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Capítulo 5 – Diversidade e aceitação

CAPÍTULO 5

Diversidade e aceitação

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Cultura de paz A diversidade cultural refere-se aos diferentes costumes de uma sociedade, entre os quais podemos citar: vestimenta, culinária, manifestações religiosas, tradições, entre outros aspectos. O Brasil, por conter um extenso território, apresenta diferenças climáticas, econômicas, sociais e culturais entre as suas regiões.

Os principais disseminadores da cultura brasileira são os colonizadores europeus, a população indígena e os escravos africanos. Posteriormente, os imigrantes italianos, japoneses, alemães, poloneses, árabes, entre outros, contribuíram para a pluralidade cultural do Brasil. Nesse contexto, alguns aspectos culturais das regiões brasileiras serão abordados.

Região Nordeste

Entre as manifestações culturais da região estão danças e festas como o bumba meu boi, maracatu, caboclinhos, carnaval, ciranda, coco, terno de zabumba, marujada, reisado, frevo, cavalhada e capoeira. Algumas manifestações religiosas são a festa de Iemanjá e a lavagem das escadarias do Bonfim. A literatura de Cordel é outro elemento forte da cultura nordestina. O artesanato é representado pelos trabalhos de rendas. Os pratos típicos são: carne de sol, peixes, frutos do mar, buchada de bode, sarapatel, acarajé, vatapá, cururu, feijão-verde, canjica, arroz-doce, bolo de fubá cozido, bolo de massa de mandioca, broa de milho verde, pamonha, cocada, tapioca, pé de moleque, entre tantos outros.

Região Norte

A quantidade de eventos culturais do Norte é imensa. As duas maiores festas populares do Norte são o Círio de Nazaré, em Belém (PA); e o Festival de Parintins, a mais conhecida festa do boi-bumbá do país, que ocorre em junho, no Amazonas. Outros elementos culturais da região Norte são: o carimbó, o congo ou congada, a folia de reis e a festa do divino. A influência indígena é fortíssima na culinária do Norte, baseada na mandioca e em peixes. Outros alimentos típicos do povo nortista são: carne de sol, tucupi (caldo da mandioca cozida), tacacá (espécie de sopa quente feita com tucupi), jambu (um tipo de erva), camarão seco e pimenta-de-cheiro.

Região Centro-Oeste

A cultura do Centro-Oeste brasileiro é bem diversificada, recebendo contribuições principalmente dos indígenas, paulistas, mineiros, gaúchos, bolivianos e paraguaios. São manifestações culturais típicas da região: a cavalhada e o fogaréu, no estado de Goiás; e o cururu, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A culinária regional é composta por arroz com pequi, sopa paraguaia, arroz carreteiro, arroz boliviano, maria-isabel, empadão goiano, pamonha, angu, cural, os peixes do Pantanal - como o pintado, pacu, dourado, entre outros.

Região Sudeste

Os principais elementos da cultura regional são: festa do divino, festejos da páscoa e dos santos padroeiros, congada, cavalhadas, bumba meu boi, carnaval, peão de boiadeiro, dança de velhos, batuque, samba de lenço, festa de Iemanjá, folia de reis, caiapó.

Cultura de paz A culinária do Sudeste é bem diversificada e apresenta forte influência do índio, do escravo e dos diversos imigrantes europeus e asiáticos. Entre os pratos típicos se destacam a moqueca capixaba, pão de queijo, feijão-tropeiro, carne de porco, feijoada, aipim frito, bolinho de bacalhau, picadinho, virado à paulista, cuscuz paulista, farofa, pizza, etc.

Região Sul

O Sul apresenta aspectos culturais dos imigrantes portugueses, espanhóis e, principalmente, alemães e italianos. As festas típicas são: a Festa da Uva (italiana) e a Oktoberfest (alemã). Também integram a cultura sulista: o fandango de influência portuguesa, a tirana e o anuo de origem espanhola, a festa de Nossa Senhora dos Navegantes, a congada, o boi-de-mamão, a dança de fitas, boi na vara. Na culinária estão presentes: churrasco, chimarrão, camarão, pirão de peixe, marreco assado, barreado (cozido de carne em uma panela de barro), vinho.

