

PENSEM NESSAS COISAS
Naná Castillo sempre demonstrou, ao longo de sua vida, profundo amor pela Palavra de Deus e o compromisso sincero em obedecer a ela — fruto da formação zelosa recebida de seus pais, que amam e honram as Escrituras. Desde a adolescência, servindo ao Senhor em nossa igreja, tornou-se exemplo para outras adolescentes e jovens. Amando a Palavra, passou a estudá-la com um grupo de moças que, juntas, cresceram na vida cristã, permitindo que as Escrituras as guiassem nos desafios da juventude. Desses encontros, nasceram textos que, mais tarde, se tornaram posts no blog Filipenses Quatro Oito, alcançando e edificando ainda mais mulheres. Mesmo com uma carreira consolidada como professora universitária, Naná atendeu ao chamado de Deus para servir no ministério da Palavra, dedicando-se à edificação de mulheres. O livro que você tem em mãos foi escrito ao longo de uma vida pautada pelos valores apresentados em Filipenses 4.8. Nele, questões do cotidiano feminino são abordadas à luz da rocha firme: a Palavra de Deus. Celebro com alegria os 15 anos do ministério Filipenses Quatro Oito. Parabéns, Naná! Que o Senhor continue usando sua vida para edificar mulheres que desejam pensar como Deus nos orienta em Filipenses 4.8!
Abmael Araujo Dias Filho, pastor na Primeira Igreja Batista de Atibaia
Esta é uma leitura que toca o coração e, ao mesmo tempo, oferece exortações valiosas. O livro da Naná apresenta uma forma simples e profunda de meditar nas Escrituras, revelando como a verdade de Deus edifica e transforma. A autora tem um talento singular para nos desafiar a enxergar que o filtro de Filipenses 4.8 é essencial para perceber a ação de Deus em tudo — das pequenas “confusões” do cotidiano aos grandes desafios da vida. Naná compartilha episódios de sua jornada com autenticidade, permitindo-se ser lapidada pela Palavra. E, ao fazer isso, nos
convida a trilhar esse mesmo caminho — um caminho de transformação, para a glória de Deus. Tudo isso com graça e verdade. De verdade!
Alexandre “Sacha” Mendes, irmão e pastor de Naná, Igreja Batista Maranata, em São Jose dos Campos
Conhecemos o Luíz Castillo, esposo de Naná, ainda solteiro, quando chegou a Salvador para trabalhar. Logo ele envolveu-se no ministério de nossa igreja e chamou a nossa atenção ao se matricular em um curso de Aconselhamento Bíblico, visando preparar-se para o seu casamento e também para o serviço do Reino. A ideia de alguém se preparar para servir melhor faz nossos olhos brilharem. Após casar-se, conhecemos a Naná e logo percebemos que Deus iria usá-los para edificar muitas vidas. Ambos envolveram-se na área do ensino e discipulado, e pudemos testemunhar muitas jovens sendo abençoadas pelo ministério da Naná. Ela era professora de enfermagem e o ensino estava em seu sangue. Como é importante que cristãos usem seus dons para a edificação do corpo!
Temos visto esse movimento de mulheres buscando a Deus, mergulhando na Palavra, vivendo os dilemas da vida sob a perspectiva do Reino, servindo às pessoas e honrando ao Senhor. Isso solidifica a igreja. Certamente, por meio destes devocionais, Naná caminhará com você, levando-a para mais perto das Escrituras. Quando uma mulher entende melhor a Palavra e a aplica ao seu dia a dia, ela glorifica a Deus e abençoa todos a sua volta.
Abraão da Silva, pastor na Igreja Batista Metropolitana, em Salvador, BA Cléo da Silva, esposa de Abraão e líder do ministério feminino na igreja
Particularmente, aprecio histórias curtas de eventos ordinários que me fazem recordar o extraordinário. Este livro foi escrito como um memorial — um conjunto de relatos vívidos e bem redigidos que nos tocam profundamente, pois tratam de frustrações, murmurações e fascínios tão humanos quanto os nossos. É uma coletânea de experiências do cotidiano, narradas a partir de uma cosmovisão inteiramente bíblica. Viver para ele, por meio dele e para a glória dele é exatamente isto: colocar uma lente cristocêntrica que nos permite enxergar o dia a dia e viver encantada com aquilo que Deus já fez por meio de Cristo — e continua fazendo em nós. Naná é excelente em sua escrita. Ler este livro é como ter acesso a um diário íntimo, que nos prende a cada pequena história e nos conduz a “pensar nessas coisas”. Deleite-se nesta leitura, que celebra o amadurecimento de um ministério tão precioso.
Claudia Lotti, coautora de Toda mulher trabalha e Mulheres que caminham juntas
Diário emprestado. Se você conhece a Naná — uma mestra por excelência —, já sabe que ela escreve como quem compartilha uma conversa na mesa do café. Com uma sinceridade que arranca sorrisos e provoca lágrimas, ela desembrulha verdades eternas nas páginas do cotidiano. Tem a coragem de expor as próprias cicatrizes ao falar de inseguranças e lutas internas. E, ao fazer isso, nos toma pela mão e sussurra: você não está só. Cada capítulo mistura histórias, transformando reclamações em gratidão, planos em propósitos, fragilidades em alianças com a Graça. Em tudo, ela acrescenta o tempero sábio que só a Palavra de Deus oferece. Este livro é como um diário emprestado — íntimo, provocador, cheio de marcas de lápis — cujas palavras você vai querer sublinhar no próprio coração.
