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Conheça seu livro A obra Por toda parte apresenta o conteúdo do curso dividido em 7 capítulos, de modo organizado e orgânico, para proporcionar a construção do conhecimento em arte de forma significativa. O Capítulo 7 é dedicado à história da arte e apresenta obras e artistas de forma cronológica e contextualizada.
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MATÉRIAS DA ARTE
Filme de Wim Wenders. Pina. Alemanha. 2010. Foto: Everett Collection/Keystone
C A P ÍT U L O
“[...] Eu movo dezenas de músculos para sorrir... Nos poros a contrair, nas pétalas do jasmim
Abertura de capítulo
Com a brisa que vem roçar da outra margem do mar... [...] E a alma aproveita pra ser a matéria e viver...”
Na abertura de cada capítulo, há uma imagem e um texto que estão relacionados com o conteúdo que será abordado.
BROWN, Carlinhos; MONTE, Marisa; ANTUNES, Arnaldo. A alma e a matéria. Intérprete: Marisa Monte. In: Universo ao meu redor. Rio de Janeiro: EMI, 2006. CD. Faixa 9. Disponível em: <http://www.marisamonte.com.br/pt/musica/universoao-meu-redor/letra/a-alma-e-a-materia>. Acesso em: 19 maio 2014.
Cena do documentário Pina. Direção de Wim Wenders, 2010.
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AS FORMAS E OS CONTEÚDOS DA ARTE
Observe o elemento de linguagem tempo, na relação entre imagem e movimento, no cinema; na duração de uma nota ou do silêncio, na música; o tempo marcado nos gestos da regência do maestro João Carlos Martins (1940-); o tempo presente também no passo do bailarino; no gesto e na palavra do ator; em instalações, entre tantas outras linguagens artísticas.
[...] As coisas não têm paz. GIL, Gilberto; ANTUNES, Arnaldo. As coisas. Intérpretes: Caetano Veloso e Gilberto Gil. Tropicália 2. Rio de janeiro: Polygram, 1993. LP. Faixa 7.
Observe o elemento de linguagem luz invadindo palcos nas artes cênicas, representado em pinturas, presente em intervenções urbanas, transformando-se em espetáculo visual tanto no palco como na plateia nos shows de música e de importância fundamental no cinema e na televisão.
Alessandro Bianchi/Reuters/Latinstock
Tudo que vemos e percebemos ao nosso redor têm peso, massa, volume, tamanho, tempo, forma, cor, como expressa a letra da música As coisas, de Arnaldo Antunes (1960-) e Gilberto Gil (1942-). As coisas podem ter muitos significados em função de suas formas. A arte, como um modo de apresentar, expressar, representar, enfim, de falar sobre as coisas do mundo, de muitas maneiras e abordando os mais diversos assuntos, utiliza-se de elementos de linguagem para criar poesias, pinturas, músicas, dramatizações e outras manifestações artísticas por meio de pontos, linhas, planos, formas, cores, tempos, volumes, texturas, dimensões, movimentos, luzes, entre outros componentes. É a forma e o conteúdo na arte!
A luz em uma obra artística pode ser apresentada de muitos modos, às vezes como tema, como materialidade ou elemento expressivo. Na obra do artista italiano Giancarlo Neri (1955-), a luz e o tempo são um espetáculo à parte que acontece no espaço público. Em 2012, na Praça Paris, do bairro da Glória, no Rio de Janeiro, esse artista apresentou a obra Máximo silêncio em Paris. Essa obra foi composta por cerca de 9 000 globos luminosos (em lâmpadas de LED) que, de tempos em tempos, mudavam de cor, apresentando aos olhos dos espectadores um universo de luzes e cores que se espalhavam no espaço. O artista também trabalhou com a efemeridade do tempo, uma vez que a obra foi exposta ao público durante pouco mais de uma semana. Trata-se de um exemplo importante do uso do espaço, do tempo e da luz como elementos de linguagem da arte.
Temas O maestro João Carlos Martins conduzindo a Filarmônica Bachiana SESI-SP no Avery Fisher Hall, em Nova York, EUA, em setembro de 2010.