Texto complementar

Sociedade: Relações sociais, diversidade e conflitos

No filme "Náufrago", Chuck Noland, vivido por Tom Hanks cai numa ilha deserta e passa a viver isolado do mundo. Para suportar essa situação de isolamento, cria Wilson, "um companheiro" - na verdade, uma bola de vôlei. Nessa ilha, consegue se alimentar, desenvolvendo habilidades para coletar frutos, pescar, fazer fogueira, etc. Será que conseguiríamos suportar uma situação de isolamento, sem ninguém para conversar? Será que aprenderíamos a obter alimentos? E se ficássemos doentes?

As relações sociais

Os seres humanos não conseguem viver isoladamente. No decorrer de nossas vidas, vamos desenvolvendo uma série de habilidades para nos relacionar com o mundo que nos cerca. Assim formamos o nosso jeito de ser, nos desenvolvemos intelectualmente e aprendemos a viver com outras pessoas, das quais necessitamos para concretizar nossos projetos. A "descoberta" do mundo externo começa na família. A família é o primeiro grupo do qual cada um de nós participa. Depois, vem a escola. Esses dois grupos sociais influenciam bastante nossas vidas. Daí a importância deles na formação das pessoas. Desde o nosso nascimento, várias pessoas passam a fazer parte de nossas vidas e com elas vamos desenvolvendo muitos tipos de relações. Relacionamo-nos por amizade, por motivos de estudo, para participar de associações de diversos tipos (moradores de um bairro ou de um condomínio; um clube), para desenvolver atividades profissionais,etc.

Sociedade civil

As relações entre as pessoas, entre os grupos sociais e as próprias pessoas e grupos formam a sociedade. É comum utilizar-se o termo sociedade civil para designar o conjunto de pessoas e grupos sociais (e suas relações) que compõem um país. Esse conjunto de pessoas e grupos sociais está sujeito a normas e regras, que podem estar escritas ou não. As normas e regras compõem a cultura de uma sociedade. Mas há muitos outros elementos formadores da cultura: as crenças, as artes, a música, as formas de se produzirem mercadorias e de se relacionar com a natureza, a culinária, as maneiras de se transmitir conhecimento, entre outros.

Tudo isso está presente no espaço geográfico e as características desse espaço dependem das características culturais de uma determinada sociedade.

Solidariedade e conflitos

Nas relações sociais, desenvolvem-se, por diversos motivos, situações de solidariedade e de conflito. Os conflitos estão presentes nas relações entre as pessoas, seja porque elas são diferentes, seja porque têm objetivos e interesses diferentes. Eles ocorrem também entre grupos sociais ou entre sociedades de países diferentes. Freqüentemente, esses conflitos são o resultado do desrespeito às diferenças entre grupos e sociedades, da intolerância, do fato de sociedades quererem se sobrepor a outras e explorá-las de alguma forma - essa situação foi uma constante ao longo da história da humanidade.

Diversidades socioculturais

Há diversos tipos de sociedade, cada qual com suas características, dependendo, principalmente, dos aspectos culturais de cada uma. Por exemplo, o povo Massai, que habita o sul do Quênia, no continente africano, dedica-se à criação de gado e à caça e vive em aldeias formadas por cabanas. Seu modo de vida, seus costumes, tradições e diversões são bastante diferentes das sociedades na qual a maior parte das pessoas vive em cidades, consome, sobretudo, produtos industrializados, utiliza diversos meios de transporte, dedica-se a atividades que dependem de energia elétrica. As características que acabamos de descrever referem-se às chamadas sociedades urbano-industriais. As características das sociedades urbano-industriais estão presentes, com certas variações culturais, em muitos países do mundo. Uma característica marcante dessas sociedades é a variedade dos meios de comunicação - televisão, rádio, jornal, revista, cinema, telefone, internet - e o papel que eles têm na difusão de informações, na formação ou transformação de hábitos e costumes, nas atividades profissionais, no lazer, na divulgação de idéias, no estudo etc.