Ebenézer Bittencourt, diretor executivo no Haggai Brasil
Muitos devocionais já foram escritos. Alguns carregam profundidade teológica e nos confrontam com o pecado e a necessidade de mudança. Mas são raros os que, de fato, se permitem ser vulneráveis. Falar das Escrituras a partir da vida real — em que fraquezas, dores e dúvidas vêm à tona — não é tarefa simples. Mas Naná faz isso com maestria! Este devocional é um deleite. Fruto de alguém que tem os olhos treinados para reconhecer a presença de Deus em cada detalhe do dia — do mais comum ao mais difícil. Ler estas páginas é como entrar na casa da Naná, sentar à mesa com um chá quente e perceber Deus se revelando no meio do cotidiano. Em cada experiência, há algo de nós: um espelho de emoções, lutas e encontros com a graça. Você vai amar essa leitura — e, mais do que isso, aprenderá a amar ainda mais o Senhor. Porque este livro é sobre ele. E aponta diretamente para ele.
Hellen Kreter, missionária no Palavra da Vida Sul
Mais do que palavras bem escritas, o que Naná oferece em seus textos é fruto de uma vida coerente — algo que tenho o privilégio de testemunhar. Em Pensem nessas coisas, você será conduzida com leveza, humor e profundidade a refletir biblicamente sobre temas do cotidiano — como amizade, tempo, inveja, comunicação e confiança em Deus — sempre à luz das Escrituras. Cada meditação revela o coração de alguém que ama o Senhor e deseja nos conduzir a esse mesmo amor. A leitura é agradável, mas não superficial; simples, mas profundamente transformadora. Você vai rir, pensar e, talvez, até chorar, enquanto é desafiada a perceber Deus nas pequenas coisas e a amá-lo mais. Ao final, será levada a fazer uma oração que expressa o anseio de toda mulher cristã: “Senhor, faz de mim a mulher que o Senhor quer que eu seja para o momento que estou vivendo agora”. Que esse também seja nosso clamor diário!
Luciana Sborowski, coautora de Mulheres que caminham juntas
Naná Castillo oferece, neste livro, muito mais do que meditações devocionais: ela nos convida a cultivar uma mente moldada pelo evangelho. Com sensibilidade e discernimento teológico, suas reflexões nascem do cotidiano, mas apontam constantemente para a eternidade. Ancoradas em Filipenses 4.8, as reflexões de Naná, presentes em cada página, encorajam a prática consciente de pensar de forma cristã — não como fuga da realidade, mas como resposta ao Senhor, que nos chama a amá-lo de todo o coração, de toda a alma e com toda a mente. Em tempos de confusão moral, ansiedade e superficialidade, este livro é um presente para todos que desejam uma piedade pensante e uma vida coerente com a fé. Que essas meditações despertem, especialmente nas mulheres cristãs, o desejo de viver para a glória de Deus em cada esfera da existência.
Marcelo Berti, pastor da Igreja Batista Fonte, em São Paulo
Ao longo dos anos, minha vida tem sido grandemente abençoada pelo ministério Filipenses Quatro Oito em suas diversas expressões on-line, que costumo recomendar com alegria a amigas e alunas. Agora, Naná reúne sua bagagem ministerial, familiar e pessoal neste livro tão empolgante quanto inspirador. As meditações, embora breves, são cativantes — repletas de conteúdo bíblico, testemunhos de uma fé vívida no cotidiano e relatos de “aventuras” com Deus. Além disso, oferecem desafios que convidam à reflexão e à aplicação prática. Com certeza, é um recurso precioso para mulheres de todas as idades que desejam caminhar com Cristo e crescer na fé, tornando-se, dia após dia, mais parecidas com ele.
Maria Cecilia Alfano, criadora do Conexão Conselho Bíblico; professora no Seminário Bíblico Palavra da Vida em Atibaia, SP; autora de Comer ou não comer
A todo momento, somos atacados por conceitos que brotam da fraqueza da carne, dos outdoors do mundo ou das setas do Inimigo. Acabamos ocupando a mente com falsidades, desconfianças, ansiedades e medos. Como Eva, damos ouvidos à serpente e duvidamos da bondade de Deus — tanto nas grandes como nas pequenas questões da vida. Nesses momentos, precisamos redirecionar nossa atenção para aquilo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, de boa fama, virtuoso e louvável. Há mais de uma década, Naná Castillo tem lutado para alinhar sua mente ao Senhor — e, com fidelidade, convidado milhares a fazerem o mesmo. Por isso, recomendo com alegria este livro, que consolida anos de meditações e reflexões sobre o que significa ter uma mente moldada por Filipenses 4.8.
Vinicius Musselman, fundador do blog Voltemos ao Evangelho

Ao Luiz, meu marido e melhor amigo, apoiador incondicional e entusiasmado de todos os meus projetos, em especial o Filipenses Quatro Oito. Você é o meu pé no chão, o reflexo do bom Protetor e Amigo.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Castillo, Naná
Pensem nessas coisas : meditações inspiradas em Filipenses 4.8 / Naná Castillo. -- São José dos Campos, SP : Editora Fiel, 2025.
ISBN 978-65-5723-420-4
1. Bíblia - Meditações 2. Bíblia. N.T. Filipenses - Comentários 3. Mulheres cristãs 4. Meditação - Cristianismo I. Título.