Giancarlo Neri. 2007. Circo Máximo, Roma. Foto: Alessandra Tarantino/AP/Glow Images
Apresentação do espetáculo Botanica, do grupo de dança Momix, no Teatro Olímpico de Roma, em fevereiro de 2010.
A construção da linguagem artística acontece como na linguagem escrita, em que letras combinadas formam vocábulos, palavras formam frases organizadas pelas pontuações, princípios e elementos linguísticos são descritos e regidos pela gramática. Do mesmo modo, cada linguagem artística possui seus próprios códigos, elementos linguísticos que, combinados, constroem as formas e conteúdos na Arte. As linguagens artísticas possuem sua própria “gramática”. O mesmo elemento de linguagem pode ser base da comunicação e expressão de várias linguagens artísticas, como o espaço, o tempo, a luz.
Em cada tema, há textos, obras e conceitos pertinentes ao assunto de cada capítulo e aos territórios abordados, convidando os alunos para a investigação e reflexão em arte.
Dica para frequentar
Observe o elemento de linguagem espaço, o qual os gestos dos corpos de atores, dançarinos ou artistas performáticos ocupam e exploram; o espaço tridimensional, da escultura, dos sons da música que se propagam; o espaço bidimensional, do papel em que as linhas do desenhista se espalham.
Em muitas cidades há centros culturais, pontos e casas de cultura ou projetos ligados a secretarias de cultura estaduais e municipais que oferecem aulas gratuitas de dança. Procure saber mais sobre isso em sua cidade.
Máximo silêncio em Paris, de Giancarlo Neri, 2007. Lâmpadas de 25 cm que mudam de intensidade e cor.
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Capítulo 5 •
A arte em sua forma, a forma em seu conteúdo
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Foto: Agnaldo Passos/Acervo do projeto Bailarina Projétil
Giro de ideias: As bailarinas
Giro de ideias A seção promove a reflexão e a discussão sobre o território abordado, com o levantamento de conhecimentos prévios e experiências estéticas e culturais. Valoriza a oralidade e a construção de ideias com base no debate coletivo.
Ainda hoje existe a ideia de que a dança é apenas a clássica ou de que essa arte é somente para o gênero feminino. A dança, assim como a sociedade, está em constante mudança, e hoje temos uma imensa variedade de estilos de dança artística praticados tanto por homens como por mulheres. A visão sobre quem dança também mudou. Muitas vezes, temos a imagem de como os artistas são por conta da história que nos foi contada. Quando você pensa em uma bailarina, o que vem à sua mente? O que vem à sua memória é a figura de uma jovem com roupas esvoa çantes dançando com sapatilhas de ponta? Esse tipo de figurino ainda existe e muitas com panhias de balé escolhem compor espetáculos no estilo do ballet clássico, estética artística da dança que nasceu nas cortes europeias e que teve seu apogeu na França, na corte de Luís XIV, conhecido como o “Rei Sol”. Ele foi um grande incentivador das artes, criando uma série de instituições destinadas a promovêlas, dentre as quais a Académie Royale de Danse, em 1661. Em seu reinado, surgiram as figuras do professor e do coreógrafo de dança. Suas características referemse à linearidade nos movimentos; à verticalidade; à utilização de narrativas associadas aos contos de fadas, histórias de príncipes e princesas; ao padrão estético definido: bailarinos e bailarinas magros, altos, de pernas longas, em busca pelo etéreo, divino, além do humano.
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Projeto experimental de arte PIQUENIQUE COM ARTE
Que tal fazermos como os impressionistas?
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Três das 50 imagens da série A Catedral de Rouen, de Claude Monet. Essa série foi pintada em horários diferentes, entre 1893 e 1894, reproduzindo as diferentes incidências de luz. Óleo sobre tela, 110 cm 3 73 cm; 100 cm 3 65 cm; 100 cm 3 65 cm (respectivamente).
