha um papel importante na construção do sentido e na expressão das ideias do narrador. Ela não apenas conecta o sujeito a uma característica ou estado, mas também ajuda a enfatizar a distinção entre o valor intrínseco e incomensurável da vida humana e o valor material das moedas de ouro. Dessa forma, reforça a ideia de que a recompensa dada pelo narrador não equivale ao valor da sua vida, mas é um reconhecimento simbólico da dedicação de seu salvador. O verbo ser funciona como um verbo de ligação.

Verbo de ligação

13. a) Por meio de uma expressão coloquial, o narrador sinaliza sobre a decisão final. O tom de conclusão ou autoridade que ele demonstra ao usar essa expressão aponta não só a sua decisão, como também um aspecto de uma pessoa decidida e resoluta.

13. b) Ao usar travessões e ponto e vírgula, o texto marca a pausa reflexiva do narrador que coloca em confronto o valor pago na recompensa (três moedas) e o valor da sua vida (inestimável). Assim, a marcação gráfica ressalta a reflexão do narrador neste momento do texto.

13. c) Com base nesse trecho, podemos considerar que o narrador vê a sua vida com um valor inestimável, enquanto o valor pago para seu salvador corresponde à ajuda que lhe foi oferecida.

O verbo de ligação é um tipo de verbo que não expressa uma ação propriamente dita, mas sim um estado, condição ou característica do sujeito. Ele funciona como um elo que conecta o sujeito a um predicativo, que é o termo que atribui uma qualidade, estado ou condição ao sujeito da frase. Exemplos comuns de verbos de ligação em português incluem: ser, estar, parecer, ficar, tornar-se.

Os verbos de ligação têm diferentes sentidos. Observe-os no quadro a seguir.

Verbo de ligação

Efeito de sentido

Ser Sugere uma característica intrínseca ou permanente do sujeito. Exemplo: Ela é inteligente. (inteligência como qualidade permanente)

Estar

Permanecer

Parecer

Indica um estado temporário ou circunstancial. Exemplo: Ela está cansada. (cansaço como condição momentânea)

Transmite a ideia de uma condição temporária, mas com a sugestão de duração ou continuidade. Exemplo: Ele permaneceu calmo durante a reunião. (calma mantida durante um período específico)

Sugere uma característica que pode ser verdadeira ou apenas uma impressão. Exemplo: Ela parece feliz. (felicidade pode ser uma aparência ou impressão)

14. Suponha que o narrador queira dizer que a vida é inestimável apenas durante um tempo, perdendo o brilho e o valor ao longo dos anos. Como o trecho “– essa era inestimável” poderia ser reconstruído? Justifique sua resposta.

Resposta: Essa permanece inestimável. A condição muda de estado para permanência, embora não seja uma condição imutável.

15. Releia o trecho, a seguir, do capítulo 21 de Memórias Póstumas de Brás Cubas.

— Queira vosmecê perdoar, mas o diabo do bicho está a olhar para a gente com tanta graça...

Ri-me, hesitei, meti-lhe na mão um cruzado em prata, cavalguei o jumento, e segui a trote largo, um pouco vexado, melhor direi um pouco incerto do efeito da pratinha. Mas a algumas braças de distância, olhei para trás, o almocreve fazia-me grandes cortesias, com evidentes mostras de contentamento. Adverti que devia ser assim mesmo; eu pagara-lhe bem, pagara-lhe talvez demais. Meti os dedos no bolso do colete que trazia no corpo e senti umas moedas de cobre; eram os vinténs que eu devera ter dado ao almocreve, em lugar do cruzado em prata. Porque, enfim, ele não levou em mira nenhuma recompensa ou virtude, cedeu a um impulso natural, ao temperamento, aos hábitos do ofício; acresce que a circunstância de estar, não mais adiante nem mais atrás, mas justamente no ponto do desastre, parecia constituí-lo simples instrumento da Providência ; e de um ou de outro modo, o mérito do ato era positivamente nenhum. Fiquei desconsolado com esta reflexão, chamei-me pródigo, lancei o cruzado à conta das minhas dissipações antigas; tive (por que não direi tudo?) tive remorsos.

• As formas verbais nas frases destacadas no texto funcionam como verbos de ligação. Complete o quadro com o efeito de sentido que essas formas verbais provocam nas frases onde elas se encontram.

A forma verbal está indica, na frase, uma condição momentânea.

O verbo estar indica, na frase, um estado temporário ou circunstancial.

Forma verbal Efeito de sentido está estar parecia

A forma verbal parecia indica uma característica que pode ser verdadeira ou apenas uma impressão.

DIÁLOGOS

Naturalismo

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Anteriormente, você leu um trecho do romance Memórias póstumas de Brás Cubas, escrito por Machado de Assis. O romance marca o início do movimento realista no Brasil. Agora, você lerá um trecho do romance O cortiço (1890), de Aluísio Azevedo (1857-1913). Esse romance, também originalmente publicado em folhetim, retrata a vida em um cortiço do Rio de Janeiro. Esse modelo de habitação era comum nas grandes cidades do país durante o século XIX. Na narrativa, acompanha-se a trajetória de João Romão, comerciante português que enriquece explorando os moradores do cortiço, e de Bertoleza, mulher escravizada, que foge de seu antigo senhor e passa a viver com João Romão, iludida pela promessa de alforria que ele nunca cumpre. O romance também destaca a vida dos habitantes do cortiço, descrevendo-os ora por meio de um olhar coletivo, ora pelo olhar da família de Miranda, vizinho do cortiço, que pertence à burguesia e simboliza o contraste entre a realidade opressora do cortiço e o conforto da classe média alta.

O Cortiço

III

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.

Um acordar alegre e farto de quem dormiu de uma assentada sete horas de chumbo. Como que se sentiam ainda na indolência de neblina as derradeiras notas da última guitarra da noite antecedente, dissolvendo-se à luz loura e tenra da aurora, que nem um suspiro de saudade perdido em terra alheia. A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros , umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabão ordinário. As pedras do chão, esbranquiçadas no lugar da lavagem e em alguns pontos azuladas pelo anil, mostravam uma palidez grisalha e triste, feita de acumulações de espumas secas. Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janela para janela as primeiras palavras, os bons-dias; reatavam-se

cortiço: moradia que serve de habitação coletiva para as classes menos favorecidas. indolência: preguiça. coradouro: local ao ar livre onde se pendura roupas para branquear. acre: cheiro forte.

CARLOS
CAMINHA

1. a) O efeito de sentido gerado é o de que o cortiço é um organismo vivo.

1. b) A mistura de tais elementos permite ao leitor experimentar o ambiente de forma sensorial, aproximando-o da realidade dos moradores do cortiço.

conversas interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam. No confuso rumor que se formava, destacavam-se risos, sons de vozes que altercavam , sem se saber onde, grasnar de marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas. De alguns quartos saíam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede, a gaiola do papagaio, e os louros, à semelhança dos donos, cumprimentavam-se ruidosamente, espanejando-se à luz nova do dia.

Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão. As portas das latrinas não descansavam, era um abrir e fechar de cada instante, um entrar e sair sem tréguas. Não se demoravam lá dentro e vinham ainda amarrando as calças ou as saias; as crianças não se davam ao trabalho de lá ir, despachavam-se ali mesmo, no capinzal dos fundos, por detrás da estalagem ou no recanto das hortas.

O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e resingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.

Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas; fazendo compras.

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 30. ed. São Paulo: Ática, 1997. (Bom Livro, p. 13). Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000015.pdf. Acesso em: 17 set. 2024. traquinar: bagunçar, brincar. altercar: discutir com energia. espanejar: ação que as galinhas realizam ao sacudir o pó das asas. fossar: vasculhar com o focinho. latrina: vaso sanitário ou espaço onde se pode evacuar. ensarilhar: enredar, embaraçar. resinga: reclamação. viçosa: exuberante.

Aluísio Azevedo foi um escritor maranhense. O autor sempre teve muito interesse por desenho e pintura, o que o levou a cursar a Imperial Academia de Belas Artes, no Rio de Janeiro, após completar os estudos em São Luís (MA). Aluísio trabalhou como caricaturista em jornais da época e baseava-se nas suas caricaturas para escrever cenas narrativas. Após a publicação de seu romance O mulato, em 1881, o autor passou a publicar seus escritos em folhetins e se tornou o primeiro escritor brasileiro a defender e obter o sustento por meio do trabalho da escrita literária. Aluísio passou a se preocupar com a análise dos coletivos humanos e do modo como tais coletivos eram explorados pelos portugueses no Brasil. As obras Casa de pensão (1884) e O cortiço (1890) foram escritas com esse olhar. ■ Retrato de Aluísio Azevedo.

1. Após a leitura do trecho do romance O cortiço, responda às questões a seguir.

a) No início do trecho, o cortiço é apresentado ao acordar. Qual é o efeito de sentido gerado pela atribuição dessa ação ao cortiço?

b) A descrição do cotidiano no cortiço mistura sensações, sons e cheiros. De que modo a presença de tais elementos contribuem para a percepção da vida no cortiço?

c) No trecho, os moradores do cortiço são apresentados de forma coletiva ou individualizada? Justifique, identificando palavras ou expressões que confirmem a sua resposta.

1. c) Os moradores do cortiço são apresentados de forma coletiva, como parte de um todo. Expressões como “uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas” e “um só ruído compacto que enchia todo o cortiço” reforçam essa ideia.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

2. c) O estilo narrativo objetivo e detalhado cria um retrato da realidade do cortiço. Essa escolha permite que o leitor observe a vida dos moradores de forma neutra, sem a interferência emocional ou opinativa do narrador.

2. Observe o modo como o narrador de O cortiço narra o trecho. Em seguida, responda às questões.

a) O trecho é narrado em primeira ou terceira pessoa?

O trecho é narrado em terceira pessoa, pois o narrador não faz parte da ação.

b) O narrador de O Cortiço adota uma postura objetiva ou subjetiva ao descrever o cortiço e seus moradores? Justifique sua resposta.

O narrador adota uma postura objetiva, pois descreve o cortiço e seus moradores sem emitir julgamentos ou opiniões.

c) Qual é o efeito de sentido gerado pela escolha desse estilo narrativo?

d) Compare o narrador de O cortiço com o narrador de Memórias póstumas de Brás Cubas , estabelecendo semelhanças e diferenças entre o estilo de narração de cada um deles e a postura diante das personagens.

O romance O cortiço, de Aluísio Azevedo, faz parte do movimento literário Naturalismo, que surgiu na Europa como uma ramificação do Realismo. Enquanto o Realismo retratava a realidade de forma objetiva, a estética naturalista radicalizou essa visão com uma abordagem cientificista calcada na experimentação e na observação da interação do sujeito com o meio. O movimento foi influenciado pelas teorias deterministas, que defendiam que o comportamento humano é determinado por fatores externos, como o ambiente e as condições sociais.

No contexto brasileiro, o Naturalismo voltou-se para a análise das aglomerações em centros urbanos e da condição das classes menos favorecidas nesses centros e foi marcado por uma perspectiva etnocêntrica e pelo autoexotismo. Esse termo refere-se à forma como os autores brasileiros descreviam sua própria realidade de modo exótico ou primitivo, aproximando personagens a animais e levando em conta os valores europeus. Enquanto no movimento literário Romantismo, já estudado por você, a exuberância da natureza brasileira foi percebida de forma idealizada, no Naturalismo essa exuberância foi percebida como uma marca do atraso social que influenciava negativamente o comportamento moral e social dos habitantes do país. No final do século XIX, o Rio de Janeiro estava em expansão e intensificavam-se as desigualdades sociais. Nos cortiços, trabalhadores brasileiros, negros libertos e imigrantes conviviam entre si e tinham o mesmo objetivo: a busca de melhores condições de vida. Em O cortiço, Aluísio Azevedo apresenta a realidade dessas populações e, de acordo com a perspectiva da época, destaca como o ambiente moldava o comportamento humano.

3. No romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo, o cortiço é muitas vezes considerado a personagem principal, mesmo não sendo um sujeito. Como essa visão sobre o meio reflete os ideais naturalistas estudados por você até aqui?

Naturalismo

Essa visão do cortiço reflete os ideais naturalistas porque insere o meio como determinante para o comportamento das personagens. No livro, o cortiço simboliza a degradação de seus habitantes, que são entendidos como produto das condições sociais em que vivem.

O Naturalismo aplica o determinismo e o cientificismo à literatura, retratando personagens como resultado das influências do ambiente e do meio social. Nesse movimento literário, a descrição detalhada do ambiente e das atividades humanas desempenha um papel central. Esse processo de experimentação literária geralmente adota uma perspectiva pessimista, abordando temas como a degradação moral e a decadência social, e coletivista, ao direcionar a perspectiva para os grupos sociais, especialmente as classes marginalizadas. Nesse contexto, o ser humano é frequentemente animalizado para evidenciar que ele é fruto das condições biológicas e ambientais e age mais por instinto do que pela racionalidade. Nesse sentido, as obras naturalistas também costumam explorar o erotismo, buscando representar a sexualidade por meio de uma visão realista e distante da idealização romântica.

2. d) O narrador de O Cortiço é em terceira pessoa, impessoal e objetivo. O narrador de Memórias póstumas de Brás Cubas é em primeira pessoa e bastante subjetivo, com um tom irônico e crítico, comentando diretamente sobre os acontecimentos e as personagens. Por meio de estilos narrativos diferentes, ambos os narradores oferecem uma visão crítica da sociedade descrita em suas obras.

4. a) A comparação procura destacar o fato de eles viverem de forma coletiva, sem individualidade, como força de trabalho.

4. b) Tal comparação se associa à animalização do ser humano e gera o efeito de que o ser humano age mais por instinto do que por racionalidade quando inserido em um coletivo.

4. Ao apresentar os moradores de forma coletiva, o narrador compara as personagens a formigas.

a) Em sua interpretação, o que tal comparação procura destacar?

b) A qual característica do movimento Naturalista tal comparação se associa? Explique, considerando o efeito de sentido gerado pela comparação.

5. Reflita sobre a teoria determinista, utilizada no Naturalismo, para responder às questões a seguir.

a) Como o modo através do qual o narrador descreve o cortiço reforça a ideia de que os habitantes são influenciados pelo meio em que vivem?

b) Embora o Naturalismo enfoque o meio como fator determinante, você concorda que o ser humano é apenas um produto das condições em que vive? Justifique sua resposta.

c) Com base em sua resposta ao item anterior, reflita: de que maneira a ideia de que o meio molda o indivíduo pode reforçar estereótipos preconceituosos?

5. a) A descrição do cortiço sugere, com base na atribuição de características humanas a um ser vivo inanimado, que as personagens são seres moldados por esse espaço.

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A cidade de Deus de Paulo Lins (1958-)

No romance Cidade de Deus , escrito por Paulo Lins e publicado em 1997, o autor apresenta um panorama das transformações sociais ocorridas na comunidade Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, onde cresceu. O livro, que se baseia em fatos, foi adaptado para o cinema em 2002. Nele, a relação dos indivíduos com o meio também é explorada, porém a partir de uma visão cujo pano de fundo não é o determinismo social. Leia, a seguir, um trecho em que o narrador de Cidade de Deus descreve o espaço urbano e observe as semelhanças e diferenças entre o romance de Paulo Lins e O cortiço

Cidade de Deus deu a sua voz para as assombrações dos casarões abandonados, escasseou a fauna e a flora, remapeou Portugal Pequeno e renomeou o charco: Lá em Cima, Lá na Frente, Lá Embaixo, Lá do Outro Lado do Rio e Os Apês.

Ainda hoje, o céu azula e estrelece o mundo, as matas enverdecem a terra, as nuvens clareiam as vistas e o homem inova avermelhando o rio. Aqui agora uma favela, a neofavela de cimento, armada de becos-bocas, sinistros-silêncios, com gritos-desesperos no correr das vielas e na indecisão das encruzilhadas.

Os novos moradores levaram lixo, latas, cães vira-latas, exus e pombagiras em guias intocáveis, dias para se ir à luta, soco antigo para ser descontado, restos de raiva de tiros, noites para velar cadáveres, resquícios de enchentes, biroscas, feiras de quartas-feiras e as de domingos, vermes velhos em barrigas infantis, revólveres, orixás enroscados em pescoços, frango de despacho, samba de enredo e sincopado, jogo do bicho, fome, traição, mortes, jesus cristos em cordões arrebentados, forró quente para ser dançado, lamparina de azeite para iluminar o santo, fogareiros, pobreza para querer enriquecer, olhos para nunca ver, nunca dizer, nunca olhos e peito para encarar a vida, despistar a morte, rejuvenescer a raiva, ensanguentar destinos, fazer a guerra e para ser tatuado. Foram atiradeiras, revistas Sétimo Céu, panos de chão ultrapassados, ventres abertos, dentes cariados, catacumbas incrustadas nos cérebros, cemitérios clandestinos, peixeiros, padeiros, missa de sétimo dia, pau para matar a cobra e ser mostrado, a percepção do fato antes do ato, gonorreias mal curadas, as pernas para esperar ônibus, as mãos para o trabalho pesado, lápis para as escolas públicas, coragem para virar a esquina e a sorte para o jogo de azar. Levaram também as pipas, lombo para polícia bater, moedas para jogar [...] Transportaram também o amor para dignificar a morte e fazer calar as horas mudas.

LINS, Paulo. Cidade de Deus. 3. ed. São Paulo: Planeta, 2012. p. 16-17.

5. b) Respostas pessoais. Espera-se que o estudante elabore uma reflexão sobre o modo como essa visão retira a agência do ser humano, inserindo-o em uma lógica que reforça preconceitos.

5. c) Espera-se que os estudantes desenvolvam, com mais profundidade, a análise iniciada na questão anterior, refletindo sobre os preconceitos sociais que permeiam os ideais deterministas, como o preconceito racial e social.

6. a) No Trecho 1, Jerônimo é descrito como trabalhador e disciplinado, enquanto no Trecho 2 ele é descrito como preguiçoso e como alguém que se deixa levar pelos prazeres.

6. b) O ambiente do Brasil, descrito como quente e sedutor, se associa às características de Jerônimo na medida em que, segundo o trecho, contribuem para comportamento menos disciplinado.

6. Leia, a seguir, dois excertos de O cortiço. O primeiro apresenta o comportamento do português Jerônimo ao se mudar para o cortiço. O segundo, apresenta o comportamento desse mesmo personagem após algum tempo morando na habitação coletiva.

1

V

[…] Jerônimo acordava todos os dias às quatro horas da manhã, fazia antes dos outros a sua lavagem à bica do pátio, socava-se depois com uma boa palangana de caldo de unto, acompanhada de um pão de quatro; e, em mangas de camisa de riscado, a cabeça ao vento, os grossos pés sem meias metidos em um formidável par de chinelos de couro cru, seguia para a pedreira.

2

IX

palangana: recipiente de barro ou metal usado para servir os assados. unto: gordura de porco.

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 30. ed. São Paulo: Ática, 1997. (Bom Livro, p. 24). Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000015.pdf. Acesso em: 17 set. 2024.

reviscerar: refazer. entrincheirar: proteger.

[…] Uma transformação, lenta e profunda, operava-se nele, dia a dia, hora a hora, reviscerando -lhe o corpo e alando-lhe os sentidos, num trabalho misterioso e surdo de crisálida. A sua energia afrouxava lentamente: fazia-se contemplativo e amoroso. A vida americana e a natureza do Brasil patenteavam-lhe agora aspectos imprevistos e sedutores que o comoviam; esquecia-se dos seus primitivos sonhos de ambição; para idealizar felicidades novas, picantes e violentas; tornava-se liberal, imprevidente e franco, mais amigo de gastar que de guardar; adquiria desejos, tomava gosto aos prazeres, e volvia-se preguiçoso resignando-se, vencido, às imposições do sol e do calor, muralha de fogo com que o espírito eternamente revoltado do último tamoio entrincheirou a pátria contra os conquistadores aventureiros.

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 30. ed. São Paulo: Ática, 1997. (Bom Livro, p. 44). Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000015.pdf. Acesso em: 17 set. 2024.

a) Identifique as principais mudanças no comportamento de Jerônimo ao longo do tempo.

b) Relacione mudanças identificadas por você às características do ambiente brasileiro, descritas no Trecho 2.

7. Em Memórias póstumas de Brás Cubas, a relação do protagonista com o dinheiro se dá pela perspectiva da herança. Como observado por você no trecho lido, o protagonista apresenta uma visão elitista e preconceituosa dos trabalhadores pobres, desmerecendo e desvalorizando os serviços prestados. Em O cortiço, tanto a relação com o dinheiro, quanto a relação com o trabalho, adquirem outro ponto de vista. Leia o trecho a seguir.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

refolho: parte mais profunda.

João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro do Botafogo; e tanto economizou do pouco que ganhara nessa dúzia de anos, que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em pagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como ainda um conto e quinhentos em dinheiro.

Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labutação ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro

TRECHO
TRECHO

7. b) A exploração dos mais pobres é um recurso utilizado tanto por João Romão quanto por Brás Cubas. Enquanto o personagem de O cortiço explora de maneira brutal e sistemática aqueles oriundos das classes mais baixas que a dele, mesmo sendo uma pessoa de origem pobre, Brás Cubas assume posição de superioridade diante dos mais pobres. Ele não depende do trabalho dos outros para enriquecer, como acontece com João Romão, mas desvela preconceitos de classe contra aqueles que executam trabalhos entendidos como menos valorizados pela sociedade da época.

Enfatize que o termo crioula revela características da sociedade escravagista da época e pode reforçar estereótipos, fortalecendo o racismo estrutural, por isso deve ser excluída do vocabulário.

de um saco de estopa cheio de palha. A comida arranjava-lha, mediante quatrocentos réis por dia, uma quitandeira sua vizinha, a Bertoleza, crioula trintona, escrava de um velho cego residente em Juiz de Fora e amigada com um português que tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade.

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 30. ed. São Paulo: Ática, 1997. (Bom Livro, p. 1). Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000015.pdf. Acesso em: 17 set. 2024.

a) Compare a visão de João Romão sobre o dinheiro e o trabalho com a visão de Brás Cubas em Memórias póstumas de Brás Cubas.

b) Em O cortiço, a exploração dos moradores do cortiço e de Bertoleza contribuem para o enriquecimento de João Romão. Relacione essa informação com a atitude de Brás Cubas com o almocreve no capítulo que você leu. Em sua resposta, considere a origem social de cada personagem.

REFLETIR E ARGUMENTAR

Resposta pessoal. O objetivo da questão é incentivar a discussão sobre a tentativa de enquadramento de Machado em um padrão de escritores brancos por causa da sua importância intelectual, levando os estudantes a pensar sobre o modo como o preconceito racial operava na época e continua a operar na atualidade.

Leia o trecho de reportagem e responda às questões a seguir.

No ano passado, a Faro Editorial surpreendeu brasileiros diante da publicação da obra O homem que odiava Machado de Assis , de José Almeida Júnior, que já venceu o Prêmio Sesc de Literatura. O livro se destacou entre as outras obras já lançadas sobre o gênio brasileiro. Além de misturar história e ficção em torno de um dos maiores nomes da literatura, o exemplar apresentou a primeira imagem de Machado de Assis negro em sua capa.

‘Quando tomei conhecimento da campanha Machado de Assis real, promovida pela faculdade Zumbi dos Palmares, a capa de meu livro já estava na gráfica. Machado de Assis era mestiço, bisneto de escravos, mas sofreu um processo de embranquecimento ao longo do tempo’, revelou Almeida.

‘Retratar o mais importante escritor brasileiro como negro é uma correção histórica, que garante às novas gerações conhecer o Machado de Assis real. Devido à importância da campanha, a editora interrompeu o processo de produção do livro e alterou a foto de Machado de Assis na capa.’

NOGUEIRA, André. Machado de Assis: o grave erro com a imagem do maior escritor da história do Brasil. Aventuras na História, [s. l.], 19 mar. 2021. Disponível em: https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/reportagem/machado -de-assis-conheca-o-grande-erro-de-seculos-com-a-imagem-do-bruxo-do-cosme-velho.phtml. Acesso em: 14 set. 2024.

• Por muitos anos, Machado de Assis foi retratado como um homem branco, inclusive em materiais didáticos. Discuta com os colegas as possíveis causas da representação de Machado de Assis como homem branco.

• Argumente sobre a importância histórica de representar o escritor como um homem negro. Em sua argumentação, considere o impacto dessa representação na construção da identidade juvenil.

Resposta pessoal. O objetivo da questão é incentivar os estudantes a refletir sobre o apagamento histórico da população negra e sobre a importância desse resgate para combater estereótipos e fortalecer a identidade da juventude negra.

• Fotografias com a fisionomia do autor embranquecida circulam pela internet e pelas redes sociais até os dias de hoje. Como você, enquanto jovem, pode contribuir para que a propagação dessas imagens não aconteça?

Resposta pessoal. O objetivo da questão é levar os estudantes a refletir sobre as suas atitudes no ambiente virtual, conscientizando os demais sobre o embranquecimento sofrido por Machado de Assis e compartilhando, se possível, o registro histórico que pode realizar essa correção histórica.

7. a) João Romão entende que o acúmulo de riquezas se dá tanto pelo esforço pessoal quanto pela exploração do trabalho alheio. Ele se priva de qualquer conforto para aumentar o acúmulo de dinheiro. Brás Cubas, por sua vez, despreza o trabalho e não tinha necessidade de trabalhar para garantir o dinheiro.

OFICINA LITERÁRIA

A construção do narrador

Estudar a proposta

Neste capítulo, você estudou algumas características do Realismo. Também estudou as características do narrador machadiano na obra Memórias póstumas de Brás Cubas. Nesta oficina literária, você vai retomar o que foi estudado para elaborar um capítulo de romance que, por meio de um narrador irônico, estabeleça uma crítica à sociedade contemporânea.

Motivar a criação

1. A motivação para iniciar a produção do texto proposto envolve a reflexão e a observação acerca das características da sociedade contemporânea. Para isso, releia o trecho de Memórias póstumas de Brás Cubas e observe o modo como a crítica social se estabelece, levando em consideração as características do narrador.

• Qual aspecto da sociedade contemporânea será criticado por você em seu capítulo?

• De que modo esse aspecto pode ser abordado por meio de um narrador irônico?

• Quais reflexões você gostaria que seu capítulo provocasse no leitor?

Planejar e elaborar

1. Para dar início ao planejamento do texto, procure elaborar a estrutura do capítulo.

• Indique quantas personagens participarão do enredo e quais serão as características de cada uma delas.

• Escreva o modo como a crítica social escolhida será elaborada no capítulo.

• Sistematize as características do narrador personagem e indique como a ironia será aplicada no decorrer do capítulo, a fim de propor a crítica social.

2. Para elaborar a escrita do capítulo, procure formular parágrafos coerentes e coesos entre si, garantindo que o leitor consiga compreender o momento em que a história se situa.

3. Verifique se a profundidade psicológica das personagens foi explorada e se a ironia foi utilizada como instrumento para o estabelecimento da crítica social.

Avaliar e recriar

1. Avalie se o enredo do capítulo e a construção das personagens permitem ao leitor compreender a crítica social proposta e se a ironia contribui para a proposição da crítica.

Compartilhar

O capítulo produzido pode ser divulgado no blogue da turma, se houver, ou ser entregue ao professor para que, em data previamente definida, seja apresentado para os colegas. As impressões sobre os capítulos podem ser compartilhadas com a turma em uma discussão sobre as questões sociais abordadas.

ESTUDO DO GÊNERO TEXTUAL

Artigo científico

Resposta pessoal.Espera-se que os estudantes listem algumas das atividades que possam contribuir para a organização nessa moradia coletiva, antecipando algumas questões cruciais que serão apresentadas no artigo científico.

No romance O cortiço, de Aluísio Azevedo, analisado na seção Estudo Literário, é possível afirmar que essa habitação coletiva e precária acaba ultrapassando a função de cenário e torna-se uma personagem da obra. Nesta seção, o cortiço ganha novamente destaque, dessa vez por meio de um estudo divulgado em um artigo científico.

PRIMEIRO OLHAR

Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

Antes de iniciar a leitura do artigo científico, discuta com a turma as questões a seguir.

• Na cidade onde você mora, existem cortiços? Se sim, em quais bairros?

• Procure pensar na organização de uma moradia como o cortiço. Em sua opinião, quais ações seriam necessárias para melhorar a convivência nesse lugar?

AS VOZES DOS OPERADORES DE CORTIÇOS

Marcos Venancio Cavalcanti de Albuquerque Lui

Renato Cymbalista

Introdução: o grande ausente

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

No início do século 21, cerca de 596 mil pessoas, ou 5% da população do município de São Paulo, viviam nos chamados cortiços ou pensionatos (SEADE, CDHU, 2002). Os cortiços são habitações coletivas de aluguel, que em geral apresentam condições físicas insatisfatórias para moradia e cobram altos valores de aluguel. Constituem uma das poucas oportunidades de a população de baixa renda acessar a infraestrutura instalada da cidade, como transporte público, rede hospitalar, escolas e áreas de lazer. Existem cortiços por toda a cidade, mas eles são historicamente mais recorrentes nos bairros centrais mais populares, como Bela Vista, Bom Retiro, Liberdade e Santa Ifigênia. Apesar de o termo cortiço ser amplamente utilizado na literatura científica, o qual o empregamos neste artigo, quase todos os envolvidos no ecossistema do cortiço preferem se referir a tais locais como pensões ou pensionatos. A exceção é o movimento organizado de luta por moradia reunido sob o nome de União de Lutas dos Cortiços (ULC), que politiza o termo cortiço como forma de denúncia da precariedade de uma situação que deve ser enfrentada pelo Estado (Neuhold, 2016).

Os cortiços de São Paulo são objeto de investigação há mais de um século, sendo o estudo inaugural o conhecido levantamento dos cortiços de Santa Ifigênia, em 1893 (Cordeiro, 2010; Ribeiro, 2015; Borin, 2016). Albuquerque Lui e Cymbalista (2020) dividem os estudos sobre cortiços em São Paulo em três vertentes explicativas principais: a) Cortiço como denúncia – foco na descrição da precariedade, na ausência ou insuficiência de políticas públicas; b) Cortiço como potencialidade – forma de moradia que vem garantindo a presença dos mais pobres em áreas centrais, exigindo reconhecimento e requalificação; c) Cortiço como realidade – territorialidade com modos de vida específicos, que merecem ser narrados e qualificados para fazer justiça à vida e à luta de seus moradores.

Em que pesem suas especificidades e seus diferentes compromissos, um elemento perpassa toda a literatura: a escassez de informações sobre o desempenho do papel de operador de cortiços, aquele que viabiliza os espaços para os inquilinos, sejam eles proprietários, sejam intermediários.

A pouca densidade de conhecimento sobre os operadores traz consequências sobre a interpretação desse tipo de moradia, uma vez que o que explica o surgimento de um cortiço é a existência de um potencial operador (proprietário ou intermediário). A simples oferta de um imóvel no mercado não leva à formação de um cortiço, afinal, muitos imóveis não se tornam cortiços. Do mesmo modo, a existência de potenciais inquilinos por si só não é suficiente para o negócio, pois se não há oferta de cômodos para atender essa demanda não se forma um cortiço.

O operador casa a demanda por moradia com a disponibilização de cômodos. É esse o sujeito social que identifica o imóvel com potencial para ser encortiçado, fazendo nele as adaptações necessárias; define preços e condições da moradia, em acordos verbais na quase totalidade das vezes; parametriza sanções para o caso do não cumprimento de acordos; estabelece os regimes de uso dos espaços compartilhados; medeia disputas; faz reparos emergenciais quando as condições físicas inviabilizam a ocupação; paga as contas de consumo e rateia seus custos. É quem detém a visão empresarial e estratégica da exploração do imóvel. É uma posição de muito trabalho e também de poder sobre a comunidade moradora. Longe de ser tranquila, é exercida em meio a tensão e conflitos.

[…]

Assim, prevalece na literatura a condenação dos operadores, sejam eles proprietários ou intermediários. O lugar intelectual de onde se analisam os operadores pouco mudou desde citado estudo inaugural sobre cortiços em São Paulo, o levantamento de Santa Ifigênia, em 1893: ‘Medidas de rigor devem ser tomadas para conter a exploração gananciosa dos que constroem sem consciência e dos que locam e sublocam prédios sem atenção às leis da moral e à vida de seus inquilinos’ (São Paulo, 1893, apud Kowarick; ANT, 1994, p. 77).

Pouca ênfase é dada à qualificação e ao detalhamento das atividades de gestão realizadas pelos operadores, como demonstra excepcionalmente Kowarick (2009, p. 57): ‘Faz os serviços de cobrança, tem a função de manter a ordem, escolhe os inquilinos, pelos quais é responsável perante a proprietária do imóvel’. Lagenest (1962, p. 15) detalha um pouco mais:

Esta personagem, o ‘encarregado’, é a peça central do cortiço. Contratado pelo dono da casa, é ele que recebe mensalmente o aluguel, que decide da aceitação ou recusa de um possível inquilino, que determina o preço do aluguel, que mantém a ordem e faz de polícia, quando necessário. Pode explorar seus inquilinos, como pode também ajudá-los. Habitualmente os explora sem misericórdia, dizendo que ‘é ordem do patrão’.

O arranjo social do cortiço fornece abundante material empírico para fundamentar essas análises, e a denúncia da superexploração dos cortiços será sempre necessária. Por outro lado, sustentamos aqui que é possível problematizar mais a fundo essa figura tão central nas relações de cortiço: Quem é? De onde vem? Como assumiu essa posição? Como consegue se legitimar perante inquilinos e proprietário? Como dá conta dos desafios de uma gestão cotidiana tão complexa? O que deseja para seus filhos? O fato é que, em mais de um século de estudos sobre cortiços em São Paulo, é quase impossível encontrar depoimentos em primeira pessoa dessas figuras.

Este texto opera nessa lacuna. Resulta de entrevistas qualitativas, em forma narrativa com sete operadores de cortiços em bairros centrais e visitas aos imóveis por eles administrados,

entre dezembro de 2020 e agosto de 2021. Dá centralidade ao operador do cortiço como sujeito –até onde conhecemos, pela primeira vez – e busca entender o mundo onde esses agentes existem, seus dilemas, desafios, até mesmo sonhos e orgulhos.

[…]

Início da atividade

Com algumas variáveis, a literatura explica o surgimento dos cortiços pelo aumento da dinâmica econômica, do crescimento da cidade e da população precária e de baixa renda.

O cortiço desponta e expande-se em decorrência de uma nova relação de exploração, na qual o trabalhador precisa adquirir, com o salário que aufere, os meios de vida para sobreviver […] na medida em que a economia baseia seu processo de extração de excedentes na pauperização de trabalhadores e ao mesmo tempo precisa manter a unidade familiar operária a fim de explorá-la e garantir sua continuidade, o cortiço […] aparece como a forma mais viável para o capitalismo nascente reproduzir a classe trabalhadora, a baixos custos. (Kowarick; ANT, 1994, p. 74)

Ainda que explique o fenômeno em uma escala ampla, tal narrativa tem também limites: o cortiço, como ser inanimado, não tem capacidade de se autoinventar, alguém precisa promovê-lo. O crescimento da cidade e da população de baixa renda, sem capacidade de inserção no mercado formal de moradia, pode resultar em diferentes formas de moradia precária, e se surgem cortiços é porque existem sujeitos com capacidade de agência para fazê-lo. Ou seja, faz sentido endereçar quais agentes operam em um cortiço que “desponta”, “expande-se”, “aparece”.

Júlio (proprietário) juntou dinheiro trabalhando numa lavanderia que abriu com os irmãos e obteve lucro na compra e revenda de duas casas na Zona Norte de São Paulo, uma na Cachoeirinha e outra no bairro do Limão, ambas na Zona Norte. Após essas negociações, comprou dois imóveis na Barra Funda no final da década de 1980, e os transformou em cortiços no início da década de 1990, empreendimento que entendeu como menos arriscado do que abrir uma loja:

Quando eu tinha a lavanderia eu aprendi com os portugueses […] O português entrava lá o quarto antigo era grande e o que ele fazia uma divisória aqui e ali e fazia um quarto, outro quarto, supondo que ele pagava [de aluguel] 2 mil reais ou 3 mil reais […] e dava pra tirar 6 mil reais o ganho é 3 mil reais, só que ele gastava, colocava uma divisória de madeira e trabalhava em cima dessa casa. Pegava outra casa e fazia outra pensão, e ganhava mais 3 mil reais, e ia assim. Eu comecei a perceber isso, na década de 1970 […] através dos portugueses que tinham pensões, que eu vi, que tive essa sabedoria, porque tinha medo de abrir loja. O que eu vou fazer? Pelo menos o aluguel é seguro. Se eu fizer uma kitnet hoje um peão não paga R$ 1.300, R$ 1.400 […] alugar um quartinho com um banheiro é pra ele dormir, fazer um cafezinho, comida de final de semana, é mais fácil e mais barato. E vou fazer o que na casa da Vitorino? [rua Vitorino Carmilo] Vou fazer uma pensão. […] Foi quando o Collor prendeu o dinheiro do povo. Eu fiquei com aquele complexo, fiquei duro, não tinha dinheiro pra ir na feira […].

O que fui fazendo, eu não tinha noção ainda, daí eu fiz dois quartos grandes embaixo. Pensei, vou fazer diferente, eu fecho aqui e faço quartos maior e menor que alugo mais barato, na outra parede vou fazer uma kitnet e lá no fundo vou fazer outra kitnet, chamei pedreiro e aí fui pegando gosto pelas coisas. (Júlio, depoimento em 18 de dezembro de 2020)

LUI, Marcos Venancio Cavalcanti de Albuquerque; CYMBALISTA, Renato. As vozes dos operadores de cortiços. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, [s. l.], v. 24, n. 1, p. 1-34, 2022. p. 3-4, 7, 10. Disponível em: https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202235pt. Acesso em: 16 set. 2024.

1. a) O artigo apresenta o dado de que 596 mil pessoas, ou seja, 5% da população do município de São Paulo, viviam nos chamados cortiços no início do século XXI. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

1. b) De acordo com o artigo científico, os cortiços são habitações coletivas, nas quais quartos são alugados e onde, normalmente, os operadores/proprietários cobram altos valores por uma locação que apresenta condições de moradia insatisfatórias.

Conteúdo do artigo científico

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

1. Na seção Estudo Literário, você analisou um trecho do romance O cortiço, escrito por Aluísio Azevedo e publicado em 1890. Nesta seção, você leu um trecho de um artigo científico sobre a realidade dos cortiços na atualidade.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

a) Quais dados o artigo científico “As vozes dos operadores de cortiços” apresenta para provar que os cortiços ainda são uma realidade no século XXI?

b) De acordo com o artigo científico, o que são cortiços?

c) De acordo com o artigo, por que a população de baixa renda busca os cortiços como opção de moradia?

2. b) Resposta pessoal. Uma possibilidade para essa não nomeação é o caráter pejorativo que essas moradias, consideradas precárias, podem apresentar.

d) As explicações apresentadas na ”Introdução” acerca dos cortiços estão circunscritas a uma cidade e indicam que essas moradias são mais recorrentes em bairros da região central dessa cidade. Qual é a cidade e quais são os bairros mencionados de acordo com o artigo? Considerando as informações apresentadas no primeiro parágrafo, crie uma hipótese que explique essa recorrência.

e) Após analisar as informações apresentadas, reflita: qual é a função do primeiro parágrafo do artigo científico lido?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

2. Releia um trecho do primeiro parágrafo do artigo científico e responda às questões a seguir.

Apesar de o termo cortiço ser amplamente utilizado na literatura científica, o qual o empregamos neste artigo, quase todos os envolvidos no ecossistema do cortiço preferem se referir a tais locais como pensões ou pensionatos.

a) A quem os autores do artigo científico se referem quando citam “os envolvidos no ecossistema do cortiço”?

2. a) Referem-se às pessoas que estão inseridas no contexto do cortiço ou habitam esse local, como: moradores, operadores e proprietários.

b) Com base em sua interpretação do artigo e em seus conhecimentos prévios, responda: por que essas pessoas preferem não nomear essas moradias como cortiços?

c) Por que o movimento organizado de luta por moradia, reunido sob o nome de União de Lutas dos Cortiços (ULC), prefere utilizar o termo cortiço?

2. c) Para politizar o termo, como forma de denúncia da precariedade dessas moradias.

3. De acordo com o artigo científico lido, qual é a importância de um operador em um cortiço e quais funções ele exerce nesse ambiente?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

A contextualização do tema no artigo científico

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Em artigos científicos, a contextualização do tema pode ser apresentada em uma seção ou subtítulo específico ou ser feita logo na abertura, como é o caso do artigo científico lido, no qual ela aparece na introdução. Na contextualização, informações são apresentadas com o objetivo de detalhar para o leitor o tema central do texto ou o objeto de pesquisa. Resumidamente, são apresentadas informações que o leitor precisa compreender para se aprofundar no estudo proposto. Costuma-se também aproveitar o momento de contextualização para destacar a importância da pesquisa ou do estudo realizado.

Composição do artigo científico

1. d) A cidade de São Paulo. Os bairros são: Bela Vista, Bom Retiro, Liberdade e Santa Ifigênia. Espera-se que os estudantes suponham que esses são bairros centrais da cidade de São Paulo e, portanto, oferecem a infraestrutura que os moradores de cortiço costumam buscar.

4. Os artigos científicos são publicados em revistas científicas impressas ou on-line. Os artigos publicados nessas revistas costumam passar por uma avaliação, na qual um formato que depende de cada publicação é exigido. Observe, a seguir, a capa da Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, uma publicação da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional, na qual o artigo científico lido foi publicado. Considerando a revista na qual foi publicado e o conteúdo do seu texto, responda às questões a seguir.

1. c) Porque esse tipo de moradia constitui uma das poucas oportunidades que essa população possui de acessar a infraestrutura que apenas os centros urbanos podem oferecer, como transporte público, rede hospitalar, escolas e áreas de lazer. Uma moradia com condições melhores, por um valor equivalente, provavelmente ficará distante dessa oferta de infraestrutura.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

4. a) Supõe-se que o artigo se destine a um público especialista na área de pesquisa em Planejamento Urbano e Regional. 4. b) A intenção do pesquisador é divulgar para a comunidade científica os resultados de uma pesquisa, compartilhando, assim, os conhecimentos adquiridos acerca de um tema de interesse na área. A intenção do leitor é procurar novas informações acerca da área na qual é especialista ou buscar aprofundar conhecimentos sobre o assunto.

a) A qual público você julga que o texto lido se destina?

b) Qual é a intenção de um pesquisador ao escrever um artigo científico e submetê-lo à publicação de uma revista? E a do leitor ao buscar por esse conteúdo?

c) N o portal on-line da Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, ao acessar o artigo científico “As vozes dos operadores de cortiços”, são apresentadas as biografias dos autores do artigo. Observe-as a seguir.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

REPRODUÇÃO/REVISTA

AMPLIAR

As referências no artigo científico

As informações extraídas de outras pesquisas ou livros devem ser devidamente citadas e indicadas no texto dos trabalhos acadêmicos, o que inclui os artigos científicos. As citações obedecem a um conjunto de regras que organiza a apresentação das fontes utilizadas na confecção do texto; essa padronização deve ser decidida pela revista ou órgão responsável pela publicação, seguindo os parâmetros definidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

REVISTA Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, [s. l.], v. 24, n. 1, 14 mar. 2022. Capa. Disponível em: https:// rbeur.anpur.org.br/ rbeur/issue/view/134 Acesso em: 25 set. 2024.

LUI, Marcos Venancio Cavalcanti de Albuquerque; CYMBALISTA, Renato. As vozes dos operadores de cortiços. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, [s. l.], v. 24, n. 1, p. 1-34, 2022. p. 1. Disponível em: https://doi. org/10.22296/2317 -1529.rbeur.202235pt Acesso em: 25 set. 2024

• De que maneira a formação acadêmica e a trajetória profissional dos autores pode interferir tanto na criação do artigo científico quanto na credibilidade que o leitor enxerga nele?

d) As revistas acadêmicas costumam exercer uma prática de avaliação conhecida como revisão por pares, que consiste em um processo colaborativo no qual os artigos escritos são submetidos para publicação e avaliados por outros especialistas, pertencentes à mesma área de pesquisa. Com base em seus conhecimentos sobre pesquisas, qual é a importância dessa avaliação para a garantia da qualidade dos artigos científicos publicados?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

5. Ao final de todo artigo científico deve haver uma seção de referências, na qual as fontes de pesquisa utilizadas no texto ficam organizadas em ordem alfabética ou em sequência numérica.

a) As citações de textos extraídas de outras pesquisas ou livros podem ser feitas de forma direta ou indireta. Com seu conhecimento prévio a respeito do campo de atuação das práticas de estudo e pesquisa, compartilhe com os colegas quais as características desses dois tipos de citação.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

b) Esses dois tipos de citação aparecem no texto do artigo científico lido. Copie, no caderno, um exemplo de cada uma delas e identifique de que modo é possível diferenciá-las.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

c) Como a fala dos operadores entrevistados para a composição do artigo científico está citada? Como citação direta.

REPRODUÇÃO/REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS URBANOS E REGIONAIS

6. Um artigo científico deve apresentar informações sobre o método de trabalho utilizado para o desenvolvimento do estudo apresentado. No artigo “As vozes dos operadores de cortiços”, o método utilizado envolve o estudo de caso, explicado no texto a seguir.

[…] Estudo de caso é uma estratégia de pesquisa utilizada em investigações empíricas, que se concentra na compreensão mais aprofundada sobre um fenômeno em determinado contexto²,³. Outro ponto, nessa estratégia é possível que o pesquisador lide com uma variedade de fontes de evidências, sejam elas em formato de documentos, entrevistas ou mesmo observação direta do fenômeno (caso).² […]

2Yin, R. K. (2015). Case Study Research Design and Methods. (5a ed.). Sage. 3Eisenhardt, K. M. (1989). Building theories from case study research. Academy of management review, 14(4), 532-550.

MARTINS, Daiane. Estudo de caso como estratégia na pesquisa científica. UFG , Goiânia, 12 jun. 2023. Disponível em: https://lapei.face.ufg.br/p/46484-estudo-de-caso -como-estrategia-na-pesquisa-cientifica. Acesso em: 11 set. 2024.

a) Qual fenômeno o artigo científico se propõe a compreender por meio de investigações empíricas?

b) Qual tipo de fonte de evidência, recorrente em estudos de caso, foi utilizada pelos pesquisadores do artigo?

Principalmente entrevistas.

c) Copie, no caderno, o parágrafo do artigo científico no qual o método da pesquisa é explicado.

d) Leia, a seguir, um trecho no qual os autores comentam como a metodologia escolhida influenciou a produção do artigo científico.

A construção da confiança com os operadores de cortiços foi o elemento fundamental que permitiu a obtenção das entrevistas aqui sistematizadas. Em nenhum momento, o objetivo foi desconfiar da veracidade das informações ou fazer um julgamento moral das ações dos operadores. Em coerência com a metodologia adotada, este artigo traz, de forma direta, o discurso dos operadores, seu olhar e sua visão de mundo. Complementar tais depoimentos com o olhar dos moradores dos cortiços poderia oferecer um quadro mais complexo e matizado da vida nos cortiços, mas isso ultrapassa os objetivos deste texto.

LUI, Marcos Venancio Cavalcanti de Albuquerque; CYMBALISTA, Renato. As vozes dos operadores de cortiços. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, [s. l.], v. 24, n. 1, p. 1-34, 2022. p. 3; 4; 7; 10. Disponível em: https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202235pt. Acesso em: 16 set. 2024.

• Agora, discuta com dois colegas e crie uma hipótese: de que maneira a citação direta da fala dos operadores pode ter garantido uma construção de confiança entre os entrevistados e os pesquisadores?

• Por que os pesquisadores decidiram não complementar o artigo com os depoimentos dos moradores dos cortiços? Explique com as suas palavras.

• Em sua opinião, considerar a voz dos moradores dos cortiços teria sido importante para a produção do artigo? Por quê? Compartilhe suas impressões com os colegas.

Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

e) Além do depoimento dos operadores, a produção do artigo científico contou com a pesquisa em outras fontes. Quais?

6. a) O papel dos operadores de cortiços, com base nos depoimentos produzidos por eles com o objetivo de descrever suas funções.

6. c) “Este texto opera nessa lacuna. Resulta de entrevistas qualitativas, em forma narrativa com sete operadores de cortiços em bairros centrais e visitas aos imóveis por eles administrados, entre dezembro de 2020 e agosto de 2021. Dá centralidade ao operador do cortiço como sujeito – até onde conhecemos, pela primeira vez – e busca entender o mundo onde esses agentes existem, seus dilemas, desafios, até mesmo sonhos e orgulhos.”

6. e) Textos de divulgação científica – como relatórios, dissertações, teses e livros –da mesma área de pesquisa.

Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes concluam que a apresentação de uma citação direta da fala, ainda que permita edição e cortes, sugere uma intervenção menor por parte do autor. Essa pode ser uma razão para a construção da confiança entre as partes.

AMPLIAR

Metodologia

A metodologia é um conjunto de procedimentos adotados para a realização de um estudo ou pesquisa. A metodologia é escolhida com base nos objetivos que a pesquisa pretende alcançar e nos resultados que pretende apresentar. Um artigo científico, assim como outros textos de divulgação científica, deve descrever a metodologia para que os leitores conheçam os caminhos investigativos da pesquisa e confiem nas informações apresentadas.

Porque as vozes dos moradores somadas às vozes dos operadores culminariam em um quadro mais complexo e diversificado para ser apresentado no artigo científico, ultrapassando os objetivos e limites do texto.

7. a) A acepção que mais se encaixa ao contexto do texto é “a respeito de que se fala; que é objeto de discussão”. Portanto, a pesquisa divide os estudos sobre os cortiços de acordo com três principais temáticas ou objetos de discussão.

7. No segundo parágrafo, o artigo científico “As vozes dos operadores de cortiços” recorre a uma pesquisa publicada em 2020 pelos pesquisadores Marcos Venancio Cavalcanti de Albuquerque Lui e Renato Cymbalista, a qual organiza os estudos a respeito dos cortiços na cidade de São Paulo.

a) De acordo com o artigo, essa pesquisa divide os estudos sobre os cortiços de São Paulo em três vertentes. Você conhece o significado da palavra vertente? Faça uma pesquisa no dicionário e indique a acepção que mais se encaixa ao contexto em que a palavra está aplicada no texto.

b) Para compreender a organização da pesquisa citada, copie o quadro a seguir no caderno e explique cada uma das vertentes com as suas palavras.

Estudos com foco na descrição da precariedade das moradias e na ausência ou insuficiência de políticas públicas a respeito.

Vertentes dos estudos sobre cortiços

Cortiço como denúncia

cidade de São Paulo

Cortiço como potencialidade

Cortiço como realidade

Estudos com foco na territorialidade com modos de vida específicos, que merecem ser narrados e qualificados para fazer justiça à vida e à luta de seus moradores.

Estudos com foco na garantia da presença dos mais pobres em áreas centrais, que essas moradias oferecem.

c) Em qual vertente apresentada o artigo científico lido se encaixaria? Por quê?

d) No terceiro parágrafo, o artigo científico lido apresenta outra perspectiva sobre o foco da literatura científica a respeito desse tema. De acordo com o texto, em quais agentes sociais o foco recai?

Nos moradores, no poder público e, mais raramente, nos proprietários.

e) De que maneira a citação dessas pesquisas, publicadas entre os anos de 1962 e 2017, auxilia a justificativa da importância do estudo apresentado no artigo “As vozes dos operadores de cortiços”?

