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Muitos adultos, jovens e crianças de todas as classes sociais, raças e crenças dedicam seu tempo e seu talento a ações comunitárias, populações menos favorecidas, doentes internados em hospitais, instituições que atendem crianças necessitadas de cuidados especiais, programas de reforço escolar e alfabetização eletrônica. Enfim, estão participando de propostas que abrem caminho para uma sociedade mais democrática, cujos recursos e conquistas possam ser usufruídos por todos. A generosidade não é um direito, tampouco um dever. Não é regida por leis. É fruto da nobreza de caráter, uma virtude que nos faz sentir parte de algo maior que nós mesmos, que nossa família ou que nosso país. Ela nos humaniza e nos mostra que, no essencial, somos todos iguais: evitamos sofrer; buscamos felicidade, paz, justiça, realização; desejamos ser queridos e respeitados. Ninguém fica indiferente ante as inundações na Ásia ou a miséria na África. Nos sentimos irmanados com esses povos, embora tão distantes, e sentimos vontade de fazer algo. Não importa a forma da contribuição — alimentos, conhecimentos, dinheiro, tempo, conforto espiritual. Só o fato de participar da reparação já renova nossas forças e fortalece àqueles que auxiliamos. Entretanto, a generosidade não se expressa apenas nos momentos de aflição. Na semana passada, uma colega de trabalho fez aniversário e nossa turma deu a ela uma caixa de bombons. Contente com a surpresa, ela abriu a caixa, pegou um e ofereceu o restante para nós, dizendo que eles eram mais gostosos quando compartilhados. Foi um gesto e tanto! Todos ficamos duplamente felizes: pela felicidade que proporcionamos Uma das características mais evidentes da generosidade é essa naturalidade que dispensa qualquer tipo de recompensa, que se satisfaz em si mesma. Outra é a liberdade: ninguém é obrigado a ser desprendido nem a estar disponível para os outros. Mas todos gostaríamos de ter essas atitudes porque inspiram confiança e criam uma atmosfera amigável à nossa volta. Isto nos leva a pensar que a generosidade também é contagiante. Envolve a quem dá e a quem recebe, eleva a autoestima de ambos. Do lado oposto, a avareza e o egoísmo causam distanciamento e desconforto. Os egoístas só pensam em seus próprios interesses; imaginam que o mundo foi criado para satisfazê-los e as pessoas, para servi-los. São incapazes de perceber as aspirações dos outros — “as suas são mais urgentes e importantes”. É como se estivessem ofuscados pelo brilho de si próprios, impedidos de enxergar os outros e, consequentemente, de criar vínculos afetivos sinceros e duradouros. Quem tem atitudes gananciosas machuca os que estão a seu lado e termina sozinho. Às vezes, somos egoístas e só vamos nos dar conta disso depois de ver o estrago causado, a pessoa querida magoada, a situação difícil de remediar. Se não ficarmos atentos, acabaremos incorporando esse comportamento que prejudica quem está à nossa volta e a nós mesmos! Para mudar esse quadro, é preciso ser forte. É necessário encarar a questão com honestidade e resistir à tentação de encontrar desculpas para manter esse hábito.
Em um diálogo não há a tentativa de fazer prevalecer um ponto de vista particular, mas a de ampliar a compreensão de todos os envolvidos.
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David Bohm
Às vezes acreditamos já saber o que os outros têm para nos dizer. E com isso perdemos a magnífica oportunidade de aprender e experimentar coisas novas. Os preconceitos, a intolerância, os fanatismos, as supostas “certezas” são os maiores entraves para estabelecer linhas de comunicação e relacionamentos confiáveis, onde a reciprocidade e o respeito mútuo semeiam o terreno do entendimento. 33