As classes sociais

Por fim, não podemos deixar de destacar que, dentro de cada sociedade, também existem muitas diferenças. Elas são de diversos tipos, principalmente nas sociedades urbano-industriais - grupos de profissionais e de estudantes variados; pessoas que vivem no campo e outras que vivem nas cidades; entre outros. Uma diferença importante que existe nas sociedades refere-se às condições socioeconômicas.

Olhando para as paisagens, percebemos diferentes condições de moradia, de alimentação, de transporte, de acesso à cultura, ao lazer, à educação, e, tudo isso, depende do rendimento que as pessoas obtêm. Em função disso, temos diferentes classes sociais. Nos países subdesenvolvidos, como o Brasil, as diferenças entre as classes sociais que têm maior renda e as que têm menor renda são muito grandes; além disso, os mais pobres não conseguem satisfazer as necessidades básicas de alimentação, saúde, educação, transporte, moradia etc. Já nos países desenvolvidos, como a França, essas diferenças não são tão grandes e mesmo os que têm menor renda conseguem satisfazer as suas necessidades básicas.

Fonte: UOL. Disponível em: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/geografi a/sociedade-relacoes-sociais-diversidade-e-confl itos.htm. Acesso em: 19 dez. 2016.

Conteúdo extra!

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Mais sobre bullying e diversidade

Você sabia que o bullying não é apenas quando alguém bate em você ou quando o valentão do pedaço chama você de nomes que você não gosta? O bullying é muito mais do que isso e existem diferentes tipos de bullying. São eles:

1. Bullying físico:

Ou seja qualquer contato físico que possa ferir uma outra pessoa, tais como: bater, chutar, dar socos, etc Tomar algo que pertence a outra pessoa e destruir em seguida. Por exemplo, alguém que derruba você da bicicleta intencionalmente é bullying físico. Em escolas de ensino fundamental e médio, 30,5% dos casos de bullying é físico.

2. Bullying verbal:

Xingamento, fazer comentários ofensivos, ou fazer piadas sobre a religião de uma pessoa, gênero, etnia, condição socioeconômica, ou a forma como eles olha para você e etc. 46,5% Dos casos de bullying nas escolas é do tipo verbal. A agressão verbal é quando um valentão provoca alguém diariamente.

3. O bullying indireto:

Inclui espalhar rumores ou histórias sobre alguém, contar aos outros sobre algo que foi dito para você em particular. Ou seja a fofoca pura e simples. Por exemplo: insinuar que alguém é gay, e etc. Bullying indireto é responsável por 18,5% de todo o bullying.

4. A alienação social:

É quando se exclui alguém de um grupo de propósito. Crianças com síndromes são vítimas desse tipo de bullying . No ambiente do trabalho acontece muito também; tirar sarro de alguém, apontando suas diferenças também se caracteriza alienação social.

5. Intimidação:

É quando um valentão ameaça alguém e essa pessoa fica assustada o suficiente para fazer tudo que o valentão quer.

6. Cyberbullying:

É feito através do envio de mensagens, fotos ou informações por meios eletrônicos, computadores, telefones celulares e redes sociais e etc. Com o crescimento das redes sociais, como Facebook, Twitter, Instagram, esse tipo de bullying faz ainda mais estrago e em tempo recorde.

Textos complementares

Texto I

Relatos de bullying Atenção: a grafia dos depoimentos foram mantidas em sua coloquialidade, para respeitar a forma de ex-

pressão de cada um)

Caso 1

Por ser gordinho já sofri com apelidos, porém em casa sempre pude contar com o apoio de meus pais que me orientam até me passaram um video do RJTV – globo com uma reportagem completa a respeito de 26-10-2005 e o programa Malhação abordou o tema de forma bem agradável e assim pude ser forte o suficiente para superar este momento sem atritar corpo discente e docente da escola. O esclarecimento é muito importante. (Paulo)