8. Releia, a seguir, o título do artigo científico e o da sua “Introdução”.

A figura do operador nos cortiços, que não tem sido abordada na maioria dos estudos e pesquisas sobre o tema e, por conta disso, é identificada no artigo científico como “o grande ausente”.

AS VOZES DOS OPERADORES DE CORTIÇOS

Introdução: o grande ausente

7. c) Na vertente “Cortiço como realidade ” porque procura apresentar informações sobre o modo de vida dos operadores, que fazem parte do ecossistema dos cortiços.

a) Quem é o grande ausente apresentado no título da ”Introdução”? Justifique a sua resposta.

b) O que a escolha dos títulos enfatiza no artigo científico? Copie no caderno a alternativa correta.

A alternativa correta é a III.

I. A metodologia de pesquisa conhecida como estudo de caso, que, por meio das entrevistas, visa pôr em evidência a “voz dos operadores”.

II. A conclusão do artigo científico, segundo a qual os operadores não constituem um papel fundamental no funcionamento dos cortiços.

III. O ineditismo dos resultados apresentados no artigo científico, que expõe informações sobre os operadores de cortiços em meio a uma escassez de conteúdo a esse respeito na literatura científica.

7. e) A apresentação de pesquisas relacionadas ao tema que, no entanto, não consideram os operadores como objeto de estudo auxilia a justificativa do ineditismo do tema abordado pelo artigo científico.

Justificativa

A justificativa em qualquer texto de divulgação científica, como o próprio nome indica, é o convencimento de que o trabalho de pesquisa realizado é fundamental e valioso para a área de conhecimento a que se refere, além de apresentar o ineditismo esperado. Nela, as contribuições do estudo realizado para a comunidade científica são destacadas.

9. b) O argumento se desenvolve afirmando que o que explica o surgimento de um cortiço é, justamente, a existência de um operador; por isso, não conhecer essa função é ter uma percepção menor a respeito desse tipo de moradia.

9. Para que o convencimento do público leitor seja efetivo acerca da justificativa, uma organização textual argumentativa é utilizada. Observe como isso ocorre no trecho a seguir.

A pouca densidade de conhecimento sobre os operadores traz consequências sobre a interpretação desse tipo de moradia, uma vez que o que explica o surgimento de um cortiço é a existência de um potencial operador (proprietário ou intermediário). A simples oferta de um imóvel no mercado não leva à formação de um cortiço, afinal, muitos imóveis não se tornam cortiços. Do mesmo modo, a existência de potenciais inquilinos por si só não é suficiente para o negócio, pois se não há oferta de cômodos para atender essa demanda não se forma um cortiço.

a) Copie o tópico frasal, ou seja, a ideia central do parágrafo argumentativo.

b) De que maneira o argumento se organiza em torno do tópico frasal?

c) N o quadro a seguir são apresentadas algumas estratégias argumentativas. Relembre-as e explique qual foi utilizada nesse parágrafo do artigo científico.

Alusão histórica Raciocínio lógico Comprovação Comparação

Citação Exemplificação Enumeração

O gênero textual artigo científico

9. c) Raciocínio lógico, pois há uma indicação entre causa e efeito. No capítulo anterior, as estratégias argumentativas foram exploradas, se necessário, retome-as.

O artigo científico é um gênero textual que apresenta os resultados de pesquisas acadêmicas divulgados por especialistas em diferentes áreas do conhecimento. Publicado em revistas científicas, ele deve seguir um formato conciso e direto e ser elaborado de acordo com normas pré-estabelecidas por cada edição. Para ser aprovado por uma revista, um artigo precisa se provar inédito ou original e contribuir para a ampliação dos conhecimentos acerca de um tema, servindo de modelo ou oferecendo subsídios a outros trabalhos. Ele promove, portanto, o intercâmbio de ideias na comunidade científica.

Os artigos científicos se distinguem de outros textos de divulgação científica – como monografias, dissertações e teses – pela reduzida extensão. Por isso, apresentam estudos completos sobre determinado objeto de pesquisa, mas não o aprofundamento esperado nesses outros textos.

10. Uma parte essencial nos artigos científicos é a conclusão, na qual algumas informações são retomadas e os resultados são apresentados. Leia, a seguir, um trecho da conclusão do artigo “As vozes dos operadores de cortiços”.

No lugar de estudos empíricos que personifiquem os operadores, a literatura deu preferência à sua descrição como categoria, quase sempre sendo revestida de atributos negativos, vinculados, por exemplo, à espoliação, à especulação, a ameaças, a abusos de poder, a certo caráter fugidio. Aqui o movimento foi outro: compreender os mundos em que os operadores existem e os mundos por eles criados. Sem cotejar os depoimentos com as visões dos moradores sobre os mesmos temas, ou com uma etnografia mais aprofundada nos cortiços, não há como averiguar a veracidade dos depoimentos. Ainda assim, é possível entrever nas narrativas dos operadores um conjunto de estratégias, apostas, desejos, sonhos e orgulhos. Não temos o objetivo – nem interesse – de contradizer a literatura

10. a) O artigo conclui que, sem cotejar os depoimentos dos operadores com as visões dos moradores sobre os mesmos temas ou com uma etnografia mais aprofundada nos cortiços, não há como averiguar a veracidade das entrevistas concedidas.

10. b) O estudo apresentado não pretende contradizer a literatura anterior, mas complementá-la. O artigo salienta que é possível construir uma imagem mais complexa dos operadores de cortiço.

anterior, mas a pequena amostragem estudada revela que é possível construir esses sujeitos de forma mais complexa do que a que foi feita até agora. […]

LUI, Marcos Venancio Cavalcanti de Albuquerque; CYMBALISTA, Renato. As vozes dos operadores de cortiços. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, [s. l.], v. 24, n. 1, p. 1-34, 2022. p. 28. Disponível em: https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202235pt. Acesso em: 17 set. 2024

a) Na conclusão, uma fragilidade do estudo apresentado no artigo científico é exposta. Explique-a.

b) Ainda que apresente essa fragilidade, o artigo científico procura enfatizar a importância de sua publicação. Qual é a contribuição para a área da pesquisa?

Estrutura do artigo científico

Os artigos científicos costumam apresentar uma divisão em introdução, desenvolvimento do texto principal e conclusão. Além disso, apresentam nome dos autores, resumo, referências bibliográficas e uma estrutura organizada por título e subtítulos.

Ao iniciar com a definição de cortiço, o artigo delimita a compreensão desse tipo de moradia, situando o ponto de vista do pesquisador.

A linguagem do texto

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Na organização sintática, os verbos de ligação conectam um sujeito a seus predicativos. Observe como ocorre essa construção predicativa com o sujeito.

11. Releia, a seguir, a definição de cortiço apresentada no artigo científico.

A forma verbal é tem a função de conectar o cortiço ao predicativo “habitações coletivas de aluguel”, indicando a característica ou identidade fixa atribuída ao espaço. Desta forma, esse funcionamento gramatical constrói um espaço com características estáveis.

Os cortiços são habitações coletivas de aluguel, que em geral apresentam condições físicas insatisfatórias para moradia e cobram altos valores de aluguel. Constituem uma das poucas oportunidades de a população de baixa renda acessar a infraestrutura instalada da cidade, como transporte público, rede hospitalar, escolas e áreas de lazer.

a) Justifique a importância de o texto científico iniciar com essa definição.

b) O trecho usa o verbo de ligação ser para construir as características do cortiço. Qual é o efeito de sentido desse verbo no trecho?

c) A forma verbal são conecta características desse espaço, apontando que a habitação é coletiva. Como essa informação ajuda a construir as características principais do cortiço?

Predicativo do sujeito

Com base nessa primeira definição, é possível observar a característica principal do cortiço, sem juízo de valor sobre essa localidade. Assim, o espaço é inicialmente definido como moradia para, em seguida, se desdobrar nas características que o diferenciam de outras moradias.

Predicativo do sujeito é o termo da oração que atribui uma característica, estado ou qualidade ao sujeito, complementando-o e, ao mesmo tempo, conectando-se a ele por meio de um verbo de ligação. Esse predicativo pode expressar uma condição permanente, transitória ou aparente do sujeito, a depender do contexto e do verbo utilizado. O predicativo do sujeito é o elemento que “predica” algo sobre o sujeito, formando, junto com o verbo de ligação, uma informação essencial para o sentido da frase.

O predicativo do sujeito “habitações coletivas de aluguel” é crucial no gênero em foco, porque permite que o texto traga de maneira clara e direta a definição daquilo que será discutido cientificamente. Ao utilizar esse recurso linguístico, o texto extrapola uma simples menção de nomes e cria uma descrição mais completa e informativa.

DIÁLOGOS

1. Apresentar as principais informações do texto para que o leitor identifique se o artigo científico de fato lhe interessa e pode apresentar subsídios para as suas próprias pesquisas. O resumo torna-se, assim, uma ferramenta de busca.

Resumo de artigo científico

O resumo é a apresentação do artigo científico. É por meio da leitura dele que o leitor interessado na publicação consegue verificar informações como a temática abordada na pesquisa, o objeto de estudo investigado e a metodologia empregada.

AS VOZES DOS OPERADORES DE CORTIÇOS

Marcos Venancio Cavalcanti de Albuquerque Lui*

Renato Cymbalista**

*Universidade Nove de Julho, Programa de Pós-graduação em Cidades Inteligentes e Sustentáveis, São Paulo, SP, Brasil

**Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e FICA, São Paulo, SP, Brasil

Resumo

2. As palavras-chave exercem a função de indicar os tópicos principais abordados em um artigo científico, facilitando sua localização em sistemas de busca. Referem-se ao conteúdo geral do texto. No resumo, apenas uma palavra-chave apresentada aparece no título.

Os cortiços são uma opção de moradia dos pobres no centro de São Paulo desde a década de 1870. Estudos sobre cortiços na cidade já são feitos há mais de um século, mas o grande sujeito ausente da literatura são os intermediários ou operadores de cortiços, o agente articulador de todo o esquema. O texto é construído a partir de sete entrevistas realizadas com operadores proprietários e intermediários de cortiços da região central da capital paulista. Pela análise do discurso, elencamos seis categorias analíticas: 1) Início da atividade: inserção do operador no ecossistema dos cortiços e, por vezes, transformação de imóveis em cortiços; 2) Seleção e contratos: entrada de moradores, documentos de locação e acordos; 3) Zeladoria: manutenção de cada cortiço e habitabilidade; 4) Convivência: relação cotidiana dos inquilinos com os proprietários e intermediários; 5) Valores e ganhos: custos e receitas; 6) Futuro e projetos de vida: visualização do operador sobre o futuro relacionado ao(s) cortiço(s), expansão, venda e até saída do negócio. No lugar do operador de cortiço descrito de forma genérica com atributos negativos, emergem figuras comuns, em sua maioria, pouco capitalizadas e que se esforçam para obter uma pequena ascensão social ou interromper processos de decadência.

Palavras-chave: Cortiços; Áreas Centrais; Aluguel; Moradia; Operadores; Proprietários e Intermediários.

LUI, Marcos Venancio Cavalcanti de Albuquerque; CYMBALISTA, Renato. A voz dos operadores de cortiços. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, [s. l.], v. 24, n. 1, p. 1-34, 2022. p. 1. Disponível em: https://doi.org/10.22296/2317-1529.rbeur.202235pt. Acesso em 22 set. 2024.

1. Tendo em mente o público-alvo dos artigos científicos, normalmente formado por especialistas da área, responda: qual é a função do resumo?

2. Um componente importante dos resumos são as palavras-chave. Observe as palavras-chave indicadas ao final do resumo. Qual função elas exercem? Elas se referem ao título ou ao conteúdo geral do texto? Explique.

3. A metodologia aplicada no estudo que deu origem ao artigo científico “As vozes dos operadores de cortiços” é apresentada no resumo. Copie, no caderno, o trecho em que isso ocorre e explique a importância dessa informação para o público-alvo.

“O texto é construído a partir de sete entrevistas realizadas com operadores proprietários e intermediários de cortiços da região central da capital paulista.” É importante explicitar a metodologia aplicada na pesquisa e evidenciar o recorte que será apresentado no artigo para os leitores.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

Em O cortiço, de Aluísio Azevedo, existe um processo de personificação atribuindo ao imóvel características humanas que podem ser identificadas no início do trecho lido na seção de Estudo Literário (“Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.”); o cortiço tinha vida, podia ser considerado uma personagem do romance. No artigo científico, os cortiços são abordados de forma mais objetiva, sem atribuição de julgamentos, como habitações coletivas de aluguel que, geralmente, apresentam condições insatisfatórias de moradia.

REFLETIR E ARGUMENTAR

Na seção Estudo Literário, você analisou um trecho do romance O Cortiço, de Aluísio Azevedo, que retrata, pelo viés naturalista, a vida em um cortiço no Rio de Janeiro durante o século XIX. Releia o trecho que apresenta João Romão, proprietário e operador do cortiço, e responda às questões a seguir.

João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro do Botafogo; e tanto economizou do pouco que ganhara nessa dúzia de anos, que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em pagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como ainda um conto e quinhentos em dinheiro.

Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labuta ção ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras pri vações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa cheio de palha. A comida arranjava-lha, mediante quatrocentos réis por dia, uma qui tandeira sua vizinha, a Bertoleza, crioula trin tona, escrava de um velho cego residente em Juiz de Fora e amigada com um português que tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade.

• O Naturalismo tinha por objetivo elaborar, por meio do fazer literário, uma experiência social que levasse em conta as teorias científicas da época. A descrição do cortiço na obra de Aluísio Azevedo se assemelha ou se distancia da definição apresentada no artigo científico lido por você? Justifique sua resposta.

• Procure observar a condição das moradias no entorno da escola onde estuda. Em sua opinião, o que pode ser melhorado para que os habitantes consigam desfrutar de moradias com maior qualidade? Quais ações podem ser desempenhadas pela comunidade para que isso seja alcançado e quais ações precisam ser incentivadas pelo poder público? Compartilhe suas opiniões com os colegas, procurando utilizar argumentos coerentes para sustentá-las.

Respostas pessoais. Verifique a pertinência dos argumentos dos estudantes.

ECONOMIA
CARLOS CAMINHA

CONEXÕES com

SOCIOLOGIA

Darwinismo social, eugenia e ética na ciência

Em 1859, o naturalista, geólogo e biólogo britânico Charles Darwin (1809-1882) publicou The origin of species (A origem das espécies, em português), obra em que defende o processo de seleção natural, no qual as condições do meio ambiente seriam selecionadoras de indivíduos mais aptos à sobrevivência, que, então, seriam mais aptos a sobreviver em determinados locais e, consequentemente, teriam mais chances de reprodução e descendência.

Ocorre que no início do século seguinte, a teoria da evolução de Darwin – destinada ao estudo da fauna e flora – foi usurpada por pensadores e estadistas que fizeram uma analogia ao desenvolvimento das sociedades e consideraram que, na luta pela sobrevivência, alguns seres humanos eram menos valiosos e estariam destinados a desaparecer; portanto, poderiam ser eliminados. Esses pensamentos preconceituosos foram disseminados, e o conceito que os nomeia foi cunhado pelo primo de Darwin, Francis Galton (1822-1911): a eugenia.

1. Leia este texto e, em seguida, discuta as questões propostas com os colegas. Depois, registre no caderno uma síntese das discussões sobre cada questão.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

Convencido de que era a natureza, não o ambiente, quem determinava as habilidades humanas, Galton dedicou sua carreira científica à melhoria da humanidade por meio de casamentos seletivos. No livro Inquiries into human faculty and its development , de 1883, criou um termo para designar essa nova ciência: eugenia (bem nascer).

No início do século XX, quando as teorias de Darwin eram amplamente aceitas na Inglaterra, havia grande preocupação quanto à “degeneração biológica” do país, pois o declínio na taxa de nascimentos era muito maior nas classes alta e média do que na classe baixa. Para muitos, parecia lógico que a qualidade da população pudesse ser aprimorada por proibição de uniões indesejáveis e promoção da união de parceiros bem-nascidos. Foi necessário, apenas, que homens como Galton popularizassem a eugenia e justificassem suas conclusões com argumentos científicos aparentemente sólidos.

As propostas de Galton ficaram conhecidas como “eugenia positiva”. Nos EUA, porém, elas foram modificadas, na direção da chamada “eugenia negativa”, de eliminação das futuras gerações de “geneticamente incapazes” – enfermos, racialmente indesejados e economicamente empobrecidos –, por meio de proibição marital, esterilização compulsória, eutanásia passiva e, em última análise, extermínio.

[…]

Na Alemanha, a eugenia norte-americana inspirou nacionalistas defensores da supremacia racial, entre os quais Hitler, que nunca se afastou das doutrinas eugenistas de identificação, segregação, esterilização, eutanásia e extermínio em massa dos indesejáveis, e legitimou seu ódio fanático pelos judeus envolvendo-o numa fachada médica e pseudocientífica.

Não houve apenas extermínio em massa de judeus e outros grupos étnicos. Em julho de 1933, foi decretada lei de esterilização compulsória de diversas categorias de “defeituosos” e, com o início da Segunda Guerra Mundial, os alemães considerados mentalmente deficientes

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

1. a) Galton acreditava que as habilidades humanas eram decorrentes da genética individual e natural, e não de fatores ambientais. Assim, ele se empenhou em defender, por meios científicos, que a humanidade poderia ser aprimorada por meio de casamentos seletivos.

passaram a ser mortos em câmaras de gás. Médicos nazistas realizavam experimentos em prisioneiros nos campos de concentração, e, em Auschwitz, Mengele dedicou-se ao estudo de gêmeos para investigar a contribuição genética ao desenvolvimento de características normais e patológicas – de 1.500 pares de gêmeos submetidos a suas experiências, menos de 200 sobreviveram.

[…]

1. c) A distorção estadunidense influenciou ideias de supremacia racial na Alemanha nazista liderada por Adolf Hitler (1889-1945), que as usou para justificar o genocídio de diversos judeus, homossexuais e negros, considerados inferiores pelo regime.

A revelação das atrocidades nazistas desacreditou a eugenia científica e eticamente, e fez com que a palavra desaparecesse abruptamente do uso. No entanto, a eugenia não desapareceu, mas se refugiou em muitos casos sob o rótulo “genética humana”. O laboratório de Cold Spring Harbor é dirigido hoje por um dos descobridores da estrutura de dupla hélice do DNA, o geneticista James Watson, que vem propagando ideias claramente eugênicas. Avanços científicos vêm sendo direcionados à identificação de “indesejáveis”, como a utilização de exames que detectam doenças genéticas por companhias de seguro e planos de saúde e o uso de bancos de DNA no controle de imigração.

[…]

1. d) O desuso da palavra decorreu do descrédito científico e ético pelo uso que dela fizeram os nazistas. No entanto, ela nunca desapareceu completamente e passou a se refugiar sob o rótulo de “Genética humana”, no século XXI.

No final de sua vida, Galton escreveu um romance chamado Kantsaywhere , em que descrevia uma utopia eugênica. Após o exame de suas características genéticas, os habitantes de Kantsaywhere com material genético inferior eram destinados ao celibato em colônias de trabalho. Os que recebiam um “certificado de segunda classe” podiam se reproduzir “com reservas” e os bem qualificados eram encorajados a casar entre si. Em 1997, o filme Gattaca esboçava uma versão moderna de um paraíso eugênico em que a procriação ocorria por fertilização in vitro e só eram implantados embriões sem defeitos genéticos. Como salienta o geneticista Nicholas Gillham, Kantsaywhere e Gattaca são lugares semelhantes e as questões éticas levantadas são as mesmas – a diferença está em um século de avanços tecnológicos.

GUERRA, Andréa. Do holocausto nazista à nova eugenia do século XXI. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 58, n. 1, p. 4-5, jan./mar. 2006. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252006000100002. Acesso em: 9 set. 2024.

a) E xplique a crença de Francis Galton sobre o que determinaria as habilidades humanas.

b) Quais são as diferenças entre a eugenia positiva , proposta por Francis Galton, e a eugenia negativa, que emergiu nos Estados Unidos?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

c) De que modo as ideias eugenistas estadunidenses influenciaram o governo nazista na Alemanha?

d) E xplique como ocorreu o desuso da palavra eugenia e como ela voltou a ser usada algum tempo depois.

e) A ciência e a linguagem são complementares, visto que é por meio delas que se expressam as descobertas e as representações científicas. De que modo a linguagem pode contribuir para o avanço e implicar em distorções na ciência?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

f) À semelhança das distorções científicas apresentadas, cite exemplos de momentos históricos em que a ciência foi corrompida por interpretações falsas.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

g) Os filmes Kantsaywhere e Gattaca são considerados distopias – estados imaginários em que se vivem condições extremas de desespero e privações. Considerando as sinopses dos filmes, apresentadas no texto lido, você considera que a manipulação genética seria capaz de provocar uma distopia? Justifique.

1. h) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

h) Em seu ponto de vista, com a premissa de melhorar a humanidade, a eugenia pode ser justificada em contextos específicos, como o controle de doenças genéticas? Explique.

1. g) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes ponderem que a manipulação genética pode ser um recurso perigoso, principalmente se cair nas mãos de pessoas sem formação científica, que investem em pesquisas visando interesses políticos e econômicos, entre outros.

ESTUDO DA LÍNGUA

Sintagma verbal e predicação

Nesta seção, o foco de análise está nas relações de predicação e seus tipos, na transitividade, na complementação verbal e, portanto, nos sintagmas verbais. Conhecer esses recursos linguísticos possibilita ao leitor e produtor de textos reconhecer a estrutura e a relação entre os termos da oração, além de depreender os sentidos expressos nas escolhas de organização sintática.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

1. Releia este trecho de O cortiço e reflita sobre como está descrito o ato de despertar no romance.

Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar; o cheiro quente do café aquecia, suplantando todos os outros; trocavam-se de janela para janela as primeiras palavras, os bons-dias; reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava já, e lá dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam.

a) A cena descrita marca o movimento do acordar e do início de ações pela manhã. Justifique essa afirmação selecionando expressões e palavras que indicam esse sentido no trecho.

b) Identifique quais elementos do texto reforçam a ideia de um despertar coletivo que também cria movimento e sequenciação na cena.

Como já visto, um sintagma verbal é a unidade mínima de significado em uma oração que tem um verbo como núcleo. O uso repetido de sintagmas verbais no trecho lido, por exemplo, é essencial para criar uma atmosfera de atividade crescente. O sintagma verbal “ouviam-se amplos bocejos” expressa a ação de “ouvir”, que é complementada por “amplos bocejos”. Esses bocejos são descritos com uma comparação (“fortes como o marulhar das ondas”), o que amplia a imagem e a força do som percebido, fazendo uma associação com a natureza e transmitindo uma sensação de algo vasto e intenso como o mar.

O trecho da predicação transmite a ideia do “acordar” por meio de um efeito sonoro e de movimento. O verbo ouvir indica que há uma percepção auditiva dos bocejos, o que sugere que a ação de acordar está em andamento, mesmo que não explicitamente mencionada.

Predicação e predicado

1. a) Ao longo de toda a descrição, há um predomínio de expressões que indicam o despertar de um sono profundo e o início de atividades cotidianas, como: “cabeças congestionadas de sono”, “bocejos”, “os bons-dias”, “cheiro quente do café”, “primeiras palavras” etc. Essas expressões que simbolizam o acordar estão no mesmo campo lexical.

1. b) Para a construção da ideia de movimentos iniciais e de despertar, o texto conta com o recurso estilístico das formas verbais que indicam movimento e mudança de estado, como surgiam, ouviam-se, começavam, tilintar, reatavam-se, traquinava. A intensa presença de verbos no trecho enfatiza a saída de um estado de letargia e sono para o movimento e início de um novo dia. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

A predicação é a relação entre o verbo e seus complementos, que indicam o que o sujeito praticou ou sofreu. O predicado atribui uma ação, estado ou característica ao sujeito, completando o sentido da oração.

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

Tipos de predicado

2. a) No Trecho 3, faz-se uso da expressão gula viçosa, que apresenta um momento sinestésico no texto, pois aproxima dois sentidos diferentes: o paladar e a visão.

2. Agora, leia outros trechos de O cortiço e, em seguida, faça o que se pede.

TRECHO I

— O patrão está agora muito ocupado. Espere!

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 30. ed. São Paulo: Ática, 1997. (Bom Livro, p. 17). Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000015.pdf. Acesso em: 24 set. 2024.

TRECHO II

E as lavadeiras não se calavam , sempre a esfregar [...].

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 30. ed. São Paulo: Ática, 1997. (Bom Livro, p. 16). Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000015.pdf. Acesso em: 24 set. 2024.

Sentia-se naquela fermentação sanguínea , naquela gula viçosa de plantas rasteiras […].

AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 30. ed. São Paulo: Ática, 1997. (Bom Livro, p. 13). Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000015.pdf. Acesso em: 24 set. 2024.

Trecho 1: “— O patrão está agora muito ocupado. Espere!”

a) Nos trechos do romance O cortiço, faz-se uso de uma figura de linguagem que explora diferentes sentidos para a construção da experiência estética, a sinestesia. Com base nessa afirmação, explique se a figura está presente em algum dos trechos apresentados.

b) Reproduza o quadro a seguir no caderno e relacione os trechos 1 a 3 a cada descrição apresentada. Para isso, leia com atenção a definição, as características e os efeitos de sentido de cada predicado em textos.

Tipo de Predicado

Predicado verbal

Características

É o predicado que tem como núcleo um verbo de ação, processo ou fenômeno da natureza com sentido completo. Expressa o que o sujeito faz, fez ou fará.

Trecho 2: “E as lavadeiras não se calavam, sempre a esfregar […].”

O

em textos

O uso do predicado verbal dinamiza e confere movimento à oração, destacando ações, processos ou eventos que envolvem o sujeito. Ao se empregar um predicado verbal, o foco da sentença recai sobre a atividade realizada, criando uma imagem de ação e mudança, especialmente útil a narrativas que buscam transmitir energia, fluidez e progresso.

Predicado nominal

Predicado verbonominal

É o predicado que tem como núcleo um nome – substantivo ou adjetivo – e atribui uma característica, estado ou qualidade ao sujeito. Esse tipo de predicado é formado por um verbo de ligação, que conecta o sujeito a uma informação que o descreve ou qualifica, sem indicar uma ação.

É o predicado que combina características tanto do predicado verbal quanto do predicado nominal. Ele contém um verbo que expressa uma ação ou processo (tal como o predicado verbal) e também inclui um predicativo que atribui uma característica, estado ou qualidade ao sujeito, como ocorre em um predicado nominal, ou ao objeto (direto e indireto).

O predicado nominal destaca as características, estados ou qualidades do sujeito. Diferentemente do predicado verbal, que enfatiza uma ação, o predicado nominal concentra-se em descrever ou qualificar o sujeito, fornecendo informações que ajudam a definir suas características ou identidade.

O predicado verbonominal é uma estrutura que enriquece os textos ao combinar a dinâmica de uma ação com a descrição de um estado ou característica. Essa dupla função permite transmitir, ao mesmo tempo, o movimento ou a mudança que ocorre com o sujeito ou com o objeto, e uma qualificação que agrega uma camada adicional de significado à ação.

Trecho 3: “ Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras […].”

TRECHO III

O objetivo de apresentar as preposições juntamente com a transitividade verbal é garantir que os estudantes compreendam os encontros da morfologia com a sintaxe, ampliando seus conhecimentos prévios sobre essa classe de palavras por meio de sua expressividade na composição dos sentidos no texto.

Transitividade verbal e preposições

Aprofundar estudos sobre a transitividade verbal proporciona a compreensão de como os verbos se conectam aos seus complementos. Saber se um verbo é transitivo (direto ou indireto) ou intransitivo ajuda a identificar como esses recursos se complementam e criam significados específicos na relação de predicação dos sujeitos.

A preposição, nesse sentido, tem um valor fundamental na construção dos sentidos.

3. Releia, a seguir, um trecho de Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

Fui aos alforjes, tirei um colete velho, em cujo bolso trazia as cinco moedas de ouro, e durante esse tempo cogitei se não era excessiva a gratificação, se não bastavam duas moedas. Talvez uma. Com efeito, uma moeda era bastante para lhe dar estremeções de alegria. Examinei-lhe a roupa; era um pobre-diabo, que nunca jamais vira uma moeda de ouro. Portanto, uma moeda. Tirei-a, vi-a reluzir à luz do sol; não a viu o almocreve, porque eu tinha-lhe voltado as costas; mas suspeitou-o talvez, entrou a falar ao jumento de um modo significativo; dava-lhe conselhos, dizia-lhe que tomasse juízo, que o “senhor doutor” podia castigá-lo; um monólogo paternal. Valha-me Deus! Até ouvi estalar um beijo: era o almocreve que lhe beijava a testa.

a) O trecho apresenta a indecisão do narrador sobre qual valor deveria oferecer ao almocreve. Essa indecisão revela algumas características do narrador. Descreva quais são essas características e justifique sua resposta.

b) Qual é o efeito da expressão “era um pobre-diabo, que nunca jamais vira uma moeda de ouro” na construção da imagem do almocreve? Como essa descrição influencia a decisão do narrador?

4. No trecho a seguir foram suprimidos alguns termos. Leia-o com atenção e faça o que se pede.

Fui a , tirei , em cujo bolso trazia , e durante esse tempo cogitei , se não bastavam duas moedas. Talvez uma.

a) Agora, reflita: com a supressão dos termos, o sentido do texto é modificado. Qual é a sensação causada por essa omissão de palavras? Justifique sua resposta.

b) D escreva a diferença sintática entre o primeiro e segundo verbo do trecho, em relação ao complemento que exigem.

Os complementos verbais são fundamentais para dar sentido completo às ações descritas pelos verbos considerados transitivos . Por sua natureza, esses verbos exigem a presença de um complemento para que a ação expressa seja plenamente compreendida. No trecho lido, algumas lacunas são precedidas de preposição, marcando a conexão necessária entre verbo e complemento, enquanto outras conectam diretamente o verbo ao complemento sem necessidade de preposição. Aos verbos que se ligam diretamente ao complemento dá-se o nome de transitivos diretos.

3. a) Além de observador, uma vez que descreve as características físicas do almocreve (roupas e estilo de vida), o narrador também se revela uma pessoa avarenta. Essa postura fica evidente na conjetura gradativa que ele faz de que apenas uma moeda seria suficiente.

3. b) A expressão reforça a pobreza e escassez financeira na qual vivia o almocreve. O narrador revela que o almocreve era uma criatura tão pobre que uma moeda de ouro seria o suficiente para satisfazê-lo, o que também imprime um juízo de valor do narrador em relação ao almocreve.

4. a) A falta do complemento que é exigido pelo verbo provoca uma sensação de vagueza e indefinição. É como se o verbo precisasse de um complemento para ter seu sentido completo. Com a omissão, o texto perde a exatidão do que seria dito. Por exemplo, “Fui a” exige um complemento que deixa o leitor sem saber para onde o narrador teria ido.

4. b) A diferença sintática entre esses dois verbos está na presença ou ausência de preposição. O primeiro verbo vem acompanhado da preposição a, enquanto o segundo verbo não está acompanhado de preposição, ligando-se diretamente ao seu complemento. Isso configura uma diferença sintática.

5. a) Verbo fui, complemento aos alforjes. Verbo tirei, complemento um colete velho. Verbo trazia, complemento as cinco moedas de ouro. Verbo cogitei, complemento se não era excessiva a gratificação. Verbo bastavam, complemento as duas moedas

5. No primeiro período do trecho apresentado na questão 3, a sintaxe estabelece relações de sentido entre os verbos e seus complementos.

a) Identifique os verbos e seus complementos.

b) Agora, observe no quadro a seguir as palavras que ligam esses dois termos e indique, no caderno, o sentido da ligação que elas expressam. Busque corresponder ao modelo.

Palavra

Colete velho a bolso

Bolso a ouro

Termos que liga

Sentido da ligação

aos Verbo ir (a) os alforjes Indica o destino da pessoa. em de Expressa lugar, indica onde as moedas de ouro estavam. Indica o material com que o bolso foi confeccionado.

Preposição e locução prepositiva

Preposição é uma palavra que liga dois termos com funções diferentes na oração, estabelecendo entre eles um determinado sentido. Elas são invariáveis, ou seja, não recebem marcas de gênero, número ou pessoa. Ocorre uma locução prepositiva quando há a união entre duas ou mais palavras com valor de preposição.

6. Ainda em relação ao trecho da questão anterior, assinale a afirmação correta quanto aos verbos em destaque.

A afirmação correta é a a

a) Os verbos expressam ações praticadas pelo narrador-personagem e, sintaticamente, ligam-se por meio da preposição durante que expressa a duratividade do momento.

b) Os verbos expressam ações praticadas pelo narrador e, sintaticamente, ligam-se por meio da preposição e, que confere a ideia de adição entre as ideias.

Tipos de preposições

As preposições podem ser classificadas em essenciais , quando funcionam sempre como preposições, ou acidentais , quando podem pertencer a outras classes gramaticais, mas em determinado enunciado assumem a função de preposição.

Verbo Transitivo Direto (VTD)

É um tipo de verbo que exige um complemento, chamado de objeto direto, para ter seu sentido completo. O objeto direto se liga ao verbo transitivo direto sem a necessidade de preposição, ou seja, estabelece uma ligação direta com o verbo.

O verbo transitivo direto é seguido imediatamente por um complemento que responde à pergunta “O quê?”, sem precisar de preposição intermediando essa ligação. Observe.

Tirei um colete velho, em cujo bolso trazia as cinco moedas de ouro.

O quê?

O quê? (algo) (algo) um colete velho as cinco moedas (sem preposição) (sem preposição)

Já os verbos transitivos indiretos requerem o uso de uma preposição para se conectar ao objeto, o que torna a ligação entre o verbo e o complemento indireta. Esse tipo de verbo responde às perguntas “a quem?”, “de quem?”, “em quê?”, entre outras. No exemplo:

Fui aos alforjes.

Aonde?

(a algum lugar ou pessoa) aos alforjes (com preposição)

Verbo Transitivo Indireto (VTI)

É um tipo de verbo que também exige um complemento para completar seu sentido, chamado de objeto indireto, porque sempre se liga ao verbo por meio de uma preposição.

Verbo Transitivo Direto e Indireto (VTDI)

É um tipo de verbo que exige dois complementos para ter seu sentido completo: um objeto direto e um objeto indireto.

7. Releia o trecho de Memórias póstumas de Brás Cubas a seguir e responda à questão.

Vai então, empacou o jumento em que eu vinha montado; fustiguei-o, ele deu dois corcovos, depois mais três, enfim mais um, que me sacudiu fora da sela, com tal desastre, que o pé esquerdo me ficou preso no estribo; […].

• Descreva como funciona o verbo empacar no trecho lido.

Verbo Intransitivo

7. Diferentemente dos exemplos anteriores, o verbo empacar tem sentido completo, não exigindo um complemento verbal. Sendo assim, caracteriza-se como um verbo intransitivo.

É um tipo de verbo que possui sentido completo por si só e não exige complemento para que sua ação seja entendida. Em outras palavras, o verbo intransitivo não exige a presença de um objeto direto ou indireto.

Predicativo do objeto

Anteriormente, foi apresentado o conceito e o uso de predicativos do sujeito, considerando como base o estudo dos verbos de ligação. Agora que o estudo dos complementos verbais também já foi abordado, fica mais claro o conceito de predicativo do objeto, a ser depreendido das reflexões a seguir.

8. Releia este trecho de O cortiço e responda às questões a seguir.

A roupa lavada, que ficara de véspera nos coradouros, umedecia o ar e punha-lhe um farto acre de sabão ordinário.

a) Considerando o verbo em destaque, que tipo de predicação ele forma?

b) Qual é o objeto que complementa o verbo?

c) A esse complemento é atribuída uma característica. Identifique-a.

Forma um predicado verbonominal. “um farto acre de sabão ordinário.” “farto.”

Predicativo do objeto

É um termo que atribui uma qualidade ou uma classificação ao objeto da oração, seja ele direto ou indireto, e desempenha uma função essencial da oração. Ocorre, portanto, em predicados verbonominais.

Termos integrantes da oração: complementos nominal e verbal

O texto aborda a escassez de dados sobre o papel do operador de cortiços e descreve essa característica contextualizando-a dentro dos estudos científicos e de um ponto de vista histórico. Apresentar uma descrição detalhada é um recurso de linguagem que faz parte de um texto científico, garantindo a compreensão do leitor.

Na transitividade verbal, os complementos de um verbo são os objetos direto e indireto. Sintaticamente, os nomes também podem exigir complementos para que a oração tenha sentido completo – termos denominados complementos nominais. Os dois tipos de complementos – verbal e nominal – são chamados de termos integrantes da oração, porque precisam fazer parte dela para garantir seu sentido.

9. Releia um trecho do artigo científico a seguir e faça o que se pede.

Em que pesem suas especificidades e seus diferentes compromissos, um elemento perpassa toda a literatura: a escassez de informações sobre o desempenho do papel de operador de cortiços, aquele que viabiliza os espaços para os inquilinos, sejam eles proprietários, sejam intermediários.

a) Considerando que o artigo científico preza pela completude da informação com o objetivo de descrever detalhadamente seu objeto de estudo, aponte o tema principal do trecho lido e avalie se ele apresenta uma descrição completa.

A expressão de informações é responsável por completar o sentido escassez , portanto, sem ela o leitor não conseguiria obter o sentido completo do Complemento nominal

b) Agora, suponha que o trecho em destaque estivesse sem a expressão de informações. Que impacto essa ausência teria para sua compreensão?

Assim como alguns verbos exigem um complemento para o seu sentido, alguns nomes exigem um complemento que aprofunda o entendimento do leitor sobre a natureza do que está sendo apresentado, conferindo completude ao texto.

O complemento nominal é um termo que completa o sentido de um nome, atribuindo a ele uma informação adicional imprescindível para a compreensão da oração. Liga-se aos nomes de maneira dependente, geralmente introduzido por uma preposição: de, em, a, com.

Diferentemente do objeto que complementa verbos, o complemento nominal especifica ou restringe o significado de nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios).

Termos acessórios: adjuntos adverbial e adnominal

Termos acessórios em uma oração não são obrigatórios para completar seu sentido, mas exercem a função de dar informações adicionais que complementam os verbos e os nomes a que se referem.

10. b) A expressão “por toda cidade” se conecta diretamente com o verbo existir. Essa relação faz a expressão funcionar como um adjunto adverbial de lugar, construindo uma relação de popularização que será complexificada na ideia de centralidade que aparece em seguida.

10. Releia este trecho do artigo científico e responda às questões a seguir.

Existem cortiços por toda a cidade, mas eles são historicamente mais recorrentes nos bairros centrais mais populares, como Bela Vista, Bom Retiro, Liberdade e Santa Ifigênia.

a) O trecho aponta a popularização do cortiço, ao mesmo tempo em que destaca a presença mais intensa na região central das cidades. Selecione os recursos linguísticos responsáveis pela oposição entre popularização e centralidade. No caderno, reproduza o quadro a seguir e organize esses elementos.

“bairros centrais”; “Bela Vista, Bom Retiro, Liberdade e Santa Ifigênia.”

Efeito de sentido

Popularização

Centralidade

Recursos linguísticos

“por toda a cidade”; “bairros mais populares”

b) Agora, observando o efeito de popularização dos cortiços, retome o termo ou expressão do texto que sinaliza esse efeito e aponte com qual elemento ele se relaciona diretamente.

Adjunto adverbial

Adjunto adverbial é o termo que se relaciona ao verbo, adjetivo ou outro advérbio para indicar circunstâncias, como tempo, lugar, modo, causa e finalidade. Ele modifica o sentido da frase, oferecendo informações adicionais sobre a ação ou o estado, como em “A criança saiu rápido ” (modo) ou “Ela mora no litoral ” (lugar). Normalmente, é expresso por advérbios ou locuções adverbiais.

11. Releia o trecho do artigo científico e faça o que se pede a seguir.

Os cortiços são habitações coletivas de aluguel, que em geral apresentam condições físicas insatisfatórias para moradia e cobram altos valores de aluguel. Constituem uma das poucas oportunidades de a população de baixa renda acessar a infraestrutura instalada da cidade, como transporte público, rede hospitalar, escolas e áreas de lazer.

a) E xplique sua compreensão sobre o que seja um cortiço, com base nesse trecho.

b) No caderno, copie as afirmações verdadeiras em relação ao trecho: “Os cortiços […] em geral apresentam condições físicas insatisfatórias”.

I. Os cortiços funciona como sujeito simples da oração, sendo o responsável pela ação expressa pelo verbo apresentam.

II. Condições físicas insatisfatórias desempenha o papel de objeto direto da oração, indicando o que os cortiços apresentam.

São verdadeiras as afirmações I, II e IV.

III. Apresentam é um verbo de ligação, ligando o sujeito “os cortiços” ao predicativo condições físicas insatisfatórias.

IV. insatisfatórias não é um complemento nominal porque não completa o sentido do nome, apenas o acompanha.

c) E xplique o efeito de sentido provocado pelo uso de insatisfatórias no trecho “Os cortiços […] em geral apresentam condições físicas insatisfatórias”.

Adjunto Adnominal

11. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes realizem paráfrases do texto e evidenciem, assim, essa habilidade, que é parte do letramento científico.

Adjunto adnominal é um termo acessório que modifica, especifica ou determina o sentido de um nome, caracterizando-o de alguma forma. Ele pode ser representado por adjetivos, locuções adjetivas, pronomes, artigos ou numerais e sempre concorda em gênero e número com o nome que acompanha. Diferentemente do

11. c) Insatisfatórias qualifica o termo condições físicas, acrescentando uma avaliação negativa sobre o estado dos cortiços. Ao utilizar esse adjetivo, o texto enfatiza que as condições físicas dos cortiços não são apenas medianas ou insuficientes, mas claramente inadequadas, reforçando a ideia de precariedade e falta de qualidade. Esse termo pode provocar no leitor uma percepção crítica da realidade dos cortiços, sugerindo que o ambiente oferecido é inaceitável para uma moradia digna.

complemento nominal, que completa o sentido de nomes de modo obrigatório para que a oração faça sentido, o adjunto adnominal tem uma relação acessória com a oração, atribuindo uma qualidade ou característica complementar ao substantivo.

A língua em uso

12. a) O humor no último quadrinho é gerado pela contradição entre a ideia de vida real, que geralmente envolve experiências ativas e sociais, e o desejo da personagem de associá-la a algo passivo como dormir e ficar na cama. A personagem percebe que está muito envolvida na internet, mas, ao tentar definir o que seria a vida fora dela, acaba relacionando-a a outro ato de inatividade, o que revela uma visão irônica sobre sua própria rotina.

Adjunto adnominal e efeitos de sentido

12. Leia as duas tirinhas de Bichinhos de Jardim e, em seguida, faça o que se pede.

TEXTO I

Questão 12. d), e), f), g) e h): Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

GOMES, Clara. [Bichinhos de jardim]. Colorindo nuvens. [S. l.], 27 jul. 2015. Disponível em: https:// colorindonuvens.com/ blog/2015/07/27/5-sites -de-quadrinhos-para -conhecer/. Acesso em: 25 set. 2024.

a) E xplique o efeito de humor do Texto 2.

GOMES, Clara. [Bichinhos de jardim]. Colorindo nuvens. [S. l.], 27 jul. 2015. Disponível em: https:// colorindonuvens.com/ blog/2015/07/27/5-sites -de-quadrinhos-para -conhecer/. Acesso em: 25 set. 2024.

b) Ainda sobre a segunda tira, qual mensagem é transmitida pela personagem com a frase “preciso largar a internet”?

c) Qual é a crítica social implícita no Texto 2?

d) Agora, aponte o efeito de humor do Texto 1.

12. b) Ao afirmar que precisa “largar a internet”, a personagem reconhece que seu tempo on-line está ocupando tanto espaço em sua vida, que sente falta de outras atividades fora do mundo virtual. Isso indica uma reflexão sobre o impacto da internet no cotidiano das pessoas e a necessidade de se reconectar com a vida fora das telas.

e) A frase “linda e gloriosa manhã de domingo”, é responsável pelo efeito de positividade no Texto 1. Identifique o adjunto adnominal responsável por essa ideia e explique seu papel na construção do sentido da frase.

f) N o terceiro quadrinho da primeira tira, a positividade é interrompida pelo tom desolador. Identifique os adjuntos adnominais responsáveis pela inversão do sentido do texto.

g) No segundo quadrinho da primeira tira, considere o adjunto adverbial “nas próximas horas”. Qual é o efeito de sentido desse elemento nessa etapa da tirinha?

h) Retomando o Texto 2, no quarto quadrinho, o adjunto adverbial “um pouco mais” modifica qual parte da frase? Explique seu efeito no sentido geral da oração.

12. c) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

TEXTO II

1. c) Verbo Transitivo Indireto: preciso. Objeto Indireto: de um novo celular É por meio da relação de complemento entre o verbo e o objeto que o leitor identifica a crítica e o humor veiculado no cartum. O texto verbal confirma o que aparece na imagem: uma pessoa viciada em comprar celular, que se vê diante de um novo lançamento. É importante destacar que o verbo precisar marca uma relação de dependência, subvertida ao dizer que a necessidade é o celular.

ATIVIDADES

1. Leia o cartum a seguir e responda às questões.

1. a) A crítica aborda o consumismo. Para construí-la, o cartum conta com o apoio da visualidade que evidencia o histórico de compra e consumo da personagem, em contraponto à sua fala afirmando que precisa de um novo celular.

1. b) Podem ser relacionados ao cartum os temas “saúde mental”, já que a personagem parece apresentar impulsividade para ter um novo celular, e “meio ambiente”, já que a personagem acumula uma grande quantidade de celulares sem necessidade, que pode acabar se convertendo em lixo eletrônico.

ARIONAURO. [Celular Consumo]. Arionauro Cartuns. [S. l.], 4 nov. 2020. Disponível em: http:// www.arionaurocartuns.com. br/2023/10/charge-celular-consumo. html. Acesso em: 25 set. 2024.

a) Qual é a crítica social exposta no cartum e como ela é construída no texto?

b) Ainda sobre essa crítica, quais outros temas poderiam estar relacionados com o cartum?

c) Identifique o verbo transitivo indireto e o objeto indireto na fala da personagem e discuta a importância deles para a construção do sentido do cartum.

d) Na fala do segundo balão é possível identificar um predicado verbal. Justifique essa afirmativa e discuta a importância desse predicado para o sentido do texto.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

2. Agora leia e observe atentamente as imagens da tira de Armandinho para responder às questões a seguir.

BECK, Alexandre. [Armandinho]. 365 coisas que posso fazer. [S. l.], 22 abr. 2013. Disponível em: https://365coisasquepossofazer.blogspot.com/2013/04/armandinho.html. Acesso em: 25 set. 2024.

a) A tira expressa a importância da coletividade para as transformações do mundo. De que forma essa mudança é representada?

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

b) Com base na tira, é possível depreender que Armadinho está vinculado a uma causa. Identifique-a.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.

c) Um dos efeitos artísticos e reflexivos dessa tirinha é a oposição entre individual e coletivo. Releia a frase de Armandinho no segundo quadrinho e justifique como a escolha sintática constrói essa oposição.

Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

NÃO ESCREVA NO LIVRO.
ARMANDINHO, DE ALEXANDRE BECK
ARIONAURO

3. a) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes apontem como o tema da aceitação é uma discussão necessária em diferentes espaços, como é o caso da literatura e de poemas que circulam em ambientes virtuais.

3. b) O verbo ser, verbo de ligação, tem o efeito de sentido de conectar algo ou alguém a alguma característica fixa. Assim, com a escolha desse verbo, ocorre o reforço da ideia de que a outra pessoa é linda, contribuindo para a construção de uma mensagem de autoaceitação.

3. Agora, leia o poema da autora indiano-canadense Rupi Kaur (1992-), que circula em uma rede social de fotografias.

a) Ao mesmo tempo que o eu lírico parece dar uma dica de vida para o leitor, o texto também provoca uma reflexão sobre fugir de si e aceitar-se. Em seu ponto de vista, essa é uma discussão que precisa estar em diferentes espaços? Justifique sua resposta.

b) Aponte a importância da escolha do verbo ser para a construção do elogio.

RUPI KAUR BRASIL. Rupi Kaur em “meu corpo minha casa”. Fortaleza, 2 ago. 2024. Instagram: rupikaurbrasil. Disponível em: www.instagram. com/p/C-L4y5PP_Mz/. Acesso em: 25 set. 2024.

c) Além da escolha do verbo de ligação, o poema faz um jogo entre fugir (no primeiro verso) e aproximar-se (no último), verbos de sentidos opostos. Agora, analise esses dois verbos do ponto de vista sintático e apresente o que ambos têm em comum.

4. Leia o meme e responda às questões a seguir.

a) Identifique a relação entre a imagem e o texto escrito. Discuta como esses dois elementos se relacionam para construir o sentido do meme.

b) O lhando mais especificamente para a linguagem verbal, o texto do meme é mais curto e direto. Por isso, a ideia de pizza ganha destaque no final do texto. Do ponto de vista sintático, identifique como se pode classificar o verbo pensar e o complemento pizza.

Verbo Transitivo Indireto: pensar. Objeto Indireto: em pizza

GATO PERALTA. Eu na vida! [S. l.], 2 nov. 2020. Facebook: GatoPeraltaOficial. Disponível em: www.facebook.com/ GatoPeraltaOficial/posts/eu-na-vida/2884905321823906/ ?locale=pt_BR. Acesso em: 25 set. 2024.

5. Releia um trecho do artigo científico e, em seguida, responda às questões.

A construção da confiança com os operadores de cortiços foi o elemento fundamental que permitiu a obtenção das entrevistas aqui sistematizadas. Em nenhum momento, o objetivo foi desconfiar da veracidade das informações ou fazer um julgamento moral das ações dos operadores.

a) Segundo esse trecho, o elemento fundamental para a obtenção das entrevistas sistematizadas foi a construção de confiança. Por que esse elemento foi considerado importante?

b) Ainda sobre a escolha metodológica, o texto menciona um posicionamento adotado em relação às ações dos operadores de cortiços. Aponte a postura assumida pelos pesquisadores e detalhe a justificativa apresentada no texto.

c) Analisando esse texto do ponto de vista dos conhecimentos linguísticos, identifique o complemento verbal na frase “Em nenhum momento, o objetivo foi desconfiar da veracidade das informações” e comente seu papel na construção do sentido.

d) Agora, considere a “construção da confiança com os operadores de cortiços foi o elemento fundamental”, identifique o complemento nominal e explique como ele contribui para a clareza do sentido do substantivo ao qual se refere. 5 a), 5 b), 5 c), 5 d): Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

3. c) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

4. a) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

OFICINA DE TEXTO

Resumo de artigo científico

Estudar a proposta

Nesta Oficina de Texto, você irá produzir um resumo de artigo científico com o objetivo de submetê-lo à publicação em uma revista de divulgação científica.

Gênero

Resumo de artigo

Interlocutores

científico Colegas de turma

Motivar a criação

Propósito/finalidade

Compor um resumo com base na leitura de um artigo científico.

Publicação e circulação

Folhas impressas

1. Para dar início à reflexão acerca da produção do resumo, leia o editorial de uma revista científica com o objetivo de destacar a importância da construção do resumo para a divulgação do artigo científico.