Na escolha de cores para pintar, podemos elencar vários critérios. Que significados as cores têm para você? Você tem uma cor preferida? O artista francês Henri Matisse (1869-1954), assim como o brasileiro Cildo Meireles, já citado, criou obras em que predominam a cor vermelha. Escolha uma cor e pinte uma superfície (um suporte). Você pode optar por trabalhar com guaches prontos, mas experimente fazer suas próprias tintas. Depois faça algum tipo de interferência sobre sua pintura, usando imagens impressas, objetos, palavras, enfim, não há regras, mas procure estabelecer relações entre a cor e um assunto, tema, ou significado. Henri Matisse. 1911. Óleo sobre tela. Museu de Arte Moderna, Nova York. Foto: VG-Bild-Kunst Bonn/Glow Images
Henri Matisse. 1908. Óleo sobre tela. Museu Hermitage, St. Petersburgo. Foto: Album/Joseph Martin/Fototeca H. Matisse/Latinstock
Claude Monet. 1894. Óleo sobre tela. Museu Marmottan, Paris
O pintor francês Claude Monet (18401926), como forma de aprofundar suas pesquisas sobre a visão da cor e a pintura, fez vários estudos de vistas da Catedral de Rouen, na França. Em cada pintura, utilizou cores diferentes, em função da percepção de mudanças na iluminação da luz do Sol e das influências de materiais na atmosfera, como o ar e sua umidade. Dos estudos de Monet aprendemos que, a cada momento do dia ou período do ano, a mesma paisagem pode mudar de cor. Você e os colegas podem escolher um parque ou praça em sua cidade, levar telas, tintas e se aventurar a criar observando a própria natureza.
Projeto experimental de arte A COR SIGNIFICA Claude Monet. 1894. Óleo sobre tela. Museu Metropolitano de Arte, Nova York
Claude Monet. 1894. Óleo sobre tela. Galerie Beyerler, Basel
Há artistas considerados coloristas por aplicarem muitas cores em seus trabalhos. Os impressionistas, como eram chamados os artistas seguidores do Impressionismo (ver índice do Glossário), saíram dos ateliês para registrar como o olho vê as cores e como poderiam traduzir essas visões cromáticas em imagens pictóricas.
A sobremesa: harmonia em vermelho, de Henri Matisse, 1908. Óleo sobre tela, 180 cm 3 220 cm.
O estúdio vermelho, de Henri Matisse, 1911. Óleo sobre tela, 181 cm 3 219,1 cm.
Veja agora uma maneira de fazer tintas. Para fazer cada cor, reserve os materiais a seguir.
• Uma gema de ovo (que funcionará como um aglutinante – ver Capítulo 4). • ½ copo de água (a água funciona como solvente e dá fluidez à tinta, ou seja, você pode controlar a quantidade de água para obter uma tinta mais rala ou mais densa). • Pigmentos (você pode usar pigmentos naturais, como urucum, açafrão, beterraba etc., ou, pigmentos minerais de várias cores, como óxido de ferro, que é vendido em casas de materiais para construção, ou, ainda, anilinas comestíveis, que são vendidas em supermercados). • Copos descartáveis, panos para limpeza e pincéis de vários tamanhos e espessuras. Para fazer a tinta à base de ovo, misture os materiais: para cada gema de ovo (sem a película), acrescente de uma a duas colheres de sopa de água. Lembre-se de que você pode escolher entre tintas mais aguadas e tintas mais espessas, variando a quantidade de água. Depois acrescente o pigmento na cor desejada. Se o pigmento estiver em estado líquido, coloque 1 colher de sopa; se o pigmento se apresentar em pó, você pode acrescentar 2 colheres de sopa. A quantidade de pigmento, seja líquido ou pó, dependerá da consistência da tinta que você deseja obter. Desse modo, a proposta é a de que você faça experiências e eleja qual é o melhor tipo de tinta para o seu projeto. Capítulo 5 •
Matérias da arte
Hiroyuki Ito/Hulton Archive/Getty Images
TEMA
Capítulo 4 •
A arte em sua forma, a forma em seu conteúdo
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Projeto experimental de Arte O boxe propõe uma diversidade de atividades artísticas que contemplam as linguagens cênica, plástica e musical, proporcionando situações de aprendizado que estimulam a compreensão e a produção significativa em Arte.
Deise Gabrielle, bailarina do Projeto Bailarina Projétil, em Ferrovia, Salvador, BA. Foto de 2013.
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