Caso 2

Felizmente não fui vítima do bullying, mas trabalhei com alunos que sofriam deste mal. Eram massacrados pelos colegas. Algumas crianças são vítimas da / na própria família. Penso que muitas vezes as pessoas não têm consciência do que estão fazendo ao outro, mesmo as crianças. (Cristina)

Caso 3

Fui alvo de gozação na minha infância. Cheguei até a isolar das pessoas, e principalmente dos meus amigos de classe. Foi algo tão sério e acredito ainda ter algumas marcas registradas no meu interior até nos tempos atuais. Acredito plenamente se naquele tempo alguém tivesse preocupado com o caso não teria tantos traumas na minha vida. É lamentavel o que vemos. Vamos nos unir e tentar evitar tantos atos negativos e ruins tomar rumos tão violentos. (Lúcia)

Caso 4

Sem saber do significado da expressão ou muito antes dela existir , eu me encaixo no perfil de sofrer esta “perseguição ” maldosa e discriminatória. Desde minha infância fui alvo de brincadeiras e gozações, muitas vezes fui excluído de eventos ou outras atividades. Graças a Deus sempre tive um suporte familiar, principalmente de minha Mama, que sempre me dizia : Destaque-se entre os melhores, não precisa ser o melhor mas apareça de forma positiva, seja sempre alegre e divertido, assim os fracos não terão argumentos para brincadeiras. (Prof. Oswaldo)

Caso 5

“Uma criança com necessidades especiais foi discriminada em sala de aula, por motivo de chacota tornando-se assim muito agressiva. Todos o chamavam de “cabeção”. (Profª do Ensino Fundamental)

Caso 6

“Uma menina de cinco anos era rejeitada por seus colegas de classe devido ao sotaque nordestino e sua condição financeira. Com esta rejeição a menina não falava mais dentro da sala, não interagia com o grupo brincando sempre sozinha. (aluna de Pedagogia em sua observação no estágio)

Caso 7

Olá, meninas, quando criança o meu apelido era Ferrugem Podre por causa das sardas, mas não me incomodava, eu cresci e elas sumiram. O que está faltando entre as pessoas é amor ao próximo e respeito. (Profª Cristiane)

Caso 8

Muito interessante este fato de abuso de poder. Isso aconteceu com meu filho de 10 anos há questão de alguns meses. Ele faltou num determinado dia na escola e a professora combinou que no dia seguinte seria levado um certo material ofertado por uma empresa, que foi emprestado para teste. Entretanto, meu filho não estava presente na sala de aula e não conversou com nenhum amiguinho durante aquele dia, só sabia de uma excursão que aconteceria no dia seguinte, planejada previamente. Chegando na escola, a professora ficou muito brava e disse que ele sempre se esquecia das coisas, que, como castigo, teria de levar o material até o fabricante e ficou repetindo a pergunta: “Quem sempre se esquece das coisas? Quem é o único da sala que faz isso?” até meu filho dizer: “Eu.” e pediu que repetisse em voz bem alta para os outros colegas ouvirem. A coordenação da escola comunicada do fato, disse ter chamado a professora e me pedia desculpas, visto que a professora mesmo confessou que “exagerou um pouquinho”. Achei que deveria ter sido punida. De qualquer maneira mudarei meu filho de escola no ano que vem. (Keila M.)

Caso 9

Sempre fui uma daquelas crianças que tirava notas altas e devido a uma boa estrutura dentro de casa consegui manter uma alta sociabilidade com todos, desde os “bagunceiros” até os “CDF`s” (grupo do qual fazia parte…. risos…). Fico feliz em saber que esse tipo de fator também tem sido levado em consideração em escolas ao invés de somente ficar com o “velho” par “giz e quadro negro”. (Bruno Thomaz)

Caso 10

Eu sofri de Bullyng na escola!! Me senti muito mal, por várias vezes não queria ir à escola… os meninos me chamavam de Olívia Palito, magricela, Gina (palitos de dentes)… meu irmão também sofreu…, ele usava óculos e, por isso, era o quatro olhos… Eu me sentia mal por ele e por mim, já que frequentavámos a mesma sala de aula… Na época não sabíamos um conceito para isso… não me lembro de alguém interferir no comportamento dos alunos e, alguma preocupação com nós… Acho super válido falar e deixar claro o conceito para colocar um fim nesse comportamento maléfico que ocosiona tantas mortes! (Luciana Raspa)