EDITORIAL

Como escrever o resumo de um artigo para publicação […]

O resumo é um breve sumário do artigo. Ele não é uma introdução do que se segue, mas sim uma descrição completa e concisa dos componentes-chave da metodologia do estudo e dos achados importantes da pesquisa. Normalmente, o resumo é o primeiro encontro do leitor com uma pesquisa ou relato, sendo algumas vezes o único elemento recuperado e/ou revisado nas bases de dados científicos. Esse elemento provê a primeira impressão, muitas vezes a mais importante, identificando o valor potencial ou a relevância do enfoque da pesquisa e dos resultados. Se o resumo for bem escrito, ele atrairá leitores para obter uma cópia do manuscrito completo que será incorporado aos que já foram encontrados, e seu trabalho será citado. Se o resumo for mal escrito, a pesquisa poderá ser ignorada ou, até mesmo, esquecida.

Antes de enviar um artigo para publicação em uma revista científica, recomenda-se que sejam consultadas as normas para publicação na mesma, assim como resumos publicados em outros artigos da revista em questão. A maioria das revistas fornece diretrizes para os autores, incluindo sugestões a respeito do formato e do tamanho do resumo de um artigo. Os dois formatos mais comuns são o estruturado e o não estruturado. Embora a abordagem seja um pouco diferente, ambos os formatos requerem informações similares. Em um resumo estruturado, a informação requerida é organizada em seções e identificada por divisões do texto em negrito. No resumo não estruturado, não há divisões do texto, ou seja, a informação necessária é apresentada em um parágrafo ou em forma narrativa e as divisões são apresentadas como parte de um texto. O resumo deve vir no início do manuscrito, logo após o título, comumente abrangendo as seguintes informações: Contexto, Propósito, Metodologia, Resultados e Conclusão. Uma lista de Palavras-chave escolhidas pelo(s) autor(es) é colocada no final do resumo, precedendo o corpo do artigo.

[…]

SOUSA, Valmi D.; DRIESSNACK, Martha; FLÓRIA-SANTOS, Milena. Editorial: Como escrever o resumo de um artigo para publicação. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 19, n. 3, set. 2006. Disponível em: www.scielo.br/j/ape/a/rCZ5yZ8gwJrJD3cGKFq3SLx/. Acesso em: 25 set. 2024.

1. a) O resumo vai causar a primeira impressão nos interessados sobre o artigo. É por meio dele que o leitor decidirá conhecer ou não o conteúdo completo do artigo científico. Por esse motivo, ele é um recurso muito importante para a divulgação de trabalhos científicos. Além disso, um dos principais objetivos de um artigo científico é servir de subsídio para outras pesquisas; portanto, ele é citado nelas, o resumo pode atrair leitores e auxiliar essa meta a ser cumprida.

Retomada de algum item importante ou considerações acerca dos resultados: eram os esperados? É necessário ampliar a pesquisa?; finalização.

a) A Scielo é uma biblioteca virtual de periódicos científicos brasileiros que se propõe a promover o acesso ao conhecimento científico. Nos primeiros parágrafos do editorial, apresenta-se a importância da elaboração de um resumo científico porque muitos pesquisadores não dedicam o devido tempo e atenção na produção desse recurso. Qual importância ele possui para a divulgação científica? E qual é a importância dele para que o trabalho em questão seja lido?

Objetivos do estudo apresentado no artigo científico.

b) De acordo com o editorial, existem dois formatos mais comuns de resumo científico: o estruturado e o não estruturado. Em bibliotecas digitais de trabalhos acadêmicos – como é o caso do portal Scielo –, pesquise um exemplo de cada tipo de resumo e leve-os para a avaliação do professor. Em quais campos de estudo cada um dos formatos é mais utilizado?

Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor

c) Ainda de acordo com o editorial, existem cinco informações essenciais em qualquer resumo. Copie o quadro a seguir no caderno, explique o que cada item significa, e verifique se todas essas informações foram contempladas no resumo do artigo científico “As vozes dos operadores de cortiços”. Observe o preenchimento da primeira coluna e considere-o como modelo.

Apresentação dos dados e observações propiciadas pela pesquisa.

Explicação

Informações relevantes sobre o tema e a pesquisa realizada apresentadas de forma objetiva, a fim de despertar o interesse do leitor.

Foi contemplado? X

Planejar e elaborar

1. Antes de iniciar o resumo de artigo científico, será necessário pesquisar um artigo científico para servir de base para essa escrita. Procure pesquisar um artigo circunscrito à área de Linguagens e que aborde as temáticas apresentadas na seção Estudo Literário deste capítulo. A seguir, são indicadas algumas sugestões de temas. Contexto

Não é contemplado. X X X

Breve descrição da metodologia escolhida para realizar o estudo.

• Artigo científico sobre o romance Memórias póstumas de Brás Cubas ou outras obras de Machado de Assis.

• Artigo científico sobre figuras de linguagem contempladas nas obras de Machado de Assis e Aluísio Azevedo.

• Artigo científico a respeito do processo de resgate da negritude de Machado de Assis.

2. Para realizar a busca solicitada, procure artigos científicos em bibliotecas de divulgação científica, como é o caso da Scielo, portais de universidades e outros sites confiáveis. Verifique se o artigo encontrado foi publicado em uma revista científica de ampla circulação.

3. Procure não fazer a leitura do resumo elaborado pelos pesquisadores que escreveram o artigo científico selecionado, a fim de que ele não influencie a sua composição. Além disso, respeite o formato não estruturado de resumo, que costuma ser mais contemplado na área de Linguagens.

RETOMADA

Procure relacionar os aprendizados adquiridos ao longo do capítulo à produção do resumo. Retome as características do gênero artigo científico e os conhecimentos acerca do sintagma verbal. Dê atenção especial à organização sintática das orações que compõem o resumo. Assim, é importante escolher os verbos adequados, de maneira a expressar o que se pretende e, assim, atingir os objetivos comunicativos do texto.

4. Procure contemplar as cinco informações que, de acordo com o Editorial da Scielo, devem constar em todos os resumos: Contexto, Propósito, Metodologia, Resultados e Conclusão. Considere as respostas ao item c da etapa Motivar a criação para realizar a sua produção.

5. Com base no texto do resumo, elabore uma lista de palavras mais importantes e que representam o estudo divulgado no artigo científico escolhido. Em seguida, eleja seis palavras para compor as palavras-chave do resumo.

6. Não se esqueça de apresentar o título do artigo científico, o nome dos pesquisadores e a formação acadêmica de cada um.

7. Pesquise as regras de publicação da revista científica na qual o artigo escolhido por você foi publicado. Então, utilize os softwares necessários para digitar o texto respeitando a todas essas regras.

Avaliar e recriar

1. Leia as questões a seguir e utilize-as como roteiro para avaliação e reedição do resumo.

• O formato não estruturado de resumo foi contemplado?

• As cinco informações essenciais – Contexto, Propósito, Metodologia, Resultados e Conclusão –são apresentadas no resumo?

• As palavras-chave correspondem aos conteúdos abordados no artigo científico? Elas são bons destaques para o estudo?

• As regras da revista responsável pela publicação foram respeitadas?

2. Após verificar esses itens, faça as alterações necessárias no resumo e imprima-o para que possa ser compartilhado com os colegas de turma.

Compartilhar

Com a ajuda do professor, reserve um dia para apresentar o resumo à turma e faça o exercício de revisão de pares em dupla. No dia combinado, as duplas farão a troca dos resumos de artigos científicos elaborados. Cada integrante deverá ler o artigo científico escolhido pelo colega e compará-lo com o resumo de artigo científico escrito por ele. Em seguida, deve fazer sugestões de melhoria ou críticas construtivas.

ESTUDO EM RETROSPECTIVA

Sintetizar

1. O Realismo buscava retratar os acontecimentos de forma objetiva, com foco nas condições sociais e sem um olhar sentimental sobre os fatos. Já o Naturalismo sofreu influência do determinismo e do cientificismo, retratando as personagens como resultado das influências do ambiente e do meio social.

2. Divulga resultados de pesquisas científicas, é produzido por especialistas e são menos extensos do que as dissertações e as teses.

3. O resumo é o primeiro contato de pesquisadores com um artigo e representa um importante mecanismo de divulgação científica.

Neste capítulo, os estudos do campo artístico-literário deram enfoque aos romances Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e O cortiço, de Aluísio Azevedo. Nos estudos de gênero textual, o enfoque foi no campo das práticas de estudo e pesquisa, por meio da análise e compreensão de um artigo científico, com atenção não apenas para o gênero, mas também para as partes que o estruturam – em especial, o resumo. Os estudos da língua, por sua vez, possibilitaram reflexões sobre o uso dos verbos e seus complementos, além de outros termos acessórios da oração.

Agora, você deverá sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às questões a seguir.

1. Com base na leitura dos textos literários estudados no capítulo, elenque as diferenças entre os movimentos Realismo e Naturalismo.

2. Cite três características do gênero textual artigo científico.

3. Qual é a importância do resumo para a divulgação científica?

4. Quais são os tipos de verbos e complementos verbais?

5. O que são termos acessórios da oração? Exemplifique.

Refletir e avaliar

4. Os verbos são classificados em transitivo (direto e indireto), que necessitam de complementos verbais (objeto direto e indireto), e intransitivo.

5. São termos não obrigatórios na oração, mas que fornecem informações adicionais aos verbos e nomes. Por exemplo: adjuntos adnominais e adverbiais.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sua aprendizagem ao longo do capítulo. Para isso, no caderno, reproduza o quadro a seguir e responda às questões. Em seguida, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote-as na coluna de observações.

Ao longo do estudo do capítulo, percebo que...

… compreendi os movimentos literários em destaque e seus contextos sócio-históricos na seção Estudo Literário.

… compreendi os conceitos de artigo científico e sua relação com o resumo.

… atuei ativamente nas atividades em dupla ou grupos; fiz sugestões de melhoria, antevendo problemas, envolvendo-me em solucionar questões coletivas e olhando para o todo da proposta, não apenas para a minha parte.

Fui proficiente

Preciso aprimorar

Observações

NÃO ESCREVA NO LIVRO.

DE OLHO NO VESTIBULAR

1. a) Nesse contexto, o termo adquire valor semântico do verbo enfiar, sendo empregado com ironia para destacar o efeito desagradável e agressivo do ato de inserir as vírgulas no texto do autor.

Neste capítulo, o enfoque de análise de questão de provas de ingresso está voltado para o estudo da língua. Leia com atenção as dicas de interpretação do formato da questão e, em seguida, use as informações apresentadas para respondê-la.

1. (Fuvest-SP)

A reinvenção da vírgula

No começo de 1902, Machado de Assis ficou desesperado por causa de um erro de revisão no prefácio da segunda edição de suas Poesias completas. Dizem que chegou a se ajoelhar aos pés do Garnier implorando para que o editor tirasse o livro de circulação. O aristocrático e impoluto Machado, quem diria. Mas a gralha era mesmo feia. O tipógrafo trocou o E por A na palavra cegara, o revisor deixou passar, e vocês imaginam no que deu. No nosso caso, o erro não foi nada de mais, nem erro foi para falar a verdade, apenas um acréscimo besta de pontuação, talvez dispensável, ainda que de modo algum incorreto. Vai o revisor, fiel à ortodoxia da gramática normativa, e espeta duas vírgulas para isolar um adjunto adverbial deslocado, coisa de pouca monta, diria alguém, mas suficiente para o autor sair bradando aos quatro ventos que lhe roubaram o ritmo da sentença. Um editor experiente traria um cafezinho bem doce, a conter o ímpeto dramático do autor de primeira viagem, talvez caçoando, “deixa de onda”, a lembrá-lo – valha-me Deus! – que ele não é nenhum Bruxo do Cosme Velho*. E assim lhe cortando as asas antes do voo.

* Referente a Machado de Assis.

Jurandir Renovato, A reinvenção da vírgula. Disponível em https://jornal.usp.br/artigos/a-reinvencao-da-virgula/. Adaptado.

Na segunda fase, a Fuvest apresenta um tipo de avaliação em que o estudante deve elaborar respostas por escrito para questões dissertativas. Em avaliações estruturadas como essa, o desenvolvimento do raciocínio lógico, o atendimento à norma-padrão da língua e a capacidade de análise crítica são habilidades exigidas do candidato.

O texto-base da questão é o trecho de um artigo de opinião publicado em um jornal universitário que apresenta uma anedota para propor reflexões sobre a língua portuguesa.

a) Qual o sentido da palavra “espeta”, destacada no texto, e qual o efeito que ela produz?

b) E xplique o significado, no texto, da expressão “cortando as asas antes do voo”.

1. b) Refere-se à ação do editor para conter “o ímpeto dramático do autor” que não gostou da inserção das vírgulas para separar um adjunto adverbial deslocado. O editor busca chamá-lo à realidade e pontua que ele não é nenhum Machado de Assis.

Para resolver uma questão dissertativa, além do texto-base apresentado é importante ler o enunciado por completo, pois nele há informações importantes para a formulação da resposta. Nesse caso, o termo e a expressão que o candidato deve analisar já estão em destaque no texto e precisam ser compreendidas dentro do contexto.

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Cartilha de combate ao bullying

ESTUDAR A PROPOSTA

Discutir o bullying e sua disseminação na sociedade atual é cada vez mais importante, principalmente se for considerado o fato de como esse problema afeta profundamente o bem-estar de pessoas em todo o mundo. A violência psicológica e física gerada por essa prática pode prejudicar o desenvolvimento pessoal, emocional e social de crianças e jovens, além de perpetuar um ciclo de agressões pela vida adulta. Assim, entender e avaliar esse problema coletiva e conscientemente é um passo fundamental para construir um ambiente seguro e acolhedor, onde o respeito às diferenças seja a base das relações.

Neste projeto, você e seus colegas terão a oportunidade de investigar em detalhes o fenômeno do bullying, reconhecendo suas diferentes formas e consequências, a fim de pensar em ações que combatam essa prática na escola. Por meio de pesquisas, leituras e atividades colaborativas, você poderá desenvolver um olhar crítico sobre o tema, entendendo o papel que todos desempenham na prevenção e no combate ao bullying.

O desafio desse projeto será construir uma cartilha de combate ao bullying que servirá como um guia para o convívio saudável e a promoção de um espaço escolar sem reprodução das agressões sociais. Todos os estudantes devem participar ativamente, refletindo sobre suas experiências e contribuindo para um ambiente de respeito.

de realização

Você já refletiu sobre por que o bullying continua sendo um problema tão presente nas escolas e na sociedade? Você já parou para pensar como o bullying começa? Já considerou as consequências dessa prática? Já se deu conta de como pequenas atitudes e comentários podem afetar profundamente a vida de alguém? E sobre as origens do bullying, já parou para pensar na sua relação com questões mais profundas e estruturais, como as assimetrias sociais?

Produto
Cartilha de combate ao bullying
Impresso ou digital
letivo
CIDADANIA MULTICULTURALISMO

Considerando esses questionamentos, é hora de olhar, detida e minuciosamente, para esse fenômeno e descobrir como cada um de nós pode ajudar a combatê-lo.

Para começar, leia um trecho do conto “A caolha”, de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934).

A caolha era uma mulher magra, alta, macilenta , peito fundo, busto arqueado, braços compridos, delgados, largos nos cotovelos, grossos nos pulsos; mãos grandes, ossudas, estragadas pelo reumatismo e pelo trabalho; unhas grossas, chatas e cinzentas, cabelo crespo, de uma cor indecisa entre o branco sujo e o loiro grisalho, desses cabelos cujo contato parece dever ser áspero e espinhento; boca descaída, numa expressão de desprezo, pescoço longo, engelhado, como o pescoço dos urubus; dentes falhos e cariados.

O seu aspecto infundia terror às crianças e repulsão aos adultos; não tanto pela sua altura e extraordinária magreza, mas porque a desgraçada tinha um defeito horrível: haviam lhe extraído o olho esquerdo; a pálpebra descera mirrada, deixando, contudo, junto ao lacrimal, uma fístula continuamente porejante .

Era essa pinta amarela sobre o fundo denegrido da olheira, era essa destilação incessante de pus que a tornava repulsiva aos olhos de toda gente.

Morava numa casa pequena, paga pelo filho único, operário numa fábrica de alfaiate; ela lavava a roupa para os hospitais e dava conta de todo o serviço da casa, inclusive cozinha. O filho, enquanto era pequeno, comia os pobres jantares feitos por ela, às vezes até no mesmo prato; à proporção que ia crescendo, ia-se-lhe a pouco e pouco manifestando na fisionomia a repugnância por essa comida; até que um dia, tendo já um ordenadozinho, declarou à mãe que, por conveniência do negócio, passava a comer fora…

Ela fingiu não perceber a verdade, e resignou-se.

Daquele filho vinha-lhe todo o bem e todo o mal.

Que lhe importava o desprezo dos outros, se o seu filho adorado lhe apagasse com um beijo todas as amarguras da existência?

Um beijo dele era melhor que um dia de sol, era a suprema carícia para o seu triste coração de mãe! Mas… os beijos foram escasseando também, com o crescimento do Antonico! Em criança ele apertava-a nos braços e enchia-lhe a cara de beijos; depois, passou a beijá-la só na face direita, aquela onde não havia vestígios de doença; agora, limitava-se a beijar-lhe a mão.

Ela compreendia tudo e calava-se.

O filho não sofria menos.

Quando em criança entrou para a escola pública da freguesia, começaram logo os colegas, que o viam ir e vir com a mãe, a chamá-lo – o filho da caolha. Aquilo exasperava-o; respondia sempre:

— Eu tenho nome!

ALMEIDA, Júlia Lopes de. A caolha. In: ALMEIDA, Júlia Lopes de. Ânsia eterna. 2. ed. rev. Brasília, DF: Senado Federal, 2020. (Escritoras do Brasil, 2, p. 83-84). Disponível em: www2.senado.leg.br/bdsf/ bitstream/handle/id/580577/Ansia_Eterna_2ed.pdf. Acesso em: 29 set. 2024.

macilento: pálido, sem brilho, de aparência cadavérica. engelhado: que tem rugas, murcho. fístula: orifício ou canal de onde sai material orgânico, como sangue ou pus. porejante: que escorre dos poros. exasperar: irritar, desesperar.

Júlia Lopes de Almeida foi uma escritora e jornalista brasileira, conhecida por suas obras que abordam temas sociais, como o feminismo e o abolicionismo. Uma das principais vozes da literatura brasileira entre o final do século XIX e o início do XX, a autora publicou romances, contos e peças teatrais. Além de suas contribuições literárias, ela também foi uma das idealizadoras da Academia B rasileira de Letras, embora não tenha sido admitida como membra por ser mulher.

■ Júlia Lopes de Almeida, escritora e jornalista brasileira.

1. a) Nos dois primeiros parágrafos do conto, o narrador descreve a “caolha” como uma mulher magra, alta, com traços marcados pela doença e pelo trabalho árduo. Não bastasse essa aparência considerada aterradora, ela tinha uma deficiência física: faltava-lhe o olho esquerdo. Essa descrição longa e detalhada acentua o aspecto “estranho” que gera repulsa nas pessoas ao seu redor. Assim, no conto, essa característica física da “caolha” faz com que ela seja evitada e desprezada tanto por crianças quanto por adultos, pois causa medo e aversão.

1. Releia o trecho do conto e responda ao que se pede a seguir.

a) E xplique de que forma as características físicas da personagem influenciam o modo como as pessoas ao seu redor a tratam.

b) A princípio, a relação entre mãe e filho é de proximidade e carinho, mas ela é rompida pelo progressivo afastamento do filho. Considerando esse aspecto, reflita: quais atitudes ou ações levam o menino a desejar estar distante da figura materna?

c) Como a sociedade e, particularmente, o ambiente escolar tratam o “filho da caolha”? Quais são as consequências emocionais e sociais dessa situação para o garoto?

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d) No final do trecho lido, o filho afirma: “Eu tenho nome!”. Descreva como essa fala é capaz de revelar os sentimentos do menino em relação ao apelido que recebeu.

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e) Qual é a função social e simbólica do apelido “o filho da caolha” na narrativa?

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A narrativa de Júlia Lopes de Almeida evidencia claramente uma situação de bullying na escola, quando o personagem Antonico começa a ser ridicularizado por seus colegas devido à aparência física da mãe. O apelido “filho da caolha” torna-se um símbolo da exclusão e do desprezo que ele sofre, provocando vergonha e desconforto. Ao ser constantemente alvo de chacotas, o menino sente a necessidade de afirmar sua própria identidade e escapar do estigma imposto pela condição da mãe, como demonstra a frase “Eu tenho nome!”.

O bullying sofrido pelo protagonista na forma de violência verbal afeta-o emocionalmente, gerando um conflito interno. Embora ame sua mãe, ele deseja estar distante, evitando, assim, o julgamento e o desprezo social. O isolamento e a humilhação narrada no conto exemplificam como o bullying pode causar consequências não só na autoestima de quem o sofre, mas também nas relações sociais e afetivas das pessoas.

Até aqui, você conheceu uma situação de bullying em um texto literário. Agora, leia o trecho de um artigo científico e responda às questões a seguir.

Os pesquisadores Crochík et al. (2014) nos alertam para o fato de que o bullying tem sido comumente compreendido como um problema pontual, dependente da escola e/ou da família e/ou do indivíduo, sem reconhecer a ligação entre a totalidade social, institucional e individual. Para os referidos autores, temos o compromisso de entender o bullying escolar como um reflexo das relações sociais estruturadas na sociedade.

Dessa maneira, não é possível afirmar que a causa é apenas social e tampouco individual, uma vez que ambas se atravessam mutuamente.

MEZZALIRA, Adinete Sousa da Costa; FERNANDES, Thatyanny Gomes; SANTOS, Cyntia Maria Loiola dos. Os desafios e as estratégias da Psicologia Escolar no enfrentamento do bullying Psicologia Escolar e Educacional, São Paulo, v. 25, p. 1-5, 2021. p. 2. Disponível em: www.scielo.br/j/pee/a/dfxS3mLkxYJ9tnSVmNQ6C5y. Acesso em: 30 set. 2024.

2. De acordo com os pesquisadores citados no artigo, o fenômeno do bullying tem sido compreendido com base em apenas um aspecto. Considerando essa afirmação, explique por que, para esses autores, o bullying escolar deve ser visto como um reflexo das relações sociais.

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3. No artigo, os autores falam da necessidade de assumir o compromisso de entender o bullying de uma outra forma, considerando as relações estabelecidas na sociedade. De que maneira essa proposta pode ampliar a compreensão acerca do tema?

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1. b) Ainda que a mãe demonstre profundo amor pelo filho e suporte as dificuldades com resignação, conforme cresce, o menino procura colocar-se distante da figura materna. O desejo de afastamento de Antonico vai se desenvolvendo à medida que ele percebe o desprezo e a rejeição das outras pessoas em relação à mãe. Assim, cresce a vergonha que o menino sente da aparência da mãe, especialmente quando ele começa a ser ridicularizado na escola pelos outros colegas.

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4. O bullying sofrido pelo filho da “caolha” reflete as dinâmicas sociais se forem considerados os preconceitos sociais como o capacitismo. O menino passa a ser ridicularizado e marginalizado por seus colegas, que o associam à aparência física de sua mãe e o chamam de “filho da caolha”. Essa exclusão não é apenas um problema individual entre o menino e seus colegas, mas está inserida em um contexto social maior que valoriza certas aparências e desvaloriza outras, estigmatizando aqueles que fogem aos padrões.

4. Agora, conectando a narrativa do conto “A caolha” com esse trecho de artigo científico, considere como o bullying vivenciado pelo “filho da caolha” pode ser interpretado à luz da explicação de Crochík et al. Discuta como o reflexo das relações de bullying sofridas pelo filho pode ser conectado com as estruturas sociais.

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Capacitismo

O caso do “filho da caolha” exemplifica como o bullying pode ser um reflexo das normas e hierarquias sociais do ponto de vista das deficiências físicas. Assim, o caso de bullying sofrido pelo menino pode estar associado ao capacitismo, ou seja, à discriminação e ao preconceito contra pessoas com deficiência (PcD), que promove a ideia de que as capacidades física e mental da maioria devem ser o padrão. Isso resulta em exclusão e barreiras sociais.

5. Explorando mais a relação entre o conto de Júlia Lopes de Almeida e o trecho de artigo científico, em que medida a resignação da “caolha” e a humilhação sofrida pelo filho ilustram a ideia de que o bullying não pode ser entendido apenas como uma questão individual, mas sim como uma interseção entre o social e o pessoal, como argumentam Crochík et al.

Conforme abordado até aqui, o bullying escolar é um fenômeno que precisa ser considerado em sua complexidade. É importante que seja analisado do ponto de vista das assimetrias sociais com consequências sérias na vida de crianças, jovens e adultos. No trecho do conto “A caolha”, de Júlia Lopes de Almeida, o bullying sofrido pelo menino não pode ser dissociado de episódios de capacitismo que acontecem na sociedade.

O desprezo transferido para o filho, que também sofre as consequências do capacitismo contra a mãe ao ser chamado de “filho da caolha”, demonstra como as deficiências e as diferenças físicas podem ser usadas pela sociedade para rotular e oprimir tanto a pessoa diretamente afetada quanto aqueles que vivem ao seu redor. Por essa ótica, é importante considerar o bullying como uma reprodução de normas e valores das desigualdades sociais.

Diante dessas reflexões, é hora de investigar as características do bullying e propor estratégias para reconhecer e barrar esse ato no espaço escolar.

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Clube do livro: criação e execução

Agora, você terá a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre o bullying explorando diferentes perspectivas sobre o tema. Para isso, você e sua turma devem criar e colocar em funcionamento um clube do livro dedicado ao tema. Nesse clube, vocês poderão ler obras de ficção e/ou de não ficção que abordam o bullying

O clube do livro é um espaço de encontro em que todos os participantes podem compartilhar suas impressões sobre as leituras, discutir os temas abordados nas obras e relacioná-los com o cotidiano escolar e social. Por isso, essa é uma oportunidade de aprendizado coletivo, troca de experiências e fortalecimento da empatia, uma vez que o diálogo será a chave para entender melhor o impacto do bullying e como todos podem combatê-lo juntos.

5. A “caolha” sofre rejeição e isolamento social devido à sua aparência, e seu filho, por associação, é alvo de bullying. A dor vivida por ambos não é puramente individual, mas deriva de estruturas sociais que moldam as percepções de “normalidade” e “desvio”. Conforme apontam Crochík et al., o bullying reflete relações sociais mais amplas, o que explica por que o filho, apesar de não ser o responsável pelas características físicas da mãe, ainda assim é humilhado.

Leia com os estudantes todas as etapas de criação do clube do livro e, se possível, acompanhe-os durante o processo de criação, com o objetivo de garantir a organização e o sucesso do projeto. Nesta etapa inicial, procure orientar a turma na divisão de responsabilidades e assegurar que todas as tarefas sejam distribuídas de forma colaborativa e eficaz.

Primeira etapa – Divisão das tarefas para criação do clube

• Nesta etapa, a turma deverá conhecer as principais tarefas relacionadas à criação e ao funcionamento do clube. Para isso, leia a instrução a seguir.

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1. A turma deve se dividir em grupos. Um grupo deverá ser responsável por mediar as discussões durante os encontros do clube; outro deverá ser responsável pela organização dos encontros (fazer a reserva do espaço para realização dos encontros do clube e definir datas e horários); um terceiro grupo deverá ser responsável pela curadoria dos livros que irão compor o clube do livro; um quarto grupo deverá ser responsável pela distribuição das leituras no calendário.

Segunda etapa – Definição do calendário e reserva do espaço

Nesta etapa, o grupo responsável pelo calendário deverá definir a frequência de encontros do clube do livro. Para isso, considere os passos a seguir.

1. O primeiro passo para construir o cronograma é definir a frequência dos encontros. Sugere-se que os debates sejam realizados quinzenalmente, para que os participantes tenham tempo suficiente para ler os trechos combinados e refletir sobre eles antes de cada encontro.

2. Para garantir que a programação esteja adequada ao calendário escolar, consulte os professores e a coordenação pedagógica. Essa consulta também será útil para reservar os espaços da escola com antecedência, evitando sobreposição de atividades.

3. Assim que tudo estiver definido, reserve o espaço onde acontecerá o clube de leitura e passe o calendário para o grupo responsável pela definição das leituras.

Terceira etapa – Seleção dos livros

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Nesta etapa, o grupo responsável deverá selecionar os livros que serão discutidos no clube do livro. Para isso, considere os passos a seguir.

1. Como a ideia é trabalhar com a intersecção entre o bullying e as temáticas sociais, é importante que sejam escolhidas obras que abordem os diferentes preconceitos, como racismo, capacitismo e desigualdade de renda.

2. Outro fator importante é que as obras sejam encontradas com facilidade. Para isso, esse grupo poderá consultar na biblioteca da escola ou do município a disponibilidade das obras.

3. Antes de fechar a lista, consulte professores de Língua Portuguesa e de Sociologia para auxiliar na validação dos títulos escolhidos e avaliar a pertinência para discussão do bullying na perspectiva social, ou seja, atrelado a um preconceito.

Quarta etapa – Planejamento

de leituras

• Nesta etapa, o grupo responsável pela distribuição das obras no calendário previamente definido deverá organizar a agenda de leituras. Para isso, considere os passos a seguir.

1. Após receber o calendário dos encontros e a lista de obras selecionadas, é preciso organizar as leituras que irão acontecer em cada um deles. Para isso, será necessário definir o tempo de leitura destinado a cada obra.

Caso seja necessário, explore com os estudantes a divisão dos livros. Sugere-se que essa divisão respeite um ritmo de leitura adequado, sem que sobrecarregue os estudantes.

2. Sugere-se que cada livro seja dividido em 3 ou 4 partes, dependendo do tamanho da obra.

3. Crie um calendário de leituras com a sequência de como elas serão realizadas e deixe esse material afixado em um espaço onde todos os colegas consigam ver quando os encontros irão acontecer e quais são as leituras em cada encontro.

Acompanhe o grupo responsável por essa tarefa, assegurando que eles definam a frequência dos encontros de forma realista e alinhada com o cronograma escolar. Se possível, faça uma revisão do calendário com o objetivo de garantir que ele esteja bem estruturado, permitindo tempo suficiente para leitura e reflexão.

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Quinta etapa – Encontro e mediação das discussões do clube de leitura

• Nesta etapa, o grupo responsável pela mediação deve conduzir as trocas entre os leitores. Para isso, considere os passos a seguir.

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1. Após a leitura de cada obra, o grupo deverá preparar um guia para as discussões, levantando questionamentos e propondo conexões entre o que foi lido e a temática do bullying.

2. O guia pode conter perguntas-chave, conectar a obra a temas sociais, trazer exemplos de bullying que dialoguem com a obra lida e promover a participação ativa de todos.

3. O grupo também poderá convidar professores, coordenadores e psicólogos da escola a participar da conversa com os outros leitores, discutindo o bullying com base na perspectiva que a obra apresenta.

DIVIDIR TAREFAS E EMPREENDER

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Aproveitando todo o conhecimento a respeito de bullying que você levantou até aqui, chegou a etapa de elaboração da cartilha de combate ao bullying. Esse material será uma ferramenta importante para promover o respeito, a empatia e um ambiente escolar mais acolhedor. A ideia é que você e os colegas definam os tipos de bullying, tragam exemplos e escrevam dicas e orientações para lidar com o bullying e preveni-lo, garantindo que todos se sintam seguros e valorizados na escola. O diferencial da cartilha que será criada é a conexão entre o combate ao bullying e o combate aos preconceitos sociais. Para isso, a cartilha precisa mostrar como o bullying reproduz alguns preconceitos sociais. Assim, combater o bullying é também combater as desigualdades sociais.

Primeira etapa – Características discursivas de uma cartilha

Nesta primeira etapa, você e toda a turma deverão explorar as características de uma cartilha contra o bullying, analisando a composição linguística e discursiva desse texto.

1. Para começar, leia com atenção trechos de uma cartilha de combate ao bullying elaborada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE).

Fonte: BULLYING na escola não é legal! Recife: IFPE, [2024]. p. 2-3. Disponível em: https://portal.ifpe.edu.br/wp-content/uploads/repositoriolegado/recife/ documentos/cartilha-editada-bullyng-nao-1.pdf. Acesso em: 9 set. 2024.

2. Copie, no caderno, o quadro a seguir e complete-o com exemplos da cartilha apresentada anteriormente para os fenômenos apontados.

Característica linguístico-discursiva

Linguagem clara e acessível

Tom educativo e instrutivo

Organização didática das partes

Presença de exemplos e recursos visuais

Explicação do que é cyberbullying no final da primeira página, em que o texto explica de forma clara e objetiva um conceito que pode ser mais complexo.

Descrição

A cartilha deve adotar um vocabulário simples, evitando termos técnicos ou complexos, para garantir que todas as faixas etárias ou níveis de leitura compreendam a mensagem. A linguagem direta ajuda o leitor a captar as informações rapidamente, sem necessidade de reler ou interpretar o texto.

O texto de uma cartilha tem como objetivo educar e informar. Por isso, o tom deve ser sempre didático, orientando o leitor sobre comportamentos, práticas ou conhecimentos a serem desenvolvidos. A mensagem deve ser construtiva e positiva, sugerindo soluções ou caminhos a serem seguidos.

Uma cartilha deve ser fácil de navegar. O uso de títulos objetivos como “O que é bullying?” e “Como prevenir?” tornam o conteúdo mais fluido e compreensível. Além disso, listas numeradas ou tópicos ajudam a segmentar a informação e facilitam a consulta rápida.

Para explicar melhor as orientações, a cartilha pode incluir exemplos práticos de situações cotidianas, mostrando o que é ou não apropriado em determinadas situações. Além disso, imagens, gráficos e infográficos ajudam a tornar o conteúdo mais visual e atraente, facilitando o entendimento de leitores.

Exemplo

No final da discussão sobre o cyberbullying, o texto apresenta orientações do que deve ser feito para evitar esse tipo de bullying

Uso de títulos objetivos, listas e tópicos que ajudam a segmentar a informação.

O uso das ilustrações ao longo de todo o texto e o uso de cores deixando os títulos em destaque.

3. Após completar o quadro, reúna-se com todos os colegas da turma e, juntos, comentem os exemplos levantados, conversando sobre as características da cartilha estudada.

Segunda etapa - Conhecendo os tipos de bullying

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A partir desta etapa, você e os colegas deverão dividir-se em cinco grupos, os quais irão atuar ao longo de toda a produção da cartilha.

4. Com os grupos formados, a turma terá a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre os diferentes tipos de bullying, compreendendo melhor como cada um se manifesta e quais são suas consequências. Para começar, leia, a seguir, as definições dos tipos de bullying.

Tipos de bullying

Físico: envolve agressões e qualquer tipo de violência corporal.

Verbal: ofensas, xingamentos, apelidos maldosos, insultos e humilhações que afetam alguém emocionalmente.

Social: exclusão de grupos, isolamento, disseminação de boatos, humilhação pública.

Psicológico: manipulação, intimidação, ameaças e chantagens que causam sofrimento emocional.

Virtual (cyberbullying): uso de redes sociais e internet para ofender, humilhar ou ameaçar.

5. Com base nessas definições, cada grupo será responsável por pesquisar um tipo específico de bullying, explorando suas características, recuperando exemplos, listando o impacto que o tipo específico de bullying tem na vida das vítimas e relacionando-o a preconceitos sociais (racismo, machismo, LGBTfobia etc.). É importante garantir uma compreensão mais ampla sobre o bullying.

6. Como resultado da pesquisa, cada grupo deverá preparar uma apresentação oral sobre o tipo de bullying pesquisado, com todas as informações solicitadas e um documento que traga a definição de bullying, seus exemplos e conexão com o preconceito social.

7. Esta etapa de pesquisa é essencial para entender melhor o problema e, ao mesmo tempo, desenvolver estratégias para combatê-lo de forma consciente e com informações qualificadas. Por isso, para esta pesquisa, considere os critérios a seguir.

• Alinhamento com o tema: verifique se o conteúdo está diretamente relacionado ao tema da pesquisa. Esse material ajuda a alcançar os objetivos da pesquisa?

• Atualidade da informação: avalie se as informações são recentes e relevantes para o contexto atual, principalmente em áreas como ciência, tecnologia e estudos sociais, nas quais novos dados surgem com frequência.

• Autoridade do autor: priorize materiais escritos por autores com credenciais reconhecidas na área de estudo ou publicados por instituições acadêmicas, governamentais ou científicas.

• Profundidade da análise: selecione conteúdos que ofereçam uma análise detalhada e aprofundada do tema, evitando materiais superficiais.

• Coerência com outras fontes: compare as informações com outras fontes sobre o mesmo tema. Conteúdos que contradizem as demais fontes podem exigir uma análise mais cuidadosa ou ser descartados, dependendo da evidência apresentada.

8. Use esses critérios para avaliar as informações coletadas ao longo da pesquisa e, além disso, não deixe de pesquisar em sites de instituições reconhecidas socialmente, como órgãos públicos.

Terceira etapa – Socialização das pesquisas e do documento

Após a pesquisa, agende um momento com todos os colegas e, juntos, compartilhem as informações e os aprofundamentos que foram pesquisados por vocês. Nesta etapa, cada grupo poderá apresentar os resultados da pesquisa anterior (segunda etapa).

9. Organize a sequência de apresentação dos grupos de acordo com os tipos de bullying anteriormente apresentados. Enquanto um grupo apresenta, faça anotações e anote dúvidas, perguntas ou comentários para compartilhar os pontos anotados com a turma.

10. Para finalizar esta etapa, entregue o documento produzido pelo seu grupo sobre o tipo de bullying pesquisado. Esse material será usado para a produção da cartilha já na próxima etapa.

8. Estimule os estudantes a pesquisar na internet. É possível usar o laboratório de informática da escola ou computadores em bibliotecas públicas. Pode ser interessante que os estudantes realizem essa etapa de forma autônoma e levem para a sala de aula o resultado da pesquisa a fim de ser consultado. É possível que eles tenham dúvida sobre as fontes de pesquisa ou sobre a qualidade do material levantado.

10. Reserve um momento durante a aula para que os estudantes possam compartilhar os resultados da pesquisa. É importante que a culminância da pesquisa aconteça em sala com todos os grupos apresentando seus resultados e os estudantes ouvindo as pesquisas e colocações dos colegas de turma. Com base nisso, incentive-os a interagir com as apresentações e colocações sobre os tipos de bullying. Sempre que possível, reforce a premissa do diferencial do projeto que vem sendo desenvolvido: a relação entre o tipo de bullying e sua conexão com preconceitos sociais.

Quarta etapa – Elaboração da cartilha

• A partir de agora, vocês deverão produzir a cartilha de combate ao bullying. Para isso, executem os passos a seguir.

11. Cada grupo será responsável por uma etapa de elaboração e lançamento da cartilha. Os cinco grupos formados na primeira etapa devem se dividir de acordo com as funções listadas a seguir.

• Grupo 1 – Escrita e organização da cartilha.

• Grupo 2 – Revisão textual.

• Grupo 3 – Diagramação.

• Grupo 4 – Disponibilização da cartilha.

• Grupo 5 – Divulgação e lançamento da cartilha.

12. O grupo responsável pela escrita e organização da cartilha deverá reunir os textos que foram produzidos sobre os tipos de bullying e, com base nesse material, redigir a versão inicial da cartilha.

13. Antes de começar a produção da cartilha, é importante que o grupo retome as características desse texto. Se for preciso, revise as características da cartilha analisada anteriormente e, com base nesse estudo, organize a estrutura da cartilha da turma.

14. Para essa etapa, escrevam a introdução e o fechamento da cartilha. Na introdução, é preciso definir o que é o bullying e mostrar como ele está conectado com a dimensão social. Esse será o diferencial da cartilha elaborada por vocês. Em seguida, organizem os textos sobre os tipos de bullying que foram produzidos pelos grupos na terceira etapa. Montem uma sequência e observem se o texto precisa de ajustes como: todos seguem um tamanho regular? Todos trazem definições e exemplos? Os textos conectam preconceitos sociais ao bullying?

15. Se sentir necessidade, o grupo poderá sugerir ajustes nesses textos com o objetivo de padronizar a cartilha. Por fim, escrevam a conclusão da cartilha. No final, destaquem a importância de o tema fazer parte das conversas e discussões da escola.

Critérios de produção

• Estrutura simples e clara (introdução, aprofundamento e conclusão).

• Linguagem objetiva e acessível.

• Objetividade nas definições.

• Uso de tópicos ou seções para organizar as informações.

• Tom instrucional e orientador de como impedir o bullying.

• Caráter informativo e preventivo com orientações de como lidar com o problema.

• Convite à ação, com descrição de como barrar casos de bullying.

16. O material pode ser elaborado no formato digital, usando programas de escrita, ou físico, usando papéis e canetas. Após a elaboração, entregue-o para o grupo de revisão.

16. Oriente o Grupo 1 na elaboração da cartilha; se for necessário, explore com os estudantes a estrutura composicional desse texto e revise o propósito comunicativo da cartilha. É importante que o Grupo 1 tenha um domínio amplo sobre o gênero e possa adaptar os textos que resultaram da pesquisa para o formato de uma cartilha.

Quinta etapa – Revisão e diagramação da cartilha

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• Após a produção da cartilha, é hora do grupo de revisão (Grupo 2) realizar a sua tarefa, deixando os textos padronizados e prontos para a publicação. Esse grupo tem a tarefa de não apenas garantir uma adequação do texto à norma-padrão, como também garantir o alcance do objetivo da cartilha.

17. Para começar, revise o propósito comunicativo da cartilha: conscientizar a respeito da necessidade de combater o bullying e os preconceitos. Tendo isso em vista, é fundamental que a linguagem seja objetiva e traga de maneira informal conceitos e temas que ajudem na conscientização sobre o bullying

18. Com base nisso, o grupo de revisão deverá: revisar a organização da cartilha; avaliar e revisar a adequação dos textos ao objetivo de conscientizar sobre o bullying; avaliar a estrutura de parágrafos, a escolha dos títulos e o uso de subtítulos; verificar o conflito de termos: por exemplo, o uso da expressão bullying virtual com a intenção de indicar o cyberbullying. Observe, a seguir, alguns critérios de revisão do texto.

Critérios de revisão

Clareza e objetividade da linguagem.

Linguagem e palavras adequadas ao público-alvo (adequação de vocabulário).

Conexão entre os parágrafos e as partes do texto (relações estabelecidas entre parágrafos).

Títulos com linguagem simples e na ordem direta (sujeito 1 verbo 1 complemento).

Adequação gramatical (acentuação, pontuação e ortografia).

Consistência no tom e no estilo de todo o texto (fazer com que o texto não pareça um aglomerado de frases soltas, mas sim uma unidade de sentido).

19. Ao se seguirem esses critérios linguísticos e discursivos para revisar o texto da cartilha, é possível garantir que a mensagem alcance o maior número de leitores.

20. Após a revisão e todos os ajustes necessários, o grupo deverá entregar o material para o grupo de diagramação (Grupo 3). Esse grupo irá trabalhar com a montagem gráfica da cartilha. Por isso, é importante que seus componentes possam usar espaços de informática (laboratório de tecnologia da escola) para diagramar o material.

21. O grupo de diagramação será responsável por transformar o arquivo de texto escrito em um formato mais atraente para os leitores. Para isso, é possível incluir imagens e recursos gráficos, como balões, margens amplas, requadros etc. O objetivo da diagramação é dar destaque às informações ou deixá-las ainda mais em evidência.

22. A diagramação é uma etapa de criação da experiência visual com o texto; por isso, esse grupo pode explorar a organização da página, as cores, o tipo de fonte e muitos outros recursos com o objetivo de tornar o texto mais atraente e facilmente compreensível para os leitores. O grupo também não pode perder de vista o propósito comunicativo da cartilha.

23. Observe, a seguir, alguns critérios de diagramação para o grupo avaliar a qualidade da cartilha. Esses critérios de diagramação garantem que o texto seja visualmente agradável, de fácil leitura e bem organizado, o que melhora a experiência do leitor.

Critérios de diagramação

• Texto com legibilidade: cuidado com a escolha do tipo e do tamanho da fonte.

• Cuidado com a hierarquia visual de títulos e subtítulos.

• Garantia do uso de margens e alinhamentos.

• Harmonia na distribuição de imagens e elementos gráficos.

• Harmonia na distribuição de cores e contrastes.

• Textos e parágrafos sem quebras inadequadas.

• Coerência visual de cores e formas na cartilha.

• Equilíbrio entre texto e imagens.

Sexta etapa – Disponibilizar a cartilha

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

Finalizada a diagramação, o arquivo pronto deve ser encaminhado para o grupo responsável por disponibilizá-lo (Grupo 4). Para isso, considerem os passos a seguir.

24.O grupo deverá decidir a melhor forma (impressa ou digital) de compartilhar o material. Se for no formato digital, o grupo deve pensar em que espaço virtual hospedar a cartilha (sites, blogues ou pastas de compartilhamento on-line) com o objetivo de facilitar o acesso a todas as pessoas. Se impresso, devem ser feitas cópias para serem disponibilizadas em diversos locais da escola. O grupo responsável por essa disponibilização tem a responsabilidade de deixar esse arquivo facilmente acessível para quem desejar consultá-lo.

25. Verifiquem as melhores formas de disponibilizar o arquivo on-line, gerem o link de acesso e compartilhem-no com todos os colegas. A partir dessa etapa, o grupo de divulgação já poderá preparar o lançamento e a divulgação da cartilha para a comunidade escolar.

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.

AVALIAR E RECRIAR POSSIBILIDADES

A participação em um projeto requer avaliações constantes para garantir um bom desempenho individual e em grupo, o que resultará em entregas de qualidade e alinhadas com os objetivos. Para facilitar esse processo, nos quadros a seguir, estão listadas algumas competências indispensáveis para o desenvolvimento do trabalho, com diferentes níveis de proficiência que devem ser atingidos.

Aplicação das avaliações

Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor

• Em grupo: apliquem essa avaliação entre a segunda e a terceira etapas do subtítulo Dividir tarefas e empreender e novamente ao final do projeto, após o subtítulo Vivenciar.

• Minha atuação: realizem essa avaliação ao final de cada etapa do projeto. Ela serve como autoavaliação para acompanhar o seu progresso.

• Descobertas e conhecimento: utilizem essa avaliação ao final do projeto para consolidar o aprendizado.

Em grupo

Competência avaliada

Cooperação e organização: os integrantes do grupo cooperaram uns com os outros.

Comunicação: o grupo possibilitou a troca de informações e estudos.

Tomada de decisões: o grupo participou de decisões coletivas de forma eficaz.

Em desenvolvimento

Alguns integrantes ficaram com mais tarefas do que outros ou essas tarefas tinham nível de complexidade muito maior.

Alguns integrantes se mostraram mais disponíveis e abertos às trocas do que outros.

As decisões foram tomadas por alguns, sem consenso.

Minha atuação

Competência avaliada

Autonomia: fui capaz de realizar minhas tarefas sem depender de orientações frequentes.

Gestão de tempo: cumpri meus prazos de maneira organizada e eficiente.

Comprometimento: dediquei-me de forma consistente a todas as etapas do projeto.

Nível de proficiência

Adequado Avançado

Todos os integrantes tiveram tarefas em quantidade e complexidade equilibradas.

Aconteceram trocas e discussões durante a realização das tarefas.

As decisões foram discutidas e acordadas por todos os membros do grupo.

Ainda que as atividades estejam equilibradas em quantidade e complexidade, o grupo se ajudou sempre que necessário.

Todos os integrantes trocaram informações e conhecimentos ao longo do projeto e conversaram para solucionar problemas.

O grupo tomou decisões coletivas rapidamente e resolveu problemas de forma eficiente e colaborativa.

Nível de proficiência

Em desenvolvimento Adequado Avançado

Precisei de orientações frequentes para executar minhas tarefas.

Não consegui realizar as tarefas no prazo estipulado.

Minha participação oscilou ao longo do projeto.

Descobertas e conhecimentos

Competência avaliada

Aplicação de conhecimentos: fui capaz de aplicar na prática os conceitos que aprendi.

Realizei minhas tarefas com independência e responsabilidade.

Consegui gerenciar meu tempo e cumprir prazos estabelecidos.

Participei de todas as etapas e contribuí de forma consistente.

Tive dificuldade em aplicar conceitos aprendidos.

Nível de proficiência

Apliquei corretamente os conhecimentos adquiridos.

Executei minhas tarefas de forma independente e ajudei outros membros quando necessário.

Além de cumprir prazos, antecipei etapas e ajudei o grupo a se manter no cronograma.

Fui altamente dedicado e procurei ir além do esperado para o sucesso do projeto.

Consegui aplicar os conhecimentos de forma prática e criativa em novas situações.

Competência avaliada

Aprendizado contínuo: fui capaz de aprender e aplicar novos conhecimentos durante o projeto.

Reflexão crítica: consegui analisar os problemas e sugerir soluções.

Integração de novas ideias: aceitei e fui capaz de me adaptar a novas ideias para melhorar o projeto.

Nível de proficiência

Em desenvolvimento Adequado Avançado

Aprendi de forma limitada e com pouca aplicação prática.

Tive dificuldade em analisar criticamente o andamento do projeto.

Tive resistência a novas ideias e métodos.

Aprendi e apliquei os novos conhecimentos ao longo do projeto.

Analisei e propus soluções eficazes para os problemas encontrados.

Aceitei novas ideias e me adaptei ao que foi melhor para o projeto.

Busquei aprender continuamente e apliquei o conhecimento de forma inovadora e eficaz.

Fiz análises críticas profundas e propus soluções inovadoras e eficazes.

Fui proativo em sugerir novas abordagens e adaptei o que foi necessário para otimizar os resultados.

Após cada uma das avaliações, é importante refletir sobre os resultados, considerando-os de forma construtiva e destacando as áreas de aprimoramento. Com base neles, é possível criar um plano de ação que inclua ajustes de responsabilidades e combinados, reestruturação do tempo de cada pessoa envolvida e garantia de maior envolvimento do grupo.

VIVENCIAR

Incentive os estudantes a promover o lançamento da cartilha. Esse é um momento de divulgação do produto criado e pode ser um espaço para a valorização do processo e das descobertas. Por isso, para o lançamento, alguns estudantes podem contar como foi o desenvolvimento da cartilha, as descobertas e os desafios que fizeram parte desse processo.

Com a cartilha finalizada e disponível para ser consultada, chegou o momento de preparar o lançamento e a divulgação desse material para a comunidade escolar. Para isso, o grupo responsável pelo lançamento e pela divulgação deverá considerar os passos a seguir.

26. O grupo responsável precisa organizar o lançamento da cartilha, reservando um momento na agenda escolar para divulgar esse lançamento. É possível reservar um momento no intervalo entre as aulas ou um dia de evento na escola para lançar a cartilha.

27. No lançamento, alguns estudantes podem contar como foi o processo de elaboração desse material e a importância de ter uma cartilha que sistematiza o combate ao bullying na escola.

28. O grupo poderá preparar uma divulgação virtual, elaborando postagens e compartilhando trechos da cartilha em redes sociais, no blogue da turma ou no site da escola. Essa é uma forma de colocar o material para circular em diferentes espaços e atingir o maior número de pessoas.

CRONOGRAMA DE TRABALHO

Observe, a seguir, um cronograma com o objetivo de ajudar a turma no desenvolvimento do projeto.

Estudar a proposta

Buscar inspiração Dividir tarefas e empreender Vivenciar Etapa 1 a 3 Etapas 4 e 5 Etapa 1Etapa 2Etapas 3 e 4Etapa 5Etapa 6

Fevereiro Fevereiro e março Abril Maio Junho AgostoSetembro Outubro Novembro

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMENTADAS

AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? In: AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Tradução: Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó: Argos, 2009. p. 55-73.

