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Capítulo 4 – O papel do esporte

CAPÍTULO 4

O papel do esporte

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Cultura de paz O esporte é um fenômeno social complexo. Definimos dessa forma pela sua abrangência e inserção social. Palavras derivadas de ações esportivas são utilizadas nos meios empresariais como equipe, time, recorde, marcação cerrada, entre outros. Nos momentos de lazer a presença da linguagem provinda do esporte é ainda mais evidente. Dessa inserção da linguagem no cotidiano e nas várias formas de relação sociais vem à força do esporte. A comunicação é muito importante para vivermos em sociedade, logo, se certo tipo de símbolo típico do esporte é reproduzido em vários contextos sociais, ocorre o que denominamos de esportivização da sociedade contemporânea.

Na Antiguidade, as práticas esportivas não se pareciam com as que conhecemos hoje. Em razão disso, eram conceituadas como práticas pré-esportivas. Algumas eram úteis para a sobrevivência do homem, como a corrida e a caça. Outras eram mais uma preparação para guerras, como a esgrima e as lutas (TUBINO, 2010). Muitas dessas práticas pré-esportivas do Esporte Antigo desapareceram com o tempo. Outras se transformaram em Esportes Autótonos, que podem ser considerados “esportes puros”, isto é, esportes que continuaram a ser praticados ao longo do tempo sem receber influências de outras culturas. Quando os Esportes Autótonos permanecem como prática, mas com modificações de outras culturas, geralmente de nações colonizadoras, passam a ser chamados Esportes ou Jogos Tradicionais.

Os jogos gregos são considerados como as primeiras manifestações esportivas. Eram “festas populares, religiosas, verdadeiras cerimônias pan-helênicas, cujos participantes eram as cidades gregas” (TUBINO, 2010, p. 22). Os Jogos Olímpicos da Antiguidade, principal manifestação esportiva de toda a Antiguidade, eram celebrados em Olímpia, Élida, num bosque sagrado chamado “Altis”, em homenagem a Zeus Horquios, a cada quatro anos. Esses Jogos eram anunciados pelos arautos e desenvolvidos pelos helenoices. As principais provas eram: corrida de estádio, corrida do duplo estádio, corrida de fundo, luta, pentatlo, corrida das quadrigas, pancrácio, corrida de cavalos montados, corrida com armas, corrida de bigas, pugilato e outras (TUBINO, 2010, p. 22). As práticas esportivas passaram a ser relacionadas a lutas violentas e até mortais. Apostas referentes aos resultados de lutas, corridas curtas, etc. motivaram o público nos séculos XVIII e XIX.

Texto complementar

O papel do esporte no desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens

Falar de esporte, de educação, de corpo e movimento. Muitos jargões e lugares-comuns são largamente conhecidos e repetidos – alguns deles são mitos, outros verdades. Porém a maior verdade de todas é: o impacto do esporte no desenvolvimento integral de TODAS as DIFERENTES crianças e jovens depende da forma como é conduzido e também do ambiente. Esses são os princípios básicos e o ponto de partida para estruturar uma ação de esportes para crianças e jovens. Porque o esporte é um fenômeno cultural amplo, que envolve manifestações distintas entre si, como uma disputa olímpica realizada por atletas da elite esportiva e uma aula de Educação Física numa escola de Ensino Fundamental. O que está envolvido num jogo do campeonato brasileiro de futebol é totalmente diferente do que acontece numa pelada entre amigos no fim de semana. Assim como um corredor profissional numa São Silvestre, na chegada em plena avenida Paulista, pode até cruzar com um casal pedalando na faixa de ciclistas, mas eles estarão fazendo coisas que guardam pouca relação entre si. As diferentes manifestações esportivas apresentam diferentes objetivos e impactos esperados. A competição de elite objetiva resultado e a mais alta performance possível. O esporte como lazer e condicionamento físico tem como impacto saúde, convivência e qualidade de vida. E o esporte para crianças e jovens, na escola ou a partir da escola, tem como objetivo o desafio de atender a todos, garantindo o direito previsto na legislação brasileira. Costumo dizer que existe o esporte de cada um, de acordo com o perfil, a expectativa e os objetivos pessoais – aspectos que também se transformam a cada fase da vida. Para alcançar objetivos e resultados 93