Caso 11

Terrível o Bullying!!!! No meu tempo de primário tive este problema! Muito tímido era infernizado por um colega que cismou de me desafiar….provocava, armava ardiz, e colocava-me em situações difíceis… Fiquei muito tempo apavorado até que um dia tomei uma decisão…resolvi reagir e quebrar a cara dele! Não deu outra, o Carlão, seu amigo, adoeceu e não veio a aula nesse dia, soquei lhe a mão na cara, que ele ficou desnorteado, acho que tomou um susto, fui suspenso da escola, sem nehum arrependimento!!! Nunca mais a criatura nem sequer olhava do meu lado!! desde então a paz reinou… Detalhe, a professora Rose não percebia nada porque desconhecia o avanço maléfico. Nunca tive má índole, mas essa foi a forma que encintrei para deixar de ser vítima “Bullying”. (Josué)

Caso 12

Em meus tempos de ginásio, um colega foi incentivado a fazer loucuras (cabecear latas jogadas para cima, por exemplo). E advinhem. Estava dando sinais de loucura. Nós o aplaudíamos e pediamos mais loucuras. Até que um dia, o velho e severo Rui Lengruber, professor de geografia, viu uma das cenas. Nos chamou na hora, deu uma dura definitiva. Nunca mais incentivamos as loucuras do colega. E ele sarou logo, reitegrando-se à classe. Narro este fato para mostrar que certas atitudes de bullying, disfarçadas em brincadeiras de adolescentes, podem provocar consequências psicológicas graves. Algumas vezes, da mesma forma que o velho Rui, os educadores precisam agir rápida e duramente para que “brincadeiras” não se convertam em meios de levar certas pessoas a caminhos indesejáveis. (Jarbas)

Caso 13

Eu também ja sofri bullyng foi quando me chingaram de gordo,baleia,orca,besta,e o resto e melhor nem contar.Me sinto muito ofendido. (Bruno Alves)

Caso 14

Por ser baixa e gordinha sempre fui motivo de chacota pelos colegas de escola, mas graças a Deus minha familia trabalhou o reforço positivo que consegui superar todas as piadinhas. Hoje sou uma mulher centrada e de bem com a vida. (Neila Fonseca) Keilla e Noemi

Fonte: Alcaraz. Disponível em: https://alcaraz.wordpress.com/category/relato-de-casos/. Acesso em: 04 jan. 2017.

Bullying leva estudante a cometer suicídio

Estudante de 12 anos comete suicídio em Vitória após sofrer bullying na escola Um menino de 12 anos se suicidou em Vitória, no Espírito Santo, após ser alvo de bullying na escola. Segundo relatos, o aluno era humilhado, empurrado e xingado de "gay", "bicha" e "gordinho" pelos colegas. As informações são da Folha Vitória. O delegado Josemar Antonio Sperandio, da Delegacia de Homicídios de Vitória, disse que a polícia não confirma se a motivação do suicídio foi mesmo bullying, uma vez que o caso ainda está sendo investigado. O suicídio aconteceu no dia 17 de fevereiro. De acordo com um aluno da escola, as crianças fizeram uma roda ao redor de Roliver de Jesus dos Santos e começaram a hostilizar o garoto. Quando voltou para casa, o estudante se enforcou com o cinto da mãe. Ele foi encontrado desacordado pelo pai, chegou a ser socorrido, mas não resistiu. Os pais do garoto já haviam pedido transferência de escola para ele e os outros dois filhos, porém a mãe não efetuou a troca, pois a secretaria de educação disponibilizou uma unidade escolar diferente para cada um. Segundo informações da Folha Vitória, Roliver deixou uma carta pedindo desculpas pelo ato e disse que não entendia por que era alvo de tantas humilhações.