O texto discorre sobre a noção de contemporâneo do ponto de vista da Filosofia.

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola, 2003. (Série Aula, 1).

Na obra, a autora apresenta novos olhares para o ensino da gramática, da linguagem oral e da escrita partindo de uma análise sobre a ineficiência de alguns métodos tradicionais desse ensino.

BAGNO, Marcos. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2012. (Referenda, 1).

Em sua gramática, o linguista Marcos Bagno discute os usos da língua e refuta o ensino de uma gramática canônica e purista, para dar lugar ao estudo de fenômenos linguísticos tal como ocorrem de fato no cotidiano, considerando aspectos da variação da língua portuguesa.

BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução: Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 261-306.

No capítulo “Os gêneros do discurso”, o russo Mikhail Bakhtin aborda a episteme do conceito de gênero discursivo, que subsidiou as muitas outras investigações sobre a temática.

BARTHES, Roland. Aula. Tradução: Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 1978.

Na transcrição de sua aula inaugural para a cadeira de Semiologia Literária no Collège de France, em 1977, o francês Roland Barthes discorre sobre a relação de poder que existe no próprio sistema linguístico, apontando a literatura como um espaço de reinvenção em que a língua pode ser ouvida fora do lugar de poder.

BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução: Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 197-221. (Obras escolhidas, 1).

O ensaio aborda, de forma reflexiva e crítica, a dificuldade de intercambiar experiências e o fim da figura do narrador oral a partir do surgimento do romance enquanto produção literária da individualidade.

BOSI, Alfredo. Céu, inferno: ensaios de crítica literária e ideológica. 2. ed. São Paulo: Duas Cidades: Editora 34, 2010. (Coleção Espírito Crítico).

O livro apresenta ensaios a respeito de grandes autores da literatura, como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira

São Paulo: Cultrix, 2003.

O livro discorre sobre a história da literatura brasileira por meio da discussão histórica e da apresentação dos principais autores de cada movimento literário.

BOSI, Alfredo. Moderno e modernista na literatura brasileira. In: BOSI, Alfredo. Céu, inferno: ensaios de crítica literária e ideológica. 2. ed. São Paulo: Duas Cidades: Editora 34, 2010. p. 209-226. (Coleção Espírito Crítico).

O artigo propõe uma reflexão crítica sobre o conceito de modernidade e de modernismo na literatura brasileira, considerando o movimento modernista de 1922.

BOSI, Alfredo. Situação de Macunaíma. In: BOSI, Alfredo. Céu, inferno: ensaios de crítica literária e ideológica. 2. ed. São Paulo: Duas Cidades: Editora 34, 2010. p. 187-208. (Coleção Espírito Crítico).

O artigo analisa criticamente a rapsódia Macunaíma, de Mário de Andrade.

BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sociodiscursivo. Tradução: Anna Rachel Machado e Péricles Cunha. 2. ed. São Paulo: EDUC, 1999.

Nessa obra, o quadro sociointeracionista proposto por Jean-Paul Bronckart leva a analisar as condutas humanas como ações significantes, cujas propriedades estruturais e funcionais são, antes de tudo, produto da socialização. Com base na análise de 120 exemplos de textos, o autor analisa os caminhos para um interacionismo sociodiscursivo.

BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION. Aprendizagem baseada em projetos: guia para professores de Ensino Fundamental e Médio. Tradução: Daniel Bueno. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

A obra detalha o trabalho com projetos, desde o planejamento e a elaboração da pergunta de pesquisa, perpassando pelo desenvolvimento das etapas e pontos de checagem, para alcançar o processo avaliativo por meio de rubricas. Está inteiramente voltado a professores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

CANDIDO, Antonio. De cortiço a cortiço. In: CANDIDO, Antonio. O discurso e a cidade. 3. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004. p. 111-129. O texto propõe uma leitura crítica da obra O cortiço, de Aluísio Azevedo.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo Horizonte: Itatiaia, 2000.

O livro apresenta o Arcadismo e o Romantismo como principais épocas da formação da literatura brasileira por meio de análises de cunho literário e sociológico.

CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. São Paulo: Nacional, 1976.

A obra apresenta estudos críticos de teoria e história literária.

CANDIDO, Antonio. Na sala de aula: caderno de análise literária. São Paulo: Ática, 1989.

O volume apresenta análises de seis poemas brasileiros que subsidiam o trabalho com o gênero em sala de aula.

CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: CANDIDO, Antonio. Vários escritos. 4. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004. p. 169-191. O texto defende que a literatura deve ser compreendida como um direito humano, pois a fabulação e o imaginário têm caráter formativo para os sujeitos.

CANDIDO, Antonio. O estudo analítico do poema. 3. ed. São Paulo: Humanitas, 1996.

Na obra, o crítico desenvolve argumentações teóricas acerca dos elementos de um poema: sonoridade, rima, ritmo, metro e verso.

CESCO, Andréa. Cruz e Sousa: emparedado em seu poema. Literatura em Debate, [s. l.], v. 5, n. 9, p. 1-45, 2011. Disponível em: https://revistas.fw.uri.br/literaturaemdebate/ article/view/604. Acesso em: 30 set. 2024.

O artigo analisa a produção de Cruz e Sousa com base em um olhar voltado para a sociedade da época e para o modo como essa sociedade é retratada na produção literária do poeta.

COHEN, Elizabeth G.; LOTAN, Rachel A. Planejando o trabalho em grupo: estratégias para salas de aula heterogêneas. Tradução: Luís Fernando Marques Dorvillé, Mila Molina Carneiro e Paula Márcia Schmaltz Ferreira Rozin. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2017. E-book.

A obra apresenta diversas estratégias para a organização de trabalhos em grupo, sobretudo na sala de aula, e os modos de desenvolver as habilidades dos estudantes referentes a essa prática.

COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Tradução: Cleonice Paes Barreto Mourão, Consuelo Fortes Santiago. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.

O autor explora as diferentes correntes críticas e teóricas da literatura, inserindo-as em perspectiva e demonstrando o modo como a história da literatura pode ser pensada com base em diversos pontos de vista.

COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2014.

Nos verbetes desse livro, o autor apresenta uma breve explicação sobre o que são diversos gêneros textuais, abarcando também gêneros híbridos e multimodais.

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís Filipe Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2009.

Essa gramática tem como abordagem a explicação dos fenômenos linguísticos sob a perspectiva da norma-padrão,

considerando alguns aspectos decorrentes do uso da língua, que, ao longo do tempo, modificam as regras.

CUNHA, Maria Angélica Furtado da; SOUZA, Maria Medianeira de. Transitividade e seus contextos de uso. São Paulo: Cortez, 2011.

Nesse livro, as autoras apresentam diversas perspectivas teóricas sobre o estudo da transitividade verbal, exemplificando o fenômeno em cada uma delas.

DISCINI, Norma. Comunicação nos textos: leitura, produção, exercícios. São Paulo: Contexto, 2005.

Com base na análise de exemplos de gêneros textuais diversos, a obra se propõe a decodificar cada texto lido, localizando as mensagens explícitas e implícitas e descrevendo mecanismos de construção de sentido. Com essa atividade de análise, promove a construção do texto próprio.

FILATRO, Andrea; CAVALCANTI, Carolina Costa. Metodologias inov-ativas: na educação presencial, a distância e corporativa. São Paulo: Saraiva, 2018.

O livro aborda diversos tipos de metodologias ativas que podem ser aplicadas em sala de aula e na elaboração de atividades didáticas. As propostas partem das etapas de pesquisa, organização, análises e síntese por parte do estudante, o que se configura também como pensamento computacional.

FIORIN, José Luiz. Argumentação. São Paulo: Contexto, 2015.

Nessa obra, o linguista, professor e pesquisador José Luiz Fiorin apresenta os processos de construção da argumentação: a organização do argumento, os tipos de argumentação e alguns problemas gerais voltados para essa atividade presente em diversas práticas sociais.

GONÇALVES, Sebastião Carlo Leite; LIMA-HERNANDEZ, Maria Célia; CASSEB-GALVÃO, Vânia Cristina (org.). Introdução à gramaticalização. São Paulo: Parábola, 2007.

A obra aborda o processo de mudança de classe gramatical das palavras em determinados contextos de uso, desvelando, assim, o processo de gramaticalização da língua portuguesa e corroborando a compreensão de que ela é um sistema linguístico em constante modificação.

ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução: Johannes Kretschmer. São Paulo: Editora 34, 1996. v. 1.

O autor se propõe a pensar o modo como o leitor e o texto literário interagem para a formação do significado da obra literária e de seu efeito estético.

JUBRAN, Clélia Spinardi (org.) A construção do texto falado. São Paulo: Contexto, 2019. (Gramática do português culto falado no Brasil, 1).

A coletânea de textos que compõem a obra é elaborada por diversos autores e esclarece conceitos voltados à construção do texto falado. São destacados os processos comuns a esse tipo de texto – como repetição, correção, parafraseamento, parentetização, tematização, rematização e referenciação – e os marcadores discursivos.

KOCH, Ingedore Villaça. A coesão textual. 22. ed. São Paulo: Contexto, 1989.

Nessa obra, a autora apresenta todo o processo de construção da coesão textual por meio da análise de textos de gêneros variados e discorre acerca de conectivos, processos de organização e retomada de referentes, tempos verbais, pronomes, entre outros recursos linguísticos responsáveis pelas ligações intra e interparágrafos em um texto.

KOCH, Ingedore Villaça; BENTES, Anna Christina; CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Intertextualidade: diálogos possíveis. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2012.

Na obra, o conceito de intertextualidade é explorado em seus sentidos estrito e amplo com base nos estudos da Linguística Textual. Para isso, é abordada a intersecção da intertextualidade com a polifonia, a metatextualidade e a hipertextualidade.

KOCH, Ingedore Villaça. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.

Na obra, a autora explora um conteúdo que tem sido foco de atenção dos pesquisadores na área de Linguística

Textual: as questões relativas à construção textual dos sentidos, tanto em exercícios de compreensão do texto quanto de produção.

KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Escrever e argumentar. São Paulo: Contexto, 2017.

Na obra, as autoras exploram elementos relacionados à argumentação no texto, como: operadores argumentativos, progressão temática e articuladores argumentativos. Com atenção à manutenção da coerência entre as partes do texto, elas ainda expõem estratégias para iniciar, desenvolver e concluir uma argumentação.

KOCH, Ingedore Villaça. Introdução à linguística textual: trajetória e grandes temas. São Paulo: Contexto, 2015.

Linguista conhecida por sua trajetória na Linguística Textual, Ingedore Koch aborda, nessa obra, as premissas dos estudos da área, definindo seu surgimento, seus principais objetos de estudo, as formas de articulação textual, as estratégias textual-discursivas de construção de sentido, as marcas de articulação na progressão textual, a intertextualidade e os gêneros do discurso.

KOCH, Ingedore Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual 18. ed. São Paulo: Contexto, 1990.

Os autores explicam, nessa obra, os mecanismos de construção da coerência textual, elucidando os processos de interpretação e de inferência com base em elementos linguísticos e de conhecimento de mundo do leitor.

LEITE, Marli Quadros (org.). Oralidade e ensino. São Paulo: FFLCH-USP, 2020. E-book. (Projetos Paralelos – Nurc/SP, v. 14). Disponível em: https://www.livrosabertos.abcd. usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/550. Acesso em: 1 out. 2024.

Publicação do Projeto de Estudo da Norma Urbana Culta de São Paulo (Nurc/SP), que investiga a língua falada. Nela, são apresentadas reflexões e estudos de diversos linguistas renomados, sobre a abordagem da oralidade na sala de aula. O título apresenta, nas páginas iniciais, as normas de transcrição de discursos falados.

LUFT, Celso Pedro. Dicionário de regência nominal. 5. ed. São Paulo: Ática, 2010.

O dicionário propõe-se a registrar, descrever e documentar os principais substantivos e adjetivos da língua portuguesa e suas respectivas regências, elucidando seus sentidos.

MAINGUENEAU, Dominique. O contexto da obra literária: enunciação, escritor, sociedade. Tradução: Marina Appenzeller. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. O livro discorre a respeito dos funcionamentos discursivos do texto literário, tendo como ponto de partida a teoria linguística.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Oralidade e escrita. Signótica, Goiânia, v. 9, n. 1, p. 119-145, 2009. Disponível em: https:// revistas.ufg.br/sig/article/view/7396. Acesso em: 1 out. 2024. Nesse ensaio, o autor conhecido por seus estudos na área de Linguística Textual comenta a importância de considerar a prática discursiva como uma prática social. Com base nesse pensamento, confirma a impossibilidade de se realizarem análises comparativas entre língua oral e escrita utilizando-se como base apenas o código linguístico.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.

Uma das obras mais conhecidas de Marcuschi, o livro apresenta estudos divididos em três grandes temas: produção textual, com ênfase na linguística de texto de base cognitiva; análise sociointerativa de gêneros textuais no contínuo fala-escrita; processos de compreensão textual e produção de sentido. No volume, as noções de língua, texto, gênero textual, compreensão e sentido são exploradas em profundidade.

MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 1995.

A obra focaliza os principais movimentos literários portugueses, apresentando suas características gerais e ampla bibliografia a respeito de cada um deles.

NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática do português revelada em textos. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

A linguista do texto apresenta, nessa gramática, situações de uso da língua em textos de variados gêneros textuais, observando e analisando os fenômenos linguísticos sob a perspectiva de sua ocorrência nos textos.

NEVES, Maria Helena de Moura. Texto e gramática. São Paulo: Contexto, 2018.

Nessa obra, a autora conceitua o processo de gramaticalização e a relação entre gramática e cognição, além de perpassar por análises sobre referenciação, modalização da linguagem e formação de enunciados complexos.

PEREIRA, Edimilson de Almeida. Entre Orfe(x)u e Exunouveau: análise de uma estética de base afrodiaspórica na literatura brasileira. São Paulo: Fósforo, 2022.

Na obra, o crítico literário e teórico da literatura repensa a apresentação da história da literatura brasileira com base em um olhar voltado para a diáspora africana e o seu papel na construção literária no Brasil e no mundo.

POSSENTI, Sírio. Malcomportadas línguas. São Paulo: Parábola, 2009. (Linguagem, 36).

Trata-se de uma obra que apresenta pequenas análises de fenômenos linguísticos com intuito de provocar reflexões no leitor sobre os limites das regras gramaticais e sobre como a língua de fato se realiza.

POSSENTI, Sírio. Questões de linguagem: passeio gramatical dirigido. São Paulo: Parábola, 2014. (Educação linguística, 7).

Nesse livro, o linguista apresenta diversos tópicos gramaticais sob a perspectiva da compreensão dos fenômenos linguísticos tal como ocorrem de fato no uso da língua, como um objeto complexo em constante construção.

ROCHA, Mariane Pereira; MARTINS, Aulus Mandagará. Museu de momentos: poesia, memória e fotografia em Ana Martins Marques. Soletras, São Gonçalo, n. 36, p. 183-194, jul./dez. 2018. Disponível em: https://www.e-publicacoes. uerj.br/soletras/article/view/33098. Acesso em: 1 out. 2024. O artigo analisa a obra de Ana Martins Marques com base na relação de sua composição poética com o conceito de memória.

ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo (org.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012. (Estratégias de ensino, 29).

A pedagogia dos multiletramentos é contextualizada e conceituada pela professora Roxane Rojo nessa obra. Além do conteúdo proposto por ela, diversos autores apresentam análises e práticas de multiletramento possíveis de serem aplicadas em sala de aula.

SANTOS, Leonor Werneck dos; RICHE, Rosa Cuba; TEIXEIRA, Claudia Silva. Análise e produção de textos. São Paulo: Contexto, 2015. (Linguagem & ensino).

Nessa obra, voltada ao ensino da produção textual no Ensino Fundamental, importantes conteúdos acerca da análise e produção de textos são abordados, como: tipologias e gêneros textuais, leitura de textos escritos e orais e atenção para a análise linguística. Ainda que pensada para o ciclo anterior, os tópicos abordados são muito importantes para a análise e a prática textual no Ensino Médio.

SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução: Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado das Letras, 2004. Nessa obra, são apresentados encaminhamentos ou procedimentos possíveis para o ensino de gêneros textuais na escola, de maneira a auxiliar os docentes no planejamento e na prática de produções textuais orais e escritas.

SCHWARZ, Roberto. Um mestre na periferia do capitalismo: Machado de Assis. São Paulo: Duas Cidades: Editora 34, 2000. (Coleção Espírito Crítico).

A obra analisa o romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, tendo em vista suas características formais e o modo como as relações de classe da sociedade da época atravessam o enredo e a estrutura da obra.

SILVA, Ivanda Maria Martins. Literatura no ensino médio: conexões com orientações curriculares. Olh@res, [Guarulhos], v. 5, n. 2, p. 90-107, nov. 2017. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/olhares/article/ view/709. Acesso em: 1 out. 2024.

O texto reflete sobre o ensino de literatura e as orientações curriculares a seu respeito, apresentando um olhar crítico sobre as práticas didáticas.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura Tradução: Cláudia Schilling. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2014. São apresentadas nessa obra diversas estratégias de trabalho com a leitura em sala de aula, a fim de levar o estudante a desenvolver a compreensão e a interpretação de textos de forma autônoma.

SOUZA, Renata Junqueira de; COSSON, Rildo. Letramento literário: uma proposta para a sala de aula. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP); UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (UNIVESP). Caderno de formação: formação de professores: didática dos conteúdos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. p. 101-107. (Caderno de Formação, bloco 2, v. 2, n. 10). Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/handle/ unesp/381259. Acesso em: 1 out. 2024.

O texto foi escrito para professores que buscam fazer o letramento literário em sala de aula e aborda propostas que procuram estimular e ampliar o acesso à leitura.

VALENTE, André Crim (org.). Unidade e variação na língua portuguesa: suas representações. São Paulo: Parábola, 2015. (Linguagem, 68).

Nessa coletânea, renomados linguistas e gramáticos, como Evanildo Bechara, Ataliba de Castilho, Carlos Alberto Faraco, Dante Lucchesi, Marli Quadros Leite e Patrick Charaudeau, apresentam artigos que versam sobre questões gramaticais em uma perspectiva crítica e variacionista.

VIEIRA, Francisco Eduardo; FARACO, Carlos Alberto. Gramática do português brasileiro escrito. São Paulo: Parábola, 2023. (Referenda, 9).

Os autores propõem, para esta obra, um estudo da língua escrita com base no reconhecimento de uma língua brasileira e que, portanto, apresenta muitos anos de pesquisas e estudos linguísticos sobre os fenômenos linguísticos e sua forma de ocorrência especificamente no Brasil.

WISNIK, José Miguel. Prefácio. In: MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Cultrix, 1997.

O autor elabora uma apresentação histórico-crítica acerca dos poemas de Gregório de Matos.

XAKRIABÁ, Nei Leite. Ensinar sem ensinar. In: CARNEVALLI, Felipe et al. (org.). Terra: antologia afro-indígena. São Paulo: Ubu; Belo Horizonte: Piseagrama, 2023. p. 263-276. O texto aborda as práticas de ensino com base em um recorte indígena, refletindo acerca do modo como as escolas se organizam em torno de saberes associados à branquitude.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Tradução: Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: Artmed, 1998. Nessa obra, o autor apresenta reflexões sobre a organização do trabalho docente e propõe teorias e métodos de planejamento, replanejamento e avaliação desse trabalho.

ORIENTAÇÕES PARA O PROFESSOR

Apresentação

Cara professora, caro professor,

Esta coleção foi pensada e escrita para que a vivência do estudante no Ensino Médio seja repleta de conhecimento, curiosidade, experiências e práticas. O objetivo é oferecer repertório e reflexões, para que, ao final desse percurso de estudos, ele se sinta capaz de continuar sua trajetória educacional e seguir um caminho profissional, tornando-se consciente do protagonismo e da autonomia conquistados.

Tanto a coletânea de textos e temas quanto as propostas de atividades e de pesquisas buscam proporcionar o desenvolvimento dos estudantes como cidadãos críticos, criativos e atuantes. Por isso, procurou-se, ao longo dos volumes, incentivá-los a ter uma postura protagonista no mundo que não se encerre na etapa da Educação Básica e promova uma existência na qual o uso da linguagem se faça em prol da construção da diversidade e da defesa dos valores democráticos, dos Direitos Humanos e de uma cultura da paz.

Para facilitar a aplicação das atividades propostas no Livro do Estudante, serão apresentadas orientações que visam auxiliar o seu trabalho, com subsídios teóricos de pesquisa e de ampliação de repertório. A intenção é contribuir com a prática docente de modo a facilitar a aprendizagem dos estudantes.

Bom trabalho!

As autoras

1. Proposta teórico-metodológica da coleção

Esta coleção de Língua Portuguesa tem como premissa a concepção da educação que fundamenta os estudos no segmento do Ensino Médio e está exposta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei no 9.394/1996:

Seção IV

Do Ensino Médio

Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:

I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.1

Considerando essas finalidades especificamente no contexto do ensino de Língua Portuguesa, a coleção foi estruturada em quatro seções principais: Estudo Literário, Estudo do Gênero Textual, Estudo da Língua e Oficina de Texto. Essa segmentação abarca, além do estudo da literatura, os quatro eixos do componente curricular de Língua Portuguesa preconizados pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC): “oralidade, leitura/escuta, produção (escrita e multissemiótica) e análise linguística/semiótica” 2 .

Compreende-se que os eixos de oralidade e leitura/ escuta perpassam tanto a seção Estudo Literário quanto a seção Estudo do Gênero Textual, culminando em práticas variadas de produção escrita e multissemiótica na seção Oficina de Texto. A seção Estudo da Língua, que tem o foco na análise linguística, propõe a observação e o aprofundamento dos aspectos da materialidade textual que constroem os diversos enunciados, sejam eles literários ou não.

Na concepção da coleção, buscou-se uma curadoria de textos que se mostrasse a mais diversa possível, no intuito de contemplar e equilibrar a presença dos campos de atuação social (jornalístico-midiático, artístico-literário, da vida pessoal, das práticas de estudo e pesquisa e de atuação na vida pública), que se vinculam às práticas cidadãs, ao trabalho e à continuidade dos estudos.

Além disso, tal como prevê a BNCC, “a leitura do texto literário, que ocupa o centro do trabalho no Ensino Fundamental, deve permanecer nuclear também no Ensino Médio”3; por isso, optou-se por sistematizar os estudos literários em uma seção com o objetivo de oportunizar aos estudantes dessa etapa de ensino uma abordagem mais específica sobre a literatura brasileira e outras produções literárias em língua portuguesa, em uma perspectiva decolonial, intertextual e intersemiótica, com vistas à formação do leitor literário crítico.

Além do campo artístico-literário, os demais campos de atuação social estão presentes de forma consistente nos textos da seção Estudo do Gênero Textual, que tem o objetivo de permitir aos estudantes a apropriação e o aprofundamento de gêneros textuais variados e de diversos campos de atuação social. Desse modo, espera-se que eles se apoderem desses conhecimentos que se mostram como “mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas atividades comunicativas humanas”4

A seguir, são apresentadas as bases teórico-metodológicas que sustentam as seções principais da coleção.

1.1 Estudo Literário

Na coleção, o texto literário é compreendido como um espaço discursivo em que a linguagem é articulada de modo a criar uma experiência estética. Essa

1 BRASIL. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, [2024]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 13 out. 2024.

2 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília, DF: MEC, 2018. p. 71. Disponível em: https://www.gov.br/ mec/pt-br/escola-em-tempo-integral/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal.pdf. Acesso em: 2 out. 2024.

3 BRASIL, ref. 2, p. 499.

4 BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sociodiscursivo. Tradução: Anna Rachel Machado e Péricles Cunha. São Paulo: Educ, 1999. p. 103.

articulação acontece porque, nos textos literários, a forma de expressão da linguagem tende a modificar a compreensão do sentido do texto lido, provocando o leitor a se relacionar com a língua com base em outro ponto de vista e a atribuir significados aos conteúdos ali expressos. Como aponta o teórico da literatura e professor francês Roland Barthes (1915-1980), em sua obra Aula, uma das forças da literatura “consiste em jogar com os signos em vez de destruí-los, em colocá-los numa maquinaria de linguagem cujos breques e travas de segurança arrebentaram, em suma, em instituir no próprio seio da linguagem servil uma verdadeira heteronímia das coisas”5. Contudo, tais deslocamentos da linguagem propostos pelo texto literário se estabelecem em um contexto sócio-histórico específico. Conforme aponta a BNCC6, cabe aos estudos do campo artístico-literário resgatar a historicidade dos textos, observando seus modos de produção, circulação e recepção e analisando a maneira como as estruturas de poder se manifestam nas expressões artísticas – seja por meio de um viés contestatório, seja por um viés afirmativo. Nesse sentido, em consonância com a BNCC, a coleção procura apresentar o estudo da literatura como espaço de construção de sentidos e de crítica social e política, uma vez que toda obra literária se relaciona a determinada visão de mundo que se situa em determinado contexto histórico, entremeado por processos de assimilação, ruptura e permanência.

A exploração do texto literário como proposta inicial de cada capítulo têm três objetivos principais: fomentar a experiência estética da linguagem, convidando o estudante a elaborar os sentidos do texto e a reconhecer nele suas possibilidades interpretativas; analisar o modo como as características estéticas de cada obra se relacionam com seu contexto histórico, reconhecendo as formas de apreensão do imaginário e a sensibilidade em jogo em determinadas épocas; e propor uma reflexão crítica sobre o modo como as relações de poder se estabelecem entre diferentes obras, autores ou contextos de produção artístico-literária. A subseção Diálogos, nesse contexto, entra como espaço articulador das obras que se situam em diferentes épocas, estilos ou concepções. Esse movimento é importante porque possibilita estabelecer conexões e, como argumenta o poeta, pesquisador e professor de literatura e cultura afro-brasileira

Edimilson de Almeida Pereira, “captar a realidade e transpô-la para a literatura implica definir os espectros da realidade que se evidenciaram para alguns escritores e algumas escritoras a partir das perguntas lançadas por eles ao cenário social que os envolve”7

O ensino de literatura com foco na formação do leitor literário pode se beneficiar ao priorizar o contato direto dos estudantes com os textos literários. A leitura de textos literários é em si um ato de reescrita, no qual o leitor reconfigura o texto com base em suas próprias experiências e interpretações, criando pontos de vista ou legitimando os já existentes. A esse respeito, a professora de Literatura Brasileira, Teoria Literária e Metodologia de Ensino de Literatura, Ivanda Maria Martins Silva, discorre, com base no pensamento do filósofo russo Mikhail Bakhtin (1895-1975), dos teóricos da literatura alemães Wolfgang Iser (1926-2007) e Hans Robert Jauss (1921-1997):

É fundamental que os estudantes percebam as dimensões dialógicas e polifônicas (BAKHTIN, 1993) da literatura, compreendendo as vozes sociais representadas mimeticamente nas obras literárias, bem como percebendo as relações entre autores, obras e leitores, ancoradas em processos socioculturais e históricos. As leituras dos estudantes precisam ser mais valorizadas no espaço de sala de aula, ampliando-se a compreensão da leitura literária como processo de negociação e (re)construção de sentidos, em que o leitor tem papel fundamental. (ISER, 2002; JAUSS, 1994)8 Dessa forma, o processo de formação do leitor literário é uma prática ativa, na qual os estudantes estabelecem diálogo com as múltiplas vozes presentes na obra literária, com as condições históricas e sociais que a moldam e com as suas características estéticas. Por meio desse processo, eles podem se tornar capazes de ressignificar o texto, ampliando sua compreensão e participando da construção coletiva de novos significados. Nesse contexto, é desejável que a leitura e a análise da experiência propiciada pelo texto literário ocupem a primeira etapa dos estudos da literatura, evitando uma abordagem que se restrinja à apresentação rígida das características de cada movimento literário

5 BARTHES, Roland. Aula. Tradução: Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 1978. p. 28-29.

6 BRASIL, ref. 2, p. 523-524.

7 PEREIRA, Edimilson de Almeida. Entre Orfe(x)u e Exunouveau: análise de uma estética de base afrodiaspórica na literatura brasileira. São Paulo: Fósforo, 2022. p. 18.

8 SILVA, Ivanda Maria Martins. Literatura no ensino médio: conexões com orientações curriculares. Olh@res: Revista do Departamento de Educação da Unifesp, Guarulhos, v. 5, n. 2, p. 90-107, nov. 2017. p. 98-99. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/olhares/article/view/709. Acesso em: 16 out. 2024.

em associação ao período histórico em que a obra foi concebida. Essa perspectiva pode favorecer a construção de interpretações mais significativas e autorais por parte dos estudantes.

Em consonância com a BNCC, propõe-se também o trabalho de escrita literária, com o objetivo de experimentar recursos linguísticos e incentivar a expressão pessoal. Nos Capítulos 2, 4 e 6 de cada volume, a seção Estudo Literário é complementada pela seção Oficina Literária, que amplia a vivência estética e crítica dos estudantes no Ensino Médio. Nessa seção, os estudantes são encorajados a produzir seus próprios textos literários, explorando a criatividade e experimentando as diversas possibilidades de expressão em posição de protagonismo.

Portanto, o estudo da literatura nesta coleção valoriza simultaneamente a fruição estética, a análise literária e a escrita literária, tendo em vista o reconhecimento dos processos envolvidos na produção do texto literário. Para isso, articulam-se teorias que analisam a formação e a história da literatura brasileira – como as propostas pelos professores e pesquisadores Antonio Candido (1918-2017), no livro Formação da literatura brasileira: momentos decisivos9, e Alfredo Bosi (1936-2021), na obra História concisa da literatura brasileira10 –, além de teorias que buscam compreender os processos estéticos, políticos e sociais que fizeram alguns autores serem escolhidos como destaque em detrimento de outros no decorrer da história literária, análise proposta por Edimilson de Almeida Pereira11. Tal questionamento é incentivado entre os estudantes com base no estabelecimento de relações entre literaturas produzidas em diferentes períodos e através de diversos recortes e pontos de vista.

Na coleção, a ordem de trabalho com os movimentos literários não se dá de forma cronológica; ela é orientada tanto pelo tema transversal do capítulo quanto pela estruturação de cada volume, explicitada a seguir.

• O primeiro volume, que se inicia com o texto A carta, de Pero Vaz de Caminha, busca discorrer sobre a representação e a representatividade da população indígena por meio da literatura indígena e sobre a literatura negra contemporânea. O volume apresenta aos estudantes autores como Ailton Krenak, Luís de Camões, Conceição Evaristo, Eliane Potiguara,

Gonçalves Dias, Mia Couto e Jarid Arraes. Nesse volume, Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) como Multiculturalismo e Meio Ambiente se articulam às discussões propostas pelos textos literários, incentivando os estudantes a refletir sobre questões relevantes na contemporaneidade.

• O segundo v olume, por sua vez, busca ampliar essa discussão, trazendo temas como desigualdade, opressão e construção da subjetividade, bem como consolidação da ideia de que a literatura é uma ferramenta política e de crítica social sob a ótica de autores como Cruz e Sousa, Agostinho Neto, Machado de Assis, Ana Martins Marques e Ariano Suassuna. Nesse volume, TCTs como Saúde e Economia ampliam a análise crítica.

• No t erceiro volume, há o aprofundamento dos temas iniciados no segundo volume com base na perspectiva do Modernismo e da sua relação com a modernidade e com a construção da subjetividade do sujeito diante de um mundo em crise. Entre os autores trabalhados no volume estão Guimarães Rosa, Fernando Pessoa, Pepetela e Clarice Lispector. Tanto o TCT Cidadania e Civismo quanto o TCT Ciência e Tecnologia contribuem para contextualizar essas reflexões, conectando-as a questões contemporâneas e promovendo uma aproximação com a realidade e os interesses da juventude.

Esse percurso didático de estudo da literatura busca tensionar o lugar dos movimentos literários no ensino escolar – não para descartá-los, mas para colocar em evidência as relações de poder que moldam o sistema literário. A ideia é levar os estudantes a compreender que as construções discursivas se estabelecem por meio de um viés ideológico e que com a história da literatura não é diferente.

O estudo da literatura na coleção busca, portanto, instigar os estudantes a se tornarem cidadãos críticos e conscientes também no campo artístico-literário. Ao explorarem a diversidade de vozes e experiências presentes nos textos literários, os estudantes são incentivados a questionar as narrativas dominantes e a refletir sobre as complexas intersecções entre literatura, sociedade e poder. Essa abordagem integrada, que une fruição estética, análise crítica e produção literária, visa promover um aprendizado significativo, podendo levar os estudantes a desempenhar um papel ativo em suas comunidades e também fora delas.

9 CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo Horizonte: Itatiaia, 2000.

10 BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2003.

11 PEREIRA, ref. 7.

1.2 Estudo do Gênero

Textual

A proposta de estudo dos gêneros textuais, nesta coleção, tem amparo teórico e metodológico nos preceitos propostos por Bakhtin em seu texto “Os gêneros do discurso”, no qual ele define a constituição dos gêneros discursivos em conteúdo temático, construção composicional e estilo:

Todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem. Compreende-se perfeitamente que o caráter e as formas desse uso sejam tão multiformes quanto os campos da atividade humana, o que, é claro, não contradiz a unidade nacional de uma língua. O emprego da língua efetua-se em formas de enunciados (orais e escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana. Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo de linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua mas, acima de tudo, por sua construção composicional. Todos esses três elementos – o conteúdo temático, o estilo, a construção composicional – estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da comunicação. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso12

Baseada na concepção dos três elementos que se fundem de maneira indissolúvel no todo do enunciado, a seção Estudo do Gênero Textual, que representa o segundo momento de prática leitora nos capítulos, é dividida em três subtítulos: Conteúdo do [gênero textual], o qual apresenta atividades relacionadas ao conteúdo temático do texto; Composição e contexto do [gênero textual], no qual se apresentam atividades relacionadas à construção composicional do gênero textual que exploram a sua estrutura e o relacionam ao contexto sócio-histórico de circulação; e A linguagem do texto, que apresenta atividades

relacionadas ao estilo do gênero, explorando a análise da materialidade de fenômenos linguísticos que contribuem para os efeitos de sentido gerados nos textos analisados. Em diálogo com os preceitos bakhtinianos, o estudo do gênero textual baseia-se ainda nos estudos da Linguística Textual, nas vozes teóricas dos linguistas Luiz Antônio Marcuschi (1946-2016) e Ingedore Villaça Koch (1933-2018). Os estudos propostos pela coleção reconhecem também as diversas tendências e perspectivas no estudo e no tratamento dos gêneros textuais, assim como a existência de duas nomeações usuais: gênero textual e gênero do discurso. No entanto, como explica Marcuschi, em sua obra Produção textual, análise de gêneros e compreensão, não é interessante distinguir rigidamente essas duas nomenclaturas, tampouco tratá-las como dicotômicas ou excludentes, da mesma forma que não é interessante distinguir rigidamente texto e discurso. Nesta coleção, priorizou-se o uso da nomenclatura gênero textual; no entanto, é considerado também o caráter discursivo dos gêneros contemplados ao longo da coleção. Independentemente dessas escolhas, pode-se estabelecer que essas visões teóricas têm em comum a concordância entre as seguintes premissas:

(a) na noção de linguagem como atividade social e interativa;

(b) na visão de texto como unidade de sentido ou unidade de interação;

(c) na noção de compreensão como atividade de construção de sentido na relação de um eu e um tu situados e mediados e

(d) na noção de gênero textual como forma de ação social e não como entidade linguística formalmente constituída.13

Da mesma maneira, a diferenciação entre gêneros e tipos textuais não deve ser enxergada como um exercício dicotômico, pois ambos os conceitos apresentam, em maior ou menor medida, relação de complementaridade, já que todos os textos realizam um gênero e todos os gêneros apresentam uma diversidade de tipos, com a possível predominância de um deles.

Considerando que os estudantes já trazem, desde o Ensino Fundamental – Anos Finais, um vasto conhecimento acerca dos diversos gêneros textuais que circulam socialmente e são sujeitos envolvidos em diversas situações comunicativas e contextos sociais, no boxe Primeiro olhar, propõem-se perguntas que antecedem

12 BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução: Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 261-262.

13 MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. p. 21.

a leitura de cada texto, com objetivo de desenvolver a competência metagenérica dos estudantes, termo cunhado pelas linguistas do texto Ingedore Koch e Vanda Elias em sua obra Ler e escrever: estratégias de produção textual

Em outras palavras, todos nós, falantes/ ouvintes, escritores/leitores, construímos, ao longo de nossa existência, uma competência metagenérica, que diz respeito ao conhecimento de gêneros textuais, sua caracterização e função.

É essa competência que propicia a escolha adequada do que produzir textualmente nas situações comunicativas de que participamos. Por isso, não contamos piada em velório, nem cantamos o hino do nosso time de futebol em uma conferência acadêmica, nem fazemos preleções em mesa de bar14

Dessa maneira, o leitor, com seu conhecimento e suas experiências, tem a possibilidade de ativar uma pluralidade de leituras e sentidos através da sua postura diante do texto e da autoria. Os estudantes devem, portanto, ser valorizados em seu lugar de leitores que carregam o próprio repertório e devem ser incentivados a refletir criticamente sobre o modo como a interação autor-texto-leitor se estabelece no momento da leitura. Isso certamente lhes dará a confiança para experimentar a autoria na seção Oficina de Texto.

Na subseção Diálogos da seção Estudo do Gênero Textual, buscou-se incentivar os estudantes a realizar intersecções entre os textos apresentados, as quais podem surgir do diálogo tanto entre conteúdos temáticos quanto entre gêneros textuais pertencentes ao mesmo campo de atuação ou não. Com isso, os textos e as atividades propostas na subseção pretendem reforçar o caráter relacional do texto, com o entendimento de que nenhum texto está isolado e solitário; pelo contrário, todos os textos dialogam com outros e, assim, sempre mantêm algum aspecto dialógico e, portanto, intertextual.

Entre os inúmeros contextos interculturais e práticas sociais dos quais emergem os mais variados gêneros textuais, optou-se pela escolha daqueles que apresentassem variação linguística, social, temática, de autoria e de visões de mundo, orientando-se pela representação da pluralidade cultural brasileira. Consideraram-se também as novas demandas atualizadas desse autor-leitor que adentra a sala de aula, o estudante do Ensino

Médio, com intuito de acompanhar e fortalecer suas experiências nos multiletramentos, apresentados pela linguista e professora Roxane Rojo como:

[…] dois tipos específicos e importantes de multiplicidade presentes em nossas sociedades, principalmente urbanas, na contemporaneidade: a multiplicidade cultural das populações e a multiplicidade semiótica de constituição dos textos por meio dos quais ela se informa e se comunica.

No que se refere à multiplicidade de culturas, é preciso notar: como assinala García Canclini (2008[1989]: 302-309), o que hoje vemos à nossa volta são produções culturais letradas em efetiva circulação social, como um conjunto de textos híbridos de diferentes letramentos (vernaculares e dominantes), de diferentes campos (ditos ‘popular/de massa/ erudito’), desde sempre, híbridos, caracterizados por um processo de escolha pessoal e política e de hibridização de produções de diferentes ‘coleções’15.

Entre as vivências situadas nas práticas de linguagem, destaca-se também o trabalho proposto com os letramentos midiático e digital, que procura oferecer aos estudantes um entendimento mais aprofundado acerca da produção, circulação e apropriação de informações nas diversas mídias e redes sociais. O objetivo é o fortalecimento de uma consciência crítica e ética, incentivada desde os primeiros ciclos da Educação Básica. Da mesma maneira, é fundamental promover um equilíbrio entre a apresentação de gêneros textuais surgidos das novas tecnologias e de gêneros textuais vigentes antes delas.

Destaca-se também a preocupação em abarcar gêneros textuais da oralidade de modo mais sistematizado, muitas vezes em diálogo com as multissemioses, embora haja uma preocupação da coleção em não apresentar uma dicotomia entre fala e escrita, compreendendo-as como um continuum nas práticas sociais, tal como expõem Ingedore Koch e Vanda Elias:

[…] Vem-se postulando que os diversos tipos de práticas sociais de produção textual situam-se ao longo de um contínuo tipológico, em cujas extremidades estariam, de um lado, a escrita formal e, de outro, a conversação espontânea, coloquial. Escreve Marcuschi (1995: 13): ‘As diferenças entre fala e escrita se dão

14 KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010. p. 54.

15 ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo (org.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012. p. 13.

dentro do continuum tipológico das práticas sociais e não na relação dicotômica de dois polos opostos’.

Para situar as diversas produções textuais ao longo desse contínuo, pode-se levar em conta, além do critério do meio, oral ou escrito, o critério da proximidade/distância (física, social, etc.), bem como o envolvimento maior ou menor dos interlocutores.

Assim, num dos polos estaria situada a conversação face a face, no outro, a escrita formal, como os textos acadêmicos, por exemplo. O que se verifica, porém, é que existem textos escritos que se situam, no contínuo, mais próximos ao polo da fala conversacional como, por exemplo, bilhetes, cartas familiares, textos publicitários […].

Da mesma forma que muitos textos escritos se situam próximos ao polo da fala, também existem muitos textos falados que mais se aproximam do polo da escrita formal (conferências, entrevistas profissionais para altos cargos administrativos e outros), havendo, ainda, tipos mistos, além de muitos outros intermediários16 .

De todo modo, a abordagem dessas modalidades nos gêneros escolhidos é realizada com a preocupação de demonstrar características específicas de cada uma delas, especialmente nas situações de interação entre interlocutores.

O estudo dos gêneros textuais, de forma específica, e a coleção, de modo geral, procuram também valorizar o incentivo à análise dos elementos paratextuais, ou seja, do conjunto de itens que acompanham o texto, trazendo informações para sua identificação e utilização. Elementos como capa, ilustração e diferentes tipos de letra, entre outros tantos, são objeto de análise junto com o texto que acompanham, sempre que se julgar oportuno para levar os estudantes a se perguntarem de que maneira essas instâncias se relacionam ao gênero textual. Dominique Maingueneau, em Análise de textos de comunicação, ressalta a importância desses elementos, afirmando que “é necessário reservar um lugar importante ao modo de manifestação material dos discursos, ao seu suporte,

bem como ao seu modo de difusão: enunciados orais, no papel, radiofônicos, na tela do computador etc.”17.

A prática da produção do gênero textual, na coleção, apresenta-se na seção Oficina de Texto e é compreendida como um espaço para o estudante refletir e se integrar com seu entorno, em propostas que se contextualizam como práticas sociais e seguem prioritariamente o estudo do gênero em destaque na leitura. Entende-se que, quando o estudante compreende um gênero textual, reconhecendo suas características a ponto de praticá-las em uma criação própria e em determinada situação de produção, ele não coloca em prática apenas uma forma linguística, mas também legitima o próprio discurso, criando sustentação para sua justificativa individual nas interações sociais das quais participa. Essa compreensão tem base no que expõe Marcuschi:

Os gêneros são atividades discursivas socialmente estabilizadas que se prestam aos mais variados tipos de controle social e até mesmo ao exercício do poder. Pode-se, pois, dizer que os gêneros textuais são nossa forma de inserção, ação e controle social no dia a dia. Toda e qualquer atividade discursiva se dá em algum gênero que não é decidido ad hoc, como já lembrava Bakhtin ([1953]1979) em seu célebre ensaio sobre os gêneros do discurso. Daí também a imensa pluralidade de gêneros e seu caráter essencialmente sócio-histórico. Os gêneros são também necessários para a interlocução humana.

[…]

[…] A vivência cultural humana está sempre envolta em linguagem, e todos os nossos textos situam-se nessas vivências estabilizadas em gêneros. Nesse contexto, é central a ideia de que a língua é uma atividade sociointerativa de caráter cognitivo, sistemática e instauradora de ordens diversas na sociedade. O funcionamento de uma língua no dia a dia é, mais do que tudo, um processo de integração social. Claro que não é a língua que discrimina ou que age, mas nós que com ela agimos e produzimos sentidos.18

16 KOCH; ELIAS, ref. 14, p. 14-15.

17 MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. Tradução: Cecília P. de Souza-e-Silva, Décio Rocha. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2004. p. 71.

18 MARCUSCHI, ref. 13, p. 161-163.

Por fim, é importante ressaltar que os gêneros textuais são inúmeros, pois também são inúmeras as práticas sociais que motivam a criação de cada um deles. Os gêneros não são estanques, pois são culturalmente construídos pelo ser humano e por ele podem ser alterados, modificados e inventados. Este é o desafio aceito por esta coleção: apresentar um caminho didático que promova a recorrência de uma prática leitora com foco no estudo do gênero textual, mas que esteja atrelado a uma postura analítica flexível diante da diversidade de gêneros textuais que circulam socialmente.

1.3 Estudo da Língua

A seção Estudo da Língua, nesta coleção, tem amparo teórico e metodológico nos preceitos de análise linguística como estudo da constituição interna e do funcionamento da língua, com vistas à condução do estudante ao domínio da norma-padrão. Sobre esse viés de abordagem, as professoras e pesquisadoras da área de Linguística Aplicada da Universidade Estadual de Campina Grande (UFCG), Maria Auxiliadora Bezerra e Maria Augusta Reinaldo, em sua obra Análise linguística: afinal, a que se refere?, esclarecem que, […] com base nos tipos de texto e nos níveis de organização da língua, a reformulação dos textos dos alunos […] [visa] alcançar o registro formal escrito. Vemos que a prática de análise linguística assume um status teórico-metodológico: teórico, porque constitui um conceito que remete a uma forma de observar dados da língua, apoiada em uma teoria; metodológico, porque é utilizado na sala de aula como um recurso para o ensino reflexivo da escrita19.

Na perspectiva da análise linguística, as classificações e nomenclaturas são consideradas insuficientes para a aprendizagem proficiente da língua pelo estudante; por isso, a gramática tradicional recebe o acréscimo de outras linhas teóricas de análise, como a Linguística Textual, a Análise do Discurso e a Argumentação, com o objetivo de desenvolver a investigação no plano textual com base nos fatos linguísticos dele emergente. Isso significa que as análises sobre os fenômenos linguísticos são propostas considerando as realizações desses fenômenos na construção textual e circunscrevendo-os,

desse modo, a um contexto de enunciação que usa a língua como operador para certos propósitos comunicativos.

A coleção, nesse sentido, pautou-se nos preceitos da BNCC sobre a compreensão das práticas de análise linguística entendidas como práticas de linguagem ao lado da oralidade, da leitura/escuta de textos e da produção escrita e multissemiótica de textos. O documento apresenta a análise linguística/semiótica como conhecimentos linguísticos “sobre o sistema de escrita, o sistema da língua e a norma-padrão –, textuais, discursivos e sobre os modos de organização e os elementos de outras semioses”20, não tomados como um fim em si, mas apresentados aos estudantes sob a forma de reflexão e identificação dos fenômenos linguísticos.

A integração proposta entre as práticas de linguagem se materializa, na organização da obra, no subtítulo A linguagem do texto, presente nas seções Estudo Literário e Estudo do Gênero Textual de forma sistemática em todos os capítulos, e na seção Estudo da Língua, especificamente com natureza teórica e metalinguística, em propostas que partem de investigações sobre os fenômenos linguísticos com base em sua ocorrência nos textos do capítulo, sempre que possível.

Nessa trajetória didática, os estudantes são incentivados a analisar como o texto é construído com base em certos fenômenos linguísticos e, desse modo, reconhecer o uso intencional de recursos linguísticos e seus efeitos de sentido, em um movimento metalinguístico sobre o funcionamento da língua construído transversalmente às outras práticas de linguagem. Nessa perspectiva, efeitos de sentido são as diversas expressões que o uso de certo recurso promove na compreensão do texto, as quais não provêm apenas do recurso em si, previamente determinado pela gramática, mas de sua contextualização e intencionalidade no texto, tais como: contribuir para coerência e coesão, topicalizar e construir a progressão temática.

Assim, no subtítulo A linguagem do texto, os estudantes são conduzidos a analisar a materialidade dos textos literários e de gêneros textuais diversos (orais, escritos e multissemióticos), para reconhecer as formas de composição e o estilo adotado, elementos que contribuem para seus efeitos de sentido. Trata-se de análises que têm como parâmetro a constituição do estilo nesses textos, relacionado, portanto, a escolhas lexicais e à variedade linguística, além de mecanismos morfológicos e sintáticos que se

19 BEZERRA, Maria Auxiliadora; REINALDO, Maria Augusta. Análise linguística: afinal a que se refere? 2. ed. Recife: Pipa Comunicação; Campina Grande: EDUFCG, 2020. p. 18.

20 BRASIL, ref. 2, p. 71.

relacionam ao contexto de produção, ou seja, ao acionamento feito pelo enunciador diante da situação enunciativa, tal como proposto por Bakhtin em seu texto “Os gêneros do discurso”21, ao definir a constituição dos gêneros discursivos em conteúdo composicional, estrutura e estilo.

Especificamente na seção Estudo da Língua, além do estudo analítico dos recursos linguísticos que constroem a materialidade textual, propõe-se o reconhecimento da presença de certos recursos linguísticos, com base em análises indutivas, seguido da sistematização do conceito linguístico em foco, no boxe Conceito. Ao término desse percurso didático, apresentam-se atividades que investigam a presença de alguns dos fenômenos estudados em textos de outros gêneros e campos de atuação, com o objetivo de possibilitar ao estudante o desenvolvimento da habilidade de transposição analítica e crítica daquilo que aprendeu.

A coleção apresenta os conteúdos em progressão, e sua sistematização oferece ao estudante uma abordagem que busca priorizar o funcionamento comunicativo em experiências textuais e discursivas autênticas, emergentes de situações reais. Entende-se que a concepção dos estudos linguísticos, especificamente no Ensino Médio, deva ser pautada em propostas de aprofundamento das habilidades gerais previamente desenvolvidas no Ensino Fundamental – Anos Finais, com ampliação de seu grau de complexidade, sobretudo no que tange à capacidade de análise, compreensão e síntese dos efeitos de sentido dos fenômenos nos textos. Assim, os textos literários e não literários são compreendidos como objetos de estudo linguístico a fim de garantir que a análise dos fenômenos perpasse por observações éticas, estéticas e políticas relacionadas à língua.

Os conteúdos gramaticais apresentados foram escolhidos de modo a estabelecer progressão entre os níveis de análise fonético-fonológico, morfológico, morfossintático e sintático – todos permeados pela semântica e pela pragmática – por meio de estudos contextualizados em situações textuais de produção. Busca-se a correção conceitual e analítica em gramáticas consolidadas que se mostram mais afinadas com a compreensão de língua como um conjunto de sistemas linguísticos que se manifestam em contextos sociais e culturais, e não como um sistema autônomo de regras. Em sua Nova gramática do português contemporâneo, os gramáticos Celso Cunha (1917-1989) e Luís

Filipe Lindley Cintra (1925-1991) reconhecem esse caráter ao registrar a importância da Sociolinguística como ciência

e da compreensão dos fenômenos linguísticos, chamando atenção para o prestígio associado à norma-padrão:

A sociolinguística, ramo da linguística que estuda a língua como fenômeno social e cultural, veio mostrar que estas inter-relações são muito complexas e podem assumir diferentes formas. Na maioria das vezes, comprova-se uma covariação do fenômeno linguístico e social. Em alguns casos, no entanto, faz mais sentido admitir uma relação direcional: a influência da sociedade na língua, ou da língua na sociedade.

[…] O fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades diatópicas, diastráticas e diafásicas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade22.

