ÁREA

MANUAL
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MANUAL
Bacharela e licenciada em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Letras (Filologia e Língua Portuguesa) pela USP. É autora de coleções didáticas de Língua Portuguesa e atua como professora de Língua Portuguesa na rede particular de ensino.
Bacharela em Comunicação Social pela Faculdade Cásper Líbero. Pós-graduada no curso de especialização “O livro para a infância: processos contemporâneos de criação, circulação e mediação” pela Faculdade Conectada (Faconnect). Atua no mercado editorial e é professora particular de Língua Portuguesa. É autora de livros infantojuvenis.
Bacharela em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela USP. Especialista em Psicopedagogia (Práticas educacionais e contextos de intervenção) pelo Instituto Singularidades. Atua como professora de Língua Portuguesa e como psicopedagoga.
ÁREA DO CONHECIMENTO: LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS 1
Copyright © Claudia Bergamini, Lígia Maria Marques, Marília Westin, 2024
Direção-geral Ricardo Tavares de Oliveira
Direção de conteúdo e negócios Cayube Galas
Direção editorial adjunta Luiz Tonolli
Gerência editorial Roberto Henrique Lopes da Silva e Nubia de Cassia de M. Andrade e Silva
Edição Ana Luiza Martignoni Spínola (coord.)
Lilian Ribeiro de Oliveira, Roberta Donega Silva, Andreia Pereira
Preparação e revisão Maria Clara Paes (coord.)
Ana Carolina Rollemberg, Cintia R. M. Salles, Denise Morgado, Desirée Araújo, Eloise Melero, Kátia Cardoso, Márcia Pessoa, Maura Loria, Veridiana Maenaka, Yara Affonso
Produção de conteúdo digital João Paulo Bortoluci
Gerência de produção e arte Ricardo Borges
Design Andréa Dellamagna (coord.)
Sergio Cândido (criação), Ana Carolina Orsolin, Andréa Lasserre, Laís Garbelini
Projeto de capa Sergio Cândido
Imagem de capa Luciana Rinaldi/Shutterstock.com
Arte e produção Rodrigo Carraro (coord.)
Leandro Brito
Diagramação 2 Estúdio Gráfico
Coordenação de imagens e textos Elaine Bueno Koga
Licenciamento de textos Erica Brambila
Iconografia Erika Neves do Nascimento, Leticia dos Santos Domingos (trat. imagens)
Ilustrações Carlos Caminha, Andre Ducci,
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Bergamini, Claudia Língua Portuguesa Por Toda Parte: 3º ano. Claudia Bergamini; Lígia Maria Marques; Marília Westin. 1. ed. São Paulo: FTD, 2024.
Componente curricular: Língua Portuguesa. Área do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias.
ISBN 978-85-96-04686-2 (livro do estudante)
ISBN 978-85-96-04687-9 (manual do professor)
ISBN 978-85-96-04692-3 (livro do estudante HTML5)
ISBN 978-85-96-04693-0 (manual do professor HTML5)
1. Língua Portuguesa (Ensino médio) I. Marques, Lígia Maria. II. Westin, Marília. III. Título.
24-228240
Índices para catálogo sistemático:
CDD-469.07
1. Língua portuguesa : Ensino médio 469.07
Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à
EDITORA FTD
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Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.
Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD CNPJ 61.186.490/0016-33
Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375
Caro estudante,
Esta coleção foi pensada e escrita para que sua vivência em uma nova fase de estudos – o Ensino Médio – seja repleta de conhecimento, curiosidade, experiências e práticas. O nosso objetivo é oferecer repertório e reflexões, para que, ao final desse percurso de estudos, você se sinta capaz de continuar sua trajetória educacional e seguir um caminho profissional, tornando-se consciente do protagonismo e da autonomia conquistados.
A literatura, nesta coleção, apresenta-se como uma ferramenta de diálogo entre diversos contextos históricos e visões de mundo. O trabalho proposto explora o campo de atuação social artístico-literário por meio de uma perspectiva intertextual, compreendendo a conexão entre as diferentes estéticas literárias em língua portuguesa e proporcionando uma reflexão crítica sobre o modo como as relações de poder se estabelecem entre diferentes obras, autores ou contextos de produção.
O estudo dos gêneros textuais procura incentivar a sua interação com uma diversidade de textos orais, escritos, multissemióticos e multimodais utilizados em situações comunicativas igualmente variadas. A proposta é a de que esse estudo perpasse pela análise do conteúdo temático, do estilo, da construção composicional e do contexto de produção de cada gênero textual, incentivando a compreensão de diferentes funções e propósitos do uso da língua.
Esse percurso didático é permeado pela língua e pela linguagem. Por isso, propomos a análise linguística de textos que proporcionem a você a compreensão não somente da norma-padrão mas também dos usos dos conhecimentos linguísticos como um instrumento de poder e de legitimação de discursos que permita a você participar da sociedade de forma proficiente, por meio da produção de textos orais e escritos.
Convidamos você a participar das propostas de estudo com dedicação e presença efetiva, a fim de garantir a aprendizagem significativa de todas essas experiências escolares.
As autoras
Os volumes desta coleção são organizados em seis capítulos. No início de cada um deles, a Abertura traz uma imagem e atividades que se relacionam com o tema a ser desenvolvido. Nessa abertura, você encontrará o boxe
Projeto em vista, que visa dar dicas sobre etapas da seção Oficina de Projetos, presente ao final do livro, e apresenta os principais campos de atuação social da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) abordados no capítulo.
Os capítulos são organizados em quatro seções principais que buscam ampliar e aprofundar seu repertório em relação aos principais eixos do ensino de Língua Portuguesa: Estudo Literário, Estudo do Gênero Textual, Estudo da Língua e Oficina de Texto.
Estudo
Literário e Diálogos
A seção Estudo
Literário tem o objetivo de apresentar textos de diferentes épocas literárias, trazendo atividades de reflexão, interpretação e análise. Na subseção Diálogos, você terá oportunidade de conhecer textos mais contemporâneos e estabelecer relações entre os momentos literários abordados.
Estudo do Gênero
Textual e Diálogos
Mais adiante, a seção
Estudo do Gênero
Textual apresenta uma diversidade de gêneros textuais, proporcionando um aprofundamento em textos de diversos campos de atuação social. Nesse caso, a subseção Diálogos busca apresentar textos que estabeleçam relações importantes com o gênero textual estudado.
A seção Estudo da Língua apresenta, de modo reflexivo, os diversos conhecimentos linguísticos depreendidos de textos das diversas práticas sociais, para aprimorar e aprofundar seu conhecimento quanto aos usos da língua.
Literária e Oficina de Texto
As seções Oficina Literária e Oficina de Texto têm como objetivo propor produções de escrita e de oralidade para você pôr em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do capítulo.
Boxes
Neste volume, você também vai encontrar diversos boxes.
Conexões com é a seção que busca integrar os conhecimentos de Língua Portuguesa com outros componentes curriculares.
Na seção Oficina de Projetos, você terá a oportunidade de realizar, com seus colegas, etapas, procedimentos e ações para construir, de modo coletivo, um produto relevante para seu crescimento pessoal e para a vida em comunidade.
Por fim, as seções Estudo em Retrospectiva e De olho no Enem e Vestibular buscam finalizar o capítulo com o objetivo de promover uma autoavaliação dos conhecimentos propostos no capítulo, além de proporcionar a compreensão e a prática de atividades do Enem e de vestibulares de renome no país.
Os ícones a seguir identificam os diferentes tipos de objetos educacionais digitais presentes neste volume. Esses materiais digitais apresentam assuntos complementares ao conteúdo trabalhado na obra, ampliando a aprendizagem.
PRIMEIRO OLHAR
Primeiro olhar antecipa hipóteses e conhecimentos prévios acerca do texto que será lido.
Biografia apresenta um pequeno texto sobre autores e artistas que aparecem no capítulo.
Buscar referências apresenta indicações culturais diversas.
AMPLIAR
Ampliar acrescenta informações importantes relacionadas ao assunto em estudo.
RETOMADA
Conceito e Retomada trazem os conceitos mais importantes do capítulo.
REFLETIR E ARGUMENTAR
Refletir e argumentar busca auxiliar na ampliação de seus conhecimentos por meio da argumentação.
MUNDO do TRABALHO ENTRE GÊNEROS
Mundo do trabalho tem o objetivo de apresentar diferentes profissões.
Entre gêneros estabelece relações entre gêneros textuais do capítulo ou entre estes e outros vistos anteriormente.
Os sites indicados nesta obra podem apresentar imagens e eventuais textos publicitários junto ao conteúdo de referência, os quais não condizem com o objetivo didático da coleção. Não há controle sobre esses conteúdos, pois eles estão estritamente relacionados ao histórico de pesquisa de cada usuário e à dinâmica dos meios digitais.
Estudo Literário – O Modernismo de Guimarães Rosa 10
Campo geral, João Guimarães Rosa 10
Diálogos O Ultrarromantismo de Casimiro de Abreu 17
“Meus oito anos”, Casimiro de Abreu 17
Estudo do Gênero Textual – Vídeo-resenha 22
“Grande sertão: veredas, Guimarães Rosa – Resenha sem spoilers”, Isabella Lubrano (Canal Ler antes de morrer) 22
Diálogos Adaptação de texto literário para HQ 34
Grande sertão: veredas – romance gráfico, Eloar Guazzelli e Rodrigo Rosa 34
Conexões com Geografia – A paisagem geográfica na literatura 35
Estudo da Língua – Formação de palavras
Formação de palavras por derivação: prefixação e sufixação
Formação de palavras por redução, abreviação ou siglas
Estudo do Gênero Textual – Campanha de propaganda 72
“Brasil sem fome”, ONG Ação da Cidadania 72 Diálogos Estatuto 84
“Título I – Das Disposições Preliminares”, Estatuto da Criança e do Adolescente 84
Conexões com Biologia – O processo bioquímico por trás da fome .................................................... 86
Estudo da Língua – Sintaxe: concordância e regência 88
Oficina de Texto – Anúncio de propaganda
De olho no Enem
Estudo Literário – Graciliano Ramos e a prosa da Geração de 30
“Mudança“ (Vidas secas), Graciliano Ramos
Diálogos O Modernismo na poesia de João Cabral de Melo Neto
“II. Paisagem do Capibaribe”, João Cabral de Melo Neto
Oficina Literária – Discurso indireto livre
Estudo Literário – O Modernismo português 106 “Poema em linha reta”, Álvaro de Campos
“Flores que colho, ou deixo”, Ricardo Reis .................
“O guardador de rebanhos”, Alberto Caeiro 108
Conexões com Arte – Expressionismo 114
Diálogos A poesia modernista no Brasil 115
“Mãos dadas”, Carlos Drummond de Andrade 115 “Biografia do orvalho”, Manoel de Barros 115
Estudo do Gênero Textual – Perfil biográfico 119
“O colecionador das almas sobradas”, Eliane Brum .... 119
Diálogos Perfil biográfico e o olhar sobre o cotidiano 126
“O olhar insubordinado”, Eliane Brum 126
Estudo da Língua – Período composto por coordenação e período composto por subordinação I 128 Orações coordenadas 128 A língua em uso 131 Orações subordinadas substantivas: subjetiva, predicativa e completiva
Estudo Literário – Literaturas africanas em língua
portuguesa 144
A geração da utopia, Pepetela 144
Diálogos A geração mimeógrafo 152
“Inverno europeu”, Ana Cristina Cesar 152
“Neste interlúnio”, Ana Cristina Cesar 152
Oficina Literária – Escritas da intimidade 156
Conexões com Física – O telescópio de Galileu .......... 157
Estudo do Gênero Textual – Postagem de marca 158
“A pré-venda começou: todos os livros de Machado de Assis”, Todavia Livros 158
Diálogos Postagem de marca: dupla finalidade 167
Postagem em rede social sobre Dom Casmurro –
Machado de Assis, Livraria Dois Pontos 167
Estudo da Língua – Período composto por subordinação II 169
Orações subordinadas substantivas: objetiva direta, objetiva indireta e apositiva 169
Paralelismo sintático e semântico 171
A língua em uso 172
Atividades 173
Oficina de Texto – Postagem de marca ................... 175
Estudo em Retrospectiva 178
De olho no Enem e no Vestibular 179
CAPÍTULO
Estudo Literário – Decolonização e corpografia na literatura
Estudo Literário – Narratividade e subjetividade em Clarice Lispector 182
A paixão segundo G.H., Clarice Lispector ............. 182
Diálogos Instapoemas 188 [lembra quando você gritou], Ryane Leão 188 [repetirei quantas vezes], Ryane Leão 189
Estudo do Gênero Textual – Ensaio 192 “Todavidareto”, Daniela Castro 192
Diálogos Verbete de enciclopédia colaborativa 201 “Hilma af Klint”, (Wikipédia) 201 Conexões com Arte – Reconhecer e interpretar a arte de Hilma af Klint 204
Estudo da Língua – Período composto por subordinação III 205
Orações subordinadas adverbiais: conceito e tipos 205 Emprego de vírgulas nas orações adverbiais 209
A língua em uso 210
Atividades 211
Oficina de Texto – Verbete de enciclopédia colaborativa ........................................................ 212
Estudo em Retrospectiva 216 De olho no Vestibular 217
220
“Meu negro”, Ricardo Aleixo 220
Quarto de despejo, Carolina Maria de Jesus 221
Diálogos O resgate da literatura negra produzida por mulheres
226
Úrsula, Maria Firmina dos Reis 226
Conexões com Educação Física – Negritude, identidade e dança
Oficina Literária – Poema multimidiático
232
234
Estudo do Gênero Textual – Editorial 235
“Cotas sociais, não raciais” (Folha de S.Paulo) 235
“Lei de Cotas nas universidades tem de ser renovada” (O Globo)
236
Diálogos A opinião no jornalismo 244
“A Lei de Cotas é positiva para as federais?”, Jorge Werthein e Leandro Tessler (O Estado de S. Paulo) 245
Estudo da Língua – Pronomes relativos e período
composto por subordinação IV
247
Oração subordinada adjetiva: conceitos e tipos 248
A língua em uso
de Texto –
Oficina de Projetos – Portfólio pessoal e profissional
249
256
Referências bibliográficas comentadas 269
Carrossel de imagens: O sertão mineiro na literatura de Guimarães Rosa 10 Podcast: A questão agrária na arte brasileira 56
Mapa clicável: Curiosidades sobre o Rio Capibaribe 68
Vídeo: Calendário colorido das campanhas de conscientização ............................................... 72
Infográfico clicável: Fernando Pessoa e seus heterônimos 108
Vídeo: As revistas literárias no Modernismo 112
Carrossel de imagens: Obras da literatura angolana 144
Infográfico clicável: Paulo Leminski: o poeta pop 153
Infográfico clicável: Curadoria na era digital 199
Vídeo: O corpo e a voz na poesia contemporânea 224
Podcast: Escritoras negras na literatura brasileira 226
Podcast: A produção de textos e a inteligência artificial ........................................... 264
Veja sugestões didáticas nas Orientações para .
Com base em seus conhecimentos e na fotografia de Elizabeth Ziani, apresentada na abertura do capítulo, responda às questões a seguir.
1. Quais elementos da paisagem sertaneja você consegue identificar no bordado?
2. Observando a composição do bordado, como você interpreta o uso de técnicas e materiais diversos para representar as paisagens e personagens do sertão e qual é o efeito de sentido gerado por essa escolha de representação?
3. A literatura pode promover o conhecimento de culturas, paisagens e ambientes diversos e reais mesmo que a narrativa seja ficcional?
4. As novas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) podem proporcionar a geração de novos gêneros textuais? Exemplifique.
5. De que modo os falares sertanejos podem estar presentes em estudos relacionados à língua?
5. Os falares sertanejos devem ser objeto de estudos linguísticos pela sua riqueza vocabular, que revela a cultura local e as peculiaridades das relações sociais e com o ambiente.
Campos de Atuação
• C ampo artístico-literário
• C ampo da vida pessoal
Temas
Contemporâneos
Transversais
• Cidadania e civismo: Direitos da Criança e do Adolescente
PROJETO VISTA EM
Avance até as páginas finais deste volume e faça uma leitura completa da Oficina de Projetos , conhecendo em detalhes o tema e os passos que deverão ser seguidos para a construção do seu portfólio. Em seguida, inicie a primeira etapa do projeto, “Estudar a proposta”.
4. As novas TDICs oferecem recursos de dinamização que proporcionam a transformação de gêneros textuais tradicionais de tal forma que, com as novas características, é possível afirmar que se trata de novos gêneros. O e-mail, por exemplo, é um gênero epistolar tanto quanto a carta, mas apresenta características diversas e acumula funções de outros gêneros, como o bilhete e o ofício, de modo a configurar um novo gênero textual.
1. É possível identificar a maior presença de plantas e animais ao longo do riacho na parte inferior do bordado, distinguindo-se da paisagem apresentada logo acima, em que a escassez de plantas e animais e a ausência de cursos d’água, bem como a cor de terra seca, revelam a aridez do sertão.
2. O bordado com uso de cores terrosas sobre tecido rústico ajuda a sugerir a rusticidade da paisagem do sertão.
3. A depender da proposta da obra, a literatura pode, por meio de uma narrativa ficcional, compor ambientes e paisagens que retratam a realidade de lugares geograficamente existentes e localizados. A composição das personagens pode refletir a cultura local, mesmo que, por meio delas, proponha questões universais.
Professor, caso queira saber mais sobre o projeto Teia de Aranha (que conta com a participação de mais de 200 pessoas, entre homens, mulheres, jovens e crianças e integra literatura, bordado e pintura), procure conhecer a tese As dobras do texto: trajetória da obra de Guimarães Rosa, de Elizabeth Maria Ziani (disponível em: https:// www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8156/tde-02052018-154410/pt-br.php; acesso em: 7 nov. 2024).
■ Bordado fotografado por Elizabeth Ziani e produzido pelo grupo de mulheres que compõem o projeto Teia de Aranha – bordado itinerante. A pesquisa de Elisabeth Ziani busca fazer uma curadoria da produção inspirada no escritor Guimarães Rosa (1908-1967) e realizada nas cidades do sertão por onde o escritor buscou inspiração para as suas obras.
A seguir, você lerá um trecho da novela Campo geral, de João Guimarães Rosa, publicada pela primeira vez em 1956. Com um estilo de linguagem único e inovador, a novela acompanha o amadurecimento de Miguilim, menino de 8 anos que vive na pequena cidade de Mutum, em Minas Gerais. Nesse percurso, Miguilim tem contato com segredos de família, é vítima da violência do pai e é afetado por diversas perdas.
Resposta pessoal. O objetivo da atividade é estimular os estudantes a imaginar como a história de Miguilim será narrada, e refletir sobre os diferentes modos de narrar uma história.
Antes de iniciar a leitura do texto, discuta com os colegas as questões a seguir.
• Sob qual perspectiva você imagina que a infância de Miguilim será abordada na narrativa?
• No seu ponto de vista, de que modo as inovações de linguagem propostas por Guimarães Rosa vão influenciar a experiência de leitura? Resposta pessoal. O objetivo da atividade é levar os estudantes a refletir sobre como o modo de desenvolvimento da narrativa pode influenciar a apreensão da história pelo leitor.
Campo geral
Um certo Miguilim morava com sua mãe, seu pai e seus irmãos, longe, longe daqui, muito depois da Vereda-do-Frango-d’Água e de outras veredas sem nome ou pouco conhecidas, em ponto remoto, no Mutum. No meio dos Campos Gerais, mas num covoão em trecho de matas, terra preta, pé de serra. Miguilim tinha oito anos. Quando completara sete, havia saído dali, pela primeira vez: o tio Terêz levou-o a cavalo, à frente da sela, para ser crismado no Sucuriju, por onde o bispo passava. Da viagem, que durou dias, ele guardara aturdidas lembranças, embaraçadas em sua cabecinha. De uma, nunca pôde se esquecer: alguém, que já estivera no Mutum, tinha dito: — ‘É um lugar bonito, entre morro e morro, com muita pedreira e muito mato, distante de qualquer parte; e lá chove sempre…’
vereda: caminho apertado.
covoão: baixada estreita e profunda. aturdido: atordoado. estiagem: período sem chuvas. recanto: local sossegado, mais afastado.
ventas: nariz. arrocho: aperto, dificuldade.
Mas sua mãe, que era linda e com cabelos pretos e compridos, se doía de tristeza de ter de viver ali. Queixava-se, principalmente nos demorados meses chuvosos, quando carregava o tempo, tudo tão sozinho, tão escuro, o ar ali era mais escuro; ou, mesmo na estiagem , qualquer dia, de tardinha, na hora do sol entrar. — ‘Oê, ah, o triste recanto…’ — ela exclamava. Mesmo assim, enquanto esteve fora, só com o tio Terêz, Miguilim padeceu tanta saudade, de todos e de tudo, que às vezes nem conseguia chorar, e ficava sufocado. E foi descobriu, por si, que, umedecendo as ventas com um tico de cuspe, aquela aflição um pouco aliviava. Daí, pedia ao tio Terêz que molhasse para ele o lenço; e tio Terêz, quando davam com um riacho, um minadouro ou um poço de grota, sem se apear do cavalo abaixava o copo de chifre, na ponta de uma correntinha, e subia um punhado d’água. Mas quase sempre eram secos os caminhos, nas chapadas, então tio Terêz tinha uma cabacinha que vinha cheia, essa dava para quatro sedes; uma cabacinha entrelaçada com cipós, que era tão formosa. — ‘É para beber, Miguilim…’ — tio Terêz dizia, caçoando. Mas Miguilim ria também e preferia não beber a sua parte, deixava-a para empapar o lenço e refrescar o nariz, na hora do arrocho. Gostava do tio Terêz, irmão de seu pai.
Quando voltou para casa, seu maior pensamento era que tinha a boa notícia para dar à mãe: o que o homem tinha falado — que o Mutum era lugar bonito…
insofrir (neologismo): impacientar. calundu: mau humor. cisma: preocupação. ralhar: brigar. urupuca: armadilha para pegar aves.
A mãe, quando ouvisse essa certeza, havia de se alegrar, ficava consolada. Era um presente; e a ideia de poder trazê-lo desse jeito de cor, como uma salvação, deixava-o febril até nas pernas. Tão grave, grande, que nem o quis dizer à mãe na presença dos outros, mas insofria por ter de esperar; e, assim que pôde estar com ela só, abraçou-se a seu pescoço e contou-lhe, estremecido, aquela revelação. A mãe não lhe deu valor nenhum, mas mirou triste e apontou o morro; dizia: — ‘Estou sempre pensando que lá por detrás dele acontecem outras coisas, que o morro está tapando de mim, e que eu nunca hei de poder ver…’ Era a primeira vez que a mãe falava com ele um assunto todo sério. No fundo de seu coração, ele não podia, porém, concordar, por mais que gostasse dela: e achava que o moço que tinha falado aquilo era que estava com a razão. Não porque ele mesmo Miguilim visse beleza no Mutum – nem ele sabia distinguir o que era um lugar bonito e um lugar feio. Mas só pela maneira como o moço tinha falado: de longe, de leve, sem interesse nenhum; e pelo modo contrário de sua mãe –agravada de calundu e espalhando suspiros, lastimosa. No começo de tudo, tinha um erro – Miguilim conhecia, pouco entendendo. Entretanto, a mata, ali perto, quase preta, verde-escura, punha-lhe medo.
Com a aflição em que estivera, de poder depressa ficar só com a mãe, para lhe dar a notícia, Miguilim devia de ter procedido mal e desgostado o pai, coisa que não queria, de forma nenhuma, e que mesmo agora largava-o num atordoado arrependimento de perdão. De nada, que o pai se crescia, raivava: — ‘Este menino é um mal-agradecido. Passeou, passeou, todos os dias esteve fora de cá, foi no Sucuriju, e, quando retorna, parece que nem tem estima por mim, não quer saber da gente…’ A mãe puniu por ele: — ‘Deixa de cisma , Béro. O menino está nervoso…’ Mas o pai ainda ralhou mais, e, como no outro dia era de domingo, levou o bando dos irmãozinhos para pescaria no córrego; e Miguilim teve de ficar em casa, de castigo. Mas tio Terêz, de bom coração, ensinou-o a armar urupuca para pegar passarinhos. Pegavam muitos sanhaços, aqueles pássaros macios, azulados, que depois soltavam outra vez, porque sanhaço não é pássaro de gaiola. — ‘Que é que você está pensando, Miguilim?’ — tio Terêz perguntava. — ‘Pensando em Pai…’ — respondeu. Tio Terêz não perguntou mais, e Miguilim se entristeceu, porque tinha mentido: ele não estava pensando em nada, estava pensando só no que deviam de sentir os sanhaços, quando viam que já estavam presos, separados dos companheiros, tinha dó deles; e só no instante em que tio Terêz perguntou foi que aquela resposta lhe saiu da boca. Mas os sanhaços prosseguiam de cantar, voavam e pousavam no mamoeiro, sempre caíam presos na urupuca e tornavam a ser soltos, tudo continuava. Relembrável era o Bispo – rei para ser bom, tão rico nas cores daqueles trajes, até as meias dele eram vermelhas, com fivelas nos sapatos, e o anel, milagroso, que a gente não tinha tempo de ver, mas que de joelhos se beijava.
— Tio Terêz, o senhor acha que o Mutum é lugar bonito ou feioso?
João Guimarães Rosa foi um médico, diplomata e escritor mineiro. Em 1929, o autor te ve o seu primeiro conto publicado na revista O Cruzeiro. Em 1936, ganhou o seu primeiro prêmio literário, o Prêmio da Academia Brasileira de Letras, pela publicação da coletânea de poemas Magma . Com a publicação do livro de contos Sagarana, em 1946, Rosa adquiriu posição de destaque por conta da linguagem única e inovadora da obra. Em 1956, o autor publicou o livro de novelas Corpo de baile , composto de sete novelas, entre elas, “Campo geral”. No mesmo ano, publicou o romance Grande sertão: veredas, reconhecido como uma das obras mais importantes da literatura brasileira. Além da produção l iterária, Guimarães Rosa seguiu carreira como diplomata e exerceu cargos políticos, em nome do Brasil, por diversos países.
■ João Guimarães Rosa, autor de Grande sertão: veredas.
1. a) A principal lembrança da viagem foi a frase dita por alguém que já havia visitado Mutum: “É um lugar bonito, entre morro e morro, com muita pedreira e muito mato, distante de qualquer parte; e lá chove sempre…”.
1. c) Para tentar aliviar essa sensação, Miguilim molha as narinas com água ou um pouco de cuspe, uma vez que não conseguia chorar.
— Muito bonito, Miguilim; uai. Eu gosto de morar aqui… Entretanto, Miguilim não era do Mutum. Tinha nascido ainda mais longe, também em buraco de mato, lugar chamado Pau-Roxo, na beira do Saririnhém. De lá, separadamente, se recordava de sumidas coisas, lembranças que ainda hoje o assustavam. Estava numa beira de cerca, dum quintal, de onde um menino-grande lhe fazia caretas. Naquele quintal estava um peru, que gruziava brabo e abria roda, se passeando, pufo-pufo – o peru era a coisa mais vistosa do mundo, importante de repente, como uma estória – e o meninão grande dizia: — ‘É meu!…‘E: — ‘É meu…’ — Miguilim repetia, só para agradar ao menino-grande. E aí o Menino Grande levantava com as duas mãos uma pedra, fazia uma careta pior: — ‘Aãã!…’ Depois, era só uma confusão, ele carregado, a mãe chorando: — ‘Acabaram com o meu filho!…’ — e Miguilim não podia enxergar, uma coisa quente e peguenta escorria-lhe da testa, tapando-lhe os olhos. Mas a lembrança se misturava com outra, de uma vez em que ele estava nu, dentro da bacia, e seu pai, sua mãe, Vovó Izidra e Vó Benvinda em volta; o pai mandava: — ‘Traz o trem…’ Traziam o tatu, que guinchava, e com a faca matavam o tatu, para o sangue escorrer por cima do corpo dele para dentro da bacia. — ‘Foi de verdade, Mamãe?’ — ele indagara, muito tempo depois; e a mãe confirmava: dizia que ele tinha estado muito fraco, saído de doença, e que o banho no sangue vivo do tatu fora para ele poder vingar. Do Pau-Roxo conservava outras recordações, tão fugidas, tão afastadas, que até formavam sonho. Umas moças, cheirosas, limpas, os claros risos bonitos, pegavam nele, o levavam para a beira duma mesa, ajudavam-no a provar, de uma xícara grande, goles de um de-beber quente, que cheirava à claridade. Depois, na alegria num jardim, deixavam-no engatinhar no chão, meio àquele fresco das folhas, ele apreciava o cheiro da terra, das folhas, mas o mais lindo era o das frutinhas vermelhas escondidas por entre as folhas – cheiro pingado, respingado, risonho, cheiro de alegriazinha. As frutas que a gente comia. Mas a mãe explicava que aquilo não havia sido no Pau-Roxo, e bem nas Pindaíbas-de-Baixo-e-de-Cima, a fazenda grande dos Barbóz, aonde tinham ido de passeio.
gruziar: grugulejar, emitir som como o do peru.
ROSA, João Guimarães. Campo geral. São Paulo: Global Editora, 2020. E-book. Localizável em: parágrafos 1-7.
3. a) O pai de Miguilim ficou desapontado porque julgou que o menino não havia dado a devida atenção para ele.
1. Acerca da viagem de Miguilim e seu tio Terêz, responda ao que se pede.
a) Qual foi a principal lembrança que Miguilim teve da viagem?
b) Durante a viagem, Miguilim foi surpreendido por um sentimento. Qual é esse sentimento e qual sensação ele provoca no personagem?
O sentimento é a saudade, que provoca no personagem a sensação de sufocamento por não conseguir chorar.
c) Como Miguilim tenta aliviar a sensação trazida por esse sentimento?
2. Observe o modo como Miguilim e sua mãe percebem o local onde vivem. Em seguida, responda ao que se pede.
a) Qual é a percepção da mãe de Miguilim sobre Mutum?
A percepção da mãe de Miguilim é negativa. Ela aparenta se sentir infeliz e limitada por viver em Mutum.
b) Miguilim compartilha da mesma percepção de sua mãe? Explique.
c) De que forma a lembrança da viagem com o tio Terêz está relacionada às percepções de Miguilim a respeito de Mutum? Justifique, considerando o trecho lido.
3. Sobre a relação de Miguilim com seu pai, responda:
a) Por que o pai de Miguilim ficou desapontado com ele?
Na viagem, Miguilim ouviu que Mutum era um lugar bonito e concordou com o que foi dito pelo modo leve e desinteressado como a frase foi proferida.
b) Qual foi a reação da mãe de Miguilim diante da atitude do pai?
c) Como Miguilim se sentiu em relação ao pai após o ocorrido?
3. b) A reação foi tentar amenizar a situação, demonstrando compreender Miguilim.
2. b) Não. Miguilim passou a perceber Mutum como um lugar bonito depois do que ouviu durante a viagem com tio Terêz.
3. c) Miguilim se sentiu culpado e cogitou ter feito algo errado, mesmo sem conseguir identificar o quê.
4. a) Espera-se que os estudantes percebam que a
4. b) A atitude revela que Miguilim se preocupa com a mãe, tentando diminuir a tristeza que ela sente por morar em Mutum. Isso demonstra uma relação marcada pelo carinho e pela tentativa de agradá-la.
O gênero literário novela
A obra Campo geral , de João Guimarães Rosa, pertence ao gênero literário novela . As novelas são textos narrativos que não apresentam um enredo tão fechado, como o conto, em que a centralidade da história normalmente recai sobre um único evento na vida da personagem, nem um enredo tão aberto, como o romance, que apresenta diversos núcleos narrativos. Na novela Campo geral , a história se desenvolve em torno de Miguilim, seus familiares e as relações estabelecidas entre eles durante um período.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
4. Observe o modo como as relações entre Miguilim, seu pai, sua mãe e seu tio se estabelecem no trecho lido. Em seguida, responda:
a) Com base no trecho lido, descreva a relação entre Miguilim e seu pai.
b) No trecho, Miguilim busca modificar os sentimentos da mãe em relação a Mutum. O que essa atitude revela sobre a relação entre os dois?
c) Observe o modo como a relação entre tio Terêz e Miguilim se estabelece. Em que a relação entre os dois difere da relação que o menino mantém com o pai e com a mãe?
Em 1956, data da primeira publicação de Campo geral, o Brasil vivia um processo de urbanização e modernização acelerada aplicado pelo governo de Juscelino Kubitschek (1902-1976), também conhecido como JK, então presidente da República, que tinha como objetivo promover, em cinco anos, o equivalente a 50 anos de modernização, por meio do seu Plano de Metas. Para isso, JK investiu na instalação de fábricas automobilísticas e de eletrodomésticos no país, por exemplo. Foi nesse período também que se deu a construção de Brasília, atual capital do país. Enquanto nos centros urbanos a vida era marcada por essa crescente onda de modernização, a vida nas regiões mais afastadas das grandes cidades, principalmente nos ambientes rurais, enfrentava desafios e falta de serviços básicos, como energia elétrica e postos de saúde. Por conta do aumento da oferta de emprego nos centros urbanos devido às instalações de fábricas e das dificuldades enfrentadas nos ambientes rurais, o período foi marcado por um expressivo aumento do êxodo rural.
Modernismo brasileiro – terceira geração (1945-1980)
Prêmio de melhor filme
■ Cartaz de divulgação do filme Mutum, 2007.
A narrativa de Campo geral serviu de inspiração para o filme Mutum , dirigido por Sandra Kogut (1965-), que estreou em 2007. O filme ganhou o prêmio de melhor filme no Festival do Rio, no mesmo ano de seu lançamento.
MUTUM. Direção: Sandra Kogut. BRA/FRA: Flávio Ramos Tambellini, Laurent Lavolé, 2007. Streaming (95 min).
Enquanto a primeira geração modernista (1922-1930) se caracterizou pela busca por uma estética literária que representasse a cultura nacional com valorização do folclórico e do regional – sem desconsiderar as influências da literatura europeia, transformando-as em uma nova estética –, a segunda geração (1930-1945) voltou o seu olhar, no âmbito da prosa, para as questões sociais que se desenhavam nos ambientes rurais e urbanos nas diversas regiões do país, consolidando parte dos ideais da geração anterior.
A prosa da terceira geração modernista (1945-1980), também denominada pós-modernista, voltou o seu olhar para os conflitos do indivíduo consigo mesmo e para os seus questionamentos em relação à própria existência, sem desconsiderar os aspectos particulares da sociedade brasileira. Os autores da Geração de 45 produziram literatura partindo de temáticas muito diversas, mas sempre preocupados com as inovações da linguagem e da estrutura narrativa, buscando novas formas de explorar os sentimentos e as sensações por meio da expressão literária, influenciando as estéticas contemporâneas.
4. c) A relação entre Miguilim e seu tio parece ser mais livre de traços hierárquicos do que a relação entre o menino e seus pais. É possível observar a amizade e o afeto entre os dois.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes depreendam que as estratégias utilizadas demonstram o olhar infantil e afetivo de Miguilim diante do cotidiano, intensificando a conexão emocional do personagem com o que está a sua volta e com o próprio leitor.
5. No caderno ou em uma folha avulsa, indique, dentre as afirmativas a seguir, quais são verdadeiras ( V ) e quais são falsas (F).
5. Resposta: a) F, b) V, c) V, d) F.
a) A terceira fase modernista se dedicava exclusivamente às questões sociais.
b) Em Campo geral, a exploração das lembranças de Miguilim é um exemplo do modo como os questionamentos existenciais e a introspecção são abordados pela terceira fase modernista.
c) A visão de Miguilim sobre Mutum, em contraposição à visão de sua mãe, e o modo como essa relação é abordada no trecho explicitam a complexidade subjetiva do personagem.
d) O movimento literário Modernismo apresenta três fases completamente distintas uma da outra, sem relação de continuidade estética.
6. Retome a sua resposta à segunda pergunta do boxe Primeiro olhar e leia os trechos a seguir, retirados de Campo geral, para responder às questões.
Trecho 1
Mas quase sempre eram secos os caminhos, nas chapadas, então tio Terêz tinha uma cabacinha que vinha cheia, essa dava para quatro sedes .
O cachorrinho era com-cor com a Pingo: os dois em amarelo e nhalvo, chovidinhos . Ele se esticava, rapava, com as patinhas para diante, arrancando terra mole preta e jogando longe, para trás, no pé da roseira, que nem quisesse tirar de dentro do chão aquele cheiro bom de chuva, de fundo. Depois, virava cambalhotas, rolava de costas, sentava-se para se sacudir, seus dentinhos brilhavam para muitas distâncias . Mordia a cara da mãe, e Pingo-de-Ouro se empinava – o filho ficava pendurado no ar. Daí, corria, boquinha aberta, revinha , pulava na mãe, vinte vezes.
ROSA, João Guimarães. Campo geral. São Paulo: Global Editora, 2020. E-book. Localizável em: parágrafo 30.
Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reflitam sobre as inovações de linguagem que foram imaginadas por eles e as que de fato aparecem em Campo geral
a) O primeiro trecho faz parte do excerto de Campo geral lido anteriormente. O segundo descreve a brincadeira de um cachorro filhote que estava sendo observado por Miguilim. Nos dois trechos, estão sublinhadas estratégias de linguagem que reforçam a expressividade da narrativa. Explique, com suas palavras, os efeitos expressivos dessas estratégias.
b) Em sua opinião, qual é o efeito de sentido produzido por essas estratégias na apreensão do olhar de Miguilim para o mundo?
c) Tais inovações de linguagem se assemelham ao que foi imaginado por você no boxe Primeiro olhar? Por quê?
7. A palavra Mutum, que nomeia o local onde vive Miguilim e a sua família, é um palíndromo. Isso significa que a palavra pode ser lida da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda. Em duplas, elaborem uma hipótese que associe essa característica da palavra às características do ambiente, considerando o modo como Mutum é descrito na narrativa.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
8. b) Respostas pessoais. Um dos temas presentes no trecho lido é o medo. Miguilim tinha medo da mata ao redor. A tristeza motivada pela saudade que sentiu de todos quando esteve fora com o tio também pode ser considerada um tema universal presente no trecho, bem como o modo pelo qual Miguilim estabelece relações com os seus familiares.
A geografia de Guimarães Rosa
No artigo “Buriti e Brejo: cartografia, geodesia e alegoria em Corpo de baile e Grande sertão: veredas” (disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/folio/article/view/2985/2485; acesso em: 8 out. 2024), o pesquisador Érico Melo (1977-) propõe uma reconstituição do espaço geográfico apresentado nos dois principais livros de Guimarães Rosa, sobrepondo-os e identificando, entre as obras, uma intertextualidade que, para além de se referir à linguagem, refere-se também ao modo como o espaço geográfico é representado. Com base nos elementos fornecidos nas narrativas de Campo geral e Grande sertão: veredas , ele busca identificar a localização do povoado de Mutum e relacioná-lo com os caminhos percorridos por Riobaldo, personagem de Grande sertão: veredas
■ Sugestão da localização de Mutum, cidade onde mora Miguilim, personagem de Campo geral, novela de João Guimarães Rosa.
Fonte: MELO, Érico. Figura 2 – “A serra ali corre torta. A serra faz ponta”. Cartas Carinhanha-SO (IBGE, 1952) e Belo Horizonte-NO (1952) sobre imagens de satélite. In: MELO, Érico. Buriti e Brejo: cartografia, geodesia e alegoria em Corpo de baile e Grande sertão: veredas. Fólio – Revista de Letras. Vitória da Conquista, v. 7, n. 1, p. 67-91, jan./jun. 2015. p. 73. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/folio/ article/view/2985/2485. Acesso em: 8 out. 2024.
■ Andanças de Riobaldo, personagem de Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.
Fonte: MELO, Érico. Figura 3 – Andanças de Riobaldo na porção setentrional do mapa de Corpo de baile (adaptado de Bolle, 2004, p. 104). In: MELO, Érico. Buriti e Brejo: cartografia, geodesia e alegoria em Corpo de baile e Grande sertão: veredas. Fólio –Revista de Letras. Vitória da Conquista, v. 7, n. 1, p. 67-91, jan./jun. 2015. p. 74. Disponível em: https:// periodicos2.uesb.br/index.php/folio/article/ view/2985/2485. Acesso em: 8 out. 2024.
8. Para responder às questões a seguir, retome o trecho de Campo geral, observando o modo como os elementos regionais da narrativa interagem com as questões subjetivas do personagem Miguilim.
a) A infância de Miguilim é marcada pelos costumes e pelo ambiente do sertão. Em sua opinião, o ambiente e os costumes influenciam a experiência de Miguilim diante do mundo? Justifique.
b) Apesar de a narrativa estar situada em um contexto regional, o trecho trata de temas comuns a todo ser humano, como o medo, as descobertas e as relações familiares. Identifique e explique um desses temas presentes no trecho lido.
8. a) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes infiram que costumes, como o da tradição do banho com o sangue do tatu, o ambiente e a vida cotidiana em Mutum são experiências que moldam a visão de realidade de Miguilim, construindo seu conhecimento de mundo.
Regionalismo e universalismo em Guimarães Rosa
Na literatura de Guimarães Rosa, as referências regionais, transformadas em metáforas ou alegorias, são utilizadas como recurso para representar questões universais. Tomando por base as experimentações de linguagem, Rosa cria uma forma literária que supera a estética do regionalismo, característico da segunda geração modernista, por meio da ressignificação do espaço regional . Por meio de uma linguagem exuberante e por vezes permeada de elementos míticos, o autor aborda questões existencialistas de caráter universal.
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9. c) A escolha de palavras e o modo como tais palavras são articuladas por meio da linguagem adotada pelo autor na obra refletem a percepção de Miguilim acerca do mundo, destacando a sua sensibilidade e as suas emoções. A utilização de expressões como “febril até nas pernas”, por exemplo, evidencia os sentimentos e as expectativas do personagem diante da mãe.
9. Releia o trecho a seguir, retirado de Campo geral, para responder ao que se pede.
Quando voltou para casa, seu maior pensamento era que tinha a boa notícia para dar à mãe: o que o homem tinha falado — que o Mutum era lugar bonito… A mãe, quando ouvisse essa certeza, havia de se alegrar, ficava consolada. Era um presente; e a ideia de poder trazê-lo desse jeito de cor, como uma salvação, deixava-o febril até nas pernas. Tão grave, grande, que nem o quis dizer à mãe na presença dos outros, mas insofria por ter de esperar; e, assim que pôde estar com ela só, abraçou-se a seu pescoço e contou-lhe, estremecido, aquela revelação.
a) O trecho é narrado sob qual foco narrativo?
O trecho é narrado em terceira pessoa.
b) No trecho, o narrador não apresenta neutralidade diante do que está sendo narrado. Justifique essa afirmação, observando se há vínculo entre o narrador e alguma personagem específica.
c) Considerando a relação entre o narrador e Miguilim, explique de que forma a linguagem utilizada reflete a percepção do protagonista sobre o mundo ao seu redor.
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A linguagem de Guimarães Rosa
9. b) Há um vínculo entre o narrador e o personagem Miguilim, de modo que os pensamentos e sentimentos de Miguilim são transpostos na figura do narrador, mas considerando a visão de mundo da criança.
A literatura de Guimarães Rosa tem como marca principal as inovações linguísticas . O autor faz uso constante de neologismos, musicalidade, reinvenção de palavras, criação de metáforas e reordenações sintáticas em uma composição que mistura diferentes registros da língua. A palavra revinha , para expressar o retorno do cachorro, a expressão “dava para quatro sedes”, para indicar a quantidade de água, e a expressão “seus dentinhos brilhavam para muitas distâncias”, para descrever o brilho dos dentes do cachorro, são exemplos dessas inovações e das imagens poéticas criadas por elas. Com o emprego de tais estratégias, a relação entre a forma, o som e o significado das palavras passa a se estabelecer por meio de outra lógica, em que todas essas instâncias se misturam, como é possível perceber ao analisar a relação entre o neologismo insofria e a angústia contida do menino.
10. Observe o modo como as lembranças de Miguilim são narradas no trecho lido de Campo geral. Em seguida, responda às questões.
10. a) As lembranças são descritas de forma fragmentada.
a) As lembranças de Miguilim são narradas de forma linear ou fragmentada?
b) Quais características essas memórias apresentam? Explique, considerando as sensações que tais memórias parecem causar no personagem.
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c) O modo como Miguilim se relaciona com a infância corresponde ao que foi imaginado por você no boxe Primeiro olhar?
11. Pense nas suas próprias experiências de infância e compare suas memórias com as de Miguilim. Seus sentimentos e suas lembranças de infância se parecem com os dele? Explique, relacionando os sentimentos, os medos e as descobertas da sua infância com os de Miguilim.
10. c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam sobre as expectativas que tinha em relação ao que seria narrado sobre a infância de Miguilim, preparando-o para a próxima atividade, que envolve reflexão pessoal.
11. Respostas pessoais. O objetivo da questão é levar os estudantes a refletir sobre a infância, associando tais reflexões às características da infância de Miguilim.
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No início desta seção, você leu um trecho da novela Campo geral e acompanhou as experiências de infância do menino Miguilim, de 8 anos de idade, diante das próprias lembranças e da relação com o espaço em que vive. Agora, você lerá um poema de Casimiro de Abreu (1839-1860), publicado em 1858, em que a infância é percebida com base em outra perspectiva. Meus oito anos
Oh! Que saudades que tenho
2 Da aurora da minha vida,
3 Da minha infância querida
4 Que os anos não trazem mais!
5 Que amor, que sonhos, que flores,
6 Naquelas tardes fagueiras
7 À sombra das bananeiras,
8 Debaixo dos laranjais!
9 Como são belos os dias
10 Do despontar da existência!
11 – Respira a alma inocência
12 Como perfumes a flor;
13 O mar é – lago sereno,
14 O céu – um manto azulado,
15 O mundo – um sonho dourado,
16 A vida – um hino d’amor!
17 Que auroras, que sol, que vida,
18 Que noites de melodia
19 Naquela doce alegria,
20 Naquele ingênuo folgar!
21 O céu bordado d’estrelas,
22 A terra de aromas cheia,
23 As ondas beijando a areia
24 E a lua beijando o mar!
25 Oh! dias da minha infância!
26 Oh! meu céu de primavera!
27 Que doce a vida não era
28 Nessa risonha manhã.
29 Em vez das mágoas de agora,
30 Eu tinha nessas delícias
31 De minha mãe as carícias
32 E beijos de minha irmã!
33 Livre filho das montanhas,
34 Eu ia bem satisfeito,
35 De camisa aberto ao peito,
36 – Pés descalços, braços nus –
37 Correndo pelas campinas
38 À roda das cachoeiras,
39 Atrás das asas ligeiras
40 Das borboletas azuis!
41 Naqueles tempos ditosos
42 Ia colher as pitangas,
43 Trepava a tirar as mangas,
44 Brincava à beira do mar;
45 Rezava às Ave-Marias,
46 Achava o céu sempre lindo,
47 Adormecia sorrindo
48 E despertava a cantar!
49 Oh! Que saudades que tenho
50 Da aurora da minha vida,
51 Da minha infância querida
52 Que os anos não trazem mais!
53 Que amor, que sonhos, que flores,
54 Naquelas tardes fagueiras
55 À sombra das bananeiras,
56 Debaixo dos laranjais!
ABREU, Casimiro de. Meus oito anos. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, [20--]. Disponível em: www.academia.org.br/ academicos/casimiro-de-abreu/textos-escolhidos. Acesso em: 8 out. 2024.
aurora: princípio, início. fagueiro: agradável. folgar: descansar. ditoso: venturoso, afortunado.
Casimiro de Abreu foi um poeta carioca. Filho de um comerciante português, estudou apenas dos 11 aos 13 anos e, por vontade do pai, passou a trabalhar como comerciante. Viajou para Portugal, em 1953, onde iniciou sua atividade literária e escreveu a maior parte de suas poesias. Com 17 anos, Casimiro passou a escrever textos literários para uma revista portuguesa ao lado de grandes poetas de sua época, como Alexandre Herculano (1810-1877). O autor voltou ao Brasil em 1857 e, em 1859, publicou As primaveras Casimiro de Abreu faleceu de tuberculose três meses antes de completar 22 anos.
■ Casimiro de Abreu, autor de As primaveras.
1. b) O eu lírico descreve a sua infância como um tempo repleto de felicidade, no qual ele vivia intensas alegrias, quando estava em contato com a sua família e com a natureza.
1. c) Respostas pessoais. A primeira estrofe se repete ao final do poema. Espera-se que os estudantes compreendam compreenda que a repetição dessa estrofe enfatiza o sentimento de saudade expresso pelo eu lírico, bem como a percepção de que a felicidade da infância não poderá ser revivida.
Sim. Os versos do poema apresentam sete sílabas poéticas, e as rimas obedecem à seguinte regularidade: em todas as estrofes, o segundo verso rima com o terceiro, o quarto verso rima com o oitavo e o sexto verso rima com o sétimo. O primeiro e o quinto versos não apresentam rimas.
1. Após a leitura do poema, responda às questões a seguir.
a) I dentifique o principal sentimento expresso pelo eu lírico no poema “Meus oito anos”.
O principal sentimento expresso pelo eu lírico é o sentimento de saudade.
b) Como o eu lírico descreve a sua infância e de que modo tal descrição se associa ao sentimento identificado por você no item anterior?
c) No poema, uma das estrofes se repete. Identifique-a e levante uma hipótese sobre essa repetição, tendo em vista a sua interpretação do poema.
2. Observe o modo como o poema se organiza, prestando atenção à sua estrutura. Em seguida, responda às questões a seguir.
a) A estrutura métrica e de rimas do poema obedece a alguma regularidade? Justifique, analisando a estrutura do poema.
b) Analise o modo como a pontuação é empregada no decorrer do poema. Qual é o efeito de sentido gerado por essa utilização?
A medida velha e a medida nova
Espera-se que os estudantes percebam que o uso frequente das exclamações intensifica o sentimento de saudade expresso no poema, enquanto as vírgulas marcam o ritmo e organizam as descrições que o eu lírico faz de sua infância.
Versos de 5 ou 7 sílabas poéticas eram amplamente utilizados na poesia portuguesa durante o período medieval e no período do Renascimento, principalmente na poesia popular. Os versos de 5 sílabas poéticas são denominados redondilha menor, e os de 7, redondilha maior
Por meio da influência da poesia italiana, os poetas portugueses passaram a utilizar versos de 10 sílabas em suas composições poéticas, como acontece na estrutura do soneto. Assim, as redondilhas são denominadas medida velha , enquanto os versos decassílabos são denominados medida nova .
Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes identifiquem que a sonoridade dos versos é muito parecida, porém não idêntica. Nesse sentido, ele pode compreender a relação entre os versos como uma rima, levando em conta a estrutura de rimas do poema, ou supor que não há relação de rima. Caso os estudantes não percebam a relação entre os versos como uma rima, retome a questão durante a explicação do boxe Classificação fonética
3. Observe a terminação sonora dos versos 36 e 40. Em sua interpretação, é possível afirmar que há uma estrutura de rima entre eles? Explique, considerando sua resposta à questão anterior.
Classificação fonética das rimas
As rimas são classificadas foneticamente como perfeitas ou imperfeitas. As rimas perfeitas são aquelas em que a correspondência de sons na terminação das palavras é idêntica. As rimas imperfeitas são aquelas em que a correspondência sonora se dá parcialmente, como ocorre nos versos 36 e 40 do poema “Meus oito anos”.
4. Retome a segunda estrofe do poema, prestando atenção ao modo como as imagens poéticas são construídas.
4. a) Tais construções sugerem uma visão de um passado em que a natureza expressava tranquilidade e harmonia.
a) O eu lírico expressa, por meio da construção de imagens poéticas, a maneira pela qual percebia os elementos da natureza quando criança. Qual é o efeito de sentido gerado por essas construções no contexto do poema?
b) Retome o último verso da estrofe. Como a visão da vida expressa nesse verso está relacionada à forma como o eu lírico recorda sua infância? Explique.
4. b) Essa visão se conecta a uma recordação positiva da infância, pois, no verso, a vida é comparada a um hino que celebra o amor.
c) Considerando o contexto do poema, é possível afirmar que o eu lírico mantém a percepção sobre a vida depois de adulto? Justifique sua resposta com base em elementos do poema.
5. Em Campo geral, a infância é abordada de uma perspectiva diferente da observada no poema “Meus oitos anos”. Reflita sobre essa diferença para responder às questões a seguir.
4. c) Não. A comparação entre o passado feliz e o presente sugere um lamento sobre a perda da infância e a ideia de que o eu lírico vive um presente de desilusões. Os versos 27 a 32 demonstram essa desilusão com o presente em comparação com a harmonia e tranquilidade da infância.
a) Como a infância de Miguilim em Campo geral é apresentada em comparação com a infância descrita no poema “Meus oito anos”?
b) Em quais dos textos a infância é apresentada de forma idealizada?
A infância é idealizada no poema “Meus oito anos”.
c) Como a idealização da infância influencia o modo como o eu lírico percebe o seu passado e o seu presente no texto em questão?
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
O Romantismo brasileiro (1836–1880) se divide em três fases. Enquanto a primeira geração romântica foi marcada pelo nacionalismo e pela idealização do indígena, a segunda geração, denominada ultrarromântica, é caracterizada por uma visão pessimista e introspectiva da vida, abordando temas como a angústia existencial. A terceira geração romântica, por sua vez, é marcada por poemas de caráter social e abolicionista. Embora a maioria dos textos da primeira geração se situem no início do Romantismo, os da segunda, durante a metade do movimento, e os da terceira, ao final do movimento, é importante ter em vista que muitos autores elaboraram criações literárias que transitavam entre as estéticas ou não correspondiam à divisão temporal aqui convencionada. Como já abordado, a divisão das manifestações literárias em movimentos literários é uma estratégia didática, que busca agrupar obras de um mesmo contexto histórico e com características comuns para facilitar o estudo. Muitas obras e autores não seguem de forma rígida as características dos movimentos nos quais foram categorizados.
O poema ”Meus oito anos”, de Casimiro de Abreu, pertence à segunda geração romântica ou ultrarromântica. Essa geração, marcada historicamente pela consolidação do Império no Brasil e pelas fortes influências do Romantismo europeu, recebe esse nome porque seus escritores radicalizaram a expressão dos sentimentos, característica do Romantismo, movimento literário marcado pela valorização da subjetividade. Os autores da geração ultrarromântica foram influenciados pelo poeta britânico George Byron (1788-1824), cuja literatura era carregada de pessimismo. Dentre os principais temas abordados por essa geração, estão o amor não correspondido, a insatisfação com o presente e a morte. As principais características dessa geração são:
• Subjetividade exacerbada, marcada pela expressão de emoções e sentimentos e pela exploração da interioridade do eu lírico por um viés pessimista.
• Melancolia, associada a um sentimento de perda ou desencanto diante da vida.
• Escapismo e fuga da realidade, por meio da construção de cenários idealizados nos quais as dificuldades da vida real não estão presentes.
• Saudosismo, marcado pela idealização de um passado no qual o sentimento de desilusão não estivesse presente.
5. a) A apresentação da infância de Miguilim é marcada por traços realistas, conflitos existenciais e relações complexas com os familiares. Em “Meus oito anos”, a infância é retratada como uma fase de plena felicidade e inocência.
5. c) A idealização da infância faz com que o eu lírico perceba felicidade apenas em seu passado, de modo que o presente se torna um espaço de recordação desse passado feliz e lamento pela impossibilidade de retorno a essa felicidade. Ele sente que perdeu os anos felizes de sua vida e que, no momento presente, restam desilusões e mágoas.
Os poetas da segunda geração romântica tinham hábitos de vida pouco saudáveis, marcados pelo abuso de álcool e pela vida noturna. Muitos deles, como Casimiro de Abreu e Álvares de Azevedo (1831-1852), faleceram precocemente em razão de problemas de saúde agravados pelo estilo de vida.
6. No caderno ou em uma folha avulsa, copie a alternativa correta acerca das características ultrarromânticas presentes no poema “Meus oito anos”.
Resposta: alternativa a.
a) O poema “Meus oito anos” apresenta uma visão idealizada do passado, característica típica do Ultrarromantismo.
b) No poema “Meus oito anos”, o eu lírico expressa otimismo em relação à vida, contradizendo o caráter sombrio e pessimista do Ultrarromantismo.
c) A linguagem do poema é objetiva e racional, sem elementos subjetivos, o que é uma característica do Ultrarromantismo.
d) No poema “Meus oito anos”, a idealização da infância é acompanhada de uma crítica racional à realidade presente.
e) O poema “Meus oito anos” utiliza a nostalgia pela infância como uma forma de expressar a necessidade de mudanças em sua vida adulta.
7. Dentre os principais autores do Ultrarromantismo, está o poeta Álvares de Azevedo. Leia o poema a seguir, de Álvares de Azevedo, para responder às questões.
Minha desgraça não é ser poeta, Nem na terra de amor não ter um eco, E meu anjo de Deus, o meu planeta, Tratar-me como trata-se um boneco…
Não é andar de cotovelos rotos, Ter duro como pedra o travesseiro…
Eu sei. O mundo é um lodaçal perdido Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro…
Minha desgraça, ó cândida donzela, O que faz que o meu peito assim blasfema, É ter para escrever todo um poema, E não ter um vintém para uma vela.
AZEVEDO, Álvares de. Minha desgraça. In: AZEVEDO, Álvares de. Poemas malditos. 3. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1988. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/ texto/bv000024.pdf. Acesso em: 8 out. 2024.
a) Q uais sentimentos expressos no poema refletem as características do Ultrarromantismo?
No poema, o eu lírico expressa melancolia e pessimismo diante da vida, características típicas do Ultrarromantismo.
b) O modo como Álvares de Azevedo e Casimiro de Abreu abordam a melancolia e o descontentamento diante da vida nos poemas analisados diferem entre si ou se assemelham? Explique.
As abordagens dos poetas diferem entre si, pois, enquanto Casimiro de Abreu idealiza a infância como uma forma de escapar do presente, refletindo de forma otimista sobre o tempo passado, Álvares de Azevedo apresenta uma visão pessimista da vida adulta, sem idealizações do passado.
Leia o trecho a seguir, retirado do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e, em seguida, reflita sobre as questões propostas.
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
IV - direito de organização e participação em entidades estudantis;
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica. (Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019).
BRASIL. Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1990. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 8 out. 2024.
• Considerando o ambiente rural, afastado de centros urbanos, onde Miguilim morava com a família na infância, você acredita que ele frequentou a escola? Faça uma pesquisa sobre a obra Campo geral, de Guimarães Rosa, e busque essa informação. Discuta com os colegas as circunstâncias que envolveram esse aspecto da infância de Miguilim.
• Você acredita que, atualmente, todas as crianças frequentam a escola no Brasil? Explique.
Respostas pessoais. O objetivo desta questão é estimular os estudantes a refletir sobre a evasão escolar no Brasil.
• Considerando a grande dimensão do território brasileiro, as diferentes culturas e os modos de vida dos povos que aqui residem, em sua perspectiva, quais estratégias educacionais poderiam contribuir para a permanência das crianças e dos adolescentes na escola? Você gostaria que algumas dessas estratégias fossem adotadas em sua escola atual? Explique.
Respostas pessoais. Esta questão tem como objetivo estimular os estudantes a refletir sobre a diversidade cultural do Brasil e o modo como ela pode ser utilizada como recurso para favorecer o vínculo entre o estudante e a escola, considerando inclusive sua própria realidade.
Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes descubram, em sua pesquisa, que Miguilim teve a ajuda do médico que diagnosticou sua miopia e lhe forneceu seus primeiros óculos. Acompanhado desse médico, Miguilim deixa sua casa e vai estudar na cidade. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias
desenvolva nos estudantes o aprofundamento das “análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas”. Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social.
No campo de atuação da vida pessoal, existem alguns gêneros textuais que servem de plataforma para que gostos, interesses, opiniões sobre práticas artísticas e culturais sejam compartilhados com outros interlocutores. A vídeo-resenha é um exemplo.
Na seção Estudo Literário, foi analisado um trecho da novela Campo geral, de João Guimarães Rosa. Nesta seção, serão apresentados trechos de transcrição de um episódio da série Ler antes de morrer, apresentada pela booktuber Isabella Lubrano (1989-). Nesse episódio, ela compartilha sua experiência de leitura e sua opinião a respeito do romance Grande sertão: veredas, também de Guimarães Rosa. O termo booktube é dado à comunidade de canais de vídeos dentro do YouTube em que os apresentadores, conhecidos como booktubers, compartilham resenhas críticas orais de livros, vídeo-resenhas e atividades culturais relacionadas à literatura.
Leia, a seguir, a transcrição de um episódio da série de vídeo-resenhas Ler antes de morrer. No início da vídeo-resenha de Isabella Lubrano, encontra-se a transcrição da fala de Guimarães Rosa em um trecho de entrevista dada por ele na Alemanha.
Antes de iniciar a leitura do texto, converse com a turma sobre as questões a seguir.
• Você costuma assistir a vídeos nos quais apresentadores compartilham gostos e interesses a respeito de obras literárias?
• Nesta coleção, você já analisou o gênero textual resenha crítica, por meio da leitura de uma resenha escrita. Nesta seção, você vai analisar o gênero textual vídeo-resenha. Quais semelhanças e diferenças você imagina que podem existir entre esses dois gêneros?
Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor. Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
• A vídeo-resenha, cuja transcrição será apresentada a seguir, foi veiculada no canal Ler antes de morrer, de Isabella Lubrano. Em sua opinião, por que Isabella escolheu esse nome para o canal? Compartilhe suas hipóteses com os colegas.
Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
Resenha sem spoilers (#280)
‘O romance trata de lutas de jagunços naquela região do interior do Brasil, com um sistema quase medieval de grandes fazendeiros. E com pouca justiça, pouca polícia, e havia grandes lutas e vendetas entre eles.’
[…]
A questão é que Guimarães Rosa, que a gente pode ter um vislumbre do homem que ele foi, do intelectual que ele foi assistindo a essa entrevista, foi um dos sujeitos mais inteligentes que já nasceram no Brasil. Ele nasceu em Cordisburgo, no interior de Minas Gerais, em 1908. Agora, você imagina qual era o desenvolvimento de Cordisburgo mais de 100 anos atrás, numa cidade pequena, sem grandes acessos a bibliotecas, a pessoas que vinham de fora, não era uma cidade
cosmopolita como alguma capital. E ainda assim Guimarães Rosa, o menino, passou a primeira infância lá em Cordisburgo, deu um jeito de demonstrar e de desenvolver a sua genialidade desde pequenininho. Ele começou a estudar línguas sozinho, ele rapidamente se destacou pela facilidade que ele tinha na escola. Tanto foi o seu desenvolvimento, tanto chamou a atenção de todos o brilhantismo daquele menino, que ele se mudou logo aos 10, 11 anos para Belo Horizonte, onde ele fez o restante dos seus estudos em colégios internos.
E depois, muito jovem, aos 17 anos apenas, ele começou a estudar Medicina na Faculdade de Medicina de Minas Gerais, que depois foi incorporada à UFMG, onde ele foi colega de faculdade de pessoas como o Juscelino Kubitschek, mas isso é uma outra história também. E muito jovem ainda, aos 21 anos, ele começou uma carreira de médico. Olha só isso, estamos falando de um cara que começou tudo muito precocemente, né?
Dessa carreira de médico, ele teve a oportunidade de passar alguns anos, poucos anos, clinicando no interior de Minas Gerais, numa cidade chamada… peraí que eu vou consultar o nome da cidade que eu não me lembro. Aqui está! Itaguara, no interior de Minas Gerais. Dessa experiência em Itaguara, ele colheu uma vivência no sertão do Brasil que ele fazia questão de tomar notas como grande estudioso, que ele nunca deixou de ser a vida inteira, e que lhe deu inspiração para criar alguns dos mais belos contos da literatura brasileira, reunidos em livros como Sagarana , como Primeiras histórias, como Corpo de baile. E não bastasse toda a riqueza cultural e linguística que ele gostava de coletar, de colecionar, Guimarães Rosa também introduzia, a essa rica coleção de experiências, toda a sua curiosidade como estudioso e como acadêmico, nunca deixando de estudar idiomas, nunca deixando de estudar história. Ele chegou a estudar, sempre por conta própria, uma coisa espetacular, idiomas como o árabe, o grego, o latim, o russo, dinamarquês. E rapidamente se decepcionando com o dia a dia como médico de interior, ele resolveu prestar concurso, ainda muito jovem, ainda estamos falando de uns 25 anos de idade, para a carreira de diplomata. Concurso esse que ele naturalmente não teve dificuldade nenhuma em ser aprovado.
Começou assim uma carreira que se dividiu entre a diplomacia, ele serviu em diferentes cidades pelo mundo, sendo a mais destacada delas, como eu falei, a cidade de Hamburgo, lá na Alemanha, com a carreira de escritor. Foi quando ele conseguiu também desenvolver esse lado romancista que surgiu de maneira insólita, porque você vê que ele não era um cara das letras, ele não frequentava os meios dos outros escritores, dos outros artistas. Ele era um médico, mas muito desenvolto, muito habilidoso, muito original. Ele rapidamente conseguiu construir um nome entre a intelectualidade literária brasileira e passou a ser um dos escritores mais respeitados do Brasil.
O Grande sertão: veredas , ele escreveu na década de 50, foi publicado em 1954. Deixa eu conferir aqui na minha cola – não, 1956.
Inclusive, essa edição aqui da Companhia das Letras, ela tem algumas preciosidades, né? Depois da história, além de vários textos analíticos e tudo mais, tem uma troca de cartas entre Clarice Lispector, que na época morava nos Estados Unidos, e Fernando Sabino, outro escritor mineiro, e eles estão conversando sobre o Grande sertão. O livro tinha acabado de sair e eles estão espantados. Eles nunca tinham lido nada semelhante a isso. E também eles – veja só – Clarice e Fernando Sabino, acharam as primeiras páginas misteriosas, ‘assim-assim’, como disse o Fernando Sabino.
As primeiras páginas são ‘assim-assim’, mas depois eles foram tomados assim por um torpor, né? Porque esse livro meio que agarra a gente e nos apresenta coisas que a gente nunca tinha visto antes. Isso é pra você ver que não tem problema nenhum em sentir dificuldade nas primeiras páginas de Grande sertão: veredas . Fiquem tranquilos, todo mundo sente. […] Quando a gente lê, é um pouco estranho a construção da frase, as palavras desconhecidas, as palavras criadas pelo Guimarães Rosa. Não fazem sentido quando a gente tá lendo, né, no rigor do papel, da palavra impressa no papel. Mas quando a gente fala em voz alta, a gente consegue ouvir uma sonoridade de um homem do interior. Então, eu recomendo que você assista essa live, só para você entender do que a gente está falando.
Qual é a originalidade de Grande sertão: veredas? Guimarães Rosa – embora tenha nascido no interior de Minas Gerais, em Cordisburgo, e passado a primeira infância ali no sertão, ouvindo histórias, crescendo dentro desse ambiente –, ele era um intelectual urbano. Ele cresceu e teve a sua formação na cidade grande, em universidades. Então, a gente tem a impressão, talvez errada, de que ele fosse um homem que circulasse com naturalidade pelo interior do Brasil, que vivesse numa fazenda e estivesse sempre, todos os dias, no seu cavalo e tudo, mas não era bem assim. Guimarães Rosa era um homem da cidade grande.
Ele teve o talento de observar, durante os seus anos de convivência no sertão, com a habilidade inigualável dos gênios, que conseguiu inserir nesse universo cultural – que fazia parte da sua infância, o interior de Minas Gerais – dentro de um contexto universal de histórias que falam das mais íntimas aflições dos seres humanos. É muito comum, eu me lembro, no colégio, a professora de Literatura classificava a literatura de Guimarães Rosa como regionalismo universalizante. Ele passa a falsa impressão de que fala apenas de uma realidade de interior brasileiro, muito restrita, quando, na realidade, a literatura dele fala de temas que pertencem à humanidade inteira e que investigam questões metafísicas que transcendem a existência cotidiana, banal e terrena, e investigam o significado da vida, a nossa relação com a natureza, com Deus, com o diabo e com a morte.
São histórias que também são lidas, evidentemente, por acadêmicos, porque o texto dele é difícil de ler, são lidas e estudadas mundo afora. Se houve algum escritor brasileiro que realmente chegou muito próximo de merecer uma indicação ao Prêmio Nobel de Literatura, eu diria que foi João Guimarães Rosa. Infelizmente, ele morreu de maneira precoce.
[…]
E como o próprio Guimarães Rosa definiu lá na entrevista para os alemães, é uma história de jagunços que percorrem o sertão do Brasil, os estados de Minas Gerais e também um pedaço da Bahia, um pedaço de Goiás. Então a gente está falando naquela região ali noroeste, próximo ali da divisa entre esses três estados. Inclusive na região existe uma reserva ambiental que eles chamaram de Parque Grande Sertão: Veredas, algum dia eu quero visitar esse lugar.
Enfim, os jagunços, no começo do século XX, eram uma espécie de força paramilitar que se confundia com bandoleiros, ou seja, bandidos de estradas que assaltavam os viajantes e os fazendeiros, os agricultores, mas também atuavam a serviço dos grandes fazendeiros, dos grandes donos de terra. Eram grupos de bandidos armados que por serem úteis dentro da geopolítica local, eles eram também protegidos pelos grandes proprietários de terra, ao mesmo tempo em que praticamente não havia Estado, não havia a presença do governo. Aqui, esporadicamente, no Grande sertão, nós vamos ver a presença de soldados representando o Estado brasileiro, mas eles são uma presença escassa no interior.
[…] Quem conta a história é justamente o protagonista, o Riobaldo, que está narrando essa história mais ou menos, portanto, nos anos 50, quando o livro foi publicado, e falando da sua juventude, então calculando, eu imagino que a gente esteja falando da época da República Velha. Ele nos conta, no melhor modelo dos romances de formação, a história do seu crescimento, da sua juventude, da sua formação como homem e de todos os perigos que ele encontrou dentro desse mundo de jagunçagem no grande sertão brasileiro. […] Guimarães Rosa, ele conseguiu, como eu falei, trazer temas que são universais, que fazem sentido em qualquer canto do planeta Terra para dentro da realidade cultural e folclórica do interior do Brasil, que mostra que todos nós, por mais diferentes que nós pareçamos, somos feitos da mesma argamassa, somos parte de uma mesma humanidade. Bom, espero que tudo isso seja motivo suficiente para você conhecer Grande sertão: veredas . Uma leitura mais fácil do que eu imaginava, bem, bem, bem menos complicada do que o meu medo criava na minha cabeça, mas ainda assim desafiadora, mas que a gente tem que ler antes de morrer. E eu vou conversar tudo sobre esse livro, sem medo de dar spoilers, amanhã às 19 horas.
[…]
E se você fizer compras entrando na loja por esse link , nem precisa ser Grande sertão: veredas, pode ser qualquer outro livro, você ajuda o canal ou você pode se tornar padrinho ou madrinha aqui do Ler antes de morrer, me ajudando a prosseguir com esse projeto de trazer pra vocês obras imortais da literatura universal como Grande sertão: veredas . […]
Tchau, tchau, gente.
Transcrito de: GRANDE sertão: veredas, Guimarães Rosa – resenha sem spoilers (#280). [S. l.: s. n.], 2020. 1 vídeo. (23 min). Publicado pelo canal Ler antes de morrer [Isabella Lubrano]. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=L9Dz8ikW358. Acesso em: 8 out. 2024.
paramilitar: organização de civis que exercem funções militares, sendo armados e treinados, sem fazer parte das forças militares do país.
Isabella Lubrano Paes Manso é nacionalmente conhecida como booktuber, nome dado aos influenciadores digitais que possuem canais na internet para falar exclusivamente de livros. Em seu canal, Isabella faz resenhas de obras, fala sobre os livros dos vestibulares, dá dicas de leitura e discorre sobre seus livros favoritos. Isabella estudou Direito na Universidade de São Paulo (USP), mas, quando percebeu que não desejaria seguir a carreira de advogada, conciliou o curso de Direito com o de Jornalismo.
■ Isabella Lubrano, apresentadora do canal Ler antes de morrer.
Argumentação de incentivo à leitura de Grande sertão: veredas
Dicas para a leitura do romance.
Argumentação sobre a originalidade do romance.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
1. O conteúdo do episódio 280 do canal Ler antes de morrer, cuja transcrição você acabou de ler, pode ser dividido em quatro partes.
• Copie, no caderno, o quadro a seguir. Depois, complete-o com as frases dispostas na nuvem de frases de acordo com as partes em que foram apresentadas no episódio.
Contextualização da obra
Entrevista de João Guimarães Rosa.
Informações sobre o autor.
Apresentação do livro impresso.
Análise e comentários apreciativos
Sinopse Conclusão
Explicação a respeito da organização dos jagunços
Argumentação sobre a originalidade do romance
Informações sobre o autor
Entrevista de João Guimarães Rosa
Retomada dos argumentos
Apresentação do livro impresso
Menção aos incentivos ao canal e despedida
Dicas para a leitura do romance
Retomada dos argumentos. Menção aos incentivos ao canal e despedida.
Explicação a respeito da organização dos jagunços.
Apresentação do personagem Riobaldo.
Apresentação do personagem Riobaldo
Argumentação de incentivo à leitura de Grande sertão: veredas
2. No início do episódio, Isabella Lubrano contextualiza a obra Grande sertão: veredas, apresentando informações sobre o autor João Guimarães Rosa.
a) De acordo com a booktuber, quais conhecimentos Guimarães colecionou em suas experiências como médico no interior de Minas Gerais?
2. a) Ele se dedicou a analisar e compilar a riqueza linguística da região e as experiências e curiosidades que vivenciava ou ouvia.
b) Com base em seu conhecimento acerca da obra do autor, responda: em sua opinião, como esse compilado de informações influenciou a escrita de Guimarães Rosa?
c) De acordo com a booktuber, algumas vivências colhidas por Guimarães influenciaram a escrita de alguns de seus contos. Quais eram essas vivências e em que lugar foram colhidas?
De acordo com a booktuber, o autor tomava nota da vivência no sertão do Brasil enquanto trabalhava como médico na cidade de Itaguara, interior de Minas Gerais.
O gênero textual vídeo-resenha pode ser considerado uma remidiação do gênero resenha crítica. Com o avanço das TDICs, os vídeos compartilhados em canais digitais se popularizaram e, com eles, o compartilhamento de informações e avaliação de produções relacionadas ao universo cultural ou artístico. Diferentemente da resenha crítica , que se caracteriza pela apresentação do conteúdo na modalidade escrita, a vídeo-resenha se caracteriza pela apresentação oral em vídeo. No caso das vídeo-resenhas veiculadas pelo booktube, comunidade de canais no YouTube, as análises são exclusivamente voltadas aos livros, como a própria palavra booktube, proveniente da língua inglesa, indica.
A composição desses dois gêneros textuais costuma apresentar os mesmos conteúdos principais:
• c ontextualização da obra resenhada, com informações como data de lançamento e autoria;
• sinopse do enredo da obra;
• análise e comentários apreciativos do resenhista, sustentados por argumentos.
2. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes consigam relacionar os estudos que o autor fazia do ambiente em que estava inserido com o espaço narrativo e o estilo de linguagem que aplicou em sua obra.
3. Antes de lançar o episódio 280, com a resenha de Grande sertão: veredas, Isabella Lubrano convidou os espectadores do seu canal para uma live na qual fez a leitura comentada das 12 primeiras páginas do romance. Veja, a seguir, um frame da live e um trecho do episódio 280 em que a booktuber fala sobre seu processo de leitura da obra.
Grande sertão: veredas – leitura comentada das primeiras páginas
Frame do vídeo “Grande sertão: veredas – leitura comentada das primeiras páginas”.
Não fazem sentido quando a gente tá lendo, né, no rigor do papel, da palavra impressa no papel. Mas quando a gente fala em voz alta, a gente consegue ouvir uma sonoridade de um homem do interior. Então, eu recomendo que você assista essa live, só para você entender do que a gente está falando.
Transcrito de GRANDE sertão: veredas – leitura comentada das primeiras páginas. [S. l.: s. n.], 2020. 1 vídeo (87 min). Publicado pelo canal Ler antes de morrer [Isabella Lubrano]. Disponível em: www.youtube.com/watch?v=SH7IOhuRtnQ. Acesso em: 8 out. 2024.
a) No episódio, a booktuber confessa o medo que tinha de enfrentar a leitura do romance de Guimarães Rosa. De acordo com ela, quais foram as dificuldades encontradas no princípio da leitura de Grande sertão: veredas?
b) Para enfrentar essas dificuldades, ela dá uma dica importante para os espectadores. Que dica é essa? Que relação essa dica possui com a live que ela apresentou?
c) Ao convidar os espectadores do episódio 280 para a live, a booktuber objetiva fidelizar, aumentar o número de seguidores e, ao mesmo tempo, atrair leitores para a obra. Em sua opinião, como esses objetivos são alcançados?
Resposta pessoal. Ao divulgar a própria live, a booktuber pode obter maior engajamento do seu público e alcançar maior número de visualizações, ao mesmo tempo em que promove a leitura da obra, auxiliando os espectadores a “atravessarem” as primeiras páginas.
O conhecimento na produção de resenhas
Uma resenha crítica satisfatória exige um processo de estudo e uma análise aprofundados da obra ou do produto que se pretende avaliar. Com a vídeo-resenha veiculada via booktube não é diferente: espera-se que um exercício de leitura, estudo e pesquisa seja feito, ainda que os gostos pessoais do booktuber possam ser apresentados com mais liberdade do que ocorre com o resenhista. É comum que os veículos jornalísticos convidem especialistas na área da qual a obra trata ou à qual o produto resenhado pertence, conferindo assim maior credibilidade aos comentários feitos pelo resenhista. No caso dos canais de booktube , essa não é uma exigência; é o próprio booktuber que se propõe a tecer comentários a respeito dos livros analisados.
3. a) Isabella Lubrano comenta que uma das dificuldades enfrentadas na leitura da obra é a estranheza diante da construção das frases, das palavras desconhecidas e dos neologismos empregados.
3. b) Começar a leitura em voz alta, para se acostumar com a sonoridade do narrador. Na live ela faz a leitura em voz alta das primeiras páginas, além de comentar os trechos com os espectadores.
4. Observe, a seguir, as imagens que compõem a vinheta de abertura do canal Ler antes de morrer.
■ Frame do vídeo “Grande sertão: veredas, Guimarães Rosa – resenha sem spoilers ”.
a) Quais aspectos da imagem remetem ao objetivo do canal?
b) Quais informações a respeito do canal são apresentadas na vinheta?
4. a) A estante de livros e a capa de livro junto ao nome do canal. 4. b) O nome do canal e o nome da booktuber.
c) Retomando os seus conhecimentos prévios, responda: qual é a função da vinheta no início de um episódio?
Multimodalidade
A vinheta tem a função de ajudar a identificar o canal, criando um ambiente virtual reconhecível para o espectador, além de indicar o início do episódio.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
O gênero textual vídeo-resenha é multimodal , ou seja, é composto de uma multiplicidade de linguagens articuladas que contribuem para a construção de significados no texto. A vinheta faz parte dessa característica multimodal do gênero, apresentando imagens, texto verbal e trilha característica para a abertura dos episódios. Assim como acontece em programas de rádio e TV, na vídeo-resenha, a vinheta é uma breve introdução sonora e imagética utilizada para marcar o início de um episódio.
5. Observe, a seguir, o cabeçalho da página do canal Ler antes de morrer em uma plataforma digital de compartilhamento de vídeos.
LUBRANO, Isabella. Ler antes de morrer. Brasil, c2014-2024. YouTube: [Canal] @LerAntesdeMorrer. Disponível em: www.youtube.com/@LerAntesdeMorrer. Acesso em: 9 de out. 2024.
a) Com base nas informações apresentadas no cabeçalho, o que é possível deduzir sobre o nome do canal?
Resposta pessoal. O nome do canal é relacionado à meta da booktuber de ler 1 0 01 livros antes de morrer.
b) N o cabeçalho, é apresentada uma contagem. O que ela indica? Qual é a importância dessa informação para os inscritos ou visualizadores do canal?
c) Em sua opinião, de que maneira o nome escolhido pela booktuber para o canal pode auxiliar no engajamento do público?
5. b) A contagem indica quantos livros já foram lidos desde que a apresentadora do canal estabeleceu a meta de leitura. Os inscritos ou visualizadores do canal podem ter interesse em saber quantos livros faltam ser lidos para a booktuber alcançar a sua meta de leitura dentro do canal.
5. c) Resposta pessoal. É possível que os estudantes concluam que o nome do canal pode representar um desafio para os visualizadores, de modo que se sintam atraídos a aderir à meta e inscrever-se no canal.
6. b) Respostas pessoais. É importante que os estudantes reflitam sobre a importância de uma citação do autor em ambos os gêneros. Na resenha escrita, ela pode ser utilizada para sustentar um argumento ou até mesmo apresentar o autor; no entanto, é esperado que ela ganhe maior efeito na vídeo-resenha, uma vez que conta com imagens, sons e gestos, aproximando o leitor do autor apresentado.
d) Observe o recorte do cabeçalho a seguir e responda às questões de acordo com sua opinião e seus conhecimentos prévios.
REPRODUÇÃO/LER ANTES DE MORRER
6. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
• O que @LerAntesdeMorrer significa?
Espera-se que os estudantes respondam que se refere ao endereço do perfil do canal Ler antes de morrer na rede social YouTube.
• O que são os inscritos de um canal? O número de inscritos no canal de Isabella Lubano é considerado alto?
Respostas pessoais. Os inscritos de um canal são os espectadores que se inscreveram para receber mais conteúdos do canal. O número de inscritos no canal Ler antes de morrer, 715 mil, é considerado alto.
6. No início do episódio, é apresentado um trecho de uma entrevista que João Guimarães Rosa, autor de Grande sertão: veredas, concedeu a um canal de televisão alemão. Nele, o próprio autor apresenta, de maneira bastante resumida, a sinopse da obra.
a) Em sua opinião, qual é o efeito da apresentação dessa entrevista no início do episódio?
b) Em sua opinião, uma fala do autor Guimarães Rosa transcrita em uma resenha escrita teria o mesmo efeito? Por quê?
7. a) Oferecer informações sobre o enredo da obra para que o leitor possa compreender as apreciações tecidas sobre ela. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
7. Uma importante parte da composição de uma vídeo-resenha é a sinopse, ou seja, a síntese do enredo do livro analisado. Com base nessa informação, responda às perguntas a seguir.
a) Qual é a função da sinopse na vídeo-resenha?
b) Em quais parágrafos da transcrição do episódio 280 do canal Ler antes de morrer há informações sobre o enredo da obra?
Parágrafos: 1º, 14º, 15º e 16º
c) No episódio, a booktuber decide não apresentar informações aprofundadas acerca do enredo da obra. Essa decisão está destacada no título do episódio. Explique.
d) Em sua opinião, essa decisão tomada por Isabella Lubrano favorece ou prejudica a análise apreciativa da obra que ela apresenta? Por quê?
8. Releia, a seguir, um trecho da transcrição do episódio 280 que aborda as cartas trocadas entre Clarice Lispector (1920-1977) e Fernando Sabino (1923-2004) a respeito da leitura que estavam fazendo, na época, de Grande sertão: veredas.
8. a) Respostas pessoais. No contexto em que é aplicada, a expressão cumpre a função de adjetivo e significa “nem bom nem mau”. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
As primeiras páginas são ‘assim-assim’, mas depois eles foram tomados assim por um torpor, né? Porque esse livro meio que agarra a gente e nos apresenta coisas que a gente nunca tinha visto antes. Isso é pra você ver que não tem problema nenhum em sentir dificuldade nas primeiras páginas de Grande sertão: veredas . Fiquem tranquilos, todo mundo sente.
■ Frame do vídeo “Grande sertão: veredas, Guimarães Rosa – resenha sem spoilers”.
6. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes infiram que o vídeo, com um trecho de entrevista com o autor da obra resenhada inserido na vídeo-resenha, pode atrair a atenção dos visualizadores tanto pela raridade da imagem quanto pelo interesse que a fala do autor sobre sua obra desperta.
7. c) No título do episódio, aparece a informação “Resenha sem spoilers ”, o que significa que a booktuber não vai entregar as surpresas da trama para os espectadores. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
a) Qual é o significado da expressão assim-assim no contexto em que foi aplicada? A seguir, o frame representa o momento em que a booktuber diz esse termo. Em sua opinião, essa expressão é mais bem compreendida quando expressa oralmente e acompanhada de gestos?
7. d) Respostas pessoais. É possível que alguns estudantes comentem que faltam informações sobre o enredo da obra, pois essa parece ser uma fragilidade da vídeo-resenha apresentada.
8. b) Não. Segundo a apresentadora da vídeo-resenha, após a leitura das primeiras páginas, eles “sentiram um torpor” provocado pela leitura e foram conquistados.
b) De acordo com a booktuber, a impressão inicial de Fernando Sabino e Clarice Lispector a respeito de Grande sertão: veredas se manteve? Explique.
c) De que maneira a informação sobre a troca de cartas entre dois renomados autores da literatura brasileira confere mais credibilidade à vídeo-resenha?
8. c) Citar a opinião de dois autores renomados sobre a obra resenhada confere maior credibilidade ao conteúdo da vídeo-resenha porque comprova a relevância da obra.
■ Fernando Sabino, em 1985, e Clarice Lispector, em 1974.
9. Para produzir uma vídeo-resenha, é necessário um exercício de análise do livro. Com base nesse exercício de análise, são apresentadas opiniões a respeito da obra, junto a argumentos para sustentá-las.
a) A booktuber apresenta uma opinião acerca da originalidade do romance Grande Sertão: veredas. De acordo com ela, qual é o grande toque de originalidade da obra?
b) Em sua opinião, os argumentos utilizados pela booktuber são consistentes e conseguem sustentar a opinião apresentada? Que outra estratégia argumentativa você utilizaria?
Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
Argumentação na vídeo-resenha
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Por ser um gênero que se caracteriza pela apresentação da sinopse e a expressão de opinião acerca de uma obra, bem como da contextualização da obra e a do autor, a vídeo-resenha – assim como a resenha crítica – é imbuída de uma duplicidade: ao mesmo tempo em que apresenta um texto explicativo-expositivo também apresenta elementos argumentativos, com o objetivo de persuadir o leitor a conhecer e consumir o livro apresentado.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Booktuber
Isabella Lubrano, já formada em Direito e Jornalismo, decidiu dedicar-se a uma atividade bastante atual: a de booktuber
• E labore com sua turma um mural coletivo, físico ou virtual, de aspectos inerentes à atividade de booktuber. Pesquisem fatores relacionados às novas tecnologias que possibilitaram o surgimento dessa atividade; a necessidade ou não de especialização profissional para o exercício da atividade; o tempo necessário para estar apto a exercê-la, como o tempo dedicado à leitura e a pesquisas sobre a obra e o autor; o tempo necessário para gravação e edição das vídeo-resenhas; as estratégias para angariar seguidores e alcançar engajamento; a expectativa e formas de ganhos financeiros, entre outros aspectos que julgar importantes. Por fim, faça uma lista dos booktubers nacionais e internacionais que mais se destacam na atualidade, procurando responder à questão: quais semelhanças e diferenças eles apresentam?
9. a) Segundo a booktuber, a originalidade do romance consiste na capacidade de Guimarães Rosa de inserir, no contexto cultural do sertão brasileiro, questões que são universais, ou seja, que representam as mais íntimas aflições dos seres humanos. Portanto, uma narrativa que, a princípio, pode parecer restrita a uma realidade do interior brasileiro, torna-se universal.
10. Leia os três últimos parágrafos do episódio 280 de Ler antes de morrer para responder às questões.
a) Para concluir o episódio, Isabella Lubrano retoma um argumento utilizado por ela na vídeo-resenha e uma impressão compartilhada ao longo do vídeo. Explique como os dois tópicos são retomados. Eles são enfatizados ou contestados?
b) Na conclusão, a booktuber também incentiva os seguidores a auxiliar o canal. De que maneira ela faz isso?
O gênero textual vídeo-resenha
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
O gênero textual vídeo-resenha surge de um processo de reelaboração e remidiação proporcionado pelo desenvolvimento das TDICs e difusão das plataformas de compartilhamento de vídeos. Nesse contexto, a vídeo-resenha apresenta características semelhantes às da resenha crítica, mas permite a experimentação de diferentes técnicas de produção multimodal, por meio do uso das tecnologias digitais.
Diferentemente da resenha crítica, que está mais atrelada ao campo jornalístico-midiático, a vídeo-resenha está mais relacionada ao campo da vida pessoal , pois abre espaço para que os booktubers apresentem suas apreciações acerca dos livros analisados e compartilhem com seus seguidores impressões e relatos da trajetória leitora que fizeram.
11. Observe, a seguir, o frame do episódio 280 de Ler antes de morrer, prestando especial atenção ao cenário escolhido pela booktuber para a gravação do vídeo.
■ Frame do vídeo “Grande sertão: veredas, Guimarães Rosa – resenha sem spoilers ”.
a) Quais elementos do cenário remetem ao projeto ao qual o canal se dedica?
Os livros na estante e as miniaturas de autores (é possível identificar a miniatura de Machado de Assis).
b) Em sua opinião, a escolha do cenário é um fator importante para a vídeo-resenha?
As súplicas dos booktubers
Os youtubers , em geral – e não é diferente com os booktubers , – costumam fazer pedidos aos seus seguidores; entre eles, os mais comuns são: solicitar que curtam o vídeo, inscrevam-se no canal, compartilhem o vídeo. Tais pedidos costumam aparecer no início do vídeo, normalmente após a vinheta ou ao final.
10. a) O argumento da originalidade da obra por meio do regionalismo universalizante é retomado e enfatizado. A impressão que a booktuber tinha de que a leitura seria difícil é retomada e contestada, desmentida.
10. b) A booktuber pede aos usuários que se tornem padrinhos ou madrinhas do canal, ajudando-a a prosseguir com o projeto.
11. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes considerem que a escolha de um cenário que remeta à leitura de livros cria uma identidade visual de acordo com o objetivo do canal, que é apresentar vídeo-resenhas.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que a adoção da linguagem informal tem relação com a própria oralidade e informalidade do canal, que tem o objetivo de apresentar resenhas de livros a um público leigo e, predominantemente, jovem, portanto, em linguagem acessível e atrativa a esse público, independentemente da seriedade e formalidade do autor sobre o qual se
Dirigir-se diretamente ao ouvinte o insere na linha de raciocínio que a apresentadora pretende desenvolver, estabelecendo uma cumplicidade e um diálogo que capta e aproxima o ouvinte.
O objetivo é demonstrar ao ouvinte – que é um leitor em potencial – que os estranhamentos iniciais são normais e acontecem com todo leitor. Isso também cria uma proximidade com o ouvinte, possibilitando que ele se sinta estimulado a ler a obra sugerida.
15. c) Muito comum na modalidade oral da língua, trata-se de uma redução da forma verbal está
12. Retome esta fala da booktuber :
Olha só isso, estamos falando de um cara que começou tudo muito precocemente, né?
• Copie, no caderno, a(s) afirmação(ções) verdadeira(s) sobre a fala:
I. A expressão olha só isso configura um diálogo com o ouvinte, com o intuito de envolvê-lo no assunto que a booktuber está apresentando.
II. Ao usar o verbo na primeira pessoa do plural, a booktuber cria uma proximidade com o ouvinte, porque o inclui na ação expressa pelo verbo, como se ele fosse corresponsável pela ação.
III. O emprego da gíria cara gera o efeito, no contexto da vídeo-resenha, de aproximar Guimarães Rosa de um público leitor mais jovem, os seguidores e interlocutores do canal.
IV. A palavra né é uma aglutinação da expressão não é, a qual, utilizada em forma de pergunta, busca uma aceitação do ouvinte em relação ao que está sendo dito.
Todas as afirmativas estão corretas.
13. Elabore uma hipótese para justificar o fato de a booktuber adotar uma linguagem informal para interagir com seus seguidores, considerando que seu objeto de fala é um autor muito consagrado da literatura brasileira.
14. Releia este trecho:
Agora, você imagina qual era o desenvolvimento de Cordisburgo mais de 100 anos atrás, numa cidade pequena, sem grandes acessos a bibliotecas, a pessoas que vinham de fora, não era uma cidade cosmopolita como alguma capital.
• De que modo a expressão em destaque contribui para estabelecer proximidade com o ouvinte?
15. Leia em voz alta o trecho a seguir e responda ao que se pede.
Quando a gente lê, é um pouco estranho a construção da frase, as palavras desconhecidas, as palavras criadas pelo Guimarães Rosa. Não fazem sentido quando a gente tá lendo, né, no rigor do papel, da palavra impressa no papel.
a) Em seu ponto de vista, qual é o objetivo da booktuber ao afirmar que a construção das frases e das palavras no livro é um pouco estranha?
b) Há desvios normativos de concordância nominal no trecho: “é um pouco estranho a construção da frase”. Qual é o desvio e como ele pode ser interpretado pelo ouvinte, considerando se tratar de um texto falado?
c) E xplique o uso da palavra tá no trecho.
15. b) O desvio está na concordância entre o adjetivo estranho e o substantivo a que se refere, a construção. Nesse caso, o adjetivo deveria concordar com o gênero da palavra a que se refere; portanto, a frase deveria ser “é um pouco estranha a construção da frase”. O ouvinte provavelmente não sentirá estranheza, uma vez que o registro informal na modalidade oral da língua permite construções que seriam consideradas desvios na modalidade escrita.
A rede social TikTok também tem se tornado um espaço para o compartilhamento de vídeos com recomendações literárias. Nela, a comunidade BookTok tem crescido cada vez mais. Leia o texto a seguir, que trata desse assunto.
Nos últimos anos, uma nova tendência tem ganhado destaque no TikTok, plataforma de vídeos curtos: o BookTok. Este fenômeno social envolve uma comunidade de leitores e criadores de conteúdo que compartilham recomendações literárias, resenhas e discussões sobre livros. Utilizando a hashtag #BookTok, os usuários transformaram a forma como descobrimos e consumimos literatura, impactando diretamente o mercado editorial.
[…]
■ Mesa, em uma livraria no Arizona, exibe placa com #BookTok, em 2021.
[…] Diferente das tradicionais resenhas escritas, os vídeos no TikTok são dinâmicos e envolventes, muitas vezes com trilhas sonoras populares e edições criativas. O impacto do BookTok vai além das resenhas emocionais. A comunidade também abraça diferentes formas de conteúdo literário, desde dicas de organização de estantes até recriações dramáticas de cenas de livros. Um exemplo é o perfil @ccolinnnn , que combina humor com literatura, lendo histórias infantis de maneira divertida para seus 2,2 milhões de seguidores.
Influência nas vendas
A influência do movimento é tão significativo que editoras e autores passaram a utilizar a plataforma para promover seus livros. Editoras enviam cópias gratuitas a usuários literários na esperança de obter uma resenha positiva e visibilidade para suas obras. Isso resultou em uma mudança no paradigma de marketing editorial, onde as recomendações de BookTokers muitas vezes superam as críticas tradicionais em termos de impacto nas vendas. […]
OLIVIERI, Fernando. O que é BookTok, fenômeno do TikTok que incentiva a leitura. Exame, São Paulo, 24 jun. 2024. Disponível em: https://exame.com/pop/o-que-e-booktok-fenomeno-do-tiktok-que-incentiva-a-leitura/. Acesso em: 9 out. 2024.
Respostas pessoais. Incentive os estudantes a compartilhar seus conhecimentos prévios a respeito do assunto. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
• Você já conhecia a comunidade BookTok? Segue algum booktoker nas redes sociais? Compartilhe com a turma os seus conhecimentos a respeito desse assunto.
• A rede TikTok é conhecida, entre outras coisas, pela limitação de tempo para os vídeos compartilhados: ela possui duas opções de duração máxima dos vídeos, que são 15 e 60 segundos. Em sua opinião, nesse tempo bastante curto, é possível incentivar a leitura de maneira apropriada? Justifique a sua resposta.
Respostas pessoais. Comente com os estudantes que, apesar de os vídeos serem bem curtos, geralmente os booktokers apresentam mais de um livro, normalmente acompanhados de som ambiente ou um fundo musical. Ao redor do mundo, as livrarias têm colocado estantes específicas dos livros divulgados por booktokers mais conhecidos, seguidos por milhares de leitores. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
1. No trecho da entrevista, Guimarães Rosa fala de lutas de jagunços em regiões localizadas no interior do Brasil, fazendo a justiça à própria maneira. Na dupla de páginas, os jagunços são colocados em evidência enquanto é narrado seu modo de vida, como no trecho: “Viver é negócio muito perigoso”.
2. b) Por conta da ausência de quadrinhos, a passagem temporal não é mostrada de maneira rápida; ao contrário, é possível perceber uma lentidão na cena, que combina com o momento narrado: o deslocamento dos jagunços e a descrição desses personagens.
Atualmente é comum que as histórias em quadrinhos ganhem adaptação para as telas do cinema. Da mesma forma, a adaptação de textos literários para o formato HQ tem sido usual. Esse é o caso da história em quadrinhos Grande sertão: veredas – romance gráfico, cujo roteiro é de Guazzelli (1962-) e a arte é de Rodrigo Rosa (1972-). Veja, a seguir, uma dupla de páginas da HQ.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor. Viver
perigoso... Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem – ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos.
Sou só um sertanejo, nessas altas ideias navego mal. Não é que eu esteja analfabeto. Soletrei, anos e meio, meante cartilha, memória e palmatória. Eu gosto muito de moral. Raciocinar, exortar os outros para o bom caminho, aconselhar a justo.
Viver é muito perigoso... querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar esses homens! Todos puxavam o mundo para si, para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo. Montante, o mais supro, mais sério – foi Medeiro Vaz. Que um homem antigo... Seu Joãozinho Bem-Bem, o mais bravo de todos, ninguém nunca pôde decifrar como ele por dentro consistia. Joca Ramiro – grande homem príncipe! – era político. Zé-Bebelo quis ser político, mas teve e não teve sorte: raposa que demorou. Sô Candelário se endiabrou, por pensar que estava com doença má. Titão Passos era o pelo preço de amigos: só por via deles, de suas mesmas amizades, foi que tão alto se ajagunçou. Antônio Dó – severo bandido. Mas por metade: grande maior metade que seja. Andalécio, no fundo, um bom homem-de-bem, estouvado raivoso em sua toda justiça. Ricardão, mesmo, queria era ser rico em paz: para isso guerreava. Só o Hermógenes foi que nasceu formado tigre, e assassim.
GUAZZELLI, Eloar. Grande sertão: veredas – romance gráfico. [Adaptado da obra de] João Guimarães Rosa. Ilustrações: Rodrigo Rosa. São Paulo: Quadrinhos na Cia, 2021. p. 14 e 15.
1. De que maneira a dupla de páginas apresentada se relaciona com a breve sinopse feita pelo próprio Guimarães Rosa no início do episódio 280 do canal Ler antes de morrer?
2. As HQs são narrativas sequenciais que mesclam linguagem verbal e não verbal. Cada quadro representa um recorte temporal, dando ao leitor a impressão de que é possível ver a passagem do tempo e a movimentação das personagens.
2. a) Uma movimentação de zoom, que capta o olhar do narrador, Riobaldo.
a) Que tipo de movimentação o quadro aplicado no pé da página dupla apresenta na HQ?
b) Na página dupla apresentada, não há muitos quadrinhos. Qual efeito essa escolha promove na passagem temporal da narrativa?
3. Quando as adaptações de obras literárias para HQ surgiram no mercado editorial, elas foram consideradas uma manifestação reduzida da arte literária. No entanto, a qualidade das narrativas nas publicações lançadas nos últimos anos tem agradado a críticos e leitores. Qual é a sua opinião a respeito desse tipo de narrativa gráfica? Justifique a sua resposta.
Respostas pessoais. Essa atividade permite avaliar os conhecimentos prévios dos estudantes sobre adaptações literárias para HQ. Pode-se ampliar a discussão falando sobre o debate a respeito do quadrinista Mauricio de Sousa (1935-) e sua candidatura à Academia Brasileira de Letras. À época, houve quem defendesse a sua reprovação por não considerar sua obra como literatura.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
A seguir, você vai ler a primeira parte de um artigo que procura analisar a relação entre a paisagem ficcionalizada em Grande Sertão: veredas, de Guimarães Rosa, com a geografia do sertão. Após a leitura, discuta o texto com os colegas, buscando refletir sobre o modo como essa relação se estabelece. Em seguida, responda às questões.
Nonada ou travessia: reflexões sobre o sertão de Guimarães Rosa e do Brasil
Ao se propor uma leitura geográfica sobre um texto ficcional, depara-se com o desafio de como interpretar determinados conceitos pertinentes à Geografia em textos tidos aparentemente como “não geográficos”. Neste texto, destaca-se um termo em especial, sertão, visto que, tanto nas estéticas literárias como na Geografia, ele aparece ao longo do tempo com significados variados.
Faz-se uma relação entre o sertão concebido por Guimarães Rosa e o sertão concebido na Geografia crítica contemporânea a partir do que o primeiro possa contribuir para a compreensão do segundo. De acordo com Adriana Ferreira de Melo (2006), tendo em conta que a Literatura é um conhecimento socioespacial, justamente por não possuir a pretensão de ser um estudo que se preocupa explicitamente com o espaço, ela tem muito a dialogar com a Geografia e, no caso as obras do autor em questão, muito a ensinar aos geógrafos, mais preocupados com o racional, o empírico e o objetivo, esquecendo-se de que a apreensão da realidade é, em si, uma forma subjetiva de vê-la e interpretá-la, pois o real, enquanto produto da representação, tem em si certa parcela de ficção, dado que o conteúdo sensível é filtrado por quem o transmite ao papel. 3
Cabe, de antemão, apresentar como se compreende o vocabulário geográfico para amalgamar as duas esferas do conhecimento em causa. Aqui, a categoria espaço será entendida tal como Henri Lefebvre a interpreta em A produção do espaço, ou seja, como território, pois, para o filósofo, é a produção do espaço que forma o território. É este fruto das relações de poder entre os homens, que, no mundo moderno, não podem ser entendidas sem a relação objetiva e subjetiva com o sistema produtor de mercadorias e a organização dos espaços apropriados para o capital. Se o sertão se torna espaço apropriado
2 “ Esses gerais são sem tamanho. Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, é questão de opiniães O sertão está em toda a parte.” (Rosa, 1986, p. 1, grifo nosso).
3 A i nterpretação da obra literária ficcional, apesar de refletir momentos selecionados e transfigurados da realidade empírica, torna-se representativa para algo além dela, principalmente além da realidade prática, o que sugere ao olhar geográfico certo cuidado com tais ‘verdades’, conforme adverte Anatol Rosenfeld (2000, p. 15).
1. a) O sertão é percebido de forma objetiva, como um espaço apropriado por relações de poder e moldado por dinâmicas externas. Na literatura, ele é percebido de forma subjetiva, como uma representação simbólica, e inclui as suas contradições e
Ao unir a objetividade da geografia e a subjetividade da literatura, segundo a autora, é possível obter uma compreensão mais complexa do sertão, valorizando ao mesmo tempo o espaço material e a experiência cultural vivida no sertão. Nesse sentido, a literatura serviria como disparadora para uma análise geográfica mais humanizada.
A categoria é definida como uma produção social e política. Nesse sentido, o espaço é entendido como território por refletir as dinâmicas de poder ali estabelecidas.
2. b) As relações de poder estabelecidas no sertão, em que os sertanejos pobres são submetidos aos desmandos da população rica, impõem conflitos sociais específicos na região, de modo que a própria região é moldada e controlada por essas relações, estabelecendo-se como um território.
por uma dinâmica nova e exógena, que nele implanta novas e complexas relações, muitas vezes marcadas por conflitos, então sertão é território.
Dentre as análises recorrentes sobre o sertão, destaca-se o consenso de espaço em sua negatividade, como lócus do atraso.4 O ponto inicial para pensá-lo dentro da Geografia e além dela está no rompimento com as classificações que lhe têm sido atribuídas, geralmente dualistas e arrogantes, devido ao lugar de fala de quem o rotula: sujeito exógeno à sua realidade, que o vê como paisagem exótica a ser suprimida. O sertão que atravessa toda a obra roseana fornece pistas para que a postura autoritária que o julga, composta por tecnocratas e intelectuais que compõem a intelligentsia , seja superada, pois, em sua ‘perspectiva rasteira’5 , Guimarães Rosa coloca o sertanejo como homem de primeira categoria, dando a ele a vez de falar, de dentro do sertão, o que ele é.
Apesar de ter alçado voo mundo afora tão cedo, Guimarães Rosa não rompeu laços com o sertão, pois por vezes retornou à terra natal para o encontro com os familiares ali deixados e para dar sentido às lembranças carregadas consigo alhures6, oriundas também de sua experiência como médico nos interiores mineiros, de forma a nutrir as raízes que persistiram vivas naquele chão. Assim, ele vai além dos chavões deterministas de atraso e violência, inserindo no debate a problemática do Mal contra o Bem, a prática do ‘código do sertão’ como maneira de sobrevivência – apontado por Maria Sylvia de Carvalho Franco (1997), o qual revela violência e laços de solidariedade entre senhores e homens livres pobres – e, com isso, introduz na discussão um sertão contraditório, presente na nossa formação nacional, ora escapando, ora caindo nas teias das antinomias que conformam a sociedade sertaneja e, quiçá, brasileira.
1. c) Em suas obras, Guimarães Rosa apresenta uma perspectiva de sertão que questiona as visões reducionistas e os rótulos atribuídos ao sertão, revelando suas complexidades.
4 Como em Cunha (1905), Palmério (1976), Sampaio (1905) e outros.
5 Conforme Willi Bolle (2004, p. 76).
6 Em entrevista concedida a J. Borba em 19 de maio de 1946, no calor da publicação de Sagarana , Guimarães Rosa afirmou: ‘Comecei a escrever motivado pela saudade do interior de Minas’, tornando evidente a possibilidade de rastrear reminiscências em suas obras (Lara, 1996, p. 28).
PELISSARO, Suelen Rosa. Nonada ou travessia: reflexões sobre o sertão de Guimarães Rosa e do Brasil. Geografia, Literatura e Arte, [s. l.], v. 2, n. 2, p. 65-89, jul./dez. 2020. Disponível em: www.revistas.usp.br/geoliterart/article/view/167399/. Acesso em: 9 out. 2024.
1. Observe o modo como o texto apresenta a concepção de sertão na literatura e na geografia.
a) Como o sertão é percebido do ponto de vista geográfico e literário?
b) Por que a autora considera importante integrar as duas visões sobre o sertão?
c) E xplique como, segundo o texto, o sertão de Guimarães Rosa pode contribuir para o entendimento do sertão na geografia contemporânea.
2. A respeito da categoria geográfica espaço, responda ao que se pede.
a) Segundo a autora, como Henri Lefebvre (1901-1991) define a categoria espaço?
b) Relacione a definição de Lefebvre às dinâmicas de poder do sertão, analisando como tais dinâmicas influenciam o conceito de território.
3. Como a falta de protagonismo das populações locais pode distorcer a compreensão do sertão e de outros espaços geográficos?
3. As visões externas ou exógenas dos territórios frequentemente apresentam estereótipos e preconceitos. Quando os habitantes da região passam a descrever aquela realidade, nuances culturais e relacionais são estabelecidas, afetando a percepção do espaço e atribuindo mais valor às suas dinâmicas de funcionamento.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Guimarães Rosa foi o autor em língua portuguesa que mais inovou na linguagem empregada em suas obras. Seu brilhantismo decorre da habilidade de lapidar palavras e criar imagens novas com base nelas, considerando as partes que as compõem. Neste capítulo, a seção de Estudo da Língua proporcionará análises sobre a estrutura das palavras, suas unidades mínimas e partes formativas, de modo a evidenciar como esses elementos se organizam para constituir o léxico da língua portuguesa. Serão abordados os processos de formação de palavras por composição e derivação, além de outros processos, cujo aprendizado permite compreender e produzir textos de modo mais criativo e reflexivo.
As palavras são unidades linguísticas que constituem o campo léxico da língua. Elas ganham significados nos usos que os falantes da língua fazem dela, o que passa pela atribuição de valores a cada uma das partes menores que as constituem.
1. Releia este trecho de Campo geral.
Miguilim tinha oito anos. Quando completara sete, havia saído dali, pela primeira vez: o tio Terêz levou-o a cavalo, à frente da sela, para ser crismado no Sucuriju, por onde o bispo passava . Da viagem, que durou dias, ele guardara aturdidas lembranças, embaraçadas em sua cabecinha .
a) Copie o quadro a seguir, no caderno, e complete com as partes que formam cada uma das palavras em destaque. Oriente-se pelo modelo.
Palavra Classe gramatical
Completara
Verbo
Crismado Adjetivo
Passava Verbo
Aturdidas Adjetivo
Embaraçadas Verbo
CabecinhaSubstantivo
Partes que constituem a palavra
Complet- + -a- + -ra
Ajude os estudantes a relembrar as partes constitutivas dos verbos: complet(radical) + -a- (vogal temática) + -ra (desinência de número e pessoa)
crism- + -ado
pass- + -a- + -va
aturd- + -idas
embaraç- + -a- + -das
cabec- + -inha
b) Em sua opinião, dentre as partes que formam as palavras, qual carrega o significado da palavra?
Os morfemas são classificados em lexicais ou gramaticais. Observe os esquemas explicativos a seguir.
Morfema
Cada parte mínima que contenha significado em uma palavra constitui um morfema . Eles podem ser radicais, afixos (prefixos ou sufixos), vogais temáticas e desinências.
1. b) Resposta pessoal. É provável que os estudantes identifiquem com mais clareza os radicais das palavras como unidades de significação. Oriente-os a perceber que todas as partes da palavra têm significados, porém o radical carrega o significado primitivo.
Morfemas lexicais
Morfemas gramaticais
responsáveis pela formação de palavras para seres, objetos, ações e outros itens do léxico afixos sufixos prefixos
responsáveis pela marcação de gênero, número, tempo, modo e pessoa nas palavras, ou seja, têm um significado dentro do sistema linguístico
desinências
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
de gênero e número
modo, tempo, número e pessoa nos nomes nos verbos
As vogais temáticas têm a função de ligação entre os morfemas, em nomes e verbos. Nos verbos, elas indicam a conjugação a que pertencem: primeira (-a), segunda (- e) ou terceira (- i).
O processo de composição ocorre quando dois ou mais radicais são utilizados conjuntamente para formar uma nova palavra. Ele pode ocorrer por justaposição ou por aglutinação.
2. Releia estes dois trechos de Campo geral.
2. a) Verde-escura caracteriza a mata; Pau-Roxo denomina o local.
I. […] a mata, ali perto, quase preta, verde-escura , punha-lhe medo.
II. […] Miguilim não era do Mutum. Tinha nascido ainda mais longe, também em buraco de mato, lugar chamado Pau-Roxo, na beira do Saririnhém.
a) Qual é a função das palavras em destaque nos trechos?
b) O que elas têm em comum em sua forma?
Cada uma delas é formada por duas palavras interligadas por um hífen.
c) Essas palavras são compostas. O significado dessas palavras é independente do significado de cada elemento que as compõem? Explique.
Composição por justaposição
Nessa composição, as palavras combinadas não sofrem alteração fonológica ou morfológica, ou seja, sua sonoridade e tonicidade permanecem as mesmas, e a grafia de cada palavra justaposta se mantém. Já o significado da palavra formada pode ser diferente do significado das palavras independentes. Na justaposição , as palavras são, geralmente, ligadas por hífen.
3. Agora, leia este trecho da canção “Prenda minha”.
Noite escura, noite escura,
Prenda minha,
Toda noite me atentou.
Quando foi de madrugada,
Prenda minha
Foi-se embora e me deixou.
2. c) Cada elemento que compõe essas palavras tem significado independente, mas, ao se juntarem, adquirem novo significado. Verde-escura é uma cor em específico, diferente da cor verde e da tonalidade escura em geral; Pau-Roxo pode dar a ideia de um pau de cor roxa; porém, como um único vocábulo, nesse contexto, é o nome de uma localidade.
A HISTÓRIA da música: prenda minha. [S l.]: Linha Campeira, 2022. Disponível em: https://linhacampeira.com/a-historia-da-musica-prenda-minha/?v=3f53433e0145. Acesso em: 23 out. 2024.
• A composição da palavra embora envolve a junção de três palavras. Com a ajuda de um colega, identifique as palavras unidas e o processo de formação.
As palavras em + boa + hora foram aglutinadas, formando uma nova palavra.
Composição por aglutinação
Nessa composição, as palavras combinadas sofrem alterações em sua formação fonológica e, após o processo de aglutinação, podem também ter sua grafia modificada.
As palavras podem ser primitivas ou derivadas. As primitivas são palavras que não foram formadas a partir de outras; já as derivadas, como o próprio nome indica, derivam de outras, formando-se por meio do acréscimo de sufixos e prefixos.
4. Agora, releia as duas primeiras estrofes do poema “Meus oito anos”, de Casimiro de Abreu.
Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras ,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência !
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor; O mar é – lago sereno, O céu – um manto azulado, O mundo – um sonho dourado, A vida – um hino d’amor!
a) No contexto do poema, a palavra trazem refere-se a que ação?
b) E xplique como essa palavra é formada, considerando cada uma de suas partes constitutivas.
c) Considere a palavra bananeiras, no contexto do poema e, no caderno, copie, do quadro a seguir, a palavra que contém o mesmo sentido expresso por bananeiras. De fazer voltar à infância. 4. b) Traz(radical) + -em (desinência número-pessoa).
Amoreiras.
d) E xplique sua escolha no item anterior.
4. d) Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
e) Observe os dois versos a seguir e explique o que as palavras em destaque têm em comum quanto à sua formação e significado.
I. O céu – um manto azulado,
II. O mundo – um sonho dourado, geladeiras amoreirasaçucareiras bandeiras
Os radicais dessas palavras representam cores, e elas terminam com o sufixo -ado, assumindo, nesse contexto, a condição de adjetivos.
Derivação prefixal e derivação sufixal
Procure sistematizar os exemplos apresentados no texto com os estudantes.
Palavras formadas por derivação prefixal são aquelas que apresentam morfemas agregados antes do radical da palavra primitiva, que produzem uma alteração em seu significado. Na língua portuguesa há prefixos provenientes do grego e do latim, cada um deles com significado próprio.
Já na derivação sufixal, as palavras se formam por meio de morfemas afixados depois da palavra primitiva e, por vezes, da vogal temática. Essa adição de um sufixo sempre altera o sentido do radical.
f) Agora, no contexto em que é empregado, considere o verso “Do despontar da existência!” e escreva, no caderno, a(s) afirmação(ções) correta(s) em relação ao verbo despontar.
I. Trata-se de um verbo que, no contexto, indica o início da existência.
II. Trata-se de um verbo que, no contexto, tem o sentido de uma ponta de vida que resta da existência.
III. Trata-se de um verbo substantivado, porque é empregado como substantivo e está acompanhado de um complemento nominal.
IV. Trata-se de um verbo acompanhado de um complemento verbal.
4. f) Estão corretas as afirmações III e V. Essa é uma questão que aciona conhecimentos prévios dos estudantes sobre o processo de formação de palavras. Eles podem ter dúvidas para a recuperação dos conceitos de prefixo e sufixo; por isso, sugere-se auxiliá-los a retomar esses conhecimentos por meio dos conceitos que já estudaram nos volumes da coleção, como é o caso do processo de formação dos verbos.
V. É formado por um morfema prefixal (des-) que antecede o radical (-pont-), mais o morfema sufixal (-ar).
VI. É formado por um morfema prefixal (des-) que antecede o radical (-pont-), mais a desinência (-ar).
Derivação parassintética
Ocorre quando uma palavra primitiva recebe um prefixo e um sufixo ao mesmo tempo, como é o caso de despontar no contexto do poema lido. A derivação parassintética também é chamada de derivação prefixal e sufixal.
Os sufixos agregados nas palavras podem ser nominais, verbais ou adverbiais, e o uso de cada um deles na formação das palavras é responsável pela mudança de classe gramatical dessa palavra.
5. Conheça um trecho de outro poema de Casimiro de Abreu
Minh’alma é triste
[…]
Minh’alma é triste como o grito agudo
Das arapongas no sertão deserto;
E como o nauta sobre o mar sanhudo
Longe da praia que julgou tão perto!
A mocidade no sonhar florida
Em mim foi beijo de lasciva virgem:
— Pulava o sangue e me fervia a vida,
Ardendo a fronte em bacanal vertigem:
De tanto fogo tinha a mente cheia!…
No afã da glória me atirei com ânsia…
E, perto ou longe, quis beijar a s’reia
Que em doce canto me atraiu na infância.
Ai! loucos sonhos de mancebo ardente!
Esp’ranças altas… Ei-las já tão rasas!…
— Pombo selvagem, quis voar contente…
Feriu-me a bala no bater das asas!
Dizem que há gozos no correr da vida…
Só eu não sei em que o prazer consiste!
— No amor, na glória, na mundana lida,
Foram-se as flores — a minh’alma é triste!
ABREU, Casimiro et al Cantos do Brazil. Rio de Janeiro: Typographia da Gazeta de Notícias, 1880. p. 17-18. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/ bitstream/bbm/7806/1/45000017423_Output.o.pdf. Acesso em: 9 out. 2024.
sanhudo: que causa medo. bacanal: em que há sensualidade.
5. c) A expressão minh’alma apresenta contração de duas palavras; s’ereia e esp’ranças apresentam uma contração que apaga uma vogal, destacando, assim, a consoante. Essas contrações têm um efeito fonológico na declamação do poema, porque omitem partes de uma palavra, favorecendo a sonoridade de outra parte. Ao pronunciá-las em voz alta, é possível perceber que o som se aproxima do sotaque da língua portuguesa de variedade europeia.
a) A temática do poema “Minh’alma é triste” se aproxima da abordada em “Meus oito anos”. Explique essa afirmação.
b) Que semelhanças podem ser identificadas entre os versos a seguir, que encerram os poemas lidos de Casimiro de Abreu?
I. A vida – um hino d’amor!
II. Foram-se as flores — a minh’alma é triste!
5. a) Em ambos os poemas, há um lamentar angustiado por momentos do passado que não voltam e que deixam tristeza. Em “Meus oito anos”, a infância; em “Minh’alma é triste”, a juventude e o despertar para o amor.
c) Leia as palavras do quadro e explique seu formato, bem como o efeito gerado no poema.
minh’alma s’reia esp’ranças
d) Por fim, considere o verso “Minh’alma é triste como o grito agudo” e copie, no caderno, a afirmação correta sobre a palavra em destaque.
A afirmação I está correta.
I. A palavra grito é substantivada a partir do verbo gritar, fenômeno que constitui um processo de formação de palavras.
II. A palavra grito é um substantivo correspondente ao verbo gritar, mas sem passar pelo processo de substantivação.
Derivação regressiva
Sugere-se solicitar aos estudantes que identifiquem o exemplo da atividade: o substantivo grito é formado a partir do verbo gritar
A derivação regressiva ocorre na formação de substantivos derivados de verbos, os chamados substantivos deverbais.
A formação de palavras pode ocorrer também por meio de outros processos além da composição e da derivação.
6. Leia este título de notícia.
6. a) BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Trata-se de um banco do governo federal, considerado um dos maiores do mundo, criado em 1952, pelo então presidente Getúlio Vargas (1882-1954) para financiar projetos do governo de longo prazo.
ONU – Organização das Nações Unidas. A ONU foi criada em 1945, ao final da Segunda Guerra Mundial, como uma espécie de conselho entre os 193 países-membros para definir ações conjuntas de interesse coletivo mundial. O fundo da ONU é formado por diversas agências de fomento internacionais.
Chamada pública escolherá até quatro projetos de segurança alimentar
MÁXIMO, Wellton. BNDES e fundo da ONU lançam edital de R$ 1 bi para sertão nordestino. Agência Brasil, Brasília, DF, 18 jul. 2023. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/ 2023-07/bndes-e-fundo-da-onu-lancam-edital-de-r-1-bi-para-sertao-nordestino. Acesso em: 9 out. 2024.
a) Converse com os colegas e identifique o que significam as siglas apresentadas no título da notícia. Se necessário, faça uma breve pesquisa para conhecê-las e registre os significados no caderno.
b) Por que seria necessária essa parceria entre o BNDES e o fundo da ONU para o sertão nordestino?
Siglas
6. b) A resposta fica depreensível pela leitura do título e da linha fina, que indicam a necessidade de subsidiar projetos de segurança alimentar para o sertão nordestino. O BNDES e o fundo da ONU financiariam, em conjunto, esses projetos de longo prazo.
Também conhecido como siglonimização , esse processo ocorre quando uma sequência de palavras, que forma um conceito, é reduzida a uma sigla correspondente à primeira letra de cada uma dessas palavras.
5. b) Ambos anunciam previamente um assunto sobre o qual farão uma afirmação após o travessão, com sentido exclamativo. Cada um deles também aglutina duas palavras, embora essa junção não forme uma nova palavra dotada de significado próprio. Os exemplos apresentam contração, mas não formam novas palavras por aglutinação. Explique essa diferença para os estudantes.
8. c) Derivação por sufixação: cacarej- (radical) + -ar (desinência de infinitivo da primeira conjugação). Espera-se que os estudantes percebam que cacarejar é a reprodução do som emitido por galinhas; portanto, o processo de formação do radical ocorreu por meio de uma onomatopeia.
7. Agora, leia a tirinha a seguir, de André Dahmer (1974-).
DAHMER, André. [Malvados]. Folha de S.Paulo, São Paulo, 26 mar. 2013.
a) Há, na tirinha, uma ambiguidade. Qual expressão causa essa ambiguidade?
b) E xplique os sentidos que essa expressão assume no contexto da tirinha.
“Abrem a cabeça”.
c) Há uma palavra na tirinha que está reduzida de sua forma integral. Identifique essa forma integral. Moto: motocicleta.
Redução
Se considerar pertinente, solicite outros exemplos aos estudantes.
Ocorre quando uma palavra é formada pela eliminação de partes da palavra original.
7. b) Abrir a cabeça, em sentido figurado, associado à educação, significa estar disposto a conhecer e aceitar novas ideias; já no sentido literal, associado à moto, tem o sentido de fraturar o crânio.
8. Leia a postagem a seguir, feita pela diretora executiva de uma empresa, em uma rede social voltada para o mundo do trabalho.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes concluam que, no mundo do trabalho, é importante informar aos líderes e à equipe sobre os projetos concluídos e os em andamento e comunicar seus resultados.
a) No contexto de publicação da postagem, o que significa cacarejar?
NUNES, Renata. Para ser reconhecido é preciso cacarejar! [S. l.], 20 abr. 2023. LinkedIn: renataoliveiranunes. Disponível em: www. linkedin.com/pulse/ para-ser -reconhecido -%C3%A9-preciso -cacarejar-renata-nunes/. Acesso em: 9 out. 2024.
Anunciar, comunicar um feito.
b) Discuta com os colegas: nesse contexto do mundo do trabalho, como o reconhecimento se relaciona ao cacarejar?
c) Explique o processo de formação do verbo cacarejar e busque explicar como se definiu seu radical.
Onomatopeia
Onomatopeia é uma figura de linguagem usada para representar sons e ruídos emitidos por animais ou produzidos por elementos da natureza, objetos e equipamentos, entre outros. É também considerada um processo de formação de palavras. A representação dos sons por escrito permite inúmeros efeitos de sentido no texto.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Um processo de formação de palavras bastante utilizado atualmente é a incorporação de palavras estrangeiras à língua portuguesa, em um contexto de uso recorrente delas.
9. Leia, a seguir, uma tira de Caco Galhardo (1967-).
9. b) O humor consiste em o pizzaiolo responder ao cliente que não faz entregas, mas informar que faz delivery, o que significa a mesma coisa.
26 ago. 2011. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/fsp/quadrin/f32608201104.htm. Acesso em: 9 out. 2024.
a) O que significa a palavra delivery e qual é a sua origem?
b) Em que consiste o humor da tirinha?
Delivery é uma palavra da língua inglesa e significa “entrega”.
c) Por que o pizzaiolo teria respondido dessa forma ao cliente?
É provável que ele atribua maior status ao anglicismo em vez da palavra correspondente em língua portuguesa.
Estrangeirismo
É a formação de uma palavra por meio da incorporação ao léxico de um vocábulo de outra língua. Trata-se, portanto, de um empréstimo linguístico. Essa palavra pode manter sua grafia original ou ser dicionarizada com adaptações aos registros fonológicos comuns à língua portuguesa.
10. Observe os dois quadros que abrem a HQ Grande sertão: veredas – romance gráfico e, em seguida, leia as transcrições apresentadas dos balões de fala da HQ.
ROSA, JOÃO G. GRANDE SERTÃO: VEREDAS ROMANCE GRÁFICO. SÃO PAULO: QUADRINHOS NA COMPANHIA, 2021. P. 11-12.
GUAZZELLI, Eloar. Grande sertão: veredas – romance gráfico. [Adaptado da obra de] João Guimarães Rosa. Ilustrações: Rodrigo Rosa. São Paulo: Quadrinhos na Cia, 2021. p. 11-12.
NONADA.
Tiros que o senhor ouviu foram de briga de homem não, deus esteja
10. a) O personagem está de chegada, o que é possível depreender da porta por onde ele entra e do quadro seguinte, que mostra sua fala saindo de dentro da casa. Com base nisso, pode-se compreender que a palavra é uma afirmação que ele faz ao interlocutor, nesse caso, explicando que os tiros ouvidos não são nada demais.
alvejei mira em árvore, no quintal, no baixo do córrego. Por meu acerto. Todo dia isso faço, gosto, desde mal em minha mocidade.
a) Considerando imagem e textos, explique o sentido da palavra proferida pelo personagem no primeiro quadro.
b) Crie uma hipótese para explicar o processo de formação dessa palavra.
c) O que teria levado o autor a empregar essa palavra nesse contexto?
11. Agora, releia estes dois trechos de Campo geral, também de Guimarães Rosa, e responda ao que se pede.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que se trata de aglutinação de palavras, mais especificamente, da expressão “não é nada”.
O autor emprega um neologismo, formado por aglutinação de palavras, fenômeno típico de falares
O sentido é de ansiedade sofrida pela expectativa de contar à mãe o que ele havia descoberto.
Prefixo in- + radical verbal + desinência modo-temporal . O prefixo in- tem diversos sentidos; para dentro. Então, pode-se interpretar insofria como um sentimento interno e profundo de
O sentido é de alguma bebida dada a ele pelas moças.
Foi formada por justaposição de uma preposição com um verbo e empregada como substantivo. Se possível, chame a atenção dos estudantes para o processo criativo de Guimarães Rosa na construção dessa palavra, que parte de um processo existente para elaborar uma palavra de combinação e emprego inusitados.
11. e) Elas não existem; foram criadas pelo autor. Sugere-se explicar aos estudantes que essas palavras são neologismos.
A mãe, quando ouvisse essa certeza, havia de se alegrar, ficava consolada. Era um presente; e a ideia de poder trazê-lo desse jeito de cor, como uma salvação, deixava-o febril até nas pernas. Tão grave, grande, que nem o quis dizer à mãe na presença dos outros, mas insofria por ter de esperar; e, assim que pôde estar com ela só, abraçou-se a seu pescoço e contou-lhe, estremecido, aquela revelação.
Umas moças, cheirosas, limpas, os claros risos bonitos, pegavam nele, o levavam para a beira duma mesa, ajudavam-no a provar, de uma xícara grande, goles de um de-beber quente, que cheirava à claridade.
a) Qual é o sentido da palavra insofria, no contexto do primeiro trecho?
b) E xplique o processo de formação da palavra insofria e aponte como pode ser interpretado o sentido isolado dessa palavra, considerando os morfemas que a constituem.
c) Qual é o sentido da palavra em destaque no contexto do segundo trecho?
d) Como essa palavra foi formada?
e) O que as duas palavras em destaque têm em comum?
Diversas palavras existentes na língua já foram neologismos e foi por meio da frequência de uso dos falantes que elas se cristalizaram e foram incorporadas, quando, então, deixaram de ser neologismos. A criação de neologismos ocorre por meio de processos de formação existentes ou, então, ocorre pela mudança de significado de uma palavra que já existe na língua.
Neologismo
Neologismo trata-se da introdução de uma nova palavra na língua por meio do acionamento da criatividade de seus falantes, com o objetivo de atender a determinadas necessidades comunicativas, para representar um novo conceito ou realidades que o rol de palavras existente não contemplava, porque o fenômeno não existia antes. Ela pode ou não ser incorporada à língua ao longo do tempo.
12. Para compreender a abrangência dos neologismos, observe o anúncio a seguir.
REPRODUÇÃO/SINDICATO DOS TRABALHADORES
PÚBLICOS DA SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO
SINDICATO dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo. [Sextou]. 2024. 1 cartaz. Disponível em: https://sindsaudesp.org.br/novo/congresso/noticia.php?id=8687. Acesso em: 9 out. 2024.
a) O que significa a palavra sextou?
Significa que a sexta-feira chegou.
b) A qual classe de palavras o vocábulo sextou pertence?
12. c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes concluam que a palavra sextou é um neologismo que, embora seja amplamente utilizado ultimamente, ainda não integrou o léxico da língua portuguesa.
■ Cartaz do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde do Estado de São Paulo.
A palavra sextou é uma forma verbal, cujo infinitivo é sextar
c) Consulte um dicionário de língua portuguesa e verifique se o verbo sextar está registrado.
• Caso você não encontre registro do verbo sextar no dicionário, levante uma hipótese para o fato.
d) Qual é o processo de formação da palavra sextou?
