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ESG na educação

Possível e fundamental para a formação de cidadãos mais conscientes

Governança Ambiental, Social e Corporativa é a tradução livre da sigla ESG, que, em inglês, signi ca Environmental, Social, and Corporate Governance. O termo ESG foi popularmente usado pela primeira vez em um relatório de 2004 intitulado “Who Cares Wins” (“Quem se importa ganha”, em tradução literal), iniciativa conjunta de instituições nanceiras a convite da Organização das Nações Unidas (ONU). Esse documento apresenta pilares que ajudam as partes interessadas a entender como uma organização gerencia riscos e oportunidades relacionados com critérios ambientais, sociais e de governança. No mundo corporativo, este assunto está na pauta dos decisores da maioria das empresas, porque aplicar esses princípios contribui para a valorização das marcas no mercado. Organizações governamentais e nanceiras responsáveis por avaliar a adequação das empresas aos pilares ESG desenvolveram parâmetros para medir até que ponto uma determinada corporação está alinhada a essas metas. O movimento da ONU pela adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), iniciado em 2015, é o critério mais utilizado para tal avaliação.

Nesta matéria, além do conceito de ESG, apresentaremos dicas para sua implementação no ambiente escolar.

Ambiental

Pilar que considera práticas para o gerenciamento de risco dos fatores ambientais da organização, ou seja, como a empresa trata de questões ligadas à sustentabilidade, como emissões diretas e indiretas de gases de efeito estufa e administração dos recursos naturais, além de riscos climáticos físicos, como inundações e incêndios. No ambiente escolar, por exemplo, pode-se pensar na incorporação da prática pela instituição de acordo com um programa de reaproveitamento de água ou com a inclusão, no currículo escolar, de projetos de reciclagem de lixo desenvolvidos pelos alunos, que, por sua vez, podem ser levados como exemplo para suas próprias casas.

Social

Nesse pilar está o ativo mais importante da empresa: as pessoas. Entre as métricas que são medidas conforme este princípio pede, inclui-se a gestão do capital humano com as suas condições de trabalho, incluindo salário, benefícios e jornada de serviço adequada, entre outros fatores. O relacionamento de uma organização com outras partes interessadas também é relevante, levando em conta como as expectativas de impacto social se estenderam para fora dos muros da empresa em pontos de contato com parceiros e a sociedade em geral.

Essa prática pode ser desenvolvida pela gestão escolar de acordo com algumas exigências relacionadas com as empresas prestadoras de serviços, tais como entender as condições de trabalho dos funcionários terceirizados, auditando, entre outras coisas, suas jornadas.

Corporativa

Governança corporativa refere-se a como uma organização é liderada e gerenciada. Em uma análise ESG, será avaliado como os incentivos da liderança estão alinhados às expectativas das partes interessadas, como os direitos dos acionistas são observados e respeitados e que tipos de controles internos promovem a transparência e a responsabilidade por parte da liderança. Uma escola pode ter como iniciativa a apresentação de um relatório periódico de resultados, sejam eles nanceiros, relativos a taxas de aprovação de alunos em processos seletivos ou referentes a qualquer outra métrica relevante para as partes envolvidas.

Agenda ESG nas escolas

Se no ambiente corporativo o tema ESG virou parte prioritária da agenda da maioria dos decisores, no ambiente de educação não poderia ser diferente. A escola é uma instituição prestadora de serviços e se envolve com as partes interessadas, incluindo professores, pais, alunos e a comunidade local. Sendo assim, a forma como a instituição escolar é administrada e que método de ensino utiliza, bem como se é transparente em suas ações e a maneira como se relaciona com a sociedade, são pontos que estão em constante observação.

Obviamente que, ao ler este material, você pode estar imaginando se é possível implementar esses princípios na sua escola, já que tantos desa os se apresentam no sistema educacional brasileiro.

O reitor da Unigranrio e embaixador do Grupo de A nidades LGBTQIA+ da Afya, Denis Lopes, a rma que não só é possível, como também fundamental. “É preciso criar esta cultura no ambiente escolar, desde as primeiras séries até o Ensino Superior. No entanto, devemos evitar o modismo, pois corremos o risco de optar por uma agenda que não vamos cumprir, algo que tem sido recorrente em algumas empresas ao levantarem bandeiras que não conseguem sustentar”, enfatiza.

Para isso, a primeira dica do reitor é formar um comitê que será responsável pelo planejamento das ações. “A proposta do comitê deve ser coerente com o plano de desenvolvimento da instituição e passar pela aprovação de um conselho. Após esta etapa, é chegada a hora de elaborar um plano tático, ou seja, por onde começar e quais ações fazem sentido com o cenário da escola ou universidade”, destaca Lopes.

Outro ponto importante é que o gestor da instituição escolar precisa ser o grande patrocinador do projeto, com quem o plano prático deve estar bem alinhado: “É imprescindível de nir com a linha de comando quais são as metas e objetivos, estabelecer a agenda prioritária de acordo com o que se entende ser mais crítico e compreender que essas iniciativas não são de curto prazo”.

ESG além da sala de aula

A Unigranrio lançou recentemente o curso de MBA em Gestão Estratégica de ESG, mas o reitor da instituição a rma que os pilares de ESG na educação não devem ser algo restrito à sala de aula. “Se vamos incluir [isso] no plano de ensino, temos de estabelecer um momento de prática para o estudante, que pode ser pensado considerando aspectos de localização. Até porque o objetivo desses projetos sempre deve ser o retorno para a sociedade, pois a vivência prática xa ideias, e, consequentemente, a criança vai se tornar um adulto mais consciente e levará a experiência para a sua carreira pro ssional. Com isso, podemos dizer que fechamos o ciclo”, completa Denis Lopes.