tão diferentes, temos que lançar mão da mesma variedade em termos de estratégias. As pessoas têm, durante a vida, diferentes oportunidades e vivências do corpo em movimento, com o desenvolvimento de habilidades e capacidades físicas, cognitivas e socioafetivas, ou não. Porque só se beneficia quem pratica. A OMS (Organização Mundial de Saúde) indica cinco horas por semana de atividade motora para crianças e adolescentes: uma hora por dia, que pode ser dividida durante a rotina diária. Jogar, brincar, realizar rotinas motoras simples e complexas, são muitas as possibilidades. Essa é a carga de atividade semanal ideal para que se desenvolvam as bases motoras e atitudinais que contribuirão para que essas crianças e jovens se mantenham ativos, seja pelo desenvolvimento do hábito e do estilo de vida, seja pela formação motora qualificada, que lhes proporcionarão ferramentas para aproveitar todas as oportunidades e para se adaptar a cada ambiente e fase da vida. Para os adultos, a indicação é de 120 a 150 minutos semanais. Segundo a Ipsos, 72% da população brasileira é sedentária, e entre as pessoas de 16 a 24 anos a porcentagem é de 62%. É fato que precisamos avançar em termos de oportunidades para a prática motora, pois os benefícios são muitos. Pesquisas internacionais mostram que os impactos são sentidos a cada fase da vida: 90% menos probabilidade de obesidade infantil; desempenho escolar até 40% maior; menor relação com fumo, drogas, gravidez e sexo de risco; 15% mais probabilidade de ir para a faculdade; menos despesas com saúde; e em média pessoas ativas vivem 5 anos a mais. Como vemos a seguir, o esporte desenvolve diferentes capitais humanos: físico, intelectual, emocional, social, individual e financeiro. Físico – habilidades e destreza motora, condicionamento cardiorrespiratório, força, saúde dos ossos e das articulações, sistema imunológico, sono, alimentação, prevenção de doenças. Intelectual – desempenho escolar, compromisso com a escola, velocidade de raciocínio, memória, flexibilidade mental, concentração/ atenção/controle do impulso, controle do Distúrbio de Déficit de Atenção (DDA) na infância, administração do declínio cognitivo com a idade. Emocional – melhorias em diversão/alegria/satisfação, autoestima, autoimagem, motivação, humor, prevenção de stress/depressão/ ansiedade. Social – normas sociais, rede de relacionamentos, compromisso social, confiança/trabalho em equipe/colaboração, igualdade de gêneros e diversidades, igualdade para pessoas com deficiência, contraponto ao crime, inclusão e aceitação, unir as diferenças, segurança e apoio.

Individual – aprender a aprender, experiências sociais e de vida, espírito esportivo, gestão do tempo, estabelecimento de metas, iniciativa e liderança, respeito e solidariedade, entusiasmo, disciplina, controle, persistência, coragem. Financeiro – melhor renda, produtividade, desempenho no trabalho, ânimo, compromisso, redução de assistência médica e faltas.

Fonte: Educação & Participação. Disponível em: https://educacaoeparticipacao.org. br/materiais/o-papel-do-esporte-no-desenvolvimento-integral-de-criancas-adolescentes-e-jovens/>. Acesso em: 19 dez. 2016.