O processo de formação da palavra sextou é derivação sufixal: sext- (radical) + -ou (desinência modo temporal), em que o numeral sexta (sexta-feira) sofreu derivação para formar a forma verbal sextou
A formação de novas palavras em uma língua é um processo dinâmico e vivo e reflete momentos histórico-sociais, além de refletir o propósito e as ideologias dos falantes na enunciação. Por esses aspectos, esse processo deve ser observado com cuidado para garantir o respeito e evitar a disseminação de preconceitos.
13. Leia a reportagem a seguir, publicada no boletim da Universidade de São Paulo (USP). Depois, discuta com os colegas as questões propostas e registre uma síntese das respostas no caderno.
Os conhecimentos e as vivências de um indivíduo constituem seu repertório cultural. A forma como se interpreta uma palavra, em determinado contexto, depende de como o repertório do indivíduo vai carregá-la de significações. Por exemplo: gordofobia será usada para identificar comportamentos que denotem intolerância ou para reforçar preconceitos, a depender de como o indivíduo, ou grupo de indivíduos, relaciona-se com a questão da obesidade.
13. b) Resposta pessoal. Uma hipótese possível é que a linguística estuda não apenas a estrutura da língua, mas também seu uso social. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
Conhecimentos e vivências próprias de cada indivíduo influenciam compreensão de novos termos, por isso, segundo pesquisadora, tem que haver cuidado com o uso de neologismos, que podem ser utilizados para subsidiar e embasar um argumento e reforçar e dar continuidade a discriminações e estereótipos
[…]
Nesse processo de criação de novas palavras, é importante entender a relação do falante com os neologismos e seus significados. A professora Deise Maria Antonio Sabbag, do Departamento de Educação, Informação e Comunicação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, lembra que cada indivíduo mantém uma compreensão particular das palavras. Assim, quando atribui um neologismo a alguma coisa ou a alguém ‘essa palavra está intrinsecamente carregada de significados’ e assim ‘está nomeando, rotulando, classificando’ e ‘separando coisas ou indivíduos por meio de suas diferenças e suas semelhanças’.
Como as pessoas são diferentes – possuem conhecimentos de mundo e linguísticos diferentes –, suas vivências e culturas influenciam a compreensão dos neologismos. E este é o motivo, segundo a professora, para o uso distorcido de termos como ‘gordofobia’, ‘transfobia’ e ‘LGBTfobia’. Normalmente utilizados para denotar preconceitos estruturais da comunidade, podem, ao contrário, reforçar intolerâncias e preconceitos, principalmente nas redes sociais. Por isso, Deise alerta sobre os cuidados no uso dessas novas expressões na conscientização acerca de intolerâncias que precisam ser vencidas e não reforçadas.
[…]
O emprego pejorativo de um neologismo, afirma a professora, acontece nas situações em que o indivíduo ‘associa conceitos que depreciam, exprimindo e ratificando preconceitos’, sendo, então, necessário refletir sobre o emprego dos neologismos, suas origens e elementos que os constituem.
PIERRI, Vitória. Linguistas chamam a atenção para o uso distorcido dos neologismos. Jornal da USP, São Paulo, 10 maio 2021. Disponível em: https://jornal.usp.br/campus -ribeirao-preto/linguistas-chamam-a-atencao-para-uso-distorcido-dos-neologismos -que-podem-reforcar-intolerancias-e-preconceitos/. Acesso em: 9 out. 2024.
a) O subtítulo da reportagem traz a seguinte informação: “Conhecimentos e vivências próprias de cada indivíduo influenciam compreensão de novos termos”. Explique como ocorre essa influência na prática.
b) Levante uma hipótese para explicar por que os linguistas estão preocupados com a forma como os neologismos são disseminados entre as pessoas.
c) Você conhece os termos gordofobia, transfobia e LGBTfobia? Se necessário, pesquise brevemente sobre o contexto de seu surgimento e sua abrangência.
Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
d) Em sua experiência de vida, você já sofreu ou presenciou preconceitos ligados ao uso pejorativo de neologismos? Compartilhe com os colegas a situação, as consequências, como foi possível lidar com ela e o que pode ser feito para que não se repita.
Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
1. a) Flopar – fracassar; biscoitar – chamar a atenção, requerer atenção; infodemia – pandemia de disseminação de informações (verdadeiras ou falsas); uberização – refere-se a um processo que generaliza o modelo de trabalho praticado por plataformas de transporte e entrega (de passageiros ou mercadorias); instagramável – que é visualmente atraente e interessante para ser postado na rede social.
1. Observe o frame de um vídeo produzido pela TV Ufes, da Universidade Federal do Espírito Santo.
Frame do vídeo O QUE são neologismos. [S. l.: s. n.], 2022. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal TV Ufes. Localizável em: 7 s. Disponível em: www.youtube.com/ watch?v=9qDM7bpVQYA &list. Acesso em: 9 out. 2024.
a) Você conhece o significado dessas palavras? Compartilhe com os colegas e, se necessário, faça uma breve pesquisa a respeito.
b) E xplique o processo de formação dessas palavras e explique os sentidos de seus radicais e afixos.
respostas e comentários nas Orientações para o professor.
c) Ainda com os colegas, construa frases baseadas em seu cotidiano, nas quais essas palavras podem ocorrer. Caso não as conheça, pesquise brevemente contextos em que elas aparecem.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
2. Leia o poema visual a seguir, do poeta Sérgio Vaz (1964-).
a) Como o poeta diferencia briga e luta no poema?
2. a) Ele afirma que uma briga é algo momentâneo, passageiro, enquanto uma luta é ideológica e tem duração contínua.
2. b) A arte destaca palavras por meio de diferentes tamanhos, as quais o poeta considerou mais e menos importantes para construir o sentido da mensagem.
2. c) Briga, substantivo derivado do verbo brigar, e luta, derivado do verbo lutar. Trata-se de derivação regressiva.
POETA SÉRGIO VAZ. [Não confunda briga com luta]. [S. l.], 22 jul. 2021. Facebook: poetasergio.vaz. Disponível em: www.facebook.com/poetasergio. vaz2/posts/4151848638227855/. Acesso em: 8. out. 2024.
b) De que modo a arte gráfica contribui para a interpretação da mensagem?
c) Há duas palavras no trecho formadas a partir de verbos. Identifique o processo de formação dessas palavras.
3. a) A disposição da segunda frase segmentada em três versos cria uma comparação com os conteúdos da primeira frase, que está completa no primeiro verso. A palavra envolvo, que se repete, também contribui para essa comparação. Assim, o acréscimo e a retirada de prefixos e sufixos das palavras que se repetem contribui para o ritmo do poema e permite refletir sobre as interpretações possíveis.
3. Leia o poema a seguir, de Cacaso (1944-1987).
Com meu amor eu me envolvo felizmente. Mas também me des envolvo infelizmente?
3. b) Os radicais são envolv- e feliz-. Os prefixos são des(que indica a reversão da ação prevista pelo radical) e in(que, nesse contexto, tem o sentido de negação), e o sufixo é -mente (sufixo adverbial que indica circunstância de modo).
3. c) É como se o poeta delegasse ao leitor completar a frase, que, pela lógica de emprego dos afixos comparados (se envolvo > desenvolvo, então, felizmente > infelizmente), seria infelizmente.
CACASO. Poesia completa . São Paulo: Companhia das Letras, 2020. E-book. p. 146.
a) Como a construção gráfica colabora para a interpretação do poema?
b) O poeta utiliza certos radicais e afixos para construir os sentidos do poema. Identifique-os, bem como os seus sentidos.
c) Por que o poema termina com uma interrogação?
4. Agora, leia o poema a seguir, de José Paulo Paes (1926-1998).
economiopia desenvolvimentir utopiada consumidoidos patriotários suicidadãos
4. a) É a junção do prefixo meta- (que indica falar sobre o próprio objeto e foco) + o radical léxico (rol de palavras de uma língua). O sentido, então, seria o de falar sobre o próprio léxico da língua.
4. c) As palavras são constituídas de uniões improváveis de radicais a outras partes de palavras com valor negativo. Ao juntar essas partes, as palavras adquirem novos significados, todos em tom de ironia em relação ao radical (que carrega o sentido principal). Por exemplo: patriotários, seriam ”patriotas otários”.
5. a) A expressão fake news é um estrangeirismo bastante recorrente, usado para denominar notícias falsas que circulam com muita rapidez, sobretudo em redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas. Nesse sentido, sua significação é amplamente conhecida. A campanha segmenta a expressão, explorando o significado de cada palavra que a constitui, exigindo do leitor a compreensão de parte da mensagem em língua portuguesa, parte em inglês: Se é “falsa” (fake), não é “notícia” (news). Esse jogo de palavras desperta a atenção do leitor em relação ao significado da expressão.
PAES, José Paulo. Poesia completa . São Paulo: Companhia das Letras, 2020. E-book. p. 174.
a) Identifique o processo de formação da palavra que constitui o título e explique seu sentido em relação ao conteúdo do poema.
b) O que as palavras do poema têm em comum?
São neologismos.
c) Há uma crítica implícita nessas palavras. Explique-a.
5. Agora, leia o anúncio de propaganda de uma campanha promovida pelo Governo do Estado de Santa Catarina.
a) A frase principal do anúncio carrega em si um estrangeirismo, fake news. Como ele auxilia na construção do sentido da mensagem?
b) Qual é o objetivo do anúncio?
c) Em sua opinião, a mensagem foi efetiva? Explique o seu ponto de vista.
Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
GOVERNO do Estado de Santa Catarina.
[Cuidado: Fake não é news!]. 2018. 1 cartaz. Disponível em: https://estado.sc.gov.br/noticias/ cuidado-fake-nao-e-news/. Acesso em: 9 out. 2024.
5. b) Chamar a atenção das pessoas para que elas não acreditem nem divulguem boatos e notícias falsas, buscando sempre informações oficiais.
Vídeo-resenha
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolva nos estudantes o aprofundamento das “análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas”. Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social.
Nesta seção, você vai produzir um roteiro de vídeo-resenha sobre seu romance predileto da literatura brasileira.
Gênero
Vídeo-resenha
Comunidade escolar e seguidores
Propósito/finalidade Publicação e circulação
Gravar e compartilhar uma vídeo-resenha
Redes sociais da turma
1. Para dar início à reflexão acerca da criação da vídeo-resenha, é essencial pensar sobre um importante instrumento de organização dessa produção: o roteiro. Leia a seguir um texto que aborda a produção do roteiro e apresenta um modelo a ser seguido.
[…]
Na produção de uma vídeo-resenha, o roteiro é indispensável. Ele é a descrição detalhada do que aparecerá no vídeo. Sua importância está em favorecer que a(o) resenhista não se perca, não extrapole o tempo estipulado ou permitido pelo aplicativo digital utilizado e não fuja da temática. Sua elaboração requer um planejamento que explicite como será o vídeo, sua duração, recursos visuais que serão utilizados, levando sempre em conta o público [com quem] esse conteúdo irá dialogar.
Com as definições do planejamento, o roteiro deve detalhar o tempo de cada cena, o que será dito e o que aparecerá na tela. Isso pode ser feito por meio de uma tabela, que favorece a visualização dos itens e sua simultaneidade. Exemplo:
Minutos Áudio Vídeo/recursos visuais
0 min – 1 min
1 min – 1 min 30 s
1 min 31 s – […]
(Saudação inicial) Olá, leitoras e leitores, hoje vou apresentar o livro XX, que é de autoria de … publicado pela editora YY, no ano de 2020.
De acordo com entrevista dada pelo autor, este livro foi escrito em 2019, embora houvesse um projeto para ele desde 2012…
Resenhista falando, sem mostrar o livro. Resenhista mostra o livro enquanto fala, sem cobrir o rosto.
Resenhista ocupa a tela por 10 s.
Entra imagem estática do autor do livro e permanece até o próximo tópico.
CAROLINO, Aline Gasparini Zacharias; SANTOS, Lucimere Barbosa. Booktube : potencializando a leitura literária e as práticas letradas digitais. [S. l.]: Escrevendo o futuro, 27 set. 2023. Disponível em: www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/sua-aula/ projetos-de-escrita/47/booktube-potencializando-a-leitura-literaria-e-as-praticas-letradas-digitais. Acesso em: 9 out. 2024.
a) Você gostou do modelo de roteiro apresentado? Gostaria de fazer alguma modificação?
Respostas pessoais. Acolha as observações e os apontamentos dos estudantes e oriente-os a incorporar os pontos que consideram mais importantes à produção que irão realizar.
b) Converse com os colegas para estipular um tempo mínimo e máximo de vídeo que deve ser seguido por todos. Para tomar essa decisão, procurem pensar na quantidade de informações que precisa ser compartilhada e no engajamento do público.
Resposta pessoal. Sugere-se um tempo mínimo de cinco minutos e máximo de dez minutos para a vídeo-resenha de cada estudante.
1. É importante que o estudante saiba que, especialmente na gravação de uma vídeo-resenha, na qual será o único apresentador, o roteiro pode ser adaptado às suas necessidades. No entanto, é importante utilizá-lo como organizador do conteúdo que será apresentado.
1. Para dar início à produção, a turma deve se organizar para uma etapa coletiva: a criação da vinheta de apresentação do canal da turma. A vinheta do canal Ler antes de morrer pode servir de inspiração. Procure escolher uma imagem que se relacione ao universo da literatura brasileira e escolha um nome para o canal, que também deve ser apresentado na vinheta. Por fim, defina uma trilha sonora para acompanhá-la. O vídeo de todos os estudantes deve contar com a mesma vinheta, de maneira que as produções da turma ganhem uma unidade.
2. Em seguida, faça a escolha do romance que será apreciado em sua vídeo-resenha. Procure escolher aquele que considera o seu favorito. É necessário que ele faça parte da literatura brasileira.
3. Reserve um momento da produção para a etapa de pesquisa e estudo, muito importante na criação de qualquer resenha crítica ou vídeo-resenha. Nessa etapa, procure atentar aos passos indicados a seguir.
• Utilize textos jornalísticos, artigos científicos ou outros textos de divulgação científica e livros da biblioteca. Anote a fonte de todas as informações coletadas, de maneira que possa referenciá-las caso sejam utilizadas.
• Faça uma busca a respeito da autoria do romance.
• Pesquise o contexto de publicação do romance.
• Pesquise estudos ou ensaios que abordem o romance, procurando saber a opinião de especialistas a respeito dele.
• Pergunte aos professores de Linguagens se possuem alguma observação sobre a obra ou a autoria.
4. Elabore um texto apreciativo para o romance escolhido, que deve apresentar: contextualização da obra, análise e comentários apreciativos, sinopse e conclusão. Para compor os comentários apreciativos, procure elaborar pelo menos duas teses que defendam o seu romance favorito, escolhendo as estratégias argumentativas necessárias para sustentá-las.
5. Após essa etapa, pense em como serão elaboradas a introdução e a despedida para o vídeo. Como o canal da turma apresentará vídeos de todos os estudantes, é importante reservar um tempo de produção para se apresentar, de preferência, compartilhando com os usuários os seus gostos e interesses relacionados ao universo literário. Em alguns desses momentos, você pode incentivar os usuários a curtir o vídeo e se inscrever no canal.
6. Após elaborar os textos solicitados, organize-os na tabela de roteiro.
7. Pesquise imagens relacionadas à obra e à autoria para ilustrar a vídeo-resenha, acompanhando cada momento de fala, como foi feito no episódio 280 de Ler antes de morrer, analisado na seção Estudo do Gênero Textual. Organize as imagens selecionadas na terceira coluna do roteiro.
8. Com a ajuda da turma, pense em um cenário para a gravação do vídeo. A biblioteca da escola pode ser uma boa opção.
9. Organize os equipamentos necessários para a gravação. A turma deve:
• organizar-se para utilizar os mesmos equipamentos e cenário;
• analisar com atenção as decisões tomadas em relação à composição de imagens, como enquadramento e iluminação;
• prestar atenção no tom de voz e nos gestos empregados;
• separar um momento para o ensaio antes da gravação.
10. Após a gravação, utilize os softwares adequados para a edição dos vídeos.
A adequação e a sincronia da imagem apresentada com o conteúdo da fala são importantes para que a imagem não se torne uma distração para o ouvinte em vez de ser um recurso de enriquecimento de conteúdo. Os momentos e modos de apresentação do livro no vídeo também devem estar adequados ao conteúdo da fala. Retome a transcrição do episódio 280 do canal Ler antes de morrer e observe esses momentos.
1. Leia as perguntas a seguir e utilize-as como roteiro para avaliação da vídeo-resenha.
• A vinheta criada consegue representar o universo literário e a turma de maneira eficaz?
• O romance escolhido pertence à literatura brasileira e pode ser considerado seu favorito?
• A etapa de estudo e pesquisa foi considerada?
• O roteiro apresenta todos os tópicos importantes em uma vídeo-resenha: contextualização da obra, análise e comentários apreciativos, sinopse e conclusão?
• Na introdução, você se apresenta aos usuários?
• Em algum momento, o usuário é incentivado a apoiar o canal da turma?
• O roteiro foi seguido na gravação?
• A versão final da vídeo-resenha apresenta uma edição coerente?
2. Após verificar esses itens, faça as alterações necessárias na edição da vídeo-resenha.
Com a mediação do professor, a turma pode criar um canal em uma plataforma de compartilhamento de vídeos ou utilizar o canal da escola. Esse canal deve ser alimentado com todas as vídeo-resenhas produzidas e pode seguir sendo utilizado pela turma para publicar vídeos a respeito do universo literário.
9. Caso os estudantes tenham dificuldades em conseguir equipamentos para a gravação e edição do vídeo, organize uma apresentação ao vivo dos roteiros elaborados.
1. As obras em prosa da terceira geração modernista abordavam questões sociais, mas mergulhavam também nos questionamentos existenciais do indivíduo, explorando temas regionais para expor questões universais. A primeira geração modernista, por sua vez, caracterizou-se pela busca por uma estética que representasse a cultura nacional. A segunda geração voltou-se para as questões sociais nos ambientes urbanos e rurais das diversas regiões do país.
2. As obras da segunda geração do romantismo brasileiro abordam temas como a angústia existencial, o amor não correspondido, a morte e a insatisfação com o presente. Essa fase do movimento é caracterizada por uma visão introspectiva e pessimista, pela subjetividade exacerbada, melancolia, saudosismo, escapismo e fuga da realidade.
Neste capítulo, a seção Estudo Literário deu enfoque à terceira geração do movimento literário Modernismo e à segunda geração do Romantismo, o Ultrarromantismo. Na seção Estudo do Gênero Textual, o enfoque foi a análise e produção do gênero vídeo-resenha. Na seção Estudo da Língua, foram estudados os processos de formação de palavras.
Agora, você deverá sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para elaborar sua resposta.
1. Quais são as principais características das obras da terceira geração modernista, comparadas às da primeira e da segunda gerações?
2. Liste algumas características da segunda geração do Romantismo brasileiro e indique os principais temas abordados nas obras dessa geração.
3. Aponte as semelhanças que ocorrem entre os gêneros textuais resenha crítica e vídeo-resenha. Qual é a característica principal que os distingue?
4. Dê exemplos de palavras formadas pelos processos de formação estudados no capítulo. Identifique o processo de formação em cada exemplo.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
5. Explique o que é estrangeirismo e dê exemplos.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sua aprendizagem ao longo do capítulo. Para isso, no caderno, reproduza o quadro a seguir e responda às questões. Em seguida, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote nas observações.
Possibilite aos
de silêncio e introspecção para que possam relembrar seu desempenho nas propostas do capítulo. Com base nas observações dos estudantes e das particularidades de cada um, ajude-os a construir estratégias para avançar nos pontos em que for necessário.
Ao longo do estudo do capítulo, percebo que...
…compreendi e consegui sintetizar os conceitos literários, de gênero textual e linguísticos.
…realizei as atividades em todas as propostas de pesquisa com empenho e decisão consciente de aprender, sem dar enfoque apenas em terminar a tarefa delegada.
…considerei as opiniões e os argumentos dos colegas nos momentos de reflexão propostos em sala de aula.
Fui proficiente
Preciso aprimorar
Observações
3. Esses dois gêneros textuais têm em comum, na sua composição, a apresentação de uma obra, com informações como o tema tratado, a autoria, a data de lançamento, a sinopse do enredo, a análise da obra com comentários apreciativos do resenhista. Enquanto a resenha crítica é veiculada por textos escritos, impressos ou digitais, a vídeo-resenha é veiculada por meio de plataformas de compartilhamento de vídeo, caracterizando-se por ser um gênero essencialmente multimodal.
Neste capítulo, o enfoque de análise de questão de provas de ingresso está voltado para o estudo da língua. Leia com atenção as dicas de interpretação do formato da questão e, em seguida, treine outra de mesmo formato.
1. Resposta: alternativa c
O foco narrativo nessa obra é em terceira pessoa. O narrador é onisciente, conhece as personagens em profundidade e transmite as impressões do mundo e das pessoas sob a ótica de Miguilim.
Diversos motivos narrativos compõem a trama de “Campo geral”, texto da obra Manuelzão e Miguilim, de Guimarães Rosa. Qual o motivo narrativo principal para a composição do enredo desse conto?
a) As desavenças entre Mãitina e a avó de Miguilim.
b) A instabilidade sentimental da mãe de Miguilim.
c) A observação do mundo pela ótica de Miguilim.
d) A rivalidade entre Tio Terêz e o pai de Miguilim.
e) A solidariedade entre os irmãos de Miguilim.
O objetivo da questão é avaliar o repertório do candidato acerca da obra de Guimarães Rosa e seu conhecimento sobre o foco narrativo da obra citada. Para identificar o motivo narrativo principal na composição do enredo, o candidato deverá mobilizar seu conhecimento acerca das características do narrador.
2. (UERGS-RS)
O enunciado da questão propõe a identificação do motivo narrativo principal, entre os diversos motivos narrativos para a composição do enredo. Para essa identificação, é necessário o conhecimento de que a figura do narrador concentra a relação entre regional/universal na obra.
A questão apresenta cinco alternativas para identificação do principal motivo narrativo da obra. Analise cada alternativa e verifique qual delas apresenta uma característica ou ação direta da personagem sob cuja perspectiva toda a narrativa se desenvolve.
Sobre a obra poética de Casimiro de Abreu, é correto afirmar que
a) exalta o índio brasileiro, cuja força, coragem e astúcia são cantadas em longos poemas épicos.
b) critica a violência a que eram submetidos os escravos nas senzalas e nos navios que os traziam da África.
c) exalta a infância, a vida familiar e a natureza brasileira em poemas repletos de lirismo e afetividade.
d) critica a arrogância e o desprezo com que eram tratadas as mulheres na família patriarcal rural brasileira.
e) exalta o bandeirante paulista, cuja perseverança e coragem teriam ampliado as fronteiras da pátria brasileira.
O objetivo da questão é avaliar o conhecimento do candidato acerca da obra de Casimiro de Abreu, suas características e sua localização dentro dos movimentos literários brasileiros.
2. Resposta: alternativa c .
A alternativa c apresenta as características do poema “Meus oito anos”, de Casimiro de Abreu, autor representante da segunda geração do Romantismo brasileiro. As demais alternativas apresentam características de outras fases do Romantismo ou de outros movimentos literários.
O enunciado da questão propõe que o candidato identifique a alternativa que apresenta características da obra de Casimiro de Abreu. O conhecimento do movimento literário em que Casimiro de Abreu e sua obra estão inseridos vai auxiliar na identificação da alternativa correta.
A questão apresenta cinco alternativas. Analise a alternativa que apresenta as características das obras mais conhecidas de Casimiro de Abreu e retome também as características do movimento literário em que o autor está inserido.
Com base em seus conhecimentos e na obra de Cândido Portinari (1903-1962), apresentada na abertura do capítulo, responda às questões a seguir.
1. Observe a paisagem que compõe a pintura e as cores utilizadas para retratá-la. De que forma esse cenário auxilia na compreensão do contexto social da família retratada?
2. Analise a forma do corpo e a expressão facial da família retratada na pintura. O que você consegue apreender sobre a condição social em que essas pessoas se encontram?
3. Com base em seus conhecimentos, você acredita que essa temática também se fez presente em obras literárias do período?
4. Em sua opinião, a pintura poderia ser utilizada em uma peça de uma campanha de propaganda sobre a conscientização ambiental e o combate à seca? Justifique.
5. Que verbos e seus complementos poderiam ser relacionados à família e ao contexto retratado na pintura de Portinari?
• C ampo artístico-literário
• C ampo de atuação na vida pública
• C ampo jornalístico-midiático
Temas Contemporâneos
Transversais
• Meio ambiente: Educação para o consumo
• Economia: Trabalho
• S aúde: Educação Alimentar e Nutricional
• Cidadania e civismo: Vida Familiar e Social
1. Os tons terrosos utilizados remetem à seca, ideia reforçada pelo solo seco que denuncia a falta de oportunidade e de alimento; no chão, são identificados pedaços de ossos de animais; no céu, são avistados urubus, o que pode estar associado à ideia de morte, uma vez que essas aves se alimentam de matéria morta.
Avance até as páginas finais deste volume e inicie a etapa “Buscar inspiração” da Oficina de Projetos . Para essa atividade, não deixe de seguir as orientações e os caminhos que direcionam à criação de um portfólio pessoal e profissional.
2. Os adultos e as crianças apresentam expressões assustadas e parecem desconsolados. As crianças ainda possuem um ar fantasmagórico, assim como os mais idosos. Os corpos são ressequidos e cobertos por trapos, denunciando a escassez e a falta de perspectiva.
3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que a temática não ficou restrita somente às obras de arte, mas também ganhou espaço nas obras literárias do período, principalmente da Geração de 30, como será apresentado na seção Estudo Literário
4. Respostas pessoais. O gênero campanha de propaganda será estudado na seção Estudo do Gênero Textual.
■ PORTINARI, Cândido. Retirantes 1944. Óleo sobre tela, 190 cm × 180 cm. Museu de Arte de São Paulo (Masp). Portinari foi um dos maiores artistas do movimento modernista brasileiro; produziu diversas obras de temáticas sociais, como a que abre este capítulo, na qual retrata uma família de migrantes em busca de melhores condições de vida.
5. Deslocar-se para um lugar melhor, abandonar o sertão, migrar para uma nova terra, acreditar nos sonhos etc. O estudo dos termos regentes e regidos relacionado à regência verbal e nominal será aprofundado na seção Estudo da Língua
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Você lerá um trecho extraído do primeiro capítulo do romance Vidas secas, de Graciliano Ramos (1892-1953), publicado pela primeira vez em 1938. O romance, ambientado no sertão nordestino, acompanha a trajetória de uma família de retirantes que busca melhores condições de vida em meio à seca e à miséria da região sertaneja. A família é composta de Fabiano, sinha Vitória, menino mais novo, menino mais velho e a cachorra Baleia. O romance se inicia e termina com a migração das personagens, trazendo a ideia de que a vida do sertanejo miserável se estabelece por meio dessa busca.
Resposta pessoal. O objetivo da questão é estimular os estudantes a discutir sobre as possibilidades de construção narrativa do livro, considerando o enredo que lhes foi apresentado.
Antes de iniciar a leitura do trecho do romance, discuta com os colegas as questões a seguir.
• Com base em qual perspectiva narrativa você imagina que a vida da família de sinha Vitória e Fabiano será contada?
• Em Vidas secas, os filhos de Fabiano e sinha Vitória não possuem nome, enquanto a cachorra é nomeada. Levante uma hipótese para essa escolha do autor.
Resposta pessoal. O objetivo da questão é estimular os estudantes a pensar a respeito do modo como a subjetividade e a humanidade das personagens serão abordadas no livro, antecipando a discussão que será feita ao final da subseção Diálogos
Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas . Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.
— Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.
Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo.
A catinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O voo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos.
— Anda, excomungado.
O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matá-lo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário – e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde.
juazeiro: árvore típica da caatinga. légua: medida equivalente a cinco quilômetros. escanchado: desconjuntado. cambaio: que tem pernas tortas. aió: bolsa de caça. pederneira: ferramenta utilizada para produzir fogo. fustigar: bater. obstinação: perseverança.
Tinham deixado os caminhos, cheios de espinho e seixos, fazia horas que pisavam a margem do rio, a lama seca e rachada que escaldava os pés.
Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinha Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados ao estômago, frio como um defunto. Aí a cólera desapareceu e Fabiano teve pena. Impossível abandonar o anjinho aos bichos do mato. Entregou a espingarda a sinha Vitória, pôs o filho no cangote, levantou-se, agarrou os bracinhos que lhe caíam sobre o peito, moles, finos como cambitos . Sinha Vitória aprovou esse arranjo, lançou de novo a interjeição gutural, designou os juazeiros invisíveis.
E a viagem prosseguiu, mais lenta, mais arrastada, num silêncio grande.
Ausente do companheiro, a cachorra Baleia tomou a frente do grupo. Arqueada, as costelas à mostra, corria ofegando, a língua fora da boca. E de quando em quando se detinha, esperando as pessoas, que se retardavam.
irresoluto: hesitante, indeciso.
gutural: que sai da garganta. cambito: perna fina. apalhetado: anômalo. supetão: inesperadamente. aboiar: cantar como os vaqueiros para conduzir a boiada. tanger: tocar para que andem.
arremedar: imitar. alpercata: sandálias. embira: fibra utilizada como corda. gretar: rasgar, rachar.
Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia falta dela, mas logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o resto de farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na catinga. Sinha Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Despertara-a um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os pés apalhetados , numa atitude ridícula. Resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declarando a si mesma que ele era mudo e inútil. Não podia deixar de ser mudo. Ordinariamente a família falava pouco. E depois daquele desastre viviam todos calados, raramente soltavam palavras curtas. O louro aboiava , tangendo um gado inexistente, e latia arremedando a cachorra.
As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As alpercatas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 120. ed. Rio de Janeiro: Record, 2013. E-book. Localizável em: Mudança.
1. b) Fabiano se irrita com o fato de o filho mais velho, por conta do cansaço, recusar-se a continuar a caminhada, impedindo o avanço do grupo. Diante da irritação, Fabiano bate no filho com a bainha da faca. Espera-se que os estudantes analisem negativamente a atitude de Fabiano, uma vez que ela demonstra violência para com a criança. Na correção da questão, é oportuno trabalhar os princípios dos direitos da criança e do adolescente.
Graciliano Ramos foi um jornalista e escritor alagoano. Viveu em diversas cidades da Região Nordeste, o que influenciou sua literatura. O autor publicou seu primeiro conto, “O pequeno pedinte”, no jornal da escola aos 12 anos e, ao concluir o Ensino Médio, mudou-se para o Rio de Janeiro e passou a trabalhar como revisor em jornais. Ganhou destaque na literatura brasileira na década de 1930. Seu primeiro romance, Caetés (1933), foi bem recebido pela crítica da época, mas foi com a publicação de São Bernardo (1934) que o autor se consolidou como um dos maiores escritores do período. Vidas secas (1938) foi seu último livro publicado. Graciliano participou intensamente da política e chegou a ser preso por dez meses em 1936, acusado de ser comunista. Durante esse período, escreveu o livro Memórias do cárcere em que narra a sua experiência na prisão. A obra foi publicada postumamente, em 1953.
■ Fotografia de Graciliano Ramos.
1. c) A irritação destoa de seu comportamento final, pois Fabiano percebe que seu filho está precisando de apoio e demonstra compaixão ao carregá-lo. Esse contraste evidencia a complexidade das emoções da personagem.
1. Após a leitura do trecho, responda às questões a seguir.
a) Durante a caminhada, a família segue em busca dos juazeiros que avistaram na planície. O que os motiva a buscar as árvores?
A principal razão é a busca pela sombra para descanso e alívio do calor.
b) Durante a jornada em direção aos juazeiros, Fabiano se irrita com o filho mais velho. O que motivou a sua irritação e qual foi a sua atitude diante dela? Reflita sobre essa atitude.
c) A irritação de Fabiano destoa de seu comportamento final em relação ao filho ou condiz com este comportamento? Explique.
d) Analise de que modo o comportamento ambíguo de Fabiano em relação ao filho reflete o seu estado emocional, levando em consideração as condições em que ele e a sua família se encontram.
e) Ao final do trecho, Fabiano esquece “a fome, a canseira, os ferimentos” ao avistar novamente os juazeiros. O que esse esquecimento simboliza na narrativa?
2. Retome o modo como as paisagens são apresentadas no capítulo “Mudança”. Em seguida, responda às questões a seguir.
1. e) Esse esquecimento simboliza a esperança de Fabiano diante da possibilidade de encontrar a sombra.
a) No trecho, a paisagem é descrita por meio das cores associadas aos seus elementos. No caderno ou em uma folha avulsa, associe as descrições da coluna da esquerda aos elementos da coluna da direita, considerando a descrição presente no trecho.
DESCRIÇÃO
ELEMENTOS
( ) Vermelho indeciso
(2) Juazeiros
( ) Verde
(1) Catinga
( ) Negro
(4) Ossadas
1. d) O comportamento ambíguo de Fabiano reflete as condições de fome, seca e incerteza em que a personagem se encontra. Ele toma atitudes impulsivas e violentas que refletem o seu estado emocional, ainda que essas atitudes não possam ser justificadas e nem percebidas como menos graves por causa da situação. Após um tempo, Fabiano oscila e demonstra cuidado e proteção em relação à criança diante das adversidades.
( ) Branco
(3) Voo dos urubus
b) De que forma essa estratégia descritiva contribui para a expressividade e para a construção de significado no trecho lido?
2. b) O uso das cores realça as características áridas do ambiente. O contraste entre o vermelho, o branco e o preto intensificam a sensação de desolação, enquanto o verde dos juazeiros abarca a esperança de encontrar sombra e sobreviver ao cenário árido.
c) Observe os momentos em que o rio é descrito. O que essas passagens permitem inferir sobre as condições climáticas do local onde a família se encontra?
d) No trecho, o papel do rio difere daquele que um rio exerce normalmente. Explique de que modo o rio estabelece a conexão com os elementos do enredo e qual é a sua função no contexto descrito.
2. c) As descrições do rio apontam para a presença de terra rachada, indicando uma aridez extrema e a severa escassez de água do sertão em razão da seca prolongada.
2. d) No trecho, o rio seco demarca o caminho das personagens e se estabelece como cenário para os principais eventos narrados. O rio conecta o cenário da seca aos eventos vividos pela família, estabelecendo a ligação entre o ambiente e as emoções das personagens.
3. b) Trecho sugerido: “Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida.” Espera-se que os estudantes busquem por passagens que simbolizem o abandono da região e das pessoas que ali viviam, como o trecho sugerido e outros em que há a descrição da secura do rio e das ossadas do gado.
No Brasil, o início do século XX foi marcado pela República Velha (1889-1930) e pelo domínio político das oligarquias regionais de São Paulo e Minas Gerais. Nesse período, enquanto o Sudeste crescia economicamente por meio da exportação do café, outras regiões estavam imersas no declínio econômico. O Nordeste, em especial, sofria com secas constantes e falta de investimento do governo, de modo que o poder estava concentrado em torno dos grandes proprietários de terra, que exploravam a população mais pobre. O enredo de Vidas secas se passa nesse cenário histórico, político e social, no qual parte da população nordestina, vítima da seca, era obrigada a abandonar a sua terra em busca de melhores condições de vida e se estabelecer na condição de retirantes.
Além disso, Vidas secas foi publicado em 1938, período em que o país vivia o autoritarismo do Estado Novo, marcado pela centralização do poder e pelo controle da imprensa. Mesmo assim, autores como Graciliano Ramos conseguiram, por meio da literatura, denunciar os problemas do país.
3. a) A descrição da aridez da paisagem e da secura do rio são características da natureza que simbolizam o abandono pela clara ausência de infraestrutura. A exaustão e a fome das personagens, por sua vez, evidenciam o impacto social desse abandono.
3. Sobre o trecho do capítulo “Mudança” e a sua associação com o contexto histórico da República Velha, responda, em dupla, as questões a seguir.
a) Quais características do ambiente e das personagens simbolizam o abandono social e econômico sofrido pela região Nordeste na época da República Velha?
b) Analise o trecho e encontre passagens que, na interpretação da dupla, possam sugerir críticas às condições econômicas e à falta de políticas públicas para enfrentar as secas constantes que atingiam o Nordeste brasileiro durante a década de 1930. Justifique a resposta.
c) No ponto de vista da dupla, quais ações governamentais poderiam ter sido aplicadas para melhorar as condições de vida de famílias de retirantes, como a de Fabiano? Explique, considerando a viabilidade dessas ações.
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4. Releia o trecho a seguir e faça o que se pede.
4. a) O acontecimento que intensificou o silêncio da família foi a morte do papagaio.
Ordinariamente a família falava pouco. E depois daquele desastre viviam todos calados, raramente soltavam palavras curtas. O louro aboiava, tangendo um gado inexistente, e latia arremedando a cachorra.
4. b) O elemento é a ausência de diálogos entre as personagens, que proferem frases curtas apenas em alguns momentos e se comunicam por expressões e grunhidos.
a) Qual acontecimento fez com que a família, que já falava pouco, intensificasse o seu silêncio?
b) Selecione o elemento da estrutura textual que evidencia a ausência de comunicação verbal no cotidiano da família ao longo do trecho do capítulo “Mudança” lido por você.
c) Elabore uma hipótese para a ausência de diálogos no cotidiano da família. Em sua hipótese, considere a circunstância em que vivem as personagens.
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d) Analise a ação do louro, descrita no penúltimo parágrafo do trecho transcrito. Qual é o significado dessas ações no trecho lido e de que forma elas contribuem para o entendimento da situação das personagens e para a construção da cena narrativa?
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5. Retome o trecho do capítulo de Vidas secas, observando de que modo a subjetividade das personagens é expressa ao longo da narrativa.
a) Relacione a falta de comunicação verbal entre os membros da família de Fabiano às observações feitas por você.
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b) Em sua perspectiva, de que modo a ausência de diálogos impacta na percepção da subjetividade das personagens? Explique.
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No capítulo anterior, você estudou as características da terceira geração modernista (1945-1980). Na prosa da Geração de 45, em especial, na literatura de Guimarães Rosa (1908-1967), o aspecto regional serve como pano de fundo para a exploração dos conflitos e questionamentos do indivíduo em relação à própria existência, e os elementos do sertão são metaforizados de forma a representar o universal.
6. a) Trecho sugerido: “— Anda, excomungado. O pirralho não se mexeu”. Espera-se que os estudantes transcrevam esse e outros trechos em que frases curtas e diretas são utilizadas para expressar as características do ambiente ou o estado emocional das personagens diante das situações adversas enfrentadas por elas.
6. b) Espera-se que os estudantes percebam o modo como a introspecção das personagens, trabalhada por meio do olhar do narrador, revela o íntimo e as reflexões sobre a situação em que vivem.
6. c) Na segunda geração modernista, os personagens ganham uma dimensão psicológica. Em contraste, o Naturalismo não explora a complexidade psicológica das personagens, o enfoque é a relação dos personagens com o meio em que vivem.
Segunda geração modernista (1930-1945) Na prosa da segunda geração modernista , os aspectos regionais são instrumentalizados como estratégia de denúncia social. Os autores da época investigaram a realidade brasileira em uma retomada dos estilos literários marcados pela exploração dos fatos, como o Realismo e o Naturalismo. Contudo, tais explorações foram caracterizadas não só por uma visão crítica das relações sociais, mas também pela construção de personagens que, diante da tensão entre o meio e a sociedade, buscavam estratégias para resistir à opressão. Em Vidas secas , essa resistência atravessa o plano da linguagem, de modo que a economia de palavras, evidenciada pela presença de uma comunicação mais simples e direta, reflete a aridez da seca e a dureza das pessoas inseridas nessa condição.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
6. Retome a leitura do capítulo “Mudança”, de Vidas secas, observando as características da segunda geração modernista presentes no trecho, e responda às questões a seguir.
a) Transcreva um trecho em que a economia linguística é utilizada como estratégia para evidenciar a situação vivida pelas personagens.
b) Analise como a vida interior das personagens se relaciona com o ambiente em que vivem, conectando essa análise às características da segunda geração modernista.
c) Reflita sobre como os personagens se relacionam com o ambiente em que vivem, de acordo com características da segunda geração modernista. Em seguida, compare-as às características dos personagens retratados no Naturalismo.
Vidas secas começou a ser escrito 11 meses após Graciliano Ramos deixar a prisão, sob a forma de contos que, posteriormente, iriam compor os capítulos do livro. O primeiro conto a ser escrito foi “Baleia”, em que o autor narra os pensamentos da cachorra antes de sua morte. O autor publicou o conto em um suplemento literário nacional, além de ter a sua tradução divulgada em jornais argentinos a pedido de seu tradutor que buscava a publicação de contos regionais. Enfrentando dificuldades financeiras, Graciliano Ramos escreveu os capítulos de Vidas secas como se fossem contos independentes e os publicou em diversos jornais e revistas conforme os concluía.
A ordem de escrita dos capítulos não apresentou a mesma sequência da versão final do romance, pois a organização definitiva só ocorreu após todos os capítulos estarem concluídos. Inicialmente, o livro se chamaria O mundo coberto de penas, mas, aconselhado pelo seu editor, Graciliano mudou o título da publicação para Vidas secas.
7. Você acredita que o fato de o romance Vidas secas ter sido escrito inicialmente na forma de contos influenciou a estrutura narrativa, o desenvolvimento das personagens e a construção do enredo final do livro? Explique, levando em consideração os seus conhecimentos sobre os gêneros literários.
7. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reconheçam que, por ter sido inicialmente escrito na forma de contos, o romance deve apresentar estrutura narrativa diferente dos romances tradicionais. Eles podem apontar, por exemplo, que os capítulos devem apresentar uma unidade de sentido, de modo que o desenvolvimento das personagens acontece de forma menos linear do que nos romances tradicionais, impactando a construção do enredo.
8. a) Os elementos são o foco narrativo estabelecido com base em uma situação específica, o contexto da narrativa evidenciado de forma clara, o fato de os conflitos iniciados no capítulo serem resolvidos no próprio capítulo e a ausência de menção a acontecimentos anteriores.
Romance desmontável
Embora Vidas secas tenha sido publicado originalmente como uma série de contos, os capítulos se estruturam como segmentos que, apesar de apresentarem unidade narrativa própria, permitem ao leitor construir uma compreensão completa da narrativa, estabelecendo um todo coeso. O romance se organiza de modo que o primeiro capítulo, intitulado “Mudança”, e o último, intitulado “Fuga”, narram a migração da família de Fabiano que, diante da realidade da seca, repete um ciclo constante. Assim, o último e o primeiro capítulo se relacionam, estabelecendo uma continuidade entre si.
Em razão dessa estrutura, Vidas secas pode ser compreendido como um romance desmontável , em que os capítulos mantêm a independência, mas se complementam na formação do enredo geral. A composição do romance, que rompe com a linearidade cronológica tradicional, é inovadora para a época, sendo uma das características marcantes do Modernismo de Graciliano Ramos.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
8. Retome a sua resposta à questão anterior, associando-a ao conceito de romance desmontável, e responda aos itens a seguir.
a) Identifique, no trecho do capítulo “Mudança” lido por você, elementos da narrativa que indicam que a história pode ser lida de forma independente, sem a necessidade de conhecer outros capítulos.
b) Em sua percepção, quais efeitos de sentido podem ser gerados pela ausência de continuidade explícita entre as cenas narrativas do romance?
c) Ainda que apresentem unidade narrativa própria, os capítulos de Vidas secas são interligados por uma estrutura unificadora. Quais elementos do enredo e da ambientação da história são responsáveis por essa unificação?
d) Analise de que forma a estrutura do romance desmontável contribui para a crítica social presente na obra. Em sua análise, considere o modo como Graciliano Ramos ordenou o primeiro e o último capítulos.
9. Dentre todos os romances do autor, Vidas secas é o único que possui um narrador em terceira pessoa e não se organiza em torno de um protagonista fixo, que ocupa o ponto de vista da narrativa. Releia o trecho a seguir, observando o modo como o narrador se estabelece.
Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal. Fabiano também às vezes sentia falta dela, mas logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o resto de farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na catinga. Sinha Vitória, queimando o assento no chão, as mãos
8. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que, dentre os efeitos que podem ser gerados, está a fragmentação da história narrada.
8. c) Os elementos responsáveis por essa unificação são o cenário do sertão nordestino, a situação de miséria vivida pelas personagens e a presença do mesmo núcleo de personagens em todos os capítulos.
8. d) Espera-se que os estudantes observem que a estrutura fragmentária do romance reflete a condição de vida dos retirantes, cujas vidas são marcadas por eventos isolados que não culminam em uma transformação da situação experienciada por eles.
Romance em novo formato
O romance Vidas secas foi adaptado para o formato de graphic novel pelo quadrinista Eloar Guazzelli (1962-).
A adaptação respeita o texto original ao mesmo tempo em que atribui uma nova dimensão para o romance, cuja temática ainda se mantém atual.
BRANCO, Arnaldo. Vidas secas. [Adaptado da obra de] Graciliano Ramos. Ilustrações: Eloar Guazzelli. Rio de Janeiro: Galera Record, 2015. Capa.
■ Capa do livro Vidas secas.
Espera-se que os estudantes compreendam que a alternância de perspectivas permite ao leitor entrar em contato com diferentes pontos de vista sobre o evento, complexificando a sua
A alternância de perspectivas revela a percepção de cada personagem sobre o ambiente e o evento da morte do papagaio. Baleia fica confusa diante da ausência do papagaio, Fabiano busca maneiras de sobreviver diante da escassez da seca e sinha Vitória relembra o seu passado, misturando às lembranças a realidade vivida e a fome.
cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Despertara-a um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os pés apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declarando a si mesma que ele era mudo e inútil. Não podia deixar de ser mudo.
9. a) As personagens são Baleia, Fabiano e sinha Vitória.
a) No trecho, o narrador assume a perspectiva de três personagens. Quais são elas?
b) Analise de que modo a mudança de perspectiva entre as personagens contribui para o entendimento do evento apresentado.
c) O que a alternância entre as perspectivas revela sobre cada uma das personagens e sobre sua interação com o ambiente ao redor?
d) Como as diferentes perspectivas auxiliam na construção da crítica social de Vidas secas? Essa construção narrativa condiz com o que foi imaginado por você no boxe Primeiro olhar?
No trecho analisado por você na questão 9, é possível perceber que os pensamentos e as reflexões de Baleia, sinha Vitória e Fabiano se confundem com o discurso do narrador. Releia o trecho e observe os destaques a seguir.
Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto. Agora, enquanto parava, dirigia as pupilas brilhantes aos objetos familiares, estranhava não ver sobre o baú de folha a gaiola pequena onde a ave se equilibrava mal . Fabiano também às vezes sentia falta dela, mas logo a recordação chegava. Tinha andado a procurar raízes, à toa: o resto de farinha acabara, não se ouvia um berro de rês perdida na catinga . Sinha Vitória, queimando o assento no chão, as mãos cruzadas segurando os joelhos ossudos, pensava em acontecimentos antigos que não se relacionavam: festas de casamento, vaquejadas, novenas, tudo numa confusão. Despertara-a um grito áspero, vira de perto a realidade e o papagaio, que andava furioso, com os pés apalhetados, numa atitude ridícula. Resolvera de supetão aproveitá-lo como alimento e justificara-se declarando a si mesma que ele era mudo e inútil. Não podia deixar de ser mudo
No trecho, o narrador revela os pensamentos de Baleia sobre a falta da gaiola, as percepções de Fabiano sobre a fome e as reflexões de sinha Vitória sobre acontecimentos passados e a morte do papagaio. Essa estratégia narrativa, que gera a sensação de que, em alguns momentos, narrador e personagem dividem o espaço da narração, denomina-se discurso indireto livre.
9. d) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes compreendam que as diferentes perspectivas refletem o modo como a escassez e a miséria afeta a cada um deles, possibilitando ao leitor um conhecimento do todo. Ao mesmo tempo, é uma forma de enfatizar o sofrimento como algo compartilhado.
11. Espera-se que os estudantes associem a escolha como uma crítica à desumanização das personagens, que se estabelece com base nas condições de miséria em que elas se encontram. A ausência de nome para as crianças também aponta a falta de identidade e o anonimato atribuídos às famílias de retirantes. Em contraste, Baleia, nomeada como referência a um animal marinho, reflete a esperança da família em um futuro mais digno. CIDADANIA
Por meio desse recurso, os pensamentos das personagens se entrelaçam à narração. No discurso indireto livre, embora o narrador seja o responsável por contar a história, ele integra as reflexões das personagens de forma fluida, trazendo a sensação de uma narrativa compartilhada. Em Vidas secas, ao mesmo tempo em que as personagens são influenciadas pelos acontecimentos narrados, os acontecimentos narrados são influenciados pelas percepções das personagens diante deles, estabelecendo uma perspectiva recíproca na relação entre esses elementos.
A perspectiva recíproca e o discurso indireto livre de Vidas secas são complementados pela técnica de montagem de planos presente na obra. A narrativa, muitas vezes, alterna-se entre diferentes pontos de vista e ângulos, de forma semelhante a uma câmera cinematográfica que muda o foco para capturar a cena com base em diferentes olhares. Isso permite ao leitor uma perspectiva multifacetada dos eventos narrados, complexificando a sua visão sobre a história. 10. Retome o trecho do capítulo “Mudança”, observando a passagem em que o menino mais velho se senta no chão, bem como as reações de Fabiano diante do ocorrido. Em seguida, no caderno, anote a alternativa que analisa corretamente o modo como o discurso indireto livre é empregado no trecho.
a) No trecho, as ações de Fabiano são descritas de forma objetiva, sem revelar seus pensamentos e sentimentos, por meio da utilização do discurso indireto livre.
Resposta: alternativa c
b) O discurso indireto livre é usado para revelar as intenções de Fabiano de maneira clara e direta, mas não auxilia na percepção das suas emoções.
c) No trecho, o discurso indireto livre é utilizado para misturar as vozes do narrador e de Fabiano, de modo que, por vezes, temos a impressão de que personagem e narrador dividem a narração.
d) O discurso indireto livre apresenta a perspectiva de Fabiano de forma isolada, sem permitir a integração das emoções e reações do menino mais velho na narrativa. O foco é colocado unicamente em como Fabiano percebe a situação e reage a ela, sem explorar a experiência subjetiva do menino mais velho.
e) No trecho, percebemos a descrição detalhada do ambiente das ações e das emoções de Fabiano, mas tais descrições em nada se relacionam aos sentimentos e às atitudes do menino mais velho.
11. No trecho do capítulo “Mudança”, lido por você, é possível observar que, enquanto a cachorra Baleia é nomeada, os filhos de Fabiano e sinha Vitória não recebem nome. Considerando os seus conhecimentos sobre Vidas secas, de que maneira essa escolha do autor pode ser interpretada? Explique.
12. Leia os trechos a seguir para responder ao que se pede.
A tremura subia, deixava a barriga e chegava ao peito de Baleia. Do peito para trás era tudo insensibilidade e esquecimento. Mas o resto do corpo se arrepiava, espinhos de mandacaru penetravam na carne meio comida pela doença.
Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. A pedra estava fria, certamente sinha Vitória tinha deixado o fogo apagar-se muito cedo.
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes. RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 120. ed. Rio de Janeiro: Record, 2013. E-book. Localizável em: Baleia.
12. a) Esse desejo reflete a condição de fome e precarização vivida pelas personagens, que buscam melhores condições de vida e segurança alimentar.
12. b) Essa reflexão destaca a busca do autor por evidenciar os sentimentos e a experiência das personagens através de seu narrador, explorando o recurso do discurso indireto
As percepções de Baleia são descritas por meio de detalhes sensoriais, como a dor dos espinhos e a frieza da pedra. Essa estratégia aproxima o leitor da experiência de Baleia, criando empatia e refletindo a intensidade de suas experiências caninas.
Respostas pessoais. O objetivo da questão é estimular a reflexão dos estudantes acerca dos próprios desejos para o futuro, entendendo o preá como um símbolo para essas aspirações.
Escrevi um conto sobre a morte duma cachorra, um troço difícil como você vê: procurei adivinhar o que se passa na alma duma cachorra. Será que há mesmo alma em cachorro? Não me importo. O meu bicho morre desejando acordar num mundo cheio de preás. Exatamente o que todos nós desejamos. A diferença é que eu quero que eles apareçam antes do sono, e padre Zé Leite pretende que eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos somos como a minha cachorra Baleia e esperamos preás. É a quarta história feita aqui na pensão. Nenhuma delas tem movimento, há indivíduos parados. Tento saber o que eles têm por dentro. Quando se trata de bípedes, nem por isso, embora certos bípedes sejam ocos; mas estudar o interior duma cachorra é realmente uma dificuldade quase tão grande como sondar o espírito dum literato alagoano. Referindo-me a animais de dois pés, jogo com as mãos deles, com os ouvidos, com os olhos. Agora é diferente. O mundo exterior revela-se a minha Baleia por intermédio do olfato, e eu sou um bicho de péssimo faro.
RAMOS, Graciliano. Cartas. Rio de Janeiro: Record, 2013. E-book. Localizável em: 1937-1952 [103].
a) Em ambos os trechos, há uma ênfase no desejo de Baleia por um mundo repleto de preás. Associe esse desejo ao enredo de Vidas secas.
b) No Trecho II, Graciliano Ramos reflete sobre a dificuldade de “adivinhar o que se passa na alma duma cachorra”. Como essa reflexão se relaciona à perspectiva narrativa do romance?
c) Analise a maneira como as percepções de Baleia são descritas no Trecho I. De que modo essa estratégia descritiva contribui para a representação de seus pensamentos?
d) No Trecho II, Graciliano Ramos aponta que “no fundo todos somos como a minha cachorra Baleia e esperamos preás”. Como você interpreta essa afirmação? Explique.
13. Releia o trecho de Vidas secas e faça o que se pede a seguir.
Pelo espírito atribulado do sertanejo passou a ideia de abandonar o filho naquele descampado. Pensou nos urubus, nas ossadas, coçou a barba ruiva e suja, irresoluto, examinou os arredores. Sinha Vitória estirou o beiço indicando vagamente uma direção e afirmou com alguns sons guturais que estavam perto. Fabiano meteu a faca na bainha, guardou-a no cinturão, acocorou-se, pegou no pulso do menino, que se encolhia, os joelhos encostados ao estômago, frio como um defunto.
14. a) Em uma frase, o termo regente é o verbo ou elemento que exige um complemento (termo regido) para completar seu sentido. Essa relação é importante para a estrutura e a clareza do texto porque, ao definir como os elementos da frase se conectam e qual o papel de cada um dentro da sentença, contribui para a lógica de coerência do texto.
a) No trecho lido, a imagem construída pelos pensamentos de Fabiano é significativa para indicar o ambiente em que a personagem está inserida. Como essas imagens contribuem para a construção da atmosfera no trecho? Que sentimentos elas transmitem ao leitor?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
b) Que interpretações são possíveis de inferir com base nas palavras urubus e ossadas no contexto do sertão e da narrativa?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
c) E xplique a principal ideia que orienta as ações e decisões de Fabiano no trecho e como seu pensamento influencia a organização dos acontecimentos.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
Passou
Coçou
d) Observe a utilização das formas verbais pensou e passou. Quais são os complementos que acompanham essas formas verbais nos períodos e completam seus sentidos?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
e) Indique se esses complementos se conectam aos verbos diretamente, ou indiretamente, por meio do uso de preposições.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
f) Por fim, complete o quadro a seguir, no caderno, identificando os verbos presentes no trecho, inclusive em suas formas nominais, e seus complementos, se houver. Siga o modelo.
Verbo (termo regente)
Examinou
Estirou
Indicando
Afirmou
Complemento (termo regido)
Pensou nos urubus, nas ossadas Abandonar o filho
Estavam a ideia a barba os arredores o beiço uma direção ––
Regência verbal
Regência verbal é a relação de dependência estabelecida entre um verbo (termo regente) e seus complementos (termo regido). Quando o verbo é transitivo, ele precisa de complemento. Essa relação pode ser estabelecida de duas formas: direta ou indiretamente.
14. Ainda com base na leitura do trecho, considere os verbos identificados no item f da questão anterior e responda às questões a seguir.
a) É possível dizer que existe uma relação de dependência entre termos regentes e regidos. Explique essa afirmação e aponte que efeito isso causa na progressão da leitura.
b) Como a compreensão da regência verbal auxilia a construção da progressão e da clareza na comunicação das ideias? Discuta com os colegas a importância dessa contribuição para a fluidez do texto.
14. b) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reconheçam que a regência verbal é fundamental para a construção da progressão textual porque garante a complementação lógica, assim contribuindo para a comunicação das ideias. Além disso, eles devem compreender que a regência verbal é crucial porque define como os elementos da frase se conectam e como a informação é organizada dentro do texto, impactando diretamente na eficiência da comunicação.
aquém: em nível inferior. moenda: conjunto de peças que, em um engenho, serve para moer produtos.
João Cabral de Melo Neto foi um poeta pernambucano. O escritor passou a infância nos engenhos da família e, em 1942, ano de publicação do seu primeiro livro de poemas, intitulado Pedra do sono, o poeta e a família se mudaram para o Rio de Janeiro. João Cabral ingressou na carreira de diplomata e viajou por diversos países. Em 1984, assumiu o posto de cônsul-geral na cidade do Porto, em Portugal, retornando ao Brasil em 1987. João Cabral nunca deixou de escrever e recebeu diversos prêmios por seus livros publicados. Entre as principais obras de João Cabral, estão os livros de poemas O cão sem plumas (1950), O rio (1954), Morte e vida severina (1955), A educação pela pedra (1966) e Museu de tudo (1975) .
1. Nas duas primeiras estrofes da Parte I do poema, o eu lírico faz a associação entre o rio e o cão. Essa associação é retomada na primeira estrofe da Parte II, lida por você. Observe os versos da Parte I a seguir.
A cidade é passada pelo rio como uma rua é passada por um cachorro; uma fruta por uma espada.
O rio ora lembrava a língua mansa de um cão, ora o ventre triste de um cão, ora outro rio de aquoso pano sujo dos olhos de um cão.
MELO NETO, João Cabral de. O cão sem plumas. In: MELO NETO, João Cabral de. O rio. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. E-book. Localizável em: Parte I.
a) Na primeira estrofe, a associação se estabelece por meio de elementos de origem orgânica, como fruta e cachorro, e inorgânica, como rua e espada. De que forma esses elementos são condensados na Parte II do poema?
Na Parte II do poema, esses elementos são condensados pela associação direta entre o rio, a espada e o cão.
b) Na segunda estrofe da Parte I, o rio é descrito com base nas diversas partes de um cão. Levante uma hipótese para essa estratégia descritiva, considerando a extensão do Rio Capibaribe e as transformações que ele sofre no seu curso d’água.
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O curso do rio
Espera-se que os estudantes associem essa descrição às transformações que o rio sofre no decorrer de seu percurso, refletindo tanto a degradação do rio como as mudanças naturais de sua forma e volume d’água.
O Rio Capibaribe segue o seu curso passando por uma grande parte do estado de Pernambuco e cortando a cidade de Recife. Observe o mapa a seguir para compreender a extensão do rio, associando a forma como ele ocupa o território ao poema lido.
Rio Capibaribe
Bacia do Capibaribe
Rio Capibaribe
Recife (PE)
Pernambuco
Limite estadual 0 30 km OCEANO ATLÂNTICO
Fonte: BARRETO, Josué. Mapa de localização da Área da Bacia Hidrográfica e curso do Rio Capibaribe no Estado de Pernambuco. In: ARAÚJO, Sérgio Murilo Santos de (org.). Rios e homens. Cursos transformados na relação sociedade-natureza. Paulo Afonso, Bahia: Editora da Sociedade Brasileira de Ecologia Humana, 2016. p. 14.
2. a) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes direcionem sua interpretação para a ideia de que o “cão sem plumas” reflete um estado de desolação, pois sugere a falta de tudo, inclusive daquilo que nunca se teve. No poema, essa imagem se associa à condição social de abandono e miséria.
2. Nos versos 14 a 28 da Parte II, o eu lírico descreve o rio como um “cão sem plumas”.
a) Como você interpreta essa imagem poética? Justifique com base em elementos do poema.
b) A imagem poética do “cão sem plumas” é associada aos homens que, em condição de pobreza, dependem do rio e dos manguezais para a sobrevivência. No poema, o que caracteriza essas pessoas como “sem plumas”?
c) No contexto do poema, qual é a relação do rio com a cidade e com os humanos que dependem dele para a sua sobrevivência? Explique.
3. Retome os versos 66 a 93 para responder ao que se pede a seguir.
a) Na estrofe 9, o eu lírico menciona que as pessoas “se perdem” na água do rio. O que essa metáfora sugere sobre a relação entre essa população e o ambiente em que vivem?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
b) Nos versos 74 a 93, o eu lírico sugere uma fusão entre o homem e a lama. Em sua interpretação, qual o efeito de sentido construído com base nessa imagem poética? Explique, considerando o aspecto social do poema.
2. b) O que caracteriza as pessoas como “sem plumas” é a situação de abandono e miséria vivida por elas. As pessoas descritas dessa forma vivem em condições de precariedade, de modo que a metáfora enfatiza a vulnerabilidade experimentada por elas.
2. c) No poema, o rio funciona como um espaço de testemunho das dificuldades sociais enfrentadas pela população que vive à sua margem. Assim, ele se estabelece como um observador que reflete e amplifica a degradação do ambiente e dos seres humanos.
4. Retome o modo como a família de Fabiano é retratada no capítulo “Mudança”, do romance Vidas secas, associando suas observações ao poema “O cão sem plumas”, para responder às questões a seguir.
a) Relacione a imagem dos “homens sem pluma” no poema à situação vivida por Fabiano e sua família.
b) Compare o papel do Rio Capibaribe no poema com o papel da seca no romance. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
A poesia de João Cabral e a terceira geração modernista (1945-1980)
No capítulo anterior, você estudou as características da prosa da terceira geração modernista com base na novela Campo geral , de Guimarães Rosa (1908-1967). Assim como ocorre na prosa de Guimarães, João Cabral desenvolveu, em sua poesia, estratégias inovadoras de articulação de linguagem para criar imagens poéticas densas, como as analisadas por você. Conhecido como “poeta-engenheiro” por causa de seu trabalho com a linguagem, João Cabral adota uma linguagem objetiva e precisa, com forte carga crítica, mas que também gera imagens poéticas de profundidade lírica. Assim como Graciliano Ramos, João Cabral prezava pela economia das palavras e pelo rigor da forma. Ambos os autores, apesar de estilos e gêneros diferentes, buscavam um lirismo contido, evidenciando a aridez da realidade social retratada por eles.
5. Releia a última estrofe da Parte II de “O cão sem plumas” para responder ao que se pede a seguir.
a) Na estrofe, o verso 109 se repete. Qual é a função dessa repetição e como ela contribui para a construção do tema central da estrofe?
b) E xplique o sentido da metáfora “a água macia que amolece seus ossos”, considerando o contexto do poema.
4. a) A imagem dos “homens sem pluma” representa a degradação humana que se estabelece com a miséria. Nesse sentido, pode ser comparada à situação vivida pela família de Fabiano que, em meio à seca e à pobreza extrema, se vê diante da necessidade de lutar pela sobrevivência em um ambiente em que nem suas necessidades básicas são atendidas.
4. b) No poema, o Rio Capibaribe é símbolo de degradação e desolação, refletindo a condição de quem vive ao seu redor. No romance, o cenário do sertão exerce essa mesma função, pois atua como força opressora sobre a situação da família de Fabiano.
5. a) A repetição do verso 109 enfatiza a desumanização enfrentada pela população descrita no poema, evidenciando o tema central da estrofe.
5. b) A metáfora sugere a associação entre a humanidade e as pedras que se estabelecem na margem do rio e são desgastadas por ele. Assim como as pedras, os humanos que ali habitam se veem diante de situações de desgaste e enfraquecimento por causa da miséria e da vulnerabilidade social em que se encontram.
Resposta pessoal. O objetivo da questão é incentivar os estudantes a refletir sobre como as obras de Graciliano Ramos podem auxiliar a compreensão da persistência dos problemas de desigualdade social, considerando o modo como o autor tece a crítica social por meio de seu fazer literário.
Leia o texto, a seguir, que busca divulgar um evento realizado pelo Grupo de Pesquisa em Estado e Políticas da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), para responder às questões.
‘O direito ‘na’ e ‘através da literatura’ tende a humanizar, tornar crítico o olhar jurídico e proporcionar direitos humanos menos desiguais e mais igualitários’, afirma a profa. dra Eliane Romeiro Costa, que coordena o grupo e o projeto de pesquisa em Direitos Humanos, Cidadania e Literatura. Além dela, participam do evento a dra. Fernanda de Paula Ferreira Moi, docente da PUC Goiás e da UFG, e o mestre Victor Agapito, pesquisador de Direitos Humanos. Os três vão analisar as obras do autor alagoano, Vidas secas , Cangaços e Memórias do cárcere
Segundo Eliane, o evento busca mostrar a questão social presente na obra de Graciliano Ramos a partir da realidade no sertão brasileiro. ‘Em Vidas secas temos personagens espoliados pela fome, pela aridez do sertão, sem esperança e sem proteção’, explica.
Já em Cangaços , o autor expõe uma sequência de violência de uma ordem social que favorece a desigualdade e mostra como sertanejos e severinos vivem em uma condição de subsistência. No livro Memórias do cárcere , publicado postumamente, o autor faz referência ao tempo de prisão.
A escolha de Graciliano Ramos para ilustrar a discussão sobre Direitos Humanos foi baseada na literatura regionalista do autor, que retratou o sertão brasileiro das décadas de 1930 e 1940. Mas como isso repercute no Brasil de hoje é o que buscarão responder os palestrantes durante o debate. Para Eliane, idealizadora do evento, a obra de Graciliano Ramos nos chama para observar uma realidade muito desigual. ‘Vemos a ausência de políticas públicas e sanitárias que levam a essa desigualdade’, explica.
O Grupo de Pesquisa em Estado e Políticas da PUC Goiás realiza no dia 17 outro evento na programação do Ciência em Casa. Em palestra no YouTube da universidade, o grupo discute Direitos Humanos e o princípio do retrocesso social.
DIAS, Luisa. Direitos humanos na obra de Graciliano Ramos. PUC-GO: Goiânia, 10 maio 2021. Disponível em: www.pucgoias.edu.br/noticias/direitos-humanos-na-obra-de-graciliano-ramos/. Acesso em: 1 out. 2024.
• Em sua opinião, como o estudo das obras de Graciliano Ramos pode contribuir para a compreensão e a análise das questões de direitos humanos no Brasil atual?
• Considerando o que estudou até aqui, você acredita que a abordagem através da literatura pode modificar ou influenciar o entendimento jurídico das desigualdades sociais e dos direitos humanos?
Resposta pessoal. O objetivo da questão é avaliar como a literatura pode influenciar as práticas jurídicas ao propiciar reflexões sobre direitos humanos e servir como ferramenta de denúncia para as desigualdades.
Neste capítulo, você estudou a prosa da segunda geração modernista. Entre as características estudadas, está o discurso indireto livre como estratégia narrativa, utilizado por Graciliano Ramos no romance Vidas secas. Você também estudou que o romance se constrói tomando por base capítulos com unidade narrativa, mas que se conectam entre si. Nesta Oficina Literária, você vai retomar o capítulo “Mudança”, de Vidas secas, e os conceitos estudados para elaborar um novo capítulo para o romance. No seu capítulo, você irá fazer uso do discurso indireto livre para explorar os sentimentos e emoções das personagens ao se perceberem em um cenário de segurança alimentar, não mais assolado pela seca.
1. Para iniciar a produção do texto proposto, reflita acerca das ações governamentais e comunitárias que possibilitariam o enfrentamento da seca na Região Nordeste. Para isso, retome sua resposta ao item c da questão 3 da seção Estudo Literário e observe o modo como as ações pensadas por você e pela sua dupla poderiam ser inseridas no contexto do romance. Em seguida, reflita sobre como você construirá o seu capítulo.
• Qual será o cenário que servirá como pano de fundo para o seu capítulo?
• De que modo a família de Fabiano irá reagir a esse cenário?
• Quais emoções e sentimentos das personagens você irá expressar através do discurso indireto livre?
1. No planejamento do texto, procure elaborar a estrutura do capítulo seguindo os passos listados a seguir.
• Escreva o modo como a ação de combate à seca será percebida pelas personagens e se dissolverá na crítica social estabelecida no romance.
• Analise o modo como o capítulo se conectará com os demais capítulos do romance.
2. Procure formular parágrafos coerentes e coesos entre si, garantindo que o leitor consiga compreender o enredo do capítulo e mantendo a unidade narrativa.
3. Reflita sobre a complexidade dos sentimentos e emoções das personagens diante do novo cenário, avaliando o modo como o discurso indireto livre será utilizado para expressar essa complexidade.
1. Utilize as perguntas a seguir como roteiro para avaliação e reedição do capítulo do romance.
• O leitor consegue compreender o capítulo enquanto uma unidade narrativa?
• O discurso indireto livre foi empregado de modo a evidenciar os sentimentos e as emoções de Fabiano, sinha Vitória e Baleia?
O capítulo produzido pode ser divulgado no blogue da turma, se houver, ou ser entregue ao professor para que, em data previamente definida, seja apresentado para os colegas. As impressões sobre os capítulos podem ser compartilhadas com a turma em uma discussão.
Na seção Estudo Literário, você analisou a obra Vidas secas, de Graciliano Ramos. Nela, a narrativa concentra-se na vivência de uma família de retirantes que tenta escapar da fome, sempre à espreita. Nesta seção, você irá analisar alguns gêneros textuais que compõem a campanha de propaganda da Organização Não Governamental (ONG) Ação da Cidadania, fundada pelo sociólogo Herbert José de Sousa (1935-1997), conhecido nacionalmente como Betinho. Observe e leia um trecho da homepage ou página principal do portal que a ONG Ação da Cidadania organizou para a campanha do ano de 2023.
Na seção Estudo do Gênero Textual deste capítulo, optou-se por trabalhar alguns gêneros textuais que podem compor uma campanha de propaganda (homepage e anúncio de propaganda), mostrando as diferentes estratégias verbais e não verbais utilizadas para convencer o leitor a se engajar em uma causa social.
Antes de iniciar a primeira leitura do texto, discuta com a turma as questões a seguir.
• Você conhece a trajetória de Betinho? Já tinha ouvido falar nele? Compartilhe seus conhecimentos a respeito com a turma.
Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
• Você acredita que a finalidade de uma campanha de propaganda é a mesma que a de uma campanha publicitária? Por quê?
Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolva nos estudantes o aprofundamento das “análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas”. Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social.
1. a) O objetivo dessa campanha é vender uma causa ou ideia. No caso da ONG, a causa do combate à insegurança alimentar e à fome.
1. b) A ação de doar para a campanha e apoiar o combate à fome. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
1. Qualquer campanha tem a finalidade de convencer o público a adquirir um produto ou serviço e aderir a uma causa ou uma ideia.
a) Com base na leitura que você fez da página principal do portal (homepage) que a Ação da Cidadania organizou para a campanha de 2023, responda: qual é a finalidade dessa campanha? Justifique sua resposta.
b) As campanhas costumam persuadir o público-alvo a executar uma ação esperada. Qual ação é incentivada pela campanha da ONG Ação da Cidadania?
2. No trecho da homepage que você observou, é apresentado o propósito da campanha no ano de 2023.
a) Quais pessoas serão beneficiadas por essa campanha?
Os beneficiados serão as crianças brasileiras.
b) Quais elementos presentes na homepage que confirmam o benefício a esse grupo específico?
2. b) Espera-se que os estudantes utilizem como exemplo tanto elementos verbais (como o uso da palavra crianças, pequeninos, menores, quanto os não verbais (como a imagem da criança sendo alimentada no primeiro banner da homepage).
Toda campanha compreende a apresentação de uma diversidade de gêneros textuais que, juntos, podem ser denominados como peças de campanha e ajudam a persuadir o público-alvo. Alguns desses gêneros são: homepages , anúncios, banners , vídeos de campanha, jingles etc. Independentemente da finalidade da campanha, esses elementos costumam estar presentes. O que difere uma campanha publicitária de uma de propaganda, no entanto, são os objetivos que orientam a construção de cada uma.
A finalidade de uma campanha publicitária é persuadir o público almejado a adquirir um produto ou um serviço. Já a campanha de propaganda carrega como missão defender uma causa ou uma ideia e conquistar adeptos capazes de promover ações que auxiliem essa causa ou ideia.
3. Em uma campanha, a linguagem verbal e a linguagem não verbal estão presentes, contribuindo para a argumentação, de modo que a união de palavras e imagens provoque um todo significativo.
a) Copie o quadro a seguir, no caderno, e liste os elementos dessas duas linguagens que você consegue identificar na página do portal que a Ação da Cidadania organizou para 2023.
Linguagem verbal: texto verbal aplicado em títulos, palavras de destaque, texto geral e botões clicáveis.
Linguagem verbal
Linguagem não verbal
b) A homepage da campanha recorre às duas linguagens para convencer o público-alvo. Após a observação realizada, a qual delas é dado maior destaque? Explique a sua resposta.
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A etimologia da palavra propaganda
Linguagem não verbal: fotografias, frame de vídeo, destaque de fontes, cores, logo e ilustração (Betinho).
A propaganda pode ser compreendida como a criação e a propagação de mensagens ideológicas, religiosas ou políticas. A origem da palavra está ligada ao termo propagare no latim. Observe, a seguir, a etimologia da palavra propaganda de acordo com o Dicionário Etimológico.
Vem do latim propagare, usado inicialmente em agricultura, para designar a reprodução das mudas das parreiras. Em 1622, o Papa Gregório XV instituiu uma comissão de cardeais para difundir o catolicismo nos países não católicos: a Congregatio de Propaganda Fide (“Congregação para Propagar a Fé”), referida informalmente como a Propaganda. Logo o termo passou a ser usado para qualquer organização empenhada em difundir doutrinas religiosas ou políticas. Nas guerras do séc. 20, a propaganda
3. b) Apesar de a homepage da campanha apresentar uma quantidade considerável de texto verbal, é dado um maior destaque à linguagem não verbal. Incentive os estudantes a indicar lugares da página nos quais o destaque à linguagem não verbal fica mais evidente. Ao longo das atividades, espera-se que eles percebam a presença desse destaque nos principais banners da homepage.
foi largamente utilizada para elevar o moral dos soldados e desmoralizar os adversários, ficando claro que, diferentemente da publicidade, que procura divulgar e vender um produto, a propaganda procura influenciar os espíritos. Hoje há propaganda contra e a favor de tudo, chegando a haver propaganda antirreligiosa, o que é uma ironia etimológica.
PROPAGANDA. In: 7Graus. Dicionário etimológico: etimologia e origem das palavras. [S. l.]: 7Graus, c.2008-2024. Disponível em: www.dicionarioetimologico.com.br/propaganda/. Acesso em: 1 out. 2024.
4. Na primeira questão do boxe Primeiro olhar, você foi convidado a compartilhar os seus conhecimentos prévios a respeito do sociólogo Herbert José de Sousa, conhecido nacionalmente como Betinho. Agora, a proposta é que você realize uma pesquisa a respeito dessa figura histórica, utilizando os passos apresentados a seguir.
Passo 1: Inicie o exercício de pesquisa com a coleta de informações por meio de entrevistas, que devem ser realizadas com pessoas de diferentes faixas etárias: 15-25 anos, 30-45 anos e 45-75 anos. É importante que cada estudante da sala entreviste uma pessoa de cada faixa etária.
Passo 2: As respostas das entrevistas devem ser organizadas de acordo com as faixas etárias indicadas. A ideia é que você analise qual é a média de idade das pessoas que mais se lembram de Betinho.
Passo 3: Para que a turma possa chegar a um resultado satisfatório, definam as três perguntas que serão feitas por todos os estudantes nas entrevistas. É importante que uma delas seja: “Você sabe quem é o Betinho?”.
Passo 4: Não deixe de prestar a devida atenção no registro do processo, tendo em mente que os resultados deverão ser comunicados a toda a turma.
Passo 5: Com as respostas das três entrevistas coletadas, é o momento de averiguar se as informações das quais as pessoas se lembram a respeito de Betinho são confiáveis. Para isso, procure seguir dois caminhos investigativos:
• Acesse o portal da Ação da Cidadania (disponível em: www.brasilsemfome.org.br; acesso em: 1 out. 2024) e clique no acesso disponível para o conteúdo da história e vida de Betinho.
• Busque textos jornalísticos, publicados em veículos da imprensa, a respeito do sociólogo.
Passo 6: No dia combinado com o professor, apresente os resultados da sua pesquisa. Em um primeiro momento, exponha as respostas para as perguntas da entrevista, identificando a faixa etária dos entrevistados. Depois, explique se as respostas apresentadas se confirmaram no exercício de checagem de informações realizado. Por fim, apresente aos colegas as suas impressões pessoais a respeito de Betinho e de sua trajetória.
Passo 7: Para acompanhar a sua apresentação oral de resultados, utilize adequadamente ferramentas de apoio, como cartazes e apresentação de slides. Não deixe de prestar a devida atenção no uso de tipos e tamanhos de fontes, que permitam boa visualização, na organização de tópicos temáticos e na apresentação de imagens.
5. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a expor as suas opiniões livremente, participando de um exercício de levantamento de hipóteses. É importante que eles observem que a ONG está vinculada à Betinho e, portanto, é importante mostrar aos possíveis doadores a trajetória de vida dele para dar maior confiabilidade à ONG e à campanha. Apresentar um texto sobre a ONG além de dar mais confiabilidade ao doador, ele também pode se sentir fazendo parte dessa história, dando a sensação de pertencimento.
5. No final da homepage da campanha da ONG Ação da Cidadania para o ano de 2023, existem dois botões clicáveis para acesso a dois textos: o primeiro sobre a história de vida de Betinho e o segundo sobre informações adicionais da Organização Não Governamental.
■ Print do site Ação da Cidadania.
• Em sua opinião, de que maneira a apresentação desses dois conteúdos pode representar uma tática argumentativa para conquistar potenciais doadores? Compartilhe sua opinião com os colegas apresentando argumentos para sustentá-la.
6. O anúncio de propaganda é um dos gêneros textuais mais importantes de uma campanha. A seguir, observe o anúncio lançado pela Ação da Cidadania quando estava prestes a completar 30 anos de existência, em 2023.
Linguagem verbal: texto verbal do título/slogan (“A fome voltou forte e eu também”); textos verbais dos logos ao rodapé do cartaz. Linguagem não verbal: fotografia, cores empregadas na fonte e fundo, ícones de
REPRODUÇÃO/AÇÃO DA CIDADANIA
GARCIA, Maria Fernanda. ONG Ação da Cidadania que combate a fome completou 30 anos. [S. l.]: Observatório do terceiro setor, 27 abr. 2023. Disponível em: https:// observatorio3setor.org.br/ ong-acao-da-cidadania-que -combate-a-fome-completou -30-anos/. Acesso em: 1 out. 2024.
a) Quais são os elementos verbais e não verbais apresentados nesse anúncio de propaganda? Recupere o modelo do quadro apresentado na questão 3 para listar os elementos presentes no anúncio referentes a cada uma dessas linguagens.
Ausência de elementos contextuais, foco na imagem de Betinho e do prato.
Acentuação de profundidade ao fundo da imagem.
Tons variados de preto, branco e cinza.
b) Quais são os dois elementos em destaque na fotografia apresentada no anúncio? Crie uma hipótese para esse enfoque.
c) A fotografia apresentada no anúncio possui alguns elementos visuais utilizados para potencializar o sentido que ela cria. Copie o quadro a seguir no caderno indicando de que forma cada elemento pode ser verificado na imagem e descreva as suas especificidades. Observe o exemplo da primeira coluna.
Elementos visuais
Podem ser verificados? Sim
Descrição
Predominância das cores preta, vermelha e cinza.
Jogo de luz e sombra enfatizado. Luz no rosto de Betinho e sombra ao rodapé e ao fundo.
d) Quais efeitos as escolhas realizadas em relação a esses elementos criam na imagem?
e) A mensagem principal de um anúncio, muitas vezes chamado de título, é representado pela informação verbal em destaque. Qual é o texto verbal principal no anúncio apresentado?
f) Faça uma pesquisa, em sites confiáveis, a respeito do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU) para responder às seguintes questões:
• O que é o Mapa da Fome e o que ele representa?
• Até o ano de lançamento da campanha em 2023, qual era a situação do Brasil no mapa: em que ano ele saiu do Mapa da Fome e em que anos voltou para ele?
• De que maneira as informações coletadas na pesquisa se relacionam com o título do anúncio?
g) Na época em que o anúncio foi lançado, Betinho já havia falecido, ainda assim a sua imagem foi resgatada. Em sua opinião, qual foi a intenção desse resgate? Você concorda com o resgate feito?
h) N o anúncio, o pronome eu carrega um duplo sentido. Copie, no caderno, os dois sentidos corretos.
6. h) Respostas corretas: I e III.
I. O pronome eu pode representar a figura de Betinho e a sua luta contra a fome.
II. O pronome eu pode representar o Brasil como um todo e a luta contra a fome.
III. O pronome eu pode representar a trajetória da Ação da Cidadania e sua luta contra a fome, representada na figura de Betinho.
IV. O pronome eu pode representar as instituições governamentais e a luta contra a fome.
Ao estudar a campanha de propaganda é importante relembrar o conceito de gramática visual , já estudado anteriormente, e retomar os elementos que a constituem e podem influenciar nos sentidos criados por meio do uso de imagens, como: cor, contextualização, representação, profundidade, iluminação e brilho.
Todos esses marcadores, em conjunto, expressam significados que precisam ser analisados tanto separadamente quanto em relação ao todo. Apenas por meio dessa análise conjunta é possível compreender a intencionalidade imagética.
A gramática visual foi abordada no Capítulo 2, do Volume 1, desta coleção.
6. b) O sociólogo Betinho e o prato vazio. Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
6. d) A ausência de elementos contextuais faz com que a imagem do fundador e do prato vazio sejam evidenciadas, além de ampliar a sensação de vazio. O mesmo efeito é criado pelo jogo de luz e sombra, e os tons variados de preto, vermelho e cinza, que evidenciam a dramaticidade do momento, ao mesmo tempo que valorizam a figura de Betinho.
6. e) “A fome voltou forte e eu também”.
6. f) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
6. g) Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
7. Ainda sobre o anúncio apresentado na questão 6, responda às questões a seguir.
a) Considerando o percurso argumentativo percorrido pela união entre linguagem verbal e não verbal, explique com as suas palavras a mensagem que o anúncio pretende apresentar para persuadir o público-alvo.
b) Na época em que Betinho começou as campanhas da Ação da Cidadania, as redes sociais ainda não existiam e os anúncios de propagandas costumavam ser veiculados em outdoors, páginas de revistas e jornais. Com a chegada das redes sociais, você acredita que o compartilhamento de anúncios se alterou? Por quê?
8. O logo é um símbolo que cumpre a função de identificar uma empresa ou instituição. Ele normalmente conta com um ícone ou imagem acompanhado de uma estilização de letras específica. Observe, a seguir, uma imagem ampliada do logo da organização Ação da Cidadania.
Resposta pessoal. Sugestão de resposta: o anúncio pretende passar a mensagem de que, se a fome voltou a assolar o país, a Ação da Cidadania está preparada para enfrentá-la.
Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes respondam que sim, pois o surgimento da internet permite que os apoiadores de causas diversas compartilhem anúncios de uma campanha em suas redes sociais para apoiar ou incentivar a adesão
Veja respostas e comentários Orientações para o .
■ Logo da Ação da Cidadania.
a) Descreva, com suas palavras, o logo da organização Ação da Cidadania.
8. a) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
8. b) Sugestão de resposta: a imagem do prato vazio pode ser uma referência à condição de fome, enquanto a ênfase na palavra ação pode ser um chamado à ação do possível doador, ao que se espera dele.
8. c) Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
8. d) Na fotografia, Betinho segura um prato vazio de alumínio, que se relaciona diretamente ao prato do logo da organização.
8. e) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
b) Crie hipóteses sobre as escolhas acerca dos elementos do logo: a imagem do prato vazio e a ênfase da palavra ação.
c) O logo da Ação da Cidadania não se alterou desde que a organização foi fundada. Em sua opinião, por que foi tomada a escolha de mantê-lo igual?
d) De que maneira a fotografia do anúncio faz referência ao logo pelo qual a organização é conhecida?
e) De que maneira a escolha de cores do logo está presente tanto no anúncio de propaganda apresentado na questão 6 quanto no portal da campanha de 2023, apresentado no início da seção?
O gênero textual anúncio de propaganda
O anúncio de propaganda é uma das peças que compõe uma campanha de propaganda e, assim como as outras, tem a finalidade de defender uma causa ou uma ideia, persuadindo o público a adotá-la. Ele costuma ser composto de uma imagem (fotografia ou ilustração), o texto verbal principal, o logo e o título/slogan (uma frase curta e impactante que identifica o produto, a marca ou a instituição).
9. b) Ao conhecer Betinho, no escritório do Henfil, o fundador da Ação da Cidadania e Teresinha logo se conectaram nos mesmos objetivos. Ao convidá-la para participar do projeto, Betinho afirmou que conversaria com ela no dia posterior, ao que ela respondeu: “Amanhã já morreu; quem tem fome tem pressa”. Frase que foi eternizada no slogan de muitas campanhas da organização.
9. Da mesma forma que o logo da organização Ação da Cidadania acompanha as suas campanhas sem muitas mudanças há mais de 30 anos, há um slogan de campanha que ainda ocupa um lugar importante na divulgação da causa. Leia sobre a história de seu surgimento no trecho da reportagem a seguir, publicada no Jornal O Globo.
‘Quem tem fome tem pressa’: idosa amiga de Betinho foi a criadora do slogan da Ação da Cidadania, que completa 30 anos
Campanhas regulares e emergenciais seguem a todo vapor na ONG, que este ano se organizou para levar ajuda humanitária aos ianomâmis
Por Carmélio Dias – Rio de Janeiro 28/02/2023 04h30 Atualizado há um ano
Os olhos de Terezinha Mendes da Silva, de 95 anos, brilham quando ela começa a falar sobre o velho amigo Herbert de Souza, o Betinho. Primeira parceira do sociólogo na luta contra a fome, Terezinha até hoje comanda um dos cerca de três mil comitês da ONG
Ação da Cidadania espalhados pelo país – pelo menos 300 deles ficam no Estado do Rio. Sua importância na história da obra construída por Betinho pode ser resumida em um episódio: saiu dos lábios dela a icônica frase que acompanha três décadas de campanha contra a fome.
— Betinho era uma pessoa fantástica, lembro do dia em que a gente se conheceu. Meu primo trabalhava no escritório do Henfil (cartunista, irmão de Betinho) e eu estava lá quando ele chegou. A gente se identificou logo – conta. – Ele disse que queria organizar a Ação da Cidadania, e a gente conversou bastante. Ele me explicou qual era o projeto, e eu disse que estava dentro. No final, ele disse: ‘Então tá bom, amanhã a senhora volta’. Eu respondi: ‘Amanhã já morreu; quem tem fome tem pressa’. […]
DIAS, Carmélio. ‘Quem tem fome, tem pressa’: idosa amiga de Betinho foi a criadora do slogan da Ação da Cidadania, que completa 30 anos. O Globo, Rio de Janeiro, 28 fev. 2023. Disponível em: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2023/02/quem-tem-fome-tem-pressa-idosa-amiga-de-betinho-foi -a-criadora-do-slogan-da-acao-da-cidadania-que-completa-30-anos.ghtml. Acesso em: 1 out. 2024.
9. a) O slogan “Quem tem fome tem pressa”.
a) A reportagem aborda qual slogan de campanha que marcou a história da Ação da Cidadania?
b) Relate a situação em que Terezinha Mendes da Silva auxiliou na criação do slogan.
c) De que maneira a frase do slogan representa um argumento a favor da causa defendida pela Ação da Cidadania?
Ao afirmar que quem tem fome tem pressa, o slogan chama atenção do público para a urgência da causa que defende, incentivando os doadores potenciais a não só agirem em prol da causa, mas também a agirem rapidamente.
Henrique de Sousa Filho (1944-1988), o Henfil, nasceu em Ribeirão das Neves (MG) e foi desenhista, jornalista e escritor. O cartunista, assim como o irmão Betinho, foi um importante militante contra a Ditadura civil-militar no Brasil. Sua produção foi realizada durante o regime; por isso, suas obras se voltam para questões sociais e abordam temas como a democratização do país, a anistia de presos políticos e a campanha pelas Diretas Já. Personagens como Graúna, os Fradinhos e o Capitão Zeferino ficaram consagrados pelo traço marcante de Henfil e pela proposta de renovação do desenho humorístico nacional.
Retorno de mídia
Quanto mais uma campanha de propaganda se torna conhecida pelo público geral, mais chance ela possui de convencer novos adeptos a aderir à sua causa ou mensagem. E esse movimento está bastante relacionado ao que as assessorias de imprensa denominam como retorno de mídia , uma medida utilizada para contabilizar o alcance e o impacto das ações da propaganda entre o público. O resultado apontado pelo estudo de retorno de mídia, portanto, mede o sucesso da campanha e fornece uma avaliação geral da eficácia da mídia para influenciar os comportamentos do público.
Observe a seguir a fotografia do ano de 1994 que ilustrou as páginas dos jornais do país e se tornou bastante conhecida.
A fotografia mostra o sociólogo Betinho em meio a uma quantidade grande de sacos plásticos. Caso os estudantes tenham dificuldades para reconhecer, explique que os sacos contêm kits de alimentação confeccionados pela organização Ação da Cidadania.
■ Betinho fundou a Ação da Cidadania há 30 anos, no Rio; hoje, são cerca de 3 mil comitês da ONG no Brasil.
• Com os conhecimentos adquiridos ao longo desta seção, descreva a imagem para os colegas.
• A fotografia apresentada marcou a história da organização Ação da Cidadania. De que maneira ela representa um retorno positivo de mídia e de que maneira a figura de Betinho é enfatizada nessa situação?
• Não é raro que algumas figuras importantes da história do país sejam resgatadas para dar força a campanhas publicitárias ou campanhas de propaganda. Como você viu, isso aconteceu no anúncio de propaganda do aniversário de fundação da Ação da Cidadania. Em sua opinião, quais são os limites da publicidade para esse tipo de resgate? Por quê? Compartilhe suas opiniões com os colegas.
A quantidade de doações que rodeia a figura de Betinho enfatiza o trabalho realizado por ele e mostra como a campanha conseguiu convencer o público a agir em prol de sua causa. O fato de a fotografia ter sido compartilhada em veículos de imprensa também enfatiza o retorno positivo de mídia.
Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
10. a) A expressão “acesso à alimentação de qualidade” resume a finalidade da campanha. O uso dessa expressão ressalta a urgência e a necessidade de proporcionar uma nutrição adequada para as crianças, evidenciando que a solução para a fome está diretamente ligada ao acesso à comida saudável.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
10. b) Os principais interlocutores da mensagem são os voluntários, as empresas parceiras e a sociedade em geral. O texto os convoca a se unir para garantir que todas as crianças tenham acesso à comida saudável, refletindo um apelo coletivo para uma causa comum.
10. Releia este trecho da página do portal da campanha de 2023 da Ação da Cidadania e responda às questões a seguir.
■ Print do site Ação da Cidadania.
a) Identifique uma expressão no primeiro parágrafo que resume a finalidade da campanha e explique seu impacto.
b) Quem são os interlocutores da mensagem na campanha?
c) Que palavra ou expressão indica que a campanha está convocando os leitores para a ação? Explique.
11. Você e um colega vão observar a construção dos elementos que completam a forma verbal junte-se. Observe o esquema a seguir.
junte-se
10. c) A forma verbal junte-se; o uso no modo imperativo, cria um efeito de convocação e urgência. Ela convida diretamente o leitor a participar ativamente da campanha, criando um senso de pertencimento e responsabilidade compartilhada. A escolha do imperativo enfatiza a necessidade de ação imediata e a importância da colaboração para alcançar o objetivo da campanha. a nós aos nossos às empresas parceiras a toda a sociedade civil
• Em cada um dos complementos, há uma palavra que interage com os termos seguintes para formar uma expressão que faça sentido. Identifique-a e indique esse sentido.
Crase
11. Trata-se da preposição a, em todos os casos. Seu uso, nos exemplos, introduz a expressão que descreve a quem a ação é direcionada. A combinação entre o verbo e o complemento completa o sentido da ação ao indicar o grupo amplo que deve ser incluído. A preposição é crucial para entender que a ação é destinada a um grupo abrangente.
Crase é o fenômeno de fusão entre dois a que se encontram entre termos da oração e que se complementam: a preposição a , geralmente requerida pela regência do nome ou do verbo, junta-se com o artigo definido feminino a ou com pronomes demonstrativos começados por a . A fusão desses dois elementos é indicada pelo uso do acento grave ( ). 12. Diante de pronome pessoal, o a não é acentuado. A palavra nossos, masculina, requer a junção de os à regência do verbo, formando aos. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
12. Na questão anterior, a notação do a não é a mesma em todos os casos de complementação do verbo juntar-se. Analise com a sua dupla e busque um padrão entre essas notações para explicar por que isso ocorre.
13. No trecho “Foi também através da solidariedade que o sociólogo deu início, em 1993, à Ação da Cidadania”, ao se substituir o complemento destacado por “projeto”, explique o que ocorre com a preposição e, consequentemente, com a crase.
A substituição resultou na combinação ao projeto, sendo adicionado à regência da locução deu início a o artigo masculino o, não ocorrendo, portanto, a crase.
Para verificar o fenômeno da crase, uma estratégia, portanto, é substituir a palavra feminina por uma masculina. Se a substituição resultar na combinação ao, ocorre crase na junção com a palavra feminina (que foi substituída), pois com ela existe também um artigo a.
Outra estratégia é trocar a preposição a por para na frase. Se a preposição para exigir o artigo, ocorre crase. Por exemplo:
Foi conhecer a sede da campanha durante a viagem para a cidade.
ou à cidade
Observe que o mesmo não ocorre no exemplo a seguir:
Durante a viagem para São Paulo, percebeu muitas pessoas em situação de fome na rua.
ou a São Paulo
Não ocorre crase porque São Paulo não requer o artigo definido feminino.
Desses exemplos, pode-se depreender a regra geral da crase.
Regra geral da crase
Antes de palavras masculinas, não ocorre crase, já que não há artigo feminino para compor a fusão.
No diagrama a seguir, pode-se observar os casos em que o uso do acento grave é obrigatório, considerando a fusão da preposição com o artigo ou com o pronome. Observe os exemplos.
Locuções adverbiais femininas que indicam tempo, lugar e modo.
Antes de palavras femininas que aceitam o artigo definido.
Às vezes, Mariana vai à escola de ônibus.
O aluno fez a lição às pressas e entregou para a professora.
A empresa anunciou novas regras à gestão de resíduos.
Antes de palavras femininas que não aceitam o artigo acompanhadas de termos modificadores ou determinantes.
Em reunião à capital federal com meus colaboradores, o executivo anunciou novas estratégias.
Crase (`) Obrigatória
Quando a preposição a se encontra com os pronomes aquele, aquela e aquilo.
Antes de locuções formadas por substantivos femininos no plural.
Antes de palavras masculinas, quando uma palavra feminina está subentendida antes da masculina.
Agora, observe os contextos em que a crase não ocorre.
Antes de palavras masculinas (o artigo a não é utilizado antes de palavra masculinas).
Antes de verbo (não há artigo antes de verbo)
Antes de pronomes em geral (geralmente, não se usa artigo antes de pronomes).
Crase (`) Proibida
Antes de nomes de cidades (não se utiliza artigo antes de nomes de cidades).
Em expressões formadas por palavras repetidas.
Antes de palavras flexionadas no plural.
Depois das preposições como, para , perante, com e contra
A proposta será discutida a partir de 2 de fevereiro àquela em que foram feitas as primeiras sugestões.
Ele preferiu a solução às claras durante a reunião.
O autor fez referência à (obra) Dom Casmurro.
Andar a pé Sal a gosto
O estudante está disposto a aprender.
Ele contou a nós que não participará do evento.
Você vai a Curitiba?
Passo a passo Dia a dia Boca a boca
As informações fornecidas não se referem a culturas específicas.
A reunião foi marcada para as 15h.
A discussão é contra o projeto.
Há também contextos em que a ocorrência da crase é facultativa (opcional).
Antes de pronomes possessivos femininos (minha, tua, nossa etc.)
Entreguei as cartas à minha mãe. Entreguei as cartas a minha mãe.
Antes de nomes de mulheres
Faremos uma visita à Julia. Faremos uma visita a Julia. Crase (`) Facultativa
Depois da palavra até (se houver uma palavra feminina que admite artigo, o uso de crase é opcional).
Eles foram até à loja de roupas. Eles foram até a loja de roupas.
Enquanto campanhas de propaganda atuam de maneira a influenciar o conjunto de valores que trazemos em nossa individualidade com o objetivo de incentivar ações pessoais em prol de uma ideia ou causa, o estatuto, ao apresentar um conjunto de leis, incentiva e regula as ações do coletivo, garantindo uma instância comum, capaz de impor limites e apresentar direitos e deveres. Leia, a seguir, um trecho do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Título I
Das Disposições Preliminares
[…]
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;
c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas;
d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
BRASIL. Lei n o 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília, DF: Congresso Nacional, 1990. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em: 1 out. 2024.
1. Considere o trecho que você leu do ECA.
a) Leia os três artigos apresentados. Que direito cada um deles visa garantir?
b) Quais deveres os artigos estabelecem e que setores devem assegurá-los?
2. Os estatutos são gêneros textuais que circulam no campo de atuação na vida pública e, mais especificamente, na esfera jurídica.
a) Eles costumam apresentar uma organização, que está distribuída nas colunas do quadro a seguir. Copie-o no caderno para verificar se o trecho lido contém todos os itens e indique aqueles que aparecem.
Itens do Estatuto Título
Aparecem no trecho?
Indicação de itens no trecho
Capítulo
Seção (eventual)
Subseção (eventual)
Artigo e incisos (I, II, III etc.)
Parágrafo (§) e alíneas (a, b, c etc.)
b) Qual é a função dessa divisão textual no gênero estatuto?
1. a) Art. 4 o: o direito da criança e do adolescente “à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”.
Art. 5o: o direito da criança e do adolescente de estar protegido de qualquer tipo de “negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
Art. 6 o: o direito da criança e do adolescente de que se cumpram essas leis para o seu desenvolvimento.
1. b) O dever de assegurar o cumprimento dos direitos referentes “à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária”. Esses deveres devem ser assegurados pela família, comunidade, sociedade em geral e pelo poder público.
2. a) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
2. b) Promover a organização dos itens, inclusive indicando a hierarquia de cada informação.
Título I Das Disposições Preliminares Não consta Não consta Não consta Art. 4 o, 5o e 6 o Parágrafo único, seguido das alíneas a), b), c) e d).
Gênero textual estatuto
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Os textos de leis costumam ser organizados em tópicos – títulos, subtítulos, artigos e parágrafos – muitas vezes representados por organizadores alfanuméricos. O objetivo dessa organização textual é expressar uma relação hierárquica entre os seus conteúdos. O leitor de uma lei, portanto, precisa ter clareza da maneira como a estrutura desse gênero é organizada de forma a compreender o seu conteúdo e utilizar essa ordenação como guia de leitura.
3. De que maneira o trecho lido do ECA, e particularmente o artigo 6o, relaciona-se ao foco da campanha da Ação da Cidadania em 2023?
3. O trecho do ECA procura garantir a efetivação de diversos direitos da criança e do adolescente, inclusive o direito à alimentação. O artigo 60, por sua vez, busca garantir a condição da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento, o que se relaciona diretamente ao foco da campanha da Ação da Cidadania em 2023, que busca garantir um futuro para as crianças com base em um presente sem insegurança alimentar.
1. Leia o texto a seguir e faça o que se pede.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Do roncar do estômago à química da digestão, entenda cientificamente como e porque sentimos fome
9 de março de 2022
[…] O ato de comer, despertado pela fome, é essencial para o ser humano, porque ‘a comida vai além do papel básico de nutrir, ela também tem um papel de socialização e de conforto’, como afirma a médica endocrinologista Natália Alencar, da Universidade Federal do Ceará (UFC). […]
É muito comum, quando sentimos fome, ouvirmos o estômago roncar. [...] Gabriela Texeira, nutricionista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que esse barulho é causado pela contração dos músculos do intestino. [...]
Natália Alencar explica que a fome surge quando nossos nutrientes estão baixos no sangue. Ela cita alguns desses nutrientes, como glicose, aminoácidos e gorduras. Segundo a médica, quando o nível de glicose no sangue cai, precisamos reabastecer seu estoque para voltar a ter um funcionamento pleno. É por isso que nos sentimos mais fracos e irritados.
Nesse sentido, o cérebro é muito importante para a indicação da fome, principalmente a região do hipotálamo. ‘Quando há uma queda de glicose no sangue, o hipotálamo capta essa informação e produz um comando para que o corpo busque alimento’, afirma Gabriela. O hipotálamo também analisa os níveis dos colecistocinina e leptina presentes no corpo, hormônios que trabalham na regulação da fome no intestino.
Além da colecistocinina e leptina, Natália destaca outro hormônio, a grelina, como a desencadeadora da fome. Ela é provida por ‘células do fundo gástrico e aumenta durante a pré-refeição’. ‘Quando a gente come, a grelina fica baixa e, quando o estômago fica vazio, a grelina sobe. E ela pode voltar a subir mesmo que o estômago não esteja completamente vazio’.
■ Representação do hormônio grelina, produzido pelo estômago, cuja função é estimular o apetite.
1. a) Informar ao público em geral, de modo mais detalhado, o processo bioquímico gerador de fome e saciedade no corpo humano.
Quando o alimento chega à boca, o hipotálamo também prepara o trato gastrointestinal para processar e receber os alimentos. Depois de ser digerido, ocorre a saciação, o processo inverso da fome – explica Gabriela. ‘O alimento chega no intestino e são liberados os hormônios endócrinos colecistocinina e a leptina’, esses dois hormônios respondem quando há presença de proteínas e gorduras. A leptina possui um processo inverso ao da grelina: a ingestão diminui quando há uma alta quantidade de leptina. O resultado disso é a saciedade.
Duodeno
Quanto à saciedade, Natália alerta que ela não pode ser confundida com a saciação. A saciação corresponde ao estômago cheio, enquanto a saciedade é um intervalo de tempo que uma pessoa fica sem fome entre uma refeição e outra.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
LIMA, Gabriela. O que está por trás da fome? Jornalismo Junior, [s. l.], 9 mar. 2022. Disponível em: https://jornalismojunior.com.br/o-que-esta-por-tras-da-fome/. Acesso em: 1 out. 2024.
a) Qual é o propósito dessa reportagem?
b) E xplique o papel do cérebro na indicação da fome.
1. b) O hipotálamo, região do cérebro, capta a informação da queda de glicose no organismo, estimulando o corpo a buscar alimento, assim como capta os níveis de colecistocinina e leptina, hormônios também responsáveis pela inibição do apetite.
c) Os argumentos apresentados na reportagem são subsidiados por que tipo de estratégias argumentativas? Qual é o objetivo do emprego dessas estratégias especificamente?
d) A grelina é um importante hormônio para a indicação da fome. Explique seu funcionamento.
e) Pesquise a composição química de cada um dos hormônios citados no texto. Busque compreender sua formação e atuação no organismo humano. Reproduza o quadro a seguir no caderno, para preencher com as informações da pesquisa.
1. f) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
Células de gordura do corpo
Estômago
Sinaliza ao cérebro o aumento da sensação de fome quando em jejum; interage com outros hormônios que regulam a fome, como a leptina e a insulina.
Órgão do corpo humano que o produz
Ação no organismo Sensação provocada Colecistocinina
Sensação de fome.
Controle da fome; sensação de saciedade.
Digestão e controle de ingestão de alimentos: estimula o pâncreas a liberar enzimas digestivas; provoca contração biliar para a liberação da bile, responsável pela emulsificação das gorduras; e retarda o esvaziamento gástrico, para que o processamento do intestino ocorra lentamente.
Aumento da sensação de saciedade.
As células de gordura secretam a leptina no sangue e ela viaja até o cérebro, onde irá se ligar aos receptores do hipotálamo para informar a saciedade; regula a ingestão de alimentos e promove, assim, o controle do peso corporal.
f) Agora, faça uma busca sobre as consequências da fome recorrente para o organismo humano.
2. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
2. Considerando as leituras feitas no capítulo, discuta com os colegas a questão: que impactos a fome causa em um ser humano e suas possibilidades de vida e sobrevivência?
1. c) Os argumentos apresentados baseiam-se em conhecimentos biológicos e químicos, bem como na voz de autoridade/especialista, a endocrinologista, que explica esses processos bioquímicos, e a nutricionista.
1. d) A grelina é produzida pelo estômago. Quando ele está cheio, a secreção da grelina diminui; ao se esvaziar, ela aumenta, provocando a sensação de fome.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
A harmonia na construção de um texto impacta diretamente a maneira como as mensagens são transmitidas e compreendidas pelos interlocutores. Nesta seção, o foco será o estudo da sintaxe por meio da concordância e da regência, fundamentais para garantir fluidez e coerência. Além disso, será possível compreender os contextos de uso das orações reduzidas, imprescindíveis para garantir certos efeitos de sentido ao texto.
Concordância verbal e nominal
1. a) A fome dobrou; crianças vivem na pobreza; crianças são internadas por desnutrição.
1. Releia com atenção o texto que apresenta importantes dados sobre a campanha da Ação da Cidadania. Depois, responda o que se pede.
■ Print do site Ação da Cidadania.
a) Identifique as principais informações apresentadas na imagem da campanha.
b) Observe o uso dos verbos nos três blocos de texto. Indique, no caderno, a quais sujeitos esses verbos se relacionam.
dobrou vivem são
A fome
32 milhões de crianças
Crianças menores de 5 anos
c) Há harmonia sintática promovida por flexões de gênero, número e pessoa, entre os verbos e os sujeitos aos quais se referem? Explique.
Concordância verbal
A regra geral da concordância verbal é que o verbo deve concordar com o sujeito em número (singular ou plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). A concordância correta entre verbo e sujeito é crucial para a clareza e precisão das frases. Veja os exemplos:
1. Os voluntários ajudam a campanha. Os voluntários – sujeito plural ajudam – forma verbal no plural
2. A propaganda deve ser feita a todo o tempo.
A propaganda – sujeito singular deve – forma verbal no singular
1. c) É possível dizer que há harmonia entre os verbos e sujeitos, pois o verbo no singular concorda com o sujeito no singular, e o mesmo ocorre nos casos em que o verbo está no plural.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
2. Observe, a seguir, a utilização do verbo fazer, no trecho de Vidas secas, de Graciliano Ramos.
As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. As alpercatas dele estavam gastas nos saltos, e a embira tinha-lhe aberto entre os dedos rachaduras muito dolorosas. Os calcanhares, duros como cascos, gretavam-se e sangravam.
Num cotovelo do caminho avistou um canto de cerca, encheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar força.
Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subiram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam sombra.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 120. ed. Rio de Janeiro: Record, 2013. E-book. Localizável em: Mudança.
a) O que esse verbo indica em relação ao contexto da história?
b) Por qual palavra o verbo pode ser substituído para ter o mesmo sentido?
2. a) A forma verbal fazia indica um tempo corrido, que já passou. No contexto apresentado, quer dizer que as personagens já estavam andando há algum tempo até acharem um lugar de sombra.
2. b) O termo havia pode ser utilizado no lugar de fazia. Desse modo, a frase fica “Havia tempo que não viam sombra.”
Haver é um verbo impessoal. Quando aplicado com o objetivo de existir, ele não varia em gênero, número e pessoa.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
As regras da concordância verbal na língua portuguesa são muitas. Por isso, é importante atentar aos contextos de produção para manter-se sempre de acordo com as normas.
Por exemplo, no trecho “As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer”, tem-se como sujeito “As manchas”, então, o verbo deve estar na forma plural para concordar corretamente com ele: tornaram
Daí depreende-se a regra básica da concordância: o verbo sempre concorda com o sujeito
Concordância verbal
Contexto
Explicação e regra
Exemplo
Sujeito simples O verbo concorda em número e pessoa com o sujeito. A vida tem altos e baixos.
Sujeito composto
Sujeito composto e núcleos de terceira pessoa do plural, o verbo vai para a terceira pessoa do plural.
Núcleos gramaticais diferentes, o verbo segue a regra da prevalência.
Primeira pessoa do plural prevalece sobre as demais; segunda pessoa do plural prevalece sobre a terceira.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
a) As crianças e os adultos sofrem desse mal.
b) O menino, eu e minha amiga perdemos o ônibus.
Apesar de as regras básicas da concordância verbal serem usuais na língua portuguesa, há outras regras que também merecem destaque e estão relacionadas no quadro a seguir.
Contexto
Sujeito simples – verbo no plural
Sujeito simples – verbo no singular
Explicação e regra
Verbo no plural quando:
a) O sujeito for nome próprio no plural e precedido de artigo;
b) O sujeito for pronome interrogativo ou indefinido no plural, seguido de nós ou vós: emprega-se a terceira pessoa do plural ou nós/vós.
Verbo no singular quando:
a) O sujeito for substantivo coletivo;
b) O sujeito for pronome de tratamento;
c) O sujeito for representado pela expressão ou um ou outro;
d) O sujeito for representado pela expressão mais de um;
e) O sujeito for representado pelas expressões partitivas: a maioria, a maior parte etc.
Verbo no plural quando:
a) Os núcleos dos sujeitos estiverem conectados pela conjunção ou;
Sujeito composto –verbo no plural
b) Os núcleos dos sujeitos estiverem conectados pela conjunção nem;
c) Os núcleos estiverem relacionados pelas expressões: não só... mas também, não só... como também etc.
Verbo no singular quando:
Sujeito composto –verbo no singular
a) o sujeito estiver representado por palavras resumidas por pronomes indefinidos no singular: tudo, nada, ninguém etc.;
b) os núcleos do sujeito designarem seres semelhantes com palavras similares; c) os núcleos forem representados por verbo no infinitivo de forma genérica e indeterminada.
Exemplo
a) Os Estados Unidos nunca viram o que é um carnaval de verdade.
b) Alguns de nós serão convocados.
a) O pessoal chegou atrasado.
b) Vossa Senhoria agiu em nosso favor.
c) Sempre tem um ou outro que não termina na hora.
d) Mais de um aluno já me ligou para pedir mudança de nota.
e) A maior parte das pessoas toma decisões precipitadas.
a) Ou você ou eu deveremos responder às perguntas.
b) Nem você nem eu vamos à festa amanhã.
c) Não só os meninos, mas também as meninas vão se revoltar contra você.
a) Comidas, bebidas, roupas e dinheiro, nada substitui a satisfação que senti.
b) Uma palavra ou um conselho amigo era suficiente para ser feliz.
c) Amar e sofrer é intrínseco ao homem.
A concordância verbal existe para organizar as relações estabelecidas entre os verbos e os sintagmas nominais. Há diversos elementos na língua que precisam ser organizados para que os textos sejam coerentes. Alguns elementos também precisam estar em harmonia com o substantivo para garantir a correção e clareza da frase.
3. Leia novamente o trecho da campanha da Ação da Cidadania e responda às questões a seguir.
Fundada pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, a Ação da Cidadania nasceu em 1993, formando uma imensa rede de mobilização de alcance nacional para ajudar 32 milhões de brasileiros que, segundo dados do Ipea, estavam abaixo da linha da pobreza .
a) Segundo o trecho, quem está abaixo da linha da pobreza?
De acordo com o trecho, 32 milhões de brasileiros.
3. b) A frase em destaque apresenta sujeito, termo explicativo e verbo. O autor pode ter escolhido essa organização para deixar o texto mais claro e coerente, trazendo um termo explicativo no meio, que distancia sujeito do verbo, mas que adiciona uma informação ao texto.
b) Observe a organização da frase em destaque. Por que o autor pode ter escolhido essa estrutura para elaborar o texto?
c) É p ossível dizer que a concordância entre sujeito e verbo está de acordo com a norma-padrão. Explique o porquê.
4. Observe novamente o banner que compõe a homepage da campanha de 2023 da Ação da Cidadania e responda às questões a seguir.
3. c) Sim, está de acordo, pois o sujeito 32 milhões de brasileiros está no plural, concordando com a forma verbal estavam
■ Print do site Ação da Cidadania.
a) É possível identificar no banner quem são os interlocutores da ação? Explique.
b) Qual é a intenção do emissor da mensagem ao iniciar o texto com muito obrigada?
c) O bserve a forma como as palavras foram usadas no início do banner. Qual é o adjetivo na frase? Qual é o substantivo ou ideia com o qual o adjetivo está concordando?
Concordância nominal
A regra geral da concordância nominal é que o adjetivo, o pronome adjetivo, o artigo e o numeral devem concordar com o substantivo a que se referem em gênero (masculino ou feminino) e número (singular ou plural). Observar a relação entre adjetivo e substantivo é essencial para a compreensão da concordância. Veja os exemplos:
Sua ajuda foi essencial para melhorar o futuro de muitas crianças no Brasil. artigo masculino no singular substantivo masculino no singular pronome adjetivo feminino no plural substantivo feminino no plural
Concordância nominal
Contexto
Adjetivo anteposto
Explicação e regra Exemplo
Se o adjetivo ou a palavra com a mesma função vier antes de dois ou mais substantivos, deve concordar com o mais próximo.
4. a) Os interlocutores são os doadores ou apoiadores da campanha. A mensagem de agradecimento Muito obrigada! e a imagem de uma mulher alimentando a filha indicam que a mensagem é direcionada a pessoas que ajudaram na causa, mostrando gratidão pelo apoio recebido.
4. b) A intenção é expressar um agradecimento aos apoiadores. Iniciar com essa expressão mostra que o emissor valoriza a ajuda recebida e cria uma conexão emocional com o público, destacando a importância da contribuição deles.
Sentia dolorido o estômago e a alma.
4. c) O adjetivo é obrigada. Ele está concordando com o gênero da pessoa que produz o enunciado, uma mulher, como indicado pela imagem. Portanto, obrigada reflete o gênero feminino da pessoa que está falando. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
Contexto
Adjetivo posposto
Adjetivo como predicativo do sujeito
Adjetivo como predicativo do objeto
Dois (ou mais) adjetivos e um substantivo
Explicação e regra
Se o adjetivo ou palavra com a mesma função vier depois de dois ou mais substantivos, pode:
a) Concordar com o mais próximo;
b) Ir para o plural se estiverem no mesmo gênero ou prevalecer o masculino, caso haja.
Se o sujeito for composto, a concordância pode ser feita de duas formas:
a) Adjetivo depois dos substantivos: plural (prevalece o masculino);
b) Adjetivo antes dos substantivos: pode concordar no plural, prevalecendo o masculino, ou no singular, concordando com o substantivo mais próximo.
Pode ocorrer de quatro formas:
a) Núcleo do objeto expresso por um substantivo: o adjetivo concorda em gênero e número;
b) Dois núcleos ou mais, com substantivos do mesmo gênero, flexiona-se no plural e no gênero dos substantivos;
c) Dois núcleos ou mais, com gêneros diferentes, prevalece o masculino no plural;
d) Anteposto ao objeto, o adjetivo pode concordar com o mais próximo ou ir para o masculino.
Há duas possibilidades de concordância:
a) Substantivo fica no singular e artigo antes do segundo adjetivo;
b) Substantivo fica no plural e omite-se o artigo diante do segundo adjetivo.
Exemplo
a) Sentia a fome e as dores intensas.
b) Crianças e adultos amargurados pela fome.
a) Meninos e meninas ficaram entristecidos
b) Chateados, o marido e a mulher andaram por muitas horas. Desconfiada, a mulher e o homem partem para um novo rumo.
a) Encontrou a criança cansada e abatida.
b) Encarou a fome e a pobreza dilacerantes e cruéis.
c) Observou as crianças e os animais cansados e abatidos.
d) Fabiano considerou culpada a fome e o medo.
a) A menina estudou a cultura americana e a italiana.
b) A menina estudou as culturas americana e italiana.
A organização do texto não se dá apenas pela concordância entre verbos e substantivos.
No subtítulo A linguagem do texto da seção Estudo Literário, foi abordada a regência verbal. Agora, observe como ocorre a regência nominal, outro elemento importante para conferir a harmonia sintática do texto.
5. Releia este trecho do poema “O cão sem plumas”, de João Cabral de Melo Neto, e responda às questões a seguir.
Difícil é saber se aquele homem já não está mais aquém do homem; mais aquém do homem ao menos capaz de roer os ossos do ofício; capaz de sangrar na praça;
capaz de gritar se a moenda lhe mastiga o braço; capaz de ter a vida mastigada e não apenas dissolvida (naquela água macia que amolece seus ossos como amoleceu as pedras).
a) Como o trecho apresenta a relação do homem com o trabalho?
O poema mostra o homem em uma situação de opressão, em que o trabalho o consome e degrada, a ponto de ele ser incapaz de reagir às adversidades.
5. b) A repetição da palavra capaz reforça a progressiva perda de capacidade do homem em reagir ao seu sofrimento, evidenciando a dureza da realidade.
b) Qual é o efeito da repetição da palavra capaz ao longo do poema?
c) O bserve todas as utilizações da palavra capaz no poema. Preencha os espaços a seguir, no caderno, indicando quais são os complementos dessa palavra e suas preposições. Siga o modelo.
Complemento Preposição de sangrar de gritar de de
de ter a vida mastigada de de roer de
6. a) As formas nominais aguentando, agachar -se e vencida ajudam a construir uma imagem dinâmica das ações e estados das personagens, sem se prender a tempos verbais específicos. Aguentando sugere uma ação contínua que ocorre enquanto as personagens estão expostas ao sol, agachar -se indica uma ação que as personagens devem realizar como um ato único e pontual, e vencida descreve um estado resultante de uma ação anterior (a nuvem tendo sido superada pelo azul). Juntas, essas formas mostram uma sequência de ações e estados sem determinar um tempo específico para cada uma delas, o que reforça a ideia de uma longa passagem de tempo e a imersão das personagens em suas experiências.
Lembre-se de que as preposições são palavras que estabelecem relações de sentido entre as palavras. Na regência nominal, a relação entre o nome e o seu complemento é identificada pelo uso de preposição. Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Regência nominal
Assim como a regência verbal, a regência nominal estabelece uma relação de dependência. Nesse caso, essa dependência é apresentada entre um substantivo ou uma palavra com valor de substantivo (termo regente) e seus complementos (termo regido). Essa relação de dependência é explicitada por meio do uso de preposição.
6. O trecho a seguir mostra uma sequência de ações feitas pelos personagens Fabiano e sua esposa, sinha Vitória, de Vidas secas. Leia-o para responder às questões a seguir.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
Fabiano seguiu-a com a vista e espantou-se: uma sombra passava por cima do monte. Tocou o braço da mulher, apontou o céu, ficaram os dois algum tempo aguentando a claridade do sol. Enxugaram as lágrimas, foram agachar -se perto dos filhos, suspirando, conservaram-se encolhidos, temendo que a nuvem se tivesse desfeito, vencida pelo azul terrível, aquele azul que deslumbrava e endoidecia a gente.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 120. ed. Rio de Janeiro: Record, 2013. E-book. Localizável em: Mudança.
a) Como o uso das formas nominais aguentando, agachar -se e vencida contribui para a compreensão da passagem do tempo e das ações descritas?
b) No trecho, como as formas nominais aguentando, agachar-se e vencida ajudam a descrever as ações e emoções das personagens de uma forma diferente das formas verbais conjugadas?
As formas nominais do verbo são três: infinitivo, gerúndio e particípio. Elas recebem esse nome porque funcionam de maneira similar aos substantivos, adjetivos ou advérbios, mas, por si mesmas, não expressam modos ou tempos verbais.
6. b) As formas nominais aguentando, agachar -se e vencida ajudam a mostrar as ações e emoções das personagens de uma maneira mais suave e contínua. Elas não indicam exatamente quando as ações acontecem, mas mostram como essas ações e esses sentimentos estão interligados. Isso faz com que o texto pareça mais fluido e natural, em comparação com as formas verbais flexionadas, que indicam tempos específicos e tornam a narrativa mais direta e precisa.
7. a) Espera-se que os estudantes entendam que é possível perceber que as ações de Fabiano acontecem de maneira sequencial e ininterrupta. Cada movimento dele é descrito de forma contínua, como se ele estivesse em constante busca ou trabalho, sem pausa para descanso. Esse encadeamento de ações – como procurar o toque de chocalho, bater na porta, forçar a entrada, rodear a tapera, e assim por diante – cria um ritmo intenso e quase ansioso no texto. Isso revela o estado de inquietação e exaustão de Fabiano, que, mesmo em um ambiente árido e desolado, parece sempre estar em movimento, agindo e reagindo à situação ao seu redor. O fato de ele não parar reflete a dura realidade em que vive, onde a sobrevivência exige esforço contínuo, sem tempo para descanso ou reflexão.
O uso do gerúndio encontrando indica que a resistência foi percebida por Fabiano ao mesmo tempo em que ele tentava entrar no cercadinho e seguir em frente. A penetrar no acontece logo em seguida, mostrando que ele não se deteve com a resistência, mas a enfrentou e prosseguiu. O gerúndio cria essa sensação de simultaneidade e continuidade.
7. Leia um outro trecho da obra Vidas secas e responda às questões a seguir. Fabiano procurou em vão perceber um toque de chocalho. Avizinhou-se da casa, bateu, tentou forçar a porta. Encontrando resistência, penetrou num cercadinho cheio de plantas mortas, rodeou a tapera, alcançou o terreiro do fundo, viu um barreiro vazio, um bosque de catingueiras murchas, um pé de turco e o prolongamento da cerca do curral. Trepou-se no mourão do canto, examinou a catinga, onde avultavam as ossadas e o negrume dos urubus. Desceu, empurrou a porta da cozinha. Voltou desanimado, ficou um instante no copiar, fazendo tenção de hospedar ali a família. Mas chegando aos juazeiros, encontrou os meninos adormecidos e não quis acordá-los. Foi apanhar gravetos, trouxe do chiqueiro das cabras uma braçada de madeira meio roída pelo cupim, arrancou touceiras de macambira, arrumou tudo para a fogueira.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 120. ed. Rio de Janeiro: Record, 2013. E-book. Localizável em: Mudança.
a) Observe a maneira como Fabiano se move pela cena, de uma ação para a outra. É possível perceber que ele está sempre fazendo algo, sem descanso. Reflita sobre como essa sequência de ações contribui para o ritmo do texto e o que isso revela sobre o momento vivido por Fabiano.
b) No trecho “Encontrando resistência, penetrou num cercadinho cheio de plantas mortas”, o que é possível perceber sobre a relação entre a ação de Fabiano e o uso do verbo encontrar?
c) Agora, pense em outras formas de escrever as orações, sem modificar seus sentidos.
Orações reduzidas
São orações que não são introduzidas por conjunções (como “que“, “quando” ou “se”) e que apresentam o verbo em uma de suas formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio). Elas são chamadas de reduzidas porque não contêm todos os elementos típicos de uma oração completa, como os pronomes relativos ou as conjunções subordinativas.
Diferentes das orações subordinadas ou coordenadas, as orações reduzidas não possuem conjunções. No esquema a seguir, é possível ver algumas características norteadoras desse tipo de oração.
Não possuem conjunção explícita: ao contrário das orações subordinadas desenvolvidas, as reduzidas não usam conectivos subordinativos (como “se”, “quando” ou “que”).
Orações reduzidas
Verbo em uma forma nominal: o verbo aparece no infinitivo, gerúndio ou particípio. Essas formas não são conjugadas diretamente e dão um caráter mais dinâmico e conciso à oração.
Implicam relações de tempo, causa, condição etc.: mesmo sem conjunção, essas orações podem sugerir uma relação com a principal, como tempo, causa, condição, entre outros.
7. c) Outras formas de escrever as orações são: Mesmo quando/Depois que/Porque encontrou resistência, penetrou no cercadinho cheio de plantas mortas.
8. a) A oração “Calou-se para não estragar força” destaca a estratégia da personagem para conservar suas energias, refletindo seu esforço e resiliência. A escolha verbal enfatiza a consciência da personagem sobre a necessidade de poupar forças em um momento crítico, revelando sua determinação e a importância de cada ação em sua luta pela sobrevivência.
Orações reduzidas servem para tornar o texto mais dinâmico, com ações que fluem diretamente e sem a necessidade de introduções longas. No caso de “Encontrando resistência”, por exemplo, a oração reduzida de gerúndio simplifica o que poderia ser uma oração mais longa, como “Quando ele encontrou resistência”.
Pode-se observar, portanto, que, assim como a ausência de conjunções, as formas nominais do verbo têm grande importância no que diz respeito ao entendimento das orações reduzidas. Veja os exemplos:
• Verbo no infinitivo: Ele foi ajudar Fabiano.
• Verbo no gerúndio: Fabiano seguiu pensando na família.
• Verbo no particípio: Despertado pelo grito áspero, Fabiano viu a realidade e o papagaio.
8. Releia o trecho do capítulo “Mudança”, de Vidas secas, e faça o que se pede a seguir.
Num cotovelo do caminho avistou um canto de cerca, encheu-o a esperança de achar comida, sentiu desejo de cantar. A voz saiu-lhe rouca, medonha. Calou-se para não estragar força . Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subiram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam sombra.
a) Refletindo sobre a oração “Calou-se para não estragar força”, que efeitos essa escolha verbal tem sobre a percepção do esforço e da resiliência da personagem?
b) Identifique qual é o tipo de oração destacada no texto.
A oração em destaque é a oração reduzida de infinitivo.
9. Leia agora o depoimento do diretor-executivo da Ação da Cidadania, sobre a campanha Brasil sem Fome, que também trata da questão da insegurança alimentar, abordada anteriormente no capítulo “Mudança”, de Vidas secas.
Brasil sem Fome distribui alimentos arrecadados em show da cantora Ludmilla […]
9. a) Ao reescrever a frase para “Brasil sem Fome distribui alimentos arrecadando em show da cantora Ludmilla”, a estrutura sugere que a ação de arrecadar os alimentos está acontecendo simultaneamente à distribuição, como se a arrecadação ainda fosse parte do processo de distribuição. Esse tipo de oração reduzida pode criar um efeito de continuidade e simultaneidade, mas pode também causar confusão ao não deixar claro que os alimentos já foram arrecadados antes da distribuição.
‘O Brasil sem fome existe graças à união de milhares de brasileiros e brasileiras determinados a colocar a solidariedade em prática. É muito importante ter vozes tão potentes como a de Ludmilla e Drauzio em nosso movimento de combate à fome.’
Kiko Afonso Diretor-executivo da Ação da Cidadania
BRASIL SEM FOME distribui alimentos arrecadados em show da cantora Ludmilla. In: Brasil sem fome [Ação da cidadania]. Rio de Janeiro, 23 ago. 2023. Blogue. Disponível em: www.brasilsemfome.org.br/ blog/brasil-sem-fome-distribui-alimentos-arrecadados-em-show-da-cantora-ludmilla. Acesso em: 1 out. 2024.
a) Analise o título do texto que introduz o depoimento do diretor executivo da organização. Explique qual seria o efeito da informação sobre a arrecadação dos alimentos durante o show se a frase fosse reescrita da seguinte forma:
Brasil sem Fome distribui alimentos arrecadando em show da cantora Ludmilla
b) Classifique o tipo de oração presente no título do trecho lido. Qual foi a intenção do autor ao escolher essa construção?
A oração do título é uma oração reduzida de particípio. Ao usar o particípio, o autor destaca que a ação de arrecadação já foi realizada, focando na distribuição dos alimentos. Essa escolha dá clareza à cronologia dos eventos, evitando ambiguidades e garantindo que o leitor entenda a sequência correta das ações.
10. a) A reforma ortográfica é um acordo entre países que compartilham o mesmo idioma, a língua portuguesa, com o objetivo de padronizar a escrita de certas palavras que apresentam variações na grafia entre eles. O acordo ortográfico mais recente da língua portuguesa passou a vigorar nos países lusófonos em 2016.
10. b) O aspecto de uma ação que acontecerá de forma contínua em um tempo futuro.
10. c) A expressão do rato demonstra desprezo pela fala de Grump, associada, portanto, ao desprezo pelo uso do gerúndio.
Dentre as formas nominais dos verbos, está o gerúndio, cujo emprego se relaciona ao aspecto durativo de uma ação verbal.
10. Leia, a seguir, a tira de Grump, de Orlandeli.
Resposta pessoal. Retome com os estudantes o conceito de preconceito linguístico e mostre como é importante não rechaçar a expressão de uma pessoa, o conteúdo que ela deseja transmitir, por causa da forma que ela utiliza para se expressar, como fez o rato com Grump. Lembre-os de que a língua é viva e possui muitas mudanças, então, as regras vão também se moldando a novos padrões de uso. Embora isso ainda não seja o caso com o fenômeno do gerundismo, ele é recorrente na língua, falada
ORLANDELI, Walmir Américo. [Grump - Acordo ortográfico]. Orlandeli, [s. l.], 30 mar. 2017. Disponível em: www.orlandeli.com.br/novo/wordpress/index.php/2017/03/22/grump-85/. Acesso em: 1 out. 2024.
a) Grump compra um livro sobre reforma ortográfica. Converse com os colegas e com o professor e explique a que essa reforma se refere. Se necessário, faça uma breve pesquisa a respeito.
b) As locuções vou estar lendo, vou estar aprendendo e vou estar superando são empregadas para expressar um certo aspecto temporal. Explique esse sentido.
c) Observe a expressão do rato no terceiro quadrinho e relacione-a à sua afirmação. Explique o sentido dessa afirmação.
d) Crie uma hipótese para explicar por que o rato afirma, no contexto da tira, limar o uso do gerúndio, considerando a importância dessa forma nominal para a expressividade da língua.
e) Discuta com os colegas e com o professor a seguinte questão: por que a fala do rato contribui para o preconceito linguístico?
