Revista de Livros EME • Número 08 • Maio de 2010

Page 6

E N T R E V I S TA :

Fátima Moura

A

lém de escrever e desenhar, a música e o teatro são também as grandes paixões de Fátima Moura. Encenou diversas peças de sua autoria. Compõe músicas para o público infantil e infantojuvenil, e lançou o CD Cantando eu conto, que contém músicas direcionadas aos pais e evangelizadores. “Tenho formação da Escola de Música Villa Lobos e a música é, a meu ver, a maneira mais eficaz para atuar na evangelização dos corações de encarnados e desencarnados”, comenta. Junto com a escritora Cléo Mello realizou, durante quatro anos, um curso de formação de evangelizadores, no Rio de Janeiro e em várias outras capitais brasileiras. Tem dois livros de sucesso publicados pela Editora EME: o infantil Criança quer saber... e o romance mediúnico De volta aos braços teus. No momento está lançando o romance para jovens, Descobrindo um caminho, sobre o qual concedeu essa entrevista. Quando surgiu seu interesse pela literatura? Escrevo desde nove anos de idade. Sempre gostei de ouvir e contar histórias. Leitora assídua de autores clássicos, mas também de literatura popular, devo isso a meu pai, que despertou em nós o interesse pela literatura, formando quatro ávidos leitores e uma escritora. Como conheceu o Espiritismo e qual a importância dele em sua vida? Tive a chance de nascer em um lar espírita e considero essa a grande oportunidade de minha vida. O Espiritismo tem sido a bússola para me mostrar o caminho da aceitação e da disciplina, capaz de conter toda a minha impulsividade. Não sei o que seria de mim sem o conhecimento das verdades espíritas. De que forma a mediunidade auxiliou na pesquisa dos livros e como ela lhe auxilia no cotidiano? Nasci em uma família de médiuns atuantes, meu pai, minha mãe e três irmãos, todos integrados no trabalho da casa espírita. Ingressei no corpo mediúnico do Centro Espírita Bezerra de Menezes, no bairro Cascadura, aos doze anos de idade, com autorização especial da dirigente, pois, apesar de apresentar mediunidade ostensiva, eu era ainda muito criança. Aos poucos, com a orientação dos espíritos amigos, as coisas foram se ajeitando. Comecei a psicografar aos quinze anos de idade. Além dos quatro romances psicografados já editados e dos que ainda estão aguardando publicação, trabalhei durante muito tempo no receituário mediúnico e na desobsessão em várias casas espíritas. Atualmente sou voluntária no MAP (Movimento de Amor ao Próximo) e continuo esse trabalho abençoado de divulgação da nossa amada doutrina espírita, através das palestras e seminários que sou convidada a realizar.

6

Revista de livros EME

Qual a principal motivação para escrever o livro Descobrindo um caminho? Adoro escrever para jovens. O livro fala sobre timidez, baixa autoestima, conflitos familiares. Tenho observado, enquanto educadora e psicopedadoga clínica, o quanto os nossos jovens estão carentes de afeto, de uma orientação amorosa, não necessariamente religiosa, mas de bons exemplos e de boas palavras. O que a impulsionou a abordar os conflitos da adolescência? Comecei a minha tarefa de escritora escrevendo livros para crianças, mas, quando em 1987 lancei o livro A gruta do mistério e o livro teve um estrondoso sucesso, meu querido amigo (já desencarnado) Altivo Pamphiro, então presidente do Centro Espírita Léon Denis, me disse que eu não deveria deixar de produzir outros livros, mas intensificar a literatura para jovens e adolescentes. Segui seu conselho e assim foi feito. Tenho vários outros títulos editados para os jovens, além de alguns ainda não publicados. Precisamos incentivar mais nossos autores a produzir literatura nesse gênero. Você já trabalhou com mocidades e aulas de evangelização em centros espíritas? Sim. Fui evangelizadora de mocidade durante quase vinte anos e também professora do curso normal e da disciplina educação artística para jovens e adolescentes. Sempre estive junto aos jovens e tenho aprendido muito com eles.

Fátima Moura nasceu em 1956 na cidade do Rio de Janeiro, onde vive até hoje. É escritora com mais de trinta livros publicados, jornalista, designer gráfica, teatróloga, musicista e psicopedagoga clínica, com especialização em portadores de necessidades especiais. Por meio de palestras e dos seus livros, ressalta a importância da valorização da literatura em nossas vidas.

Teve alguma surpresa ou dificuldade para realizar o livro? Emocionei-me muitas vezes contando a história de Alan, pois fui também uma pessoa tímida, devido à educação extremamente rígida que recebi e a traumas trazidos de encarnações anteriores. A Doutrina Espírita me ajudou a entender todas essas dificuldades. Quanto tempo levou para concluir a obra? Exatamente oito meses. A educação espírita oferecida pelos pais pode auxiliar os jovens em seu crescimento emocional? Com certeza. Saber o significado de nossas vidas, porque viemos, o que buscamos, o que podemos realizar se assim quisermos, é sem dúvida um importante apoio emocional para espíritos endividados e em aprendizado constante como nós.

Pais e filhos pouco se falam, quase nunca se tocam ou se abraçam. Precisamos crescer juntos, principalmente em família


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.