Do céu ele veio buscá-la - David Gibson e Jonathan Gibson

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Teologia sacra e a leitura da palavra divina

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da expiação propiciar à igreja e ao mundo um bem maior. O drama do Filho-Rei que foi prometido às nações como herança (Sl 2.8) adiciona motivação para a evangelização dos povos. O Cordeiro tem adquirido pessoas para Deus (Ap 5.9-11). Inversamente, os não evangelizados vêm a ser uma desconfortável “pedra no sapato” por defender uma expiação universal: Cristo proveu uma salvação, de jure [de direito], para todos, porém, de facto [de fato], ela não é acessível a todos e, inadvertidamente, acaba sendo, na realidade, limitada em seu escopo. A expiação definida assegura que o oferecido na proclamação do Evangelho é a realização real da redenção. Proclamar o Evangelho é proclamar um Salvador que, por seu sangue, estabeleceu a aliança da graça à qual todos são chamados a unir-se. Os proponentes de uma expiação geral e universal de fato não podem, caso queiram ser consistentes, manter a crença na sincera oferta da salvação para cada pessoa. Tudo o que se pode oferecer é a oportunidade ou a possibilidade de salvação — e, na realidade, nem mesmo a todos. Uma expiação simbolizada pelo bom pastor que dá a vida por suas ovelhas provê riquezas pastorais de motivação, jubilosa obediência e perseverança para o pastor e igualmente para o povo. A expiação que se irradia da união de Cristo com seu povo e a qual é posta dentro do paradigma mais amplo das operações trinas não pode senão dar segurança ao crente. Se Deus — Pai, Filho e Espírito — tem trabalhado indivisivelmente por nós em Cristo, então, quem pode ser contra nós? Os modelos da expiação que fazem a salvação meramente possível fracassam em prover essa robusta segurança e conforto. A segurança da salvação se torna, necessariamente, desconectada da segura fonte do que Cristo tem feito e se aloja na instável esfera de nossa resposta. A expiação já foi feita, sim — mas o conhecimento dela, suficiente para acalmar nossos temores e assegurar-nos de nossa salvação, está fundada na ação humana, não na divina. Somos os doadores decisivos da salvação. Se John Piper está certo em seu ensaio conclusivo, de que a morte de Cristo é o clímax da glória da graça de Deus, que é o ápice da glória de Deus, então as questões da intenção e natureza da expiação não são temas de “pouca importância” ou “questões de mera especulação” — tocam o próprio nervo central


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