25-285835
CDD-220.6
Elaborado po Eliane de Freitas Leite - CRB-8/8415
Pensem nessas coisas: meditações inspiradas em Filipenses 4.8
Copyright © 2025 Editora Fiel
Primeira edição em português: 2025
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Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Fiel da Missão
Evangélica Literária
Proibida a reprodução deste livro por quaisquer meios sem a permissão escrita dos editores, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
Os textos das referências bíblicas foram extraídos da Versão Almeida Revista e Atualizada, 2ª ed. (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.
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Diretor Executivo: Tiago J. Santos Filho
Editor-chefe: Vinicius Musselman Pimentel
Editora: Renata do Espírito Santo T. Cavalcanti
Coordenação Editorial: Michelle Almeida
Preparação: Shirley Lima
Revisão de Provas: Zípora D. V. de Lima
Diagramação: Caio Duarte
Capa: Caio Duarte
ISBN brochura: 978-65-5723-420-4
ISBN e-book: 978-65-5723-421-1
Caixa Postal, 1601
CEP 12230-971
São José dos Campos-SP PABX.: (12) 3919-9999 www.editorafiel.com.br
28. Alegria, oração e gratidão ............................................................................... 139
29. Por que você não ora? ..................................................................................... 143
30. Por que você ora? ............................................................................................. 147
31. Livres para obedecer ....................................................................................... 151
32. Emagrecer ou ser emagrecida 155
33. Na angústia, Deus estava lá ............................................................................ 159
34. Esperança em meio à tragédia ....................................................................... 163
35. O memorável não precisa ser instagramável .............................................. 167
36. O Deus proibido nas Olimpíadas ................................................................. 171
37. Que te importa? ............................................................................................... 175
38. Maternidade (des)complicada ...................................................................... 179
39. A graça que nos refaz, vez após vez .............................................................. 183
40. Hormônios, lágrimas e graça ......................................................................... 189
41. Quando o luto bate à porta ............................................................................ 193
42. Amigas para sempre... eu acho 197
43. Luz que guia, consome e transforma ........................................................... 201
44. (In)sanidade digital e a sabedoria do alto ................................................... 205
45. Vida abundante de verdade ........................................................................... 209
46. A beleza da bondade e da benignidade ....................................................... 213
47. Colocando o casamento no lugar certo....................................................... 217
48. Desejo sexual: beleza criada por Deus e moldada pela santidade.......... 221
49. Ide e fazei discípulas: mulheres em missão ................................................ 225
50. Antes de conquistar o mundo, lave a louça na pia ..................................... 229
51. Qual é o melhor uso do meu tempo agora?................................................ 233
52. O descanso como adoração ........................................................................... 237
53. Como uma onda no mar ................................................................................ 241
54. Depois eu faço... ou não faço ......................................................................... 245
55. Nenhuma palavra é neutra ............................................................................. 249
56. Amar até o fim .................................................................................................. 253
57. O boné do bom comportamento ................................................................. 257
58. Venenos silenciosos do coração .................................................................... 261
59. Ovelha ou pavão? Cultivando a humildade que reflete Cristo 265
60. Continue a nadar, continue a nadar ............................................................. 269
..............................................................................................................................
AGRADECIMENTOS
Com alegria, agradeço à Renata Cavalcanti, editora sensível e competente que, desde o início, abraçou este projeto com muito carinho. Seu olhar apurado fez deste livro algo mais belo e profundo do que minha ideia original. Ao editor-chefe, Vinicius Musselman, pelo incentivo constante e por acreditar na proposta. Estendo também minha gratidão a toda a equipe da Editora Fiel, que trabalha com excelência na produção de boa literatura para a igreja de língua portuguesa.
Às seguidoras do Filipenses Quatro Oito, em qualquer rede social, que interagem com tanto carinho e abraçam cada novo projeto: suas mensagens — como “você não me conhece, mas é minha melhor amiga” ou “faço academia ouvindo você” — encorajam-me mais do que imaginam. É um privilégio caminhar com vocês, ainda que a distância.
Às minhas alunas: vocês investem tempo, recursos e confiança nesse ministério — e isso faz toda a diferença. Cada nova série de devocionais, os novos cursos, os projetos futuros… tudo isso só é possível graças à generosidade e ao apoio de vocês. Deus tem usado esse investimento para transformar vidas.
Às amigas de jornada — algumas há décadas, outras mais recentes — sempre presentes, mesmo que geograficamente espalhadas: muitas de vocês conhecem de perto minhas fraquezas, meus pecados e medos, e ainda assim permanecem. Vocês me ouvem, exortam, sustentam e riem comigo. Gabi, Thais, Cláudia, Hellen, Lu, Michelle, Flávia: que bênção é caminhar com vocês!
Às intercessoras fiéis, que, mesmo com pouco contato pessoal, assumiram com zelo o compromisso de orar por mim e pelo ministério, enviando lembretes que sempre chegam na hora certa. Lil, Kathia Rodrigues, Zaida e Késia: sou profundamente marcada pela intercessão de vocês. E a você que ora em silêncio, que o Senhor recompense seu cuidado por mim! Essas orações escondidas sustentam muito mais do que posso saber.
Aos meus pais, “Tidê” e Marina, que dedicaram os melhores anos de suas vidas a cumprir com tanto zelo os papéis de pai e mãe. Com a minha mãe, aprendi a buscar a excelência em tudo; com o meu pai, a não desistir facilmente. Com ambos, aprendi a amar a leitura e o conhecimento — e o principal: que a fonte da sabedoria é o temor do Senhor. Aos meus filhos, Ester e João, que cederam um pedacinho da nossa história para ser compartilhado aqui. Oro para que cresçam na verdade que nos transforma e amem o Senhor de todo o coração.