O gerundismo é um fenômeno linguístico presente na língua falada e escrita, considerado um vício de linguagem. Ocorre quando o falante usa dois ou mais verbos, sendo um deles no gerúndio – que, por sua natureza, apresenta esse aspecto de continuidade de uma ação – para compor a duração de uma ação no futuro, em vez de usar a forma conjugada dos verbos nesse tempo verbal.
10. d) Resposta pessoal. É importante chamar atenção dos estudantes para o uso do gerúndio no contexto da tira, sendo empregado no lugar de verbos que deveriam ser flexionados no tempo futuro.
Na tira, o estranhamento do uso do gerúndio ocorre porque os verbos ler, aprender e superar não apresentam aspectos durativos em suas acepções, o que explica a inserção do gerúndio por Grump: dar a eles uma continuidade em um tempo que ainda virá.
1. Leia o anúncio de propaganda a seguir e faça o que se pede.
DIREÇÃO-GERAL da saúde. Comer melhor, uma receita para a vida . Portugal, 2019. 1 cartaz [on-line]. Disponível em: https://nutrimento.pt/noticias/campanha-para-a-promocao-da-alimentacao-saudavel/. Acesso em: 1 out. 2024.
a) Qual é o objetivo e o público-alvo do anúncio?
b) E xplique o uso da crase no texto.
c) Indique se a acentuação (ou ausência dela) em relação à crase está de acordo com a norma-padrão na expressão passo a passo. Justifique sua resposta.
2. Leia o texto a seguir, da ONG Instituto Akatu, que dissemina ações sobre consumo consciente.
Acreditamos que a educação é fundamental para alcançar nosso objetivo de sensibilizar e mobilizar a sociedade para o consumo consciente. Desenvolvemos processos educativos utilizando uma metodologia pedagógica própria e todo o conhecimento acumulado por meio de nossas pesquisas junto ao consumidor e em materiais de terceiros. Testados ao longo de muitos anos, esses processos têm eficácia comprovada na mudança de comportamento na direção de hábitos de consumo mais saudáveis e sustentáveis.
Na área de educação, trabalhamos com:
Falar de comportamento de consumo é falar de hábitos que são adquiridos e mantidos ao longo de toda a vida, portanto é importante que os temas consumo consciente e sustentabilidade estejam presentes na formação inicial do indivíduo. Nosso foco é a educação básica e atuamos nas escolas por meio do Edukatu, nossa plataforma de aprendizagem digital que oferece conteúdos dirigidos para professores e alunos.
1. a) O público-alvo do anúncio é o leitor interessado em uma alimentação mais saudável. O objetivo é incentivar esse público a manter uma dieta rica em alimentos naturais com o intuito de cuidar da saúde.
1. b) A crase utilizada no texto é de uso facultativo, pois uma das regras desse uso indica que ela é opcional se está antes de um pronome possessivo feminino, nesse caso, o sua
1. c) A expressão passo a passo não deve ser acentuada; por isso, a campanha está de acordo com a norma-padrão. A regra que se aplica nesse caso é a da proibição do uso de crase entre palavras repetidas, mesmo que femininas (o que não é o caso).
2. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes falem sobre seus hábitos de consumo que envolvem: alimentação, saúde, vestimenta, estética etc. A ideia é que percebam que, apesar de haver a tentativa de consumir conscientemente por parte de alguns, a grande maioria não reflete muito sobre seus hábitos.
2. b) Espera-se que os estudantes reconheçam que a Akatu acredita que, por meio da educação, com base em processos de formação de escolas e empresas, é possível mobilizar pessoas para o consumo consciente e motivar ações relacionadas à sustentabilidade.
2. c) 1. “Desenvolvemos processos educativos utilizando uma metodologia pedagógica própria” – oração reduzida de gerúndio. “Trabalhamos com empresas de todos os portes para sensibilizar e mobilizar colaboradores” – oração reduzida de
Na oração 1: ação simultânea ao verbo principal. Aqui, ao falar sobre o desenvolvimento de processos educativos, o uso da oração reduzida de gerúndio destaca a forma contínua e integrada do uso da metodologia pedagógica no processo de desenvolvimento. Na oração 2: a oração reduzida de infinitivo introduz a finalidade da ação principal. Nesse caso, sensibilizar revela o propósito do trabalho feito com as empresas, destacando a intenção de promover mudanças de comportamento no
Na tira, o galo pede ao rato que escreva algo para ele, mas o que ele dita é o som típico de um galo, co-co-ró-cóóó, o que causa um estranhamento cômico quanto ao seu esquecimento no último quadrinho.
Trabalhamos com empresas de todos os portes para sensibilizar e mobilizar colaboradores para o consumo consciente em temas tão diversos quanto água, resíduos, mobilidade e crise climática. Esse processo envolve desde palestras e oficinas para a alta liderança até a capacitação de colaboradores como multiplicadores da causa e a cocriação de ações para que os multiplicadores sensibilizem e mobilizem os demais colaboradores.
INSTITUTO AKATU. Educação. Akatu, São Paulo, [20--]. Disponível em: https://akatu.org.br/educacao/. Acesso em: 1 out. 2024.
a) Você se considera uma pessoa que consome de maneira consciente? Reflita sobre sua resposta, pensando em seus hábitos de consumo.
b) De que forma a organização pretende incentivar hábitos de consumo mais saudáveis e sustentáveis?
c) Releia o texto e identifique as orações reduzidas presentes.
d) Após identificá-las, classifique-as, explicando seu o efeito de sentido no texto.
3. Leia a tira de Fernando Gonsales e responda às questões a seguir.
a) E xplique os elementos que constituem o efeito de humor da tira.
b) E xplique a quebra de expectativa que constrói o efeito de sarcasmo presente na tira.
c) Como o verbo escrever está sendo utilizado na pergunta feita pelo galo ao rato no primeiro quadrinho, em relação ao seu complemento?
3. b) Quando o galo pede para o rato escrever uma coisa, este prontamente atende, e a expectativa gerada no leitor é de que essa escrita seja algo relevante. Quando o galo profere co-co-ró-cóóó, o rato se mostra espantado não pela irrelevância do conteúdo, mas pelo esquecimento do galo diante da simplicidade do que está escrito.
3. c) O verbo escrever está sendo usado de forma transitiva direta (“escrever uma coisa”) e transitiva indireta (“para mim”). O complemento direto “uma coisa” é o que será escrito, enquanto o complemento indireto “para mim” indica para quem a ação de escrever é destinada.
Nesta Oficina de Texto, você irá produzir um anúncio de propaganda, uma das peças de uma campanha de propaganda, sobre um tema de relevância para a turma.
Gênero
Anúncio de propaganda
Interlocutores
Comunidade escolar e seguidores das redes sociais da escola
Propósito/Finalidade
Fazer com que o público-alvo se solidarize com a ação/ideia veiculada no anúncio.
Publicação e circulação
Redes sociais da escola
1. Para dar início à reflexão acerca do anúncio de propaganda a ser criado, observe a seguir as imagens que acompanharam uma peça de campanha da Ação da Cidadania em 2024.
1. a) A predominância das cores branco, vermelho, cinza e preto. A repetição da imagem do prato vazio. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
LIMA NETO, Nelson. Ação da Cidadania fecha parceria para alertar sobre ‘pratos vazios’ em todo o mundo. In: GOIS, Ancelmo. Ancelmo.com. Rio de Janeiro, 24 jul. 2024. Blogue. Disponível em: https://oglobo.globo.com/blogs/ancelmo-gois/post/2024/07/acao-da-cidadania-fechaparceria-para-alertar-sobre-pratos-vazios-em-todo-o-mundo.ghtml. Acesso em: 1 out. 2024.
1. b) Respostas pessoais. Os artistas da fotografia são: Caetano Veloso, Isabel Fillardis e Chico Buarque. Espera-se que os estudantes percebam que a participação de artistas em uma campanha tende a aumentar o engajamento e o interesse do público.
a) Tendo em mente os conteúdos trabalhados na seção Estudo do Gênero Textual, responda: que elementos da fotografia confirmam a identidade visual normalmente utilizada nas campanhas da Ação da Cidadania?
b) Você conhece os artistas que aparecem nas fotografias? Quem são eles? Em sua opinião, qual é a importância de pessoas conhecidas apoiarem uma campanha?
c) As fotografias que você observou fazem parte da campanha #PratosVaziosNão (#EmptyPlates) da Ação da Cidadania, criada em conjunto com o movimento internacional Hungry For Action (“ Fome por Ação”, em português). Ao longo da campanha, além das doações, a Ação da Cidadania pediu a ajuda dos apoiadores para divulgar a causa. Leia a seguir a solicitação feita a todos.
Junte-se a nós para agir!
Como você pode apoiar a campanha?
No dia 25 de julho:
Pegue um prato vazio e tire uma foto sua segurando-o.
Poste a foto nas redes sociais no dia 25 de julho.
Use as hashtags #PratosVaziosNão e #G20
Marque @HungryForAction e @acaodacidadania em seu post.
#PRATOSVAZIOSNÃO Prepare-se para um alerta global sobre a fome. In: Brasil sem fome [Ação da cidadania]. Rio de Janeiro, 17 jul. 2024. Blogue. Disponível em: www.acaodacidadania.org.br/blog/pratosvaziosnao. Acesso em: 1 out. 2024.
• Em sua opinião, de que maneira as redes sociais podem auxiliar na propagação de uma ideia ou causa? Compartilhe suas impressões com os colegas.
Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
1. Para dar início à produção, a turma deve se organizar para realizar uma reflexão coletiva e decidir qual causa ou ideia deseja defender. A produção dos anúncios será individual, mas a concepção da campanha será coletiva. Procure acompanhar os passos a seguir, que ajudarão a mediar a tomada de decisões.
• Faça um mapeamento dos problemas na escola que merecem a atenção da comunidade escolar.
• Então, procure pensar quais problemas podem ser resolvidos por meio de ações da comunidade que não envolvam a doação monetária. As ações podem envolver mutirões, trabalhos voluntários ou até mesmo uma mudança de atitude.
• Escolha três problemas que mereçam maior atenção da comunidade e, em uma votação, você e os colegas devem decidir que questão a ser mitigada pelas ações de uma campanha de propaganda será escolhida.
2. Com o problema que afeta a comunidade escolar escolhido, é importante pensar em soluções em conjunto. Qual ideia será propagada na campanha e que ação se espera que o público-alvo tome para a resolução do problema?
3. Também será importante definir, ainda com a turma reunida, qual é o público-alvo da campanha, ou seja, quais são as pessoas que precisam ser afetadas pela mensagem para que a questão seja resolvida. Com essa decisão tomada, será possível entender para que perfil de pessoas a campanha de propaganda é destinada e, assim, qual será a melhor maneira de chamar a atenção desse público.
4. Por fim, a turma deve se empenhar na criação de um logo que identifique todos os anúncios como parte de uma mesma campanha.
Realize o planejamento do texto que irá compor o anúncio de propaganda, avalie se será utilizada somente uma frase (título/slogan), um texto mais extenso ou apenas algumas palavras. Durante o processo de escrita, faça as escolhas dos verbos de modo estratégico, para garantir que representem com exatidão as ações em foco. É possível ainda fazer uso de orações reduzidas para conferir fluidez e deixar as orações mais compactas.
Não possuem conjunção explícita: ao contrário das orações subordinadas desenvolvidas, as reduzidas não usam conectivos subordinativos (como “se”, “quando” ou “que”).
Verbo em uma forma nominal: o verbo aparece no infinitivo, gerúndio ou particípio. Essas formas não são conjugadas diretamente e dão um caráter mais dinâmico e conciso à oração.
Implicam relações de tempo, causa, condição etc.: mesmo sem conjunção, essas orações podem sugerir uma relação com a principal, como tempo, causa, condição, entre outros.
5. Com essas decisões tomadas, cada estudante poderá se dedicar à produção do anúncio, tomando a devida atenção aos questionamentos a seguir.
• Quais elementos verbais e não verbais farão parte do anúncio?
• Em relação às imagens, você fará o uso de ilustração ou fotografia?
• Quais as cores que farão parte da paleta do anúncio e de que maneira você pretende organizar os elementos visuais que irão compô-lo?
• Quais fontes tipológicas serão usadas para que a mensagem principal ganhe o devido destaque?
• Qual será o texto principal e o slogan do anúncio?
• Qual a relação da linguagem verbal com a linguagem não verbal no anúncio?
6. Utilize um software para editar e diagramar o anúncio.
1. Leia as perguntas a seguir e utilize-as como roteiro para avaliação do anúncio elaborado.
• O slogan e o texto verbal são eficientes no convencimento do público-alvo?
• Os recursos não verbais apresentam a qualidade de imagem adequada?
• A relação estabelecida entre os recursos verbais e não verbais está coerente?
• O anúncio cumpre o papel de tentar convencer o público-alvo a realizar uma ação que melhore a situação atual?
2. Após verificar esses itens, faça as alterações necessárias na edição do anúncio.
Com a mediação do professor, a turma irá organizar todos os anúncios da campanha para serem compartilhados na rede social da escola. Não deixe de criar uma hashtag e um texto modelo, assim como foi feito pela Ação da Cidadania, para que esse compartilhamento seja identificado com mais facilidade e a adesão do público seja maior.
1. Espera-se que os estudantes reconheçam que a literatura propicia a reflexão sobre questões sociais e políticas e pode contribuir para a busca de soluções para os problemas enfrentados pela humanidade, como a fome, no caso da obra Vidas secas.
2. A campanha publicitária tem a finalidade de persuadir o público a adquirir um produto ou um serviço, enquanto a campanha de propaganda tem como finalidade defender uma causa ou uma ideia, convencendo o público a adotá-la.
Neste capítulo, o estudo da seção Estudo Literário foi direcionado para a compreensão do romance Vidas secas, bem como para a percepção da perpetuação da temática no poema “O cão sem plumas”. A seção Estudo do Gênero Textual abordou o gênero campanha de propaganda e sua abrangência no contexto jornalístico-midiático. Todos esses estudos foram perpassados por diversos conceitos de língua, possibilitando a análise da forma como as relações são estabelecidas nas orações.
Agora, você deverá sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para que seja possível elaborar sua resposta.
1. Elabore, no caderno, um parágrafo analisando a importância da prosa da Geração de 30 para a reflexão sobre direitos humanos. Em seu parágrafo, utilize como exemplo o capítulo “Mudança” de Vidas secas.
2. Explique qual é o objetivo de uma campanha de propaganda, diferenciando-a da campanha publicitária.
3. Elabore um esquema ou mapa mental com as principais regras de concordância.
Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e aprendizagem ao longo do capítulo. Para isso, no caderno, reproduza o quadro a seguir e responda às questões. Em seguida, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote nas observações.
Ao longo do estudo do capítulo, percebo que…
… compreendi as características da prosa da segunda geração modernista, em destaque na seção Estudo Literário, e o seu contexto sócio-histórico.
… compreendi as características do gênero textual abordado, bem como as suas especificidades em relação a outros textos do campo jornalístico-midiático.
… retomei conceitos linguísticos e aprofundei conhecimentos sobre a concordância verbal e nominal, além de compreender o funcionamento das orações reduzidas.
Fui proficiente
Preciso aprimorar
Observações
1. Resposta: alternativa e O anúncio de propaganda visa combater preconceitos e sensibilizar a população em relação aos portadores do vírus HIV, ressaltando a importância de realizar ações a favor dessas pessoas.
Neste capítulo, o enfoque de análise de questão de provas de ingresso está voltado para o estudo do gênero textual e o modo como ele é abordado em questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Leia com atenção as dicas de interpretação do formato da questão e, em seguida, treine outra de mesmo formato.
1. (Enem)
A questão começa com a leitura de uma imagem. Para iniciar sua interpretação, faça uma descrição mental dos elementos visuais presentes nela.
O tamanho das fontes do texto chama a atenção do leitor e deve ser considerado na interpretação do anúncio de propaganda. Nesse caso, é importante ler o texto com fonte menor, que apresenta a informação principal da campanha.
Nessa propaganda, a combinação entre linguagem verbal e não verbal promove um apelo à população para que
a) tome a vacina contra gripe.
b) se engaje em movimentos pela saúde no trabalho.
c) se proteja contra o contágio pelo vírus HIV.
d) combata a discriminação no local de trabalho.
e) contribua com ações a favor de portadores do vírus HIV.
2. (Enem – segunda aplicação)
2. Resposta: alternativa c . O cartaz apresenta uma mancha preta, que remete a uma figura fantasmagórica, reforçando a ideia do pesadelo e podendo representar o agressor da criança nesse contexto. A metáfora do pesadelo denuncia que a criança pode vivenciar essa dolorosa agressão muitas vezes dentro da própria casa, não tendo forças para, sozinha, barrar essa ação.
Os meios de comunicação podem contribuir para a resolução de problemas sociais, entre os quais o da violência sexual infantil. Nesse sentido, a propaganda usa a metáfora do pesadelo para
a) informar crianças vítimas de abuso sexual sobre os perigos dessa prática, contribuindo para erradicá-la.
b) denunciar ocorrências de abuso sexual contra meninas, com o objetivo de colocar criminosos na cadeia.
c) dar a devida dimensão do que é o abuso sexual para uma criança, enfatizando a importância da denúncia.
d) d estacar que a violência sexual infantil predomina durante a noite, o que requer maior cuidado dos responsáveis nesse período.
e) chamar a atenção para o fato de o abuso infantil ocorrer durante o sono, sendo confundido por algumas crianças com um pesadelo.
Com base em seus conhecimentos e na fotografia de Araquém Alcântara, apresentada na abertura do capítulo, responda às questões a seguir.
1. Qual você imagina ser a intenção do fotógrafo Araquém Alcântara ao registrar essa imagem?
2. Como são as cores que aparecem na fotografia e o que elas expressam?
3. A fotografia de natureza é um gênero dentro do fotojornalismo que retrata elementos da natureza e paisagens naturais, tanto por sua beleza como por sua devastação. Reflita sobre a imagem retratada nessa fotografia e dê sua impressão sobre ela.
4. Se você fosse autor de uma matéria jornalística sobre o fotógrafo Araquém Alcântara, quais informações e reflexões você incluiria no seu texto.
5. Observe a segunda sentença que compõe a legenda. Qual estratégia linguística foi utilizada para juntar as informações?
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes vejam a fotografia como uma denúncia das constantes queimadas que destroem diferentes biomas brasileiros, como a Floresta Amazônica. Ao capturar uma imagem da devastação de um ambiente, pretende levar esse conhecimento a um maior número de pessoas.
■ ALCÂNTARA, Araquém. Cenário desolador no km 37 da Transuruará, em Santarém (PA). Fotografia de 2022. Araquém Alcântara (1951-) é um fotógrafo de natureza reconhecido mundialmente pelos seus registros das belezas da Amazônia e da cultura dos povos locais e as imagens que registra também testemunham e denunciam a crescente devastação sofrida pela floresta.
2. As cores são escuras e a fotografia apresenta um contraste elevado. Essa estética remete à seriedade, relacionada ao tema da denúncia das queimadas, e também à tristeza, à morte e à destruição.
• C ampo artístico-literário
• C ampo jornalístico-midiático
• Ciência e tecnologia
• Meio ambiente: Educação Ambiental; Educação para o Consumo
• Cidadania e civismo: Educação em Direitos Humanos; Educação para o Trânsito
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Avance até a seção Oficina de Projetos nas páginas finais do livro e inicie a etapa “Dividir tarefas e empreender”. Se for preciso, releia a etapa anterior para dar continuidade ao trabalho proposto.
3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam o contraste entre claro e escuro da fotografia, respectivamente representado pela fumaça e pelo tom dos troncos queimados e do solo cheio de cinzas. Esse contraste dá dramaticidade ao cenário devastador retratado. A fotografia não é apenas uma arte a ser contemplada mas
também uma forma de provocação, por meio do incômodo causado ao observador diante da crueza da imagem, mobilizando sentimentos e conscientização sobre os fatos que a imagem denuncia.
4. Resposta pessoal. Os estudantes podem apontar que o trabalho de Araquém Alcântara presta um grande serviço ao alertar a população em geral sobre as constantes agressões à Floresta Amazônica e a necessidade de se empreender ações para preservação desse bioma.
5. Foi utilizada a conjunção e, que adiciona a primeira informação “Araquém Alcântara (1951-) é um fotógrafo [...] povos locais” à informação seguinte “as imagens [...] sofrida pela floresta”.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Você vai ler uma coletânea de poemas escritos pelo poeta português Fernando Pessoa (18881935), o principal representante do Modernismo português e reconhecidamente um dos maiores poetas em língua portuguesa. Pessoa inventou personalidades literárias distintas, atribuindo a elas características biográficas que se refletem no seu estilo literário. Para cada uma das personalidades inventadas por Pessoa, ele criou também uma assinatura. Os poemas que serão lidos por você foram escritos, respectivamente, pelas personalidades Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro, heterônimos de Fernando Pessoa.
Antes de iniciar a leitura da coletânea de poemas, discuta com os colegas as questões a seguir.
• Considerando o que você já estudou sobre o Modernismo brasileiro, levante hipóteses que proponham aproximações entre o Modernismo no Brasil e o Modernismo em Portugal.
• Como você imagina que as diferentes personalidades dos poetas inventados por Fernando Pessoa irão refletir no estilo literário de cada um? Explique.
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
Respostas pessoais. O objetivo da atividade é estimular os estudantes a refletir sobre o modo como a biografia de um autor pode influenciar seu estilo literário.
E eu, tantas vezes reles , tantas vezes porco, tantas vezes vil , Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida…
reles: insignificante. vil: indigno. enxovalho: humilhação, vergonha.
Resposta pessoal. O objetivo da atividade é estimular os estudantes a resgatar seus conhecimentos acerca do Modernismo brasileiro para, então, levantar hipóteses que aproximem tal movimento do contexto português. Características como métrica livre, retomada de grandes temas nacionais e rompimento com os clássicos podem aparecer nas respostas.
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia ; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia !
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos — mas ridículos, nunca! E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza
■ Imagem da assinatura de Álvaro de Campos.
CAMPOS, Álvaro de. Poema em linha reta. In: BIBLIOTECA LUSO-BRASILEIRA. Fernando Pessoa: obra poética em um volume. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1977. p. 418-419. (Série Portuguesa).
Flores que colho, ou deixo,
Vosso destino é o mesmo.
Via que sigo, chegas
Não sei aonde eu chego.
Nada somos que valha, Somo-lo mais que um vão.
■ Imagem da assinatura de Ricardo Reis.
REIS, Ricardo. Flores que colho, ou deixo. In: BIBLIOTECA LUSO-BRASILEIRA. Fernando Pessoa: obra poética em um volume. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1977. p. 175. (Série Portuguesa).
infâmia: desonra. cobardia: covardia. oiço: ouço.
Álvaro de Campos , um dos heterônimos de Fernando Pessoa, foi criado em 1915. Na biografia criada pelo poeta, Álvaro de Campos nasceu em Tavira, Portugal, em 15 de outubro de 1890, foi educado em um liceu e, em seguida, enviado para estudar Engenharia Mecânica e Naval na Escócia. Fez uma viagem ao Oriente e aprendeu latim com um padre. Campos possuía a pele um pouco mais escura, cabelo penteado na lateral e usava um monóculo.
Ricardo Reis , outro heterônimo de Fernando Pessoa. Na biografia criada pelo poeta, Ricardo Reis nasceu na cidade do Porto, em Portugal. Foi educado em um colégio de jesuítas, possuía formação latinista e helenista, era pagão e tinha como profissão a Medicina. Em 1919, o poeta se mudou para o Brasil por não concordar com a república implantada em Portugal e defender a monarquia. Ricardo Reis era um pouco mais baixo e mais forte que Alberto Caeiro e não possuía barba nem bigodes.
Fernando Pessoa nasceu em Lisboa, Portugal, e foi escritor, tradutor e crítico literário português. Com 5 anos, ficou órfão de pai. Dois anos depois, em 1895, a mãe se casou com um comandante que foi nomeado cônsul de Portugal em Durban, na África do Sul. A família passa a viver na África, na colônia inglesa Durban, e, por conta disso, a formação do poeta se deu pela educação inglesa. Pessoa retornou à Lisboa com a família aos 14 anos e, com 17, matriculou-se no curso de Filosofia, mas não concluiu os estudos. O autor passou a se dedicar à literatura em 1915 e, com um grupo de intelectuais, fundou a revista Orpheu, que se tornaria um marco do Modernismo português.
■ Fotografia de Fernando Pessoa, em 1914.
[…] IX
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
1. b) No poema, o eu lírico conclui que as escolhas humanas têm pouco impacto diante dos acontecimentos do mundo, minimizando o efeito das ações diante do destino ou de eventos naturais.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
■ Imagem da assinatura de Alberto Caeiro.
CAEIRO, Alberto. O guardador de rebanho. In: BIBLIOTECA LUSO-BRASILEIRA. Fernando Pessoa: obra poética em um volume. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1977. p. 212-213. (Série Portuguesa).
Alberto Caeiro, é mais um heterônimo de Fernando Pessoa. Na biografia criada pelo poeta, Alberto Caeiro nasceu em Lisboa, mas viveu grande parte de sua vida na zona rural, sendo cuidado pela tia-avó. O poeta concluiu apenas a educação primária e não tinha uma profissão. Ele era de estatura média, loiro, de olhos azuis e não possuía barba nem bigodes. Faleceu em razão da tuberculose.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
1. Após a leitura dos poemas, responda às questões a seguir.
1. a) O que motiva essa atitude é o fato de todas as pessoas ao redor do eu lírico se apresentarem como ideais e perfeitas, sem falhas, enquanto o eu lírico reconhece suas próprias falhas e fraquezas.
a) N o “Poema em linha reta”, Álvaro de Campos confessa suas vulnerabilidades e defeitos, ao mesmo tempo em que expressa cansaço em relação às atitudes das pessoas ao seu redor. Em sua interpretação, o que motiva essa atitude por parte do eu lírico?
b) Qual é a conclusão do eu lírico sobre o valor das escolhas humanas diante dos acontecimentos do mundo no poema “Flores que colho, ou deixo”, de Ricardo Reis?
c) Como o eu lírico percebe o ato de pensar e sentir no poema “O guardador de rebanhos”, de Alberto Caeiro?
Para o eu lírico, o pensamento se dá por meio das sensações, de modo que as sensações são compreendidas como forma de conhecimento.
■ A estátua de Fernando Pessoa, feita por Lagoa Henriques (1923-2009) e inaugurada em 1988, fica em frente ao café A Brasileira, em Lisboa (Portugal), habitualmente frequentado pelo escritor. Fotografia de 2015.
2. Espera-se que os estudantes associem as principais características de cada heterônimo a aspectos da sua biografia. Algumas das associações possíveis são a relação com a modernidade em Álvaro de Campos, considerando sua formação em Engenharia, a relação com a natureza em Caeiro, considerando a vida campestre, e a racionalidade de Ricardo Reis, considerando a sua visão helenista.
Heterônimos de Fernando Pessoa
Na obra de Fernando Pessoa , as identidades fictícias que ocupam a posição de autoria são denominadas heterônimos . Cada heterônimo possui personalidade, biografia, estilo literário, visão de mundo e relações distintas do autor original. Essa criação poética, por vezes, é aproximada da dramaturgia, pois há um esforço do autor em atribuir a cada uma das identidades características específicas e complexas que procuram abranger todos os aspectos da realidade em um exercício de simulação e expansão do próprio poeta.
Para além dos heterônimos estudados no capítulo, existem outros. Bernardo Soares , autor do Livro do desassossego, por exemplo, é definido por Fernando Pessoa como um semi-heterônimo, ou seja, como uma personalidade que apresenta ligações com a do autor e se relaciona de forma mais íntima com as características autorais dos poemas ortônimos , ou seja, dos poemas assinados pelo próprio Fernando Pessoa. Dentre as principais características da poesia ortônima de Fernando Pessoa estão: a dificuldade de conciliar o ideal com a realidade e o questionamento acerca das limitações e da fragmentação da própria identidade. A ideia de fingimento poético também é muito importante para compreender a sua obra. O autor acredita que a forma de representação e estruturação da literatura pode se dar com base em um sentimento que, por estar sendo racionalizado em poema, não é sentido de forma plena e completa. Por vezes, o sentimento ali expresso não representa o sentimento do poeta e é acionado como forma de aprofundar a compreensão acerca da experiência humana.
2. Associe as características de cada poema analisado na questão anterior à biografia dos heterônimos de Pessoa, retomando sua resposta à questão proposta no boxe Primeiro olhar. Quais aspectos da trajetória de vida de Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro se manifestam nos poemas lidos?
3. Leia o poema a seguir, pertencente à poesia ortônima de Fernando Pessoa. Depois, responda às questões.
Não é ainda a noite
Mas é já frio o céu.
Do vento o ocioso açoite
Envolve o tédio meu.
Que vitórias perdidas
Por não as ter querido!
Quantas perdidas vidas!
E o sonho sem ter sido…
Ergue-te ó vento, do ermo
Da noite que aparece!
Há um silêncio sem termo
Por trás do que estremece…
Pranto dos sonhos fúteis,
Que a memória acordou, Inúteis, tão inúteis — Quem me dirá quem sou?
3. b) O último verso do poema reflete o modo como a busca pela identidade atravessa as perdas expressas no poema, pois as oportunidades perdidas, no contexto do poema, serviriam como espaço de consolidação de uma identidade.
3. c) O poema exemplifica o conceito de fingimento poético ao expressar sensações e sentimentos que podem não ser vivenciados pelo poeta no ato da escrita, mas sim manipulados, como forma de ampliar a compreensão acerca da condição humana.
PESSOA, Fernando. Não é ainda a noite. In: BIBLIOTECA LUSO-BRASILEIRA. Fernando Pessoa: obra poética em um volume. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1977. p. 145. (Série Portuguesa).
a) Qual é o tema central do poema lido?
O tema central do poema lido é a frustração diante das oportunidades perdidas.
b) Relacione o tema central do poema à busca de Fernando Pessoa pela construção de sua identidade com base no fazer poético.
c) Como o poema “Não é ainda a noite” exemplifica a ideia de fingimento poético na obra de Fernando Pessoa? Justifique com base na sua interpretação do poema.
4. Leia o trecho a seguir, atribuído ao semi-heterônimo Bernardo Soares, e, em seguida, responda ao que se pede.
Escrevo, triste, no meu quarto quieto, sozinho como sempre tenho sido, sozinho como sempre serei. E penso se a minha voz, aparentemente tão pouca coisa, não encarna a substância de milhares de vozes, a fome de dizerem-se de milhares de vidas, a paciência de milhões de almas submissas como a minha ao destino quotidiano, ao sonho inútil, à esperança sem vestígios. Nestes momentos meu coração pulsa mais alto por minha consciência dele. Vivo mais porque vivo maior.
ZENITH, Richard (org.). Livro do desassossego: composto por Bernardo Soares, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. Organização: Richard Zenith. p. 45.
No trecho, Bernardo Soares associa a voz individual às experiências coletivas de muitas vidas. Isso pode se relacionar à produção poética de Fernando Pessoa na medida em que o poeta, por meio de seus heterônimos, expressa múltiplas subjetividades pela criação de diversas vozes poéticas que não se limitam entre si, desdobrando-se em diferentes identidades.
Dentre as possibilidades de transcrição, está a estrofe: “Arre, estou farto de semideuses! / Onde é que há gente no mundo?”
• O trecho revela a conexão entre a voz individual de Bernardo Soares e a experiência universal das “milhares de vozes” e “milhares de vidas”. Como essa dimensão coletiva da voz do semi-heterônimo pode ser relacionada à produção poética de Fernando Pessoa? Explique, considerando a experiência de escrita expressa por Bernardo Soares no trecho lido.
A obra de Fernando Pessoa reflete o contexto histórico de Portugal na transição dos séculos XIX para o XX. No período, o país enfrentava um momento de decadência política que se instaurou pelo enfraquecimento do império colonial e pela instauração da Primeira República Portuguesa, em 1910. É nesse contexto que o heterônimo Ricardo Reis se muda para o Brasil.
O regime político de Portugal, marcado pela instabilidade, motivou o clima de pessimismo e incerteza diante do futuro e refletiu na composição poética do autor. Ao mesmo tempo, o restante da Europa, em especial a França, vivia um contexto de desenvolvimento das vanguardas culturais e artísticas que seriam influenciadas pela eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914. Pessoa foi um dos principais responsáveis pela introdução dos temas e das formas poéticas de vanguarda na poesia portuguesa, uma vez que o país se mostrava culturalmente afastado do restante da Europa. Ao se dividir em várias vozes, Pessoa exemplifica a fragmentação do sujeito moderno, cuja identidade não é capaz de abarcar toda a experiência.
5. Em “Poema em linha reta”, Álvaro de Campos constrói uma crítica a respeito da construção de uma autoimagem que busca a perfeição.
a) Transcreva uma estrofe em que essa crítica se evidencia.
b) E xplique como a estrofe transcrita reflete a insatisfação do eu lírico diante da idealização da imagem.
c) Em sua perspectiva, em que aspectos as preocupações expressas no poema podem refletir ou contrastar com as experiências atuais dos jovens em relação à própria imagem?
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As fases de Álvaro de Campos
Resposta pessoal. O objetivo da questão é estimular os estudantes a relacionar a crítica a uma autoimagem idealizada às suas vivências de juventude. A resposta pode se encaminhar para, por exemplo, um questionamento acerca do modo como a imagem é idealizada nas redes sociais.
Álvaro de Campos busca relacionar a sua observação do mundo à interpretação e reflexão sobre tais observações, associando o sentir e o pensar de forma tão intensa que, muitas vezes, culminam em poemas que refletem crises existenciais . Ele se vê imerso nas mudanças do século XX e percebe as inovações e a modernidade ora por um recorte de valorização do progresso, ora por um recorte de reconhecimento das limitações e contradições humanas.
A produção poética de Álvaro de Campos pode ser dividida em três fases:
Fase decadentista , marcada pela busca por novas sensações e pelo reconhecimento da necessidade de renovação. Essa fase é marcada pelo declínio da monarquia e pela instauração da república em Portugal.
Fase futurista , marcada pela influência do Manifesto futurista de Marinetti . Nessa fase, o poeta procura estabelecer a máquina e as inovações tecnológicas como símbolo da vida moderna.
Fase intimista , marcada pelo reconhecimento da incapacidade de suas realizações e pela dissolução do eu na sociedade moderna. Nessa fase, o poeta volta seu olhar para a estranheza diante dos comportamentos sociais e se mostra descrente em relação à sociedade e a si mesmo.
5. b) Espera-se que o estudante identifique, na estrofe transcrita, o modo como o eu lírico percebe as demais pessoas em suas próprias idealizações. Na transcrição sugerida, essa insatisfação se evidencia pelo fato de o eu lírico não considerar as pessoas como “gente”, estabelecendo uma crítica.
6. Retome o “Poema em linha reta”, de Álvaro de Campos, associando-o às fases literárias do heterônimo estudadas por você. Em seguida, copie no caderno ou em uma folha avulsa a alternativa correta a esse respeito.
a) O p oema expressa uma visão de melancolia e desencanto com a vida, revelando um sentimento de crise existencial próprio da fase decadentista.
b) O p oema celebra a modernidade e a inovação tecnológica e, portanto, pode ser associado à fase futurista.
c) O p oema, pertencente à fase intimista ou pessimista de Álvaro de Campos, tem como foco principal a expressão das emoções e dos pensamentos do eu lírico, explorando a distância entre a sua percepção de si e as expectativas externas. Resposta correta: alternativa c
A poética de Alberto Caeiro e Ricardo Reis
Conforme estudado por você até aqui, os heterônimos de Fernando Pessoa apresentam características próprias que refletem na forma de suas composições poéticas. O heterônimo Alberto Caeiro, considerado o principal heterônimo por Fernando Pessoa, apresenta como característica principal a contemplação da natureza e a associação entre o sentir e o pensar. Caeiro se propõe a elaborar poemas que busquem expressar a sua relação com a natureza sem submetê-la ao pensamento ou à racionalidade, e é por essa estratégia que se estabelece a complexidade de seus poemas. Uma vez transpostas para a linguagem poética, as sensações transformam-se em pensamento e vice-versa. Caeiro é reconhecido como mestre pelos demais heterônimos, que almejam alcançar uma relação harmoniosa entre o sentir e o pensar. Seus versos não apresentam métrica ou rimas , uma vez que, segundo o poeta, na natureza não há duas árvores iguais, de modo que os poemas não precisam seguir estruturas parecidas. Ricardo Reis , por sua vez, se destaca pela sua disciplina e racionalidade. Seus versos se apresentam organizados e também buscam uma integração com a natureza, mas essa integração se estabelece pela orientação racional dos sentimentos e pelo reconhecimento de que a natureza funciona segundo as suas próprias leis. Os versos de Reis, em oposição aos de Caeiro, apresentam estrutura de métrica e rimas bem definidas.
7. Analise o modo como, no poema “O guardador de rebanhos”, de Alberto Caeiro, é explorada a relação entre o pensar e o sentir. Observe como Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis tratam essa relação e como suas diferentes perspectivas contribuem para a compreensão do eu lírico. Compare a abordagem da relação entre o pensar e o sentir em “O guardador de rebanhos”, de Alberto Caeiro, com a forma como essa relação é tratada nos poemas lidos de Álvaro de Campos e Ricardo Reis.
a) D e que forma cada heterônimo aborda essa relação em suas obras?
b) A s diferentes perspectivas sobre a vida e a existência expressas por cada um deles se complementam ou contrastam? Explique.
Morre um heterônimo
■ Capa do livro.
No romance O ano da morte de Ricardo Reis , o escritor José Saramago (1922-2010) ficcionaliza a experiência do heterônimo Ricardo Reis, que decide voltar para a Europa após receber a notícia da morte de Fernando Pessoa.
SARAMAGO, José. O ano da morte de Ricardo Reis . 2. ed.
São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
7. a) Álvaro de Campos, em “Poema em linha reta”, expressa uma visão conflituosa entre o pensar e o sentir, uma vez que a intensidade e a racionalização das emoções terminam por gerar, no eu lírico, um sentimento de inadequação diante da sociedade por não se encaixar no jogo social proposto. Ricardo Reis, em contrapartida, busca o controle das emoções diante da racionalização dos acontecimentos do mundo, valorizando o domínio do pensamento sobre o sentimento como forma de estabelecer uma vida mais tranquila.
7. b) As visões dos heterônimos sobre a relação entre sentimento e pensamento são contrastantes, pois, enquanto Caeiro busca um pensar guiado pelas sensações, Campos analisa a complexidade das emoções humanas, e Reis tenta encontrar um modo de neutralizar o conflito entre pensamento e sentimento ao racionalizar as suas experiências em relação ao mundo.
8. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes associem as características de inovação estética às propostas da geração da revista Orpheu, considerando o que já estudaram a respeito do Modernismo brasileiro nos capítulos anteriores.
8. b) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reconheçam a possibilidade de reações negativas da sociedade da época diante das propostas de inovação literária, tendo em vista os conhecimentos que já possuem acerca da literatura e do modo como as mudanças estéticas mais radicais costumam ser recebidas pela sociedade.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes considerem como o grupo Orpheu pode ter desempenhado um papel importante na introdução e disseminação das características do Modernismo português e elenquem, como possíveis características do Modernismo português, aquelas associadas à obra de Fernando Pessoa na subseção anterior.
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O início do Modernismo português está associado à publicação da revista Orpheu, em 1915. A revista, fundada pelos escritores Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) e Almada Negreiros (1893-1970), tinha por objetivo divulgar textos literários que refletissem as inovações da época e era influenciada pelos movimentos de vanguarda e pelo progresso defendido no discurso republicano. A revista trimestral contou com apenas dois números e precisou ser interrompida por falta de recursos financeiros por parte de seus escritores. No entanto, sua influência foi tão grande que a fundação da revista marca o início do Modernismo português e a instauração de uma nova hegemonia sobre o fazer poético lusitano que, antes da Orpheu, se baseava nos preceitos do Classicismo que compunham a produção poética de Camões (1524-1580). Entre o grupo de intelectuais que fez parte da geração de Orpheu, estão os brasileiros Ronald de Carvalho (1893-1935) e Eduardo Guimaraens (1892-1928).
8. A revista Orpheu é considerada um marco no cenário literário português. Tendo em vista o que você aprendeu a respeito da revista e da poesia de Fernando Pessoa, responda às questões a seguir.
a) Quais mudanças você acredita terem sido propostas pelo grupo?
b) Quais tipos de reações você imagina que o grupo provocou na sociedade portuguesa ao desafiar as tradições literárias da época? Por quê?
c) Considerando o que você estudou até aqui sobre a obra de Fernando Pessoa, levante hipóteses sobre as possíveis características do Modernismo português que podem ter sido introduzidas ou fortalecidas pelo grupo Orpheu.
As fases do Modernismo português
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A primeira fase do Modernismo português (1915–1927) ficou conhecida como Orfismo por causa da influência da revista Orpheu em sua construção. Enquanto a primeira fase assumia, em suas produções literárias, uma postura irreverente, livre de métrica e influenciada pelas vanguardas europeias, a segunda fase, denominada Presencismo (1927–1940), por sua associação com a fundação da revista literária Presença , tinha como principal foco reflexões do ponto de vista intimista e experimentalista . A terceira fase modernista, denominada Neorrealista (1940–1974), buscava tecer críticas sociais em uma sociedade marcada pela crise econômica, regimes totalitários e tensões provocadas pela Segunda Guerra Mundial.
• Entre as principais características do Orfismo, estão:
• Originalidade poética e ruptura com as normas da poesia clássica;
• Elogios às transformações tecnológicas da época;
• U tilização de linguagem cotidiana, sem a presença de arcaísmos;
• Integração entre pensamento e sentimento através da busca por uma poesia fundamentada na racionalidade;
• Tensão entre celebração e desconforto da modernidade.
9. Os poemas de Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro fazem parte do Modernismo português e refletem os ideais do movimento. Com base nos poemas lidos, identifique e explique as características modernistas presentes em cada um deles.
9. Espera-se que os estudantes consigam identificar e explicar as principais características modernistas presentes nos poemas dos heterônimos estudados. Álvaro de Campos pode ser associado à crítica ou tensão gerada pela modernidade; Ricardo Reis, com a reflexão dos sentimentos; e Caeiro, com a ausência de métrica e rima. A concepção da poesia heterônima é, por si só, uma característica moderna da produção literária de Fernando Pessoa.
10. Os movimentos modernistas português e brasileiro compartilham características, mas também apresentam diferenças ligadas aos contextos históricos culturais de cada país. Considerando o que você aprendeu sobre os contextos da primeira e da segunda geração modernista no Brasil, reflita sobre as possíveis diferenças entre a produção poética modernista portuguesa da geração de Orpheu e a produção poética brasileira das gerações de 1930 e 1945.
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11. Releia este trecho de “Poema em linha reta”, de Álvaro de Campos.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
10. Espera-se que os estudantes reconheçam que o Modernismo português e o Modernismo brasileiro, ainda que marcados esteticamente pelo experimentalismo formal e com alguns pontos de encontro temáticos importantes, foram influenciados pelo contexto histórico de cada país. Enquanto Portugal buscava se inserir no diálogo das vanguardas europeias e lidar com as mudanças de uma sociedade mais industrializada, o Brasil enfrentava desafios sociais e culturais próprios que refletiram em sua produção poética.
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida…
a) Qual é o incômodo do eu lírico apresentado no trecho?
11. a) O incômodo do eu lírico deve-se à imagem apresentada pelas pessoas na sociedade, que não contempla falhas, mas se apresenta como perfeita.
11. b) O recurso linguístico utilizado é a enumeração das frases, separadas por vírgulas.
b) O eu lírico enumera ações que seus interlocutores não praticaram. Qual recurso linguístico é responsável por fazer essa enumeração nos versos?
12. Agora, leia a continuação dos versos do mesmo poema.
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
12. a) Os versos apresentam o desejo do eu lírico de que as pessoas expusessem seus defeitos e suas derrotas.
12. b) As frases apresentam uma contradição entre o desejo do eu lírico e como as pessoas de fato se apresentam. Na primeira parte da sentença, o eu lírico menciona o que as pessoas mostram a ele e, na segunda parte, o que ele gostaria que mostrassem, em oposição.
a) Como esses versos complementam a ideia dos versos da questão anterior?
b) Considere o segundo e o terceiro versos do trecho. Qual é o sentido estabelecido pela conjunção em destaque e como ele interfere na interpretação dos versos?
13. As orações a seguir são coordenadas, ou seja, elas possuem sentidos independentes, mas também adquirem sentido quando colocadas em conjunto, com ou sem conjunção as unindo. Considerando essa informação, copie o quadro a seguir no caderno, analise-o e responda ao que se pede.
teve, sofreu, foi
Verso
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, /
Nunca foi senão príncipe […]
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Verbos
De que modo é estabelecida a coordenação entre as orações?
Enumeração e uso de vírgula
Qual é o efeito de sentido do uso desse tipo de coordenação para os versos?
confessasse
Adição de informações
Uso da conjunção mas Contradição de ideias
Observe os diagramas a seguir para compreender melhor o mecanismo linguístico de coordenação das orações.
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho
Coordenação assindética
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia
Coordenação sindética
Observe a pintura a seguir para responder ao que se pede.
1. a) As linhas onduladas no céu e na água em O grito criam uma sensação de movimento inquietante, transmitindo ao observador um sentimento de ansiedade e desorientação. Essas distorções intensificam a sensação de que o mundo ao redor da figura está em colapso, refletindo o estado emocional do sujeito.
1. b) As cores vibrantes e contrastantes, como o vermelho intenso e o amarelo, transmitem uma sensação de angústia emocional.
2. A distorção do cenário faz com que o observador se sinta desconectado da realidade objetiva, permitindo que as emoções transmitidas pela pintura assumam o foco principal, criando a sensação de que o mundo externo se molda por meio do mundo interno da figura central.
3. A separação entre as figuras sugere um distanciamento e uma desconexão da figura central com as demais pessoas ao seu redor. Seu desespero contrasta com a indiferença das figuras ao fundo, mostrando isolamento.
■ MUNCH, Edvard. O grito. 1893. Óleo sobre tela, 91 cm × 73 cm. Galeria Nacional da Noruega.
A pintura observada pertence à vanguarda europeia denominada Expressionismo, que se destaca por representar ou exteriorizar emoções subjetivas da condição humana.
1. Analise como Edvard Munch (1863-1944) utiliza elementos visuais para expressar emoções subjetivas.
a) Qual é a sensação gerada pelas linhas onduladas no céu e na água?
b) Qual é o efeito gerado pela escolha das cores vibrantes e contrastantes?
2. O cenário ao fundo de O grito parece distorcido e pouco realista. Qual é o impacto da distorção do cenário na percepção de quem observa o quadro?
3. As figuras humanas ao fundo são representadas de maneira distante e indiferente à figura central. Qual é o efeito de sentido que a obra gera ao mostrar as figuras ao fundo de forma estática e distante da ação principal? O que esse efeito sugere sobre a experiência humana na modernidade?
4. A ausência de detalhes realistas na figura central e na paisagem contribui para a sensação de que a pintura é uma projeção emocional e não uma representação fiel da realidade. De que forma essa estratégia de representação se associa à vanguarda europeia Expressionismo?
No Expressionismo, os artistas utilizam distorções e exageros para transmitir estados emocionais que, muitas vezes, se distanciam da realidade externa. Nesse sentido, a pintura de Munch traduz uma experiência emocional subjetiva, enfatizando a angústia e o desespero humanos.
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Anteriormente, você analisou três poemas assinados pelos principais heterônimos de Fernando Pessoa. Durante os estudos, você entrou em contato com o contexto histórico de publicação desses poemas e com as principais características do Modernismo português, em especial, a primeira fase, que teve como ponto de partida a publicação da revista Orpheu. Agora, você irá estudar dois poemas modernistas brasileiros, escritos por Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e Manoel de Barros (1916-2014), respectivamente.
Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
10 não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
11 não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
12 O tempo é a minha matéria, do tempo presente, os homens presentes,
13 a vida presente.
DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Mãos dadas. In: DRUMMOND DE ANDRADE, Carlos. Reunião. 8. ed. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1977. p. 55.
Para encontrar o azul eu uso pássaros
As letras fizeram-se para frases.
MACHADO DE ASSIS
11
A maior riqueza do homem é a sua incompletude. Nesse ponto sou abastado.
3 Palavras que me aceitam como sou — eu não
4 aceito.
5 Não aguento ser apenas um sujeito que abre
6 portas, que puxa válvulas, que olha o relógio, que
7 compra pão às 6 horas da tarde, que vai lá fora,
8 que aponta lápis, que vê a uva etc. etc.
9 Perdoai.
10 Mas eu preciso ser Outros.
11 Eu penso renovar o homem usando borboletas.
BARROS, Manoel de. Biografia do orvalho. In: BARROS, Manoel de. Poesia completa . São Paulo: Leya, 2010. p. 374.
■ Carlos Drummond de Andrade, Rio de Janeiro (RJ), em 1982.
Carlos Drummond de Andrade foi um escritor mineiro que se dedicou à escrita de poesias, contos e crônicas. Seus poemas variam em relação à temática, e alguns deles são permeados pela memória de sua cidade natal, Itabira (MG). Em 1925, Drummond se mudou para Belo Horizonte. Cursou farmácia, mas nunca exerceu a profissão. Sua estreia na literatura se deu com a publicação do livro Alguma poesia , em 1930.
1. a) No poema, o eu lírico se recusa a ser um poeta que reflete sobre o passado ou se projeta no futuro, rejeitando, ao mesmo tempo, a perspectiva nostálgica e a perspectiva idealista sobre o mundo. Ele entende que o presente é o momento mais significativo.
1. b) O eu lírico se relaciona com o mundo por meio da concretude do presente, se recusando a criar conteúdos poéticos que tenham como foco a idealização ou a abstração sentimental, conforme explicitado na segunda estrofe do poema.
1. c) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reconheçam que a postura de valorização do presente reflete um compromisso com a realidade e infiram, como característica da poesia de Drummond, uma maior preocupação com o engajamento social.
O poema é associado à fase de engajamento social, pois demonstra preocupação com a condição humana e com questões concretas da realidade à
A ênfase no presente e a busca por conexão entre as pessoas podem ser entendidos como elementos que sugerem essa relação, uma vez que o contexto da guerra traz à tona toda a fragilidade da condição humana. Assim, ao abordar a ideia de que as pessoas devem permanecer de “mãos dadas”, o poeta explora a necessidade de união e apoio diante dos conflitos
O título do livro sugere que os poemas ali agrupados buscaram refletir o estado emocional do eu lírico em relação ao mundo. O poema “Mãos dadas”, ao refletir o sentimento de uma época histórica marcada por incertezas e enfatizar a necessidade de valorização do presente e da coletividade, se encaixa bem no conceito proposto pelo título do livro.
1. Retome o poema “Mãos dadas”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder ao que se pede.
a) Como o eu lírico pensa a sua relação com o passado, o presente e o futuro no decorrer do poema?
b) De que modo o eu lírico percebe a relação do poeta com o mundo que o cerca? Justifique, tendo em vista o conteúdo da segunda estrofe do poema.
c) Com base na interpretação do poema, formule hipóteses sobre as características da poesia de Carlos Drummond de Andrade, refletindo sobre como ele aborda o compromisso com o presente e a vida coletiva. Em seu ponto de vista, tais elementos podem expressar uma visão crítica sobre o papel do poeta na sociedade? Explique.
A poética de Drummond
A composição poética de Carlos Drummond de Andrade se situa na segunda fase do Modernismo brasileiro (1930–1945). Nessa fase, há uma preocupação dos poetas em trazer para as suas composições reflexões acerca dos problemas contemporâneos e críticas sociais e políticas. Do ponto de vista formal, os versos se estabelecem de forma mais livre, com a presença de diversas estruturas composicionais.
Os poemas de Drummond são atravessados pela ideia de inquietude em relação ao mundo, que pode se manifestar pelo humor, pelo sentimento de culpa e pelo estado de angústia do eu lírico.
Sua literatura se divide em quatro fases.
Fase irônica: nessa fase, também conhecida como fase gauche , que compreende os dois primeiros livros de Drummond, Alguma poesia (1930) e Brejo das almas (1934), o traço principal da composição poética, para além da ironia, é a aproximação de estilo com o Modernismo de 1922.
Fase social : com a publicação do livro Sentimento do mundo (1940), Drummond inicia uma nova fase de sua poesia em que a alienação, a opressão e a solidão vividas na cidade grande, a relação do sujeito com o presente, bem como a relação do humano com regimes opressores, conflitos de classe ou conflitos mundiais, como a Segunda Guerra Mundial, passam a ser o tema central. A escrita dos poemas dessa fase acontece quando o poeta se muda para o Rio de Janeiro e traduz o impacto de Drummond diante da cidade. Dentre os livros dessa fase estão José (1942) e A rosa do povo (1945).
Fase metafísica ou filosófica: a poesia metafísica de Drummond apresenta traços filosóficos e meditativos, marcados pela desilusão e pelo pessimismo. O livro Claro enigma (1951) compõe essa fase.
Fase memorialista: os livros da fase memorialista apresentam as lembranças da infância do poeta, tais como Caminhos de João Brandão (1970) e Os dias lindos (1977).
2. Considerando o que você aprendeu acerca das características das composições poéticas de Drummond, responda.
a) A qual fase da produção poética de Carlos Drummond de Andrade você associa o poema “Mãos dadas”? Justifique sua resposta, tendo em vista a sua interpretação do poema.
b) O poema “Mãos dadas” foi escrito durante a Segunda Guerra Mundial. De que maneira esse contexto histórico se reflete no poema? Identifique e explique os elementos que sugerem essa relação.
c) Relacione o contexto histórico e a sua interpretação do poema “Mãos dadas” ao título do livro em que ele foi publicado, Sentimento do mundo.
3. a) Espera-se que os estudantes reconheçam que a valorização da incompletude nos versos indicados é uma forma de reconhecimento da simplicidade das coisas, que pode revelar a autenticidade dos momentos e nos mostrar que sempre há algo novo para se descobrir, uma vez que tudo está em transformação.
3. Sobre o poema “Biografia do orvalho”, de Manoel de Barros, responda às questões a seguir.
a) Retome os versos 1 a 3 do poema lido. Em sua interpretação, o que o poeta procura expressar ao valorizar a incompletude?
b) No poema, qual é o efeito de sentido gerado pela enumeração de ações cotidianas e o que tal enumeração procura expressar? Explique, considerando a crítica proposta pelo poema.
c) O poema provoca uma reflexão acerca da rotina diária e da maneira como a natureza é percebida no cotidiano. Analise como essa reflexão é apresentada e compare-a com a sua própria visão sobre a rotina e a natureza ao seu redor. Como as ideias do poema influenciam ou contrastam com a maneira como você percebe essas experiências?
A poética de Manoel de Barros
3. c) Resposta pessoal. Espera-se que, com base na reflexão provocada pelo poema de Manoel de Barros, os estudantes questionem a forma como lidam com as atividades do cotidiano e como observam o mundo ao seu redor.
Manoel de Barros é um importante representante da terceira geração modernista (1945–1980), estudada por você nos capítulos anteriores, tendo como base o poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999). A partir de 1940, os poetas voltaram a sua exploração literária para criações poéticas que tinham como objetivo refletir sobre a condição humana de maneira mais profunda, aproximando o particular do universal .
Por meio dos elementos da natureza que compõem a região do Pantanal, Barros discute a relação do humano com a linguagem e com a sua interioridade. A poesia de Barros apresenta características oralizantes , uso frequente de neologismos e um vocabulário regional que se estabelece como forma para discutir temas universais . Por conta disso, seus escritos são muitas vezes comparados aos de Guimarães Rosa (1908-1967), autor estudado por você no Capítulo 1 deste volume.
4. Como já mencionado, a terceira geração modernista, da qual Manoel de Barros faz parte, buscou refletir de maneira mais profunda sobre a condição humana e a relação entre o particular e o universal que acompanha essa condição. Com base nessa reflexão, responda, no caderno, às questões a seguir.
a) D e que forma as preocupações e os temas abordados no poema “Biografia do orvalho” se conectam com as características da terceira geração modernista?
4. b) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
b) Reflita sobre a escolha da epígrafe de Machado de Assis (1839-1908) para acompanhar o poema “Biografia do orvalho”. Como você interpreta a relação entre a epígrafe e o conteúdo do poema?
5. Compare os poemas “Mãos dadas”, de Carlos Drummond de Andrade, e “Biografia do orvalho”, de Manoel de Barros. Em sua comparação, identifique semelhanças e diferenças na forma como cada poema propõe reflexões sobre a condição humana, tendo em vista as características de cada poeta e as diferenças entre as gerações modernistas de 1930 e 1945.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
6. No poema “Biografia do orvalho”, Manoel de Barros manifesta a necessidade de “ser Outros”.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
• A ssocie a abordagem de Manoel de Barros com a maneira como Fernando Pessoa expressa a multiplicidade de identidades em sua obra.
■ Fotografia do autor, em Campo Grande (MT), 2000.
Manoel de Barros foi um poeta mato-grossense. O autor estudou Direito no Rio de Janeiro, morou na Bolívia e no Peru, mas, em 1960, passou a viver em uma fazenda no Pantanal que pertencia à sua família. Barros escreveu seu primeiro poema aos 19 anos, e seu primeiro livro, intitulado Poemas concebidos sem pecado (1937), possuiu apenas 21 exemplares. Sua obra passou a ser valorizada nacionalmente somente em 1980 e, a partir daí, o autor acumulou diversos prêmios literários. Carlos Drummond de Andrade recusou o título de maior poeta vivo do Brasil em nome de Manoel de Barros.
3. b) A enumeração das ações cotidianas destaca a repetitividade das atividades diárias e o vazio de seus significados diante das potencialidades oferecidas pela vida e pela natureza, levando o leitor a avaliar o que é de fato significativo e essencial na sua existência.
4. a) Ao explorar o cotidiano e a relação do humano com a natureza, o poema “Biografia do orvalho” se conecta com as características da terceira geração modernista, pois transforma a vivência cotidiana e a relação com o ambiente em uma reflexão sobre a condição universal da existência.
7. a) Caeiro e Barros se utilizam da natureza como um meio para explorar e refletir sobre a vida e a identidade, demonstrando como cada poeta constrói sua identidade poética através da relação com o mundo natural. Nesse sentido, Caeiro busca uma conexão com a natureza que se estabelece por meio da associação entre sensações e pensamentos.
7. Tendo em vista seu conhecimento acerca da obra de Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade e Manoel de Barros, responda às questões a seguir.
a) Como a relação com a natureza contribui para a construção da identidade poética em Alberto Caeiro e Manoel de Barros? Explique, considerando os poemas estudados no capítulo.
b) Compare o modo como a relação do eu lírico com a sociedade que o cerca é desenvolvida nos poemas “Mãos dadas”, de Carlos Drummond de Andrade, e no “Poema em linha reta”, de Álvaro de Campos. Em sua comparação, considere os seus conhecimentos sobre as características literárias de Drummond e Pessoa, bem como a diferença de contexto histórico entre os poetas.
7. b) Enquanto Drummond discorre sobre a necessidade do pensamento coletivo e do olhar para o presente em “Mãos dadas”, Campos adota uma postura crítica e desencantada em “Poema em linha reta”. Drummond, escrevendo durante um período de guerra, busca inspirar e unir; Campos, inserido na modernidade tumultuada, critica a falta de autenticidade e a formação de uma sociedade regida pelas aparências.
As vanguardas europeias foram movimentos literários e artísticos que emergiram no início do século XX e buscaram romper com as convenções tradicionais das expressões artísticas. Entre as principais vanguardas, estão o Futurismo, que valorizava a modernidade e a velocidade diante das inovações tecnológicas; o Surrealismo, que explorava o inconsciente, e o Expressionismo, que enfatizava a expressão emocional da subjetividade. No contexto da poesia portuguesa, essas influências podem ser observadas na obra de Fernando Pessoa. Leia, a seguir, um trecho do poema “Ode triunfal”, assinado pelo heterônimo Álvaro de Campos e, em seguida, responda ao que se pede.
Resposta pessoal. O objetivo da questão é incentivar os estudantes a refletir sobre a relação que eles, enquanto indivíduos, e o coletivo, enquanto
estabelecem com a
Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!
Resposta pessoal. O objetivo da questão é incentivar os estudantes a questionar os possíveis impactos dos avanços tecnológicos, considerando tanto a infraestrutura do trânsito quanto os impactos sociais, ambientais e econômicos dos veículos autônomos.
CAMPOS, Álvaro de. Ode triunfal. In: POEMAS de Álvaro de Campos: Fernando Pessoa. [S. l.]: Portal Domínio Público, [202-]. Localizável em: p. 80 do PDF. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/jp000011.pdf. Acesso em: 12 out. 2024.
• No poema, o eu lírico exprime o desejo de se tornar “completo como uma máquina”. Analise criticamente esse desejo, tendo em vista a relação da sociedade contemporânea com a tecnologia.
• O avanço tecnológico, especialmente em relação aos veículos e ao transporte, tem transformado o modo como as pessoas vivem e interagem. Em sua perspectiva, como a invenção de carros autônomos pode impactar a segurança no trânsito?
• As vanguardas europeias foram marcadas pelo desejo de romper com as tradições. No seu ponto de vista, quais são os principais desafios que a juventude atual enfrenta ao tentar implementar mudanças ou inovações? Explique, tendo em vista a sua experiência. Respostas pessoais. O objetivo da questão é provocar os estudantes a refletir sobre os desafios que eles encontram ao tentar validar sua cultura e seus pensamentos diante da sociedade.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Respostas pessoais. Incentive os estudantes a revelar seus conhecimentos prévios acerca do gênero textual e certifique-se de que eles compreendem o gênero como parte do campo de atuação jornalístico-midiático. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
Na seção Estudo Literário, você analisou um poema de Manoel de Barros intitulado “Biografia do orvalho”. Já em seu início, o eu lírico determina: “A maior riqueza do homem é a sua incompletude”. Nesta seção, você vai analisar o perfil biográfico de um homem rodeado de objetos, mas também abastado em incompletudes. O perfil foi publicado, pela primeira vez, na coluna “A vida que ninguém vê”, do jornal gaúcho Zero Hora. De autoria da jornalista Eliane Brum (1966-), essa coluna apresentava aos leitores as vidas que muitos, talvez, não notassem, mas que a repórter fazia questão de enxergar. Posteriormente, essa e outras histórias publicadas na coluna ao longo do ano de 1999 integraram um livro, também intitulado A vida que ninguém vê, vencedor do Prêmio Jabuti 2007 na categoria Reportagem.
Resposta pessoal. Permita que os estudantes levantem hipóteses livremente, sempre de maneira respeitosa. Nas atividades adiante, as hipóteses levantadas serão recuperadas.
Antes de iniciar a primeira leitura do texto, comente com a turma as questões a seguir.
• Leia o título do perfil biográfico e observe a imagem que o acompanha. Depois, levante hipóteses a respeito do seu conteúdo: o que você acha que ele vai abordar?
• Você já teve a experiência de ler um perfil biográfico? Quais conhecimentos possui a respeito desse gênero textual?
• Em sua opinião, que personagens da vida real são interessantes para ocupar as páginas de um perfil biográfico? Por quê?
A Bagé, em Porto Alegre, seria uma rua igual a todas as outras do bairro Petrópolis. Seria, não fosse o número 81. Ele é o pedaço de caos na ordem cósmica da Bagé. O triângulo no meio da fileira de quadrados. O protesto bruto à sociedade de consumo, descartável, implacável. O número 81 da rua Bagé é a toca de um homem pequeno, não mais de metro e meio de altura, mirrado como um suspiro. É a toca de Oscar Kulemkamp. Lá dentro, há fragmentos de uma Porto Alegre inteira.
Ninguém sabe dizer quando foi que Oscar Kulemkamp iniciou sua resistência. O fato é que dia após dia ele peregrina pelas Ruas de Porto Alegre. Começou resgatando banquinhos amputados e lhes devolvendo as pernas. Acabou tomando para si a missão de juntar pedaços da cidade. Vai de lixeira em lixeira, até onde alcança, recolhendo nacos de pau e de canos, ventiladores estragados, vasos quebrados, brinquedos abandonados. Tarefa árdua, porque ele é um só combatente contra um exército de 1,3 milhão de pessoas que todos os dias botam fora as sobras das suas vidas.
Oscar Kulemkamp apropriou-se dessas vidas jogadas fora. E salvou-as do aterro sanitário do esquecimento. Foi assim que o chalé de madeira onde criou os sete filhos se transformou numa toca. Retalhos de existência foram tomando conta das peças da casa. Quando o interior ficou abarrotado, começou a ocupar o quintal, o corredor, os fundos. Quando todos os espaços foram preenchidos, passou a pendurar nos galhos ■ Imagem do livro A vida que ninguém vê.
Respostas pessoais. É possível que os estudantes destaquem que pessoas conhecidas e que chamam a atenção da opinião pública são interessantes para ocupar as páginas de um perfil biográfico. Essa visão não está errada, ao contrário, dialoga com as diretrizes da maioria dos veículos jornalísticos que publicam perfis, normalmente de políticos, artistas, ativistas etc. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
dos cinamomos, dos abacateiros. Depois das árvores foi a vez da calçada. O casulo de Oscar Kulemkamp não parou mais de crescer. Agora as janelas já estão cobertas de obsolescências e ele só penetra na casa esgueirando-se por um túnel de restos.
Não fosse reinventar o mundo, Oscar Kulemkamp seria dono apenas de uma vida que partiu. Como a mulher, quatro anos atrás. E uma filha, de câncer. Garçom a maior parte de seus 85 anos, as mesas que serviu já não existem. São nomes do passado, quase pó, como Restaurante Sherazade. Histórias não mais contadas, ruas que já se foram, personagens que só povoam os cemitérios.
Ele emerge de seu túnel sem tempo como uma toupeira miúda. Veste roupas pobres, puídas e encardidas pela poeira dos dias. Está mais surdo do que porta de igreja, como ele diz. E não fosse recolher restos de existências alheias, teria somente os dois filhos que compartilham de sua caverna — um que vive nas trevas e jamais sai de casa, outro que às vezes o ameaça de morte. Os quatro filhos que casaram e não compreendem a sua obsessão. E os dois gatos que travam infindáveis batalhas com o esquadrão de ratos que persegue o rastro do antigo habitante da Bagé.
Oscar Kulemkamp teceu sua colcha de retalhos com a vida dos outros. Com o refugo da vida dos outros. Cartões que jamais foram enviados a ele. ‘Rezei tanto para ficar com você nesse Natal.’ Manuais de objetos que nunca lhe pertenceram. ‘Atenção: esse televisor reúne várias inovações. Para entendê-lo e aproveitar todos os seus recursos é indispensável que o primeiro passo seja ler o manual de instruções.’ Encomendas que nunca fez. ‘Trabalhos pagos com cheques só serão entregues após a compensação dos mesmos.’ Identidades alheias, carteiras de profissões que nunca serão suas. Páginas de revistas, panfletos, santinhos. Quadro de uma família real, gravura de neve. Até mesmo um pedaço de papel escrito ’Sou feliz!’. Bolas de Natal de uma árvore que não brilhou no seu dezembro.
No esconderijo de Oscar Kulemkamp, os balões murchos do aniversário de uma criança que não conheceu decoram todos os dias de sua vida. Um enfeite feito de palitos de picolé por um filho — e mais tarde abandonado pela mãe que o recebeu — foi acomodado no armário da sala. As bonecas tortas, quebradas, esbodegadas foram enfileiradas. E as meninas rejeitadas que sorriem das fotografias, penduradas como netas queridas.
■ Fotografia de Eliane Brum, 2023.
Eliane Brum (1966-) é uma jornalista, escritora e documentarista gaúcha, nascida em Ijuí (RS). Ao longo de sua trajetória, trabalhou em diversos veículos de comunicação, como o jornal Zero Hora (Porto Alegre), onde iniciou sua carreira, a revista Época (2009-2013) e os jornais El País Brasil e El País Espanha , em que mantém colunas quinzenais. Além do trabalho em jornais, realiza projetos de cobertura jornalística sobre as populações da Amazônia e da periferia de São Paulo. Sua escrita é marcada pelo rompimento de barreiras entre a linguagem jornalística e a linguagem literária.
Os vizinhos se assustam com aquele casulo que cresce sem parar, aquelas sombras metade árvores metade lixo que avançam sobre a rua. Uma moradora pediu providências ao Departamento Municipal de Limpeza Urbana, que carregou parte do tesouro de Oscar Kulemkamp. Tão desesperado ele ficou que mais ninguém teve coragem de ensaiar protesto. Um vizinho compreensivo já deixou de prontidão a mangueira, para que no dia em que tudo aquilo virar chamas consiga pelo menos salvar o homem engastado em sua caverna. Então ele poderá iniciar novamente a sua jornada sem fim para salvar os pedaços da cidade.
Quando surge lá de dentro, desconfiado e sorridente, Oscar Kulemkamp já vai explicando que um dia, um dia em breve, vai levar tudo aquilo para construir uma casa na praia. Uma Pasárgada onde bonecas cansadas, fotografias de crianças que já se deixou de amar e cartões de aniversário que se foram não virem lixo. Um mundo onde nem coisas nem pessoas sejam descartáveis. Onde nada nem ninguém fique obsoleto depois de velho, quebrado ou torto. Um mundo onde todos tenham igual valor. E a nenhum seja dado uma lixeira por destino. O número 81 da rua Bagé é o castelo de um homem que inventou um mundo sem sobras. Dando valor ao que não tinha, Oscar Kulemkamp deu valor a si mesmo. Colecionando vidas jogadas fora, Oscar Kulemkamp salvou a sua. Talvez seja esse o mistério do número 81. E talvez por isso seja tão assustador. [29 de maio 1999]
BRUM, Eliane. O colecionador das almas sobradas. In: BRUM, Eliane. A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2006. p. 48-50.
1. a) Respostas pessoais. Solicite aos estudantes que indiquem a hipótese que havia sido levantada e descrevam, em poucas frases, o conteúdo abordado no perfil, relacionando as semelhanças e as diferenças entre eles. Aproveite o exercício para verificar a compreensão da turma acerca do texto.
1. b) O colecionador é Oscar Kulemkamp, e as almas sobradas são os objetos e móveis descartados que ele coleta em lixeiras de Porto Alegre.
2. b) O perfil biográfico apresenta Oscar Kulemkamp, que ocupa a sua vida colecionando os itens descartados por outras pessoas; itens, portanto, da vida dos outros.
1. Observe as características do texto “O colecionador das almas sobradas” e responda, no caderno, às questões a seguir.
a) As hipóteses levantadas por você sobre o gênero perfil biográfico se confirmaram após a leitura do texto? Explique sua resposta.
b) O título do perfil biográfico é “O colecionador das almas sobradas”. Com base na leitura feita, quem é o colecionador e o que as almas sobradas representam?
c) Quais são as suas impressões após a da leitura do perfil biográfico? Em sua opinião, ele pode ser considerado um texto do campo jornalístico-midiático? Compartilhe sua opinião com os colegas.
2. Leia novamente a frase que inicia o sexto parágrafo do perfil biográfico: “Oscar Kulemkamp teceu sua colcha de retalhos com a vida dos outros.”
3. a) Ele desempenha a tarefa de caminhar pelas ruas de Porto Alegre resgatando móveis e objetos descartados em lixeiras para consertá-los ou reutilizá-los de alguma maneira.
a) A que a expressão colcha de retalhos se refere no texto?
Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor. 2. a) Refere-se à vida de Oscar Kulemkamp.
b) De que maneira a frase resume os acontecimentos apresentados no perfil biográfico? Explique.
3. Releia o segundo parágrafo do perfil biográfico para responder às questões.
a) Qual é a tarefa desempenhada por Oscar Kulemkamp?
3. b) Porque ele desempenha a sua tarefa resistindo a um “exército de 1,3 milhão de pessoas” que todos os dias descartam seus resíduos.
b) Por que a repórter utiliza a palavra resistência para classificar a tarefa desempenhada por Oscar Kulemkamp?
c) No texto, o “exército de 1,3 milhões de pessoas” é formado por quem? Copie no caderno a alternativa que julgar correta.
I. Pelos moradores do Brasil que descartam seus bens de maneira desenfreada.
II. Pela população de Porto Alegre que descarta os objetos e móveis que não lhe servem mais.
III. Pelos trabalhadores de aterros sanitários, que não promovem o descarte adequado dos resíduos.
4. O segundo parágrafo apresenta um Oscar Kulemkamp heroico, resistindo sozinho contra um exército de mais de um milhão de combatentes. No entanto, ao longo da leitura, é possível perceber que as ações do senhor de “não mais de metro e meio de altura” também apresentam um caráter controverso.
a) Em algum momento do texto, você questionou as atitudes de Oscar Kulemkamp? Se necessário, releia o perfil. Depois, copie no caderno os trechos em que essas atitudes são mencionadas.
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b) De que maneira a apresentação de outras pessoas relacionadas à vida de Oscar Kulemkamp auxilia o leitor a questionar o perfil apenas heroico do biografado?
Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
Tanto no perfil biográfico quanto na biografia , a atenção do texto, do autor e do leitor está destinada a um personagem central: o biografado. A maneira, no entanto, como essa atenção é desviada para esse foco, difere. O perfil biográfico corresponde a uma narrativa curta tanto no tamanho do texto quanto na quantidade de informações que apresenta. Enquanto no gênero textual biografia, os autores precisam abordar detalhes da história do biografado, nos perfis, alguns momentos da vida do biografado são destacados, e isso basta. O perfil, portanto, funciona como uma lupa sobre certos acontecimentos que permitem ao leitor compreender, com maior profundidade, a pessoa exposta no texto.
3. c) Resposta correta: II. No Censo de 2022, a cidade de Porto Alegre continuava a contar com 1332845 habitantes, representando 12,25% da população do Estado do Rio Grande do Sul. Para obter mais informações sobre esses dados, consulte o site : https://cidades. ibge.gov.br/brasil/rs/porto-alegre/panorama (acesso em: 12 out. 2024).
5. a) A “vida que partiu” se refere à vida de Oscar Kulemkamp no passado. A frase, portanto, introduz a narrativa breve de acontecimentos pregressos na vida do biografado: a morte da esposa e da filha, o emprego como garçom, o local de trabalho que fechou, as pessoas com quem ele convivia que provavelmente já faleceram.
Ao construir um texto verbal é possível utilizar a linguagem de duas maneiras: a conotativa e a denotativa. A linguagem denotativa diz respeito ao sentido literal e dicionarizado das palavras. Já a linguagem conotativa utiliza o sentido figurado das palavras, que depende do contexto para ser compreendido. As figuras de linguagem são recursos da língua que exploram a linguagem conotativa. O termo figura utilizado para denominá-las já denuncia o caráter figurado que assumem no texto.
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5. Releia a frase que inicia o quarto parágrafo do perfil biográfico. Não fosse reinventar o mundo, Oscar Kulemkamp seria dono apenas de uma vida que partiu.
a) A qual “vida que partiu” a frase se refere? Quais acontecimentos a frase introduz?
b) De que maneira a frase tenta explicar a obsessão de Oscar Kulemkamp pelos restos de Porto Alegre?
6. No perfil biográfico “O colecionador das almas sobradas” há o emprego de diversas figuras de linguagem que compõem a narrativa da vida de Oscar Kulemkamp e auxiliam tanto a descrevê-lo quanto a descrever a casa na qual ele comporta os restos que coleciona. No diagrama a seguir, observe a explicação de algumas figuras de linguagem estudadas ao longo da coleção.
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Gradação
Sequenciação de palavras que estabelecem entre si uma relação de progressão ou regressão.
Metáfora
Transposição de significados por meio de uma comparação implícita entre sentidos: uma palavra ou expressão é usada no lugar de outra.
Comparação
Aproximação de duas palavras ou expressões de universos diferentes, o que causa uma semelhança entre seus sentidos.
Prosopopeia ou personificação
Características humanas atribuídas a objetos, animais, seres inanimados ou sentimentos.
A seguir, são apresentados quatro trechos do perfil biográfico lido. No caderno, copie cada trecho indicando a figura de linguagem utilizada e explicando o seu uso.
I. Começou resgatando banquinhos amputados e lhes devolvendo as pernas.
II. Retalhos de existência foram tomando conta das peças da casa.
III. Quando o interior ficou abarrotado, começou a ocupar o quintal, o corredor, os fundos.
IV. Ele emerge de seu túnel sem tempo como uma toupeira miúda.
7. O emprego de uma metáfora no texto pode cumprir a função coesiva de retomar um termo anteriormente apresentado. Muitas vezes, o emprego de uma sucessão de metáforas envolvendo uma mesma ideia central provoca não só relações coesivas como também um nível diferente de sentido e textualidade. Esse recurso é empregado no perfil biográfico escrito por Eliane Brum.
a) Indique três metáforas utilizadas no texto para designar a casa de número 81, onde vive Oscar Kulemkamp. Que imagem central essas palavras criam para a descrição dessa casa?
b) Indique três metáforas utilizadas no texto para designar os móveis e os objetos descartados que Oscar Kulemkamp coleciona. Que imagem central essas palavras criam para a descrição desses descartes?
7. a) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
8. O perfil biográfico escrito por Eliane Brum faz um movimento circular. Tanto na introdução quanto na conclusão evidencia dois aspectos bastante analisados em todo o texto. Releia a seguir esses dois trechos.
5. b) A frase afirma que se não fosse a ânsia de Oscar Kulemkamp por reinventar o mundo – ou seja, colecionar os descartes da cidade de Porto Alegre — ele só teria o seu próprio passado para rememorar, e não seria dono do passado dos outros também.
7. b) Respostas pessoais. Sugestões de resposta: almas sobradas, pedaços da cidade, vidas jogadas fora, retalhos de existência, obsolescências, restos de existências alheias, refugo da vida dos outros. A imagem central de abandono provocado por outros.
• Um homem que inventou um mundo sem sobras.
• Um homem que deu valor ao que não tinha e, consequentemente, deu valor a si mesmo.
• Um homem que colecionou vidas jogadas fora e salvou a sua.
A Bagé, em Porto Alegre, seria uma rua igual a todas as outras do bairro Petrópolis. Seria, não fosse o número 81. Ele é o pedaço de caos na ordem cósmica da Bagé. O triângulo no meio da fileira de quadrados. O protesto bruto à sociedade de consumo, descartável, implacável. O número 81 da rua Bagé é a toca de um homem pequeno, não mais de metro e meio de altura, mirrado como um suspiro. É a toca de Oscar Kulemkamp. Lá dentro, há fragmentos de uma Porto Alegre inteira.
O número 81 da rua Bagé é o castelo de um homem que inventou um mundo sem sobras. Dando valor ao que não tinha, Oscar Kulemkamp deu valor a si mesmo. Colecionando vidas jogadas fora, Oscar Kulemkamp salvou a sua. Talvez seja esse o mistério do número 81. E talvez por isso seja tão assustador.
a) Por que a rua Bagé não é igual a todas as outras?
Porque nela está a casa de número 81, onde mora Oscar Kulemkamp.
8. b) Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
b) Copie o quadro a seguir, no caderno, para organizar as descrições apresentadas a respeito aos dois aspectos na introdução e na conclusão.
• Um homem pequeno, não mais de metro e meio de altura.
• Um homem mirrado como um suspiro.
Aspecto I: Oscar Kulemkamp Aspecto II: casa
Introdução
Conclusão
• É o castelo de Oscar Kulemkamp.
• É o pedaço de caos na ordem cósmica da Bagé.
• É o triângulo no meio da fileira de quadrados.
• É o protesto bruto à sociedade de consumo.
• É a toca de Oscar Kulemkamp.
• Nela, há fragmentos de uma Porto Alegre inteira.
c) Com base na conclusão do perfil, qual é o mistério e o espanto do número 81 da rua Bagé? De que maneira o espanto pode estar relacionado à visão existente em uma sociedade do consumo?
Perfil biográfico
O gênero textual perfil biográfico é pertencente ao campo de atuação jornalístico-midiático e apresenta uma predominância do tipo textual narrativo, pois é um discurso que relata acontecimentos vividos pelo biografado. O tipo descritivo, por sua vez, também se faz presente e, em alguns casos, até mesmo o argumentativo.
9. Os espaços e os relacionamentos que envolvem a trajetória do biografado são essenciais para a construção do perfil biográfico.
a) Faça uma nova leitura do perfil “O colecionador das almas sobradas” e utilize o modelo do quadro
Rua Bagé, cidade de Porto
Alegre, casa de número 81, restaurante Sherazade, a praia (sonho).
Espaços
Relacionamentos
A esposa e a filha que faleceram, personagens que só povoam os cemitérios, dois filhos que moram com Oscar, quatro filhos que não compreendem a sua obsessão, vizinhos.
a seguir para, no caderno, organizar as indicações de lugares e pessoas que aparecem no texto.
b) Copie, no caderno, a afirmativa correta acerca da relação de Oscar Kulemkamp com os lugares e as pessoas apresentados no texto de Eliane Brum.
Resposta correta: afirmativa I.
I. Assim como os objetos que coleciona, Oscar Kulemkamp foi descartado em suas relações e agora se dedica às almas sobradas e aos lugares restritos pelos quais circula: a sua toca e as lixeiras de Porto Alegre.
II. Da mesma maneira que coleciona objetos, Oscar Kulemkamp também acumulou relações, construindo uma velhice acompanhada por familiares e vizinhos. O sonho de ir à praia demonstra a sua habilidade para se locomover por diversos lugares.
10. a) Terceira pessoa. Possibilidade de resposta: “O fato é que dia após dia ele peregrina pelas Ruas de Porto Alegre.”; “Retalhos de existência foram tomando conta das peças da casa.”
10. Procure fazer uma leitura geral do texto, com especial atenção aos verbos empregados nele.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
a) Em que pessoa verbal o relato lido foi construído? Copie, no caderno, dois trechos que justifiquem a sua resposta.
10. b) O uso da terceira pessoa enfatiza o olhar do outro sobre uma vida, ou seja, o biógrafo relata a vida de outra pessoa, representando um ponto de vista externo.
b) O que essa escolha da pessoa verbal indica sobre o ponto de vista presente no texto?
c) N o texto, alguns verbos são empregados em dois tempos verbais. Quais são eles?
Presente e pretérito.
Características do perfil biográfico
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Em um perfil biográfico, existem quatro aspectos fundamentais, aos quais tanto o biógrafo quanto o leitor atento devem prestar a devida atenção. Os quatro são descritos a seguir.
• Espaços: locais de encontro do biógrafo com o biografado ou com as pessoas próximas a ele. Locais que permitem ao leitor ter uma maior percepção da vida do biografado.
• Tempos: tempos que compõem a trajetória, não necessariamente de maneira linear. O tempo se refere tanto ao que é lembrado pelo biografado e outros depoentes quanto ao que é vivido pelo biografado, pelos depoentes e até mesmo pelo próprio biógrafo.
• Circunstâncias: englobam aquilo que é imponderável, aquilo que o biógrafo não consegue prever antes de se relacionar com o biografado. Caso o imponderável afete muito o processo de pesquisa e entrevistas relacionado à construção do perfil, o texto também pode refletir as dificuldades de seus bastidores.
• Relacionamentos: assim como os espaços, fornecem ao biógrafo e, posteriormente, ao leitor, as pistas para o universo particular do biografado.
11. É comum que a leitura de um perfil suscite a reflexão acerca de aspectos universais da existência, cumprindo um papel de, inclusive, gerar empatia no leitor. Os perfis que promovem essa sensibilização costumam ser os mais interessantes.
a) De que maneira o perfil “O colecionador das almas sobradas” procura promover uma reflexão acerca do descarte nas relações pessoais?
b) A escrita do perfil biográfico, muitas vezes, une a narrativa de acontecimentos à reflexão sobre eles. De que maneira o consumo desenfreado da sociedade atual é questionado por meio da narrativa apresentada?
11. b) e 11. c) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
c) De que maneira o texto lido faz você refletir sobre os seus hábitos de consumo e descarte de objetos? Você já pensou no destino dos objetos descartados por você? Explique.
ENTRE GÊNEROS
11. a) Essa reflexão é promovida por meio da figura de Oscar Kulemkamp, que parece ter sido descartado de suas relações pessoais, especialmente as da família, e procura abrigo em outros “seres” descartados.
Outro gênero textual que se aproxima do perfil biográfico, muitas vezes causando confusão na classificação, é o relato de experiência vivida . Em comum, os dois gêneros apresentam o domínio da documentação de experiências humanas. No entanto, o relato carrega um caráter mais subjetivo e está, por isso, atrelado ao campo de atuação da vida pessoal do próprio narrador; enquanto o perfil biográfico apresenta um olhar externo sobre uma trajetória de vida, estando, assim, relacionado ao campo de atuação jornalístico-midiático.
12. No gênero textual reportagem, o processo de apuração é essencial. Esse processo é igualmente importante na elaboração de um perfil biográfico. Ao ler o perfil escrito por Eliane Brum, quais ações você imagina que ela desempenhou no momento da apuração dos fatos? Levante hipóteses a respeito e compartilhe-as com os colegas.
12. Respostas pessoais. Os estudantes estudaram o gênero textual reportagem no Capítulo 1, do Volume 2 . Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
14. a) Dentre os significados do termo casulo, tem-se: um invólucro em que uma larva sofre metamorfose; um invólucro de filamentos; e, no sentido figurativo, um lugar que protege e que é isolado, recluso.
Considerando que a casa de Oscar Kulemkamp passou a receber os dejetos de vida de outras pessoas — na visão do narrador, salvando suas histórias — ela apresentada como um local de abrigo dessas histórias, além de possibilitar mudanças na vida de seu morador, recluso em meio a elas.
O gênero nobre do jornalismo literário
O perfil biográfico é um gênero textual que ganhou uma maior atenção dos jornalistas conhecidos pela atuação no chamado jornalismo literário. Tanto o termo jornalismo literário quanto o termo Novo Jornalismo (New Journalism, em inglês) descrevem um movimento de estilo de escrita que se afastou dos padrões impostos pelo fazer jornalístico — baseado na imparcialidade e na objetividade, o que acabava por produzir um texto bastante tecnicista — e se aproximou de uma escrita narrativa jornalística carregada de recursos literários, mas ainda empenhada em retratar a realidade. Surgido na década de 1960, nos Estados Unidos, o jornalismo literário ainda conta com alguns adeptos que se aventuram em seguir as práticas de renomados jornalistas desse movimento, como Tom Wolfe (19302018) e Gay Talese (1932-). O perfil biográfico é um gênero textual que abriga essas experiências jornalísticas até hoje. No Brasil, publicações como as revistas Piauí e Brasileiros exploram esse tipo de produção. O trabalho de Eliane Brum na coluna “A vida que ninguém vê” também foi, por vezes, classificado nesse contexto.
13. Releia este trecho de A vida que ninguém vê
■ Fotografia de Tom Wolfe ao lado de Gay Talese. Nova York (EUA), 1998.
Ninguém sabe dizer quando foi que Oscar Kulemkamp iniciou sua resistência. O fato é que dia após dia ele peregrina pelas ruas de Porto Alegre.
a) Ao se considerar o trecho da oração “O fato é […]”, de que modo o trecho seguinte completa a ideia?
O trecho seguinte especifica o fato.
b) A conjunção que, nesse trecho, realiza de que modo a conexão entre as orações?
A conjunção é a responsável por introduzir a oração que complementa o sentido da primeira oração.
c) E xplique o efeito de sentido que o uso dessa estrutura apresenta no trecho.
O efeito de sentido é especificar o fato mencionado pelo narrador.
14. Agora, leia este outro trecho do texto.
O casulo de Oscar Kulemkamp não parou mais de crescer. Agora as janelas já estão cobertas de obsolescências e ele só penetra na casa esgueirando-se por um túnel de restos.
a) E xplique por que o narrador denomina a casa de Oscar Kulemkamp como casulo no trecho, considerando também a mensagem contida na história completa. Se necessário, consulte o termo no dicionário para compor sua resposta.
b) Agora, explique o que seriam as obsolescências que cobrem as janelas e o sentido do uso dessa palavra no contexto do texto. Se necessário, consulte em um dicionário o sentido da palavra.
c) Ainda no contexto do texto, o que seria um “túnel de restos”?
Os dejetos ocupando o espaço da casa, deixando apenas um espaço pequeno de passagem.
d) Que relação de sentido existe entre as janelas cobertas de obsolescências e a forma de adentrar na casa?
A entrada na casa só é possível através do túnel que se abre em meio às obsolescências.
e) Que recurso linguístico presente no trecho referente ao item d estabelece a conexão entre essas duas ideias? E que conexão é essa?
A conjunção e. É uma conexão de soma entre as duas ideias.
15. O texto é escrito com períodos curtos. Com a ajuda de um colega, levante uma hipótese para explicar o objetivo dessa organização e seu efeito de sentido no texto.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
14. b) Seriam os dejetos que ele coleta pelas ruas de Porto Alegre. Obsolescência é o processo de envelhecimento de coisas, que deixam de funcionar e acabam descartadas. Nesse sentido, as obsolescências citadas são um eufemismo para expressar o lixo deixado pelas pessoas, coisas que elas não desejam mais e descartam e que, portanto, estão fadadas ao seu fim.
Em 1998, Marcelo Rech (1962-), então diretor de redação do jornal Zero Hora resolveu colocar à prova a sua convicção de que tudo — qualquer pequena matéria de realidade — pode se tornar uma grande reportagem nas mãos de um grande repórter. Para isso, convocou Eliane Brum, que na época já se mostrava uma das repórteres mais brilhantes do jornal gaúcho, e lançou a ela o desafio de contar as histórias de pessoas anônimas com o olhar jornalístico apurado para aquilo que é extraordinário e merece ser noticiado, mesmo quando perdido em meio ao dia a dia das trajetórias comuns. A seguir, leia um trecho do texto no qual a própria Eliane Brum comenta a experiência desse desafio.
O olhar insubordinado
Sempre gostei das histórias pequenas. Das que se repetem, das que pertencem à gente comum. Das desimportantes. O oposto, portanto, do jornalismo clássico. Usando o clichê da reportagem, eu sempre me interessei mais pelo cachorro que morde o homem do que pelo homem que morde o cachorro — embora ache que essa seria uma história e tanto. O que esse olhar desvela é que o ordinário da vida é o extraordinário. E o que a rotina faz com a gente é encobrir essa verdade, fazendo com que o milagre do que cada vida é se torne banal. Esse é o encanto de A vida que ninguém vê : contar os dramas anônimos como os épicos que são, como se cada Zé fosse um Ulisses, não por favor ou exercício de escrita, mas porque cada Zé é um Ulisses. E cada pequena vida uma Odisseia
BRUM, Eliane. O olhar insubordinado. In: BRUM, Eliane. A vida que ninguém vê. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2006. p. 187.
1. Leia, a seguir, o significado do adjetivo insubordinado de acordo com o dicionário Michaelis. insubordinado in·su·bor·di·na·do adj sm
1. É um olhar que subverte, não obedece aos ditames do jornalismo clássico e se permite enxergar o que há de extraordinário, mesmo nas vidas e realidades que, à primeira vista, parecem banais ou corriqueiras.
1 Que ou aquele que faltou à subordinação e à disciplina: “Aos vinte anos, tendo sentado praça, era um cadete desordeiro, jogador e o mais insubordinado do seu regimento” (MAA). Os insubordinados foram chamados à diretoria e punidos.
2 Que ou quem denota desobediência ou insubordinação nas atitudes.
ETIMOLOGIA part de insubordinar.
INSUBORDINADO. In: MICHAELIS. [São Paulo]: Melhoramentos, c2024. Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/palavra/za5Z1/insubordinado/. Acesso em: 13 out. 2024.
• Com base na leitura da acepção da palavra e do trecho do texto apresentado anteriormente, explique o que seria o “olhar insubordinado” praticado e cultuado por Eliane Brum.
2. c) Respostas pessoais. Embora a resposta seja pessoal, incentive os estudantes a relembrar a maneira como Eliane Brum descreve a vida de Oscar Kulemkamp de maneira heroica, chegando a comparar a sua obsessão acumuladora com uma guerra contra um “exército de 1,3 milhão de pessoas” que todos os dias descartam seus resíduos; comparando a casa de número 81 a um castelo; enxergando um homem descartado pela realidade como alguém, de fato, extraordinário.
2. O texto apresenta uma relação de intertextualidade com a obra Odisseia, um dos dois principais poemas épicos da Grécia antiga, atribuídos a Homero, no qual Ulisses é o herói e personagem principal. Acompanhe os passos a seguir para realizar uma pesquisa acerca dessa obra.
• Na biblioteca da escola, procure pela obra Odisseia e faça a leitura de algumas de suas páginas.
• Busque por comentários a respeito da obra em vídeos de booktubers renomados ou vídeos de divulgação científica confiáveis.
• Procure pelo resumo da obra em portais confiáveis.
• Converse com os professores de Língua Portuguesa e História a respeito de suas descobertas da obra.
2. a) Eliane recorre ao nome bastante comum no Brasil “Zé” para se referir aos personagens comuns, afirmando que mesmo a narrativa de vidas anônimas podem ser vistas como grandes narrativas.
2. b) Não, para Eliane Brum, uma vida não se torna extraordinária “por favor ou exercício de escrita”, mas porque, de fato, é. Basta insubordinar o olhar para enxergar essa realidade.
■ MOSAICO de Ulisses. [Sec. III d.C.]. Mosaico, 370 cm × 130 cm. Museu Nacional do Bardo, na Tunísia.
a) Agora que você já sabe mais sobre a Odisseia e Ulisses, de que maneira essa obra explica a comparação do personagem épico com os personagens anônimos, feita por Eliane Brum?
b) Marcelo Rech acreditava que qualquer vida se tornaria importante se narrada no texto de um grande repórter. Eliane Brum concorda com essa visão? Por quê? Justifique sua resposta utilizando um trecho do texto.
c) Em sua opinião, no perfil “O colecionador das almas sobradas”, que você leu nesta seção, Eliane Brum consegue aplicar o seu olhar insubordinado? Por quê?
Respostas pessoais. Incentive os estudantes a concordar ou não, com liberdade, desde que sustentando a opinião proferida com argumentos consistentes.
Observe, ao lado direito, a capa do livro A vida que ninguém vê, no qual o perfil biográfico que você leu é apresentado.
• De que maneira a fotografia que compõe a capa e a forma como ela foi editada se relacionam à tese de Eliane Brum a respeito do olhar insubordinado? Justifique a sua resposta.
• Você concorda com a tese de Eliane Brum a respeito do que a rotina provoca em nosso olhar (“o que a rotina faz com a gente é encobrir essa verdade, fazendo com que o milagre do que cada vida é se torne banal”)? Por quê?
• E m sua opinião, na velocidade imposta pela vida moderna, é possível treinar o olhar insubordinado para as pessoas à nossa volta? Que mudança social esse comportamento pode suscitar?
Respostas pessoais. Incentive os estudantes a perceber como olhar para a própria vida e para a vida das pessoas que os rodeiam, enxergando-as como extraordinárias pode estimulá-los a lutar por valorização e mudanças no entorno.
■ Capa do livro A vida que ninguém vê.
Respostas pessoais. A fotografia revela uma imagem embaçada, na qual um cenário urbano surge ao fundo e uma série de pessoas à frente. Um quadrado é aplicado na imagem e destaca uma pessoa, em meio à multidão, que aparece com maior nitidez para o leitor. A imagem, portanto, parece demonstrar o exercício proposto por Eliane Brum de testar o olhar para que ele encontre o extraordinário em meio à correria da rotina.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Nas seções Estudo Literário e Estudo do Gênero Textual, você analisou os sentidos de textos organizados por meio da coordenação e da subordinação entre as orações que compõem os períodos, considerando os propósitos de cada texto. Nesta seção, o estudo dos períodos compostos será aprofundado por meio da análise de trechos de textos já lidos e textos de outros gêneros. Na organização da subordinação, serão abordados três tipos de orações substantivas: a subjetiva, a predicativa e a completiva nominal.
1. a) A lógica se estabelece por uma cadeia de equivalências: o eu lírico é um guardador de rebanhos, esses rebanhos são os seus pensamentos, e os pensamentos são sensações. Portanto, pode-se compreender que os rebanhos são, em última instância, sensações.
Ao organizar sintaticamente um período em um texto, o enunciador segue uma determinada lógica para dispor as informações: em orações únicas, que configuram períodos simples, ou por meio de mais de uma oração, que formam períodos compostos.
Ao organizar períodos compostos, o enunciador estabelece relações de dependência ou independência sintática entre as orações. Nas relações de independência, essas orações são interligadas por coordenação, por meio de um sentido expresso pela conjunção que as coordenam.
1. Releia os três primeiros versos de “O guardador de rebanhos”, de Alberto Caeiro, e responda às questões.
1. b) Alguém que cuida, que zela para que o rebanho (pensamentos) não fuja.
Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
1. c) É possível pensar que se trata de estabelecer uma comparação entre um elemento concreto e um abstrato, para que a abrangência deste possa ser mais palpável ao leitor.
E os meus pensamentos são todos sensações.
1. d) Essa conjunção estabelece a relação de sequenciação lógica e de adição de informações.
a) O eu lírico constrói os versos por meio de uma lógica. Explique como ela se estabelece.
b) No contexto, qual é o sentido de o eu lírico ser um guardador de rebanhos? Que funções ele teria, considerando a abrangência do termo em destaque?
c) Que interpretações são possíveis da associação de rebanhos (elemento concreto) a pensamentos (elemento abstrato)?
d) Que função tem a conjunção e para o estabelecimento do sentido do trecho?
2. Agora, releia este trecho de A vida que ninguém vê.
O número 81 da rua Bagé é a toca de um homem pequeno, não mais de metro e meio de altura, mirrado como um suspiro. É a toca de Oscar Kulemkamp.
a) O homem é apresentado por meio de uma comparação metafórica. Explique-a, assim como as características que ela evidencia em Oscar Kulemkamp.
b) Descreva os atributos físicos que definem o homem.
Ele é pequeno e mirrado.
c) Os atributos do homem são apresentados, sintaticamente, por meio de uma sequência de orações e expressões separadas por vírgulas. Dentre as opções a seguir, copie, no caderno, o sentido expresso por essas vírgulas.
2. a) Compara-se seu aspecto mirrado, pequeno, ao de um suspiro, que também é leve, mas ainda quase imperceptível, além de breve. Essa metáfora evidencia, além do aspecto físico, certa invisibilidade social do homem.
3. Ambas as ideias nos trechos são construídas de modo semelhante por meio de um sentido de soma, adição, porém, em “O guardador de rebanhos”, isso ocorre para estabelecer a progressão lógica, por meio da conjunção e; e, em A vida que ninguém vê, ocorre para apresentar o encadeamento de ações, por meio de vírgulas.
I. De explicação sobre as características do homem.
II. De soma das características do homem, estabelecendo, assim, continuidade no trecho.
III. De conclusão sobre as características do homem.
IV. De oposição entre essas características. 2. c) O sentido expresso é o II.
A coordenação no período composto
O período composto por coordenação é formado por orações independentes sintaticamente , cada uma com sua estrutura e lógica completas , mas dispostas em sequência e ligadas por uma conjunção. Assim, o período é composto pela ideia contida na união entre essas duas orações.
3. As ideias contidas nos dois trechos possuem construções sintáticas coordenadas que expressam um sentido semelhante entre seus termos. Explique a semelhança e a diferença entre esses sentidos.
Orações coordenadas
As orações coordenadas , por serem independentes, podem ou não estar ligadas entre si por meio de um síndeto, ou seja, de uma conjunção que as coordene e estabeleça o sentido entre elas.
Quando essas orações só estão dispostas lado a lado, justapostas e separadas por vírgulas, sem conjunção, apenas ligadas pelo sentido entre elas, são consideradas assindéticas . É o que ocorre com a apresentação dos atributos de Oscar Kulemkamp, no trecho da questão 2.
Já quando a relação entre as orações é estabelecida por uma conjunção, são consideradas sindéticas , como apresentado no trecho de “O guardador de rebanhos”, da questão 1.
4. Agora, releia mais este trecho do texto apresentado anteriormente e copie no caderno a informação correta sobre a conjunção em destaque.
Está mais surdo do que porta de igreja, como ele diz. E não fosse recolher restos de existências alheias, teria somente os dois filhos que compartilham de sua caverna […].
I. A conjunção expressa sentido de oposição entre ter dois filhos e compartilhar a caverna.
II. A conjunção expressa sentido de adição de “estar surdo” com “ter uma determinada quantidade de filhos” e o compartilhamento da caverna.
III. A conjunção expressa sentido de conclusão sobre o porquê de ter dois filhos em relação ao compartilhamento da caverna.
5. Releia agora mais alguns versos de “O guardador de rebanhos”, para compreender essa construção sintática.
4. A informação correta é a II. A relação de conexão não está estabelecida dentro da própria frase, entre ter dois filhos e eles compartilharem a caverna, mas entre essas informações e Oscar estar mais surdo do que a porta de igreja.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto.
5. b) Elas estão ligadas por meio de uma conjunção, e, que expressa a ideia de soma das ações.
5. d) Expressa uma ideia de conclusão sobre a causa de se sentir triste ao aproveitar tanto os dias quentes.
a) O eu lírico expressa duas ações associadas a pensar em uma flor. Quais são elas?
Vê-la e cheirá-la.
b) De que modo essas ações estão ligadas e que sentido expressam?
c) De que modo o segundo verso se liga ao primeiro?
Também por meio de uma conjunção, e
d) No terceiro verso, a conjunção por isso expressa qual ideia em relação aos versos anteriores?
e) Pensando nessa disposição sintática, explique a trajetória lógica que constrói o sentido desses versos.
Primeiro, o eu lírico apresenta ações e sensações associadas a elas. Em seguida, estabelece uma relação com seus sentimentos nos dias em que é possível praticar as ações apresentadas anteriormente. Os fatos apresentados na sentença anterior levam à conclusão sobre a causa do eu lírico se sentir triste em dias quentes. A lógica é que, nos dias quentes, de tanto experimentar essas sensações, sente-se triste.
6. c) Resposta pessoal. A vírgula, nesse caso, confere ritmo ao poema, dando ênfase à negação proposta e permitindo que o leitor infira essa relação de sentido entre as orações que são coordenadas. Além disso, a construção da coordenação de modo recorrente cria um paralelismo sintático que permite ao leitor prever a estrutura sintática que será utilizada em todos os versos, e estabelecer, assim, um padrão interpretativo. Em todas as hipóteses, trata-se de uma escolha estilística do autor. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
6. Observe como a coordenação é construída neste trecho de “Mãos dadas”, de Carlos Drummond de Andrade, também lido anteriormente.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história, não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela, não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida, não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.
a) Qual é a função da conjunção não em cada um dos versos?
6. a) Negar cada uma das ações que serão expressas nos verbos, enfatizando essa negação por meio de sua repetição sistemática.
6. b) A vírgula tem a função de separar as orações coordenadas e cria uma enumeração de ações que o eu lírico irá negar. Expressa sentidos conclusivos sobre a negação dessas ações.
b) Em cada um dos versos, qual é a função das vírgulas e o sentido que elas expressam entre as orações?
c) Considerando esse sentido, crie hipóteses para explicar por que o autor do texto teria optado por não inserir uma conjunção entre as orações.
Nas orações coordenadas, as conjunções coordenativas estabelecem os sentidos entre as orações que ligam. Observe, no quadro a seguir, os tipos de orações coordenadas sindéticas e os sentidos dessas conjunções.
Tipos de oração coordenada sindética
Coordenada sindética aditiva
Coordenada sindética adversativa
Coordenada sindética alternativa
Exemplos
Agora as janelas já estão cobertas de obsolescências e ele só penetra na casa esgueirando-se por um túnel de restos.
Conjunções coordenativas possíveis
Além de (disso, daquilo)
Não só, mas também
Nem (e não)
Bem como Tanto quanto E
Assim como
Mas
Porém
Contudo
Todavia
Sentidos expressos
Acrescentam ou encadeiam novas informações.
Coordenada sindética conclusiva
Não é ainda a noite
Mas é já frio o céu.
Coordenada sindética explicativa
Ou leio os poemas, ou leio a prosa proposta.
Um vizinho compreensivo já deixou de prontidão a mangueira, para que no dia em que tudo aquilo virar chamas consiga pelo menos salvar o homem engastado em sua caverna. Então ele poderá iniciar novamente a sua jornada sem fim para salvar os pedaços da cidade.
Tarefa árdua, porque ele é um só combatente contra um exército de 1,3 milhão de pessoas que todos os dias botam fora as sobras das suas vidas.
Entretanto
Ou
Senão
No entanto
Não obstante
Ou (uma coisa)… ou (outra)…
Quer… quer…
Seja… seja…
Ora… ora…
Então
Portanto
Pois
Por consequência
Por isso Logo
Assim
Por conseguinte
Pois
Por que Que Porquanto
Criam uma relação de oposição entre as orações.
Possibilitam escolhas, alternativas entre as orações coordenadas.
Apresentam uma conclusão decorrente da oração anterior.
Explicam a ideia contida na oração anterior.
7. d) Trata-se do segundo parágrafo: “Em contexto histórico, a manipulação e controle da população eram artimanhas comuns que, geralmente, visavam o fortalecimento de algum poder, seja ele de cunho político, como no regime militar ocorrido no Brasil, ou comercial, como o uso das propagandas de teor enganoso.” Ela constrói a alternativa por meio do emprego conjunto de seja (uma coisa) ou (outra).
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
No Enem e em provas de vestibular, a construção textual tem um peso bastante relevante, e uma das competências avaliadas nesses exames é o estabelecimento de coesão entre as orações nos parágrafos do texto, chamada de coesão intraparágrafo, e entre os parágrafos, chamada de coesão interparágrafo.
7. Leia o texto a seguir, escrito por um participante do Enem de 2018, na prova de redação, cujo tema foi “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet”.
Em tempos hodiernos, a sociedade se encontra cada vez mais emaranhada na rede de informações que a internet se tornou. A facilidade e a rapidez com que estas são transmitidas são notórias, contudo, essa tecnologia traz consigo uma outra faceta, sendo de suma importância que seja questionada e discutida.
Em contexto histórico, a manipulação e controle da população eram artimanhas comuns que, geralmente, visavam o fortalecimento de algum poder, seja ele de cunho político, como no regime militar ocorrido no Brasil, ou comercial, como o uso das propagandas de teor enganoso.
O conceito de “internet” é amplo, mas pode ser caracterizada por uma rede de computadores que se conectam em uma base de dados comum, ou seja , por não ser algo físico, a propagação de uma simples informação, nunca será apagada como um todo, pois a partir do momento que é compartilhada, outros indivíduos já a viram.
O problema encontrado e apresentado se dá na forma como os dados armazenados, são disponibilizados, fazendo com que, segundo análise do sistema, o indivíduo seja, indiretamente, redirecionado à sites considerados de seu interesse, podendo assim caracterizar uma pequena, mas significante, manipulação.
Portanto, medidas são necessárias para a resolução do impasse supracitado. Ao ingressar em meio virtual, o sistema poderia fornecer assim como em alguns aplicativos, temas gerais que possam ser de interesse do visitante, assim como termos de uso, os quais pudessem esclarecer dúvidas a respeito de como seus dados podem ser utilizados, acarretando assim , um maior sentimento de segurança aos que fazem uso desta ferramenta.
“O conceito de ‘internet’ é amplo, mas pode ser caracterizada por uma rede de computadores”
mas
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Enem redações: 2019: material de leitura. Brasília, DF: Inep, 2019. Módulo 6; competência IV, p. 41. Disponível em: https://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/downloads/2020/Competencia_4.pdf. Acesso em: 13 out. 2024.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor 7. a) Sentido de contraposição à ideia anterior.
a) No primeiro parágrafo, que sentido a conjunção contudo atribui ao período?
b) Há outras conjunções com sentido análogo no texto. No caderno, construa um quadro para que você as identifique e explique seu efeito de sentido. Siga a estrutura proposta a seguir.
Apresentar um conceito sobre internet, em contraposição à afirmação de que ele seja amplo. Propor uma ressalva, em contrapartida ao adjetivo pequena, afirmando ser significante. Trata-se de relação de oposição.
c) Qual conjunção estabelece uma relação interparágrafos? Explique essa relação e o sentido que ela estabelece.
7. c) A conjunção portanto. Ela estabelece um sentido de conclusão em relação aos argumentos que foram apresentados nos parágrafos anteriores.
d) Identifique o trecho em que são indicadas alternativas que compõem o contexto de propagandas enganosas. Explique como essa alternativa se constrói entre as orações.
“os dados armazenados, são disponibilizados, fazendo com que, segundo análise do sistema, o indivíduo seja, indiretamente, redirecionado à sites considerados de seu interesse, podendo assim caracterizar uma pequena, mas significante, manipulação.”
7. e) Ocorre em: “a propagação de uma simples informação, nunca será apagada como um todo, pois a partir do momento que é compartilhada, outros indivíduos já a viram”. A conjunção explica como ocorre a propagação das informações, no contexto em que nunca serão apagadas depois de postadas.
e) Cite um trecho em que ocorre coesão intraparágrafos por meio de uma conjunção coordenativa explicativa. Explique a relação de sentido no contexto.
As conjunções desempenham, nesse contexto, um importante elo de sentido na argumentação, por isso são consideradas operadores argumentativos. Observe o quadro a seguir.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
REPRODUÇÃO/INEP
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Enem redações: 2019: material de leitura. Brasília, DF: Inep, 2019. Módulo 6; competência IV, p. 14. Disponível em: https://download.inep.gov.br/ educacao_basica/enem/downloads/2020/Competencia_4.pdf. Acesso em: 13 out. 2024.
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Além de sentidos com base em orações independentes, como é o caso das coordenadas, há relações de dependência entre orações, quando uma delas se subordina à outra, considerada principal, para fazer sentido. Veja, a seguir, como isso ocorre.
8. a) A locução associa a oração principal “Oscar Kulemkamp já vai explicando” à oração subordinada “que um dia, um dia em breve, vai levar tudo aquilo para construir uma casa na praia”. A relação entre elas é, portanto, de subordinação, em que a segunda complementa o sentido da forma verbal explicando, em uma função de objeto direto.
8. Releia este trecho de A vida que ninguém vê.
Quando surge lá de dentro, desconfiado e sorridente, Oscar Kulemkamp já vai explicando que um dia, um dia em breve, vai levar tudo aquilo para construir uma casa na praia.
a) Considere a locução verbal em destaque. Ela associa duas orações. Identifique-as e explique a relação entre elas.
b) O que Oscar Kulemkamp está explicando na oração subordinada?
8. b) Ele explica um desejo dele, de levar as coisas que junta para construir uma casa na praia.
c) Que interpretações são possíveis de inferir do trecho “vai levar tudo aquilo para construir uma casa na praia”? Como essa subordinação contribui para a compreensão do sentimento de Oscar Kulemkamp?
Pode-se compreender a afirmação de modo literal, como se Oscar Kulemkamp desejasse efetivamente construir uma casa na praia, ou no sentido figurado, como se essa casa fosse, na verdade, um refúgio utópico, apenas um desejo dele de viver em meio a um mundo de coisas que coletou, em meio a uma paisagem diferente de Porto Alegre.
A subordinação no período composto
O período composto por subordinação é formado por duas ou mais orações, em que há uma principal e uma ou mais subordinadas, que dependem dessa principal para que seu sentido esteja completo.
Para compreender esse conceito, é possível pensar que as orações subordinadas se comportam de modo parecido com a estruturação sintática das orações simples. Nesta, há um sujeito, um verbo, e os objetos, que podem ser adjuntos, complementos, agentes da passiva, entre outros.
Na relação sintática de subordinação, as orações que dependem da principal também podem atuar como sujeito, objeto, complemento, adjunto etc., explicando ou complementando o sentido da oração principal.
Neste capítulo, você conhecerá parte das orações subordinadas substantivas, que assumem funções análogas às dos substantivos (sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo e aposto) em relação à principal.
A ligação entre as orações subordinadas substantivas e a oração principal a que se referem é feita por uma conjunção integrante. Pode ser assim chamada porque a conjunção e a oração subordinada integram a estrutura da oração principal. Geralmente, conjunções integrantes são que ou se.
Uma dica para identificá-las, e saber se a oração é subordinada substantiva, é substituir toda a oração subordinada pela palavra isso, já que esse termo substitui um substantivo. Por exemplo: É necessário que isso.
Pode ser substituído por um substantivo, então a oração subordinada que complementa é substantiva.
9. Agora, releia o trecho a seguir.
Manuais de objetos que nunca lhe pertenceram. ‘Atenção: este televisor reúne várias inovações. Para entendê-lo e aproveitar todos os seus recursos é indispensável que o primeiro passo seja ler o manual de instruções.’
9. b) “o primeiro passo seja ler o manual de instruções.”
a) Na frase do manual de instruções do televisor, destacada entre aspas, há uma oração principal que introduz como é possível aproveitá-lo e entendê-lo. Identifique-a.
“é indispensável que”
b) Que oração subordinada completa o sentido dessa oração principal identificada no item a?
c) A oração principal cria uma estrutura impessoal. Explique o efeito de sentido que isso gera no contexto de um manual de instruções.
A impessoalidade da oração principal cria o sentido de uma necessidade universal, pressuposta nas orientações de um manual de instruções.
d) A oração subordinada assume um papel de sujeito na oração principal. Que efeito de sentido isso cria no contexto?
Cria-se um efeito de que o sujeito seja a ação expressa, colocando o foco nela, e não em quem necessita dela ou a pratique.
10. a) A oração subordinada, nesse caso, completa o sentido do verbo de ligação, é, na oração principal, expressando uma ideia ou um estado em relação ao sujeito, ou seja, tem a função de predicativo do sujeito.
O objetivo é informar o leitor sobre a importância do consumo consciente, por meio do esclarecimento dos benefícios que ele proporciona para o indivíduo e para a
Consumo consciente é uma prática de consumo que tem por princípio a reflexão ativa antes da compra, de modo a garantir que o item seja mesmo necessário de ser adquirido. Em caso afirmativo, esse princípio preza pela investigação da cadeia produtiva, para que ela seja respeitosa e
A oração “está também no fato que ele pode trazer diversos benefícios, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade” está subordinada pela conjunção [de] que ao consumo consciente e responsável. A subordinação completa o sentido do núcleo da oração principal, fato, assumindo, portanto, a função de complemento nominal.
11. d) Estabelece-se uma relação lógica entre a importância do consumo consciente e os benefícios que ela proporciona.
A oração subordinada substantiva subjetiva assume a função de sujeito da oração principal.
10. Releia este trecho.
Ninguém sabe dizer quando foi que Oscar Kulemkamp iniciou sua resistência. O fato é que dia após dia ele peregrina pelas ruas de Porto Alegre.
a) A oração subordinada que dia após dia ele peregrina estabelece com a principal, o fato é, uma relação predicativa. Explique como isso ocorre sintaticamente.
b) E xplique o sentido do emprego dessa subordinação especificamente para o contexto do trecho.
A oração subordinada descreve, especifica o que é “o fato” apresentado na oração principal, no caso, a ação de Oscar Kulemkamp, que se torna contínua.
A oração subordinada substantiva predicativa assume função de predicativo da oração principal.
11. O trecho da reportagem a seguir apresenta outro ponto de vista em relação ao descarte de materiais, que é o consumo consciente. Leia-o para responder às questões seguintes.
A importância do consumo consciente e responsável está também no fato que ele pode trazer diversos benefícios, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade . Alguns desses benefícios incluem:
• redução do impacto ambiental: o consumo consciente e sustentável pode ajudar a reduzir a quantidade de recursos naturais utilizados na produção de bens e serviços, bem como a quantidade de resíduos gerados. Isso contribui para a preservação do meio ambiente e para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas;
• economia financeira: ele pode levar a redução de custos significativa a longo prazo, já que os produtos escolhidos tendem a ser mais duráveis e sustentáveis, evitando gastos desnecessários com reparos ou substituições;
• valorização dos direitos humanos: ao escolher produtos de empresas que valorizam os direitos trabalhistas e condições dignas de trabalho, por exemplo, o consumidor contribui para a promoção de uma sociedade mais justa e equilibrada.
CONSUMO consciente: o que é, importância e como adotar no dia a dia. CNN Brasil, [s. l.], 17 mar. 2023. Disponível em: www.cnnbrasil.com.br/saude/consumo-consciente-2/. Acesso em: 13 out. 2024.
a) Qual é o objetivo do trecho da reportagem?
b) Considerando os benefícios do consumo consciente para os indivíduos e a sociedade, defina do que ele se trata.
c) Na oração “A importância do consumo consciente e responsável está também no fato que ele pode trazer diversos benefícios, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade.” há uma relação de subordinação. Explique-a sintaticamente, considerando seus conhecimentos até aqui.
d) Agora, explique o sentido dessa subordinação, no contexto em que ela é empregada.
e) No trecho subordinado, há o apagamento de uma preposição. Crie uma hipótese para explicar esse uso.
Trata-se da preposição de. O apagamento deve-se ao fato de que essa regência não é comumente utilizada nas subordinadas, ou seja, alterando a regência nominal.
A oração subordinada substantiva completiva nominal assume função de complemento nominal da principal, ou seja, complementa o nome que é núcleo da oração principal. É sempre iniciada por uma preposição.
1. Sobre a importância do uso consciente da Inteligência Artificial (IA) e o impacto do ChatGPT na educação, leia o fragmento a seguir, extraído do portal do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC).
Como o ChatGPT pode impactar na Educação?
[…]
O que pode ser considerado plágio? Entenda no post do Blog do IFSC!
[…]
Algumas soluções parecem estar sendo usadas para driblar o uso do ChatGPT. Outras instituições buscam driblar o uso do ChatGPT pelos estudantes, adotando mais avaliações escritas à mão. Também existem ferramentas capazes de detectar se determinado texto foi escrito com auxílio de Inteligência Artificial — uma delas foi desenvolvida pela própria OpenAI, criadora do ChatGPT.
O problema não fica restrito à sala de aula. A prestigiosa revista científica Nature anunciou que não aceitará o ChatGPT como autor de um trabalho de pesquisa, mas permitirá o uso de ferramentas de Inteligência Artificial desde que essa informação apareça na metodologia ou nos agradecimentos, por exemplo.
[...]
‘Em momentos como este, de incertezas e dúvidas, é preciso valorizar os momentos de estudo e de avaliação coletivos e presenciais, que estimulem o desenvolvimento cognitivo, a criticidade e a elaboração própria dos estudantes. E também nunca esquecer do papel central que tem cada professor e professora como produtores e organizadores dos conteúdos escolares e dos processos de construção do conhecimento e humanização dos nossos estudantes’, afirma o pró-Reitor de Ensino, Adriano Larentes da Silva, doutor em História e realizou cursos de pós-doutorado nas áreas de Educação e Políticas Públicas e Formação Humana.
Adriano defende um debate mais amplo sobre os interesses por trás do ChatGPT, partindo da discussão sobre a instrumentalização das tecnologias para a maximização dos lucros no atual contexto do capitalismo. Na educação, diz o pró-Reitor, é fundamental que todos os envolvidos estejam atentos a novidades como o ChatGPT, mas defende uma postura equilibrada. Nem otimista, nem catastrófica, mas crítica.
‘É importante sempre evitar análises e conclusões muito otimistas ou eufóricas, que mostram as tecnologias como redentoras dos inúmeros dilemas educativos, e também perspectivas que, atentas apenas às conjunturas muito recentes, acabam por vezes, de forma apressada e enviesada, tornando-se catastróficas’, conclui Adriano.
CASSOL, Daniel. Quais os impactos do ChatGPT e da Inteligência Artificial na Educação? Santa Catarina: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC), 2023. Disponível em: https://www.ifsc.edu.br/web/ifsc-verifica/w/quais -os-impactos-do-chatgpt-e-da-inteligencia-artificial-na-educacao-. Acesso em: 13 out. 2024.
1. a) Trata-se do plágio referente ao uso do ChatGPT.
1. b) Trata-se de uma ferramenta de IA acessada por endereço eletrônico, que permite o estabelecimento de diálogos com um interlocutor não definido por meio de um chat. Esse interlocutor pode ser delimitado pelo próprio usuário, por meio do estabelecimento de um contexto de enunciação, o que torna a interação mais precisa em relação ao objetivo.
Porque, ao que a reportagem indica, há textos totalmente gerados por IA que estão sendo submetidos para análise de revistas científicas, e também como respostas a avaliações do conhecimento.
Respostas pessoais. Pondere a opinião dos estudantes como formas de debate, ainda que não se tenha, nem mesmo na comunidade científica, um aval sobre essa discussão. De todo modo, é importante que reflitam sobre os limites éticos do uso da IA para a ciência, para que se mantenha a qualidade e a veracidade das
O risco é referente à implementação da IA em larga escala, que, segundo o texto, pode causar desemprego generalizado.
A subordinação está na oração “que a implementação em larga escala da inteligência artificial pode consumir o mundo do trabalho”, em relação à principal, “Outro grande risco para o planeta é”. Trata-se de uma oração subordinada substantiva predicativa, porque complementa a oração “o risco é”, que é a oração principal.
2. c) Resposta pessoal. É provável que o autor tenha optado por destacar a iminência de risco, anunciando os detalhes dele apenas em seguida.
2. d) A conjunção une duas orações coordenadas, como operador argumentativo interparágrafos.
a) A reportagem problematiza uma questão relevante relacionada à IA na educação. Identifique essa temática.
b) Você conhece o ChatGPT, mencionado na reportagem, e suas funcionalidades? Compartilhe com os colegas seus conhecimentos e, se necessário, pesquise brevemente a respeito do assunto.
c) Por que as instituições estão usando estratégias para driblar o uso do ChatGPT?
d) Discuta com os colegas: considerando que a IA não tem um interlocutor definido, seu uso literal deve ser considerado plágio no contexto da ciência? Por quê?
e) Considere o trecho a seguir e copie no caderno a afirmação verdadeira sobre sua construção sintática.
A prestigiosa revista científica Nature anunciou (1) que não aceitará o ChatGPT como autor de um trabalho de pesquisa, (2) mas permitirá o uso de ferramentas de Inteligência Artificial desde que essa informação apareça na metodologia ou nos agradecimentos, por exemplo.
A afirmação correta é a II.
I. (1) relação de subordinação; (2) relação de subordinação.
II. (1) relação de subordinação; (2) relação de coordenação.
III. (1) relação de coordenação; (2) relação de coordenação.
IV. (1) relação de coordenação; (2) relação de subordinação.
2. O trecho a seguir é parte da resposta para a questão: “A inteligência artificial poderia contribuir para um futuro mais sustentável?”. Leia-o.
Outro grande risco para o planeta é que a implementação em larga escala da inteligência artificial pode consumir o mundo do trabalho, levando ao desemprego generalizado. Um mundo sem empregos apresenta uma série de desafios novos e desconhecidos para a sustentabilidade.
Por isso, as legislações e políticas devem evoluir e acompanhar continuamente a tecnologia, para que possamos aproveitar ao máximo o potencial da inteligência artificial para a nossa economia, meio ambiente e sociedade.
EQUIPE eCycle. Inteligência artificial e sustentabilidade. A inteligência artificial poderia contribuir para um futuro mais sustentável? Entenda os desafios que cercam o tema. [S. l.]: eCycle, c2010-2023. Disponível em: www.ecycle.com.br/inteligencia-artificial/. Acesso em: 13 out. 2024.
a) No trecho, há menção de um risco relacionado ao mundo do trabalho ao se considerar a inserção da IA nesse contexto. Identifique esse risco e discuta com os colegas se ele realmente pode ser uma ameaça.
b) A construção do primeiro período ocorre por meio de uma subordinação. Identifique-a e classifique-a.
c) Avente uma hipótese para explicar por que o autor teria optado por essa subordinação e não outra.
d) E xplique a função da conjunção por isso no trecho.
3. a) O humor consiste na comparação entre as descobertas científicas de 1990, ou seja, há mais de 30 anos, que eram promissoras em relação ao desenvolvimento da ciência, o que fica representado na feição do cientista, e as afirmações que se fazem necessárias atualmente, no contexto de negacionismos, o que se expressa em uma feição enfadada do cientista.
3. Agora, leia a tirinha.
DR PEPPER. [Anos 90 vs Hoje]. Doutor Pepper. [S. l.], 18 abr. 2019. Disponível em: https://doutorpepper.com.br/?s=2701&submit=Search. Acesso em: 13 out. 2024.
a) Qual é o efeito de humor construído na tirinha, considerando imagem e texto?
b) E xplique a crítica contida na tirinha.
A crítica é referente ao atraso científico gerado pelo negacionismo.
c) No primeiro quadro, as descobertas científicas dos anos 90 são apresentadas por meio de uma estrutura de coordenação. Identifique-a e classifique-a.
Trata-se de oração coordenada sindética aditiva, estabelecida por meio da conjunção e
d) Com que propósito o autor da tira teria optado por essa construção?
4. Leia mais esta tira.
3. d) É provável que ele tenha optado por essa construção para garantir uma comunicação direta, objetiva, com base na enumeração de duas descobertas científicas dos anos 90.
GONSALES, Fernando. [Níquel Náusea]. Folha de S.Paulo, São Paulo, 19 set. 2024. Disponível em: https://cartum.folha.uol.com.br/quadrinhos/2024/09/19/niquel-nausea-fernando-gonsales.shtml. Acesso em: 13 out. 2024.
a) O humor da tirinha é construído na passagem temporal entre os quadrinhos. Explique como isso ocorre.
b) No primeiro quadrinho, a fala da personagem é construída por meio de uma estrutura de coordenação. Explique-a e identifique a conjunção e seu sentido.
4. a) No primeiro quadrinho, cria-se uma expectativa de que o jantar seja a dois e que a personagem se refira ao companheiro em sua fala, no entanto, essa expectativa é quebrada pela presença do dragão no segundo quadrinho, que responde ao pedido de cuidado afirmando que queimou a língua. 4. b) Trata-se de uma oração coordenada sindética explicativa, com o uso da conjunção que no lugar de porque. Ambas são conjunções coordenadas explicativas.
Nesta Oficina de Texto, você irá produzir um perfil biográfico, exercitando o olhar insubordinado para a realidade de alguém da comunidade a qual pertence.
Gênero
Perfil biográfico
Interlocutores
Comunidade escolar
Propósito/finalidade
Produzir um livro com os perfis biográficos criados pela turma.
Publicação e circulação
Biblioteca da escola e redes sociais da escola
1. Para dar início à reflexão acerca do perfil biográfico, reúna-se com a turma, organizando-se em roda. Em seguida, acompanhe os passos a seguir que irão mediar um momento de reflexão e motivação da criação.
• Releia o trecho do texto “O olhar insubordinado”, escrito por Eliane Brum e apresentado na seção Estudo do Gênero Textual.
• Relembre a discussão promovida ao longo das atividades da seção acerca da tese de Eliane Brum e a respeito desse olhar que enxerga toda vida como extraordinária.
• Reflita sobre uma pessoa na comunidade em que você mora a qual incentiva o seu olhar insubordinado e em quem você consegue enxergar uma trajetória digna de ser narrada em um perfil biográfico.
• Compartilhe as suas impressões sobre essa pessoa e discuta com os colegas se é viável que ela seja a biografada do seu perfil.
• Escute os colegas acerca das pessoas que desejam escolher como biografadas e procure analisar as circunstâncias que envolveriam esse processo, atendo-se a alguns questionamentos: essa pessoa estaria disponível a receber o biógrafo para períodos de observação e entrevistas? A locomoção até essa pessoa é fácil? Quais relações dessa pessoa você entrevistaria para colher uma perspectiva melhor da biografada?
• Para finalizar a roda, cada estudante da turma irá compartilhar com os colegas a pessoa biografada que escolheu para compor o perfil.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
1. Caso a pessoa escolhida pelo estudante não aceite, ajude-o a procurar outra pessoa, dando indicações, inclusive de pessoas da comunidade escolar, que podem se mostrar mais disponíveis para a atividade.
1. Para dar início ao planejamento, o primeiro passo é verificar se a pessoa que você escolheu para compor o perfil biográfico aceita ser biografada. Explique a ela que, para a entrevista ser realizada, será necessário que você a acompanhe no dia a dia, pois é exigência do processo. Procure expor, de maneira educada, as razões pelas quais você enxerga a vida dessa pessoa como extraordinária.
2. Após o aceite, combine com essa pessoa e os outros entrevistados os momentos que serão reservados para as entrevistas. Além disso, peça para acompanhar a pessoa em um momento do dia que julgar importante, a fim de praticar a observação do seu biografado.
3. Não deixe de se preparar para as entrevistas e para o processo de observação. Para isso, reflita sobre a razão de enxergar a vida dessa pessoa como extraordinária. Existe uma característica ou um acontecimento que merece seu foco? As entrevistas e análises devem ser elaboradas em torno desse foco?
4. No momento de fazer as entrevistas fique atento aos aspectos fundamentais que auxiliam na elaboração de um perfil biográfico para apresentar uma perspectiva aprofundada do biografado: os espaços, os tempos, as circunstâncias e os relacionamentos.
5. Procure também registrar como você se sente ao longo do processo. Em muitos perfis biográficos, o biógrafo relata o seu processo e sensações, o que pode tornar o texto mais interessante.
6. Pergunte ao biografado se você pode tirar uma fotografia dele para ilustrar o perfil escrito. Assim como acontece na imagem da capa do livro A vida que ninguém vê, você pode experimentar uma abordagem artística nesse retrato, além de editá-lo de maneira a valorizar esse aspecto.
