História da psiquiatria : século XIX – parte II : a psiquiatria biológica e o positivismo

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Nosso relato historiográfico descreve a psiquiatria alemã, com destaque para as figuras de grandes alienistas, assim chamados naquela época e hoje denominados psiquiatras, que se uniam cada vez mais aos neurologistas para fundamentarem descobertas de cunho biológico, as quais se identificavam com a filosofia dominante nessa segunda metade do século XIX: o positivismo naturalista. Nessa maré, surgiu a proposição das teorias da degenerescência com entusiastas alemães, franceses e italianos, que, somadas a um enfoque etiológico de hereditariedade, culminaram na patologização da homossexualidade. Cresceram os estudos avançados da neurofisiologia, e houve a descoberta da paralisia geral progressiva, doença que crescia em um ambiente asilar, no qual cada vez mais outras patologias eram albergadas sem o conhecimento de sua descrição clínica ou mesmo de sua evolução e ainda menos de seu tratamento. Em função do aumento das cidades, o alcoolismo encontrou campo para se desenvolver no ambiente da internação. Os estudos foram incrementados e fundamentados psicopatologicamente, aumentando cada vez mais a dimensão biológica da insanidade. As pesquisas acerca das funções cerebrais também receberam auxílio com o nascimento da psicologia experimental. Concomitantemente, fomentou-se o campo dos debates e dos estudos das perversões sexuais, que causaram muita polêmica ao lado dos horrores asilares, reflexo do autoritarismo e da negligência da sociedade patriarcal da época. O furor localizatório e as estimulações elétricas, embora tenham levado à descoberta de centros cerebrais de extrema importância, acabaram em uma radicalização que resultou no esquecimento da identidade e do afeto humanos. Houve ainda uma retomada da teoria da degeneração. Entretanto, os avanços da neurologia e sua fundamentação foram alcançados pelo alienista francês Charcot, que realizou grandes descobertas neurológicas e atraiu para seu hospital e suas aulas magistrais cientistas do mundo inteiro, iniciando o estudo da natureza da histeria utilizando o método da hipnose.

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Marcos de Jesus Nogueira - Coordenador Psiquiatra clínico, membro titular da Sociedade Brasileira de História da Medicina, autor de vários livros de Psiquiatria com apelo visual de arte gráfica e ênfase pedagógica, mantém nesta obra uma visão cronológica da História da Psiquiatria.

Maurício Eugênio Oliveira Sgobi Psicólogo clínico, especializado em Transtornos de Substância e do Controle dos Impulsos.

26/06/2019 09:10:21


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