Ao meu marido, Luiz, o que dizer? Seu papel neste livro é tão grande que eu o dedico a você. São 17 anos de casamento ouvindo, incentivando, sustentando e (às vezes) me chamando à realidade com carinho, mas sem nunca me impedir de sonhar. Seu cuidado, sempre zeloso e protetor, é notável, mas eu continuo amando mesmo é a sua liderança servil: ela me aponta para Cristo todos os dias.
Dou graças ao meu Deus sempre que me lembro de vocês. (Fp 1.3, NVI)
PREFÁCIO
E se cada um dos seus pensamentos fosse verdadeiro, amável e admirável?
E se a maneira como você fala consigo fosse justa, pura, excelente e digna de louvor?
Como isso impactaria suas palavras e atitudes?
Como isso transformaria seus relacionamentos?
Como isso mudaria sua vida?
Essas não são perguntas retóricas. São perguntas espirituais — profundas e urgentes, que tocam o âmago do que significa viver de uma forma ancorada em Cristo.
O apóstolo Paulo, escrevendo da prisão e sob constante ameaça, apresentou um antídoto surpreendente para a ansiedade, o medo e o desespero.
Ele exortou os cristãos a fixarem a mente não em um “pensamento positivo” genérico, mas, de forma intencional, naquilo que é verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, admirável, excelente e digno de louvor (Fp 4.8). Essas palavras não são frases motivacionais vazias — são convites divinos.
Nesta jornada de meditações, Ana Márcia Mendes Castillo — carinhosamente conhecida como “Naná” — convida você a levar essas palavras a sério, permitindo que elas renovem sua mente, moldem sua forma de pensar e, por fim, transformem sua vida.
Este livro não é um devocional genérico, com versículos soltos e reflexões superficiais. É um companheiro espiritual e profundamente pessoal, que caminha ao seu lado por meio do poder transformador da
Palavra de Deus — aquela que fala diretamente aos pensamentos, esses lugares silenciosos e íntimos em que batalhas são travadas, e vitórias são ou conquistadas ou perdidas.
Naná escreve a partir da experiência. Ela não finge ser perfeita. Não aborda esses temas de um pedestal, mas da trincheira. Com acolhimento, humor inteligente e graça, compartilha suas próprias lutas, seu crescimento e suas vitórias — tornando-se, assim, não apenas uma mentora, mas uma companheira de caminhada.
Conheci Naná pela primeira vez quando ela atuou como minha intérprete em uma série de conferências para mulheres no Brasil. Já naquele tempo, era evidente que esse era apenas um de seus muitos dons. Sua desenvoltura com a linguagem, sua elegância confiante e sua presença alegre a destacavam de imediato. No entanto, o que mais me impressionou foi sua profundidade de entendimento e seu amor pelas Escrituras. Ela não estava apenas traduzindo minhas palavras — estava dando vida à mensagem. Sua fé era perceptível na forma como falava, servia e se relacionava com as mulheres ao seu redor.
Enquanto trabalhávamos juntas, pude ver de perto a força de sua comunicação — seja traduzindo as palavras de outra preletora, seja compartilhando as suas próprias. Ela traz clareza — não apenas à linguagem, mas também à vida. Seus insights não são apenas inteligentes, mas conduzidos pelo Espírito. E sua paixão por ajudar outras mulheres a compreenderem a verdade das Escrituras era inconfundível. Porém, o que mais me marcou foi sua autenticidade. Naná abre janelas para dentro da própria vida — compartilhando momentos do cotidiano, da maternidade, do casamento, das amizades, das falhas, dos medos e das vitórias.
Esses relatos não são oferecidos como entretenimento, mas como luz. Naná tem o dom raro de extrair uma verdade espiritual profunda de momentos comuns. Sua forma de contar histórias desarma, abre o
coração. E, sem que você se dê conta, já está sendo conduzida a Jesus. Este devocional é o mais puro “estilo Naná”. Cada leitura é como um café com uma amiga sábia e gentil — que escuta sem julgar, mas que sempre fala a verdade com amor. É o mesmo tipo de conversa que ela tem mantido ao longo de mais de quinze anos de ministério com as muitas mulheres que mentoreou — diálogos honestos, cheios de graça e enraizados na Palavra. Ela não oferece uma lista de tarefas, nem fórmulas prontas. Em vez disso, oferece a Palavra de Deus aplicada com ternura, fidelidade e uma boa dose de humor. Você vai rir com ela. Vai chorar com ela. Mas, acima de tudo, vai crescer com ela. Porque a Naná não quer apenas ajudar você a se sentir melhor. Ela quer ajudá-la a pensar melhor. E isso faz toda a diferença. Com frequência, no mundo de hoje — especialmente no universo dos devocionais femininos —, somos incentivadas a focar nas emoções: Como você está se sentindo hoje? Como encontrar a paz? Como aumentar sua autoconfiança ou autoestima? Essas não são perguntas ruins — mas também não são as primeiras perguntas que deveríamos fazer. A Bíblia nos ensina que a transformação não começa pelas emoções, mas pela renovação da mente (Rm 12.2). É nos pensamentos — nesses padrões e suposições invisíveis e não ditos — que o coração começa a mudar.