O esporte como medida socioeducativa

Adolescentes que cumprem medidas socioeducativas encontram a superação no esporte

Superar limitações a cada obstáculo faz parte do cotidiano de todo esportista. Quando se está privado de liberdade, essa prática se torna ainda mais significativa para quem espera a liberdade com dignidade. Com esse objetivo os adolescentes que cumprem medidas socioeducativas participaram da programação voltada ao esporte, cultura e lazer realizada pela Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa) entre os dias 24 e 28.03 em todas unidades de internação e semiliberdade. Um exemplo foi a “I Semana Fitness” da Unidade de Atendimento Socioeducativo de Ananindeua (UASE

Ananindeua) onde os socioeducandos receberam a visita da Federação Paraense de Triathlon e o convite para competirem representando o Estado. “Eu recebi uma oportunidade e aprendi que a gente cresce com o nosso próprio esforço”, disse Marcelo (nome fictício), 18 anos, que ganhou o prêmio revelação da Semana Fitness e está há seis meses na UASE Ananindeua. Atualmente, ele treina futebol nas categorias de base do Paysandu. “Eu sempre gostei de atividade física. Isso me ajudou muito aqui”, contou o socioeducando demonstrando sua emoção ao ser premiado. Ao longo do ano, os internos praticam atividades esportivas dentro das rotinas pedagógicas das UASES. No entanto, no período do recesso escolar da Secretaria de Educação do Pará (Seduc), essas atividades são intensificadas e continuarão até o retorno das aulas. Durante a semana, 38 internos participaram das atividades, entre elas triathlon, futsal, vôlei, natação, outras. As competições foram realizadas na Uase Ananindeua e no Núcleo de Cultura, Artes, Lazer e Desporto (Apoena). “Os adolescentes gostaram muito. É gratificante ver que eles não competiram no sentido de rivalidade, mas buscaram o equilíbrio emocional“, explicou a educadora esportiva, Patrícia Nascimento, uma das coordenadoras do evento. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), toda criança e adolescente tem direito à prática de atividade esportiva visando ao desenvolvimento saudável do organismo.

Fonte: Fasepa. Disponível em: http://www.fasepa.pa.gov.br/?q=node/623. Acesso em: 19 dez. 2016.

Valores do esporte para a educação

Cada vez mais os esportes vêm revolucionando as escolas do país. A preocupação no ensino vem crescendo e uma maneira de incentivo aos nossos alunos é buscar o desenvolvimento nos esportes. Por isso, a importância do esporte na educação. A prática esportiva como instrumento educacional visa o desenvolvimento integral das crianças, jovens e adolescentes, capacita o sujeito a lidar com suas necessidades, desejos e expectativas, bem como, com as necessidades, expectativas e desejos dos outros, de forma que o mesmo possa desenvolver as competências técnicas, sociais e comunicativas, essenciais para o seu processo de desenvolvimento individual e social. O esporte, como instrumento pedagógico, precisa se integrar às finalidades gerais da educação, de desenvolvimento das individualidades, de formação para a cidadania e de orientação para a prática social. O campo pedagógico do Esporte é um campo aberto para a exploração de novos sentidos/significados, ou seja, permite que sejam explorados pela ação dos educandos envolvidos nas diferentes situações. Além de ampliar o campo experimental do indivíduo, cria obrigações, estimula a personalidade intelectual e física e oferece chances reais de integração social. Em meio a estas descobertas do esporte o que vem revolucionando hoje em dia as escolas é o chamado Esporte Radical. A adrenalina, emoção e o prazer de se exercitar nesta aventura faz com que o aluno alcance diferentes maneiras de aprender um movimento e de se integrar ao meio social. Ensinar a prática de esportes radicais é preparar o aluno para executar determinadas habilidades por meio da descoberta do prazer de se exercitar. Tudo isso envolvendo segurança, bons profissionais e educadores sempre por perto.

Para a criança ou adolescente estar em contato com a adrenalina, natureza e aventura é o modo de desenvolver outras habilidades e nesta hora que é mostrado o potencial de cada um. Através destas aulas é possível adequar as disciplinas dadas em sala de aula, mostrando e fazendo com que a criança se desenvolva melhor.