7. Com as entrevistas colhidas e o momento de observação finalizado, procure refletir um pouco a respeito do material que organizou. Assim como Eliane Brum fez ao apresentar a trajetória de Oscar Kulemkamp, procure encontrar o que há de extraordinário na vida dessa pessoa e que merece ser destacado, mas não sem refletir sobre as dualidades presentes na vida de todos, procurando não compor um perfil biográfico que apresente apenas um lado da realidade.
8. Ao elaborar o perfil biográfico, procure verificar se existem imagens que deseja destacar na narrativa por meio do uso de figuras de linguagens. Também atente para o uso dos verbos, empregados na terceira pessoa do presente histórico e do pretérito.
9. Por fim, procure elaborar um esqueleto do texto antes de escrevê-lo, decidindo os pontos que deseja enfatizar em cada parágrafo. Lembre-se de que a narrativa não precisa ser linear.
1. Leia as questões a seguir e utilize-as como roteiro para avaliação do perfil biográfico.
• Entrevistas e pesquisa de campo foram realizadas para a construção do perfil?
• O fator que torna o biografado extraordinário ao seu olhar está devidamente destacado no texto?
• Os quatro aspectos fundamentais estão contemplados no perfil?
• O emprego da terceira pessoa no presente histórico e no pretérito foi respeitado?
• O texto está coeso e coerente e apresenta efeitos de sentido que valorizam a textualidade?
• O perfil criado consegue suscitar reflexões no leitor e até mesmo empatia?
2. Após verificar esses itens, faça as alterações necessárias na edição do perfil biográfico. Utilize um software adequado para editar o texto junto à imagem.
Após a turma reunir todos os perfis criados, é o momento de organizá-los em um livro que será disponibilizado na biblioteca da escola e compartilhado nas redes sociais em formato PDF. Reflitam sobre a necessidade de construir uma identidade visual para o livro, padronizando as fontes utilizadas em textos e títulos e a disposição das imagens. Pensem em um título para a coletânea e elaborem uma capa para ela.
1. Ao elaborar poemas por meio de heterônimos, semi-heterônimos e seu ortônimo, Fernando Pessoa construiu uma poética sobre a relação entre pensar e sentir e também sobre a relação do homem com o seu tempo com base em diferentes perspectivas, por vezes antagônicas. Isso cria uma complexidade para o entendimento de sua poética, que reflete de maneira ampla e profunda sobre os temas aos quais o autor se dedicou.
2. Fernando Pessoa apresenta influências futuristas e modernistas das vanguardas europeias, refletidas na forma — uso de forma livre — e também nos temas, como a relação do homem com os símbolos nacionais, com a máquina e as novas formas de produção, com a natureza e com a sua subjetividade.
Neste capítulo, a seção Estudo Literário deu enfoque à poesia de Fernando Pessoa e seus heterônimos, relacionando sua produção com o Modernismo português. No Estudo do Gênero Textual, o enfoque foi no gênero perfil biográfico. O Estudo da Língua, por sua vez, abordou a construção de orações coordenadas sindéticas e assindéticas e também de orações subordinadas substantivas subjetiva, predicativa e completiva nominal.
Agora, você deverá sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para que seja possível elaborar sua resposta.
3. É um gênero próprio do jornalismo, uma vez que é produzido normalmente por jornalistas e repórteres por meio de técnicas próprias do jornalismo. Além disso, a seleção do biografado segue normalmente a lógica de buscar por temas que sejam do interesse mais geral dos leitores.
1. Como os heterônimos, semi-heterônimos e o ortônimo de Fernando Pessoa contribuem para a construção de uma rica poética?
2. Como Fernando Pessoa reflete em sua poesia as características do Modernismo português?
3. O gênero perfil biográfico está inserido em qual meio discursivo? Justifique.
4. Quais são as informações básicas que figuram em um perfil biográfico?
5. Quais são as duas formas de coordenação e o que determina a diferença entre elas?
6. O que diferencia a coordenação da subordinação entre as orações?
4. Informações pessoais, dados e fatos relevantes sobre o passado do biografado, locais, informações sobre tempo, entre outros, na perspectiva de construir uma narrativa coesa para a história.
Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sua aprendizagem ao longo do capítulo. Para isso, no caderno, reproduza o quadro a seguir e responda às questões. Em seguida, converse com os colegas e o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote-as nas observações.
Ao longo do estudo do capítulo, percebo que...
… fiz as atividades buscando ampliar meus conhecimentos e procurei tirar minhas dúvidas sobre os conteúdos com o professor.
… realizei as atividades com empenho e decisão consciente de aprender, sem dar enfoque apenas em terminar a tarefa delegada.
… atuei ativamente nas atividades em dupla ou grupos, sugerindo, antevendo problemas, envolvendo-me em solucionar questões coletivas e olhando para o todo da proposta, não apenas para a minha parte.
Fui proficiente
Preciso aprimorar Observações
5. Existe a coordenação sindética, que utiliza conjunção, e a coordenação assindética, que utiliza apenas a justaposição de orações, separadas por vírgulas.
6. Nas orações coordenadas, existe uma completude estrutural e lógica que permite uma independência entre as orações. Na subordinação, a oração subordinada está ligada à oração principal em uma relação de dependência, pois a oração subordinada completa a lógica e a estrutura sintática da oração principal, especialmente nos casos das orações substantivas.
Neste capítulo, o enfoque de análise de questão de provas de ingresso está voltado para o estudo da coordenação e subordinação. Leia com atenção as dicas de interpretação do formato da questão e, em seguida, treine outra de mesmo formato.
Houve um tempo em que a minha janela se abria para um chalé. Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de louça azul. Nesse ovo costumava pousar um pombo branco. Ora, nos dias límpidos, quando o céu ficava da mesma cor do ovo de louça, o pombo parecia pousado no ar. Eu era criança, achava essa ilusão maravilhosa, e sentia-me completamente feliz.
Houve um tempo em que minha janela dava para um canal. No canal oscilava um barco. Um barco carregado de flores. Para onde iam aquelas flores? quem as comprava? em que jarra, em que sala, diante de quem brilhariam, na sua breve existência? e que mãos as tinham criado? e que pessoas iam sorrir de alegria ao recebê-las? Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz. […]
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.
(MEIRELES, Cecília. A arte de ser feliz. In: Escolha seu sonho, p. 24.)
1. (UFSCar) Assinale a alternativa em que o trecho — “Eu não era mais criança, porém minha alma ficava completamente feliz.” — está parafraseado por meio de uma subordinação.
a) Eu não era mais criança, mas minha alma ficava completamente feliz.
b) Eu não era mais criança, todavia minha alma ficava completamente feliz.
c) Embora eu não fosse mais criança, minha alma ficava completamente feliz.
d) Eu não era mais criança; minha alma ficava, entretanto, completamente feliz.
e) Eu não era mais criança; minha alma, contudo, ficava completamente feliz.
2. (UFPA) Qual o período em que há oração subordinada substantiva predicativa?
a) Meu desejo é que você passe nos exames vestibulares.
b) Sou favorável a que o aprovem.
c) Desejo-te isto: que sejas feliz.
d) O aluno que estuda consegue superar as dificuldades do vestibular.
e) Lembre-se de que tudo passa neste mundo.
1. Resposta: alternativa c . Em todas as outras, há apenas a substituição da conjunção mas por outra conjunção coordenativa de mesmo valor.
Leia atentamente o texto e o comando do exercício. Com base na leitura do comando, releia o texto mapeando a estrutura das orações. Identifique a presença de conjunções.
Procure substituir porém pelas conjunções que aparecem nas alternativas e veja se a sentença continua com o mesmo sentido.
2. Resposta: alternativa a O sujeito é meu desejo, e a forma verbal é, de ligação, pede, portanto, como complemento, um elemento predicativo; nesse caso, uma oração subordinada predicativa.
Espera-se que os estudantes percebam que, na busca por resgatar e representar saberes ancestrais, Abdias cria uma arte capaz de representar mais verdadeiramente a identidade do povo afro-
Resposta pessoal.
Espera-se que os estudantes reconheçam a importância do pássaro como metáfora de liberdade no contexto de luta pela independência de países africanos e como forma de evidenciar um diálogo com uma cultura ancestral.
Com base em seus conhecimentos e na pintura apresentada na abertura do capítulo, responda às questões a seguir.
1. A obra ao lado faz referência ao Adinkra Sakofa (ideograma africano de um pássaro que olha para trás). Na pintura, a figura do pássaro é central. De que modo essa imagem se relaciona com a proposta do artista de valorizar a cultura negra por meio da arte?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
2. O artista fundou o Museu de Arte Negra em 1950 e procura representar, em suas pinturas, saberes originários dos povos africanos e exaltar a cultura negra. Explique de que modo a retomada de culturas ancestrais na obra de Abdias Nascimento contribui para a (re)construção da identidade.
3. Tradicionalmente, a figura do pássaro funciona como metáfora para a liberdade. Considerando o contexto em que o artista desenvolveu a sua obra, elabore uma hipótese que justifique a escolha de representar esse animal tão importante para diversos povos africanos.
4. As manifestações artísticas tornaram-se um elemento importante no resgate da ancestralidade e na construção de uma identidade. Em ambientes digitais, algumas marcas se valem da junção entre arte e identidade para divulgar ou promover produtos. Você já se deparou com alguma postagem desse tipo? Que impacto ela pode causar no público-alvo?
• C ampo artístico-literário
• C ampo jornalístico-midiático
• C ampo da vida pessoal
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
• Cidadania e civismo: Educação em Direitos Humanos; Vida Familiar e Social
Avance até as páginas finais do livro e dê continuidade à etapa “Dividir tarefas e empreender” da Oficina de Projetos . Se for preciso, releia as etapas anteriores para dar continuidade ao trabalho proposto.
■ NASCIMENTO, Abdias. Sankofa no 2 –Resgate (Adinkra Asante), 1992. Acrílica sobre tela, 40 cm × 55 cm. Rio de Janeiro. Poeta, escritor, dramaturgo, artista plástico e ativista pan-africanista, Abdias Nascimento (1914-2011) fundou o Teatro Experimental do Negro e o projeto Museu de Arte Negra. Suas pinturas exploram o legado cultural africano no contexto do combate ao racismo.
4. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes mencionem as manifestações artísticas que resgatam a ancestralidade e ajudam a fortalecer a identidade cultural. Quando marcas utilizam essa junção em ambientes digitais, elas podem criar conexões emocionais profundas, engajar o público e promover um consumo mais consciente e identitário.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes mobilizem os conhecimentos já adquiridos sobre os diversos recursos narrativos para formular hipóteses sobre aqueles que podem ter sido utilizados pelo autor no decorrer do romance. Uma possibilidade é o uso do narrador em primeira pessoa, personagem que participaria de todos os momentos históricos que contextualizam o romance, expondo uma perspectiva mais subjetiva e, por isso, mais verossímil da história de Angola.
Você lerá a seguir o início do primeiro capítulo da obra A geração da utopia, do escritor angolano Pepetela (1941-). Publicado pela primeira vez em 1992, o romance se inicia nos anos finais do período colonial de Angola e caminha até a época pós-independência. O livro é dividido em quatro partes – “A Casa (1961)”, “A Chana (1972)”, “O Polvo (Abril de 1982)” e “O Templo (A partir de julho de 1991)” –, cujas datas remetem a episódios da história de Angola. As duas primeiras partes centram-se, respectivamente, na Casa dos Estudantes do Império, em Portugal, no momento de eclosão da luta armada em Angola, e durante essa luta armada, já em solo angolano. As duas últimas partes, por sua vez, exploram o olhar desiludido de personagens, outrora engajados na luta pela liberdade, diante da fase posterior da independência, marcada por corrupção e irresponsabilidade social.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Antes de iniciar a leitura do trecho, discuta com os colegas as questões a seguir.
• Com base em quais recursos narrativos você imagina que a perspectiva histórica será abordada em A geração da utopia?
• No que se refere aos aspectos linguísticos, quais diferenças entre o português brasileiro e o português angolano você espera encontrar no romance?
Portanto, só os ciclos eram eternos.
(Na prova oral de Aptidão à Faculdade de Letras, em Lisboa, o examinador fez uma pergunta ao futuro escritor. Este respondeu hesitantemente, iniciando com um portanto. De onde é o senhor?, perguntou o professor, ao que o escritor respondeu de Angola. Logo vi que não sabia falar português; então desconhece que a palavra portanto só se utiliza como conclusão dum raciocínio? Assim mesmo, para pôr o examinando à vontade. Daí a raiva do autor que jurou um dia havia de escrever um livro iniciando por essa palavra. Promessa cumprida. E depois deste parêntesis, revelador de saudável rancor de trinta anos, esconde-se definitiva e prudentemente o autor.)
Era um dia particularmente luminoso e quente para um abril lisboeta . Na véspera tinha chovido toda a noite, o que era próprio da estação, mas hoje o sol nascera num céu tão azul que até doía não poder voar. Sara abriu os braços descobertos. Inútil, não nascera pássaro.
Decidiu caminhar um pouco, até à próxima paragem do autocarro, para gozar o sol e o calor. Ali, perto do Hospital Universitário, havia pouca gente nas ruas. Gente bisonha , que ia para o hospital ou dele vinha. Preocupados com alguma doença, real ou suposta. Se não têm nenhuma, preocupam-se pela que terão no futuro. O português precisa sempre de qualquer coisa para estar melancólico. E se não for a saúde, é a família, ou então o emprego. Povo triste, pensou Sara. É do regime político ou é a essência da gente? Não vamos também culpar o salazarismo por tudo. O próprio Salazar já era tristonho, cinzento, antes de criar o seu cinzento regime. Regime de eclesiásticos e militares graves, o que convém para um povo de camponeses com pouca terra. Assustou de repente: estas ideias não serão reacionárias? Tinha de
lisboeta: de Lisboa. autocarro: ônibus. bisonho: tímido, sombrio, mal-humorado. eclesiástico: pertencente ao âmbito da Igreja Católica.
Resposta pessoal. O objetivo da atividade é levar os estudantes a refletir sobre como as diferenças linguísticas podem se manifestar na estrutura da narrativa. É provável que eles citem, especialmente, diferenças no vocabulário, talvez sugerindo que, no romance de Pepetela, palavras de idiomas de povos africanos aparecerão com frequência. Durante a leitura do trecho, discuta com a turma a forma como as variações entre o português brasileiro e o angolano se manifestam.
perguntar ao Aníbal, ele era obrigado a ser especialista dessas coisas. Mas que são tristes, são. Que diferença com a esfuziante alegria dos africanos, o que os faz passar por irresponsáveis. Também não era verdade. O Aníbal, por exemplo, sempre agarrado aos livros e às ideias, não era um tipo alegre. E era de Luanda, a cidade das mil loucuras Malongo sim, Malongo era um tipo alegre, até demais. Sara sorriu para o céu, para as pessoas que nela não reparavam, metidas para dentro.
esfuziante: alegre, comunicativo. paragem: ponto de ônibus. a malta: termo que corresponde ao pronome nós ou a gente e refere-se a um grupo em que se inclui aquele que fala. liceu: escola destinada ao Ensino Médio ou profissionalizante. avidez: intensidade. variegado: variado.
Chegou à paragem . Duas mulheres à espera, vestidas de negro, com um lenço negro na cabeça. Vêm dum enterro ou do campo? Talvez da missa. Ou então vestem assim mesmo, porque são viúvas. Trazem luto por familiares mortos em Angola, com o levantamento do Norte? Rejeitou a ideia. Não têm morrido tantos como a propaganda oficial proclama. Convém a Salazar criar o clima de histeria coletiva, centenas e centenas de brancos trucidados pelos terroristas, Angola é uma fogueira imensa, temos de defender a Pátria e os portugueses. Para Angola em Força! A propaganda estava a resultar, tinha de reconhecer. Um espesso clima de suspeição se abateu sobre os africanos em Lisboa. Passaram a cochichar quando antes discutiam a altos gritos, sempre com gargalhadas no meio. E a população passou de repente a olhá-los com hostilidade. Não em relação a Sara, que era branca, e portanto considerada à partida uma boa portuguesa. Os negros e mulatos eram quase apontados a dedo, nos cafés, nos cinemas, na rua. Traziam na cara os estigmas que os denunciavam como potenciais terroristas. Esses brancos ainda não inventaram uma tinta que dê para a malta se pintar e ficar como eles, dizia Malongo, encontrando ânimo para brincar.
O autocarro chegou. Felizmente era de dois andares, dava para ir lá em cima e gozar melhor o espetáculo de Lisboa ao sol. Sentou nos lugares da frente, esticou as pernas. O Campo Grande e a Avenida da República desdobraram-se aos seus pés. É bonita essa cidade, não há dúvida. Fazia a concessão, quando quase tudo em Lisboa lhe desagradava. Logo temperou. Também não conheço outras grandes cidades para comparar. Nascida em Benguela, feito o final de liceu no Lubango, viera há quase seis anos para Lisboa estudar Medicina. O barco parou um dia em Luanda, os parentes do pai levaram-na a passear. Tragou com avidez todas as impressões, tentou fixar a cor vermelha da terra e o contraste com o azul do mar, o arco apertado da baía e o verde da Ilha, as cores variegadas dos panos e os pregões das quitandeiras. Sabia, começava o exílio. Essa ideia do exílio que se impregnou nela ao sair de Luanda fê-la chorar, quando o barco se afastou da baía iluminada à noite. Muito tempo ficou na amurada, olhando e respirando pela última vez as luzes e os odores da terra deixada para trás. Impressões que nela permaneciam, intactas, avivadas a todo o momento pelos angolanos vivendo na capital do império. Lembras da Sofia do Bairro Operário?, perguntava um. Na rua dela, duas casas depois, não tem uma casa azul, onde morava a Rita? Não, não há casa azul no BO, todas são amarelas. Há sim, a casa da Rita é azul. E ela ouvia, e revia as ruas que só fugazmente percorrera, e é como se tivesse sempre vivido nelas. O mesmo se passava com Benguela e com Malanje, e toda Angola. Cada um ficava agarrado às suas recordações da infância e transmitia aos outros, que as viviam como
1. a) “O português precisa sempre de qualquer coisa para estar melancólico. E se não for a saúde, é a família, ou então o emprego. Povo triste, pensou Sara”. Espera-se que os estudantes identifiquem o distanciamento de Sara em relação ao povo português, o qual ela descreve com base em uma visão forasteira, explícita no uso da terceira pessoa.
próprias. E a ideia cada vez mais mítica da terra longínqua, feita de impressões misturadas, em que se cruzava a cadência do kissanje com as frutas do planalto e as zebras do deserto do Namibe. A distância emprestava às coisas o tom patinado da perfeição.
kissanje: instrumento musical angolano.
Foram anos de descoberta da terra ausente. E dos seus anseios de mudança. Conversas na Casa dos Estudantes do Império, onde se reunia a juventude vinda de África. Conferências e palestras sobre a realidade das colónias. As primeiras leituras de poemas e contos que apontavam para uma ordem diferente. E ali, no centro mesmo do império, Sara descobria a sua diferença cultural em relação aos portugueses. Foi um caminho longo e perturbante. Chegou à conclusão de que o batuque ouvido na infância apontava outro rumo, não o do fado português. Que a desejada medicina para todos não se enquadrava com a estrutura colonial, em que uns tinham acesso a tudo e os outros nada. Que o índice tremendo de mortalidade infantil existente nas colónias, se não era reflexo direto e imediato duma política criminosa, encontrava nela uma agravante e servia aos seus objetivos. E demonstrou essas ideias numa palestra que fez com um médico cabo-verdiano, no ano passado. Palestra prudente, com cuidadosa escolha das palavras, que lhe valeu muitos aplausos no fim, mas também uma chamada à PIDE, a polícia política, para advertência. Agora tens ficha na PIDE, cuidado, avisou Aníbal. Os pais lá em Benguela souberam do caso, por vias que só Deus talvez explicasse. Lá veio a carta, pagamos-te os estudos para seres médica e não para defenderes ideias comunistas. Não ponham adjetivos ridículos, são ideias justas, respondeu ela, sabendo que não os convenceria.
PEPETELA. A Casa (1961). In: PEPETELA. A geração da utopia . São Paulo: LeYa, 2013. E-book. Localizável em: parte 1.
Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos , conhecido como Pepetela , é um professor, sociólogo e escritor angolano. Em 1958, o autor se mudou para Portugal, com o objetivo de estudar Engenharia, mas migrou para a área de Humanidades e passou a participar das discussões na Casa dos Estudantes do Império, espaço de moradia para estudantes de colônias portuguesas em que a juventude discutia sobre política. Pepetela se exilou em Paris por se recusar a fazer o alistamento no exército português antes de se mudar para Argélia, onde cursou Sociologia e escreveu Muana Puó, seu primeiro romance. Fez parte do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), foi um dos fundadores do Centro de Estudos Angolanos e, de 1969 a 1974, integrou a luta armada. Pepetela era, inicialmente, o seu nome como guerrilheiro. O autor ocupou o cargo de vice-ministro da Educação de Angola de 1975 a 1982, durante o governo de Agostinho Neto (1922-1979). Após 1982, passou a se dedicar integralmente à literatura. Pepetela é o autor mais premiado de Angola e foi contemplado, em 1997, com o Prêmio Camões. Suas obras foram traduzidas para diversos idiomas, inclusive o japonês.
■ Escritor angolano Pepetela.
1. b) Sara percebe o povo português como distante, melancólico, triste e emocionalmente contido. A juventude africana, por sua vez, apresenta formas de expressões sociais mais alegres e expansivas.
1. Observe o modo como a identidade estrangeira de Sara vai se construindo no decorrer do trecho lido.
a) Releia o quarto parágrafo do trecho e transcreva, no caderno, uma passagem que permita ao leitor inferir que a personagem Sara não é portuguesa.
b) Com base nas diferenças culturais entre os portugueses e a juventude africana apresentadas no trecho, explique o modo como Sara percebe o povo português.
c) Releia a seguinte frase do último parágrafo do trecho. Atentando-se para os elementos que Sara resgata na sua conclusão, explique o que ela sugere sobre o processo de construção da identidade da personagem e a sua relação com Portugal.
Chegou à conclusão de que o batuque ouvido na infância apontava outro rumo, não o do fado português.
1. c) A frase sugere que o processo de construção da identidade de Sara está ligado às suas raízes africanas, representadas pelo batuque. O fado, por outro lado, representa Portugal e suas tradições, que não fazem parte da essência da personagem. Isso indica que, apesar de estar em Portugal, Sara percebe que o seu caminho e a sua identidade estão mais ligados à cultura africana, mostrando um afastamento emocional e cultural do país europeu.
2. a) A influência do regime de Salazar em relação ao povo africano fica evidente pelo fato de os estudantes das colônias passarem a ser tratados com hostilidade por conta da propaganda do governo a respeito das guerras pela independência de países como Angola.
2. b) Espera-se que os estudantes reconheçam que a associação do salazarismo à tristeza do povo português se dá pelo fato de o regime criar um ambiente de medo e controle, limitando a ação dos cidadãos pela censura.
2. A relação de Sara com o país estrangeiro está profundamente ligada ao regime político autoritário, comandado por António de Oliveira Salazar (1889-1970), vigente em Portugal entre 1932 e 1974, período em que a narrativa ocorre.
2. c) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
a) Segundo o trecho de A geração da utopia , de que modo a ditadura salazarista influencia a forma como os imigrantes africanos são tratados em Portugal?
b) Considerando a maneira como o salazarismo é descrito no trecho, elabore uma hipótese sobre o motivo de Sara associar a tristeza do povo português a esse regime político.
c) Faça uma breve pesquisa na internet ou em livros de História disponíveis na biblioteca sobre a relação da ditadura de Salazar em Portugal e a guerra pela independência em Angola. Com essas informações, discorra sobre como a personagem Sara enxergava o que acontecia nas colônias, comparando com o modo como sua família recebia seu ponto de vista.
3. Após expor a sua opinião a respeito da relação política entre Portugal e Angola, Sara é chamada à Polícia Internacional e de Defesa do Estado (Pide), órgão responsável pela repressão à oposição ao regime de Salazar. Leia o trecho a seguir, em que a personagem reflete sobre a censura, para responder às questões.
3. b) A censura gera em Sara uma falsa percepção sobre os acontecimentos no seu país natal, dificultando a distinção entre o que é realidade e o que é manipulação política das informações e fazendo com que a personagem questione as notícias lidas.
Para ela também não era fácil, sobretudo quando se tratava de preparar o relatório do estágio. O que se passa realmente na terra? O que é verdade e o que é propaganda do regime? E como estão os pais lá, confrontados com uma guerra? Pois é duma guerra que se trata, diga o governo o que disser. As notícias enchiam páginas dos jornais, mas as informações eram poucas. A censura estava a trabalhar a triplo vapor, as tesouras nunca funcionaram tanto como agora. Os jornais enchiam-se de discursos patrioteiros, Portugal é uno e indivisível, de declarações de apoio ao regime, mas pouco de concreto sobre os acontecimentos.
PEPETELA. A Casa (1961). In: PEPETELA. A geração da utopia . São Paulo: LeYa, 2013. E-book. Localizável em: parte 1.
a) Segundo o trecho, a cobertura da guerra em Angola, como apresentada nos jornais, corresponde à realidade dos acontecimentos? Explique.
b) De que maneira a censura afeta a percepção de Sara sobre a guerra e sobre a situação de sua família em Angola?
3. a) Não, uma vez que os jornais são retratados como espaços repletos de propagandas do regime salazarista, que ocultavam e distorciam as informações sobre a guerra.
c) Reflita sobre a função da censura no contexto político retratado no romance e compare com outras situações em que a censura foi usada para controlar a informação. Em sua perspectiva, o controle de informação afeta a capacidade dos jovens de formarem opiniões críticas? Explique.
Valorização da cultura afro-brasileira
O Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (MUNCAB), localizado em Salvador, Bahia, é um espaço dedicado à valorização da cultura de matriz africana e sua influência sobre a cultura brasileira. Tem o intuito de promover intercâmbios culturais, por meio de exposições, oficinas e eventos educativos, além de reunir documentação histórica e cultural afro-brasileira. O espaço é chamado de “museu em processo”, refletindo a natureza contínua da cultura. Sua existência simboliza resistência, memória e a constante criação em diálogo com as tradições dos povos africanos. Disponibiliza visitas guiadas no local e também um tour virtual.
■ Gradil da entrada do MUNCAB em Salvador, criado pelo artista plástico baiano J. Cunha (1948-), cujo título é “Gradil Histórias de Ogum”.
MUSEU NACIONAL DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA [MUNCAB]. Salvador, c2021. Site. Disponível em: https://museuafrobrasileiro.com.br/. Acesso em: 26 out. 2024.
3. c) Respostas pessoais. O objetivo da atividade é estimular os estudantes a refletir sobre os efeitos da censura na formação crítica da juventude. É possível que eles relacionem a questão da censura exposta no trecho com o período ditatorial que perdurou no Brasil de 1964 a 1985.
5. a) A trajetória de Pepetela se associa à das personagens de A geração da utopia pelo fato de o autor ter estudado em Portugal e construído sua identidade política na Casa dos Estudantes do Império.
No Capítulo 3 do Volume 2 da coleção, você estudou a literatura social de Agostinho Neto. O autor fez uso da literatura como recurso de resistência ao escrever poemas que contestam a estrutura de poder que se estabelecia na Angola da época; sua produção literária contribuiu para a luta pela independência do país.
4. O que leva Sara a definir sua mudança como um exílio é o fato de ela estar, ao mesmo tempo, saindo de um país em luta pela independência e vivendo no país colonizador.
Em 1482, os portugueses chegaram ao território hoje compreendido como Angola e estabeleceram relações com o Reino do Congo ali instituído. Foi em 1575 que Portugal iniciou a colonização do país, que durou até a metade do século XX. Angola conquistou a independência apenas em 1975. Durante grande parte desse período, o território angolano serviu como fonte de mão de obra escravizada, destinada ao Brasil e a outros países da América. No final do século XIX, com a abolição da escravatura nas Américas, Angola experimentou um crescimento econômico, impulsionado pela agricultura e pela construção de três ferrovias que conectavam o interior do país à costa. No entanto, a qualidade de vida dos angolanos permaneceu precária, e o país se via envolvido em conflitos raciais com a chegada de imigrantes portugueses.
Durante a ditadura de Salazar, Portugal se estabeleceu no caminho contrário dos demais países colonizadores, reforçando a condição colonial de Angola. Esse contexto político e econômico favoreceu o surgimento de três movimentos de libertação no país: o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a União Nacional para a Independência Total de Angola (Unita). Na década de 1960, esses movimentos travaram uma luta contra o domínio português.
Em 1974, com a queda do regime ditatorial em Portugal, os três movimentos se uniram em uma coalizão pela independência, mas a aliança durou pouco. A sua dissolução culminou em uma guerra civil que se estendeu até 1999, mesmo com a independência de Angola tendo sido declarada, em 1975, por Agostinho Neto, então presidente do MPLA.
A independência de Angola não resultou necessariamente em uma sociedade mais justa. As marcas da desigualdade, a guerra e a cultura do acúmulo de riquezas permaneceram, gerando frustração entre muitos integrantes do MPLA, cujos ideais não se concretizaram plenamente.
4. O que leva Sara a definir sua mudança para Portugal como um exílio? Responda, considerando o contexto histórico de Portugal e Angola.
5. Retome a biografia de Pepetela, relacionando-a com o trecho de A geração da utopia, para responder às questões.
a) Como a trajetória de Pepetela se reflete nos acontecimentos narrados no romance?
b) Em sua perspectiva, o que motivou a escolha de Pepetela pelo gênero romance para recriar os acontecimentos históricos vividos por ele? Explique.
No Capítulo 4 do Volume 1, a turma estudou o romance O som do rugido da onça, no qual o recurso de ficcionalização da história também é utilizado. Em A geração da utopia, contudo, a ficcionalização histórica se dá de forma mais realista, uma vez que o autor ficcionaliza fatos vividos por ele com base em sua perspectiva da história angolana.
Metaficção historiográfica
Em A geração da utopia , a narrativa se constrói por meio da releitura dos acontecimentos históricos pela perspectiva do colonizado, muitas vezes invisibilizada nos livros de História tradicionais, que costumam apresentar uma visão eurocêntrica do processo colonial. As literaturas que se baseiam em acontecimentos históricos para reconstruir os fatos narrados de forma ficcional, com base em outro ponto de vista, são denominadas metaficção historiográfica .
5. b) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reconheçam que a recriação da história de Angola por meio da narrativa ficcional de Pepetela proporciona um novo ponto de vista sobre os acontecimentos, que se desassocia do olhar do colonizador. O objetivo da questão é iniciar a discussão sobre metaficção historiográfica
6. Espera-se que os estudantes reconheçam a importância da recriação da narrativa com base em outros pontos de vista, complementando a discussão iniciada na questão anterior e associando-a ao trecho lido, em que é explorada a perspectiva de uma jovem angolana que luta pela independência de seu país.
6. Em sua opinião, qual é a importância da recriação de narrativas históricas pelo ponto de vista dos colonizados por meio do discurso ficcional? Explique, relacionando seus argumentos ao trecho lido de A geração da utopia.
7. Retome o quinto parágrafo do trecho de A geração da utopia, atentando-se à descrição de Sara. Em seguida, responda às questões.
a) Qual característica de Sara faz com que ela seja menos vítima de preconceito do que os demais imigrantes africanos que estavam em Portugal?
b) No trecho, a diferença de tratamento dado a Sara e aos demais imigrantes africanos aponta para a ideia de hierarquização racial. Reflita sobre esse fenômeno, considerando a heterogeneidade étnica da população africana.
A literatura angolana tem como temas centrais a construção da nacionalidade e a luta pela independência, além de abordar questões identitárias. Seu pano de fundo narrativo pode ser comparado aos movimentos literários brasileiros que tinham por objetivo propor a sistematização das características do Brasil enquanto nação, como o Romantismo e o Modernismo se propuseram, ainda que por meio de pontos de vista e de estratégias diferentes.
Ao estudar literatura angolana, é importante lembrar que Angola só conquistou a independência em 1975, de modo que a sua identidade nacional ainda está em processo de construção. Nesse contexto, a literatura se estabelece como uma ferramenta de reflexão, releitura histórica e afirmação cultural. Assim, ao realizar a leitura e a análise de textos de autores angolanos, é preciso atentar ao processo histórico e à importância do estabelecimento de narrativas que visem reconstruir ou explorar a história do país como recurso para a afirmação e a construção da identidade de um povo.
8. Releia o trecho a seguir, prestando atenção nas passagens em destaque.
O autocarro chegou. Felizmente era de dois andares, dava para ir lá em cima e gozar melhor o espetáculo de Lisboa ao sol. Sentou nos lugares da frente, esticou as pernas. O Campo Grande e a Avenida da República desdobraram-se aos seus pés. É bonita essa cidade, não há dúvida Fazia a concessão, quando quase tudo em Lisboa lhe desagradava . Logo temperou . Também não conheço outras grandes cidades para comparar. Nascida em Benguela, feito o final de liceu no Lubango, viera há quase seis anos para Lisboa estudar Medicina. O barco parou um dia em Luanda, os parentes do pai levaram-na a passear.
a) Identifique a voz narrativa dos trechos sublinhados e dos trechos em negrito e justifique a sua resposta com base nos elementos textuais.
b) Tendo em vista a sua resposta ao item anterior, indique qual é o tipo de discurso predominante no trecho de A geração da utopia
c) Elabore uma hipótese que explique a escolha do autor por esse tipo de discurso na construção do romance.
7. a) A característica que faz com que Sara seja menos vítima de preconceito em Portugal é o fato de ela ser branca.
7. b) O trecho evidencia que, em Portugal, as pessoas eram discriminadas com base na tonalidade de sua pele, uma vez que as pessoas de pele negra eram associadas ao terrorismo e à ideia da guerra, enquanto as pessoas brancas, mesmo que africanas, em um primeiro momento não eram julgadas. Essa discriminação revela uma visão reducionista do continente africano, em que só há indivíduos negros, todos pertencentes a um mesmo espaço e a uma mesma cultura, apagando todos os traços de diversidade cultural do continente.
8. a) Os trechos sublinhados representam a voz do narrador, enquanto os trechos em negrito representam a voz de Sara. É possível identificar a mudança das vozes pela alteração de tempos verbais.
8. b) O discurso predominante no trecho de A geração da utopia é o discurso indireto livre, em que a fala ou o pensamento da personagem mistura-se à voz do narrador, sem a necessidade de marcação explícita.
8. c) Essa escolha permite uma aproximação mais íntima do leitor com os pensamentos da personagem, facilitando a apresentação dos seus pontos de vista e pensamentos diante dos acontecimentos. Por se tratar de uma narrativa que resgata um período histórico, dar voz aos posicionamentos das personagens daria credibilidade às experiências ficcionalizadas.
9. a) A associação entre as frases se dá pela presença portanto e pelo fato de ambas reforçarem a ideia de que a história não apresenta um fim em si mesma, mas se estabelece com base em ciclos que marcam a trajetória dos países, conforme narrado em A geração da utopia
Ao retomar o , o autor ironiza a fala do professor, que dizia que “a palavra só se utiliza como conclusão dum raciocínio”. Isso acontece porque ele estabelece como significado para o vocábulo a ideia de continuidade, metaforizando a noção de que a conjunção portanto conecta aquilo que vem antes com aquilo que vem
A construção do narrador em A geração da utopia
No romance de Pepetela, a narrativa se dá em terceira pessoa. Contudo, a narração é o tempo todo atravessada pelos questionamentos e pensamentos das personagens, explorando um foco diferente a cada novo capítulo. Na introdução da primeira parte do romance, “A Casa (1961)”, o foco narrativo se volta para o olhar de Sara, que vive as tensões raciais em Portugal no momento de eclosão da luta armada em Angola, marcando a utilização do discurso indireto livre, estudado por você no Capítulo 2 deste volume. Em A geração da utopia , o discurso indireto livre transita entre diferentes pontos de vista acerca da história da independência de Angola, trazendo para o leitor uma visão plural dos acontecimentos. Além disso, ele se mistura à voz autoral, explicitada no início do capítulo pelo parêntese narrativo.
9. Cada uma das quatro partes de A geração da utopia termina com um epílogo. Leia, a seguir, o último deles, que conclui a parte “O Templo (A partir de julho de 1991)”. Como é óbvio, não pode existir epílogo nem ponto-final para uma estória que começa por portanto
PEPETELA. O Templo (A partir de julho de 1991). In: PEPETELA. A geração da utopia . São Paulo: LeYa, 2013. E-book. Localizável em: epílogo.
a) Retome a primeira frase do romance, associando-a à afirmação acerca do epílogo, e explique a relação estabelecida entre elas, apontando para efeitos de sentido que podem ser construídos pela narrativa de Pepetela.
b) A f rase que termina o romance dialoga com os parênteses em que o narrador explica, no primeiro capítulo, a escolha de iniciar o livro com a conjunção conclusiva portanto. Analise a retomada dessa palavra no epílogo, explicando sua mudança de sentido e o modo como essa mudança reflete a visão do autor sobre a história de Angola.
c) Conforme exposto no início desta seção, o livro A geração da utopia é dividido em quatro partes que remetem à história de Angola. Elabore, no caderno, um parágrafo relacionando a estrutura do romance de Pepetela e a noção de história com a constante repetição de acontecimentos.
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O que motivou o questionamento do examinador sobre a origem do autor foi a utilização da palavra portanto no início de sua fala. Esse questionamento pode ser associado ao preconceito linguístico por revelar um julgamento negativo do autor baseado em estereótipos e por subestimar suas capacidades intelectuais por ele ser de origem africana.
10. Releia os dois primeiros parágrafos de A geração da utopia e responda às questões seguintes.
Portanto, só os ciclos eram eternos.
(Na prova oral de Aptidão à Faculdade de Letras, em Lisboa, o examinador fez uma pergunta ao futuro escritor. Este respondeu hesitantemente, iniciando com um portanto. De onde é o senhor?, perguntou o professor, ao que o escritor respondeu de Angola. Logo vi que não sabia falar português; então desconhece que a palavra portanto só se utiliza como conclusão dum raciocínio? Assim mesmo, para pôr o examinando à vontade. Daí a raiva do autor que jurou um dia havia de escrever um livro iniciando por essa palavra. Promessa cumprida. E depois deste parêntesis, revelador de saudável rancor de trinta anos, esconde-se definitiva e prudentemente o autor.)
a) O que motivou o questionamento do examinador sobre a origem do autor e de que forma esse questionamento pode ser associado ao preconceito linguístico e cultural?
11. a) O batuque e o fado representam diferentes identidades culturais. Nesse sentido, compreende-se que o romance explora a dualidade entre essas culturas, discutindo a diferença entre a realidade nas colônias e a na metrópole portuguesa.
b) Conforme já estudado, a conjunção coordenativa portanto é um operador argumentativo que costuma expressar conclusões. O que a escolha por iniciar o romance com essa palavra revela sobre a postura do autor em relação à linguagem e ao seu papel de escritor?
c) Considerando o contexto, é possível identificar diferenças de sentido em relação ao emprego da conjunção portanto no português de Portugal e no português de Angola? Explique.
d) Como o parêntese narrativo, em que o autor comenta o episódio com o examinador, contribui para a construção do estilo do romance? Justifique.
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e) A “intromissão” do autor termina com ele se propondo a esconder-se “definitiva e prudentemente”. Você acredita que essa proposta será cumprida? Explique.
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11. Agora, releia o último parágrafo do trecho.
10. b) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
10. c) Veja respostas e comentário nas Orientações para o professor
Foram anos de descoberta da terra ausente. E dos seus anseios de mudança. Conversas na Casa dos Estudantes do Império, onde se reunia a juventude vinda de África. Conferências e palestras sobre a realidade das colônias. As primeiras leituras de poemas e contos que apontavam para uma ordem diferente. E ali, no centro mesmo do império, Sara descobria a sua diferença cultural em relação aos portugueses. Foi um caminho longo e perturbante. Chegou à conclusão de que o batuque ouvido na infância apontava outro rumo, não o do fado português. Que a desejada medicina para todos não se enquadrava com a estrutura colonial, em que uns tinham acesso a tudo e os outros nada.
a) No destaque, há uma comparação entre dois elementos culturais: o batuque e o fado. De que maneira essa comparação se relaciona com as outras ideias do texto?
b) No trecho “Foram anos de descoberta da terra ausente. E dos seus anseios de mudança”, qual é a relação entre a descoberta e os anseios? Como essas ideias estão conectadas ao longo do texto?
c) Observe as orações a seguir, analisando as semelhanças sintáticas entre elas. Explique seu efeito de sentido para a leitura do trecho.
I. Foram anos de descoberta da terra ausente.
II. Foi um caminho longo e perturbante.
11. c) Ambas as sentenças começam com um verbo no pretérito perfeito seguido de um complemento, evidenciando um paralelismo sintático. A repetição dessa estrutura reforça a construção da identidade dos personagens como processo contínuo, além de retomar a ideia de história como ciclos reiterados, a qual abre e fecha o romance.
11. b) A “descoberta da terra ausente” e os “anseios de mudança” se complementam semanticamente por meio da frase “Foram anos de”, uma vez que a descoberta leva ao desejo de transformação. Essas duas ideias são apresentadas em estruturas paralelas, reforçando o processo de descoberta e questionamento.
Você leu um trecho do primeiro capítulo do romance A geração da utopia, de Pepetela. Nele, você pôde observar, por meio da personagem Sara, como a censura operava durante o regime ditatorial de Portugal. Agora, você irá ler dois textos da brasileira Ana Cristina Cesar (19521983), escritos durante o período da ditadura civil-militar no Brasil.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
conviva: convidado.
Daqui é mais difícil: país estrangeiro, onde o creme de leite é desconjunturado e a subjetividade se parece com um roubo inicial. Recomendo cautela. Não sou personagem do seu livro e nem que você queira não me recorta no horizonte teórico da década passada. Os militantes sensuais passam a bola: depressão legítima ou charme diante das mulheres inquietas que só elas? Manifesto: segura a bola; eu de conviva não digo nada e indiscretíssima descalço as luvas (no máximo), à direita de quem entra.
das Letras, 2016. p. 15.
2
Professor, a numeração que acompanha o poema foi inserida para fins didáticos, não está presente na publicação original.
Neste interlúnio
Neste interlúnio
Sou um dilúvio ou me afogo.
E entre espectros que comprimem,
Nada se cumpre,
O destino esfarela.
De querela e farinha se ergue um olho.
As vozes despetalam,
Os períodos se abrandam,
Orações inteiras lentas se consomem,
10 Em poços há sumiço de palavras moucas.
11 Neste interlúnio
12 Sou fagulha ou hulha inerte
13 Enorme berne entra corpo adentro,
14 Entre os dentes, carne.
15 Arde o ente e cospe,
16 Cuspe inútil invadindo espaço.
17 Moléculas moles coleando,
18 Víboras vagas se rimando,
19 Poetas quietos entreolhando
20 Coisas coisas que falecem.
21 Neste interlúnio,
22 Sou coisa ou poeta. agosto/68
Companhia das Letras, 2013. p. 146.
1. Releia o texto “Inverno europeu”, prestando atenção ao modo como a relação do eu lírico com o país estrangeiro se estabelece. Em seguida, responda ao que se pede. a) Como o eu lírico descreve a experiência de estar em um país estrangeiro? Explique com base em elementos do trecho lido.
interlúnio: época em que a Lua não é visível; tempo entre dois ciclos menstruais.
dilúvio: chuva muito forte que gera alagamento. Em associação com a Bíblia, inundação da superfície terrestre.
espectro: fantasma. querela: discussão. mouco: que não escuta bem.
hulha: carvão mineral. inerte: imóvel, sem sinal de vida.
berne: larva da mosca-do-berne. colear: chutar. víbora: serpente venenosa.
O eu lírico descreve negativamente a experiência de estar em um país estrangeiro. Há, por parte da voz poética, um estranhamento diante dos detalhes cotidianos, como se pode perceber pela frase “o creme de leite é desconjunturado”. Pela recomendação de cautela, também é possível interpretar que o eu lírico se sente inseguro.
2. a) O texto se constitui com base na experiência do eu lírico, que assume a primeira pessoa da narrativa e expressa sentimentos de ordem pessoal em um fragmento escrito em prosa.
b) O eu lírico de “Inverno europeu” e Sara, protagonista do capítulo de A geração da utopia, compartilham o sentimento de deslocamento diante do país estrangeiro. Explique como cada personagem percebe a si mesma em território estrangeiro.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
2. Leia, a seguir, o trecho de uma conferência ministrada por Ana Cristina Cesar, em que ela discorre sobre o seu fazer poético, refletindo a respeito da dimensão literária do gênero diário.
[…] Aqui é fingido, é inventado, certo? Não são realmente fatos da minha vida. É uma construção. Mas há muitos autores que publicam diário. Quando você ler o diário do autor, de verdade, que ele escreveu sem uma intenção propriamente de fingimento, você vai procurar a intimidade dele. Se você vai ler esse diário fingido, você não encontra intimidade aí. Escapa…
CESAR, 1999 apud MARCHI, Tatiane. Ana Cristina Cesar e a poesia marginal. Língua, literatura e ensino, [Campinas], v. IV, p. 385-395, maio 2009. p. 386. Disponível em: https://revistas.iel.unicamp.br/index.php/lle/article/view/762. Acesso em: 8 out. 2024.
a) Quais aspectos da linguagem do texto “Inverno europeu” permitem ao leitor associá-lo a uma escrita da intimidade e do cotidiano? Explique.
b) No trecho da conferência, a escritora expõe duas concepções de diário: o “fingido” e o “de verdade”. Compreendendo a intimidade revelada em “Inverno europeu” como real ou construída ficcionalmente, em qual dessas duas concepções você enquadraria esse texto? Justifique.
3. Identifique se as afirmações a seguir, sobre o poema “Neste interlúnio”, são verdadeiras ou falsas. Copie, no caderno, as que considerar verdadeiras.
Resposta: V, V, F, F, V.
( ) A palavra interlúnio significa o intervalo entre duas fases da Lua, quando ela não está visível. No poema, a palavra simboliza um momento de incerteza e transição para o eu lírico.
( ) O poema explora dualidades em alguns de seus versos, como “Sou um dilúvio ou me afogo.” (verso 2) e “Sou fagulha ou hulha inerte.” (verso 12). Essas oposições reforçam o conflito interno do eu lírico, que se evidencia no decorrer do poema.
( ) No poema, não há preocupação com a sonoridade das palavras. Isso fica evidente pela ausência de versos que rimam entre si.
( ) O verso “Orações inteiras lentas se consomem,” (verso 9) sugere que o eu lírico tem uma relação harmoniosa com a escrita.
( ) Nos versos “Víboras vagas se rimando, / Poetas quietos entreolhando” (versos 18 e 19), o ritmo e a rima se complementam para a criação de uma atmosfera de aparente quietude e tensão.
Geração mimeógrafo e a literatura marginal
Durante a ditadura civil-militar, o mercado editorial brasileiro e os demais meios de publicação literária eram difíceis de serem acessados e, na maioria das vezes, estavam atravessados pela censura. Nesse contexto, inspirados em movimentos contraculturais — que viam expressões artísticas e literárias que se afastavam das tradições e buscavam inovações estéticas como formas de resistência —, uma geração de poetas passou a produzir os seus próprios jornais, livros e revistas, imprimindo e editando tais produções em mimeógrafos — máquinas utilizadas para fazer cópia de textos — e distribuindo as impressões em bares, eventos culturais, universidades e outros espaços de resistência. Tal geração, que tem como principais nomes Ana Cristina Cesar, Chacal (1951-), Cacaso (1944-1987) e Paulo Leminski (1944-1989), ficou conhecida como geração mimeógrafo ou poesia marginal . A marginalidade, nesse caso, refere-se ao fato de os poetas dessa geração estarem à margem do processo editorial e do sistema político e econômico, uma vez que se recusavam a participar do mercado literário pelos meios tradicionais.
A produção literária de Ana Cristina Cesar abarca o período da ditadura civil-militar brasileira (1964-1985). Durante esse período, muitas obras artísticas e literárias eram impedidas de ser publicadas pelo governo, de modo que os artistas e escritores da época precisaram elaborar técnicas
2. b) O texto é apresentado como uma reflexão íntima, mas, ao mesmo tempo, constitui-se por meio de uma construção literária de tom poético, evidenciada na escolha de palavras, na sonoridade e na construção de frases ambíguas que apenas insinuam certas situações. Tais características fazem com que o leitor imagine que se trata de um “diário fingido”, no qual a intimidade revelada é construída de forma ficcional.
4. b) Dentre as possibilidades de associação, estão os versos 3, 10 e 19, que revelam uma sensação de estar comprimido, denunciam o sumiço de palavras (que representariam as obras censuradas) e apontam para um clima de constante desconfiança. Tais versos podem ser associados ao contexto de censura e repressão da ditadura civil-militar.
para contornar esse cerceamento e garantir a publicação de seus escritos. A imprensa também era alvo de censura e, para se manifestar contra essa prática, os jornais da época publicavam trechos de receitas nos espaços que eram destinados às notícias que foram censuradas.
4. Considerando o contexto histórico de produção do poema “Neste interlúnio”, responda ao que se pede.
a) Retome o significado da palavra interlúnio e associe o conceito ao contexto histórico no qual ele se insere.
Espera-se que os estudantes associem o conceito à ideia de incerteza ou de escuridão enquanto metáfora para os anos da ditadura.
b) Identifique, no decorrer do poema, versos que podem ser associados à ditadura civil-militar, considerando seu caráter repressor e de censura. Justifique suas escolhas, tendo em vista a leitura geral do poema.
c) Considerando a relação estabelecida entre as palavras coisa e poeta nos quatro últimos versos do poema de Ana C., elabore uma reflexão acerca do papel do escritor durante a ditadura civil-militar.
AMPLIAR
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que os escritores, assim como os demais artistas, assumem o papel de resistência em contextos de regimes opressores. Isso coloca os poetas em uma posição de vulnerabilidade, pois estão sempre sob vigilância e na iminência de serem censurados.
Concretismo e Neoconcretismo no Brasil
O Concretismo foi um movimento artístico e literário que surgiu no Brasil em 1952, com a publicação da revista Noigrandes . Inspirados pelas vanguardas europeias, os poetas concretos propunham uma forma de linguagem que priorizava o visual, reconfigurando as estruturas tradicionais do fazer poético. Nos poemas concretos, a forma reflete o conteúdo do texto — assim, as palavras se organizam de modo a compor imagens, geometrias ou abstrações, explorando a objetividade e a construção estética que eleva a materialidade da palavra ao primeiro plano. Em 1959, um grupo de artistas, dentre eles o escritor Ferreira Gullar (1930-2016), publicou o Manifesto Neoconcreto, que fazia uma crítica à arte concreta, a qual, segundo os subscritores do manifesto, culminava no apagamento da relação entre obra e leitor ao propor a materialidade radical da palavra. Ferreira Gullar inovou o fazer poético da literatura brasileira e, com a instauração da ditadura civil-militar, passou a integrar a luta política e a publicar poemas de cunho social. O autor foi preso e exilado. Durante o exílio, Gullar escreveu Poema sujo, com quase 100 páginas, que foi traduzido para diversos idiomas.
5. Para você, de que modo o uso de temas pessoais e íntimos, como observado na literatura de Ana Cristina Cesar, pode ser entendido como uma forma de resistência dentro do contexto da ditadura civil-militar? Explique.
6. De que forma a opção por métodos alternativos de publicação e distribuição de textos literários pode ter influenciado o impacto social e político da literatura produzida pela geração mimeógrafo no contexto da ditadura civil-militar?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
Ana Cristina Cesar, conhecida como Ana C., foi uma professora, tradutora, jornalista, crítica literária e escritora brasileira. Seu pai era sociólogo e teólogo, e sua mãe, professora de Literatura. Ana C. publicou o seu primeiro poema aos 7 anos de idade, no jornal carioca A tribuna da imprensa . Entre 1961 e 1963, fundou e atuou no jornal Juventude Infantil . Em 1969, a poeta fez um intercâmbio em Londres, na Inglaterra, onde entrou em contato com a literatura de língua inglesa e passou a se interessar por tradução. Em 1971, iniciou sua graduação em Letras na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Ana Cristina concluiu um mestrado em Literatura e Cinema na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e um mestrado em Teoria e Prática da Tradução na Universidade de Essex, na Inglaterra. Em 1982, publicou A teus pés , que reúne seus três primeiros livros: Cenas de abril (1979), Correspondência completa (1979) e Luvas de pelica (1980). As reedições de sua obra contam com o acréscimo do volume póstumo Inéditos e dispersos (1985).
■ Ana Cristina Cesar, no Rio de Janeiro em 1983.
5. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes reconheçam que a escrita da intimidade e a exploração da subjetividade podem ser entendidas como uma forma de resistência por explorar o sentimento do eu lírico diante do tensionamento político em jogo no período ditatorial, que buscava controlar inclusive a vida privada da população.
Resposta pessoal. O objetivo da questão é incentivar a discussão acerca da literatura como forma de resistência diante de governos opressores, tendo em vista a trajetória de Pepetela, Ana Cristina Cesar e Ferreira Gullar.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Leia, a seguir, um trecho do texto “O ‘Poema sujo’: a história do poema”, de Ferreira Gullar. Escrevi o Poema sujo em 1975, em Buenos Aires, depois de anos de exílio em Moscou, Santiago do Chile e Lima. Se a primeira parte do exílio foi sofrida e atordoante (só me dei conta de que minha presença em Moscou era real seis meses depois de estar vivendo lá), a última parte – queda de Allende, reencontro traumatizante com a família no Peru – foi devastadora. Transferi-me em 1974 para Buenos Aires, cidade mais acolhedora e próxima do Brasil, mas, desgraçadamente, logo a situação política se agravou, desencadeando-se a repressão às esquerdas e aos exilados. À minha volta, os amigos começaram a ser presos ou fugir. Com o passaporte vencido, não poderia sair do país, a não ser para o Paraguai ou a Bolívia, dominados por ditaduras ferozes como a nossa. [ ] Sabia-se que agentes da ditadura brasileira tinham permissão para entrar no país e capturar exilados políticos. Sentia-me dentro de um cerco que se fechava. Decidi, então, escrever um poema que fosse o meu testemunho final, antes que me calassem para sempre.
Guardei o poema. Apenas a Thereza, numa das idas a Buenos Aires, havia lido a parte inicial dele, antes da leitura feita por mim, a pedido do Vinicius de Moraes, na casa de Augusto Boal, para um grupo de amigos, quase todos exilados como eu. Após essa leitura, Vinicius, comovido, pediu-me uma cópia do poema, queria levá-lo para o Brasil. Finalmente, decidimos que seria melhor gravá-lo numa fita, o que foi feito já no dia seguinte. No Rio, Vinicius reuniu um grupo de amigos em sua casa para ouvir o poema. Nas circunstâncias, ouvi-lo dito por mim, poeta exilado, era certamente emocionante, e isso fez com que as cópias do poema se multiplicassem e outros grupos se formassem para escutá-lo. Sem demora, recebi do editor Ênio Silveira carta pedindo urgente uma cópia escrita do poema que ele queria editá-lo o mais rápido possível. De fato, poucos meses depois, o Poema sujo estava nas livrarias, suscitando a iniciativa de escritores, jornalistas e amigos para obter do governo militar a garantia de que eu pudesse voltar ao Brasil sem sofrer represálias. Só tomei conhecimento disso mais tarde, quando o processo já se desencadeara. Mantive-me neutro mas interessado no desfecho positivo dessas gestões que envolveram alguns cabeças da ditadura. A resposta foi não. Mas eu já estava cansado do exílio, com dois filhos doentes no Brasil e uma saudade insuportável. Voltei, fui levado para o DOI-Codi, submetido a um interrogatório de 72 horas ininterruptas, acareações e ameaças (ameaçavam sequestrar um de meus filhos, internado numa clínica psiquiátrica). E eles sabiam tudo o que desejavam ouvir de mim. No final, explicaram: foi pra você não pensar que podia voltar assim, de graça. De qualquer modo, devo ao Poema sujo o fim antecipado do meu exílio GULLAR, Ferreira. O “Poema sujo”: a história do poema. [S l.]: Letras in.verso e re.verso, 10 set. 2013. Disponível em: www.blogletras.com/2014/09/o-poema-sujo-historia-do-poema.html. Acesso em: 8 out. 2024.
• Considerando o relato de Ferreira Gullar, no qual ele discorre sobre o contexto em que produziu Poema sujo, escreva, no caderno, um pequeno texto dissertativo discutindo a função da literatura em períodos de suspensão de direitos e repressão de ideias. Retome os textos de Pepetela e Ana Cristina Cesar para justificar seu ponto de vista.
• No trecho, Ferreira Gullar menciona que o Poema sujo teve seu impacto multiplicado por meio de fitas gravadas e compartilhadas por amigos, exilados e outras pessoas. Pensando nos meios de comunicação dos quais dispomos na atualidade, como você acha que, atualmente, a juventude pode assumir um papel ativo na circulação de informações e na luta por direitos em contextos de repressão?
Resposta pessoal. O objetivo da questão é incentivar os estudantes a refletir sobre o papel da juventude na circulação de informações e na valorização da democracia.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Neste capítulo, você estudou algumas características do romance A geração da utopia, de Pepetela. Dentre essas características, está o conceito de metaficção historiográfica, que consiste na reconstrução literária de fatos históricos por meio de outro ponto de vista, comumente os dos grupos social, política e culturalmente dominados. Você também estudou a literatura de intimidade e a construção de diários com base na perspectiva ficcional, por meio da leitura de textos de Ana Cristina Cesar. Nesta seção, você irá selecionar um acontecimento histórico e elaborar um texto ficcional baseado nesse acontecimento, buscando reconstruí-lo em uma escrita da intimidade que se assemelhe a um diário.
sugestões didáticas nas Orientações para o professor
1. Pense a respeito dos eventos históricos que, do seu ponto de vista, são mais interessantes para basear a sua escrita.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
1. Para dar início ao planejamento, elabore a estrutura do seu texto seguindo os passos listados.
• I ndique qual acontecimento histórico servirá como pano de fundo para a sua escrita da intimidade.
• Escreva o modo como as emoções e os sentimentos da voz narrativa serão impactados por esse acontecimento histórico.
• Sistematize de que forma o limite entre realidade e ficção se estabelecerá no seu texto.
2. Reflita sobre como a relação entre ficção e realidade se estabelece no seu texto, verificando se os limites elaborados por você criam a sensação de um “diário fingido”.
1. Utilize as questões a seguir como roteiro para avaliação e reedição do seu texto.
• O leitor consegue compreender o contexto histórico em que o texto se estabelece?
• A escrita foi elaborada de modo a gerar, no leitor, a sensação de que está lendo um texto íntimo?
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
O texto produzido pode ser entregue ao professor para que seja organizado, junto às demais produções da turma, sob forma de diário. Os textos também podem ser compartilhados com o professor de História, para serem associados aos momentos históricos que serviram como pano de fundo para a sua elaboração.
2. Resposta pessoal. O objetivo da atividade é estimular os estudantes a refletir sobre as dificuldades que o avanço da ciência encontra quando esbarra em conceitos preestabelecidos como crenças sociais, muitas vezes não fundamentadas em teorias científicas.
Neste capítulo, você estudou o poema “Neste interlúnio”, de Ana Cristina Cesar. Nele, o conceito de interlúnio funciona como metáfora para o contexto em que o poema foi produzido. A seguir, você lerá o trecho de um artigo científico que explica o funcionamento do telescópio, instrumento que foi construído pelo astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642), revolucionando a observação científica do Universo.
O terceiro telescópio construído por Galileo, por ser o instrumento com o qual Galileo realizou as célebres observações que mostraram ao mundo que a Terra é apenas mais um planeta em órbita do Sol, é considerado por muitos o instrumento científico mais importante da história da humanidade. Esse telescópio ficou pronto em novembro de 1609. Ele era constituído basicamente por um tubo de 92,7 cm de comprimento com um ‘porta-lente’ em cada extremidade e apresentava aumento de quase 21 vezes.
[…]
Nesta seção, é proposto um diálogo entre a Física e a Língua Portuguesa por meio da Literatura, em uma atividade interpretativa que aborda a funcionalidade do telescópio na observação da Lua. Para ampliar o escopo da Física com mais profundidade, indica-se uma interlocução com o professor desse componente curricular.
■ O telescópio das “Grandes Descobertas” exposto no Instituto e Museu de História da Ciência em Florença.
As primeiras anotações científicas feitas por Galileo a partir de imagens visualizadas com esse telescópio teriam sido feitas em Pádua, na noite de 30 de novembro de 1609. Foram dois esboços da irregular superfície lunar feitos com tinta e pincel em uma folha de papel especial para pintura. Em dezembro de 1609, Galileo acrescentou outras quatro imagens lunares a essa folha. Contrariando um pensamento que vinha desde a Grécia antiga, Galileo verificou que a Lua não era uma ‘esfera perfeita’, mas possuía montanhas e crateras.
LAS CASAS, Renato. Os primeiros telescópios. Cadernos de Astronomia, Vitória, v. 1, n. 1, p. 91-98, 2020. p. 93. Disponível em: https://periodicos.ufes.br/astronomia/article/download/30856/21246. Acesso em: 8 out. 2024.
1. Segundo o texto, quais foram as principais características do terceiro telescópio construído por Galileu em 1609?
O terceiro telescópio de Galileo, construído em 1609, tinha como características a presença de um tubo com um “porta-lente” em cada extremidade, com capacidade de aumentar as imagens em quase 21 vezes.
2. As descobertas de Galileu com base em suas observações da Lua contrariavam a crença de que o satélite era uma esfera perfeita. Para você, quais são os obstáculos enfrentados pela ciência ao questionar crenças anteriores?
3. O poema “Neste interlúnio”, de Ana Cristina Cesar, faz referência ao intervalo entre as fases da Lua como um momento de introspecção que pode ser associado ao contexto político da ditadura civil-militar. Sabendo que, durante períodos de censura, a liberdade de expressão e a divulgação de ideias são limitadas e controladas pelo governo, reflita sobre as consequências da censura no desenvolvimento das ciências.
Resposta pessoal. O objetivo da questão é estimular a reflexão sobre a importância da livre circulação de informações para que os avanços científicos possam acontecer e para que os conhecimentos construídos nos mais diversos campos de estudo sejam divulgados de forma clara e objetiva, sem recortes políticos ou ideológicos.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolva nos estudantes o aprofundamento das “análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas”. Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social. Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Na seção Estudo Literário, você analisou as obras literárias de Pepetela e Ana Cristina Cesar. A seguir, você irá observar uma maneira diferente de divulgar e propagar obras do campo artístico-literário por meio da análise do gênero postagem de marca. A postagem a seguir foi compartilhada no perfil de uma rede social da editora Todavia e apresenta a publicação das obras de um importante autor da literatura brasileira.
Resposta pessoal. Permita aos estudantes que possuem perfis nas redes sociais compartilharem as suas respostas.
Antes de iniciar a primeira leitura do texto, comente com a turma a questão a seguir.
• Caso tenha um perfil nas redes sociais, você segue alguma empresa? Se sim, você se sente influenciado de alguma maneira pelas postagens dessa marca?
Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
• Caso tenha um perfil nas redes sociais, você segue algum perfil de editora de livros?
• Você considera que uma editora de livros é uma empresa que possui alguma marca? Por quê?
• Sem fazer a leitura do texto verbal, observe as imagens publicadas na postagem apresentada a seguir. Com base na leitura de imagem, levante uma hipótese sobre qual produto a postagem pretende divulgar.
Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
Resposta pessoal. Espera-se que o estudante reconheça a fotografia de Machado de Assis e associe a divulgação da editora a algum livro escrito por ele. 2
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolva nos estudantes o aprofundamento das “análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas”. Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social.
TODAVIA LIVROS. A pré-venda começou: todos os livros de Machado de Assis. [S. l.], 5 out. 2023. Instagram: todavialivros. Localizável em: imagens de 1 a 10, respectivamente. Disponível em: www.instagram.com/p/CyBr6gkO8aj/. Acesso em: 8 out. 2024.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Texto verbal presente em todas as páginas, incluindo: título da postagem, títulos das páginas, cabeçalho das páginas, nome das instituições envolvidas no rodapé; títulos dos livros da coleção em formato de lista; exemplo de fontes utilizadas.
1. As novas tecnologias favorecem a proliferação de novos gêneros textuais, como é o caso da postagem em redes sociais e, consequentemente, da postagem de marca. O ambiente virtual, no qual esses gêneros circulam, permite o uso de diferentes linguagens. Copie, no caderno, o quadro a seguir e organize nele os elementos destas duas linguagens que você consegue identificar na postagem.
Linguagem verbal
Linguagem não verbal
2. Quatro cores são preponderantes nas páginas da postagem.
a) Quais são elas?
As cores branca, laranja (em diferentes tons), vinho (ou marsala) e azul-marinho.
b) Qual função cada uma assume na postagem?
Cores utilizadas no fundo de cada página; diferentes fontes de letra; fotografia em preto e branco de Machado de Assis; fotografia das caixas da coleção anunciada; imagens de algumas capas da coleção; símbolo do logo da editora Todavia.
c) De que maneira as cores predominantes na postagem se relacionam com o produto apresentado por ela?
2. b) A cor branca é utilizada na fonte do texto verbal, enquanto as outras são utilizadas no fundo de todas as páginas da postagem; a cor laranja é ainda utilizada em alguns dos sinais aplicados.
3. Na postagem, há imagens em preto e branco e coloridas. Responda às questões a seguir para levantar hipóteses acerca dessa escolha na construção do texto.
a) Quais imagens na postagem são em preto e branco e quais são coloridas?
b) Considerando que se trata de uma postagem de marca, que importância os elementos coloridos assumem?
4. Na postagem, o texto verbal é aplicado apenas com uma cor. Quais recursos gráficos são utilizados para organizar a hierarquia dos conteúdos apresentados? Justifique sua resposta com exemplos.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Profissões das redes sociais
1. Os estudantes analisaram o gênero textual postagem de rede social no Capítulo 2 do Volume 2 . Procure resgatar os conhecimentos prévios acerca do gênero, o que certamente auxiliará na compreensão do gênero textual postagem de marca.
Nas últimas décadas, as mídias sociais transformaram não só a comunicação, mas também o mercado de trabalho. Com as novas plataformas, surgiu a demanda por profissionais especialmente relacionados ao campo de atuação jornalístico-midiático; entre eles, os criadores de conteúdo, que são os produtores de informação e arte por trás de muitas das postagens que é possível observar em nossas redes sociais todos os dias. Eles criam e compartilham material multimídia para engajar o público a fim de divulgar uma marca ou comunidade on-line para que ela cresça, sendo conhecida por mais pessoas. Isso pode ser feito por meio um profissional autônomo ou por um time de marketing. Uma formação em Comunicação Social, Marketing , Design ou Jornalismo pode ser útil para entrar nessa carreira.
A seguir, observe uma lista de profissões que, assim como a de criador de conteúdo, são ligadas às redes sociais.
• Designer de mídias sociais
• E specialista em marketing digital
• P ublicitário
• Jornalista digital
• Gestor de tecnologia da informação
• A nalista de mídias sociais
• Ger ente de comunidade
• Ger ente de mídias sociais
• Ge stor de marca
2. c) As cores predominantes da postagem são as mesmas aplicadas na caixa/box e nos volumes da coleção “Todos os livros de Machado de Assis”, destacando ainda mais o produto anunciado. Comente com os estudantes que uma exceção é a cor azul-marinho aplicada justamente na página em que as capas com as cores predominantes são apresentadas e, portanto, precisam desse destaque.
3. a) Preto e branco: as fotografias de Machado de Assis. Colorida: as capas de livro e a fotografia da caixa/box anunciada.
3. b) Os elementos coloridos – as capas dos livros e a caixa/box – assumem um destaque visual em relação aos outros elementos da postagem. Em se tratando de uma postagem de marca, espera-se que os conteúdos relacionados a ela estejam de fato em destaque.
Elabore com sua turma um portfólio coletivo dessas profissões. Procure acrescentar a esse documento uma descrição das funções exercidas, das habilidades exigidas e da formação desejável para cada profissão. Não deixe de acrescentar a de criador de conteúdo.
4. Diferentes tamanhos de fontes; bold/negrito; sublinhado. Sugestões de justificativa: o título da coleção é apresentado com uma fonte maior e em negrito; informações em destaque na postagem, como número de anos, profissionais envolvidos e volumes são apresentados em fonte maior e em negrito; informação sobre a venda é apresentada com o texto sublinhado.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
5. Leia agora o texto que acompanha as páginas da postagem de marca.
■ Postagem feita pela editora Todavia para divulgar a coleção “Todos os livros de Machado de Assis”.
A pré-venda começou: TODOS OS LIVROS DE MACHADO DE ASSIS!
A coleção TODOS OS LIVROS DE MACHADO DE ASSIS, organizada pelo professor Hélio de Seixas Guimarães e realizada em parceria com o Itaú Cultural (@itaucultural), já está em pré-venda nas livrarias parceiras de todo o país e chega às lojas em 25/10. O box , com tiragem limitada, foi pensado como algo especial, exclusivo e reúne características únicas: capas serigrafadas, papel especial (colorido na massa, para as capas), miolo em pólen soft 80, costura em linha colorida em cadernos de 16 páginas (para tornar confortável a abertura do livro), box rígido para organizar os volumes. Uma nova família tipográfica, batizada de Machado Serifa, foi desenvolvida especialmente pelo designer de tipo Marconi Lima (@_typefolio), e as letras reproduzidas nas capas de cada volume foram extraídas das páginas de rosto das 26 edições originais, em projeto gráfico desenvolvido por Daniel Trench (@danieltrench | @cldt.design).
Fruto de um intenso trabalho editorial e de pesquisa que levou quatro anos e envolveu mais de 20 profissionais, a coleção reúne tudo o que Machado publicou em livro em seu período de vida. As 26 edições originais revistas pelo próprio autor são a base do projeto, que busca resgatar a dicção original de Machado. ‘Quisemos nos aproximar o máximo possível da dicção do escritor, que por meio do uso muito peculiar de vírgulas, pontos e vírgulas e travessões deixa implícito um ritmo de leitura muito próprio’, diz Hélio de Seixas Guimarães.
Cada livro conta com apresentações inéditas e, em toda a coleção, as anotações sobre a presença da questão racial nos escritos de Machado de Assis ficaram a cargo de Paulo Dutra (@poetapaulodutra), professor na Universidade do Novo México (EUA) e consultor da coleção. A caixa, no entanto, não será o único meio de ter acesso a essas edições. A partir do primeiro semestre de 2024, os livros serão publicados de forma avulsa, seguindo a ordem cronológica da obra.
Para adquirir a caixa TODOS OS LIVROS DE MACHADO DE ASSIS consulte a lista de livrarias parceiras no link da bio.
Impresso na @ipsisgrafica
#MachadoNaTDV
#MachadoDeAssis
#TodaviaLivros
#EditoraTodavia
5. b) Aparece na parte inferior direita de todas as páginas. Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
5. c) O objetivo é anunciar a pré-venda da coleção “Todos os livros de Machado de Assis”. O conteúdo apresentado, tanto o relacionado à linguagem verbal quanto à linguagem não verbal, mostra detalhes da coleção, que a destacam como única.
TODAVIA LIVROS. A pré-venda começou: todos os livros de Machado de Assis. [S l.], 5 out. 2023. Instagram: todavialivros. Localizável em: legenda. Disponível em: www.instagram.com/p/CyBr6gkO8aj/. Acesso em: 8 out. 2024.
a) Qual o grupo editorial responsável pela postagem?
A editora Todavia.
b) Em que local da postagem o logo desse grupo aparece e com qual recorrência? Levante hipóteses a respeito da escolha da recorrência, considerando inclusive o seu compartilhamento em stories
c) De acordo com o texto lateral, qual o objetivo da postagem? De que maneira o conteúdo apresentado nas páginas da postagem se relaciona a esse propósito?
6. O produto anunciado pela postagem apresenta um valor de aquisição mais elevado do que o de um livro avulso e pode ser considerado destinado a determinado público.
a) Levante hipóteses sobre o público-alvo da coleção anunciada.
b) Quais informações destacadas na postagem são destinadas a esse público-alvo?
Logo, marca e criação de conteúdos
No Capítulo 2 , você aprendeu que o logo é um símbolo que cumpre a função de identificar uma empresa ou instituição e é composto de uma imagem claramente identificável. A bicicleta da editora Companhia das Letras e os pontos da editora Todavia são os logos que identificam essas empresas.
REPRODUÇÃO/COMPANHIA
■ Logo da editora Companhia das Letras.
■ Logo da editora Todavia.
A marca se relaciona à identidade de uma empresa e engloba vários elementos — sendo o logo um deles —, identificando e distinguindo uma empresa, um produto ou um serviço; por isso, se bem-sucedida, consegue facilmente ser identificada pelo seu público consumidor, criando, assim, um vínculo com ele. Enquanto o logo é apenas um dos elementos gráficos que compõe a marca, esta, por sua vez, engloba uma série de elementos, como valores, personalidade, cultura e posicionamento de mercado.
Nesse cenário, a criação de conteúdos nas redes sociais — entre eles, a postagem — é um dos fatores que auxiliam na construção da personalidade e da cultura da marca, diferenciando-a no mercado e a destacando entre as concorrentes.
7. Na ampliação das possibilidades de suportes eletrônicos e digitais, gêneros textuais antigos muitas vezes se imbricam e interpenetram para a criação de novos gêneros.
a) Em qual campo de atuação a postagem de marca circula?
I. Campo da vida pessoal.
II. Campo das práticas de estudo e pesquisa.
III. Campo jornalístico-midiático.
IV. Campo de atuação na vida pública.
V. Campo artístico-literário.
b) Em sua opinião, com quais gêneros textuais desse campo de atuação é possível relacionar a postagem de marca? Resposta: III. Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
6. a) Resposta pessoal. Sugestões de resposta: colecionadores de obras, fãs dos livros de Machado de Assis, professores de literatura, arquitetos que queiram decorar casas com livros etc.
6. b) As informações técnicas sobre o livro, como: tipo de fonte e papel, tamanho e costura dos cadernos, capa serifada, projeto gráfico, decisões editoriais etc. Esse tipo de informação mais específica não costuma ser de conhecimento do público em geral, mas sim de um público mais especializado.
8. a) A data 8 de março, na qual é comemorado o Dia Internacional da Mulher. Se necessário, oriente os estudantes a pesquisar sobre a data 8 de março. Comente com os estudantes que é comum que campanhas publicitárias mais tradicionais aproveitem datas comemorativas diversas para promover a venda de produtos e fortalecer a marca.
8. Observe, a seguir, outra postagem de marca publicada pela editora Todavia.
8. b) Os produtos apresentados são livros escritos apenas por mulheres, o que se relaciona com a data de comemoração destacada.
TODAVIA. [Olga, Ottessa, Guadalupe...]. [S. l.], 8 mar. 2024. Instagram: todavialivros. Disponível em: www. instagram.com/p/ C4Q7RFjuwvV/?img_ index=1. Acesso em: 16 out. 2024.
a) Considerando o título da página e as hashtags que finalizam o texto lateral da postagem, responda: o que motivou a criação da postagem?
b) De que maneira essa motivação se relaciona aos produtos anunciados na postagem?
c) Qual informação apresentada se dirige diretamente a um potencial público-alvo interessado na compra de livros?
A promoção de 20% de desconto em títulos da editora que tenham sido escritos por mulheres.
9. Como você analisou anteriormente, a escolha de cores costuma ser intencional em postagens de marca. Leia a seguir um texto jornalístico que aborda a importância das cores no movimento sufragista, que lutava pelo direito ao voto feminino.
Muito além do branco, conheça os significados dos tons que serviram de bandeira para a luta pelo direito ao voto feminino.
■ Fotografia: Reprodução. Tradução: Votos para Mulheres.
As cores sempre desempenharam papel importante dentro da sociedade. Elas possuem a capacidade de transmitir mensagens e provocar sensações instantâneas. Justamente por isso, são partes essenciais das mais diversas construções sociais, funcionando como elemento identitário com potencial de pertencimento e exclusão. Não à toa, quase todos os movimentos sociopolítico e cultural possuem alguma tonalidade cromática ligada a seus integrantes. Com as sufragistas não foi diferente. O branco é, sem dúvidas, a cor mais rápida e popularmente associada à indumentária das mulheres que foram às ruas lutar pelo direito ao voto feminino, a partir da metade do século 19. Tem a ver com a questão financeira (tecidos nesse tom eram mais baratos) e também com a própria
9. d) Respostas pessoais. Embora a resposta seja pessoal, espera-se que o estudante perceba três cores que identificam o movimento sufragista presentes nela: o branco, o verde e o roxo. Incentive-os a perceber o destaque para a cor roxa, atualmente bastante relacionada ao movimento feminista, como explica a professora Daniela Nogueira. Dessa maneira, é provável que a escolha das cores tenha sido intencional, de maneira a relacioná-las ao Dia Internacional da Mulher.
lógica de uma manifestação: em meio a uma multidão de homens com ternos pretos, roupas brancas se destacam facilmente. Contudo, outras cores apareciam em cartazes, faixas e broches. Elas variam de lugar para lugar – as sufragistas britânicas escolheram roxo, branco e verde para distinguir o partido dos outros, enquanto as americanas preferiram o roxo, branco e dourado.
Emmeline Pethick-Lawrence, ativista e editora do jornal semanal da época Votos para Mulheres , certa vez, explicou o motivo pelo qual cada cor foi escolhida: ‘Roxo, como todos sabem é a cor real, representa o sangue real que corre nas veias de cada sufragista, o instinto de liberdade e dignidade. Branco significa pureza na vida privada e pública e o verde é a cor da esperança e o emblema da primavera.’
Para a professora de pós-graduação em Design e Tendências da PUC Paraná, Daniela Nogueira, o roxo ‘tem um tom de realce para o movimento feminista, é a transcendência dos efeitos que impulsionam a causa’. Para ela, a cor tem também significados de poder e cura. ‘É como a equidade e temperança da liberdade, que disseram ser azul, e da fraternidade, que julgaram ser vermelha. Se souber misturar, dá roxo. É a cor que dá sentido à paz do branco, que, isolado, é paz sem voz’, explica.
[...]
ALVES, Jéssica. As cores do movimento sufragista . São Paulo: ELLE, 23 fev. 2021. Disponível em: https://elle.com.br/moda/as-cores -do-movimento-sufragista?srsltid=AfmBOoou2WQ7z3EcVc15bbj-x1KhyXTzexRUznrbgg04Gr1vjnniINId. Acesso em: 16 out. 2024.
a) De acordo com o texto, de que maneira as cores são utilizadas para transmitir mensagens?
b) Quais cores foram utilizadas para identificar o movimento sufragista?
9. a) As cores podem transmitir mensagens quando funcionam como elemento identitário em movimentos sociopolíticos e culturais, nos quais são utilizadas para identificação ou exclusão. O branco, o roxo, o verde e o dourado.
c) Na análise de postagens, você percebeu que a seleção de algumas cores intenciona o destaque de informações. De acordo com o texto, que escolha de cor feita pelo movimento sufragista também intencionava o destaque? Por quê?
d) Observe novamente a postagem da Todavia, apresentada na atividade anterior. Considerando as informações lidas no texto jornalístico, em sua opinião, a escolha das cores que a compõe é intencional? Por quê?
9. c) A escolha da cor branca, porque com roupas brancas as mulheres poderiam se destacar nas manifestações, em meio aos homens que, em sua maioria, vestiam ternos pretos.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Nesta coleção, você já teve a chance de analisar o engajamento promovido por influenciadores digitais e o poder que exercem sobre seus seguidores, que – como o próprio termo indica –, muitas vezes, concordarão com suas opiniões e consumirão as informações que compartilham. Algumas postagens da internet são diretamente classificadas como publicidade, pois são patrocinadas por marcas e precisam ser identificadas por uma hashtag específica. Muitos influenciadores são contratados para representar marcas e os produtos que oferecem ao público.
• Algumas postagens de influenciadores na internet são diretamente classificadas como publicidade, pois são patrocinadas por marcas e apresentam produtos que podem ser comprados pelos seguidores. Em sua opinião, por que é necessária essa identificação?
• Em sua opinião, as postagens de marca, como as que você analisou, também deveriam ser seguidas de uma hashtag que as distinguisse das demais? Por quê? Compartilhe suas impressões com os colegas.
Respostas pessoais. Incentive os estudantes a sustentar as suas opiniões com argumentos. Caso a maioria concorde com a apresentação de hashtag, pergunte qual eles criaram para esse fim.
Resposta pessoal. A identificação de postagens patrocinadas é crucial para garantir a transparência e a honestidade nas relações entre marcas e consumidores. Isso permite que os usuários reconheçam conteúdo publicitário, evitando manipulações e promovendo escolhas mais conscientes. Além disso, fortalece a confiança nas plataformas e nos influenciadores.
10. a) Afirmação III;
b) Afirmação IV;
c) Afirmação I;
d) Afirmação II.
10. Como já abordado, a postagem de marca tem como objetivo a produção de um conteúdo com menção a um produto, para promovê-lo por meio do engajamento do leitor a esse conteúdo. Releia trechos da postagem da coleção “Todos os livros de Machado de Assis”, na Coluna I, e associe-os corretamente às afirmações da Coluna II.
O texto verbal da postagem apresenta informações e detalhes sobre a publicação apresentada, mas também recursos argumentativos, como os evidenciados na Coluna II, que pretendem convencer o leitor sobre o valor da obra.
12. a) Porque essa alternância promove a captação dos leitores de diferentes estilos de leitura: a alternância entre texto e imagem por meio dos quadros também promove dinamismo à postagem, envolvendo o leitor.
a)
“Fruto de um intenso trabalho editorial e de pesquisa que levou quatro anos e envolveu mais de 20 profissionais, a coleção reúne tudo o que Machado publicou em livro em seu período de vida. As 26 edições originais revistas pelo próprio autor são a base do projeto, que busca resgatar a dicção original de Machado.”
b)
“‘Quisemos nos aproximar o máximo possível da dicção do escritor, que por meio do uso muito peculiar de vírgulas, pontos e vírgulas e travessões deixa implícito um ritmo de leitura muito próprio’, diz Hélio de Seixas Guimarães.”
c)
“Cada livro conta com apresentações inéditas e, em toda a coleção, as anotações sobre a presença da questão racial nos escritos de Machado de Assis ficaram a cargo de Paulo Dutra (@poetapaulodutra), professor na Universidade do Novo México (EUA) e consultor da coleção.”
I.
Uso de indicação de profissional especialista, que concede credibilidade à publicação anunciada.
d)
“Resgate da dicção de Machado de Assis”
II.
Frase curta e sucinta que apresenta a originalidade da publicação anunciada.
III.
Uso de adjetivo e numerais para enfatizar a importância e qualidade da publicação anunciada.
IV.
Uso de citação de autoridade consagrada, que reforça o valor da publicação anunciada.
11. Explique de que maneira o texto verbal da postagem apresenta um caráter tanto informativo como argumentativo.
12. Considere que a postagem de marca está em uma rede social que vincula a linguagem verbal e a não verbal para responder às questões a seguir.
a) Por que é importante haver alternância de linguagens entre os quadros?
b) De que modo a linguagem da postagem contribui para a apresentação da marca e do produto? Explique com base no que é exposto em cada um dos quadros.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
1. c) O sinal de pontuação dois-pontos é comumente utilizado antes da citação de trechos de obras, a postagem apresenta uma citação do romance Dom Casmurro de Machado de Assis. Se julgar interessante, comente com os estudantes que a página no Instagram da livraria Dois Pontos apresenta diversas postagens no mesmo formato: citação de obras.
Neste capítulo, tantos os textos apresentados no início da seção quanto o apresentado na subseção Diálogos são exemplares do gênero textual postagem de marca. A ideia é apresentar exemplos nos quais o objetivo de anunciar um produto seja mais evidente e um exemplo no qual essa função esteja mais velada por conta da dupla finalidade que a postagem apresenta: informar os usuários por meio da criação de conteúdos e persuadi-los a se engajarem com a marca ou, mais diretamente, consumir um produto atrelado a ela.
No início da seção, você analisou uma postagem de marca que apresenta uma coleção de livros escritos por Machado de Assis (1839-1908). Na postagem de marca a seguir, a presença do escritor continua marcante.
Postagem feita pela livraria Dois Pontos sobre o livro Dom Casmurro, de Machado de Assis.
DOIS PONTOS. [Poucos romances examinam]. [S l.], 18 mar. 2024. Instagram: doispontos. Disponível em: www.instagram. com/p/C4qXrtCrSo2/?utm_ source=ig_web_copy_ link&igsh=MzRlOD BiNWFlZA==. Acesso em: 16 out. 2024.
1. Observe, a seguir, o perfil do Instagram responsável por publicar a postagem anterior.
■ Perfil da livraria Dois Pontos no Instagram.
a) Que instituição comercial é responsável pela publicação?
DOIS PONTOS
1. b) O logo apresenta uma versão estilizada do sinal de pontuação dois-pontos, que dá nome à livraria.
b) De que maneira o logo dessa instituição se relaciona ao nome que ela carrega?
c) De que maneira o nome da instituição se relaciona ao tipo de postagem de marca publicado por ela?
d) De que maneira as cores da postagem acompanham a identidade visual da marca? A livraria Dois Pontos.
O logo da marca é aplicado na cor azul-marinho, utilizada como fundo da página da postagem.
2. O texto lateral apresenta uma intenção informativa ao apresentar informações sobre o romance, como a sua data de publicação, mas também possui a intenção de atrair o interesse do seguidor da página para a compra da obra de Machado de Assis na livraria Dois Pontos.
É uma métrica que avalia a interação do público com o conteúdo nas diversas redes sociais. Quanto maior a interação, maior o engajamento. Em algumas redes sociais, o engajamento pode ser medido por meio de ações como: curtir, comentar, compartilhar e salvar um item na coleção. O conceito de engajamento foi analisado no Capítulo 2 do Volume 2 , no qual o gênero textual postagem de redes sociais foi estudado.
2. De que maneira o texto lateral da postagem carrega em si tanto uma intenção informativa quanto argumentativa?
3. A postagem de marca lida foi publicada no perfil da livraria Dois Pontos na rede social Instagram. Uma possibilidade que essa rede apresenta é a de que as publicações como essa sejam compartilhadas pelos usuários em seus stories.
3. a) Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
a) Qual elemento apresentado na postagem de marca lida convenceria você a compartilhá-la nos stories. Por quê? Caso você não se veja motivado a compartilhar, indique o que julga estar faltando na postagem.
b) Com base nas informações apresentadas na postagem e dos conhecimentos adquiridos, nesta coleção, acerca do escritor Machado de Assis, qual texto você escreveria para acompanhar o compartilhamento da página nos stories? Escreva-o no caderno. Se você prefere o compartilhamento sem o acompanhamento de texto, explique por quê.
Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
4. No Capítulo 2 do Volume 2 , ao analisar o gênero postagem de rede social, você refletiu a respeito da identidade virtual que pode construir por meio das ações executadas nas redes sociais.
a) Em sua opinião, o usuário que compartilha uma postagem como a da livraria Dois Pontos possui que tipos de interesse?
b) Caso esse usuário costume compartilhar esse tipo de conteúdo, que identidade ele está construindo? Por quê?
c) Em sua opinião, a pessoa que compartilha uma postagem como a lida está propagando informações e interesses ou divulgando uma marca? Por quê?
Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
5. Considerando as análises que você realizou acerca das três postagens de marca apresentadas na seção, em qual delas o anúncio de um produto está mais evidente? Por quê?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
Resposta pessoal. É possível afirmar que o usuário que compartilha uma postagem como essa se interessa por livros e literatura, ou até mesmo especificamente pelo autor Machado de Assis.
Caso compartilhe esse tipo de conteúdo, está construindo a identidade de um usuário que se interessa por informações acerca da literatura e do campo de atuação artístico-literário no geral. Comente com os estudantes como os nossos compartilhamentos em redes sociais são uma maneira de mostrar os nossos interesses e gostos.
O gênero textual postagem de marca
O gênero textual postagem tem seu nome originado de um verbo na língua inglesa — to post — e refere-se à ação de inserir um texto em uma plataforma de rede social ou blogue. Na postagem de marca , essa ação está atrelada a uma dupla finalidade: comunicar-se com os usuários por meio da produção de conteúdo e incentivá-los a interagir com a marca ou, de forma mais direta, adquirir um produto relacionado a ela. Nas redes sociais, o relacionamento com os usuários e possíveis consumidores pode ser construído de diversas maneiras, inclusive por meio da informação.
Para isso, as linguagens verbal e não verbal estão presentes de modo que palavras, imagens e recursos gráficos em união constroem um todo significativo. Levando em conta as possibilidades apresentadas pelas plataformas, esse gênero textual é considerado multimodal, pois, a essa junção de linguagens, pode-se somar o uso de trilhas, sons, vídeos, gifs , entre outros recursos.
1. a) No trecho “Logo vi que não sabia falar português”, é possível perceber a visão preconceituosa do examinador, pois fica evidente que, para ele, não falar a variante europeia da língua portuguesa é algo análogo a não falar a língua em absoluto, o que é uma forma de menosprezar a fala angolana do narrador.
Nesta seção, será apresentada a sequência do estudo dos períodos compostos, ainda nas relações de subordinação das orações substantivas: a objetiva direta, a objetiva indireta e a apositiva. A modalização nas orações subordinadas também será objeto de estudo em uma primeira parte que engloba as substantivas e seus efeitos de sentido no texto. Por fim, serão analisados os paralelismos sintático e semântico, que contribuem para a fluidez, facilitando a compreensão textual.
As orações subordinadas substantivas assumem, em relação à oração principal, funções análogas às dos substantivos. Nos contextos a seguir, serão analisadas as funções de objeto direto, objeto indireto e aposto.
1. Releia os parágrafos iniciais de A geração da utopia, de Pepetela. Portanto, só os ciclos eram eternos.
(Na prova oral de Aptidão à Faculdade de Letras, em Lisboa, o examinador fez uma pergunta ao futuro escritor. Este respondeu hesitantemente, iniciando com um portanto. De onde é o senhor?, perguntou o professor, ao que o escritor respondeu de Angola. L ogo vi que não sabia falar português; então desconhece que a palavra portanto só se utiliza como conclusão dum raciocínio? Assim mesmo, para pôr o examinando à vontade. Daí a raiva do autor que jurou um dia havia de escrever um livro iniciando por essa palavra. Promessa cumprida. E depois deste parêntesis, revelador de saudável rancor de trinta anos, esconde-se definitiva e prudentemente o autor.)
a) Como você já viu na seção Estudo Literário, a fala do examinador demonstra preconceito linguístico. Em que trecho isso se percebe de forma mais evidente?
b) O verbo ver requer um complemento. Na fala do examinador, qual é esse complemento?
c) O verbo desconhecer também requer um complemento. Identifique-o.
“que não sabia falar português”. “que a palavra portanto só se utiliza como conclusão dum raciocínio”.
Oração subordinada substantiva objetiva direta
Alguns verbos exigem um complemento, que pode ou não ser precedido de uma preposição. Em alguns casos, esse complemento é uma oração subordinada, a qual pode ser o objeto direto ou indireto da oração principal. Quando a função exercida é de objeto direto, ela é chamada de oração subordinada substantiva objetiva direta
2. Agora, leia este depoimento de uma refugiada, presente no livro autobiográfico de Malala Yousafzai (1997-).
Eu já tinha quase dezenove anos e estava animada para concluir o ensino médio. Só faltava cursar o último ano. Então fiquei sabendo que só aceitavam alunos de até dezoito anos na escola. Eu não queria fazer supletivo, então fui atrás do responsável pelos novos alunos e pedi
2. a) O entrave é de que o ensino regular nos EUA só aceitava refugiados até 18 anos para entrar no Ensino Médio.
2. c) Trata-se de uma oração subordinada substantiva objetiva direta em relação à principal “fiquei sabendo”. Ela completa o sentido da principal, especificando o que a refugiada ficou sabendo.
que me desse uma chance. Ele explicou que a maior parte dos refugiados que ingressavam na escola já tinham perdido tanta aula que dificilmente acompanhavam a turma e se adaptavam. Eu o convenci de que conseguiria. Era uma boa aluna e falava inglês razoavelmente bem. Só precisava de uma chance.
(Depoimento de Maria Claire, refugiada congolesa na Pensilvânia, EUA)
YOUSAFZAI, Malala. Longe de casa: minha jornada e histórias de refugiadas pelo mundo. Tradução: Ligia Azevedo. São Paulo: Seguinte, 2019. p. 159-160.
a) Qual foi o entrave encontrado pela refugiada para estudar?
b) De que modo ela conseguiu driblar esse entrave?
2. b) Ela conversou com o responsável e explicou que seria capaz de acompanhar os estudos, pedindo a ele uma chance para isso.
c) Que tipo de organização sintática constrói o trecho “fiquei sabendo que só aceitavam alunos de até dezoito anos na escola”. Descreva-a.
d) De que modo se pode compreender o sentido da escolha por essa construção apresentada no trecho do item c?
O sentido da construção é especificar que ela descobriu uma informação e irá apresentá-la ao leitor de forma concisa, objetiva.
e) O período “Eu o convenci de que conseguiria” é semelhante ao do item c? Por quê?
Oração subordinada substantiva objetiva indireta
Quando a oração subordinada complementa o verbo e precisa de uma preposição — implícita ou explícita — para estabelecer essa ligação, ela é considerada uma oração subordinada substantiva objetiva indireta .
3. No contexto da metaficção historiográfica, da poesia marginal e da escrita de intimidade, você conheceu a autora Ana Cristina Cesar. Sua obra literária é considerada pelos críticos da área como enigmática e complexa. Leia este trecho de um artigo sobre a autora, publicado na revista de jornalismo cultural Continente
Ana Cristina escrevia em uma chave que invocava a biografia e o confessional como estratégias reconhecíveis pelo leitor, mas para retorcer ainda mais a invenção, as dobras da língua e da construção do texto, imiscuindo elementos típicos da prosa, da conversa informal, das cartas/correspondências pessoais (foi missivista recorrente) para elaborar uma poética refinada. Não exatamente produziu uma obra de difícil leitura, mas, ao mesmo tempo, exigia uma cumplicidade de seus leitores: que aceitem o pacto, mergulhem e de/cifrem o universo textual por ela proposto.
PIMENTEL, Renata. Ana Cristina Cesar: vida curta, longa travessia. Continente, [Recife], 2 maio 2022, grifo nosso. Disponível em: https://revistacontinente.com.br/edicoes/257/ana-cristina-cesar--vida-curta--longa-travessia. Acesso em: 8 out. 2024.
a) Como é possível interpretar o estilo de escrita de Ana Cristina Cesar com base nos adjetivos biográfico e confessional, expostos pela autora?
b) Por que a articulista considera que a poetisa tem uma “poética refinada”?
Não, pois há uma preposição entre o verbo e a oração subordinada substantiva objetiva. Ela é apresentada por meio de uma explicação (depois dos dois-pontos) que completa o sentido do substantivo cumplicidade.
Trata-se de um estilo que expõe as próprias experiências e sentimentos como objeto literário.
c) No trecho em destaque, explique como a cumplicidade dos leitores é apresentada sintaticamente para compor o sentido da oração em que aparece.
Oração subordinada substantiva apositiva
A oração subordinada substantiva apositiva atua como aposto — um termo nominal que se junta a outro, anterior, para ampliar, explicar, resumir ou desenvolver seu significado ou sentido — de um termo da oração principal.
3. b) Ela associa essa poética refinada à característica da autora de imiscuir (fundir, incluir, misturar) elementos de variados gêneros literários em uma só escrita.
A organização das orações em um período perpassa por construções consideradas paralelas, ou seja, que mantêm o tipo de relação sintática entre si. Observe como isso ocorre em contextos literários.
4. Releia este trecho de A geração da utopia e responda às questões.
Foi um caminho longo e perturbante. Chegou à conclusão de que o batuque ouvido na infância apontava outro rumo, não o do fado português. Que a desejada medicina para todos não se enquadrava com a estrutura colonial, em que uns tinham acesso a tudo e os outros nada. Que o índice tremendo de mortalidade infantil existente nas colónias, se não era reflexo direto e imediato duma política criminosa, encontrava nela uma agravante e servia aos seus objetivos.
a) A perturbação do caminho, exposta no trecho, leva a voz narrativa a certas conclusões. Quais são elas?
b) Descreva como essas conclusões são apresentadas sintaticamente no trecho, em relação de subordinação.
c) Copie, no caderno, a(s) afirmação(ções) que explica(m) os efeitos de sentido que essa organização sintática provoca no trecho.
Todas as alternativas estão corretas.
I. A ideia de iniciar cada um dos períodos com a conjunção integrante que os liga à oração principal e cria um efeito de ênfase para cada uma das conclusões.
II. Separar as orações subordinadas em períodos possibilita à voz narrativa expor, em progressão, mais detalhamentos sobre as conclusões que anuncia.
III. Ainda que o raciocínio da voz narrativa possa estar apresentado de forma fragmentada, ele revela-se estratégico nessa organização sintática, que organiza o caos do pensamento nesses fragmentos.
IV. A separação das subordinadas em vários períodos, que correspondem às conclusões da voz narrativa, tem o objetivo de evidenciar a complexidade de suas percepções. Isso porque elas estão expostas de modo a descrever a sequência de raciocínios que a voz narrativa teve durante suas reflexões, evidenciando ainda a dramaticidade delas.
Paralelismo sintático e semântico
Paralelismo sintático e paralelismo semântico são recursos que ajudam a criar harmonia, coesão e clareza em um texto.
Ocorre quando diferentes orações ou partes de uma frase seguem a mesma estrutura gramatical. Esse recurso traz equilíbrio e facilita a leitura, pois cria um padrão de repetição que contribui para a fluidez do texto.
Ocorre quando diferentes elementos do texto expressam significados semelhantes ou complementares, reforçando uma ideia ou tema central.
4. a) De que o batuque que ouvia na porta não era do fado português, mas de outro rumo; de que a medicina não era acessível aos que a almejavam no contexto colonial; de que o índice de mortalidade infantil das colônias portuguesas era associado a uma política criminosa.
4. b) Elas são expostas em períodos independentes, os quais se iniciam com a conjunção integrante que, expondo que estão subordinadas a uma oração principal, nesse caso, “Chegou à conclusão”.
5. a) Há uma quebra do paralelismo semântico entre o tempo (quinze meses) e o dinheiro (onze contos de réis). Ambas as medidas são usadas para quantificar o relacionamento, estabelecendo uma relação entre o amor de Marcela e o valor financeiro, mostrando como as emoções e os bens materiais se entrelaçam na narrativa.
5. Leia agora um trecho do texto de Machado de Assis que retrata as questões financeiras presentes na vida de Brás Cubas.
7. a) A tese defendida é de que a presença e a participação da família no processo de aprendizagem dos estudantes são essenciais para o desenvolvimento socioemocional das crianças e dos jovens.
7. c) O argumento principal é de que a família é a principal referência de afetividade e o primeiro ambiente social que a criança vivencia. Assim, a presença familiar é necessária para criar um ambiente de convivência saudável e para o desenvolvimento socioemocional dos
… Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil.
— Desta vez — disse ele — vais para a Europa; vais cursar uma Universidade, provavelmente Coimbra: quero-te para homem sério e não para arruador e gatuno. E como eu fizesse um gesto de espanto: — Gatuno, sim senhor; não é outra coisa um filho que me faz isto…
Sacou da algibeira os meus títulos de dívida, já resgatados por ele, e sacudiu-mos na cara. — Vês, peralta? É assim que um moço deve zelar o nome dos seus? Pensas que eu e meus avós ganhamos o dinheiro em casas de jogo ou a vadiar pelas ruas? Pelintra! Desta vez ou tomas juízo, ou ficas sem coisa nenhuma.
ASSIS, Machado de. Do trapézio e outras coisas. In: ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas Introdução de Ivan Cavalcanti Proença. Rio de Janeiro: Ediouro, 1988. p. 47.
a) Observe o trecho: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos”. Como o paralelismo semântico influencia na relação entre o tempo e o dinheiro?
b) De que modo essa construção demonstra a percepção do personagem a respeito de Marcela?
A voz narrativa usa essa estratégia para enfatizar o caráter interesseiro de Marcela.
6. No trecho “Desta vez ou tomas juízo, ou ficas sem coisa nenhuma”, qual é o efeito produzido pela estrutura da frase? Que relação pode ser estabelecida entre as duas partes dessa sentença?
6. Espera-se que os alunos reconheçam o paralelismo sintático entre as duas opções apresentadas: ambas seguem a forma “ou [ação], ou [consequência]”. Esse tipo de construção cria um contraste claro e reforça a ideia de escolha obrigatória. O paralelismo contribui para dar ênfase à imposição do pai, que coloca o filho diante de duas alternativas opostas.
Modalização e orações subordinadas I
Neste item, que está dividido em duas partes a serem apresentas neste capítulo e no Capítulo 6, as propostas de análise terão enfoque na compreensão de efeitos de sentido das orações subordinadas de modo geral, a começar pelas substantivas.
7. Leia este trecho de um texto de uma rede educacional que aborda a educação socioemocional. É de fundamental importância que a família esteja presente no processo de aprendizagem do estudante, pois o vínculo familiar é a principal referência de afetividade das crianças e jovens e o primeiro ambiente social que vivenciam. A base da criança surge a partir das relações que possuir dentro de casa, ou seja, as primeiras experiências de aprendizagem social. Para que haja uma boa convivência é essencial que haja interação e afeto, assim é possível que assimilem as regras de casa, as primeiras palavras e até os primeiros passos.
REDE SOLARIS EDUCACIONAL. A educação socioemocional e o vínculo familiar. [Guarapuava]: Rede Solaris Educacional, 28 out. 2022. Disponível em: https://redesolarisedu.com.br/blog/a-educacao-socioemocional-e-o-vinculo-familiar/. Acesso em: 8 out. 2024.
a) Qual é a tese defendida pelo autor no texto?
7. b) “o vínculo familiar é a principal referência de afetividade das crianças e jovens e o primeiro ambiente social que vivenciam.”
b) Identifique no texto um trecho que explicite a tese.
c) Qual é o argumento principal que sustenta a necessidade da presença da família na educação das crianças e dos jovens?
d) Na frase “É de fundamental importância que a família esteja presente no processo de aprendizagem do estudante”, qual é o efeito de sentido da afirmação em destaque?
A expressão sugere uma necessidade ou obrigatoriedade, enfatizando que a presença da família no processo de aprendizagem é essencial, e não apenas uma sugestão.
8. a) As duas frases utilizam expressões que indicam alta relevância, mas é de fundamental importância e é essencial mostram uma visão de obrigatoriedade e necessidade. A comparação pode levar os estudantes a identificar que essas palavras indicam que, na visão do autor, tanto a presença familiar quanto a interação e o afeto são indispensáveis.
Subordinação e modalização
O modo como o locutor expressa, por meio da modalização, a atitude em relação ao que está sendo dito (seja ela de certeza, dúvida, opinião, possibilidade, necessidade, entre outras) passa também pela sintaxe. As orações subordinadas substantivas subjetivas, por exemplo, exercem função modalizadora na medida em que omitem um sujeito pessoal e expressam como sujeito a ação apresentada. Essa estratégia possibilita diversos efeitos: de destaque de uma informação em detrimento de outra; de ausência de responsabilização de um sujeito; de obrigatoriedade em relação à afirmação feita, entre outros.
8. Observe as duas frases do texto.
I. Para que haja uma boa convivência é essencial que haja interação e afeto.
II. É de fundamental importância que a família esteja presente no processo de aprendizagem do estudante.
a) Em ambas as frases, há uma ideia central sobre o que deve ocorrer para garantir o sucesso na convivência e no aprendizado. O que a expressão é de fundamental importância e o termo é essencial indicam sobre a visão do autor em relação a essas situações? Existe alguma diferença na intensidade das exigências expressas?
b) Na frase “É de fundamental importância que a família esteja presente no processo de aprendizagem do estudante”, o que o autor quer que aconteça? Que parte da frase indica essa ideia? Como essa ideia se relaciona com a primeira parte da frase?
8. b) A ideia de a família estar presente no processo de aprendizagem é o foco, e essa ação está ligada à expressão “é de fundamental importância”. Isso ajuda a chegar à conclusão de que a oração subordinada (a família estar presente) complementa a ideia principal (a importância da presença familiar).
1. Leia o poema de Ana Cristina Cesar.
do despojamento mais inteiro da simplicidade mais erma da palavra mais recém-nascida do inteiro mais despojado do ermo mais simples do nascimento a mais da palavra.
1. b) Cria-se um efeito de continuidade em relação aos objetos da busca do eu lírico.
CESAR, Ana Cristina. Poética. Companhia das Letras: São Paulo, 1998. p. 164.
a) A lógica do poema é construída por meio do paralelismo. Descreva como ocorre essa construção.
O paralelismo semântico se constrói por meio da manutenção da preposição de introduzindo cada um dos versos.
b) Que efeito de sentido essa construção confere ao poema?
c) De modo sucinto, como você explicaria o que o eu lírico busca?
Busca uma existência mais simples e menos formal.
2. Leia a tirinha e responda às questões a seguir.
DAHMER, André. [Aníbal, o Grande]. Folha de S.Paulo, [São Paulo], 14 set. 2024. Disponível em: https://cartum. folha.uol.com.br/ quadrinhos/2024/ 09/14/nao-ha-nada -acontecendo-andre -dahmer.shtml. Acesso em: 8 out. 2024.
2. a) O humor se constrói com a quebra de expectativas em
ao conteúdo da carta que o personagem escreve e a
2. b) No segundo quadrinho, há uma pausa reflexiva. Em relação ao primeiro quadrinho, essa pausa demonstra o silêncio diante da falta de assunto do personagem com a amada; e, em relação ao terceiro quadrinho, a pausa demonstra a reflexão sobre a mudança de foco de sua mensagem, direcionando-a à mãe.
2. c) Complemento 1: “que estou morrendo de saudades da comida dela”; complemento 2: “para a mamãe”. O complemento “para a mamãe” é o principal responsável pela quebra de expectativa criada em relação ao que ele deseja dizer, tirando o foco da amada e transferindo-o
A ideia de Manguel é que os leitores levem mais em consideração o deleite da leitura da obra da autora do que seu enquadramento em algum estilo literário, para que seja possível aproveitar essa leitura e interpretá-la livremente.
A indicação de ler Ana Cristina Cesar a contrapelo pode ser associada à ideia de ir além do superficial e buscar aquilo que está na “escuridão”, por baixo
Complemento: “que os melhores guias são os caprichos do leitor”. Trata-se de uma transitividade indireta, pois a regência do verbo pede a preposição em, oculta na oração.
3. d) Ao usar “Acredito que”, o autor deixa claro que está dando sua opinião, e que não está apontando um fato inquestionável. A expressão “Acredito que”, portanto, modaliza a frase.
a) E xplique o humor presente na tirinha.
b) Como a linguagem não verbal do segundo quadrinho contribui para a interpretação do primeiro quadrinho e na passagem para o terceiro?
c) O verbo dizer, no terceiro quadrinho, apresenta dois complementos. Identifique-os e explique como eles contribuem para a quebra de expectativa presente na fala do personagem.
3. Leia mais um trecho do artigo na revista Continente e responda às questões a seguir.
Esse estado ativo a que o leitor é convocado torna-se, pois, condição ou pré-requisito para se relacionar com a sua obra. ‘Confiança no prazer e fé no acaso’, no dizer perspicaz de Alberto Manguel no seu ensaio encantado ‘No bosque do espelho’, transformam-se em verdadeiros conceitos de leitura, chaves de acesso que, no caso de se desejar travar relação com a poesia de Ana C. (tanto quanto com a da menina do País das Maravilhas), poderão servir de norteadores mais eficazes do que determinados chavões e enquadramentos teóricos reinantes no país da crítica literária:
A leitura sistemática não ajuda muito. Seguir uma lista oficial de livros (...) pode, por acaso, desencavar um nome útil, desde que tenhamos em mente os motivos que estão por trás das listas. Acredito que os melhores guias são os caprichos do leitor (...) que às vezes nos conduzem a um estado semelhante ao de graça, permitindo-nos tirar leite de pedra. (Manguel, 2000, p. 26)
Ainda de mãos dadas com Manguel, convocamos que a leitura a Ana C. seja feita a ‘contrapelo’, como toda verdadeira leitura marginal, subversiva. Nesses casos, ler nos ajuda a manter a coerência no caos, não a eliminá-lo, não a enfeixar a experiência em estruturas verbais, mas a permitir que ela progrida em sua própria maneira vertiginosa; não a confiar na superfície brilhante das palavras, mas a investigar a escuridão. (Manguel, 2000, p. 27)
Este é o convite. Investiguemos a escuridão/solidão.
PIMENTEL, Renata. Ana Cristina Cesar: vida curta, longa travessia. Continente, [Recife], 2 maio 2022, grifo nosso. Disponível em: https://revistacontinente.com.br/edicoes/257/ ana-cristina-cesar--vida-curta--longa-travessia. Acesso em: 8 out. 2024.
a) O que o escritor argentino Alberto Manguel (1948-) quer dizer com “Confiança no prazer e fé no acaso”?
b) A palavra contrapelo significa, literalmente, “no sentido contrário ao que cresce o pelo”. Tendo isso em vista, como se pode interpretar a sugestão do articulista de que é preciso fazer uma “leitura a contrapelo”?
c) No trecho em destaque, o verbo acreditar exige complemento. Identifique-o e explique sua transitividade.
d) Por que você diria que o autor optou por iniciar a frase com “Acredito que […]” em vez de começá-la diretamente (“os melhores guias são os caprichos do leitor”)? Que efeito de sentido decorre disso?
e) Releia o trecho e discuta com os colegas: qual é a relação entre o que o autor chama de “estado semelhante ao de graça” e a capacidade de “manter a coerência no caos”?
3. e) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que a relação entre os dois está no fato de que esse estado de graça ajuda o leitor a navegar por essa desordem, permitindo que ele encontre coerência e significado sem precisar de regras rígidas ou uma leitura sistemática.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Nesta seção, você irá produzir uma postagem de marca para divulgar com os colegas da turma o seu livro predileto que pode ser encontrado na biblioteca da escola.
Gênero
Postagem de marca
Interlocutores Propósito/finalidade Publicação e circulação
Comunidade escolar
1. Para dar início à reflexão acerca da sua produção, veja a seguir uma postagem de marca que utilizou uma estratégia diferente para divulgar uma obra literária produzida pela editora Alfaguara.
Texto 1
Divulgar o livro predileto por meio de uma postagem de marca. Redes sociais da escola
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
1. a) A postagem apresenta como estratégia de divulgação a apresentação de uma playlist, criada pela autora da obra, com músicas que as personagens ouviriam.
1. b) Sim. Porque o objetivo final continua sendo divulgar uma obra que pode ser consumida pelos usuários e seguidores.
1. c) “OUÇA MATA DOCE”. Era esperado que a forma verbal leia e não ouça fosse aplicada ao título, mas justamente a forma verbal aplicada chama atenção para a playlist compartilhada, uma maneira de ouvir a obra.
EDITORA ALFAGUARA. Ouça Mate doce. [S l.], 19 nov. 2023. Instagram: editora_alfaguara. Localizável em: imagens de 1 a 2, respectivamente. Disponível em: www.instagram.com/p/Cz14mnLIdq6/. Acesso em: 8 out. 2024.
REPRODUÇÃO/EDITORA ALFAGUARA
a) De que maneira a postagem lida se difere das postagens de marca que você analisou no capítulo? Qual estratégia ela utiliza?
b) O objetivo da postagem continua sendo o de uma postagem de marca? Por quê?
c) Qual é o título do texto lateral da postagem? De que maneira o verbo aplicado nele se relaciona à estratégia de divulgação proposta?
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
No item 1, de “Planejar e elaborar”, comente com os estudantes que, a depender de cada realidade, deve-se entender qual será a melhor estratégia para o livro a ser divulgado. De qualquer maneira, é importante deixar claro para eles que o objetivo da atividade não é comercial, e sim de exercício do gênero textual. Caso os estudantes não tenham acesso às redes, solicite a eles que criem a postagem em cartolinas, e cada unidade representará uma página da postagem.
1. Para dar início à produção da sua postagem de marca, é importante escolher a obra que será divulgada por ela. Para isso, faça uma visita à biblioteca da escola, escolha uma obra que esteja disponível para empréstimo e informe-a ao professor.
2. O objetivo das postagens da turma será divulgar a biblioteca escolar como marca, não priorizando, portanto, trocas comerciais. Os estudantes devem pensar em um logo que represente a biblioteca e em um texto, que será aplicado na última página da postagem, junto ao logo. Nesse texto, explicações básicas de como emprestar um livro na biblioteca da escola devem ser apresentadas.
3. Faça uma pesquisa em páginas na internet relacionadas à obra escolhida e à editora responsável pela publicação. Procure recolher imagens de boa qualidade da capa e de detalhes da obra que podem chamar a atenção de outros leitores.
4. Com as imagens recolhidas, procure pensar em uma identidade visual para a postagem. As questões a seguir podem ajudar.
• Quais imagens ilustrarão as páginas da postagem? Elas serão coloridas ou em preto e branco?
• Quais cores de destaque serão escolhidas? Elas se relacionam bem com a obra?
• Qual cor será escolhida como pano de fundo das páginas?
• Quais fontes das letras serão escolhidas? Qual cor das fontes será escolhida? A leitura do texto é prejudicada pela escolha da cor das fontes ou de fundo?
5. Com essas decisões tomadas, é o momento de pensar na playlist que acompanhará as imagens. Diferentemente da playlist compartilhada pela editora Alfaguara, as playlists da turma serão comentadas. Ou seja, cada música será seguida de um pequeno comentário, relacionando-a de alguma maneira à obra. Observe os passos a seguir para a sua concepção.
• E scolha no mínimo quatro e no máximo sete músicas para acompanhar a sua postagem. Informe-se a respeito do título correto e do nome correto dos compositores e intérpretes, informações que deverão constar na postagem.
• Pesquise a capa do álbum no qual cada música escolhida será apresentada. Essa imagem será aplicada junto aos títulos e nomes, como na postagem apresentada em Motivar a criação.
• Reflita sobre a maneira como as trilhas escolhidas se relacionam ao livro que será divulgado. Elas estão relacionadas a determinadas personagens? Ou a determinadas cenas? Elas representam a atmosfera que pode ser identificada na narrativa?
• Elabore um breve comentário para cada canção, que explique ao usuário a relação que ela possui com a obra.
6. Elabore também o texto lateral da postagem. Crie para ele um título chamativo. Procure pensar também em hashtags que facilitem a busca por esse conteúdo.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
1. Leia as questões a seguir e utilize-as como roteiro para avaliação da postagem de marca.
• O logo criado pela turma e o texto foram devidamente aplicados na postagem?
• A postagem é organizada e apresenta uma identidade visual coerente?
• As imagens relacionadas à obra são de boa qualidade?
• O usuário consegue conhecer a sinopse da obra por meio da postagem?
• As músicas indicadas na playlist estão comentadas e acompanhadas por imagens?
2. Após verificar esses itens, faça as alterações necessárias na edição da postagem.
Após a finalização da produção e avaliação do professor, as postagens serão compartilhadas nas redes sociais da escola. Em cada postagem, procure se colocar à disposição para esclarecer mais dúvidas sobre o livro divulgado, caso os seguidores apresentem interesse.
Neste capítulo, a seção Estudo Literário deu enfoque às literaturas africanas em língua portuguesa, com destaque à metaficção historiográfica na obra A geração da utopia , de Pepetela, e à construção de narrativas e pontos de vista, sobretudo em contextos de opressão. Esse ponto se conecta com o trabalho e o legado da geração mimeógrafo, com destaque para Ana Cristina Cesar e a literatura como resistência. Na seção Estudo do Gênero Textual, o enfoque foi na análise e produção do gênero textual postagens de marca, com abordagem das linguagens verbal e não verbal presentes no contexto de produção do texto escolhido. Em Estudo da Língua , por sua vez, foram exploradas as orações subordinadas substantivas e o conceito de modalização, tanto nos textos lidos no capítulo quanto em textos de outros gêneros e campos de atuação.
5. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
Agora, você deverá sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para que seja possível elaborar sua resposta.
1. Que papel desempenha a metaficção historiográfica na construção das identidades?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
2. O que foi a geração mimeógrafo e qual foi a sua importância na época do seu surgimento?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
3. Explique a importância de se usar linguagem verbal e não verbal em postagens de marca.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
4. Por que anúncios de marca costumam mesclar linguagem informativa e emocional?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
5. Explique a relação entre subordinação e modalização.
Possibilite aos estudantes momentos de silêncio e introspecção para que possam relembrar seu desempenho
nas propostas do capítulo. Com base em sua observação dos estudantes e das particularidades de cada um, ajude-os a construir, nas observações, estratégias para avançar em pontos necessários.
Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sua aprendizagem ao longo do capítulo. Para isso, no caderno, reproduza o quadro a seguir e responda às questões. Depois, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote nas observações.
Ao longo do estudo do capítulo, percebo que...
… fiz as atividades buscando ampliar meus conhecimentos e procurei tirar minhas dúvidas sobre os conteúdos com o professor.
… realizei as atividades com empenho e decisão consciente de aprender, sem dar enfoque apenas a terminar a tarefa delegada.
… atuei ativamente nas atividades em dupla e em grupos olhando para o todo da proposta, não apenas para a minha parte.
Fui proficiente Preciso aprimorar Observações
Neste capítulo, o enfoque de análise de questão de provas de ingresso está voltado para o estudo literário. Leia com atenção as dicas de interpretação do formato da questão e, em seguida, treine outra de mesmo formato.
1. Resposta correta: alternativa a. No poema, o eu lírico aborda questões inerentes ao preconceito racial no Brasil e o processo de disseminação de uma narrativa que corrompe a própria vítima que muitas vezes assume o papel de seu próprio opressor.
às vezes sou o policial que me suspeito me peço documentos e mesmo de posse deles me prendo e me dou porrada às vezes sou o porteiro não me deixando entrar em mim mesmo a não ser pela porta de serviço
] às vezes faço questão de não me ver e entupido com a visão deles sinto-me a miséria concebida como um eterno começo
Mobilize seus conhecimentos prévios sobre a reprodução do preconceito racial no Brasil e tente identificar a ideia principal do texto, elencando palavras-chave. Identifique também a ideia central de cada estrofe e busque termos que sintetizem essa ideia.
fecho-me o cerco sendo o gesto que me nego a pinga que me bebo e me embebedo o dedo que me aponto e denuncio o ponto em que me entrego. às vez
O enunciado pede uma afirmação que contemple a vivência do eu lírico. Isso significa que você deve identificar o contexto em que ele está inserido.
CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza, 2007 (fragmento).
Na literatura de temática negra produzida no Brasil, é recorrente a presença de elementos que traduzem experiências históricas de preconceito e violência. No poema, essa vivência revela que o eu lírico
a) incorpora seletivamente o discurso do seu opressor.
b) submete-se à discriminação como meio de fortalecimento.
c) engaja-se na denúncia do passado de opressão e injustiças.
d) sofre uma perda de identidade e de noção de pertencimento.
e) acredita esporadicamente na utopia de uma sociedade igualitária.
Ao ler as alternativas, procure compará-las com as ideias extraídas do texto, buscando identificar qual melhor reflete a intencionalidade do eu lírico.
2. A alternativa a é a correta, pois o verbo opor-se exige a preposição a e está sendo complementado pela oração “que se conheça o sistema”. Como há preposição e a oração exerce a função de complemento verbal, trata-se de uma oração subordinada substantiva objetiva indireta.
Assinale a alternativa em que a oração em destaque é subordinada substantiva objetiva indireta.
a) Aqui ninguém se opõe a que se conheça o sistema.
b) Seu medo era que morresse na data da festa.
c) Nunca se sabe quem está contra nós.
d) Perguntei-lhe quando voltaria.
Disponível em: w w w.concursosmilitares.com.br/provas-anteriores/aeronautica/eear/cfs/cfs-1-2019.pdf. Acesso em: 3 out. 2010.
Na pintura, as mulheres direcionam o olhar para o espectador e apresentam os corações expostos. As vestimentas são distintas, mas representam trajes característicos da cultura da artista. Além disso, a atmosfera sombria é marcada pelo fundo azul, denso, e pelas marcas de sangue no vestido de uma Veja respostas e comentários nas Orientações para o
Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes descrevam os sentimentos dessa personagem e procurem criar uma narrativa com base nos efeitos que esse impacto do encontro com a obra podem ter causado na personagem.
Com base em seus conhecimentos e na pintura de Frida Kahlo (1907-1954) apresentada na abertura do capítulo, responda às questões a seguir.
1. A artista tem como marca de estilo a criação de autorretratos que, associados a outros símbolos, representam dramas e sentimentos vivenciados. Ao observar a pintura, que outras marcas de estilo de Frida são perceptíveis?
2. Nessa obra de arte é possível identificar a temática dos afetos. Busque explicá-la com suas palavras.
3. Como você construiria um texto literário a respeito de uma personagem que encontrasse essa obra e ficasse extremamente impactada por ela? Discuta com seus colegas.
4. Sob o ponto de vista de uma pesquisadora de arte, quais informações são importantes para constarem em um ensaio sobre essa obra?
• C ampo artístico-literário
• C ampo das práticas de estudo e pesquisa
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
• Cidadania e civismo: Educação em Direitos Humanos; Direitos da Criança e do Adolescente
• Economia: Trabalho
Avance até a seção Oficina de Projetos nas páginas finais do livro e finalize a etapa “Dividir tarefas e empreender”. Em seguida, reserve um tempo para realizar a avaliação sugerida na etapa “Avaliar e recriar possibilidades”.
2. Resposta pessoal. A artista se representou de maneira duplicada na obra, uma sentada ao lado da outra de mãos dadas, tendo como destaque os corações interligados. As Fridas, no autorretrato, podem representar os afetos, pois geralmente, quando se fala de afetos, o coração é utilizado para simbolizar sentimentos, as mãos dadas também podem complementar esse sentido, pois demonstra sentimento de apoio, união. Há muitas camadas de interpretação dessa obra. Se possível, peça auxílio ao professor de Arte para complementar e ampliar as possibilidades de interpretação da obra com os estudantes.
■ KAHLO, Frida. As Duas Fridas. 1939. Óleo sobre tela, 1,73 m × 1,73 m. Museu de Arte Moderna, Cidade de México.
4. Espera-se que os estudantes citem informações sobre a biografia da artista, a relação da obra de arte com o contexto histórico e social, características da sua obra, como materialidades utilizadas, possíveis significações da obra e relações que Frida estabelece com outros artistas. Se possível, fazer no quadro um mapa mental com as respostas dos estudantes.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes apontem características, como digressão, descrição dos sentimentos, detalhamento da rotina etc. Uma estratégia possível para estimular a discussão é solicitar que os estudantes relembrem as estratégias narrativas já estudadas por eles anteriormente.
Você lerá um trecho do romance A paixão segundo G.H. , escrito por Clarice Lispector (1920-1977). O enredo da obra é focado em um único acontecimento, o encontro da protagonista G.H., uma escultora endinheirada que vive sozinha, com uma barata na porta do guarda-roupa em um quarto de seu apartamento, antes destinado a Janair, ex-empregada de G.H. A narração acontece 24 horas depois do encontro de G.H. com a barata. O trecho lido por você pertence ao capítulo inicial do romance, em que G.H. discorre sobre os efeitos gerados pelo acontecimento do dia anterior, que ainda não foi apresentado ao leitor.
Antes de iniciar a leitura do capítulo, discuta com os colegas as questões a seguir.
• Por meio de quais técnicas narrativas você imagina que a autora irá elaborar o romance para que ele se sustente com base em um único acontecimento?
• Quais pensamentos você imagina que o encontro com a barata pode ter despertado na narradora protagonista? Resposta pessoal. Os estudantes podem apontar sentimentos, como nojo, traumas, gatilhos e fobias. Peça a eles que discorram sobre como se sentiriam no lugar de G.H.
— — — — — — estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que me aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi - na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro.
Se eu me confirmar e me considerar verdadeira, estarei perdida porque não saberei onde engastar meu novo modo de ser - se eu for adiante nas minhas visões fragmentárias, o mundo inteiro terá que se transformar para eu caber nele.
engastar: cravar, incrustar.
Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar.
Estou desorganizada porque perdi o que não precisava? Nesta minha nova covardia - a covardia é o que de mais novo já me aconteceu, é a minha maior aventura, essa minha covardia é um campo tão amplo que só a grande coragem me leva a aceitá-la -, na minha nova covardia, que é como acordar de manhã na casa de um estrangeiro, não sei se terei coragem de simplesmente ir. É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo. Até agora achar-me era já ter uma ideia de pessoa e nela me engastar:
nessa pessoa organizada eu me encarnava, e nem mesmo sentia o grande esforço de construção que era viver. A ideia que eu fazia de pessoa vinha de minha terceira perna, daquela que me plantava no chão. Mas e agora? estarei mais livre?
Não. Sei que ainda não estou sentindo livremente, que de novo penso porque tenho por objetivo achar - e que por segurança chamarei de achar o momento em que encontrar um meio de saída. Por que não tenho coragem de apenas achar um meio de entrada? Oh, sei que entrei, sim. Mas assustei-me porque não sei para onde dá essa entrada. E nunca antes eu me havia deixado levar, a menos que soubesse para o quê.
Ontem, no entanto, perdi durante horas e horas a minha montagem humana. Se tiver coragem, eu me deixarei continuar perdida. Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação. Como é que se explica que o meu maior medo seja exatamente em relação: a ser? e no entanto não há outro caminho. Como se explica que o meu maior medo seja exatamente o de ir vivendo o que for sendo? como é que se explica que eu não tolere ver, só porque a vida não é o que eu pensava e sim outra - como se antes eu tivesse sabido o que era! Por que é que ver é uma tal desorganização?
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2020. E-book. Localizável em: primeira página após a dedicatória.
Clarice Lispector foi jornalista e escritora. É conhecida como um dos principais nomes da literatura brasileira. Nascida na Ucrânia, a autora mudou-se para o Brasil, acompanhada de seus pais e três irmãos, com apenas 2 meses de vida. A família fugia da perseguição aos judeus, iniciada após a Revolução Bolchevique de 1917. Clarice viveu a infância em Recife e, em 1930, ficou órfã de mãe. Aos 7 anos de idade, Clarice passou a enviar seus textos para a seção infantil do Diário de Pernambuco, mas eles nunca foram publicados por não apresentarem uma estrutura narrativa convencional. Em 1935, a autora mudou-se para o Rio de Janeiro com a família e, quatro anos depois, ingressou na faculdade de Direito. No decorrer da vida, Clarice morou em diversos países. Em 1943, publicou seu primeiro romance, Perto do coração selvagem , obra que revolucionou a maneira de se pensar a construção narrativa ao propor outra forma de organização estética. Dois anos depois, o livro foi contemplado com o Prêmio Graça Aranha.
1. b) A narradora chama o que viveu de desorganização porque o termo pressupõe a existência de uma organização anterior. Desse modo, ela se sente mais segura diante da escolha dessa palavra.
1. Tendo em vista o modo como a ideia de desorganização se constrói no decorrer do trecho, responda.
a) Em relação ao enredo do romance, levante uma hipótese sobre o acontecimento que causou a desorganização da narradora.
Espera-se que os estudantes reconheçam como hipótese o fato de a protagonista ter encontrado uma barata na porta do guarda-roupa.
b) O que motiva a narradora a chamar o que viveu de desorganização? Explique, tendo em vista a argumentação do primeiro parágrafo.
c) Segundo a narradora, quais seriam as possíveis consequências em reconhecer o acontecimento como uma confirmação?
Reconhecer o acontecimento como uma confirmação implicaria entrar em contato com um novo modo de ser e transformar o mundo ao seu redor para que esse modo faça sentido.
2. No terceiro parágrafo, a narradora discorre sobre a perda de algo que lhe era essencial. Para construir essa sensação, a narradora faz uso do recurso da comparação.
a) Como essa comparação se estabelece?
A comparação se estabelece pela relação da perda de algo essencial à perda da terceira perna de um tripé.
2. c) A consequência positiva é que a narradora sente que, com a ausência da terceira perna, ela poderia caminhar, simbolizando a liberdade da narradora ao se ver desvencilhada das antigas estruturas. A consequência negativa é que, diante da perda da terceira perna, a narradora tem dificuldade para se reconhecer e perde o ponto de referência que tinha de si mesma.
A contradição se estabelece na medida em que a palavra sugere um comportamento de medo ou fuga, enquanto aventura é associada a um comportamento de coragem e disposição para enfrentar situações
A narradora entende que a covardia é uma aventura porque, no contexto do trecho lido, ela se dá conta de que nunca precisou ser covarde por sempre ter vivido uma vida estável. Assim, a covardia, enquanto um sentimento novo para a narradora, se estabelece também como uma aventura.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes utilizem o espaço da atividade para explorar suas angústias diante do desconhecido.
A fragmentação se manifesta por meio da apresentação de pensamentos, emoções e reflexões que, muitas vezes, parecem desconectadas umas das outras, ainda que tenham uma motivação em comum. É possível que os estudantes observem que a linguagem também se estrutura de forma fragmentada, por meio da utilização de frases curtas e de perguntas retóricas.
2. b) O elemento perdido simboliza a estabilidade e a segurança da narradora, desempenhando papel fundamental na construção da identidade de G.H., que se percebe desestruturada diante da perda, uma vez que a sua noção de “eu” parecia se estabelecer com base em uma ideia preestabelecida.
b) O que o elemento perdido simboliza? Explique, tendo em vista o papel desse elemento na construção da identidade da narradora.
c) A perda desse elemento traz para a narradora uma consequência positiva e outra negativa, ambas apresentadas metaforicamente. Quais são essas consequências e como elas podem ser interpretadas?