Fonte: Jornal GGN. Disponível em: < http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/bullying-leva-estudante-a-cometer-suicidio>. Acesso em: 04 jan. 2017.

Relato de uma aluna Tudo começa com ofensas, palavras, que nos magoam, até que tudo ultrapassa os limites. Batem, agridem, roubam, excluem, chegam até a ameaçar-te na tua casa. Tudo isto é horrível. Falo pela minha experiência. Fui vítima de Bullying. Ando no 9º ano e mesmo assim não me escapo. Até colegas da mesma turma. Conto-lhe isto para ver que não vale a pena sofrer em silêncio, muito pelo contrário. Agrediam-me durante as aulas (iam de puxões de cabelos, a chapadas, etc.). Mas superei esta experiência, pois já no 5º ano tinha sido vítima de Bullying. Tudo começou numa aula em que uma professora, teve de ir buscar umas fichas ao seu cacifo e nesse dia disse: "Hoje ocupem os lugares que quiserem", mas houve um problema e um colega meu sentou-se no meu lugar e eu disse: "Aí é o meu lugar". Essa pessoa partiu logo para a agressão verbal, fazendo troça com a minha aparência física. Fui seguida, fui rejeitada, fui acusada de ser mentirosa, por dizer verdades. Até que chegou ao ponto que me foram ameaçar a casa. Tive que aguentar esta situação até o fim do ano lectivo. Até que depois de muito batalhar, e até ter sido enviada para o hospital, com uma crise de nervos, confundida com uma apendicite, consegui mudar de turma. Ultrapassei tudo com a ajuda dos meus pais, e da minha família. Por denunciar a minha situação, foi tudo resolvido mais rapidamente, e se possível com castigo, para o bullie. É por isso que eu aconselho, a que todas as pessoas vítimas de bullying desabafem, tudo aquilo que lhes acontece. E aos pais e encarregados de educação, que tenham atenção ao comportamento dos seu filhos ou educandos, pois muitas vítimas sofrem em silêncio, mas isso manifesta-se no seu comportamento, por exemplo, se o seu filho, for um aluno de boas notas e de repente, diminui-las; Se ele de noite tem pesadelos em que grite "SOCORRO", "NÃO ME BATAM", "LARGUEM-ME"; e muitas outras situações, "investigue", pois muitas das vezes, podem ser as típicas vítimas de bullying que sofrem em silêncio.

Fonte: Sembullying. Disponível em: < http://sembullying.blogspot.com.br/2008/04/tudo-comea-com-ofensas-palavras-que-nos. html>. Acesso em: 04 jan. 2017.

Somos diferentes

Pais e filhos idealizam o aconchego da semelhança, mas é preciso aprender que diferença não é desigualdade

Mães e filhas são sempre muito parecidas como peixes e seus filhotes: eu e minha filha, por exemplo. Só que ela é mais bonita e desenha melhor que eu. Talvez continuemos cada vez mais iguais, sobretudo se pensarmos nas nossas coincidências astrológicas e confiarmos na evolução dos mesmos gostos pelo desenho, pelos livros, por ficar em casa em plena vida contemplativa.