Texto complementar

O incentivo à prática do esporte como forma de inclusão social

O esporte é uma importante arma social para melhor desenvolvimento da nação, visando aproximar os povos e fazer com que estes exercitem não somente o corpo, mas também a mente, para que possam obter resultados mais expressivos na sua vida, seja ela profissional, estudantil ou dedicada ao lazer. Segundo a definição do dicionário Houaiss, “esporte é a atividade física regular, com fins de recreação e/ou manutenção do condicionamento corporal e da saúde”. A prática regular do esporte, além de uma vida mais saudável, proporciona ao praticante, uma forte inclusão social, que inclui um ciclo de amizades e diversão. O Deputado Federal Valadares Filho[1], -PSB/SE, propôs uma emenda à Constituição que pretende incluir o esporte no rol dos direitos sociais, previstos no artigo 6º de nossa Carta Magna. No texto da PEC 201/2007, o Deputado, com méritos, afirma que: “A importância do esporte é reconhecida universalmente e sua prática raramente deixa de beneficiar o seu praticante – seja criança, jovem, adulto ou idoso – com uma boa saúde física e mental. Todos os esportes são bons e o seu uso depende de como praticá-lo e sua finalidade.” A inserção do esporte no artigo 6º da Constituição Federal brasileira seria de suma importância para a sociedade em geral, pois como um direito social garantido constitucionalmente, teria sua prática fomentada não só pelo Estado como pela sociedade empresária. Há quem acredite que o esporte somente está contido no âmbito do lazer; entretanto, este tem se tornado cada vez mais profissionalizado e atingido proporções significativas em curto espaço de tempo. Não somente no futebol, esta evolução se reflete outras modalidades, que também estão deixando o amadorismo. Um exemplo de que o esporte está atingindo grandes dimensões é o elevado número de cursos voltados para a área esportiva, que exige profissionais altamente capacitados, nos ramos da Medicina, Fisioterapia, Nutrição, Administração de empresas, Educação física, entre outros.

O profissional do Direito é elemento fundamental nesta multidisciplinaridade, uma vez que até uma justiça especializada foi criada para solucionar problemas que dizem respeito ao esporte. A Justiça Desportiva possui autonomia para processar os casos relativos à matéria sem recorrer à Justiça Comum, que só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada no art. 52, § 2º, Lei nº 6915/98( Lei Pelé). 2. Incentivo público e a evolução do esporte no Brasil. O esporte no Brasil vem recentemente recebendo apoio dos órgãos públicos, que estão investindo diretamente no esporte e criando leis que incentivam e facilitam o investimento em entidades desportivas, que repassarão os investimentos recebidos para a melhoria do esporte. Existem como exemplos a Lei 10.264/01 e a Lei 11.438/06 (Lei de Incentivo ao Esporte), alterada pela Lei 11.472/2007. A Lei n° 10.264/01, conhecida como Lei Agnelo/Piva, sancionada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso, recebeu este nome em homenagem a seus dois autores, o então Deputado Federal e ex Ministro do Esporte, Agnelo Queiroz (PC do B-DF), e o então Senador Pedro Piva (PSDB-SP). Tal Lei acrescentou incisos e parágrafos ao artigo 56 da Lei nº 9.615, de 24 de março de1988, e estabeleceu que 2% da arrecadação bruta de todas as loterias federais do país fossem repassados ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e ao Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB). Do total de recursos repassados, 85% são destinados ao COB e 15%, ao CPB. Do montante destinado ao Comitê Olímpico Brasileiro, 10% devem ser investidos no esporte escolar e 5%, no esporte universitário. A Lei 11.438, de 29 de dezembro de 2006, alterada pela Lei 11.472, de 2 de maio de 2007, dispõe que, até o ano de 2015, poderão ser deduzidos do imposto de renda devido por pessoas físicas e por pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, os valores despendidos a título de patrocínio ou doação, no apoio direto a projetos desportivos e paradesportivos previamente aprovados pelo Ministério do Esporte. Assim, a pessoa jurídica poderá descontar 1% e a pessoa física até 6% do valor devido no Imposto de Renda (art. 1°, §1º, incisos I e II da Lei 11.472/2007). As entidades interessadas em receber o incentivo passarão por uma avaliação de uma comissão vinculada ao Ministério do Esporte, e, após serem devidamente aprovadas, estarão disponíveis para receber o benefício, que pode ser feito sob a forma de patrocínio ou doação. Além de aprovação prévia do Ministério do Esporte, é importante frisar que os projetos deverão promover a inclusão social por meio do esporte, preferencialmente em comunidades de vulnerabilidade social.