Naná entende isso profundamente. É por isso que as meditações contidas neste livro não focam em como você se sente, mas em como você pensa — mais especificamente, como aprender a pensar como Cristo. Porque, quando seus pensamentos passam a refletir a verdade — quando você treina sua mente para rejeitar mentiras, expulsar o medo e se apegar à bondade de Deus —, suas emoções acompanham. Seus relacionamentos são transformados. Seu comportamento muda. Suas palavras se tornam mais suaves. E sua alma encontra descanso.
Neste devocional, você será convidada a meditar naquilo que é1:
• Verdadeiro – Não nas narrativas de medo ou insuficiência que tantas vezes repetimos, mas naquilo que Deus afirma ser real.
• Nobre – Pensamentos que elevam sua visão e dão propósito à sua caminhada.
• Correto – Reflexões moralmente firmes, alinhadas à Escritura e ao caráter de Deus.
• Puro – Pensamentos limpos, que lavam a vergonha e mantêm o coração livre de resíduos tóxicos.
• Amável – Verdades belas, que alegram a alma e aquecem o coração.
• De boa fama – Exemplos dignos que inspiram você a se parecer mais com Cristo.
• Excelente – Pensamentos que fortalecem o caráter e aguçam sua determinação.
• Digno de louvor – Ideias que movem seu coração à gratidão e à adoração.
Cada devocional é um pequeno passo — mas, com o tempo, esses pequenos passos levam a uma mudança real. Como gotas suaves de chuva que, aos poucos, vão moldando a pedra, essas reflexões diárias vão suavizar, lapidar e renovar sua maneira de pensar.
Se você está cansada da crítica interior que nunca se cala...
Se está exausta de pensamentos que drenam sua alegria ou envenenam sua paz...
1 Os termos aqui listados seguem a Nova Versão Internacional 2011 (NVI) com o objetivo de fazer referência ao título do livro Pensem nessas coisas.
Se está pronta para permitir que a verdade de Deus inunde sua mente e sacie seu coração... Então, este livro é para você.
E você está em boas mãos. Naná não é apenas uma escritora talentosa — é uma guia fiel. Ela não escreve a partir da teoria, mas a partir de uma vida rendida a Cristo. Suas histórias, orações e reflexões vão ajudar você a desacelerar, prestar atenção e realinhar seus pensamentos com aquilo que é eternamente verdadeiro.
Deixe-me encorajá-la a ir além da leitura deste devocional. Mergulhe nele. Leia-o com a Bíblia aberta. Medite nas Escrituras. Demore-se nas perguntas. Anote seus pensamentos. Ore com honestidade. Peça ao Espírito Santo que revele as mentiras em que você tem acreditado, substituindo-as pela verdade. Permita que cada leitura se torne um momento sagrado entre você e o Pai.
Você não precisa ter pressa.
Você não está atrasada.
Você não está quebrada demais.
Você não foi longe demais.
Você é uma filha amada do Rei.
E ele se alegra em renovar sua mente, transformar seu coração e restaurar sua alegria.
Então, acomode-se. Sirva uma xícara de chá ou café. Abra o coração, e comece esta jornada de transformação.
Você está prestes a descobrir o poder de uma mente alinhada à verdade — e a alegria de caminhar de perto com um Salvador que a ama mais do que você pode imaginar.
Seja bem-vinda à jornada.
No amor de Cristo,
Mary Kassian, autora de Design divino, Design interior e Garotas sábias em um mundo selvagem
INTRODUÇÃO
Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas. (Fp 4.8, NVI)
No início de 2010, meu lugar favorito era a varanda do meu apartamento, em Lauro de Freitas, na Bahia. A varanda era deliciosa, com uma vista de tirar o fôlego para o exato local em que o rio Joanes se encontrava com o mar. Esse ponto era o favorito da região para a prática de kitesurf, e observá-los em seus pulos e manobras, junto aos enormes e iluminados navios de cruzeiro ao longe, eram nossa distração favorita, em especial nos fins de semana. Quem diria, logo eu, sempre tão urbana e cosmopolita, morando na praia e de frente para o mar!
Mas lá estava eu, com pouco mais de um ano de casada, aprendendo a lidar com a maresia na janela e a apreciar o barulho do mar. Desde o casamento, muita coisa havia mudado, e um dos aspectos de que eu mais sentia falta ter com quem compartilhar as experiências daquele momento: uma jovem recém-casada, professora universitária em início de carreira e estudante de doutorado. Todas as minhas amigas da época de solteira tinham ficado para trás, em São Paulo. Luiz e eu já tínhamos bons amigos
e envolvimento na igreja local, mas, ainda assim, eu sentia saudade de me conectar com quem também estava longe e era parte da minha história.
Além disso, eu tinha sede de aprender a ser aquilo que chamava de “mulher de verdade”, embora eu nem soubesse explicar muito bem o que queria dizer com isso. Cresci com excelentes modelos de mulheres ao meu redor, a começar por minha mãe, mas eu tinha dificuldade em entender como os princípios da vida delas se aplicariam à minha própria vida, já que, inevitavelmente, nossas circunstâncias e contextos eram diferentes. Eu não conseguia fazer essa conexão, e só hoje entendo que esse era o meu anseio.
O que eu desejava, na verdade, era saber mais, conhecer mais e, principalmente, encontrar uma alternativa aos modelinhos pré-fabricados de “mulher crente” que uma cultura evangélica, por vezes intelectualmente preguiçosa, propôs para facilitar as coisas. Eu já havia tentado “copiar e colar” vidas que admirava — e percebia que minha vida não se encaixava naqueles moldes.