Escrito em 1963, em um momento em que as tensões políticas do país se agravavam, o romance A paixão segundo G.H. foi publicado em outubro de 1964, sete meses após a instauração da Ditadura civil-militar no Brasil, momento em que o país caminhava para um período de repressão, censura e controle autoritário, conforme estudado por você no Capítulo 4 deste volume. A fragmentação da identidade da protagonista G.H., nesse contexto, reflete o estado de desintegração e alienação do sujeito moderno em um contexto mundial pós-Segunda Guerra Mundial, agravado pelo cenário nacional de iminência da ditadura. Naquele momento histórico, os sujeitos se viam diante de um futuro repleto de incertezas, em que identidades e estruturas, aparentemente estáveis, se mostravam frágeis. Assim, a narrativa de A paixão segundo G.H. reverbera a condição do sujeito moderno, que não consegue se encaixar no sistema a que pertence e se vê diante de uma crise de subjetividade.
3. No trecho, a narradora afirma que a “covardia é sua maior aventura”. A esse respeito, responda.
a) A associação entre covardia e aventura sugere uma contradição. Explique o modo como essa contradição se estabelece, tendo em vista o significado das palavras.
b) Em sua interpretação, o que leva a narradora a definir a covardia como uma aventura? Justifique, interpretando o que o termo aventura simboliza no contexto do trecho lido.
c) A juventude, com todas as suas incertezas e mudanças, pode ser comparada a uma aventura que exige coragem. Assim como a narradora, você já precisou enfrentar o desconhecido para viver algo novo? Explique.
Fluxo de consciência
No romance A paixão segundo G.H. , os sentimentos e pensamentos da protagonista são expostos sem a mediação de um narrador e se baseiam em uma estrutura fragmentada, que tem por função apresentar tais pensamentos como se eles estivessem sendo pensados no momento da leitura. Essa técnica narrativa, cujo objetivo é revelar as emoções e sentimentos íntimos da personagem por meio das suas percepções momentâneas, recebe o nome de fluxo de consciência . Para criar no leitor a sensação de que os pensamentos estão sendo pensados naquele momento, o autor faz uso da primeira pessoa na narrativa ou do discurso indireto livre e de recursos linguísticos, como a repetição, a utilização de perguntas retóricas, a fragmentação das ideias e a utilização da pontuação de forma não convencional, com o objetivo de reproduzir o modo desordenado e espontâneo como os pensamentos se estabelecem.
4. Ao se questionar se o mundo precisaria mudar para que ela tenha espaço nele, a narradora menciona suas “visões fragmentárias”.
a) Como essa fragmentação se manifesta no trecho lido? Explique.
b) Relacione a fragmentação observada por você ao estado interior de G.H., levando em consideração o que você aprendeu sobre a técnica narrativa do fluxo de consciência.
4. b) A fragmentação da narrativa se relaciona ao estado interior de G.H., uma vez que ela evidencia que a personagem não controla seus pensamentos e emoções. Assim, a desordenação das ideias reflete o estado de consciência da protagonista.
5. b) A fragmentação do interlocutor imaginário reflete a própria condição interna de G.H., que se sente incompleta e desintegrada após o encontro com a barata. Se associada ao contexto histórico de publicação do romance, a fragmentação pode ser relacionada à condição do sujeito pós-moderno, que se via diante de incertezas sociais, políticas e econômicas. Assim, o interlocutor imaginário fragmentado é uma extensão da fragmentação da própria narradora, representando sua dificuldade de lidar com o outro, com o mundo e com ela mesma de maneira completa.
5. No romance A paixão segundo G.H., a protagonista estabelece um diálogo com um interlocutor imaginário. Leia o trecho a seguir e observe o modo como isso ocorre para responder às questões.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
Esse esforço que farei agora por deixar subir à tona um sentido, qualquer que seja, esse esforço seria facilitado se eu fingisse escrever para alguém. Mas receio começar a compor para poder ser entendida pelo alguém imaginário, receio começar a “fazer” um sentido, com a mesma mansa loucura que até ontem era o meu modo sadio de caber num sistema. Terei que ter a coragem de usar um coração desprotegido e de ir falando para o nada e para o ninguém? assim como uma criança pensa para o nada. E correr o risco de ser esmagada pelo acaso. […]
5. a) O interlocutor imaginário tem o papel de sustentar o fluxo de consciência durante o romance. Ele se estabelece como uma figura ficcional que “escuta” o que está sendo dito pela narradora.
[…] Por enquanto preciso segurar esta tua mão – mesmo que não consiga inventar teu rosto e teus olhos e tua boca. Mas embora decepada, esta mão não me assusta. A invenção dela vem de tal ideia de amor como se a mão estivesse realmente ligada a um corpo que, se não vejo, é por incapacidade de amar mais. Não estou à altura de imaginar uma pessoa inteira porque não sou uma pessoa inteira.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2020. E-book. Localizável em: primeira página após a dedicatória.
a) Q ual é o papel do interlocutor imaginário no desenvolvimento do fluxo de consciência da narradora?
b) No trecho, a narradora afirma não estar “à altura de imaginar uma pessoa inteira”. Associe a fragmentação do interlocutor imaginário ao contexto histórico de publicação do romance e às características de G.H., tendo em vista a ideia de fragmentação.
6. Observe, no trecho a seguir, a maneira como G.H. narra o seu encontro com a barata. Em seguida, responda ao que se pede.
Em A paixão segundo G.H., cada capítulo inicia com a frase final do capítulo anterior, por isso a repetição apresentada no trecho da questão 6.
Abri um pouco a porta estreita do guarda-roupa, e o escuro de dentro escapou-se como um bafo. Tentei abri-lo um pouco mais, porém a porta ficava impedida pelo pé da cama, onde esbarrava. Dentro da brecha da porta, pus o quanto cabia de meu rosto. E, como o escuro de dentro me espiasse, ficamos um instante nos espiando sem nos vermos. Eu nada via, só conseguia sentir o cheiro quente e seco como o de uma galinha viva. Empurrando, porém, a cama para mais perto da janela, consegui abrir a porta uns centímetros a mais.
Então, antes de entender, meu coração embranqueceu como cabelos embranquecem.
Então, antes de entender, meu coração embranqueceu como cabelos embranquecem. De encontro ao rosto que eu pusera dentro da abertura, bem próximo de meus olhos, na meia escuridão, movera-se a barata grossa. Meu grito foi tão abafado que só pelo silêncio contrastante percebi que não havia gritado. O grito ficara me batendo dentro do peito.
Nada, não era nada - procurei imediatamente me apaziguar diante de meu susto. É que eu não esperara que, numa casa minuciosamente desinfetada contra o meu nojo por baratas, eu não esperava que o quarto tivesse escapado. Não, não era nada. Era uma barata que lentamente se movia em direção à fresta.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2020. E-book. Localizável em: Então, antes de entender.
6. b) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
a) Como a técnica do fluxo de consciência contribui para a expressão do sentimento de G.H. ao se ver diante de uma barata? Explique com base em elementos do trecho lido.
b) Em sua interpretação, a centralidade do romance se estabelece por meio do encontro da narradora com a barata ou da experiência da narradora diante desse encontro? Justifique.
6. a) A técnica do fluxo de consciência permite que o leitor acesse diretamente os pensamentos e sentimentos da narradora diante do acontecimento, sem que haja uma reorganização prévia de tais elementos. Assim, a técnica intensifica a sensação de desconforto experimentada por G.H., evidenciando o choque da narradora, como acontece na passagem: “Então, antes de entender, meu coração embranqueceu como os cabelos embranquecem”.
7. a) As duas formulações paradoxais são: “E voltei a ser uma pessoa que nunca fui”, “Voltei a ter o que nunca tive”.
7. b) Espera-se que os estudantes reconheçam que as formulações paradoxais enfatizam a fragilidade, a fragmentação e a transformação da identidade de G.H., que se desorganiza diante do encontro com a barata. O paradoxo também evidencia a crise de subjetividade vivida pela personagem.
A poética de Clarice Lispector tem como tema central a observação dos fatos humanos. Em seus textos, sejam eles romances, contos ou crônicas, a observação dos detalhes culmina na desestabilização ou no estranhamento da própria existência das personagens, que passam a perceber os seus sentidos fora da mecanização imposta pela modernidade. Os questionamentos trazidos nos textos de Clarice Lispector também questionam a própria estrutura da linguagem, o tempo todo percebida como insuficiente para exercer o seu papel, propositalmente fragmentária e descontínua.
7. c) As estruturas paradoxais evidenciam a confusão de pensamentos e o conflito interno vivido pela personagem, explorando a falta de clareza que a personagem tem sobre sua própria subjetividade e criando a sensação de questionamento de identidade vivido por G.H.
8. b) Os travessões inserem o leitor na posição de interlocutor dos pensamentos de G.H., atribuindo a quem lê o romance um papel ativo diante do discurso da personagem e influenciando o modo como esse discurso é recebido no ato da leitura.
7. No primeiro trecho lido por você, a narradora faz uso de algumas formulações paradoxais, que se evidenciam de forma explícita no terceiro parágrafo.
a) Identifique duas formulações paradoxais presentes no parágrafo.
b) Tendo em vista o contexto do romance, qual é o efeito de sentido gerado pelas formulações paradoxais? Explique sua resposta, considerando sua interpretação do trecho.
c) Em sua percepção, qual é a função de tais estruturas para a construção do pensamento de G.H. e como elas contribuem para a sensação de fluxo de consciência durante a leitura?
8. Retome o primeiro parágrafo do capítulo. Você perceberá que ele se inicia com uma sequência de seis travessões. A mesma sequência de travessões também é utilizada ao final do último capítulo, estruturando a narrativa entre tais sequências. Além dessa particularidade estrutural, no romance, cada capítulo se inicia com a frase final do capítulo anterior. Tendo em vista essa estrutura narrativa, responda.
a) Elabore uma hipótese para a utilização da sequência de travessões. Em sua hipótese, considere as características da obra estudadas até aqui e a função linguística do travessão.
b) De que modo a presença dos travessões influencia a interpretação do romance? Explique.
c) A repetição atribui ao romance uma estrutura cíclica, em que o capítulo anterior retorna no seguinte. Relacione tal estrutura ao estado mental da personagem G.H., analisado por você no trecho lido.
A repetição pode ser vista como uma manifestação do retorno de G.H. aos mesmos pensamentos, sem conseguir alterar o seu foco sobre a situação vivida e sem conseguir prosseguir de maneira linear, refletindo a sua crise existencial e sua jornada de autopercepção na estrutura do romance.
9. No caderno ou em uma folha avulsa, copie a alternativa correta acerca do modo como a estrutura do romance e a construção narrativa de A paixão segundo G.H. se relacionam.
a) A estrutura do romance permite que G.H. relate os acontecimentos de forma cronológica, destacando suas ações sem interferências emocionais.
b) A estrutura cíclica dos capítulos, com o uso de travessões, demonstra que G.H. está presa em um ciclo de repetição de acontecimentos.
c) A narrativa desorganizada, com pensamentos que se sobrepõem, reflete a instabilidade emocional de G.H., que se perde em uma espiral de reflexões, mas que, por fim, consegue estabelecer uma linha de raciocínio clara, conforme os acontecimentos se estabelecem na narrativa.
d) O f luxo de consciência sugere que G.H. está constantemente reorganizando seus pensamentos e tentando compreender a profundidade de sua crise existencial, percebida pelo leitor no momento em que ocorre.
Resposta correta: alternativa d.
e) A repetição de frases entre os capítulos simboliza o esforço de G.H. em organizar seus pensamentos e emoções de maneira mais racional.
8. a) Considerando a função linguística do travessão, a utilização do sinal pode expressar a tentativa de diálogo da personagem com o interlocutor ficcional inventado por ela na própria narrativa, que termina por corresponder ao leitor. Colocados em sequência, os travessões podem simbolizar a tentativa desesperada de G.H. em organizar seus pensamentos diante da crise instaurada vivida após o seu encontro com a barata.
A construção da subjetividade
A prosa da terceira geração modernista, estudada por você no Capítulo 1 deste volume, tomando por base a novela Campo geral , de Guimarães Rosa (1908-1967), tinha como tema central os questionamentos do indivíduo acerca da própria existência por meio da experimentação linguística. Em Campo geral , as inovações de linguagem são utilizadas para evidenciar e universalizar os sentimentos e as emoções de Miguilim. Em Clarice Lispector, essa preocupação aparece radicalizada, de modo que a palavra não apresenta um compromisso explícito com os acontecimentos, e sim com a subjetividade das personagens . Nesse sentido, os acontecimentos servem como disparadores para reflexões acerca da existência e dos limites da linguagem humana, propondo uma dissolução da hierarquia entre forma e conteúdo, e entre tema e expressão, criando uma outra forma de relacionar a linguagem com o pensamento.
Essa dissolução se dá por meio da experimentação formal que quebra a estrutura da linearidade narrativa até então estabelecida pelos outros movimentos literários. Nos textos de Clarice Lispector, linguagem, pensamento e realidade estão o tempo todo em disputa, dando a impressão de que a linguagem não é suficiente para expressar o pensamento, do mesmo modo que o pensamento e a realidade não conseguem se encaixar na estrutura de linguagem imposta pelo fazer literário. Esse movimento acontece sem que a autora renuncie à relação entre sua obra e a construção da subjetividade humana diante das desigualdades e hierarquias sociais, que aparece na forma como as personagens se constroem.
Para estabelecer a dissolução da hierarquia entre forma e conteúdo, em A paixão segundo G.H. , Clarice Lispector rompe com a linearidade dos elementos narrativos que sustentavam o romance. Assim, as noções de tempo, espaço, ponto de vista, enredo e personagem aparecem fragmentadas e são conduzidas com base no fluxo de consciência da personagem.
10. b) O preconceito racial se estabelece pela maneira como G.H. descreve Janair. A protagonista associa o silêncio de Janair à submissão e à sua negritude, descrevendo a personagem como “opaca”, e evidenciando sua percepção hierárquica e racista da relação entre as duas.
10. Em A paixão segundo G.H., a crítica social se estabelece com base nos pensamentos de G.H. sobre Janair, a ex-empregada que morava no apartamento. Leia o trecho a seguir e responda às questões.
[...] Janair era a primeira pessoa realmente exterior de cujo olhar eu tomava consciência. De súbito, dessa vez com mal-estar real, deixei finalmente vir a mim uma sensação que durante seis meses, por negligência e desinteresse, eu não me deixara ter: a do silencioso ódio daquela mulher. O que me surpreendia é que era uma espécie de ódio isento, o pior ódio: o indiferente. Não um ódio que me individualizasse mas apenas a falta de misericórdia. Não, nem ao menos ódio.
Foi quando inesperadamente consegui rememorar seu rosto, mas é claro, como pudera esquecer? revi o rosto preto e quieto, revi a pele inteiramente opaca que mais parecia um de seus modos de se calar, as sobrancelhas extremamente bem desenhadas, revi os traços finos e delicados que mal eram divisados no negror apagado da pele.
10. c) Respostas pessoais.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2020. E-book. Localizável em: Depois dirigi-me.
a) Com base no trecho lido, descreva o sentimento que G.H. nutre por Janair. Em seguida, analise esse sentimento, considerando a diferença de classe social entre as personagens e as relações de poder impressas nessa dinâmica.
b) A dinâmica de classe social também é atravessada pelo preconceito racial de G.H., direcionado a Janair. Explique como esse preconceito se estabelece no trecho lido.
c) Relacione as reflexões de G.H. sobre Janair com discussões sobre racismo estrutural e desigualdade social. Em seguida, reflita criticamente sobre o modo como o racismo e o preconceito de classe operam na sociedade atual, pensando em estratégias que poderiam combater essas formas de opressão.
10. a) G.H. nutre por Janair um sentimento de incômodo e mal-estar pela percepção da indiferença que Janair direcionava a ela. A diferença de classe social contribui para essa dinâmica, pois G.H., mulher rica, enxerga Janair como uma figura sem importância, cujas feições não eram sequer lembradas até o momento em que G.H. se deu conta da indiferença da personagem em relação a ela.
11. b) À medida que a personagem enfrenta sua crise de subjetividade, o tempo parece dilatado e o espaço físico do apartamento, onde ocorre boa parte da trama, ganha um significado simbólico, refletindo a organização mental da personagem. Essa desestruturação narrativa acompanha o processo de desestruturação da subjetividade da personagem, fazendo com que o conteúdo do romance reflita a sua forma e vice-versa.
11. A estrutura narrativa de A Paixão segundo G.H. rompe com o modo convencional de organização dos elementos narrativos.
a) Como se dá a organização do tempo e do enredo no trecho do capítulo inicial de A paixão segundo G.H.? Explique.
No trecho lido, tempo e enredo se organizam de maneira não linear, pois são conduzidos pelo pensamento de G.H., que é cíclico e fragmentado.
b) Em sua interpretação, de que modo a organização dos elementos da narrativa, como tempo e espaço, dialogam com o momento vivido por G.H. ao longo da obra? Explique, considerando o modo como a forma do romance se relaciona ao conteúdo da narrativa.
12. Como observado até aqui, o romance A paixão segundo G.H. propôs inovações formais que desafiaram as convenções narrativas tradicionais dos movimentos literários anteriores. Refletindo sobre essas inovações, como você acredita que as técnicas narrativas experimentadas por Clarice Lispector inspiraram novas reorganizações estruturais nos romances contemporâneos? Explique, apresentando um exemplo de um romance contemporâneo que pode ter sido influenciado pelas inovações formais propostas pela autora.
Mulheres modernistas
O Modernismo brasileiro contou com a participação de diversas mulheres. Na terceira fase modernista, por exemplo, destacaram-se três mulheres como principais representantes da literatura – Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles (1918-2022) e Hilda Hilst (1930-2004). Ainda que algumas mulheres tenham conseguido posição de destaque no movimento, outras que produziram arte moderna, seja através da literatura ou das artes plásticas, não foram reconhecidas em vida enquanto artistas de renome. No livro Mulheres modernistas: estratégias de consagração na arte brasileira , a professora Ana Paula Cavalcanti Simioni, do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP), apresenta suas análises acerca da trajetória de artistas modernistas e procura compreender esse fenômeno.
SIMIONI, Ana Paula Cavalcanti. Mulheres modernistas: estratégias de consagração na arte brasileira. São Paulo: Edusp, 2024.
12. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes citem romances de sua predileção ou estudados por eles no decorrer do Ensino Médio para construir a argumentação.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Anteriormente, você leu um trecho do primeiro capítulo de A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector. Durante a leitura, você pôde perceber o modo como a construção da subjetividade da personagem G.H. se dá de forma fragmentada e frágil, refletindo a condição do sujeito moderno. Agora, você lerá dois poemas da escritora Ryane Leão, em que a subjetividade é pensada com base em outro ponto de vista e em relação ao mundo contemporâneo.
TEXTO 1
1 lembra quando você gritou
2 que não havia lugar no mundo pra mim?
3 que eu era desajustada demais
4 pra ter um canto ou uma cidade
5 no dia eu chorei
6 agora agradeço pelo comentário acolhedor
7 realmente não sou de lugar nenhum
8 dispenso esse negócio de pertencer
9 e prefiro as coisas assim
10 bem livres
11 voando por aí
LEÃO, Ryane. Tudo nela brilha e queima . São Paulo: Planeta do Brasil, 2017. E-book. Localizável em: 36º poema.
1. a) Espera-se que os estudantes reconheçam que o interlocutor é possivelmente alguém com quem o eu lírico manteve proximidade, buscando compreensão e conexão. Esse interlocutor difere do interlocutor de G.H. porque, no romance de Clarice Lispector, o interlocutor é inventado pela própria protagonista para o estabelecimento do fluxo de consciência.
TEXTO 2
1 repetirei quantas vezes
2 for preciso
3 que a sua casa
4 é você mesma
LEÃO, Ryane. Tudo nela brilha e queima . São Paulo: Planeta do Brasil, 2017. E-book. Localizável em: 54º poema.
Ryane Leão (1988-) é uma professora e escritora nascida em Cuiabá, que reside atualmente em São Paulo. Em 2008, Ryane passou a divulgar seus textos nas redes sociais e em lambe-lambes espalhados pela cidade. Na mesma época, começou a participar de saraus e slams. A autora conta, hoje, com mais de 600 mil seguidores em seu perfil do Instagram, onde publica seus poemas. Em 2016, Ryane lançou uma campanha de financiamento coletivo para publicar o seu primeiro livro, Tudo nela brilha e queima, que chegou ao público no ano seguinte e reuniu os poemas divulgados pela autora no ambiente virtual. O livro inseriu Ryane em posição de destaque na literatura nacional. Em 2019, a autora publicou seu segundo livro, Jamais peço desculpas por me derramar
1. Retome o Texto 1 para responder às questões a seguir.
■ Ryane Leão, São Paulo, 2024.
a) No poema, o eu lírico estabelece diálogo com um interlocutor. Tendo em vista sua interpretação do poema, levante uma hipótese para a relação do eu lírico com o seu interlocutor e, em seguida, relacione esse interlocutor com o interlocutor de G.H. em A paixão segundo G.H., estabelecendo diferenças entre eles.
b) O que o poema sugere sobre a ideia de pertencimento? Explique, tendo em vista o modo como o conceito de liberdade é construído no poema.
c) Compare o modo como G.H. e o eu lírico do poema de Ryane Leão se percebem diante do não pertencimento, tendo em vista a relação de cada personagem com o mundo à sua volta.
2. Com base na leitura do Texto 2, responda ao que se pede.
a) Assim como acontece no Texto 1, o poema do Texto 2 estabelece uma interlocução com o leitor. Contudo, essa interlocução se dá com base em outro ponto de vista. O que podemos inferir sobre a quem essa interlocução se destina?
b) Com base na sua resposta ao item anterior, reflita sobre a importância da literatura escrita por e para mulheres no fortalecimento desse grupo social, tendo em vista as relações de poder do mundo contemporâneo.
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c) O que o termo “casa” representa no poema? Explique.
d) Relacione o poema de Ryane Leão com o sentimento de G.H. após o seu encontro com a barata. Explique a relação estabelecida, tendo em vista o que você aprendeu sobre a obra de Clarice Lispector.
3. Analise como os poemas de Ryane Leão constroem a ideia de autonomia e de aceitação da identidade, em seguida, associe essa construção aos desafios enfrentados pela juventude da sociedade contemporânea, marcada pela presença constante das redes sociais e pela busca por aprovação no ambiente virtual.
1. b) O poema sugere que a ideia de pertencimento, ainda que valorizada socialmente, não tem relação direta com a liberdade, que se constrói por meio do reconhecimento e da aceitação da própria identidade, mesmo que ela não caiba nos espaços sociais em que o sujeito circula.
1. c) G.H. sente um forte desamparo e fragmentação diante do mundo, lidando com a incompreensão de sua própria identidade. Em contrapartida, o eu lírico do poema de Ryane Leão parece experimentar o não pertencimento como um espaço de reflexão, buscando compreender a si mesmo no espaço da liberdade.
2. a) É possível inferir que essa interlocução se destina às mulheres leitoras do poema.
2. c) No poema, o termo “casa” simboliza o acolhimento, o pertencimento e a identidade.
2. d) Espera-se que os estudantes relacionem o poema com o sentimento de G.H. com base na ideia de que, em A paixão segundo G.H ., a noção de pertencimento se desfaz com o encontro da protagonista com a barata. Resposta pessoal. O objetivo da questão é estimular os estudantes a refletir sobre o modo como a construção da identidade se estabelece de forma frágil nas redes sociais. Assim, os poemas se tornam ferramentas de afirmação e encorajamento.
4. a) As características são a linguagem acessível e direta e a abordagem de temas subjetivos. Essas características facilitam a identificação dos leitores com os sentimentos expressos nos poemas. Por exemplo, a utilização de metáforas simples e imagens poéticas que evocam emoções imediatas torna os poemas facilmente compartilháveis, pois os leitores conseguem relacionar suas próprias experiências ao que está sendo expresso no poema.
Instapoemas
Ryane Leão faz parte de uma geração de poetas que fez da plataforma Instagram o meio primário de publicação de seus poemas. Os poemas cuja distribuição e divulgação se estabelecem primeiro por essa plataforma são denominados instapoemas . A publicação virtual interfere tanto na circulação quanto na recepção da literatura, uma vez que o ambiente digital permite aos leitores que comentem e interajam com os poemas de forma imediata, logo após a leitura. Do mesmo modo, os escritores podem interagir com os comentários dos leitores. Por conta do meio de divulgação, os instapoemas apresentam características próprias que facilitam a sua visualização, leitura e compartilhamento. Assim, os poemas tendem a ser mais curtos e diretos, buscando o impacto imediato no momento da leitura. Além disso, são pensados para a leitura rápida e apresentam uma organização visual que facilita a interação com o leitor.
4. b) Espera-se que os estudantes reconheçam que a proximidade entre autor e leitor cria um espaço de diálogo, permitindo aos leitores a expressão de suas interpretações de maneira imediata. Isso não apenas fortalece a conexão entre o autor e seu público, mas também permite que o autor tenha um entendimento mais imediato sobre a recepção de suas obras.
4. Retome os poemas de Ryane Leão, associando-os ao que você aprendeu sobre instapoemas, para responder às questões.
a) Quais características dos poemas de Ryane Leão lidos por você favorecem a sua divulgação e compartilhamento nas redes sociais? Exemplifique.
b) Em sua interpretação, de que forma a interação direta entre autor e leitor nas plataformas digitais pode transformar a recepção dos poemas? Explique.
c) Reflita sobre como o surgimento de formas literárias pensadas para a rede social pode modificar o papel da literatura na sociedade contemporânea. Em sua reflexão, considere os efeitos da interação entre internet e literatura na maneira como você se relaciona com os textos literários e na forma como a literatura é percebida e consumida atualmente.
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5. Trechos das obras de Clarice Lispector são constantemente utilizados para compor mensagens divulgadas em redes sociais e cards que circulam em aplicativos de mensagens instantâneas. Muitas vezes, os trechos são utilizados tendo como pano de fundo imagens descontextualizadas, que geralmente se associam a elementos da natureza. Compare a popularidade dos instapoemas com a forma como os trechos de Clarice Lispector são apresentados nessas plataformas. Em seguida, reflita sobre como a descontextualização dessas citações literárias pode impactar a maneira como os leitores se conectam com a obra original.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
Ao construírem outros modos de composição e circulação da literatura, os poetas que fazem uso da rede social para a publicação de seus textos não só reconfiguram o debate crítico sobre o que pode ou não ser compreendido como literário, como também reorganizam o modo de recepção e fruição da literatura na sociedade, tornando o acesso à literatura mais democrático, e, ao mesmo tempo, utilizando a expressão literária para legitimar modos de ser e sentir antes pouco valorizados.
Ao utilizarem as plataformas digitais, poetas como Ryane Leão conseguem alcançar um público diversificado. O resultado é um ambiente literário mais inclusivo, no qual grupos socialmente distanciados do meio literário podem se expressar e explorar temas, como identidade, pertencimento e autonomia, tanto na posição de autoria quanto na posição de leitor que interage com a obra.
6. Resposta pessoal. O objetivo da questão é estimular os estudantes a refletir sobre a relação que eles estabelecem com a literatura no contexto das mídias sociais. É importante que as respostas sejam acolhidas sem que se faça juízos de valor sobre elas.
6. Considerando a transformação da literatura promovida pelos instapoemas e o papel das redes sociais na democratização do acesso à expressão literária, como você acredita que essa nova forma de interação entre os jovens e a literatura pode impactar a formação de novos leitores?
4. c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes associem a publicação literária nas redes sociais à democratização do acesso à literatura e à possibilidade de outras formas de interação com o fazer literário. Dentre essas formas, estão o hábito de se relacionar com a literatura de maneira mais fragmentada e rápida, uma vez que esses textos, normalmente mais curtos, são acessados em meio a outros conteúdos das redes.
Respostas pessoais. O objetivo da questão é incentivar a reflexão sobre a responsabilidade das plataformas de mídia social na saúde mental da população e discutir possíveis soluções para os desafios que os algoritmos impõem à construção da autoimagem dos adolescentes.
Leia o trecho a seguir, retirado de uma matéria no jornal on-line Nexo, sobre a relação da juventude com os algoritmos e as mídias sociais. Em seguida, responda às questões.
As pesquisas sobre identidade percorreram um longo caminho desde que o sociólogo Erving Goffman propôs o conceito de ‘apresentação do eu’, em 1959. Ele postulou que as pessoas gerenciam suas identidades por meio do desempenho social para manter o equilíbrio entre quem elas pensam que são e como os outros as percebem.
Quando Goffman propôs sua teoria pela primeira vez, não havia nenhuma interface de mídia social disponível para exibir um espelho prático do ‘eu’ conforme a percepção dos outros. As pessoas eram obrigadas a criar sua própria imagem em mosaico, derivada de várias fontes, encontros e impressões. Nos últimos anos, os algoritmos de recomendação das redes sociais se inseriram no que agora é uma negociação de três vias: entre o eu, o público e o algoritmo.
As ofertas do ‘para você’ criam um espaço público-privado por meio do qual os adolescentes podem acessar o que consideram ser um teste bastante preciso de sua autoimagem. Ao mesmo tempo, eles dizem que podem facilmente ignorar o que esse espaço mostra se isso parecer discordar dessa autoimagem.
O pacto que os adolescentes fazem com as mídias sociais, trocando dados pessoais e abrindo mão da privacidade para garantir o acesso a esse espelho algorítmico, parece para eles um bom negócio. Eles se consideram capazes de ignorar ou passar por cima de conteúdo recomendado que pareça contradizer seu senso de identidade, mas as pesquisas dizem o contrário.
Na verdade, eles se mostram altamente vulneráveis à distorção da autoimagem e a outros problemas de saúde mental com base em algoritmos de mídia social explicitamente projetados para criar e recompensar hipersensibilidades, fixações e dismorfias — um distúrbio de saúde mental em que as pessoas ficam excessivamente preocupadas com a própria aparência.
Considerando o que os pesquisadores sabem sobre o cérebro adolescente e esse estágio de desenvolvimento social — e considerando o que se pode razoavelmente supor sobre a maleabilidade da autoimagem com base no feedback social —, os adolescentes estão errados ao acreditar que podem ignorar os riscos que os algoritmos trazem à autoidentidade.
MCDONALD, Nora. Os algoritmos e a autoimagem dos adolescentes. Nexo, [s. l.], 23 maio 2024. Disponível em: www. nexojornal.com.br/externo/2024/05/23/os-algoritmos-e-a-autoimagem-dos-adolescentes. Acesso em: 16 out. 2024.
• Considerando os riscos que os algoritmos representam para a autoimagem dos adolescentes, como você percebe a responsabilidade das plataformas de mídia social na promoção de um ambiente virtual saudável? Discuta os possíveis caminhos que essas plataformas poderiam seguir para minimizar os efeitos negativos mencionados no texto.
• Relacione as ideias apresentadas no texto sobre a influência dos algoritmos na autoimagem dos adolescentes com os temas discutidos anteriormente sobre a divulgação da literatura em redes sociais. Em sua perspectiva, como essa dinâmica pode impactar a forma como os jovens se expressam artisticamente?
Resposta pessoal. O objetivo da questão é incentivar os estudantes a pensar sobre o modo como a produção literária é afetada pela dinâmica das redes, tendo em vista o que foi estudado no capítulo e a discussão sobre os algoritmos proposta pelo texto lido.
Na seção Estudo Literário, você analisou um trecho do romance A paixão segundo G.H., de Clarice Lispector, assim como poemas de Ryane Leão, duas mulheres com expressividade literária reconhecida em seu tempo e contexto de produção. A seguir, você lerá um ensaio também escrito por uma mulher. Daniela Castro é curadora independente, pesquisadora de arte e escreveu sobre a artista plástica Hilma af Klint (1862-1944), cuja história será possível conhecer mais detalhadamente ao longo das atividades desta seção. Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
Antes de iniciar a leitura do texto, converse com a turma sobre as questões a seguir.
• O que você espera encontrar em um texto do gênero ensaio que tenha sido escrito por uma pesquisadora?
Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
• O ensaio a ser lido se relaciona à temática da arte; mais especificamente, discorre sobre a obra de uma artista mulher. Que expectativas você tem sobre esse texto com relação ao tema?
• Leia o título do texto, em voz alta se necessário. Que sentidos e interpretações vêm à mente para esse título? De que modo você supõe que ele esteja relacionado ao conteúdo do texto?
Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
Lindo o dizer na língua portuguesa ‘todavidareto’ quando se pede informação sobre um caminho a ser percorrido. Pressupõe-se que alguém interrompe o percurso para informar-se por que está perdido ou perdida, ou mesmo porque antecipa um estado de desorientação a ser evitado. Em outras línguas, o lançar-se por toda a vida para chegar a seu destino não existe: em inglês, all the way down ; em sueco: hela vägen ner ; em francês: toujour droit ; em espanhol: siempre recto ; em italiano: tutto dritto, e por aí vai. Nessas línguas, a informação é ilustrada com um elemento geométrico - uma reta: droit, dritto, recto - ou um direcionamento indicativo para ‘baixo’: down, ner Na nossa língua, vai assim: vai reto aqui, vira na terceira à direita, logo à esquerda, segue toda vida, vai embora, todavidareto, que cê chega. Toda a vida é, obviamente, um processo de demolição. E esse ‘todavidareto’ comporta curvas, buracos, obstáculos, luzes vermelhas, verdes… é um lançar-se ao que foi dito, à metáfora e à poesia, à paisagem nunca reta, ao ritmo indeterminado que o tempo de ‘todavidareto’ compõe; ou seja, é um percurso a ser traçado com o corpo todo: um regime de encaixe entre corpo, coordenadas, paisagem, tempos e geometrias, no qual o ego há de se diluir, desencaixar-se, lançar-se às incertezas próprias da vida para conseguir chegar ao destino. Se não, não chega. Vi esse grafite que intitula o texto nas ruas do Centro da Lagoa em Florianópolis poucas horas antes de ter recebido o convite para contribuir para este catálogo. Fiquei com isso na cabeça. Essa imagem.
■ Grafite Todavidareto, reproduzido pela autora na página 121 do catálogo da Pinacoteca.
Essa é uma imagem que usa meios dos mais simples para criar efeitos complexos - meio imagem, meio texto, um signo; um símbolo - uma reta infinita que gera três triângulos. Seus vértices se intercalam permanecendo vértices e gerando três losangos nos centros dos vértices - triângulos em oposição - eles mesmos de retas infinitas; e o texto ‘todavidareto’ tornando a imagem, uma reta, um desenho. Fiquei. Com isso na cabeça, não sei se por um vício de leitura crítica do mundo (da arte) ou se por instinto, ouvindo a gramática dessa imagem, pareceu-me o percurso propício para chegar na obra de Hilma af Klint.
Uma artista sueca que gozava de relativo sucesso na primeira década do século XX como pintora naturalista, lança-se nesse momento a experimentações estéticas guiada por forças espirituais místicas. Entre cerca de 1904 até sua morte, Hilma produziu um vasto e complexo corpo de trabalho com imagens abstratas, acreditando ser ela o meio pelo qual forças espirituais se canalizavam para concretizarem-se nas pinturas. Com extrema riqueza ilustrativa, Hilma parte de um minucioso estudo estético e científico da flora natural, onde ali permanece por anos com o estatuto da arte banalizando suas produções. Na última década do século XIX, junta-se ao De Fem [As Cinco] - um grupo de cinco artistas mulheres cuja produção prosseguia a reta mística, qual seja, a de ‘receber’ as coordenadas para a realização de suas pinturas desde o infinito, desde um saber não racional personificado nas mensagens do ‘Grande Mestre’, encarnadas nas telas em forma de rito. Rito, eu diria, não necessariamente ritual. Rito de passagem. Ou ainda, a transcendência, comum no vocabulário da pesquisa abstrata, desde seus primórdios canônicos até o ‘agora’ do tempo desse parágrafo. A partir daí, Hilma se coloca como veículo, como meio:
‘Os movimentos foram realizados diretamente através de mim, sem qualquer desenho preliminar e com tanta força a ponto de não saber para onde as formas deveriam me levar. No entanto, trabalhava com tamanha velocidade e clareza, sem sentir que devesse alterar qualquer direção ou andamento do pincel.’ 1
A transcendência - do latim transcēndo, is, di, sum, ēre : atravessar, ultrapassar, transpor - pressupõe um caminho, um trajeto que parte de um ponto no presente e se projeta para o futuro. Para os ditos precursores da abstração, os Der Blaue Reiter, Mondrian, Maliévitch, o tema da transcendência, mesmo que pautado por uma semiologia que comporta os adjetivos ‘místico” ’ e ‘religioso’, compunha-se em torno do exercício intelectual e pictórico-formal. O icônico Quadrado negro sobre o fundo branco (1913-1915) de Kazimir Maliévitch foi exposto no vértice criado pelo encontro de duas paredes e teto à maneira que um russo ortodoxo na época situaria uma imagem religiosa. […]
1 Essa citação é do texto de Hans-Ulrich Obrist, que possivelmente teve acesso aos diários de Hilma traduzidos do sueco, quando da mostra realizada na Serpentina Gallery, em 2016. Eu não tive. Portanto, não me sinto obrigada a traduzir do inglês para o português a exata sintaxe da sentença, e sim aquilo que imagino ser o [...].
transcendência: caráter do que é superior, que tem grandeza, separado da realidade e pertencente a um contexto metafísico. Der Blaue Reiter: “O cavaleiro azul”, em português, foi um grupo de artistas alemães que produziu pinturas e ensaios sobre arte abstrata e os divulgou entre 1911 e 1914. semiologia: estudo dos signos de uma sociedade, incluindo ritos e costumes. ortodoxo: aquele que age conforme uma doutrina ou um conjunto de princípios considerados, por ele, verdadeiros.
Arte abstrata ou Abstracionismo é a arte que emerge no início do século XX, por influência das vanguardas europeias, e que tinha como objetivo a liberdade de criação do artista, fugindo dos padrões de representação clássicos e definidos para dar lugar ao uso de novas técnicas com linhas, cores, texturas e superfícies que compõem uma realidade própria, fundamentada na intuição e na expressão subjetiva do artista.
Daniela Castro (1976–) é curadora independente desde 2006. Organizou exposições, produz textos de escrita experimental e de apreciação estética, e promoveu cursos sobre História da A rte. Escreve para revistas nacionais e internacionais e seus trabalhos transitaram em mais de 20 p aíses. É graduada em História da Arte pela Universidade de Toronto, com residência em museus canadenses e suecos. É mestre em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
A diferença, parece-me, é que Hilma af Klint estabeleceu o ritmo da transcendência no próprio corpo como ultrapassagem tornada forma, e que sua escala se encerra nas próprias pinturas e não no universal. Aqui sim na escala do ser humano, mesmo com dimensões de telas que ultrapassam os limites fisionômicos do corpo. Suas abstrações pré-datam às dos pioneiros do Abstracionismo, a título de curiosidade, de historicidade. Mais ainda: no percurso da transcendência, a demanda é a transcendência do sujeito que predica o objeto; na transcendência, a demanda é a apropriação do sujeito pelo objeto, ou o sujeito tornado caminho, o próprio objeto a ser transposto. O Quadrado negro sobre fundo branco respeita a matemática, a arquitetura, o vértice. Ele se ampara na geometria para ordenar o caos. Ele te engole pela mente, mas sem alcançar as pernas. Já Hilma, na série As dez maiores (1907), por exemplo, cria uma dança entre caos e geometria, movimentando-a num transe, libertando formas e cores dentro da tela e para fora dela, atravessando o corpo todo do espectador e o corpo do espaço, como num rito [...]. A série se descortina em quatro capítulos dedicados ao tempo do percurso traçado na vida: infância, juventude, idade adulta e velhice. Rito de passagem. Aqui, a escala pictórica que engole o corpo reafirma a reta-texto-desenho, como se a pintura dissesse ‘todavidareto’ para dentro de si mesma. Assim, o ego se dissolve e torna-se contingente. A pintura, nesse caso, aquela que predica o sujeito artístico, torna-se um objeto especial em que se pretende realizada a síntese de experiências sensoriais: um corpo transparente ao conhecimento fenomenológico, que se dá à percepção sem deixar resto. Sempre em frente, todavidareto. […]
Se há uma problemática em torno do posicionamento de Hilma na historiografia da abstração da arte não é somente pelo questionamento sobre sua produção ser de cunho estético ou não, e sim porque essa mulher abandonou o projeto de autoria de forma radical. Hilma abdica desse projeto de forma explícita: ela torna-se meio, medium , apenas uma circunstância para realização de suas pinturas. O Modernismo é sobretudo um projeto cunhado pela autoria, cunhado por um sujeito-autor que se enquadra numa arquitetura específica, patriarcal. Em termos historiográficos, após o Modernismo e o decreto da morte do autor, entramos então no seu pós, o hoje, ainda que em negociação. O léxico inventado pela artista para a necessidade linguística que surge junto com as primeiras experimentações abstratas na arte é, portanto, do ‘agora’ do tempo deste parágrafo, enquanto ele é escrito. […]
A gramática visual de Hilma af Klint realizada como ‘acontecimento’ místico e estético, ao penetrar no discurso da arte, perturba-o, e pelo seu surgimento deflagra uma torrente de fenômenos perceptivos e predicativos até então inéditos.
CASTRO, Daniela. Todavidareto. In: BIRNBAUM, Daniel et al Hilma af Klint: mundos possíveis. São Paulo: Pinacoteca, 2018. p. 119-125. conhecimento fenomenológico: referente à qualquer teoria das Ciências Humanas que trate de como os fenômenos da realidade são vividos e percebidos pelos indivíduos, por meio de sua subjetividade, de sua experiência consciente. historiografia: registro escrito da história; estudo crítico sobre a História e os historiadores.
1. a) Respostas pessoais. Auxilie os estudantes a reconhecer pontos de convergência e divergência de expectativas em relação aos seus conhecimentos prévios sobre o gênero ensaio. Essa percepção os ajudará a ampliar os conhecimentos mais adiante, ao estudar a composição do ensaio.
1. d) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
1. Considere suas respostas no boxe Primeiro olhar para responder às questões a seguir.
a) Suas compreensões prévias sobre o gênero ensaio se comprovaram durante a leitura do texto? Que semelhanças e diferenças você identificou?
b) De que modo o estudo e a pesquisa estão presentes no ensaio lido?
c) Após a leitura, você conseguiu compreender um pouco mais sobre o processo criativo de Hilma af Klint? Justifique.
d) Para você, a leitura do texto foi fácil ou difícil? Justifique.
e) Suas suposições e interpretações sobre o título do texto se confirmaram depois da leitura? Quais as semelhanças e as diferenças?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
2. A autora inicia o texto apresentando o termo todavidareto na língua portuguesa.
a) Como esse termo poderia ser explicado, sob o ponto de vista de sua formação?
b) Esse termo é utilizado como metáfora no texto. Explique como isso ocorre, considerando o sentido da expressão que dá origem a ele.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
3. Agora, você e um colega vão elaborar uma hipótese que busque explicar por que a ensaísta teria comparado a imagem do grafite à obra de Hilma af Klint.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
Hilma af Klint cursou a Academia Real de Belas Artes da Suécia entre 1882 e 1887, no entanto, ao se formar, distanciou-se da academia para buscar representações metafísicas do mundo, entrando para a ordem Rosacruz , movimento místico e filosófico que parte de ritos de iniciação visando ao desenvolvimento espiritual de seus iniciados, com base em heranças de antigas tradições, como o ocultismo, o hermetismo, a cabala, a alquimia medieval, entre outros.
O nome da ordem tem origem em Christian Rosenkreutz, homem cuja existência é questionada, tornando-se uma espécie de lenda. Ele teria vivido entre os séculos XIV e XV.
A ordem Rosacruz influenciou diversas outras, como, por exemplo, a Maçonaria, e tem adeptos até hoje em diversos países.
4. Releia o trecho e responda às questões a seguir.
2. a) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
4. a) As obras eram um modo de a artista expressar sua crença metafísica e buscar, por meio delas, o alcance de algo maior, de uma grandeza universal. Retome com os estudantes o significado de transcendência, apresentado no boxe Glossário, para que possam fazer as associações solicitadas.
Uma artista sueca [...] lança-se nesse momento a experimentações estéticas guiada por forças espirituais místicas. Entre cerca de 1904 até sua morte, Hilma produziu um vasto e complexo corpo de trabalho com imagens abstratas, acreditando ser ela o meio pelo qual forças espirituais se canalizavam para concretizarem-se nas pinturas.
4. b) Essa transcendência seria o desejo de produzir uma obra que conjugasse suas crenças pessoais, voltadas para a metafísica, com sua prática artística.
a) Que associação é possível estabelecer entre as imagens abstratas produzidas por Hilma af Klint e sua busca pela transcendência?
b) Considerando a formação e os interesses de Hilma af Klint, explique o que seria essa transcendência em sua obra.
1. b) O estudo e a pesquisa estão presentes no amplo repertório apresentado pela ensaísta ao longo de sua explanação, o que demonstra sua preparação prévia, seus estudos e seu conhecimento sobre o assunto.
1. c) Respostas pessoais. Espera-se que, apesar da complexidade do texto, os estudantes tenham compreendido o processo de criação da artista, o qual se baseia em uma crença metafísica.
5. Agora, releia estes dois excertos e, no caderno, indique as afirmações corretas sobre eles.
I. Rito, eu diria, não necessariamente ritual. Rito de passagem. Ou ainda, a transcendência, comum no vocabulário da pesquisa abstrata, desde seus primórdios canônicos até o ‘agora’ do tempo desse parágrafo.
II. Os movimentos foram realizados diretamente através de mim, sem qualquer desenho preliminar e com tanta força a ponto de não saber para onde as formas deveriam me levar. No entanto, trabalhava com tamanha velocidade e clareza, sem sentir que devesse alterar qualquer direção ou andamento do pincel.
a) No Trecho I, Daniela Castro pondera sobre duas significações possíveis para a palavra rito, que pode ser entendida como rito de passagem ou como transcendência.
b) A t ranscendência da obra de Hilma af Klint, sob o ponto de vista da ensaísta (Trecho I), é resultado de um processo ritualístico que Klint utilizava para o seu processo criativo.
c) A transcendência, segundo a própria Hilma af Klint, estaria ligada a um estado de atravessamento metafísico em que uma entidade maior se expressa através dela, direcionando-a.
d) A transcendência, segundo a própria Hilma af Klint, atrapalhava no planejamento cuidadoso da artista para executar sua obra, prejudicando sua clareza e velocidade na execução.
Estão corretas as afirmações a e c
6. O ensaio “Todavidareto” faz parte de um catálogo que acompanhou a exposição “Hilma af Klint: mundos possíveis”, realizada na Pinacoteca de São Paulo, em 2018. Considerando o contexto de publicação, responda.
Apresentar informações sobre a exposição para o público que a visita.
Para apresentar ao visitante aprofundamentos sobre o artista em exposição, por meio dos conhecimentos de especialistas e diversos pontos de vista críticos sobre a obra.
O catálogo registra informações e pontos de vista, e perpetua a exposição de forma escrita, contribuindo para a divulgação da obra, do espaço, do curador, dos patrocinadores, entre outros envolvidos.
a) Q ual é a função social de um catálogo de exposição?
b) Por que um ensaio como o lido seria importante para um catálogo?
c) D e que modo um catálogo contribui com a exposição e com o artista exposto?
■ Pintura Tree of Knowledge, No. 5 (19131915), usada na capa do catálogo da exposição “Hilma af Klint: mundos possíveis”, realizada na Pinacoteca de São Paulo, em 2018.
O ensaio surgiu no século XVI, a partir da obra Ensaios, do filósofo renascentista francês Michel de Montaigne (1533-1592). O autor afirmava que o objetivo de seus textos era compartilhar as suas ideias consigo mesmo e com alguns parentes e amigos íntimos, de modo a perpetuar seu conhecimento e seu caráter. Trata-se, portanto, de um gênero que expressa o pensamento livre, mas com base em um ponto de vista bem demarcado, que orienta o pensamento de seu autor.
7. No discurso de ensaios predomina a exposição e a argumentação. Considerando essa informação, identifique, no caderno, entre as opções a seguir, aquela que explica como Daniela Castro inicia sua argumentação.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
I. A e nsaísta opta por um texto predominantemente expositivo, pautado pela apresentação informativa de uma palavra cujo significado é aprofundado também de modo informativo no restante do texto.
I I. A ensaísta opta pela apresentação informativa de uma expressão cujo significado metafórico será construído de forma argumentativa ao longo de todo o texto. A afirmação correta é a II.
O gênero ensaio
A definição do gênero ensaio perpassa mais pelo contexto de seu uso como prática social do que por um protótipo específico de texto. Nesse sentido, um ensaio apresenta um estudo, investigação ou reflexão que não tem a pretensão de estar acabado; no entanto, é formalmente desenvolvido e se baseia tanto em aparato científico quanto empírico. Sua linguagem aproxima-se da literária, e apresenta de modo transversal ideias filosóficas, científicas e críticas por meio de exposição e argumentação lógica, que perpassa a interpretação do autor e suas análises, portanto, com certa proporção de julgamento, daí a presença de subjetividade na linguagem desse texto, para garantir a liberdade de expressão do autor. Nesse contexto, o ethos do autor é imprescindível para o ensaio e é fundamental apresentar maturidade intelectual sobre o assunto, para discorrer com liberdade interpretativa sobre ele, evocando seu repertório. Além disso, é o seu ponto de vista que define o objeto que será discutido e a sua perspectiva orienta a discussão sobre ele.
8. Ao longo do ensaio, a autora utiliza como fio condutor de sua discussão o termo todavidareto. No caderno, preencha o quadro a seguir indicando a abordagem e a trajetória de coerência construída com base nesse termo. Siga o modelo.
Parte do texto
Início
Desenvolvimento
Final
Abordagem feita sobre ao termo
Expositiva: explica o sentido do termo e informa a não existência do conceito em outras línguas.
Argumentativa:
Expositiva:
argumenta sobre a relação do termo com a obra de Hilma af Klint, por meio da transcendência que constrói a composição da obra.
Importância para a construção da coerência
Apresenta um viés de análise com base no significado do termo, colocando-o como um problema sobre o qual ela discorrerá.
conclui a relação entre o termo e a transcendência em Hilma af Klint, com base nas palavras da própria artista.
Conclui retomando o termo e a síntese do que ele significa para a obra da artista.
Argumenta sobre o contexto em que o termo surgiu, com base em sua experiência, e adiciona elementos a serem relacionados, como a transcendência e a obra da artista em foco.
9. Conheça, a seguir, a obra Quadrado preto sobre fundo branco, citada por Daniela Castro no ensaio, de autoria de Kazímir Maliévitch, um dos nomes mais expressivos da arte abstracionista no mundo.
RÚSSIA
Comente com os estudantes que o quadro foi criado para fazer parte de uma exposição sobre o Futurismo, uma das correntes vanguardistas europeias.
■ MALIÉVITCH, Kazímir. Quadrado preto sobre fundo branco. 1924. Óleo sobre tela.
79,5 cm × 79 cm. Museu Estatal Russo, São Petersburgo, Rússia.
• Considere as afirmações a seguir e copie, no caderno, aquelas que interpretem a obra e auxiliem sua compreensão sobre o Abstracionismo.
I. O título do quadro provoca o olhar para o seu conteúdo, e a interpretação desse diálogo é diverso do que o espectador criou como expectativa com base no título, daí a presença da abstração.
II. A abstração só fica evidente no quadro por meio da interpretação do espectador, pois, do contrário, cria-se uma associação literal do título com o conteúdo que torna a obra ilógica e sem sentido.
Ambas as afirmações estão corretas.
Quando um texto constrói seu significado por meio da sua relação com outros textos, que podem aparecer como uma referência explícita ou implícita, há ali um mecanismo de intertextualidade. Essa construção de relação com outros textos é presente em diversos discursos. No ensaio lido, a intertextualidade é muito presente por meio das citações da ensaísta, sem explicações sobre seu significado, partindo, portanto, da premissa de que o leitor as conheça de outros discursos ou tenha conhecimento prévio sobre o tema. Dessa forma, a intertextualidade é apresentada no ensaio como recurso argumentativo.
AMPLIAR
O patriarcado no contexto de Hilma af Klint
Até a década de 1980, acreditava-se que artistas como Wassily Kandinsky (1866-1944), Piet Mondrian (1872-1944) e Kazímir Maliévitch (1878-1935) haviam sido os primeiros a desenvolver a arte abstrata, emergente a partir de 1910. No entanto, isso começou a mudar quando a obra de Hilma af Klint, uma artista sueca pouco conhecida, foi revelada ao mundo. Hilma faleceu em 1944, mas, em seu testamento, ela determinou que suas obras só poderiam ser exibidas vinte anos após sua morte, como forma de retaliação ao seu não reconhecimento pela elite artística e masculina. Foi apenas em 1986 que sua arte ganhou visibilidade em uma grande exposição no Museu de Arte do Condado de Los Angeles (LACMA), nos Estados Unidos, chamada “O espiritual na arte: pintura abstrata, 18901985”. Esse evento permitiu que Hilma af Klint fosse finalmente reconhecida como uma das precursoras da arte abstrata, já que suas composições são anteriores a 1910, mudando a narrativa histórica dessa expressão artística.
10. Leia a seguir as acepções da palavra ensaio. Depois, registre no caderno a acepção que se relaciona ao gênero ensaio e elabore uma síntese conceitual sobre esse gênero.
Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
ENSAIO. In: MICHAELIS. [São Paulo]: Melhoramentos, c2024. Disponível em: https://michaelis.uol. com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/ensaio/. Acesso em: 16 out. 2024.
MUNDO do TRABALHO
Curadoria
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Com o recente avanço das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs), surgiu uma gama de novas profissões que geraram a demanda por novas categorias de profissionais especializados. Entre essas profissões, está a curadoria de informações, atividade que envolve a seleção e a organização de conteúdos digitais. O exercício dessa atividade exige análise crítica de conteúdos veiculados em meios digitais para identificação e seleção de conteúdos que atendam a um determinado público. O curador de informações seleciona e organiza — com base em parâmetros predeterminados — as informações, de forma clara e acessível, e as disponibiliza para um segmento para o qual essas informações são relevantes.
• Faça, com o seu grupo, uma pesquisa sobre quais são as etapas envolvidas na elaboração de uma curadoria de conteúdo. Depois, elabore uma curadoria de informações sobre um assunto que atenda ao interesse de um público-alvo. Use fontes confiáveis de pesquise e atribua os devidos créditos de textos e imagens.
Museu Hermitage O Museu Hermitage, em São Petersburgo, Rússia, foi fundado em 1764 por Catarina II, imperatriz da Rússia, tendo como acervo inicial a coleção particular da imperatriz. A i nauguração, com abertura para visitação, ocorreu em 5 de fevereiro de 1852. Após a Revolução Russa de 1917, o Hermitage tornou-se museu estatal. At ualmente, o Museu Hermitage é um dos maiores museus de arte do mundo, abrigando, em seu acervo, grande número de obras dos artistas mais representativos das diversas tendências da arte. Entre as obras encontradas no acervo do museu, encontra-se o Quadrado pr eto sobre fundo branco , de Kazímir Maliévitch. É possível apreciar essa e outras obras por meio da visitação virtual disponibilizada pelo museu.
O M USEU Hermitage do Estado. Visita virtual. São Petersburgo, R ússia: O Museu Hermitage do Estado, c1998-2024. Disponível em: https://www.hermitagemuseum.org/ w ps/portal/hermitage/panorama/. Acesso em: 2 nov. 2024
12. a) O sujeito predicar o objeto significa que o sujeito concede atributos a ele, tal como ocorre entre os termos essenciais da oração (sujeito e predicado). Nesse sentido, o sujeito artista predica o objeto arte através da transcendência. No segundo trecho, o significado se inverte: é a pintura que confere atributos ao sujeito, caracterizando-o. O sentido pode ser a interpretação que o espectador faz da obra, através da qual emergem atributos sobre ela que remontam ao processo criativo do autor, assim, predicando-o.
O predicativo atribui certas qualidades ou características ao termo a que se refere (o sujeito ou o objeto). No contexto do texto, essas atribuições são consideradas inéditas quando o espectador se depara com a gramática visual de Hilma af Klint.
11. A construção da textualidade no ensaio perpassa a condição de aceitabilidade do interlocutor, ou seja, as possíveis interpretações, compreensões e relações de sentido que o leitor pode realizar ao ler o texto. Nesse sentido, explique os elementos que credibilizam Daniela Castro como autora do texto, na relação com o seu interlocutor.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
12. Compare os trechos a seguir, retirados do texto de Daniela Castro.
I. […] no percurso da transcendência, a demanda é a transcendência do sujeito que predica o objeto; na transcendência, a demanda é a apropriação do sujeito pelo objeto, ou o sujeito tornado caminho, o próprio objeto a ser transposto.
II. A pintura, nesse caso, aquela que predica o sujeito artístico, torna-se um objeto especial em que se pretende realizada a síntese de experiências sensoriais […].
III. A gramática visual de Hilma af Klint realizada como ‘acontecimento’ místico e estético, ao penetrar no discurso da arte, perturba-o, e pelo seu surgimento deflagra uma torrente de fenômenos perceptivos e predicativos até então inéditos.
a) Considerando seus conhecimentos sintáticos sobre predicação, explique o sentido das expressões “é a transcendência do sujeito que predica o objeto” (Trecho I) e “A pintura, nesse caso, aquela que predica o sujeito artístico” (Trecho II).
b) A inda com base em seus conhecimentos morfológicos, explique o sentido do emprego do termo predicativos , no contexto do Trecho III.
Como você já estudou, a sintaxe visual se refere à organização da imagem por meio de uma gramática de cores, contextualização, representação, profundidade, iluminação, formas e brilho que levam o espectador a interpretar essa imagem. Tal organização é motivada também por aspectos ideológicos de seu autor. Cada um dos itens deve ser analisado tanto isoladamente quanto em relação ao todo para construir os sentidos da imagem.
13. Releia estes dois excertos do ensaio.
I. A diferença, parece-me, é que Hilma af Klint estabeleceu o ritmo da transcendência no próprio corpo […].
II. Fiquei. Com isso na cabeça, [...] não sei se por um vício de leitura crítica do mundo (da arte) ou se por instinto […].
13. a) Ambos apresentam o uso de primeira pessoa em sua composição.
a) O que os trechos têm em comum em relação ao uso da linguagem?
b) Qual é o efeito de sentido do emprego dessa linguagem no texto?
Visão do ensaísta
Em ensaios, é comum o uso da primeira pessoa, tanto do singular quanto do plural, de modo a explicitar a visão do ensaísta , com o objetivo de demarcar sua posição no texto e seu fluxo de pensamento na elaboração argumentativa.
13. b) Promove uma aproximação com o leitor, para mostrar o fluxo de pensamento e como ocorreu a formulação de sua tese e argumentação sobre a autora.
O ensaio que você leu se refere a Hilma af Klint, uma renomada artista da arte abstrata. No momento da leitura, no entanto, é provável que você tenha se deparado com informações novas, em relação a quem foi a artista, seu contexto de vida e obras. Nesse caso, há na internet uma vasta gama de informações que podem ser acessadas e, dentre essas fontes, estão as enciclopédias colaborativas. Leia o trecho do verbete a seguir.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
HILMA af Klint. In: WIKIPEDIA: the free encyclopedia. [San Francisco, CA: Wikimedia Foundation], 2024. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hilma_af_Klint. Acesso em: 17 out. 2024.
1. Responda às questões a seguir.
1. a) As referências numéricas ao lado dos conceitos demonstram que há fontes relacionadas à informação. Há, no entanto, uma caixa de aviso que informa a falta de referências para todo o conteúdo, o que pode comprometer a confiabilidade do verbete.
a) Ao ler o resumo sobre a artista, quais informações indicam o grau de confiabilidade do verbete? Há pontos de atenção a esse respeito?
b) Qual é a função e qual é a relevância das palavras em azul na página?
c) Considerando a natureza colaborativa do verbete, qual seria a função da aba Discussão?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor 1. b) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
Enciclopédias on-line
Enciclopédias wikis ou enciclopédias on-line têm conteúdo livre de direitos autorais, porque são escritas por alguém interessado que tenha conhecimento sobre o assunto. Por sua natureza colaborativa, são um instrumento democrático, com princípios de conduta e organização por voluntários de todo o mundo, que garantem sua qualidade e confiabilidade.
HILMA af Klint. In: WIKIPEDIA: the free encyclopedia. [San Francisco, CA: Wikimedia Foundation], 2024. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hilma_af_Klint. Acesso em: 17 out. 2024.
a) Que padrões chamam a atenção na apresentação das referências?
b) Qual é a importância dessas referências para o verbete?
2. O verbete é escrito com a menção de 45 referências externas, identificadas na parte de Referências do menu de conteúdos. Observe algumas delas: 2. a) A apresentação começa com uma numeração, há links externos e todos estão em inglês. 2. b) Elas indicam que o verbete está embasado em certas informações de artigos e pesquisas, não sendo apenas a elaboração de um autor.
3. Há no verbete também Bibliografia e Ligações externas. Observe.
HILMA af Klint. In: WIKIPEDIA: the free encyclopedia. [San Francisco, CA: Wikimedia Foundation], 2024. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hilma_af_Klint. Acesso em: 17 out. 2024.
HILMA af Klint. In: WIKIPEDIA: the free encyclopedia. [San Francisco, CA: Wikimedia Foundation], 2024. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hilma_af_Klint. Acesso em: 17 out. 2024.
• Qual é a importância desses itens para a pesquisa do leitor e para a confiabilidade da obra?
3. Essas referências indicam outras obras nas quais o conteúdo do verbete está embasado, bem como links de aprofundamento, o que ajuda o leitor a extrapolar os conhecimentos do verbete e ter contato com outras pesquisas. Além disso, sua presença confere mais confiabilidade ao verbete, porque indica que ele foi escrito com base em pesquisa.
4. a) São informações verificadas, baseadas em evidências e pesquisas, e produzidas por especialistas ou instituições respeitadas. Entre as informações importantes que devem ser verificadas para atestar sua confiabilidade estão: data, precisão dos dados, autoridade e especialidade dos autores, propósito informativo, imparcialidade, entre outros.
4. A escrita em ambientes colaborativos não é totalmente livre, ela deve seguir princípios que garantem a sua qualidade. Há colaboradores voluntários em todo o mundo, que verificam as edições feitas. Compare, no quadro a seguir, os indicadores de qualidade e responda às questões no caderno.
Indicadores positivos
• Contém várias referências de fontes confiáveis.
• Possui uma seção introdutória informativa e clara.
• Cobre diferentes aspectos relevantes de um tópico.
• Apresenta conteúdo equilibrado e organizado.
• É escrito de forma imparcial.
Indicadores negativos
• Não tem nenhuma referência.
• Tem caixa de aviso.
• Contém erros ortográficos ou gramaticais.
• Contém informações desatualizadas sobre um tópico atual.
• Contém opiniões não validadas por fontes e declarações de valor.
FUNDAÇÃO WIKIMEDIA [Equipe de Educação]. Ler a Wikipédia na sala de aula . Guia rápido do professor wikipedista. Tradução: Flavia Doria, Flávia Varella e Liliam Viana. [San Francisco, CA]: Wikimedia Education, 2023. E-book. p. 5. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/e/e6/Ler_a_Wikipédia_na_sala_de_aula_-_Guia_rápido_do_professor_wikipedista.pdf. Acesso em: 17 out. 2024.
4. b), 4. c), 4. d) e 4. e): veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
a) O que são fontes confiáveis e como identificá-las?
b) E xplique os fatores que podem garantir uma introdução informativa e clara.
c) De que modo é possível definir a relevância de aspecto de abordagem de um tópico?
d) Como é possível garantir equilíbrio e organização em um verbete?
e) Quais são os critérios para considerar um verbete imparcial?
5. Leia o trecho de um artigo explicativo sobre a abrangência da Wikipédia e discuta com os colegas e com o professor as questões seguintes.
5. b), 5. c), 5. d) e 5. e): veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
Está disponível em mais de 300 línguas e faz parte de um grupo maior de projetos de conhecimento livre apoiados pela Fundação Wikimedia. No idioma português, a Wikipédia possui mais de 1.101.000 de artigos (dados de 2023), número que aumenta conforme seus colaboradores contribuem com novos conteúdos. Como outras enciclopédias, a Wikipédia tem como função apresentar uma síntese de conhecimentos existentes, apresentando diferentes abordagens sobre um mesmo tema, quando existirem. Portanto, deve ser utilizada como ponto de partida em nossa busca por conhecimento.
FUNDAÇÃO WIKIMEDIA [Equipe de Educação]. Ler a Wikipédia na sala de aula . Guia rápido do professor wikipedista. Tradução: Flavia Doria, Flávia Varella e Liliam Viana. [San Francisco, CA]: Wikimedia Education, 2023. E-book. p. 2. Disponível em: https://upload.wikimedia.org/ wikipedia/commons/e/e6/Ler_a_Wikipédia_na_sala_de_aula_-_Guia_rápido_do_professor_wikipedista.pdf. Acesso em: 17 out. 2024.
a) Como esse estudo dos parâmetros de confiabilidade de uma enciclopédia wiki pode ser estendido para outras fontes de pesquisa?
b) Você já usou enciclopédias wikis em suas pesquisas? Observou todos esses parâmetros estudados como fatores de confiabilidade? Qual é a importância de os ter como referência?
c) Por que um conteúdo de pesquisa deve ser confiável?
d) Qual a relevância de buscar informações em uma wiki como essa para as suas pesquisas escolares?
e) Que outras formas de pesquisa você utiliza no seu dia a dia? Elas possuem parâmetros de confiabilidade de informações? Explique.
5. a) O estudo sobre a abrangência da Wikipédia podem ser extensíveis a pesquisas oriundas de sites de busca, considerando esses parâmetros também como indicadores de confiabilidade nesses locais.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor 1. a), 1. b) e 1. c): Respostas pessoais. Veja respostas e comentários
A série As dez maiores, de Hilma af Klint, apresenta dez obras cujas dimensões ultrapassam os três metros de altura. Foi composta em 1907 e é considerada uma das mais importantes e representativas da arte abstrata.
O escritor e sociólogo francês Roland Barthes (1915-1980) cunhou o conceito de “morte do autor”, cuja premissa é esvaziar a autoria da arte para torná-la uma experiência interpretativa derivada do olhar do espectador. Esse conceito é amplamente abordado na arte abstracionista e na contemporânea.
2. a) O nome da obra e o ano de sua feitura, a técnica utilizada pela artista, a dimensão e a custódia.
Embora o olhar do espectador seja livre, é possível subsidiá-lo de técnicas para uma observação atenta de imagens, sobretudo na arte, para que essa experiência interpretativa possibilite mais informatividade e repertório cultural.
1. Observe a reprodução de uma das obras que compõem a série As dez maiores, de Hilma af Klint, e registre, no caderno, uma resposta às questões seguintes.
a) Descreva a imagem.
b) À primeira vista, que sentimentos e sensações ela transmite a você?
c) Que interpretações você faria sobre ela?
Há círculos
2. Com base em um olhar direcionado para a imagem, pode ser possível ampliar a compreensão de seus elementos e, com isso, alcançar outras interpretações. Volte à observação da imagem e reflita sobre como as informações presentes em cada item a seguir influenciam na interpretação.
cores, tamanhos e formas ovais
fundo lilás. Além
brancas, azuis e pretas compõem os contornos das formas.
2. f) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que é uma obra mais subjetiva e emocional, mas possam sustentar posições contrárias com boa argumentação.
a) Quais são as informações sobre a obra e a artista, presentes na legenda?
b) Trata-se de pintura, escultura, fotografia ou outra forma de arte? Que técnicas foram utilizadas?
c) Qual é a temática abordada? Que assuntos estão presentes na imagem?
2. b) A obra é uma pintura, feita com têmpera sobre papel.
d) Como a sintaxe visual é apresentada? Quais são os aspectos visuais relevantes em relação a cores, linhas, formas e volumes?
■ KLINT, Hilma af. As dez maiores, Grupo IV, No 6, Maioridade. 1907. Têmpera sobre papel, 315 cm × 234 cm. The Hilma af Klint Foundation.
2. c) Esta obra compõe um grupo de dez pinturas que representam as fases da vida: infância, juventude, maioridade e velhice. A temática desta pintura é a fase adulta.
e) É figurativa (retrato ou autorretrato, natureza morta, objeto ou paisagem) ou não figurativa (formas geométricas, sinuosas, orgânicas)?
Trata-se de uma obra não figurativa.
f) É uma obra de caráter mais objetivo e racional, ou mais subjetivo e emocional? Busque explicar seu ponto de vista.
3. Respostas pessoais. Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
3. Para finalizar, discuta com os colegas: de que modo o olhar direcionado ampliou sua interpretação sobre a obra? O que foi possível perceber após essa análise, que antes não tinha sido possível?
2. Pode-se proporcionar uma discussão entre os estudantes sobre essas percepções, para que coletivamente possam identificar as influências do olhar atento e consciente para uma obra de arte. Ajude-os a comparar as respostas dessa questão com as da questão anterior e a perceber as ampliações interpretativas alcançadas com base nesse olhar direcionado.
1. c) Na segunda hipótese, além da consequência, implícita por uma conjunção subordinativa na sequência “(então) o mundo inteiro terá que se transformar”, há também uma finalidade associada à transformação do mundo inteiro, que é “para eu caber nele”.
Nesta seção, terá sequência o estudo dos períodos compostos, ainda nas relações de subordinação presentes nas orações subordinadas adverbiais e sua expressividade em textos de diferentes gêneros estudados neste capítulo e inéditos.
1. a) “Se eu me confirmar e me considerar verdadeira, estarei perdida” e “se eu for adiante nas minhas visões fragmentárias, o mundo inteiro terá que se transformar”.
Por sua expressão de circunstância, as orações subordinadas adverbiais estão bastante presentes em textos de diversos gêneros. Nas seções Estudo Literário e Estudo do Gênero Textual, foi possível identificar algumas relações de sentido dessas orações nos textos. Agora, você as analisará com mais profundidade.
1. Releia o segundo parágrafo do trecho do capítulo inicial de A paixão segundo G.H.
Se eu me confirmar e me considerar verdadeira, estarei perdida porque não saberei onde engastar meu novo modo de ser - se eu for adiante nas minhas visões fragmentárias, o mundo inteiro terá que se transformar para eu caber nele.
a) O f luxo de pensamento de G.H. se constrói por meio de hipóteses. Identifique-as.
b) Há, na sequência da primeira hipótese, uma consequência e uma explicação sobre sua criação. Transcreva os trechos correspondentes.
1. b) Uma consequência: “estarei perdida”; uma explicação: “porque não saberei onde engastar meu novo modo de ser”.
c) Já na segunda hipótese, além da consequência, há também um complemento com outro sentido. Explique esses dois sentidos.
d) Qual é o sentido da criação dessas hipóteses para o propósito do texto?
Orações subordinadas adverbiais
1. d) Por meio delas, a narradora apresenta explicações e consequências sobre sua linha de pensamento, buscando possibilidades de reorganizar sua própria forma de ser.
As orações subordinadas adverbiais exercem a função de adjuntos adverbiais, tal como os advérbios. Nesse sentido, são orações modificadoras da oração principal e mantêm com a oração principal uma relação de dependência. São introduzidas por conjunções subordinativas que as classificam em nove tipos – causal, consecutiva, condicional, concessiva, comparativa, conformativa, final, proporcional e temporal –, porque conferem valores semânticos (de significado) dessas circunstâncias aos predicados a que se referem.
No trecho lido, ao colocar uma das orações na ordem direta, tem-se:
Estarei perdida se eu me confirmar e [se] me considerar verdadeira.
Oração Principal conjunção subordinativa com sentido de condição
conjunção subordinativa (implícita) com sentido de condição
Oração subordinada adverbial – funciona como adjunto adverbial da oração principal. Introduzida por conjunção subordinativa que expressa o sentido da condição em relação à principal.
2. Leia a seguinte frase, retirada do boxe Ampliar, sobre Hilma af Klint e responda.
Esse evento permitiu que Hilma af Klint fosse finalmente reconhecida como uma das precursoras da arte abstrata, já que suas composições são anteriores a 1910, mudando a narrativa histórica dessa expressão artística.
a. Qual circunstância está expressa pela oração “já que suas composições são anteriores a 1910”?
b. Reescreva no caderno a frase do item anterior, substituindo a expressão já que por uma expressão que tenha significação equivalente, sem alterar seu significado. 2. a) A circunstância expressa é a causa, o motivo pelo qual se considera Klint precursora da arte abstrata.
Os estudantes podem optar por expressões como uma vez que, porque, visto que, pois etc.
Orações subordinadas adverbiais causais
São orações subordinadas introduzidas por conjunções que expressam circunstância de causa em relação ao fato expresso na oração principal.
3. Compare os trechos a seguir e copie, no caderno, as afirmações corretas sobre eles.
Estão corretas as afirmações a, b . Explique aos estudantes que todas as conjunções são concessivas porque expressam uma certa permissão contrária ao que se afirma, como se fosse uma licença, um parêntese em meio a essa
I. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo.
II. […] sem sair desta, sem descer nem subir, eu havia caminhado para o quarto. A menos que tivesse havido um modo de cair num poço mesmo em sentido horizontal […].
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2020. E-book. Localizável em: Depois dirigi-me.
III. Com mais ousadia, embora sem nenhuma intimidade, passei os dedos pelo arrepiado do colchão.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2020. E-book. Localizável em: Depois dirigi-me.
a) No Trecho II, a conjunção em destaque expressa certa condição hipotética em relação ao fato de ter caminhado para o quarto.
b) No Trecho III, a conjunção em destaque cria certa concessão sobre a inexistência de intimidade em meio à ousadia com que a narradora passa os dedos no colchão.
c) As três conjunções são subordinativas e introduzem orações subordinadas adverbiais concessivas.
d) A conjunção em destaque no Trecho I é coordenativa, porque liga duas orações independentes.
Orações subordinadas adverbiais concessivas
São orações subordinadas introduzidas por conjunções que expressam uma concessão em relação ao que está expresso na oração principal, ou ainda, uma afirmação que segue uma direção lógica contrária em relação à oração principal. Por meio das conjunções concessivas, é possível introduzir na relação entre as orações uma espécie de contrariedade autorizada, em que se permite uma licença para prever sua existência.
4. Releia, agora, este trecho: “Ontem, no entanto, perdi durante horas e horas a minha montagem humana. Se tiver coragem, eu me deixarei continuar perdida”.
a) No contexto do texto, que interpretações são possíveis para o trecho “perdi durante horas e horas a minha montagem humana”?
b) Que sentidos podem ser compreendidos da expressão “Se tiver coragem” e a qual termo ela se refere?
Trata-se de uma condição que a narradora estabelece diante da perda de sua montagem humana.
Refere-se a se deixar continuar perdida.
Orações subordinadas condicionais
Expressam uma relação de condição em relação à oração principal, que pode ser real ou hipotética.
4. a) Ao longo de todo o texto, a narradora estabelece um fluxo de pensamento que cria o sentido de não pertencimento ao mundo. O trecho entre aspas, nesse contexto, pode ser interpretado como a existência de uma máscara social que ela utiliza, que a humaniza, mas que é desmontada, não mais simulada, por vezes.
5. a) A alegria se origina da ideia da narradora de ter algo para fazer, de forma prática, que seria limpar e encerar o armário. O sentido simbólico da alegria seria o preenchimento do próprio vazio existencial.
5. Agora, leia este trecho.
Animei-me com uma ideia: aquele guarda-roupa, depois de bem alimentado de água, de bem enfartado nas suas fibras, eu o enceraria para dar-lhe algum brilho, e também por dentro passaria cera pois o interior devia estar ainda mais esturrado.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2020. E-book. Localizável em: Depois dirigi-me.
a) Qual é o motivo da alegria da narradora ao olhar para o armário? Qual o sentido simbólico dessa alegria, anunciado no trecho?
b) A qual oração se refere o trecho em destaque?
c) A conjunção que introduz a oração em destaque expressa que sentido no texto?
A “eu o enceraria”. Expressa o sentido de finalidade do ato de encerar o armário.
d) Na oração subordinada em destaque, há também um sentido simbólico em relação ao sentimento da narradora. Explique-o.
A narradora busca encerar o armário para dar-lhe algum brilho, o que pode ser associado também a encontrar um brilho próprio.
Orações subordinadas adverbiais finais
São orações subordinadas introduzidas por conjunções que expressam finalidade ou objetivo em relação à oração principal.
6. O trecho a seguir encontra-se em outra parte da narrativa e o sentido expresso pela relação com o armário, questionado na atividade anterior, é apresentado de forma análoga. Leia-o.
Como se já estivesse vendo a fotografia do quarto depois que fosse transformado em meu e em mim, suspirei de alívio.
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2020. E-book. Localizável em: Depois dirigi-me.
• E xplique o sentido das conjunções em destaque no trecho, recuperando as orações a que se referem. Como se expressa uma conformidade, uma concordância; depois, expressa uma passagem de tempo.
Orações subordinadas adverbiais conformativas
São orações subordinadas introduzidas por conjunções que expressam circunstância de conformidade, ou seja, algo que está de acordo com algum fato ou fonte de informação.
7. Releia mais este trecho de A paixão segundo G.H.: “A covardia é o que de mais novo já me aconteceu, é a minha maior aventura, essa minha covardia é um campo tão amplo que só a grande coragem me leva a aceitá-la […]”.
7. a) A conjunção expressa proporcionalidade entre a covardia e a necessidade de grande coragem para aceitá-la.
a) De que modo a conjunção tão… que contribui para o sentido do trecho?
b) Copie a afirmação que explica o modo como a oração subordinada “tão amplo que só a grande coragem me leva a aceitá-la” contribui para a caracterização da covardia como aventura.
I. A comparação entre a covardia e a coragem, expressa pela oração subordinada adverbial proporcional, cria uma equivalência entre esses dois sentimentos, que demonstra o conflito interno da personagem e se mostra como um desafio a ser superado, daí associá-lo a uma aventura.
II. A proporção entre a covardia e a coragem, expressa pela oração subordinada adverbial proporcional, cria um paradoxo entre esses dois sentimentos, que demonstra o conflito interno da personagem e se mostra como um desafio a ser superado, daí associá-lo a uma aventura.
Orações subordinadas adverbiais proporcionais
São orações subordinadas introduzidas por conjunções que constroem proporção em relação ao referente. Estabelecem correlação com um membro da oração principal por meio de construções do tipo: quanto mais… tanto mais, quanto mais… tanto menos etc.
7. b) Está correta a afirmação II.
8. Agora compare estes excertos.
I. O que sempre me repugnara em baratas é que elas eram obsoletas e no entanto atuais. Saber que elas já estavam na Terra, e iguais a hoje, antes mesmo que tivessem aparecido os primeiros dinossauros […]. (A paixão segundo G.H.)
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2020. E-book. Localizável em: Então, antes de entender. II. Há trezentos e cinquenta milhões de anos elas se repetiam sem se transformarem. Quando o mundo era quase nu elas já o cobriam vagarosas. ( A paixão segundo G.H.)
Veja respostas e comentários nas Orientações para .
LISPECTOR, Clarice. A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco Digital, 2020. E-book. Localizável em: Então, antes de entender. III. Lindo o dizer na língua portuguesa ‘todavidareto’ quando se pede informação sobre um caminho a ser percorrido. (“Todavidareto”)
IV. O léxico inventado pela artista para a necessidade linguística que surge junto com as primeiras experimentações abstratas na arte é, portanto, do ‘agora’ do tempo deste parágrafo, enquanto ele é escrito. (“Todavidareto”)
a) O que as conjunções em destaque têm em comum quanto ao seu sentido?
b) Identifique as orações principais e as subordinadas a que essas conjunções correspondem.
c) No Trecho III, a conjunção contextualiza certa circunstância à condição de beleza de se dizer “todavidareto”. Explique essa afirmação. 8. a) Elas expressam temporalidade. 8. c) Ela expõe o contexto do momento em que essa beleza é desvelada: quando se pede uma informação sobre um caminho a ser percorrido.
Orações subordinadas adverbiais temporais
São orações subordinadas introduzidas por conjunções que expressam circunstância de tempo – o antes, o durante ou o depois – em relação ao conteúdo da oração principal.
9. Agora releia este trecho de “Todavidareto”: “Os movimentos foram realizados diretamente através de mim, sem qualquer desenho preliminar e com tanta força a ponto de não saber para onde as formas deveriam me levar”.
a) Há no trecho uma oração que expressa uma consequência sobre o que foi afirmado anteriormente. Identifique-a, bem como a conjunção que expressa esse sentido.
b) E xplique a consequência mencionada no item anterior.
“a ponto de não saber para onde as formas deveriam me levar”. Conjunção: a ponto de 9. b) Os movimentos foram realizados através da artista e, em razão da intensidade da força com que foram feitos, ela não sabia para onde esses movimentos a levariam.
Orações subordinadas adverbiais consecutivas
São orações subordinadas introduzidas por conjunções que expressam consequências.
10. Leia mais este trecho de “Todavidareto”.
[…] aprenderemos que o figurativo se constrói a partir de instantes dentro de um projeto abstrato maior, tal como as formas fugidias das nuvens que adornam o céu da paisagem imaginada todavidareto […].
CASTRO, Daniela. Todavidareto. In: BIRNBAUM, Daniel et al Hilma af Klint: mundos possíveis. São Paulo: Pinacoteca, 2018. p. 124-125.
a) Qual é o sentido da conjunção subordinativa no trecho?
b) A relação estabelecida entre o figurativo e as nuvens possibilita que interpretações ao trecho?
Orações subordinadas adverbiais comparativas
São orações subordinadas introduzidas por conjunções que expressam uma comparação.
10. a) O sentido é de comparação entre a construção do figurativo dentro de um projeto e os formatos das nuvens.
10. b) A comparação entre o figurativo e as nuvens transmite a ideia de que o figurativo é passageiro, em constante mudança.
Como visto, as conjunções subordinativas são as responsáveis pelo sentido expresso na oração subordinada em relação à principal. No quadro a seguir, são dispostas algumas conjunções subordinativas, associadas à classificação das orações subordinadas adverbiais.
Tipo de oração subordinada adverbial
Exemplos de conjunções subordinativas
Causal porque, pois, visto que, já que
Concessiva embora, ainda que, mesmo que
Condicional se, caso, contanto que Final para que, a fim de que, que
Conformativa segundo, consoante a, conforme, como
Proporcional conforme, à medida que, quanto mais… mais…, quanto menos… menos…
Temporal quando, assim que, enquanto
Consecutiva que, de modo que, de maneira que Comparativa como, do que, tão… quanto…
Nas orações subordinadas adverbiais, há contextos em que a vírgula é importante para evitar ambiguidades e garantir a fluidez do texto. Analise a seguir alguns desses contextos.
11. Releia este trecho de “Todavidareto”.
11. b) Ela separa duas palavras iguais, possibilitando uma pausa entre elas que influencia na compreensão da advertência que a condição denota.
[…] é um lançar-se ao que foi dito, à metáfora e à poesia, à paisagem nunca reta, ao ritmo indeterminado que o tempo de ‘todavidareto’ compõe, ou seja, é um percurso a ser traçado com o corpo todo: um regime de encaixe entre corpo, coordenadas, paisagem, tempos e geometrias, no qual o ego há de se diluir, desencaixar-se, lançar-se às incertezas próprias da vida para conseguir chegar ao destino. Se não, não chega
a) Que tipo de oração subordinada adverbial está em destaque?
Uma oração condicional, introduzida pela conjunção subordinativa se
b) No contexto do texto, que papel a vírgula desempenha no trecho em destaque?
c) De que modo a interpretação do texto poderia ser influenciada pela ausência da vírgula?
12. Agora leia outro trecho.
A ausência da vírgula influenciaria no ritmo da oração e na compreensão dessa advertência, podendo haver perda de sentido em relação a ela.
Na nossa língua, vai assim: vai reto aqui, vira na terceira à direita, logo à esquerda, segue toda vida, vai embora, todavidareto, que cê chega .
12. a) Após os dois-pontos, essa recorrência de vírgulas indica sucessão de ideias referentes ao que foi anunciado antes dos dois-pontos, como uma enumeração.
a) No primeiro período do trecho, há um uso recorrente de vírgulas. O que esse uso indica?
b) O trecho em destaque expressa uma oração subordinada adverbial. Explique seu sentido.
c) Que função tem a vírgula que separa a oração principal da subordinada, nesse caso?
d) Que implicações para a interpretação do trecho poderiam surgir se não houvesse a vírgula nessa posição indicada no item c?
12. d) A chegada ao destino poderia não ter o mesmo impacto, já que a vírgula cria uma pausa antes da síntese.
A vírgula entre a oração principal e a subordinada adverbial não é obrigatória, mas pode ser estilística e indicar uma pausa, uma enumeração de ideias, além de ênfases.
Há, no entanto, um contexto em que a vírgula se torna obrigatória: em relação a essas orações: quando há um deslocamento da ordem direta das orações. Por exemplo:
Se seguir o caminho indicado, você chegará ao destino.
12. b) O sentido da oração é de conclusão em relação ao caminho anteriormente percorrido.
12. c) Isolar a oração subordinada, para criar o destaque a uma síntese sobre o caminho percorrido.
13. c) O sentido é de finalidade. A oração indica, por meio da conjunção para, a finalidade das medidas a serem adotadas, o que demarca um dos itens previstos na estrutura da proposta de intervenção e busca evidenciá-lo ao leitor, para convencê-lo sobre sua importância.
Orações adverbiais e sua expressividade na argumentação
Em redações de exames como o Enem e provas de ingresso em universidades, são frequentes as propostas que exigem a elaboração de um texto dissertativo-argumentativo. Nesse contexto, conhecer a abrangência argumentativa das orações subordinadas adverbiais pode ser um diferencial para o alcance de um texto proficiente.
Na redação do Enem, a estrutura organizativa do texto demanda o desenvolvimento de uma proposta de intervenção para o problema apresentado, o que implica o atendimento de um roteiro que prevê: agente, ação, meio e métodos com detalhamento, e finalidade. A finalidade requer do candidato o uso de conjunções que a marquem, para reforçar o caráter argumentativo.
13. Leia um trecho da proposta de intervenção a seguir, de um participante do Enem de 2023, cujo tema da redação foi “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil.” O texto, como um todo, recebeu nota máxima no exame.
Portanto, vistos os fatores que impactam negativamente na valorização do trabalho de cuidado feminino, medidas são necessárias para combatê-los. Cabe ao governo federal a realização de fiscalizações legislativas e, por meio de inspeções e vistorias em residências de risco, verificar se as leis trabalhistas femininas estão sendo devidamente aplicadas, a fim de garantir a não exploração da mulher doméstica. Ademais, o Ministério da Educação deve, através do FUNDEB - o Fundo Nacional de Educação Básica destinar investimentos às escolas, visando promover uma capacitação geral e inserir as mulheres em um mercado de trabalho justo. Somente assim, o público feminino conquistará a devida visibilidade no âmbito do trabalho.
O valor estabelecido pode ser o de uma conjunção subordinativa causal, porque as medidas são necessárias por causa dos fatores expostos.
LEIA redações nota mil do Enem 2023. G1, São Paulo, 19 mar. 2024. Disponível em: https://g1.globo.com/ educacao/noticia/2024/03/19/redacoes-nota-mil-do-enem-2023.ghtml. Acesso em: 17 out. 2024.
a) Identifique e explique a função sintática do marcador argumentativo no início do parágrafo e o seu sentido.
O marcador é portanto. A função sintática é de conjunção coordenativa interparágrafo e o sentido é de conclusão.
b) No trecho “vistos os fatores que impactam negativamente na valorização do trabalho de cuidado feminino, medidas são necessárias para combatê-los.”, a expressão vistos os fatores estabelece com medidas são necessárias uma relação de significação que pode ser associada ao valor de uma conjunção subordinativa. Explique essa afirmação, considerando que conjunção seria essa.
c) Ainda no trecho apresentado no item b, que sentido expressa a oração subordinada adverbial “para combatê-lo”? Como essa oração contribui para a argumentação desse período inteiro?
d) No caderno, reproduza o quadro a seguir transcrevendo do texto cada um dos itens presentes na proposta de intervenção.
fiscalizações legislativas por meio de inspeções e vistorias em residências de risco, verificar se as leis trabalhistas femininas estão sendo devidamente aplicadas
Itens
Agente
Ação
Modo/meio/detalhamento
Efeito/finalidade
governo federal
Proposta de intervenção 1Proposta de intervenção 2
a fim de garantir a não exploração da mulher doméstica
Ministério da Educação através do FUNDEB – o Fundo Nacional de Educação Básica visando promover uma capacitação geral e inserir as mulheres em um mercado de trabalho justo destinar investimentos às escolas
e) Considerando o quadro, que conjunções ou formas verbais nominais marcam as orações subordinadas adverbiais que expressam finalidade?
f) Como essas orações adverbiais contribuem para a argumentatividade da proposta, considerando a posição em que foram apresentadas?
13. e) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
13. f) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
1. Leia o trecho da letra da canção “Os cegos do castelo”, da banda Titãs:
1 E se você puder me olhar
2 Se você quiser me achar
3 E se você trouxer o seu lar
4 Eu vou cuidar, eu cuidarei dele
5 Eu vou cuidar
6 Do seu jardim
7 Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele
8 Eu vou cuidar
9 Eu cuidarei do seu jantar
10 Do céu e do mar, e de você e de mim
OS CEGOS DO CASTELO. Intérprete: Titãs. Compositor: Nando Reis. In: TITÃS ACÚSTICO MTV. Produção: Liminha (Arnolpho Lima Filho). Rio de Janeiro: WEA, 1997. 1 CD, faixa 5.
1. a) Se o interlocutor puder olhar para o eu lírico; se quiser achá-lo; e se compartilhar com ele o seu lar.
a) As promessas do eu lírico só serão cumpridas mediante certas condições. Quais são elas?
b) Há uma repetição de locução verbal e de verbo no futuro do indicativo. Essa repetição provoca que efeito de sentido na letra?
1. b) A repetição da locução verbal “vou cuidar” e da forma verbal “cuidarei” contribui para o ritmo e a cadência da letra.
2. Leia a postagem para responder às questões.
2. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
a) Q ue função tem a conjunção se na expressão do autor sobre o que é necessário para que haja vida?
DOIS PONTOS. [Se o ar não se movimenta]. [S. l.], 15 abr. 2024. Instagram: doispontos. Disponível em: www.instagram.com/p/C5yPwqMLRnl/. Acesso em: 17 out. 2024.
b) Compare as duas partes da frase: “Se o ar não se movimenta, não tem vento” e “Se a gente não se movimenta, não tem vida”. Como se estabelece a relação de dependência entre essas partes? LIVRARIA DOIS
3. Leia a tirinha.
3. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
GONSALES, Fernando. [Níquel Náusea]. Folha UOL , São Paulo, 17 out. 2024. Disponível em: https://cartum.folha.uol.com.br/ quadrinhos/2024/09/13/niquel-nausea-fernando-gonsales.shtml. Acesso em: 17 out. 2024.
a) Identifique no provérbio a oração principal e a oração subordinada, e classifique a oração subordinada.
b) De que modo essa oração subordinada contribui para a compreensão do provérbio?
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Nesta Oficina de Texto, você produzirá um verbete de enciclopédia colaborativa, preferencialmente para ser publicado no contexto wiki, on-line, em que muitos interessados poderão ler seus escritos. A proposta será realizada em grupos, considerando tratar-se de um texto elaborado a muitas mãos, que demandará pesquisa.
Gênero
Verbete de enciclopédia colaborativa (wiki )
Interlocutores
Interessados no assunto relacionado ao verbete
Propósito/Finalidade
Planejar e produzir um verbete colaborativo, preferencialmente para o contexto on-line, sobre uma mulher expressiva na Arte.
Publicação e circulação
Wikipédia
1. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
1. Para começar a pensar a respeito da presença das mulheres na arte e as múltiplas possibilidades de abordagem sobre esse tema, leia este verbete da Wikipédia sobre mulheres artistas.
Mulheres artistas. In: WIKIPEDIA: the free encyclopedia. [San Francisco, CA: Wikimedia Foundation], 2024. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Mulheres_artistas. Acesso em: 17 out. 2024.
2. A imagem deste verbete ilustra uma artista mulher em um autorretrato, com uma legenda descritiva. Já a imagem do verbete de Hilma Af Klint registra uma fotografia da autora e informações sobre sua biografia. Portanto, o quadro de resumo depende da abordagem proposta no verbete.
a) Ao observar o texto do verbete, qual é o fio condutor do tema? Como ele é apresentado ao leitor?
b) Quais são as principais informações apresentadas na introdução? Que expectativas elas criam no leitor?
c) Considerando a entrada do verbete (o título dele), você considera que a abordagem foi adequada? Que outras abordagens seriam possíveis sobre esse tema?
d) O verbete está completo? Justifique.
2. Observe com atenção a imagem do lado direito do verbete. Retome o verbete lido na subseção Diálogos e aponte as diferenças de propósito entre eles, bem como de informações apresentadas.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
1. Para começar a elaboração do verbete colaborativo, há algumas providências prévias importantes.
• Organizem-se em grupos de até cinco integrantes.
• Considerando a infraestrutura da escola, decidam coletivamente se o verbete poderá ser produzido no contexto on-line ou off-line. Neste caso, será preciso definir uma forma de divulgação, que poderá ser uma enciclopédia colaborativa impressa sobre mulheres na arte.
• No caso de o planejamento da turma poder continuar em meio on-line, será necessário cadastrar-se na plataforma wiki, para que seja possível criar o verbete. Nesse caso, é preciso conversar com o professor e com a coordenação escolar para criar uma conta da escola.
• Caso seja possível criar uma conta na Wikipédia (com a autorização devida do professor e da coordenação), observe, ao lado direito, os campos necessários para criá-la. Atente ao escolher a palavra-passe, elencando uma que não seja óbvia, mas que seja possível de lembrar facilmente.
2. Em grupo, retome com os colegas o propósito da produção: a criação de um verbete de enciclopédia wiki para divulgar mulheres na arte. Para isso, você teve o exemplo da publicação de Hilma af Klint, na subseção Diálogos. Revise, então, a organização do verbete e das informações apresentadas. Anote, já em um arquivo colaborativo, ideias para a organização dos tópicos do verbete a ser elaborado.
WIKIPEDIA: the free encyclopedia. [San Francisco, CA: Wikimedia Foundation], c2024. Site. Criar conta. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/w/index. php?title=Especial:Criar_conta&returnto=Wikip%C3%A9dia%3AP%C3% A1gina+principal. Acesso em: 17 out. 2024.
3. Em consenso, definam a artista que será apresentada no verbete, em seguida, revisitem o arquivo colaborativo de ideias e adicionem ou retirem itens da organização do menu de conteúdos. A biblioteca da escola pode ser bastante adequada para essa pesquisa. Verifique a existência de livros de arte e busque por artistas mulheres.
4. Faça uma pesquisa na Wikipédia para verificar se já existem verbetes sobre a artista escolhida. Caso existam, você poderá fazer a edição, para excluir e inserir novas informações, com base nas pesquisas que fará. Não é preciso escolher outra artista.
5. Em um site de buscas, pesquise sobre a autora, sua biografia, obras, contexto histórico em que viveu, curiosidades, estilo de arte, considerações sobre o movimento artístico no qual foi ou está inserida, imagens da artista e de suas obras, entre outras informações que considerar relevantes. Volte também à biblioteca escolar para verificar informações sobre a autora escolhida em obras físicas de Arte.
5. Trata-se de pesquisas bibliográficas, por isso, auxilie os estudantes a exercer a crítica para a seleção de fontes confiáveis.
6. As fontes podem ser escritas, como artigos científicos, reportagens, entre outras, e audiovisuais, como vídeos e podcasts. No arquivo de ideias, crie um item de referências e insira nele as utilizadas.
7. Lembre-se de que as pesquisas precisam ter origem em fontes confiáveis. Retome os parâmetros de confiabilidade vistos na seção Estudo do Gênero Textual para garantir essa idoneidade.
8. Dividam a leitura dessas pesquisas entre os integrantes do grupo. Cada integrante deve estudar e resumir pelo menos uma referência, considerando os itens a seguir.
• Registrar diálogos entre a arte da artista e o movimento artístico em que se insere.
• Destacar a linguagem artística da artista e registrar trechos que podem ser citados na íntegra no verbete, entre aspas, como fontes de autoridade sobre a artista.
• No arquivo colaborativo de ideias, registre as informações relevantes que encontraram sobre a artista, em tópicos, de modo que todos possam ler os registros ao mesmo tempo e inserir ou modificar informações, considerando as fontes pesquisadas. Faça paráfrases para se apropriar do conteúdo e ressignificá-lo com suas palavras e interpretações.
• Caso encontrem informações divergentes, conversem colaborativamente para decidir a informação correta, que irá para o verbete. Pode ser necessário pesquisar mais de uma fonte sobre o assunto para desfazer a contradição. Caso estejam editando o verbete, há uma aba de discussão na própria Wikipédia que pode ser utilizada para mitigar dúvidas de conteúdo, em diálogo com outros colaboradores.
8. Auxilie os estudantes a dividir os papéis dentro dos grupos, para que todos tenham funções e responsabilidades claras.
• Todas as informações registradas por você no arquivo de ideias, com base em outros artigos, devem estar referenciadas aos textos originais pesquisados, em que as informações estão. Lembre-se de inserir os números, em forma de hiperlink, tal como o padrão da Wikipédia.
9. Pesquise imagens sobre a artista e a obra e verifique se são de divulgação gratuita. Alguns bancos de imagens possuem obras de arte em domínio público e gratuitas: Pixabay, Freepik e Dreamstime são algumas opções.
É importante orientar os estudantes quanto à gratuidade das imagens e o uso livre de direitos autorais. As páginas sugeridas têm versões gratuitas e pagas, e os estudantes devem estar aptos a verificar os limites desses usos para não fazer cadastros desnecessários.
10. Com o arquivo de ideias abastecido, é hora de escrever o texto final, que irá para o verbete. Para tanto, organize as informações em um menu de conteúdos, tal como os modelos da Wikipédia lidos. Caso o verbete sobre a artista já exista, selecione as informações que serão acrescentadas na edição e decida se haverá inserção de novos itens no menu de conteúdo.
11. Selecione as informações para cada parte, visando disponibilizar conteúdo relevante, adequado e coerente em relação ao menu proposto, pensando no propósito dessas informações e no alcance do leitor. Na introdução do verbete, lembre-se de proporcionar um panorama sobre o que será abordado.
12. Fique atento à linguagem empregada, que deve garantir objetividade e formalidade em relação à norma-padrão. O verbete, como um texto informativo, deve ser isento de opiniões ou marcas de subjetividade. Escreva em terceira pessoa e mantenha o estilo impessoal.
A escrita do verbete pode ser muito beneficiada pela atenção ao uso das conjunções subordinativas adverbiais , considerando os sentidos que cada uma delas proporciona ao texto. Retome esses sentidos nas relações de subordinação vistas na seção Estudo da Língua .
1. Proponha um momento específico de compartilhamento dos textos e revisão, com base nos itens a seguir. Se considerar viável, proponha a avaliação de pares, de modo que os estudantes possam conhecer e avaliar as produções dos colegas.
1. Leia as questões a seguir e as utilize como roteiro para avaliação do verbete elaborado.
• O menu de conteúdos corresponde às informações selecionadas e apresentadas?
• Há uma linha de coerência lógica entre os itens do menu de conteúdos, de modo a esclarecer uma abordagem sobre a artista escolhida?
• A introdução do verbete apresenta informações resumidas e em perspectiva sobre a artista, sua produção e contexto histórico em que viveu?
• A linguagem utilizada está de acordo com a formalidade e a norma-padrão características de um verbete? Ela é objetiva e informativa?
• A s informações são apresentadas por meio de paráfrases, textos autorais e citações diretas referenciadas?
• Todas as referências pesquisadas foram citadas e indexadas por números?
2. Após verificar esses itens e discutir a necessidade de modificações com o grupo, façam as alterações necessárias no texto da wiki.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Após a finalização da produção e avaliação do professor, o verbete deve ser publicado na Wikipédia. Para compartilhá-lo com outras pessoas, você pode divulgá-lo em suas redes sociais particulares, nas redes sociais da escola e, ainda, por meio de códigos QR distribuídos pela escola. Se possível, depois de uma semana da publicação do verbete, acesse as métricas da Wikipédia para verificar a recepção do verbete pela comunidade.
1. A autora escreve uma prosa em que o elemento central é o fluxo de consciência. Assim, os textos são fragmentados, em primeira pessoa e descrevem os pensamentos e sentimentos do narrador personagem.
2. O tempo e o espaço são descritos de modo fragmentado e apresentados de acordo com a subjetividade do narrador, de forma não linear e descontínua.
3. Não. O ensaio carrega muitas marcas da subjetividade do autor, que conduz a sua argumentação de acordo com uma seleção de temas e argumentos que mais o sensibilizam, não necessariamente os mais relevantes para o tema.
Neste capítulo, os estudos do campo artístico-literário deram enfoque à prosa poética de Clarice Lispector. Na seção Estudo do Gênero Textual, o enfoque foi no campo da escrita do ensaio. A seção Estudo da Língua, por sua vez, abordou as orações subordinadas adverbiais. Agora, você deverá sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para que seja possível elaborar sua resposta.
4. O ensaísta pode utilizar dados históricos, elementos derivados de pesquisa, experiências pessoais, suposições, metáforas, situações hipotéticas, fatos e argumentos desenvolvidos por outros autores.
1. Descreva, de maneira geral, o estilo narrativo de Clarice Lispector.
2. Como se dá a apresentação do tempo e do espaço no texto escrito pela autora?
3. Um texto do gênero ensaio pode ser entendido como imparcial? Justifique.
5. As orações subordinadas adverbiais introduzem significados circunstanciais, que atribuem circunstâncias à oração principal.
4. Quais elementos são utilizados para enriquecer e fundamentar a tese desenvolvida no ensaio?
5. Que tipo de informação uma oração subordinada adverbial introduz?
6. Com os adjuntos adverbiais, também modificadores da sentença.
6. Com qual elemento não verbal da sintaxe as orações subordinadas adverbiais se relacionam em termos de função sintática?
Possibilite aos estudantes momentos de silêncio para que possam relembrar seu desempenho nas propostas do capítulo. Com base em sua observação dos estudantes e das particularidades de cada um, ajude-os a construir, nas observações, estratégias para avançar em pontos que precisem de ajuste.
Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e aprendizagem ao longo do capítulo. Para isso, no caderno, reproduza o quadro a seguir e responda às questões. Em seguida, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote nas observações.
Ao longo do estudo do capítulo, percebo que...
… realizei as atividades buscando ampliar meus conhecimentos e procurei tirar minhas dúvidas sobre os conteúdos com o professor.
… realizei as atividades com empenho e decisão consciente de aprender, sem dar enfoque apenas em terminar a tarefa delegada.
... atuei ativamente nas atividades em dupla ou grupos, sugerindo, antevendo problemas, envolvendo-me em solucionar questões coletivas e olhando para o todo da proposta, não apenas para a minha parte.
Fui proficiente Preciso aprimorar Observações
Neste capítulo, o enfoque de análise de questão de provas de ingresso está voltado para o estudo da língua. Leia com atenção as dicas de interpretação do formato da questão e, em seguida, treine outra de mesmo formato.
1. (IFBA) Leia a estrofe de música “O segundo Sol” e responda à questão a seguir.
(Cássia Eller)
Quando o segundo Sol chegar
Para realinhar as órbitas dos planetas
Derrubando com assombro exemplar
O que os astrônomos diriam
Se tratar de um outro cometa
1. Resposta: alternativa e
As duas conjunções subordinativas da primeira estrofe são: “quando” e “para”. A primeira dá ideia de tempo, referindo-se ao momento em que o segundo Sol chega, ao passo que a segunda expressa finalidade, referindo-se ao motivo pelo qual esse Sol chega.
ELLER, Cássia. O segundo Sol. [Belo Horizonte]: Letras, c2003-2024. Disponível em: www.letras. mus.br/cassia-eller/12570/. Acesso em: 17 out. 2024.
De acordo com o direcionamento apresentado no enunciado, é importante ler com atenção a estrofe da música e identificar duas conjunções subordinativas para que se possa chegar à alternativa correta.
• Na primeira estrofe da letra de música “O segundo Sol”, há duas conjunções subordinativas que, respectivamente, dão ideia de:
a) causa e modo.
b) tempo e modo.
c) tempo e causa.
d) modo e finalidade.
e) tempo e finalidade.
Após identificar as conjunções, é preciso analisar o que cada uma expressa na letra da música para responder corretamente à questão. Lembre-se que as conjunções subordinativas são sequenciadores e estabelecem relações entre orações, sendo de extrema importância na construção de sentidos.
2. (EsPCEx - Aman) No período “Ninguém sabe como ela aceitará a proposta”, a oração grifada é uma subordinada
a) adverbial comparativa.
b) substantiva completiva nominal.
c) substantiva objetiva direta.
d) adverbial modal.
e) adverbial causal.
2. Resposta: alternativa c .
No período “Ninguém sabe como ela aceitará a proposta”, a oração grifada é subordinada substantiva objetiva direta, pois é iniciada por conjunção integrante, desempenhando função de objeto direto relativamente à oração principal. Assim, é correta a alternativa c
cores vibrantes, desorganizados expressionista, e seu conteúdo
Basquiat como opressão. Ele, por sua vez, se mostra em uma postura segura, em que olha diretamente para a câmera, valorizando sua arte e sua identidade.
Com base em seus conhecimentos e na fotografia apresentada na abertura do capítulo, responda às questões a seguir.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
1. Como se observa na pintura de Basquiat, as cores encontram reflexo no estilo da vestimenta do artista. Como essa interação pode influenciar a percepção que se tem do artista? Explique, tendo em vista as suas observações.
2. Observe a postura de Basquiat na fotografia e analise o seu vestuário. Em seguida, compare o que você observou com a obra de arte na abertura do capítulo. De que maneira a roupa de Basquiat se relaciona com os elementos de sua obra?
3. Considerando as análises feitas sobre a relação entre artista e obra, como você compreende a interação entre autor e obra na literatura? Em sua resposta, considere os lugares ocupados pelo autor e pelo leitor literário.
4. As manifestações artísticas e literárias expressam visões de mundo e opiniões que ultrapassam a singularidade de quem as produziu e passam a representar necessidades, anseios e aspirações de um grupo ou mesmo do ser humano em geral. Quais gêneros do campo jornalístico-midiático você conhece que se destinam a expressar opinião sobre um tema abrangente?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
5. Textos que carregam opiniões em seu conteúdo dependem de estratégias de persuasão para convencer o leitor a aderir à ideia que o autor pretende transmitir. Em sua opinião, qual característica um texto de cunho persuasivo deve ter para que seja plenamente compreendido pelo leitor?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
• Campo artístico-literário
• Campo jornalístico-midiático
Temas Contemporâneos
Transversais
• Ciência e tecnologia
• Meio ambiente: Educação para o Consumo
• Cidadania e civismo: Educação em Direitos Humanos
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2. O estilo de Basquiat mistura diferentes estampas e tecidos que combinam com as cores do ambiente, onde se pode observar muitos pincéis,
potes e tubos de tinta. A obra de arte é carregada de simbolismos e traços soltos, assim como seu estilo de se vestir, que não segue uma estética rígida ou convencional. Essa liberdade de expressão visual em seu vestuário e postura ressoa em sua arte, que também é cheia de contrastes e sobreposições. A maneira como se apresenta na fotografia sugere que ele faz parte do ambiente artístico que criou, ou seja, a expressão de sua identidade não está apenas na em sua obra de arte, mas também em como ele insere seu corpo no espaço.
■ BASQUIAT, Jean-Michel. [Sem título]. 1982. Acrílica e bastão de óleo sobre painel, 182,8 cm × 244 cm. Coleção particular.
3. Assim como Basquiat se mescla fisicamente com sua obra, o autor, no ato da escrita, deixa traços de sua subjetividade no texto. Suas experiências e sua identidade, que se relacionam ao modo como o autor se insere no mundo, manifestam-se por meio de suas escolhas literárias. Por outro lado, o leitor também interage com a obra por meio do seu modo de ser no mundo e da experiência de leitura.
■ O artista plástico nova-iorquino Jean-Michel Basquiat (1960-1988), representante do neoexpressionismo, empregou em suas pinturas códigos diversos, como letras, números, palavras e logotipos. Alcançou grande notoriedade e sucesso, até sua morte precoce, aos 27 anos.
Você vai ler trechos de dois textos literários. O primeiro deles, escrito pelo poeta mineiro Ricardo Aleixo (1960-), fecha a antologia poética Pesado demais para a ventania, publicada em 2018. O segundo apresenta trechos do diário de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), escrito entre 5 de julho de 1955 e 1o de janeiro de 1960. Ambos os autores analisam e reconfiguram o espaço ocupado pela negritude por meio da sua produção literária.
Resposta pessoal. O objetivo da questão é que os estudantes explorem seus conhecimentos acerca das características da literatura de cada contexto histórico e as associem ao que já sabem sobre os contextos históricos da década de 1950 e da contemporaneidade.
Antes de iniciar a leitura dos textos, discuta com os colegas as questões propostas a seguir.
• Ricardo Aleixo e Carolina Maria de Jesus escreveram suas obras em períodos históricos distintos. Como você imagina que essa diferença vai refletir na produção literária desses autores?
• Os dois textos que serão lidos apresentam reflexões sobre a relação entre negritude e branquitude. Como você imagina que cada um deles vai abordar essa relação?
Resposta pessoal. O objetivo da questão é que os estudantes levantem hipóteses acerca das características literárias de cada um dos autores, considerando também as características de cada texto – enquanto o de Aleixo aparece em uma antologia poética, o de Carolina Maria de Jesus compõe um diário.
Sou o que quer que você pense que um negro é. Você quase nunca pensa a respeito dos negros. Serei para sempre o que você quiser que um negro seja. Sou o seu negro. Nunca serei apenas o seu negro. Sou o meu negro antes de ser seu. Seu negro. Um negro é sempre o negro de alguém. Ou não é um negro, e sim um homem. Apenas um homem. Quando se diz que um homem é um negro o que se quer dizer é que ele é mais negro do que propriamente homem. Mas posso, ainda assim, ser um negro para você. Ser como você imagina que os negros são. Posso despejar sobre sua brancura a negrura que define um negro aos olhos de quem não é negro. O negro é uma invenção do branco. Supondo-se que aos brancos coube o papel de inventar tudo o que existe de bom no mundo, e que sou bom, eu fui inventado pelos brancos. Que me temem mais que aos outros brancos. Que temem e ao mesmo tempo desejam o meu corpo proibido. Que me escalpelariam pelo amor sem futuro que nutrem à minha negrura. Eu não nasci negro. Não sou negro todos os momentos do dia. Sou negro apenas quando querem que eu seja negro. Nos momentos em que não sou só negro sou alguém tão sem rumo quanto o mais sem rumo dos brancos. Eu não sou apenas o que você pensa que eu sou.
ALEIXO, Ricardo. Meu negro. In: ALEIXO, Ricardo. Pesado demais para a ventania: antologia poética. São Paulo: Todavia, 2018. p. 194-195.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Ricardo Aleixo é músico, pesquisador, artista multimídia, produtor cultural e escritor. Seu primeiro livro de poemas, Festim: um desconcerto de música plástica , foi publicado em 1992. Aleixo foi um dos responsáveis pela primeira edição do Festival de Arte Negra, em Belo Horizonte (MG), no ano de 1995. Em 1996, em parceria com o poeta Edimilson de Almeida Pereira (1963-), Aleixo publica A roda do mundo . No livro, os autores exploram os orikis , gênero de poesia iorubá cantada. Feitas para serem verbalizadas, suas produções literárias mesclam poesia e prosa e buscam experimentar a relação entre o som, o visual e o conteúdo da palavra para a criação do efeito de sentido.
■ Ricardo Aleixo, em Belo Horizonte. Fotografia de 2022.
1. a) A utilização do pronome meu explora a reivindicação do eu lírico por sua identidade e pelo controle sobre si, que muitas vezes lhe são negados por causa das características coloniais do país e do racismo estrutural. A utilização do pronome seu, por sua vez, remete à visão do outro, associada à branquitude e à construção de identidade imposta socialmente aos sujeitos negros, refletindo o conflito entre a autoidentificação e a identidade atribuída ao sujeito pelo outro.
15 DE MAIO
[...]
…A noite está tépida. O céu já está salpicado de estrelas. Eu que sou exótica gostaria de recortar um pedaço do céu para fazer um vestido. Começo ouvir uns brados. Saio para a rua. E o Ramiro que quer dar no senhor Binidito. Mal entendido. Caiu uma ripa no fio da luz e apagou a luz da casa do Ramiro. Por isso o Ramiro queria bater no senhor Binidito. Porque o Ramiro é forte e o senhor Binidito é fraco. […]
16 DE JUNHO
[…]
…Eu escrevia peças e apresentava aos diretores de circos. Eles respondia-me:
— É pena você ser preta.
Esquecendo eles que eu adoro a minha pele negra, e o meu cabelo rústico. Eu até acho o cabelo de negro mais iducado do que o cabelo de branco. Porque o cabelo de preto onde põe, fica. É obediente. E o cabelo de branco, é só dar um movimento na cabeça ele já sai do lugar. E indisciplinado. Se é que existe reincarnações, eu quero voltar sempre preta.
…Um dia, um branco disse-me:
— Se os pretos tivessem chegado ao mundo depois dos brancos, aí os brancos podiam protestar com razão. Mas, nem o branco nem o preto conhece a sua origem.
O branco é que diz que é superior. Mas que superioridade apresenta o branco? […]. A enfermidade que atinge o preto, atinge o branco. Se o branco sente fome, o negro também. A natureza não seleciona ninguém.
6 DE JULHO
[…] …Esquentei o arroz e os peixes e dei para os filhos. Depois fui catar lenha. Parece que eu vim ao mundo predestinada a catar. Só não cato a felicidade. […]
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014. p. 27-69.
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Carolina Maria de Jesus foi uma cantora, compositora e escritora mineira. Em 1937, a autora se mudou para São Paulo e trabalhou por um tempo como empregada doméstica, morando no centro da cidade. Em 1948, ela se muda para a favela do Canindé, próxima ao rio Tietê, e passa a trabalhar como catadora. No lixo, Carolina encontrou os cadernos que se tornariam seus diários, nos quais relata sua rotina e seus pensamentos por meio de uma escrita lírica e reflexiva. A autora conquistou a fama com a publicação de Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960), que alcançou enorme sucesso. O livro foi traduzido para 13 idiomas e comercializado em mais de 40 países. Na sequência, lança Casa de alvenaria (1961), no qual escreve sobre a sua saída da favela do Canindé. Diário de Bitita (1986), no qual retoma as suas recordações de infância, foi publicado postumamente. Carolina também escreveu poemas, peças de teatro, contos e provérbios, além de ter gravado, em 1961, um disco com suas próprias composições.
■ Carolina Maria de Jesus, em 1960.
Identidade, decolonização e representação da negritude em Ricardo Aleixo e Carolina Maria de Jesus
1. Retome o texto de Ricardo Aleixo para responder às questões.
a) O texto explora o conflito entre a identidade do eu lírico e aquilo que lhe é imposto. Explique de que maneira a utilização das palavras meu e seu contribui para a apresentação desse conflito.
1. b) A característica do interlocutor é ser branco, e ele exerce um papel de quem reduz o eu lírico à sua negritude. Essa característica pode ser percebida no trecho “Posso despejar sobre sua brancura a negrura que define um negro aos olhos de quem não é negro”.
1. c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que, por meio da frase “Não sou negro todos os momentos do dia”, o eu lírico quer dizer que apenas diante do outro a sua identificação é ser negro; fora dessa situação, a sua identificação é ser humano.
1. d) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que, conforme expressa o eu lírico, a redução da identidade do sujeito à sua negritude e a uma visão de negritude construída com base no olhar do branco complexidade.
b) Com base na leitura do texto, é possível inferir uma característica do interlocutor imaginado pelo eu lírico. Qual é essa característica e que papel esse interlocutor exerce na construção da identidade do eu lírico? Exemplifique com um trecho do texto.
c) Considerando sua resposta aos itens anteriores e o efeito de sentido do trecho na construção do texto lido, elabore uma interpretação para a frase “Não sou negro todos os momentos do dia”.
d) Na percepção do eu lírico, qual é o conflito gerado ao se reduzir um homem à sua negritude? Explique, tendo em vista a crítica estabelecida pelo texto e o seu ponto de vista sobre o assunto.
2. Com base na leitura das entradas de diário de Carolina Maria de Jesus, responda ao que se pede.
a) As três entradas de diário, cada uma a seu modo, analisam relações de poder impostas socialmente. Explique como tais relações aparecem em cada uma das entradas lidas por você.
b) Na entrada do dia 15 de maio, há uma mistura entre registros de linguagem. Identifique essa mistura e analise o modo como esse recurso contribui para a construção da atmosfera do texto e para a expressão das percepções e sentimentos da autora.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
autora reflete
considerando
c) Na entrada do dia 16 de junho, a autora reflete sobre a ideia de superioridade racial. Como ela desconstrói essa ideia?
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d) Analise o efeito de sentido gerado pela utilização do verbo catar na entrada do dia 6 de julho. Em sua análise, considere as três ocorrências do verbo.
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3. Relacione o texto de Ricardo Aleixo e as entradas de diário de Carolina Maria de Jesus. Em seguida, copie, no caderno, a alternativa correta.
dos homens e o modo como
aparecem por meio da crítica
superioridade
terceira entrada, da relação de pela ênfase na desigualdade social.
3. Resposta: alternativa a.
a) Ambos os textos exploram a construção da identidade negra com base na tensão entre a visão imposta pela sociedade branca e a resistência aos estereótipos racistas a que esse grupo é reduzido.
b) Nos dois textos, os autores descrevem o cotidiano de comunidades marginalizadas, problematizando as desigualdades sociais.
c) Ricardo Aleixo apresenta a identidade negra como algo que se estabelece sem considerar as construções sociais e as percepções impostas pela branquitude.
d) Em suas entradas de diário, Carolina Maria de Jesus opta por registar seu cotidiano sem o estabelecimento de críticas sociais.
e) Nos textos, tanto Ricardo Aleixo quanto Carolina Maria de Jesus demonstram a impossibilidade de o indivíduo negro construir uma identidade autônoma e única, uma vez que estão constantemente sob o olhar e o controle da sociedade branca, que determina os limites de sua existência e expressão.
4. Retome a leitura dos dois textos, prestando atenção às características estruturais de cada um deles. Em seguida, responda ao que se pede.
4. b) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
4. c) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
4. a) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
a) A produção literária de Ricardo Aleixo transita entre prosa e poema. O texto “Meu negro”, apesar de não se estruturar em versos, foi publicado em uma antologia poética. Em sua percepção, quais características desse texto permitem sua aproximação com o gênero poema? Explique.
b) Como a estrutura de diário utilizada por Carolina Maria de Jesus contribui para a representação de sua realidade e para a expressão de suas reflexões sobre o mundo ao seu redor? Explique, tendo em vista os elementos que caracterizam essa estruturação.
c) Tanto Ricardo Aleixo quanto Carolina Maria de Jesus fazem uso da primeira pessoa em seus escritos. Analise o modo como o uso da primeira pessoa pode ser interpretado em cada um dos textos, considerando o gênero utilizado por cada um dos autores.
Escrita de si e etnopoesia
Carolina Maria de Jesus e Ricardo Aleixo utilizam suas expressões literárias como ferramentas para reflexão e questionamento a respeito das imposições sociais, ao mesmo tempo que valorizam a identidade da pessoa negra. Carolina Maria de Jesus, inserida em um contexto de extrema pobreza, faz uso da escrita de si como recurso de fortalecimento e reconhecimento de sua subjetividade. Por meio de seus diários, além de documentar suas experiências, ela desafia as narrativas que inserem a população negra marginalizada como personagens secundárias, não só na literatura, mas também na história do Brasil.
Ricardo Aleixo, por outro lado, busca recuperar os valores das culturas orais por meio da inserção de elementos da etnopoesia em sua produção literária. A etnopoesia é um movimento que busca recuperar, de forma experimental, as características das poéticas tradicionais. Os textos de etnopoesia são elaborados para serem performados, o que implica que o autor, no momento de sua composição, deve refletir sobre esse propósito e adequar a forma gráfica de seu texto para esse fim.
5. A escolha do título “Meu negro” carrega uma ambiguidade que pode ser mais bem compreendida pela vocalização do texto, ou seja, pela sua leitura em voz alta. Após realizar essa leitura, identifique e explique essa ambiguidade, tendo em vista os efeitos de sentido gerados pela vocalização do texto.
6. Leia a frase a seguir, retirada de uma entrada de diário da obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, e responda ao que se pede.
Enfim, o mundo é como o branco quer. Eu não sou branca, não tenho nada com estas desorganizações.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014. p. 60.
a) Compare a percepção de Carolina Maria de Jesus sobre o “branco” com o trecho do texto “Meu negro”, de Ricardo Aleixo, em que o eu lírico afirma que “O negro é uma invenção do branco”.
b) No trecho citado, a autora recusa as “desorganizações” impostas pela sociedade branca. Relacione esse posicionamento à maneira como a identidade é abordada no texto “Meu negro”.
Após a publicação de Quarto de despejo: diário de uma favelada, em 1960, Carolina Maria de Jesus foi celebrada e reconhecida como uma escritora que trazia visibilidade para uma realidade marginalizada. Contudo, o sucesso da obra e o interesse pelos seus escritos vieram acompanhados da exotização de sua realidade, uma vez que muitos se aproximavam de seus escritos apenas pela curiosidade sobre como era viver na favela. Quando decidiu seguir sua carreira como escritora, ela buscou editoras, eventos literários e espaços em mídias que eram tradicionalmente ocupados pelas elites brancas, além de tentar se inserir socialmente nos círculos literários. A autora nunca foi aceita e, aos poucos, foi sendo esquecida por esses círculos. As editoras não mostravam
No Capítulo 4, foram estudados os movimentos concreto e neoconcreto no Brasil. O movimento concreto, inspirado nas vanguardas europeias, tinha como objetivo propor uma expressão poética que valorizasse a organização visual do texto verbal, explorando construções estéticas que unissem verbo, voz e visão expressadas pela palavra verbivocovisual. O movimento neoconcreto, por sua vez, explorava a crítica ao apagamento da relação entre obra e leitor ao propor um retorno radical à materialidade da palavra.
5. A expressão “Meu negro” pode ser interpretada no sentido de posse, no qual o negro seria compreendido como propriedade do interlocutor, o que reflete a perspectiva racista e insere o interlocutor branco em uma posição de questionamento sobre perspectiva. A segunda interpretação se refere à reivindicação da própria identidade feita pelo eu lírico, que se declara proprietário de sua identidade e autonomia.
6. a) Ao afirmar que “O negro é uma invenção do branco”, o eu lírico de “Meu negro” revela consciência crítica a respeito dos processos coloniais que impuseram uma negritude definida e controlada pela perspectiva branca. No trecho do diário, Carolina Maria de Jesus questiona essa mesma imposição ao expressar que “o mundo é como o branco quer”.
6. b) No trecho de Quarto de despejo, ao recusar as “desorganizações” impostas pela sociedade branca, a narradora revela o reconhecimento de sua identidade e um olhar crítico para os valores impostos pela branquitude, uma vez que eles são vistos como algo bagunçado, desorganizado, fora de ordem. Esse trecho se relaciona com a reflexão proposta pelo eu lírico em “Meu negro”, uma vez que o texto questiona as limitações e invenções sobre a identidade negra quando percebida e estabelecida pelo olhar do branco.
8. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que o samba, caracterizado também como uma expressão de resistência, faz com que o conteúdo narrado em Quarto de despejo ganhe outra perspectiva. Ao adotar esse ritmo, a autora parece sugerir uma forma de resistência cultural que transforma a dor em algo que pode ser vocalizado e compartilhado de forma coletiva. O contraste entre o ritmo do samba e os relatos de Carolina evidencia uma das características da sua escrita: a de transformar as adversidades em arte.
interesse em suas novas obras, e Carolina se viu, novamente, em uma posição de exclusão. Para muitos, a presença contínua de Carolina nos círculos literários significava algo que não se encaixava. Ela não era considerada parte do “espaço legítimo” da literatura, pois era uma mulher negra de origem periférica, que deixa isso evidente em sua escrita por meio de uma construção linguística que não obedecia à norma-padrão.
Diante do crescente isolamento, Carolina decidiu mudar-se para um sítio em Parelheiros, na periferia de São Paulo. Essa mudança marcou simbolicamente o seu retorno ao anonimato. Nos últimos anos, as obras de Carolina Maria de Jesus começaram a ser incluídas em livros didáticos e estudadas nas universidades. Esse resgate é importante para apresentar os escritos de Carolina Maria de Jesus às novas gerações de leitores e valorizar a importância de sua produção literária.
7. Em dupla, reflita sobre o impacto da exotização e do posterior esquecimento de Carolina Maria de Jesus, considerando o modo como sua trajetória revela o funcionamento das dinâmicas de inclusão e exclusão impostas pela sociedade branca. Em sua resposta, explore como a experiência da autora, que passou de uma figura exaltada a uma figura novamente marginalizada pela sociedade intelectual, pode ser relacionada ao poema “Meu negro”, de Ricardo Aleixo, refletindo sobre a construção da identidade negra e o lugar social que lhe é atribuído pela branquitude. Considere também as estratégias utilizadas por ambos os autores para desafiar e desconstruir esses lugares impostos.
7. Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
8. Além de escritora, Carolina Maria de Jesus foi cantora, compositora e teve participação ativa nos desfiles carnavalescos. A autora compunha letras de música e, após a publicação de Quarto de despejo: diário de uma favelada, transformou seu livro em versos e gravou um disco no qual interpretava os seus relatos no ritmo do samba.
a) O ritmo alegre do samba, música intimamente associada à resistência negra, foi escolhido por Carolina Maria de Jesus para expressar a marginalização vivida na favela do Canindé. Analise as possíveis ressignificações causadas pelo contraste entre o ritmo do samba e o conteúdo dos relatos de Quarto de despejo: diário de uma favelada.
b) Em sua percepção, quais novas camadas de sentido podem ter sido acrescentadas ao texto de Quarto de despejo: diário de uma favelada quando ele passou a ser interpretado pela própria autora em forma de música? Explique.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
9. “Meu negro” foi performado por Ricardo Aleixo e transformado em poema multimidiático. Na performance, Aleixo fez uso de um manto, denominado por ele como “poemanto”, que cobria o seu corpo enquanto ele declamava o texto. Observe a imagem da performance, ao lado direito, e leia um trecho do poema “O poemanto: ensaio para escrever (com) o corpo” para responder às questões.
■ Ricardo Aleixo visita suas obras na exposição “Carolina Maria de Jesus, um Brasil para os brasileiros” no Instituto Moreira Salles (IMS), em São Paulo, em setembro de 2021.
8. b) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes percebam que, pela vocalização em forma de música, aos relatos foram acrescidas camadas de ritmo, entonação e melodia, além de uma nova interpretação.
2
Sou, quando coloco sobre meu corpo (negro) um pedaço de pano (preto) coberto por palavras grafadas com tinta (branca) ao qual dei o nome de poemanto, um performador. 13
Movendo-me ali, na exiguidade espacial das efêmeras formas escultóricas produzidas pelas corpografias que improviso, tenho vivido situações que, por ultrapassarem a dimensão da performance (como gênero artístico), projetam-me numa zona de percepções expandidas, em nada semelhantes a experiências vivenciadas no cotidiano.
Não é, contudo, por cautela ou modéstia, ou ambos os sentimentos juntos, que prefiro dar à presentificação do meu corpo em cena a denominação de corpografia. É, antes, para frisar que, ainda aí, é uma forma de escrita o que almejo.
9. b) O termo corpografia refere-se à maneira como o corpo é apresentado e se torna parte integrante da performance. A corpografia sugere que o corpo é uma extensão da escrita e que cada movimento, gesto e vocalização contribui para a construção do significado da obra.
Ricardo. Modelos vivos. Belo Horizonte: Crisálida, 2010. p. 85-91.
a) No poema “O poemanto: ensaio para escrever (com) o corpo”, Ricardo Aleixo se define como “um performador”. Explique o significado do termo performador no contexto do poema e da obra de Ricardo Aleixo, tendo em vista o conceito de etnopoesia.
b) No mesmo poema, o autor utiliza o termo corpografia para se referir à presentificação do seu corpo em cena. Qual é o significado desse termo no contexto da performance? Explique, considerando o modo como o termo relaciona os elementos “corpo” e “escrita”.
9. a) No contexto do poema e da obra de Ricardo Aleixo, o termo performador refere-se a alguém que não apenas recita ou lê um texto, mas que também corporifica esse texto por meio da performance. Ao se autodenominar “performador”, o poeta destaca a importância da corporeidade na arte da palavra, enfatizando que a literatura não é apenas um conjunto de letras, mas uma experiência que deve ser vivida e sentida no corpo. A performance torna-se um ato de resistência e afirmação da identidade, principalmente na perspectiva da etnopoesia, que valoriza as vozes e as histórias das culturas tradicionais, muitas vezes silenciadas.
