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Cultura indígena

Na minha escola todo mundo é igual

Uma escola onde alunos especiais, portadores de síndrome de Down, defi ciência física e autismo, convivem harmonicamente com os colegas considerados "normais". Lá, a vida é valorizada, o aprender é divertido e a solidariedade, o respeito e o carinho fazem parte do cotidiano de meninos e meninas.

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Hoje o Brasil é um país considerado multicultural. Isso porque nos formamos a partir da infl uência de diferentes culturas: europeia, africana e, principalmente, indígena. A herança que nos deixaram está presente no nosso dia a dia por meio de objetos, animais domésticos, técnicas de manejo do meio ambiente e palavras.

Você pode até não saber, mas muitas palavras do nosso vocabulário têm origem nas línguas indígenas. Veja algumas: Biboca (do guarani yvyoca) = casa de barro. Canoa (do caribe canuaua) = embarcação. Pereba (do guarani peré) = cicatriz, vestígio, mancha. Pipoca (do guarani popó) = saltar, brincar. Pitar (do guarani pitá) = fumar.

Texto complementar

A criança indígena

Como o espírito de comunidade é muito forte entre os indígenas, cabe a todos os adultos ensinarem às crianças o senso de responsabilidade e o respeito às regras sociais da aldeia. Mas não pense que a criança indígena não vai para escola. Ela vai sim, mas é uma escola um pouco diferente daquela que conhecemos,

porque a realidade do povo indígena não é igual à das pessoas que vivem nas cidades ou nas áreas rurais.

A primeira grande diferença é que a própria comunidade pode escolher o professor que ela quer para educar seus filhos. Por isso, o eleito sempre é alguém do seu próprio povo. Dessa forma, a aldeia garante que suas crianças aprenderão o conteúdo necessário para o seu futuro profissional sem esquecer de suas raízes, o que inclui até mesmo o aprendizado da língua materna da aldeia. É também na escola indígena que a criança aprende sobre ética e comportamento. Os cuidados com a família são outro aspecto muito importante na educação indígena. Ao contrário do que vemos nas grandes cidades, em uma aldeia nenhuma criança é maltratada ou abandonada. Se ela ficar órfã, imediatamente algum outro membro da família assume os cuidados; e, também, quando algum vovô ou vovó fica velhinho, um filho ou neto fica com ele para ajudá-lo. O respeito aos mais velhos é outro assunto tratado dentro de casa e nas escolas. Por isso, os pequenos gostam tanto de aprender com o vovô e a vovó, que sabem histórias e lendas muito antigas, que vão passando de geração em geração. Eles também aprendem desde pequenos os ritos e cantos de sua tribo e a importância das cerimônias ministradas pelo pajé da aldeia.

Vilmar Guarani é da etnia guarani, nasceu na Ilha do Bananal, em Tocantins, e é professor e advogado, além de militante das causas indígenas. Para ele, a primeira confusão que as pessoas fazem com relação aos índios é não perceber que esse universo é muito mais amplo do que o homem branco consegue captar. Vilmar diz: “Algumas pessoas conhecem uma comunidade indígena ou um índio e acham que essa é a realidade indígena brasileira, quando na verdade são mais de 225 etnias ou povos diferenciados entre si. E esses povos falam no mínimo 180 ínguas. Então, a prática de vida, a espiritualidade, tudo totalmente diferente. Acho que seria, hoje, as pessoas verem o mundo asiático e pensar que japonês, chinês, coreano, vietnamita são o mesmo povo.” Esse mesmo pensamento vale quando falamos na passagem da criança e do adolescente para a vida adulta. Cada tribo tem seu próprio ritual para isso, lembrando que, na maioria delas não existe uma divisão clara quanto à adolescência. O índio apenas deixa de ser criança e se torna adulto. Simples assim... Entre os índios karajás, o ritual de passagem ocorre no primeiro dia da primeira menstruação da índia. A partir desse dia, e enquanto durar o ciclo menstrual, ela ficará isolada em sua casa, sob os cuidados da mãe, da avó e das tias. Enquanto a avó e as tias fazem os enfeites para a festa que marca o

ritual de passagem, o avô e os tios caçam e pescam o que será servido para a moça e para os convidados, que são os parentes da mesma aldeia e das aldeias amigas. As tias cortam o cabelo da moça e a ensinam sobre suas responsabilidades de adulta, como casar, ter fi lhos e fazer artesanatos típicos da cultura karajá. No dia da festa, toda a família se pinta com a mesma tinta que a moça e come a mesma comida que ela. Não faltam ainda o ritual, as danças e os cantos dos karajá.

Fonte: Brunstein, Adriana. Cidadania em ação. Editora Eureka. São Paulo, 2015.