Porém, toda regra só é regra porque existem as exceções. O igual só é igual porque existe o diferente. E vice-versa. Sobre o futuro das semelhanças nunca é possível fazer muitas apostas. No caso dos pais de filhos pequenos, tem-se pela frente a adolescência - que modifica, em geral, toda a vida de uma pessoa. Este tempo trará a força das diferenças que devem ser elaboradas, sobretudo no que se refere ao comportamento, à moral, à sexualidade. O que ainda não conhecemos dos nossos filhos - a diferença - deverá ser o novo encanto do nosso encontro. Não podemos sustentar que o futuro de nossos filhos seja a nossa continuação. O futuro que esperamos para eles precisa ter o nome da diferença entre o que somos e o que eles serão. A diferença sempre se elabora no tempo. As mães mais típicas esperam que a vida de suas filhas seja melhor: que sejam mais bonitas, tenham o sucesso, realização profissional, que estabeleçam relações matrimoniais mais justas, sejam felizes no amor, que possam escolher e decidir sobre seus destinos. Querem que as filhas sejam mais felizes. Mas devem saber que isso implica mudanças no modo de vida que conheceram. Que terão de aprender a olhar para outro mundo. Mas, no fundo, o que desejamos é ser iguais. Ao contemplar imagens de famílias animais, muitas vezes temos a sensação de que com os humanos ocorre o mesmo mimestismo da natureza. Esse sentimento toca principalmente mães e crianças, pois é entre mães e seus filhos que o desejo de unidade é corpóreo e primitivo. A mãe, no seu sentido mais comum, é aquela que quer aconchegar. Por isso ela dá alimento, colo e carinho. A mãe é corpo. Ela é a primeira manifestação do mimetismo humano, o da proximidade sem a qual não nos tornamos pessoas capazes de uma vida boa e justa. Temos a sensação muito agradável que uma girafa e a girafinha, a ursa e seu ursinho, a vaca e seu bezerro correspondem a um ideal humano. Lembremos o filme sobre o pingüim imperador, cuja abordagem humanizava os animais. Os pingüins não sabiam nada sobre "ser ou não ser" humanos, mas os humanos sentem um radical desejo de projetar na natureza seus sentimentos. O filme, na visão do diretor, mostrava como queríamos ser como os pingüins. Estes eram como familiares. O que ele esqueceu de dizer é que projetamos na natureza o desejo de continuarmos participando dela e que ela seja o nosso verdadeiro ideal. O nosso desejo de ser igual ao outro, à natureza, equivale a querer o colo da nossa mãe. A capacidade de nos tornarmos iguais nos move. O segundo mimestismo humano é evidente na moda, ideais e princípios que compartilhamos. A democracia é o nome político do mimestismo. É uma vontade de proteção, mas também de mistura, que adquirimos no colo da mãe. Mas é preciso atingir o respeito à diferença e entender que ela não é desigualdade no sentido político dos direitos. Depois do colo, todo mundo aprende a andar sozinho. O colo vira uma lembrança que queremos atualizar com amigos e amores, mas também com a nossa profissão, nossos projetos. A gente acaba sempre em busca do paraíso perdido que era o colo da nossa mãe.

Fonte: Marcia Tiburi. Disponível em: < http://www.marciatiburi.com.br/textos/somosdiferentes.htm>. Acesso em: 04 jan. 2017.

Texto V

Aborto, soberania e mudez das mulheres *

Um dos aspectos mais interessantes quando se discute o aborto hoje é o fato de que os principais participantes da discussão são homens. Os mesmos que - é preciso dizer - nunca irão parir, jamais serão mães, não abortarão. Eles falam, enquanto as mulheres fazem. Não devemos com isso supor que os homens não deveriam participar de tais discussões, mas perguntar por que a palavra dos homens se mostra prevalente nesta questão. Devemos perguntar por que eles parecem mais interessados do que as imediatamente interessadas que continuam fazendo ou não seus abortos, tendo ou não seus filhos. A contradição entre o discurso dos homens e a ação praticada mulheres é o que precisa ser levada a sério. Ela pode ajudar a explicar porque o aborto não foi legalizado no Brasil e nem será em países onde as mulheres são, em sua maioria, pobres e desprovidas de poder. Por que as mulheres esperam caladas por todas as decisões políticas, inclusive às que as tocam diretamente?