Com o incentivo, espera-se que o esporte, assim como a qualidade de vida dos moradores das comunidades diretamente envolvidas, evolua, pois uma criança que pratica esportes regularmente cresce com mais saúde; relaciona-se melhor com a sociedade; tem um rendimento melhor na escola, pois tem maior disposição para estudar e maior facilidade para relacionar-se com pessoas do ambiente escolar; e consequentemente se afastam do mundo do crime e das drogas. O somatório destas características proporciona a formação de um cidadão que muito será útil para o progresso do país. Os investimentos provenientes do poder público e os benefícios que as Leis 11.438/06 e 10.264/01 proporcionam estão se convertendo em satisfatórios resultados no esporte profissional, visto que o desempenho do Brasil está cada vez mais convincente nas mais variadas competições esportivas. Analisando os resultados das diversas competições, temos que a média de medalhas do Brasil nos jogos olímpicos cresceu cerca de 25%, da década de 1990 para a primeira década dos anos 2000. Enquanto nos jogos olímpicos dos anos 1990 o Brasil obteve uma média de 9 medalhas por edição, nas três primeiras olimpíadas do anos 2000 o Brasil conseguiu uma média superior a 12 medalhas por edição dos jogos. Nos jogos olímpicos de Atenas, na Grécia em 2004, os primeiros jogos que o Brasil disputou após a aprovação da Lei 10.264/01 foram justamente os jogos em que o Brasil fez sua melhor campanha na história das Olimpíadas, ocupando a 16º colocação no geral. Nas Paraolimpíadas, o desempenho brasileiro também melhorou: em 2004 o país conquistou 33 medalhas, sendo 14 de ouro, 12 de prata e 7 de bronze. Já em Pequim 2008, os atletas paraolímpicos conquistaram 47 medalhas para o Brasil: 16 de ouro, 14 de prata e 17 de bronze. Os jogos Pan-Americanos de 2007, realizados no Rio de Janeiro, foram os primeiros jogos que o Brasil participou após a entrada em vigor da Lei 11.438/06 (Lei de Incentivo ao esporte) e consequentemente os resultados foram bastante expressivos em relação ao último Pan-Americano realizado em Santo Domingo, na República Dominicana, no ano de 2003. O número de medalhas de ouro para o Brasil quase dobrou de 2003 para 2007, sendo 56 medalhas de ouro neste ano e 29 naquele. No total, em 2003, o Brasil conquistou 123 medalhas; já em 2007 foram 163, e o terceiro lugar no quadro geral de medalhas, superando a tradicional delegação cubana em número de medalhas (163 medalhas para o Brasil 137 para os cubanos) e superando a delegação canadense no quadro geral. No parapan-Americano de 2007, também realizado no Rio de Janeiro, o Brasil conquistou 40% a mais de medalhas em relação à edição de 2003, em Mar Del Plata, Argentina. Enquanto a delegação brasileira conquistou 164 medalhas em solo argentino, em solo brasileiro 99