Proposta de atividade

Jogos indígenas Agora que você já conheceu alguns jogos indígenas, que tal reunir sua galera e experimentar outros jogos que as crianças das aldeias gostam. Vamos brincar? Corrida do Saci Para essa brincadeira você só precisa traçar duas linhas no chão, com uma distância de mais ou menos 100 metros entre elas. Uma será a linha de partida e a outra de chegada. Em seguida, cada participante deverá correr de um ponto a outro em um só pé, como um saci. Não vale trocar de pé durante a corrida. Vence quem ultrapassar a linha de chegada ou for mais longe. Brincando no Reino dos Sacis Para isso, é preciso marcar num canto de uma área o palácio onde fi ca o “Saci-rei”. Os outros “sacis” dispersam-se à vontade pelo campo. Ao sinal de início, os sacis dirigem-se, pulando num pé só, ao palácio real, para provocar o rei. De repente, ele anuncia: “O rei está zangado!” e sai também em um pé só, para pegar os outros sacis. O primeiro que ele pegar se torna seu ajudante e a brincadeira recomeça, mas agora com o Saci-rei e seu ajudante pegando os outros. Quando o último saci for pego, ele será nomeado Saci-rei. Em nenhum momento os jogadores podem colocar os dois pés no chão, só quando estão dentro do palácio. Peixe Pacu Todas as crianças fi cam em fi la, exceto uma, que será o pescador. As crianças da fi la devem se mexer como uma serpente e o pescador deve tentar tocá-las com uma varinha, representando a vara de pescar. Todos os jogadores se ajudam para que o pescador não consiga atingir seu objetivo. Briga de Galo Na fl oresta, as crianças brincam de Briga de Galo no rio, mas, na cidade é possível brincar também no chão. A disputa é sempre entre dois participantes, que devem se equilibrar em um só pé e com as mãos grudadas no peito. O objetivo é desequilibrar o adversário usando só os ombros. Vence quem não perder o equilíbrio.

Cultura Afro

O Brasil é o país, fora do continente africano, que mais concentra pessoas negras ou pardas. Os dados são do último Censo realizado pelo IBGE em 2010, que revelou que mais de 50% da nossa população é composta por afrodescendentes. Não podemos nos esquecer de que muito da cultura africana foi transmitido a nós, de geração em geração, por meio da contação de histórias. De um lado, os escravos não sabiam ler nem escrever nossa língua e, por outro, somente os brancos muito ricos tinham acesso aos estudos. Dessa maneira, naquela época não foram escritos livros para registrar o que era da cultura africana ou da brasileira. Por isso mesmo, algumas influências que recebemos dos escravos não possuem uma origem totalmente esclarecida. Um exemplo disso é a capoeira, alguns historiadores afirmam que ela nasceu aqui no Brasil, enquanto outros garantem que ela veio da África e outros ainda dizem que ela era uma tradição dos índios que aqui viviam. E foi assim, com o conhecimento passando das pessoas mais velhas para as pessoas mais novas, que as duas culturas foram se misturando, para dar espaço para uma totalmente nova, a cultura afro-brasileira. Ainda bem, porque, com certeza, não seríamos tão ricos culturalmente se não fosse essa feliz miscigenação de sabores, aromas, ritmos e crenças. Para se ter uma ideia da importância desse assunto, em 2003 foi aprovada a Lei nº 10.639, que tornou obrigatório em todas as escolas de Ensino Fundamental e Ensino Médio, tanto da rede pública e quanto da particular, o ensino do tema “História e Cultura Afro-brasileira e Africana”. Além disso, a Unesco, por meio de sua Resolução nº 68/237, de 23 de dezembro de 2013, proclamou a Década Internacional dos Afrodescendentes, com início em 1º de janeiro de 2015 e fim em 31 de dezembro de 2024, com o tema: “Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento”. A representatividade africana nos influencia na moda, na alimentação, na música, no idioma, nas matrizes religiosas e nos nossos jogos e brincadeiras.

Capoeira

A capoeira ou capoeiragem é uma expressão cultural brasileira que mistura arte marcial, esporte, cultura popular e música. Desenvolvida no Brasil principalmente por descendentes de escravos africanos, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando primariamente chutes e rasteiras, além de cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, acrobacias em solo ou aéreas.

Uma característica que distingue a capoeira da maioria das outras artes marciais é a sua musicalidade. Praticantes desta arte marcial brasileira aprendem não apenas a lutar e a jogar, mas também a tocar os instrumentos típicos e a cantar. Um capoeirista que ignora a musicalidade é considerado incompleto. Outras expressões culturais, como o maculelê e o samba de roda, são muito associadas à capoeira, embora tenham origem e significados diferentes. A Roda de Capoeira foi registrada como bem cultural pelo IPHAN no ano de 2008, com base em inventário realizado nos estados da Bahia, de Pernambuco e do Rio de Janeiro, considerados berços desta expressão cultural. Em novembro de 2014, a Roda de Capoeira recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

Negras quilombolas no lançamento da Agenda Social Quilombola e do Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial, no Palácio do Planalto, em Brasília. Foto: Antônio Cruz/ABr