Essa compreensão de língua apresentada pelos autores se reflete na sistematização dos fenômenos linguísticos sem deixar de lado as variações e os estudos gramaticais contemporâneos, tal como eles explicam: “Não descuramos, porém, dos fatos da linguagem coloquial, especialmente ao analisarmos os empregos e os valores afetivos das formas idiomáticas”23

A obra A gramática do português revelada em textos, da linguista Maria Helena de Moura Neves (19312022), também inspira as propostas e encaminhamentos analíticos da coleção. A autora apresenta seu livro da seguinte maneira:

No testemunho do geral dos professores ensina-se gramática para que os alunos tenham o melhor desempenho linguístico. Se assim é, há de prever-se que o estudo da gramática sirva a esse fim, o que só se pode obter se o ponto de partida for uma reflexão teoricamente bem conduzida sobre os usos. A proposta que aqui se desenvolve pretende exatamente o caminho para uma penetração do fazer do ‘texto’ capaz de conferir ao falante da língua uma apropriação de gatilhos que, nas diferentes situações, disparem usos apropriados e significativos

21 BAKHTIN, ref. 12.

22 CUNHA, Celso; CINTRA, Luís Filipe Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 5 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2009. p. 3-4.

23 CUNHA; CINTRA, ref. 22, p. XXIV.

(em uma ponta) e favoreçam captações ricas e tranquilas (na outra ponta).

O ‘mundo da gramática’, que alguns insistem em constituir como um edifício de doutrina petrificada, isolado da linguagem, precisa ser visto como o mesmo mundo em que nos movemos quando falamos, quando lemos, quando escrevemos (quando fazemos linguagem), e esse é o mesmo mundo em que nos movemos quando refletimos e falamos sobre a linguagem (fazemos metalinguagem). Uma atividade (re)alimenta a outra, e é um grande desperdício usar um espaço de tempo com lições de gramática que apenas representem reproduzir termos da metalinguagem, sem aproveitar o que do funcionamento linguístico está realmente representado nesses termos24

Em todos os níveis de análise, foram propostas investigações que permitissem aos estudantes considerar os usos linguísticos e suas possibilidades de variação, o que se destaca no subtítulo A língua em uso , presente de forma sistematizada na seção de Estudo da Língua . Os estudos variacionistas perpassam a ampliação dos conhecimentos sobre as variedades linguísticas do português brasileiro, sob a perspectiva da teoria variacionista proposta na Gramática pedagógica do português brasileiro , do linguista Marcos Bagno:

[…] um produto humano e não existe produto humano que não se configure, consciente ou inconscientemente, como uma tomada de posição política inspirada por uma ou mais ideologias; o mito da ciência ‘neutra’ não tem mais lugar na era em que vivemos. Assim, essa obra milita a favor do reconhecimento do português brasileiro como uma língua plena, autônoma, que deve se orientar por seus próprios princípios de funcionamento e não por uma tradição gramatical voltada exclusivamente para o português europeu literário antigo. Essa militância se traduz no emprego consciente de formas linguísticas há muito tempo incorporadas à gramática do português brasileiro […], rejeita a tradicional separação entre diacronia e sincronia e assume o

fenômeno linguístico como eminentemente pancrônico, variável e mutante. Desse modo, o recurso às transformações ocorridas na(s) língua(s) ao longo do tempo é indispensável para o (re)conhecimento preciso do que ocorre aqui e agora.25

Em relação a essa abordagem proposta pelo autor, vale destacar, no entanto, que a coleção não rejeita o ensino dos preceitos gramaticais, mas considera também essencial o reconhecimento dos fenômenos que emergem de seu uso e que favorecem a mudança, ainda que precisem de mais sistematização por compêndios gramaticais. Nesse sentido, a opção foi propor análises que possibilitassem aos estudantes comparar o tratamento dado pela gramática tradicional e pelas gramáticas contemporâneas aos tópicos gramaticais em seu contexto de uso, para que percebessem a complexidade da manifestação da língua em uso e, consequentemente, compreendessem a importância de considerar os fenômenos de diversidade e mudança.

A coleção procura também abordar o reconhecimento do multilinguismo presente no país, com base em discussões que envolvem o lugar das políticas linguísticas e do espaço para as línguas minoritárias e cooficiais. Diversos pesquisadores vêm se debruçando sobre os aspectos históricos que constituem a variedade brasileira da língua portuguesa, sobretudo como uma língua formada através de diversas situações de contato. A esse respeito, os dialetólogos Heliana Mello, Cléo V. Altenhofen e Tommaso Raso alertam:

O Brasil é, dentro dessa realidade que interessa ao mundo todo, um caso exemplar. Toda a sua história é ligada ao contato entre povos de línguas diferentes, aos fenômenos migratórios, aos conflitos que criaram uma ilusão monolíngue e a uma recente valorização das diferenças linguísticas e culturais aqui existentes26

Nessa perspectiva, os estudantes são incentivados a refletir sobre o processo de formação histórica da língua portuguesa no Brasil e sobre as diversas comunidades linguísticas existentes no país, bem como a respeito do contexto de cooficialização de outras línguas com a portuguesa e sua legitimidade como constituinte da diversidade linguística do país.

24 NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática do português revelada em textos. São Paulo: Editora Unesp, 2018. p. 19.

25 BAGNO, Marcos. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2012. p. 14.

26 MELLO, Heliana; ALTENHOFEN, Cléo V.; RASO, Tommaso (org.). Os contatos linguísticos no Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011. p. 9.

O contexto de coexistência de outras línguas com a língua portuguesa e as análises variacionistas propostas possibilitam aos estudantes reconhecer o caráter político das línguas, tanto no que se refere à definição de um status de língua para determinada variedade quanto em relação ao reconhecimento de variedades prestigiadas e estigmatizadas, com o objetivo de subsidiá-los com conhecimentos e possibilidades de desenvolvimento de argumentação crítica para combater preconceitos linguísticos.

Tendo em vista a escolha textual ser orientada também pela perspectiva dos multiletramentos, as análises linguísticas perpassam por análises multissemióticas, que levam em consideração aspectos composicionais ligados à sintaxe visual e à construção de outras linguagens em combinação com textos escritos e orais. Nesse contexto, a oralidade também é analisada sob o ponto de vista de sua materialidade, por meio tanto de recursos linguísticos presentes no texto verbal quanto de recursos não verbais que constituem sua organização, em convergência com o que compreende a BNCC, como “ritmo, altura, intensidade, clareza de articulação, variedade linguística adotada, estilização etc. –, assim como os elementos paralinguísticos e cinésicos – postura, expressão facial, gestualidade etc.”27.

Esses aspectos são apresentados com base na investigação em textos de diferentes gêneros e campos de atuação social, para possibilitar aos estudantes reconhecer sua manifestação intencional, correspondente ao propósito comunicativo, e são embasados nos estudos organizados pela professora e pesquisadora da área de estudos do discurso, Clélia Spinardi Jubran, na obra A construção do texto falado28, que também consideram fenômenos como repetição, correção, parafraseamento, referenciação e uso de marcadores discursivos típicos da modalidade oral.

Vale ressaltar que as separações aqui expostas, que consideram a análise linguística/semiótica, a variação, o multilinguismo e a oralidade, são de ordem didática, tendo em vista que essas práticas de linguagem coocorrem nas situações de enunciação orais e escritas.

2. Estrutura do Livro do Estudante

O Livro do Estudante está estruturado em três volumes com seis capítulos cada, subdivididos em seções e subseções. A seguir é apresentada a descrição de cada uma delas.

Abertura: apresenta uma imagem motivadora para o início das discussões acerca do tema e dos conteúdos desenvolvidos no capítulo. Com base nela, são propostas questões para serem discutidas oralmente, referentes à leitura da imagem, ao estudo de literatura, ao gênero textual e à análise linguística. Na abertura, são apresentados ainda os campos de atuação social e os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) desenvolvidos com maior ênfase no capítulo. Há também o boxe Projeto em vista, com o objetivo de sugerir uma etapa da Oficina de Projetos para que o estudante possa desenvolvê-lo ao longo de todo o ano.

Estudo Literário: destinada ao estudo de textos e estéticas literárias, inicia-se por meio do boxe Primeiro olhar, para mobilizar conhecimentos prévios e hipóteses sobre o texto a ser lido. Segue-se a leitura do(s) texto(s) principal(is), as atividades de interpretação e o contexto literário, organizados por meio de subtítulos que identificam os assuntos e conteúdos desenvolvidos. Há um subtítulo fixo, A linguagem do texto, que, em diálogo com a seção Estudo da Língua, aborda alguns aspectos linguísticos que contribuem para a compreensão expressiva do texto estudado.

Oficina Literária: a seção é apresentada nos capítulos 2, 4 e 6 de cada volume. Nela, o estudante é motivado a praticar a escrita literária. Está organizada em cinco etapas: Estudar a proposta, Motivar a criação, Planejar e elaborar, Avaliar e recriar e Compartilhar

Estudo do Gênero Textual: destinada à compreensão e à interpretação de gêneros textuais pertencentes a diversos campos de atuação social, essa seção também se inicia com o boxe Primeiro olhar, seguido pela leitura do texto principal e por questões de interpretação e estudo do gênero. As atividades são organizadas por meio de subtítulos fixos: Conteúdo do [gênero textual], Composição e contexto do [gênero textual]. O subtítulo A linguagem do texto também aparece nesta seção, de modo a contemplar os aspectos intrínsecos à estruturação do gênero textual.

Diálogos: subseção em que um novo texto motiva a comparação entre um aspecto relevante do texto principal, ligado ao assunto, à temática ou ao conteúdo literário. Ocorre tanto na seção Estudo Literário quanto na seção Estudo do Gênero Textual.

Estudo da Língua: aborda de forma sistematizada fenômenos linguísticos presentes nos textos principais do capítulo, ampliando-os para outros contextos e gêneros

27 BRASIL, ref. 2, p. 80.

28 JUBRAN, Clélia Spinardi (org.). A construção do texto falado. São Paulo: Contexto, 2019. (Gramática do português culto falado no Brasil, 1).

textuais, de modo a promover análises investigativas sobre esses fenômenos. Os subtítulos dessa seção não são fixos, seguindo a definição dos conteúdos escolhidos para a abordagem nos capítulos; no entanto, o subtítulo A língua em uso, cuja função é promover um diálogo entre a norma-padrão e a variação linguística, aparece de forma sistemática. Ao final, propõe-se a subseção Atividades, que possibilita ao estudante continuar a prática analítica de alguns dos fenômenos linguísticos estudados.

Oficina de Texto: presente em todos os capítulos, a seção tem como objetivo motivar o estudante a produzir gêneros escritos, orais e multimodais. Ela está organizada em cinco etapas: Estudar a proposta, Motivar a criação, Planejar e elaborar, Avaliar e recriar e Compartilhar.

Conexões com: relaciona um aspecto presente nos estudos de Língua Portuguesa a um componente curricular diverso para estabelecer uma abordagem interdisciplinar. Além de propor um diálogo interdisciplinar com componentes (História, Geografia, Matemática, Física, Biologia etc.) de outras áreas do conhecimento (Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas), há também propostas em diálogo com outros componentes da área de Linguagens e suas Tecnologias, como Inglês e Arte.

Estudo em Retrospectiva: a seção tem o objetivo de retomar os conteúdos mais importantes apresentados no capítulo de modo que o estudante tenha a possibilidade de avaliar seus conhecimentos ao final de cada capítulo.

De olho no Enem e Vestibular: apresenta atividades do Enem ou de vestibular relacionadas a um conteúdo estudado no capítulo. Nela, o estudante tem a oportunidade de colocar em prática seus conhecimentos e, ao mesmo tempo, familiarizar-se com os diferentes modelos de atividades de grandes exames nacionais.

Oficina de Projetos: a seção aparece ao final de cada um dos três volumes da coleção. O intuito é que os estudantes possam desenvolvê-lo ao longo do ano letivo, orientados pelo boxe Projeto em vista, presente na abertura dos capítulos, que visa orientar cada etapa do projeto a ser desenvolvido. O projeto apresenta uma proposta de aprendizagem ativa que busca integrar os conteúdos de cada capítulo com a prática de resolução de problemas de forma alinhada aos princípios do pensamento computacional. Além disso, tem como objetivo desenvolver habilidades fundamentais nos estudantes, como leitura crítica, interpretação de informações, argumentação e organização lógica do pensamento. É organizado pelas etapas a seguir.

• Estudar a proposta: etapa que apresenta o tema do projeto com base em um texto motivador seguido de questões.

• Buscar inspiração: etapa em que os estudantes serão incentivados a aprofundar os seus conhecimentos sobre o tema analisado e a iniciar a estruturação do produto final.

• Dividir tarefas e Empreender: etapa que organiza a execução do projeto, é dividida em partes específicas, encorajando o trabalho em equipe, o reconhecimento de prioridades e a distribuição de responsabilidades.

• Avaliar e Recriar possibilidades: nessa etapa, os estudantes são incentivados a refletir sobre o processo, identificar pontos fortes e aspectos que podem ser melhorados no produto final. Tem o objetivo de desenvolver o pensamento crítico e a capacidade de revisar e recriar soluções, considerando os desafios encontrados durante a execução.

• Vivenciar: a etapa consiste em apresentar e experienciar o produto final, consolidando o aprendizado de todo o processo.

Ao longo da coleção, também estão dispostos nos capítulos boxes que orientam, complementam, sistematizam e aprofundam conhecimentos.

• Refletir e argumentar: os estudantes são incentivados a expor pontos de vista sobre o assunto em foco, em discussões coletivas que fomentam o desenvolvimento da capacidade argumentativa.

• Conceito: sistematiza conceitos, fenômenos e outros aspectos teóricos construídos ao longo dos capítulos.

• Glossário: posicionado após quaisquer textos de terceiros, auxilia os estudantes na compreensão vocabular.

• Biografia: apresenta a vida e a obra de autores e artistas de obras e textos abordados, entre outras figuras públicas que sejam relevantes ao conteúdo.

• Retomada: aparece sempre que for necessário retomar algum conceito anteriormente abordado na própria coleção ou referente a um conhecimento prévio construído no Ensino Fundamental – Anos Finais. Na seção Oficina de Texto, no entanto, é fixo na etapa Planejar e elaborar, para retomar um conteúdo trabalhado nas seções.

• Buscar referências: tem como objetivo apresentar dicas de filmes, livros, sites, podcasts, entre outros artefatos culturais que possam incentivar os estudantes a ampliar seu repertório.

• Ampliar: esse boxe tem o objetivo de apresentar informações relevantes que possam ampliar o conhecimento dos estudantes.

• Entre gêneros : presente na seção de Estudo do Gênero Textual, tem como objetivo proporcionar

uma comparação entre gêneros que se mostrem semelhantes à primeira vista, mas que têm funções sociais e estruturas diversas.

• Mundo do trabalho: presente na seção de Estudo do Gênero Textual, promove uma busca ativa por profissões que estejam relacionadas à discussão da seção, para que os estudantes possam conhecê-las em seu conteúdo e área de atuação. Nesse boxe, eles também são incentivados a criar um portfólio coletivo de profissões para ser consultado pela turma.

3. Estratégias didático-metodológicas

A escola é um espaço essencial para a promoção da convivência com as diversidades. Nesse ambiente, além de desenvolverem habilidades acadêmicas, os estudantes se formam como cidadãos preparados para lidar com as diferenças sociais e culturais. A função social da escola ultrapassa a transmissão de conteúdos; ela é responsável por formar sujeitos capazes de conviver com a pluralidade, respeitar as diferenças e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Para que essa função se cumpra plenamente, é fundamental que o professor valorize cada estudante, considerando suas singularidades e trajetórias, de modo a garantir que todos se sintam acolhidos e reconhecidos.

Para isso, é importante favorecer o protagonismo dos estudantes, incentivando-os a participar ativamente da busca por soluções para desafios do mundo que os cerca. O aprendizado significativo não se encerra em respostas prontas, mas abre caminho para novas perguntas e para a construção permanente de conhecimentos. Assim, ao estimular o pensamento crítico, a empatia e a responsabilidade, a educação possibilita que os jovens se tornem agentes de transformação social.

O professor, nesse processo, além de um transmissor de conteúdos acadêmicos, é mediador e guia das aprendizagens, assumindo um papel essencial na condução de discussões, na promoção do diálogo e na manutenção do respeito mútuo. A relação pedagógica, quando marcada pelo reconhecimento da alteridade e pela escuta ativa, permite ao docente compreender o que motiva determinados comportamentos e ajudar os estudantes a se perceberem como agentes de mudança. Como aponta o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp), Rinaldo Voltolini:

[…] O professor terá que considerar em seu ato as várias dimensões presentes na determinação do comportamento de seus alunos, em vários planos, numa visão complexificadora, uma vez que seu objetivo é o de produzir mudanças subjetivas no aluno […].

[…] Ou seja, para objetivar o professor tem que passar por sua subjetividade. […]29

Para isso, em vez de adotar uma lógica centrada na culpabilização, que busca identificar as falhas individuais dos estudantes, cabe à escola promover uma lógica de corresponsabilidade, na qual professores e estudantes compreendam seu papel no processo educativo e se envolvam ativamente na construção do conhecimento.

Assim, é importante que o professor busque uma didática que reconheça e respeite as diferenças, promovendo igualdade de oportunidades e vínculos de aprendizagem e reconhecendo os elementos contextuais que motivam determinados comportamentos. Esse movimento fortalece a confiança e o crescimento individual dos estudantes. Nesse processo, o livro didático se configura como uma ferramenta essencial de apoio ao professor na organização das atividades pedagógicas, e sua utilização pode ser pensada de modo a fomentar uma construção colaborativa entre docentes e estudantes.

3.1 A metacognição no processo de ensino-aprendizagem

Neste item, são apresentadas algumas estratégias didático-pedagógicas que visam um trabalho proficiente com as diversidades da escola: compreensão sobre a importância da metacognição como processo de ensino e de aprendizagem e formas de abordagem didáticas e metodológicas com estudantes de diferentes perfis.

A escola tem a responsabilidade social de orientar os estudantes não apenas na aquisição de conhecimento acadêmico mas também no desenvolvimento da capacidade de refletir sobre seus recursos e processos de aprendizagem. Essa habilidade é definida pelo pesquisador e psicólogo do desenvolvimento John Hurley Flavell da seguinte maneira: A metacognição se refere ao conhecimento que alguém tem sobre os próprios

29 VOLTOLINI, Rinaldo. Saúde mental e escola. In: SÃO PAULO (Estado). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Núcleo de Apoio e Acompanhamento para Aprendizagem. Caderno de debates do NAAPA: questões do cotidiano escolar. São Paulo: SME: Coped: NAAPA, 2016. p. 81-96. p. 89. Disponível em: https://acervodigital.sme.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2022/03/Caderno_de_DebatesNAAPA1.pdf. Acesso em : 25 out. 2024.

processos e produtos cognitivos ou qualquer outro assunto relacionado a eles, por exemplo, as propriedades da informação relevantes para a aprendizagem. Pratico a metacognição […] quando me dou conta de que tenho mais dificuldade em aprender A que B; quando compreendo que devo verificar pela segunda vez C antes de aceitá-lo como um fato […]30.

A habilidade metacognitiva é fundamental para que o estudante aprenda a se reconhecer em constante processo de transformação, sendo capaz de identificar quando é necessário mudar estratégias e atitudes para alcançar determinados aprendizados. O desenvolvimento da metacognição envolve aprender a regular o uso de ecursos cognitivos e desenvolver a habilidade de planejar, monitorar e avaliar as próprias ações, de modo a identificar o que funciona e o que precisa ser ajustado ao executar determinada tarefa. A metacognição não se restringe ao contexto escolar, ela também é necessária em situações da vida cotidiana que exigem reflexão crítica e argumentação. Assim, ensinar a autonomia envolve instrumentalizar os estudantes para que assumam o protagonismo dos próprios recursos de aprendizagem, utilizando a reflexão como ferramenta de crescimento pessoal e acadêmico.

Para auxiliar no desenvolvimento da metacognição dos estudantes, o professor pode incentivar a reflexão acerca dos processos de aprendizagem, do funcionamento da memória e da identificação das potencialidades de cada estudante, valorizando a pluralidade de estilos de ensino a fim de criar oportunidades para que diferentes estilos de aprendizagem sejam respeitados e potencializados. Além disso, explicitar o propósito das aulas e os métodos utilizados pode tornar o aprendizado mais claro e significativo, uma vez que o estudante passa a entender como e por que determinada estratégia está sendo empregada, o que possibilita a elaboração de recursos internos de metacognição e mostra que a aprendizagem é um percurso contínuo, feito de planejamento, experimentação e ajustes.

3.2 Trabalho com estudantes de diferentes perfis

O ambiente escolar apresenta caráter múltiplo e diverso. Em uma sala de aula, estudantes de diferentes perfis

estabelecem vínculos pessoais e de aprendizagem, e cabe ao professor reconhecer o modo como essas relações perpassam o processo de ensino-aprendizagem, a fim de promover uma educação inclusiva, tendo em vista que a presença da diversidade de perfis não é um desafio a ser superado, mas uma oportunidade de enriquecimento para toda a comunidade escolar. Cada estudante apresenta competências, dificuldades e interesses particulares que, quando são reconhecidos e instrumentalizados a favor da aprendizagem, facilitam a aquisição de conhecimento e contribuem para a participação ativa de todos. Isso implica que o professor não deve apenas reconhecer as dificuldades de aprendizagem dos estudantes mas também auxiliá-los a identificar suas facilidades e potencialidades.

Incorporar os interesses dos estudantes nas atividades, sejam elas individuais ou coletivas, é mais uma estratégia pedagógica que favorece a motivação e o engajamento. Nesse contexto, é importante que o professor configure vínculos baseados na confiança mútua, promovendo uma comunicação aberta e reflexiva com a turma. A sala de aula é um ambiente relacional, onde estudantes de diferentes perfis interagem entre si e com o professor, e essas interações são essenciais para o aprendizado.

O processo de ensino-aprendizagem implica um contínuo e profundo processo de relacionamento, no qual todos os aspectos analisados são constitutivos. Professor e estudantes devem compor um espaço relacional em que seja criada uma atmosfera de compromisso e responsabilidade, a fim de atingir os objetivos educativos. Negociações em sala de aula serão sempre necessárias, e a confiança mútua é uma âncora para o compartilhamento na produção do conhecimento e na processualidade do desenvolvimento subjetivo. Na negociação, os processos de comunicação têm um papel fundamental tanto para a emergência de novas realizações do conteúdo em foco como nas produções de sentido que irão articular e direcionar as diferentes dimensões do contexto do ensino e da aprendizagem.31

Desse modo, as relações sociais são fundamentais para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de maneira significativa e a sala de aula se configure como um espaço de vivências e dinâmicas sociais, onde estudantes e professores ocupem diferentes papéis e posições. Nesse sentido, reconhecer divergências entre os estudantes, mas também entre os objetivos, processos e

30 FLAVELL, 1976 apud PORTILHO, Evelise Maria Labatut. As estratégias metacognitivas de quem aprende e de quem ensina. In: MALUF, Maria Irene (coord.). Aprendizagem: tramas do conhecimento, do saber e da subjetividade. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Associação Brasileira de Psicopedagogia, 2006. p. 48.

31 TACCA, Maria Carmen Villela Rosa. Relações sociais na escola e o desenvolvimento da subjetividade. In: MALUF, Maria Irene (coord.). Aprendizagem: tramas do conhecimento, do saber e da subjetividade. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Associação Brasileira de Psicopedagogia, 2006. p. 64.

resultados das tarefas propostas pelo professor, é fundamental para ajustar a prática pedagógica. A compreensão das motivações dos estudantes e das situações em que o interesse pelo aprendizado diminui pode orientar melhor as estratégias de ensino. Perguntas como: “Por que determinado estudante age assim?”, “O que faz com que aprender deixe de ser interessante em certas circunstâncias?” e “Como os diferentes perfis de estudantes gostariam de aprender?” podem auxiliar o professor a refletir sobre o planejamento pedagógico. A conexão entre professor e estudante é o ponto de partida essencial para a aprendizagem, pois, para que o conhecimento se estabeleça, é necessário que haja comunicação consistente entre ambas as partes.

4. Avaliação

Nesta coleção, a concepção de avaliação segue os princípios da LDB, que compreende o processo avaliativo como uma verificação dos processos de aprendizagem dos estudantes, que possibilita também uma revisão sobre as próprias práticas docentes. A lei apresenta a avaliação nos seguintes termos:

Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:

[…]

V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:

a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;

b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;

c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado;

d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;

e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos;32

As propostas avaliativas nesta coleção estão também embasadas nas seguintes teorias: nos conceitos de avaliação por competências apresentados pelo sociólogo suíço Phillipe Perrenoud em sua obra Construir competências desde a escola33; na concepção de saberes do cientista da educação espanhol Antoni Zabala, que, na obra A prática educativa: como ensinar34, define o saber (o qual corresponde aos conteúdos conceituais), o saber fazer (o qual corresponde aos conteúdos procedimentais) e o saber ser (que corresponde aos conteúdos atitudinais); e no processo avaliativo proposto pelos professores do Boston College, Michael K. Russel e Peter Airasian na obra Avaliação em sala de aula: conceitos e aplicações35, que é compreendido como processo, formação, desempenho e nota.

A avaliação diagnóstica pode ser compreendida como um processo de verificação dos conhecimentos prévios dos estudantes sobre um determinado assunto, sem o objetivo classificatório, e sim para identificar habilidades, competências, conteúdos e dificuldades a fim de possibilitar a elaboração de um planejamento mais adequado às necessidades do estudante e da turma.

Na coleção, a abertura dos capítulos e o boxe Primeiro olhar são uma oportunidade para aplicação da avaliação diagnóstica. Na abertura, por exemplo, a partir da leitura de uma imagem, são propostas questões reflexivas que acionam conhecimentos sobre os conteúdos que serão abordados no capítulo, ainda que de modo preliminar. Nas seções de Estudo Literário e Estudo do Gênero Textual, o boxe Primeiro olhar busca levantar as expectativas de leitura e pode também contribuir para a identificação de conhecimentos prévios sobre o que será estudado em cada uma das seções.

Outra importante estratégia avaliativa é a avaliação formativa, que tem como objetivo monitorar os estudantes durante o processo de aprendizagem, para que possam fazer uma correção de rota enquanto estão aprendendo, com base na prática de atividades complementares. Nesse sentido, as estratégias de avaliação formativa, nesta coleção, são intrínsecas às estratégias didáticas e metodológicas utilizadas para sua elaboração: os estudantes são conduzidos à aprendizagem por meio de atividades de interpretação de textos – tanto literários quanto não literários, pertencentes a diferentes gêneros – e de análise de fenômenos linguísticos, para só então conhecerem mais profundamente a teoria intrínseca a eles, como sua sistematização.

32 BRASIL, ref. 1.

33 PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Tradução: Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Penso, 1999.

34 ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Tradução: Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: Artmed, 1998.

35 RUSSELL, Michael K.; AIRASIAN, Peter W. Avaliação em sala de aula: conceitos e aplicações. Tradução: Marcelo de Abreu Almeida. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.

As avaliações ipsativa, somativa e comparativa são sistematizadas na seção Estudo em Retrospectiva. A avaliação ipsativa se refere a um processo individual do estudante que compara seu desempenho no momento atual com o desempenho em um momento anterior do processo, com o objetivo de promover uma avaliação pessoal, visando a que o estudante supere seus próprios limites e dificuldades e valorizando, assim, seu progresso individual. Trata-se, portanto, de um processo autoavaliativo promovido na coleção pelo subtítulo Refletir e avaliar da seção Estudo em Retrospectiva, em que a cada capítulo os estudantes têm um espaço para refletir sobre seu próprio desempenho nas atividades coletivas e individuais e acompanhar sua evolução nesses quesitos, sem compará-los com outros estudantes ou expectativas externas de aprendizagem.

Os saberes desse processo, apresentados na coleção, corroboram com as premissas de Antoni Zabala sobre a função social do ensino, que visa a uma formação integral e […] não consiste apenas em promover e selecionar os ‘mais aptos’ para a universidade, mas […] abarca outras dimensões da personalidade. Quando a formação integral é a finalidade principal do ensino e, portanto, seu objetivo é o desenvolvimento de todas as capacidades da pessoa e não apenas as cognitivas, muitos dos pressupostos da avaliação mudam. Em primeiro lugar, e isto é muito importante, os conteúdos de aprendizagem a serem avaliados não serão unicamente conteúdos associados às necessidades do caminho para a universidade. Será necessário, também, levar em consideração os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais que promovam as capacidades motoras, de equilíbrio de autonomia pessoal, de relação interpessoal e de inserção social. […]36

A avaliação somativa é, em si, comparativa dos desempenhos individual e coletivo e comumente aplicada ao final de uma unidade de conteúdo, para verificar sua aprendizagem pelo coletivo; por isso, seus instrumentos costumam ser padronizados. Na coleção, o subtítulo Sintetizar da seção Estudo em Retrospectiva proporciona aos estudantes a possibilidade de responder a questões de checagem sobre os conteúdos do capítulo, correspondentes a cada seção. Essas questões podem ser realizadas todas em conjunto, ao final dos estudos do capítulo, ou em blocos referentes a cada seção, ao término de seu estudo.

36 ZABALA, ref. 34, p. 197.

A seção De olho no Vestibular ou De olho no Enem apresenta também atividades que possibilitam avaliação somativa e comparativa, tendo em vista sua abordagem comentada de questões de vestibulares e do Enem, cujo gabarito é oficialmente divulgado e, assim, permite que os estudantes possam comparar seus resultados em simulações desse exame e de provas de ingresso, aplicando os conhecimentos do capítulo.

5. Planejamento didático

O ato de planejar faz parte da prática docente de forma recorrente e cíclica. Isso porque se trata de uma ação essencial tanto para garantir a distribuição dos itens do currículo no tempo didático e letivo quanto para possibilitar o alcance de objetivos definidos para a aprendizagem dos estudantes, o que demanda a elaboração das métricas de avaliação já mencionadas em seus tipos e formatos.

Nesse sentido, são inúmeras as possibilidades de planejamento, o que coloca o professor em uma posição de questionamento sobre quais conteúdos abordar e que tempo destinar a cada um deles. A resposta a esse respeito não é óbvia, mas compreende-se que ela requer reflexão sobre as compreensões desejadas que os estudantes alcancem, ou seja, os objetivos de aprendizagem. Para planejar, é preciso ter clareza sobre essas aprendizagens e, assim, fazer escolhas sobre métodos, estratégias e materiais.

Nesse modelo, parte-se de uma identificação mais criteriosa dos resultados desejados, através da definição de aprendizagens prioritárias que levam em consideração objetivos e padrões curriculares nacionais, municipais e estaduais, para então fazer escolhas mais adequadas de conteúdo em relação ao tempo didático. Em seguida, determinam-se as evidências aceitáveis, que são as estratégias avaliativas – formais e informais – pensadas como viáveis ao contexto da turma e dos estudantes para validar suas aprendizagens. Por fim, procede-se ao planejamento das experiências de aprendizagem e instrução, que são as atividades de ensino mais adequadas para o alcance dos resultados definidos.

Assim, a elaboração de um plano de ensino requer que o professor se aproprie de dados do contexto da turma, das diretrizes político-pedagógicas da escola e das competências e habilidades que deseja que os estudantes alcancem de modo gradativo, ao longo dos bimestres, dos trimestres ou do ano.

6. Cronograma

Com base na premissa de um planejamento com foco em resultados, esta coleção propõe diversas estratégias e métodos que podem ser utilizados como parte das ferramentas docentes e entende que seu arranjo em um plano demandará a autonomia do professor e de seus objetivos em relação à realidade de cada uma das turmas. Ainda assim, propomos a seguir uma distribuição dos conteúdos do livro no tempo – o cronograma –, considerando cada uma de suas partes, como sugestão para a construção do plano de ensino pelo professor.

1 o Semestre

1 o Trimestre 1 o Bimestre

3a

Estudo Literário: Modernismo (primeira geração)

Diálogos: A mitologia desana-kẽhíripõrã

Conexões com Arte: A brasilidade na arte

Estudo do Gênero Textual: Reportagem  Diálogos: Os diversos ângulos da mesma realidade

da Língua: Fatores linguísticos e a construção de sentidos

Estudo da Língua: Fatores linguísticos e construção de sentidos [continuação]

em Retrospectiva – Avaliação*

Literário:

: Modernismo negro

A seção De olho no Enem ou De olho no Vestibular poderá ser utilizada também como avaliação com a seção Estudo em Retrospectiva ou, ainda, pode ser pedida como lição de casa.

Capítulo 1 Ficção, fatos e pontos de vista

(página 8 a 51)

Competências e habilidades do Capítulo

• Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 7, 9 e 10

• Competências específicas: 1, 2, 3, 4, 6 e 7

• Habilidades de Linguagens: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG201, EM13LGG202, EM13LGG203, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG401, EM13LGG402, EM13LGG601, EM13LGG602, EM13LGG604, EM13LGG701, EM13LGG703 e EM13LGG704

Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP09, EM13LP11, EM13LP15, EM13LP18, EM13LP30, EM13LP32, EM13LP36, EM13LP38, EM13LP42, EM13LP43, EM13LP45, EM13LP46, EM13LP48, EM13LP49, EM13LP50 e EM13LP52

Objetivos do Capítulo:

Compreender a primeira fase do Modernismo brasileiro e analisar o modo como as características do movimento se evidenciam na obra Macunaíma.

Identificar as características do gênero textual narrativa mitológica

Analisar a composição, o contexto, o estilo e a função social do gênero textual reportagem

Identificar os tipos de coerência e sua importância para a construção lógica de textos.

Compreender o conceito de nominalização e sua relação com a classe gramatical dos substantivos. Analisar o uso de figuras de sintaxe em textos diversos.

• Produzir uma reportagem considerando sua adequação às condições de produção do texto, à composição do gênero textual e à sua função social.

Abertura do Capítulo

(páginas 8 e 9)

Sugestões didáticas

• Antes de pedir aos estudantes que respondam às questões, conduza um trabalho de identificação dos

elementos que compõem a imagem. Os estudantes podem se surpreender com o que vão identificar de forma isolada, antes de analisar a obra como um todo. Nesse processo, destaque particularmente a presença de elementos do mundo digital em meio às representações indígenas, que costumam ser encaradas de modo estereotipado, como tradicionais e relacionadas à natureza. Isso pode ajudar os estudantes na análise do texto que virá a seguir, que descreve a chegada de Macunaíma à cidade de São Paulo: o choque entre o tradicional e o virtual poderá ser antevisto pelos estudantes.

Indicações

• Para saber mais sobre a produção de Gustavo Caboco, sugere-se visitar o site oficial do artista.

CABOCO. [ S. l. ], c2024. Site . Disponível em: http:// caboco.tv/. Acesso em: 4 out. 2024.

Respostas e comentários

3. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes percebam que a representação dos indígenas na literatura brasileira, durante muito tempo, não foi positiva e plural, uma vez que eles frequentemente foram e ainda são alvo de muitos preconceitos. É importante também dizer que, na atualidade, muitos artistas contemporâneos indígenas têm escolhido várias linguagens artísticas, como as artes visuais, o cinema e a literatura, para expressar a cultura de cada povo por meio de uma visão própria, ou seja, narrando as próprias histórias, com suas estéticas, línguas e cosmologias culturais. As ferramentas digitais e a internet também são frequentemente usadas para expressão e divulgação das culturas e das lutas dos povos originários.

Estudo Literário

(página 10 a 21)

Mário de Andrade e a primeira geração modernista

(página 12 a 14)

Respostas e comentários

3. b) A obra expressa uma visão crítica sobre o papel das máquinas na cidade, pois reconhece que o processo de industrialização não valoriza as necessidades da humanidade, transformando-a em máquina. Espera-se que, ao compartilharem a visão sobre o tema, os estudantes sejam capazes de sustentá-la em argumentos coesos e coerentes.

5. a) A mistura de registros linguísticos, a incorporação de elementos da oralidade e o uso de neologismos e regionalismos servem como exemplos das inovações estéticas do Modernismo. A linguagem empregada reflete a diversidade do Brasil, rompendo com as normas clássicas e tradicionais da literatura.

5. b) A narrativa demonstra as dificuldades de Macunaíma diante da sua chegada à cidade e, consequentemente, do seu afastamento da floresta, abrindo espaço para a reflexão sobre o modo como muitos brasileiros foram atingidos pelo processo de modernização das cidades e, junto desse processo, viram-se afastados da sua identidade cultural.

O projeto modernista em

Mário de Andrade

(páginas 14 e 15)

Sugestões didáticas

Para o crítico literário Alfredo Bosi (1936-2021), em seu livro História concisa da literatura brasileira (1982), o caráter rapsódico de Macunaíma também se justifica pela mistura de estilos narrativos presentes na obra. Em alguns capítulos, a narrativa adquire um tom solene, épico-lírico, enquanto, em outros, adquire um tom cômico ou se estrutura por meio da paródia. Se julgar pertinente, explique aos estudantes essa diferença de estilos considerando o conceito de rapsódia como a reunião de literaturas diversas.

S e necessário, explique aos estudantes que, no epílogo de Macunaíma, o narrador assume a voz narrativa para dizer que a história do herói foi contada a ele por um papagaio, legitimando ficcionalmente a característica rapsódica da obra.

Após apresentar o conteúdo do boxe Marcas de oralidade, na página 15, sugere-se explicar aos estudantes que a grafia oralizada de palavras se refere a escrever como se fala, a fim de enfatizar as marcas da linguagem oral na linguagem escrita.

Respostas e comentários

7. a) Espera-se que os estudantes percebam que a Amazônia sempre despertou o interesse de diferentes países pela riqueza de sua fauna e flora. À época em que o registro foi feito por Mário de Andrade, havia uma especulação de que o empresário estadunidense Henry Ford (1863-1947), símbolo

da modernização, construiria uma cidade ao estilo americano na região para a exploração da borracha, a Fordlândia. Por isso, o autor lamenta o fato de que a unidade espiritual do povo brasileiro seria dissolvida pelos americanos, o que se percebe no trecho “isso traz uma unidade espiritual, que Ford agora vai dissolver”.

7. b) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reconheçam que o território da Amazônia foi afetado pelo processo de industrialização do Brasil e, nos dias atuais, ainda sofre com diversos tipos de exploração ilegais.

7. c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes encontrem diversas informações sobre os períodos de exploração da Amazônia a partir do século XVII. Contudo, é importante que selecionem os dados relacionados ao processo de industrialização a partir de 1850, como: o ciclo da borracha na década de 1940, a construção da Transamazônica e os ciclos de desmatamento posteriores.

Indicações

• Para maior aprofundamento sobre o caráter rapsódico de Macunaíma, indica-se consultar o livro a seguir. BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 50. ed. São Paulo: Cultrix, 2015.

Diálogos

(página 15 a 21)

Sugestões didáticas

• Com base no conteúdo do boxe Narrativas mitológicas, na página 18, é importante se ater ao caráter cultural, literário e simbólico dessas histórias, evitando associações diretas com crenças religiosas contemporâneas. O enfoque deve estar na compreensão das mitologias como parte da construção cultural e histórica dos povos, destacando seu valor literário, social e filosófico. A fim de prevenir que a discussão derive para o campo religioso, assim como para manter um ambiente de respeito e neutralidade, pode-se reforçar que o estudo das mitologias se concentra em seu papel na formação de valores e tradições, e não em práticas ou dogmas religiosos atuais.

Respostas e comentários

5. a) Caso haja computadores disponíveis para uso dos estudantes, recomenda-se auxiliá-los na pesquisa proposta na questão. Oriente-os a usar

documentos oficiais, como o livro Batalha de Caiboaté: episódio culminante da guerra das missões, editado pelo Senado Federal (disponível em: www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/ id/1110/Batalha_de_Caiboate.pdf?sequence=1&i sAllowed=y; acesso em: 4 out. 2024).

A linguagem do texto

(página 21)

Sugestões didáticas

Ao discorrer sobre o ponto de vista do enunciador, tema do boxe Ponto de vista do enunciador, na página 21, é possível também resgatar a discussão entre representação e representatividade, demonstrando a relação entre as temáticas. Além da mudança da voz de quem fala, há também a relevância da pessoa que fala. Atente para não dar a entender que é necessário conhecer o autor para se compreender o ponto de vista do enunciador, mas sim refletir sobre a relevância da voz que fala e o ponto de vista dessa voz ao longo da narrativa.

Conexões com Arte

(páginas 22 e 23)

Sugestões didáticas

S e julgar pertinente, explique aos estudantes que a antropofagia, em seu sentido de prática ritualista, é tema do poema “I-Juca Pirama”, do escritor brasileiro Gonçalves Dias (1823-1864), autor de “Marabá”, poema apresentado no Capítulo 3 do Volume 1 desta Coleção. Em “I-Juca Pirama”, o guerreiro tupi, sobre quem o eu lírico fala, que será morto pela sociedade rival – os timbira –, é criticado pelo pai por sentir medo durante o processo, já que, para a sua sociedade, ter o corpo devorado como um guerreiro deveria ser um motivo de honra.

Respostas e comentários

2. a) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes encontrem dados sobre Cuca, figura mítica do folclore brasileiro conhecida como uma bruxa com características de jacaré e que ficou conhecida no Brasil pelas obras de Monteiro Lobato.

Estudo do Gênero Textual

(página 24 a 36)

Conteúdo da reportagem

(páginas 27 e 28)

Respostas e comentários

3. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam como a apresentação do dado estatístico não só chama a atenção do leitor, por representar um alto índice, como também confere credibilidade ao texto.

3. b) O resultado dos testes foi obtido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os testes foram feitos a pedido dos indígenas, e os resultados foram obtidos por meio de entrevistas, coleta de amostras de cabelo e de peixes e avaliação clínico-laboratorial.

Composição e contexto da reportagem

(página 28 a 32)

Sugestões didáticas

• Na proposta do boxe Mundo do trabalho, na página 30, os estudantes serão incentivados a pesquisar sobre o repórter, um profissional que consegue atuar em diversas funções do campo jornalístico-midiático. O objetivo é que eles possam entrar em contato com as atividades associadas à profissão e com as inúmeras possibilidades de trabalho nessa área, para, assim, reconhecerem perspectivas de carreira de acordo com seus interesses. Para organizar a turma, sugere-se dividi-la em grupos e pedir que cada um dos estudantes pesquise uma função, assim como suas atribuições. Com a pesquisa feita, os grupos compartilham os resultados e montam um mural físico ou virtual para armazenar as informações. Para produzir o mural virtual, sugere-se o uso do Padlet (disponível em: https://padlet.com/; acesso em: 4 out. 2024). É possível indicar aos estudantes o uso da versão gratuita desse aplicativo.

• Para o boxe Projeto editorial, na página 31, caso perceba que os estudantes não conseguem visualizar diferentes projetos editoriais, sugere-se fazer uma breve análise a respeito do projeto editorial do próprio livro didático. Pode-se orientar os estudantes a observar os elementos que compõem o livro, como boxes, tamanhos de título, vinhetas, cores etc. Se possível, conduza um breve trabalho de interpretação para que os estudantes cheguem a conclusões coerentes a respeito das escolhas do projeto editorial do livro didático que têm em mãos.

Respostas e comentários

4. a) Caso a sua escola disponha de computador, internet e projetor na sala de aula, mostre à turma como o quadro funciona na página on-line. Reflita com a turma a respeito da necessidade cada vez mais urgente de os leitores atentarem apenas ao que consideram relevante em um texto, algo que, para muitas pessoas, pode ser feito por meio de tópicos. Essa reflexão pode ser conduzida até o ponto em que os estudantes concordem que a topicalização não é suficiente para o completo entendimento de um texto.

4. b) • Altos níveis de contaminação: explicação sobre os testes feitos pela Fiocruz, com base na demanda de indígenas de três aldeias impactadas pelo garimpo, e infográfico com informações sobre o caminho do mercúrio, os sintomas detectados e a maneira como a contaminação afeta as mulheres em todas as fases da vida.

• Mulheres, crianças e jovens ainda mais vulneráveis: explicações para a afirmativa de que mulheres, crianças e jovens são mais vulneráveis à contaminação por mercúrio; apresentação do depoimento de Beka Saw Munduruku, que observa a situação das mulheres de sua família; e informação a respeito da contaminação do ar pelo mercúrio.

• O elo entre a fome e o mercúrio: explicação de como o garimpo ilegal afeta as principais fontes de sobrevivência dos indígenas e instala um nível alto de insegurança alimentar na comunidade.

5. a) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes discutam entre si e levantem pontos sobre acessibilidade em reportagens.

c) Respostas pessoais. Sugestão de resposta: No centro da imagem, uma mulher indígena com cabelos escuros e lisos, presos na parte de trás da nuca, com um relógio no pulso direito e uma camiseta azul. O semblante da mulher é de seriedade. A mulher segura na frente do corpo, com as duas mãos, um papel em que há o resultado de exame de saúde física que apresenta linhas de texto e alguns textos organizados em caixas coloridas. As caixas coloridas que aparecem no exame apresentam cores em uma ordem específica: azul, amarelo, rosa e vermelho. O texto não é legível. A mulher se encontra em uma construção na qual as paredes são feitas com tábuas de madeira e o teto é feito de telhas onduladas; atrás dela, está pendurada uma rede azul. O ambiente é protegido do sol, mas é bem iluminado.

9. b) É importante que os estudantes se reconheçam como pessoas também afetadas pela situação denunciada e, por causa disso, sintam-se incentivados não só a se informar sobre o acontecimento, mas também a assumir uma postura em relação a ele, assim como fizeram os povos das três aldeias mais afetadas.

10. a) Pode-se explicar aos estudantes que, embora essa seja uma atividade de levantamento de hipóteses, é uma tarefa essencial para qualquer veículo jornalístico prever o seu público-alvo e consolidá-lo por meio de um projeto editorial coerente e transparente.

10. b) É preciso tomar cuidado para que, nesse momento de compartilhamento em sala de aula, comentários machistas ou sexistas não sejam disseminados. Além disso, é necessário que o interesse acerca de questões que envolvem gênero, raça/etnia e busca por equidade não pareça restrito às estudantes do gênero feminino.

A linguagem do texto

(páginas 32 e 33)

Sugestões didáticas

• Ao apresentar o boxe Ampliar “Apuração da reportagem”, na página 33, procure comentar com os estudantes que, com o avanço das novas tecnologias, frequentemente as entrevistas têm sido realizadas por aplicativos de comunicação virtual, via e-mail ou videochamadas, métodos muitas vezes criticados por causa da parcela de realidade que não é apreendida pelo repórter, já que ele não “vai a campo”.

Na seção Estudo da Língua, os discursos direto e indireto serão estudados em relação à construção da reportagem analisada nesta seção.

Diálogos

(página 33 a 36)

Respostas e comentários

4. d) Pode-se orientar os estudantes a cumprir as etapas a seguir para a elaboração do texto.

• Pesquisar outras reportagens sobre a prática do garimpo ilegal e suas consequências.

• Pesquisar outros textos do campo jornalístico-midiático ou do campo de estudo e pesquisa que abordem a questão do garimpo ilegal e as discussões acerca de uma prática garimpeira sustentável.

• Procurar diversificar as fontes jornalísticas, buscando o conteúdo em veículos que apresentem diferentes visões em seus projetos editoriais.

• Elaborar um texto conciso e adequado à finalidade de compartilhamento. Mencionar as fontes utilizadas para assegurar a fidedignidade das informações.

Refletir e argumentar

(página 36)

Respostas e comentários

• Na primeira questão, é importante que os estudantes percebam que a reportagem apresenta vozes plurais em seu texto: tanto de diversos indígenas atingidos pelos acontecimentos quanto de especialistas que estudam o caso. No entanto, é possível que alguns deles comentem que opiniões a favor de uma prática garimpeira legalizada não foram ouvidas, argumento que também precisa ser aceito.

• Na segunda questão, procure incentivar as opiniões dos estudantes, valorizando a diversidade de pontos de vista, desde que sejam argumentados de maneira respeitosa. Sugere-se relembrar aos estudantes que a reportagem aborda o garimpo ilegal, e colher depoimentos de garimpeiros envolvidos em uma atividade criminosa, ainda que anonimamente, é uma tarefa bastante difícil. De qualquer modo, é possível argumentar que a reportagem poderia ao menos trazer a reflexão sobre as buscas por estratégias sustentáveis para essa prática.

• Na terceira questão, para incentivar os estudantes a pensar em como equilibrar objetividade e subjetividade, busque ajudá-los a perceber como esse equilíbrio é alcançado na primeira reportagem lida, na qual dados de um estudo científico são apresentados junto ao relato de pessoas afetadas pelos acontecimentos, o que humaniza o fato relatado.

Estudo da língua

(página 37 a 47)

Coerência

(páginas 37 e 38)

Sugestões didáticas

• Sugere-se destacar a interseção que existe entre a coerência e a coesão. Apesar de serem aspectos diferentes a considerar durante a construção ou análise de um texto, eles se complementam. Os elementos

coesivos (palavras e expressões que garantem a progressão do texto) cooperam na construção da sua coerência. Se considerar pertinente, apresente aos estudantes os diferentes tipos de coesão. Para isso, pode ser útil propor a construção de um mapa mental sobre o conteúdo.

Indicações

• Para aprofundar os conhecimentos sobre coerência e coesão, sugere-se a leitura do livro indicado seguir. ANTUNES, Irandé. Lutar com palavras: coesão e coerência. São Paulo: Parábola, 2005.

Respostas e comentários

2. a) O objetivo dessa questão é possibilitar que os estudantes relembrem as relações de referenciação entre palavras e expressões do texto, nos processos de coesão textual. Não se espera, portanto, que, na resposta, eles relembrem os termos linguísticos. Por isso, sugere-se apresentar as nomenclaturas aos estudantes durante o trabalho com a questão e destacar como cada item retomado amplia a informatividade do texto, colocando o tema em progressão.

2. b) Se possível, comente com os estudantes que ambos os processos de coesão do trecho ocorrem por elipse, ou seja, a omissão do termo a que se refere, por já ter sido citado anteriormente, para evitar a repetição.

Substantivos: sintagmas nominais

(páginas 38 e 39)

Sugestões didáticas

• Os estudantes já devem estar familiarizados com as diferentes classificações do substantivo. Sugere-se que o conteúdo seja revisado por meio da construção de um mapa mental com a explicação de cada uma das classificações dos substantivos, acompanhadas de exemplos.

Figuras de sintaxe

(página 40 a 43)

Sugestões didáticas

• O objetivo de apresentar as figuras de sintaxe neste Capítulo é relacioná-las aos efeitos de sentido que assumem na coesão textual. Os estudantes começarão a estudar a sintaxe ainda neste Volume. Portanto, mais adiante, relembrar essas figuras facilitará a

compreensão de alguns fenômenos. Além disso, trabalhar o conteúdo de figuras de sintaxe neste momento dará início à mobilização de conhecimentos prévios sobre a ordem dos elementos na oração. Sempre que necessário, retome os conhecimentos mobilizados e chame a atenção para a compreensão da morfossintaxe, que é a interseção entre elementos da morfologia operando sintaticamente.

A língua em uso

(páginas 43 e 44)

Sugestões didáticas

A pr oposta tem como objetivo promover uma discussão entre os estudantes sobre a importância da aprendizagem da norma-padrão na escola para despertar reflexões sobre as diferenças entre o tratamento dado pela gramática tradicional e os usos linguísticos, foco da concepção deste item. O objetivo é que os estudantes estejam atentos à observação do fenômeno da variação linguística e possam avaliar as motivações que levam ao predomínio do ensino da norma-padrão na escola.