Corpografia literária
Para Ricardo Aleixo, o corpo se estabelece também como um espaço de escrita e produção de literatura. O autor afirma que o livro, mesmo sendo um objeto externo ao corpo, foi concebido para ser usado pelo corpo – suas dimensões cabem na mão, as páginas são movidas com os dedos, e a interpretação das palavras depende da interação física e sensorial do leitor com o seu conteúdo por meio do corpo. Assim, a leitura e a escrita, quando performadas por um corpo, tornam-se gestos de corpografia , em cujos processos criativo e interpretativo ele participa ativamente. Para executar essa ideia, o escritor faz uso de diversos recursos tecnológicos, como uso de microfones para a vocalização e projeções de letras no seu próprio corpo e no de outros artistas. Carolina Maria de Jesus, por sua vez, percebia seu corpo negro como um impeditivo para que ela ocupasse a posição de artista. Mesmo assim, nunca deixou de valorizar sua negritude e de inserir seu corpo em suas criações artísticas, utilizando sua voz e seus movimentos como formas de expressão. Na dança, nos gestos e até nas suas vestimentas, Carolina revelava sua resistência, projetando uma imagem de poder que desafiava as expectativas sociais impostas aos corpos negros. O corpo, para Ricardo Aleixo e Carolina Maria de Jesus, torna-se uma extensão da escrita, um espaço de resistência e um meio para fazer da literatura um ato de decolonização.
10. Carolina Maria de Jesus e Ricardo Aleixo utilizam a arte para dar voz às suas vivências e resistências sociais, associando corpo e palavra. Quais são as formas de expressão da juventude que poderiam ser associadas a essa ideia? Exemplifique, tendo em vista as suas experiências pessoais e a sua relação com tais formas de expressão, bem como o modo como a tecnologia atua em cada uma delas. Respostas pessoais. O objetivo da atividade é mobilizar os estudantes para o reconhecimento e a apresentação de manifestações artísticas que fazem parte do seu cotidiano. Tais manifestações podem incluir dança, teatro, música e outras formas de expressão em que corpo e palavra se relacionam.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Nesta seção, foram analisados textos de Ricardo Aleixo e Carolina Maria de Jesus que abordam a relação entre corpo, identidade e negritude de um ponto de vista crítico. Agora, você vai ler um trecho do romance Úrsula (1859), escrito por Maria Firmina dos Reis (1822-1917), em que a crítica à colonização escravista se dá com base em outro recorte histórico.
Era apenas o alvorecer do dia, dissemos nós, e esse dia era belo como soem ser os do nosso clima equatorial onde a luz se derrama a flux – brilhante, pura e intensa.
Vastos currais de gado por ali havia; mas tão desertos a essa hora matutina, que nenhuma esperança havia de que alguém socorresse o jovem cavaleiro, que acabava de desmaiar. E o sol já mais brilhante, e mais ardente e abrasador, subia pressuroso a eterna escadaria do seu trono de luz, e dardejava seus raios sobre o infeliz mancebo!
Nesse comenos alguém despontou longe, como se fora um ponto negro no extremo horizonte. Esse alguém, que pouco e pouco avultava , era um homem, e mais tarde suas formas já melhor se distinguiam. Trazia ele um quer que era que de longe mal se conhecia e que, descansando sobre um dos ombros, obrigava-o a reclinar a cabeça para o lado oposto. Todavia essa carga era bastante leve – um cântaro ou uma bilha ; o homem ia sem dúvida em demanda de alguma fonte.
Caminhava com cuidado, e parecia bastante familiarizado com o lugar cheio de barrocais , e ainda mais com o calor do dia em pino, porque caminhava tranquilo.
E mais e mais se aproximava ele do cavaleiro desmaiado; porque seus passos para ali se dirigiam, como se a Providência os guiasse. Ao endireitar-se para um bosque à cata sem dúvida da fonte que procurava, seus olhos se fixaram sobre aquele triste espetáculo.
— Deus meu! — exclamou correndo para o desconhecido.
E o coração tocou-lhe piedoso interesse, vendo esse homem lançado por terra, tinto em seu próprio sangue, e ainda oprimido pelo animal já morto. E ao aproximar-se contemplou em silêncio o rosto desfigurado do mancebo; curvou-se, e pôs-lhe a mão sobre o peito, e sentiu lá no fundo frouxas e espaçadas pulsações, e assomou-lhe ao rosto riso fagueiro de completo enlevo; da mais íntima satisfação. O mancebo respirava ainda.
— Que ventura! — então disse ele, erguendo as mãos ao céu — que ventura, podê-lo salvar!
O homem que assim falava era um pobre rapaz, que ao muito parecia contar vinte e cinco anos, e que na franca expressão de sua fisionomia deixava adivinhar toda a nobreza de um coração bem formado. O sangue africano refervia-lhe nas veias; o mísero ligava-se à odiosa cadeia da escravidão; e embalde o sangue ardente que herdara de seus pais, e que o nosso clima e a servidão não puderam resfriar, embalde — dissemos — se revoltava; porque se lhe erguia como barreira — o poder do forte contra o fraco!…
soer: ser frequente, costumeiro.
a flux: em abundância. pressuroso: apressado. mancebo: rapaz. comenos: momento, ocasião.
avultar: realçar, sobressair.
cântaro: recipiente para transportar líquidos.
bilha: recipiente de barro.
barrocal: lugar cheio de rochedos.
em pino: no ponto mais alto em que o sol chega.
fagueiro: prazeroso. enlevo: sensação de contentamento, prazer ou êxtase.
ventura: contentamento, felicidade. embalde: em vão.
1. b) É provável que as características da personagem sejam diferentes das utilizadas para descrever personagens negras escravizadas na época da publicação do romance. Em 1859, o pensamento escravocrata era dominante na sociedade brasileira, de modo que as personagens escravizadas geralmente eram descritas de forma estereotipada e inferiorizada.
Ele entanto resignava-se; e se uma lágrima a desesperação lhe arrancava, escondia-a no fundo da sua miséria.
Assim é que o triste escravo arrasta a vida de desgostos e de martírios, sem esperança e sem gozos!
Oh! Esperança! Só a têm os desgraçados no refúgio que a todos oferece a sepultura!… Gozos!… Só na eternidade os anteveem eles!
Coitado do escravo! Nem o direito de arrancar do imo peito um queixume de amargurada dor!…
desesperação: efeito de desesperar-se. imo: interno, âmago. enternecer-se: tornar-se terno, compadecer-se.
Senhor Deus! Quando calará no peito do homem a tua sublime máxima – ama a teu próximo como a ti mesmo –, e deixará de oprimir com tão repreensível injustiça ao seu semelhante!… Àquele que também era livre no seu país… Àquele que é seu irmão?
E o mísero sofria; porque era escravo, e a escravidão não lhe embrutecera a alma; porque os sentimentos generosos, que Deus lhe implantou no coração, permaneciam intactos, e puros como a sua alma. Era infeliz, mas era virtuoso; e por isso seu coração enterneceu-se em presença da dolorosa cena que se lhe ofereceu à vista.
REIS, Maria Firmina dos. Úrsula. In: REIS, Maria Firmina dos. Úrsula e outras obras. 2. ed. Brasília, DF: Câmara dos Deputados: Edições Câmara, 2019. E-book. p. 26-28. (Série Prazer de ler, 11). Disponível em: https://bd.camara.leg.br/bd/items/960f005d-58f7-448b-bc6e-f11fc774023a. Acesso em: 20 out. 2024.
Maria Firmina dos Reis foi uma professora e escritora maranhense. Tinha como mãe e avó mulheres escravizadas que foram alforriadas e como tio um professor e gramático de origem branca. A autora atuou como professora primária e, perto de se aposentar, fundou a primeira escola mista (para meninos e meninas) no país. A escola foi criticada pela sociedade da época, e Maria Firmina foi obrigada a fechar a instituição dois anos e meio depois de sua fundação.
A escritora colaborou com vários jornais literários do Maranhão e teve participação ativa como cidadã e intelectual durante seus 92 anos de vida. Em 1859, publicou Úrsula , primeiro romance de cunho abolicionista no país e possivelmente o primeiro de autoria feminina negra da América Latina. Em 1861, lança Gupeva, narrativa de temática indianista e, em 1871, lança o livro de poemas Cantos à beira-mar. Maria Firmina dos Reis faleceu sem obter ganhos financeiros nem o devido reconhecimento pelo seu trabalho. Muitos documentos de seu arquivo pessoal se perderam, inclusive fotografias e retratos.
■ Busto de Maria Firmina dos Reis, em São Luís (MA), 2021.
1. a) O protagonista é caracterizado como um sujeito nobre e virtuoso, que demonstra compaixão ao encontrar um homem ferido.
1. Como pôde ser observado na leitura do trecho, o romance Úrsula insere o sujeito escravizado em posição de protagonismo. Com essa estratégia, questiona as noções coloniais ao pensar o continente africano como um espaço de liberdade. Tendo isso em vista, responda ao que se pede.
a) Como o protagonista do trecho é caracterizado? Explique.
b) Tendo em vista a data de publicação do romance, é provável que tais características se assemelhem à caracterização das personagens negras escravizadas da literatura da época ou sejam diferentes dela? Explique.
c) No trecho, há uma crítica social explícita à escravização. Cite um excerto que evidencie essa crítica e explique o modo como ela se manifesta na passagem escolhida.
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2. Retome o poema “Meu negro”, de Ricardo Aleixo, associando-o ao trecho de Úrsula , de Maria Firmina dos Reis, para responder às questões a seguir.
a) Compare a representação do corpo negro em cada texto e analise a forma como a presença física dos sujeitos negros é explorada por cada um dos autores.
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2. b) Em Úrsula, essa estratégia se manifesta por meio de uma narrativa sentimental em que a subjetividade do protagonista negro é valorizada em uma época em que o pensamento escravocrata era muito presente. Com base nessa estratégia, a narrativa provoca empatia no leitor e demonstra a violência da escravidão. Já em “Meu negro”, Ricardo Aleixo faz uso da performance e da linguagem poética como formas de resistência e afirmação identitária.
Ruth Guimarães (19202014) destacou-se no século XX como uma das primeiras escritoras negras a integrar o cânone da literatura regionalista, sendo reconhecida pelo seu profundo trabalho de pesquisa sobre a cultura popular brasileira. Em Água funda , ela insere como protagonistas os habitantes da zona rural de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, retratando suas tradições e sabedorias, bem como a exploração sofrida por essa população.
GUIMARÃES, Ruth. Água funda. São Paulo: Editora 34, 2018. Capa.
■ Capa do livro Água funda, de Ruth Guimarães.
b) Tanto no poema “Meu negro” quanto no trecho de Úrsula , existe uma tentativa de recuperar a humanidade e a dignidade dos sujeitos negros em meio a um contexto de desumanização; contudo, essa busca se dá por meio de estratégias diferentes. Reflita sobre as estratégias utilizadas em cada uma das obras, tendo em vista o contexto histórico de publicação.
3. Observe, no trecho lido, o modo como a narrativa é construída, prestando atenção ao uso de adjetivos e ao modo como a subjetividade do protagonista é expressa durante a narração. Considerando as características observadas por você e a época de publicação do romance, levante uma hipótese sobre o movimento literário em voga na ocasião da publicação de Úrsula. Justifique sua resposta, tendo em vista seus conhecimentos acerca dos movimentos literários.
O movimento romântico em perspectiva
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Tradicionalmente dividido em três fases, o movimento romântico brasileiro apresentou, na primeira geração, conhecida como indianista, fortes características nacionalistas e de idealização do indígena, representado como herói nacional. Na segunda geração, conhecida como ultrarromântica, o olhar dos escritores se voltou para temas introspectivos e para a idealização da mulher. A terceira geração, por sua vez, é marcada por escritos de caráter social e abolicionista. Ao se observar o movimento de uma perspectiva crítica, é possível reconhecer que a representação dos grupos minoritários, como indígenas e negros, ocorreu, até a segunda geração romântica, por meio de uma perspectiva idealizada ou superficial, reproduzindo a visão do colonizador e omitindo a complexidade de tais sujeitos. Maria Firmina, que escreve sua obra nove anos antes de Castro Alves publicar o poema “Navio negreiro”, desafia as convenções do Romantismo ao dar protagonismo às pessoas escravizadas. Sua perspectiva crítica antecipa a terceira geração romântica, ao mesmo tempo em que evidencia o papel secundário destinado às mulheres escritoras e às vozes não hegemônicas naquele período.
4. No caderno, copie a alternativa correta acerca das características do movimento literário Romantismo presentes na obra de Maria Firmina dos Reis.
4. Resposta: alternativa c.
a) Idealização do herói nacional e exaltação dos valores indígenas, retratando a natureza de forma grandiosa e utópica.
b) Valorização da subjetividade, com forte apelo ao sentimentalismo e ao sofrimento amoroso.
c) Presença de protagonistas negros descritos com base nos princípios do Romantismo, com valorização da sua subjetividade, intensa adjetivação e relação dos seus sentimentos com a natureza ao redor.
d) E xaltação da pátria e do nacionalismo, idealização do passado histórico e glorificação das figuras heroicas brasileiras.
e) Idealização da natureza como cenário distante da realidade, sem relação com os dilemas sociais das personagens.
3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que o romance Úrsula foi publicado em 1859, durante o período do Romantismo no Brasil. A narrativa apresenta características típicas desse movimento literário, como a exaltação dos sentimentos e a presença da subjetividade relacionada aos elementos da natureza.
5. Carolina Maria de Jesus enfrentou dificuldades para encontrar espaço para publicação de seus escritos e terminou a vida esquecida pela intelectualidade acadêmica e literária. Da mesma forma, Maria Firmina dos Reis, mesmo tendo denunciado, em sua literatura, as violências da escravização nove anos antes de Castro Alves, não obteve o devido reconhecimento.
a) Em sua perspectiva, o fato de tanto Carolina quanto Maria Firmina serem mulheres contribuiu para a dificuldade no reconhecimento de suas obras? Justifique.
b) Levando em consideração os movimentos literários já estudados, é possível perceber maior presença de homens escritores em certos períodos históricos. Analise esse fenômeno, tendo em vista o contexto social e cultural de cada época.
c) Pensando nos desafios enfrentados por Carolina Maria de Jesus e Maria Firmina dos Reis, como você enxerga a relação entre gênero, raça e classe social na construção do cânone literário brasileiro? Explique.
A trajetória dos movimentos literários no Brasil, desde a época colonial até o século XX, reflete uma visão majoritariamente colonial e masculina. Nesse longo período, o acesso à educação era mais restrito aos homens da elite, de modo que tal parcela da população também detinha a produção literária e intelectual. Durante o período colonial, as obras literárias eram, em grande parte, escritas pelos próprios colonizadores. No Capítulo 1 do Volume 1 desta coleção, você pôde analisar criticamente o modo como esses textos mostram o ponto de vista dos exploradores.
Com o surgimento de movimentos literários como Barroco, Romantismo e Realismo, os homens brancos continuaram a dominar o cenário literário. Na história da literatura, há algumas exceções, como Machado de Assis (1839-1908), Castro Alves (1847-1871) e Cruz e Sousa (1861-1898), autores negros que foram consagrados em sua época. Contudo, como já abordado, esses autores vivenciaram situações de preconceito e exclusão por serem negros – seja pelo apagamento de sua identidade, seja por serem impedidos de assumir determinados postos de trabalho. Para as mulheres negras, a exclusão foi ainda mais intensa, como se pôde perceber nos estudos deste capítulo. Isso fez com que o ponto de vista masculino e branco se tornasse a norma na literatura brasileira durante um longo período, não apenas no reconhecimento dos autores, mas também na forma como personagens femininas, negras e indígenas foram apresentadas, muitas vezes, reforçando a exclusão desses grupos e criando uma visão eurocêntrica do Brasil.
Por isso, é importante que a história da literatura brasileira seja analisada de forma crítica e em perspectiva com autores contemporâneos. Essa perspectiva permite o reconhecimento de parcelas da sociedade que foram silenciadas, além de explicitar que a literatura não se resume às obras produzidas pela branquitude.
6. Retome a trajetória de escritoras e escritores pertencentes a grupos minoritários, como negros e indígenas, estudados por você durante o Ensino Médio, e analise o espaço ocupado por esses autores em comparação aos demais. Elabore um parágrafo argumentativo que reflita sobre a importância da valorização das obras produzidas por tais autores.
5. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que o fato de as autoras serem mulheres possivelmente dificultou o reconhecimento de suas obras, tendo em vista as características da sociedade brasileira.
5. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que a maior presença de homens escritores em determinados períodos históricos pode ser atribuída a fatores sociais e culturais que predominavam em cada época. No período romântico, por exemplo, o ideal de escritor era frequentemente associado à figura masculina, que era vista como a voz da razão e da criação. As mulheres, por sua vez, eram muitas vezes relegadas a papéis secundários ou à condição de musa inspiradora. O contexto social que promovia a dominação masculina e a marginalização feminina contribuiu para que as vozes masculinas se tornassem mais proeminentes na literatura.
5. c) Resposta pessoal. O objetivo da questão é estimular os estudantes a refletir sobre como as desigualdades sociais se manifestam na construção do cânone literário.
6. Resposta pessoal. O objetivo da atividade é que os estudantes reflitam sobre as desigualdades históricas que marcaram a história da literatura brasileira e compreendam a importância de atribuir visibilidade às produções de autores pertencentes a grupos minoritários.
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7. Releia este fragmento do romance Úrsula, de Maria Firmina dos Reis.
— Que ventura! — então disse ele, erguendo as mãos ao céu — que ventura, podê-lo salvar!
O homem que assim falava era um pobre rapaz, que ao muito parecia contar vinte e cinco anos, e que na franca expressão de sua fisionomia deixava adivinhar toda a nobreza de um coração bem formado.
a) No trecho “O homem que assim falava era um pobre rapaz”, o pronome que liga duas partes da frase. Releia o trecho e copie, no caderno, a alternativa que melhor descreve o papel desse pronome na frase.
7. a) Afirmativa correta: II.
I. Separa a fala do narrador da fala da personagem.
II. Conecta a descrição do homem com o que ele estava fazendo.
III. Serve para iniciar uma nova frase sem relação com a anterior.
IV. Muda o tempo verbal da frase.
7. b) Nessa frase, o que funciona como uma interjeição, ajudando a mostrar a intensidade da emoção do personagem. Ele não está apenas feliz por ter salvado alguém; o que dá um tom exclamativo à frase, destacando a sensação de felicidade e alívio.
b) Que efeito o uso do que gera na seguinte frase: “que ventura, podê-lo salvar!”?
Funções morfológicas da palavra que: conjunção integrante e pronome relativo
A palavra que, na língua portuguesa, possui diversas funções morfológicas nos contextos em que é utilizada.
• P ronome relativo: faz referência a um termo antecedente e introduz uma oração que o caracteriza, como é o caso das orações subordinadas adjetivas. Por exemplo: “O livro que eu li é interessante”.
• Conjunção integrante: introduz uma oração que completa o sentido de um termo da oração principal, sem fazer referência a nenhum termo antecedente, como ocorre nas orações subordinadas substantivas. Por exemplo: “Ela disse que viria”.
8. Leia, a seguir, um poema de Carolina Maria de Jesus para responder às questões.
Não digam que fui rebotalho, que vivi à margem da vida.
Digam que eu procurava trabalho, mas fui sempre preterida.
Digam ao povo brasileiro que meu sonho era ser escritora, mas eu não tinha dinheiro para pagar uma editora.
8. a) A repetição do que cria um paralelismo que reforça a ideia que o eu lírico quer destacar. Ao repetir a mesma estrutura, ele enfatiza o contraste entre o que não quer que seja dito (aspectos negativos de sua vida) e o que quer que seja dito (seus sonhos e suas lutas).
8. b) O que introduz o conteúdo que o eu lírico quer que seja dito, e essa ligação mostra o contraste entre seu esforço (procurar trabalho) e o resultado (ser preterida). O eu lírico quer que saibam que buscou trabalho, mas sempre foi rejeitado, e a conjunção que conecta essas duas ideias de forma clara.
JESUS, Carolina Maria de. [Não digam que fui rebotalho]. In: 50 POEMAS de revolta. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. p. 75.
a) No poema, as frases seguem uma estrutura repetitiva: “Não digam que” e “Digam que”. Qual é o efeito dessa repetição no modo como o eu lírico expressa sua história e seus sentimentos?
b) Observe os versos: “Digam que eu procurava trabalho, / mas fui sempre preterida”. Como você interpreta a relação entre o verbo dizer e a frase introduzida pela conjunção que?
c) Identifique a função do que no verso “Digam que eu procurava trabalho”.
A palavra que exerce a função de conjunção integrante.
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Leia o poema “Magia Negra”, escrito por Sérgio Vaz (1964-). Em seguida, responda às questões.
Magia negra
Magia negra era o Pelé jogando, Cartola compondo, Milton cantando. Magia negra é o poema de Castro Alves, o samba de Jovelina…
Magia negra é Djavan, Emicida, Mano Brown, Thalma de Freitas, Simonal. Magia negra é Drogba, Fela Kuti, Jam. Magia negra é dona Edith recitando no sarau da Cooperifa. Carolina de Jesus é pura magia negra. Garrincha tinha duas pernas mágicas e negras. James Brown. Milton Santos é pura magia.
Não posso ouvir a palavra magia negra que me transformo num dragão.
Michael Jackson e Jordan é magia negra. Cafu, Milton Gonçalves, dona Ivone Lara, Jeferson De, Robinho, Daiane dos Santos é magia negra.
Fabiana Cozza, Machado de Assis, James Baldwin, Alice Walker, Nelson Mandela, Tupac, isto é o que chamo de magia negra.
Magia negra é Malcolm X, Martin Luther King, Mussum, Zumbi, João Antônio, Candeia e Paulinho da Viola. Usain Bolt, Elza Soares, Sarah Vaughan, Billie Holiday e Nina Simone é magia mais do que negra.
Eu faço magia negra quando danço Fundo de Quintal e Bob Marley.
Cruz e Sousa, Zózimo, Spike Lee, tudo é magia negra neles. Umoja, Espírito de Zumbi, Afro Koteban…
É Mestre Bimba, é Vai-Vai, é Mangueira, todas as escolas transformando quarta-feira de cinzas em alegria de primeira.
Magia negra é Sabotage, MV Bill, Anderson Silva e Solano Trindade.
Pepetela, Ondjaki, Ana Paula Tavares, João Mello… Magia negra.
Magia negra são os brancos que são solidários na luta contra o racismo.
Magia negra é o rap, o samba, o blues, o rock , o hip-hop de Afrika Bambaataa.
Magia negra é magia que não acaba mais.
É isso e mais um monte de coisa que é magia negra.
O resto é feitiço racista.
Respostas pessoais. O objetivo da questão é incentivar os estudantes a perceber como, no poema, o termo magia negra é utilizado para atribuir valor cultural e resistência às manifestações da negritude.
VAZ, Sérgio. Magia Negra. In: VAZ, Sérgio. Colecionador de pedras. Taboão da Serra, 16 jul. 2012. Disponível em: https:// colecionadordepedras1.blogspot.com/2012/07/magia-negra-magia-negra-era-o-pele.html. Acesso em: 13 out. 2024.
• No poema, a expressão magia negra é ressignificada. Como você compreende essa ressignificação? Explique, considerando o impacto social que a atribuição de um novo sentido traz à expressão mencionada.
• No poema, diversos autores estudados durante o percurso do Ensino Médio são mencionados. Tendo em vista os seus conhecimentos sobre tais autores, de que forma eles se relacionam à ideia de “magia negra”? Argumente, considerando a importância da obra dos autores identificados.
• Reflita sobre outros nomes, obras ou manifestações culturais que, na sua perspectiva, poderiam ser incluídos como exemplos de “magia negra”. Discuta suas ideias com a turma.
Resposta pessoal. O objetivo da questão é estimular os estudantes a refletir sobre as personalidades negras e expressões culturais da negritude que devem ser valorizadas.
Resposta pessoal. O objetivo da questão é incentivar os estudantes a identificar quais dos autores mencionados no poema já foram discutidos em sala de aula e a refletir sobre como suas contribuições são representativas da “magia negra” citada no texto.
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No poema “Meu negro”, o autor estabelece uma relação entre corpo e linguagem para se expressar não só pela vocalização do texto, mas também pela sua performance. A seguir, leia o trecho de um artigo que analisa a relação entre negritude, identidade e dança pela perspectiva da Educação Física.
O corpo é amplamente discutido na contemporaneidade. Segundo Anne Suquet (2008, p. 538), […] através da exploração do corpo como matéria sensível e pensante, a dança do século XX não cessou de deslocar e confundir as fronteiras entre o consciente e o inconsciente, o ‘eu’ e o outro, o interior e o exterior. E também participa plenamente na redefinição do sujeito contemporâneo. Ao longo do século, a dança contribuiu para desafiar a própria noção de corpo. Historicamente, o corpo já foi visto como o suporte da mente e do espírito, mas, na atualidade, é entendido ‘como um conjunto que reúne pensamento e percepção, carne e abstração, sem que esses elementos sejam dicotômicos entre si, mas entendidos em um contexto cultural’ […].
A dança produz/reproduz codificações organizadas em grande escala, atitudes específicas em relação ao corpo e aos usos do corpo individualmente ou em grupos sociais específicos, coletivamente. Podemos perguntar quem dança, quando e onde, de que maneira, com quem e/ou com que finalidade? Ou ainda, nos perguntar quem não dança e por quê? Essa fluidez complexa nos provoca de diferentes formas, inclusive para ampliar nossa compreensão sobre a diversidade e as identidades sinalizadas, formadas, negociadas ou impostas também sobre os corpos, incluindo os que produzem, usufruem e fruem danças. A codificação de estilos performáticos e ancestrais, ligada às tradições ou aos ritos sociais, manifesta-se no corpo que dança e relaciona-se com as normas de expressão corporal dançada em contextos históricos e territoriais específicos […].
Esse pensamento nos possibilita reflexões sobre várias questões igualmente importantes na contemporaneidade, vinculadas aos tensos e intensos debates sobre a colonialidade, as relações geracionais, as questões de gênero e sexualidade, de território, de etnia e raça, e as perspectivas decoloniais e interseccionais, tão caras aos Estudos Culturais e aos dilemas sociais atuais.
A matriz afrodiaspórica, tão presente em nossos ritos de festa, de religiosidade e de ludicidade, é um fato identitário na pluralidade de expressões da cultura no Brasil. O repertório de danças de matriz africana na cultura brasileira, ou seja, afro-brasileira, não se limita às manifestações recreativas de um grupo cultural. A referência a essas danças como forma de representação e identidade cultural brasileira faz parte do imaginário social, dos registros históricos, das prescrições curriculares sobre a cultura popular e o folclore, das representações de ancestralidade e de resistência das comunidades negras.
A dança, como linguagem e expressão de um tempo e espaço, constitui uma das possibilidades de captação desse fato e dos embates identitários historicamente construídos. Nesse sentido, há de se questionar, tendo em vista uma perspectiva pós-moderna, se os espaços dos projetos socioculturais têm intencionalidade de produzir performances e estéticas de identidades resistentes à dominação
eurocêntrica das epistemologias e das políticas. Parto da percepção de que um projeto que trabalhe com dança, concebido e/ou percebido na perspectiva da educação social, não se limita à formação da ou do dançarina/o profissional, mas também se atenta para o despertar dos seus alunos/as para ‘o conhecimento sobre o gosto e o prazer de dançar, que tanto pode ser sentido no próprio corpo, quanto na ampliação das possibilidades de assistir a outros corpos dançando’ […].
Entre a regulação e a emancipação, podemos inferir que, ao pensarmos símbolos culturais brasileiros, temos a nítida percepção da presença de elementos advindos da cultura africana, ressignificados a partir da diáspora escravista que constitui nossa história afro-brasileira, representada por uma trajetória marcada por violentas ações de submissão e apagamento de memórias. Como afirma Kabengele Munanga [...], ‘[…] a alienação do negro tem se realizado pela inferiorização do seu corpo antes de atingir a mente, o espírito, a história e a cultura.’
CHAVES, Elisângela. Negritude, identidade e dança. Licere: Revista do Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Estudos do Lazer, v. 24, n. 4, p. 742-762, dez. 2021. p. 744-746. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/licere/article/view/37724. Acesso em: 20 out. 2024.
1. Explique a relação entre a dança e a redefinição do sujeito contemporâneo apresentada no texto. Em seguida, reflita sobre a maneira como essa relação pode influenciar a percepção sobre identidade e autonomia corporal.
2. Segundo a autora, como a matriz afrodiaspórica contribui para a formação da identidade cultural brasileira? Justifique, pensando o papel da dança na formação dessa identidade.
3. Analise como o texto articula a dança como uma forma de resistência cultural ao eurocentrismo e explique por que essa resistência é importante na construção de uma identidade social plural e representativa.
4. Segundo o texto, qual é a importância da performance de corpos negros para o debate sobre identidade cultural? Associe tais performances ao conceito de etnopoesia.
1. Segundo o texto, ao utilizar o corpo como matéria sensível e pensante, a dança desafia noções tradicionais de corpo e sujeito, proporcionando uma visão mais integrada entre pensamento, percepção e experiência corporal. Essa relação pode influenciar a percepção sobre identidade e autonomia corporal ao valorizar o corpo como um agente de expressão, capaz de refletir e reformular identidades sociais e culturais de forma dinâmica.
2. A matriz afrodiaspórica incorpora elementos culturais de origem africana nas tradições e manifestações artísticas do país. As danças de matriz afro-brasileira, incorporadas pela matriz afrodiaspórica, além de representarem uma expressão de resistência, ajudam a reforçar a identidade coletiva e reafirmam a importância das raízes africanas na cultura brasileira.
3. O texto articula a dança como uma forma de resistência cultural ao eurocentrismo ao propor a valorização de práticas culturais que não se limitam aos moldes europeus, mas que incluem tradições afrodiaspóricas e outros estilos performáticos oriundos de diferentes contextos históricos e sociais em performances artísticas.
■ Apresentação de jongo, dança de origem africana, executada pelo Grupo de Jongo Núcleo de Arte e Cultura de Campos, em Campos dos Goytacazes (RJ), 2019.
4. A performance de corpos negros é importante para o debate sobre identidade cultural ao reafirmar a presença e o protagonismo das culturas de origem africana em um contexto historicamente marcado pelo apagamento dessas identidades. O conceito de etnopoesia, que envolve a valorização das expressões artísticas de poéticas tradicionais, amplia o reconhecimento das contribuições culturais das sociedades africanas tradicionais, contribuindo para a valorização de tradições afrodiaspóricas.
Neste capítulo, foram estudadas algumas características da literatura de Ricardo Aleixo e Carolina Maria de Jesus, como os conceitos de corpografia e etnopoesia. Também foi estudada a produção literária de Maria Firmina dos Reis, que, tal como Aleixo e Carolina, questionava o sistema de opressão racista. Nesta oficina literária, você vai elaborar um poema multimidiático, tendo como inspiração o trecho do romance Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, lido por você na subseção Diálogos. Em seu poema, você deverá utilizar recursos da corpografia e da etnopoesia e apresentar uma perspectiva crítica.
1. Nesta seção, a motivação para iniciar a produção do texto proposto envolve a reflexão acerca das características do trecho do romance Úrsula. É importante refletir sobre quais elementos cenográficos e tecnológicos serão utilizados.
a) Qual recorte do trecho de Úrsula servirá como pano de fundo para o seu texto?
b) De que modo o recorte escolhido será transformado em poema multimidiático?
c) Quais recursos serão necessários para a elaboração de seu poema multimidiático?
1. Para dar início ao planejamento, elabore a estrutura do seu texto seguindo os passos listados.
• Sistematize o modo como a sonoridade, o ritmo e a disposição do seu poema na página vão se estabelecer.
• Escreva o modo como os sentimentos do eu lírico serão transportados para a performance do corpo.
• Sistematize de que forma cada um dos recursos será utilizado.
2. Para elaborar a escrita do texto, preste atenção à disposição das palavras e frases.
3. Elabore o seu poema multimídia de acordo com o recurso escolhido.
1. Utilize as perguntas a seguir como roteiro para avaliação e edição do poema.
• O leitor consegue compreender o posicionamento crítico que o texto propõe?
• A escrita foi elaborada de modo a permitir a execução do poema como performance?
• A performance do poema contribui para a compreensão de seu sentido?
Os poemas produzidos podem ser compartilhados no blogue da escola ou apresentados em um evento a ser realizado para esse fim. As impressões sobre os poemas multimidiáticos podem ser compartilhadas com a turma em um debate.
Editorial
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolva nos estudantes o aprofundamento das “análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas”. Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social.
Na seção Estudo Literário, você analisou textos de dois autores negros que colocam em evidência suas respectivas representações e subjetividades. Agora, você vai ler três textos que têm em comum visões sociais relacionadas aos negros, mas que trazem visões imbuídas de posicionamentos coletivos de um determinado veículo de comunicação.
Antes de iniciar a leitura dos textos, converse com a turma sobre as questões a seguir.
• O que você conhece sobre a Lei de Cotas raciais?
• Você costuma prestar atenção nos posicionamentos que os veículos de comunicação adotam? Por quê?
• Leia os títulos dos dois textos principais e responda: o que você espera da abordagem do tema em cada um deles, considerando que são editoriais?
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes identifiquem que os textos abordarão posicionamentos institucionais sobre as cotas raciais.
Heteroidentificação carece de objetividade; renda é o critério mais correto
Dois estudantes que se declararam pardos para concorrer a uma vaga na USP e passaram no processo seletivo tiveram suas matrículas negadas. A comissão de avaliação racial da universidade considerou que eles não apresentavam características fenotípicas compatíveis com a classificação.
A questão das matrículas foi parar na Justiça, e a polêmica se instalou. O reitor da USP, Carlos Carlotti Junior, promete ‘corrigir e aprimorar’ o processo de seleção pelo sistema de cotas raciais.
É bem-vindo o empenho da USP para evitar injustiças, mas é fato que elas se repetirão — neste ano, a universidade recebeu 204 recursos de candidatos que tiveram a matrícula negada pela banca avaliadora.
O problema é que não há critérios objetivos e coerentes para diferenciar pardos de brancos, ou outras categorias baseadas em fenótipos só vagamente definidos.
Não é por outra razão que o IBGE e a própria legislação de cotas operam com o conceito de autodeclaração (cada um é o que diz ser).
Entretanto quando o STF, ao atender uma demanda do movimento negro, admitiu também a heteroidentificação, abriram-se as portas para o imbróglio.
Assim, a autodeclaração se tornou passível de revisão por comissões, cujos juízos não passam de somatória de impressões pessoais.
Resposta pessoal. Possibilite que os estudantes expressem seus conhecimentos sobre a Lei de Cotas raciais e ajude-os a sistematizar direitos e deveres em relação a elas.
Resposta pessoal. Explique aos estudantes que todos os jornais apresentam determinados princípios e ideologias editoriais, que podem ser menos ou mais declarados, mas são apreensíveis com base em argumentações e posicionamentos que os veículos expõem.
Tais comitês até podem funcionar como desestímulo àqueles que se declaram pardos só para usufruir das vantagens das cotas, mas não evitam injustiças.
Esse parece ser o caso dos candidatos da USP, que os julgou apenas por fotos e vídeo. Ambos estudaram em escola pública e vêm de famílias miscigenadas.
Da forma como o sistema está desenhado, essa é uma aporia irremediável. Quaisquer decisões tomadas por bancas estarão envoltas pelo manto da subjetividade.
aporia: segundo a Filosofia, é uma dificuldade lógica decorrente de haver ou parecer haver prós e contras um determinado assunto em igual medida, tornando-se uma questão insolúvel.
A precariedade das categorias é uma das razões pelas quais esta Folha defende que o sistema de cotas nas universidades, que combina critérios sociais com raciais, funcione apenas pelos sociais, que são objetivos e mensuráveis.
A renda familiar tem expressão em números, não em ideias discutíveis sobre o que constitui raça. Em termos demográficos, favorecer os mais pobres já significa contemplar negros e pardos, dado que as privações econômicas são o mais saliente e o mais perverso dos efeitos do racismo.
COTAS sociais, não raciais. Folha de S.Paulo, São Paulo, 6 mar. 2024. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/opiniao/2024/03/cotas-sociais-nao-raciais.shtml. Acesso em: 4 out. 2024.
Sociedade brasileira se convenceu de que ela é uma arma essencial no combate ao racismo e à desigualdade
Por Editorial
24/07/2022 00H05 Atualizado há 2 anos
Em agosto, dez anos depois de aprovada, expira a lei que estabeleceu cotas para ingresso nas universidades e institutos federais, reservando 50% das vagas a alunos de escolas públicas (metade delas aos de famílias com renda de até 1,5 salário mínimo per capita). Ela instaurou ainda outro filtro: pretos, pardos, indígenas e deficientes passaram a ter, entre esses cotistas, uma fatia proporcional à participação na população. Antes de 2012, já havia políticas de ação afirmativa em diversos formatos. Ao disseminar a prática no país, a Lei de Cotas foi um marco. Agora, será missão do Congresso avaliar seus resultados — e já tramita um projeto que posterga a expiração da lei.
O primeiro dever dos congressistas é verificar se ela cumpriu seu objetivo principal: ampliar o acesso de grupos sub-representados ao ensino superior. A discussão será naturalmente contaminada por paixões. As cotas foram um dos motivos por que a sociedade brasileira se tornou mais sensível à questão identitária. Na década anterior à lei, houve debate intenso, sobretudo em relação às cotas baseadas em critérios raciais. Havia dúvidas sobre sua eficácia como mecanismo de inclusão e sobre a reação que despertariam, ao tornar mais saliente a chaga do racismo e, indiretamente, retroalimentá-la.
Em que pesem as ressalvas, o debate de 20 anos atrás está superado. O racismo precisa ser combatido sempre, com vigor e energia. E a sociedade brasileira se convenceu da relevância das cotas como arma nessa luta. Diferentes pesquisas mostram que metade dos brasileiros apoia as cotas raciais nas universidades. Ainda que haja opositores, a
maioria fez sua escolha por meio de instituições legítimas. Cotas raciais foram aprovadas no Congresso e referendadas em votação unânime no Supremo Tribunal Federal (STF). Tornaram-se primordiais para trazer às melhores universidades quem não é da elite e para enfrentar a desigualdade com a arma mais eficaz: acesso à educação.
São fartas as evidências de que elas atingiram a meta principal. Os egressos de escolas públicas nas instituições contempladas foram de 55% em 2012 a 63% quatro anos depois. Pretos, pardos e indígenas, de 27% a 38%. A diversidade maior entre o 1,1 milhão de graduandos nas universidades públicas é visível a quem anda por qualquer campus ‘Os programas de ação afirmativa transformaram as universidades e tiveram impacto profundo na vida de muitos cotistas’, afirma a economista Fernanda Estevan, da Fundação Getulio Vargas.
Os cursos mais impactados foram os mais concorridos. Alunos de escolas públicas começaram a sonhar alto e a prestar vestibular para carreiras de prestígio. Uma pesquisa da Unicamp revelou aumento de 10% na escolha por medicina e por outros quatro cursos concorridos. Isso contribuiu para a mobilidade social, como demonstra estudo com alunos do Direito da Uerj. Entre os cotistas, 80% completaram o ensino superior, 70% passaram no exame da OAB e 30% foram trabalhar como advogados. Nas federais, houve impacto positivo também nos cursos em que oriundos de escolas públicas já eram mais da metade. O percentual cresceu, mostrando que havia demanda reprimida. Pesquisas também demonstraram o efeito específico das cotas raciais. “Sua adoção foi quase cinco vezes mais eficaz para o aumento nas matrículas de estudantes pretos, pardos e indígenas oriundos de escolas públicas que num cenário sem elas”, diz a economista Ursula Mello, da Barcelona School of Economics. […]
LEI de Cotas nas universidades tem de ser renovada. O Globo, [Rio de Janeiro], 24 jul. 2022. Disponível em: https://oglobo.globo.com/opiniao/editorial/coluna/2022/07/lei-de-cotas-nas -universidades-tem-de-ser-renovada.ghtml. Acesso em: 4 out. 2024.
1. Após a leitura do texto “Cotas sociais, não raciais”, editorial do jornal Folha de S.Paulo, responda às questões a seguir.
a) O que levou a comissão de avaliação racial da Universidade de São Paulo (USP) a negar a matrícula dos estudantes que se declararam pardos?
b) Qual foi a atitude da universidade diante das polêmicas causadas por essa negativa?
c) Segundo o editorial, é possível afirmar que o processo de seleção foi aprimorado para os anos posteriores? Justifique, tendo em vista os dados apresentados pelo texto.
1. a) A comissão negou a matrícula dos estudantes por concluir que eles não possuíam características que permitissem a identificação deles como pardos.
1. b) A atitude foi prometer a correção e o aprimoramento de seu processo de seleção pelo sistema de cotas raciais.
1. c) Não, pois, no ano de publicação do editorial, a Universidade de São Paulo havia recebido 204 recursos de candidatos que tiveram sua matrícula negada.
3. b) “Em termos demográficos, favorecer os mais pobres já significa contemplar negros e pardos, dado que as privações econômicas são o mais saliente e o mais perverso dos efeitos do racismo.”
Interpretação: resposta pessoal. Espera-se que os estudantes compreendam a associação entre renda e raça expressa pelo jornal para justificar o ponto de vista.
2. O editorial da Folha apontou como problema a falta de clareza e a subjetividade do critério de autodeclaração racial, que, segundo o texto, abre margem para diversas interpretações. A heteroidentificação, usada para validar a autodeclaração, também é considerada um critério passível de interpretações variadas, e não necessariamente objetivo, o que, para o posicionamento do editorial, levanta questões sobre a validade e justiça da seleção.
2. O editorial da Folha de S.Paulo explicita uma polêmica em relação à autodeclaração e à heteroidentificação. Identifique-a.
3. a) “esta Folha defende que o sistema de cotas nas universidades, que combina critérios sociais com raciais, funcione apenas pelos sociais, que são objetivos e mensuráveis.”
3. Quanto ao posicionamento do jornal, responda ao que se pede.
a) Há uma expressão clara sobre o que a Folha defende em relação ao assunto. Identifique essa posição.
b) Qual é a principal justificativa apresentada pelo editorial para defender o posicionamento expresso? Transcreva-a e explique sua interpretação sobre ela.
4. a) A Lei de Cotas determina que 50% das vagas nas universidades públicas devem ser reservadas para estudantes oriundos de escolas públicas; metade delas são reservadas aos que possuem renda de até 1,5 salário mínimo per capita. Além disso, pretos, pardos, indígenas e deficientes passam a ter, dentro desse percentual, uma fatia de cotas proporcional à sua participação na população.
4. Com base na leitura do texto “Lei de Cotas nas universidades tem de ser renovada”, editorial do jornal O Globo, responda ao que se pede.
a) E xplique o funcionamento da Lei de Cotas.
b) O texto aponta o efeito específico da implementação de cotas raciais. Qual é esse efeito?
O efeito apontado é o aumento da diversidade racial e social nas universidades, decorrente do maior número de estudantes pretos, pardos e indígenas nas instituições de Ensino Superior.
c) Em seu ponto de vista, quais podem ser as consequências do aumento da diversidade racial e social nas universidades e como você imagina que esse aumento pode impactar o modo como os cursos se estruturam? Justifique.
A opinião no editorial
No editorial, a opinião expressa é representativa do veículo de comunicação, e não de um articulista. Tratase de uma visão apresentada de acordo com a política institucional desse veículo.
Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes discorram sobre como turmas mais diversas tornam as discussões mais complexas pela pluralidade de pontos de vista, saberes e modos de interação com o mundo.
Para o editorial, polêmicas em relação à importância das cotas estão superadas, pois o racismo existe e precisa ser combatido, e a sociedade reconheceu as cotas como uma arma para esse combate.
Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes tenham ampliado seus conhecimentos sobre a Lei de Cotas, tanto com base na leitura dos textos quanto por meio das pesquisas e discussões realizadas.
5. A afirmativa correta é a I.
5. Releia este trecho e assinale a afirmativa correta sobre o período em destaque.
O primeiro dever dos congressistas é verificar se ela cumpriu seu objetivo principal: ampliar o acesso de grupos sub-representados ao ensino superior. A discussão será naturalmente contaminada por paixões. As cotas foram um dos motivos por que a sociedade brasileira se tornou mais sensível à questão identitária.
I. Contaminar-se por paixões, nesse contexto, expressa o sentido retórico do termo paixão, advindo de páthos, em que as partes envolvidas nas discussões tomarão por base suas ideologias e conduzirão pontos de vista cegos de razão em relação ao objeto realmente importante.
II. Contaminar-se por paixões, nesse contexto, expressa um sentido racional do termo, em que as partes envolvidas nas discussões tomarão por base suas ideologias e conduzirão pontos de vista munidos de lógica e entusiasmo em relação ao objeto.
6. Na visão do editorial, o que as cotas representam atualmente, à parte das polêmicas de 20 anos atrás?
7. Retome suas respostas às questões propostas no boxe Primeiro olhar e responda às perguntas a seguir.
a) Se us conhecimentos sobre a Lei de Cotas se confirmaram ou se ampliaram? Explique.
7. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes tenham percebido a importância de compreender os vieses editoriais dos veículos por meio dos quais eles se informam. Respostas pessoais. Pondere as expectativas dos estudantes anteriormente citadas e ajude-os a verificar o que se cumpriu ou não e o que foi ampliado.
b) Como sua visão sobre posicionamentos institucionais se modificou após as leituras?
c) Suas suposições sobre a abordagem dos textos se confirmaram após a leitura? Explique.
O editorial da Folha menciona uma polêmica em relação ao critério de seleção por autodeclaração e por heteroidentificação. Em duplas, leia o texto a seguir e faça o que se pede para compreender a polêmica.
A heteroidentificação é o método de identificação que utiliza a avaliação de um terceiro para a identificação étnico-racial de um indivíduo. Ela pode se valer de diversos critérios, tais como elementos biológicos, como o fenótipo e a cor da pele; ancestralidade, ou até mesmo servir-se do construcionismo identitário. Os partidários dessa técnica argumentam com (1) maior objetividade em relação à classificação racial e (2) maior efetividade às políticas públicas destinadas às minorias raciais, tendo em vista a adequada alocação desses benefícios, evitando casos de fraude […]; os opositores dessa técnica advertem para o perigo de (1) reforçar os estereótipos estigmatizantes de certas categorias raciais e de (2) criar a necessidade de enquadramento dos indivíduos analisados em padrões estabelecidos por terceiros, bem como (3) tratar-se de um modo de imposição das identidades raciais e (4) de circunstâncias em que a identificação seja vulnerável a influências externas […].
RIOS, Roger Raupp. Pretos e pardos nas ações afirmativas: desafios e respostas da autodeclaração e da heteroidentificação. In: DIAS, Gleidson Renato Martins; TAVARES JUNIOR, Paulo Roberto Faber (org.). Heteroidentificação e cotas raciais: dúvidas, metodologias e procedimentos. Canoas: IFRS Campus Canoas, 2018. p. 225. Disponível em: https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/ 2019/03/Heteroidentificacao_livro_ed1-2018.pdf. Acesso em: 8 out. 2024.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
• E xplique o que é autodeclaração e heteroidentificação, no contexto da Lei das Cotas. Use o texto para compor sua resposta, mas complemente-a com uma breve pesquisa a respeito.
• Releia o trecho a seguir, do editorial “Cotas sociais, não raciais”.
Quaisquer decisões tomadas por bancas estarão envoltas pelo manto da subjetividade.
Considerando o excerto sobre heteroidentificação apresentado anteriormente, que falácia é possível identificar no argumento utilizado no editorial?
• Agora, discuta com a turma: em seu ponto de vista, o posicionamento da Folha em relação ao procedimento de heteroidentificação é procedente? Após as discussões, registre sua resposta no caderno.
8. Observe, a seguir, os textos iniciais dos dois editoriais lidos neste capítulo.
Heteroidentificação carece de objetividade; renda é o critério mais correto
A autodeclaração é um documento que precisa ser preenchido e assinado por candidatos pretos, pardos e indígenas para processos seletivos, com a autoafirmação de sua identidade étnico-racial, para garantir o direito às cotas raciais previstas na lei 12.990/2014 e no Estatuto da Igualdade Racial (lei no 12.288/2010). A heteroidentificação diz respeito à instauração de comissões para checagem da veracidade da autodeclaração e tem seus critérios definidos pelo edital do processo seletivo.
É possível verificar que o argumento do editorial ignora os fatores objetivos que devem compor as bancas de heteroidentificação e, com base nisso, constrói o posicionamento contrário às cotas raciais.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes ponderem os pontos positivos e os negativos da heteroidentificação. Possibilite que manifestem opiniões, orientando-os a subsidiarem-se pela importância da lei como uma política afirmativa que, há mais de dez anos, vem permitindo o ingresso de pessoas pretas, pardas e indígenas em contextos que eram majoritariamente ocupados apenas por pessoas brancas, daí a importância da lei e de sua adequada aplicação.
8. c) Sim. A opinião dos dois jornais é destacada no título dos editoriais (Folha de S.Paulo: as cotas devem ser sociais e não raciais; O Globo: a Lei de Cotas raciais deve ser renovada) e desenvolvida nas linhas finas, por meio da antecipação das teses que serão apresentadas nos textos (Folha de S.Paulo: a renda é o melhor critério porque a heteroidentificação é subjetiva; O Globo: a sociedade brasileira se convenceu de que as cotas raciais são essenciais no combate ao racismo e à desigualdade).
Sociedade brasileira se convenceu de que ela é uma arma essencial no combate ao racismo e à desigualdade
Por Editorial
8. b) Título e linha fina. Espera-se que os estudantes consigam responder à questão com os conhecimentos conquistados nos capítulos nos quais o campo de atuação jornalístico-midiático foi explorado.
24/07/2022 00H05 Atualizado há 2 anos
a) A qual jornal cada um dos textos iniciais se refere?
I: Folha de S.Paulo II: O Globo
b) Esses textos iniciais correspondem a duas importantes estruturas dos textos jornalísticos. Quais são elas?
c) É possível afirmar que a opinião de cada jornal é destacada logo nos textos iniciais? Por quê?
d) Qual é o ano de publicação de cada editorial? O que a diferença de datas pode apontar sobre a importância do tema abordado?
8. e) No editorial do jornal O Globo, publicado em 2022, quando a Lei de Cotas raciais completava dez anos depois de aprovada e iria expirar.
e) Em qual dos editoriais a data se mostra mais importante para a discussão levantada? Por quê?
f) Qual dos editoriais deixa demarcado no próprio texto que a opinião proferida é do próprio jornal? Como isso está demarcado?
O editorial “Cotas sociais, não raciais” demarca o posicionamento do jornal no uso da expressão “esta Folha” no penúltimo parágrafo.
O gênero textual editorial
O gênero textual editorial pode ser identificado pela função que exerce no campo de atuação jornalístico-midiático: apresentar a opinião de determinado veículo de comunicação acerca de algum tema relevante no momento da publicação. Para isso, ele costuma apresentar a predominância dos tipos textuais expositivo e argumentativo, além de explicações e teses acerca de determinado tema.
Como na maioria dos textos argumentativos, o editorial costuma apresentar uma estrutura básica com introdução, desenvolvimento e conclusão. Ele está presente em veículos de mídia impressos, digitais ou audiovisuais. É veiculado em uma parte de destaque no jornal, ao lado de outros textos argumentativos, como charges e artigos de opinião, justamente por apresentar a opinião do veículo. É um texto curto, cujo estilo se baseia nos demais textos do veículo.
9. Analise o fio condutor que sustenta a opinião emitida no editorial “Cotas sociais, não raciais”, publicado no jornal Folha de S.Paulo, texto de exemplo do gênero.
a) O editorial é motivado por qual fato?
As matrículas negadas de dois estudantes que se declararam pardos para concorrer a uma vaga na USP por meio das cotas raciais.
b) Copie, no caderno, o quadro 2 para completar as linhas não preenchidas de acordo com os tópicos apresentados do quadro 1. Os itens do quadro 1 devem ser organizados no quadro 2 na ordem coerente ao fio condutor do editorial.
• Retomada do fato, para enfatizar a injustiça cometida nos dois casos.
• Apresentação de argumentos: o IBGE e a própria legislação de cotas operam com o conceito de autodeclaração (cada um é o que diz ser).
• Fato apresentado: dois estudantes com matrículas negadas na USP.
• Apresentação de tese: ao atender uma demanda do movimento negro, o STF admitiu também a heteroidentificação, o que intensificou o mal-entendido.
• Apresentação de tese: as injustiças se repetirão.
8. d) O editorial da Folha de S.Paulo foi publicado em 2024, e o do jornal O Globo em 2022. Espera-se que o estudante conclua que a diferença de datas aponta para um tema que continua em evidência com o passar dos anos.
I.
10. b) 50% das vagas são reservadas a alunos da escola pública; metade delas, às famílias com renda de até 1,5 salário mínimo per capita (critério social); pretos, pardos, indígenas e deficientes passaram a ter, entre esses cotistas, uma fatia proporcional à participação na população (critério racial).
Fio condutor do editorial “Cotas sociais, não raciais”
II. Apresentação de citação do reitor da USP, que promete: corrigir e aprimorar o processo de seleção pelo sistema de cotas raciais.
III.
IV. Argumento para sustentação da tese: 204 recursos apresentados por alunos que tiveram a matrícula negada.
V. Apresentação de tese: não há critérios objetivos e coerentes para diferenciar pardos de brancos ou de outras categorias baseadas em fenótipos só vagamente definidos.
VI.
VII.
VIII. Apresentação de argumento: as revisões por comissões nos casos de autodeclaração são subjetivas e não evitam injustiças.
IX.
X. Tese principal: por causa da precariedade do sistema apresentado, a Folha defende que as cotas nas universidades funcionem apenas por critérios sociais, que são objetivos e mensuráveis.
10. O editorial “Lei de Cotas nas universidades tem de ser renovada” foi publicado no jornal O Globo, em 2022, quando a Lei de Cotas raciais completava dez anos.
a) De que maneira o tipo textual expositivo está demarcado no editorial lido?
b) De acordo com as informações apresentadas nesse editorial, as vagas reservadas a cotistas correspondem a critérios tanto sociais quanto de raça. Como?
c) A informação acerca dos dois critérios – racial e social – foi apresentada no editorial do jornal Folha de S.Paulo? Se sim, em que parte do texto?
d) Na sua opinião, essa informação deveria ter sido mais destacada para o leitor da Folha? Levante uma hipótese: que efeito essa lacuna explicativa gera na argumentação do texto?
10. c) Sim, no penúltimo parágrafo do editorial há o comentário: “que combina critérios sociais com raciais”.
11. Responda às questões a seguir de acordo com o editorial publicado no jornal O Globo.
a) Qual é o objetivo principal da lei das cotas?
Ampliar o acesso de grupos sub-representados ao Ensino Superior.
b) De acordo com o editorial, a quem cabe verificar se ela cumpriu esse objetivo?
c) O texto permite que os congressistas cumpram essa função? Justifique sua resposta com um trecho do texto.
11. b) Aos congressistas que, na época, deveriam votar pela manutenção/continuidade da lei.
d) Retome seus conhecimentos acerca das estratégias argumentativas e responda: quais foram as duas estratégias utilizadas para sustentar a opinião de que a Lei de Cotas cumpriu o seu objetivo principal? Copie, no caderno, os trechos nos quais elas são aplicadas.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
12. Uma das teses apresentadas pelo editorial “Lei de Cotas nas universidades tem de ser renovada” é a de que os debates relacionados à lei das cotas estão superados, pois a sociedade brasileira se convenceu da relevância das cotas como arma na luta contra o racismo.
I. Fato apresentado: dois estudantes com matrículas negadas na USP.
III. Apresentação de tese: as injustiças se repetirão.
VI. Apresentação de argumentos: o IBGE e a própria legislação de cotas operam com o conceito de autodeclaração (cada um é o que diz ser).
VII. Apresentação de tese: ao atender uma demanda do movimento negro, o STF admitiu também a heteroidentificação, o que intensificou o mal-entendido.
IX. Retomada do fato, para enfatizar a injustiça cometida nos dois casos.
10. a) O tipo textual expositivo envolve a apresentação de ideias ou conceitos a respeito de um assunto de maneira aprofundada. Nesse tipo textual, são apresentadas informações que explicam uma temática. Isso ocorre no primeiro parágrafo do editorial, no qual o funcionamento das leis de cotas é explicado.
11. c) Não, porque ele mesmo parece verificar o cumprimento do objetivo, como é possível verificar no trecho: “São fartas as evidências de que elas atingiram a meta principal”.
10. d) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes percebam que o editorial da Folha não apresenta uma explicação aprofundada acerca do funcionamento da Lei de Cotas, o que pode levar o leitor a concluir que os critérios avaliativos de ingresso dos cotistas em universidade são apenas raciais, fortalecendo, assim, a dicotomia apresentada pelo texto: critérios sociais sim, critérios raciais não.
12. a) Pesquisas mostram apoio de brasileiros às cotas raciais; votação unânime no Supremo Tribunal Federal (STF) para aprovação das cotas raciais; contribuição das cotas raciais para o acesso à educação.
12. b) O editorial da Folha apresenta uma série de argumentos contrários à Lei de Cotas raciais, mostrando que a relevância delas não é um debate superado; ao contrário, é retomado inclusive por veículos de
A atitude que contribui para essa mobilidade é o fato de os cotistas prestarem cursos mais concorridos, que representam carreiras de
A estratégia é apresentar dados de uma pesquisa realizada com os estudantes de Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). Ao apresentar esses dados, o editorial comprova o seu argumento por meio de critérios objetivos.
O editorial “Cotas sociais, não raciais” sugere que o combate ao racismo e à desigualdade deve ser feito por meio de cotas sociais, pois a pobreza é o principal efeito do racismo; assim, favorecer os mais pobres beneficiaria indiretamente pretos e pardos. Já o editorial “Lei de Cotas nas universidades tem de ser renovada” entende que as cotas raciais são necessárias para enfrentar diretamente o racismo e a desigualdade racial.
a) Quais são os três argumentos apresentados para sustentar essa opinião?
b) De que maneira a existência do editorial “Cotas sociais, não raciais” contradiz essa tese?
13. O editorial “Lei de cotas nas universidades tem de ser renovada” também discorre sobre a importância da mobilidade social incentivada pela Lei de Cotas.
a) Qual atitude dos cotistas, segundo o jornal O Globo, contribui para essa mobilidade?
b) Qual é a estratégia utilizada pelo editorial para justificar seu argumento e comprovar que a Lei de Cotas de fato promove a mobilidade social? Explique.
14. Analise a abordagem de cada editorial em relação ao combate ao racismo e à desigualdade. Como cada texto entende ser a melhor forma de enfrentar essas questões?
Justifique, levando em consideração a sua interpretação de cada um dos textos lidos.
15. Leia, a seguir, um texto publicado no portal on-line do jornal Folha de S.Paulo, em uma página específica intitulada “O que a Folha pensa”.
Jornal expressa diariamente seus pontos de vista sobre controvérsias
SÃO PAULO Em tempos de polarização política, não raro se cobra de um veículo de comunicação alinhamento automático a esta ou aquela causa, a este ou aquele grupo ideológico.
Sem deixar de abrir espaço a opiniões das mais variadas tendências, a Folha expressa seus próprios pontos de vista diariamente, por meio de textos não assinados, chamados, na tradição da imprensa escrita, de editoriais.
Ao fazê-lo, busca a clareza e a assertividade; rejeita, contudo, o simplismo militante.
Existem princípios e valores inegociáveis para o jornal. As liberdades democráticas e o Estado de Direito serão sempre defendidos; com eles devem conviver a economia de mercado e a ação do poder público na correção de desequilíbrios e desigualdades.
No mais das vezes, porém, há que tratar das controvérsias cotidianas sobre desempenho dos governos, relações entre capital e trabalho, tensões sociais, costumes.
Para tanto, procura-se combinar coerência a partir de reflexões e posicionamentos acumulados ao longo de anos ou décadas e a disposição ao exame permanente de novas ideias, fatos e argumentos.
Esta página expõe o que a Folha pensa sobre alguns dos principais temas da atualidade. Não com o intuito de convencer o leitor, mas para convidá-lo ao debate.
Ao permitirem a agregação de usuários por afinidade de crenças e preferências, as redes sociais da internet podem fomentar tanto o sectarismo e a intolerância quanto a propagação de informações inverídicas. Gigantes do setor de tecnologia, como Facebook e Google, tornaram-se também gigantes de mídia.
15. b) Não. O trecho do texto não tem a função de apresentar a opinião do veículo de comunicação acerca de um tema determinado, por meio de um texto expositivo-argumentativo. Ele tem o objetivo de apresentar brevemente a opinião do jornal acerca de diversos assuntos, apresentando ao leitor o que o veículo pensa sobre alguns dos principais temas da atualidade.
Devem, assim, assumir responsabilidades referentes à segunda condição, prestando contas da origem do conteúdo que reproduzem.
O jornal não apoia a reserva de vagas no ensino ou no serviço público a partir de critérios raciais. Considera, porém, que são bem-vindas experiências baseadas em critérios objetivos, como renda ou escola de origem.
O QUE a folha pensa. Folha de S.Paulo, São Paulo, 6 jun. 2022. Disponível em: www1.folha.uol.com.br/poder/2018/02/o-que-a-folha-pensa.shtml. Acesso em: 13 out. 2024.
a) De acordo com o texto, como a Folha de S.Paulo classifica os editoriais?
b) Considerando as análises feitas nesta seção, é possível afirmar que o trecho de texto apresentado pode ser classificado como editorial? Por quê?
c) De acordo com o trecho dessa página, a opinião acerca das cotas de ingresso à universidade apresentada no editorial “Cotas sociais, não raciais” condiz com o que a Folha pensa? Justifique a sua resposta.
d) Em sua opinião, é importante que os veículos de comunicação apresentem aos seus leitores os seus pontos de vista em relação aos temas da atualidade? Por quê?
e) Em sua opinião, qual é a importância da existência de veículos de comunicação com pontos de vista diferentes acerca dos mesmos temas?
15. a) Textos não assinados por meio dos quais o jornal expressa seus próprios pontos de vista diariamente.
15. c) Sim, o trecho reafirma a posição do jornal a favor de cotas sociais – “experiências baseadas em critérios objetivos, como renda ou escola de origem” –, e não raciais.
15. d) Respostas pessoais. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
15. e) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes enxerguem essa diversidade como positiva para que os leitores adquiram informações de maneira democrática e diversa, construindo, assim, um conhecimento mais ético e crítico.
A influência do projeto editorial na produção dos editoriais
O projeto editorial de um veículo jornalístico – jornal, revista, blogue, portal, entre outros – apresenta ao leitor princípios, missões e objetivos que o regem. Entre as suas várias funções, talvez a mais importante seja delimitar os posicionamentos que devem definir o foco das publicações.
Por meio do projeto editorial e dos editoriais, o leitor conhece a linha editorial da publicação que consome e pode concordar ou discordar de uma opinião específica de maneira mais crítica e consciente.
16. Leia novamente os seguintes fragmentos do Texto I, “Cotas sociais, não raciais”, e do Texto II, “Lei de Cotas nas universidades tem de ser renovada”, respectivamente, que refletem sobre a existência de cotas raciais para ingresso nas universidades brasileiras.
É bem-vindo o empenho da USP para evitar injustiças, mas é fato que elas se repetirão — neste ano, a universidade recebeu 204 recursos de candidatos que tiveram a matrícula negada pela banca avaliadora.
O problema é que não há critérios objetivos e coerentes para diferenciar pardos de brancos, ou outras categorias baseadas em fenótipos só vagamente definidos.
Não é por outra razão que o IBGE e a própria legislação de cotas operam com o conceito de autodeclaração (cada um é o que diz ser).
Entretanto quando o STF, ao atender uma demanda do movimento negro, admitiu também a heteroidentificação, abriram-se as portas para o imbróglio.
16. a) No primeiro exemplo, a oração subordinada “que não há critérios objetivos e coerentes” expressa uma afirmação crítica sobre a falta de critérios claros nas políticas de cotas, revelando a preocupação do autor do editorial com a implementação eficaz dessas políticas. No segundo exemplo, a oração subordinada “que os julgou apenas por fotos e vídeo” esclarece a forma como os candidatos da USP foram avaliados, sugerindo uma crítica à superficialidade desse julgamento. Por fim, no terceiro exemplo, a oração subordinada “que metade dos brasileiros apoia as cotas raciais nas universidades” serve como suporte para a afirmação imediatamente anterior, trazendo dados que mostram um respaldo significativo à ideia das cotas.
Esse parece ser o caso dos candidatos da USP, que os julgou apenas por fotos e vídeo. Ambos estudaram em escola pública e vêm de famílias miscigenadas.
Mostre que, nos exemplos do esquema, a palavra que apresenta diferentes funções morfológicas. Como conjunção integrante, ela introduz uma oração subordinada substantiva objetiva indireta. Já como pronome relativo, ela faz referência a um termo antecedente (cavaleiro), introduzindo uma oração subordinada adjetiva
Nas duas primeiras frases, a palavra que funciona como conjunção integrante das orações subordinadas. Já no terceiro exemplo, exerce função de pronome
Para esta questão, ajude os estudantes a identificar a função da palavra em cada contexto. Pergunte como a conjunção que estabelece conexões lógicas e como isso contribui para a fluidez da argumentação.
1. Oração principal:
O problema é | Oração subordinada substantiva predicativa: que não há critérios objetivos e
2. Oração principal:
Diferentes pesquisas mostram | Oração subordinada substantiva objetiva direta: que metade dos brasileiros apoia as cotas raciais nas universidades;
3. Oração principal:
Esse parece ser o caso dos candidatos da USP, | Oração subordinada adjetiva explicativa: que os julgou apenas por fotos e vídeo.
II
Em que pesem as ressalvas, o debate de 20 anos atrás está superado. O racismo precisa ser combatido sempre, com vigor e energia. E a sociedade brasileira se convenceu da relevância das cotas como arma nessa luta. Diferentes pesquisas mostram que metade dos brasileiros apoia as cotas raciais nas universidades.
a) Como a estrutura das orações subordinadas nos trechos reflete o posicionamento dos autores em relação ao tema das cotas raciais?
b) No esquema a seguir, observe a diferenciação entre o uso da palavra que como conjunção integrante e como pronome relativo.
Conjunção integrante
Que
Sociedade brasileira se convenceu de que ela é uma arma essencial no combate ao racismo e à desigualdade
Pronome relativo […] alguém socorresse o jovem cavaleiro, que acabava de desmaiar.
Analise os seguintes trechos e indique a função da palavra que nas orações subordinadas dos três trechos.
• O problema é que não há critérios objetivos e coerentes para diferenciar pardos de brancos, ou outras categorias baseadas em fenótipos só vagamente definidos.
• Diferentes pesquisas mostram que metade dos brasileiros apoia as cotas raciais nas universidades.
• Esse parece ser o caso dos candidatos da USP, que os julgou apenas por fotos e vídeo. Ambos estudaram em escola pública e vêm de famílias miscigenadas.
17. Analise sintaticamente as três orações do item b da atividade 16.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
A Lei de Cotas raciais foi sancionada em 2012. Na época, diversos jornais publicaram notícias, artigos de opinião, editoriais e reportagens sobre o tema. No jornal O Estado de S. Paulo, por exemplo, em uma seção intitulada “Debate”, duas pessoas de renome da educação brasileira foram convidadas a expor sua opinião sobre o assunto, apresentando argumentos favoráveis à lei e contra ela. Leia, a seguir, a opinião desses dois convidados.
1. a) Jorge Werthein, presidente do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e doutor pela Universidade de Standford, e Leandro Tessler, coordenador de relações internacionais da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ambos possuem uma formação acadêmica respeitada e trabalham em entidades educacionais, portanto têm grande relevância nas discussões do tema.
1. c) O recurso gráfico deixa claro ao leitor que opiniões diferentes sobre um mesmo assunto serão apresentadas, exibição que costuma ocorrer no gênero textual debate, em suas diversas formas. O gênero textual debate regrado, que representa um tipo de debate, foi abordado no Capítulo 3 do Volume 2
WERTHEIN, Jorge. TESSLER, Leandro. A lei de cotas é positiva para as federais? O Estado de S. Paulo, [São Paulo], ano 133, n. 43416, 30 ago. 2012, Vida, p. A23.
1. Após a leitura dos textos, responda às questões a seguir.
a) Quem assina os dois textos lidos? Qual é a relevância de suas atuações em relação ao tema?
b) Na diagramação dos textos para a seção “Debate”, duas palavras assumem destaque e explicitam o posicionamento de cada debatedor. Quais são elas e que recurso gráfico é utilizado para destacá-las?
c) De que maneira esse recurso gráfico evidencia uma característica da composição do gênero textual debate?
2. A diagramação de um jornal impresso apresenta limitações de espaço que os jornais on-line não têm.
a) Com os conhecimentos prévios adquiridos sobre o assunto, discorra sobre essas limitações.
b) Em sua opinião, de que maneira a limitação de espaço influenciou a escrita dos textos lidos da seção Debates? As palavras sim e não, que são grafadas em uma fonte maior e negrito para assumir destaque na página, adiantando ao leitor a opinião de cada autor.
2. a) Resposta pessoal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
2. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que, por causa da limitação de espaço, os debatedores não tiveram a oportunidade de discorrer mais sobre o assunto e apresentar uma argumentação mais profunda.
3. c) Ele enfatiza a desigualdade presente na América Latina e no Brasil e coloca a educação como uma das responsáveis por mitigar essa desigualdade, o que se relaciona ao acesso. Ele comenta sobre evidências de que os estudantes cotistas apresentam rendimento comparável aos demais, retomando a questão da qualidade das universidades.
3. Releia o texto de Jorge Werthein, favorável à Lei de Cotas, atentando para a construção argumentativa presente nele.
3. a) “O objetivo principal das cotas não é melhorar a universidade, mas tentar democratizar o acesso.”
a) No começo da exposição, o debatedor apresenta um tópico frasal, uma afirmação que será defendida. Identifique-a.
b) E xplique esse tópico frasal com as suas palavras.
3. b) Resposta pessoal. Sugestão de resposta: O objetivo principal da Lei de Cotas não é melhorar a qualidade das universidades, mas possibilitar um maior acesso a elas.
c) Werthein utiliza dois argumentos para desenvolver esse tópico frasal: um relacionado ao acesso e outro à qualidade das universidades. Quais são eles?
d) Como ele termina a apresentação? Seu tópico frasal é retomado? Se sim, de que modo?
4. Releia uma frase do texto de Leandro Tessler a respeito da Lei de Cotas.
Não é por decreto que a gente cria gente capaz e criativa.
a) De que maneira essa frase resume a defesa do debatedor contra a Lei de Cotas, baseada na meritocracia?
De acordo com Leandro Tessler, não é uma lei que vai garantir o acesso de estudantes que de fato merecem adentrar as universidades que, segundo ele, é por natureza uma meritocracia.
b) Meritocracia é um termo bastante debatido na atualidade. Nas seções reservadas à opinião e ao debate nos jornais impressos e on-line, pesquise por textos argumentativos que abordem esse termo. Procure fazer a leitura de ao menos quatro textos que apresentem opiniões distintas a respeito da meritocracia. Por fim, compartilhe com a turma a opinião que você formou a esse respeito.
Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes fundamentem a sua resposta com argumentos extraídos dos textos.
5. O principal objetivo de um debatedor é incentivar o leitor ou público ouvinte a concordar com o seu ponto de vista. Considerando a leitura feita da seção “Debate”, com qual debatedor você concorda? Por quê? Escolha um argumento que, a seu ver, auxiliaria na sustentação do texto de debate que tem o ponto de vista semelhante ao seu.
Respostas pessoais. Garanta que os estudantes consigam sustentar suas opiniões sobre o assunto de maneira respeitosa.
6. Após a leitura dos textos, levante uma hipótese sobre a questão: qual é a função social da seção “Debate”, publicada em um jornal de ampla circulação como O Estado de S. Paulo?
7. Assim como o jornal O Estado de S. Paulo, a Folha de S.Paulo também apresenta seções destinadas a textos opinativos, inclusive uma seção de debate. Leia a seguir o texto que costuma ser inserido ao final dos textos dessa seção.
6. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que, por meio dos textos apresentados nessa seção, os leitores acessam informações e opiniões acerca de um tema em voga no momento, podendo, por meio da leitura e da comparação de pontos de vista, encontrar subsídios para sustentar a sua própria opinião a respeito do assunto em questão.
Para esclarecer que os textos publicados nessas seções apresentam o ponto de vista do debatedor ou articulista, que não traduz a opinião
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
SAYEG, Rodrigo. A PEC que limita decisões individuais de ministros do STF é adequada? SIM. Folha de S.Paulo, São Paulo, 18 out. 2024. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2024/10/a -pec-que-limita-decisoes-individuais-de-ministros-do-stf-e-adequada-sim.shtml. Acesso em: 22 out. 2024.
• Por que o veículo apresenta essa informação?
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Os três gêneros, presentes em práticas sociais do contexto jornalístico-midiático, têm como objetivo a expressão de opinião. A principal diferença entre eles é que editoriais expressam posicionamentos institucionais, que se baseiam no estilo e nas diretrizes de um veículo de comunicação. Já nos debates ou artigos de opinião, os pontos de vista são assinados por um debatedor ou articulista, que não necessariamente compartilha do posicionamento do veículo jornalístico onde o texto é publicado
3. d) Ele termina a apresentação com uma sugestão: “concentrar esforços para que a lei tenha melhor impacto”, por meio de um programa de apoio aos estudantes. O tópico frasal não é retomado, mas a defesa da sua opinião sim, ao defender que tanto os estudantes de escola pública quanto os da rede privada têm grandes deficiências ao ingressar a universidade.
1. a) A expressão “É tão boa para a menina…” revela uma relação de cuidado e afeto entre a senhora e a menina. Isso sugere que, apesar das dificuldades e injustiças sociais que possam existir, há espaço para a empatia – que pode ser vista como um ato de resistência contra as adversidades sociais ao gerar laços positivos em meio a um contexto adverso.
1. Leia, a seguir, um trecho da obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
22 DE JULHO [1955] …Tem hora que revolto com a vida atribulada que levo. E tem hora que me conformo. Conversei com uma senhora que cria uma menina de cor. É tão boa para a menina…
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014. p. 24.
a) O que a expressão “É tão boa para a menina…” revela sobre a relação entre a senhora e a menina?
b) Observe o uso da palavra que no trecho. Qual é o efeito de sentido causado pelo seu uso em relação à descrição das personagens?
Funções sintáticas dos pronomes relativos
No trecho apresentado, a palavra que desempenha funções distintas. Na primeira ocorrência, o pronome que introduz uma descrição da vida da narradora, destacando sua revolta e a atribulação que enfrenta. Na segunda, introduz a sua atitude, em alguns momentos, perante a vida que leva: uma atitude conformista. Já na terceira ocorrência, o que estabelece uma conexão direta entre a “senhora” e sua ação de criar a “menina”.
Os pronomes relativos têm a função de conectar uma oração subordinada a um substantivo ou pronome da oração principal, representando esse termo no interior da oração subordinada. Além de ligar orações, eles também desempenham diferentes funções sintáticas dentro da oração subordinada, como sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo, adjunto adnominal, complemento nominal, adjunto adverbial e agente da passiva.
Para compreender a função sintática dos pronomes relativos, retome cada um deles e alguns contextos de exemplo no quadro a seguir.
Pronomes relativos
Variáveis Invariáveis
o qual, os quais, a qual, as quais que
cujo, cujos, cuja, cujas quem
quanto, quantos, quantas onde
Exemplos
Variável: A precariedade das categorias é uma das razões pelas quais o jornal defende o sistema de cotas sociais nas universidades.
Invariável: Isso significa que as cotas raciais têm sido efetivas.
Variável: Assim, a autodeclaração se tornou passível de revisão por comissões, cujos juízos não passam de somatória de impressões pessoais.
Invariável: Posso despejar sobre sua brancura a negrura que define um negro aos olhos de quem não é negro.
Variável: Nos momentos em que não sou só negro sou alguém tão sem rumo quanto o mais sem rumo dos brancos.
Invariável: Era apenas o alvorecer do dia, dissemos nós, e esse dia era belo como soem ser os do nosso clima equatorial onde a luz se derrama a flux.
c) Analise sintaticamente as orações a seguir, indicando a função da palavra em destaque.
• Tem hora que revolto com a vida atribulada que levo.
• Conversei com uma senhora que cria uma menina de cor.
2. Releia um trecho da obra Pesado demais para a ventania: antologia poética, de Ricardo Aleixo.
1. c) No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva restritiva, em que a palavra que exerce a função sintática de objeto direto da oração. Já no segundo período, também há uma oração subordinada adjetiva restritiva, e o que exerce a função sintática de sujeito.
3. a) O uso de limpinha e muito sugere uma percepção carinhosa ou até mesmo inocente da personagem em relação à narradora. O diminutivo limpinha traz uma conotação de afeto e proximidade, enquanto muito reforça a qualidade de limpeza como algo que chama atenção no contexto em que a narradora vive.
Posso despejar sobre sua brancura a negrura que define um negro aos olhos de quem não é negro.
• Copie o quadro a seguir no caderno, identifique os pronomes relativos no texto e indique a quais substantivos eles se referem, caso haja.
3. b) A narradora parece valorizar essa característica como algo positivo, revelando um olhar atento aos detalhes da vida simples. Veja respostas e comentários nas Orientações para o
negrura que
as pessoas (implícito) quem
3. Leia o trecho a seguir do relato de Carolina Maria de Jesus, em Quarto de despejo: diário de uma favelada
...Enchi dois sacos na rua Alfredo Maia. Levei um até ao ponto e depois voltei para levar outro. Percorri outras ruas. Conversei um pouco com o senhor João Pedro. Fui na casa de uma preta levar umas latas que ela havia pedido. Latas grandes para plantar flores. Fiquei conhecendo uma pretinha muito limpinha que falava muito bem. Disse ser costureira, mas que não gostava da profissão. E que admirava-me. Catar papel e cantar. Eu sou muito alegre. Todas manhãs eu canto. Sou como as aves, que cantam apenas ao amanhecer. De manhã eu estou sempre alegre. A primeira coisa que faço é abrir a janela e contemplar o espaço.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014. p. 25.
a) Como a escolha do adjetivo no trecho “Fiquei conhecendo uma pretinha muito limpinha” afeta a caracterização da personagem?
b) Como esses adjetivos contribuem para a imagem que a narradora cria?
c) Qual é o efeito de sentido produzido pela autora ao completar a descrição da personagem com a frase “que falava muito bem”? Como isso colabora com a imagem criada anteriormente?
Orações subordinadas adjetivas: restritiva e explicativa
As orações subordinadas adjetivas são usadas para qualificar ou caracterizar um substantivo, funcionando como adjetivos. Elas podem ser classificadas em duas categorias.
• Restritivas : essas orações especificam o substantivo, limitando seu significado. Por exemplo: “Os estudantes que se dedicam passam de ano”. A oração “que se dedicam” é essencial para entender quais estudantes estão sendo mencionados, pois restringe a categoria “estudantes” para apenas aqueles “que se dedicam”.
• E xplicativas : essas orações acrescentam uma informação não essencial. Por exemplo: “Os estudantes, que se dedicam, passam de ano”. Aqui, “que se dedicam” oferece uma informação extra, mas a frase ainda faz sentido sem ela.
4. Agora, releia este trecho de Quarto de despejo.
Todas manhãs eu canto. Sou como as aves, que cantam apenas ao amanhecer. De manhã eu estou sempre alegre.
3. c) A oração “que falava muito bem” restringe a descrição da personagem, destacando uma qualidade específica que a distingue. Essa informação não só humaniza a figura, mas também enfatiza que sua eloquência a diferencia dos estereótipos relacionados à sua condição social, contribuindo para uma imagem mais complexa e positiva. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
4. a) A oração explica que as aves cantam somente ao amanhecer, o que ressalta a singularidade e a beleza desse momento. Ao fazer uma comparação entre o seu próprio canto e o canto das aves, a autora traz uma informação adicional, não apenas para destacar a relação natural entre o canto das aves e o início do dia, mas também para conectar essa experiência à sua vida, enfatizando que a sua alegria e o canto matinal compartilham um mesmo tempo e um mesmo espaço. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
a) Qual é a ideia apresentada pela oração “que cantam apenas ao amanhecer”?
b) Analise sintaticamente o trecho em destaque, especificando qual é o tipo de oração subordinada adjetiva presente.
Oração principal: Sou como as aves. Sujeito: Eu (desinencial). Verbo: sou. Predicativo do sujeito: como as aves (comparação). Oração subordinada adjetiva explicativa: que cantam apenas ao amanhecer Conjunção: que. Sujeito: (as) aves. Verbo: cantam. Complemento verbal: apenas ao amanhecer (adjunto adverbial de tempo). Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
5. Releia o excerto do texto sobre as cotas raciais nas universidades.
5. a) No trecho, enfatiza-se a fragilidade das categorias raciais, sugerindo-se que a inclusão deve ser baseada em critérios sociais, mais objetivos e mensuráveis.
A precariedade das categorias é uma das razões pelas quais esta Folha defende que o sistema de cotas nas universidades, que combina critérios sociais com raciais, funcione apenas pelos sociais, que são objetivos e mensuráveis.
a) Analise a forma escolhida pelo autor para caracterizar o sistema de cotas e suas regras.
b) No trecho anterior, como a oração “que são objetivos e mensuráveis” colabora para a compreensão da frase principal?
c) Como é possível diferenciar as orações subordinadas explicativas das restritivas?
Emprego de vírgula nas orações adjetivas intercaladas
As orações adjetivas intercaladas são aquelas que se inserem no meio de uma oração principal, proporcionando informações adicionais sobre um termo. O uso de vírgulas é fundamental para delimitar essas orações, pois ajuda a indicar onde começa e termina a informação adicional, evitando ambiguidades na interpretação do texto.
• Delimitação da oração
A vírgula deve ser utilizada antes e depois da oração adjetiva intercalada.
• Oração adjetiva restritiva versus explicativa
Restritiva: não é precedida por vírgula, pois é essencial para o sentido da frase.
Explicativa: sempre é precedida por vírgula, pois acrescenta uma informação que pode ser omitida sem alterar o sentido principal.
Modalização e orações subordinadas II
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
6. Leia o texto que explica quem foi Carolina Maria de Jesus.
5. b) A oração “que são objetivos e mensuráveis” é uma oração subordinada adjetiva explicativa. Ela fornece uma informação adicional sobre os critérios sociais, enfatizando sua natureza, mas não limita o sentido da frase principal. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor 5. c) É possível fazer essa diferenciação observando alguns elementos. Do ponto de vista semântico, as restritivas definem ou restringem o sentido do substantivo a que se referem; diferentemente das explicativas, que fornecem informações adicionais ao texto, complementando seu sentido. Além disso, o uso da vírgula é um aspecto que delimita a subordinada adjetiva explicativa, que traz uma informação acessória, e não essencial.
Protagonista importante da história do Brasil, embora invisibilizada muitas vezes, Carolina tem um papel particularmente significativo para a história da população negra brasileira. A exposição apresenta a autora como uma intérprete imprescindível para compreender o país.
CMJ nasceu em Sacramento (MG), em 1914, e faleceu em São Paulo (SP), em 1977. Enveredou por vários gêneros literários – romance, poesia, teatro, provérbios, autobiografia, contos. No entanto, é mais conhecida pela escrita de diários, o que rendeu seu livro de maior êxito comercial, Quarto de despejo. Sucesso editorial que pode ser medido pela sua tradução imediata para 13 línguas.
CAROLINA Maria de Jesus: um Brasil para os brasileiros. [S. l.]: Instituto Moreira Salles, [2023]. Disponível em: https://ims.com.br/exposicao/carolina-maria-de-jesus-um-brasil-para-os-brasileiros_museudeartedorio. Acesso em: 14 out. 2024.
6. a) A frase sugere que, apesar da falta de reconhecimento que Carolina Maria de Jesus enfrentou ao longo de sua vida e carreira, sua contribuição é inegável. Essa dualidade entre ser invisibilizada e ter um papel significativo ressalta as dificuldades que muitos artistas negros enfrentam, ao mesmo tempo em que destaca a importância de sua voz e experiência.
a) D e que forma a frase “embora invisibilizada muitas vezes” contribui para a compreensão da trajetória de Carolina Maria de Jesus?
b) Identifique e analise a oração concessiva presente no texto. Como ela impacta a interpretação do papel de Carolina na história brasileira?
1. b) A oração subordinada adjetiva é “que vivem em sociedade”, e ela é restritiva. Essa oração especifica quais “indivíduos” estão sendo considerados cidadãos, restringindo a definição e destacando a importância da convivência social na cidadania.
Modalização nas orações subordinadas adverbiais concessivas Entre as orações subordinadas adverbiais , as concessivas ganham destaque porque expressam uma ideia de concessão, ou seja, indicam que algo acontece apesar de uma condição contrária.
1. a) O texto sugere que a cidadania é definida pela interação e pelas relações entre os indivíduos dentro de um grupo social. Os cidadãos não apenas residem em uma cidade, mas também participam ativamente da vida social, exercendo seus direitos e obrigações.
1. Leia, a seguir, o trecho de um texto sobre cidadania para responder às questões.
Antes de tudo, o que é cidadão?
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Cidadãos são indivíduos que vivem em sociedade – um grupo de pessoas em que existe uma relação recíproca.
Os cidadãos são residentes de uma cidade e gozam dos direitos civis e políticos no país de nascimento ou no exercício das suas funções.
Os cidadãos estão praticando a cidadania quando percebem e exercem seus direitos e obrigações para com o Estado.
[…]
6. b) A oração concessiva “embora invisibilizada muitas vezes” sugere que, apesar da falta de reconhecimento, Carolina Maria de Jesus desempenha um papel crucial na história do Brasil. Isso ressalta a ideia de que a invisibilidade não diminui a importância de sua contribuição, modalizando o discurso de maneira a destacar a contradição entre sua experiência de marginalização e sua relevância.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE PERNAMBUCO. Conhecendo a cidadania e os direitos sociais e humanos. [Recife]: TCE-PE, [2022]. Disponível em: https://ouvidoria.tce.pe.gov.br/cidadania-e-os-direitos-sociais-e-humanos/. Acesso em: 14 out. 2024.
a) No primeiro parágrafo, o texto define quem são os cidadãos. Como a definição apresentada reflete a relação entre indivíduos e a sociedade?
b) Ainda no primeiro parágrafo, identifique a oração subordinada e explique o que essa oração acrescenta à definição da palavra cidadãos.
c) Qual é a função sintática do pronome relativo que introduz a oração subordinada no primeiro parágrafo?
1. c) O pronome relativo exerce função de sujeito da oração subordinada adjetiva restritiva.
2. Leia a tirinha a seguir.
2. b) A oração subordinada do último quadrinho é “que eu quero”. Trata-se de uma oração subordinada adjetiva restritiva, que tem como função especificar, restringir um termo.
BERTAZZI, Galvão. [Vida besta]. Folha de S.Paulo, São Paulo, 11 set. 2024. Disponível em: https://cartum.folha.uol.com.br/quadrinhos/2024/09/11/vida-besta-galvao-bertazzi.shtml. Acesso em: 14 out. 2024.
a) E xplique o texto, explicitando qual é a crítica apresentada pela tirinha.
b) Identifique a oração subordinada presente no último quadrinho e classifique-a.
2. a) A tirinha mostra uma pessoa mexendo no celular enquanto passa de maneira inexpressiva por diversos cenários considerados catastróficos. No último quadrinho, no entanto, em que parece andar em direção a um lugar onde não há mais chão e passa por várias ossadas, a personagem finalmente esboça uma reação, que é: “Oba! O tênis que eu quero entrou em promoção”. Desse modo, a crítica é em relação ao que comove as pessoas nos dias de hoje e à forma como elas lidam com tragédias de maneira natural, prestando muito mais atenção em coisas superficiais, como o uso do celular e a possibilidade de consumir um produto –, no caso, um par de tênis.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Nesta seção, você vai produzir um editorial sobre uma questão polêmica relacionada às cotas raciais. Para tanto, conhecerá um pouco mais sobre essa lei, bem como estudará um trecho do Estatuto da Igualdade Racial. O mural da escola será o destino do editorial; portanto, como um espaço que também é de divulgação, será compreendido, nesse caso, como parte de um contexto jornalístico.
Gênero
Editorial
Interlocutores
Comunidade escolar
Propósito/Finalidade
Posicionar-se coletivamente sobre uma questão polêmica ligada às cotas raciais.
Publicação e circulação
Mural da escola como espaço de divulgação jornalística
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
1. Leia os dois trechos a seguir e discuta com a turma as questões propostas.
Trecho I
Art. 1o Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica.
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, considera-se:
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou privada;
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica;
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existente no âmbito da sociedade que acentua a distância social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais;
IV - população negra: o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição análoga;
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas adotados pelo Estado no cumprimento de suas atribuições institucionais;
VI - ações afirmativas: os programas e medidas especiais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a correção das desigualdades raciais e para a promoção da igualdade de oportunidades.
1. b) Para a população autodeclarada negra, há reserva de 20% das vagas dos concursos públicos, desde que o número de vagas do concurso seja superior a três. Caso esses 20%, na divisão de vagas, somem um número fracionado igual ou superior a 0,5, o número de vagas será arredondado para mais; se for inferior a 0,5, para menos.
Art. 2o É dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à participação na comunidade, especialmente nas atividades políticas, econômicas, empresariais, educacionais, culturais e esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores religiosos e culturais.
BRASIL. Lei no 12.288, de 20 de julho de 2010. Institui o Estatuto da Igualdade Racial. Brasília, DF: Presidência da República, [2023]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12288.htm. Acesso em: 8 out. 2024.
1. c) Pode-se dizer que a Lei das Cotas é uma política afirmativa promulgada pelo Governo Federal para garantir o atendimento ao Estatuto da Igualdade Racial, mais precisamente ao item VI do parágrafo único.
Art. 1o Ficam reservadas aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União, na forma desta Lei.
§ 1o A reserva de vagas será aplicada sempre que o número de vagas oferecidas no concurso público for igual ou superior a 3 (três).
§ 2 o Na hipótese de quantitativo fracionado para o número de vagas reservadas a candidatos negros, esse será aumentado para o primeiro número inteiro subsequente, em caso de fração igual ou maior que 0,5 (cinco décimos), ou diminuído para número inteiro imediatamente inferior, em caso de fração menor que 0,5 (cinco décimos).
§ 3o A reserva de vagas a candidatos negros constará expressamente dos editais dos concursos públicos, que deverão especificar o total de vagas correspondentes à reserva para cada cargo ou emprego público oferecido.
Art. 2 o Poderão concorrer às vagas reservadas a candidatos negros aqueles que se autodeclararem pretos ou pardos no ato da inscrição no concurso público, conforme o quesito cor ou raça utilizado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
Parágrafo único. Na hipótese de constatação de declaração falsa, o candidato será eliminado do concurso e, se houver sido nomeado, ficará sujeito à anulação da sua admissão ao serviço ou emprego público, após procedimento administrativo em que lhe sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
BRASIL. Lei no 12.990, de 9 de junho de 2014. Reserva aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União. Brasília, DF: Presidência da República, 2014. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12990.htm. Acesso em: 8 out. 2024.
a) Qual é o objetivo principal das leis n o 12.288/2010 e n o 12.990/2014?
b) Como funciona a Lei de Cotas?
c) Considerando as datas de promulgação, que relação pode-se estabelecer entre elas?
2. Considerando os textos lidos no capítulo e os trechos das leis apresentados na atividade 1, junto à turma, faça o levantamento de pelo menos três pontos polêmicos debatidos pela sociedade em relação à Lei de Cotas e ao Estatuto da Igualdade Racial.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
3. Com o levantamento realizado, escolha em consenso um dos temas para a escrita de um editorial de posicionamento da turma em relação à polêmica.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
4. Para decidir sobre essa polêmica, reflita e argumente com os colegas sobre os pontos a seguir. Eleja dois colegas para anotar partes da argumentação, que poderão ser utilizadas para a escrita do editorial.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
1. a) Instituir o Estatuto da Igualdade Racial para garantir à população negra igualdade de oportunidades e defesa de seus direitos individuais e coletivos no combate ao racismo. Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
• Há um posicionamento claro das instituições de ensino sobre as cotas raciais?
• Que consensos podem ser obtidos com base nos dados lidos referentes aos avanços promovidos pela Lei de Cotas?
• De que modo o Estatuto da Igualdade Racial contribui para a Lei de Cotas?
• Como o Estatuto da Igualdade Racial se relaciona ao contexto escolar?
5. Após decidir a polêmica sobre as leis, converse sobre o posicionamento da turma e defina, em um parágrafo, coletivamente, um texto que evidencie claramente esse posicionamento.
1. Para planejar a escrita do editorial, defina as estratégias argumentativas que serão utilizadas para cada argumento referente ao posicionamento da turma.
2. Se necessário, pesquise dados e informações que complementem as estratégias argumentativas e endossem o posicionamento da turma sobre a polêmica.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
3. Se for possível, utilize um editor de texto colaborativo para a escrita do texto coletivo. Do contrário, o texto pode ser construído oralmente em grupos de aproximadamente oito integrantes. Divida a redação da estrutura do editorial: introdução, dois parágrafos argumentativos para o desenvolvimento, um parágrafo para expor evidências do posicionamento da turma e um parágrafo de fechamento. Defina coletivamente qual grupo ficará com cada uma das partes do editorial.
4. Com base na estrutura elaborada nos grupos, e de volta ao grupo maior com toda a turma, vocês montarão o texto do editorial, fazendo as adaptações necessárias.
5. Com o texto finalizado, pense em uma assinatura que corresponda ao coletivo da turma.
RETOMADA
Reflita sobre a expressividade que pode ser obtida por meio da estruturação sintática das orações subordinadas adjetivas restritivas e explicativas nesse contexto do editorial. Retome as estruturas analisadas na seção Estudo da Língua , se necessário.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
1. Leia as perguntas a seguir e utilize-as como roteiro para avaliação e edição do editorial.
• O título e a linha fina são esclarecedores da posição da turma sobre a polêmica?
• A introdução do texto chama a atenção do leitor, motivando-o a refletir sobre o fato?
• Os argumentos apresentam estratégias persuasivas e coerentes?
• Há desvios normativos, ortográficos, de acentuação e de pontuação que precisam de atenção?
2. Após verificar esses itens, faça as alterações necessárias no editorial.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Finalizada a produção e a avaliação do professor, o editorial deve ser impresso e afixado no mural da escola. O texto deve estar identificado como “Editorial da turma X” e assinado.
1. O conceito de corpografia se refere à compreensão do corpo como um espaço de fazer literário, em interação com a escrita. Ricardo Aleixo utiliza a linguagem para articular as experiências corporais, e sua obra frequentemente reflete sobre a vivência do corpo negro e a relação entre corpo e identidade, lançando mão do conceito de corpografia em seu fazer literário.
2. Até o século XX, o ponto de vista dominante nas expressões literárias era frequentemente atrelado ao homem branco da elite.
Essa centralização resultou em uma visão que muitas vezes reforçava a exclusão de grupos socialmente minoritários, criando uma visão eurocêntrica do Brasil. Ao estudar criticamente tais movimentos, é possível promover um olhar mais inclusivo que valoriza diferentes experiências e grupos sociais que constituem a literatura brasileira.
Neste capítulo, na seção Estudo Literário, o enfoque foi a relação entre corpo e obra literária, seja do ponto de vista da análise de obras que se executam por meio da performance, seja do ponto de vista do reconhecimento crítico dos impactos que as questões de raça e gênero exerceram na aceitação e no sucesso de escritoras como Carolina Maria de Jesus e Maria Firmina dos Reis. Na seção Estudo do Gênero Textual, o enfoque foi nos gêneros editorial e artigo de opinião. Na seção Estudo da Língua, por sua vez, foram estudados os pronomes relativos e as orações subordinadas adjetivas.
Agora, você deverá sintetizar essas aprendizagens. Para tanto, procure responder com suas palavras às questões a seguir. Se necessário, releia alguns dos conceitos para que seja possível elaborar sua resposta.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
1. Explique o conceito de corpografia e a sua relação com a produção literária de Ricardo Aleixo.
2. Explique a importância do estudo crítico da literatura brasileira, considerando o ponto de vista dominante nas expressões literárias até o século XX.
3. Apresentar a opinião do veículo de comunicação acerca de algum tema relevante no momento da publicação.
3. Qual é a função do gênero editorial em um veículo de comunicação?
4. Qual é a principal característica do gênero artigo de opinião?
5. Qual é a função das orações subordinadas adjetivas?
6. Como se classificam as orações subordinadas adjetivas?
4. No artigo de opinião, os pontos de vista apresentados são de um articulista, independentemente do posicionamento assumido pelo veículo de comunicação frente ao tema abordado no artigo.
5. As orações subordinadas adjetivas qualificam ou caracterizam um substantivo, funcionando como adjetivos.
6. As orações subordinadas adjetivas classificam-se em: restritivas, quando especificam um substantivo da oração principal, limitando seu significado ou abrangência; e explicativas, quando adicionam uma informação ao substantivo ao qual se referem.
Além da compreensão do conteúdo, é importante refletir sobre seu desempenho e sua aprendizagem ao longo do capítulo. Para isso, no caderno, reproduza o quadro a seguir e responda às questões. Em seguida, converse com os colegas e com o professor sobre formas de aprimoramento de sua aprendizagem e anote-as na coluna de observações.
Ao longo do estudo do capítulo, percebo que...
… analisei criticamente as diferentes opiniões e os pontos de vista expressos nos textos apresentados, respondendo às atividades de forma crítica e reflexiva.
… observei com atenção as relações entre os textos literários e seus contextos de produção para realizar as atividades propostas.
… atuei ativamente nas atividades em dupla, propondo e ouvindo opiniões de modo respeitoso, com o objetivo de contribuir com os debates propostos e ampliar minha visão sobre opiniões e fatos.
Fui proficiente
Preciso aprimorar
Observações
Possibilite aos estudantes momentos de silêncio e introspecção para que possam relembrar seu desempenho nas propostas do capítulo. Com base em sua observação dos estudantes e das particularidades de cada um, ajude-os a construir estratégias para avançar em pontos em que for necessário.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Neste capítulo, o enfoque de análise de questões de provas de ingresso está voltado para o estudo do gênero textual. Leia com atenção as dicas de interpretação do formato da questão, a fim de que seja possível interpretá-la corretamente.
1. (Enem)
Resposta: alternativa d. O uso das formas verbais em primeira pessoa do plural (carregamos, podemos reduzirnos, desenvolvemos, somos, controlamos) inclui o leitor nas apreciações que o autor emite ao longo do texto.
O enunciado da questão apresenta o trecho de um artigo de opinião para depois solicitar ao candidato que analise um dos recursos adotados pelo autor na construção do texto.
Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente aquelas ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”, “maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado.
Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida. Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de comunicação, que se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal transformado em objeto público de entretenimento.
Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto controlamos quanto somos controlados.
SAMPAIO, A. S. A microfísica do espetáculo. Disponível em: h t tp : // observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 1 mar. 2013 (adaptado).
Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma base de orientação linguística que permita alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido. Diante disso, nesse texto, a escolha das formas verbais em destaque objetiva
a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que ambos usam as novas tecnologias.
b) enfatizar a probabilidade de que toda população brasileira esteja aprisionada às novas tecnologias.
c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas são controladas pelas novas tecnologias.
d) tornar o leitor copartícipe do ponto de vista de que ele manipula as novas tecnologias e por elas é manipulado.
e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar que as novas tecnologias controlem as pessoas.
O candidato deverá identificar a função dos termos em destaque e relacionar seu emprego ao propósito do texto, considerando as características do gênero.
O objetivo da questão é avaliar se o candidato identifica o emprego das formas verbais na primeira pessoa do plural como um dos recursos de persuasão característicos do gênero artigo de opinião e se reconhece que esse recurso inclui o leitor no ponto de vista defendido pelo autor.
De acordo com a Base Nacional Comum Curricular, versão de 2018, página 503, é enfatizado que, no Ensino Médio, a área de Linguagens e suas Tecnologias desenvolva nos estudantes o aprofundamento das “análises das formas contemporâneas de publicidade em contexto digital, a dinâmica dos influenciadores digitais e as estratégias de engajamento utilizadas pelas empresas”. Dessa forma, todos os usos relacionados à publicidade, propaganda e formas de engajamento em redes sociais apresentadas nesta coleção são para fins didáticos e seus usos em contexto social.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Discutir trabalho, futuro e as transformações sociais que nos cercam é cada vez mais necessário, principalmente à medida que o avanço tecnológico e a sustentabilidade redefinem o papel das pessoas no mundo. A automatização de tarefas e a digitalização têm criado oportunidades, ao mesmo tempo que exigem rápidas adaptações, um maior cuidado com o planeta e o combate às desigualdades sociais. Tendo isso em vista, a capacidade de pensar o trabalho em intersecção com a dimensão social torna-se ainda mais urgente.
Neste projeto, o desafio será olhar para o futuro à luz do presente, pensando em como o cenário atual vem colaborando na preparação para o futuro do trabalho. Por meio de pesquisas, debates e atividades práticas, você será incentivado a refletir sobre o que significa estar preparado para o futuro. Por isso, no início do projeto, você terá a oportunidade de investigar como as diferentes profissões estão sendo moldadas pelas mudanças mais recentes e detectar quais novas áreas estão surgindo.
Além disso, ao final do projeto, cada participante terá um portfólio com registros de suas experiências de vida que demonstram sua preparação para o futuro. A tarefa será pensar em como seu portfólio pode evidenciar suas habilidades críticas e criativas, e, ao mesmo tempo demonstrar seu compromisso com um futuro mais sustentável, imprescindível para os tempos atuais. Você será incentivado a criar currículos, vídeos de apresentação, web currículos e a refletir sobre como suas escolhas atuais podem impactar positivamente o futuro. Vamos nessa?
Público-alvo
pessoal e profissional
de realização
Você já refletiu sobre como o mundo está mudando rapidamente com o avanço da tecnologia e as demandas por sustentabilidade? Já parou para pensar no impacto que essas transformações têm sobre as habilidades que serão necessárias no futuro? Você já considerou como as escolhas que fazemos hoje, como a formação de nossas competências e a maneira como nos posicionamos, podem definir nosso papel nesse novo cenário?
Considerando essas questões, é hora de olhar com mais atenção para o futuro com base nas reflexões de Ailton Krenak (1953-), pensador indígena, cuja cultura valoriza as experiências e os conhecimentos ancestrais para se pensar o futuro. Leia um trecho das suas reflexões que estão no livro Ideias para adiar o fim do mundo.
1. a) Nesse trecho, Ailton Krenak critica o fato de que as gerações passadas idealizaram um mundo que, agora, decepciona as gerações presentes, deixando uma herança insatisfatória para elas. Da mesma forma, a geração atual deseja um mundo mais sustentável para a geração futura e parece estar pouco mobilizada para essa transformação.
1. b) O autor usa a metáfora de um serviço de delivery, comparando o futuro a uma encomenda que será entregue às gerações vindouras. O uso dessa metáfora não só cria a imagem de uma entrega até seu destinatário, como também abre a possibilidade de uma reflexão acerca de uma sociedade que visa o consumo e a comodidade e está pouco envolvida na construção de um mundo sustentável.
Há duzentos, trezentos anos ansiaram por esse mundo. Um monte de gente decepcionada, pensando: ‘Mas é esse mundo que deixaram para a gente?’. Qual é o mundo que vocês estão agora empacotando para deixar às gerações futuras? O.k., você vive falando de outro mundo, mas já perguntou para as gerações futuras se o mundo que você está deixando é o que elas querem? A maioria de nós não vai estar aqui quando a encomenda chegar. Quem vai receber são os nossos netos, bisnetos, no máximo nossos filhos já idosos. Se cada um de nós pensa um mundo, serão trilhões de mundos, e as entregas vão ser feitas em vários locais. Que mundo e que serviço de delivery você está pedindo? Há algo de insano quando nos reunimos para repudiar esse mundo que recebemos agorinha, no pacote encomendado pelos nossos antecessores; há algo de pirraça nossa sugerindo que, se fosse a gente, teríamos feito muito melhor.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. E-book. Localizável em: A humanidade que pensamos ser.
1. Com base no trecho lido, responda às questões a seguir.
a) Ailton Krenak faz uma provocação sobre o desejo de construção de um mundo mais sustentável. Identifique a principal crítica que o autor faz em relação ao desejo de sustentabilidade.
b) Ainda discorrendo sobre futuro, o texto apresenta uma metáfora para descrever o processo de deixar um legado para o futuro. Identifique essa metáfora e discuta como esse processo ilustra uma das características do consumo atual.
c) Como Ailton Krenak descreve a relação entre as gerações atuais e futuras no que diz respeito à “entrega” do mundo?
d) Considerando suas experiências, como você acredita que as diferentes gerações encaram suas responsabilidades em relação à sustentabilidade? Quais são as ações que você, no seu dia a dia, pode adotar para garantir um impacto positivo e responsável para as futuras gerações?
e) Ailton Krenak aponta: “se cada um de nós pensa um mundo, serão trilhões de mundos”. Considerando a reflexão proposta, por que é importante termos um mundo e não trilhões?
No trecho de Ideias para adiar o fim do mundo, Ailton Krenak reflete sobre a responsabilidade das gerações na construção de um mundo sustentável, criticando a idealização de um “outro mundo” sem diálogo social para preservar o presente. Usando a metáfora de um serviço de delivery, ele destaca a desconexão entre nossas ações atuais e suas consequências futuras, questionando: “Que mundo e que serviço de delivery você está pedindo?”. O autor provoca uma reavaliação urgente das escolhas presentes, ressaltando que o futuro é resultado direto do que fazemos hoje, especialmente no contexto do trabalho. Tendo isso em vista, agora, você vai refletir sobre o presente e o futuro em diálogo com o trabalho.
2. Leia um trecho de apresentação da empreendedora social Monique Evelle (1994-) e um trecho sobre a origem do termo empreendedorismo para responder às questões a seguir.
Ailton Krenak é um líder indígena, pensador, ambientalista e escritor brasileiro, nascido no estado de Minas Gerais. Pertencente ao povo krenak, Ailton se tornou uma das principais vozes na luta pelos direitos dos povos indígenas no Brasil e na defesa da preservação ambiental. Sua visão crítica sobre o desenvolvimento econômico e a destruição do meio ambiente o coloca como um dos mais importantes pensadores contemporâneos no Brasil.
■ Ailton Krenak, líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro da etnia indígena krenak.
1. d) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
1. e) Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
1. c) O autor sugere que as gerações atuais estão criando um “pacote” que será entregue no futuro, mas destaca que quem receberá essa encomenda serão seus descendentes, e não eles próprios. Ao trazer esse questionamento, observa-se uma crítica à forma como as gerações atuais estão considerando se o mundo que estão preparando será realmente o que as gerações futuras desejam ou precisam.
Monique Evelle (1994-) é uma empreendedora social, comunicadora e ativista brasileira, reconhecida por seu trabalho em prol da diversidade, inovação e inclusão. Fundadora da Desabafo Social, uma rede de educação em direitos humanos, Monique também atua no campo da inovação social e do empreendedorismo, sendo responsável por iniciativas que buscam conectar a juventude periférica com oportunidades no mercado.
■ Monique Evelle, Rio de Janeiro, 2023.
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Conversamos com a empresária sobre a desigualdade no mundo do trabalho, sua vontade de mudar o mundo e como a educação é uma saída para mais oportunidades
Por Beatriz Lourenço
11 Abr 2022
02h10
Com apenas 16 anos, Monique Evelle decidiu mudar o mundo. Cansada de viver o racismo na escola, criou uma chapa para concorrer ao grêmio estudantil – a ‘Desabafo Social’. Quando percebeu que poderia levar seus projetos além, fez parcerias com empresas e passou a criar atividades em seu bairro, Nordeste de Amaralina, que remuneravam ideias. De repente, estava numa jornada empreendedora que alia os negócios à educação.
‘Inicialmente, não sabia o que era empreender e nem que poderia me visualizar como empresária. Meu sonho era mudar o mundo na perspectiva das questões raciais através da educação’, revela à Elástica . ‘A partir das minhas criações, entendi que existia a possibilidade de fazer isso e ganhar dinheiro ao mesmo tempo.’
Hoje, Monique é dona da Inventivos , uma plataforma que organiza todas as informações necessárias para criar e crescer uma empresa. Seu foco é democratizar o conhecimento para que mais pessoas tenham oportunidades no mercado de trabalho, principalmente as que moram na periferia. Segundo ela, há uma dificuldade dos centros urbanos dividirem o holofote e isso faz com que o destaque nunca chegue a quem é diferente. ‘A sociedade não quer dividir o dinheiro. Quando pensamos no Brasil, todas as incubadoras e aceleradoras estão em São Paulo’, reflete. ‘Existe uma concentração de renda, territorial, de gênero, de cor e etária. Por isso, ninguém olha para outras possibilidades.’
LOURENÇO, Beatriz. Monique Evelle: “Empreender é sobre sonho e coragem”. Elástica, [s. l.], 11 abr. 2022. Disponível em: https://elastica.abril.com.br/especiais/monique -evelle-empreendedorismo-negro-racismo-inventivos. Acesso em: 20 out. 2024.
Entretanto, a utilização do termo empreendedorismo é mais recente. Ele surgiu no século XVII com o início da industrialização no mundo. Com a mudança do sistema econômico, os “empreendedores” passaram a se distinguir dos “fornecedores de capital”, chamados de capitalistas.
MARTINEZ, Fernanda. Como surgiu o empreendedorismo? Especialistas explicam. G1, São Paulo, 15 jun. 2022. Disponível em: https://g1.globo.com/empreendedorismo/noticia/2022/ 06/15/como-surgiu-o-empreendedorismo-especialistas-explicam.ghtml. Acesso em: 20 out. 2024.
a) Estabeleça um contraponto entre o empreendedorismo executado por Monique e a origem do termo empreendedorismo que aparece no Texto 2.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
b) Como o racismo vivenciado por Monique Evelle na escola influenciou sua trajetória como empreendedora social?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
c) Monique menciona que não se via como empreendedora no início, por que essa visão mudou? Descreva como a ideia de “empreender” pode ser repensada além do tradicional foco em lucro.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
2. e) Monique Evelle vê o empreendedorismo como uma ferramenta de mudança e transformação social, combatendo o racismo. Essa visão se alinha à ideia do primeiro texto, quando Krenak aponta a necessidade de refletirmos sobre o mundo que estamos construindo para as gerações futuras. No caso de Monique, empreender com responsabilidade social é uma forma de moldar um futuro mais justo e inclusivo, em vez de simplesmente perpetuar os problemas do presente, visando o lucro e a manutenção da desigualdade racial.
d) M onique Evelle destaca como a educação é uma saída para aumentar as oportunidades. Considerando essa colocação, aponte como a educação pode ser reformulada ou ampliada para realmente servir como uma ferramenta eficaz de equidade social, especialmente para grupos marginalizados.
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
e) Considere os textos, Ideias para adiar o fim do mundo e a apresentação de Monique, e discuta com os colegas sobre como o posicionamento da empreendedora pode ser visto como uma forma de repensar o futuro à luz do presente, conforme sugerido por Krenak.
f) De que maneira o trabalho de Monique, ao capacitar jovens e minorias para o empreendedorismo, pode contribuir para um delivery mais inclusivo para as gerações futuras?
Até aqui, vimos que pensar em futuro é uma reflexão essencial para a sociedade, pois não se trata apenas de imaginar o amanhã, mas de questionar e moldar as decisões que tomamos no presente, pois elas definem o que virá, aquilo que será entregue. Nesse contexto, o trabalho assume um papel central, mas deve ser equilibrado com a vida em sua totalidade.
Monique Evelle, ao destacar o papel do empreendedorismo como uma ferramenta para mudar realidades, busca criar oportunidades para grupos historicamente marginalizados. A empreendedora social conecta o trabalho à vida de maneira mais profunda, oferecendo às pessoas uma chance de construir não apenas carreiras, mas também futuros em que suas comunidades possam florescer. Esse tipo de empreendedorismo social é um exemplo poderoso de como “encomendar” um futuro melhor, como aponta Krenak.
3. Leia o trecho a seguir e responda às questões.
2. f) O trabalho de Monique, ao promover a educação e a capacitação de jovens, especialmente negros e periféricos, prepara as gerações futuras para um mundo mais igualitário e com mais oportunidades. Assim, ela está contribuindo para que o “pacote” legado às próximas gerações seja mais justo e diverso, enfrentando diretamente questões de desigualdade racial e social no mercado de trabalho e no empreendedorismo.
Em termos práticos, profissão é geralmente aquilo que uma pessoa estudou, formou ou se qualificou de alguma forma para o exercício proposto. Uma pessoa que fez uma faculdade de direito e passou no exame da OAB é um advogado e isto é uma profissão. A ocupação tem a ver com o que a pessoa faz de fato e no exemplo acima, pode ser que o tal advogado resolva trabalhar mesmo é de jardineiro, neste caso mesmo tendo a profissão de advogado, sua ocupação é jardineiro.
MTE - MINISTÉRIO DO TRABALHO, CBO, profissão e ocupação. [S l.]: Guia Trabalho. Profissão, formação e mercado de trabalho, 2019. Disponível em: www.guiatrabalho.com.br/mte-ministerio-do-trabalho-cbo.html#google_vignette. Acesso em: 20 out. 2024.
a) Qual a diferença fundamental entre profissão e ocupação, e como essa distinção pode ser vista nas realidades periféricas, como a apontada por Monique Evelle?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor.
b) Como a necessidade de trabalhar cedo nas regiões periféricas pode impactar as oportunidades de acesso a profissões mais qualificadas no futuro?
Veja respostas e comentários nas Orientações para o professor
Agora, você terá a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre diferentes profissões e o mercado de trabalho por meio de uma pesquisa. Em seguida, a turma deve criar um mapa mental para apresentar os resultados obtidos.
Com base nos dados coletados na pesquisa, você criará um mapa mental para organizar as informações visualmente e conectar as diferentes áreas de atuação, facilitando a visualização das opções e dos caminhos disponíveis hoje no mercado de trabalho. O mapa servirá como um retrato das profissões que fazem parte da sociedade e deverá ser exposto em ambiente físico ou digital.
O objetivo da atividade 3 é que os estudantes obtenham um retrato real do mercado de trabalho dentro da sociedade. Para isso, é importante não só pesquisar as profissões, mas entendê-las do ponto de vista da dinâmica do cotidiano de atuação profissional e, principalmente, das mudanças e adaptações que estão interferindo em cada atuação profissional.
Na primeira etapa, cerifique-se de que todas as responsabilidades sejam distribuídas de forma igual, e que todos os estudantes estejam alocados em grupos e tenham uma participação ativa na construção da pesquisa ou na tabulação de dados.
Primeira etapa – Organização dos grupos e planejamento
Nesta etapa, toda a turma deverá se organizar para as principais tarefas relacionadas à entrevista. Para isso, leia atentamente o passo a seguir.
1. A turma deverá ser dividida em quatro grupos. Todos os grupos serão responsáveis por aplicar a pesquisa com perfil de entrevistados diferentes. Veja a sequência de responsabilidades a seguir.
Grupo 1 Grupo entrevista profissionais da escola (professores, coordenadores etc.).
Grupo 2 Grupo entrevista familiares (pais, irmãos, avós).
Grupo 3 Grupo entrevista membros da comunidade (vizinhos, comerciantes etc.).
Grupo 4 Grupo entrevista público em geral com formação superior.
Segunda etapa – Elaboração das questões do formulário de entrevista
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Nesta etapa, com os grupos formados, é hora da turma criar as questões que irão compor o formulário da entrevista. Para isso, considere os passos a seguir.
2. As questões devem abordar tanto o aspecto profissional quanto o pessoal dos entrevistados, buscando entender como as pessoas escolheram suas ocupações e profissões, quais são os desafios do cotidiano dessa profissão e quais foram as mudanças mais recentes vividas no campo profissional.
3. Faça uma divisão do formulário de pesquisa em três partes com base nessas frentes.
1a parte: processo de escolha da ocupação ou profissão que exerce;
2a parte: cotidiano do trabalho;
3a parte: mudanças no trabalho baseadas em mudanças tecnológicas e de sustentabilidade.
4. Para a produção das questões, leia atentamente as orientações a seguir.
a) Garanta a clareza: as questões devem ser formuladas de maneira simples e direta.
b) Busque a imparcialidade: as questões não devem induzir ou sugerir respostas.
c) Avalie a relevância: as questões devem ser pertinentes ao objetivo da pesquisa.
d) Elabore questões de múltipla escolha: esse formato facilita a obtenção de respostas e a tabulação dos dados.
e) Antes de finalizar o formulário, faça uma revisão de todas as questões observando se estão organizadas e se tudo que está no formulário faz sentido.
f) Defina se o formulário vai ser criado de forma digital ou impressa.
Nesta etapa, após elaborar as questões, é hora de os grupos realizarem as entrevistas.
5. Cada grupo deverá realizar a pesquisa com o perfil que foi definido na primeira etapa.
6. Etapa de testagem: cada grupo deve realizar a entrevista inicialmente com uma pessoa, para que possa revisar as questões e identificar possíveis melhorias.
7. Para garantir que o processo seja produtivo, procure agendar com antecedência os horários para as entrevistas e respeite o tempo de cada entrevista que deve durar por volta de dez minutos.
Na terceira etapa, se possível, apoie os estudantes na logística das entrevistas. É importante que os estudantes realizem essa etapa de forma autônoma, trazendo para a sala de aula impressões e ajustes necessários para a condução das entrevistas.
Na quarta etapa, se possível, convide o professor de Matemática para apoiar o grupo na tabulação de dados. Essa poderá ser uma atividade interdisciplinar entre os dois componentes. Para isso, os estudantes responsáveis podem começar a organizar as informações e contar com o apoio desse professor de forma consultiva, com dúvidas e orientações pontuais. A equipe de tabulação dos dados deverá usar todas as informações coletadas e, com base nesses dados, apresentar de forma quantitativa e qualitativa as respostas, colaborando com a próxima etapa, quando os estudantes transformarão essas respostas em um mapa mental.
Quarta etapa – Análise das entrevistas
8. Nesta etapa, com as entrevistas concluídas, todos os estudantes deverão atuar na tabulação dos dados e na organização das informações coletadas. Após organizar as respostas de forma clara, o grupo deverá apresentar os resultados para a turma. Veja as orientações a seguir.
a) Reúna todas as respostas em uma única planilha (manual ou digital).
b) Identifique o tipo de resposta (aberta, múltipla escolha, escala etc.) e decida como será feita a contagem e a organização dos dados.
c) Crie tabelas e gráficos para visualizar as tendências e fazer comparações entre as respostas.
d) Revise e verifique a tabulação para garantir que não houve erros na contagem ou categorização das respostas.
Quinta etapa – Criação do mapa mental
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
Com os dados já organizados, é hora de construir o mapa mental. Ele deve ser construído com recursos visuais e verbais que ajudem na rápida identificação de informações. Para isso, considere os passos a seguir.
9. O mapa mental criado pela turma deverá destacar como essas profissões se relacionam com a dimensão social do trabalho: o impacto na sociedade e as influências da tecnologia ou da sustentabilidade.
10. Nesse processo de criação, você pode usar programas digitais ou recursos físicos (papel, caneta, tinta, colagens etc.). Leia algumas orientações a seguir.
a) Estruture visualmente o texto: é possível usar diagramas, linhas de tempo ou gráficos para mostrar como as diferentes profissões se relacionam com a vida pessoal dos entrevistados.
b) Agrupe por temas: é possível agrupar profissões com base em similaridades, como desafios em comum, motivações parecidas ou maneiras semelhantes de equilibrar vida pessoal e profissional.
c) Inclua dados no mapa: adicione o número de pessoas que citaram cada profissão, para dar uma visão mais clara da relevância de cada área mencionada.
d) Destaque as motivações e os desafios das profissões: mostre visualmente ou por meio de texto escrito os principais pontos de cada profissão.
e) Revise e ajuste a organização: antes de finalizar, verifique se todas as profissões estão adequadamente posicionadas e se as conexões refletem as tendências e percepções coletadas na pesquisa.
Sexta etapa – Apresentação do mapa mental
11. Ao final do processo, toda a turma deverá apresentar o mapa mental para a comunidade escolar. Reserve um momento do intervalo ou um momento ao final da aula para apresentar o mapa para toda a escola. Neste momento, explique as conexões encontradas entre as diferentes profissões e como cada uma se relaciona com a vida pessoal e as motivações dos entrevistados.
Na quinta etapa, a criação do mapa mental deve estar pautada na pesquisa, esse é o diferencial do mapa mental criado pelos estudantes, já que reflete uma característica do trabalho da comunidade na qual a escola faz parte. Para a criação desse mapa, os estudantes poderão usar recursos digitais, imprimindo depois e afixando o mapa em espaços da escola. Se a opção for pela criação digital, os estudantes poderão utilizar ferramentas gratuitas para organizar visualmente as profissões e suas conexões, tornando o mapa mais intuitivo.
Na sexta etapa, incentive os estudantes a compartilhar os dados levantados com toda a escola. Essa é uma forma de não apenas socializar o que foi estudado, como também trazer uma visibilidade para outros estudantes de como o trabalho está relacionado com a dimensão social e quais as características do trabalho na comunidade da qual a escola faz parte.
É importante que os estudantes entendam que o trabalho em grupo tem a finalidade de apoio e de troca para a construção do portfólio individual de cada estudante que está no grupo. Como estamos abordando o projeto de vida, é fundamental que cada estudante tenha o seu e trabalhe esse material de forma colaborativa.
As etapas de elaboração e realização das entrevistas, de criação e apresentação do mapa mental, não só ajudarão você a entender melhor o mundo das profissões, mas também mostrarão como o trabalho e a vida pessoal estão interligados, contribuindo para uma compreensão mais ampla das escolhas profissionais e suas implicações na vida cotidiana.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Aproveitando todo o conhecimento sobre profissões e suas interconexões com a sociedade que você levantou até aqui, chegou a hora de criar o seu portfólio
Nesse portfólio, você poderá reunir suas conquistas, habilidades desenvolvidas, interesses pessoais e até mesmo as lições que aprendeu nas entrevistas. A ideia é que o portfólio funcione como sua forma de apresentação e que a sua construção seja um mapa de autoconhecimento e preparação para o futuro, ajudando você a visualizar sua trajetória e a se planejar para suas metas profissionais e de vida. A criação do seu portfólio será uma forma de você explorar essa relação.
Primeira etapa – Quem sou eu?
Nesta primeira etapa, você deverá refletir sobre suas características pessoais, valores, habilidades e objetivos de vida. Esse é um momento de autoconhecimento, por isso é fundamental um tempo de reflexão sobre a sua personalidade.
12. Para começar, a turma irá se dividir em grupos de até cinco pessoas. Esses grupos vão trabalhar juntos trazendo feedbacks, revisando e colaborando entre si durante a criação do portfólio de cada estudante.
13. Com os grupos organizados, é hora de fazer uma reflexão pessoal. Para isso, escreva um texto de 300 a 500 palavras sobre você, destacando:
• Valores principais: o que é importante para mim?
• Habilidades: o que faço bem?
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
• Interesses pessoais e profissionais: sobre o que tenho curiosidade? O que gostaria de saber?
• Metas futuras: o que desejo alcançar? Quais são minhas metas futuras?
Recomendamos que esse texto e o portfólio sejam produzidos em meio digital, para que seja possível utilizar editores de texto e de imagem. Caso não seja possível, responda às questões em folhas avulsas, e comece a organizá-las em uma pasta, facilitando o acesso e a composição final do seu portfólio.
14. Salve esse texto na pasta digital ou em um pen-drive. Ele será a abertura do seu portfólio.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Agora que você já começou a sua dinâmica de autoconhecimento, é hora de conhecer e produzir um dos documentos mais comuns ao campo do trabalho, um currículo. Esse é um documento em que as pessoas dizem quem são, contam sua história profissional e descrevem suas habilidades e características.
15. a) A seção “Sobre” traz um resumo da experiência do candidato, destaca suas contribuições no desenvolvimento profissional e enfatiza o interesse pessoal. Esse campo é utilizado para indicar a área de atuação desejada pelo candidato e suas intenções ao buscar uma vaga. É onde as pessoas colocam aquilo que almejam no curto, médio ou longo prazo.
15. b) A formação acadêmica está organizada de forma simples e objetiva, listando a formação e os cursos, acompanhados do ano de conclusão de cada etapa.
15. Para começar, leia com atenção o exemplo de currículo. Depois, responda individualmente, no caderno, às questões a seguir.
REPRODUÇÃO/DIVULGA VAGAS
Currículo vitae
a) O currículo começa com a seção “Sobre”. Releia essa seção e liste as informações ali presentes.
b) Reveja todo o currículo e descreva como a formação acadêmica está organizada.
c) Considerando toda a experiência de leitura do currículo, descreva como o layout e a organização das informações facilitam a leitura.
d) Com base na estrutura, aponte o propósito final de um currículo no campo do trabalho. Descreva por qual motivo o currículo carrega as características anteriormente listadas.
MODELOS DE CURRÍCULO pronto no Word: 10 exemplos. [S. l.]: Divulga vagas, 11 jan. 2023. https://www.divulgavagas. com.br/blog/modelos-de-curriculopronto-no-word-10-exemplos#google_ vignette. Acesso em: 20 out. 2024.
O currículo vitae (CV) é um documento que apresenta de forma estruturada e objetiva as qualificações, experiências profissionais, formação acadêmica e habilidades de um candidato. Ele funciona como uma ferramenta que permite aos recrutadores avaliarem o perfil do candidato. Além de informar, o currículo deve destacar as principais competências e conquistas relevantes para a área de atuação.
16. Após a leitura e interpretação do currículo, faça um exercício em grupo. Todos os membros do grupo devem trocar as respostas. Cada um deverá compartilhar as suas impressões sobre o currículo analisado, verificando quais os pontos de similaridade e de diferença entre os membros do grupo. Essa troca visa ampliar a visão sobre o currículo.
17. Cada estudante, individualmente, deverá escrever o seu currículo, com base nos conhecimentos e características exploradas anteriormente. Listamos a seguir algumas características do currículo.
a) Linguagem simples e informações organizadas;
b) Objetivo profissional claro;
c) Preenchimento dos dados pessoais;
d) Liste suas experiências profissionais;
e) Adicione suas habilidades;
f) Adicione informações extras relevantes;
g) Revise e atualize regularmente.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor.
15. c) O layout de um currículo é claro, objetivo, organizado e utiliza seções bem definidas para informar sobre a trajetória. No caso do currículo lido, as seções “Sobre”, “Educação”, “Experiência” e “Carreira” são seções que trazem as informações de uma pessoa. A formatação com subtítulos em bold facilita a leitura, permitindo que o recrutador encontre rapidamente as informações importantes.
15. d) O currículo serve como uma ferramenta de apresentação pessoal e profissional, com o objetivo de demonstrar ao recrutador que o candidato possui a qualificação, a experiência e as habilidades necessárias para a vaga. Ele deve ser claro, objetivo e destacar as melhores características do profissional, funcionando como um primeiro passo para conseguir uma entrevista.
20. Estimule os estudantes a investigar e levantar as características com base na imagem. É importante que os grupos reconheçam essas características e entendam que, embora estejamos falando de currículo, a versão do currículo web integra elementos do digital no gênero currículo, gerando um outro gênero textual.
18. Agora, troque os currículos elaborados entre os membros do grupo. Cada um deverá revisar o currículo de um colega, com o objetivo de potencializar esse documento. Para essa revisão, considere a Primeira etapa, quando o colega contou seus objetivos e propósitos, na atividade 2. Verifique se o currículo está dizendo o que o colega tem como propósito de futuro. Se necessário, durante a revisão, proponha ajustes e adequações com o objetivo de fomentar a melhoria no currículo do colega. Antes de finalizar a revisão, se você estiver trabalhando no ambiente digital, use o recurso da Inteligência Artificial (AI) para avaliar a qualidade do seu currículo.
19. Por fim, realize as revisões do seu currículo. Finalize-o e salve em uma pasta ou pen-drive, se estiver criando na versão digital. Se estiver criando na versão física, guarde o material na mesma pasta que você deixou o seu texto da Primeira etapa. Esse arquivo será parte do seu portfólio final. Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Terceira etapa – Conhecendo e criando um currículo web
Nesta etapa, cada membro do grupo deverá criar um currículo digital ou página on-line, utilizando programas ou plataformas digitais. Para começar, em grupo, observe com atenção uma página de um currículo web ao lado.
■ Print de uma rede profissional de Lázaro Ramos (1978-).
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Currículo digital ou currículo web
Um currículo digital ou currículo web é uma versão on-line do currículo tradicional, geralmente hospedada em plataformas digitais, sites pessoais ou redes profissionais. Ele permite a apresentação interativa das qualificações, experiências, habilidades e projetos de um candidato, muitas vezes incluindo multimídia, como imagens, vídeos e links para trabalhos realizados. Esse formato amplia a visibilidade do profissional no mercado de trabalho, tornando-o mais dinâmico e acessível.
20. Com base nesse exemplo, em grupo, liste entre cinco e sete características desse currículo web.
21. Com base nessa definição de currículo digital ou currículo web e nos elementos listados, em grupo, organize um quadro, no caderno, relacionando o exemplo de currículo, visto na Segunda etapa, atividade 4, e o exemplo de currículo digital, visto na Terceira etapa. Para esse quadro, destaque os elementos de cada um dos modelos e de pontos em comum entre esses dois formatos.
22. Tomando-se por base o quadro criado e as diferenças estabelecidas, cada pessoa do grupo, individualmente, deverá criar a sua versão do currículo web.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
23. Salve o link do seu currículo web na sua pasta ou pen-drive. Esse link deve constar no seu portfólio.
21. Incentive os estudantes a produzir um quadro como ferramenta de comparação entre esses dois gêneros. Para esse trabalho, é fundamental que os estudantes desenvolvam a compreensão de que um currículo web e um currículo têm especificidades.
22. Para essa atividade, você poderá pesquisar, previamente, plataformas ou recursos para a construção do currículo web Para isso, organize um momento no laboratório de informática da escola onde cada estudante deve criar o seu currículo.