A legalização do aborto não virá dos donos do poder e dos discursos que comandam e decidem sobre o corpo das mulheres. Elas, em silêncio, agem como se não fossem donas e senhoras de seus corpos. E, de fato, não o são enquanto continuam na velha economia da sedução, da prostituição, da maternidade, da vida doméstica, do voyerismo do qual são a mercadoria. Que as decisões sobre seus próprios corpos não pertença às mulheres é uma contradição que poucas podem avaliar. Não ter voz significa não pertencer à política. À medida que não participam e nem percebem o quanto estão alienadas da conversa, as mulheres perpetuam a injustiça que as trouxe até aqui. Em última instância, estão distantes da ética que envolve a decisão sobre seus direitos e sua própria vida. Além disso, a questão do aborto sinaliza que a liberdade das mulheres - prisioneiras ancestrais de uma estrutura social que tem sua lógica - está sempre vigiada. Que nossa sociedade seja patriarcal significa bem mais do que dominação dos homens sobre as mulheres. Que estas sejam vítimas e aqueles algozes. Mas que o patriarcado depende da ausência de democracia na qual os direitos das mulheres venham à luz. O que realmente assusta quando se fala em aborto é o que virá com a fala das mulheres e que dia após dia é praticado em silêncio nas clínicas deste país. É o fato e a prática cotidiana que se realiza de modo soberano ainda que clandestino. A soberania daquele que emite uma opinião fundamentada em seu próprio nome e por sua própria voz é análoga à soberania que uma mulher pode ter sobre seu corpo. Aquele que pode falar pode fazer porque cria, por meio de sua fala, valores, relações e consensos. Aquela que fala em seu próprio nome manifesta a possibilidade universal de que muitas a sigam ou simplesmente saiam da clandestinidade, única forma pela qual mulheres podem ser soberanas sobre seus próprios corpos sem correrem riscos na ordem moral e legal. É esta soberania das mulheres que assusta. Por isso, ela permanece na clandestinidade. A ausência histórica de autorização para a fala e, assim para o poder, é elemento fundador do lugar ocupado pelas mulheres na sociedade. A fala das mulheres causa angústia e temor na ordem. Que mulheres possam tomar suas decisões e sejam amparadas pela justiça é algo que uma sociedade que se construiu pela submissão das mulheres e pela superioridade dos homens não pode suportar sem uma ampla renovação dos costumes. Hoje, as mulheres que possuem algum poder proveniente do dinheiro ou da liberdade sobre a própria vida, praticam o aborto soberanamente. As que não tem poder algum – nem aquisitivo, nem intelectual, nem qualquer outro poder que garanta a autoconsciência quanto à pertença de seus corpos – são vítimas de uma sociedade que não prevê espaço para uma prática que deveria ser medida a partir da soberania da mulher sobre seu corpo e sua vida. Homens desde sempre souberam disso e imperaram sobre seus próprios corpos e sobre todos os corpos que lhes prestaram serviços, também os corpos de seus empregados, de seus filhos e filhas.

Cultura de paz Perder o exercício do poder sobre o corpo das mulheres é o que assusta homens de mentalidade arcaica hoje em dia. Assusta as instituições autoritárias. Ter soberania sobre o próprio corpo talvez também não interesse a todas as mulheres, pois isso exige uma responsabilidade para a qual talvez não estejam individualmente preparadas.

Fonte: Marcia Tiburi. Disponível em: <http://www.marciatiburi.com.br/textos/aborto01.htm>. Acesso em: 04 jan. 2017.

Referências

ABRAMOVAY, Miriam; et al - Guangues , galeras, chegados e rappers. RJ, Ed. Garamond , 1999.

ABRAMOVAY, Miriam; RUA, Maria das Graças - Violência nas escolas. Ed.Unesco, doações institucionais.

BERCHT, Magda. Em direção a agentes pedagógicos com dimensões afetivas. Instituto de Informática. UFRGS. Tese de doutorado. Porto Alegre, dez 2001.

CHABOT, Daniel; CHABOT, Miguel. Pedagogia Emocional – sentir para aprender. São Paulo: Sá Editora. 2005 COLOMBIER,Claire; MANGEL,Gilbert; PERDRIAULT, Marguerite. A violência na escola. São Paulo, Ed.Summus,1989. GUIMARÃES, Eloisa. Escola, Galeras e Narcotráfico. Ed. UFRJ.

SILVA, Aida Maria Monteiro. A violência na escola: a percepção dos alunos e professores. 2002

SILVA, Aida Maria Monteiro. Educação e violência: qual o papel da escola? 2002

TUBINO, Manoel. Estudos brasileiros sobre o esporte. Maringá, 2010. ZALUAR, Alba (org). Violência e educação. São Paulo, Cortez editora, 1992.

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