Procurei por recursos com essa finalidade na internet e encontrei blogs — um modelo que estávamos consumindo com ares de novidade na época. Encontrei dois excelentes, ambos norte-americanos: GirlTalk (já extinto), escrito por uma mãe e suas filhas, e Revive our hearts, liderado por Nancy DeMoss (hoje Wolgemuth). Acompanhei os dois com entusiasmo, e eles me ajudaram a reorganizar muitos aspectos da minha vida. Por isso, carrego profunda gratidão por esses ministérios.
Pouco tempo depois, meu coração começou a ferver com a ideia de começar meu próprio blog, já que esse formato continuava em ascensão. Eu queria conversar com mulheres — não para ensinar, mas para aprender junto. Queria descobrir onde estavam outras mulheres como eu: cristãs, na casa dos vinte anos — talvez mais velhas, talvez mais novas —, que vivessem em qualquer canto e que também
estivessem buscando viver uma vida totalmente comum e, ao mesmo tempo, centrada no evangelho. Onde estavam essas mulheres? Como diria o famoso programa global que marcou a década de 1990: o que comiam? Como viviam? O que liam? Como se divertiam?
Eu não queria “falar só de Bíblia”; eu desejava que a Bíblia fosse o filtro de tudo. Depois de pensar bastante, em 8 de março de 2010, Dia Internacional da Mulher, publiquei o primeiro post do blog Coisa Nossa: tudo o que edifica, tudo o que diverte, tudo o que interessa. A ideia era postar três vezes por semana: duas voltadas à Palavra e uma sobre qualquer outro tema — desde que Filipenses 4.8 fosse o parâmetro. Era algo excelente e digno de louvor? Então era pauta!
Desde receitas de pudim e dificuldades com o ponto do ovo cozido até resenhas de livros e reflexões sobre as difíceis fases de espera e transição, o blog Coisa Nossa me acompanhou durante quase dez anos, em meio a muitas mudanças — de vida, de ritmo e de dedicação à escrita. A comunidade do blog era pequena, porém fiel e muito engajada. Após a maternidade, contudo, eu não consegui mais escrever com a frequência que gostaria, embora ainda me mantivesse presente com publicações bem ocasionais.
Em 2018, com os filhos um pouco maiores, estabilidade na carreira pública docente e um ritmo mais tranquilo, decidi que voltaria a escrever com mais regularidade. O nome do blog, entretanto, já não me representava. Após meses de busca, percebi que a essência sempre foi Filipenses 4.8. Por que, então, não assumir isso no nome? Assim, o blog teve seu nome alterado para Filipenses Quatro Oito e, com essa mudança, criei um perfil no Instagram, já que, na ocasião, essa já se tornara uma das principais redes sociais para a disseminação de conteúdo.
Em 2020, quando o blog completou dez anos de existência, fomos surpreendidos por uma pandemia que nenhuma das gerações vivas
havia presenciado. A era da Covid-19 chegou com tudo, interrompendo as atividades em escolas, templos, comércio, viagens etc. Tivemos de ficar em casa, cercados de incerteza, estatísticas e medo. Foi, então, que assisti a um vídeo de Paul Tripp, intitulado “Devemos ter medo da Covid-19?”. A resposta dele a essa pergunta me marcou profundamente, e considero esse momento um marco em minha vida e em meu ministério.
Ele disse: “Sim e não”.
Tripp explicou que o medo pode ser uma resposta apropriada ao perigo — uma expressão de temor a Deus ou uma preocupação que conduz à prudência. Nesse sentido, o medo nos levou a lavar as mãos, cuidar dos idosos, proteger os vulneráveis e até correr para Deus. Mas também existe o medo que paralisa, domina os pensamentos e se torna um ídolo. Esse medo nos afasta de Deus e deve ser combatido, pois evidencia falta de conhecimento acerca de quem Deus é.
Percebi, então, que estava meditando mais na pandemia do que no caráter de Deus; mais nas notícias do que na Palavra. Definitivamente, eu deveria voltar meus pensamentos às coisas do alto. E pensei: e se, em vez de me concentrar nas notícias e estatísticas, eu meditasse nos atributos do Deus eterno? E se, ao fazer isso, eu convidasse outras pessoas a meditarem comigo? O que poderia ser mais verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, de boa fama, excelente ou digno de louvor para pensarmos juntas, conforme somos instruídas em Filipenses 4.8?
Pensar conforme Filipenses 4.8 não é um exercício de otimismo ou de positividade cristã. É uma resposta à história maior da qual fazemos parte. Fomos criados, homem e mulher, à sua imagem, para amá-lo de todo o coração e expressar esse amor refletindo sua glória em pensamento, palavra e ação. Mas o pecado entrou no mundo e distorceu nossa mente, nossos desejos, nossos afetos... Passamos a chamar o mal
de bem, e o bem de mal. Nosso pensamento, agora corrompido, passou a seguir o curso deste mundo, e não a vontade de Deus. Ficamos todos distraídos, ansiosos, inquietos, procurando sentido, valor e segurança nas coisas criadas, e não no Criador. O resultado é uma mente confusa, paralisada pelo medo e afoita por encontrar propósito em qualquer coisa que prometa segurança e estabilidade — ainda que essas promessas nunca se cumpram.