foram 228. O bom desempenho rendeu ao Brasil a primeira colocação geral no quadro de medalhas do parapan de 2007. Assim como as medalhas, o número de atletas representando o Brasil em competições esportivas vem crescendo continuamente, visto que, nas olimpíadas de 2004, o Brasil foi representado por 247 atletas, enquanto que nos jogos de 2008 foram 277 disputando medalhas para o Brasil. O desempenho do Brasil em competições esportivas está cada vez mais satisfatório; no entanto, segue aquém daquilo que o país pode obter. O advogado Marcos César Amador Alves[2], especialista em Direito Desportivo, em sábias palavras, tem posicionamento semelhante ao afirmar que: “Numericamente, a delegação do Brasil em jogos olímpicos ou pan-americanos assemelha-se à das maiores potências esportivas. Em nível qualitativo, no entanto, os melhores resultados ainda são extremamente isolados. A nova lei(lei de incentivo ao esporte) pode servir como vetor de impulsão e massificação das mais variadas atividades desportivas, inaugurando, neste sentido, um modelo de sustentabilidade até então impensável. 3. Conclusão A aprovação das Lei 10.264/01 e 11.438/06 pode proporcionar ao país uma posição de destaque entre as maiores potências esportivas do mundo. Do exposto, vê-se que o esporte no Brasil está evoluindo, e que os investimentos destinados ao esporte estão resultando em expressivas conquistas para o povo brasileiro. Tal comparação, numa análise mais subjetiva, também visa demonstrar que jovens atletas amadores podem, no futuro, se tornar atletas profissionais e representar o Brasil em grandes eventos esportivos. Tal incentivo é de expressa importância para o âmbito social.

Fonte: Âmbito jurídico. Disponível em: http://www.ambito-juridico.com.br/site/ index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7467. Acesso em: 19 dez. 2016.

Paz no esporte

O esporte é muito mais do que um luxo ou uma forma de entretenimento. O acesso ao esporte e a prática do esporte constituem um direito humano e essencial para que indivíduos de todas as idades conduzam uma vida saudável e plena. O esporte – desde a brincadeira e a atividade física até o esporte competitivo organizado - tem um papel importante em todas as sociedades. O esporte é fundamental para o desenvolvimento de uma criança. Ensina valores fundamentais, tais como a cooperação e

o respeito. Traz melhorias para a saúde e reduz a probabilidade de doenças. É uma força econômica signifi cativa que gera emprego e que contribui para o desenvolvimento local. Além disso, reúne indivíduos e comunidades, servindo de ponte entre as diferenças culturais e étnicas. O esporte oferece uma ferramenta bastante custo-efetiva para os desafi os do desenvolvimento e da paz e ajuda a atingir as MDMs. O potencial do esporte como uma ferramenta para o desenvolvimento e a paz ainda precisa ser plenamente apreendido.

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Muitos dos valores fundamentais inerentes ao esporte são compatíveis com os princípios necessários para o desenvolvimento e para a paz, tais como o jogo justo, a cooperação, o compartilhar e o respeito. As habilidades para a vida aprendidas por intermédio do esporte ajudam a empoderar os indivíduos e aumentam o bem-estar psico-social, tal como maior resistência, auto-estima e os relacionamentos com outras pessoas. Estas características do esporte são benéfi cas a pessoas de todas as idades, mas são especialmente vitais ao desenvolvimento saudável dos jovens. No entanto, o esporte é um refl exo da sociedade. Deve-se reconhecer que o esporte, como muitos aspectos da sociedade, abrange simultaneamente alguns dos piores traços humanos, incluindo a violência, a corrupção, a discriminação, o vandalismo, o nacionalismo excessivo, roubar no jogo e o uso de drogas. Entretanto, estes aspectos negativos do esporte, de forma alguma prevalecem sobre seus benefícios positivos potenciais. A prática do esporte traz benefícios físicos signifi cativos, contribuindo para a condução de vidas longas e saudáveis, melhorando o bem-estar, aumentando a expectativa de vida e reduzindo a probabilidade de diversas das principais doenças não-contagiosas, particularmente doenças do coração, diabetes e determinados cânceres. O esporte oferece também benefícios psico-sociais, tais como a promoção da integração social e o aprendizado de mecanismos de controle, assim como benefícios psicológicos, tais como a redução da depressão e melhoria na concentração. O esporte ainda aumenta as potencialidades humanas aumentando o conhecimento e contribuindo para a educação. Incorporar a educação física no currículo escolar e oferecer oportunidades de recreação melhora a capacidade de aprendizado de uma criança, com evidências que indicam também a melhoria da freqüência escolar e do desempenho geral. O esporte também educa as pessoas sobre o corpo, aumentando o nível de consciência e de respeito para com seus corpos e com os corpos dos outros, o que é um fator primordial para uma vida saudável e para a prevenção de doenças, como por exemplo o HIV/AIDS. Da mesma forma, a prática de esportes ao ar livre aumenta a consciência e o respeito com o meio ambiente, ensinando as pessoas sobre a importância de um meio ambiente limpo e saudável. O esporte é também um componente-chave da vida social, envolvendo diretamente as comunidades. Une as pessoas de uma maneira divertida e participativa. Ajuda a criar relações sociais, conexões e melhora a comunicação entre indivíduos e grupos. O esporte também mobiliza voluntários e promove a participação ativa da comunidade, ajudando a construir capital social e a fortalecer o tecido social. Os vínculos potenciais entre o esporte e a paz também são poderosos. Dos eventos internacionais aos comunitários, o esporte une os povos de uma maneira que consegue ultrapassar limites e barreiras, 101