Respostas e comentários

12. f) Sugere-se comentar com os estudantes sobre o prestígio associado aos contextos escolarizados e profissionais de uso da língua e a importância de dominar a norma-padrão para acessá-los. Pode-se comentar também sobre a questão do conhecimento da história da língua portuguesa, sua formação e desdobramentos, o que torna o aprendizado da gramática importante para o domínio de meios letrados formais.

Atividades

(página 45 a 47)

Respostas e comentários

2. b) Pode-se aproveitar a oportunidade para verificar os conhecimentos prévios dos estudantes sobre a noção de sujeito. Comente que a descoberta do interlocutor está implícita na identificação do sujeito oculto (desinencial): “(Eles) estão gestando”. Pode-se entender que esse interlocutor são as construtoras, o mercado imobiliário, os investidores imobiliários.

Oficina de Texto

(páginas 48 e 49)

Respostas e comentários

1. b) A questão é feita com a intenção de conduzir os estudantes à reflexão sobre qual enfoque é mais importante na reportagem que irão realizar. Se necessário, retome o exemplo da reportagem apresentada na seção Estudo do Gênero Textual para exemplificar como, na maioria das vezes, o equilíbrio entre a apresentação de dados e os depoimentos é a melhor escolha. Por fim, comente, se possível, que, quando a reportagem que deu origem ao livro Hiroshima foi lançada, os leitores já tinham tido acesso a uma quantidade exaustiva de dados, notícias e pesquisas sobre a bomba. Faltava saber o que, de fato, tinha acontecido com as pessoas por debaixo da grande nuvem de cogumelo. Essa foi a demanda que a reportagem atendeu.

Estudo em Retrospectiva

(página 50)

Respostas e comentários

2. A seguir, está uma sugestão de explicações que podem ser consideradas ao avaliar a construção dos mapas mentais da turma.

Narrativas mitológicas: buscam explicar a formação do mundo, os fenômenos da natureza e a origem dos seres. A narrativa estudada busca explicar a formação dos diversos grupos humanos. Utilizam elementos simbólicos para representar emoções e sentimentos. Na narrativa estudada, o arco e a flecha representam a bravura dos Baniwa. Fazem parte do sistema de crenças de uma sociedade. A narrativa estudada busca explicar a formação dos diversos grupos humanos com base em um determinado sistema de crenças. Geralmente são transmitidas pela tradição oral. A narrativa estudada tem origem na oralidade.

3. A seguir, está uma sugestão de explicações que podem ser consideradas ao avaliar a construção dos quadros da turma.

Notícia: comunica um acontecimento recente e relevante a ser conhecido pela comunidade. Apresenta imagens ilustrativas que complementam o fato noticiado. Apresenta título, linha fina, informações de autoria e lide.

Reportagem: expande e aprofunda as informações sobre um fato. Apresenta fotografias, ilustrações, gráficos e infográficos, que possibilitam aprofundamento e complementação do conteúdo. Apresenta título, linha fina, informações de autoria e lide.

Capítulo 2 Expressões do eu pela linguagem

(página 52 a 87)

Competências e habilidades do Capítulo

• Competências gerais: 1, 2, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10

• Competências específicas: 1, 2, 3, 4 e 7

Habilidades de Linguagens: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG105, EM13LGG201, EM13LGG202, EM13LGG203, EM13LGG204, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG401, EM13LGG402, EM13LGG701, EM13LGG702 e EM13LGG704

Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP04, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP11, EM13LP13, EM13LP14, EM13LP16, EM13LP20, EM13LP27, EM13LP30, EM13LP33, EM13LP41, EM13LP43 e EM13LP44

Objetivos do Capítulo

Compreender a relação entre literatura, experiência e memória na construção poética.

A nalisar o contexto histórico do Modernismo a partir da perspectiva do Modernismo negro

A nalisar a composição, o contexto e o estilo do gênero textual postagem de rede social.

Analisar os processos humanos e automáticos de curadoria que operam nas redes sociais, destacando estratégias de engajamento

A nalisar o efeito de sentido de advérbios e sua função modalizadora em textos de gêneros variados.

• Refletir sobre o funcionamento do algoritmo e reconhecer a influência dele no próprio cotidiano.

Abertura do Capítulo

(páginas 52 e 53)

Sugestões didáticas

• O C apítulo inicia com a análise da obra de arte

Máscara Abismo , da artista Lygia Clark. A imagem dialoga com a temática do Capítulo à medida que

os estudantes serão convidados a refletir acerca da expressão do eu por meio de diferentes linguagens. Ao trazer para o campo das artes visuais a ideia de Estruturação do self – expressão cunhada por Lygia Clark a partir de 1977, que consistia em um método terapêutico que aliava corpo e mente, por meio de objetos que ela chamava de relacionais, cuja função era permitir aos pacientes liberar as emoções, as recordações e o imaginário com base no contato com eles –, a artista traz uma importante relação entre arte, linguagem e saúde. Desse modo, serão trabalhados os campos artístico-literário e da vida pessoal, além do desenvolvimento do TCT Saúde.

• As informações apresentadas e discutidas contribuirão para a realização das atividades 1 a 5. Ao longo de todas as questões, é importante que os estudantes retomem seus conhecimentos prévios sobre artes visuais, além de aspectos ligados à argumentação como forma de se comunicar e de expressar pontos de vista, fundamentais para desenvolver o trabalho com a língua e a linguagem, de modo mais amplo.

Indicações

• Para ampliar o repertório dos estudantes, recomenda-se acessar o site a seguir, que reúne imagens e documentos da produção intelectual, artística, propositiva e terapêutica da artista Lygia Clark.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL LYGIA CLARK. [S. l.], c2021. Site. Disponível em: https://portal.lygiaclark.org.br/. Acesso em: 7 out. 2024.

Estudo Literário

(página 54 a 63)

Sugestões didáticas

• S ugere-se que os estudantes façam as questões propostas no boxe Primeiro olhar, na página 54, antes da leitura do poema de Ana Martins Marques. O objetivo das questões é permitir aos estudantes que reflitam sobre construção literária, ativando os conhecimentos prévios sobre o gênero e levantando hipóteses sobre as ideias presentes no poema “O brinco”. Com base no título, eles podem prever o contexto em que o brinco será mencionado no poema e quais recursos de linguagem e construção textual o eu lírico usará para abordar esse objeto.

Memória e identidade no poema de Ana Martins Marques

(página 55 a 58)

Sugestões didáticas

• Ao tratar da poética de Charles Baudelaire no boxe A influência da modernidade de Charles Baudelaire (1821-1867), na página 57, convém ressaltar que a característica simbolista da sua poesia será apresentada aos estudantes no Capítulo 3, momento em que será abordado o Simbolismo brasileiro.

C aso haja necessidade, retome com os estudantes o que foi a Idade Moderna, contexto ao qual se relaciona a obra de Charles Baudelaire. A Idade Moderna, de 1453 a 1789, foi marcada por grandes mudanças, como a transição para o modo de produção capitalista, a consolidação da burguesia, a predominância da razão – sobretudo com o Iluminismo –, o modo de governo Absolutista –em que os monarcas tinham poder absoluto –, a primeira revolução tecnológica – com a Era Industrial, entre outras. Essas transformações trouxeram uma nova forma de pensar a sociedade, com foco na autonomia e autossuficiência do indivíduo. É com esse conceito de modernidade que Charles Baudelaire dialoga em sua obra.

Respostas e comentários

1. b) Nos versos 1 a 3, o eu lírico se apropria da noção de unidade de medida utilizada na astronomia a fim de medir a distância entre corpos celestes –o ano-luz – para considerar que os estados das coisas – e pessoas – estão separados pelo tempo. Nos versos 4 a 10, o eu lírico explora o aspecto da possibilidade de mudanças físicas e emocionais nas relações ao sugerir que, com o tempo, as mãos podem deixar de caber umas nas outras. Além disso, ao sugerir que se pode perder uma ideia, o poema demonstra como o tempo pode mudar as percepções sobre as coisas.

Indicações

• O filósofo Giorgio Agamben (1942-) define o “contemporâneo” como alguém que vive seu tempo e reflete sobre ele para compreender o presente. Na literatura, isso implica que um poeta contemporâneo escreve sobre seu tempo enquanto também considera o passado e o futuro. Para melhor compreensão, sugere-se a leitura do livro a seguir.

AGAMBEN, Giorgio. O que é contemporâneo? e outros ensaios. Tradução: Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó: Argos, 2009.

• O conceito de imagem poética é desenvolvido de forma mais aprofundada por Octavio Paz (19141998) no livro a seguir.

PAZ, Octavio. O arco e a lira. Rio de Janeiro: Nova fronteira, 1982.

A linguagem do texto

(páginas 60 e 61)

Sugestões didáticas

• Sugere-se ler com a turma o boxe Advérbio , na página 60, e comentar que esse conteúdo será retomado e aprofundado no item A linguagem do texto, da seção Estudo do Gênero Textual, e na seção Estudo da Língua deste Capítulo. Ressalte, no entanto, a importância dos advérbios na construção de textos literários, pois podem intensificar a expressividade de um verso ou de uma frase.

Diálogos

(página 61 a 63)

Sugestões didáticas

• A análise do poema de Solano Trindade reforça aspectos de construção de identidade negra e traz a importância dos poetas negros na construção do movimento que ficou conhecido como Modernismo negro, surgido na década de 1930 do século XX.

• Ao ler o boxe Modernismo negro, na página 62, recomenda-se pedir aos estudantes que escrevam o que se lembram a respeito de Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Anita Malfatti. Em seguida, peça uma pesquisa em duplas, de modo que cada um fique responsável por pesquisar sobre dois desses ícones da arte e da literatura do Brasil.

• A segunda par te da pesquisa consiste em buscar informações sobre o Modernismo negro: suas principais características, os principais articuladores do movimento, os expoentes na literatura e na arte, as obras, entre outros assuntos.

• Por fim, os estudantes farão uma comparação entre os dois movimentos modernistas, apontando semelhanças e diferenças entre eles.

Respostas e comentários

2. c) Espera-se que os estudantes reconheçam que o poema destaca as desigualdades socioeconômicas que muitas vezes forçam as pessoas a focar apenas na sobrevivência, sem espaço para outras realizações. Além disso, o destaque para o cuidado com os filhos, a amada, os amigos e os vizinhos indicam uma preocupação com o bem-estar coletivo, refletindo uma crítica da falta de acesso da população em geral a recursos essenciais.

3. a) No poema, a repetição da estrutura “quando eu tiver” enfatiza a importância das necessidades do eu lírico, reforçando a ideia de que não pode avançar para outros desejos até que as necessidades fundamentais sejam atendidas.

4. b) No poema “Gravata colorida”, o termo engravatada parece ser utilizado de forma crítica. O eu lírico deseja comprar uma gravata colorida, mas somente depois de garantir necessidades mais básicas, sugerindo que a gravata pode simbolizar a superficialidade das pessoas engravatadas. Isso contrasta com sua visão sobre realização pessoal, que não se limita a símbolos externos de status.

5. b) Em “O brinco”, o reflexo e a fotografia são contrastados para discutir a fluidez e a fixidez da autoimagem. Além disso, o eu lírico também usa o brinco como símbolo de memória, por meio do qual seu interlocutor resgata a imagem que tem dele. Em “Gravata colorida”, a gravata é utilizada para criticar a construção de imagem baseada em símbolos externos de status. A principal semelhança entre os poemas é o uso de elementos comuns para revelar aspectos mais profundos da identidade. A diferença está na abordagem de cada poema acerca dessa temática. O poema “O brinco” foca na percepção interna e na autenticidade da autoimagem, enquanto “Gravata colorida” critica a superficialidade associada ao status social.

Refletir e argumentar

Sugestões didáticas

• É impor tante conversar com a turma sobre a importância da construção de uma autoimagem positiva para evitar que os padrões de beleza inalcançáveis impostos pela sociedade afetem a saúde mental, principalmente dos jovens. Sugere-se trazer exemplos de movimentos que tratam do assunto de maneira crítica a esses padrões, como o body positive (“positividade corporal”, em português).

• Se possível, incentive os estudantes a ponderar sobre os benefícios e os malefícios dos usos de filtros em fotos que circulam nas redes sociais e relacionar essa situação a possíveis impactos na saúde tanto física quanto mental.

• Pode-se promover, ainda, uma conversa que permita uma discussão com base em atitudes de empatia e respeito pela pluralidade de corpos e de aparência.

Oficina Literária

(página 64)

Sugestões didáticas

• Durante a seção Estudo Literário, os estudantes tiveram contato com o gênero poema, puderam retomar algumas características do gênero e entender a importância da escolha de palavras para a sua criação. A proposta da oficina é produzir um poema autoral sobre “identidade”, tema abordado no Capítulo.

• Pode-se orientar os estudantes a ler as etapas da produção e fazer anotações a cada item, pois isso será fundamental para escrever o poema. Ressalte com os estudantes que esse planejamento contribui para guiá-los durante o processo de escrita.

Avaliar e recriar

• Recomenda-se destacar a importância da reescrita do texto para a realização de possíveis ajustes. Peça aos estudantes que respondam questões sobre a primeira versão do poema e as troquem com os colegas para receber feedback. Incentive a troca de comentários sobre pontos positivos e possíveis melhorias.

Compartilhar

• É fundamen tal fazer uma retomada do processo, tanto para acolher as percepções dos estudantes quanto para expressar as suas observações, promovendo autonomia e confiança no grupo.

Estudo do Gênero Textual

(página 65 a 76)

Respostas e comentários

• Ao realizar as questões propostas no boxe Primeiro olhar , sugere-se incentivar os estudantes a criar

hipóteses, que serão verificadas após a leitura do texto, bem como expressar suas próprias vivências.

• A proveite a primeira questão do boxe Primeiro olhar para investigar os conhecimentos prévios dos estudantes acerca das redes sociais e analisar o desenvolvimento deles na área do conhecimento Educação Digital.

• Na terceira questão do boxe Primeiro olhar, pode-se acrescentar a seguinte pergunta: qual é a importância da imagem escolhida pelo usuário ao pensar nessa dinâmica da rede, que liga imagem, forma e conteúdo?

Conteúdo da postagem de rede social

(páginas 66 e 67)

Sugestões didáticas

Ao ler o boxe Entre gêneros, sugere-se comentar com os estudantes que o conhecido “textão” de internet, representado por um texto argumentativo divulgado em redes sociais, pertence ao gênero textual postagem, o que mobiliza a competência específica 1 e as habilidades EM13LP02 e EM13LP03.

Respostas e comentários

A atividade 8 aborda aspectos ligados ao TCT Saúde, pois propõe uma reflexão entre aparência, autoimagem e discurso. É importante exercitar acolhimento e empatia tanto aos estudantes que desejarem expor suas histórias quanto àqueles que não quiserem compartilhar sua escrita.

Composição e contexto da postagem de rede social

(página 68 a 72)

Sugestões didáticas

• S obre a atividade proposta no boxe Mundo do trabalho , na página 70, os estudantes serão incentivados a pesquisar sobre a profissão de influenciador digital. O objetivo é que eles possam entrar em contato com as métricas utilizadas por empresas de publicidade e marketing para decidir a abrangência da influência de alguns perfis e o quanto eles conseguem engajar o público-alvo e consumidor. Para organizar a turma, sugere-se dividi-la em

grupos e pedir que cada um pesquise uma métrica, tais como: métricas de alcance, de vaidade, de conversão; indicadores-chave de performance (KPI), entre outras. No texto “Saiba quais são os principais tipos de métricas de mídias sociais” (disponível em: https://rockcontent.com/br/blog/metricas-de -midias-sociais/; acesso em: 7 out. 2024), é possível compreender a maioria das métricas utilizadas. Com a pesquisa feita, os estudantes podem compartilhar os resultados e montar um mural na sala ou virtual para armazenar as informações.

Respostas e comentários

9. a) Sugere-se perguntar aos estudantes se conhecem todas as redes e, caso haja alguma desconhecida, solicite que troquem explicações entre eles sobre aquelas que conhecem.

9. b) Recomenda-se verificar se os estudantes perceberam que se trata do WhatsApp. Depois, note se eles citam todas as opções de comunicação apresentadas pela rede: mensagem de texto, ligação de áudio e de vídeo.

9. c) Espera-se que os estudantes concluam que essa rede social permite a comunicação entre pessoas, inclusive por chamadas, sem custo direto. No entanto, é necessário estar conectado à internet, que sim, pode ter custos. Aproveite a oportunidade para perguntar aos estudantes se, na opinião deles, esse fator influencia o grande número de usuários da rede.

9. d) É possível que a maioria dos estudantes citem as redes Instagram, Facebook, TikTok, Pinterest, X e LinkedIn. Aproveite a oportunidade para perguntar como as redes sociais também podem influenciar a trajetória profissional de uma pessoa, especialmente o LinkedIn.

9. e) Pode-se incentivar os estudantes a compartilhar os sentimentos que tenham em relação às redes, como a dependência de estar o tempo todo conectado e interagindo, a superexposição e a comparação de imagem com outras pessoas, muitas vezes manipulada por filtros. Ajude-os a encontrar regulações possíveis, como silenciar as notificações para minimizar a ansiedade de verificação e interação e eleger períodos do dia com tempo determinado para entrar nas redes.

13. Sugere-se solicitar aos estudantes que não têm redes sociais se reunirem em duplas com aqueles que têm, proporcionando, assim, a experiência de educação digital a todos.

A linguagem do texto

(páginas 73 e 74)

Respostas e comentários

16. Essa questão tem como objetivo despertar a atenção dos estudantes para o que pode ou não ser considerado um desvio normativo em relação ao contexto das redes sociais e aos fenômenos que são estilísticos, portanto comuns a esse contexto. Aproveite para discutir com eles a importância de conhecer a gramática a fim de que seja possível criar os efeitos de sentido desejados com base nos recursos linguísticos. Todos os recursos mobilizados na questão são objetos de estudo de anos anteriores; por isso, aproveite esse momento para recordar o conceito de concordância, marcas de oralidade e regência verbal (inclusive com o fenômeno da crase). Esses fenômenos serão retomados e aprofundados em outros volumes da coleção.

17. b) Caso considere pertinente, pode-se explorar com os estudantes os advérbios interrogativos e a importância da escolha intencional para realizar perguntas específicas. Exemplo: o “como” e o “por que” vão gerar respostas diferentes.

Refletir e argumentar

(página 76)

Respostas e comentários

Na pr imeira questão, sugere-se ler para os estudantes o trecho do texto “Como eu evito que minhas informações pessoais sejam utilizadas para me manipular ou me humilhar nas mídias sociais?” que a Unicef disponibilizou em seu portal, com dicas de como evitar a superexposição na internet. O texto é apresentado no item 8 do subtítulo “As principais perguntas sobre o cyberbullying ” (disponível em: www.unicef.org/brazil/cyberbullying-o-que-eh-e -como-para-lo; acesso em: 7 out. 2024).

• Na segunda questão, é possível promover uma discussão com os estudantes tendo como base outro texto que consta no mesmo subtítulo, porém agora no item 11 – “Existem ferramentas on-line contra o bullying para crianças, adolescentes ou jovens?” (disponível em: www.unicef.org/brazil/cyberbullying -o-que-eh-e-como-para-lo; acesso em: 7 out. 2024).

Estudo da Língua

(página 77 a 81)

A língua em uso

(página 80)

Sugestões didáticas

• Na proposta deste item, os estudantes são incentivados a reconhecer o princípio da economia linguística e a gramaticalização do adjetivo na função de advérbio em registros orais e informais.

• O tema da tirinha mobiliza reflexões sobre o excesso de trabalho e suas implicações para a saúde mental e fomenta discussões sobre a importância de comunicação assertiva como contributo para relações profissionais saudáveis.

Indicações

• O livro Sociedade do cansaço, de Byung-Chul Han (1959-), traz aspectos ligados à necessidade de produtividade, de pertencimento a qualquer preço, e como isso gera enfermidades e distúrbios, como depressão e burnout. HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução: Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2015. Capa.

Respostas e comentários

4. f) Sugere-se fazer a mediação dos pontos de vista, conduzindo os estudantes para a compreensão dos males que o excesso de trabalho pode causar, tais como ansiedade, insônia, preocupação excessiva e burnout, condição em que diversos desses sintomas ocorrem simultaneamente, causando sérios efeitos às pessoas. Pondere com os estudantes a fala sem

empatia do chefe de Camila, que não percebeu a sobrecarga da personagem (muitos papéis sobre a mesa dela) e justificou com pouca clareza o motivo de novas demandas (momento difícil), colocando a ela um prazo muito curto para o trabalho.

Atividades

(página 81)

Sugestões didáticas

A seção apresenta textos multimodais para trabalhar os conceitos tratados ao longo do Capítulo, como advérbios e locuções adverbiais, além da importância da saúde mental. Os estudantes são convidados a interpretar textos e a sistematizar os conhecimentos adquiridos.

Conexões com Inglês

(páginas 82 e 83)

Sugestões didáticas

Ao longo do Capítulo, os estudantes são convidados a refletir sobre temas, como “saúde mental”, “identidade” e “autorreconhecimento”, explorando como esses aspectos se manifestam em diferentes textos e representações artísticas. Esse processo aprofunda e amplia seus conhecimentos sobre saúde, além de conectar os campos artístico-literário e da vida pessoal.

Sugere-se ler todas as atividades coletivamente, ressaltando os termos em inglês presentes nelas e relacionando-as aos assuntos tratados no Capítulo, como saúde mental.

Pode-se propor que as atividades sejam realizadas, em um primeiro momento, em roda de conversa, a fim de incentivar todos a se expressarem. Ao final, sugira que as respostas sejam escritas no caderno.

Oficina de Texto

(páginas 84 e 85)

Motivar a criação

Sugestões didáticas

• Na internet, em geral, os algoritmos são utilizados para fazer buscas mais eficientes ou criar recomendações personalizadas.

• Espera-se que os estudantes de Ensino Médio, já inseridos no universo digital, consigam elaborar conhecimentos prévios sobre o assunto. Caso sinta a necessidade, solicite à turma que faça uma pesquisa sobre o tema na sala de informática da escola ou em casa, a depender das possibilidades. É importante garantir que todos acessem conteúdos confiáveis sobre o assunto.

Planejar e elaborar

Sugestões didáticas

• Procure acompanhar os estudantes no momento da escolha da fotografia ou do vídeo, com a devida atenção a dois pontos: garantir que não haja uma superexposição de suas figuras; garantir que imagens retiradas de outros perfis sejam devidamente referenciadas.

• É impor tante que o compartilhamento das postagens da turma seja feito em uma rede social da escola, o que permitirá um maior monitoramento da sua parte, inclusive de comentários nas postagens.

Avaliar e recriar

Sugestões didáticas

• O objetivo desta etapa é que os estudantes reflitam sobre a própria escrita, localizando no texto que escreveram os trechos que responderiam às questões feitas; caso não encontrem, incentive-os a reescrever trechos, inserir informações, acrescentar ou suprimir partes do que foi escrito. Outra possibilidade é os estudantes trocarem de texto com um colega para que este verifique se as perguntas estão respondidas no texto. Pode-se, ainda, retomar coletivamente esses itens, assim será possível tirar dúvidas surgidas no processo.

Estudo em Retrospectiva (página

86)

Refletir e avaliar

• Se possível, dê aos estudantes momentos de silêncio e introspecção para que possam relembrar seu desempenho nas propostas do Capítulo. A partir de sua observação dos estudantes e das particularidades de cada um, ajude-os a construir, nas observações, estratégias para avançar em pontos que precisem de melhoria.

Capítulo 3

Subjetividades e pontos de vista em foco

(página 88 a 131)

Competências e habilidades do Capítulo

• Competências gerais: 1, 3, 4, 6, 7, 9 e 10

Competências específicas: 1, 2, 3, 6 e 7

Habilidades de Linguagens: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG105, EM13LGG201, EM13LGG202, EM13LGG203, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG401, EM13LGG402, EM13LGG601, EM13LGG602, EM13LGG604, EM13LGG701, EM13LGG702, EM13LGG703 e EM13LGG704

Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP04, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP08, EM13LP11, EM13LP12, EM13LP13 EM13LP14, EM13LP15, EM13LP16, EM13LP18, EM13LP19, EM13LP20, EM13LP25, EM13LP26, EM13LP27, EM13LP29, EM13LP41, EM13LP46, EM13LP48, EM13LP49, EM13LP50 e EM13LP52

Objetivos do Capítulo

Compreender as características do movimento literário Simbolismo e de seu contexto histórico.

Conhecer os principais expoentes do Simbolismo no Brasil e suas relações temáticas com a contemporaneidade.

Aproximar escritores de língua portuguesa em relação à temática e ao trabalho com a linguagem poética

• Conhecer os países pertencentes à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)

• R econhecer a poesia social como um recurso de resistência por meio da literatura.

• Compreender a literatura como ferramenta política e sua relação com a diversidade e os direitos humanos.

• Analisar o efeito de sentido dos pronomes e sua função em textos de gêneros variados.

• Analisar composição, contexto e estilo dos gêneros textuais debate e debate regrado.

• Compreender aspectos argumentativos e recursos linguísticos que caracterizam os gêneros textuais debate e debate regrado

Abertura do Capítulo

(páginas 88 e 89)

Sugestões didáticas

• Sugere-se propor aos estudantes fazer uma leitura inicial das questões, pois isso contribui para a compreensão textual e ajuda a retomar os conhecimentos discutidos ao longo da observação da imagem. Em sequência, faça as atividades oral e coletivamente; se preferir, sugira aos estudantes realizar as atividades em duplas ou em trios.

• Pode-se pedir à turma para registrar as respostas no caderno, após as discussões, para que cada um possa sistematizar os conhecimentos.

• O Capítulo começa com a análise da obra do artista angolano que vive em São Paulo, Paulo Chavonga, intitulada Grito de liberdade. A imagem dialoga com o tema do Capítulo, pois os estudantes serão convidados a refletir acerca de aspectos sociais, tendo as ideias de liberdade e resistência como base para que se discutam diferentes pontos de vista e, com isso, seja possível promover debates, argumentações, além da leitura de poemas e textos que aprofundam e ampliam as discussões propostas. Desse modo, os campos artístico-literário e da vida pública serão trabalhados ao longo das atividades, além do desenvolvimento do TCT Cidadania e Civismo: Educação em Direitos Humanos.

Indicações

• Para ampliar o conhecimento dos estudantes a respeito da obra e da origem do artista Paulo Chavonga, acesse o vídeo a seguir.

RETROSPECTIVA da exposição no Museu da Imigração em São Paulo. [S. l.: s. n.], 2023. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal Paulo Chavonga. Disponível em: https:// youtu.be/WD0J-7Ic1E8?si=1FhX1K579SbVQNuQ. Acesso em: 11 out. 2024.

Estudo Literário

(página 90 a 100)

Sugestões didáticas

• Recomenda-se propor as questões do boxe Primeiro olhar, na página 90, antes da leitura do poema de Cruz e Souza. O objetivo das questões é permitir aos estudantes refletir sobre a construção literária, ativando seus conhecimentos prévios sobre o gênero e levantando hipóteses sobre as ideias presentes no poema “Livre!”. Relacionando o título e a imagem que acompanham o texto, os estudantes podem inferir o contexto a que se refere a palavra livre, que dá nome ao poema.

Sugere-se propor uma leitura inicial e coletiva do poema, de maneira que cada estudante leia uma estrofe ou um verso. Em seguida, peça uma leitura individual e silenciosa do texto, solicitando à turma que anote as principais observações e sensações ao longo da leitura. Além disso, peça que descrevam o trabalho com a linguagem do ponto de vista da subjetividade, da construção dos versos, da temática desenvolvida. Faça, ainda, uma leitura de cada palavra do Glossário, pedindo aos estudantes para contextualizá-las em frases ou explicar as situações de uso possíveis.

Após as anotações, faça a leitura do boxe Biografia, pois ele oportuniza contextualizar e entender a produção do poeta Cruz e Sousa.

Respostas e comentários

O objetivo da primeira questão do boxe Primeiro olhar é incentivar os estudantes a refletir sobre as possíveis abordagens do tema “liberdade”, promovendo o pensamento crítico, sobretudo quando se observa a imagem de mãos negras acorrentadas tentando escapar das correntes. É possível que os estudantes associem tanto o título do poema quanto a ação proposta pela imagem à libertação das pessoas escravizadas. O objetivo da segunda questão do boxe Primeiro olhar é estimular os estudantes a pensar sobre os diferentes recursos que podem compor um texto literário, tendo em vista a sua temática.

Subjetividade e expressividade

(página 91 a 94)

Sugestões didáticas

• Sugere-se que os estudantes se reúnam em duplas ou trios para realizar as atividades. Aproveite para abordar o tema “liberdade” em suas diferentes

possibilidades e contextos. Busque, por meio de uma roda de conversa, compreender de que maneira os estudantes definem essa palavra. Neste momento, pode ser que usem outras palavras (como substantivos e adjetivos) ou que façam uma definição. As duas maneiras são bem-vindas.

• É possível propor a criação de uma nuvem de palavras, que pode ser feita tanto em meios digitais quanto na lousa. Para finalizar, peça aos estudantes para procurar as palavras no dicionário e compartilhar os significados. Se achar pertinente, proponha a transformação dessas definições em cartazes e distribua-os pela escola, como parte de uma ação de conscientização sobre a importância da liberdade, os direitos e deveres dos cidadãos na manutenção dela e as formas de cultivá-la nos diferentes espaços.

• A proposta de discussão a respeito da liberdade se relaciona, diretamente, ao conceito de cidadania, como apresenta o texto do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, no boxe Cidadania , na página 91. Se possível, leia-o com os estudantes, e, em seguida, peça a todos para escrever as principais ideias presentes nele e compartilhar com a turma, pois isso contribuirá para a realização da atividade 3. Ademais, esse espaço de discussão fomenta o trabalho com o TCT Cidadania e Civismo: Educação em Direitos Humanos.

• Os movimentos literários Parnasianismo e Realismo serão abordados de maneira mais aprofundada, respectivamente, nos Capítulos 5 e 6 deste volume. Se julgar pertinente, explique aos estudantes que o movimento simbolista não adquiriu tanta projeção quanto o Realismo e o Parnasianismo; em seguida, incentive-os a refletir sobre as possíveis consequências disso para a construção dos movimentos literários posteriores.

• Indica-se apresentar o poema “Ismália” para os estudantes, bem como a música do cantor e compositor Emicida, explorando as semelhanças e diferenças entre as duas obras, o que fortalece o trabalho com a habilidade EM13LP11.

Respostas e comentários

4. a) A expressão pode ser entendida de forma literal, referindo-se ao corpo físico e à materialidade que aprisiona a alma, impedindo-a de alcançar a

liberdade espiritual. Por outro lado, a expressão pode ser interpretada metaforicamente, simbolizando as limitações e as opressões sociais.

5. a) A palavra natureza é escrita com inicial maiúscula, indicando que o vocábulo, no contexto do poema, tem um sentido mais elevado que o do seu significado literal. A Natureza é descrita como uma fonte de pureza, segurança e amor, sugerindo que a comunhão harmoniosa com a natureza simboliza a dimensão transcendental da liberdade.

5. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que, nas estrofes iniciais, a busca por liberdade é apresentada como uma libertação das amarras materiais e das restrições impostas ao eu lírico. Nas duas últimas estrofes, o foco do eu lírico muda para uma visão da liberdade centrada na comunhão com a natureza.

5. c) Resposta pessoal. Sugere-se incentivar os estudantes a pensar em como associam a liberdade, o amor e a justiça em seu cotidiano. Se possível, estimule discussões sobre a importância da liberdade para a expressão do amor, pois a falta de liberdade pode levar a opressões sociais. Sem liberdade, a justiça não pode ser exercida por falta de autonomia individual e coletiva.

Indicações

O livro Tem lugar aí pra mim? aborda temas relacionados aos direitos humanos e à diversidade, apresentando aos jovens reflexões sobre cidadania, direitos fundamentais e inclusão.

MESQUITA, Fátima. Tem lugar aí pra mim? Um livro sobre Direitos Humanos e respeito à diversidade. São Paulo: Panda Books, 2018.

O poema “Ismália” ganhou versão em livro, ilustrado por Odilon Moraes, e pode acrescentar aos estudantes mais uma camada interpretativa ao poema, uma vez que contém diversas ilustrações que contribuem para uma leitura múltipla do texto.

GUIMARAENS, Alphonsus de. Ismália. Ilustrações: Odilon Moraes. São Paulo: Sesi-SP Editora, 2018.

Estrutura formal e recursos de linguagem no poema

(páginas 94 e 95)

Sugestões didáticas

• Antes de iniciar as atividades, recomenda-se ler os boxes Soneto e Inversão do adjetivo. Retome com

os estudantes a definição de soneto, que já deve ser conhecida em anos anteriores à escolarização. No boxe Inversão do adjetivo , peça aos estudantes para localizar se esse recurso foi usado nos textos lidos anteriormente. Sugere-se, ainda, solicitar exemplos dessa inversão e de que maneira eles contribuem para a expressividade dos textos.

• S e julgar pertinente, realize a leitura em voz alta do poema “Livre!” antes de iniciar a atividade 10, destacando a importância da musicalidade e da sonoridade das palavras e orientando os estudantes a prestar atenção à sonoridade e ao ritmo dos versos.

Diálogos

(página 96 a 100)

Sugestões didáticas

• A análise do poema de Agostinho Neto reforça aspectos a respeito da noção de liberdade, que tem como premissa um acontecimento histórico. Se, para Cruz e Sousa, a liberdade estava dirigida às pessoas escravizadas e relacionada à garantia de direitos; para Agostinho Neto, a liberdade está associada à ideia de independência da metrópole portuguesa. É importante ressaltar que, em ambos os poemas, a questão política está presente.

Respostas e comentários

3. b) No poema “Livre!”, Cruz e Sousa usa imagens como “grilhões que nos flagelam” e “Dons que selam / a alma”, que evocam uma visão da opressão e do desejo de libertação. As metáforas de liberdade e pureza contrastam com as imagens que refletem um contexto de escravização. Em “Confiança”, Agostinho Neto utiliza imagens como “mãos construíam mundos maravilhosos” e “o paradoxo do homem disperso” para ilustrar a resistência do povo negro. A imagem das mãos construindo mundos sugere o trabalho árduo e criativo que, apesar de desvalorizado, é fundamental para a preservação da identidade cultural. O paradoxo do homem disperso reflete a experiência da diáspora africana e a contínua busca pela reunificação e afirmação da identidade.

4. b) Incentive os estudantes a refletir sobre a importância do acesso à educação para o desenvolvimento social e econômico das comunidades. O acesso à educação permite que as pessoas participem ativamente da sociedade e contribuam para seu desenvolvimento. Para Cruz e Sousa, a educação foi um meio essencial para obter uma voz na sociedade. Apesar das dificuldades enfrentadas como um poeta negro no Brasil, ele conseguiu acessar uma educação superior em um contexto pós-abolição que ainda era marcado por intensas desigualdades raciais. Sua trajetória educacional ilustra como a educação pode servir como uma ferramenta de ascensão e resistência cultural. Agostinho Neto, por sua vez, também enfrentou desafios significativos em sua trajetória educacional, particularmente durante o período colonial em Angola. Apesar das limitações impostas pelo sistema colonial, ele conseguiu estudar em Portugal e usar sua formação para liderar a luta pela independência de Angola. A educação foi fundamental não apenas para seu desenvolvimento pessoal como também para sua capacidade de mobilizar e liderar o movimento de libertação.

7. c) O poema “Confiança”, de Agostinho Neto, e a reportagem sobre desvalorização do trabalho das pessoas negras destacam a necessidade de políticas públicas para a valorização e igualdade de oportunidades para a população negra. A poesia social, como a de Agostinho Neto, usa a arte para denunciar injustiças e provocar reflexões sobre a realidade social, influenciando a opinião pública e promovendo a conscientização. A última estrofe do poema, ao afirmar a importância das contribuições das pessoas negras e reivindicar justiça, serve como um chamado à ação para mudanças sociais.

Estudo do Gênero Textual

(página 104 a 116)

Sugestões didáticas

• Antes de propor a leitura da transcrição do debate, recomenda-se fazer as atividades do boxe Primeiro olhar , na página 104, para que os estudantes

levantem hipóteses e antecipem conhecimentos com base nas próprias vivências e na interpretação das perguntas.

• Pode-se propor aos estudantes a leitura individual e silenciosa do texto transcrito, que se refere ao debate realizado no programa Debates do povo, pedindo que anotem os principais argumentos de cada pessoa cuja fala foi apresentada. Essa ação promove o trabalho com todos os campos de atuação social, bem como desenvolve a habilidade EM13LP05, uma vez que coloca os estudantes em contato com as características do debate.

• Após a leitura, pode-se sugerir aos estudantes que tiverem interesse, compartilhar os resultados com a turma.

Conteúdo do debate

(página 107 a 109)

Sugestões didáticas

• No boxe Mundo do trabalho , na página 109, os estudantes serão incentivados a pesquisar sobre as consideradas profissões do futuro. O objetivo é que eles possam entrar em contato com as profissões em crescimento no Brasil e no mundo, decorrentes do contexto da tecnologia e da inteligência artificial, para reconhecerem possibilidades de carreira de acordo com seus interesses.

• Com a pesquisa feita, os estudantes devem compartilhar os resultados e montar um mural na sala ou de modo virtual para armazenar e compartilhar as informações sobre as profissões. Sugere-se, ainda, apresentar a eles as profissões vistas na reportagem “Estas são as 10 profissões do futuro, segundo estudo do Fórum Econômico Mundial”, da revista Exame (disponível em: https://exame.com/carreira/ estas-sao-as-10-profissoes-do-futuro-segundo -estudo-do-forum-economico-mundial/; acesso em: 11 out. 2024).

Respostas e comentários

1. Sugere-se conversar com os estudantes sobre as possibilidades levantadas pela turma e sobre o viés de debate proposto na leitura. Proponha uma reflexão sobre as motivações da escolha desse

tema para o debate e comente sobre o crescimento do trabalho informal mediado por plataformas digitais (de entrega de comida, de transporte de passageiros, entre outras). Para subsidiar essa abordagem, sugere-se a reportagem “Em 2022, 1,5 milhão de pessoas trabalharam por meio de aplicativos de serviços no país”, da Agência IBGE Notícias (disponível em: https://agenciadenoticias. ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de -noticias/noticias/38160-em-2022-1-5-milhao-de -pessoas-trabalharam-por-meio-de-aplicativos-de -servicos-no-pais; acesso em: 11 out. 2024).

5. a) A debatedora Andréa Migliori defende a tecnologia como ferramenta essencial e definidora de novos contextos e relações, responsabilizando as pessoas por seu mau uso. Ela acredita que são as pessoas que devem se adaptar às novas abordagens e aos desafios da tecnologia. Responde à questão proposta, no entanto não considera as relações de trabalho nas plataformas, pois diz desconhecer esse funcionamento.

A debatedora Patrícia Ansarah entende que a tecnologia, como um instrumento novo, obriga seus usuários a propor novos questionamentos e a enfrentar desafios que antes não existiam, o que pode causar erros que devem ser corrigidos rapidamente, por meio de diálogo entre os envolvidos. Não responde diretamente, mas concorda com o argumento da debatedora anterior e defende a tecnologia.

O debatedor Luciano Simplício critica a falta de responsabilidade das plataformas de mediação, destacando que o interesse delas é apenas o lucro, resultando em falta de empatia, acidentes e mortes, além da oneração do serviço público de saúde, decorrente dessa exploração do trabalhador. Responde à questão. Amplia a discussão para a falta de responsabilidade das plataformas e oneração dos serviços de saúde públicos.

6. a) Resposta pessoal. É possível inferir que a debatedora chama de tecnologia humana a aproximação por meio do diálogo das duas pontas da relação de trabalho em busca de respostas às perguntas que surgirem nessa relação.

Composição e contexto do debate

(página 110 a 112)

Respostas e comentários

12. O argumento de Andréa Migliori defende a tecnologia como meio, mas, nas estratégias argumentativas, ela não consegue apresentar um fato relacionado à mediação das relações de trabalho por plataformas, por afirmar desconhecer essa realidade. Isso pode ser considerado uma falha de encadeamento lógico na comprovação do tópico frasal, pois Andréa acaba se desvinculando da pergunta em foco na discussão. Em seu argumento, Patrícia Ansarah defende, como tópico frasal, que também as empresas não sabem lidar com a tecnologia, e a estratégia utilizada para comprovação é a necessidade de elas formularem novas perguntas, o que pode ser considerado uma falha de encadeamento lógico na comprovação do tópico frasal, pois é uma transferência de responsabilidade abstrata. A identificação da falácia argumentativa é um processo que requer prática na estruturação argumentativa, por isso não é esperado que os estudantes alcancem plenamente a resposta apresentada na questão. Procure auxiliá-los nessa construção, analisando cada argumento quanto às partes de sua estrutura.

Indicações

• O debate em sala de aula é uma excelente ferramenta de ensino-aprendizagem, tanto para docentes quanto para estudantes. Sobre esse gênero textual, sugere-se a leitura do artigo a seguir.

CELESTINO, Rafaela Soares; LEAL, Telma Ferraz. O debate como objeto de ensino: interdisciplinaridade e desenvolvimento de habilidades argumentativas. In: LEAL, Telma Ferraz (org.). Interdisciplinaridade e diversidade: diálogos sobre heterogeneidade na alfabetização. Recife: Ed. UFPE, 2022. E-book. p. 137166. Disponível em: https://editora.ufpe.br/books/ catalog/download/819/822/2856?inline=1. Acesso em: 11 out. 2024.

Diálogos

(páginas 115 e 116)

Sugestões didáticas

• Sugere-se que os estudantes se reunam em duplas para fazer a leitura do texto e que possam retomar outros tipos de carta, de maneira que os estudantes possam distingui-las, e relembrar as principais características do

gênero. Para isso, proponha aos estudantes reconhecer, na carta, elementos como: data, vocativo, corpo do texto, despedida, saudação e assinatura.

Estudo da Língua

(página 117 a 125)

Sugestões didáticas

• Ao apresentar os boxes Conceito com as definições e os tipos de pronome, pode-se pedir aos estudantes para pesquisar frases em textos de diferentes gêneros para que percebam como se dá a presença dos pronomes nesses casos. Além dos pronomes, os conceitos de encapsulamento e referenciação, relacionados aos usos dessa classe gramatical, também são apresentados e devem ser compreendidos pelos estudantes. Para isso, pode-se usar o mesmo método de busca por exemplos que contenham os dois conceitos.

É impor tante destacar para os estudantes como os pronomes influenciam a construção dos sentidos e a interação nos textos. O uso adequado, contextualizado e intencional dos pronomes contribui diretamente para a coerência e a coesão textual, dada a sua função primordial: substituir os nomes.

Ao refletir sobre os sentidos dos pronomes e suas interferências na construção dos sentidos textuais, pode-se destacar a colocação pronominal. Para sistematizar esse conhecimento, sugere-se realizar a atividade 8 com a turma e ler o texto e os conceitos de próclise, mesóclise e ênclise. Exemplifique-os com frases de diferentes gêneros e peça aos estudantes para criar ou pesquisar exemplos em livros, revistas ou com os estudantes de outras turmas.

Oficina de Texto

(página 126 a 128)

Sugestões didáticas

• A proposta tem como objetivo fazer os estudantes se organizarem em grupos para debater sobre a inteligência artificial (IA) na sociedade contemporânea. Antes de propor o início da escrita do texto, sugere-se reunir a turma em duplas ou grupos para Estudar a proposta e Motivar a criação e, posteriormente, responder às questões, pois isso contribuirá para o

aprofundamento do repertório dos estudantes.

• R ecomenda-se sugerir aos estudantes voltar ao quadro do item Estudar a proposta sempre que necessário, pois é um resumo do que será desenvolvido ao longo da atividade.

Indicações

• O livro A construção da argumentação oral no contexto de ensino apresenta uma proposta consistente para o desenvolvimento do trabalho com a argumentação oral na escola.

• RIBEIRO, Roziane Marinho.  A construção da argumentação oral no contexto de ensino. São Paulo: Cortez, 2009.

Estudo em Retrospectiva

(página 129)

Sintetizar

Respostas e comentários

2. Durante a elaboração do parágrafo, é importante que os estudantes reconheçam que a poesia social é de grande importância na conquista de direitos por promover a conscientização e a mobilização. Agostinho Neto é um exemplo contemporâneo emblemático dessa função da poesia social. Sua obra não apenas reflete as dificuldades enfrentadas por seu povo sob a opressão colonial, mas também se torna um instrumento de resistência e reivindicação. Sua poesia serviu como um catalisador para o movimento de independência de Angola, demonstrando como a literatura pode ser uma ferramenta eficaz para fomentar a mudança social e política.

De olho no vestibular

(páginas 130 e 131)

Sugestões didáticas

• Recomenda-se ler com os estudantes o texto “Dizer o que se pensa não é sempre uma qualidade”, que serve de base para a análise. Solicite que leiam os aspectos apresentados nos boxes e expliquem o que compreenderam da leitura.

• Se achar pertinente, peça aos estudantes para justificar as respostas incorretas, pois é uma oportunidade para que revejam conceitos ligados tanto à análise semiótica quanto à argumentação.

Capítulo 4 Múltiplas linguagens em cena

(página 132 a 177)

Competências e habilidades do Capítulo

• Competências gerais: 1, 3, 4, 5, 6, 7 e 10

• Competências específicas: 1, 2, 3, 4, 6 e 7

Habilidades de Linguagens: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG201, EM13LGG202, EM13LGG203, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG305, EM13LGG401, EM13LGG402, EM13LGG601, EM13LGG602, EM13LGG603, EM13LGG604, EM13LGG701 e EM13LGG704

Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP08, EM13LP09, EM13LP11, EM13LP15, EM13LP16, EM13LP24, EM13LP25, EM13LP26, EM13LP27, EM13LP30, EM13LP32, EM13LP46, EM13LP47, EM13LP49, EM13LP50, EM13LP51, EM13LP52 e EM13LP54

Objetivos do Capítulo

Analisar a estrutura do texto teatral, observando os seus elementos textuais e paratextuais e o modo como eles se relacionam.

C ompreender e valorizar as expressões artísticas regionais, em especial a literatura de cordel, considerando seu contexto de produção e suas características literárias.

Conhecer os elementos formais e linguísticos de um projeto cultural.

• Analisar a composição, o contexto de produção, a esfera de circulação e a função social dos projetos culturais.

• Compreender os conceitos de oração e período e suas relações em textos de diferentes gêneros.

• Iden tificar ordem direta e ordem inversa em orações e períodos e seus efeitos de sentido.

• Conhecer os diferentes tipos de aposto e suas funções em orações e períodos.

• Ela borar projeto cultural para encenação de um espetáculo teatral infantil à comunidade escolar.

Abertura do Capítulo

(páginas 132 e 133)

• Recomenda-se apresentar a obra aos estudantes e promover a leitura atenta da imagem. Oriente-os a observar os elementos presentes, como as cores, as cenas retratadas, as figuras humanas e suas características, as formas e os possíveis contextos de produção da obra. Em seguida, incentive uma discussão sobre as diferentes formas de viver a infância, destacando como aspectos culturais e sociais podem influenciar e proporcionar, em maior ou menor grau, o aproveitamento dessa fase da vida.

• Recomenda-se pedir que a turma registre as respostas no caderno após as discussões, para que cada um possa sistematizar os conhecimentos.

• Ao propor a atividade 4, pode-se incentivar os estudantes a escolher mais de um elemento para compor a narrativa. Se necessário, retome os conhecimentos sobre ordem direta e ordem inversa das frases.

• R ecomenda-se convidar os estudantes para uma roda de conversa em que a correção das atividades será realizada. Incentive aqueles que se sentirem confortáveis para ler os textos criados com base na imagem. Enfatize a importância do trabalho com diferentes linguagens para a ampliação do repertório visual e verbal dos estudantes.

• O Capítulo inicia com a análise da obra do artista pernambucano J. Borges intitulada No meu tempo de criança. A imagem dialoga com o tema do Capítulo, pois os estudantes serão convidados a refletir acerca de diferentes cenas apresentadas, compreender como se organizam e, nesse sentido, entender aspectos da linguagem artística e como esta pode contribuir para a criação literária. Desse modo, os campos artístico-literário e da vida pública serão trabalhados ao longo das atividades, além do desenvolvimento do TCT Multiculturalismo: Diversidade Cultural.

Sugestões didáticas

Indicações

• Sugere-se assistir ao vídeo Mestre J. Borges em que o próprio artista conta sua trajetória no cordel e na ilustração em xilogravura.

MESTRE J. Borges. [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (7 min). Publicado pelo canal Vídeos Portal. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=Pa8-C3-CtrI&. Acesso em: 9 out. 2024.

Estudo Literário

(página 134 a 147)

Sugestões didáticas

• Sugere-se propor uma leitura inicial e coletiva do texto, de maneira que cada estudante escolha uma das personagens – Chicó ou João Grilo. Em seguida, peça uma leitura individual e silenciosa do texto, solicitando à turma que anote as principais percepções, observações e opiniões ao longo da leitura. Faça também uma leitura do Glossário, pedindo que os estudantes verifiquem se compreenderam o contexto em que o termo Leon Bloy foi usado no texto. Ao ler o esquema da página 138, para complementar a explicação sobre espaço, indica-se comentar com os estudantes que, quando eles encenaram Auto da Compadecida, o espaço cênico estabelecido foi o local onde essa encenação ocorreu (sala de aula, pátio etc.). O espaço dramático da cena, por sua vez, é a igreja.

Texto teatral

(página 136 a 140)

Respostas e comentários

1. d) Caso julgue pertinente, explique aos estudantes a função exercida por alguns profissionais do teatro: o sonoplasta cria, manipula e reproduz os efeitos sonoros e musicais; o ator interpreta as personagens; o cenógrafo cria cenários e o diretor supervisiona e conduz a montagem do espetáculo.

2. c) Comente com os estudantes que, geralmente, o ator pesquisa sobre o que é indicado pelo texto teatral antes de realizar a encenação. Essa pesquisa faz parte do estudo da personagem. Comente também que, ao indicar determinada referência cultural no texto secundário, o autor fornece pistas sobre o seu repertório, o que pode facilitar o processo de montagem e encenação do espetáculo.

3. Para realizar a atividade, se o número de estudantes na turma exigir que alguns grupos tenham três ou cinco integrantes, sugere-se as seguintes adaptações: em grupos de três, dois integrantes podem compartilhar o papel do palhaço; aos grupos de cinco, recomenda-se que dois integrantes dividam o papel do padre. Para a realização da atividade, sugere-se reservar 15 minutos da aula a fim de que os estudantes possam ensaiar seus respectivos papéis e, em seguida, apresentar o recorte de cena para a turma.

6. b) A mudança de atitude do padre reflete como as relações de poder influenciam seu comportamento. Inicialmente, ele age de acordo com seus princípios religiosos, mas, ao imaginar que está lidando com alguém influente, como o major, ele abandona suas convicções para se adaptar às demandas dele.

7. a) É possível perceber o uso de exagero e ironia na seguinte fala de João Grilo: “É, Chicó, o padre tem razão. Quem vai ficar engraçado é ele e uma coisa é o motor do major Antônio Morais e outra benzer o cachorro do major Antônio Morais”. Outro trecho em que esses recursos podem ser percebidos é nesta fala do padre: “Zangar nada, João! Quem é um ministro de Deus para ter direito de se zangar? Falei por falar, mas também vocês não tinham dito de quem era o cachorro!” – reforçada pelo texto secundário “desfazendo-se em sorrisos”, que indica o uso do exagero.