Foi justamente por isso que Jesus Cristo veio. O Verbo eterno se fez carne e viveu de forma perfeita, como eu e você deveríamos viver — mas jamais conseguiríamos. Ele morreu por nossos pecados para sanar uma dívida que era nossa, e ressuscitou para nos dar nova vida — uma vida em que não apenas cremos nele, mas também somos transformadas à sua imagem; uma vida que não se limita a uma existência apática, mas que é vivida de forma plena.
Essa é uma vida graciosamente acessível a todo aquele que, pela fé, reconhece Jesus Cristo como Salvador. Pela obra do Espírito Santo em nós, somos feitas novas criaturas e temos, agora, uma mente em processo de renovação, para que se torne coerente com quem já somos em Cristo. E é por isso que podemos — e devemos — pensar no que é verdadeiro, justo, puro e amável.
E o que há de mais verdadeiro, justo, puro e digno de louvor do que o próprio Deus e a beleza de Cristo? Ele é a verdade que nos liberta, a justiça que nos cobre, a pureza que nos santifica. É nele que encontramos não apenas inspiração, mas também redenção. Sem ele, nossos pensamentos estariam cativos ao pecado; com ele, aprendemos a pensar como quem já foi resgatada e como quem está sendo transformada, dia após dia, pelo poder do evangelho. Essa transformação, porém, não é instantânea, mas contínua. É um processo de santificação, no qual aprendemos, dia após dia, a alinhar nossa forma de pensar com a mente de Cristo.
O convite de Filipenses 4.8 só faz sentido porque, antes de tudo, fomos alcançadas por um evangelho que nos tira do império das trevas e nos transporta para o Reino do Filho amado (Cl 1.13). O que preenche a mente molda o coração. E o coração moldado pelo evangelho orienta a vida. Pensar no que é excelente não é luxo; é obediência.
Foi assim que nasceram as séries de vídeos devocionais do Filipenses Quatro Oito. Começamos com uma série sobre os atributos de Deus. Depois veio uma sobre contentamento. Outra abordava pecados escondidos... E não paramos mais! O ministério cresceu, expandiu-se para outras formas de produção de conteúdo e, em 2025, completa quinze anos — com evidências sem-fim da graça e do cuidado providente e zeloso do Senhor.
Muita coisa pode acontecer em quinze anos, não é mesmo? E não foram poucas. Nós nos mudamos oito vezes. Tivemos dois filhos. Eu trabalhei em muitos lugares diferentes e mudei — mais de uma vez — de emprego e de carreira. Viajamos, enfrentamos benesses e perrengues financeiros. Vivemos o desemprego e as conquistas, os desgastes e os renovos, a exaustão e o descanso, as reprovações e as aprovações em concursos públicos, doenças, exames alterados, UTI e incertezas. Até mesmo uma pandemia!
O livro que você tem em mãos é fruto do que aconteceu ao longo de quinze anos desde a decisão tomada naquela varanda tropical cheia de maresia, por uma Naná ainda cheia de colágeno e expectativas. São sessenta meditações: algumas extraídas do próprio blog, outras adaptadas de palestras e estudos ministrados nos cursos do Filipenses Quatro Oito ou em eventos, além de textos inéditos. Todas essas meditações, contudo, têm a mesma fonte: o desejo de pensar biblicamente sobre a vida e agir de acordo com essa verdade, enquanto se vive uma vida comum. Das grandes decisões às pequenas irritações,
dos dilemas culturais às tarefas domésticas, temos a oportunidade de pensar no que é digno. Cada texto é uma pausa para abastecer a mente com a verdade e reorientar os pensamentos. Parece simples, mas é exatamente isso que o Espírito usa para renovar a mente e transformar o coração.
Este não é um livro autobiográfico — mas também não deixa de ser. Foi escrito enquanto a vida acontecia, em meio às circunstâncias que descrevi há pouco, e que talvez você também esteja vivendo. Você encontrará reflexões sobre ansiedade e espera, vontade de Deus e direção, contentamento, lar e maternidade, relacionamentos, perdão, casamento, trabalho, missão e ministério, coragem, identidade e temor a Deus, cultura, luto, sofrimento, esperança e tantos outros temas que permeiam a vida de uma mulher comum, como eu e você, debaixo do governo de um Deus extraordinário.
E é para ele — e não para mim — que você deve olhar o tempo todo. Porque é para ele que este livro aponta. Eu não sou o modelo; sou apenas uma companheira de estrada, no meio do caminho, tanto quanto você. Ainda tropeço. Ainda luto. Ainda me vejo diante de pecados antigos e fraquezas novas — e prova disso está em quanto a revisão de muitas das meditações antigas deste livro me confrontou. Mas foi nesse caminho, cheio de curvas e tropeços, que fui aprendendo (e ainda estou aprendendo) a confiar em Deus como aquele que não muda.
O cenário da minha vida já mudou bastante: os filhos são agora adolescentes, as demandas se transformaram e até a vista da varanda mudou. Mas Deus permanece o mesmo! E é por isso que Ele é digno da minha e da sua confiança irrestrita. Que não sejam, portanto, os detalhes descritos a partir da minha experiência pessoal que a inspirem, mas, sim, a fidelidade do Deus que escreve histórias redentoras a partir de vidas vulneráveis e corações quebrantados.
Esse Deus nos manda preencher a mente com tudo o que for verdadeiro, nobre, justo, puro, amável, de boa fama, excelente e digno de louvor (Fp 4.8). E, mais do que preencher a mente, Deus nos chama a pôr tudo isso em prática (Fp 4.9): a viver de forma coerente; a permitir que, ao pensar biblicamente, isso transforme a forma como sentimos, falamos e agimos.