Cultura de paz fazendo do campo um local simples e freqüentemente apolítico para iniciar contato entre grupos antagônicos. Conseqüentemente, o esporte pode ser um fórum ideal para se recomeçar um diálogo social e transpor rivalidades, destacando as similaridades entre os povos e acabando com o preconceito A popularidade do esporte e seu poder de reunião e organização contribuem ainda mais para que o esporte seja uma voz poderosa para comunicar mensagens de paz e um local para atos públicos simbólicos nos níveis global e local. O esporte é um elemento eficaz nas iniciativas centradas na comunidade que objetivam criar a paz sustentável. Muitas das habilidades e dos valores aprendidos através do esporte são os mesmos ensinados na educação para a paz no sentido de resolver e impedir conflitos e criar as circunstâncias que conduzam à paz, desde o nível interpessoal até o internacional.8 Atividades esportivas bem trabalhadas ensinam o respeito, a honestidade, a comunicação, a cooperação, a empatia e como e por que respeitar regras. O esporte é uma maneira poderosa de comunicar estes valores, especialmente aos jovens, de uma maneira que seja divertida e participativa. Para refugiados, deslocados de guerra, órfãos e crianças que foram usadas como soldados, o esporte oferece um sentido de normalidade que fornece uma estrutura em ambientes desestabilizados e serve como meio de canalizar energias positivamente.

Esporte como um Direito Humano

O esporte é mais do que um método prático para se atingir o desenvolvimento e a paz. A oportunidade de praticar e apreciar o esporte e a brincadeira é um direito humano que deve ser promovido e apoiado. O esporte e a brincadeira são, conseqüentemente, não somente um meio, mas também um fim. Embora o Escritório do Alto Comissário para Direitos Humanos (OHCHR) não tenha sido representado na Força Tarefa, houve um consenso sobre a importância de examinar o direito ao esporte e à brincadeira, especialmente dada a sua importância em diversos instrumentos-chave utilizados pelas agências envolvidas.9 O fato de que o esporte é um direito humano está expresso explicitamente no artigo 1o da Carta da Educação Física e do Esporte adotada pela UNESCO em 1978. A carta declara: " a prática da educação física e do esporte é um direito humano fundamental para todos." Ela reforça que toda pessoa tem o direito de participar no esporte, incluindo especialmente mulheres, jovens, pessoas idosas e portadores de deficiência. Da mesma forma, o direito de brincar de uma criança está disposto no artigo 31 da Convenção dos Direitos da Criança, que reconhece " o direito da criança ao descanso e ao lazer, à brincadeira e a atividades de recreação apropriadas à idade da criança ". Este artigo continua, indicando que a criança não somente tem o direito de brincar; ela tem também o direito à provisão da oportunidade de brincar, exigindo que governos "incentivem a provisão de oportunidades apropriadas e iguais para a atividade cultural, artística, recreativa e de lazer.”

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