7. b) Espera-se que os estudantes percebam que exageros e ironias ajudam a construir uma crítica às hipocrisias sociais, especialmente no que diz respeito ao poder e à autoridade. Esses recursos permitem que o público reflita sobre as atitudes das personagens e, ao mesmo tempo, geram humor, contribuindo, assim, para o tom cômico do trecho.

Literatura de cordel e Movimento Armorial

(página 140 a 142)

Respostas e comentários

9. a) As orientações têm como função direcionar a montagem da peça, estabelecendo uma atmosfera que esteja de acordo com a obra. A escolha por um cenário simples e flexível, como o picadeiro de circo ou a igreja, permite que a encenação reflita o caráter popular da peça, ao mesmo tempo em que facilita a adaptação da obra em diferentes locais.

9. b) As histórias contadas na peça refletem o universo cultural nordestino, o que fortalece a conexão com os espectadores que compartilham essa realidade. Ao utilizar elementos da cultura popular e o humor, a peça se torna mais acessível ao público, permitindo que ele se identifique com as situações e com os personagens.

10. a) O cordel “O dinheiro ou o testamento do cachorro” utiliza elementos da tradição popular para criar uma crítica social através da sátira. A crítica expõe a discrepância entre a importância dada ao cachorro

e o desprezo pelos seres humanos em situações semelhantes. Ao se comparar o cordel com o trecho de Auto da Compadecida, é possível observar que a peça também usa a sátira para criticar as instituições e os comportamentos sociais. Em Auto da Compadecida, o humor surge da situação absurda de um padre que se recusa a benzer um cachorro, concordando apenas quando descobre que o cachorro pertence a uma pessoa poderosa.

11. a) A peça faz uso de expressões populares e elementos típicos da literatura de cordel, como trocadilhos e narrativas folclóricas, que conferem um tom regional à obra. Esse uso das expressões populares não apenas caracteriza as personagens e o cenário, mas também estabelece uma conexão direta com o público, especialmente com pessoas familiarizadas com a cultura nordestina. A utilização de expressões populares faz com que a peça dialogue diretamente com o imaginário popular. Essas expressões conferem à obra um tom de oralidade que reflete a tradição dos contadores de histórias e do cordel. Além disso, o recontar de histórias e o emprego de uma linguagem coloquial ajudam a criar um ambiente familiar, permitindo que o público se veja refletido na obra e se envolva mais profundamente com a trama e as críticas sociais apresentadas.

12. a) Espera-se que os estudantes reconheçam que a valorização das tradições culturais ajuda a reconhecer e afirmar a importância das raízes e das influências históricas, contribuindo para a formação da identidade cultural.

12. b) Espera-se que os estudantes identifiquem uma tradição popular da sua comunidade e pensem em formas de combinar essa tradição com elementos da arte erudita, percebendo que essa combinação não só traria uma nova perspectiva sobre a arte popular, mas também ajudaria a ampliar a compreensão e o apreço por essa expressão cultural.

A linguagem do texto

(página 143)

Respostas e comentários

14. A realização dessa atividade pode ser um momento pertinente para o trabalho com a escrita na perspectiva da análise linguística e do letramento científico permeado pela linguagem. Nesta etapa, os estudantes podem escrever pequenas rubricas e, com base na leitura delas para um colega, desenvolver uma metarreflexão sobre as escolhas linguísticas que pautaram a construção. Se possível,

promova discussões menos do ponto de vista da adequação gramatical e mais na perspectiva da metacognição. Isso porque os estudantes ainda terão muitos momentos para refletir sobre os elementos que constituem a sintaxe e os efeitos de sentido desses recursos no texto.

Diálogos

(página 144 a 147)

Respostas e comentários

3. c) A ausência de autoras mulheres pode ter influenciado a forma como histórias e tradições foram transmitidas ao limitar a expressão e o registro da literatura feminina. O cordel menciona que as mulheres estavam envolvidas em formas de literatura doméstica e oral, como nas cantigas de ninar, e na contação de história, mas essas práticas não eram valorizadas ou registradas formalmente. Sem a participação ativa dessas mulheres na criação literária oficial, muitas narrativas e perspectivas importantes foram invisibilizadas, o que resultou na transmissão parcial e limitada das tradições culturais.

4. a) O Movimento Armorial buscava unir a cultura popular nordestina, como a literatura de cordel, com elementos da cultura erudita e, por isso, se associa aos versos mencionados do cordel. O movimento valorizava a integração dessas duas esferas culturais mostrando que a arte popular tem a mesma profundidade e o mesmo valor que a arte erudita.

4. b) O termo espólio, geralmente, é utilizado para se referir a bens deixados por alguém após sua morte. No contexto do cordel, ele sugere que a literatura de cordel foi uma herança cultural trazida da Europa, mas que foi apropriada e transformada pelo povo nordestino. A escolha dessa palavra tem como efeito de sentido a ideia de que, embora tenha raízes europeias, o cordel foi adaptado e renovado para se adequar à realidade e às necessidades culturais do Nordeste brasileiro.

4. c) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reconheçam que a valorização da cultura popular, como a literatura de cordel, é fundamental para a construção de uma identidade cultural diversificada. A palavra alforria, no sétimo verso, sugere uma libertação cultural, pois o cordel serviu como meio de expressão e emancipação para o povo nordestino.

5. As características são o uso de rimas (no esquema ABABCC) e a estrutura em estrofes de sete versos (septilhas) com sete sílabas poéticas cada, que

facilitam a apreensão e a declamação do poema pelos repentistas. As rimas criam um ritmo sonoro que ajuda na memorização, pois a repetição de sons semelhantes permite prever a palavra final de cada verso. A estrutura em septilha e a regularidade métrica contribuem para a memorização, ajudando os repentistas a manter o ritmo da declamação ou a cantoria.

Oficina Literária

(página 148)

Sugestões didáticas

S ugere-se reunir a turma em um dia combinado previamente e, em um grande círculo, pedir aos estudantes que compartilhem as impressões acerca dos textos teatrais e das encenações dos colegas. Se julgar pertinente, é possível realizar a atividade em parceria com o professor de Arte.

Conexões com Arte

(páginas 149 e 150)

Sugestões didáticas

Nesta seção, serão apresentadas informações sobre a técnica de composição de xilogravuras, assim como será proposta a comparação entre duas xilogravuras de artistas brasileiros com base em critérios artísticos de sua composição, para que os estudantes possam refletir de forma mais detalhada e técnica sobre o estilo e o propósito dessa arte.

Respostas e comentários

1. É possível que os estudantes não compreendam rapidamente a temática e a paródia da primeira imagem; por isso, construa essa interpretação com eles gradativamente, por meio da leitura conjunta da imagem – se necessário, ajudando-os a buscar referências de seu repertório.

1. c) Na Imagem 1, percebe-se uma organização que envolve a centralidade da figura da mulher, com um entorno de santificação apresentado por meio de círculos – como, geralmente, ocorre nas figuras de santos. Acima e abaixo dessa centralidade da mulher, há elementos que remetem aos cometas (a estrela e os rastros) e ao inferno (a serpente). As partes estão em harmonia no espaço e compõem um único plano.

Na Imagem 2, há uma paisagem representada, o que torna o espaço mais caótico e complexo. Existem vários planos e perspectivas na representação da colheita, que mostra a retirada (à esquerda), o tratamento (ao centro) e a varredura (à direita), como se o processo estivesse ocorrendo diante do espectador, o que confere movimento à imagem.

Estudo do Gênero Textual

(página 151 a 163)

Sugestões didáticas

• O estudo do gênero textual projeto cultural, circunscrito ao campo de atuação da vida pública, tem como objetivo fornecer aos estudantes ferramentas necessárias para mapear e criar, por meio de práticas de linguagem, novas possibilidades de atuação social, política, artística e cultural. Dessa forma, busca-se promover transformações tanto na realidade pessoal dos estudantes quanto na comunidade a que pertencem.

• Antes de pedir a leitura do texto, sugere-se fazer as atividades do boxe Primeiro olhar, na página 151, para que os estudantes levantem hipóteses e antecipem conhecimentos com base nas próprias vivências e na interpretação das questões.

Respostas e comentários

• Ao conversar com os estudantes sobre a primeira questão do boxe Primeiro olhar , recomenda-se aproveitar a oportunidade para investigar as experiências prévias deles relacionadas ao teatro. É importante que eles tenham a noção de que as peças teatrais não precisam ser encenadas em um teatro para serem consideradas como tal. Peças encenadas em escolas ou em locais públicos e abertos da cidade são igualmente manifestações das artes cênicas. Como o projeto cultural apresentado nesta seção é para a montagem de uma obra voltada ao público infantil, é interessante também investigar se os estudantes tiveram acesso a essa experiência na infância. Solicite aos estudantes que a tiveram que compartilhem suas impressões com os colegas.

• Ao longo do Ensino Fundamental – Anos Finais (EFAF), é comum que os estudantes sejam incentivados a participar da produção de peças teatrais na escola. Sugere-se investigar, no momento de realização da segunda questão do boxe Primeiro olhar, se alguns estudantes da turma possuem essa experiência; em

caso positivo, faça algumas perguntas que os auxiliem a pensar nos aspectos necessários para uma montagem teatral: como foram os ensaios? Quais funções foram executadas? Além dos atores e dos diretores, quais foram as funções distribuídas entre os estudantes que participaram da produção? Quais tarefas foram cumpridas antes e depois da apresentação?

A linguagem do texto

(página 160)

Respostas e comentários

Estudo da Língua

(página 164 a 171)

Sugestões didáticas

Caso considere necessário tirar dúvidas em relação aos conceitos de Oração e Período nos boxes Conceito das páginas 164 e 165, pode-se explicar aos estudantes que a principal diferença entre os dois está na extensão e complexidade: a oração é uma estrutura individual, enquanto o período pode ser uma combinação de várias orações.

A respeito do boxe Aposto especificativo, na página 168, se considerar necessário, explique a classificação morfológica de adjetivo, correspondente ao aposto no nível sintático de análise.

Tipos de aposto

(página 166 a 169)

Sugestões didáticas

Explique aos estudantes que o aposto é comumente classificado em sete tipos (explicativo, distributivo, enumerativo, comparativo, resumidor, especificativo e de oração) e que, ao longo das atividades, serão abordados os apostos explicativo, enumerativo, resumidor e especificativo. Para aprofundar o conteúdo sobre aposto distributivo, comparativo e de oração, apresente cada um deles para os estudantes com as seguintes definições e exemplos.

Aposto distributivo: retoma as explicações sobre os termos, mas de maneira separada na oração.

Exemplo: Vitória e Ana foram vencedoras: esta na corrida, aquela na ginástica.

Aposto comparativo: termo que reforça ou acrescenta uma informação por meio de uma comparação com outro elemento da oração. Exemplo: O bolo, feito mágica, foi apreciado por todos os convidados da festa.

Aposto de oração: trata-se de uma oração com valor de aposto. Exemplo: As irmãs se dão muito bem, o que me deixa tranquila.

Respostas e comentários

7. c) As alternativas que explicam corretamente os versos são II e III. A alternativa I está incorreta, pois, no poema, o termo tudo inclui tanto os elementos materiais quanto as práticas culturais e espirituais, sem se limitar a um único aspecto. A alternativa IV está incorreta, pois tudo não se refere apenas às dificuldades, mas a uma combinação de tradições e aspectos culturais que fazem parte da vida nordestina. A alternativa V está incorreta, pois tudo não é usado de forma exagerada, pois esse termo engloba elementos significativos que realmente contribuem para a identidade cultural nordestina.

Atividades

(páginas 170 e 171)

Respostas e comentários

1. a) A principal ideia transmitida é a de que certos valores, como respeito, tolerância, delicadeza e amor ao próximo, são atemporais e devem ser sempre cultivados, independentemente das tendências ou modas passageiras (como diz o texto, eles “nunca saem de moda”). Esses valores são essenciais para uma convivência harmoniosa e não perdem sua importância com o tempo. A imagem das personagens, que mostra uma interação amigável e respeitosa entre uma pessoa em cadeira de rodas e outra caminhando, reforça essa mensagem, ilustrando que esses valores são aplicáveis em qualquer situação e promovendo a inclusão e o respeito mútuo.

3. c) A ordem sintática do texto no meme contribui para o humor ao quebrar as expectativas tradicionais de estrutura de frase. A construção coloca o papel de trouxa em destaque ao mesmo tempo que no visual é possível ver o alienígena querendo ir realizar essa função rapidamente e com toda determinação.

Oficina de Texto

(páginas 172 a 174)

Motivar a criação

(página 172)

Sugestões didáticas

• Para que os estudantes possam planejar melhorias no acesso à cultura em suas comunidades, é essencial que, inicialmente, reconheçam como esse acesso ocorre atualmente e reflitam sobre a situação. Essa etapa de mapeamento da realidade é fundamental para entender o cenário cultural vigente.

Pode-se incentivar os estudantes a perceber que o acesso, especialmente por parte das crianças, a apresentações teatrais pode despertar o interesse de um novo público na área de Artes Cênicas, contribuindo para a formação de novos apreciadores dessa forma de arte.

Planejar e elaborar

(páginas 173 e 174)

Sugestões didáticas

Considerando a realidade de um projeto cultural desenvolvido para a comunidade escolar, as etapas foram reduzidas, mas não perderam a profundidade. Cada passo no processo de construção foi cuidadosamente planejado para garantir a qualidade e o impacto do projeto.

Estudo em Retrospectiva

(página 175)

Respostas e comentários

1. O texto teatral é composto com a finalidade de ser encenado; por isso, conta com texto principal e texto secundário. O texto principal é composto de falas das personagens, e o texto secundário é composto de rubricas e diversas indicações para a equipe que trabalhará na montagem da peça. O texto teatral conta com dois espaços: o dramático, relativo ao espaço em que a história ocorre, e o cênico, relativo ao espaço em que a peça é apresentada. Além disso, o texto teatral conta com três dimensões de tempo: o tempo da escrita, momento em que o texto foi produzido pelo autor; o tempo

dramático, momento em que o enredo se situa; e o tempo real, tempo da apresentação.

2. A literatura de cordel é uma vertente literária que se desenvolveu na região Nordeste e tem raízes europeias. O cordel é um texto escrito em versos, geralmente rimados, que trazem histórias populares passadas oralmente entre as gerações, antes de serem escritas. Ele utiliza a sátira como ferramenta crítica, além de, em geral, exaltar personagens humildes e, com ironia, ridicularizar figuras de poder. O Movimento Armorial se relaciona ao cordel por ser um movimento que integra as expressões das culturas populares, como o cordel, à cultura erudita.

3. O projeto cultural é uma importante ferramenta de democratização da cultura. Por meio dele, artistas conseguem viabilizar seus projetos artísticos e disponibilizá-los para a sociedade.

4. Um projeto deve conter: identificação dos proponentes, identificação do projeto (objeto), objetivos, justificativa do projeto, equipe técnica do projeto (dividida em funções), contrapartida, cronograma e orçamento. O autor do projeto deve ter atenção ao texto, de modo a evidenciar todas as informações da maneira mais clara e completa possível e sem ambiguidades.

5. Os tipos de aposto e suas funções são: aposto enumerativo, que tem função de listar elementos que explicam ou detalham um termo; aposto explicativo, que tem função de explicar, esclarecer ou acrescentar uma informação adicional sobre um termo da oração; aposto especificativo, que tem a função de especificar, definir ou identificar melhor o substantivo a que se refere; aposto resumidor, que tem a função de resumir ou sintetizar os elementos citados anteriormente na frase.

6. A inversão da ordem direta da oração pode evidenciar o termo colocado no início do texto, dando ênfase a ele. Além disso, a inversão pode contribuir para o estilo do texto.

Refletir e avaliar

Sugestões didáticas

• Sugere-se possibilitar aos estudantes momentos de introspecção para que possam relembrar seu desempenho nas propostas do Capítulo. Com base em sua observação dos estudantes e das particularidades de cada um, ajude-os a construir, nas observações, estratégias para avançar em pontos em que precisem de ajuste e nos quais possam desenvolver as respectivas aprendizagens.

Capítulo 5 Sujeitos,

subjetividades e cidadania

(página 178 a 225)

Competências e habilidades do Capítulo

• Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10

Competências específicas: 1, 2, 3, 4, 6 e 7

Habilidades de Linguagens: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG201, EM13LGG202, EM13LGG203, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG401, EM13LGG402, EM13LGG601, EM13LGG602, EM13LGG603, EM13LGG604, EM13LGG701, EM13LGG702, EM13LGG703 e EM13LGG704

Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP04, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP08, EM13LP11, EM13LP12, EM13LP14, EM13LP15, EM13LP24, EM13LP25, EM13LP26, EM13LP27, EM13LP38, EM13LP42, EM13LP46, EM13LP48, EM13LP49, EM13LP50 e EM13LP52

Objetivos do Capítulo

Analisar as diferentes vertentes literárias da obra de Gregório de Matos, associando-as ao Barroco, ao seu contexto histórico e ao seu meio de divulgação literária. Compreender as características literárias do Parnasianismo, associando-as ao seu contexto histórico. C onhecer os elementos constitutivos da carta aberta e analisá-los do ponto de vista da linguagem, da estrutura, da função e dos meios de circulação.

• Identificar semelhanças e diferenças entre a carta aberta e a carta pessoal

• Conhecer as figuras de pensamento e seus efeitos de sentido em textos de diferentes gêneros.

• Reconhecer o sujeito como elemento essencial de uma oração e compreender os tipos de sujeito existentes.

• Identificar os elementos de uma carta aberta para a produção autoral do gênero.

Abertura do Capítulo

(páginas 178 e 179)

Sugestões didáticas

• O Capítulo começa com a análise de uma escultura produzida com componentes eletrônicos descartados. A escultura relaciona-se ao tema da reciclagem, pois é feita com materiais reutilizados, evidenciando a transformação de resíduos em arte. Esse tema dialoga com o foco do Capítulo, no qual os estudantes serão convidados a refletir sobre o TCT Meio

Ambiente: Educação Ambiental. Além disso, as propostas visam à compreensão de aspectos do campo artístico-literário e à discussão sobre cidadania, por meio da leitura de textos que abordam questões sociais e da escrita de uma carta aberta, o que reforça aprendizagens no campo da vida pública.

• Ao lerem a imagem, os estudantes são levados a compreender que os objetos foram organizados de modo a formar uma figura humana. Essa composição pode refletir a relação entre tecnologia, identidade e meio ambiente, ao destacar como o avanço tecnológico gera resíduos que podem ser reaproveitados de maneira criativa. A utilização desses materiais na arte ressalta a influência da tecnologia na vida humana e a necessidade de refletir sobre o impacto ambiental dos produtos eletrônicos.

Respostas e comentários

1. Os objetos foram organizados de maneira intrincada, recriando uma figura humana clássica e são uma releitura da tradicional Vênus italiana. A composição pode ser interpretada como um reflexo da dependência da tecnologia e de dispositivos tecnológicos variados, que estão profundamente misturados com a identidade humana, além de trazer uma crítica ambiental sobre o descarte de resíduos.

Estudo Literário

(página 180 a 191)

Respostas e comentários

• O objetivo da primeira questão do boxe Primeiro olhar , na página 180, é incentivar os estudantes a refletir sobre o modo como a relação entre contrastes poderá se estabelecer no poema; assim, é

possível antecipar algumas características específicas do movimento Barroco.

• A segunda questão do boxe Primeiro olhar tem como objetivo incentivar os estudantes a refletir sobre a influência que o período histórico poderia exercer na literatura de Gregório de Matos.

A composição poética de Gregório de Matos

(página 183 a 186)

Sugestões didáticas

Recomenda-se ler o texto introdutório com os estudantes e pedir a eles que registrem, no caderno, do modo como quiserem (esquema, palavras-chave, texto), as principais ideias a respeito da poética de Gregório de Matos.

Sugere-se propor a realização das atividades em duplas e, se for pertinente, pedir a leitura em voz alta dos poemas de Gregório de Matos transcritos na atividade 7.

Indicações

Se possível, apresente aos estudantes (ou peça que eles acessem nos próprios dispositivos eletrônicos) a versão do poema “À cidade da Bahia” musicada pelo cantor e compositor Caetano Veloso.

CAETANO VELOSO – Triste Bahia. [S. l.: s. n.], 2014. 1 vídeo (6 min). Publicado pelo canal Caetano Veloso. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_ amoeHb1xAY. Acesso em: 11 out. 2024.

Para ampliar o repertório dos estudantes acerca dos poemas de Gregório de Matos e aprofundar os conhecimentos deles sobre as fases religiosa, satírica e lírica do escritor, recomenda-se o livro a seguir.

MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos. Seleção, prefácio e notas: José Miguel Wisnik. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Diálogos

(página 188 a 191)

Sugestões didáticas

• Se necessário, revisite com os estudantes as características do movimento romântico, que eles já estudaram, preparando-os para a transição aos estudos do

Realismo e do Naturalismo, que serão abordados no próximo capítulo. Apesar de não ser o enfoque do estudo literário proposto nesta Coleção, a noção de cronologia literária pode facilitar a compreensão de relações entre literatura e contexto histórico.

• O poema “Vaso chinês”, de Alberto de Oliveira, é um exemplo claro de aspectos do Parnasianismo, destacando-se por seu caráter descritivo e pela valorização da “arte pela arte”. Se julgar pertinente, faça a leitura do poema com a turma a fim de explicitar essas características e aprofundar a compreensão do estilo (disponível em: www.academia.org.br/acade micos/alberto-de-oliveira/textos-escolhidos; acesso em: 11 out. 2024).

• Recomenda-se explorar as relações entre história e literatura e o modo como os fatores sociais e históricos influenciam nas produções literárias, o que contribui para o desenvolvimento das habilidades EM13LP48 e EM13LP49, bem como as competências específicas 1 e 6.

Refletir e argumentar (página 191)

Sugestões didáticas

• Neste boxe, os estudantes serão convidados a ler a letra da canção “Lucro (descomprimindo)”, cujo tema central é a relação entre crescimento urbano sem planejamento e os impactos ambientais decorrentes dessa política.

• Pode-se sugerir aos estudantes que, ao ler a letra, façam anotações sobre as principais ideias apresentadas. Isso contribuirá para o desenvolvimento da argumentação dos estudantes ao responder às questões propostas, além de ajudar a desenvolver a habilidade EM13LGG302 (“Posicionar-se criticamente diante de diversas visões de mundo presentes nos discursos em diferentes linguagens, levando em conta seus contextos de produção e de circulação”).

Indicações

• Se possível, apresente aos estudantes (ou peça que eles acessem nos próprios dispositivos eletrônicos) a música “Lucro (descomprimindo)”, da banda Baiana System. BAIANASYSTEM – Lucro (Descomprimindo). [S. l.: s. n.], 2016. 1 vídeo (4 min). Publicado pelo canal BaianaSystem. Disponível em: www.youtube.com/ watch?v=y7NJN0MFnTw. Acesso em: 11 out. 2024.

Estudo do Gênero Textual

(página 192 a 207)

Sugestões didáticas

• Sugere-se propor aos estudantes a leitura individual e silenciosa da carta aberta escrita pelas jovens ativistas pelo clima Greta Thunberg e Vanessa Nakate, pedindo que anotem o que chamou a atenção deles em relação às características do texto, como a linguagem, as construções sintáticas, a organização do gênero, entre outros aspectos que podem ser levantados ao longo da análise. A proposta aprofunda o trabalho com o campo de atuação na vida pública, uma vez que envolve questões de interesse coletivo entre os estudantes e aspectos relacionados ao protagonismo juvenil, além de permitir desenvolver a habilidade EM13LP26.

Em seguida, leia as biografias das duas jovens. Greta Thunberg é uma jovem ativista com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Se julgar pertinente, é possível utilizar a trajetória política dela para desenvolver uma visão anticapacitista com a turma. Para isso, sugere-se analisar o post de Greta sobre o tema (disponível em: https://revistaquem.globo.com/ QUEM-News/noticia/2021/04/greta-thunberg-sobre -autismo-ser-diferente-e-algo-de-que-se-orgulhar. html; acesso em: 11 out. 2024), que oferece boas possibilidades de trabalho didático ao abordar a ideia de estereótipo das deficiências ou transtornos, o aumento dos diagnósticos de autismo e as necessidades de ajustes sociais para que as pessoas autistas tenham uma vida autônoma.

Proponha que os estudantes se reúnam em duplas ou trios para realizar as atividades.

Conteúdo da carta aberta

(páginas 195 e 196)

Respostas e comentários

2. b) Os cidadãos serão informados sobre os grandes desafios que têm pela frente, e as pessoas que detêm o poder terão de prestar contas por suas ações ou por sua omissão diante dos acontecimentos. Dessa maneira, será mais fácil cumprir acordos, como o de reduzir as emissões de carbono. Caso seja necessário, peça aos estudantes que retomem

a leitura dos quatro últimos parágrafos da carta aberta, nos quais o pensamento que responde a essa questão é desenvolvido.

2. c) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes aproveitem a questão para exercitar o emprego de argumentos para sustentar a própria opinião. Caso algum estudante não concorde com a reivindicação apresentada na carta, explore a habilidade de ele efetuar movimentos argumentativos como o da contra-argumentação.

Composição e contexto da carta aberta

(página 197 a 203)

Sugestões didáticas

• Suger e-se ler com os estudantes o boxe Entre gêneros , na página 197, incentivando-os a refletir sobre as diferenças entre carta aberta e carta pessoal, a esfera de circulação e a função social de ambas, a fim de ampliar os conhecimentos acerca desses gêneros textuais, bem como compreender a importância deles para a vida pública e pessoal.

• Recomenda-se ler o boxe Ampliar, na página 199, que traz uma importante reflexão sobre o papel do enunciador, o que José Luiz Fiorin, retomando uma ideia do filósofo Aristóteles, entende como “ethos do enunciador”.

• A pós a leitura do esquema A função da carta aberta, na página 200, sugere-se solicitar aos estudantes que identifiquem, nos textos lidos, os trechos em que ocorre a reivindicação. Peça que analisem como essa estratégia contribui para persuadir o interlocutor. Realize também a leitura do esquema sobre a composição de uma carta aberta, na página 203, destacando como cada elemento estrutural reforça a intenção comunicativa do autor.

Indicações

• Suger e-se a leitura do livro de José Luiz Fiorin indicado a seguir, que oferece uma explicação aprofundada sobre o conceito de ethos do enunciador. FIORIN, José Luiz. Argumentação. São Paulo: Contexto, 2015.

Respostas e comentários

5. Essa atividade procura introduzir a reflexão acerca dos interlocutores da carta aberta, que será

aprofundada no próximo item, quando as características e a composição do gênero serão exploradas com maior detalhamento. No boxe Entre gêneros, na página 197, também será explicado que a carta aberta, ao contrário da carta pessoal – cujo conteúdo trata de assuntos que dizem respeito somente aos interlocutores nela envolvidos –, aborda assuntos referentes a questões de interesse coletivo e, por isso, alcança um maior número de interlocutores.

7. b) Semelhanças: as duas são ativistas ligadas às causas ambientais; ficaram mundialmente conhecidas; influenciam pessoas ao redor do mundo. Diferenças: Greta ficou mundialmente conhecida quando ainda era criança, aos 8 anos de idade, enquanto Vanessa teve esse momento na juventude, aos 24 anos. Greta ficou conhecida por protestar, enquanto Vanessa ficou conhecida por não ser apresentada ao público pela mídia quando tentou falar sobre a crise climática. Greta nasceu na Suécia, um país europeu considerado um dos mais desenvolvidos do mundo. Vanessa nasceu em Uganda, um país do continente africano com um antigo histórico de colonização e exploração, o que retardou o seu processo de desenvolvimento. Greta é considerada uma mulher branca, enquanto Vanessa é considerada uma mulher negra. Greta é uma ativista neurodivergente, enquanto Vanessa é neurotípica.

7. d) Respostas pessoais. Sugestões de resposta: 1. As duas são ativistas ambientais mundialmente conhecidas e, portanto, têm credibilidade para falar sobre o assunto; 2. As duas são consideradas representantes da juventude, que tem sido muitas vezes excluída das tomadas de decisão acerca da crise climática, mas que representa o grupo de pessoas que mais será atingido por suas consequências futuras; 3. Vanessa Nakate é uma representante das pessoas que não costumam ganhar visibilidade midiática para falar sobre o movimento climático, entre elas, os moradores do Sul Global; 4. Greta Thunberg é nascida na Suécia e é uma mulher branca, portanto pode ser considerada uma voz privilegiada, com visibilidade midiática suficiente para fazer a diferença no debate sobre a crise climática; 5. Greta Thunberg pode ser considerada uma representante das pessoas neurodivergentes, vozes que também precisam ser amplificadas no debate climático.

7. e) Respostas pessoais. Se julgar interessante, comente que Vanessa Nakate levou o Fridays For Future para Uganda. O movimento estudantil, também conhecido como Juventude pelo Clima

e Greve Global pelo Clima, foi inaugurado em agosto de 2018 pela ativista sueca Greta Thunberg. Pergunte aos estudantes se conhecem as iniciativas deste movimento no Brasil.

10. Essa atividade revisita conhecimentos acerca dos textos argumentativos abordados em ocorrências anteriores da seção Estudo do Gênero Textual, nas quais foram trabalhados os gêneros discurso de posse (Capítulo 6 do Volume 1) e debate (Capítulo 3 deste Volume). Caso seja pertinente, retome esses conteúdos com os estudantes.

A linguagem do texto

(páginas 204 e 205)

Respostas e comentários

13. a) É possível que os estudantes organizem o quadro de diferentes modos, selecionando períodos inteiros ou outras divisões de orações. Nesse caso, procure garantir que a turma analise os referentes adequados, conforme apontados na coluna Referente . Para manter a organização durante a correção, sugere-se anotar no quadro os referentes em análise, garantindo que as diferentes maneiras de divisão dos períodos não atrapalhe o desenvolvimento da questão. Também é possível que os estudantes não se lembrem dos termos usados para nomear os mecanismos de referenciação, mas é importante que reconheçam os processos utilizados. Se considerar necessário, é possível trabalhar as informações do boxe Referentes, na página 205, durante a correção da questão para formalizar o conteúdo. Resposta sugerida: 1. Período ou oração: “E as pessoas que têm a menor responsabilidade na geração da crise climática são aquelas que mais sofrem”. Referente: pessoas. Progressão: Nova ênfase, com acréscimo de novas informações. 2. Período ou oração: “Apesar de o Sul Global estar na linha de frente da crise”. Referente: Sul Global. Progressão: Referente inicial. 3. Período ou oração: “ele quase nunca está na primeira página dos jornais mundiais”. Referente: ele. Progressão: Forma pronominal para retomada de Sul Global 4. Período ou oração: “Ao passo que os meios de comunicação ocidentais se concentram em incêndios florestais na Califórnia ou na Austrália, ou em inundações na Europa”. Referente: Ao passo que os meios de comunicação ocidentais se concentram em incêndios florestais, inundações. Progressão: Marcador de avanço das ideias. Referente inicial.

Verbo reflexivo (concentrar- se), que retoma o referente meios de comunicação ocidental . 5. Período ou oração: “as catástrofes relacionadas ao clima estão devastando comunidades em todo o Sul Global, mas recebem escassa cobertura da mídia”. Referente: catástrofes. Progressão: Hiperônimo de incêndios e inundações.

Conexões com Biologia

(página 208)

Respostas e comentários

1. c) Liquens são organismos simbióticos compostos por uma alga (ou cianobactéria) e um fungo, que vivem juntos em uma relação mutuamente benéfica. Eles são frequentemente encontrados em superfícies como rochas e árvores e são conhecidos por sua capacidade de sobreviver em condições ambientais extremas.

1. d) Bivalves são uma classe de moluscos que inclui mariscos, mexilhões, ostras e vieiras. Eles têm duas conchas articuladas que protegem seu corpo mole e são filtradores, ou seja, obtêm nutrientes ao filtrar partículas da água.

2. A “facilidade de observação” se refere à capacidade de monitorar e identificar bioindicadores de maneira prática e eficiente, sem a necessidade de equipamentos complexos ou técnicas avançadas. A “interação com o ambiente” diz respeito à maneira como os organismos respondem às condições ambientais ao seu redor, refletindo-as. Esses critérios são importantes porque permitem que os bioindicadores forneçam informações rápidas e precisas sobre a saúde do ecossistema, facilitando a tomada de decisões e a implementação de ações de preservação.

3. Os liquens são úteis na detecção de poluentes atmosféricos em razão de sua alta sensibilidade às mudanças na qualidade do ar. Eles absorvem minerais e substâncias diretamente do ambiente, especialmente da água e do ar, o que os torna suscetíveis à poluição atmosférica. Além disso, os liquens crescem lentamente e permanecem fixos em um local, refletindo as condições ambientais ao longo do tempo. Isso permite que sejam usados como indicadores da presença e do nível de poluentes no ar.

4. Os bivalves são filtradores, isto é, acumulam substâncias presentes na água, refletindo as condições do ambiente em que vivem. Eles também são

sedentários, pois permanecem em um único local e, portanto, são representativos das condições ambientais específicas daquela área. Além disso, sua vulnerabilidade aos poluentes e sólidos em suspensão faz com que suas respostas biológicas sejam indicadores sensíveis da qualidade da água e do sedimento.

5. Nessa atividade, os estudantes devem reconhecer que os bioindicadores poderiam ser utilizados para identificar e estudar organismos locais sensíveis a mudanças ambientais, como liquens ou plantas específicas. O projeto poderia envolver a coleta de dados sobre a presença e as condições de saúde desses bioindicadores em diferentes áreas da comunidade, monitorando fatores como poluição do ar, qualidade da água e degradação do solo. Com base nas informações obtidas, ações de preservação poderiam ser implementadas, como a recuperação de áreas degradadas, o controle da poluição e a educação ambiental da comunidade, o que contribui para a manutenção e a melhoria da saúde do ecossistema local.

Estudo da Língua

(página 209 a 218)

Sugestões didáticas

• A análise linguística e semiótica apr ofundará o conhecimento dos estudantes sobre figuras de pensamento, como gradação, apóstrofe, hipérbole, eufemismo e prosopopeia (ou personificação ). Isso complementará os conceitos de antítese e paradoxo (ou oximoro), já explorados nos poemas barrocos apresentados na seção Estudo Literário deste Capítulo.

• Em um primeiro momento, sugere-se a leitura dos boxes com as definições das figuras de pensamento; ao apresentá-las, peça aos estudantes que pesquisem frases em textos de diferentes gêneros para que os conhecimentos sejam intencionais e construídos com base em uma postura autônoma.

Respostas e comentários

4. Recomenda-se acompanhar a discussão dos estudantes circunscrevendo-a às discussões propostas no texto, de modo que ela não manifeste juízos de valor a respeito do tema. Caso na turma haja estudantes moradores desses locais, possibilite a eles a

expressão de suas subjetividades em relação aos termos que designam tais espaços e questione-os se realmente há eufemismo no uso do termo comunidade em vez de favela

4. e) Espera-se que os estudantes discutam se, de fato, a problematização do texto está ligada ao conceito de eufemismo, que atenua de forma intencional a abrangência de um conceito.

5. b) Se considerar pertinente, retome com os estudantes também a presença da figura de palavra metonímia, já que Amazônia é tomada como um todo para se referir a uma parte (indígenas).

A língua em uso

(páginas 212 e 213)

Sugestões didáticas

O objetivo da proposta é incentivar os estudantes a identificar a crítica expressa pela ironia, uma figura de pensamento com um sentido específico. Embora frequentemente associada ao humor, a ironia também pode ser um poderoso recurso de crítica social.

Tipos de sujeito

(página 214 a 216)

Respostas e comentários

8. c) Os sujeitos são desinenciais (marcados pela flexão de primeira pessoa do plural) e composto (com dois núcleos), no caso da forma verbal agirem . O efeito de sentido é que, no contexto de uma coletividade social para a qual Greta e Vanessa usam recorrentemente o nós, incluindo também outros interlocutores da carta, elas atribuem a ação de agir a dois interlocutores específicos, os líderes e as mídias , para demarcar os responsáveis. Vale fazer uma observação aos estudantes: as remetentes da carta aberta usam o possessivo nossas para demarcar que líderes e mídias também fazem parte da sociedade na qual elas se incluem.

Oficina de Texto

(página 219 a 222)

Sugestões didáticas

• Para a escrita do texto, é essencial que os estudantes compreendam como os impactos da crise climática afetam a sociedade de diferentes maneiras. Os

eventos ambientais extremos têm atingido de forma mais intensa as populações mais vulneráveis, como pessoas pobres, negras, idosas, mulheres e crianças, além de comunidades indígenas, quilombolas, de pescadores, de agricultores familiares e pessoas que vivem em áreas de risco. A juventude, em especial, será a geração mais impactada pelas mudanças climáticas.

Indicações

• Para ampliar o repertório e contribuir para o desenvolvimento da argumentação dos estudantes, indicam-se os materiais a seguir.

O TEMPO virou. Entrevistadora: Giovanna Nader [S. l.: s. n., c2024]. Podcast. Disponível em: https://open. spotify.com/show/3H3kVmAAeuOLbZyuDINiWI. Acesso em: 9 out. 2024.

ENTENDENDO sobre as mudanças climáticas | Um Pacto pelo Clima #1. [S. l.: s. n.], 2023. 1 vídeo (6 min).

Publicado pelo canal Pacto Global da ONU –Rede Brasil. Disponível em: www.youtube.com/ watch?v=JGwcFHggW90. Acesso em: 12 out. 2024.

O QUE é o racismo ambiental? Carta capital, [s. l.], 15 jan. 2024. Disponível em: www.cartacapital.com. br/sustentabilidade/o-que-e-o-racismo-ambiental/. Acesso em: 12 out. 2024.

Motivar a criação

Sugestões didáticas

• S e você leciona em uma escola no Rio Grande do Sul, é importante acolher os relatos dos estudantes, mediando qualquer situação que possa causar desgaste emocional. Caso seja necessário, busque o apoio do psicólogo da escola. Para escolas em outras regiões, vale lembrar aos estudantes que todo o país se mobilizou para ajudar as pessoas desabrigadas pelas enchentes, o que torna essa tragédia um evento que, de alguma forma, afetou o Brasil inteiro.

Planejar e elaborar

Sugestões didáticas

• S e necessário, revise a estrutura da carta aberta e seus elementos fundamentais, pedindo aos estudantes que listem cada uma de suas partes. Esclareça eventuais dúvidas e enfatize a importância de reler e localizar os conteúdos trabalhados ao longo do Capítulo.

Capítulo 6 Trabalho e realidade social em

diferentes linguagens

(página 226 a 271)

Competências e habilidades do Capítulo

• Competências gerais: 1, 3, 4, 6, 7 e 10

Competências específicas: 1, 2, 3 e 6

Habilidades de Linguagens: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG201, EM13LGG202, EM13LGG203, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG601, EM13LGG602, EM13LGG603 e EM13LGG604

Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP04, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP28, EM13LP29, EM13LP31, EM13LP32, EM13LP34, EM13LP46, EM13LP48, EM13LP49, EM13LP50 e EM13LP54

Objetivos do Capítulo

Analisar a obra Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, associando-a ao Realismo no Brasil, ao seu contexto histórico e ao seu meio de divulgação literária.

C ompreender as características estilísticas, o contexto histórico e de produção literária do Naturalismo brasileiro, por meio da análise de O cortiço, de Aluísio Azevedo.

C ompreender as características literárias do Realismo e do Naturalismo, associando-os ao seu contexto histórico.

Conhecer os elementos constitutivos do gênero textual artigo científico e analisá-los do ponto de vista da linguagem, da estrutura, da função social e dos meios de circulação.

• Conhecer sintagmas verbais e predicação e seus efeitos de sentido em textos de diferentes gêneros.

• Reconhecer o predicado como elemento essencial de uma oração e compreender os tipos de predicado existentes.

• Identificar os elementos de um resumo de artigo científico.

• Produzir um resumo de artigo científico.

Abertura do Capítulo

(páginas 226 e 227)

Sugestões didáticas

• Pode-se incentivar os estudantes a pesquisar os termos cunhados por Ernst Haeckel. Se possível, convide o professor de Biologia para conversar com os estudantes.

• Ao observar a imagem, os estudantes podem formular hipóteses sobre os organismos utilizados na criação dos desenhos e investigar como eles foram encontrados e escolhidos para serem reproduzidos.

Estudo Literário

(página 228 a 242)

Sugestões didáticas

• Recomenda-se propor as questões do boxe Primeiro olhar, na página 228, antes da leitura de um dos capítulos de Memórias póstumas de Brás Cubas O objetivo das questões é permitir aos estudantes refletir sobre a construção literária, ativando os conhecimentos prévios, além de levantar hipóteses sobre as ideias presentes no texto que será lido.

O movimento realista

(página 230 a 232)

Sugestões didáticas

• R ecomenda-se a leitura dos boxes Realismo e Características do Realismo, na página 231, que explicam o movimento; durante a leitura, esclareça possíveis dúvidas sobre o assunto. Explique aos estudantes que o positivismo, desenvolvido por Auguste Comte (1798-1857), defende que o conhecimento deve se basear na observação empírica e científica e que a sociedade pode ser estudada de forma objetiva e sistemática. Essa teoria influenciou a abordagem científica e crítica do Realismo, que visava a uma representação mais fiel da realidade social e humana.

Respostas e comentários

2. e) Se julgar pertinente, explique aos estudantes que a incapacidade de Brás Cubas em reconhecer a dignidade e o valor do gesto do almocreve evidencia

um preconceito social enraizado, pois reflete uma visão de mundo em que as ações e as pessoas são valorizadas de acordo com sua posição social.

3. b) Não, Brás Cubas reconsidera sua decisão ao longo do capítulo. Inicialmente, ele decide dar três moedas de ouro ao almocreve, mas logo começa a questionar se essa quantia é adequada. Após refletir, ele decide reduzir a recompensa para apenas uma moeda de ouro e, depois, para um cruzado em prata.

3. c) Brás Cubas justifica sua mudança de atitude ao racionalizar que o almocreve, sendo um “pobre-diabo”, nunca tinha visto uma moeda de ouro e que, portanto, uma quantia menor seria suficiente para recompensá-lo.

4. b) A reação do almocreve faz com que Brás Cubas comece a questionar se foi generoso demais ao dar o cruzado em prata, considerando que talvez pudesse ter dado uma recompensa menor.

4. c) A interação revela uma dinâmica de poder desequilibrada. A satisfação do almocreve em receber o cruzado, apesar de Brás Cubas considerar a recompensa um exagero, evidencia as diferenças sociais que os separam: Brás Cubas vê o valor da recompensa de forma materialista e condescendente, enquanto o almocreve, por estar inserido em uma classe social menos favorecida, aceita com gratidão e faz reverências.

4. d) Espera-se que os estudantes reconheçam que a reflexão de Brás Cubas sobre a recompensa e o valor do trabalho do almocreve revela os preconceitos de uma elite que enxergava as classes mais baixas de forma utilitarista e desprestigiada, não reconhecendo plenamente sua dignidade, mas sem assumir esse posicionamento. Essa visão do protagonista reflete o Brasil do final do século XIX, marcado por grandes desigualdades sociais e por uma sociedade rigidamente estratificada.

A narrativa machadiana

(página 232 a 234)

Sugestões didáticas

• Ao trabalhar com as questões do item A narrativa machadiana , comente com os estudantes que o recurso de reflexão acerca da escrita e da construção do próprio enredo por parte do narrador é denominado metaficção, isto é, revelam-se propositalmente os mecanismos de produção de uma obra literária.

• S e possível, em colaboração com o professor de Inglês, apresente o vídeo da estadunidense Courtney Novak, para que se possam discutir alguns aspectos relacionados à língua e à cultura anglófona, além de observar semelhanças e diferenças em relação às informações apresentadas sobre o livro.

Indicações

• Há muitos estudos acadêmicos, artigos em revistas, sites e grupos de pesquisa sobre a obra de Machado de Assis. A indicação a seguir se deve ao fato de o autor ser um dos maiores especialistas na obra machadiana. SCHWARZ, Roberto. As ideias fora do lugar: ensaios selecionados. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2014.

A linguagem do texto

(páginas 235 e 236)

Respostas e comentários

13. d) Com base na afirmação IV, sugere-se explorar com os estudantes os efeitos de sentido do uso de verbos de ligação nos textos. Vale extrapolar a ideia de que o verbo de ligação conecta o sujeito a uma qualidade e oferecer aos estudantes uma investigação sobre os sentidos desse uso nos textos. Para tal abordagem, sugere-se usar o quadro sobre os verbos de ligação na página 236.

Diálogos

(página 237 a 242)

Sugestões didáticas

• A subseção apresenta um trecho de O cortiço, de Aluísio Azevedo, um dos principais escritores do Naturalismo no Brasil, estabelecendo uma conexão com o Realismo, especificamente com o trecho de Memórias póstumas de Brás Cubas estudado no início do Capítulo. Sugere-se aproveitar esse momento para revisar possíveis dúvidas sobre o Realismo e observar atentamente como as relações do Realismo com o Naturalismo serão exploradas ao longo das questões.

Respostas e comentários

• Ao propor a atividade 7, procure analisar a questão sob a ótica do TCT Economia: Trabalho, permitindo aos estudantes refletir sobre o acúmulo de riqueza

por meio de herança e da exploração de outras pessoas, especialmente das classes menos favorecidas, o que evidencia relações sociais desiguais. É fundamental que os estudantes compreendam que, em ambos os casos, os detentores dessas formas de riqueza não participam diretamente do processo de trabalho, o que reforça as disparidades na distribuição de recursos e poder na sociedade. Além disso, essa discussão oferece a oportunidade de conectar o conteúdo à realidade atual, possibilitando uma análise crítica sobre as estruturas econômicas e suas consequências sociais.

Estudo do Gênero Textual

(página 244 a 254)

Sugestões didáticas

Sugere-se propor aos estudantes a leitura individual e silenciosa do artigo sobre as vozes dos operadores de cortiços, solicitando que eles anotem os aspectos que mais chamaram a atenção, como a linguagem, as construções sintáticas e a organização do gênero, entre outros elementos relevantes para a análise. A proposta aborda questões sociais e históricas e, por meio da apresentação de dados, contribui para a compreensão do problema da moradia, promovendo o desenvolvimento da competência específica 1 e da habilidade EM13LP30.

Respostas e comentários

Ao tratar da primeira questão do boxe Primeiro olhar , na página 244, sugere-se pesquisar a resposta anteriormente para apresentá-la à turma, se necessário.

Conteúdo do artigo científico

(página 247)

Sugestões didáticas

• O objetivo do item é orientar os estudantes na leitura de um gênero textual que pode ser considerado mais complexo: o artigo científico. As atividades propostas têm como finalidade guiar a análise textual da turma, para que, posteriormente, munidos dessa compreensão, os estudantes possam aprofundar a análise das características específicas desse gênero.

• Recomenda-se ler com os estudantes o boxe A contextualização do tema no artigo científico , na página 247, incentivando-os a compreender a estrutura do gênero, o público leitor, a esfera de circulação e a função social desse texto.

Respostas e comentários

1. As questões apresentadas nesta atividade têm o objetivo de verificar se os estudantes compreenderam a contextualização do artigo científico, especialmente em relação à existência de cortiços. É importante incentivar a turma a não só localizar as informações e copiá-las, mas também a exercitar a paráfrase apresentando respostas com suas próprias palavras.

1. a) Sugere-se chamar a atenção dos estudantes para a indicação da fonte de referência da informação, organização de citação que será analisada adiante: (SEADE, CDHU, 2002).

1. e) Apresentar informações para situar o leitor no contexto em que está inserido o tema central do texto. No caso, o contexto são os cortiços. É importante que, ao longo das atividades, os estudantes compreendam que o objeto de pesquisa não são os cortiços, e sim os seus operadores. No entanto, para que o leitor do artigo compreenda essa figura que representa o tema central, é importante entender o contexto no qual ela está inserida, ou seja, os cortiços.

3. É o operador, seja ele intermediário ou proprietário, que tem a visão empresarial e estratégica para transformar um imóvel em um cortiço. Entre as funções que exerce estão: identificar um imóvel com potencial para se tornar cortiço, fazer as adaptações necessárias, definir os preços e as condições de moradia, pensar em soluções caso os acordos não sejam cumpridos, estabelecer os regimes de uso dos espaços compartilhados do cortiço, mediar disputas, fazer reparos emergenciais no imóvel, pagar as contas e dividir os custos entre os moradores.

Composição do artigo científico

(página 247 a 252)

Respostas e comentários

4. c) A formação acadêmica dos autores permite que eles tenham acesso às referências mais atualizadas da área com o objetivo de construir o artigo de maneira respaldada e de sustentar o argumento com base em referências corretas e confiáveis. O leitor do artigo científico, principalmente o especialista

na área, vai atribuir maior credibilidade ao artigo a depender da trajetória acadêmica e profissional dos pesquisadores que o produziram.

4. d) A revisão por pares é essencial para garantir a qualidade dos artigos científicos, pois permite que especialistas avaliem a metodologia, a validade dos resultados e a originalidade do estudo. Esse processo melhora a precisão, corrige falhas e assegura que apenas pesquisas relevantes sejam publicadas.

5. a) A citação direta é a transcrição literal e aparece entre aspas ou com recuo no texto; enquanto a indireta corresponde ao texto parafraseado, sendo referida em alguns casos com a fonte entre parênteses.

5. b) Com aspas (neste caso), mas aparece com recuo no caso de trechos mais longos. Trecho da citação direta: “Medidas de rigor devem ser tomadas para conter a exploração gananciosa dos que constroem sem consciência e dos que locam e sublocam prédios sem atenção às leis da moral e à vida de seus inquilinos” (São Paulo, 1893, apud Kowarick; ANT, 1994, p. 77). Paráfrase, sem aspas e sem recuo. Trecho da citação indireta: A exceção é o movimento organizado de luta por moradia reunido sob o nome de União de Lutas dos Cortiços (ULC), que politiza o termo cortiço como forma de denúncia da precariedade de uma situação que deve ser enfrentada pelo Estado (Neuhold, 2016).

6. d) Ao se refletir sobre a questão, pode-se incentivar os estudantes a apresentar opiniões sempre sustentadas por argumentos. Peça que eles procurem se colocar no lugar do público leitor do artigo científico lido. Como especialistas, eles gostariam da apresentação de um quadro mais complexo e diversificado? Ou isso, de fato, extrapolaria os fins de um artigo científico?

A linguagem do texto

(página 252)

Sugestões didáticas

• A seção propõe reflexões acerca do conceito de predicativo do sujeito, considerando o artigo científico apresentado.

• Sugere-se explicar aos estudantes que um texto científico deve aprofundar o conhecimento sobre seu objeto de pesquisa. No caso das Ciências Humanas, é importante esclarecer de qual perspectiva a pesquisa observa e analisa o objeto de investigação.

• S e considerar necessário, retome os estudos sobre verbos de ligação realizados no item A linguagem do texto da seção Estudo Literário

Conexões com Sociologia

(páginas 255 e 256)

Sugestões didáticas

• A atividade propõe uma reflexão sobre a interseção entre linguagem e ciência, destacando como ideias científicas, em determinados períodos, foram usadas para justificar violações dos direitos humanos. É importante discutir com os estudantes o conceito de Direitos Humanos, que, apesar da Declaração de 1789, só se consolidou em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, após o genocídio nazista. Para enriquecer as discussões, sugere-se parceria com professores de Sociologia e Biologia, a fim de aprofundar a compreensão sobre as consequências dessas teorias.