Meu convite é este: Pense nessas coisas. Viva de forma digna do evangelho. Que cada meditação a ajude nesse caminho, ao moldar seu coração e conduzi-la, com ousadia, a dar passos firmes rumo à maturidade, mesmo quando ninguém estiver olhando.
Vamos juntas?
O PNEU FURADO
Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra. (Sl 46.10)
Certa vez, fui buscar meus dois filhos — ambos com menos de cinco anos — na escola. Na época, morávamos a 60 km do meu trabalho e da escola. Era um trajeto longo e cansativo. Logo na primeira curva, destruí o pneu do carro em um buraco enorme. O buraco sempre estivera lá, mas, naquele dia, me pegou totalmente distraída.
E qual foi a distração? Eu estava tentando encontrar o CD1 do “sapo que não lava o pé”, que dois minipassageiros entusiasmados pediam em coro no banco de trás.
O pneu furou — e furou mesmo. Então, lá estava eu, com duas crianças pequenas, a 60 km de casa. Meu marido estava... em casa. Bem longe de mim.
1 Nota para os mais jovens: CD, também conhecido como Compact Disc, era um disquinho prateado que a gente colocava no carro ou no aparelho de som para ouvir música. É como se fosse o avô do Spotify. A diferença é que riscava, pulava faixas, cabiam apenas cerca de dez a doze músicas por disquinho e precisava ser manuseado com carinho e soprado de vez em quando.
Não sei trocar pneu. Naquele momento, eu só queria que meu marido estivesse ali. Um pânico sutil, porém real, começou a tomar conta de mim: “O que vou fazer agora?”. O cenário mental era sempre o pior: “Vai anoitecer logo. Estou sozinha com duas crianças. E se aparecer alguém? E se...?” — esses pensamentos que conhecemos muito bem.
Consegui encostar o carro em um posto de apoio que havia ali perto. Enquanto tentava resolver o que fazer — se ligava para meu marido, se procurava o número do seguro ou se encontrava alguém conhecido nas redondezas —, virei o rosto para o banco de trás.
Ali estavam eles: animados, cantando a música do sapo, como se nada tivesse acontecido. Nem aí. Felizes, tranquilos. A única observação foi: “Olha, a mamãe parou o carro!”. E continuaram a cantar.
Naquele momento, meus olhos se encheram d’água. Ah, como eu queria ser filha de novo! Só isso. Ser “só filha”. Queria estar naquele carro como filha, como passageira. Queria ter o pneu furado e continuar em paz, porque alguém mais velho e responsável estaria ali, cuidando de tudo. “A mamãe estava ali.” E, se fosse preciso, o papai também chegaria. Estava tudo certo. Vida que segue.
Depois de algumas tentativas, consegui falar com a escola das crianças. Um pai, comovido com a situação, passou lá e trocou o pneu para mim em menos de dez minutos. Ele estava com o filho, e os meninos ficaram todos no banco de trás, dividindo um pacote de biscoito de chocolate. Cantaram, riram, comeram. Foi um “piquenique no carro”, ao som do sapo e do pirulito que bate-bate.
Voltei para casa aliviada. E, quando entramos, as crianças correram até o pai: “Pai! Hoje foi muito legal! A mamãe parou o carro e a gente fez piquenique com um menino da escola!”.
Meus olhos se encheram de lágrimas mais uma vez. Como é diferente a perspectiva de uma criança. Enquanto eu estava tensa, nervosa
e preocupada com tudo, eles se sentiam seguros. A mamãe estava ali. Só isso bastava. E, pela graça de Deus, tudo terminou bem.
Essa história me marcou bastante porque, poucos dias depois, entrei em outra fase de “pneu furado”. Quatro dias após aquele episódio, meu marido perdeu o emprego — em uma época em que as perspectivas no Brasil não eram animadoras. Como mãe, esposa e mulher, eu me preocupei bastante. E, muitas vezes, só queria ser filha de novo.
Minha mãe me contou que, quando eu era pequena, meu pai passou quase cinco anos desempregado. E eu? Eu nem me lembro disso.
Devia estar comendo bolacha de chocolate e cantando “Pintinho Amarelinho”. Papai e mamãe estavam ali. E tudo acabou bem. Então, naquela nova fase, cheia de incertezas e orações, fui lembrada de algo que aqueceu meu coração: eu sou filha. Sim, eu sou filha. Filha de um Pai que tem absolutamente tudo sob controle. Filha daquele a quem até o vento e o mar obedecem. Filha de Deus, meu Pai, que, naquela tarde comum com o pneu furado, me lembrou que meu papel é descansar; o dele é guiar, prover e cuidar: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Sl 46.10). Ou seja, filha, descanse, “seu Pai está aqui”.
Não é nosso papel carregar o peso do controle. Ele está cuidando de tudo. Não é o medo que deve dominar nossos corações, mas a lembrança de quem somos, e de quem Deus é. Nós somos filhas. Ele é Pai. E não falha.
Naquele dia, meus filhos me lembraram de uma verdade que, às vezes, a alma adulta esquece: nós somos filhos; estamos no banco de trás. E podemos descansar nisso.
Como é bom saber que temos um Pai que cuida de tudo!
Pense nessas coisas:
O que desafia você hoje e que exige que se lembre que você pode descansar como filha nas mãos do Pai?