Os quilombos constituíram-se em locais de refúgio dos escravos africanos e afrodescendentes em todo o continente americano. Eram entendidos pelo Conselho Ultramarino do governo português em 1740 como todo “agrupamento de negros fugidos que passe de cinco, ainda que não tenham ranchos levantados em parte despovoada nem se achem pilões neles”. A definição antropológica da Associação Brasileira de Antropologia de 1989 para esse agrupamento é: toda comunidade negra rural que agrupe descendentes de escravos, vivendo de cultura de subsistência e onde as manifestações culturais têm forte vínculo com o passado. No Brasil, abrigavam também minorias indígenas e brancas. Ao longo da América, tinham diversas denominações: cimarrones em algumas partes da América espanhola; palenques em Cuba (1677, 1785 e 1793) Colômbia (1600); Maroons na Jamaica (1685) e Suriname (1685 com a fuga do seu fundador); marrons no Haiti (1665, independente em 1804); Cumbes na Venezuela (1552, 1763, 1765). Os escravos fugiam das fazendas entre os séculos XVI e XIX, e se abrigavam nos quilombos para se defenderem da escravidão e resgatarem a cosmovisão africana e os laços de família perdidos com a escravização. Neles, existiam manifestações religiosas e lúdicas, como a música e a dança. O mais famoso deles na história do Brasil foi o de Palmares. Denominam-se ‘quilombolas’ os habitantes dos quilombos. Atualmente, as comunidades quilombolas passam por um processo de reconhecimento legal de sua existência por parte dos governos nacionais e das organizações internacionais.

A África tem um importante papel na culinária brasileira,pois muitos alimentos que comemos hoje e achamos uma delicia tem haver com a infl uencia dos africanos. A cozinha negra pequena mais forte fez valer seus temperos, os vedes e sua maneira de cozinhar. Tudo começou ao serem trazidos ao Brasil pois já dotavam uma vasta sabedoria culinária. A comida africana modifi cou pratos portugueses, substituindo ingredientes; fez a mesma coisa com os pratos da terra; e fi nalmente criou a cozinha brasileira, descobrindo o chuchu com camarão, ensinando a fazer pratos com camarão seco e a usar as panelas de barro e a colher de pau. Um dos pontos principais para a criação da gastronomia afro-brasileira foi as condições que os negros enfrentavam aqui. Eles foram aprisionados não podendo trazer bagagens, muito menos ingredientes culinários. Isso reforçou a necessidade de improvisação de temperos e ingredientes, por exemplo na falta do inhame, usaram a mandioca; carentes das pimentas africanas, usaram e abusaram do azeite-de-dendê O azeite de dendê é um bom exemplo de uma das comidas de maior contribuição para nossas culinárias seu uso é indispensável em pratos famosos aqui mesmo do Brasil tanto diretamente como indiretamente

A Feijoada

A feijoada prato bastante popular aqui no brasil é de infl uencia africana pois antigamente os negros fi cavam com as sobras das comidas de seus senhores, mas, com criatividade, faziam comidas gostosas. Enquanto as melhores carnes iam para a mesa dos senhores, os escravos fi cavam com as sobras. Pés, orelhas, carne seca, rabos, costelinhas e outras partes do porco, misturadas ao feijão preto, deram origem à nossa tradicional feijoada.

Conteúdo extra!

Acesse o QR Code e assista a um pequeno documentário sobre a cultura africana.

“Viver em uma Cultura de Paz significa repudiar todas as formas de violência, especialmente a cotidiana e promover os princípios da liberdade, justiça, solidariedade e tolerância, bem como estimular a compreensão entre os povos e as pessoas.” (UNESCO, 2003)

PARA ENCERRAR

A cultura de paz, como vimos, está relacionada com a presença e a resolução de conflitos de forma não violenta. A vivência da Cultura de Paz está entrelaçada às práticas cotidianas da tolerância, do respeito e da solidariedade, assim esta coleção pretende fundamentar os valores e da não violência, como instrumento de intervenção preventiva. A escola necessita criar ambientes que promovam a convivência pacífica para construção da Cultura de Paz.

Referências

GARDNER, H.(1996). Mentes que criam. Porto Alegre: Artes Médicas.

GOSWAMI, A. (2008). Criatividade quântica: como despertar o nosso potencial criativo. São Paulo: Aleph.

KROWCZUK,E.R. (2005). Criatividade e adolescência. In: Drogadicção na adolescência, políticas de ação e modelos educativos de prevenção: estudo comparativo entre estudantes da rede de ensino médio de Porto Alegre-RS-Brasil. [Teses doutor]. Santiago de Compostela, España-ES, Universidade de Santiago de Compostela, 2004,USC 26 Servizo de Publicacións e Intercambio Científico, 2005. 643p. Edic.Téc. Unidixital, Adobe PDF. ISBN: 84-9750-567-0, D.L.C-202-2005.

Sites consultados

Adolescência. Disponível em: http://www.adolescencia.org.br/site-pt-br/direitos-das-pessoas-vivendo-com-hiv Arquivos MEC. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf MEC. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf Ministério da Saúde. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pagina/direitos-fundamentais UNICEF. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/pt/br_sabrep11.pdf

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