Respostas e comentários

1. b) Galton propôs que a humanidade fosse aprimorada por meio de casamentos seletivos, o que era considerado eugenia positiva. A eugenia negativa foi uma distorção estadunidense que considerou ser possível eliminar gerações futuras consideradas (sob critérios duvidosos) geneticamente incapazes, o que foi feito mediante esterilização obrigatória, proibição de casamentos e, em casos mais extremos, extermínio.

1. e) A linguagem é necessária na ciência porque permite que as ideias científicas sejam compartilhadas e discutidas, com a premissa de chegar à sociedade mais amplamente. É por meio da clareza de métodos, descrições, inferências e interpretações adequadas que a linguagem possibilita a disseminação e o avanço científico. A manipulação da linguagem pode acarretar distorções, mal-entendidos e notícias falsas em relação a descobertas científicas importantes.

1. f) Momentos históricos recentes envolvem a descrença nas descobertas relacionadas ao aquecimento global e às mudanças climáticas, na teoria da evolução, o que acarreta a disseminação do criacionismo, e na importância do processo de vacinação. Outro momento relevante foi o negacionismo em relação às descobertas científicas sobre a covid-19.

1. h) Respostas pessoais. É imprescindível subsidiar as discussões para a compreensão dos estudantes de que, embora o controle de doenças genéticas seja um objetivo científico adequado, há sérias implicações éticas, como a decisão entre o aceitável e o não aceitável em relação aos parâmetros eugênicos, ou entre o “melhor” e o “pior” para a humanidade. Outro ponto importante é discutir que esse tipo de seleção abre precedentes a ações discriminatórias e genocidas, como já ocorreu na história.

Estudo da Língua

(página 257 a 266)

Sugestões didáticas

O trabalho com a análise linguística e semiótica ampliará os conhecimentos dos estudantes acerca dos conceitos de sintagma verbal e predicação, além de apresentar os termos integrantes e os termos acessórios para a construção de orações.

Respostas e comentários

1. b) Sugere-se explicar aos estudantes que sintagmas verbais como “começavam as xícaras a tilintar” e “reatavam-se conversas interrompidas à noite” não só descrevem ações específicas, mas também criam uma sequência de eventos que reforçam o movimento contínuo de acordar e retomar atividades, respectivamente.

A língua em uso

(página 264)

Sugestões

didáticas

O objetivo desta proposta é apresentar aos estudantes textos com contextos completos para que possam analisar como os recursos sintáticos empregados influenciam os efeitos de sentido alcançados. As tirinhas são eficientes nesse propósito, pois simulam situações de oralidade e permitem uma análise bastante usual da língua.

Respostas e comentários

12. c) O Texto 2 faz uma crítica ao estilo de vida moderno, no qual muitas pessoas passam tanto tempo conectadas à internet que acabam se esquecendo da vida fora das telas. A personagem percebe que sua relação com o mundo físico está

limitada, a ponto de considerar “cama e travesseiro” como a vida fora da internet, o que sugere uma dependência exagerada das redes digitais.

12. d) O humor consiste na expectativa positiva criada ao se apresentar uma “linda e gloriosa manhã de domingo”, o que levaria o leitor a pensar em um dia agradável. No entanto, essa expectativa é rapidamente subvertida com a revelação de que, em poucas horas, essa manhã “vai se transformar na coisa mais desoladora e sombria de todos os tempos”, o “domingo à noite”. O humor surge dessa quebra de expectativa, ao transformar um dia até então perfeito em algo negativo e melancólico, uma sensação que muitos podem reconhecer e que gera identificação e riso pela situação cotidiana amplamente compartilhada e apresentada de modo exagerado na tirinha.

12. e) O adjunto adnominal linda e gloriosa qualifica o substantivo manhã , atribuindo-lhe características positivas e destacando o quão especial esse momento parece para as personagens. Ele realça a ideia de que o dia começa de maneira agradável, o que contribui para o contraste com o tom sombrio que é sugerido adiante na tirinha.

12. f) Os adjuntos adnominais desoladora e sombria qualificam coisa, conferindo-lhe um sentido negativo e enfatizando o quanto o domingo à noite é visto de forma pessimista pela personagem. Eles intensificam a transformação da “manhã linda e gloriosa” para uma situação desconfortável, criando um clima de melancolia.

12. g) O adjunto adverbial nas próximas horas indica o tempo em que ocorrerá a mudança de clima entre a “linda e gloriosa manhã de domingo” e o “domingo à noite”. Ele cria a expectativa de que a transformação negativa é iminente, contribuindo para o impacto do desfecho da tirinha. Olhando a tirinha como um todo é como se, no primeiro quadrinho, o panorama fosse positivo; em seguida, começa a mudar, desacelerando nas próximas horas; até a animação se esvair, ao se chegar no último quadrinho.

12. h) O adjunto adverbial um pouco mais modifica o verbo viver, indicando a intensidade do desejo da personagem de se desconectar da internet e aproveitar a vida real. Ele sugere que a personagem reconhece que tem vivido pouco tempo fora da internet, estando presa ao mundo virtual, mas que sua tentativa de mudança é gradual, o que reflete uma dificuldade em se desconectar totalmente.

Atividades

(páginas 265 e 266)

Respostas e comentários

1. d) Predicado Verbal com Verbo Transitivo Indireto (VTI) + Objeto Indireto (OI). Nesse predicado, o núcleo verbal reforça a ideia de que o verbo precisar é que vai enfatizar o sentido do cartum, demonstrando a força do consumismo de celulares expressa pela personagem.

2. a) A ideia de mudança e transformação está concretizada na figura de uma muda de planta que Armandinho segura. Ao demonstrar seu envolvimento com uma causa social, ele marca seu interesse em mudar o mundo, mesmo estando sozinho naquele espaço, mas reconhecendo que existem outras pessoas envolvidas na tarefa.

2. b) Com base na imagem do quadrinho é possível depreender que Armadinho está vinculado à causa ambiental. A inserção da muda de uma planta no contexto da tirinha marca a presença das discussões climáticas e ambientais no texto.

2. c) A construção sintática do segundo quadrinho acontece com o uso das formas verbais estou e estamos, conectadas aos sujeitos eu e nós, respectivamente, e aos seus predicativos sozinho, espalhados. Esse uso por si só transmite a ideia de uma oposição sintática, mas, além disso, também há o uso de um verbo de ligação com sentido de estado, que afirma que, naquele momento, não estão juntos fisicamente.

3. c) Tanto fugir quanto aproximar são verbos transitivos indiretos e exigem como complemento um objeto indireto, ou seja, um complemento ligado ao verbo por meio de preposição – no caso, a preposição de.

4. a) No meme, a imagem e o texto verbal se complementam e reforçam ideias similares. A ideia de não conseguir fazer dieta expressa no texto verbal é confirmada na imagem com o gato chorando por ter de comer alface.

5. a) Essa confiança foi importante porque permitiu que os entrevistados se sentissem seguros para fornecer informações sem que houvesse receio de julgamento ou desconfiança, o que facilitou o processo de coleta de dados e a veracidade das informações compartilhadas.

5. b) O texto deixa claro que não houve o objetivo de fazer julgamento moral das ações dos operadores de cortiços. A postura adotada foi de neutralidade, com o foco voltado para a obtenção das informações de maneira objetiva e sem questionar a moralidade das ações dos entrevistados, o que garantiu que as entrevistas fossem conduzidas sem preconceitos. Essa é uma postura típica no cenário de pesquisa.

5. c) O complemento verbal é da veracidade das informações. Ele completa o sentido do verbo desconfiar, que é transitivo indireto e exige uma preposição (de) para indicar o alvo da desconfiança. O complemento indica o que não era objeto de suspeita nas entrevistas, esclarecendo que o objetivo não era questionar a veracidade das informações fornecidas pelos operadores de cortiços.

5. d) O complemento nominal é da confiança . Ele completa o sentido do substantivo construção. O complemento nominal adiciona um contexto ao substantivo, especificando aquilo que foi construído.

Oficina de Texto

(página 267 a 269)

Sugestões didáticas

• Com o objetivo de ampliar o repertório dos estudantes, é importante realizar a leitura do editorial e extrair dele as principais ideias apresentadas. Essas ideias servirão de base para orientar a escrita do texto, uma vez que o editorial demonstra os elementos constitutivos de um resumo de artigo e explica, de forma detalhada, o processo de submissão de um artigo a uma revista científica.

Motivar a criação

Respostas e comentários

1. b) Recomenda-se avaliar se os estudantes conseguiram identificar as diferenças entre os dois tipos de resumo. O resumo não estruturado, que não é dividido em seções, é mais comum nas áreas de Linguagens e Ciências Humanas. Caso julgue pertinente, apresente aos estudantes o texto da Biblioteca da Faculdade de Educação da USP com os exemplos de resumo estruturado e de resumo não estruturado (disponível em: https://biblioteca.fsp.usp.br/guia/a_cap_05. htm; acesso em: 14 out. 2024).

Oficina de Projetos

Cartilha de combate ao bullying

(página 272 a 284)

Competências e habilidades do Projeto

• Competências gerais: 1, 2, 4, 7, 8 e 9

Competências específicas: 1, 2, 3, 4 e 5

Habilidades de Linguagens: EM13LGG102, EM13LGG204, EM13LGG305, EM13LGG402 e EM13LGG502

Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP12, EM13LP15, EM13LP18, EM13LP27, EM13LP34, EM13LP35, EM13LP47, EM13LP51 e EM13LP53

Objetivos do Projeto

Investigar as causas e as consequências do bullying

Reconhecer diferentes tipos de bullying.

Produzir uma cartilha de conscientização sobre bullying.

Estudar a proposta

(página 272 a 275)

Sugestões didáticas

Nesta introdução ao tema “bullying”, optou-se por uma abordagem que mostrasse aos estudantes que esse fenômeno não pode ser entendido apenas como um problema individual e localizado na escola.

A proposta é relacionar o bullying à dimensão social, ajudando-os a reconhecer como as relações estruturadas na sociedade influenciam esse comportamento. Essa compreensão inicial visa despertar nos estudantes uma visão mais ampla e crítica sobre a questão, antes de propor uma discussão mais detalhada sobre os tipos de bullying. É importante que os estudantes compreendam essa intersecção entre o social e o individual para perceberem que o bullying escolar não acontece de forma isolada, mas está profundamente vinculado às dinâmicas e preconceitos sociais.

• Para contextualizar o tema, é recomendável evitar exemplos que envolvam situações ocorridas no cotidiano da sala de aula ou da escola. Esses exemplos

podem gerar gatilhos emocionais nas pessoas envolvidas ou reabrir questões já superadas entre os estudantes. Uma alternativa mais apropriada é ampliar a discussão com exemplos da mídia, da literatura, de filmes ou seriados, o que permite uma abordagem mais segura e imparcial.

• O trecho escolhido de “A caolha” foca a temática trabalhada no Projeto, mas o conto tem um desfecho surpreendente. Se julgar pertinente, trabalhe com o levantamento de hipóteses ou mesmo com a construção de um desfecho pelos estudantes. Caso identifique a oportunidade de explorar toda a narrativa, sugere-se a leitura completa do conto de Júlia Lopes de Almeida, que faz parte da coletânea Ânsia eterna (disponível em: www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/580577/ Ansia_Eterna_2ed.pdf; acesso em: 15 out. 2024).

Indicações

• Caso identifique a necessidade de ampliar a discussão sobre bullying, sugerem-se algumas leituras. CORSALETTE, Conrado; PELLEGRINI, Aline. O caso da filha de Samara Felippo. E o racismo nas escolas. Nexo Jornal, [s. l.], 30 abr. 2024. Disponível em: www. nexojornal.com.br/podcast/2024/04/29/racismo -escola-sao-paulo-vera-cruz. Acesso em: 15 out. 2024. CRUZ, Elaine Patricia. Bullying: combate deve ser feito de forma coletiva e intersetorial. Agência Brasil, São Paulo, 7 abr. 2023. Disponível em: https:// agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2023-04/ bullying-combate-deve-ser-feito-de-forma-coletiva-e -intersetorial. Acesso em: 15 out. 2024.

Respostas e comentários

1. c) No ambiente escolar, o filho é ridicularizado e apelidado de “filho da caolha”, o que gera grande sofrimento e vergonha. Ele tenta resistir ao bullying afirmando sua identidade ao dizer “Eu tenho nome!”, mas é constantemente humilhado pelos colegas. Toda essa situação provavelmente causa um grande impacto emocional no menino, contribuindo para seu afastamento da mãe.

1. d) A fala “Eu tenho nome!” mostra o desejo do filho em resistir aos ataques sofridos, ao mesmo tempo que procura se desvincular da identidade ligada à sua mãe e ao apelido ofensivo. A fala também abre interpretação para a tentativa do menino em afirmar sua própria identidade e escapar do estigma de ser “o filho da caolha”. No geral, esse trecho revela seu desconforto em relação à maneira como é tratado pelos colegas.

1. e) O apelido simboliza a marginalização tanto da mãe quanto do filho. Socialmente, ele reforça o desprezo que ambos sofrem: a “caolha” é vista como um ser repulsivo, e o filho carrega o peso desse estigma. Além disso, o apelido contribui para os conflitos emocionais do filho, que, apesar de amar a mãe, sente vergonha dela, e da própria mãe, que, mesmo sendo rejeitada, continua a amá-lo incondicionalmente.

2. Para os autores, o bullying escolar reflete as dinâmicas das relações sociais mais amplas. Isso significa que o fenômeno não pode ser isolado como um problema apenas da escola ou da família, uma vez que está diretamente ligado a normas, valores e estruturas sociais que influenciam o comportamento das pessoas. Assim, discutir o bullying passa por considerar o que se chama aqui de “assimetrias sociais”.

3. O compromisso sugerido pelos pesquisadores é o de entender o bullying escolar como um reflexo das relações sociais estruturadas. Isso amplia a compreensão do tema ao situá-lo dentro de um contexto maior, que inclui não apenas a escola e os indivíduos, mas também as normas e estruturas sociais que influenciam comportamentos e interações. Nesse sentido, a escola posiciona-se ainda mais como um espaço que reflete as dinâmicas e os valores da sociedade na qual está inserida.

Buscar inspiração

(página 275 a 277)

Sugestões didáticas

A proposta do clube do livro tem como objetivo ampliar o repertório dos estudantes sobre o bullying, além de incentivá-los a explorar a leitura por meio de uma temática relevante para o contexto deles. Recomenda-se que leiam obras que abordem o bullying, conectando-o a questões sociais mais amplas, indo além da violência em si, e reconhecendo-o como uma reprodução de desigualdades sociais. Dessa forma, a leitura poderá expandir a compreensão do fenômeno, ajudando os estudantes a entender, de um ponto de vista mais complexo, as causas e consequências do bullying

• Na primeira etapa, considerando a divisão das etapas de trabalho, se possível, acompanhe os grupos em sua organização e ajude-os em momentos mais pontuais, como na seleção de livros (é importante escolher obras disponíveis para todos os estudantes). Pode ser interessante acompanhar também o momento de discussão

sobre as obras, com o objetivo de ampliar o campo de visão do grupo para o fenômeno em debate.

• Na terceira etapa, recomenda-se orientar os estudantes a focar no tema central, o bullying, e a sugerir obras que explorem essa temática, considerando também sua intersecção com questões sociais, como preconceitos e desigualdades. Nessa etapa, é fundamental que o grupo consulte a biblioteca da escola ou do município para verificar a disponibilidade das obras e garantir que todos os leitores possam acessar os livros selecionados. Se for preciso, sugira outras leituras.

• Também é possível fazer o levantamento de obras digitais, que podem proporcionar um acesso mais fácil aos textos. Entretanto, como a ideia é que seja um clube do livro, o ideal é priorizar obras impressas. Abra exceção para livros digitais apenas na falta de exemplares para a turma ou se uma obra muito significativa e relevante para a discussão estiver disponível apenas na versão digital.

• Na quinta etapa, para os momentos de discussão sobre as leituras, a depender da maturidade e do nível de comprometimento da turma, avalie a possibilidade de adotar o método da cumbuca. A metodologia foi criada pelo empresário, professor e mestre Vicente Falconi (1940-) e é descrita no livro O verdadeiro poder, de 2009. Trata-se de uma forma de incentivar a leitura prévia e garantir que todos estejam dedicados no momento de discussão. Na metodologia, os nomes de todos os envolvidos são colocados em papéis numa cumbuca no início da discussão; o nome sorteado será responsável por conduzir a discussão, ou seja, vai facilitar a conversa. Se a pessoa sorteada não tiver feito a leitura previamente, o encontro é suspenso e a discussão é adiada para um momento posterior, até que todos tenham lido.

Dividir tarefas e empreender

(página 277 a 282)

Sugestões didáticas

• Se for possível, recomenda-se apresentar, na primeira etapa, outras cartilhas aos estudantes. Uma abordagem que pode ser interessante é o trabalho descritivo: os estudantes veem cartilhas sobre os mais variados temas e descrevem as características em comum entre elas. Esse trabalho consome mais tempo, mas tem a vantagem de deixar os estudantes como protagonistas do seu próprio aprendizado. Caso não seja

possível, a apresentação do quadro com o resumo das características pode ser feita de forma gradativa, com os próprios estudantes completando as informações.

• Na segunda etapa, mais uma vez, recomenda-se cuidado para não permitir que os estudantes apresentem exemplos de cada um dos tipos de bullying com base em situações reais. Isso pode expor pessoas e levantar gatilhos emocionais desnecessariamente. Pode-se fazer um combinado prévio com a turma para que todos tragam apenas exemplos da literatura, filmes, seriados etc. Exemplos fictícios criados pelo professor ou pelos estudantes podem ser baseados em fatos e reconhecidos por outras pessoas; por isso, não são recomendados. Em relação aos critérios de pesquisa, uma opção é transformá-los em uma lista de checagem que os próprios estudantes possam organizar. Recomenda-se dar-lhes autonomia no processo de escolha; no entanto, mantenha-se como o responsável pela decisão final das obras. Sugere-se cautela com critérios excessivamente rigorosos, a fim de evitar que se descarte uma obra interessante por causa de uma ressalva menor.

Na quinta etapa, para auxiliar o Grupo 2 na revisão do texto, ajude-o a compreendê-la como uma etapa que vai além da revisão normativa e abrange também ajustes comunicativos. Pode-se incentivar o grupo a revisar o texto com olhar de edição, buscando melhorar a clareza e a compreensão dos sentidos expressos na cartilha.

É impor tante destacar que um texto destinado ao grande público deve estar em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, mas sem perder a acessibilidade. Reforce que desvios gramaticais podem comprometer a credibilidade do produto que estão desenvolvendo.

O Grupo 3 poderá construir a experiência visual da cartilha usando o laboratório de informática da escola. Pode-se orientar os estudantes a usar ferramentas digitais que estejam disponíveis e que possam ajudar na diagramação, como a plataforma Canva (disponível em: www.canva.com/pt_br/; acesso em: 15 out. 2024).

• Se for possível, incentive os estudantes a desenvolver projetos paralelos à cartilha, como folhetos, banners digitais e apresentações de slides que resumam seu conteúdo. Esses materiais complementares podem fazer parte de uma campanha de divulgação, direcionando o público ao produto final.

• Na sexta etapa , o grupo 4 poderá aproveitar os recursos visuais criados pelo grupo de diagramação

e criar um ambiente on-line para hospedar a cartilha. As redes sociais da escola são uma boa opção, mas não se limite a elas. A criação de um site destinado especificamente a esse projeto é uma possibilidade que as plataformas digitais podem proporcionar com mais facilidade.

Indicações

• SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Bullying : Projeto Justiça nas Escolas. 3. ed. Brasília, DF: Conselho Nacional de Justiça, 2016. Disponível em: https:// bibliotecadigital.cnj.jus.br/handle/123456789/362. Acesso em: 15 out. 2024.

• BARBOZA, Miriane da Silva Santos (coord.). O bullying no contexto escolar: estratégias de combate e de prevenção à luz da psicologia escolar educacional João Pessoa: Universidade Federal da Paraíba, 2020. Disponível em: www.ufpb.br/eebas/contents/noticias/ bullying-no-contexto-escolar/cartilha-final-bullying -no-ambiente-escolar.pdf. Acesso em: 15 out. 2024.

Avaliar e recriar possibilidades

(página 282 a 284)

Sugestões didáticas

• A aut oavaliação é uma ferramenta fundamental para o sucesso de qualquer projeto. Ela permite que cada participante identifique pontos fortes e pontos a melhorar ao longo do processo. Esse autoconhecimento ajuda a ajustar estratégias, corrigir falhas e gerir melhor o tempo, garantindo que o trabalho final seja entregue da melhor forma possível. Tendo isso em vista, sugere-se usar o processo de autoavaliação para dar devolutivas sobre o desenvolvimento dos estudantes e para tornar ainda mais visível o processo de aprendizagem de cada um.

• Além de melhorar o desempenho individual, a autoavaliação do grupo também favorece um crescimento contínuo e mais alinhado com as metas estabelecidas. Incentive os estudantes a discutir os resultados das avaliações e a usar essas reflexões para traçar um plano de ação claro, com ajustes nas responsabilidades e no gerenciamento de tempo. Isso fortalecerá o comprometimento e a participação de todos no projeto. Atente para eventuais avaliações não condizentes com a realidade; os estudantes podem querer beneficiar seus amigos mais próximos ou prejudicar colegas com quem não tenham proximidade.

Transcrições dos podcasts do Volume 2

Podcast 1

O fenômeno dos podcasts jornalísticos

[Música de transição]

Não é nenhuma novidade que as mídias digitais impactaram a produção e a circulação de informações. Você já deve ter percebido que é cada vez mais comum as pessoas se informarem por meio de conteúdos publicados nas redes socais e nas plataformas de streaming

Nesse cenário, os podcasts se tornaram um dos principais meios de circulação do jornalismo. Ao ouvir um podcast, a gente se aproxima dos assuntos tratados de uma maneira que a imprensa escrita, como jornais e revistas, dificilmente pode proporcionar.

Os recursos da oralidade, os efeitos sonoros, a edição e as possibilidades narrativas desse tipo de mídia contribuem para transmitir a informação de forma atrativa, que envolve o público.

[Música de transição]

Mas vamos combinar: divulgar notícias em áudio não é exatamente uma novidade no jornalismo brasileiro. O rádio, com suas ondas de longo alcance, foi a primeira mídia de massa no Brasil. Então, durante muito tempo, boa parte da população se informava embalada pela voz dos radialistas do século passado.

Quando os podcasts surgiram, na esteira da revolução digital desencadeada pela internet, essa familiaridade do brasileiro com as ondas sonoras ganhou uma nova roupagem. E não demorou muito para que os podcasts se tornassem tão populares por aqui.

Hoje em dia, a maioria dos jornais, portais de notícias e emissoras de TV produz seus podcasts, tornando mais acessível e diversificado o conteúdo jornalístico. Até emissoras de rádio estão apostando nos próprios podcasts, que já viraram um fenômeno no Brasil.

De acordo com uma matéria da revista Exame, um estudo publicado pelo DataReportal 2023 “indica que 42,9% dos brasileiros com acesso à internet, na faixa etária de 16 a 64 anos, escutam podcasts semanalmente”.

[Música de transição]

Existem diversos tipos de podcasts jornalísticos, com temas, abordagens e estilos variados. Um deles é o podcast de entrevista, em que um ou mais apresentadores batem papo com diferentes convidados em cada programa. Esse formato ficou muito comum em plataformas que permitem vídeo, o que favorece o compartilhamento de pequenos trechos, os chamados “cortes”, ampliando a divulgação do podcast.

Nas entrevistas, de modo geral, algumas marcas da oralidade se apresentam em abundância: pausas, interjeições, variações na entonação etc., que são características de uma conversa espontânea. Ainda que as entrevistas sigam uma pauta e um planejamento prévio, geralmente, a conversa é descontraída e informal.

Mas entre os podcasts jornalísticos também existe espaço para formatos mais tradicionais, em que os repórteres e os comentaristas informam e analisam os fatos do dia ou da semana. Especialistas também podem ser chamados para explicar e contextualizar os temas abordados.

Nesses podcasts, os jornalistas costumam usar uma linguagem mais formal e objetiva, como podemos observar nesse trechinho do podcast Café da Manhã, produzido pelo jornal Folha de São Paulo.

[Trecho de áudio extraído de podcast]

“O café de hoje explica como as olimpíadas de Paris tornaram Rebeca a maior atleta do Brasil nos jogos. Primeiro a gente conversa com o jornalista Marcos Guedes, enviado da Folha a Paris, que conta como foram os dias da Rebeca na capital francesa.”

Nos últimos anos, tem se tornado muito popular um terceiro formato, o chamado podcast narrativo, que se aproxima bastante do gênero reportagem. Nesses podcasts, os apresentadores narram, em profundidade, uma história que aconteceu, fruto de uma reportagem que, muitas vezes, levou meses ou anos de pesquisa para ficar pronta. Eles são, de modo geral, apresentados em vários episódios e divididos em temporadas. Mas também existem podcasts narrativos que não são séries e que apresentam histórias diferentes a cada episódio.

E qual seria o motivo do sucesso dos podcasts no campo jornalístico? Como todo radialista das antigas sabe, a voz e a narrativa oral aproximam os jornalistas dos ouvintes. Isso porque a oralidade tem muitos recursos que a escrita não tem e que produzem diferentes efeitos de sentido. Vamos ver um exemplo?

[Trecho de áudio extraído de podcast]

“Eu vou falar um pouco da história do Chile porque ela é fundamental para entender a história do Antônio, do Rodrigo e da Bianca. O Chile, como você já deve ter visto no mapa, é um país espremidinho na costa oeste da América do Sul, ou seja, ele fica do lado oposto das cidades mais populosas do Brasil. E por uma questão de placas tectônicas, que eu não vou me estender aqui, a costa do oceano Pacífico, é bem mais montanhosa do que a costa do Atlântico.”

Essa é a jornalista Natália Silva explicando detalhes da geografia do Chile em um episódio do podcast Rádio Novelo Apresenta. Perceba que ela se dirige ao público e usa a palavra “espremidinho”, que dá um tom informal à narração. O episódio conta a história de perseguidos políticos da ditadura chilena nos anos de 1970, mas os recursos utilizados transmitem a sensação de que estamos diante de algo próximo, tanto no tempo quanto no espaço. A entonação e o timbre da voz da apresentadora contribuem para criar essa proximidade com o ouvinte. E tem também a trilha sonora, que ajuda a ambientar a narrativa.

[Música de transição]

Outro aspecto que aproxima o público é a informalidade. A linguagem coloquial e descontraída torna os podcasts mais envolventes do que os jornais do passado. A qualidade dos conteúdos também é fundamental para conquistar o público, que, em geral, é bastante fiel e acompanha regularmente os conteúdos publicados.

E, você? Costuma ouvir podcasts jornalísticos para se informar? Tem algum podcast preferido que recomendaria a seus amigos?

[Música de transição]

Créditos:

O trecho do podcast Café da manhã está disponível no Spotify. O trecho do episódio “Os onzes” está disponível no canal Rádio Novelo, no YouTube. A música “Lazy Laura”, de Quincas Moreira, foi retirada da Biblioteca de áudio do YouTube.

Podcast 2

“Internetês”: a linguagem das redes

[Música de transição]

Você já parou para pensar na quantidade absurda de informações que recebemos todos os dias pelo celular?

Muitos de nós passamos o dia inteiro lidando com mensagens de aplicativos, posts em redes sociais, anúncios diversos e notícias que são publicadas e compartilhadas a todo instante. São tantas notificações que, se pararmos para prestar atenção em cada uma, não conseguiremos executar nossas tarefas do dia a dia.

Na verdade, isso já acontece bastante, né? A exposição excessiva aos conteúdos da internet tem afetado nossa interação presencial com as pessoas e nossa capacidade de foco e concentração. E há um outro aspecto desse fenômeno que também merece destaque: as mudanças que a comunicação virtual vem provocando na linguagem.

[Música de transição]

As línguas são vivas e dinâmicas e estão sempre se modificando de acordo com seus usos e contextos. Na internet, nós estamos o tempo todo produzindo e acessando textos, seja pela fala, seja pela escrita, seja por meio de recursos audiovisuais.

E cada rede social tem a sua linguagem própria, ou seja, tem limitações que interferem diretamente nos conteúdos publicados. Em algumas redes, fotos e vídeos são o principal formato das postagens; enquanto em outras também há espaço para publicação de textos mais longos, acompanhados ou não de imagens. Há também aquelas em que são permitidos apenas vídeos curtos, de no máximo três minutos; e outras em que as postagens têm limite de caracteres. Além disso, nas redes sociais são usados diversos recursos visuais, como emojis, GIFs e stickers (ou figurinhas).

[Música de transição]

Essa nova dinâmica de comunicação tem um impacto direto na forma como nos expressamos. A linguagem usada nas redes é, de modo geral, mais sucinta e de fácil compreensão. Isso significa que os textos são mais breves e informais, muitas vezes compostos por frases curtas e soltas ou pequenos blocos de texto.

Também há uma tendência a se escrever como se fala. Por isso, a oralidade é uma marca da comunicação virtual, assim como o uso de abreviações e siglas no lugar de palavras e de letras maiúsculas para destacar emoções ou uma entonação diferente.

[Música de transição]

Pesquisadores destacam que a linguagem usada na internet já possui características próprias e pode ser considerada um caso de variação linguística.

É o chamado “internetês”, uma linguagem gráfica e visual que tem como objetivo facilitar e dinamizar a

comunicação escrita. Essa forma de comunicação surgiu com as mensagens de texto (SMS) e foi se expandindo com as novas tecnologias de comunicação.

[Música de transição]

Se você usa redes sociais e aplicativos de mensagens, já sabe do que estamos falando. Aposto que, quando você fala com seus amigos, muitas vezes escreve as palavras abreviadas, sem as vogais, usa a letra “h” como acento, troca letras para facilitar a escrita e usa emojis e figurinhas para expressar reações e sentimentos. Além disso, dificilmente manda um textão, não é?

Isso porque um dos aspectos que mais influenciam a linguagem da internet é a velocidade da comunicação, que também está ligada à quantidade de informações a que somos expostos nas redes sociais. Assim, para se comunicar de forma rápida e direta, as pessoas simplificam a escrita, seja abreviando as palavras, seja usando frases mais curtas e diretas, em vez de períodos maiores e mais complexos.

Também há palavras e expressões que são próprias do internetês. Um exemplo curioso é o uso de siglas para se referir a expressões, geralmente em inglês, que se popularizam rapidamente na internet, como é o caso de POV, que significa “point of view” e que é usada em diferentes posts e vídeos para mostrar que se trata de um ponto de vista sobre determinada situação.

[Música de transição]

Como a interação pela internet tem se tornado cada vez mais intensa em nossa sociedade, alguns estudos linguísticos chamam a atenção para a influência desses usos na língua, mesmo em outros contextos comunicativos, especialmente nos textos escritos por pessoas mais jovens.

Você consegue observar essa influência do internetês na maneira que escreve em outras situações?

[Música de transição]

Créditos:

Todos os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.

Podcast 3

Você conhece o Movimento Manguebeat?

[Trecho de música cantada: música popular brasileira (Manguebeat)]

“Modernizar o passado é uma evolução musical”

Em 1994, o álbum Da lama ao caos, de Chico Science & Nação Zumbi, apresentava ao país uma mistura inédita de rock-and-roll, hip-hop, maracatu, crítica social, caranguejos e Física Quântica.

A sonoridade do Manguebeat incorporava riffs de guitarra à percussão do maracatu e ao ritmo do coco e da ciranda, que são manifestações tradicionais da cultura nordestina. As letras falavam da realidade social e geográfica do Recife, dialogando com uma juventude economicamente marginalizada, mas conectada com a tecnologia e a cultura pop estrangeira.

A fauna, a flora e a fertilidade dos mangues que se espalham pela cidade do Recife se tornaram inspiração para a identidade estética do movimento Manguebeat.

Da lama ao caos foi eleito pelos especialistas da revista Rolling Stone o 13o melhor álbum da história da música brasileira. Além disso, o Manguebeat movimentou toda a produção cultural pernambucana, expandindo os limites da cena musical para outros campos artísticos, como a literatura, o teatro e o cinema.

[Trecho de música cantada: música popular brasileira (Manguebeat)]

“Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar”

Antes do lançamento dos primeiros discos, as bases do movimento Manguebeat foram apresentadas no manifesto Caranguejos com cérebro, escrito em 1992 pelo músico e jornalista Fred Zero Quatro, integrante da banda Mundo Livre S/A.

Provavelmente, você já teve contato com algum tipo de manifesto. Importantes movimentos sociais e culturais do século XX, por exemplo, produziram manifestos para divulgar suas ideias.

O manifesto é um gênero textual que tem como objetivo sensibilizar ou convencer o público, apresentando ideias e argumentos para defendê-las. Em geral, os manifestos costumam fazer críticas ao cenário atual e propor mudanças conceituais, estéticas ou políticas. E é isso o que o Manguebeat fez com seu manifesto Caranguejos com cérebro.

Nesse texto, Fred Zero Quatro apresenta o conceito de mangue para enaltecer a riqueza e a diversidade desse ecossistema. E faz uma crítica à urbanização acelerada da cidade do Recife, que, em nome do progresso, aterrou seus rios e levou seus moradores à estagnação econômica e à miséria social.

[Trecho de música cantada: música popular brasileira (Manguebeat)]

“E a lama come mocambo e no mocambo tem molambo

E o molambo já voou, caiu lá no calçamento

Bem no sol do meio-dia, o carro passou por cima e o molambo ficou lá Molambo eu, molambo tu, molambo eu, molambo tu”

A geração Manguebeat cresceu entre os anos de 1980 e 1990, período de sucessivas crises econômicas que reduziram o padrão de vida de Pernambuco e do Brasil. A pobreza, o desemprego e a violência eram generalizados. Isso se refletia em uma estagnação cultural, contra a qual os músicos do Manguebeat queriam se levantar.

A imagem preferida do movimento é a metáfora do mangue como um ecossistema biodiverso e fértil, sufocado pela urbanização, mas ainda vivo e potente. É no mangue e na sua fauna que os artistas do movimento buscam inspiração e força criativa para mudar a realidade social, assim como os trabalhadores pernambucanos entram nele para catar caranguejos e tirar seu sustento.

Vamos ler agora um trecho da última parte do manifesto, que apresenta a proposta do movimento.

“Um choque rápido ou o Recife morre de infarto! Não é preciso ser médico para saber que a maneira mais simples de parar o coração de um sujeito é obstruindo as suas veias. O modo mais rápido, também, de infartar e esvaziar a alma de uma cidade como o Recife é matar os seus rios e aterrar os seus estuários. O que fazer para não afundar na depressão crônica que paralisa os cidadãos? Como devolver o ânimo, deslobotomizar e recarregar as baterias da cidade? Simples! Basta injetar um pouco de energia na lama e estimular o que ainda resta de fertilidade nas veias do Recife”.

[Trecho de música cantada: música popular brasileira (Manguebeat)]

“O sol queimou, queimou a lama do rio

Eu vi um chié andando devagar

E um aratu pra lá e pra cá

E um caranguejo andando pro sul Saiu do mangue, virou gabiru”

Nas letras das músicas, Chico Science também dialoga com o romance Homens e caranguejos, do pernambucano Josué de Castro. Filho de família abastada, o sociólogo costumava dizer que entendeu a tragédia da fome ao observar, ainda na infância, os trabalhadores nos

mangues do Rio Capibaribe, que só se alimentavam de caranguejos e farinha de mandioca.

[Trecho de música cantada: música popular brasileira (Manguebeat)]

“Ô, Josué, eu nunca vi tamanha desgraça

Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça”

A grande inovação do Manguebeat foi combinar elementos tradicionais da cultura pernambucana com o repertório pop da música internacional.

De acordo com o manifesto, que evoca a imagem de “uma antena parabólica enfiada na lama”: “O objetivo era engendrar um ‘circuito energético’, capaz de conectar as boas vibrações dos mangues com a rede mundial de circulação de conceitos pop”.

[Trecho de música cantada: música popular brasileira (Manguebeat)]

“É só uma cabeça equilibrada em cima do corpo

Escutando o som das vitrolas, que vem dos mocambos

Entulhados à beira do Capibaribe, na quarta pior cidade do mundo”

Chico Science morreu em 1997, em um acidente de carro. O movimento Manguebeat seguiu com a Nação Zumbi e com o Mundo Livre S/A, que continuam lançando trabalhos inéditos mais de 30 anos depois da publicação do manifesto Caranguejos com cérebro

Também podemos dizer que a renovação artística e cultural proposta pelo movimento permanece atual. A relação da arte com o território, a combinação de referências locais e globais e a mistura de elementos da tradição popular com a cultura pop seguem presentes na arte contemporânea. E, assim, os beats do mangue continuam ecoando nas novas gerações.

[Trecho de música cantada: música popular brasileira (Manguebeat)]

“Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu

Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu

Num dia de sol Recife acordou

Com a mesma fedentina do dia anterior”

Créditos:

As músicas “Monólogo ao pé do ouvido”, “Rio, pontes e overdrives”, “Da lama ao caos”, “Antene-se” e “A cidade” estão no álbum Da lama ao caos, de Chico Science & Nação Zumbi, de 1994. A música “Um passeio no mundo livre” está no álbum Afrociberdelia, de Chico Science & Nação Zumbi, de 1996.

Referências bibliográficas comentadas

• ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola, 2003. (Série Aula, 1).

Na obra, a autora apresenta novos olhares para o ensino da gramática, da linguagem oral e da escrita, partindo de uma análise sobre a ineficiência de alguns métodos tradicionais desse ensino.

• BAGNO, Marcos. Gramática pedagógica do português brasileiro São Paulo: Parábola, 2012. (Referenda, 1).

Em sua gramática, o linguista Marcos Bagno discute os usos da língua e refuta o ensino de uma gramática canônica e purista, para dar lugar ao estudo de fenômenos linguísticos tal como ocorrem de fato no cotidiano, considerando aspectos da variação da língua portuguesa.

BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução: Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 261-306. No capítulo “Os gêneros do discurso”, o russo Mikhail Bakhtin aborda a episteme do conceito de gênero discursivo, que subsidiou as muitas outras investigações sobre a temática.

BARTHES, Roland. Aula. Tradução: Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 1978.

Na transcrição da sua aula inaugural para a cadeira de Semiologia Literária no Collège de France, em 1977, o francês Roland Barthes discorre sobre a relação de poder que existe no próprio sistema linguístico, apontando a literatura como um espaço em que a língua pode ser ouvida fora do lugar de poder e de reinvenção.

BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução: Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 197-221. (Obras escolhidas, 1).

O ensaio aborda, de forma reflexiva e crítica, a dificuldade de intercambiar experiências e o fim da figura do narrador oral a partir do surgimento do romance enquanto produção literária da individualidade.

BOSI, Alfredo. Céu, inferno: ensaios de crítica literária e ideológica. 2. ed. São Paulo: Duas Cidades: Editora 34, 2010. (Coleção Espírito Crítico).

O livro apresenta ensaios a respeito de grandes autores da literatura, como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles.

BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2003.

O livro discorre sobre a história da literatura brasileira por meio da discussão histórica e da apresentação dos principais autores de cada movimento literário.

BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sociodiscursivo. Tradução: Anna Rachel Machado e Péricles Cunha. 2. ed. São Paulo: EDUC, 1999. Nessa obra, o quadro sociointeracionista proposto por Jean-Paul Bronckart leva a analisar as condutas humanas como ações significantes, cujas propriedades estruturais e funcionais são, antes de tudo, produto da socialização. A partir da análise de 120 exemplos de textos, o autor analisa os caminhos para um interacionismo sociodiscursivo.

BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION. Aprendizagem baseada em projetos: guia para professores de Ensino Fundamental e Médio. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

A obra detalha o trabalho com projetos desde o planejamento e a elaboração da pergunta de pesquisa, perpassando pelo desenvolvimento das etapas e pontos de checagem, até o processo avaliativo por meio de rubricas. Está inteiramente voltado a professores do Ensino Fundamental e Médio.

• CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: CANDIDO, Antonio. Vários escritos. 4. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004. p. 169-191.

O texto defende que a literatura deve ser compreendida como um direito humano, pois a fabulação e o imaginário têm caráter formativo para os sujeitos.

• CANDIDO, Antonio. O estudo analítico do poema. 3. ed. São Paulo: Humanitas, 1996.

Na obra, o crítico desenvolve argumentações teóricas acerca dos elementos de um poema: sonoridade, rima, ritmo, metro e verso.

• CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 6. ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 2000.

O livro apresenta o Arcadismo e o Romantismo como principais épocas da formação da literatura brasileira por meio de análises de cunho literário e sociológico.

• CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. São Paulo: Nacional, 1976.

A obra apresenta estudos críticos de teoria e história literária.

• CANDIDO, Antonio. Na sala de aula: caderno de análise literária. São Paulo: Ática, 1989.

O volume apresenta análises de seis poemas brasileiros que subsidiam o trabalho com o gênero em sala de aula.

• COHEN, Elizabeth G.; LOTAN, Rachel A. Planejando o trabalho em grupo: estratégias para salas de aula heterogêneas. Tradução: Luís Fernando Marques Dorvillé, Mila Molina Carneiro e Paula Márcia Schmaltz Ferreira Rozin. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2017. E-book

A obra apresenta diversas estratégias para a organização de trabalhos em grupo, sobretudo na sala de aula, e os modos de desenvolver as habilidades dos estudantes referentes a essa prática.

• COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Tradução: Cleonice Paes Barreto Mourão, Consuelo Fortes Santiago. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012. O autor explora as diferentes correntes críticas e teóricas da literatura, inserindo-as em perspectiva e demonstrando o modo como a história da literatura pode ser pensada com base em diversos pontos de vista.

• COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2014. Nos verbetes desse livro, o autor apresenta uma breve explicação sobre o que são diversos gêneros textuais, abarcando também gêneros híbridos e multimodais.

• CUNHA, Celso; CINTRA, Luís Filipe Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2009. Essa gramática tem como abordagem a explicação dos fenômenos linguísticos sob a perspectiva da norma-padrão, considerando alguns aspectos decorrentes do uso da língua, que, ao longo do tempo, modificam as regras.

• DISCINI, Norma. Comunicação nos textos: leitura, produção, exercícios. São Paulo: Contexto, 2005.

Com base na análise de textos diversos, a obra se propõe a decodificar cada texto lido localizando as mensagens explícitas e implícitas e descrevendo mecanismos de construção de sentido nos textos. Com essa atividade de análise, promove a construção do texto próprio.

• FILATRO, Andrea; CAVALCANTI, Carolina Costa. Metodologias inov-ativas: na educação presencial, a distância e corporativa. São Paulo: Saraiva, 2018.

O livro aborda diversos tipos de metodologias ativas que podem ser aplicadas em sala de aula e na elaboração de atividades didáticas. As propostas partem de pesquisa, organização, análises e síntese por parte do estudante, o que se configura como pensamento computacional.

• FIORIN, José Luiz. Argumentação. São Paulo: Contexto, 2015. Nessa obra, o linguista, professor e pesquisador José Luiz Fiorin apresenta os processos de construção da argumentação: a organização do argumento, os tipos de argumentação e alguns problemas gerais voltados para essa atividade presente em diversas práticas sociais.

• ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução: Johannes Kretschmer. São Paulo: Editora 34, 1996. v. 1. O autor se propõe a pensar o modo como o leitor e o texto literário interagem para a formação do significado da obra literária e de seu efeito estético.

• JUBRAN, Clélia Spinardi (org.). A construção do texto falado. São Paulo: Contexto, 2019. (Gramática do português culto falado no Brasil, 1).

A coletânea de textos que compõem a obra é elaborada por diversos autores e esclarece conceitos voltados à construção do texto falado. São destacados os processos comuns a esse tipo de texto – como repetição, correção, parafraseamento, parentetização, tematização, rematização e referenciação – e os marcadores discursivos.

• KOCH, Ingedore Villaça. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.

Na obra, a autora explora um conteúdo que tem sido foco de atenção dos pesquisadores na área de Linguística Textual: as questões relativas à construção textual dos sentidos, tanto em exercícios de compreensão do texto quanto de produção.

• KOCH, Ingedore Villaça; BENTES, Anna Christina; CAVALCANTE, Mônica Magalhães. intertextualidade: diálogos possíveis. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2012.

Na obra, o conceito de intertextualidade é explorado em seu senso estrito e amplo com base nos estudos da Linguística Textual. Para isso, é abordada a intersecção da intertextualidade com a polifonia, a metatextualidade e a hipertextualidade.

• KOCH, Ingedore Villaça. Introdução à linguística textual: trajetória e grandes temas. São Paulo: Contexto, 2015. Linguista conhecida por sua trajetória de estudos na área de Linguística Textual, Ingedore Koch aborda, nesta obra, as premissas dos estudos de linguística textual, definindo seu surgimento, seus principais objetos de estudo, as formas de articulação textual, as estratégias textual-discursivas de construção de sentido, as marcas de articulação na progressão textual, a intertextualidade e os gêneros do discurso.

MAINGUENEAU, Dominique. O contexto da obra literária: enunciação, escritor, sociedade. Tradução: Marina Appenzeller. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. O livro discorre a respeito dos funcionamentos discursivos do texto literário, tendo como ponto de partida a teoria linguística.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Oralidade e escrita. Signótica, Goiânia, v. 9, n. 1, p. 119-145, 1997. Disponível em: https://revistas.ufg.br/sig/article/ view/7396. Acesso em: 1 out. 2024. Nesse ensaio, o autor, conhecido por seus estudos na área de Linguística Textual, comenta a importância de considerar a prática discursiva como uma prática social. Com base nesse pensamento, confirma a impossibilidade de se realizarem análises entre língua oral e escrita utilizando como base apenas o código linguístico

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.

Uma das obras mais conhecidas de Marcuschi, o livro apresenta estudos divididos em três grandes temas: produção textual com ênfase na linguística de texto de base cognitiva; análise sociointerativa de gêneros textuais no contínuo fala-escrita; processos de compreensão textual e produção de sentido. No volume, as noções de língua, texto, gênero textual, compreensão e sentido são exploradas em profundidade.

MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 1995.

A obra focaliza os principais movimentos literários portugueses, apresentando suas características gerais e ampla bibliografia a respeito de cada um deles

NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática do português revelada em textos. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

A linguista apresenta, nessa gramática, situações de uso da língua em textos de variados gêneros textuais, observando e analisando os fenômenos linguísticos sob a perspectiva de sua ocorrência nos textos.

NEVES, Maria Helena de Moura. Texto e gramática. São Paulo: Contexto, 2018.

Nessa obra, a autora conceitua o processo de gramaticalização e a relação entre gramática e cognição, além de perpassar por análises sobre referenciação, modalização da linguagem e formação de enunciados complexos.

• PEREIRA, Edimilson de Almeida. Entre Orfe(x)u e Exunouveau: análise de uma estética de base afrodiaspórica na literatura brasileira. São Paulo: Fósforo, 2022.

Na obra, o crítico literário e teórico da literatura repensa a apresentação da história da literatura brasileira com base em um olhar voltado para a diáspora africana e o seu papel na construção literária no Brasil e no mundo.

• POSSENTI, Sírio. Malcomportadas línguas. São Paulo: Parábola, 2009. (Linguagem, 36).

Trata-se de uma obra que apresenta pequenas análises de fenômenos linguísticos com intuito de provocar reflexões no leitor a respeito dos limites das regras gramaticais e sobre como a língua de fato se realiza.

• POSSENTI, Sírio. Questões de linguagem: passeio gramatical dirigido. São Paulo: Parábola, 2014. (Educação linguística, 7).

Nesse livro, o linguista apresenta diversos tópicos gramaticais sob a perspectiva da compreensão dos fenômenos linguísticos tal como ocorrem de fato no uso da língua, como um objeto complexo em constante construção.

• ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo (org.). Multiletramentos na escola São Paulo: Parábola, 2012. (Estratégias de ensino, 29).

A pedagogia dos multiletramentos é contextualizada e conceituada pela professora Roxane Rojo nessa obra. Além do conteúdo proposto por ela, diversos autores apresentam análises e práticas de multiletramento possíveis de serem aplicadas em sala de aula.

• SANTOS, Leonor Werneck; RICHE, Rosa Cuba; TEIXEIRA, Cláudia Silva. Análise e produção de textos. São Paulo: Contexto, 2015. (Linguagem & ensino).

Nessa obra, voltada ao ensino da produção textual no Ensino Fundamental, importantes conteúdos acerca da análise e produção de textos são abordados, como: tipologias e gêneros textuais, leitura de textos escritos e orais e atenção para a análise linguística. Ainda que pensada para o ciclo anterior, os tópicos abordados são muito importantes para a análise e a prática textual no Ensino Médio.

• SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução: Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2004.

Nessa obra, são apresentados encaminhamentos ou procedimentos possíveis para o ensino de gêneros textuais na escola, de maneira a auxiliar os docentes no planejamento e na prática de produções textuais orais e escritas.

• SILVA, Ivanda Maria Martins. Literatura no ensino médio: conexões com orientações curriculares. Olh@res, Guarulhos, v. 5, n. 2, p. 90-97, nov. 2017. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/ olhares/article/view/709. Acesso em: 1 out. 2024. O texto reflete sobre o ensino de literatura e as orientações curriculares a respeito desse ensino, apresentando um olhar crítico sobre as práticas didáticas.

• SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Tradução: Cláudia Schilling. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2014. São apresentadas nessa obra diversas estratégias de trabalho com a leitura em sala de aula, a fim de levar o estudante a desenvolver a compreensão e a interpretação de textos de forma autônoma.

• SOUZA, Renata Junqueira de; COSSON, Rildo. Letramento literário: uma proposta para a sala de aula. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP); UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (UNIVESP). Caderno de formação: formação de professores: didática dos conteúdos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. p. 101-107. (Caderno de Formação, bloco 2, v. 2, n. 10). Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/handle/ unesp/381259. Acesso em: 7 out. 2024. O texto foi escrito para professores que buscam fazer o letramento literário em sala de aula e aborda propostas que procuram estimular e ampliar o acesso à leitura.

• VALENTE, André Crim (org.). Unidade e variação na língua portuguesa: suas representações. São Paulo: Parábola, 2015. (Linguagem, 68).

Nessa coletânea, renomados linguistas e gramáticos, como Evanildo Bechara, Ataliba de Castilho, Carlos Alberto Faraco, Dante Lucchesi, Marli Quadros Leite e Patrick Charaudeau, apresentam artigos que versam sobre questões gramaticais em uma perspectiva crítica e variacionista.

• VIEIRA, Francisco Eduardo; FARACO, Carlos Alberto. Gramática do português brasileiro escrito. São Paulo: Parábola, 2023. (Referenda, 9).

Nessa obra, os autores propõem um estudo da língua escrita com base no reconhecimento de uma língua brasileira que apresenta muitos anos de pesquisas e estudos sobre os fenômenos linguísticos e sua forma de ocorrência especificamente no Brasil.

• XAKRIABÁ, Nei Leite. Ensinar sem ensinar. In: CARNEVALLI, Felipe et al. (org.). Terra: antologia afro-indígena. São Paulo: Ubu Editora; Belo Horizonte: Piseagrama, 2023. p. 263-276.

O texto aborda as práticas de ensino com base em um recorte indígena, refletindo acerca do modo como as escolas se organizam em torno de saberes associados à branquitude.

• ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Tradução: Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: Artmed, 1998.

Nessa obra, o autor apresenta reflexões sobre a organização do trabalho docente e propõe teorias e métodos de planejamento, replanejamento e avaliação desse trabalho.

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