Ao longo do projeto, propõem-se diferentes formas do estudante apresentar-se. Tendo isso em vista, apoie os estudantes na apresentação em vídeo. Para os estudantes que desejarem, poderão gravar o vídeo sozinhos, para aqueles que desejarem, poderão gravar com todo o grupo.
Quarta etapa – Produzindo uma apresentação em vídeo
Até aqui, você, juntamente com o seu grupo, se aprofundou nas características dos currículos, para fazer uma apresentação de quem você é. E como seria uma apresentação em vídeo?
• Nesta etapa, você vai criar um vídeo curto que o apresente de forma pessoal e profissionalmente.
24. Antes de produzir o vídeo, individualmente, cada estudante deverá escrever o seu roteiro de vídeo. O roteiro de apresentação pessoal deve incluir uma saudação inicial, seguida da sua apresentação pessoal, as principais experiências de vida, suas habilidades mais relevantes e seu objetivo ou motivação para o futuro profissional. Finalize com um agradecimento ou convite para contato.
25. Quando o roteiro estiver finalizado, convide um colega do seu grupo para revisá-lo e identificar pontos de melhoria. Aproveite e colabore com o roteiro dele, ajudando o vídeo a ficar mais objetivo e informativo.
26. Após o planejamento do roteiro, organize um momento para gravar o vídeo de apresentação. Escolha um local bem iluminado e silencioso, garantindo boa qualidade de som e imagem. Você poderá gravar usando celulares ou câmeras de gravação.
27. Grave seu vídeo com calma, focando em uma postura confiante e boa dicção. Fale com clareza e confiança, evitando jargões técnicos desnecessários. Caso erre, não se preocupe, faça novas tentativas até se sentir satisfeito com o resultado.
28. Após a gravação, revise o vídeo, prestando atenção na clareza das falas, qualidade da imagem e do áudio. Caso necessário, faça novos ajustes ou edições simples no vídeo.
29. Faça as novas correções sugeridas e finalize a edição do vídeo, garantindo que ele seja objetivo e bem-apresentado. No final, esse vídeo poderá servir como um complemento ao currículo digital e ao portfólio digital.
30. Salve o vídeo na sua pasta digital ou no pen-drive. Recomendamos que as produções desse projeto estejam disponíveis no espaço digital para ajudá-lo na retomada e organização do portfólio.
31. Este é o momento de organizar os currículos (vitae e web) e o vídeo no seu portfólio. O portfólio é um espaço vivo e dinâmico, por isso, certamente essa será apenas a primeira versão, que ganhará muito mais arquivos e experiências ao longo dos próximos anos. Siga os passos indicados para a composição do portfólio.
a) Pense na estrutura: reserve a primeira página para ser a “capa”. Crie uma estrutura limpa e fácil de navegar. Utilize divisores, ícones e emojis para deixar visualmente atraente. Inclua um sumário ou um menu com links para seções diferentes, como “Sobre mim”, “Projetos”, “Currículo” e “Contato”.
b) Organize seus documentos: crie uma página ou banco de dados para seus documentos (currículo, currículo web, vídeo de apresentação). Cada documento pode ter sua própria subpágina.
c) Use layouts visuais: no caso de portfólio digital, faça a inclusão de imagens, vídeos, links e insira outros conteúdos. Use esses recursos para deixar seus projetos interativos e dinâmicos.
d) Faça atualizações constantes: mantenha o portfólio sempre atualizado com novas informações e conquistas. Aprimore os conteúdos com o tempo.
32. Ajude os alunos a compreender a importância da organização do portfólio. Para essa última etapa é importante que os estudantes tenham a compreensão de toda a extensão do projeto.
Em grupo
32. Se você estiver criando um portfólio físico, pode começar organizando seu material de maneira estruturada e visualmente atraente. Utilize um fichário ou pasta de apresentação e divida o portfólio em seções como “Sobre Mim”, com um breve perfil pessoal, seguido do seu currículo impresso.
Participar de um projeto envolve avaliações constantes para garantir um bom desempenho individual e em grupo, resultando em entregas de qualidade e alinhadas aos objetivos. Para facilitar esse processo, listamos a seguir algumas competências essenciais ao desenvolvimento do trabalho, com níveis de proficiência a serem alcançados.
Aplicação das avaliações
• Em grupo: entre as segunda e terceira etapas e ao final do projeto, após o subtítulo Vivenciar
• Minha atuação: ao final de cada etapa do projeto, para avaliar o seu progresso.
• Descobertas e conhecimentos: ao final do projeto para consolidar o aprendizado.
Veja sugestões didáticas nas Orientações para o professor
Competências em avaliação
Cooperação: os integrantes do grupo foram capazes de contribuir e desenvolver as ideias.
Comunicação: os integrantes do grupo trocaram informações de forma clara e eficiente.
Organização: o grupo soube distribuir as tarefas de maneira equilibrada.
Tomada de decisões: os integrantes do grupo participaram das decisões de forma eficaz.
Nível de proficiência
Em desenvolvimento Adequado Avançado
Alguns membros seguiram suas próprias ideias.
O grupo colaborou, desenvolvendo as ideias juntos.
O grupo aprimorou as ideias e estimulou a inovação.
A comunicação foi ocasional e pouco clara.
A comunicação foi clara e objetiva para todos.
A comunicação antecipou problemas e buscou soluções coletivas.
As tarefas foram distribuídas de forma desigual.
A divisão de tarefas foi justa e clara.
As decisões foram tomadas por alguns membros sem consenso.
As decisões foram discutidas e acordadas por todos.
O grupo ajustou as tarefas conforme necessário, sem sobrecarregar ninguém.
O grupo tomou decisões rapidamente e resolveu problemas de forma colaborativa.
Minha atuação
Competências em avaliação
Autonomia: fui capaz de realizar minhas tarefas sem depender de orientações frequentes.
Gestão de tempo: cumpri meus prazos de maneira organizada e eficiente.
Comprometimento: me dediquei de forma consistente a todas as etapas do projeto.
Autoavaliação: consegui identificar meus pontos fortes e fracos.
Nível de proficiência
Em desenvolvimento Adequado Avançado
Precisei de orientações para executar minhas tarefas.
Não consegui realizar as tarefas no prazo estipulado.
Minha participação oscilou ao longo do projeto.
Realizei minhas tarefas com independência e responsabilidade.
Consegui gerenciar meu tempo e cumprir os prazos estabelecidos.
Participei de todas as etapas e contribuí de forma consistente.
Tive dificuldade em identificar meus pontos de melhoria.
Descobertas e conhecimentos
Competências em avaliação
Aplicação de conhecimentos: fui capaz de aplicar na prática os conceitos que aprendi.
Aprendizado contínuo: fui capaz de aprender e aplicar novos conhecimentos durante o projeto.
Reflexão crítica: consegui analisar os problemas e sugerir soluções.
Integração de novas ideias: aceitei e fui capaz de me adaptar a novas ideias para melhorar o projeto.
Em desenvolvimento
Tive dificuldade em aplicar conceitos aprendidos.
Aprendi de forma limitada e com pouca aplicação prática.
Consegui reconhecer meus pontos fortes e áreas a melhorar.
Executei minhas tarefas de forma independente e ajudei outros membros quando necessário.
Além de cumprir prazos, antecipei etapas e ajudei o grupo a se manter no cronograma.
Fui altamente dedicado e procurei ir além do esperado para o sucesso do projeto.
Fiz uma autoanálise constante e busquei ativamente melhorar meus pontos fracos.
Tive dificuldade em analisar criticamente o andamento do projeto.
Nível de proficiência
Tive resistência a novas ideias e métodos.
Apliquei corretamente os conhecimentos adquiridos.
Aprendi novos conhecimentos e segui aplicando-os ao longo do projeto.
Analisei e propus soluções eficazes para os problemas encontrados.
Aceitei novas ideias e me adaptei ao que foi melhor para o projeto.
Consegui aplicar os conhecimentos de forma prática e criativa em novas situações.
Busquei aprender continuamente e apliquei o conhecimento de forma inovadora e eficaz.
Fiz análises críticas profundas e propus soluções inovadoras e eficazes.
Fui proativo em sugerir novas abordagens e adaptei o que foi necessário para otimizar os resultados.
34. Incentive os estudantes a apresentar o seu portfólio, destacando tanto o produto quanto o processo de aprendizado. Esse momento de divulgação valoriza o esforço dos estudantes e reforça o protagonismo deles na escola. Se possível, conecte o portfólio dos estudantes com os temas da abertura do projeto: “trabalho” e “sociedade”. É importante que os estudantes percebam que o trabalho tem uma dimensão social, e toda a posição deles no mercado é também uma posição social.
Após cada avaliação, é essencial refletir sobre os resultados e utilizá-los de forma construtiva, identificando as áreas de aprimoramento. Com base nisso, crie um plano de ação que inclua ajustes nos critérios avaliados, promovendo maior envolvimento de todos.
Com o portfólio finalizado, chegou o momento de toda a turma apresentar o resultado para os outros colegas.
Para isso, cada estudante deverá considerar os passos a seguir.
33. A apresentação para os colegas da turma deverá ser rápida, entre três e cinco minutos, dando destaque para as suas habilidades e como você se apresenta para o mercado de trabalho.
34. Ao longo da sua apresentação, tente responder às questões: como espero me posicionar no mercado de trabalho? Como eu farei para me inserir na área profissional desejada?
A seguir, um cronograma é apresentado com o objetivo de auxiliar o desenvolvimento do projeto.
Etapa
Estudar a proposta
Buscar inspiração
Etapas 1, 2 e 3
Buscar inspiração
Etapas 4, 5 e 6
Dividir tarefas e empreender
Etapa 1
Dividir tarefas e empreender
Etapa 2
Dividir tarefas e empreender
Etapa 3
Dividir tarefas e empreender
Etapa 4
Dividir tarefas e empreender
Etapa 5
Vivenciar
Mês de desenvolvimento
Fevereiro
Fevereiro e março
Abril
Maio
Junho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola, 2003. (Série Aula, 1).
Na obra, a autora apresenta novos olhares para o ensino da gramática, da linguagem oral e da escrita, partindo de uma análise sobre a ineficiência de alguns métodos tradicionais desse ensino.
BAGNO, Marcos. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2012. (Referenda, 1).
Em sua gramática, o linguista Marcos Bagno discute os usos da língua e refuta o ensino de uma gramática canônica e purista, para dar lugar ao estudo de fenômenos linguísticos tal como ocorrem de fato no cotidiano, considerando aspectos da variação da língua portuguesa.
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução: Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 261-306.
No capítulo “Os gêneros do discurso”, o russo Mikhail Bakhtin aborda a episteme do conceito de gênero discursivo, que subsidiou as muitas outras investigações sobre a temática.
BARTHES, Roland. Aula. Tradução: Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 1978.
Na transcrição da sua aula inaugural para a cadeira de Semiologia Literária no Collège de France, em 1977, o francês Roland Barthes discorre sobre a relação de poder que existe no próprio sistema linguístico, apontando a literatura como um espaço de reinvenção em que a língua pode ser ouvida fora do lugar de poder.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa 39. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019.
A gramática apresenta os fenômenos linguísticos sob uma perspectiva funcionalista da linguagem, apresentando os conceitos normativos dos fenômenos, mas também suas variações com base no uso.
BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução: Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 197-221. (Obras escolhidas, 1).
O ensaio aborda, de forma reflexiva e crítica, a dificuldade de intercambiar experiências e o fim da figura do narrador oral a partir do surgimento do romance enquanto produção literária da individualidade.
BOSI, Alfredo. Céu, inferno: ensaios de crítica literária e ideológica. 2. ed. São Paulo: Duas Cidades: Editora 34, 2010. (Coleção Espírito Crítico).
O livro apresenta ensaios a respeito de grandes autores da literatura, como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira
São Paulo: Cultrix, 2003.
O livro discorre sobre a história da literatura brasileira por meio da discussão histórica e da apresentação dos principais autores de cada movimento literário.
BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sociodiscursivo. Tradução: Anna Rachel Machado e Péricles Cunha. 2. ed. São Paulo: EDUC, 1999.
Nessa obra, o quadro sociointeracionista proposto por Jean-Paul Bronckart leva a analisar as condutas humanas como ações significantes, cujas propriedades estruturais e funcionais são, antes de tudo, produto da socialização. Com base na análise de 120 exemplos de textos, o autor analisa os caminhos para um interacionismo sociodiscursivo.
BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION. Aprendizagem baseada em projetos: guia para professores de Ensino Fundamental e Médio. Tradução: Daniel Bueno. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
A obra detalha o trabalho com projetos, desde o planejamento e a elaboração da pergunta de pesquisa, perpassando pelo desenvolvimento das etapas e pontos de checagem, para alcançar o processo avaliativo por meio de rubricas. Está inteiramente voltado a professores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.
CANDIDO, Antonio. Ficção e confissão: ensaios sobre Graciliano Ramos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
O livro reúne quatro ensaios sobre a obra de Graciliano Ramos. No último ensaio, o crítico se debruça sobre o romance Vidas Secas, analisando a sua estrutura e recepção 50 anos depois da sua publicação.
CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo Horizonte: Itatiaia, 2000.
O livro apresenta o Arcadismo e o Romantismo como principais épocas da formação da literatura brasileira por meio de análises de cunho literário e sociológico.
CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. São Paulo: Nacional, 1976.
A obra apresenta estudos críticos de teoria e história literária.
CANDIDO, Antonio. Na sala de aula: caderno de análise literária. São Paulo: Ática, 1989.
O volume apresenta análises de seis poemas brasileiros que subsidiam o trabalho com o gênero em sala de aula.
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: CANDIDO, Antonio. Vários escritos. 4. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004. p. 169-191.
O texto defende que a literatura deve ser compreendida como um direito humano, pois a fabulação e o imaginário têm caráter formativo para os sujeitos.
CANDIDO, Antonio. O estudo analítico do poema. 3. ed. São Paulo: Humanitas, 1996.
Na obra, o crítico desenvolve argumentações teóricas acerca dos elementos de um poema: sonoridade, rima, ritmo, metro e verso.
CASTILHO, Ataliba T. de; ELIAS, Vanda Maria. Pequena gramática do português brasileiro. São Paulo: Contexto, 2012.
Nessa obra, os autores têm como base uma modalidade multissistêmica de gramática e propõem o encontro entre as várias frentes de análise linguística, explicando os fenômenos linguísticos sob essa perspectiva.
COHEN, Elizabeth G.; LOTAN, Rachel A. Planejando o trabalho em grupo: estratégias para salas de aula heterogêneas. Tradução: Luís Fernando Marques Dorvillé, Mila Molina Carneiro e Paula Márcia Schmaltz Ferreira Rozin. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2017. E-book
A obra apresenta diversas estratégias para a organização de trabalhos em grupo, sobretudo na sala de aula, e os modos de desenvolver as habilidades dos estudantes referentes a essa prática.
COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Tradução: Cleonice Paes Barreto Mourão, Consuelo Fortes Santiago. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012.
O autor explora as diferentes correntes críticas e teóricas da literatura, inserindo-as em perspectiva e demonstrando o modo como a história da literatura pode ser pensada com base em diversos pontos de vista.
COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2014. Nos verbetes desse livro, o autor apresenta uma breve explicação sobre o que são diversos gêneros textuais, abarcando também gêneros híbridos e multimodais.
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís Filipe Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 5 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2009.
Essa gramática tem como abordagem a explicação dos fenômenos linguísticos sob a perspectiva da norma-padrão, considerando alguns aspectos decorrentes do uso da língua, que, ao longo do tempo, modificam as regras.
DISCINI, Norma. Comunicação nos textos: leitura, produção, exercícios. São Paulo: Contexto, 2005.
Com base na análise de exemplos de gêneros textuais diversos, a obra se propõe a decodificar cada texto lido localizando as mensagens explícitas e implícitas e descrevendo mecanismos de construção de sentido. Com essa atividade de análise, promove a construção do texto próprio.
FILATRO, Andrea; CAVALCANTI, Carolina Costa. Metodologias inov-ativas: na educação presencial, a distância e corporativa. São Paulo: Saraiva, 2018.
O livro aborda diversos tipos de metodologias ativas que podem ser aplicadas em sala de aula e na elaboração de atividades didáticas. As propostas partem das etapas de pesquisa, organização, análises e síntese por parte do estudante, o que se configura também como pensamento computacional.
FIORIN, José Luiz. Argumentação. São Paulo: Contexto, 2015.
Nessa obra, o linguista, professor e pesquisador José Luiz Fiorin apresenta os processos de construção da argumentação: a organização do argumento, os tipos de argumentação e alguns problemas gerais voltados para essa atividade presente em diversas práticas sociais.
HANSEN, João Adolfo. Forma literária e crítica da lógica racionalista em Guimarães Rosa. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 47, n. 2, p. 120-130, abr./jun. 2012. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/fale/article/view/11308. Acesso em: 14 out. 2024.
No artigo, o professor de literatura João Adolfo Hansen analisa o modo como a obra de Guimarães Rosa propõe uma crítica à lógica racionalista pela forma de sua composição. O crítico também faz um panorama sobre a forma literária roseana, citando outros críticos renomados e articulando suas percepções às deles.
ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução: Johannes Kretschmer. São Paulo: Editora 34, 1996. v. 1.
O autor se propõe a pensar o modo como o leitor e o texto literário interagem para a formação do significado da obra literária e de seu efeito estético.
JUBRAN, Clélia Spinardi (org.). A construção do texto falado. São Paulo: Contexto, 2019. (Gramática do português culto falado no Brasil, 1).
A coletânea de textos que compõem a obra é elaborada por diversos autores e esclarece conceitos voltados à construção do texto falado. São destacados os processos comuns a esse tipo de texto – como repetição, correção, parafraseamento, parentetização, tematização, rematização e referenciação – e os marcadores discursivos.
KOCH, Ingedore Villaça. Desvendando os segredos do texto. São Paulo, Cortez, 2002.
Na obra, a autora explora um conteúdo que tem sido foco de atenção dos pesquisadores na área de Linguística Textual: as questões relativas à construção textual dos sentidos, tanto em exercícios de compreensão do texto quanto de produção.
KOCH, Ingedore Villaça; BENTES, Anna Christina; CAVALCANTE, Mônica Magalhães. Intertextualidade: diálogos possíveis. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2012.
Na obra, o conceito de intertextualidade é explorado em seus sentidos estrito e amplo com base nos estudos da Linguística Textual. Para isso, é abordada a intersecção da intertextualidade com a polifonia, a metatextualidade e a hipertextualidade.
KOCH, Ingedore Villaça. Introdução à linguística textual: trajetória e grandes temas. São Paulo: Contexto, 2015.
Linguista conhecida por sua trajetória na área de Linguística Textual, Ingedore Koch aborda, nessa obra, as premissas dos estudos da área, definindo seu surgimento, seus principais objetos de estudo, as formas de articulação textual, as estratégias textual-discursivas de construção de sentido, as marcas de articulação na progressão textual, a intertextualidade e os gêneros do discurso.
KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Escrever e argumentar. São Paulo: Contexto, 2017.
Na obra, as autoras exploram elementos relacionados à argumentação no texto, como: operadores argumentativos, progressão temática e articuladores argumentativos. Com atenção à manutenção da coerência entre as partes do texto, elas ainda expõem estratégias para iniciar, desenvolver e concluir uma argumentação.
MAINGUENEAU, Dominique. O contexto da obra literária: enunciação, escritor, sociedade. Tradução: Marina Appenzeller. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
O livro discorre a respeito dos funcionamentos discursivos do texto literário, tendo como ponto de partida a teoria linguística.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Oralidade e Escrita. Signótica, Goiânia, v. 9, n. 1, p. 119- 145, 1997. Disponível em: https:// revistas.ufg.br/sig/article/view/7396. Acesso em: 1 out. 2024.
Nesse ensaio, o autor, conhecido por seus estudos na área de Linguística Textual, comenta a importância de considerar a prática discursiva como uma prática social. Com base nesse pensamento, confirma a impossibilidade de se realizarem análises comparativas entre língua oral e escrita utilizando-se como base apenas o código linguístico.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. Uma das obras mais conhecidas de Marcuschi, o livro apresenta estudos divididos em três grandes temas: produção textual, com ênfase na linguística de texto de base
cognitiva; análise sociointerativa de gêneros textuais no contínuo fala-escrita; processos de compreensão textual e produção de sentido. No volume, as noções de língua, texto, gênero textual, compreensão e sentido são exploradas em profundidade.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 1995.
A obra focaliza os principais movimentos literários portugueses, apresentando suas características gerais e ampla bibliografia a respeito de cada.
NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática do português revelada em textos. São Paulo: Editora Unesp, 2018. A linguista do texto apresenta, nessa gramática, situações de uso da língua em textos de variados gêneros textuais, observando e analisando os fenômenos linguísticos sob a perspectiva de sua ocorrência nos textos.
NEVES, Maria Helena de Moura. Texto e gramática. São Paulo: Contexto, 2018.
Nessa obra, a autora conceitua o processo de gramaticalização e a relação entre gramática e cognição, além de perpassa por análises sobre referenciação, modalização da linguagem e formação de enunciados complexos.
PEREIRA, Edimilson de Almeida. Entre Orfe(x)u e Exunouveau: análise de uma estética de base afrodiaspórica na literatura brasileira. São Paulo: Fósforo, 2022.
Na obra, o crítico literário e teórico da literatura repensa a apresentação da história da literatura brasileira com base em um olhar voltado para a diáspora africana e o seu papel na construção literária no Brasil e no mundo.
POSSENTI, Sírio. Malcomportadas línguas. São Paulo: Parábola, 2009. (Linguagem, 36).
Trata-se de uma obra que apresenta pequenas análises de fenômenos linguísticos com intuito de provocar reflexões no leitor sobre os limites das regras gramaticais e sobre como a língua de fato se realiza.
POSSENTI, Sírio. Questões de linguagem: passeio gramatical dirigido. São Paulo: Parábola, 2014. (Educação linguística, 7).
Nesse livro, o linguista apresenta diversos tópicos gramaticais sob a perspectiva de compreensão dos fenômenos linguísticos tal como ocorrem de fato no uso da língua como um objeto complexo em constante construção.
ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo (org.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012. (Estratégias de ensino, 29).
A pedagogia dos multiletramentos é contextualizada e conceituada pela professora Roxane Rojo nessa obra. Além do conteúdo proposto por ela, diversos autores apresentam análises e práticas de multiletramento possíveis de serem aplicadas em sala de aula.
ROSENBAUM, Yudith. Clarice Lispector. São Paulo: Publifolha, 2002. (Coleção Folha explica).
O livro apresenta uma introdução à obra de Clarice Lispector, analisando os principais aspectos e características da sua expressão literária.
SANTOS, Leonor Werneck dos; RICHE, Rosa Cuba; TEIXEIRA, Claudia Souza. Análise e produção de textos. São Paulo: Contexto, 2015. (Linguagem & ensino).
Nessa obra, voltada ao ensino da produção textual no Ensino Fundamental, importantes conteúdos acerca da análise e produção de textos são abordados, como: tipologias e gêneros textuais, leitura de textos escritos e orais e atenção para a análise linguística. Ainda que pensada para o ciclo anterior, os tópicos abordados são muito importantes para a análise e a prática textual no Ensino Médio.
SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução: Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado das Letras, 2004. Nessa obra, são apresentados encaminhamentos ou procedimentos possíveis para o ensino de gêneros textuais na escola, de maneira a auxiliar os docentes no planejamento e na prática de produções textuais orais e escritas.
SECCHIN, Antonio Carlos. João Cabral de ponta a ponta Recife: Cepe Editora, 2020.
Nesse volume, o poeta e crítico literário Antonio Carlos Secchin apresenta a análise detalhada da produção poética de João Cabral de Melo Neto.
SILVA, Ivanda Maria Martins. Literatura no ensino médio: conexões com orientações curriculares. Olh@res, [Guarulhos], v. 5, n. 2, p. 90-107, nov. 2017. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/olhares/article/ view/709. Acesso em: 1 out. 2024.
O texto reflete sobre o ensino de literatura e as orientações curriculares a seu respeito, apresentando um olhar crítico sobre as práticas didáticas.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Tradução: Cláudia Schilling. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2014.
São apresentadas nessa obra diversas estratégias de trabalho com a leitura em sala de aula, a fim de levar o estudante a desenvolver a compreensão e a interpretação de textos de forma autônoma.
SOUSA, Fernanda Silva e. A terrível beleza cotidiana do negro drama: uma leitura com e contra o arquivo da escravidão dos diários de Lima Barreto e Carolina Maria de Jesus. Tese (Doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2024.
Disponível em: https://doi.org/10.11606/T.8.2023.tde16072024-183550. Acesso em: 14 out. 2024.
Em sua tese, a professora e crítica literária Fernanda Silva e Sousa pensa a produção de diários de Carolina Maria de Jesus e Lima Barreto com base em uma perspectiva literária baseada na experiência da negritude.
SOUZA, Renata Junqueira de; COSSON, Rildo. Letramento literário: uma proposta para a sala de aula. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP); UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (UNIVESP). Caderno de formação: formação de professores: didática dos conteúdos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. p. 101-107. (Caderno de Formação, bloco 2, v. 2, n. 10). Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/handle/unesp/381259. Acesso em: 7 out. 2024.
O texto foi escrito para professores que buscam fazer o letramento literário em sala de aula e aborda propostas que procuram estimular e ampliar o acesso à leitura.
VALENTE, André Crim (org.). Unidade e variação na língua portuguesa: suas representações. São Paulo: Parábola, 2015. (Linguagem, 68).
Nessa coletânea, renomados linguistas e gramáticos, como Evanildo Bechara, Ataliba de Castilho, Carlos Alberto Faraco, Dante Lucchesi, Marli Quadros Leite e Patrick Charaudeau, apresentam artigos que versam sobre questões gramaticais em uma perspectiva crítica e variacionista.
VIEIRA, Francisco Eduardo; FARACO, Carlos Alberto. Gramática do português brasileiro escrito. São Paulo: Parábola, 2023. (Referenda, 9).
Os autores propõem, para essa obra, um estudo da língua escrita com base no reconhecimento de uma língua brasileira e que, portanto, apresenta muitos anos de pesquisas e estudos linguísticos sobre os fenômenos linguísticos e sua forma de ocorrência especificamente no Brasil.
XAKRIABÁ, Nei Leite. Ensinar sem ensinar. In: CARNEVALLI, Felipe et al. (org.). Terra: antologia afro-indígena. São Paulo: Ubu; Belo Horizonte: Piseagrama, 2023.
O texto aborda as práticas de ensino com base em um recorte indígena, refletindo acerca do modo como as escolas se organizam em torno de saberes associados à branquitude.
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Tradução: Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Nessa obra, o autor apresenta reflexões sobre a organização do trabalho docente e propõe teorias e métodos de planejamento, replanejamento e avaliação desse trabalho.
Apresentação
Cara professora, caro professor,
Esta coleção foi pensada e escrita para que a vivência do estudante no Ensino Médio seja repleta de conhecimento, curiosidade, experiências e práticas. O objetivo é oferecer repertório e reflexões, para que, ao final desse percurso de estudos, ele se sinta capaz de continuar sua trajetória educacional e seguir um caminho profissional, tornando-se consciente do protagonismo e da autonomia conquistados.
Tanto a coletânea de textos e temas quanto as propostas de atividades e de pesquisas buscam proporcionar o desenvolvimento dos estudantes como cidadãos críticos, criativos e atuantes. Por isso, procurou-se, ao longo dos volumes, incentivá-los a ter uma postura protagonista no mundo que não se encerre na etapa da Educação Básica e promova uma existência na qual o uso da linguagem se faça em prol da construção da diversidade e da defesa dos valores democráticos, dos Direitos Humanos e de uma cultura da paz.
Para facilitar a aplicação das atividades propostas no Livro do Estudante, serão apresentadas orientações que visam auxiliar o seu trabalho, com subsídios teóricos de pesquisa e de ampliação de repertório. A intenção é contribuir com a prática docente de modo a facilitar a aprendizagem dos estudantes.
Bom trabalho!
As autoras
Esta coleção de Língua Portuguesa tem como premissa a concepção da educação que fundamenta os estudos no segmento do Ensino Médio e está exposta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), lei no 9.394/1996:
Do Ensino Médio
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades:
I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;
II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.1
Considerando essas finalidades especificamente no contexto do ensino de Língua Portuguesa, a coleção foi estruturada em quatro seções principais: Estudo Literário, Estudo do Gênero Textual, Estudo da Língua e Oficina de Texto. Essa segmentação abarca, além do estudo da literatura, os quatro eixos do componente curricular de Língua Portuguesa preconizados pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC): “oralidade, leitura/escuta, produção (escrita e multissemiótica) e análise linguística/semiótica” 2 .
Compreende-se que os eixos de oralidade e leitura/ escuta perpassam tanto a seção Estudo Literário quanto a seção Estudo do Gênero Textual, culminando em práticas variadas de produção escrita e multissemiótica na seção Oficina de Texto. A seção Estudo da Língua, que tem o foco na análise linguística, propõe a observação e o aprofundamento dos aspectos da materialidade textual que constroem os diversos enunciados, sejam eles literários ou não.
Na concepção da coleção, buscou-se uma curadoria de textos que se mostrasse a mais diversa possível, no intuito de contemplar e equilibrar a presença dos campos de atuação social (jornalístico-midiático, artístico-literário, da vida pessoal, das práticas de estudo e pesquisa e de atuação na vida pública), que se vinculam às práticas cidadãs, ao trabalho e à continuidade dos estudos.
Além disso, tal como prevê a BNCC, “a leitura do texto literário, que ocupa o centro do trabalho no Ensino Fundamental, deve permanecer nuclear também no Ensino Médio”3; por isso, optou-se por sistematizar os estudos literários em uma seção com o objetivo de oportunizar aos estudantes dessa etapa de ensino uma abordagem mais específica sobre a literatura brasileira e outras produções literárias em língua portuguesa, em uma perspectiva decolonial, intertextual e intersemiótica, com vistas à formação do leitor literário crítico.
Além do campo artístico-literário, os demais campos de atuação social estão presentes de forma consistente nos textos da seção Estudo do Gênero Textual, que tem o objetivo de permitir aos estudantes a apropriação e o aprofundamento de gêneros textuais variados e de diversos campos de atuação social. Desse modo, espera-se que eles se apoderem desses conhecimentos que se mostram como “mecanismo fundamental de socialização, de inserção prática nas atividades comunicativas humanas”4
A seguir, são apresentadas as bases teórico-metodológicas que sustentam as seções principais da coleção.
Na coleção, o texto literário é compreendido como um espaço discursivo em que a linguagem é articulada de modo a criar uma experiência estética. Essa
1 BRASIL. Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, [2024]. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 13 out. 2024.
2 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília, DF: MEC, 2018. p. 71. Disponível em: https://www.gov.br/ mec/pt-br/escola-em-tempo-integral/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal.pdf. Acesso em: 2 out. 2024.
3 BRASIL, ref. 2, p. 499.
4 BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sociodiscursivo. Tradução: Anna Rachel Machado e Péricles Cunha. São Paulo: Educ, 1999. p. 103.
articulação acontece porque, nos textos literários, a forma de expressão da linguagem tende a modificar a compreensão do sentido do texto lido, provocando o leitor a se relacionar com a língua com base em outro ponto de vista e a atribuir significados aos conteúdos ali expressos. Como aponta o teórico da literatura e professor francês Roland Barthes (1915-1980), em sua obra Aula, uma das forças da literatura “consiste em jogar com os signos em vez de destruí-los, em colocá-los numa maquinaria de linguagem cujos breques e travas de segurança arrebentaram, em suma, em instituir no próprio seio da linguagem servil uma verdadeira heteronímia das coisas”5. Contudo, tais deslocamentos da linguagem propostos pelo texto literário se estabelecem em um contexto sócio-histórico específico. Conforme aponta a BNCC6, cabe aos estudos do campo artístico-literário resgatar a historicidade dos textos, observando seus modos de produção, circulação e recepção e analisando a maneira como as estruturas de poder se manifestam nas expressões artísticas – seja por meio de um viés contestatório, seja por um viés afirmativo. Nesse sentido, em consonância com a BNCC, a coleção procura apresentar o estudo da literatura como espaço de construção de sentidos e de crítica social e política, uma vez que toda obra literária se relaciona a determinada visão de mundo que se situa em determinado contexto histórico, entremeado por processos de assimilação, ruptura e permanência.
A exploração do texto literário como proposta inicial de cada capítulo têm três objetivos principais: fomentar a experiência estética da linguagem, convidando o estudante a elaborar os sentidos do texto e a reconhecer nele suas possibilidades interpretativas; analisar o modo como as características estéticas de cada obra se relacionam com seu contexto histórico, reconhecendo as formas de apreensão do imaginário e a sensibilidade em jogo em determinadas épocas; e propor uma reflexão crítica sobre o modo como as relações de poder se estabelecem entre diferentes obras, autores ou contextos de produção artístico-literária. A subseção Diálogos, nesse contexto, entra como espaço articulador das obras que se situam em diferentes épocas, estilos ou concepções. Esse movimento é importante porque possibilita estabelecer conexões e, como argumenta o poeta, pesquisador e professor de literatura e cultura afro-brasileira
Edimilson de Almeida Pereira, “captar a realidade e transpô-la para a literatura implica definir os espectros da realidade que se evidenciaram para alguns escritores e algumas escritoras a partir das perguntas lançadas por eles ao cenário social que os envolve”7.
O ensino de literatura com foco na formação do leitor literário pode se beneficiar ao priorizar o contato direto dos estudantes com os textos literários. A leitura de textos literários é em si um ato de reescrita, no qual o leitor reconfigura o texto com base em suas próprias experiências e interpretações, criando pontos de vista ou legitimando os já existentes. A esse respeito, a professora de Literatura Brasileira, Teoria Literária e Metodologia de Ensino de Literatura, Ivanda Maria Martins Silva, discorre, com base no pensamento do filósofo russo Mikhail Bakhtin (1895-1975), dos teóricos da literatura alemães Wolfgang Iser (1926-2007) e Hans Robert Jauss (1921-1997):
É fundamental que os estudantes percebam as dimensões dialógicas e polifônicas (BAKHTIN, 1993) da literatura, compreendendo as vozes sociais representadas mimeticamente nas obras literárias, bem como percebendo as relações entre autores, obras e leitores, ancoradas em processos socioculturais e históricos. As leituras dos estudantes precisam ser mais valorizadas no espaço de sala de aula, ampliando-se a compreensão da leitura literária como processo de negociação e (re)construção de sentidos, em que o leitor tem papel fundamental. (ISER, 2002; JAUSS, 1994)8 Dessa forma, o processo de formação do leitor literário é uma prática ativa, na qual os estudantes estabelecem diálogo com as múltiplas vozes presentes na obra literária, com as condições históricas e sociais que a moldam e com as suas características estéticas. Por meio desse processo, eles podem se tornar capazes de ressignificar o texto, ampliando sua compreensão e participando da construção coletiva de novos significados. Nesse contexto, é desejável que a leitura e a análise da experiência propiciada pelo texto literário ocupem a primeira etapa dos estudos da literatura, evitando uma abordagem que se restrinja à apresentação rígida das características de cada movimento literário
5 BARTHES, Roland. Aula. Tradução: Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 1978. p. 28-29.
6 BRASIL, ref. 2, p. 523-524.
7 PEREIRA, Edimilson de Almeida. Entre Orfe(x)u e Exunouveau: análise de uma estética de base afrodiaspórica na literatura brasileira. São Paulo: Fósforo, 2022. p. 18.
8 SILVA, Ivanda Maria Martins. Literatura no ensino médio: conexões com orientações curriculares. Olh@res: Revista do Departamento de Educação da Unifesp, Guarulhos, v. 5, n. 2, p. 90-107, nov. 2017. p. 98-99. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/olhares/article/view/709. Acesso em: 16 out. 2024.
em associação ao período histórico em que a obra foi concebida. Essa perspectiva pode favorecer a construção de interpretações mais significativas e autorais por parte dos estudantes.
Em consonância com a BNCC, propõe-se também o trabalho de escrita literária, com o objetivo de experimentar recursos linguísticos e incentivar a expressão pessoal. Nos Capítulos 2, 4 e 6 de cada volume, a seção Estudo Literário é complementada pela seção Oficina Literária, que amplia a vivência estética e crítica dos estudantes no Ensino Médio. Nessa seção, os estudantes são encorajados a produzir seus próprios textos literários, explorando a criatividade e experimentando as diversas possibilidades de expressão em posição de protagonismo.
Portanto, o estudo da literatura nesta coleção valoriza simultaneamente a fruição estética, a análise literária e a escrita literária, tendo em vista o reconhecimento dos processos envolvidos na produção do texto literário. Para isso, articulam-se teorias que analisam a formação e a história da literatura brasileira – como as propostas pelos professores e pesquisadores Antonio Candido (1918-2017), no livro Formação da literatura brasileira: momentos decisivos9, e Alfredo Bosi (1936-2021), na obra História concisa da literatura brasileira10 –, além de teorias que buscam compreender os processos estéticos, políticos e sociais que fizeram alguns autores serem escolhidos como destaque em detrimento de outros no decorrer da história literária, análise proposta por Edimilson de Almeida Pereira11. Tal questionamento é incentivado entre os estudantes com base no estabelecimento de relações entre literaturas produzidas em diferentes períodos e através de diversos recortes e pontos de vista.
Na coleção, a ordem de trabalho com os movimentos literários não se dá de forma cronológica; ela é orientada tanto pelo tema transversal do capítulo quanto pela estruturação de cada volume, explicitada a seguir.
• O primeiro volume, que se inicia com o texto A carta, de Pero Vaz de Caminha, busca discorrer sobre a representação e a representatividade da população indígena por meio da literatura indígena e sobre a literatura negra contemporânea. O volume apresenta aos estudantes autores como Ailton Krenak, Luís de Camões, Conceição Evaristo, Eliane Potiguara,
Gonçalves Dias, Mia Couto e Jarid Arraes. Nesse volume, Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) como Multiculturalismo e Meio Ambiente se articulam às discussões propostas pelos textos literários, incentivando os estudantes a refletir sobre questões relevantes na contemporaneidade.
• O segundo v olume, por sua vez, busca ampliar essa discussão, trazendo temas como desigualdade, opressão e construção da subjetividade, bem como consolidação da ideia de que a literatura é uma ferramenta política e de crítica social sob a ótica de autores como Cruz e Sousa, Agostinho Neto, Machado de Assis, Ana Martins Marques e Ariano Suassuna. Nesse volume, TCTs como Saúde e Economia ampliam a análise crítica.
• No t erceiro volume, há o aprofundamento dos temas iniciados no segundo volume com base na perspectiva do Modernismo e da sua relação com a modernidade e com a construção da subjetividade do sujeito diante de um mundo em crise. Entre os autores trabalhados no volume estão Guimarães Rosa, Fernando Pessoa, Pepetela e Clarice Lispector. Tanto o TCT Cidadania e Civismo quanto o TCT Ciência e Tecnologia contribuem para contextualizar essas reflexões, conectando-as a questões contemporâneas e promovendo uma aproximação com a realidade e os interesses da juventude.
Esse percurso didático de estudo da literatura busca tensionar o lugar dos movimentos literários no ensino escolar – não para descartá-los, mas para colocar em evidência as relações de poder que moldam o sistema literário. A ideia é levar os estudantes a compreender que as construções discursivas se estabelecem por meio de um viés ideológico e que com a história da literatura não é diferente.
O estudo da literatura na coleção busca, portanto, instigar os estudantes a se tornarem cidadãos críticos e conscientes também no campo artístico-literário. Ao explorarem a diversidade de vozes e experiências presentes nos textos literários, os estudantes são incentivados a questionar as narrativas dominantes e a refletir sobre as complexas intersecções entre literatura, sociedade e poder. Essa abordagem integrada, que une fruição estética, análise crítica e produção literária, visa promover um aprendizado significativo, podendo levar os estudantes a desempenhar um papel ativo em suas comunidades e também fora delas.
9 CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Belo Horizonte: Itatiaia, 2000.
10 BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2003.
11 PEREIRA, ref. 7.
A proposta de estudo dos gêneros textuais, nesta coleção, tem amparo teórico e metodológico nos preceitos propostos por Bakhtin em seu texto “Os gêneros do discurso”, no qual ele define a constituição dos gêneros discursivos em conteúdo temático, construção composicional e estilo:
Todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem. Compreende-se perfeitamente que o caráter e as formas desse uso sejam tão multiformes quanto os campos da atividade humana, o que, é claro, não contradiz a unidade nacional de uma língua. O emprego da língua efetua-se em formas de enunciados (orais e escritos) concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade humana. Esses enunciados refletem as condições específicas e as finalidades de cada referido campo não só por seu conteúdo (temático) e por seu estilo de linguagem, ou seja, pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gramaticais da língua mas, acima de tudo, por sua construção composicional. Todos esses três elementos – o conteúdo temático, o estilo, a construção composicional – estão indissoluvelmente ligados no todo do enunciado e são igualmente determinados pela especificidade de um determinado campo da comunicação. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais denominamos gêneros do discurso12.
Baseada na concepção dos três elementos que se fundem de maneira indissolúvel no todo do enunciado, a seção Estudo do Gênero Textual, que representa o segundo momento de prática leitora nos capítulos, é dividida em três subtítulos: Conteúdo do [gênero textual], o qual apresenta atividades relacionadas ao conteúdo temático do texto; Composição e contexto do [gênero textual], no qual se apresentam atividades relacionadas à construção composicional do gênero textual que exploram a sua estrutura e o relacionam ao contexto sócio-histórico de circulação; e A linguagem do texto, que apresenta atividades
relacionadas ao estilo do gênero, explorando a análise da materialidade de fenômenos linguísticos que contribuem para os efeitos de sentido gerados nos textos analisados. Em diálogo com os preceitos bakhtinianos, o estudo do gênero textual baseia-se ainda nos estudos da Linguística Textual, nas vozes teóricas dos linguistas Luiz Antônio Marcuschi (1946-2016) e Ingedore Villaça Koch (1933-2018). Os estudos propostos pela coleção reconhecem também as diversas tendências e perspectivas no estudo e no tratamento dos gêneros textuais, assim como a existência de duas nomeações usuais: gênero textual e gênero do discurso. No entanto, como explica Marcuschi, em sua obra Produção textual, análise de gêneros e compreensão, não é interessante distinguir rigidamente essas duas nomenclaturas, tampouco tratá-las como dicotômicas ou excludentes, da mesma forma que não é interessante distinguir rigidamente texto e discurso. Nesta coleção, priorizou-se o uso da nomenclatura gênero textual; no entanto, é considerado também o caráter discursivo dos gêneros contemplados ao longo da coleção. Independentemente dessas escolhas, pode-se estabelecer que essas visões teóricas têm em comum a concordância entre as seguintes premissas:
(a) na noção de linguagem como atividade social e interativa;
(b) na visão de texto como unidade de sentido ou unidade de interação;
(c) na noção de compreensão como atividade de construção de sentido na relação de um eu e um tu situados e mediados e
(d) na noção de gênero textual como forma de ação social e não como entidade linguística formalmente constituída.13
Da mesma maneira, a diferenciação entre gêneros e tipos textuais não deve ser enxergada como um exercício dicotômico, pois ambos os conceitos apresentam, em maior ou menor medida, relação de complementaridade, já que todos os textos realizam um gênero e todos os gêneros apresentam uma diversidade de tipos, com a possível predominância de um deles.
Considerando que os estudantes já trazem, desde o Ensino Fundamental – Anos Finais, um vasto conhecimento acerca dos diversos gêneros textuais que circulam socialmente e são sujeitos envolvidos em diversas situações comunicativas e contextos sociais, no boxe Primeiro olhar, propõem-se perguntas que antecedem
12 BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução: Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 261-262.
13 MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008. p. 21.
a leitura de cada texto, com objetivo de desenvolver a competência metagenérica dos estudantes, termo cunhado pelas linguistas do texto Ingedore Koch e Vanda Elias em sua obra Ler e escrever: estratégias de produção textual.
Em outras palavras, todos nós, falantes/ ouvintes, escritores/leitores, construímos, ao longo de nossa existência, uma competência metagenérica, que diz respeito ao conhecimento de gêneros textuais, sua caracterização e função.
É essa competência que propicia a escolha adequada do que produzir textualmente nas situações comunicativas de que participamos. Por isso, não contamos piada em velório, nem cantamos o hino do nosso time de futebol em uma conferência acadêmica, nem fazemos preleções em mesa de bar14.
Dessa maneira, o leitor, com seu conhecimento e suas experiências, tem a possibilidade de ativar uma pluralidade de leituras e sentidos através da sua postura diante do texto e da autoria. Os estudantes devem, portanto, ser valorizados em seu lugar de leitores que carregam o próprio repertório e devem ser incentivados a refletir criticamente sobre o modo como a interação autor-texto-leitor se estabelece no momento da leitura. Isso certamente lhes dará a confiança para experimentar a autoria na seção Oficina de Texto.
Na subseção Diálogos da seção Estudo do Gênero Textual, buscou-se incentivar os estudantes a realizar intersecções entre os textos apresentados, as quais podem surgir do diálogo tanto entre conteúdos temáticos quanto entre gêneros textuais pertencentes ao mesmo campo de atuação ou não. Com isso, os textos e as atividades propostas na subseção pretendem reforçar o caráter relacional do texto, com o entendimento de que nenhum texto está isolado e solitário; pelo contrário, todos os textos dialogam com outros e, assim, sempre mantêm algum aspecto dialógico e, portanto, intertextual.
Entre os inúmeros contextos interculturais e práticas sociais dos quais emergem os mais variados gêneros textuais, optou-se pela escolha daqueles que apresentassem variação linguística, social, temática, de autoria e de visões de mundo, orientando-se pela representação da pluralidade cultural brasileira. Consideraram-se também as novas demandas atualizadas desse autor-leitor que adentra a sala de aula, o estudante do Ensino
Médio, com intuito de acompanhar e fortalecer suas experiências nos multiletramentos, apresentados pela linguista e professora Roxane Rojo como:
[…] dois tipos específicos e importantes de multiplicidade presentes em nossas sociedades, principalmente urbanas, na contemporaneidade: a multiplicidade cultural das populações e a multiplicidade semiótica de constituição dos textos por meio dos quais ela se informa e se comunica.
No que se refere à multiplicidade de culturas, é preciso notar: como assinala García Canclini (2008[1989]: 302-309), o que hoje vemos à nossa volta são produções culturais letradas em efetiva circulação social, como um conjunto de textos híbridos de diferentes letramentos (vernaculares e dominantes), de diferentes campos (ditos ‘popular/de massa/ erudito’), desde sempre, híbridos, caracterizados por um processo de escolha pessoal e política e de hibridização de produções de diferentes ‘coleções’15.
Entre as vivências situadas nas práticas de linguagem, destaca-se também o trabalho proposto com os letramentos midiático e digital, que procura oferecer aos estudantes um entendimento mais aprofundado acerca da produção, circulação e apropriação de informações nas diversas mídias e redes sociais. O objetivo é o fortalecimento de uma consciência crítica e ética, incentivada desde os primeiros ciclos da Educação Básica. Da mesma maneira, é fundamental promover um equilíbrio entre a apresentação de gêneros textuais surgidos das novas tecnologias e de gêneros textuais vigentes antes delas.
Destaca-se também a preocupação em abarcar gêneros textuais da oralidade de modo mais sistematizado, muitas vezes em diálogo com as multissemioses, embora haja uma preocupação da coleção em não apresentar uma dicotomia entre fala e escrita, compreendendo-as como um continuum nas práticas sociais, tal como expõem Ingedore Koch e Vanda Elias: […] Vem-se postulando que os diversos tipos de práticas sociais de produção textual situam-se ao longo de um contínuo tipológico, em cujas extremidades estariam, de um lado, a escrita formal e, de outro, a conversação espontânea, coloquial. Escreve Marcuschi (1995: 13): ‘As diferenças entre fala e escrita se dão
14 KOCH, Ingedore Villaça; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010. p. 54.
15 ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo (org.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012. p. 13.
dentro do continuum tipológico das práticas sociais e não na relação dicotômica de dois polos opostos’.
Para situar as diversas produções textuais ao longo desse contínuo, pode-se levar em conta, além do critério do meio, oral ou escrito, o critério da proximidade/distância (física, social, etc.), bem como o envolvimento maior ou menor dos interlocutores.
Assim, num dos polos estaria situada a conversação face a face, no outro, a escrita formal, como os textos acadêmicos, por exemplo. O que se verifica, porém, é que existem textos escritos que se situam, no contínuo, mais próximos ao polo da fala conversacional como, por exemplo, bilhetes, cartas familiares, textos publicitários […].
Da mesma forma que muitos textos escritos se situam próximos ao polo da fala, também existem muitos textos falados que mais se aproximam do polo da escrita formal (conferências, entrevistas profissionais para altos cargos administrativos e outros), havendo, ainda, tipos mistos, além de muitos outros intermediários16 .
De todo modo, a abordagem dessas modalidades nos gêneros escolhidos é realizada com a preocupação de demonstrar características específicas de cada uma delas, especialmente nas situações de interação entre interlocutores.
O estudo dos gêneros textuais, de forma específica, e a coleção, de modo geral, procuram também valorizar o incentivo à análise dos elementos paratextuais, ou seja, do conjunto de itens que acompanham o texto, trazendo informações para sua identificação e utilização. Elementos como capa, ilustração e diferentes tipos de letra, entre outros tantos, são objeto de análise junto com o texto que acompanham, sempre que se julgar oportuno para levar os estudantes a se perguntarem de que maneira essas instâncias se relacionam ao gênero textual. Dominique Maingueneau, em Análise de textos de comunicação, ressalta a importância desses elementos, afirmando que “é necessário reservar um lugar importante ao modo de manifestação material dos discursos, ao seu suporte,
bem como ao seu modo de difusão: enunciados orais, no papel, radiofônicos, na tela do computador etc.”17.
A prática da produção do gênero textual, na coleção, apresenta-se na seção Oficina de Texto e é compreendida como um espaço para o estudante refletir e se integrar com seu entorno, em propostas que se contextualizam como práticas sociais e seguem prioritariamente o estudo do gênero em destaque na leitura. Entende-se que, quando o estudante compreende um gênero textual, reconhecendo suas características a ponto de praticá-las em uma criação própria e em determinada situação de produção, ele não coloca em prática apenas uma forma linguística, mas também legitima o próprio discurso, criando sustentação para sua justificativa individual nas interações sociais das quais participa. Essa compreensão tem base no que expõe Marcuschi:
Os gêneros são atividades discursivas socialmente estabilizadas que se prestam aos mais variados tipos de controle social e até mesmo ao exercício do poder. Pode-se, pois, dizer que os gêneros textuais são nossa forma de inserção, ação e controle social no dia a dia. Toda e qualquer atividade discursiva se dá em algum gênero que não é decidido ad hoc, como já lembrava Bakhtin ([1953]1979) em seu célebre ensaio sobre os gêneros do discurso. Daí também a imensa pluralidade de gêneros e seu caráter essencialmente sócio-histórico. Os gêneros são também necessários para a interlocução humana.
[…]
[…] A vivência cultural humana está sempre envolta em linguagem, e todos os nossos textos situam-se nessas vivências estabilizadas em gêneros. Nesse contexto, é central a ideia de que a língua é uma atividade sociointerativa de caráter cognitivo, sistemática e instauradora de ordens diversas na sociedade. O funcionamento de uma língua no dia a dia é, mais do que tudo, um processo de integração social. Claro que não é a língua que discrimina ou que age, mas nós que com ela agimos e produzimos sentidos.18
16 KOCH; ELIAS, ref. 14, p. 14-15.
17 MAINGUENEAU, Dominique. Análise de textos de comunicação. Tradução: Cecília P. de Souza-e-Silva, Décio Rocha. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2004. p. 71.
18 MARCUSCHI, ref. 13, p. 161-163.
Por fim, é importante ressaltar que os gêneros textuais são inúmeros, pois também são inúmeras as práticas sociais que motivam a criação de cada um deles. Os gêneros não são estanques, pois são culturalmente construídos pelo ser humano e por ele podem ser alterados, modificados e inventados. Este é o desafio aceito por esta coleção: apresentar um caminho didático que promova a recorrência de uma prática leitora com foco no estudo do gênero textual, mas que esteja atrelado a uma postura analítica flexível diante da diversidade de gêneros textuais que circulam socialmente.
A seção Estudo da Língua, nesta coleção, tem amparo teórico e metodológico nos preceitos de análise linguística como estudo da constituição interna e do funcionamento da língua, com vistas à condução do estudante ao domínio da norma-padrão. Sobre esse viés de abordagem, as professoras e pesquisadoras da área de Linguística Aplicada da Universidade Estadual de Campina Grande (UFCG), Maria Auxiliadora Bezerra e Maria Augusta Reinaldo, em sua obra Análise linguística: afinal, a que se refere?, esclarecem que, […] com base nos tipos de texto e nos níveis de organização da língua, a reformulação dos textos dos alunos […] [visa] alcançar o registro formal escrito. Vemos que a prática de análise linguística assume um status teórico-metodológico: teórico, porque constitui um conceito que remete a uma forma de observar dados da língua, apoiada em uma teoria; metodológico, porque é utilizado na sala de aula como um recurso para o ensino reflexivo da escrita19.
Na perspectiva da análise linguística, as classificações e nomenclaturas são consideradas insuficientes para a aprendizagem proficiente da língua pelo estudante; por isso, a gramática tradicional recebe o acréscimo de outras linhas teóricas de análise, como a Linguística Textual, a Análise do Discurso e a Argumentação, com o objetivo de desenvolver a investigação no plano textual com base nos fatos linguísticos dele emergente. Isso significa que as análises sobre os fenômenos linguísticos são propostas considerando as realizações desses fenômenos na construção textual e circunscrevendo-os,
desse modo, a um contexto de enunciação que usa a língua como operador para certos propósitos comunicativos.
A coleção, nesse sentido, pautou-se nos preceitos da BNCC sobre a compreensão das práticas de análise linguística entendidas como práticas de linguagem ao lado da oralidade, da leitura/escuta de textos e da produção escrita e multissemiótica de textos. O documento apresenta a análise linguística/semiótica como conhecimentos linguísticos “sobre o sistema de escrita, o sistema da língua e a norma-padrão –, textuais, discursivos e sobre os modos de organização e os elementos de outras semioses”20, não tomados como um fim em si, mas apresentados aos estudantes sob a forma de reflexão e identificação dos fenômenos linguísticos.
A integração proposta entre as práticas de linguagem se materializa, na organização da obra, no subtítulo A linguagem do texto, presente nas seções Estudo Literário e Estudo do Gênero Textual de forma sistemática em todos os capítulos, e na seção Estudo da Língua, especificamente com natureza teórica e metalinguística, em propostas que partem de investigações sobre os fenômenos linguísticos com base em sua ocorrência nos textos do capítulo, sempre que possível.
Nessa trajetória didática, os estudantes são incentivados a analisar como o texto é construído com base em certos fenômenos linguísticos e, desse modo, reconhecer o uso intencional de recursos linguísticos e seus efeitos de sentido, em um movimento metalinguístico sobre o funcionamento da língua construído transversalmente às outras práticas de linguagem. Nessa perspectiva, efeitos de sentido são as diversas expressões que o uso de certo recurso promove na compreensão do texto, as quais não provêm apenas do recurso em si, previamente determinado pela gramática, mas de sua contextualização e intencionalidade no texto, tais como: contribuir para coerência e coesão, topicalizar e construir a progressão temática.
Assim, no subtítulo A linguagem do texto, os estudantes são conduzidos a analisar a materialidade dos textos literários e de gêneros textuais diversos (orais, escritos e multissemióticos), para reconhecer as formas de composição e o estilo adotado, elementos que contribuem para seus efeitos de sentido. Trata-se de análises que têm como parâmetro a constituição do estilo nesses textos, relacionado, portanto, a escolhas lexicais e à variedade linguística, além de mecanismos morfológicos e sintáticos que se
19 BEZERRA, Maria Auxiliadora; REINALDO, Maria Augusta. Análise linguística: afinal a que se refere? 2. ed. Recife: Pipa Comunicação; Campina Grande: EDUFCG, 2020. p. 18.
20 BRASIL, ref. 2, p. 71.
relacionam ao contexto de produção, ou seja, ao acionamento feito pelo enunciador diante da situação enunciativa, tal como proposto por Bakhtin em seu texto “Os gêneros do discurso”21, ao definir a constituição dos gêneros discursivos em conteúdo composicional, estrutura e estilo.
Especificamente na seção Estudo da Língua, além do estudo analítico dos recursos linguísticos que constroem a materialidade textual, propõe-se o reconhecimento da presença de certos recursos linguísticos, com base em análises indutivas, seguido da sistematização do conceito linguístico em foco, no boxe Conceito. Ao término desse percurso didático, apresentam-se atividades que investigam a presença de alguns dos fenômenos estudados em textos de outros gêneros e campos de atuação, com o objetivo de possibilitar ao estudante o desenvolvimento da habilidade de transposição analítica e crítica daquilo que aprendeu.
A coleção apresenta os conteúdos em progressão, e sua sistematização oferece ao estudante uma abordagem que busca priorizar o funcionamento comunicativo em experiências textuais e discursivas autênticas, emergentes de situações reais. Entende-se que a concepção dos estudos linguísticos, especificamente no Ensino Médio, deva ser pautada em propostas de aprofundamento das habilidades gerais previamente desenvolvidas no Ensino Fundamental – Anos Finais, com ampliação de seu grau de complexidade, sobretudo no que tange à capacidade de análise, compreensão e síntese dos efeitos de sentido dos fenômenos nos textos. Assim, os textos literários e não literários são compreendidos como objetos de estudo linguístico a fim de garantir que a análise dos fenômenos perpasse por observações éticas, estéticas e políticas relacionadas à língua.
Os conteúdos gramaticais apresentados foram escolhidos de modo a estabelecer progressão entre os níveis de análise fonético-fonológico, morfológico, morfossintático e sintático – todos permeados pela semântica e pela pragmática – por meio de estudos contextualizados em situações textuais de produção. Busca-se a correção conceitual e analítica em gramáticas consolidadas que se mostram mais afinadas com a compreensão de língua como um conjunto de sistemas linguísticos que se manifestam em contextos sociais e culturais, e não como um sistema autônomo de regras. Em sua Nova gramática do português contemporâneo, os gramáticos Celso Cunha (1917-1989) e Luís
Filipe Lindley Cintra (1925-1991) reconhecem esse caráter ao registrar a importância da Sociolinguística como ciência
e da compreensão dos fenômenos linguísticos, chamando atenção para o prestígio associado à norma-padrão:
A sociolinguística, ramo da linguística que estuda a língua como fenômeno social e cultural, veio mostrar que estas inter-relações são muito complexas e podem assumir diferentes formas. Na maioria das vezes, comprova-se uma covariação do fenômeno linguístico e social. Em alguns casos, no entanto, faz mais sentido admitir uma relação direcional: a influência da sociedade na língua, ou da língua na sociedade.
[…] O fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades diatópicas, diastráticas e diafásicas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade22.
Essa compreensão de língua apresentada pelos autores se reflete na sistematização dos fenômenos linguísticos sem deixar de lado as variações e os estudos gramaticais contemporâneos, tal como eles explicam: “Não descuramos, porém, dos fatos da linguagem coloquial, especialmente ao analisarmos os empregos e os valores afetivos das formas idiomáticas”23
A obra A gramática do português revelada em textos, da linguista Maria Helena de Moura Neves (19312022), também inspira as propostas e encaminhamentos analíticos da coleção. A autora apresenta seu livro da seguinte maneira:
No testemunho do geral dos professores ensina-se gramática para que os alunos tenham o melhor desempenho linguístico. Se assim é, há de prever-se que o estudo da gramática sirva a esse fim, o que só se pode obter se o ponto de partida for uma reflexão teoricamente bem conduzida sobre os usos. A proposta que aqui se desenvolve pretende exatamente o caminho para uma penetração do fazer do ‘texto’ capaz de conferir ao falante da língua uma apropriação de gatilhos que, nas diferentes situações, disparem usos apropriados e significativos
21 BAKHTIN, ref. 12.
22 CUNHA, Celso; CINTRA, Luís Filipe Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 5 ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2009. p. 3-4.
23 CUNHA; CINTRA, ref. 22, p. XXIV.
(em uma ponta) e favoreçam captações ricas e tranquilas (na outra ponta).
O ‘mundo da gramática’, que alguns insistem em constituir como um edifício de doutrina petrificada, isolado da linguagem, precisa ser visto como o mesmo mundo em que nos movemos quando falamos, quando lemos, quando escrevemos (quando fazemos linguagem), e esse é o mesmo mundo em que nos movemos quando refletimos e falamos sobre a linguagem (fazemos metalinguagem). Uma atividade (re)alimenta a outra, e é um grande desperdício usar um espaço de tempo com lições de gramática que apenas representem reproduzir termos da metalinguagem, sem aproveitar o que do funcionamento linguístico está realmente representado nesses termos24.
Em todos os níveis de análise, foram propostas investigações que permitissem aos estudantes considerar os usos linguísticos e suas possibilidades de variação, o que se destaca no subtítulo A língua em uso , presente de forma sistematizada na seção de Estudo da Língua . Os estudos variacionistas perpassam a ampliação dos conhecimentos sobre as variedades linguísticas do português brasileiro, sob a perspectiva da teoria variacionista proposta na Gramática pedagógica do português brasileiro , do linguista Marcos Bagno:
[…] um produto humano e não existe produto humano que não se configure, consciente ou inconscientemente, como uma tomada de posição política inspirada por uma ou mais ideologias; o mito da ciência ‘neutra’ não tem mais lugar na era em que vivemos. Assim, essa obra milita a favor do reconhecimento do português brasileiro como uma língua plena, autônoma, que deve se orientar por seus próprios princípios de funcionamento e não por uma tradição gramatical voltada exclusivamente para o português europeu literário antigo. Essa militância se traduz no emprego consciente de formas linguísticas há muito tempo incorporadas à gramática do português brasileiro […], rejeita a tradicional separação entre diacronia e sincronia e assume o
fenômeno linguístico como eminentemente pancrônico, variável e mutante. Desse modo, o recurso às transformações ocorridas na(s) língua(s) ao longo do tempo é indispensável para o (re)conhecimento preciso do que ocorre aqui e agora.25
Em relação a essa abordagem proposta pelo autor, vale destacar, no entanto, que a coleção não rejeita o ensino dos preceitos gramaticais, mas considera também essencial o reconhecimento dos fenômenos que emergem de seu uso e que favorecem a mudança, ainda que precisem de mais sistematização por compêndios gramaticais. Nesse sentido, a opção foi propor análises que possibilitassem aos estudantes comparar o tratamento dado pela gramática tradicional e pelas gramáticas contemporâneas aos tópicos gramaticais em seu contexto de uso, para que percebessem a complexidade da manifestação da língua em uso e, consequentemente, compreendessem a importância de considerar os fenômenos de diversidade e mudança.
A coleção procura também abordar o reconhecimento do multilinguismo presente no país, com base em discussões que envolvem o lugar das políticas linguísticas e do espaço para as línguas minoritárias e cooficiais. Diversos pesquisadores vêm se debruçando sobre os aspectos históricos que constituem a variedade brasileira da língua portuguesa, sobretudo como uma língua formada através de diversas situações de contato. A esse respeito, os dialetólogos Heliana Mello, Cléo V. Altenhofen e Tommaso Raso alertam:
O Brasil é, dentro dessa realidade que interessa ao mundo todo, um caso exemplar. Toda a sua história é ligada ao contato entre povos de línguas diferentes, aos fenômenos migratórios, aos conflitos que criaram uma ilusão monolíngue e a uma recente valorização das diferenças linguísticas e culturais aqui existentes26.
Nessa perspectiva, os estudantes são incentivados a refletir sobre o processo de formação histórica da língua portuguesa no Brasil e sobre as diversas comunidades linguísticas existentes no país, bem como a respeito do contexto de cooficialização de outras línguas com a portuguesa e sua legitimidade como constituinte da diversidade linguística do país.
24 NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática do português revelada em textos. São Paulo: Editora Unesp, 2018. p. 19.
25 BAGNO, Marcos. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2012. p. 14.
26 MELLO, Heliana; ALTENHOFEN, Cléo V.; RASO, Tommaso (org.). Os contatos linguísticos no Brasil. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011. p. 9.
O contexto de coexistência de outras línguas com a língua portuguesa e as análises variacionistas propostas possibilitam aos estudantes reconhecer o caráter político das línguas, tanto no que se refere à definição de um status de língua para determinada variedade quanto em relação ao reconhecimento de variedades prestigiadas e estigmatizadas, com o objetivo de subsidiá-los com conhecimentos e possibilidades de desenvolvimento de argumentação crítica para combater preconceitos linguísticos.
Tendo em vista a escolha textual ser orientada também pela perspectiva dos multiletramentos, as análises linguísticas perpassam por análises multissemióticas, que levam em consideração aspectos composicionais ligados à sintaxe visual e à construção de outras linguagens em combinação com textos escritos e orais. Nesse contexto, a oralidade também é analisada sob o ponto de vista de sua materialidade, por meio tanto de recursos linguísticos presentes no texto verbal quanto de recursos não verbais que constituem sua organização, em convergência com o que compreende a BNCC, como “ritmo, altura, intensidade, clareza de articulação, variedade linguística adotada, estilização etc. –, assim como os elementos paralinguísticos e cinésicos – postura, expressão facial, gestualidade etc.”27.
Esses aspectos são apresentados com base na investigação em textos de diferentes gêneros e campos de atuação social, para possibilitar aos estudantes reconhecer sua manifestação intencional, correspondente ao propósito comunicativo, e são embasados nos estudos organizados pela professora e pesquisadora da área de estudos do discurso, Clélia Spinardi Jubran, na obra A construção do texto falado28, que também consideram fenômenos como repetição, correção, parafraseamento, referenciação e uso de marcadores discursivos típicos da modalidade oral.
Vale ressaltar que as separações aqui expostas, que consideram a análise linguística/semiótica, a variação, o multilinguismo e a oralidade, são de ordem didática, tendo em vista que essas práticas de linguagem coocorrem nas situações de enunciação orais e escritas.
O Livro do Estudante está estruturado em três volumes com seis capítulos cada, subdivididos em seções e subseções. A seguir é apresentada a descrição de cada uma delas.
Abertura: apresenta uma imagem motivadora para o início das discussões acerca do tema e dos conteúdos desenvolvidos no capítulo. Com base nela, são propostas questões para serem discutidas oralmente, referentes à leitura da imagem, ao estudo de literatura, ao gênero textual e à análise linguística. Na abertura, são apresentados ainda os campos de atuação social e os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) desenvolvidos com maior ênfase no capítulo. Há também o boxe Projeto em vista, com o objetivo de sugerir uma etapa da Oficina de Projetos para que o estudante possa desenvolvê-lo ao longo de todo o ano.
Estudo Literário: destinada ao estudo de textos e estéticas literárias, inicia-se por meio do boxe Primeiro olhar, para mobilizar conhecimentos prévios e hipóteses sobre o texto a ser lido. Segue-se a leitura do(s) texto(s) principal(is), as atividades de interpretação e o contexto literário, organizados por meio de subtítulos que identificam os assuntos e conteúdos desenvolvidos. Há um subtítulo fixo, A linguagem do texto, que, em diálogo com a seção Estudo da Língua, aborda alguns aspectos linguísticos que contribuem para a compreensão expressiva do texto estudado.
Oficina Literária: a seção é apresentada nos capítulos 2, 4 e 6 de cada volume. Nela, o estudante é motivado a praticar a escrita literária. Está organizada em cinco etapas: Estudar a proposta, Motivar a criação, Planejar e elaborar, Avaliar e recriar e Compartilhar
Estudo do Gênero Textual: destinada à compreensão e à interpretação de gêneros textuais pertencentes a diversos campos de atuação social, essa seção também se inicia com o boxe Primeiro olhar, seguido pela leitura do texto principal e por questões de interpretação e estudo do gênero. As atividades são organizadas por meio de subtítulos fixos: Conteúdo do [gênero textual], Composição e contexto do [gênero textual]. O subtítulo A linguagem do texto também aparece nesta seção, de modo a contemplar os aspectos intrínsecos à estruturação do gênero textual.
Diálogos: subseção em que um novo texto motiva a comparação entre um aspecto relevante do texto principal, ligado ao assunto, à temática ou ao conteúdo literário. Ocorre tanto na seção Estudo Literário quanto na seção Estudo do Gênero Textual.
Estudo da Língua: aborda de forma sistematizada fenômenos linguísticos presentes nos textos principais do capítulo, ampliando-os para outros contextos e gêneros
27 BRASIL, ref. 2, p. 80.
28 JUBRAN, Clélia Spinardi (org.). A construção do texto falado. São Paulo: Contexto, 2019. (Gramática do português culto falado no Brasil, 1).
textuais, de modo a promover análises investigativas sobre esses fenômenos. Os subtítulos dessa seção não são fixos, seguindo a definição dos conteúdos escolhidos para a abordagem nos capítulos; no entanto, o subtítulo A língua em uso, cuja função é promover um diálogo entre a norma-padrão e a variação linguística, aparece de forma sistemática. Ao final, propõe-se a subseção Atividades, que possibilita ao estudante continuar a prática analítica de alguns dos fenômenos linguísticos estudados.
Oficina de Texto: presente em todos os capítulos, a seção tem como objetivo motivar o estudante a produzir gêneros escritos, orais e multimodais. Ela está organizada em cinco etapas: Estudar a proposta, Motivar a criação, Planejar e elaborar, Avaliar e recriar e Compartilhar
Conexões com: relaciona um aspecto presente nos estudos de Língua Portuguesa a um componente curricular diverso para estabelecer uma abordagem interdisciplinar. Além de propor um diálogo interdisciplinar com componentes (História, Geografia, Matemática, Física, Biologia etc.) de outras áreas do conhecimento (Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas), há também propostas em diálogo com outros componentes da área de Linguagens e suas Tecnologias, como Inglês e Arte.
Estudo em Retrospectiva: a seção tem o objetivo de retomar os conteúdos mais importantes apresentados no capítulo de modo que o estudante tenha a possibilidade de avaliar seus conhecimentos ao final de cada capítulo.
De olho no Enem e Vestibular: apresenta atividades do Enem ou de vestibular relacionadas a um conteúdo estudado no capítulo. Nela, o estudante tem a oportunidade de colocar em prática seus conhecimentos e, ao mesmo tempo, familiarizar-se com os diferentes modelos de atividades de grandes exames nacionais.
Oficina de Projetos: a seção aparece ao final de cada um dos três volumes da coleção. O intuito é que os estudantes possam desenvolvê-lo ao longo do ano letivo, orientados pelo boxe Projeto em vista, presente na abertura dos capítulos, que visa orientar cada etapa do projeto a ser desenvolvido. O projeto apresenta uma proposta de aprendizagem ativa que busca integrar os conteúdos de cada capítulo com a prática de resolução de problemas de forma alinhada aos princípios do pensamento computacional. Além disso, tem como objetivo desenvolver habilidades fundamentais nos estudantes, como leitura crítica, interpretação de informações, argumentação e organização lógica do pensamento. É organizado pelas etapas a seguir.
• Estudar a proposta: etapa que apresenta o tema do projeto com base em um texto motivador seguido de questões.
• Buscar inspiração: etapa em que os estudantes serão incentivados a aprofundar os seus conhecimentos sobre o tema analisado e a iniciar a estruturação do produto final.
• Dividir tarefas e Empreender: etapa que organiza a execução do projeto, é dividida em partes específicas, encorajando o trabalho em equipe, o reconhecimento de prioridades e a distribuição de responsabilidades.
• Avaliar e Recriar possibilidades: nessa etapa, os estudantes são incentivados a refletir sobre o processo, identificar pontos fortes e aspectos que podem ser melhorados no produto final. Tem o objetivo de desenvolver o pensamento crítico e a capacidade de revisar e recriar soluções, considerando os desafios encontrados durante a execução.
• Vivenciar: a etapa consiste em apresentar e experienciar o produto final, consolidando o aprendizado de todo o processo.
Ao longo da coleção, também estão dispostos nos capítulos boxes que orientam, complementam, sistematizam e aprofundam conhecimentos.
• Refletir e argumentar: os estudantes são incentivados a expor pontos de vista sobre o assunto em foco, em discussões coletivas que fomentam o desenvolvimento da capacidade argumentativa.
• Conceito: sistematiza conceitos, fenômenos e outros aspectos teóricos construídos ao longo dos capítulos.
• Glossário: posicionado após quaisquer textos de terceiros, auxilia os estudantes na compreensão vocabular.
• Biografia: apresenta a vida e a obra de autores e artistas de obras e textos abordados, entre outras figuras públicas que sejam relevantes ao conteúdo.
• Retomada: aparece sempre que for necessário retomar algum conceito anteriormente abordado na própria coleção ou referente a um conhecimento prévio construído no Ensino Fundamental – Anos Finais. Na seção Oficina de Texto, no entanto, é fixo na etapa Planejar e elaborar, para retomar um conteúdo trabalhado nas seções.
• Buscar referências: tem como objetivo apresentar dicas de filmes, livros, sites, podcasts, entre outros artefatos culturais que possam incentivar os estudantes a ampliar seu repertório.
• Ampliar: esse boxe tem o objetivo de apresentar informações relevantes que possam ampliar o conhecimento dos estudantes.
• Entre gêneros : presente na seção de Estudo do Gênero Textual, tem como objetivo proporcionar
uma comparação entre gêneros que se mostrem semelhantes à primeira vista, mas que têm funções sociais e estruturas diversas.
• Mundo do trabalho: presente na seção de Estudo do Gênero Textual, promove uma busca ativa por profissões que estejam relacionadas à discussão da seção, para que os estudantes possam conhecê-las em seu conteúdo e área de atuação. Nesse boxe, eles também são incentivados a criar um portfólio coletivo de profissões para ser consultado pela turma.
A escola é um espaço essencial para a promoção da convivência com as diversidades. Nesse ambiente, além de desenvolverem habilidades acadêmicas, os estudantes se formam como cidadãos preparados para lidar com as diferenças sociais e culturais. A função social da escola ultrapassa a transmissão de conteúdos; ela é responsável por formar sujeitos capazes de conviver com a pluralidade, respeitar as diferenças e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Para que essa função se cumpra plenamente, é fundamental que o professor valorize cada estudante, considerando suas singularidades e trajetórias, de modo a garantir que todos se sintam acolhidos e reconhecidos.
Para isso, é importante favorecer o protagonismo dos estudantes, incentivando-os a participar ativamente da busca por soluções para desafios do mundo que os cerca. O aprendizado significativo não se encerra em respostas prontas, mas abre caminho para novas perguntas e para a construção permanente de conhecimentos. Assim, ao estimular o pensamento crítico, a empatia e a responsabilidade, a educação possibilita que os jovens se tornem agentes de transformação social.
O professor, nesse processo, além de um transmissor de conteúdos acadêmicos, é mediador e guia das aprendizagens, assumindo um papel essencial na condução de discussões, na promoção do diálogo e na manutenção do respeito mútuo. A relação pedagógica, quando marcada pelo reconhecimento da alteridade e pela escuta ativa, permite ao docente compreender o que motiva determinados comportamentos e ajudar os estudantes a se perceberem como agentes de mudança. Como aponta o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Feusp), Rinaldo Voltolini:
[…] O professor terá que considerar em seu ato as várias dimensões presentes na determinação do comportamento de seus alunos, em vários planos, numa visão complexificadora, uma vez que seu objetivo é o de produzir mudanças subjetivas no aluno […].
[…] Ou seja, para objetivar o professor tem que passar por sua subjetividade. […]29.
Para isso, em vez de adotar uma lógica centrada na culpabilização, que busca identificar as falhas individuais dos estudantes, cabe à escola promover uma lógica de corresponsabilidade, na qual professores e estudantes compreendam seu papel no processo educativo e se envolvam ativamente na construção do conhecimento. Assim, é importante que o professor busque uma didática que reconheça e respeite as diferenças, promovendo igualdade de oportunidades e vínculos de aprendizagem e reconhecendo os elementos contextuais que motivam determinados comportamentos. Esse movimento fortalece a confiança e o crescimento individual dos estudantes. Nesse processo, o livro didático se configura como uma ferramenta essencial de apoio ao professor na organização das atividades pedagógicas, e sua utilização pode ser pensada de modo a fomentar uma construção colaborativa entre docentes e estudantes.
Neste item, são apresentadas algumas estratégias didático-pedagógicas que visam um trabalho proficiente com as diversidades da escola: compreensão sobre a importância da metacognição como processo de ensino e de aprendizagem e formas de abordagem didáticas e metodológicas com estudantes de diferentes perfis.
A escola tem a responsabilidade social de orientar os estudantes não apenas na aquisição de conhecimento acadêmico mas também no desenvolvimento da capacidade de refletir sobre seus recursos e processos de aprendizagem. Essa habilidade é definida pelo pesquisador e psicólogo do desenvolvimento John Hurley Flavell da seguinte maneira: A metacognição se refere ao conhecimento que alguém tem sobre os próprios
29 VOLTOLINI, Rinaldo. Saúde mental e escola. In: SÃO PAULO (Estado). Secretaria Municipal de Educação. Coordenadoria Pedagógica. Núcleo de Apoio e Acompanhamento para Aprendizagem. Caderno de debates do NAAPA: questões do cotidiano escolar. São Paulo: SME: Coped: NAAPA, 2016. p. 81-96. p. 89. Disponível em: https://acervodigital.sme.prefeitura.sp.gov.br/wp-content/uploads/2022/03/Caderno_de_DebatesNAAPA1.pdf. Acesso em : 25 out. 2024.
processos e produtos cognitivos ou qualquer outro assunto relacionado a eles, por exemplo, as propriedades da informação relevantes para a aprendizagem. Pratico a metacognição […] quando me dou conta de que tenho mais dificuldade em aprender A que B; quando compreendo que devo verificar pela segunda vez C antes de aceitá-lo como um fato […]30
A habilidade metacognitiva é fundamental para que o estudante aprenda a se reconhecer em constante processo de transformação, sendo capaz de identificar quando é necessário mudar estratégias e atitudes para alcançar determinados aprendizados. O desenvolvimento da metacognição envolve aprender a regular o uso de ecursos cognitivos e desenvolver a habilidade de planejar, monitorar e avaliar as próprias ações, de modo a identificar o que funciona e o que precisa ser ajustado ao executar determinada tarefa. A metacognição não se restringe ao contexto escolar, ela também é necessária em situações da vida cotidiana que exigem reflexão crítica e argumentação. Assim, ensinar a autonomia envolve instrumentalizar os estudantes para que assumam o protagonismo dos próprios recursos de aprendizagem, utilizando a reflexão como ferramenta de crescimento pessoal e acadêmico.
Para auxiliar no desenvolvimento da metacognição dos estudantes, o professor pode incentivar a reflexão acerca dos processos de aprendizagem, do funcionamento da memória e da identificação das potencialidades de cada estudante, valorizando a pluralidade de estilos de ensino a fim de criar oportunidades para que diferentes estilos de aprendizagem sejam respeitados e potencializados. Além disso, explicitar o propósito das aulas e os métodos utilizados pode tornar o aprendizado mais claro e significativo, uma vez que o estudante passa a entender como e por que determinada estratégia está sendo empregada, o que possibilita a elaboração de recursos internos de metacognição e mostra que a aprendizagem é um percurso contínuo, feito de planejamento, experimentação e ajustes.
O ambiente escolar apresenta caráter múltiplo e diverso. Em uma sala de aula, estudantes de diferentes perfis
estabelecem vínculos pessoais e de aprendizagem, e cabe ao professor reconhecer o modo como essas relações perpassam o processo de ensino-aprendizagem, a fim de promover uma educação inclusiva, tendo em vista que a presença da diversidade de perfis não é um desafio a ser superado, mas uma oportunidade de enriquecimento para toda a comunidade escolar. Cada estudante apresenta competências, dificuldades e interesses particulares que, quando são reconhecidos e instrumentalizados a favor da aprendizagem, facilitam a aquisição de conhecimento e contribuem para a participação ativa de todos. Isso implica que o professor não deve apenas reconhecer as dificuldades de aprendizagem dos estudantes mas também auxiliá-los a identificar suas facilidades e potencialidades.
Incorporar os interesses dos estudantes nas atividades, sejam elas individuais ou coletivas, é mais uma estratégia pedagógica que favorece a motivação e o engajamento. Nesse contexto, é importante que o professor configure vínculos baseados na confiança mútua, promovendo uma comunicação aberta e reflexiva com a turma. A sala de aula é um ambiente relacional, onde estudantes de diferentes perfis interagem entre si e com o professor, e essas interações são essenciais para o aprendizado.
O processo de ensino-aprendizagem implica um contínuo e profundo processo de relacionamento, no qual todos os aspectos analisados são constitutivos. Professor e estudantes devem compor um espaço relacional em que seja criada uma atmosfera de compromisso e responsabilidade, a fim de atingir os objetivos educativos. Negociações em sala de aula serão sempre necessárias, e a confiança mútua é uma âncora para o compartilhamento na produção do conhecimento e na processualidade do desenvolvimento subjetivo. Na negociação, os processos de comunicação têm um papel fundamental tanto para a emergência de novas realizações do conteúdo em foco como nas produções de sentido que irão articular e direcionar as diferentes dimensões do contexto do ensino e da aprendizagem.31
Desse modo, as relações sociais são fundamentais para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de maneira significativa e a sala de aula se configure como um espaço de vivências e dinâmicas sociais, onde estudantes e professores ocupem diferentes papéis e posições. Nesse sentido, reconhecer divergências entre os estudantes, mas também entre os objetivos, processos e
30 FLAVELL, 1976 apud PORTILHO, Evelise Maria Labatut. As estratégias metacognitivas de quem aprende e de quem ensina. In: MALUF, Maria Irene (coord.). Aprendizagem: tramas do conhecimento, do saber e da subjetividade. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Associação Brasileira de Psicopedagogia, 2006. p. 48.
31 TACCA, Maria Carmen Villela Rosa. Relações sociais na escola e o desenvolvimento da subjetividade. In: MALUF, Maria Irene (coord.). Aprendizagem: tramas do conhecimento, do saber e da subjetividade. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Associação Brasileira de Psicopedagogia, 2006. p. 64.
resultados das tarefas propostas pelo professor, é fundamental para ajustar a prática pedagógica. A compreensão das motivações dos estudantes e das situações em que o interesse pelo aprendizado diminui pode orientar melhor as estratégias de ensino. Perguntas como: “Por que determinado estudante age assim?”, “O que faz com que aprender deixe de ser interessante em certas circunstâncias?” e “Como os diferentes perfis de estudantes gostariam de aprender?” podem auxiliar o professor a refletir sobre o planejamento pedagógico. A conexão entre professor e estudante é o ponto de partida essencial para a aprendizagem, pois, para que o conhecimento se estabeleça, é necessário que haja comunicação consistente entre ambas as partes.
Nesta coleção, a concepção de avaliação segue os princípios da LDB, que compreende o processo avaliativo como uma verificação dos processos de aprendizagem dos estudantes, que possibilita também uma revisão sobre as próprias práticas docentes. A lei apresenta a avaliação nos seguintes termos:
Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
[…]
V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos;32
As propostas avaliativas nesta coleção estão também embasadas nas seguintes teorias: nos conceitos de avaliação por competências apresentados pelo sociólogo suíço Phillipe Perrenoud em sua obra Construir competências desde a escola33; na concepção de saberes do cientista da educação espanhol Antoni Zabala, que, na obra A prática educativa: como ensinar34, define o saber (o qual corresponde aos conteúdos conceituais), o saber fazer (o qual corresponde aos conteúdos procedimentais) e o saber ser (que corresponde aos conteúdos atitudinais); e no processo avaliativo proposto pelos professores do Boston College, Michael K. Russel e Peter Airasian na obra Avaliação em sala de aula: conceitos e aplicações35, que é compreendido como processo, formação, desempenho e nota.
A avaliação diagnóstica pode ser compreendida como um processo de verificação dos conhecimentos prévios dos estudantes sobre um determinado assunto, sem o objetivo classificatório, e sim para identificar habilidades, competências, conteúdos e dificuldades a fim de possibilitar a elaboração de um planejamento mais adequado às necessidades do estudante e da turma.
Na coleção, a abertura dos capítulos e o boxe Primeiro olhar são uma oportunidade para aplicação da avaliação diagnóstica. Na abertura, por exemplo, a partir da leitura de uma imagem, são propostas questões reflexivas que acionam conhecimentos sobre os conteúdos que serão abordados no capítulo, ainda que de modo preliminar. Nas seções de Estudo Literário e Estudo do Gênero Textual, o boxe Primeiro olhar busca levantar as expectativas de leitura e pode também contribuir para a identificação de conhecimentos prévios sobre o que será estudado em cada uma das seções.
Outra importante estratégia avaliativa é a avaliação formativa, que tem como objetivo monitorar os estudantes durante o processo de aprendizagem, para que possam fazer uma correção de rota enquanto estão aprendendo, com base na prática de atividades complementares. Nesse sentido, as estratégias de avaliação formativa, nesta coleção, são intrínsecas às estratégias didáticas e metodológicas utilizadas para sua elaboração: os estudantes são conduzidos à aprendizagem por meio de atividades de interpretação de textos – tanto literários quanto não literários, pertencentes a diferentes gêneros – e de análise de fenômenos linguísticos, para só então conhecerem mais profundamente a teoria intrínseca a eles, como sua sistematização.
32 BRASIL, ref. 1.
33 PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola. Tradução: Bruno Charles Magne. Porto Alegre: Penso, 1999.
34 ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Tradução: Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: Artmed, 1998.
35 RUSSELL, Michael K.; AIRASIAN, Peter W. Avaliação em sala de aula: conceitos e aplicações. Tradução: Marcelo de Abreu Almeida. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014.
As avaliações ipsativa, somativa e comparativa são sistematizadas na seção Estudo em Retrospectiva. A avaliação ipsativa se refere a um processo individual do estudante que compara seu desempenho no momento atual com o desempenho em um momento anterior do processo, com o objetivo de promover uma avaliação pessoal, visando a que o estudante supere seus próprios limites e dificuldades e valorizando, assim, seu progresso individual. Trata-se, portanto, de um processo autoavaliativo promovido na coleção pelo subtítulo Refletir e avaliar da seção Estudo em Retrospectiva, em que a cada capítulo os estudantes têm um espaço para refletir sobre seu próprio desempenho nas atividades coletivas e individuais e acompanhar sua evolução nesses quesitos, sem compará-los com outros estudantes ou expectativas externas de aprendizagem.
Os saberes desse processo, apresentados na coleção, corroboram com as premissas de Antoni Zabala sobre a função social do ensino, que visa a uma formação integral e […] não consiste apenas em promover e selecionar os ‘mais aptos’ para a universidade, mas […] abarca outras dimensões da personalidade. Quando a formação integral é a finalidade principal do ensino e, portanto, seu objetivo é o desenvolvimento de todas as capacidades da pessoa e não apenas as cognitivas, muitos dos pressupostos da avaliação mudam. Em primeiro lugar, e isto é muito importante, os conteúdos de aprendizagem a serem avaliados não serão unicamente conteúdos associados às necessidades do caminho para a universidade. Será necessário, também, levar em consideração os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais que promovam as capacidades motoras, de equilíbrio de autonomia pessoal, de relação interpessoal e de inserção social. […]36
A avaliação somativa é, em si, comparativa dos desempenhos individual e coletivo e comumente aplicada ao final de uma unidade de conteúdo, para verificar sua aprendizagem pelo coletivo; por isso, seus instrumentos costumam ser padronizados. Na coleção, o subtítulo Sintetizar da seção Estudo em Retrospectiva proporciona aos estudantes a possibilidade de responder a questões de checagem sobre os conteúdos do capítulo, correspondentes a cada seção. Essas questões podem ser realizadas todas em conjunto, ao final dos estudos do capítulo, ou em blocos referentes a cada seção, ao término de seu estudo.
36 ZABALA, ref. 34, p. 197.
A seção De olho no Vestibular ou De olho no Enem apresenta também atividades que possibilitam avaliação somativa e comparativa, tendo em vista sua abordagem comentada de questões de vestibulares e do Enem, cujo gabarito é oficialmente divulgado e, assim, permite que os estudantes possam comparar seus resultados em simulações desse exame e de provas de ingresso, aplicando os conhecimentos do capítulo.
O ato de planejar faz parte da prática docente de forma recorrente e cíclica. Isso porque se trata de uma ação essencial tanto para garantir a distribuição dos itens do currículo no tempo didático e letivo quanto para possibilitar o alcance de objetivos definidos para a aprendizagem dos estudantes, o que demanda a elaboração das métricas de avaliação já mencionadas em seus tipos e formatos.
Nesse sentido, são inúmeras as possibilidades de planejamento, o que coloca o professor em uma posição de questionamento sobre quais conteúdos abordar e que tempo destinar a cada um deles. A resposta a esse respeito não é óbvia, mas compreende-se que ela requer reflexão sobre as compreensões desejadas que os estudantes alcancem, ou seja, os objetivos de aprendizagem. Para planejar, é preciso ter clareza sobre essas aprendizagens e, assim, fazer escolhas sobre métodos, estratégias e materiais.
Nesse modelo, parte-se de uma identificação mais criteriosa dos resultados desejados, através da definição de aprendizagens prioritárias que levam em consideração objetivos e padrões curriculares nacionais, municipais e estaduais, para então fazer escolhas mais adequadas de conteúdo em relação ao tempo didático. Em seguida, determinam-se as evidências aceitáveis, que são as estratégias avaliativas – formais e informais – pensadas como viáveis ao contexto da turma e dos estudantes para validar suas aprendizagens. Por fim, procede-se ao planejamento das experiências de aprendizagem e instrução, que são as atividades de ensino mais adequadas para o alcance dos resultados definidos.
Assim, a elaboração de um plano de ensino requer que o professor se aproprie de dados do contexto da turma, das diretrizes político-pedagógicas da escola e das competências e habilidades que deseja que os estudantes alcancem de modo gradativo, ao longo dos bimestres, dos trimestres ou do ano.
Com base na premissa de um planejamento com foco em resultados, esta coleção propõe diversas estratégias e métodos que podem ser utilizados como parte das ferramentas docentes e entende que seu arranjo em um plano demandará a autonomia do professor e de seus objetivos em relação à realidade de cada uma das turmas. Ainda assim, propomos a seguir uma distribuição dos conteúdos do livro no tempo – o cronograma –, considerando cada uma de suas partes, como sugestão para a construção do plano de ensino pelo professor. Semana
1 o Semestre 1 o Trimestre 1 o Bimestre 1a Abertura
Estudo Literário: O Modernismo de Guimarães Rosa 1 2a Diálogos: O Ultrarromantismo de Casimiro de Abreu
3a
4a
Estudo do Gênero Textual: Vídeo-resenha Diálogos: Adaptação de texto literário para HQ 1
Conexões com Geografia: A paisagem geográfica na literatura
Estudo da Língua: Formação de palavras 1 5a
Estudo da Língua: Formação de palavras [continuação]
em Retrospectiva – Avaliação* Projeto em vista – Oficina de Projetos 1 8a
Estudo Literário: Graciliano Ramos e a prosa da Geração de 30
9a Diálogos: O Modernismo na poesia de João Cabral de Melo Neto Oficina Literária
Estudo Literário: O Modernismo português Conexões com Arte: Expressionismo
: A poesia modernista no Brasil
: Perfil biográfico e o olhar sobre o cotidiano
Estudo da Língua: Período composto por coordenação e período composto por subordinação I
Estudo da Língua: Período composto por coordenação e período composto por subordinação I [continuação]
em Retrospectiva – Avaliação
em vista – Oficina de Projetos
Diálogos: A geração mimeógrafo
Conexões com Física: O telescópio de Galileu
do Gênero Textual: Postagem de marca
: Postagem de marca: dupla finalidade
da Língua: Período composto por subordinação II
A seção De olho no Enem ou De olho no Vestibular poderá ser utilizada também como avaliação com a seção Estudo em Retrospectiva ou, ainda, pode ser pedida como lição de casa.
(página 8 a 53)
Competências e habilidades do Capítulo
Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10
Competências específicas: 1, 2, 3, 4, 6 e 7
Habilidades de Linguagens: EM13LGG101, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG105, EM13LGG201, EM13LGG202, EM13LGG203, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG304, EM13LGG401, EM13LGG402, EM13LGG601, EM13LGG602, EM13LGG604, EM13LGG701, EM13LGG702 e EM13LGG703
Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP04, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP11, EM13LP12, EM13LP14, EM13LP15, EM13LP16, EM13LP17, EM13LP18, EM13LP19, EM13LP20, EM13LP21, EM13LP26, EM13LP27, EM13LP46, EM13LP48, EM13LP49, EM13LP50, EM13LP51, EM13LP52 e EM13LP53
Reconhecer as características da terceira geração do Modernismo brasileiro, com base na leitura de trechos da obra de Guimarães Rosa.
A nalisar características da estética literária de Guimarães Rosa.
Reconhecer as características do Ultrarromantismo brasileiro, com base na leitura de poemas de escritores do período.
• Descrever os elementos constitutivos e o contexto de circulação do gênero vídeo-resenha
• Associar as características do gênero textual resenha crítica às do gênero vídeo-resenha, com base em suas semelhanças e diferenças.
• Analisar as estruturas e os principais processos de formação de palavras da língua portuguesa.
• Produzir uma vídeo-resenha.
(páginas 8 e 9)
• Sugere-se iniciar o trabalho de análise da imagem discutindo o título da obra de Guimarães Rosa, Grande sertão: veredas. Convide os estudantes a levantar hipóteses a respeito do que trata a obra com base no seu nome. Em seguida, conduza a relação entre as respostas dos estudantes e o que está descrito na imagem.
(página 10 a 21)
Guimarães Rosa e a terceira geração modernista (página 12 a 14)
4. É possível utilizar a questão 4 para explorar as dinâmicas de relações familiares dos adolescentes. Para isso, questione-os sobre a relação deles com os responsáveis, levando-os a refletir sobre os momentos em que não se sentem compreendidos, e a valorizar a empatia e o diálogo quando estão diante desses momentos.
A estética de Guimarães Rosa (página 14 a 16)
Indicações
• Para aprofundar os conhecimentos a respeito da relação entre regionalismo e universalismo em Guimarães Rosa, sugere-se a consulta do artigo “Forma literária e crítica da lógica racionalista em Guimarães Rosa”, de João Adolfo Hansen. HANSEN, João Adolfo. Forma literária e crítica da lógica racionalista em Guimarães Rosa. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 47, n. 2, p. 120-130, abr./jun. 2012. p. 122. Disponível em: https://revistaseletronicas.pucrs.br/ fale/article/view/11308/7713. Acesso em: 21 out. 2024.
6. a) Espera-se que os estudantes identifiquem, nos trechos sublinhados, recursos de expressividade, como a utilização de palavras no diminutivo, que
remetem ao universo afetivo infantil, expressando a relação de afeto estabelecida entre Miguilim e a cachorra Pingo-de-Ouro e seu filhote. As expressões chovidinhos, dentinhos, boquinha podem ser associadas a esse universo. A utilização da expressão quatro sedes , no Trecho 1, é um neologismo empregado pelo autor para indicar a quantidade de água que havia na cabaça. Do mesmo modo, revinha é um neologismo para indicar que o cãozinho ia e voltava. A expressão brilhavam para muitas distâncias representa um recurso de expressividade usado para imprimir exagero à descrição do brilho dos dentes do cãozinho.
7. Resposta pessoal. Espera-se que o estudante perceba que, por ser um palíndromo, a palavra permanece a mesma se for lida em qualquer direção e se encerra nela mesma. Em Campo geral, Mutum é descrito como um espaço que se encerra em si mesmo tanto do ponto de vista físico, pois fica no “entre dois morros”, quanto do ponto de vista dos acontecimentos, pois o espaço é descrito como monótono e repetitivo.
(página 16)
Na abordagem dos neologismos, conforme o que é apresentado no boxe A linguagem de Guimarães Rosa, na página 16, pode-se destacar que esses fenômenos serão tratados como processo de formação de palavras na seção Estudo da Língua. Caso considere pertinente, é possível aprofundar o assunto considerando a linguagem empregada por Guimarães Rosa.
10. b) As memórias de Miguilim apresentam elementos sensoriais, como cheiros e sons, e a mistura dos elementos vivos da memória com lembranças difusas.
(página 17 a 21)
• Antes de iniciar a leitura do texto de Casimiro de Abreu, é recomendado certificar-se de que está claro para os estudantes a diferença temporal entre esse autor e Guimarães Rosa. A relação entre os textos se dá pela temática da infância, mas é essencial que
os estudantes percebam que antes foi falado de um autor modernista do século XX, e agora será apresentado o texto de um autor romântico do século XIX. Esse esclarecimento ajuda não só a situar os autores no tempo, mas também a deixar mais bem marcadas as características de cada um.
(página 19 a 21)
• M uitos autores do Ultrarromantismo escreveram poemas que idealizam a morte. Ao abordar essa temática com os estudantes, é fundamental observar suas reações e avaliar como se relacionam com o assunto. Se algum estudante demonstrar comportamentos que possam estar ligados à ideação suicida, busque imediatamente o apoio do psicólogo da escola ou da comunidade para oferecer auxílio e acompanhamento adequado.
(página 21)
• Na pr imeira questão do boxe, pode-se salientar a importância de os estudantes buscarem fontes confiáveis para suas pesquisas. Se optar por fazer o trabalho em sala de aula, avalie a possibilidade de providenciar livros que falem sobre o autor e a obra ou indique sites de universidades.
(página 22 a 34)
• Sugere-se aproveitar a primeira questão do boxe Primeiro olhar para avaliar o conhecimento prévio dos estudantes acerca do gênero textual que será analisado no Capítulo.
• Para responder à segunda pergunta do boxe Primeiro olhar, recomenda-se considerar que não é apenas o formato de veiculação que distingue a resenha crítica do vídeo-resenha, mas sim características relacionadas ao conteúdo temático, ao estilo e à construção composicional, que serão exploradas nesta seção.
Considera-se o novo gênero como uma remidiação do gênero resenha crítica. Essa diferenciação será mais bem explorada no boxe Entre gêneros, na página 26.
• Para a terceira questão do boxe Primeiro olhar, recomenda-se informar que o canal tem esse nome porque apresenta a jornada de Isabella Lubrano para ler 1 001 livros antes de morrer. Essa informação, no entanto, será confirmada nas atividades.
Conteúdo da vídeo-resenha
(páginas 26 e 27)
Sugere-se aproveitar o nome do canal do vídeo analisado para fazer um levantamento na turma a respeito dos livros que cada estudante indica que deva ser lido por todos. Cada um pode indicar livros que considera essenciais, e essa lista pode ser construída e compartilhada, desafiando a turma a explorar as recomendações dos colegas.
A classificação da vídeo-resenha como gênero textual pode ser observada em alguns textos de divulgação científica atuais. Na maioria deles, a vídeo-resenha é entendida como um gênero advindo das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDICs), que respeita a organização triádica proposta pelo teórico russo Mikhail Bakhtin, segundo a qual os gêneros são compostos de conteúdo temático, estilo e construção composicional.
Composição e contexto da vídeo-resenha
(página 28 a 31)
Ao se falar de Multimodalidade a partir do boxe da página 28, sugere-se aproveitar a oportunidade para avaliar o conhecimento dos estudantes a respeito das linguagens verbal, não verbal e multimodal. Verifique se eles se lembram desses conceitos solicitando que indiquem outros gêneros textuais com cada um desses tipos de linguagem.
• Sugere-se ler o boxe Argumentação na vídeo-resenha, na página 30, e relembrar como a argumentação é característica essencial em muitos gêneros textuais. Pode-se perguntar aos estudantes quais outros textos apresentam argumentação e verificar se eles entenderam a necessidade desse elemento na vídeo-resenha. Muito mais do que uma análise ou uma opinião a
respeito do livro, os booktubers buscam convencer o espectador a ler ou não uma obra; esse processo de convencimento necessita da argumentação.
• Outra diferença que pode ser apontada em relação às vídeo-resenhas e às resenhas escritas diz respeito à argumentação não verbal. Unindo os conteúdos dos dois boxes Argumentação na vídeo-resenha e O gênero textual vídeo-resenha, nas páginas 30 e 31, é possível falar a respeito da argumentação que ocorre pelo gestual, por meio de expressões faciais, sorrisos e empolgação enquanto se fala do livro resenhado. Outro ponto em relação a isso é a extensão do vídeo: por mais que os youtubers tenham seus padrões de duração de vídeo, pode-se deduzir que, em vídeo-resenhas mais longas, o tempo também faz parte da argumentação.
• No boxe Mundo do trabalho , da página 30, os estudantes deverão pesquisar sobre a atividade de booktuber. O objetivo é que eles possam conhecer uma atividade associada às novas tecnologias digitais de informação e comunicação. Para organizar a turma, sugere-se dividi-la em grupos e solicitar a cada grupo que pesquise um aspecto dessa atividade. Com a pesquisa feita, os estudantes devem compartilhar os resultados por meio de um mural físico a ser exposto na sala de aula ou virtual, através do Padlet (disponível em: https://padlet.com/; acesso em: 21 out. 2024), para divulgação das informações.
6. Com essa questão, espera-se que os estudantes considerem os recursos que o gênero multimodal vídeo-resenha oferece.
7. a) Relembre os estudantes de que essa é a mesma função exercida pela sinopse no gênero textual resenha crítica.
7. c) Incentive os estudantes a comentar sobre essa prática cultural de “não dar spoilers ” e o quanto ela é praticada entre os resenhistas de produtos audiovisuais, mas não tanto entre resenhistas de livros.
8. a) Caso consiga projetar o vídeo completo para a turma, peça que reparem que, no momento dessa fala (minutagem: 8 min 52 s), a vídeo-resenhista faz um movimento com as mãos normalmente aplicado juntamente da fala da expressão, o que intensifica o seu significado. Essa análise dos elementos relacionados à cinestesia (postura corporal, movimentos e gestualidade significativa, expressão facial, entre outros) é muito importante.
9. b) É possível que alguns estudantes ressaltem a ausência de citações mais bem referenciadas. Nesse
caso, sugere-se perguntar que trabalho de pesquisa seria necessário elaborar para alcançar esse objetivo. Procure relembrar a importância da pesquisa em artigos científicos, livros e portais de divulgação de informações confiáveis, além da citação correta das fontes de pesquisa. Por outro lado, procure salientar o caráter mais informal do gênero vídeo-resenha, que permite as estratégias argumentativas utilizadas pela vídeo-resenhista.
e argumentar
(página 33)
Na primeira questão do boxe, caso algum estudante responda que não, a pergunta pode ser adaptada para que tipo de booktubers eles poderiam procurar, tanto aqueles que falam de gêneros textuais que os agradam quanto aqueles que falam dos textos trabalhados em sala de aula.
Na segunda questão do boxe, se possível, não deixe de trabalhar a argumentação dos estudantes. Se julgar pertinente, pode-se fazer um pequeno debate, separando a turma em dois grupos: um que defenda a ideia de vídeos curtos para resenhas de livros e outro que defenda a ideia de que é necessário um pouco mais de tempo para construir uma argumentação adequada. Independentemente da abordagem, saliente que, muito mais importante do que encontrar resenhas em vídeo de tamanhos diferentes, é ler os livros indicados.
(página 34)
Caso algum estudante apresente dificuldade para ler o texto da história em quadrinhos, sugere-se que leia para eles, antes de iniciar as atividades propostas, a transcrição a seguir do texto apresentado na HQ.
[Primeiro quadro]: Viver é um negócio muito perigoso... Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos do homem – ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos.
Sou só um sertanejo, nessas altas ideias navego mal.
Não é que eu esteja analfabeto. Soletrei, anos e meio, meante cartilha, memória e palmatória. Eu gosto muito de moral. Raciocinar, exortar os outros para o bom caminho, aconselhar a justo.
Viver é muito perigoso... querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal, por principiar esses homens! Todos puxavam o mundo para si, para o concertar consertado. Mas cada um só vê e entende as coisas dum seu modo. Montante, o mais supro, mais sério – foi Medeiro Vaz. Que um homem antigo... Seu Joãozinho Bem-Bem, o mais bravo de todos, ninguém nunca pôde decifrar como ele por dentro consistia. Joca Ramiro – grande homem príncipe! – era político. Zé-Bebelo quis ser político, mas teve e não teve sorte: raposa que demorou. Sô Candelário se endiabrou, por pensar que estava com doença má. Titão Passos era o pelo preço de amigos: só por via deles, de suas mesmas amizades, foi que tão alto se ajagunçou. Antônio Dó – severo bandido. Mas por metade: grande maior metade que seja. Andalécio, no fundo, um bom homem-de-bem, estouvado raivoso em sua toda justiça. Ricardão, mesmo, queria era ser rico em paz: para isso guerreava. Só o Hermógenes foi que nasceu formado tigre, e assassim.
[Segundo quadro]: Ave, vi de tudo, neste-mundo!
E o “urutú-branco”? Ah, não me fale.
Ah, esse... tristonho levado, que foi – que era um pobre menino do destino...
GUAZZELLI, Eloar. Grande sertão: veredas – romance gráfico. [Adaptado da obra de] João Guimarães Rosa. Ilustrações: Rodrigo Rosa. São Paulo: Quadrinhos na Companhia, 2021. p. 14-15.
(páginas 35 e 36)
• É impor tante dirimir o estereótipo de que o sertão é uma região apenas seca e desprovida de vida. Embora em certas épocas do ano a falta de chuva afete os moradores, isso não significa que a natureza não se adapte. Há diversas espécies vegetais e animais que habitam essa região ao longo de todo o ano. Na obra literária de Guimarães Rosa, é possível encontrar descrições de paisagens que retratam a vida do lugar.
(página 37 a 48)
• Nos estudos deste Capítulo, parte-se de análises da composição de Guimarães Rosa em Campo geral para apresentar aos estudantes, na prática, como o conhecimento do processo de formação de palavras contribui para a criatividade e a expressividade linguísticas, sobretudo por seus efeitos de sentido literários. As atividades propostas extrapolam o campo artístico-literário e propõem análises de textos de outros gêneros para proporcionar aos estudantes a compreensão sobre a abrangência do conhecimento desses processos. A escolha de posicionar a formação de palavras em meio aos estudos sintáticos visa possibilitar a sua análise para além da estrutura léxica em si, extrapolando compreensões para seus sentidos no texto. No Volume 1, abordou-se o processo de construção morfológica dos verbos e, para isso, foram apresentados os conceitos de radical, vogal temática e desinências. Se possível, recupere os conhecimentos prévios dos estudantes sobre esses termos, aplicados aos verbos, pois eles contribuirão para a compreensão do significado de morfema.
A ativação dos conhecimentos prévios sobre os verbos permitirá aos estudantes fazer uma analogia com outros processos de formação de palavras. Veja este exemplo.
perderam
perd- radical: é a parte mínima que carrega o significado da ação.
-e- vogal temática: identifica a conjugação a que pertence o verbo (primeira, segunda ou terceira). Faz a ligação entre o radical e as desinências.
-ra- desinência de modo e tempo: indica o modo e o tempo em que o verbo está conjugado. Nesse caso, modo indicativo e tempo pretérito perfeito ou mais-que-perfeito, a depender do uso.
-m desinência de pessoa e número: indica a pessoa e o número em que o verbo está conjugado. Nesse caso, terceira pessoa do plural.
e formação
(páginas 37 e 38)
• O objetivo da apresentação dos mapas mentais, na página 38, é ajudar os estudantes a compreender as diferenças de aplicação entre sufixos, prefixos e
desinências, pois, no processo de formação das palavras, é comum haver dificuldade de interpretar cada uma dessas partes, o que interfere na possibilidade de conjugação verbal adequada e de uso de certos vocábulos que exijam reflexões sobre sua formação.
Formação de palavras por derivação: prefixação e sufixação
(página 39 a 41)
4. d) Nos dois casos, trata-se de árvore frutífera. Recomenda-se chamar a atenção dos estudantes para os diversos sentidos do sufixo -eira entre os exemplos do quadro. Se necessário, peça que exemplifiquem com o próprio repertório, buscando o padrão de formação dos nomes de árvores frutíferas, com o nome da fruta seguido pelo sufixo -eira
Sugere-se aproveitar o momento para explicar aos estudantes sobre a etimologia das palavras, que revela as significações dos radicais e afixos de acordo com a história de formação dessas palavras na língua. No caso de bandeira, por exemplo, o radical band- deriva do latim bandum e significa “bando” ou “estandarte”. Desse modo, em bandeira, o sufixo -eira indica um objeto adequado para sustentar um estandarte.
(página 43)
• Sugere-se reforçar a importância de valorizar a língua nacional. Existem determinados contextos em que o termo em inglês já foi incorporado à língua, como internet, self-service e hall. Há outros contextos, entretanto, em que o uso do termo em inglês é dispensável, pois há um termo em português que atende a necessidade. É o caso, por exemplo, de budget, no lugar de orçamento; job, no lugar de trabalho; e invite, no lugar de convite. Isso também ocorre com expressões, como “no fim do dia”, uma tradução do inglês “at the end of the day“; em português, uma expressão mais adequada seria “no fim das contas”.
(páginas 45 e 46)
Respostas e comentários
13. b) Não se espera que os estudantes alcancem a resposta de modo completo e detalhado; no entanto, a questão possibilita a eles refletir sobre a abrangência dos estudos linguísticos e sua função social.
13. c) Sugere-se possibilitar aos estudantes um espaço para o compartilhamento de seus conhecimentos sobre o assunto e um tempo para uma breve pesquisa sobre o surgimento desses termos, que pode ser feita por meio de seus aparelhos celulares. O termo LGBTfobia surgiu como forma de ampliar a abrangência do termo homofobia – aplicado ao preconceito sofrido por pessoas homossexuais –, para contemplar o preconceito sofrido também por todas as outras identidades de gênero e orientações sexuais.
13. d) Pode-se possibilitar aos estudantes espaço de compartilhamento das experiências que tiveram relacionadas ao assunto, com escuta atenta para identificação de casos de bullying ou cyberbullying que possam ter sofrido ou estar sofrendo. Ajude-os a reconhecer espaços seguros de escuta e denúncia, como: Disque 100, canal de denúncias contra violação de direitos humanos; Fale Conosco, do Ministério da Educação; além das ouvidorias das Secretarias de Educação dos estados e municípios.
Para subsidiar as discussões sobre preconceitos e circunscrever o contexto de surgimento dessas palavras, sugerem-se as seguintes leituras.
GONZAGA, Maria Edhuarda. O que é LGBTfobia? Conheça os números do fenômeno no Brasil. Brasil de Direitos, [s. l.], 15 jun. 2023. Disponível em: www. brasildedireitos.org.br/atualidades/o-que-lgbtfobia -conhea-os-nmeros-do-fenmeno-no-brasil. Acesso em: 23 out. 2024.
GORDOFOBIA. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, [202-]. Disponível em: www.academia.org.br/ nossa-lingua/nova-palavra/gordofobia. Acesso em: 23 out. 2024.
PODESTÁ, Lucas Lima de. Ensaio sobre o conceito de transfobia. Revista Periódicus, Salvador, v. 1, n. 11, p. 363-380, maio/out. 2019. Disponível em: https:// periodicos.ufba.br/index.php/revistaperiodicus/ article/view/27873. Acesso em: 23 out. 2024.
(páginas 47 e 48)
1. b) Flop- (radical formado pelo verbo em inglês to flop, que significa “fracassar”) + -ar (desinência de infinitivo); biscoit- (radical do substantivo biscoito) + -ar (desinência de infinitivo); info- (radical) + -demia (sufixo que advém do grego, demos, cujo significado é “povo”, “massas”); uber - (radical que se refere à marca que começou o serviço de transporte mediado por plataforma) + -ização (sufixo que indica tornar-se algo, ser um processo ou resultado); instagram- (radical que se refere ao nome da rede social de postagem de fotos) + -ável (sufixo adjetival que indica capacidade, possibilidade).
1. c) Resposta pessoal. Sugestões: Flopar – A postagem sobre a feira de ciências flopou. Biscoitar – A postagem daquele casal foi só para biscoitar. Infodemia – A infodemia decorre do excesso de comunicação estabelecido pela internet e pelas redes sociais. Uberização – O Brasil vive, atualmente, um processo de uberização do trabalho que prejudica a continuidade das garantias trabalhistas. Instagramável – Aquele restaurante que fomos era muito instagramável.
5. c) Converse com os estudantes sobre o efetivo alcance dessa campanha a pessoas que não tenham acesso à significação das palavras em inglês que constituem o termo, o que pode prejudicar a compreensão da mensagem.
(página 52)
4. Sugestões de resposta: cachorro-quente (substantivo cachorro + adjetivo quente) – composição por justaposição; pontapé (substantivo ponta + substantivo pé) – composição por justaposição; planalto (plano + alto) – composição por aglutinação; desfazer (prefixo des- + verbo fazer) – derivação por prefixação; lealdade (adjetivo leal + sufixo - dade) – derivação por sufixação; amanhecer (prefixo a- + radical -manh- + sufixo -ecer) – derivação parassintética; perda (substantivo derivado do verbo perder) – derivação regressiva; foto (fotografia) – derivação por redução.
5. O estrangeirismo consiste na incorporação de palavras de outra língua ao léxico, mantendo a grafia original da palavra ou com adaptações morfológicas para atender ao sistema fonológico da língua portuguesa. Exemplos: abajur (do francês, abat-jour); bife (do inglês, beef ); chantili (do francês, chantilly), e-mail (inglês), marketing (inglês), mignon (francês), shopping center (inglês), show (inglês).
(página 54 a 103)
e habilidades do Capítulo
• Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9 e 10
Competências específicas: 1, 2, 3, 4, 6 e 7
Habilidades de Linguagens: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG105, EM13LGG201, EM13LGG202, EM13LGG203, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG401, EM13LGG402, EM13LGG601, EM13LGG602, EM13LGG603, EM13LGG604, EM13LGG701, EM13LGG702 e EM13LGG703
Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP04, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP08, EM13LP11, EM13LP12, EM13LP14, EM13LP15, EM13LP16, EM13LP18, EM13LP24, EM13LP25, EM13LP26, EM13LP27, EM13LP30, EM13LP35, EM13LP39, EM13LP42, EM13LP43, EM13LP44, EM13LP46, EM13LP47, EM13LP48, EM13LP49, EM13LP50, EM13LP52 e EM13LP54
Reconhecer as características da Geração de 30 do Modernismo brasileiro , com base na leitura de trechos da obra de Graciliano Ramos.
A nalisar características da prosa regional da segunda geração modernista.
• Associar características do Modernismo à poesia de João Cabral de Melo Neto, reconhecendo suas particularidades.
• Produzir texto literário em discurso indireto livre
• D escrever os elementos composicionais e o contexto de circulação de uma campanha de propaganda.
• Relacionar elementos da campanha de propaganda a características do gênero textual estatuto.
• C ompreender os papéis da concordância e da regência para a construção do sentido sintático de um texto.
• Produzir um anúncio de propaganda.
(páginas 54 e 55)
• Uma das preocupações que deve ser considerada ao longo deste Capítulo, desde sua abertura, é evitar estereótipos que podem ser acionados na mente dos estudantes em relação a lugares específicos do Brasil e do mundo associados à fome. Embora a imagem do quadro retrate retirantes que provavelmente vêm da região da caatinga, não há como afirmar com certeza que essa era a intenção do autor. Portanto, se as hipóteses dos estudantes sobre a imagem se concentrarem especificamente em retirantes nordestinos, é importante orientá-los a perceber que não há elementos suficientes para sustentar essa conclusão. Tal percepção pode ser fruto do estereótipo de que o nordestino brasileiro sempre enfrenta a fome. Situação semelhante pode ocorrer em relação a países africanos.
(página 56 a 70)
• Seguindo a ideia trabalhada na abertura em relação aos estereótipos que podem ser levantados pelos estudantes, ao trabalhar o boxe Primeiro olhar, na página 56, recomenda-se buscar o equilíbrio entre o combate a essa visão e as hipóteses em relação ao livro. Como as personagens do livro são, de fato, nordestinas, caso os estudantes levantem essa hipótese, ela precisa ser validada, desde que não seja com base em visões preconceituosas.
• Ao apresentar o trecho de Vidas secas neste Capítulo, sugere-se destacar a importância de realizar a leitura completa do livro. O romance de Graciliano Ramos possui capítulos que, em grande parte, podem ser lidos de forma quase independente, o que permite instigar os estudantes com a ideia de que se trata de uma coletânea de narrativas que, juntas, formam um todo coeso. Esse ponto será aprofundado mais
adiante. Convide a turma a fazer uma leitura completa ou, ao menos, de alguns capítulos ao longo das semanas de trabalho com este material.
(página 58 a 60)
• Gr aciliano Ramos buscava se distanciar da estética modernista, ainda que pertencesse a ela. Essa busca por distanciamento tinha origem na ferrenha crítica que o autor nutria em relação aos escritores da Geração de 22. Em uma entrevista, Graciliano diz:
[…] Os modernistas brasileiros, confundindo o ambiente literário do país com Academia, traçaram linhas divisórias, rígidas (mas arbitrárias) entre o bom e o mau. E, querendo destruir tudo que ficara para trás, condenaram, por ignorância ou safadeza, muita coisa que merecia ser salva.
— Quer dizer que não se considera modernista?
— Que ideia! Enquanto os rapazes de 22 promoviam seu movimentozinho, achava-me em Palmeira dos Índios, em pleno sertão alagoano, vendendo chita no balcão.
SENNA, 1996 apud MENDES, Francisco Fabiano de Freitas. Sem exclamação! Sem reticências… ou o Modernismo de Graciliano Ramos e as contradições da modernidade brasileira. Fênix: Revista de História e Estudos Culturais, [Uberlândia], v. 8, n. 1, p. 1-15, jan./abr. 2011. p. 11. Disponível em: www.revistafenix. pro.br/revistafenix/article/view/295. Acesso em: 24 out. 2024.
3. c) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes pensem em ações governamentais que envolvam construção de reservatórios de água, irrigação, programas de planejamento e desenvolvimento sustentável e políticas de distribuição de terras, por exemplo.
4. c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes encaminhem a resposta a fim de compreender que o silêncio pode ser uma reação emocional diante das condições extremas em que viviam as personagens, pois estavam em um estado de introspecção e desespero causado pela fome e pelo sofrimento.
4. d) O louro, ao interagir com um gado inexistente, cria uma situação de ilusão ou de reprodução de
uma vida que a família pode já ter tido, considerando a capacidade da ave de aprender pela repetição. Essa atitude reforça o contraste entre o momento em que a família vive atualmente e aquele que ele cria pelas suas atitudes, intensificando a sensação de sofrimento da cena narrativa.
5. a) Espera-se que os estudantes percebam que a falta de comunicação verbal reflete o esgotamento emocional das personagens e se estabelece como uma marca da miséria. Contudo, o trecho expressa a subjetividade das personagens por meio de outros recursos, como o discurso do narrador. Essa relação entre o narrador e as personagens será mais bem explorada nas próximas atividades.
5. b) O silenciamento das personagens implica na percepção de seus sentimentos pelas suas atitudes, gestos e pensamentos transpostos através do narrador, fazendo com que essa percepção seja mediada por um outro.
romance desmontável de Graciliano Ramos (página 60 a 64)
• O conceito de “romance desmontável” foi inicialmente formulado por Rubem Braga (1913-1990) e, depois, expandido por Antonio Candido nos ensaios “Ficção e confissão” e “Cinquenta anos de Vidas secas”.
Indicações
• Sugere-se a leitura completa dos ensaios de Antonio Candido publicados na obra indicada a seguir. CANDIDO, Antonio. Ficção e confissão: ensaios sobre Graciliano Ramos. 3. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006.
linguagem
(páginas 64 e 65)
13. a) As imagens evocadas pelos pensamentos de Fabiano, materializadas em urubus , ossadas , e lama seca e rachada , são elementos que contribuem para a construção de uma atmosfera desoladora e árida, característica do sertão. Esses elementos reforçam o sentimento de desespero e de luta constante pela sobrevivência em um ambiente seco e, por vezes, hostil.
13. b) No contexto do sertão e da narrativa de Vidas secas , os urubus e as ossadas são símbolos de morte e destruição. Os urubus são aves associadas à decadência e à espera pela morte, enquanto as ossadas são restos que simbolizam o fim da vida, a fragilidade humana e o abandono. Esses elementos, mencionados nos pensamentos de Fabiano, indicam o desamparo do personagem diante da aridez do sertão e da possibilidade de morte iminente, tanto física quanto emocional.
13. c) A principal ideia é o dilema de sobrevivência em um ambiente hostil. O pensamento de “abandonar o filho” revela seu desespero e o conflito entre a responsabilidade familiar e a dura realidade do sertão. Esse dilema organiza a cena, mostrando a hesitação de Fabiano entre cuidar da família e ceder à desesperança. Suas ações, como coçar a barba e examinar os arredores, refletem essa indecisão, enquanto a imagem dos urubus e das ossadas ressalta a urgência e a gravidade da decisão, influenciada pela percepção da morte e da desolação ao seu redor.
13. d) O complemento da forma verbal pensou é “nos urubus, nas ossadas”. Já o complemento da forma passou é “a ideia de abandonar o filho naquele descampado”.
13. e) A forma verbal pensou é transitiva indireta; portanto, em sua utilização, há a necessidade da preposição. Neste caso, pensou em = “nos urubus, nas ossadas” (em + o, em + a). Já no caso do verbo passar, por se tratar de um verbo transitivo direto, não é necessária a presença de preposição; portanto, o complemento se conecta diretamente ao verbo (Passou a ideia).
(página 66 a 70)
3. a) Essa metáfora sugere uma relação de dissolução das pessoas com o ambiente, de modo que suas identidades se tornam indistinguíveis, uma vez que elas estão submetidas às condições precarizadas e à falta de recursos que perpassam a sua vida em relação ao rio.
3. b) Espera-se que os estudantes compreendam que essa imagem poética, além de intensificar a ideia de dissolução das pessoas com o ambiente, ilustra a absorção das pessoas pela lama, que se estabelece como aquilo que está entre o rio e a seca.
(página 72 a 85)
• Na primeira questão do boxe Primeiro olhar, caso os estudantes não conheçam Betinho, recomenda-se acolher todas as hipóteses levantadas pela turma e informar que, em uma etapa posterior, será realizada uma atividade de pesquisa sobre a trajetória do sociólogo, esclarecendo melhor sua importância.
• Na segunda questão do boxe Primeiro olhar, é possível que os estudantes tenham a resposta para essa questão com base em conhecimentos prévios adquiridos ao longo do Ensino Fundamental – Anos Finais. É importante que reconheçam que a campanha publicitária tem a finalidade de persuadir o público a adquirir um produto ou um serviço, enquanto a campanha de propaganda tem como finalidade defender uma causa ou uma ideia, convencendo o público a adotá-la. Utilize a questão apenas para investigar o conhecimento prévio dos estudantes, pois, adiante, essa diferenciação será evidenciada.
Conteúdo da campanha de propaganda social
(página 74 a 76)
1. b) Sugere-se explicar aos estudantes que os botões “Doe agora” e “Doe pro Natal Sem Fome” são clicáveis e encaminham o usuário para diversas opções de doação monetária à ONG. O dinheiro arrecadado é revertido na compra de alimentos.
Composição da campanha de propaganda
(página 76 a 80)
6. b) Uma sugestão de resposta é a ênfase na luta contra a fome, representada tanto por Betinho quanto pela trajetória da Ação da Cidadania (representada pelo prato vazio), uma vez que o legado de ambos retorna forte na luta contra a fome. Outra hipótese é que o prato vazio representa a fome, enquanto a figura de Betinho representa a luta contra ela.
Sugere-se permitir que os estudantes criem hipóteses livremente, desde que sejam coerentes com o anúncio e bem fundamentadas.
6. f) O Mapa da Fome é uma ferramenta que apresenta o número de pessoas que enfrentam a fome e a insegurança alimentar no mundo. Ele é publicado anualmente pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) no relatório “O estado da segurança alimentar e da nutrição no mundo”. Um país entra no Mapa da Fome quando mais de 2,5% de sua população enfrenta falta crônica de alimentos. Em 2014, o Brasil tinha saído do Mapa da Fome e sustentou essa posição até o ano de 2018. O país, no entanto, voltou a ocupar um lugar indesejado no Mapa da Fome no triênio 2019-2021 e se manteve no triênio 2020-2022, com agravamento durante a pandemia do coronavírus. Esse cenário justifica a afirmação “a fome voltou forte”.
6. g) Sugestões de resposta: é possível afirmar que no aumento dos índices de insegurança alimentar no Brasil, a figura de Betinho foi muito relembrada, portanto a ONG pode ter julgado importante resgatar seu legado e a força da sua imagem; a ONG pode ter escolhido ser representada pela figura de seu criador, Betinho; pode-se ter chegado à conclusão de que a figura de Betinho seria a maior responsável por gerar comoção entre os possíveis doadores, especialmente no aniversário de sua criação.
7. b) Comente com os estudantes que os influenciadores digitais e artistas famosos costumam apoiar campanhas compartilhando-as em redes sociais, o que acontece comumente com as campanhas da Ação da Cidadania.
8. a) O logo é composto pela imagem de um prato de alumínio vazio. Na frente dele, aparece o nome da organização, Ação da Cidadania, e a palavra ação aparece em destaque, em uma fonte maior, e com um fundo vermelho, parecendo “encher o prato”. As cores cinza, vermelho e branco prevalecem.
8. c) Resposta pessoal. A escolha de manter o logo pode refletir o desejo de preservar a identidade e valores como estabilidade e consistência, já associados à organização. O logo é um símbolo de confiança, tradição e conexão com o público.
8. e) As cores do logo – cinza, vermelho e branco –marcam a paleta de cores do anúncio, no qual soma-se apenas a cor preta. As partes fixas do portal, por sua vez, como é o caso do rodapé, também são formadas pelas cores cinza, vermelho, branco e preto, evidenciando uma identidade visual atrelada à organização Ação da Cidadania.
80)
• Para a terceira questão do boxe, sugere-se comentar que, em 2024, uma propaganda comercial com a finalidade de vender um modelo de carro causou controvérsia ao usar inteligência artificial (IA) para criar dueto póstumo da cantora Elis Regina (1945-1982) com a filha Maria Rita (1977-). Esse caso pode ser trazido ao conhecimento dos estudantes para discutir os limites de uma campanha. É interessante também que eles reflitam sobre as diferenças entre anunciar um produto e anunciar uma ideia ou causa, o que difere o caso de Betinho do caso de Elis Regina. Por fim, explique à turma que existe um órgão regulador do mercado publicitário, que se empenha justamente em avaliar essas situações. É o conselho de ética do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar).
(página 81 a 84)
• Neste item, propõem-se estudos para o reconhecimento de padrões de crase, com base no texto. É importante que os estudantes a compreendam como um fenômeno, e não como uma acentuação. Ao longo dos estudos, sugere-se evidenciar que esse fenômeno é a junção entre duas letras a, sendo uma delas a preposição e a outra o artigo, e que, para indicar essa fusão, usa-se a notação do acento grave. Evidencie, ainda, como a ausência da crase pode modificar o sentido dos enunciados.
12. Os estudantes podem ter dificuldades para o reconhecimento dos padrões, por isso a estratégia de abordagem em duplas. Se possível, ajude-os a identificar esses padrões. Para essa atividade, pode-se recorrer aos mapas mentais apresentados com as regras, página 82 a 84; assim, torna-se possível reconhecê-las como o estabelecimento de comportamentos padrão dos fenômenos.
(páginas 84 e 85)
• Como qualquer outro gênero textual, a melhor maneira de estudar o gênero textual estatuto com a turma é apresentando exemplos concretos. Sugere-se convidá-los a pesquisar a respeito de outros estatutos famosos, como o do Idoso, o da Juventude e o da Terra.
2. a) O capítulo I se inicia a partir do Título II.
(páginas 86 e 87)
Sugestões didáticas
O objetivo desta proposta é apresentar o processo químico da fome metabolizado no organismo humano, para que os estudantes possam estabelecer associações com a abrangência do seu processo social. Nesse sentido, a compreensão do fenômeno bioquímico possibilita aos estudantes alcançar, com mais propriedade, as sensações provocadas pela ausência extrema de alimentação, como é o caso dos retirantes de Vidas secas e as pessoas atendidas pela Ação da Cidadania. Sugere-se, para melhor aproveitamento do conteúdo da seção, o estabelecimento de parcerias com os professores de Ciências da Natureza, especialmente biólogos ou químicos.
1. Para subsidiar as respostas dos estudantes, sugere-se a leitura do artigo “Aspectos fisiológicos do balanço energético” (disponível em: https://doi.org/10.1590/ S0004-27302002000300005; acesso em: 24 out. 2024).
1. f) Como ponto de partida para as buscas, sugere-se a leitura da reportagem “Como a fome afeta o corpo?” (disponível em: www.nationalgeographicbrasil.com/ ciencia/2023/02/como-a-fome-afeta-o-corpo; acesso em: 24 set. 2024). A fome acarreta perda de peso, porque, na falta da fonte energética, o organismo retira a energia armazenada nas células de gordura, que são uma das reservas energéticas dos seres humanos, ou nos músculos. Se for mantida por períodos mais longos, a fome geralmente leva a uma deficiência de macronutrientes, vitaminas e minerais
que podem acarretar queda de cabelo, unhas fracas, dificuldade de raciocínio, tontura e náusea, provocando alterações no metabolismo, que passa a trabalhar de forma bastante lenta e pode levar ao comprometimento da função dos órgãos, impedindo a secreção de importantes enzimas e hormônios reguladores do corpo. Como consequência, tem-se desaceleração do crescimento, anemia, fadiga, baixa imunidade e mudanças psíquicas, como a apatia e a depressão, e pode levar à morte.
2. Como impede que o organismo se nutra e obtenha energia para seus processos de manutenção da vida constituintes para renovação de suas células, a fome pode levar o organismo à morte. Espera-se que os estudantes associem a situação de extrema pobreza e miséria vivida tanto pelos retirantes de Vidas secas quanto pelas pessoas atendidas pela campanha da Ação da Cidadania contra a fome à sua baixa expectativa de vida, fato que precisa ser mudado.
(página 88 a 98)
• Nesta seção, o foco de estudo está em fenômenos gramaticais essenciais para a construção do sentido nas frases: concordância nominal e verbal, regência nominal e orações reduzidas. Considerando que esses temas já foram abordados ao longo da escolarização dos estudantes, a proposta é aprofundar o conhecimento por meio da análise de textos mais complexos, possibilitando aos estudantes reflexões sobre como a concordância e a regência impactam na construção de textos com fluidez.
(página 88 a 92)
• Sugere-se indicar aos estudantes que passem a observar a presença dos verbos nas frases e as palavras que os acompanham. Nesse contexto, observarão que os verbos se modificam o tempo todo na concordância. Antes de apresentar as regras, retome a importância estética de manter um texto de acordo com as regras de concordância verbal. Cite o próprio exemplo da campanha “A fome dobrou”, mostrando como faltaria
harmonia se a frase estivesse escrita de outra forma, como “A fome dobraram”. É importante, no entanto, ressaltar que desvios de concordância podem ser intencionais, para efeitos de sentido diversos. É o caso da famosa manchete do jornal O Dia, de 24 de março de 2012: “Morreram Chico Anysio”.
• Na página 89, caso considere necessário, retome com os estudantes os verbos impessoais, aqueles que não possuem um sujeito determinado e, por isso, são conjugados apenas na terceira pessoa do singular. Esses verbos são frequentemente utilizados em expressões que indicam fenômenos da natureza, como chover, nevar e trovejar. Além disso, verbos como fazer e haver, quando indicam tempo ou existência, também são impessoais.
1. c) Ao se apresentarem os conceitos de concordância verbal e nominal, recomenda-se enfatizar que a harmonia sintática entre palavras é crucial para que a mensagem seja clara e precisa. Quando as palavras estão em concordância, a frase flui e facilita a compreensão do leitor ou ouvinte. Se há desarmonia, como no uso inadequado de gênero ou número, isso pode gerar confusão e dificultar a interpretação.
4. c) Sugere-se reforçar com os estudantes a imagem da mulher e da criança como possíveis emissoras da mensagem. Comente com os estudantes a estrutura no texto da campanha, em que o adjetivo obrigada combina em gênero com a produtora desse enunciado. Reafirme que, ao escrever, é importante observar se os adjetivos e substantivos se ajustam em pessoa, gênero e número para combinar um com o outro. Esse ajuste ajuda a tornar a mensagem mais clara e precisa, sendo o cerne do conceito de concordância.
Regência nominal
(páginas 92 e 93)
• Pode-se retomar com os estudantes os tipos de preposição, se necessário, destacando que muitas palavras, especialmente substantivos, adjetivos e advérbios, exigem o uso de preposições para completar o seu sentido. A regência nominal trata justamente dessa relação entre os termos, indicando que certos nomes pedem complementos introduzidos por preposições específicas.
(página 93 a 95)
6. Sugere-se começar a atividade revisando rapidamente as formas nominais dos verbos: particípio, gerúndio e infinitivo. Em seguida, introduza as orações reduzidas, explicando que elas são construídas com base nessas formas nominais e são utilizadas para tornar a linguagem mais concisa e fluida. Concentre a explicação em como essas orações funcionam dentro da estrutura da frase, enfatizando a sintaxe e a função que desempenham, como expressar causas, condições, tempo ou finalidade de maneira mais direta.
(página 99 a 101)
1. a) É possível que os estudantes também comentem a repetição da postura e expressão facial de Betinho no anúncio apresentado na seção Estudo do Gênero Textual. É interessante perceber essa semelhança, claramente intencional, mas ela não necessariamente está relacionada à identidade visual da Ação da Cidadania.
1. c) Espera-se que os estudantes percebam que as redes sociais democratizaram o acesso a informações, permitindo que o compartilhamento de mensagens – inclusive de causas e ideias propagadas em campanhas – cheguem a mais pessoas. Da mesma maneira, as pessoas que não são publicamente conhecidas também podem se engajar, como é o caso da ação proposta pela Ação da Cidadania.
(página 102)
3. A proposta visa garantir que as informações sejam organizadas de forma clara e acessível, estimulando não somente a memorização, mas a autonomia dos estudantes. Espera-se que sejam incluídas as regras de concordância verbal e nominal, conforme abordado na seção Estudo da Língua.
(página 104 a 141)
Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 6, 7, 8, 9 e 10
Competências específicas: 1, 2, 3, 4 e 6
Habilidades de Linguagens: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG201, EM13LGG202, EM13LGG203, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG401, EM13LGG402, EM13LGG601, EM13LGG602 e EM13LGG604
Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP04, EM13LP06, EM13LP08, EM13LP11, EM13LP12, EM13LP14, EM13LP15, EM13LP18, EM13LP37, EM13LP42, EM13LP43, EM13LP45, EM13LP46, EM13LP48, EM13LP49, EM13LP50 e EM13LP52
Compreender as características da obra poética de Fernando Pessoa.
Associar a poesia de Fernando Pessoa ao Modernismo português e brasileiro.
Analisar características da poesia modernista de segunda e terceira geração no Brasil.
Descrever os elementos composicionais e o contexto de circulação de um perfil biográfico
• Diferenciar o gênero textual perfil biográfico de outros gêneros similares.
• Compreender o período composto por coordenação e o período composto por subordinação na construção dos efeitos de sentido de um texto.
• R elacionar a coordenação de orações à coesão textual
• Produzir um perfil biográfico para ser compartilhado com a comunidade escolar.
(páginas 104 e 105)
• Ao se explorarem as perguntas da abertura do Capítulo, é importante esclarecer aos estudantes que, em qualquer obra artística, a intencionalidade do autor é menos relevante do que a interpretação da obra em si. Reforce a ideia para que eles compreendam que não há uma única resposta correta para a primeira questão. Ao se abordar a quarta pergunta, essa noção poderá se tornar ainda mais evidente, já que diferentes veículos e meios de comunicação podem produzir reportagens ou notícias sobre a obra sob perspectivas variadas.
(página 106 a 118)
• Neste início de estudo, é recomendável evitar o uso do termo heterônimo, não apenas porque será abordado posteriormente, mas também porque o objetivo inicial é fazer com que os estudantes estabeleçam uma relação entre a vida do autor e sua obra, em vez de focar na compreensão dessa nomenclatura.
• Com base na primeira atividade do boxe Primeiro olhar, na página 106, é possível encontrar evidências de aprendizado a respeito do Modernismo brasileiro. Verifique se a turma se lembra do que foi estudado sobre essa escola literária e faça uma breve recapitulação se for necessário.
(página 108 a 111)
• É impor tante verificar se os estudantes realmente entenderam o que é um heterônimo. Uma forma eficaz de assegurar essa compreensão é apresentar outros exemplos de poemas de cada uma dessas personalidades literárias. Se julgar pertinente, também pode ser interessante apresentar um trecho do Livro do desassossego, do heterônimo Bernardo Soares.
Além disso, pode-se antecipar a discussão proposta na questão 4 para reforçar o entendimento.
• O entendimento dos heterônimos pessoanos pode ser averiguado ao mesmo tempo que se convidam os estudantes a explorar mais sobre cada um deles. A turma pode ser dividida em grupos, e cada um pode representar um dos principais heterônimos do poeta (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis), além do próprio Fernando Pessoa. Primeiro, cada grupo analisa trechos de poemas e discute as características do autor que representa, como estilo, visão de mundo e emoções predominantes. Em seguida, os estudantes podem criar performances curtas, como dramatizações, leituras poéticas encenadas ou até músicas inspiradas nos textos. Para finalizar, pode-se organizar um “Café Literário Pessoano”, em que cada grupo apresente sua performance, seguida por um debate sobre como essas múltiplas personalidades literárias refletem os dilemas humanos em torno da identidade e da existência.
Álvaro de Campos é o heterônimo mais complexo de Fernando Pessoa. A divisão de sua obra em fases –conforme apresentado no boxe As fases de Álvaro de Campos , na página 110 – é uma maneira de compreendê-lo para interpretá-lo. Pode-se mencionar outros escritores famosos que também tiveram fases e/ou escreveram gêneros textuais diversos. É o caso, por exemplo, de Machado de Assis, cuja obra tem uma fase romântica e outra realista, e de Carlos Drummond de Andrade, com a grande variação temática ao longo de toda a sua produção poética. Este último será estudado posteriormente.
O modernismo português e a revista Orpheu
(páginas 112 e 113)
• Se o tempo de aula permitir, é interessante apresentar outros textos da revista Orpheu como exemplo de alguns autores que contribuíram para o periódico. Isso permitirá aos estudantes realizar uma breve análise dos elementos do Modernismo português, ampliando o foco para além de Fernando Pessoa. É possível acessar dois exemplares da revista Orpheu (disponível em: https://modernismo.pt/index.php/ orpheu; acesso em: 28 out. 2024).
• O boxe As fases do Modernismo português, na página 112, responde, de forma mais concreta, ao pedido do item c da atividade 8. É interessante levantar as características apontadas pelos estudantes nessa atividade para, em seguida, convidá-los a ler e discutir o texto do mesmo boxe, em que são apresentadas as características literárias da primeira fase do Modernismo português.
(página 113)
• As atividades 12 e 13 do item apresentam exemplos de oração coordenada assindética e de oração coordenada sindética adversativa. Esses tipos de coordenação geram efeitos de sentido distintos: nos exemplos analisados no item, a oração coordenada assindética indica adição de informações, enquanto a coordenada sindética adversativa expressa contradição, indicada pela conjunção mas. Para promover um entendimento mais aprofundado sobre a forma linguística responsável por esses efeitos de sentido, é possível apresentar aos estudantes outros exemplos.
(página 115 a 118)
• Desde a Semana de Arte Moderna de 1922, a produção poética brasileira tornou-se significativamente mais diversa. É importante destacar aos estudantes que a seleção de Manoel de Barros e Carlos Drummond de Andrade para este Capítulo é uma escolha didática e não deve levar à conclusão equivocada de que a poesia modernista no Brasil se resume a esses autores.
• Considerando que o nome da subseção é Diálogos, é fundamental estabelecer conexões intertextuais entre o que é abordado nesta subseção e o conteúdo da seção como um todo. Isso inclui tanto semelhanças e diferenças entre os poemas de Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade e Manoel de Barros quanto distintas manifestações do Modernismo em cada país. Um modo relevante de abordar a intertextualidade, que pode suscitar reflexões sobre outros países de língua portuguesa, é comparar a maneira como esses autores utilizam a língua portuguesa em suas obras.
4. b) A epígrafe de Machado de Assis contextualiza o poema de Barros em uma tradição literária que reflete sobre o papel do sujeito no mundo, complementando a interpretação do poema. No contexto do poema, a epígrafe pode ser interpretada como um apontamento para a limitação da racionalidade em contraposição ao sentimento diante dos elementos da natureza.
5. Espera-se que os estudantes identifiquem que ambos os poemas exploram a condição humana com base na relação com o cotidiano e fazem uso de linguagem simples e versos brancos, ou seja, sem rima. Enquanto “Mãos dadas” se destaca pela abordagem engajada e pela crítica social mais direta e marcada historicamente, ”Biografia do orvalho” explora essa crítica de forma mais universalizante, por meio da relação do ser humano com a natureza ao seu redor.
6. No poema “Biografia do orvalho”, Manoel de Barros aborda a necessidade de “ser Outros” através da valorização da incompletude e da fragmentação, refletindo sobre a ideia de que a identidade é múltipla e está em constante transformação. Fernando Pessoa, por meio de seus heterônimos, explora a multiplicidade da identidade, permitindo que diferentes perspectivas e vozes coexistam e se expressem. Ambos os poetas reconhecem a complexidade da identidade humana e a necessidade de experimentar e incorporar diferentes aspectos de si mesmos. Enquanto Barros o faz através da interação com a natureza, Pessoa o faz criando diversas personas literárias que exploram diferentes facetas da experiência humana.
(página 119 a 127)
Caso julgue pertinente trabalhar o gênero em outras mídias, sugere-se indicar podcasts que tracem perfis biográficos de pessoas famosas e anônimas.
• Outra opção é convidar a turma a antecipar o trabalho de produção textual, mas em uma linha do tempo coletiva. Cada estudante escolhe uma pessoa de relevância (pode ser um artista, escritor, ativista ou até alguém próximo, como um familiar), e a tarefa será construir um perfil biográfico breve, destacando momentos importantes da trajetória da pessoa escolhida. Na aula, organize uma linha do tempo interativa
na sala: cada estudante colocará, em ordem cronológica, o marco mais relevante da biografia que escreveu, representando-o com uma imagem que simbolize tal momento. Em seguida, cada um apresenta seu texto explicando como escolheu os fatos e o que considera inspirador na vida da pessoa. Para fechar, proponha uma reflexão coletiva sobre como um perfil biográfico revela tanto a história pessoal de um indivíduo quanto aspectos culturais e sociais de uma época.
• Na segunda questão do boxe Primeiro olhar , é possível que alguns estudantes confundam o perfil biográfico com outros gêneros textuais, como biografia e relato de experiência vivida. Nesse caso, procure explicar que as diferenças entre esses gêneros serão explicitadas ao longo das atividades.
• Na terceira questão do boxe Primeiro olhar, o mais importante para uma pergunta como essa é avaliar a argumentação elaborada pelos estudantes para convencer seus colegas sobre o quanto a personagem escolhida mereceria um perfil biográfico. É possível complementar a atividade questionando a respeito de figuras ficcionais que também valeriam ter o seu perfil biográfico descrito. Os estudantes podem pensar em personagens de livros, filmes, séries, quadrinhos, desenhos animados ou qualquer outra obra ficcional que julgarem interessante.
(páginas 121 e 122)
• Ao se apresentar o boxe Retomada, na página 122, é importante destacar que os conteúdos acerca das figuras de linguagem foram explorados no Capítulo 2 do Volume 1 e no Capítulo 5 do Volume 2 . Sugere-se retomar brevemente com os estudantes alguns exemplos de figuras de linguagem, destacando seu sentido e sua função dentro do texto.
• Pode-se estender o trabalho de retomada das figuras de linguagem por meio do questionamento sobre outras que vierem à mente dos estudantes. Mais importante do que se lembrarem de figuras de linguagem estudadas em anos escolares anteriores é eles saberem aplicá-las e reconhecer sua relevância em seus contextos de uso.
1. c) Respostas pessoais. O perfil biográfico lido é composto de marcas de linguagem poética e conotativa, nem sempre aplicadas a textos jornalísticos, o que pode gerar certo estranhamento. Essas inovações textuais provocadas pela escrita da repórter Eliane Brum serão aprofundadas ao longo da seção.
O perfil ao qual os estudantes terão acesso neste Capítulo, entretanto, procura deturpar uma lógica jornalística, tentando provar, por meio de uma escrita sensível, que toda a vida pode ser lida como extraordinária. Ao longo das atividades, e especialmente na subseção Diálogos, os estudantes serão convidados a essa reflexão.
2. O objetivo da atividade é analisar se os estudantes têm uma compreensão global do texto e dar início à compreensão de algumas das marcas conotativas utilizadas nele.
4. a) Respostas pessoais. Permita que os estudantes respondam à questão de acordo com sua própria percepção leitora. É possível, no entanto, afirmar que a característica acumuladora de Oscar Kulemkamp fica evidente no texto pela primeira vez no trecho do terceiro parágrafo: “Quando o interior ficou abarrotado, começou a ocupar o quintal, o corredor, os fundos. Quando todos os espaços foram preenchidos, passou a pendurar nos galhos dos cinamomos, dos abacateiros.”
6. I) Prosopopeia ou personificação, porque ao utilizar o adjetivo amputado para as pernas quebradas dos banquinhos, o texto atribui a esses objetos uma característica humana.
6. II) Metáfora, pois, como já foi observado, a expressão retalhos de existência é utilizada no lugar de restos, lixos, descartes, provocando assim uma transposição de sentidos.
6. III) Gradação, porque a sequenciação de palavras provocou um efeito de progressão que demonstra os resultados da compulsão acumuladora de Oscar Kulemkamp.
6. IV) Comparação, pois compara Oscar Kulemkamp (com o nome suprimido no texto) a uma toupeira miúda, aproximando duas expressões de universos diferentes por meio do pronome relativo como.
7. a) Respostas pessoais. Sugestões de resposta: toca, casulo, esconderijo, castelo. A imagem de um lugar escuro e abarrotado e, ao mesmo tempo, ao final do texto, a imagem de um castelo para Oscar Kulemkamp, evidenciam até o último parágrafo a oposição e a dualidade presentes na realidade apresentada. Essa oposição será melhor desenvolvida na atividade 8.
(página 122 a 125)
• A teoria acerca dos quatro aspectos fundamentais do perfil biográfico, presente no boxe Características do perfil biográfico, da página 124, foi formulada pelo jornalista e professor Sergio Vilas-Boas, cuja obra se dedica a esse assunto.
• Para ampliar os seus conhecimentos sobre perfil biográfico, sugerem-se as obras do estudioso Sergio Vilas-Boas indicadas a seguir.
VILAS-BOAS, Sergio. Perfis: o mundo dos outros 22 personagens e 1 ensaio. 3. ed. Barueri: Manole, 2014.
VILAS-BOAS, Sergio. Biografias & biógrafos: jornalismo sobre personagens. São Paulo: Summus, 2002.
VILAS-BOAS, Sergio. Biografismo: reflexões sobre as escritas da vida. 2. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2014.
4. b) A apresentação da percepção de outras pessoas do mesmo contexto que Oscar Kulemkamp muda a perspectiva heroica da narrativa. Em especial, da vizinha que pediu providências ao Departamento Municipal de Limpeza Urbana, o que demonstra que há um problema de saúde gerado pela batalha de Kulemkamp, e do vizinho que deixa a mangueira de prontidão, já esperando um incêndio na casa do biografado, o que demonstra o perigo de suas práticas para a comunidade. Os filhos que não compreendem sua obsessão acabam também reforçando essa imagem dúbia. Eliane Brum traça um perfil de Oscar Kulemkamp que não permite uma análise maniqueísta do biografado e, também por isso, se mostra muito interessante. Ao mesmo tempo que ele pratica uma atitude ecologicamente elogiável, acaba se tornando um acumulador, obsessão que incomoda familiares e vizinhos. Essas duas facetas de Kulemkamp são traçadas de maneira muito sutil na escrita de Brum, o que exige análise e olhar atentos do leitor para percebê-las.
8. b) Para auxiliar os estudantes no preenchimento do quadro, sugere-se iniciar colocando as primeiras linhas na lousa. Depois, solicite à turma que acompanhe o exemplo.
8. c) O que causa mistério e espanto no número 81 da rua Bagé é a oposição ou aparente contradição de abrigar um castelo feito de sobras. Um homem deu valor a si mesmo e à sua vida, mas resgatando as vidas jogadas fora. Além disso, é importante evidenciar que, em um mundo acostumado ao consumo desenfreado, um homem que dedica a vida a salvar descartes parece espantoso.
10. É interessante resgatar o conhecimento construído pelos estudantes nos capítulos anteriores acerca do estudo dos verbos para responder a essa questão. Chame a atenção deles para o fato de que o presente geralmente utilizado em biografias é o presente histórico, recurso linguístico que consiste em utilizar o tempo presente do modo indicativo para se referir a eventos passados, como se estes estivessem ocorrendo no tempo da escrita.
11. b) Por meio da luta travada por Oscar Kulemkamp para colecionar os itens descartados pelos moradores de Porto Alegre. O perfil biográfico também lança luz sobre a relação entre o consumo e o descarte rápido presentes na sociedade.
11. c) Respostas pessoais. Os estudantes devem ser convidados a refletir sobre o seu próprio perfil de consumo e o destino dos resíduos que produzem.
12. Espera-se que os estudantes percebam que, para a coleta das informações apresentadas no perfil, Eliane Brum pode ter feito pesquisas acerca da cidade de Porto Alegre e de sua dinâmica de descarte de lixo, entrevistado Oscar Kulemkamp –provavelmente, mais de uma vez –, assim como as pessoas com as quais ele se relaciona, e observado o biografado em seu dia a dia. A etapa de observação e convivência com o biografado é bastante importante na produção de um perfil.
A linguagem do texto
(página 125)
15. As atividades 13 e 14 promovem reflexões iniciais sobre os períodos compostos por coordenação e por subordinação, com base em seus efeitos de sentido na construção do texto. Nessa atividade,
o objetivo é que os estudantes reconheçam que a complexidade do texto não está, necessariamente, no emprego de relações de subordinação e de coordenação, mas no estilo que se constrói no seu emprego com um determinado propósito. Por isso, chame atenção dos estudantes para a presença de períodos compostos por coordenação.
Resposta: Entre as hipóteses possíveis estão: condensar informações em períodos curtos para expandi-los em uma relação de sentido inferida pelo leitor; dar focos diversos ora a sujeitos, ora a outros tópicos que estejam, por exemplo, nas orações principais em relação às subordinadas; relacionar duas ideias entre si, criando imagens mentais específicas; promover um ritmo de leitura mais ágil ao texto, já que ele não tem relações excessivas de subordinação; possibilitar organização clara e lógica do texto, buscando evitar ambiguidades que podem ser causadas pelo emprego de períodos longos.
(páginas 126 e 127)
• A história do nascimento da coluna “A vida que ninguém vê” pode ser lida no prefácio “A vida que ninguém vê como eu a vi”, escrito pelo jornalista Marcelo Rech, texto que acompanha a obra indicada a seguir. No livro, Eliane Brum relata histórias reais de pessoas comuns utilizando seu olhar jornalístico sensível para transformar situações cotidianas em narrativas profundamente humanas. BRUM, Eliane. A vida que ninguém vê. Prefácio: Marcelo Rech. 2. ed. Porto Alegre: Arquipélago, 2006.
(página 128 a 137)
• O estudo dos períodos compostos se torna mais significativo para o estudante do Ensino Médio quando é explicada a intenção do uso em cada contexto. Ao se resgatarem trechos dos poemas de Fernando Pessoa, por exemplo, é possível demonstrar que a coordenação e a subordinação podem ser utilizadas com intuitos artísticos.
• A coordenação costuma ser uma relação mais simples de os estudantes entenderem. Para recapitular o
conhecimento adquirido anteriormente, pode-se resgatar o conhecimento morfológico a respeito das conjunções coordenativas. Dessa forma, será possível fazer uma relação entre a morfologia e a sintaxe.
6. c) O paralelismo sintático será abordado no próximo Capítulo. Se considerar necessário, antecipe o conceito aos estudantes; assim, eles poderão acionar conhecimentos prévios mais adiante.
(páginas 131 e 132)
Para o início desse item, pode ser interessante explicar aos estudantes a diferença entre os prefixos das palavras intraparágrafo e interparágrafo. A diferença entre os prefixos intra- e inter- está no escopo da relação que eles indicam.
• Intra-: refere-se a algo que ocorre dentro (ou no interior) de um mesmo espaço, grupo ou sistema. Exemplo: intramuscular (dentro do músculo).
• Inter-: indica algo que acontece entre (ou envolvendo) dois ou mais espaços, grupos ou sistemas. Exemplo: internacional (entre diferentes nações).
A exemplificação do uso da língua em uma redação de vestibular ou do Enem objetiva demonstrar, em textos produzidos por estudantes, a adequada aplicação da coordenação entre períodos sem que se perca a coesão textual. Avaliar esse elemento gramatical é uma forma que essas provas têm de extrair evidências de que os jovens conseguem encadear ideias de maneira coerente. Portanto, evite focar a explicação desse item apenas na questão avaliativa dos exames, mas demonstre a relevância de construir textos (orais ou escritos) que concatenem coerente e relevantemente o que se quer dizer independentemente do contexto de uso.
• Ao se apresentarem os operadores argumentativos, sugere-se direcionar o olhar dos estudantes para que eles não decorem essa lista, e sim compreendam a relação entre períodos diferentes com um elemento que os conecte de maneira a expressar exatamente aquilo que eles estão pensando.
• Pode-se fazer um trabalho de avaliação por pares a respeito da coesão textual em textos escritos. Cada estudante deve elaborar um texto argumentativo sobre um tema proposto, utilizando, de forma consciente, os operadores argumentativos intra e interparágrafos. Em duplas, os estudantes trocam seus textos entre si; então, cada um avalia se consegue identificar e discutir as conjunções usadas e a eficácia das construções no texto do colega. Cada estudante pode revisar seu texto com base no feedback recebido e, se possível, reescrevê-lo para melhorar a clareza e a argumentação.
subordinadas substantivas: subjetiva, predicativa e completiva nominal (página 132 a 135)
• A ntes de iniciar a explicação sobre as orações subordinadas substantivas, sugere-se verificar se os estudantes se lembram dos conceitos de sujeito, predicativo e complemento nominal. Pode-se fazer uma breve revisão ou, se julgar adequado, realizar essa avaliação coletivamente, escrevendo algumas orações na lousa que apresentem esses elementos e pedir que os estudantes os identifiquem.
• Por terem nomes parecidos e geralmente aparecerem relacionados ao sujeito, predicativo e predicado são comumente confundidos pelos estudantes. Dado que a análise da oração subordinada substantiva diz respeito ao predicativo, reforce bem esse conceito, a fim de facilitar a identificação de um predicativo oracional.
Oficina de Texto
(páginas 138 e 139)
Motivar a criação
• Como a atividade envolve entrevistas, é importante que os pais ou responsáveis sejam avisados sobre o objetivo dela, de maneira que eles possam monitorar o processo da forma que julgarem melhor.
(página 142 a 179)
Competências e habilidades do Capítulo
Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9 e 10
Competências específicas: 1, 2, 3, 4, 6 e 7
Habilidades de Linguagens: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG105, EM13LGG201, EM13LGG202, EM13LGG203, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG401, EM13LGG402, EM13LGG601, EM13LGG602, EM13LGG603, EM13LGG604, EM13LGG701, EM13LGG702 e EM13LGG703
Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP08, EM13LP11, EM13LP14, EM13LP15, EM13LP18, EM13LP20, EM13LP21, EM13LP24, EM13LP27, EM13LP30, EM13LP32, EM13LP36, EM13LP41, EM13LP43, EM13LP44, EM13LP45, EM13LP48, EM13LP49, EM13LP50, EM13LP51, EM13LP52 e EM13LP54
Reconhecer a função dos tipos de discurso na construção de uma narrativa com variados pontos de vista
C ompreender a literatura como forma de resistência em contextos de repressão.
R econhecer a importância do gênero textual postagem de marca na divulgação de produtos e na transmissão de informações sobre eles.
• Identificar os modos como postagens de marca influenciam comportamentos do público-alvo.
• Compreender o modo como orações subordinadas – objetiva direta, objetiva indireta e apositiva –contribuem para a construção de sentido de textos.
• Identificar o uso intencional dos paralelismos sintático e semântico como recursos textuais que colaboram na harmonia, coesão e clareza de um texto.
• Reconhecer as diversas maneiras de produzir uma postagem de marca com o uso de diferentes recursos, como a inclusão de uma playlist.
• Produzir uma postagem de marca.
(páginas 142 e 143)
• O Capítulo é iniciado com a análise da obra Sankofa no 2 – Resgate (Adinkra Asante), do artista Abdias Nascimento. A imagem dialoga com o tema do Capítulo, pois os estudantes serão convidados a refletir sobre a construção de identidade por meio da língua e a entender aspectos da linguagem artística e como esta pode contribuir para a criação literária em língua portuguesa.
• Os Adinkras são símbolos visuais presentes em países da África Ocidental e originários do povo Ashanti (ou Asante) que expressam conhecimentos ancestrais, como valores culturais, normas de conduta e conceitos filosóficos. Tradicionalmente, esses símbolos eram usados em contextos fúnebres para transmitir mensagens aos falecidos, mas, atualmente, também aparecem em outras áreas, como na arte e design. O Adinkra Sankofa é o mais conhecido desses símbolos e representa a importância de aprender com o passado. Na língua Akan, Sankofa significa “volte e pegue”. Esse conceito é simbolizado de duas formas: pela imagem de uma ave que olha para trás ou pela figura de um coração. Ambas as representações aparecem na obra de Abdias Nascimento, analisada na abertura do Capítulo, em que a ave ocupa o centro, emoldurada pelo coração. Compreender o significado do Adinkra Sankofa pode enriquecer a interpretação da obra e ampliar o repertório sociocultural dos estudantes.
1. Espera-se que os estudantes interpretem o Adinkra Sankofa (o pássaro que olha para trás) como um modo de representar a importância daquilo que veio antes, de retorno e valorização das culturas ancestrais africanas.
• Para saber mais sobre os significados dos Adinkras e visualizar algumas representações desses ideogramas, sugere-se a leitura a seguir.
VELOSO, Abraão. Tecnologia ancestral africana: símbolos Adinkra. Belo Horizonte: Espaço do Conhecimento UFMG, 16 ago. 2022. Disponível em: www. ufmg.br/espacodoconhecimento/tecnologia -ancestral-africana-simbolos-adinkra/. Acesso em: 7 nov. 2022.
(página 144 a 155)
Sugere-se propor as questões do boxe Primeiro olhar antes da leitura do trecho de A geração da utopia, de Pepetela. O objetivo das questões é permitir que os estudantes reflitam sobre a construção literária, ativando os conhecimentos prévios sobre o gênero e levantando hipóteses sobre as ideias presentes no texto que será lido.
Metaficção historiográfica
em A geração da utopia
(página 146 a 149)
2. c) O objetivo desse item é incentivar os estudantes a associar os dados históricos pesquisados ao trecho de romance lido no Capítulo. Espera-se que eles percebam que, ao se distanciar de sua terra natal, a personagem Sara assume uma visão mais crítica e independente, que destoa da visão de sua família acerca das questões sociais das colônias –possível resultado da sua origem nas classes mais altas. Se possível, reserve parte da aula para auxiliar a turma a realizar a pesquisa, seja na biblioteca, seja na sala de informática. Auxilie os estudantes a encontrar fontes confiáveis, a realizar anotações pertinentes à questão e a discutir o tema com os colegas. Se necessário, utilize como ponto de partida para a pesquisa o texto explicativo da página 148, que traz informações sobre esse conteúdo.
Narratividade e construção de pontos de vista
(páginas 149 e 150)
e comentários
9. c) Os estudantes deverão responder ao item considerando que, ao começar o texto com uma palavra que
denota conclusão e terminá-lo afirmando que não pode haver um epílogo ou ponto-final, o romance A geração da utopia reforça as ideias de que a história é cíclica e de que os eventos se repetem de diferentes maneiras. Dessa forma, o autor sugere que a utopia e as lutas por mudanças, embora possam parecer alcançáveis, nunca chegam a uma conclusão definitiva. Essa ideia se relaciona com a história de Angola e com as gerações de personagens que vivem suas próprias utopias e desilusões, representadas em cada uma das quatro partes da obra.
(páginas 150 e 151)
10. b) O autor, ao escolher iniciar o romance com a palavra portanto, busca um modo de afirmar o seu papel como escritor que valoriza as nuances da sua linguagem, por meio de uma postura conclusiva em relação a si mesmo. Além disso, o uso de uma construção rejeitada pelo professor, que pode ser vista como o eco da voz da cultura colonizadora, estabelece a distância entre as visões de mundo da colônia e da metrópole. Já no segundo parágrafo, ele demonstra consciência em relação ao preconceito que sofreu, reconfigurando a situação ao transformá-la em matéria literária.
10. c) Espera-se que os estudantes reconheçam diferenças de sentido no emprego de portanto, pois, ao ser utilizada no início do período, a palavra perde o sentido de conexão sintática entre duas orações, mas permanece com a marca de uma junção semântica que recupera um discurso pressuposto do autor sobre suas próprias capacidades. Na posição de início do discurso, a conjunção mantém-se como um operador argumentativo, do qual parte o posicionamento do autor. É possível que os estudantes não organizem a resposta com base na compreensão da abrangência da palavra em sua função sintática e semântica, como proposto na resposta aqui apresentada, no entanto, ajude-os a construir esses conceitos, abordando-os sob a nomenclatura de classe gramatical e sentido.
10. d) O uso dos parênteses marca a presença do autor na narrativa, uma característica literária de Pepetela, criando um estilo de escrita em que o comentário passa a compor o modo como se interpreta o texto ficcional que o sucede. Se julgar pertinente, é possível explicar aos estudantes que
a utilização dos parênteses introduz uma reflexão metalinguística, uma vez que o autor descreve o seu processo de escrita no próprio livro.
10. e) Espera-se que os estudantes reflitam sobre a possibilidade de retorno da voz do autor na narrativa, compreendendo que a sugestão de se esconder pode ser, na verdade, uma estratégia narrativa. Além disso, por se tratar de um romance com traços autobiográficos, os estudantes podem assumir que é o próprio autor uma personagem importante; por isso, a presença do seu discurso é pertinente para a (re)interpretação da História.
(página 152 a 155)
Sugere-se iniciar com a leitura dos textos para os estudantes, ressaltando a importância da entonação, da fluência leitora, do respeito às pausas e à pontuação. Em seguida, peça que eles releiam o texto silenciosamente. A releitura é um processo fundamental para a compreensão global do que se lê. Por isso, incentive-a sempre que possível.
Os poemas dos pr incipais escritores da literatura marginal (ou geração mimeógrafo) foram reunidos pela ensaísta Heloisa Buarque de Hollanda (1939-).
HOLLANDA, Heloisa Buarque de (org.). 26 poetas hoje São Paulo: Companhia de Bolso, 2021.
1. b) Espera-se que os estudantes percebam que em “inverno europeu”, o eu lírico se sente privado de sua identidade e em perigo, vendo-se diante da possibilidade de que sua cultura seja apreendida como exótica pelo estrangeiro, como se pode perceber no trecho “Não sou personagem do seu livro e nem que você queira não me recorta no horizonte teórico da década passada”. Em A geração da utopia, Sara também se sente deslocada em Portugal, mas tal deslocamento contribui, por contraste, para o fortalecimento de sua identidade e subjetividade ao se juntar ao grupo de imigrantes africanos.
6. Espera-se que os estudantes reconheçam que a utilização de métodos alternativos de publicação e de divulgação literária pode ser entendida como uma
resposta direta à censura imposta pela ditadura civil-militar. Ao recorrer a uma forma de publicação acessível e rápida, os autores conseguiam difundir suas produções de forma mais livre, rompendo com o controle do Estado sobre a produção literária e democratizando o acesso a essa produção.
(página 155)
• Sugere-se pedir que os estudantes leiam o texto e façam anotações sobre as ideias principais apresentadas pelo poeta. Isso contribuirá para a argumentação dos estudantes nas respostas às questões propostas.
• Pode-se organizar a turma em roda e propor a realização das questões oralmente. Durante a conversa, é importante incentivar uma postura respeitosa e gentil e motivar a prática de escuta ativa. Em seguida, peça a todos que registrem as respostas no caderno.
(página 156)
• O trabalho pode ser realizado em parceria com docentes da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
• A motivação para iniciar a produção do texto proposto envolve a reflexão acerca dos acontecimentos históricos que poderiam servir como pano de fundo para a produção do texto. Para auxiliar os estudantes, pode-se escrever na lousa as seguintes questões.
• Qual acontecimento histórico servirá como pano de fundo para o seu texto?
• De que modo o narrador (ou eu lírico) irá refletir sobre esse acontecimento histórico, tendo em vista o caráter subjetivo do texto a ser elaborado por você?
• De que forma o acontecimento histórico irá refletir na expressão das emoções e dos sentimentos da voz narrativa?
• Pode-se ressaltar que, para elaborar a escrita do texto, deve-se expressar as emoções e os sentimentos de forma coesa e coerente entre si, associando-os ao contexto histórico no qual o texto estará inserido.
Em um dia combinado, sugere-se reunir a turma em círculo e pedir aos estudantes que compartilhem os textos escritos.
(página 158 a 168)
O estudo do gênero textual postagem de marca tem como objetivo dar instrumentos para que os estudantes sejam capazes de reconhecer outras possibilidades de divulgação de textos literários. Proponha aos estudantes a leitura individual e silenciosa do texto e das imagens, pedindo a todos que anotem o que mais chamou a atenção em relação às características do texto, como a linguagem, as construções sintáticas e a organização do gênero, entre outros aspectos que podem ser levantados ao longo da análise.
Na primeira questão do boxe Primeiro olhar, sugere-se solicitar aos estudantes com perfis nas redes sociais que compartilhem as suas impressões, atentando para a importância de orientar a turma em relação à educação midiática necessária para conviver com a publicidade nas redes sociais. Espera-se que eles reconheçam a influência que perfis de marcas procuram exercer sobre os usuários da rede, especialmente seus próprios seguidores.
• Na terceira questão do boxe Primeiro olhar, espera-se que os estudantes percebam que, pelo fato de as editoras estarem atreladas à produção de bens culturais, é comum que as pessoas muitas vezes se esqueçam de que estas também são instituições privadas com fins comerciais. Por isso, é interessante averiguar a impressão dos estudantes acerca dessa questão.
(página 161)
• S e possível, promova um estudo sobre a esfera de circulação e a função social das postagens de marca, a fim de ampliar os conhecimentos acerca desse gênero e de sua importância para a divulgação de marcas e seus produtos ou serviços.
• Sugere-se apresentar o boxe Mundo do trabalho , na página 161, à turma e pedir que os estudantes pesquisem a respeito das profissões apresentadas para a construção do portfólio. Proponha a divisão da turma em grupos, de maneira que cada um fique responsável por uma profissão. Incentive a busca por imagens, vídeos e outros recursos que contribuam com a criação de um panorama a respeito dessas profissões. Para criar o portfólio, sugere-se uso do Padlet (disponível em: https:// padlet.com/; acesso em: 22 out. 2024). É possível indicar aos estudantes o uso da versão gratuita desse aplicativo.
(página 162 a 165)
• As atividades propõem uma sistematização do trabalho com o gênero postagem de marca, trazendo tanto os elementos de estrutura (etapas para elaboração, público-alvo e importância do logotipo das marcas, entre outros) quanto de linguagem (importância de ter objetivos definidos, além de clareza, coerência e coesão na apresentação das ideias).
5. b) O logo é apresentado em toda página para enfatizar a produção da obra pela editora; no caso do compartilhamento dos stories, a presença do logo em todas as páginas facilita a identificação de demais usuários com a marca, pois ela estará presente em todos os compartilhamentos, independentemente da página que for escolhida para esse propósito. Caso algum estudante não esteja familiarizado com o compartilhamento de stories, explique a ele que qualquer página de uma postagem pode
ser compartilhada e não apenas a primeira. Caso os estudantes não estejam encontrando o logo, apresente o boxe Logo, marca e criação de conteúdos, na página 163, no qual ele aparece.
7. b) Aproveite a questão para averiguar se, com base na primeira leitura da postagem, os estudantes conseguem perceber o seu objetivo: anunciar o lançamento da coleção “Todos os livros de Machado de Assis”. A postagem de marca é considerada uma forma contemporânea de publicidade em contexto digital, portanto é possível que os estudantes a relacionem com peças de campanhas publicitárias, como anúncios, cartazes etc.
(página 165)
A atividade aborda a ação de influenciadores digitais nas redes sociais, conteúdo abordado no Capítulo 2 do Volume 2. Retome-o, se necessário.
(página 166)
12. b) A linguagem da postagem contribui positivamente para a apresentação da marca e do produto. Os recursos utilizados – indicação de profissional especialista, caracterização por meio de numerais e adjetivos, uso de frase sucinta e citação de autoridade consagrada – colaboram para que o leitor tenha confiança na apresentação realizada.
Diálogos
(páginas 167 e 168)
3. a) Respostas pessoais. Incentive os estudantes a refletir sobre o que gera o interesse deles e quais conteúdos gostam de compartilhar, o que também define a identidade virtual de cada um. As postagens da livraria Dois Pontos costumam ser compartilhadas nas redes por seguidores que desejam dividir as citações que os comovem ou interessam.
3. b) Pode-se relembrar aos estudantes que os textos postados em stories têm a característica de serem curtos o suficiente para caber em uma tela de celular. Caso o texto fique mais longo, mencione que
ele precisaria ser dividido em mais de um story e aproveite para perguntar qual é o impacto dessa divisão do texto, se aumentaria ou diminuiria o engajamento do conteúdo. Se a turma tiver dificuldade para compor o texto, proporcione um momento para relembrar o que foi discutido ao longo do Capítulo. Relembre-os também de que esse suporte textual permite o uso de imagens, como emojis, e de que eles podem acrescentá-los, se acharem pertinente. Ao final, sugere-se que os textos sejam lidos em uma roda de conversa. Convide cada estudante a realizar a leitura da postagem e, ao final, pergunte à turma qual dos textos geraria mais engajamento.
4. c) Respostas pessoais. Embora a resposta seja pessoal, espera-se que o estudante avalie dois aspectos desse compartilhamento: a intenção do usuário, que normalmente está ligada à divulgação de informações de seu interesse, favorecendo a criação de uma identidade virtual; e a consequente divulgação da marca, que está atrelada ao conteúdo, o que nem sempre os usuários têm a intenção.
5. Nas postagens da editora Todavia, que faz um anúncio direto de uma pré-venda de livros e de uma promoção em data comemorativa. Explique aos estudantes que não é um problema o anúncio de produtos estar menos evidente e que esse destaque costuma variar nas postagens de marca.
(página 175 a 177)
• A proposta tem como objetivo a criação de uma postagem de marca com base no livro preferido de cada estudante que possa ser encontrado na biblioteca ou na sala de leitura da escola, assim como a elaboração de uma playlist comentada que acompanhará a postagem. A intenção é que a biblioteca seja considerada a marca que realiza a divulgação dos livros.
• Antes de propor o início da escrita do texto, peça à turma que leia os itens Estudar a proposta e Motivar a criação, a fim de responder às questões, pois isso contribuirá para aprofundar o repertório dos estudantes e os ajudará a organizar as ideias para a produção da postagem.
• Caso algum estudante apresente dificuldade para ler o texto da postagem, sugere-se apresentar o texto coletivamente, conforme transcrição a seguir.
Maria Teresa vive com suas mães num casarão antigo, cheio de histórias de seus antepassados. No caminho, passam personagens memoráveis. Um deles é Zezito, único filho homem de Luzia, e por quem Maria Teresa se apaixona e planeja se casar.
Ao experimentar o vestido de noiva um dia antes do casamento, uma tragédia atinge Maria Teresa e muda sua vida para sempre. Narrando o drama que se torna central, ela vai pouco a pouco desvelando ao leitor os sentimentos mais profundos dos que habitam Mata Doce. Surgem então, numa delicada costura narrativa, antigas rixas familiares, segredos do passado, sentimentos clandestinos e muitos mistérios.
Para ambientar a história, a autora Luciany Aparecida (@lucianyaparecida) criou uma playlist com músicas que os personagens ouviriam nas festas, bares e casas onde o romance se passa. Para ouvir e conferir a lista completa, acesse o link: bit.ly/playlist-mata-doce.
O romance já está disponível on-line e nas livrarias de todo o país. Boa leitura!
Capa de Ale Kalko
#bookstagram #bookgram #literaturacontemporânea #literaturanacional #leiamulheres #matadoce #lucianyaparecida #playlist
No momento da ida à biblioteca, organize a maneira como o espaço será usado, deixando a turma livre para pesquisar os livros.
Sugere-se incentivar a participação dos estudantes na criação do logo, promovendo um ambiente respeitoso e de troca de ideias entre todos. Também é possível dividir a turma em grupos e propor a criação de algumas opções de logos diferentes, a fim de que a turma escolha um deles de modo democrático.
• Considerando o contexto de uma postagem de marca realizada para a comunidade escolar, é importante incentivar o uso do espaço e variar tanto as músicas que comporão a playlist quanto os livros escolhidos, de maneira a atingir o maior número de ouvintes e leitores.
• Ao responderem às questões propostas, os estudantes devem refletir sobre as melhorias a fazer no texto e, assim, reescrever o que for necessário. Ressalte a importância da reescrita para a sistematização de aspectos relativos à criação e à organização textual.
178)
1. A metaficção historiográfica em A geração da utopia explora a interseção entre história e ficção, questionando verdades históricas e narrativas estabelecidas. Esse tipo de escrita permite refletir sobre identidades coletivas e individuais, desafiando percepções e ressignificando memórias, além de contribuir para a construção de identidades multifacetadas.
2. A geração mimeógrafo foi um movimento literário brasileiro surgido na década de 1970 e marcado pela produção de textos replicados em mimeógrafos. Os escritores dessa geração buscavam romper com as convenções literárias e driblar a censura imposta durante o regime militar, utilizando a forma como um meio de expressão e resistência, o que refletia a efervescência cultural e política da época.
3. A combinação de linguagem verbal e não verbal em postagens de marca é necessária para comunicar ideias de forma eficaz. A linguagem verbal transmite informações diretas, enquanto a não verbal (imagens, emojis, cores) acrescenta emoção e contexto. Juntas, elas tornam a mensagem mais envolvente, reforçando a identidade da marca e facilitando a conexão com o público, elementos fundamentais para persuadi-lo a consumir o produto que se anuncia.
4. Anúncios de marca combinam linguagens informativa e emocional para capturar a atenção do público, transmitir informações claras e criar uma conexão emocional. Ao estimular tanto a razão quanto o sentimento, essa mescla enriquece a mensagem, tornando-a mais memorável e persuasiva, o que facilita a identificação com a marca.
5. A subordinação envolve a dependência de uma oração em relação a outra, criando hierarquia e complexidade na construção frasal. Já a modalização refere-se ao modo como o falante expressa sua atitude em relação à informação, como certeza, dúvida ou possibilidade. Ambas interagem ao influenciar a clareza e o tom do discurso, o tipo de informação que se explicita ou se oculta etc.
(página 180 a 217)
• Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9 e 10
• Competências específicas: 1, 2, 3, 4, 6 e 7
• Habilidades de Linguagens: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG105, EM13LGG201, EM13LGG202, EM13LGG203, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG401, EM13LGG402, EM13LGG601, EM13LGG602, EM13LGG604, EM13LGG701, EM13LGG702, EM13LGG703 e EM13LGG704
Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP08, EM13LP11, EM13LP12, EM13LP14, EM13LP15, EM13LP18, EM13LP22, EM13LP28, EM13LP29, EM13LP30, EM13LP31, EM13LP32, EM13LP34, EM13LP46, EM13LP48, EM13LP49, EM13LP50, EM13LP51 e EM13LP52
R econhecer os aspectos mais relevantes da prosa poética da escritora Clarice Lispector
Analisar características e funções do discurso indireto livre em textos literários.
Interpretar questões de composição e circulação do gênero textual ensaio
Reconhecer a linguagem e a estrutura argumentativa no gênero textual ensaio.
Compreender o funcionamento das orações subordinadas adverbiais em textos de diferentes gêneros. Desenvolver habilidade de composição e edição de texto em enciclopédia colaborativa.
• Reconhecer e planejar os elementos de composição de um verbete de enciclopédia on-line.
(páginas 180 e 181)
• O Capítulo começa com a análise da obra As Duas Fridas, de Frida Kahlo, explorando a relação entre subjetividade e criação nas artes visuais e na literatura, no
contexto de pesquisa artística. Esses temas são trabalhados ao longo dos conteúdos e atividades. As propostas do Capítulo visam ampliar a compreensão dos aspectos ligados ao campo artístico-literário, ao apresentar aos estudantes a terceira fase do Modernismo brasileiro, além de textos que abordam questões sobre sentimentos, sensações, visões de mundo e como essas experiências se traduzem em palavras.
1. Há aspectos da obra de Frida Kahlo que podem ser citadas, como: estilo ingênuo, temas autobiográficos, cores vibrantes e fortes, traços marcantes e uso de elementos simbólicos. Se considerar pertinente, apresente à turma outras obras da artista e explore as características mais marcantes em cada uma delas. Também é possível comentar aspectos da vida de Frida, de modo a relacioná-los às características autobiográficas de sua produção artística.
(página 182 a 191)
de consciência e
em A paixão
segundo G.H.
(página 183 a 186)
Respostas e comentários
5. b) Antes de iniciar a resolução do item, é importante relembrar com os estudantes aspectos do contexto social que tornam o mundo mais fragmentado, que começam a aparecer após a Segunda Guerra Mundial e abarcam contracultura, aceleração das mudanças socioculturais e novas relações do sujeito com a sua identidade.
6. b) Espera-se que os estudantes reconheçam que a centralidade do romance está na experiência da narradora diante do encontro com a barata, e não no acontecimento em si, uma vez que esse encontro funciona como motivo para tudo o que será narrado, desencadeando reflexões subjetivas na protagonista G.H.
Narratividade e linguagem
(página 186 a 188)
e comentários
10. c) Espera-se que os estudantes observem o modo como pensamentos hierarquizantes estão impregnados na dinâmica social contemporânea,
refletindo sobre as consequências desses pensamentos e sobre ações educacionais e políticas que poderiam auxiliar na diminuição da desigualdade e no estabelecimento de uma sociedade antirracista.
(página 188 a 191)
• A seção apresenta dois poemas da escritora Ryane Leão, que usa as redes sociais como espaço de divulgação de seus textos. Sugere-se aproveitar esse momento para retomar possíveis aspectos da poesia e da construção das subjetividades por meio desse gênero textual, explicando aos estudantes que se pode trazer olhares particulares (subjetivos) para as diferentes manifestações artísticas, o que pode impactar diversas pessoas por criar identificação.
Para ampliar o contato com a poesia de Ryane Leão, apresente aos estudantes o podcast a seguir. #74 Ryane Leão – Conexão pela palavra. Entrevistada: Ryane Leão. Entrevistadora: Fernanda Vilarrodona. [S. l.]: Escuta ela, jun. 2023. Podcast. Disponível em: https:// open.spotify.com/episode/2AJgRYZ0NhCWAFXf QQd5dO. Acesso em: 22 out. 2024.
2. b) Os estudantes deverão reconhecer que a literatura escrita por e para mulheres fortalece um espaço de voz e visibilidade em um meio muitas vezes dominado por narrativas masculinas. Através da literatura, as mulheres podem articular suas experiências, refletir sobre suas identidades e desafiar as relações de poder.
4. c) Durante a correção da questão, sugere-se explicar aos estudantes que o surgimento dos instapoemas não culminou em menor publicação ou divulgação da literatura de forma impressa, apenas alterou a forma como isso ocorre, uma vez que o sucesso virtual do poeta serve como impulsionamento para a sua publicação em livro e a divulgação virtual do livro contribui para a sua venda.
5. Os estudantes devem compreender que os instapoemas são concebidos literariamente como textos curtos, diretos e de interpretação imediata, estabelecendo diálogo com a juventude contemporânea. Em contraposição a isso, os trechos de Clarice Lispector, frequentemente compartilhados
de forma descontextualizada, não foram concebidos dessa forma. Assim, a divulgação de trechos escritos por Clarice Lispector pode culminar na distorção de suas produções literárias, resultando em uma recepção superficial. Por isso, é fundamental considerar o contexto das obras para uma experiência literária mais rica e transformadora.
(página 192 a 203)
• O texto a ser lido é um ensaio sobre arte e apresenta muitas referências que podem ser desconhecidas pelos estudantes. O propósito de sua apresentação é incentivá-los a pensar na abstração e desenvolver a habilidade de inferência considerando a complexidade do texto, além da intertextualidade e da interdiscursividade nele presentes.
• Ao longo das atividades interpretativas sobre o conteúdo e o gênero, diversas informações sobre essas referências serão fornecidas, para auxiliar os estudantes na compreensão do texto. Sempre que necessário, sugere-se retomar o contexto em que a informação aparece no ensaio, para ajudá-los nessa compreensão.
• Pode-se instruir a turma sobre esse processo gradativo e inferencial de compreensão textual. Para isso, chame a atenção dos estudantes para o fato de que a leitura de textos mais complexos envolve um processo de várias etapas, como releitura constante, retomada de informações, anotação de partes importantes e resumo das ideias principais, entre outros recursos que ampliam os sentidos do texto e o entendimento do assunto.
• A primeira questão do boxe Primeiro olhar tem como objetivo o levantamento de conhecimentos prévios dos estudantes em relação ao gênero ensaio e sua abrangência. Permita-lhes expressar o que compreendem sobre esse gênero e oriente-os a respeito do provável aprofundamento das ideias apresentadas.
• Para realizar a segunda questão do boxe Primeiro olhar, pode-se fazer um levantamento das expectativas de conteúdo de leitura e, se possível, registrá-las na lousa para serem retomadas após o momento de leitura. Incentive-os a pensar sobre o conteúdo do texto e a importância da arte criada por uma mulher, no começo do século XX.
• Na terceira questão do boxe Primeiro olhar, o título pode gerar certa confusão de compreensão em uma primeira leitura, porque se trata de um termo escrito de forma unida: toda a vida, reto – todavidareto. Provoque-os sobre os sentidos desse termo, sobre hipóteses de o porquê a ensaísta ter escrito tudo junto e sobre uma possível relação com a obra de Hilma af Klint, abordada no ensaio.
Conteúdo do ensaio
(páginas 195 e 196)
Respostas e comentários
1. d) Respostas pessoais. É provável que os estudantes tenham considerado a leitura difícil, em razão da complexidade do vocabulário empregado, além do uso de termos e conceitos específicos do contexto da arte abstrata. Procure ponderar com eles a importância de estudar o texto e pesquisar referências desconhecidas para desenvolver novas compreensões, o que nem sempre ocorre de forma fluída na leitura textual. Chame a atenção também para as estruturas sintáticas complexas, as inversões nas frases, e como esses conhecimentos sobre o funcionamento textual contribuem para analisar o texto com o objetivo de compreendê-lo.
1. e) Respostas pessoais. Essa pode ser uma reflexão mais complexa para os estudantes, visto que o termo é usado como metáfora para comparar a infinitude de ir reto “toda a vida” e a transcendência da obra da autora, cujo conteúdo será abordado em questões a seguir. De todo modo, as reflexões desse primeiro momento podem ficar restritas ao sentido do termo no contexto do texto.
2. a) É uma aglutinação da expressão “[segue] toda a vida (bastante tempo), reto”.
2. b) A expressão que dá origem ao termo, “toda a vida, reto”, tem o sentido de uma indicação de trajetória ou caminho que se estende por bastante tempo (“toda a vida”) e reto, em direção ao destino. A metáfora construída com a obra de Hilma af Klint, nesse sentido, se refere às linhas que ela constrói em suas composições, que, segundo a autora, também são longilíneas.
3. Recomenda-se ponderar as hipóteses que considerem as proximidades entre o grafite e a obra. Essas correspondências podem ser de ordem física, como a proximidade de formas, ou interpretativas, em relação aos sentidos e interpretações dessas formas. O estabelecimento de uma metáfora para explicar uma pintura abstrata tem por finalidade aproximar
o leitor do objeto analisado, de modo a tentar torná-lo menos abstrato e mais palpável na realidade.
(página 197 a 199)
• A definição do gênero ensaio é complexa e exige certo nível de negação dos estudantes em relação à existência de modelos prototípicos de texto. Há uma tentativa de consenso na delimitação da estrutura desse gênero: considerar o modo como, ao longo da história da produção literária, científica e filosófica, diversos autores dedicaram-se à elaboração de ensaios e, desse contexto, depreender um modelo. Ainda assim, trata-se de uma definição aproximada, que não é esgotada pelas diversas formas apresentadas pelos ensaístas contemporâneos. Nesse sentido, é importante retomar com os estudantes o caráter criativo do ensaio e sua característica de prosa livre. Vale ressaltar sua tipologia expositivo-argumentativa e incentivar nos estudantes a identificação do vasto repertório que o gênero apresenta com base nos conhecimentos do ensaísta e de seu ethos
• No boxe Mundo do trabalho, na página 199, os estudantes serão incentivados a pesquisar sobre a profissão de curadoria de arte. O objetivo é que eles possam entrar em contato com as demandas do curador de arte, tais como: montar e supervisionar exposições de arte, produzir catálogos de exposições, manter o acervo artístico de uma instituição, criar estratégias para promover a instituição ao público, entre outras. A pesquisa pode incluir outras informações, como formação necessária para essa carreira, vagas ofertadas, média salarial etc. Com a pesquisa feita, os estudantes vão compartilhar os resultados e montar um mural na sala de aula ou um mural virtual para armazenar as informações. Para montar um mural virtual, sugere-se utilizar o Padlet (disponível em: https:// padlet.com/. Acesso em: 30 out. 2024.)
• Para aprofundar a compreensão sobre o gênero textual ensaio, indica-se a leitura deste artigo. PAVIANI, Jayme. O ensaio como gênero textual. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS DE GÊNEROS TEXTUAIS (SIGET), 5., ago. de 2009, Caxias do Sul. Anais […]. Caxias do Sul: Universidade de Caxias do Sul, 2009. Disponível em: www.escrevendoofuturo.org. br/arquivos/65/o-ensaio-como-genero-textual.pdf. Acesso em: 22 out. 2024.
10. Espera-se que os estudantes, com base no reconhecimento das acepções afins, compreendam a abrangência do gênero ensaio como um texto experimental (acepções 1 e 3), pautado em conhecimentos da experiência do ensaísta (acepção 2), sobre um tema específico (acepção 5) e com caráter de estudo e pesquisa (acepção 6).
(página 200)
11. Daniela Castro, por sua formação e experiência, foi escolhida pela Pinacoteca de São Paulo para escrever um ensaio destinado à publicação no catálogo informativo da exposição sobre Hilma af Klint. Nesse sentido, esse contexto mostra que a curadora independente é considerada uma especialista no tema, inserindo-a em um círculo de credibilidade que estabelece um pacto de aceitação do leitor em relação ao que ele lê.
(página 201 a 203)
O objetivo desta subseção é capacitar os estudantes a identificar conteúdos confiáveis em fontes colaborativas acessíveis na internet, utilizando sites de busca. Isso reforça o desenvolvimento da habilidade EM13LP30. A Wikipédia, amplamente usada como fonte de pesquisa, exemplifica o conceito wiki, que também se aplica a outros ambientes virtuais. Esse conceito permite que qualquer pessoa crie e edite páginas de conteúdo de forma colaborativa.
1. b) As palavras em azul indicam hiperlinks, que são ligações externas ao verbete e trazem novos verbetes com outras explicações.
1. c) A função da aba Discussão é possibilitar o diálogo entre os colaboradores que tenham divergências em relação ao conteúdo do verbete, para que entrem em consenso e possam inserir as informações corretas na página principal.
4. b) Entre os fatores, podem ser citados: apresentação do tema de forma objetiva; contextualização do
leitor sobre o contexto histórico ou teórico, para inseri-lo em uma perspectiva maior; destaque da informação central; conexão com introdução ao restante do texto, apontando itens que serão ampliados.
4. c) A relevância do aspecto da abordagem pode ser definida com base na verificação de sua pertinência para o objetivo do verbete, no impacto desse aspecto para a sociedade, na relevância social do aspecto e na relevância para o tema.
4. d) Buscando estruturar o texto com base em: uma linha condutora de coerência que se sustente do início ao fim do verbete; distribuição das informações no verbete de forma proporcional; cuidado com a modalidade formal da língua, o que garante adequação do verbete à norma-padrão.
4. e) A imparcialidade está ligada à consideração de diferentes pontos de vista, evitando linguagem tendenciosa e opinativa a ponto de estabelecer julgamentos de valor em relação a fatos, além de indicar informações baseadas em fatos.
5. b) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes apresentem suas experiências com essa fonte de pesquisa e indiquem se já tinham observado esses padrões de organização e confiabilidade dos verbetes. Conduza o debate para a relevância de pesquisar em locais confiáveis para garantir a disseminação de informações verídicas.
5. c) Porque ele tem por princípio informar o leitor sobre fatos científicos, que devem ser verificados para garantir a idoneidade dessas informações.
5. d) Por se tratar de um conteúdo colaborativo e democrático, pesquisar em wikis permite o livre acesso ao conhecimento.
5. e) Resposta pessoal. Pode-se promover um ambiente colaborativo de troca de informações e ponderar com os estudantes a confiabilidade das ferramentas com as quais eles realizam suas pesquisas. Caso surja o assunto da inteligência artificial generativa – como o Chat GPT e Gemini, entre outras –, ressalte a questão da confiabilidade.
(página 204)
• A proposta desta seção é promover uma leitura sistemática de obras de arte, permitindo que os estudantes analisem aspectos da composição além do óbvio, proporcionando compreensões mais
aprofundadas. A atividade começa com a observação livre de uma das obras de Hilma af Klint, seguida da introdução de parâmetros de análise que ampliam a interpretação dos estudantes sobre a pintura.
1. a) Espera-se que os estudantes descrevam as cores e as formas.
1. b) Espera-se que os estudantes descrevam sensações como dinamismo e movimento.
1. c) Espera-se que os estudantes associem o título As dez maiores, Grupo IV, No 6, Maioridade ao crescimento, relacionando-o a aspectos da vida adulta, como responsabilidade e diversidade de experiências, com as formas e cores sugerindo movimento e vitalidade.
3. Espera-se que os estudantes comparem as primeiras impressões trazidas pela imagem com as observações realizadas de maneira mais detida e destaquem o que mudou nos dois casos.
(página 205 a 211)
Orações subordinadas adverbiais: conceito e tipos
(página 205 a 209)
8. b) I. “elas já estavam na Terra” (principal)
“antes mesmo que tivessem aparecido os primeiros dinossauros” (subordinada);
II. “elas já o cobriam vagarosas” (principal)
“Quando o mundo era quase nu” (subordinada);
III. “Lindo o dizer na língua portuguesa ‘todavidareto’” (principal)
“quando se pede informação sobre um caminho a ser percorrido” (subordinada);
IV. “O léxico inventado pela artista para a necessidade linguística que surge junto com as primeiras experimentações abstratas na arte é, portanto, do ‘agora’ do tempo deste parágrafo” (principal) “enquanto ele é escrito” (subordinada).
13. e) A conjunção a fim de e a forma verbal nominal visando marcam as orações subordinadas adverbiais.
13. f) Elas estão posicionadas após a oração principal, o que confere o sentido de demarcação intencional da finalidade por meio da conjunção e da forma verbal nominal apresentadas, como modo de reafirmar a posição do autor.
(página 211)
2. a) A conjunção tem a função de estabelecer uma relação de condição entre a oração subordinada e a oração principal.
2. b) Ela se estabelece pela justaposição das sentenças, separadas apenas por vírgulas, o que caracteriza a coordenação assindética.
3. a) “Quanto mais alto” – oração subordinada adverbial proporcional.
“maior o tombo” – oração principal.
Se julgar pertinente, indique aos estudantes que há duas formas verbais implícitas no provérbio: voamos , na oração subordinada, e é na oração principal.
3. b) A proporcionalidade estabelecida pela altura do lugar de onde se pula constrói o sentido de consequência sobre o impacto do tombo. Em sentido figurativo, a mensagem transmitida pelo provérbio é de que uma pessoa tenha consciência das expectativas que ela cria em relação a certos fatos, pois a frustração será proporcional.
(página 212 a 215)
Sugestões didáticas
língua em uso
(página 210)
• O objetivo da proposta é proporcionar aos estudantes a possibilidade de desenvolver um texto coletivo, em uma ferramenta gratuita e colaborativa, a Wikipédia. Para tanto, será preciso orientá-los quanto ao trabalho em grupo e às pesquisas, que devem ser feitas tanto na biblioteca da escola quanto em sites especializados. Nesse sentido, as orientações sobre confiabilidade de fontes devem ser constantemente retomadas com os estudantes, assim como a verificação quanto ao uso das informações obtidas.
A proposta pode ser ampliada com a participação do professor de Arte e com a definição de conteúdos que já estejam sendo estudados.
• A proposta está orientada para a elaboração on-line do texto colaborativo, por meio de um software de edição; no entanto, caso não seja possível, ajude-os a adaptar a proposta para o contexto analógico. A elaboração colaborativa do texto pode ser realizada por meio da troca de folhas de registro rotativas entre os grupos, com informações adicionadas por diferentes estudantes com base no texto do colega, e a publicação pode ser feita no mural da escola, com impressão de imagens para complementar e uma reprodução do modelo da Wikipédia como moldura.
1. a) O fio condutor é uma linha do tempo histórica sobre a presença das mulheres na arte. Parte-se da era pré-histórica, com a arte cerâmica, e prossegue-se para a Idade Antiga.
1. b) É traçado um panorama sobre a história da arte e a presença predominantemente masculina, com explicações sobre o motivo pelo qual as mulheres não estão presentes nessa historiografia, seguindo-se pela periodização e abordagem da presença dessas mulheres.
1. c) A abordagem escolhida está adequada e diversas outras também poderiam ser propostas, como a abordagem por autoras, por movimentos artísticos ou por obras feitas por mulheres, e não por periodização histórica. Explique aos estudantes que a escolha da abordagem depende do autor e do projeto de amplitude do verbete. Essa informação é importante para que, no momento do planejamento, os estudantes possam escolher a abordagem de modo a ser possível elaborá-la da forma mais completa possível.
1. d) Não, o verbete se propõe a fazer uma abordagem histórica, porém só apresenta duas periodizações.
Comente com os estudantes que a escolha do autor foi bastante ousada e ampla e demandará tempo de desenvolvimento, o que pode ser minimizado por meio de colaborações externas.
Planejar e elaborar
• R ecomenda-se ajudar os estudantes a se dividirem em grupos. O critério de divisão pode ser a
identificação de múltiplas habilidades, considerando que a atividade propõe pesquisa, organização, paráfrase e escrita colaborativa. Assim, reunir estudantes em diferentes estágios de proficiência de escrita pode proporcionar o compartilhamento de conhecimentos e uma aprendizagem mais autônoma.
• Or iente os estudantes a respeito das fontes de pesquisa e da importância de buscar dados e informações em fontes confiáveis, como canais institucionais e artigos escritos por especialistas.
• S ugere-se, no item 1, prever esse cadastramento com a coordenação escolar. É importante que os estudantes, como menores de idade, tenham seus dados preservados pela escola. Assim, a instituição pode fazer um único cadastro a ser utilizado pelos estudantes durante as edições.
• No item 2, a etapa de revisão pode ocorrer de forma coletiva e ser registrada em forma de itens na lousa, para a retomada dos estudantes sobre as características do gênero: estrutura, conteúdo e estilo de linguagem.
• No item 3, quando os estudantes selecionarem as artistas, sugere-se organizar um momento de compartilhamento com a turma, para que as escolhas não sejam repetidas, e também uma visita à biblioteca escolar para pesquisa. As artistas não precisam ser do cânone da arte, elas podem ser de diversos contextos e períodos, conhecidas ou ainda desconhecidas do público em geral.
• No item 4, é possível adaptar a atividade para a edição de verbetes em vez da criação de um novo verbete. Para tanto, a aba a ser acessada na plataforma é a de edição. É importante orientar os estudantes quanto a decisões coletivas a serem tomadas antes de proceder à publicação e ao aceite de termos de uso dentro da plataforma.
• O compartilhamento deve ser realizado também entre os estudantes, para que possam conhecer as produções dos colegas. Proporcione um momento de apresentação e leitura dos verbetes pelos grupos para a turma. Eles também podem acessar os verbetes diretamente de seus dispositivos móveis.
(página 218 a 255)
• Competências gerais: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9 e 10
• Competências específicas: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7
Habilidades de Linguagens: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG105, EM13LGG201, EM13LGG202, EM13LGG203, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG401, EM13LGG402, EM13LGG501, EM13LGG503, EM13LGG601, EM13LGG602, EM13LGG603, EM13LGG604, EM13LGG701 e EM13LGG703
Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP02, EM13LP03, EM13LP04, EM13LP05, EM13LP06, EM13LP07, EM13LP08, EM13LP28, EM13LP36, EM13LP37, EM13LP38, EM13LP42, EM13LP45, EM13LP46, EM13LP47, EM13LP48, EM13LP49, EM13LP50, EM13LP51, EM13LP52 e EM13LP54
Compreender a relação entre corpo e linguagem na expressão poética multimidiática.
Analisar criticamente o modo como a relação entre gênero e raça atravessa os movimentos literários no Brasil, com base no estudo da literatura de Carolina Maria de Jesus, Maria Firmina dos Reis e Ricardo Aleixo, e refletir sobre suas consequências.
Iden tificar o gênero textual editorial como um modo de expressar opinião institucional.
• Analisar a composição do gênero editorial considerando as características que o definem.
• Diferenciar os gêneros textuais editorial, debate e artigo de opinião, compreendendo as funções e características de cada um.
• Identificar as funções da palavra que em textos de diferentes gêneros.
• Compreender o funcionamento das orações subordinadas adjetivas (restritiva e explicativa) e seus efeitos de sentido.
• R econhecer o gênero textual editorial como uma maneira de apresentar o posicionamento da turma sobre uma questão polêmica.
• Produzir coletivamente um editorial que será compartilhado na escola.
(páginas 218 e 219)
Sugestões didáticas
• O C apítulo começa com a análise de uma obra do artista Jean-Michel Basquiat e propõe uma compreensão de aspectos ligados ao campo artístico-literário, uma vez que os estudantes terão contato com as expressões dos artistas e suas perspectivas em relação à criação. Além disso, serão trabalhados textos que permitem discutir questões ligadas à decolonialidade, à presença e à importância das pessoas negras na literatura contemporânea.
• O artigo indicado a seguir traz informações sobre Jean-Michel Basquiat. Se considerar pertinente, compartilhe a leitura com os estudantes.
ÁVILA-CLAUDIO, Ronald. Quem foi Jean-Michel Basquiat, o gênio que se tornou o artista negro mais valorizado do mundo. BBC, [S. l.], 1 jan. 2023. Disponível em: www.bbc.com/portuguese/ geral-64100842. Acesso em: 23 out. 2024.
4. Os textos dos gêneros editorial e artigo de opinião, cada um a seu modo, destinam-se à expressão de opinião acerca de um tema ou fato que atinge significativamente um grupo expressivo da população. O editorial é o espaço no qual os veículos de comunicação apresentam claramente o seu posicionamento institucional diante de um fato, independentemente da opinião de seus colaboradores. Por outro lado, no artigo de opinião, o articulista expõe abertamente a sua própria opinião, independentemente do posicionamento do veículo de comunicação em que publica seu texto.
5. Um texto persuasivo deve ser claro e coeso. A clareza permite que o leitor entenda facilmente a mensagem e os argumentos apresentados, enquanto a coerência entre as ideias ajuda a construir uma linha de raciocínio sólida. Além disso, o uso
de exemplos concretos e dados confiáveis pode fortalecer a argumentação, tornando-a mais convincente. Por fim, apelar às emoções do leitor, utilizando uma linguagem envolvente, pode aumentar a conexão e a adesão à ideia proposta.
(página 220 a 231)
Pode-se fazer a leitura dos boxes Biografia, nas páginas 220 e 221, pois eles oportunizam contextualizar e entender um pouco da história de Ricardo Aleixo e Carolina Maria de Jesus. Sugere-se aproveitar o momento para explicar aos estudantes que a grafia das entradas dos diários de Carolina Maria de Jesus foi preservada como constava no texto original, tornando-se uma característica de seu texto literário. Se julgar pertinente, aproveite a oportunidade para retomar o conceito de preconceito linguístico.
decolonização e representação da negritude em Ricardo Aleixo e Carolina Maria de Jesus
(página 221 a 224)
2. b) A mistura se dá pela utilização de vocábulos associados à linguagem formal e erudita, como o termo tépida; à linguagem metafórica e simbólica, típica dos textos literários, como no trecho “o céu está salpicado de estrelas”; e à linguagem cotidiana, como no trecho em que se narra a briga entre Binidito e Ramiro. O uso desses vocábulos contribui para a construção de uma atmosfera que oscila entre o registro do que a narradora deseja e da sua visão poética sobre o mundo e a realidade vivida na favela do Canindé.
2. c) A autora desconstrói essa ideia por meio da reflexão de que o branco e o negro compartilham das mesmas características humanas, de modo que não existe hierarquia entre as raças.
2. d) Nas duas primeiras ocorrências, o verbo catar se refere ao ato literal de coletar lenha e papelão, uma vez que Carolina era catadora. Na última, catar se associa à ideia de encontrar a felicidade, o que contrasta com a realidade de escassez na qual ela se vê inserida.
4. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reconheçam que, apesar da ausência de versos, “Meu Negro” é repleto de imagens poéticas e apresenta musicalidade e preocupação com a sonoridade. Além disso, a utilização da pontuação se dá de modo a fazer com que as frases funcionem como versos, que aparecem permeados pela repetição de termos e estruturas.
4. b) A forma do diário permite à autora o compartilhamento dos seus pensamentos e sentimentos em entradas que expressam os acontecimentos cotidianos e suas reflexões, ao mesmo tempo em que os insere em uma dinâmica temporal estabelecida, permitindo o retorno das reflexões com base em outros acontecimentos.
4. c) No texto de Ricardo Aleixo, o uso da primeira pessoa intensifica a expressão da subjetividade do eu lírico, ao mesmo tempo que cria a atmosfera de diálogo com o interlocutor branco. No texto de Carolina Maria de Jesus, o uso da primeira pessoa estabelece uma voz narrativa associada à autoria, uma vez que se trata de um diário. Por meio desse recurso, ela transforma suas experiências pessoais em uma narrativa coletiva que reflete a marginalização.
7. Espera-se que os estudantes reconheçam que a marginalização intelectual sofrida por Carolina Maria de Jesus evidencia o funcionamento de uma sociedade que se apropria da experiência negra apenas naquilo que lhe é conveniente, visto que, muitas vezes, a identificação da negritude é construída e estabelecida pelos valores e normas da branquitude, relacionando os negros a papéis estereotipados que não refletem suas realidades vividas. Ambos os autores utilizam estratégias para desafiar e desconstruir essas imposições sociais. Em suas entradas de diário, Carolina Maria de Jesus se recusa a ser reduzida às “desorganizações” que a sociedade branca lhe impõe, revelando um desejo de controle sobre sua própria narrativa. Por sua vez, Ricardo Aleixo, por meio de sua forma inovadora de trabalhar com a linguagem, desafia a construção da identidade negra, questionando a noção de que a identidade deve se submeter às definições impostas.
O corpo como espaço do fazer literário
(páginas 224 e 225)
Respostas e comentários
9. Se possível, apresente aos estudantes o poema midiático no qual Ricardo Aleixo performa “Meu
negro”. Ele pode ser acessado no link www. facebook.com/todavialivros/videos/meu-negro -poema-de-ricardo-aleixo/1994411600651215/ (acesso em: 23 out. 2024).
(página 226 a 231)
• A subseção apresenta um trecho do livro Úrsula, de Maria Firmina dos Reis, em que as pessoas escravizadas são apresentadas como protagonistas. Peça aos estudantes que leiam o texto e as palavras do glossário, incentivando-os a explorar como as definições se aplicam aos contextos do texto. Esse exercício enriquece o vocabulário dos estudantes e contribui para a compreensão das diferentes acepções e usos variados de uma mesma palavra.
Sugere-se aproveitar o momento para aprofundar as relações entre história e literatura, além de abordar a maneira como os fatores sociais e históricos influenciam nas produções literárias. Essa abordagem contribui para o desenvolvimento das habilidades EM13LP48 e EM13LP49, bem como das competências específicas 1 e 6. Para isso, pode ser útil propor aos estudantes uma pesquisa sobre Maria Firmina dos Reis, de modo a articular sua trajetória pessoal e literária ao momento histórico em que viveu. A pesquisa pode ser articulada também ao boxe O movimento romântico em perspectiva, na página 228.
Como ponto de partida para a pesquisa, sugere-se a leitura da biografia da autora apresentada no portal Literafro.
MARIA Firmina dos Reis. [S. l.]: Literafro, 20 out. 2024. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/literafro/ autoras/322-maria-firmina-dos-reis. Acesso em: 23 out. 2024.
1. c) No excerto “Senhor Deus! Quando calará no peito do homem a tua sublime máxima – ama a teu próximo como a ti mesmo –, e deixará de oprimir com tão repreensível injustiça ao seu semelhante!…”, a escravização é criticada com base no ideal religioso, dando a entender que os escravizadores ignoram os ensinamentos cristãos.
2. a) Em Úrsula, o corpo negro é descrito como um corpo que carrega as marcas não só da escravização, mas também da força do sangue africano, representadas pelos traços de nobreza e honra. Já em “Meu negro”, a representação do corpo negro se dá de forma contemporânea e performática, tensionando as marcas do passado colonial escravista na subjetividade do sujeito, assim como enfatizando e valorizando a presença desse corpo na contemporaneidade.
(página 230)
• O item propõe reflexões acerca dos recursos linguísticos usados para a construção dos sentidos do texto, como o uso da palavra que como conjunção integrante e como pronome relativo. O estudo da palavra que será retomado no item A linguagem do texto, nas páginas 243 e 244. Além disso, o tema será aprofundado na seção Estudo da Língua, momento em que o termo em análise será abordado por meio do estudo dos pronomes relativos e das orações subordinadas adjetivas.
(página 231)
• Os estudantes serão convidados a ler o poema de Sérgio Vaz, que aborda a ressignificação do termo magia negra, realizada por meio da exaltação de pessoas negras da história do Brasil e do mundo em diversas áreas. Essa abordagem permite aprofundar o trabalho com o Tema Contemporâneo Transversal Cidadania e Civismo: Educação em Direitos Humanos, ao propor a reflexão sobre a valorização das pessoas negras na construção de uma sociedade justa, igualitária e acessível.
(páginas 232 e 233)
• A proposta desta seção envolve a leitura de um texto que apresenta a relação entre negritude, identidade e dança,
com base no trabalho com o corpo, ensejando reflexões em conjunto com o componente Educação Física.
• É per tinente realizar as atividades propostas na seção em parceria com o professor de Educação Física. Uma possibilidade didática é convidar o docente para conversar sobre o tema com a turma, apresentando alguns exemplos de danças de matriz africana na cultura brasileira, como jongo, maracatu e congada.
(página 235 a 246)
(página 239)
Para facilitar a resolução da primeira questão, retome com os estudantes o conceito de falácia argumentativa, a qual se identifica por uma falha de encadeamento lógico na construção argumentativa que compromete a persuasão e cuja elaboração pode ser proposital – para confundir ou manipular o interlocutor – ou decorrente da falta de conhecimento sobre o assunto.
(página 239 a 243)
11. d) Comprovação por meio de dados estatísticos: “Os egressos de escolas públicas nas instituições contempladas foram de 55% em 2012 a 63% quatro anos depois. Pretos, pardos e indígenas, de 27% a 38%”; e citação de depoimento: “‘Os programas de ação afirmativa transformaram as universidades e tiveram impacto profundo na vida de muitos cotistas’, afirma a economista Fernanda Estevan, da Fundação Getúlio Vargas”.
15. d) Ao longo dos estudos dos gêneros textuais do campo jornalístico-midiático, os estudantes analisaram os diferentes graus de parcialidade presentes nos textos jornalísticos, considerando a impossibilidade da construção de um texto desprovido de subjetividade. É importante que eles também tenham em mente que os textos publicados em um jornal seguem o posicionamento da instituição. Sendo assim, é esperado que, como leitores, prefiram ter a clareza de que posicionamento é esse.
(página 244 a 246)
• O objetivo da subseção é possibilitar aos estudantes a identificação dos elementos de um artigo de opinião como parte do trabalho com o campo jornalístico-midiático.
• Suger e-se pedir que a turma leia o boxe Entre gêneros, na página 246, que traz explicações sobre os gêneros textuais editorial e artigo de opinião, e anote, com as próprias palavras, o que compreendeu acerca de cada um. Caso considere necessário, é possível trazer outros textos desses gêneros para aprofundar o trabalho didático.
2. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que o texto, em um jornal impresso, precisa obedecer ao espaço reservado a ele, limitação que não ocorre em um jornal on-line. No entanto, é importante que os estudantes percebam que, em um jornal on-line, muitas vezes é solicitado um texto mais curto pensando no público-alvo.
(página 247 a 250)
Sugestões didáticas
• Nesta seção, serão estudados os pronomes relativos e suas funções sintáticas, além das orações subordinadas adjetivas, suas funções e efeitos de sentido nos textos. Como os estudantes já têm familiaridade com o tema da subordinação, a análise proposta busca aprofundar essas estruturas em contextos mais complexos. Por fim, serão abordados o uso das vírgulas em orações adjetivas intercaladas e a modalização por meio do uso de orações subordinadas.
Oração subordinada adjetiva: conceitos e tipos
(páginas 248 e 249)
3. b) Sugere-se orientar os estudantes a observar as escolhas específicas de palavras, como em pretinha limpinha, para que reflitam sobre o impacto dessas
palavras na caracterização da figura descrita. Destaque como o uso do diminutivo e do advérbio muito constroem uma relação mais próxima e afetuosa.
3. c) Durante a realização da questão, sugere-se perguntar aos estudantes qual é o efeito de sentido ao se dizer que a personagem “falava muito bem”. Isso os levará a refletir sobre a maneira como a linguagem ajuda a quebrar estereótipos e humanizar as personagens do texto. Ajude-os a entender como o discurso da narradora vai além da aparência física, destacando traços que constroem uma imagem mais rica e complexa.
4. a) Sugere-se pedir aos estudantes que analisem a comparação feita pela narradora entre si mesma e as aves. Pergunte como essa associação entre o canto matinal das aves e a própria alegria da narradora ajuda a construir a atmosfera do texto. Incentive os estudantes a refletir sobre o que essa metáfora revela a respeito do estado emocional da narradora, além da ligação com a natureza.
4. b) Espera-se que o estudante identifique que a oração subordinada “que cantam apenas ao amanhecer” fornece uma explicação adicional sobre as aves, destacando um aspecto do seu comportamento. Essa explicação enriquece a comparação, sugerindo que a alegria da narradora está ligada à beleza e ao frescor do início do dia, similar ao canto das aves. Explique que se trata de uma oração explicativa, pois acrescenta uma informação extra sobre o comportamento das aves, sem restringir o significado do sujeito.
(página 249)
O objetivo do item é apresentar aos estudantes a maneira como as vírgulas influenciam os efeitos de sentido a depender do contexto.
• Sugere-se propor aos estudantes a leitura das atividades e do boxe e pedir que exemplifiquem cada conceito apresentado. Registre na lousa os exemplos trazidos pela turma.
5. b) Destaque que o uso da vírgula no trecho em análise é fundamental para indicar que a informação não é essencial ao entendimento básico da frase, mas adiciona uma camada de compreensão.
(páginas 249 e 250)
• O item está indicado como Modalização e orações subordinadas II por ser continuação do estudo do tópico iniciado no Capítulo 4. Nesse momento, será enfocada a modalização por meio do uso de orações subordinadas adverbiais concessivas.
(página 250)
• O item apresenta um texto e uma tirinha para trabalhar os conceitos tratados ao longo do Capítulo –orações subordinadas adjetivas, uso de vírgulas e funções sintáticas da palavra que.
• Sugere-se orientar a turma a fazer as atividades individualmente e, após a finalização, realizar oralmente a correção coletiva.
(página 251 a 253)
• O objetivo da oficina é possibilitar aos estudantes assumir posicionamentos coletivos e, de certo modo, institucionais em relação à Lei da Igualdade Racial e à Lei de Cotas. Consideram-se tais instrumentos legais como essenciais para a compreensão dos estudantes sobre seus direitos e deveres em relação à minimização das disparidades étnico-raciais no Brasil, o que poderá contribuir para o ingresso de muitos desses estudantes na universidade e em outros espaços em que a branquitude ainda predomina.
• Sugere-se pedir aos estudantes que respondam às questões propostas, pois elas permitem ampliar o repertório e oferecem subsídios para pensar a respeito da linha a seguir na escrita do editorial.
1. a) A Lei no 12.288 tem como principal objetivo instituir o Estatuto da Igualdade Racial para garantir
à população negra igualdade de oportunidades e defesa de seus direitos individuais e coletivos no combate ao racismo. Já a Lei n° 12.990/2014 institui a Lei de Cotas para negros em concursos e processos seletivos de instituições e empresas públicas.
2. Caso seja um consenso da turma, pode-se abordar apenas uma das leis em análise. Sugere-se que, nesse caso, ela seja lida na íntegra com os estudantes, para que outros pontos polêmicos possam ser levantados.
3. Se considerar pertinente, faça a intermediação dos estudantes com a coordenação escolar para que haja engajamento na proposta e escuta ativa sobre as ponderações institucionais. Ajude os estudantes a se imaginarem como jornalistas em defesa do posicionamento institucional, ainda que não concordem com ele. É um momento propício para colocar em questão a importância de conhecer a filosofia organizacional de onde se está inserido educacional e profissionalmente, ressaltando a importância de esses valores serem afins.
4. Sugere-se que o professor faça a mediação das discussões, direcionando os estudantes na definição de pontos polêmicos. Esses pontos podem ser registrados na lousa, para facilitar a decisão da turma sobre aquele que será abordado. Se considerar pertinente, a turma pode definir mais de um ponto polêmico para abordar. Caso seja necessário fazer um recorte, os estudantes podem refletir sobre apenas uma das leis.
Na definição dos g rupos, proposta no item 3, é importante ajudar os estudantes a definir os papéis de participação dos integrantes, de modo que todos possam colaborar: mediador do tempo, mediador do relacionamento (para garantir que todos se expressem), redator e revisor são alguns papéis importantes que podem ser sugeridos. Defina um tempo para a elaboração do texto.
• O objetivo da etapa é que os estudantes reflitam sobre o próprio processo de escrita.
• Ao responderem às questões propostas, os estudantes devem, refletir sobre as melhorias a fazer no texto
e, assim, reescrever o que for necessário, o que contribui para a sistematização de aspectos relativos à criação e à organização textual.
• Sugere-se que, nesse momento de fechamento, seja promovida uma leitura coletiva do editorial para acerto da formalidade do texto e garantia de que o gênero esteja adequado. Essa é também uma oportunidade de avaliação dos textos. Após esse momento, auxilie a turma na impressão dos textos e na disposição deles no mural da escola.
(página 254)
• Sugere-se realizar as questões propostas oralmente e, em seguida, fornecer tempo aos estudantes para que as respondam por escrito, no caderno.
• Outra possibilidade é sugerir que a turma faça as atividades por escrito e, ao final, promover oralmente a correção coletiva.
• Sugere-se pedir a leitura dos itens do quadro para que cada estudante reflita sobre a participação ao longo das propostas. Incentive-os a retomar o que foi realizado e, assim, a dar respostas embasadas nas experiências e nas reflexões acerca de cada vivência ao longo do desenvolvimento do Capítulo.
(página 255)
• Peça aos estudantes que realizem a atividade individualmente, como se estivessem em uma situação de processo seletivo; dê um tempo para que realizem a questão; e, ao final, faça a correção oral, pedindo que justifiquem a resposta dada.
(página 256 a 268)
Portfólio pessoal e profissional
Competências e habilidades do Projeto
Competências gerais: 1, 2, 4, 5, 6, 9 e 10
Competências específicas: 1, 2, 3, 4, 6 e 7
Habilidades de Linguagens: EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG201, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG304, EM13LGG402, EM13LGG503, EM13LGG701, EM13LGG703 e EM13LGG704
Habilidades de Língua Portuguesa: EM13LP01, EM13LP05, EM13LP09, EM13LP12, EM13LP13, EM13LP15, EM13LP17, EM13LP18, EM13LP19, EM13LP21, EM13LP22, EM13LP32 e EM13LP33
C riar um portfólio com experiências ligadas ao mundo do trabalho.
Reconhecer a diversidade de profissões e o futuro do trabalho.
Compreender as mudanças do trabalho ao longo do tempo e o modo como elas impactaram a sociedade.
Analisar a composição textual em diferentes contextos, como na elaboração de currículo e na criação de roteiro para vídeo
Estudar a proposta
(página 256)
• Este Projeto tem como objetivo principal promover uma reflexão crítica sobre o futuro do trabalho, considerando as transformações tecnológicas e sociais que impactam as profissões. Além de fomentar o desenvolvimento de competências relacionadas ao uso de novas tecnologias, o projeto busca integrar a dimensão social e a sustentabilidade às discussões sobre o futuro profissional.
• Ao longo do Projeto, os estudantes serão incentivados a trabalhar em colaboração e a aprimorar suas habilidades de comunicação tanto nas discussões quanto na socialização dos seus portfólios. Além disso, o letramento digital será uma competência central, já que o produto será um portfólio que incluirá textos do campo digital (vídeo de apresentação e currículo web).
• No início, os estudantes serão introduzidos às mudanças mais recentes que impactam o trabalho, como a digitalização e a automatização, além de questões relacionadas à sustentabilidade. Como parte dessa reflexão, será realizada a leitura de trecho do livro Ideias para adiar o fim do mundo, de Ailton Krenak, que traz uma perspectiva indígena sobre o futuro e a relação da sociedade com a natureza.
• Por fim, cada estudante criará um portfólio individual, que incluirá registros das experiências de vida e produções que demonstrem habilidades críticas e criativas, além do compromisso com um futuro sustentável. O portfólio será um espaço para a criação de currículos, vídeos de apresentação e reflexões sobre como as escolhas atuais podem impactar o futuro profissional e social de forma positiva.
• Ao final do projeto, os estudantes terão a oportunidade de apresentar seus portfólios para a comunidade escolar, criando um espaço de diálogo sobre o papel que cada um desempenha na construção de um futuro mais justo, sustentável e tecnicamente preparado.
(página 256 a 262)
• Na segunda etapa, é importante orientar os estudantes na formulação de perguntas, incentivando o uso de pronomes interrogativos e a estrutura em ordem direta. Esse apoio deve ter um caráter mais orientativo, permitindo que os estudantes assumam a responsabilidade pela criação e revisão dos textos.
• Se possível, incentive o uso de uma ferramenta de formulário digital para captar as respostas, o que facilitará tanto a aplicação quanto a tabulação dos dados. Certifique-se de que todos consigam utilizar o formulário adequadamente. Caso não seja viável, os estudantes podem criar o formulário manualmente no caderno, anotando as respostas para, posteriormente, transferi-las à equipe de tabulação.
• Na quinta etapa, a proposta do mapa mental visa ampliar o repertório dos estudantes sobre o mundo do trabalho, conectando-o a uma dimensão social e de futuro. Antes de abordar a produção individual do currículo, currículo web e portfólio com a turma, é importante que compreendam que o trabalho vai além da simples performance profissional ou atuação individual. Estar no ambiente de trabalho significa estar conectado com as mudanças sociais e manter-se em diálogo com outras esferas da vida em sociedade.
1. d) Respostas pessoais. As gerações mais velhas muitas vezes vivenciaram um mundo com menor foco em sustentabilidade, onde o consumo de recursos era menos questionado. No entanto, ao longo dos últimos anos, essas gerações também começaram a reconhecer a necessidade de um compromisso maior com o meio ambiente, em resposta às mudanças climáticas e à degradação ambiental. Já as gerações mais jovens, tendem a ser muito mais conscientes e ativas em relação à sustentabilidade. Elas estão envolvidas em movimentos globais e mais dispostas a mudar hábitos para preservar o planeta.
1. e) Esse apontamento deixa em evidência a necessidade da convergência e da construção social em oposição a uma construção individual. No trecho, Krenak mostra que a diversidade de visões e expectativas que as pessoas têm sobre o futuro pode gerar futuros distópicos, impedindo um futuro saudável e sustentável para as próximas gerações.
2. a) Conforme o trecho lido, o empreendedorismo pautado no capitalismo tradicional busca principalmente o lucro e a expansão dos negócios, com foco em maximizar retornos financeiros para os investidores. Já o empreendedorismo social tem como objetivo principal gerar impacto positivo na sociedade, priorizando soluções para problemas sociais ou ambientais. Embora ambos possam buscar eficiência e inovação, o empreendedorismo social mede seu sucesso pelo valor social criado, enquanto o empreendedorismo capitalista o avalia pelos lucros gerados.
2. b) De acordo com o texto, o racismo motivou Monique a agir e criar um movimento que buscava enfrentar problemas estruturais, o que a levou a fundar o Desabafo Social, inicialmente uma chapa do grêmio estudantil que se tornou um projeto de impacto local (comunidade e cidade).
2. c) A visão de Monique mudou à medida que percebeu que empreender não se restringe a ganhar dinheiro, mas também pode significar a criação de soluções para problemas sociais. Isso sugere uma redefinição do conceito de empreendedorismo como uma ferramenta de mudança social. A história de Monique vem de um lugar de combate às desigualdades.
2. d) Segundo o texto, reformular a educação para torná-la uma ferramenta eficaz de equidade social pode envolver a adoção de uma educação mais crítica e consciente das questões raciais e sociais, garantindo acesso a recursos de qualidade para todos, independentemente de sua origem socioeconômica.
3. a) Profissão é o trabalho para o qual uma pessoa se qualifica formalmente, através de um curso superior ou técnico, enquanto ocupação se refere ao que a pessoa faz no dia a dia, independentemente de ter formação na área. Nas regiões periféricas, muitas pessoas são obrigadas a começar a trabalhar cedo para contribuir com a renda familiar, muitas vezes, em ocupações que não correspondem a uma profissão específica. Essa realidade reflete a falta de oportunidades e o desafio de buscar qualificação em ambientes de vulnerabilidade social.
3. b) A necessidade de ingressar no mercado de trabalho cedo, muitas vezes ainda na infância ou adolescência, limita o tempo e os recursos disponíveis para a educação formal, o que pode impedir o acesso a profissões que exigem qualificação. Em vez de seguir uma carreira planejada, muitos acabam em ocupações informais ou subvalorizadas, perpetuando um ciclo de dificuldades econômicas e sociais. Isso também evidencia uma questão de desigualdade social, já que quem vem de uma realidade menos vulnerável tem mais chances de se profissionalizar e alcançar posições de maior prestígio e remuneração.
• Para aprofundar os conhecimentos sobre os diferentes tipos de empreendedorismo, recomenda-se a leitura do seguinte artigo.
OLIVEIRA, Edson Marques. Empreendedorismo social no Brasil: atual configuração, perspectivas e desafios: notas introdutórias. Revista da FAE, Curitiba, v. 7., n. 2, p. 9-18, jul./dez. 2004. Disponível em: https:// revistafae.fae.edu/revistafae/article/view/416. Acesso em: 23 out. 2024.
(página 262 a 266)
• Para esse item do Projeto, é fundamental que os estudantes usem recursos digitais (celulares ou computadores). Se for possível, reserve momentos no laboratório ou sala de informática da escola e incentive os estudantes a criar um portfólio digital, a fim de deixar ainda mais potente a relação entre trabalho e escola.
É impor tante que as etapas de pesquisa ocorram na escola, para que seja possível ajudar os estudantes na curadoria de informações confiáveis. Dedique duas aulas a essa finalidade.
Na atividade 13 da primeira etapa, pode-se estimular os estudantes a explorar sua história pessoal e como ela se conecta com suas metas futuras e com as narrativas dos outros colegas. Essa é uma dinâmica que já começa a preparar o estudante para a etapa de autoconhecimento, além de colaborar com a integração da equipe de trabalho.
Geralmente, nesses momentos de troca, os grupos encontram pontos de convergência entre suas narrativas e seus desejos. Essa discussão pode gerar diálogos e provocações que são a primeira etapa para a produção do portfólio.
R ecomenda-se que, durante todo o projeto, os estudantes produzam o documento no laboratório de informática da escola, salvando os arquivos em pastas digitais ou em pen-drives.
Na atividade 17 da segunda etapa, sugere-se orientar os estudantes durante a produção do currículo.
Para isso, incentive-os a trocar as informações com os colegas e a potencializar a experiência de trabalho em grupo, agindo de forma colaborativa.
• Para realizar a atividade 20 da terceira etapa, os estudantes devem considerar as seguintes características.
• Interatividade: permite incluir elementos multimídia, como vídeos, imagens, links e apresentações.
• Característica de redes sociais: ações e dinâmicas de redes sociais (chats, compartilhamento de informações e criação de perfil).
• M aior visibilidade : pode ser encontrado por recrutadores através de mecanismos de busca ou em redes sociais profissionais.
• Foco em palavras-chave: permite a otimização com termos relevantes que facilitam a localização por recrutadores em plataformas digitais.
• Capacidade de compartilhamento : pode ser facilmente distribuído via e-mail, redes sociais ou links diretos.
• Apresentação de projetos em tempo real: facilita a inclusão de links para projetos concluídos ou em andamento, com exemplos práticos do trabalho.
• Atualização fácil e rápida: pode ser editado e atualizado em tempo real, sem a necessidade de imprimir novas versões.
• Ao longo da realização da atividade 22 da terceira etapa, pode-se organizar as seções de trabalho em grupo. Durante o processo de produção, cada estudante deverá garantir que as informações essenciais (experiência, formação, habilidades) sejam claras e de fácil navegação. Enquanto um estudante trabalha em seu currículo web, os colegas poderão fazer sugestões e anotações sobre o design, a clareza das informações e a funcionalidade da página, colaborando com o colega que está criando.
• Incentive os alunos a explorar diferentes plataformas que possam ser usadas para criar currículos on-line. Discuta a importância de manter o currículo web atualizado e alinhado com as demandas profissionais. Ao final, todos deverão compartilhar seus currículos web com a turma para obter feedback e ajustá-los antes da versão final.
(página 266 a 268)
• Pode-se usar o processo de autoavaliação para oferecer feedbacks sobre o desenvolvimento dos estudantes e tornar o processo de aprendizado ainda mais transparente. Além de melhorar o desempenho individual, a autoavaliação em grupo favorece um crescimento contínuo e alinhado com as metas estabelecidas.
• Sugere-se incentivar os estudantes a discutir os resultados das avaliações e a usá-los como base para traçar um plano de ação, ajustando responsabilidades e gestão do tempo. Isso reforçará o comprometimento e a participação de todos no projeto.
[Trecho de música cantada: baião]
“Quando oiei a terra ardendo Qual fogueira de São João
Eu preguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação?”
O trecho que acabou de tocar é de um dos maiores sucessos da música brasileira: a canção “Asa branca”, do cantor e compositor Luiz Gonzaga, que foi lançada em 1947. Desde então, virou uma espécie de hino dos migrantes que deixaram sua terra por causa da seca.
[Trecho de música instrumental: baião]
Os temas da seca, da fome e da migração estão presentes em diversas produções artísticas brasileiras. São canções, romances, poemas, pinturas e filmes de diferentes épocas e artistas.
Na literatura brasileira, temos alguns clássicos que tratam dessa temática.
Um deles é o romance Vidas secas, de Graciliano Ramos, que foi publicado em 1938 e pertence à segunda fase do Modernismo. O livro conta a história de Fabiano, sua mulher Sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia. Eles são obrigados a migrar da Caatinga para fugir das terríveis consequências da seca.
Outro exemplo é a obra Morte e vida severina, um dos poemas mais conhecidos de João Cabral de Melo Neto, autor da terceira geração modernista. Publicado em 1955, é um poema dramático que narra a viagem de Severino, um retirante sertanejo que deixa sua terra natal em busca de melhores condições de vida. Vou recitar alguns versos dele:
“Somos muitos Severinos iguais em tudo e na sina: a de abrandar estas pedras suando-se muito em cima, a de tentar despertar terra sempre mais extinta, a de querer arrancar algum roçado da cinza. Mas, para que me conheçam melhor Vossas Senhorias e melhor possam seguir a história de minha vida,
passo a ser o Severino que em vossa presença emigra.”
[Música de transição]
Embora sejam obras de ficção, essas histórias representam situações muito reais: a concentração de terra nas mãos de poucos e a precariedade das condições de vida da população do campo, que na região do semiárido nordestino é agravada pela seca.
[Trecho de música cantada: música popular brasileira]
“Eu sou um pobre caboclo
Ganho a vida na enxada
O que eu colho é dividido
Com quem não prantô nada”
Esse trecho da música “Sina de caboclo”, do cantor e compositor João do Vale, lançada em 1965, faz referência a uma das formas de exploração dos trabalhadores rurais, em que o produtor é obrigado a dividir uma parte do que colhe com os donos da terra onde trabalha.
[Música de transição]
As canções e obras literárias de que falamos até agora foram produzidas entre as décadas de 1930 e 1960.
Nesse período, os processos migratórios inter-regionais foram impulsionados por questões econômicas, sociais e políticas e por aspectos naturais da região nordestina. Para se ter uma ideia, na década de 1930, período em que foi escrito o romance Vidas secas, cerca de 650 mil pessoas migraram do Nordeste para outras regiões do Brasil.
Mas é a partir da segunda metade do século XX que esses processos migratórios se intensificaram, quando o Brasil começava a se tornar um país industrializado.
[Trecho de fala com música cantada ao fundo: música popular brasileira]
“(Carcará) 1950, mais de 2 milhões de nordestinos viviam fora dos seus estados natais (Carcará, Carcará) 10% da população do Ceará emigrou (Carcará) 13% do Piauí, (Carcará) 15% da Bahia, (Carcará) 17% de Alagoas (Carcará)”
As pessoas que migravam enfrentavam inúmeras dificuldades ao chegar às grandes cidades. Não por acaso, foi nesse período que ocorreu o crescimento desordenado das periferias dos grandes centros urbanos.
Com o passar do tempo, o fluxo das migrações internas diminuiu. Segundo dados apresentados pelo IBGE, entre os anos de 2004 e 2009, houve uma queda de 37% em comparação aos períodos anteriores.
Mesmo com a diminuição das migrações em direção aos grandes centros, as dificuldades de quem vive no campo não ficaram no passado: a concentração de terras e os conflitos agrários estão presentes até hoje.
Um estudo de 2020, conduzido pela ONG Imaflora, com a participação de especialistas de oito entidades e universidades, mostra o tamanho da desigualdade na distribuição de terras no Brasil: cerca de 0,3% do total de imóveis rurais concentra 25% de toda a terra agrícola disponível no país.
E, de acordo com uma reportagem da Agência Brasil, no ano de 2022, foram registrados 2 018 conflitos no campo, que envolveram em torno de 909 mil pessoas. O número diz respeito a disputas por terra e água, resgate de trabalhadores em condições análogas à escravidão, assassinatos e mortes, entre outras ocorrências.
[Música de transição]
Esses dados são recentes, mas podemos dizer que a questão agrária no Brasil remonta ao nosso passado colonial e atravessa séculos da nossa história. Não é à toa que esse tema está presente em diversas expressões artísticas e literárias brasileiras, inclusive em produções mais atuais.
Uma obra que se destacou recentemente foi o romance Torto arado, de Itamar Vieira Junior, publicado em 2019. A história se passa na região da Chapada Diamantina, na Bahia, e tem como pano de fundo temas sociais como o latifúndio, o coronelismo, a exploração da população pobre, o racismo e os resquícios da escravidão. É uma obra ficcional que carrega fortes elementos da realidade e que aproxima o leitor da experiência de quem vive no campo.
Vou ler um trechinho aqui:
“Se esvaía toda a coragem de que tentei me investir para viver naquela terra hostil de sol perene e chuva eventual, de maus-tratos, onde gente morria sem assistência, onde vivíamos como gado, trabalhando sem ter nada em troca, nem mesmo o descanso, e as únicas coisas a que tínhamos direito era morar até quando os senhores quisessem e a cova que nos esperava fosse cavada na Viração, caso não deixássemos Água Negra”.
[Música de transição]
Torto arado já vendeu mais de 800 mil cópias, foi traduzido para diversos idiomas, recebeu prêmios importantes, como o Prêmio Jabuti, em 2020, e entrou para a lista de leituras obrigatórias de alguns vestibulares.
Que tal incluir essa obra na sua lista de leitura também?
Créditos:
A versão da canção “Asa branca”, do cantor e compositor Luiz Gonzaga, está no álbum O Nordeste na voz de Luiz Gonzaga, de 1962. “Sina de caboclo”, de João do Vale, está no álbum O poeta do povo, de 1965. A versão da música “Carcará”, de autoria de João Cândido e João do Vale, é uma gravação da cantora Maria Bethânia, de 1965, que foi lançada na coletânea As grandes décadas da música popular brasileira, de 2007. Os outros áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.
[Música de transição]
Quantos livros de literatura escritos por autoras negras você já leu? Neste podcast, vamos conhecer algumas escritoras negras brasileiras e refletir sobre a importância de reconhecer e valorizar a literatura produzida por mulheres negras.
[Música de transição]
O Brasil é um país marcado por profundas desigualdades, e muitas delas têm origem em nosso passado colonial e escravista. Já sabemos que a abolição da escravidão, por si só, não garantiu igualdade de oportunidades para as pessoas negras. Até hoje, as marcas dessa história ainda são visíveis e se manifestam em diversos espaços e contextos. A literatura escrita, por exemplo, foi durante muito tempo um campo de exclusão para os grupos sociais marginalizados.
Nas universidades e escolas, as obras estudadas eram, em sua maioria, de autores homens, brancos e de classes sociais privilegiadas. O reconhecimento da literatura de autoria negra e feminina nesses espaços é algo recente. No entanto, as escritoras negras lutam por esse reconhecimento há muito tempo, pelo menos desde o século XIX, quando o primeiro romance escrito por uma mulher negra foi publicado no Brasil.
[Música de transição]
Maria Firmina dos Reis, filha de uma mulher negra escravizada, conseguiu estudar e se formar professora, quando a escravidão ainda nem havia sido abolida. Em 1859, ela publicou Úrsula, o primeiro romance brasileiro escrito por uma mulher, numa época em que as mulheres não podiam expor suas opiniões. Com esse livro, Maria Firmina se tornou uma das primeiras vozes da literatura brasileira a assumir uma postura antiescravista, sendo considerada uma precursora da temática abolicionista. Diferente das obras dos autores românticos de sua época, Úrsula foi também o primeiro romance a dar um tratamento humanizado às personagens negras.
Em sua obra, essas personagens são representadas de forma complexa, sem recorrer a estereótipos ou características pejorativas.
[Música de transição]
Embora Maria Firmina seja uma das escritoras mais importantes da literatura brasileira, sua obra permaneceu por muito tempo sem o devido reconhecimento nas histórias literárias oficiais.
É o que nos conta a escritora Jarid Arraes nos versos de um cordel dedicado à Maria Firmina dos Reis:
“[...] A primeira romancista Que foi negra e nordestina
Soube usar com esperteza O fulgor da sua sina
Trabalhou suas palavras Mesmo sendo clandestina.
[...]
No entanto, me revolta O nojento esquecimento
Pois nem mesmo na escola Nem sequer por um momento Eu ouvi falar seu nome Para o reconhecimento.
Como pode algo assim?
Se a História ela marcou
Por que não falamos dela Nem do que ela conquistou?
É terrível a injustiça
Que a escola maculou [...]”
[Música de transição]
Outra escritora negra que também passou por esse processo de apagamento foi Carolina Maria de Jesus. Mesmo com o sucesso alcançado pela publicação de seu primeiro livro, Quarto de despejo, o valor de sua produção artística e literária demorou a ser reconhecido.
Publicado em 1960, Quarto de despejo: diário de uma favelada teve sua tiragem inicial de 10 mil exemplares esgotada em menos de uma semana, além de ser traduzido para diferentes línguas e publicado em muitos países. Mas, foi só a partir da década de 1990 que a obra de Carolina Maria de Jesus foi resgatada e valorizada por críticos e estudiosos da literatura.
Além de diários, Carolina escreveu poemas e letras de música. Em 1961, gravou um disco no qual canta suas próprias composições.
[Trecho de música cantada: samba]
“Eu não tenho casa
Nem comida pra comer
Ai, meu Deus, trabalho tanto
E vivo nesse miserê”
Na literatura contemporânea, uma autora que merece destaque é Conceição Evaristo. Ela é considerada uma das mais importantes intelectuais e escritoras negras do país. Autora de romances, contos e poemas, ela já recebeu diversos prêmios, incluindo o Jabuti, o mais importante da literatura nacional.
Conceição faz questão de se afirmar como uma escritora afro-brasileira, enfatizando que sua literatura se
constrói a partir de sua ancestralidade e de sua experiência como mulher negra. Para ressaltar que esta é uma das principais características de sua obra, ela criou o termo “escrevivência”.
De modo resumido, esse termo se refere à forma como mulheres negras escrevem para contar suas histórias a partir de suas próprias vivências e perspectivas.
[Música de transição]
Um passo importante para o reconhecimento das escritoras negras foi a inclusão de suas obras nas listas de vestibulares de todo o país, como já ocorreu com Olhos d’água, de Conceição Evaristo, Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, e Úrsula, de Maria Firmina dos Reis. Se hoje diversas autoras negras têm ganhado espaço e visibilidade no meio literário, essa conquista se deve aos caminhos abertos por essas importantes escritoras, que marcaram a história e se tornaram referência para as gerações mais novas.
[Música de transição]
Embora, no mercado editorial brasileiro, a maioria das obras publicadas ainda seja de autores homens e brancos, atualmente, diversas escritoras negras, além das que apresentamos aqui, têm recebido reconhecimento do público e da crítica, como Ana Maria Gonçalves, Cidinha da Silva, Eliane Alves Cruz, Jarid Arraes, Miriam Alves, Ruth Guimarães, entre outras.
Que tal pesquisar e conhecer a obra de uma escritora negra brasileira?
Créditos:
O trecho do cordel “Maria Firmina dos Reis”, de Jarid Arraes, foi retirado do livro Heroínas negras brasileiras: em 15 cordéis, publicado pela editora Pólen, em 2017. O trecho da música “Moamba”, de Carolina Maria de Jesus, está no álbum Quarto de despejo: Carolina Maria de Jesus cantando suas composições, lançado em 1961. Todos os outros áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.
[Som de máquina de escrever]
Se você já utilizou uma ferramenta de inteligência artificial para escrever um texto, deve ter reparado que com apenas algumas palavras-chave é possível obter, em questão de segundos, um texto coerente, com começo, meio e fim. A escrita de textos por inteligência artificial, também conhecida como IA generativa, tem se tornado uma prática cada vez mais comum, especialmente com o avanço de tecnologias como os chatbots e outras ferramentas de processamento de linguagem natural.
Essas IAs são capazes de gerar conteúdos de maneira rápida, produzindo diferentes tipos de texto sobre assuntos variados, conforme a necessidade do usuário. Como a escrita desempenha um papel muito importante em nossa sociedade, uma inovação como esta representa um grande avanço, não é mesmo? Mas o uso dessa tecnologia vem acompanhado de uma série de desafios, que devem ser discutidos pela sociedade, principalmente por se tratar de uma inovação que se popularizou rapidamente.
[Música de transição]
Por um lado, a IA generativa oferece inúmeras vantagens. Ela pode ajudar a superar bloqueios criativos, oferecer sugestões para aprimorar o texto ou mesmo gerar esboços iniciais que servem como ponto de partida para a escrita. Essas ferramentas também podem corrigir erros gramaticais, sugerir sinônimos e até ajustar o tom e a linguagem de um texto para diferentes públicos. No entanto, por mais eficiente que a IA generativa seja, ela apresenta limitações significativas.
[Música de transição]
Uma das limitações principais dessa IA é que ela não possui a capacidade de verificar com exatidão as informações que utiliza. Isso porque as ferramentas de IA de processamento de linguagem natural geram textos ao identificar padrões em grandes quantidades de dados disponíveis. Esses dados são compostos de textos escritos por humanos, e a IA usa esses padrões para prever quais palavras e frases devem ser usadas em diferentes contextos.
Além disso, essas ferramentas não têm a capacidade de consultar fontes em tempo real ou de distinguir fontes confiáveis e não confiáveis, produzindo textos que parecem bem escritos, mas que podem conter informações incorretas, desatualizadas ou até fictícias, como dados falsos ou estatísticas inventadas.
[Música de transição]
Em 2023, um episódio envolvendo o uso de inteligência artificial no sistema judiciário brasileiro gerou grande repercussão. Um juiz utilizou uma ferramenta de IA para auxiliar na elaboração de uma sentença, uma prática que tem se tornado cada vez mais comum em diversas áreas. Mas o resultado não foi o esperado: a IA gerou uma sentença com jurisprudências inexistentes, o que acabou comprometendo a validade da decisão. Esse incidente foi investigado pelo Conselho Nacional de Justiça, que levantou questionamentos sobre a utilização das ferramentas de IA no âmbito jurídico.
Casos como este acendem um sinal de alerta quanto ao uso indiscriminado de tecnologias automatizadas em áreas sensíveis como o Direito. A inteligência artificial pode ser uma excelente ferramenta para otimizar processos e aprimorar textos, mas ainda apresenta muitas limitações no que diz respeito à tomada de decisões complexas, que envolve reflexão, argumentação e posicionamento crítico.
[Música de transição]
Quando se trata de escrita por IA, a responsabilidade de validar o texto e garantir a veracidade das informações recai sobre o usuário humano. Ou seja, a IA generativa pode facilitar e apoiar a escrita, mas a percepção humana continua sendo indispensável para avaliar a qualidade de um texto. Por isso, o uso dessa ferramenta pode ser prejudicial se pensarmos que ela dispensa qualquer esforço de elaboração e reflexão.
Você pode até se perguntar: se é possível gerar um texto escrito com apenas alguns comandos, por que precisamos nos esforçar para aprimorar nossas habilidades de escrita? Justamente porque, para avaliar o resultado do texto gerado e fazer adaptações quando necessário, é preciso conhecer as características de cada tipo de texto e saber como adequá-lo à situação comunicativa.
Vale lembrar que, quando escrevemos um texto, mobilizamos diversas habilidades adquiridas ao longo de nossa formação escolar e em diferentes situações sociais. Para escrever um resumo, por exemplo, precisamos fazer uma leitura atenta, selecionar as ideias principais e organizá-las de forma clara.
[Música de transição]
Outro ponto a ser considerado é a questão da originalidade, da autoria e do desenvolvimento pessoal. Quando se utiliza a IA para criar textos, há o risco de se depender excessivamente da tecnologia e não desenvolver as habilidades de escrita e o pensamento crítico. Ao exercitar a escrita, nós desenvolvemos o raciocínio, a reflexão, a criatividade e a sensibilidade, ampliando nossas possibilidades de diálogo e atuação no mundo.
[Música de transição]
A ética no uso de IA para produzir textos também é uma questão importante. Se um texto gerado por IA é usado sem modificação ou atribuição adequada, quem é o verdadeiro autor? Além disso, a IA é programada para aprender com base em grandes volumes de dados, o que levanta a questão: até que ponto essas ferramentas produzem algo realmente novo, em vez de apenas replicar padrões linguísticos de textos preexistentes?
[Música de transição]
Para concluir, é importante ter em mente que o uso da inteligência artificial para escrever textos é uma realidade. No entanto, é fundamental utilizar essas ferramentas como apoio, e não como um substituto para a atividade criativa e intelectual humana. Afinal, não queremos perder a nossa capacidade de pensar de forma crítica e independente, não é?
[Música de transição]
Créditos:
Os áudios inseridos neste conteúdo são da Freesound.
• ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola, 2003. (Série Aula, 1).
Na obra, a autora apresenta novos olhares para o ensino da gramática, da linguagem oral e da escrita, partindo de uma análise sobre a ineficiência de alguns métodos tradicionais desse ensino.
• BAGNO, Marcos. Gramática pedagógica do português brasileiro São Paulo: Parábola, 2012. (Referenda, 1).
Em sua gramática, o linguista Marcos Bagno discute os usos da língua e refuta o ensino de uma gramática canônica e purista, para dar lugar ao estudo de fenômenos linguísticos tal como ocorrem de fato no cotidiano, considerando aspectos da variação da língua portuguesa.
BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. Tradução: Paulo Bezerra. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 261-306. No capítulo “Os gêneros do discurso”, o russo Mikhail Bakhtin aborda a episteme do conceito de gênero discursivo, que subsidiou as muitas outras investigações sobre a temática.
BARTHES, Roland. Aula. Tradução: Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 1978.
Na transcrição da sua aula inaugural para a cadeira de Semiologia Literária no Collège de France, em 1977, o francês Roland Barthes discorre sobre a relação de poder que existe no próprio sistema linguístico, apontando a literatura como um espaço em que a língua pode ser ouvida fora do lugar de poder e de reinvenção.
BENJAMIN, Walter. O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução: Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 197-221. (Obras escolhidas, 1).
O ensaio aborda, de forma reflexiva e crítica, a dificuldade de intercambiar experiências e o fim da figura do narrador oral a partir do surgimento do romance enquanto produção literária da individualidade.
BOSI, Alfredo. Céu, inferno: ensaios de crítica literária e ideológica. 2. ed. São Paulo: Duas Cidades: Editora 34, 2010. (Coleção Espírito Crítico).
O livro apresenta ensaios a respeito de grandes autores da literatura, como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2003.
O livro discorre sobre a história da literatura brasileira por meio da discussão histórica e da apresentação dos principais autores de cada movimento literário.
BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos: por um interacionismo sociodiscursivo. Tradução: Anna Rachel Machado e Péricles Cunha. 2. ed. São Paulo: EDUC, 1999. Nessa obra, o quadro sociointeracionista proposto por Jean-Paul Bronckart leva a analisar as condutas humanas como ações significantes, cujas propriedades estruturais e funcionais são, antes de tudo, produto da socialização. A partir da análise de 120 exemplos de textos, o autor analisa os caminhos para um interacionismo sociodiscursivo.
BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION. Aprendizagem baseada em projetos: guia para professores de Ensino Fundamental e Médio. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.
A obra detalha o trabalho com projetos desde o planejamento e a elaboração da pergunta de pesquisa, perpassando pelo desenvolvimento das etapas e pontos de checagem, até o processo avaliativo por meio de rubricas. Está inteiramente voltado a professores do Ensino Fundamental e Médio.
• CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: CANDIDO, Antonio. Vários escritos. 4. ed. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004. p. 169-191.
O texto defende que a literatura deve ser compreendida como um direito humano, pois a fabulação e o imaginário têm caráter formativo para os sujeitos.
• CANDIDO, Antonio. O estudo analítico do poema. 3. ed. São Paulo: Humanitas, 1996.
Na obra, o crítico desenvolve argumentações teóricas acerca dos elementos de um poema: sonoridade, rima, ritmo, metro e verso.
• CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 6. ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 2000.
O livro apresenta o Arcadismo e o Romantismo como principais épocas da formação da literatura brasileira por meio de análises de cunho literário e sociológico.
• CANDIDO, Antonio. Literatura e sociedade. São Paulo: Nacional, 1976.
A obra apresenta estudos críticos de teoria e história literária.
• CANDIDO, Antonio. Na sala de aula: caderno de análise literária. São Paulo: Ática, 1989.
O volume apresenta análises de seis poemas brasileiros que subsidiam o trabalho com o gênero em sala de aula.
• COHEN, Elizabeth G.; LOTAN, Rachel A. Planejando o trabalho em grupo: estratégias para salas de aula heterogêneas. Tradução: Luís Fernando Marques Dorvillé, Mila Molina Carneiro e Paula Márcia Schmaltz Ferreira Rozin. 3. ed. Porto Alegre: Penso, 2017. E-book
A obra apresenta diversas estratégias para a organização de trabalhos em grupo, sobretudo na sala de aula, e os modos de desenvolver as habilidades dos estudantes referentes a essa prática.
• COMPAGNON, Antoine. O demônio da teoria: literatura e senso comum. Tradução: Cleonice Paes Barreto Mourão, Consuelo Fortes Santiago. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2012. O autor explora as diferentes correntes críticas e teóricas da literatura, inserindo-as em perspectiva e demonstrando o modo como a história da literatura pode ser pensada com base em diversos pontos de vista.
• COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2014. Nos verbetes desse livro, o autor apresenta uma breve explicação sobre o que são diversos gêneros textuais, abarcando também gêneros híbridos e multimodais.
• CUNHA, Celso; CINTRA, Luís Filipe Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2009. Essa gramática tem como abordagem a explicação dos fenômenos linguísticos sob a perspectiva da norma-padrão, considerando alguns aspectos decorrentes do uso da língua, que, ao longo do tempo, modificam as regras.
• DISCINI, Norma. Comunicação nos textos: leitura, produção, exercícios. São Paulo: Contexto, 2005.
Com base na análise de textos diversos, a obra se propõe a decodificar cada texto lido localizando as mensagens explícitas e implícitas e descrevendo mecanismos de construção de sentido nos textos. Com essa atividade de análise, promove a construção do texto próprio.
• FILATRO, Andrea; CAVALCANTI, Carolina Costa. Metodologias inov-ativas: na educação presencial, a distância e corporativa. São Paulo: Saraiva, 2018.
O livro aborda diversos tipos de metodologias ativas que podem ser aplicadas em sala de aula e na elaboração de atividades didáticas. As propostas partem de pesquisa, organização, análises e síntese por parte do estudante, o que se configura como pensamento computacional.
• FIORIN, José Luiz. Argumentação. São Paulo: Contexto, 2015. Nessa obra, o linguista, professor e pesquisador José Luiz Fiorin apresenta os processos de construção da argumentação: a organização do argumento, os tipos de argumentação e alguns problemas gerais voltados para essa atividade presente em diversas práticas sociais.
• ISER, Wolfgang. O ato da leitura: uma teoria do efeito estético. Tradução: Johannes Kretschmer. São Paulo: Editora 34, 1996. v. 1. O autor se propõe a pensar o modo como o leitor e o texto literário interagem para a formação do significado da obra literária e de seu efeito estético.
• JUBRAN, Clélia Spinardi (org.). A construção do texto falado. São Paulo: Contexto, 2019. (Gramática do português culto falado no Brasil, 1).
A coletânea de textos que compõem a obra é elaborada por diversos autores e esclarece conceitos voltados à construção do texto falado. São destacados os processos comuns a esse tipo de texto – como repetição, correção, parafraseamento, parentetização, tematização, rematização e referenciação – e os marcadores discursivos.
• KOCH, Ingedore Villaça. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002.
Na obra, a autora explora um conteúdo que tem sido foco de atenção dos pesquisadores na área de Linguística Textual: as questões relativas à construção textual dos sentidos, tanto em exercícios de compreensão do texto quanto de produção.
• KOCH, Ingedore Villaça; BENTES, Anna Christina; CAVALCANTE, Mônica Magalhães. intertextualidade: diálogos possíveis. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2012.
Na obra, o conceito de intertextualidade é explorado em seu senso estrito e amplo com base nos estudos da Linguística Textual. Para isso, é abordada a intersecção da intertextualidade com a polifonia, a metatextualidade e a hipertextualidade.
• KOCH, Ingedore Villaça. Introdução à linguística textual: trajetória e grandes temas. São Paulo: Contexto, 2015. Linguista conhecida por sua trajetória de estudos na área de Linguística Textual, Ingedore Koch aborda, nesta obra, as premissas dos estudos de linguística textual, definindo seu surgimento, seus principais objetos de estudo, as formas de articulação textual, as estratégias textual-discursivas de construção de sentido, as marcas de articulação na progressão textual, a intertextualidade e os gêneros do discurso.
MAINGUENEAU, Dominique. O contexto da obra literária: enunciação, escritor, sociedade. Tradução: Marina Appenzeller. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. O livro discorre a respeito dos funcionamentos discursivos do texto literário, tendo como ponto de partida a teoria linguística.
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Oralidade e escrita. Signótica, Goiânia, v. 9, n. 1, p. 119-145, 1997. Disponível em: https://revistas.ufg.br/sig/article/ view/7396. Acesso em: 1 out. 2024. Nesse ensaio, o autor, conhecido por seus estudos na área de Linguística Textual, comenta a importância de considerar a prática discursiva como uma prática social. Com base nesse pensamento, confirma a impossibilidade de se realizarem análises entre língua oral e escrita utilizando como base apenas o código linguístico
MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.
Uma das obras mais conhecidas de Marcuschi, o livro apresenta estudos divididos em três grandes temas: produção textual com ênfase na linguística de texto de base cognitiva; análise sociointerativa de gêneros textuais no contínuo fala-escrita; processos de compreensão textual e produção de sentido. No volume, as noções de língua, texto, gênero textual, compreensão e sentido são exploradas em profundidade.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 1995.
A obra focaliza os principais movimentos literários portugueses, apresentando suas características gerais e ampla bibliografia a respeito de cada um deles
NEVES, Maria Helena de Moura. A gramática do português revelada em textos. São Paulo: Editora Unesp, 2018.
A linguista apresenta, nessa gramática, situações de uso da língua em textos de variados gêneros textuais, observando e analisando os fenômenos linguísticos sob a perspectiva de sua ocorrência nos textos.
NEVES, Maria Helena de Moura. Texto e gramática. São Paulo: Contexto, 2018.
Nessa obra, a autora conceitua o processo de gramaticalização e a relação entre gramática e cognição, além de perpassar por análises sobre referenciação, modalização da linguagem e formação de enunciados complexos.
• PEREIRA, Edimilson de Almeida. Entre Orfe(x)u e Exunouveau: análise de uma estética de base afrodiaspórica na literatura brasileira. São Paulo: Fósforo, 2022.
Na obra, o crítico literário e teórico da literatura repensa a apresentação da história da literatura brasileira com base em um olhar voltado para a diáspora africana e o seu papel na construção literária no Brasil e no mundo.
• POSSENTI, Sírio. Malcomportadas línguas. São Paulo: Parábola, 2009. (Linguagem, 36).
Trata-se de uma obra que apresenta pequenas análises de fenômenos linguísticos com intuito de provocar reflexões no leitor a respeito dos limites das regras gramaticais e sobre como a língua de fato se realiza.
• POSSENTI, Sírio. Questões de linguagem: passeio gramatical dirigido. São Paulo: Parábola, 2014. (Educação linguística, 7).
Nesse livro, o linguista apresenta diversos tópicos gramaticais sob a perspectiva da compreensão dos fenômenos linguísticos tal como ocorrem de fato no uso da língua, como um objeto complexo em constante construção.
• ROJO, Roxane; MOURA, Eduardo (org.). Multiletramentos na escola. São Paulo: Parábola, 2012. (Estratégias de ensino, 29).
A pedagogia dos multiletramentos é contextualizada e conceituada pela professora Roxane Rojo nessa obra. Além do conteúdo proposto por ela, diversos autores apresentam análises e práticas de multiletramento possíveis de serem aplicadas em sala de aula.
• SANTOS, Leonor Werneck; RICHE, Rosa Cuba; TEIXEIRA, Cláudia Silva. Análise e produção de textos. São Paulo: Contexto, 2015. (Linguagem & ensino).
Nessa obra, voltada ao ensino da produção textual no Ensino Fundamental, importantes conteúdos acerca da análise e produção de textos são abordados, como: tipologias e gêneros textuais, leitura de textos escritos e orais e atenção para a análise linguística. Ainda que pensada para o ciclo anterior, os tópicos abordados são muito importantes para a análise e a prática textual no Ensino Médio.
• SCHNEUWLY, Bernard; DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na escola. Tradução: Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2004.
Nessa obra, são apresentados encaminhamentos ou procedimentos possíveis para o ensino de gêneros textuais na escola, de maneira a auxiliar os docentes no planejamento e na prática de produções textuais orais e escritas.
• SILVA, Ivanda Maria Martins. Literatura no ensino médio: conexões com orientações curriculares. Olh@res, Guarulhos, v. 5, n. 2, p. 90-97, nov. 2017. Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/ olhares/article/view/709. Acesso em: 1 out. 2024. O texto reflete sobre o ensino de literatura e as orientações curriculares a respeito desse ensino, apresentando um olhar crítico sobre as práticas didáticas.
• SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Tradução: Cláudia Schilling. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2014. São apresentadas nessa obra diversas estratégias de trabalho com a leitura em sala de aula, a fim de levar o estudante a desenvolver a compreensão e a interpretação de textos de forma autônoma.
• SOUZA, Renata Junqueira de; COSSON, Rildo. Letramento literário: uma proposta para a sala de aula. In: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA (UNESP); UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (UNIVESP). Caderno de formação: formação de professores: didática dos conteúdos. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2011. p. 101-107. (Caderno de Formação, bloco 2, v. 2, n. 10). Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/handle/ unesp/381259. Acesso em: 7 out. 2024. O texto foi escrito para professores que buscam fazer o letramento literário em sala de aula e aborda propostas que procuram estimular e ampliar o acesso à leitura.
• VALENTE, André Crim (org.). Unidade e variação na língua portuguesa: suas representações. São Paulo: Parábola, 2015. (Linguagem, 68).
Nessa coletânea, renomados linguistas e gramáticos, como Evanildo Bechara, Ataliba de Castilho, Carlos Alberto Faraco, Dante Lucchesi, Marli Quadros Leite e Patrick Charaudeau, apresentam artigos que versam sobre questões gramaticais em uma perspectiva crítica e variacionista.
• VIEIRA, Francisco Eduardo; FARACO, Carlos Alberto. Gramática do português brasileiro escrito. São Paulo: Parábola, 2023. (Referenda, 9).
Nessa obra, os autores propõem um estudo da língua escrita com base no reconhecimento de uma língua brasileira que apresenta muitos anos de pesquisas e estudos sobre os fenômenos linguísticos e sua forma de ocorrência especificamente no Brasil.
• XAKRIABÁ, Nei Leite. Ensinar sem ensinar. In: CARNEVALLI, Felipe et al. (org.). Terra: antologia afro-indígena. São Paulo: Ubu Editora; Belo Horizonte: Piseagrama, 2023. p. 263-276.
O texto aborda as práticas de ensino com base em um recorte indígena, refletindo acerca do modo como as escolas se organizam em torno de saberes associados à branquitude.
• ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Tradução: Ernani F. da F. Rosa. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Nessa obra, o autor apresenta reflexões sobre a organização do trabalho docente e propõe teorias e métodos de planejamento, replanejamento e avaliação desse trabalho.